potencial da utilização de larvas de besouros

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potencial da utilização de larvas de besouros
POTENCIAL DA UTILIZAÇÃO DE LARVAS DE BESOUROS (POLYPHAGA–
CURCULIONIDAE –GÊNERO RYNCHORUM: Espécie: Rynchorum palmarum)
L.(1956),COMO COMPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR, NA TRADIÇÃO DOS
GUARANI ÑANDÉVA, NA ALDEIA PIRAJUÍ, MUNICÍPIO DE PARANHOS,
MATO GROSSO DO SUL.
Orientador: BRAND, Antonio Jaco, Docente do Programa Desenvolvimento Local e
pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Populações Indígenas, Universidade Católica de
Campo Grande (UCDB), [email protected]
Orientadora: CEREDA, Marney Pascoli, Docente do Programa Desenvolvimento Local
e pesquisadora do Centro de Tecnologia e Análise do Agronegócio, Universidade
Católica Dom Bosco de Campo Grande (UCDB), [email protected]
VERA, Cajetano, Mestrando no Programa Desenvolvimento Local, Universidade
Católica de Campo Grande (UCDB), Bolsista da Fundação Ford
Resumo: O artigo trata de potencial da utilização de larvas de besouros (Polyphaga–
Curculionidae Espécie: Rynchophorum palmarum) L.(1956). Os indígenas guarani
comem as larvas do besouro no seu cotidiano na base da sua cultura e possuindo um
amplo conhecimento sobre o referido inseto e também a planta que serve como
hospedeiro. Pretendendo contribuir na preservação desse hábito alimentar tradicional
cultural do povo guarani daquela comunidade. A pesquisa avaliou esse hábito sob o
ponto de vista do hábito alimentar tradicional. Para tanto, houve a necessidade de
recuperar as informações disponíveis por meio de entrevistas livres e com participação
de dois caciques e dois professores e dois adolescentes nas coletas de larvas e dos
besouros. As armadilhas, que se constituem em cortes de coqueiros foram usadas para
atrair os besouros, coletar as larvas e capturar os besouros.
Assim foi possível a
identificação taxonômica e as análises bromatológicas. Os turnês guiados,
possibilitaram identificação de principais árvores hospedeiras dos insetos. As análises
bromatológicas das larvas forneceram as porcentagens dos nutrientes, apontando para
alimento altamente calórico e nutritivo. Assim contribuir com o conhecimento
etnocientífico na descrição das larvas para que o não indígena também possa a utilizar
como alimento.
Palavra Chave: Etnoconhecimento, antropoentomofagia, etnoentomologia e saberes
locais.
1.INTRODUÇÃO
Os povos indígenas do Estado de Mato Grosso do Sul possuíam territórios
imensos. O processo de confinamento em terras pequenas inviabilizou a
sustentabilidade dentro do modelo cultural de uso da terra que vinha sendo utilizado,
com impactos na alimentação (BRAND, 1997).
Com esse novo modelo são detectados distúrbios alimentares como a desnutrição
e subnutrição (FUNSA, 2008). Além da perda de seus territórios, houve também
assoreamento cultural e mudanças nos hábitos alimentares tradicionais. Um destes
hábitos era o consumo de larvas de besouros. O consumo de insetos como alimento
entre os humanos é antigo (COSTA-NETO, 2003).
Entre o indígena Guarani também se constitui em costume antigo. A expressão
“mbuku guasu”; que na língua Guarani que significa larva grande já era registrada, em
1889 pelo Pe. Frans Müller e Tambú entre Los Indios Caenguá (Boletin de Instituto
Geográfico Argentino, 1895). A expressão “mbuku” só é usada para larvas de insetos
comestíveis, sendo que para larvas de insetos não comestíveis a expressão é “yso”.
As larvas de besouros entre o Guarani são muitos apreciados como alimento era
consumido no cotidiano. As larvas são alimentos sagrados, pois, presente na natureza e
dádiva Divina. Também é usado como remédio para curar doença como ferida de
diversos tipos. Em criança recém-nascida é usado para hidratar a pele para evitar o
ressecamento.
O consumo de larvas de besouros pode ser considerado um extrativismo. A coleta
será benéfica para o coqueiro porque a literatura a caracteriza como praga no
conhecimento ocidental, enquanto que, no conhecimento tradicional indígena Guarani,
seu consumo é sagrado (MELIÀ e GRÜNBERG, 2002). O consumo de larvas de
besouros entre o indígena de Guarani de Pirajuí é tradição alimentar ligada à cultura. Os
conhecimentos tradicionais sobre os alimentos oriundos da natureza, assim como a
forma de consegui-los, são pontos importantes para assegurar o alimenta desses povos
(SOMNASONG et al 1998, apud COSTA-NETO, 2003). As larvas de besouros são
consumidas de várias formas: cozida, frita, assada e crua. A coleta das larvas ocorre no
período de outono, verão e primavera, não ocorrendo no inverno.
Segundo Costa, C.; Ide, S,. e Simoka, E. C., (2006, p.25) “a larva e um estágio
imaturo pós-embrionário que apresenta caracteres adaptativos próprios em grau
variável, conforme o considerado”.
A utilização de larva de besouro como alimento pode ser considerado como
segurança alimentar. Segurança alimentar é um conjunto de normas de produção,
transporte e armazenamento de alimentos visando determinadas características fisicoquímicas, microbiológicas e sensoriais padronizadas, segundo as quais os alimentos
seriam adequados ao consumo. Estas regras são, até certo ponto, internacionalizadas, de
modo que as relações entre os povos possam atender as necessidades comerciais e
sanitárias. Alegando esta razão alguns países adotam "barreiras sanitárias" a matériasprimas agropecuárias e produtos alimentícios importados (CONSEA, 2003).
As coletas das larvas serão benéficas para o coqueiro porque a literatura a
caracteriza como praga no conhecimento ocidental, enquanto que, no conhecimento
tradicional indígena Guarani, seu consumo é sagrado (MELIÀ & GRÜNBERG, 2002).
2.
FATORES
DETERMINANTES
PARA
O
HÁBITO
ALIMENTAR DE UMA COMUNIDADE:
Para o Linnea et al (1979, p.104):
“Los hábitos alimentarios característicos de cada región, grupo
nacional o minoria étnica deben ser respetados puesto que encierran
práticas de valor cierto y porque las necessidades nutrícias puedem ser
satisfechas de muchas y muy diversas maneras. Em todo caso, procede
subrayar siempre aquellos rasgos particulares deseables, así como todos
los métodos conducentes a uma máxima preservación del valor nutrício
de los alimentos. Aunque las matérias primas elegidas y su tratamiento
culinário pueden diferir notablemente de las más convencionales, es
frecuente que concuerdem com las cuatro categorias alimentarias
establecidas, y que suministren los nutrientes recomendados em
cantidad suficiente.Tanto los alimentos poço familiares como los
métodos de su preparación que puendan resultar extraños deben ser
analizados com vistas a reconocer sus posibles valores antes de sugirir
câmbios. Así, puede animarse a uma família a que continue con sus
hábitos y prácticas alimentarios, siempre que éstos no sean
incompatibles com la salud, para proceder luego a uma corrección
gradual de aquellos aspcto que, si buenos, podrían ser mejores. En estes
capítulo se concede especial atención a los critérios regionales,
culturares y religiosos que que informan de manera particular los
hábitos alimentarios. El conocimiento de estas preferências y el respeto
tácito a las mismas puede contribuir a que el puente tendido entre la
asistente social, la enfermera o el dietista y la família objeto de su
atención adquiera facilmente uma mayor solidez.”
Cada cultura determina o hábito de comer os diferentes tipos de alimentos:
natural, exótica, etc.
3. O COQUEIRO
Nome científico Acrocomio aculeata (Larc) Lood. Mart, (18856), o coqueiro é
uma planta perene, uma palmeira de estipe liso que pode atingir até 25 m de altura e 30
a 50 cm de diâmetro. As folhas são largas e compridas. Planta de clima tropical, a
macaúba, macaúva, coco-baboso ou coco-de-espinho é uma planta nativa brasileira.
Seus frutos são comestíveis, e de sua amêndoa se extrai um óleo fino semelhante
ao da oliveira. Do miolo do tronco se faz uma fécula nutritiva, as folhas são forrageira e
têm fibras têxteis usadas para fazer redes e linhas de pescar. A madeira é usada em
construções rurais.
O óleo da macaúba, além do uso alimentício, é de excepcional qualidade para uso
industrial; alguns estudos apontam para provável utilização comercial para os dois usos.
O fruto também é comestível, assim como o palmito, considerado uma iguaria.
4. O BESOURO
Uma das pragas mais freqüentes para o coqueiro é o besouro Rhynchophorus
palmarum,(Lima, 1956) um inseto de hábitos diurnos, conhecido popularmente como
Broca do Olho do Coqueiro ou Bicudo, devido ao “bico” que apresenta. Essa praga está
presente, além do Brasil, na Venezuela, México e áreas do Caribe. Um besouro adulto é
de cor preta, cuja tamanho varia de 3,5cm a 6,0 cm de comprimento; bico encurvado,
forte e com 1,0 cm de comprimento, asas externas curtas, deixando exposta a parte
terminal do abdome e com oito estrias longitudinais; possui hábito agregário e maior
parte atividade diurna. E, facilmente são atraídos pelo odor de fermantação liberado por
palmeiras cortado, com ferimento e com senescenia. O machos diferem das fêmeas por
apresentarem pêlos rígidos e forma de escova na parte superior do rostro. (BENETTI,
2008)
5. A LARVA DO BESOURO
A larva possui cabeça -castanho-escuro; corpo recurvado, sendo mais volumoso
no meio e afilado nas extremidades, subdividido em 13 anéis, com coloração branco–
creme e sem pernas; desenvolve-se no interior do coqueiro, formando galerias nos
tecidos tenros da região apical. Leva em media 55 a 72 dias para sair novo besouro
adulto. (BENETTI, 2008)
O primeiro prejuízo causado por esta praga dá-se logo na colocação de ovos (na
época reprodutiva), o que ocorre na parte mais tenra da planta (broto).
Após o nascimento das larvas, estas se alimentam da parte interna do tronco,
fazendo galerias em todas as direções. O meristema apical da planta fica comprometido,
deixando o coqueiro de produzir os hormônios auxina e giberilina, os quais são
fundamentais para o crescimento do coqueiro. O outro sério prejuízo provocado pelo
besouro é a transmissão do nematóide causador do anel-vermelho. (BENETTI, 2008).
O conceito de Segurança Alimentar abrange a disponibilidade permanente de
alimento de boa qualidade. Mais recentemente esse conceito incluiu o respeito pelos
hábitos alimentares da comunidade, como fator cultural. A literatura mostra que essas
larvas apresentam mais de 20% de proteína, o que garante sua classificação como
alimento protéico. Para sociedade não indígena consumir insetos como alimento pode
ser algo repugnante, mas para sociedade indígena Guarani Ñandeva, de Pirajuí-MS, o
consumo é natural, não estando carregado desse tipo de preconceito.
6. LOCAL DA PESQUISA (MAPA, 2011)
Figura 1. Mapa de Aldeia Pirarajuí-MS, 2011.
7.OBJETIVO
Pesquisar etnoentomologicamente e cientificamente a importância do uso de
larvas de besouros como alimento de Coleóptera de espécie Rhynchophorus palmarum
(LIMA, 1956), entre os indígenas Guarani Ñandéva.
8. MATERIAL E MÉTODOS
Foram cortados quatro pés de coqueiros e foram utilizadas as seguintes as
ferramentas: machado, foice e facão.
Foram realizadas três coletas e as amostras enumeradas de I, II e III.
As coletas das larvas e dos besouros foram realizadas com a participação dos
professores indígenas e um rezador.
9. RESULTADOS E DISCUSÃO
As capturas dos besouros e das larvas correram no segundo semestre de 2010.
Foram capturados 12 besouros adultos e nove larvas de 42 dias pesando 50,93gramas .
As entrevistas ocorreram entre os meses de janeiro a junho de 2011. Foram realizadas
três turnês guiados com os caciques, professores e adolescentes, a bromatologia foi
realizado entre os meses de janeiro a março de 2011.
A planta hospedeira dos besouros, sendo identificados Acrocomio aculeata (Larc)
Lood. Mart, (1856). Os besouros capturados foram encaminhados foram enviados para
Embrapa de Gado de Corte de Campo Grande/MS para confirmar taxonomia. E, nesta
Instituição foi confirmada a espécie por (LIMA 1956, apud KOLLER 2010) sendo
Rhynchophurus palmarum.
Montagem de armadilha: armadilhas tradicionais foram feitos seguindo sabedoria do
Guarani Ñandéva.
Identificação da planta hospedeira
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Subclasse: Arecidae
Ordem: Arecales
Família botânico: Arecaceae(Palmae)
Gênero: Acrocomia
Espécie: A. aculeata
Nome binominal: Acrocomio aculeata( Larc) Lood. Ex. Mart. 1845. Estas
espécies de plantas estão em toda a aldeia.
As armadilhas foram realizadas no dia 23 de junho de 2010. Condição do tempo
dia estava frio e temperatura de 10 graus. O local das armadilhas foi escolhido segundo
cacique da comunidade que é o guia espiritual do povo Guarani . Foi escolhido um local
desabitado na comunidade.
a)Armadilha nº I:
Data: 23 de junho de 2010. Tipo de árvore: A. aculeata. Árvore jovem de cinco anos. 8
horas da manhã.
Corte: horizontal um metro do chão.
b)Armadilha nº II:
Data: 23 de junho de 2010; 8 horas da manhã. Árvore: A. aculeata. Corte: oval/côncavo.
50cm do chão. Uma distancia de 40 metros de armadilha I.
c)Armadilha nº III:
Data 23 de junho de 2010. 8 horas da manhã. Árvore A. aculeata. Árvore jovem de 5
anos de idade. Corte: distancia de 2 metros do chão. Tipo de corte: horizontal. Distancia
de 20 metros de armadilha II.
d) Armadilha nº: IV
Data: 23 de junho 2010. 8 horas da manhã. Árvore: A. culeata. Árvore jovem de 5 anos.
Tipo de corte: oval/côncavo. Distancia: 2 metros do chão. Ficam 200 metros de
armadilha III.
As amostras foram enumeradas de I, II e II
Amostra I: 26 de julho 2010 foram capturados 12 besouros adultos: o maior
medindo 3,5 cm e dois menores 2,5 cm.
Os dois menores foram capturados nas armadilhas II e IV e o besouro maior foi
capturado na armadilha I. Data da coleta: 26 de julho de 2010. Às 11:30 horas da
manhã. Condição do tempo no dia da coleta: calor/seco.
Os besouros foram enviados para Embrapa de Campo Grande/MS, seguiu esta
ficha catalográfico para confirmar a taxonomia. O Dr. Wilson Koller, O Entomólogo do
Embrapa e o Cajetano Vera seguiram os catálogos já existentes na Instituição e sendo
confirmada a espécie:
Reino:
Animalia
Filo:
Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Coleoptera
Família: Curculionidae
Género: Rhynchophorus
Espécie: R. palmarum
Quadro I. Ficha de Identificação de Besouro
Coleta (I) Capturam-se 12 besouros adultos que foram medidos este foram medidos,
dissecados e fixados em insetários.
Data da coleta: 26 de julho de 2010. 11:30 horas da manhã. Condição do tempo no dia
da coleta: calor/seco. Nome popular na língua guarani: Lembu hu .
Amostra II – 10 de setembro 2010: foram capturados nove besouros adultos medindo
respectivamente: (medidas em milímetro)
1)-27,89comp.larg7,08
2)- 33,89 comp. Larg.7,09 3) -33,11 comp.larg.7,70
4)-31,52comp.larg.8,93 5)-33,83comp. Larg.9,47
6)-32,60comp.larg.11,02
7)-34,34comp.larg.10,17 8)-32,81comp.larg.12,06
9)-31,27comp.larg.11,09
4 ) As larvas: coletados no 10 de setembro peso total de 50,9363gramas. No dia da
coleta completava 68 dias de infestação e foram armazenadas em vidro transparente
com 50ml de álcool 70%.
III amostra ocorreu no dia (15/11/2010)
Foram coletados 19 capsulas de pupas de Rynchorus palmarum( LIMA, 1956),
sendo 09 capsulas de 2º dia de capsulados e outros 9 capsulas de 20 dias capsulados
Coleta (I) Capturam-se 12 besouros adultos e estes foram medidos e
encaminhados para Embrapa Gado de Corte (Campo Grande/MS) e confirmada a
espécie Rhynchophurus palmarum (LIMA 1956 apud KOLLER 2010). Foram medidos,
dissecados e fixados em insetários.
Os besouros foram atraídos por indução e posteriormente capturados e para este
fim foram cortados quatro pés de coqueiros jovens de aproximadamente de quatro anos
da espécie Acrocomio aculeta (Larc) Lood. Mart, (1856).
Os besouros adultos capturados que são 12 indivíduos, estes foram medidos e
encaminhados para Embrapa Gado de Corte (Campo Grande/MS) e confirmada à
espécie Rhynchophurus palmarum (LIMA 1956 apud KOLLER 2010). As larvas foram
encaminhados ao CETEAGRO –UCDB(Centro de tecnologia e Agronegócio da
Universidade Católica Dom Bosco) e dentro do CETEAGRO as larvas foram pesadas
(peso: 52,8956g) em balança de precisão de 4 casas decimais e medidas com
paquímetro digital.
Figura 2. Acrocomio aculeata( Larc) Lood. Ex. Mart.(1845). Modelo de
armadilha
Figura3. Foto de larva Rhynchopohorus palmarum de 42 dias.
Figura 4. Foto de Rynchophurus palmarum (LIMA, 1956, apud KOLLER, 2010)
Figura 2. A armadilha indutiva, já infestados por larvas de besouros.
Figura 3. Larva de Rhynchophorus palmarum de 42 dois dias.
Figura 4. Besouro adulto dissecado, identificado como sendo Rhynchophurus
palmarum (LIMA, 1956 apud KOLLER, 2010), e confeccionado em insetário de
Embrapa Gado de Campo Grande/MS.
10. RESULTADO DE ANÁLISE BROMATOLÓGICA
Os resultados de análises bromatológicas de larvas de Rhynchophurus palmarum
coletadas no mês de fevereiro de 2011 encontram-se no Quadro 2 e no quadro 3. A
falta de material suficiente apenas foram feitas análises de umidade, gordura e proteína.
Massa fresca
Massa seca
Umidade
13,00%
-*-
Gordura
5,63%
43,30%
Proteína
3,00%
23,07%
Total
66,37
Falta
34,73
Laboratorista responsável: Ismael Thomazelli Junior.
Quadro 2: Composição bromatológica de larvas de Rhynchophurus palmarum
coletadas no mês de setembro de 2010.
Massa fresca %
Umidade
87,20
Massa seca%
-*-
Gordura
7,88
61,56
Proteína
3,03
23,5
Cinza
0,01
0,08
Fibra
1,89
14,77
Carboidrato
0,001
0,08
Total
100%
Laboratorista responsável: Ismael Thomazelli Junior.
Quadro3: Resultados de análises bromatológicas de segundo análises, 2011.
Considerando a diferença da análise centesimal, as três análises completam
66,37%, faltando ainda 34,73% para completar os teores de fibra, cinza e carboidrato.
As análises bromatológicas confirmam que as literaturas já haviam descritas que
essas larvas são alimentos. As proteínas encontradas nas larvas de Rynchophorus
palmarum, foi de 23,07% na primeira análise e repete na segunda análise. As proteínas
encontradas em análises de larvas de Rhynchophorus palmarum são equivalentes, as
proteínas encontradas em carnes de aves, bovina, suína e peixes. Portanto pode ser
consumido sem nenhum receio. É evidente que a porcentagem de carboidrato e baixa,
pois, carboidratos são encontrados em maior quantidade em raízes e tubérculos. As
fibras são de 14,77%. As fibras como nutriente geralmente, são encontrados nos
vegetais e nas carnes de um modo geral, porém, em maior quantidade são encontradas
nos vegetais e as larvas de besouros analisadas contêm fibras equivalentes encontrados
nos vegetais.
Os resultados mostram 61,56% de ácidos graxos ou gorduras. Segundo Grinaldi
(2009), existem gorduras trans, saturadas e gorduras insaturados. A gordura saturada
que consiste de triglirídeos contêm somente ácidos graxos. Essas gorduras apresentam
uma ligação simples entre os carbonos e na natureza, geralmente encontrado em estado
sólido. Em geral é gordura de animais como suínos, aves, porcos, vacas, bois, etc. É a
principal gordura responsável por arterosclerose e como risco de derrame cerebral.
Podem ser consumidas no máximo 20 gramas por dia.
11. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O resultado da pesquisa demonstrou que existe o besouro da espécie
Rynchophorus palmarum na comunidade indígena Pirajuí/MS e os indígenas guarani
desta comunidade possuem amplo conhecimento sobre o referido inseto. Os indígenas
desta comunidade conhecem o ciclo biológico dos besouros, a planta hospedeira; sabem
onde, quando e como realizar a coleta. O rezador da comunidade prefere comer a larva
de besouro do que a carne comprado em venda ou super mercado. Ele justifica que a
larva do besouro está na natureza e não é contaminada pelo homem. Portanto, esse
alimento é puro e alimento forte e equilibrada nutricionalmente.
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Identificação. Holos –Ribeirão Preto –SP, 2006, p.25-29.
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