Do gramado para a sala de aula - Secretaria Municipal de Educação

Transcrição

Do gramado para a sala de aula - Secretaria Municipal de Educação
Do gramado para
a sala de aula:
o potencial
educativo de
um evento
mundial
no Brasil
Editorial
Um grande evento, como o Campeonato Mundial de Futebol, é uma oportunidade para enriquecer a formação dos alunos em todos os níveis de ensino. Um gancho para se trabalhar um texto, a Matemática com a tabela
de jogos, a cultura e a localização de outros países... Estas são algumas das possibilidades de um rico leque que
se abre com a realização do torneio, que neste ano tem como sede o Brasil e que a Revista Educando em Mogi
apresenta nesta edição.
Conheça um pouco mais sobre a história deste campeonato com o jornalista e escritor, Luiz Maritan. Neste
número temos duas entrevistas especiais. Falamos com o cônsul-geral da Bélgica no Brasil, Didier Vanderhasselt, sobre a educação desse País que escolheu Mogi das Cruzes como base de treinamento de sua seleção de
futebol e com o jogador Cacau, naturalizado alemão, que passou a infância em Mogi e hoje desenvolve o projeto
“Esportes para a Vida” com jovens do Conjunto Jefferson.
As boas práticas nas escolas também estão presentes em nossa publicação com os trabalhos das escolas municipais José Alves dos Santos e Profª Heliana Mafra Machado de Castro, além do Núcleo Rural I. Temos ainda a
história da batata contada pela equipe do Departamento de Alimentação Escolar, base da alimentação da Bélgica
e como foi produzido um material que está fazendo sucesso nas escolas, o livro de atividades “Educando em
Mogi – A bola que rola lá é a bola que rola aqui”.
Que o Campeonato Mundial de Futebol seja um momento de aprendizagem e um rico trabalho realizado nas
escolas. Esta edição da Revista Educando em Mogi caminha neste sentido, apresentado caminhos por onde os
educadores podem explorar todo o potencial educativo da competição.
Expediente
Conselho Editorial
Colaboraram nesta edição
Secretaria de Educação
Eulália Anjos Siqueira
Andréa Pereira de Souza
Kelen Cristiane dos Santos Chacon
Bernadete Tedeschi Vitta Ribeiro
Av. Ver. Narciso Yague Guimarães, 277
Maria Estela Ribeiro Fernandes
Bianca Cristina de Castro Santos
Centro Cívico - Mogi das Cruzes - SP
Marilda Aparecida Tavares Romeiro Safiti
Joel Santana
CEP: 08790-900
Coordenação Editorial
Bernadete Tedeschi Vitta Ribeiro
Coordenadoria de Comunicação Social
Kelli Correa Brito
Tel.: (11) 4798.5011 / 4798.5012
Lucimeyre Gonçalves
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Luiz Maritan
site: www.mogidascruzes.sp.gov.br
Maria Helena Cecin Resek Albernaz
Jornalista Responsável
Kelli Correa Brito - MTB 40.010
Marineide Cardoso da Conceição
Patrícia Marins Aguiar Conde
Tiragem
4.000 exemplares
Raelen Brandino Gonçalves
Projeto Gráfico e Diagramação
Thamires Fernanda Costa
Eduardo Leite
A Revista Educando em Mogi nº 67 é uma
publicação da Secretaria de Educação de Mogi
das Cruzes, por meio da Coordenadoria de
Nossa capa e imagens
Thinkstock
CTP, Impressão e Acabamento
Rettec Artes Gráficas e Editora Ltda.
Rua Xavier Curado, 388
Fotos
Ipiranga - São Paulo - SP
Arquivo das Escolas Municipais
Tel.: (11) 2063.7000
Ney Samento / PMMC
site: www.rettec.com.br
Comunicação Social, e não se responsabiliza
por conceitos emitidos em artigos assinados.
Índice
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Campeonato Mundial de Futebol
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Bélgica tem como meta educação
de qualidade para todos
18
Mogi recebe seleção belga e se prepara
para a chegada dos turistas
21
Tabela e grupos
25
Batata: sua história e seu sabor
29
30
A bola que rola lá é a
bola que rola aqui!
32
Campeonato Mundial
de Futebol e diversidade
33
36
38
40
Formação dos Professores
de Educação Física – 2014
O Mundial de Futebol
é seu e nosso!
O Pequeno Cidadão da Zona Rural
em tempos de Mundial de Futebol
Práticas sustentáveis no Campeonato
Mundial de Futebol
Cacau e os sonhos dos jovens
do Conjunto Jefferson
Campeonato
Mundial de
Futebol
Entre os dias 12 de junho
e 13 de julho, 32 seleções
disputarão os 64 jogos do
Campeonato Mundial
de Futebol de 2014.
Ao todo, 736 dos melhores
atletas do mundo jogarão
para uma audiência estimada
de mais de 3 bilhões de
pessoas ao redor do mundo.
Os números mostram a
grandeza do Mundial de
futebol e dão uma noção sobre
a fascinação que explodirá a
partir do apito inicial para o
jogo de abertura, entre Brasil e
Croácia, na Arena Corinthians
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Prefeitura de Mogi das Cruzes
Luiz Maritan
A 20ª edição da competição terá os oito campeões mundiais na disputa em 12
cidades brasileiras. Brasil, Itália, Alemanha, Argentina, Uruguai, Inglaterra, França e
Espanha já tiveram o gosto de conquistar o título do torneio criado em 1928, pelo francês Jules Rimet e que, desde sua primeira edição, em 1930, evoluiu e se transformou no
maior evento esportivo de uma única modalidade no mundo.
Para a edição deste ano, as seleções classificadas foram divididas em oito grupos, com
quatro equipes. Os dois melhores de cada chave se classificam para as oitavas de final do
torneio. A partir daí, a competição acontecerá em eliminatórias simples até a decisão, que
acontecerá no Maracanã.
O Grupo A é formado pelo anfitrião Brasil, a Croácia, México e Camarões. No B,
estão a atual campeã Espanha, a sempre favorita Holanda, o Chile e a Austrália. Considerado uma das chaves mais tranquilas da competição, a C tem a incógnita Colômbia,
que pode ficar sem sua estrela Falcão García, machucado, a retranca da Grécia, Costa
do Marfim e Japão.
Por outro lado, o Grupo D é considerado o “Grupo da Morte”, com três campeões
mundiais: Uruguai, Inglaterra e Itália, além da Costa Rica. Este chaveamento já dá a
certeza de que pelo menos um país campeão ficará pelo caminho logo na primeira
fase. No Grupo E, a expectativa é que a França, mesmo não sendo cabeça de chave, não
tenha problemas para avançar, ao lado de Suíça, Equador e Honduras.
Favorita ao título e esperando contar com Lionel Messi em plena forma, a Argentina
deve dominar o Grupo E, enfrentando a Bósnia Herzegóvina, o Irã e a Nigéria. Outra
seleção favorita que não deve ter dificuldades é a Alemanha, no Grupo F, sobrando a
segunda vaga para ser disputadas entre Portugal, Gana e Estados Unidos.
Por fim, a Bélgica é a cabeça de chave do Grupo H. A seleção europeia, que escolheu
Mogi das Cruzes como seu Centro de Treinamento durante a competição, terá pela
frente a Argélia, Rússia e Coréia do Sul. É favorita para avançar e uma candidata a
surpresa do Mundial.
Tudo isso, no entanto, são prognósticos, que podem cair por terra quando a bola
começar a rolar. Afinal de contas, o futebol é pródigo em surpresas e, jogo após jogo, se
esforça para manter a fama de modalidade esportiva mais imprevisível do mundo. É
mais ou menos como a vida.
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O INÍCIO
A precariedade do transporte transatlântico nas primeiras décadas
do século passado prejudicou a participação das seleções europeias
no primeiro Campeonato Mundial de Futebol, disputado em 1930, no
Uruguai. Ao todo, 13 países estiveram em campo, sendo nove representantes das Américas. Apenas França, Iugoslávia, Romênia e Bélgica
aventuraram-se em atravessar o oceano em navios, em uma viagem que
durava até duas semanas.
Em campo, os donos da casa confirmaram o favoritismo e ficaram
com o primeiro título mundial. Conhecida como Celeste Olímpica, pelos títulos nas Olimpíadas de 1924 e 1928, a seleção uruguaia bateu a
Argentina, por 4 a 2, no estádio Centenário, em Montevidéu. Dorado,
Cea, Iriarte e Castro marcaram para os campeões, enquanto Peucelle e
Stabile descontaram.
A Europa começaria a mostrar sua força nos Mundiais seguintes,
disputados em 1934 e 1938. Comandados pelo capitão Giuseppe
Meazza, os italianos conquistaram o bicampeonato. O primeiro título
foi em casa, sob as vistas de Benito Mussolini e com vitória na final
sobre a Tchecoslováquia, por 2 a 1. Quatro anos mais tarde, na França,
a Azzurra bateu a Hungria, por 4 a 2.
Nesta edição do torneio, pela primeira vez o Brasil mostrou sua
força. Em um time que contava com o zagueiro Domingos da Guia e
com o centroavante Leônidas da Silva como estrelas, a Seleção terminou a disputa na terceira colocação. De quebra, o “Diamante Negro”
ainda terminou o Mundial com a artilharia da competição, com sete
gols marcados.
Com o crescimento da tensão na Europa e a eclosão da 2ª Guerra
Mundial, os Mundiais de 1942 e 1946 não foram realizados. A disputa
só voltaria em 1950.
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MARACANAZZO E A SURPRESA HÚNGARA
Em 1950, a competição aportou pela primeira vez no Brasil. Com
craques como os meias Zizinho e Jair da Rosa Pinto e o atacante Ademir de Menezes, o Brasil era principal candidato a conquistar o título.
Em campo, a equipe fazia jus ao favoritismo, com direito a goleadas
por 7 a 1 contra a Suécia e 6 a 1 contra a Espanha. Nesta última, com
direito à festa da torcida, que entoava a marchinha “Touradas em
Madri”, de Braguinha e Alberto Ribeiro.
Na final, cerca de 200 mil pessoas lotaram o recém-inaugurado
estádio do Maracanã para acompanhar o duelo entre Brasil e Uruguai.
Com a festa já pronta e os brasileiros jogando por um empate, o ponta
direita Friaça abriu o placar para o time da casa. O atacante Schiaffino
empatou para a Celeste Olímpica e, aos 16 minutos do segundo tempo, o ponta direita Ghiggia recebeu lançamento nas costas do lateral
brasileiro Bigode e tocou na saída do goleiro Barbosa para marcar o
segundo gol uruguaio.
O título do Uruguai e a decepção brasileira causou o que foi
chamado à época de “o maior silêncio do mundo” e, para as futuras gerações, a final do Mundial de 1950 ficou conhecida como
“Maracanazzo”.
Em 1954, outra seleção encantou o mundo. A competição voltou à
Europa para ser disputada na Suíça. Com craques do porte de Puskás,
Kocsis e Czibor, a Hungria surpreendeu a todos. Na final, no entanto,
o time sucumbiu à força da Alemanha Ocidental, que venceu por 3 a 2
e conquistou o título.
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O MUNDIAL DE FUTEBOL É NOSSO
As duas edições posteriores do Campeonato Mundial de Futebol
mostraram ao planeta uma das equipes mais impressionantes de todos
os tempos. Com Pelé, Garrincha, Vavá, Didi, Zito, Gilmar e muitos outros craques, a Seleção Brasileira conquistou seus dois primeiros títulos
mundiais nos torneios de 1958, na Suécia, e 1962, no Chile. Foi o início
da era de ouro verde e amarela pelos campos do mundo.
Na Suécia, os jovens Pelé e Garrincha começaram na reserva de
Mazola e Joel, respectivamente. Os dois passaram ao time principal –
dizem que por exigência dos líderes do elenco – no jogo contra a União
Soviética, considerada uma das potências do mundial, com seu futebol
científico. Vitória por 2 a 0.
Na final, o Brasil goleou os donos da casa, por 5 a 2, garantiu seu
primeiro título e deixou para trás o trauma de 1950. O Mundial de
1958 também teve o maior artilheiro em uma única edição do torneio, o francês Just Fontaine, com 13 gols anotados.
Em 1962, o Brasil manteve a base campeã para conquistar seu segundo título. No entanto, o caneco veio com uma dose de sofrimento. Pelé
se machucou no segundo jogo da campanha, contra a Tchecoslováquia.
Foi substituído por Amarildo, “o Possesso”, mas foi Garrincha quem
comandou a Seleção para o bi, com vitória na final contra a Tchecoslováquia, por 3 a 1.
A competição teve ainda lances pitorescos, como a invasão de
campo por um cachorro, durante a partida entre Brasil e Inglaterra,
pelas quartas de final, e o erro do árbitro chileno Bustamante, que caiu
na malandragem do lateral esquerdo Nilton Santos, no jogo contra a
Espanha, que definiu a classificação brasileira para as quartas de final.
A “Enciclopédia do Futebol”, como o jogador era conhecido, cometeu
pênalti em Collar e, após a falta, deu um passo a frente, posicionando-se fora da área. O árbitro marcou apenas falta para os espanhóis.
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O domínio brasileiro foi quebrado em 1966, na Inglaterra. Sofrendo
com a desorganização interna, a Seleção Brasileira teve uma participação pífia no torneio e acabou eliminada por Portugal, de Eusébio,
e Hungria, ainda na primeira fase do torneio. A Itália também deu
vexame, caindo em um grupo em que se classificaram a União Soviética e a Coréia do Norte.
Na final, ingleses e alemães colocaram sua velha rivalidade, que
extrapola o futebol, em campo e foram protagonistas da mais polêmica decisão de um Campeonato Mundial de Futebol disputado até hoje.
Após empate por 2 a 2 no tempo normal, os times disputaram uma
prorrogação. Aos 11 minutos, o atacante inglês Geoff Hurst bateu de
dentro da área. A bola chocou-se contra o travessão do goleiro Tilkowski e contra o chão, próximo à linha do gol. O árbitro suíço Gottfried
Vienst validou o gol, para revolta dos alemães. No final, 4 a 2 para a
Inglaterra, que conquistou seu único título mundial.
Quatro anos depois, o Brasil apresentaria ao mundo o que é considerada por grande parte dos críticos como a melhor seleção de futebol
de todos os tempos. Comandados por Zagallo, os brasileiros disputaram o torneio de 1970, no México, com Félix, Carlos Alberto Torres,
Brito, Wilson Piazza, Everaldo, Clodoado, Gerson, Rivellino, Jairzinho, Tostão e Pelé. Um esquadrão que fez história, nunca se viu tantos
craques juntos em um mesmo time.
Pelé em sua melhor forma foi responsável por lances geniais, como
a tentativa de gol do meio do campo contra a Romênia ou o drible de
corpo no goleiro uruguaio Mazurkievski, na semifinal.
No caminho para o título, os brasileiros venceriam a Tchecoslováquia (4 a 1), Inglaterra (1 a 0), a Romênia (3 a 2), o Peru (4 a 2) e o
Uruguai (3 a 1), até chegar à grande final, contra a Itália. A decisão foi
um passeio verde e a amarelo, com goleada por 4 a 1, gols brasileiros
de Pelé, Gerson, Jairzinho e Carlos Alberto. O tricampeonato mundial
estava garantido e, com ela, a posse definitiva da Taça Jules Rimet.
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FUTEBOL TOTAL
O Mundial de 1974 trouxe uma nova taça em disputa e um novo paradigma de futebol. Comandada pelo craque Johan Cruyff, a Holanda
apresentou ao mundo o futebol total, em que os jogadores não tinham
posição fixa em campo e circulavam por todos os setores do gramado.
Uma equipe que ficou conhecida como o “Carrossel Holandês”.
A decisão colocou os holandeses, que haviam eliminado o Brasil,
frente a frente com a dona da casa Alemanha Ocidental, no estádio
Olímpico de Munique. Com gols de Breitner e Gerd Müller, a segurança
de Sepp Maier no gol e a classe de Franz Beckenbauer, os alemães levaram a melhor e conquistaram o título com uma vitória por 2 a 1.
Em 1978, a Holanda voltou a ser destaque, no Campeonato Mundial
de Futebol realizado na Argentina. No entanto, para os brasileiros, a
competição ficou marcada por um jogo do qual a Seleção não participou, mas que definiu o rumo do time do técnico Cláudio Coutinho na
competição.
Na rodada decisiva da segunda fase, Brasil e Argentina chegaram
empatados em pontos, mas com os brasileiros levando vantagem no
saldo de gols. No primeiro jogo da rodada, o time nacional venceu a
Polônia por 3 a 1, o que obrigaria os argentinos a golear o Peru para
chegar à final contra a Holanda. Ao final do jogo, os 6 a 0 dos donos da
casa contra os peruanos deu a vaga à seleção azul, branca e preta na
final e iniciou uma reclamação brasileira sobre uma possível facilitação
do jogo pelos peruanos.
A decisão comprovou a força argentina, que venceu a Holanda por
3 a 1, fazendo a festa dos torcedores e frustrando a possibilidade de
conquista do título por uma geração de jogadores holandeses.
A Espanha recebeu a edição de 1982 e um novo encantamento
futebolístico. Com Telê Santana no comando e craques como Zico,
Sócrates, Falcão, Júnior, Cerezo, Eder e Leandro, a Seleção Brasileira
encantou o mundo com um futebol alegre, de técnica e gols. Rapidamente, o time empolgou a torcida e se transformou na sensação da
competição e em favorito ao título.
Na partida decisiva para a classificação à semifinal, os brasileiros
enfrentaram a Itália, no estádio Sarriá, em Barcelona. Um empate garantiria a continuação da Seleção na competição, mas uma tarde inspirada
do atacante Paolo Rossi, que marcou três gols, pôs fim ao sonho. Vitória
da Itália por 3 a 2 e classificação da Azzurra, que seria a campeã, após
vitória na final contra a Alemanha Ocidental.
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A ERA MARADONA
A competição voltou ao México em 1986, após problemas internos
impedirem a Colômbia de receber a competição. Os campos mexicanos viram a afirmação do argentino Diego Armando Maradona. O
meia foi o principal responsável pelo bicampeonato mundial dos sul-americanos, com atuações decisivas na épica disputa de quartas de final contra a Inglaterra, quando marcou dois gols (um de mão e outro,
considerado um dos mais bonitos de todos os tempos, driblando toda
a defesa inglesa), na semifinal contra a Bélgica e na decisão contra a
Alemanha Ocidental, que novamente ficou com o vice-campeonato.
A competição também marcou a despedida da geração brasileira de
Zico e Sócrates dos Mundiais – o time foi eliminado nas quartas de final
pela França, nos pênaltis – e do surgimento efêmero da seleção dinamarquesa, conhecida como “Dinamáquina”, que goleou o Uruguai, por
5 a 1, na primeira fase do torneio.
Se Maradona encantou o mundo em 1986, o torneio de 1990, na
Itália, trouxe o que é considerada por muitos como a competição com
mais baixo nível técnico na história. Com times mais preocupados em
se defender que atacar, os jogos caminharam aos trancos e barrancos,
que rendeu poucos gols.
A exceção era a Alemanha Ocidental, de Lothar Matthäus, Andrea
Brehme e Jurgen Klinsmann. Na decisão, uma repetição da final de
quatro anos atrás, contra os argentinos, que, com um time muito
abaixo do que havia sido campeão no México, chegaram à final graças
à genialidade de Maradona e às defesas em cobranças de pênalti do
goleiro Sérgio Goycochea. E foi exatamente em uma penalidade máxima que os alemães marcaram 1 a 0, quebraram a sequência de vice-campeonatos e conquistaram o título.
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É TETRA! É PENTA!
Com Maradona envolvido em problemas com drogas, o Brasil
voltou a ser protagonista em 1994, no Mundial dos Estados Unidos.
O baixinho Romário e um esquema de jogo cauteloso montado pelo
técnico Carlos Alberto Parreira levaram o time verde e amarelo à final
da competição. Destaque para a emocionante partida de quartas de
final, quando os brasileiros eliminaram a Holanda, por 3 a 2, com um
gol salvador, de falta, do lateral-esquerdo Branco.
A final, contra a Itália de Roberto Baggio e Franco Baresi, foi uma das
mais disputadas de todos os tempos. Após 0 a 0 no tempo regulamentar
e na prorrogação, os times partiram para a decisão por pênaltis. Foi a
vez de o goleiro brasileiro Taffarel brilhar, ao ver a cobrança de Baresi ir
por cima do gol e defender o chute de Massaro. No final, Baggio, craque
italiano, também bateu muito alto e os brasileiros comemoraram o tetracampeonato mundial, após 24 anos sem títulos.
Quatro anos depois, em 1998, a competição chegou à França. Com
Zagallo novamente no comando e o atacante Ronaldo em grande fase,
o Brasil foi derrubando adversários até chegar à final. Destaque para
o reencontro com a Holanda, na semifinal. A decisão novamente foi
para os pênaltis e, mais uma vez, Taffarel decidiu e levou a Seleção à
decisão contra os franceses.
O jogo decisivo começou com uma polêmica antes mesmo de a bola
entrar em jogo. A estrela brasileira Ronaldo passou mal na concentração e chegou a ser substituído na escalação por Edmundo. O camisa
nove, no entanto, entrou em campo, mas a Seleção Brasileira não teve
forças para segurar os donos da casa que, com grande atuação do
meia Zinedine Zidane, venceram por 3 a 0 e escreveram o nome do
país na galeria dos campeões mundiais.
O título voltaria às mãos brasileiras em 2002, quando o campeonato
chegou pela primeira vez à Ásia. E pela primeira vez também o Mundial teve duas sedes: Japão e Coréia do Sul. Com Luiz Felipe Scolari
no banco de reservas, Marcos fechando o gol e Rivaldo e Ronaldo
jogando muito, os brasileiros confirmaram a hegemonia mundial.
A decisão contra a Alemanha levou a campo as duas seleções mais
eficientes da história dos Mundiais a decidir o título. A expectativa
de equilíbrio foi quebrada pela atuação dos três destaques brasileiros.
Marcos fez defesas impressionantes, enquanto Rivaldo participou dos
lances dos dois gols marcados por Ronaldo. Brasil, pentacampeão
mundial de futebol.
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MUNDIAIS RECENTES
A edição de 2006 levou o Mundial de volta à Alemanha. Brasileiros
e os donos da casa eram os favoritos a repetir a decisão de quatro anos
antes, mas ficaram pelo caminho. Itália e França chegaram à decisão,
disputada em Berlin, com estilos diferentes. A França apostava em seu
ataque, com Zidane e Thierry Henry, enquanto os italianos, com Fábio
Cannavaro como destaque, jogavam com a força de sua defesa.
Após empate por 1 a 1, as equipes foram para a prorrogação. Aos 5
minutos da segunda etapa do tempo extra, após uma discussão, Zidane
acertou uma cabeçada no peito do zagueiro italiano Marco Materazzi e
foi expulso. O lance desestabilizou os franceses, que não tiveram forças
para segurar os italianos nas cobranças de pênalti. No final, 5 a 3 e o
tetracampeonato à “Squadra Azzurra”.
O último torneio disputado até aqui aconteceu em solo africano. A
África do Sul recebeu o Mundial que teve a Espanha e seu futebol de
toque de bola como protagonista. A “Fúria”, como o time é conhecido,
mostrou um futebol sólido, com craques de Real Madrid e Barcelona
formando a base do elenco.
Na decisão, os espanhóis enfrentaram a Holanda, dos meias Robben e Sneijder, e apagaram a síndrome do “quase”, que perseguia o
time da Península Ibérica. Um gol de Andrés Iniesta, aos 10 minutos
do segundo tempo da prorrogação deu o título inédito à Espanha e
colocou o time como força no futebol mundial.
Agora, que venha a disputa em terras brasileiras. Brasil, Argentina,
Alemanha e Espanha aparecem como favoritos. Mas tudo pode mudar
em 90 minutos. Esta é a magia do futebol.
Luiz Maritan é jornalista, escritor e autor dos livros
“Bandeira Dois” e “Gente como a gente”.
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Bélgica tem
como meta
educação
de qualidade
para todos
A Revista Educando em Mogi
entrevistou para esta edição
especial sobre o Campeonato
Mundial de Futebol, realizado neste
ano no Brasil, o Cônsul-Geral da
Bélgica, Didier Vanderhasselt.
O representante belga, que está
há um ano e meio no Brasil, nos
contou um pouco sobre a educação
em seu país, cuja seleção de
futebol ficará hospedada em nossa
cidade durante a competição.
Vanderhasselt já esteve na cidade
algumas vezes após a escolha do
selecionado e aprovou a definição
da Associação Real de Futebol por
Mogi das Cruzes. “Fomos muito
bem recebidos e a combinação
de Mogi com os locais de nossos
primeiros jogos é ótima”
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Bernadete Tedeschi Vitta Ribeiro
Kelli Correa Brito
Educando em Mogi - Em linhas gerais, como é a educação na Bélgica?
Didier Vanderhasselt - Na Bélgica não temos educação
privada, tudo é público e muito acessível e democrático.
A educação para as crianças, por exemplo, não tem que
custar nada para as famílias. Tudo é gratuito e por isso demanda um grande investimento por parte do governo.
Geralmente, o nível de educação da Bélgica é alto. Nos
rankings internacionais da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), responsável
pelo desenvolvimento e coordenação do Programme for
International Student Assessment (Pisa) - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, estamos sempre
no “top 10” para o ensino médio e superior. As universidades e as “business schools” também estão no topo dos
rankings internacionais.
Educando em Mogi – E para as Universidades?
Didier Vanderhasselt - Paradoxalmente nossas universidades são muito baratas e geralmente as pessoas acreditam que educação barata não pode ser sinônimo de alta
qualidade. Isso acontece aqui no Brasil também, mas na
Bélgica temos alta qualidade e custo baixo. Fazemos parte de programas importantes, como o Ciências sem Fronteiras, onde temos de demonstrar que esses dois fatores
podem caminhar juntos: qualidade e custo baixo.
A inscrição em nossas universidades é em média R$
2 mil reais por ano. Este é um problema também porque
muitas vezes os alunos ingressam na universidade e acabam optando depois por fazer outra coisa.
Educando em Mogi - Como é o sistema educacional
na Bélgica?
Didier Vanderhasselt - A educação é uma grande prioridade. É realmente crucial para o desenvolvimento do
país, o investimento na educação é um investimento no
futuro do país. A particularidade do sistema de educação
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na Bélgica, assim como é um pouco aqui no Brasil, é que
a Educação não é uma competência federal. A educação
é da responsabilidade de cada região, no norte a região
Flamenca ou Flanders e ao sul, a Valônia ou Região Valã.
As crianças aprendem na escola outras línguas, mas
a organização da educação é de competência regional, o
que aqui seria considerado estadual. Não temos um ministro de educação nacional, só temos um ministro de
educação flamenco e outro da Valônia, sendo que nas
duas regiões a educação é de alta qualidade tanto no nível médio quanto no universitário.
Temos creches privadas e públicas. Na Bélgica para todos os alunos, dos 6 aos 18 anos, o ensino é obrigatório.
Dos zero aos seis anos não é necessário por enquanto um
professor, mas no futuro isso deverá ser regulamentado.
A educação também acontece além da sala de aula.
Existem escolas de balé, música, artes, moda dentro da
educação oficial. As aulas para crianças e jovens, dos sete
aos 18 anos, acontecem das 8h30 até 16 horas e às quartas,
no período da tarde, não há aula. Na universidade, tive
32 horas de aula por semana.
A partir dos 11 anos já passa a ser ensinado outro idioma e há aulas opcionais, mas acho que falta um pouco
mais de esporte em nosso sistema educacional.
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Educando em Mogi - Como é a formação do professor?
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Didier Vanderhasselt - Para cada nível de ensino há
um mínimo de qualificação exigido para os professores.
Temos escolas para cada nível. Por exemplo, minha irmã
não é aluna da universidade, mas fez uma habilitação
específica para professores do ensino médio. No ensino
superior todos os professores são de nível universitário.
Para dar aula para alunos a partir dos 14, 15 anos é
exigido que os professores possuam nível universitário. É
uma profissão bem remunerada, mas a pressão para eles
é maior do que antes, há mais burocracia, mais exigências
administrativas. Além da sala da aula, exige-se demais
em relação ao salário.
Às vezes, dizem que o reconhecimento da sociedade
não é suficiente, mas geralmente é sim.
Educando em Mogi - Como é o critério de admissão de
professores?
Educando em Mogi - Há algum tipo de avaliação
interna?
Didier Vanderhasselt - A escola tem a livre opção de
escolher os profissionais, mas eles têm que ter o diploma adequado. Nosso sistema de ensino é dividido em
duas fases para crianças de 6 a 12 anos, que é o ensino
fundamental e dos 12 aos 18 anos, o superior. Depois, é
a universidade.
Didier Vanderhasselt - Temos um sistema de inspeção. Em minha época na escola, uma ou duas vezes, tínhamos um inspetor na sala para avaliação do professor. Temos também esse trabalho na universidade e em
algumas, os alunos também podem participar da avaliação dos professores.
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Na universidade, essa inspeção é chamada Comissão
de Visita. Eles verificam todo seu funcionamento e enviam um relatório para o ministro.
Há no Ministério da Educação de cada região da Bélgica
objetivos bem detalhados do que os alunos tem que aprender. É um sistema e tem naturalmente cursos e livros a serem utilizados nas escolas. Acho que, geralmente, as escolas
escolhem, mas eles têm que fazer isso dentro dos objetivos
estabelecidos. E a inspeção controla a aplicação destes conteúdos e o mesmo acontece nas universidades.
Educando em Mogi - Como o sernhor analisa a educação brasileira?
Didier Vanderhasselt - Acompanhei em outubro do
ano passado, uma visita do ministro de Educação flamenca ao secretário de Estado de Educação, Herman Voorwald e pude ver que os desafios aqui são grandes. As
diferenças entre uma cidade como São Paulo e outra de
menor porte são grandes e organizar o mesmo sistema de
educação é um grande desafio.
Nós temos a vantagem de ter uma área pequena, não
temos uma área do país onde a educação não é acessível,
temos outros desafios. Tenho muito apreço pelos profissionais do sistema brasileiro de educação que conseguem
superar estas dificuldades.
O que faz o Cônsul-Geral de um país?
O cônsul é o representante diplomático
de um país em outra nação, responsável
pela proteção dos interesses dos indivíduos e empresas de sua nacionalidade
naquele país estrangeiro.
O papel do cônsul é regulado, no plano
internacional, pela Convenção de Viena
sobre Relações Consulares, de 1963.
Cônsul-geral é o mais alto cargo consular e geralmente tem como base as grandes metrópoles, como no caso do Consulado Geral da Bélgica que está localizado
em São Paulo.
Diversos países, como o Brasil, unificam as funções do diplomata e do cônsul.
Entre as funções do cônsul estão a expedição de documentos de viagem (por
exemplo, passaportes) e vistos de entrada
e a atuação como oficial de registro civil,
registrando casamentos, nascimentos e
óbitos dos cidadãos de sua nacionalidade
residentes naquele país.
Educando em Mogi - O que o senhor achou da escolha
de Mogi das Cruzes como campo de treinamento da seleção de futebol de seu País?
Didier Vanderhasselt - Eu falei com a Associação Real
de Futebol. A escolha foi primordialmente do treinador
de nossa seleção. A infraestrutura e a localização de Mogi
das Cruzes muito perto de Guarulhos e de São Paulo, foi
muito importante. Fomos muito bem recebidos. Depois
do sorteio, ficamos muito felizes com a formação dos
grupos no campeonato. Os primeiros jogos serão em Belo
Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. A combinação de
Mogi com os locais de nossos primeiros jogos é ótima.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
Bernadete Tedeschi Vitta Ribeiro
é graduada em Pedagogia
Kelli Correa Brito é graduada
em Jornalismo pela Faculdade de
Comunicação Social Cásper Líbero
nº 67
. Educando em Mogi
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Mogi recebe
seleção belga
e se prepara para a
chegada dos turistas
Escolhida como Centro
de
Treinamento
pela
seleção
belga,
Mogi
das Cruzes prepara-se
para receber os atletas
e também os turistas e
a imprensa que virão até
a cidade acompanhar os
jogadores
18
Educando em Mogi
. nº 67
Prefeitura de Mogi das Cruzes
A programação inclui ações em diferentes áreas, como Esporte, Educação,
Cultura e Turismo. A estimativa é de que
500 oportunidades de emprego serão geradas e movimentação na economia da
cidade fique entre R$ 25 e 30 milhões.
Ao todo, 1.200 municípios brasileiros
se inscreveram para ser campo de treinamento no Campeonato Mundial de
2014. Desses, 89 entraram na lista de verificação. Após várias etapas e vistorias,
32 foram aprovadas. A FIFA, por fim,
selecionou 18 municípios e Mogi das
Cruzes estava nessa lista.
A seleção da Bélgica deverá chegar
a Mogi das Cruzes no dia 10 de junho,
sete dias antes da sua estreia na Copa
do Mundo, contra a Argélia, no Mineirão. Na primeira fase do Mundial, o
time ainda enfrenta a Rússia, no dia 22
de junho, no Maracanã, e a Coréia do
Sul, no dia 26 de junho, na Arena Corinthians, em Itaquera.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
TURISMO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
Para receber os turistas, a cidade promoveu a capacitação dos operadores do Terminal Rodoviário e taxistas
com a oferta de cursos do Crescer – Centro Municipal
de Apoio à Educação de Jovens e Adultos, vinculado à
Secretaria de Educação. Os profissionais participaram
de cursos de inglês.
Na unidade Centro do Crescer também foram oferecidos outros cursos rápidos no segmento de turismo e
hospitalidade.
A Coordenadoria Municipal de Turismo também promoverá eventos importantes durante o Mundial, como o
1º Festival Gastronômico, em parceria com o Comtur e
Abrasel e o Festival da Cerveja Belga. A cidade também
terá materiais bilíngues para orientar os turistas.
Na área de Educação, além da oferta de cursos de
qualificação profissional básica, as escolas também receberam um livro com atividades sobre as características da Bélgica e de Mogi das Cruzes. A publicação foi
entregue para todos os alunos da rede municipal e traz
informações sobre o país europeu, como localização,
idioma e artes.
nº 67
. Educando em Mogi
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COMIDA TÍPICA E ATRAÇÕES CULTURAIS
As crianças degustaram no dia 29 de maio, o stoemp,
prato tradicional belga com linguiça, batata e cenoura.
Os alunos também estarão envolvidos em uma gincana, que terá como resultado uma exposição no saguão
da Prefeitura.
Uma competição esportiva mobilizará as escolas do
programa Escola de Tempo Integral, que representarão 24
seleções que disputarão o Campeonato Mundial no Brasil.
A competição também tomará conta dos Centros Esportivos da cidade e da Praça da Juventude com disputas entre
times formados por crianças e adolescentes.
Durante o Mundial, a Secretaria Municipal de Cultura
também terá uma programação diferenciada com dança,
20
Educando em Mogi
. nº 67
música, artes plásticas, além do tradicional Festival de Inverno. Está programada a exposição “Um olhar sobre a
Bélgica”, com alguns representantes da
chamada arte primitivista ou naïf.
Os pintores representados na referida exposição são artistas não eruditos,
ou seja, autodidatas, que, a partir de
temas populares como o futebol, desenvolvem um estilo caracterizado pelas
cores vivas e uma imaginação, estilização e poder de síntese levados para a
tela com uma técnica muito pessoal.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
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. Educando em Mogi
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Educando em Mogi
. nº 67
Prefeitura de Mogi das Cruzes
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. Educando em Mogi
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Batata:
sua história e seu sabor
Bianca Cristina de Castro Santos
Maria Helena Cecin Resek Albernaz
A batata teve origem nos Andes e nas Ilhas Chilenas, sendo introduzida na Europa no século
XVI por sua resistência ao pisoteamento das tropas e às geadas, pois ficavam armazenadas no
solo. Com o processo de colonização, ela chegou a outros continentes e tornou-se base da alimentação e um dos vegetais mais consumidos nas Américas do Norte e do Sul, principalmente
por grandes redes de fast food. Segundo a Associação Brasileira da Batata (ABBA), atualmente a
batata é o 4º alimento mais consumido no mundo, depois do arroz, do trigo e do milho.
Estudiosos da história da alimentação acreditam que o grande consumo de batata em todo
o mundo se deu devido aos seguintes fatores: valor energético, ausência de colesterol, sabor e
cheiro pouco acentuado (possibilita diversas combinações), alto rendimento e grande capacidade de adaptação.
O cultivo de batata pode ser feito em uma grande variedade de climas justamente por sua
capacidade de adaptação, sendo assim, os maiores produtores de batata estão espalhados pelo
mundo todo. São eles: Polônia, China, Estados Unidos, Alemanha e Índia.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
nº 67
. Educando em Mogi
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CLASSIFICAÇÃO
CONSUMO
É classificada como um tubérculo, isto é, um caule
subterrâneo caracterizado por sua forma geralmente arredondada com gemas (ou olhos – dos quais nascem novas plantas) e por sua capacidade de reservar energia. As
raízes do tubérculo ajudam-no a se fixar no solo, absorver
e conduzir água e nutrientes.
Em relação à variedade, a batata pode apresentar diversas cores, cascas e polpas.
A batata pode ser consumida de diversas maneiras:
frita, assada ou cozida. Porém é importante saber qual a
melhor forma de preparação com o intuito de preservar
seus nutrientes:
VALOR NUTRICIONAL
A batata é considerada um dos alimentos energéticos
mais nutritivos, por ser rica em carboidratos e possuir proteína de boa qualidade. Apresenta ainda um índice alto de
valor biológico, ou seja, possui aminoácidos essenciais em
sua composição, caracterizando uma proteína completa e
ficando atrás somente do ovo e do leite.
Frita: é a forma menos recomendada de prepará-las,
pois a alta temperatura produz substâncias que fazem
mal ao organismo. O ideal é assar as batatas pré-cozidas
em vez de fritá-las.
Assada: é uma das maneiras mais saudáveis, desde
que seja usado pouco óleo e a casca não seja retirada. É
ideal para acompanhar carnes.
Cozida: deve ser preparada com a casca bem lavada,
pois ela funciona como uma barreira contra a saída dos
nutrientes. Pode ser usada em saladas e purê.
Crua: não é recomendável, pois a batata precisa do
calor para amolecer e perder a piretrina (substância que
pode causar náusea).
A CULINÁRIA BELGA E A BATATA
A culinária belga é fortemente influenciada pela cozinha francesa e holandesa. Os pratos típicos vão dos mais
simples aos mais refinados e alguns são inspirados na
cozinha espanhola do século XVI. São usados produtos
típicos regionais, mas o prato base deles é a batata, assim
como o arroz com feijão para os brasileiros.
Na Bélgica, o alimento mais consumido é a batata frita.
Em todos os lugares do país é possível encontrar pequenos
quiosques vendendo esse alimento. Isso explica a existência de um museu totalmente dedicado à batata frita.
RECEITA BELGA NA MERENDA ESCOLAR
A merenda escolar de Mogi das Cruzes contou com
um prato típico belga em seu cardápio do mês de maio
para homenagear a Delegação da Bélgica. Cerca de 29 mil
alunos das escolas da rede municipal de ensino degustarão esse prato belga.
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Educando em Mogi
. nº 67
Prefeitura de Mogi das Cruzes
STOEMP
Ingredientes:
1kg de batatas
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800g de cenoura
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cozidas,
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s miecisar, deixe co
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pa
estará
eixe a
muita água, d
Dica: Se sobrar
do cozimento.
nutos no final
CURIOSIDADES
Segundo a ABBA, a batata inglesa adquiriu esse nome
no Brasil durante a construção de ferrovias. Nesta época,
os técnicos ingleses exigiam batatas em suas refeições e,
assim, a batatinha (como chamavam os agricultores familiares) passou a ser chamada de batata inglesa.
Outra curiosidade sobre batatas é a origem da expressão popular “Vá plantar batatas”. Antigamente, o trabalho braçal era visto como um serviço inferior e de menor
prestígio social, pois confirmava a desqualificação e pobreza da pessoa. 'Em Portugal, este pensamento não era
diferente, já que julgavam que trabalhar com a terra era
um serviço degradante e rudimentar. E foi assim que a
expressão portuguesa surgiu, para desejar que alguém
pare de perturbar e vá fazer este trabalho depreciativo.
Atualmente, a expressão tem cunho irônico e é utilizada
como sinônimo de “deixe-me em paz”.
Existem outras expressões que mencionam a batata,
Prefeitura de Mogi das Cruzes
mas não se sabe ao certo como nem quem começou a
utilizá-las, tais como:
“Isso é batata!” – utilizada quando algo é certo de
acontecer;
“Sua batata está assando!” – advertência de problema iminente;
"Batata quente" – problema que não é fácil de resolver;
"Batata-da-perna" – panturrilha.
A batata também aparece em brincadeiras infantis,
como Batata Quente, jogo no qual os participantes sentam em círculo enquanto um fica do lado de fora cantando a música “Batata quente, quente, quente...”. Quem
canta pode fazer isso por quanto tempo desejar. Durante
a canção, os participantes passam a “batata quente” de
um para a outro conforme o ritmo da música.
nº 67
. Educando em Mogi
27
Quando aquele que está cantando grita “queimou!”, o
último que segurou a batata é eliminado. Vence quem ficar
por último na roda. A “batata quente” utilizada na brincadeira pode ser qualquer objeto que não machuque, como
uma bola macia ou um boneco de pano, por exemplo.
A brincadeira não tem origem certa, mas sabe-se que
era muito jogada no século XIX. As crianças usavam um
objeto parecido com o boneco Spudsie (utilizado na versão americana desta brincadeira) e nele havia um timer
de contagem regressiva e música. Atualmente, os brinquedos estão mais sofisticados e modernos.
A batata também já fez parte de inspirações poéticas. Portanto, não podemos deixar de citar a cantiga
popular abaixo.
“Batatinha quando nasce
espalha a rama pelo chão,
menininha quando dorme
põe a mão no coração.”
Bianca Cristina de Castro Santos é bacharel em
Administração com Ênfase em Negócios pela UMC
Maria Helena Cecin Resek Albernaz é nutricionista
especializada em Nutrição Materno-Infantil
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA BATATA (ABBA). Disponível em: http://www.abbabatatabrasileira.com.br/index.
htm. Acessado em: 13.03.2014.
E-GUIA DO ESTUDANTE. Vá plantar batatas! Disponível em: http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/va-plantar-batatas-435769.shtml. Acessado em: 17.03.2014.
EQUIPE BRASIL ESCOLA. LOPES, Patrícia. Batata. Disponível em: http://www.brasilescola.com/saude/batata.
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EQUIPE ESCOLA KIDS. ARAGUAIA, Mariana. Classificação dos Alimentos. Disponível em: http://www.escolakids.
com/classificacao-dos-alimentos.htm. Acessado em: 13.03.2014.
M DE MULHER. GONZAGA, Ana. Batata: descubra suas qualidades nutricionais. Disponível em: http://mdemulher.abril.com.br/saude/reportagem/alimenta-saude/batata-descubra-suas-qualidades-nutricionais-753722.shtml.
Acessado em: 13.03.2014
MUNDO EDUCAÇÃO. MORAES, Paulo Louredo. Tipos de Caule. Disponível em: http://www.mundoeducacao.
com/biologia/tipos-caule.htm. Acessado em: 13.03.2014.
REVISTA NOVA ESCOLA. NUNES, Ronaldo. Ed. Abril. Qual a diferença entre raiz tuberosa, tubérculo e bulbo? Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/fundamentos/qual-diferenca-entre-raiz-tuberosa-tuberculo-bulbo-caule-cebola-batata-beterraba-511193.shtml. Acessado em: 13.03.2014.
SEMPRE TOPS. Brincadeira Batata Quente: Origem, regras e história.
http://www.sempretops.com/diversao/brincadeira-batata-quente/. Acessado em: 27.03.2014
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Educando em Mogi
. nº 67
Prefeitura de Mogi das Cruzes
Formação dos Professores
de Educação Física – 2014
Campeonato
Mundial de
Futebol
Joel Santana
Este ano acontece um evento esportivo muito
importante aqui no Brasil, o “Campeonato Mundial de Futebol”, realizado de quatro em quatro
anos. Diante disso, a proposta de formação continuada para os professores de Educação Física,
atuantes nas 20 escolas do programa Escola de
Tempo Integral, no Cempre Benedito Ferreira
Lopes e na Emesp Prof.ª Jovita Franco Arouche,
foi, neste primeiro semestre, sobre o evento em
questão.
É muito comum os professores incluírem em
seu planejamento, conteúdos relativos às grandes realizações esportivas que ocorrem no País e
no mundo, porém, acabam se transformando em
projetos que ficam restritos ao ambiente escolar
de cada um e, muitas vezes, restritos às aulas de
Educação Física.
A proposta foi que os professores, durante o
período de formação, trocassem ideias e experiências entre si, estudassem, refletissem e aprofundassem seus conhecimentos sobre “Futebol”
e o “Campeonato Mundial”, nos seus diferentes
aspectos, para levar às escolas uma ação interdisciplinar, envolvendo toda equipe escolar e, se
possível, atividades interescolares. A finalização
do projeto é a realização da “Copinha Municipal
das Escolas de Período Integral”, entre os dias 2
e 6 de junho.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
Os encontros de formação foram mensais e o
primeiro aconteceu em 11 de março deste ano,
no Bloco Didático – Cemforpe, onde foi feita a
apresentação da proposta de trabalho, pesquisa,
análise e seleção dos subtemas. Os professores
foram divididos em grupos, de maneira que
cada grupo ficou responsável por desenvolver a
proposta de atividades para um segmento (ano/
série). No final do período, foi feita a explanação
de cada grupo/segmento para apreciação, análise e sugestões dos demais.
Durante os demais encontros foi feita a finalização dos trabalhos para serem levados e aplicados nas escolas e definido o início do planejamento e preparação da “Copinha”, envolvendo
os alunos das Escolas de Tempo Integral.
A ideia é que cada escola tenha uma equipe
na competição, representando um País. O campeonato seguirá os mesmos moldes do Mundial
e acontecerá entre os dias dois e onze de junho.
Joel Santana é especialista da área de
Educação Física da Divisão de Orientação
Pedagógica
nº 67
. Educando em Mogi
29
A bola
que rola lá
é a bola que
rola aqui!
Andréa Pereira de Souza
Sabedora do contexto histórico atualmente vivenciado pelo Brasil com a concretização do Campeonato
Mundial de Futebol – 2014, bem como da importância
desse momento para o município de Mogi das Cruzes
com a recepção da seleção belga, a Secretaria Municipal de Educação (SME) aproveitou a paixão brasileira
pelo futebol e desenvolveu o projeto A bola que rola lá
é a bola que rola aqui!, estimulando o aprendizado de
culturas diferentes, o desenvolvimento da prática desportiva e o envolvimento da população nesse projeto.
O projeto teve seu início com o lançamento da revista Educando em Mogi - A bola que rola lá é a bola que
rola aqui!, material interdisciplinar distribuído para os
alunos e para os professores da rede municipal e subvencionada de educação para ser utilizado nas salas
de aula, com o objetivo de subsidiar a prática docente.
Sua finalidade foi fornecer informações sobre as culturas belga e mogiana realizando um paralelismo entre
Bélgica e Mogi das Cruzes, para que os leitores percebessem as semelhanças, valorizassem as diferenças e
aprendessem com elas. A confecção desse material envolveu departamentos da SME, Coordenadoria de Turismo e um diálogo com o Consulado Geral da Bélgica.
Como toda ação pedagógica necessita da transposição didática, a SME criou um rol de ações vinculadas à
revista para fortalecer a práxis educacional e o envolvimento dos alunos e da comunidade. Destarte, todas as
unidades escolares da rede municipal e subvencionadas puderam participar das atividades.
30
Educando em Mogi
. nº 67
CIRCUITO
Após o trabalho com a revista Educando em
Mogi - A bola que rola lá é a bola que rola aqui!,
sugeriu-se às escolas que realizassem um circuito possibilitando a participação de todas as
crianças em atividades que continuavam com
foco no Campeonato Mundial de Futebol deste
ano e na acolhida à seleção belga. As atividades
contemplavam as especificidades dos níveis e
modalidades de ensino e podiam ser escolhidas
pela comunidade escolar. Eram elas: confecção
das bandeiras da Bélgica e de Mogi das Cruzes;
quiz; releitura do Manneken Pis; mosaico; jogo
de mímicas; ressignificação da obra Jogos Infantis
(Pieter Bruegel); telefone sem fio; jogo do percurso; composê e boliche da fauna.
EXPOSIÇÃO
A partir dos resultados obtidos no circuito ou
outras atividades desenvolvidas pelas unidades
escolares referente ao tema em questão, será organizada, no saguão do prédio sede da administração municipal, a exposição intitulada A bola
que rola lá é a bola que rola aqui! Bélgica e Mogi das
Cruzes com vista ao terceiro objetivo do projeto: informar não só a comunidade escolar, mas
também a comunidade mogiana sobre o Campeonato Mundial de Futebol e a vinda da seleção
belga a Mogi.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
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COPINHA DAS ESCOLAS DE TEMPO
INTEGRAL - 2014
A proposta surgiu com o intuito de subsidiar
a ação pedagógica dos professores de Educação
Física para que estes desenvolvessem um trabalho de socialização de ideias e experiências
entre si, promoção do estudo, da reflexão e do
aprofundamento sobre “Futebol” e “Campeonato Mundial”, permeados pela visita da Bélgica,
nos seus diferentes aspectos, para consolidar
nas escolas uma ação interdisciplinar, envolvendo toda equipe escolar e, se possível, atividades
interescolares.
O desenvolvimento do projeto A bola que rola lá é a
bola que rola aqui! proporcionou às escolas o trabalho
com um tema interdisciplinar presente no contexto nacional transpondo-o da informação ao saber elaborado.
Concomitantemente, possibilitou às escolas desenvolver a função de dinamizadora do seu entorno escolar,
uma vez que, além dos alunos, família e comunidade
também foram chamados a participar das ações, bem
como ter ciência delas.
PRATO TÍPICO BELGA
Para findar a transposição didática, fora proporcionado aos alunos da rede municipal a possibilidade de degustar o prato típico belga intitulado Stoemp. A receita do prato, trabalhada
anteriormente dentro da sala de aula, proporcionou o contato com o gênero discursivo, aliando
à atividade extraclasse ao conteúdo conceitual
trazido no currículo mogiano.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
Andréa Pereira de Souza é responsável
pela Divisão de Orientação Pedagógica da
Secretaria Municipal de Educação. Professora na Universidade de Mogi das Cruzes e
mestranda em Políticas Públicas.
nº 67
. Educando em Mogi
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Campeonato
Mundial de
Futebol e
diversidade
Raelen Brandino Gonçalves
A turma do infantil III da Escola Municipal José Alves dos Santos procurou trabalhar o tema do Campeonato Mundial de
Futebol, realizado neste ano no Brasil, envolvendo a questão da diversidade, a partir
dos países que irão disputar a primeira fase
do torneio com o Brasil, que serão Croácia,
México e Camarões. Na roda de conversa, as
crianças exploraram o tema, ouvindo textos
informativos e de quadrinhos da revista Saiba Mais da Turma da Mônica.
Tiveram contato também na roda de conversa com textos informativos sobre os países que irão disputar com o Brasil, sendo
que cada um representa um continente. As
crianças conheceram as respectivas bandeiras, uniformes e costumes das seleções e por
fim, visualizaram o globo terrestre e identificaram a localização geográfica.
Os alunos pintaram uma bola de isopor
de forma coletiva, caracterizando o globo
terrestre, além da pintura da bandeira dos
quatro países e depois de terminada a pintura do globo, as bandeiras foram fincadas
juntamente com o jogador representando o
país, mostrando desta forma os diferentes
continentes unidos pelo esporte. A partir do
globo, realizaram um cartaz montado coletivamente sobre a cultura dos países, envolvendo dança, comidas típicas e curiosidades.
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Educando em Mogi
. nº 67
A atividade propiciou o conhecimento sobre o Campeonato Mundial de Futebol, favorecendo o conhecimento
das quatro nacionalidades, comparando características
e percebendo que mesmo com a diversidade todos se
unem em favor do esporte.
Raelen Brandino Gonçalves é graduada em Pedagogia e História, cursa especialização em Ética, Valores
e Cidadania na escola (USP), e é especialista em Educação Inclusiva e Deficiência Mental (PUC – SP), Psicopedagogia Clínica e Institucional e Alfabetização (UNICID) e Didática, Dinâmica e Gestão do Ensino Superior
(UMC). Atualmente é professora de Educação Infantil em
escolas municipais de Mogi das Cruzes e São Paulo.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
O Mundial de Futebol
é seu e nosso!
Em ano de Campeonato Mundial
de Futebol, a escola precisa
contextualizar as práticas
educativas ao evento cultural
esportivo que estamos vivendo,
no qual o Brasil será
sede neste ano
Thamires Fernanda Costa
Tendo em vista que o esporte desenvolve integralmente
o ser humano em suas capacidades físicas, cognitivas, intelectuais, sociais, morais, éticas e emocionais, bem como
pelas práticas esportivas podemos transformar a cultura
corporal de movimento, significando-a e ressignificando-a de acordo com a realidade em que as crianças estão inseridas, foi proposto à equipe da Escola Municipal Profª
Heliana Mafra Machado de Castro trabalhar não somente
o esporte em si, mas integrar efetivamente todas as áreas
do conhecimento existentes no interior escolar, desmistificando a ideia da fragmentação dos saberes e respeitando uma ótica mais democrática, participativa e coerente
às novas exigências pedagógicas de nosso tempo.
A primeira questão levantada antes de o projeto ter início foi: “faremos uma competição masculina ou daremos
abertura para as meninas participarem?” E partindo do
ponto de vista inclusivo, onde todos têm direito à educação de qualidade, decidimos que o nosso torneio teria a
participação das meninas também. Assim, além de rompermos com o preconceito de que futebol é assunto de
menino (ideia ainda corrente em nossa escola), também
fomentaríamos a prática da modalidade entre as meninas, que ainda se sentem inseguras nas aulas de educação
física quando o assunto é futebol.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
nº 67
. Educando em Mogi
33
Desse modo, começamos nosso projeto trocando conhecimentos entre os professores de Educação Física e
alunos, discutindo sobre os aspectos históricos e fundamentalistas do futebol e do Campeonato Mundial, além
de ressaltar a importância de Charles Miller na disseminação da prática do esporte no Brasil. A participação dos
alunos foi positiva e nos surpreendemos com a motivação das crianças dos 1º anos em questionar as regras e
fundamentos da modalidade.
Feito isso, partimos para a escolha das seleções que disputarão a Mini-Copa (3º, 4º e 5º anos) e a Mini-Copinha (1º
e 2º anos) no interclasse desse semestre. Para tal ação, tendo como prioridade a participação ativa do aluno durante
o processo, cada professora do ensino
regular fez uma votação com as crianças, e elegeram o país que gostariam de
representar em nossa competição. Este
processo foi desenvolvido de tal modo
para que os alunos se sentissem parte do
projeto, se identificando com a escolha
do grupo.
Assim, cada educadora ficou incumbida de trabalhar os aspectos culturais,
turísticos, gastronômicos e linguísticos
do país eleito pela turma. Paralelamente,
a Oficina do Saber trabalhou os aspectos
gráficos e fonéticos dos nomes dos países envolvidos, os mascotes de todas as
edições do Mundial já realizadas, confeccionando as bandeirinhas da torcida e
expondo os trabalhos no mural de atividades sobre o tema.
Ainda nos preparativos para o início da Mini-Copa e da Mini-Copinha,
a Oficina de Artes colaborou na confecção dos uniformes de cada seleção, explicando os significados das bandeiras
e utilizando diferentes suportes gráficos para tal.
34
Educando em Mogi
. nº 67
Já a Oficina de Educação Ambiental trabalhou as
dimensões biológicas do Tolypeutes tricinctus, o tatu-bola, que é o mascote do Mundial: seu habitat, do
que se alimenta, como vive dentre outras questões
acerca do tema.
Pensando na abertura do evento em nossa escola, foi
ensaiada a dança de abertura com a música “Todo mundo”, interpretada por Gaby Amarantos, reunindo as
crianças que gostariam de participar. Nesse momento, a
compreensão das professoras do ensino regular somado
ao comprometimento dos alunos envolvidos em realizar
as tarefas do dia em casa fizeram toda a diferença para
que o trabalho fosse realizado com sucesso.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
Passada essa etapa, chegou a grande hora de darmos início às atividades cerimoniais da Mini-Copa e
da Mini-Copinha, e no dia da abertura todos os profissionais presentes auxiliaram nos bastidores do evento
para que as grandes estrelas pudessem brilhar.
Iniciamos com o desfile de cada seleção e foi muito
prazeroso ver as crianças torcendo e participando com
energia da festa. Cantamos o Hino Nacional e prestigiamos a dança de abertura, que contagiou a todos!
O evento terminou com as considerações da diretora
Cristina Aparecida Riegel Novo sobre o projeto, declarando oficialmente aberto os jogos da Mini-Copa e da
Mini-Copinha na EM Profª Heliana Mafra Machado.
Contudo, ainda não concluímos nosso projeto. Estamos realizando os jogos masculinos e femininos semanalmente, contando com o apoio da equipe gestora e de
funcionários dispostos a auxiliar no que for preciso, e, é
claro, ansiosos para saber quais países serão os campeões
desse ano. Desafios? Claro que encontramos (e iremos
encontrar) como a aceitação da perda entre as crianças
do 1º ano; resistência de algumas meninas em participar
da modalidade, dentre outras situações.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
No entanto, uma coisa é certa: é muito gratificante ver
toda a escola mobilizada, os profissionais trabalhando
em equipe, as crianças felizes. Tal experiência nos faz
perceber que é possível, sim, a escola desenvolver projetos educacionais em conjunto e, que ao articularmos todos os profissionais de ensino em uma mesma ação, não
só contribuímos para um fazer mais rico em possibilidades educativas, como também dialogamos com o mundo
contemporâneo que necessita cada vez mais do trabalho
cooperativo e da integração dos indivíduos.
Thamires Fernanda Costa é bacharel e licenciada em Educação Física e pós-graduanda em Artes e Educação
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. Educando em Mogi
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O Pequeno Cidadão
da Zona Rural
em tempos de
Mundial de Futebol
Marineide Cardoso da Conceição
Patrícia Marins Aguiar Conde
O Campeonato Mundial de Futebol, por ser um
evento que envlove muitos países, é uma grande
oportunidade para enriquecer as aulas, tornando-as mais significativas para os alunos. Eventos,
como este, tornam-se ótimos recursos motivacionais por estimular o conhecimento e desenvolver
as competências curriculares, valorizando as inteligências múltiplas. O projeto, desenvolvido pelas escolas do Núcleo Rural 1, visa um trabalho
interdisciplinar, envolvendo habilidades e atividades dentro e fora da escola, privilegiando desta
forma, o desenvolvimento e o aprimoramento do
conhecimento acerca do nosso país e dos demais
participantes do evento em questão.
O futebol é um dos esportes mais populares
no mundo. Praticado em centenas de países,
desperta tanto interesse em função de sua forma de disputa atraente e é tão popular graças a
seu jeito simples de jogar, pois basta uma bola,
equipes de jogadores e as traves, para que, em
qualquer espaço, crianças e adultos possam se
divertir. Na rua, na escola, no clube, no campinho do bairro ou até mesmo no quintal de casa,
desde cedo jovens de vários cantos do mundo
começam a praticar o futebol.
Diante de tudo isso na 1ª reunião de OPA de
2014, a equipe teve a ideia de desenvolver um
projeto de modo a oportunizar maior integração
entre as sete unidades do Núcleo permeando os
demais que já vem sendo desenvolvidos pelo
Núcleo Rural I, tais como: Valores, Cidadania,
Meio Ambiente e Sustentabilidade, Cartão Postal, Música, Universo, Artes Visuais, Culinária
entre outras ações.
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Educando em Mogi
. nº 67
Depois de muitas reflexões ficou decido que
seria criado um Projeto ainda maior intitulado
"Pequeno Cidadão da Zona Rural", no qual englobaria todos esses temas.
“A gestão de uma escola reside
na capacidade de mobilizar
cada um para a concretização
do projeto institucional,
sem perder nunca a
capacidade de decidir.”
ALARCÃO, Isabel.
Professores reflexivos em
uma escola reflexiva. 2003.
Ficou diagnosticado no planejamento unificado,
a necessidade do aprofundamento do tema através da formação em serviço nas reuniões de OTE.
Portanto foi planejado para a 1ª OTE de 2014 uma
ação educativa e lúdica, envolvendo habilidades
linguísticas de forma interdisciplinar, abordando
inclusive o trabalho com as salas multisseriadas
que são muito comuns nas escolas rurais.
E qual a melhor maneira de abordar toda essa
temática adequando à realidade do Núcleo Rural I ao mesmo tempo?
Através de um formato lúdico e significativo envolvendo brincadeiras do povo daqui e
de vários cantos do mundo; assim, foi iniciada
a formação que vem dando suporte ao desenvolvimento do projeto em si e aproximando as
crianças das diversas culturas do mundo.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
“A diversidade cultural é um fato.
O universo cultural diz respeito ao modo de
vida dos grupos sociais, e nesse sentido
organiza identidades individuais e coletivas.
Assim, a cada cultura corresponde uma
forma de estar no mundo. É a partir dessa
forma que ndivíduos e coletividade
pensam o outro, como estranho, diferente,
estrangeiro.” VITULE, Maria Luiza.
Guia de Viagem: Cultura e Mundo
Contemporâneo
A OTE foi planejada pensando em todos os detalhes desde o desenvolvimento de um plano de
ação, que atingisse todos os níveis da escrita até a
escolha dos materiais que seriam utilizados e oferecidos como fonte de pesquisa.
É importante ressaltar que desde 2012 as OTE’s
do Núcleo têm sido de cunho formativo, com intuito de oferecer informações que possam enriquecer a prática visando um ensino de qualidade.
A experiência da formação da 1ª OTE foi produtiva e gratificante, tanto que começaram a surgir novos desdobramentos das atividades vivenciadas, como por exemplo, a “Copa do Núcleo
Rural I” que vem contagiando inclusive pais e
comunidade que estão cada vez mais conscientes de sua importância no processo educativo.
Cada escola teve a oportunidade de escolher
um determinado país para aprofundamento,
cuja culminância está sendo compartilhada nas
reuniões de OTE de 2014. Para valorizar o trabalho das equipes as reuniões estão acontecendo
a cada mês em uma escola diferente proporcionando a troca de experiências e criando novos
repertórios para os professores.
“As informações são, sem dúvida, muito
importantes. Mas só o conhecimento
que resulta da sua compreensão e
interpretação permitirá a visão e a
sabedoria necessárias para mudar a
qualidade do ensino e da educação.”
ALARCÃO, Isabel. Professores reflexivos em
uma escola reflexiva. 2003.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
De acordo com as Diretrizes Curriculares Municipais para a Educação da Infância para conseguir um ensino de qualidade é importante que o
aluno seja protagonista do processo educacional.
Para tanto o professor precisa construir um
novo olhar sobre a ação pedagógica, tornando-se pesquisador e investigador de modo que a
aprendizagem seja significativa e que o educando transforme as informações em conhecimento
para que possa interagir positivamente no meio
em que vive.
Patrícia Marins Aguiar Conde é pedagoga e especialista em Alfabetização e Letramento
Marineide Cardoso da Conceição é pedagoga
e especialista em Alfabetização e Letramento
Referências
ALARCÃO, Isabel; Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo, Cortez, 2003.
ALMEIDA, Berenice M.; PUCCI, Magda D. Outras Terras, Outros Sons. São Paulo: Callis, 2002.
PREFEITURA MUNICIPAL DE MOGI DAS CRUZES, Secretaria Municipal de Educação. Diretrizes Curriculares Municipais
para a Educação da Infância. Mogi das Cruzes: 2007.
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Práticas sustentáveis
no Campeonato
Mundial de Futebol
Kelli Correa Brito
Lucimeyre Gonçalves
Unir o Esporte ao Turismo, em especial o futebol, o esporte mais popular do mundo,
pode trazer resultados positivos para ambos os lados. Considerando que o Brasil é um
país de apaixonados por esportes e neste ano, sedia um dos maiores eventos do planeta,
o Campeonato Mundial de Futebol, e que Mogi das Cruzes foi escolhida como campo de
treinamento de uma grande seleção, está é a oportunidade de mostrarmos ao mundo nossas riquezas, belezas e cultura.
É o momento estratégico para a sustentabilidade em nosso País, uma oportunidade
de mostrar o que produzimos de melhor e aprendermos um pouco mais sobre como
preservar a riqueza natural que possuímos. Um grande exemplo deste resultado positivo é a agricultura, onde mais de 400 mil famílias de agricultores serão beneficiadas com
geração de emprego e renda, e simultaneamente, promoverão a proteção ambiental de
suas propriedades.
PRESERVANDO O MEIO AMBIENTE
Com essas iniciativas buscaremos aproveitar o potencial do Campeonato Mundial
de Futebol para a promoção de práticas sustentáveis e do turismo local, para que tanto
turistas brasileiros como estrangeiros possam fazer escolhas sustentáveis em suas viagens durante a competição.
Para você que vai participar desta festa
que tomará conta do Brasil, veja como é a
reciclagem dos materiais. O tempo que leva
para a decomposição na natureza e o que
pode ser reaproveitado, vamos aproveitar
o Mundial de Futebol para cuidar do nosso
ambiente e respeitar o nosso Planeta.
Veja também na próxima página o que
pode ou não ser reciclado.
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Educando em Mogi
. nº 67
Prefeitura de Mogi das Cruzes
RIQUEZAS NATURAIS MOGIANAS
O encontro da exuberante Mata Atlântica presente nas serras do Itapeti e do Mar e ao longo
do rio Tietê fazem de Mogi das Cruzes uma cidade rica em recursos naturais. Mais de 65% do
município é situado em áreas de preservação
ambiental, abrigando espécies raras da flora e
da fauna, muitas delas em extinção no planeta,
como o sagüi-da-serra-escuro. Mogi está inserida na segunda maior reserva de Mata Atlântica
do Estado, e a vegetação, em forma de ilhas florestais se distribui por todo o município.
Esses remanescentes florestais guardam uma
rica biodiversidade ainda não totalmente conhecida. Rios, cachoeiras e lagoas naturais compõem, com a fauna e a flora, o espetáculo da natureza, contemplado e estudado por grupos de
turistas e pesquisadores que percorrem trilhas
sob a orientação e coordenação de ambientalistas. Tamanha riqueza natural atrai ao município
turistas e pesquisadores, que se encantam com
as belezas do território mogiano.
Além disso, a cidade possui projetos e espaços específicos para a educação ambiental, como
o Parque Natural Municipal Francisco Affonso
de Mello, na Serra do Itapeti, o Núcleo Ambiental da Ilha Marabá, às margens do Rio Tietê, e a
Escola Ambiental de Mogi das Cruzes, projeto
de referência nacional na área.
Dessa forma, Mogi prova que é possível buscar
um desenvolvimento sustentável, com qualidade
de vida à população e respeito ao meio ambiente.
Fonte: www.mogidascruzes.sp.gov.br
Prefeitura de Mogi das Cruzes
Kelli Correa Brito é graduada em Jornalismo pela Faculdade
de Comunicação Social Cásper Líbero
Lucimeyre Gonçalves é gestora da Escola Ambiental de
Mogi das Cruzes. Possui licenciatura plena em Geografia pela
Universidade de Mogi das Cruzes e atualmente é pós-Graduanda em Educação Ambiental e Sustentabilidade
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. Educando em Mogi
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CACAU
e os sonhos dos jovens
do Conjunto Jefferson
Kelli Correa Brito
Muitos meninos brasileiros sonham em um dia ser jogador de futebol.
Este também era o sonho do pequeno Claudemir Jerônimo Barreto, mais
conhecido como Cacau, que nasceu em Santo André, mas passou sua
infância e adolescência em Mogi das Cruzes. Hoje, o jogador do Stuttgart,
que naturalizou-se alemão e já defendeu a seleção do País, ajuda a realizar
os sonhos de outros meninos e meninas da cidade que o acolheu por meio
do projeto “Esportes para a Vida”, uma parceria com a organização não
governamental Visão Mundial. Cacau contou a Revista Educando em Mogi um
pouco de sua história, sua infância na cidade e como está sendo a experiência
de desenvolver um projeto com adolescentes e jovens do Conjunto Jefferson.
O apelido surgiu logo no seu primeiro aniversário, enquanto cantava
“parabéns”, o menino cantava Cacaudemir, repetidas vezes, ao invés de
Claudemir. Assim, sua mãe, Ana Maria Jerônimo, começou a lhe chamar
carinhosamente de Cacau. O sonho de ser jogador, aliado à esperança de ter
uma vida melhor, fez com que ele e seu irmão mais velho participassem de
peneiras em diversos clubes da cidade de São Paulo. Sua mãe nunca o deixou
parar de estudar, Cacau concluiu o ensino médio em Mogi e chegou a prestar
vestibular para Educação Física, mas não foi possível continuar devido a sua
condição financeira na época.
O técnico do time que Cacau jogava aos 17 anos encontrou um primo
músico que morava na Alemanha, Osmar de Oliveira, e falou das habilidades
do jovem. Após um ano, ele, então com 18 anos foi para Alemanha. No dia
12 de julho de 1999, desembarcou no aeroporto de Munique. No País passou
por diversos clubes, até conquistar seu lugar de destaque, em 2003, no VFB
Stuttgart, pelo qual teve a oportunidade não só de jogar na Bundesliga, mas
também de disputar torneios internacionais como UEFA Champions League.
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Educando em Mogi
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Prefeitura de Mogi das Cruzes
Educando em Mogi - Como foi a infância em Mogi das
Cruzes? Até quando você morou na cidade? Quais escolas você frequentou?
Cacau - Foi uma infância bem feliz por um lado, jogando muito futebol, brincando com amigos e fazendo o
que toda criança faz. Por outro lado, havia o sofrimento,
do qual não tínhamos noção da dimensão, mas sentíamos a cada dia. Ficávamos sozinhos em casa, pois minha mãe tinha que ir trabalhar e tínhamos somente o
necessário para comer, às vezes só arroz e ovo, isso nos
influenciou muito.
Vivi de 1985 a 2000 no Conjunto Primavera e frequentei a Escola Estadual Profª Sueli de Oliveira Silva Martins,
no conjunto São Sebastião e depois da 8ª série, fui para o
SESI 113. Os últimos três anos estudei na Escola Estadual
Gabriel Pereira, na Vila da Prata.
Educando em Mogi - Como e quando nasceu o sonho
de ser jogador de futebol?
Cacau - Sempre joguei futebol. Com oito anos disputei
meu primeiro torneio de futebol de salão pelo Bagaço da
Vila, no antigo Ginásio do União, dali já começava a nascer o sonho de me tornar profissional.
Educando em Mogi - Como foi o início da carreira?
Cacau - Depois desse torneio continuei jogando perto
de casa, até que veio um convite para jogar no Onze Unidos, que na época era coordenado pelo Zé Daurinho. Foi
ele quem me levou, em 93, para o Palmeiras, onde fiquei
por três anos. Quando fui dispensado, voltei pra Mogi,
joguei em alguns clubes e depois parei no Joana D’arc. Foi
lá que tive o convite para ir jogar na Alemanha.
Educando em Mogi - Você tem alguma lembrança ou
saudade de alguma coisa durante o período que viveu
aqui na cidade?
Educando em Mogi - Como foi a mudança para a Alemanha? Foi o primeiro país estrangeiro em que você jogou? Como foi a adaptação?
Cacau - Tenho muita saudade do tempo com os amigos e conhecidos no Conjunto Primavera. Sempre que
posso vou rever o pessoal e tenho ainda amigos da época
que ajudam a matar essa saudade.
Cacau - A minha vinda pra Alemanha foi uma grande aventura, por não saber o que me esperava. Foi a
minha primeira viagem internacional e tudo o que vivi
me impressionou.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
nº 67
. Educando em Mogi
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No começo foi muito difícil, pois dependia de alguém
pra tudo, eu não falava o idioma, isso foi mudando com
o tempo e depois que aprendi bem o idioma, passei a me
sentir em casa aqui na Alemanha.
Educando em Mogi - Qual a emoção de estar em um
Campeonato Mundial de Futebol?
Cacau - É algo super emocionante, pois sempre acompanhei de perto os Mundiais, principalmente o de 94. Vibrei com cada lance e cada gol e isso ficou marcado em
mim. Depois eu mesmo fui viver isso dentro da competição, jogando junto e até marcando gol. É algo que vou
levar pro resto da minha vida.
em equipe que é vivido dentro do esporte, são valores
que podem ser passados para as crianças que vão ser usados em todas as áreas de sua vida.
Educando em Mogi - Quantos filhos você tem, de
que idade e que tipo de conselho você dá para eles nesse sentido?
Cacau - Tenho três filhos, Lídia, de sete anos, Levi, de
cinco anos e Davi, de um ano. Tento ensiná-los a dar valor
às pequenas coisas na vida e a não se esquecer dos menos
favorecidos, já que eles podem viver hoje algo melhor do
que eu vivi na infância.
Educando em Mogi - Como nasceu a ideia do projeto?
Educando em Mogi - Como você vê a importância da
Educação e do Esporte na vida das crianças jovens?
Cacau - O esporte tem um poder de inclusão muito
grande, ali não tem negro e branco, rico e pobre, são todos iguais, isso é um grande passo para ganhar as crianças. Dentro disso está a disciplina, o respeito, o trabalho
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Educando em Mogi
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Cacau - O projeto foi algo que esteve sempre dentro
do meu coração, já que a minha ideia era retribuir a essas
crianças o que eu mesmo recebi. Desde pequeno recebi
ajuda de pessoas que tinham uma condição melhor, por
isso essa ideia foi crescendo e amadurecendo. Com o passar dos anos e no momento certo, se tornou realidade.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
Educando em Mogi - O que você espera passar para as
crianças e jovens que participam do projeto?
Educando em Mogi - Em sua opinião, qual a importância de Mogi das Cruzes receber uma seleção como a
da Bélgica? O que isso pode representar para a cidade e
Cacau - Espero que com o trabalho e experiência da
Visão Mundial, que nos apoia em todas as áreas e com
a minha própria experiência de vida, possamos passar
para essas crianças que vale a pena lutar, se empenhar
e aprender. E que cada uma dessas crianças é valiosa e
preciosa, não precisa se envergonhar de nada e pode batalhar por um futuro diferente do que vive hoje.
as crianças?
Cacau - Creio que isso alarga as fronteiras das
crianças para que elas vejam além do mundo delas,
elas verão um outro mundo e uma outra realidade e
que essa outra realidade, talvez, esteja mais perto do
que elas imaginam.
ESPORTE PARA A VIDA
O projeto Esportes para a Vida, uma parceria da organização não governamental Visão Mundial e o jogador
de futebol Cacau, contribui para reduzir as vulnerabilidades, fortalecer as competências esportivas, habilidades sociais e aumentar o bem estar de 120 adolescentes e jovens que vivem no Conjunto Jefferson. O projeto
nasceu em 2013 e é fruto de um sonho compartilhado. Um sonho no qual todos os adolescentes e jovens possam se tornar cidadãos plenos, participativos e com oportunidades para vida.
A iniciativa acredita que, por meio do esporte, é possível contribuir não somente para fortalecimento de uma
geração mais saudável, mas também, de uma geração mais conhecedora de seus direitos e que possa colocar
em prática sua cidadania plena.
POR QUE O ESPORTE TRANSFORMA VIDAS?
O esporte de modo geral, e o futebol em especial, é um fenômeno mundial e uma potente estratégia para o
desenvolvimento social. Se utilizado adequadamente, pode ser uma excelente plataforma para construção de valores que transcendem os benefícios físicos. Potencializando o desenvolvimento integral de adolescentes e jovens.
O caráter inclusivo de práticas esportivas saudáveis, bem como seu poder de agregação e popularidade,
torna o esporte um instrumento fundamental para atingir a promoção da igualdade de gênero, a educação
integral, prevenção de doenças e sustentabilidade ambiental. Além disso, os valores e os direitos inerentes ao
esporte podem unir as comunidades, motivar e inspirar adolescentes e jovens a escolherem o caminho esportivo como estilo de vida e promover cidadania e transformação social.
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