comissão parlamentar de inquérito destinada a investigar possíveis
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comissão parlamentar de inquérito destinada a investigar possíveis
2 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO DESTINADA A INVESTIGAR POSSÍVEIS IRREGULARIDADES NO ENDIVIDAMENTO DA CELG DISTRIBUIÇÃO S.A. CELG D -, NOS ÚLTIMOS 25 ANOS Relator: Deputado HUMBERTO AIDAR Presidente: Deputado HELIO DE SOUSA Vice – Presidente: Deputado CORONEL QUEIROZ Deputado DANIEL GOULART Deputado JOSÉ NELTO SUPLENTES: Deputado CLÁUDIO MEIRELLES Deputado NILO RESENDE Deputado SAMUEL BELCHIOR Deputado LUÍS CÉSAR BUENO Deputado PADRE FERREIRA 3 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..................................................................................4 2. DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO DA CELG..............16 2.1.CRIAÇÃO, INSTALAÇÃO E COMPOSIÇÃO.....................................16 2.2. DA PRORROGAÇÃO.....................................................................18 2.3. DO OBJETO DA CPI....................................................................18 2.4.ORGANIZAÇÃO DOS TRABALHOS................................................25 3. FORMAS DE INVESTIGAÇÃO.........................................................26 4. TRABALHOS REALIZADOS.............................................................27 4.1. REUNIÕES..................................................................................27 4.2. REQUERIMENTOS APRESENTADOS...........................................56 4.3. DOCUMENTOS JUNTADOS E REQUISITADOS............................65 4.4. DEPOIMENTOS...........................................................................95 4.4.1. CONVIDADOS...........................................................................96 4.4.2. CONVOCADOS.........................................................................96 4.4.3. TESTEMUNHAS........................................................................96 4.5. RELATÓRIOS DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE GOIÁS.........................................................................................98 4.6. RELATÓRIO DA FIPE – FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS...........................................................................101 5. PONTOS IMPORTANTES DOS DEPOIMENTOS..............................105 6. PONTOS IMPORTANTES DO RELATÓRIO DO TCE........................384 7. PONTOS IMPORTANTES DO RELATÓRIO DA FIPE.......................438 8. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES...........................................469 9. ANEXOS.......................................................................................... 4 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PROCESSO Nº : 2009003696 INTERESSADO : Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito da CELG ASSUNTO : CPI da CELG D RELATÓRIO 1. INTRODUÇÃO Antes de adentrarmos no fato determinado, a ser apurado pela presente Comissão Parlamentar de Inquérito, qual seja, possíveis irregularidades no endividamento da CELG D nos últimos 25 anos, faz-se importante tecer algumas considerações sobre as Comissões Parlamentares de Inquérito e seus poderes, de acordo com a Constituição Federal e legislação pertinente. Importante registrar que as possíveis irregularidades a serem investigadas se traduzirão, por via de consequência, nas causas do endividamento da predita Companhia. Pois bem. O Parlamento recebeu dos cidadãos não só o poder de representação política e a competência para legislar, mas também o mandato para fiscalizar os órgãos e agentes de Estado, claro, respeitando-se os limites e exigências, estabelecidos na Constituição Federal1. Esse direito de fiscalizar pode ser realizado de três maneiras: por meio da interpelação parlamentar, que é a prerrogativa de os parlamentares provocarem o comparecimento de secretário de 1 STF – MS 24.831-9 DF – DJ 04/08/2006 – Rel. Min. Celso de Mello. 5 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Estado, perante esta Casa Legislativa ou qualquer de suas comissões; por meio de pedidos de informação acerca do fato relacionado com matéria legislativa em trâmite, ou sujeita à fiscalização da Casa Legislativa; e, por fim, através do inquérito parlamentar, que constitui o meio mais expressivo de concretização desse poder de fiscalizar e de investigar2. As comissões parlamentares de inquérito configuram tema polêmico. O Ministro do STF, Gilmar Ferreira Mendes3, diz que as CPIs têm sido as vedetes do noticiário político e até policial dos últimos tempos. Diz, também, que os trabalhos das CPIs provocam conflitos com o princípio da separação dos Poderes e com os direitos individuais do investigado. E esses aspectos dominam os debates sobre o assunto, debates esses levados à apreciação do STF. Ainda segundo esse autor, para compreender as CPIs, no Direito brasileiro, é imprescindível o conhecimento da visão jurisprudencial desse importante mecanismo de atuação do Legislativo. No que tange à origem, sabe-se que essas Comissões surgiram na Inglaterra. No ordenamento jurídico brasileiro, foi consagrada, pela primeira vez, pela Constituição de 1934. Para entender essa expressão, qual seja Comissão Parlamentar de Inquérito, há que se analisar o significado da palavra STF – MS 24.831-9 DF – DJ 04/08/2006 – Rel. Min. Celso de Mello. Gilmar Ferreira Mendes, Inocêncio Mártires Coelho e Paulo Gustavo Gonet Branco. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 872. 2 3 6 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA inquérito, que vem de inquirir, e, consoante Paulo Hamilton Siqueira Júnior, é o conjunto de atos que tem por fim apurar determinado fato4. Então, Comissão Parlamentar de Inquérito seria um órgão colegiado, constituído de parlamentares, destinado a apurar fato determinado. E o fato determinado é mencionado pelo art. 58, § 3º, da Constituição Federal. As CPIs estão consagradas nos seguintes diplomas: Constituição Federal – art. 58, § 3º; Constituição do Estado de Goiás – art. 17, § 3º - de igual teor do Texto Constitucional Federal, só que serão criadas pela Assembleia Legislativa; Lei federal nº 1.579/1952, que dispõe sobre as Comissões Parlamentares de Inquérito; Lei federal nº 10.001/2000, que dispõe sobre a prioridade nos procedimentos a serem adotados pelo Ministério Público e por outros órgãos a respeito das conclusões das comissões parlamentares de inquérito; Paulo Hamilton Siqueira Júnior. Comissão Parlamentar de Inquérito. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. p. 5. 4 7 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Regimento Interno das Casas Legislativas, que complementam e detalham os requisitos de criação e funcionamento das comissões parlamentares de inquérito. Transcreva-se o art. 58, § 3º, da Constituição Federal: As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. Do predito preceptivo constitucional, depreende-se que: As CPIs são criadas por REQUERIMENTO DE 1/3 DOS MEMBROS DA CASA LEGISLATIVA: A previsão de apenas 1/3 de assinaturas dos membros da Casa Legislativa visa contemplar as minorias parlamentares. Isso porque a prerrogativa de investigar, que é deferida ao Poder Legislativo, não pode ser comprometida pelo bloco majoritário da Casa Legislativa, ou seja, não se pode esperar que a investigação de determinado fato se submeta ao alvedrio da maioria5. 5 STF - MS 24849 / DF - DISTRITO FEDERAL - Julgamento: 22/06/2005 Órgão Julgador: Tribunal Pleno - DJ 29-09-2006 PP-00035 - Relator: Min. CELSO DE MELLO 8 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA É o direito de oposição conferido às minorias parlamentares, que deve ser aparelhado com instrumentos de atuação que viabilizem a sua prática efetiva e concreta6. 1.2. As CPIs são criadas para apurar FATO DETERMINADO A primeira conclusão a que se chega é que, se o fato a ser apurado é determinado, ficam impedidas devassas generalizadas, investigações livres e indefinidas7. FATO DETERMINADO “é fato específico, bem delineado, de modo a não deixar dúvidas sobre o objeto a ser investigado”.8 Utilizando-se como exemplo a presente Comissão Parlamentar de Inquérito, diga-se que ela foi criada para apurar possíveis irregularidades no endividamento da CELG. O art. 48, § 1º, do Regimento Interno da Assembleia Legislativa de Goiás, em consonância com o art. 35, § 1º, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, define fato determinado como: acontecimento de relevante interesse para a vida pública e a ordem constitucional, legal, econômica e social do país, que estiver devidamente caracterizado no requerimento de constituição da Comissão. STF - MS 24849 / DF - DISTRITO FEDERAL - Julgamento: 22/06/2005 Órgão Julgador: Tribunal Pleno - DJ 29-09-2006 PP-00035 - Relator: Min. CELSO DE MELLO 6 7 STF - SS 3591 AgR / SP - SÃO PAULO - Julgamento: 14/08/2008 - DJe-155 DIVULG 19/08/2008 - Relator: Min. Gilmar Mendes. 8 Cretella Júnior – Comentários à Constituição, v. 5, p. 2700. 9 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Resta salientar que o requerimento de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito deve delinear o fato, de modo que ele venha a ser, literalmente, determinado. Importante registrar que “a indicação precisa do fato é condição sine qua non para a investigação, pois a falta de objetividade do fato acarreta a ineficácia das investigações”9. 1.3. A investigação de fato determinado deve se dar por prazo certo Disso se extrai que o trabalho das CPI’s não pode se alongar, indefinidamente, no tempo. Esse prazo vem estabelecido no Regimento Interno da Casa Legislativa. O Regimento da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, por exemplo, prevê o prazo de 120 dias, prorrogável por mais 60 dias, perfazendo 180 dias. De outro lado, a Lei nº 1.579/52 dispõe que as incumbências da CPI terminam com a sessão legislativa em que foi criada, podendo ser prorrogada até o término da legislatura em curso. Sobreleva consignar que, consoante entendimento do STF, “a duração do inquérito parlamentar – com o poder coercitivo sobre particulares, inerentes à sua atividade instrutória e a exposição da honra e da imagem das pessoas a desconfianças e conjecturas injuriosas - é um dos pontos de tensão dialética entre a CPI e os direitos individuais, cuja solução, pela limitação temporal do funcionamento do órgão, antes se deve entender matéria apropriada à lei do que aos regimentos: donde a recepção do art. 5º, § 2º, da Lei 1.579/1952, que situa, no termo final Paulo Hamilton Siqueira Júnior. Comissão Parlamentar de Inquérito. Rio de Janeiro : Elsevier, 2007. p. 52/53. 9 10 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA de legislatura em que constituída, o limite intransponível de duração (...)10. Por isso, foi acolhida a previsão da lei nº 1.579/52. Preenchidos os requisitos constitucionais acima explicitados, imperiosa se torna a criação da CPI, cabendo ao Presidente da Casa Legislativa adotar os procedimentos necessários à sua instalação. Poderes das Comissões Parlamentares de Inquérito: A Constituição Federal diz que a Comissão Parlamentar de Inquérito possui PODERES DE INVESTIGAÇÃO PRÓPRIOS DAS AUTORIDADES JUDICIAIS. Com base nisso e, também, no art. 2º, da Lei nº 1.579/52, cabe às CPI’s: 1. Convocar ministros de Estado; 2. Determinar as diligências que reputarem necessárias; 3. Tomar o depoimento de qualquer autoridade; 4. Ouvir indiciados; 5. Inquirir testemunhas sob compromisso; 6. Requisitar de órgão público informações e documentos de qualquer natureza; 7. Transportar-se aos lugares onde for preciso; 8. Requerer ao Tribunal de Contas a realização de inspeções e auditorias. Agora, embora o Texto Constitucional tenha atribuído às Comissões Parlamentares de Inquérito poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, sabe-se que esses poderes não são absolutos, STF – HC 71.261, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 11/05/1994, DJ 24/06/1994. 10 11 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA havendo-se de atentar, sempre, para o “princípio da reserva constitucional de jurisdição”, segundo o qual, determinados assuntos são reservados, pela Constituição Federal, com exclusividade, ao juiz11. Dito de outra forma, determinados atos só poderão ser praticados, no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito, por meio de ordem judicial. Deste modo, a CPI pode: Ouvir Testemunhas e Indiciados: TESTEMUNHAS – sob pena de condução coercitiva e que prestarão compromisso de dizer a verdade, sob pena de falso testemunho. INDICIADOS OU INVESTIGADOS – não prestarão compromisso de dizer a verdade. As testemunhas convocadas são obrigadas a comparecer, podendo a Comissão, inclusive, requisitar força policial para trazê-las à sua presença. Quem é convocado para depor numa CPI possui os deveres de: a) comparecer; FARIA, Cássio Juvenal; Luiz Flávio Gomes, Poderes e limites das CPIs, in Boletim IBCCrim 79:12. citado por Paulo Hamilton Siqueira Júnior. Comissão Parlamentar de Inquérito. Rio de Janeiro : Elsevier, 2007. p. 83. 11 12 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA b) responder às indagações c) dizer a verdade12 EXCEÇÕES: Privilégio contra a auto-incriminação - a pessoa interrogada tem o direito ao silêncio, no que pertine a perguntas cuja resposta possa resultar prova contra ela.13 Sigilo Profissional – consoante entendimento do STF, “a testemunha pode escusar-se a prestar depoimento se este colidir com o dever de guardar sigilo. O sigilo profissional tem alcance geral e se aplica a qualquer juízo cível, criminal, administrativo ou parlamentar”.14 Praticar Diligências e Requisitar Documentos: Entre elas: Quebra do Sigilo Bancário, Fiscal e Telefônico: Os direitos individuais permitem que sobre eles incidam limitações de ordem jurídica, destinadas a proteger a integridade do 12 STF - HC 96982 MC / DF - DISTRITO FEDERAL - MEDIDA CAUTELAR NO HABEAS CORPUS – Relator: Min. Celso de Mello – Julgamento: 25/11/2008 DJe-228 DIVULG 28/11/2008 PUBLIC 01/12/2008. HC 96.145-MC, Rel. Min. Cármen Lúcia, decisão monocrática, julgamento em 16-908, DJE de 2-10- 08 14 HC 71.039, Rel. Min. Paulo Brossard, julgamento em 7-4-94, Plenário, DJ de 6-1296 13 13 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA interesse social, bem como a assegurar a coexistência harmoniosa das liberdades, pois nenhum direito ou garantia pode ser exercido em detrimento da ordem pública ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros15. Os direitos fundamentais do cidadão, no entanto, só podem ser afetados nas hipóteses e na forma que a Constituição Federal estabelecer. No entanto, as CPI’s, para decretarem, legitimamente, por autoridade própria, a quebra do sigilo bancário, fiscal ou telefônico de pessoas por elas investigadas, devem demonstrar, a partir de meros indícios, a existência concreta de causa provável que legitime a medida excepcional (ruptura da esfera de intimidade de quem se acha sob investigação), justificando a necessidade de sua efetivação, no procedimento de ampla investigação dos fatos determinados que deram causa à instauração do inquérito parlamentar, sem prejuízo de ulterior controle jurisdicional desses atos. Só que a decisão deve estar provida de motivação16. A CPI NÃO PODE: Realizar diligência de busca e apreensão domiciliar. As CPI’s não podem determinar a busca e apreensão domiciliar de objetos e documentos, porquanto “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar MANDADO DE SEGURANÇA 23.452-RJ, Rel. Min. Celso de Mello - Julgamento: 16/09/1999 Órgão Julgador: Tribunal Pleno - DJ 12-05-2000 PP-00020 16 MANDADO DE SEGURANÇA 23.452-RJ, Rel. Min. Celso de Mello - Julgamento: 16/09/1999 Órgão Julgador: Tribunal Pleno - DJ 12-05-2000 PP-00020 15 14 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial” (art. 5º, XI, CF). Vale dizer, a CPI não pode realizar atos que sejam de estrita competência do Poder Judiciário. Quebrar o sigilo das comunicações telefônicas: Somente poderá ser verificada por ordem judicial, para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Dar ordem de prisão, salvo no caso de flagrante delito: Como exemplo, por crime de falso testemunho. A Constituição Federal estabelece, no art. 5º, LXI: ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. Cumpre lembrar que não cabe às Comissões Parlamentares de Inquérito a prática de atos que correspondam ao PODER GERAL DE CAUTELA DO JUIZ, atos esses, que têm por fito garantir o cumprimento de futura decisão judicial, ou a efetiva aplicação da lei, ou a não destruição de bens, direitos, documentos, etc. Assim, as podem: 1. Determinar a indisponibilidade de bens; 2. Proibir o afastamento de pessoas do país; CPI’s não 15 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 3. Decretar prisão, salvo, flagrância. Relatório Final: O art. 58, § 3º, da Carta da República, estabelece que as conclusões da Comissão Parlamentar de Inquérito serão, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. Embora os trabalhos das Comissões Parlamentares de Inquérito sejam, amplamente, divulgados, desconhece-se, muitas vezes, o que se pode esperar de seus trabalhos. Nesse sentido, o Relatório final da CPI dos Correios enumerou, com propriedade, o que se pode exigir de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Assim, transcrevem-se referidas exigências: 1. que contribua para a transparência da Administração Pública, à medida que revela, para a cidadania, fatos e circunstâncias que, de outra forma, não seriam do conhecimento público; 2. que, na qualidade de órgão do Poder Legislativo, possibilite o exame crítico da legislação aplicável ao caso sob investigação; 3. que proponha à Casa respectiva do Congresso Nacional, sempre que cabível, a abertura de processo contra Senador da República ou Deputado Federal, quando o nome do parlamentar estiver vinculado a fatos ou atos que possam implicar prejuízo à imagem do Congresso Nacional, ou seja, sempre que ali se possa identificar possível quebra do decoro parlamentar; 4. que interceda junto aos órgãos responsáveis da Administração Pública para sustar as irregularidades e/ou as práticas lesivas que suas investigações identifiquem; 5. que aponte ao Ministério Público os fatos que possam caracterizar delitos ou prejuízo à Administração Pública, para que esse órgão estatal possa promover a responsabilidade civil e penal correspondente. 16 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 6. que proponha modificações no arcabouço legal e institucional, de forma a contribuir para o aperfeiçoamento constante da democracia do País, evitando a reincidência no fato examinado17. Demonstrada, à saciedade, a importância de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, passa-se a analisar seu objeto. 2. DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO DA CELG 2.1. CRIAÇÃO, COMPOSIÇÃO E INSTALAÇÃO A presente Comissão Parlamentar de Inquérito foi criada com a finalidade de investigar possíveis irregularidades no endividamento da CELG Distribuição S.A. – CELG D –, nos últimos 25 anos. Essa Comissão começou a se viabilizar a partir da aprovação do Requerimento, de autoria do Deputado Helder Valin (Anexo), o qual trouxe o seu fato determinado. Assim, no dia 28 de agosto de 2009, um Ato da Presidência (Decreto Administrativo nº 2.272, de 28 de agosto de 2009) deu conhecimento ao Plenário acerca da criação da Comissão e definiu que ela seria “composta multipartidariamente por 05 (cinco) Deputados Titulares e 05 (cinco) Suplentes”, já designados no próprio Decreto Legislativo, com a seguinte composição: TITULARES: 17 Relatório Final dos Trabalhos da CPMI “dos Correios” - Volume I - Pág. 9 17 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DEPUTADO CORONEL QUEIROZ DEPUTADO DANIEL GOULART DEPUTADO HELIO DE SOUSA DEPUTADO HUMBERTO AIDAR DEPUTADO JOSÉ NELTO SUPLENTES: DEPUTADO CLÁUDIO MEIRELLES DEPUTADO NILO RESENDE DEPUTADO SAMUEL BELCHIOR DEPUTADO LUÍS CÉSAR BUENO DEPUTADO PADRE FERREIRA Pois bem, em 02 de setembro de 2009, na Sala das Comissões Sólon Amaral, às 14h58min, aconteceu a 1ª reunião da CPI da CELG, tendo por objetivo sua instalação, bem como a eleição de seus Presidente, Vice-Presidente e Relator. O Presidente interino, Deputado Helio de Sousa, abriu a sessão, declarando a existência de quorum necessário para deliberação da instalação da CPI e eleição dos membros para os mencionados cargos. Após deliberação dos integrantes da Comissão, foram eleitos os Deputados Helio de Sousa, Coronel Queiroz e Humberto Aidar como Presidente, Vice-Presidente e Relator, respectivamente. Assim, finda a eleição, o Deputado Helio de Sousa, já na posse efetiva da Presidência, declarou instalada a Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI – de que trata o presente relatório, solicitando à assessoria que elaborasse dois ofícios. O primeiro, dirigido à Procuradoria Geral da Assembleia, solicitando a indicação de um 18 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Procurador para dar suporte aos trabalhos da CPI. O segundo, ao Presidente da Casa, solicitando a contratação de uma equipe técnica para prestar assessoria no que tange à parte financeira, uma vez que a CPI irá investigar as possíveis irregularidades, na gestão financeira da CELG, nos últimos 25 anos. 2.2. DA PRORROGAÇÃO Por solicitação do Presidente da CPI, foi encaminhado ofício à Diretoria Parlamentar desta Casa, questionando acerca do prazo da CPI, obtendo como resposta que o período inicial de 45 (quarenta e cinco) dias poderia ser prorrogado por mais 75 (setenta e cinco) dias, prorrogáveis por mais 60 (sessenta) dias. 2.3. DO OBJETO DA CPI O fato determinado que se pretende investigar são as possíveis irregularidades no endividamento da CELG, nos últimos 25 anos, período esse, determinado pelos membros como sendo de 1983 a 2008. Necessário, então, proceder-se a uma breve exposição sobre a Companhia objeto da investigação – a CELG. Saliente-se que algumas informações, constantes desse item, foram extraídas de sites, destacando-se o da própria Companhia, além de outros que trazem alguns artigos sobre o tema objeto de investigação e também sobre a história da mesma. A CELG, maior empresa estatal de Goiás, possui um histórico louvável de desenvolvimento e crescimento estrutural e 19 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA econômico, mas, infelizmente, enfrenta, hodiernamente, um estado de grave instabilidade financeira. Denominada, a princípio, Centrais Elétricas de Goiás S.A., a CELG foi criada, em 1955, pela Lei estadual nº 1.807, de 19 de agosto do mesmo ano, pelo então governador José Ludovico de Almeida18. Logo após a autorização de sua criação, iniciou-se a construção da Usina Hidrelétrica de Rochedo, que entrou em atividade em 1956, para atender à cidade de Goiânia, bem como a localidades do Sul do Estado19. Mas, foi por meio do Decreto Federal nº 38.868/56, que a estatal Centrais Elétricas de Goiás S.A. foi autorizada a atuar como concessionária de serviços públicos de eletricidade. Nesse sentido, a CELG atuava como geradora, transmissora e distribuidora de energia elétrica, incorporando, para tanto, as pequenas centrais e as redes de distribuição que pertenciam às companhias municipais.20 À CELG foi atribuída, também, a responsabilidade de construir a geradora que viria, posteriormente, suprir a cidade de Brasília, à época, com seu processo de implantação se iniciando. Para tanto, projetou-se a UHE Cachoeira Dourada, com 32 MW de potência. Contudo, com a mudança da Capital Federal e consequente 18 SANTILLO, Adhemar. Qual é a verdade? Disponível em: <http://www.dm.com.br/materias/show/t/qual_e_a_verdade>. Acesso em 23 de janeiro de 2010. 19 Disponível no site: < http://CELGd.CELG.com.br/paginas/institucional/historia.aspx>. Acesso em 23 de janeiro de 2010. 20 Disponível no site: < http://CELGd.CELG.com.br/paginas/institucional/historia.aspx>. Acesso em 23 de janeiro de 2010. 20 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA desenvolvimento do Estado, tornou-se necessário o investimento, por parte da CELG, no aumento da produção de energia, bem como a implantação de um sistema elétrico que viesse atender à demanda, cada vez maior. Para esse mister, entrou em operação, entre os anos de 1965 e 1970, a segunda etapa da UHE de Cachoeira Dourada, com 156 MW, sendo construídos, ainda, as Usinas do Lageado e Lages e sistemas de linhas e subestações. Já a terceira etapa da UHE de Cachoeira Dourada veio a ser construída nos anos 70, com o que se acrescentou mais 255 MW ao sistema. Também nessa década, foi construído um conjunto de obras de grande porte, em 138 e 230 kV, mormente no Sul e médio Norte. O reforço dessa última região foi alcançado com a construção da UHE Isamu Ikeda, com 16 MW. No Nordeste do Estado, foi construída a UHE São Domingos, com 12 MW.21 Sobreleva sublinhar, na década de 70, o ano de 1971, quando, visando captar recursos, junto ao mercado de capitais, para aplicar, entre outros, na conclusão da terceira etapa da UHE de Cachoeira Dourada, bem como em serviços de eletrificação, a CELG abriu seu capital, lançando 50 milhões de ações públicas para prefeituras, consumidores residenciais, comerciais e industriais.22 Um fato digno de registro na história da CELG foi a divisão do Estado de Goiás, em 1989, quando as instalações da empresa, abrangendo linhas e subestações, redes urbanas e rurais, bem como Disponível no site: < http://CELGd.CELG.com.br/paginas/institucional/historia.aspx>. Acesso em 23 de janeiro de 2010. 22 Disponível no site: <http://www.tribunadeanapolis.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=7 2>. Acesso em 24 de janeiro de 2010. 21 21 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA algumas centrais elétricas, foram transferidas para o novo Estado do Tocantins. A já mencionada Usina de Cachoeira Dourada teve seu aproveitamento concluído nos anos 90, quando foi construída sua quarta etapa, que agregou mais 200 MW ao sistema. Nessa mesma década, investiram-se em linhas, subestações e eletrificação rural monofásica e trifásica, com recursos do Programa Nacional de Irrigação e Financiamento – Proni, bem como com recursos de um órgão do governo japonês, qual seja o Overseas Economic Cooperation Fund – OECF. Outro acontecimento de importância para a CELG foi a cisão da Companhia, em 1996, por meio da criação da Centrais Elétricas de Cachoeira Dourada, que, gerando 60% da energia requerida pelo mercado da CELG, foi vendida à iniciativa privada. A CELG, a partir daí, passou a adquirir energia das Usinas de Furnas, Itaipu, bem como da própria Centrais Elétricas de Cachoeira Dourada S.A., e se tornou, por meio de contratos de concessão, transmissora, distribuidora e comercializadora de energia elétrica.23 Já em 1999, por meio da Lei estadual nº 13.537, a CELG passou a ter a denominação social de Companhia Energética de Goiás.24 Disponível no site: < http://CELGd.CELG.com.br/paginas/institucional/historia.aspx>. Acesso em 23 de janeiro de 2010. 24 Disponível no site: <http://www.CELG.com.br/institucional/CELGpar.aspx>. Acesso em 23 de janeiro de 2010. 23 22 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA A partir de então, além de comercializar energia, passou a prestar outros serviços, como diagnóstico energético, locação de equipamentos e mapa digital. Já em 2003, a Companhia Energética iniciou testes para conexão à internet, por meio do cabo de energia, utilizando, para tanto, a tecnologia Powerline Communication (PLC).25 Essa denominação se manteve até o ano de 2006, quando, então, a Lei nº 15.714 autorizou o Poder Executivo a constituir, sob a forma de sociedade de economia mista, a CELGpar – Companhia CELG de Participações.26 A CELGpar tem, como objeto social principal, a “participação em outras sociedades como acionista ou sócio-cotista, controlando desde o momento de sua instituição, a então Companhia Energética de Goiás – CELG.”27 A CELG possuía o controle de uma subsidiária integral, qual seja, a CELG Geração e Transmissão S.A. – CELG G&T. Mas, em março de 2007, a CELG passou a ser subsidiária integral da CELGpar, passando a ser chamada de CELG Distribuição S.A. – CELG D. Tudo isso proporcionou à Companhia sua adequação às normas fixadas pelo Governo Federal, que obrigava a segregação da atividade de distribuição Disponível no site: < http://www.tribunadeanapolis.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=79 2> Acesso em 24 de janeiro de 2010. 26 Disponível no site: <http://www.CELG.com.br/institucional/CELGpar.aspx>. Acesso em 23 de janeiro de 2010. 25 Disponível no site: <http://www.CELG.com.br/institucional/CELGpar.aspx>. Acesso em 23 de janeiro de 2010. 27 23 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA de energia elétrica das outras atividades desenvolvidas pela Companhia, quais sejam, geração e transmissão de energia elétrica.28 A CELGpar é, então, “uma sociedade de economia mista e de capital autorizado, cujos acionistas são o Estado de Goiás, que possui 99,68% do capital, Eletrobrás, Municípios e investidores privados.”29 Já em agosto de 2008, criou-se a Companhia de Telecomunicações e Soluções – CELG Telecom, também controlada pela CELGpar. Na atividade de geração e transmissão de energia, a subsidiária CELG G&T possui 3 hidroelétricas, com capacidade instalada de 18,68 MW, 722,6 km de linhas, em 230 kV, ligadas ao Sistema Interligado Nacional. Possui, ainda, 11 subestações nessa mesma tensão. A concessão da CELG D abrange uma área de 337.008 km2, ou seja, 98,7% do território goiano, e, ainda, 237 Municípios. Resta informar que esse mercado corresponde a 2,4% do consumo de energia elétrica do Brasil.30 Nessa linha do tempo acima delineada, máxime, remontando-se aos anos 80, concomitantemente aos acontecimentos mais importantes, também já descritos, a CELG mostrou um histórico de endividamento que cresceu exponencialmente, deixando-a em uma situação, cristalinamente visível, de inviabilidade econômica. Referido endividamento implicou Disponível no site: Acesso em 23 de janeiro de 29 Disponível no site: Acesso em 23 de janeiro de 30 Disponível no site: Acesso em 23 de janeiro de 28 a possibilidade e, por que não dizer, <http://www.CELG.com.br/institucional/CELGpar.aspx>. 2010. <http://www.CELG.com.br/institucional/CELGpar.aspx>. 2010. <http://www.CELG.com.br/institucional/CELGpar.aspx>. 2010. 24 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA necessidade de transferência de um percentual acionário dessa Companhia à Eletrobrás. Isso para que possa, com a reestruturação societária, “reajustar as tarifas e sanar em cerca de um ano as dívidas da empresa com os bancos e fornecedores”.31 Além disso, o Estado de Goiás pretende pagar, por meio de um empréstimo, junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES -, uma dívida de R$1,5 bilhão que possui com a CELG, relativa a fornecimento de energia elétrica com a distribuidora. Isso ajudará a restaurar a saúde financeira da empresa. Não obstante essa situação substancialmente crítica, tornase importante destacar a grande potencialidade do mercado de distribuição da CELG, que cresce duas vezes mais que a média nacional.32 Destarte, levando-se em consideração, de um lado, essa atual situação de inviabilidade econômica, diagnosticada nessa Companhia, e, de outro, a já mencionada potencialidade de mercado de distribuição, é que foi criada a Comissão Parlamentar de Inquérito da CELG, com o propósito de investigar possíveis irregularidades em seu endividamento, ao longo dos últimos 25 anos, no sentido, então, de alcançar sua viabilidade econômica. Indubitavelmente, o conhecimento dessas irregularidades, que poderão se traduzir em causas do endividamento da CELG poderá Disponível no site: < http://www.abrinstal.com.br/abrin.asp?area=29&id=567> Acesso em 24 de janeiro de 2010. 31 32 Disponível no site: < http://www.abrinstal.com.br/abrin.asp?area=29&id=567> Acesso em 24 de janeiro de 2010. 25 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA auxiliar em um provável plano de recuperação, bem como apurar eventuais responsabilidades em sua gestão. 2.4. ORGANIZAÇÃO DOS TRABALHOS A primeira reunião ordinária da Comissão Parlamentar de Inquérito da CELG D ocorreu em 02 de setembro de 2009, com a instalação dos trabalhos e a eleição do Presidente, Deputado Helio de Sousa, Vice-Presidente, Deputado Coronel Queiroz e Relator, Deputado Humberto Aidar. A partir daí, e conforme orientação do ilustre Presidente, a predita Comissão Parlamentar de Inquérito estabeleceu um cronograma e as propostas de trabalho, traçando regras específicas, dentre as quais se pode destacar a pauta prévia, onde os Deputados membros da Comissão apresentavam suas proposituras, através de Ofício dirigido ao Presidente da Comissão, as quais eram inseridas na pauta prévia, montada pela Secretaria e distribuída, no dia anterior, à reunião. Desde então, foram realizadas 34 reuniões, sendo 29 ordinárias e cinco extraordinárias, objetivando deliberar sobre as solicitações dos Deputados membros da Comissão, bem como para apresentação dos relatórios dos Auditores de Controle Externo do TCE, que assessoraram a CPI, bem como da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas - FIPE, empresa contratada para oferecer suporte técnico para os trabalhos da CPI. Ainda foram realizadas reuniões destinadas à oitiva de ex-presidentes da CELG, de advogados que prestaram serviços à CELG e de outras pessoas que poderiam prestar algum esclarecimento sobre os motivos do endividamento dessa Companhia, no período investigado. 26 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Além dos documentos acima referidos, conforme já citado, a Comissão contou com o auxílio dos Auditores de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, que produziram relatórios com elementos técnicos abrangentes e consistentes, cuja metodologia básica adotada foi a pesquisa documental, auxiliando, assim, os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito de que ora se trata. Há que se mencionar também o relatório apresentado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas - FIPE, contratada por esta Casa de Leis, conforme deliberação dos membros da CPI, onde se analisaram a evolução do endividamento da CELG, no período de 1984 a 2008, suas principais causas e fatores de agravamento. Requisitaram-se, ainda, documentos de importância para o deslinde dos trabalhos investigativos desta Comissão, cujo conteúdo será detalhado adiante. 3. FORMAS DE INVESTIGAÇÃO Durante o desenvolvimento de seus trabalhos, a Comissão Parlamentar de Inquérito da CELG efetuou investigações de diversas formas, como a inquirição de convocados e testemunhas e, ainda, a análise de documentação e a realização de auditorias pelos Auditores do TCE e da FIPE. Todas as pessoas que prestaram depoimento, perante a Comissão, estão elencadas adiante. Para facilitar a consulta, foi elaborada uma síntese de cada depoimento, apresentada, também, em itens posteriores. 27 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 4. TRABALHOS REALIZADOS São apresentados, a seguir, os trabalhos realizados por esta Comissão, com a síntese de todos os fatos ocorridos, durante seu curso, buscando trazer a essência do que foi discutido e apresentado e que serviu de subsídio à conclusão dos trabalhos desta Comissão. 4.1. DAS REUNIÕES Em seus trabalhos na busca pelas informações necessárias à compreensão do fato determinado a que se dispôs investigar, bem como às recomendações a fazer, a Comissão realizou 34 reuniões públicas (29 reuniões ordinárias e cinco extraordinárias). A seguir, descrevem-se as reuniões realizadas pela Comissão, no decurso de seus trabalhos. REUNIÕES ORDINÁRIAS: 02/09/2009: 1ª Reunião da CPI 1) Instalação da Comissão; 2) Eleição do Presidente e do Relator. 08/09/2009: 2ª Reunião da CPI 1) Deliberação do Calendário e propostas de trabalho da CPI; 2) Votação de uma pauta de solicitações, apresentada pelo Deputado Humberto Aidar, quais sejam: 28 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA solicitação à CELG da relação de todos os Presidentes, no período de 1984 a 2009, e de cópia do balanço geral, referente ao período analisado; solicitação à Assembleia Legislativa da relação de todos os projetos de lei, referentes à CELG, desde 1984. 3) esclarecimentos a alguns membros da Comissão, no tocante à pauta prévia, ao prazo da CPI e à contratação da consultoria de empresa para suporte dos trabalhos da CPI. 23/09/2009: 3º Reunião da CPI 1) deliberação acerca da solicitação ao Tribunal de Contas do Estado de Goiás – TCE – de dois servidores para atuarem como auditores nos trabalhos da CPI; 2) apresentação aos membros da CPI dos documentos solicitados à CELG Distribuição S.A. e daqueles solicitados à Diretoria Parlamentar; 3) deliberação da juntada dos referidos documentos, após leitura dos mesmos; 4) deliberação sobre agendamento de visita ao Presidente do TCE para solicitar quatro servidores, ao invés de dois, devido ao volume dos trabalhos; 5) deliberação sobre reunião com a Mesa Diretora, a fim de obterem informações acerca do estágio em que se encontra a 29 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA contratação da empresa técnica independente que prestará consultoria para a CPI; 6) esclarecimentos, quanto aos questionamentos dos membros da CPI, no que se refere ao prazo da Comissão e à forma de serem ouvidos os ex-governadores, se convocação ou convite. 29/09/2009: 4ª Reunião da CPI 1) deliberação sobre as matérias contidas na pauta prévia, que, depois de emendadas e aprovadas pela Comissão, tiveram a seguinte resolução: envio de expediente ao Presidente do TCE/GO, requisitando que se encaminhe à Comissão um relatório sobre a aplicação dos recursos da venda da Usina Hidrelétrica Cachoeira Dourada e da Usina de Corumbá I; convocação de todos os ex-presidentes da CELG D, desde o ano de 1984 até a presente data, a fim de prestarem esclarecimentos sobre o endividamento da mesma; requisição à CELG D de relatório e documentos fiscais, apresentando o valor pelo qual a mesma adquire cada kW da Usina Hidrelétrica de Cachoeira Dourada, informando, ainda, o valor pelo qual repassa este mesmo kW ao consumidor residencial, comercial, industrial e misto, incluindo a solicitação do valor pago pela empresa a outras geradoras, ao longo dos últimos 25 anos; 30 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA de prestação requisição à CELG D de cópias de todos os contratos de serviços terceirizados, estabelecidos por essa Companhia, desde o ano de 1984 até a presente data; requisição à CELG D de cópias de todos os contratos de empréstimos financeiros nacionais e internacionais, estabelecidos pela mesma, desde o ano de 1984 até a presente data; requisição à CELG D de relatório e documentos, informando e comprovando todos os gastos com publicidade, realizados pela mesma, desde o ano de 1984 até a presente data. 06/10/2009: 5ª Reunião da CPI 1) deliberar sobre as seguintes matérias constantes de pauta prévia, que, aprovadas com algumas ressalvas, tiveram a seguinte resolução: requerimento de prorrogação do prazo de funcionamento da Comissão Parlamentar de Inquérito; convocação do atual Presidente da CELG D, Dr. Carlos Antonio Silva, a fim de prestar esclarecimentos sobre o endividamento da mesma; envio de expediente ao atual Presidente da CELG D, solicitando-lhe o envio de relatórios e documentos que disponham sobre as seguintes informações: 31 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - relação de todos os pagamentos efetuados pela CELG D à empresa Centrais Elétricas Cachoeira Dourada (Endesa Cachoeira), no período entre 1997 até a presente data; - data a partir da qual a CELG D decidiu terceirizar parte de seus serviços, informando, ainda, acerca das licitações, incluindo serviços comerciais; - relação de créditos da CELG D junto às Prefeituras Municipais; - relação dos créditos da CELG D junto à Eletrobrás, aos consumidores, bem como dos demais créditos porventura existentes; - cálculos e critérios utilizados na composição da tarifa de energia; - envio de expediente à Presidente da Comissão de Valores Mobiliários, Sra. Maria Helena dos Santos Fernandes de Santana, solicitando-lhe o envio de relatórios e documentos, dos quais constem os nomes de todos os acionistas da empresa Centrais Elétricas Cachoeira Dourada (Endesa Cachoeira Dourada), desde a sua privatização; - envio de expediente à Endesa Cachoeira Dourada, solicitando o envio a essa Comissão dos balanços, com lucros e retiradas, nos anos de 1997 a 1999; 32 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - solicitação ao Procurador-Geral de Justiça do Estado de Goiás de cópia de documentos pertinentes à CELG, dos quais, porventura, o Ministério Público disponha; - questionamento à CELG D se essa Companhia fornece, ou forneceu, energia a empresas subsidiadas. Em caso afirmativo, os nomes das empresas subsidiadas, bem como dos responsáveis pelo ressarcimento, qual o período e valor dos ressarcimentos. 2) em aparte, o Deputado Humberto Aidar informou que o Promotor Fernando Krebs entregou, em seu gabinete, documentos com inúmeras ações referentes à CELG D. A seguir, o Presidente solicitou à Comissão que deliberasse acerca da entrega da documentação pelo Ministério Público – aprovada a deliberação, os documentos foram juntados aos autos. 15/10/2009: 6ª Reunião da CPI 1) leitura de ofício remetido pelo Presidente do Tribunal de Contas do Estado, Doutor Gerson Bulhões, encaminhando os documentos solicitados pela Comissão, em ofício nº 64/09; 2) Colocada em deliberação a juntada dos documentos ao processo original da CPI – aprovada; 3) deliberação da pauta prévia aprovada com as sugestões do Deputado Humberto Aidar, com os seguintes assuntos: 33 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA envio de expediente ao Presidente da CELG Distribuição S.A., Engenheiro Carlos Antônio Silva, solicitando-lhe o envio de relatórios e documentos dos quais constem as seguintes informações: - relação de contratos de compra de energia, formalizados entre a CELG D e as Pequenas Centrais Elétricas (PCH), nos últimos 25 anos, que estejam ou não em vigor; - relação de créditos da CELG D junto ao Governo Federal, em relação aos subsídios da CODEMIN S.A. e outros; - relação dos créditos que a CELG D possui, junto ao Governo Federal, da Conta de Resultados a Compensar; - relação de concursos públicos realizados pela CELG D nos últimos 25 anos; - relação de membros do Conselho de Administração da CELG D, nos últimos 25 anos; - relação dos Municípios que acionaram judicialmente a CELG D, para reaver créditos, nos últimos 25 anos, e o resultado judicial destes processos. 4) deliberação sobre a juntada da cópia da sentença e cópias de documentos referentes à transferência da Usina de Corumbá I para Furnas e à venda de Cachoeira Dourada e relatório simplificado de ação entre a CELG D e 23 Municípios goianos, tendo como advogado 34 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA dos Municípios Alex Ivan de Castro Pereira, entregues pelo Deputado Daniel Goulart – aprovada pela Comissão. 22/10/2009: 7ª Reunião da CPI 1) deliberação da pauta prévia aprovada com os seguintes assuntos: envio de expediente ao Presidente da CELG Distribuição S.A., Engenheiro Carlos Antônio Silva, solicitando-lhe: - cópias das trocas de correspondência entre a CELG D e órgãos reguladores; - indicadores operacionais; - cópia de todos os acordos relativos ao Convênio 93 – ICMS, homologações e comprovantes de pagamentos (evolução); - convocação do responsável pelo escritório de Advocacia Alcimar de Almeida – Advogados Associados – para que preste esclarecimentos e junte os documentos que julgar necessários para o esclarecimento de sua atuação na defesa da CELG D. envio de expediente à Dra. Elizabeth Maria da Silva, Juíza de Direito da 1ª Vara da Fazenda Pública Estadual, solicitandolhe cópia integral dos seguintes autos, em que figuram como requeridos Ramos Advocacia Sociedade Simples e outros, vez que de suma importância para o esclarecimento de possíveis prejuízos causados à CELG D: 2007045563451 (ação popular); 200803517801 (ação civil pública); 35 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA solicitação de designação de mais um procurador da Assembleia Legislativa para que fique à disposição do Relator da CPI; solicitação, ao Diretor-Geral da Assembleia Legislativa, de quatro servidores, especializados em técnica contábil, para auxiliarem os trabalhos da CPI; teor do ofício nº 0376/2009 do TCE/GO - Presidente do Tribunal de Contas, doutor Gerson Bulhões, justifica o pedido de retorno ao Tribunal de um dos auditores à disposição da CPI; requerimento de Javahé de Lima, Diretor Econômico e Financeiro e de Relação com Investidores da CELG D (períodos de 03/05/2000 a 15/06/2000; 20/01/2001 a 06/04/2001; 30/04/2003 a 12/05/2005; 07/06/2005 a 05/06/2005), Diretor Administrativo (de 15/06/2000 a 20/03/2001; 30/04/2001 a 13/07/2001; 12/05/2005 a 21/05/2005), para juntar, aos autos da CPI, cópias de todos os processos envolvendo a CELG D, em tramitação perante a Justiça Estadual da Comarca de Goiânia, visando facilitar o entendimento de todas as questões, já que, na referida documentação, consta o andamento de todas as ações movidas em desfavor dos ex-diretores da CELG D, para os devidos fins de direito. 2) depoimento de Javahé de Lima, Diretor da CELG D nos períodos citados acima. 26/10/2009: 8ª Reunião da CPI 1) deliberação da seguinte pauta prévia, aprovada pela Comissão, com os seguintes assuntos: 36 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA envio de expediente ao Presidente da CELG Distribuição S.A., Engenheiro Carlos Antônio Silva, a pedido da FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, solicitando-lhe a disponibilização de: - relatório contendo evolução de perdas totais; - relatório contendo evolução de perdas comerciais; - relatório contendo a evolução de inadimplência por grupo de consumidores; - evolução do PDD; - relatório contendo a evolução da recuperação de créditos com e sem corte de energia. envio de expediente ao Presidente do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, Conselheiro Gerson Bulhões Ferreira, solicitando-lhe a disponibilização de relatório, desse egrégio Tribunal, contendo a evolução do endividamento/investimento da CELG, do período a ser investigado. 2) discussão da metodologia dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito; 3) juntada de documentos e material jornalístico, solicitada pelo Deputado Daniel Goulart; 37 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 4) solicitação do Presidente da CELG, Engenheiro Carlos Antônio Silva, por meio do ofício nº 2256/09, no sentido de se alterar a verificação das cópias de todos os contratos de prestação de serviços terceirizados estabelecidos pela CELG D, de 1984 até a presente data, bem como de relatórios e documentos, informando e comprovando todos os gastos com publicidade realizados pela CELG, de 1984 até a presente data, mediante a designação de representante da CPI para analisar, in loco, nos arquivos da Companhia, a documentação referida, definindo, assim, de forma mais direta, quais aqueles a serem reproduzidos e remetidos à Comissão, possibilitando o atendimento solicitado com mais presteza e eficiência; 5) oitiva do Dr. Fernando Aurvalle da Silva Krebs, Promotor de Justiça da 57ª Promotoria de Justiça, em Goiânia – GO, convidado para estar nesta reunião. 27/10/2009: 9ª Reunião da CPI 1) reunião destinada ao depoimento do Advogado Adilson Ramos Júnior, advogado representante do escritório Ramos Advocacia S.S., contratado pela CELG D. 20/11/2009: 10ª Reunião da CPI 1) apresentação aos deputados-membros da Comissão dos trabalhos já realizados pelos Analistas de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado – TCE/GO (Edna de Araújo Andrade, Olga Cristina Vieira da Fonseca, Luciano Roque e Wagner Eleutério Martins), no período de 1983 a 1990. 38 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 07/12/2009: 11ª Reunião da CPI 1) apresentação aos deputados-membros da Comissão, do relatório elaborado pelos Analistas de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado – TCE/GO, do resultado dos levantamentos pertinentes ao período de 1983 a 1990, cujo objetivo foi obter uma visão geral da empresa, por meio das análises e avaliações dos aspectos patrimoniais, operacionais, econômicos e financeiros, cujos pontos principais serão detalhados em tópico próprio; 2) deliberação sobre a solicitação do envio dos seguintes documentos pelo Presidente da CELG, Engenheiro Carlos Antônio Silva: razão da Conta do Fornecedor, referente ao interstício compreendido entre 1983 e 1992 (via mídia); Tocantins, relação das Usinas que, com a criação do Estado do foram repassadas para esse Estado, bem como o tombamento de bens móveis e imóveis; capacidade dessas usinas que foram repassadas ao Estado do Tocantins. 06/01/2010: 12ª Reunião da CPI 1) a apresentação aos deputados-membros da Comissão, do Relatório elaborado pelos Analistas de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado – TCE/GO, do resultado dos levantamentos pertinentes ao período de 1991 a 1994, cujo objetivo foi obter uma visão geral da empresa, por meio das análises e avaliações dos aspectos patrimoniais, operacionais, econômicos e financeiros, cujos pontos principais serão detalhados em tópico próprio. 39 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 07/01/2010: 13ª Reunião da CPI 1) apresentação aos deputados-membros da Comissão, do Relatório Final, elaborado pelos pesquisadores da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas - FIPE, com análise da evolução do endividamento da CELG, no período de 1984 a 2008, cujos pontos principais serão detalhados em tópico próprio. 11/01/2010: 14ª Reunião da CPI 1) deliberação do cronograma de trabalho da CPI, a partir desta data; 2) deliberação da convocação dos advogados Alcimar Luiz de Almeida e Alex Ivan de Castro Pereira; 3) votação de três requerimentos, apresentados pelo Deputado Daniel Goulart, com os seguintes assuntos: solicitação ao Procurador-Geral de Justiça para que envie cópias de documentos, denúncias e informações, já apuradas pelo Ministério Público, em relação ao endividamento da CELG; convocação dos membros que compuseram a comissão responsável pela transferência da Usina de Corumbá I para Furnas; envio de expediente ao Presidente da CELG D, solicitando-lhe informações e documentos a respeito de serviços, prestados pela CELG D, aos Loteamentos Tancredo Neves, Residencial Triunfo, Sociedade Habitacional Norte (Residencial Filostro Machado), bem como todas as solicitações feitas pela Sociedade Habitacional Norte. 40 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 4) deliberação sobre o envio de ofício ao Presidente da CELG D, solicitando-lhe os seguintes documentos: balancetes analíticos do mês de dezembro referentes aos exercícios de 1995 a 2008; razões analíticas referentes à conta de fornecedores referentes aos exercícios de 1995 a 2008; posição atualizada (31/12/2008) dos empréstimos e financiamentos, internos e externos. 19/01/2010: 15ª Reunião da CPI 1) depoimento dos advogados Alex Ivan de Castro Pereira (que tinha ações contra a CELG D) e Alcimar Luiz de Almeida (que prestou serviços para a CELG D); 2) deliberação dos seguintes requerimentos e ofícios: ofício nº 617/09, do Deputado José Nelto, solicitando a convocação do ex-diretor da CELG D, Rafael Murolo; requerimento s/n, do Deputado José Nelto, solicitando a convocação de Janides de Souza Fernandes; requerimento nº 004, do Deputado Daniel Goulart, solicitando a convocação do Secretário da Fazenda, Senhor Jorcelino José Braga, para que apresente documentos e preste informações a 41 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA respeito de declarações feitas por ele na imprensa, sobre o equilíbrio financeiro da CELG D; requerimento nº 005, do Deputado Daniel Goulart, solicitando a convocação do Diretor-Presidente e do Diretor-Financeiro da empresa Engevix; requerimento nº 006, do Deputado Daniel Goulart, solicitando a convocação do Lobista Sérgio Luiz Pompeu de Sá, para que preste informações a respeito de todos os contratos ou negócios, por ele intermediados, com a empresa Engevix; requerimento nº 007, do Deputado Daniel Goulart, solicitando a convocação do Ex-Secretário de Minas e Energia, Senhor Benjamin Beze Júnior; requerimento nº 008, do Deputado Daniel Goulart, solicitando a convocação do Ex-Conselheiro de Privatização da Usina de Cachoeira Dourada, Senhor Carlos Eduardo de Paula; ofício nº 008/2010, do Deputado Humberto Aidar, solicitando a convocação do Diretor-Presidente e do Diretor Financeiro das empresas ARCA e MW, para prestarem esclarecimentos acerca dos contratos de prestação de serviços, junto à CELG D; ofício s/n, do Deputado José Nelto, solicitando a convocação do Engenheiro da CELG D, Salatiel Soares Correia, para prestar esclarecimentos nesta Comissão. 42 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 20/01/2010: 16ª Reunião da CPI 1) depoimento do ex-presidente da CELG D, no período de 1991 a 1992, Felicíssimo José de Sena; 2) deliberação dos seguintes requerimentos: requerimento nº 011, do Deputado Daniel Goulart, que solicita a convocação do Contador-Geral da CELG D, Senhor Dionísio Jerônimo Alves, para que apresente documentos que esclareçam dúvidas sobre o endividamento dessa empresa; requerimento do Deputado Coronel Queiroz, solicitando inclusão de matéria para deliberar: primeiro, solicita ao Dr. Alex Ivan de Castro Pereira que informe a esta Comissão as datas em que se desenvolveram as ações, por ele patrocinadas, envolvendo os Municípios de Itumbiara, Rio Verde e a CELG; segundo, solicitação ao Dr. Alex Ivan de Castro Pereira que forneça à Comissão o documento detalhado acerca das ações, por ele patrocinadas, envolvendo a CELG D e os Municípios, bem como o valor dos honorários percebidos por ele, tanto da CELG D, quanto desses Municípios; terceiro, solicitação ao Dr. Alex Ivan de Castro Pereira que informe se, antes ou após o acordo firmado entre a CELG D e os 23 Municípios, houve outro acordo, envolvendo essa Companhia, no sentido de extinguir ações propostas por outros Municípios. Em caso afirmativo, se o advogado recebeu honorário em decorrência desses acordos e solicitar, ainda, que encaminhe a essa Comissão as cópias desses acordos; requerimento s/n, dos Deputados Humberto Aidar e José Nelto, solicitando a convocação do diretor presidente e do diretor 43 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA financeiro da empresa Hotline, solicitando, também, ao presidente da CELG, o encaminhamento das cópias dos contratos, assinados entre a CELG e a empresa Hotline; requerimento nº 010, de autoria do Deputado Daniel Goulart, que solicita a convocação da Prefeita do Município de Santa Helena de Goiás, Senhora Raquel Mendes Vieira Rodrigues, para que apresente documentos esclarecedores sobre contratos e acordos, feitos durante sua gestão, entre o Município de Santa Helena de Goiás e a CELG Distribuição; requerimento nº 09, do Deputado Daniel Goulart, que solicita a convocação do Senhor Judson Lourenço da Silva, ex-prefeito de Santa Helena de Goiás, para que apresente documentos e esclareça dúvidas sobre contratos e acordos feitos durante sua gestão, entre o Município e a CELG D; requerimento s/n, do Deputado José Nelto, solicitando a convocação do advogado Doutor Cícero Gomes Lages, que prestou serviços jurídicos à CELG D, para prestar informações a essa Comissão; requerimento s/n, do Deputado José Nelto, solicitando a convocação do representante legal da empresa Odebrecht Construtora para prestar informações a esta Comissão, acerca da construção da Usina de Cachoeira Dourada. Requer também, ao Presidente da CELG D, que informe o valor cobrado pela predita obra. 44 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 21/01/2010: 17ª Reunião da CPI 1) depoimento do ex-presidente da CELG D, no ano de 1998, Valdivino José de Oliveira; 2) deliberação dos seguintes requerimentos: requerimento nº 012, do Deputado Daniel Goulart, solicitando que o Presidente da Eletrobrás, Senhor José Antônio Muniz Lopes, seja convidado para que apresente informações sobre o endividamento e as negociações entre a Eletrobás e a CELG Distribuição S.A.; requerimento nº 013, do Deputado Daniel Goulart, por meio do qual solicita enviar convite para o Ministro de Minas e Energia, Senhor Edison Lobão, para prestar esclarecimentos que julgar necessários sobre as declarações feitas por ele, na imprensa, sobre a CELG Distribuição S.A.; requerimento s/n, dos Deputados Humberto Aidar e José Nelto, solicitando: primeiro, ao Presidente da CELG D, o encaminhamento a essa Comissão das cópias de todos os contratos firmados entre essa Companhia e as empresas Evolutti, Arca, Mw, Engevix, Odebrecht e Endesa; segundo, ao Presidente da CELG D, que informe a essa Comissão os valores percebidos, até hoje, por essas empresas, em razão desses contratos; requerimento s/n, de autoria do Deputado José Nelto, solicitando o envio de expediente ao Tribunal de Contas do Estado para que informe a essa Comissão os Bancos que operaram, juntamente com 45 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA a CELG D, no período de 1983 a 2008, com a data dos empréstimos realizados por cada Presidente da Companhia. 3) detalhamento do cronograma e convocações para as próximas reuniões. 26/01/2010: 18ª Reunião da CPI 1) depoimento dos ex-presidentes da CELG D: no período de 1998 a 1999, Francisco de Freitas no período de 2000 a 2001, Clóvis de Oliveira; no período de 2004 a 2007, André Luiz Baptista Lins Castro; Rocha. 27/01/2010: 19ª Reunião da CPI 1) depoimento do ex-presidente da CELG D, no período de 1983 a 1987, Marco Antônio Machado; 2) deliberação da juntada de documentos, trazidos pelo Sr. Marco Antônio Machado; 3) deliberação sobre a juntada de documentos, trazidos pelo Deputado José Nelto sobre a empresa Evolutti; 46 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 4) deliberação sobre a juntada de documentos, trazidaos pelo Deputado Daniel Goulart, com os seguintes assuntos: primeiro, Resoluções/Pareceres do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, de 9 de junho de 1998 e 15 de junho de 1999, contendo diversas considerações; segundo, documento feito pelo Engenheiro de Usinas, Senhor Aldair Teixeira Duarte, onde discorre a respeito de assuntos relacionados à CELG D, concluindo que vender as usinas da CELG D seria péssimo negócio; 5) deliberação dos seguintes requerimentos: requerimento s/n, do Deputado José Nelto, solicitando a intimação do Presidente da ONG Instituto Caminhar para prestar informações a essa Comissão; solicitação ao presidente da CELG D, dos seguintes documentos: - cópia de todos os contratos firmados entre a CELG D e a empresa Hotline; - relatório “Energia do Sistema MWh”, referente ao período compreendido entre 1995 a 2008. 28/01/2010: 20ª Reunião da CPI 1) depoimento dos ex-presidentes da CELG D: Filho; no período de 2001 a 2003, José Walter Vazquez 47 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA no período de 2003 a 2004, José Paulo Félix de Souza no período de 2007 a 2009, Ênio Andrade Branco. Loureiro; 2) deliberação dos seguintes requerimentos: requerimento s/n, do Deputado José Nelto, com dois itens: a) solicita a intimação do Diretor-Presidente da empresa 212 Capital para prestar informações a essa CPI; b) solicita quebras de sigilo bancário, fiscal e telefônico da empresa Evolutti, bem como de seus diretores; requerimento s/n, do Deputado Humberto Aidar, que solicita ao Presidente da CELG D informar a essa Comissão o período em que foi contratado o gerenciador de software, denominado SEBIL, bem como o valor pago, se houve dispensa de licitação, e, ainda, o faturamento bruto da empresa, referente aos 3 (três) meses anteriores e 3 (três) meses posteriores à instalação do referido software; requerimento nº 017, do Deputado Daniel Goulart, que requer seja enviado expediente ao Presidente da CELG Distribuição S.A., Senhor Carlos Antônio Silva, solicitando-lhe cópia do Estatuto da Empresa, bem como de todas as alterações feitas, no período de 1984/2008, período esse, investigado por essa CPI; requerimento nº 018, do Deputado Daniel Goulart, solicitando a juntada de cópia de documento enviado pela Eletrobrás à CELG D, em 25/11/1996, onde demonstra preocupação com os problemas que a venda da Usina Cachoeira Dourada acarretaria à CELG D. 48 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 02/02/2010: 21ª Reunião da CPI 1) depoimento do ex-presidente da CELG D, no período de 1992 a 1994, Ovídio de Ângelis; 2) depoimento do Contador-Geral da CELG D, Dionísio Jerônimo Alves. 3) deliberação sobre a juntada de documentos por parte do contador da CELG; 4) deliberação sobre o novo cronograma de oitivas de expresidentes e prestadores de serviços da CELG D. 03/02/2010: 22ª Reunião da CPI 1) apresentação aos deputados-membros da Comissão, do Relatório elaborado pelos Analistas de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado – TCE/GO, do resultado dos levantamentos pertinentes ao período de 1995 a 2002, cujo objetivo foi obter uma visão geral da empresa, por meio das análises e avaliações dos aspectos patrimoniais, operacionais, econômicos e financeiros, cujos pontos principais serão detalhados em tópico próprio. 03/02/2010: 23ª Reunião da CPI 1) depoimento do ex-secretário de Minas e Energia do Estado de Goiás, Benjamin Beze Júnior; 2) deliberação da seguinte pauta: 49 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA votação de requerimentos do Deputado José Nelto, com os seguintes assuntos: - intimação do engenheiro da CELG D, Salatiel Soares Correia, a fim de esclarecer sobre sua entrevista sobre os balanços da CELG D; - solicitação à ANEEL dos preços das tarifas, praticados por Itaipu e Furnas, e solicitação à CELG D, do contrato de suprimento, formalizado entre a Companhia e a empresa Edesa Cachoeira Dourada; - solicitação à CELG D de cópia dos contratos firmados entre a CELG D e a empresa 212; - convocação de diretores das empresas: Comar – Construções e Montagens Ltda., Águia Construtora Elétrica Ltda., Conselt Engenharia Ltda., Fuad Rassi, Construtora Elétrica SABA, Javaes Construções e Montagens Ltda., Eplan - Engenharia e Planej. Elétric. Ltda., TC Engenharia Ltda. 09/02/2010: 24ª Reunião da CPI 1) depoimento do Diretor-Presidente da Engevix, Cristiano Kok; 2) depoimento do Diretor-Sócio da empresa Hotline, Gentil Machado Filho; 3) deliberação sobre convocações de acordo com a nova pauta; 50 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 4) deliberação sobre a juntada de documentos, trazidos pelo diretor da Hotline. 10/02/2010: 25ª Reunião da CPI – de manhã 1) depoimento do ex-presidente da CELG, no período de 01/01/99 a 27/07/2000, Fernando Cunha Júnior. 10/02/2010: 26ª Reunião da CPI Hernani; 1) depoimento do Sócio da empresa Arca, Paulo 2) depoimento do Presidente da CELG D, Carlos Silva; 3) depoimento do Diretor da empresa Comar; 4) deliberação dos seguintes requerimentos: requerimento do Deputado José Nelto, solicitando ao presidente da CELG cópias dos projetos e contratos, firmados entre a Companhia e a empresa ERP-SAP, bem como informação sobre os valores dos referidos contratos; requerimento do Deputado Daniel Goulart, solicitando o envio de expediente ao Presidente da ANEEL, a fim de que se envie à CPI dados sobre os lucros e dividendos que a Usina de Cachoeira Dourada, adquirida pela Empresa Cachoeira Dourada Participações (grupo Endesa), obteve no período compreendido entre a data da privatização e 31 de janeiro de 51 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 2010, bem como os relatórios que comprovem a evolução do lucro da empresa no referido período; requerimento solicitando a intimação de do Deputado Anniela Daniel Braga para Goulart, prestar esclarecimentos sobre o possível tráfico de influência, exercido para obtenção de recursos junto à CELG, destinados ao abrigo da Associação Renascer da Fé - Renafé; solicita o convite para o comparecimento do Ex- Gerente do BEG (agência CELG), Izídio Neto, para prestar informações à CPI; deliberação sobre a juntada de documentos, trazidos pelo Diretor da empresa Arca. 11/02/2010: 27ª Reunião da CPI 1) depoimento do ex-presidente da CELG D, no período de 1987 a 1991 e 1994 a 1998, José Francisco das Neves; 2) depoimento do Diretor Presidente da Evolutti; 3) deliberação sobre a juntada de documentos, trazidos pelo ex-presidente José Francisco das Neves. 17/02/2010: 28ª Reunião da CPI 52 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 1) depoimento do Diretor da empresa TC Engenharia, Tuller Barbosa; 2) depoimento do Presidente da empresa 212 Capital, Marcus Herntl Filho; 3) depoimento do Diretor Presidente da empresa Conselt Engenharia, Alves Oliveira de Ataídes; 4) deliberação sobre o envio de expediente à CELG D, solicitando informações a respeito do destino dos postes de aroeira, que foram trocados nestes últimos 25 anos. 18/02/2010: 29ª Reunião da CPI 1) depoimento do Diretor Presidente da empresa Fuad Rassi, Luís Alberto Rassi; 2) depoimento do Diretor Presidente da empresa, Javaés Amós Vieira; 18/02/2010: 30ª Reunião da CPI 1) depoimento do Diretor Presidente da empresa Eplan, Marcos Alberto Luiz de Campos; 2) depoimento do Diretor Presidente Banco Prosper, Luis Palhares Campos. 22/02/2010: 31ª Reunião da CPI 1) apresentação aos deputados-membros da Comissão, do Relatório elaborado pelos Analistas de Controle Externo do Tribunal 53 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA de Contas do Estado – TCE/GO, do resultado dos levantamentos pertinentes ao período de 2003 a 2008, cujo objetivo foi obter uma visão geral da empresa, por meio das análises e avaliações dos aspectos patrimoniais, operacionais, econômicos e financeiros, cujos pontos principais serão detalhados em tópico próprio. 18/03/2010: 32ª Reunião da CPI - deliberação sobre a quebra de sigilo bancário da empresa 212 Capital e de seus sócios. 22/03/2010: 33ª Reunião da CPI - apresentação do relatório final da CPI. REUNIÕES EXTRAORDINÁRIAS: 06/10/2009: 1ª Reunião Extraordinária da CPI 1) realizada às 9 horas, na Sala da Presidência do Tribunal de Contas do Estado de Goiás – TCE/GO, visita essa, ocorrida por deliberação da Comissão, com a finalidade de solicitar servidores da área técnica do predito Tribunal, assim como cópia da documentação existente sobre o endividamento da CELG D. 16/10/2009: 2ª Reunião Extraordinária da CPI 1) deliberação sobre a quebra de sigilo bancário e fiscal de dois escritórios de advocacia que prestaram serviços, com dispensa de licitação, e do Advogado Alex Ivan de Castro, de acordo com os requerimentos do Deputado José Nelto – o autor retirou o referido requerimento de pauta; 2) deliberação sobre as quebras de sigilo bancário e fiscal do Advogado Adilson Ramos Júnior; 54 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 3) a Comissão definiu que os referidos advogados seriam ouvidos antes de se decidir pela quebra de sigilo, por se tratar de medida excepcional, aprovando a convocação dos advogados Adilson Ramos Júnior 4) e Alex Ivan de Castro Pereira e os convites para o Promotor de Justiça, Doutor Fernando Krebs e o ex-diretor econômicofinanceiro da CELG D, Javahé de Lima, para prestarem depoimentos à CPI. 19/10/2009: 3ª Reunião Extraordinária da CPI 1) reunião destinada a receber da pesquisadora da FIPE, o relatório com a metodologia a ser adotada para apurar a situação do endividamento da CELG. 27/10/2009: 4ª Reunião Extraordinária da CPI 1) reunião destinada a esclarecer a nova metodologia dos trabalhos da CPI, com a apresentação aos membros da Comissão, dos Auditores do TCE, que foram solicitados ao Presidente do Tribunal para oferecerem suporte à mesma, os quais fariam uma análise técnica dos documentos que fazem parte do acervo da CPI. 04/11/2009: 5ª Reunião Extraordinária da CPI 1) reunião destinada à deliberação da seguinte pauta, prévia, aprovada pela Comissão, com os seguintes assuntos: solicitar à CELG D os seguintes documentos e as seguintes questões: 55 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - Cópia dos inventários relativos ao patrimônio da CELG D, referentes aos exercícios compreendidos entre 1984 a 1987; - Cópia do Convênio ECV nº 284/84, que trata da negociação para tombamento do acervo da Usina Hidrelétrica Corumbá I, da CELG D para Furnas; - Cópia do documento de criação da Eletra (1981), bem como de seu Regulamento; - Cópia dos relatórios gerenciais relativos ao período compreendido entre 1984 a 1987; - balancetes (BMP) de dezembro, de todo o período de 1984 a 1998, dando-se preferência ao que for possível obter por via magnética; - demonstração de fluxo de caixa, desde 1983; quadro de endividamento; - Relatório de Informações Gerenciais, em dezembro de cada ano, para apurar os dados operacionais já solicitados; - Inventário de estoque do exercício de 1984 a 2008; - Inventário dos bens permanentes do imobilizado técnico do exercício de 1984 a 2008; - agendamento de visitas técnicas; 56 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - disponibilização de uma sala para que os contadores do Tribunal de Contas do Estado – TCE, bem como a consultora da FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, possam analisar os documentos cuja extração de cópias se torne inviável. 4.2. DOS REQUERIMENTOS APRESENTADOS Os deputados-membros da Comissão formularam inúmeros requerimentos, com solicitações ao Presidente da Comissão, para que deliberassem sobre assuntos pertinentes ao objeto de investigação da CPI, dos quais podemos destacar os seguintes: 23/09/2009: Requerimentos dos Deputados José Nelto e Samuel Belchior: - requisitaram o envio de expediente ao TCE, solicitando relatório sobre a aplicação dos recursos da venda da Usina Hidrelétrica Cachoeira Dourada; - Requereram a convocação de todos os ex-presidentes da CELG D, desde o ano 1986 até a presente data, para prestarem esclarecimentos à CPI- CELG D; - Requisitaram envio de expedientes à CELG D, solicitando cópias do balanço geral, de 1986 até a presente data, relatório e documentos fiscais e outros. 28/09/2009: Requerimento do Deputado Humberto Aidar: 57 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - Solicitou inclusão de matéria na pauta prévia da reunião/CPI do dia 29/09/2009. 29/09/2009: Requerimentos do Deputado Daniel Goulart: - Solicita ao Presidente da CELG D todos os pagamentos efetuados pela CELG D à empresa Endesa e outros; - Requer relatório dos acionistas da Endesa, desde a sua privatização; - Requer balanços com lucros e retiradas da Usina Hidrelétrica de Cachoeira Dourada (Endesa), de 1997 a 1999; 06/10/2009: Requerimento do Deputado Daniel Goulart: - Requer ao presidente da CELG D: a) quais os contratos que a CELG manteve, e ainda mantém, com pequenas centrais hidrelétricas, nos últimos 25 anos; b) relação de créditos da CELG junto ao Governo Federal, em relação a Subsídios da CODEMIN S.A. e outros; c) créditos que a CELG possui, junto ao Governo Federal, da conta de resultados a compensar; d) concursos públicos da CELG, nos últimos 25 anos; e) relação de membros do Conselho de Administração da CELG – últimos 25 anos; f) relação dos Municípios que acionaram judicialmente a CELG – para reaver créditos nos últimos 25 anos. 16/10/2009: Requerimentos do Deputado Daniel Goulart: - solicita envio de expediente ao Procurador-Geral de Justiça, informações dos prejuízos causados à CELG pelos Advogados Ramos Advocacia Sociedade Simples, Alcimar de Almeida – Associados e 58 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Sociedade de Advogados (Alex Juan de Castro Pereira e Jamar Correia Camargo); - solicita quebra dos sigilos bancário e fiscal dos Governadores e Diretores da CELG D de 1994 e 1995; - solicita convocação do escritório de Advocacia Ramos Sociedade Simples; - solicita convocação do responsável pelo escritório Advocacia Alcimar de Almeida – Advogados Associados; - solicita convocação do responsável pela Advocacia Sociedade de Advogados (Alex Juan de Castro Pereira e Jamar Corrêia Camargo). 20/10/2009: Requerimento do Deputado Humberto Aidar: -solicita encaminhar expediente ao TCE, solicitando dois auditores, sendo um deles para ficar à disposição do Relator. 23/10/2009: Requerimentos do Deputado José Nelto: - requer envio de expediente à CELG D, solicitando cópia de documentos; - solicita requisitar, junto ao Tribunal de Contas do Estado, 4 (quatro) Inspetores de Contas. 26/10/2009: Requerimento do Deputado José Nelto: - solicita cópia de processo enviado pelo MP. 59 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 27/10/2009: Requerimento do Deputado Daniel Goulart: - solicita cópia dos documentos encaminhados Dr. Fernando Krebs. 28/10/2009: Requerimento do Deputado Daniel Goulart: - Solicita ao Presidente da CELG D, Relatório de Avaliação EconômicoFinanceira da Companhia, preparado por Integral Trust Serviços Financeiros e Banco Fibra S.A., apresentado em junho de 2004. 29/10/2009: Requerimento do Deputado José Nelto: - solicita convocação do Dr. Rafael Murolo, Diretor da CELG D. Requerimento do Deputado Daniel Goulart: - solicita ao Procurador-Geral de Justiça documentos, denúncias e informações, apuradas pelo MPE, em relação ao endividamento da CELG D. 07/12/2009: Requerimento do Deputado José Nelto: - Requer convocação de Janildes de Souza Fernandes para prestar esclarecimento sobre desvios de recursos da CELG para campanha à Prefeitura de Goiânia, em 2000. 10/12/2009: Requerimento do Deputado Daniel Goulart: - Solicitação de informação, constante da Ata n° 99ª e 100ª Reunião do Conselho de Administração da Empresa Centrais Elétricas Cachoeira Dourada S/A- CDSA. 60 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 15/12/2009: Requerimento do Deputado Daniel Goulart: - solicitação à CELG D, de cópia de contrato de construção Usina Hidrelétrica de Corumbá IV; - solicitação à CELG D de informações e documentos a respeito dos serviços prestados por esta Companhia, nos Loteamentos Tancredo Neves, Residencial Triunfo, Sociedade Habitacional Norte (Residencial Filotro Machado), bem como as solicitações de serviços feitas pela Sociedade Habitacional Norte. 11/01/2010: Requerimento do Deputado Humberto Aidar: - solicita convocação do Diretor Presidente e do Diretor Financeiro da Empresa Evolutti Tecnologia e Serviços Ltda. 19/01/2010: Requerimento do Deputado José Nelto: - solicita acareação entre os Advogados Alex Ivan e o ex-diretor financeiro Javahé de Lima - sobrestado; - solicita convocação do Dr. Cícero Gomes Lages, advogado que prestou serviços para CELG D - aprovado. Requerimento do Deputado Daniel Goulart: - solicita convocação do ex-prefeito de Santa Helena, Sr. Judson Lourenço da Silva; 61 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - solicita convocação da prefeita de Santa Helena, Sra. Raquel Mendes Vieira Rodrigues (rejeitado). Requerimento do Deputado Humberto Aidar: - solicita convocação do Diretor Presidente da Empresa Hotline; - solicita ao Presidente da CELG D, cópias dos contratos entre a Companhia e a empresa Hotline. Requerimento do Deputado Coronel Queiroz: - Solicita ao Dr. Alex Ivan de Castro Pereira: as datas das ações que ele patrocinou para os Municípios de Itumbiara e Rio Verde; documentos detalhados acerca das açõe, por ele patrocinadas, entre a CELG e Municípios e valor dos honorários percebidos da CELG D e dos Municípios; informação se, antes ou após o acordo entre CELG D e os 23 Municípios, houve outros acordos. 20/01/2010: Requerimento do Deputado Daniel Goulart: - solicita convocação do Contador-Geral da CELG D, Sr. Dionísio Jerônimo Alves. Requerimento do Deputado José Nelto: - Convocação do representante legal da empresa Odebrecht Construtora; - Solicita ao Presidente da CELG que informe o valor cobrado pela obra. 62 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 21/01/2010: Requerimentos do Deputado Daniel Goulart: - solicita o envio de convite ao presidente da Eletrobrás, Sr. José Antonio Muniz Lopes; - solicita o envio de Convite ao Ministro de Minas e Energia, Sr. Edison Lobão, para esclarecer declarações, feitas por ele, à imprensa, em relação à crise financeira e, principalmente, pelo endividamento da CELG Distribuição S.A. Requerimento do Deputado José Nelto: - solicita ao TCE que informe a essa Comissão os bancos, no período de 1983 a 2008, com data dos empréstimos. Requerimentos dos Deputados José Nelto e Humberto Aidar: - solicita ao presidente da CELG D, cópias de todos os contratos firmados entre essa Companhia e as empresas Evollutti, Arca, MW, Engevix, Odobrecht e Endesa e os valores percebidos, até hoje, por essas empresas, em razão desses contratos. 27/01/2010: Requerimento do Deputado José Nelto: - Solicita intimação do presidente da ONG Instituto Caminhar. Requerimento do Deputado Daniel Goulart: - Solicitação do presidente da CELG D, de cópia do estatuto da empresa e das alterações 1984/2008. 63 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 28/01/2010: Requerimento do Deputado Humberto Aidar: - solicita ao Presidente da CELG D, informar a essa Comissão o período em que foi contratado o gerenciador de software, denominado SEBIL, bem como o valor pago, se houve dispensa de licitação, e, ainda, o faturamento bruto da empresa, referente aos 3 (três) meses anteriores e 3 (três) meses posteriores à instalação do referido software. Requerimentos do Deputado José Nelto: - solicita intimação do diretor presidente da empresa 212 para prestar informação a essa CPI; - solicita quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da empresa Evolutti e seus diretores. 03/02/2010: Requerimentos do Deputado José Nelto: - solicita a intimação do Engenheiro da CELG D, Salatiel Soares Correia, a fim de esclarecer sobre sua entrevista acerca dos balanços da CELG D; - solicita à ANEEL os preços das tarifas, praticados por Itaipu e Furnas, e solicitação à CELG D, do contrato de suprimento, formalizado entre a Companhia e a empresa Endesa Cachoeira Dourada; - solicita à CELG D cópia dos contratos firmados entre a CELG D e a empresa 212; 64 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - solicita a convocação de diretores das empresas: Comar – Construções e Montagens Ltda., Águia Construtora Elétrica Ltda., Conselt Engenharia Ltda., Fuad Rassi, Construtora Elétrica Saba, Javaés Construções e Montagens Ltda., Eplan- Engenharia e Planej. Elétric. Ltda., TC Engenharia Ltda. 10/02/2010: Requerimento do Deputado José Nelto: - solicita ao presidente da CELG cópias dos projetos e contratos, firmados entre a Companhia e a empresa ERP-SAP, bem como informação sobre os valores dos referidos contratos. Requerimentos do Deputado Daniel Goulart: - solicita o envio de expediente ao Presidente da ANEEL, a fim de que se envie à CPI dados sobre os lucros e dividendos que a Usina de Cachoeira Dourada Dourada, Participações adquirida (grupo pela Endesa), Empresa obteve, Cachoeira no período compreendido entre a data da privatização e 31 de janeiro de 2010, bem como os relatórios que comprovem a evolução do lucro da empresa no referido período; - solicita a intimação de Anniela Braga para prestar esclarecimentos sobre o possível tráfico de influência, exercido para obtenção de recursos junto à CELG, destinado ao abrigo da Associação Renascer da Fé - Renafé; 65 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - solicita convite para o comparecimento do Ex-Gerente do BEG (agência CELG), Izídio Neto, para prestar informações à CPI. 4.3. DOS DOCUMENTOS JUNTADOS E REQUISITADOS Para realização dos trabalhos da CPI, a análise documental foi de suma importância. Pode-se dizer que o acervo da mesma foi composto por três principais fontes: - a própria Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, que forneceu todos os processos referentes a projetos de leis e outros fatos relacionados à CELG, desde 1984; - a CELG, que enviou vários documentos solicitados, tanto pelos deputados-membros da CPI, quanto pelos Auditores do TCE e pela FIPE; - o Tribunal de Contas do Estado de Goiás, que forneceu importantes documentos, que serviram de base para sua atividade de órgão auxiliar do Poder Legislativo no controle externo. No entanto, podem-se, ainda, citar os documentos, trazidos pelo Ministério Público, quando de sua oitiva, pelos expresidentes e outras pessoas também ouvidas pela CPI. Dentre todos os documentos mencionados, destacamos: 1. requerimento de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito da CELG, com a finalidade de investigar possíveis irregularidades 66 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA no endividamento da CELG, distribuidora de energia de Goiás, nos últimos 25 anos; 2. lista dos deputados integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga possíveis irregularidades endividamento da CELG, nos últimos 25 anos; 3. cópia do Diário da Assembleia, de 28 de agosto de 2009, por meio do qual foi publicado o Decreto Administrativo nº 2.272, de 28 de agosto de 2009; 4. ofício nº 1, da CPI da CELG, endereçado à Dra. Otavila Alves Pereira de Gusmão, solicitando a designação de um procurador para atuar junto à CPI, que será responsável pelo assessoramento técnico-jurídico e orientação dos trabalhos dessa Comissão; 5. ofício nº 2, da CPI da CELG, endereçado ao Presidente da Assembleia Legislativa, solicitando a designação do servidor Júlio Dias da Costa para acompanhar os trabalhos a serem realizados pela CPI; 6. ofício endereçado ao Presidente da Assembleia Legislativa, solicitando a autorização de contratação de uma empresa técnica especializada para realizar amplo e detalhado levantamento da situação financeira da CELG, com vistas a oferecer suporte aos trabalhos da CPI; 7. lista de presença da reunião do dia 02/09/09; 67 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 8. ofícios nº 4/13, convocando Deputados para reunião do dia 08/09/09; 9. lista de presença da reunião do dia 08/09/09; 10. ofício ao Dr. Rubens Sardinha da Costa, solicitando a relação de todos os projetos de lei e de outras matérias relacionados à CELG, que tenham tramitado na Assembleia Legislativa, nos últimos 25 anos; 11. ofício ao Sr. Carlos Antônio Silva, solicitando a cópia do balanço geral da CELG, realizado desde 1984 até 2009, acompanhado da conversão para a moeda atual, bem como a relação de todos os presidentes e diretores da CELG que tenham atuado nos últimos 25 anos; 12. ofício ao Diretor-Geral da Assembleia Legislativa, Dr. Kennedy Trindade, solicitando a designação de sala para a realização dos trabalhos da Comissão; 13. ofício ao Presidente Helder Valin, requerendo a nomeação das servidoras Maria de Lourdes Silva e Sandra Marcelino Lopes para atuarem como secretárias, junto à CPI da CELG; 14. ofício ao Dr. Rubens Sardinha da Costa, questionando acerca do prazo da CPI; 15. ofício ao Presidente da CPI, de origem da Procuradoria Geral, designando-se um procurador para realizar o assessoramento técnico-jurídico da Comissão Parlamentar de Inquérito; 68 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 16. ofício ao Presidente da Assembleia Legislativa, solicitando a disponibilização de uma linha telefônica, um aparelho de fax, bem como a confecção de carimbos autoentintáveis de folhas e recebimento; 17. ofício ao Presidente da Assembléia Legislativa, solicitando a disponibilização de 01 frigobar, com o devido fornecimento de água mineral, na sala privativa, destinada aos trabalhos da CPI; 18. ofício ao Presidente da Assembleia Legislativa, solicitando materiais; 19. ofício ao Chefe do Departamento de Imprensa, solicitando a designação de um servidor para auxiliar nos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito; 20. ofício ao Diretor Parlamentar, solicitando a designação de um servidor do Departamento de Taquigrafia para auxiliar nos trabalhos da CPI; 21. ofício ao Presidente da CELG, solicitando cópias de documentos entregues; 22. cópias das demonstrações financeiras da CELG D, realizadas no período de 1984/2009, sendo, deste último exercício, as informações trimestrais, relativas ao primeiro trimestre; 23. relação de todos os presidentes e diretores da CELG que atuaram no período de 1984/2009; 69 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 24. ofício da Diretoria Parlamentar, respondendo ao Presidente da CPI da CELG os questionamentos referentes ao prazo da CPI; 25. levantamento de leis ordinárias relacionadas à CELG, de 1983 a 2009; 26. cópia das preditas leis ordinárias; 27. ofício ao Diretor Parlamentar, solicitando a designação de servidor do Departamento de Taquigrafia para atuar na 3ª reunião da CPI da CELG; 28. Ofícios aos Parlamentares, convocando para reunião do dia 23/09/09 e comunicando a pauta prévia a ser nela discutida; 29. lista de presença da reunião do dia 23/09/09; 30. ofício ao Presidente da Assembleia Legislativa, solicitando reunião com a Mesa Diretora; 31. ofício ao Presidente do Tribunal de Contas do Estado, solicitando agendamento de audiência; 32. ofício ao Presidente da CPI da CELG, requerendo o envio de expediente ao Tribunal de Contas do Estado, requisitando relatório sobre a aplicação dos recursos da venda da Usina Hidrelétrica Cachoeira Dourada; 33. ofício ao Presidente da CPI da CELG, requerendo o envio de expediente à CELG D, requisitando balanço geral de todo o endividamento da CELG, de 1986 até a presente data; 70 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 34. ofício ao Presidente da CPI da CELG, requerendo a convocação de todos os ex-presidentes da CELG, desde o ano de 1986 até a presente data; 35. ofício ao Presidente da CPI da CELG, solicitando a inclusão, na pauta prévia da reunião do dia 29/09/09, da convocação dos exdiretores da CELG, bem como de ex-governadores do Estado de Goiás, que tenham atuado no período de 1984 a 2009; 36. ofícios aos Parlamentares, informando a pauta prévia da reunião do dia 29/09/09, bem como convocando para a reunião com a Mesa Diretora; 37. Memorando, solicitando a designação de servidor do Departamento de Taquigrafia; 38. ofício ao Presidente da CELG, solicitando a disponibilização de documentos; 39. ofício ao Presidente do Tribunal de Contas do Estado, solicitando a disponibilização de relatório demonstrativo da aplicação dos recursos da venda da Usina Hidrelétrica Cachoeira Dourada, bem como da Usina Hidrelétrica Corumbá I; 40. cópias das demonstrações financeiras da CELG D, realizadas no período de 1984/2009, sendo deste último exercício informações relativas ao primeiro trimestre; 41. lista de presença da reunião do dia 29/09/09; 71 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 42. ofícios aos Parlamentares, informando acerca da reunião com o Presidente do Tribunal de Contas do Estado; 43. ofício ao Diretor-Geral, Dr. Kennedy Trindade, solicitando a presença da TV Assembleia e da Agência de Notícias, na reunião da CPI da CELG com o Presidente do Tribunal de Contas do Estado; 44. ofício aos parlamentares, informando da reunião com o Presidente do Tribunal de Contas, no dia 06/10/09, bem como informando a pauta prévia a ser deliberada; 45. listas de presença das reuniões do dia 06/10/09, às 9 e 17 horas; 46. ofício ao Presidente do Tribunal de Contas do Estado, solicitando a disponibilização de dois servidores da área técnica para auxiliar nos trabalhos da CPI, bem como cópias de documentos pertinentes ao endividamento da CELG, que estejam tramitando ou mesmo arquivados, no TCE; 47. Relatório Final da CPI de Cachoeira Dourada; 48. ofício do Presidente da CELG ao Presidente da CPI da CELG, informando que, no tocante à cópia de contratos de prestação de serviços terceirizados, estabelecidos pela CELG D, desde 1984 até a presente data, bem como ao relatório e documentos que informem e comprovem gastos com publicidade, desde 1984 até a presente data, a disponibilização física é difícil, face ao grande volume de papéis, bem como à necessidade de mobilizar serviços terceirizados para reprodução desses documentos; 72 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 49. ofício do Presidente do Tribunal de Contas do Estado ao Presidente da CPI da CELG, solicitando a devolução do servidor Nivaldo Antônio Barreto, designado para realizar assessoria técnica à CPI; 50. Portaria nº 992/09, do Gabinete da Presidência do Tribunal de Contas do Estado, disponibilizando à CPI da CELG os servidores Edna de Araújo Andrade, assessora supervisora; Luciano Roque e Olga Cristina Vieira da Fonseca e Caixeta, analistas de controle externo, para prestarem assessoria técnica nos trabalhos da CPI da CELG; 51. ofício ao Presidente da CPI da CELG, apresentando os servidores designados pela predita Portaria; 52. requerimento de prorrogação do prazo de funcionamento da CPI da CELG; 53. ofícios aos Parlamentares, convocando para reunião com integrantes da equipe especializada da FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, no dia 19/10/09; 54. ofício, solicitando gratificação pela prestação de serviço técnico aos servidores Victor Hugo Gomes Lopes e Maria Mônica Oliveira Sampaio; 55. ofícios aos Parlamentares, informando da reunião da CPI da CELG, no dia 15/10/09, bem como informando sua pauta prévia; 73 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 56. ofício à Presidente da Comissão de Valores Mobiliários, solicitando a disponibilização de relatórios e documentos dos quais constem os nomes dos acionistas da empresa Centrais Elétricas Cachoeira Dourada S.A. – Endesa Cachoeira, desde sua privatização; 57. ofício ao Presidente da Centrais Elétricas Cachoeira Dourada S.A., solicitando cópia dos balanços desta empresa, referentes ao interstício compreendido entre 1997/99, deles constando lucros e retiradas; 58. ofício ao Procurador-Geral de Justiça, solicitando a disponibilização de cópia de documentos pertinentes à CELG que estejam em poder do Ministério Público; 59. lista de presença da reunião do dia 15/10/09; 60. ofício ao Presidente da CELG, solicitando a disponibilização de todos os pagamentos efetuados pela CELG à Endesa Cachoeira, desde 1997 até a presente data; data a partir da qual a CELG decidiu terceirizar parte de seus serviços, informando acerca das licitações, incluindo serviços comerciais; relação de créditos da CELG junto às Prefeituras Municipais; relação de créditos da CELG junto à Eletrobrás, aos consumidores, e, ainda, relação dos demais créditos existentes; informação dos cálculos e critérios utilizados na composição da tarifa de energia; questionamento acerca de fornecimento de energia a empresas subsidiadas; 61. cópia de sentença da 12ª Vara Cível, relacionada à ação civil pública por ato de improbidade administrativa, proposta pelo 74 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Ministério Público de Goiás em face de Alcimar de Almeida Advogados Associados, José Paulo Felix de Souza Loureiro, Javahé de Lima, Adalberto Antônio de Oliveira, Rafael Murolo Filho, Antônio Bauer Maciel Batista, André Luiz Baptista Lins Rocha, José Gomes Filho, Júlio Sérgio de Melo, Clóvis de Oliveira, Lincoln de Brito Xavier, Júlio César Costa, José Walter Vasquez Filho e Samuel Albernaz; 62. ofício do Tribunal de Contas do Estado, apresentando os servidores Nivaldo Antônio Barreto e Wagner Eleutério Martins; 63. ofício ao Presidente da Assembleia, requerendo concessão de gratificação pela prestação de serviço técnico ao servidor Carlos Roberto de Oliveira; 64. ofício por meio do qual se convida o ex-diretor financeiro da CELG, Javahé de Lima, para comparecer à reunião da comissão, no dia 22/10/09; 65. ofício por meio do qual se convida o Promotor de Justiça, Fernando Aurvalle da Silva Krebs, para ser ouvido pela CPI da CELG, no dia 26/10/09; 66. ofícios aos Parlamentares, informando a pauta de trabalho para o dia 22/10/09; 67. 21 volumes de ação civil pública; 68. 09 volumes da ação popular; 75 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 69. 08 volumes do agravo retido ( 200804179322); 70. 98 volumes anexos; 71. intimação do Dr. Adilson Ramos Júnior para, na condição de advogado que prestou serviços jurídicos à CELG, ser ouvido pela CPI; 72. ofícios aos Parlamentares, informando a pauta de trabalhos para o dia 26/10/09; 73. ofício ao Diretor Geral, solicitando a designação de quatro servidores da Assembleia Legislativa, especializados em técnica contábil, para auxiliar os trabalhos da CPI da CELG; 74. ofício à Procuradoria Geral, solicitando a designação de um procurador para atuar junto à CPI, no sentido de realizar o assessoramento técnico-jurídico do Relator, Deputado Humberto Aidar; 75. ofício à Juíza de Direito da 1ª Vara da Fazenda Pública Estadual de Goiânia, solicitando a disponibilização de cópia dos processos 2007045563451 e 200803517801, em que figuram como requeridos o escritório Ramos Advocacia Sociedade Simples e outros; 76. ofício ao Presidente da CELG, solicitando a disponibilização de cópia das trocas de correspondência entre a CELG e órgãos reguladores, indicadores operacionais e cópia de todos os acordos 76 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA ao Convênio 93 – ICMS, homologações e comprovantes de pagamentos (evolução), bem como respostas a questionamentos; 77. ofício ao Presidente do Tribunal de Contas do Estado, solicitando a disponibilização de servidores do TCE que atuem na área pertinente à técnica contábil, para auxiliarem nos trabalhos da CPI; 78. ofício ao Presidente do TCE, devolvendo o servidor Nivaldo Antônio Barreto, designado pela Portaria nº 927/09, para proceder ao assessoramento técnico à CPI da CELG D, distribuidora de energia de Goiás; 79. ofício ao Presidente da CELG, solicitando a disponibilização de relatório, contendo a evolução de perdas totais, a evolução de perdas comerciais, a evolução de inadimplência por grupo de consumidores, evolução do PDD, bem como a evolução de recuperação de créditos com e sem corte de energia; 80. ofício ao Presidente da CELG, consignando a aquiescência com a solicitação, por ele apresentada, no sentido de se proceder a análise, in loco, nos arquivos da CELG, de cópias de contratos terceirizados, estabelecidos pela CELG D, de 1984 até a presente data; 81. ofício ao Presidente da Assembleia Legislativa, solicitando a concessão de gratificação pela prestação de serviço técnico à servidora Maria Mônica Oliveira Sampaio; 77 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 82. ofício ao Presidente da Assembleia Legislativa, solicitando a concessão de gratificação pela prestação de serviço técnico ao servidor Victor Hugo Gomes Lopes; 83. ofício ao Presidente da CELG, solicitando a disponibilização de cópia dos inventários, relativos ao patrimônio da CELG, referentes aos exercícios compreendidos entre 1984 a 1987; cópia do Convênio ECV nº 284/84, que trata da negociação para tombamento do acervo da Usina Hidrelétrica Corumbá I, da CELG para Furnas; cópia do documento de criação da Eletra, bem como de seu Regulamento; cópia dos relatórios gerenciais relativos ao período compreendido entre 1984/1987; 84. ofício ao Presidente da CELG, solicitando a disponibilização dos balancetes (BMP) de dezembro, de todo o período de 1984 a 1998, dando-se preferência ao que for possível obter por via magnética; demonstração de fluxo de caixa, desde 1983; quadro de endividamento; relatório de informações gerenciais, em dezembro de cada ano, para apurar os dados operacionais; inventário de estoque do exercício de 1984 a 2008; inventário dos bens permanentes do imobilizado técnico do exercício de 1984 a 2008; agendamento de visitas técnicas para examinar, in loco, algumas informações sobre as dívidas, nos balancetes, por controle suplementar; disponibilização de uma sala para que os contadores do TCE, bem como a consultora da FIPE possam analisar os documentos, cuja extração de cópias se torna inviável, tendo em vista seu grande número de folhas; 85. ofícios aos Parlamentares, convocando para a reunião da CPI com os contadores do Tribunal de Contas do Estado; 78 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 86. ofício ao Diretor-Geral, solicitando a prorrogação de prazo para entrega do relatório da FIPE; 87. ofício ao Presidente do Tribunal de Contas do Estado, Gerson Bulhões Ferreira, solicitando a extensão de carga horária dos técnicos do Tribunal de Contas do Estado, que estão assessorando a Comissão Parlamentar de Inquérito da CELG; 88. ofício ao Diretor-Geral, acusando o recebimento de Nota Fiscal Eletrônica de serviços nº 00005037; 89. Nota Fiscal Eletrônica de Serviços nº 00005037, em que consta como prestadora de serviços a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE, e como tomadora de serviços a Assembleia Legislativa do Estado de Goiás; 90. ofícios aos Parlamentares, convocando para reunião da CPI com os contadores do TCE, no dia 7 de dezembro de 2009; 91. ofício ao Presidente da CELG, solicitando a disponibilização da razão da Conta do Fornecedor, referente ao interstício compreendido entre 1983 e 1992; relação das usinas que, com a criação do Estado do Tocantins, foram repassadas para esse Estado, bem como o tombamento de bens móveis e imóveis; capacidade dessas usinas que foram repassadas; 92. ofício ao Presidente da Assembleia, requerendo-se a concessão de gratificação, pela prestação de serviço técnico, à servidora Denise Xavier Lemes; 79 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 93. ofício ao Presidente da Assembleia, solicitando a disponibilização do Auditório Solon Amaral para o dia 18 de dezembro de 2009; 94. ofícios aos Parlamentares, convocando para a reunião da CPI, no dia 18/12/09, em que será apresentado o relatório da Fundação de Pesquisas Econômicas – FIPE, acerca do endividamento da CELG; 95. ofício ao Diretor-Geral, solicitando a disponibilização do Auditório Costa Lima, no dia 7 de janeiro de 2010; 96. ofícios aos Parlamentares, remarcando a data da reunião com integrantes da FIPE; 97. ofícios aos Parlamentares, convocando para reunião com os contadores do TCE; 98. ofício ao Diretor-Geral, solicitando a disponibilização do Auditório Solon Amaral para o dia 06/01/10; 99. ofício ao Presidente da Assembleia Legislativa, solicitando a disponibilização do Auditório Solon Amaral, no dia 11/01/09; 100. ofícios aos Parlamentares, convocando para reunião da CPI da CELG, no dia 11/01/10; 101. ofício ao Diretor-Geral, solicitando a disponibilização do Auditório Solon Amaral; 102. ofício ao Diretor-Geral, solicitando a confecção de carteiras; 80 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 103. ofício ao Diretor-Geral, solicitando o pagamento de diárias; 104. convocação do ex-presidente da CELG, José Francisco das Neves, para ser ouvido pela CPI, em local, dia e hora previamente ajustados; 105. convocação do ex-presidente da CELG, Fernando Cunha Júnior, para ser ouvido pela CPI, em local, dia e hora previamente ajustados; 106. convocação do presidente da CELG, Carlos Antônio Silva, para ser ouvido pela CPI, em local, dia e hora previamente ajustados; 107. ofício ao Presidente da CELG, solicitando a disponibilização de balancetes analíticos, razões analíticas e posição atualizado dos empréstimos e financiamentos internos e externos; 108. ofícios aos Parlamentares, convocando para reunião da CPI da CELG, no dia 19 de janeiro de 2010; 109. ofício ao Diretor-Geral, solicitando pagamento de diária; 110. ofício ao Presidente da CELG, solicitando a disponibilização de cópia de todos os contratos firmados entre a CELG e as empresas Evolutti, Arca, MW, Engevix, Odebrecht e Endesa; valores percebidos, até hoje, por essas empresas, em razão desses contratos; 111. ofício ao Diretor-Geral, solicitando materiais; 81 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 112. ofício ao Diretor-Geral, solicitando lanches; 113. ofício ao Diretor-Geral, solicitando pagamento de diárias; 114. ofício ao Presidente da CELG, solicitando a disponibilização de cópia de todos os contratos firmados entre a CELG e a empresa Hotline; relatório de energia do sistema MWh, referente ao período compreendido entre 1995 a 2008; 115. ofício ao Diretor-Geral, solicitando pagamento de diárias; 116. convite ao Presidente da Eletrobrás, para prestar informações acerca do endividamento da CELG e das negociações entre a Eletrobrás e a CELG; 117. convite ao Ministro de Minas e Energia para prestar informações que julgar necessárias acerca das causas da crise financeira da CELG D, especialmente acerca de seu endividamento, bem como para esclarecer as declarações feitas, na imprensa, acerca dessa Companhia; 118. ofício ao Dr. Alex Ivan de Castro Pereira, requerendo informações; 119. ofício ao Presidente da CELG, solicitando a disponibilização de cópia do estatuto da empresa, bem como das alterações nele realizadas, entre 1984/2008; informação acerca do período em que foi contratado o gerenciador de software, denominado SEBIL, bem como o valor pago, se houve dispensa de licitação e, ainda, o faturamento bruto da empresa referente aos três meses anteriores e três meses posteriores à instalação do referido software; 82 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 120. ofício ao Presidente da CELG, solicitando a disponibilização de cópia do Termo de Encontro de Contas, do 1º ao 4º, e a composição inicial da dívida do Estado com a CELG; 121. lista do serviço de dívidas da CELG com bancos nacionais; 122. protocolo de intenções entre a CELG e a Celtins, com a assistência do DNAEE; 123. relação de linhas de transmissão, subestações, usinas hidráulicas e usinas diesel; 124. CD tombamento Celtins; 125. planilha “compra de energia para revenda – por empresa”, contendo os kilowatts adquiridos da CDSA, a partir de seu início, bem como dos demais fornecedores de energia elétrica, a partir de 1984; 126. 2 CDs contendo contratos de compra de energia; 127. cópia dos inventários relativos ao patrimônio da CELG, referentes aos exercícios compreendidos entre 1984 a 1987; 128. cópia do convênio ECV nº 284/84, que trata da negociação para tombamento do acervo da Usina Hidrelétrica Corumbá I, da CELG, para Furnas; 129. cópia do documento de criação da Eletra, bem como de seu Regulamento; 83 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 130. cópia dos relatórios gerenciais relativos ao período compreendido entre 1984/1987 (acompanham CDs); 131. extratos dos procedimentos administrativos referentes à CELG, existentes no Ministério Público do Estado de Goiás; 132. documentação que prova a legalidade, singularidade, inexistência de prejuízo ao erário e dos lucros auferidos pela CELG com a contratação dos advogados (Adilson Ramos); 133. posição acionária dos acionistas da Centrais Elétricas Cachoeira Dourada; 134. relatórios com relação dos fornecedores de energia elétrica, mediante apresentação das cópias dos contratos de compra de energia elétrica; parcelamento das prefeituras; relação de débito das prefeituras; 135. informação da data a partir da qual a CELG decidiu terceirizar parte de seus serviços, informando, ainda, acerca das licitações, incluindo os serviços comerciais; 136. balanços auditados da Endesa Cachoeira, compreendendo o período entre os anos de 1997 e 1999; 137. perdas técnicas e não técnicas entre 1985 a 2008; 138. roteiro resumo das ações aplicadas para o tratamento da inadimplência comercial; 84 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 139. notas explicativas às demonstrações contábeis; 140. relatório de informações gerenciais; 141. inventário dos bens permanentes do imobilizado técnico do exercício de 2001 a 2008; 142. CDs contendo contratos cadastrados no GEMFI e posição dos empréstimos; 143. CD contendo balancete analítico detalhado entre 1995 e 1997; 144. CD contendo balancete analítico detalhado entre 1998/2008; 145. CD contendo a razão da conta fornecedores entre 1998/2008; 146. CD contendo a razão da conta fornecedores entre 1995 e 1997; 147. CD contendo empréstimos e financiamentos da CELG D; 148. cópia do Termo de Encontro de Contas, do 1º ao 4º, e a composição inicial da dívida do Estado de Goiás com a CELG D; 149. CD contendo Anexo da Carta CELG D, PR – 0123/10; 150. ação STIUEG/CELG; 151. Termo de Acordo CELG/ Município de Santa Helena; 152. Convênio 93 – ICMS; 85 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 153. CD contendo balancetes 1998 a 2008; 154. CD contendo Bases AIS – DF –DPGR – períodos dez 2001 a 2008 – 13/11/08; 155. CD contendo Bases AIS – DF –DPGR – períodos 2001 e 2008; 156. cópia de inquérito civil público, instaurado em desfavor de André Luís Baptista Lins Rocha (assunto – improbidade administrativa – 20080000045507); 157. Recomendação nº 011/2009, feita pelo Ministério Público do Estado de Goiás ao Presidente da CELG; 158. cópias de andamento processual do Tribunal de Contas do Estado de Goiás; 159. cópia de requerimento de quebra dos sigilos bancário, creditício e fiscal, promovido pelo Ministério Público do Estado de Goiás, em desfavor de André Luiz Baptista Lins Rocha, Marco Antônio de Castro Filho, e outros; 160. cópia de contratos firmados entre a CELG e as seguintes instituições financeiras: BANCO ABN REAL BANCO BANIF BANCO BBM BIC BANCO BANDO BMC 86 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA BANCO BMG BANCO BOSTON BANCO BRADESCO BANCO DO BRASIL BANCO BVA BANCO COOPERATIVO BANCO CREDIBEL BANCO CRUZEIRO DO SUL BANCO DAYCOVAL BANCO FIBRA BANCO HSBC BANCO INDUSVAL BANCO INTERCAP BANCO INTERMEDIUM BANCO ITAU BANCO ITAU – CONTRATO ARRECADAÇÃO BANCO SANTANDER BANCO SEMEAR BANCO SOFISA BANCO STANDARD BANCO SUDAMERIS BANCO TRICURY BANCO UNIBANCO BANCO ZFAC CAIXA ECONÔMICA FEDERAL 161. cópia de contratos de arrecadação; 162. cópia de financiamentos externos; 87 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 163. cópia de financiamentos internos; 164. Governo de Goiás – Tocantins; 165. Saneago-CELG 11/11/02; 166. cópia da defesa da CELG, elaborada e subscrita pelo advogado e procurador jurídico da CELG, Dr. Carlos de Freitas Borges Filho, e a advogada Valéria Pereira de Melo, junto à ação civil pública nº 200702411110; 167. cópia de processo administrativo interno de nº 05/40307 2, em que figuram como partes o advogado Luiz Silveira e a Companhia Energética de Goiás – assunto – solicita pagamento de honorários advocatícios, no valor de R$17.659.028,00, referente ao contrato PR-PRJU 1407/2003 e aditivos; 168. cópia de processo trabalhista – periculosidade – em que figura como autor o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado de Goiás – STIUEG – e, como ré, a Companhia Energética de Goiás – CELG (atual CELG D) – autos nº 2956/1987 – 4ª Vara do Trabalho de Goiânia; 169. cópia de laudo pericial em que figura como exequente Alcimar de Almeida Advogados Associados e, como executada, a Companhia Energética do Estado de Goiás; 170. cópia de ação civil pública por ato de improbidade administrativa, proposta pelo Ministério Público do Estado de Goiás, em face de 88 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Alcimar Almeida Advogados Associados e outros (200700484250/200702411110); 171. cópia da defesa da CELG, em razão das autuações da SRFGO, no valor de R$ 161.255.352,74, processo nº 200735000123312-5, julgado no TRF); 172. cópia de correspondência enviada em 31 de outubro de 2005, à Diretoria Colegiada Administração, da quanto CELG, à ao Conselho ilegalidade da Fiscal e de famigerada portaria/despacho daquela diretoria, nº 132; 173. cópia de dados da apuração de créditos fiscais, devidos à Companhia Energética de Goiás – CELG, referente à exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS, Cofins – período de apuração: fevereiro de 1999 a junho de 2003; 174. cópia de informações trimestrais do ITR: 1º trimestre de 2009; 2º trimestre de 2009. 175. cópia do balanço de 1992, contendo relatório da administração e demonstrações contábeis: Goiânia, março de 1993; Goiânia, março de 1994; Goiânia, março de 1995. 89 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 176. cópia da demonstração do resultado do exercício – exercícios findos em 31 de dezembro de 1984 e 1983; 177. cópia do inventário físico anual de 2004; 178. cópia do relatório do inventário referente ao ano de 2007; 179. cópia do inventário 2008 – volume 1; 180. cópia do processo PR-AUD 06/700053-8 – auditoria no inventário de materiais – ano de 2005; 181. cópia do inventário 2006 – volume 1; 182. CD contendo cópia da razão contábil – Odebrecht; 183. CD contendo cópia de contrato de compra de energia, firmado entre a CELG e a Endesa; 184. cópia de relatório de contas a pagar por favorecido, referente às empresas: Evolutti Tecnologia e Serviços Ltda.; Arca Eletron e Eletrificação Ltda.; MW Projetos e Construções Ltda.; Engevix Engenharia Ltda.; Hotline Construções Elétricas Ltda. 90 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 185. cópia do primeiro termo aditivo ao contrato SPJU-1956/2002, para prestação de serviços entre a CELG e a empresa MS Projetos e Construções Ltda.; 186. cópia do contrato firmado entre a CELG Distribuição S.A. – CELG D – e MW Projetos e Construções Ltda.; 187. cópia do termo aditivo de contrato de prestação de serviços SPJU – 1045/96, firmado entre a Centrais Elétricas de Goiás S.A. e a empresa Arca Eletron e Eletrificação Ltda.; 188. cópia do contrato firmado entre a CELG e a empresa Hotline Construções Elétricas Ltda.; 189. CD contendo cópia dos estatutos sociais da CELG D; 190. documento contendo informações de contrato, valores pagos para implantação e manutenção do gerenciador de software SEBIL e dados de faturamento referentes aos três meses anteriores e três meses posteriores à instalação do referido software; 191. documento contendo informação acerca dos valores percebidos, até hoje, pelas empresas Arca, MW, Engevix, Odebrecht e Endesa; 192. documento contendo informação acerca do valor cobrado pela empresa Odebrecht Construtora para construir a Usina de Cachoeira Dourada; 193. cópia do contrato firmado entre a CELG e a empresa 212 Capital; 91 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 194. cópia de termo aditivo ao Termo de Encontro de Contas, firmado entre o Estado de Goiás e a CELG; 195. cópia da interpelação judicial criminal, proposta por Dionízio Jerônimo Alves, em face de Salatiel Soares Correia; 196. cópia do projeto elétrico de iluminação em estádio de futebol profissional; 197. cópia de decisão, proferida pela 1ª Vara Cível da Comarca de Goiânia, proveniente de ação civil de responsabilidade por ato de improbidade administrativa, proposta pelo Ministério Público do Estado de Goiás, em face de Ênio Andrade Branco e outros; 198. cópia de documento, enviado pela Eletrobrás à CELG, por meio do qual se demonstra a preocupação com os problemas que a venda da Usina Cachoeira Dourada acarretaria à CELG; 199. cópia da vista geral da Usina Corumbá I; 200. cópia de convênio firmado entre a CELG, Furnas e Eletrobrás; 201. cópia de nota de esclarecimento, feita pela CELG, por meio de seu Diretor Presidente, Aderval Nunes Montalvão, no Governo de Ary Valadão; 202. cópia da Portaria nº 101, de 5 de julho de 1984; 203. cópia do tombamento da UHE de Corumbá I, de propriedade da CELG; 92 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 204. cópia de Resolução do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, de 9 de junho de 1998 e 15 de junho de 1999; 205. cópia de documento feito pelo Engenheiro em Usinas, Sr. Aldair Teixeira Duarte, por meio do qual se discorre a respeito de assuntos relacionados à CELG, concluindo que vender as usinas da CELG seria péssimo negócio; 206. cópia de informações prestadas pelo Advogado Alex Ivan de Castro Pereira, a respeito de assinaturas de diretores da CELG, nos termos de acordos; 207. cópia de ofício enviado pelo presidente da OAB-GO, Henrique Tibúrcio, solicitando cópias dos depoimentos dos Advogados Alex Ivan de Castro Pereira e Alcimar de Almeida; 208. cópia da reportagem “Falar em dívida maior pode dar prejuízo para a estatal”, do repórter Inã Zoe, publicada no jornal Opção, do dia 24 a 30 de janeiro de 2010; 209. cópia de notificação enviada pela Eletrobrás à CELG, bem como a declaração e certidão de recebimento deste documento pela Superintendência Jurídica da CELG; 210. ofício do Dr. Alex Ivan de Castro Pereira, solicitando à Presidência da CPI da CELG o fornecimento de cópia em DVD-R de seu depoimento, tomado no dia 19 de janeiro de 2010, na audiência da CPI da CELG, gravado pelo Canal de TV da Assembleia Legislativa; 93 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 211. ofício encaminhado pelo Advogado Alex Ivan de Castro Pereira, solicitando nova data para depoimento; 212. cópia da interpelação extrajudicial, proposta por Alex Ivan de Castro Pereira, em face do Deputado José Nelto; 213. cópia de análise da evolução do endividamento da CELG, feita pela FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas; 214. cópia de ofício encaminhado pelo Diretor Presidente da FIPE ao Diretor-Geral da Assembleia Legislativa; 215. resposta da juíza Dra. Elizabeth Maria da Silva ao ofício nº 113/09; 216. documentos e materiais jornalísticos; 217. documentos juntados pela Empresa Hotline; 218. documentos juntados pela Empresa Arca – contratos e aditivos celebrados com a CELG; 219. documentos enviados pela CELG: contratos firmados com as empresas Comar, Saba, Conselt, Javaés, Eplan, TC Engenharia, Fuad Rassi; 220. documento juntado pelo Presidente da CELG: balanço referente ao 3º trimestre de 2009; 94 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 221. relatório de inspeção/auditoria da CELG, realizada pelo Tribunal de Contas do Estado de Goiás - 1994/2009; 222. relatório de inspeção nº 006, realizado pelo Tribunal de Contas do Estado de Goiás. 4.4. DOS DEPOIMENTOS Segundo solicitação dos Deputados-membros da Comissão e, após aprovação, foram ouvidas diversas pessoas que, no período investigado, poderiam prestar informações importantes, a fim de subsidiar os trabalhos dessa Comissão. A seguir, mencionamos os nomes de todas as pessoas ouvidas, destacando que os pontos importantes de cada depoimento serão detalhados em tópico próprio. 4.4.1. CONVIDADOS 22/10/2009 – oitiva do Sr. Javahé de Lima, ex-diretor econômicofinanceiro e de Relação com Investidores e ex-diretor administrativo da CELG D; 26/10/2009 – oitiva do Dr. Fernando Aurvalle da Silva Krebs, Promotor de Justiça da 57ª Promotoria de Justiça, em Goiânia – GO. 4.4.2. CONVOCADOS 10/02/2010 – oitiva do atual Presidente da CELG D, Antônio Silva; Dr. Carlos 95 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 10/02/2010 – oitiva do ex-presidente da CELG D, Fernando Cunha, atual Secretário Extraordinário; 11/02/2010 – oitiva do ex-Presidente da CELG, Sr. José Francisco das Neves – Presidente da Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.; 4.4.3. TESTEMUNHAS 27/10/2009 – oitiva do Advogado Adilson Ramos Júnior, advogado representante do escritório Ramos Advocacia S.S., contratado pela CELG D; 19/01/2010 – oitiva dos Advogados: Alex Ivan de Castro Pereira (que tinha ações contra a CELG D) e Alcimar Luiz de Almeida (contratado pela CELG D); 20/01/2010 – oitiva do ex-presidente da CELG D, Dr. Felicíssimo José de Sena, período de 1991 a 1992; 21/01/2010 – oitiva do ex-presidente da CELG D, Valdivino José de Oliveira, no ano de 1998; 26/01/2010 – oitiva dos ex-presidentes da CELG D: Francisco de Freitas Castro (1998 a 1999), Clóvis de Oliveira (2000 a 2001) e André Luiz Baptista Lins Rocha (2004 a 2007); 27/01/2010 - oitiva do ex-presidente da CELG D, no período de 1983 a 1987, Marco Antônio Machado; 96 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 28/01/2010 - oitiva dos ex-presidentes da CELG D: José Walter Vasquez Filho (2001 a 2003), José Paulo Félix de Souza Loureiro (2003 a 2004) e Ênio Andrade Branco (2007 a 2009); 02/02/2010 - oitiva do ex-presidente da CELG D, Ovídio de Ângelis (1992 a 1994), e oitiva do Contador-Geral da CELG D, Dionísio Jerônimo Alves; 03/02/2010 – oitiva do ex-secretário de Minas e Energia do Estado de Goiás, Benjamin Beze Júnior; 09/02/2010 – oitiva do Diretor Presidente da Empresa Engevix, Cristiano Kok, e oitiva do Diretor Presidente da Empresa Hotline, Gentil Machado Filho; 10/02/2010 – oitiva do Sócio da Empresa Arca, Paulo Hernani, e oitiva do Diretor Presidente da Empresa Comar, Ricardo César do Espírito Santo; 11/02/2010 –oitiva do Diretor Presidente da Empresa Evolutti, Paulo de Tácio Teixeira Rabello; 17/02/2010 – oitiva do Diretor da empresa TC Engenharia, Tuller Barbosa, oitiva do Presidente da empresa 212 Capital, Marcus Herntl Filho, e oitiva do Diretor Presidente da empresa Conselt Engenharia, Alves Oliveira de Ataídes; 18/02/2010 – oitiva do Diretor Presidente da empresa Fuad Rassi, Luís Alberto Rassi, oitiva do Diretor Presidente da empresa Javaés, Amós Vieira, oitiva do ex-prefeito de Santa Helena, Judson Lourenço da 97 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Silva e oitiva do Diretor Presidente da empresa Eplan, Marcos Alberto Luiz de Campos. 4.5. DOS RELATÓRIOS DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE GOIÁS – TCE Através da Portaria nº 992, de 27 de outubro de 2009, do Gabinete da Presidência do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, foi designada a equipe que, conforme solicitação feita, através do Ofício nº 115/2009, prestaria o assessoramento técnico, nos trabalhos da CPI. Tal equipe, composta por quatro Auditores de Controle Externo, coordenada apresentou à CPI pela a Auditora metodologia Edna de de Araújo trabalho, Andrade, realizando os levantamentos por períodos: 1983-1990; 1991-1994; 1995-2002 e 2003-2008. O objetivo dos trabalhos foi obter uma visão geral da empresa, por meio das análises e avaliações de aspectos patrimoniais, operacionais, econômicos e financeiros. Com o propósito de analisar os procedimentos gerenciais, buscou-se, ainda, identificar os principais eventos, ocorridos no período, que influenciaram na situação econômico-financeira da empresa. Sendo assim, as investigações foram subsidiadas em três questões: 98 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Qual era a situação econômica, financeira e patrimonial da empresa, no período analisado; Quais eram as características operacionais; Quais foram os principais eventos ocorridos. Considerando o objetivo e a abrangência dos trabalhos estabelecidos pela CPI, a metodologia básica, que subsidiou todos os levantamentos, foi a pesquisa documental. Segundo constam dos relatórios, este instrumento de investigação, conforme as normas da INTOSAI – Organização Internacional de Entidades Fiscalizadoras Superiores, possibilita, a partir do exame de documentos oficiais, sistemas gerenciais e banco de dados, o estudo e análise de situações amplas e de longo período, de forma a propiciar a obtenção de evidências, interpretações e conclusões novas ou complementares. Para avaliação, especificamente, da situação econômica e financeira, foram realizadas análises dos Balanços Patrimoniais e Demonstrações dos Resultados dos Exercícios, aplicando-se a técnica dos Índices Econômicos e Financeiros. Foram selecionados 07 indicadores: 04 de Estrutura de Capital/Endividamento e 03 de Rentabilidade. Utilizou-se, ainda, a técnica de análise Horizontal/Vertical, para a confirmação das conclusões obtidas com a técnica dos índices e para verificação específica das dívidas e dos investimentos ao longo do período analisado. 99 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA As informações sobre as características operacionais foram extraídas principalmente dos Relatórios da Administração constantes das publicações das Demonstrações Contábeis e a avaliação dos aspectos patrimoniais dos Relatórios Gerenciais encaminhados pela CELG. Como o período compreendido para análise foi extenso, sendo 25 anos de endividamento a serem analisados, houve a necessidade de conversão de moedas para a moeda atual. Dessa forma, o critério de conversão foi feito por meio de um software do próprio Tribunal de Contas. O aplicativo atualiza os valores, tendo por base a ORTN - Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional, a OTN - Ordem do Tesouro Nacional, a BTN, a TR -Taxa Referencial e o IPCA - Índice de Preços ao Consumidor Amplo, além do dólar, já que alguns contratos são firmados em dólar. O programa utiliza indexadores oficiais do Governo Federal, sendo o mesmo programa utilizado pelo Tribunal de Contas da União. Importante salientar que os pontos importantes dos relatórios serão tratados em tópico próprio. 4.6. DO RELATÓRIO DA FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS - FIPE A partir de deliberação da CPI, aprovada pelos membros da Comissão, foi encaminhado Ofício ao Presidente da Assembleia, a fim de que se procedesse à contratação de uma empresa técnica especializada para realizar um estudo sobre o endividamento da CELG, sua evolução dos últimos 25 anos, principais causas e fatores de agravamento. 100 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Segundo consta do memorando enviado à Procuradoria desta Casa, pelo Diretor-Geral, solicitando parecer sobre a possibilidade de contratação de tal empresa, os serviços que seriam contratados consistiriam em análise de balanços, balancetes, demonstrações financeiras e outros documentos de alta complexidade que exigiriam técnicos especialmente capacitados e treinados, com larga experiência nesta área, sendo que os trabalhos se desenvolveriam em um curto intervalo de tempo. Pois bem. Após o parecer da Procuradoria, respaldando a contratação, e de todos os trâmites legais, a referida instituição foi contratada para dar o suporte necessário à Comissão. Importante, aqui, fazermos uma breve referência ao trabalho realizado pela FIPE. A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE – é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, criada em 1973, para apoiar o Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEAUSP), com destacada atuação nas áreas de pesquisa e ensino. Para alcançar seus objetivos, a FIPE conta com uma equipe de profissionais especializados, com larga experiência nas áreas de ensino e pesquisa, e uma estrutura adequada para, dentre outras: - colaborar com instituições públicas e privadas, nacionais e estrangeiras, acadêmicas ou não, na elaboração, gestão e avaliação de programas de desenvolvimento econômico e social; 101 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - realizar pesquisas demandadas pelos setores público e privado, dentro dos padrões acadêmicos, que permitam simultaneamente a produção de informações e a capacitação de pessoal especializado.33 Assim, a equipe técnica, coordenada por Ana Paula Paulino da Costa, apresentou à CPI, no dia 19 de outubro de 2009, durante a 3ª reunião extraordinária da Comissão, a metodologia de trabalho da FIPE para apurar o endividamento da CELG, conforme solicitado pela Comissão. Segundo consta da Ata da referida reunião, a FIPE verificaria as condições operacionais da CELG D no dia a dia, de maneira técnica e científica, para assim descobrir o comprometimento do fluxo de caixa da empresa e o resultado sobre os investimentos. Seriam levados em conta também os fatores externos que contribuíram para a situação da CELG. Logo, o relatório proporia a divisão das atividades em quatro fases: A primeira fase consistiria na coleta de informações adicionais aos relatórios de administração e as demonstrações já entregues à FIPE. O objetivo seria elaborar um quadro geral da evolução do endividamento e seu impacto nas atividades operacionais da CELG D. Dessa forma, seria possível levantar hipóteses sobre as principais causas a partir das demonstrações financeiras, indicadores operacionais, 33 Disponível no site www.FIPE.org.br 102 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA contratos de empréstimo, venda das usinas de Corumbá I e Cachoeira Dourada e os contratos de compra de energia. A segunda fase diria respeito ao uso dessa análise preliminar para a realização de entrevistas com ex-presidentes, diretores, ex-diretores, funcionários da Companhia e outros para checar informações e eliminar dúvidas. A terceira fase estaria relacionada à possível elaboração de outros indicadores, com propósito de avaliar possíveis fatores explicativos ou agravantes da situação de capital de giro, investimento ou endividamento levantados na primeira fase. Os indicadores seriam formulados a partir dos resultados das fases anteriores. A quarta e última fase proporia uma última rodada de entrevistas para a retirada de dúvidas finais. Todos estes dados por certo seriam utilizados para compor um relatório final, que serviria de base para a elaboração do documento final da CPI, elaborado pelo Relator. Frise-se que, segundo consta do relatório (fls. 64 e segs.), para realizar a análise do endividamento da CELG nos últimos 25 anos, a FIPE precisou ajustar as informações econômico-financeiras contidas nas demonstrações financeiras da Companhia e em outros relatórios gerenciais e documentos usados. E, em função da inflação e das cinco mudanças de moeda ocorridas durante esse período, todos os valores foram convertidos para moeda corrente, reais (R$) e atualizados pelo IPCA (Índice de Preços ao 103 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Consumidor Amplo), para que pudessem ser comparados sob o mesmo poder de compra da moeda. No caso específico dos recursos tomados emprestados a cada ano, foi usado um fator mensal do período de origem da dívida e não do final do ano. E quando a fonte eram as demonstrações financeiras, o fator usado foi o do final do ano. Quanto às demonstrações financeiras, foram utilizadas as de 1983 a 2008, sendo este período a mais (1983) a fim de efetuar alguns cálculos de variação. Importante registrar que, segundo informa a FIPE, durante esse período também ocorreram algumas mudanças em normas contábeis, decorrentes da legislação societária, de instruções da CVM e de instruções da ANEEL, que afetaram o registro das informações contidas nessas demonstrações financeiras. O detalhamento e os pontos importantes do relatório final elaborado pela FIPE serão analisados em tópico próprio. 5. PONTOS IMPORTANTES DOS DEPOIMENTOS Saliente-se que, no decorrer dos trabalhos da CPI, os membros definiram que alguns depoimentos seriam primordiais para auxiliar na investigação a que se propôs. A partir disso, os Deputados formularam requerimentos, com a indicação dos nomes das pessoas que, de alguma forma, influenciaram ou mesmo, ao longo do período, poderiam esclarecer as causas do endividamento da CELG, e se houve possíveis irregularidades. 104 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA A seguir, destacamos alguns pontos dos depoimentos que contribuirão para a conclusão que se pretende apresentar, ao final deste relatório. Depoimento do Dr. Javahé de Lima – ex-diretor da CELG D: Em sua exposição inicial, o convidado, Dr. Javahé de Lima fez alusão à contratação da Ramos Advocacia, dizendo que ela “foi feita com base no parecer da Superintendência Jurídica da CELG, favorável à inexigibilidade”. Disse, também, que os honorários pagos ao advogado não são prejuízos, e que foram proporcionais ao êxito que o advogado obteve na ação. Além disso, argumentou que o processo passou pelo crivo do Tribunal de Contas de Goiás, que, por meio da Resolução 196, aprovou, por unanimidade, a contratação. Arrazoou, outrossim, que o envio do processo ao TCE representa o zelo que a diretoria tinha com a contratação e que a documentação juntada ao processo comprova a notória especialização do escritório, que foi atestada, também, pela própria Procuradoria Jurídica da companhia. No que pertine aos motivos da contratação, o convidado justificou ser necessário entender o momento que a CELG vivia. Foi logo depois do triênio 2000–2002, sendo necessário, outrossim, entender qual era a missão da diretoria, qual seja, preparar a Companhia para ser privatizada. Assim, era preciso “eliminar todo e qualquer passivo gravoso, buscar o reequilíbrio tarifário, sanear as finanças com vistas a obter o justo valor de venda da companhia”. O convidado relatou, ainda, que o ataque às torres gêmeas, nos Estados Unidos, o programa de racionamento de energia, que obrigou todo o consumidor da CELG a reduzir 20% do seu consumo, 105 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA prejudicou a Companhia, porque, a partir daí, houve uma equação que não era possível ser solucionada, isto é, a receita, em queda constante, e a despesa da Companhia, em ascensão constante. Essa equação provocou, dentro da CELG, um dos maiores prejuízos da história da Companhia. Disse que, em 2002, a CELG deu um prejuízo de quase meio bilhão de reais e que, mais grave que isso, revela-se o fato de que a condução do processo de privatização e o apagão absorveram todo o trabalho dos funcionários da Companhia e da diretoria. Argumentou, então, que o ambiente em que se vivia era um prejuízo de 455 milhões de reais, prejuízos acumulados superiores a um bilhão de reais, patrimônio líquido da Companhia negativo em 284 milhões, endividamento de mais de 2 bilhões de reais, dívidas vencidas de quase 900 milhões de reais, déficit mensal de caixa de 14 milhões de reais. Contou que faltavam, todos os meses, 14 milhões, sendo necessário recorrer-se aos bancos para fechar o balanço. Ressaltou o déficit projetado para 2003, de 306 milhões, e o insustentável desequilíbrio tarifário, empresa incluída no CADIM do Bacen pela Eletrobrás. A empresa devia à Eletrobrás e não estava conseguindo pagar. Disse que a empresa foi incluída no cadastro de inadimplência do setor elétrico pela ANEEL, ficando sem crédito, impedida de operar no sistema financeiro nacional. Essa era a empresa que administrava, naquela ocasião, disse o depoente. O convidado relatou, ainda, que, em 2 de abril de 2003, diante desse cenário desolador, esgotadas todas as possibilidades de solução de um plano amigável, a CELG se viu compelida a buscar abrigo na justiça para resolver, por exemplo, o caso da CODEMIN, que gasta a mesma energia da Cidade de Anápolis; o caso do contrato de Cachoeira Dourada, em que havia, na modelagem de venda, um 106 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA compromisso do acionista majoritário para a CELG, de que essa se obrigava a comprar a energia por um preço vil, durante 15 anos. Segundo ele, cem por cento de toda a energia que Cachoeira gerasse, durante os cinco primeiros anos e, a partir do sexto ano, ia desagravando em 10%. Então, no sexto ano, 90%; no sétimo ano, 80%, e, assim por diante. Alega o convidado que a CELG vendia a energia para a CODEMIN por um valor que não cobria sequer o ICMS que a CELG teria que pagar. Desse modo, ela dava prejuízo de cerca de um milhão de reais, por mês, para a Companhia. Quanto à inexigibilidade de licitação, argumenta que, em todo seu histórico, desafia qualquer um que mostre que a CELG, em assuntos desta natureza, tenha feito licitação para contratar advogado. Assinalou que, no contrato do Doutor Alcimar, trabalhista, a CELG devia sessenta e sete milhões de reais para o Sindicato dos Empregados, valor esse, referente às horas extras. Assim, a dívida que a CELG tinha com os funcionários era superior ao seu patrimônio. Eram sessenta e sete milhões de horas extras, cento e vinte milhões de fundo de pensão dos funcionários e mais dez milhões para o Fundo de Saúde dos funcionários. Conta o convidado que a CELG tinha perdido a ação no Supremo, e a Procuradoria dessa Companhia dizia que não tinha mais o que fazer, que era pagar os sessenta sete milhões das horas extras, a maioria delas forjadas, em sua avaliação, era voz corrente dentro da Companhia. Todavia, o escritório entrou com uma ação rescisória, reverteu o quadro, e a CELG entrou em acordo com o Sindicato, que lhe 107 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA deu um desconto de trinta e dois milhões de reais. Assim, não houve prejuízo. O convidado traz a lume que o escritório Ramos Advocacia fez a rescisão do contrato com a Usina Cachoeira Dourada, suspendendo a exigibilidade de compra. Que o acordo foi mediado pela ANEEL, homologado pelo Ministério Público Federal e pelo Poder Judiciário, aprovado pelos Conselhos de Administração de ambas as empresas, de Cachoeira Dourada e da CELG, e que esse acordo garantiria à Companhia ganhos da ordem de duzentos e dez milhões de reais, considerada a vigência do contrato de 2004 para 2011. Alega, outrossim, que não praticou desonestidade, pois o custo de energia, contratado entre a CELG e Cachoeira Dourada, era de sessenta e dois MegaWatts horas, mas, o custo sob autorização da justiça foi de trinta e um, ou seja, 50% menor do que o valor que era pago para UHE Cachoeira Dourada. Comenta, também, acerca da CELG/CODEMIN. Conta que o Governo Federal trouxe para Goiás uma empresa mineradora, cuja energia utilizada era igual, semelhante à cidade de Anápolis, com todas as indústrias que estão lá, concedendo um subsídio para essa mineradora vir para o Estado de Goiás. Só que, até 1993, o Governo Federal fez a compensação com a CELG; a partir de 1993, a CELG se dirigia à Eletrobrás, onde diziam que não era com eles. O mesmo acontecia quando procuravam Furnas, a STN, o Governo Federal. Portanto, esse contrato imputava à CELG um prejuízo mensal da ordem de um milhão; o prejuízo projetado até 2007 seria da ordem de 210 milhões de reais para a Companhia. Portanto, isso foi 108 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA muito importante, o ganho da causa, a rescisão. Rasgaram o contrato com a empresa CODEMIN; foi uma das grandes vitórias que essa diretoria obteve, em sua avaliação. Outro problema ventilado foi a CELG/Municípios. Diz que o Governo passado, de boa fé, fez um acordo com os Municípios, dizendo que o Banco do Estado, na época era BEG, tinha a conta da CELG, a conta do Estado, dos Municípios e que tinha de creditar o ICMS para os Municípios. Então, fariam um convênio, por meio do qual o Banco passaria os 25% do ICMS dos Municípios. Desses 25%, pegaria o valor da energia do Município e creditaria à CELG, e passaria os 75% do ICMS restante, que é do Governo do Estado. Mas, as prefeituras começaram a alegar vício de origem no convênio, pois quem assinou pelos prefeitos foi a AGM. Portanto, o convênio seria nulo de pleno direito. A CELG perdeu todas as ações, porque a AGM não poderia representar, individualmente, o prefeito, teria que pegar assinatura dos 246 Municípios. Os prefeitos começaram a alegar que a energia elétrica já havia prescrito. A CELG contratou escritórios, e o escritório fez um grande acordo, visando à recuperação dos 166 milhões. Fez um acordo com 24 Municípios que estavam inadimplentes com a CELG, e acertou a situação. Outro problema refere-se à CELG e à Eletrobrás. A CELG tem créditos com a Eletrobrás, como também tem débito. Na época, o débito para com a Eletrobrás era de 962 milhões de reais. Mas a CELG tinha cerca de 300 milhões, porque a CELG fazia os programas “Luz no Campo”, “Luz na Roça”. A CELG queria fazer um encontro de contas, mas a Eletrobrás dizia o seguinte: “Põe o dinheiro aqui dentro, me paga, 109 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA depois eu sento com você para negociar”. A CELG entrou na Justiça contra o Governo Federal, e contra a Eletrobrás, sendo realizado, em 2005, um acordo de 925 milhões, que trouxe à CELG ganhos da ordem de 262 milhões de reais, colocando-a na situação de adimplente, e possibilitando que fossem feitas revisões tarifárias. O convidado conta que, em 2003, o balanço consolidado da CELG apresentou níveis recordes de desempenho. Isso porque a missão da diretoria era outra. Nos três primeiros triênios que trabalhou na CELG, sua missão era preparar a Companhia para ser vendida. Nos três anos subsequentes, a missão era totalmente diferente. Era a manutenção da empresa como estatal; era dirigi-la como uma empresa privada e reestruturá-la, financeira e economicamente. Com os resultados do escritório, a CELG começou a dar lucro. Então, em 2003, o lucro líquido foi de 308 milhões, contra um prejuízo de 455 milhões, no ano anterior. Disse que o Ebtida, que é a capacidade da empresa de gerar caixa, atingiu 245 milhões, aumento 500,98% mais do que em 2002. O consumo da energia elétrica cresceu 9.36, pois o efeito do apagão já estava passando. Então, relata que, em relação a 2002, o consumo aumentou 9.36, sendo que a média nacional era 4,7. O número de clientes cresceu 4,23, a receita líquida aumentou 25,40% . Em 2004, a CELG continuou batendo recordes de desempenho. O consumo de energia cresceu 9,36. O lucro líquido era de 77 milhões. O PL cresceu para 119 milhões. Houve um crescimento de 184%. Eram 42 milhões, foi para 119, em 2004. O consumo de energia cresceu 3.52; foram realizadas 52 mil a mais de novas ligações. A receita bruta cresceu 30%. E o Ebtida de 208 milhões. O endividamento de longo prazo foi reduzido em 4,83; a qualidade de fornecimento da energia melhorou 8,17. A CELG recebeu o prêmio da ANEEL por isso. Já em 2005, que é o último ano que o convidado assinou o balanço da 110 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA companhia, registrou-se, no terceiro ano consecutivo, resultado positivo: lucro líquido de 118 milhões contra 77 milhões do ano anterior. O patrimônio líquido cresceu para um bilhão e 231 milhões. Voltando a comentar sobre a dívida que a CELG tinha com os funcionários da companhia, representada pelo seu sindicato, alegou que ela era originária de horas extras: sessenta e sete milhões de reais de horas extras. Havia gente trabalhando no Estado, e ganhando horas extras na CELG. A contratação do advogado havia sido feita, originariamente, há alguns anos, sem licitação. O advogado perdeu o prazo, no Superior Tribunal. Então, a advogada foi contratada, ela perdeu, por decurso de prazo, ela perdeu o prazo, no processo, e a CELG perdeu a ação no Supremo. Essa ação estava na fase de execução da sentença. Só restava pagar. Enquanto a procuradora Maria Xavier dizia que não havia mais jeito, o advogado dizia: “eu derrubo, eu derrubo”. Sendo o relator do processo, na diretoria colegiada, o convidado deu parecer favorável para fazer a contratação. Que a contratação de advogados é uma relação de confiança entre as duas partes. A licitação é inexigível. O escritório derrubou a ação, no trabalhista. O acordo foi assinado com a DRT. Assinaram o juiz, o convidado e o sindicato. O sindicato ia levar mais uns cinco anos para receber essas horas extras. Aí, fez um acordo com a CELG e deu um abatimento de 32 milhões. Então, foi formalizado o acordo e a dívida com o Fundo Eletra foi parcelada em dez anos. A dívida com o Fundo de Medicina dos Funcionários foi parcelada em dez anos, no valor de dez milhões de 111 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA reais. Assevera o convidado, então, estar provado que a CELG não teve nenhum prejuízo. Ao contrário, houve ganho. O convidado relata, ainda, que, na segunda fase, quando estava na segunda missão, a de recuperar a empresa, financeiramente, foi contratado o escritório para fazer a recuperação tributária. A CELG, na época, tinha um faturamento, da ordem de 200 milhões, e pagava 111 milhões de reais, por mês, de impostos. Então, contratou-se o escritório para ver o que foi pago indevidamente. O escritório fez um trabalho de recuperação tributária e deu um grande resultado para a Companhia. Sobre a redução do REFIS, conta o convidado que, no assentamento contábil da CELG, constava que ela devia de impostos federais, de autuações, 200 milhões. Nos assentamentos da receita federal, constava que a CELG devia 402 milhões de reais. Então, 200 milhões era a dívida que estava registrada no balanço, na Receita Federal, 402 milhões. Aí, contratou-se um advogado, que buscou o reconhecimento de que a dívida da CELG não era de quatrocentos e dois, e sim, de duzentos. Então, não houve prejuízo para a CELG. No contrato trabalhista, foram pagos 5% sobre o êxito. No contrato da “Ramos Advocacia”, pagou-se 0,8%, menos de 1%, sendo que as empresas pagam, normalmente, dez por cento. Alega que o advogado também fez outra coisa. Na hora da CELG calcular o PIS e o Cofins, ela colocava o ICMS no meio, e ele foi à Receita Federal, teve que entrar com uma ação, argumentando que o ICMS não faz parte da base de cálculo e ganhou. 112 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Na sua visão, o endividamento vem de decisões estratégicas do acionista majoritário, cujos resultados afiguram-se, até hoje, danosos ao interesse da Companhia. Como exemplo dessas decisões, cita a desistência da conclusão da Usina de Corumbá; sua transferência para Furnas; a prioridade estabelecida para a construção da VI Etapa de Cachoeira Dourada; a cisão da CELG em CDCA, e a consequente venda da Geradora, e modelagem de venda da cláusula que obrigava a CELG a adquirir 100% da energia; contrato de suprimento de energia com reserva de mercado; contrato de fornecimento de água com consumo de tarifário com a CODEMIN; carga tributária extorsiva. O ICMS de energia é de vinte e nove e meio por cento, cobrado antecipadamente, dá trinta e quatro por cento. Só um imposto. Ainda, a relação societária incestuosa entre a CELG e o acionista majoritário, com o uso da companhia para fins estranhos à concessão. Império do desperdício, desapego às normas com direito à concessão. Questionado pelo Deputado Humberto Aidar se é procedente a informação do Deputado Daniel Goulart, no sentido de que falsificaram sua assinatura, o convidado respondeu que tinha nas mãos dois acordos: um assinado em 30/09/04; o outro em 31/03/06, e que não havia sido ele quem assinou o contrato de 2006. Que alguém havia assinado em seu lugar. Questionado pelo Deputado José Nelto se ele havia se recusado a assinar o contrato, o convidado respondeu que não havia se recusado. Que chegou a ter esse contrato nas mãos, na ocasião, mas, não assinou. Relatou que sua assessoria levou-o de volta para a 113 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Presidência da Companhia, e depois o contrato foi assinado em 31 de março. O mesmo deputado perguntou se ele havia sido coagido a assinar o contrato, ao que respondeu que nunca ninguém o pressionou a assinar. Que os contratos vêm, normalmente, à sua mesa para assinar. Então, olhou o contrato e, como já havia um contrato anterior, não assinou porque pressupunha que aquele assunto já havia sido solucionado. Perguntado, ainda, pelo Deputado José Nelto se sabia que o contrato havia sido assinado, que sua assinatura havia sido falsificada, o convidado respondeu que veio a saber pela Promotora de Justiça. Disse, também, que o contrato tinha uma preocupação, qual seja, o antecedente que poderia ser criado, porque o passivo que a CELG possui, a dívida, entre aspas, está sendo discutido na Justiça. Mas, que esse passivo, salvo engano, era superior a duzentos milhões de reais, se atualizados. Portanto, se pegasse no caixa da Companhia o dinheiro que a Prefeitura pressupunha a que ela fazia jus, e devolvesse à Prefeitura, abriria um precedente, porque as outras Prefeituras poderiam vir e arguir a igualdade de tratamento. Deste modo, achava que era altamente perigoso assinar um acordo dessa natureza. Depoimento do Dr. Fernando Krebs – Promotor da 57ª Promotoria de Justiça da Comarca de Goiânia: Em suas considerações iniciais, o Dr. Fernando Krebs relatou que o Ministério Público atua com cinco promotores de justiça, na defesa do patrimônio público e que atua em sua promotoria, a 57ª Promotoria de Justiça, desde 2005 até a presente data. Que nesta oportunidade, propôs algumas ações judiciais contra ex-diretores da 114 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA empresa, e destaca, dentre elas, quatro, que dizem respeito a três escritórios de advocacia. As três se resumem a dois escritórios de advocacia e que estas ações civis públicas por ato de improbidade administrativa dizem respeito à dispensa de licitação, na contratação desses advogados. O advogado Alcimar Almeida, Advogados Associados, é réu em duas ações, com vários outros réus. Que propôs uma primeira ação, fez pedido de bloqueio de bens, quebra de sigilo, mas, não obteve êxito. Contou que propôs uma segunda ação, contra o mesmo escritório, mas por outro contrato. Esta ação foi distribuída para o Juiz de Direito Dr. Rodrigo da Silveira, que determinou o bloqueio de bens e a quebra do sigilo bancário de todos os réus da ação. Este bloqueio de bens e quebra dos sigilos bancário e fiscal perduraram por cerca de dois meses. Houve recurso para o Tribunal de Justiça, na figura do Desembargador Dr. Abrão, mas os acusados não tiveram êxito no recurso. Criaram um questionamento sobre a competência desta segunda ação e conseguiram um recurso do Ministério Público contra essa decisão, ainda não julgada pelo STJ, e com impugnação ao questionamento, inclusive argüição de suspeição do Desembargador Relator. Questionou-se a suspeição do Desembargador Relator, também do Juiz de Direito, Dr. Sérgio Divino de Carvalho, que acabou presidindo as duas ações desse escritório Alcimar de Almeida, uma delas julgada, recentemente, improcedente. Relatou que uma dessas ações é no valor de dez milhões de reais; a outra, no final, chegou a treze milhões de reais. Que as três ações judiciais totalizam quarenta e quatro milhões de reais, que parece que, em uma dessas ações, houve um desconto, dado pelo advogado, em relação à CELG, baixando o valor dos honorários, salvo engano, de 115 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA vinte milhões para treze milhões de reais. Que a outra ação é uma ação de dezessete milhões de reais, do advogado Adilson Ramos Júnior. Este advogado recebeu em torno de nove milhões de reais, que seria segundo êxito de uma ação judicial, no valor de um bilhão de reais, que questionava, basicamente, o valor pago pela CELG, na compra de energia elétrica por Cachoeira Dourada. Esta energia seria comprada por um preço superior ao de mercado. Foi concedida uma liminar, sem garantia do valor, pelo Juiz Doutor Carlos Humberto, da Justiça Federal. Posteriormente, mudou a Juíza, Doutora Maria Maura, e ela pediu uma garantia, foi feita uma fiança judicial com a Empresa Interbrasil, envolvida em um escândalo nacional, no Jornal Nacional, e ela foi fazer um resseguro no Caribe, nos paraísos fiscais, porque ela não tinha aporte de capital para assegurar esse valor. Como ela não conseguiu aporte, acabou quebrando. Os representantes dessa empresa foram ouvidos em uma das CPIs do Congresso Nacional, não se recorda qual. Assinalou que, ao final desta ação, ao contrário do afirmado, que teria ocorrido sucesso para a empresa, ela teria tido lucro, ela teria tido êxito nessa situação, na verdade não houve, porque foi feito um acordo e foi pago o valor passado com juros e correção monetária. Que, além disso, esse mesmo escritório foi, posteriormente, contratado para simples ações de cobrança, são ações simples, que qualquer advogado recém formado tem condições de fazer. O Departamento convidado Jurídico destacou, próprio, ainda, que concursado, a CELG com possui advogados experientes na área de energia elétrica. Disse que, no caso da ação do Alcimar, uma delas se refere a contrato trabalhista, passivo trabalhista que o Departamento Jurídico seria suspeito porque ele teria uma vantagem. Poderia se fazer a 116 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA licitação para contratação do escritório. No caso do advogado Adilson Ramos Júnior, a contratação poderia ter sido feita, inclusive, havia, na época, a tentativa de uma licitação na qual aparecia como vencedor Marcos Afonso Borges, conhecido advogado goiano. Essa licitação foi anulada e foi contratado o advogado Adilson Ramos Júnior, que procedeu a propositura de algumas ações judiciais, todas elas com dispensa de licitação. Argumentou que seu questionamento se dá por força da constituição das leis do País, que impõe ao Ministério Público zelar pelo patrimônio público, impedindo as contratações com dispensa de licitação. Que, no caso da CELG, ela detinha o Departamento Jurídico próprio e não precisava, portanto, contratar com dispensa de licitação. Se tivesse que fazê-lo, faria através de licitação. Que, quando tomou conhecimento desta situação, inclusive através de uma Subprocuradora Geral da CELG, fez uma recomendação à CELG, que, a partir de então, parou de contratar advogados com dispensa de licitação e remunerálos, e realizou uma licitação, na modalidade credenciamento, de mais de 40 escritórios de advocacia, revelando à própria empresa que concordava com a recomendação do Ministério Público. Contou, também, que estas ações judiciais estão, hoje, todas sub judice. Há uma outra, uma quarta, o escritório Pinheiro e Potiguar Sociedade de Advogados. O valor dela é bem menor do que as outras, é de 399 mil reais, mas, ainda assim, houve a dispensa de licitação, envolve diretores da CELG mais recentes. Aduziu ainda que, em relação a esses advogados, não conheçe Pinheiro e Potiguar, nem Alcimar de Almeida, não conhecia, na época, Adilson Ramos Júnior, nunca tinha ouvido falar de nenhum dos 117 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA três. A primeira constatação a que chegou é de que não se tratava de advogados com notório saber, juristas de reputação nacional, que poderiam justificar uma dispensa de licitação. Não se poderia considerar nem como juristas regionais, que poderiam justificar uma dispensa de licitação, no âmbito do Estado de Goiás. Disse que a dispensa de licitação sempre deve ser evitada, só em último caso, como no caso de combate à dengue, alguma coisa do gênero, poderia se justificar, quando em caráter de emergência. O convidado registrou também que, em relação ao advogado Adilson Ramos Júnior, ele foi notificado para comparecer ao seu gabinete e depor numa segunda-feira. No domingo, o então Desembargador, Xarife Oscar Abraão, concedeu uma medida liminar, travando o inquérito civil público do Ministério Público, por meio de ação de habeas corpus, que é para ação penal, é para quando o cidadão corre o risco de ser preso. Que a liminar foi proferida num domingo. À época - hoje já existe plantão do Tribunal de Justiça -, não existia plantão regulamentado, no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, motivo pelo qual, na terça-feira, procurou o então Desembargador, Jamil Pereira de Macedo, Presidente do Tribunal, para protestar contra esta liminar, proferida no domingo, sem previsão de plantão. Relatou, além disso, que este habeas corpus foi julgado improcedente. Que o relator, à época, hoje Desembargador Itaney Francisco Campos, concedeu uma ordem judicial, travando, novamente, o inquérito civil público, em que pese o colegiado, a Câmara Criminal tivesse liberado o inquérito civil público e travado apenas o inquérito policial. Que recorreu desse despacho também, e essa ação está sub judice. Que, posteriormente, o mesmo advogado ingressou com um 118 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA mandado de segurança, conseguiu outra liminar para travar, novamente, a investigação e essa foi travada. Disse que manejou todos os recursos cabíveis, e manejou um recurso que não foi conhecido pelo Juiz de Direito, substituindo o Desembargador Doutor Jerônimo Vilas Boas. Ele havia conhecido o recurso do advogado, não conheceu o do Ministério Público. O Ministério Público entrou com uma representação, no Conselho Nacional de Justiça, contra o magistrado, em razão disso. E, finalmente, propôs ação de improbidade, entrou com uma ação, o advogado novamente entrou com outro recurso, conseguiu uma suspensão e, posteriormente, essa ação foi novamente destravada, e, hoje, ela continua tramitando. Contou que, a pedido do Secretário da Fazenda à época, José Paulo Loureiro, ouviu, por três horas, informalmente, numa coleta de depoimento, o advogado Adilson Ramos Júnior, em seu gabinete. Ao final de longa explanação, disse a ele que suspeitava que teria ocorrido triangulação no pagamento, desvios de recursos travestidos de contratações com dispensa de licitação. Precisaria, então, dos sigilos para verificar se isso ocorreu ou não. O advogado ofereceu o sigilo fiscal, e o convidado pediu o bancário. Relatou que, na segunda ação do Alcimar, conseguiu a quebra de sigilos, mas isso é demorado, e não acabou chegando às suas mãos porque, antes disso, ocorreu esse imbróglio jurídico, junto ao Tribunal, e a remessa para o juiz Doutor Sérgio Divino Carvalho. Que, inclusive, arguiu a suspensão do magistrado, porque ele era réu em duas ações penais do Ministério Público. Também não obteve êxito. Recorreu, pelas instâncias normais, e isso pode levar muitos anos para 119 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA ser concluído. Que, em relação ainda a esta ação, foi proposta também uma ação popular, anterior à sua. Quando ocorreu a proposição da ação popular contra este contrato de Adilson Ramos Júnior, na época estava impedida a investigação do Ministério Público, esta ação caiu, salvo engano, na 4ª Vara Civil, com o Juiz de Direito que hoje é assessor da Presidência do Tribunal. O Estado de Goiás ingressou na lide, dizendo que tinha interesse nela, e a ação foi remetida à Vara da Fazenda Pública Estadual, à 1ª Vara da Fazenda Pública Estadual. Disse que, posteriormente, até repassou essas ações para uma outra colega acompanhá-las. Em relação a esta última ação que está na 1ª Vara da Fazenda Publica Estadual, o advogado juntou muitos e muitos documentos, a seu juízo, desnecessários. Ele alega que o Tribunal de Contas julgou adequada a contratação. Mas, destaca que nenhuma decisão judicial, aliás decisão do Tribunal de Contas, seja ela Estadual, Municipal ou da União é passível de se impedir o questionamento judicial dela. Porque o artigo 5º, XXV, da Constituição, prevê que nenhuma lesão ou ameaça de direito será afastada da apreciação do Poder Judiciário. Daí porque, assinala o convidado, que, ainda que o Tribunal de Contas do Estado tenha julgado legal a contratação do advogado Adilson Ramos Júnior, ele fala inclusive em uma das suas peças que, com a manifestação favorável do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas do Estado, que não é verdadeiro, porque o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas do Estado não se manifestou a respeito disso. Ela não impede o questionamento judicial por qualquer do povo, ou pelo Ministério Público. 120 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O convidado relata que sua suspeita, em relação a esses contratos, até diria em relação a esse contrato de trezentos e noventa e nove mil reais, pode ter ocorrido essa triangulação, mas o valor está mais aproximado de valor de honorários usuais do que os outros, os outros são valores muito maiores. Diz que, no caso do Alcimar, são 10 milhões, depois eram 20, viraram 13. Então, são valores altíssimos. São valores de mega sena, que chamam atenção. Alega que, se esse valor tivesse sido pago através de processo licitatório, talvez, muito provavelmente, nem estaria questionando isso. O problema é que foi feito com dispensa de licitação. O depoente argumenta que a responsabilidade tem de ser apurada na ação judicial. Inclusive, a segunda ação do Alcimar, que representou bloqueio, na época, em torno de 10 milhões de reais, são ações públicas, são de conhecimento público. Alguns foram menores, outros foram maiores. Houve até um questionamento, na época, a respeito disso. Inclusive o jornal O Popular fez uma matéria, na época, a esse respeito e divulgou isso. O depoente registra, ainda, que existem outras investigações envolvendo terceirizados na CELG. E relata que a grande verdade é que as instituições de fiscalização e de controle da CELG, todas elas falharam. Falhou a sua instituição, o Ministério Público, falharam os Tribunais de Contas, falhou a Assembleia Legislativa, que tem a função fiscalizadora, porque todos permitiram que a CELG chegasse a essa dívida de seis bilhões de reais, o que o depoente não acredita que seja produto, apenas, de má gestão ou de impedimento de se majorar as tarifas. Ele acredita que ocorreram outras coisas, além disso: desvio de recursos públicos mesmo. Daí, a necessidade de atuação desses órgãos fiscalizadores. 121 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O convidado conta, também, que foi feita uma recomendação, pedindo a suspensão de uma licitação de cem milhões de reais para a leitura do consumo de energia elétrica. A CELG gasta, hoje, em três empresas, salvo engano, quarenta e oito milhões. A licitação, cem milhões. Ela pode ser prorrogada, aditivada, pode chegar a quase 10% do que, hoje, deve a empresa, numa licitação só. Argumenta, outrossim, que uma correlata, que é a Saneago, gasta, por ano, quinze milhões com o mesmo serviço. É verdade que o universo não é exatamente o mesmo, o universo é um pouco menor. Mas, a Saneago tem, hoje, um milhão e quatrocentos mil assinantes; a CELG, se não me engano, dois milhões e cem. Assinala o depoente que, se a CPI quebrar o sigilo destes escritórios, por exemplo, ter-se-á a possibilidade de identificar e rastrear esses recursos para onde foram. E, com certeza, outras quebras de sigilo, de outros contratos de terceirizações serão também necessárias, e elas estão sendo feitas paulatinamente, na medida do possível. Na fase de perguntas, o Deputado Daniel Goulart perguntou com base em que o depoente afirma que não houve êxito na ação que suspendeu o contrato de exclusividade da compra de energia da CELG junto à Cachoeira Dourada. Se o depoente teve acesso a alguma nota técnica, alguma informação da própria Companhia. Ao que o depoente respondeu que a CELG, via de regra, sempre fez a defesa desses contratos, que sabe que o cargo de Procurador-Geral da CELG é de confiança do Presidente, ele, obviamente, jamais vai defender uma coisa que o Presidente não queira. 122 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Ainda dentro desse mesmo questionamento, o Deputado Daniel Goulart perguntou ao depoente se ele teve acesso a extratos, se fez questão de verificar isto nos balanços, porque os Diretores da CELG, inclusive Doutor Javahé, ele afirmou, categoricamente, todos afirmam com documentos as notas técnicas. O depoente respondeu que não teve contato com nenhum sigilo bancário, tentou e foi impedido de todas as formas, agora essas notas técnicas e balancetes da CELG, vários deles estão sob questionamento. O depoente foi questionado pelo Deputado José Nelto sobre a ação do Doutor Adilson Ramos Júnior e aquela contra a Endesa, a venda de Cachoeira Dourada. O Deputado contou que um ex-diretor da CELG disse que, no momento, houve uma liminar, num prazo de dois ou seis meses, a energia baixou de 66 para 31.50 quilowatts/hora. Só que não houve êxito nenhum. Logo em seguida, dois meses, três meses, a Companhia Energética do Estado de Goiás teve que pagar com juros e correção monetária. O Deputado entende, então, que o Doutor Adilson Ramos não poderia ter recebido dinheiro. Primeiro, a contratação foi ilegal; segundo, não houve êxito nessa ação. Perguntou, então, quanto ao Doutor Adilson Ramos Júnior, qual foi a ação da OAB do Estado de Goiás, em relação ao contrato. O depoente respondeu que ela posicionou, favoravelmente, a esse contrato. Que, inclusive, a OAB move uma Ação Civil Pública contra o Ministério Público, na perspectiva de impedir que o Ministério Público acione Advogados que são contratados com dispensa de licitação. Que vários escritórios, não só de Goiás, mas do Brasil inteiro, são contratados por inúmeras Prefeituras com dispensa de licitação. O Deputado Humberto Aidar perguntou ao depoente se existe algum procedimento em andamento, no Ministério Público, 123 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA acerca de denúncia de que empresas terceirizadas superfaturam serviços prestados à Companhia. Ao que lhe foi respondido que está com duas ações em fase de finalização, para serem propostas: uma, para quinze dias; a outra, em torno de um mês, um mês e meio, que são ações nessa perspectiva de superfaturamento de terceirização. Arguido pelo Deputado Coronel Queiroz acerca das sugestões que o depoente teria para dar à CPI para que pudessem pegar qualquer gancho em sua linha de trabalho, o convidado respondeu que a sugestão, até em complemento ao trabalho do Ministério Público, era que, se os Deputados quebrarem esses sigilos, poderão ter revelações que não imaginam, e podem trazer luz a uma situação ainda não pensada. Aduziu, também, que seus sigilos estão todos abertos. O seu sigilo bancário, fiscal, telefônico, creditício, de sua esposa, de sua mãe, seu pai já é falecido, os seus filhos são menores, mas se quiserem também dos seus cunhados, da sua sogra, seu sogro também é falecido, que podem ficar à vontade. Podem nominar e vão quebrando, porque não deve e não teme, não tendo nada a esconder. Que acha estranho a pessoa se recusar quebrar o sigilo ante uma suspeita fundada. Depoimento do Dr. Adilson Ramos – advogado contratado pela CELG para ingressar com ações judiciais: Em suas considerações iniciais, o depoente Adilson Ramos contou que o currículo da Ramos Advocacia foi submetido aos pareceristas da Companhia Energética de Goiás, no ano de 2003. Que esses pareceristas, que, inclusive, tinham sido elogiados pelo ilustre Deputado José Nelto e pelo ilustre Promotor Fernando Krebs, deram pareceres pela contratação direta da Ramos Advocacia. 124 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O depoente menciona documento do Ministério Público Federal, assinado pelo Procurador da República Marco Túlio, documento da Agência Nacional de Energia Elétrica, que comprovam a singularidade do serviço, ou seja, que esses serviços realmente seriam necessários, que não existia competição e que realmente seria necessária a contratação da Ramos. Mas, argumenta, também, que a contratação da Ramos Advocacia não seria necessária se o Ministério Público Federal, se o Ministério Público Estadual não tivessem perdido o prazo na ação número 9700860035, ação essa, que foi proposta, em 1997, pelo Ministério Público Federal, que não visa examinar os aspectos políticos inerentes ao Programa de Privatização, senão impedir adoção de medidas destinadas à alienação de considerável patrimônio público. A presente ação tem objetivo de demonstrar as ilegalidades que criam a nulidade do edital deste papel, destinado à alienação do controle destinado a Cachoeira Dourada, a iniciativa privada seria descrita. O depoente registra que essa ação foi arquivada pelo Doutor Ary Ferreira de Queiroz, porque, tanto o Ministério Público Federal, quanto o Ministério Publico Estadual, perderam o prazo, ou seja, a advocacia da CELG não teria que contratar advogado agora, mas ela não poderia também usar o seu próprio corpo jurídico, porque o corpo jurídico afirmou, em pareceres, que ele não tinha essa especialidade, até mesmo porque esse corpo jurídico é responsável por parecer que levou à privatização, à venda de Cachoeira Dourada. Seria quase que um contra-senso que o mesmo corpo jurídico, que em 1997, proferiu o despacho favorável à privatização, em 2003 ir à justiça questionar o contrato do suprimento. 125 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O depoente conta que a ação de Cachoeira Dourada foi movida, ela foi acompanhada pela Procuradora de República, Mariane Guimarães Melo, houve uma homologação judicial da juíza Doutora Maria Maura Martins Moraes Paia, houve a fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica, e mostra, ainda, o oficio nº 446 da ANEEL, que diz que o termo de acordo trouxe a modicidade tarifária. O depoente salienta que ocorreu a chamada demanda de Cachoeira Dourada, quando ocorreu a privatização, a CELG não comprava energia elétrica. Isso porque ela tinha geradora, mas ela tinha uma taxa de manutenção de, aproximadamente, dez reais por megawatt/hora. Nessa ação judicial do Ministério Público, consta um documento, que foi direcionado pelo Doutor José Mario Ávila ao Procurador da República Hélio Telho, onde descreve que a tarifa da CELG, na compra de energia de Cachoeira Dourada, seria de trinta e sete reais e oitenta centavos, por megawatt/hora. Portanto, existiu uma tarifa no contrato de suprimento que não tinha correspondente tarifária. Explicando o ofício 446, relata que o termo de acordo foi com vistas à modicidade tarifária, que foi sempre a preocupação da Ramos Advocacia, no processo judicial, e todos os êxitos decorrentes da ação judicial deveriam ser revertidos para os consumidores, e isso, de fato, ocorreu, pois, na época, a CELG determinou que toda a classe relacionada aos menos favorecidos deveria ter um desconto na tarifa de energia elétrica. O depoente entende que esse documento é suficiente para se comprovar que, ao contrário do que foi dito, que o acordo de Cachoeira Dourada foi prejuízo para a CELG, na realidade, trouxe benefícios para a CELG, lucros, benefícios econômicos e financeiros. 126 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O advogado depoente menciona que a tarifa praticada no contrato de suprimento deveria ser de trinta e sete reais e oitenta centavos, o megawatt/hora. Essa tarifa não teve o correspondente percentual de reajuste ou de revisão tarifária para a CELG, e daí ocorreu, aliada a outras questões, a chamada bolha tarifária, que fez com que, inclusive, fosse tentada a federalização, no ano de 2002, uma tentativa frustrada, ou seja, no final de 2002, já se identificava ou se questionava esse contrato ou, realmente, o prejuízo que chegava a 455 milhões de reais, e levar a CELG a prejuízos muito maiores. Diz que foi daí que ocorreram as proposituras de ações judiciais, inclusive na Justiça Federal de Brasília, na 9ª vara, onde houve a condenação do Ministro Silas que, na época, era Presidente da Eletrobrás. Na época, ele queria lançar o nome da CELG em cadastros de inadimplentes e a CELG conseguiu uma liminar, através da Ramos Advocacia, no sentido de retirar o nome de cadastro de inadimplentes. A ANEEL, do próprio Cadim, ela inclusive conseguiu a imputação de ato de improbidade contra o Dr. Silas, e cem mil reais de multa por dia. Conseguiu mais, conseguiu uma sentença judicial de liberação de mais de 145 milhões de reais no chamado “Luz no Campo”, tudo foi êxito judicial. O depoente menciona outras demandas que foram patrocinadas pela Ramos Advocacia. Quando vários prefeitos não pagaram, em dia, a conta de energia elétrica. Um deles era o Prefeito de Anápolis, Dr. Ernane. No dia 30.07.2004, a Ramos Advocacia conseguiu uma liminar, no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que cortou a energia elétrica de Anápolis. Não era intenção da CELG deixar o morador de Anápolis, deixar o consumidor de energia elétrica sem a sua energia elétrica, mas era necessário mostrar, se não há o pagamento, não há como a CELG sobreviver. No dia seguinte, o Dr. Ernane esteve 127 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA na CELG e pagou 20 milhões de reais. Colocou dinheiro nos cofres da CELG. Outro exemplo, cita o depoente, é quando o Ministério Público do Estado de Goiás ofereceu uma ação civil pública, em Itumbiara, para que os consumidores não tivessem a sua energia cortada, em caso de inadimplência. Na época, existia uma discussão judicial. A CELG, através da Ramos Advocacia, levou em discussão a cláusula de equilíbrio econômico - financeiro das concessões públicas. E a tese da CELG foi vitoriosa. Quando o Ministério Público conseguiu essa liminar, em Itumbiara, para que não fosse cortada mais a energia, o índice de inadimplência, junto a CELG, foi para 70, 80%. Depois, foi proposta uma ação rescisória, no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que reverteu esta decisão: o Município de Itumbiara trouxe para os cofres da CELG mais de 17 milhões de reais. Outra situação, relata o depoente: a massa falida da Encol queria vender o Shopping Bougainville sem pagar cerca de três milhões de energia elétrica. Essa ação foi levada, inclusive, ao Superior Tribunal de Justiça. Dada a sua complexidade, o Superior Tribunal de Justiça fez a revisão de uma jurisprudência que era mansa e pacífica, acerca da não previsão de corte de energia, reverteu essa jurisprudência e permitiu uma ameaça de corte de energia do shopping, o que fez que o shopping buscasse pagar os três milhões de energia. O depoente registra outra situação: a CODEMIN veio para o Estado de Goiás com benefício eletro intensivo. Ela veio para cá, atraída por um desconto de quase 50% de energia elétrica. Ou seja, por exemplo, dos seis milhões de reais, ela pagava três. Até a Lei Eliseu, existia a CRC – Conta de Resultado a Compensar. Através dessa Conta 128 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA de Resultado a Compensar, os Estados, que eram superavitários, devolviam para a União aquilo que era superavitário e a União buscava e passava aos Estados deficitários com a tarifa de energia elétrica. Após essa lei, a União parou de ressarcir a CELG pelo beneficio da CODEMIN. Foi dada uma solução para a CELG: cortar a energia da CODEMIN. Por mais que a Anglo América seja uma empresa importante para o Estado de Goiás, não se pode admitir, no Estado de Goiás, empresas que não paguem energia. Foi ameaçado o corte de energia, através de decisões judiciais da Presidência do Tribunal de Justiça. Foram duas decisões do ex-presidente do Tribunal de Justiça. A CODEMIN assinou um distrato em que ocorreram benefícios relacionados ao passado e foi suspenso o beneficio relacionado, logicamente, em decorrência deste distrato. Foi dinheiro em caixa para a CELG. Hoje, a CODEMIN não é cliente da CELG. Mas, também, o que a Ramos Advocacia advogava junto à CELG é que não deveria ter lá clientes que não paguem, ou que não paguem, em dia, suas contas, se não tiver uma justificativa muito plausível. O depoente cita outro bloco de ações que a Ramos Advocacia advogou, relacionado a Municípios goianos. Essas ações surgiram, justamente, porque fora assinado, em data pretérita, pelo Presidente da Associação Goiana dos Municípios, um convênio, através do qual o dinheiro que os Municípios deveriam receber do Estado, passaria, primeiramente, para os cofres da CELG para pagar conta de energia elétrica. Os Municípios questionaram este convênio, algumas sentenças foram proferidas em favor dos Municípios. Na época, a CELG também buscava a venda de ativos. Um dos ativos que foi vendido foi o clube da CELG. Só que o problema é que o Município de Santa Helena registrou penhora, no segundo leilão. Em decorrência do registro, o Município de Santa Helena também entrou com aresto judicial do 129 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA dinheiro decorrente da venda do clube da CELG. Ou seja, o clube foi vendido, mas o dinheiro não ia mais entrar no caixa da CELG. A Ramos Advocacia entrou nessa causa, conseguiu decisões judiciais importantíssimas e a CELG fez um acordo com cerca de 24 Municípios goianos. Após o parecer favorável do Procurador-Geral do Estado, que trouxe uma economia para os cofres da CELG de 165 milhões de reais. Relata o depoente que esses benefícios foram consagrados através de notas técnicas, expedidas pelos Procuradores, pelo corpo técnico, pelos superintendentes. Portanto, todos os benefícios econômicos financeiros, decorrentes da advocacia prestada pela Ramos Advocacia, estão comprovados em tudo que já foi levado a juízo. Conta, também, que já foi proposta, no final do ano de 2007, uma ação popular, que tem como autor Elias Vaz e outros dirigentes do PSOL. Essas ações estão tramitando na 1ª Vara da Fazenda Pública Estadual, mas é importante que seja dito também, que foi impetrado um habeas corpus, no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que trancou o inquérito policial. O que o Tribunal de Justiça de Goiás diz é que não houve crime de licitação, a contratação da Ramos Advocacia não foi criminosa, e se não houve crime, também não houve ato de improbidade, e com certeza, a Ramos Advocacia espera que essas ações, tanto ações populares, quanto ações civis públicas, sejam julgadas improcedentes. O depoente assevera que a Advocacia foi contratada porque tinha notória especialização, porque ocorria a singularidade de serviços, o que determinava a inviabilidade de competição. Questionado pelo Deputado Humberto Aidar, se, depois de todo o desgaste que o depoente mencionou que é, estar depondo em 130 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA uma CPI, se o escritório voltaria a trabalhar para a Companhia sem dispensa de licitação, o depoente respondeu que sua esposa já proibiu a Ramos Advocacia de prestar serviços para o Estado, novamente O Deputado Humberto Aidar perguntou, ainda, se procede a informação, trazida pelo Promotor, de que a CELG teria devolvido dinheiro à Cachoeira Dourada, com juros e correção monetária, ao que lhe respondeu o depoente que não, que o que foi dito é que a CELG conseguiu um resultado exitoso. A tarifa foi reduzida, de oitenta e cinco reais megawatts/hora, para setenta e nove reais e cinquenta e seis centavos/hora, no acordo com Cachoeira Dourada. Foi discutido o tempo da descontratação. Foram reduzidas as multas impostas pela ANEEL e, na realidade, não houve prejuízo. No primeiro ano, não foi nem repassado esse custo para o consumidor. Assevera que a CELG obteve êxitos, que foram demonstrados no processo. E tem a mais absoluta certeza de que se esse acordo fosse prejudicial aos interesses do consumidor goiano, a Dra. Mariane de Naves Melo não teria dado um parecer favorável à homologação. Que tem certeza de que, se esse acordo fosse prejudicial aos consumidores goianos, a Dra. Maria Maura Martins Moraes não teria homologado esse acordo. Que tem certeza de que, se esse acordo fosse prejudicial aos cofres do Estado, a ANEEL não teria exarado o ofício nº 446, relacionado à modicidade tarifária, decorrente desse termo de acordo. O Deputado José Nelto disse ao depoente que, conversando com o engenheiro da CELG, na verdade, não houve a rescisão entre a CELG e a Endesa e também não houve redução de tarifa. Houve, momentaneamente. Depois, a CELG foi obrigada a pagar com juros e 131 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA correção monetária. O depoente respondeu-lhe que, em relação à redução de tarifa, existe uma pessoa, dentro da Companhia Energética de Goiás, que se chama José Carlos Ocle e que é o responsável pelos cálculos dessa tarifa e ele acompanhou, diuturnamente, a negociação. Existem, também, o Senhor Jonas, o Senhor Sérgio, que são pessoas extremamente capacitadas, funcionários de carreira, não estão de passagem, ou seja, são pessoas vinculadas ao desenvolvimento da empresa e eles afirmam, em notas técnicas, assinadas por eles, que ocorreu sim, uma redução de tarifa de oitenta e cinco megawatt/hora para setenta e nove reais o megawatt hora, no acordo que foi feito. Que, talvez, hoje não se teria energia elétrica, se a Ramos Advocacia não tivesse acompanhado as questões jurídicas relacionadas a esse contrato, assim como acompanhou, também, os impactos na receita da CELG, nos contratos da Eletrobrás, contratos de valores altíssimos. O Deputado José Nelto manifestou-se pela possibilidade de acareação entre o depoente e o Dr. Fernando Krebs e perguntou-lhe se ele tem amizade com algum diretor ou ex-diretor da CELG, se participava de reuniões com a diretoria da CELG ou se falava com eles pelo telefone, o depoente respondeu que, por uma questão de comprometimento com a seriedade e transparência com esta Comissão, levantou a suspeição do Promotor Fernando Krebs. Levantou a possibilidade de ele estar praticando atividade político-partidária. Que em outubro de 2008, após levantar a suspeição do Doutor Fernando Krebs, ele pediu para sair do processo. Ele redistribuiu as ações que propôs contra a Ramos Advocacia. Que tem de posse, inclusive já juntada à CPI, uma certidão que ele redistribuiu para a Promotora Villes Marra. 132 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Questionado pelo Deputado José Nelto se o Tribunal de Contas do Estado de Goiás aprovou a dispensa de licitação, o depoente respondeu que sim. Que o TCE aprovou, através da Resolução 196. O Deputado José Nelto perguntou ao depoente se ele proporia a quebra do seu sigilo bancário nessa ação, nessa triangulação do dinheiro, ao que lhe foi respondido ter sido investigado pelo Tribunal de Justiça a possibilidade de existir crime de licitação e o Tribunal não entendeu que houve crime. Existem propostas de uma Ação Popular e de uma Ação Civil Pública, a Juíza não deferiu a quebra do sigilo bancário, assim como quebra de sigilo fiscal. O Deputado Daniel Goulart perguntou se o depoente poderia falar sobre o parecer da Procuradoria Geral do Estado e pediulhe que falasse de valores aproximados, valores recuperados de todas as ações do seu escritório, em favor da CELG. Valores aproximados de recuperação de Cachoeira Dourada, CODEMIN, Eletrobrás, o caso de Anápolis, o caso da Encol e Itumbiara. Perguntou, também, se o Promotor Fernando Krebs, que declarou ser amigo pessoal do Deputado José Nelto, já desistiu de alguma ação contra o escritório? Pediu que, com relação à gestão da CELG, o período que o escritório Ramos Advocacia foi contratado, aquela filosofia de sair buscando créditos. Então, queria que o depoente falasse um pouco daquela gestão, porque ela foi uma gestão, de certa forma, até agressiva, mas, no sentido de buscar a recuperação dos créditos tributários, trabalhistas e também quebrar contratos lesivos como este, onde a CELG era obrigada a comprar energia elétrica mais cara de Cachoeira Dourada. O depoente respondeu que, na realidade, não foi a Ramos Advocacia que falou que tinha notória especialização. Na realidade o 133 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA corpo técnico da CELG entendeu que a Ramos Advocacia detém notória especialização. Questionado pelo Deputado Coronel Queiroz se o depoente tinha, hoje, em seu escritório, alguma ação, ainda em patrocínio, com a CELG, foi-lhe respondido que nenhuma. Perguntou-lhe, já que a CELG tem demandas, tem necessidades, por que a Adilson Ramos Advocacia, hoje, não trabalha mais em nenhuma ação da CELG, que lhe foi respondido ser devido a uma recomendação à CELG para suspender esses contratos. Na realidade, a Ramos Advocacia rescindiu seu contrato, em 2005. E, portanto, em razão dessa recomendação que, talvez, a diretoria da CELG não tenha optado mais por essa contratação da Ramos Advocacia. Perguntado pelo Deputado Humberto Aidar se o escritório teria aberto mão de parte dos honorários, se houve um desconto desses honorários com a empresa, quanto e por que, o depoente respondeu que sim. Que, pela “Ramos Advocacia”, estava pleiteando aumentar o honorário de 0.8% para 10%, para 20%. Que, na realidade, isso foi uma imposição, na época de uma negociação, para serem resolvidos os honorários para 0,8% e, na realidade, faz parte da advocacia. O Deputado Humberto Aidar perguntou ao depoente se, depois das ações vencidas, houve redução desses honorários, sendo-lhe respondido que sim, que, na realidade, os honorários foram combinados para serem pagos 2.5%, em caso de sentença judicial, 1%, em caso de acordo, e foram reduzidos para 0,8%. O mesmo Deputado perguntou se essa redução foi devido à dificuldade que percebiam que a empresa se encontrava, foi-lhe 134 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA respondido que não, que isso se deve a uma negociação dos diretores, porque, na realidade, entende que eles estavam ali para economizar o dinheiro do erário. Depoimento do Dr. Alex Ivan, advogado que propôs várias ações contra a CELG D para recebimento, por parte dos Municípios, de ICMS devido pela Companhia: Em suas considerações iniciais o advogado disse que advoga há mais de trinta anos e, há mais de vinte anos, faz uma advocacia voltada na defesa dos interesses de Municípios, advogando para grande parte dos Municípios de Goiás. Asseverou que, em 1995, propôs, pelo Município de Rio Verde, pelo Município de Santa Helena de Goiás e por algumas outras prefeituras, uma Ação Ordinária Declaratória de Nulidade de Ato Jurídico, em função de um acordo que fora feito entre a CELG, o Estado de Goiás, o Banco do Estado de Goiás e a AGM – Associação Goiana dos Municípios. Nesse convênio todos os Municípios do Estado de Goiás foram representados pela AGM, que não tinha legitimidade para firmar um contrato oneroso pelos Municípios do Estado de Goiás, pois o convênio firmado entre o Estado, a CELG, a AGM e o BEG era nulo, de pleno direito, em função de não terem sido observados os princípios da legalidade, em todo o seu contexto. Quanto à ação de Santa Helena, por exemplo, foi proposta, no dia 27 de junho de 1995. Ela objetivava a nulidade do convênio e a restituição de todos os recursos que foram apropriados, indevidamente, pela CELG, em função desse convênio. 135 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Tanto a ação de Rio Verde, como a de Santa Helena e as demais ações foram julgadas, em primeira instância, procedentes. No caso específico de Santa Helena, a ação foi julgada procedente, em data de 30 de junho de 1999. O juiz julgou a ação procedente e condenou a CELG a restituir ao Município todos os valores que foram por ela apropriados ilegalmente. A CELG recorreu, o Tribunal de Justiça confirmou a sentença, integralmente, na ocasião, através de um voto relatado pelo Desembargador Leobino Valente Chaves. A CELG, inconformada, interpôs o recurso especial e o recurso extraordinário. Os dois recursos da CELG subiram para Brasília. No STJ, o recurso não foi conhecido. O recurso extraordinário foi admitido e distribuído ao Ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal. O Ministro Marco Aurélio, posteriormente, julgou a ação, confirmando a sentença de 1º grau, proferida pelo Dr. Agnaldo, e considerou o contrato nulo. Referindo-se, especificamente, ao Município de Santa Helena, asseverou que, no curso da ação de execução, houve um momento em que quase fechou um acordo com a CELG. Esse momento foi nas eleições para Prefeito, na penúltima eleição para Prefeito, achando que foi em 2004. Nessas eleições de 2004, quase fechou um acordo com a Prefeitura de Santa Helena para ela receber uma parte em dinheiro, e uma outra parte, em quilowatts. Na época, o Prefeito era o Dr. Judson. Esse acordo quase saiu, só não saiu por algumas circunstâncias e pelo próprio resultado 136 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA da ação. Posteriormente, prosseguiu na ação de execução, conseguindo receber da CELG, pela Prefeitura de Santa Helena. Na ocasião, doze milhões e duzentos e pouco mil reais. Na realidade, o seu escritório, hoje, advoga para aproximadamente cento e vinte Municípios. Só para esclarecer, disse que tinha em andamento hoje, aproximadamente, cento e cinco a cento e vinte ações contra a CELG, no mesmo sentido. Todas são ações de cobrança. Algumas, em fase final; outras, quase no começo. O seu escritório representa mais de cento e vinte prefeituras, cobrando da CELG esses valores que foram debitados, que foram apropriados, indevidamente, do Município. Também queria deixar uma coisa muito clara, porque desde o princípio, quando percebeu a nulidade do ponto de vista jurídico do convênio que foi firmado, que propôs esta ação, entendeu que não houve uma culpa específica de ninguém. Foi um negócio mal feito que o Estado fez, mal orientado, juridicamente, e que causou prejuízos aos Municípios. E os Municípios, por força de lei, não podem, em hipótese alguma, abrir mão de seus direitos. Disse que seu escritório fez um contrato de honorários com a CELG. Na ocasião, tinham vinte e sete prefeituras e três delas não admitiam acordo. Naquela ocasião, vinte e quatro prefeituras admitiam acordo. Estabeleceu, em uma reunião, que iriam fixar os honorários em 0.8%, sobre o valor atualizado de cada causa, o que corresponderia a, aproximadamente, 5% do valor de cada ação. À medida que fossem fixando, esses alvarás ficavam fixados e, à medida que os prefeitos fixassem o acordo individual com a CELG, a desistência iria e terminaria esse tipo de ação. Foi uma proposta feita 137 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA pelo jurídico da prefeitura ao seu escritório. Eles acharam conveniente, negociaram nesses termos e aceitaram esse encargo. Desses vinte e quatro Municípios, acha que vinte ou dezoito fecharam os acordos e, em cima de todos esses, houve a respectiva desistência da ação. Iniciado o momento de perguntas pelos Deputados membros, o Deputado Humberto Aidar perguntou que negócio foi esse malfeito. E, se ninguém tem culpa, quem seria o culpado do malfeito. Porque malfeito não acontece por acaso. Respondendo à pergunta do Deputado Humberto Aidar disse que o convênio causou prejuízo para todos os Municípios do Estado de Goiás. Foi muito mal orientado. Não sabia quem foi que orientou isso. E quem o firmou foi o Banco do Estado de Goiás - BEG, a AGM, o Estado de Goiás. E a CELG não foi bem orientada. Perguntado pelo Deputado Humberto Aidar se estava ganhando em cima do malfeito, respondeu que, quem trabalha no Direito, se a pessoa fizer certo, não tem o que reclamar, ganhava se houvesse um malfeito. Perguntado pelo Deputado Humberto Aidar se existe uma licitação para que ele e seu escritório sejam contratados ou se ocorre como os demais que foram contratados pela CELG, sem licitação, pelo notório saber, respondeu que essa ação, a natureza dela foi criada dentro do seu escritório, é uma ação inédita. Além de o notório saber que o seu escritório, que a sua sociedade desfruta, essa ação, também, é inédita, e foram contratados através da licitação, por dispensa de 138 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA licitação, mas, através do notório saber e através do próprio ineditismo da ação. Respondendo à pergunta do Deputado Humberto Aidar, se é quase como se tivesse criado uma fórmula e apresentado às Prefeituras, disse que exatamente. Era uma criação deles. Perguntado pelo Deputado Humberto quanto recebeu dessa ação específica de Santa Helena, respondeu que recebeu, especificamente, da Prefeitura de Santa Helena, um milhão de reais de honorários da CELG. Isso, em razão da sucumbência, de condenação judicial. Respondendo ao Deputado Humberto Aidar se tinha consciência que o Dr. Javahé, à época, Diretor Econômico e Financeiro, e afirmou, e não precisa ser um perito, que a assinatura dele no contrato foi falsificada. Se tinha essa informação, respondeu que não. Perguntado pelo Deputado Humberto se tivesse tomado conhecimento que alguém ia assinar pelo Sr Javahé, se, mesmo assim, ele receberia, respondeu que acreditava que talvez não recebesse, se soubesse disso. Disse que não receberia porque tratou com gente séria, tratou com a CELG, com o Presidente, na época, o André. O André é um homem sério. Agora, se ele fez a safadeza de assinar alguma coisa, era problema do André, não era dele. Não cabia a ele investigar se foi ele, se foi o sicrano, ou o beltrano que teve essa capacidade de falsificar a assinatura de um colega dele. E achava que não fizeram isso não. 139 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Respondendo ao Deputado Humberto se também concorda que as assinaturas foram falsificadas, respondeu que não era a mesma de jeito nenhum. Não sabia se as duas são do Sr. Javahé, ou não. Mas, que as duas não são as mesmas, não eram. Passada a palavra ao Deputado Daniel Goulart, perguntou se o depoente recebeu, nos dois acordos, o primeiro, de 30 de setembro de 2004 e, também, o de 31 de março. Se representando o seu escritório, poderia ter recebido pelos dois acordos, respondeu que não. Esclareceu que a questão do Município de Santa Helena parecia estar tendo uma conotação política, onde nunca existiu política. O fato de a Prefeita ser mulher do atual Governador, uma coisa não tinha nada a ver com a outra. Pediu, então, para que o Deputado lesse a cláusula nº 06 do acordo, porque não tinha o documento. O Deputado disse que estava de posse da cláusula 6ª, onde se lia que a Sociedade de Advogados era responsável pela obtenção de anuência expressa dos Municípios, em relação às petições de desistência das ações propostas, sob pena de ser declarado nulo e sem qualquer validade o presente termo de acordo. Então perguntou se o depoente estava afirmando que não recebeu, que o seu escritório não recebeu pelo acordo, ao que respondeu que não recebeu pelo primeiro acordo porque o Prefeito não anuiu ao contrato. Não houve primeiro acordo. Todo acordo era condicionado à Prefeitura aceitar ou não o acordo. 140 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Perguntado pelo Deputado Daniel Goulart se não tinha a procuração do Prefeito, respondeu que o direito público é indisponível, que não abria mão, nunca abriu mão, é princípio, que não abria mão da assinatura do Prefeito, de Prefeito nenhum, seja ele do PDS, do PSD, da UDN. Perguntado quando foi firmado esse acordo, quando foi dado início a essa ação que a AGM propôs, mas sem legitimidade, quando começou essa polêmica, respondeu que no dia 6 de julho de 1995. Perguntado se, de 1995, foi dado início, portanto, essas ações que ele estava representando na época, que ele começou a representar esses Municípios, respondeu que era o Procurador-Geral do Município de Rio Verde, na ocasião. Depois voltou atrás, e disse que já tinha deixado a Procuradoria do Município de Rio Verde e já tinha, definitivamente, se transferido para Goiânia. Respondendo à pergunta do Deputado Daniel Goulart se desses Municípios, dos vinte e três Municípios, sabia se teve outros Municípios, além de Santa Helena, que também participaram de um outro acordo, respondeu que muitos, uma série de acordos. Perguntado se tinha conhecimento se eles também conseguiram receber, em dinheiro, da CELG, respondeu que, a princípio, gostaria até de deixar uma coisa bem esclarecida. Quando disse que tinha 105 (cento e cinco) ações ou mais, em andamento, hoje, tinha ações em todas as fases. Desde a fase de execução de sentença até a que está no começo. E ação que está no começo, não se tem como 141 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA exigir nada, pois se está apenas pleiteando um direito que ainda não foi reconhecido pela Justiça, embora se venha, ao final, a sua expectativa. Passada a palavra ao Deputado José Nelto, perguntou se o depoente propôs uma ação contra a CELG, também no Município de Itumbiara, ao que respondeu que sim. Respondendo ao Deputado José Nelto se foi de oito milhões, disse que não se recordava o valor de cabeça. Perguntado se recebeu o dinheiro, respondeu que sim. E se foi oito milhões, respondeu que recebeu quarenta milhões. A Prefeitura recebeu quarenta milhões. Perguntado pelo Deputado José Nelto se também ganhou uma ação para a Prefeitura de Rio Verde, respondeu que sim. Advogou para a Prefeitura de Rio Verde muito tempo. Foi Procurador-Geral do Município. Perguntado qual era o valor da ação, respondeu que, na época, houve um acerto entre a Prefeitura e a CELG e ficou tudo recebido, na ocasião. Sobre o valor, disse não se recordar. Perguntado se essa tese que defendeu, se só ele a tinha aqui em Goiás, respondeu que não, que a tese é pública, hoje, porque qualquer ação que se propõe é de domínio público. Perguntado pelo Deputado José Nelto como era sua relação com o Doutor Javahé, respondeu que não o conhecia. E continuou dizendo que, para ser honesto, não conhecia ninguém da CELG. Que 142 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA advogava contra a CELG, mas quando ia negociar com a CELG, ia lá para defender os interesses das suas Prefeituras. Que não olhava e não tinha que cuidar de interesses da CELG, pois era a parte adversa. Respondendo à pergunta do Deputado José Nelto sobre com quem negocia, na CELG, se houve uma cerimônia para assinar o contrato lá, falou que, quando se entabula uma negociação, um contrato, a CELG tem o jurídico dela para lá e ele tinha o seu jurídico para cá. Ela faz a minuta dela, ele faz a sua e chegam a um acordo. Aí, vão assinar. O jurídico de lá trata de colher as assinaturas, traz no escritório e se assina, ou vice-versa, eles assinam e entregam para lá. Não há esse formalismo. Respondendo ao Deputado se é tratado com o jurídico da CELG, disse que todo contrato, quando se formaliza, se trata com o jurídico. É evidente que quem decide a questão é a Diretoria, é ela quem resolve. Agora, quem formula contrato, são os técnicos. Perguntado pelo Deputado se não se importaria, caso a CPI precisar, daqui uma semana, de quebrar o sigilo bancário e telefônico do depoente, respondeu que, a princípio, seria contra quebra de sigilo bancário, porque uma das especialidades do seu escritório é, exatamente, advogar a preservação do sigilo. Agora, a conta do seu escritório não tem nada escondido e dentro de um contexto que se pode negociar, admitiria. Como o depoente citou o Deputado Daniel Goulart, o mesmo usou da palavra dizendo que esse convênio tinha por objetivo, também, o encontro de contas, porque as Prefeituras, uma grande parte delas, não pagava a CELG, muitas ainda não pagam. Então, na 143 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA verdade, o convênio tinha esse objetivo, o encontro de contas de consumo de energia elétrica com esse crédito de ICMS, que tinha. No caso, as Prefeituras deviam à CELG consumo de energia e Prefeituras tinham crédito de ICMS. Passada a palavra ao Deputado Coronel Queiroz, perguntou ao depoente se o seu escritório tem, ainda, se teve ou se tem, ainda, um percentual fixo de recebimento dessas ações, são valores variados, se tem é 20%, 10% e como que são feitas essas negociações. O depoente respondeu que todo contrato seu, sem exceção, é feito no êxito da ação, se propõe uma ação para o Município, se houver resultado econômico, eles têm uma percentual em cima, geralmente 20% do valor econômico que a Prefeitura ou qualquer cliente, independente, de ser Prefeitura, pessoa Jurídica ou pessoa física. Perguntado pelo Deputado Coronel Queiroz se era possível, através de documentação, precisar a época em que advogou para a Prefeitura de Rio Verde, se tinha esses dados, respondeu que poderia mandar isso, um extrato de todas as suas ações, as que estão em andamento, as que já encerraram, quando aconteceu. Respondendo à pergunta do Deputado Coronel Queiroz sobre se só recebeu honorários dessas ações, se quem paga é quem perde, é o caso da CELG, porque a CELG sempre é perdedora, no caso só a CELG que paga, disse que independente de qualquer coisa, recebia da Prefeitura. Quando existia condenação judicial, recebia também da CELG e quando fazia um acordo, que é uma questão de liberalidade entre as partes, e não só de liberalidade, uma questão de andamento de processo também recebia, porque não advogava de graça, seu objetivo era ganhar dinheiro. 144 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Perguntado pelo Deputado Coronel Queiroz qual o objeto principal dessas ações que propôs para os Municípios, disse que esse convênio que foi firmando entre o Estado, a CELG, o BEG e a AGM era um convênio oneroso. Oneroso no sentido de que, quando entra para o Estado o ICMS, que é recebido pela CELG, através das contas do consumidor, de cada cem reais, 25% pertencem aos Municípios. O que ocorria era que a CELG repassava para o Estado os 75% e os 25% ela reteve em caixa, ela não repassou o dinheiro para o Tesouro, ela passou a funcionar como o Tesouro. A ilegalidade do convênio estava aí, estava no fato da CELG ter sido transformada num Tesouro, do ICMS dos Municípios terem sidos manejados por uma empresa particular, mesmo que fosse estatal. Perguntado pelo mesmo Deputado sobre a essência disso, ou seja, o que isso representou para o escritório, em relação ao relacionamento CELG e Municípios, disse que esse termo de acordo foi feito entre o seu escritório e a CELG, no qual fixaram os valores de cada ação que fosse concluída, que o Prefeito concordasse em aceitar o termo em que ele fosse lá e fechasse o negócio com a CELG. Estava individualizado ali quanto receberia por cada acordo que fosse concretizado. Perguntado pelo mesmo Deputado se, dessa forma, havia fugido dos 20% que tinha falado, respondeu que não. Disse que combinaram que a CELG pagaria esses honorários para o escritório e ficaria livre para negociar com cada Prefeitura e eles orientavam a Prefeitura no sentido. Teve Prefeitura que orientaram a não fazer o acordo, outra Prefeitura que orientaram fazer. 145 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Respondendo ao mesmo Deputado se, de todo jeito, recebia esse dinheiro, independente de qualquer coisa, disse que só recebia se houvesse o acordo. Perguntado pelo Deputado Coronel Queiroz se foi por isso que foi celebrado então, esse acordo, respondeu que não. Esse foi um acordo para evitar pedido de alvitramento de honorários, para evitar uma série de procedimentos judiciais, porque, para conseguir um despacho judicial em qualquer lugar, ninguém consegue isso em menos de um mês. Agora, imagine com vinte e cinco ações. Quer dizer, fizeram um acordo no sentido de que ficasse bom para CELG e ficasse bom para o escritório. Passada a palavra, novamente, ao Deputado Humberto Aidar, o mesmo perguntou se o depoente tinha idéia de quantos milhões já recebeu da CELG nas ações, disse que não tinha. Disse que tinha em torno de um bilhão e quinhentos milhões de ações ajuizadas contra a CELG. Tinha um milhão e quinhentos que não recebeu ainda, tinha uma expectativa de recebimento. Perguntado pelo Deputado Daniel Goulart se não recebeu de Santa Helena, se recebeu de qual Município, respondeu que seria vinte e três. Não se recordava qual, mas devia ter recebido, no mínimo de dezoito. Uns cinco ou seis é que não sabia. Perguntado pelo Deputado Coronel Queiroz se houve outros acordos, disse que houve, mas não como esse. Realizados dentro da Prefeitura de Rio Verde e em diversas outras prefeituras. 146 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Respondendo ao Deputado Coronel Queiroz, disse que a CELG o procurou para tentar fazer um acordo com os Municípios. Mas antes dela tentar fazer o acordo, ela precisava fixar os seus honorários, em virtude dela poder fazer esse acordo com mais liberdade. É preciso deixar muito bem claro que, de todas as Prefeituras que estão relacionadas nesse contrato, as que fizeram o acordo, recebeu da CELG. Agora as que não fizeram acordo ele não recebeu. Garantiu que, no mínimo, 18 Prefeituras fizeram o acordo e ele recebeu 18 honorários individuais de cada uma dessas Prefeituras. Perguntado se recebeu também pelos outros acordos que citou, para permitir que a CELG negociasse diretamente, respondeu que não. O acordo foi só dentro desse contrato. Interferindo para auxiliar na resposta, o Presidente da CPI perguntou se, como hoje o depoente representa cento e tantos Municípios, se em todas, uma vez feito o acordo entre a Prefeitura e a CELG, o percentual ficou definido que é 0,8, respondeu que de jeito nenhum, não faz isso mais. Agora a CELG tem que pagar 10% ou não paga nada, é o princípio porque mudou tudo. Depoimento do Dr. ALCIMAR DE ALMEIDA, advogado contratado pela CELG: Em suas considerações iniciais, o depoente ALCIMAR DE ALMEIDA relatou que trabalha para a Companhia Energética de Goiás, desde o ano de 2000, ocasião em que foi contratado pela Procuradoria Jurídica da Empresa para tratar de assuntos relacionados a processos trabalhistas, movidos pelo Sindicato das Indústrias dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado de Goiás – STIUEG. Contou que, 147 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA após essa consulta, em 2001, firmou contrato com a Companhia, e na condição de líder do Escritório Alcimar de Almeida Advogados Associados, veio até Goiânia, a fim de fazer uma análise prévia de todos esses processos que, a época, somavam, salvo engano, uma importância de 62, 63 milhões de reais. Expôs, também, que, de acordo com os próprios advogados que funcionavam nesses processos, do quadro de advogados da CELG e até da Procuradoria Geral do Estado, a situação era irreversível, os processos estavam, ou sob liquidação de sentença ou execução de sentença, inclusive com o edifício sede em penhora. Após formalização do contrato, passou à análise imediata desses casos, e notou que, realmente, apesar de a situação ser gravíssima, havia alguma saída processual. Essa foi a primeira contratação do escritório. Daí por diante, dando segmento a esses processos, o processo conhecido por periculosidade apontava para uma liquidação em torno de 43, 44 milhões de reais, e já havia, nos autos, uma terceira conta de liquidação. Enfim, havia uma discrepância entre contas, métodos de liquidação, e, também, uma curiosidade: essa liquidação foi feita por uma comissão paritária, formada por empregados da CELG, bem como por representantes do Sindicato à época, empregados da CELG. Relatou que, em 2001, parecia-lhe ser interesse do Governo do Estado de Goiás privatizar a distribuidora de energia, haja vista que a geradora já havia sido privatizada há tempos atrás. Esse passivo de 62, 63 milhões de reais, aos olhos de um eventual interessado pela empresa, poderia passar dos seus 180, 200 milhões de reais. Aliás, parecia-lhe ter sido essa a avaliação da própria empresa. Isso, de certo, traria algum empecilho para essa privatização. 148 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O depoente assinalou que o Sindicato não abria qualquer brecha, qualquer negociação para que se fizesse uma composição, em relação às ações. Mas, quando conseguiram fazer com que o Juiz do Trabalho entendesse que aquela conta estava eivada de vícios, esse Juiz do Trabalho anulou essa conta de 44 milhões e nomeou, por segurança, um perito para que viesse fazer a devida liquidação desses cálculos. O depoente conta que, nesse meio tempo, abriu-se uma possibilidade maior para que a CELG pudesse negociar todo esse passivo, que de fato foi feito, mas esse advogado apenas propiciou as condições necessárias para que a diretoria da CELG fizesse, então, este acordo. O passivo de 63 milhões de reais foi negociado em 29 milhões e pouco e pago em 13 vezes. Esse foi um dos processos. E não ficou só aí o ganho da CELG de 63 milhões de reais, pagos 29, também nas transações. Nos termos das transações, destacam-se verbas remuneratórias e verbas indenizatórias que repercutem no recolhimento de ISS e de outras contribuições que são de efetivo ganho da CELG. O depoente conta que seu trabalho continua até hoje, apesar de não ter recebido muitos deles. Traçou-se um plano de recuperação, foi uma das poucas vezes que viu uma diretoria coesa e buscando, realmente, algum subsídio para colocar a empresa nos trilhos, a respeito da sua situação financeira. Partiu-se, então, segundo o depoente, para uma segunda contratação, dentro da área tributária. Ele relata que a CELG, antes de lhe fazer este convite e outros escritórios, consultou seu departamento jurídico, especificamente, a área tributária. A resposta foi escrita, no sentido de que a CELG não tinha condições nem pessoal preparado para empreender aquela tarefa. Partiu, então, diretamente, para a contabilidade da empresa, buscando identificar algum recurso que 149 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA viesse dar condição de recuperação. Deparou, então, com uma prática tributária totalmente errônea, prejudicial à empresa, ao Estado e ao povo goiano. Ocorre que o ICMS que ela recolhia, recebia como substituta tributária. Então, ela colocava aquilo na base do PIS e Cofins, como se fosse receita, como se fosse parte de seu faturamento, enriquecendo a União em prejuízo ao Estado. Segundo o depoente, com a orientação de seu escritório, a CELG se beneficiou, em 2003, de, aproximadamente, sessenta e dois milhões de reais, dinheiro esse, usado para pagar outros tributos, administrados pela Secretaria da Receita Federal. Esse dinheiro ingressou, efetivamente, nos caixas da empresa, em 2003. Conta o depoente que a primeira recuperação foi de 1999 a 2003, buscando-se a recuperação judicial. Ingressou com uma ação declaratória, buscando esse outro período para trás. Em primeira instância, ela foi julgada improcedente. O depoente apelou para o Tribunal Regional Federal, que acatou, in totum, esse recurso, reconhecendo a condição de substituto tributário da CELG e mandou que ela compensasse as diferenças. Esses valores, hoje, segundo apontamento da contabilidade geral da CELG, importa, mais ou menos, cento e oitenta a duzentos milhões de reais, e pode ser compensado com tributos federais. Depois disso, a diretoria da CELG foi recomendada, pela mesma advogada, que disse que a CELG era substituta tributária, que deveria reincluir o ICMS, na base de cálculo do PIS e Cofins, porque aquilo era uma prática inusitada, ilegal, e a CELG assim o fez. Antes disso, porém, assevera o depoente, que seu escritório recomendou, por escrito, a não fazê-lo porque, além de ilegal, prejudicial, entende até que 150 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA seria crime contra a economia popular. Conta que, representando o escritório Alcimar de Almeida e advogados associados, representou a diretoria da CELG, junto ao Conselho Fiscal, ao Governo do Estado de Goiás, à Secretaria da Fazenda, à Procuradoria Geral do Estado, sobre essa prática criminosa, ilegal, de reincluir o ICMS, na base de cálculo do PIS e Cofins. Assevera, ainda, que tem as cópias endereçadas ao Governo do Estado e às demais autoridades. Pergunta, então, o depoente, que contratado, que está sendo beneficiado, recebendo dinheiro, tomaria uma atitude dessas. Argumenta o depoente comentarem que seu escritório recebeu dezessete milhões de reais da CELG. Mas, ele diz que não. Que ele recebeu pelo trabalho, primeiro, de 2001, das reclamações trabalhistas, - descartadas, tanto pela Procuradoria Geral do Estado, como pela Procuradoria da CELG, não no total, dos advogados que advogaram naqueles casos - um milhão e setecentos e nove mil reais. Já pelo trabalho de exclusão do ICMS, da base de cálculo do PIS e Cofins, deveria ter recebido 9%, o que, alega, está bem abaixo da tabela, por aí praticada, que é de 20%, que daria uma média de cinco milhões e poucos mil reais. Mas, que recebeu, efetivamente, em torno de setecentos a oitocentos mil reais. E o restante que haviam lhe pago foi retido no seu maior crédito, que está lá dentro, que tem tentado cobrar, desde 2006, o que é um outro caso. Mas, conta, também, que o promotor de justiça de Goiânia terminou por fazer uma recomendação esdrúxula, juridicamente imprestável. Ele esteve na CELG, verificou os trabalhos do escritório, chegou a autorizar pagamento, desautorizar pagamento, como se fosse ele o gestor da empresa. Argumenta que o poder discricionário do administrador, para ele, não existia e culminou que ingressou com uma 151 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA ação de improbidade, travestida de Ação Civil Pública, contra o escritório do depoente, contra alguns outros diretores, ação essa, que já foi julgada improcedente, pelo Meritíssimo Juiz da 12ª Vara Cível de Goiânia, que, ainda, condenou o Estado de Goiás a ressarcir o escritório em seiscentos mil reais de despesas. Relata o depoente que tem, em média, 70 processos administrativos da Receita Federal, e uma média de mais dez ações interessantes para a CELG, sendo patrocinadas até hoje. Que representa a CELG no Superior Tribunal de Justiça, busca reclamação constitucional, no Supremo Tribunal Federal e na Justiça de 1º Grau Federal de Goiânia. Perguntado pelo Deputado Humberto Aidar sua opinião a respeito da contratação e como ela se deu, o depoente respondeu que reputa sua contratação legal. Que, como advogado, entende legal, e não só ele, a doutrina e a legislação legal e até a jurisprudência, inclusive a do Supremo Tribunal Federal, assim diz. Arguido, pelo mesmo Deputado, quais os efetivos resultados que pode dizer que obteve para a CELG, o depoente respondeu que, de sessenta e dois, sessenta e três milhões de reais, fez uma transação de vinte e nove, ganhou nos recolhimentos do ISS e outras contribuições. E ainda, Departamento Pessoal da CELG terminadas as transações, o passou a recolher Fundo de Garantia em cima daquelas transações. Mais do que depressa, recomendou o depoente que “as transações liquidavam o objeto do contrato e o contrato de trabalho”. Não havia Fundo de Garantia a ser recolhido, e isso também levou o depoente a ingressar com uma ação contra a Caixa 152 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Econômica Federal, para tentar recuperar os cento e poucos mil reais, já recolhidos naquele mês, apesar de terem sido orientados. Questionado, ainda, pelo Deputado Humberto Aidar, se seu trabalho resumiu-se em acordos, na Justiça do Trabalho, respondeu o depoente que não, que é bem diferente uma transação. Que, numa transação, as partes abrem mão de alguns direitos, reciprocamente. Questionado pelo Deputado Daniel Goulart se o depoente, com relação a esses êxitos que conseguiu junto à CELG, tem alguma nota técnica, o depoente respondeu que sim. Que tem, consigo, inclusive, uma defesa, subscrita pelo Procurador Jurídico da CELG, Doutor Carlos de Freitas, falando dos trabalhos e dos resultados de seu escritório. Com relação ao trabalho referente ao ICMS, tem três planilhas, nunca feitas pelo seu escritório, mas, sim, pela Contadoria Geral da CELG. Disse, também, que, em 2003, entraram no caixa 62, 63 milhões e, depois, pelo seu trabalho judicial, tem a planilha. Arguido pelo Deputado Helio de Sousa se o depoente foi contratado pela CELG para essa questão da participação do ICMS, na base de cálculo do PIS/Cofins e, se for, não teria de colocar o ICMS na base de cálculo e qual o período que não foi colocado e a partir de qual período voltou a colocar, o depoente respondeu que, salvo engano, a reinclusão do ICMS se deu em 2005. O Deputado José Nelto perguntou ao depoente como se deu a sua contratação, já que seu escritório é de São Paulo, e como ele chegou até a CELG, ao que foi respondido ser devido ao conhecimento do meio elétrico, por já estar nesse meio de empresas de energia elétrica, encontros, palestras, e as notícias correm de um lado para o 153 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA outro e ele foi contratado, pelo, então, Procurador Jurídico, o Doutor Ramatiz Marinho. Que acha que foi indicado pela ANEEL, pelo Doutor Lincoln de Brito Xavier, que integrava a diretoria e que conhecia de longe seu trabalho. Questionado pelo Deputado Coronel Queiroz se todos os contratos que o depoente firmou com a CELG eram de risco, afirmoulhe que sim, e que poderia ser provado com toda e qualquer documentação que a Comissão quiser. Solicitado pelo Deputado Humberto Aidar para explicar a questão do PIS/Cofins, o depoente explicou que uma conta de energia elétrica de R$ 63, 79 (sessenta e três reais e setenta e nove centavos) sem o ICMS custa R$ 56,60 (cinqüenta e seis reais e sessenta centavos). E, é em cima desses valores que deveriam incidir o PIS/Cofins, e não em cima dos R$ 63,79 (sessenta e três reais e setenta e nove centavos). Disse o depoente que o procedimento da empresa, desde 1998, quando foram criadas as contribuições, foi errôneo, ilegal, prejudicial. Que a CELG continua pagando, por determinação da própria advogada, que também reconhecia a condição de substituta tributária. Então, disse que uma conta de R$ 63,79 (sessenta e três reais e setenta e nove centavos), sem o ICMS, vai para 56,60 (cinqüenta e seis reais e sessenta centavos). Então, o escritório recuperou 99, 2000, 2001, 2002 e 2003, administrativamente. Ingressaram aqueles sessenta e dois, sessenta e três milhões de reais no caixa da empresa. Aí, a coisa parece que não foi bem vista lá dentro, porque foi visto o óbvio. Está na legislação. Basta interpretá-la. Questionado se o depoente estava querendo dizer que a CELG, nesse momento, as ex-diretorias e a atual diretoria está 154 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA trabalhando contra a empresa, ele respondeu que sim, que contra a própria empresa e contra o seu dono, que é o povo. Depoimento do Sr. Marcos Antonio Machado - ex-presidente da CELG D, presidente de outubro de 1983 a início de 1987: Em suas considerações iniciais, o depoente MARCO ANTÔNIO MACHADO disse que foi funcionário da CELG, desde novembro de 1967 até o final de 1994. Portanto, cerca de 27 anos. Sobre sua administração na CELG, afirmou que não foi o primeiro Presidente da CELG, nessa época. Que o primeiro Presidente foi o engenheiro Jeferson Bueno, que assumiu e depois, por uma condição, ele saiu e entrou outro Presidente e o depoente assumiu posteriormente, sendo o terceiro. Disse que algumas decisões já foram tomadas quando Dr. Jeferson Bueno assumiu a Presidência, por algum tempo. O depoente passou alguns dados que refutou de importância para a Comissão. Mostrando, por meio de dados contidos em uma tabela, disse que, em todos os anos em que foi Presidente, deu lucro, o que também foi confirmado pela FIPE. O depoente disse que os membros da Comissão podiam observar que, em uma ocasião, a CELG praticamente não tinha serviços de terceiros. Que os funcionários da CELG faziam todas as atividades: manutenção, consumidores. fiscalização, Que as projeto, despesas leitura e operacionais fiscalização tinham dos limites e acompanhavam a receita operacional. Que a despesa de pessoal representava, quase sempre, um valor, em relação à despesa total da empresa, em torno de 044. Asseverou, também, o depoente que, quando Presidente da CELG, não usava carro da Companhia, não tinha férias e 155 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA também não recebeu, nos dois primeiros anos. Que recebia apenas seu salário de engenheiro. O depoente contou, também, que a CELG, na sua época, tinha concessão do Estado do Tocantins. Que 44 Municípios, no Tocantins, não tinham energia elétrica, bem como inúmeros Distritos. Contou que a CELG estava quase perdendo a concessão, por não conseguir prestar atendimento na região, tendo em vista a distância. Disse que a dificuldade de levar energia para todas as cidades do Estado era também acompanhada pelas demandas da sociedade, de políticos, de empresas de eletrificação rural e de poderes públicos. Assinalou que a empresa, na época em que assumiu, se deparava com o desafio de solucionar os problemas financeiros herdados, existentes, e compatibilizar este grande programa de investimentos para atender a todas as regiões do Estado que não dispunham de energia. Disse que esse não era um problema que afligia só a sua gestão. Mostrou uma nota de esclarecimento, publicada pelo ex-presidente da CELG, anterior ao depoente, uma nota no jornal. Nessa nota, ele se queixava das dificuldades que tinha para pagar empreiteiras, fornecedores, material, dizendo, inclusive, que estava inadimplente. Nessa nota, dizia, ainda, que não tinha dinheiro para pagar a Eletrobrás. Anunciou também sua paralisação da Usina de Corumbá. Que o ex-presidente argumentava que a CELG não tinha dinheiro. Dizia, também, na nota, que o Governo do Estado, apesar de ter votado uma lei na Assembleia que custearia os investimentos da usina, durante algum tempo, não podia colocar os recursos na obra. Conta o depoente que, como a Eletrobrás não quis participar da construção da Usina de Corumbá, seu projeto começou a se inviabilizar. Disse que não havia dinheiro. O depoente disse que 156 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA mencionou tudo isso somente para dizer ele, como todos os presidentes, não encontrou a empresa com facilidade, que procurou imprimir o ritmo de muita austeridade e sobriedade, no trato da administração da CELG, o que julgou importante para a obtenção dos resultados. O depoente disse que também entende que havia duas vertentes: uma era de fazer obras porque a demanda da sociedade era muito grande. Mostrou um quadro com 44 cidades que não tinham energia, foram atendidas em várias localidades, principalmente, no Norte de Goiás e mais 130 distritos também foram atendidos. Além disso, o Estado de Goiás estava desabrochando para indústria e havia necessidade de fazer linhas de transmissão, subestações para levar energia para essas indústrias. Disse que eram indústrias que beneficiavam minérios, indústrias extrativas, indústrias na área de agricultura, pecuária e eletrificação rural. Disse que, tanto o investimento foi grande que, no período, o consumo de energia cresceu 82.2%, em quatro anos. Disse que foram consumidos quase dezoito mil quilômetros linhas, que hoje parece não ser grande, mas, naquela época, era muito, devido às dificuldades existentes. O depoente mostrou as localidades atendidas pela CELG, os investimentos no período, a situação das obras. Disse que a IV Etapa foi iniciada em 1984. Que 70% foi concluída no final de 1986. Que o número de consumidores cresceu na ordem de 47%. Disse imaginar que a Usina de Corumbá se inviabilizou pela CELG, pelo seu custo e pela falta de recurso. Que ninguém tinha recurso para colocar na Usina de Corumbá, porque seu custo era alto. 157 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Disse, também, imaginar que, pelos custos da época mais juros, durante a construção, que essa obra deveria ficar com o custo acima de oitocentos milhões de dólares. Mas, mostrou a seguinte situação: a CELG, assoberbada por essa demanda de energia para cidades que não tinham, povoados que não tinham eletrificação rural, indústrias. Então, indagou o depoente como a CELG poderia optar por fazer usina que ela não daria conta de terminar e deixaria de fazer esses investimentos. Mostrou o depoente que, no período, a energia para a indústria cresceu 140%, e rural também 140%, em quatro anos, o consumo. Contou que, então, a Usina de Corumbá, com essa demanda, realmente há a viabilidade e a obtenção de recurso era muito difícil, principalmente quando a Eletrobrás negou participar. O depoente contou que a situação da Usina de Corumbá foi até benéfica porque não havia um estudo de impacto ambiental conclusivo. E, conta o depoente, uma obra com a cota de 620 metros, como tinha, inundaria a Lagoa de Pirapitinga, não podendo ser realizada. Mas, indagou como se inundaria uma das maiores riquezas que são as águas termais de Caldas Novas. Com isso, quando foi feito esse convênio, em que o Governo do Estado exigiu que Furnas fizesse um estudo do impacto ambiental conclusivo e que ela se responsabilizasse por qualquer afetação no surgimento das águas termais de Caldas Novas. E Furnas, depois que assumiu em 84, gastou três anos para fazer esse estudo, e foi dito que tinha de ser uma firma de renome nacional e qualquer problema que houvesse, ela se responsabilizaria pelos impactos, no surgimento das águas termais. 158 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Contou que, quando Furnas fez isso, chegou à conclusão que tinha de baixar a cota do reservatório para 595 metros, diminuir a área de inundação, de 160 quilômetros quadrados, para 64 quilômetros quadrados. E a potência, que era 500 megawatts, com a opção de ser de 125, baixar para 375 megawatts. Então, contou o depoente que Corumbá, devido a isso, não foi mais aquela usina tão rentável que era quando era 500, podendo mais 125. Por isso, o depoente imagina que a paralisação foi até interessante, porque, e se a CELG continuasse fazendo e não tivesse tempo para fazer o estudo que Furnas fez. Gastou três anos, depois gastou dez anos para construir. Disse que Furnas, então, gastou treze anos para construir a Usina de Corumbá I. Argumenta, então, o depoente que, para fazer isso, precisava ter um aporte de capital, sem o custo, como ela tem do orçamento do Tesouro, senão não aguentaria os juros, durante a construção. Contou, também, que Furnas, consoante o documento que mostrou, só retomou as obras, quando teve certeza de que não afetaria as águas termais de Caldas Novas. O depoente assinalou que o Sistema Elétrico Nacional tinha a Usina de Corumbá, uma potência maior, e tinha um plano, chamado Plano Decenal. Quando sentiu que não poderia ser feita aquela obra, o Sistema Elétrico Nacional, comandado pelo Ministro de Minas e Energia, pelo Presidente da Eletrobrás, pelo Presidente de Furnas e pelo Departamento Nacional de Águas e Energia, decidiu, ao invés de fazer a Usina de Corumbá, que não era possível, porque não tinha dinheiro, devido ao surgimento das águas termais, fazer duas usinas: uma, Corumbá Pequeno; a outra, a ampliação da quarta etapa de Cachoeira Dourada. O documento mostra, então, dez “considerandos”, referentes ao porquê de o Governo Federal autorizar o Governo do Estado, 159 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA também, a fazer essa partição. Disse que parte dos contratos ficaria com Cachoeira Dourada, e parte, com Corumbá. O Deputado Relator disse ao depoente que sua gestão na CELG foi marcada, no que tange às investigações da CPI, pela questão de Corumbá, transferência para Furnas. Perguntou, então, ao depoente, se ele, como técnico, tem convicção de que aquela medida, naquela época, foi a melhor. O depoente disse que se reportaria à ocasião de sua gestão e que, na época, havia uma preocupação muito grande em fornecer energia para o desenvolvimento do Brasil. Disse que, na época, havia um plano chamado Plano Decenal. Nesse Plano Decenal, o crescimento era previsto e já se previa qual era o consumo que iria acontecer daí dez anos, no Brasil. Disse que, na época, o Plano Decenal contemplava a Usina de Corumbá com as informações que a CELG tinha repassado, mas a CELG não tinha conhecimento que a usina não podia ser feita. Contou que, então, uma maneira que o Governo Federal achou de suprir essa falta de potência foi fazendo duas usinas, se é que pode chamar a IV Etapa de uma outra usina. Então seria Corumbá I, por Furnas que podia fazer, e a IV Etapa que era um custo mais barato que a CELG podia fazer. Então, as duas somadas resolveriam o problema da demanda da energia no futuro no País. Disse que esse assunto é do Setor Elétrico Nacional, que tem as empresas todas estruturadas para planejar, para financiar, para acompanhar, para fiscalizar, e tem a obrigação de suprir de energia do País. Disse que, então, Furnas é uma empresa da Eletrobrás. Que, na época, já estavam preocupados com o que ia acontecer, dez anos depois, O Deputado José Nelto pediu ao depoente que, com relação ao período em que ele foi Presidente da CELG, que explicasse o contrato com a Empresa Odebrecht, que construiu Furnas, Corumbá I e a IV 160 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Etapa de Cachoeira Dourada. Se esse contrato foi feito pela CELG, ou se foi feito por Furnas ou Ministério de Minas e Energia. O depoente respondeu que o contrato foi licitado pela CELG para Corumbá I, licitado pela CELG no Governo anterior. Que, depois, dentro desse convênio, SV28484, ele foi repartido entre Corumbá e Cachoeira Dourada, segundo consideração do Ministro, devido ao interesse público e também para evitar aumento de custos e para evitar a paralisação da obra. O mesmo Deputado perguntou ao depoente se, no período em que foi Presidente, se cumpriu, rigorosamente, o compromisso. Se, naquela época, comprava-se energia de Furnas, Itaipu. Se Cachoeira Dourada já produzia energia para o consumo do Estado de Goiás. Se o depoente comprava da Eletrobrás e se pagava em dia seus compromissos. O depoente respondeu que a Eletrobrás tinha duas cotas, na época, que faziam parte. Que é como hoje. Que hoje, quando se paga uma conta de energia, uma parte é para a empresa, outra parte para a Eletrobrás, que chamam de parte A. Que essa parte A da Eletrobrás não é administrada pela CELG, ela é mandada para a CELG, e a CELG tem de pagar à Eletrobrás. Então, uma parte da conta de energia é ICMS e, outra parte é tributo para a Eletrobrás, a título diverso – desenvolvimento do setor, desenvolvimento de energia renovável, reserva de reversão, CCC, que é cota de consumo. Disse que todas as empresas do País brigavam para não pagar esses tributos, porque as tarifas eram muito baixas. Contou que, então, a Eletrobrás não emprestava para ninguém que estivesse devendo para ela, tinha que ter acordo, tinha que ter pagamentos. Então, tinha de colocar os pagamentos em dia, porque, senão, não se obteriam os recursos da Eletrobrás. Disse que a Eletrobrás, na IV Etapa, garantiu dois tipos de 161 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA recursos. Um, que foi 25% do custo da IV Etapa e, outro, para pagar os juros, durante a construção da IV Etapa. O Deputado Daniel Goulart perguntou ao depoente se, em relação à mensagem encaminhada pelo, então, Governador a esta Casa, solicitando autorização legislativa (mensagem encaminhada em 01/06/1986, quando o depoente presidia a CELG), se, naquele momento, a CELG já se encontrava em situação delicada. O depoente respondeu que não, que o problema era que sempre houve uma disputa entre Empresa de Energia Elétrica e Eletrobrás, com fornecedores de energia, por causa de tarifas caras. Disse que a tarifa de Itaipu, que a CELG era obrigada a comprar, e é até hoje, em dólar. Então, a empresa vende em real, e paga em dólar. Disse que, naquela época, era pior ainda isso. Disse que, quando o Governo do Estado mandou essa mensagem, o fez porque, na época, a exemplo do Governo anterior, ele se comprometeu a participar da obra. Disse que, então, certamente, ele estava com alguma dificuldade de participar da obra e precisava de recurso para participar também. Que a obra ficou e depois foi terminada em 1994. Que, em 1991, 1992, 1993, o Governo do Estado sempre colocava recursos dele para a conclusão da obra. Então, às vezes, era uma dificuldade temporária dele. O Deputado Daniel Goulart disse ao depoente estar ele afirmando que a CELG deu lucro em sua gestão. Que os balanços estão mostrando isso. Mas, perguntou se o depoente não acha que há certa contradição, porque, na própria mensagem do Governo, ele fazer a afirmação, no sentido de que “a CELG se quedou assoberbada por dívidas vencidas junto a fornecedores, empreiteiros e fabricantes em decorrência da construção...”. O depoente respondeu que fica com o 162 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA balanço que foi publicado e apresentado. Disse que essa mensagem não foi feita por ele, mas, pelo Governo. Mas, que o documento é contábil. O mesmo Deputado perguntou se os balanços, na época, passavam pelo Conselho de Administração, Conselho Fiscal, se eram encaminhados à ANEEL, à Comissão de Valores Imobiliários. O depoente explicou que a empresa chegava, no início de cada ano, como agora, e elaborava, através de sua contabilidade. Que a CELG manda depois para o Conselho Fiscal, para os auditores independentes e estes emitem o seu parecer e devolvem para a empresa. Que essa pega o balanço, feito pela contabilidade, o parecer feito pelo Conselho Fiscal e pelos auditores independentes e encaminha para o Conselho de Administração da empresa, que é o representante do Estado. Que o Conselho de Administração da empresa recebeu aquilo, aprovou, então, manda para a Assembleia Geral. Isso porque é uma S.A. Que, então, ela aprova ou não, nela tem o acionista minoritário. Depois, manda para o Tribunal de Contas. Que ele não sabe, então, como foi feito o balanço porque todo mundo aprovou. O Deputado Daniel Goulart disse ao depoente que ele se referiu à dificuldade de empréstimo, à época. Disse que se tentou, mesmo, um empréstimo de oitenta milhões de dólares, junto ao Banco Paribas, salvo engano, para construção da 4ª Etapa de Corumbá. Que houve uma tentativa, mas, não foi possível. Porém, disse o depoente que, em 1983, o Governo do Estado, que assumiu o compromisso de aporte para a CELG, assumiu e não cumpriu. O Deputado perguntou ao depoente se a dificuldade de empréstimo, naquela época, era mais para o setor elétrico, ou era para todos. Pergunta isso, segundo o Parlamentar, porque o Governo do Estado contraiu, salvo engano, em 1983, um empréstimo externo para investimento em infraestrutura, e, 163 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA realmente, muitas estradas importantes, muitas rodovias importantes foram pavimentadas em nosso Estado. Perguntou ao depoente se ele entende que não foi questão do governo priorizar Corumbá, porque ele contraiu empréstimos. O depoente respondeu que obra paralisada é caótica. Que todos os contratos que estão assinados imputam juros ao custo da obra. Que, na época, estavam enfrentando uma mudança no reajuste de um para outro. Que o regime ainda era, de certa forma, autoritário. Que as empresas do setor federal mandavam no País. Que as estaduais ficavam brigando por migalhas. Que até as tarifas que as empresas estaduais tinham eram migalhas. Disse que, então, os empréstimos que haviam eram canalizados para suas empresas. Que, às vezes, as estaduais tinham de lutar muito para conseguir esses recursos. Disse que, então, às vezes, recursos que vinham para o setor elétrico, iam, geralmente, para as empresas federais. Que estavam construindo, à época, muitas usinas, que precisavam de uma quantidade de dinheiro imensa. Que somente Furnas construiu umas quatro usinas, fora Itaipu, que era o carro chefe do setor elétrico nacional. O Deputado Daniel Goulart perguntou, ainda, ao depoente se ele achou correto não ter havido uma licitação específica para construir Cachoeira Dourada. Se achou correto pegar a empresa Odebrecht, que ganhou a licitação para construir Corumbá, e ir para a IV Etapa de Cachoeira Dourada. O depoente respondeu que, para a Eletrobrás entrar com 25% do custo, na IV Etapa, ela aprovou o cronograma físico e financeiro do projeto. Que ela aprovou porque era sócia, ela entrou. Que, se ela aprovou, é porque considerou o custo da IV Etapa razoável. Porque, caso contrário, ela não aprovaria, não iria entrar num negócio que não fosse razoável. A Eletrobrás, financiadora 164 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA do projeto, aprovou a IV Etapa. Disse que ela não iria aprovar um projeto superfaturado. Depoimento do Dr. Felicíssimo José de Sena - ex-presidente da CELG D de 15/03/1991 a 19/02/1992: Iniciando suas considerações, o depoente disse que o período de sua gestão foi de onze meses e quatro dias, iniciando-se em 15/03/1991, e terminando em 19/02/1992. Resumidamente, explanou sobre seu trabalho, frente à gestão da CELG D, dizendo que, nos onze meses de gestão, realizou os pagamentos relativos à construção da IV etapa de Cachoeira Dourada, integralmente, aquilo que ainda era devido. Ressalta que embora houvesse muitos custos, a CELG era uma empresa administrável. Tanto era administrável que instituiu um calendário de pagamentos, submetendo cada setor, desde o protocolo até a tesouraria, a prazos específicos, sob pena de multa funcional. Assim, os pagamentos a fornecedores e prestadores de serviços passaram a ser feitos em dia, evitando custos adicionais de multas, juros e inflação, visto que o índice inflacionário, vigente em dezembro de 1991, era de 459 por mês; o que equivale dizer que se a prestadora de serviço entrasse com uma fatura, no dia 25, e não recebesse até o dia 30, ela teria, a partir do dia 1º, o principal, acrescido da inflação 459% por mês. Implantou, também, o projeto de eletrificação rural para o que tratou com o Fundo Nagasoni, juntamente com o Governador do Estado, empréstimo esse, contraído e contabilizado em sua gestão, cujos serviços foram executados nos exercícios seguintes. 165 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Aqui vale notar que o empréstimo foi contabilizado, integralmente, em 1991, e não nos anos de execução, o que se deu a partir de 1997. Esse empréstimo foi realizado com valores subsidiados, juros bastante módicos, à época, com uma destinação específica que era eletrificação rural que Goiás. Cortou todas as publicidades, até então, feitas pela CELG, pois como única fornecedora de energia elétrica, a CELG não tinha concorrência. Então a propaganda era pouco útil. A não ser aquela propaganda recomendando economizar, recomendando não consumir em exagero, mas, ainda assim, estas propagandas não chegaram a serem feitas, dadas as dificuldades de caixa que foram encontradas na empresa, à época. Na locação de veículos, que é um dado relevante, o custo do veículo vinha diluído em três anos. Nesse caso, aumentou a diluição deste custo do veículo, em cinco anos, com o que conseguiu baratear o valor da locação. Ou seja, em três anos, estava se pagando o veículo, e passou a pagá-lo em cinco anos porque é, mais ou menos, a vida útil dos veículos, nestas funções. Quanto aos dados levantados pela FIPE, falou primeiramente, sobre aqueles referentes ao prejuízo operacional da CELG, de 203 milhões, em 1991. Disse que os prejuízos registrados naqueles exercícios, se deram em razão da quantidade de investimentos, realizados em Cachoeira Dourada e Corumbá, e da contratação da operação financeira Nagasoni que ainda não começaram a prestar resultados. 166 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Informou que, em contrapartida, o ativo permanente da CELG, que era de dois bilhões e oito milhões, foi para quatro bilhões e quinhentos e dezenove milhões. De 1990 para 1991, houve um crescimento no ativo permanente da CELG. Isso também explicou o endividamento, ou seja, aumentou-se o endividamento, mas aumentouse, proporcionalmente, o ativo mobilizado daquele ativo permanente da empresa. Complementou que, graças à conclusão da quarta etapa de Cachoeira Dourada, o valor da compra e venda da energia elétrica foram os mais próximos um do outro, na história da CELG, de modo a beneficiar o consumidor, sem prejudicar a empresa. E que o gráfico de fls. 14 do relatório mostra que, em 1991, a empresa produzia energia da mesma quantidade que vendia aos consumidores, ou seja, não comprava energia de terceiros, posto que a sua capacidade de produção atendia à demanda do Estado de Goiás. Segundo ele, foi o período, de acordo com o levantamento realizado pela FIPE, em que menos se gastou naquilo que não era atividade - fim da empresa, em si mesma. Assim, gastou aquilo que era atividade em si da mesma. Quanto aos eventos notáveis e endividamento da CELG, pelo relatório FIPE, falou da transferência da Usina Hidrelétrica de Corumbá I para Furnas, entre 1984 e 1986. Lembrou que o acordo e a transferência física aconteceram em 1984, mas, o tombamento só ocorreu em 1986. O que equivale a dizer que o levantamento dos bens, o negócio foi feito em 1984 e o levantamento dos bens a serem passados só ocorreu em 1986. 167 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA A Usina Hidroelétrica de Corumbá I só saiu do balanço da CELG em 1986. O acordo de 1984 previa que a CELG não pagasse a energia comprada de Furnas até a data do encontro de contas. Apesar de haver um saldo favorável à CELG, por causa da transferência, ele era menor do que a dívida da CELG para com Furnas pela energia não paga, entre 1984 e 1986. No tocante à transferência constitucional dos ativos, no novo Estado do Tocantins, em 1º de janeiro de 1989, disse que, com a criação do Tocantins, pela Constituição de 1988, os ativos da CELG, da Saneago e de todas as empresas de Goiás foram entregues à nova unidade da Federação, o que gerou um enorme prejuízo à empresa goiana, que perdeu grande quantidade de seus ativos, bem como parte de seus consumidores. Como Presidente, junto com o então Governador da época, tentou muito que o Governo Federal indenizasse a CELG, o que não ocorreu até os dias de hoje. Em relação à Perda do Rencor: recomponente tarifário pelo benefício à CODEMIN em 1993, explicou que, durante a sua gestão, não teve nenhuma perda com o subsídio, pois, à época, havia o ressarcimento pela União chamado, à época, RGR ou Rencor. Quanto à Usina de Cachoeira Dourada, cuja venda foi considerada um dos motivos do empobrecimento da CELG, ocorreu em 1996, motivo pelo que, sequer, chegou a discuti-la, registrando que, nos onze meses em que dirigiu a CELG, fez todos os pagamentos mensais dos custos da IV etapa de Cachoeira Dourada. 168 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Em relação às ações, cobrando ICMS da CELG pelos Municípios, disse que a CELG, evidentemente, apoderou-se, durante muitos anos, desse ICMS sem repassá-lo aos Municípios. De um certo momento, a esta parte passou a responder por inúmeras ações em que os Municípios queriam receber esse ICMS, principalmente a partir de 1996, isso também foi um dos motivos que dificultou a vida da Centrais Elétrica do Estado de Goiás a levá-la a um patamar de grande endividamento, segundo os números atuais. Feitas suas considerações iniciais, passou então a responder os questionamentos dos Deputados membros da Comissão, iniciando-se pelo Deputado Humberto Aidar, que pediu a ele que fizesse uma abordagem sobre a terceirização dos serviços, prestados pela Companhia, ao que respondeu que, na verdade, os serviços terceirizados agregam os naturais custos, os naturais lucros do prestador de serviço, concordando que muitos serviços prestados pelo próprio servidor são de igual eficiência e de menor custo. Respondendo a pergunta do Deputado Humberto Aidar sobre se naquela época já ventilava a possibilidade da privatização de Cachoeira Dourada, respondeu que em nenhum momento, no período em que presidiu a CELG, foi discutida qualquer hipótese de venda da Cachoeira Dourada, em nenhum momento. Perguntado pelo Deputado José Nelto quando foi realizada a licitação da IV Etapa de Cachoeira Dourada e, em qual governo, disse que, quanto à empresa construtora, foi a Odebrecht, que era a mesma empresa que construía Corumbá. Corumbá foi repassada para Furnas e Furnas tinha licitado Cachoeira Dourada e migrou Odebrecht para IV 169 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Etapa de Cachoeira Dourada. Quanto ao exercício em si mesmo, disse que a IV Etapa de Cachoeira Dourada foi iniciada em 1986. Respondendo à pergunta do Deputado José Nelto sobre de quem comprava energia, no período no qual foi Presidente da CELG, respondeu que dela própria. Gerava, transportava e colocava no mercado. E que ela não comprava de Itaipu e não comprava de Furnas, era autossuficiente na geração de energia. Ela remunerava o sistema Eletrobrás. Respondeu, também, que, no período em que foi presidente, não operou com os bancos que o Deputado enumerou e que o único empréstimo que contraiu foi com o Banco Japonês. Perguntado se, durante o período que foi Presidente da CELG, essa estava em dia com o Sistema Eletrobrás, asseverou que, quando recebeu a CELG, ela tinha obrigações inadimplidas com o Sistema Eletrobrás. Procurou, imediatamente, levando em conta que isso representava uma duplicidade de prejuízo, porque iria, além de pagar os juros, ter a tarifa reduzida. A Eletrobrás foi prioritariamente buscada para receber as suas obrigações. Respondendo à pergunta do Deputado Daniel Goulart, se a empresa que construiu Corumbá passou a construir a IV etapa de Cachoeira Dourada, e se a IV etapa de Cachoeira Dourada foi construída, sem licitação, respondeu que a IV Etapa de Cachoeira Dourada, não é que ela tenha sido construída sem licitação, foi equiparada a forma de edificação de Corumbá e a forma de edificação, porque a Usina de Cachoeira Dourada já estava toda instalada, era apenas seguir mais um lance, e esse valor foi equalizado, ao que soube, 170 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA porque foi anterior à sua gestão, na CELG. Mas, o que soube, esse preço foi equalizado para essas operações. É o que lhe foi passado naquele momento, quando assumiu a direção da empresa, que os preços haviam sido equalizados e mantidos no mesmo patamar. Respondendo ao Coronel Queiroz sobre se a CELG tinha como política prioritária a terceirização, respondeu que essa terceirização foi um dos motivos de desencontros reiterados dele com terceiros que defendiam a terceirização, porque terceirizá-la significa encarecer custos. A terceirização é alguma coisa que ela própria faz a sua progressão, ela cria essas inovações, esses encarecimentos. E que naquela época, começava já a ser implantada a terceirização, iniciando pelos veículos, e ele deu uma redução nessa ênfase porque fez uma modalidade que ela deixou de ser conveniente ao terceirizado. Perguntado pelo Deputado Daniel Goulart se a Dra. Eliana Platon foi uma das pessoas que atendeu à CELG, em seu período de gestão, e se tem informação se ela perdeu algum prazo, em alguma ação trabalhista, respondeu que não teve notícia de nenhuma perda de prazo, nem em serviços dessa natureza, e nem serviços de outra natureza. Respondendo ao Deputado Daniel Goulart se foi frustrante deixar a empresa devendo à Eletrobrás, respondeu que, no mês de agosto de 1991, conseguiu uma pactuação com a União, envolvendo a Eletrobrás e o DNAEE – Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica, que forneceu um atestado de pontualidade. Isso foi o que permitiu o financiamento com o Fundo Nagazoni. Ou seja, as prestações que se encontravam vencidas até então, foram todas renegociadas, pagas numa determinada porcentagem, e alcançaram o padrão por 171 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA serem considerados regulares com o Sistema Eletrobrás, em agosto de 1991. Depoimento do Sr. Ovídio de Ângelis, ex-presidente da CELG D – período de 1992/1994: Em síntese, em suas considerações iniciais, o depoente OVÍDIO DE ÂNGELIS disse que, em sua gestão como presidente da CELG, teve a responsabilidade de conduzir a conclusão das obras de Cachoeira Dourada, que estiveram, por longo tempo, paralisadas, cuja retomada se tornava necessária, inclusive por conta do compromisso que tinha com a geração de energia. Que, naquela ocasião, o então Governador Iris Rezende Machado determinou prioridade para sua construção, por saber da importância que a energia elétrica seria para o Estado de Goiás. Que teve a oportunidade de deixar a CELG, em fevereiro de 1994, com a obra, praticamente faltando dois meses para ser concluída. Além disso, disse que levou energia para as indústrias, assegurando suprimento da energia, nos bairros novos, que surgiam no Estado. Após explicar todo o processo de venda da UHE Cachoeira Dourara, o depoente disse que, por ocasião desse processo, teve-se a necessidade de fixar a tarifa. Que esta tarifa de suprimento de energia de Cachoeira Dourada para a CELG foi objeto de discussão entre o BNDES, o Governo de Goiás, o Ministério de Minas e Energia e o Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica, até porque o DNAEE, mesmo quando a empresa é privada, continua legislando sobre a sua tarifa. Disse que a empresa, mesmo privada, não tem autonomia 172 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA para fixação dos seus preços de venda da energia que gera, porque ela atua sob a forma de concessão e a concessão é regulada por lei e tem, como princípio básico, preservar o interesse público, a economicidade, por certo da empresa privada, sua viabilidade econômico-financeira, mas em equilíbrio com a capacidade, também, do pagamento do beneficiário cidadão, dos serviços prestados por aquela entidade concessionária. Explicou, então, o processo de formação da tarifa. Disse que a tarifa levou em conta os preços, à época, já praticados por Furnas e Itaipu. Que foi feito um mix de preços e se estabeleceu, então, um preço intermediário entre as duas tarifas, e esse foi o preço de suprimento, estabelecido no edital de venda de Cachoeira Dourada, para ser oferecido ao mercado e para que a CELG também, a CELG remanescente, estruturasse a sua vida futura, em função desse valor novo que teria de pagar pela energia. Que, antes, ela tinha outro custo de geração de produção e, agora, naturalmente, teria um custo mais elevado de aquisição. Afirmou, ainda, ser importante salientar que, já naquela época, o preço estabelecido para Cachoeira Dourada vender energia à CELG era menor que a média dos preços praticados por Furnas, em relação a todas as outras empresas compradoras de energia e por ela supridas. Que, de 13 empresas supridas por Furnas, naquela ocasião, cinco tinham tarifas de suprimento mais elevadas que aquela tarifa que foi estabelecida para Cachoeira Dourada vender para as Centrais Elétricas de Goiás, situação que perdurou até 2003. O depoente explicou que foi estabelecida tarifa porque essa é, na verdade, uma cláusula de proteção das Centrais Elétricas de Goiás, diferentemente do que tem sido falado. Que essa cláusula assegura à CELG uma tarifa constante, ao longo de um período que se estende por 15 anos, com reduções gradativas de 10% desse contrato fixo, a partir do sexto ano. Mas, disse que ela impede que a CELG fique sujeita às turbulências do mercado. Que, quando se pensou em privatizar 173 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Cachoeira Dourada, quando se decidiu acatar a decisão federal, sabiase que o suprimento de energia futura seria caótico e por isso Goiás se preveniu para que Cachoeira Dourada não deixasse de continuar gerando para consumo interno dos goianos. Com relação ao preço de venda, o depoente disse que o preço mínimo de venda estabelecido foi de 820 milhões, segundo determina o decreto governamental, assinado pelo Senhor Governador. Que a empresa Cachoeira Dourada devia 134 milhões de reais, que seriam assumidos pelo comprador, naturalmente, abatendo do preço mínimo de venda. Que o valor líquido mínimo era de 680 milhões de reais, cabendo o valor líquido mínimo de 100% da empresa, porque representa um percentual de 80,96%. Disse que, após o processo de privatização, vieram as assinaturas dos contratos de concessão e de suprimento. Que esses contratos não são elaborados pela CELG, nem pelo Conselho de Desestatização, nem pelo Governo de Goiás, mas sim, pelas autoridades federais, encarregadas de zelar pelo suprimento e distribuição de energia, no país. Nesse caso, disse o depoente, existiu a forte participação da ANEEL, como reguladora do sistema. O depoente afirmou, ainda, que o documento que compõe o processo de cisão, dentre eles o ofício G número 62/97, de 7 de abril de 1997, estabelecia procedimentos a serem adotados, após a privatização da CELG, do ofício que foi encaminhado, descrevendo essas obrigações, dentre elas: a) reduções de perdas na CELG. Perdas comerciais e perdas operacionais, dizendo que estas perdas foram superiores a 17%, bem acima da média nacional e precisavam ser reduzidas; b) redução de despesas com pessoal; c) redução de despesas com serviços de 174 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA terceiros; d) comprometia-se com investimentos; e) redução dos prazos de recebimento; f) redução dos índices de inadimplência; g) promoção do encontro de contas, já que o Governo de Goiás era devedor da CELG, e a CELG também devia ao Estado, mas favorável a CELG; h) dívidas decorrentes de Cachoeira Dourada que deveriam ser assumidas pelo Estado; i) avaliação do equilíbrio do fluxo de caixa, que deveria negociar e alargar o perfil da dívida com a empresa. Disse o depoente que essas obrigações garantiam a continuidade da viabilidade econômico-financeira das Centrais Elétricas de Goiás. Na fase de questionamentos, o Deputado Humberto Aidar disse ao depoente que a FIPE, em seu relatório, mostra um prejuízo de cerca de dois bilhões e meio, com a venda de Cachoeira Dourada. Perguntou ao depoente, então, se ele concordava com este prejuízo apontado pela FIPE, e qual é a opinião, hoje, já passado, aí, um bom tempo da venda de Cachoeira Dourada, se é verdade que existiram duas companhias, uma até Cachoeira Dourada, e outra pós Cachoeira Dourada, ou seja, que Cachoeira Dourada, na questão do endividamento, tem um papel fundamental na situação que se encontra a Companhia hoje. O depoente respondeu que não leu o relatório como cidadão, que não teve acesso e não terá, até porque não é Analista Econômico, Contador ou especialista na matéria para fazer a avaliação de resultados empresariais. Nunca foi de sua atividade, nem pessoal, nem pública, nem comercial, por isso, não há como manifestar a respeito. Quanto importante à salientar venda que de todos Cachoeira os Dourada, procedimentos afirmou foram ser legais, 175 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA regulares, normativos e, principalmente, transparentes e acompanhados por toda a sociedade. Que não foi um procedimento unânime, que, por certo, a Centrais Elétricas de Goiás fez falta, que Cachoeira Dourada forneceu uma energia muito mais barata que ela comprou, mas, que hoje, para se ter lucro em uma empresa distribuidora de energia, não é necessário, absolutamente, que se tenha a geradora, tanto que a maioria das empresas distribuidoras de energia, no país, não tem geradora de energia e são lucrativas e têm tarifas semelhantes àquelas que a CELG pratica. O Deputado Relator comentou com o depoente que se fala em um documento do Governo Federal, mas que, na Assembleia, nunca foi trazido, para nenhuma discussão, nenhum documento, à época que o Governo Federal pedia a venda de Cachoeira Dourada. Então, perguntou ao depoente se o Governo Federal, nesses encontros, orientou que o Governo não aplicasse nada ou quase nada na CELG. Perguntou, ainda, se o Governo orientou que, para aumentar o preço da Companhia, naquela oportunidade, avaliada em trezentos milhões, que fosse atrelado um contrato de quinze anos com Cachoeira Dourada para que elevasse o valor de Cachoeira Dourada. O depoente respondeu que existe um equívoco que, inclusive está contemplado no relatório da FIPE. Disse que todo ativo, ao ser vendido, tem, no mínimo, de remunerar o que se gastou com ele. Que esse dado a que o Deputado relator se refere, de trezentos milhões de reais, que seriam de Cachoeira Dourada, não é um dado correto. Disse que quem lhe passou essa informação, equivocou-se. Disse, ainda, que existe um funcionário da CELG que ofereceu subsídios a um Parlamentar desta CPI, dizendo que Cachoeira Dourada foi vendida abaixo do preço, que deveria ser de um bilhão e seiscentos milhões. Mas, que os fatos são distorcidos, quando alguém quer dar o foco que lhe interessa. Disse que, porém, a avaliação 176 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA de Cachoeira Dourada está contemplada nas avaliações que foram feitas por duas consultorias especializadas, inclusive para se contrapor, para checar a veracidade dos levantamentos ali praticados. Que ainda foram majorados pelo Conselho Estadual de Desestatização, até por entender que, no fundo de uma negociação como Cachoeira Dourada ou como CELG, não se deve levar em conta, exclusivamente, o “PL”, o preço lucro, os resultados de balanço. Que essas questões se ajeitam por gestão. Que a gestão é que resolve esse problema. Argumentou que o que se deve levar em conta, no caso de CELG, no caso de Cachoeira Dourada, é o fundo do negócio, o que isso representa. Que, primeiro, é uma atividade sem concorrente, de relevante serviço público. Que se compra a energia por um e vende por dois, por três “X”, por três vezes mais. Que, então, o fundo do negócio é muito importante nisso. Por isso, entende que esses aspectos de valorização estão contemplados em análises técnicas, que foram realizadas, e que alega-se que não chegou à Assembleia e que nem se encontra nos anais do Governo. O depoente respondeu, ainda, quanto à questão de o Governo orientar para que se dessem preços elevados às tarifas, para se justificar o valor de Cachoeira Dourada, que não, que esses estudos são técnicos e que as tarifas que foram estabelecidas para Cachoeira Dourada e para a Centrais Elétricas de Goiás eram tarifas de mercado. Quanto à pergunta se o Governo Federal também teria orientado a não aplicação dos recursos, oriundos da venda de Cachoeira Dourada na CELG, o depoente respondeu que não, que o Governo Federal queria, na verdade, era que se vendesse a CELG por inteiro. Que o que o Governo Federal também queria era que os Estados que estavam pedindo dinheiro emprestado ao Governo Federal para fazer investimentos, vendessem os seus ativos que pudessem ser 177 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA explorados pelo setor privado, sem prejuízo local, sem prejuízo à população. E, por isso, ele elencou alguns serviços, o serviço de transporte foi um deles, pode ser muito bem operado pelo setor privado, desde que devidamente regulamentado, evitando que o povo se veja sacrificado por tarifas escorchantes. Disse que, primeiro, o Governo queria que vendesse a CELG por inteiro e todo dinheiro fosse recolhido ao Governo Federal para amortizar na dívida do Estado. Mas, conta, o Estado não concordou e, por fim, essa discussão tornou o Governo vitorioso e o Governo pôde aplicar o dinheiro da forma que entendesse, mas com os atenuantes e as exigências contidas no Ofício G 62/97, que foram exigidos pela ANEEL. Disse que, aí sim, houve exigência do poder concedente. Disse que, para o poder concedente autorizar a venda da Cachoeira Dourada, ele precisava saber como ficaria a CELG e como ficaria Cachoeira Dourada. Contou que esses estudos técnicos foram feitos e, devidamente, avaliados e aprovados pela ANEEL, mas a destinação do recurso foi decisão de Governo. Contou, também o depoente que, como Secretário de Planejamento da época, contribuiu para a elaboração da proposta orçamentária de 97 e ali consta, na sua introdução, uma parte de seiscentos milhões de reais o que seria feito com ele. O Deputado José Nelto disse ao depoente que o Doutor José Paulo, em seu depoimento, disse que o Governo de Goiás, na época, vendeu Cachoeira Dourada por um preço superfaturado. Perguntou ao depoente se isso era verdade, ao que esse respondeu-lhe que não. Que o que definiu o valor de Cachoeira Dourada foram os relatórios realizados. Foram as avaliações feitas. Disse que a tarifa praticada por Cachoeira Dourada não tem nada a ver com o preço de venda. Que o preço de venda foi fruto de avaliação patrimonial, 178 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA contábil, financeira, econômica, trabalhista, feita pelas empresas especializadas e contratadas para esse fim. Disse que a tarifa de energia é uma prestação de serviço que se dá, dentro dos padrões brasileiros. Que a tarifa de suprimento de Cachoeira Dourada para a CELG era semelhante às tarifas praticadas pelo país e, para ser fixada, adotou-se um mix. A CELG já comprava energia de Furnas e de Itaipu porque ela, sozinha, não era capaz de suprir a demanda da indústria, do comércio, do setor rural e das residências urbanas. Então, o que se fez foi uma mistura, uma média dos dois preços e estabeleceu-se uma tarifa. Que essa tarifa foi proposta pelo Governador Maguito Vilela ao DNAEE, que comparou com a média brasileira e com a capacidade que a CELG teria de sobreviver, viavelmente, e da Endesa, também, de cumprir seus objetivos. Disse que essa foi uma tarifa que mantinha as duas empresas viáveis e que não teve nada a ver com o preço de Cachoeira Dourada. O Deputado José Nelto disse ao depoente que o Doutor José Paulo disse que entrou na justiça porque a CELG comprava energia e ganhou a liminar de Cachoeira Dourada, a sessenta e seis reais o kilowatts/hora e caiu para trinta e cinco, ou trinta e seis esse kilowatts/hora. Disse que recebeu uma informação também, de que essa liminar caiu e a CELG foi obrigada a pagar com juros e correção monetária essa energia à Cachoeira Dourada, a Endesa Chilena, e, segundo o Doutor José Paulo, essa empresa tem a sua origem em um paraíso fiscal. Perguntou ao depoente se ele acha que o Doutor José Paulo mentiu, quando disse que comprava energia, que a Endesa vendia energia acima do preço de mercado, acima de Furnas, de Itaipu. O depoente respondeu que não crê que o Doutor José Paulo tenha mentido. Que o que pode ter é um enfoque analítico dos dados que recebeu, de forma diferenciada daquela que outro faria. 179 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Daniel Goulart disse ao depoente que, no ano seguinte à venda de Cachoeira Dourada, se se observarem os balanços, no ano de 1998, as despesas operacionais da empresa subiram 47.49%, mesmo com essa, ou seja, saiu de trezentos e setenta e nove milhões e foi para quinhentos e cinquenta nove milhões a despesa operacional da empresa. Que, mesmo com essa receita, observa-se que, anos anteriores, ela fechava no prejuízo, balanços negativos. Perguntou, então, ao depoente, a que ele atribuía esses fatos. Se seria uma má gestão. O depoente respondeu que os prejuízos da CELG ocorreram em sua época, quando era Presidente. Disse que o que acontece é que, naquela época, se não lhe falha a memória, o faturamento da CELG era de vinte milhões de dólares/ano, e tiveram um período de Itamar Franco, em que a tarifa veio congelada, que não houve reajuste tarifário, mas, as coisas operacionais não foram congeladas. Disse que houve uma total reformulação do período. E que sua época foi uma gestão de grandes investimentos, construindo Cachoeira Dourada, eletrificando o campo, construindo subestações, redes de transmissão, atendendo à industrialização do Estado, que estava iniciante e crescente. Disse que foi uma fase que venceram os desafios pela dedicação dos servidores da CELG. Disse que, quando falou em gestão, fez referência específica ao relatório da FIPE, que elencou uma série de responsabilidades, para se chegar às conclusões a que ele se referiu. Mas não analisou gestão, tanto é que quando comentou, atendendo a uma pergunta do Deputado José Nelto sobre o Presidente José Paulo, disse que não acredita que ele tenha mentido. O Deputado Daniel Goulart mencionou haver um documento, assinado por um engenheiro, por nome Aldair Teixeira 180 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Duarte, que relata que a quarta etapa de Cachoeira Dourada ficou com custo para a CELG, para o Estado, muito elevado em relação à primeira, segunda e terceira etapas. Perguntou ao depoente se ele acreditava que, foi em função de a quarta etapa não ter tido licitação específica, ou seja, pegaram a licitação para construir Corumbá, a empresa Odebrecht, e foram construir a quarta etapa de Cachoeira Dourada. O depoente respondeu que não saberia dizer, porque não sabe o que Cachoeira Dourada gastou para realizar as etapas anteriores. Que assumiu as Centrais Elétricas com as obras em andamento, com a obrigação de concluí-la, que ela tinha um cronograma físico-financeiro em andamento e, devidamente, aprovado. Que, em sua opinião, estava assumindo uma obra que estava regular. Que deu sequência a ela, de maneira muito ágil, e ela, inclusive, foi concluída no tempo que se previa. Afirma que, contudo, não há dúvidas de que obra parada é um prejuízo enorme para o investidor. Porque existem todos os ônus do recurso aplicado, que não foi remunerado, e, também, tem os encargos que os gestores da obra parada penalizam, por força contratual, quem a paralisa. Disse que isso deve ter também contribuído para que os estudos do Doutor Aldair possam ser oferecidos. O Presidente da Comissão, Helio de Sousa, disse que eles, no período 95/96 estavam na Assembleia Legislativa, quando iniciou a tramitação da venda de Cachoeira Dourada. E que, em momento nenhum dos debates, foi colocado que essa venda fosse uma imposição do Governo Federal. Que, inclusive, na mensagem que veio, autorizativa para a Assembleia, segundo lhe consta, também não é citada a questão. Perguntou ao depoente se existe um documento formal do Governo Federal, pedindo que se privatizassem algumas empresas públicas, em Goiás, ao que lhe foi respondido que existe um documento, que não é específico, dirigido ao Governo de Goiás, dizendo que privatize. Disse 181 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA que o documento é um contrato de financiamento, celebrado com a Caixa Econômica Federal, autorizado pelo Ministério da Fazenda, em que coloca, como pré - condição da realização daquele empréstimo, o compromisso de promover privatizações no Estado de Goiás. O Deputado Relator perguntou ao depoente se, na época da sua gestão, do convênio firmado entre a CELG e a AGM, assinado em dezembro de 93, que permitiu que se fizesse a compensação da conta, parte do ICMS destinado às Prefeituras com o fornecimento de energia elétrica dos Municípios. Que tem, com ele, o relatório da Auditoria do Tribunal de Contas do Estado, de julho de 2009, que apresenta que os pedidos iniciais das ações judiciais de cento e seis Prefeituras alcançaram um patamar de um milhão, quatrocentos e quarenta e cinco mil reais. Que esse relatório apresenta também, que, em três acordos realizados, foram pagos, pela CELG, cinquenta e cinco milhões e setecentos e oitenta e nove mil, e setecentos e três reais e oitenta e sete centavos para Rio Verde, Santa Helena e Itumbiara. Perguntou, então, quais os estudos realizados, à época, acerca dos fundamentos legais que determinaram, balizaram a formalização e a assinatura do convênio com a AGM que, posteriormente, foi questionado pelos Municípios e considerado como nulo, conforme sentença judicial. O depoente respondeu que a Centrais Elétricas de Goiás estava fornecendo energia para os órgãos públicos, estaduais e municipais. Não pagavam a energia. Que o ICMS é cobrado sobre o faturamento, e não sobre o recebimento. Que o Governo do Estado, quando cobra o ICMS, não quer saber se o fornecedor de energia, como cobrador, será eficiente ou não, ele já recebe, antecipadamente. Então, a energia era fornecida. Os Municípios não pagavam. A CELG já tinha que desembolsar o ICMS em favor do Estado e, que na verdade, não corresponde a 27, mas a 33. Disse que, então, a CELG desembolsa isso, 182 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA situação já difícil. Que os Municípios, cada dia mais, têm necessidade de iluminação pública, o que é legitimo. A população tem que ter a iluminação pública, a cidade se expandindo, o consumo crescendo e a dívida crescendo, porque não havia forma de receber. O Deputado Relator disse ao depoente constar do relatório de administração, referente ao exercício de 1994, enviado pelo Tribunal de Contas do Estado, que o Governo do Estado de Goiás alienou para o mercado nacional, a Bolsa de Valores do Rio, em 30 de março de 1994, pouco após a saída do depoente da CELG, três dias antes do atual Governador, à época, deixar o Governo e assumir o Governo Maguito. Saiu Iris, assumiu o Agenor Rezende, que era Deputado e aí o Iris foi candidato ao Senado. Perguntou que seiscentos e cinquenta e cinco milhões, setecentos e quatorze mil ações preferenciais para o pagamento de débitos com empreiteiros, nos exercícios anteriores. O Tribunal de Contas não encontra pagamento de empreiteiras da CELG. Perguntou ao depoente se ele tinha conhecimento se essas empreiteiras foram outras que prestaram serviço para o Estado e não para a CELG. Se o dinheiro foi usado e se ele tinha lembrança, em valores, de quanto foi arrecadado com essas ações. O depoente respondeu que desconhece toda a destinação do dinheiro, inclusive, o valor apurado e, até, o montante de ações vendidas. Que o que sabe é, apenas, que a CELG comercializou ações, nessa época, mas sem detalhes a respeito. O Deputado José Nelto disse ao depoente que esse contesta o relatório da FIPE quanto à dívida, quanto à venda de Cachoeira Dourada, de ter dado prejuízo de, hoje, dois bilhões e quinhentos, mais ou menos. Perguntou, então, ao depoente, se ele contesta essa questão de Cachoeira Dourada e por quê. 183 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O depoente respondeu que não contesta, que não fez a avaliação do relatório da FIPE para fazer uma afirmação desta natureza. O Deputado Daniel Goulart disse ao depoente que ele citou a expressão “reciclagem patrimonial”. Perguntou se ele acreditava, fielmente, que seria uma reciclagem patrimonial, que pegariam o dinheiro de Cachoeira Dourada e fariam os investimentos que dariam retorno ao Estado e, depois, esse retornou, o Estado compensaria. O depoente respondeu que a reciclagem patrimonial foi a convicção que tinha a respeito da destinação dos recursos da CELG. Que o seu trabalho se encerrou com a venda. Disse que, sobre os atos seguintes, não pode sobre eles falar. Que, na presunção do Conselho, estavam explícitos, na proposta orçamentária de 1997, alguns programas que utilizariam recursos desta privatização, já mencionados por ele. O Deputado Daniel Goulart perguntou ao depoente se ele viu, por parte dos gestores, a preocupação de preparar a Empresa para ficar sem aquela receita. O depoente respondeu que, com relação a isso, os pressupostos para tornar a CELG viável, eles estavam contidos no Oficio G-62/97. Disse que, por outro lado, é correto pensar que poderia ter se adotado um procedimento de preparação. Mas, alega que, nas circunstâncias do momento, ninguém imaginava que o futuro poderia ser esse. Que a circunstância do momento é que nos diz o que, efetivamente, fazer e eles entendiam, e não eram só eles, o BNDES, o Ministério do Planejamento, o Ministério da Fazenda, à época, o DNAEE, o Conselho de Destatização, Governador, todos que se envolveram nessa matéria, as consultorias, entenderam que esse modelo era viável, inclusive, a própria privatização só foi autorizada, porque a viabilidade da CELG foi assegurada pelo Oficio G-62, e pelo valor da tarifa que seria adotada. 184 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Depoimento do ex-presidente da CELG, José Francisco Das Neves período de 1987 a 1991 e 1994 a 1998: Em síntese, o depoente JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES disse, em suas considerações iniciais, que seu primeiro período de administração, no Governo Santillo, de 1987 até 1991, teve como pontos principais a obra de Cachoeira Dourada, a IV Etapa, que pegou já com mais de dois mil funcionários trabalhando e sem recursos no caixa para pagamento, porque não tinha, chegando a um ponto que a obra teve de ser paralisada. Disse que, porém, não podia deixar de eletrificar o Estado, porque, senão, iria perder os grandes consumidores industriais que estavam chegando, à época. Teve de tomar a decisão de não pagar Furnas. Disse que só com recursos de caixa da CELG é impossível tocar uma obra, principalmente de usina hidrelétrica. Contou, também, que enfrentou greves de funcionários, mas que continuou com muitas realizações porque nunca parou. Disse que ia à Brasília, conseguia muitos recursos, inclusive com o Ministro Iris Rezende, na época, Ministro da Agricultura, e tocou um programa de eletrificação rural. Relatou, ainda, que começou a tirar os Grupos Diesel, que estavam instalados no Estado de Goiás, porque era um sofrimento, pois as pessoas só tinham energia, em determinada fase do dia, e isso não era concebido para um Estado que ia ter um crescimento que, hoje, se mostra como uma das potências de Estado em nosso País. Assinalou que, mesmo assim, construiu um grande leque de subestações e um grande volume de rede rural. Contou que, depois, veio o período do Governador Agenor Rezende e Governo Maguito Vilela. Que foram quatro anos e seis meses de administração. Menos do que isso, porque teve de sair, em abril de 1998, para desencompatilizar e ser candidato a Deputado Federal. 185 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Relatou que, nesse segundo período administrativo, realizou, na CELG, o maior enxugamento já visto em sua história. Disse que os números estavam no RIG – Relatório de Informações Gerenciais - de sua época, que apontam o seguinte: perdas: recebeu a CELG, já no Governo Santillo, e tinha perdas na ordem de 17%, e derrubou para 11,9%. Que a folha de salários, que passava de doze milhões de reais, deixou na casa dos seis milhões de reais. O depoente mostrou um álbum de subestações, do qual consta o número de obras que realizou, lendo quais foram as subestações que foram feitas nesse período. Disse, outrossim, que, no Governo Santillo, fez a subestação em Porangatu, construiu a Usina de São Domingos e um grande número de edificações rurais. Já no ano de 1998, foi vendida a Usina de Cachoeira Dourada, no ano de 1996, e, com relação às dívidas, no período que deixou, em abril, estava a relação, num relatório de informações gerenciais da CELG, e que são números históricos. Disse que, em 1998, deixou 570 milhões de reais de dívida. Que 320 iam entrar do Estado do Tocantins, porque Goiás foi o único a preparar a documentação para receber os recursos do patrimônio, no Estado do Tocantins, e ele entrou no ano de 1999. Afirmou que já não foi mais em sua gestão, mas ele entrou na CELG. Que estava preparado para entrar e ele tinha de receber de recursos da Saneago e órgãos públicos mais de 170 milhões. Que, só aí, já somam 390. Que, dos 570, de uma das parcelas, o Estado de Goiás ficou de assumir 20%. Disse que não deixou dívida, comparando com o que tinha que entrar nas Centrais Elétricas de Goiás. 186 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Quanto à venda de Cachoeira Dourada, no Governo Maguito Vilela, disse que foi decisão de Governo, não do Presidente de CELG. Disse que suas declarações, na época, eram contrárias à venda. Que já fez um depoimento, em uma CPI, e toda a imprensa divulgou. Que achava, inclusive, que, para evitar a venda, poderia ser transferida a usina para um órgão estadual e a CELG continuaria comprando energia, mas o patrimônio continuaria com o Governo do Estado de Goiás. Naturalmente, perdendo patrimônio, a CELG poderia também perder a sua robustez de continuar fazendo seus investimentos. Afirmou, também, que o convênio assinado entre a CELG e as prefeituras municipais, com relação ao ICMS, que depois virou um problema jurídico, não foi assinado por ele, mas, por outro Presidente. Disse que somente deu seqüência porque a CELG tinha de receber o que era faturado. Na fase de debates, o Deputado Daniel Goulart disse ao depoente que, em 1994, houve uma relação receita/dívida muito alta e, já em 1994, a dívida da empresa era de um bilhão, duzentos e noventa e sete milhões e o balanço fechou positivo em 35 milhões. Que, em 1995, ela fechou no vermelho, noventa e sete milhões, e, no ano da privatização, em nove milhões no positivo. Disse que, em todo o período investigado, a pior relação receita/dívida foi, justamente, no ano de 1995, o ano que o depoente presidia a empresa. Pediu, então, que o depoente falasse um pouco sobre esse período difícil de 1995, e, naquele período, a CELG possuía a receita da Usina de Cachoeira Dourada e, mesmo assim, ela fechava no vermelho, seus balanços sempre negativos. Perguntou o que negativos, uma vez que ele tinha receita. justificaria esses balanços 187 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O depoente respondeu que, já no ano de 1998, quando deixou a CELG, a dívida estava em quinhentos e setenta milhões, no total. Que tinham que entrar trezentos e vinte milhões do Estado do Tocantins, mais 20% de uma das parcelas o Estado assumiu e ainda tinha a entrada da Saneago e demais órgãos públicos que deviam à CELG cerca de cento e setenta milhões. Concluiu que, então, na verdade, no seu período, no final, deixou a CELG sem dívidas, se for computar aquilo que realmente depois aconteceu. O mesmo Deputado disse ao depoente que ele esteve na Comissão Parlamentar de Inquérito de Cachoeira Dourada, para apurar todo aquele processo de privatização, e jornais da época destacaram uma fala sua: “O Ex-Presidente da CELG, José Francisco das Neves, disse que era terminantemente contrário à venda da Usina de Cachoeira Dourada”. Pediu, então, que o depoente confirmasse se, realmente, foi contra ou não. Citou, também, um pronunciamento do depoente, em um jornal, nos seguintes termos: “Olha, a tarifa foi imposição para vender a usina”. Disse que o Doutor Ovídio de Ângelis havia dito, na CPI, que a tarifa tinha sido tirada, que era um preço praticado na época. Disse que o depoente, em seu depoimento, citou, inclusive, que, naquela época, o Governo Federal comprava energia da Argentina por vinte e oito reais o megabytes/hora. Mas, que o contrato que foi amarrado, salvo engano, foi de trinta e sete e oitenta. Que esse contrato, depois, foi suspenso um período, na época do Doutor José Paulo. Perguntou ao depoente se ele mantém o que disse, no momento da CPI que investigou o processo de privatização da Usina de Cachoeira Dourada. O depoente respondeu ser contra a venda da Usina de Cachoeira Dourada. Que o que está na mídia é documento para ele, 188 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA hoje, porque, lá atrás, mostrou isso. Que era a favor de que o patrimônio continuasse no Estado de Goiás, transferir ou constituir uma empresa no Estado e a CELG continuasse pagando a compra de energia, de tal sorte que entraria, na época, acha que onze milhões, por mês, no Estado, só da venda de energia. Disse que essa era e continua a ser sua posição, até hoje, de uma maneira geral, porque, quando se discute essa questão de privatização versus estatização, é a favor de um mix. Nem tudo de um lado, nem tudo do outro. Que entende que um mix é o mais ponderável para que a situação fique mais controlada. Disse que ajudou, quando era Deputado Federal, no PSDB, a impedir a venda de Furnas. Continuando com seus questionamentos, o Deputado Daniel Goulart disse ao depoente que o ex-secretário de Minas e Energia, no momento da venda da Usina de Cachoeira Dourada, Benjamim Beze prestou, na Comissão, um depoimento esclarecedor, por meio do qual afirmou que, na CELG, existe um grupo de empresas que ninguém consegue substituir, que, ali, tudo é loteado. O ex-secretário afirmou, ainda, que tentou mudar um pouco a realidade e foi ameaçado de morte. O Deputado pediu, então, que o depoente comentasse sobre essas afirmações, se, em sua época, isso acontecia. O depoente respondeu que a fala do Dr. Benjamim Beze é posição dele, que terá de provar o que está falando. Disse que a CELG sempre fez suas licitações, seguindo a lei nº 8.666. Argumentou que são processos que envolvem muita gente, em todos os níveis de funcionário e que é difícil fazer essa provocação em todos os Governos. Que, na sua administração, isso não aconteceu. Que tinha uma Comissão de Licitação, inclusive no segundo Governo, presidida pelo Edson Vaz, que é pessoa de altíssimo gabarito. Confirma que não existiu e defende até o fim. 189 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Daniel Goulart disse, também, comentar-se muito que o depoente foi, é, ou tem alguém da sua confiança, que é sócio de uma empresa que presta serviços à CELG. Pediu que o depoente esclarecesse tudo isso. O depoente respondeu, argumentando que, quando saiu da CELG, era dono de todas. Que realizou um senhor trabalho, nas Centrais Elétricas de Goiás, e, ultimamente, falam que ele é dono de uma, ou sabe lá quantas. Que não é dono de nenhuma e jamais será. Disse que não lhe interessa esse tipo de negócio. O Deputado Daniel Goulart disse ao depoente, outrossim, que a Eletrobrás encaminhou ofício ao depoente, no dia 25 de novembro de 1996, período em que era Presidente da CELG, acerca da cisão da Companhia, que deveria ser submetida ao Conselho Fiscal. Perguntou, então, se o depoente se lembrava desse alerta. O depoente respondeu que, quanto a esse documento da Eletrobrás, de 1996, conversou muito com um Deputado baiano, cujo nome não se lembra, e ele mostrou essa preocupação. Que, realmente, falou com ele, porém, ele não era da Comissão de Desestatização, porque não foi feita por eles a cisão e a venda da Usina de Cachoeira Dourada. Disse que ele alegou o número que o Deputado Daniel Goulart mostrou, nos jornais, que compraram da Argentina, parece-lhe que por 28. Disse que já se passou muito tempo, e não consegue mais se lembrar, mas era mais ou menos aquilo mesmo. Que, então, ele só podia falar sobre alerta e colocou nos jornais, mas, na verdade, não tinha posição de defesa, porque, como Presidente da CELG, não tinha poder de atuar na Comissão, mas, que tudo aquilo que foi divulgado, na época, realmente aconteceu. O Deputado comentou, por fim, sobre uma notificação da Eletrobrás à CELG, em 20 de fevereiro de 1997, com relação ao fato de 190 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA a Empresa absorver os passivos de Cachoeira Dourada, lendo um trecho dessa notificação, assim transcrita: “Naquela oportunidade as Centrais Elétricas Brasileiras S.A., Eletrobrás, como acionista, aprovou a referida proposta de cisão, votando, no entanto, contrariamente quanto a transferência dos passivos na forma proposta pelo Conselho de Administração dessa CELG, tendo preponderado a vontade do acionista maior”. Perguntou se o depoente se lembrava dessa notificação, ao que lhe foi respondido que a Eletrobrás enviou este documento, e, depois, o Estado assumiu esta dívida que, parece-lhe, era de 250 milhões de reais. Disse que, assim que vendeu Cachoeira Dourada, isso saiu do passivo da CELG. Que não foi uma decisão sua. O Deputado Relator, Humberto Aidar disse ao depoente que ele fala que, quando deixa a CELG, em 1998, a dívida girava em torno de quinhentos e setenta milhões. Disse que o Doutor Fernando Cunha, que assumiu logo após, falou em uma dívida de mais de um bilhão e quatrocentos milhões. Que a FIPE, em um gráfico, mostra o total de endividamento, que passa de dois bilhões. Que ela tem um gráfico do total de endividamento que não entrou na CELG. Pediu, então, que o depoente comentasse a esse respeito, o qual disse que sempre baseava sua administração no relatório de informações gerenciais da CELG, que são números históricos, são relatórios com números firmes e perfeitos. Que consta, da página 30, o total geral de quinhentos e oitenta e sete, zero oitenta e quatro. O Deputado Relator disse ao depoente saber que ele era contra a venda de Cachoeira Dourada. Perguntou se, em algum momento, o depoente tentou convencer o Governador da época a não vender Cachoeira Dourada, já que era o Gestor da Companhia e, certamente, teria muita importância sua fala, à época, com o 191 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Governador, mesmo tendo sido uma imposição do Governo Federal, segundo o próprio Governador. O depoente respondeu que sempre teve suas posições que, inclusive, não ficaram restritas aos funcionários da CELG, mas, a mídia toda divulgou. Disse que todo mundo, no Estado, sabia que ele tinha posição contrária, porém, a decisão não era da CELG. Era de Governo e o Governo tomou a decisão. Contou que chegou a fazer uma ponderação, no sentido de que ficasse um patrimônio. Que, ao invés de vender Cachoeira Dourada, a CELG começasse a pagar a energia para uma empresa que poderia ser do próprio Estado e que cuidaria só da geração de energia. Que tudo isso foi divulgado na mídia, à época. Que foi o que pôde fazer. O Deputado Relator pediu ao depoente que discorresse sobre o contrato que atrelava a venda de Cachoeira Dourada, da CELG comprar energia, durante quinze anos. Que tem informação de que esses valores eram 53% mais altos do que os praticados à época. Perguntou se houve alguma orientação para que o dinheiro da venda de Cachoeira Dourada não fosse aplicado na Companhia para saldar dívida. Então, com relação ao contrato, se houve essa orientação, por parte do Governo Federal, e se procede a informação de que pouco ou, quase nada, teria sido investido na própria Companhia. O depoente respondeu que, com relação ao processo de venda de Cachoeira Dourada, foi, totalmente, feito pela Comissão de Desestatização. Que ele não pôde influir em nada. Que não houve decisão da CELG nesse ponto. Com relação ao valor da tarifa, respondeu que foi feito um mix entre a tarifa de Furnas e a tarifa de Itaipu, na época, também, sem a opinião da CELG. Que não tiveram influência nenhuma no processo de venda da Usina de Cachoeira Dourada. 192 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Presidente da Comissão, Deputado Helio de Sousa, perguntou ao depoente se, a partir da venda de Cachoeira Dourada, o valor da tarifa era, realmente, superior a 50%, ao que foi respondido que foi um valor concedido pelo DNAEE. Que houve aprovação desse número. Que eles, da CELG, não tinham como influir em nada. Que foi unânime a aprovação pelo Departamento Nacional de Água e Energia Elétrica. O Deputado Relator perguntou ao depoente qual a quantia que foi aplicada na CELG, sendo respondido que foi de duzentos e cinquenta milhões de reais. Disse que a Eletrobrás mandou um documento e isso aí foi assumido pelo Estado: a dívida, com relação àquele documento da Eletrobrás de duzentos e cinquenta. Que saiu a dívida de duzentos e cinquenta milhões de reais e o Estado assumiu 20% de uma das parcelas desta dívida. O Deputado Relator disse ao depoente que, dos gestores que estiveram na Comissão, talvez ninguém conheça a CELG mais do que o depoente, como servidor, como gestor que mais tempo ficou naquela Companhia. Perguntou sobre as questões marcantes que fizeram com que a CELG chegasse nessa situação. Se ele concordava com os pontos: CODEMIN, Cachoeira Dourada, empréstimos, a curto prazo, para investimentos a longo prazo, questão do Tocantins. O depoente respondeu-lhe que esses pontos citados são fundamentais. Contou que, quando assumiu, no Governo Santillo, a IV Etapa de Cachoeira Dourada, estava em construção. Que a CELG tinha devolvido Corumbá para Furnas. Contou que, em 1998, foi o Presidente que mais fez enxugamento. Que pegou perdas com 17%, e deixou com 11.9%. Que, se, hoje, o faturamento está em 300 milhões, corresponde a 15 milhões por mês, e essas perdas, na CEMIG, chegam a 7%. Então, a 193 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA CELG tem onde trabalhar ainda. Se está com 11% ou 12%, pode cair para 5% a 7%. Disse que é preciso que a CELG continue trabalhando nas perdas. Que é mortal ficar sem a tarifa. Tem que haver tarifa. O Deputado Daniel Goulart disse ao depoente que ele afirmou que deixou a empresa sem dívidas. Mas, que, depois, fala que deixou com uma dívida de quinhentos e oitenta e sete milhões. Disse ser interessante que, nos balanços de 1997, por exemplo, o endividamento da empresa era de um bilhão, duzentos e cinqüenta e três milhões, pelo menos. Que o depoente deixou a empresa em abril de 1998, ano em que a dívida foi para um bilhão, quatrocentos e noventa e cinco milhões, consoante o Doutor Fernando afirmou, na Comissão, fechando o balanço, em 1997, com nove milhões positivos e, em 1998, com cento e dezesseis milhões negativos, com um patrimônio líquido de trinta e dois milhões e noventa e oito mil. Disse ser um dado interessante: de 1997 para 1998, as despesas operacionais saíram de trezentos e setenta e nove milhões para quinhentos e cinquenta e nove milhões, ou seja, um aumento de 47,49%. Pediu, então, ao depoente, que falasse sobre isso e o que ele achou do fato da quarta etapa de Cachoeira Dourada ter sido construída com um custo superior às outras etapas e o fato de ela ter sido construída sem uma licitação específica. O depoente respondeu que a primeira resposta estaria no relatório de informações gerenciais. Que era só confrontar. Disse que um relatório da CELG é um relatório histórico, que não tem como mexer nos números. Quanto à segunda pergunta, com relação a Corumbá, não foi em sua gestão. Então, não poderia responder nada. Que recebeu, no Governo Santillo, já tudo pronto. Que foi Presidente, já em 1987 e todos esses negócios aconteceram antes, e ele foi o que mais sofreu. Perguntou como é que se toca uma obra com dinheiro do caixa da CELG, que praticamente cobre as despesas operacionais, quando a 194 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA CELG vai muito bem. Afirmou que o dinheiro já tinha sido todo gasto na própria obra. Que recebeu essa coisa toda montada, mas recebeu essa paralisação. Mas, disse que, depois, conseguiu montar uma equação com a chamada Opel, ainda no Governo Santillo. Que deixou preparada, mas, ela só foi implementada no outro Governo, que veio em seguida, qual seja, o Governo do Iris Rezende, que aproveitou aquilo, tocou e deu para terminar a Usina de Cachoeira Dourada. Disse que, aí, Cachoeira Dourada tornou-se um patrimônio bom. Que, aí, entrou com o enxugamento violento. Que, por isso, estava batendo no ano de 1998. Que iria mostrar e estava no gráfico, que a dívida foi, realmente, de quinhentos e oitenta e sete milhões. O Deputado José Nelto disse ao depoente que o Dr. Ovídio de Ângelis esteve na Comissão e disse que, para vender Cachoeira Dourada, teve que criar outra empresa, que é a empresa Cachoeira Dourada, uma empresa da qual não tinha nenhuma dívida. Que ela foi entregue enxuta para o processo de privatização, e todas as dívidas que tinham em Cachoeira Dourada ficaram na CELG. Disse que sua preocupação é a questão de tarifas. Perguntou se o depoente se lembrava que, para privatizar Cachoeira Dourada, o processo de modelagem foi feito pelo BNDES e o preço da tarifa teve de ser aumentado em até 50% e, segundo o Doutor Ovídio de Ângelis, foi feito um mix entre Furnas e Itaipu e o preço foi menor. Perguntou se a tarifa teve de ser aumentada, em até 50%, depois que ela foi privatizada, ou se o preço da tarifa estava abaixo de Furnas e Itaipu. O depoente respondeu que ficou no mix Furnas e Itaipu. Que é só pegar os números e ver. Disse que não poderia afirmar que a questão do preço da tarifa ser superior a Itaipu não seja verdadeira porque, na verdade, 195 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA essas definições todas foram feitas pelo Conselho de Desestatização, não foi feita pela CELG. Que até o relatório da FIPE mostra que foi um mix entre Furnas e Itaipu. O Deputado José Nelto perguntou ao depoente, já que energia hoje, se compra, supondo, a dez reais, qual o lucro que a CELG tem para vender energia para o consumidor, tanto industrial, comercial, como para o consumidor residencial. O depoente respondeu que isso é variável. Que existe uma curva, feita pela FIPE, também mostrando a diferença do custo da energia comprada com a tarifa da CELG. Que dá uma diferença longa. Disse que fica difícil para definir como é que a CELG, nesse período todo, tendo determinadas diferenças, isso é muito variável. Disse que, porém, existe uma diferença de folga. O Deputado Relator perguntou ao depoente se, com a venda de Cachoeira Dourada, a partir do momento em que a CELG deixava de ter a geração e apenas passava a ter a distribuição, houve uma preparação para essa nova realidade. O depoente respondeu que sim. Tanto que os números mostram. Que diminuiu perdas, cortou, na própria carne, as folhas de pagamento. Disse que, por isso que a sua dívida ficou em torno de quinhentos e oitenta e sete milhões. Disse que houve essas disposições escritas que essa documentação chegou na CELG. Que, então, tinha que continuar nessa política, só que, depois, saiu e, daí para frente, são as outras gestões que precisam responder. Mas que, de sua parte, fez tudo. Depoimento do Sr. Valdivino de Oliveira – ex-presidente da CELG D de 07/04/97 a 25/11/98: Assegurada a palavra ao Sr. Valdivino de Oliveira, iniciou dizendo que foi Presidente da CELG, num período muito curto, na 196 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA primeira dezena de abril até o dia 25 de novembro de 1998, justamente, no período do Governo do Dr. Naphtali Alves de Souza. Disse que quando assumiu, no começo de abril, a CELG já tinha um orçamento aprovado, já tinha todos os contratos assinados para que suas atividades pudessem transcorrer, normalmente, em 1998. A partir daí, apenas deu sequência ao programa de gestão que vinha sendo adotado, anteriormente. Realizou algumas obras importantes para o Estado de Goiás, como a iluminação da BR-153, o cabeamento subterrâneo da Avenida Anhanguera. Evidentemente que essas obras que a CELG fez foi com recursos transferidos pelo Tesouro Estadual, à época. E deu continuidade também ao Programa de Eletrificação Rural. Naquele ano foi um programa bastante importante, porque era algo em torno de 90% das propriedades rurais eletrificadas, naquela época. Então, foi um trabalho muito importante. A CELG era uma empresa que tinha certo equilíbrio entre receita e despesa, mas que vivia os primeiros meses pós-venda de Cachoeira Dourada. A CELG, que até final de 1997, tinha no seu conjunto de receitas, as receitas provenientes de geração de energia e de distribuição, em 1998, começou a não contar mais com a receita de geração, principalmente, de Cachoeira Dourada. Ficou pequena parcela da sua receita de geração, basicamente, com pequenas usinas que a CELG ainda tinha controle. Foi um ano eleitoral, a partir de junho, não havia mais possibilidade de fazer gastos com publicidade. Então fez o corte de todos os gastos a partir de junho, atendendo a determinação legal da lei 197 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA eleitoral, e manteve apenas os contratos que vinham sendo já efetuados pela companhia, na gestão que lhe antecedeu. Então, dessa forma tinha muito pouco a falar sobre a gestão da CELG, porque foi em um período muito curto e um período praticamente de continuidade dos trabalhos do seu antecessor. Pois bem, deputados-membros da iniciada a Comissão, fase o de questionamentos Deputado Humberto dos Aidar discorreu que há quem entenda e defenda que pós-venda de Cachoeira Dourada a empresa teria que se adequar à nova realidade, ou seja, mudar a gestão administrativa de uma empresa que não tinha mais uma geradora e, essas pessoas dizem que nada mudou. Dessa forma, solicitou que o depoente falasse um pouco sobre esta realidade. Respondendo ao questionamento do Deputado, o depoente disse que, na época, convivia com um atraso muito grande de pagamento de fornecimento de energia, até por parte de alguns Municípios, por parte de algumas Prefeituras que sempre insistiram em não pagar o fornecimento da CELG. E quando se tem uma quantidade enorme de inadimplência de Municípios, de entidades que não pagam a conta e o gestor ainda é obrigado a repassar o ICMS, integralmente, porque o regulamento do ICMS não permite que se exclua os não recebimentos do total do ICMS que se tem que recolher, se acaba mais ainda comprimindo a capacidade financeira da empresa. E continuou dizendo que é óbvio que a empresa veio, ao longo das décadas em que ela foi criada, num somatório de crescimento e ela foi criando uma estrutura de gestão, uma estrutura administrativa que, é óbvio, que com a venda da principal geradora de energia, que era 198 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Cachoeira Dourada, ela teria que fazer um corte no mesmo sentido do que foi a perda daquela receita, o acréscimo da despesa. Mas isso no serviço, principalmente, a uma empresa ligada ao setor público é muito difícil, porque os contratos estão em vigor e é muito difícil você romper contratos, mesmo porque, às vezes, o rompimento de contratos acaba trazendo mais prejuízo do que a sua continuidade. Acreditava que um bom planejamento indicaria, em certo momento, que ela deveria ter feito um corte em despesa, uma gestão em que procurasse equilibrar receita e despesa, isso não foi ocorrendo e se sabe que, quando qualquer empresa começa a se endívidar, cria uma bola de neve morro abaixo, ela vai sempre crescendo, numa proporção muito maior do que se pode esperar. Respondendo a pergunta do Deputado Humberto Aidar, se ele também entende que foi um grande equívoco a privatização de Cachoeira Dourada, respondeu que, na realidade, foi uma opção de Governo. O Governo entendeu que deveria fazer uma cisão na CELG e separar as duas empresas, a CELG distribuidora e a CELG geradora e, depois, alienar a CELG geradora. Mas a certeza é que se ele tivesse que dar alguma opinião, a venda de Cachoeira Dourada deveria ser seguida de capitalização da empresa, os recursos seriam aplicados também na empresa, porque a empresa também aplicou recursos dela para poder construir Cachoeira Dourada. Perguntado pelo Deputado Humberto Aidar onde foi aplicado esse dinheiro de Cachoeira Dourada, respondeu que, com 199 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA certeza, a venda de Cachoeira Dourada levou os recursos para o Estado, e no que foi aplicado não tinha conhecimento. Perguntado pelo Deputado Humberto Aidar se não foi na CELG, respondeu que a CELG recebeu poucos recursos de obras bem definidas, por exemplo, a CELG recebeu recursos para iluminar a BR153, na época, 4 milhões e pouco de reais. A CELG recebeu recursos também para transformar a linha de distribuição de energia na Avenida Anhanguera, no centro, entre a Paranaíba e a Tocantins, que era aéreo, em via subterrânea. Perguntado pelo Deputado José Nelto com quais bancos operou, durante sua gestão na CELG, respondeu que, na época, o Banco do Estado de Goiás ainda estava funcionando e, notadamente, o Banco do Estado de Goiás era o banco que fazia toda a centralização das receitas e despesas da CELG, os pagamentos eram feitos pela diretoria financeira da empresa, via relatório de computador, o computador emitia relatórios de pagamentos, encaminhava ao banco e o banco fazia os pagamentos. Não satisfeito com a resposta, o Deputado José Nelto insistiu sobre os bancos, mencionando que existia, na CELG, uma “farra” dos bancos, dos quais a CELG contraía empréstimos, chamados “bancos de quarto andar”. Assim, perguntou, novamente, se o depoente se recordava de ter efetuado operações com alguns dos bancos que mencionou, ao que o depoente respondeu que nunca, não se lembrava não, parecia-lhe, até, salvo melhor juízo, não sabia se ainda a sua memória andava tão fotográfica assim, já fazia doze anos, mas parecialhe que a CELG não tinha operações de antecipação de receita. 200 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Perguntado pelo Deputado José Nelto se ele fosse Presidente da CELG, se faria esse tipo de operação, respondeu que acreditava que não, porque durante quase todo o seu período de gestão, no setor público, sempre foi contrário a operações de antecipação de receitas. Respondendo ao questionamento do Deputado José Nelto se, no período em que foi Presidente, se fez contratos com empresas de publicidade e como era a sua relação com a publicidade, seja escrita, falada, televisionada, com jornais, rádios e televisão, respondeu que, quando assumiu a CELG, em 7 de abril, o orçamento de publicidade já estava contratado. Cada empresa de jornalismo já tinha o seu contrato de fornecimento de publicidade. E ele teve um período muito pequeno porque, em julho, já não se podia fazer mais publicidade, por causa da lei eleitoral. Então, seu antecessor, óbvio que, com o orçamento que a empresa dispunha, fez os compromissos de contrato publicitários, e ele deu continuidade nos dois meses seguintes – restante de abril, maio e junho – e, a partir de julho, a lei eleitoral já proibia qualquer publicidade. Desta forma, fez corte de todos os contratos de publicidade, a partir de julho. Perguntado pelo Deputado José Nelto se acha justo uma Empresa, que não tem concorrência, como a CELG, gastar milhões com publicidade, contratar publicidade para bancar carros de corrida no exterior, publicidade com contratação de boxeador, respondeu que qualquer empresa S.A. possui um Conselho de Administração que tem que nortear os rumos que a Diretoria Executiva precisa tomar. Com certeza, não podia dizer quem contratou, quem não contratou. Mas, se 201 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA eles contrataram, foi aprovado, possivelmente, em suas contas enviadas ao Conselho de Administração. No entanto, particularmente, acreditava que uma empresa que não tem concorrência no mercado, precisa também realizar todos os investimentos em publicidade. No Brasil, isso tem ocorrido, cotidianamente. Vê-se a Eletrobrás fazendo publicidade, a Petrobrás fazendo publicidade. As empresas estatais que, praticamente, não têm concorrência no mercado acabam fazendo, porque há uma necessidade do próprio mercado de conhecer as atividades dessas empresas, de conhecer o que elas estão realizando. Passada a palavra ao Deputado Daniel Goulart, o mesmo discorreu sobre a situação da CELG, no ano em que o depoente assumiu, dizendo que, nesse ano, a CELG fechou um balanço negativo de cento e dezesseis milhões de reais. As despesas operacionais da CELG, no ano de 1997, o ano da privatização de Cachoeira Dourada, fecharam na casa de trezentos e setenta e nove milhões de reais. No ano seguinte, essas despesas tiveram um crescimento de 47.49%. Saíram de trezentos e setenta e nove milhões para quinhentos e cinquenta e nove milhões. Ou seja, o depoente pegou o primeiro ano que a Empresa deixou de ter despesa com a geração de energia e passou a ter despesa com a compra de energia. Assim, perguntou se o depoente observou que o balanço, realmente, fechou negativo e porque, realmente, a CELG não foi preparada para ficar sem a sua geradora. Respondendo à pergunta do Deputado Daniel Goulart, disse que, de fato, a CELG, de um dia para outro, deixou de ter a receita 202 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA de geração de Cachoeira. É óbvio que se fala em receita, mas pode ser despesa de compra de energia que a substitui, tanto faz. Quando se perde receita, há um crescimento com despesa. A CELG Geradora já tinha uma relação receita – despesa, altamente favorável, ela praticamente não tinha despesas e a receita substancial, ele não se lembrava, quantos MegaWatts ela produzia, mais é uma receita excepcional, e, nesta cisão, não se transferiu da CELG Geradora parte proporcional das despesas que ela tinha sobre contrato. Quando ela fez a cisão empresarial, ela transferiu parte daquela despesa que estava prevista no orçamento e, portanto, ela continuou sua dívida como se fosse empresa geradora e distribuidora, porque ela veio, num somatório de trinta, quarenta anos, construindo aquela estrutura administrativa. E, de repente, ela perde a geradora, ela faz a cisão empresarial e a geradora passa para contabilidade à parte, mas ela não transferiu, também, o mesmo acréscimo de despesa que ela foi ao longo do tempo, que ela tinha como geradora e distribuidora, e ela não transferiu para a empresa cedida assim. Perguntado pelo Deputado Daniel Goulart se ele se lembrava de quando assumiu como é que estava, se existia um débito, em relação aos encargos salariais, CELG, Eletrobrás, quando entrou, qual era o débito e se, quando saiu, se continuava o débito, ou naquela época pelo menos Eletrobrás os recursos oriundos da venda da Cachoeira Dourada foram usados para acertar com esses encargos setoriais da Eletrobrás e se, quando assumiu a CELG, estava devendo à Eletrobrás ou não, respondeu que começou a ter que colocar no fluxo de caixa mais para pagamentos de fornecimento de energia, porque ela não tinha mais geradora. Então, evidente que isso acaba trazendo certo desconforto financeiro e acaba se atrasando uma fatura, às vezes de 203 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA uma empresa fornecedora que não tenha implicação no fornecimento de energia da empresa, naquela época começaram a surgir então os primeiros problemas, em relação a Eletrobrás e, depois, a Cachoeira Dourada já era um fornecedor também da CELG, naquela época. Na sequência, foi conferida, novamente, a palavra ao Deputado Humberto Aidar, que falou ao depoente a respeito de ações judiciais movidas pelas prefeituras municipais, falando sobre um relatório do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, a respeito de sua gestão, em relação a esse assunto, perguntando por que o mesmo não tomou iniciativa, naquela época, de suspender ou paralisar até o julgamento do mérito, o procedimento de compensação do ICMS para pagamento da energia elétrica das prefeituras municipais, por meio de convênio com a AGM, questionado na justiça, a fim de evitar novos processos judiciais, respondeu que, do ponto de vista econômico, ele é um convênio perfeito. A CELG convivia com as Prefeituras, à época, que não pagavam as contas de forma alguma, e não podia interromper o fornecimento de energia pública dos Municípios. Tanto que a CELG comprava energia, repassava às prefeituras, faturava as Prefeituras que tinha de faturar, ela também já debitava 33% de ICMS que ela tinha que passar ao Estado. Ora, ela não recebia dos Municípios o valor do faturamento, não recebia a energia que ela comprava e não recebia nem o ICMS que ela tinha que pagar para os próprios Municípios: 75% do Estado e 25% dos Municípios. Na época, então, não se lembra quem era o Presidente da CELG, achava que era o Ovídio de Ângelis, idealizaram, junto com a Associação Goiana dos Municípios, que essa situação não poderia continuar. Ou a CELG teria que deixar de pagar o ICMS daquelas contas de Prefeituras que não recebia, e obviamente ela não pagando, nem o Estado nem as Prefeituras recebiam o ICMS que estava 204 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA contido na conta, e também a CELG não receberia e também não pagaria. Mas, se a CELG não pagasse, implicava a mesma em multas e juros que ela não poderia arcar depois. Do ponto de vista econômico, isso foi discutido com vários Prefeitos, o convênio era o mais perfeito possível. Mas os juízes, posteriormente, descobriram que a AGM não poderia firmar compromissos em nome dos Municípios. Os advogados foram alertando os Prefeitos: “Olha, do ponto de vista jurídico há algum desequilíbrio desse contrato”. Então, começou a discutir esta questão: se a CELG já dava prejuízo, comprando e vendendo energia, se ela não recebesse dos Municípios e tivesse que pagar o ICMS daquela própria energia que ela compra e não recebia, aí que o prejuízo da CELG seria muito maior, em todos estes anos. Bom, com relação a essa interpretação do Tribunal de Contas, como Presidente da empresa, tinha que agir segundo orientação do Departamento Jurídico. Qualquer empresa do setor público convive com inúmeras ações, no campo judicial, e se obedece àquelas recomendações que o Departamento Jurídico, que a Procuradoria do Estado, muitas vezes, cooperando com as empresas, acaba repassando. O convênio é perfeito, porque estava fazendo um encontro de contas, pegava o ICMS, 25% das Prefeituras, pagava as Prefeituras, mas elas pagavam o próprio ICMS e o consumo que gerou aquele imposto. Então, do ponto de vista econômico, o convênio é perfeito, e ele, como economista, não tinha que alegar ao Departamento Jurídico ou a quem representasse o Estado, naquelas ações, que devesse cessar 205 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA aquele convênio, porque, senão, iria piorar ainda mais, deteriorar mais ainda as contas da própria companhia. Ele não tomou providências de cessar este convênio por essas duas razões, primeiro, porque, economicamente, entendia que era a única forma de fazer esses encontros de contas; e, segundo, porque não recebeu nenhuma orientação jurídica que devesse cessá-lo. Perguntado pelo Deputado José Nelto se continuasse por mais quatro anos pela frente como Presidente daquela empresa, se achava que não deixaria a empresa chegar à situação em que chegou, se alertaria o Conselho Administrativo, os seus governantes, que a empresa não fazia o seu dever de casa, logo após a privatização de Cachoeira Dourada, se achava que o erro foi de gestão da CELG, se o Governo tinha culpa, se o Estado teve culpa na quebradeira da CELG, respondeu que era difícil apontar quem é culpado. Mas, há uma série de ações que, no seu momento certo, poderiam ter sido praticadas de forma mais eficiente para a empresa. O Conselho de Administração da CELG, evidentemente, em momento algum, deve ter exigido da Direção da mesma que ela tivesse comportamentos de gestão empresarial. Ao longo desse período, todo o Conselho de Administração também, certamente, não emitiu orientações à Diretoria Executiva para que ela pudesse adequar sua gestão à realidade de uma empresa sem geração de energia. Perguntado pelo Deputado Daniel Goulart se sabia que a IV Etapa de Cachoeira Dourada foi construída sem uma licitação 206 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA específica, respondeu que não sabia. Até achava que o grande problema da CELG, como empresa, surgiu com o ato de cisão, quando se faz uma cisão na empresa, a empresa cindida leva para um lado uma parte de ativos, que dão uma receita alta e não leva despesa nenhuma. Então, se tem uma empresa maior, no caso, era a CELG Distribuição e Geração. Depois, essa empresa é cindida em duas e em uma empresa, depois de ser privatizada, só vai a receita não vai a despesa, aí a dificuldade daquilo que se disse: a empresa não se preparou depois e não adequou depois aquela realidade. Perguntado pelo Deputado Humberto Aidar se, depois que venderam Cachoeira Dourada, tinha jeito de tocar a CELG para que ela desse lucro, respondeu que, em seu conceito, a CELG empobreceu com a saída de Cachoeira Dourada de seu ativo. Ela empobreceu. Cachoeira Dourada estava lá no ativo da CELG. Agora, se ela empobreceu, mesmo tendo uma atividade comercial que é lucrativa, ela deveria adequar o seu modo de gestão, ao longo dos anos seguintes, para poder, tendo aquela margem de negociação, continuar sendo uma empresa lucrativa. Ocorre que, no setor público, nem sempre isso é possível. Isto porque existem demandas sociais muito grandes. Tem demanda de energia rural, têm subsídios que a empresa, às vezes, é obrigada a fazer. Então, se têm as políticas de subsídios nacionais, subsídios locais. Parecia-lhe que a CELG subsidiou ou subsidia, há muito tempo, a CODEMIN, que é uma empresa que consome muita energia. Tem o subsídio à energia rural, que é um subsídio que acaba pesando para a empresa. Tudo isso faz com que, no setor público, se torne muito difícil fazer a adequação receita/despesa. 207 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Respondendo à pergunta do Deputado Daniel Goulart se, em sua gestão, as empresas terceirizadas já prestavam serviço à CELG, respondeu que algumas, sim. Ele se lembrava da Hotline, que é uma empresa que mexe com linha viva. Mas, salientou que todas as empresas que lá prestavam serviço já tinham contratos, quando chegou. Já tinham contratos, contratos em andamento, e não tinha como quebrar esses contratos, mesmo porque, foram objeto de concorrência. Depoimento do Sr. Francisco de Freitas Castro – ex-presidente da CELG D - período novembro de 1998 a 1º de janeiro de 1999: Em síntese, em suas considerações iniciais, o depoente, FRANCISCO DE FREITAS CASTRO, comentou que seu período, à frente da CELG, foi de transição, que não chegou a ficar dois meses, na presidência da CELG. Disse que assumiu, na segunda quinzena de novembro de 1998, e entregou a empresa ao ex-deputado Fernando Cunha, no dia primeiro de janeiro de 1999. Disse, também, que, no período em que lá esteve, e sabendo que o Fernando Cunha seria o novo Presidente, abriu as portas da empresa para ele, fazendo uma transição pacífica. Contou, além disso, que, em seu período, não foi feito nenhum empréstimo. Os pagamentos feitos foram aqueles de praxe que a empresa tinha, por obrigação de fazer, para não deixar que ela ficasse em falta com seus fornecedores. Relatou, ainda, que, naquela época ainda, cumpriu todos os compromissos da empresa. O Deputado relator perguntou ao depoente se ele poderia elencar o que aconteceu de tão nefasto, nesses vinte e cinco anos ,ou o que pode ter acontecido para a CELG chegar na situação a que chegou hoje. O depoente respondeu-lhe que não tem elementos para afirmar 208 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA por que, mas que a verdade é que a Usina de Cachoeira Dourada foi vendida, no Governo de Maguito Vilela. Que, como empresário, pensa que uma empresa vai mal, quando ela é mal administrada. Pensa que o que aconteceu foi que, com a venda da Usina, os “chegantes”, certamente, não adequaram a empresa para a nova realidade dela. Ela não tinha mais o fornecimento de energia da usina. Mas, por outro lado, ela tinha uma despesa muito grande na manutenção dessa usina, e a Centrais Elétricas de Goiás é a única empresa que compra, hoje, energia. Depoimento do ex-presidente da CELG, Fernando Cunha Júnior período 1º de janeiro de 1999 a 27 de julho de 2000: Em síntese, em suas considerações iniciais, o depoente, FERNANDO CUNHA JÚNIOR, disse que, pelo relatório da FIPE, gostaria de mostrar um pouco do que foi a sua gestão, bem como de seus diretores. Disse que sua gestão, a de seus Diretores, o Júlio César, o Walter, o Nilson, o que foi a gestão deles e os resultados dela, em 1999 e parte do ano 2000. Disse que o primeiro quadro do relatório relata o lucro líquido ou prejuízo da CELG, desde 1984. Que, chegando em 1998, que o antecedeu, a CELG teve um prejuízo de duzentos e trinta milhões, zero trinta e três mil, zero quinze. Que, em 1998, a CELG ainda tinha Cachoeira Dourada e teve esse prejuízo. Falou que, em 1999, já em sua gestão, pagando o absurdo que foi o custo da energia elétrica inflacionada, acertada pelo Governo anterior, o prejuízo da CELG baixou, de duzentos e trinta milhões para setenta e quatro milhões. Assinalou que esse relatório mostra, ano a ano, que nos Governos de Iris Rezende e Maguito Vilela, quando havia a energia de 209 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Cachoeira Dourada, foi registrado um prejuízo de novecentos e vinte e dois milhões de reais, ou seja, praticamente, um bilhão de reais, nesses anos todos. Que, em contrapartida, nesses anos, tinha Cachoeira Dourada, não se comprava energia elétrica, ou seja, não se tinha gasto de mais ou menos 60%, que é o gasto da CELG com energia elétrica. Falou, ainda, que, nos oito anos do Governo Marconi Perillo, o prejuízo baixou, de novecentos e vinte e dois milhões de reais para oitocentos milhões e trezentos mil reais e, mesmo sendo, aparentemente, pouca coisa, nesse mesmo período, foi paga energia elétrica que não foi paga no Governo anterior: um bilhão e setecentos milhões de reais de conta de energia elétrica. Concluiu, então, que, se não tivesse vendido Cachoeira Dourada, teria deduzido um bilhão e novecentos e sessenta e um milhões, oitocentos e um reais que se teve em prejuízo. Teria, desse modo, um superávit de um bilhão, cento e sessenta mil reais. Comentou, também, que o relatório da FIPE traz outro dado importante, qual seja, na coluna de capital circulante líquido, a partir de 1983, todos os números negativos, cento e setenta milhões, duzentos milhões, um bilhão e, assim, até chegar em 1998. Nesse ano, o capital circulante líquido era de cento e setenta e três milhões. Em 1999, o depoente conseguiu reverter esse capital circulante líquido, de 173 milhões negativos para 90 milhões e 200 mil positivos. Disse que são números que demonstram que ele estava fazendo uma transformação muito grande na CELG. Falou que, no que tange ao capital de giro, o relatório mostra que, em 98, o capital circulante era negativo de 173 milhões, 210 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 371 mil, 871. Em 99, ele reverteu esse capital circulante para 90 milhões, 200 mil 861, positivo. Disse que venderam Cachoeira Dourada, e o dinheiro dessa venda ficou com o Estado. A CELG ficou apenas com os prejuízos e as dívidas que já tinha. Que todas as dívidas de Cachoeira Dourada ficaram com a CELG. Ilustrando, o depoente mostrou, no relatório, que, entre as diversas dívidas que ficaram e que foram pagas, em sua gestão, existem duas excepcionais: uma, com o Clube de Paris, que foi feita para construir Cachoeira Dourada; outra, grande financiamento foi feito no Fundo Nagazoni, do Japão, para a construção de algumas subestações, mas, principalmente, para construir redes de energia rural. Disse que o resultado disso foi que se construiu apenas 40% da energia rural contratada. Que, em sua gestão, completou 100% de energia rural. Que, então, ficou com toda a responsabilidade da energia rural, e também de pagar o restante da dívida do Fundo Nagazoni. Que, em sua gestão, trabalhando em equipe com os Diretores, foram pagando as dívidas com as empreiteiras, com os fornecedores, as dívidas de curto prazo que tinham financiamento com o BIG Banco. Que conseguiram fazer um acordo com o setor elétrico de atualização e renegociação de todas as dívidas que existiam de fornecimento de energia elétrica. Contou que só não tinham dívida com Cachoeira Dourada porque o contrato feito, quando transferiu Cachoeira Dourada para o novo proprietário, estabelecia que a CELG tinha de depositar, diariamente, um percentual de sua arrecadação para que todo dia 5, 15 e 25, tivesse depositado o dinheiro suficiente para quitar a fatura de energia de Cachoeira Dourada. 211 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Relatou haver uma dívida muito grande com Furnas, Itaipu, etc., e que tudo isso chegou a ser acertado, conseguindo-se, com isso, a prorrogação da concessão da CELG, que estava vencida, além do reajuste de tarifa. Disse que, à época em que assumiu o governo, era muito recente a criação do Estado de Tocantins, e, por via de consequência, existiam créditos da CELG, provenientes da criação desse Estado, créditos esses, avaliados em cerca de cem, cento e poucos bilhões, pela diretoria anterior. Contou que conseguiram passar o crédito de cento e sessenta e poucos milhões para seiscentos e sessenta milhões, o que lhes permitiu um aumento no recebimento daqueles créditos de Tocantins, de quinhentos milhões, que foram usados no encontro de contas do Tesouro e, também, para acerto do Governo do Estado com a CELG. O depoente relatou, ainda, que, em sua gestão, já no primeiro ano, teve uma melhoria considerável, na relação dívida/patrimônio líquido. Que, em 1998, a dívida era trinta e quatro vezes o patrimônio líquido da CELG. Já, em 1999, conseguiu aumentar o patrimônio para quatrocentos e vinte e seis milhões, reduzindo, então, a dívida, de 34 vezes o patrimônio líquido, para 2,5 vezes o patrimônio líquido da CELG. O depoente trouxe a lume outro fato, concernente ao pagamento do ICMS das prefeituras. Contou que havia um encontro mensal de contas, através de um convênio que havia da CELG com a Associação Goiana dos Municípios. Que esse encontro de contas era feito, automaticamente, sendo creditado o saldo de cada Município. Que o Presidente da CELG, resolvendo fazer política daquilo, cancelou esse convênio. Houve, então, a necessidade de partir para os 238 212 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Municípios, onde a CELG atua, e de montar dezenas de equipes, do mais alto gabarito da CELG, que foram a cada Município e conseguiram, em menos de um mês de prazo, assinar convênio com todos os Prefeitos, de todos os partidos, e mantiveram, tranquilamente, esse recebimento dos Municípios. Disse que, se não fosse tomada essa atitude, haveria um prejuízo de milhões e milhões para a CELG e, evidentemente, os Municípios ficariam cada vez mais endívidados, e não teriam condições de pagar. Contou, por fim, que, no primeiro ano de sua gestão, ou seja, em 1999, não gastaram um tostão com publicidade, a não ser publicidade oficial, como avisos, editais, aquilo que, oficialmente, tem que ser publicado. Na fase de debates, o Deputado Relator da CPI disse ao depoente que ele, em sua fala, comentou que a CELG não devia, àquela oportunidade, apenas para Cachoeira Dourada, dado aquele contrato que estipulava que o pagamento da fatura fosse pago, diariamente. Perguntou se seria isso mesmo e pediu-lhe que explicasse como isso acontecia. Quem havia estipulado isso. Disse que lhe chamava a atenção porque, pesquisando esses 25 anos da CELG, não encontrou nenhum objeto que diz que o contrato com a CELG teria de pagar a fatura diária. O depoente respondeu que não sabe, exatamente, qual foi o contrato, mas, que foi um contrato de fornecimento de energia de Cachoeira Dourada. Disse que, obviamente, os compradores, receosos de não receber, estabeleciam aquela cláusula leonina, que lhe parece que, só depois de alguns anos, é que ela deixou de existir. Falou que, no seu tempo, depositava, diariamente, e os Bancos que recebiam o dinheiro da CELG retiravam uma quantia, diariamente, e repassavam 213 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA ao Banco Santander, salvo engano, que era o banco que fazia o repasse à Cachoeira Dourada. O Deputado Relator disse ao depoente já ter, na Comissão, afirmações de que o valor contratado com Cachoeira Dourada, para o pagamento, era superior aos preços de mercado. Que houve pessoas que participaram da venda de Cachoeira Dourada e disseram o contrário, que era o menor preço de mercado. Perguntou, então, em que situação o depoente encontrou essa questão da compra de energia elétrica de Cachoeira Dourada, quando assumiu, em 1999. O depoente respondeu-lhe que assumiu com contrato, já em vigor, estabelecendo preço que não teria condições de discutir. Pelo menos, era essa a informação que tinha, na época. O Deputado relator pediu ao depoente que comentasse se, após a venda de Cachoeira Dourada, houve planejamento, tendo em vista que a empresa não gerava mais energia. O depoente respondeu que, quando recebeu a CELG, houve uma revolução eleitoral, em Goiás, e, evidentemente, os que estavam no Poder não estavam preparados para entregar. Que, então, não havia planejamento de nada. Que, na verdade, recebeu a CELG num endividamento brutal e sem condições nenhuma de se fazer algo, a não ser, tentar resolver aquelas situações imediatas, as emergências de todo dia. Falou que, mesmo assim, começou a planejar a nova CELG, inclusive com levantamentos feitos juntamente com a ANEEL, de todos os pontos do Estado de Goiás, onde teriam condições de construir novas usinas de energia elétrica. Contou que começou, ainda em sua gestão, entendimento com grupos que poderiam se associar à CELG para construir novas usinas geradoras, porque sempre teve a convicção de que a “galinha dos ovos de ouro” sempre foi a geração de energia. 214 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Relator perguntou ao depoente, no que tange à transferência, quando da instalação do Estado do Tocantins, se ele teria conhecimento acerca de quanto teria ficado a receber dessa transferência. O depoente respondeu que a informação que tem é aquilo que a CELG, efetivamente, recebeu. O Deputado Daniel Goulart pediu ao depoente que discorresse sobre os investimentos, realizados em sua gestão. Esse disse que, em sua gestão, fez um trabalho muito grande de normalização da situação difícil em que se encontrava a Electra e para permitir que ela continuasse garantindo a complementação dos salários dos aposentados da CELG. Que reinaugurou, com o Governador Marconi Perillo, a subestação de Campos Belos, que foi fundamental para o Nordeste de Goiás, daquela época e, hoje, também. Que refez a subestação de Acreúna e várias outras. Que, em Anápolis, fez uma grande subestação que, de repente, mudou completamente o setor elétrico da cidade, que explodiu em desenvolvimento. Disse, também, que, após dois meses que tinha assumido, a principal subestação de Goiânia pegou fogo. Que o custo de uma nova subestação, na época, era de 6 milhões. Que ele e os diretores propuseram fazer a subestação, diretamente, com o material que a CELG já tivesse, e o que tivesse de comprar, seria em caráter de emergência. Que, em quinze dias, trabalhando dia e noite, no período de carnaval, principalmente, conseguiram refazer a subestação e, ao invés de seis, gastaram três milhões. O Deputado Relator disse ao depoente que um relatório de auditoria do Tribunal de Contas do Estado mostra que, em 30 de julho de 2009, os pedidos iniciais das ações judiciais de 106 prefeituras 215 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA alcançaram o patamar de um bilhão, quatrocentos e quarenta e cinco mil, duzentos e dez reais e setenta e um centavos. Que um dos advogados que prestou depoimento na Comissão, teria descoberto a fórmula das prefeituras acionarem a CELG, e só ele tinha, de processo contra a CELG, mais de um bilhão e meio. Pediu, então, que o depoente falasse a respeito desse acordo, firmado via AGM. Perguntou se, naquela oportunidade, havia um questionamento para que esse acordo fosse desfeito, evitando, assim, essas ações judiciais. O depoente respondeu que, em sua época, houve uma ação, que já tinha transitado em julgado, e teve de pagar, parece-lhe que de Rio Verde, um valor relativamente pequeno. Disse que, imediatamente, acionou, para que pudesse ter um contrato direto com as prefeituras e, por via de conseqüência, não houvesse mais aquilo. O Deputado Relator perguntou, ainda, como ocorre a relação, por exemplo, Saneago deve para CELG também, se é difícil de receber, ao que lhe foi respondido que é difícil, mas não é impossível. Que fizeram concessões aos Municípios e essas concessões permitiram que acertassem, à época, uma maioria, quase todos os Municípios, aquelas dívidas atrasadas. Disse que, com o Governo Federal, tentou, de todas as maneiras, acertar com a CODEMIN, que o Governo Federal impôs uma tarifa especial para a CODEMIN e não quis pagar. Que a CELG, inclusive, nessa briga, não acertou sua dívida, em 1999, com a ANEEL e, via de consequência, não pôde aumentar a tarifa. Então, não aceitaram a cláusula da CODEMIN em seu contrato. Mas, foram vencidos. Ou mantinham a cláusula da CODEMIN, que é uma extorsão, ou não teriam aumento de tarifa. Disse que, com o Governo Federal, foi assim. Mas, falou que, do Estado, é difícil essa história de culpado. Que, na sua época, a Saneago devia para a CELG 100 milhões. Que 216 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA isso, depois, foi acertado, o Estado assumiu. Mas, disse que, também, é uma questão de gestão. Depoimento do Sr. Clóvis de Oliveira, ex-presidente da CELG D – período 2000/2001: Em síntese, em suas considerações iniciais, o depoente, CLÓVIS DE OLIVEIRA, disse que sua administração, na CELG, foi um pouco atípica. Disse que, pelas manhãs, quando cumprimentava os colegas de trabalho, dizia: “hoje a CELG amanheceu um milhão mais pobre”. Isso porque esse foi o valor que ele conviveu, desde o início que acompanhou os balanços, no período da gestão Marconi Perillo, era um milhão de prejuízo por dia, todos os dias dormia, amanhecia a CELG um milhão mais pobre. Isso porque não houve essa preocupação com essa equação financeira, após a venda da UHE Cachoeira Dourada. Disse que, se pegasse os recursos que entraram de Cachoeira Dourada, equacionam, financeiramente, a CELG, e lembrou, ainda, de que o quadro que estavam de pessoas em Cachoeira Dourada foi todo absorvido. Concluiu, então, que sua administração foi atípica, porque teve essa preocupação. Disse, também, que foi o único Presidente que teve coragem de cortar despesa com a empresa, fechar posto de gasolina da CELG, dispensar carro alugado, centenas, devolver todos os empregados de Prefeituras e do Estado, que estavam à disposição da CELG. Disse que, só de Prefeitura, tinham 226 empregados. Contou que havia, aproximadamente, 178 veículos da CELG, em outros órgãos do Estado. Ele, não só pegou os veículos de volta, como fez a alienação desses veículos e, ainda mais, a CELG tinha um avião que ele teve a oportunidade de providenciar sua alienação. Isso porque era necessário se preocupar com a equação financeira. Contou que fez um PDV para 217 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA ver se tirava o pessoal mais antigo, mais graduado e que tinha uma remuneração maior. Não fez concurso, não contratou ninguém porque a empresa não suportava. Naquele período, o Estado reconheceu que tinha uma dívida para com a CELG, dívida proveniente de iluminação dos estádios de futebol e de aeroportos. Relatou que, quando o Governo Federal instalou a CODEMIN, em Goiás, deu um grande incentivo, e, um deles foi na energia elétrica. Que não está errado, mas, o que não podia era deixar de pagar a CELG. Porém, a União não pagou. Contou que, se, hoje, o Estado e a União pagarem a CELG, não precisa vender ação da CELG, pode tocar a Empresa, que ela sai do buraco. O depoente contou, ainda, que foi o único presidente que teve coragem de cortar a energia, por duas vezes, do Bougainville. Contou, além disso, que, antes, existia, no setor elétrico, a chamada Câmara de Compensação do Setor Elétrico. O Governo Federal dava incentivo para as empresas se instalarem nos Estados, e essa Câmara de Compensação tinha um fundo federal que pagava. Mas, o Governo Federal extinguiu a Câmara. A CODEMIN continuou existindo, as empresas que o Governo Federal deu incentivo continuam existindo, e a CELG nunca mais recebeu do Governo Federal. Conclui, então, que a dívida da CELG não é oito, não é nove, e não é dez. Isso é porque olham o total do passivo. Por isso, diz que, com três e meio, se a União e o Estado acertassem com a CELG, resolveria. Menciona, também, as prefeituras que precisam pagar, precisava de um acordo. Precisava de um acordo, o prefeito precisa pagar. Isso porque a CELG sobrevive de pagamento do cidadão comum, porque, se não pagar, corta, mas, questiona, como se corta, como presidente, a energia de uma grande 218 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA cidade, das praças, das avenidas? Então, entende o depoente que teria de haver bom senso do gestor municipal, também, de pagar. O Deputado Humberto Aidar perguntou ao depoente se ele teria elementos para afirmar que, na venda de Cachoeira Dourada, não teria entrado nenhum recurso na CELG e que, ao vender a geradora e ficar apenas com a distribuição, naquele momento, não tinha como acudir a CELG. O depoente respondeu que os recursos entraram. A Empresa que comprou a CELG pagou. Tinha como acudir a CELG. Era possível. Isso, se o recurso tivesse entrado na CELG. O Deputado relator perguntou se o depoente concordava, como a FIPE afirmou, que existiram dois períodos distintos: até Cachoeira Dourada e pós-Cachoeira Dourada, ao que lhe foi respondido que sim. Que Cachoeira Dourada dava receita. Que Cachoeira Dourada não foi 100% do problema da CELG. Mas, foi o grande motivo. Argumenta que, no momento em que a CELG precisava de recurso, veio o golpe de misericórdia. O mesmo Deputado perguntou se, no período em que o depoente era Presidente da CELG, as instituições financeiras, tais como, Cemea, Tricuri, PBM, Banif, Lemon, Máxima, Paulista, Pine, emprestaram dinheiro para a CELG. O depoente lhe respondeu que não se recorda, que se recorda de uma pequena operação, para salvar uma folha de pagamento, com o Banco Rural, que foi liquidada ainda dentro do seu período. Mas, assinalou que existe uma explicação: a situação em que se encontra a CELG, hoje, entende que, dificilmente, um banco de primeira linha teria interesse em operar. O risco do crédito é grande e não seria, se fosse o caso, com a menor taxa de juros do mercado, 219 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA porque um dos componentes das taxas de juros de qualquer banco é a taxa de risco do crédito. O Deputado relator perguntou, também, se, na época em que o depoente era presidente, se as empresas terceirizadas, como Evoluti, tinham contrato com a CELG. Ele respondeu que sim, que havia várias empresas terceirizadas e, principalmente, veículos, e que ele cortou. Conta que fechou, ainda, vários escritórios. Questionado pelo mesmo Deputado se, ante os problemas da CELG, se tomaria um outro caminho, se faria algo diferente, o depoente respondeu que seria mais enérgico. Comentou, também que, após a venda da UHE Cachoeira Dourada, o acerto da tarifa de compra de energia foi um absurdo e ele não tinha como repassá-la para o consumidor e ter uma boa margem de lucro. Disse que, quando a CELG perdeu uma grande receita, abriu um buraco de uma grande despesa. O Deputado Daniel Goulart comentou que, hoje, existe um volume muito grande de ações, cada dia que passa, aumenta o número de Prefeituras, procurando reaver créditos com a CELG, aquela contraparte de ICMS. Que tem Município que conseguiu cancelar acordos de 2004 e fazer outro acordo, em 2006, e receber milhões. Tem Município que está com mais de oito milhões. Perguntou, então, o que o depoente acha disso. Perguntou se a CELG, ao invés de ter créditos com os Municípios, tem é débito para com eles. O depoente respondeu que não, que são poucos os casos. Disse que arrisca dizer ser mais um caso de operações dirigidas, de pessoas que ainda vêem a CELG como uma grande viúva. Simplesmente quiseram, mais uma vez, tirar dinheiro dentro da CELG e transferir. Que, se a Prefeitura tem débito com a 220 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA CELG, ainda que a CELG tenha débito com essa Prefeitura, tem que fazer o encontro de contas. Agora, a CELG deve e paga e não recebe. O mesmo Deputado perguntou ao depoente se ele conseguiu reajustar tarifa, sendo-lhe respondido que sim. Que ele marcava audiência com o Presidente da ANEEL, e mostrava para ele que era extremamente prejudicial. Que, em hora nenhuma, nem a ANEEL, nem a Eletrobrás, e nem Furnas, que são empresas do Governo Federal, ganharam em não dar o reajuste. O depoente também falou que o endividamento da CELG é crescente e que, mesmo com qualquer pessoa que seja colocada para governador, vai continuar crescente, porque a receita é menor que a despesa. Sobre a CELG ficar um milhão mais pobre a cada dia, perguntou, se o depoente fizer uma análise de valores, considerando que a capacidade de produção de energia de Cachoeira Dourada é de, aproximadamente, seiscentos e cinquenta e seis megawatts, que o estoque médio de venda, ou que seria também de compras, em torno de quatrocentos e noventa megawatts, se esses valores dariam, a preço de hoje, mais ou menos um milhão/dia ou trinta milhões/mês. Ou seja, se esse um milhão mais pobre seria, segundo essa matemática que é concreta, porque é a matemática de preço de energia. Se a hora em que a CELG tem de comprar a energia que era dela, se representa, exatamente, esse um milhão. O depoente lhe respondeu que, em 1998, quando a CELG teve cento e dezesseis milhões de prejuízo, ficava um milhão mais pobre, todo o dia. Disse que não se recorda de ver, em nenhuma conta, algum investimento, oriundo da venda de Cachoeira Dourada, nos ativos da CELG. Disse que a CELG, sim, assumiu o 221 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA passivo de Cachoeira Dourada. Relatou que viu, há uns dois anos, pela imprensa, que, se pegassem o lucro que a Endesa teve com Cachoeira Dourada, que não seria diferente também do lucro que a CELG teria com Cachoeira Dourada, e o reinvestisse na CELG, não teria problema, a CELG estaria saneada. Depoimento do Sr. José Valter Vasquez Filho, ex-presidente da CELG D – período 2001/2003: Em síntese, em suas considerações iniciais, o depoente, JOSÉ VALTER VASQUEZ FILHO, relatou que, em 1988, com o advento da nova Constituição, o setor elétrico teve outra perda de poder financeiro. Até 1988, o único imposto que incidia sobre a energia elétrica era o Imposto Único sobre Energia Elétrica, cuja destinação ficava 100% para as empresas financiarem seus investimentos. A Constituição de 1988, simplesmente, transformou esse imposto no ICMS, que era 100% revertido aos Tesouros Estaduais, que, por sua vez, os dividia com os Municípios. Esse sistema levou com que, primeiro, não existisse nenhum interesse de qualquer concessionária ter um nível de eficiência importante. Depois, o setor estatal, com esse tipo de prerrogativa, acabou com que tivesse um grande nível de inadimplência. Relatou, então que, até o inicio da década de 90, praticamente, a geradora não recebia de fornecedor e vice-versa. Isso implicou a edição, em 1991, de um decreto federal, por meio do qual a conta de luz era obrigada a ser dividida. O consumidor pagava a conta, ao invés de ela ir para a conta da distribuidora, ela teria a obrigação de ir, uma parte para a distribuidora e outra para a geradora. Mas, esse decreto acabou não tendo eficácia, porque grande parte das 222 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA distribuidoras acabou não implantando, fazendo com que, em 1993, o setor passasse pela sua maior desestruturação, ou seja, sendo, nesse ano, desqualizada a tarifa. Isso acarretou que os corpos técnicos das empresas, preparados, até então, para sobreviver, por remuneração garantida, com tarifa garantida, e sem preocupação com eficiência, tivessem de trocar de perfil. Essa é uma questão fácil de ser implementada, em uma empresa privada, mas, dificílima, em uma empresa estatal. O depoente continua relatando que, em 2004, a modelagem setorial obrigou as empresas a se desverticularizarem, ou seja, não podia ter uma distribuidora que tivesse uma geradora e nem tivesse um sistema básico de transmissão. Foi o que aconteceu com a CELG, bem como com absolutamente todas as concessionárias brasileiras. Foi necessário criar a CELG D, a CELG Transmissão e a CELG Geração, porque elas não poderiam ser uma empresa só. O depoente assinala que fez essa regressão histórica para chegar até a desequalização tarifária. Disse que tem a convicção de que as empresas estatais que sobreviveram à privatização não se prepararam para a concorrência de mercado, não se prepararam para um ambiente de não contratação plena, ou seja, não tiveram capacidade. Disse que, entrando propriamente no período em que passou à frente da CELG, sua missão, na CELG, não foi salvar a empresa, ou fazer, nela, uma grande transformação. A missão que recebeu do Governador do Estado foi procurar um acionista capitalizado, alguém que tivesse dinheiro para investir no setor elétrico. Atesta, ainda, o depoente que a situação da CELG extrapola a capacidade do Tesouro do Estado, como acionista, para aportar 223 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA recursos suficientes para que a população goiana tivesse um serviço de eletricidade de qualidade e quantidade demandada. Portanto, primeiramente, tentou realizar um processo de privatização, ou seja, no período em que passou na Presidência, tinha, pelo menos, quatro auditorias externas, dentro da empresa. Referidas auditorias eram privadas, contratadas pelo BNDES. Mas, o processo de privatização não foi a contento. Primeiro, porque a avaliação que foi feita da Companhia era baixa demais, e o Governador entendeu que, por aquele valor, não deveria ser levada ao mercado. Além disso, por um valor maior, obviamente, o mercado não iria oferecer nenhuma proposta. E enfrentou, além do apagão, o “11 de setembro”, que foi fundamental para que ocorresse uma instabilidade no mercado internacional que inviabilizasse. Basta ver que, assim como a CELG estava em processo de privatização, também, a Copel, que é uma empresa que, à época, era uma empresa modelo. Conta o depoente que, não sendo bem-sucedido o processo de privatização, buscou-se, junto ao Governo Federal, a federalização, junto com a Eletrobrás, alternativa que se está tentando, mais uma vez, implementar. O depoente atesta que, se lhe perguntarem se fez algum esforço, no sentido de minimizar custos, ele confessaria que recebeu a empresa nesse quesito, que um trabalho exaustivo foi feito nesse sentido, ou seja, de corte de despesas. Que enfrentaram o maior desafio do setor elétrico brasileiro, que foi o processo de contingenciamento de carga, nos anos de 2001 e 2002. Ou seja, a CELG tinha energia para vender. Isso fica muito claro quando se vê a receita da CELG que, nesses dois anos, permaneceu a mesma, enquanto as despesas cresceram porque o preço da energia, no mercado à vista, subiu, absurdamente. 224 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Comentou acerca de outro assunto, que poderia ser questionado, qual seja, por que, durante sua gestão, se deixou de pagar energia e não se fez empréstimos com bancos ou não se fez outro tipo de aporte de recursos. Porque o acionista não tinha dinheiro. Bancos seriam uma opção. Jogou-se todo o passivo no setor elétrico. Primeiro, porque já existia um histórico intersetorial recente de débitos. Até a década de 90, o setor não se pagava todo. Por outro lado, o outro agregado significativo que se poderia cortar seria o ICMS. O não pagamento de ICMS importaria débito. Pagar pessoal, que é outro agregado grande, seria, socialmente, inconcebível. Argumenta outra questão, isto é, se se deixasse de pagar fornecedores, haveria dois problemas: primeiro, teria um impacto significativo na economia; segundo, teria de se gerenciar “n” credores, ao invés de um só. E o credor que se escolheu, o grupo Eletrobrás, era um credor que tinha sábia noção do que era o setor elétrico e o que estava passando o setor na época do apagão. Por fim, asseverou que, no período em que esteve à frente da CELG, ela nunca foi penalizada pela ANEEL com a não atribuição de reajuste. Mencionou, em 2001, a Resolução nº 69, que reajustou a tarifa em 5,36% e, em 2002, a Resolução nº 509, que reajustou a tarifa em 13,24%. O Deputado relator disse ao depoente que a FIPE, em suas principais constatações, chegou à conclusão que, um dos problemas do endividamento da CELG, no período analisado, foi a má gestão da empresa. Assim, olhando os balanços, nos últimos quinze anos, percebe que, em 2002, na gestão do depoente, foi o maior prejuízo dos últimos quinze anos da Companhia, ou seja, 455 milhões. Pediu, então que o depoente fizesse uma exposição a respeito desta dívida. O depoente 225 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA disse que só por uma questão. Que teve o maior índice de congestionamento de carga, da história recente do planeta. Em outras palavras, se se pegar a receita da CELG entre esses anos, ela permaneceu extremamente congelada. A despesa, subindo, porque o valor da energia, no mercado tendeu a subir. Disse que, se pegar os balanços das outras Companhias de energia elétrica do Brasil, se observará que o desempenho das outras empresas ficou muito parecido. Disse que, quando foi Presidente da CELG, todas as distribuidoras de energia elétrica do Brasil estavam no vermelho porque existia o apagão. Perguntado pelo Deputado relator se a preparação da CELG para a nova realidade, em razão da venda de Cachoeira Dourada, deveria ter sido feita pelo Governo que vendeu ou pelo Governo que assumiu pós venda, o depoente respondeu que a mudança foi em 1993, foi uma mudança radical de procedimentos no setor elétrico. Então, de 1993 para frente, se teve, basicamente, uma regra. Entende que todos, quem vendeu, quem comprou e quem trabalhava na CELG, deveria se adaptar ao mercado. Alega que, quando se assume um desafio, tem de trocar perfis. O depoente foi questionado pelo Deputado Daniel Goulart qual o principal motivo de, em sua gestão, não ter tido sucesso em sua missão, que era buscar um acionista capitalizado para aportar recursos na CELG, se o fato de a CELG ter de cumprir o contrato, diria “leonino”, de comprar energia de Cachoeira Dourada, por um preço superior a um preço de mercado, isso pode ter sido um complicador? Foi-lhe respondido que o primeiro culpado foi Bin Laden. Após o 11 de setembro, não se vendia nada para ninguém. O segundo culpado foi o 226 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA processo de carga em que a CELG se encontrava, o nível de endividamento das empresas do setor elétrico estavam cada vez crescendo mais. Acrescentou o depoente que, sem dúvida nenhuma, havia algumas coisas internas da Companhia que pesavam, não pelo insucesso da venda, que teria depreciação de preço, ou seja, se houvesse um parque gerador maior, obviamente, a CELG valeria mais. Se não houvesse a CODEMIN, que foi uma herança maldita que o Governo Federal não resolveu, na desequalização tarifária. Isso porque, quando se vendia a energia para CODEMIN, recebia-se subsídio pela outra parte. Quando desequalizou a tarifa, não aconteceu isso. Além disso, um certo passivo trabalhista complexo. A maior dificuldade de se vender uma Companhia está na clareza dos dados. O Deputado Daniel Goulart pediu ao depoente que relacionasse os principais investimentos da empresa, durante sua gestão, ao que lhe foi respondido que, em sua gestão, teve um grande problema de subestação. Então, procurou, a nível do pessoal da transmissão e da subtransmissão, buscar alguma coisa, mas não foi feita, nesse período de um ano e pouco, nenhuma grande evolução, nesse sistema elétrico, a não ser para ser a ampliação da rede da área rural. Mas, alega que existiu outro problema: o projeto Luz no Campo, como foi concebido, à época, exigia uma capacidade de subtransmissão muito forte. Mas, existe um problema, sério de rebaixamento. Daí, acabava-se ligando muita gente e rebaixando a qualidade do atendimento. Questionado pelo Deputado Coronel Queiroz se, durante seu período de gestão, fez empréstimos em bancos, o depoente 227 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA respondeu que não, que renovou alguns empréstimos que existiam, mas, novos, não fez. O Deputado Coronel Queiroz disse ao depoente que, no relatório da FIPE, pautou-se pela má gestão e algumas outras situações. Perguntou-se, então, se ele concordava com isso, se esse seria o principal fator. O depoente respondeu-lhe entender um pouco diferente sobre o que seria má gestão. O que entende acerca do problema da CELG é que, primeiro, Cachoeira Dourada foi um marco fundamental. Não foi a venda de Cachoeira Dourada, mas, foram as condições do contrato. Poderiam vender Cachoeira Dourada e manter a mesma tarifa e não faria diferença nenhuma. Outra questão que entende importante foi a CODEMIN, mas entende que a questão de má gestão se procede de outro processo que, em Goiás, quase ninguém entendia o que era a concessão de um serviço público federal. A CELG não é uma empresa comum, ela presta um serviço concedido, altamente regulamentado, e haveria de se pautar por essa regulamentação. Depoimento do Sr. José Paulo Félix de Souza Loureiro, expresidente da CELG D – período 2003/2004: Em síntese, em suas considerações iniciais, o depoente, JOSÉ PAULO FÉLIX DE SOUZA LOUREIRO, disse que chegou à CELG, em janeiro de 2003, sendo que a CELG vinha de uma privatização malsucedida, em função, em primeiro lugar, de um apagão que existiu, de um atentado americano de 11 de setembro. Que tudo isso culminou na suspensão ou depois, até, no fim da questão da privatização da CELG. 228 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Contou que, quando assumiu, em janeiro de 2003, a CELG, pela primeira vez na história, tinha um patrimônio liquido negativo. Que os piores índices da história da CELG foram aqueles de janeiro de 2003. Isso porque todas essas questões negativas influenciaram bastante. Que quando o Governador Marconi Perillo assumiu, já, logo nas primeiras reuniões, detectou que a CELG precisava de uma injeção de capital e que o Estado não teria condições de realizá-la. Que a partir daquele momento, começou-se a preparar a privatização da CELG. Em janeiro de 2003, recebeu do Governador a missão de não mais vender a CELG. Que a Eletrobrás tinha feito uma proposta irrisória pela empresa, salvo engano, à época, por 100% da empresa, cerca de 180 milhões de reais. Isso, em novembro de 2002. Que recebeu a determinação do Governador para que tentassem recuperar a CELG. Ela tinha ameaça de intervenção, uma empresa com patrimônio líquido negativo. Que passou, então, a partir daquele momento, por determinação do Governador, a fazer um trabalho de enfrentamento, de soerguimento da autoestima da CELG. Resolveu, então, fazer um plano e diz que foi um plano dos funcionários da CELG. Pegaram todos os contextos e chegaram à conclusão dos quatro principais problemas da CELG que perduram, até hoje, de maneira que eles, de uma maneira ou de outra, ainda interferem, seja qual for o tratamento que foi dado, até hoje. Citou, dessa maneira, os quatro problemas: em primeiro lugar, irreversível, a questão de Cachoeira Dourada; segundo, o Estado de Goiás, em função, de toda vida, obras fora do interesse da CELG, situações de toda uma vida, de ingerência política; terceiro, a União, a grande culpada também da situação que está a CELG hoje, não só pelas dívidas que ela tem com a CELG e não paga. É também sobre a questão tarifária. Está nas mãos da União a tarifa, e a CELG sempre teve uma defasagem tarifária; 229 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA quarto, os Municípios que, segundo o depoente, nunca, na realidade, gostaram, a maioria deles, de pagar a CELG. Disse que até os próprios órgãos do Estado, a vida toda, a última questão a acertar pelo órgão estadual, é pagar a CELG, é a última despesa, é a última que se faz. Conclui que, portanto, a CELG, com essa série de situações, foi chegando, hoje, na situação em que está. Contou que teve até aprovado, pela Assembleia, o parcelamento de Município na CELG, que teve de desfazer, cento e cinquenta anos de parcelamento para pagar energia. Era um parcelamento de mil, trezentos e noventa meses para pagar, principalmente, de Municípios do Entorno de Brasília. Contou que, então, foram combater esses quatro problemas. E o planejamento para combater foi o enfrentamento da União. Que fizeram o planejamento jurídico, o planejamento tributário para poder ter a CELG em condição de enfrentar, de pagar os fornecedores. Disse que obtiveram êxito em muita coisa, que fecharam o primeiro ano de trabalho, na CELG, com lucro de trezentos e quatro milhões de reais, à época, com dinheiro em caixa. Disse que os Deputados poderiam pegar os extratos da CELG, que tinha dinheiro aplicado no banco, na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil. Que só aplicavam nos dois bancos oficiais, inclusive para que não pairassem dúvidas sobre questão de banco. O depoente afirmou que, feito esse plano de combate, partindo as ações. Que tinham pedido a prisão do então Presidente da Eletrobrás, porque ele se negava pagar à CELG Programas de Luz no Campo, se negava a compensar a CELG valores devidos pela União. Mencionou que, com relação aos funcionários da CELG, o mais novo funcionário de casa tinha dezenove anos de serviço, um 230 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA quadro envelhecido, com exceção dos funcionários de informática que tinham doze. Fizeram, então, um concurso público e, até hoje, estão chamando as pessoas e é o concurso público que fizeram, na época, na CELG, o que renovou e oxigenou um pouco os quadros daquela empresa. Disse que a CELG estava esfacelada, inclusive, no seu quadro de funcionários, até porque vários programas de PDV foram feitos, durante o tempo, programas para que a CELG, em função da privatização, tivesse um quadro mais enxuto. Disse que, depois do programa de PDV, que teve uma alta adesão, fizeram uma das maiores demissões da história da CELG. Acerca de Cachoeira Dourada, o depoente disse que, desde 1997, da venda de Cachoeira Dourada, a CELG passou a frequentar os noticiários. Desde essa venda, a CELG nunca mais viveu em paz, seja por um motivo, ou por outro, ela acompanha e vive nos noticiários e agora é o bode expiatório da hora. Disse que a grande questão de Cachoeira Dourada, que precisa ser observada pelos Deputados, é que, não só a venda, como a não entrada do recurso, na CELG, foram altamente prejudiciais e, ainda hoje, é o que desequilibra a companhia. No que toca à Cachoeira Dourada, o depoente fez menção, ainda, ao contrato que foi feito. Disse que foi feita uma engenharia financeira. Isto porque Cachoeira Dourada valia 250 milhões de reais. Mas, ela foi vendida por 800 milhões de reais, graças ao contrato que foi feito. Contou que, só no primeiro ano, a CELG gastava cerca de um milhão e meio de dólares para manter Cachoeira Dourada e suprir a CELG. Disse que, no outro mês da venda, a CELG passou a gastar dez milhões e meio de dólares. Nove milhões a mais. Que, só no primeiro ano, a CELG pagou a mais, de custo de energia, mais de 100 milhões de dólares. Que, em 1998, só no primeiro ano, tiraram, de dentro da 231 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA CELG, além de Cachoeira Dourada, 100 milhões de dólares. Menciona o depoente, então, que foi a segunda Cachoeira Dourada. Que ela não agüentou. Foram duas Cachoeira Dourada. Que duas foram demais para ela. E, até hoje, está apanhando por isso. Alude que foi o único patrimônio que tiraram e não ressarciram. O depoente relatou que, em sua gestão, em 2004, conseguiram aprovar, no Senado da República, a restituição da CRC, no valor de quase 500 milhões de reais para a CELG. Só que foi vetada, no último momento, à época, pelo Presidente Lula e pelo Ministro Antônio Palocci. Cita, também, o depoente, os consumidores inadimplentes, exemplificando com o Município de Itumbiara, onde, na sua época, existia uma liminar, por meio da qual, nenhum consumidor, lá residente, podia ter sua energia cortada, qualquer que fosse o atraso. Argumenta, então, que, a CELG conviveu, ao longo da história, com esse tipo de coisas. O Deputado Humberto Aidar disse ao depoente que lhe chamou a atenção o depoimento do ex-presidente André. Afirmou que, em 2005, ele contraiu empréstimos, com os bancos nacionais, da ordem de trezentos e quarenta e sete milhões, oitocentos e treze mil, novecentos e vinte e três reais e cinquenta e quatro centavos. Que, no ano de 2006, novecentos e sessenta e um milhões, duzentos e noventa e um mil, oitocentos e quarenta e três reais e oitenta e oito centavos. No ano de 2007, seiscentos e dezessete milhões, quarenta e quatro mil, vinte e dois reais e vinte e sete centavos. E isso, sempre para pagamento a fornecedor, material e serviço, compra de energia e impostos. Disse o Deputado relator, então, que pesquisou a gestão do 232 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA depoente, esses empréstimos com os bancos nacionais. Que encontrou empréstimos de oitenta mil reais, sendo que, desses oitenta, vinte mil com o Banco Mercantil do Brasil. Que o ex-presidente André o sucedeu na mesma empresa, e que ele, o Deputado Relator, tem dificuldade de entender uma mudança tão drástica. Perguntou-lhe, dessa maneira, se, na gestão do depoente, ele não pagou o fornecedor, não comprou energia, não investiu em nada, ou optou por bancos internacionais. Perguntou o que o depoente fez na empresa. O depoente respondeu que, em sua época, combateu e procurou para dar, novamente, capacidade técnica à CELG. Que ele tinha que, em primeiro lugar, melhorar o balanço, tinha de dar lucro, de qualquer maneira, tinha de melhorar a capacidade financeira da empresa, porque, senão, não teria capacidade de pagar fornecedores que estavam atrasados. Não tinha como honrar os compromissos. Disse que a questão do combate a contratos que estavam lá, entre eles, o de Cachoeira Dourada, a Justiça permitiu, durante um ano e meio, comprar energia de outro fornecedor porque a energia de Cachoeira Dourada era mais cara. Contou que romperam o contrato com a CODEMIN, que causava um prejuízo de quase dois milhões, por mês, para a CELG. Que passaram a cobrar os Municípios. Que a sua primeira providência foi fazer um caixa na CELG. Então, passou a cobrar os Municípios, cortaram a luz, atitude que lhes rendeu enormes problemas políticos com vários Municípios, entre eles Anápolis. Disse que, de qualquer maneira, o problema da CELG era receber. Que tinham determinação do Governador de que a CELG precisava. Disse que sabia que podiam, a qualquer momento, sofrer intervenção. Que tinham noção do risco que corriam e precisavam correr, precisavam, inclusive, reverter, rapidamente, o quadro em que a CELG se encontrava. Fizeram, então, uma administração que foi, além desse aspecto financeiro, de recuperação da capacidade de atendimento 233 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA da população. Mas foi feito um plano de investimento, não tão ousado, porque a CELG ia ser vendida. O depoente disse que essa situação foi fazendo, também, o atendimento da CELG ficar com outro aspecto muito preocupante, quando assumiu, vez que estava deficiente, com problema de falta de energia, problema de pivô, sem atendimento de energia, em indústria. Que o problema da CELG é seriíssimo, não é só problema de caixa, é, também, de atendimento, de investimento. Então, o gestor seguinte pode ter feito um volume mais significativo de investimentos, e talvez, isso possa ter gerado um endividamento maior. Até porque, às vezes, fez uma projeção de recebimento, e teve o mesmo problema que o depoente, ou seja, não recebeu recursos do Governo Federal que estavam para entrar, às vezes falhou alguma perspectiva de receita, ou até o problema tarifário, que aconteceu em todas as gestões. O Deputado Humberto Aidar perguntou ao depoente acerca da questão da contratação dos advogados, sem licitação, sendo dito pelo depoente ter ele aduzido, no planejamento, o que fez, na CELG, para o enfrentamento dessas questões jurídicas, uma delas contra Cachoeira Dourada, com a União, outra em relação ao planejamento tributário. Disse que resolveu partir para o enfrentamento jurídico, já que não conseguiu soluções administrativas. Contou que os advogados renderam lucro, que, em sua gestão, contratou um advogado, um deles já era exitoso, tinha sido contratado, em 2001. Na realidade, só o prorrogou para atuação na área tributária, porque foi indicado pela própria CELG, pelo próprio quadro, como um advogado exitoso, que havia conseguido ganhar uma causa perdida para a CELG. 234 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O depoente citou, também, o caso do enfrentamento da questão de Cachoeira Dourada, junto com o Ministério de Minas e Energia, junto com a ANEEL. Que foram atrás de vários advogados, mas tinham o problema da aceitação, porque brigar contra a União, determinados tipos de briga não interessam, também, a certos advogados. Tiveram, então, de escolher, que existia uma cotação de preço e contratou um advogado que cobrou um percentual de dois e meio por cento. Ou seja, disse o depoente, a cada um milhão que ele trouxesse, 2,5% seriam dele, e, nessas questões, existem e precisam ter, pelo menos, um certo conhecimento, por exemplo, foi atrás do Dr. Miguel Reale, porque era, notoriamente, dito que, na condição de contrato, na questão de briga por contrato era um especialista, e como não conseguiu, procurou uma pessoa que pudesse ter, pelo menos, confiança no trabalho que fosse executado. Que acha que, depois, não pagou nem esses 2,5%. Pagou-se 1% no valor total das causas. Que, por tudo que passou na CELG, se fosse hoje, novamente, contrataria os advogados. O Deputado José Nelto disse ao depoente que ele mesmo citou que foi chamado, em 2003, para salvar a CELG. Se ele confirmava, então, que a CELG foi mal administrada de 1999 a 2003. O depoente respondeu que não diz isso, tendo em vista que a CELG, de 1999 a 2002, além de estar sendo preparada para a privatização, enfrentou dois aspectos que ninguém, na história da CELG, enfrentou: o apagão e o atentado de 11 de setembro. Que ele não pode falar que fez, que conseguiu. Que acha que a CELG teve pessoas brilhantes, técnicos competentes e ele não poderia afirmar isto, de maneira nenhuma. Entende o depoente que, a cada um, foi dada uma missão. Para ele, foi dada a missão de tirar a CELG daquela situação; para os 235 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA outros, foi dada a missão de vender a CELG, porque não havia como capitalizar. Entende que essa é a diferença. O Deputado José Nelto disse, ainda, que, durante o período que o depoente foi Presidente, a dívida que tinha o Estado do Tocantins, os ativos que a CELG tinha no Estado do Tocantins, segundo a FIPE, o Estado de Goiás recebeu 1 bilhão e 650 mil daquele dinheiro. Perguntou, então, ao depoente, se aquele dinheiro foi aplicado na CELG, e pediu-lhe que explicasse a transação entre o Governo Federal e o Governo do Estado de Goiás e se foi no período dele. O depoente respondeu que não foi no seu período, mas, como é um estudioso da CELG, até porque passou em outros órgãos do Estado, iria falar. Disse que o Estado fez, entre 1999 e 2000, um acerto com a União, por meio do qual a União ressarciria o Estado para abater na dívida da União, ou seja, para não entrar dinheiro para o Estado de Goiás, porque a União não aceitava, não tinha, disse que não pagaria, então, o Estado utilizou aquilo para abater na dívida do Estado contra a União. O Deputado José Nelto perguntou ao depoente porque, quando foi Presidente da CELG, não contabilizou um bilhão da dívida do Estado com a CELG. O depoente explicou que a CELG nunca deixou de contabilizar. Disse que foi feito um reconhecimento dessa dívida, pelo Governador Marconi Perillo, em 2000, dívida que nunca tinha sido reconhecida, ela sequer existia para o Estado. O Estado, a vida toda, fez obras na CELG. Disse que esse valor foi reconhecido em 2000. Quando ele percebeu, aquele valor não tinha sido reajustado de 2001 a 2003. Ele reajustou, ele estava contabilizado na CELG. O problema, afirmou, é que foi um passo de cada vez. Ele reconheceu a dívida e, depois, essa dívida precisava do lado do Estado. O Estado primeiro reconheceu, depois ele precisava contabilizar e precisava pagar. Mas, argumentou a 236 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA existência de um detalhe: para contabilizar não é uma questão muito fácil, tanto é, que ficou muito tempo. Que o Tesouro Nacional, a princípio, não aceita que se contabilize, sem aumentar o comprometimento de pagamento do Estado da dívida em relação a este. Citou o depoente, por exemplo: o Estado paga, hoje, 15% da receita de dívida, independente do tamanho da dívida. Para assumir aquela dívida o Tesouro disse que assumiria, mas, queria que o Estado passasse a pagar 18%, que era um valor muito maior do que a proporção da dívida. Essa negociação, conta o depoente, ficou até o final do Governo Marconi e foi retomada, no início do Governo Alcides Rodrigues. Ela precisava ser contabilizada por parte do Estado porque, na CELG, ela sempre existiu. O Deputado José Nelto disse ao depoente ter visto um artigo do engenheiro da CELG, chamado Salatiel, dizendo que os balancetes da CELG eram maquiados, fraudados. Perguntou, então, como os balanços eram aprovados em sua gestão. O depoente respondeu-lhe que o engenheiro falou isso para prejudicar. Que, primeiro, a CELG é auditada pela CVM, pelo Tribunal de Contas de Goiás, pelo TCU. Disse que, quando ela recebe o dinheiro do convênio, ela tem uma auditoria interna e uma externa. Que não existe condição de se fraudar balanço. Que o engenheiro pode estar falando de uma operação de avaliação de ativo, como já aconteceu, numa época, para melhorar balanço da CELG, mas possibilidade é até uma irresponsabilidade. Alegou o depoente não acreditar que um engenheiro, da competência do Salatiel, possa ter falado esse tipo de coisa, até porque, ele conhece bem a CELG e sabe a que nível de auditoria passam os balanços da CELG. Qualquer balanço da CELG é, absolutamente, impossível que aconteça qualquer coisa. 237 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O mesmo Deputado afirmou ao depoente ter documentos no sentido de que Doutor Adilson Ramos ganhou a liminar, concedida por uma juíza federal, mas, depois de seis meses, essa liminar caiu e a CELG teve que pagar a energia à Cachoeira Dourada com juros e correção monetária. Perguntou se o depoente confirmava isso, ao que lhe foi respondido ser isso uma mentira, que ele gostaria até de ver esse documento. Disse que, primeiro, a liminar ficou, de abril ou maio até setembro. Que estiveram com a Ministra Dilma para que fosse feito um acordo entre a CELG e Cachoeira Dourada, porque aquilo estava causando um desequilíbrio nessa questão de contratos. Então, fizeram um acordo e a CELG ficou, não só com aquele valor, como diminuiu o valor da tarifa. Disse que, então, desde abril, quando começou a liminar, além dos valores que ficaram na CELG, 300 mil famílias começaram a pagar 50% a menos da tarifa, em função dessa liminar que só foi cair, às vésperas do acordo, quase no começo de setembro, final de agosto. Que ficaram pouquíssimos dias sem essa liminar e fizeram o acordo, na época em que ela caiu. Que ela caiu outras vezes, ganharam, que foi uma guerra jurídica de um ano e meio, basicamente, em que caia tudo, mas sempre foi preservado. Que a CELG, até o dia do acordo, comprava energia de fornecedores alternativos, disse o depoente, até um dia em que a própria juíza determinou que Cachoeira Dourada ia vender a energia naquele preço mais barato que eles tinham encontrado, até que houvesse uma solução. O Deputado José Nelto perguntou ao depoente se ele poderia confirmar que quem fez a modelagem foi o ex-presidente da CELG, Juquinha das Neves, e o ex-Secretário de Minas e Energia, Ovídio de Ângelis. Perguntou se eles fizeram mau negócio para o Estado de Goiás, para a CELG, e protegendo a futura compradora, no Leilão, que foi a Endesa chilena. Perguntou se ele achava que eles teriam agido 238 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA de má fé. O depoente respondeu que não poderia afirmar quem foi o mentor intelectual, mas que esse mentor conseguiu elevar o valor da Usina. Perguntou o depoente ao deputado por que ele achava que o valor de 250 milhões de dólares, foi 850 milhões de dólares, na época. Que foi no leilão. Que foi feito esse contrato pra elevar o valor da empresa. Assim, a CELG pagava um valor muito maior pela energia. Assinalou o depoente que a CELG gastava energia elétrica. Que a geração é um dos melhores negócios do País. Que tem uma edição atualizada do Valor, em que Cachoeira Dourada é a sexta empresa mais rentável do País. Que ela faturou, no ano passado, trezentos e cinquenta milhões de reais e deu um lucro de duzentos e cinquenta. Que a CELG gastava muito pouco para manter Cachoeira Dourada. Que gastava um milhão de dólares, mais ou menos, entre impostos e tudo. Que passou gastar dez milhões de dólares, sem ter acréscimo na receita. Afirma o depoente que, então, abriu-se um buraco mensal, na CELG, de nove milhões de dólares. Que essa foi a segunda Cachoeira Dourada que a CELG perdeu. Ela perdeu uma porque o dinheiro não entrou na CELG; perdeu a segunda, porque fizeram um contrato e esse dinheiro passou a sair de dentro da CELG, mensalmente, com aquilo que a CELG tinha. Que a CELG não recebeu nada. Afirma possuir matérias em que o Governo se comprometia a fazer uma reestruturação na CELG para cobrir esses nove milhões de dólares que fizeram o buraco, estruturação essa que nunca aconteceu. O Deputado José Nelto perguntou, ainda, ao depoente, se ele havia gastado muito com publicidade, quando foi Presidente. O depoente respondeu-lhe que a questão de publicidade é interessante por envolver duas questões. Uma, a ANEEL. A CELG tem, por dever de concessão, de dar publicidade. Mas, ela tem, pela modelagem da 239 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA ANEEL, um limite. Que a ANEEL sempre monta uma empresa ideal com os limites de faturamento que ela deve. Que a CELG, salvo engano, pode gastar, entre publicidade, patrocínio e todos, na divulgação dos seus serviços, da sua marca e do seu trabalho, 1,2% do faturamento máximo. Que, no primeiro ano de sua gestão, esse valor foi bem menor e, no segundo ano, foi um pouco maior. Isso porque passou a investir na questão da recuperação da autoestima. O Deputado Daniel Goulart perguntou ao depoente por que, no momento em que a CELG estava adimplente, não se conseguiam os recursos como o RGR – reserva global de reversão, para expansão e melhoria do serviço público de energia elétrica. Perguntou por que a Eletrobrás só se dispõe a abrir mão do RGR se ficar com as ações. Se existe operação política. O depoente respondeu que esse dinheiro será, novamente, um empréstimo para a CELG. Que ele não é um recurso que será dado para a CELG. Que ele pode resolver, momentaneamente, o problema da CELG, mas não diminui nada e não paga nada do que a União deve à CELG. Repete que a melhor “engenharia” que poderia ser feita é a União pagar o que deve à CELG. Porque esse 1,3 é um empréstimo que está sendo feito, pelo Estado, para poder pagar a CELG, à vista. Que o que estão querendo fazer é pegar o empréstimo para que o dinheiro entre, imediatamente, no caixa da CELG, porque ela não está nem recolhendo ICMS. Que o que acha preocupante é só porque é dinheiro de empréstimo, apenas com a observação de que é com juro menor porque é um dinheiro de fundo de reserva do Governo. Que sempre viu, por parte da Eletrobrás, uma má vontade muito grande em relação à CELG. O Deputado Coronel Queiroz perguntou ao depoente se ele tinha conhecimento de que, numa terceirização, numa venda, igual foi a 240 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA geração de Cachoeira Dourada, para qualquer empresa, se os preparativos do processo de venda seriam feitos só pelo Estado de Goiás, ou envolveriam outras entidades, como a Eletrobrás, que é a dona das concessões. O depoente respondeu que, geralmente, o que acontece é a contratação de uma consultoria para fazer a avaliação econômica daquilo que se está vendendo, e alguma coisa da modelagem é proposta, mas acaba que existe o Conselho de Privatização do Estado, que, geralmente, esse Conselho, isso é o que normalmente acontece, não sabe se foi o caso, na Cachoeira Dourada, mas o Conselho de Privatização faz a modelagem de acordo com o que ele acha que a melhor maneira. Disse ter uma informação interessante, nessa questão, que, no desenrolar dessa briga com Cachoeira Dourada, acabou por descobrir que, na realidade, a empresa que é dona de Cachoeira Dourada não é chilena. Ela fica sediada e, aí, é a origem desse dinheiro de Cachoeira Dourada, ela é no Panamá. Ela é num paraíso fiscal e, na realidade, o dinheiro que veio para comprar Cachoeira Dourada na realidade – porque como é paraíso fiscal, não teve acesso de quem seriam, realmente, lá, os proprietários da empresa. Que não consegue pelo fato do sigilo do paraíso fiscal. Então, não sabe, na realidade, a empresa que é dona chama-se Lageas Rolden, com sede no Panamá, a proprietária da Usina de Cachoeira Dourada. O Deputado Coronel Queiroz perguntou ao depoente, quanto às terceirizações, no caso da Evoluti, que, segundo consta, tem quinze, vinte anos na CELG, se, nessa época, passaram despercebidos pelo depoente esses contratos? O depoente respondeu que não. Perguntado o que ele sabe sobre a Evoluti, respondeu que essa empresa tem um aspecto muito importante, dentro da CELG. Que, hoje, ela é, estrategicamente, importante porque ela é responsável pelo faturamento da CELG. Que ela presta um serviço técnico qualificado, dentro da CELG. Que, na época, foi feita uma consulta sobre aquele tipo de 241 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA serviço na ANEEL, que permitia a terceirização dos serviços. Por isso que, quando chegou na CELG, esse serviço já existia há quase dez anos. O Deputado relator mencionou que o depoente fala que, hoje, o faturamento de Cachoeira Dourada chega a cerca de 350 milhões/ano. Perguntou-lhe, então, se o lucro passa de duzentos e cinquenta milhões, ao que lhe foi respondido que sim, aproximadamente. Perguntou, assim, se Cachoeira Dourada não tivesse sido privatizada, a CELG estaria ganhando isso, ao que lhe foi respondido que sim, pois a CELG geria Cachoeira Dourada com um mínimo de recurso, muito bem gerida. Que, à época, até era uma empresa separada. Então, a CELG estaria auferindo um faturamento, ou deixando de gastar. Que, na realidade, a CELG estaria deixando de gastar um valor equivalente a esse que, hoje, ela gasta com a compra de energia. O Deputado relator perguntou se, então, aquele prejuízo que a FIPE aponta, em seu relatório, de dois bilhões e meio, se, na verdade, não está inclusa a possibilidade dela ter continuado, se aí seria um lucro muito superior a esse. O depoente afirmou que é o que ele mencionou, em relação ao contrato. Que uma coisa foi o dinheiro que entrou, entraram aqueles recursos e não entrou na CELG. Aquilo foi o primeiro prejuízo. O segundo foi o contrato que a CELG teve de gastar, que foi o equivalente a mais uma Cachoeira Dourada, porque ela valia duzentos e cinquenta, trezentos milhões de dólares e foi vendida por setecentos e cinquenta ou oitocentos. Em quatro anos, eles pegaram esse dinheiro quase que para trás. O Deputado José Nelto falou ao depoente que ele afirmou que a Companhia que ganhou a licitação de Cachoeira Dourada está no 242 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Paraíso Fiscal. Perguntou se ele teria como dizer como se pode rastrear essas contas, como se abre uma conta num Paraíso Fiscal, como se abre uma empresa para que a CPI tenha acesso. O depoente respondeu que, o que pode dizer é que, hoje, os organismos internacionais estão procurando fechar esse círculo. Que, talvez, com uma requisição da Assembleia ao Governo do Panamá, uma requisição forte de um órgão regulador, possa se obter algumas informações que entendam necessário levantar. O Deputado José Nelto disse ter sentido que houve uma contradição, nessa questão dos contratos com as Prefeituras, entre a fala do depoente e a fala do Dr. André. O depoente disse que, em relação a essas Prefeituras, é muito importante ressaltar, em primeiro lugar, isso são ações altamente ardilosas e contrárias ao interesse da CELG. Que são um verdadeiro assalto à CELG. Que pegaram brechas na lei para poder tirar dinheiro da CELG. Isso porque, na realidade, foi feito um encontro de contas entre a CELG e os Municípios, e alguém achou uma brecha na lei, e espertamente, percebeu a existência de um convênio e que o Prefeito não pode aceitar o convênio. Que, então, a CELG tem que devolver o ICMS, pega o ICMS e paga a conta de luz devida. Mas, aí, disseram que o dinheiro vem, mas a conta de luz já prescreveu. Que, aí, tem de pagar a conta de luz, porque a CELG não deve ninguém, a CELG é credora, a CELG fornece a luz. Disse que todo mundo arruma uma brecha para tirar dinheiro da CELG. Que todas essas ações são, na realidade, espertezas jurídicas contra a CELG. Que, na época, teve um embate com esses advogados, diante desse absurdo, e a CELG começou a ter problemas com aquelas ações. Que, de vinte e quatro Municípios, fizeram um acordo por um milhão de reais com eles, acabando com aquelas ações. 243 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado José Nelto perguntou ao depoente se ele se lembrava se, no acordo que assinou, foi um acordo judicial que ele fez com as vinte e quatro Prefeituras, se a Prefeitura de Santa Helena estava nesse acordo, sendo-lhe respondido que estava. Que, inclusive, tem um parecer da Procuradoria do Estado de Goiás, em que, com o acordo, não poderia ser dado nenhum valor em dinheiro, só poderia fazer o pagamento daquele um milhão que fizeram em energia elétrica que foi cedido. Que não fizeram em dinheiro, mas, sim, em energia. Depoimento do Sr. André Luiz Baptista Lins Rocha, ex-presidente da CELG D - período 10/11/2004 a 08/05/2007: Em síntese, em suas considerações iniciais, o depoente, ANDRÉ LUIZ BAPTISTA LINS ROCHA, assinalou que seu período na CELG foi 10 de novembro de 2004 a 8 de maio de 2007. O depoente conta que, quando entrou na empresa, queria, rapidamente, explicar em que momento essa se encontrava. No momento anterior, houve uma privatização muito grande no setor elétrico, em 2001, o leilão da CELG chegou a ser marcado, assim como da Copel. Mas, em virtude do 11 de setembro, ele acabou sendo cancelado. Depois, em 2002, houve uma tentativa de federalização da empresa. Bem, a partir de 2003, houve um entendimento de que a empresa deveria ser, por assim dizer, recuperada. Ela não deveria mais ser privatizada, não seria mais federalizada. Então, ela teria de melhorar um pouco a sua situação financeira, e preparar um ambiente melhor para que, no futuro, pudesse ser feita uma OPVA- Oferta Pública de Venda de Ações da Empresa. Conta, ainda, que algumas iniciativas haviam sido tomadas, anteriormente, até a sua gestão. Primeiro, recuperar a 244 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA capacidade de investimentos da empresa. A CELG, de 1997 a 2004, praticamente, investiu 500 milhões de reais, ou seja, pouco, em virtude de que o Estado estava se transformando. Disse que em Goiás, nos últimos dez anos, houve um crescimento muito grande da atividade industrial do Estado. Quer dizer, ela, que já chegou a representar 5%, na década de 90, hoje, gira em torno de 35% do PIB, no Estado. Houve, também, um crescimento de irrigações, do agronegócio goiano. Então, um dos desafios que a CELG tinha era de acompanhar o crescimento do Estado, ocorrendo demanda por energia, nas novas indústrias, no agronegócio. Ao mesmo tempo, a CELG vislumbrou que a alternativa para que ela realizasse investimento para retomar sua posição no mercado, era vender uma parte de seu capital. Então, já tinha sido acordado, em 2003, inclusive com a aprovação desta Casa, uma venda de 0,8% das ações da empresa, inclusive que foi objeto do segundo termo de contas entre o Estado de Goiás e a CELG para o pagamento da dívida que o Estado tinha com a empresa. O depoente comenta, outrossim, acerca do ano de 2005, época em que houve uma série de mudanças, no setor elétrico. Quando a CELG renovou o seu contrato de concessão, em 2000, dizia - se que, em 2005, a CELG iria passar pelo primeiro ciclo de revisão tarifária e, além disso, nesse ano, teria de ser feito o processo de desverticularização da empresa, ou seja, teriam de ser separadas as atividades de distribuição das demais atividades das empresas, quais sejam, de transmissão e geração. A CELG, naquela época e, ainda hoje, só gera 1% da energia que ela consome, mas de qualquer maneira, isso teria que ser agregado. Portanto, a CELG se preparava para o ano de 2005, com os desafios mencionados. 245 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O depoente relata, ainda, que, ao mesmo tempo, a CELG estava brigando para ter reconhecido crédito que ela tinha com o Governo Federal, de subsídio a CODEMIN, crédito a CRC - Credito de Recebidos a Compensar, e os próprios créditos que ela tinha com o Governo do Estado. Segundo o depoente, o reflexo disso foram o aumento de despesas operacionais no período, e, ao mesmo tempo, a melhora de seus índices, quais sejam, DEC FEC. Dessa maneira, foram feitos, nesse período, diversos investimentos, quais sejam, parcela A e Programa Luz pata Todos. A CELG ganhou mais de 60 mil consumidores por ano, fez mais de 17 mil ligações, no setor rural. É, então, uma empresa que atende em 237 Municípios do Estado de Goiás. Ocorreram, também, alguns outros desafios. Por exemplo: até 93, as tarifas, na empresa, eram pelo custo. Depois de 2003, elas deixaram de ser pelo custo e, depois de 2005, elas foram dentro deste ciclo de revisão tarifária. Ao mesmo tempo, tinha de continuar buscando os créditos, seja da CODEMIN, seja da CRC, seja o crédito com o Governo do Estado. Ela começou a receber o crédito que tinha com o Governo do Estado, a partir de janeiro de 2006, e esse termo de acordo que a CELG tinha com o Governo do Estado, desde 2001, foi aprovado pela ANEEL, em sua gestão. Outro fato ressaltado pelo depoente é que, em 2002/2003 houve uma saída de pessoal da CELG. Em 2003, foi feito um concurso público, por seu antecessor, para contratar funcionários para a empresa, sendo que parte deles foi contratada em 2004. Depois, em sua gestão, chamou todos os remanescentes do concurso. Foram 826 246 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA pessoas que foram trabalhar na empresa. Outro fator importante, consoante o depoente, é que, em 2005, houve a implantação do PCS Plano de Cargos e Salários - da empresa. O Deputado Humberto Aidar questionou o depoente no sentido de que a FIPE detectou, em seu relatório, que um dos grandes problemas da Companhia foram os empréstimos a curto prazo e com instituições financeiras desconhecidas pela grande maioria. Assim, em 2005, vários empréstimos foram contraídos com o BBN, Banco Daycoval, Banco Máxima, Banco Pine, Sofisma, Banco Lemon, empréstimos que variam de cinco a quinze milhões, totalizando, no ano de 2005, trezentos e quarenta e sete milhões, oitocentos e treze mil e novecentos e vinte e três reais. Isso, no ano de 2005. Em 2006, as mesmas instituições: Banco Credibel, Cruzeiro do Sul, Fibra, Indusval, Banco Prosper, Banco Intermedium totalizaram 961 milhões, 291 mil reais. Em 2007, praticamente as mesmas instituições, até o fim do ano – mas o depoente não ficou até o final do ano – 617 milhões. Assim, o Deputado Relator perguntou se o depoente concordava com a afirmação da FIPE que empréstimos, a curto prazo, foram um problema nas gestões da Companhia? A esse questionamento, o depoente respondeu que, muitas vezes, grande parte das instituições financeiras não são conhecidas do grande público, mas são conhecidas das empresas que operam no mercado. Então, todos esses bancos são empresas que, no dia-a-dia, lidam com quem, hoje, precisa ir para o mercado e que está necessitando de capital de giro. São bancos que, apesar de desconhecidos, possuem patrimônios consideráveis e movimentam há 20, 30 anos, 40 anos, dentro do mercado. Desse modo, alega o depoente que, na maior parte da questão, o problema não é de quem se pega o 247 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA dinheiro porque, na realidade, quem está pegando é a empresa. O risco é do banco pela qualidade dada das garantias que ela dá. O depoente explica, desse modo, em primeiro lugar, porque a CELG precisou ir para bancos, ou seja, porque se encontrava em dificuldades, no seu fluxo de caixa, para pagar o seu dia a dia e, ao mesmo tempo, fazer investimentos, que eram necessários pelos motivos já apresentados: o Estado crescia, acima da média, se desenvolvia, indústrias chegavam para se instalarem aqui e exigiam e precisavam de um fornecimento de energia de qualidade. A população precisava ser melhor atendida, com menos interrupções de energia. Explica, ainda, que foram procuradas as mais diversas instituições, tendo sido feitas operações, mesmo que pequenas, com Banco do Brasil, com Banco Itaú, com o Banco Bradesco, embora seja difícil conseguir empréstimos com essas grandes instituições. Primeiro, porque elas não precisam fazer grandes operações de crédito. Elas têm uma quantidade de clientes, têm suas tarifas bancárias. Ele cita outro problema: a CELG, como empresa pública, não tem acesso a nenhuma linha de crédito como, por exemplo, do BNDES. O BNDES, hoje, é proibido de fornecer crédito para qualquer empresa pública. Então, existem várias linhas de crédito com o dinheiro do BNDES que são apoiadas, principalmente, pelos maiores bancos, mas que por ser uma empresa pública, ela não tem acesso. Outro fator, conta o depoente é que, em 2004, houve, no final do ano, o problema da quebra do Banco Santos, o que trouxe reflexos para o mercado, que ficou um pouco mais retraído. Já no ano de 2005, uma série de instituições teve dificuldades de emprestar, até porque houve problemas políticos, em Brasília, que fizeram com que o 248 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA mercado se retraísse em várias instituições financeiras. Isso levou a CELG, então, a buscar quem tinha dinheiro disponível, e como a quantidade de dinheiro era alta, ela acabou sendo pulverizada. Quer dizer, o mais importante é se observar que elas, apesar de serem feitas com instituições desconhecidas do grande público, são instituições que operam no setor, que o mercado conhece, tanto do setor elétrico, quanto o mercado empresarial conhece e opera com essas instituições e, mais ainda, elas foram feitas com as taxas de mercado. Arguido pelo Deputado Relator se é procedente a informação de que os juros cobrados por essas instituições são maiores do que os do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, enfim, do Banco Itaú, o depoente respondeu não ser procedente. Argumentou, também, que a taxa de juros vai de acordo com o risco da operação. No caso específico da CELG, era feita essa comparação, ou seja, tinha-se o cuidado de olhar com empresas do setor elétrico, com a própria SANEAGO, com empresa aqui de Goiás que, no dia a dia, faziam operações. O depoente alega, outrossim, que deve ser observada a conjuntura para se tomar empréstimo. Por exemplo, no ano de 2005, a CELG volta sua capacidade de investir. Precisa investir, precisa melhorar os indicadores, essa é uma realidade. Mas, tem-se, por exemplo, uma taxa SELIC em 2005, uma taxa SELIC em 2006. Em 2006, tem-se um cenário diferente, é um ano eleitoral. Em alguns momentos, houve dificuldade de fazer, realmente, operações de médio e longo prazo, até por conta do próprio cenário eleitoral. Conta, além disso, que foi feito um acordo com a Eletrobrás, no dia 3 de outubro de 2006. Conseguiram, a duras penas, 249 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA com todas as dificuldades que havia de relacionamento com o Governo Federal, fazer um acordo com a Eletrobrás, praticando-se uma tarifa de 11,63%, a partir do dia 4 de outubro. Perguntado pelo Deputado Relator se o depoente concordava que, se pudesse elencar as causas principais da situação difícil em que se encontra a Companhia hoje, esses empréstimos a curto prazo, certamente, seriam um fator importante da dívida, o depoente respondeu que os empréstimos são fatores importantes na dívida. Mas, existe a necessidade de se saber o porquê desses empréstimos. Que, se a CELG precisou pegar emprestado, é porque ela perdeu a capacidade de geração de receita, ou seja, ela vendeu ativos dela que geravam receitas, anteriormente, não aplicou, como o próprio Relatório diz, esses recursos, dentro da empresa, foi para saldar dívidas. Depois aconteceram, também, fenômenos que não tem nada a ver com a CELG. Por exemplo, houve o fenômeno do apagão, que foi horrível para o setor elétrico. Também, houve vários planos, ao longo da década de 70, 80, planos monetários, desvalorização da moeda, parte da dívida da CELG que foi contraída, em 80, para construir a Usina, a preços bons, mas de repente, numa desvalorização da moeda, aquela dívida, que era boa, passa a ser ruim. O Deputado Daniel Goulart disse ao depoente que ele chegou na CELG, no final de 2004, ano em que o balanço fechou positivo, com setenta e sete milhões de reais, com relação receita/dívida de 1,94. No ano de 2005, a CELG ampliou, de forma positiva, o seu balanço, com cento e dezoito milhões de reais. Dessa forma, disse que se fala muito que esses balanços passam pelo Conselho Fiscal da CELG, pelo Conselho de Administração, pelo Tribunal de Contas do Estado e vão, salvo engano, para a Eletrobrás, para a Comissão de Valores Monetários e se vê, sobretudo no ano eleitoral, agentes políticos 250 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA dizendo que esses balanços foram maquiados. Pediu, então, que o depoente comentasse um pouco sobre ele. O depoente respondeu que o balanço da empresa é feito por profissionais responsáveis e respeitáveis, que estão na empresa, de 20 a 30 anos, ou seja, participaram dos balanços dela em “n” gestões de “n” Governos. Conta que existe uma auditoria independente que olha os balanços da CELG, que são submetidos ao Conselho de Administração, ao Conselho Fiscal, à CVM e à própria ANEEL. O que houve, num determinado momento, foi uma dúvida, com relação à questão de uma reavaliação do patrimônio da empresa de 2005. Foi feito, em 2005, porque o contrato de concessão da CELG, assinado em 2000, previa que, dentro de cinco anos, deveria ser feita a primeira revisão tarifária ordinária. Então a partir daquele momento, poderia se fazer a reavaliação dos ativos. Alega o depoente que isso sempre foi feito por profissionais éticos, qualificados e responsáveis dentro da empresa. O Deputado Daniel Goulart pediu ao depoente, também, que comentasse um pouco mais sobre os investimentos e se eles tiveram, realmente, o resultado direto, nos prêmios que a CELG conquistou, no ano de 2006 ou 2005. O depoente, então, respondeu ser lógico que os investimentos que foram feitos, na rede elétrica, visavam melhorar a questão da manutenção. A partir do momento que a CELG procurou reagir, em 2005 e 2006, com licitações que foram feitas antes de sua gestão, em 2004, aumentando a quantidade de Furnas, investindo também em sistemas como o SGT, que é um sistema de georeferenciamento, consegue-se atender mais rápido, melhorando os indicadores. E foi essa melhoria que levou a CELG a ser finalista, tanto 251 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA do prêmio da Abrade – Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, quanto da ANEEL. O mesmo Deputado perguntou ao depoente, ainda, qual a maior taxa que ele conseguiu de empréstimo, a menor e a maior da sua gestão, e o nome desses bancos. Ao que o depoente lhe respondeu que uma questão é se tomar dinheiro com uma taxa Selic de 8,25%; outra coisa é, no ano seguinte, tomar o mesmo dinheiro com 10,8% de taxa Selic. A questão da própria Selic faz com que se varie positivamente, ou negativamente, qualquer taxa de juros. Outra questão é a do custo de oportunidade, ou seja, observar como o mercado está reagindo. Outro fator é, também, a questão da necessidade. Uma coisa é tomar um dinheiro, hoje, e pagar amanhã, por exemplo, um ICMS que, se deixar de pagar, existe um custo muito grande, por causa da multa. Outra coisa é atraso de pagamento de um fornecedor em que, as vezes, há um custo menor. O Deputado Daniel Goulart comentou que o depoente deixou a empresa, no início de 2007 e saiu de um balanço positivo, em 2005, de 118 milhões de reais e, em 2007, fechou num balanço negativo de 267 milhões de reais. O que teria acontecido, ao que lhe foi respondido que, em 2005, a CELG teve, por exemplo, um reajuste de tarifa de 0,5%, inclusive, não chegou nem a ser praticado. Também, ela teve um aumento, em 2005/2006, das suas despesas operacionais, dos seus investimentos em manutenção e os investimentos das empresas. Investiram-se 250 milhões em 2005, e 200 milhões em 2006, e mais um pouco em 2007. Fecharam, segundo o depoente, os 500 milhões que ele havia colocado. 252 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O depoente menciona outro fator que, também, ocorreu em 2006, qual seja, havia uma ação, na justiça trabalhista, contra a CELG, que foi ganha pelo STIUEG, Foi feito um acordo, em setembro e outubro de 2006 que, apesar de ser pago, ao longo de alguns anos, toda sua provisão foi feita no balanço de 2006. O Deputado Coronel Queiroz perguntou ao depoente se, para se processar os empréstimos, a empresa tinha uma comissão técnica, tinha alguém, ou isso ficava por conta de lobistas, tendo-lhe sido respondido que não. Que existe a Superintendência Financeira da empresa, que é responsável até pelo fluxo de caixa do dia a dia para apresentar ao Diretor Financeiro e ao Presidente. No caso de operações na CELG, por exemplo, foi montado um comitê gestor, onde tinha o Diretor com relações de investidores, que era o Doutor Enio, juntamente com Antônio Sérgio Jardim, Marco Aurélio Belarmino. Disse que, nas operações maiores, chegaram a enviar convites, ou seja, pegavam a aprovação do Conselho de Administração da Empresa, na própria ANEEL, e faziam convites a todas as instituições financeiras que se relacionavam com a CELG. O mesmo Deputado perguntou ao depoente se ele acha que, hoje, a CELG está do mesmo jeito, tomando empréstimo, e se o que a FIPE falou, que a CELG prioriza pagamentos a bancos, se seria por esta razão premente de estar pegando empréstimo todos os dias, que haveria a possibilidade de estar acontecendo isso, dar prioridade a isso e deixar obrigações, junto a Eletrobrás e outras, gerando, inclusive, um prejuízo mensal imenso para a empresa. O depoente respondeu que a CELG começou a ter dificuldade de caixa por várias questões. O relatório da FIPE aponta que ela ficou, por dez anos, subsidiando uma receita de uma empresa que era responsável por 5% do consumo de energia, no 253 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Estado de Goiás, e ela recebia apenas metade desse valor e teve uma série de questões. Ela perdeu a receita da venda de Cachoeira Dourada, uma série de questões. Disse que, em alguns momentos, até anteriores à sua gestão, a CELG, talvez, tenha feito menos empréstimos por dois motivos. Primeiro, por ter feito menos investimentos; segundo, porque ela pode não ter tomado dinheiro emprestado com banco, mas pode ter deixado de pagar uma Eletrobrás, uma Cachoeira Dourada. Então, com isso, não se está precisando recorrer, no dia a dia, a empréstimos. Como, posteriormente, ela pode ter feito menos empréstimos, mas pode ter deixado de pagar, por exemplo, o ICMS. Quer dizer, o fato de ter deixado de pagar um imposto, um fornecedor, ou alguém que te vende energia, se está, da mesma maneira, postergando um pagamento. O que se deve analisar, segundo o depoente, é qual deles que é mais caro porque, muitas vezes, deixa-se de pagar um imposto, que é muito mais caro do que deixar de pagar ou do que ir ao banco e tomar o dinheiro e pagar no banco. O depoente relata que, quando entrou na CELG, ela já tinha uma inadimplência com a Eletrobrás porque ela questionava, queria receber da Eletrobrás, da CODEMIN, e, para isso, ela deixou de pagar os encargos setoriais. A partir deste momento, entraram em entendimento com a Eletrobrás, tentando fazer um encontro de contas, mas, infelizmente, até por questões políticas, por uma série de dificuldades, um acordo que foi pedido pelo ex-ministro Silas Rondo, que foi Presidente da Eletrobrás, em julho de 2005, só foi efetuado no dia 3 de outubro de 2006, ou seja, mais de um ano depois. Conta que, a partir do momento que conseguiram ficar adimplentes com a Eletrobrás, conseguiram obter uma certidão negativa. Então, no seu período, buscou ficar adimplente com o ICMS, que nunca atrasou, procurou, dentro de uma lógica, com o banco, com fornecedores, para 254 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA que continuasse a ter credibilidade de continuar fazendo investimento e manutenção da empresa. A seguir, o depoente foi questionado pelo Deputado José Nelto, que lhe disse que o Doutor Javaé disse que a assinatura dele, no contrato para o pagamento da Prefeitura de Santa Helena, na época que o depoente foi Presidente, foi falsificada. Perguntou, então, se o depoente concordava com o Dr. Javaé, que essa assinatura foi falsificada e se existia essa prática na CELG de falsificar assinatura de diretores. O depoente respondeu que não, que desconhece qualquer documento na CELG, seja de sua gestão, anterior ou posterior, que tenha qualquer tipo de assinatura. Esclareceu que o Estatuto da CELG prevê que, com duas assinaturas, ou do presidente e um diretor, ou dois diretores, um documento da CELG tem validade. Bastam dois diretores, um financeiro ou administrativo, comercial, técnico, presidente ou de relações anteriores assinarem um documento, que ele tem valia. Atesta que, no caso específico do termo de acordo de Santa Helena, além da assinatura controversa, existe a assinatura do presidente, a sua, a assinatura do Dr. Rafael Murolo, Diretor técnico, do Dr. José Gomes Filho que era Diretor administrativo, do Dr. Ênio Branco, que era Diretor de relações com investidores, e, salvo engano, do Dr. Pedro André, que era Diretor Comercial. Então, existiam cinco assinaturas, não havendo necessidade de uma sexta assinatura de quem quer que seja. Conta o depoente, também, que todos tinham procurações entre si. Um diretor poderia, na ausência de outro diretor, assinar. O mesmo Deputado comentou, ainda, que, quando foi criado o Estado do Tocantins, houve um encontro de contas. Segundo a 255 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA própria FIPE, este acerto chegou a 1 bilhão e 650 milhões. Foi feito entre o Estado de Goiás e o Estado do Tocantins. Perguntou, então, se esse dinheiro entrou nos cofres da CELG. O depoente lhe respondeu que esse encontro foi feito em dois momentos: em 1989 e 1999, gestões anteriores à sua. Mas, que sabe que uma parte desse dinheiro entrou no termo de contas dessa dívida que o Estado tem, hoje, com a CELG. Disse que, em sua gestão não entrou diretamente, mas o que aconteceu foi que conseguiram, no quarto termo aditivo, ter uma parcela desse valor da dívida que o Estado tem com a CELG, que se refere à questão de investimentos, feitos em Tocantins. O Deputado José Nelto comentou com o depoente que, pelo que vê da saúde financeira da CELG, ela entrou em colapso porque levou calote de todos os lados: calote da União, a crise financeira internacional, o reajuste tarifário, os planos de governo e o calote do próprio Estado. Que vê que o Estado recebeu um bilhão, seiscentos e cinqüenta, dos ativos de Tocantins e não colocou na CELG. Então, comentou que isso quer dizer que o Estado de Goiás, em todos os governos, sempre utilizou a riqueza da CELG. Que a CELG sempre foi importante para o desenvolvimento do Estado de Goiás, financiou o crescimento do Estado de Goiás, mas o Estado de Goiás e a União não fizeram o dever de casa com a CELG. Perguntou, então, se o depoente concordava com essa assertiva, ao que lhe foi respondido que sim. Disse que o Deputado José Nelto havia citado vários planos econômicos que ocorreram, ao longo do tempo. O próprio apagão foi um problema para a empresa, e outros fatores. O fato de o Estado ser inadimplente com a CELG, ficar com a dívida de 1 bilhão e meio com a CELG, é uma dívida que ajuda a pagar o passivo. Só que talvez, se ela fosse pagar um ano, três anos, cinco anos, ou se ela não fosse feita, teria sido melhor para a empresa. 256 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Na segunda rodada de questionamentos, o Deputado Humberto Aidar disse ao depoente ter chegado, em suas mãos, uma grave denúncia, sobre a qual ele manteria sigilo da fonte. Segundo essa denúncia, a 212 Capital seria uma empresa de fachada, representada pelo lobista Sérgio de Sá, responsável por receber dinheiro, proveniente de contratos com a CELG e distribuir propinas a um de seus diretores. Perguntou, então, ao depoente, que tipo de transação a CELG manteve, durante o período em que ele havia sido Presidente da Companhia, com a empresa 212 Capital. O depoente lhe respondeu que a CELG fez uma operação de empréstimo. Procurou, em julho de 2006, fazer uma operação estruturada de empréstimo, de emissão de cédulas de certificados bancários, CCBs, que tinha por finalidade arrecadar dinheiro para poder pagar as dívidas intersetoriais, para que ela pudesse ficar adimplente com o setor elétrico e praticar tarifas. Então, a CELG, através de sua superintendência financeira, pediu autorização ao seu Conselho de Administração para poder fazer essa operação. De posse dessa autorização, colocou no seu site e mandou uma carta convite para todos os bancos, todas as instituições financeiras com quem teria tido algum tipo de relacionamento. Assim, quem já havia emprestado dinheiro para a CELG, recebeu esse convite da CELG. Além disso, foi estruturada uma comissão, da CELG, e, também, houve o acompanhamento da Superintendência Financeira. Alega o depoente que, em um primeiro momento, só dois bancos se posicionaram. Depois, tardiamente, um terceiro banco, mas, só depois, um foi colocado e, um dos bancos era o chamado Banco Prosper, juntamente da empresa 212 Capital, quer dizer, os dois fizeram uma associação. A 212 Capital é um broker, quer dizer, é uma empresa que é uma corretora, é uma empresa que procura, por exemplo, fundos de pensão para poder vender esses CCBs e, foi analisada pela CELG e, naquele 257 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA momento, o Banco Industrial não tinha feito operações estruturadas. Além do Banco Prosper ser um banco que tinha feito várias operações estruturadas, as taxas estavam mais baratas, então foram procurados. Eles estruturaram essa operação, que foi coordenada pela Comissão já mencionada, e essa operação foi levada ao mercado. Então, alguns fundos de pensão estatal, da Petrobrás, dos Correios, compraram esses papéis. Na realidade, é uma maneira de se fazer um empréstimo para a empresa. A finalidade desse empréstimo foi pagar o setor elétrico, pagar dívidas intersetoriais com todos os órgãos com os quais a CELG estava inadimplente, para obter a certidão negativa e, com isso, aplicar tarifa. O objetivo foi esse e a finalidade foi essa. O Deputado Relator da CPI comentou, também, aparecer na denúncia, a ONG “Caminhar”, que era uma entidade “laranja” e que recebia notas fiscais frias da empresa 212 Capital, cujos donos foram presos através das operações “Navalha” e “Aquarela”, realizadas pela Polícia Federal. Por meio dessas notas frias, a 212 Capital recebeu três milhões de reais, só nos meses de agosto e setembro de 2006. Perguntou, então, ao depoente, que serviço esta ONG prestou à CELG por esses três milhões. O depoente respondeu que, até onde sabe, ela nunca prestou serviço para a CELG, e nunca recebeu nenhum dinheiro da CELG, pelo menos, em seu período. O Deputado Relator perguntou, também, quando o depoente foi Presidente da CELG, que tipo de negócio a Companhia manteve com as empresas “Prósper Assessoria e Consultoria” e “Prósper Serviços”, que renderam a essas contratos de dois milhões de reais em comissão à primeira, e dois milhões e oitocentos mil à segunda empresa citada. O depoente respondeu que, até onde tem conhecimento, a CELG não teve nenhum tipo de relação comercial. Nenhuma dessas duas empresas prestou serviços e nem recebeu dinheiro da CELG, em 258 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA sua gestão. Que a CELG fez negócio, parece que o nome é homônimo, mas não é a mesma coisa, com o Banco Prosper, mas até onde sabe, apesar do nome ser parecido, não tem relação com essas empresas. O Deputado Relator disse ao depoente que sabe de sua seriedade. Se ele teria sido vítima desse esquema, teria sido usado nessa operação com a empresa 212 Capital. O depoente lhe respondeu que não. Que, até onde sabe, a 212 Capital fez uma operação com a CELG, junto ao Banco Prosper, operação essa, a qual foi dada total publicidade no mercado. Perguntou, também, quantos reajustes de tarifa o depoente havia conseguido, em sua gestão, ao que lhe foi respondido que, quando o depoente entrou na CELG, em outubro de 2004, ela havia tido um reajuste de tarifa anterior à sua gestão, em setembro. Em 2005, participou da primeira revisão tarifária ordinária, sendo o reajuste de 0,51%, mas a CELG, naquele momento, estava inadimplente, em 2006, conseguiram um reajuste, salvo engano, de 11,36% na tarifa, que foi aplicada a partir de 4 de outubro. O Deputado Humberto Aidar comentou acerca da ação de improbidade administrativa que menciona o depoente como sócio oculto da EAC Engenharia e que esta teria ganhado uma licitação para realizar um trabalho na AGETOP e o depoente, enquanto gestor público, não poderia fazer esse tipo de negócio. Pediu-lhe, então, que abordasse o tema da EAC Engenharia e se ele confirmava ser sócio oculto dessa empresa. O depoente relatou, então, que a empresa EAC foi fundada, na década de 80/90, pelo engenheiro Élson Alves de Castro. Ele fundou a empresa e prestou vários serviços, públicos e privados. A licitação que o Promotor colocou, foi feita no DERGO, após a venda de Cachoeira 259 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Dourada, e o contrato foi feito em 1998. Nele se estabelecia a construção de rodovia, entre Niquelândia e Muquém, ou seja, a licitação e o contrato ocorreram seis anos antes de ele ser qualquer gestor público. Conta o depoente, também, que, em 2003, após o Governo quitar algumas dívidas com o setor de construção, algumas obras foram retomadas ou foram iniciadas pelo Governo. E uma das obras foi retomada, já pela AGETOP, porque de 1998 até 2004, houve a criação desse novo órgão. A AGETOP chamou a empresa que tinha vencido a licitação, em 1998, a EAC, para que ela executasse essa obra. A EAC, naquele momento, disse que não tinha interesse em fazer obras para o Governo, pois estava mudando sua concepção. Então, um empresário, chamado Marco Antônio de Castro, procurou algumas empresas e algumas pessoas para formarem uma espécie de consórcio para a execução da obra. Para se evitar a bitributação, foi constituída uma sociedade por conta de participação, que é muito similar à sociedade com propósito específico, ou seja, era uma sociedade feita, justamente, para executar aquela distinta obra. No Direito Tributário, quando se faz uma sociedade por conta de participação ou sociedade com propósito específico, o sócio que aparece é chamado de ostensivo. Os demais são chamados de oculto, mas isso é uma figura da contabilidade, do Direito Tributário, não quer dizer que é oculto porque está escondido, alegou. Argumentou, ainda que, então, foi celebrado um contrato, em 2000, para execução dessa obra, do qual o depoente, pessoa física, participou. Naquele momento, ele era engenheiro, presidente da Associação Goiana de Empresa de Engenharia, não tinha ligação nenhuma com o setor público. Em outubro de 2004, ele se desligou desta obra, antes de entrar na CELG, por outros motivos, e nunca teve participação societária com a Empresa EAC e nem com as demais pessoas que 260 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA fizeram parte disso. Conclui o depoente que a licitação foi anterior à sua entrada na CELG, foi realizada em outro órgão, não tem dinheiro da CELG envolvido nessas questões. O Deputado Humberto Aidar perguntou ao depoente se foi no seu período que, através da Fundação CQPD, contratou um software com o nome de SEBIL. O depoente lhe respondeu que a Fundação CPQD é oriunda do antigo sistema Telebrás e que fez um software que valia para o sistema Telebrás na questão de contas e que fez uma parceria com a CELG para pegar a expertise que eles tinham para fazer o software para telecomunicações e pegar uma empresa do setor elétrico e fazer um software, não só utilizado pela empresa, mas para poder ser posteriormente comercializado. Disse, também, que o contato com o CPQD é anterior à sua gestão. O Deputado Humberto Aidar conclui, perguntando ao depoente se são procedentes as informações, no sentido de que estas empresas terceirizadas que, normalmente, fazem leitura, linha viva, corte, praticam um preço abusivo, ou seja, fora do mercado, e de que teriam preferência no recebimento. Perguntou se, pela experiência do depoente na CELG, se existe algum estudo, no sentido de que o serviço terceirizado, se fosse realizado por servidores efetivos, não sairia mais em conta para a CELG. O depoente respondeu que a terceirização do serviço da CELG, especificamente, a parte de linha viva, corte e religação, leitura comercial, começou em 1989, ou seja, tem vinte anos que é realizado. As justificativas que o depoente ouviu na sua gestão, de superintendentes que, hoje, ainda estão na CELG, mas na época, inclusive, eram diretores, quando implantaram esse serviço, é que isso foi feito para se dar agilidade, para se dar economicidade e para 261 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA melhorar os índices da CELG. E há estudos, vão demonstrar, que a CELG melhorou em arrecadação e em eficiência. Depoimento do Sr. Ênio de Andrade Branco, ex-presidente da CELG D – período 2007/2009: Em suas considerações iniciais, o depoente assinalou que, em sua gestão, conseguiu imprimir as melhores práticas de governança corporativa. Que conseguiu diminuir bem o prejuízo da empresa. Disse que conseguiu melhorar muito a gestão da empresa, diminuindo horas extras, sobreaviso. Que as terceirizadas, efetivamente, impactavam e continuam impactando, mas conseguiu diminuir. Que não teve operação do BNDES, mas teve de se socorrer de operações bancárias, que incrementaram, de um lado, a receita da empresa, e, por outro, naturalmente, agravaram mais o seu endividamento. Assevera, também, que o problema da CELG não é o seu autoendividamento. Que a CELG tem a maior virtude, dentre as empresas do setor, que é o seu mercado. Que deve ser feita uma relação entre dívida e mercado. Conta que participou da Celesc, em Santa Catarina, que é um Estado com uma área muito desenvolvida, sob a óptica empresarial, e não recebeu, nunca, como Diretor Financeiro, mais do que duas empresas, durante o mês, para pedir consulta sobre carga. Na CELG, recebia de seis a oito por mês. Isso significa que o Estado de Goiás continua em franco desenvolvimento, por isso que ele cresce mais que a média nacional. O que dever ser feito é sanear a empresa, aproveitar esse seu mercado fabuloso e, com isso, equilibrar sua gestão com a participação da Eletrobrás, que está se desenhando agora, já em caráter definitivo e finalístico. 262 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O depoente alega que cada empréstimo bancário, através de uma área específica dentro da empresa, não é um capricho da CELG, é uma necessidade. Que não se contrai um empréstimo sem se fazer uma análise do dinheiro, do mercado, das oportunidades, a que ele vai servir, se o dinheiro é caro ou se é barato. Isto fica registrado em todos os processos de empréstimo. No que tange à terceirização, o depoente assinala que teve uma ação forte, que diminuiu tanto, que deu um resultado de 90 milhões, em oito meses. Finalizando suas considerações, o depoente entregou ao Deputado Relator um documento, acerca da questão da empresa 212 Capital, que foi colocada na mídia. Disse que, em maio de 2007, tinha 15 dias de Presidente da empresa, recebeu informação do Secretário Braga, que estava circulando uma folha e meia apócrifa de denúncias de assuntos de Goiás com Alagoas, Distrito Federal,com nome de pessoas. Conta o depoente que foi ao encontro do Secretário Braga, que o levou a quem possuía esse documento, ou seja, o Presidente do Tribunal de Contas, Edson Ferrari. Quando ele lhe mostrou, o depoente disse ser aquele documento uma coisa descabida, havendo, ali, denúncias gravíssimas, mas, que ele iria ao Ministério Público, iria às últimas consequências. O depoente conta que levou esse documento ao Ministério Público do Estado de Goiás, prestando todas as informações, por iniciativa própria. Disse que o imposto de renda está disponível. O Deputado Relator pediu ao depoente que tecesse um comentário sobre o que seria este assunto da 212 Capital e dessa ONG, que, segundo a denúncia diz, foi contratada para fazer uma consultoria 263 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA e que era laranja, que distribuía dinheiro. O depoente, então, relatou que pode-se fazer, enquanto tomador de recursos, operações das mais diversas naturezas. Que aquela que é mais rentável para a organização, chama-se operação estruturada. O depoente diz que isso implica o tomador de recursos ir ao grande público, ao mercado, e perguntar quem é que vem ao encontro daquilo que se precisa. Essa operação foi submetida à Diretoria, ao Conselho da Administração, ao Conselho Fiscal, Assembleia de Acionistas, Procuradoria Geral da empresa, Procuradoria Geral do Estado, ANEEL, CVM e à Bovespa. Então, as instâncias foram todas percorridas. O que se queria, naquele momento, conta o depoente, era uma operação que fosse mais barata que a média dessas que estão onerando a empresa, até hoje. Queriam pegar essa e outra, de setecentos milhões de reais, que, só não assinaram porque, na semana da crise imobiliária americana, os bancos recuaram. Duas operações, essa a que se referiu, Prosper 212 e a outra, são operações, comprovadamente, estruturadas. O depoente contou que tinha, em mãos, a análise de comissão de licitação, a análise de taxas, a inabilitação de bancos, inabilitação de entidades e, enfim, Prosper 212. Disse que 212 não é uma organização não governamental, é uma estruturadora, é um broker de mercado. São aqueles que procuram analisar e servir como linha auxiliar de uma gestora financeira, para que se chegue a uma operação de sucesso. Contou que tudo foi feito de acordo com o contrato que haviam assinado. Que cada contrato 212, cada contrato com o Banco Prosper ascendia 212 e ascendia a CELG. E, disse, foi, realmente, uma boa operação. Relatou, também, que essa operação atingiu todos os objetivos, que conseguiram informar à ANEEL, e tinha como mostrar para onde foi o dinheiro. Que estava para ser cortado suprimento, e se socorreram e pagaram com esses recursos. Que pagaram a Eletrobrás, 264 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA no momento em que eles estavam para entrar nos recebíveis da empresa. Disse, também, que cada operação tem uma garantia, e a garantia que a CELG dá são seus recebíveis, ou seja, consumidor do grupo A, consumidor do grupo B. Que “A” são as grandes empresas de alta tensão; grupo B, os residenciais e comerciais. O Deputado Humberto Aidar perguntou ao depoente se, como ele disse que o problema da CELG não é o endividamento, qual seria, então, o maior problema. O depoente respondeu que, hoje, se se pegar o balanço das dez maiores empresas do País, dessas dez, seis são endívidadas. Mas, têm geração, têm transmissão, têm gestão profissional, têm qualidade e têm mercado. A CELG tem o mercado. Disse que, se o mercado goiano puder ser suprido de carga de energia para proporcionar a expansão de todas as consultas que são feitas, seja na CELG, Planejamento ou Fazenda, mesmo com esse endividamento e o aporte que a Eletrobrás vai fazer. Mas, disse que essa empresa não pode ficar à mercê de um Estado que precisa investir em Educação, Saúde e Segurança, e teve 99.68% das ações. Que isso é, humanamente, impossível, tem de 41.08% da Eletrobrás, que vai colocar um bilhão, trezentos e cinquenta e três, via pendência que era a operação que o depoente havia concebido, à época, só que, à época, eram um bilhão duzentos e três; hoje, um bilhão trezentos e cinquenta e três. Disse que a operação, hoje, foi melhorada, que a operação, hoje, dar mais três bilhões e meio, a 7% ao ano, do chamado RGR, que é um fundo da União, isso é absolutamente inconcebível para o mercado privado e vai ser dado para uma empresa pública. Assinalou, então, que o socorro que esta empresa está precisando, está pronto para ser dado. O depoente falou, destarte, que o problema é se ter sócios minoritários potentes, que venham colocar recursos para ajudar a fazer a 265 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA capitalização da empresa à CELG, e nenhuma empresa pública resiste com um só dono. Perguntado pelo Deputado José Nelto se ele concordava que o problema da crise da CELG é de má gestão, o depoente respondeu que o relatório da FIPE deixa, em mais de um momento, implícito, senão expresso, que houve problema de gestão, mas houve problemas estratégicos, como a venda de Cachoeira Dourada, principalmente. Mencionou que a CELG vendeu seu principal braço de apoio e passou a comprar, conforme o relatório, energia mais cara. Disse que, todos os meses, têm gente comprando e vendendo geração, mas, vende-se para comprar energia mais barata. Vender para comprar energia mais cara, realmente, não pode, não há como resistir. Perguntado pelo Deputado José Nelto por que o depoente não conseguiu reduzir as terceirizadas, foi-lhe respondido que ele conseguiu, meta que tinha de 35%. Cortou veículos terceirizados destas empresas de serviços técnicos comerciais, inclusive, Evoluti e outras. Assinalou que o resultado, em seu primeiro ano de gestão, de 90 milhões a menos do prejuízo, foi muito, que diminuiu bem os terceirizados. Que cortou, não só empresas. Que, na verdade, não foi ele quem cortou, foi a empresa que, num esforço gerencial, trouxe, através das diretorias técnicas, operação administrativa financeira, dados e ele cortou. Disse que os dados foram de 26%, em média, de uma meta que tinha de 35%, em cima de cortes de veículos e de terceirizados. O Deputado José Nelto também perguntou qual era a dívida da CELG quando o depoente assumiu a empresa, se de 4,1 bilhões ou 5,7 bilhões, sendo-lhe respondido que o endividamento da empresa é de 4,1 bilhões. Que não se pode confundir dívida com passivo. 266 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O mesmo Deputado perguntou ao depoente se ele já tinha acertado a venda de 41% das ações da CELG, que aprovada por esta Casa, no Governo do PSDB, do Senador Marconi Perillo, a venda para Cemig, no valor de um bilhão e trezentos. O depoente respondeu-lhe que, nessa época, trabalhou para ter um bilhão duzentos e três, pelos 41,08. Que trabalhou onze meses, nesse sentido, com BNDES, Eletrobrás, que foi assim que recebeu a Cemig, Grupo Rede e outros. Que naquele momento, o cenário era altamente favorável para atingir-se esse objetivo. Entretanto, relatou, houve a decisão do majoritário, da qual ele não foi convencido de que era a melhor, então, pediu ao Governador para o dispensar. O Deputado Humberto Aidar disse que é sempre perguntado, pelo povo, como é que uma empresa, que compra um produto por um preço “x”, vende por “xy”, tem prejuízo. Pediu, então, ao depoente, que lhe explicasse, resumidamente, por que a CELG está quebrada. O depoente, então, explicou que, se se somarem os créditos da empresa, como por exemplo, CODEMIN, a dívida que o Estado tem com a empresa, o que ela tem para receber das prefeituras, a CELG tem, hoje, recursos suficientes para abater seu passivo. O grave erro, no seu entendimento, que segue anos – e não foi um erro da CELG, foi, também, da Celesc -, foi manter a CELG, durante tantos anos, com o capital majoritário do Estado. Entende o depoente que, se tivessem tido abertura desse capital, muito mais cedo, colocando dinheiro de fora na empresa, ela já estaria muito melhor. E o depoente entende que a CELG ainda vai ser uma das grandes empresas desse País com essa interação, porque, com a gestão compartilhada, vai entrar CODEMIN, vai entrar dinheiro da Prefeitura. Citou, como exemplo disso, a Cemar, a Cemig, a Copel, a Celesc. E entende o depoente que, com a CELG, existe uma 267 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA vantagem, qual seja, o mercado goiano, que cresce mais do que a média nacional. O Deputado José Nelto perguntou ao depoente se ele se lembrava do valor, quais os bancos, quantas operações havia feito, durante o período em que esteve à frente da CELG, ao que lhe foi respondido que bancos, chegou a ter vinte e dois, operando na CELG. Que ele sempre discutia com os colegas de Diretoria que, no novo modelo, ficariam com seis, no máximo, porque, hoje, existe a figura da fidelização. Quanto menos bancos com que se trabalha, mais eles te agraciam com as suas melhores ações. E com vinte e dois bancos, sendo todos eles de médio e pequeno porte, é evidente que não conseguiria isso. O Deputado perguntou, então, se já havia essa operação, todo dia na CELG, de empréstimo a curto prazo e para efetivar que tipo de pagamento. O depoente respondeu-lhe que essas operações vinham, sempre, no momento de socorro. Se há um leilão de energia, precisa pagar a receita para obter a certidão. Entre se deixar de participar do leilão para comprar energia barata, já que não há aumento de tarifa, e tem de pagar cinco milhões para obter a certidão, tinha de se optar, na relação custo/benefício, pela operação. Que, de todas as ofertas, fazia-se uma análise para ver, na relação custo/benefício, a melhor. Disse que é uma das áreas da CELG que funciona muito bem. Que tudo isso está documentado. Essas operações Prosper 212, que foram objetos de estudo pelo Ministério Público, estão justificadas, justamente nisso, na análise feita no mercado, em relação à taxa média a que se chegou. Disse que a CELG só vai se liberar disso, em sua opinião, no momento em que entrar a Eletrobrás. Isso porque a Eletrobrás vai ao mercado com a marca Eletrobrás, que o risco já não será o risco CELG. Indagou o depoente, quem é que, em sã consciência, vai emprestar com juros baratos, se não sabe se vai receber. Já a 268 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Eletrobrás, afirma, chega com uma potência financeira que vai fazer diminuir os juros, no mesmo dia. O Deputado Humberto Aidar disse ao depoente que um cidadão acabava de lhe passar a Resolução 2.827, e pedia para que o depoente comentasse se a CELG busca o empréstimo nos bancos privados por não se enquadrar nas normas do BNDES. O depoente respondeu-lhe que a Resolução 2.827, do Banco Central, trata, justamente, da dificuldade da proibição do contingenciamento de operações, em relação à capacidade de endividamento. Então, a CELG, proibida, não teve acesso ao BNDES e nem a outras linhas de crédito que pudesse ser atingido e previsto nessa resolução. O Deputado Daniel Goulart pediu ao depoente se poderia, de forma objetiva, com relação ao processo dos recebíveis, dizer qual o valor da operação Prosper 212, ao que lhe foi respondido que a CELG teve duas operações estruturadas. A primeira foi chamada operação Prosper 212, por questão financeira é o Banco Prosper. A estruturadora é 212. Pode-se falar 212 Prosper, mas é correto dizer que a operação financeira com o Banco Prosper e a 212 como estruturadora dessa operação. São especialistas de mercado que ajudam nas operações. A primeira foi de 60 milhões de reais, devidamente autorizada pela ANEEL. Depois, relatou o depoente, houve mais duas que não chegaram a 100 milhões. A outra, contou o depoente, foi de 700 milhões de reais, também autorizada pela Diretoria, pelo Conselho de Administração, pelo Conselho Fiscal, pelo GECONI, pelo Procurador-Geral do Estado e pela ANEEL. Que o Secretário da Fazenda, Jorcelino Braga, e ele trabalharam, incessantemente, nos bancos, em São Paulo e aqui, e fecharam essa operação, cujo custo seria muitas vezes inferior à média destas operações pequenas. 269 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Daniel disse que alguns funcionários da empresa falavam que um representante dessa empresa tinha trânsito livre ali, sempre estava na CELG. Perguntou, então, se esse representante seria o doutor Sérgio Sá. O depoente respondeu-lhe que o Doutor Sérgio Sá apareceu na empresa, não nesse assunto. Que apareceu como representante do Grupo Engevix, que tinha um acordo operacional com uma empresa aqui de Goiás, e como ele era da Engevix, ele vinha muito aqui em Goiás. Disse que a Engevix tinha um acordo operacional com uma empresa daqui, uma empresa de gerenciamento do programa “Luz para Todos”. Que o conheceu na empresa, nessa condição. Que não tratava com ele, tratava em outras esferas, Engevix gerenciamento do “Luz para Todos”. Disse que, se existe alguma relação privada desse cidadão com a questão comentada, precisa ser apurada, porque, aí, é uma questão privada e entre agentes privados com a CELG não tinha. Depoimento do atual presidente da CELG, Dr. Carlos Antônio Silva: Em síntese, em suas considerações iniciais, o depoente, DR. CARLOS ANTÔNIO SILVA, disse que, desde o dia 8 de abril de 2009, quando assumiu a CELG, num primeiro momento, procurou se inteirar de todos os assuntos da Companhia, quer sejam administrativos, financeiros, econômicos, regulatórios, jurídicos, para que, juntamente com o corpo e demais membros da Diretoria, e também os empregados da Companhia, pudesse delinear uma linha de ação, buscando o equilíbrio econômico-financeiro da empresa. Disse saber que o problema da CELG não é apenas a questão da estrutura e da sua dívida financeira. Que é uma questão estrutural e que tem sido buscado, pelo Governo do Estado, pelo Governo Federal, e até com compromisso público, um equilíbrio econômico-financeiro. Que 270 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA competia a ele, durante esse período de negociações em que ela ainda se estender, dar condição para continuidade dos trabalhos da companhia. Disse que a CELG tem prestado bons serviços à comunidade goiana, com continuidade e com eficiência. Que é claro que, operacionalmente, no período de chuvas, tiveram algumas dificuldades, e é inerente a Goiás, uma vez que tem-se, aqui, o maior índice de descarga elétrica do globo terrestre. Mas, que acha que isso a equipe da CELG tem sido eficiente e tem superado os problemas com celeridade e, rapidamente, os problemas operacionais. Disse que seu primeiro chamamento foi para com os empregados da Companhia, com os diretores, para que eles estivessem junto com ele, buscando resgatar a autoestima da empresa, e pudessem resgatar a possibilidade de uma “luz” mais para a frente, de que a CELG realmente teria os seus problemas solucionados e resolvidos. Que a primeira situação foi uma visita ao núcleo setorial. Que esteve na Eletrobrás, em Furnas, na ANEEL, no Ministério do Meio Ambiente, na Secretaria Nacional de Energia, enfim, em todos os órgãos. Disse que visitou quase todos os bancos dos quais a CELG é credora para interagir, para buscar as informações necessárias e as condições que a CELG tinha para a sua recuperação e uma possível negociação. Que o grande problema que encontrou lá, inicialmente, foi o reajuste da tarifa da qual não tiveram possibilidade de reajuste, uma vez que foi autorizado o reajuste, mas não foi autorizada a aplicação do reajuste. Que isso trouxe uma diminuição do fluxo de caixa, nos últimos doze meses, de cerca de 300 milhões. 271 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Disse que, com relação aos contratos, fez uma resolução, lá conhecida como Resolução 029, por meio da qual todo o corpo de empregados da Companhia foi chamado a participar, efetivamente, da execução dos contratos. Que, nessa Resolução, destacou três gestores para todos os contratos. Que tinham contratos que estariam iniciando a sua execução, contratos em execução e, também, futuros contratos que estavam em fase de elaboração dos seus termos de referência. Que, dos três gestores para os contratos, têm, hoje, aproximadamente, quatrocentos empregados da empresa que participam da gestão desses contratos, e eles têm que cumprir algumas etapas: primeiro, fazer um relatório acerca do cumprimento dos contratos. E nesse relatório, necessariamente, ele tem que falar sobre três itens: primeiro, a oportunidade de a Companhia ter ou não ter aquela contratação, quer seja de obra, serviço, fornecedores e outros, se é oportuno para a CELG ter aquela contratação; segundo, sobre a economicidade, se os quantitativos e os preços estão de acordo com o projeto e de acordo com o mercado; terceiro, que a eficiência, a execução contratual, sobre a qual, mais adiante, criou a Resolução 048, e que destacou a forma com que esses gestores iriam acompanhar esses contratos. Que, necessariamente, eles teriam que atestar todas as faturas, e essas faturas teriam que ter a assinatura dos três gestores, e, necessariamente, eles teriam que atestar de que receberam, conferir os bens, obras ou serviços ali naquela fatura, dando ciência da sua quantidade e da qualidade pactuada. Disse que, com relação aos novos contratos, os gestores passariam a acompanhar, desde a elaboração do plano de referência, até todo processo de licitação, contratação, até a execução final desses contratos. E, necessariamente, pelo menos um dos três gestores teria 272 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA que fazer interface direta com a execução contratual, na base de execução. Contou que adotou outra medida, também radical, de não fazer o reajuste de nenhum contrato. Que, já que a CELG não tinha a sua tarifa reajustada, ela não poderia fazer face ao reajuste daqueles contratos, reajustes previstos legalmente, mas, que chamou todos os prestadores de serviços, fornecedores, colocando essa situação, e do qual eles declaram, expressamente, e está devidamente escrito, pactuado na renovação dos contratos, de que não haveria reajuste. Que, com isso, conseguiu uma economia de, aproximadamente, onze milhões de reais, nesse período de 2009. Que fez, também, um trabalho de RH, identificando as posições onde havia caracterizado hora extra, e, também, a questão da periculosidade. Que, hoje, a concessão de periculosidade, que é 30% do salário e uma sobrecarga grande na folha, tem de ser, devidamente, autorizada pela Auditoria. Que, com isso, conseguiu a diminuição. Disse que proibiu horas extras, dentro das áreas administrativas. Que adotou outra medida que, inclusive, está sendo questionada pelo Sindicato, mas, que entendeu que precisava ser feita, de um corte de cinquenta por cento nas gratificações dos cargos comissionados. Disse que de todos, a começar pelo Presidente, demais diretores, superintendentes e gerentes. Que isso proporcionou uma economia da ordem, no ano de, aproximadamente, quase vinte milhões. Contou que adotou, também, na área de RH, o PDV Programa de Desligamento Voluntário. Disse que foi feito um projeto e, nele, fez uma expectativa de, aproximadamente, trezentas a quatrocentas adesões. Que conseguiu quatrocentas e duas adesões e o 273 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA projeto consistia em buscar um ganho econômico, um ganho financeiro para a companhia, no seu fluxo de caixa. Que, desde o dia primeiro de outubro, está realizando isso. Que desligou quarenta empregados, em outubro; vinte e cinco, em novembro; vinte e cinco, em dezembro; vinte e cinco, em janeiro; e vinte e cinco, agora, no mês de fevereiro. Consequentemente, vinte e cinco todos os meses. E com uma taxa de retorno altíssima, de 14.73, a taxa de retorno desse Plano de Desligamento Voluntário. Disse que, logicamente, ele atinge os empregados no teto de carreira, onde tem, agregadas às vantagens pessoais, já todas elas agregadas. Que, com isso, houve a diminuição dos custos com RH. Que a proposta do PDV é economizar, até setembro de 2015, que é a data limite da concessão, algo o em torno de cinquenta milhões de reais. Disse que os recursos necessários para a execução do PDV, obteve na reversão do bloqueio de contas da CELG, pelo Município de Jataí. Que conseguiu que se retornassem aos cofres da Companhia algo em torno de dezessete milhões e oitocentos mil reais, dos quais usou dez milhões de reais para fazer face ao PDV, devidamente destacado com a Resolução de Diretoria, e o restante, sete milhões e oitocentos mil reais, para que pudesse fazer face a um aporte, em Corumbá III, usina da qual a CELG é acionista, tendo quinze por cento de uma usina que produz 94 megawatts. Que a primeira máquina entrou em funcionamento, em outubro, e a segunda máquina agora, no mês de janeiro. Que tem certeza que logo o Senhor Presidente da República, porque lá tem recursos do PAC, estará inaugurando esta obra, juntamente com o Governo de Goiás e ela está em pleno funcionamento. Disse, ainda, que foram tomadas várias outras ações. Que, na área de transportes, conseguiu uma economia de, aproximadamente, 274 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA três milhões de reais, nesse período. Que tinha um ou dois pregoeiros. Ampliou para quinze pregoeiros. Que fez a adesão ao Centrac - Central de Compras do Estado - e, ao final de 2009, no valor de face, conseguiu 31,7% de economia com os pregões e que isso chegou a ordem de quarenta e dois milhões de reais, nos pregões. Afirmou que todos os esforços têm sido na busca de convergir os custos para a remuneração da tarifa, que é empresa de referência que existe lá no ente regulatório, que é a ANEEL. Disse que, sobre a questão do ICMS, que é notório, está fazendo um esforço muito grande com o Secretário da Fazenda para poder resolver as principais questões entre o ICMS e a CELG. Que tem feito um esforço muito grande com os recebíveis. O Deputado Relator disse ao depoente constar do Relatório da FIPE, uma dívida de quatro bilhões e cem milhões. Que o contador da CELG esteve na Comissão e disse que a dívida é de quatro bilhões e seiscentos. Que o Governo fala em cinco bilhões e setecentos. Perguntou, então, onde está essa diferença. O depoente respondeu entender que o Dr. Dionísio foi preciso nas suas colocações. Que o passivo da Companhia é de 5,7 bilhões (cinco vírgula sete bilhões). Isso está definido no último balanço, e está definido nesse balanço, primeiramente, divulgado à CVM e, depois, publicado nos principais jornais e no Diário Oficial do Estado, inclusive na sede da CVM, em São Paulo. Que, segundo, são premissas de avaliação do que você considera a dívida realmente consolidada e os provisionamentos. Que a colocação do Dr. Dionísio, de quatro ponto seis, é a que ele entende ser a dívida. Que, realmente, o passivo da Companhia, e passivo são obrigações, ela não desobriga, não quer dizer que ela está desobrigada daquilo, ela tem 275 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA que prever e tem que ser colocado no balanço para que se tenha a transparência necessária dos números econômicos e financeiros da Companhia, já que é uma Companhia de capital aberto. O Deputado Relator disse ao depoente que, no Relatório da FIPE, e também do Tribunal de Contas do Estado, eles elencam alguns fatores pontuais, claro que não apenas esses, mas a questão de CODEMIN, do Estado de Tocantins, de Cachoeira Dourada, empréstimos a curto prazo, para investimentos a longo prazo. Pediu ao depoente, que, atualmente, está na gestão da Companhia, que elencasse para essa CPI alguns outros fatores que entendesse, como gestor da CELG, que colaboraram para essa situação que a Companhia se encontra hoje. O depoente disse entender que, quando se fala em energia elétrica, tem de se contextualizar. Que havia, na década de 80, um processo de remuneração de tarifa que era por indicadores econômicos e ela era geral, aumentava para todo mundo. O reajuste da tarifa era feito, também, considerando o impacto da inflação, para que não gerasse inflação. Que, de repente, houve uma certa depreciação do sistema elétrico e se está passando por um momento bastante apreensivo, agora, do setor elétrico, porque a maioria das concessões vencem em 2015. Que a maioria das empresas têm dificuldade de captação de recurso para fazer novos investimentos e estão buscando, principalmente as privadas, a realização dos seus ativos. Disse que, então, em 1995, com a segregação da tarifa, foi criado, adotado um modelo inglês, dividindo a tarifa em parcela “A” e parcela “B”, onde a parcela “A” é a parte de geração e transmissão, impostos e encargos intrasetorial e a parcela “B” em pessoal, material, obras e serviços. Basicamente isso. Tem uma série de outros itens. Disse que a parcela “A” seria a parte não gerenciável: compra-se energia e tem que repassar os custos, e a parcela “B” são os custos 276 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA gerenciáveis. Que, então, contextualizando, tem-se, muito recente, dentro da estrutura regulatória, a criação da ANEEL. Que esse modelo é um modelo inglês, que foi adotado, no momento em que havia inflação no País. Que o modelo inglês é adotado no momento em que não tem inflação, o modelo adotado lá é bem estruturado porque não tem inflação. O depoente disse que outra coisa que precisa ser considerada é que, em 2001, com o apagão, houve um direcionamento nas prioridades do setor elétrico, que é a geração e a transmissão. Que o Brasil, para crescer, precisava de novas usinas e de novas linhas de transmissão. E, para tanto, claro que houve um incentivo, a liberação de recursos para a área de geração e transmissão. Que, então, tem-se a parcela “A”, geração e transmissão; parcela “B”, distribuição. Que, depois disso, o consumidor. Que quem recebe a tarifa é a distribuidora: ela recebe do consumidor e depois repassa para a parcela “A”. São os chamados bens não gerenciáveis, que não têm a oportunidade de manipular esses recursos. Que, incentivada a parcela “A”, e não podendo subir a tarifa para o consumidor, é claro que a distribuição, que é a parcela “B”, fica um tanto espremida. Disse que a ANEEL tem crescido muito, tem feito um trabalho regulatório bastante primoroso, mas ela é, ainda, muito recente no País e a regulação do setor elétrico ainda tem muitas dúvidas, que vão surgindo ao longo das execuções regulatórias do sistema de energia, que é a geração, a transmissão, a questão geográfica, a questão de novos consumidores, a questão de custos de pessoal, material, obras e serviços, que compõem a tarifa na parcela B. Disse que, então, o mesmo custo de MG, de SP, e de GO, são custos diferenciados, necessariamente. Que a estrutura do sistema elétrico, a parte geográfica e a concentração de distribuição de energia também é, extremamente, variável; que tem-se o sistema concentrado, 277 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA na região metropolitana de Goiânia, no Entorno de Brasília, mas Norte, Nordeste goiano, Sul até o Sudeste, mais rarefeito. Que, então, tem que ser analisadas todas essa questões, para poder avaliar, não pontualmente, mas contextualizadamente, as causas dos problemas da CELG. Disse que, se for para o orçamento doméstico, o grande problema da Companhia é o balanço entre a receita e a despesa e que é isso que está fazendo lá, procurando se adequar à despesa, já que a receita é segura, mas a Companhia não cresce muito com essa receita. Que não disputa o mercado. Que ela tem uma região geográfica definida e, para angariar novos clientes, é só o crescimento vegetativo e as demandas de crescimento, dentro da área de concessão. Disse que, então, necessariamente, tem de se trabalhar os custos da Companhia. Contou que a remuneração da tarifa é feita com base numa empresa de referência, na ANEEL. Que a Companhia tem uma planilha dos custos, na ANEEL, que necessariamente são planilhas criadas pela própria ANEEL e que, necessariamente, nem todos os custos se consegue convergir, onde pode um e outro item haver o desequilíbrio. O depoente ressaltou que, em 2009, não teve gasto com patrocínio e nem com publicidade, só aquelas institucionais, obrigatórias pela legislação. Que gastou 2,2 milhões com publicidade, 0,5% dos gerenciáveis. Que já foi, então, uma economia considerável. O Deputado Relator pediu ao depoente se ele poderia informar, aproximadamente, se não tem número exato, o que, hoje, representa de prejuízo de números/mês o não reajuste da tarifa. Se existe algum estudo nesse sentido. O depoente respondeu que, em 2008 278 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA para 2009, setembro a setembro, o reajuste é no mês de setembro; de 12 meses, foi, aproximadamente, um aperto de 25 milhões por mês, cerca de 300 milhões no ano. O Deputado Daniel Goulart pediu ao depoente que falasse um pouco sobre os empréstimos, junto às Instituições Financeiras. O depoente respondeu que, com relação à questão dos empréstimos, qualquer empresa ou pessoa física recorre a empréstimos, a partir do momento que ela não consegue mais fazer face aos seus compromissos. Que o que leva aos empréstimos são os apertos e as obrigações compromissadas. Disse imaginar que, este ano de 2009, fechou com, aproximadamente, de buscas aos bancos, R$144.000.000,00 (cento e quarenta e quatro milhões de reais) dos quais R$76.000.000,00 (setenta e seis milhões de reais), lhe parece, pegou, depois que esteve à frente da Companhia. Disse que, primeiro, para fazer face ao empréstimo do GBIRD, depois para fazer face a uma situação, junto a Fundação de Previdência, a Eletra, já que havia se pactuado com a Secretaria Nacional de Previdência um prazo de seis meses. Então, tomou, ao final, trinta milhões de reais para poder fazer face à dívida atrasada com a Fundação Eletra, que é o Fundo de Previdência Privada. O Deputado Daniel Goulart pediu ao depoente que discorresse sobre os principais números do balanço, as despesas operacionais, resultados de serviços, lucro presumido, patrimônio liquido, endividamento, se possível a relação receita\dívida, lucro ou prejuízo geral. O depoente respondeu que a questão do balanço de 2009, o que se tem apresentado é uma busca do equilíbrio financeiro, trabalhado na área operacional, já que os bancos, todos os 279 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA compromissos com bancos, foram pagos. Que todos os compromissos com energia elétrica foram pagos, menos Itaipu, e o setor de ITA Setorial continua nas mesmas condições anteriores que levaram ao inadimplemento da Companhia, o não-pagamento do ITA Setorial. Então, não está sendo pago ITA Setorial, não está sendo pago Furnas. Que, com relação ao resultado de serviços, houve um lucro de, aproximadamente, seis milhões, acumulados até 30 de setembro de 2009. O Deputado Daniel Goulart perguntou ao depoente quanto à questão dos reajustes e como está a questão dos encargos sociais. Que, também, sabe que uma empresa, do porte da CELG, tem a sua responsabilidade social. Perguntou, então, se a CELG mantém, dentro da sua responsabilidade social, ajuda a entidades sem fins lucrativos, ONGs. O depoente respondeu que, na questão do reajuste de tarifas, continua com o mesmo problema de inadimplemento. Que buscou, na Eletrobrás, a possibilidade de repactuação. Então, tinha inadimplemento na ANEEL, inadimplemento com Cachoeira Dourada, que hoje é cerca de duzentos milhões, e o inadimplemento com ITA Setorial e Itaipu, que são gerenciadas pela Eletrobrás. Disse que, infelizmente, quando esteve na Eletrobrás, a primeira vez, e também quando esteve na ANEEL, a primeira vez, teve muitas dificuldades de entendimento e conversação, porque o histórico da CELG não era dos mais animadores, e, é claro, isso trouxe muitas dificuldades. Disse que, quanto à questão dos encargos setoriais, continua com inadimplemento. Quanto à questão da responsabilidade social, quando chegou à empresa, não havia nenhum contrato, embora 280 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA seja prevista, na legislação, a participação da empresa na responsabilidade socioambiental. Disse que, nesse ano de 2009, já um projeto, que é o CDI, que está iniciando, como projeto de responsabilidade social, que é a inclusão no processo digital, que é a democratização da informática. Que foi escolhido um público-alvo: primeiro, os colaboradores mais próximos, é aquele pessoal que trabalha na vigilância, na segurança da Companhia e também o pessoal do AC limpeza, que estarão disponíveis. Que, posteriormente, no cumprimento dessas obrigações socioambientais, também ampliará para um público muito próximo a eles, lá na Vila, abaixo do Botafogo, naquelas invasões. O Deputado Daniel Goulart disse ao depoente que, no início do ano passado, o então Presidente Ênio Branco anunciou que o Estado tinha decidido vender os 41% das ações. Que chegou, inclusive, a confirmar que seria vendido para o BNDES, Eletrobrás e uma terceira empresa, que seriam os novos acionistas da Empresa. Que anunciou a criação de um grupo de trabalho para definir qual percentual ficaria para cada acionista; que anunciou que o grupo seria composto por ele, pelo Secretário da Fazenda, pelo Superintendente do Mercado de Capitais do BNDES, Doutor Caio Melo, pelos representantes da Eletrobrás, pelo Economista Ricardo Marques. Anunciou, inclusive, o reajuste da tarifa, que seria 10.64%. Que criou uma expectativa de que, até 2010, vinte e duas mil novas ligações de energia rural, que vinte e duas mil famílias seriam beneficiadas. Que o Presidente disse que, com o acordo já fechado com o BNDES e a Eletrobrás, a Companhia receberia trezentos e cinquenta e cinco milhões, naquele ano, com a venda das ações, e o equilíbrio financeiro da Empresa. Que o Governo Federal passaria, de imediato, cento e trinta milhões para o Programa 281 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA “Luz Para Todos” e também para baixa renda. Que anunciou que a CELG pagaria seiscentos e trinta milhões à Eletrobrás, com recursos obtidos da venda das ações ao banco e a outros acionistas. Disse que foi um anúncio que, depois, foi frustrado, mas que, pelas palavras dele, naquela época, até uma coletiva que deu para imprensa, aquela negociação parecia mais vantajosa do que esta falada hoje. Que não sabe o que está sendo fechado dessa negociação, mas, pelo menos, o que observa é que aquela era mais interessante para CELG, era mais vantajosa. Então disse ao depoente: se era, perguntalhe por que o retrocesso. O depoente respondeu que, sobre questão da venda das ações, a proposta realmente existente é aquela que foi feita e que foi, inclusive, apresentada, em público, que é a proposta da Eletrobrás. Que ele acha que existia um processo em andamento. Disse que o Dr. Ênio conduziu um processo de venda, de recuperação das ações, juntamente com o Secretário Jorcelino Braga, mas o depoente não tem conhecimento de uma proposta firme e consistente. Que ele tem, agora, uma proposta firme e consistente da Eletrobrás, na busca da recuperação do equilíbrio econômico-financeiro da Companhia, e uma proposta que não é apenas de venda de ações. Disse que é, também, uma proposta de recuperação da Companhia, porque não é só toma lá dá cá. Que existe uma proposta de gestão corporativa, que existe uma proposta de refinanciamento da dívida, já que a Companhia tem uma dívida que tem um custo altíssimo de juros e encargos, e havia um alongamento e também uma diminuição do valor dos juros que se estima em uma economia de 600 milhões por ano. Disse que, então, o parceiro estratégico e a preparação de um negócio, e ai é atuar, na CELG, como um negócio, é avaliação do fluxo futuro, atualização ao valor presente, para realmente convalidar o preço e o custo da Companhia como negócio. Que acha que isso é bastante representativo. 282 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Daniel Goulart pediu ao depoente que falasse acerca do plano de negócio da CELG/Telecom, se ele tem conhecimento desse plano de negócio que avaliou, só a CELG-Telecom, no valor de duzentos e oito milhões de reais. Se o depoente conhece esse plano de negócios, ou seja, duzentos e oito milhões de reais, num cenário normal, e cento e cinquenta e seis vírgula nove milhões, no cenário de dificuldades. O depoente respondeu que a CELG/Telecom, até hoje, nunca faturou um centavo. Que é uma empresa que promete muito. Que ele tem trabalhado muito para buscar novos parceiros, mas, principalmente, para olhar internamente para a Companhia e a CELG/Telecom sem um parceiro estratégico da CELG D. Disse que esses contratos já estão em andamento, praticamente, consolidados pelo jurídico da Companhia, todos os planos de trabalho, os planos de negócio. Disse que, por exemplo, a CELG faz a locação dos postes, principalmente para as teles, as empresas de telecomunicações, elas é que usam aqueles 60 centímetros. Mas, que não é o principal negócio. Que isso dá um faturamento de mais de 20 milhões por ano. Que é muito dinheiro, mas, para o faturamento global da CELG, que é de três bilhões por ano, não é muito dinheiro. Disse que, então, a CELG/Telecom, no primeiro momento, seria uma gerenciadora dos ativos da CELG. Que existem 600, pouco mais de 600 quilômetros de fibra ótica, no Entorno de Goiânia, que foram construídos pela CELG D para consolidar o seu sistema de comunicação e de gerenciamento das subestações, no sistema de voz, dados e imagens, dentro da Companhia. Disse que a CELG/Telecom nasceu depois desse processo, e, nesse processo, a CELG/Telecom passaria a ser a gerenciadora com a expertize necessária para poder gerenciar estes ativos, tanto a fibra ótica, não para locação de passagem de voz, dados e imagem, mas na busca de parceiros estratégicos do mercado, inclusive, esteve com os 283 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA diretores da Companhia, em São Paulo, nos Estados Unidos, no Rio de Janeiro, buscando os parceiros estratégicos para, juntamente com a CELG/Telecom, desenvolver esta atividade, porque a CELG/Telecom tem uma promessa grande. O Deputado Daniel Goulart perguntou ao depoente, com relação a créditos da CELG, se o período que o depoente está na CELG já deu para descobrir outros créditos. O depoente respondeu entender que, talvez, um dos principais créditos da CELG é da CODEMIN, que tem uma expectativa muito grande e que o corpo jurídico da Companhia está trabalhando diuturnamente. Que o processo já se encontra em fase de perícia, inclusive a CELG já depositou os custos dessa perícia o mais rápido possível, até para dar celeridade nessa perícia. Que existem os créditos de cento e quarenta milhões do Programa “Luz para Todos”, já devidamente auditados, e logo terá novos créditos, até porque a terceira tranche, o contrato chegou essa semana, e terá, em face de novos créditos, mais sessenta milhões, porque está com o cumprimento da contrapartida da parte da CELG, já praticamente definida, faltam mais ou menos setecentas ligações. O depoente disse, também, existir o Baixa Renda, aproximadamente duzentos milhões, já devidamente auditados, que são créditos que a Companhia tem. Que existem os créditos com as prefeituras. Que tem a dívida reconhecida do Estado para com a CELG, que é cerca de um bilhão, um bilhão, trezentos e cinquenta, e, é claro, a dificuldade de consolidação desse processo, de realização desse processo, é devido à falta do devido empenho, dentro do balanço do Estado. Disse que tudo isso tem gerado muitas dificuldades, junto à Secretaria do Tesouro Nacional. Disse que existem os créditos tributários, que têm sido buscados para a Companhia, e é claro, tem 284 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA tido alguns desfechos difíceis, já que os diretores têm sido denunciados até na contratação de escritórios de advocacia, e sendo denunciados pela forma de contratação. O Deputado Coronel Queiroz disse ao depoente que um dos problemas que mais o coloca em dúvidas, com relação ao endividamento da CELG, são os contratos. Perguntou, então, se o depoente, ao chegar na CELG e assumir a Presidência, teve cuidado com os contratos em geral, para as terceirizações. Que o Dr. Paulo Ernani disse à Comissão que um faturamento de mais de oitocentos mil reais está dando prejuízo. Perguntou se existe algum problema de sangria nos contratos, que o depoente tenha notado, evidentemente, numa auditoria, alguma coisa nesse sentido. E perguntou se, além dos vinte e cinco milhões/mês, a CELG detecta, hoje, alguma sangria sem conserto igual a essa. O depoente respondeu que, sobre a questão da terceirização, é necessário se fazer duas observações. Disse que, em um determinado momento, começou esse processo de terceirização, não só na CELG, como nas demais empresas. Que a maioria começou pelo serviço de asseio, vigilância e segurança, e isso foi se estendendo. Que os serviços de construção de redes, normalmente, são terceirizados. Disse ser evidente a necessidade de reverter alguns processos lá dentro, principalmente, os processos onde os softwares estão nas mãos dos prestadores de serviços e precisam voltar, porque é estratégico para a Companhia. Disse que existe outro problema que interfere no processo de terceirização: que a Companhia tem um custo individual, por posição de RH, de cerca de nove mil reais por mês, do qual, na ANEEL, a remuneração da tarifa brinda com quatro mil e novecentos reais. Que, então, houve um processo, dentro do Plano de Cargos e Remuneração, aumento de salário e também de concessões de benefícios que está no PCR. Que, logicamente, tudo isso é verificado pela Delegacia Regional 285 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA do Trabalho. Que está trabalhando no novo Plano de Cargos e Salários e acha que, legalmente, não pode tirar os empregados enquadrados no Plano anterior, mas está estudando a possibilidade de se ter dois Planos, porque o custo do empregado, dentro da Companhia, é três vezes maior do que o custo do terceirizado. Disse que, então, viabilizase o custo da terceirização. Que, sobre o processo de terceirização, primeiro, ele tem uma eficiência maior. Segundo, existe um custo interno muito alto e que não privilegia a planilha da Companhia. Que, por isso, não tem como prescindir da terceirização. Disse que, no dia anterior, tinha sido o julgamento do processo de licitação das impressões das contas e tiveram uma economia de aproximadamente cem mil reais por mês, algo entorno de um milhão por ano, necessariamente. Que, com a entrega simultânea, terá um único serviço. Ele vai lá, faz a leitura e com uma impressorinha que pesa dois quilos, imprime e coloca na caixinha do correio do usuário. O depoente disse, então, ao Deputado, que as questões da sangria precisam ser estancadas em todos os seus pontos, em todos eles, na licitação, no operacional, no financeiro, nos custos financeiros que estão sendo trabalhados, na execução contratual, que é aquilo que a Companhia comprou, que seja entregue na sua quantidade, na qualidade pactuada. Que tudo isso são perdas de carga. O Deputado José Nelto perguntou ao depoente, quanto de economia ele já fez, mensal, economia que ele conseguiu, quando tomou posse para sanear a empresa. Perguntou qual a economia mensal que ele consegue hoje. O depoente respondeu que está partindo para alguns processos que nem têm a quantificação adequada. Mas, que como 286 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA disse, no ano de 2009, teve uma economia de trinta e um ponto sete por cento (31.7%) no valor de face das licitações. Que isso chegou a quarenta milhões de reais anuais. O Deputado Daniel Goulart disse ao depoente que, no dia 23 de dezembro, foi publicado, no Diário Oficial, Processo CELG D nº 09408664, uma contratação da Evoluti. Perguntou se essa contratação foi com dispensa de licitação. O depoente respondeu que está com esses contratos dos serviços de técnicos comerciais em situação de excepcionalidade, até porque ele foi denunciado no Ministério Público. Que é o primeiro processo de licitação e começou a fazer um trabalho e foi recomendado, primeiramente, pelo Dr. Fernando Krebs, pela anulação do processo de licitação. Que, depois que teve o julgamento do Dr. Avenir dos Passos, acredita que seja o juiz que julgou, determinando o cancelamento do processo de licitação que estava em andamento. Disse que o processo mais polêmico da Evoluti é a questão do serviço de proteção de receita, que é justamente esse processo que transcorre com denúncia no Ministério Público, do qual, também, a Diretoria proporcionou a realização de uma auditoria e as medidas necessárias para saneá-lo. É um processo, um contrato em andamento. Disse que o contrato com a Evoluti é uma situação de excepcionalidade e a elaboração, a estruturação desse processo que está colocando na praça, com a participação dos empregados e com um grupo de trabalho da Companhia, de todos os setores, da área operacional, da área financeira, da área contábil, do qual fez audiências públicas, inclusive teve o envio de um convite à Casa, à Assembleia Legislativa, para participar da audiência, ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas e publicou, nos jornais, a convocação dessa audiência pública para a apresentação da proposta do projeto básico do serviço de técnicos comerciais, que é esse tão propalado, discutido, esse serviço de leitura, 287 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA corte e religamento de energia. Que, então, todo o processo se encontra em situação de excepcionalidade e que, tão logo vença esse processo, estará saneando essa situação de excepcionalidade. Depoimento do Contador-Geral da CELG D, Dionízio Jerônimo Alves: O depoente DIONÍSIO JERÔNIMO ALVES foi questionado, inicialmente, pelo Deputado Relator, Humberto Aidar, que lhe disse que sua vinda à CPI foi motivada por uma questão, colocada pelo Deputado José Nelto, no sentido de que um engenheiro, Salatiel, escreveu um artigo, dizendo que os balanços da CELG eram maquiados. Então, queriam que ele fizesse uma exposição, dizendo se existe essa possibilidade, aventada por este engenheiro, de maquiar balanços. Que isso os preocupa porque tem-se trabalhado muito, em cima dos balanços que receberam. Disse que o serviço contábil é peça fundamental para que se chegue ao relatório, apontando as principais causas do endividamento que aconteceram, na empresa, neste período de 25 anos. Perguntou, então, se existe essa possibilidade de maquiar os números. O depoente respondeu que, com relação à conduta para se elaborar um balanço, começa-se com a normatização da agência reguladora que expede, em todo final de exercício, um ofício de encerramento a todos os concessionários de serviço público de energia elétrica. Que, como empresa regulada, esse é o caminho que tem de trilhar. Disse, ainda, que, atrelada a toda essa parte do regulador, existe a legislação comercial e societária, a ser observada, para ir a CVM, um dos órgãos a quem a CELG presta conta. O depoente contou, além disso, que, na elaboração dessas peças, participa, ativamente, a auditoria independente, que é um dos responsáveis por essas peças e emite, ao final, o parecer do auditor, que 288 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA consta das demonstrações. Que, após isso, fechado o balanço, o trabalho da auditoria é submetido a um Conselho Fiscal, que analisa e emite uma opinião também. Com essas produzidas pelo contador, o parecer do auditor independente, o parecer do fiscal, é encaminhado ao Conselho de Administração, que anexa ao relatório de administração essas peças e encaminha a uma assembleia geral ordinária, especificamente, convocada para tomar conta dessas demonstrações. Que, após o encerramento, é feita a prestação de contas para o órgão regulador, atualmente, a ANEEL. A prestação anual de contas é encaminhada a ANEEL e ao Tribunal de Contas do Estado de Goiás. A CELG tem o prazo até o dia 30 de abril, de cada ano seguinte, para fazer as prestações de contas à ANEEL, do exercício anterior. E tem o prazo até 30 de junho para fazer a prestação de contas ao Tribunal de Contas do Estado de Goiás. As contas são examinadas e, após, são comunicadas à aprovação. O Deputado relator perguntou, também, se, na questão contábil, existe a problemática da ingerência política, ao que lhe foi respondido que não tem como se chegar a algum documento com ingerência, que não é fato registrável. Que são registráveis documentos lastreados, formalizados na administração e encaminhados à contabilidade para o registro do ato ou do fato. O Deputado Humberto Aidar perguntou ao depoente se todos os balanços que ele tem, em mãos e, consequentemente, também o Tribunal de Contas do Estado, desses vinte e cinco anos, se são plenamente confiáveis ao que lhe foi respondido que a peça contábil é cem por cento confiável, baseada na documentação que a sustente. 289 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Daniel Goulart disse ao depoente que, hoje, se tem muito “ti-ti-ti”, em relação à dívida do Estado para com a CELG, não contabilizada no Estado, contabilizada na CELG. Que se sabe que essa é uma prática de quase todos os Governos. Pediu, então, ao depoente, que discorresse sobre isso. O depoente respondeu que trouxe um relatório de auditoria dessa conta, já pós-98, onde originaram aqueles termos de confissão. Disse que a origem dessa dívida parece-lhe que aparecem, em 1985, os primeiros lançamentos na CELG, por conta dessa dívida. Disse que o que acontecia era que as obras que eram autorizadas pelo Governo, que não eram de atividade da concessão ou rentabilidade insuficiente, eram debitadas ao Governo do Estado. Que se mandava fazer e debitava a ele. Disse que a CELG registrou cada obra, cada passo desses. Que, em 1998, 1999, através do Decreto-Lei nº 5.593, foi criado o grupo de trabalho “multidisciplinar”, composto por membros da Secretaria da Fazenda, da Procuradoria Geral do Estado e da CELG, do qual fez parte. Disse que foi levantado item por item dessa conta, que estava contabilizada na CELG, sendo assinado, então, o primeiro termo de acordo de contas, que era finalizado com a privatização da CELG, e o objeto da privatização pagaria essa conta de governo. Disse que não tinha parcelamento, no primeiro termo. Que, com a frustração da privatização, de 2000 a 2002, esse foi o período trabalhado para se privatizar a CELG Distribuidora, com essa frustração veio o primeiro termo aditivo modificando, incluindo condições de pagamento, correção e juros, onde ficou identificado ou acordado que seria corrigida pela TJLP. Contou que a ANEEL, como reguladora, não anuiu esse termo, por entender que esse não era o indexador usual do setor elétrico. Isso já está no terceiro termo. Que, no primeiro aditivo, mudou porque não teve privatização. Que, no segundo aditivo, que já é o terceiro assinado, incluiu-se o TJLP que a ANEEL não o aprovou. Que, daí, veio o quarto termo aditivo, que é o que está 290 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA vigente, por meio do qual ficou pactuado, em cento e trinta e oito parcelas para o Estado pagar essa dívida, coincidir com o último mês de concessão então existente, que é setembro de 2015, com a correção, pelo IGPM e juros de 1%. Disse que a dívida na CELG está atualizada, registrada do início e é atualizada até novembro de 2009, que é onde está com o balancete já encerrado, totalmente contabilizado dessa forma. Disse que, na CELG, foi assim. Que, no Estado, com o trabalho desse grupo constituído pelo Decreto 5.293, que o trouxe também para deixar na Comissão, foi levantado o número e trabalhou, então, no Estado, para o reconhecimento contábil desta operação, no Estado. Afirmou que, mais recentemente, já na gestão do Doutor Ênio Branco, para a viabilização da operação BNDES, o inseriu em um grupo de trabalho, no Estado, e a STN achar a forma de resolver essa questão do Estado. Disse que foi trabalhado numa linha e, ao final, a operação não saiu, não realizou do jeito que trabalharam no Estado. O Deputado Daniel Goulart disse ao depoente que, nos anos de 2003, 2004, a CELG tomou uma decisão de buscar seus créditos, e aí processou muita gente. Que teve aquele processo da CODEMIN, que suspendeu aquele subsídio, teve também aquele processo, procurando anular aquele contrato leonino, por meio do qual a CELG tinha que comprar energia mais cara de Cachoeira Dourada; recuperação tributária; aqueles processos também do passivo trabalhista; são uma série de ações da CELG, em que a CELG chegou a processar, inclusive, a Eletrobrás. Perguntou ao depoente se ele, como contador, sentiu isso lá através das notas técnicas. Perguntou qual a visão que teve. Se, realmente, essas ações são exitosas, ao ponto de contribuir para com os balanços, para que os balanços fechassem, realmente, positivamente. O depoente respondeu-lhe que essas ações, que concluíram ou finalizaram efeito financeiro ou econômico, foram 291 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA registradas. Exemplificou com o problema do contrato da liminar de Cachoeira Dourada, que foi o questionamento do contrato de suprimento, assinado pela CELG, com os novos donos de Cachoeira Dourada. Disse o depoente que aquela liminar, que saiu em abril de 2003, a tarifa da CELG é reajustada ou revisada, em setembro de cada ano, é registrada, em setembro do quarto ano seguinte. Com exceção do primeiro, que foram cinco anos, ela é revisada. Então, o reajuste, em setembro de 2004, já estava em vigor. Assim, a Lei 9.074, que desequalizava tarifas, criava então a figura, essa lei criou a figura da parcela “A” e parcela “B” da tarifa de energia elétrica. E a parcela “A” são os custos não gerenciáveis, onde estão inseridos os contratos de suprimento. Disse que, então, aquele contrato estava coberto por uma tarifa até a revisão dele em 2004. Disse que quando, em 2004, a ANEEL foi fazer o reajuste da CELG, ela retirou da tarifa aquele plus de tarifa que tinha para cobrir o contrato de Cachoeira Dourada. Então baixou. Quando fez o acordo, em 2004, voltou, teve a recomposição tarifária extraordinária, voltando o consumidor a pagar. Disse que estes efeitos pontuais, que dá para sentir nos balanços, é que o custo da energia, a partir de abril de 2003, diminuiu, e a tarifa ficou a mesma, até setembro. Que, quando, em setembro, a ANEEL equalizou a parcela “A”, ou seja, o consumidor foi beneficiado com esse item, ficou igual o custo parcela “A” e receita parcela “A”. Quando retornou com a RPE, o que o consumidor deixou de pagar, ele teve que pagar com recomposição extraordinária. O Deputado Daniel Goulart perguntou ao depoente se, no período em que está à frente da Contabilidade Geral da CELG, tem lembrança, se pode falar sobre a pior relação de receita/dívida, antes da venda da Usina de Cachoeira Dourada, e, depois da venda de Cachoeira Dourada. O depoente respondeu que seria uma análise mais econômica. 292 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Mencionou o ofício da Eletrobrás, em que não concordavam que aquele empréstimo dele permanecesse na CELG. Disse que aquele ofício chegou e foi dado o tratamento contábil e, aquele passivo foi para a empresa Cachoeira Dourada. Disse que, então, foi uma empresa criada com ativos bem vultosos, que é o que tinha na contabilidade, ativos da IV Etapa, praticamente novos, quase sem nada de depreciação e pequena parcela de passivo. Assim, ficaram a distribuição e a pequena parcela de geração e transmissão. Disse que aqueles empréstimos de financiamentos daquelas máquinas que foram para Cachoeira Dourada ficaram na CELG Distribuidora. Que a solução proposta pelos consultores, e aprovada em nível de Conselho de Desestatização e foi aprovada nesta Casa, Lei nº13.062, que é a que garantia a recomposição do capital social da CELG remanescente. Ou seja, o valor do passivo que ali ficou sem ativo seria recomposto via capital do Estado, portanto, disse, tem essa Lei nº 13.062 que equalizava a operação. O Deputado José Nelto disse ao depoente que, recentemente, houve um grande debate, em Goiás, sobre a questão dos balancetes. Pediu ao depoente que falasse sobre esses balanços, o que aconteceu com o balanço de um bilhão que a imprensa fala, que há acusação de um lado e de outro entre o Governo, o ex-Governo em Goiás. O depoente disse que queria falar sobre a questão desses balanços fraudados, começando por uma matéria que foi publicada por um participante desta Casa. Que publicou um artigo que intitulou de “A Verdadeira Leitura dos Balanços da CELG”. Foi publicado em resposta a esta matéria que saiu daqui da Casa. Que depois, saiu o artigo do Salatiel. Disse que, quando não pôde fazer nada, pela imunidade parlamentar, foi aconselhado, por um advogado, que o membro competente para apurar fraude contábil seria o Ministério Público. O 293 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA depoente disse que começou, então, a preparar toda a documentação para entregar ao Ministério Público e pedir que apurasse os fatos, que, pelo menos, enquanto responsabilidade pelos ele seus passou a atos queria e ser o contador, responder. tinha Que foi surpreendido com uma requisição do Ministério Público, solicitando tal documentação. Disse que, com a publicação do artigo do Salatiel, entrou com uma interpelação judicial criminal contra ele. O Deputado José Nelto perguntou ao depoente, quanto a esta questão desse um bilhão e duzentos, segundo já se ouviu falar na empresa, que ele sumiu, desapareceu da contabilidade da CELG, não foi contabilizado pelo o Estado, o Estado deu a nota fiscal, mas, não pagou. Perguntou se isso é verdade. O depoente disse que nunca ouviu falar. Que tem visto, na empresa, a discussão de qual é o endividamento da Companhia, e o número parecido. Se for este número, pode-se trabalhar nesta hipótese, mas não tem como saída de dinheiro da Companhia sem que registre contábil antes. Isso porque, alega o depoente, a fonte de entrada é banco, a origem de saída é banco. O primeiro ponto da contabilidade chama-se conciliação bancária, as entradas e saídas tem que estar registradas. E todos os itens que entraram e saíram ele registrou, com base nos decorrentes que os sustentaram. Se o documento não chegou, ele não sabe responder por ele. O Deputado José Nelto perguntou ao depoente qual é a dívida real da CELG hoje, ao que lhe foi respondido que, pelo balanço de 2008, a dívida da CELG já está gravada, no relatório de administração, em 4.6 milhões. Disse que esse número de 5.7, que tem saído na 294 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA imprensa, ele é o total do passivo. Que passivo não é dívida, dívida é aquilo que é exigível, as custas da dívida, as provisões, as provisões paras as contingências, as provisões de parcelar que é a tarifa de consumidor, que o regulador não atingiu o registro contábil, então, para efeito de aquilatação, tem-se a mesma, contrapartida é ativo. Disse que, então, se excluíssem do endividamento estes itens, aí fecham os 4.6 da CELG, e não 5.7. Quanto à diferença de valores, no que toca ao valor oferecido pela FIPE, pelo Governo e pelo contador geral, o depoente deu a seguinte interpretação: que os números do Governo são os números da contabilidade, e eles estão lá registrados. Que ele não pode dizer que 5,7 bilhões é dívida. 5,7 bilhões, que se fala, é passivo, isso está no balanço de 2008, claro, para qualquer cidadão ver que passívo é 5,7. Agora, analisar o balanço, falar quanto que a Companhia deve, tem que fazer a análise e exclusão daquilo que não é exigível, que ela não vai pagar. E essa exclusão para trazer essa informação para a Comissão, porque 4,6 é o que trouxe. Essa, ele trouxe, identificado os itens. Disse que, com relação ao 4,1 da FIPE, até por zelo, procurou saber alguma informação da professora Ana Paula, que construiu o relatório. Que ela excluiu itens a mais que ele excluiu no balanço. Que é critério dela. Ela excluiu os tributos. O Deputado José Nelto perguntou ao depoente por que a CELG, uma empresa que não vende no cartão de crédito, não vende na nota promissória, não vende no cheque pré-datado, só vende à vista, chegou a esta situação de uma dívida, segundo o depoente, de 4 bilhões e 600 milhões? O depoente respondeu que entende que isso não é contabilidade. Mas, vê que, quem vende e não recebe, tem que pegar emprestado para pagar. Então, se existe um ativo e o total desse ativo é 295 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA o total do passivo, só tem uma explicação para o endividamento aumentar, o recebível não foi realizado. Se se observar o balanço num todo, observar-se-á que existem ativos a realizar de longas datas. Se não realizou para pagar as contas, teve que se endividar. O Deputado Relator disse ao depoente que, de 2004 a 2008, houve empréstimos com bancos nacionais, e, aí, a FIPE aponta uma das causas do endividamento. São empréstimos com instituições financeiras nacionais, bancos, até então, desconhecidos no mercado, juros altos e empréstimos para investimentos, a longo prazo e para pagamento a curto prazo, ou seja, pagamento até doze meses. Fazendo as contas aqui, rapidamente, esses empréstimos superam dois bilhões de reais. Pergunta, então: desses dois bilhões de empréstimos que foram contraídos, o que entra no balanço da CELG como dívida no final de 2008. Ou seja, de uma forma simples, pegaram mais de dois bilhões, o que foi pago, e se o que não foi pago está contabilizado nesta dívida de quatro bilhões e seiscentos milhões que o depoente relata à CPI. O depoente disse ter condição de levantar o empréstimo à capitação. Que, o que foi pago, como entra no caixa da empresa, e aí junta com outros recursos próprios, como arrecadação, por exemplo, entra tudo para conta movimento. Disse que, aí, o dinheiro não está carimbado para falar: isso pagou isso, mas tem, com certeza, a saída do recurso próprio e de terceiro no período, porque o endividamento ficou e, se ficou dinheiro, ficou na disponibilidade que aparece no balanço também. Depoimento do ex-secretário Benjamin Beze Júnior: Estadual de Minas e Energia, Em síntese, em suas considerações iniciais, o depoente, BENJAMIN BEZE JÚNIOR, disse que, quando foi secretário de Minas e Energia, naquela época, formou-se o Conselho de Administração da 296 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA CELG, do qual o Governador Maguito Vilela indicou o depoente para ser o seu Presidente. Que o Conselho era remunerado, por jetons, por reuniões de que participava, remuneração essa que equivalia, praticamente, a um salário mínimo mensal, em relação às reuniões que existiam: as ordinárias, ou as extraordinárias. Disse que entendia que muita coisa estava errada, e não entendia o porquê do excesso de propaganda: uma empresa que não tinha concorrência; que não entendia o porquê que uma empresa que não tinha concorrentes dar prejuízo. Que começou a analisar o fluxo de caixa, o equilíbrio financeiro da empresa, que não tinha e chegou à conclusão que havia muito por fazer. Que chamou várias vezes o Presidente, fez um levantamento de todo aquele débito, levou ao conhecimento do Governador. Que, à época, propôs ao Governador que a CELG deixasse de recolher o ICMS, por um determinado período, para que pudesse devolver e fazer um encontro de contas. Mas, disse que, na verdade, o Secretário da Fazenda, naquele momento, não concordou porque, também, inviabilizariam os projetos sociais. Que o então Governador Maguito Vilela até entendeu, chegou a autorizar, durante dois meses, deixar de recolher até devolver o equilíbrio financeiro à CELG. Porém, isso acabou não acontecendo. O depoente disse que, com o tempo, procurou investir, por sugestão do Conselho, nas linhas de transmissão, para evitar o pico, a queda de energia que existia na época; que buscou uma pressão muito grande em cima do próprio Estado, nos outros órgãos, Saneago, que deviam a CELG; que fez um trabalho muito sério, junto às prefeituras, no sentido de que elas viessem a pagar os débitos que existiam; que fez um trabalho junto a CODEMIN, ameaçaram cortar a energia da CODEMIN, quando houve ameaça de transferir à CELG a 297 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA responsabilidade de se cortar a energia dos fornos, porque ela teria um prejuízo muito grande. Afirmou entender que o problema principal da CELG é questão de eficiência de gestão. O Deputado Relator, Humberto Aidar, pediu ao depoente que falasse qual o conhecimento que tem da celebração do Contrato formalizado entre a CELG e a UHE Cachoeira Dourada, pelo qual a CELG, durante 15 anos, estaria comprando energia 53% mais cara que o valor de mercado. O depoente respondeu que todos os estudos, em relação ao equilíbrio econômico-financeiro da CELG, foram encaminhados com determinado preço, sendo tomadas uma série de medidas que deveriam ser viabilizadas, ao longo desses anos, para que o preço não fosse inviabilizar a CELG. Que foram sugeridos, pelos estudos das empresas contratadas, que esse preço teria de ser de R$ 34,00 por megawatts. Seria um preço entre um mix de Furnas e Itaipu, que foi encaminhado ao DNAEE, que é o órgão regulador. Contou que esse órgão, em resposta, logo em seguida, definiu um preço de R$ 37,40. Que o Governo, entendendo que esse preço poderia causar algum desconforto econômico à CELG, assumiu a capacidade de pagar o preço da transmissão e do transporte. Que assumiu 38% desse custo, porque os estudos indicavam que o ideal seria R$ 34,00/megawatts. Disse que, naquela época, Furnas operava a R$ 41,00/megawatts, só que o Governo adquiria 60% da energia que era oriunda de Cachoeira Dourada e o restante de pequenas empresas hidrelétricas de Goiás, Mosquito e mais outras duas; o restante, o contrato bilateral de Itaipu e de Furnas, que o Governo adquiria. Contou que, então, o Governo assumiu o custo de transporte e viabilizou, aceitou e levou para o leilão, já a 37, 80, o custo. Que foi levado a leilão e viabilizado, foi colocado em cima desse 298 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA preço, aprovado pelo DNAEE, onde foi aprovada a cisão e aprovado o preço de compra da energia da CELG, junto à Cachoeira Dourada. O Deputado Relator disse ao depoente que, naquela oportunidade, o valor aproximado de Cachoeira Dourada girava em torno de 300 milhões de dólares, e que o preço final, alcançado no leilão, foi cerca de 820 milhões, mas que esse preço só sofreu esta elevação porque estava atrelado ao contrato de garantia de fornecimento de energia, durante 15 anos. Perguntou, então, se é procedente essa informação, ao que lhe foi respondido que não. Que entende que todo investidor pensa em um retorno. Que é claro que ele vai atrelar o preço à questão de retorno. Disse ser evidente que o Estado se preocupava, e muito, com a questão do equilíbrio financeiro em que ele ia deixar a CELG. Então, entende que não foi isso que levou a esse preço atingido. Que, embora vários grandes investidores do mundo tenham comprado o Edital, apenas duas empresas compareceram: a Endesa e a Tractobel, e que todas tiveram ágio em cima do valor a ser colocado pelo preço mínimo. Disse se lembrar que, naquela época, quando os estudos apontaram para um determinado preço, parece-lhe que 340, 400 milhões, o Conselho de Desestatização reuniu e não concordou com a modelagem desse preço que foi colocado pelas empresas contratadas, e ainda acrescentaram mais 15%, mesmo antes de sair, de ser estabelecido o preço pelo DNAEE. Disse que não vê essa correlação. Que entende que o empresário leva a pensar a isso pelo retorno, mas, que esta não foi a questão principal de chegar à parte da CELG, que era de 800, 80% a quase 779 milhões. Disse que vê que foi o trabalho de divulgação, a garantia do mercado, o mercado em ebulição, o mercado em crescimento, que fez com que a Endesa investisse e pagasse esse preço por Cachoeira Dourada. 299 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Relator comentou com o depoente existirem afirmações, no sentido de que, naquele período da venda de Cachoeira Dourada, a venda estaria indo na contramão do que estava acontecendo no mercado. Que quando muitos entendiam que geradora era um bom negócio, estariam buscando geradora, a CELG teria ido na contramão do momento. Pediu que o depoente comentasse sobre esse assunto. O depoente respondeu que, na verdade, o próprio Governo Federal, o próprio Governo Estadual, o próprio DNAEE, divulgavam as potencialidades, não só de Goiás, mas do Brasil, estimulando a iniciativa privada a vir investir no setor. Que fizeram um encontro com mais de 30 investidores, assinando um contrato de parceria com o Estado, no sentido de viabilizar essas usinas, mas, que, realmente, na época, era o que realmente se falava, ou seja, na deficiência de energia, carente de ampliação, pelo crescimento do Brasil, que se falava que crescia 4%, ou que cresceu 4% ao ano, e precisava, realmente, investir em geração de energia. Disse que face ao convencimento do Governo Federal em buscar a privatização, o Conselho de Desestatização entendeu que, naquele momento, era preferível abrir mão da geração, que seria apenas uma transferência de ativo. Que ela continuaria em Goiás, garantiria toda a sua produção de energia para Goiás, e garantiria ao Governo a questão da transmissão. Que só a geração não lhe garantiria, mas a transmissão e distribuição sim. O depoente disse reafirmar que a questão da venda de Cachoeira Dourada pode ter contribuído, ou não contribuiria, se tivesse cumprido o elenco de medidas que deveriam ser tomadas. Mas, disse que pode afirmar que, quando Cachoeira Dourada produzia e era contabilizada, naquela época, a R$ 22,00 o megawatts, ela era deficitária. Então, reafirma que a questão não só foi a venda de 300 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Cachoeira Dourada. Que, se estivesse medindo, não teria prejuízo, teria equilíbrio financeiro, mas o que contribuiu muito para a CELG, ao longo dos 25 anos, foi a questão de gestão, de falta de eficiência, porque as medidas tomadas, as ações que essa CELG, ao longo da história, tomou, não há empresa que consiga sobreviver. O depoente afirmou que pode garantir que Celba, Cemat, CEB, Celesc, são empresas que não possuem geradoras e funcionam e trabalham muito bem, tem um fluxo de caixa. Isso porque têm ações, têm um planejamento de investimento. Disse que, o que não se pode é investir com dinheiro de agiotagem de banco, para ser devolvido em um ano. Não há empresa que sobreviva. Disse que, quando vê falar que a CELG foi aos bancos privados buscar dinheiro, para ser ressarcido em doze meses, para fazer investimento por juros exorbitantes, por agiotagem, não acredita que há empresa que se viabilize. O Deputado José Nelto perguntou ao depoente se ele se lembrava por quanto Cachoeira Dourada passou a vender o quilowatts/hora para a CELG, depois de privatizada, ao que lhe foi respondido que o DNAEE aprovou o preço da tarifa de 37, 80. Disse que abriu um parêntese, naquela oportunidade, sendo que todos os estudos para devolver o equilíbrio econômico e financeiro, seria de 34,70. Que o Governo do Estado, naquela época, propôs bancar o transporte e a transmissão a 38%, no sentido de que ela não perdesse o seu equilíbrio econômico e financeiro, mas que ainda tivesse margem para investimento pode garantir que era três vezes mais o custo que ela comprava, ela operava com três vezes mais, e que é hoje ainda, inclusive. Que a CELG compra e opera em três vezes mais para revender para terceiros. Que vê que um negócio que dá mais de cem por 301 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA cento, não pode dar prejuízo. E não poderia dar, mesmo com a venda de Cachoeira Dourada, não poderia dar prejuízo. O depoente também disse que se lembra de que o preço da regulação é definido pelo DNAEE, em setembro. Que, em setembro de 97, foram impactadas as despesas, as retiradas de Cachoeira Dourada, os custos, a regulação do preço são dadas em cima de investimentos e despesas referentes ao custo da energia. Que, entre setembro de 97 e setembro de 98, foi regulado, autorizado pela CELG, um dos maiores custos de tarifas para ela ser operada. Daria para construir duas ou três Cachoeiras Douradas. O Deputado José Nelto perguntou ao depoente se ele concordava que a Companhia Energética de Goiás gasta dinheiro com propaganda, na imprensa escrita, falada ou televisionada, gasta dinheiro para contratar artistas, quer dizer, gasta dinheiro com aquilo que não é a finalidade dela. Foi-lhe respondido que, quando o depoente entrou na CELG, entendeu a disparidade de como se gastavam milhões com a imprensa para divulgar não sabe o que, em nível de imprensa, televisada, escrita. Que acha que o Governo não se conformou, tanto com gastos com a imprensa, só no Brasil, que foi gastar nos Estados Unidos, para divulgar a CELG. Que acha que eles entendiam que era importante, também, divulgar a CELG nos Estados Unidos, bancando um corredor de carros, financiados pela CELG, e um lutador de boxe. O Deputado José Nelto disse ao depoente que ele acompanhou o processo de desestatização. Perguntou se ele não acha que o Conselho Administrativo da CELG deveria ser penalizado? Isso porque, se existe o Conselho, ele é só para aprovar os balanços e não verificar a situação que a CELG estava se endividando, a cada dia, que 302 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA se passava. Perguntou se ele pode proibir alguma coisa. O depoente respondeu que a empresa sempre teve um espírito presidencialista. Que o Conselho traça a macro política, aprecia os balanços, os balancetes, traça uma linha de trabalho, dá posse à Diretoria Administrativa e referenda seus atos, por ser um acionista majoritário ou um acionista controlador. Disse que, em todo o tempo, traçou uma política, em relação à perda de energia, em relação aos recebíveis da CELG, em relação ao encontro de contas, e foram traçados, encaminhados e aprovados no Conselho. Afirmou ter a consciência tranquila de que foram repassados à Diretoria Administrativa, para tomar medidas, em cima daquilo que o Conselho aprovou. Contou que, nas perdas de energia, conseguiu reduzir de 17 para 13. Disse que a CELG tinha quatro mil e quinhentos funcionários. Que o Conselho aprovou o enxugamento e chegou a dois mil, novecentos e setenta e seis funcionários, por meio da demissão voluntária, que custou milhões para CELG. Manifestou ser uma pena porque, muitas vezes, eram funcionários que a CELG havia investido, bancado, mandado para fora do Brasil para se aprimorar e foram deixados, num segundo plano, para fazer a terceirização. Que, inclusive, nas ações do Conselho, pediu que reduzissem os custos desses serviços terceirizados em 20% e que fosse dada sequência, nos outros Governos, a redução anual de 5%. Que entendeu que o Conselho cumpriu seu papel. Perguntado pelo Deputado José Nelto se, quando o depoente sugeriu ao Conselho a redução de 20% dos custos das empresas terceirizadas, foi cumprida essa determinação, o depoente respondeu que o Conselho também não tem poder de polícia. Que espera que tenham cumprido porque foram traçadas, elencadas uma série de ações para viabilizar a CELG. 303 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Disse que a CELG, com Cachoeira Dourada, tinha o equilíbrio negativo e também tinha o fluxo de caixa negativo, vindo já, há muitos anos, mesmo com o custo quase zero de energia, e contabilizava 22. Foi quando o Conselho tomou as medidas de tentar devolver esse equilíbrio financeiro à CELG e que eles, à época, entendiam que o encontro de contas era importante; que os estádios que foram feitos com o dinheiro da CELG deveriam ser ressarcidos em que a CELG deixasse de recolher o ICMS. Disse que alertaram que a CELG tinha um “buraco” e que esse “buraco” tinha limite. O depoente disse que foi convidado a assumir a Diretoria Financeira da CELG, por quatro ou cinco meses, ou até o restabelecimento do senhor Iron Nascimento, sem ônus, e ele recebia porque estava em tratamento de saúde, e acabou falecendo. Disse que tentou tomar algumas medidas com relação aos preços. Que foi ameaçado de morte, várias vezes, por telefone. O Deputado Daniel Goulart disse ao depoente que se falou muito, principalmente no período da CPI que investigou a privatização de Cachoeira Dourada, e se ouve até hoje, sobre o contrato de suprimentos. Perguntou se o depoente teria assinado, pelo Governador da época, Maguito Vilela. O depoente respondeu que, quando assumiu o Conselho de Administração, representava a parte do Governo, acionista majoritário, acionista controlador, ele tinha 80% das ações. Que, depois da edificação do Conselho de Desestatização, depois de todos os atos já formados, que o DNAEE tinha aprovado o contrato de suprimento, a minuta do Edital de Venda, foi estabelecido o preço, foi para o Leilão. Que ele não poderia assinar, ninguém poderia assinar, não saberia nem quem iria ganhar a compra de Cachoeira Dourada. Que, naquela oportunidade, foi estabelecida a cisão e o preço foi 304 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA referendado pelo Conselho de Administração, com a presença de todo sócio minoritário, majoritário e todos os representantes de algumas Prefeituras que eram acionistas, o acionista físico que detinha duas mil ações. Que, depois de todas essas medidas, houve o leilão. Disse que, naquela época, quem conseguiu o preço foi a Endesa, que foi o maior preço. Que, em seguida, foi encaminhado ao depoente, administrativamente, depois de todos os fatos consumados, em que um funcionário do Conselho de Desestatização trouxe para o depoente assinar. Disse que, naturalmente, ele representava o Governo em todos os atos da CELG, como acionista majoritário. Que assinou, depois de todo o fato consumado. Contou que não foi a sua assinatura que definiu a contratação, já era fato consumado, aprovado pelo DNAEE, o preço da energia, aprovado pelo Conselho de Desestatização, pelo Conselho de Administração. Que assinou o contrato depois que foi definida a empresa que ganhou no leilão. Perguntou, também, se a aprovação da cisão passou pelo Conselho, presidido pelo depoente. Que existe um alerta, também da Eletrobrás, baseado no Artigo 163, Inciso CXI, da Lei das Sociedades Anônimas, que deveria ser também submetido ao Conselho Fiscal. Perguntou, então, se o depoente teve acesso a esse documento da Eletrobrás. O depoente respondeu que fizeram uma reunião, na sede da empresa, para a qual foram convocados todos os sócios minoritários, que se fizeram presentes e, lhe parece, um representante, que tinha assento no Conselho de Administração, a Senhora Marlene, representando a Eletrobrás. Essa votou favorável à cisão, a aprovação, e, também o Conselho Fiscal, do qual ele não era o Presidente, esteve participando, em conjunto nesse dia, tanto o Conselho Fiscal, como o Conselho de Administração. Disse confessar, estando com a Ata em mãos, que não viu nenhuma movimentação, naquele momento da 305 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA aprovação. Que tanto os votos da Eletrobrás, no Conselho de Administração, como no Conselho Fiscal, embora não fazendo parte, mas a reunião foi em conjunto, foram aprovados sem nenhuma manifestação dos acionistas. Disse que, se vieram tomar alguma medida, logo após a aprovação da cisão, ele desconhece. Contou que, na reunião do Conselho, votaram, claramente, manifestando até, parecialhe, aceitação tranquila. Disse que eles que tinham uma parte a receber como acionistas e foram remunerados na venda de Cachoeira Dourada. Que não sentiu nenhuma manifestação, através do seu representante, nem no Conselho de Administração, nem no Conselho Fiscal. O Deputado Daniel Goulart disse ao depoente que, em 1995 os balanços mostram uns dados interessantes de quando o depoente era Secretário de Estado de Minas e Energia e Presidente do Conselho de Administração. Que a CELG, mesmo tendo a receita de Cachoeira Dourada, fechou com o prejuízo de 97 milhões. Que, em 1996, ela fechou com o prejuízo de 46 milhões, tendo o seu patrimônio líquido despencado, de um bilhão, cento e cinqüenta e sete, para trinta milhões. Que, no ano de 1995, existe um dado muito interessante, que é a pior relação receita/dívida dos 25 anos investigados pela Comissão. Pediu, então, que o depoente comentasse acerca dos balanços de 1995 e 1996. Esse lhe respondeu que conhece toda essa ação. Que foi uma das medidas que o Conselho resolveu tomar. Que houve até uma indisposição entre a sua pessoa, o Conselho, com o próprio Presidente da CELG, naquela oportunidade, quando traçaram uma série de medidas para tentar devolver o equilíbrio financeiro à CELG. Contou que, naquela ocasião, procurou o Governador, no sentido de, num encontro de contas, a CELG deixasse de recolher o ICMS, durante um determinado período, para poder restabelecer a sua condição financeira. Disse que conseguiu por uns dois meses, mas o próprio Secretário da 306 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Fazenda não concordou, em função de que isso inviabilizaria os programas sociais, na época. Disse que, porém, entende que os seus dados são corretos e vê que, não só na administração, e na época ele foi Presidente do Conselho, sempre foi negativa e sempre faltou planejamento, tanto é, que os números estão mostrando. O Deputado Coronel Queiroz perguntou ao depoente se, nesses problemas todos, na sua visão, ele poderia citar três pontos que aconteceram que inviabilizaram, ou seja, que podem ser focados como endividamento. O depoente respondeu que o primeiro item seria falta de gestão. O segundo, falta de eficiência de gestão, e o terceiro, péssima gestão daqueles que passaram pela CELG. Perguntado pelo mesmo Deputado por que o depoente acha que houve essas más gestões, respondeu que seria porque mudaram a finalidade da empresa. Que uma empresa elétrica tinha um objetivo, e passou a ter “n” objetivos, sem contar, e que acha que a CPI deverá chegar, que é um preço superfaturado. Que vê que a função da CELG foi desviada, que ela passou a fazer um trabalho social, que era obrigação do Estado. Ela passou a fazer um trabalho de desenvolvimento, que era função da Secretária de Indústria e Comercio. Disse entender que a CELG, realmente, viveu um regime muito presidencialista, que a briga pela CELG não poderia ser à toa. Que acha que a CELG, hoje, é um órgão que realmente deve ter elegido muitos Deputados, na longa história deste Estado, às suas custas. O Deputado Coronel Queiroz perguntou se, no caso, na sua época, na sua visão, se entendia, então, que o Governo, por ser dono majoritário, sempre utilizou a CELG para determinados propósitos, para determinados gastos para ajudar Prefeituras, para estar fazendo 307 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA determinadas obras, sem a empresa receber. O depoente respondeu ser evidente que respondeu, não objetivamente, quando falou sobre a deficiência de gestão. Disse ser evidente que existem n fatores: falta de pagamento das Prefeituras; falta de pagamento em dia dos próprios órgãos do Estado; a questão da divisão do Estado do Tocantins, onde a CELG não foi ressarcida; a questão do Governo Federal, no caso especifico dos incentivos à CODEMIN; o desvio de função da CELG, em relação a estádios; a construção de extensão de energia sem o mínimo de rentabilidade. Hoje se puxa a energia com cinco casas, para cada poste. Puxava – se energia, de qualquer lugar, apenas para atender a um pedido político. Disse que, então, uma série de fatores levou a esse resultado. Não foi Cachoeira Dourada. Na segunda etapa de perguntas, o Deputado Humberto Aidar disse ao depoente que, na época em que ele foi Presidente do Conselho de Administração, o Presidente era o Juquinha, que foi um homem forte, na CELG, durante anos. Disse que ele escreve um artigo e diz isso, alardeia que era contra a venda de Cachoeira Dourada. Perguntou, então, ao depoente qual era, na época, a argumentação do Presidente, já que o depoente fala que lá era um regime presidencialista. Perguntou se o, então, Presidente, tentava que aquele processo não fosse realizado ou, na verdade, nunca argumentou? O depoente respondeu que, se fosse realizada uma pesquisa, na época, não havia um funcionário da CELG que fosse favorável a essa decisão. Respondeu que, se o Presidente era contra, ele até acredita que fosse, mas ele não teve coragem cívica de manifestar, de enfrentar o Governador e brigar por isso. Que ele podia até, intimamente, ser contra, mas que nunca sentiu, nas reuniões do Conselho, nas reuniões do Conselho de Desestatização, uma luta aberta, no sentido do enfrentamento para mostrar que era inviável. Publicamente, não. 308 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Relator disse ao depoente que o contador-geral da CELG havia dito, em depoimento, na Comissão, que não existiam condições de os balanços da CELG serem maquiados. Perguntou, então, ao depoente se existia essa possibilidade, dentro da CELG, ao que lhe foi respondido que acha que não existe, somente dentro da CELG, existe dentro da maioria dos órgãos no Brasil. Que, se três empresas querem ganhar a concorrência, não tem quem impeça, basta combinar os preços. Disse que, nos órgãos, a coisa é definida numa mesa de restaurante, onde dizem: “essa é minha, a próxima é sua e a outra será sua”. Que todos eles cobram aquela proposta. Que isso é notório. Disse que, normalmente, o grande investidor, quando ele dá alguma coisa a um político, está devolvendo o muito que ele ganhou. O Deputado Daniel Goulart disse ao depoente que, hoje, há uma discussão, levantada, há muito, pelo Secretario da Fazenda, Senhor Jorcelino Braga, das dívidas do Estado para com a CELG. Que são contabilizadas na CELG, não contabilizadas com o Estado. Que o Governador Marconi Perillo reconheceu essa dívida e encaminhou para a Assembleia, e, até hoje, eles reclamam que isso não foi acertado na Secretaria do Tesouro Estadual. Disse que, ontem, o Contador-Geral da CELG afirmou que essa prática vem desde 1985. Que tem, em suas mãos, algumas ressalvas e considerações, nos exercícios de 1995, 1997, do Tribunal de Contas do Estado, no sentido de terem sido evidenciadas, em 31 de dezembro de 1998, dívidas acumuladas, do Estado de Goiás para com a CELG, no valor total de cento e noventa e quatro milhões, não registradas no balanço do Estado. Perguntou se, quando o depoente era Secretário de Minas e Energia, isso era muito comum. Se o Governador determinava ou a autorização chegava para o depoente, que encaminhava para a empresa. O depoente respondeu 309 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA que, infelizmente, acompanhou e, normalmente, vinha os “autorizo" do Governo e formava-se a ETE para execução da obra. Que ainda tinham a dificuldade, sem contar aquelas que eram autorizadas pelo Governo, tinham aquelas que eram autorizadas pela Diretoria, sem conhecimento do Governador. Que, quando foi para a CELG, foi no sentido de acompanhar e “triar”, para executar apenas a que tinha autorização do Governador, por que, de repente, fazia mais sem autorização do Governador do que com autorização do Governador. Forma-se a ETE para atender esse ou aquele. Que naquelas que tinham autorização do Governador, ainda existia a possibilidade de receber, no encontro de contas, ou poderia lançar na dívida do Estado perante CELG. Mas, indagou sobre aquelas que eram feitas sem o conhecimento do Governador, que, talvez, eram muito maiores. O Deputado Daniel Goulart perguntou ao depoente, ainda, se ele teve conhecimento de algumas tratativas, na época do então Governador com o Ministro de Minas e Energia. Disse que um ofício, do então Governador, datado de 23/07/1997, referia-se a outro oficio, de número 002/97, por meio do qual solicitou que a tarifa de suprimento a ser praticada por Cachoeira Dourada fosse igual àquela que a CELG já vinha pagando a Furnas e Itaipu, que era de R$34,60 megawatts. O depoente respondeu que sim. O Deputado Daniel Goulart salientou ao depoente que a definição dessa tarifa já era base de sustentação de todo o processo de privatização e da própria fixação do preço de venda, a partir de um fluxo de caixa descontado, e remuneração de investimento à taxa de 11,26% ao ano. Disse que vem, então, uma preocupação do, então, Governador, com relação às manifestações formais do DNAEE, que sugerem mudar a tarifa já acertada. Disse que o depoente colocou, 310 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA anteriormente, que Furnas praticava uma tarifa de 41, no próprio expediente do Governador, falava que a tarifa era 34. Perguntou, então, ao depoente, qual a explicação que ele daria para esse expediente. O depoente respondeu que, na verdade, esse pleito do Governo na época, o estudo de equilíbrio para 34.60, foi antes, no mês de abril. Que, normalmente, os reajustes acontecem em setembro. Que esse reajuste, quando foi para 37.80, foi pré-estabelecido pelo DNAEE, na época, que foi operado, inclusive, para a venda. Foi onde o Governo assumiu o transporte e a distribuição para manter o equilíbrio da CELG. Disse que, nessa época, Furnas operava em 41.56. Mas, essa é uma conta que deve ser feita somente com engenheiro eletricista. O fator de carga influência no custo. Que ele não está preparado para fazer esta conta entre o fator de carga do suprimento, entre Cachoeira Dourada e as outras empresas. Que tem de ser especialista do ramo para ver essa diferença. O Deputado Daniel Goulart perguntou ao depoente se ele sabia se, na época, foi encomendado algum estudo técnico prévio para chegar a este preço de 37.80, ao que lhe foi respondido que sim, que todas essas medidas foram feitas para devolver o equilíbrio financeiro a CELG. Disse que, sem Cachoeira Dourada, o preço ideal seria de 34.40. Eles encaminharam um documento ao DNAEE, dizendo que viabilizariam a CELG se o preço fosse esse de 34.60. Como o DNAEE, em cima dos estudos, liberou 37, 80, entenderam que poderia causar um desequilíbrio econômico financeiro, o Governo assumiu o transporte de energia e da transmissão para manter esse preço. Que sem Cachoeira dourada, teria que ser este custo e tomar uma série de medidas, inclusive o Governo teria que colocar 50 milhões, que representaria 7% da venda de Cachoeira Dourada, nos próximos anos seguintes. Que teria uma série de medidas que deveriam ser tomadas 311 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA em 97, 98 e 99, para viabilizar a independência necessária à Cachoeira Dourada e voltar a sua capacidade de investimento. O Deputado Helio de Sousa, Presidente da Comissão, disse ao depoente que, no início de sua explanação, ele citou que o valor da tarifa a 22, praticado por Cachoeira Dourada, era deficitário. Perguntou a que correspondia esse valor de 22. Se a CELG pagava para Cachoeira Dourada ou era isento este pagamento. O depoente respondeu que a CELG não pagava, estabelecia contabilmente um valor para formar este mix custo a 22 reais o megawatts. Que, na verdade, podia ser até menos, mas colocava. Que ele não era mensurado, no preço final, para falar como se a CELG estivesse comprando. Estabelecia um preço de 22 reais, que era o preço calculado na formação da tarifa para efeito de DNAEE para estabelecer o custo de venda de energia. Que ele era colocado a 22 reais o megawatts. Que era virtual e não tinha desembolso. Depoimento do Dr. Cristiano Kok, Diretor Presidente da empresa Enegevix: Em síntese, em suas considerações iniciais, o Dr. CRISTIANO KOK teceu alguns comentários acerca da Engevix, entre eles, que essa empresa iniciou sua prestação de serviços na CELG, em 1979, tendo elaborado o projeto executivo da Usina Hidrelétrica de Balsas Mineiro. Que, em seguida, foi contratada para subestações de Araguaína e Rio Verde e participou de um empreendimento emblemático desta Companhia, que foi o projeto executivo completo da 312 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA ampliação da Usina Hidrelétrica de Cachoeira Dourada, que trouxe 200 megawatts a mais de geração de energia para este Estado. Contou que, como último trabalho, diretamente, ligado à CELG, a empresa fez o gerenciamento da implantação do Programa Luz Para Todos, que levou energia elétrica para mais de 18 mil residências, entre junho de 2006 e junho de 2007. Que esse foi o período em que participou com mais de 80 profissionais. O Deputado Daniel Goulart perguntou ao depoente qual é a relação da empresa que ele está representando com o lobista Sérgio Sá. O depoente respondeu que sua empresa contratou os serviços da empresa Prosper Consultoria, cujo titular é o economista Sérgio Sá. Que essa contratação de serviços foi feita para assessorar, administrativa e comercialmente, a empresa, em seus serviços, na região Centro-Oeste. O mesmo Deputado perguntou ao depoente qual a relação de sua empresa com a Operação Navalha, da Policia Federal, ao que lhe foi respondido que nenhuma relação direta. Que a empresa foi citada, simplesmente, em gravação de conversas telefônicas do Senhor Sérgio Sá com outros interlocutores. O Deputado Daniel Goulart perguntou ao depoente quantos contratos a Engevix mantém com a Prosper Consultoria e se é só em Goiás ou essas parcerias acontecem em outros Estados. O depoente respondeu que não teve contratos. Que a sede da Prosper Consultoria é em Cuiabá. Que, então, teve contratos em Cuiabá, Santa Catarina, Goiás e crê que no Tocantins, mas, que não pode afirmar com absoluta segurança. 313 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Daniel Goulart disse, ainda, ter chegado até ele uma informação de que, através da Prosper, do Senhor Sérgio Sá, o depoente havia conseguido, em Goiás, um aditivo de 1,1 milhões de reais, de um contrato de redes rurais, e que esse aditivo teria acontecido um ano antes do contrato inicial. Perguntou, então, o que o depoente poderia adiantar sobre isso. O depoente respondeu que não houve uma interferência direta da Prosper, em nenhum aditivo que a empresa tenha obtido. Que a Engevix prestou para a CELG serviços para o contrato “Luz para Todos”, para a expansão da rede de distribuição da CELG, pelo interior do Estado, e que esse contrato envolveu mais de 80 profissionais, diretamente ligados à gestão da CELG, dando suporte à implantação daquele programa. Relatou que, decorridos cerca de sete meses da evolução desse contrato, o volume de serviços e de mão de obra, alocada nos serviços, era superior ao valor orçamentado e ao valor licitado. Que a CELG concordou em fazer um aditivo, dentro dos limites legais de 25% do valor contratual, que era de quatro milhões e 400 mil, e, com os 25% foi para cinco milhões e 500, aproximadamente. Que estes foram os dados, diretamente, envolvidos nesse contrato. Disse que esse aditivo foi necessário para dar andamento nos trabalhos que estavam em curso e que foram concluídos em junho de 2007. O Deputado Daniel Goulart perguntou se, em outros contratos, em outros Estados, tem sido normais aditivos, antes de doze meses, de 25%. Perguntou se o depoente não acha que foi um valor muito exorbitante, sendo que ele mesmo afirmou que um contrato que já tinha vigência de sete meses e, ai, veio um aditivo de 25%. O depoente respondeu que não há nenhuma ligação, nem limitação de prazos, em termos de ter de fazer um aditivo, antes ou depois de um contrato. Que esse era um contrato em que a empresa colocava mão de 314 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA obra, e essa mão de obra era medida, apresentava-se salário de carteira, comprovação de recolhimento de todos os tributos. Que a necessidade do volume de serviços e da aceleração do programa que estava sendo feito exigia mais pessoas para poder cumprir o objeto do contrato. Argumentou que essa é uma coisa absolutamente normal, no meio da gestão de contratos de engenharia e, em vários casos, ocorre, absolutamente, dentro da normalidade, tanto que a própria Lei de Licitações prevê a possibilidade de aditivos, desde que não supere os 25% do valor contratual. O Deputado Relator perguntou qual foi o serviço prestado pela Engevix na época de Cachoeira Dourada. O depoente respondeu que, para a Cachoeira Dourada, fizeram todo o projeto básico e executivo da expansão da Usina, para os 200 megawatts de ampliação que ela teve. Que foram todos os serviços de engenharia, envolvendo cálculos estruturais, geotécnicos, de sistemas de potência, de sistemas elétricos. O Deputado Relator disse ao depoente ter a informação que, quando da construção de Cachoeira Dourada, houve um aproveitamento da Construtora Odebrecht, que já vinha na construção de Corumbá I. Perguntou, então, se o depoente tem conhecimento de que não teria havido uma nova licitação para construção de Cachoeira Dourada. O depoente respondeu não saber. Que participaram, exclusivamente, do projeto de engenharia, mas, não da fase de construção, não tendo conhecimento de como foi contratado. O Deputado Relator, disse, ainda, ter a informação de que, em 2006, a Engevix firmou com a CELG contratos de um milhão, cento e cinquenta mil, duzentos e quinze reais e quinze centavos; em 2007, de 315 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA um milhão, oitocentos e oitenta e sete reais e oitenta e quatro centavos. Perguntou se o depoente confirmava esses contratos, ao que lhe foi respondido que não crê que sejam contratos. Que podem ser pagamentos feitos à empresa. Que tinha, em 2006, um contrato, no valor de quatro milhões, quatrocentos e sessenta e dois reais e noventa e oito centavos. O mesmo Deputado também perguntou qual o valor dos contratos, do ano de 2008, sendo-lhe respondido que a Engevix não tem nenhum contrato em andamento, junto à CELG, hoje. Que todos se encerraram em 2007. Perguntado ao depoente, também pelo Relator, se esses contratos Engevix/CELG, foram, todos, por licitação, carta convite, ou se houve dispensa, o depoente respondeu que foram todos por licitação e, que saiba, não houve, em nenhum caso, dispensa. Mas, disse, outrossim, que empresas de projetos de engenharia, anteriormente à Lei 8.666/93, por ser um serviço de notória especialização, eram, muitas vezes, contratados com dispensa de licitação. Que não tem certeza se o caso da contratação de Cachoeira Dourada foi com dispensa ou não de licitação. O Deputado Daniel Goulart perguntou ao depoente se, com relação ao aditivo de 25%, seria a última contratação, foi-lhe respondido que sim. Sendo-lhe perguntado se ele se lembrava da data do aditivo, o depoente respondeu que tinha o termo aditivo com ele, mas que não está datado. Depoimento do Senhor Gentil Machado Filho, Diretor da Hotline: Em síntese, em suas considerações iniciais, o depoente, GENTIL MACHADO FILHO disse que a Hotline, fundada em 1976, veio a ter o primeiro contrato com a CELG, em dezembro desse mesmo ano, o 316 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA que aconteceu em função de terem ganhado uma tomada de preços, oportunidade em que trabalhariam sete operários. Disse que, a partir daí, sempre tem prestado serviços, nessa área, para a CELG. Contou que o serviço básico da empresa, diferente dos outros serviços na área elétrica, para a CELG, é prestado com o sistema energizado, ou seja, não há desligamento da energia para se fazer o serviço. As vantagens disso são evitar a insatisfação geral da população que, hoje, não pode ficar sem o fornecimento de energia elétrica, e de evitar, ainda, a perda da produção nas indústrias, entre outros. Argumentou, ainda, que, mesmo no início da Companhia, nunca concorreram em licitações sem a participação de outros, porque apesar de serem pioneiros, não foram os primeiros. Contou que, em 1976, esse serviço era executado à CELG pela empresa Setel - Serviços Elétricos, que vinha enfrentando dificuldades financeiras. Contou que esse foi um dos motivos que se abriu à Engevix essa possibilidade de entrar num ramo, onde poucas atuavam e onde a empresa que estava atuando, não estava bem. Tanto é que, no decorrer do ano de 1978, essa empresa veio a encerrar as suas atividades, e um dos sócios dela, juntamente com um filho seu, engenheiro elétrico, abriu uma outra empresa, que trabalha, até hoje, para a CELG, chamada Casel - Serviço de Eletricidade Ltda., que faz o mesmo serviço que a Engevix. Disse, então, que a Engevix não é a única prestadora desse tipo de serviço na CELG. Disse que, hoje, existem seis empresas. Alegou, ainda, que a Hotline não trabalha, exclusivamente, para a CELG. Que a maior parte de seu serviço é e sempre foi executada fora do Estado de Goiás. 317 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O depoente mostrou uma relação de pendências financeiras junto a CELG, para demonstrar que a empresa tem valores a receber, que não são valores, evidentemente, vultosos, um valor total de três milhões e quinhentos e noventa e sete mil e quebrados, mas, que são valores que se referem a serviços prestados, em julho do ano passado. Disse que, se trabalhasse só na CELG, evidentemente, não estaria em condição de suportar, uma vez que as margens desse tipo de contrato, ela tem uma média de lucro, ao final, em torno de 12%, ao máximo. Sem contar os passivos que ficam para trás, argumenta. Perguntado pelo Deputado Relator se se poderia dizer que o primeiro padrinho da empresa teria sido a CELG, o depoente respondeu-lhe que não sabe se a palavra adequada seria padrinho porque a empresa, ele e o outro sócio, iriam abrir, de qualquer maneira. Que o capital deles não era o suficiente, precisavam de alguém que viesse a suprir essa parte do capital complementar, que foi muito pouco, porque, praticamente, compraram tudo fiado. Mas, disse que o fato de o outro sócio ser ex-presidente da CELG, ao contrário de poder ajudar, mostrou-se como um impeditivo, a tal ponto que, nos 90 primeiros dias, quase que fecharam a porta, antes de começar. Questionado, ainda, pelo Relator, se não existia algum impedimento, o fato de o Ailton ter acabado, na verdade, de deixar a Presidência, constituir uma empresa e buscar serviço nesta empresa que ele acabava de deixar de presidi-la, o depoente disse que não havia impedimento, na época, como não há, também, hoje, desde que todos os tramite legais e éticos sejam respeitados, é claro. O Relator comentou, outrossim, que, no relatório apresentando pelo depoente, percebe-se, por exemplo, em 2002, três milhões, setecentos e setenta e oito mil. Que, aí, salta, para dez 318 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA milhões, em 2006. Que se pode entender, através disso, que, neste período, outras empresas estavam trabalhando, em 2006, a Hotline pegou mais serviços, ganhou mais contratos, porque não é um período inflacionário. Pediu que o depoente comentasse isso. Esse, então, argumentou que houve uma concorrência, todas essas seis empresas que ele relacionou ganharam a concorrência, que umas ganharam mais; outras, menos, mas, em certames perfeitamente legais e éticos. O Deputado Relator perguntou se, no caso dos serviços prestados de linha viva, se os contratos costumam também ser aditivados, ao que o depoente lhe respondeu que, na área elétrica, todos os contratos costumam ser aditivados, sob o princípio de que a ativação é beneficiária para o comprador. Que, nem sempre, mas é o pensamento que se torna geral. Exemplificou, contando que, esse ano, o reajuste de fórmula vai render menos de 4%. Que os aumentos salariais não ultrapassaram 7%, tanto é que o salário mínimo já subiu 9 e tantos por cento, e se o sindicato não acompanhar, no decorrer de alguns anos, porque o contrato pode ser aditivado até cinco anos, está previsto na lei, há uma perda de receita e um aumento de despesas, em relação a isso. Disse que, então, na maior parte, pode afirmar, com segurança, que a empresa compradora dos serviços é beneficiada por essa atitude comum que as empresas estão tomando, não só aqui, como em todo o Brasil. O Relator disse ao depoente ter percebido, em vários contratos, não, especificamente, da Hotline, ser comum, na CELG, ter dispensa de licitação. O depoente respondeu-lhe que nunca tiveram dispensa de licitação. Sobre doações de campanha, o depoente respondeu que, habitualmente, não faz doações de campanha, a não ser que seja um candidato amigo pessoal. Mas, que não costumam fazer, até porque os lucros não são tantos assim que se possa dar a esse luxo. 319 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Complementando, disse que são uma empresa que se pauta por não fazer nem brindes. Que são conhecidos por isso. Disse que, nas duas últimas campanhas, fez uma doação para Deputado Estadual, que não logrou êxito. Que, pessoalmente, fez doação, não se lembra se a empresa fez. O Deputado Daniel Goulart disse ao depoente que, analisando o relatório de faturamento, que o depoente levou, e analisando, também, o relatório do Tribunal de Contas do Estado, de 1995/2002, é interessante porque o faturamento da Hotline aparece com valores inferiores do Tribunal de Contas do Estado. Perguntou, então, a que o depoente atribuía a diferença desses números do Tribunal de Contas do Estado e o relatório que o depoente apresentou. O depoente respondeu que tinha localizado essa diferença, e que não podia, realmente, responder. Que só podia afirmar que o seu faturamento estava correto. Justificou que, o que pode ter acontecido com o faturamento do Tribunal de Contas é que ele tenha alocado, dentro do exercício, às vezes, faturamento que ele considerou como sendo de outro exercício. Que afirma, conhecendo sua Empresa, sabendo que lá não sonegam, em hipótese alguma, que seus números estão corretos. Que os números do Tribunal podem ter tido uma apresentação que não possa ter atingido o objetivo. Argumentou que, mesmo ocorrendo essa diferença, para a finalidade que o relatório foi feito, que é para demonstrar o índice de percentual de faturamento sobre o outro, mesmo se considerar-se os números do Tribunal de Contas, a diferença vai ser em torno de 0,5%, a 1% apenas dos dados do relatório. Que essa diferença não é influenciadora, no que o relatório pretende demonstrar. 320 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Daniel Goulart questionou, ainda, acerca do relatório que o depoente apresentou, de todo o período investigado pela Comissão, o ano de 2008 é o ano quando o faturamento da Hotline, percentualmente falando, se for comparar a receita total com a participação da CELG, foi de 25.1%. Que, nos 25 anos, proporcionalmente falando, foi o ano em que a empresa mais faturou na CELG. Perguntou por que. O depoente respondeu que, o que ocorreu, em 2008, é que tinham um contrato grande com Furnas e esse contrato, na renovação, perderam as concorrências. Então, justificou, quando perderam esse faturamento, ele veio a refletir, aumentando o número da CELG, sendo que o número, realmente faturado, praticamente, não teve modificações de um ano para o outro. O Deputado Daniel Goulart disse ao depoente que o Dr. Benjamin Beze fez uma afirmação, na Comissão, no sentido de que, na CELG é tudo loteado, acertado. Que fica uma empresa com determinados serviços; outras, com outros serviços. Disse que o depoente levou uma relação de outras empresas que, também, prestam serviço de manutenção em linha viva: a Construtora Remo, a Celta Engenharia, a Elmont Empresa, a Casel, são do mesmo ramo, seriam mais cinco empresas. Perguntou, então, o que o depoente teria a dizer sobre essa afirmação do Dr. Benjamin Beze. O depoente respondeu que, sinceramente, não pode acreditar nisso, mas, também, não pode contradizer. Que, nesse assunto, pode responder somente por si, e respondendo por si, pode dizer, com a consciência limpa, que sua empresa não participa disso. Depoimento do Sr. Marcos Alberto Luís de Campos, Diretor Presidente da Eplan: 321 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Em suas considerações iniciais, o depoente, MARCOS ALBERTO LUÍS DE CAMPOS, disse que sua empresa foi constituída em 1980, estando, portanto, hoje, com 30 anos completos. Disse que a empresa se fundamentou na construção elétrica, inicialmente, e, hoje, opera em muitos setores, inclusive no setor de infraestrutura e elétrica também, linhas de transmissão, subestações, plantas industriais, plantas de mineração e obras civis, inclusive na área de incorporação. Disse que essa empresa, quando começou, há 30 anos atrás, praticamente, trabalhava com o setor privado, mantendo-se assim por mais de 15 anos. Que, por volta de 1992, 1993, mais ou menos isso, intensificou suas atividades com obras públicas, logicamente, tendo a CELG como cliente. Que presta serviços a essa concessionária, também, nos mais diversos aspectos. Que têm a parte de obras, de energia, fazem os projetos, têm, locação de veículos também com a Companhia. Que, no entanto, a Eplan teve a necessidade de procurar, em outros Estados, com seu crescimento, a sua sustentação. Então, possui, hoje, filial constituída no Estado de Rondônia, e trabalham nos Estados de Minas Gerais, Distrito Federal e Acre. O Deputado Relator perguntou ao depoente, atualmente, quantos contratos estão em vigor, em que área, especificamente, a empresa tem trabalhado. O depoente respondeu que, atualmente, trabalham com os plantões. Que são quatro contratos. Dois, de plantões, propriamente dito: um na regional de Goiânia, que cuida de uma fatia da Capital; um, na Região de Iporá, com base em Firminópólis; uma equipe leve, dessas caminhonetes pequenas, em Itumbiara; e outra de apoio comercial, em Goiânia. Que possui, também, um contrato de locação de veículos. 322 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Relator perguntou ao depoente, os valores desses contratos, sem contar o contrato de locação de veículos. O depoente respondeu que os contratos de plantão, esses contratos de manutenção que tem com a Companhia, giram na ordem de oito a nove milhões, porque com as contenções de despesas, nos últimos dois anos, a CELG nunca alterou esses valores contratados. Que, então, esses valores estavam entre 80 e 90% dos seus valores de contrato. Que foi, então, um faturamento, fora a locação, da ordem de oito milhões ao ano de contrato. O Deputado Relator disse que a questão dos 25%, que lhe chama a atenção, que, na CELG, deixa de ser uma exceção e passa a ser regra, se, nos seus contratos, tem sido aditados em 25%. O depoente respondeu que não, que os contratos da empresa, referentes a 2005 até agora, tiveram em torno de 80, 90, em alguma situação, ate 95%, do valor nominal contratado. Que, em 2005, 2006, ele sofreu um aditivo de 20%, me parece, mas ele não foi praticado. O Deputado Relator perguntou ao depoente quantos veículos a Eplan, hoje, loca para a CELG. O depoente respondeu que a empresa possui 51 veículos, em 30 Municípios, mais ou menos. Que, em alguns Municípios do interior, a empresa mantém esses veículos. O Deputado Relator perguntou ao depoente o que corresponde, em nível de valor, cada veículo desse, locado para a CELG, sendo-lhe respondido que o faturamento anual desses contratos atinge, mais ou menos, três milhões a três milhões e duzentos, por ano. O Deputado Relator disse ao depoente que as empresas que vieram à Comissão, a grande maioria na verdade, disseram que, 323 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA atualmente, têm mantido os contratos com a CELG porque têm toda uma estrutura montada, que desativar, também, não ficaria barato, mas, sempre esperando uma melhora, porque, há muito, a CELG vem praticando os mesmos preços, e que essas empresas não estariam tendo o lucro desejado. O Deputado Relator perguntou, então, se a questão de locação de veículos, ainda é um bom negócio. O depoente disse que suas empresas, hoje, dependem muito da performance, da forma com que trabalha. Que os contratos da empresa são muito enxutos. Que, inclusive, se comparados com práticas de outros Estados, por incrível que pareça, seus preços são muito modestos. Que lhe parece que está, há dois anos, sem reajustamento. Que tem suportado isso porque acredita que alguma coisa de novo pode estar por acontecer. Que não diria que toma prejuízo. Diz que, simplesmente, são contratos enxutos. Que a sua empresa é tradicional, tem trinta anos de mercado, tem dezessete, dezoito anos, dentro da Companhia, como prestação de serviço contínuo. Que, então, faz um esforço muito grande, tenta uma parceria para que a empresa possa viabilizar essa atividade. Disse que só pensa que, talvez, se o número de contratos fosse menor, a empresa teria uma condição de viabilizar um pouco mais com os mesmos preços que opera. O Deputado Relator perguntou ao depoente se, nesse período que a Eplan presta serviços à CELG, houve alguma dispensa de licitação, sendo-lhe respondido que não, que todos os contratos da empresa foram formalizados mediante licitações. O Deputado José Nelto perguntou ao depoente se suas colaborações em campanhas eleitorais é caixa dois ou junto ao TRE, sendo-lhe respondido que todas as suas doações são feitas mediante comprovação fiscal, contábil no TRE. 324 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado José Nelto perguntou, em relação aos preços, se o serviço que ele presta para a CELG é a mesma prestação de serviço pela Cemig e como é a relação de preço. O depoente respondeu que o preço praticado pela Cemig é um preço melhor do que o preço praticado pela CELG. Depoimento do Dr. Marcus Herntl Filho, Representante da empresa 212 Capital: Em síntese, em suas considerações iniciais, o depoente, DR. MARCUS HERNTL FILHO, representante da empresa 212 Capital, depois de fazer uma abordagem sobre as atividades de sua empresa, teceu comentários acerca da operação mandatária Banco Prosper/Dois Um Dois Capital, que, consoante disse, foi um relacionamento da mais alta transparência. Disse que foi uma operação que, na época, teve a maior transparência de todas entre as operações de financiamento. Disse ser preciso entender esse momento como o final do primeiro semestre de 2006. Que não adianta, talvez, pensar com a data de hoje, ou do ano passado. Que esse relacionamento iniciou no segundo semestre de 2006, quando a situação da Companhia, principalmente na parte de custos, era extremamente delicada, não só dos últimos anos, porque essa estrutura delicada de custos, ela vem ocorrendo há vários anos, por uma série de fatores, mas nos últimos anos ela se intensifica um pouco. Disse que, em 2005, a empresa teve um faturamento líquido de um bilhão e quinhentos mil e gastou um bilhão e setecentos mil. Que, no outro ano, a receita, praticamente, congelou, porque não teve aumento de tarifa, trata-se apenas de crescimento orgânico, devido ao grande crescimento do Estado de Goiás e os custos também estão acima do faturamento da empresa. Afirmou que os principais custos da empresa são contas de energia e os custos 325 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA de operação. Disse que, com essa pressão de custos, a empresa ficou com uma pressão de caixa muito grande, um endividamento de curto prazo bastante elevado. Que a empresa demorou mais para pagar os fornecedores, demorando mais para pagar seus tributos. Contou que, então, a Companhia, por meio de sua Diretoria Financeira e da Diretoria com relação com investidores, lançou mão de um programa de reestruturação da dívida. Disse que, aqui, faz até um comentário. Algumas notícias foram até veiculadas como: a Companhia não procurou grandes Bancos. Por que ela não fez operação com grandes Bancos. Mas, afirmou que a verdade é que a Companhia procurou os grandes Bancos, em 2005, e ela assina um mandato onde o Banco Bradesco era o coordenador. Que foi uma operação de 200 milhões de reais, com participação do Banco Bradesco, Banco do Brasil, Santander, HSBC, Westel Bee, que visava fazer captação através de um fedwek, alongar o passivo da Companhia, pagar as pendências do sistema Eletrobrás, para ter um aumento de tarifas, e essa operação do fedwek foi aprovada pelo Conselho, mas não houve resultado nenhum, não se captou absolutamente um real. Contou que, após isso, a Diretoria Financeira, com a relação de fornecedores, identificou que, no mercado, existia a oportunidade de se fazer captação estruturada, através de cédula de crédito bancário. Disse que, em paralelo, ela começou a captar dinheiro com os bancos, em financiamentos de curto prazo, mas entendia que tinha que alongar o seu passivo. Que, então, em 2006, vendo que o fedewek não estava tendo sucesso, a empresa lançou essa carta de consulta pública. Que ela chamou mais de 17 instituições no mercado, inclusive os bancos que estavam para fazer o fedwek, o Banco do 326 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Brasil, Bradesco, Santander e todos eles. Que publicou essa carta convite no site da Companhia. Daí, a 212 Capital tomou conhecimento dessa carta convite, fez o pedido para participar e recebeu, então, o convite para participar dessa carta convite. Disse que, em paralelo, a Companhia foi ao Conselho, no dia 19/07/2006, e deliberou o seguinte: que o fedwek estava demorando a sair. Que a companhia pediu autorização para que fossem feitas operações de cédulas de crédito bancário, visando à quitação. Que já tinha o destino: quitar empréstimo de curto prazo, alongar o perfil da dívida e promover o pagamento, quitação do empréstimo em curto prazo e o pagamento de pendências do sistema Eletrobrás. Contou que o Conselho aprovou a operação de CCBs e, no final, ele disse que continuaria com operações de CCBs, de fedwek, e que a que tivesse sucesso primeiro, interromperia a outra. Mas, continuou porque a necessidade de caixa da Companhia era urgente. Que, em seguida, a Companhia recebeu as propostas de todos os participantes. Que, nessas propostas, três bancos foram homologados. Que, no caso específico da instituição que foi homologada, a 212 Capital teve a melhor proposta, que foi considerada referência pelo prazo da operação, pela taxa que foi mais barata, pela carência e pela engenharia de garantias. Que a Companhia decidiu fazer dessa operação apenas uma tomada de referência, porque sua situação de caixa era tal que ela precisaria captar rápido e captar de curto prazo. Contou que, então, a Companhia deu o mandato para a 212 e o Banco Prosper, mas, de apenas uma parcela desses 300 milhões, até porque, iria mandatar outras instituições para que conseguisse captar recursos, o mais rápido possível, e a companhia 327 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA continuou operando para pagar as pendências da Eletrobrás, para comprar energia, para pagar a folha e os seus impostos. Disse que ela dividiu esse fechamento do mandato em dois, um mandato de 30 milhões e falou que, se tivesse sucesso, continuaria dando outros mandatos, se for pela ação estruturada da forma que foi apresentada. Contou que a operação da 212 Capital foi um sucesso. Que a Companhia outorgou os mandatos e outorgou mais outros mandatos, numa operação de 50 milhões, totalizando 110 milhões de operação estruturada. Que esse é um exemplo dos mandatos outorgados. Tem o primeiro trâmite de 60, que foi de trinta milhões e o último mandato, que foi de 20 milhões, do trâmite de 50. Disse que, então, a Diretoria, no caso específico para estruturar essas operações, identificou, durante todo o processo de estruturação, que deveriam pedir autorização à ANEEL, até porque a CELG é uma concessionária e os ativos são regulados. Que, para se fazer alguma operação, dando garantia, tem de pedir autorização da ANEEL, o que foi feito. A ANEEL autorizou e publicou no Diário Oficial da União. O depoente mostrou a operação no DOU, mostrando, ainda, a operação de 60 milhões, com 60 meses, comparado com uma operação do Banco Itaú, que era uma operação de apenas 10 meses, de curto prazo. Disse que, com o sucesso da operação, a Diretoria voltou ao Conselho de Administração e deliberou que as operações de CCB tiveram sucesso, a empresa queria mandatar outras operações de CCB, e mandatando outras operações de CCB, ela decidiu que a operação de Fundos Creditórios, ela cancelou a operação de cancelamento da estruturação de fedwek para que ela se focasse na operação estrutural 328 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA das operações de CCB. Essa questão, tanto da ANEEL, a primeira operação, quanto a segunda, foram aprovadas, estando, também, no Diário Oficial da União, e que tem a transparência, no Diário Oficial do Estado, onde aparece a operação Prosper/212 Capital, dizendo dos dois mandatos que foram fechados para celebrar a operação. Que esses mandatos que foram fechados foram dois de 60 milhões e teve toda a publicação e transparência no Diário Oficial da União. O depoente assinalou, também, que, ao estruturar a operação e pedir a autorização da ANEEL, identificou que não dava para fazer no segundo trâmite de 60 milhões e fizeram um trâmite de 50 milhões, com 72 meses. Que, em seguida, publicou essa retificação de que a operação não seria de 60 milhões e sim de 50 milhões, no Diário Oficial. O depoente passou, então, a discorrer acerca dos benefícios da operação Banco Prosper/212 Capital. Disse que o Banco Prosper era o coordenador da operação, até por ser a instituição financeira responsável. Era responsável pelos termos legais, era o credor original da dívida, ou seja, a dívida foi emitida para o banco, o banco registrou essa dívida na Setip e, depois, comercializou essa dívida, no mercado, junto a investidores qualificados de seu relacionamento. Disse que à 212 Capital coube fazer todas as diligências, avaliação de garantias, garantias que foram dadas. Que foram contas de diferentes bancos – Safra, Unibanco, Santander, HSBC – toda essa engenharia da avaliação de garantias foi feita pela 212 Capital. A estruturação da operação, a defesa do rating, o desenho jurídico, defesa da operação na ANEEL e preparação dos documentos. 329 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Assinalou que os três grandes pilares de sucesso da operação foram esse processo formal e transparência, as garantias formalizadas, adequadamente, e os participantes de primeira linha. Disse que nenhuma outra operação seguiu esse rito. Que nenhuma outra operação teve, na época, operação estruturada e aprovada pela ANEEL. Disse que, em seguida, a participação de bancos, como o Banco Itaú, que foi o Trechee das garantias, foi o registro do West Coll Count, e que ele fez toda essa parte de gerenciamento das garantias. Ressaltou que um dos pontos fortes da operação foi a experiência da Diretoria da CELG. Que, tanto o Diretor Financeiro, Nerivaldo Costa, como o Diretor de Relação com Investidores, Ênio Branco, possuíam muito experiência no mercado de capitais. O depoente contou que, quando terminou o primeiro semestre de 2006, a CELG atuava em dezesseis bancos e tinha um endividamento bancário de trezentos e setenta e cinco milhões. Que o CDI, à época, era de, aproximadamente, 15%. Que cinco bancos representavam 70% do financiamento da empresa, cuja taxa estava girando na faixa, mais ou menos, de uns 38% ao ano, sendo que a taxa média de captação da CELG era 37% ano e a taxa ofertada foi de 32% ao ano, o que representava economia de 15 a 20%, sendo 15%, em relação à média, e mais de 20% em relação ao topo. Afirmou que, se fosse substituir, à época, todo financiamento da empresa pela operação estruturada, teria benefício de dezessete a trinta milhões ao ano. Que, considerando que foram operações de seis anos, está falando de quatro anos em média, está falando de benefícios que poderiam ter sido dados em até oitenta milhões de reais. Que, como foi mandatado um terço desse valor, os benefícios, em termos de custo à empresa, foram na faixa de trinta 330 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA milhões de reais, considerando a média. Que, se for considerar o CDI atual, o custo da operação, hoje, está em 21%, já, pois, a Selic está em 8,75. Disse que o prazo máximo das operações que estavam na CELG era de vinte e quatro em doze meses. Que carência, praticamente, não havia, que a utilização de garantias, em relação à operação ficava entre 50 e 100%. Que a operação da 212 Capital foi em seis anos, dois anos de carência e utilizava só 10% dos recebíveis para fazer operação. Então, foi uma operação de muito sucesso. Mostrando um documento do Banco Central, apresentado na Comissão do Senado Federal, em junho de 2009, disse que, em 2006, a taxa de juros para pessoa jurídica, enquanto garantir acima da Selic, girava em 34% ao ano. Já a taxa de juros acima da Selic deles foi de 14%. Menos da metade, e a média que estava sendo praticada na Companhia era de 19%. Ou seja, a taxa de juros foi menor que de mercado. Disse que a operação 212 Capital/Banco Prosper representou, apenas, 6% do endividamento da Companhia. Que ela atuava, no meio de 2006, com dezessete bancos e, no final do ano, estava operando com vinte e seis. Que, se olhar a lista do financiamento dela, eles tinham 6% do total. Na fase de questionamentos, o Deputado Relator, Humberto Aidar, disse ao depoente que, segundo a sua demonstração, essa operação 212/Banco Prosper foi exitosa. Perguntou se ele tinha conhecimento de que outras operações foram realizadas na CELG com a mesma vertente. O depoente respondeu que essa operação foi única, do 331 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA ponto de vista de prazo, garantia e carência. Que outras operações foram realizadas, como mostrou. Que a Companhia teve mais de vinte e seis bancos, atuando na empresa, no final de 2006, e, atualmente, passam de trinta bancos. Que outras operações foram realizadas e, a princípio, pelo entendimento dele, à época, até 2007, essa era a operação de mais longo prazo, na Companhia. Perguntando se alguma empresa similar à 212 já fez operação com a CELG, o depoente afirmou não saber responder. O Deputado Relator disse ao depoente que, talvez, a motivação principal da ida da 212 Capital à CPI foi uma denúncia, apresentada à Comissão, que envolve o lobista Sérgio Sá, da operação navalha, e a denúncia fala de distribuição de dinheiro com os diretores da CELG. Pediu que o depoente comentasse acerca dessa denúncia, especificamente. O depoente respondeu que essa denuncia anônima foi criminosa, fantasiosa, uma verdadeira ficção que, possivelmente, foi realizada por alguma pessoa, alguma instituição, que tem interesse no insucesso da 212, no mercado. Que a empresa identificou essa denúncia anônima em 2007, e, imediatamente, entrou com um pedido de investigação às autoridades. O depoente ressaltou que nunca tiveram nenhum relacionamento com autoridade, seja aqui no Estado ou em qualquer outro Estado da Federação. Que são uma empresa eminentemente técnica. Que todas as operações que fazem são técnicas. Que foram vencedores de um certame, onde várias empresas participaram e, mesmo assim, ganharam um pedacinho de um pedação. Que a CELG captou mais de dois bilhões de reais e, para eles, não representou nem 5%. Disse, também, que essa denúncia fala de valores completamente inverídicos. Que, por exemplo, o relacionamento da 212 Capital com a CELG é transparente. Que o Tribunal de Contas do Estado tem as informações. Que o faturamento da 212 com a 332 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Companhia foi de um milhão e meio de reais, aproximadamente, e, na denúncia, constam valores completamente diferentes. Que jamais teve qualquer relacionamento que não fosse, estritamente técnico, com a Companhia. O Deputado Relator perguntou ao depoente onde é que entra o Sérgio Sá na negociação 212/Prosper/CELG, ao que lhe foi respondido que não entra, porque o relacionamento Banco Prosper/212 Capital, ocorreu com a CELG, em agosto de 2006. Que vieram a conhecer o Senhor Sérgio Sá, como Diretor da empresa Prosper, no quarto trimestre de 2006, ou seja, que eles já estavam “mandatados” na operação, que a operação já estava em desenvolvimento e já tinha seu sucesso. Que não fecharam nenhum mandato, nenhuma operação, no Estado de Goiás, com assessoria alguma da empresa Prosper. Disse, ainda, que o senhor Sérgio Sá não tem nenhum vínculo com a 212 Capital, do ponto de vista societário. Que os sócios da empresa são ele e o Senhor Leônidas. Que o Senhor Sérgio Sá os conheceu, no final de 2006, quando ele viu as operações que foram estruturadas junto a CELG. Que esse senhor, por meio da consultoria dele, a Prosper, tinha bastante relacionamento, no setor de infraestrutura brasileiro, e nós tínhamos muito interesse no setor de infraestrutura porque é um setor carente no Brasil, em termos de investimentos, estradas, rodovias, ferrovias, portos, e assim sucessivamente, tanto é que essa empresa Prosper prestava assessoria para grandes empresas de engenharia e a 212 contratou a empresa Prosper para assessorar, no ponto de vista de buscar clientes de infraestrutura, em nível nacional. Que não fecharam nenhuma operação, nenhum mandato, no Estado de Goiás com a assessoria dessa empresa. 333 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Relator disse ao depoente que a denúncia que chegou à Comissão fala do envolvimento da 212 com a Operação Navalha. Que verificam não proceder essa informação. Perguntou, então, qual foi a operação que a 212 esteve ou está envolvida em Brasília, sendo-lhe respondido que não tiveram qualquer relacionamento ou envolvimento com essa operação realizada. Que o que ocorre é que as autoridades do Governo do Distrito Federal realizaram uma investigação pouco cautelosa, uma investigação precipitada, em 2007, envolvendo contratos de informática e tecnologia, no Banco Regional de Brasília, e que isso não tem, absolutamente, nada a ver com o objeto das empresas dele. Que tinham um contrato com uma das empresas supostamente envolvidas. Que a investigação realizada por essas autoridades expandiu o escopo das empresas investigadas, os envolveu, mas, passado três anos dessa investigação, com mais de 60 denunciados, eles foram as únicas pessoas que não foram denunciadas nessa operação. Que o Estado riscou sua imagem e, com certeza, está buscando todos os procedimentos legais para ressarcir sua imagem. O Deputado Relator perguntou ao depoente, dessa operação 212/ Prosper/CELG, de 100 milhões, qual foi a parte que tocou para a 212 Capital e se essa quantia já foi recebida pela empresa, ao que lhe foi respondido que um milhão e meio, e já foi recebida sim, em 2006. O depoente pediu para esclarecer ser importante que se diferencie Banco Prosper, que é uma Instituição Financeira, com sede no Rio de Janeiro, uma Instituição do Grupo Peixoto de Castro, um grupo bilionário, que atua no Brasil, em diversos segmentos, e Prosper Consultoria, que é uma empresa de Consultoria, com sede em Cuiabá. 334 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Com a oportunidade de realizar seus questionamentos, o Deputado José Nelto perguntou se essa operação foi feita quando o André Luís era Presidente da CELG, sendo-lhe respondido que sim. Que os mandatos foram assinados pelo Dr. André, pela Diretoria Financeira e Diretoria com relação aos investidores. O Deputado José Nelto perguntou ao depoente se ele abriria mão do sigilo bancário da empresa, ao que lhe foi respondido que as informações da empresa são transparentes, estão disponíveis, estão auditadas e eles estão prontos para responder quaisquer questionamentos que o Deputado tivesse. Após o Deputado José Nelto questionar o depoente acerca de como a 212 chegou até a CELG, processo que já está mencionado nesse depoimento, o depoente ressaltou que toda remuneração que tiveram da CELG, foi no sucesso, teve zero de cobrança fixa ou cobrança antes de entrar dinheiro na Companhia. O Deputado José Nelto questionou o depoente por que ele acha que a CELG chegou à situação que chegou e foi necessário essa operação com a 212 Capital. Se a ex-diretoria passada teria sido responsável pela situação que chegou a CELG, quando o Doutor Luís André assumiu a Presidência. O depoente respondeu não lhe caber quem foi ou não foi responsável, mas, que, como analista financeiro, analista de mercado, a companhia chegou ao nível de endividamento porque ela gasta mais que arrecada. E ela gasta mais porque tem de fazer frente a uma série de investimentos em energia, em infraestrutura do Estado que mais cresce no País, que é Goiás. Que, só isso, demanda muito capital. Que, também, a Companhia teve de comprar energia, e, 335 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA se for olhar esse período de 2003, 2004, houve picos muito grandes de dólar, energia dentro da cesta de correção, e dólar é algo que influencia muito no preço de energia. Que, então, os preços de energia foram muitos altos. Que, para manter sua estrutura, a sua operação, a empresa aumentou muito o seu custo de operação. Que, com isso, ela deixou de pagar, muitas vezes, alguns fornecedores dentro do prazo, deixou de pagar a Eletrobrás e não conseguia aumentar os seus preços, como muitas vezes teve até multa de contratos que ela pagou com atraso. Alegou também a necessidade de se considerar a inadimplência. Que a CELG, muitas vezes, presta serviço de distribuição de energia, tanto para setor privado, quanto para o setor público e não recebe. O Deputado José Nelto fez a seguinte pergunta ao depoente: a FIPE condenou essas operações financeiras, de recebimento de dinheiro a curto prazo e pagamento a longo prazo. Se essas taxas de juros não foram extorsivas, na época do mercado. Disse haver denúncias de que as taxas de juros eram praticadas no mercado financeiro, a 15%. Se isso não acontecia na CELG. O depoente respondeu que não. Que ele mostrou com relatórios do Banco Central, apresentados no Senado Federal, que as taxas de juros praticados, na época, eram de 30% acima do CDI para pessoas jurídicas. A operação saiu a 14% do CDI e a CELG vinha praticando operações a 19% do CDI. Disse que o quadro da empresa que foi mostrado em 2005, 2006, teve um prejuízo de duzentos milhões. Que vai se realizar uma operação de financiamento a uma empresa com prejuízo de duzentos milhões e com uma série de incertezas, que as taxas de juros, mesmo assim, foram mais baixas que as de mercado: de 15%. Depoimento do Sr. José Luís Administrativo do Banco Prosper: Palhares Campos, Diretor 336 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Em suas considerações iniciais, o depoente, JOSÉ LUÍS PALHARES CAMPOS, fez uma breve explanação do que é o Banco Prosper, dizendo que é um banco múltiplo, que atua na carteira de banco comercial, de crédito, financiamento e investimento. Que existe há 27 anos no mercado, tendo como nicho, de foco de mercado, de crédito, especificamente, no mercado de registro de CCBs, células de crédito bancário, estando no ranking, entre as primeiras instituições, não só em quantidade de células registradas, central de liquidação e custódia, que é a Cetip, os títulos são registrados, como, também, o volume de financiamento. Disse que o banco tem essa expertize, esse conhecimento, e, durante estes últimos seis anos, vem se mantendo no ranking, nesse mercado. Disse que, com relação ao relacionamento com a CELG, veio através de uma prestadora de serviço, contratada pela CELG, e que contatou o banco para fazer esse registro de CCBs. Na fase de questionamentos, o Deputado Relator disse ao depoente que a presença do Banco Prosper se dá muito pela denúncia da Operação 212 Capital/Banco Prosper. Que perceberam que, de 2004 a 2008, a CELG contraiu empréstimos da ordem de mais de dois bilhões de reais. Que são empréstimos em curto prazo, para investimentos, às vezes, em longo prazo. Que a justificativa é, quase sempre, a mesma: para pagamento de fornecedores, material de serviço, compra de energia e impostos. Que sabe que isso acabou por colaborar, inclusive segundo a FIPE, para a questão em que se encontra a empresa hoje. Pediu, então, que o depoente abordasse, inicialmente, a denúncia que chegou a esta Comissão, que envolve o lobista Sérgio Sá, da “Operação Navalha”. Disse que, especificamente, dessa operação, a denúncia apresentada, é que diretores da CELG, pessoas ligadas diretamente à 337 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA CELG, teriam recebido uma quantia alta, em valores desta operação. O depoente disse que o Banco Prosper só teve um relacionamento com a CELG no momento de registrar as CCBs bancárias. Que o relacionamento da CELG veio através da 212. Que foi através de uma licitação, carta convite, não sabe, exatamente, como foi a negociação da CELG com a 212. Disse que, depois que a CELG negociou com a 212 as condições deste endividamento, é que a 212 procurou o mercado e chegou ao Banco Prosper. Que, aí sim, o Banco Prosper começou a ter relacionamento com a CELG para poder montar, estruturar a cédula. Disse que, com relação ao senhor Sérgio Sá, não o conhece. Que o Banco Prosper não tem nenhuma relação, a não ser comercial, com a 212. Que, se existe um outro Prosper, ele também desconhece, não tem nenhuma relação societária, comercial, nenhuma ligação com uma outra Prosper Consultoria. O Deputado Relator perguntou ao depoente, a partir de 2006, até que ano o banco teve operações com a CELG, perguntando, também, sobre o total do valor negociado com a empresa e a CELG. O depoente disse que a operação que foi feita foi de cento e dez milhões. Que foi feita em 2006 e 2007. Que é Diretor Administrativo, não Diretor Comercial, mas, pelo que se lembra e pode ver, nesses dias, é de que a operação foi feita de prazo mais longo, com uma carência maior, e com as taxas mais baixas, praticadas no mercado. Que, então, a CELG fez uma operação, naquela época, em melhores condições que ela tinha, anteriormente. Disse que o número que chegou a ler, em algum artigo, de que esse empréstimo que a CELG fez com o Prosper, em termos percentuais, o volume tomado pela CELG, é um valor pequeno, algo de 5% a 6%. O Deputado Relator fez o seguinte questionamento ao depoente: você pega, aqui, no dia 15/09/06, onde tem uma negociação 338 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA de dois milhões e meio, 0.89% de juros. No mesmo dia quinze, outra, de dois milhões e meio, de 0.89% e, no mesmo dia, mais duas operações, uma de seiscentos e quatorze mil, a 1.15%, e também a 1.15% a outra operação de novecentos e vinte um mil. Como é que se dão essas operações? Quatro operações no mesmo dia, com juros diferenciados, valores diferenciados? Como é que se dá? O depoente respondeu que a resenha dessa diferença de taxa, pode ser porque o tomador, quando a Prosper distribui esse título no mercado, talvez tenha tido uma taxa de juros com porte de outra modalidade, mas para a CELG, o custo dela foi sempre de, CDI mais 1.15%. Que se o Deputado fizer a análise de todas as CCBs emitidas, e que foram dezenas, todas elas têm uma taxa para a CELG de CDI mais 1.15% ao mês e com prazo também. O Deputado Relator perguntou ao depoente se o Banco Prosper tem recebido, normalmente, da CELG, sendo-lhe respondido que sim. O Deputado Relator disse ao depoente que, ainda nessas operações, por exemplo, desses dois milhões e meio, tirando o que a CELG já pagou, ainda deve três milhões e setecentos, e, também, na outra de dois e meio, a mesma quantia. Que essa de seiscentos e quatorze deve seiscentos e cinquenta e nove mil; de novecentos e vinte e um mil, deve um milhão quatrocentos e trinta e nove. Perguntou, então, ao depoente se ele concordava com a FIPE que esses empréstimos, na verdade, a curto prazo, o que se percebe é quase que a CELG está pegando de um Banco para pagar outro Banco. O depoente respondeu que essa não é a visão do Prosper. Disse que os novos dados que tem lá, que não está preparado para demonstrar, matematicamente, o quanto custou para a CELG, mas o custo para a CELG foi de CDI mais 1,15% ao mês. Que eles podem ter tido um custo até menor, mas o Deputado 339 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA pode estar pegando um valor corrigido mas, para ela, o custo foi CDI mais 1,15% ao mês. Disse que, ainda, naquela época, o momento em que foi feito o empréstimo, foi a menor taxa que a CELG tinha obtido de financiamento. Que mais ainda, este empréstimo que o Banco Prosper fez à CELG, percentualmente do endividamento da CELG, foi um valor muito pequeno, percentualmente, um valor muito pequeno. O depoente disse que o empréstimo que foi feito, volta a insistir, foi feito nas condições negociadas entre a CELG e a 212 Capital e, mais ainda, foi feito com as taxas mais vantajosas para a CELG, naquele momento. O Deputado Relator disse que o depoente coloca a visão do Banco Prosper, mas, na verdade, quando se olha, hoje, o endividamento da Companhia, dará mais dois exemplos: no dia 22/9, o empréstimo contraído de um milhão, duzentos e trinta e um, tirando o que já foi pago, ainda deve um milhão, novecentos e doze; o de dois e cem, ainda deve três milhões, trezentos e quarenta e sete. O depoente disse que o empréstimo é de longo prazo. Disse que está imaginando o seguinte: o valor está sendo atualizado. Então, o Deputado pode estar demonstrando o aumento do endividamento, mas, o financiamento da CELG foi feito com taxas mais vantajosas, com taxas mais baixas, mais vantajosas para a CELG, em nível de mercado. Depoimento do Sr. Paulo Hernani, proprietário da empresa Arca Eletro e Eletrificação Ltda.: Em síntese, em suas considerações iniciais, o depoente, PAULO HERNANI, disse que sua empresa, Arca Eletro e Eletrificação Ltda., teve início em 1991, em Luziânia, com o objetivo de construção de redes. Posteriormente, numa concorrência que houve com a CELG, ela começou a prestar o tipo de serviço que é descrito, até hoje como serviços comerciais e que engloba as atividades de suspensão e 340 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA restabelecimento do fornecimento, bem como vistoria da suspensão do fornecimento, leitura do medidor, visita sem execução do serviço, retirada, instalação de equipamentos de medição, apresentação de conta, apresentação de aviso de vencimento, suspensão e restabelecimento do fornecimento do poste, ligação nova, mudança de padrão, detecção por irregularidade, suspensão e restabelecimento do fornecimento na mufla, atualização da base cadastral de clientes e de unidades consumidoras; e, por fim, leitura de medidores do grupo “B”, de unidades consumidoras localizadas em área rural a serem executadas nas áreas de cada um dos contratos. Disse que a empresa tem, hoje, três contratos dessa natureza. Afirmou que, quando comprou a parte de um dos sócios da empresa Arca, em 1995, ela já prestava esse tipo de serviço para a CELG. Que, nessa época, já havia um administrador e, portanto, nessa época, não fazia parte de sua administração direta. Em 1997, a empresa foi vendida, parte dela para um terceiro sócio, que foi administrar. Nós vendemos 16% do capital da empresa para essa pessoa. Ele administrou a empresa até 2000. Quando ele manifestou interesse em sair, compramos novamente a participação dele e colocamos um outro administrador até 2004. Em 2004, esse novo administrador – de 2000 a 2004 – quis se afastar da empresa e, aí, foi quando eu assumi: de 2004 para cá. Administração, vamos dizer, direta, mas, sem me incluir na parte técnica, porque eu não sou engenheiro, não sou engenheiro elétrico, não entendo disso. E entreguei a administração para uma pessoa bem qualificada. Portanto, a minha atividade ficou mais ou menos na parte 341 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA financeira. Precisou de dinheiro, eu vou lá; não precisou, eu não vou lá. Então esse é o tempo decorrido até este momento. O depoente contou que a empresa Arca tem, hoje, com a CELG, quatro contratos distintos, porém todos eles com a mesma atividade. Que um deles é o da Região de Luziânia; outro, na Região de Morrinhos, tem de Formosa, porque a CELG não tem um escritório regional em cada uma dessas cidades, portanto ela também faz a supervisão por Região. Que, além desses, tem um contrato de veículos que se chama USL – Unidade de Serviço Leve. Que coloca esses veículos à disposição dos escritórios da CELG para fazer algum tipo de serviço que a empresa não tem, contratualmente, obrigação de fazer. Que essas USLs vêm de 2003, eram 18 veículos e, com essas medidas de contenção da CELG, hoje, estão reduzidas a 13 veículos. O Deputado Relator perguntou ao depoente quem são os sócios da empresa Arca, sendo-lhe respondido que ele tem uma empresa, chamada PH Participações, que é uma empresa de participação, e a Arca. Que, hoje, 50% são dessa empresa e 50%, do Deputado Federal Nelson Tadeu Filippelli, que foi o fundador da empresa em 1991. O Deputado Relator perguntou ao depoente se ele tem tido dificuldade de receber da CELG, ao que lhe foi respondido que tem, hoje, cerca de quase quatro faturamentos atrasados da CELG, que totalizam dois milhões e setecentos mil reais. Que o faturamento dele, hoje, está em cerca de oitocentos mil reais/mês. O Deputado perguntou se o valor já foi bem superior e o depoente respondeu que não. Que confessa que nunca esteve nesse patamar ou acima disso de considerar três, quatro vezes o faturamento. Que a empresa já faturou mais. Que, 342 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA hoje, a CELG restringiu o trabalho. Que não sabe como estão fazendo lá porque o faturamento dele caiu, sensivelmente. O Deputado Relator disse ter informação, em notas fiscais, que, em 1999, o depoente recebeu mais de setecentos e vinte mil; em 2000, mais de dois milhões; em 2001, mais de dois milhões e trezentos; em 2002, foi de dois milhões e quinhentos; em 2003, foi de quatro milhões e oitocentos. Disse que o depoente assumiu a empresa em 2004 e que, aí, salta para sete milhões e seiscentos mil reais; em 2005, mais de doze milhões; depois, em 2006, mais oito milhões e novecentos; em 2007, mais de quatorze milhões; em 2008, superior a treze milhões e duzentos; em 2009, doze milhões. Perguntou, então, a que se deve esse aumento considerável de recebimento da CELG se se comparar do ano de 1999 para 2009. Que teve um aumento que sai de setecentos e vinte mil, isso o que recebeu, não é o valor contratual. Sai de setecentos e vinte e noventa e nove para mais de doze milhões em 2009. O depoente disse que setecentos e vinte, por mês, daria oito e quatrocentos, foi para doze. O Relator disse que não. Que setecentos e vinte mil no ano e pediu uma explicação disso ao depoente, a que se deve esse aumento. O Depoente respondeu que, basicamente, seu contrato corrente, a prestação de serviço constante, é essa prestação de serviço, na área de leitura. É o dia-dia. Então, hoje, tem trezentos funcionários, talvez nem isso. Que, nesse período a que o Relator está se referindo, ele não estava na Arca, mas tinha quinhentos empregados. Isso porque foi prestado um tipo de serviço que faz parte do contrato, mas ele não é corrente, não é constante. Disse que, por uma exigência da ANEEL, é o que teve notícia, porque não estava lá nesse período, ela obrigou que se fizesse, para efeito de tarifação, rever tarifas, todas as concessionárias, e isso foi no Brasil inteiro, não foi só em Goiás, a atualização da base cadastral de clientes. Que foi um trabalho diferenciado, e a atualização 343 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA da base cadastral de unidades consumidoras, outro tipo de trabalho. Que isso quer dizer que esse cadastramento já deveria ter sido feito pela CELG, durante sua existência. Que ela coloca um poste aqui, outro poste lá, outro transformador lá, e assim, sucessivamente, até levantar o ativo que ela tem, de dez mil postes, de cinquenta mil transformadores. Que todas as empresas do Brasil deveriam ter feito isso. Que a ANEEL, obrigou que se fizesse esse tipo de cadastramento. Aí, eles criaram esse trabalho, já era contratual, já existia dentro do contrato, mas não se executa isso, constantemente. Então, por isso que foi feito esse aumento de faturamento, porque o serviço foi feito todo de uma vez. Que pegaram todo o patrimônio da CELG na sua região e levantou poste por poste, numeramos poste por poste. Daí esse crescimento nesse período. Que isso foi feito nesse período que aumentou a fatura, porque, depois, voltaram a fazer o serviço normal, que eram aqueles setecentos, oitocentos mil reais por mês, que voltou ao que é hoje. O Deputado Relator perguntou ao depoente o ano específico em que ele fez esse trabalho. Se foi durante um ano, sendo-lhe respondido que por mais de um ano. O Deputado Daniel Goulart perguntou ao depoente, com relação a doações de campanha, campanha eleitoral, se a empresa que o depoente representa tem conhecimento do valor que ela promoveu de doação nas campanhas eleitorais, pelo menos nas últimas eleições. O depoente respondeu que sua empresa não participa de campanha eleitoral. O Deputado Daniel Goulart disse ao depoente que o exsecretário de Minas e Energia, Benjamin Bezze, afirmou, na Comissão, 344 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA que, na CELG, existem as empresas que entram numa concorrência para ganhar, e as outras que entram para participar é para perder. Que, muitas vezes, é um jogo de cartas marcadas e que é tudo loteado. Que tem um grupo de empresas que não sai da CELG, e, a cada ano, se fortalece e cresce mais ali na CELG. Que o ex-secretário disse, inclusive, que tentou mudar um pouco essa política e foi ameaçado de morte. Perguntou ao depoente o que ele teria a lhes falar sobre essas considerações do Dr. Benjamim. O depoente disse que, particularmente, com relação à Arca, a partir do momento que passou a administrá-la, jamais teve qualquer tipo de relacionamento com pessoas da CELG que pudesse traduzir dessa forma. Disse que, portanto, a afirmação dessa ilustre pessoa da Minas e Energia, na ótica e vivência da Arca, junto à CELG, improcede. O Deputado Daniel Goulart perguntou ao depoente se, com relação aos aditivos, é normal os aditivos todos os anos. Se ele sabe lhes falar sobre os aditivos. O depoente respondeu que tem todos os anos. Que estão todos com ele. Que esses aditivos vêm sendo feito, sistematicamente, em função da impossibilidade da empresa de levar efeito a licitação, até porque este é um problema sério que está levando a devolver os contratos. Que o tempo vai tornando o valor defasado e eles não estão dando conta mais de sustentar. O Deputado José Nelto perguntou ao depoente se ele abriria o sigilo bancário de sua empresa, sendo-lhe respondido que sim, que não só o dela, como das outras. Que não tem o que esconder. O Deputado Presidente da Comissão pediu ao depoente que lesse, de novo, a relação de serviços prestados por sua empresa. O depoente disse que esse tipo de contrato é de serviços técnicos 345 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA comerciais que consiste em: atividades de suspensão do fornecimento; restabelecimento do fornecimento; vistoria da suspensão do fornecimento; leitura do medidor; visita sem execução do serviço; retirada ou instalação de equipamento de medição; apresentação de contas; apresentação de avisos de vencimentos; suspensão do fornecimento no poste; restabelecimento do fornecimento no poste; ligação nova; mudança de padrão; defecção por irregularidade; suspensão de fornecimento na mufla; restabelecimento do fornecimento na mufla; atualização da base cadastral de clientes; atualização da base cadastral de unidades consumidoras e leitura de medidores do grupo B de unidades consumidoras localizadas em área rural. O Deputado Coronel Queiroz perguntou ao depoente se todos esses serviços são feitos na zona rural, ao que foi respondido que sim, que infelizmente, porque essa leitura rural é complicada por causa do preço. O valor dela é muito difícil de ajustar. O Deputado Coronel Queiroz perguntou ao depoente se os contratos que ele pega de serviço passam por licitações, ou nos aditamentos. O depoente respondeu que existe a licitação, que é o início do contrato e os aditivos que são feitos são os permitidos pela Lei de Licitação. O Deputado perguntou se, uma vez ganha a licitação, a continuidade do serviço vai sempre por aditivo e o depoente respondeu que, se o preço interessa para a empresa, para a CELG, por exemplo, e interessa para eles, o contrato é prorrogado dentro daquele período que a lei permite. Disse que, hoje, estão em um problema diferente, pois os últimos contratos estão sendo feitos com seis meses, que já não está dentro daquele padrão mais de doze meses, que é o que a lei permite. 346 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Relator perguntou ao depoente, dessas três empresas prestadoras de serviços, nesses serviços específicos de leitura, corte, religação, qual o percentual que a Arca tem, hoje, do total do serviços realizados, sendo-lhe respondido que não pode precisar o que a Evoluti faz e nem o que a MW faz. O Deputado Relator perguntou ao depoente qual o lucro líquido anual da Arca com os contratos da CELG e o depoente respondeu que, quando se faz a licitação, eles já colocam lá um valor que é estipulado do lucro líquido, que gira em torno de 20%. Que, hoje, estão tendo prejuízo, tanto que está devolvendo dois contratos, e dois que vencerão em junho, serão devolvidos. Que, se a Arca e a CELG não entrarem em um acordo, se a CELG não revisar os preços, não terão condições de continuar. O Deputado Relator perguntou há quanto tempo esses contratos dão prejuízo, ao que lhe foi respondido que, no ano passado inteiro, trabalharam, praticamente, com prejuízo. O Deputado Relator perguntou ao depoente quantos carros alugados ele possui na CELG e o depoente respondeu que eram 18, hoje são 13 veículos. Perguntou quanto está o aluguel de cada carro, desses treze veículos, sendo-lhe respondido que o contrato que está com ele em mãos está com um milhão e quinhentos e oitenta e seis reais, por 24 meses. Isso dá cento e vinte e dois mil, por veículo, em 24 meses. Dividindo por 24, tem-se a locação do veículo de cinco mil e oitenta e três reais. São veículos saveiro com os equipamentos que a CELG estabelece. 347 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Humberto Aidar perguntou ao depoente quantas dispensas de licitação houve de 1995, quando ele entrou na empresa, até agora, sendo-lhe respondido que, que ele saiba, nenhuma. O Deputado Relator perguntou ao depoente, se, quando da assinatura do contrato, não há essa questão do recadastramento, sendo-lhe respondido que sim e que, dentro do contexto dos serviços técnicos dos comerciários, deve ter uns 100 itens que são licitados. Que é um que faz uma vez só, por exemplo, cai o medidor não sei de quem, vai colocar o medidor lá. Sendo-lhe questionado se houve aditivos no contrato, o depoente respondeu que sim. Que, no contrato de Luziânia, vai ter um aditivo, dizendo que aumentou isso no recadastramento, no de Formosa, idem. Disse que um desses aditivos aqui já consta. Depoimento do Dr. Ricardo César do Espírito Santo, Diretor Presidente da Comar: Em síntese, em suas considerações iniciais, o depoente, RICARDO CÉSAR DO ESPÍRITO SANTO, contou que, em 1979, juntamente com um amigo e sócio, criou a Comar. Que, em 1980, a Comar trabalhava com pequenas obras, particulares, porque não tinha condições e nem acervos técnicos para trabalhar diretamente com a CELG. Que essas obras foram servindo de acervo técnico, onde o depoente, como engenheiro, poderia assinar por essas obras. Que, adquirindo esses acervos técnicos, pôde, ao longo dos anos, adquirindo a graduação, dentro das atividades que a CELG exercia no o Estado. Que seu objetivo era, exatamente, prestar serviços, na área de energia elétrica, objetivo esse, conquistado. Que os primeiros contratos da empresa com a CELG foram formalizados por volta de 86, 85. Que, sempre buscando os degraus que a concessionária exigia, para cada 348 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA tipo de serviço, teria de ter uma atestação competente para que melhorasse o nível de prestação de serviço, dentro da empresa. Contou que, hoje, a Comar presta serviço, na área de energia elétrica, na construção civil, junto a outras concessionárias, como a CEB, em Brasília e a Cemig, em Minas Gerais. Que esses serviços são correlacionados com serviços que também presta em Goiás. Que a empresa atua em redes de distribuição, em linhas de transmissão, em construções de subestações, linhas de transmissão até a tensão de 230 bivolts. Na fase de questionamentos, o Deputado Daniel Goulart disse ao depoente que a Comissão Parlamentar de Inquérito recebeu, há poucos dias, o ex-secretário de Minas e Energia do Governo Maguito Vilela, Benjamin Beze, que foi também Presidente do Conselho de Administração da CELG e Diretor da CELG. Que o ex-secretário afirmou, com muita clareza, que, na CELG, tem um grupo de empresas que, entra governo, sai governo, continuam ali e que as coisas lá são mais ou menos loteadas. Que ele foi, inclusive, ameaçado de morte. Perguntou, então, ao depoente se, em algum momento, a empresa que o depoente preside questionou a licitude, a transparência de algum processo licitatório, onde a empresa se sentiu prejudicada, foi para a Justiça. Perguntou, também, ao depoente, o que ele achava dessa afirmação do Sr. Benjamin Beze. Perguntou, também, qual foi o faturamento da empresa, junto à CELG, em 1998? O depoente respondeu que só pode dizer que a Comar sempre se portou da forma mais tranquila, em todos os sentidos. Que todos os processos, junto à CELG, vieram via licitação e, de maneira alguma, a Comar se sente nesse meio ao qual a pessoa que o Deputado falou, se colocou. Que a Comar não tem nenhum vínculo nesse sentido de estar dentro da CELG 349 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA com benefício ou qualquer outra coisa. O depoente respondeu que, em relação à questão de ter questionado alguma coisa, a Comar já questionou alguns editais, não se recorda quais, questionamentos esses, sempre na área administrativa. Que, às vezes, em algum sentido, em algum momento, se sentiu prejudicado por não poder participar de determinados certames nos quais, às vezes, entrou com alguns questionamentos, no sentido de que isso pudesse ser revisto. Quanto ao faturamento, em 1998, o depoente respondeu que foi em torno de cinco milhões de reais. Porém, o Deputado disse que o faturamento, apontado pelo Tribunal de Contas do Estado, foi de cinco milhões e novecentos e dezessete mil, em 1998. O Deputado Daniel Goulart perguntou ao depoente como tem sido a política de aditivos. Se a Comar tem conseguido com certa facilidade, ou não. Se, com relação às faturas, se tem recebido em dia. Se, no ano passado, recebiam mais em dia. O depoente respondeu que, com relação a aditivos, todo contrato, por questão de licitação, dentro da Lei nº 8.666, pode ser aditivado em até 25%, ou pode ser suprimido, também, em até 25%, e que têm os aditivos relativos a períodos. Que existem, dentro da CELG e, também, dentro de outras empresas, para quais presta serviços, os aditivos de contrato. Que, às vezes, os contratos são firmados para dois, três, quatro anos e eles podem ir até, lhe parece, por sessenta meses. Que, então, vão usando dessa prerrogativa para que esses aditivos sejam feitos. Que, realmente, existem aditivos de contratos. Que possui contratos aditivados na CELG e junto à Cemig. O depoente respondeu, ainda, que, com relação às faturas, existem atrasos, às vezes, de trinta, de sessenta dias. 350 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Daniel Goulart perguntou ao depoente, com relação a doações para campanha eleitoral, se a Comar tem feito doações regulares, que o candidato presta contas no TRE. O Deputado respondeu que, que ele se lembre, não fez doações. Que, se houve, foi de maneira legal. O Deputado Relator disse ao depoente perceber, no faturamento da Comar, algo que lhe chama atenção. Que ele fala em um faturamento, em 1998, de mais de cinco milhões. Isso, em um ano eleitoral. Que, em 1999, já um novo governo, esse faturamento cai para quinhentos e cinquenta e sete mil reais. Perguntou se ele se lembrava o motivo dessa queda brusca de faturamento, de um ano para outro? O depoente respondeu que isso se baseia muito em licitações que são colocadas a público. Que, geralmente, em ano de eleições, são realizadas muitas obras e, obviamente, a empresa procura participar dessas licitações, dentre as quais, foi vencedor em algumas. Disse que, quando inicia governo, os investimentos são poucos. Que, então, quase que não se praticam as licitações. O Deputado disse ao depoente haver um crescimento, depois, gradativo: em 2000, um milhão e oitocentos; 2001, dois e quatrocentos; 2002, que é um outro ano eleitoral, dois mil e setecentos; 2003, dois mil e oitocentos; 2004 salta para cinco milhões; 2005, seis milhões e seiscentos; 2006, seis milhões e oitocentos e sessenta; 2007, seis milhões, setecentos e setenta e nove; 2008, sete milhões, quinhentos e sessenta e um; 2009, oito milhões, duzentos e noventa e quatro.Que, enfim, a empresa tem, a cada ano, trabalhado mais para a CELG, tem conquistado mais contratos. O depoente respondeu que sim, que, não só para a CELG, que procura buscar obras no mercado. 351 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Relator perguntou se, nos contratos do depoente com a CELG, existe dispensa de licitação. O depoente respondeu que isso não é praxe, mas já ocorreu, sim. Que já ocorreu, quando se está terminando o contrato, e ainda não conseguiram colocar um novo edital na praça. Que, então, a administração pública tem essa prerrogativa e, às vezes, ela usa dessas prerrogativas. Na sua oportunidade de realizar questionamento, o Deputado José Nelto perguntou ao depoente, se a CPI precisar da quebra do sigilo bancário da empresa, se ele se importaria, ao que foi respondido que, havendo a necessidade, não tem por que. O Deputado Coronel Queiroz perguntou ao depoente se sua empresa aluga carros para a CELG, ao que foi respondido que não. O Deputado Relator disse ao depoente existirem empreiteiros que procuram a Comissão e dizem que, ao longo desses anos, e nunca dão, com precisão, em que período, quem é que está pedindo e tal, mas dizem que sempre foi comum, na CELG, o famoso 10%. Perguntou, então, se, nesse período de prestação de serviço da Comar, algum diretor, alguém da Companhia teria feito essa proposta para a empresa. O depoente respondeu que nunca fizeram nenhuma proposta nesse sentido. Que pode afirmar que não tem isso, que não tem conhecimento nenhum de fatos dessa natureza. Depoimento de Luís Alberto Rassi – Diretor Presidente da empresa Fuad Rassi: 352 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Em síntese, em suas considerações iniciais, o depoente, LUÍS ALBERTO RASSI, disse que sua empresa foi fundada em dezembro de 1985, para atuar, tanto no mercado privado, quanto no mercado público. Que é uma empresa que tem, como clientes públicos, basicamente, todos os órgãos de atuação, na área de infraestrutura. Que presta serviço para Companhias Elétricas, praticamente, no Brasil inteiro, para empresas públicas que trabalham com terraplanagem, com obras civis e, também, nessa área de incorporação, onde atua com a construção de prédios residenciais, em Goiânia, e construção de obras privadas. Que tem, como clientes, hoje, a Prefeitura de Goiânia, DNIT, AGETOP, diversas áreas e, em outros Estados, tem atuação também. O Deputado Relator, na fase de questionamentos, perguntou ao depoente há quanto tempo a Fuad Rassi presta serviço na CELG, ao que foi respondido que o primeiro contrato da empresa com a CELG foi em 1993. O Deputado perguntou se, desse ano até agora, os processos são licitatórios ou a Fuad Rassi teve alguma obra que realizou por dispensa de licitação, ao que o depoente lhe respondeu que, que se recorde, foram todos licitatórios. O Deputado Relator mencionou ao depoente, no que tange aos contratos, a questão dos 25%, que é legal, isso já consta quando da assinatura, mas, na CELG, percebe que a questão dos 25% deixa de ser uma exceção, uma necessidade, para ser uma regra. Perguntou, então, ao depoente, se, nos trabalhos executados da Fuad Rassi, nesse tempo todo, também, a questão dos 25% tem sido uma tônica. O depoente respondeu que, no caso de sua empresa, isso não era regra porque a sua maior atuação na CELG foi construção de linhas e subestações. Então, tinha aditivo de 10%, 5%, às vezes não tinha nenhum em função de ser de construção. Disse que, talvez, em questão de manutenção, 353 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA esse fato ocorresse de uma forma mais usual por problemas licitatórios, problemas de que a Companhia não podia parar nesse caso. Que não é, normalmente, o caso de construção, o caso de linhas e subestações. O Deputado comentou com o depoente acerca dos preços, praticados pelas empresas que estão, há muito tempo, na CELG. Que na Comissão, pelo ex-secretário de Minas e Energia, que foi Presidente do Conselho, foi também, à época, Diretor Financeiro, é que as mesmas empresas estão na CELG, há anos, e que, aí, existe um acordo de cavalheiros entre essas empresas que permanecem na CELG e que os preços praticados são preços acima do mercado. Disse ao depoente que, há pouco, ele disse que a sua empresa trabalha fora de Goiás, tem contratos além do Paranaíba. Pediu que o depoente abordasse essas duas questões. Primeiro, quanto a essa declaração de que existe esse acordo – inclusive na hora das licitações. O outro é se os preços praticados pelas empresas realmente estão acima do mercado ou são preços praticados de forma que se poderia equiparar com outros Estados da Federação. O depoente respondeu que não. Que, quanto aos preços, eles são extremamente normais. Que os mesmos praticados por outros Estados e acredita que são até mais baixos do que em diversos outros Estados. Disse que, com relação à essa questão de as empresas serem as mesmas, ele não tem conhecimento disso. Que o que pode ocorrer, no setor elétrico, é que este é um setor bastante específico. As qualificações técnicas, em todas as companhias de eletricidade, em todo o Brasil, são bem mais rígidas do que, por exemplo, fazer obra civil. Que, então, a empresa tem que ter equipamentos próprios para aquele determinado serviço. Disse que, particularmente, não acredita que haja esse tipo de conluio, que acha que é mais por causa disso, pela própria qualificação técnica do processo. 354 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Relator perguntou, ainda, ao depoente, se a Fuad Rassi tem contrato de locação com a CELG, ao que lhe foi respondido que não, mas, que já participou de licitações desse nível, e perdeu. Que, particularmente, não vê problema nenhum nisso pela falta até de qualificação técnica. Que acha que a maior qualificação que se tem de ter para participar desse tipo de processo é a qualificação financeira, talvez. O Deputado Relator perguntou ao depoente quantos contratos a Fuad Rassi tem, atualmente, com a CELG, sendo-lhe respondido que, atualmente não tem nenhum. Que tem um contrato inativo por questões, talvez, desse problema financeiro que a CELG passa, atualmente, ele não foi realizado ainda. Que, em andamento, não há nenhum contrato com a empresa. O Deputado Coronel Queiroz perguntou ao depoente qual o último contrato que teve com a CELG, ao que lhe foi respondido que em 2005. O Deputado Relator disse ao depoente que muitos prestadores de serviços, que vieram à Comissão depor, disseram que, hoje, trabalhar com a CELG não é interessante, tendo em vista os preços e, às vezes as dificuldades de receber. Perguntou se o depoente, que prestou serviços, por um bom tempo, à CELG também, hoje, não presta mais serviço à Companhia, se existe algum motivo específico ou por que a CELG não tem feito obras, que é onde, lhe parece, a Fuad Rassi atua, em obras normalmente. O depoente respondeu ser, especificamente, em função das dificuldades financeiras da empresa. Que ela não tem executado um volume grande de obras, tem executado mais manutenções, esse tipo de serviços. Que, se ela estivesse atuando 355 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA no mercado, como atuava antigamente, é claro que estaria participando dela. Depoimento do Sr. Alves de Oliveira Ataídes, Diretor Presidente da Conselt: Em síntese, em suas considerações iniciais, o depoente senhor ALVES DE OLIVERIA ATAÍDES, disse ser Presidente da Conselt, desde 1989, quando saiu da CELG e foi trabalhar nessa empresa, como proprietário. Na fase de questionamentos, o Deputado José Nelto perguntou ao depoente se ele tem, na sua empresa, carro locado para a CELG, quantos carros, quais são e os valores. O depoente respondeu que, locado, não tem nenhum. Que, nos contratos que tem, tem de vir acompanhado de um veículo, seja ele caminhão, carro fechado, caminhoneta, e um motorista eletricista, ou um veículo, motorista eletricista e mais um eletricista. Que tem um caminhão acompanhado de sete elementos. O Deputado José Nelto perguntou qual o valor do caminhão com sete trabalhadores, sendo-lhe respondido que tem um contrato que possui um caminhão de plantão de emergência, três turmas pesadas. O Deputado perguntou qual o valor do contrato dos caminhões e das caminhonetes, ao que lhe foi respondido que esse contrato, que é o maior, deve estar girando em torno de 3 milhões e 600, mais ou menos. Que já chegou até a 4 milhões, quando podia colocar o eventual de 25%. O Deputado perguntou quanto um caminhão desse fatura da CELG. O depoente respondeu que, mais ou menos, uns 50 mil reais por mês. Que, no mês de janeiro, faturou 48 mil reais, porque não estava 356 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA tendo serviço. Já as caminhonetes de emergência, na faixa de 15.500,00 a 16.500,00, por carro. O Deputado Relator perguntou ao depoente há quanto tempo a Conselt Engenharia presta serviço na CELG, sendo-lhe respondido que há 21 ou 22 anos. Que adquiriu a empresa em 1989 e, de lá pra cá, tem trabalhado, constantemente, para a CELG. Perguntou, também, qual é o faturamento, hoje, mensalmente, dos contratos da CELG com a Conselt. O depoente respondeu que, hoje, com todos os contratos que tem na CELG, fatura, em média, 500 mil reais por mês. O Deputado relator disse ao depoente que alguns depoentes que passaram pela CPI, prestadores de serviços, empresas que prestam serviços semelhantes ou similares à Conselt, reclamam que, atualmente, tem tomado prejuízo, trabalhando com a CELG. Perguntou, então, como é que está a situação da Conselt, nesse momento. O depoente disse que a Conselt é uma empresa que trabalha sem muito movimento. Ela trabalha pensando em fazer um serviço, sempre de boa qualidade, mas pelo menor custo. Que, por isso a Conselt, hoje, está trabalhando ainda com a CELG. O Deputado perguntou, ainda, se todos os contratos que o depoente tem, nesses anos com a CELG, foram licitados, ao que o depoente respondeu que sim. Perguntou se houve alguma dispensa de licitação e o depoente respondeu que, dos contratos que trabalha, nenhum foi com dispensa de licitação. O Relator disse, ainda, ao depoente que outra questão que chama a atenção é a dos 25%, que é legal, que normalmente seria exceção, mas que vem sendo usada como regra. Que percebem que sempre a questão dos 25% se faz presente em vários contratos, de várias empresas que prestam serviços para a CELG. Perguntou se, nos 357 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA contratos da Conselt, também tinham utilizado esses 25%, por conta da impossibilidade de nova licitação. Que, de algum tempo para cá, não tem mais utilizado os 25% e isso já deve fazer uns três anos. Que foram criadas maneiras de trabalhar em outras caminhonetas e foi suprindo. Que, por isso não foi preciso utilizar os 25%. Que outras pessoas estão fazendo o serviço. O Deputado Relator perguntou ao depoente como é que se dá o serviço de medição, no serviço prestado por empresa, ao que lhe foi respondido que medição é feita pela CELG. O Deputado perguntou ao depoente se chegou a participar da troca de postes de aroeira pelos postes de concreto. O depoente respondeu que, até hoje, ainda faz o serviço de manutenção que precisa fazer. Que tem poste de concreto e de aroeira, poste de retirada de eucalipto e poste de trilho. Que esses postes são todos retirados das redes antigas; que é instalado outro poste de concreto novo, que pode ser duplo T ou circular, e esses postes são, devidamente, devolvidos a CELG através de documentos. O Deputado Relator perguntou ao depoente se ele tem conhecimento se, vez ou outra, houve algum leilão para vender essa madeira, sendo-lhe respondido que sim. Que foi feito, há uns dois ou três anos, um leilão dessa madeira. Que a Conselt não participou, mas muitas outras empreiteiras, muitas outras empresas que participaram, arremataram os lotes desses postes. Perguntou se o depoente tem conhecimento, por exemplo, desses postes de aroeira, em valor, se sabe, mais ou menos, o que vale um poste desse. O depoente disse que depende mais do estado dele. Que, se o poste está podre, não vale nada. Se está bom, hoje, um poste desse vale na faixa de cento e cinquenta, 358 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA acredita que até duzentos reais, quando o poste é de dez metros e que está muito sadio. Vale isso aí. O Deputado Relator disse ao depoente que o ex-secretário de Minas e Energia do Estado de Goiás, Benjamin Beze, fez uma denúncia no sentido de que, se se pesquisar vinte e cinco anos, que é o objeto da CPI, praticamente, as mesmas empresas prestam serviço à CELG, tanto na área comercial ou não. Que, segundo esse depoimento prestado aqui na CPI, ele chegou a dizer que, lá, as licitações são decididas, e que ainda usou o termo: “mesa de boteco”. Que são mais ou menos arranjadas as questões dessas empresas. Que as licitações são combinadas e nenhuma outra empresa consegue furar esse bloqueio, hoje existente, na CELG. Perguntou, então, o que o depoente teria a relatar a respeito dessa denúncia, especificamente. O depoente respondeu que está há 22 anos, trabalhando para a CELG. Que tem prestado um bom serviço. Que acredita que todas as empresas que tem prestado um bom serviço estão trabalhando, até hoje, e todas as empresas que prestam bons serviços estão saindo hoje para Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso e Amazonas. Esse pessoal está indo em busca de serviço lá, está pegando e fazendo um bom serviço. Que, então, acha que quem trabalha bem, trabalha, sempre, e muito. O Deputado Relator perguntou ao depoente se procede esta reclamação das empresas que dizem que, hoje, não está compensando trabalhar para a CELG, ou se, no caso de sua empresa, isso não procede. O depoente respondeu que já foi melhor trabalhar para a CELG. Que, hoje, não está sobrando praticamente nada. Que estão trabalhando na balança porque a segurança do trabalho está muito mais exigente, os equipamentos são mais caros. Que, então, sobra 359 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA menos, sobra pouco. Que estão engatinhando para prestar um serviço de qualidade e não ficar no vermelho. O Deputado Relator perguntou ao depoente se ele tem tido dificuldade para receber da CELG, sendo-lhe respondido que, hoje, está tendo atraso, numa média de sessenta dias, do pagamento, após o vencimento. Depoimento do Sr. Amós Vieira, Diretor Presidente da empresa Javaés: Em síntese, em suas considerações iniciais, o depoente, AMÓS VIEIRA, disse que sua empresa pertence ao ramo de eletrificação trabalhando para a CELG, há 18 anos, já atuando na área de manutenção e construção de rede de manutenção. Que a empresa foi fundada, em 1992 e, dois anos após, passou a fazer parte de seu quadro de sócios. Que também trabalha com prestação de serviços particulares e tem contratos de turmas pesadas com a CELG e contratos de turmas leves. Que, hoje, atua em outros Estados, que a empresa já trabalhou no Estado do Tocantins e, hoje, está com um contrato, no Estado do Amazonas. O Deputado Relator perguntou ao depoente de que se trata a expressão “turmas pesadas” e “turmas leves”. O depoente respondeu que a turma pesada é constituída de uma equipe com caminhão e esse caminhão é composto por uma equipe de sete funcionários: o encarregado, os eletricistas, que executam as tarefas que são dadas à empresa, na ordem de serviço, para cada etapa de serviço que executar. Que, então, após essa autorização de serviço, com a ordem de serviço que é dada, a empresa se desloca com essa equipe e executa o serviço que foi solicitado. 360 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Sendo perguntado qual é a região que a empresa do depoente está atuando, atualmente, o depoente respondeu que a Javaés está prestando serviços na região de Pires do Rio, com um caminhão, e outro caminhão dando suporte na região de Caldas Novas, Orizona. O Deputado Humberto Aidar perguntou ao depoente quanto é que fica cada caminhão com essas pessoas. Quanto a CELG paga por esse serviço. O depoente respondeu que, dependendo do mês, no mês com trinta dias, é lógico que vai ter mais disponibilidade para trabalhar, ele fatura, em média, em torno de 46 mil, 50 mil, uma média de 47 mil reais por equipe mês. O Deputado perguntou, desses 47 mil, 50 mil reais, o que seria o ganho da empresa com cada caminhão, sendo-lhe respondido que o ganho da empresa, hoje, está muito apertado. Para conseguir ter um resultado satisfatório, tem que trabalhar muito, esforçar muito, dedicar a empresa, senão corre o risco de tomar prejuízo, mas tem procurado ter resultados, até o momento tem procurado trabalhar para ter lucro. Perguntado pelo Deputado em número, o que seria isso, o depoente respondeu que gira em torno de 5%, 7 a 8%. O Deputado Relator perguntou quantos contratos, atualmente, a Javaés tem com a CELG e foi-lhe respondido três contratos. Perguntado sobre o valor, o depoente respondeu que tem um contrato, no valor aproximado de três milhões e trezentos, que é da turma pesada e da turma leve. Que tem um contrato de atendimento de emergência de turmas leves, no valor aproximado de 800 mil; e tem outro contrato, no valor aproximado de 570 mil reais (valor total do contrato). 361 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Relator disse ao depoente estar sendo a tônica das demais empresas, usar os 25%. Que, na verdade, é de lei, são aditivos e ele percebe que, ao longo desses anos que a Comissão está investigando, os 25% deixam de ser uma exceção para ser uma regra. Perguntou se, nos contratos com a Javaés, também tem acontecido. O depoente respondeu que tem contrato que foi acrescido, de acordo com a necessidade da empresa, por exemplo, época de chuva, normalmente, a CELG solicita que coloque mais veículos, então, utiliza esses 25% para prestar esse serviço de acordo com que a empresa necessita. Tem contrato, por exemplo, esse da USL, na realidade, reduziu o valor inicial. O Deputado Relator perguntou ao depoente quais são os serviços principais, prestados pela Javaé, nesses contratos, atualmente, com a CELG. O depoente respondeu-lhe que o principal contrato da empresa é o atendimento de emergência, que são esses caminhões de plantão, eles trabalham, como já disse no início, a CELG faz uma solicitação, por exemplo, um acidente, um caminhão bate ou um carro bate num poste, em qualquer local da região em que a empresa presta serviço, a CELG os aciona e a empresa desloca essa equipe para o local. Que esse pessoal chega lá, se o poste estiver quebrado, troca o poste; se estiverem danificados os cabos, a empresa os reconstitui; se houver necessidade de troca de transformadores queimados, a empresa também restabelece o sistema. Disse que, basicamente, a empresa trabalha no atendimento de restabelecimento de energias. Se o consumidor tem uma falta de energia na sua propriedade, na sua fazenda, no seu comércio, ele aciona a CELG; a CELG, através dos equipamentos de rádio, aciona a empresa, e essa vai até ao local para restabelecer a energia desses consumidores. 362 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Relator disse ao depoente que, quando se olha para a história da CELG, nesses 25 anos, que estão sendo investigados, sempre as mesmas empresas estão a prestar serviços na CELG. Que já foi dito na Comissão, inclusive, por um ex-secretário de Minas e Energia, que existe um acordo fechado entre as empresas, e que lotearam a CELG, ou seja, ninguém entra, mas também ninguém sai. Perguntou, então, se o depoente atribui isso ao bom serviço, prestado por essas empresas, a maioria delas goianas, ou se, realmente, tem essa possibilidade de esse acordo que foi denunciado aqui por esse exsecretário. O depoente respondeu que desconhece algum acordo que possa ter ocorrido, para alguma empresa ser beneficiada, para pegar um determinado contrato. O Deputado Relator disse ao depoente chamar-lhe a atenção, as empresas que compareceram à Comissão para prestar esclarecimento, foram unânimes em dizer que já foi muito bom trabalhar com a CELG, e está trabalhando dentro da legalidade. Disse que entende que a empresa tem que buscar serviço onde tem e ganhar dinheiro realmente. Disse que percebe que a justificativa também é muito parecida, que há muito não há licitação, foi ficando defasado. Perguntou ao depoente se, no caso da Javaés, a empresa permanece trabalhando com a CELG com esperança que a situação melhore, caso isso não se concretize, é pensamento também da Javaés, como outros que aqui vieram depor, que preferem entregar os contratos a continuar dessa forma com a CELG. O depoente respondeu que, hoje, a sua empresa está buscando outros mercados, inclusive, está com um contrato no Amazonas, “Luz para Todos”, também no setor energético. Que, no ano passado, começou esse contrato lá. Disse que a sua intenção de continuar com a CELG, claro que existe. Tanto é que visa ganhar pelo serviço que a empresa presta. Disse que é uma garantia de 363 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA mercado também. Que ele não pode, porque está ruim o mercado da CELG hoje, se desmobilizar. Que é muito caro. Que, então, tenta se manter para segurar-se no espaço. O Deputado Relator perguntou ao depoente se os contratos que tem no Amazonas, hoje, equivalem a serviços prestados à CELG, ou se é um pouco superior. O depoente respondeu que, na sua experiência, hoje, em outros contratos, teve a oportunidade de ser convidado para participar de contratos nos Estados do Mato Grosso, Minas Gerais – no Programa Luz para Todos, também, que os preços praticados, nos outros Estados eram, pelo menos, o dobro dos preços praticados pela CELG. O Deputado Relator perguntou ao depoente se, nos contratos da Javaés, houve alguma dispensa de licitação, sendo-lhe respondido que desconhece, na sua empresa. Que sempre participou de licitação. O Deputado Relator perguntou ao depoente se a empresa dele tem, também, esse trabalho de troca de postes, sendo-lhe respondido que sim. O Deputado perguntou se ele trocou muito poste de madeira, ao que foi respondido que sim, postes de madeira, postes quebrados de concreto, postes de trilhos. O Deputado perguntou como se dá, por exemplo, na época dos postes de madeira, que tem, aqui, denúncias do desaparecimento destes postes. Perguntou como é que funciona. O que fazem deste poste de madeira. Se devolvem à CELG, se isso é cadastrado, se a sua empresa tem isso cadastrado, se vê a quantidade. O depoente respondeu que é solicitada para fazer a entrega de um poste, esse poste tem um cadastro, feito pela CELG, que é o número de identidade dele. O Deputado perguntou se sempre teve esse 364 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA número e o depoente respondeu que não se lembra, mas, no passado, talvez há uns 8 anos, acha que não havia esse cadastro. Que, hoje, praticamente, não existe poste sem cadastro, mas, se por acaso, houver algum poste sem cadastro, ele tem uma coordenada, feito por um GP, que é arquivado no programa da CELG. Disse que, quando se implanta um poste, em algum lugar, faz-se a comunicação de que um poste daquela localidade foi retirado. Ele é trazido para o almoxarifado. A CELG emite um documento, solicitando a devolução. Devolve-se o poste, pega-se um documento de que ele foi devolvido e, aí, tem-se o controle. O Deputado perguntou ao depoente se isso aconteceu, mesmo antes desse período a que o depoente se refere de oito anos, se sempre teve esse cadastro. O depoente respondeu que sempre teve. Que, para se implantar um poste, é lógico que se retirou o outro. Que, se ele foi retirado, tem que ser devolvido. O Deputado Relator disse ao depoente que a Comissão solicitou à CELG o número de postes trocados, nesses vinte e cinco anos. Que quer saber qual o paradeiro dos postes de aroeira e de eucalipto. Disse que a pergunta é: se a CELG informar que a Javaés, por exemplo, fez uma troca de duzentos postes. Se a Javaés tem isso cadastrado na sua empresa, mesmo que seja de 10 ou 15 anos atrás. O depoente respondeu que sim. Que toda obra que lhes é repassada, tem o orçamento daquela determinada obra. Que, nessa obra, a empresa tem que falar o tipo de serviço que será feito e se tem retirada. E que, todo material que for retirado, não só poste, mas se forem retiradas cruzetas danificadas, isoladores quebrados ou algum transformador queimado, eles têm que ser devolvidos. 365 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Relator perguntou ao depoente se, durante esses anos, prestando serviço para CELG, a sua empresa fez muita iluminação em estádios, sendo-lhe respondido que fez iluminação em estádio, mas, não muita. Sendo-lhe perguntado quem o pagou, se foi a CELG ou foi a Prefeitura, o depoente respondeu que, quando fez em Rio Verde, foi a CELG que solicitou. Que ele fez serviço particular, também, em estádios de clientes seus e, lógico, que eles pagaram. Depoimento do Sr. Tuller Barbosa, Diretor Presidente da TC Engenharia: Em suas considerações iniciais, o depoente, TULLER BARBOSA, afirmou ser dirigente da TC Engenharia, empresa que presta serviços para a CELG desde 1995, 1994, não se recorda bem. Contou que sua empresa começou fazendo somente projetos, e que, nesse período, nunca fez projetos, diretamente, para a CELG, mas, somente privados. Depois, começou a prestar serviços para a CELG, principalmente quando iniciou, se não se engana, o Programa “Luz no Campo”. Disse que, depois, vieram os contratos de manutenção, os atendimentos de emergência, que fazem até hoje, inclusive ainda existe um contrato em vigor. Contou que presta serviços para outras empresas, dentro do Estado, para Furnas, já prestou serviços para outras concessionárias também e que não faz serviço comercial, de corte e de religaçao. O Deputado José Nelto disse ao depoente ter uma denúncia contra a TC Engenharia, que haveria contratado obras da CELG sem licitação e obra superfaturada. Perguntou, então, o que o depoente teria a dizer. O depoente respondeu que nunca contratou obra sem licitação, 366 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA nem superfaturada porque acredita que, em todas as contas da CELG, deve haver alguma aprovação. O Deputado José Nelto disse ter, ainda, outra denúncia de que há, na CELG, o chamado “rateio”, do qual a empresa do depoente participa. Que são as licitações dirigidas, em que o depoente seria detentor de um lote, a outra empresa, de outro lote. Que existem as chamadas concorrências dirigidas. Perguntou o que o depoente teria a dizer sobre isso, que respondeu entender que isso não exista, tanto, que já participou de licitações e perdeu, não foi vencedor. Disse que desconhece, totalmente, isso. O Deputado José Nelto perguntou, outrossim, qual foi o faturamento da empresa do depoente, durante o ano de 2009, ao que lhe foi respondido que, nesse ano, terá fechado vinte e cinco, vinte e seis milhões, por aí. O Deputado José Nelto disse, ainda, constar da denúncia que receberam, que o depoente é um colaborador de campanhas. Perguntou quantos candidatos o depoente ajudou, sendo-lhe respondido que nunca ajudou candidatos, nunca participou de palanques, não tem parentes Deputados, nem outro político. O Deputado José Nelto comentou, também, constar que, durante o período de campanha, é feito um rateio entre as empresas. Que está documentado. Perguntou se o depoente participa deste rateio, sendo-lhe respondido que não, que desconhece qualquer tipo de rateio que foi utilizado para beneficiar alguma campanha. 367 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado José Nelto perguntou ao depoente se a CPI precisar da quebra do sigilo bancário da sua empresa, se ele se colocaria à disposição. O depoente respondeu que está na CPI para contribuir e, se houver alguma decisão judicial nesse sentido, poderia fazer. O Deputado José Nelto disse-lhe que a decisão não era judicial, seria da CPI mesmo, se não existiria problema, ao que o depoente respondeu que não. Ainda com a oportunidade de fazer seus questionamentos, o Deputado José Nelto perguntou ao depoente qual é o serviço específico que sua empresa presta na CELG. O depoente respondeu que, nos contratos que teve com a CELG, já prestou serviço no “Luz para Todos”, de manutenção, de emergência, de atendimento de emergência e, eventualmente, algumas construções, obras que são licitadas das quais ele participa. O mesmo Deputado perguntou ao depoente quantos carros locados ele tem, na CELG, quais são os carros e qual o valor de cada locação. O depoente respondeu que não tem carro locado para a CELG. Que presta serviços de engenharia muito mais do que locação. O Deputado José Nelto perguntou qual o serviço de atendimento que o depoente presta para a CELG, sendo-lhe respondido que ele tem uma equipe de atendimento. Por exemplo: se cai uma árvore e a rede, em determinada rua, rompe, em função dessa árvore, esse pessoal vai lá e faz a recuperação do sistema, naquele momento. Que esse seria o atendimento de emergência. O Deputado José Nelto perguntou se esse carro está locado para a CELG. O depoente respondeu entender que não é um contrato de 368 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA locação, porém, tem, se não se engana, três caminhões e, em torno de trinta e poucos veículos, que prestam serviços para a CELG. O Deputado José Nelto perguntou se ele só ganha através do serviço prestado, ao que o depoente respondeu que somente através do serviço medido. Que, nos contratos de serviço prestado, o serviço é medido. Só recebe se for acionado. Que, nas turmas de emergência, de atendimento de emergência, que são turmas leves, eles são realizados por hora de disposição. O Deputado José Nelto perguntou ao depoente qual é o faturamento mensal de um caminhão. O depoente respondeu que, salvo engano, na última medição, esses três caminhões devem ter dado em torno de cento e pouco mil reais, cada um. O Deputado Relator, Humberto Aidar, disse ao depoente que gostaria de uma informação precisa: se não é locação, claro que tem o preço do veículo incluso no trabalho. Quantos caminhões a empresa do depoente tem, prestando serviço. O depoente respondeu que a empresa, no todo, se não se engano, em torno de uns quinze caminhões. Que, desses quinze caminhões, os que prestam serviço nestes contratos de manutenção, são três caminhões. O Deputado Humberto Aidar perguntou ao depoente, já que cada caminhão custa em torno de sete mil reais ou um pouco mais, dez mil reais, qual seria o lucro desses veículos que prestam serviço à CELG. O depoente respondeu que, se é que teve algum lucro, isso é em torno de 3 a 5%. Que não deve ser mais do que isso. Que varia muito, em função de época, de quantidade de serviço prestado, e em período de chuva, por exemplo, onde os acionamentos são maiores, literalmente, e 369 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA a despesa da empresa para isso é muito grande. Disse que, todo dinheiro advindo disso, existe a necessidade de se fazer desembolso, alojamento, refeição, combustível. Que esse caminhão trabalha com guincho e o guincho, praticamente, só funciona quando o caminhão está funcionando. Que, então, mesmo o caminhão estando parado, ele é um custo excessivo. O Deputado Relator pediu ao depoente que explicasse, então, onde é que está o lucro da TC Engenharia, trabalhando com a CELG. O depoente respondeu que, quando esses contratos foram licitados, a previsão de lucro, se não se engana, era em torno de cinco ou seis por cento, e não se lembra de todos os detalhes. Que, daí, os reajustes de pessoal e de combustível são muito maiores, na prática, do que o que estava previsto. Que, por exemplo, o salário mínimo tem subido de uma determinada forma que ele ultrapassou, e muito, as categorias menores. Que todas tiveram que ser elevadas para poder compensar isso, e que percebe que o reajuste, quando houve, porque no último ano nem houve reajuste, foi menor do que, por exemplo, o próprio reajuste de pessoal, e esses custos todos são bancados. O depoente continuou explicando que, por exemplo, todo equipamento de segurança, todo equipamento que tem uso obrigatório, é altamente caro. Que os veículos têm rádio, sinalizadores, detentores de tensão, aterramento, tem lorb basser, que é um equipamento para o qual se olha e é simples, mas custa cinco mil reais. O Deputado Relator disse ao depoente que um dos prestadores de serviço garantiu, literalmente, na Comissão, que está levando prejuízo. Que, no outro dia, também, um prestador de serviço disse que não está tendo lucro. Que pensa que a TC, mesmo que 370 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA pequena, está tendo, que não está trabalhando no vermelho. O depoente respondeu que sabe a respeito de sua empresa e que a política dela, hoje, inclusive, é não prestar serviços para a CELG porque não está compensando. Que, tanto é, que tem um faturamento, hoje, privado muito maior do que tem com a CELG. Que diria, hoje, que se lhe fosse oferecido um só contrato desses que tem, iria pensar duas vezes para aceitar isso, porque acha que não compensa, pelos preços que estão sendo praticados, hoje. O Deputado Relator disse ao depoente que gostaria que ele confirmasse que a empresa dele chegou onde está, hoje, graças a esses anos todos, trabalhados com a CELG. O depoente disse que não, que já fez muito serviço privado, e faz. Que tem cadastro da Cemig, em Furnas, que já fez serviços para Furnas e para outras empresas grandes e pequenas. Que, de certa forma, sua preferência de trabalhar, hoje, não é com a CELG. O Deputado Relator disse, ainda, ao depoente, que quando se busca as empresas prestadoras de serviços, quer seja na parte comercial, ou trabalhando nas hidrelétricas, percebe-se que há um grupo de empresas e não tem espaço para ninguém. Que, de uns vinte e cinco anos para cá, sempre as mesmas empresas. Perguntou ao depoente, em sua opinião, por que acontecia isso. O depoente disse que, a cada concorrência que participa, existe uma estratégia da própria empresa, onde ela vai ou não prestar serviços. Que é lógico que, prestando serviço em Goiás, as empresas daqui são, competitivamente, mais fáceis de prestar um serviço aqui do que as de fora. Que já fez serviço fora, em Pernambuco, em Mato Grosso, em Brasília, e tem uma dificuldade quando se desloca para outros locais. Que acredita, então, que as empresas daqui, que já estão mais habituadas a prestar o 371 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA serviço aqui, que conhecem melhor a Região, encaram isso como um desafio mais fácil de ser vencido. Que acredita que isso faça com que as empresas daqui prestem serviço há mais tempo, e isso, naturalmente, se for pegar empresas como Cemig, Copel, em todos os locais, as empresas locais são mais competitivas. O Deputado Relator perguntou ao depoente se a TC Engenharia participa, às vezes, de acordo de empresas, na hora da licitação. Se tem licitação ou tomada de preço que não lhe interessa em participar, mas, para ajudar uma outra empresa a vencer, a TC já participou. O depoente respondeu que desconhece qualquer tipo de acordo, formado entre empresas para participar de concorrência. O Deputado Coronel Queiroz disse ao depoente que ele está na CELG, desde 1994, há quinze anos, dezesseis, por aí, possivelmente. Que tem sempre aditamentos, e a empresa vai ficando debaixo do pano e vai tocando. Que o depoente disse que nunca trabalhou que não fosse com licitação. Perguntou, então, se ele tem continuidade de contrato lá. O depoente respondeu que os contratos que tem com a CELG são contratos que foram feitos com previsão já de cinco anos. Que, no vencimento desses cinco anos, em algumas situações, a CELG prorrogou esses contratos. O Deputado perguntou se o depoente saberia citar um dos contratos e por quanto tempo está e se foi estipulada a prorrogação. O depoente respondeu que acha que o contrato atual terminaria em, não sabe se terminaria em 30 de setembro, do ano passado, se está no último ano dele ou se ele está em um período de prorrogação. Mas, que acredita que esse contrato, se ele for de 2004, deve ter encerrado o período normal dele, em 30 de setembro de 2009. 372 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado José Nelto disse que, analisando os contratos com a TC Engenharia, pode afirmar que todos os contratos com a TC Engenharia sofreram acréscimos. Exemplificou com um contrato que tinha em mãos, que tinha o valor original de um milhão e trezentos mil reais e houve um reajuste de 25%, passando para um milhão, seiscentos e quarenta e mil reais. Exemplificou, ainda, com outro contrato, que foi reajustado em 14%, passando de três milhões, setecentos e cinquenta e um mil para quatro milhões e duzentos e cinquenta e quatro mil reais. Ou seja, disse o Deputado, um acréscimo de quase quinhentos mil, durante este período, num prazo de 12 meses. Disse se constatar que há um esquema, dentro da CELG, com as empresas e com as diretorias, um esquema viciado, corrupto, para manter as empresas lá. Que a empresa que entra na CELG não sai de lá. Que, se ela tiver uma certa “camaradagem”, a questão de um almoço de vez em quando com o diretor, com o Presidente, ela não deixa a CELG. Que passam os diretores, mas as empresas ficam lá. O depoente disse que esse aditivamento de 25% é previsto em lei e a Companhia pode utilizar isso, vislumbrando qual a necessidade de serviço que ela terá. O Deputado Relator disse que a questão dos 25%, sabe-se que é de lei, mas, mesmo sendo de lei, o que se percebe é que, na CELG, virou-se regra, não tem um contrato sequer que não tenha o aditamento de 25%. Que o depoente tem de convir que é um equívoco. O depoente disse que é uma prerrogativa da CELG, que não pode responder pela CELG, pelo que ela faz. O depoente disse que nos seus contratos de manutenção é que houve isso. Que, nos contratos que já fez de subestação e outros não tem os 25%. 373 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA O Deputado Relator perguntou ao depoente se ele se lembrava de quando os postes eram de aroeira, ao que foi respondido que sim, que, em diversas localidades, ainda se encontra poste de aroeira instalado na rede. O Deputado Relator disse ter uma denúncia, quando da troca dos postes de aroeira. O Deputado Relator perguntou, na época que o depoente trocou esses postes, para onde iam esses postes de aroeira. Respondeu que, na época, acha que a CELG fez grande quantidade de troca e ele não prestava esse serviço, não fazia e não fez serviço de troca de poste em nenhuma localidade. Que troca, eventualmente, onde tem um acidente, onde quebrou e tem que repor, se aquele poste era de aroeira eles colocam, mas na maioria, hoje, o que se troca é concreto. Que, na época em que a CELG investiu nessas trocas, ele nunca trabalhou para a CELG, nunca fez esse tipo de serviço diretamente para troca. O Deputado Relator perguntou ao depoente se ele tinha consciência, porque entre as empresas, sabe-se que, quando lida com o mesmo ramo, eles se conhecem, tem que contar. Perguntou o que fizeram desses postes de aroeira, ao que lhe foi respondido que não sabia, que não trocou, não participou da troca. O Deputado relator perguntou se o depoente já ouviu dizer que eles desapareceram. Que a denúncia é que foram vendidos e nenhum centavo entrou na CELG. Perguntou se ele tinha consciência, lembrança que um ex-presidente montou uma fábrica para plastificar os fios de baixa tensão, que eles têm uma proteção, e, certamente, preocupado com passarinhos, porque é fio de baixa tensão. O depoente respondeu que a rede de baixa tensão, hoje, pode ser feita com cabos de alumínio isolados. Que, antigamente, os cabos eram nus. Que isso é o 374 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA que sabe, durante todo o período que trabalhou na CELG, sempre foi assim. Que desconhece se alguém fez ou colocou. Que hoje, tecnicamente aprovado por norma, é fazer-se uso de cabo de baixa tensão isolado para 380 Volts. O Deputado José Nelto perguntou ao depoente se ele teve algum parente que foi Presidente, Vice-Presidente ou Diretor da CELG, ao que lhe foi respondido que é sobrinho do José Francisco das Neves que foi Presidente da CELG, durante um período. Depoimento do Dr. Paulo de Tácio Teixeira Rabelo, Diretor Presidente da Evoluti: Em suas considerações iniciais, o depoente, PAULO DE TÁCIO TEIXEIRA RABELO, diz que a Evolutti tem dezoito anos de história e mantém importantes serviços, nas melhores empresas do Brasil. Disse que, desde 2001, essa empresa gera resultados, através do serviço e proteção. Que faz esse serviço para Manaus Energia, que é uma empresa privada; Celpa, uma empresa privatizada; CPFL, também privatizada. Que esse serviço já é, hoje, um case, que quase todas as companhias buscam. Discorreu, também, sobre as atividades de sua empresa. Disse que, por meio de fontes, que são o orçamento da Evoluti, mais o sistema de GPIM da CELG, que é a folha de mediação, obteve uma melhoria da ordem de 35,3 milhões de reais, nos últimos 15 meses, que é o período que compreende esse contrato, entre setembro, outubro e dezembro de 2009. Disse que chegou a esse número porque houve o aumento do volume e eficiência dos serviços terceirizados, em 23,7 milhões e o que a CELG pagou à Evolutti foi 13,8 milhões. Disse que o déficit referente ao serviço executado com a estrutura da CELG 375 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA seria de 21,8 milhões. Disse que, para que a CELG pudesse manter uma estrutura própria, equivalente à da Evoluti, ela teria um custo de mais de cinqüenta milhões de reais, em 15 meses, isso com receita de pessoal, equipamento, etc. Disse que, caso a CELG executasse esse projeto com estrutura própria, mesmo com a eficiência equivalente ao período de terceirização, o resultado seria um déficit de 21,8 milhões porque ela colocaria, para dentro, os mesmos 27,3, mas ela gastaria 49,1. Disse que, no período anterior à Evoluti, a CELG, com o seu trabalho, conseguiu quase um milhão de reais, nesse mesmo período de 15 meses, para dentro do caixa da CELG. Que a empresa conseguiu dois milhões oitocentos e oitenta mil reais, um aumento de um milhão, novecentos e vinte mil, agregado aos 15 meses. Ressaltou que o importante é que esse um milhão, novecentos e vinte, se for multiplicado por dez, em 15 anos, serão onze milhões de reais, e com todas as dificuldades que teve, até porque, esse contrato sofreu combate externo e internamente, na CELG. Disse que o valor agregado em quilowatt/hora, tinha 1,83 milhões de quilowatt/hora, e, no período da empresa, foi 5,51, aumentando 3,68 milhões de quilowatt/hora. Que isso significa que há, por parte da Evoluti, um ganho de duzentos por cento, se se comparar a mesma curva de 15 meses antes, 15 meses depois. Disse que, então, que a Evoluti conseguiu colocar para dentro do caixa da CELG, duzentos e um por cento, esse valor negociado, porque, quando se pega alguma coisa, alguma irregularidade ou um gato, que é tão comum, negocia-se depois. Disse que, nos 15 meses anteriores, a CELG negociou 7,5 milhões de reais, e a empresa, 376 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 22,4 milhões de reais. Um aumento de quase quinze milhões de reais, nesses 15 meses, em quilowatt/hora. Que isso é importante e perenizado, dentro da CELG. Que isso deu um aumento, em comparação aos meses anteriores a outubro de 2008, um incremento de cento e noventa e sete por cento, nessas negociações. Disse que existem algumas dificuldades que a própria CELG tem, como, por exemplo, de ter medidores novos. Que a CELG não tem comprado medidores, e, se tivesse comprado medidores, os números seriam até bem maiores para a CELG e, consequentemente, para a Evoluti. Contou que, às vezes, a empresa vai ao cliente e não encontra nenhuma irregularidade, mas, que alguma coisa ali não está funcionando bem, o medidor está parado, ele tem algum problema de fábrica, e ele vai para a mesa da Evoluti, é arrumado, e que estima que dois Kilowatts/hora foram ganhos com isso, o que equivale a, mais ou menos, um milhão de reais, aos preços médios que a CELG pratica hoje. Disse que o serviço de recuperação de medidores evitou a compra de novos medidores e que isso deu uma economia para a CELG de novecentos e setenta mil, em um momento em que a CELG está sem dinheiro para comprar novos medidores. Na fase de questionamentos, o Deputado Relator disse ao depoente que o Senhor Benjamin Bezze Júnior esteve na Comissão, na qualidade de ex-secretário de Minas e Energia, em um período, depois esteve na Diretoria da CELG, e que disse, textualmente: “Olha, na CELG existe um grupo de empresas, esse grupo não sai, é um grupo fechado, os acordos são feitos, inclusive, em mesa de boteco”, e ele disse aqui: “Você fica com isso, isso fica para a gente, eu perco aqui, você ganha lá”. Que 377 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA disse, também, ter sido até ameaçado de morte, quando tentou mexer com essas empresas. Perguntou, então, se o depoente tem conhecimento dessa afirmação. O depoente respondeu que as pessoas, quando colocam coisas parecidas com isso, em sua opinião, extremamente graves, deveriam dizer o nome. Afirmou que todas as participações que a Evoluti fez, na CELG, foi através de licitação ou, em alguns momentos extraordinários, através de processos extraordinários. Que as licitações sempre foram publicadas, nacionalmente, que empresas nacionais vieram participar, e que algumas empresas nacionais acham difícil a participação, por causa do escopo, porque o escopo de serviço é muito grande e assusta, às vezes. Mas, que, mesmo assim, empresas importantes, do cenário brasileiro, participaram das últimas licitações que houve, nessa área. O Deputado Relator perguntou ao depoente qual o real valor do contrato Evoluti/CELG e se ele poderia apresentar, desse valor bruto, o que a Evoluti tem de lucro. Perguntou, também, se um serviço, que não é igual, mas similar ao da Saneago, o preço seria muito inferior àquele prestado na CELG. O depoente respondeu que os números da Evoluti estão abertos à CPI, crê que está faturando, mais ou menos, um milhão e 800 a dois milhões, no STC, e 1 milhão e 100, 900 mil, 800 mil, no outro contrato, que perfaz alguma coisa por volta de 3 milhões de reais por mês, que dá, mais ou menos, 36 milhões de reais por ano. Disse que a empresa está tendo algumas dificuldades, que não fala em prejuízo porque um empresário não toca uma empresa complexa, como a dele, com prejuízo, e nem outras empresas que, por acaso, não forem complexas. Disse que há muito tempo tem pedido à CELG para fazer a licitação, porque, há muito tempo, está extremamente prejudicado por 378 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA conta de algumas mudanças técnicas que tiveram que ter acontecido nesses últimos oito anos. Que mudanças significativas, no modelo energético, inclusive o que faz com que a empresa esteja passando por algumas dificuldades, porque a empresa tem de prestar o serviço, porque, se a CELG não recebe, ninguém vai receber. Disse que, com relação a Saneago, isso não existe. Que não se igualam os desiguais, que são coisas tão dispares que não tem muito como explicar. Exemplificou, falando do corte e restabelecimento de água e de energia. Que o cidadão, para ir cortar água, pega uma chave, faz o trabalho que tem fazer, lacra e vai embora. Mas, para fazer o corte de energia, tem de subir na escada, de ter um equipamento de proteção muito mais avançado que o da Saneago. O Deputado Relator disse ao depoente que o Diretor Presidente da Arca afirmou que essa empresa está tendo prejuízo, já há algum tempo, está devolvendo os contratos. Que sugeriu que as outras demais empresas estão tendo prejuízo. Perguntou, então se a Evoluti pode não estar ganhando o que deveria ganhar, mas prejuízo que não tem prejuízo. O depoente respondeu que, no caso da Arca e da MW, eles têm algumas regiões extremamente desfavoráveis, e nenhuma região muito favorável, porque na área de energia, a questão de densidade é muito importante. Disse que, quanto mais densa, melhor é o resultado. Então, não se pode comparar o resultado que se dá, no contrato em Goiânia, com o contrato que se dá em Jussara, ou em Firminópolis. Que, no caso da Arca e da MW, eles realmente perderam dinheiro, mas como a Evoluti ganha algum dinheiro aqui, hoje ganha menos que no passado, e em função do modelo, que mudou muito. Que a Evoluti ainda tem o benefício de trabalhar na área metropolitana, no centro de Goiânia, no Setor Oeste, no Setor Bueno, que são áreas extremamente 379 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA densas. Que ele também tem um prejuízo, em Goiás, que não é absorvido pelo prejuízo daqui, e no caso do Paulo, ele, realmente, pelo pouco que conhece, pois já trabalhou em outras áreas que ele trabalha, sabe, com certeza, que ele está tendo prejuízo sim. Que, por isso, está devolvendo. Que ele quis devolver os três e não era pressão. Que chegou à diretoria da CELG e disse não haver condições se a Companhia não licitasse, porque tem de mudar o modelo. Mas, que, de repente, sai no jornal acerca de um superfaturamento de 110 milhões de reais e atrapalha todo um processo licitatório. Disse que, na época em que aceitou ficar, combinou com a diretoria que, até março, eles iriam apresentar o edital para todos, sob pena de, realmente, a empresa não continuar mais em nenhum processo emergencial, a partir de junho, e eles disseram que, até março, colocariam o edital na rua. O Deputado Relator perguntou ao depoente quantos veículos locados para a CELG tem a Evoluti, ou ela não trabalha com aluguéis de veículos, ao que lhe foi respondido que a Evoluti não trabalha com aluguel de veículo. O Deputado Coronel Queiroz perguntou ao depoente desde que ano, a Empresa Evoluti tem contrato com CELG, sendo-lhe respondido que, se não lhe falha a memória, 1993, contratos pequenos. O Deputado Coronel Queiroz perguntou ao depoente se os contratos que a Evoluti tem de trabalho com a CELG, se todos eles, desde o início de 93, passaram por licitações? Se ele fez, também, por aditivos. Disse que pergunta isso porque existem algumas conversas, no sentido de que a CELG não tem nem mais como sair da Evoluti, tal o envolvimento administrativo, o que a Evoluti produz para a CELG. Perguntou se a empresa fica nas mãos da Evoluti. O depoente 380 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA respondeu que a CELG pode rescindir, não só da Evoluti, como de todas as quase cinquenta prestadoras de serviço dela. Que a CELG é muito maior do que elas. Que o que acontece é que a Evoluti teve a última licitação do STC, em 2002. Que, na Lei 8.666, pode-se manter, em trabalhos contínuos, até sessenta meses consecutivos. Que vence, com um ano, pode renovar por mais um ano, até completar cinco anos. Passou disso não se pode mais. Disse que a CELG chama para licitação e os órgãos de fiscalização e regularização não deixam fazer licitação, dizendo que está superfaturado. Que, aí, tem de voltar para a CELG, e isso demora. Tem que repensar, refazer planilha e etc., e que isso é problema da CELG. Como não se faz a licitação que deveria fazer, a CELG é obrigada, ela não pode rescindir. O Deputado Relator perguntou ao depoente se a Evoluti ainda faz locação de impressora, de notebooks à CELG, ao que lhe foi respondido que só tem um contrato, pequeno, no valor de, aproximadamente, cem mil reais, que envolve alguns equipamentos de impressão. Que, basicamente, é o serviço de impressão, no qual a empresa não recebe pelo equipamento, mas, pela quantidade de impressões. Que é um valor multiplicado e esse é um dos contratos que está negativo. O Deputado Relator perguntou ao depoente se, com esse processo desencadeado na Justiça que bloqueou bens, no atual momento, a Evoluti está impedida de receber alguma fatura da CELG e continua prestando o serviço. O depoente respondeu que a empresa não está impedida de receber alguma coisa da CELG. Que o juiz poderia ter feito isso, que, inclusive, o Ministério Público pediu isso, mas o juiz disse, literalmente, que a CELG não pode prescindir desse serviço porque, senão, seus problemas iriam aumentar, os seus furtos, os seus 381 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA roubos, os seus desequilíbrios, num momento crucial para a Companhia. Que o juiz orientou que se fizesse um bloqueio de automóveis e bens. O Deputado Relator disse ao depoente que, no ano de 2002, aconteceram várias dispensas de licitação, da ordem de mais de cinco milhões de reais. Pediu que o depoente fizesse uma explanação sobre o porquê dessas dispensas. O depoente respondeu que a Evoluti nunca teve nenhum instituto de dispensa de licitação, nem na CELG, nem em lugar nenhum. Que o que acontece é que, ao fim dos sessenta meses, a Lei das Licitações proíbe que continue o contrato em vigor. Mas, como há uma necessidade temporária, até que se corrija o erro que às vezes levantam, acertadamente, às vezes levantam injustamente, maldosamente, então há necessidade de se fazer um contrato de emergência. Que isso não é dispensa de licitação, um contrato de emergência. Disse que a Companhia não pode ficar sem o serviço. O Deputado Relator disse ao depoente, a título de esclarecimento, que trabalha com relatórios do Tribunal de Contas do Estado. Que, no ano de 2002, eles falam, realmente, em dispensa. Exemplificou: contratação de mão de obra para execução de serviços técnicos: leitura, suspensão, restabelecimento, no Município de Jataí. Cento e trinta e três mil. Cento e oitenta dias. Iniciou no dia 10/04. Disse que – dispensa - é o termo usado. O depoente respondeu que a dispensa de licitação é um instituto que existe na lei, mas são casos muito raros que se consegue isso. Que, por exemplo, a empresa não pode pegar dispensa de licitação pelo simples fato de que existem várias empresas que prestam serviço nessa área. Que pode ser que, tecnicamente, se fale isso, mas, internamente, isso é emergencial. Que é 382 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA porque não conseguiu fazer a licitação. Que dispensa de Licitação é outro instituto. O Deputado José Nelto pediu um aparte e disse que contrato emergencial é dispensa de licitação, sim. Que quer dizer, não se teve como fazer licitação, faz-se um contrato emergencial. Que a palavra está correta, contrato emergencial por três meses, ou seis meses, ou um ano. Exemplificou dizendo: caiu uma ponte, não tem tempo de fazer uma licitação. Então dispensa a licitação, faz-se um contrato emergencial para três meses e, se não concluir a obra, ele pode ser prorrogado por mais seis meses, mas o termo correto mesmo é dispensa de licitação, não se fez a licitação. O Deputado José Nelto disse ao depoente que parece que a empresa dele está envolvida, também, no contrato fraudulento com o Ipasgo e perguntou o que ele teria a dizer. Deixou claro que a denúncia que tem contra a empresa no Ministério Público, na justiça, não foi nenhum dos Deputados que fez. O depoente respondeu que tem contrato no Ipasgo, mas que era para ouvir o que tem para falar para poder resolver. Que teria de ver com ele por que é fraudulento, por que está falando. O Deputado José Nelto perguntou se o último contrato de leitura foi em 2002, se, de lá para cá, o depoente está em caráter emergencial e o depoente respondeu que, de lá para cá teve aditivos durante cinco ou seis anos. O Deputado José Nelto perguntou ao depoente se ele costuma ajudar nas campanhas eleitorais, e se ele ajuda, junto ao TER, ou caixa dois. O depoente respondeu ter bons amigos, mas, nenhum 383 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA desses bons amigos faz parte do mundo político, por uma questão de opção dele. Que não é político e não se mete em campanha. Que, se houve ajuda, e ele não crê que tenha havido, foi junto ao TRE. 6. PONTOS IMPORTANTES DOS RELATÓRIOS DO TCE Mais uma vez há de se ressaltar o importante trabalho realizado pelos Auditores de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, que muito contribuíram para os trabalhos dessa CPI. De endividamento uma da forma CELG didática, D por optaram períodos, por fornecendo estudar o subsídios detalhados sobre os fatos que contribuíram decisivamente para a situação em que a Companhia se encontra hoje. RELATÓRIO - PERÍODO DE 1983 A 1990: Cenário Econômico do Brasil Não haveria como ignorar no presente estudo os impactos que o cenário econômico do país nos anos analisados provocou para as empresas de energia elétrica, notadamente para o desempenho econômico e financeiro da CELG. Por esse motivo, alguns fatores foram citados a fim de se formar conclusões consistentes e contextualizadas. Dessa forma, no relatório se evidenciou que o período analisado foi marcado por dificuldades relevantes para o Sistema de Energia Elétrica. 384 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Deixa claro que a causa central se encontra na crise mundial que, ao afetar diretamente as condições e parâmetros das finanças públicas federais e estaduais, se transformou no elemento decisivo da reversão da capacidade e da estrutura de financiamento do setor. Quanto ao Sistema de Energia Elétrica, a redução do crescimento econômico fez com que a demanda apresentasse taxas declinantes de crescimento, gerando capacidade ociosa no sistema elétrico. Essa capacidade ociosa implicava o aumento dos prazos de maturação do capital investido e a diminuição da capacidade de autofinanciamento, entre outros problemas. E continua dizendo que o agravamento do desequilíbrio das contas externas do país levou as autoridades de política econômica a utilizarem o SEE como instrumento para a captação de recursos externos com a finalidade de contribuir para o equilíbrio da balança de capital. Em outras palavras, as autoridades governamentais subordinaram a política tarifária à política antiinflacionária, o que acabou por corroer a base de autofinanciamento. No plano interno ao Sistema de Energia Elétrica, ou seja, na contabilidade das empresas, o relatório destaca que chama a atenção a agravante das condições de financiamento. Os contratos básicos foram firmados no mercado de taxas flutuantes e em condições desfavoráveis em relação às taxas de juros. 385 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Outro fator citado como agravante da crise do setor foi a diminuição do aporte financeiro do governo (federal e estadual) no SEE. Essa redução se deveu à crise das finanças públicas: diminuição da receita e aumento das despesas, em especial das rubricas relacionadas com o endividamento público (juros e amortização). Sendo assim, segundo dados, conclui quanto a este ponto que o que levou o setor a um quadro de estrangulamento econômicofinanceiro foram os seguintes fatores: a capacidade ociosa do sistema elétrico, a subordinação das tarifas à política antiinflacionária e a indução aos empréstimos externos a taxas de juros flutuantes. Características Operacionais Há que se destacar aqui que segundo consta do relatório, os levantamentos tiveram como base, fundamentalmente, os Demonstrativos Contábeis. No entanto, a situação financeira também pode ser apresentada através dos relatórios de administração. Tais relatórios, conforme salientado pelos Auditores do TCE, apresentam informações importantes, as quais contemplam as características operacionais da empresa correlacionadas com os problemas econômicos vivenciados pelo país na época. Assim, destacouse o seguinte: Ano de 1983: - apesar das extremas dificuldades financeiras da empresa, novas fronteiras de desenvolvimento do setor eram abertas; 386 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - em dezembro do mesmo ano, a CELG atendia 508.000 consumidores e explorava toda sua capacidade instalada; - o consumo de energia elétrica do Estado havia crescido à taxa de 23% ao ano; - o setor industrial representava a classe de maior consumo, tendo ultrapassado a classe residencial em 31%; - apoiar o ciclo econômico do Estado representava o maior desafio para a empresa que para isso tinha como estratégia buscar junto ao Governo o aporte necessário para o seu equilíbrio econômicofinanceiro. Ano de 1984: - negociação comercial para transferência do acervo da Usina Hidrelétrica de Corumbá I da CELG para Furnas. Segundo consta, pelo parecer dos auditores independentes, datado de 20/03/1985, constante do relatório de administração analisado, a posição adequada do patrimônio da empresa em 31 de dezembro dependia do resultado das negociações. Ano de 1985: - Participação decisiva no desenvolvimento socioeconômico do Estado: 431 localidades atendidas, mais de 4.000 empregados; - Problemas econômicos País: remuneração do investimento abaixo da inflação; 387 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - evento de maior importância: andamento das obras da Usina Hidrelétrica de Cachoeira Dourada. Ano de 1986: - estratégias concentradas na construção de linhas de transmissão, redes de distribuição e da IV etapa da Usina Cachoeira Dourada. Ano de 1987: - maior consumidor: a classe industrial, com participação de 36%, ultrapassando a residencial que representava 30%; - atendendo diretrizes do Governo Federal foi adotada política de redução das despesas com pessoal em 3% em relação ao ano anterior. Ano de 1988: - causa dos prejuízos: baixa remuneração dos investimentos, devido aos níveis tarifários inferiores às reais necessidades para melhoria das instalações e expansão do sistema, bem como a captação de recursos com taxas e encargos financeiros acima da remuneração assegurada para o setor. Ano de 1989: - criação do Estado do Tocantins; 388 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - redução da área de atendimento: 638.742 Km² para 341.798 Km²; - Celtins – passou a ser responsável pelos investimentos e pela operação do sistema; -redução de empregados: 161 transferidos; - 779.505 consumidores; - política de estabilização da economia: redução das tarifas e liquidez – dívida com fornecedores: obras em andamento: gerou prejuízos. Ano de 1990: - 823.341 consumidores; - estratégias operacionais foram direcionadas para eletrificação rural; - instalação de 3.173 Km de linhas e redes; - prejuízos: devido aos problemas econômicos nacionais e aumento das despesas financeiras. Aspectos Patrimoniais 389 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Nesse ponto o relatório destaca que não foi possível verificar os saldos dos bens patrimoniais de forma individualizada, uma vez que não havia obrigatoriedade de realização de inventário eletrônico. Somente a partir de 1994 é que os inventários do imobilizado técnico passaram a ser formalizados eletronicamente. Discriminou através do quadro I, fls. 11, de acordo com o balanço patrimonial de 1983, o imobilizado da empresa (bens destinados à manutenção da atividade operacional), observando-se que no período de 1983 a 1990 o imobilizado era composto dos mesmos itens. venda da Usina Hidrelétrica de Corumbá I Conforme mencionado anteriormente, encontrava-se em fase de tombamento e negociação comercial a transferência do acervo da Usina Hidrelétrica de Corumbá I para Furnas. Desta forma, o relatório evidencia que a remuneração das imobilizações em curso referente ao período de janeiro de 1983 a dezembro de 1984 seria incluída nas negociações, quando estas fossem concluídas. Segundo consta do relatório constatou-se que em 23 de julho de 1984 foi firmado o Convênio nº ECV – 284/84 ”(obs: não se obteve informações exatas sobre o que significaria a sigla “ECV”), (Anexo 1), entre a CELG, Furnas e Eletrobrás, com a interveniência do Ministério das Minas e Energia e do Governo do Estado de Goiás, visando às negociações e transferências do acervo da Usina Corumbá I. Frise-se que nos termos do relatório, nos levantamentos documentais não foi evidenciada a realização de licitação para a 390 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA extensão do contrato, bem como da formalização da Dispensa de Licitação. Consta ainda que das análises das Atas de Reuniões do Grupo de Trabalho e dos Convênios ECV-284/84 e ECV-284-A/86 conclui-se que o total líquido dos investimentos realizados pela CELG na Usina Hidrelétrica Corumbá I foi 12.299.198,8 ORTN’s. (doze milhões duzentos e noventa e nove mil cento e noventa e oito ORTNs), equivalentes a Cr$ 61.096.601,000,00 (sessenta e um bilhões noventa e seis milhões seiscentos e um mil cruzeiros) e U$87.762.654,54 (oitenta e sete milhões setecentos e sessenta e dois mil seiscentos e cinquenta e quatro dólares e cinquenta e quatro centavos). OBS: para esta conversão foi considerado o dólar em 09/10/2009, no valor de R$1,74 (um real e setenta e quatro centavos). E mais, que o valor apurado no tombamento físico-contábil da UHE de Corumbá I foi 12.161.936.6950 ORTN’s (doze milhões cento e sessenta e um mil novecentos e trinta e seis ORTNs e sessenta e nove e cinquenta e um centavos), equivalentes a Cr$ 1.131.539.292.941 (um trilhão cento e trinta e um bilhões, quinhentos e trinta e nove milhões, duzentos e noventa e dois mil, novecentos e quarenta e um cruzeiros), acordado entre Furnas e CELG, em 27 de fevereiro de 1986, por meio do Termo de Aditamento ao Convênio (ECV 284 A/86), como valor definitivo para a negociação. Este valor, em dólar (09/10/2009), equivale a U$82.866.245,13 (oitenta e dois milhões oitocentos e sessenta e seis mil duzentos e quarenta e cinco dólares e treze centavos). Assim, concluiu que a Usina Hidrelétrica de Corumbá I foi vendida para Furnas S.A. pelo valor do tombamento, apurado pelo levantamento físico-contábil, valor este abaixo dos investimentos 391 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA aplicados, sendo que a diferença totaliza U$ 4.896.409,41 (quatro milhões oitocentos e noventa e seis mil, quatrocentos e nove dólares e quarenta e um centavos) ou R$ 8.446.306,23 (oito milhões quatrocentos e quarenta e seis mil trezentos e seis reais e vinte e três centavos). Distribuição dos bens para o Estado do Tocantins De acordo com o relatório, em 24 de maio de 1989, o Poder Concedente instituiu a “Comissão Especial de Tombamento” incumbida de realizar o levantamento físico-contábil do imobilizado da CELG, localizado no Tocantins. E, em de 30 de janeiro de 1990, por meio do Decreto nº 98.898/90, foram transferidas da CELG para a Celtins, as concessões dos aproveitamentos hidrelétricos, e de distribuição de energia elétrica (Portaria do Ministério de Minas e Energia nº 14/90, de 23 de janeiro de 1990). Entretanto, os bens e instalações vinculados às concessões permaneceram de propriedade da CELG, não sendo realizados os procedimentos para regularização dominial desse acervo técnico, cuja situação só foi alterada em 31 de novembro de 1999. Consta ainda que a CELG transferiu os bens e instalações do seu sistema elétrico, existentes no território do Estado do Tocantins, no valor de R$ 321.223.807,09 (trezentos e vinte e um milhões, duzentos e vinte e três mil oitocentos e sete reais e nove centavos), posição de 31 de agosto de 1999, objeto de inventário realizado por Comissão Especial de Tombamento, criada pelo Poder Concedente, por meio da Portaria DNAEE nº 83, de 24 de maio de 1989. Situação Econômica e Financeira 392 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Segundo o relatório, procedeu-se à análise das Demonstrações Contábeis da Cia Energética de Goiás, denominada à época Centrais Elétricas de Goiás, - CELG, referentes aos períodos de 1983 a 1990, utilizando-se a técnica dos ÍNDICES ECONÔMICOS E FINANCEIROS. Resultado da análise pela técnica dos índices Importante destacar aqui os resultados das análises efetivadas por cada índice utilizado: a) índice de participação de terceiros, onde se permite verificar em termos percentuais o comprometimento do patrimônio líquido (recursos próprios) em relação ao capital de terceiros (endividamento): - Participação de capital de terceiros: 1983 – 130%; 1985 – 166%; 1986 – 123%; 1987 – 155%; 1988 – 156%; 1989 – 221%; 1990 – 360%. Conclusão – a empresa passou a depender cada vez mais de terceiros, chegando a comprometer com dívidas, em 1990, 260% do patrimônio líquido. b) índice de composição de endividamento, o qual possibilita verificar, em termos percentuais, qual o montante do total das dívidas venceria até o fechamento dos respectivos balanços patrimoniais: - Dívidas de curto prazo: 1983 – 31%; 1985: 41%; 1986: 31%; 1988 e 1989: 50%; 1990 - 56%. 393 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Conclusão: alteração do perfil de endividamento. Estratégias: “encurtar” os prazos de pagamento das dívidas. c) índice de liquidez geral, o qual possibilita verificar a capacidade de pagamento a curto e a longo prazo (honrar compromissos): - capacidade de pagamento a curto e a longo prazo: 1983 – 0,17 centavos de disponibilidades e créditos – para cada R$ 1,00 de dívidas; 1984: 0,08 centavos; 1987: 0,14 centavos; 1988: 0,16 centavos e 1989: 0,08 centavos; 1990 – 0,12 centavos de disponibilidades e créditos – para cada 1,00 de dívidas. Conclusão: Em 1983, a empresa teria problemas para pagar as dívidas a longo prazo. Em 1990, a empresa tinha mais dívidas a curto e a longo prazo do que valores a receber. d) índice de liquidez corrente, o qual possibilita verificar a capacidade de pagamento a curto prazo: - Dívidas de curto prazo: 1983 – 0,55 centavos (capital de giro)– para cada 1,00 de dívida; 1985 – 0,61 centavos; 1986 – 0,61 centavos; 1987 - 0,40 centavos; 1990 – 0,22 centavos. Conclusão: o capital de giro da empresa também não era positivo. Problemas para honrar seus compromissos a curto prazo. e) nível de imobilização do patrimônio líquido, para avaliar se a empresa estava aplicando os seus recursos próprios e das dívidas a longo prazo nos bens utilizados para atividade operacional: 394 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - imobilização dos recursos não correntes: 1983 – 109%; 1984 – 114%; 1986 – 162%; 1987- 116%; 1988- 137%; 1990- 162%. Conclusão: Aplicação de todos os recursos próprios e empréstimos e financiamentos em bens de operacionalização da empresa. f) índice de giro do ativo, o qual possibilita verificar os resultados das vendas dos serviços em relação a todo o investimento feito na empresa: - retorno dos investimentos: 1983- 0,045 centésimos de centavos de retorno em vendas líquidas para cada R$ 1,00 de investimento na empresa; 1990 - 0,13 centavos para cada R$ 1,00 de investimento. Conclusão: Taxa de retorno muito baixa. Não recuperação dos investimentos. g) índice margem líquida, para verificar percentual de lucratividade em relação às vendas líquidas: - margem de lucro: 1983 – 0,13% de lucro para cada R$ 1,00 vendidos; 1984 – 0,029% de lucro para cada 1,00 vendidos; 1988, 1989, 1990 – anos em que apresentou prejuízos – 0,011%, 0,855% e 0,005%, respectivamente. Conclusão: prejuízos. 395 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Composição do Passivo Segundo consta do relatório procedeu-se a levantamentos dos principais credores e saldos das dívidas, colhendo-se informações do “demonstrativo de composição do passivo”, constante do “Relatório de Informações Gerenciais”, o qual classificava as dívidas em interna e externa. Nesse sentido, no relatório constam os quadros III e IV (fls. 27 e 28) onde se demonstram tais dívidas, com o nome e valor devido a cada credor. Observa-se que essas dívidas, segundo o relatório, estavam relacionadas à expansão do sistema elétrico e execução das obras das Usinas Corumbá I e Cachoeira Dourada. Considerando que não foi possível colher dados sobre as dívidas com os fornecedores, por ausência de documentos, apresentouse no relatório, quadro V, fls. 29, os nomes das principais empresas que forneciam produtos e serviços para a CELG, no período de 1983 a 1990, utilizando-se como critério de seleção as maiores movimentações ocorridas. Assim, observou-se que como as empresas eram do ramo de engenharia os objetos dos contratos consequentemente se referiam a obras em andamento. Conclusões referentes ao período de 1983-1990 - situação financeira negativa; 396 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - endividamento muito acima dos recursos próprios; - prejuízos nos exercícios de 1988, 1989 e 1990; - não havia retorno dos investimentos, a empresa não era rentável; - dívidas internas e externas. Principais credores: Eletrobrás, referentes a empréstimos para ampliação do sistema elétrico e de cotas do consumidor devidas e não repassadas; Banco Paribas, referente aos financiamentos para execução das obras das Usinas Corumbá I e Cachoeira Dourada; - principais eventos: venda da Usina Hidrelétrica de Corumbá I para Furnas e início dos procedimentos para a distribuição do acervo da CELG para a Celtins, em razão da criação do Estado do Tocantins; - a venda de Corumbá I foi realizada pelo valor do tombamento físico-contábil, valor este abaixo dos investimentos aplicados. Prejuízos: R$ 4.896.409,41 (quatro milhões, oitocentos e noventa e seis mil, quatrocentos e nove reais e quarenta e um centavos). RELATÓRIO - PERÍODO DE 1991-1994: Saliente-se que nesse segundo período analisado foi mantido o mesmo escopo do trabalho realizado no período anterior, bem como a mesma apresentação e formatação do relatório, ou seja, iniciando-se pelo estudo do cenário econômico do país; demonstrando 397 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA as características operacionais, através dos relatórios de administração; destacando os aspectos administrativos, como a questão das despesas de pessoal; passando pela situação econômica e financeira da empresa, através da análise dos índices já citados em linhas pretéritas e finalmente esboçando as conclusões pertinentes ao período analisado. Assim, resumidamente discorrer-se-á sobre este segundo período seguindo a mesma seqüência anterior, segundo dados do relatório: Cenário Econômico do país Pode-se destacar nesse período o fato de que o Sistema de Energia Elétrica, em decorrência da política tarifária do governo, que continha estratégias antiinflacionárias, passou a comprometer recursos financeiros na execução de obras que tiveram seus cronogramas de execução alongados, exigindo maiores custos financeiros. Dessa forma, a capacidade de autofinanciamento ficou comprometida e o setor vivenciou dificuldades e limitações marcantes, num período, contraditoriamente, de expansão das linhas de transmissão e de distribuição de energia elétrica. Destaca-se ainda que as empresas de distribuição de energia elétrica adiaram pagamento dos tributos federais, deixando de pagar a energia fornecida pelas empresas geradoras federais, o que agravou a crise no setor elétrico. O relatório evidencia também a publicação da Lei 8.631/93, que representou um marco na história do setor elétrico, já que tal lei 398 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA teve como principais méritos suprimir a equalização da tarifa, criar condições para conciliação de débitos e créditos entre todos os agentes do setor e facultar ao concessionário distribuidor promover alterações compensatórias entre os níveis das tarifas. Em 1994, com o plano real, iniciou-se a reforma do setor elétrico. Objetivo principal: criação de um mercado livre, por meio de incentivos à eficiência e limitação das intervenções governamentais. Características Operacionais Mais uma vez foram procedidos levantamentos através dos Demonstrativos Contábeis e dos Relatórios de Administração, evidenciando-se outra vez por cada ano o que os relatórios de administração narravam, dos quais se destaca o seguinte: Ano de 1991: - as medidas político-econômicas do Governo provocaram a limitação de créditos internos e externos, a elevação da carga tributária e baixos níveis de reajustes tarifários (abaixo da inflação); - buscando soluções, CELG: reduziu quadro de pessoal em 12%, elevou índice de produtividade na ordem de 20%, extinguiu cargos e funções gratificadas, implementando plano de cargos e salários; - consumo de energia registrou acréscimo de 4% em relação ao ano anterior – atendimento de 60.535 novos consumidores; 399 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - construção de 414 Km de linhas de distribuição rural e 436 Km de redes urbanas; - entrada em operação da Usina de São Domingos – desenvolvimento sócio-econômico da região; - obras da Usina Hidrelétrica Cachoeira Dourada: continuação efetiva. Ano de 1992: - valor das tarifas em função do custo do serviço remuneração garantida: 10% a 12% - legislação da época; - casos de não remuneração: compensação com ativos da União ou com excessos futuros de remuneração. Registro: conta “Resultados a Compensar”: sistema extra-patrimonial. Ano de 1993: - extinção da remuneração garantida; - Níveis das tarifas: propostos pelos concessionários, submetidos ao DNAEE - Departamento Nacional de Água e Energia Elétrica; - ressalva da Administração – 1993: mudanças na política do setor não foram suficientes para o equilíbrio econômico-financeiro, nesse exercício; 400 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - resultado negativo – 1993 – prejuízos muito acima dos de 1992; - crescimento das atividades da empresa (desenvolvimento do Estado): necessidade de abrir 760 vagas para a área operacional, primeiro concurso público; - crescimento do mercado da CELG em 7,1%, acima da média nacional; - expansão do sistema elétrico: duas obras: conclusão da primeira unidade – IV Etapa Usina Cachoeira Dourada. Primeira máquina: 01/12/93; Segunda unidade prevista para 19/03/1994; - segunda grande prioridade: programa de eletrificação rural: 20 mil Km de distribuição; Ano de 1994: - cenário econômico: duas fases: primeiro semestre: aceleração inflacionária, instabilidade e expectativa – antecedeu ao Plano Real; - segundo semestre: lançamento do Plano Real: valorização do Real- Dólar; - mudanças políticas tarifárias: aumento das receitas financeiras: em função dos empréstimos e financiamentos: 51% do endividamento; 401 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - a variação nominal - empréstimos 613%, com base na variação da taxa de câmbio, comparados aos 905% de variação da UFIR, resultando num ganho total de R$ 39.000,00 (trinta e nove milhões); - março de 1994: conclusão definitiva obras Usina Cachoeira Dourada: Potência: 150.000KW; - redução da compra de energia elétrica: ganho 11% em relação 1993; - reversão da multa no valor de R$11.101.023,60 sobre o ICMS recolhido em dezembro de 1994 – anistia Lei Estadual nº 12.471/94; - evolução das tarifas: acompanhou os índices da inflação até maio de 1994. Patamares da URV, (Unidade Real de Valor), ou seja, 64,35 URV/MWh, (Unidade Real de Valor por Megawatws hora), a partir daí congeladas por um ano; - o mercado cresceu 7%- 72.497 novos clientes; - em razão de todos esses fatos: após cinco anos de prejuízos – lucro: R$ 34.560.000,00 (trinta e quatro milhões quinhentos e sessenta mil reais); - fatores fundamentais: redução das despesas financeiras e operacionais, aumento da receita operacional e influências do Plano Real; - o patrimônio líquido da empresa cresceu 11,35% em relação a 1993; 402 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - destaca-se ainda - Governo do Estado de Goiás: alienação Mercado Nacional – Bolsa de Valores do Rio de Janeiro - 665.714.000 30/03/94 - ações preferenciais para pagamento de empreiteiras em exercícios anteriores. VENDA DE AÇÕES DA CELG Conforme salientado acima, em 30 de março de 1994, foi autorizada a venda de 665.714.000 de ações da CELG. Segundo dados fornecidos pela Secretaria da Fazenda, documento enviado a esta CPI, o valor apurado foi de CR$ 24.373.096.719,32 (vinte e quatro bilhões, trezentos e setenta e três milhões, noventa e seis mil, setecentos e dezenove cruzeiros reais e trinta e dois centavos) o qual transformado para reais, no valor de junho de 1994, equivale ao montante de R$ 8.862.944,26 (oito milhões, oitocentos e sessenta e dois mil novecentos e quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos), valor este não corrigido para 2008. Importante salientar que o valor apurado com a venda foi utilizado para o pagamento de débitos com empreiteiras que prestaram serviços para o Estado de Goiás, não entrando nenhum valor nos cofres da CELG. Aspectos Administrativos O relatório fez questão de destacar tais aspectos, tendo em vista que os levantamentos indicaram a existência de decisões 403 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA significantes nessa área, enfatizando-se as despesas de pessoal e com transporte, conforme se relata a seguir: Despesas com pessoal - 1991: 4.099 empregados; 1992: 4018 empregados; 1993: 3.974 empregados; 1994: 4.519 empregados; De acordo com as informações apresentadas nos relatórios da Administração, a alteração ocorrida no quantitativo de empregados ocorrida em 1992 e 1993 foi provocada pelas estratégias de redução de pessoal adotadas em 1991. Em 1993, as vagas surgidas das demissões não haviam sido preenchidas. Assim, com o crescimento das atividades da empresa, foi necessário abrir 760 vagas. Marco Histórico da política de pessoal da CELG: primeiro concurso público. Despesas com Transportes - em 1991 – veículos alugados: 66% do total da frota; - em 1994 – percentual aumentou para 73%; - análises dos contratos: levantamentos prejudicados – falta de documentos. Não há arquivos. Aspectos Patrimoniais 404 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Segundo o relatório mais uma vez não foi possível verificar os saldos de bens patrimoniais de forma individualizada, uma vez que antes de 1994 não havia obrigatoriedade de inventário eletrônico. - demonstrativo do imobilizado (dos bens destinados à manutenção da atividade operacional): quadro IV, fls. 15; - destaques: Valores mais representativos: em serviço: Reservatórios, Barragens e Adutoras: R$ 239.106.236; Máquinas e Equipamentos: R$ 1.048.743.840; em curso: obras em andamento: R$501.507.595; - 1991: principais obras em andamento: construção da IV Etapa da Usina Cachoeira Dourada e subestação de Iporá; - conclusão: redes de distribuições de Anápolis, Bela Vista de Goiás, Cristalina e Trindade, dentre outras; - 1992: 20 linhas de transmissão; - 1993: dezembro: primeira unidade da Usina Cachoeira Dourada – entrou em operação; - 1994: março - conclusão definitiva: acréscimo 105.000 kw de potência efetiva, atingindo 658.000 KW. Situação Econômica e Financeira 405 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Novamente procedeu-se à análise das Demonstrações Contábeis da CELG utilizando-se a técnica dos índices, já explicada em linhas pretéritas. Resultado das análises pela técnica dos índices – período 1991-1994: Aqui não se faz necessário explicar cada índice novamente, pois isto já foi feito quando da exposição do primeiro período estudado. Assim, se apresentam apenas os resultados a fim de compará-los mais tarde quando da conclusão do relatório, frisando que em alguns deles se demonstrou apenas o início do período e o ano final para se estabelecer um parâmetro. a) índice de participação de terceiros: - participação de capital de terceiros: 1991: 108%; 1992: 112%; 1993: 107%; 1994: 103%. Conclusão: Em 1994 a empresa comprometeu com terceiros 3% a mais do seu patrimônio líquido. No entanto, embora isso demonstre que a empresa estava endividada, houve redução significativa em relação ao período anteriormente estudado (1983 a 1990), quando este índice chegou a 360%. b) índice de composição de endividamento: - dívidas de curto prazo: 1991: 57%; 1994: 30%. 406 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Conclusão: alteração do perfil do endividamento – alongamento dos prazos para pagamento das dívidas. c) índice de liquidez geral: - capacidade de pagamento a curto e a longo prazo: 1991: 0,11 centavos de disponibilidade e crédito para cada 1,00 de dívidas; 1994: 0,18 centavos para cada 1,00 de dívidas. Conclusão: em 1991 a empresa teria problemas para pagar as dívidas a longo prazo. Em 1994 essa capacidade de pagamento aumentou para 0,18 centavos, apontando que a empresa ainda tinha problemas para pagar suas dívidas a curto e a longo prazo, pois tinha mais valores a pagar do que a receber. d) índice de liquidez corrente: - dívidas a curto prazo: 1994: 0,25 centavos de disponibilidade de crédito p/ cada R$ 1,00 de dívidas. Conclusão: A situação financeira da empresa, embora ainda desfavorável, apresentou sensível melhora em relação ao período anterior (1983-1990). e) nível de imobilização do patrimônio líquido: - imobilização dos recursos não correntes: 1991: 134%; 1992: 133%; 1993: 123% e 1994: 166%. 407 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Conclusão: a empresa aplicava todos os recursos próprios e os advindos dos empréstimos e financiamentos nos bens em operacionalização de suas atividades. f) índice de giro do ativo: - retorno dos investimentos: 1991: 0,061 centésimos de centavos de retorno p/ cada R$ 1,00 de investimento; 1994: 0,09 centésimos de centavos de retorno p/ cada R$ 1,00 de investimento. Conclusão: a CELG não tinha autofinanciamento, ou seja, não apresentava retorno dos investimentos. g) índice margem líquida: - margem de lucro: 1991: negativo - 0,08%; 1992: negativo – 0,03%; 1993: negativo – 0,02%; 1994: positivo – 0,02% de lucro para cada R$ 100,00 vendidos. Conclusão: Pequeno lucro apenas em 1994. Composição do Passivo Segundo consta do relatório, de acordo com a “Demonstração dos Empréstimos e Financiamentos a Curto e a Longo Prazo” apresentado com as Demonstrações Contábeis referentes aos exercícios de 1991 e 1992, as principais dívidas estavam subdivididas em “Moeda Nacional” e “Moeda Estrangeira”, conforme discriminado nos quadros V e VI, fls. 20 e 21, com os nomes e valores devidos a cada credor. - Dívidas mais representativas: 408 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - expansão do sistema elétrico; - empréstimos e financiamentos – equipamentos, obras; - construção IV Etapa Cachoeira Dourada. Conclusões referentes ao período de 1991 a 1994 - as conclusões são semelhantes as do período de 1983 a 1990, embora neste último tenham ocorrido fatos que afetaram o Sistema de Energia Elétrica de forma determinante; - o endividamento era superior aos recursos próprios e tanto a curto como a longo prazo a empresa tinha problemas para honrar os compromissos assumidos; - estratégia: alongamento das dívidas e redução das despesas de pessoal; - principais credores: Eletrobrás, referente a empréstimos para ampliação do sistema elétrico e de cotas do consumidor devidas e não repassadas e o Banco Paribas, decorrente dos financiamentos para execução das obras da Usina de Cachoeira Dourada; - rentabilidade comprometida – resultados negativos continuaram em 1991, 1992 e 1993; - destaques: 1993: Política tarifária: níveis tarifários acima da inflação - redução das despesas financeiras (juros empréstimos), aumento das receitas operacionais; 409 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - plano Real: 1994 - Lei nº 8.880/94, de 27 de maio de 1994; -reversão da multa no valor de R$11.101.023, 60 sobre o ICMS recolhido em dezembro de 1994 – anistia Lei Estadual nº 12.471/94; - quitação das dívidas com Furnas: Lei Estadual nº 12.471/93 - 04 de março de 1993; - fatos mencionados contribuíram para lucro da CELG em 1994: R$ 34.560.000,00 (trinta e quatro milhões quinhentos e sessenta mil reais); - Patrimônio: Principais componentes: obras – Redes de Transmissão e Distribuição, construção de Substações e da IV Etapa Cachoeira Dourada; - obra mais importante: construção da Usina Hidrelétrica de Cachoeira Dourada, concluída em março de 1994, proporcionando acréscimos na potência de geração e redução na compra de energia elétrica; - resumidamente: as políticas governamentais promovidas em 1993 e 1994 refletiram sobremaneira no desempenho da empresa, contudo, não foram suficientes para modificar a situação financeira e o perfil econômico, de um modo geral. RELATÓRIO - PERÍODO DE 1995 A 2002: 410 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Nesse terceiro período analisado foi mantido o mesmo escopo do trabalho realizado nos períodos anteriores, bem como a mesma apresentação e formatação do relatório. No entanto, não se tratou aqui do cenário econômico do país, já começando o estudo sobre as características operacionais, através dos relatórios de administração; passando pelos aspectos patrimoniais e pela situação econômica e financeira da empresa, através da análise dos índices já citados em linhas pretéritas e finalmente esboçando as conclusões pertinentes ao período analisado, sendo a forma de apresentação por quadriênios: 1995-1998/1999-2002. Assim, resumidamente discorrer-se-á sobre este terceiro período seguindo a mesma seqüência anterior, segundo dados do relatório: Características Operacionais Seguindo os relatórios de Administração esse período pode ser narrado da seguinte forma: Ano de 1995: - principais estratégias: priorizar o reequilíbrio econômicofinanceiro da CELG e investimentos voltados para a melhor qualidade no fornecimento de energia elétrica; - aumento de 9,5% nas vendas totais de energia; - receita ultrapassou a meta estabelecida para 1995, que era de R$ 393 milhões, atingindo R$ 413 milhões; 411 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - classe residencial 33,9% - classe industrial 30,9%; - mercado – acréscimo de 11,7% - devido padrão de consumo: plano real e perdas: fraudes (“gatos”) e falta de medidores; - CELG atendia 94,91% do total do Estado de Goiás – 4.410.400 habitantes; - Governo Federal: novas regras para a concessão. CELG – estudos para aprovação do DNAEE; - adotadas políticas de redução de despesas com pessoal; - alongamento do perfil de endividamento; - negociações para recebimento de créditos junto a terceiros, principalmente poderes público estadual e municipal; - Lei Estadual nº 12.887 – 17/06/95 – autorizou a desestatização de Empresas do Estado – oportunidade de explorar para a iniciativa privada. Ano de 1996: -27/11/96: aprovação em Assembleia Geral Extraordinária: a cisão parcial dos bens do sistema de geração da Usina Cachoeira Dourada; - Criação da Centrais Elétricas de Cachoeira Dourada S.A. a ser objeto de privatização; 412 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - após cisão o Governo do Estado da época determinou medidas para manter o equilíbrio econômico-financeiro; - prejuízo de R$ 45.801.000,00 (quarenta e cinco milhões e oitocentos e um mil reais). Ano de 1997: - conclusão do programa de eletrificação rural, executado com recursos do Governo Japonês; - a CELG apresentou resultado positivo, com lucro de R$ 9.443.000,00 (nove milhões e quatrocentos e quarenta mil reais); - principais fatores do lucro: redução de despesas com pessoal, reestruturação do passivo (alongamento das dívidas de curto para longo prazo), redução de encargos financeiros e equacionamento de débitos junto à União e Estado de Goiás; Ano de 1998: - publicação da Lei 9.648 de 27/05/98: acordo de mercado e criado operador nacional do sistema elétrico: anexado documento básico que estabelecia regras do Mercado Atacadista de Energia; - busca de um planejamento que permitisse prover as necessidades energéticas relativas ao seu mercado; 413 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - reflexo do processo de privatização de Cachoeira Dourada; - situação econômica e financeira: série de desequilíbrios em nível de mercado global: instabilidade dos mercados mundiais de capital - crise Rússia e Tigres Asiáticos; - medidas de equacionamento de suas dívidas e recebimento de créditos: encontro de contas junto às prefeituras municipais, encontro de contas com Governo do Estado para recebimento de créditos do fornecimento de energia elétrica a diversos órgãos estaduais; - assinados convênios, permitindo acerto de contas entre CELG, Secretaria Estadual da Fazenda e diversas prefeituras – pagamento faturas – créditos do ICMS – débitos 96 parcelas. Ano de 1999: - Lei 13.537 de 15/10/99 – Centrais Elétricas de Goiás S.A. passou a ter a denominação de Companhia Energética de Goiás –CELG. Ano de 2000: - o mercado de energia elétrica da CELG, comparado ao do Brasil, registrou taxas de crescimento acima do nível nacional; - mercado de concessão: 99,1% da extensão territorial do Estado de Goiás; - atendia 234 Municípios e 363 distritos e povoados; 414 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - maior consumidor: classe residencial – 34.5% do total; - estratégias voltadas para a privatização da empresa – processo deveria ser concluído no decorrer do exercício de 2001. Ano de 2001: -ano atípico, principalmente devido ao racionamento de energia elétrica; - redução de 8,5% no mercado da CELG, relativo principalmente às classes residencial e comercial; - postergação da privatização; - o acionista Goiásinvest - Goiás Investimentos S.A. transferiu sua participação no capital social da CELG para o controlador da mesma – Lei 13.852, de 11/07/2001; - Estado de Goiás, visando à alienação de sua participação acionária na CELG, depositou, a partir de 04/12/2001, a totalidade de suas ações, na entidade custodiante denominada Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia- CBLC; - os acionistas aprovaram proposta de encontro de contas entre CELG e Estado de Goiás: Termo de Encontro de Contas: 25/07/2001 – valores relativos a débitos reconhecidos pelo Estado, veículos transferidos da CELG para o Estado e valores devidos pela CELG. Ano de 2002: 415 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - recuperação do racionamento implantado em 2001; - crescimento do consumo da classe industrial – incremento de 10,27% em relação ao ano anterior; - a empresa atingiu 1.722.242 clientes em 237 municípios e 99,0% da área do Estado de Goiás; - tentativa de federalização junto à Eletrobrás – sem êxito; - medidas visando à melhoria da lucratividade: discussão de nova metodologia para atualização dos valores devidos pela CELG à Eletrobrás, intensificação de ações visando ao recebimento de contas a receber - valores pendentes, controle de gastos e implementação de desligamento voluntário de funcionários. Aspectos Patrimoniais Através do quadro I (fls. 10) e de acordo com as notas explicativas constantes do Balanço patrimonial de 1995 e 2002, o relatório do TCE demonstra o imobilizado da empresa de 31/12/95 e 31/12/2002, em valores, destacando os imobilizados em serviço e em curso. - análise do quadro: o imobilizado relacionado ao Sistema de Geração em serviço, ou seja, em operação, apresentou, em 31/12/1996, uma redução de R$ 756.396.000,00 (setecentos e cinqüenta e seis milhões, trezentos e noventa e seis mil reais) – 48% em relação a 31/12/1995; 416 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - 27/11/96 – cisão da companhia e criação da empresa Centrais Elétricas Cachoeira Dourada – segundo balanço de cisão – relatório da CPI de Cachoeira Dourada – foram transferidos do imobilizado em serviço – R$ 725.973.000,00 (setecentos e vinte e cinco milhões, novecentos e setenta e três mil reais); - imobilizado em curso (em construção) do sistema de geração: redução de R$ 87.279.000,00 (oitenta e sete milhões, duzentos e setenta e nove mil reais) – 99% - com a cisão transferidos R$ 84.550.000,00 (oitenta e quatro milhões, quinhentos e cinqüenta mil reais); - com a saída dos ativos de geração da Usina de Cachoeira Dourada: redução em cerca de 48% do patrimônio da CELG; - outro dado relevante: transferência do acervo técnico da CELG para o Estado do Tocantins; - o lucro apurado na negociação foi com base em dívidas assumidas pelo Estado que até o Balanço Patrimonial de 2002 se encontravam pendentes de pagamento; - além da perda patrimonial em torno de 10%, não houve entrada direta de recursos financeiros caracterizando alto custo de oportunidade, tendo em vista que a empresa deixou de usar os recursos provenientes do uso do patrimônio transferido. Situação Econômica e Financeira 417 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Novamente procedeu-se à análise das Demonstrações Contábeis da CELG utilizando-se a técnica dos índices, já explicada em linhas pretéritas. Frise-se que no resultado das análises em alguns índices se demonstrou apenas o início do período e o ano final para se estabelecer um parâmetro. Resultado das análises pela técnica dos índices a) índice de participação de terceiros: - participação de capital de terceiros: 1994: 103%; 1995: 102%; 1996: 3.515%; 1997: 1.022%; 1998: 3.815%; 1999: 205%; 2000: 324%; 2001: 942%; 2002: - 734%. Conclusão: Em 1996 houve a redução do patrimônio da empresa em razão da venda da Usina, refletindo em sua situação econômica, aumentando o seu endividamento. Em 1997 houve aumento de capital, no entanto por meio de assunção de dívidas e não através de aporte financeiro. Em 1998, o patrimônio líquido reduziu em torno de 68% - devido ao prejuízo do ano no valor de R$ 115.952.000,00. Houve também aumento com a compra de energia elétrica de 52%. - Em 1999, o patrimônio líquido aumentou cerca de 90% - regularização dos bens patrimoniais da CELG na área do Tocantins, no entanto não houve aporte financeiro, uma vez que houve assunção de dívidas por parte do Estado de Goiás. - Em 2000 o aumento do endividamento resultou dos custos relacionados à compra de energia elétrica com Itaipu e 418 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Cachoeira Dourada – aumento de 23%. Aumento dos prejuízos acumulados em torno de 32%. - Em 2001 houve perda da receita na ordem de R$ 118.000.000,00, no período de junho a dezembro de 2001. A energia comprada aumentou em R$ 182.495.000,00, em razão do reajuste de 13,34% de Furnas e 10,56% de Cachoeira Dourada – custos de energia – 66%. - Prejuízo aumentou em 85% - resultou em saldo negativo de R$ 569.901.000,00 – patrimônio líquido reduziu 55% refletindo no aumento do endividamento. - Em 2002 houve retração no desempenho econômico da empresa- prejuízos aumentaram 141% - a empresa comprometeu com dívidas todo o seu patrimônio próprio e ainda 856% dos seus prejuízos. b) índice de composição de endividamento: - dívidas de curto prazo: 1995: 35%; 2002: 68%. Conclusão: A Companhia alterou seu perfil de endividamento no final do período, passando do longo para o curto prazo. c) índice de liquidez geral: 419 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - capacidade de pagamento a curto e longo prazo: 1995: 0,27 centavos de disponibilidades e créditos p/ cada 1,00 de dívidas; 2002: 0,51 centavos de disponibilidades e créditos p/ cada 1,00 de dívidas. Conclusão: A companhia tinha problemas para pagar suas dívidas. d) índice de liquidez corrente: - dívidas a curto prazo: 1995: 0,32 centavos de créditos a receber p/ cada R$ 1,00 de dívidas que venceriam em um ano; 2002: 0,44 centavos de créditos a receber p/ cada R$ 1,00 de dívidas que venceriam em um ano. Conclusão: A situação financeira da companhia era desfavorável e as dificuldades se encontravam tanto a curto como a longo prazo. e) nível de imobilização do patrimônio líquido: - imobilização dos recursos não correntes: 1995: 154%; 2002: 84%. Conclusão: A companhia aplicava todos os recursos próprios e os advindos de empréstimos e financiamentos, no imobilizado, ou seja, em bens em operacionalização de suas atividades. f) índice e giro do ativo: 420 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - retorno dos investimentos: 0,11 centavos de vendas líquidas p/ cada R$ 1,00 de investimento na empresa; 2002: 0,43 centavos de vendas líquidas p/ cada R$ 1,00 de investimento. Conclusão: A CELG não tinha autofinanciamento, ou seja, não apresentava retorno dos investimentos aplicados. g) índice margem líquida: - margem de lucro: 1995: -34%; 2002: -31%. Conclusão: Prejuízos. Composição do passivo Segundo consta do relatório, com a finalidade de proceder ao acompanhamento das dívidas, realizou-se análises da evolução do endividamento por meio da composição geral do passivo e das principais dívidas e respectivos credores, conforme quadro 02, fls. 23. - TOTAL GERAL: 1995: R$ 1.168.838.000,00 1998: R$ 1.221.087.000,00 2002: R$ 2.088.797.000,00 - Obs.: o passivo aumentou 179% de 1995 a 2002 e os valores mais representativos são as dívidas com empréstimos e financiamentos e com fornecedores. Empréstimos e financiamentos 421 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Os levantamentos quanto a este ponto foram realizados com base nas Notas Explicativas dos Balanços Patrimoniais de 1995, 1998 e 2002, conciliando-se com os demonstrativos emitidos pela Gerência de Captação Financeira da CELG, conforme se vê dos quadros 04, 05 e 06 fls. 24/27. Vê-se, pois, que em 1995, dos empréstimos internos (em moeda nacional), as maiores dívidas eram com o Banco do Brasil (renegociações de dívidas com a União- R$ 176.375.000,00) e com a Eletrobrás referente a débitos de encargos setoriais (R$ 61.736.000,00). E, ainda, houve a contratação de dívidas para capital de giro, ou seja, para cobrir obrigações de curto prazo, provavelmente fornecedores, com o Banco Industrial e Comercial S.A. – BIC Banco e Banco Rural. De 1995 a 1998 houve redução de aproximadamente 22% desses empréstimos e de 1998 para 2002, um aumento de 4%. Em 2002 as maiores dívidas eram com a Eletrobrás (R$ 76.444.000,00 - em moeda nacional) e Eletra (R$ 171.616.000,00). Quanto às dívidas em moeda estrangeira, em 1995, os maiores credores eram o Banco do Brasil, empréstimos (feitos em dólar) relacionado à financiamento para programa de eletrificação rural, feito em yen (moeda japonesa). Em 1998 essas dívidas reduziram em 43% em relação a 1995 e em relação a 2002, 11%. Conclui-se que os empréstimos se reduziram no período analisado, entretanto, as dívidas com fornecedores aumentaram 300% de 1995 para 2002. 422 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Fornecedores Quanto aos levantamentos das dívidas com fornecedores, foram realizados com base nos lançamentos contábeis referente às provisões dos valores contratados registrados no Razão Contábil da Conta “Fornecedores”, referentes aos exercícios de 1998 e 2002, constando dos quadros de fls. 28/31. Frise-se que, segundo o relatório, não foi possível obter os saldos do exercício de 1995, devido ao uso de um sistema de dados, o que levaria muito tempo e ainda seriam necessários ajustes. Os critérios para a seleção das empresas foram definidos considerando os maiores valores e os ramos de atividade das empresas contratadas, buscando-se selecionar, de forma diversificada, os valores mais representativos das contratações para operacionalização do sistema elétrico e para a administração da empresa. Consta ainda do relatório que foram considerados os maiores custos com compra de energia elétrica, aquisição de materiais, construção e manutenção de equipamentos e das despesas administrativas, maiores gastos com publicidade, vigilância, limpeza, locação e aquisição de equipamentos de informática. E após listar os nomes dos fornecedores e respectivos valores, o relatório finaliza dizendo que os levantamentos demonstram os principais valores contratados para compra de energia elétrica aumentaram 87%. As outras contratações relativas à construção e manutenção do sistema elétrico reduziram aproximadamente 60%, reforçando as 423 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA análises econômico-financeiras que indicaram redução da aplicação em ativos imobilizados. Conclusões: Período 1995-1998: - redução de aproximadamente 48% do Imobilizado Técnico, em decorrência da cisão da Usina Cachoeira Dourada em 27 de novembro de 1996; - a saída desses ativos sem redução de obrigações, somados aos prejuízos do ano de 1996, provocou, em 31/12/1996, redução do Patrimônio Líquido de R$ 432.398.000,00 para R$ 143.059.000,00, ou seja, aproximadamente 202%; - a companhia apresentou prejuízos em todos os exercícios, exceto em 1997. Nesse ano o Estado assumiu dívidas da CELG junto à União com o (INSS) e essa negociação entrou como Recursos Destinados a Aumento de Capital no valor de R$ 50.000.000,00; - ao final do período (1998), o Estado de Goiás assumiu outras dívidas da empresa (com o INSS), demonstrada na conta “Recursos Destinados para Aumento de Capital” no valor de R$ 39.271.000,00 e mesmo assim, a empresa teve prejuízos no valor de R$115.952.000,00 que somados aos anteriores totalizaram R$ 217.610.000,00; - a CELG aumentou seu endividamento total em 4%, passando de R$ 1.168.838.000,00 em 1995 para R$ 1.221.087.000,00 em 1998; 424 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - Os Empréstimos e Financiamentos reduziram de 1995 a 1998 e as dívidas com Fornecedores aumentaram em torno de 45%, de R$ 33.214.000,00 para R$ 72.855.000,00. Foram contraídas dívidas para capital de giro; - Destaca-se, também, o aumento dos custos com compra de energia elétrica ocorrido no período, aproximadamente 250% (R$ 63.050.000,00 em 1995 para R$ 252.118.000,00 em 1998); - Nesse período as estratégias foram no sentido de alterar o perfil do endividamento, passando depender de terceiros para capital de giro, e, a imobilização reduziu em 70%, demonstrando que a empresa reduziu a aplicação em bens do Imobilizado. Período 1999-2002: - em 1999 o mercado de concessão atingiu 99% do Estado e as estratégias eram voltadas para a privatização: formalização de convênios com prefeituras municipais para recebimento de faturas de energia elétrica em atraso, por meio dos créditos de ICMS, em até 96 parcelas e negociação de dívidas do ICMS com o Estado de Goiás; - redução da oferta de energia elétrica em 2001, devido ao racionamento de energia elétrica. Esse fato dificultou e adiou o processo de privatização, e, em 2002 o mesmo não se concretizou, embora o governo realizasse esforços nesse sentido; - houve redução proveniente da transferência da concessão da área do Estado do Tocantins, em 05 de outubro de 1988. A 425 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA regularização dominial dos bens patrimoniais aconteceu quase dez anos após a conclusão do levantamento físico contábil (08/05/1990); - os saldos correspondentes transitaram por várias contas e os documentos encaminhados para a CPI não possibilita a confirmação dos valores baixados do Imobilizado da empresa. O valor do Imobilizado de 1999 indica que a transferência significou uma redução em torno de 10% do Patrimônio; - houve contrapartida na redução de passivos, contudo, por meio de assunção de dívidas da CELG pelo Estado, (registrados como “Recursos para Aumento de Capital”) que até o Balanço Patrimonial de 2002, tinham saldos pendentes de pagamento; - nesse período a CELG aumentou seu endividamento total em 70%, passando de R$ 1.221.087.000,00 em 1998 para 2.080.797.000,00 em 2002; - as dívidas com Fornecedores aumentaram de 1998 para 2002 em torno de 780%, de R$ 33.214.000,00 para R$ 72.855.000,00; - Os custos com compra de energia elétrica ocorrido no período, aproximadamente 50% (R$ 252.118.000,00 em 1998 e R$ (509.627.000,00); - A empresa diminuiu a aplicação dos recursos não correntes em imobilizações de 84% para 60%, indicando que como empresa Distribuidora, os investimentos em bens do Imobilizado foram reduzidos. RELATÓRIO - PERÍODO DE 2003 -2008: 426 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Nesse quarto período analisado foi mantido o mesmo escopo do trabalho realizado nos períodos anteriores, bem como a mesma apresentação e formatação do relatório. Características Operacionais Nos termos do relatório, seguindo os Relatórios de Administração esse período pode ser narrado da seguinte forma: Ano de 2003: - ações para retomada do equilíbrio econômico-financeiro; - renegociações de dívidas de longo prazo com a Eletrobrás; - início do acerto de dívidas a receber do Estado de Goiás e Saneago; - implantação do parcelamento de dívidas das prefeituras e renegociação CODEMIN- suspensão benefícios – desde 1993 não compensados pela União; - ações: alteração do perfil endividamento – consonância com plano estratégico – cumprimento do contrato de concessão – diretrizes do Poder Concedente; - outubro 2003: Segundo Termo Aditivo – Encontro de Contas com Estado de Goiás – 25 de julho de 2001: Estado disponibilizou 427 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 41,08% controle acionário – custódia – CBLC- Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia – alienação em 36 meses – aplicação todos os recursos na CELG – quitação débitos atualizados; - mercado: retomada do crescimento - pós racionamento de 2001. Aumento 9,35% demanda – relação 2002 – acima do mercado brasileiro – 4,7%; - ações: renegociações (alteração do perfil endividamento – curto para longo prazo) e crescimento do mercado – contribuição para resultado dos serviços (atividades de transmissão e distribuição antes das despesas financeiras) positivo; - lucro: R$ 308.307.000,00; - reversão prejuízos 2002: R$ 454.770.000,00. Ano de 2004: - mudanças no ambiente regulatório – novo modelo setor elétrico; - mercado: crescimento menor: saída da CODEMIN – Companhia de Desenvolvimento de Recursos Minerais – mercado CELG deixou também de utilizar a rede de distribuição; - dois reajustes tarifários: Resolução Aneel nº 047 - março – revisão extraordinária reajuste 1,75% e Resolução Aneel nº 225 – setembro – reajuste tarifas da CELG - percentual médio 25,9% a partir de setembro de 2004; 428 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - acordo CDSA - Centrais Elétricas Cachoeira Dourada – mediação Aneel – tarifa abaixo contrato original e inclusão de desconto de 50% consumidores baixa renda; - concretização renegociação dívidas Saneago – Termos Aditivos; - início dos preparativos para alternativas na busca de recursos para retomada do equilíbrio econômico-financeiro: - estruturação de Fundo de Investimentos com Direitos Creditórios- FIDC – ativos recebíveis da CELG – acesso custos mais baratos e longos e redução dos riscos maturação dos investimentos; - alienação 41,08% ações propriedade do Estado, conforme Termo Aditivo ao Encontro de Contas de 31/12/2003; - lucro R$ 77.413.000,00 – menor 2003 – aumento 25,38% impostos, taxas e contribuições (Cofins, CCC, ICMS); Ano de 2005: - primeira revisão tarifária periódica: índice posicionamento Aneel - 0,51% questionado pela CELG mediante recurso; - novas renegociações Eletrobrás: inclusão débitos RGR Reserva Global de Reversão, repasse energia Itaipu e novos débitos não cumprimento dos contratos anteriores; 429 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - cumprimento Contratos de Concessão nº 062 e 063 de 2000: processo de segregação das atividades geração, transmissão e distribuição; - 25/08/2005: Termo Aditivo de Concessão e Distribuição de Energia Elétrica; - Comportamento mercado: transferência de alguns consumidores industriais - contratação regulada para livre - decréscimo do mercado cativo da CELG. Saída de 5 grandes consumidores ( 4 somente continuaram utilizando sistema de distribuição); - reavaliação do Imobilizado: Assembleia Extraordinária 22/05/2005: bens: Reservatórios, Barragens e Adutoras, Obras Civis e Benfeitorias, Máquinas e Equipamentos, Veículos e Móveis e Utensílios – finalidade: p/ trazer valores de mercado; - reavaliação: base 31/12/2005 – Valor residual dos bens: R$ 982.879.000,00 – valor líquido do incremento: R$1.006.553.000,00, inscrito no Patrimônio Líquido 31/12/2005- Reserva Reavaliação; - lucro R$ 117.972.000,00 – maior que 2004. Ano de 2006: - outras renegociações Eletrobrás: inclusão novos débitos: CCC- Conta de Consumo de Combustíveis, CDE- Conta de Desenvolvimento Energético e Proinfa - Programa de Incentivo as Fontes Alternativas de Energia Elétrica; 430 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - novo reajuste tarifário (último até então): Resolução Aneel nº 375 05/09/06- reajuste médio - 11,37%; - revisão Contrato CDSA de 1997 com vigência até 2011 renegociações: antecipação do vencimento para 2008 e redução dos montantes dos contratos a partir de 2007 e extensão do contrato até 2015; - aumento da despesa com pessoal, serviços de terceiros, energia comprada e despesas financeiras: reversão dos lucros (R$117.972.000,00 - 2005) para Prejuízos R$ 267.884.000,00; - aumento dos prejuízos acumulados e redução do patrimônio líquido: R$1.230.556.000,00 para R$ 966.672.000,00; - ano que endividamento mais cresceu - 31/12/2006: endividamento: R$ 4.270.475.000,00 (quatro bilhões, duzentos e setenta mil, quatrocentos e setenta e cinco mil reais); - 54,50% do endividamento a longo prazo. Curto Prazo: empréstimos e financiamentos: 89,94% - empréstimos moeda nacional e 10,06% moeda estrangeira. Ano de 2007: - CELG D – foco na distribuição e comercialização de energia: subsidiária integral; - Cia.Energética de Goiás – mudança – denominação: CELG Distribuição S.A.; 431 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - ações: ampliar volume de recebíveis – créditos; - mercado: crescimento 9,77% em relação 2006; - despesas financeiras aumentaram 0,21%. Receitas Financeiras reduziram 13,08%. Variação cambial negativa; - Prejuízos: R$176.923.000,00 - inferior a 2006. Ano de 2008: - marcado pelos impactos com a redução das linhas de crédito, aumento do custo de financiamento, desvalorização cambial; - Mercado: crescimento 5,81% em relação 2007; - Prejuízos: R$244.240.000,00. Situação Econômica e Financeira Novamente procedeu-se à análise das Demonstrações Contábeis da CELG utilizando-se a técnica dos índices, já fartamente explicada. Frise-se que em no resultado das análises em alguns índices se demonstrou apenas o início do período e o ano final para se estabelecer um parâmetro. Resultado da análise dos índices 432 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA a) índice de participação de terceiros: - participação de capital de terceiros: 2003: 5.469% do patrimônio líquido. 2004: 2.427%; 2008: 2.744%. Conclusão: situação financeira piorou de forma acentuada. b) índice de composição de endividamento: - dívidas de curto prazo: 2003: 32% curto prazo; 2004: 47%; 2008: 55%. Conclusão: o endividamento passou de longo para curto prazo – busca de capital de giro – empréstimo. c) índice de liquidez geral: - capacidade de pagamento a curto e a longo prazo: 2003: 0,69 centavos p/ cada 1,00 de dívidas; 2008: R$ 1,00 p/ cada R$ 1,00 de dívida. Conclusão: O endividamento estava concentrado no curto prazo. d) índice de liquidez corrente: 433 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - dívidas a curto prazo: 2003: 0,97 centavos p/ cada 1,00 de dívidas; 2008: 0,46 centavos p/ cada 1,00 de dívida. Conclusão: dificuldade para honrar compromissos a curto prazo. e) nível de imobilização do patrimônio líquido: - imobilização dos recursos não correntes: : 2003: 48%; 2008: 83%. Conclusão: Parte desse aumento decorre da reavaliação de alguns bens do Imobilizado ocorrida em 2005. f) índice e giro do ativo: - retorno dos investimentos: 2003: 0,43 centavos p/ cada 1,00 de investimentos; 2008: 0,30 centavos p/ cada 1,00 de investimentos. Conclusão: redução da capacidade de autofinanciamento. g) índice margem líquida: - margem de lucro: 2004: 5%; 2005: 8%; 2006, 2007 prejuízos; 2008: -14% - prejuízos. Conclusão: situação econômica reverteu lucros para prejuízos. 434 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Composição do passivo Nos termos do relatório foram demonstradas todas as obrigações de curto e longo prazo. Assim, segundo análise do TCE, do ponto de vista de exigibilidade alguns itens podem ser excluídos. Desta forma, pela análise do endividamento, a CELG não considera alguns itens, como: provisões para contingências, obrigações estimadas, credores diversos e outros. -valor da dívida em 31/12/2008 - R$ 4.662.348.000,00 (quatro bilhões, seiscentos e sessenta e dois milhões, trezentos e quarenta e oito mil reais). - 2003-2006 – passivo – endividamento total – aumentou 86% em 2006 e 2008: 34%; - todo o período analisado: 2003-2006: aumento de 250%; - valores mais representativos: empréstimos e financiamentos e com fornecedores. Empréstimos e financiamentos Aqui se destaca os quadros que demonstram os valores dos empréstimos, bem como os contratos de empréstimos com bancos nacionais em andamento, conforme fls. 23/26. 435 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - a curto prazo: 2003-2006: aumento de 705%; 2006-2008: 1%; - reforçam conclusões da análise dos índices: aumento da dependência de terceiros – busca de capital de giro; -2003: empréstimos internos (em moeda nacional) – maiores dívidas: Eletrobrás; - 2006: empréstimos nacionais envolveram 26 instituições financeiras – Balanço Patrimonial: total – R$ 710.573.000,00; - documentos enviados à CPI: justificativa – “pagamento de fornecedores de material e serviço, compra de energia e impostos” – não possibilidade de identificar quais fornecedores e impostos foram pagos com os recursos dos empréstimos. - valor total dos empréstimos contratados: 2004-2008 – R$ 2.432.092.874,44; - valor do saldo devedor: Janeiro de 2010: R$ 711.373.592,36. Fornecedores Quanto aos levantamentos das dívidas com fornecedores, foram realizados com base nos lançamentos contábeis referente às provisões dos valores contratados registrados no Razão Contábil da Conta “Fornecedores”, referentes aos exercícios de 2003, 2006 e 2008, constando dos quadros de fls. 29/32. 436 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - critérios para seleção das empresas: maiores valores e ramos de atividade das empresas contratadas; - os valores contratados para compra de energia elétrica: 2003-2006 – aumento de 57%; 2006-2008: 13%; - serviços de construção e manutenção da rede elétrica e obras civis: 2003-2006: aumento de 366%; 2006-2008: redução 3%; Conclusões Período de 2003-2008 - passivo (endividamento total) – período analisado – 20032008: aumento de 250%: 2003-2006: aumento de 86%; 2006 a 2008: aumento de 34%; - 2006: em todo o período analisado – ano em que as dívidas assumiram patamares mais altos; - valor do passivo total: R$ 5.740.489.000,00; - análise do endividamento: CELG – 31/12/2008: R$ 4.662.348.000,00; - valores mais representativos: empréstimos, financiamentos e fornecedores; - empréstimos e financiamentos a curto prazo: 2003-2006: 705% - 2006: 26 instituições financeiras; 437 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - houve alteração do perfil do endividamento – longo para curto prazo; - endividamento: busca de capital de giro; - 2003, 2004 e 2005: lucros; 2006, 2007 e 2008: prejuízos. GASTOS COM PUBLICIDADE: A título de informação, segue o quadro abaixo, fornecido pelos Auditores do TCE, como um dado adicional aos demais mencionados nos relatórios, cuja fonte foi a “razão contábil da conta despesas com propaganda e publicidade” – CD-mídia, fornecido pelo Departamento de Contabilidade da CELG: ANO VALOR EM REAIS 1995 2.411.237,44 1996 2.167.522,37 1997 1.796.029,02 1998 19.753.064,50 1999 4.964.050,99 2000 13.386.841,69 2001 17.751.710,57 2002 9.242.765,73 2003 13.417.067,89 2004 35.976.690,35 2005 66.083.063,58 2006 34.797.631,20 438 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 2007 10.208.948,80 2008 25.629.326,33 TOTAL 257.585.950,46 Saliente-se que segundo os auditores do TCE, não estão incluídas neste demonstrativo as despesas com patrocínios e doações, conforme a discriminação apresentada pelos documentos enviados pela CELG. Assim, embora a CELG realize tais patrocínios e doações, no entanto, não enviou os valores dos mesmos. Interessante notar, que ao se comparar o ano de 1995 e o ano de 2008, por exemplo, não se pode chegar à conclusão de que em 2008 houve um gasto dez vezes maior do que aquele de 1995, já que houve uma variação natural dos preços praticados no mercado para o mesmo tipo de publicidade. 7. PONTOS IMPORTANTES DO RELATÓRIO DA FIPE Conforme dito em linhas pretéritas, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE fora contratada por esta Casa de Leis, prestando assessoria à CPI da CELG para realizar um estudo sobre o endividamento das Centrais Elétricas de Goiás, sua evolução nos últimos 25 anos, principais causas e fatores de agravamento. Registre-se que se procurou analisar o relatório e transcrever as partes importantes para o deslinde da questão que se propôs investigar. 439 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Objeto do estudo Segundo consta do relatório o primeiro passo do estudo foi verificar o montante e a composição desse endividamento. Assim, para efeitos do aludido objeto, denomina-se “dívida” todo o montante de capital de terceiros ou apenas aqueles credores que sistematicamente financiam a empresa. No caso da CELG, esses credores é que foram considerados dívida. O relatório demonstra então que a CELG, conforme consta da Tabela 1 às fls. 02, segundo suas Demonstrações Financeiras, em 31/12/2008, tinha uma dívida total no montante de cerca de R$ 4,1 bilhões. Cerca de R$ 1,1 bilhão seria junto aos bancos, R$ 1,4 bilhão junto à Eletrobrás, R$ 1,4 bilhão junto a fornecedores e R$ 0,2 bilhão seriam os encargos da dívida pendentes nesta data. Asseverou que dos R$ 1,1 bilhão devido aos bancos, R$ 0,7 bilhão é dívida de longo prazo e R$ 0,4 bilhão é de curto prazo. Dos R$ 1,4 bilhão devido à Eletrobrás, R$ 0,8 bilhão é dívida de longo prazo e R$ 0,6 bilhão é de curto prazo. Dos R$ 1,4 bilhão devido aos fornecedores, R$ 0,4 bilhão é dívida de longo prazo R$ 1,0 bilhão é de curto prazo. Assim, R$ 1,8 bilhão é dívida de longo prazo e R$ 2,3 bilhões são de curto prazo. As dívidas de curto prazo superam as de longo prazo. A dívida com credores do setor (fornecedores e Eletrobrás) representa 70%. Respondendo à pergunta: existe um problema de tamanho da dívida? 440 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Fixado então o objeto, a FIPE buscou responder à pergunta se existia um problema de tamanho da dívida, afirmando que a resposta dependeria do ponto de vista. Isto porque as respostas, costumeiramente, iniciam-se com uma comparação da empresa em tela com as demais do mesmo ramo de atividade. Se os valores não diferem muito do comum, eles são considerados normais. No entanto, deixou claro que tal comparação, pode ser mais enganosa do que esclarecedora, pois cada empresa tem uma função de produção, ou seja, um modo específico de operar, um jeito particular de ser gerida, diferenças que acabam sendo expressas nos valores dos diferentes itens do balanço. O estudo, por essa razão, começou tratando da dívida em sua relação com algumas variáveis, algumas características, da própria empresa. Assim, uma primeira relação foi com o patrimônio líquido. Dessa forma constatou-se que a dívida total da CELG, em 2008, no montante de R$ 4,1 bilhões, é mais de oito vezes maior que o valor do patrimônio líquido da empresa (R$ 0,5 bilhão) nesse mesmo ano (Tabela 2 do relatório, fls. 04). Tal informação, no entanto, ainda não seria suficiente para indicar se a dívida é um problema e, em caso afirmativo, qual o tamanho do problema, uma vez que trabalhar alavancado não é necessariamente um problema (no entendimento da FIPE). Por essa razão, a tarefa seguinte foi observar a relação entre a dívida e os lucros da CELG, pois constituiria uma base razoável para 441 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA levar alguns a afirmar que a dívida da CELG pode ser vista como um problema. A Tabela 3 do referido relatório (fls. 06), demonstrou que a CELG, entre 1984 e 2008, em vinte e cinco anos, apurou lucro em nove anos e teve prejuízo em dezesseis anos. Importante citar aqui os dados constantes da tabela 3, mencionando o valor total dos lucros – R$ 967.493.576 (novecentos e sessenta e sete milhões, quatrocentos e noventa e três mil, quinhentos e setenta e seis reais) e o valor total dos prejuízos- R$ 3.072.333.034 (três bilhões e setenta e dois milhões, trezentos e trinta e três mil e trinta e quatro reais). Assim, nos termos do relatório, esta é a característica da CELG, prejuízos mais do que lucros, uma vez que a comparação entre lucros e prejuízos anuais, no período 1984-2008 mostra liquidamente um prejuízo de R$ 2,1 bilhões que representa 50% do valor total da dívida da CELG (R$ 4,1 bilhões) em 2008. Ai sim é possível dizer que se está diante de um quadro preocupante, segundo informou a FIPE, já que a CELG tem como uma de suas características resultados anuais em vinte e cinco anos consecutivos que, atualizados monetariamente para 2008, mostram liquidamente um prejuízo - prejuízo esse que representa 50% de uma dívida, cujo valor total é oito vezes maior que o valor do patrimônio líquido. Respondendo à pergunta: existe um problema com a estrutura da dívida? 442 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Pois bem, se a CELG tem uma dívida é preciso investigar a estrutura dessa dívida. Este foi então o passo seguinte do estudo realizado pela FIPE que procurou responder à pergunta se existia um problema com a estrutura da dívida. Nesse ponto, necessário destacar que a ferramenta utilizada para tal investigação foi a análise do capital de giro de Fleuriet, onde se analisa a estrutura de financiamento da empresa, levando-se em consideração que toda empresa precisa de recursos para financiar seus investimentos, seu nível de atividade operacional normal (descasamento caracterizado entre contas a pagar e contas a receber diretamente relacionadas à operação da empresa) e as oscilações eventuais, transitórias ou mesmo sazonais, segundo o relatório. Assim, a FIPE explicou como funcionaria tal análise e como a mesma se aplicaria ao caso da CELG. Importante transcrever o seguinte trecho, constante das fls. 07 e 08 do relatório: “...Quando os recursos de longo prazo superam em montante necessário às aplicações no longo prazo (capital circulante líquido positivo, CCL>0) e, adicionalmente, o descasamento operacional (diferença entre os dias para pagar e receber) é favorável à empresa (necessidade de investimento em giro negativa, NIG<0), essa consegue guardar em caixa (saldo de caixa positivo, SD>0), tanto sobras de recursos de longo prazo quanto do próprio giro. Nesse caso, a empresa apresenta uma extraordinárias, folga financeira transitórias ou para fazer sazonais. financiamento, segundo Fleuriet, é excelente. frente Essa a oscilações estrutura de 443 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Quando os recursos de longo prazo superam as necessidades de aplicações no longo prazo (CCL>0), mas já é necessário usar parte do que sobra em caixa (SD>0) para financiar o descasamento desfavorável, ou seja, o nível normal de atividade operacional (NIG>0), a empresa tem sua folga financeira diminuída ou até suprimida para fazer frente a necessidades extraordinárias. Essa estrutura de financiamento é sólida. Quando os recursos de longo prazo são suficientes para financiar seus investimentos permanentes (CCL>0), mas a empresa é obrigada a recorrer a recursos onerosos (bancos) de curto prazo (SD<0) para financiar parte ou todas as suas atividades operacionais normais (descasamento desfavorável) além das necessidades eventuais de recursos (NIG>0), a estrutura de financiamento é insatisfatória. Quando os recursos de longo prazo não são suficientes para financiar as necessidades de aplicações de longo prazo (CCL<0), de forma que parte dessas aplicações de longo prazo é financiada com recursos de fornecedores (a empresa se financia mais com fornecedores do que financia clientes) (NIG<0) e com recursos onerosos (bancos) de curto prazo (SD<0), a estrutura de financiamento é muito ruim. Quando os recursos de longo prazo não são suficientes para financiar as necessidades de aplicações de longo prazo (CCL<0) e a empresa ainda precisa buscar recursos onerosos de curto prazo (SD<0) para financiar as atividades operacionais normais, (pois financia mais os clientes do que se financia com fornecedores), além das necessidades ocasionais (NIG>0), a estrutura de financiamento é péssima...” 444 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA No caso da CELG D, a FIPE demonstrou através da tabela 4, (fls. 09), os dados referentes à sua estrutura de financiamento, no período de 1984-2008, concluindo que a estrutura de financiamento da CELG foi insatisfatória em 1999 e em 2000. No ano de 1999, explicou que isto ocorreu porque aconteceram renegociações de dívidas com Prefeituras e Governo do Estado que transferiram créditos que estavam no longo prazo para o curto prazo. Isso afetou positivamente o CLL, mas afeta negativamente o NIG, tanto que ele passou de negativo para positivo (indicando um aumento da necessidade de capital de giro). Além do mais, o Governo do Estado pagou parte de suas dívidas com a CELG, fazendo um aporte que em valores da época foi cerca de R$ 470 milhões, correspondendo, a preços de 2008, a R$ 850 milhões. Já com relação aos dados referentes ao ano de 2000, ainda contém o impacto dos eventos referidos ao ano de 1999. Em relação aos demais anos do período considerado, no entanto, a estrutura de financiamento da CELG foi muito ruim. Isso significou, segundo dados da FIPE, que seus recursos de longo prazo eram insuficientes para cobrir suas necessidades de aplicações de longo prazo em uma magnitude tal que o saldo líquido de recursos obtidos junto a fornecedores precisava ser complementado com a captação de recursos onerosos de curto prazo (CCL<0; NIG>0; SD<0). E continua dizendo que o descasamento favorável à empresa decorre de um pagamento de obrigações em datas posteriores aos recebimentos. Isso pode ser natural do mercado ou pode ser decorrente de atraso dos fornecedores. 445 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA No entanto, segundo a FIPE, não houve como apurar os prazos médios de pagamentos e recebimentos, mas há indícios por meio das renegociações e parcelamentos de que, mesmo que haja um favorecimento natural do setor, houve atraso a fornecedores. O que caracterizou essa série, conforme se vê do relatório, é a situação muito ruim da estrutura de financiamento da CELG. Isto porque os fornecedores (mediante atraso de pagamentos da parte da CELG) e os bancos (fornecendo recursos onerosos de curto prazo), com importâncias relativas que variam de modo alternado ao longo do tempo, sistematicamente necessidades de longo permitiram prazo, a CELG financiar de investimentos decorrentes suas em permanentes e recebíveis de longo prazo. Nos termos do relatório, a tabela 4b, às fls. 12, mostra que até 1996 a CELG praticamente usou esses recursos de bancos e fornecedores para financiar ativos permanentes, pois seus recebíveis representavam muito pouco em relação ao total de aplicações de longo prazo. A partir de então, a CELG praticamente passou a financiar recebíveis de longo prazo, compostos por créditos junto a clientes, adiantamentos referentes a programas governamentais e, majoritariamente, de recebíveis do Governo do Estado de Goiás. Em 2008, esses recebíveis do Estado de Goiás equivaliam a 75% desses recursos. Logo, foi possível que a FIPE concluísse que a CELG além de um problema com o tamanho da dívida, tem um problema de estrutura de financiamento e o mais grave é que os dois problemas se 446 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA complementam e podem, no limite, criar sérios empecilhos para a sobrevivência da empresa. Respondendo à pergunta: e como esses problemas foram gerados? A tarefa seguinte neste estudo, então, foi tentar entender como esse quadro preocupante foi construído. O ponto de partida, para tanto, foi estudar os dados referentes à atividade precípua da CELG – vender energia elétrica. Então, a pergunta básica foi se as condições da atividade de gerar/comprar e vender energia foram relevantes para ajudar a explicar o montante e a estrutura de financiamento da CELG. A FIPE deixou claro no relatório que na ausência de dados disponíveis para um estudo mais detalhado, o caminho foi buscar uma primeira indicação da relação entre os preços de venda e de compra mediante a divisão do valor faturado pela quantidade de MWh vendido e mediante a divisão da despesa com energia comprada para revenda pela quantidade de MWh comprada. E a divisão dos valores totais por MWh foi usada para se ter alguma informação sobre eventuais ganhos de produtividade, de ganhos de eficiência em compras e vendas. Através do gráfico 1 (fls. 14) ficaram demonstrados os valores médios, para o período de 1984-2008, em reais a preços de 2008. Frise-se que em decorrência da CELG, antes de 1986, apresentar um quadro de autossuficiência, gerando energia suficiente para sua demanda, a estimativa dos valores referentes à compra de energia só começou em 1986. 447 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Desta forma, segundo a FIPE, olhando-se para as duas séries de valores observa-se que a dos valores faturados tem claramente uma tendência crescente (Gráfico 2, fls.16) e a dos valores comprados têm uma leve tendência decrescente (Gráfico 3, fls.16), quase de estabilidade ao longo do tempo. Daí surgiu uma pergunta óbvia levantada pela FIPE: como é possível que, uma empresa que tem valores médios, em termos reais, decrescentes na compra de insumos e crescentes no faturamento do produto, se encontre em tal situação de endividamento? A hipótese de que ela tenha se endividado para investir, não foi confirmada pelos dados existentes e disponíveis para consulta. E a FIPE explicita que o gráfico 4 (fls. 18) mostrou que não seria uma hipótese plausível, isto porque, dois valores chamaram a atenção, os referentes aos anos de 1996 e de 2005. No primeiro ano, o de 1996, o balanço patrimonial indica uma desimobilização de cerca de 2,5 bilhões de reais (a preços de 2008), dos quais apenas cerca de R$ 1,7 bilhão refere-se a desimobilização de Cachoeira Dourada. Não foi possível obter a explicação para a diferença. No segundo ano, o de 2005, há um acréscimo de imobilizado (a preços de 2008) de cerca de R$ 2 bilhões, dos quais cerca de R$ 1,5 bilhão referese à reavaliação de ativos. Os demais valores não indicam que os problemas de endividamento estejam fortemente relacionados com os investimentos da CELG. Pois bem, a partir de tais observações, a investigação partiu para as condições operacionais da CELG. 448 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Como também não existiam dados que permitissem a montagem de um fluxo de caixa, mais uma vez foi preciso recorrer a medidas indiretas. Procurando verificar se havia uma distância importante entre o faturado e o recebido, o que poderia indicar um problema de caixa para fazer frente às obrigações, a FIPE calculou o valor recebido pelo valor resultante da seguinte soma: Saldo inicial das contas a receber mais o faturado menos o saldo final das contas a receber menos o que foi baixado como perda (variação da conta provisão para devedores duvidosos). Importante frisar que o gráfico 5 constante do relatório (fls. 19), mostra o quanto o recebido estimado no ano equivale ao faturado desse mesmo ano. Dessa forma, analisando o gráfico, a FIPE demonstrou que os anos de 1984, 1985 e 1986 indicam um elevado descasamento entre faturado e recebido. Nos demais anos, com uma única exceção, o ano de 2001, ano do “apagão”, são anos em que a equivalência do recebido em relação ao faturado oscila numa faixa entre 90% e 100%. Além do gráfico acima, outros foram apresentados (fls. 21, 22 e 23), todos no intuito de observar o impacto que a compra e venda de energia, produzem no desempenho da CELG. Para tal, do valor recebido por MWh (estimado) foram deduzidas as despesas com compras de energia para revenda, as obrigações regulatórias devidas à Eletrobrás, encargos para uso do sistema de distribuição e transmissão, combustíveis para produção de energia e compensação para uso de recursos hídricos e outros identificados diretamente ao serviço de energia. 449 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA A intenção, no caso específico, era verificar como preços e quantidades interagiam de modo a propiciar uma massa de recursos disponíveis para pagamento de despesas. Assim, o gráfico 9 (fls. 25) demonstrou que a quantidade de MWh faturado crescia sistemática e expressivamente entre 1984 e 2008. Os MWh faturados, nesse período, passaram de 2.607.570 para 8.484.266, ou seja, mais do que triplicaram. No entanto, conforme expõe a FIPE, esse expressivo crescimento nas quantidades, em função das fortes oscilações nos valores do resultado de energia por MWh, não produzem um crescimento sustentado na massa de recursos disponíveis para o pagamento de despesas (Gráfico 10, fls. 26). Portanto, outra não foi a conclusão senão a de que a CELG apresentou uma instabilidade na massa de recursos disponíveis para pagamento de despesas, o que introduziu um elemento de risco em sua atividade. Resumindo, segundo as palavras da FIPE: a CELG nesses vinte e cinco anos, “não navegou em mares calmos” no que se refere ao mercado onde atua. Respondendo à pergunta: Como a CELG enfrentou essas condições de instabilidade? A partir dessa conclusão, a FIPE iniciou outra tarefa, qual seja, investigar se os dados indicam a existência e, em caso positivo, qual a estratégia da CELG para enfrentar essa instabilidade no lado do mercado, ou seja, como a CELG reagiu a essas oscilações do valor médio 450 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA por MWh faturado que geraram oscilações na massa de recursos disponíveis para pagamento de despesas. O gráfico 11 (fls. 28) compara o resultado de energia com o resultado do serviço, que nada mais é que o resultado de energia menos as despesas operacionais. Segundo consta do relatório, a linha de cima, na cor verde, reproduz as informações sobre o resultado mostrado no Gráfico 8 (resultado de energia por MWh vendido). A linha de baixo, na cor vermelha, foi construída retirando-se do resultado de energia os valores relativos às despesas operacionais. Na falta de um fluxo de caixa, procurou-se apurar um resultado mais próximo do que deveria ter entrado ou saído do caixa, considerando apenas os eventos com efeito caixa, ou seja, desconsiderando-se as depreciações, amortizações e provisões. Segundo a FIPE, esse resultado do serviço, com efeito caixa, no período considerado (1984-2008), está correndo muito próximo do eixo horizontal, indicando que quase nada sobra para pagar os encargos da dívida. Uma outra característica relevante é que o resultado do serviço com efeito caixa, a linha vermelha, acompanha muito de perto o resultado de energia, a linha verde. E continua dizendo que o fato da linha vermelha, resultado do serviço por MWh (com efeito caixa), ao longo dos vinte e cinco anos, acompanhar a linha verde, que representa o resultado de energia por MWh, indica a existência de uma rigidez nas despesas com pessoal, material, serviços de terceiros, arrendamentos, aluguéis e outros. 451 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Como a CELG de 1998 em diante passa a ser uma só empresa, a que compra energia para distribuir, nos termos do relatório, era de se esperar que a linha vermelha se aproximasse da linha verde, que o resultado do serviço com impacto caixa aumentasse de valor por MWh. Mas não foi isso que aconteceu. Ao contrário, após 2003 aumentou a distância entre a linha verde (resultado de energia) e a linha vermelha (resultado do serviço com impacto caixa), o que pode ser aferido pelo exame das contas de material, de pessoal, de serviços de terceiros e de outras despesas da Companhia. De fato era de se esperar que as despesas com material (por MWh faturado) fossem reduzidas a partir de 1998. Isso de fato aconteceu conforme se vê no Gráfico 13, (fls. 31), citado pelo relatório, com a exceção do ano do “apagão” (2001). O mesmo comportamento esperado e efetivado se observa no caso das despesas com pessoal (por MWh faturado) (ver Gráfico 14, fls. 32). No entanto, a FIPE observa que o comportamento das despesas com serviços de terceiros (por MWh faturado), Gráfico 15 (fls. 33), mantém a tendência de crescimento que se observa no período anterior. Há, em todo o período, uma tendência crescente desse tipo de despesa. É certo que, entre 1998 e 2004, a velocidade do crescimento foi reduzida em relação a que vinha sendo observada, mas nos anos de 2005, 2006 e 2007 elas são 50% superiores ao que prevalecia no período 1998/2004. É igualmente certo que elas se reduzem entre 2006 e 2008, mas mesmo neste último ano ela está no nível do pico do período 1998/2004. 452 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Assim, segundo o relatório, a elevação das despesas com serviços de terceiros compensa a redução nas despesas com material e com pessoal, contribuindo para o aumento da diferença entre o resultado de energia (por MWh) e o resultado do serviço (por MWh) com impacto caixa. Outra observação importante feita pela FIPE foi que em 2004 a Aneel determinou que as despesas gerais e administrativas fossem discriminadas nas demonstrações. Dessa forma, mostrou-se no relatório valores em reais por MWh nos anos de 2004 a 2008, comparados com os valores de pessoal nos mesmos anos, deixando claro que não foi possível identificar onde estavam tais valores nos anos anteriores, mas o certo era que não eram valores novos, mas remanejados de outras contas como pessoal, material, serviços de terceiros. Sendo assim, a FIPE asseverou que não foi possível garantir que a queda nos valores por MWh registrados nas despesas com material e pessoal reflitam necessariamente um ajuste às novas condições da CELG (ser apenas uma empresa de distribuição de energia). Também não foi possível garantir que o crescimento registrado nas despesas com serviços de terceiros expresse adequadamente a evolução daquele tipo de gasto, ou seja, não foi possível garantir que ele não esteja subestimado. Portanto, a partir de tal análise, a FIPE concluiu quanto a este ponto que os dados sugerem que a CELG não teve uma estratégia de longo prazo para o enfrentamento da instabilidade no mercado do serviço que ela presta, ou seja, a CELG não promoveu ajustes, ou se os promoveu não foi na intensidade necessária para gerar recursos e ajudar a diminuir o tamanho e/ou melhorar a estrutura de sua dívida. 453 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Em suma, o enorme valor e a estrutura muito ruim da dívida não são independentes do modo como a CELG foi gerida em todo o período considerado. Sobre os “Eventos Notáveis” Como alguns eventos foram de suma importância para os impactos diretos ou indiretos no endividamento, a FIPE realizou um estudo sobre os mesmos, detalhando os pontos que julgou importantes para o objeto da investigação, destacando: a transferência da UHE Corumbá I para Furnas; a transferência dos ativos referentes à área de concessão que era da CELG e passou a ser do Estado do Tocantins; subsídios no fornecimento de energia à CODEMIN; a venda da Usina de Cachoeira Dourada e as ações judiciais movidas pelas Prefeituras Municipais contra a CELG; A seguir, se demonstrará cada um desses eventos, por ordem cronológica, segundo consta do relatório da FIPE: UHE Corumbá I (1986): A FIPE comenta que o acordo e a transferência física da Usina de Corumbá I aconteceram em 1984, mas o tombamento só aconteceu em 1986. No entanto, a Usina Hidrelétrica de Corumbá I só saiu do balanço da CELG em 1986. O acordo, de 1984, previa que a CELG não pagasse a energia comprada de Furnas até a data do tombamento. Quando, em 1986, foi feito o encontro de contas, apesar de haver um saldo favorável à CELG (por causa da transferência), ele era 454 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA menor que a dívida da CELG com Furnas pela energia não paga no período 1984-1986. Essa diferença a favor de Furnas foi convertida em MW e deveria ter sido paga até o final de 1987. Saliente-se que segundo consta do relatório, a FIPE por falta de um fluxo de caixa e de notas explicativas nas demonstrações financeiras a esse respeito, não identificou se esse pagamento ocorreu na forma acordada. Por esse motivo, partiu da hipótese de que essas transações não impactaram o capital da CELG. No entanto, segundo a FIPE, o trabalho do Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE) para esta CPI, apontou uma diferença entre os ativos fixos registrados e o valor do tombamento. Essa diferença é um valor que saiu da CELG sem ser compensado. O TCE apontou uma diferença de US$ 4.896.409,41 que, corrigida pela variação cambial desde então, em 31/12/2008 representava R$ 11.438.991,66 (onze milhões, quatrocentos e trinta e oito mil, novecentos e noventa e um reais e sessenta e seis centavos). Tocantins (1989): O segundo evento marcante foi a transferência dos ativos referentes à área de concessão que era da CELG e passou a ser do novo Estado, Tocantins. Segundo a FIPE, o valor desses ativos saiu da conta de Imobilizado e foi destacado na conta de Investimentos, ainda em 1989. 455 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA No entanto, entre 1989 e 1991, ele foi significativamente aumentado, passando de R$ 2.477.613 para R$ 378.817.115, não se conseguindo apurar o porquê dessa alteração. Daí em diante, as notas explicativas sempre fazem referência ao valor deste último ano. Assim, o presente estudo, o tomou como referência para os cálculos relativos a esse evento, conforme Tabela 5 (fls. 37). Em 1995, esse valor saiu da conta de Investimentos e foi para a conta de Realizável a Longo Prazo, indicando já uma definição de compensação por parte do Estado de Goiás. Em 1999, há uma nota explicativa que indica um encontro de contas com o Estado (desde 1996 a CELG mantinha uma dívida com o Estado), onde este teria assumido uma parte do saldo a favor da CELG (R$ 181,3 milhões) e deixado outra em forma de títulos securitizados em contas a receber (R$ 139,9 milhões), que permanece até 31/12/2008. Note-se que esses valores são valores da época. E nos termos do relatório, a referida nota explicativa ainda fornece um dado, qual seja, a indicação de que o Estado teria acordado um valor superior ao valor contábil registrado sem correção, gerando uma receita considerada financeira pela CELG. No entanto, os termos vagos não permitiram o rastreamento, de forma a precisar o impacto sobre a CELG. Continuando a linha de raciocínio traçada, a FIPE assevera que mesmo que tenha havido alguma compensação pela demora de 10 anos para o ressarcimento e frente aos problemas que a CELG já vivia, não se deve desconsiderar a falta que R$ 378 milhões fez, durante esse período, para o capital de giro da CELG. 456 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Mas o problema não se resumia a esse ponto. Segundo a FIPE, para a CELG, o valor atualizado recebido ou abatido é menor que a transferência dos ativos e, efetivamente, a empresa ainda tem a receber essa diferença – parte do principal e parte, possivelmente, da remuneração. A FIPE ainda informa que em 2001 foi realizado um encontro de contas com o Estado de Goiás e esse valor foi incluído e somado a outras tais como o reembolso de despesas e a dívida da Saneago. E que, a partir desse ano, não foi mais possível rastrear essa dívida específica. No entanto, pelos Termos Aditivos subseqüentes, em 2003 e 2005 atualizando esses valores pela TJLP, essa pendência somada a outras, ainda não foi paga, constando todas em “Contas a Receber do Estado de Goiás”, perfazendo, em valores registrados em Balanço em 31/12/2008, o total de R$ 1.538.712.000 (um bilhão, quinhentos e trinta e oito milhões, setecentos e doze mil). Assim, conclui que: somente esse crédito equivale a 30% do total de endividamento da CELG junto a instituições financeiras, Eletrobrás e fornecedores. CODEMIN (1993): Esse evento notável refere-se a um subsídio no fornecimento de energia concedido à CODEMIN, em 1970, através de um protocolo assinado entre a Eletronorte, Furnas e o DNAEE. 457 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Segundo informa a FIPE, em 1980, com redefinição das áreas de concessão, a CODEMIN passa a fazer parte da área de concessão da CELG. A União, entre 1980 e 1992, ressarciu a CELG, descontando o valor do subsídio das reservas obrigatórias (RGR e depois Rencor) devidas pela CELG. Com a suspensão da Rencor, no início de 1993, a CELG deixou de ser ressarcida pela União. Assim, entre março de 1993 e 2003, a CELG assumiu esse desconto, mas em abril desse ano entrou com uma ação contra a União para o ressarcimento e conseguiu a suspensão do subsídio concedido. Em 2004, a CODEMIN optou por ser consumidor livre e deixou de ser cliente da CELG. Importante salientar que tais informações foram extraídas da nota técnica da Diretoria Econômico-Financeira da CELG e do relatório da Administração das Demonstrações financeiras de 2004 (veja notas de rodapé no relatório – fls. 38). Quanto a este evento, então, a FIPE conclui que o período de 10 anos em que a CELG assumiu o desconto de cerca de 50% da tarifa aplicada ao consumo da CODEMIN, por ser um consumidor industrial com uso intensivo de energia, provocou um impacto negativo importante no capital de giro. Além disso, o processo para ressarcimento desse desconto concedido ainda está em andamento, o que faz com que esse impacto tenha se perpetuado até 31/12/2008, embora o fato gerador tenha se encerrado em abril de 2003. Informa, por fim, que o valor atualizado para 31/12/2008 pela CELG como estimativa com base em IGPM + 12% a.a., está em R$ 1.092.663.935 (um bilhão, noventa e dois milhões, seiscentos e sessenta e três mil, novecentos e trinta e cinco). 458 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA E que, esse valor, por representar um ganho disputado na Justiça e não uma dívida reconhecida por parte do devedor, não pode, portanto, ser registrado em Balanço, ainda que represente 26% do total do endividamento total da CELG. UHE de Cachoeira Dourada – CDSA (1996): Outro evento digno de nota pela FIPE foi a venda de Cachoeira Dourada, o que, segundo relatou e, como se sabe, fez parte de uma decisão do acionista majoritário. Pois bem, segundo consta do relatório, em 31/10/1996, concretizou-se a cisão da usina de Cachoeira Dourada da CELG, formando a Cachoeira Dourada S.A. (CDSA). O primeiro balanço da nova empresa foi levantado em 31/12/1996. A Resolução nº 1, de 02/06/1997, do Conselho Estadual de Desestatização, fixou o valor de R$ 820.000.000, da qual seria deduzido o valor de endividamento do ano base de 1996, atualizado até a data de alienação. Esse valor, portanto, era um valor estimado para recebimento por parte do Estado de Goiás, como acionista majoritário. Citou as medidas que na época foram definidas pelo Governo do Estado para manter o equilíbrio econômico-financeiro da CELG após a cisão e que de acordo com os estudos contratados indicavam que a Companhia voltaria a ter lucro a partir do quinto ano da cisão, ou seja, a partir de 2000. No entanto, para o estudo o que importava eram os fatos relativos ao impacto econômico-financeiro e não se as metas foram ou não atingidas, segundo informou a FIPE. 459 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Assim, continuou o trabalho pautando-se pelos fatos que realmente repercutiriam no que pretendeu investigar. Por esse motivo, informou que, naquela oportunidade de um lado a CELG tinha que pagar uma dívida de ICMS com o Governo do Estado de Goiás. Mas por outro lado, a CELG tinha que receber de diversos credores valores relativos ao fornecimento de energia elétrica e seus encargos, principalmente da Saneago, além de reembolsos de despesas do Estado pagas pela CELG. No entanto, esse encontro de contas para preservar o equilíbrio de fluxo de caixa da CELG, não foi feito. Demais disso, segundo relata a FIPE, o Governo do Estado de Goiás se comprometeu a fazer um aporte de recursos, na ordem de R$ 50 milhões, em duas parcelas, para aumento de capital, que teria com propósito o equilíbrio do fluxo de caixa da CELG. No entanto, a FIPE, citando o que consta do relatório de auditoria do TCE nº 004/2000, o qual faz parte do acervo da CPI de Cachoeira Dourada, asseverou que esse valor não entrou no caixa da CELG, tendo sido transformado em abatimento do ICMS a ser pago, ou seja, o Estado simplesmente transformou a dívida de ICMS em capital da CELG, nada fazendo em relação ao que devia para a CELG. E arremata dizendo que a CELG deixou de dever ao Estado, mas continuou com um crédito sem negociação até o encontro de contas em 25/07/2001, quando a dívida foi reconhecida pelo Estado, mas até hoje continua impactando negativamente o capital giro da empresa (por permanecer no contas a receber), conforme demonstra através do gráfico 16 (fls. 41). 460 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Registra ainda que não lhe cabe adentrar no mérito da decisão de vender Cachoeira Dourada, no entanto tal fato consubstanciou desinvestimentos na ordem de R$ 1.563.756.825 a valores de 31/12/2008 (CZ$ 736.899 mil, em valores de 31/10/1996), conforme Tabela 6 (fls. 43). Além desse patrimônio liquido que saiu da CELG, há uma diferença do encontro de contas realizado para ressarcir uma dívida remanescente na CELG referente à Cachoeira Dourada (dívida da ordem de R$ 250 milhões compensada ao longo de 7 anos) que em valores de 31/12/2008, equivale a R$ 42,9 milhões. Assim, um montante da ordem de R$ 1.606.573.760 (um bilhão, seiscentos e seis milhões, quinhentos e setenta e três mil, setecentos e sessenta reais) deixou de entrar na CELG. Esse valor, embora não seja reconhecido como dívida e nem o será de acordo com o propósito original do controlador, representa 39% do total de endividamento junto a instituições financeiras, Eletrobrás e fornecedores. E concluindo suas colocações, levanta outro impacto importante da venda de Cachoeira Dourada, dizendo que a venda teve características que indicam uma ação na direção de aumentar o valor da transação. O Governo do Estado não vendeu apenas a Cachoeira Dourada S.A. (CDSA). Ele vendeu junto um contrato de compra de energia, pela CELG, da energia gerada em Cachoeira Dourada. Um contrato com validade por dez anos, mas que estipulava que a redução na quantidade de MWh comprada ocorreria do sexto ao décimo quinto ano. O contrato previa um depósito em garantia, sem remuneração, no montante de 125% do valor do seu faturamento no mês anterior. A tarifa era mais cara que a de outros fornecedores. Segundo o Relatório da CPI de Cachoeira Dourada, no ano de 2000, 45% do total de energia 461 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA comprada pela CELG vinha da CDSA, sendo essa, 53% mais cara do que os outros fornecedores. Informa também que a CELG conseguiu na Justiça a suspensão do contrato de fornecimento de energia e ainda solicitou o ressarcimento de R$ 0,7 bilhão (R$ 0,9 bilhão em valores de 2008) referente aos prejuízos decorrentes do contrato entre setembro de 1997 e fevereiro de 2003, nos termos da ação de rescisão de contrato com pedido de antecipação de tutela (proc. 2003.35.00.004318-5). Dessa forma, um novo acordo de tarifas foi feito, mas o ganho não foi usado para recompensar perdas anteriores da CELG e sim repassado para os consumidores de baixa renda, conforme relatório de administração das demonstrações financeiras de 2003, segundo cita a FIPE. Frise-se que segundo a FIPE, as notas explicativas posteriores não fazem qualquer referência ao andamento da ação solicitando o ressarcimento dos prejuízos. E, por fim, considerando esse valor atualizado para 31/12/2008 juntamente aos valores anteriores, o evento de Cachoeira Dourada (cisão e contrato de compra de energia) gerou uma saída total de R$ 2,5 bilhões, equivalente a 60% do total de endividamento junto a instituições financeiras, Eletrobrás e fornecedores. Importante destacar a observação final da FIPE quanto a este evento, quando a mesma explicita que a impressão que se fica é que a venda de Cachoeira Dourada foi uma “engenharia financeira”. Ela parece conter uma venda e um empréstimo, embutidos nos preços de venda dos ativos e da compra de energia. Assim, além de obter um preço pelos ativos transferidos, ou melhor, relativo ao negócio, a CELG obteve 462 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA um sobrepreço que foi devolvido ao comprador mediante o acordo de compra de energia. Ações Judiciais movidas pelas Prefeituras Municipais contra a CELG: Esse evento decorreu de um Convênio firmado em 1993, o qual vigorou até 1998 entre a CELG, a Associação Goiana dos Municípios-AGM, representando os Municípios goianos, o Estado de Goiás, com a interveniência do Banco do Estado de Goiás – BEG, a fim de criar mecanismos para solucionar as obrigações relativas ao fornecimento de energia elétrica, mediante compensação de créditos de cotas-partes do ICMS entre a CELG e os Municípios. Segundo a FIPE, esse convênio foi considerado não legítimo e outro foi firmado em seu lugar em 1999, registrado em Balanço. E em decorrência desse contrato considerado não legítimo, as Prefeituras acionaram a CELG legalmente para receber o ICMS não repassado pelo encontro de contas. Ao realizar o levantamento dos dados, a FIPE, analisando o Relatório de Auditoria do TCE nº 002/2009, apontou que essas causas somam R$ 1,5 bilhão. Os acordos feitos até agora montam a apenas 4% daquele valor total e geraram uma redução em relação aos valores das causas de apenas 8%. O que foi levado à perícia soma 3% daquele valor total e gerou uma redução de 88% em relação aos valores das causas. Assim, quanto a este ponto, a FIPE conclui que diante de poucas observações, com tão grandes diferenças no impacto sobre a dívida e com uma significativa dificuldade para previsão das futuras 463 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA decisões judiciais, não foi computado o impacto das Ações Judiciais das Prefeituras Municipais contra a CELG no presente estudo. Síntese dos Eventos Notáveis: Após um estudo minucioso de todos os eventos que de alguma forma trouxeram impactos sobre o endividamento da CELG, a partir da análise de documentos fornecidos pela CELG, conforme consta do relatório, a FIPE apresenta uma síntese dos mesmos, detalhando na tabela 7 (fls. 47) os valores em R$ de 31/12/2008, desde o momento do fato gerador, demonstrando como a cada ano os impactos de cada um dos eventos são somados. Registra assim, que a partir de 1996, esse impacto aumenta muito e chega a R$ 4,5 bilhões, representando o montante em dinheiro que deixou de entrar na CELG ou que dela saiu sem ser compensado. E mais, que o valor considerado na Tabela 7 relativo aos créditos junto a CODEMIN, representam os descontos anuais somente atualizado para 31/12/2008 pelo IPCA, não contendo a atualização pelos indexadores IGPM + 12% a.a. de maio 2003 até dezembro de 2008. E que, essa atualização da dívida elaborada pela CELG leva esse valor para a ordem de R$1,1 bilhão, segundo dados constantes do relatório gerencial interno da CELG enviado a esta CPI. Tal assim foi feito para manter a coerência de todo o trabalho: nenhuma atualização levou em conta juros, pois a intenção é mostrar em termos reais, em cada momento, o impacto de cada evento. 464 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Outro gráfico importante, gráfico 17 (fls. 48) mostra que até 1990 os recursos financeiros que saíram e os que deixaram de entrar não produziram impactos significativos na CELG. Desse ano em diante, até 2008, o impacto negativo não parou de crescer. A FIPE destaca, então, três subperíodos que podem ser visualizados através do gráfico citado. O primeiro deles, entre 1991 e 1996, caracteriza-se por uma forte aceleração, passando de R$ 11,4 milhões (em 1991) para R$ 814 milhões (em 1995) e R$ 2,0 bilhões (em 1996). A velocidade desse crescimento praticamente se estabiliza entre 1996 e 2003 (quando alcança R$ 2,3 bilhões). Salienta que é preciso, no entanto, estar atento para o fato de que essa estabilidade apresentada no gráfico deve-se ao fato de que não foi possível distribuir, no tempo, os valores de cerca de R$ 1,0 bilhão que a CELG está cobrando judicialmente a CDSA, daí que eles foram incorporados somente em 2004. Assim, é mais razoável considerar uma subida consistente entre 1996 e 2008, quando o impacto negativo das saídas e das não entradas de recursos alcança a casa do R$ 4,5 bilhões. Logo, a FIPE destaca que olhando em perspectiva, pode-se dizer que esses R$ 4,5 bilhões começaram a ser gerados em 1991 (Tocantins), aumentam em 1993 (CODEMIN), em 1994 (Governo do Estado) e dá um salto em 1996 (Cachoeira Dourada). Os R$ 4,5 bilhões de hoje decorrem da não solução para esses problemas. Há que se destacar ainda a tabela 8 (fls. 50), a qual apresenta como o patrimônio líquido da CELG se alterou ao longo desse período, mostrando então, os desinvestimentos líquidos dos aportes e os prejuízos acumulados, ambos reduzindo sistematicamente o capital próprio da CELG, após 1996. 465 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Segundo a FIPE, o Patrimônio Líquido da CELG aumentou R$ 5,1 bilhões somente devido a correções monetárias e remuneração de ativos. Aumentou R$ 1,2 bilhão em função de uma reavaliação dos valores de imobilizado. Foi reduzido em R$1,6 bilhão devido a prejuízos líquidos. E, com a descapitalização de R$1,6 bilhão de Cachoeira Dourada e R$ 0,4 bilhão com a desverticalização, os aportes feitos pelo controlador ao longo do período se resumem ao montante insignificante de R$ 85 milhões. Portanto, diante de todos os dados apresentados, a FIPE conclui que eventos extraordinários que descapitalizaram a CELG, falta de aportes ao longo do período, prejuízos acumulados sugerindo incapacidade de gerar lucro com a operação, parecem indicar que, ao longo do período estudado, a CELG não esteve entre as principais prioridades do acionista majoritário. Considerações Adicionais da FIPE: Neste ponto a FIPE teceu considerações sobre a dívida contraída pela CELG, deixando claro em suas linhas iniciais que não foi possível, pela falta de informações que permitam a montagem de um fluxo de caixa do período, verificar os pagamentos referentes à dívida. É, no entanto, razoável supor que a diferença, entre o montante total tomado emprestado ao longo do período e o montante total da dívida atual junto aos mesmos credores, se refira ao pagamento da dívida. A natureza da dívida não dá margem a que se suponha que esse montante tenha sido simplesmente cancelado. 466 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Sustenta que foram elaboradas duas Tabelas de dívida contratada ano a ano. Uma delas usando o Relatório de Auditoria do TCE no 003/2009 sobre a Dívida com a Eletrobrás e, outra Tabela usando como fonte os relatórios gerenciais internos da CELG. E a FIPE continua dizendo que a soma do que a CELG tomou anualmente no período atinge a casa dos R$ 7,4 bilhões, sendo R$ 4,8 bilhões junto a bancos, R$ 1,1 bilhão junto a Eletrobrás e R$ 1,5 bilhão junto a fornecedores de energia e outros. A Tabela 10 (fls. 53) e o Gráfico 18 (fls. 54) comparam a dívida contraída acumulada e a geração de valor que deveria ser capaz de amortizar essa dívida. Observa-se, então, segundo a FIPE, que a CELG, no período considerado, não gerou valor suficiente para amortizar a dívida tomada. Ou seja, economicamente, a CELG não tinha condições de amortizar essa dívida. E que a amortização só poderia ser conseguida mediante aportes de recursos por parte do acionista ou mediante atrasos de pagamentos de despesas. A FIPE informa ainda que a CELG tomou R$ 4,8 bilhões junto a bancos e hoje deve R$ 1,3 bilhão. Parte dessa amortização foi possível com atrasos junto à Eletrobrás e fornecedores na ordem de R$ 2,6 bilhões. Assim, a amortização do R$ 0,9 bilhão restante foi possível por aportes e/ou atrasos de outras despesas que não conseguiu identificar. Isto porque, na falta de fluxo de caixa da CELG só foi possível usar as informações para uma avaliação geral. E finaliza esta parte dizendo que a leitura das informações obtidas durante a realização do estudo, a análise da farta documentação a que se teve acesso, foi firmando a convicção de que se estava diante de 467 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA um caso mais complexo do que o esperado e, conseqüentemente, da dificuldade para se atribuir a particulares eventos o status de causa única do problema do endividamento da CELG. Por esse motivo, a postura adotada no Relatório foi a de ver o endividamento da CELG como fruto de um processo que tem diferentes dimensões que interagem. Um Alerta A FIPE afirma que em 31/12/2008, o estoque da dívida da CELG tem uma composição inversa, 70% junto ao setor elétrico e 30% junto a bancos. O que isso mostra? Que ela está pagando bancos e deixando de pagar as dívidas junto ao setor elétrico. Dessa forma, a CELG promoveu outra alteração na composição do seu financiamento (Tabela 11, fls. 60). Assim, na realidade, a CELG está pagando os bancos, se financiando junto ao setor elétrico e mantendo-se credora do governo do estado de Goiás. O que isto implica, segundo a FIPE? Uma primeira observação é que os fornecedores de energia podem dificultar as negociações futuras de compra de energia. Não bastasse isso, o financiamento junto a esses fornecedores tem um limite que é dado pela quantidade de energia que a GELG consegue vender. 468 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Uma segunda observação é que a inadimplência junto a Eletrobrás já impõe um ônus não desprezível à CELG, seja pelo não reajuste da tarifa de energia desde 2006, seja pelo não repasse de verbas “carimbadas” para os Programas “Luz Para Todos” e “Baixa Renda”. Há aqui um custo em termos de receitas que são perdidas. Considerações finais do Relatório da FIPE Ante todas as observações elencadas em linhas retro, a FIPE conclui seu relatório asseverando que a palavra síntese do presente estudo é descapitalização. Descapitalização que, segundo a FIPE, começa em 1988, com os resultados negativos e que se acumulam até 2008. A FIPE enumera então a causa dessa descapitalização, dizendo que do lado das despesas, parte desses prejuízos é proveniente da dificuldade da CELG em reduzir suas despesas operacionais. Parte é proveniente da compra de energia por preços acima do mercado. Parte porque as despesas de juros (líquidos da receita financeira) são altas em relação às demais despesas. E quanto à receita, parte é proveniente da entrega de serviços a preços subsidiados. Parte é proveniente do não ajuste das receitas, em conseqüência da inadimplência junto à Eletrobrás. E as descapitalizações continuam e são também provenientes da entrega de patrimônio sem entrada correspondente no caixa. 469 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA A FIPE observa ainda que essa descapitalização se expressou em problemas de ordem econômica e financeira. Economicamente, a falta de capacidade de gerar renda (prejuízos constantes) para reinvestir e para amortizar as dívidas, sinaliza uma dificuldade crescente para gerenciar a dívida. Financeiramente, o não recebimento de créditos reconhecidos e a perda de ativos sem ressarcimento, comprimem o capital de giro. A continuidade da coexistência do problema econômico (capacidade de gerar renda) com o problema financeiro (compressão do capital de giro) é indicada pela crescente necessidade de tomar dívidas. Assim, segundo a FIPE, pode-se dizer que os atuais R$ 4,1 bilhões de dívida começaram a ser gerados com os prejuízos desde 1988, aumentados em 1991 (Tocantins), em 1993 (CODEMIN), em 1994 (Governo do Estado), em 1996 (Cachoeira Dourada) e agravados pós 2000 com a continuidade da ausência de medidas que solucionassem estes problemas. Nesta perspectiva, o agravamento de 2000 em diante está contido no período anterior, faz parte do mesmo processo: o processo de descapitalização da CELG. E conclui dizendo que a reversão desse quadro, de forma a manter a CELG viva e com o mesmo acionista, requer um aporte de recursos e/ou uma geração de lucros para a redução dessa dívida e/ou um alongamento dessa dívida. Já do ponto de vista do acionista, existe um outro tipo de solução, que é a transferência do problema, mediante a venda da empresa. 470 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Logo, a sobrevivência da CELG como empresa do Estado de Goiás requer que muita coisa seja mudada no modo como ela vem sendo gerida e nas práticas do acionista majoritário. A solução do problema do endividamento da CELG, portanto, depende de considerações técnicas e políticas que fogem ao escopo do estudo. 9.CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Tendo em vista que o objetivo desta CPI foi investigar as possíveis irregularidades no endividamento da CELG, segundo consta do requerimento que motivou sua instauração, não haveria como realizar tal objetivo sem também investigar as principais causas desse endividamento, conforme se vê dos relatórios do Tribunal de Contas do Estado e do relatório apresentado pela FIPE, que inclusive investigou a evolução da dívida e os fatores de agravamento. Ressalte-se que o apoio dos Auditores do TCE e da FIPE foi primordial para as conclusões deste trabalho, sem deixar de mencionar as outras provas colhidas através dos documentos juntados e requisitados pela CPI e também pelos depoimentos, tanto dos expresidentes quanto dos representantes das empresas que prestaram ou que ainda prestam serviços para a CELG. Importante salientar que desde o início de seu funcionamento, essa Comissão Parlamentar de Inquérito pautou-se por uma linha de ação mais investigativa, buscando a realização de 471 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA investigações fundamentadas, bem como a análise exaustiva da documentação aferida. Frise-se que pela primeira vez, por meio dos trabalhos desta Comissão, a sociedade teve acesso de forma transparente à vida financeira de uma companhia que compõe a Administração indireta do Estado. Esse trabalho servirá tanto para que o Ministério Público apure as devidas responsabilidades quanto para demonstrar que o Poder Legislativo cumpre seu papel constitucional de fiscalização. Logo, após todas as informações colhidas, esta relatoria apresenta as suas conclusões, as providências que foram tomadas pela mesma, apontando inclusive algumas recomendações ao Ministério Público a fim de que o mesmo possa adotar medidas que só a este órgão competem. Pois bem, a dívida da CELG D, que, em 31 de dezembro de 2008, perfazia um valor de cerca de quatro bilhões e seiscentos milhões de reais, segundo dados da FIPE, do TCE e de documentos enviados pela própria companhia possui um histórico, sobremaneira, complexo, do qual saltam aos olhos alguns fatores que, ou foram responsáveis pela sua formação, ou, pelo menos, pelo seu agravamento. Referidos fatores, se analisados separadamente, implicam em determinado prejuízo para a Companhia; se analisados, contudo, de modo interligado, levam a um prejuízo, incomparavelmente, maior. O que preocupou esta Comissão e causou estranheza é que embora a CELG, segundo os dados levantados, seja uma companhia promissora, conseguindo expandir seu sistema de geração e 472 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA transmissão, já que seu mercado cresceu a cada ano analisado, chegando a atingir em 1999, o patamar de 99% do Estado de Goiás, não conseguiu reverter prejuízos e se endividou cada vez mais. Vislumbra-se pelo resultado da análise pela técnica dos índices, citado nos relatórios apresentados pelos Auditores do TCE, quando os mesmos investigaram a situação econômica e financeira da CELG que a mesma foi piorando a cada ano. Assim, o endividamento sempre esteve acima dos recursos próprios. Se até 1994 a CELG estava endividada em decorrência de expansão do sistema elétrico, principalmente por conta da realização de obras, notadamente relacionadas à da Usina de Cachoeira Dourada, depois desse período tal endividamento continuou atingindo altas cifras sem motivos justificáveis. Então, se para a FIPE a palavra chave de seus estudos era “descapitalização”, que provocou todo o endividamento, soma-se aqui outra palavra emblemática, qual seja “má gestão”. Sobreleva mencionar que a má gestão pode ser traduzida em determinadas práticas, efetivadas pela CELG, práticas essas que, ao longo desses 25 anos, geraram a situação financeira atual, objeto da presente investigação. Importante registrar, ainda, a existência de algumas circunstâncias que, também, no decorrer do interstício já mencionado, foram tratadas de maneira inadequada e, do mesmo modo, contribuíram para o endividamento da CELG. 1.1. DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO DA CELG 473 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Cabe, agora, analisar o desempenho econômico-financeiro no período de 1984 a 2008, de forma a averiguar se a CELG cumpriu seus objetivos específicos de atender à crescente demanda de energia elétrica e em que condições. De acordo com os Relatórios da Administração apresentados pela Companhia, o número de consumidores residenciais atendidos passou de 475.606, no ano de 1984, para 1.777.757, em 2008. O consumo de energia elétrica residencial passou de 661.427 MW/h para 2.812.687, nesse mesmo período. Como se pode observar, o consumo residencial cresce a uma taxa anual de 6,22% e o industrial, a uma taxa de 2,25%. No total, o consumo de energia elétrica cresce a uma taxa anual de 5,28%. Tabela 1 - Consumo de Energia Elétrica. 2008-1984 Consumo 1984 2008 Taxa % Número de consumidores residenciais 475.606 1.777.757 5,65 Consumo residencial em MW/h 661.427 2.812.687 6,22 7.182 11.606 2,02 Consumo industrial em MW/h 1.109.661 1.893.065 2,25 Número total de consumidores 563.132 2.133.450 5,71 8.491.293 5,28 Número de consumidores industriais Consumo total em MW/h 2.469.680 Fonte: Celg, Relatórios da Administração, 1984 e 2008. Esses números são extremamente expressivos e indicam que a CELG, no período analisado, atingiu plenamente os seus objetivos de atender à crescente demanda de energia elétrica, seja residencial ou industrial. Deve-se observar que, com a construção de Brasília, inaugurada em 1960, inicia-se um processo de grande expansão e 474 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA desenvolvimento da região Centro-Oeste que perdura até os dias de hoje. Um elemento crucial nesse processo é a disposição de energia elétrica para atender às demandas do crescimento econômico. Nesse sentido, a Companhia parece ter tido um papel importante na explicação desse crescimento. Desse modo, esta CPI rende homenagem às diversas gerações de trabalhadores, engenheiros e administradores que contribuíram para esse resultado de sucesso. Se, do ponto de vista operacional, a CELG atingiu seus objetivos, o mesmo não ocorreu com as finanças da empresa. Ao longo do período analisado, inúmeros acontecimentos adversos, muitos dos quais fora do controle da Companhia, interferiram em seu desempenho econômico-financeiro, conduzindo-a a uma situação de extrema dificuldade financeira, com crescente endividamento. De acordo com o Relatório da Administração, a dívida total da Celg, em 31 de dezembro de 2008, atinge o montante de R$4.662.346.000,00. A dívida junto a fornecedores eleva-se a R$1.417.240,00, sendo que R$1.061.950,00 referem-se a dívidas de curto prazo, ou seja, vencíveis em até 12 meses (ver tabela 01, fls. 02, relatório da FIPE). Essa dívida representa 30,93% do endividamento total da Companhia. Essa dívida de curto prazo é preocupante na medida em que 91,61% 475 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA dela diz respeito à dívida contraída junto a fornecedores de energia elétrica. Tabela 2 - Endividamento junto a fornecedores – 31/12/2008 Em Mil R$ Item Curto prazo Longo prazo 943.061 355.290 1.298.351 1. Furnas 99.689 229.975 329.664 2. Eletrobrás repasse Itaipu 553.263 125.315 678.578 3. CDSA 210.345 210.345 4. CHESF/Cesp/Eletronorte 29.709 29.709 5. Outros 50.055 50.055 118.889 118.889 A. Fornecedores de energia elétrica B. Materiais e serviços Total Total 1.061.950 355.290 1.417.240 Fonte: Celg - Relatório da Administração, 2008.Ver tabela 01 relatório da FIPE, fls. 02. A dívida referente ao não pagamento de taxas regulamentares também eleva-se a R$ 1.348.611,00 (ver tabela 01, relatório da FIPE, fls. 02). Neste caso, o não pagamento dessas taxas tem consequências severas, pois conduz à penalidade do não reajustamento de tarifas, o que agrava ainda mais a situação da CELG. Essa é uma dívida que foi se acumulando ao longo dos anos34 e que envolve decisões Companhia questionáveis de sucessivas administrações da 35. A primeira contabilização dessa dívida no passivo da Celg foi feita no ano de 2002. Vide Relatório da Administração, 2002. 35 Não se sabe o critério que norteou a preferência por um tipo de dívida a outro. Esse tipo de dívida revelou-se extremamente danoso à Celg, pois afeta diretamente a sua receita bruta. 34 476 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA É bem verdade que a CELG passou a se deparar com dificuldades crescentes de se financiar junto aos bancos, como será mostrado a seguir. Por último, cabe mencionar a dívida decorrente do não pagamento de impostos. No total, esses três itens elevam-se a R# 3.228.652,00, ou seja, 70,5% do endividamento total. Esse conjunto de dívidas mostra a incapacidade da Companhia em honrar compromissos operacionais básicos. Finalmente, cabe mencionar que o montante da dívida decorrente de empréstimos e financiamentos atinge o montante de R$ 1.354.030,00, que representa 29,5% do endividamento total. O montante mais reduzido da dívida bancária de R$ 899.654,00 talvez mostre a dificuldade crescente da CELG em se financiar junto aos bancos, na medida em que sua situação financeira revela um elevado endividamento 36. A dívida junto a bancos nacionais é detida, no ano de 2008, por 26 bancos, sendo a grande maioria deles bancos de 2ª e 3ª linhas. Esse é um dado revelador da situação de dificuldade vivida pela empresa, que se vê obrigada a se financiar junto a um número muito grande de bancos de pequeno porte que, certamente, cobram spreads mais elevados do que os bancos de 1ª linha. No ano de 2001, por exemplo, a dívida bancária era, em sua quase totalidade, detida por bancos estrangeiros: 81,3% do total. Além disso, é uma dívida basicamente de longo prazo: 78,6% do total. Tabela 3 - Dívida bancária – 31/12/2001 Em mil R$ Dívida Bancária 1. Bancos nacionais Curto prazo Longo prazo Total 37.950,00 8.425,00 46.375,00 Essa dificuldade pode ter obrigado a Celg a deixar de pagar, por exemplo, taxas regulamentares. 36 477 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 2. Bancos estrangeiros 14.883,00 185.894,00 200.777,00 Total 52.833,00 Fonte: Celg - Relatório da Administração, 2001. 194.319,00 247.152,00 Ao que tudo indica, tornou-se cada vez mais difícil a CELG se financiar junto a bancos estrangeiros. Aos poucos, os bancos nacionais de 1ª linha se retraem e, cada vez mais, a Companhia é obrigada a lançar mão de crédito junto a bancos de 2ª e 3ª linhas 37. A análise das contas operacionais revela que, em todo o período analisado, a CELG só obteve lucro líquido positivo nos anos de 1984, 1985, 1986, 1987, 1994, 1997, 2003, 2004 e 2005. No total, os lucros acumulados R$3.072.333.034,00. atingem R$967.493.576,00 Liquidamente, a e Companhia prejuízo operacional de R$2.104.839.458,00 os prejuízos, acumulou um 38. Esse resultado mostra, de um lado, a incapacidade da CELG de gerar um superávit primário suficiente para pagar o déficit das contas financeiras39. Por outro lado, deve ser observado que o crescente peso das despesas financeiras explica, em grande medida, os prejuízos “Outro reflexo negativo na situação econômico-financeira da Celg foi a incidência de altos juros, taxas e tarifas cobrados da estatal em virtude de empréstimos financeiros contraídos junto a várias instituições financeiras e empresas de factoring. Levantamentos específicos demonstraram que, nos exercícios de 2007 e 2008, os juros cobrados por estas instituições foram de R$93,8 milhões e R$184,9 milhões, respectivamente.” TCE – Relatório de Auditoria no 003/2009, p.85, 86. 37 38 Fipe. Análise do Endividamento da Celg (1984/2008). São Paulo, dez. 2009, pg.06. Valores em R$ de 31/12/2008. 39 Fipe. Análise do Endividamento da Celg (1984/2008). São Paulo, dez. 2009, p.34. Valores em R$, de 31/12/2008. 478 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA recorrentes observados ao longo de todo o período de análise. Como já foi observado, a Companhia cumpriu com suas tarefas operacionais de suprimento de energia elétrica para uma economia que cresceu em ritmo acelerado. Ao longo de todo o período, a CELG mostra superávits primários positivos embora não suficientes para cobrir o déficit das contas financeiras. O peso crescente dos encargos financeiros é o resultado de uma dívida crescente que foi se acumulando ao longo dos anos, decorrente de inúmeros fatores muitos dos quais fora do controle da Companhia. Quando se analisa o endividamento da CELG, é necessário separar os interesses próprios da Companhia dos interesses do acionista majoritário, ou seja, do Governo do Estado de Goiás. Como será visto, decisões do acionista majoritário revelaram-se danosas para o futuro da CELG e explicam, em grande escala, a situação atual de dificuldade vivida pela empresa. Por outro lado, medidas do Governo Federal revelaram-se também danosas para o futuro da Companhia. Ao longo de todo o período analisado, o endividamento da CELG pode ser explicado largamente por decisões de investimento e de alienação patrimonial por parte do acionista majoritário, prejudiciais à Companhia. Além disso, o endividamento pode ser explicado também pelo não recebimento de inúmeros créditos, seja do Governo Federal, do Governo Estadual ou de outros devedores. Pois endividamento: bem, passa-se à análise das causas do 479 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 1.2. CAUSAS DETERMINANTES DO ENDIVIDAMENTO O endividamento da CELG é marcado pelos seguintes fatos relevantes e que foram apontados, ao longo dos trabalhos da CPI, como determinantes na explicação da situação de dificuldade a que foi conduzida a Companhia: 1) Venda da Usina de Corumbá I, no ano de 1984; 2) Criação do Estado do Tocantins, no ano de 1989; 3) Subsídios concedidos à Codemin; 4) Venda da CDSA, no ano de 1997; 5) Contrato de compra de energia elétrica firmado com a Endesa, no ano de 1997; 6) Ações Judiciais movidas pelas prefeituras municipais contra a CELG; 7) Empréstimos a curto prazo; 8) Terceirização dos serviços prestados pela CELG; 9) Prioridade de pagamento dos bancos, em detrimento da ELETROBRÁS; 480 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 10) Dívidas do Governo do Estado de Goiás e das Prefeituras Municipais para com a CELG; 11) Não reajustamento de tarifas nos anos de 2007 e 2008. Como se pode observar, os fatos relevantes que interferiram na vida da CELG ao longo de vários anos e que explicam, em grande medida, o seu endividamento, compõem um emaranhado extremamente complexo de ser desvendado. Nesse sentido, deve-se elogiar os relatórios do Tribunal de Contas de Goiás na elucidação dos fatos, bem como o relatório da Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas. Ainda, os inúmeros depoimentos apresentados à CPI também ajudaram no esclarecimento dos fatos. CONSTRUÇÃO E VENDA DA USINA DE CORUMBÁ I: No ano de 1982, é iniciada a construção da Usina de Corumbá I. No ano seguinte, as obras são paralisadas por falta de recursos do Governo Estadual. A obra esteve paralisada por mais de 3 anos, pois o projeto original não levou em consideração as restrições ambientais. A obra foi retomada no ano 1987, quando o nível máximo do reservatório foi limitado à elevação de 595 m. A inauguração oficial da usina ocorreu em 12 de junho de 1998. 481 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Em 26 de maio de 1991, foi assinado um protocolo entre o Governo Federal e o Governo da França com a finalidade de financiar compras de bens e serviços de empresas francesas destinados à construção das Usinas de Balbina e Corumbá. Com relação à Usina de Corumbá I, foi estipulado: a) Empréstimo do Tesouro da França no valor de FR$36.800.000,00; b) Empréstimo da COFACE – Companhia Francesa de Seguro para o Comércio Exterior – no valor de FR$147.200.000,00. No entanto, o Governo Estadual decide vender a Usina de Corumbá I para o Governo Federal. Em 23 de julho de 1984, é estabelecido o convênio – ECV 284/84 – entre a CELG, Furnas e a Eletrobrás, com a interveniência do Ministério das Minas e Energia, tendo por objetivo a transferência da Usina de Corumbá I para Furnas40. Ao mesmo tempo, foi fixado um acordo por meio do qual seria implementado o complexo Corumbá/Cachoeira Dourada com a construção da 4ª etapa da Usina de Cachoeira Dourada, a ser realizada pela CELG. 40 TCE – CPI da Celg. 2010. Relatório Preliminar. 1983-1990. 482 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Para implementar o convênio, foi criado um grupo de trabalho que encontrou os seguintes contratos assumidos pela Companhia em função da construção da Usina de Corumbá I: a) Existência de dois empréstimos de US$40 milhões e US$80 milhões, assinados com bancos franceses, nos anos de 1981 e 1983, respectivamente; b) Existência de 21 contratos de fornecimento de equipamentos e 18 contratos de supervisão de montagem assinados com empresas brasileiras e francesas, em 30 de setembro de 1981. Além disso, o grupo de trabalho apresentou, em 20 de agosto de 1983, uma estimativa preliminar dos investimentos realizados pela CELG na construção da Usina de Corumbá I. O valor líquido inicialmente apurado dos investimentos realizados foi de 12.299.198,80 ORTNs, que equivalem a Cr$61.096.601.000,00, na data de 20 de agosto de 1983. Os termos da transferência sugeridos pelo grupo de trabalho foram: a) Realização do tombamento físico-contábil; b) O valor apurado pelo tombamento seria corrigido monetariamente até a data da assinatura do convênio; 483 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA c) O pagamento seria realizado de dois modos: a. 1/3 do valor do tombamento seria pago por Furnas em energia elétrica a ser fornecida à CELG; b. 2/3 seriam pagos em ações a serem emitidas por Furnas com dividendos mínimos de 10%; d) Os dois empréstimos tomados junto a bancos franceses, no valor de US$120 milhões, seriam pagos pela CELG. Finalmente, em 27 de junho de 1986, foi elaborado o Termo de Aditamento ao Convênio ECV 284/84, em que se fixam as condições definitivas da transferência. O valor do tombamento foi avaliado, em 27 de fevereiro de 1986, em 12.161.936,695 ORTNs41, sendo que o pagamento seria feito da seguinte forma: a) O empréstimo de US$80 milhões junto a bancos franceses seria pago por Furnas; b) Ressarcimento a Furnas pelo fornecimento de energia elétrica referente ao período de julho de 1984 a setembro de 1985; Entre a estimativa preliminar apresentada pelo grupo de trabalho, em 20/08/1983, e a estimativa final, apresentada em 27/02/1986, há uma diferença de avaliação da ordem de 137.262,105 ORTNs. Segundo avaliação do TCE, a venda foi realizada pelo valor do tombamento físico-contábil, valor este abaixo dos investimentos aplicados. A diferença é de R$8.446.306,22. TCE – CPI da Celg. 2010. Relatório Preliminar. 19831990. P. 30. 41 484 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA c) Ressarcimento a Furnas pelos estudos de aproveitamento hidrelétrico do Rio Corumbá. Além do já observado, evidente que a venda da Usina de Corumbá I resultou danosa para a CELG, pois, uma vez feito o encontro de contas, nada entra nos cofres da Companhia. Há uma diferença de avaliação estimada pelo TCE, em R$8.446.306,22, e, além disso, há uma dívida da CELG que não entrou no encontro de contas na venda de Corumbá I para com Furnas, pelo fornecimento tradicional de energia elétrica por parte da empresa e pelos repasses do fornecimento de energia elétrica de Itaipu. CONSTRUÇÃO E VENDA DA USINA DE CACHOEIRA DOURADA: Em 1956, iniciou-se a construção da usina hidrelétrica de Cachoeira Dourada, cuja operação começou no ano de 1959, com uma potência instalada de 34 MW/h. As obras da 2ª etapa de construção da usina tiveram início no ano de 1961 e só foram concluídas no ano de 1967, adicionando-se 162 MW/h de potência instalada ao sistema. A construção da 3ª etapa de Cachoeira Dourada foi encerrada no ano de 1977, agregando-se mais 252 MW/h ao sistema elétrico. No ano de 1994, foi concluída a construção da 4ª etapa da Usina de Cachoeira Dourada, adicionando-se mais 210 MW/h. Desse modo, a usina ficou com uma potência total instalada de 658 MW/h. Em 17 de junho de 1996, a Lei no 12.887 abriu caminho para a privatização da CELG, autorizando a sua cisão em geradora e 485 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA distribuidora, constituindo-se a empresa geradora CDSA - Centrais Elétricas de Cachoeira Dourada S.A.42. O Governo do Estado, tendo por base o Decreto no 4.802, de 4 de junho de 1997, fixou o preço de venda da CDSA em R$820 milhões, do qual seria deduzido o endividamento do ano base de 1996, atualizado até a data da alienação. Como se pode observar, produzir energia elétrica deixou de ser um objetivo prioritário para o Governo do Estado43, que buscou, com a venda de Cachoeira Dourada, fazer caixa para atender a outras necessidades da administração pública44. O valor patrimonial da CELG foi avaliado por dois consórcios45 que, nas projeções do fluxo de caixa, consideraram uma tarifa de R$37,80/MW/h46. No leilão de privatização, realizado em 5 de 42 O processo de privatização da Usina de Cachoeira Dourada teve início com a criação do Conselho Estadual de Desestatização, por meio do Decreto no 4.574, de 20/10/1995. Atualmente, a Celg possui três usinas hidrelétricas: São Domingos, com 14,34 MW/h; Mosquito, com 0,34 MW/h; e Rochedo, com 4 MW/h. No total, a potência instalada é de 18,68 MW/h. 43 Segundo avaliação do TCE, o Governo do Estado perseguiu, com a venda da CDSA, fazer caixa para atender a outras necessidades da administração pública, sendo que “a Hidrelétrica de Cachoeira Dourada era o único patrimônio capaz de gerar receitas a curto prazo”. CPI – Cachoeira Dourada. 2003. P. 28. 44 O Consórcio Trevisan – BFB - chegou a um valor entre R$625.201 mil e R$692.305 mil e o consórcio, Grupo Liberal, entre R$626.737 mil e R$686.077 mil. CPI – Cachoeira Dourada. Relatório Final. 2003. P.53,54. 45 46 CPI – Cachoeira Dourada. Relatório Final. 2003. P. 33. 486 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA setembro de 1997, foi alcançado o preço de R$791.036.907,5047, que corresponde a um deságio de 3,53% com relação ao preço almejado pelo Governo do Estado de R$820 milhões. Com relação à maior avaliação de R$686.077.000,00, houve um ágio de 14,3%. Após o leilão de privatização, foi firmado, em 12 de setembro de 1997, Contrato de Suprimento de Energia Elétrica, entre a CDSA e a CELG. Por esse contrato, a CELG se viu obrigada a adquirir, pela tarifa inicial de R$37,80/KW/h, energia elétrica pelo prazo de 15 anos. Esse contrato de suprimento mostrou-se extremamente prejudicial à Companhia, pois essa tarifa é cerca de 53% mais elevada que a dos demais fornecedores48, ainda mais levando-se em consideração que cerca de 45% da energia comprada pela CELG provinha da CDSA. O Governo do Estado de Goiás comprometeu-se, para manter o equilíbrio econômico-financeiro da CELG após a cisão, com as seguintes medidas 49: a) Realizar um aporte de R$50 milhões; b) Transferir parcialmente dívidas da CELG oriundas da construção de Cachoeira Dourada para a CDSA; CPI – Cachoeira Dourada. Relatório Final. 2003. P. 55/56. Relatório de fiscalização da Aneel, no 04/2000, transcrito no Relatório da CPI de Cachoeira Dourada. P.90/91. 47 48 Ofício G, no 062/1997, de 07/04/1997. CPI – Cachoeira Dourada. Relatório Final. 2003. P.93. 49 487 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA c) Assunção de uma dívida para com a CELG, no montante de R$250 milhões, como ressarcimento pelos investimentos realizados pela Companhia na construção Cachoeira Dourada. O aporte de recursos da ordem de R$50 milhões foi transformado em abatimento de ICMS a ser pago no futuro. Foram transferidas para a CDSA dívidas no montante de R$73.624.244,0050. No entanto, a assunção da dívida de R$250 milhões não ocorreu. Além disso, tendo em vista a manutenção do equilíbrio financeiro da CELG, deveria ser realizado um encontro de contas entre o Governo Estadual e a Companhia envolvendo os seguintes pontos: a) Dívida de ICMS da CELG para com o Governo Estadual; b) Dívida da SANEAGO – Saneamento de Goiás S.A. – para com a CELG; c) Reembolso de despesas diversas incorridas pela CELG. No entanto, esse encontro de contas não aconteceu. Foi somente no ano de 2001 que o Governo Estadual reconheceu a dívida para com a CELG. Após esse primeiro encontro de contas, foram realizados mais 4 aditivos. 50 CPI – Cachoeira Dourada. Relatório Final. P.95 488 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Analisando-se a contabilidade da CDSA de 1998 a 2002, observa-se que se tratou de um empreendimento de elevada rentabilidade. O preço de compra da CDSA atualizado para dezembro de 1998 dá um montante de R$810.815,19 mil. Logo, em apenas cinco anos, recuperou-se 39,4% do capital investido51. Por outro lado, a taxa interna de retorno ou lucratividade anual do projeto foi de 8,67, em termos reais, o que mostra o excelente negócio feito pela Endesa. Parte dessa rentabilidade deve ser atribuída à sobretarifa paga pela Celg e parte se deve ao fato de que a geração de energia elétrica é, desde logo, negócio de elevada rentabilidade. Isso mostra o quanto foi prejudicial para o Estado Goiás a venda de Cachoeira Dourada. Tabela 4 - Receita operacional e Lucro líquido da CDSA - 1998 a 2002 Ano Receita operacional corrente Lucro líquido corrente IPCA Dezembro Receita operacional real Dezembro de 1998 Lucro líquido real Dezembro de 1998 1998 148.594,00 62.317,00 100,00 148.594,00 62.317,00 1999 148.998,00 91.535,00 108,94 136.770,96 84.023,48 2000 172.539,00 90.354,00 115,45 149.451,06 78.263,47 2001 245.991,00 97.308,00 124,31 197.889,32 78.280,16 2002 201.682,00 24.009,00 139,88 144.178,63 17.163,58 Total 917.804,00 365.523,00 776.883,97 320.047,68 Fonte: CPI – Cachoeira Dourada. Relatório Final. 2003. Importante salientar que a maioria dos depoimentos foi contundente no sentido de que a venda de Cachoeira Dourada 51 TCE. 489 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA prejudicou sobremaneira a CELG, é o que observa dos trechos já transcritos em linhas retro neste relatório. Há que destacar, por fim, que pelos dados constantes dos relatórios, pelos documentos trazidos e principalmente pelos depoimentos colhidos, constata-se que as medidas propostas pelo Governo do Estado na época, com o intuito de sanear financeiramente a CELG não foram cumpridas pelas diversas administrações da Companhia, pois apesar de não ter mais a supridora de energia, a CELG continuou gastando como se a mesma ainda lhe pertencesse e mais, teve que adquirir energia acima dos valores praticados pelo mercado, perdurando tal fato por diversos anos até que a CELG ingressou com uma ação de rescisão contratual e pedido de ressarcimento dos prejuízos decorrentes do contrato que vigorou entre setembro de 1997 e fevereiro de 2003. Assim, a principal conclusão que se pode tirar da venda da CDSA é que a CELG ficou com quase todos os passivos decorrentes dos investimentos realizados na construção da Usina de Cachoeira Dourada. Se parcela dos recursos obtidos com a venda de Cachoeira Dourada tivessem entrado no caixa da CELG, certamente ela não estaria na situação pré-falimentar em que se encontra hoje. O grande endividamento da CELG ocorre após a venda de Cachoeira Dourada. Conforme salienta a FIPE em seu relatório às fls. 44, o evento de Cachoeira Dourada (cisão e contrato de compra de energia) gerou uma saída total de R$ 2,5 bilhões, equivalente a 60% do total do endividamento fornecedores. junto a instituições financeiras, ELETROBRÁS e 490 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA CODEMIN: Em 1970, a Eletronorte, Furnas e o DNAEE assinaram um protocolo concedendo subsídios no fornecimento de energia elétrica à Codemin, empresa de mineração de níquel lavrada a céu aberto, pertencente à empresa Anglo American Brasil. No ano de 1980, as áreas de concessão foram redefinidas pela Eletrobrás, passando a Codemin a fazer parte da área de concessão da CELG. Por meio de acordo com o Governo Federal, a CELG manteve, de 1980 a 1992, a concessão do subsídio sendo ressarcida pela União por meio do desconto do subsídio das reservas obrigatórias devidas pela CELG (RGR e depois Rencor). Em 1993, o Rencor é suspenso sendo que, de março de 1993 a março de 2003, a CELG continuou a conceder o subsídio sem, no entanto, ser ressarcida pela União52. Em abril de 2003, a CELG promove ação judicial contra a União cobrando a dívida do ressarcimento, referente ao período de 1993 a 2003, e a suspensão da concessão do subsídio. No ano de 2004, a Codemin deixa de adquirir energia elétrica da CELG. Evidente está que também atos do Governo Federal acarretaram prejuízos de grande monta para a CELG. Ou seja, durante 10 anos, a Companhia arcou com subsídios de responsabilidade do Governo Federal. Essa dívida atualizada para 31 de dezembro de 2008 eleva-se, CELG - IGPM + 12% ao ano = R$1.092.663.935,00, correspondendo a 20% do endividamento da CELG. O subsídio concedido corresponde a um desconto de 50% sobre a tarifa de energia elétrica cobrada do setor industrial. 52 491 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA CRIAÇÃO DO ESTADO DE TOCANTINS: O Estado do Tocantins foi criado em 5 de outubro de 1988, pela Constituição Federal, e, de acordo com o art. 13 das Disposições Constitucionais Transitórias, o Estado de Goiás ficou desonerado de quaisquer débitos decorrentes de empreendimentos realizados no território do Estado do Tocantins. Esses débitos deveriam ser assumidos pela União. Em 24 de maio de 1989, o Poder Concedente instituiu a Comissão Especial de Tombamento com a incumbência de realizar o levantamento físico-contábil dos bens da CELG localizados no Estado do Tocantins. Em 21 de junho de 1989, a CELG e a Celtins Companhia Energética do Estado de Tocantins, com anuência do DNAEE, celebraram o Protocolo de Intenções SPJU 626/89, dando início aos procedimentos de distribuição patrimonial. Nessa mesma data, a CELG cedeu à Celtins o direito de uso dos bens e instalações. No entanto, a União não assumiu as dívidas e os encargos dos investimentos realizados pela CELG. Os bens e instalações ainda permaneceriam em propriedade da CELG por quase 10 anos. Essa situação só foi alterada em 31 de novembro de 1999, por meio do contrato no 1.902/99, assinado entre a CELG e o Estado do Tocantins. Por esse contrato, o valor do tombamento dos bens da CELG, em 31 de agosto de 1999, localizados no Estado do Tocantins, foi avaliado em R$321.223.807,09. 492 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Em 31 de outubro de 1999, o Governo do Estado ressarciu a CELG pelos investimentos realizados no Estado do Tocantins. Houve uma assunção de dívida por parte do Estado de Goiás no montante de R$181.313.000,00, referente às dívidas com o Banco do Brasil. Além disso, o Estado de Goiás repassou à CELG títulos securitizados no montante de R$139.911.000,0053. Em outubro de 1999, foi assinado, com a anuência da CELG, contrato entre a União e o Governo do Estado de Goiás para ressarcimento do Estado de Goiás. Os títulos securitizados tiveram o seu valor incluído no encontro de contas Goiás/CELG54. Ou seja, em 1989, a CELG perde um patrimônio avaliado em R$321.223.807,09, e, durante dez anos, segue pesando em seu passivo dívidas oriundas de investimentos realizados no Estado do Tocantins. DÍVIDA DO ESTADO DE GOIÁS E DAS PREFEITURAS PARA COM A CELG: O primeiro encontro de contas entre o Governo Estadual e a CELG só ocorreu no ano de 2001. Entre 2001 e 2008, o Estado de Goiás assinou vários Termos de Encontros de Contas com a CELG. O primeiro deles foi assinado em 25 de julho de 2001. Posteriormente, foram assinados quatro aditivos nas seguintes datas: 1º aditivo, em 6 de dezembro de 2001; 2º aditivo, em 30 de outubro de 2003; 3º aditivo, em 29 de dezembro de 2005, e o 4º aditivo, em 20 de novembro de 2006. 53 54 Ver 3º relatório TCE. P. 15 Vide item Dívida do Estado de Goiás para com a Celg. 493 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Frise-se que com o objetivo de contribuir para possíveis análises sobre as perspectivas da empresa, os Auditores do TCE apresentaram, às fls. 35, do 4º relatório, os valores dos créditos a receber pela CELG junto ao Estado de Goiás, Prefeituras Municipais, ELETROBRÁS E CODEMIN, conforme o seguinte quadro: Tabela 5 - Créditos a receber pela CELG: HISTÓRICO Dívida Goiás do – COMENTÁRIOS CRÉDITOS Estado de Dívidas referentes a: Encontro de - obras autorizadas pelo Contas em 25 de julho de Governo; 2001 e termos aditivos (1º - remanescentes do Estado dezembro de 2001. 3º - do dezembro de 2005 e 4º SPJU nº 1902/99; termo – dezembro de 2006. - SANEAGO; Registrado - veículos à disposição; no Balanço Patrimonial em Tocantins R$ 1.538.712.000,00 (contrato - servidores à disposição; 31/12/2008. - Clube de Paris/STN – Relatório de Auditoria nº crédito A; 001/2010. - fornecimento de energia – FICA 2001; - fornecimento de energia elétrica baixa renda; - transferência de bens (veículos e aeronaves). Dívidas das Prefeituras – As dívidas das prefeituras negociadas por encontram-se instrumento de Acordos de contabilizados confissões de dívida – “Consumidores, Relatório de Auditoria Concessionários TCE 001/2009. na Permissionários”, conta e R$ 294.485.736,00. 494 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA classificada no ativo Dívidas das prefeituras – circulante (curto prazo) e faturas de energia elétrica Consumidores em atraso – Relatório de Não Auditoria prazo), juntamente com outros devedores que TCE nº 001/2009. no Ativo Circulante somados (longo apresentam Total de R$ 90.284.687,00. o R$ 866.753.000,00. Créditos junto a R$ 250.000.000,00 ELETROBRÁS, relativos a subvenção econômica – “Baixa Renda”, Programa Luz para Relatório Todos” de – Auditoria TCE 003/2009. SOMA R$ 2.173.482.423,00 Fonte: Relatórios de Auditoria de Gestão – Acórdão nº 1475 de 20 de novembro de 2008. Ação contra a União para Trata-se ressarcimento dos expectativa de crédito, por à se tratar de Ação Judicial. CODEMIN – deixados de Encontra-se na 7ª Vara da ser repassados pela União Justiça s CELG no período de aguardando 1993 a 2003. Relatório da contábil. descontos concedidos de uma R$ 1.092.663.035,00 Federal, perícia FIPE. TOTAL DOS CRÉDITOS R$ 3.265.969.160,00 495 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA AÇÕES JUDICIAIS DAS PREFEITURAS CONTRA A CELG E DÍVIDAS DAS MESMAS PARA COM A COMPANHIA: Em 8 de dezembro de 1993, foi firmado entre a CELG, a AGM – Associação Goiana de Municípios – e o Estado de Goiás um mecanismo de compensação de créditos de cotas-partes do ICMS com o fornecimento de energia aos municípios. Esse acordo vigorou até o ano de 1998, tendo sido considerado ilegítimo pela justiça, pois a AGM não era parte legítima para assinar tal convênio. Posteriormente, 136 prefeituras municipais, num total de 246, entraram com processos na justiça contra a CELG, visando ao ressarcimento das cotas-partes do ICMS, sob a argumentação de nulidade do convênio. Essas ações pleitearam a devolução do ICMS recolhido pela CELG como ressarcimento do consumo de energia elétrica, tendo por base o descumprimento do art. 160 da Constituição Federal, ou seja, a CELG reteve tributos destinados aos municípios. Foram ajuizadas 136 ações judiciais, tendo sido realizados 29 acordos judiciais. Das 136 ações, aguardam sentença judicial 106 ações que correspondem a um pleito de R$1.445.210.701,80, referente à movimentação de recursos do ICMS pela CELG, no período de dezembro de 1993 a dezembro de 2000. Esse montante foi calculado confrontando-se os créditos a que tinham direito essas prefeituras contra as faturas de energia elétrica devidas por elas. Em 14 ações, a CELG solicitou ao Judiciário perícia técnica nos valores almejados pelas prefeituras e obteve uma redução de 12%. Admitindo-se que esse percentual seja mantido nas demais ações, conclui-se que a dívida da 496 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA CELG para com as prefeituras possa exigir, no futuro, um desembolso de R$1.271.785.417,58. Por outro lado, as dívidas de muitas prefeituras foram se acumulando desde o ano de 1991. Por meio da Lei Estadual no 13.933, de 1º de novembro de 2001, e da Lei no 13.374, de 26 de dezembro de 2002, foram autorizados os parcelamentos das dívidas de energia elétrica das prefeituras municipais vencidas. Para a operacionalização dos parcelamentos, foram firmados 230 Instrumentos Particulares de Acordos e Confissões de Dívidas. As parcelas são quitadas mediante utilização de cotas-partes do ICMS, repassadas pelo Estado às prefeituras. Nesses convênios, os representantes legais das prefeituras foram os próprios prefeitos municipais, uma vez que o convênio anterior havia sido firmado com a AGM - Associação Goiana dos Municípios, e esta foi considerada como parte não legítima por decisão judicial. De acordo com o levantamento do TCE das dívidas dos R$384.770.424,14. municípios Parcela para dessa com dívida, a 55, o montante total CELG no eleva-se montante a de R$294.485.736,77, diz respeito às prefeituras que renegociaram suas dívidas por meio dos Instrumentos Particulares de Acordo e Confissão de Dívida, em número de 230. Com relação aos municípios que estão inadimplentes, ou seja, que não renegociaram os seus débitos, a dívida eleva-se a R$90.284.687,37. TCE – Tribunal de Contas de Goiás. Segunda Divisão de Fiscalização. Relatório de Auditoria no 001/2009. Dívidas das Prefeituras Municipais com a Celg D. 55 497 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Desse modo, a CELG possui um endividamento líquido com relação às prefeituras da ordem de R$887.014.993,47. Essa é uma dívida que pode levar anos até que todos os pleitos transitem em julgado. DÍVIDA COM A ELETROBRÁS: A dívida da CELG para com a Eletrobrás, composta por vários encargos setoriais e repasses de energia elétrica de Itaipu, deixou de ser paga sob a alegação de falta de recursos. Em 31 de dezembro de 2008, o montante estimado dessa dívida eleva-se a R$1.959.910.087,8156. Tabela 6 – Dívida junto à ELETROBRÁS em R$ de 31/12/2008 Taxas devidas Valor R$ RGR – Reserva Global de Reversão 119.164.748,37 CCC – Conta de Consumo de Combustíveis Fósseis 747.677.614,21 CDE – Conta de Desenvolvimento Energético 345.569.881,26 Proinfa – Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica TFSEE-Aneel – Taxa de fiscalização de Serviços de Energia Elétrica 35.855.558,74 6.254.952,22 MME – Ministério das Minas e Energia 13.361.745,28 FNDCT – Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico 13.447.257,49 Sub-total Repasse de FURNAS da Usina Hidrelétrica de ITAIPU 1.281.331.757,57 678.578.330,24 Total geral 1.959.910.087,81 Fonte: TCE – Relatório de Auditoria no 003/2009. Dívida com a Eletrobrás(acervo da CPI). TCE – Relatório de Auditoria no 003/2009. Dívida com a Eletrobrás, P. 2080/2081 e 2086 (acervo CPI). 56 498 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Como decorrência do não pagamento dessas obrigações, a CELG não pode praticar reajustes tarifários em 2007 e 2008. A não aplicação dos reajustes tarifários tem como consequência a aplicação de uma das menores tarifas praticadas no País57. As perdas de faturamento pelo não reajustamento de tarifas podem ter significado menos R$546.268.000,00 na receita da CELG, incluídos os impostos. Como se pode observar, a inadimplência conduziu a punições severas por parte da Eletrobrás, que só aprofundaram o estado de dificuldade vivido pela Companhia58. Além do não reajustamento de tarifas, a CELG passou a não receber também inúmeros créditos a que tem direito junto à Eletrobrás, por adesão a programas do Governo Federal. Os créditos do Programa Nacional de Universalização de Acesso e Uso da Energia Elétrica – Luz para Todos, atingem o montante de R$50.486.823,62. Os valores da subvenção Baixa Renda e não repassados pela Eletrobrás elevam-se a R$170.630.054,46. Ainda referente ao contrato ECFS 149/06, há recursos pendentes no montante de R$30.851.784,00, pendentes de fiscalização física e financeira por parte da Eletrobrás. Desse modo, a CELG tem direito a um crédito junto à Eletrobrás de R$251.968.662,08. A maior tarifa de R$0,42/MW/h é praticada pela Cemar – Centrais Elétricas do Maranhão. TCE – Relatório de Auditoria no 003/2009. Dívida com a Eletrobrás. P. 55. 57 “(...) a partir do momento que deixou de aplicar os reajustes tarifários, a Companhia deixou de aumentar o seu faturamento e, em consequência, obrigou-se a buscar recursos financeiros de terceiros”. TCE – Relatório de Auditoria no 003/2009. Dívida com a Eletrobrás. P.86. 58 499 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA EMPRÉSTIMOS A CURTO PRAZO: Os dados fornecidos pelos relatórios demonstram que o perfil de endividamento se alterava a cada período, ou seja, um gestor adotava como estratégia “encurtar” os prazos de pagamento das dívidas, enquanto outros optaram por alongá-los. Isso com certeza provocou alterações substanciais no endividamento, pois a CELG, em muitos anos, não conseguiu honrar compromissos nos prazos estipulados. Note-se, por exemplo, que segundo o último relatório do TCE, referente ao período de 2003-2008, a CELG alterou seu perfil de endividamento, passando de longo para curto prazo, dependendo de terceiros para pagamento das dívidas de curto prazo. Registrou às fls. 34 que em 2006, os empréstimos em moeda nacional envolveram 26 instituições financeiras, Verificando-se que em 2008 a quantidade de instituições reduziu para 22, entretanto, o valor total dos empréstimos em razão dos saldos devedores referentes aos exercícios anteriores. Os documentos encaminhados à CPI somente atestam que os empréstimos foram para “pagamento a fornecedores de material e serviços, compra de energia e impostos”. Assim, o fato grave que merece a necessária apuração é que não foi possível identificar quais os fornecedores e impostos foram pagos com recursos dos empréstimos, segundo consta do relatório, às fls. 27, vale esclarecer que pela documentação apresentada não foi possível identificar quais os fornecedores e impostos foram 500 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA pagos com os recursos desses empréstimos. Dessa forma, não foi evidenciada a formalização sobre aplicação dos recursos advindos das operações financeiras. Importante salientar que o 4º relatório do TCE traz o gráfico de fls. 28 onde se mostra a evolução do endividamento com empréstimos contraídos com bancos nacionais de 2004 a 2008, enquanto que o quadro também de fls. 28 demonstra os valores totais contratados em cada exercício. Abaixo segue o quadro com a listagem de cada banco e valores dos contratos de 2004 a 2008 e o outro onde se demonstra apenas o saldo devedor em 21/01/2010: Tabela 7 - Contratos de Empréstimos –Bancos Nacionais-Total ANO MOEDA INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS VALOR (R$) ORIGEM REAL 20.000.000,00 2004 BANCO BBM S/A 2004 BANCO MERCANTIL DO BRASIL S/A – AG. AV. GOIÁS REAL 20.000.000,00 2004 BANCO PINE S/A REAL 30.000.000,00 2004 BANCO RURAL S/A REAL 10.000.000,00 TOTAL FINALIDADE DA CAPTAÇÃO PAGAMENTO DE FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇO E IMPOSTOS PARA PAGAMENTOS A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇO E COMPRA DE ENERGIA PARA PAGAMENTOS A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇO E COMPRA DE ENERGIA PARA PAGAMENTOS A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇO 80.000.000,00 2004 2005 BANCO BBM S/A REAL 93.500.000,00 2005 BANCO BMG S/A REAL 10.000.000,00 2005 BANCO DAYCOVAL S/A REAL 6.000.000,00 2005 BANCO DE BRASÍLIA S/A – BRB REAL 10.500.000,00 2005 BANCO DO BRASIL S/A REAL 4.670.000,00 2005 BANCO MÁXIMA S/A REAL 120.000.000,00 PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS 501 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 2005 BANCO MERCANTIL DO BRASIL S/A – AG. AV. GOIÁS REAL 10.151.923,54 2005 BANCO PINE S/A REAL 45.000.000,00 2005 BANCO RURAL S/A REAL 30.000.000,00 2005 BANCO SOFISA S/A REAL 10.500.000,00 2005 BANCO TRICURY S/A REAL 2.992.000,00 2005 LEMON BANK – BANCO MÚLTIPLO S/A REAL 4.500.000,00 2006 BANCO BBM S/A REAL 25.000.000,00 2006 BANCO BMC S/A REAL 20.000.000,00 2006 BANCO CREDIBEL S/A REAL 10.000.000,00 2006 BANCO CRUZEIRO DO SUL S/A REAL 20.000.000,00 2006 BANCO DAYCOVAL S/A REAL 22.235.000,00 2006 BANCO DE BRASÍLIA S/A – BRB REAL 22.000.000,00 2006 BANCO DO BRASIL S/A REAL 5.000.000,00 2006 BANCO FIBRA S/A REAL 49.000.000,00 2006 BANCO COMERCIAL E INDUSTRIAL S/A – AG. GOIÂNIA REAL 90.000.000,00 2006 BANCO INDUSVAL S/A REAL 60.000.000,00 2006 BANCO INTERNACIONAL DO FUNCHAL S/A REAL 10.000.000,00 2006 BANCO ITAU S/A – AG. 4429 – JARDIM GOIÁS REAL 20.000.000,00 2006 BANCO J. SAFRA S/A REAL 15.000.000,00 2006 BANCO MÁXIMA S/A REAL 283.500.000,00 2006 BANCO MERCANTIL DO BRASIL S/A – AG. AV. GOIÁS REAL 5.000.000,00 2006 BANCO PAULISTA S/A REAL 9.000.000,00 2006 BANCO PAULISTA S/A – CONTA GARANTIDA REAL 2.000.000,00 2006 BANCO PINE S/A REAL 76.000.000,00 2006 BANCO PROSPER S/A REAL 60.885.546,34 2006 BANCO RENDIMENTO S/A REAL 5.000.000,00 2006 BANCO SEMEAR S/A REAL 5.500.000,00 2006 BANCO SOFISA S/A REAL 22.200.616,04 2006 BANCO STANDARD DE INVESTIMENTOS S/A REAL 30.000.000,00 TOTAL 2005 PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS 347.813.923,54 PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS 502 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 2006 BANCO TRICURY S/A REAL 19.500.00,00 2006 INTERMEDIUM CRÉDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S/A REAL 9.470.681,50 2006 BANCO LEMON BANK – BANCO MÚLTIPLO S/A REAL 65.000.000,00 2007 BANCO BBM S/A REAL 19.000.000,00 2007 BANCO BVA S/A REAL 5.000.000,00 2007 BANCO CREDIBEL REAL 10.000.000,00 2007 BANCO CRUZEIRO DO SUL S/A REAL 42.000.000,00 2007 BANCO DAYCOVAL S/A REAL 5.000.000,00 2007 BANCO FIBRA S/A REAL 50.000.000,00 2007 BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL S/A – AG. GOIÂNIA REAL 77.000.000,00 2007 REAL 40.000.000,00 2007 BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL S/A – BIC – CTA GARANTIDA BANCO INDUSVAL S/A REAL 20.000.000,00 2007 BANCO INTERCAP S/A REAL 5.000.000,00 2007 BANCO INTERNACIONAL DO FUNCHAL – BRASIL S/A REAL 58.602.976,45 2007 BANCO MÁXIMA S/A REAL 10.000.000,00 2007 BANCO MERCANTIL DO BRASIL S/A AG. AV. GOIÁS REAL 22.310.471,09 2007 BANCO PAULISTA S/A REAL 10.500.000,00 2007 REAL 2.000.000,00 2007 BANCO PAULISTA S/A- CONTA GARANTIDA BANCO PINE S/A REAL 111.000.000,00 2007 BANCO PROSPER S/A REAL 49.114.453,63 2007 BANCO SEMEAR S/A REAL 1500000,00 2007 BANCO SOFISA S/A REAL 45.000.000,00 2007 BANCO TRICURY S/A REAL 7.008600,00 2007 CELG DISTRIBUIÇÃO S/A – CELG D REAL 6.907.210,86 2007 INTERMEDIUM CRÉDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS LEMON BANK – BANCO MÚLTIPLO S/A REAL 5.080.827,29 REAL 10.000.000,00 ZFAC COMERCIAL LTDA REAL 5.019.482,95 TOTAL 2006 2007 2007 961.291.843,88 2007 TOTAL 2008 PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS 617.044.022,27 BANCO BBM S/A REAL 21.000.000,00 PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E 503 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 2008 BANCO DAYCOVAL S/A REAL 20.000.000,00 2008 BANCO DO BRASIL S/A REAL 5.398.842,15 2008 BANCO DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A – BANESPA AG. GOIANIA REAL 5.000.000,00 2008 BANCO FIBRA S/A REAL 20.000.000,00 2008 BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL S/A REAL 121.000.000,00 2008 BANCO INDUSVAL S/A REAL 20.000.000,00 2008 BANCO INTERCEP S/A REAL 9.643.216,94 2008 BANCO ITAÚ S/A – AG. 4429 – JARDIM GOIÁS REAL 58.500.000,00 2008 BANCO MÁXIMA S/A REAL 66.350.000,00 2008 BANCO PAULISTA S/A REAL 2.500.000,00 2008 BANCO PINE S/A REAL 28.000.000,00 2008 BANCO SOFISA S/A REAL 2.850.000,00 2008 BANCO STANDARD DE INVESTIMENTOS REAL 20.000.000,00 2008 BANCO TRICURY S/A REAL 8.520.000,00 2008 INTERMEDIUM CRÉDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS S/A LEMON BANK – BANCO MÚLTIPOLO S/A REAL 5.612.217,63 REAL 9.067.000,00 ZFAC COMERCIAL LTDA REAL 2.501.812,00 2008 2008 TOTAL 2008 IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS E FUNDAÇÃO ELÉTRA PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS PARA PAGAMENTO A FORNECEDORES DE MATERIAL E SERVIÇOS, COMPRA DE ENERGIA E IMPOSTOS 425.943.088,75 Tabela 8 - Contratos de Empréstimos -Bancos Nacionais em Andamento59- conforme dados TCE – slides da apresentação do 4º relatório. NOME CREDOR/INSTITUIÇÃO Banco BBM S.A. Banco Cruzeiro do Sul S/A Banco Daycoval S.A. Banco do Brasil S/A. Banco do Est. de São Paulo S/A – BANESPA AG. GOIÂNIA Banco Fibra S.A. Banco Industrial e Comercial S/A. 59 QUANTIDADE CONTRATOS 02 02 01 01 02 VALOR CONTRATO 25.000.000,00 30.000.000,00 10.000.000,00 5.398.842,15 6.150.000,00 SAL. DEVEDOR 21/01/10 6.882.427,48 3.791.051,49 5.905.042,22 596.205,41 813.022,94 03 06 55.000.000,00 160.000.000,00 32.196.803,57 131.599.219,12 Conforme dados do TCE. Slides da apresentação do 4º relatório. 504 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Banco Indusval Banco Intercap S/A. Banco Banif Brasil S.A. Banco Itaú Banco Máxima S/A. Banco Mercantil do Brasil S/A. Banco Paulista S/A. Banco Pine S/A. Banco Prosper S/A. Banco Sofisa S.A. Banco Standard Investimentos S.A. Banco Tricuri S.A. Intermedium S/A. Lemon Bank - Banco Múltiplo S.A. ZFAC Comercial Ltda. TOTAL 02 01 02 01 16 01 01 18 46 04 01 04 02 07 01 40.000.000,00 3.000.000,00 23.602.976,45 9.000.000,00 264.350.000,00 5.127.121,10 2.500.000,00 139.000.000,00 103.069.709,02 47.850.000,00 20.000.000,00 17.544.000,00 5.612.217,63 61.567.000,00 2.501.812.03 25.027.278,57 502.790,45 14.440.513,69 6.980.928,59 198.612.008,96 2.481.436,90 102.821,70 59.344.742,54 141.965.688,24 19.535.799.88 12.750.873,95 9.050.975,88 2.328.872,09 35.671.742,07 793.349,82 124 1.036.273.678,38 711.373.595,36 SERVIÇOS TERCEIRIZADOS: De acordo com o Relatório da FIPE (fls. 29), o comportamento das despesas da CELG, com serviços de terceiros, manteve, em todo o período, tendência de crescimento. Observa-se que, no triênio 2005/2007, as despesas são 50% superiores ao que prevalecia no período compreendido entre 1998/2004. Referidas despesas tem um impacto tão grande que, se houve redução nas despesas com material e pessoal, consoante o predito Relatório, a elevação nas despesas com serviços de terceiros compensa tal redução, contribuindo com o aumento da diferença entre o resultado da energia e o resultado do serviço com impacto caixa. Ocorre que, no âmbito dos serviços terceirizados, imprescindível se torna perquirir, sempre, se são cabíveis, na atividade que se pretende terceirizar. 505 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Importante, nesse aspecto, registrar que a terceirização “(...) consiste na possibilidade de contratar terceiro para a realização de atividades que não constituem o objeto principal da empresa”.60 O Tribunal Superior do Trabalho já editou alguns enunciados que disciplinam a terceirização, entre eles, o Enunciado 331, segundo o qual “só se admite a terceirização da atividade-meio e não da atividadefim”.61 Desta forma, o que preocupa essa Comissão Parlamentar de Inquérito é se os contratos de serviços terceirizados, realizados pela CELG, são concernentes à sua atividade-meio, ou seja, se eles atendem à predita Súmula e, por conseguinte, se a Companhia não se encontra irregular com esses serviços terceirizados. Corrobora essa preocupação o fato de que os valores referentes aos contratos de prestação de serviços são, sobremodo, exorbitantes, tendo sido aumentados, ao longo dos anos, de maneira assustadora. É o que se extrai dos quadros constantes do 3º relatório do TCE, fls. 28/30, bem como do 4º relatório do TCE, às fls. 29/32. Insta, ainda, depreender-se de depoimentos prestados nessa Comissão Parlamentar de Inquérito, o excesso de termos aditivos firmados entre a CELG e empresas prestadoras de serviços terceirizados. Referidos depoimentos apontam que eram formalizados, com freqüência, termos aditivos aos preditos contratos, prorrogando os contratos, alegando-se a impossibilidade de a empresa levar a efeito a licitação. 60 61 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 20ª Ed. São Paulo: Atlas.2004.p. 206 Op. Cit. p. 207 506 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Sobreleva ressaltar, nesse aspecto, que o ex-Secretário de Minas e Energia do Estado de Goiás, Benjamin Beze, disse, em seu depoimento, que as coisas são definidas em “mesa de restaurante”, onde dizem: “essa é minha, a próxima é sua e a outra será sua”. E mais, que “tentou mudar um pouco essa política e foi ameaçado de morte”. Referidas palavras autorizam entender que as contratações de serviços, na CELG são direcionadas. Agora, é consabido que a prorrogação é cabível, desde que a Administração verifique se é vantajoso prorrogar o contrato, ao invés de licitar novamente. Agrega-se a isto que os depoimentos prestados apontam, ainda, que eram formalizados, com freqüência, termos aditivos aos contratos em vigência, no intuito de alterar o valor do mesmo. Acontece que o Estatuto das Licitações prevê, no art. 65, II, d que os contratos regidos por esse diploma legal poderão ser alterados para restabelecer a relação que as partes pactuaram, inicialmente, entre os encargos do contrato e a retribuição da Administração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém, de conseqüências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual. Observa-se, desta forma, que, consoante depoimentos prestados, a CELG vem se utilizando como regra, das prorrogações e acréscimos de 25% nos valores dos contratos e ainda de dispensas de 507 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA licitações, praticando, com regularidade, hipótese, prevista na Lei de Licitações, como exceção, ou seja, praticável, apenas, quando for necessária a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, nos dois casos ou quando a lei autorizar, no último caso. Portanto, conclui-se que as condutas retroexpostas, apontadas pelos depoimentos, parecem se amoldar a algumas condutas, definidas pela Lei de Licitações. Destarte, diante do exposto, tendo em vista o prazo exíguo dessa Comissão Parlamentar de Inquérito, que a impede de investigar, mais profundamente, as condutas apontadas pelos depoimentos, chegase à ilação de que essas carecem de uma investigação mais detalhada, por parte do Ministério Público. Isto porque os documentos trazidos à CPI não apresentam irregularidades, pelos depoimentos também não foi possível extrair a existência das mesmas, já que nenhuma empresa se auto denunciaria. O correto será analisar contrato por contrato, os recursos das empresas que perderam, colher depoimentos das mesmas e nesse sentido o Ministério Público conta com a estrutura adequada para tal apuração. Demais disso, tal investigação não era objeto da CPI, demandando um tempo que esta Comissão não dispunha. Assim, estas são as conclusões a que se chegou após o exaustivo trabalho da CPI, esperando que as mesmas sejam devidamente aproveitadas para que se tomem providências urgentes sobre a situação em que se encontra a CELG hoje, de forma que se apurem todas as possíveis irregularidades ocorridas e se puna os responsáveis pela dilapidação do patrimônio público. 508 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Portanto, apresenta-se a seguir as providências tomadas pela Comissão e as recomendações cabíveis a cada órgão de acordo com suas competências: INDICIAMENTO PELA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO: - Em decorrência do fato de que intimado por esta Comissão não compareceu na data determinada para depor na condição de testemunha e não justificou devidamente a ausência, fica indiciado o Sr. Guilherme Lencastre como incurso no art. 330 do Código Penal (Crime de Desobediência). Frise-se que o indiciado enviou um fax somente às 18:45 do dia 12 de fevereiro do corrente ano (véspera de feriado de carnaval), limitando-se a dizer que não poderia comparecer para depor no dia 18 de fevereiro, em razão de compromissos profissionais previamente assumidos, conforme documento em anexo. Sabendo-se que a intimação foi enviada com dez dias de antecedência em relação à data do depoimento, não houve justificativa plausível para que o mesmo não comparecesse na data marcada para seu depoimento.62 QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO E FISCAL PELA CPI 62 Desobediência: Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. 509 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Saliente-se que esta Comissão requereu aos Órgãos competentes a quebra do sigilo bancário e fiscal dos sócios da empresa 212 Capital, Marcos Herndl e Leônidas Herndl, bem como da mencionada empresa, solicitando dos mesmos que enviassem à Comissão: movimentações em contas correntes, aplicações financeiras, operações com cartões de crédito, operações de câmbio e transferência em moeda nacional, no período de tempo mencionado, no prazo de 60 (sessenta) dias e, em especial, dos seguintes dados: Cópia de todos os extratos das contas correntes e das aplicações financeiras, cópias de todas as faturas de cartões de crédito, operações de câmbio e das transferências internacionais em moeda nacional, do período referente aos anos de 2006 e 2007; Cópia de todos os documentos (cheques, guias de retirada, guias depósito, “docs”, ordens de pagamento, comprovantes de transferência eletrônica, entre outros) que tiveram dado suporte aos lançamentos a crédito ou a débito nas contas correntes, com o indispensável rastreamento de todos os créditos e débitos movimentados nas referidas contas bancárias, de forma a possibilitar a identificação dos remetentes e favorecidos, de valor igual ou superior a R$ 1.000,00, do período referente aos anos de 2006 e 2007; Cópia de todos os cheques administrativos, emitidos pelas instituições financeiras a pedido das pessoas acima relacionadas, do período referente aos anos de 2006 e 2007; Apresentação de todas as movimentações financeiras e dados correlatos, no formato de planilhas excel, com todos os lançamentos a débito ou crédito, relativos a contas correntes, de poupança ou qualquer outro tipo de conta que tenha registrado movimentação financeira, de valor igual ou superior a R$ 1.000,00, 510 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA planilhas que deverão ser apresentadas na sistemática definida na Circular nº 3.287, de 21 de julho de 2005, do Banco Central do Brasil. Tal pedido se justificou tendo em vista que durante o funcionamento dessa Comissão Parlamentar de Inquérito, chegou às mãos deste Relator uma denúncia, onde constava carimbo da Corregedoria – Geral do Distrito Federal - Sistema de Registro e Apuração de Denúncias – SIRADE -, no sentido de que a empresa 212 Capital comprava notas frias da ONG Caminhar, que recebia os TEDs e, por meio dessas operações, cabiam, ao então Presidente dessa ONG, 10% de comissão, que ia sacando, aos poucos, 90%, via cartão BB Portador, que, por sua vez, serviram para pagar “bolas” a alguns membros da Diretoria da CELG. Ainda segundo a predita denúncia, essas “bolas” serviam para montar operações de financiamento, via cédula de crédito bancário, para as empresas com superfaturamento de taxas. Constava, também, que a empresa 212 Capital possuía contratos fictícios (assinados em 14/08/06) com a ONG Caminhar, que previam a contratação para pesquisa de mercado imobiliário, na Região Centro-Oeste, somente para gerar despesa na empresa e se tornar “dinheiro vivo”. A multicitada denúncia narrou, outrossim, que o esquema funcionava da seguinte forma: a empresa 212 Capital montava uma operação de empréstimo para a CELG e revendia a operação para os Fundos de Pensão, através de consultor financeiro, ganhando um spread absurdo, e pagavam “bolas” (comissões em malas de dinheiro) para as pessoas da CELG e para os diretores de Fundo de Pensão. Para atestar a boa qualidade da operação que vendiam aos fundos (Ex: CELG), encontra-se na denúncia que contratavam outros 511 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA participantes do esquema para dar boa nota de crédito à operação. Também pagaram bolas para a empresa que auditou o balanço 2006 das três empresas do grupo, atestando que todas as transações estavam “ok”. Também pagaram bola para um contador que realizava a contabilidade e auditoria da empresa, bem como acertos no IRPF e no IR da empresa. A denúncia informou, ainda, que a empresa 212 Capital pagou cerca de R$ 2.000.000,00, em comissões, para a empresa Prosper Consultoria Ltda, nos meses 05/06 a 12/06, sendo dono o Senhor Sérgio de Sá – operação navalha -, indicando o banco, agência e conta. Citou número de notas fiscais, com histórico de serviços prestados na operação da CELG, conforme contrato firmado com a ONG. Por fim, relatou-se, na denúncia, que, dias antes da prisão, eles limparam arquivos de computadores, rasgaram pilhas de papéis, durante a madrugada adentro, e passaram parte das aplicações para familiares, tentando evitar o rastro. Por outro lado, esta Comissão Parlamentar de Inquérito colheu depoimentos de algumas pessoas, dos quais se extraiu a procedência de algumas das informações, constantes da predita denúncia. Nesse sentido, o ex-presidente da CELG da época da operação afirmou que, de fato, a CELG manteve transação com a empresa 212 Capital, no intuito de realizar uma operação estrutural de empréstimo, de emissão de cédulas de certificado bancário – CCBs -. Alegou que o Banco Prosper e a empresa 212 Capital, fizeram uma associação e atenderam ao convite da CELG para realização desta 512 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA operação. Disse, também, que a 212 Capital é uma empresa corretora, que procura, por exemplo, fundos de pensão para vender esses CCBs. Assim, confirma-se a questão referente ao fundo de pensão, mencionado na denúncia. Do mesmo depoimento, colheu-se que a ONG Caminhar nunca prestou serviços para a CELG. Já o sócio da empresa 212 Capital, Marcus Herndl, em seu depoimento na CPI, sendo perguntado pelo relator qual foi a operação que a empresa 212 Capital esteve ou está envolvida, em Brasília, respondeu que não teve qualquer relacionamento ou envolvimento com essa operação realizada. Que o que ocorreu foi que as autoridades do Distrito Federal realizaram uma investigação pouco cautelosa, precipitada, envolvendo contratos de informática e tecnologia, no BRB, que nada a tinha a ver com o objeto de suas empresas. Que tinha um contrato com uma das empresas, supostamente, envolvidas. Dessa forma omitiram determinadas informações em seus depoimentos, notadamente que foram presos em Brasília-DF, quando deflagrada a Operação “Aquarela”, bem como que compraram notas frias da ONG já citada. Ocorre que, posteriormente, essa Comissão solicitou ao Ministério Público do Distrito Federal o levantamento de qualquer material ou informações relativas à CELG, a Marcus Herndl, a Leônidas Herndl, ou, ainda, à empresa 212 Capital, da qual são sócios, sendo enviados alguns documentos. Nessa esteira, entre outros documentos, foram encaminhadas cópias dos depoimentos por eles prestados, na Polícia Civil do Distrito Federal, especificamente, na Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado – DECO -. 513 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Assim, Marcus Herndl Filho disse que sua empresa possuía contratos relacionados à consultoria de apresentação de clientes, prestada pela ONG Caminhar. Aduziu, também, que, apesar da existência desses contratos, a ONG Caminhar jamais prestou consultoria para a empresa 212 Capital e que o motivo para a realização desses contratos seria o de possibilitar a compra de Notas Fiscais, por parte da 212 Capital, junto à ONG Caminhar. Relatou, ainda, que o objetivo de comprar essas Notas Fiscais seria, primeiro, um mecanismo de retirada dos sócios em espécie, em eventos específicos; segundo, reduzir o lucro da empresa para reduzir a remuneração variável e bônus de funcionários com participação no lucro. Marcus Herndl Filho explicou, outrossim, o procedimento de compra das Notas Fiscais junto à predita ONG: em primeiro lugar, a 212 Capital realizava uma transferência eletrônica – TED – para a ONG Caminhar, sendo que, em seguida, essa devolvia 90% do dinheiro transferido pela empresa 212, enviando, conseqüentemente, uma Nota Fiscal, relacionada a um serviço de consultoria não prestado. Disse que a predita ONG ficava com 10% do valor transferido, que servia como forma de pagamento pela Nota Fiscal, emitida pelo serviço não prestado. Atestou, também, que, para a 212 Capital, a compra dessas notas fiscais da ONG era bastante atrativa, vez que esta cobrava apenas 10% do valor transferido, sendo que o mercado costumava cobrar 20%. Disse, ainda, que as TED’s relacionadas ao envio de dinheiro por parte da 212 Capital partiam do Banco Bradesco e eram direcionadas ao Banco do Brasil e ao Banco de Brasília, com os quais a ONG Caminhar possuía conta.Disse, ainda, que não se recordava se uma das notas adquiridas pela 212 constava um suposto serviço sobre ou para a CELG. 514 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Já Leônidas Herndl relatou que uma pessoa da ONG Caminhar ofereceu a realização de serviços de consultoria e pesquisas de mercado econômico-financeiras, entre outros, e propôs-lhe emitir, pela referida ONG, cartões de premiação para a empresa 212 Capital, sem permitir a identificação da origem dos valores e que, para tanto, essa empresa remeteria o dinheiro para a conta da ONG Caminhar e, em contrapartida, essa forneceria os cartões carregados. Disse, também, que a comissão proposta por essa pessoa da ONG Caminhar era de 8% a 10% dos valores carregados nos cartões e que, para respaldar a saída do dinheiro das empresas 212, a Caminhar emitiria uma nota fiscal de supostos serviços de consultoria. Afirmou, outrossim, que um dos supostos serviços prestados pela ONG Caminhar à 212 referia-se a pesquisas sobre fundos de pensão, no Distrito Federal. Asseverou, ainda, que outro suposto serviço que constou de algumas notas da Caminhar referiu-se à indicação de investidores e que as empresas 212 LR e 212 MB intermediaram a venda de títulos de crédito para o BRB DTVM e TESOURARIA, ao longo de 2006, num montante aproximado de R$ 8.000.000,00 a R$ 10.000.000,00. Observa-se, desta forma, dos depoimentos mencionados, a procedência de algumas informações da denúncia já referida, vez que os proprietários da empresa 212 Capital assumiram a compra das Notas Frias. Ademais, junto com as informações encaminhadas pelo Ministério Público do Distrito Federal, estão cópias de Notas Fiscais, emitidas pela CAMINHAR ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE PARA A 515 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA CIDADANIA, de que consta como tomador do serviço a empresa 212 – LR Agentes Autônomos de Investimento Ltda, serviço esse, descrito como “consultoria de relacionamento e apresentação de potenciais investidores em nível nacional e, especialmente, no Centro Oeste, na distribuição de celular de crédito bancário da Eletrodireito e da CELG no mês de setembro”. Os valores mencionados nas preditas notas – aquelas que chegaram a essa CPI – são de R$ 60.000,00, R$ 108.900,00 e R$ 55.555,56. (grifo nosso) O Ministério Público do Distrito Federal encaminhou, também, a essa CPI, cópia de alguns termos de contrato, formalizados com a CELG, com o seguinte objeto: “realização de consultoria de relacionamento e apresentação de potenciais investidores em nível nacional e especialmente no Centro-Oeste, na distribuição de Cédulas de Crédito Bancário da Eletrodireito e da CELG”.(grifo nosso) Isso, nos meses de setembro e outubro de 2006, bem como abril de 2007. Resta mencionar, por relevante, que não há de se argumentar que as provas mencionadas, que foram encaminhadas pelo Ministério Público do Distrito Federal não são dessa Comissão e nem pertencentes a fatos por ela investigados. Isso porque o referido Parquet encaminhou, junto com as informações uma decisão, proferida pelo juízo da 1ª Vara Criminal da Circunscrição Especial Judiciária de Brasília – DF, concernente à Operação Aquarela, em um requerimento do Ministério Público do Distrito Federal, que expôs, em síntese, que, no bojo da Operação Aquarela, foram apreendidos diversos documentos que configuram indícios de crimes, mas que, a princípio, não guardam relação direta com a referida Operação. Expôs, ainda, que esses documentos precisam embasar a instauração de diversos inquéritos 516 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA policiais, a fim de viabilizar a investigação de fatos específicos. Ademais, expôs que alguns ilícitos, por exemplo, referem-se a atos praticados em outras unidades da Federação e necessitam ser levados ao conhecimento dos respectivos Ministérios Públicos Estaduais, para a condução dos inquéritos civis e criminais. Com base nessas argumentações, o Ministério Público requereu a autorização para o compartilhamento das provas produzidas em todos os processos e procedimentos em curso, perante a 1ª Vara Criminal de Brasília, que tratem dos fatos apurados no bojo da Operação Aquarela. O já referido Juízo deferiu, integralmente, o pedido formulado pelo Ministério Público do Distrito Federal. Legítima, destarte, a utilização das mencionadas provas, na investigação, realizada por essa Comissão Parlamentar de Inquérito, máxime porque, existem notas fiscais, emitidas pela ONG Caminhar, em que, do objeto do serviço prestado, consta a CELG, assim como, no objeto dos contratos de parceria “formalizados” entre a 212 LR Agente Autônomos de Investimentos Ltda e a Caminhar – Organização da sociedade para a Cidadania. Importante lembrar que a ONG Caminhar, bem assim, a empresa 212 estavam envolvidas nas investigações da Operação Aquarela pela emissão e compra de notas fiscais frias. Dito de outra forma, se a empresa 212 está envolvida em investigação de práticas ilegais, no Distrito Federal, e existem notas fiscais, emitidas pela Caminhar, em que consta a CELG, sobreleva a investigação dessas práticas, no Estado de Goiás, junto à predita Companhia Energética, de modo a se aferir, ainda, eventual triangulação. Como não existia outro meio de prova, apelou-se para a 517 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA medida excepcional de quebra de sigilo bancário, por meio da qual, será possível constatar-se se houve triangulação e, também, quais são as outras partes desse triângulo. Portanto, assim que os dados requeridos chegarem a esta Casa de Leis, os mesmos serão remetidos ao Ministério Público para que após averiguar as informações provenientes das quebras de sigilo bancário e fiscal avalie a existência de eventual autoria e materialidade do crime e, por conseguinte, a necessidade de se propor a ação penal cabível. RECOMENDAÇOES AO GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS: 1. que justifique e apresente documentos comprobatórios a esta Casa de Leis dos motivos pelos quais não contabilizou a dívida do Estado de Goiás com a CELG junto à Contabilidade do Tesouro Estadual, explicitando quando isso será feito e por meio de qual procedimento; RECOMENDAÇÕES À DIRETORIA DA CELG 1. que proceda profunda reavaliação dos critérios que tem adotado, tanto na contratação da terceirização de serviços quanto no fornecimento de materiais, a fim de otimizá-los e adequá-los com profundidade aos objetivos estatutários da Companhia; 518 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA 2.que adote urgentemente uma estratégia de longo prazo para o enfrentamento de suas dificuldades financeiras, evidentes em seus balanços e resumidas na Análise de evolução do endividamento da CELG (1984/2008), elaborada pela FIPE e que integra o presente relatório; RECOMENDAÇÕES AO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS Importante salientar que o Ministério Público enviou a esta Comissão Parlamentar de Inquérito, aos cuidados do relator, ofício (Ofício nº 292/2010-GP) onde informa que já existem procedimentos investigativos concernentes à CELG e os mesmos foram divididos por grupos de matérias e distribuídos às Promotorias de Justiça conforme ali especificado, da seguinte forma: - 50ª Promotoria de Justiça – titular: Dr. Humberto Machado de Oliveira: 1º grupo – publicidade e propaganda; 6º grupo – enquadramento de servidores; - 78ª Promotoria de Justiça – titular: Dra. Villis Marra Gomes: 2º grupo: advocacia e honorários judiciais; - 90ª Promotoria de Justiça: Dra. Renata Miguel Lemos (em substituição): 3º grupo – irregularidades em licitações; - 89ª Promotoria de Justiça: Glauber Rocha Soares (em substituição): 4º grupo – serviços terceirizados; - 57ª Promotoria de Justiça – titular: Dr. Fernando Aurvalle Krebs: 5º grupo – dilapidação do patrimônio público; - grupo de repressão ao crime organizado: 7º grupo – financiamentos bancários. 519 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Especificamente em relação às investigações envolvendo a Usina Hidrelétrica de Cachoeira Dourada, informou que há dois procedimentos registrados no sistema do MPGO: a) 2008000100033194 – apuração de irregularidades no contrato de suprimento de energia elétrica celebrado entre a CELG e as Centrais Elétricas Cachoeira Dourada; b) 2008000100027651 – irregularidades no processo de privatização da Usina Hidrelétrica de Cachoeira Dourada. Dessa maneira, sugere-se sejam os presentes autos encaminhados ao Ministério Público para que cada grupo de trabalho ali designado avalie a possibilidade de promover a responsabilidade civil ou criminal de eventuais infratores. Assim, recomenda-se ao Ministério Público, o aprofundamento das investigações iniciadas pela CPI, de acordo com cada grupo de trabalho já criado, bem como que: - ofereça a respectiva denúncia contra o Diretor Presidente da Empresa Endesa Cachoeira Dourada S.A., Guilherme Lencastre, indiciado como incurso no crime de desobediência, art. 330 do Código Penal, por não ter comparecido para depor como testemunha na CPI da CELG. - investigue o registro e a movimentação dos valores pertinentes ao imobilizado da CELG transferidos para o Estado do Tocantins, de forma a confirmar os valores e as respectivas contas, verificando se foram atendidos os Princípios Fundamentais da Contabilidade, bem como para confirmar o valor total baixado do imobilizado; 520 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - investigue todos os empréstimos contraídos pela CELG, principalmente nos anos de 2005 até 2008, com os Bancos abaixo nominados, por se tratarem de instituições financeiras de 2ª e 3ª linhas, investigando inclusive o motivo da escolha dos mesmos e os juros praticados: - Banco BBM S/A; - Banco PINE S/A; - Banco DAYCOVAL S/A; - Banco MÁXIMA S/A; - Banco SOFISA S/A; - Banco TRICURY S/A; - LEMON BANK – Banco Múltiplo S/A; - Banco CREDIBEL S/A; - Banco CRUZEIRO DO SUL; - Banco FIBRA S/A; - Banco INDUSTRIAL E COMERCIAL S/A; - Banco INDUSVAL S/A; - Banco INTERNACIONAL DO FUNCHAL – BRASIL S/A; - Banco J. SAFRA S/A; - Banco PAULISTA S/A; - Banco PROSPER S/A; - Banco RENDIMENTO S/A; - Banco SEMEAR S/A; - Banco STANDARD DE INVESTIMENTOS S/A; - INTERMEDIUM CRÉDITO INVESTIMENTO S/A; - Banco BVA S/A; - Banco INTERCAP S/A; - ZFAC COMERCIAL LTDA; FINANCIAMENTO E 521 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - investigue quais foram os pagamentos efetuados com o dinheiro objeto de tais empréstimos, pois segundo apurou o TCE, os documentos enviados pela CELG somente atestaram que os empréstimos foram para pagamento de fornecedores de material, serviço e compra de energia; - investigue os contratos de serviços terceirizados realizados pela CELG, as prorrogações dos contratos e acréscimos, a fim de verificar se os mesmos cumprem os ditames da Lei de Licitações; - investigue a denúncia feita pelo ex-secretário de Minas e Energia, Benjamin Beze sobre os acordos feitos pelas empresas combinando vantagens nas licitações; - investigue os motivos de celebração de um convênio entre prefeitura e AGM, o qual ensejou ações judiciais, causando prejuízos à CELG e conseqüentemente danos ao erário, bem como se o parcelamento das dívidas com as prefeituras foi a melhor estratégia, com o escopo de se detectar a motivação dessas condutas e, assim, averiguar se existe tipificação para as mesmas; - investigue o contrato firmado entre a Empresa 212 Capital e a CELG, bem como os sócios da referida empresa, Marcos Herndl Filho e Leônidas Herndl, a fim de verificar se houve alguma irregularidade na captação dos recursos objeto dos empréstimos ocorridos em 2006, bem como se os valores pagos não foram superfaturados e ainda se os sócios não incorreram na prática de algum crime, de acordo com a denúncia formulada a esta CPI, bem como, pelos documentos enviados pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios a ser encaminhado a este Órgão no momento oportuno; 522 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA RECOMENDAÇÕES AO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE GOIÁS: - que realize inspeções ou auditorias específicas sobre os fatos apresentados pela Comissão Parlamentar de Inquérito, caso ainda não estejam já em curso. Isto posto, na oportunidade, agradeço ao presidente desta CPI, Deputado Helio de Sousa e aos Deputados José Nelto, Daniel Goulart, Coronel Queiroz, membros desta Comissão, que de forma profícua e democrática conduziram este relevante trabalho e pela honra que me concederam fazendo-me Relator de tão importante CPI. Este é o relatório que, à luz de todos os fatos jurídicos, contábeis e técnicos avaliados, submeto à apreciação dos nobres pares desta Comissão, aguardando unânime aprovação. SALA DA COMISSÃO, em de Deputado HUMBERTO AIDAR Relator da CPI AGRADECIMENTOS: de 2010. 523 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Nesta oportunidade gostaria de agradecer a todos os servidores desta Casa que contribuíram para o êxito desta CPI, especialmente a: Procuradoria Geral: Procuradora Geral Drª Otavila Alves Pereira de Gusmão; Procuradora Andreya da Silva Matos Moura; Procuradora Regiani Dias Meira Marcondes. Secretárias da CPI: - Sandra Marcelino Lopes - Maria de Lourdes Silva Equipe de Som: - Deurismar Silva Ferré. Carlos Roberto de Oliveira. Taquigrafia: - Kleber Pereira Houri; - Maria Mônica de Oliveira Sampaio. TV Assembléia: - Francisco Ferreira da Silva; 524 ESTADO DE GOIAS ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - Washington Soares de Araújo; - Patrícia Lee Ana Santos; - Fernanda Cândido. Agência Assembléia: - Secretário de Comunicação José Luis Bittencourt; - Editora Chefe Abadia Lima; - Chefe de Reportagem Maria Aparecida Mendonça; - Repórter Camila Costa; - Repórter Victor Hugo Lopes. Fotografia: - Denise Xavier; - Marcos Kennedy. Segurança: - Júlio Dias da Costa