História da Psiquiatria

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INÍCIO DAS CIVILIZAÇÕES:
Sobrenatural
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História da Loucura
Grécia, V a.C.:
Primeiros a elaborar conceitos de
causas naturais para diversos
eventos (incluindo loucura).
Hipócrates
– Base Neuro-Humoral:
–
–
–
–
Sangue
Bílis amarela
Bílis negra
Fleuma
Crasis
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X
Calor
Sanguineo
Frio
Colérico
Umidade
Melancólico
Aridez
Fleumático
Discrasia
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Grécia, V a.C.:
-
Platão
Divisão da “alma humana” em:
– Apetite,
Razão e Realidade
Comparável a:
Id, Ego e Superego
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Roma, I a.C.:
Asclepíades
Rejeitou a doutrina dos fluidos vitais
Excitação mental com febre
X
sem febre
Frenite
X
Mania
Areteu
- Classificou doenças mentais a partir do prognóstico (comparar com Kraepelin)
-
-
Galeno
Estudos em anatomia e fisiologia.
Considerava os transtornos mentais como
distúrbios cerebrais
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Idade Média V a XV dC:
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Retorno do pensamento fantástico e sobrenatural
Exorcismo de pessoas supostamente “possuídas”
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Idade Média V a XV dC:
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Retorno do pensamento fantástico e sobrenatural
Exorcismo de pessoas supostamente “possuídas”
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Idade Média V a XV dC:
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Apesar disso:
– Alexandre Tralles (525-605) – enfermidade circular do humor
– Constantino, o Africano (1020-1087) –
Escola Médica de Salermo
Descreveu sintomas de depressão e hipóteses sobre prognóstico.
– Alberto, o Grande e São Tomás de Aquino (sec XIII)
Descreveram sintomas psicóticos.
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Fim da Idade Média XV dC:
Intensificação dogmas feitiçaria – Tratados sobre Bruxaria.
1484 – Papa Inocêncio VIII – intensificou a perseguição
Martelo das Bruxas (Malleus Maleficarum), Sprenger e Kramer
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XVI - XVII:
Transição:
Dependências irracionais das antigas crenças
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Especificação e aplicação de critérios metodológicos científicos
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Johannes Weyer, De Praestigiis Daemonum – muitas “feiticeiras” eram doentes mentais e deveriam ser tratadas
por médicos e não por padres ou monges.
A psiquiatria começou a entrar nos círculos culturais e científicos da época;
A visão médica volta-se para o doente mental.
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Fim do sec XVII – início do sec XX
(Das origens aos frutos do iluminismo)
Emil Kraepelin (1856-1926)
– Diferenciou a demência precoce (esquizofrenia) da insanidade maníaco-depressiva (transtornos de humor), com clareza, e com base
na observação e evolução.
– Tratado de psiquiatria – ordenou quadros já descritos, separando as psicoses em dois grupos (dementia precox e loucura maníacodepressiva).
Karl Jaspers (1913)
– Psicopatologia Geral – Base para exames psicopatológicos até hoje
Sigmund Freud (1856-1939)
– A interpretação dos sonhos – compreensão da mente humana no campo psicológico, demosnstrando o nosso mundo inconsciente, e
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vindo a influenciar todo o pensamento deste século de forma marcante (medicina, sociologia, psiquiatria, literatura e outras artes).
– Descobriu as manifestações do inconsciente, a sexualidade infantil, a importância dos sonhos.
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Fim do sec XVII – início do sec XX
(Das origens aos frutos do iluminismo)
Predomínio de critérios racionais e científicos na psiquiatria.
Philipe Pinel (França) – revolução na teoria e na prática de tratamento de enfermos mentais.
– Analisou e classificou as doenças mentais.
– Demonstrou que devemos respeitar o insano como indivíduo.
– Insanidade como distúrbio do autocontrole e da identidade (“alienação”).
Vincenzo Chiarugi (Itária) – movimento simultâneo.
Criação de asilos psiquiátricos
– The Retreat – Escócia, 1752
– Williamsburg, EUA, 1773
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Início do sec XX
Manicômios
crescem em número e se tornam mais repressivos
AgravamAgravam-se condiç
condições de alimentaç
alimentação, hospedagem, mausmaus-tratos, abandono.
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FIM DA 2ª GUERRA MUNDIAL (1945)
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Mediante projetos democráticos de reconstrução da Europa, situação dos manicômios é
insustentável (pairava fantasma dos campos de concentração)
Guerra causa danos psíquicos a homens jovens (necessidade de recuperação da força de trabalho)
Iniciam-se movimentos de Reforma Psiquiátrica.
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MOVIMENTOS DE REFORMA PSIQUIÁTRICA*
Reformas restritas ao âmbito do hospital
- Psicoterapia institucional
- Comunidades terapêuticas
Reformas que acoplam serviços extra-hospitalares ao hospital:
- Psiquiatria de setor
- Psiquiatria preventiva
Reformas que questionam o conjunto dos saberes e práticas da psiquiatria vigente:
- Antipsiquiatria
- Psiquiatria Democrática
*Divisão segundo Birman e Costa
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REFORMAS RESTRITAS AO ÂMBITO DO HOSPITAL
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Pressuposto: adoecimento dos hospitais
Necessidade: reformulação para assegurar possibilidade terapêutica
Combate à hierarquia autoritária das relações funcionários-pcs (E o autoritarismo e injustiça social
da qual deriva? Não é questionado?)
Tratamento humano e digno ao paciente restrito ao período da internação (sem suporte após a alta:
hospital como célula utópica da sociedade)
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PSICOTERAPIA INSTITUCIONAL
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França, fim da II Guerra (Tosquelles, Oury)
Influência da Psicanálise (ênfase na relação terapeuta-pc no tto.; terapia volta-se para a instituição)
Algumas propostas: criar campo coletivo nos hospitais, ajudar o pc a refazer laços com as pessoas
e coisas, estímulo a práticas sociais e artesanais (influenciada pelo efeito terapêutico do trabalho)
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COMUNIDADE TERAPÊUTICA
Inglaterra,
fim da II Guerra (Bion, Maxwell Jones), tb. EUA.
Algumas propostas: participação do pc. na administração do hospital e no próprio tto.
e dos outros, através de assembléias em que tenham voz ativa.
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REFORMAS QUE ACOPLAM SERVIÇOS EXTRA-HOSPITALARES AO HOSPITAL
Buscavam reduzir o papel do hospital psiquiátrico (número e tempo das internações) com
alternativas de tratamento na comunidade
Hospital permanece como referência
Valorização dos aspectos psicossociais do sofrimento mental (mas postura medicalizante mtas
vezes)
Propostas foram conduzidas sem a participação dos PTM e familiares
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PSIQUIATRIA DE SETOR
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França, anos 50
Movimento de contestação da psiquiatria asilar (anterior à Psicot. Inst.)
Influenciada pela Psicanálise
Adotado como política oficial a partir dos anos 60 (menos onerosa)
Territorialização da assistência
“Setor”: esquadrinhamento do hosp. e da comunidade em áreas delimitadas, pacientes acompanhados por uma
mesma equipe de saúde mental (dentro e fora do hospital). Cada setor com respectivos serviços extra-hospitalares
(lares pós-cura, oficinas protegidas, etc.)
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PSIQUIATRIA PREVENTIVA (OU COMUNITÁRIA)
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Estados Unidos, década de 50 (Gerald Caplan)
Estimula três níveis de prevenção:
- Primário: condições individuais e ambientais na formação da doença mental
- Secundário: diagnóstico das doenças
- Terciário: readaptação do paciente à vida social após melhora
Internação: último recurso, curto período
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REFORMAS QUE QUESTIONAM O CONJUNTO DOS SABERES E PRÁTICAS DA PSIQUIATRIA
VIGENTE
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Pressuposto: fracasso das experiências de transformação do hosp. psiq. em espaço terapêutico
Bandeira: a possível e necessária extinção do hospital psiquiátrico
Questionamento da neutralidade da ciência (rels. de poder)
Mudanças envolviam outros segmentos sociais além dos técnicos de SM
Baseavam-se em avaliações das experiências de comunidades terapêuticas.
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ANTIPSIQUIATRIA
Inglaterra,
década de 60 (Laing e Cooper)
Reflexão sobre a loucura: não mais encarada como doença mas reação aos
desequilíbrios familiares ou alienação social
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PSIQUIATRIA DEMOCRÁTICA
Itália,
a partir dos anos 60 (Franco Basaglia)
Desmonte do hospital psiquiátrico de Trieste e reencaminhamento dos internos ao
convívio social (cultura, trabalho, lazer, etc.) e acompanhamento em CSM 24 h,
abertos.
Respaldo da lei italiana (1978): proibição de construção de novos hospitais
psiquiátricos
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Sec XX
(Avanços no tratamento)
1938 – Ugo Cerletti - ECT
1949 – Nobel Medicina Egas Moniz (Portugal): lobotomia.
1952 – Clorpromazina (primeiro neuroléptico antipsicótico), Delay e Deniker (França)
1949 – Citrato de lítio no tratamento de excitações maníacas.
Outros medicamentos (ansiolíticos, antidepressivos, anticonvulsivantes, etc). Permitiu que a psiquiatria e seus padecentes abandonassem a
sombra em que viviam e retornassem à sociedade.
– Redução das internações
– Melhoria da qualidade de vida
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no Brasil
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Período colonial (1500-1822)
Ausência
de assistência aos doentes mentais;
– Internados em “Casas de Misericórdia”, isolados nos porões ou quartos-fortes.
– Cadeias
– Perdidos pelas ruas
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Início da prática sistematizada (1852)
Inspirada, inicialmente no pensamento francês.
1852 – Hospício Pedro II, na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro - perturbação do
funcionamento do Cais do Rio de Janeiro pelos inúmeros loucos que por ali perambulavam.
– Asilo Provisório de Alienados, São Paulo
1860 – Hospício de Visitação de Santa Isabel, Olinda.
1886 – Existiam/estavam em construção também asilos no Pará, Pernambuco, Bahia,
Maranhão, Rio Grande do Sul.
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Movimentos de renovação da assistência psiquiátrica no Brasil (Fim do séc XIX)
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Teixeira Brandão – Hospício de Pedro II – atendimento inadequado, pavilhões sórdidos com deficiências de
alimentos e vestuário. Crise pela superlotação e elevados custos. Proposta criação de colônias agrícolas
(Hospital de Juqueri, em Franco da Rocha SP e Hospital São Bento, na Ilha do Governador, RJ).
Juliano Moreira – Início da influência alemã – mostra que na Europa há asilos urbanos (fechados para
casos agudos), asilos de portas abertas (no meio rural), colônias agrícolas, aldeias de alienados, tratamento.
Franco da Rocha – São Paulo – modelo europeu: ambulatórios, hospital aberto, assistência
extramanicomial, sistema de autodireção hospitalar, assistência heterofamiliar e assistência social após alta
= evitar a superpopulação dos hospitais.
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Ulysses
Pernambucano (1930) precursos do moderno atendimento psiquiátrico:
diagnóstico precoce, hospitalizações cutas, auxílio do Estado às famílias,
readaptação.
Maxwel Jones (Inglaterra) – influenciou, no Brasil, o surgimento das
comunidades terapêuticas.
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Ulysses
Pernambucano (1930) precursos do moderno atendimento psiquiátrico:
diagnóstico precoce, hospitalizações cutas, auxílio do Estado às famílias,
readaptação.
Maxwel Jones (Inglaterra) – influenciou, no Brasil, o surgimento das
comunidades terapêuticas.
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MOVIMENTOS DE REFORMA PSIQUIÁTRICA*
Reformas restritas ao âmbito do hospital
- Psicoterapia institucional
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- Comunidades terapêuticas
Reformas que acoplam serviços extra-hospitalares ao hospital:
- Psiquiatria de setor
- Psiquiatria preventiva
Reformas que questionam o conjunto dos saberes e práticas da psiquiatria vigente:
- Antipsiquiatria
- Psiquiatria Democrática
*Divisão segundo Birman e Costa
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1995 – Mudança do modelo de assistência pelo MS
Exclusão progressiva do médico da equipe de saúde mental
– Falta de médicos especializados?
– Abuso da informalidade?
– Baixos valores de remuneração.
Papel secundário e prescindível ao psiquiatra.
Atribuição a ele pelas mazelas do sistema.
(ABP, 2006)
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Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) -Estabelecimentos aos quais foi delegado o papel de
articuladores estratégicos, com a responsabilidade de regular a porta de entrada da rede de atenção
em Saúde Mental em sua área de atuação e distribuir a demanda para os outros recursos de
assistência à saúde, porventura existentes. Ao menos em tese, cabe aos CAPS o acolhimento e a
atenção às pessoas com transtornos mentais graves e persistentes. Assim, os CAPS estão
substituindo a anterior atuação dos hospitais psiquiátricos
Desospitalização
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Modelo hospitalocêntrico
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Modelo capscêntrico
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Psiquiatria atual
Especialidade médica.
Pesquisa de causas genéticas, biológicas, sociais e psicológicas.
Especialidade médica ambulatorial.
(internações emergenciais, breves, casos graves)
Revalorização do diagnóstico
– Classificãções internacionais (CID10, DSMIV)
– Métodos laboratoriais auxiliares
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Tratamentos ressocializantes, psicológicos e biológicos (principalmente medicamentos).
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Perspectivas
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Avanços na propedêutica: ex, SPECT, PET, líquor.
Biologia Molecular: Identificação de marcadores biológicos.
Novas alternativas terapêuticas ex, EMT, Imuno, etc
Reformulação da classificação psiquiátrica.
Abordagem multidisciplinar.
Inclusão do serviço psiquiátrico no hospital geral.
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Bibliografia complementar:
Lopes
JL. A psiquiatria e o velho hospício. Disponível online
http://www.abpbrasil.org.br/historia/galeria/a_psiquiatria_e_o_velho_hospicio.pdf
ABP, AMB, CRM, FENAM. Diretrizes para um modelo de assistência integral em
saúde mental no Brasil. 2006. Disponível online
http://www.abpbrasil.org.br/diretrizes_final.pdf
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