universidade de málaga - Universidad de Málaga
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MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência UNIVERSIDADE DE MÁLAGA Faculdade de Ciências de Educação Departamento da Língua e da Literatura A INFLUÊNCIA DAS PRÁTICAS PARENTAIS EDUCATIVAS NO DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA TESIS DOCTORAL Zélia Leandro Sequeira Belo Torres Directores: Professora Doutora Angeles Gervilla Professor Doutor António Rebelo Málaga, Setembro 2008 1 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 2 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência AGRADECIMENTOS Gostaria de referir todos os que directamente me ajudaram ao longo da elaboração deste trabalho, e que, com generosidade, partilharam comigo conhecimentos, experiências, dúvidas e, por vezes, alguns desesperos. Em primeiro lugar, à Professora Doutora Angeles Gervilla, pela orientação desta tese, pelo apoio científico, incentivo e confiança, sempre renovada, pelos seus ensinamentos e saber partilhado. Ao Professor Doutor António Rebelo, pela amizade e sua franca disponibilidade sempre presente ao longo de alguns dos meus estudos realizados. À Professora Doutora Milagros Pérez e Doutora Dolores Madrid, pelos comentários, ensinamentos de metodologia de investigação e pela amizade iniciada. Ao Mestre José Brites, pelo apoio estimulante proporcionado, pela sua paciência, motivação, sugestões significativas que ofereceu e pelo incentivo à conclusão deste trabalho, sem a qual seria impossível de terminar. Ao Tó, companheiro de uma vida, que está sempre a meu lado, ajudando, possibilitando-me embarcar nesta e noutras aventuras. Aos meus filhos Hugo e Sara, que são os melhores filhos do mundo, porque são meus. Aos meus netos Miguel, Maria e Xavier, grande dádiva de Deus, aos quais desejo ensinar e amar tudo o que sei. Aos meus avós Joaquim e Joana, porque foram o melhor modelo de práticas parentais educativas. Aos meus pais Manuel e Maria, para que sintam orgulho em mim. À Eugénia, pela correcção deste trabalho e por estar sempre do outro lado. À Hébil pela paciência e ajuda nas pequenas grandes coisas. A todos os alunos que aceitaram gentilmente participar neste estudo. Aos amigos que acreditaram em mim. A Timor-Leste, terra onde o Sol em nascendo se vê primeiro. A todos muito obrigada 3 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 4 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência RESUMO Esta investigação, realizada no âmbito de Tese de Doutoramento em Educação Infantil e Família – Desenvolvimento e Intervenção Pedagógica, elaborada no Departamento de Língua e da Literatura da Faculdade de Ciências de Educação da Universidade de Málaga. Teve como Objectivo avaliar as Práticas Parentais Educativas e relacioná-las com Hiperactividade, de o desenvolvimento Ansiedade e de comportamentos Depressivos em Crianças de e Adolescentes, com idade compreendida entre os 7 e os 16 anos e que frequentam as escolas das diferentes Regiões de Educação de Portugal Continental: a Região de Educação do Norte, a Região de Educação de Lisboa e a Região de Educação do Sul. Estes alunos frequentam o 1ºCiclo, o 2ºCiclo e 3ºCiclo de escolaridade. Participaram neste estudo 307 crianças e adolescentes. A estrutura e a apresentação deste trabalho são compostas por duas partes. A primeira parte, o Marco Teórico, é composta por quatro capítulos. No primeiro capítulo, apresenta-se a fundamentação científica que serviu de base a este estudo. No segundo capítulo, foi realizada uma revisão teórica sobre a família, sua importância e valor na educação das crianças e adolescentes. Foram descritos os diferentes modelos de práticas parentais educativas, segundo alguns investigadores, referindo como as diferentes dimensões de Práticas Parentais influenciam o desenvolvimento dos filhos. No terceiro capítulo, analisa-se a literatura elucidativa sobre o desenvolvimento da infância e a adolescência, etapa do ciclo de vida humana caracterizada por diversas transformações físicas, psíquicas e sociais que conduzem ao estado adulto. No quarto capítulo, considera-se importante a análise de alguns comportamentos que as crianças e adolescentes podem manifestar na faixa etária respectiva, nomeadamente a hiperactividade, ansiedade e depressão. Analisa-se ainda como as diferenças entre o normal e o patológico 5 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência desempenham, na interacção com os indivíduos, factores que colocam algumas crianças e adolescentes em risco e protegem outros de um desenvolvimento desajustado. Na segunda parte, o Marco Metodológico, corresponde ao estudo quantitativo e qualitativo. Encontra-se o quinto capítulo, onde são descritos a metodologia adoptada, o objectivo e respectivas hipóteses, a caracterização da amostra como a caracterização geográfica das regiões de educação em que foi aplicado o estudo, a descrição dos instrumentos utilizados, as qualidades psicométricas dos instrumentos, os quais já validados na população portuguesa. No capítulo sexto, encontra-se a apresentação dos dados obtidos e a análise dos resultados de modo pormenorizado. Avaliou-se a relação das Práticas Parentais Educativas e as manifestações de sintomas de Hiperactividade, Ansiedade e Depressão. A análise de dados foi feita através de uma base de dados no Programa EXCEL a qual se transferiu para o Programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), versão 13.0 para Windows, realizando-se aí os procedimentos estatísticos e apresentação gráfica. No sétimo capítulo, depois de analisados os resultados e efectuada a sua discussão, verificou-se que a investigação fornece alguns contributos sobre questões específicas acerca das práticas parentais educativas e a sua influência no desenvolvimento das crianças e adolescentes, o que permite auxiliar os mesmos com delineação de estratégias de intervenção, uma vez que são conhecidos alguns aspectos da interacção pais-filhos. Os resultados indicaram, que foi encontrada uma associação entre as Práticas Parentais Educativas nas dimensões Carinho, Protecção e Autonomia com as sub-escalas de sintomas de Hiperactividade, Ansiedade, Depressão e Papéis Sexuais. Nas diferenças entre sexos, na avaliação dos progenitores, ambos consideraram a mãe como mais carinhosa e protectora, sendo a autonomia recebida pelo progenitor do mesmo género, o pai em relação ao rapaz e a mãe em relação à rapariga. Na associação com as sub-escalas referidas e de acordo com a literatura revista, verificou-se, que quando muito protegidas pelos pais, as raparigas manifestaram mais sintomas ansiosos do 6 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência que os rapazes, enquanto ambos manifestaram alguns sintomas de depressão e hiperactividade associados a falta de carinho e autonomia, sendo os rapazes que apresentaram valores mais elevados do que as raparigas. Baseados nos valores obtidos, apresentam-se as conclusões, na globalidade podemos referir que o suporte emocional proporcionado por ambos os pais durante a infância e adolescência parece ser um factor de protecção para evitar a manifestação de algumas perturbações nas crianças e jovens. Pais carinhosos, disponíveis, atentos e capazes de responsabilizar os filhos, contribuem para a formação de padrões de vinculação segura nos filhos. De acordo com estas considerações, e por forma de dar continuidade ao presente estudo bem como a colmatar as suas limitações, consideramos ser importante o desenvolvimento de investigações que analisem factores ambientais e familiares num estudo longitudinal. Por fim, é apresentada a lista de bibliografia consultada para fundamentar esta investigação, definida em conformidade com a orientação proferida pela American Psychology Association (APA). Ao longo do desenvolvimento deste trabalho foram feitas várias pesquisas em bases de dados: ERIC, PSYCLIT; TESEO, informação na Internet e em diferentes bibliotecas de Faculdades de Lisboa e da Universidade de Málaga. Para que se possa ter conhecimento de todo o este trabalho, inclui-se, em anexo, os questionários utilizados e os protocolos enviados aos intervenientes no processo. 7 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 8 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência RESUMEN Esta investigación, realizada em el ámbito de la Tesis de Doctoramiento en Educación Infantil y Família – Desarrollo y Intervención Pedagógica, elaborada en el Departamento de Lengua y Literatura de la Faculdad de Ciencias de Educación de la Universidad de Málaga. Tuvo como objectivo evaluar las Prácticas Parentales Educativas y relacionarlas con el desarrollo de comportamientos de hiperactividad, de ansiedad y depresivos en niños y adolescentes, con edad compreendida entre los 7 y los 16 años y que frequentan las escuelas de las diferentes Regiones de Educación de Portugal Continental: la Región de Educación del Norte, la Región de Educación de Lisboa y la Región de Educación del Sur. Estes alumnos frequentan el 1ºCiclo, el 2ºCiclo y el 3ºCiclo de escolaridad. Participarón en este estudio 307 niños y adolescentes. La estructura y la presentación deste trabajo és compuesta por dos partes. La primeira parte, el Marco Teórico, és compuesta por cuatro capítulos. En el primer capítulo, se presenta la fundamentación científica que servio de base a este estudio. En el segundo capítulo, fue realizada una revisión teórica sobre la família, su importancia y valor en la educación de los niños y adolescentes. Fuerón descritos los diferentes modelos de prácticas parentales educativas, según algunos investigadores, mencionando como las diferentes dimensiones de Prácticas Parentales influencian el desarrollo de los hijos. En el tercer capítulo, se analisa la literatura elucidativa sobre el desarrollo de la infancia y de la adolescencia, etapa del ciclo de vida humana caracterizada por diversas transformaciones físicas, psíquicas y sociales que conducen al estado adulto. E el cuarto capítulo, se considera importante el análisis de algunos comportamientos que los niños y adolescentes pueden manifestar en la respectiva classe etária, nomeadamente la hiperactividad, ansiedad y depresión. Se analiza todavia como las diferencias entre el normal y el patológico desempeñan, en la interación con los indivíduos, factores que 9 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência colocan algunos niños y adolescentes en peligro y protegen outros de un desarrollo desajustado. En la segunda parte, el Marco Metodológico, compuesto por el quinto, sexto y séptimo capítulo, corresponde al estudio empírico, del tipo quantitativo y qualitativo. En el quinto capítulo, ès descrito la metodologia adoptada, y objetivo y respectivas hipótisis, la caracterización de la amuestra como la caracterización geográfica de las regiones de educación en el que fué aplicado el estudio, la descripción de los instrumentos utilizados, las calidades psicométricas de los instrumentos, los cuales ya validados en la populación portuguesa. En el sexto capítulo, se encuentra la presentación de los datos obtenidos y la análisis de los resultados de modo detallista. Se evaluou la relación de las Prácticas Parentales Educativas y las manifestaciones de los sintomas de Hiperactividad, Ansiedad y Depresión. La análisis de los datos fué hecha atraves de una base de datos en el Programa EXCEL la cual se transpuso para el Programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), versión 13.0 para Windows, realizandose aí los procedimentos estatísticos y presentación gráfica. Depués de analizados los resultados y efectuada su discusión, se verifico que la investigación fornece algunos contributos sobre cuestiones específicas acerca de las prácticas parentales educativas y su influecia en el desarrollo de los niños y adolescentes, lo que permite auxiliar los mismos con delineación de estratégias de intervención, uma vez que són conocidos algunos aspectos de la interación padres-hijos. Los resultados indicán, que fué encontrada una asociación entre las Prácticas Parentales Educativas en las dimensiones Cariño, Protección y Autonomia con las sub-escalas de sintomas de Hiperactividad, Ansiedad, Depresión y Papeles Sexuales. En las diferencias entre sexos, e la evaluación de los progenitores, ambos consideraran la madre como la más cariñosa y protectora, siendo la autonomia recibida por el progenitor del mismo género, o el padre en relación al chico y la madre en relación a la chica. E la asociación con las sub-escalas referidas y de acuerdo con la literatura revista, se verificou, que cuando mucho protegidas por los padres, las chicas manifestarón mas sintomas ansiosos que los chicos, mientras ambos manifestarón algunos 10 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência sintomas de depresión y hiperactividad asociados a la falta de cariño y autonomia, siendo los chicos los que presentaron valores mas elevados que de las chicas.. El septimo capítulo, compuesto por la conclusión, limitaciones y propuestas, donde baseados en los valores obtenidos. E la conclusión, referimos que el suporte emocional proporcionado por ambos los padres durante la infancia y adolescencia parece ser un factor de proteción para evitar la manifestación de algunas perturbaciones en los niños y jóvenes. Padres cariñosos, disponibles, atentos y capaces de responsabilizar los hijos, contribuyen para la formación de padrones de vinculación segura en los hijos. De acuerdo con estas consideraciones, y dando continuidad al presente estudio bien como superar sus limitaciones, consideramos ser importante el desarrollo de investigaciones que analisan factores ambientales y familiares en um estudio longitudinal. Por fin, ès presentada la lista de bibliografia consultada para fundamentar esta investigação, definida en conformidad con la orientación proferida por la American Psychology Association (APA). Al largo del desarrollo deste trabajo fuerón hechas várias pesquisas en bases de dados: ERIC, PSYCLIT; TESEO, información en Internet y en diferentes bibliotecas de Faculdades de Lisboa y de la Universidad de Málaga. Para que se pueda tener conocimiento de todo este trabajo, se incluye, los cuestionarios utilizados y los protocolos enviados a los intervenientes en el proceso. 11 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 12 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência SUMMARY This doctoral thesis has been fulfilled in the Department of Language and Literature of de Faculty of Education Sciences of Málaga University. The aim of this investigation is to assess the Parental Educative Practices and relation between them and the development of children and adolescence anxiety, depression and hyperactivity behaviours. The structure and presentation of this work is composed by two shares. In the first one, a theoretical review describing the importance of family and describing the different models of Parental Educative Practices was made. It was demonstrated how the different dimensions of parental practices influence their children’s development. In the second share, an empirical one, the relation between the Parental Educative Practices and the manifestations of anxiety, depression and hyperactivity symptoms as well as sexual roles have been evaluated. In this study 307 children and adolescent students of Basic Schooling 1st, 2nd and 3rd Cycle participated. Boys were of an average of 10.91 years and girls 10.55 of the different regional of country. The results indicated that there was an association between Educative Parental Practices in Affection, Depression and Autonomy Dimensions with subscales of anxiety, depression and hyperactivity symptoms. In the sexual differences, the different Parents assessment, both considered mother as more affectionate and protective, being autonomy received from the same gender parent. Associating the above-mentioned subscales, in accordance with reviewed literature, it has been verified that when their parents excessively protect children, the girls have shown more anxiety symptoms than boys. Although both manifested some depression and autonomy, boys had higher values than girls associating Educative Parental Practices and sexual roles, it has been verified that girls were the more influence both by their mothers and their fathers. 13 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 14 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência ÍNDICE RESUMO RESUMEN SUMMARY Indíce de Gráficos e Tabelas INTRODUÇÃO 25 PRIMEIRA PARTE - MARCO TEÓRICO 31 CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO CIENTÍFICA 33 1 Justificação da Investigação 33 2 Paradigmas 35 2.1 Fundamentos Filosóficos e Investigação Científica 39 2.2 Paradigmas e Educação 41 2.2.1 Investigação Qualitativa 42 2.2.2 Investigação Quantitativa 44 CAPÍTULO II – FAMÍLIA, PRÁTICAS PARENTAIS EDUCATIVAS E EDUCAÇÃO 45 1 Família 45 1.1 Conceito Histórico 45 1.2 Família, Responsabilidade e Vinculação 48 1.3 Família, Continuidade e Transmissão de Valores 52 1.4 Família, Situação Actual 59 2. Práticas Parentais Educativas 62 2.1 Estilo Parental Versus Práticas Parentais 66 2.2 Determinantes do Estilo Parental 69 2.3 Práticas Parentais Educativas Positivas 70 15 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 2.4 Práticas Parentais Educativas Negativas 71 2.5 Modelos de Práticas Parentais Educativas 72 2.5.1 Modelo de Baldwin (1955) 72 2.5.2 Modelo de Schaefer (1959) 72 2.5.3 Modelo de Baumrind (1971) 73 2.5.4 Modelo de Maccoby e Martin (1983) 74 2.5.5 Modelo de Parker, Tupling e Brown (1979) 74 2.5.6 Modelo de Perris, Jacobson, Lindstom e Van Knorring(1980) 75 3. Educação 76 3.1 Educação, Construção das Identidades e Projectos Pessoais 76 3.2 Educação para a Integração e Coesão Social 79 3.3 Atitudes dos Pais face à Participação no Processo Educativo dos Filhos 82 3.3.1 Estratégias de Intervenção Pais-Filhos 84 3.4 Função Educativa na Família 91 3.4.1 Formas de Participação da Família na Politica Educativa 93 3.4.2 Vantagens da Participação Parental na Escola 94 3.4.3 Implicações da Intervenção Parental na Escola 95 CAPÍTULO III – DESENVOLVIMENTO DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 99 1. Perspectivas de Desenvolvimento na Infância 99 1.1. Segundo Wallon (1879-1962) 101 1.2. Segundo Piaget (1896-1980) 104 1.3. Segundo Gesell (1880-1961) 108 1.4. Segundo Erikson (1902-1994) 111 16 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 1.5 Segundo Bruner (1915) 114 2. Perspectivas de Desenvolvimento na Adolescência 2.1 Adolescência e Correntes Psicológicas 119 121 2.1.1 Segundo Sigmund Freud (1856-1939) 121 2.1.2 Segundo Anna Freud (1895-1982) 122 2.1.3 Segundo Erikson (1902-1994) 122 2.1.4 Segundo Piaget (1896-1980) 124 CAPÍTULO IV – DO NORMAL AO PATOLÓGICO 127 1. Conceito de Normalidade 127 1.1 Antecedentes Históricos 128 1.2 Práticas Parentais Educativas e Psicopatologias 130 2. A Importância da Terapia Cognitiva e Técnicas 135 2.1 Técnica de Modelagem Cognitiva 136 2.2 Técnica de Relaxamento 137 2.3 Técnica de Auto Reforço 137 3. Perturbações na Infância e na Adolescência 139 4. Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA) 141 4.1 Conceito Histórico 142 4.2 Classificação Nosológica 144 4.3 Características 148 4.3.1 Défice de Atenção 149 4.3.2 Impulsividade 151 4.3.3 Hiperactividade 153 4.4 Características Secundárias 155 4.5 Dados de Prevalência 157 17 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 4.6 Etiologia 157 4.7 Padrões de Comorbilidade 158 4.8 Factores Associados ao Diagnóstico 159 4.9 Desenvolvimento Intelectual, Social e Realização Académica 161 4.10 Factores Genéticos e Hereditariedade 165 4.11 Factores de Risco 166 4.12 Avaliação e Estratégias de Intervenção 166 4.12.1 Professor – Lidar com a Criança Hiperactiva na Sala de Aula 169 4.12.2 Pais – Lidar com o Comportamento da Criança Hiperactiva 173 4.13 Orientações Práticas 173 5.Perturbação de Ansiedade 177 5.1 Conceito Histórico 177 5.2 Teorias sobre a Ansiedade 179 5.3 Ansiedade, Medo, Fobias e outras Emoções 184 5.4 Classificação 188 5.5 Prevalência 190 5.6 Práticas Parentais e Ansiedade 191 6. Perturbação de Depressão 193 6.1 Conceito Histórico 193 6.2 Diagnóstico 198 6.2.1 Critérios de Diagnóstico 199 6.3 Prevalência 201 6.4 Por que é a Depressão Difícil de Reconhecer 202 6.5 Características e Sintomas 204 6.6 Comorbilidade 209 18 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 6.7 Práticas Parentais e Depressão 210 PARTE II – MARCO METODOLÓGICO 215 CAPÍTULO V- TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO 217 1. Conceptualização do Estudo 217 2. Processo de Investigação 219 2.1 Organização da Investigação e Planificação do Estudo 219 2.2 Deontologia 220 2.3 Definição do Objectivo 221 2.4 Formulação de Hipóteses 221 2.5 Variáveis a Considerar 222 2.6 Caracterização do Grupo de Estudo 223 2.7 Instrumentos de Avaliação 223 2.7.1 Validade dos Instrumentos de Avaliação 2.8 Métodos de Avaliação das Práticas Parentais Educativas 224 224 2.8.1 Métodos de Observação das Práticas Parentais Educativas 224 2.8.2 Método da Entrevista Semi-Estruturada 224 2.8.3 Método de Questionário de Auto-Avaliação 225 2.9 Questionário de Ligação Parental 226 2.10 Escala de Avaliação de Hiperactividade 227 2.11 Escala de Avaliação de Ansiedade 227 2.12 Escala de Avaliação de Depressão 228 2.13 Escala de Avaliação de Papéis Sexuais 228 3. Análise e Tratamento de Dados 229 3.1 Amostra 229 3.2 Critérios de Inclusão e Exclusão 230 19 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 3.3 Procedimento 231 3.4 Localização Geográfica da Amostra 231 CAPÍTULO VI - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 239 1. Alunos 239 2. Região de Educação 245 3. Professores 248 4. Caracterização da Amostra 255 5. Análise de Variância 259 6. Matriz de Correlação entre as Práticas Parentais Educativas e Variáveis 272 7. Factores Preditores de Variável Dependente 293 CAPÍTULO VII- CONCLUSÃO, LIMITAÇÕES E PROPOSTAS 309 BIBLIOGRAFIA 325 ÍNDICE ONOMÁSTICO 267 ANEXOS 379 Dados referentes à amostra 381 QLP-A – Escala de Avaliação Parental 382 CADS- A – Escala de Avalição de Hiperactividade - Alunos 385 CADS- P – Escala de Avalição de Hiperactividade - Professores 388 SCARED-R - Escala de Avaliação de Ansiedade 391 CDI – Escala de Avaliação de Depressão 393 CSRI – Escala de Avaliação de Papéis Sexuais 396 Protocolos 399 20 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência LISTA DE GRÁFICOS – CAPÍTULO VI Gráfico 1 - Total de Alunos por Género 239 Gráfico 2 - Distribuição de Alunos por Ciclo 240 Gráfico 3 - Distribuição de Alunos por Ciclo e por Género 241 Gráfico 4 - Distribuição por Ano de Escolaridade, 1º Ciclo e Género 242 Gráfico 5 - Distribuição por Ano de Escolaridade, 2º Ciclo e Género 243 Gráfico 6 - Distribuição por Ano de Escolaridade, 3º Ciclo e Género 244 Gráfico 7 - Alunos por Região Educação 245 Gráfico 8 - Alunos por Género e Região Educação 246 Gráfico 9 - Ano Escolar por Região de Educação 247 Gráfico 10 - Escala de Hiperactividade - CADS - Professores 250 Gráfico 11 - Escala de Hiperactividade – CADS – Professores 251 Gráfico 12 - Escala de Hiperactividade – CADS – Grupo A 252 Gráfico 13 - Escala de Hiperactividade – CADS – Grupo B 253 Gráfico 14 - Escala de Hiperactividade – CADS – Grupo C 254 Gráfico 15 - Hábitos de Estudo por Região Escolar em função da fase desenvolvimental 260 Gráfico 16 – Ansiedade de Separação, Anedonia, Pai-Autonomia e MãeAutonomia por Região Escolar em função das fases desenvolvimentais 21 265 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 22 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência LISTA DE TABELAS – CAPÍTULO VI Tabela 1 Caracterização Sócio-Demográfica da Amostra por Sexo 255 Tabela 2 Caracterização Profissional e Idade dos Progenitores por Sexo 256 Tabela 3 Análise do Desempenho Escolar e Hábitos de Estudo por Sexo 258 Tabela 4 Análise de Variância (ANOVA) 259 Tabela 5 Análise de Variância Univariada (ANOVA) 261 Tabela 6 Análise de Variância Univariada (ANOVA) nas Variáveis Psicológicas 262 Tabela 7.1 Análise Descritiva das Variáveis Estudadas 267 Tabela 7.2 Análise Descritiva das Varáveis Estudadas 268 Tabela 8 Análise de Variância Multivariável 269 Tabela 9 Matriz de Correlação de Pearson entre as Variáveis Estudadas 272 Tabela 10 Matriz Correlação de Pearson entre as P. P. E. 276 Tabela 11 Matriz Correlação de Pearson entre as P.P.E. e Restantes Variáveis 280 Tabela12 Matriz Correlação de Pearson entre P.P.E. na DREN por Faixa Etária 283 Tabela 13 Matriz Correlação de Pearson entre P.P.E. na DREL por Faixa Etária 286 Tabela 14 Matriz Correlação de Pearson entre P.P.E. na DREALG - Faixa Etária 290 Tabela 15 Factores Preditores Variável Dependente Pai – DREN na Infância 293 23 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Tabela 16 Factores Preditores Variável Dependente Pai – DREL na Infância 294 Tabela 17 Factores Preditores da Variável Dependente Pai – DREALG na Infância 295 Tabela 18 Factores Preditores Variável Dependente Mãe – DREN na Infância 297 Tabela19 Factores Preditores Variável Dependente Mãe – DREL na Infância 298 Tabela 20 Factores Preditores Variável Dependente Mãe – DREALG na Infância 300 Tabela 21 Factores Preditores Variável Dependente Pai – DREN Adolescência 301 Tabela 22 Factores Preditores Variável Dependente Pai – DREL Adolescência 302 Tabela 23 Factores Preditores Variável Dependente Pai - DREALG Adolescência 304 Tabela 24 Factores Preditores Variável Dependente Mãe - DREN Adolescência 305 Tabela 25 Factores Preditores Variável Dependente Mãe - DREL Adolescência 306 Tabela 26 Factores Preditores Variável Dependente Mãe DREALG Adolescência 308 24 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência INTRODUÇÃO “O destino do homem determina-se na forma como é gerado, no calor dos braços que se lhe estende, na ideologia que o envolve e na liberdade que é proporcionada para imaginar, experimentar e pensar” João de Santos (Pedagogo) A investigação e teorização acerca dos diversos estilos de práticas parentais educativas e da sua influência no desenvolvimento dos filhos têm sido caracterizadas por um rápido crescimento. De um modo geral, os estudos acerca do desenvolvimento das crianças e adolescentes têm reconhecido o importante papel que a influência parental desempenha na interacção com os factores que contribuem para algumas crianças e adolescentes manifestarem algumas perturbações e que outros contribuem para os proteger e contribuir para um desenvolvimento harmonioso. Diversos estudos apontam para que relações marcadas por suporte, carinho, disponibilidade e segurança aumentam a auto-estima e proporcionam o desenvolvimento de capacidades de aprendizagem. No entanto, sabemos também que as relações afectivas com a família, os amigos e envolvimentos românticos podem estar ligados a grande sofrimento e a diversos tipos de problemas ao longo da vida, isto é, as relações afectivas estabelecidas podem ser factores de vulnerabilidade ou de protecção individuais, (Canavarro, 1999). Deste modo, tem sido reconhecida a importância do funcionamento da família no desenvolvimento cognitivo, social e emocional nas crianças e adolescentes, que é influenciado pela experiência, directa e indirecta, presente no meio familiar em que está inserida (Lovejoy, Weis, O’Hare e Rubin, 1999). No entanto, as relações familiares vêm sofrendo mudanças nas últimas décadas. Comportamentos compreendidos como culturalmente aceitáveis e esperados há alguns anos atrás, são actualmente criticados (Cecconello, De Antoni e Koller, 2003). Este processo de mudança permite analisar os 25 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência diferentes estilos parentais no contexto familiar e sua influência no desenvolvimento dos filhos. O comportamento parental é influenciado por factores do próprio indivíduo, nomeadamente a sua personalidade e a sua história de desenvolvimento, por factores ou características da própria criança, por factores de contexto social, pela rede de contactos sociais que a família integra e pela situação profissional dos membros da família, (Belsky, 1984). A importância da família inicia-se pela construção das relações afectivas entre pais e filhos, que são determinantes no desenvolvimento das crianças, ao qual Bowlby (1982), referiu o modo como as experiências precoces influenciam o desenvolvimento da personalidade e das relações posteriores. Também Bandura (1997), evidencia o papel dos pais como modelos preferenciais dos filhos. “A família é o primeiro ambiente em que a criança vive as suas experiências iniciais: aprende a controlar os seus próprios impulsos e adquire as primeiras normas sociais de conduta. É assim mesmo, o lugar donde recebe as primeiras satisfações e frustrações, e o apoio e a rejeição das suas necessidades afectivas” (Llamas, Ruiz e Díaz, 2001:376). A família, espaço educativo por excelência, é vulgarmente considerada o núcleo central de individualização e socialização, no qual se vive uma circularidade permanente de emoções e afectos positivos e negativos entre todos os seus elementos. Com a evolução da sociedade, outras relações sociais contribuíram para o desenvolvimento da criança, mas é a relação com os pais que constitui a base referencial de todas as outras, por estes serem responsáveis em transmitir as primeiras informações e interpretações sobre o mundo, como defendem Salvador e Weber (2005), a figura dos pais, como primeiro núcleo social da criança, que tem grande influência no processo de desenvolvimento social, cognitivo e psicológico de uma criança. Das diferentes fontes e influências, podemos referir que as experiências a que qualquer indivíduo está exposto desde a infância e mesmo em períodos precoces são importantes, como no desenvolvimento, nas características de 26 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência personalidade, como no ajustamento emocional e comportamental (Golombok, 2000). “Às vezes, há a ideia de que os bebés ou as crianças por não falarem, por não expressarem através da linguagem aquilo que vêm e como se apercebem das coisas, é importante chamar a atenção dos pais de que as crianças se apercebem sempre do que se passa à sua volta, mesmo em idades muito precoces, como a primeira infância” (Cracel, 2007:1) Diversas pesquisas (Pinheiro, 2003 e Salvo 2003) procuraram demonstrar como as práticas educativas positivas e negativas podem levar ao desenvolvimento de diversos comportamentos comportamentais e sociais. Gomide (2003), constatou que as práticas parentais negativas estavam positivamente correlacionadas ao comportamento anti-social, ansiedade, agressividade e baixo índice de habilidades sociais, enquanto as práticas parentais positivas estavam correlacionadas positivamente com comportamentos pós-sociais e habilidades sociais. É consensual, de forma explícita ou implícita, para um vasto número de autores mencionados, que relações com maior impacto no desenvolvimento global do indivíduo são: as relações/ligações afectivas, (Canavarro 1999:51). À medida que a criança atinge os anos de escolaridade expandem-se os seus horizontes, ficando submetida a uma série de influências que se ampliam continuamente: professores, outros adultos, companheiros da mesma idade. Não obstante, o tipo de pais e de relacionamento entre eles permanece como grande determinação na formação de pessoa que virá a ser, dos problemas que enfrentará na sua luta pela maturidade, bem como dos modos segundo os quais abordará os seus problemas, (Mussen et al, 1977). As práticas parentais correspondem a comportamentos definidos por conteúdos específicos e por objectivos de socialização, diferentes práticas parentais podem ser equivalentes para um mesmo efeito no filho. As práticas são estratégias com o objectivo de suprimir comportamentos considerados inadequados ou de incentivar a ocorrência de comportamentos adequados (Alvarenga, 2001). Existem diversas pesquisas que provam como diferentes práticas estão associadas a diferentes aspectos do desenvolvimento dos filhos, como a adequada intervenção da família (Morawska e Sanders, 2006), 27 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência reflectindo-se estes comportamentos positivos nas atitudes sociais e comportamentais dos filhos, proporcionando-lhes carinho, protecção e autonomia (Day et al, 2005). Concordando com Sampaio (1994) e Fleming (1993) que se dedicam ao estudo destas dinâmicas relacionais, consideram que o desenvolvimento e crescimento no processo de autonomização, encontra-se relacionado com um equilíbrio entre o controlo excessivo e uma liberdade próxima do abandono, exercidos por vezes pelos pais. Entre estes dois pólos, situa-se um estilo parental que tem como suporte ou alicerce fundamental a comunicação, o ouvir e ser ouvido, o estar disponível e atento sem invadir o espaço e privacidade do outro. É então necessário que exista uma flexibilidade ao nível dos papéis familiares, fomentando a negociação das regras de funcionamento, procurando-se uma solução conjunta, entre os vários elementos, para cada dificuldade ou problema que surja. De acordo com Gameiro, (cit. In Alarcão, 2000:37) “A família é uma rede complexa de relações e emoções, na qual se passam sentimentos e comportamentos que não são possíveis de ser pensados com os instrumentos criados pelo estudo dos indivíduos isolados. Conceitos importantes como o da personalidade não são aplicáveis ao estudo da família. A simples descrição dos elementos de uma família não serve para transmitir a riqueza e a complexidade relacional desta estrutura”. Considera-se que uma relação parental é aquela que é abrangente em tudo o que diga respeito à relação pais-filhos, como um todo, sendo um sistema aberto, recebendo um conjunto de influências (exterior, comunidade, sociedade) e ao mesmo tempo influencia com as suas necessidades, características e comportamentos. Assim, o indivíduo é uma parte da família e da comunidade a que pertence, recebendo e interiorizando ao longo das fases do seu desenvolvimento diferentes influências. Todavia, grande influência neste desenvolvimento, está dependente de como os pais exercem a sua função de imposição e com o modo como respondem às necessidades das crianças, o que pode acontecer através de diferentes formas, dependendo da idade da criança e do seu estilo educativo (Negrão, 1995). 28 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Diversos autores tentaram enumerar formas através das quais as relações afectivas apareceriam envolvidas no processo de desenvolvimento individual. Hartup (1986), a esse respeito, sumariou três formas básicas de intervenção. Em primeiro lugar, as relações afectivas são apontadas como o contexto no qual a maior parte da socialização ocorre, valorizando aspectos como a aquisição de aptidões comunicacionais, a regulação de emoções e a construção do auto-conceito. Em segundo lugar, as relações afectivas foram igualmente apontadas pelo autor como bases ou recursos que possibilitam à criança funcionar de forma autónoma em contextos mais amplos, aumentar o seu sentido de eficácia pessoal e incrementar aptidões sociais em novas situações. Em terceiro e último lugar, é referido que as relações afectivas durante a infância (e nelas estão incluídas não apenas aquelas em que a criança participa, mas também aquelas que observa) são utilizadas como importantes modelos para a construção de relações afectivas futuras. Concordando com Morena (1998:63), desde que nasce, a criança no seu momento evolutivo, os factores familiares e a influência das relações de afecto que têm com a criança passam por ter um papel fundamental no seu desenvolvimento e na aprendizagem das suas habilidades sociais. Subsequentemente, ao procurar estudar no presente trabalho a influência parental e as relações afectivas estabelecidas na infância e adolescência com os seus filhos, partiu-se do princípio que as relações afectivas são afectadas por factores comportamentais e emocionais dos progenitores. Assim, como objectivo principal deste estudo, pretendemos investigar: “Será que as Práticas Parentais Educativas influenciam o desenvolvimento de perturbações como a Ansiedade, a Depressão e a Hiperactividade nas crianças e adolescentes nas Regiões de Educação de Portugal Continental?” 29 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 30 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência PARTE I MARCO TEÓRICO: FUNDAMENTAÇÃO CIENTÍFICA 31 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 32 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO CIENTIFICA 1. Justificação da Investigação No âmbito da formação profissional em educação, somos confrontados com diferentes tipos de famílias, sentindo os diversos problemas que podem surgir de algumas delas. É importante compreender, disponibilizar, aceitar e ajudar as famílias a superar algumas das dificuldades sentidas ao longo do desenvolvimento dos seus educandos, sobre o qual me debrucei e a que me dediquei sempre ao longo da minha docência. A família trata-se da base principal do desenvolvimento humano, como um espaço educativo por excelência, núcleo central de individualização e socialização, no qual se vive uma circularidade permanente de emoções e afectos positivos e negativos entre todos os seus elementos. A família é também um lugar de grande afecto, genuinidade, confidencialidade e solidariedade, portanto, um espaço privilegiado de construção social da realidade em que, através das interacções dos seus membros, os factos do quotidiano individual recebem o seu significado e os “ligam” pelo sentimento de pertença àquela família e não a outra. A família é particularmente importante no desenvolvimento moral, social, psicológico e emocional da criança e adolescente, uma vez que constitui o primeiro e principal modelo, promovendo e contribuindo para os estímulos sociais que a criança se expõe e determinando de igual modo, as categorias do comportamento que são definidas como “adequadas”, encorajando-as e recompensando-as e as que são definidas como “desadequadas”, evitando-as e excluindo-as. Reconhecendo porém que o modo como os pais exercem a sua função, que é bastante diversificada, e esse modo irá influenciar o desenvolvimento de algumas características da criança e do adolescente, são importantes os modelos afectivos de interacção que os pais utilizam para tratarem dos filhos, que se reflecte, de modo significativo, na forma como a criança e adolescente aprende e se relaciona com os outros. Os modelos parentais, as expectativas e 33 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência os métodos educativos determinam e contribuem para o desenvolvimento e comportamento da criança. Neste contexto a afirmação de Soares (2000:410) adquire todo o seu significado: “Uma organização segura/autónoma pode ser considerada como proporcionando uma função protectora face a experiências adversas, através da capacidade de expressão emocional, abertura, flexibilidade na abordagem de temas relacionados com a vinculação e capacidade de aceder às memórias passadas e actuais sobre o self no contexto das relações”. Os estudos já realizados em relação à educação e desenvolvimento da criança e do adolescente têm procurado identificar as características pelas quais os pais diferem significativamente uns dos outros, características essas que têm sido relatadas como influentes nas diferenças que se verificam, a vários níveis, entre as crianças e adolescentes. Estudos sobre os estilos de relacionamento parental demonstram que qualquer dos extremos educativos (pais autocráticos ou muito permissivos) pode significar dificuldades acrescidas aos jovens e causar desequilíbrios (baixa autoconfiança e filhos revoltados), sendo o estilo democrático de controlo parental (ambientes em que os pais se interessam pela vida dos filhos, conversam com eles acerca das decisões a tomar e existe uma definição clara de limites) o que gera nos jovens sentimentos de maior competência social, auto-estima e independência (Linares, Pelegrina e Lendinez, 2002). A autonomia é definida em termos cognitivos, como o encorajamento para exprimir os diversos pontos de vista em termos comportamentais, numa participação activa nas decisões feitas na família (Allen, Kupermie e Moore, 1997; Collins, 1990; Steinberg, 1990). O relacionamento familiar, a influência dos estudos parentais e da comunicação familiar, apesar de sofrerem alterações na adolescência, continuam a desempenhar funções importantes para os adolescentes, assumindo um papel decisivo no ajustamento emocional, no desenvolvimento das competências sociais e desenvolvimento pessoal de forma harmoniosa e equilibrada, (Ardelt e Day, 2002; Van Well, Bogt e Raaijmakers, 2002). Conclui-se assim que as relações positivas na família, o suporte emocional e social dos pais e um estilo de disciplina parental construtivo e 34 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência consistente, tendem a estar relacionados com maiores índices de bem-estar e de ajustamento na adolescência (Lory, 1999; Field, Diego e Sanders, 2002; Branjé, Van Aken e Van Lieshout, 2002). Concordando com Soares “Tem sido considerado que organizações inseguras de vinculação constituem um factor de risco de desenvolvimento de perturbação psicológica”, (2000:410). 2. Paradigmas “ A investigação, tal como a diplomacia, é a arte do possível” Patton, W. Q. As grandes correntes do pensamento, a maneira de ver e compreender o mundo, foram chamadas de «Paradigmas», termo utilizado por Kuhn que designa um conjunto de postulados, hipóteses, métodos, adoptados por uma comunidade de cientistas. Corrobora-se Gervilla, (1988:236), citando Kuhn (1976), toda investigação científica trabalha com modelos teórico dentro de um paradigma em busca de evidência empírica suficiente para aceitá-los, modificá-los ou rejeitá-lo. De acordo com Gervilla, o termo paradigma é um marco que se emprega nas ciências sociais, que possui uma ambiguidade contextual, por outro um lado possui definição clara e por outro emprega distintas formas, dependendo do contexto em que é utilizada. Durante um determinado período de tempo, uma dada ciência é dominada por um modelo interpretativo até que surja um novo, que, rompendo com o anterior, o substitui, (Monteiro e Santos, 1995). “Os grandes epistemólogos do nosso século, entre os quais nos permitimos salientar Karl Popper, convergem em considerar que o principal factor de progresso da Ciência reside não na descrição e acumulação de factos, mas no confronto e subsequente escolha entre concepções teóricas concorrentes ou alternativas para a explicação dos fenómenos observados” ( Canavarro 2000:107). Actualmente, existe uma vasta quantidade e variedade de modalidades de investigação. Por detrás de cada um destes tipos de investigação, encontra- 35 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência se uma concepção filosófica que as sustenta teoricamente e que na terminologia actual se denomina de Paradigma de Investigação (González, 2003). Os paradigmas são referidos como formas de entender a realidade, de maneira a que uma troca da mesma vá supor uma modificação na própria realidade. O seu campo de aplicação afectará tudo o que esteja relacionado com a ciência e a investigação científica, incluindo as metodologias e técnicas de conhecimento (Garcia, 2006). Importa referir que as filosofias em que cada um dos paradigmas da investigação se baseia são de natureza bem distinta. O Positivismo de Auguste Comte fundamenta o paradigma quantitativo. Em linhas gerais, considera-se que existe uma realidade objectiva que o investigador tem de ser capaz de interpretar objectivamente; cada fenómeno deverá ter uma e só uma interpretação objectiva (científica). O idealismo de Kant e os seus sucessores está na base do paradigma qualitativo. Aqui não se considera a existência de uma só interpretação (objectiva) da realidade; pelo contrário, admite-se que há tantas interpretações da realidade quantos os indivíduos (investigadores) que a procuram interpretar. Naturalmente, estas concepções antagónicas do mundo conduziram a concepções diferentes quanto a problemas de investigação, tais como, o controle, a neutralidade do investigador, a significância estatística, a generalização e outros, (Fernandes, 1991). O positivismo é uma escola filosófica que defende determinados pressupostos sobre a concepção do mundo e do modo como o conhece: o mundo natural tem a sua existência própria, independentemente de quem o estuda. É constituído por leis que permitem explicar, predizer e controlar os fenómenos do mundo natural, e podem ser descobertos e descritos por meios objectivos e livres de valor pelos investigadores com métodos adequados, baseando-se na experiência. É válido para todos os tempos e lugares; como lógica metodológica válida procura a existência de um certo grau de uniformidade e ordem na natureza. Segundo Rodríguez, (2006), o paradigma actual demanda uma formação para saber, sendo também uma formação para fazer, (aprender a empreender) e uma formação para conviver, além de saber, deve entender-se 36 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência o que faz, para quê fazer e quais são as consequências globais de suas actividades. O sistema educativo como serviço publico e organizacional activo deve formar alunos capazes de aplicar seus conhecimentos em solução de novas realidades mediante o uso racional de novas tecnologias. Formar os cidadãos que se dirigem ao século XXI com auto-estima e com capacidade de ser criativos flexíveis e adaptáveis a todas situações. Concordando com Rodríguez, (2006), o novo paradigma é uma consequência da visão do universo, visão que sustenta a complexidade da realidade que temos que ir construindo progressivamente em contacto com o objecto. Uma realidade em que todas as partes se relacionam dialecticamente, uma realidade em que o determinado ou o ordenado se coordena (...), em suma, um novo paradigma também complexo e globalizador, capaz de gerar um tipo de conhecimento sustentado em quatro grandes princípios ou nova lógica: complexidade, principio de diálogo, princípio hologramático e princípio de incertezas. Este estudo enquadra-se no Paradigma Positivista, também denominado por paradigma quantitativo, empírico-analítico, racionalista. É o paradigma dominante em algumas comunidades científicas. Tradicionalmente, a investigação em educação seguiu os postulados e princípios surgidos deste paradigma. 37 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Paradigma Finalidade Realidade Sujeito Objecto Generalização Explicação Positivista Explicar, prognosticar, controlar fenómenos, verificar hipóteses, procurar leis, construir teorias. Interpretativo Compreender. Interpretar. Compreensão mutua e participativa Crítico Liberar, criticar e identificar potencial de troca Objectiva, externa, observável, fragmentada, convergente. Múltiplo. Holístico. Divergente. Construído. Construído. Múltiplo. Holístico. Divergente. Independência, Investigador externo, O sujeito é o objecto da investigação. Interrelacionado. Relações influenciadas por factores subjectivos. Interrelacionado, Relações influenciadas por forte compromisso para a libertação humana. Hipóteses objectivas, Métodos quantitativos, afastado da realidade. Objectividade. Hipóteses de trabalho em contexto e tempo dado, explicações ideográficas, indutivo, qualitativas, centradas sobre diferenças. Interacção de factores. O mesmo que o interpretativo. Valores dados. Os valores influem na selecção do problema, a teoria e os métodos de análise Valores dados. Crítica de ideologias. Factores e/ou variáveis independentes. Sem valores. Axiologia 38 Idêntico ao interpretativo MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 2.1. Fundamentos Filosóficos e Investigação Científica Os fundamentos filosóficos diferem segundo as percepções individuais da realidade, da ciência e da natureza humana. Assim, diferentes perspectivas filosóficas do conhecimento implicam diversas formas de desenvolver o conhecimento e, portanto, diferentes métodos de investigação. Duas escolas de pensamento prevalecem no que diz respeito ao desenvolvimento do conhecimento: a filosofia subjacente à corrente positivista lógica e a filosofia subjacente à corrente naturalista. As duas geram paradigmas de investigação diferentes (Giddens, 1986). Um paradigma é um esquema fundamental que orienta a perspectiva que o investigador dá ao seu estudo. Assim, o investigador pode seguir um esquema em harmonia com as suas crenças, os seus valores, a sua percepção das coisas e orientar o seu problema de investigação e a sua metodologia nesse sentido, (Maryoga, 2006). Segundo a filosofia positivista lógica, a realidade é percebida como única e estática. Os factos objectivos existem independentemente do investigador e podem ser descobertos, o que corresponde ao conhecimento absoluto. Portanto, os fenómenos humanos são previsíveis e controláveis. Os esforços científicos têm por fim último a expansão e o refinamento da habilidade de predizer e de controlar o fenómeno em estudo. Segundo a filosofia naturalista, a realidade é múltipla e descobre-se por um processo dinâmico, que consiste em interagir com o ambiente, o que corresponde a um conhecimento relativo ou contextual. Os fenómenos humanos são únicos e não previsíveis e os esforços científicos são orientados para a compreensão total dos fenómenos em estudo. A filosofia naturalista provém de uma tradição que admite que os factos e os princípios são enraizados em contextos históricos e culturais. A investigação realiza-se em meios naturais e conduz a uma compreensão da situação. O investigador está preocupado com a compreensão do comportamento humano, a partir do esquema de referência da pessoa, e não lhe impõe um quadro exterior. A investigação visa a descoberta, a descrição, a explicação e a indução. É orientada mais para o processo do que para o resultado: a sua finalidade é compreender, mais do que dominar, (Fortin, 2003). 39 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência O primeiro objectivo da ciência é explicar o mundo empírico. A ciência corresponde à organização coerente dos resultados de investigação e de teorias, verificadas no seio de um determinado campo de conhecimentos. A ciência é, ao mesmo tempo, um resultado, que pode ser uma descoberta, e um processo, no decurso do qual são verificadas ideias teóricas. A ciência oferece duas perspectivas: a de um corpo de conhecimentos teóricos, que dizem respeito especificamente às relações entre os factos, os princípios, as leis, e as teorias, e a de um método de investigação (Andreoli e Tthompson, 1977; Beckwith e Miller, 1976; Newman, 1979). Uma filosofia consiste geralmente num enunciado de crenças e de valores a propósito da natureza do ser humano e da sua realidade. Diferentes filosofias ou formas de conceber o mundo desembocam em diferentes percepções dos conceitos de uma área e fornecem enunciados diferentes sobre a natureza das relações entre conceitos. O desenvolvimento do conhecimento depende tanto da filosofia como da ciência. A procura de explicação do universo é objecto da filosofia, (Rodriguez, 2006). Se bem que os filósofos e os cientistas persigam um fim comum, que é o de trabalhar para a expansão dos conhecimentos, a abordagem de uns e de outros para melhor compreender a realidade é diferente. O filósofo utiliza a intuição, o raciocínio, a introspecção para fazer um exame da finalidade da vida humana, da natureza do ser, da realidade e dos limites do conhecimento, (Rodriguez, 2006). A sua abordagem para compreender a realidade caracteriza-se pela criação de um conjunto de postulados e de crenças que decorrem da sua experiência pessoal e da sua reflexão sobre as experiências de outrem. Quanto ao cientista, ele observa, concebe definições operacionais, verifica hipóteses e conduz investigações, de forma a poder descobrir fenómenos que representam regularidade e suscitam assim um grau tranquilizante de certeza. Este longo processo permite interpretar a realidade (LoBiondo-Wood e Haber, 1994). 40 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 2.2. Paradigmas e Educação “Hoje em dia a ciência é considerada como um projecto que se desenvolve progressivamente, é tão subjectiva e está condicionada psicologicamente como qualquer outra empresa humana. Tanto nas ciências da natureza como nas ciências sociais, o científico não pode enganar a sua origem: o papel do ser humano como conhecedor e o modo como se conhece. O contrário não só suporia um empobrecimento, senão um risco potencial para a própria ciência e investigação científica” (Rodriguez, 2006:14). Se em qualquer campo de investigação se converte numa exigência, em educação o seu papel é mais importante na medida que os seus resultados afectariam mais directamente toda a população. Não podemos duvidar que, através da educação, estamos a formar pessoas e que, segundo o seu tipo de formação, este será o tipo de sociedade. “A filosofia da educação é um tipo de saber globalizante compreensivo e critico do processo educacional, que envolve a explicitação dos pressupostos que justificam a acção pedagógica. Nesse sentido, a filosofia da educação ilumina questões que se tornam obscurecidas pela dificuldade de superar contradições reinantes no campo educativo, quando os velhos fundamentos metafísicos perdem o seu vigor explicativo para justificar a formação de identidade pessoal e cultural dos sujeitos.” (Prestes, 1996:15). Este desafio sobre a investigação e conhecimento científico vai ser o objecto desta exposição, tratando de contribuir para uma perspectiva geral, como aplicada ao campo da pedagogia. (Rodriguez, 2006:15). Concordando com Fernandes sobre os paradigmas educacionais, designadamente “que o futuro, a sociedade, o universo estão abertos. O futuro, a evolução da sociedade e do universo dependem em grande parte das opções civilizacionais que a humanidade fizer. Estas opções estão em grande medida dependentes do paradigma educacional responsável pela formação das gerações futuras, bem como do paradigma científico que orientará as tomadas de decisão científico-políticas sobre a sociedade e a natureza”, (2000:28). A investigação dita quantitativa tem sido o paradigma dominante da investigação em educação. Pode afirmar-se que muitos dos resultados mais 41 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência relevantes que influenciam a forma como ensinamos ou aprendemos foram obtidos através de estudos tipicamente quantitativos. Isto é, os investigadores utilizam de forma sistemática processos de medida, métodos experimentais ou quase experimentais, análise estatística de dados e modelos matemáticos para hipóteses, para identificar relações causais e funcionais e para descrever situações educacionais de forma rigorosa. A investigação qualitativa e os seus métodos são uma resposta às limitações reveladas pelos métodos quantitativos. Na verdade, quando os investigadores da educação, muito particularmente os psicólogos, começaram a interessar-se pelos processos cognitivos dos seres humanos e a reconhecer a importância dos processos (mecanismos) do pensamento, cedo perceberam que os métodos quantitativos eram limitados e até inapropriados. Sentiram, por exemplo, a necessidade de recorrer a observações mais ou menos prolongadas dos sujeitos envolvidos na investigação, de os submeter a entrevistas e de registar o que eles diziam acerca das suas formas de pensar, (Fernandes, 1991; Fortin, 2003). Na investigação do tipo qualitativo, os investigadores inspiram-se em métodos utilizados na investigação antropológica e etnográfica. As chamadas observações naturalistas, isto é, as que são realizadas pelo investigador no local onde decorre a investigação, sem preocupações da sua parte em ser um observador neutro ou independente, são uma das técnicas chave da investigação qualitativa. Na investigação quantitativa, os investigadores inspiram-se no método por excelência das chamadas ciências experimentais – o chamado método científico. 2.2.1. Investigação Qualitativa O foco da investigação qualitativa é a compreensão mais profunda dos problemas, é investigar o que está por trás de certos comportamentos, atitudes ou convicções. Não há, em geral, qualquer preocupação com a dimensão das amostras, nem com a generalização dos resultados. Também não se coloca o problema da validade e da fiabilidade dos instrumentos, tal como o que se 42 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência passa na investigação quantitativa. De facto, no paradigma qualitativo, o investigador é o instrumento de recolha de dados por excelência; a qualidade (validade e fiabilidade) dos dados depende muito da sua sensibilidade, da sua integridade e do seu conhecimento. Uma das vantagens de natureza qualitativa relaciona-se com a possibilidade que abre de gerar boas hipóteses de investigação. Isto deriva do facto de se utilizarem técnicas, tais como entrevistas detalhadas e profundas com os sujeitos sobre investigação, observações minuciosas e prolongadas das suas actividades e/ou comportamentos e análises de produtos escritos (relatórios, testes, composições). A investigação qualitativa fornece informação acerca do ensino e da aprendizagem que de outra forma não se pode obter. Por exemplo, através de observação detalhada e planeada e de interacção estreita com os sujeitos podem estudar-se os processos cognitivos que utilizam na resolução de soluções problemáticas. Podem assim identificar-se variáveis relevantes para o estudo do ensino e da aprendizagem que não são facilmente detectadas através da utilização dos métodos típicos da investigação quantitativa, (Fortin, 2003; Gauthier, 1992). A investigação do tipo qualitativo também tem limitações. Se a questão do controlo é o calcanhar de Aquiles da investigação quantitativa, a questão da objectividade é, na opinião de muitos autores, o problema correspondente para a investigação qualitativa. Afirma-se que neste paradigma há uma forte componente de observações que, inevitavelmente, irão traduzir as atitudes e convicções dos observadores. De facto, sabe-se que a percepção que um sujeito tem de um dado fenómeno é fortemente influenciada ou distorcida pelas suas convicções ou até pelos seus interesses. Há pois um problema de objectividade que pode derivar da pouca experiência, da falta de conhecimentos ou da falta de sensibilidade do principal instrumento de recolha de dados – o investigador. Outra dificuldade relaciona-se com o tempo que normalmente é requerido pela investigação qualitativa. Observações prolongadas requerem uma dedicação por parte dos investigadores que nem sempre é exequível em termos práticos ou financeiros. 43 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência O forte envolvimento do investigador com os sujeitos sob investigação pode também colocar alguns problemas. Se, por exemplo, os sujeitos se apercebem qual o comportamento que o investigador espera que eles tenham, podem utilizar estratégias que conduzem à utilização de tais comportamentos o que, a acontecer, vicia seriamente os resultados da investigação, (Fernandes, 1991). 2.2.2. Investigação Quantitativa Um aspecto chave da investigação quantitativa é determinar até que ponto os resultados obtidos são generalizáveis à população. Isto implica que se utilizem técnicas mais ou menos sofisticadas para seleccionar e dimensionar as amostras experimentais. A selecção aleatória dos sujeitos é uma técnica obrigatória para que se possam generalizar os resultados da investigação. Há inegáveis vantagens para o desenvolvimento do ensino na generalização de certos resultados da investigação obtidos a partir de estudos com amostras de apenas alguns sujeitos. A utilização de técnicas estatísticas contribui de forma significativa para “lidar” com o problema do controlo. Ambos os paradigmas têm as suas limitações e as suas vantagens. De um ponto de vista prático, em vez de teórico, parte-se do pressuposto que alguns dos métodos ou técnicas próprios de um paradigma podem ser eficazmente utilizados numa investigação conduzida segundo o outro. Por exemplo, técnicas para realizar entrevistas, registo áudio ou vídeo de acontecimentos e outras técnicas de observação podem também ser utilizadas com vantagem em investigação quantitativa, (Fernandes, 1991). Uma das principais limitações da investigação quantitativa relaciona-se com o facto do investigador, ao lidar com seres humanos, ser incapaz de manipular ou controlar certos aspectos, nomeadamente a variável ou variáveis independentes. Tal pode dever-se a razões de natureza prática, ética ou outro. Por isso, a questão do controlo é seguramente uma limitação deste método. 44 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência CAPITULO II - FAMÍLIA, PRÁTICAS PARENTAIS EDUCATIVAS E EDUCAÇÃO 1. Família 1.1. Conceito Histórico O termo “família” é derivado do latim “famulus”, que significa “escravo doméstico”. Este termo foi criado na Roma Antiga para designar um novo grupo social que surgiu entre as tribos latinas, ao serem introduzidas na agricultura e também na escravidão legalizada. Se nesta época predominava uma estrutura familiar patriarcal em que um vasto leque de pessoas se encontravam sob a autoridade do mesmo chefe, nos tempos medievais (Idade Média), as pessoas começaram a estar ligadas por vínculos matrimoniais, formando novas famílias. Dessas novas famílias fazia também parte a descendência gerada, que assim tinha duas famílias, a paterna e a materna. Com a Revolução Francesa surgiram os casamentos laicos no Ocidente e, com a Revolução Industrial, tornaram-se frequentes os movimentos migratórios para cidades maiores, construídas em redor dos complexos industriais. Estas mudanças demográficas originaram o estreitamento dos laços familiares e as pequenas famílias, num cenário similar ao que existe hoje em dia. As mulheres saem de casa, integrando a população activa e a educação dos filhos é partilhada com as escolas. Na altura, a família era definida como um agregado doméstico, composto por pessoas unidas por vínculo de aliança, consanguinidade ou outros laços sociais, podendo ser restrita ou alargada. Nesta definição, nota-se a ambiguidade motivada pela transição entre o período anterior às revoluções, representada pelas referências à família alargada, com a tendência reducionista que começava a instalar-se, reflectida pelos vínculos de aliança matrimonial. Na cultura ocidental, uma família é definida especialmente e especificamente como um grupo de pessoas do mesmo sangue ou unidas legalmente (como no casamento e na adopção). Dentro de uma família, existe sempre algum grau de parentesco. Membros de uma família costumam partilhar o mesmo sobrenome, herdado 45 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência dos ascendentes directos. A família é unida por múltiplos laços capazes de manter os membros moralmente, materialmente e reciprocamente durante uma vida e durante as gerações. A família foi-se transformando através dos tempos, acompanhando as mudanças religiosas, económicas e sócio-culturais do contexto em que se encontram inseridas. “Toda a vida humana comporta um princípio, um meio e um fim. E é também, sempre, um processo interactivo, em que se cruzam pessoas, objectos situações, nos seus variados movimentos de vida e de evolução”, (Alarcão, 2000:107). Em todas as sociedades, a família foi sempre o primeiro intermediário entre a criança e o mundo exterior e, embora a instituição familiar tenha variado, quer quanto à sua composição, quer quanto à estrutura, não se alheia do primordial papel que desempenha em todas as etapas da vida do homem. “O desenvolvimento da personalidade da criança não pode ser estruturado fora da matriz familiar onde se desenvolve”. (Ajúriaguerra, 1980:766). Os filósofos preocupavam-se fundamentalmente com dois aspectos: a igualdade e a felicidade. O domínio do homem nos seus papéis de varãomarido-pai começou a ceder. A infância, que até então tinha sido uma fase da vida a esquecer, passa a ser o período a que se dará mais importância. Uma instituição só tem sentido na medida em que responde a determinadas necessidades que constituem não apenas a sua razão de ser, mas também a garantia da sua sobrevivência. Para além da procriação e do cuidar dos filhos, a família tinha, em tempos mais remotos, um valor económico, enquanto unidade de produção, como a agricultura, pesca ou artesanato. Era a fortaleza do indivíduo que lhe dava protecção e segurança, especialmente durante a velhice e a doença. Esta família antiga gozava de uma enorme robustez institucional e interessava mais à sociedade do que ao indivíduo em si: o casamento era fixado pelos pais, o divórcio impensável, não se dava qualquer importância ao afecto, nem à felicidade do casal. O que caracteriza a vida conjugal moderna é o amor com base da família e das relações afectivas entre os seus membros. Da família patriarcal, passou-se para a família nuclear, constituída basicamente pelos pais e pelos filhos. Esta assenta na atracção afectiva entre 46 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência dois seres. A família é, neste caso, formada para satisfazer essa necessidade afectiva. A sua força interior é assim fortalecida, mas, como se poderá verificar adiante, pode ficar desfeita, caso se perca o afecto que a sustenta. Quer dizer que há a possibilidade ou a necessidade da sua dissolução, se se perder o afecto que levou à sua formação. É na família que a felicidade como conceito abstracto se materializa. Para tal é necessário que a textura exista dentro dela. As relações sociais, que nunca foram fáceis, complicam-se ainda mais por serem tão estreitas. Contudo, por outro lado, é precisamente isso que a torna mais cativante: as ligações familiares passam a ser a base do desenvolvimento afectivo de cada um dos seus membros. “Esta é, então, um espaço privilegiado para a elaboração e aprendizagem de dimensões significativas da interacção: os contactos corporais, a linguagem, a comunicação, as relações interpessoais. É, ainda, o espaço de vivência de relações afectivas profundas: a filiação, a fraternidade, o amor, a sexualidade… numa trama de emoções e afectos positivos e negativos que, na sua elaboração, vão dando corpo ao sentimento de sermos quem somos e de pertencermos àquela e não a outra qualquer família.” (Alarcão, 2000:35). Tentar compreender ou definir o que é a família conduziria esta investigação ao estudo da evolução da família ao longo da história, da sua função na sociedade, da divisão do trabalho entre os seus membros e da sua realidade nos diversos contextos culturais. Não obstante, até mesmo isso seria impossível, uma vez que os condicionalismos variam de época para época. O que se pretende referir é que a família tem sido basicamente e, ao longo dos séculos, uma instituição virada para o bem comum da sociedade. “A família e, especialmente, os pais têm sido os primeiros prestadores de cuidados, os organizadores, os modelos de comportamento, os disciplinadores e os agentes de socialização, num papel evidente de educadores dos seus filhos”. (Coutinho, 2004:55). Pode, assim, definir-se família como um conjunto invisível de exigências funcionais, que organiza a interacção dos membros da mesma, considerandoa, igualmente, como um sistema, que opera através de padrões transaccionais. 47 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Neste sentido, no interior da família, os indivíduos podem constituir subsistemas, podendo estes ser formados pela geração, sexo, interesse e/ou função, havendo diferentes níveis de poder e onde os comportamentos de um membro afectam e influenciam os outros membros. A família, como unidade social, enfrenta uma série de tarefas de desenvolvimento, diferindo a nível dos parâmetros culturais, possuindo porém as mesmas raízes universais (Minuchin, 1990). 1.2. Família, Responsabilidade e Vinculação Dizer que a família é a célula-mãe do tecido social é um facto. Considerada como grupo, assume extraordinária importância no desenvolvimento da personalidade, não só da criança, como também de cada um dos seus membros: mãe, pai, irmãos, etc,. Tem um papel preponderante a desempenhar neste desenvolvimento individual. Os laços que a criança cria com os pais, em primeiro lugar e, depois, com os restantes membros da família que a rodeiam constituem a sua visão do mundo. Os valores que a família vai transmitindo à criança, bem como as regras comportamentais e afectivas que a regem vão moldando a sua concepção da realidade social, logo a partir da primeira infância. A criança recém-nascida é o ser mais indefeso da Natureza. Nenhuma outra espécie animal leva tanto tempo a tornar-se um ser autónomo, capaz de substituir por si. As necessidades biológicas primárias da criança: comer, beber, higiene, etc. são facilmente satisfeitas, porém a satisfação de outros tipos de necessidade (desenvolvimento afectivo, comportamento, regras) têm que lhe ser ensinadas. São estes factores que permitem ao homem desenvolver as suas potencialidades, condicionando pelo elemento social no seu sentido mais amplo. A criança recebe uma herança genética, que se desenvolverá ou não em função dos estímulos a que estiver sujeita. A família é a primeira instituição a informar a criança acerca da realidade. Se se verificar, dentro dela, uma atmosfera agradável e estimulante, assistir-se-á a um indício de desenvolvimento sem problemas, isto é, a um desenvolvimento normal da criança. Pelo contrário, caso não se tenha cuidado 48 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência com as interacções que se estabelecem entre a criança e o meio ambiente, caso este seja pobre de estímulos e de afecto, estará a ser preparado o futuro para um desenvolvimento da criança repleto de problemas da mais diversa índole. Assim, considera-se que a família é, pois, considerado o lugar privilegiado para o desenvolvimento harmonioso da personalidade. É no seu seio que se começa a processar a relação interpessoal, a relação social e o investimento no estatuto pessoal. A família é a primeira sociedade que a criança integra. “Tudo se processa, afinal, a partir da comunicação familiar. E, tal como uma árvore se pode considerar sem voz quando os seus ramos crescem desordenados, também uma família pode não sobreviver se se perpetuar o silêncio que a invadiu” (Sampaio, 2004). Os primeiros estudos no sentido de compreender os efeitos das experiências familiares no desenvolvimento humano remontam à terceira década do século XX e devem-se a John Bowlby, autor que, recorrendo a conceitos de etologia, cibernética e psicanálise, formulou os traços básicos da teoria da vinculação. A teoria da vinculação pressupõe que a necessidade de construir vínculos emocionais se afigura como uma componente básica da existência humana, presente ao longo de toda a vida. A vinculação é definida como um laço afectivo que, uma vez estabelecido, tende a perdurar quer no tempo, quer no espaço (Ainsworth, 1991). A primeira e mais relevante relação que estabelecemos com o mundo decorre do desenvolvimento de um vínculo emocional com as figuras que cuidam de nós, nos primeiros tempos da nossa vida. Os processos de vinculação influenciam profundamente o desenvolvimento da identidade e do auto-conhecimento, uma vez que é no contexto dessa matriz relacional e a partir dela que nos vamos conhecendo a nós próprios, aos outros e ao mundo (Soares, 1996). A ideia essencial daquela teoria é a de que existe, portanto, uma relação significativa entre as experiências de vinculação vividas na infância e adolescência e a capacidade para construir laços afectivos na idade adulta. 49 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência A qualidade das experiências com as figuras de vinculação é, pois, fundamental para o desenvolvimento de um sentimento de confiança e de segurança em si próprio e nos outros. Neste sentido, as crianças cujas figuras de vinculação funcionam como uma base segura, mostrando sensibilidade às suas necessidades de vinculação, serão mais capazes de desenvolver uma organização segura, construindo uma imagem positiva de si próprios e dos outros, revelando-se mais competentes na exploração do mundo (Bowlby, 1969,1973, 1980). Não obstante, nem todas as relações de vinculação revelam características positivas; podem revelar também características negativas. Na sua investigação empírica e na sua experiência clínica, Bowlby, (1988 cit. por Soares, 1996) distingue padrões de desenvolvimento parental com implicações negativas no desenvolvimento, a nível de vinculação e da personalidade, nomeadamente: - Não responsabilidade persistente e/ou atitudes de rejeição ou depreciação perante o comportamento de vinculação da criança; - Imprevisibilidade e negligência a nível de cuidados parentais; - Ameaças constantes de deixar de gostar da criança, como forma de a controlar; - Ameaça de abandono do lar, como recursos para coagir a criança ou o outro conjugue; - Indução de culpa na criança, mediante a sua responsabilização pela doença ou morte da figura parental, - Inversão de papéis, por meio da figura parental para que a criança actue como figura de vinculação, atitude assente no encorajamento inconsciente de um sentido prematuro de responsabilidade para com os outros, ou na utilização intencional de ameaças ou de indução de culpa. Para o autor, este tipo de experiências poderá conduzir a uma vinculação insegura, definida por uma ansiedade constante em não perder a figura de vinculação ou por reacções de evitamento ao medo de rejeição por parte daquela figura. 50 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Refira-se, porém, que as crianças são resilientes e são capazes de lidar com factores adversos, por breves períodos de tempo. Os investigadores concluem que a insensibilidade das figuras de vinculação, de uma forma continuada ou por longos períodos de tempo, é que poderá afectar negativamente a criança (Lerner e Castellino, 2000). Bowlby (1977) referiu ser essencial às interacções e transacções que ocorrem entre uma personalidade em desenvolvimento e o seu ambiente especialmente às pessoas que o compõem. Tudo isto levou Bowlby a considerar os modelos de vínculo. Um deles é o vínculo seguro, em que os indivíduos estão confiantes na disponibilidade, na sensibilidade e ajuda dos seus pais, caso se confrontem com situações adversas ou ameaçadoras. Com esta confiança sentem-se capazes de explorar o mundo e competentes em lidar com as situações que se lhes deparam. Os outros dois modelos são predictores de distúrbios no desenvolvimento, a saber: vínculo ansioso resistente e vínculo ansioso evitante. No que diz respeito ao modelo vínculo ansioso resistente, o indivíduo não está certo se a sua figura de vínculo está disponível quando necessário; devido à incerteza, o indivíduo desenvolve ansiedade de separação, tende a ser dependente e apresenta ansiedade no que diz respeito à exploração do mundo. Relativamente ao modelo do vinculo ansioso evitante, este é caracterizado pela rejeição, quando o indivíduo procura conforto e carinho. É compreensível que uma família estável e devidamente organizada, em que as trocas afectivas são constantes e gratificantes e exista possibilidade de comunicação entre as pessoas, seja essencial para a saúde mental da criança. Neste sentido, toda a forma de perturbação familiar é factor de desequilíbrio. O papel mais importante na manutenção do equilíbrio dinâmico do meio familiar cabe aos pais, assim como as suas atitudes para com os filhos. O conceito de atitude foi aplicado ao estudo das relações pais-filhos (Holden e Edwards, 1989), considerando aquela como um filtro que indirectamente afectaria o comportamento parental e, desta forma, se reflectiria no comportamento dos filhos. A importância das atitudes parentais foi considerada fulcral, pelo facto de as crianças, desde pequenas, estarem expostas de forma contínua à sua 51 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência actuação. Diversos estudos empíricos (para uma revisão cf. Holden e Edwards, 1989) contribuíram para fundamentar a tese da influência das atitudes dos pais na educação, personalidade e comportamento dos filhos. Segundo Rutter (1985), o comportamento parental não pode ser dissociado do papel de cuidadores. É uma tarefa que inclui proporcionar um ambiente adequado ao desenvolvimento cognitivo e social da criança, responder ao desconforto, às interacções sociais, pedidos e comportamentos disruptivos e resolver conflitos e dificuldades interpessoais. Golombok (2000) também refere que os pais não seriam apenas os primeiros e mais consistentes “professores” dos seus filhos, mas seriam também quem lhes forneceria uma base emocionalmente securizante e pistas motivacionais importantes, reforçando a necessidade do seu envolvimento no processo de intervenção. Têm surgido, ao longo dos anos, vários estudos sobre a interacção pais/filhos e a relação entre crenças parentais e as atitudes educacionais e desenvolvimento da criança. A ideia subjacente a todos estes trabalhos assenta na convicção de que a qualidade dessa interacção e, nomeadamente as atitudes parentais, de uma forma geral, desempenham um papel determinante na maneira como a criança se desenvolve e como se integra no meio que a rodeia (Sameroff e Feil, 1985). A análise das crenças e significações parentais pretende essencialmente uma identificação das forças que guiam e orientam as acções educativas dos pais em relação aos filhos. Ao longo dos anos, vários constructos organizacionais têm sido propostos para a sua definição, tais como: atitudes e características pessoais e sociais, Sears, Maccoby e Levin, (citado por Alarcão, 2000). 1.3. Família - Continuidade e Transmissão de Valores Na actualidade, os fenómenos de produção e transmissão de valores inscrevem-se num conjunto de mudanças que se estendem a toda a sociedade. A família, participando deste conjunto de modificações, não fica indiferente perante este fenómeno, sendo também ela própria sujeito-actor 52 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência deste vasto conjunto de transformações. Daí que, a seu modo e de maneira dinâmica, ao mesmo tempo que recebe influências da sociedade, também é produtora de mudanças e procura implementar novos valores, a par de outros herdados e agora reinterpretados, tendendo a transmiti-los às gerações mais novas. Aliás, como refere Thomas (1993), individual e socialmente, nada é mais mobilizador do que os valores. São eles que nos motivam e, seja qual for a designação que lhes atribuímos, conferem sentido ao que fazemos, porque acreditamos neles. Deste modo, é através dos valores que nos movem, que somos capazes de nos empenhar por uma causa, procurando atingir objectivos mais elevados como, por exemplo, a Justiça, a Verdade, o Bem, o Amor, ou mesmo o Interesse bem orientado, (Leandro e Leandro, 2003). Tenha-se, contudo, em conta que as interpretações, quanto à forma e ao conteúdo dos valores, variam de uma sociedade e de uma época para as outras. Isto não impede que o acto de transmissão, desde tempos imemoriais, seja uma regra comum de todas as sociedades: A educação normalmente atribuída, em primeira instância, à família, permanece uma característica humana universal, aquela que faz do homem um ser social ou político, para retomar o pensamento de Aristóteles. Com efeito, todo o homem, ao nascer, entra num mundo humano que, necessariamente, o precede englobando-o como uma totalidade antropológica matricial. Tal é a realidade da civilização no interior da qual cada um se inscreve em relação a uma comunidade de pertença. Sendo assim, constata-se, unanimemente que, mesmo os mais cépticos, quanto aos valores, insistem na necessidade de uma transmissão, ainda que ela tenha revestido diversas formas no decorrer dos tempos. Segundo Ariès (1960), no Antigo Regime, as crianças não são vistas de forma diferente dos adultos. Daí que, a partir dos seis ou sete anos, possam passar sem a ajuda da mãe ou da ama e sejam consideradas aptas para trabalharem como aprendizes em casa de um mestre. Em tais circunstâncias, a socialização da criança e a transmissão dos valores não são totalmente asseguradas pela família, mas antes pela aprendizagem, isto é, pelo contacto directo com o mundo dos adultos. Esta entrada precoce no mundo dos adultos é acompanhada por uma separação da família, através de uma prática, generalizada, presente na deslocação para a casa de outrem. A criança é, 53 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência assim, socializada por uma outra família, estando ao seu serviço, inclusive no caso dos grupos aristocráticos ou similares. Isto significa que o espaço “privado”, relacional, afectivo e educativo, entre pais e filhos, é, em boa verdade, uma invenção “moderna”. Referindo incisivamente a atenção para a socialização, pode dizer-se que a família moderna atribui uma grande importância a esta dimensão da vida, ainda que seja coadjuvada por outras instâncias nestas tarefas. Por exemplo, a escola, a televisão e o grupo de pares exercem um papel de relevo a este respeito, sem que, no entanto, o papel da família seja relegado para segundo plano. Estudos de Leandro, (2003), verificaram que entre as famílias portuguesas em França e na Alemanha, desde meados dos anos oitenta do século passado e como sublinha De Singly (1993), é cada vez mais objecto de investimento familiar na educação dos filhos, visando ou a reprodução social para os que já usufruem de um capital sócio-cultural elevado ou a melhoria do capital cultural e social para outros de outra condição social. Com efeito, através de um diploma escolar valorizado, poder-se-á aceder a uma outra profissão, possivelmente melhor qualificada que a dos pais e, por conseguinte, a um estatuto de promoção social, como se vem verificando, entre nós, em muitas situações de há uns anos a esta parte. Outros, porém, através da escola, dificilmente conseguem ultrapassar o patamar social que herdaram dos pais, uma vez que o insucesso escolar continua elevado entre nós, (Leandro e Leandro, 2003). Actualmente, verificam-se situações onde a família, sem deixar de transmitir determinados valores como a ética do esforço, o trabalho e a procura do “sucesso”, vem investindo bastante na escola. Por seu lado, esta tem exercido um papel de motor decisivo em termos de mobilidade social, ainda que nem sempre o diploma escolar alcançado permita auferir do emprego adequado. Refira-se que o aumento de capital cultural, por parte dos filhos, nem sempre é acompanhado pelo aumento do capital social da família, no sentido desta poder mover influências à semelhança de outras que usufruem de outras condições sociais. Seja como for, essa “revolução” favorece o desenvolvimento das capacidades individuais, eleva a possibilidade geral de adquirir capacidades 54 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência particulares, alargando, também, a visão do mundo. Ela abre, ainda, o campo dos destinos sociais possíveis, incitando à auto-organização das trajectórias, uma vez que o destino escolar é essencialmente vivido pelos jovens, como relevando unicamente da sua responsabilidade. Contudo, este fenómeno nem por isso deixa de comprometer menos a família no sentido de uma mobilização em torno do projecto escolar dos filhos (Leandro, 2003). Contudo, estes novos investimentos da família na educação escolar não anulam, de modo algum, o seu papel de transmissão intra-familiar que é, quase sempre, determinante no percurso de vida dos jovens e das pessoas, em geral, (De Singly, 1987-1997). Por outro lado, uma das complexidades deste problema nas famílias, tem a ver com o facto de um certo número de valores serem transmitidos de maneira consciente e voluntária, outros serem considerados ultrapassados para os tempos modernos, mas permanece a parte mais importante e mais difícil de discernir, isto é, tudo o que se transmite de maneira inconsciente e involuntária. Por exemplo, a quase unanimidade dos nossos inquiridos considera que os filhos têm necessidade dos pais e que os filhos têm deveres para com os pais. Ademais, os primeiros consideram que os segundos se esforçam para que nada lhes falte e possam ter um futuro ainda mais promissor que o seu. Deste modo, os valores nunca são orientados de maneira horizontal e nada permite afirmar que sejam apreendidos como objecto de uma escolha livre. Porém, no espírito dos nossos pais, denota-se uma certa hierarquia dos valores concebidos como objectivamente válidos. Esta estruturação persiste, ainda que com algumas modificações, no decorrer do tempo. Contudo, mesmo assim, esta “deformação” não é aleatória: pelo contrário, obedece a tendências mais gerais. Por exemplo, quando se interrogam os pais sobre os valores que visam transmitir aos filhos, grosso modo, a hierarquia dos valores varia pouco de uma geração à outra, embora os pais mais jovens tenham outro sentido da autonomia dos filhos. A valorização da família foi abordada num estudo por (Leandro e Leandro, 2003), na qual quiseram saber se a família era um valor importante. A totalidade dos inquiridos, pais e filhos, respondem favoravelmente. Denota-se, 55 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência então, que se continua a atribuir uma importância fundamental à família, nos tempos que correm, ainda que esta venha sendo palco de diversas mudanças. Os dados do seu estudo vão de encontro aos resultados que foram produzidos, à escala nacional e internacional, no quadro do inquérito aos valores europeus, em 1999, segundo os quais a família é para 84% dos portugueses e para 87% dos europeus um valor muito importante (Almeida, 2003). À escala mundial, os trabalhos de Inglehart (1998) vão no mesmo sentido. À questão de saber se a família é um valor importante, a maioria dos jovens interrogados respondem positivamente, ou seja, 92% nos Estados Unidos, 89% no Canadá, 87% na Inglaterra, 85% na Suécia, 83% na Itália e 77% em França, entre outros. Denota-se, apenas, uma pequena erosão na medida em que, em todos os países, os pais respondem, positivamente, em percentagens mais elevadas. Para além desta persistência da importância da família, consideram também que o casamento continua a ser um valor forte e que pais e filhos valorizam positivamente a fidelidade conjugal. Pais e filhos valorizam imenso a qualidade das relações que se tecem entre eles, mesmo que nem sempre as mesmas sejam apreendidas da mesma maneira. Por exemplo, os filhos, independentemente do sexo e da idade, apreciam nos pais a sinceridade, a compreensão, a dedicação, a capacidade de ajuda e a sua maneira de educar. Por sua vez, os pais consideram ter com os filhos relações de boa qualidade e dizem investir bastante numa educação que forme para a autonomia, a dedicação e a responsabilidade. Deste modo, o sentido e significado da obediência e do respeito, sem deixarem de ser totalmente abolidos, assumem agora outro significado. Quanto à obediência, ela faz mais apelo ao sentido da responsabilidade de uns perante os outros, ainda que os pais sintam que, em primeira instância, é a eles que compete tomar certas decisões, por exemplo, de carácter educativo. Quanto ao respeito, contrariamente a certas ideias pré-concebidas, não foi, hoje, extinto do interior da família, mas é vivido de maneira distinta (Leandro, 2003). Doravante, o respeito marca o reconhecimento, não de uma autoridade superior, mas de um direito de todo e qualquer indivíduo a ser reconhecido como pessoa. Sendo assim, não são apenas os filhos que devem respeito aos 56 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência pais, mas estes também são cada vez mais solicitados a respeitarem os filhos, como refere o Art. 1878º do Código Civil de 1977, preconizando que pais e filhos se devem mutuamente respeito, o que parece ir sendo interiorizado, paulatinamente, por todos. Aliás, o respeito por outrem, representa, possivelmente, um valor moral fundamental, o que implica que pais e filhos não aceitem qualquer comportamento a este propósito. Todos consideram que, embora em grau e qualidades diferentes, ambos têm direitos e deveres entre si. Deste modo, o respeito pela dignidade do outro não é um valor novo. Mas a sua aplicação é exigida com alguma insistência, sobretudo pelos jovens, ao mesmo tempo que se alarga o seu campo de aplicação. Com certeza que se verificam mudanças. Porém, em matéria de valores intra-familiares, elas são menos brutais do que frequentemente ouvimos apregoar. Elas não traduzem um desaparecimento do sentido dos valores, mas antes transformações, traduzindo ponderações diferentes dos valores. O recurso a outros temas como o trabalho, a política, a solidariedade, o altruísmo atestam esta realidade. Actualmente, verifica-se, ainda, que em matéria de socialização, não são só os pais que são veículo de transmissão aos filhos, mas também estes são transmissores de novos valores e novos olhares sobre as pessoas, a família e a sociedade. Referindo-se a esta questão, (Mead, 1977) considera que passamos de sociedades “pré-figurativas” para sociedades “pós-figurativas”, ou seja, aquelas onde não são só os mais velhos que transmitem valores, já que estes também aprendem com os mais novos. Perante estes estudos e reflexões, passa-se de um tipo de socialização autoritária para uma educação menos directiva e, por conseguinte, a transmissão parece mais assegurada, porque menos baseada no medo e nos recalcamentos. Além disso, os próprios pais modificaram os seus sistemas de valores, mas nem por isso deixam de os transmitir aos filhos, à luz das novas reinterpretações. Por exemplo, atribuem mais importância à promoção da autonomia, do gosto pelo trabalho, da responsabilidade, da determinação, (Leandro, 1995). No que se refere às relações de género, uma primeira análise permite constatar que, na prática, continua a haver uma desigualdade no interior da 57 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência família, se bem que os discursos sobre estas questões se mostrem muito mais abertos. Por exemplo, a análise dos dados sobre as transmissões revela que, em certos aspectos, elas tendem ainda a ser reprodutivas, ou seja, as raparigas continuam a ser mais socializadas nas tarefas domésticas do que os rapazes, mesmo se, ao nível dos discursos, as coisas sejam objecto de transformações significativas. Quanto aos homens pais, pronuncia-se a favor da sua participação nas tarefas domésticas, tal como as mulheres. Outro tanto se diga da opinião dos filhos rapazes, já que estes tem opinião idêntica à dos pais. Observando as coisas do lado das mulheres, constata-se que elas são ainda em maior número a preconizar tais comportamentos. Deste modo, para as mães e para as filhas, os homens devem participar igualmente em todas as tarefas domésticas, mas também acrescentam que, na prática, as coisas estão ainda muito longe de atingir estas primícias. Não obstante, o que é interessante constatar é que são exactamente as mulheres mães que aplicam pouco na sua vida quotidiana familiar o que elas preconizam nos seus discursos, ou seja, a exacta partilha entre filhos e filhas. Idênticas considerações podem ser feitas sobre as tarefas educativas. Neste ponto, o consenso entre homens e mulheres e entre diferentes gerações é, praticamente, igual. Os pais devem ocupar-se conjuntamente das tarefas educativas. Contudo, a realidade indica que são, preferencialmente, as mulheres a realizar essas tarefas, tanto no interior da casa, como até das relações com a escola ou outras instituições educativas, ou mesmo ao nível da ajuda nos trabalhos escolares. Refira-se, porém, que há cada vez mais homens a participar e a interessar-se por estas facetas da vida familiar. No entanto, há ainda uma certa tendência a sobrecarregar umas em detrimento dos outros. Pode, então, dizer-se que os valores de igualdade e de autonomia parecem ter eco ao nível mental, quer junto das mulheres, quer dos homens, tanto dos pais como dos filhos. Há uma nítida aproximação entre o que pensam os homens pais e as mulheres mães e que congregam igualmente a opinião dos filhos, ou seja, para quem não devem existir quaisquer tabus nas conversas entre pais e filhos. Sobre esta matéria, denota-se aqui alguma ruptura com a tradição, pois que, em muitos casos, parecia, por um lado, haver dificuldade em falar abertamente de todos os assuntos entre pais e filhos e, por 58 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência outro, as opiniões dos filhos eram menos tidas em conta, quando se tratava de certos assuntos familiares. Todas as considerações que possam ser desenvolvidas, a este propósito, revelam que há uma maior abertura da parte das mulheres, mães e filhas, para abordar temáticas de diferente natureza. Referindo-nos aos estilos educativos, (Leandro, 2003) refere no seu estudo, a opinião dos seus inquiridos sobre a aplicação das punições, a maioria dos pais considera importante fazer intervir os castigos na educação. Trata-se de uma dimensão que reveste alguma complexidade: valoriza-se a autonomia. Combinando estes parâmetros com a ideia de liberdade outorgada aos filhos, constata-se que os pais são mais liberais no que diz respeito, por exemplo, à escolha dos filmes e divertimentos dos filhos e dizem não intervir nestas escolhas. Mesmo que os jovens de hoje tendam a fazer uma vida nocturna mais intensa, a maioria dos pais, conhecendo os amigos dos filhos, considera normal esta situação, havendo uma minoria que discorda. Actualmente, pais declararam não colocar entraves a que os filhos recebam quem quiserem em sua casa. Para os pais, a felicidade está associada ao bom ambiente familiar, aos filhos e ao amor, sendo os valores mais importantes da vida a saúde, o trabalho, a felicidade e a educação. Para os filhos, a felicidade traduz-se pelo bem-estar familiar, pelos amigos, pelo amor e pela saúde, sendo também estes, a par do trabalho, os valores que mais os mobilizam. Em contrapartida, o desemprego, a saúde, a droga e a instabilidade futura são objecto de maior preocupação para os pais e para os filhos. A transmissão de valores intergeracionais está, praticamente, assegurada, ainda que, em algumas dimensões, lhes sejam atribuídas pelos pais e pelos filhos significações algo diferenciadas. 1.4. Família, Situação Actual A cultura educacional em que actualmente se vive parece definir-se por características como o desânimo, o negativismo, o pessimismo e a pressão para o sucesso. O aumento de competitividade e de individualismo, bem como o agravamento de fenómenos como o desemprego, abuso de substâncias, violência, doenças sexualmente transmissíveis, abandono escolar, são factores 59 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência que caracterizam a sociedade actual e que, sem dúvida, trouxeram implicações para a forma como actualmente se educam as crianças. A esses aspectos estão associadas alterações na estrutura familiar, designadamente, o acréscimo de situações de divórcio e de famílias monoparentais e reconstruídas, assim como a falta de apoio intergeracional, que vieram igualmente reflectir-se na educação dos seres mais jovens (Marujo e Neto, 2000). Com efeito, nos dias de hoje, fala-se, com frequência, em novas formas de famílias, que na realidade dizem respeito a contextos que se constituem como variantes ao modelo tradicional de família nuclear. O século que agora se inicia irá encaminhar-nos necessariamente no sentido de considerar os diferentes modelos de família, já não por ser comparação, oposição ou défice face a um determinado modelo, “mas todos eles firmados no conhecimento ponderado das suas regularidades e singularidades” (Relvas e Alarcão, 2002:10). As teorias acerca do desenvolvimento social, de um modo geral, a premissa de que a personalidade e os padrões comportamentais dos pais apresentam um impacto determinante na vida dos filhos. Os pais vivem, com efeito, sob pressão de vária ordem: em muitos dos casos, com pouco tempo disponível; muitos são também os que não aprenderam com as suas famílias de origem a capacidade de sentirem empatia para com as necessidades das suas crianças, outros lutam para lidar com os seus próprios problemas enquanto adultos; outros ainda não têm consciência da importância do afecto consistente nos primeiros tempos de vida da criança para promover um vínculo emocional precoce entre pais e filhos (Honig, 2000). Os pais são o recurso mais precioso que as crianças possuem e, nessa perspectiva, o apoio a nível do contexto familiar constitui-se como medida mais importante no sentido da concretização do objectivo de educar para serem felizes e para desenvolverem capacidades de realização (Honig, 2000). De facto, as mães e os pais, queiram ou não, quer estejam ou não conscientes desse facto, são agentes activos da formação da criança e preparam-na, melhor ou pior, para a vida. Poderá, efectivamente, constituir-se como uma incógnita para as figuras parentais o saber como estimular a 60 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência maturação física ou o desenvolvimento psicológico da criança e transformar um ser frágil e dependente num adulto equilibrado, autónomo e feliz (Marujo, 1997). Concordando com Rutter (1985:349), “o comportamento parental é influenciado por factores do próprio sujeito, nomeadamente a sua personalidade e a sua história de desenvolvimento, por factores ou características da própria criança, por factores do contexto social, pela rede de contactos sociais que a família integra e pela situação profissional dos membros da família”. Segundo estudos de Canavarro (1999), o início da construção das relações afectivas surge habitualmente marcada pelas relações com os pais. As variações encontradas nas relações entre a criança e seus pais encontramse ligadas ao tipo de comportamento parental (Belsky e Pensky, 1988; Hinde e Stevenson-Hinde, 1986; Simmons, Beaman, Conger e Chao, 1993), muitas vezes também designadas por práticas educativas, Perris, Arrindell e Eisemann, (citado por Canavarro, 1999:61). Investigações recentes acerca das atitudes parentais, focam-se mais nos conceitos de desenvolvimento e atitudes com as características do seu filho (Sameroff e Feil, 1985). Assim sendo, as investigações de Canavarro (1999:220), “centradas nas relações afectivas estabelecidas com os pais durante a infância revelaram de forma consistente que relações de vinculação inseguras, relações caracterizadas por pouca proximidade emocional e estilos educativos pautados por pouco carinho, interesse e suporte encontram-se ligados a psicopatologias na idade adulta. Igualmente redundantes foram os resultados que apontam para as relações afectivas com a mãe terem globalmente um maior efeito na saúde mental do adulto, do que as relações conhecidas na mesma época com o pai”. As perturbações dos pais repercutem-se no comportamento da criança, não só para a criança pequena (Sameroff e Seifer, 1990), como para as crianças mais velhas, em idade escolar. O impacto das perturbações dos pais, a nível relacional do casal ou desencadeados por factores externos vão repercutir-se na criança, através das 61 alterações que suscitam no MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência funcionamento parental. Se eles originam uma ruptura nas práticas parentais e conduzem a uma vivência “stressante” do papel parental, a criança pode ficar em risco de desenvolver problemas de ajustamento de vária ordem. No entanto, a criança pode, também ela exercer influências nefastas no sistema parental, através das suas próprias características (por exemplo, hiperactividade, ansiedade e depressão). Isto é frequente no caso das crianças que se discriminam como tendo não um comportamento perturbado, mas sim um comportamento “perturbante”, (Pereira, 2000). “As últimas décadas trouxeram mudanças no que se pode oferecer durante o tempo de desenvolvimento infantil. Umas boas, outras más. Contudo, do ponto de vista psíquico, assistimos a um aumento das situações que traduzem as falhas dos adultos e da sociedade em ajudar a crescer saudavelmente as suas crianças e adolescentes. São as perturbações das organizações sociais e familiares que condicionam cada vez mais organizações individuais de risco. O resultado final é a imagem em espelho disso mesmo: as crianças e adolescentes passaram a fazer das suas relações com a família, a escola, a rua, a forma de exteriorização do seu mal-estar”. (Strecht, 1999:25). 2. Práticas Parentais Educativas Ao conduzir uma investigação sobre práticas parentais educativas considera-se importante, em primeiro lugar referir o grupo que, de entre os grupos humanos, desempenha um papel primordial na socialização, isto é, na transmissão da cultura, que prevalece na primeira educação, na repressão dos instintos e na aquisição verbal e não verbal. Este grupo é a família. “Toda a vida humana comporta um princípio, um meio e um fim. E é também, sempre, um processo interactivo, em que se cruzam pessoas, objectos, situações, nos seus variados movimentos da vida e evolução” (Alarcão, 2000:107). Stern (1988) referiu que se por um lado, a criança inicia a sua vida a partir de um estado de dependência total da sua mãe, ou substituta, por um lado o bebé traz consigo logo à nascença um conjunto de capacidades, como por exemplo, o olhar as expressões faciais quer de sorriso, quer de choro que 62 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência facilitam o estabelecimento da relação humana. Os adultos estão preparados para responderem a esses sinais de forma adequada e consistente e, dessa forma, se iniciam as primeiras interacções sociais. É na sequência destas interacções e através da actividade perceptiva que se criam as condições necessárias que conduzem à formação das ligações parentais. Devido às respostas e solicitações adequadas, a criança sente-se segura e interioriza os pais como modelos a seguir. O modo como decorrerá todo este processo será influenciado pela forma como se estabeleceram as relações com as pessoas significativas, nomeadamente as ligações estabelecidas com as figuras parentais. (Negrão, 1995). “A vida nem sempre é justa. As crianças não nascem iguais em direitos. Mas não podemos desistir de contrariar uma certa ordem das coisas, bater à porta do coração e perguntar sem medo: pode-se entrar? Indignarmo-nos sempre que for preciso. Lutar. O mundo que queria aqui não era só a alegria da vida ou a sorte de ter pais, o que queria era a mudança de alguns solos, as cores inflamadas das bocas sem voz, dos olhos sem vista. Letras de mãos dadas a escreverem destinos de mais harmonia. Preciso de ti”. (Strecht, 1999:25). Para melhor compreensão de todos estes processos, é de toda a pertinência rever algumas investigações nesta área ao longo dos tempos. Bowlby (1969) considerou que até 1940 não foram realizados estudos relevantes sobre bebés e os primeiros anos de vida. As primeiras investigações a surgirem foram realizadas por Burlingham e Anna Freud (1944), durante a 2ª Guerra Mundial. A estes trabalhos seguiam-se os de Spitz e Wolf (1946) que estudaram aproximadamente uma centena de bebés, numa instituição penal. O interesse sobre a temática foi crescendo dentro da comunidade científica e outros estudos foram sendo realizados de modo cada vez mais sistematizado. Schaefer (1959) estuda as reacções de crianças com menos de um ano de idade, durante internamento hospitalar e após o regresso a casa. Heinicke e Westheimer (1966) realizaram investigações sobretudo em crianças que estiveram separadas da mãe. 63 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência A partir da década de 50, foram dominantes os primeiros trabalhos de Bowlby (1951), os quais propunham a crença numa consistência da personalidade e nos danos irreversíveis que a privação da ligação materna causaria. Em 1969, Bowlby defende a teoria do vínculo “attachment”, sendo ideia central desta teoria que a criança mais precocemente estabelece com a mãe ou a sua substituta uma relação de vínculo, em que a separação precoce ou a sua ameaça provocariam um conjunto diverso de mal-estar emocional e perturbações da personalidade. “A forma de conceptualizar a propensão dos seres humanos para estabelecerem fortes relações afectivas com outros seres particulares e explicar algumas das formas de perturbações de personalidade, incluindo ansiedade, depressão e separação emocional” (Bowlby, 1977:203). Nesta perspectiva pode considerar-se o estabelecimento do “attachment” e o seu desenvolvimento como fonte de influência de potenciais capacidades para a construção e desenvolvimento de novas ligações afectivas. Bowlby (1969) considerou também que a primeira relação do bebé é preferencialmente com a mãe. Porém, na década de oitenta, vários estudos foram feitos em que defendem que ambos os pais são psicologicamente influentes como figuras de “attachment”, no desenvolvimento infantil. Posteriormente, os trabalhos de Rutter (1981) demonstraram que as experiências de privação materna e/ou adversidade psicossocial precoce podem ser alteradas subsequentemente, uma vez que a capacidade de adaptação ou plasticidade mostrou ser muito maior do que se pensava. A continuidade entre a infância e a maturidade existem sem dúvida. Porém, os efeitos residuais das experiências precoces no comportamento adulto tendem a ser bastante ligeiras. Por outro lado, devido às mudanças maturacionais, e por outro lado, devido aos efeitos das experiências adversas e benéficas, que ocorrem durante toda a infância e adolescência (Rutter, 1986). As investigações referidas dedicavam-se essencialmente ao estudo da relação mãe-filho. Trabalhos referentes em particular à educação das crianças e às suas consequências, têm procurado identificar as características pelas quais os pais diferem particularmente uns dos outros, as quais têm sido 64 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência identificadas como responsáveis influentes nas diferenças que se verificam, a vários níveis entre as crianças, como afirma Sroufe (1988, citado por Canavarro, 1999:91), sobre esta problemática, “ser impossível negligenciar o papel central das primeiras relações estabelecidas, cujos protagonistas habitualmente são os pais”. Bowlby reformulou os seus escritos e de acordo com as teorias mais recentes considera que o desenvolvimento “deve ser pensado, em termos de interacções e transições, que ocorrem constantemente entre a personalidade, sempre em desenvolvimento, e o ambiente, especialmente em relação às pessoas que nele se encontram” (Bowlby, 1988:6). Foi através de entrevistas, questionários ou escalas de atitudes que os primeiros investigadores recolheram informação para o estudo das práticas parentais educativas. Estes instrumentos eram aplicados directamente aos pais para averiguarem acerca das suas técnicas disciplinares, das suas reacções típicas face a determinados comportamentos específicos da criança e a valores respeitantes ao processo educativo (Maccoby e Martin, 1983). Alguns autores consideram a relação pais-filhos uma relação parental, a qual engloba tudo o que diga respeito à relação pais filhos, nomeadamente, o que fazem em conjunto, o que pensam, o que comunicam, o que as preocupa sempre numa relação bidireccional. Em simultâneo, ocorre o processo de socialização. As figuras parentais ensinam a criança a inibir o comportamento anti-social e incentivam os comportamentos adequados ao seu meio social e cultural, mesmo que isso, por vezes, signifique perder alguns objectos pessoais e imediatos. Todavia, o desenvolvimento deste processo está dependente da forma como os pais exercem a sua função de imposição e com o modo como respondem às necessidades das crianças, o que pode acontecer através de diferentes formas, dependendo da idade da criança e do seu estilo educativo (Negrão, 1995). Darling e Steinberg (1993) definem o estilo de relação parental como uma constelação de atitudes dirigidas à criança e que lhe são comunicadas, as quais em conjunto, criam um clima emocional, no qual os comportamentos emocionais são expressos. Estes comportamentos incluem comportamentos objectivos, com uma determinada direcção e através dos quais os pais 65 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência desempenham os seus próprios deveres e comportamentos sem objectivos definidos, como gestos, mudanças no tom de voz e a expressão emocional espontânea. 2.1. Estilo Parental Versus Práticas Parentais A Psicologia, como outras ciências de várias áreas de conhecimento que têm como objectivo de estudo o ser humano, tem encetado, nas últimas décadas, vários estudos, a fim de compreender os determinantes de diversos comportamentos das crianças e adolescentes. Pesquisas têm apontado para a grande importância da relação paisfilhos e, principalmente, para as diferentes práticas educativas utilizadas por esses pais na educação dos seus filhos (Negrão, 1995, Canavarro, 1999, Lory, 1999, Alarcão, 2000, Reppold, Pacheco, Bardagi e Hutz, 2002, Salvo, 2003, Gomide, 2004). Existem razões para ver com sucesso muito do que foi alcançado ao longo deste século. Talvez mais exaustiva e sistematicamente que nunca, ficou a conhecer-se a natureza da experiência da infância e as suas extraordinárias potencialidades de desenvolvimento. Os progressos alcançados nas áreas da psicologia infantil, psicanálise, neurofisiologia e biologia, trouxeram um conhecimento cada vez mais aprofundado das fases e dos processos do desenvolvimento psicológico humano, ao ponto de conseguir aprender-se, com uma clareza crescente, a importância da relação mãe-bebé, desde logo o seu início. Com base em provas específicas consistentes e em muita experiência clínica, adquiriu-se a consciência clara da necessidade de cultivar nas crianças um sentimento fundamental de confiança e segurança, através de vinculações seguras e de uma eficaz contenção parental, (Strecht, 1999). Em larga medida, conhece-se também as circunstâncias que podem afectar, positiva ou negativamente, a saúde de uma criança e todo o seu desenvolvimento posterior. Alguns autores, nomeadamente Parker, Tupling e Brown (1979), não consideram importante diferenciar entre estilo parental e práticas parentais. Todavia, Darling e Steinberg (1993) defendem a importância de distinguir entre 66 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência estilo de relação parental e práticas parentais para melhor compreensão de ambos os conceitos. Consideram, ainda, que o estilo parental engloba as práticas parentais, uma vez que é compreendido como o contexto que modera a influência específica das práticas parentais na criança. Os estilos parentais são um conjunto de atitudes dos pais, como expressam os comportamentos dos pais. Os pais podem comportar-se de maneira diferente. Os estilos parentais incluem as práticas parentais (elogios, gritos, punições, outros) e outros aspectos da interacção pais-filhos, que possuem um objectivo definido, tais como tom de voz, linguagem corporal, descuido, atenção, mudança de humor (Darling e Steinberg, 1993; Bronfenbrenner, 1996; Negrão, 1999). Várias pesquisas em psicologia têm enfatizado a importância da interacção parental e das práticas educativas utilizadas pelos pais, sobre o desenvolvimento de crianças e adolescentes (Baurind, 1966; 1997; Darling e Steinberg, 1993; Macoby e Martin, 1983). A literatura sobre o tema permite identificar duas dimensões distintas na interacção de pais e filhos; as práticas parentais e os estilos parentais. As práticas parentais referem-se às estratégias utilizadas para atingir objectivos específicos em diferentes domínios (académico, social, afectivo) sob determinadas circunstâncias e contextos (Hart, Nelson, Robinson, Olsen e McNeilly-Choque, 1998). O uso de explicações, de punições ou de recompensas constitui exemplo dessas práticas, (Cecconello, De Antoni e Koller, 2003). O estilo parental refere-se ao padrão global de características da interacção dos pais com os filhos em diversas situações, que geram um clima emocional (Darling e Steinberg, 1993). A expressão do comportamento parental pode apresentar afectividade, responsabilidade e autoridade. Até mesmo ao utilizar uma medida restrita no comportamento de uma criança, um pai ou uma mãe podem demonstrar afecto e cuidado e estimular o exercício da autonomia. Uma medida punitiva, no entanto, revela-se sempre pela imposição, caracterizando um estilo parental autoritário. A utilização deste tipo de punição, especialmente quando se trata de uma punição física, pretendendo ser uma prática disciplinar, tem sido descrita na literatura como 67 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência prejudicial ao desenvolvimento de crianças e adolescentes (Hart, Nelson, Robinson, Olsen e McNeilly-Choque, 1998; Hoffman, 1960). Para os teóricos do assunto, tal prática está baseada no uso abusivo do poder que os pais têm sobre os filhos. Hoffman (1960) definiu o poder como o potencial que uma pessoa tem para levar a outra a agir de maneira contrária à sua própria vontade. A relação entre pais e filhos ilustra uma típica situação, na qual existe uma concentração de poder na figura dos pais. Existem, no entanto, duas maneiras pelas quais os pais podem utilizar este poder para alterar o comportamento dos filhos: a primeira, através de uma disciplina indutiva, provocando uma modificação voluntária no comportamento da criança; a segunda, através de técnicas que reforçam e reafirmam o poder parental. Devido à sua privilegiada posição de poder, os pais podem, livremente, escolher entre as técnicas disponíveis para manipular o comportamento dos filhos, (Hoffman, 1981; Cecconello, De Antoni e Koller, 2003). Deste modo, as práticas parentais podem ser entendidas como conjuntos de comportamentos manifestados pelos pais no processo de educação ou socialização dos filhos, que levam a um resultado comum, sendo objectivo dos pais contribuir para o desenvolvimento harmonioso dos filhos. Os pais devem fazer um esforço para que o filho se desenvolva com autonomia e confiança em si próprio. Contudo, nem sempre estes objectivos são conseguidos, motivados pelos mais diferentes motivos (Darling e Steinberg, 1993). Actualmente, os estudos psicológicos revelam que a família é essencial na vida de todos, todavia ela pode ser tanto protecção, como risco. Cada estilo de pai/mãe contribui para determinar o desenvolvimento e socialização de crianças e adolescentes que formarão um repertório comportamental (personalidade) que o acompanhará para o resto da vida. No estudo das práticas parentais educativas, encontram-se diferentes modelos que permitem conhecer os diferentes tipos de pais que fazem parte da sociedade (Reppold, Pacheco, Bardagi e Hutz, 2002; Salvo, 2003; Gomide, 2004). O modo como os pais educam os filhos na infância e adolescência, assim como os efeitos que as práticas parentais educativas produzem no 68 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência desenvolvimento psicossocial das crianças e adolescentes estão associadas a diversos indicadores de desenvolvimento psicológico e comportamental, tais como auto-estima, depressão, ansiedade, desempenho escolar, competência interpessoal, comportamentos agressivos, hiperactividade, entre outros, (Bardagi, 2002, Mesters e Muris, 2004, Pacheco e Gomes, 1999, Reppold, 2001). Darling et al. (1993) propuseram um modelo de relacionamento parental, o qual integra o estilo e as práticas parentais, dado que consideraram que cada um dos atributos parentais influencia o desenvolvimento da criança, embora através de processos diferentes. As práticas parentais têm um efeito directo no desenvolvimento específico dos comportamentos da criança e nas suas características pessoais, como a aquisição de uma auto-estima. Na essência, estas são o mecanismo, através do qual os pais ajudam directamente os seus filhos a socializarem-se. Por outro lado, o estilo parental envolve toda a relação, (Negrão, 1995). 2.2. Determinantes do Estilo Parental Para Belsky (1984), existem três determinantes do estilo parental: - Os recursos psicológicos individuais dos pais. - As características. - As fontes contextuais de stress e suporte. Identificados estes determinantes, o mesmo autor propõe um modelo de funcionamento parental que tem determinantes múltiplos, um modelo de determinantes de práticas parentais que relacionava conjuntamente as características parentais individuais e conjugais, o temperamento da criança e as redes sociais dos pais (Lory, 1999). Porém, os processos através dos quais o estilo parental influencia o desenvolvimento da criança são indirectos. De acordo com Belsky (1984), o estilo parental é o contexto variável que modera as relações entre práticas parentais e o desenvolvimento futuro das crianças. Esta influência do estilo parental moderar as práticas parentais ocorre segundo dois processos: 69 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência - Pela transformação da natureza da interacção pais-filhos, o que por sua vez modera as práticas específicas que influenciam o processo de desenvolvimento da criança; - Por influenciar a personalidade das crianças, especialmente a abertura das crianças à influência parental, isto é, a abertura das próprias crianças para serem socializadas. Os recursos psicológicos dos pais estão directamente relacionados com o desenvolvimento da história pessoal destes, o que irá condicionar a personalidade dos mesmos. As características próprias das crianças terão influência nas relações parentais, fazendo estas mais ou menos difíceis, dependendo do temperamento da criança e da interacção que se estabeleceu desde os primeiros meses entre a criança e os pais. Na tentativa de melhor compreender a interligação entre estes factores, vários autores desenvolveram investigações e propuseram modelos teóricos que atendiam à conexão entre características individuais dos pais, relação familiar e o desenvolvimento da criança (Belsky, 1984; Miller, Cowan, Hetherington e Clingempeel, 1993; Perris, Arrindell e Eisemann, 1994, Lory, 1999). 2.3. Práticas Parentais Educativas Positivas As práticas parentais educativas positivas são definidas como o conjunto de práticas parentais que envolvem a atenção e o conhecimento dos pais, que consideram as emoções e necessidades pessoais dos filhos. Estes pais preocupam-se e acompanham o desenvolvimento comportamental dos filhos, têm conhecimento acerca do local onde o filho se encontra (creche, jardim-deinfância e escola), interessam-se pelas actividades que são desenvolvidas pelos filhos (Gomide, 2001, 2003). Têm-se verificado que o envolvimento parental na escola tem efeitos positivos na realização escolar dos alunos (Villas-Boas, 1985; Monnier e Pourtois, 1987, citado por Menezes, 1990), traduzindo-se também num aumento das suas competências sociais e diminuição dos seus problemas de comportamento (Webster-Stratton, 1998, Ribeiro, 2003). 70 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência “Porque se são os afectos que nos dão à luz, também nos podem dominar, asfixiar, bloqueando a nossa capacidade de pensar e sonhar livremente. E se são os laços afectivos que nos dão vida, estes, quando mal vividos, podem tornar-se algemas, prisões infantis das quais não se emerge para a vida” (Dias, 1988:47). 2.4. Práticas Parentais Educativas Negativas Para Gomide (2003), as práticas parentais podem desenvolver tanto comportamentos sociais quanto anti-sociais, dependendo da frequência e intensidade com que o casal parental as utiliza. Já há alguns anos, os investigadores sobre o comportamento humano têm considerado vários factores de risco para o desenvolvimento das crianças e adolescentes, como a negligência, carências afectivas, dedicação, carinho, atenção (Bowlby, 1990; Canavarro, 1999, Strecht, 1999; Alarcão, 2000; Golombok, 2000). A negligência foi definida por Gomide (2002), como a prática parental que remete à ausência de supervisão e interesse dos pais em relação à vida dos seus filhos. Nestes casos, os pais agem como meros espectadores e não participantes na educação, sendo que esta situação pode caracterizar-se por falta de atenção, omissão e até mesmo falta de amor. A negligência é considerada um dos principais factores, senão o principal, a desencadear comportamentos anti-sociais nas crianças e adolescentes. Está ainda associada à história de vida de usuários de álcool e outras drogas e de adolescentes com comportamentos desviantes, (Gomide, 2004), bem como de crianças e adolescentes com rendimento escolar com limite inferior ao nível médio, (Strecht, 1999). Estudos de Pinheiro (2003), Sabbag (2003) e Salvo (2003), ao trabalharem famílias com alto e baixo índice de estilos parental, constaram que práticas negativas estavam positivamente correlacionadas ao comportamento anti-social, bem como a situações de stress, ansiedade, agressividade e baixo índice de habilidades sociais, enquanto as práticas parentais positivas estavam 71 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência correlacionadas positivamente com comportamentos equilibrados e habilidades sociais, (De Salvo, Silvares e Toni, 2005). Concordando com Baptista (1993), os efeitos adversos das experiências precoces vão depender das condições posteriores da vida. 2.5. Modelos de Práticas Parentais Educativas Muitos trabalhos têm sido realizados sobre relações parentais e as práticas parentais que originam, sendo necessário criar modelos com o objectivo de os estudar. Descrevemos seguidamente alguns modelos que (nos parecem ser os mais significativos e que) englobam vários aspectos das Práticas Parentais Educativas, e que têm sido estudados por diversos autores ao longo dos anos, nomeadamente, Baldwin (1955), Schaefer e Bell (1959); Baumrind (1971); Maccoby e Martin (1983); Parker, Tupling e Brown (1979); Perris, Jacobson, Lindston, Van Knorring e Perris (1980). 2.5.1. Modelo de Baldwin (1955) Baldwin (1955) considerou a existência de duas dimensões subjacentes às Práticas Parentais Educativas: Democrático, que consiste no estilo educativo em que as regras familiares são explicadas à criança, em que os pais consideram a sua opinião antes da tomada de decisões e estimulam a sua iniciativa e curiosidades; Controlador, que se caracteriza por uma orientação firme da criança e estabelecimento de limites por parte das figuras parentais. 2.5.2. Modelo de Schaefer (1959) Schaefer foi um dos primeiros a ser considerado no estudo de práticas parentais educativas. Schaefer e Bell (1958) desenvolveram o “Parental Attitude Research Instrument”, apesar de a terem considerado como uma medida fraca em relação às qualidades psicométricas, valorizando a sua importância nos conceitos que lhes estavam subjacentes. As dimensões ignorar, expressão de afeição e intromissão foram estudadas e reavaliadas, 72 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência tendo sido desenvolvida a dimensão que definiu por Aceitação Afectiva versus Rejeição Hostil. Após fazer um estudo de observação, Schaefer (1959), propõe duas novas dimensões: Autonomia versus Controlo e Hostilidade. É com base nestas duas dimensões que Schaefer construiu o modelo, a partir do qual definiu onze estilos parentais educativos: Democrático, Cooperante, Aceitante, Super-protector, Indulgente, Protector, Possessivo, Autoritário, Ditador, Rejeitante Negligente, Indiferente e Desprendido. Em 1965, Schaefer reformulou a sua teoria, introduziu uma nova dimensão e redefiniu duas já existentes. Desenvolveu um modelo tridimensional das práticas educativas: Autonomia Psicológica versus Controlo Psicológico, dimensão bipolar caracterizada, por um lado, pela intrusão, direcção e controlo, por outro, pela culpabilização; A dimensão Rejeição versus Aceitação, também bipolar, ficou definida pela expressão de afecto e suporte emocional na dimensão de Aceitação e o ignorar, rejeição e negligência na dimensão Rejeição; Controlo Firme versus Controlo Flexível consistiu numa dimensão em que os pais criavam e estabeleciam regras e limites muito rígidos e, na outra, os pais que se caracterizavam pelo comportamento oposto, isto é, que explicitavam poucas regras e colocavam poucos limites. 2.5.3. Modelo de Baumrind (1971) Com Baumrind (1971), surgiu um novo modelo teórico que incluiu os processos emocionais e comportamentais. Para operacionalizar os estilos parentais, o autor definiu quatro categorias: 1) Os pais autoritativos, que são tão exigentes como afectuosos, optam por uma disciplina em que orientam os filhos e em que se deixam conduzir pela razão; 2) Os pais permissivos, que são mais afectuosos do que exigentes, evitando confrontos e permitindo alguma auto-regulação aos filhos; 3) Os pais autoritários, que são exigentes, directivos e não afectuosos, dando ordens sem explicação e controlando as actividades dos filhos; 73 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 4) Os pais negligentes, que não são exigentes nem afectuosos, não vigiam nem apoiam os filhos, não assumindo qualquer responsabilidade na sua educação. 2.5.4. Modelo de Maccoby e Martin (1983) O modelo apresentado por Maccoby e Martin (1983) também definiu quatro estilos de práticas parentais, caracterizados do seguinte modo: Autoritário/Autocrático: apesar destes pais compreenderem que os filhos têm determinadas necessidades pessoais que deveriam ser satisfeitas, os pais dão ordens, esperando que os filhos lhes obedeçam, devendo as ordens dos pais serem tomadas como deveres, sem que sejam previamente dialogadas com os filhos; Indulgente/Permissivo: os pais têm uma atitude tolerante, permissiva dos impulsos dos filhos, evitam a punição, dando liberdade aos filhos na tomada de decisões; Não Envolvente/Indiferente: estes pais não se envolvem, nem interagem muito com os filhos; Autoritário/Recíproco: os pais tentam educar os filhos de forma a que sejam sensíveis às suas ordens, uma vez que possuem mais conhecimentos e capacidades, mas também respeitam os pedidos e pontos de vista dos seus filhos. 2.5.5. Modelo de Parker, Tupling e Brown (1979) Parker, Tupling e Brown (1979) desenvolveram o “Parental Bonding Instrument” – PBI, no qual identificam duas dimensões relativas às Práticas Parentais: A primeira dimensão é bipolar e sugere um constructo “Carinho”, compreende, por um lado, afecto, empatia e relações próximas e, por outro lado, frieza emocional, indiferença e rejeição. A segunda dimensão, “Protecção” é também bipolar, comporta, num lado, controlo parental, superprotecção, intromissão, comportamentos independentes e sugere, noutro lado, autonomia e promoção da independência. A partir das duas dimensões, Carinho e Protecção e das suas combinações em quadrantes, Parker e al. (1979), propuseram quatro estilos de práticas parentais: Controlo com Afecto, caracterizado por protecção elevada e 74 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência carinho elevado; Ligação Óptima, considerando-a quando se verifica a dimensão carinho elevada e a dimensão protecção baixa; Ligação Fraca ou Ausente, ou Ligação Negligente, quando se verificam ambas as dimensões carinho e protecção baixa, Ligação Controlo sem Afecto, quando se verifica a dimensão protecção elevada e a dimensão carinho baixa. Parker (1983) concluiu que esta escala é uma medida de avaliação cujos valores de fidelidade e validade são aceitáveis. Os resultados dos seus estudos parecem revelar as mães descritas como mais carinhosas e mais protectoras do que os pais, independentemente do sexo dos jovens e que a superprotecção aparece associada com baixos valores de carinho. 2.5.6. Modelo de Perris, Jacobson, Lindstom, Van Knorring e Perris (1980) Uma medida criada por Perris, Jacobson, Lindstom. Van Knorring e Perris (1980), o Egma Minnem Betraffande Uppstran – EMBU, trata-se de um questionário que permite avaliar a percepção do indivíduo sobre o relacionamento com os pais durante a infância e adolescência, nas dimensões de suporte emocional, rejeição e super protecção. A partir do EMBU, Gerlsma, Arrindell, Van der Veen e Emmelkamp (1991), desenvolveram o EMBU-A para adolescentes, que avalia quatro dimensões das práticas parentais: Rejeição, Carinho, Protecção e Favorecimento do Sujeito. Assim, considerou-se da análise dos estilos das práticas parentais educativas referidos, a existência de duas grandes dimensões: Disciplina do Poder-Assertivo (inclui a punição e as ameaças) e Disciplina de Afectividade Comedida (inclui o prazer e o entendimento), (Negrão, 1995). 75 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 3. EDUCAÇÃO 3.1. Educação, Construção das Identidades e Projectos Pessoais “A escola deve ser algo profundo e comprometido que estenda a sua acção formativa para os problemas reais da sociedade; oferecerá à criança a oportunidade de estar em contacto directo com o seu meio e com as pessoas que o rodeiam”. (Gervilla, 1998:244) Numa possibilidade de síntese, Zabalza (1992) assinala duas grandes funções que a instituição educativa "deveria desenvolver": - Desenvolver a personalidade do sujeito (o que passaria por desenvolver ao máximo as capacidades dos alunos, dotá-los de instrumentos e recursos necessários para assumirem um comportamento autónomo e responsável e serem capazes de enfrentar os problemas com flexibilidade e espírito inovador); - Estabelecer os parâmetros de relação entre o sujeito e os outros (o que passaria pela aprendizagem de valores, normas e regras de conduta inerentes à inserção dos alunos numa cultura ou modo de pensar e agir de âmbito mais vasto, mas também pela apropriação de capacidades expressivas e comunicativas próprias dos processos que sustentam as relações interpessoais e sociais). A escola não pode continuar a encarar os seus alunos (seja qual for a sua idade) como entidades passivas, tornando-se urgente experimentar itinerários pedagógicos que salientem o papel activo dos alunos, estimulando iniciativas que promovam a sua responsabilização, impulsionando o contacto com o diferente, desafiando os equilíbrios estabelecidos e promovendo a emergência de um pensamento cada vez mais rico e de uma acção cada vez mais consciente. A adopção de conteúdos programáticos e a utilização de práticas pedagógicas devem respeitar a finalidade de fazer avançar a autonomia da pessoa e desenvolver competências que lhe permitam desfrutar a realidade 76 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência colectiva que a rodeia (património cultural, ecológico e relacional que constitui o suporte de uma existência comum). Não esquecendo que a socialização é uma condição indispensável para assegurar a sobrevivência da pessoa e a continuidade do funcionamento social, uma pedagogia moderna não ignora também que a interiorização de conteúdos nunca se faz ao acaso, constituindo o processo de construção da identidade e de projectos individuais de existência um meio privilegiado para que se verifique uma aquisição crítica desses conteúdos. Aliás, nunca como hoje o papel activo do "sujeito que aprende" foi tão enfatizado, sendo constante a necessidade de se considerar o estabelecimento de relações entre as potencialidades da pessoa e as características quer daquilo que é aprendido, quer do meio em que as aprendizagens se fazem. Cada aluno dispõe, então, da oportunidade de se rever na socialização de que é protagonista, de a representar, de a construir à maneira da sua geração e de acordo com a sua personalidade, talvez até de a enriquecer com um novo olhar, com uma nova postura. “A realização pessoal da criança não depende apenas do estatuto profissional que vier um dia a alcançar, mas de muitas outras coisas tais como o seu bem-estar pessoal e as suas relações familiares e sociais” (Marujo, Neto e Perloiro, 1999: 138). É a partir da década de setenta e, em particular, durante a década de oitenta, que em Portugal se estrutura uma moderna condição juvenil, marcada pela democratização do acesso à escola, pela diminuição da influência familiar nos processos de socialização e pelo abandono progressivo da integração muito precoce no mundo do trabalho. A escolarização em massa dos jovens portugueses arrastou assim consigo, para além da repartição das tarefas de socialização entre a família e a escola, um retardamento da entrada na vida activa (logo, também na vida adulta), criando uma "população juvenil" que passou a alinhar com as suas congéneres europeias num conjunto de valores, atitudes e expectativas que convém conhecer para melhor se entender como decorrem os processos de construção das identidades e dos projectos pessoais dos jovens portugueses. 77 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Ao questionar o papel que a educação escolar desempenha na construção das identidades e dos projectos pessoais, pensamos também como é importante o jovem adquirir um cada vez maior sentimento de controlo sobre a realidade exterior, o que influenciará a realização de escolhas de natureza vocacional. Na medida em que as pessoas actuam em conformidade com a ideia que têm de si próprias, de acordo com juízos feitos acerca de capacidades, motivações, preferências, interesses e valores, é possível estimar a importância do contexto escolar, situando-o no âmago do processo de construção de projectos individuais de existência e, em termos mais vastos, da própria construção da personalidade. É óbvio, contudo, que a construção de projectos pessoais não pode ser vista apenas como uma tarefa individual, resultante do processo de desenvolvimento psicológico e de uma progressiva maturação, estando inevitavelmente ligada a transformações ocorridas, em particular ao nível da família e das estruturas sociais e económicas. Definir os seus projectos pessoais é, aliás, uma das situações mais problemáticas que os jovens enfrentam nas sociedades contemporâneas; nunca como hoje tiveram tantas possibilidades ao seu dispor, mas também nunca como hoje a concorrência por essas oportunidades foi tão acesa. Teremos necessariamente de afirmar que a elaboração de projectos pessoais supõe uma intervenção conjunta da afectividade, das cognições e do campo social. A emergência de um projecto não corresponde, assim, a uma actividade exclusivamente afectiva ou cognitiva. Ela solicita simultaneamente factores afectivos e cognitivos, ainda que a intensidade e as modalidades sejam diversificadas, conforme as pessoas e os momentos. A progressão de um projecto deve atender ao desenvolvimento conjunto da componente cognitiva (essencialmente representada ao nível das competências e das aptidões) e da componente afectiva (essencialmente representada ao nível dos interesses, das motivações e dos valores), os quais se encontram em interacção constante, apesar de certos períodos serem caracterizados por uma evolução mais sensível de um destes domínios. A estes factores acrescentaríamos, ainda, a capacidade para ter ou não em atenção as 78 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência realidades do ambiente que o rodeia e o grau de objectividade da imagem que se possui de si mesmo, (Azevedo, Fonseca e Silva, 2000). A emergência e a implementação de projectos pessoais implicam, necessariamente, um certo envolvimento na consideração e a mais aprofundada possível do máximo de elementos, reduzindo ao mínimo o risco de erro. Se estas condições de análise não forem proporcionadas durante a passagem do jovem pela instituição escolar, uma nova forma de desigualdade poderá surgir entre aqueles que se encontram e aqueles que não se encontram capacitados para a resolução de problemas que tenham a ver com a elaboração de projectos de existência. “A educação é uma acção coerente e deliberada ao serviço de metas, que podem resumir-se na transmissão de conhecimentos, e desenvolvimento de atitudes e promoção de valores”, (Agustín, 2001:275). 3.2. Educação para a Integração e a Coesão Social “O acto educativo é uma operação indispensável à construção de todo o ser humano. É mesmo a mais importante das actividades do Homem. Ele age, efectivamente, pelos pais, pelo ensinamento, pela sociedade que o compõem.” (Osterrieth, 1964, in Gervilla, 2001:794) Sempre se esperou dos sistemas de educação escolar, sobretudo no pós-Segunda Guerra, em que ocorreu a explosão da sua procura, um forte impacto sobre a democratização social. Sobre estes sistemas históricos recaiu a responsabilidade de acolher as crianças e jovens, de todos os grupos sociais, tendo em vista garantir a igualdade de acesso aos benefícios sociais que eles proporcionavam: instrução, socialização, educação, qualificações e títulos escolares. Esta mudança galvanizou governos e actores sociais, décadas a fio, e orientou gerações sucessivas da população numa procura escolar sempre crescente. 79 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Cedo se percebeu, sobretudo com base na análise empírica, que o objectivo da igualdade de acesso para todos, sendo certo que todos são diferentes e que são manifestas as desigualdades à entrada no sistema escolar, não bastaria como plataforma de promoção de uma efectiva democratização social. A estes objectivos foram-se acoplando outros: discriminação positiva, para dar outras oportunidades a quem, à partida não reunia as mesmas condições de sucesso escolar; diferenciação pedagógica, individualizando o atendimento escolar, tendo em vista facilitar um sucesso escolar generalizado, mesmo no caso dos alunos com necessidades educativas especiais; diversificação escolar, criando diversos tipos de escolas para diferentes públicos, conduzindo a diferentes diplomas, (Azevedo, Fonseca e Silva, 2000). Em Portugal, a promoção da democratização social, por via da educação escolar, é um fenómeno tardio, que remonta aos finais dos anos sessenta e aos anos setenta. A explosão da oferta e da procura dá-se nos anos setenta, no ensino básico, e, nos anos setenta e oitenta, no ensino secundário. No ensino superior, ocorre um fenómeno semelhante no fim dos anos oitenta e durante os anos noventa. São quase vinte anos de atraso estrutural no incremento das políticas públicas de democratização escolar. A educação de segunda oportunidade nunca foi considerada uma prioridade política, nos últimos cinquenta anos, e a educação de adultos, eleita como prioridade, em termos de alfabetização, durante os anos setenta e oitenta, manteve-se como um parente pobre nas políticas públicas de educação e de formação. O panorama genérico no fim da década de noventa apresenta uma sociedade profundamente dualizada, com uma minoria, agora bastante mais alargada, de portugueses que acederam aos benefícios educacionais, aos níveis do ensino secundário e do ensino superior, a par da maioria dos cidadãos, que continua a apresentar níveis de escolarização muito insuficientes, a debater-se com dificuldades acrescidas de integração numa sociedade em que o conhecimento constitui um activo cada vez mais importante. Em termos prospectivos, a relação da educação e da formação com a integração evolui segundo cenários diversificados, variando sobretudo em 80 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência função da evolução de três variáveis-chave, a saber: a expansão da chamada sociedade da informação /sociedade do conhecimento; a capacidade do sistema de ensino e de formação acolher e responder à diversidade; e o tipo de políticas públicas, com destaque para a acção do Estado. Esta relação está em constante transformação, enriquecendo com os novos e imensos meios de ensino e de aprendizagem, devido aos novos programas, de normas, de certificações, com a pluralidade de fontes de saber, a flexibilidade de ensino e de aprendizagem. A sua reorientação é um processo social contínuo, direccionado, pensado a médio prazo e participado. Os principais actores terão de estar envolvidos: professores, alunos e pais, em articulação com as autarquias e outros agentes sociais locais. “Nenhuma reforma consistente, tanto mais que se trata da educação, pode afirmar-se sem a activa participação social. Particularmente relevante para concepção dos seus objectivos e as participações dos distintos sectores da comunidade educativa, singularmente, dos pais, professores e alunos.” (Rios, Jiménez, Díaz e Galán, 2001:899). A escola inclusiva, capaz de acolher e ajudar a desenvolver cada um dos alunos, na multiplicidade de formas de bom desempenho, surge como um dos novos nortes. Outros hão e haverá que potenciar: uma maior atenção ao desenvolvimento dos vários tipos de inteligência, com destaque para a importância das aprendizagens artísticas e do domínio das expressões pessoais; o reforço da acessibilidade, da flexibilidade e da individualidade, como características centrais de novos planos de estudo; uma maior conjugação entre professores e pais nas complexas tarefas educativas; a criação de equipas fixas de professores que acompanhem grupos fixos de alunos, facilitando o contacto humano essencial ao apoio ao desenvolvimento de cada um; a maior responsabilização de cada escola pelo acompanhamento dos seus ex-alunos, tanto ao nível básico, como secundário, como superior, evitando que estes se insiram socialmente, sem uma qualificação profissional inicial e fomentando o seu regresso, para actualizar ou completar formações para um ensino diversificado. 81 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 3.3. Atitudes dos Pais face à Participação no Processo Educativo dos Filhos A colaboração escola – família constitui uma chave importante para melhorar a educação. Todos sabemos que a família, por direito, deveria desempenhar um papel decisivo na definição da política educativa. Porém, nem sempre se verifica esta parceria. Contudo, a nova reforma do ensino através do Decreto-Lei nº 172/91, preconiza a participação dos encarregados de educação como membros de pleno direito no Conselho da Escola ou Área Escolar. De facto, como afirma Marques (1991:33), “A escola deve incluir os pais e os alunos nas estruturas participativas e na experiência pedagógica quotidiana. Esta é também uma exigência da Lei de Bases”. Neste sentido, para haver um sucesso na educação das crianças, é necessário conciliar esforços entre os diferentes agentes educativos: pais, professores e membros da comunidade. A tónica deve assentar na solidariedade, na construção de uma autêntica comunidade educativa. Já em 1916, John Dewey publicou a obra intitulada Democracia e Educação: Uma Introdução à Filosofia da Educação. Defendia o autor que a escola deveria, de alguma forma, espelhar a realidade social como um todo e, desta forma, proporcionar uma oportunidade para a aprendizagem da vida real. A preocupação central dos professores deveria, assim, dirigir-se para a construção de ambientes sociais de aprendizagem caracterizados por procedimentos democráticos e científicos (cit. Leitão, 2006). Na França, a criação da “Société pour l’Education Nouvelle”, inspirandose nomeadamente nas perspectivas sociológicas de Durkheim, revalorizou a actividade livre e espontânea da criança, bem como a organização da aprendizagem na base do trabalho de grupo, (Leitão, 2006). Este movimento permite compreender que a educação, longe de ser uma mera questão de métodos e materiais, é, antes de tudo, uma questão de filosofia da educação, uma questão de epistemológica de partida. É, dizendo 82 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência de uma outra forma, não uma questão de técnica, mas de cultura, de cultura democrática, de partilha, de solidariedade e liberdade. “As problemáticas ligadas à educação e aos processos de aprendizagem são um dos domínios privilegiados na reflexão teórica e na investigação dos últimos tempos, a tendência actual da Psicologia do Desenvolvimento é considerar o desenvolvimento como um processo intrinsecamente ligado às experiências com o mundo e ocorrendo em determinadas condições socioculturais” (Matta, 2001:85). De acordo com Marques (1991), quando os pais e os professores colaboram mutuamente, as crianças e jovens beneficiam. Os alunos e as famílias beneficiam porque esta interacção melhora o aproveitamento escolar dos alunos e os pais ficam informados acerca da educação e da escola. A escola sozinha é incapaz de vencer a batalha do sucesso educativo. Torna-se necessário o apoio e colaboração das famílias para a contribuição de um desenvolvimento harmonioso das crianças e jovens. Daí a importância atribuída à ligação escola/família, à articulação com a comunidade, à aprendizagem activa, ao trabalho de projecto, à formação psicoafectiva, ao desenvolvimento de competências comunicativas, interactivas e sociais. “A importância da descoberta do sentido e utilidade das aprendizagens, do recurso a actividades autênticas e reais, da contextualização das aprendizagens, da construção duma cultura de participação e partilha, cooperação e solidariedade”, (Leitão, 2006:23). Quando não há comunicação entre as duas partes intervenientes no mundo da criança e dos adolescentes (pais e escola), quando estes não estão em sintonia, quando a escola não valoriza, nem respeita a cultura da família da comunidade e do aluno, acontece a ruptura entre escola e família, acentuandose o insucesso e a falta de laços afectivos e comportamentos preocupantes. Esta disfunção comunicacional impede o desenvolvimento de laços de colaboração e acaba por reflectir-se de modo negativo, quer no desempenho da criança e adolescente, quer da própria escola, privados de informações importantes que só a família lhes poderá fornecer. A alteração desta situação de afastamento terá de passar por incentivar e motivar os pais, devendo abrir as escolas aos pais, criar espaço para eles se 83 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência reunirem, proporcionar comunicação frequente, tratá-los como verdadeiros membros da comunidade educativa e dar-lhes a conhecer o currículo escolar e todas as actividades nas quais a família deve colaborar e participar (Marques, 1993). 3.3.1. Estratégias de Intervenção Pais-Filhos “Excesso de permissividade, de autoritarismo, de ofertas materiais ou a superprotecção são exemplos daquilo que não comunica amor.” (Marujo, 1999:79). É impossível não comunicar. Mesmo que não queiramos comunicar nada, evitando, por exemplo, falar, estamos a comunicar sempre qualquer coisa. Para além das palavras, instrumento mais óbvio da comunicação e base da partilha verbal, existe ao nosso dispor todo um corpo que “fala”. Desde os olhos às mãos, dos músculos da cara à postura, tudo em nós comunica. Comunicar implica sempre alguém que envia uma mensagem e alguém que a recebe. Há formas de falar que são sobretudo críticas. Baseiam-se no desrespeito pelo outro, no “esquecimento” do seu ponto de vista e na negação dos seus sentimentos. Ainda que sejam ditas por pais e mães com a intenção, habitualmente, de os educar da melhor forma, encorajam as crianças e os jovens a falhar. A ridicularização, o “deitar - abaixo”, o culpabilizar, o chamar a atenção dos erros, a comparação e a rotulação da criança ou adolescente são típicos desta forma de comunicar. Frases características são “Estás sempre a…”, “Tu nunca…”. O humor utilizado neste tipo de comunicação é frequentemente cruel e o tom de quem assim comunica tende a magoar. As consequências são devastadoras, a longo prazo, em especial na auto-estima e no sucesso. Os filhos de pais que comunicam desta forma tendem a sentir raiva e ressentimentos e ora aprendem a agredir, ora acabam passivos, dependentes e sem poder, nem controlo sobre a sua vida. Por vezes a comunicação é feita de uma forma nefasta, sem no entanto parecer tão violenta. Crentes de que a crianças e adolescentes são fracos e não sabem 84 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência fazer as coisas bem, por vezes os pais comunicam com elas de uma forma que parece apoiante mas que é, de facto, alicerçante de baixa auto-estima no filho. Culpar as outras pessoas, a situação ou o destino pelos erros ou insucessos da criança ou adolescente retira-lhes responsabilidade pelos seus actos, convida à dependência e encoraja o falhanço. Está bem patente nesta forma de falar: “Eu faço-te isso”, “Coitadinho, isto é demasiado difícil para ti!” ou “É melhor desistires”. Para haver uma real comunicação – a mensagem que é enviada ser exactamente aquela que é recebida e percebida – tem de haver, daquele que recebe a mensagem, vontade de ouvir e entender o outro, capacidade de se colocar no seu ponto de vista ou forma de olhar o mundo, e identificação de desejos e intenções não ditas. Para isso há que escutar atenta e respeitosamente o que o outro diz e saber ler as informações que ele transmite com o seu corpo e voz. Do lado do que envia a mensagem deverá haver respeito pelo interlocutor na forma como comunica as suas ideias e intenções, e congruência entre o que diz a nível verbal e não verbal. A forma de comunicação mais eficaz inclui frases que são simultaneamente meigas e estruturadas. São baseadas no respeito, amor e apoio, encorajando auto-responsabilidade, ao mesmo tempo que estabelecem limites e expectativas realistas para o comportamento e rendimento do filho. Por detrás, está a crença dos pais de que os filhos são capazes e são lutadores e de que os pais ali estão, agora e sempre, para os apoiar, incentivando-os a serem bem sucedidos. A comunicação não verbal baseia-se no tocar afectuoso, no olhar suave e aceitante, no tom de voz firme, mas meigo. Frases como “Sei que és capaz!”, “Eu quero que deixes de gritar ao teu irmão” ou “Gosto muito de ti, mas não gosto que andes em lutas ou batas nos teus colegas” comunicam à criança ou adolescente que se acredita que ele ou ela é uma pessoa com valor – mesmo quando faz disparates -, que sabemos que é capaz de se comportar ainda melhor; e têm a utilidade de estabelecer as regras de funcionamento e de dizer o que é ou não adequado. O uso deste tipo de comunicação envia uma mensagem explícita de aceitação e incentivo para crescimento pessoal, e resulta em cooperação, assumir de controlo e de poder 85 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência por parte da criança ou adolescente, auto-estima elevada e situações em que todos ganham. Muitas maneiras de “dizer” as coisas Referimos que não é só o conteúdo daquilo que dizemos que marca o que acontece nas relações com os outros, em especial com o nosso filho. A forma como o dizemos – do tom de voz às formas verbais utilizadas e à postura – determina a qualidade da nossa comunicação. Não podemos esperar que sejam os nossos filhos a falar connosco de forma respeitadora, meiga e verdadeira se nós, a eles, lhes chamarmos nomes, os interrompermos constantemente quando estão a falar, lhes gritamos a toda a hora ou só lhes damos ordens e fazemos críticas. Quando quiser falar e ser escutado e entendido 1.Tente utilizar frases começadas por “Eu”. É frequente iniciarmos as nossas conversas com os filhos por “Tu”. Este início indicia culpabilização e induz vergonha, mal-estar e cria sentimentos típicos de quem se acha digno de censura. Centrar a frase em nós, adultos, retira esse peso de repreensão e, à partida, reduz as hipóteses de a criança ou jovem se porem “à defesa”. Diga-lhe “ (Eu) estou zangado contigo” em vez de “ (Tu) fizeste-me zangar” ou “É-me difícil estar calmo quando tu fazes tanto barulho” em vez de “ (Tu) estás a fazer demasiado barulho”, ou ainda “ (Eu) estou desiludido com o que fizeste” em vez de “ (Tu) fazes-me perder a cabeça”. 2. Evite enviar mensagens com duplo sentido ou contraditórias. Muitas vezes dizemos duas coisas diferentes numa mesma frase ou afirmamos uma coisa para comunicarmos outra. Este tipo de comunicação é confusa para quem a ouve. Por exemplo, “Para quem é inteligente, realmente não sabes lá muito bem resolver os teus próprios problemas” ou “ Eu quero que tenhas confiança em ti mesmo, por isso faz aquilo que te digo”. 86 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 3. Tenha consciência das mensagens ocultas e disfarçadas que vão no meio algumas das coisas que diz. Quantas vezes o que estamos a dizer encobre outras ideias e afirmações que não chegam a ser ditas, mas são entendidas e percepcionadas pelas crianças e jovens. É o caso de “ Deixa-me fazer isso por ti” (que realmente quer dizer “ És um incompetente, não és capaz de fazer isso”), de “ Não me chateies” (que na verdade significa “ Não és importante”), ou ainda de “Tens de ser perfeito ou nunca conseguirás agradar-me”. 4. Esteja atento e consciente dos significados escondidos que o tom e as inflexões de voz, e outros sinais não verbais, podem comunicar. Fica claro quando este tipo de comunicação é confusa e deixa na angústia crianças e jovens. Perguntam-se “ Afinal o que está a minha mãe a dizer-me?” já que as palavras dizem uma coisa e o corpo está a dizer o oposto. Abanar a cabeça quando se diz sim ou rir-se ao mesmo tempo que lhe diz que não gosta do que ele está a fazer é um exemplo desta incongruência. Na realidade está a transmitir que não… O mesmo se passa quando diz ao filho que está interessado naquilo que ele tem para contar, enquanto se atarefa com vinte mil coisas que vai fazendo à medida que ele fala. A mensagem indirecta é “ não estou realmente interessado naquilo que estás a dizer”. Estamos também numa destas situações, quando negamos estar zangados ou irritados, mas falamos em tom de voz alto e agitado. 5. Evite usar frases que denigram ou “ deitem a baixo” o seu filho. Se o faz, ele habitua-se a ser desrespeitado e magoado com as suas frases e vai sentir pouca vontade em o ouvir ou comunicar consigo. Não o chame a ele, nem se chame a si, nomes menos agradáveis (“ Que estúpido que eu sou! “; “ És mesmo atrasado mental!”, “ És tão mole que até me dás ganas de te dar safanões!”). Não aponte os erros e faltas de forma a 87 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência embaraçar o seu filho (isto é particularmente grave quando é feito em frente a colegas ou amigos, ou face a qualquer tipo de público). Da mesma forma perca o hábito, se o tem, de sublinhar e ruminar os seus próprios erros em vez de se encorajar a superá-los (“ Enganei-me outra vez! Sou mesmo imbecil” deve ser substituído por “ Enganei-me outra vez. Tenho que estar com mais calma e atenção para não me enganar mais”). Elimine da comunicação perguntas que levem o outro a reconhecer falhanços, ou sarcasmo e ridicularização ( “Então achavas-te muito espertinho, não era?” ou “ Quem foi o animal que entornou a sopa?”). Frases destas doem como setas afiadas espetadas no sentimento próprio e na auto-estima. 6. Expresse aquilo em que acredita, as suas opiniões e as suas ideias como o seu ponto de vista – e não como “a verdade”. Se falar sempre demonstrando que tem a certeza que tem razão e que não aceita outros pontos de vista corre o risco de que o seu filho se relacione consigo de forma distante ou revoltada, e que o veja como um ditador. Se relativizar a sua forma de ver as coisas “ Eu não concordo contigo. Acho que…” ou “ Vejo as coisas de maneira diferente, mas explica lá o que é que tu pensas” ensine o seu filho a respeitá-lo e aumenta a probabilidade de que ele aprenda também a ser assim. Da mesma forma, aceite as opiniões e ideias do seu filho como o ponto de vista dele. Aceitar que os outros têm um ponto de vista não quer dizer que se concorda ou se discorda com o que eles defendem. Significa, sim, que reconhece que eles têm direito a ter uma opinião. 7. Evite, a todo o custo, rotular-se, bem como ao seu filho. Rotule o comportamento, não as pessoas: “ Teres-te esquecido que tinhas teste é bastante irresponsável” em vez de “ És um irresponsável” ou “ Falsificaste a minha assinatura no teste” em vez de “ És um falsificador e um mentiroso”. 88 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 8. Institua momentos para conversas. Se todos os dias falarmos um pouco com o nosso filho (ao deitar, por exemplo, ou à mesa de jantar), nunca perderemos a prática nem chegaremos ao dia em que não sabemos como falar nem o que dizer. Alguns estudos norteamericanos demonstram que adolescentes psicológica e emocionalmente mais sãos, e os melhores alunos são aqueles que têm uma refeição em família onde todos falam – sendo realmente escutados e respeitados – das coisas importantes do seu dia. A televisão veio introduzir demasiado ruído nos jantares em família, pelo que é preciso ter coragem de a desligar, pelo menos, nesse momento do dia, sabendo quanto se pode ganhar com esse gesto. 9. Tente ser democrático na forma como comunica. Não se expresse, impondo e exigindo, passando por cima dos desejos e vontades dos outros. Sempre que possível, tome decisões com o envolvimento do seu filho. Desde muito novas que as crianças podem e devem sentir-se parte das decisões familiares (“Onde vamos passear no domingo?”, “Quem convidamos para o aniversário?”, “Como vamos arrumar a nova mobília no quarto?”). Tal envolvimento dá-lhes autonomia e reconhecimento como pessoas fundamentais no seio da família e mostra-lhes que são importantes. Ensina-lhes, também, estratégias de resolução de problemas. Quando as decisões envolvem crianças e os jovens, está meio caminho andado para que se sintam motivadas e cumpram regras estabelecidas colectivamente. 10. Tente ser assertivo, quando comunica com o seu filho. Ao comunicar podemos ser agressivos (dizendo de nossa justiça, maltratando os outros, fazendo-os sentir culpados, chamando-lhes nomes, gritando-lhes, ameaçando-os), podemos ser passivos e tímidos (quase nem abrimos a boca, nem dizemos o que sentimos – ou dizêmo-lo baixo, em surdina, a medo – porque achamos que os outros sabem melhor, que as ideias deles devem ser respeitadas a todo o custo ou porque receamos não dizer o 89 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência que é certo), ou podemos ser assertivos (defendemos o nosso ponto de vista e expressamos as nossas emoções de uma forma que é respeitadora da dos outros, num tom de voz calmo e firme). Ser assertivo na comunicação com os outros exige auto-controle e confiança em si mesmo, características que, tal como tudo o resto, se podem treinar e desenvolver. Quando o seu filho fala consigo e você quer que ele se sinta escutado 1. Pare para o ouvir. Deixe as tarefas que tem em mãos e dedique-lhe toda a atenção. Não esteja apenas interessado – mostre-se interessado. Incline o seu corpo em direcção ao seu filho, aproxime-se fisicamente dele, olhe-o nos olhos, retire do ambiente interrupções e ruídos, mesmo barreiras físicas (uma secretária entre ambos pode limitar a proximidade necessária para que o seu filho se sinta mesmo escutado). Abane a cabeça afirmativamente e emita sons de aprovação em sinal de reconhecimento pelo que ele transmite; não o interrompa até ele acabar. Todos estes sinais são congruentes no que dizem ao seu filho: que realmente se interessa por ele e por aquilo que ele tem a dizer. 2. Coloque-lhe perguntas esclarecedoras e confirmadoras, assim que ele conclua o que tinha a dizer. Reflicta naquilo que entendeu e espelhe os sentimentos que lhe pareceu que o seu filho sentia. Diga-lhe “Aposto que tiveste imenso medo!” ou “Estou a ver que estás muito zangado com o professor de Matemática porque achas que foi injusto na nota que te deu. Pelo que percebi tinhas tido resultados positivos nos testes, embora fossem baixos, e ele deu-te negativa, é isso?” Se e quando achar oportuno, dê a sua opinião sobre o que foi dito, como uma sugestão possível entre outras. Peça sempre primeiro as ideias do seu filho para solucionar um problema. 90 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 3. Não o interrompa. Deixe-o acabar. Se está no papel de ouvinte deixe o outro falar. Se interromper, faça-o apenas com apoios verbais ou não verbais que estimulem a conversa do seu filho. Isto pode ser difícil para aqueles que comunicam de forma competitiva – e que esperam com impaciência uma pausa de respiração para saltar de imediato para dentro do “ringue” da conversa e “ficar com a bola”. Há com certeza uma razão para termos dois ouvidos e apenas uma boca. 4. Atente nas indicações não verbais que lhe envia. Está nervoso? Envergonhado? Receoso de falar? Entusiasmado por partilhar consigo esta notícia? Ler nas entrelinhas pode dar-lhe tanta informação sobre o seu filho e o assunto em causa, como o conteúdo do que está a ser dito. 5. Ponha de lado julgamentos e críticas. Entre dentro da experiência e dos sentimentos que ele lhe relata e mostra. Tente realmente perceber, pôr-se no lugar dele. Nessa altura, esqueçase momentaneamente de si, bem como das suas preocupações. Não esteja apenas a pensar naquilo que vai dizer em seguida. 3.4. Função Educativa na Família Sendo a família o «meio natural» da criança, apoio e estímulo indispensável ao seu desenvolvimento, proporciona o clima afectivo e a base de estabilidade necessária a um processo de crescimento que se deseja pleno. A família desempenha, assim, um papel insubstituível na educação dos seus membros e a educação constitui um dos seus direitos e deveres indeclináveis, enquanto primeira identidade interessada e primeira responsável pela educação dos seus filhos. A educação destes continua a ser tarefa fundamental, (Ribeiro, 1989:67). 91 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Para a família, a entrada da criança na escola constitui o primeiro grande teste ao cumprimento da sua função externa e, através dela, a sua função interna. No âmbito da primeira, a socialização e a adaptação da criança à cultura são avaliadas pelas competências que a mesma revela para conviver com os outros, sejam eles adultos (professores, educadores, auxiliares) ou crianças (colegas), e pelas suas aprendizagens, progressivamente traduzidas nos resultados escolares. Na medida em que a capacidade e a disponibilidade para aprender e para estar bem no meio de outros não familiares supõem que a criança tenha atingido um certo nível de autonomia e individualidade, a função interna da família é, necessariamente, avaliada (Alarcão, 2000:152). Na mesma linha de pensamento, Diez (1994:25) afirma “ a função da família quanto à educação intelectual dos filhos é mais em termos de assistência, exigência e ajuda à escola, do que em termos de acção directa sobre a sua inteligência. É naquelas atitudes que se estabelece a sua relação com a tarefa da escola no âmbito intelectual, sendo a inteligência do educando o ponto de encontro entre as duas acções educativas”. Com efeito, Schaefer (1979) e Honing (1982) preconizavam que este envolvimento poderia trazer como vantagens um aumento do nível de consciência dos pais, relativamente às dificuldades e capacidades do seu filho, uma adequação do seu nível de expectativas e ainda facilitar o desenvolvimento de atitudes educativas mais eficazes (cit. por Marques, 2000:107). Estudos realizados (Alarcão, 2000; Matta, 2001) salientam que a família desempenha um papel importante no processo da socialização, através da aquisição de atitudes, valores e normas de comportamentos indispensáveis à vida social e futura. Porém, ao longo dos seus estádios de desenvolvimento, a criança necessita de mais informações, de um convívio mais diferenciado que o possa preparar para a vida na sociedade. A criança necessita de ultrapassar os limites da família. A escola aparece, então, como prolongamento da família. O mundo da criança vai tendo um alargamento gradual que inclui, apenas nos primeiros níveis de escolaridade, a figura central do educador, do professor e de um 92 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência número restrito de colegas e que vai aumentando ao longo dos ensinos básicos, secundário e superior. Tal não significa que a acção da família acabe onde a escola começa. “A família é uma escola que precede, acompanha e por vezes continua a acção dos estabelecimentos escolares” (Vial, 1986 cit. por Ribeiro, 1989:68). De facto, as funções da escola e da família não se sobrepõem, antes se completam. “Família e escola têm na educação da criança um lugar de encontro, de acção e de relação coordenadas” (Diez, 1994:10). A criança aprende, quando numa diversidade de contextos, se envolve em actividades e processos conversacionais com os outros, com os adultos. Estes diálogos e actividades com os outros são interiorizados, estruturando-se como que uma linguagem interior, um centro organizador que dirige e regula os comportamentos e pensamentos da criança (Leitão, 2006:27). 3.4.1. Formas de Participação da Família na Politica Educativa Tem-se referido que a participação da família no processo educativo é fundamental, exigindo um entendimento recíproco entre todos os intervenientes. Segundo Ribeiro (1989:69), as formas de participação e intervenção dos pais podem fazer-se a vários níveis de intervenção: - A nível nacional ou socio-político, de que é exemplo o Conselho Nacional de Educação, órgão de participação por excelência de vários grupos e forças sociais, culturais e económicas, na procura de consensos alargados relativamente ao debate e definição de problemas, quadros de referência e orientação maiores de politica educativa; - A nível institucional ou da administração da educação, correspondente a órgãos e serviços centrais e regionais do Ministério de Educação, tornandose imprescindível dispor de mecanismos e meios de consulta e participação de entidades ou organizações, representando os interesses das famílias, pais ou encarregados de educação, o que contribui para a adopção de medidas educativas de largo consenso. 93 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência - A nível local do estabelecimento de ensino, através da participação na administração da escola, na orientação e acompanhamento dos alunos e na organização de actividades educativas. Importa conhecer a opinião dos pais sobre problemas de vida interna da escola e necessidades mais urgentes a que é necessário dar resposta. No que diz respeito à intervenção da família a nível local, a própria Lei de Bases do Sistema Educativo estabelece o princípio da participação de todos os implicados no processo educativo e na administração da escola. O direito a participar na gestão do estabelecimento escolar e de intervir na definição da politica de ensino é, assim, garantido à famílias e às suas associações representativas. Esta participação não se justifica apenas do ponto de vista de uma perspectiva pedagógica de gestão escolar, mas significa o reconhecimento de um direito político da família e do valor da sua participação. Deste modo, a complementariedade entre família e escola só poderá funcionar bem, se os pais e professores partilharem a responsabilidade sobre a educação a dar a cada criança ou jovem (Fonseca, 2004). 3.4.2. Vantagens da Participação Parental na Escola Para a criança a entrada no mundo da escola traz consigo a promessa de uma mudança de estatuto e de uma aproximação ao mundo e ao poder dos adultos; particularmente traduzido no saber comporta, naturalmente, uma promessa de autonomia que, pelo menos em parte, compensa os temores que a separação pode encerrar (Alarcão, 2000). Para a família a entrada na escola constitui o primeiro grande desafio ao cumprimento da sua função externa e, através dela, a sua função interna. A relação entre estes dois sistemas, a família e a escola, tem tanto de inevitável como de construído. Com efeito, tanto a família como a escola têm a obrigação de educar a criança, de ajudá-la a desenvolver-se de modo equilibrado e saudável. Como refere Marques (1991:9), “O envolvimento das famílias, está positivamente correlacionado com os resultados escolares dos alunos, (…) 94 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Quando as famílias participam na vida da escola, quando os pais acompanham e ajudam o trabalho dos filhos, estes têm melhores resultados do que os colegas com idênticas capacidades, mas cujos pais se mantêm afastados da escola”. Os pais, ao partilharem a educação dos seus educandos, contribuem para o seu desenvolvimento pessoal, enquanto cidadãos e educadores. Carvoeiro e Vidal (1994.30) corroboram da mesma opinião, ao afirmarem que “A participação escolar pode ser um campo de treino para que os cidadãos comecem a praticar valores de igualdade, o pluralismo, a tolerância, a livre expressão de ideias e opiniões”. Através deste envolvimento, os pais podem adquirir novas competências e aumentar a sua informação e motivação, bem com proporcionar um desenvolvimento integral ao aluno. Concordando com Nunes (1993:3), “a família e a escola são espaços que se completam (…) necessitando de uma interacção entre elas cada vez mais equilibrada, a fim de propiciarem à criança e ao jovem um desenvolvimento integral e harmonioso”. Com o envolvimento da família nas escolas, também os professores e as próprias escolas beneficiam com a cooperação da família. Os pais, enquanto grupo interveniente no processo educativo, ajudam a motivar e a estimular os seus filhos, podendo intervir atempadamente, se se verificar alguma alteração a nível cognitivo, comportamental, psicológico e social. Os professores poderão sentir, mediante a atitude participativa dos pais, que dispõem de uma rede de apoio promotora da sua integração na comunidade em que a escola se insere, beneficiando igualmente com esta articulação (Menezes, 1990). “Práticas e condições de aprendizagem onde todos, alunos, famílias, professores, comunidade, são efectivamente fundamentais à organização do próprio processo educativo”, (Leitão, 2006:126). 3.4.3. Implicações da Intervenção Parental na Escola No sentido de promover um trabalho conjunto, é sem dúvida importante o movimento associativo dos pais que, em Portugal, tem vindo a assumir um papel cada vez mais preponderante. Antes de 1974 eram poucas as 95 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Associações de Pais existentes, sendo que quase todas estavam ligadas ao ensino particular. Com a transformação política desse ano e, mediante o desejo de participação que então se tornou evidente, o movimento associativo em geral, e o de pais, em particular, foi crescendo, um pouco por todo o país. No entanto, só em 1977 é publicada a Lei nº7/77 que formalmente reconhece o direito e o dever dos pais, através das suas associações, de participarem no sistema educativo português. Em 1985, é fundada a Confederação Nacional das Associações de Pais, uma estrutura confederada das associações de pais e encarregados de educação, sem fins lucrativos, cuja finalidade é a de congregar, coordenar, dinamizar, defender e representar, a nível nacional o movimento associativo de pais e intervir como parceiro social, junto dos órgãos de soberania, autoridades e instituições, por forma a possibilitar e facilitar o exercício do direito e cumprimento do dever que cabe aos pais e encarregados de educação, de orientarem e participarem activamente como primeiras figuras responsáveis na educação integral dos seus filhos e educandos (Ribeiro, 2003:61). Outras acções que poderão promover a articulação parental na escola, incluem modificações nas infra-estruturas escolares, concretamente mediante a criação de espaços próprios para atendimento das famílias, em horário que vão de encontro, dentro do possível, às suas necessidades; presença dos pais voluntários na sala de aula; envolvimento dos pais em actividades extracurriculares na escola, que tornem possível um contacto com professores que não esteja centrado nas temáticas escolares; preparação cuidada das reuniões com pais, individuais e colectivas, nas quais se apela ao seu envolvimento, com vista à resolução de eventuais dificuldades dos seus filhos; encorajamento da participação voluntária dos pais e envolvimento destes nos órgãos de gestão da própria escola (Menezes, 1999; Carvalho, 1999; Gonçalves, 1999, cit. por Ribeiro, 2003). Refira-se que também o desenvolvimento de iniciativas de educação parental na escola poderá ser uma via para a efectivação de um diálogo mais produtivo entre este contexto e a família, desenvolvendo quer conhecimentos relacionados com os filhos, quer dando resposta a necessidades no âmbito da 96 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência formação pessoal (Menezes, 1990; Pourtois, Desmet e Barras, 1994; Gonçalves, 1999; Ribeiro, 2003). Assim, a Educação Parental, implementada como objectivo de prevenir a ruptura entre a família, filhos e escola, mediante diálogo formativo, poderá contribuir grandemente para que aqueles dois contextos de vida da criança e jovem “surjam como espaços cooperantes de desenvolvimento pessoal e social, onde se faz experiência e a aprendizagem variada, promotora dos direitos fundamentais da pessoa humana, através de uma maior igualização das oportunidades sociais” (Gonçalves, 1999:5). 97 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 98 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência CAPÍTULO III - DESENVOLVIMENTO DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 1. Perspectivas de Desenvolvimento na Infância “O termo desenvolvimento tem uma significação geral de crescimento, de progresso, de desabrochamento.” (Vayer e Roncin, 1994:15). No momento de nascer, todo o ser humano traz consigo certos comportamentos que lhe vão permitir um processo de desenvolvimento mais equilibrado. Ao longo do seu crescimento, terá que adquirir noções instintivas em função do meio ambiente. Não se pode duvidar que o ser humano é directamente influenciado pelo meio onde vive e ao qual tem que se adaptar. Contudo, é impossível falar-se de desenvolvimento sem se mencionar a importância da hereditariedade e do meio ambiente. A hereditariedade não é mais que a herança física familiar. Cada ser humano é único, possuindo assim uma individualidade que o distingue dos demais; com a concepção biológica são transmitidas potencialidades. A hereditariedade é tão importante na evolução do ser humano, como a acção que o meio exerce durante o seu desenvolvimento. Cada ser humano tem, assim, um estilo próprio e um tempo de crescimento e de desenvolvimento individual, bem como um estilo de aprendizagem individual, que devem ser respeitadas em cada criança. “As experiências da criança determinam em grande parte o que ela aprende. Para facilitar a aprendizagem e o crescimento mental apropriado, as experiências devem ser adaptadas aos diferentes sistemas nervosos. As crianças são diferentes no grau de domínio das capacidades de desenvolvimento precoce, tais como a capacidade de se concentrar e prestar atenção, a profundidade da sua intimidade e capacidade de resolver problemas complexos, de usar as ideias simbólicas e criativamente e a capacidade de pensamento lógico-abstracto. Os padrões familiares, culturais e comunitários são também únicos. Compreendê-los 99 permite construir programas MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência educacionais baseados nas diferenças individuais da criança e da sua família e comunidade”, (Brazelton e Greenspan, 2003:125). O desenvolvimento saudável da criança começa com as relações que mantém com outros seres humanos. Assim, a interacção social é necessária ao desenvolvimento intelectual, mas também é necessária para que as crianças desenvolvam competências sociais e auto-estima. Actualmente, existe consenso ao considerar que o desenvolvimento é resultante de um jogo complexo entre factores de ordem biológica e ambiental, procurando compreender-se como, em diferentes momentos, estes factores se relacionam, “a relação entre a herança e o meio não é nunca uma exclusão nem de percentagem. São relações marcadas pela complexidade e por um peso diferencial em função do aspecto de que se trate e do momento evolutivo que se considere” (Palácios, 1995:20). Apoiar o desenvolvimento da criança, quer em termos de desenvolvimento actual, quer do potencial desenvolvimento, proporcionará um resultado bastante positivo. A educação é, nesta perspectiva, um momento constituinte essencial do desenvolvimento de características humanas não naturais, adquiridas ao longo da vida, “O que a criança é capaz de fazer hoje com a ajuda do adulto, será amanhã capaz de fazer sozinho” (Vigotsky, 1983:109). Ao longo do tempo, surgiram diversas perspectivas sobre o desenvolvimento humano, como refere Gilly (1999), “Uma vez que os instrumentos semióticos do aparelho psíquico são considerados como conhecimentos socialmente adquiridos e portanto apreendidos, é preciso estudar as interacções com o mundo, interacções socialmente mediadas que permitem compreender como se opera a apropriação de conhecimentos e a transformação do funcionamento interpsicológico em funcionamento intrapsicológico. Assim, todos os factores ligados aos processos interactivos de mediação semiótica, às aprendizagens, aos conteúdos transmitidos, aos processos pedagógicos, assim, como os factores ligados ao desenvolvimento de modalidades de representação de situações e de conteúdos e de estratégias de tratamento, são objectivo de particular atenção numa psicologia da educação e do desenvolvimento” (citado por Matta, 2001:90). 100 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência A noção de estádio foi introduzida por autores como Piaget, conscientes de que, apesar de o desenvolvimento ser basicamente um processo contínuo, poderia hipoteticamente ser dividido em etapas, devendo sempre considerar a compreensão das características dos pensamentos, dos comportamentos e dos processos de transição, que permitem a evolução da criança e do adolescente. E estas mudanças estão relacionadas entre si (Matta, 2001). Outros autores, entre os quais Siegler (1991), são defensores de uma certa continuidade. Este autor situa-se nas abordagens centradas nas teorias de processamento da informação, sendo defensor de que as mudanças ocorrem de uma forma gradual. 1.1. Segundo Wallon (1879-1962) Wallon considerou o desenvolvimento da criança descontínuo, cheio de contradições e conflitos, resultado da maturação e das condições ambientais. Wallon, no estudo que fez sobre o desenvolvimento da criança, dedicouse a encontrar uma solução para o problema das origens, da infância e do carácter (personalidade). Wallon dividiu em cinco Estádios o desenvolvimento da criança: 1- Estádio da Impulsividade Motora e Emocional (0-1 ano); 2- Estádio Sensório Motor e Projectivo (1-3 anos); 3- Estádio do Personalismo (3-6 anos); 4- Estádio Categorial (6-11 anos); 5- Estádio da Puberdade e da Adolescência (11-16 anos). No Estádio da Impulsividade Motora e Emocional, que abrange a faixa etária dos 0-1 ano, Wallon subdivide os Estádios, referindo-se primeiro ao Estádio da Impulsividade Motora, onde diz que, com o nascimento, surgem os reflexos, como o respiratório, o da sucção, entre outros. A satisfação das necessidades da criança não é automática, o que origina que, perante a espera ou privação, a criança reaja por descargas motoras. 101 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Assim sendo, para Wallon, o movimento é importante e constitui a primeira acção da vida psíquica. Para ele, o movimento é uma deslocação no espaço que compreende três níveis: 1- Movimentos de equilíbrio; 2- Movimentos de preensão e locomoção; 3- Reacções posturais. A actividade do lactente é composta por bruscas descargas, como gritos, gestos, que não passam de agitações impulsivas, que se tornam meios de expressão que se organizam em atitudes mímicas e que são trocas entre a criança e o meio em que vive. No Estádio Emocional, dá-se uma transformação progressiva das descargas motoras em meios de expressão sob influência do meio. Neste Estádio, que se sobrepõe ao Impulsivo, apesar de não apresentar uma demarcação nítida, é muito importante o tipo de vivência e relações com o meio em paralelo com a maturação. No Estádio Sensório Motor e Projectivo, que começa no fim do 1º ano de vida da criança, após esta reagir ao primeiro objecto, enquanto tal, até aos 3 anos de vida. A actividade sensorio-motora manifesta-se no manipular de objectos, no explorar o espaço próximo, na imitação de atitudes, que a pouco e pouco levam à representação, cuja constituição definitiva é completada com a linguagem. No Estádio Projectivo, a criança exprime-se tanto através dos gestos, como das palavras. A primeira descoberta das coisas dá-se na criança no plano bocal, só depois a criança agarra, desloca, atira, vê e ouve. As suas investigações ajudam a descobrir as qualidades das coisas, ao mesmo tempo que educam a sensibilidade. Com a marcha e a linguagem, os objectos adquirem mais independência e realidade. A palavra é factor decisivo para o desenvolvimento da criança. Usando símbolos, a criança passa à representação, o aparecimento da 102 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência representação implica a relação de significante a significado, o desdobramento da realidade que se efectua através da imitação. O Estádio do Personalismo, que abrange a faixa etária dos três aos seis anos de idade, transmite-nos a existência de três períodos com aspectos inversos, mas tendo por objecto a independência e enriquecimento do “ eu”. O primeiro período, o da oposição e da inibição, caracteriza-se pela recusa, pelo uso do “eu” e do “meu”, por parte da criança. O segundo período, o período da graça, caracteriza-se pela maturação motora, pela elegância de movimentos, pela preocupação em mostrar-se, em admirar-se, em apreciar-se a si própria. O terceiro período, o da imitação, onde a criança imita, não gestos, mas atitudes e papéis de alguém a quem a criança prefere ou, por vezes, de quem tem ciúmes. Deseja a autonomia, mas contudo não passa sem uma dependência com o seu meio, com a sua família. O Estádio Categorial, que abrange a faixa etária dos seis anos aos onze anos de idade, é a fase onde as preocupações com a pessoa dão lugar à conquista do conhecimento do mundo exterior e objectivo. Aqui, a criança revela um novo poder, a autodisciplina, a atenção. A capacidade de atenção só é possível graças à maturação dos centros nervosos de inibição e discriminação, que permitem uma acomodação motora, preceptiva e uma selecção de gestos úteis, com ajustamento à realidade (Wallon, 1941/1968). Ao nível intelectual, o que inicialmente era caracterizado pelo pensamento confuso e insuficiente diferenciação dos sentidos das palavras (sincretismo), a criança passa a revelar um novo poder de discriminação intelectual, tornando-se possível a actividade de análise e de síntese, que conduz à constituição de conceitos, substituindo-se, assim, a apresentação concreta das coisas pelo mundo das relações. O Estádio da Puberdade e da Adolescência, que abrange a faixa etária a partir dos onze anos de idade, é o período onde se dá o conhecimento da criança/adolescente em si, integrando as transformações corporais. O adolescente volta ao seu “eu” corporal, porém acompanhado do seu “eu” psíquico. São estes os Estádios de desenvolvimento que fazem parte da perspectiva de Wallon e que podem ser fonte de estudo para muitos 103 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Educadores que pretendam saber mais sobre o desenvolvimento da criança (Vayer e Destrooper, 1974). 1.2. Segundo Piaget (1896-1980) “Sem dúvida que pode haver assimilação sem nova acomodação, quando a situação é a mesma e quando só há que compreender coisas já conhecidas e imediatamente assimiláveis, e, naturalmente, pode haver assimilação com novas acomodações, em situações não conhecidas até então” (Piaget, 1972). Piaget considerou que o ser humano evolui por Estádios ou Fases, correspondendo a cada uma delas características comportamentais e intelectuais específicas. Segundo Piaget, a evolução faz-se por estádios. Os quatro estádios de desenvolvimento são estruturas de conjunto que têm a sua unidade funcional, o que vai permitir caracteriza-los. Cada estádio é diferente do outro, do ponto de vista qualitativo, tem as suas formas próprias de adaptação ao meio. O desenvolvimento vai no sentido de uma melhor adaptação do sujeito ao meio (Monteiro e Santos, 1995). A criança, à medida que cresce, vai-se adaptando de forma diferente ao meio que a rodeia. Apesar de estabelecer idades limites para esses Estádios, é importante referir que esses limites não são rígidos, mas que poderão variar de criança para criança. Piaget considera, assim, que o ser humano evolui, passando ao longo do seu desenvolvimento pelos seguintes Estádios: 1- Estádio Sensório-Motor (0-2 anos); 2- Estádio Intuitivo ou Pré-Operatório (2-6 anos); 3- Estádio das Operações Concretas (7-11 anos); 4- Estádio das Operações Formais (Dos 12 anos em diante). 104 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência No Estádio Sensório-Motor, que abrange a faixa etária dos 0-2 anos de idade, a criança desenvolve a sua motricidade e os seus mecanismos sensoriais, ou seja, ela desenvolve os mecanismos locomotores (gatinhar e andar) e de preensão que lhe permitirão explorar o meio onde se encontra, ao mesmo tempo que desenvolve a visão, a audição, o tacto, entre outros. Este Estádio é de extrema importância para o desenvolvimento intelectual futuro, uma vez que, quanto mais estimulada for a criança (variedade de objectos para manipular e espaço para se mover), maior possibilidade terá a criança para se desenvolver intelectualmente (Monteiro e Santos, 1997). Ao nascer, a criança dispõe de um conjunto de reflexos, sendo a sucção, um deles. O reflexo existe; porém, este só se revela em presença do estímulo que o consolida e exige o seu funcionamento. Quando a criança alcança o seio da mãe, o reflexo da sucção obtém o seu estímulo adequado. Mais tarde, levará todo o tipo de objectos à boca. Este Estádio inicia o contacto da criança com o mundo e é o início da sua exploração. A criança adquire um conhecimento do mundo que a rodeia. No Estádio Intuito ou Pré-Operatório, que abrange a faixa etária dos 2 -6 anos de idade, dá-se o desenvolvimento da actividade simbólica, caracterizada pelo facto da criança diferenciar o significante do significado. A criança desenvolve a linguagem, estando esta muito ligada à função simbólica. É característico deste período o egocentrismo, considerado como a incapacidade manifestada da criança em colocar-se no ponto de vista do outro. A criança considera que o que é mais importante para os outros é o que é mais importante para si; o objecto que fica mais perto dela é também o que fica mais perto da outra pessoa, mesmo que esta se encontre no lado oposto. Neste Estádio, a criança afirma, mas nunca demonstra, porque o carácter social da sua conduta, dado o seu egocentrismo, não lhe permite provar as coisas perante os outros. A criança não sente necessidade de se justificar. A irreversibilidade é também característica deste Estádio e é a incapacidade manifesta da criança para entender a reversibilidade de certos fenómenos, ou seja, ela não percebe que as coisas permanecem as mesmas (iguais) mesmo que sofram uma 105 operação (transformação). É em MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência consequência desta característica que a criança não entende o problema da conservação (quer dos líquidos, quer dos sólidos). Neste Estádio, existem inúmeras características, como, por exemplo, o raciocínio transdutivo, que é um tipo de raciocínio que parte do particular e termina, chegando novamente ao particular. Também o animismo é característico, sendo a tendência para considerar as coisas como sendo vivas, dotadas de intenções e de consciência, exprimindo uma confusão entre a realidade subjectiva e objectiva das coisas. As crianças acreditam também no artificialismo, ou seja, que as coisas foram construídas pelo Homem. O jogo simbólico é essencialmente um jogo de imaginação e imitação; o jogo para a criança, neste Estádio de desenvolvimento é uma actividade real do pensamento. Através do jogo, a criança satisfaz o “eu”, porque transforma o real em função dos seus pensamentos. Ao brincar com bonecas, ela refaz a sua própria vida, mas da forma que ela gostaria que ela fosse ou como tivesse acontecido. O jogo, é pois nesta idade, uma forma de assimilar o real ao “eu”. O realismo moral é onde a criança considera que os deveres e os valores têm a sua identidade própria, independentemente da consciência do sujeito; impõe-se por si. A gravidade de um acto não é medida em função da intenção que a motivou, mas em função dos prejuízos materiais. O Estádio de Operações Concretas, que abrange a faixa etária dos 7-11 anos, é caracterizado, essencialmente pelo facto de a criança já possuir a noção de reversibilidade, isto é, já consegue operar, mas somente se estiver na presença dos objectos sobre os quais recai a operação. A partir dos seis/sete anos, que coincide com o início da idade escolar obrigatória, a criança já dispõe de estruturas operatórias que lhe permitirão seriar, classificar e numerar. A relação com os outros é importante neste nível etário, uma vez que as crianças têm os mesmos interesses que os seus companheiros, que a valorizam, dando-lhe atenção. A simpatia supõe uma escala comum de valores, que está na origem da troca, enquanto que a antipatia deriva da ausência de gostos comuns e de certo sentido de desvalorização. A socialização é parte integrante deste Estádio, dado que a criança já é capaz de cooperar. A criança discute com os seus companheiros para fazer 106 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência prevalecer o seu ponto de vista. A criança joga segundo regras e as crianças controlam-se umas às outras. A criança já pensa antes de agir, porque a sua capacidade impulsiva tende a diminuir. Estas características andam associadas ao aparecimento da lógica, na medida em que esta implica um sistema de relações que exige a coordenação de diferentes pontos de vista. No Estádio das Operações Formais, que abrange a faixa etária a partir dos 11-12 anos de idade, é normal o jovem começar a libertar-se do concreto e a raciocinar abstractamente. Já consegue operar sem que seja necessário ter os objectos ou seres perante si, para apoiarem a operação. O pensamento formal opera sobre o pensamento simbólico, sobre a linguagem ou sobre o simbolismo matemático. É possível ao jovem fazer deduções, não tendo presente a realidade, mas sobre enunciados hipotéticos. De agora em diante, o jovem irá preocupar-se com problemas abstractos, como sejam os valores ou as ideologias e interessar-se-á pelo futuro. Para Piaget, a passagem de um Estádio de desenvolvimento a outro, pressupõe condutas e maneiras de pensar diferentes. Cada Estádio tem assim a sua estrutura ou esquema de desenvolvimento, que permite à criança agir e pensar de determinada maneira e, de forma regular, de acordo com o seu nível etário. A transição de um Estádio a outro justifica-se a partir dos fenómenos de Acomodação e Assimilação. A Assimilação permite a introdução de novos elementos, de novos estímulos, de modo a juntá-los nos esquemas ou estruturas mentais, ampliando-os. A Acomodação permite a integração dos elementos assimilados na estrutura, de modo a facilitar a adaptação. Contudo, para Piaget, existem quatro factores que condicionam o desenvolvimento individual: 1- O Meio Físico 2- O Meio Social 3- A Maturação 4- A Equilibração 107 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência O Meio Físico e o Meio Social estão ligados, pois desde o nascimento. A criança está inserida num meio físico e social, que actua sobre ela, modificando a sua estrutura biológica e intelectual, no sentido de a forçar a adaptar-se. A criança tem que reconhecer a realidade do seu meio envolvente, interpretá-la e ajustar-se a ela para com e nela interagir. A interacção com o meio e com os outros seres só é possível através do seu reconhecimento e da sua adaptação. Quanto mais estimulante for o meio, mais possibilidade a criança tem de se desenvolver. As crianças que vivem num espaço limitado e que são constantemente impedidas de manipular objectos que desenvolvam a sua motricidade e satisfaçam a sua curiosidade manipuladora e que estejam sujeitas a um sistema de interacções muito limitado, tendem em atrasar o seu desenvolvimento intelectual adaptativo. A Maturação refere-se a padrões de comportamento (aquisições) que dependem essencialmente do crescimento do corpo e do sistema nervoso. Este processo depende, assim, mais de factores genéticos, do que de factores ambientais. Todavia depende também, de certa forma, destes porque a experiência estimula a maturação, pode acelerá-la, mas não pode mudar a sua sequência. À aquisição de comportamentos derivados da maturação, segue uma ordem regular, já que cada criança apresenta diversas etapas em idades diferentes. A Equilibração é um processo dinâmico que pressupõe uma série de equilíbrios e desequilíbrios. O sujeito em desequilíbrio não se adapta de modo eficaz, sentindo que está em contradição com o meio e, por isso mesmo, incapaz de se adaptar adequadamente. Este processo corresponde sempre a um ajustamento harmonioso entre as estruturas cognitivas e o meio. Esse ajustamento varia de acordo com a idade e em função dos Estádios de desenvolvimento. 1.3. Segundo Gesell (1880-1961) “A coisa mais importante a estudar e a compreender é a linha do desenvolvimento e não o momento exacto em que ocorre um determinado tipo de comportamento”. (Gesell, 1979:39). 108 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência O desenvolvimento leva tempo e cada etapa é um grau de maturidade em que o importante é a sucessão e a ordem. Os traços de maturidade abarcam quatro esferas no comportamento total, sendo elas as seguintes: O comportamento motor (postura, locomoção, preensão); O comportamento adaptativo (comunicação e compreensão de gestos e palavras); O comportamento pessoal e o social (reacções às pessoas e à sociedade). A maturação está, inicialmente, ligada à maturação do sistema nervoso e depois à noção da constituição, tendo em conta o legado genético e a interacção com o meio (nomeadamente social). A criança, por volta dos dois anos e meio, passa por um período de transição. Ainda não possui o controlo perfeito dos seus músculos, o que leva a ter por vezes movimentos “bruscos” e repentinos. No entanto, já começa a ter um comportamento mais social, o que faz com que a brincadeira solitária, deixe de ser a sua preferida, procurando a companhia de outra criança. Prevalecem as brincadeiras paralelas e predominam as relações iniciadas por ela própria, dado a sua egocentricidade. É uma idade agressiva e as suas brincadeiras tendem a ser violentas. Não se nota uma forte estrutura de grupo. As crianças de três anos têm poucas brincadeiras solitárias, embora por vezes brinquem sozinhas e produzam monólogos. Há uma boa interacção e conversa com o adulto. Estas conversas são quase sempre iniciadas pela própria criança. Muitas das conversas com os colegas são sociais e amigáveis, tendo a ver com a prática de actividades reais ou imaginárias. As crianças de quatro anos são mais sociáveis, passam relativamente pouco tempo sozinhas e, mesmo quando sozinhas, falam com amigos imaginários. Nesta altura, a criança passa por toda uma fase de maturação e de transição, uma vez que passa de uma atitude para outra, com uma grande agilidade. A criança transborda de actividade motora, verbal e social e de actividade intelectual. Está agora mais independente e gosta de se gabar das suas capacidades. As brincadeiras imaginativas podem prolongar-se por muito 109 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência tempo e com muitas crianças. Gosta de fazer troça dos outros, contudo geralmente não as aceita vindas de alguém que não conhece. Dá mais realce ao positivo do que ao negativo, sendo capaz de incluir os amigos, sem excluir os “inimigos”. Os cinco anos marcam um retorno ao equilíbrio estável e generalizado, comparável ao das vinte e oito semanas, dos três anos e mais tarde dos dez anos. Os cinco anos são uma idade modal, que assinala simultaneamente, o termo e o início duma época de desenvolvimento. Nesta altura, as crianças atingiram um patamar na curva de desenvolvimento. As suas coordenações motoras, as suas imagens, as suas frases e mesmo as suas relações pessoais e sociais, a sua ideia de si própria, a sua adaptação à casa, à escola, à comunidade estão mais bem definidas. Dá-nos portanto a impressão de qualquer coisa de completa em si. Não se encontra em conflito consigo própria, nem com o meio. Intelectualmente, a criança apresenta mais continuidade na sua acção mental. Reflecte antes de falar. Porém, ainda não tem consciência do seu pensamento como processo subjectivo, distinto do mundo objectivo. O seu pensamento é concreto, a sua capacidade de abstracção é pobre: define os objectos pelo seu uso. Afectivamente está muito ligada à família e, nomeadamente, à mãe que constitui o personagem central do seu universo. É dócil, procura a aprovação dos adultos e submete-se às convenções sociais. Está de acordo consigo mesma e com os outros. O equilíbrio dos cinco anos começa a vacilar a partir dos cinco anos e meio e, por volta dos seis anos, abre-se um período de tensão, de crise e de conflito, resultando das modificações fundamentais físicas e psicológicas que se operam. A criança torna-se mais frágil e menos resistente às doenças infecciosas. A criança é indecisa, inconsciente e não consegue escolher entre as alternativas opostas, oscilando entre o amor e a agressividade, entre a gentileza e a maldade, a ligação à família e a ligação à escola. O seu comportamento é caracterizado por uma bipolaridade explosiva, que lembra a crise dos dois anos e meio. A criança com seis anos tem consciência de muitas coisas que não consegue fazer. As suas emoções e as suas ideias não conseguem encontrar expressões adequadas; 110 novas sensações e MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência pensamentos afluem, contudo a criança não sabe ainda organizá-las. Estas condutas impulsivas, bruscas, violentas e contrastadas começam a espaçar-se e enfraquecer-se por volta dos sete anos, dado que começam as condutas de concentração mental e de interiorização. “As normas etárias e os perfis de carácter normativo não devem preocupar-se quando o filho não se encontre, em todos os seus aspectos, à altura do comportamento normativo por nós descrito” (Gesell, 1979:39). Cada etapa é útil se for usada com flexibilidade. São igualmente úteis para determinar se o comportamento duma criança se acha bem equilibrado nas quadro grandes áreas de actividades motora, adaptadora, da linguagem e sociopessoal, (Gesell, 1979). 1.4. Segundo Erikson (1902-1994) “As mães criam nos filhos um sentimento de confiança através daquele tipo de tratamento que na sua qualidade combina o cuidado sensível das necessidades individuais da criança e um firme sentimento de fidedignidade pessoal dentro do arcaboiço do estilo de vida da sua cultura. Isso cria na criança a base para um sentimento de identidade que mais tarde combinará um sentimento de ser “aceitável”, de ser ela mesma, e de se converter no que os demais confiam que chegará a ser”. (Erikson, 1976:229) Para Erikson, o desenvolvimento continua por toda a vida, embora desse maior importância à primeira infância (dos zero aos seis anos), à era juvenil (dos seis aos doze anos), também chamada segunda infância e à adolescência (a partir dos doze anos). Erikson subdividiu a infância em quatro ciclos da vida: - Confiança versus Desconfiança - Autonomia versus dúvida e Vergonha - Iniciativa versus Culpa - Mestria versus Inferioridade 111 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência O primeiro ciclo, Confiança versus Desconfiança (0-8 meses), corresponde ao estádio oral de Freud, em que é dada maior importância ao acto de comer, chuchar, morder e babar. Neste período, aprende a ter ou a não ter confiança, partindo da relação com a mãe. O modo como o bebé é tratado e cuidado, todo o carinho e afecto que acompanha o acto de comer, abraçar, dar banho e vestir o bebé, desenvolvem em si, sentimentos de confiança ou desconfiança. O grau em que o bebé experimenta o mundo como um sítio seguro, caloroso, criará uma visão geral, que vai desde a visão positiva e merecendo confiança, até à visão negativa, a qual não é confiante. A criança neste período necessita de contacto físico, conforto, afecto quer durante o aleitamento, quer durante outras actividades e cuidados do bebé. O segundo ciclo, Autonomia versus Dúvida e Vergonha (18 meses-3 anos), a criança emerge de uma dependência quase total, em relação à pessoa responsável pela sua educação e passa a um estado de independência. A maturação física proporciona os meios necessários, para um grande “salto”, no sentido da autonomia pessoal. É um período de exploração intensa, em que a criança parece estar envolvida em praticamente tudo. O aspecto positivo deste período consiste, essencialmente, no sentido da direcção pessoal. Contudo, Erikson sublinha que pode existir também um desenvolvimento emocional negativo. Neste segundo ciclo, a criança precisa de ser independente e o modo como esta necessidade é satisfeita causará efeitos no sentido de autonomia pessoal. O sentido crescente do controlo sobre si próprio, poderá tão facilmente ser prejudicado, como o seu desenvolvimento, durante este período da infância (Monteiro e Santos, 1995). Erikson refere-se a um ciclo de independência inicial sensivelmente na altura em que as crianças começam a falar. Passam, então, do pensamento sensório-motor, para o pensamento simbólico. O desenvolvimento pessoal, durante o terceiro ciclo, chamado de Iniciativa versus Culpa, (3-6 anos), ocorre nas áreas da iniciativa e da culpa. Nesta fase a identidade da criança, como rapariga ou como rapaz, é afectada 112 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência de forma extrema. Neste estádio, a criança identifica-se com o adulto, imitando ou criando modelos de comportamento. Os rapazes expressam um interesse quase inesperado pela mãe, manifestando a sua masculinidade. O pai representa para ele o rival na obtenção de atenção e carinho da mãe. Isto acontece também com as raparigas, que ao se darem conta da sua feminilidade, passam a dar mais atenção ao pai. Iniciativa significa que tem capacidade de decidir. É uma atitude que depois de tomada, não quer dizer que tenha de se assumir pela positiva. É a capacidade de agir, assumir e gerir. A negatividade da iniciativa é a culpa, por fazer e por não fazer. O sentimento de culpa é diferente do arrependimento, porque enquanto que a culpa é um sentimento relativo a uma acção pensada, o arrependimento é um sentimento involuntário. A autonomia e a culpa surgem em cada etapa da vida do Homem. Em cada ciclo, há alguns aspectos que são invulgarmente afectados. Entre os três e os seis anos de idade, a identidade pessoal é o aspecto mais afectado. É importante assegurar às crianças que virão a tornar-se adultos plenos, em vez de as fazer sentir culpadas pelos seus desejos. O tamanho da criança, em termos físicos, comparado com o adulto, pode também aumentar algumas ansiedades que podem surgir nesta idade. Para Erikson, neste estádio de desenvolvimento, é particularmente importante que as crianças tenham tempo para brincar. Esta idade é designada por idade do jogo. Do ponto de vista cognitivo, pré-operatório, o pensamento dominante é livre e de fantasia. A criança pode usar este período, para desenvolver o sentido de humor, os primórdios da capacidade de se rir de si próprio. Não se deve avançar demasiado em direcção a uma educação formal precoce das crianças, neste estádio. Caso contrário, poderia inibir a criança, reduzir o seu sentido de finalidade saudável e restringir o desenvolvimento da criatividade. Na segunda infância, relativamente ao ciclo chamado, Mestria versus Inferioridade, (6-12 anos), o desenvolvimento pessoal e emocional vira-se para o exterior, durante os anos correspondentes ao 1º e 2º ciclos do Ensino Básico. O cenário anterior está preparado para a entrada na vida. Sublinha a necessidade de fazer um leque de experiências, aprende a conquistar, a 113 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência produzir coisas. Há uma autonomia da família. Desenvolve-se um sentido de mestria que se torna numa unidade viva e integrada de uma situação produtiva. A criança tem um sentimento de inequação e inferioridade, face ao grupo, o que pode fazê-la regredir à rivalidade familiar. Segundo Erikson, os grupos da segunda infância são quase exclusivamente constituídos ou por rapazes ou por raparigas. Nestas idades, a criança passa mais tempo na escola, do que em qualquer outro lugar. O seu desenvolvimento pessoal e emocional ocorre em larga escala na escola. Logo, a tarefa do educador é responder às necessidades e tendências naturais da criança, de modo a facilitar e não prejudicar um desenvolvimento pessoal saudável. Deve dar-se oportunidade ao desenvolvimento da mestria pessoal. Para Erikson, o meio tem influências no desenvolvimento da criança. Na verdade, uma vez que a actividade da pessoa e as suas produções serão reconhecidas pelo ambiente, a criança desejará retomar ou reformular a sua relação com os objectos, que possuem um duplo sentido pois, se ela age por si mesma, age também pela outra. Sabe-se que, quando uma criança está isolada, acontece muito pouca coisa. Isto significa que a comunicação com os outros está presente. A criança deve sentir-se reconhecida e aceite, mas é preciso também, sobretudo na relação com o outro, que as trocas se desenvolvam, nos dois sentidos. E a importância do meio, essencialmente as atitudes e os comportamentos das pessoas que Erikson sublinhou com muita justeza (Sprinthall e Sprinthall, 1990). 1.5. Segundo Bruner (1915) Bruner defende que o homem depende das técnicas para a realização da sua própria humanidade. Embora à semelhança de Jean Piaget, coloque a maturação e a interacção do sujeito com o ambiente no centro do processo de desenvolvimento e de formação da pessoa, Bruner acentua o carácter contextual dos factos psicológicos. A abertura à influência do contexto e do social no processo de desenvolvimento e de formação torna a teoria de Jerome Bruner mais abrangente do que a teoria de Jean Piaget e fazem com que aquele consiga incorporar a transmissão social, o processo de identificação e a 114 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência imitação no processo de desenvolvimento e formação. O carácter desenvolvimentista da teoria de Bruner mantém-se graças à tónica que ele coloca no papel da equilibração, ou seja, a capacidade que cada pessoa tem de se auto-regular (Marques, 1998). Um outro aspecto que diferencia a teoria de Bruner da teoria de Piaget é o papel que o primeiro concede à cultura, à linguagem e às técnicas, como meios que possibilitam a emergência de modos de representação, levando-o a afirmar que o desenvolvimento cognitivo será tanto mais rápido quanto melhor for o acesso da pessoa a um meio cultural rico e estimulante. A teoria de Bruner incorpora, de uma forma coerente, quer as contribuições do maturacionismo quer os contributos do ambientalismo, dado que é através de uns e de outros que a criança organiza os diferentes modos de representação da realidade, utilizando as técnicas que a sua cultura lhe transmite. O desenvolvimento cognitivo da criança depende da utilização de técnicas de elaboração da informação, com o fim de codificar a experiência, tendo em conta os vários sistemas de representação ao seu dispor, (Marques, 1998). Bruner, à semelhança de Piaget, procurou tipificar o desenvolvimento cognitivo numa série de etapas: até aos 3 anos de idade, a criança passa pelo estádio das respostas motoras; dos 3 aos 9 anos, faz uso da representação icónica; e, a partir dos 10 anos de idade, acede ao estádio da representação simbólica. O desenvolvimento segundo Bruner: - No primeiro estádio, a criança representa os acontecimentos passados através de respostas motoras apropriadas e privilegia a acção como forma de representação do real, sendo por isso que a criança dessa faixa etária aprende, sobretudo, através da manipulação de objectos. Nesta fase, a criança age com base em mecanismos reflexos, simples e condicionados até conseguir desenvolver automatismos. - A segunda etapa, a representação icónica, baseia-se na organização visual, no uso de imagens sinópticas e na organização de percepções e 115 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência imagens. A criança é capaz de reproduzir objectos, mas está fortemente dependente de uma memória visual, concreta e específica. - A terceira etapa, representação simbólica, constitui a forma mais elaborada de representação da realidade porque a criança começa a ser capaz de representar a realidade através de uma linguagem simbólica de carácter abstracto e sem uma dependência directa da realidade. Ao entrar nesta etapa, a pessoa começa a ser capaz de manejar os símbolos em ordem não só a fazer a sua leitura da realidade, mas também a transformar a realidade. A passagem por cada uma destas três etapas pode ser acelerada através da imersão da criança num meio cultural e linguístico rico e estimulante. Bruner contribuiu para uma outra concepção de aprendizagem. Numa primeira fase, começou por abordar os processos cognitivos através da investigação relacionada quer com a resolução de problemas quer com as operações de conceptualização. Para este psicólogo, aprender consiste em estruturar os sistemas conceptuais que permitam organizar a informação obtida e contribuir para a construção de novos conhecimentos. Bruner identifica três processos quase simultâneos que caracterizam a dinâmica da aprendizagem: - A aquisição de nova informação; - A transformação da informação divulgada; - Avaliação crítica da informação disponível. É importante referir duas noções teóricas fundamentais, subjacentes ao conceito de aprendizagem proposto por Bruner: - A noção de conceito - Instrumentos nucleares da aprendizagem que permitem organizar em unidades significativas uma vasta quantidade de informação. 116 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência - A noção de estrutura óptima - É um sistema de organização e codificação da informação no âmbito do qual se articulam os conceitos relativos a uma dada temática. Verifica-se que para Bruner a noção de representação adquire uma centralidade inequívoca, já que é através das representações que a criança acede, conserva, utiliza e manipula os sistemas conceptuais que lhe permitem libertar-se dos estímulos presentes e imediatos que constrangem as suas possibilidades de intervir no mundo. Se para Piaget são os estádios que permitem definir o desenvolvimento cognitivo dos sujeitos, para Bruner são as modalidades de representação que os sujeitos activam que o revelam (Bruner, 1977). A Teoria da Educação de Bruner pressupõe uma abordagem específica do que o autor designa por crescimento intelectual, o qual é entendido como uma finalidade primeira das intervenções educativas que têm lugar nas escolas. O crescimento intelectual, segundo Bruner, caracteriza-se pela crescente independência da reacção dos sujeitos face aos estímulos do meio. O crescimento intelectual é afectado pelo modo como os sujeitos organizam a informação. O crescimento intelectual é marcado pela capacidade crescente que os sujeitos demonstram em lidar simultaneamente com várias alternativas e em dispensar o tempo e a atenção necessárias à resolução deste tipo de tarefas. O crescimento intelectual depende da qualidade das interacções que se estabelecem entre o educando e o educador. A linguagem ocupa um lugar central no âmbito do processo de crescimento intelectual não só como um instrumento de intercâmbio, mas também como um instrumento de regulação da sua relação com o mundo. O crescimento intelectual implica uma capacidade crescente de dizer a si próprio e aos outros o que se fez e o que se vai fazer. Bruner define a sua Teoria da Educação em função de quatro características fundamentais: 117 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência - Deve especificar as experiências que predispõem os indivíduos para aprender. - Deve especificar o modo como um corpo de conhecimentos deve ser estruturado para que possa ser apreendido pelos alunos. - Deve explicitar as sequências mais eficazes para apresentar os conteúdos a apreender. - Deve explicitar os dispositivos em função dos quais se monitoriza o desempenho dos alunos e se apoia os alunos a tomar consciência do seu próprio desempenho. Bruner refere alguns factores e experiências que predispõem os indivíduos a aprender: - A importância dos factores culturais e motivacionais. - A importância das oportunidades que se disponibilizam para que os alunos aprendam - A qualidade das interacções sociais que possam ocorrer. - O modo como os alunos confiam, ou não, nas suas capacidades de realização e de desempenho. - A importância do facto de se sentir que os benefícios do investimento na aprendizagem superam os riscos e as eventuais contrariedades. 118 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 2. PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO NA ADOLESCÊNCIA “Já não são crianças, ainda não são adultos”. (Fonseca, 2005:17). Esta etapa do desenvolvimento tem características próprias e tarefas bem definidas. Nela ocorrem alterações fundamentais de ordem biológica (comandadas pela puberdade, que irá influenciar o surto crescimento e as diversas transformações a nível do corpo), cognitiva (capacidade em elaborar raciocínios cada vez mais complexos), psicológica (desenvolvimento da autonomia e construção da identidade) e social (transição para o desempenho de novos papéis). Estas alterações são em si universais (Fonseca, 2005). A considerar também o contexto em que se desenvolvem é que é diferente de adolescente para adolescente. Contextos culturais e socioeconómicos particulares, contextos familiares diversos, contextos de saúde ou de doença irão naturalmente exercer uma influência determinante no desenvolvimento do adolescente (Fonseca, 2005). Apesar da notável variabilidade intercultural do comportamento adolescente, posta em evidência nomeadamente nos estudos pioneiros de Margaret Mead, teóricos e investigadores estão de acordo ao afirmar que a principal tarefa intrínsecamente de ligada desenvolvimento ao processo adolescente de é a autonomia, separação-individualização. A separação intrapsíquica e relacional (entre pais e adolescentes) organizam todas as outras mudanças de desenvolvimento: a remodelação interna da ligação aos pais, a consolidação da autonomia e da identidade (Fleming, 2005). Como algumas das principais transformações pendem-se, essencialmente, com aspectos fisiológicos, com a construção de identidade e da autonomia e com o desenvolvimento cognitivo, é importante considerar que na fase pré-pubertária, cuja duração é de cerca de dois anos, inicia-se o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários que preparam as transformações biológicas da puberdade: capacidade de ejacular em indivíduos do sexo masculino e menstruação em indivíduos do sexo feminino. Os órgãos 119 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência sexuais entram em funcionamento, sendo estas modificações que vão trazer a genitalidade à sexualidade adolescente, bem como possibilitarão a função reprodutora (Feldman, 2001; Monteiro e Santos, 2002; Peralta e Rodrigues, 2006). A identidade e a autonomia são questões fundamentais da adolescência (Sampaio, 2004:241). A identidade é formada a partir da articulação dinâmica entre o social e o psicológico, levando o adolescente a descobrir os seus pontos fortes e papéis mais adequados para a sua vida (Erikson, 1972; Feldman, 2001, Peralta e Rodrigues, 2006). Dito de outro modo, a construção da identidade edifica-se nas múltiplas experiências do adolescente e na complementariedade entre vinculação em relação aos pais e grupo de pares e a autonomia em relação aos, já citados, pais. É ainda um sentimento intrínseco que, através de uma visão integrativa do eu, permite ao sujeito ser o mesmo ao longo do seu ciclo vital (Erikson, 1972; Sampaio, 1994, Schultz e Schultz, 2002, Peralta e Rodrigues, 2006). Em relação à autonomia, pode ser considerada como “um período de desobediência ou confronto com os pais, mas que na maioria dos casos é vivida sem problemas graves” (Sampaio, 1994: 243). “A adolescência é uma época da vida humana marcada por profundas transformações fisiológicas, psicológicas, pulsionais, afectivas, intelectuais e sociais vivenciadas num determinado contexto cultural. Mais do que uma fase, a adolescência é um processo dinâmico de passagem entre a infância e a idade adulta” (Monteiro e Santos, 1995:246). A adolescência caracteriza-se por um período de construção de valores sociais e de interesse por problemas éticos e ideológicos. O adolescente aspira à perfeição moral e expressa um grande altruísmo, o que frequentemente origina revoltas por descobrir que a sociedade não se coaduna com os valores que defende. O facto de possuir novas capacidades cognitivas de reflexão e abstracção irá permitir-lhe elaborar mentalmente hipóteses, debater ideias e confrontar opiniões, construindo uma teoria própria da realidade. O adolescente confronta os seus próprios valores com os valores do “mundo adulto”, na tentativa de alcançar a tão desejada autonomia. Para tal, ajuíza regras e 120 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência convenções sociais, o que leva, por vezes, a acatá-las e, por outras, a desobedecê-las (Kohlberg, 1978). “Adolescência é, acima de tudo, crescimento físico e mental, maturação, desenvolvimento.” (Sampaio, 2005:17). 2.1. Adolescência e Correntes Psicológicas A segunda metade do século XX é a idade da adolescência (Sampaio, 1994:241), no entanto, o primeiro estudo metódico, no âmbito da psicologia, a debruçar-se sobre o tema data de 1904 com a publicação de Adolescence: its psychology and its relation to physiology, anthropology, sociology, sex, crime, religion and education, por Stanley Hall. Este início da Psicologia do adolescente emancipou a adolescência a um estádio de desenvolvimento humano, contudo, este mesmo estádio tem apresentado dificuldades de conceptualização integrada e de caracterização uniforme (Taborda , 2002:408), o que faz variar as concepções de adolescência de pais e educadores (Taborda, 2002; Taborda e Lima, 2001; 2004). Os trabalhos na área da saúde mental trouxeram importantes contributos para a compreensão da dimensão interna do desenvolvimento adolescente. A psicanálise permitiu a ligação fundamental entre experiências infantis e o progressivo desenvolvimento da personalidade, bem como possibilitou uma interpretação coerente de muitas experiências do adolescente (Monteiro e Santos, 1995; Strecht, 1999; Fleming, 2005; Fonseca, 2005; Sampaio, 2006). 2.1.1. Segundo Sigmund Freud (1856-1939) Freud caracterizou a adolescência como um conjunto de fenómenos psíquicos destinados a interromper um equilíbrio perturbado pelo resurgimento do conflito edipiano, apaziguado durante a fase de latência. A turbulência do adolescente seria inevitável, mas não determinada pelo presente, antes a expressão de conflitos mal resolvidos no passado. Para os resolver, o adolescente teria de renunciar aos objectos da sua infância e eleger novos objectos de amor situados agora fora do contexto familiar (Sampaio, 2006). 121 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 2.1.2. Segundo Anna Freud (1895-1982) A adolescência é também conceptualizada como período crítico, desencadeado pela mudança pubertária que inaugura este período da vida. A regressão a fases anteriores do desenvolvimento é então imperiosa, para que o jovem seja capaz de recuperar o equilíbrio psíquico perdido e partir para novos investimentos afectivos fora da família. É desta autora a célebre frase “Manter um equilíbrio estável durante o processo da adolescência é em si mesmo anormal”, o que traduz, mais uma vez, a ideia de crise e perturbação (Sampaio, 2006). 2.1.3. Segundo Erikson (1902-1994) “Nós rejeitamos a ideia comum de que a adolescência é, exclusivamente, uma preparação para a vida adulta… Os adolescentes são pessoas com qualidades e características específicas, que têm um papel interventivo e responsável a desempenhar, tarefas a realizar e capacidades a desenvolver, num momento particular da vida”. (Erikson, citado por Sprinthall e Sprinthall 1993:193). Para Erikson a adolescência é uma fase importante no processo de consolidação da identidade pessoal, da identidade psicossocial e da identidade sexual. Erikson refere que o sentimento de identidade é o sentimento intrínseco de ser o mesmo ao longo da vida, atravessando mudanças pessoais e ocorrências diversas. A formação da identidade é encarada como um processo integrador destas transformações pessoais, das exigências sociais e das expectativas em relação ao futuro. Erikson afirma que a formação da identidade envolve “a criação de um sentido de unicidade; a unidade da personalidade é sentida, agora, pelo indivíduo e reconhecida pelos outros, como tendo uma certa consistência ao longo do tempo – como se fosse, por assim dizer, um facto histórico irreversível”. 122 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Os adolescentes vão, na crise da identidade, confrontar-se com aspectos positivos e negativos (5ª idade – Identidade versus Difusão). É também com uma certa desorientação entre avanços, hesitações e recuos que se fazem importantes experimentações de afirmação do ego, na procura de fidelidade, na construção de identidade. Para além de uma certa confusão pela qual quase todos passam, existem expressões (que também podem ser temporárias), como confusões agudas de identidade, adolescências retardadas e prolongadas, inibições, perturbação de valores, assim como crises neuróticas e psicóticas caracterizadas por um isolamento psicossocial profundo e mecanismos defensivos (Monteiro e Santos, 1995). Erikson defende que, depois de o indivíduo ter alcançado a identidade, ele não só evita a difusão, como também chega à resolução da fidelidade. Este autor considera a fidelidade como uma capacidade de nível superior, para confiar nas outras pessoas, em si próprio e, mais importante, para se devotar a uma causa. Isto não significa uma obediência cega a qualquer causa ou ideologia, mas refere-se a um compromisso com os valores humanos universais – o sentido moral de cuidar dos outros, de os respeitar e de os apreciar. Com o desenvolvimento destas qualidades, o egocentrismo e as preocupações do adolescente consigo próprio, que tantos o caracterizam, dão lugar a uma terceira perspectiva, ainda mais vasta. Sem a resolução da fidelidade, Erikson refere que o início da vida adulta será marcado, tanto pela timidez (uma falta de confiança em si próprio e uma incapacidade para manifestar interesse pelos outros), como pela submissão a uma ideologia claramente antidemocrática e oposta aos princípios éticos universais (Sprinthall e Sprinthall, 1993). A transição para a idade de jovem adulto coloca ao ser humano novos desafios e obriga-o a empenhar-se em novas tarefas de desenvolvimento. Se, na fase anterior, era o ganho em autonomia o mais importante, agora é a capacidade para a intimidade a principal tarefa de desenvolvimento (Erikson, 1972). O jovem adulto «está pronto para a intimidade, ou seja, para se comprometer com afiliação e relações específicas» (6ª idade – Intimidade versus Isolamento, Erikson, 1963:263). 123 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência A hélice da vinculação replica-se, ou seja, enquanto as vinculações primárias se mantêm, novas vinculações têm lugar. A capacidade de se envolver em relações de intimidade vai trazer a capacidade para o casamento. O ser humano é agora um ser capaz de gerar (a principal tarefa de desenvolvimento de estado adulto, de acordo com Erikson, 1963) não só os seus filhos, mas também ideias e uma grande variedade de realizações (Bauer e McAdams, 2004). 2.1.4. Segundo Piaget (1896-1980) Para Piaget o pensamento abstracto é a marca da diferença entre a actividade cognitiva da criança e do adulto. No estádio das Operações Formais (depois dos 12 anos de idade), a criança começa a ter capacidade de pensar de um modo abstracto pelos 12 anos. O pensamento abstracto completo, contudo, só será conseguido pelos 15 ou 16 anos e, mesmo assim, com algumas limitações. O pensamento operacional formal caracteriza-se, nomeadamente, pela capacidade de gerar abstracções, construir hipóteses, fazer a abordagem de um problema de uma maneira sistemática, usar combinações lógicas, criar as várias possibilidades a partir de uma situação específica (Fonseca, 2005). Nas fases iniciais deste pensamento operacional, o adolescente ainda não desenvolveu a mestria necessária para, por exemplo, definir soluções possíveis para problemas relativamente simples da vida quotidiana. Também nesta fase, o adolescente é muito egocêntrico e tem necessidade de estar constantemente em cena como actor principal. É como se aquilo que pensa, por ser tão importante para si mesmo, também terá de o ser para os outros. Por vezes surpreende, quando, por exemplo, sendo já capaz de conceptualizar um raciocínio /regra abstracta, é, no entanto, incapaz de aplicar consistentemente a si próprio. O sentimento que origina desse egocentrismo leva-o a acreditar que é imune aos riscos que atingem os outros. As condutas de experimentação, envolvendo risco, advêm assim, habitualmente, de um sentimento de invulnerabilidade (Fonseca, 2005). 124 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Deste modo, o desenvolvimento cognitivo do adolescente caracteriza-se, fundamentalmente, pelo acesso ao pensamento formal e abstracto, munido o sujeito da capacidade de combinar, exaustiva e sistematicamente, um determinado conjunto de possibilidades, de proceder através da lógica proposicional, de pensar de forma hipotético – dedutiva, formal e abstracta, de dominar a dupla reversibilidade – por inversão e compensação, de dissociar factores, numa lógica combinatória, e de inverter o sentido entre o real e o possível (Lourenço, 2005; Piaget, 1964, 1983; Taborda, 2002; Peralta e Rodrigues, 2006). “O pensamento formal e abstracto permite compreender as manifestações do egocentrismo metafísico, do auditório imaginário e da fábula pessoal, enquanto refúgio em actividades especulativas e sonhadoras” (Lourenço, 2005:415). 125 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 126 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência CAPÍTULO IV - DO NORMAL AO PATOLÓGICO 1. Conceito de Normalidade “O verdadeiro indivíduo «saudável» não é simplesmente alguém que se declara como tal, nem sobretudo um doente que se ignora, mas um sujeito que conserva dentro dele tantas fixações conflituais como tantas outras pessoas, e que não teria encontrado no seu caminho dificuldades internas ou externas superiores ao seu equipamento afectivo hereditário ou adquirido, às suas faculdades pessoais defensivas ou adaptativas, e que permite o manejo bastante flexível das suas necessidades, dos seus processos primário e secundário, nos planos pessoais, quer sociais, tendo em justa conta a realidade, e reservando-se o direito de se comportar de forma aparentemente aberrante em circunstâncias excepcionalmente «anormais»”. (Bergeret, 1999:12). A noção de “normalidade” está tão ligada à vida, como o nascimento ou a morte, utilizando o potencial do primeiro e procurando retardar as restrições da segunda, na medida em que qualquer normalidade apenas pode coordenar as necessidades pulsionais com as defesas e adaptações, os dados internos hereditários e adquiridos com as realidades externas, as possibilidades externas, as possibilidades de carácter e estruturais com as necessidades relacionais (Bergeret, 1997). Seria, portanto, necessário insistir na independência da noção de «normalidade» em relação à noção de estrutura. De facto, está amplamente demonstrado, pela observação quotidiana, diversos estudos e investigações, que uma personalidade considerada «normal» pode entrar em qualquer momento da sua existência numa patologia. “O estudo da interdependência entre os desenvolvimentos normal e patológico constitui, pois, o objectivo mais global da psicopatologia desenvolvimentista. O que impõe, desde logo, uma tarefa de comparação cuidada entre as origens e os determinantes, os cursos de evolução e as 127 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência consequências comportamentais, emocionais e cognitivas, destes dois tipos de processos” (Joyce-Moniz, 1997:5). Considera-se importante referir que os conceitos de normal e de patológico têm variado muitas vezes, de época histórica para época histórica e, mesmo de país para país, consoante o seu desenvolvimento cultural (costumes, tradições e hábitos) ou, então, de acordo com certos tipos de evolução social e política. Na realidade, a forma, o conteúdo e a função de conceitos normativos não podem considerar-se valores estáveis, variando com a evolução históricocultural (no tempo e no espaço) do próprio homem. Por isso mesmo, a influência dos factores socioculturais nas características da doença psíquica constitui, hoje, um campo científico de grande interesse e que, nos últimos anos, se vem desenvolvendo para melhor compreensão do ser humano, em todas as suas capacidades ao longo do seu desenvolvimento. 1.1. Antecedentes Históricos No decurso das últimas década, diversos autores debruçaram-se sobre a dialéctica normalidade-patologia. Minkowski (1938) fez notar a subjectividade da noção de «norma» que, no entanto, parece muitas vezes evidenciar um simples acordo entre as necessidades e as realidades da existência. Para Leriche (1953) não existe fronteira previsível entre fisiológico e patológico, podendo resumir-se a saúde ao estado de silêncio dos órgãos. Boutonier (1945) mostrou a passagem do indivíduo que se tornou «normal», da angústia à liberdade, enquanto maturação afectiva, fundamento de toda a normalidade autêntica; é defendida por Anzieu (1959) como uma atitude sem ansiedade em comparação com o inconsciente tanto no trabalho como no lazer, uma aptidão para fazer face às inevitáveis manifestações deste inconsciente em todas as circunstâncias em que a vida pode colocar o indivíduo. Diatkine (1967) propôs um sinal de anormalidade no facto de o doente «não se sentir bem» ou «não ser feliz» e insistiu na importância dos factores 128 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência dinâmicos e económicos internos no decurso do desenvolvimento da criança sobre as possibilidades de adaptação e recuperação, sobre a tendência à limitação ou à extensão da actividade mental, sobre as dificuldades encontradas na elaboração dos fantasmas edipianos. Segundo Diatkine (1967), não encontramos no adulto uma estrutura dita «normal». Qualquer situação nova para o indivíduo põe de novo em causa o seu equilíbrio psíquico e o autor estuda sucessivamente as dificuldades que podem exprimir este sofrimento na criança, segundo as idades e as fases de maturação. Ele procura determinar o pêndulo dos prognósticos relacionais posteriores, incluindo do lado dos elementos desagradáveis todas as restrições de actividades e de operações mentais novas, em particular os sistemas sistematicamente repetitivos, mais ou menos irreversíveis. Freud (1968) pensou poder definir a normalidade na criança a partir da forma como se estabelecem a pouco e pouco os aspectos tópicos e dinâmicos da personalidade e também pela forma como se dispõem e resolvem os conflitos pulsionais. Haynal (1971) mostrou a dificuldade em aplicar no domínio psíquico os habituais critérios de «normalidade», referindo-se à adaptação, à felicidade, ao florescimento, etc., e à importância da relação sociológica da noção de «normalidade», quer no homem, quer nas sociedades animais, onde em grande parte se deve ter em conta as condições ecológicas, bem como a densidade territorial da colectividade. Por outro lado, os comportamentos raros não são por isso anormais. Como faz notar Ajúriaguerra (1971). Concordando com Chiland (1971), “O nosso objectivo não é transformar a criança em conformidade com o que o seu meio, a sua família, a escola ou a sociedade esperam dela, embora o nosso objectivo seja o de a tornar capaz de aceder com o menor número de limitações possíveis à sua autonomia e felicidade”. Historicamente, a psicopatologia analítica foi a primeira a associar o desenvolvimento psicológico às raízes estruturais do distúrbio, defendendo que uma evolução deficiente inicial, ocorrida na infância, vai determinar todo o desenvolvimento posterior. A amplitude entre os processos normais e os patológicos também se revela estreita, pois são estes que explicam aqueles. O 129 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência patológico converte-se em espécie de lente, que aumenta ou exagera o normal, permitindo compreendê-lo (Ciccchetti, 1984, citado por Joyce-Moniz, 1997:4). Não obstante, não podemos conceber uma «normalidade», referindonos ainda assim a critérios mais autênticos no plano simultâneo das realidades íntimas e das relações mais diversificadas. “A normalidade é sobretudo não se inquietar antes de mais com o «como fazem os outros», mas procurar simplesmente ao longo de toda a sua existência, sem demasiada angústia nem demasiada vergonha, uma forma de se organizar melhor com os conflitos dos outros, bem como os seus conflitos pessoais sem todavia alienar o seu potencial criador nem as suas necessidades íntimas” (Bergeret, 1997:30). Segundo Matos (2007:187), os acontecimentos vitais podem ter um efeito organizador ou desintegrativo e perturbador. Estes últimos são acontecimentos traumáticos. Estes acontecimentos traumáticos ou traumas psíquicos são acontecimentos que excederam a capacidade de adaptação do indivíduo, deixando uma ferida psíquica aberta, que consome e pela qual se escoa energia e que se agudiza ou reinflama aquando a expectativa ou concretização de acontecimentos semelhantes, mantendo uma fragilidade específica em determinados sectores da vida emocional e afectiva. 1.2. Práticas Parentais Educativas e Psicopatologias A literatura psicológica faz referência a problemas de comportamento, relacionando-os, em parte, às práticas parentais educativas e escolares. O termo problemas de comportamento é bastante ambíguo e controverso, possuindo definições vagas, classificações distintas. Os manuais geralmente usados para diagnóstico da categoria, respectivamente o DSM-IV e CID-10, possuem linguagem médica, constam nas suas definições, de descrições de sintomas para caracterizar os problemas de comportamento. É possível identificar vários determinantes para os problemas de comportamento, referidos por diversos autores, como Patterson, De Baryshe e Ramsey (1989); CID-10 (1993); Brioso e Sarrià (1995); Conte (1997); Kaiser e Hester (1997); Lory (1999); Baptista (2000); Barkley (2002); Lopes (2004). De uma forma global, estes autores apontam para a existência de uma ligação entre práticas educativas e comportamentos preocupantes, à medida 130 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência que as famílias inadvertidamente estimulam estes comportamentos por meio de disciplina inconsistente, pouca interacção positiva, pouco apoio e supervisão insuficiente das actividades da criança e do jovem (Bolsoni-Silva, Prette e Oishi, 2003). Os pais entram em conflitos, entre si, ao educarem os seus filhos, considerando a educação que receberam e a influência dos novos padrões que vivenciaram na juventude e vida adulta. Estas dificuldades têm requerido ajuda especializada (Argenti e Romanelli, 1999). A liberdade é fundamental para o desenvolvimento da criança, ou seja, a permissão para que a mesma vivencie novos comportamentos, explore o seu ambiente e interaja com outras crianças. No entanto, é muito importante estabelecer restrições ou limites para as acções das crianças e jovens; como as que colocam em risco a sua própria segurança; as que colocam em risco a segurança de outras pessoas; as que causam danos materiais a objectos de terceiros, incluindo de familiares; as que causam danos materiais a objectos próprios. Para isso, os pais devem desenvolver algumas situações a fim de conseguirem estabelecer limites, tais como aprender a dizer não, resistir às pressões dos filhos, mas também elogiar os comportamentos adequados, sendo consistentes nas práticas educativas. Os pais tendem a ser não contingentes no uso de reforço positivo para comportamentos pró-sociais e punições afectivas para comportamentos desviantes, levando ao fortalecimento de comportamentos coercitivos, que são utilizados pela criança ou jovem. Alguns psicólogos, educadores e professores alertam para os perigos de punições no controlo parental. Por exemplo, para Skinner e Cleese (1990) a punição enquanto técnica educativa é questionável, dado que, a longo prazo, traz desvantagens tanto para o indivíduo punido, como para o que pune, gerando emoções negativas e predisposições para fugir. Referem que os pais interagem mais com os seus filhos nos momentos de corrigir ou criticar e, consequentemente, a família está expondo o modelo coercivo às suas crianças, que aprendem a utilizá-lo sempre que desejam que os outros façam o que querem. 131 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Deste modo, as crianças e jovens não vão passar a comportarem-se adequadamente, segundo os desejos dos pais, através do uso de coerção. A aquisição de comportamentos positivos deve ocorrer mediante um reforço positivo. O uso de punições, como afirmam os investigadores, além de não resolver os problemas de comportamento, leva ao ressentimento e ao afastamento das crianças e jovens em relação aos seus pais, comprometendo o relacionamento de amizade e confiança que deveria ocorrer, além de favorecer o surgimento de problemas na vida adulta e mesmo na infância e adolescência, tais como baixa auto-estima, fraca flexibilidade comportamental perante dificuldades encontradas no quotidiano. Burton (1921) já referia a possibilidade das Práticas Parentais disfuncionais poderem ser uma influência no desenvolvimento de psicopatologia futura. Freedman, Kaplan, Sadlock (1980) e Kolb (1973) referem que a superprotecção parental tem sido vista como resultado em consequências nocivas, tais como a privação de carinho e tem sido um indicador determinante no desenvolvimento de uma grande parte dos distúrbios mentais. Bowlby (1982) identificou a rejeição parental ou ameaças de separação, como sendo os maiores determinantes de vínculo ansioso e ambivalente na criança, predispondo-a para sérios distúrbios emocionais no futuro. Alguns estudos (Brioso e Sarrià, 1995; Webster-Stratton, 1997 e Conte, 1997) indicaram que, quando os pais usam estratégias de controlo não punitivas, favorecendo a aquisição e interiorização de normas e auto-controle, há menor probabilidade de surgirem comportamentos agressivos. Deste modo, torna-se imprescindível que os pais modifiquem as suas práticas educativas a fim de promoverem atitudes adequadas nos seus filhos. Num estudo realizado por Gerlsma, Arrindell e Emmelkamp (1990), os resultados comparativos entre um grupo de sujeitos com distúrbios de ansiedade e um grupo de controlo indicaram (tanto para os pais como para as mães) menos “Afecto” e mais “Controlo” parentais, mais para o primeiro grupo do que para o segundo grupo. Parker (1983) refere que super protecção é a causa determinante para o aparecimento de fobias em adolescentes. 132 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Segundo Kendler (1995), níveis elevados de instabilidade emocional parental são causadores de depressão nas crianças. Todavia para os vários estilos educativos disfuncionais, existem padrões de resposta. Componentes de estilos educativos podem estar presentes em famílias normais durante um certo tempo, e não interferirem com a resolução adequada das diferentes tarefas desenvolvimentais. No entanto, podem também interferir e condicionar a evolução de comportamentos disfuncionais na criança (Gonçalves, 2000). O bom relacionamento entre os membros familiares envolve equilíbrio, reforço positivo, valores, expressão de sentimentos, troca de opiniões, partilha e amor, condições essenciais para a existência de competências sociais. Este equilíbrio é reforçado por vários autores que se têm dedicado ao estudo do desenvolvimento da criança e adolescente, “a infância tem de ser valorizada, para que a adolescência possa decorrer com satisfação para o jovem e adultos que o rodeiam” (Sampaio, 2006:220). Alguns investigadores têm desenvolvido estudos no âmbito da intervenção com pais (Beck, 1967; Webster-Stratton, 1989), preocupam-se com a resolução de problemas referentes aos filhos, tais como a desobediência, agressividade e desatenção. É importante referir as formas de educar e de relacionamento com os filhos, a fim de evitar o surgimento das dificuldades referidas, de forma a auxiliar os pais a preveni-las. Alguns autores, no campo da intervenção precoce, (Bricker e Casuso, 1979; Bailey, Palsha e Simeonsson, 1991; Dunst, Johanson, Trivette e Hamby, 1991; Thompson, Herman, Jurkiewicz e Hulleza, 1997 e Ramey, 1997, citado por Bolsoni-Silva e al., 2003), também referem a necessidade do envolvimento familiar no tratamento de dificuldades da criança. Para este grupo de investigadores, as intervenções devem ser centradas na família, de forma que a mesma assuma um papel activo na prevenção e remediação de dificuldades da criança. Segundo Sampaio (2000), a infância é um período crítico para a aprendizagem. Falhas na aprendizagem do comportamento social podem ocorrer devido a vários factores, tal como: relações familiares pobres, com pais agressivos ou pouco empáticos, fornecendo modelos inadequados de interacções, práticas educativas que favorecem dependência e obediência, ao 133 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência mesmo tempo que restringem ou punem iniciativas de comportamentos sociais na criança. Deste modo, é importante conhecer quais são os comportamentos parentais que favorecem o surgimento e manutenção de comportamentos considerados inadequados, de forma a verificar como intervir positivamente para reduzir os comportamentos negativos e quais os que se devem fortalecer, para melhoria do relacionamento familiar e possível redução de problemas de comportamento na criança e jovem. Enquanto profissionais de educação, urge ajudar os pais a valorizar o período da infância dos seus filhos. A protecção da vida infantil deve começar pela interiorização, por parte dos progenitores, da importância das relações precoces. “A investigação recente tem demonstrado que a selecção dos relacionamentos na juventude e na idade adulta tende a reflectir as vivências da vinculação da criança; e que esta processa a informação acerca de si própria e do seu ambiente a partir da sua relação com adultos significativos” (Sampaio, 2000:221). Com efeito, se a criança recebe dos pais mensagens ambíguas ou contraditórias, tende a guardar esses conteúdos negativos para si própria, consolidando um autoconceito desfavorável (Dadds, 1995). No mesmo sentido, sabe-se hoje que certos pais, por vezes sem terem consciência, reforçam os comportamentos problemáticos dos filhos pequenos, quer pela excessiva atenção parental, quer pela crescente intervenção de comentários desagradáveis (muitas vezes este padrão permanece até à adolescência ou é reforçado neste período). Segundo Dadds, (1995), os pais ficam presos num círculo vicioso em que a criança, com um problema de comportamento, torna-se um foco importante à volta do qual a família interage. Estão também demonstradas as influências negativas que as situações de conflito conjugal, depressão parental, pobreza, comportamento anti-social dos pais e abuso e negligência têm no futuro das crianças (Sampaio, 2006:221). 134 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 2. A Importância da Terapia Cognitiva e Técnicas A terapia cognitiva é uma abordagem activa, directiva estruturada e de prazo limitado usado no tratamento de uma variedade de distúrbios psiquiátricos (depressão, ansiedade, fobias, queixas ligadas a dores, etc.). Fundamenta-se numa base lógica teórica subjacente, segundo a qual o afecto e o comportamento de um indivíduo são largamente determinados pelo modo como ele estrutura o Mundo (Beck, 1967,1976 citado em Beck et al., 1982:17). As orientações terapêuticas dependem da fundamentação da teoria, um dos princípios norteadores da terapia cognitiva comportamental, consiste em instalar no paciente um senso de cooperação e confiança, segundo Beck (1982). As técnicas terapêuticas destinam-se a identificar, testar no real e corrigir conceitos distorcidos e crenças disfuncionais (esquemas) subjacentes a essas cognições. O paciente aprende a dominar problemas e situações anteriormente consideradas insuportáveis, através da reavaliação e correcção do seu pensamento, de acordo com Beck et al. (1982:18). As terapias cognitivas – comportamentais obtiveram resultados positivos na maior parte dos domínios da clínica psiquiátrica e da psicologia, nomeadamente nas perturbações ansiosas, stress, na reabilitação dos sujeitos psicóticos e na depressão, referido por Baptista, (1993). Segundo Beck e Clark (1988), a teoria do esquema é expressa da seguinte forma: “As estruturas cognitivas governam a protecção, a ordenação, a organização, o armazenamento e recuperação de informação. Um estímulo consistente é elaborado e codificado, enquanto a informação inconsistente ou irrelevante é ignorada ou esquecida…” (Eysenck, 1994:420). Resumindo, cada indivíduo é um receptor constante de informação e, por essa razão, necessita de seleccionar a informação que recebe. Assim, a informação é feita pelas estruturas cognitivas, os “esquemas”, sendo que essa informação é avaliada e comparada com informação recolhida em experiências passadas. Para além dos esquemas, existem uma série de conceitos que são organizados em temas gerais, tais como medo, ofensa, etc.. Desta forma, nos 135 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência indivíduos depressivos, os estímulos são sempre tidos como ameaçadores e perigosos. Recentemente, o modelo da Terapia Cognitiva de Beck (Beck et al., 1979) foi, também, integrado nos programas para pais. Deste modo, os pais são ensinados a identificarem e confrontarem os conteúdos dos pensamentos mais negativos, e os processos metacognitivos disfuncionais mais frequentes (…). A adesão a cognições mais adequadas permite aos pais converterem-se em modelos positivos para os filhos e, simultaneamente, serem mais eficazes na implantação de estratégias comportamentais de tipo operante para o controlo de comportamento concreto das crianças, segundo Barros (1992:8). Neste modelo de intervenção com pais, a relevância dada ao sistema de crença parental é justificada, pela aderência a um modelo cognitivo de reacções emocionais e atitudinais, defendido pelos autores da psicoterapia cognitiva (Terapia Cognitiva de Beck, 1979). Todo o trabalho com pais é, na verdade, centrado na análise, na discussão e no confronto das suas significações. Estas determinam tanto a extensibilidade e a intensidade das emoções, como a direcção das atitudes educacionais concretas. 2.1. Técnica de Modelagem Cognitiva Esta técnica (Meichenbaum e Goodman, 1971; Bandura, 1977), tem como característica geral de intervenção, treinar o indivíduo a mudar as cognições é uma das técnicas é uma das técnicas aplicadas. Permite aos pais reconhecerem as suas significações educacionais, reflectir sobre as suas implicações e tentar tomar atitudes que facilitem a resolução do problema. A exposição aos modelos é sempre acompanhada de uma conversa entre os pais e o terapeuta, na qual, por um lado, o terapeuta introduz novas hipóteses, dúvidas e contradições, por outro, os pais são ajudados na acção metacognitiva compensatória ou de avaliação das significações observadas em termos operatórios, segundo Barros (1992:14). 136 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 2.2. Técnica de Relaxamento Esta técnica melhora a respiração, visa uma modificação do estado tónico através de uma relação mediatizada pelo corpo e suas representações psíquicas, frequentemente observam uma sequência lógica fundamentada na exploração dos diversos segmentos do corpo, das massas musculares e das articulações, com uma progressiva tomada de consciência dos estados tónicos próprios a cada segmento, Ajuriaguerra (1980). O relaxamento é ensinado como estratégia de conforto que a criança pode usar sempre que precisa. A criança é ensinada a relaxar durante as secções, sendo motivada a praticar em casa de um modo sistemático até ter desempenhos bons, segundo Gonçalves (2000). 2.3. Técnica de Auto-Reforço O Auto-Reforço é o processo de, o próprio, se dar reforços contingentes após o desempenho adequado de certos comportamentos desejáveis. No seu uso mais primário, é um procedimento que assegura que a criança é reforçada, depois de usar uma das estratégias de confronto (comportamental ou cognitiva) que o terapeuta está a tentar ensinar a criança a usar. Com efeito, a criança é ensinada a auto-reforçar-se sempre que tenta completar uma tarefa de casa prescrita ou quando usa um dos procedimentos de confronto. A parte inicial do treino do auto-reforço é a identificação de possíveis reforços para criança. São definidos para crianças, os reforçadores e as punições, assim como são usados exemplos concretos para ajudarem o jovem a ganhar uma compreensão sobre o impacto dos reforços. A questão principal é destacar que se a pessoa se auto-reforçar, isso faz sentir-se bem e, ao contrário, se se autopunir, isso faz sentir-se menos bem. 137 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Devem ser indicados os diferentes valores dos reforços. Criança e terapeuta organizam os diferentes reforços identificados e tabelam-nos de 0 a 100. É estabelecido um processo de aplicação destas ideias em conjunto. A Auto-Monitorização é um acto consciente e propositado do próprio se observar nas situações onde toma parte. É usado, quer como procedimento de avaliação, quer como procedimento de intervenção. Esta distinção é artificial porque a auto-observação introduz, em si mesma, alguma mudança. Quando é usada como avaliação, é usada como meio de obter informação relevante para o processo terapêutico. A Auto-Avaliação pode ser usada em qualquer altura durante o tratamento, mas é útil começar o treino relativamente cedo. O 1º objectivo do treino de auto-avaliação é ajudar a criança a avaliar-se a si própria, menos severamente. O 2º objectivo é o de ensinar competências que levarão a uma melhoria pessoal em áreas deficitárias. O treino de auto-avaliação é uma forma de reestruturação cognitiva, na qual a criança aprende a avaliar-se a si própria de um modo mais optimista e razoável (racional). Barros (1996) citando Goldman et al. (1991) refere que as crianças adquirem a concepção sobre a doença à semelhança dos adultos, sendo multidimensional e determinadas tanto pelo desenvolvimento cognitivo, como pela interpretação das próprias experiências, modelagem e confronto das crenças e expectativas dos que lhes estão próximos. Também Almeida (2003) referem que as crianças adaptam-se à doença de um modo mais adequado. Noutras, todas as mudanças, quer ao nível social quer ao nível pessoal, podem provocar uma má adaptação da mesma consigo próprio, com os familiares, com a escola e grupos de referência. No entanto, é sabido que, mesmo apresentando diferentes graus de adaptação, todas as crianças têm experiência de dor e sofrimento. Eysenck (1994:427) referiu que indivíduos com um grau de traços depressivos, especialmente quando estão num alto grau de depressão, têm menos memória de trabalho ou capacidade atencional disponível para o 138 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência desempenho de tarefa do que aqueles com baixo grau de traços ansiosos. Deste modo, adverte para a necessidade de uma maior troca de informação entre pais, professores e técnicos de saúde, para permitir uma melhor inserção da criança ao nível escolar e consequente adaptação social. 3. PERTURBAÇÕES DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA “O estudo da interdependência entre o desenvolvimento normal e patológico constitui, pois, o objectivo mais global da psicopatologia desenvolvimentalista. O que impõe, desde logo, uma tarefa de comparação cuidada entre as origens e os determinantes, os cursos de evolução e as consequências comportamentais, emocionais e cognitivas, destes dois tipos de processos”. (Joyce-Moniz, 1997:5). A investigação e teorização acerca dos diversos domínios da infância e adolescência têm sido caracterizados por um rápido crescimento (Lory, JoyceMoniz, 1997; Lory, 1999; Strecht, 1999; Brazelton, 2003; Sampaio, 2006). De um modo geral, os estudos acerca do desenvolvimento nestas faixas etárias têm reconhecido o importante papel que as diferenças individuais desempenham na interacção com os factores que colocam alguns indivíduos em risco e que protegem outros de um desenvolvimento desajustado (Rutter e Rutter, 1993, Lory, 1999). A exposição a agentes de risco e causadores de stress nem sempre são seguidos pelas consequências negativas teoricamente esperadas. Algumas crianças de “alto risco” expostas a ambientes altamente stressantes podem adaptar-se bem, enquanto outras consideradas como estando expostas a situações de “baixo risco” desenvolvem perturbações psicológicas (Cowan, Cowan e Schulz, 1996; Lory, 1999). Apesar de estudos recentes sobre o comportamento de crianças e adolescentes terem sido tema para muitos investigadores, nos quais os interesses de investigação têm sido estimulados pelo estudo de factores de risco, protectores, de resiliência, vulnerabilidade (Cowan, et al. 1996), nas 139 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência investigações relativas à perturbação de humor (Radke-Yarrow e Zahn-Waxler, 1990), aos problemas psicológicos e académicos (Baldwin, Cole e Baldwin, 1982), às perturbações de pânico (Baptista, 1993), à hiperactividade (Biederman, Milberger, Faraone, Kiely, Guite, Ablon, Warton e Reed, 1995, Barkley, 1995), à ansiedade e depressão (Montgomery, 2000; Matos, 2007), às relações afectivas (Canavarro, 1999), às perturbações psicossociais (Strecht, 1999). Já em 1902, Still nos seus estudos, descreveu um grupo de vinte crianças que se comportavam de maneira excessivamente emocional, desafiadora, passional e agressiva. Mostravam resistência a qualquer tipo de acção com o objectivo de tornar o comportamento delas mais aceitável. O grupo tinha uma proporção de três meninos para cada menina e era composto de crianças que não tinham indícios de maus-tratos pelos pais. Still especulou que, devido à ausência de maus-tratos, os problemas destas crianças deveria ser de origem biológica. A hipótese ganhou mais força ainda quando Still notou que alguns membros das famílias das crianças eram portadores de problemas psiquiátricos como depressão, alcoolismo, problemas de conduta. Nos últimos anos, a sua importância tem sido reconhecida essencialmente no campo educacional, embora o número e a diversidade de formações das pessoas nele interessadas seja extremamente alargado (citado por Silver, 1990). Professores, psicólogos, médicos, educadores, investigadores e, naturalmente, pais têm vindo a dedicar grande atenção e interesse a um problema que, embora pouco claro do ponto de vista conceptual, tem um inegável impacto na vida escolar e familiar de um número considerável de crianças (Lopes, 2004). Dada a importância das características do comportamento parental e das suas implicações em termos de desenvolvimento emocional e comportamental, vários teóricos, investigadores e clínicos têm realizado estudos com o objectivo de tentar compreender as práticas parentais educativas e os múltiplos factores que se relacionam entre si, a ocorrência das diversas perturbações psicopatológicas, em articulação com o ambiente em que o indivíduo está inserido e acontecimentos de vida. Estudos de Gouveia (1990); Matos (1994) e Monroe e Steiner (1986) revelam que cada indivíduo é 140 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência vulnerável a acontecimentos específicos, não significativos para qualquer outra pessoa; a acção dos acontecimentos de vida podem aumentar a vulnerabilidade individual ou representar uma forma de futuras adversidades. Neste sentido, concorda-se com Lewis e Miller (1990) que a psicopatologia do desenvolvimento pode ser definida como o estudo da predição do desenvolvimento de comportamentos e processos inadaptativos. 4. PERTURBAÇÃO DE HIPERACTIVIDADE COM DÉFICE DE ATENÇÃO (PHDA) Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), “a hiperactividade é uma desordem em que as características principais são o défice e distracção. Na primeira infância, os sintomas mais evidentes são a desinibição e uma actividade motora extrema e mal organizada e regulada, factos que podem ser substituídos na adolescência por uma baixa actividade motora. A impulsividade, alteração marcada de humor e a agressividade podem ser sintomas comuns, tal como atrasos de desenvolvimento em áreas específicas e dificuldade de relação social. Se a hiperquinesia é um sintoma de outras desordens, essa deverá ser a situação a codificar”. (Gonçalves, 2000:18). A Perturbação de Hiperactividade e de Défice de Atenção (PHDA), é actualmente reconhecida pela comunidade científica como sendo uma perturbação heterogénia, diferenciada pela predominância de problemas de atenção e/ou hiperactividade e impulsividade (DSM-IV; APA, 1994). Esta perturbação não é só uma das mais estudadas, como uma das mais controversas perturbações do desenvolvimento da infância e adolescência (Lory, 1999; Shaywitz e Shaywitz 1992). Tem sido considerada como uma perturbação desenvolvimental relevante em termos clínicos e de saúde pública, com tendência a surgir durante a infância e persistir durante a adolescência (Barkley, Ficher, Edelbrock e Smallish, 1990; Lory, 1999) e idade adulta (Green e Chee, 1997, Barkley, 2002). 141 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 4.1. Conceito Histórico As primeiras descrições dos sintomas hoje conhecidos como definindo a PHDA podem ser encontradas na Grécia Antiga, em que físicos e filósofos já se preocupavam com comportamentos disruptivos em crianças, adolescentes e adultos que eram impulsivos, hiperactivos, emocionalmente voláteis, sujeitos a mudanças bruscas de humor e incapazes de viver de acordo com as regras sociais (Jordan, 1998). Embora problemas de comportamentos de agitação e falta de atenção em crianças, adolescentes e até adultos estão longe de ser uma novidade, e trabalhos científicos sobre o assunto estejam a ser realizados desde os finais do século XIX e começo do século XX, como é o caso de um trabalho elaborado pelo médico George Frederic Still em 1902 (Meyer, 1904). Em alguns dos seus estudos, este médico propôs uma base biológica para o problema. Embora a evidência definitiva ainda tivesse demorado mais algumas décadas para aparecer, tratou-se já de um grande passo. Antes disso, as crianças e os pais eram considerados responsáveis pela “falha moral” e o tratamento era frequentemente feito através do uso de castigos e punições físicas. As observações e deduções de Still influenciaram Willian James (citado Jordan, 1998), preocupado com a presença de pessoas socialmente disruptivas que tinham baixo controlo moral, que não controlavam os seus impulsos e não conseguiam manter atenção o tempo necessário para terminar uma tarefa. Willian James especulou que estas perturbações de comportamento seriam devido a problemas na função inibitória do cérebro em relação a estímulos ou a algum problema no cortex cerebral, onde o intelecto acabava dissociando-se da vontade ou conduta social (Hallowell et al. 1995; Pennington, 1991; Posner, 1988). As perturbações eram vistas como tendo uma base biológica e sendo pouco permeáveis à mudança, pelo que os factores ambientais e sociais eram largamente negligenciados (Schachar, 1986; Barkley, 1990). Após a I Guerra Mundial, na Europa e na América, devido ao surto de encefalite, muitos clínicos confrontaram-se com um grande número de crianças 142 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência que, tendo sobrevivido à infecção cerebral, apresentavam significas sequelas cognitivas e comportamentais (Cantwell, 1981; Stewart, 1970). As descrições dessas crianças, após recuperação, eram diversas, a saber: algumas manifestavam sintomas como padrões comportamentais de hiperactividade, deficiências na atenção, explosividade emocional, inadequação social (Green e Chee, 1997; Jordan, 1998), regulação da actividade e impulsividade e outros problemas associados, incluindo deficiências cognitivas, dificuldades de relacionamento interpessoal, comportamentos de desafio e oposição e problemas de conduta e delinquência (Lopes, 2004). Devido a diversas investigações, nos anos 60, o foco teórico mudou para as manifestações comportamentais da perturbação, afastando-se desse modo das supostas disfunções orgânicas (Brochin e Horvath, 1996) ou conflitos internos da criança (Fonseca, 1998). Subsequentemente, a manifestação comportamental mais evidente era o comportamento motor hipercinético, tornando-se este sintoma central nas teorias relativas à perturbação. O excessivo nível de actividade motora, e os problemas de atenção, independente das suas origens, receberam o estatuto de entidade clínica e o então corrente Diagnostic and Statistical Manual for Mental Disorders (DSM-II, 1968) definiu a perturbação como Reacção Hipercinética da Infância, onde os sintomas de falta de atenção e impulsividade eram considerados como secundários e, provavelmente, causados pela tendência do comportamento motor hiperactivo (Lory, 1999). O modelo hiperactivo dominou até ao início dos anos 70, quando o foco mudou, desta vez, para os componentes atencionais da perturbação (Barkley, 1995; Brochin e Horvath, 1996). A hiperactividade começou a ser vista como uma consequência e não uma causa da falta de atenção. Reflectindo esta alteração na conceptualização, o DSM-III (APA, 1980) renomeou a terminologia para Perturbação de Défice de Atenção (com ou sem hiperactividade). Os anos 80 trouxeram outro conjunto de sintomas principais como foco: a impulsividade. Os investigadores verificaram que, sob condições de controlo experimental preciso, as crianças com PHDA não demonstravam consistentemente défices em manter a atenção (Brochin e Horvath, 1996), especulando-se que a perturbação podia ser uma perturbação do controlo 143 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência comportamental ou volição mais do que uma perturbação da atenção, dependendo do interesse ou estimulação necessários para a tarefa (Zental, 1985, in Lory, 1999). Consequentemente, a terminologia foi reajustada, mudando a nomenclatura do diagnóstico para Perturbação do Défice de Atenção/Hiperactividade (DSM-III-R, APA, 1987). Em 1994, o DSM-IV (APA) redefiniu a nomenclatura de diagnóstico para Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA), considerando os três principais problemas que se consideram primários (falta de atenção, impulsividade e hiperactividade). Embora a discussão quanto à variabilidade situacional dos comportamentos continue em aberto, é praticamente consensual que o contexto escolar e de sala de aula coloca particulares exigências a estas crianças, não só pelas competências académicas que deverão exibir, como pelas pesadas e incontroláveis competências sociais que se espera de qualquer aluno (Lopes, 2004; Villar, 2005). Os resultados dos estudos neurológicos são também consistentes com os da observação comportamental e dos testes neuropsicológicos, que demonstram ser a desinibição comportamental e a pobre auto-regulação das respostas os sintomas principais da PHDA (Douglas, 1988; citado por Lopes, 1998). 4.2. Classificação Nosológica De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatístico da Associação Americana de Psiquiatria (DSM-IV; APA, 1994), o diagnóstico de Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA) insere-se no capítulo que aparecem habitualmente na primeira e na segunda infância ou adolescência, secção das perturbações disruptivas do comportamento e défice de atenção. O diagnóstico de Perturbação de Hiperactividade com Défice da Atenção requer a existência, persistente e perturbadora do desenvolvimento e adaptação dos indivíduos, de problemas de atenção e/ou hiperactividade e impulsividade. É necessário que estes problemas não sejam devidos a deficiência mental, perturbação global do desenvolvimento ou outras 144 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência perturbações psiquiátricas e devem ser evidentes antes dos sete anos de idade. O DSM-IV distingue três tipos de PHDA baseados na identificação de sintomas de Falta de Atenção e Hiperactividade-Impulsividade. Tipo Combinado (diagnosticado quando os sintomas de falta de atenção e hiperactividade-impulsividade estão presentes). Classificação de acordo com o DSM-IV: Para o diagnóstico desta perturbação, o DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) de 1994 da APA (American Psychiatric Association) descreve nove sintomas de falta de atenção e nove sintomas de hiperactividade – impulsividade. Os sintomas descritos podem, em algum momento, ser observados em qualquer criança, fruto da sua natural irrequietude, o que não significa que ela sofra de qualquer perturbação. Devem por isso ser seguidos os seguintes critérios de diagnóstico: Critério A: seis (ou mais) dos seguintes sintomas de falta de atenção e seis (ou mais) sintomas de hiperactividade e impulsividade devem persistir, pelo menos, durante seis meses com uma intensidade que é desadaptativa e inconsistente, em relação com o nível de desenvolvimento. A (1) Falta de Atenção (a) Com frequência não presta atenção suficiente aos pormenores ou comete erros por descuido nas tarefas escolares, no trabalho ou noutras actividades lúdicas. (b) Com frequência tem dificuldade em manter a atenção em tarefas ou actividades. (c) Com frequência parece não ouvir quando se lhe dirigem directamente. (d) Com frequência não segue as instruções e não termina os trabalhos escolares, encargos ou deveres no local de trabalho (sem ser por comportamento de oposição ou por incompreensão das instruções). 145 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência (e) Com frequência tem dificuldades em organizar tarefas e actividades. (f) Com frequência evita, sente repugnância ou está relutante em envolver-se em tarefas que requeiram um esforço mental mantido (tais como trabalhos escolares ou de casa). (g) Com frequência perde objectos necessários a tarefas ou actividades (por exemplo, brinquedos, exercícios escolares, lápis, livros ou ferramentas). (h) Com frequência distrai-se facilmente com estímulos irrelevantes. (i) Esquece-se com frequência das actividades quotidianas. A (2) Hiperactividade (a) Com frequência movimenta excessivamente as mãos e os pés, move-se quando está sentado. (b) Com frequência levanta-se na sala de aula ou noutras situações em que se espera que esteja sentado. (c) Com frequência corre ou salta excessivamente em situações em que é inadequado fazê-lo (em adolescentes ou adultos pode limitarse a sentimentos subjectivos de impaciência). (d) Com frequência tem dificuldades para jogar ou dedicar-se tranquilamente a actividade de ócio. (e) Com frequência “anda” ou actua como se estivesse “ligado a um motor”. (f) Com frequência fala em excesso. Impulsividade (g) Com frequência precipita as respostas antes que as perguntas tenham acabado. (h) Com frequência tem dificuldades em esperar pela sua vez. (i) Com frequência interrompe ou interfere nas actividades dos outros (por exemplo, intromete-se nas conversas ou jogos). 146 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Critério B: Alguns destes sintomas surgem antes dos sete anos de idade. Critério C: Alguns défices provocados pelos sintomas estão presentes em dois ou mais contextos [por exemplo, escola (ou trabalho) e em casa]. Critério D: Devem existir provas claras de um défice clinicamente significativo do funcionamento social, académico ou laboral. Critério E: Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante uma Perturbação Global do Desenvolvimento, Esquizofrenia ou noutra Perturbação Psicótica e não são melhor explicados por outra perturbação mental (por exemplo, Perturbação do Humor, Perturbação da Ansiedade, Perturbação Dissociativa ou Perturbação da Personalidade). De acordo com a Classificação do DSM-IV (1994), esta perturbação pode ser de quatro tipos: * PHDA Tipo Predominantemente Desatento: se está preenchido o critério A1, mas não o critério A2 durante os últimos seis meses. * PHDA Tipo Predominantemente Hiperactivo-Impulsivo: se está preenchido o critério A2, mas não o critério A1 durante os últimos seis meses. * PHDA Tipo Combinado: se estão preenchidos os critérios A1 e A2 durante os últimos seis meses. * PHDA Sem Outra Especificação: se o número de sintomas é insuficiente para um dos tipos anteriores, mas contudo perturbam a vida diária do indivíduo. 147 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 4.3. Características A Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA) é um transtorno do desenvolvimento. É uma das mais estudadas problemáticas da infância e adolescência, (Lory, 1999; Barkley, 2002; Lopes 2004; Vilar, 2005). Na literatura, as designações que se encontram mais frequentes são: agitação, dificuldades de aprendizagem, irresponsabilidade, relacionamento social pobre, instabilidade, desordem da atenção e hiperactividade, síndroma hiperactivo, instabilidade psicomotora (Lopes, 2004; Villar, 2005). Segundo Barkley (2002), Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA) é o diagnóstico mais recente para crianças que evidenciam problemas significativos na atenção, impulsividade e extra actividade. As crianças com este diagnóstico representam uma população heterogénea que apresenta variações consideráveis ao nível do grau dos seus sintomas, na situação pervasiva desses sintomas e na extensão a outras desordens que ocorrem associadas a esta. Crianças, adolescentes e adultos com Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA) são usualmente descritas como tendo dificuldades crónicas como desatenção, e/ou impulsividade-hiperactividade. Acredita-se que apresentam estas características desde cedo, num grau que é desapropriado para a sua idade ou ao nível de desenvolvimento e numa variedade de situações que diminui a sua capacidade para prestar atenção, restringir os seus movimentos, inibir os seus impulsos e regular o seu comportamento em relação às regras, tempo e futuro (Barkley, 2002). A Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA), caracterizada pela presença de sintomas proeminentes de falta de atenção e/ou impulsividade-hiperactividade (American Psychiatric Association, 1994), tem sido considerada uma perturbação desenvolvimental relevante e, assim, como uma desorganização comportamental com frequência que interfere nas rotinas diárias e no desempenho escolar. O termo PHDA é a actual designação utilizada pela maioria dos profissionais de saúde e educação para identificar e diagnosticar todas as crianças que apresentam um quadro de sintomatologia clínica em torno de três grandes áreas deficitárias do comportamento: A Falta 148 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência de Atenção, o Excesso de Actividade Motora e Impulsividade (Branco e Fernandes, 2004). A Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção constitui um problema complexo, devido à sua precoce manifestação e à sua natureza multifacetada e crónica (Jarque et al, 1999). Trata-se actualmente de um dos problemas mais relevantes em educação e em pediatria (Branco e Fernandes, 2004). Pais e professores devem estar em sintonia para conhecer a criança, orientá-la de modo seguro. Para eles é necessário organizar o seu dia-a-dia familiar e escolar de forma segura, de modo a que o comportamento infantil não resulte numa vulnerabilidade em excesso (Villar, 2005). As características da Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA), apresentadas pela maioria dos autores, estão divididas em primárias e secundárias ou associadas. As características primárias são o défice de Atenção, a Impulsividade e a Hiperactividade. Estas são consideradas, pela maior parte dos autores, como as necessárias à construção do diagnóstico (Barkley, 1981). Neste sentido, se estas não se manifestarem em determinado momento e de acordo com os critérios descritos, não será possível estabelecer um diagnóstico. As características secundárias ou associadas são vistas como consequência das características primárias ou como características que existem com uma frequência muito reduzida em relação às primárias. Seguidamente, são descritas as características primárias secundárias: 4.3.1. Défice de Atenção Por Défice de Atenção entende-se o défice na capacidade de suster e dirigir apropriadamente o foco emocional (Green e Chee, 1997). Os indivíduos com problemas de atenção demonstram dificuldade em completar tarefas, passando de uma tarefa para a outra sem completar qualquer delas, especialmente se se tratarem de temáticas repetitivas, monótonas, pouco estimulantes para o indivíduo e que necessitem de atenção durante um certo 149 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência período de tempo. É a incapacidade de concentração, quando a tarefa é um pouco monótona (Villar, 2005). A atenção é um requisito fundamental para o processo de aprendizagem, devendo ser selectiva e contínua, isto é, orientada para um estímulo relevante de entre outros e manter-se nele por um período de tempo alargado. Ao nível da atenção, embora as capacidades de processamento de informação se encontrem intactas, as crianças revelam um desempenho fraco em tarefas que lhes cedam suporte diminuto, revelam pouco interesse ou se encontram associadas a factores de distracção, tais como ruídos ou outros factores que possam distrair a criança (Barkley, 2002). Apesar de a criança manifestar algumas das características desta Perturbação na 1ª infância, é na sala de aula que mais se evidencia. A falta de atenção, os descuidos nas actividades escolares, a frequência com que a criança muda de situação para situação, a incapacidade em completar as tarefas escolares são razões de alerta para os técnicos de educação, que deverão estar bem informados das atitudes a tomar e assim saber referir adequadamente outras crianças. As crianças apresentam um ajustamento emocional e cognitivo instável e qualitativamente inferior em relação a crianças da mesma idade sem estes problemas (Matos, 1994). Segundo Palha (2006), procede-se à referência de alguns dos itens mais evidentes: - Frequentemente não dá atenção aos detalhes e comete erros na escola, trabalho ou outras actividades por desatenção; - Tem dificuldade em manter a atenção durante as tarefas ou jogos; - Frequentemente, parece não ouvir, mesmo quando interpelado de uma forma directa; - Frequentemente, não segue instruções e não termina os trabalhos escolares, tarefas caseiras ou deveres profissionais (a causa não é um comportamento opositivo ou por não entender as instruções); - Tem dificuldades em organizar tarefas e actividades; 150 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência - Evita, não gosta ou é relutante em iniciar tarefas que requeiram concentração (como trabalhos escolares, em casa ou na escola). - Frequentemente perde objectos importantes para o desempenho de tarefas ou em jogos (brinquedos, livros, material escolar, …); - Distrai-se facilmente com estímulos irrelevantes; - Frequentemente esquece-se de executar tarefas diárias comuns. Embora seja reconhecido que estes problemas podem manifestar-se mesmo em actividades lúdicas (as brincadeiras são mais curtas e as crianças mudam com frequência de brinquedos ou de actividades), parece inquestionável que se agravam aquando da realização de tarefas enfadonhas, repetitivas ou que exigem elevados níveis de atenção (Luk, 1985; Zentall, Falkenberg e Smith, 1985; Lopes, 2004; Villar, 2005; Arándiga, 2006, Palha, 2006). As crianças com PHDA exibem, por definição, níveis elevados de desatenção relativamente a outras crianças da mesma idade. “Contudo deve realçar-se que a atenção constitui um constructo multidimensional que se pode referir a problemas relacionados com o alerta, a activação, a selectividade, a manutenção da atenção, a distractibilidade ou com o nível de apreensão, entre outros (Hale e Lewis, 1979, citado por Lopes, 2004:69). A investigação sugere que os problemas de atenção se acentuam particularmente em tarefas em que exige vigilância ou uma manutenção prolongada da atenção (Douglas, 1983). 4.3.2. Impulsividade A impulsividade manifesta-se por impaciência, dificuldade para adiar respostas, precipitação das respostas antes que as perguntas tenham acabado, dificuldade em esperar pela vez, interromper ou interferir frequentemente com ou interferir frequentemente com os outros ao ponto de provocarem problemas em situações sociais, escolares ou laborais (Palha, 2006). No que se refere à Impulsividade, tal como acontece com os problemas de atenção, esta varia de acordo com os indivíduos e as situações (Lory, 1999). De um modo geral, os indivíduos impulsivos caracterizam-se por agirem 151 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência sem pensar, por terem dificuldade em esperar por algo, sem reflectirem nas consequências que daí poderão advir. “As crianças hiperactivas têm mais problemas de conduta quando a informação é repetida que quando é novidade”, (Villar, 2005: 36). Segundo Barkley (2002), as características aparentes de impulsividade não se limitam às acções propriamente ditas, afectando igualmente as cognições. Para este autor, a impulsividade sustenta-se na diminuição acentuada da capacidade de inibição comportamental ou controlo de impulsos. A impulsividade reside na dificuldade de inibir o comportamento em resposta a exigências situacionais e tem uma natureza multidimensional, sendo pouco claro quais os aspectos que interferem na criança com PHDA. Esta característica apresenta dois significados distintos: comportamental e cognitivo. O primeiro refere-se à dificuldade de controlar comportamentos e de pensar sobre as suas consequências, requerendo gratificações imediatas. O segundo está relacionado com uma forma rápida de resposta e frequentemente incorrecta perante tarefas que implicam resolução de problemas. Este comportamento afecta sobretudo o desempenho escolar, ou seja, um comportamento impulsivo cognitivo leva a criança a responder aos estímulos sem processo de análise adequado da informação percebida. Ao nível do contexto escolar, são crianças que estão quase sempre fora do seu lugar, movimentando-se por toda a sala. Evidenciam movimentos dos braços e pernas quando estão a trabalhar, mexem em objectos desnecessários à tarefa, falam muito alto com os colegas, emitindo ruídos vocais incomuns e com comentários constantes, relativos às actividades à sua volta e/ou aos comportamentos dos outros (Villar, 2005; Lopes, 2004; Zentall, 1985). Em virtude da sua impulsividade ou aparente baixa consciência do risco, a criança com PHDA é mais propensa a acidentes, uma vez que se envolvem em actividades perigosas sem ter em consideração o seu perigo potencial (Lopes, 2004). Tem notórias dificuldades em suportar a frustração, pelo que evitam as tarefas que previsivelmente só oferecem gratificação a médio ou a longo prazo. Desistem facilmente, preferindo tarefas de recompensa imediata (ainda que mais pequena) e que impliquem menos trabalho. A incapacidade de inibição dos impulsos leva-as também a proferir frases socialmente 152 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência inadequadas ou a interromper a sequência do discurso de outrem (Palha, 2006). Deste modo, a impressão que fornecem às pessoas que lidam de perto com elas, e ainda mais àquelas que só o fazem esporadicamente, é o de serem crianças imaturas, irresponsáveis, mal-educadas, preguiçosas, impertinentes, difíceis de aturar. Porém, poucos adultos se apercebem que são igualmente crianças mais castigadas, criticadas pelos adultos e pelos pares, o que implica um óbvio sofrimento pessoal (Lopes, 2004, Arándiga, 2006). Lopes (2004) considera que actualmente de uma maneira geral, a comunidade cientifica aceita que as causas da PHDA são provavelmente muito mais endógenas (factores internos do próprio indivíduo) do que exógenas (factores do meio). Para Barkley (citado por Lopes, 2004), mais do que factores ambientais, a PHDA parece depender de anormalidades do desenvolvimento do cérebro, decorrentes de factores hereditários. Os factores ambientais com grande probabilidade não estão na sua origem directa, desempenhando apenas um papel potenciador ou moderador dos sintomas fundamentais. 4.3.3. Hiperactividade “ Os profissionais que trabalham dentro do campo da psicopatologia infantil, ao utilizar este termo, referem um quadro sintomatológico de base neurológica que pode degenerar em problemas importantes”. (Villar, 2005:19). A Hiperactividade (ou excesso de actividade) pode manifestar-se por estar inquieto ou mover-se quando está sentado, não ficar sentado quando se espera que o faça, correr ou saltar excessivamente em situações em que é inadequado fazê-lo, ter dificuldades em brincar ou dedicar-se tranquilamente a actividades de lazer, frequentemente andar ou actuar “como se estivesse ligado a um motor” ou frequentemente falar em excesso (Palha, 2006). A Hiperactividade define-se por uma diminuição ou ausência de controlo no indivíduo que dela sofre. Controlo este que se encontra na base do problema. O hiperactivo é incapaz de controlar a sua atenção, devido à 153 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência impulsividade e à sua necessidade de movimento (Arándiga, 2006; Falardeau, 1999). Estas crianças apresentam, normalmente, níveis excessivos de actividade motora ou oral, que se manifestam pela inquietude, nervosismo, movimentos grosseiros e desnecessários para a tarefa e, por vezes, desproporcionados (Arándiga, 2006; Barkley, 1990; Lopes, 2004). É completamente normal que as crianças hiperactivas serem mais activos, mais eufóricos, menos atentos e mais impulsivos que os adultos. Não é de estranhar que as crianças tenham mais problemas em seguir as indicações, e, por conseguinte, acabar o seu trabalho, (Barkley, 2002). A Hiperactividade (ou excesso de actividade motora) pode variar em função da idade do sujeito e do seu nível de desenvolvimento e o diagnóstico deve ser feito cautelosamente em crianças abaixo dos cinco anos (Arándiga, 2006; Palha, 2006). Estas crianças com hiperactividade abaixo dos cinco anos estão constantemente a andar e a mexerem tudo; precipitam-se para qualquer lado, saem de casa antes de vestirem o casaco e sobem e saltam sobre móveis, correm por toda a casa, têm dificuldades em participar em actividades sedentárias de grupo, por exemplo, ouvir uma história (Garcia, 2005; Palha, 2006). As crianças com hiperactividade em idade escolar revelam comportamentos semelhantes aos anteriores, mas habitualmente com menos frequência do que as crianças abaixo dos cinco anos. Têm dificuldades em estar sentadas, levantam-se constantemente, mexem-se nas cadeiras, ficam sentadas no bordo das cadeiras. Transportam objectos de um lado para o outro, batem palmas e mexem os pés e as pernas excessivamente. Levantamse frequentemente da mesa durante as refeições, quando estão a ver televisão ou a fazer os trabalhos escolares. Falam em excesso e fazem muito barulho durante actividades tranquilas (Arándiga, 2006; Palha, 2006). “Todos os hiperactivos, sejam meninos ou meninas, tem de enfrentar um maior número de fracassos que as crianças sem este transtorno, cometem mais erros, tem dificuldade em acompanhar a classe, não se organizam tão bem, controlar as suas atitudes. Esta frustração constante é vivida por cada criança de maneira diferente.” (Villar, 2005:22). 154 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 4.4. Características Secundárias Cognitivas - Alguns défices em termos de inteligência; - Défice na realização académica; - Dificuldades de aprendizagem na leitura, na linguagem, na matemática e na escrita - Dificuldades na orientação espacial; - Dificuldade na habilidade de planear; - Decréscimo na memória verbal e não verbal. Linguagem - Atraso no desenvolvimento da linguagem; - Dificuldades na fala; - Fala em excesso; - Dificuldades na organização e expressão de ideias; - Défice de auto-regulação do comportamento; - Desenvolvimento pobre na argumentação moral. Funcionamento Adaptativo - Apresentam uma menor capacidade de adaptação do que as crianças da mesma idade, sem PHDA. Desenvolvimento Motor - Atraso no desenvolvimento motor; - Movimentos da praxia global lentos; - Défice na auto-regulação moral. 155 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Emoção - Défice de auto-regulação das emoções; - Problemas na tolerância à frustração. Realização Académica - Comportamentos desviantes na sala de aula; - Realização escolar abaixo das capacidades; - Repetições de ano sucessivas; - Integração em um ou programas de educação especial; - Várias suspensões e exclusões da escola; - Dificuldades na realização académica. Realização de Tarefas - Falta de persistência e motivação; - Não realiza uma tarefa de cada vez, acabando por não terminar nenhuma; - Diminuição da produtividade quando não existem recompensa; - Dificuldades em permanecer em tarefas que tenha de haver tempos de espera; - Declínio na perfomance quando um reforço que é contínuo passa a intermitente. Riscos de Saúde - Maior apetência para acidentes; - Possível atraso de crescimento na infância; - Dificuldades em adormecer e durante o sono. 156 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 4.5. Dados de Prevalência De um modo geral, e se tiverem em conta os critérios estabelecidos pelo DSM-IV para diagnóstico da perturbação, os estudos indicam uma variação da perturbação entre 3% a 5% para crianças em idade escolar (APA, 1994). Alguns estudos referem que 80% das crianças com esta perturbação continuam apresentar a sintomatologia típica desta perturbação na adolescência (Gittelman, Mannuza, Shenker e Bonagura, 1985; Mannuzza, Klein, Bonagura, Malloy, Giampino e Addalli, 1991; Barkley, Ficher, Edelbrock e Smallish, 1990; Wender, 1995, Lory, 1999). Em Portugal, 4,3% da população evidencia a sintomatologia típica desta perturbação. Estima-se que em relação ao sexo masculino: pode oscilar até 14% e em relação ao sexo feminino: entre 2% a 9% (Palha, 2006). Nos adolescentes a percentagem pode chegar aos 80%, com declínio da sintomatologia na idade adulta variando de 10% a 60%, sendo mais evidente na cidade do que no meio rural (Baptista, 2002). O sexo dos indivíduos também é um factor interveniente na diferença em termos de taxa de prevalência. MacDermott (1996) estudou as diferenças entre sexos relativamente à prevalência de psicopatologia durante a infância e adolescência em geral. O autor verificou que os rapazes tinham valores mais elevados do que as raparigas para muitos tipos de desajustamento, incluindo a PHDA. De facto, a prevalência estimada nesta perturbação aponta para valores mais elevados no sexo masculino do que no sexo feminino (APA, 1994; Lory, 1999; Fernandes, 2001). 4.6. Etiologia Pensa-se que, na génese desta perturbação, poderão estar implicadas causas, das quais se salientam: - Factores genéticos (maior incidência desta perturbação nos familiares próximos das crianças atingidas, particularmente nos gémeos monozigóticos; identificação de gene do transportador da dopamina; etc.); 157 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência - Factores orgânicos adquiridos ou constitucionais (grandes prematuros; alterações das concentrações cerebrais de dopamina e derivados da noradrenalina; alterações das dimensões de certas áreas cerebrais, córtex préfrontal, gânglios basais; etc.); - Factores ambientais ou sociais (toxinas, como o chumbo, o álcool, o fumo do tabaco; elementos das famílias com índices sócio-culturais mais baixos; etc.) Acredita-se que um dos problemas da PHDA resida num défice entre o processamento da informação recebida e a resposta produzida ou na incapacidade de inibir apropriadamente a resposta até que toda a informação seja processada. Os lobos frontais cerebrais, que se sabe desempenharem um papel influente na regulação da atenção, na actividade e nas reacções emocionais, parece ter um papel importante na PHDA (Levine, 1999; Mercugliano, 1999; Ammerman e Last, 2000; Greenberg, 2000), mas ao que Lopes (2004) acresce “no seu conjunto, estes estudos apontam para uma deficiência no mecanismo da dopamina no cérebro dos sujeitos com PHDA. Contudo, é necessário ser-se cauteloso nas conclusões. Ainda que esta linha de investigação seja promissora, as incertezas são ainda muitas e não se pode por isso ser definitivo”. 4.7. Padrões de Comorbilidade O vasto conjunto de estudos desenvolvidos por Biederman e colaboradores (Biederman, Faraone, Keenan, Steingard e Tsuang, 1991; Biederman, Faraone, Spencer e Chen, 1993) demonstraram a heterogeneidade de desempenhos em crianças com diagnóstico de PHDA. Estas crianças manifestavam uma grande variedade de manifestações, ao nível cognitivo (Faraone, Biederman, Lehman, Keenan, Norman, Seidman, Kolodny, Krauss, Perrin e Chen, 1993; Brochin e Horvath, 1996; Lory, 1999; Lopes, 2004; Palha, 2006). Especificamente, no que se refere ao nível psiquiátrico, muitos estudos têm consistentemente demonstrado a elevada comorbilidade entre a PHDA e outras perturbações na infância (Lory, 1999, Lopes, 2004, Palha, 2006). Assim, 158 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência por exemplo, 44% das crianças com PHDA preenchiam critérios para, pelo menos, um outro diagnóstico (Barkley, 1990), sendo a Perturbação de Oposição e a Perturbação de Comportamento os mais frequentes (APA, 1994), variando a sua estimativa de ocorrência entre 20% (Barkley, 1990) e 60% dos casos (Biedeman, Faraone e Chen, 1993). Estudos clínicos revelaram também que os níveis de comorbilidade são elevados não só entre a PHDA e a Perturbação de Oposição (20% a 60%), Perturbação de Comportamento (30% a 50%), como também com as perturbações de internalização, nomeadamente, as Perturbações de Humor (15% a 75%), e as Perturbações de Ansiedade (aproximadamente 25%), Perturbação de Aprendizagem (80% a 90%), (Baptista, 2002; Biederman, Faraone, Keenan, Steingard et al. 1991; Fischer, Barkley, Fletcher e Smallish, 1993; Palha, 2006), bem como se tem verificado níveis de comorbilidade entre PHDA e os comportamentos de externalização (Biederman, Newcomb e Sprich, 1991). É de salientar que das investigações feitas, as três perturbações mais frequentes associadas com a PHDA são as perturbações do comportamento, depressão e ansiedade e estão igualmente associadas com as dificuldades intelectuais (Arándiga, 2006; Cole, 1990; Frost, Moffitt e McGree, 1989, in Lory, 1999). 4.8. Factores Associados ao Diagnóstico “A Falta de Atenção, a Impulsividade e a Hiperactividade constituem a tríade do comportamento ineficaz para a aprender e para que os alunos se possam relacionar adequadamente entre e com os adultos, com o impacto que ele acarreta no plano do rendimento escolar, na deterioração da convivência e do custo psicológico no bem estar pessoal dos alunos com estas dificuldades”. (Arándiga, 2006:11) As crianças com PHDA apresentam problemas médicos, desenvolvimentais, comportamentais, emocionais e escolares, num grau superior ao esperado nas crianças dessas idades. Estes sintomas têm efeitos 159 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência negativos em termos do desenvolvimento e funcionamento académico, interpessoal, familiar e emocional, causando dificuldades não só para a criança ou adolescente que manifesta esta perturbação, como para os professores, pares e familiares (Arándiga, 2006; Barkley, 2002; Brochin e Horvartb, 1996; Lopes, 2004; Lory, 1999). Estes alunos com PHDA frequentemente revelam características comportamentais associadas, como as de relacionamento interpessoal, de aprendizagem, percepção de estímulos, alterações emocionais, comportamentos de oposição e de desafio, agressividade, problemas de conduta e mesmo, comportamento anti-social. Segundo Palha (2006) e Arándiga (2006), manifestam um padrão recorrente de comportamento negativista, hostil, desafiante, caracterizado pela ocorrência de: - Padrão de comportamento negativista, desobediente, desafiante e hostil relativamente às figuras de autoridade; - Agressão verbal aos adultos aos adultos e companheiros, sobretudo os que o sujeito conhece bem; - Desafio ou recusa em cumprir pedidos ou regras dos adultos; - Persistente teimosia, resistência às ordens, falta de vontade para tomar compromissos, ceder ou negociar com os adultos ou companheiros; - Culpabilização dos outros; - Susceptibilidade ou moléstia pelos outros; - Possibilidade de incluir uma prova persistente e deliberada dos limites geralmente estabelecidos, ignorando ordens, discutindo e não aceitando ser acusado dos próprios actos; - Rancor ou vingança; - Tendência a sofrer acidentes; - Baixa auto-estima; - Poucas habilidades sociais; - Baixa tolerância à frustração; - Oscilações de humor, de emoções, instabilidade afectiva sem motivo justificado; - Desorientação espacial e temporal; - Motricidade fina deficitária; 160 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência - Falta de estratégias cognitivas para organizar a informação. De acordo com Arándiga (2006:139), os transtornos associados à PHDA mais frequentes são: - Perturbação de ansiedade; - Comportamento negativista, desafiante, apatia; - Dificuldades de aprendizagem; - Perturbação de conduta; - Perturbação depressiva: - Tiques; - Dificuldade específica da linguagem; - Descoordenação motora; - Disfasias do desenvolvimento; - Perturbação Gilles de La Tourette; - Epilepsia generalizada, ausências simples ; - Perturbação do sono. 4.9. Desenvolvimento Intelectual, Social e Realização Académica As crianças com PHDA têm uma pontuação baixa nos testes de inteligência (McGee, Williams, Moffitt e Anderson, 1989), mas não é claro que estes representem diferenças reais de inteligência. No que se refere à execução académica, quase todas as crianças com esta perturbação apresentam uma realização académica pobre e abaixo do seu nível de capacidade, determinado por esses mesmos testes. Estas crianças parecem mostrar uma execução, em testes estandardizados de realização académica, mais baixa do que do que a dos seus companheiros (Barkley, Du Paul, McMurray, 1990), o que sugere que podem ter menor capacidade académica do que as outras crianças e adolescentes. Estas crianças e adolescentes revelam algumas dificuldades de aprendizagem, que são definidas como uma discrepância significativa entre a inteligência ou as capacidades mentais gerais e a realização académica na 161 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência leitura, matemática, escrita e linguagem. Cantwell e Baker (1992), numa revisão de vários estudos, concluem que as dificuldades de aprendizagem aparecem com grande probabilidade associada a PHDA, não sendo, contudo, clara a natureza dessa associação. No entanto, estudos de Garcia-Jiménez, López-Pisón, Blasco-Arellano, (citado por Arándiga, 2006:147) informaram que os valores em idades compreendidas entre os seis e os doze anos de idade, sendo correspondente à Educação Primária, alcançam valores de 95% de fracasso escolar, repetindo os anos escolares e necessitando de apoio educativo., manifestando deste modo mais probabilidades de apresentar dificuldades de aprendizagem. Esta dificuldade caracteriza-se por uma discrepância significativa entre a inteligência da criança e o seu aproveitamento académico. Entre 20% a 30% das crianças com PHDA têm algum tipo de dificuldade de aprendizagem nas áreas de matemática, leitura e escrita (Barkley, 2002:118). Para Barkley (2002:50), as crianças hiperactivas têm níveis de realização escolar baixos e inferiores às suas capacidades, muitas vezes devido à dificuldade em manter a atenção, falta de persistência e esforço para terminar a actividade no tempo proposto, tal como as outras crianças que não manifestam PHDA. “Estas dificuldades resultam supostamente dos problemas de atenção, impulsividade e, sobretudo, da irrequietude, que é bastante punida em contexto de sala de aula” (Lopes, 2004:93), essencialmente quando as tarefas requerem momentos de atenção, concentração e memória (August e Garfinkel, 1990) e, por vezes, verifica-se um cansaço prematuro ao desenvolver a actividade, o que perde a sua concentração, mesmo que não existam estímulos distraidores (Arándiga, 2006:46). De modo semelhante, durante a adolescência, o insucesso escolar parece ser a manifestação mais típica da PHDA, um problema que tende a aumentar com a idade (Ficher, Barkley, Edelbrock, 1990), e que pode ser afectado pela presença de dificuldades de aprendizagem, frequentemente coexistentes com a perturbação e que dificultam a aquisição de aptidões académicas específicas, por exemplo leitura, escrita ou aritmética (Wender, 1995, in Lory, 1999). Segundo revelam estudos realizados nos últimos anos, entre 60% e 80% dos alunos com hiperactividade têm problemas académicos 162 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência importantes (Barkley, 1982), incluindo o fracasso escolar e uma alta percentagem de abandono dos estudos (Villar, 2005:57). Desenvolvimento da Fala, da Linguagem e Escrita Além dos problemas de atenção, as crianças hiperactivas podem revelar dificuldades de interiorização da linguagem. Das crianças estudadas por Love e Thmpson (1988), dois terços destas crianças têm problemas de linguagem. Calcula-se que 9% destes alunos têm problemas na leitura (Halpering, Gittelman, klein e Rudel, 1984, in Villar, 2005:58), sendo mais frequente a omissão de letras e, por vezes, substituem as palavras por outras. Devido à impulsividade e aos problemas de atenção, interpretam erradamente o conteúdo de textos (Villar, 2005). A caligrafia também costuma ser irregular e desorganizada, motivada pela dificuldade na motricidade fina (Zentall, 1993). No que concerne ao início da fala, os estudos são inconclusivos, porém, em geral, concordam que estas têm mais probabilidade de apresentar problemas com a linguagem expressiva do que com a receptiva (Barkley, DuPaul e McMurray, 1990). Elas parecem falar mais em conversas espontâneas (Zentall, 1988), contudo, quando precisam de organizar e gerar linguagem em função de tarefas específicas, parece que falam menos, sendo mais difluentes; usam pausas e articulam mal e são menos proficientes na organização da fala (Zentall, 1985). Problemas Sensoriais e Motores Estudos revelam que estas crianças com PHDA não têm maior probabilidade de apresentarem problemas no desenvolvimento da audição, embora possam ter mais otites médias ou infecções do ouvido médio do que as outras crianças, o que pode limitar a audição e criar problemas a nível do desenvolvimento da linguagem, porém não há estudos muito consistentes (Barkley, 2002:120). No que diz respeito a problemas de visão, atrasos no gatinhar e andar, os dados da investigação não são relevantes. Em relação à coordenação motora, as crianças com PHDA têm alguma dificuldade, 163 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência particularmente nos movimentos finos como atar sapatos, desenhar e escrever (Barkley, 2002). Problemas com o Sono As crianças com esta perturbação têm maior probabilidade de apresentar dificuldade em adormecer, têm insónias (podendo estes problemas surgir muito cedo na infância), enurese, movimentos periódicos durante o sono (Arándiga, 2006; Stewart, 1970) Relações Sociais Algumas investigações tentaram documentar a relação entre comportamentos característicos dos indivíduos com PHDA e o seu estatuto negativo entre os pares (Barkley, 1990), a impulsividade que manifestam reflecte-se no seu relacionamento cultural, social e familiar (Arándiga, 2006; Taylor, 1998). Barkley (1995) referiu vários estudos que estimaram que mais de 50% das crianças com PHDA apresentavam problemas significativos de relacionamento com os pares. Para muitas crianças hiperactivas, revela-se extremamente complicado iniciar e manter relações com colegas de escola (Guevremont e Barkley, 1992). Não surpreende pois que pais, professores e colegas descrevam as crianças hiperactivas como agressivas e abusivas em situações sociais, perturbadoras, dominadoras, inconvenientes e socialmente rejeitadas, principalmente se forem rapazes (Lopes, 2004:104). Landau e Moore (1991) fizeram referência a alguns estudos que mostraram que as crianças com PHDA possuíam os atributos individuais que, mesmo em indivíduos da população geral, tinham sido correlacionados com a rejeição por parte dos pares, especificamente, as características de agressividade, comportamento disruptivo e dificuldades de aprendizagem. Características semelhantes foram encontradas em revisões efectuadas por Hinshaw e Melnick (1995) e Erhardt e Hinshaw (1994), verificando estes últimos autores que os comportamentos de externalização eram os preditores mais importantes 164 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência da avaliação negativa dos indivíduos com PHDA entre os seus pares (Lory, 1999). 4.10. Factores Genéticos e Hereditariedade Alguns estudos sugerem uma predisposição genética para a PHDA. Existe uma prevalência de PHDA entre familiares de crianças que sofrem desta mesma perturbação. De facto, desde há alguns anos que se sabe que parentes biológicos das crianças hiperactivas têm tendência a apresentar mais problemas do que os parentes de crianças sem hiperactividade. Entre estes, incluem-se Problemas residuais da Perturbação e Personalidade Anti-Social (25%-28%), o alcoolismo (14%-25%), Perturbações de Humor (10%-27%) (Baptista, 2002), problemas de conduta, hiperactividade e depressão (Lopes, 2004:138). Em 1995, Barkley apresentou um sumário dos resultados desde 1970, encontrando um consenso entre investigações, no sentido de os problemas de défice atencional serem apresentados nas linhas familiares. Alguns estudos nesta área estimaram que 15% a 20% das mães e 20% a 30% dos pais apresentam ou podem ter apresentado PHDA no passado e que 20% dos irmãos das crianças com esta perturbação também a apresentavam (Barkley, 1990; Faraone e Biederman, 1994). No geral, o risco para a PHDA entre familiares biológicos de primeiro grau da criança com esta perturbação foi estimado em 25%-33% (Barkley, 1995, in Lory, 1999). Também a incidência de psicopatologia entre os familiares biológicos de crianças com PHDA, quando comparadas com familiares de crianças sem esta perturbação ou pais adoptivos, têm sido investigadas, no sentido de fornecer um contributo para a compreensão das questões hereditárias, (Lory, 1999), que, de acordo com Phelan (1996), os pais biológicos das crianças hiperactivas parecem ter uma história com alguns problemas psicobiológicos, quando comparados com a restante população. 165 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 4.11. Factores de Risco Alguns dos factores de risco têm sido referidos como contribuintes para o desenvolvimento de perturbações do comportamento, a saber: ansiedade na gravidez e neo-natalidade; baixo peso à nascença; desenvolvimento precoce; consumo de substâncias por parte da mãe durante a gravidez (Baptista, 2002; Mediavilla-García, 2003); exposição precoce a neurotoxinas, tais como chumbo (Needlemen e Bellinger, 1981); as características emocionais; o temperamento difícil da própria criança, cujo aparecimento na infância é influenciado por respostas biológicas hereditárias (Lory, 1999); o ambiente familiar não específico ao relacionamento pais-filhos, incluindo psicopatologia parental; meio socio-económico desfavorecido (Offord, Alder e Boyle, 1986; WebsterStratton, 1990); desorganização familiar (Lopes, 2004); morte e/ou nascimento de irmão (Baptista, 2002); estratégias educativas disfuncionais e atitudes negativas (Patterson e Stouthamer-Loeber, 1984; Stiefel, 1997; Villar, 2006). Múltiplos modelos de factores de risco têm sido postulados (Stiefel, 1997). De um modo geral, estes modelos propõem que diversas interacções entre diferentes vulnerabilidades podem estar envolvidas no desenvolvimento de PHDA (Biederman et. Al. 1995). 4.12. Avaliação e Estratégias de Intervenção “Uma avaliação minuciosa e um diagnóstico preciso são a base para se conhecer e acompanhar com êxito os indivíduos que manifestam PHDA”. (Barkley, 2000:145) O início desta perturbação é, por definição, anterior aos sete anos, quase sempre com manifestações antes dos cinco anos e muito frequente aos dois anos de idade. É necessário recolher informação nos meios onde habitualmente a criança se desenvolve, na sua casa e na escola. Devem participar na avaliação da criança ou jovem, todos os intervenientes no processo educativo do mesmo. “Os pais e os professores constituem as figuras chave para a detecção do défice de atenção com hiperactividade, necessitando 166 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência da intervenção de profissionais de uma forma objectiva, para melhor intervir nesta área” (Villar, 2005:77). Barkley (1977) considera o seguinte, no que diz respeito ao diagnóstico da PHDA: 1. Medidas de inibição são mais úteis do que as medidas de desatenção; 2. Medidas de avaliação das funções executivas poderão ser úteis. 3. Informações recolhidas durante períodos de tempo prolongado e em diversas ocasiões são mais informativas do que observações em gabinete ou numa única sessão. Significa isto que mesmo que se faça o diagnóstico numa sessão, ele ficará sempre sujeito a confirmação e a reconfirmação. 4. Opiniões das pessoas que lidam com o indivíduo são também importantes. 5. Observações múltiplas em contextos naturais são também úteis, além das observadas e gabinetes. 6. Medidas de realização comportamental, como, por exemplo, o funcionamento adaptativo no dia a dia, são úteis e importantes. 7. A magnitude do problema e a sua extensão tornam-se cada vez mais evidentes com o tempo. A avaliação deve ser composta de uma abordagem multidimensional, de diferentes métodos (Baptista, 2002; Barkley, 2002; Simões, 1998; Villar, 2005), recorrendo a: - Entrevistas estruturadas (pais, professores e alunos); - Entrevistas semi-estruturadas (pais, professores e alunos); - Preenchimento de questionários pelo professor; - Preenchimento de questionários pelos pais; - Escalas de comportamento; - Tarefas laboratoriais; - Testes psicológicos; - Testes de desempenho; - Testes neuropsicológicos; 167 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência - Avaliação médica. - A auto-avaliação: é muito importante, permite saber qual o ponto de vista do jovem. Os questionários de Conners têm sido aplicados desde o ano de 1969, com a finalidade de avaliar a melhoria comportamental das crianças hiperactivas que necessitam acompanhamento e tratamento. Conners elaborou a versão para aplicar aos pais e aos professores (Villar, 2005). No que respeita à hetero-avaliação, Conners (1997) referiu que os relatos parentais estão relacionados com sintomas e problemas de comportamento. O mesmo autor refere também que alguns pais tendem em exagerar pequenos sintomas, enquanto outros podem ser relutantes em admitir que os seus filhos tenham problemas, por temerem que isso seja o reflexo de uma educação desadequada (Lory, 1999:31). Estratégias de Intervenção A PHDA é uma perturbação com uma relação muito estreita com o meio onde estão inseridas, as expectativas e as exigências do meio, têm um impacto directo nas dificuldades, que as crianças com PHDA sentem. Um programa educativo adequado; aconselhamento individual e familiar, quando necessário; e medicamentos quando necessários (Lacerda, 2000). Os pais devem compreender e aceitar que o diferente comportamento da criança não é por maldade. Tem causas físicas, alojadas no seu cérebro, que funciona de maneira diferente. A criança tem uma incapacidade e, por essa razão, necessita de uma atenção especial e diferente. Os programas de intervenção devem focar-se nas áreas em que a modificação é desejada, tais como a disciplina, problemas académicos e competências sociais. É necessário identificar os comportamentos apropriados que deverão substituir o comportamento de intervenção. Pereira (2000) diz que as intervenções cognitivas e comportamentais são as mais frequentes, subdivididas nas que têm um maior suporte cognitivo. 168 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Procedimentos Gerais a utilizarem com Crianças e Adolescentes 1. Redução de criticismo, comentários negativos, ameaças e exigências excessivas. 2. Utilização frequente do afecto e de comentários gratificantes. 3. Capacidade para identificar e valorizar comportamentos positivos. 4. Utilização de ordens verbais firmes, não agressivas nem ameaçadoras. 5. Princípio de reciprocidade de direitos e deveres entre educadores, crianças e adolescentes. 6. Possibilidade de discussão de atitudes, preconceitos e padrões desadequados de comunicação que possam existir. Modelos e Métodos de intervenção Princípios Gerais * As instruções a comunicar e as regras a observar devem ser claras e breves; sempre que possível exemplificadas e apresentadas de forma concreta e observável * Deve pedir-se sempre resposta para nos certificarmos da compreensão das instruções e regras * Sempre que ocorrem comportamentos desviantes, chamar a atenção para as consequências negativas, de forma clara e específica * Utilizar estratégias de reforço, de forma a influenciar o comportamento * Prevenir a ocorrência dos comportamentos inadequados, repetindo e recordando as consequências * Casos mais problemáticos - intervenção pedagógica, técnica, dos pais. Recorrer a medicamentos sempre sob controlo médico. 4.12.1. Professor - Como Lidar com a Criança Hiperactiva na Sala de Aula O que é que o professor pode fazer? * Compreender a criança com PHDA – ler artigos ou publicações que o possam elucidar e ajudar à compreensão destas crianças. 169 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência * Não encarar os comportamentos de uma criança com PHDA como um desafio pessoal. A resposta à questão “por que é que ele ou ela não me ouve como todas as outras crianças?” é porque tem PHDA. Estratégias Educacionais – Ensino de Regras (Garcia, 2005). 1) Lembrar as regras aos alunos e ensinar-lhes activamente, através de discussão e exemplos. 2) Manter contacto visual com os alunos. 3) Antes de iniciar uma actividade, lembrar-lhes os comportamentos indispensáveis e que são esperados para a sua realização. 4) Andar, movimentando-se pela sala, de modo a aconselhar e instruir os alunos em relação ao comportamento. 5) Utilizar estímulos e sinais não verbais na orientação dos alunos, de modo a reorientá-los enquanto se está ocupado com outros alunos. 6) Dar instruções rápidas, curtas e bem direccionadas. 7) Certificar-se de que os alunos consideram o que se explicou e fizeram o que lhes foi pedido, antes de passar para outro assunto, o que deverá ser feito de modo breve e bem organizado. 8) Comunicar com frequência e de forma clara, a distribuição de assuntos por tempos, indicando quando se espera que estejam acabados; ajudar a memorizar regras. Promover a Aprendizagem e Ensinar 1) Apresentar tarefas construídas analiticamente, isto é, com o maior número de etapas. 2) Planificar rigorosamente o ensino, partindo dos objectivos finais e estabelecendo outros mais específicos. 3) Propor conteúdos que vão ao encontro dos problemas específicos dos alunos, tendo em conta o seu raciocínio e capacidade de fazer generalizações e aplicações. 4) Utilizar estratégias eficazes de memorização. 170 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Processos Básicos de uma Instrução Eficaz 1) Revisão de conhecimentos, antes de se iniciar outro assunto, verificando se os alunos têm conhecimentos e já adquiriram competências básicas no domínio dessa área. 2) Apresentação de novos conteúdos por etapas ou unidades, referindo factos e conceitos básicos, relações, distinções numa linguagem clara e compreensível, recorrendo a exemplos e aplicações. 3) Cedência de oportunidade aos alunos de praticar o que se acaba de lhes ensinar, orientando-os e ajustando-os nos exercícios e nas dificuldades que encontram. 4) Correcção dos exercícios pelo professor, dando resposta aos alunos e verificando se necessitam de mais ensino sobre esse assunto ou se já têm competências suficientes para prosseguirem autonomamente. 5) Fomentação da prática independente, através de exercícios adicionais, de forma a facilitar a generalização e a sua aplicação a diversos problemas e integrá-los em contextos diversificados. 6) Revisão semanal e/ou mensal do que se ensinou, verificando-se da competência em aplicá-los automaticamente (Garcia, 2005). Na Apresentação de Aulas * Sentar o aluno na primeira fila. * Estabelecer um bom contacto visual. * Verificar se a criança compreendeu as instruções ou explicações. * Tocar na carteira com uma caneta (ou outro material) para captar a atenção da criança. * Encorajar a criança a sublinhar as palavras – chave das instruções. * Permitir que a criança com PHDA possa levantar-se da sua carteira para distribuir papéis ou escrever no quadro. * Chamar a atenção com frases como: “Isto é importante!” 171 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Organização * Reconhecer que a desorganização é uma incapacidade importante para quase todas as crianças com PHDA. De facto, é difícil diagnosticar PHDA na ausência de problemas de organização. * Assegurar-se que tanto os pais como criança sabem quais os trabalhos escolares a efectuar em casa. A maioria das crianças podem assumir esta responsabilidade mas não as que apresentam PHDA. Pode utilizar-se as seguintes opções: - Entregar o esquema de trabalho a efectuar durante a semana. - Informar os pais e o aluno acerca das rotinas. - Informar previamente acerca das datas de avaliação. * Notificar imediatamente a família quando existirem trabalhos de casa atrasados. * Permitir a realização de trabalhos atrasados ou efectuados incorrectamente. Disgrafia * Utilizar computadores. * Usar papel quadriculado para a realização de problemas de matemática. * Minimizar deduções nas avaliações por erros de ortografia e apresentação. Discalculia * Utilizar livremente a máquina calculadora. * Considerar ajuda na realização de cálculos ou problemas, se a criança demorar muito tempo a terminar a tarefa. 172 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 4.12.2. Pais - Como Lidar com o Comportamento da Criança Hiperactiva Os membros da família – pais e irmãos – de uma criança com Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA) referem que os comportamentos destas são tão perturbadores, que chegam a alterar as relações familiares, levando ao extremo de alguns pais desesperarem, perderem o controlo das situações e terem dificuldade em tolerar os seus filhos. Irritar-se e aborrecer-se mais do que tentar resolver os conflitos, pode agravar os problemas. Em vez disso, é mais eficaz controlar as próprias emoções e assumir que estas crianças precisam de super pais, isto é, pais com maiores doses de calma, tolerância e algumas estratégias para lidarem com o comportamento dos seus filhos. 4.13. Orientações Práticas De acordo com um trabalho de parceria com diferentes técnicos que intervêm na resolução de comportamentos hiperactivos, sugerem-se algumas orientações práticas que os pais devem adoptar, para gerirem o comportamento dos filhos com PHDA e favorecerem as interacções positivas entre pais e filhos. Algumas orientações práticas para gerir o comportamento de uma criança com PHDA, sugeridas pelo psicólogo clínico Grácio (2007). Estabelecer hábitos regulares em casa Estabelecer horários e padrões para levantar-se, para as refeições, brincar ou jogar, fazer os trabalhos de casa, ver televisão, ir para a cama. Escrever este horário num quadro ou numa folha de papel e colocá-lo num lugar onde a criança o possa ver. Se o filho não sabe ler, usar desenhos e símbolos para demonstrar as actividades de cada dia. A rotina faz a criança sentir-se segura. Explicar previamente qualquer alteração da rotina. 173 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Estabelecer as regras da casa Estabelecer regras simples e claras para a família. É importante que os pais tornem as regras explícitas, ou seja, que a criança saiba exactamente o que é aceitável e o que não é aceitável e que expliquem quais são as consequências, quando se obedecem as regras e quando estas não são cumpridas. Podem escrever-se estas regras numa folha de papel e colocá-la num lugar onde a criança a possa ver, tal como o horário. É necessário que, em casa, todos os adultos concordem com as regras. Dar instruções claras e consistentes O pai terá a certeza que o filho sabe o que ele quer? Para as crianças com PHDA escutar é difícil. Primeiro, é necessário a atenção do filho. Olhar directamente nos olhos dele. Dar-lhe instruções claras e curtas. Para as tarefas mais difíceis, dar-lhe só uma ou duas instruções de cada vez. Esperar cinco segundos para a criança cumprir a instrução – e depois elogiar. Usar um tom de voz firme e ser positivo Dizer: “Depois de terminares, por favor, arruma!” e não “Não deixes uma confusão!” Isto pode ser mais exigente e esgotante para os pais exaustos do que dizer apenas “não…”, mas também é muito mais eficaz para alcançarem o comportamento que pretendem. Se a criança está no meio de uma actividade, em vez de a interromper abruptamente, é importante dar-lhe um “prazo”: “Daqui a cinco minutos, é hora de ir para a cama”. 174 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Ser consistente Prometer apenas o que pode realmente oferecer. Fazer o que dissera que iria fazer. É importante que reaja de forma idêntica a determinado comportamento do filho, sempre que ele o repete. Por exemplo, quando ele salta em cima do sofá, não o deve castigar em determinadas alturas e noutras achar muita graça, uma vez que, desta forma, o filho não aprende se o comportamento dele é adequado ou desadequado. “Apanhar” o filho a ser bom Quando o filho está a fazer alguma coisa que os pais querem, é uma oportunidade para o elogiar. Em vez de insistir no carácter perturbador do comportamento da criança, é mais aconselhável referir-se positivamente às suas capacidades e êxitos, até nas coisas mais simples, como fechar uma porta calmamente. As crianças com PHDA, geralmente, passam os seus dias a ouvir repreensões dos adultos e referências negativas em relação às coisas que estão a fazer. Precisam de ser elogiados ou premiados pelos seus comportamentos adequados. Ensinar o novo comportamento desejado, servindo de guia Ensaiar com a criança o comportamento ou a tarefa nova, mostrar-lhe e ajudá-la, permitindo à criança fazer o comportamento, quando ela consegue. Encorajá-la a praticar o novo comportamento/tarefa. Fazer isto, passo por passo – dividindo as tarefas mais difíceis em partes mais fáceis e simples. Começar a aprendizagem com as tarefas que a criança consegue resolver correctamente para garantir, deste modo, que ela tenha experiências de sucesso. 175 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Servir de modelo Servir de modelo para a realização do comportamento que deseja. Por outras palavras, se se quer que a criança seja educada, os próprios pais devem ser, sempre, educados para todas as pessoas. Se não se quer que ela entre em conflitos ou que se comporte agressivamente, os próprios pais devem evitar dar palmadas ou usar uma linguagem “dura” para alcançar a disciplina. As crianças observam o que ocorre à sua volta e reproduzem, depois, os comportamentos aprendidos. Por isso, podem aprender a ameaçar e castigar e a praticar estes comportamentos no futuro. Estar atento aos sinais que prevêem uma birra Os pais devem estar atentos e perceber os sinais que prevêem a proximidade de um episódio de birras, desobediência, rebeldia, etc. Deste modo, ser-lhes-á mais fácil controlar estes sinais, afastando a criança da situação de conflito, distraindo-a, por exemplo, com pequenos jogos, etc. Estabelecer uma rotina para as tarefas escolares Escolher um lugar específico para estudar/fazer os trabalhos de casa. Este lugar deve estar livre de distracções, como pessoas, TV, telemóvel, computador ou jogos. Por exemplo, dar-lhe uns minutos para brincar depois da escola e em seguida vai fazer as tarefas da escola. Dar-lhe intervalos frequentes para descansar e no fim do estudo deixá-lo fazer alguma coisa de que gosta. As manhãs que antecedem a ida para a escola podem ser difíceis para as crianças com PHDA. Preparar as coisas na noite anterior – ajudar o filho a escolher a roupa que vai vestir e a preparar a mochila com o material. Na manhã seguinte, dar tempo à criança para vestir-se com tranquilidade e comer um bom pequeno-almoço. 176 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Focar-se no esforço e não nas notas Elogiar e recompensar o filho pelo esforço de terminar as tarefas e não quando tem boas notas. Se ele tiver boas notas, então poderá dar-se-lhe mais recompensas por isso. 5. PERTURBAÇÃO DE ANSIEDADE “Os transtornos de ansiedade são constituídos pela perturbação de pânico, de ansiedade generalizada, Obsessivo-Compulsivo, por fobias específicas, fobia social e perturbação de ansiedade de separação”. (Assumpção e Curátolo, 2004:11) A ontologia da realidade do perigo, principalmente para o próprio, constitui o tema central dos distúrbios de ansiedade. A vulnerabilidade face ao perigo específico, assim como o seu evitamento, define a fobia, física ou social. A vulnerabilidade face ao perigo, sem possibilidade de recurso à protecção de alguém de confiança define a agorafobia. A dúvida quanto à possibilidade de atingir a perfeição na prevenção do perigo define a obsessão compulsiva. 5.1. Conceito Histórico A ansiedade tem estado, desde sempre, estreitamente ligada à condição humana e à lenta evolução dos hominídeos. É mesmo possível que outros primatas superiores, capazes de algumas representações mentais antecipatórias do perigo, a pressintam de um modo relativamente semelhante ao das nossas crianças. Esta experiência emocional já era referida nos hieróglifos egípcios. Ao longo dos séculos, tem sido tema de reflexão e de inspiração criativa dos filósofos, romancistas, psicólogos, psiquiatras e antropólogos culturais (Beck, 1976). 177 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Trata-se do estado emocional que tem, de longe, originado o maior volume de literatura em psicologia (Spielberger, 1972). Talvez já chegue a quinze milhares de livros e artigos. Tanto na psicopatologia dinâmica, como na comportamental, a ansiedade constitui o grande determinante da totalidade ou, pelo menos, dos principais grupos nosológicos. Para Freud a ansiedade adaptativa é uma manifestação de um instinto de preservação pessoal e a patológica é uma reacção à possibilidade de os impulsos inconstantes poderem quebrar as resistências e irromperem na consciência. Joseph Wolpe (1962) definiu os distúrbios neuróticos como comportamentos inadaptativos adquiridos em situações ansiogénicas e a ansiedade como uma resposta do sistema nervoso autónomo a uma estimulação aversiva. Dentro desta linha, formulou o célebre princípio da inibição recíproca, que iria servir de fundamento aos primeiros procedimentos estruturados em terapia comportamental. “Se uma resposta contrária à que provoca ansiedade é emitida em presença de estímulos produtores da mesma reacção, de forma a suprimi-la total ou parcialmente, então a associação entre esses estímulos e a ansiedade diminui.” (Wolpe, 1958:71, citado por Joyce-Moniz, 1997). Sullivan (1953) também considerou a ansiedade como um sintoma comum a todos os distúrbios psicológicos. Quer a ansiedade, quer a fobia foram quase sempre associadas à construção de significações de perigo ou ameaça. Por exemplo, para Dollard e Miller (1950), a ansiedade e o medo constituem respostas semelhantes, diferindo apenas na capacidade da pessoa para identificar o que provoca a ameaça. Para Rogers (1959), é o sentimento de vulnerabilidade da pessoa, quando se encontra numa situação anteriormente interpretada como ameaçadora, que provoca a ansiedade. Para May (1958), para além da dialéctica com o mundo exterior poder produzir ansiedade, esta também é a consequência de uma auto-atribuição de desvalorização e desrespeito. Nã obstante, para os organicistas, a ansiedade tanto pode resultar de uma deficiência do sistema nervoso autónomo (Kraeplin, 1907), como um desequilíbrio bioquímico (Pitts, 1969). Na psicopatologia descritiva do sistema DSM ou na psicopatologia cognitiva (Beck, Emery e Greenberg, 1985), a reacção ansiogénica é apenas 178 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência um dos mecanismos emocionais para enfrentar o perigo e, como tal, preponderante sobretudo nos distúrbios fóbicos, obsessivos-compulsivos ou neurose ansiogénea. Os medos irracionais de objectos ou situações foram referidos desde sempre na literatura de ficção e das doenças mentais. Alguns estudos de fobias específicas ficaram célebres. Por exemplo, Westphall (1892) descreveu detalhadamente a emergência e a sintomatologia da agorafobia, Ball (1879) a da claustrofobia, e Freud (1928) a zoofobia de Hans, uma criança de cinco anos, em relação aos cavalos. Foi igualmente com o advento do século XX que se procedeu à definição e à classificação mais criteriosa deste grupo de perturbações (citado por Joyce-Moniz, 1997). 5.2. Teorias sobre a Ansiedade A ansiedade, vista como resposta emocional, tende a ser concebida como um padrão complexo de respostas, donde interagem os sistemas cognitivos, fisiológicos e motor, os quais mostram, entre eles, uma baixa covariação (Lang et al, 1970). Por outro lado, as investigações sobre ansiedade, entendida como traço da personalidade, puseram em manifesto, a existência de áreas situacionais específicas, ligadas a diferenças individuais, dando lugar a uma concepção multidimensional de traço (Miguel-Tobal, 1993). Nas Teorias Traço-Estado, a ansiedade é geralmente concebida como uma característica da personalidade, relativamente estável e é decomposta em estado de ansiedade e em traço de ansiedade. O traço de ansiedade refere-se a uma tendência do indivíduo para a produção de respostas duma forma ansiosa, enquanto que o estado de ansiedade é descrito como um estado emocional ansioso de carácter temporário e transitório no tempo. Spielberger (in Miguel-Tobal, 1993) recorre os seus trabalhos e os estudos, criando um modelo próprio altamente difundido e influente. Desenvolve a ideia de que uma adequada teoria sobre a ansiedade deve distinguir conceptual e operacionalmente, tendo em conta as seguintes dimensões: 179 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência A – A Ansiedade como estado transitório, onde separa: - Estado de Ansiedade - Estímulos condicionados que provocam esses estados - Defesas para os evitar ou aliviar B – A Ansiedade enquanto traço de personalidade relativamente estável. O estado de ansiedade é conceptualizado como um estado emocional transitório, ou condição do organismo humano que varia de intensidade e flutua no tempo. Esta condição tem um carácter subjectivo devido à percepção consciente de sentimentos de tensão e apreensão e por uma alta activação do sistema nervoso autónomo (Spielberger et al., 1970 in Eysenck, 1992). O nível de ansiedade seria por um lado elevado, em circunstâncias percebidas pelo indivíduo como ameaçadoras, independentemente do perigo real, objectivo. Por outro lado, a intensidade de um estado de ansiedade seria baixo em situações não stressantes, ou em situações de algum perigo, este não é percebido como ameaçante. Por outro lado, o traço de ansiedade é conceptualizado como uma dimensão da personalidade, isto é, diferenças individuais relativamente estáveis quanto à propensão para a ansiedade, ou seja, as diferenças na disposição para perceber estímulos situacionais como perigosos e ameaçantes e a tendência geral para responder perante tais ameaças com reacções de ansiedade. Splielberger (in Eysenck, 1992) assinala ainda que o traço de ansiedade pode ser considerado como o reflexo das diferenças individuais, na frequência e na intensidade, com que os estados de ansiedade têm vindo a manifestar-se no passado e na probabilidade com que tais estados poderão ser experimentados no futuro. Os indivíduos com um marcado traço de ansiedade tenderão a perceber um número de situações como perigosas ou ameaçadoras e a responder a estas situações ameaçadoras com estados de ansiedade de grande intensidade. Segundo Eysenck (1992), é o Estado, mais que o Traço, aquele que determina o nível de desempenho. O estado de ansiedade é basicamente 180 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência determinado pelo traço de ansiedade e pelas situações stressantes. Enquanto existir uma clara concepção de distinção entre traço e estado de ansiedade, pode mesmo ser fácil distinguir entre os seus efeitos nos níveis mais empíricos. Pode concluir-se que a ansiedade em excesso acontece porque o indivíduo não consegue, em termos cognitivos, encarar com realismo a situação de exame, nem fazer uma avaliação correcta das suas próprias capacidades. De acordo com Miguel-Tobal (1990), o modelo situacional centra a atenção no estudo do comportamento em si mesmo e não no comportamento como expressão de uma estrutura ou estado interno do indivíduo; tanto mais que o termo personalidade é raramente utilizado, referindo-se unicamente à organização do reportório de comportamentos do indivíduo. Esta atenção apoia-se em que: as condições e características do contexto em que tem lugar o comportamento determinam o seu desenvolvimento e mantém-no; as formas mediante as quais as condições do meio controlam o comportamento do indivíduo explicam-se pelos princípios e leis da aprendizagem; a partir das experiências do indivíduo, conjuga-se um reportório próprio de comportamento que transporta o cunho das distintas maneiras de como o indivíduo reage às situações. Depois das duras críticas feitas por Mischel (1968) às Teorias Traço – Estado, negando que a conduta está determinada exclusivamente por factores internos e os posteriores excessos do enfoque situacionista, atribuindo aos estímulos ambientais a função de principais e praticamente únicos determinantes do comportamento, aparecem as teorias interactivas. Alguns autores como Bowers (1972,1973) e Endler (1973) propõem que o método adequado para estudar a personalidade deve basear-se em como as características do indivíduo e da situação se influenciam entre si, ou seja, como interagem. As teorias interactivas explicam a ansiedade em função das características pessoais, as condições da situação e, sobretudo, da interacção entre o indivíduo com a situação. O pressuposto básico é o seguinte: qualquer manifestação pontual – estado – de ansiedade é consequência da interacção entre uma certa predisposição – traço – que existe no indivíduo e as 181 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência características em que tem lugar a conduta (Bermudez, 1983), ou seja, toda a reacção de ansiedade dependerá da interacção entre o traço de ansiedade do indivíduo e as características ansiogéneas a situação. Endler e Magnusson (1974; Endler, 1976) assinalaram os elementos básicos da interacção indivíduo - situação, que são os seguintes: - O comportamento actual é função do processo contínuo de interacção entre o indivíduo e a situação em que se encontra; - O indivíduo é um agente activo e intencional nos seus processos de interacção; - Relativamente ao indivíduo, os factores cognitivos e motivacionais são os principais determinantes da conduta; - Relativamente à situação, o significado que esta tem para o indivíduo é o factor determinante mais importante. A situação influencia a conduta pela forma como o indivíduo a percepciona, isto é, depende da informação que esta situação proporciona e a forma como o indivíduo a interpreta. Com efeito, as diferenças individuais no comportamento, devem-se à conjunção de dois tipos de informação: a proveniente da pessoa e a proveniente da situação. Relativamente à controvérsia entre si, o comportamento está determinado em maior parte pelos aspectos pessoais ou pelos situacionais, quanto mais clara e definida é a situação, maior força terá na determinação do comportamento individual, passando, então, as características individuais para segundo plano; à medida que a situação se converte em mais ambígua e menos precisa, a relação exposta inverte-se, sendo as características pessoais as que melhor explicariam o comportamento do indivíduo. Baptista (1988) refere autores como Sarbin (1964) e Hallam (1985), os quais consideram o conceito de ansiedade como um constructo leigo multireferencial, dependente de determinantes biológicos, históricos, sociais, culturais e psicológicos. Considera também que a ansiedade é conceptualizada por três sistemas interrelacionados (cognitivo – verbal, fisiológico e comportamental), os quais são capazes simultaneamente de variação independente. Neste sentido, a perturbação da ansiedade tem um perfil único, ou seja, diferentes indivíduos com a mesma categoria de diagnóstico de 182 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência perturbação ansiosa, como, por exemplo, a fobia, poderão ter desenvolvimentos ou respostas distintas perante o mesmo estímulo – sinal do meio, consoante a activação dada a cada um daqueles sistemas. As respostas poderão ser mais marcadas pelo sistema comportamental (evitam ou escapam a qualquer contacto com o estímulo – sinal, desencadeador de ansiedade), ou pelo sistema cognitivo (existência de ruminação a propósito das possíveis consequências de um eventual contacto com o estímulo – sinal), ou ainda a reacção pelo sistema fisiológico (com uma forte activação do sistema Nervoso Autónomo). A ansiedade, como resposta emocional aquando da percepção de uma ameaça, ou de perigo, está presente no Homem ao longo de toda a vida. E quando é originada por estímulos e/ ou situações, como, por exemplo, animais, dano físico e separações, supõe uma aquisição biológica temporária com o objectivo de preservar a infância de possíveis danos, refere Echeburùa (1992), o que revela um marco de indubitável valor, não só no sentido de preservação do indivíduo, mas também no sentido da preservação da espécie. Num contexto de excesso, a resposta emocional de ansiedade vai ter um papel de pouco adaptativa ou de situações que pouco têm a ver com sobrevivência. São casos como o de alguém que treme ao ser observado; a secura da boca antes de começar a falar ou o coração acelerado ao pensar nos seus problemas. A ansiedade é também entendida como resultado de um processo de interpretação da informação do conjunto das seguintes fontes: 1. O Contexto ambiental; 2. O Feedback sensorial dos processos somáticos e automáticos; 3. O Comportamento observável e não observável, como por exemplo, a expressão facial, os ajustamentos posturais, a evitação, a fuga, a repetição ou a imobilidade; 4. As Diversas combinações destas classes de referentes; 5. Esquemas conceptuais que representam crenças ou atribuições de casualidade. 183 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Deste modo, o estudo da ansiedade tem sido abordado por praticamente todas as correntes ou escolas psicológicas, como um elemento importante dentro da margem da teoria, onde a ansiedade é concebida como experiência interna, emoção ou reacção emocional, resposta ou padrão de respostas, características ou traço de personalidade, estado, sintoma ou síndroma. A ansiedade pode ser definida como uma resposta ou reacção emocional ou padrão de resposta. Engloba aspectos cognitivos de desprezo, de tensão e apreensão, aspectos fisiológicos (caracterizados por um elevado nível de activação do Sistema Nervoso Central) e aspectos motores que implicam comportamentos pouco ajustados e/ ou adaptativos. A resposta de ansiedade pode ser desencadeada tanto por estímulos externos, como por estímulos internos do indivíduo, os quais são percebidos pelo próprio como perigosos ou ameaçantes (Miguel-Tobal, 1993). 5.3. Ansiedade, Medo, Fobias e outras Emoções Para alguns autores, o termo ansiedade e medo têm o mesmo significado, para outros é importante distingui-los. De acordo com Rachman (1998), o medo relaciona-se com sentimentos de apreensão sobre circunstâncias concretas. A ansiedade refere-se a sentimentos de apreensão difíceis de relacionar com fontes objectivas de estímulo, ou seja, está-se perante dois medos: os medos focais (medo) e os medos difusos (ansiedade). Desta forma, o medo é externo ao indivíduo e a sua causa é facilmente identificável. A ansiedade surge como resposta a algo menos óbvio e mais indefinido. Quanto ao tipo de resposta, podemos considerar três componentes distintos: o cognitivo, o vegetativo e o motor. O componente cognitivo refere-se aos sentimentos pessoais, aquilo que cada um de nos sente quando está ansioso, sendo por isso de natureza subjectiva. O componente vegetativo relaciona-se com modificações fisiológicas no organismo, sendo que essas modificações podem ser diversas e variáveis. Quanto às respostas motoras, o indivíduo, ao sentir-se ansioso, vai responder a essa ansiedade através do 184 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência evitamento e da fuga em relação ao objecto ansiogénico, o que irá interferir na sua vida quotidiana, impedindo-o assim de realizar as suas tarefas dentro da normalidade (Rachman, 1998). Na maioria das crianças, os medos de infância fazem parte de um desenvolvimento normal. Contudo, em algumas crianças estes medos reflectem sérios problemas de ansiedade que interfere na rotina diária. Alguns estudos demonstram que os medos de infância são comuns (Ollendick e King, 1997). Em ordem de obter uma imagem precisa da significância clínica desses medos, estes autores realizaram investigações, a fim de constatar se os medos de infância estão relacionados com fobias clínicas e com outras desordens de ansiedade. Resultados mostraram que os medos estão associados com manifestações subclínicas de desordem de ansiedade em 49% das crianças. Entre as desordens de ansiedade está a de separação (Muris e al., 2000). Ansiedade e Separação O transtorno de ansiedade de separação (TAS) é uma alteração psicopatologia muito comum nas crianças e adolescentes. Este é o único transtorno reconhecido pelo American Psychiatric Association como “transtorno de ansiedade específica da infância e adolescência”. Um aspecto essencial para se poder falar da existência de TAS é a reacção de ansiedade que a criança experimenta face à separação, do lugar e das pessoas a que está ligada afectivamente. A ansiedade de separação trata-se de uma componente do sistema comportamental humano, mediante a qual a criança consegue o seu apego a pessoas significativas. À medida que se desenrola o seu sistema afectivo, a criança começa a evitar estranhos e a procurar protecção e bem-estar nas pessoas que lhe são mais afectivas (mãe, pai). Simultaneamente, a criança começa a desenvolver sentimentos de malestar (apreensão, medo, preocupação, etc.) e antecipa possíveis situações de separação das mesmas figuras afectivas, começando a manifestar ansiedade de separação. Portanto, esta ansiedade pode ser considerada como um fenómeno universal, que se observa normalmente depois dos seis - oito meses 185 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência de idade, e que persiste em diferentes graus de intensidade até aos dois – três anos de idade (Ollendrick, Matson e Helsel, 1985). A sintomatologia de TAS parece sofrer certas variações com a idade da criança. Alguns estudos sobre o tema sublinharam algumas diferenças devido à idade. Por exemplo, os sintomas com maior prevalência em crianças de cinco – oito anos eram a preocupação de que ocorresse algo de mal às figuras afectivas e a resistência de frequentar a escola. Nas crianças de nove – doze anos predominava a ansiedade excessiva (Sandín, 1997). Em adolescentes de treze – dezasseis anos, o sintoma mais comum eram as queixas físicas durante os dias de aula. Outra diferença evidenciada para estes autores foi que a ansiedade de separação parecia ser menos característica em adolescentes do que em crianças (Sandín, 1997). A separação mãe – filho permanece um acontecimento muito frequente nas condições actuais de vida, apesar das grandes consequências que isso origina. Para Bowlby (1985), muitas crianças sofrem desordens de ansiedade mais do que qualquer outro problema psicológico. O mais comum é o medo de serem (ou estarem) separadas dos pais. Para Brazelton (2003), muitas crianças passam por uma fase de desenvolvimento onde temem estranhos, como a separação dos pais. Normalmente, começa cerca dos nove meses até cerca dos dois anos de idade. Contudo, para muitas crianças o problema persiste ao longo da infância, podendo causar problemas na adolescência e na idade adulta. Também Bowlby se debruça sobre as reacções da criança a uma separação materna. Nota que a idade mais sensível se situa entre os cinco meses e os três anos, idade onde se observa, em seguida a uma separação, a seguinte sequência comportamental: Uma fase de protesto por ocasião da separação: a criança chora, agitase, procura seguir os seus pais, chama-os (sobretudo ao deitar). Está inconsolável, após dois a três dias as manifestações ruidosas atenuam-se. Uma fase de desespero aparece logo a seguir: a criança recusa-se a comer, a ser vestida, permanece fechada, não pede nada às pessoas que a rodeiam. Parece estar-se num estado de grande luto. 186 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Finalmente, uma fase de desligamento: recusa a presença das enfermeiras, aceita os seus cuidados, a alimentação, os brinquedos. Se neste momento a criança revê a mãe, pode não reconhecê-la ou desviar-se dela. O mais comum é que grite ou chore. Ansiedade Generalizada A Ansiedade Generalizada caracteriza-se por preocupação excessiva, com prejuízo funcional em muitos aspectos, como segurança pessoal, interacções sociais, eventos futuros ou mesmo passados. Essas preocupações são seguidas de sintomas somáticos cefaleias e dores de estômago) e a sua prevalência é entre 2% a 4%, sendo a sua predominância no sexo feminino (Assumpção e Curátolo, 2004:13). Fobias As fobias são estados de ansiedade induzidos por situações específicas, como espaços abertos, alturas, de insectos e animais, do escuro, animais destrutivos, agorafobia. Normalmente, o indivíduo reconhece que o medo que sente é irracional ou excessivo e, regra geral, não tem sintomas na ausência do objecto receado, que é evitado por sistema (Hallstrom e Mcclure, 2000). Fobia Específica A característica fundamental é o medo excessivo e irracional de um objecto, pessoa ou situação, com manifestações de ansiedade e comportamentos de evitação. Difere do medo “normal”, experienciado diante de situação de perigo real, ou apreendido no processo educacional. Para se considerar o seu diagnóstico é necessário que haja prejuízo em algumas áreas de desenvolvimento. Normalmente, permanecem específicas e o indivíduo não desenvolve outros tipos de ansiedade ou fobia pela generalização da patologia. 187 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência As fobias específicas, de início precoce, melhoram habitualmente em cerca de 40% dos casos, de forma espontânea (Assumpção e Curátolo, 2004). Fobia Social Consiste num significado e persistente medo de situações sociais ou do desempenho social, sendo necessário para o diagnóstico ter em conta a competência relativa à fase do desenvolvimento. Pode expressar-se pelos sintomas usuais de ansiedade na criança ou adolescente, evitar situações de stress, como estar sentado na primeira mesa na sala de aula, responder a questões oralmente, evitar brincar em grupo ou outro tipo de contacto social ou de exposição. Por vezes, este tipo de fobia desenvolve-se numa situação social específica, quando um acontecimento desagradável, normalmente uma experiência física ou um incidente embaraçoso, se torna generalizado e o indivíduo fica com medo de enfrentar novamente essa situação (Hallstrom e Mcclure, 2000). Pânico O Pânico é caracterizado por ataques súbitos de pânico associados a um medo intenso, muitas vezes de morrer, a sintomas físicos como palpitações, dispneia, tonturas, tremores e transpiração. Frequentemente os sintomas começam sem nenhum motivo óbvio e o indivíduo refere que sente estar a morrer ou a enlouquecer. O pânico diminui passados alguns minutos ou uma cerca de uma hora, porém volta a aparecer com pouco ou nenhum aviso prévio poucos dias depois. Estas situações levam ao evitamento no qual o ataque foi anteriormente sentido. Estes evitamentos podem alterar e mesmo restringir o estilo de vida do indivíduo. Se são jovens, comprometem os seus estudos e mais tarde quando adultos, terão uma diminuição na qualidade do trabalho, podendo chegar a perder o emprego (Hallstrom e Mcclure, 2000:52). 188 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 5.4. Classificação Segundo o DSM-IV (American Association of Psychiartry, 1994), há apenas uma categoria de ansiedade específica da infância e da adolescência – o distúrbio de ansiedade de separação. Critérios de diagnóstico para Perturbação da Ansiedade de Separação: A. Ansiedade excessiva e inadequada para o nível de desenvolvimento do sujeito, relativo à separação da casa ou das pessoas a quem está vinculado, que se manifesta pela presença de três (ou mais) dos seguintes sintomas: 1- Mal-estar excessivo e persistente quando ocorre ou é antecipada a separação da casa ou de figuras de maior vinculação; 2- Uma preocupação excessiva e persistente pela possível perda das principais figuras de vinculação ou por possíveis males que possam acontecer a essas pessoas; 3- Uma preocupação persistente e excessiva pela possibilidade de que um acontecimento adverso possa levar à separação de uma importante figura de vinculação (por exemplo, perder-se ou ser raptado); 4- Uma relutância persistente ou recusa em ir à escola ou a outro local por medo de separação; 5- Uma relutância persistente ou recusa em adormecer sem estar próximo de uma figura de vinculação ou em adormecer fora de casa; 6- Pesadelos repetidos que envolvem o tema separação; 7- Queixas repetidas de sintomas físicos (como dores de cabeça, dores de estômago, náuseas ou vómitos), quando ocorre ou se antecipa a separação em relação a figuras importantes de vinculação. B. A duração da perturbação é, pelo menos, de quatro semanas. C. O início dá-se antes dos dezoito anos de idade. D. A alteração causa um mal-estar clinicamente significativo ou um défice social, escolar ou noutras áreas importantes da actividade do sujeito. 189 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência E. A alteração não ocorre exclusivamente no decurso da Perturbação Global do Desenvolvimento, Esquizofrenia ou de outra Perturbação Psicótica e, em adolescentes e adultos, não é melhor explicada pela presença de uma Perturbação de Pânico com Agorafobia. Nos casos de início precoce, as primeiras manifestações ocorrem antes dos seis anos. 5.5. Prevalência Ao compararem os sintomas de ansiedade entre sexos, as raparigas mostraram-se mais receosas relativamente a animais pequenos, ao perigo, à morte e a segurança quando comparadas com rapazes. Estes revelaram que a masculinidade estava negativamente relacionada com todos os tipos de medo (Ginsburg e Silverman, 2000). Verificaram também que as crianças classificadas como inibidas apresentaram taxas mais elevadas de perturbações ansiosas e taxas mais baixas de perturbações de oposição, hiperactividade com défice de atenção e depressão maior. Ao compararem os pais destas crianças com os pais de crianças sem inibição comportamental, os pais das crianças inibidas apresentam igualmente taxas mais elevadas de fobia social e uma história de maior incidência de perturbações ansiosas na infância e adolescência. De referir também que nos irmãos das crianças com inibição comportamental a taxa de fobias encontradas foi maior do que a verificada nos irmãos do grupo sem inibição comportamental. Uma outra investigação desenvolvida por Parker, Silove, Hadzi, Pavlovic, Manicavasagar e Blaszczynsky (1991), com o objectivo de comparar os estilos parentais educativos com diferentes tipos de perturbações da ansiedade, pânico e ansiedade generalizada, concluíram que, quando compararam o grupo sem perturbação com o grupo com perturbação, estes referiram menos carinho parental e maior protecção; os indivíduos com perturbação de pânico diferem dos sem perturbação de pânico por apresentarem níveis de protecção maternal mais elevados; os indivíduos com perturbação de ansiedade generalizada nomearam ambos os pais como menos 190 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência carinhosos e mais protectores do que os que não manifestaram esta perturbação (Canavarro, 1999). De referir que as perturbações ansiosas manifestam o seu início em determinados períodos específicos, do ponto de vista desenvolvimental. As fobias específicas manifestam-se entre os seis e nove anos de idade, definemse como o medo desproporcionado em relação a determinadas situações, que não consegue ser explicado, leva à evitação, persiste por um período alargado de tempo e que não é específico para a idade (Ollendick e King, 1991); a perturbação de ansiedade de separação manifesta-se por volta dos sete aos nove anos motivado pelos períodos de afastamento da criança em relação aos seus progenitores (permanência na escola), verificando-se nas crianças de oito anos 50% destes sintomas (Kashani e Orvaschel, 1990). A perturbação de ansiedade social surge entre os oito anos e os doze anos. O receio de estar ou falar em público ou com pessoas de estatuto superior são alguns dos sintomas verificados, aumentando com a idade (Beidel e Turner, 1998); a perturbação de ansiedade generalizada aparece, com maior prevalência, em adolescentes dos doze anos aos dezanove anos, surgindo na sequência de um conjunto de preocupações relacionadas com o próprio adolescente, com o seu futuro, as suas actividades sociais e familiares, que se lhes vão tornando difíceis de controlar e ultrapassar; a perturbação obsessivocompulsiva tem início na adolescência e idade adulta, apesar de, por vezes, ser observada na infância (Baptista, 2000). De referir: Prevalência vida – 13% a 16% Prevalência ano – 8% 3º Distúrbio psiquiátrico mais comum. Factores culturais como moduladores da prevalência e expressão clínica. 5.6. Práticas Parentais e Ansiedade O comportamento, as necessidades e a personalidade de cada membro de uma família produzem impacto e interagem com os outros membros desse 191 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência sistema familiar, produzindo em algumas situações de stress. Com efeito, pode considerar-se que existem muitas fontes geradoras de problemas no seio familiar, como problemas financeiros, objectivos opostos, comportamentos não percebidos que originam conflitos interpessoais. O impacto de um novo membro, a doença, a incapacidade e a morte na família são fontes de stress que poderá levar à separação da mesma, (Priest, 1996). Segundo Canavarro (1999), as investigações centradas nas relações afectivas estabelecidas com os pais durante a infância revelaram de forma consistente que relações de vinculação inseguras, relações caracterizadas por pouca proximidade emocional e estilos educativos pautados por carinho, interesse e suporte encontram-se ligadas à psicopatologia na idade adulta. Igualmente redundantes foram os resultados que apontam para as relações afectivas com a mãe terem globalmente um maior efeito na saúde mental do adulto do que as relações estabelecidas na mesma época com o pai (Rutter, 1985:220). Tal como acontece com inúmeras palavras, o termo ansiedade está hoje em dia banalizado, sendo por isso utilizado pelas pessoas em circunstâncias diversas do quotidiano. Neste sentido, o mesmo conceito pode assumir diferentes formas, consoante a situação em que é aplicado. No campo da ciência, existem também diversas posições teóricas, no que diz respeito a este assunto. Ansiedade pode ser definida “como um conjunto de reacções emocionais, originadas pela antecipação de ameaças ou perigos reais ou imaginários” (Fonseca, 1998:7). Deste modo, a ansiedade pode ser vista como uma emoção, um traço da personalidade, como resposta a um determinado estímulo, como um estado, etc. De acordo com Kelly (1981), a ansiedade é uma experiência subjectiva de apreensão ou de tenção, imposta pela expectativa de perigo ou de dificuldade ou da necessidade de um esforço especial. Kaplan e Sadock (1986) definem ansiedade como uma “experiência universal, caracterizada por antecipação temerosa de um acontecimento futuro desagradável”. 192 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Certamente que na literatura encontramos várias definições. Contudo, há em muitas um ponto comum: a emoção. No que concerne às práticas parentais educativas, Canavarro (1999), Freedman, Kaplan e Sadlock (1980) referiram que uma protecção parental excessiva tem revelado resultados com consequências nocivas, especialmente a privação de carinho, indicador determinante no desenvolvimento de uma grande parte de perturbações emocionais e comportamentais. Biederman, Rosenbaum, Chaloff e Kagan (1995) e Ginsburg e Silverman (2000), ao estudarem o comportamento na infância, concluíram que estes se desenvolvem com diferentes resultados psicológicos, de acordo com a história particular de cada um, com as suas experiências na infância e influência parental, como as diferenças entre sexos se revelaram diferentes. 6. PERTURBAÇÃO DE DEPRESSÃO “O sentimento de falha e o medo de falhar, o sentimento de incapacidade é um dos mais característicos nas pessoas depressivas; sentimento, não só ligado com o defeito do Eu, como também com a exigência do Ideal do Eu; e sentimento que agrava em condições de existência excessivamente competitiva”. (Matos, 2007:43) A Depressão não se refere a uma patologia caracterizada obrigatoriamente por humor deprimido, mas, sim, a um complexo de sintomas, caracterizado por alterações de humor, de psicomotricidade, bem como por uma variedade de distúrbios somáticos e neurovegetativos. Embora todas essas alterações possam estar presentes, nenhuma, incluindo o humor deprimido, pode ser considerada essencial (Assumpção e Curátolo, 2004). 6.1. Conceito Histórico O primeiro autor a tentar uma compreensão psicodinâmica da depressão foi Abraham que, em 1911, salientou os elementos psicodinâmicos que 193 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência caracterizam a melancolia. Segundo o autor existe uma semelhança entre melancolia e a neurose obsessiva, em que ambas as perturbações resultariam “Duma disposição dominada pelo ódio, produzindo uma incapacidade para amar” (Abraham, 1911). A diferença entre elas reside no facto do obsessivo ter capacidade para criar fins substitutivos, enquanto que o melancólico realiza uma projecção. O núcleo do conflito seria uma disposição hostil da libido que, por sua vez, iria sofrer um recalcamento. A incapacidade para amar (projectada no meio) reflectir-se-ia num sentimento de não ser amado, causador de sentimentos dolorosos, de imperfeição pessoal. Este recalcamento da violência interna gera desejos inconscientes de vingança e violência e, consequentemente, uma culpabilidade, que acaba por assumir uma forma masoquista, já que o sujeito sente um secreto prazer no seu sofrimento. Marceili e Braconnier (1984) referem basicamente oito aspectos característicos da organização depressiva. São eles: Perda do objecto, desejo de incorporar o objecto, tendência narcísica, parte de si desvalorizado, depreciação de si, ambivalência, auto-agressão e poder moral causatório. Após 1925, a maior parte dos autores dividiram-se entre duas tendências. A primeira baseia-se na dimensão das diferentes formas de depressão e, sobretudo, da sua etiopatogenia, referindo-se à perda da autoestima e à depressão caracterizada pela desvalorização de si mesmo, pela auto-depreciação dolorosa, ausência consciente de culpabilidade, originada a partir de dificuldades encontradas pela criança na altura da elaboração do Eu primitivo. A segunda tendência assenta numa concepção psicogenética do desenvolvimento. Com base nesta concepção, um dos autores mais importantes no esclarecimento da problemática depressiva foi Melanie Klein. É de salientar que a sua perspectiva é muito importante e permitiu aprofundar as relações entre o normal e o patológico. A autora postula a existência de duas posições durante o primeiro ano de vida: a posição esquizoparanóide e a posição depressiva (a partir do quarto mês de vida). A posição esquizoparanóide seria o nível mais primário da vida mental, onde a ansiedade existente é de cariz paranóide e onde se verifica uma divisão esquizóide do estado do ego e dos seus objectos. A posição 194 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência depressiva constitui um dos grandes desenvolvimentos da teoria de Melanie Klein (Segal, 1975), e na sua essência encontra-se a noção de objecto total, que define um novo tipo de relação com a figura materna. Este tipo de relação objectal supõe a integração das várias “partes do objecto” sentidas como separadas da criança até aos quatro/seis meses de vida. A integração de experiências positivas e personificadas no mundo interior da criança pelo “objecto ideal” desperta sentimentos amorosos e tentativas de identificação. Os impulsos agressivos têm origem nas vivências negativas da criança e são projectadas num objecto exterior, sentido como ameaça para a criança e para o seu objecto ideal. Se o desenvolvimento da criança ocorre em condições favoráveis, este vai sentindo os seus impulsos libidos e o seu objecto ideal cada vez mais forte, o que diminui a agressividade de um possível objecto ameaçador. A estrutura da criança fortalece-se pela sua capacidade de identificação com o “objecto ideal”, reforçando a tendência integradora do self. Está então aberto o caminho para a posição depressiva (até esse momento a criança estava protegida do sofrimento depressivo, devido a mecanismos de defesa, como a clivagem, a projecção). Tal como foi referido, a posição depressiva é marcada pelo reconhecimento da criança de um objecto total, com o qual se vai relacionar. A mãe é agora um ser amado e odiado, às vezes bom, outras más, em certas horas presentes e noutros momentos ausentes, mas integrada numa só pessoa. Este reconhecimento implica igualmente a descoberta por parte da criança da sua dependência da mãe e do seu ciúme dos outros. Da mesma forma que a mãe se torna um objecto inteiro, também o Eu da criança se torna inteiro. Torna-se assim cada vez mais claro para a criança, no prosseguimento dos processos de integração, que é a mesma pessoa – ele próprio – que ama e odeia a mesma pessoa – a mãe. Desta forma, a criança terá que se confrontar com a sua ambivalência, geradora de angústia. Este sentimento de ambivalência resulta do medo, da ansiedade por parte da criança de que o objecto amado seja destruído pelos próprios impulsos agressivos. “No auge da sua ambivalência a criança acha-se 195 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência exposto ao desespero depressivo” (Segal, 1975). Esta etapa importante do desenvolvimento será resolvida dependendo da capacidade da criança em tolerar estes afectos (sentimentos de dependência, ambivalência e a angústia da posição depressiva: angustia depressiva) e reparar o objecto de amor. A não resolução desta fase implicaria uma fixação à problemática da angústia depressiva e, consequentemente, o risco de evolução patológica, nomeadamente o luto patogénico e a depressão. Para Ajúriaguerra (1989), a posição depressiva situa-se após o segundo semestre de vida, entre o décimo sexto e vigésimo quarto mês, no momento da tomada de consciência por parte da criança, da separação da mãe e da sua individualização. O momento depressivo existiria nesta tomada de consciência e na decepção que esta acarretaria, com o aparecimento de sentimentos de fraqueza na relação com o objecto. Denis (1987) defende que, ao longo do seu desenvolvimento, a criança não pode evitar períodos depressivos, uma vez que esta experiência permite a sua separação da mãe e o seu progressivo crescimento, a criança, em função do seu próprio desenvolvimento, não poderia escapar a um longo processo depressivo, que lhe permite emergir da unidade dos cuidados nutritivos da sua mãe. Bibring (1953) refere-se à depressão como um estado afectivo do Eu, um fenómeno do ego, um afecto independente do impulso agressivo, em que as principais vertentes são o sentimento de impotência e de desespero. Assim, quando o Eu está consciente do seu objectivo, porém é incapaz de o alcançar, a depressão surge. Denis (1987) considera que uma criança, quando confrontada com uma perda, tende a sobreinvestir o objecto exterior perdido e a organizar-se em torno desse sobreinvestimento. Poderá instalar-se um sistema depressivo que se organiza à volta da “sombra do objecto”. O que é incorporado na depressão é a sombra do objecto, o objecto naquilo que ele tem de ausente. Para Denis (1987) a sombra incorporada substitui o objecto na sua função organizadora da vida psíquica e tende a fixar o funcionamento mental do sistema depressivo. Dito de outro modo, o autor encara a depressão como uma organização específica em torno dum determinado objecto interno, o objecto depressivo. 196 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Luquet (1976) define depressão como uma defesa contra a agressividade pré-genital. O autor defende que se o afecto depressivo inaugura a vida da criança, ele engendra mecanismos anti-depressivos, estruturando o Eu, realizando experiências correctoras, e deste modo impedindo a introspecção do mau objecto. Para Luquet a fase depressiva testemunha o início de uma evolução patológica. Torna-se importante assinalar, nesta pesquisa, o contributo de autores que, através duma perspectiva de observação directa, relacionam a incidência das experiências de separação e privação maternas como desencadeantes de uma problemática depressiva na criança e que foram pioneiros nesta forma de abordagem. São eles: Spitz e Bowlby. Spitz (1946), psicanalista anglo-saxónico, introduziu o conceito de depressão anaclítica. Tal como a descrição do autismo (Kanner, 1943), a descrição de Spitz acerca da depressão anaclítica (Spitz, 1946) estabelece as bases da psiquiatria da criança. Ao estudar o comportamento infantil de 123 crianças institucionalizadas, Spitz verificou que as crianças que sofriam de depressão anaclítica, em que a sintomatologia residia no choro, perda de peso, insónia e recusa de contacto, tinham vivenciando uma experiência igual: “Entre o sexto e o oitavo mês, estas crianças foram privadas da mãe por um período ininterrupto de três meses, tendo anteriormente estabelecido com ela relação de qualidade”. De acordo com o autor, as relações de qualidade da mãe constituem uma condição fundamental para a emergência de depressão anaclítica, implicando também o reconhecimento prévio da mãe como objecto diferenciado. Na sua vasta e conhecida descrição, torna-se interessante salientar alguns aspectos: os comportamentos de retirada permanecem como uma característica chave da depressão anaclítica, juntamente com o nível elevado de resistência a estimulações sociais. Fazendo também parte deste quadro encontram-se os movimentos atípicos dos dedos (actualmente designados de gestos de auto-estimulação) e a rigidez facial. Spitz classificou a depressão infantil nas “doenças deficientes”. Uma privação emocional parcial conduzira a uma depressão anaclítica, enquanto que uma privação total conduzira ao marasmo. Na privação parcial, a 197 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência existência de uma boa relação mãe – criança é um pré-requisito. Na privação total, as consequências conduzem à mais severa das doenças de deficiência emocional observadas até ao momento, o marasmo, em que a existência de negligência ao nível da relação mãe – criança, anteceda a privação (Spitz, 1946). 6.2. Diagnóstico O conhecimento, o diagnóstico e a intervenção nos casos de depressão são essenciais, evitam que esta dificulte o processo de desenvolvimento e impedem a sobrecarga familiar ou a repercussão negativa na escola. Os pais não devem ter receio de pedir ajuda técnica nessa situação, mas é importante que não a confundam com situações pontuais de desânimo ou com momentos de desinvestimento, para os quais o trabalho de compreensão, em conjunto pais e filhos, deva ser a solução (Sampaio, 2006:117). O diagnóstico da Depressão na Infância tem sido feito em bases predominantemente clínicas, muitas vezes usando-se os mesmos critérios usados para a Depressão do adulto, apesar do quadro ser algo diferente nas crianças, tanto quanto mais jovem for o paciente. E, tendo em mente o facto de ser possível que muitos sintomas incluídos na relação apareçam naturalmente como parte das etapas normais de desenvolvimento da infância e adolescência, para se estabelecer um diagnóstico correcto de Depressão na criança é necessário avaliar também a sua situação familiar, existencial, o seu nível de maturidade emocional e, principalmente, a sua auto-estima. Além das entrevistas com a criança, é muito importante observar a sua conduta, com base em informações dos pais, professores e de outros colegas, de médicos ou psicólogos, atribuindo pesos adequados a cada uma dessas informações. É comum a Perturbação Depressiva na Infância e Adolescência, a ponto de alguns autores recomendarem que, sempre que a criança manifestar tais alterações por um tempo prolongado, deve considerar-se a possibilidade desse diagnóstico. Entretanto, é muito importante determinar se esses sintomas estão, de facto, relacionados com um quadro depressivo ou se são parte das ebulições emocionais normais do desenvolvimento. Como, por exemplo, o 198 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência abandono das actividades próprias da idade e, até aí, habituais no jovem – escola, amigos, desporto, Internet, por períodos cada vez mais longos e frequentes (Sampaio, 2006:117). Importa salientar que, ao examinar a criança ou jovem, nem sempre se encontram os sintomas claros e francos que descrevem o seu estado emocional interno. Um esforço de bom senso e perspicácia deve ser dedicado ao exame clínico, tentando aumentar a possibilidade de a criança menor ser compreendida quanto aos seus sentimentos, apesar de tais sentimentos serem de difícil identificação. Em muitos casos, observa-se apenas uma maior sensibilidade emocional, choro fácil, inquietação, rebeldia e irritabilidade. O reconhecimento de um quadro depressivo infantil e da adolescência como um transtorno que pode afectar pessoas desse grupo etário, reivindicada há mais de trinta anos pelo IV Congresso da União de Pedopsiquiatras Europeus, de 1971 em Estocolmo (Annell, 1972), resultou na elaboração de critérios de diagnóstico para esse quadro, denominando-o de Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência (DSM-IV, 1994, APA). Grande número de critérios diagnósticos tem sido usado nas últimas décadas, com o objectivo de maior fidedignidade. Refere-se o DSM-IV, actualmente o DSM-IV-TR e a CID 10. Apesar de diferirem sobre o tempo de duração da sintomatologia, as suas características podem ser consideradas muito semelhantes com o diagnóstico, tendo de ser feito em bases predominantemente clínicas e descritivas, utilizando-se os critérios para depressão maior de forma similar ao realizado para adulto, embora considerando dados decorrentes da idade do paciente em questão que, obrigatoriamente, altera a patologia do quadro. Actualmente, os critérios apresentados pelo DSM-IV-TR são considerados básicos para o diagnóstico. 6.2.1. Critérios de Diagnóstico DSM-IV-TR (Diagnostic and Statistical Manual, 2002) Duração mínima: duas semanas 199 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência A. Cinco dos seguintes sintomas, sendo obrigatoriamente um ou dois presentes: 1. Humor deprimido na maior parte do dia; 2. Interesse ou prazer acentuadamente diminuído por todas ou quase todas as actividades na maior parte do dia, quase todos os dias (relato subjectivo ou observação feito por outros); 3. Perda ou ganho de peso significativo, sem uso de dietas. Em crianças, considerar falha em apresentar ganho de peso esperado; 4. Insónia; 5. Agitação ou atraso psicomotor; 6. Perda de energia, fatigabilidade; 7. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada; 8. Diminuição da capacidade de pensar e concentrar-se, ou indecisão; 9. Pensamento recorrentes de morte, suicídio. B. Os sintomas não preenchem critérios para um episódio misto; C. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional; D. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos directos de uma substância ou de uma condição médica geral; E. Não decorrente do luto. CID-10 (Classificação Internacional de Doenças, 1993) De todas as três variedades (leve, moderado e grave), o indivíduo habitualmente sofre de humor deprimido, perda de interesse e prazer e energia reduzidos, levando à fatigabilidade aumentada e à actividade diminuída. Cansaço marcante após esforços apenas leves e comum. Outros sintomas comuns são: a) Concentração e atenção reduzidas; b) Auto-estima e autoconfiança reduzidas; c) Ideias de culpa e inutilidade (mesmo em um tipo leve de episódio); d) Visões desoladas e pessimistas do futuro; e) Ideias ou actos auto lesivos ou suicídio; 200 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência f) Sono perturbado; g) Apetite diminuído. A duração mínima de um episódio deve ser de duas semanas. 6.3. Prevalência Os dados de prevalência do Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência por vezes diferem entre si. É importante considerar sempre a diversidade dos locais onde os estudos são realizados e das populações observadas, vários índices de prevalência têm sido estabelecidos para a depressão na infância. Talvez as dificuldades se devam às discrepâncias de diagnóstico, já que alguns consideram como Depressão alguns casos atípicos, como, por exemplo, a Fobia Escolar, a Hiperactividade, etc. Há mais de trinta anos, os estudos de Rutter, Tizarde e Whitmore (1970) começaram a aportar uma prevalência da Depressão Infantil em aproximadamente 1% das crianças de dez anos. Dezasseis anos depois, Rutter (1986) volta a pesquisar e considera que os quadros depressivos são muito mais frequentes na adolescência do que na infância. Essas suspeitas foram confirmadas mais tarde por Cicchetti e Toth (1995) que referiram a prevalência do Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência entre o 1,8% e 8,9%. Sendo a depressão uma doença muito frequente, calcula-se que a prevalência de uma depressão maior (a forma mais intensa e grave da depressão) ao longo da vida é de 10% a 25% para a mulher e de 5% a 12% para o homem (Sampaio, 2006). Segundo este psiquiatra, é preocupante se se somar a estes dados outras formas de doença depressiva, através do qual se poderá ter uma ideia da gravidade e extensão desta perturbação. O impacto económico-social da depressão é considerável e prevê-se que até 2020 ocupará o segundo lugar na lista de doenças com mais repercussão a esse nível (Sampaio, 2006:112). Actualmente, muitos adolescentes sofrem de depressão. Tal como na idade adulta, esta perturbação é mais frequente no sexo feminino: diversos estudos apontam para uma prevalência de cerca de 9% para as raparigas e de 201 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 7% para os rapazes, com referência ao período da adolescência. Se se considerar as idades entre os seis e os onze anos, a investigação demonstra uma prevalência de cerca de 2,5% para ambos os sexos (Sampaio, 2006:112). 6.4. Por que é a Depressão Infantil difícil de Reconhecer Uma das mais importantes tarefas no campo da depressão infantil é identificar o tipo de perturbações na relação que podem ser associadas especificamente à depressão na criança, de forma a avaliar a transformação do desenvolvimento mental da depressão infantil ao longo do tempo, particularmente em períodos de transformações ao nível do desenvolvimento (Montgomery, 2000). Na criança, a sintomatologia depressiva é variada e inconstante. Uma criança triste não é necessariamente uma criança deprimida ou, pelo contrário, uma criança activa e eufórica, uma criança imunizada face à depressão. Estas características poderão, sim, revelar uma sensibilidade depressiva específica. O reconhecimento da depressão infantil torna-se difícil devido ao carácter angustiante e deprimente para o adulto (Montgomery, 2000). Tal como Hallstrom e Mcclure (2000) referem, existe uma tendência para os adultos negarem um estado na criança caracterizado por uma tonalidade depressiva. Tendem então persuadir a criança de que não está infeliz. De facto, a depressão infantil raramente é apresentada como motivo de uma consulta. A dificuldade no reconhecimento da depressão infantil não resulta somente da reticência dos pais, mas também da inexistência na criança de mecanismos psíquicos assegurados que se associam à depressão e ainda com a dificuldade de objectar o fenómeno depressivo. Esta necessidade de uma objectivação do fenómeno depressivo prende-se com o facto de este se basear na delimitação de uma sintomatologia superficial, não esclarecendo os mecanismos psicopatológicos necessários para a sua compreensão (Matos, 2007). A criança com comportamentos de retirada e deprimida não é de forma alguma responsável pela sua condição, mas, sim, uma vítima. Este aspecto conduz à existência de pontos de vista fortemente opostos, chegando mesmo à 202 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência negação da individualidade da criança, como nas teorias orgânicas totais, em que as causas são vistas exclusivamente fora do mundo psíquico da criança. A criança com comportamento de retirada parece modificar o seu processo de atenção, rejeitando activamente o sujeito, exterior ao seu mundo, bem como a sua própria vida mental. As investigações clínicas poderiam tentar esclarecer qual o tipo de perturbações relacionais que podem conduzir à perda da esperança na criança e que as torna propensas à aprendizagem da impotência e depressão. Existem pontos de vista bastante discordantes acerca da importância e frequência das manifestações depressivas. Porém, actualmente, a depressão na infância é considerada uma categoria nosológica, bem como um diagnóstico útil. Cytryn e McKnew (1979) descrevem as tendências actuais de diagnóstico de depressão infantil agrupadas em três perspectivas: - A depressão infantil exige critérios diagnósticos específicos distintos da depressão no adulto. As formas de depressão mais comuns na infância e adolescência são as atípicas ou “mascaradas”. - A depressão na infância pode ser entendida partindo de perturbações afectivas no adulto, em que os critérios diagnósticos são os mesmos que na depressão do adulto, apesar de existirem algumas alterações consoante o nível de desenvolvimento da criança. - Não existe concordância acerca dos critérios diagnósticos da depressão infantil, o que não permite que seja considerada como uma entidade clínica válida. As consequências da depressão na criança caracterizam-se pela perda do sentimento de si (Winnicott, 1965), declínio do comportamento emocional e da vinculação, perturbações de conduta e enfraquecimento cognitivo, e não tanto pelo desenvolvimento de estados depressivos ulteriores (Crittenden, 1965). Ciccheti e Toth (1998) investigou também os critérios diagnósticos da depressão infantil, concluindo que para existir depressão na criança é necessário observar-se: - Alteração do humor há pelo menos quatro semanas, constituindo tal facto uma mudança no que respeita ao comportamento anterior. 203 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência - A interferência de sintomas na vida da criança, bem como no seu funcionamento cognitivo. - A associação de depressão, tristeza, infelicidade e choros com, pelo menos, dois dos seguintes sintomas: ansiedade, perturbação do sono, irritabilidade, pensamentos suicidas, perturbações alimentares, recusa da escola, fobias, obsessões e hipocondria. Beck (1967) propõem que as características da depressão incluem: - Pessimismo, sentimentos de fracasso, ideia auto-depressivo, isolamento social e preocupações somáticas. Cytryn e Mcknew (1972) estabeleceram os seguintes critérios para o diagnóstico da depressão infantil: - Desadaptação escolar e social grave, perturbações alimentares e de sono, sentimentos de desânimo, ausência de iniciativa, desespero, atraso psicomotor, ideias e tentativas de suicídio (ocasionais), persistência de tristeza, concentração intima e fases agitadas e angustiantes. A depressão é um conjunto de vários sintomas que leva a criança ao sofrimento e angústia inexplicáveis, ao medo de ser “diferente”, “ruim”, “sozinho” e “incompreendido”. É uma visão pessimista de si mesmo, de desesperança com a vida, da qual a criança não consegue se livrar. (Cytryn e MacKnew, 1979). 6.5. Características e Sintomas Nas crianças e adolescentes é comum a Perturbação de Depressão ser acompanhada também de sintomas físicos, tais como fatiga, perda de apetite, diminuição da actividade, queixas inespecíficas, tais como cefaleias, lombalgia, dor nas pernas, náuseas, vómitos, cólicas intestinais, visão turva, tonturas, etc. No âmbito do comportamento, a Depressão na Infância e Adolescência pode causar deterioração nas relações com os familiares, amigos e colegas, perda de interesse por pessoas e isolamento. As alterações cognitivas da Depressão infantil, manifestam-se principalmente em relação à atenção, raciocínio e memória, contribuindo negativamente para o rendimento escolar. 204 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Sinais e Sintomas a ter em Atenção A Depressão Infantil não se traduz, invariavelmente, por tristeza e outros sintomas típicos. A diferença entre os momentos nos quais as crianças podem estar tristes ou aborrecidas com quaisquer factores vivenciais que as molestem e a Depressão verdadeira está, principalmente, no tempo e na motivação para esse sentimento. A Depressão Infantil tem sido cada vez mais observada devido, em parte, à actualização conceptual e atenção médica crescente sobre esta doença. Apesar de a Depressão, tanto no adulto quanto na criança, ter como modelo de diagnóstico a conhecida constelação de sintomas, decorrentes da tríade sofrimento moral, a inibição psíquica global e no estreitamento do campo vivencial, as diferentes características pessoais e as diferentes situações vivenciais entre o adulto e a criança farão com que os sintomas secundários decorrentes dos sintomas básicos sejam bem diferentes. O sofrimento moral, por exemplo, responsável pela baixa auto-estima, no adulto pode apresentar-se como um sentimento de culpa e, na criança, como ciúme patológico do irmão mais novo. Nas crianças e adolescentes é comum a Depressão ser acompanhada também de sintomas físicos, tais como fatiga, perda de apetite, diminuição da actividade, queixas inespecíficas, como po exemplo cefaleias, lombalgia, dor nas pernas, náuseas, vómitos, cólicas intestinais, vista escura, tonturas, etc. Na esfera do comportamento, a Depressão na Infância e Adolescência pode causar deterioração nas relações com os demais, familiares e colegas, perda de interesse por pessoas e isolamento. As alterações cognitivas da Depressão infantil, principalmente relacionadas com a atenção, raciocínio e memória interferem sobremaneira no rendimento escolar. Os sintomas mais frequentes da Depressão na Infância e Adolescência costumam ser os seguintes: insónia, choro, baixa concentração, fatiga, irritabilidade, rebeldia, tiques, medos lentidão psicomotora, anorexia, problemas de memória, desesperança, ideações e tentativas de suicídio. A tristeza pode ou não estar presente. 205 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Hoje em dia, a ampliação da constelação sintomática atribuída à depressão infantil tem contribuído, sobremaneira, para a elaboração do diagnóstico e, por causa disso, cada vez mais os distúrbios do comportamento da criança estão a ser relacionados com uma maneira depressiva de viver. A expressão clínica da depressão na infância é bastante variável. Contudo, com base em estudos de vários autores, os educadores devem estar despertos para observar determinados sinais, a saber: Em bebés: Expressão facial triste, apatia, perda de peso ou dificuldade em se ganhar o peso esperado para a idade, palidez, choro frequente sem causa orgânica, falta de expressão, apatia, atraso psicomotor, perda de peso ou aumento inferior ao que deveria ter, dormir pouco. Dos dois aos sete anos: As crianças manifestam: medo do escuro, de pessoas, alterações de sono, dificuldade em se expressarem, linguagem inferior à sua faixa etária, falta de apetite, mudança brusca de comportamento sem justificação aparente, isolamento social, movimentos e reacções lentas, brincam menos (Sampaio, 2006). Dos sete aos doze anos: Nesta idade a escola tem um papel importante; devem ser comunicadas aos pais e ajudá-los a encaminhar a criança, sempre que se observem na escola algumas condutas da criança, tais como: queda de rendimento escolar, absentismo e recusa em ir à escola sem justificação, dificuldade de concentração e pensamento, agitação na sala, não conseguir estar sentado, falar fora do contexto, apresentar distúrbios de fala, não querer participar nas actividades diárias e de rotina, medo de ser “diferente”, não ter amigos, isolar-se, sentir-se infeliz, estar irritado, mau-humor, queixar-se que está cansado, que não dorme, alimentar-se pouco. Tratam-se de sintomas presentes durante um período de, pelo menos, duas semanas. Nestas crianças no final da segunda infância (dos sete aos doze anos), podem encontrar-se quadros de base depressiva mais típica, mas nem sempre. Quando a depressão é muito grave, o que felizmente não é tão comum, podem aparecer também sintomas francamente psicóticos, como, por exemplo, ideias delirantes e alucinações. Pode evidenciar-se também prejuízo das actividades sócio-familiares, incluindo a escola. As ideias suicidas também não são raras, embora dificilmente antes dos dez anos de idade. 206 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Dentro da Depressão Infantil atípica, a mais comum, pode-se ainda encontrar crianças erradamente tomadas por delinquentes e, não raro, crianças que chegam de facto ao suicídio. Tendo em vista a elevada incidência da Depressão Infantil registada por inúmeros autores, será lícito e sensato pensar sempre na possibilidade depressiva diante de qualquer criança problemática. Devem considerar-se os sinais de alerta, uma vez que a criança precisa de ajuda e estas situações podem desencadear problemas mais graves. “A depressão nos adolescentes, para além dos sintomas referidos, podem levar o jovem a mau rendimento académico, absentismo e abandono” (Sampaio, 2006:114). Muitos sintomas de depressão são idênticos em adultos, jovens e crianças, como alterações do sono e apetite, tristeza prolongada sem motivo aparente, falta de iniciativa, irritabilidade, apatia, desinteresse por coisas que lhe dão prazer ou pela vida em geral, por si próprio, pelos outros. Segundo Ajúriaguerra (1989), a existência de vários sintomas, podem agrupar-se em vários registos. São eles: - Disforia social e relacional: jogo, escola; Moral: desvalorização intelectual e escolar, quebra no rendimento escolar; comportamental: agitação; Somático: sono e apetite; Intra-psíquico: ansiedade e fobias. Os sintomas Somáticos existentes são os seguintes: perturbações alimentares (anorexia), perturbações do sono (insónias e pesadelos), dores diversas (cefaleias e dores abdominais), enurese, encoprese, astenia e fadiga. De acordo com Ajúriaguerra (1989), o desinteresse e o desleixo a nível corporal demonstram uma incapacidade de investimento positivo do corpo. As somatizações são mais frequentes em crianças mais novas, denunciando o nível de mentalização da criança. Por exemplo, à medida que a criança vai crescendo, o sintoma somático mais comum são as cefaleias. No que concerne ao plano Social e Relacional, verifica-se falta de interesse pelas actividades que implicam relação, bem como uma fraca susceptibilidade à estimulação por parte da criança deprimida, que se associam a uma avidez intensa ou agressividade (Ajúriaguerra, 1989). Observam-se também comportamentos de dependência e retracção social em que persiste o isolamento e onde é gerado um comprometimento inter-par. 207 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Este desinvestimento parece ter relação directa com comportamento de desinteresse por parte da criança. No registo Intelectual e Escolar, surgem como principais traços a inibição intelectual, acompanhada de uma quebra do rendimento escolar, bem como de dificuldades de memorização e concentração. O pobre desempenho escolar da criança é posterior à depressão, isto é, anteriormente a criança manifestava um desempenho escolar favorável. É também um sinal que mascara a depressão infantil (Hollon, 1979). Dos sintomas referidos mais frequentes da Depressão na Infância e Adolescência referem-se os seguintes: insónia, choro, baixa concentração, fatiga, irritabilidade, tiques, medos, lentidão psicomotora, anorexia, problemas de memória, desesperança, ideações e tentativas de suicídio. A tristeza pode ou não estar presente. Como síntese deste capítulo, pode referir-se alguns sintomas possíveis de Depressão na Infância e Adolescência: 1- Mudanças de humor significativas; 2- Diminuição da actividade e do interesse; 3- Fraco rendimento escolar, perda da atenção; 4- Distúrbios do sono; 5- Aparecimento de condutas agressivas; 6- Auto-depreciação; 7- Perda de energia física e mental; 8- Queixas somáticas; 9- Fobia escolar; 10- Perda ou aumento de peso; 11- Cansaço matinal; 12- Aumento da sensibilidade (irritação ou choro fácil); 13- Negativismo e Pessimismo; 14- Sentimento de rejeição; 15- Ideias mórbidas sobre a vida; 16- Enurese e encoprese (urina ou defeca na cama); 208 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 17- Condutas anti-sociais e destrutivas; 18- Ansiedade e hipocondria. Não é obrigatório que a criança ou jovem depressivo complete todos os itens da lista acima para se fazer o diagnóstico. Ela deve satisfazer um número suficientemente importante de itens para despertar a necessidade de atenção especializada. Dependendo da intensidade da Depressão, pode haver substancial desinteresse pelas actividades rotineiras, queda no rendimento escolar, diminuição da atenção e hipersensibilidade emocional. Surgem ainda preocupações típicas de adultos, tais como, a respeito da saúde e estabilidade dos pais, medo da separação e da morte e grande ansiedade. Suicídio A taxa do suicídio para adolescentes aumentou mais do que 200% na última década. Os estudos recentes mostram que mais de 20% dos adolescentes na população geral tenha problemas emocionais e um terço dos adolescentes que procuram clínicas psiquiátricas sofrem de depressão. A grande maioria das depressões em adolescentes pode ser bem controlada e com o apoio da família, com vista ao sucesso do jovem. Os actos suicidas geralmente estão associados com uma crise depressiva aguda e significativa na vida do adolescente. É importante reforçar que a crise pode parecer insignificante aos adultos ao redor, mas é sempre muito significativa ao adolescente. A perda de um namoro, de uma nota na escola ou a constatação de uma crítica pejorativa adulto significativo, especialmente o pai ou um professor, pode precipitar um acto suicida no paciente depressivo (Kovacs, 1992). 6.6. Comorbilidade * 40-70% Tem segunda patologia psiquiátrica. 209 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência * Alterações do comportamento (ADHD) e perturbações ansiosas (ansiedade generalizada, fobia social, perturbação obsessivo-compulsiva, ataques de pânico). Além disso, tendo em vista a característica atípica da maioria das depressões na infância, alguns autores começam a pensar neste diagnóstico para outras patologias bem definidas, como é o caso do Défice de Atenção por Hiperactividade, para certos casos de Distúrbios de Conduta (notadamente a rebeldia, oposição e agressividade) e para os Transtorno Fóbico-Ansioso. Supõe-se haver uma íntima relação entre todos esses quadros citados e, principalmente na Ansiedade da Infância, quer seja como co-morbidade ou como manifestações clínicas atípicas da Depressão Infantil. 6.7. Práticas Parentais e Depressão Sabe-se que é no seio da família que se estabelecem as primeiras relações, deixando marcas que poderão influenciar o modo de estar da criança no presente e no futuro (Rutter, 1986; Strongman, 1998; Canavarro, 1999; Alarcão, 2000; Sampaio, 2006). O tipo de competências parentais desempenhadas pelos progenitores surge como outra variável importante no processo de desenvolvimental da criança. Assim, certas características consideradas como positivas na relação pais-filho (apoio, carinho, protecção, autonomia, baixo nível de punição, regras claras e consistentes, certo grau de controlo e comunicação) parecem proteger as crianças de manifestações mais nefastas. De salientar o estatuto conjugal dos pais e a relação entre a criança e cada um dos seus progenitores. O ambiente emocional vivenciado pelos pais é importante para o desenvolvimento de competências da criança. Caso contrário, uma separação, divórcio, conflitos, morte, interferirá, naturalmente, com as competências de parentalidade, pelo que algumas das consequências psicológicas do processo de desenvolvimento podem derivar do impacto directo da atitude dos pais, de algumas alterações indirectas que advêm do mal estar emocional, social e 210 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência psicológico geral que influencia o modo como os progenitores exercem as suas funções parentais (Cummings e Cicchetti, 1990). Também Bowlby (1985) se interessou pela influência precoce de separação e privação maternas que tem no surgimento de estados depressivos. Bowlby (1985) tem uma opinião diferente de Spitz e considera a depressão anaclítica como o protótipo da depressão no adulto. Com efeito, em relação à existência de uma continuidade entre a infância e o estado adulto, a depressão anaclítica pode efectivamente ser o protótipo da depressão adulta, pelo menos no que se refere aos comportamentos de retirada sociais e ao atraso psicomotor. O autor sugere que a depressão resultaria de um momento em que o comportamento se desorganiza (como na perda), originando uma cessação nas trocas realizadas entre o sujeito e o meio e que persiste até ao restabelecimento de novos padrões de trocas direccionados a objectos ou finalidades novos. Através dos seus trabalhos acerca da vinculação, Bowlby (1985) verificou que as interacções sociais e emocionais sem dificuldades durante a infância resultam em futuras relações objectais sem dificuldades consideráveis. Se estas interacções são caracterizadas por alguma instabilidade, em que poderá haver separação ou perdas, o resultado poderá ser a existência de futuras relações ansiosas. Estas relações ansiosas têm a sua origem na ausência de figuras de vinculação, na perda dessas figuras ou ainda na sua falta de consistência. O autor analisou também as reacções da criança face à separação da figura materna. A idade mais sensível situa-se entre os cinco meses e os três anos, idade onde se opera, posteriormente a uma separação, a seguinte sequência de comportamentos: - Uma fase de protesto aquando da separação, uma fase de desespero e uma fase de desligamento. A privação de afecto materno origina uma alteração psicológica infantil, caracterizada por uma ansiedade aguda, uma necessidade exacerbada de amor e um forte sentimento de vingança. Em casos extremos, esta separação poderá ser vivenciada pela criança com culpa, ocorrendo a depressão. 211 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Na sua teoria da angústia primária, Bowlby sublinha que toda e qualquer interferência sentida como perturbadora na relação precoce mãe – criança tende a ser vivenciada pela criança como um perigo e, consequentemente, com angústia. A angústia primária seria, deste modo, o resultado da separação da mãe, mesmo antes desta ser percebida (Bowlby, 1985). O autor estabelece uma relação directa entre a separação e a ansiedade, sem estabelecer uma relação directa e linear entre separação ou perda e depressão. A depressão ocorre somente quando a esperança desaparece, na base das experiências relacionais precoces. Por conseguinte, a depressão não resulta directamente da perda, mas da convicção do carácter irremediável da perda. Deste modo, torna-se importante considerar as relações entre a vinculação e depressão. As crianças que vivem situações difíceis no seio familiar são descritas como tendo menos possibilidades de atingir um desenvolvimento físico e psicológico normal, já que as figuras parentais, não só dão à criança a protecção, satisfação de necessidades e bem-estar psicológico, emocional e físico, como nalguns casos infringem sobre eles a dor, desconforto, privação de carinho e de autonomia (Crittenden, 1995). A maioria dos autores que identificaram as características das crianças negligenciadas têm considerado a depressão (com sintomas típicos de tristeza, apatia, auto-estima baixa, desinteresse, culpa, isolamento, problemas de sono, alimentação e comportamentos auto-destrutivos), associada, por vezes, a sentimentos de medo, vergonha e zanga e a comportamentos de hostilidade, fuga e delinquência, como uma das respostas frequentes que as crianças apresentam à privação ou à violência vinda dos pais (Crittenden, 1995). Estes sentimentos sentidos pelas crianças que vivem estas situações são possíveis contributos para a depressão, levando a criança a desenvolver comportamentos que interferirão com o futuro estabelecimento de relações sociais (Crittenden, 1995). Neste sentido, somos confrontados com estilos educativos disfuncionais, aos quais teremos de solucionar respostas. Contudo, concordando também com Pereira (2000), componentes destes estilos educativos podem estar presentes em famílias normais durante 212 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência um certo tempo e não interferem com a resolução adequada das diferentes tarefas desenvolvimentais. “É sempre importante não esquecer o peso adverso das perturbações psicológicas de um dos pais, de ambos, ou da sua dinâmica relacional” (Strecht, 1999:207). A evolução do aconselhamento parental para uma vertente mais cognitiva constitui um avanço significativo, na medida em que se reconhece, explicitamente, por um lado, que os pais são adultos inteligentes, capazes de adquirirem um sistema de significações determinante das suas atitudes educacionais e, por outro, que é pertinente definir um espaço terapêutico para a análise e modificação explícitas dessas significações (Barros, 1996). 213 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 214 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência PARTE II MARCO METODOLÓGICO 215 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 216 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência CAPÍTULO V – TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO 1. Conceptualização do Estudo “O exercício do poder é indissociável das relações humanas. É fundamental que as crianças e jovens aprendam a geri-lo nas inúmeras interacções com os outros, o que lhes permitirá encontrar os seus próprios limites. Assim, uma das principais prerrogativas dos adultos é a de saber como impor limites aos seus filhos, no exercício do seu poder, sem no entanto lhes retirar toda a experiência de os testar”. (Barkley e Benton, 2007:11) Os modelos teóricos que procuram dar a conhecer relações de causalidade entre variáveis têm evoluído, como já referido anteriormente, de modelos de um só factor, assentes numa causalidade linear, para modelos multifactoriais mais complexos. Estes modelos contemplam efeitos de interacção (Cicchetti, 1984, 1990; Rutter, 1988), interferência de mecanismos mediadores (Shaver e Clark, 1994; Hinde, 1997) e a intervenção do próprio acaso (Guidano, 1987). A tendência epistemológicos integradora vigentes do conduz, conhecimento por outro lado, nos paradigmas a abordagens multidisciplinares, em que são ponderadas as influências de diversos factores, pertencentes a disciplinas científicas diferentes, na explicação de um dado resultado (Canavarro, 1999). O conjunto destes aspectos faz com que, em termos ideais, o cenário experimental actual corresponda à ocorrência espontânea da própria vida. Assim, se asseguraria uma validade total da investigação, em que o controlo do número infinito de variáveis intervenientes no processo em causa fosse possível através da metodologia de investigação utilizada. Dado que estes contornos são impossíveis de concretizar em qualquer desenho de investigação produzido por um investigador, torna-se necessário delimitar as fronteiras do problema (tarefa essencialmente conceptual) e introduzir formas de controlo das variáveis consideradas mais importantes (tarefa de cariz metodológica e estatística). 217 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Subsequentemente, ao procurar estudar no presente trabalho a relação entre práticas parentais educativas e as perturbações que as crianças e adolescentes manifestam na infância e adolescência, partiu-se do princípio que as relações afectivas podem ser afectadas por aspectos sociais, comportamentais e emocionais, dimensões cuja existência é um pressuposto nesta investigação. Educar os filhos requer autoconfiança, paciência, carinho, protecção, favorecimento de autonomia e um sentido de saber até onde pode ir. É importante que os pais tentem demonstrar uma maior compreensão e solidariedade em relação à educação dos filhos e, igualmente, desenvolver capacidades mais apuradas para construir um ambiente seguro, previsível e estruturado. Aprender mais sobre a maneira de desempenhar as funções de mãe ou pai e como se desenvolvem as mentes e emoções dos filhos pode constituir um alívio para os pais e para os filhos. Deste modo, todos tiram proveito para um desenvolvimento harmonioso na família (Rijo, 2006). Centrou-se o trabalho na intervenção de variáveis psicológicas em dois momentos do ciclo de vida, infância e adolescência. Privilegiaram-se as relações afectivas estabelecidas com os pais. Valorizou-se três factores essenciais à harmonia familiar: o carinho, a autonomia e a protecção. Suporte emocional é definido como o leque de comportamentos dos pais perante o filho, que fazem com que este se sinta confortável na sua presença e lhe confirmem a ideia de que é aprovado como pessoa pelos seus progenitores. Esta dimensão é, operacionalmente, um somatório de comportamentos dos pais em relação aos filhos tais como aprovação, encorajamento, ajuda, compensação, expressão verbal e física de amor e carinho (Canavarro, 1999:237). O amor, a afectividade, o carinho, a amizade são emoções e sentimentos necessários ao ser humano. Todos precisamos de nos sentir aceites, de nos sentir amados. Precisamos compreender, por meio de actos de afecto, que somos desejados. Não podemos negar que nossa sociedade privilegia o oferecer, porém, o dar, o receber não devem ser esquecidos. Devemos pensar em atitudes desinteressadas, nós influenciamos atitudes, desde pequenos somos influenciados, como afirma Harris (1996). 218 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência A protecção, factor também importante, reflecte o comportamento parental, caracterizado por experiências entre ambos, de modo equilibrado e nunca na tentativa de conhecer todas as actividades dos filhos (superprotecção), como também pela falta de interesse pelas actividades do filho, seja a nível educacional e relacional. Ao favorecer a autonomia, devemos deixar a criança e jovem aprender através da sua própria acção. A aprendizagem activa estimula a imaginação e incentiva a criança e jovem a ter uma boa imagem de si própria. Nesta prática educativa, os filhos são tomados como o centro da aprendizagem, participando, colaborando e manifestando os seus interesses, receios e desejos, exercitando a sua iniciativa e autonomia. Durante este processo, sentem que vão adquirindo competências, atitudes e saberes. Concordando com Suárez, “A área de identidade e autonomia pessoal parte do processo de interacção da criança com o seu meio. Se dá através de um processo, um conhecimento que progressivamente a criança vai adquirindo de si mesmo, uma valorização das suas próprias possibilidades e limitações, um processo de diferenciação…Coerente com a aquisição da autonomia, independência, aquisição gradual de hábitos relacionados com a saúde, higiene, nutrição e bem estar em geral.” (1998:79). Por isso, é de extrema importância que pais, amigos, professores estejam atentos sobre quais são as suas influências e transmitam a afectividade, o carinho nos seus relacionamentos. 2. PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO 2.1. Organização da Investigação e Planificação do Estudo Estudo longitudinal em que os questionários de avaliação serão efectuados na escola com conhecimento dos pais. Será feita uma análise de conteúdo dos instrumentos de avaliação a aplicar. 219 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência No que respeita à organização da investigação, esta delinear-se-ia provisoriamente da seguinte forma (susceptível, de reestruturação ao longo da realização deste trabalho): - Selecção aleatória dos estabelecimentos de ensino, de entre os estabelecimentos integrantes da Direcção Regional de Educação; - Marcação de reuniões com as direcções dos estabelecimentos de ensino seleccionados, com apresentação do projecto de investigação e dos instrumentos a aplicar e solicitação de autorização para a realização do estudo; - Após autorização para a realização do estudo, entrega aos pais dos alunos de uma carta explicativa do projecto de investigação, assim como do respectivo formulário para autorização da aplicação dos instrumentos aos seus filhos; - Pedido de colaboração voluntária, explicação sobre a natureza do estudo e do tipo de tratamento de dados, garantia de estrita confidencialidade das respostas. - Marcação das datas de aplicação dos questionários aos alunos e um espaço designado para o efeito; - Preenchimento dos questionários, com instruções padronizadas. O preenchimento do protocolo foi feito na presença do investigador, possibilitando o esclarecimento de possíveis dúvidas surgidas no decurso respectivo. - Recolha e tratamento dos questionários preenchidos pelos alunos. 2.2. Deontologia De modo a proteger a confidencialidade dos dados, bem como o anonimato dos indivíduos, todos os inquéritos foram anónimos. Após recolhidos os protocolos, a informação foi recodificada e inserida em base de dados, com o objectivo de, posteriormente, ser efectuada a sua análise estatística. 220 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 2.3. Definição do Objectivo “O objectivo de um estudo indica o porquê da investigação. É um enunciado declarativo que precisa a orientação da investigação segundo o nível de conhecimentos estabelecidos no domínio em questão. Especifica as variáveis-chave, a população alvo e o contexto do estudo. O objectivo do estudo harmoniza-se com o grau de avanço dos conhecimentos e escreve-se em termos que indicam o tipo de investigação a empreender, ou seja: denominar, descrever factos, explorar ou examinar relações, predizer, avaliar os efeitos…”. (Fortin, 2003:100) Considera-se relevante o seguinte objectivo: Avaliar as Práticas Parentais Educativas e relacioná-las com o desenvolvimento de Perturbações de Ansiedade, Depressão, Hiperactividade e Défice de Atenção na Infância e Adolescência nas Regiões de Educação de Portugal Continental. 2.4. Formulação de Hipóteses Considerando que uma hipótese é um enunciado formal das relações previstas entre duas ou mais variáveis: a hipótese combina o problema e o objectivo numa explicação ou predição clara dos resultados esperados para um estudo; a formulação de uma hipótese implica a verificação de uma teoria ou, mais precisamente, das suas proposições; as hipóteses são a base da expansão dos conhecimentos quando se trata de contestar uma teoria ou de a apoiar. “As hipóteses provêm seja da observação de fenómenos na realidade, seja da teoria ou de trabalhos empíricos. A elaboração de hipóteses requer as formas de pensamento indutivo e dedutivo. Pela observação, o investigador 221 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência pode estabelecer as ligações entre fenómenos e assim constituir uma base para a formulação de hipóteses” (Fortin, 2003:102). Partindo do pressuposto de que há uma relação entre o modelo de relacionamento parental e as manifestações emocionais e comportamentais na infância e adolescência, na população portuguesa de ambos os sexos, com idade compreendidas entre os sete e dezasseis anos de idade, formularam-se as seguintes hipóteses que se passam a enumerar: HIPÓTESE 1 Existe diferenciação entre sexos em relação à percepção das práticas educativas parentais. HIPÓTESE 2 A diferença entre sexos é significativa em relação ao ajustamento emocional, comportamental e papéis sexuais das crianças e adolescentes. HIPÓTESE 3 Verifica-se diferença em relação à percepção das práticas parentais nas diferentes regiões escolares do país. HIPÓTESE 4 A avaliação as Práticas Parentais Educativas feita pelas crianças e adolescentes portugueses revela uma relação idêntica com as dimensões de Carinho, Autonomia e Protecção estudadas por Parker, Tupling e Brown, (1979). 2.5. Variáveis a Considerar Existem diversas variáveis neste estudo, contudo é possível constatar, provisoriamente, a existência das seguintes: Variáveis Independentes: - Género, Idade, Ano de Escolaridade; - Desempenho Escolar; 222 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência - Hábitos de Estudo; - Idade dos Pais. Variáveis Dependentes: - Práticas Parentais Educativas; - Perturbações de Ansiedade, Depressão e Hiperactividade. Variáveis de Caracterização: - Zona Geográfica de Região Escolar. 2.6. Caracterização do Grupo de Estudo A população a avaliar, representada pelo grupo de estudo destinatário da investigação realizada nesta tese de doutoramento, será, em princípio, constituída por alunos que frequentam os estabelecimentos escolares do ensino público, nas Regiões de Educação do Norte, Centro e Sul, respectivamente o 1º Ciclo, 2º Ciclo e 3º Ciclo do Ensino Básico (7ºAno a 9ºAno de Escolaridade), de Portugal Continental. A população em estudo será composta por sujeitos de idades compreendidas entre os sete e dezasseis anos de idade de ambos os sexos. 2.7. Instrumentos de Avaliação Assim, partindo do pressuposto de que se pode estabelecer uma relação entre o modelo de relacionamento parental e o desenvolvimento de comportamentos hiperactivos na infância, procurar-se-á testar as hipóteses anteriormente formuladas, através dos seguintes instrumentos de avaliação: - Questionário de Ligação Parental. - Escala de Hiperactividade e Défice de Atenção – Alunos e Professores. - Escala de Ansiedade. - Escala de Depressão. - Escala dos Papéis Sexuais. 223 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 2.7.1. Validade dos Instrumentos de Avaliação A Validade é um conceito importante, que se aplica sobretudo aos estudos de tipo experimental. Além de se preocupar com a manipulação, com a repartição aleatória e com o controlo, ao investigar deve velar-se para que os resultados sejam válidos, isto é, verídicos, plausíveis. O conceito de validade assenta na autenticidade dos factos demonstrados numa investigação (Fortin, 2003:141). Todos os instrumentos aplicados neste estudo estão devidamente validados na população portuguesa. 2.8. Métodos de Avaliação das Práticas Parentais Educativas As Práticas Parentais Educativas podem ser avaliadas de diferentes modos, tais como: por observação com registo das interacções entre pais e filhos, gravações em vídeo, situações de role-playng, a partir de entrevistas semi-estruturadas e questionários de auto-avaliação, sendo que cada um destes métodos apresenta vantagens e desvantagens (Pereira 2000), os quais se descrevem seguidamente. 2.8.1. Método de Observação das Práticas Parentais Educativas O método de observação das práticas parentais educativas pode ser feita através de uma situação laboratorial estruturada para o efeito ou através da observação no próprio ambiente. Esta técnica tem como vantagem principal, o facto de se ter acesso ao ambiente natural em que ocorrem as interacções pais-crianças. No entanto, para além de implicar custos muito elevados, este método pode ser influenciado por alterações do próprio ambiente (presença do observador, câmara de vídeo, outros). 2.8.2. Método da Entrevista Semi-Estruturada O método de entrevista semi-estruturada é outro meio utilizado. Brown, Harris e Bifulco (1986), desenvolveram uma entrevista semi-estruturada para avaliar a falta de carinho parental. Esta entrevista é composta por duas escalas 224 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência que avaliam a indiferença e o controle parental. A indiferença é definida pela negligência e falta de interesse ou atenção. A avaliação é baseada nas respostas a questões acerca do interesse nos amigos, trabalho, na escola, no tratamento em dias especiais como aniversário, Natal, entre outros, e em áreas básicas como adequação da alimentação e do vestuário. O controlo parental é avaliado a partir das restrições impostas à criança e aos esforços postos para fazer cumprir essas regras em família. Este método tem como limitação por exemplo, que os indivíduos podem omitir dados ou mentir durante a entrevista. 2.8.3. Método de Questionários de Auto-Avaliação Os questionários de auto-avaliação são medidas que permitem de modo rápido e fácil, recolher informações, contudo também se lhe apontam algumas limitações como: os questionários de auto-avaliação parecem estar mais sujeitos a enviesamentos nos relatos subjectivos, ou seja, o indivíduo pode assumir durante o preenchimento do questionário uma posição de vivências psicológicas diferentes da sua vida quotidiana. A passagem do tempo introduz enviesamentos, quando se relatam experiências vividas depois de percorridos grandes períodos de tempo. Blatt e Chevron (1979) verificaram as percepções do humor no momento da avaliação, ou seja, o comportamento parental era avaliado pelo mesmo indivíduo de modo mais adverso em períodos depressivos, e de modo favorável quando o humor estabilizava. A avaliação retrospectiva das Práticas Parentais Educativas, através de questionários de auto-avaliação, pode ser efectuada por várias medidas. Holden e Edwards (1989) fizeram uma revisão de oitenta e três destes questionários e concluíram que a grande maioria não apresentava propriedades psicométricas adequadas ou estas propriedades não foram suficientemente estudadas. Entre essas medidas, três deles, o CRPBI, o PBI e o EMBU, foram submetidos a uma análise por Gerlsma, Emmelkamp e Arrindell (1990), de acordo com a qual foram consideradas suficientes para a sua utilização nesta área, devido às suas adequadas propriedades psicométricas. Comum a estas três medidas, descreve-se a avaliação independente para cada uma das figuras parentais e a avaliação retrospectiva das Práticas Parentais 225 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Educativas. Estes autores estabelecem alguns critérios para esta determinação: Estrutura factorial que incluísse as dimensões de “Afecto” e “Controle”, normalmente consideradas como as principais dimensões no Estilo Parental Educativo (por exemplo, Schaefer, 1959; Blatt e Chevron, 1979; Parker, 1983; Arrindell, Perris, Eisemann, Van der Veen, Ross, Benjaminsen, Gaszner e Vecchio, 1986; Perris, 1988); réplica dessa estrutura factorial em diversas populações; fidelidade satisfatória dos factores encontrados; demonstração do poder discriminativo, especialmente entre pacientes e grupos de controlo. Estes instrumentos de avaliação das Práticas Parentais Educativas demonstram características psicométricas, logo adequadas para este tipo de investigação. 2.9. Questionário de Ligação Parental As Práticas Parentais Educativas foram avaliadas pelo Questionário de Ligação Parental – (QLP-A), que foi desenvolvido a partir do Parental Bonding Instrument (PBI, Parker, Tupling e Brown, 1979), com o objectivo de avaliar os diferentes estilos parentais. Esta escala é composta por vinte e cinco itens, que permite às crianças e adolescentes avaliar o comportamento do pai e da mãe, permitindo a obtenção notas relativas a três dimensões das práticas educativas: o Carinho, itens relacionados com o afecto, compreensão e empatia; a Autonomia, itens relacionados com a promoção da independência e autonomia; e a Protecção, itens relacionados com controlo, infantilização, intrusão e protecção. A resposta a cada item é efectuada numa escala de Likert de quatro pontos, 0=muito parecido, 1=moderadamente parecido, 2=moderadamente diferente e 3=muito diferente, respectivamente para o pai e para a mãe. As variáveis Carinho, Autonomia e Protecção são quantitativas. No que respeita às qualidades psicométricas, os coeficientes alfa, para as escalas de Rejeição e Carinho foram de 0.86 para o pai e 0.88 para a mãe; Para a Protecção foram de 0.62 para o pai e 0.60 para a mãe e para a Autonomia foi de 0.57 para o pai e 0.58 para a mãe (Baptista, Negrão, Lory e Carvalho, 1997). 226 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Atendendo a que este questionário, cujas qualidades psicométricas se encontram estudadas na população portuguesa, parece pertinente a sua utilização no presente estudo. 2.10. Escala de Avaliação de Hiperactividade A Hiperactividade e Défice de Atenção foram avaliadas pelo Children’s Atypical Devlopment Scale (CADS-A, Conners, 1997), aplicando a versão de trinta itens da escala de PHDA/DSM-IV de Conners para crianças e adolescentes, constituída por duas sub-escalas independentes: o Índice de Hiperactividade, com doze itens, e a sub-escala de sintomas do DSM-IV, composto pela Falta de Atenção, com 9 itens e pela HiperactividadeImpulsividade, com nove itens. O formato de resposta é efectuado através de uma escala de Likert de 4 pontos, 0=nunca é verdade, 1=às vezes é verdade, 2=é quase verdade e 3=é sempre verdade. As variáveis Índice de Hiperactividade, Falta de Atenção e Hiperactividade-Impulsividade foram consideradas no presente estudo como variáveis quantitativas. No que respeita à fidelidade, os coeficientes de consistência interna, alpha de Cronbach, encontrados para o índice de PHDA foram de 0.75 para rapazes e de 0.75 para raparigas, apresentou um coeficiente de correlação de teste-reteste de 0.87 (Lory, 1999). 2.11. Escala de Avaliação de Ansiedade A Perturbação da Ansiedade foi avaliada pela Screen for Child Anxiety Related Emotional Disorders Riview (SCARED-R, Muris, Merckelback, Schmidt e Mayer, 1999). É uma medida de auto-avaliação para os sintomas de ansiedade em crianças e adolescentes, elaborada segundo os critérios de diagnóstico do DSM-IV (APA, 1994). A SCARED-R é constituída por sessenta e seis itens avaliados numa escala de resposta de tipo Likert de três pontos, 0=quase nunca, 1=às vezes e 2=sempre, que se agrupam em sete subescalas: pânico, ansiedade de separação, ansiedade generalizada, fobia social, 227 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência fobia específica, perturbação obsessivo-compulsivo e perturbação de stress pós-traumático. Foram descritos alfas de Cronbach de 0.94 para o total da escala, variando de 0.64, fobias específicas, a 0.80 perturbação de pânico, para as sub-escalas. 2.12. Escala de Avaliação de Depressão A Depressão foi avaliada pelo Children’s Depression Inventory, (CDI; Kovacs, 1981), que mede sintomas depressivos específicos em crianças e adolescentes. O CDI é uma adaptação do Beck Depression Inventory – (BDI, Beck, 1967). Constituída por vinte e sete itens de auto avaliação dos aspectos cognitivos, afectivos e comportamentais da depressão, com cinco sub-escalas: humor negativo, problemas interpessoais, ineficácia, anedonia e auto-estima negativa. As respostas a cada item são efectuadas de uma escala de zero a dois, de acordo com a intensidade dos sintomas durante as duas últimas semanas, significando os valores mais elevados uma maior intensidade dos sintomas. Foram encontrados coeficientes de consistência interna de 0.86, adequada fidelidade teste-reteste e satisfatória validade convergente e descriminante (Kovacs, 1992). 2.13. Escala de Avaliação de Papéis Sexuais Os Papéis Sexuais foram avaliados pela escala Children’s Sex Role Inventory (CSRI, Boldizar, 1991), inventário desenvolvido a partir do Bem Sex Role Inventory (BSRI, Bem, 1974). É uma medida de auto-relato construída com o intuito de avaliar as diferenças dos papéis sexuais nas crianças e adolescentes. Constituído por sessenta itens, dos quais vinte são masculinos, vinte femininos e vinte neutros. Foi pedido às crianças e adolescentes que, segundo uma escala tipo de Likert de quatro pontos, seleccionassem um item desde 1=não é verdade; 2=às vezes é verdade; 3=muitas vezes é verdade; 4=é sempre verdade. A validade foi assegurada através das escalas femininas e 228 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência masculinas altamente consistentes, Alpha de Cronbach, 0.81 e de uma média de estabilidade de teste de 0.60 (Boldizar, 1991). Na medida de avaliação de dados demográficos, serão avaliadas as seguintes variáveis: idade, sexo, idade dos pais, números de irmãos, posição na fratria, sector profissional dos pais, aproveitamento escolar, hábitos de estudo. 3. ANÁLISE E TRATAMENTO DE DADOS A análise de dados foi feita através de uma base de dados no Programa EXCEL a qual se transferiu para o Programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), versão 13.0 para Windows, realizando-se aí os procedimentos estatísticos e apresentação gráfica. Foram determinadas médias, desvios padrão. Para o estudo das diferenças entre grupos, utilizaram-se diferentes procedimentos univariados, dependendo da natureza das variáveis em causa: teste-t de Student para amostras independentes, este teste compara as médias nas variáveis em estudo; análises de variância simples (ANOVA); as diferenças entre os grupos e sexo foram efectuadas a partir de análises multivariadas da variância bivariadas (MANOVA); matriz de correlação de Pearson para o estudo das relações entre os estilos educativos do pai e da mãe do mesmo grupo; análise de factores preditores na variável independente práticas parentais educativas e as variáveis psicológicas estudadas. 3 . 1 . Amostra “A amostra é um grupo de sujeitos que fazem parte de uma mesma população. É, de qualquer forma, uma réplica em miniatura da população alvo. Deve ser representativa da população visada, isto é, as características da população devem estar presentes na amostra seleccionada.” (Fortin, 2003:202) 229 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência A amostra é composta por trezentos e sete alunos, sendo cento e quarenta e oito do sexo masculino e cento e cinquenta e nove do sexo feminino. 3.2. Critérios de Inclusão e Exclusão Foram considerados como critérios de inclusão das crianças e adolescentes na presente investigação, a presença das seguintes condições: - Estudantes com idades compreendidas entre os sete e os dezasseis anos de idade que tenham sido autorizados pelos pais a participarem no estudo. - Capacidade para preencher as medidas de avaliação, sempre na presença do professor, possibilitando assim o esclarecimento de possíveis dúvidas surgidas no decurso respectivo. Só foram considerados para o estudo os casos em que foi possível obter o protocolo de avaliação autorizado pelos pais. Todas as crianças e jovens que não preencheram os pré-requisitos foram excluídos da amostra. Assim, foram distribuídos quinhentos e vinte e dois pedidos de consentimento por escolas públicas de três regiões escolares, respectivamente: - DREN, (Direcção Regional Educação Norte); - DREL (Direcção Regional Educação Lisboa); - DREALG (Direcção Regional Educação Algarve). Todas as regiões de educação abrangem o 1º Ciclo, 2º Ciclo e 3º Ciclo do Ensino Básico. Dos quinhentos e vinte e dois inquéritos distribuídos, cento e sessenta e três (31%) deles não foram devolvidos dentro do prazo estipulado (mês de Julho 2007, final de ano lectivo) e cinquenta e dois (10%) com demasiada informação em falta. Deste modo, cumpriram os critérios de inclusão para a amostra trezentos e sete (59%) alunos. 230 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 3.3. Procedimento Após explicação do objectivo de estudo e procedimento da investigação aos presidentes dos conselhos directivos das escolas, foram marcadas entrevistas individuais com as professoras das turmas, cujos alunos iriam participar no estudo. Durante esta breve entrevista, foram entregues os pedidos de consentimento para o estudo, os quais posteriormente seriam entregues (pelos professores) aos pais dos alunos, que deveriam devolver devidamente assinados num prazo aproximadamente de uma semana, autorizando que os filhos participassem neste estudo. Este pedido de autorização para participação no estudo explicava brevemente o objectivo geral da investigação, esclarecia o tipo de colaboração e garantia o anonimato e confidencialidade dos dados, visando deste modo a obtenção de um consentimento esclarecido. As medidas de avaliação preenchidas pelas crianças e adolescentes foram aplicadas em contexto de sala de aula. Efectuada uma breve explicação acerca do objectivo do estudo, as instruções foram lidas aos indivíduos de forma uniforme, e explicadas quaisquer dúvidas durante o preenchimento. Para completar este estudo, salientou-se a opinião dos professores do 1º Ciclo acerca da perturbação mais evidente nos alunos. Foi distribuído aos professores um questionário. Os mesmos referiram a Hiperactividade como sendo a mais evidente. 3.4. Localização Geográfica da Amostra A Região da Grande Lisboa tem como limites territoriais, a norte a subregião Oeste, a sul as margens do rio Tejo, a este a Lezíria do Tejo e a oeste o Oceano Atlântico, onde vai desaguar o rio Tejo (o maior da Península Ibérica), mais especificamente entre o Forte de S. Julião da Barra e a Torre do Buzio. A sub-região em análise é constituída pelos concelhos de Lisboa, Cascais, Amadora, Loures, Oeiras, Sintra e Vila Franca 2 Correspondendo a estes sete concelhos uma área de 1 055 km . 231 de Xira. MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência A sub-região da Grande Lisboa possui uma população de cerca de 1 milhão e 800 mil habitantes repartidos por cento e vinte e seis freguesias e em sete concelhos, já mencionados. Em termos de comparação europeia, a densidade populacional da Grande Lisboa aproxima-se da região de Augsburg, na Dinamarca com cerca 2 de 1 800 habitantes por km . A evolução da população apresenta valores negativos, -2,2%, entre 1986-96, o que mostra bem o decréscimo populacional desta sub-região, e os condicionamentos negativos que isso provoca, sendo talvez a sua principal fragilidade com que se debate. De facto, o progressivo envelhecimento, não só da Grande Lisboa, mas do país inteiro, terá a curto prazo, efeitos redutores na taxa de actividade (ver anexo 3). O único concelho que registou descida da sua população foi Lisboa, fruto da expansão dos concelhos que circundam a capital. Pelos dados do Anuário Estatístico da Região de Lisboa e Vale do Tejo, em 1996, os concelhos que detinham maior população residente eram: 1º- Lisboa – 572 370 habitantes 2º- Loures – 342 760 3º- Sintra - 298 950 Abaixo dos 200 mil habitantes encontram-se os concelhos de : 4º- Amadora – 187 900 5º- Cascais - 162 170 6º- Oeiras - 157 050 7º- V.F. Xira - 111 940 Como se constata, trata-se de uma sub-região com elevada população residente, provocando assim também uma elevada densidade populacional, 2 cerca de 1737,6 hab/km , a mais elevada do país. A Região de Grande Porto está rodeada pelas sub-regiões do Cávado e Ave a norte, a este pelo Tâmega, a sul por Entre Douro e Vouga e a oeste pelo Oceano Atlântico, onde desagua o rio Douro na foz, entre o Porto e Vila Nova de Gaia. 232 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência O Grande Porto é constituído por 130 freguesias, repartidas por 9 concelhos: Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Valongo, Vila Nova de Gaia e obviamente o Porto (ver anexo 2). Trata2 se de uma área que não chega aos 820 km , a menos extensa do norte de Portugal. O Grande Porto exerce funções que servem toda a região Norte, assumindo-se como o seu verdadeiro centro. A capacidade atractiva do Grande Porto reflecte-se na população residente com cerca de 1 192 000 habitantes, ou seja um terço da população 2 norte de Portugal e uma densidade populacional com cerca de 1458 hab/km (a mais elevada do norte). A população do Grande Porto aumentou em cerca de 50 mil pessoas (+4,5%) entre 1981 e 1991, a que se seguiu novo aumento de 20 mil indivíduos (+1,7%) entre 1991 e 1995. A nível concelhio, verifica-se que, em termos populacionais, os concelhos que em 1996 detinham maior população residente eram: 1º- Porto – 276 070 habitantes 2º- V.N. Gaia – 262 630 3º - Matosinhos – 162 290 4º- Gondomar - 150 420 5º- Maia – 100 640 Com níveis muito inferiores de população (relativamente à NUTE), abaixo inclusive dos 80 mil habitantes, encontram-se os concelhos de: 6º- Valongo – 79 380 7º- Vila do Conde – 66 820 8º- Póvoa de Varzim – 57 540 9º- Espinho – 36 000 A Região Sul, ao nível da densidade populacional, verifica-se que, na 2 região do Algarve, o número médio de habitantes residentes por km em 2001 era de 80 indivíduos, valor que fica aquém do registo nacional (112 habitantes 2 por km ). A informação, a nível concelhio, regista uma dicotomia entre os 233 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência concelhos que se situam mais a litoral e os que se localizam no interior da região. Educação “O ensino em Portugal ganhou 290 mil alunos, entre os anos lectivos de 1977/1978 e de 2005/2006, contando actualmente com mais de dois milhões de estudantes” (Gabinete Estatística e Planeamento da Educação, 2008). Esta é uma das conclusões do relatório "30 Anos de Estatísticas da Educação", da responsabilidade do antigo Gabinete de Informação e Avaliação do Sistema Educativo (GIASE), agora GEPE. Na educação pré-escolar, a taxa de escolarização (alunos com idade própria para frequentar o nível de ensino em que estão matriculados) mais do que sextuplicou, subindo de 12,6 %, em 1977/1978, para 77,4 % em 2004/2005. No mesmo período de tempo, a taxa de escolarização no 1.º Ciclo atingiu os 100 %, em 1980/1981, tendo estabilizado neste nível percentual. No 2.º Ciclo, esta taxa praticamente triplicou, registando-se um aumento de 34,4 % para 86,4%. No 3.º Ciclo, a taxa de escolarização efectivamente triplicou, verificandose uma subida de 27 % para 82,5 %. Já no ensino secundário esse aumento foi ainda mais significativo: esta taxa aumentou mais de seis vezes, passando de 8,9 % para 59,8 %. Não obstante, apesar destes consideráveis progressos, a convergência com os níveis europeus está longe de ser alcançada. Com efeito, menos de 50 % dos jovens entre os 20 e os 24 anos concluiu o ensino secundário. À excepção da educação pré-escolar, que continua a crescer, e do 1.º ciclo, que regista uma taxa de escolarização de 100 %, nos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e no ensino secundário este indicador estagnou desde 1996. No ensino secundário, apenas seis em cada dez jovens com idade para frequentar este nível de escolaridade estavam matriculados no ano lectivo de 2004/2005. 234 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência É de salientar que a percentagem de alunos que não concluiu o 12.º ano, por reprovação ou desistência, se acentuou com a introdução de exames nacionais obrigatórios, no ano lectivo de 1995/1996. A partir daí, a taxa de reprovações aumentou, estabilizando em valores próximos dos 50 %, em 2004. No entanto, de acordo com os dados do Recenseamento Escolar 2006/2007, publicado pelo GEPE, registou-se um crescimento da população estudantil no ensino secundário relacionado com o aumento dos alunos matriculados em cursos profissionais, que passaram de 33 mil para 44 mil. Em relação à Grande Lisboa, os números ainda são mais elevados com cerca de 216949 de alunos no ensino básico, 106 605 no ensino secundário, 3 691 nas escolas profissionais, 124 391 de alunos no ensino superior público e privado. Estes estudantes estão repartidos por 1 183 estabelecimentos de ensino básico, 139 estabelecimentos de ensino secundário, 35 escolas profissionais e de 88 estabelecimentos de ensino superior. Em 1991, a taxa de analfabetismo da população maior ou igual a 15 anos, na sub-região do Grande Porto era de 6,4%, ou seja bastante inferior em relação à zona Norte (12,9%). A nível concelhio, em termos percentuais, o Grande Porto encontra-se assim distribuído: Porto - 5,2% , Matosinhos - 6% , Valongo - 6,1% , Maia 6,4% , Vila Nova de Gaia - 7% , Gondomar e Espinho ambas com 7,3% , Póvoa de Varzim - 7,8% , Vila do Conde - 7,9% . Para valores de 1995-96 havia cerca de 161 203 alunos no ensino básico, 50 882 alunos no ensino secundário, 3713 em escolas profissionais, 67 180 no ensino superior público e privado, distribuídos por 789 estabelecimentos de ensino básico, 70 estabelecimentos de ensino secundário, 26 escolas profissionais e 57 estabelecimentos do ensino superior. Destaca-se o papel do concelho do Porto, com um número de estabelecimentos de ensino superior de 47 e de Lisboa com 80, contribuindo assim significativamente para ambas as regiões como “produtoras” de qualificações superiores nos diversos domínios da Ciência e da Tecnologia. 235 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Emprego No seguimento da estrutura produtiva, está a estrutura do emprego. As quebras demográficas no concelho do Porto não implicaram um menor protagonismo enquanto zona empregadora. Em 1991, os dados do recenseamento atribuíram ao sector III cerca de 53% de emprego, repartidos em 21% para o comércio, alojamento e restauração, 20% para os serviços de natureza social (ex. educação, saúde,...) e 12% para o conjunto dos serviços de transporte, comunicações, financeiras e imobiliárias. Ao mesmo tempo, as indústrias transformadoras representavam 34% do emprego do Grande Porto, destacando-se as Têxteis com 14%. A construção respondia então por 10% de emprego e o sector primário por 2%. Entretanto os dados disponíveis para 1996 permitem constatar uma forte perda de importância relativa da indústria transformadora e da construção, que globalmente não representam agora mais do que 30% do emprego do Grande Porto. Em compensação, nota-se um contributo mais destacado para o emprego por parte dos serviços, nomeadamente dos ramos de educação ( de 5% em 1991 para 10% em 1995), imobiliário e serviços às empresas (de 4% para 7%), saúde ( de 4% para 7%), comércio, alojamento e restauração (de 21 para 24%) e intervenção financeira e seguros (de 3% para 5%). Apesar do progressivo envelhecimento populacional que terá, a curto prazo, efeitos redutores na taxa de actividade, vê-se que a Grande Lisboa é a parcela de território que apresenta uma oferta no sector III mais dinâmica e sólida, sendo que essa liderança é atribuída à cidade de Lisboa. Nesta última década, assistiu-se a um forte crescimento do sector dos serviços, liderado pelo comércio, turismo, banca e serviços prestados às empresas. Além da presença de actividades relacionadas com administração central, a saúde e a educação contribuem para a terceirização do emprego. Pela posição estratégica que ocupa, a Grande Lisboa é líder na localização das sedes das principais empresas, das instituições bancárias e 236 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência financeiras, bem como das grandes cadeias de distribuição, e dos serviços associados ao alojamento e restauração. A aposta na formação profissional e académica permitiu uma incorporação de quadros médios e superiores nas empresas, em valores muito superiores às verificadas em outra sub-regiões. A estrutura empresarial desta área é dominada por um vasto número de pequenas e médias empresas ligadas ao comércio a retalho, hotelaria e restauração. Das cerca de 80 000 empresas existentes nestes sectores na região de Lisboa e Vale do Tejo, 50% estão localizadas na Grande Lisboa, em particular no concelho de Lisboa, que concentra mais de 25% dessas empresas. Desde 1991 que a construção tinha já um peso significativo (27%) na população activa da Grande Lisboa. Esse peso aumentou ainda mais com a realização de grandes obras como a CRIL, CREL, centros comerciais, Ponte Vasco da Gama, Expo 98, e outros. O emprego no sector I é reduzido (inferior a 1%) e localiza-se sobretudo nos concelhos de Sintra e Loures. A sub-região da Grande Lisboa alcança também um índice médio de poder de compra de 188,3 e atinge o valor máximo exactamente no concelho de Lisboa onde este indicador é 3 vezes superior à média do continente (102). De destacar também que a Grande Lisboa é a zona responsável por um maior nº do PIB regional / Habitante em paridade de poder de compra (dados de 1998), com cerca de 120% enquanto o Grande Porto se fica por 87% . Outro aspecto a ter em conta é o número de bancos e de caixas económicas presentes no Grande Porto: 578 e da Grande Lisboa com cerca de 1009 estabelecimentos, mais uma vez o maior nº do país, em que cerca de 605 estão na capital, seguindo-se depois Sintra com 97, Loures (85), Cascais (71), Oeiras (61) e V.F. Xira (36). No Grande Porto o valor atrás mencionado é repartido por 3 grupos, onde se destaca uma vez mais o concelho do Porto com 291, V.N. Gaia (72) e Matosinhos (61), segue-se um 2º grupo constituído por Gondomar com 44, Maia (35) e por fim Valongo (21), Vila do Conde, Póvoa de Varzim e Espinho todos com 18. 237 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Estes números são reveladores da importância que estas sub-regiões (especialmente Lisboa), têm na localização das sedes das instituições bancárias e financeiras. O sector financeiro é encarado como um sector de modernização da economia. Na região do Sul, verificam-se trabalhadores por conta de outrem. Domina a agricultura, silvicultura, pecuária e pesca, construção e habitação, comércio internacional, transportes e comunicações, turismo, empresas, mercado monetário e financeiro, finanças autárquicas. Nesta zona do Sul, a estrutura de dormidas nos estabelecimentos hoteleiros da região permite aferir a importância dos mercados turísticos que afluem ao Algarve. 238 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência CAPÍTULO VI – APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS 1. Alunos Total de Alunos por Género Género Nº Alunos Masculino 148 Feminino 159 Total 307 Amostra 48% 52% Masculino Feminino Gráfico 1 – Total de alunos por Género Num total de 307 alunos, são 148 do género masculino e 159 do género feminino. 239 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Distribuição de Alunos por Ciclo 160 CICLO Nº DE ALUNOS 1º Ciclo 155 2º Ciclo 80 3º Ciclo 72 Total de Alunos 307 155 140 120 100 80 72 80 1º Ciclo 2º Ciclo 60 3º Ciclo 40 20 0 Nº de Alunos GRÁFICO 2 – Distribuição de Alunos por Ciclo Do universo de 307 alunos, são 155 do 1ºCiclo, 80 do 2ºCiclo e 72 do 3ºCiclo. 240 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Distribuição de Alunos por Ciclo e por Género CICLO GÉNERO Nº DE ALUNOS Masculino 75 1º Ciclo TOTAL 155 Feminino 80 Masculino 39 2º Ciclo 80 Feminino 41 Masculino 34 3º Ciclo 72 Feminino 38 180 155 160 140 120 100 80 75 80 80 60 39 72 41 34 40 38 20 0 1º Ciclo 2º Ciclo Masculino 3º Ciclo Feminino Total Gráfico 3 – Distribuição de Alunos por Ciclo e por Género Dos 155 alunos do 1ºciclo, 75 são do género masculino e 80 do género feminino. Dos 80 alunos do 2ºCiclo, são 39 do género masculino e 41 do género feminino. Dos 72 alunos do 3ºCiclo, são 34 do género masculino e 38 do género feminino. 241 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Distribuição por Ano de Escolaridade, 1º Ciclo e Género 1º CICLO Ano Masculino Feminino Total 2ºAno 24 16 40 3ºAno 18 31 49 4ºAno 33 33 66 Total 75 80 155 160 140 120 2º Ano 3ºAno 4º Ano Total 100 80 60 40 20 0 Masculino Feminino Total Gráfico 4 – Distribuição por Ano de Escolaridade, 1º Ciclo e Género Dos 155 alunos do 1ºciclo, 40 frequentam o 2ºAno de escolaridade, são 24 do género masculino e 16 do género feminino. Dos 49 alunos que frequentam o 3ºAno de escolaridade, são 18 do género masculino e 31 do género feminino. Dos 66 alunos que frequentam o 4ºAno de escolaridade, são 33 do género masculino e 33 do género feminino. 242 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Distribuição por Ano de Escolaridade, 2º Ciclo e Género 2º CICLO 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Ano Masculino Feminino Total 5º Ano 23 14 37 6ºAno 16 27 43 Total 39 41 80 80 41 39 37 43 27 23 16 Masculino 5º Ano 6ºAno Total 14 Feminino Total Gráfico 5 - Distribuição por Ano de Escolaridade, 2º Ciclo e Género Dos 80 alunos que frequentam o 2ºCiclo, são 37 do 5ºAno de escolaridade, sendo 23 do género masculino e 14 do género feminino. Dos 43 alunos que frequentam o 6ºAno de escolaridade, são 16 do género masculino e 27 do género feminino. 243 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Distribuição por Ano de Escolaridade, 3º Ciclo e Género 3º CICLO Ano Masculino Feminino Total 7º Ano 25 29 54 8ºAno 5 7 12 9º Ano 4 2 6 Total 34 38 72 80 72 70 60 54 50 40 30 34 25 7ºAno 8ºAno 9ºAno Total 38 29 20 10 5 4 7 0 Masculino 12 2 Feminino 6 Total Gráfico 6 - Distribuição por Ano de Escolaridade, 3º Ciclo e Género Dos 72 alunos que frequentam o 3ºCiclo, são 54 do 7ºAno de escolaridade, sendo 25 do género masculino e 29 do género feminino. Dos 12 alunos que frequentam o 8ºAno de escolaridade, são 5 do género masculino e 7 do género feminino. Dos 6 alunos do 9ºAno de escolaridade, são 4 alunos do género masculino e 2 do género feminino. 244 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 2. Região de Educação Alunos por Região de Educação Região Educação Número de Alunos DREN 94 DREL 163 DREALG 50 TOTAL 307 350 307 300 250 DREN 200 163 DREL 150 100 50 DREALG 94 TOTAL 50 0 Número de Alunos Gráfico 7 - Alunos por Região de Educação Dos 307 alunos, pertencem à Região de Educação do Norte (DREN) 94 alunos. Da Região de Educação de Lisboa (DREL) são 163 alunos. Da Região de Educação do Algarve (DREALG) são 50 alunos. 245 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Alunos por Género e Região de Educação Região escolar Masculino Feminino Total DREN 39 55 94 DREL 80 83 163 DREALG 29 21 50 TOTAL 148 159 307 350 300 250 DREN DREL DREALG TOTAL 200 150 100 50 0 Masculino Feminino Total Gráfico 8 - Género por Região de Educação Da Região de Educação do Norte (DREN), num total de 94 alunos, do género masculino são 39 alunos e 55 são do género feminino. Da Região de Educação de Lisboa (DREL), num total de 163 alunos, do género masculino são 80 alunos e do género feminino são 83 alunos. Da Região de Educação do Algarve (DREALG), num total de 50 alunos, são do género masculino 29 alunos e do género feminino 21 alunos. Ano de Escolar por Região de Educação 246 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Ano Escolar DREN DREL DREALG TOTAL 2º Ano 13 21 6 40 3º Ano 12 31 6 49 4º Ano 23 34 9 66 5º Ano 13 14 10 37 6º Ano 19 17 7 43 7º Ano 12 31 11 54 8º Ano 2 10 0 12 9º Ano 0 5 1 6 TOTAL 94 163 50 307 325 300 275 250 225 200 175 150 125 100 75 50 25 0 DREN 2º Ano 3º Ano DREL 4º Ano 5º Ano DREALG 6º Ano Gráfico 9 247 7º Ano TOTAL 8º Ano 9º Ano TOTAL MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 3. Professores Referência dos Professores do 1º Ciclo sobre a Problemática mais Evidente Considerando as observações directas e indirectas em contexto escolar, dentro e fora da sala de aula, ao longo do ano foi possível observar diferentes comportamentos nas crianças e adolescentes. Após a observação, sentiu-se necessidade de registar a opinião dos professores, a fim de completar e enriquecer este estudo. Foi objectivo deste questionário os professores referirem alguns problemas de comportamento comuns em crianças, verificados em contexto escolar. Dos resultados verificados pelos professores do 1ºCiclo do Ensino Básico, estes observaram nos seus alunos alguns comportamentos de Falta de Atenção, Hiperactividade e Impulsividade de acordo com os critérios de avaliação do DSM-IV. Foram entregues 80 questionários a professores do 1ºCiclo Ensino Básico, respectivamente do 1ºAno, 2ºAno, 3ºAno e 4ºAno. Para ser feita esta observação, foi necessário os professores observarem os seus alunos ao longo de um período escolar para ser possível referir o comportamento e atitudes dos alunos, do qual fizeram o registo no questionário. O questionário encontra-se subdividido em 3 grupos, respectivamente o Grupo A, Grupo B e Grupo C. São apresentados os resultados em gráfico e com as respectivas legendas correspondentes a cada grupo que compõem o questionário CADS-P. Este questionário está devidamente validado na população portuguesa. 248 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência CADS - Versão para Professores A B C Nunca é verdade Às vezes é verdade É quase sempre verdade É sempre verdade TOTAL 0 1 2 3 1 0 40 40 0 80 2 0 40 40 0 80 3 0 20 50 10 80 1 0 20 40 20 80 2 0 0 60 20 80 3 0 20 40 20 80 4 0 0 30 50 80 5 0 20 50 10 80 6 0 50 30 0 80 7 0 10 70 0 80 8 0 10 50 20 80 9 0 10 60 10 80 1 0 50 30 0 80 2 0 20 50 10 80 3 0 10 50 20 80 4 0 20 40 20 80 5 0 30 40 10 80 6 0 30 50 0 80 7 0 20 50 10 80 8 0 0 50 30 80 9 0 10 30 40 80 10 0 30 30 20 80 11 0 20 50 10 80 12 30 20 20 10 80 13 0 20 10 50 80 14 0 20 40 20 80 15 0 0 60 20 80 30 540 1160 430 TOTAL Frequências das respostas ao Questionário CADS, aplicado a uma amostra de 80 Professores 249 2160 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência ESCALA DE HIPERACTIVIDADE – CADS – PROFESSORES Gráfico 10 Os oitenta professores sobre as questões do Grupo A, 54,1% responderam é quase sempre verdade; e 41,7% responderam às vezes é verdade. Às questões do Grupo B, 59,8% os professores responderam é quase sempre verdade; 20,8% é sempre verdade; e 19,4% ás vezes é verdade. Às questões do Grupo C, 50% os preofessores responderam é quase sempre verdade; e 25% às vezes é verdade e 22,5% é sempre verdade. 250 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência ESCALA DE HIPERACTIVIDADE – CADS - PROFESSORES ~ Gráfico 11 Os oitenta professores consideram é quase sempre verdade, como a resposta mais importante em cada grupo. No Grupo A em 240 respostas, 130 foram referidas como é quase sempre verdade e 100 foram referidas como ás vezes é verdade. No Grupo B em 720 respostas, 430 foram referidas como é quase sempre verdade e 150 é sempre verdade. No Grupo C em 1200 respostas, 600 foram referidas como é quase sempre verdade e 300 às vezes é verdade. 251 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência ESCALA DE HIPERACTIVIDADE – CADS – GRUPO A Gráfico 12 Em relação ao Grupo A, os professores referiram como mais evidente a questão 2. Ser quase sempre verdade os alunos não seguem as instruções e não terminam os trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho. Sobre a questão 1 às vezes é verdade que interferem nas actividades dos outros e na questão 3 ás vezes é verdade como se movimentam excessivamente quando sentados. 252 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência ESCALA DE HIPERACTIVIDADE – CADS – GRUPO B GRÁFICO 13 Os professores consideraram ser sempre verdade: A Questão 2 ser desatento, distrai-se com facilidade; a Questão 7, a distracção ou a dificuldade em concentrar a atenção constituem um problema e a Questão 9 não acaba as coisas que começa. Neste Grupo B, referiram o ser sempre verdade a Questão 4 como não conseguir estar quieto. Verificou-se também neste Grupo B que às vezes é verdade a Questão 6, em que só presta atenção a alguma coisa que lhe desperte grande interesse. 253 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência ESCALA DE HIPERACTIVIDADE – CADS - GRUPO C GRÁFICO 14 Sobre o Grupo C, os professores referiram como sendo quase sempre verdade: a Questão 2, em que não presta a atenção necessária aos pormenores ou comete erros por descuido nos trabalhos escolares, trabalho ou noutras actividades lúdicas; a Questão 3, está sempre agitado(a) ou age como se tivesse “ligado a um motor”; a Questão 6, parece não ouvir o que se lhe diz; a Questão 7, levanta-se do seu lugar na sala de aula ou em outras situações em que se espera que esteja sentado; Questão 8, tem dificuldade em organizar tarefas e actividades e a Questão 11, Corre ou salta excessivamente em situações em que tais situações são inadequadas. Há a salientar em é sempre verdade a Questão 13, Perde objectos necessários para fazer determinadas tarefas ou actividades (por exemplo, brinquedos, trabalhos marcados pelos professores, lápis, livros ou ferramentas). E ás vezes é verdade a Questão 1, que esquece as coisas que aprendeu. 254 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 4. Caracterização da Amostra Tabela 1 - Caracterização Sócio-Demográfica da Amostra Total por Sexo Rapazes Raparigas (n = 148) (n = 159) M DP M DP t Idade 10.91 2.62 10.55 2.19 1.320 Ano Escolaridade 4.70 1.90 4.82 1.84 -.538 Rapazes N Raparigas % N % x² 3.669 Região Escolar DREN 39 12.7 55 17.9 DREL 80 26.1 83 27.0 DREALG 29 9.4 21 6.8 .152 Irmãos Não 49 16.0 56 18.2 Sim 99 32.2 103 33.6 Participaram neste estudo 307 alunos, 148 rapazes e 159 raparigas, com uma média de idades de, [t (305)=10.72; DP=2.41] a frequentar em média o 5ºAno de Escolaridade. A análise de distribuição por Região Escolar de Educação, através do teste x², revelou um maior número de participantes na DREL (n=163; 53.1%), seguido da DREN (n=94; 30,6%) e da DREALG (n=50; 16.3%), [x² (2)=3.669;p>.05]. Tendo em consideração a população existente nas diferentes regiões do país. 255 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Tabela 2 - Caracterização Profissional e Idade dos Progenitores por Sexo Rapazes Raparigas (n = 148) (n = 159) N % N % x² 14.694** Profissão do Pai Licenciados 34 11.1 53 17,3 Quadro-Superior 25 8.2 18 5,9 Administrativo 19 6.2 12 3,9 Qualificados 62 20.3 52 17 Não Qualificados 8 2.6 23 7,5 11.156* Profissão da Mãe Licenciadas 27 8.8 51 16.7 Quadro-Superior 17 5.6 14 4.6 Administrativas 30 9.8 17 5.6 Qualificadas 18 5.9 21 6.9 Não Qualificadas 47 15.4 49 16 Domésticas 8 2.6 7 2.3 Rapazes Raparigas M DP M DP t Idade Pai 42.36 5.48 42.88 5.44 -.825 Idade Mãe 38.74 5.23 39.42 5.29 -1.130 Nota: * p<.05 e **p<.01 Em análise à profissão do pai dos alunos, verificou-se através do teste x² as seguintes percentagens de Qualificados com 37,3%; de Licenciados com 28,4%; de Quadros Superiores de 14,1% e de Administrativos e Não Qualificados com 10,1% respectivamente, [x² (4)=14.694; p <.01]. Pai na maioria Qualificados. Em análise à profissão da mãe dos alunos, verificou-se através do teste x² as seguintes percentagens de Não Qualificadas 31,4%; Licenciadas 25,5%; Administrativos 15,4%; Qualificadas 12,7%; Quadro Superior 10,1% e 256 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Domésticas 4,9% respectivamente, [x² (5)=11.694; p<.05]. Mãe na maioria não Qualificados. De referir a média da idade do pai dos alunos que participaram neste estudo de [t (305)=42,36; DP=5,45] e a média da idade da mãe [t (305)=39,09; DP=5,26]. 257 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Tabela 3 - Análise do Desempenho Escolar e Hábitos de Estudo por Sexo N Rapazes Raparigas (n = 148) (n = 159) % N % x² 55.009*** Desempenho Escolar Muito Insatisfeito 12 3.9 4 1.3 Abaixo da Média 31 10.1 25 8.1 Médio 73 32.8 32 10.4 Acima da Média 27 8.8 72 23.5 Muito Acima da Média 5 1.6 26 8.5 8.138 Hábitos de Estudo Menos de 1 Hora 5 1.6 5 1.6 Entre 1 e 2 Horas 14 4.6 6 2.0 Entre 2 e 3 Horas 13 4.2 6 2.0 Entre 3 e 4 Horas 13 4.2 14 4.6 Mais de 4 Horas 103 33.6 128 41.7 Nota: ***p<.001 Em análise ao Desempenho Escolar dos alunos, verificou-se através do teste x², revelaram valores de 34,2% no desempenho médio, 32,2% acima da média e abaixo da média 18,2%. [x²(4)=55.009; p<.001]. Na análise dos Hábitos de Estudo dos alunos, verificou-se através do teste x², uma percentagem de 75,3% em mais de quatro horas e 8,8% entre três e quatro horas de estudo. [x²(4)=8.138; p>.05]. 258 4.33 1.06 .72 Nota: * p<.05 e *** p<.001 Teste Post-Hoc (TUKEY) Estudo Hábitos de Escolar Desempenho 2.95 M 4.64 .97 4.14 3.36 1.10 2.86 DP M DP M 1.34 .99 DP Rapazes 4.53 3.61 M 259 .98 .95 DP Raparigas (n = 163) (n = 94) Raparigas b a Rapazes DREL DREN Região Escolar e Sexo 4.79 2.83 M .56 .97 DP Rapazes 4.76 3.95 M .89 1.02 DP Raparigas (n = 50) c DREALG 2.612 37.139*** Sexo 3.354* .924 RE .750 2.210 RE v> Sexo b<c Tabela 4 Análise de Variância Univariada (ANOVA) nas variáveis Desempenho Escolar e Hábitos de Estudo por 5. Análise de Variância Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência MENÚ SALIR MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Os valores médios calculados variam de 1 a 5, no sentido de pontuação mais elevados corresponderem a maior Desempenho Escolar e Hábitos de Estudo Verificou-se que foram os alunos da Região Escolar da DREALG que revelaram mais Hábitos de Estudo comparados com os alunos da DREL. Com o objectivo de avaliar o Desempenho Escolar por Região Escolar e Sexo efectuou-se uma análise de variância Univariada (ANOVA). Avaliado o Desempenho Escolar, a análise dos resultados indicou apenas diferenças estatisticamente significativas na variável Sexo, [F(1,307)=37.139; p<.001], sendo que foram as raparigas em média as que revelaram um maior desempenho escolar. Não foram encontrados diferenças significativas na Região Escolar, [F(2,307)=.924; p>.05] e na interacção Sexo e Região Escolar, [F(2,307)=2.210; p>.05]. Avaliados os Hábitos de Estudo (ver gráfico 15), a análise dos resultados indicou apenas diferenças estatisticamente significativas na variável Região Escolar, [F(2,307)=3.354; p<.05], sendo que foram os estudantes da DREALG aqueles que revelaram médias mais elevadas, (M=4.78; DP= .71), quando comparados com os estudantes da DREL, (M=4.34; DP=1.18), através do teste Post-Hoc (Tukey HSD). Gráfico 15 Hábitos de Estudo por Região Escolar em função da fase desenvolvimental Hábitos de Estudo Região Escolar 5 DREL DREN DREALG 4,8 4,6 4,4 4,2 4 Infância Adolescência Grupo de Idades 260 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Tabela 5 Análise de Variância Univariada (ANOVA) nas variáveis Desempenho Escolar e Hábitos de Estudo por Região Escolar e Ano de Escolaridade DREN DREL DREALG (n = 94) (n = 163) (n = 50) a B c A. E. M DP M DP M DP Ano Região Escolaridade Escolar Desempenho Escolar Ano 2 3.08 .95 3.38 1.43 2.67 1.37 Ano 3 3.75 .87 3.55 .89 .52 Ano 4 2.91 .85 3.15 1.08 3.22 1.30 Ano 5 3.00 1.58 3.43 Ano 6 3.26 .73 3.41 1.00 3.86 Ano 7 3.42 .79 3.10 .91 Ano 8 3.00 .00 2.50 .97 - - Ano 9 - - 2.80 .45 3.00 - .85 3.33 4.45 1.06 5.00 .00 Ano 4 4.48 1.04 4.50 1.08 5.00 .00 Ano 5 4.00 1.58 4.57 1.09 4.70 .68 Ano 6 4.68 .75 3.59 1.50 5.00 .00 Ano 7 4.58 .79 4.61 4.91 .30 Ano 8 4.00 1.41 4.20 1.32 - - 4.00 - Ano 3 4.83 .39 Ano 9 - - 2.00 .87 .96 .71 .011 .680 1.916 3.695* 1.725 3.18 1.08 1.67 1.13 4.57 1.314 .69 4.00 4.54 Teste Post-Hoc (TUKEY) Nota: * p<.05 Os valores médios calculados variam de 1 a 5, no sentido de pontuação mais elevados correspondem às variáveis Ano de Escolaridade e Região Escolar. Avaliado os Hábitos de Estudo, a análise dos resultados indicaram diferenças estatisticamente significativas na variável a Região Escolar, [F(1,307)=3.695; p<.05]. 261 R. E. 3.50 1.43 Hábitos Estudo Ano 2 v> .47 .79 .65 .83 .48 .72 .67 1.20 .77 .78 .90 1.06 1.02 .94 .91 2.72 2.66 2.58 P. Pânico A. Separação A. Generalizada Fobia Social F. Específica Obsessivo-Compulsivo Pós-Stress Traumático Perturbação d Humor Humor Negativo Problemas Interpessoais Ineficácia Anedonia Auto-estima Negativa CADS Índice Hiperactividade Falta de Atenção Hiperactivid.-Impulsivid. CSRI Masculino Feminino Neutro Perturbação d Ansiedade .60 .52 .39 .50 .55 .71 .25 .31 .24 .20 .18 .31 .30 .44 .50 .21 .43 .49 2.65 3.00 2.75 1.20 .87 .81 1.11 .71 .86 .92 1.16 .62 .81 .78 1.06 .73 .89 .90 .63 .45 .32 .76 .78 .77 .25 .28 .29 .22 .17 .40 .29 .27 .62 .36 .37 .47 DREN (n = 94) a Rapazes Raparigas M DP M DP 2.83 2.71 2.67 1.23 1.14 1.12 1.19 .88 .80 .87 1.08 .54 .72 .75 .87 .46 .78 .82 .54 .56 .38 .64 .77 .87 .21 .30 .29 .20 .25 .43 .38 .42 .53 .33 .48 .58 262 2.64 3.20 2.80 1.18 .73 .70 1.14 .70 .85 .88 1.18 .60 .85 .88 1.18 .81 1.02 .95 .57 .40 .30 .72 .62 .76 .27 .24 .27 .23 .20 .41 .28 .45 .59 .38 .40 .46 DREL (n = 163) b Rapazes Raparigas M DP M DP 2.75 2.49 2.58 1.18 1.16 1.21 1.23 .91 .82 .96 1.09 .57 .82 .72 .89 .55 .71 .81 .54 .53 .29 .63 .80 .75 .23 .33 .26 .21 .23 .46 .49 .40 .60 .35 .38 .65 2.63 3.16 2.85 .85 .61 .63 1.21 .67 .86 .78 1.19 .51 .69 .71 .88 .79 .83 .87 .57 .40 .39 .70 .69 .66 .22 .33 .27 .20 .17 .48 .21 .37 .38 .43 .45 .52 DREALG (n = 50) c Rapazes Raparigas M DP M DP 2.804 64.030*** 18.463*** .561 14.220*** 13.163*** 2.723 17.859*** 2.413 3.651 13.865*** .965 .032 2.937 5.996* 38.448*** 10.814*** 4.346* Sexo Análise de Variância Multivariada (MANOVA) nas variáveis Psicológicas estudadas por Sexo e Região Escolar Tabela 6 Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência .249 2.565 1.250 1.613 .097 .134 1.393 .981 2.513 1.184 .402 .202 .281 2.223 1.354 .525 2.574 1.050 RE .345 2.017 .707 2.248 2.374 1.799 .453 1.829 .093 4.184* .008 1.071 3.294* .647 1.530 .752 .509 .527 Sexo vs RE MENÚ SALIR .89 1.04 1.57 .78 1.31 1.27 .71 .77 .76 .54 .61 .72 Nota: * p<.05; ** p<.01 e *** p<-.001 Teste Post-Hoc (TUKEY) QLP-A Pai-Carinho Pai-Autonomia Pai-Protecção Mãe-Carinho Mãe-Autonomia Mãe-Protecção .92 1.61 1.79 .59 1.51 1.24 .90 .65 .79 .77 .76 .79 1.11 1.67 1.77 .80 1.71 1.36 .81 .87 .65 .61 .72 .55 263 .83 1.55 1.75 .47 1.34 1.39 .97 .76 .79 .65 .72 .75 1.15 1.94 1.61 .84 1.83 1.29 Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência .77 .90 .70 .70 .81 .60 .81 1.42 1.90 .52 1.26 1.58 .85 .69 .65 .73 .58 .72 3.126 .035 2.913 10.510*** 7.084** 1.219 .174 4.769** .406 .208 .863 1.313 1.163 9.209*** 1.208 .341 6.466** .887 MENÚ SALIR MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Os valores médios calculados variam de 1 a 5, no sentido de pontuação mais elevados correspondem às variáveis Região Escolar e Sexo. Da análise de Variância Multivariada (MANOVA) por Região Escolar e Sexo nas variáveis psicológicas estudadas. O resultado indicou apenas diferenças estatisticamente significativas na variável Sexo, [Wilks’ Lambda=.626, F(1,304)=6.835, p<.001]. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas na Região Escolar, [Wilks’ Lambda=.814; F(1,304)=1.241; p>.05] e na interacção Sexo e Região Escolar, [Wilks’ Lambda=.805; F(1,304)=1.312; p>.05]. Avaliadas as dimensões da Perturbação de Ansiedade por Sexo, esta revelou diferenças na Fobia Social, [F(1,304)=5.996; p<.05], Fobia Específica, [F(1,304)=38.448; p<.001]; Obsessivo-Compulsivo, [F(1,304)=10.814; p<.001]; Pós-Stress Traumático, [F(1,304)=4.346; p<.05]. Na dimensão Perturbação de Humor por Sexo, esta revelou diferenças nos Problemas Interpessoais, [F(1,304)=17.859; p<.001] e Auto-estima Negativa, [F(1,304)=13.865; p<.001]. Na dimensão da Perturbação de Hiperactividade por Sexo, esta revelou diferenças na Falta de Atenção, [F(1,304)=14.220; p<.001] e HiperactividadeImpulsividade, [F(1,304)=13.163; p<.001]. Na dimensão de Papéis Sexuais por Sexo, esta revelou diferenças no Feminino, [F(1,304)=64.030; p<.001] e Neutro, [F(1,304)=18.463; p<.001]. Na dimensão Práticas Parentais por Sexo, esta revelou diferenças na Mãe-Carinho, [F(1,304)=10.510; p<.001] e Mãe-Autonomia, [F(1,304)=7.084; p<.01]. Sendo que em média são as raparigas aquelas que manifestam valores mais elevados de Perturbação de Ansiedade. Na Região Escolar apenas se verificou diferenças estatisticamente significativas na dimensão Pai-Autonomia, [F(2,304)=4.769; p<.01], sendo que em média (M=1.72; DP=.85). Sendo a Região Escolar da DREALG aquela que revela valores mais elevados de Autonomia-Pai. Na interacção entre o Sexo e Região Escolar esta indicou diferenças na Ansiedade de Separação, [F(3,304)=3.294; p<.05]; Anedonia [F(3,304)=4.184; p<.05]; Pai-Autonomia, [F(3,304)=9.209; [F(3,304)=6.466; p<.01], ver gráfico 16. 264 p<.001] e Mãe-Autonomia, MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Gráfico 16 Ansiedade de Separação, Anedonia, Pai-Autonomia e MãeAutonomia por Região Escolar em função das fases desenvolvimentais Ansiedade de Separação 2,00 1,75 1,50 1,25 1,00 0,75 0,50 DREL DREN DREALG Região Escola Anedonia Sexo 2,00 Masculino Feminino 1,75 1,50 1,25 1,00 0,75 0,50 DREL DREN DREALG Região Escola 265 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Gráfico 16 Ansiedade de Separação, Anedonia, Pai-Autonomia e MãeAutonomia por Região Escolar em função das fases desenvolvimentais Pai_Autonomia Sexo 2,00 Masculino Feminino 1,75 1,50 1,25 1,00 0,75 0,50 DREL DREN DREALG Região Escola Mae_Autonomia Sexo 2,00 Masculino Feminino 1,75 1,50 1,25 1,00 0,75 0,50 DREL DREN DREALG Região Escola 266 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Tabela 7.1 Análise Descritiva das Variáveis Psicológicas estudadas por Faixa Etária, Região de Educação e Sexo INFÂNCIA (7- 11 anos) DREN (n = 94) a Rapazes Raparigas DREL (n = 163) b Rapazes Raparigas DREALG (n = 50) c Rapazes Raparigas M DP M DP M DP M DP M DP M DP .41 .83 .54 .92 .49 .65 .66 .27 .30 .40 .48 .20 .41 .45 .69 .88 .81 1.17 .76 .87 1.01 .45 .24 .30 .59 .35 .36 .45 .60 .87 .75 1.02 .55 .79 .88 .46 .40 .44 .50 .33 .47 .60 .55 .85 .77 1.20 .78 .95 .90 .39 .26 .38 .54 .35 .38 .43 .62 .89 .74 1.05 .64 .71 .82 .49 .53 .42 .48 .36 .42 .66 .53 .69 .69 .88 .80 .81 .83 .53 .22 .40 .33 .40 .48 .50 1.15 .78 .79 .91 1.06 .23 .27 .25 .22 .19 1.05 .71 .87 .91 1.17 .26 .30 .28 .22 .17 1.17 .85 .81 .88 1.07 .22 .30 .31 .21 .23 1.17 .69 .87 .83 1.16 .23 .26 .26 .20 .16 1.25 .88 .91 1.00 1.07 .21 .29 .17 .18 .26 1.21 .70 .93 .79 1.23 .26 .37 .18 .19 .17 .99 .84 .80 .52 .49 .71 1.12 .83 .78 .81 .78 .76 1.20 .97 1.16 .67 .77 .87 1.01 .66 .67 .70 .58 .68 1.05 1.02 1.16 .66 .77 .75 .89 .62 .69 .76 .73 .70 2.75 2.68 2.51 .51 .43 .37 2.47 3.08 2.70 .58 .36 .30 2.76 2.74 2.65 .58 .48 .36 2.53 3.22 2.79 .55 .36 .33 2.65 2.55 2.60 .49 .40 .27 2.69 3.19 2.85 .50 .39 .38 .84 1.06 1.64 .74 1.23 1.28 .69 .73 .65 .51 .55 .69 .90 1.57 1.80 .51 1.49 1.16 .91 .63 .77 .72 .67 .72 .96 1.66 1.75 .72 1.67 1.37 .74 .90 .62 .64 .73 .61 .59 1.55 1.79 .35 1.48 1.34 .83 .72 .78 .56 .72 .74 .98 2.07 1.60 .78 1.85 1.28 .67 .73 .62 .69 .79 .59 .79 1.39 1.99 .50 1.41 1.47 .90 .64 .72 .69 .60 .75 Perturbação Ansiedade P. Pânico A. Separação A. Generalizada Fobia Social F. Específica Obsessivo-Compulsivo Pós-Stress Traumático Perturbação de Humor Humor Negativo Problemas Interpessoais Ineficácia Anedonia Auto-estima Negativa CADS Índice Hiperactividade Falta de Atenção Hiperactivid.Impulsivid. CSRI Masculino Feminino Neutro QLP-A Pai-Carinho Pai-Autonomia Pai-Protecção Mãe-Carinho Mãe-Autonomia Mãe-Protecção Teste Post-Hoc (TUKEY) Nota: Os valores médios calculados variam de 1 a 5, no sentido de pontuação mais elevados correspondem às variáveis Região Escolar e Sexo. 267 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Tabela 7.2 Análise Descritiva das Variáveis Psicológicas estudadas por Faixa Etária, Região de Educação e Sexo ADOLESCÊNCIA (12-17 anos) DREN (n = 94) a Rapazes Raparigas M DP M DP DREL (n = 163) b Rapazes Raparigas M DP M DP DREALG (n = 50) c Rapazes Raparigas M DP M DP .57 .69 .86 .65 .46 .87 .67 .36 .29 .45 .53 .26 .43 .58 .48 .68 .74 .85 .68 .93 .69 .26 .34 .22 .63 .38 .39 .44 .46 .54 .74 .69 .35 .77 .74 .38 .26 .41 .53 .29 .49 .55 .71 .85 1.09 1.14 .85 1.16 1.04 .45 .32 .50 .67 .45 .41 .50 .42 .66 .67 .47 .33 .69 .59 .34 .33 .35 .73 .25 .29 .60 .44 .68 .78 .88 .74 .87 .96 .31 .21 .32 .54 .55 .40 .62 1.30 .75 .79 .89 1.06 .29 .40 .23 .16 .19 1.23 .71 .85 .95 1.13 .20 .25 .31 .23 .17 1.21 .92 .80 .85 1.08 .21 .31 .26 .19 .27 1.08 .71 .81 .97 1.23 .32 .20 .30 .25 .26 1.17 .97 .88 .86 1.15 .28 .41 .30 .26 .14 1.22 .63 .96 .75 1.10 .14 .21 .25 .22 .17 CADS Índice Hiperactividade Falta de Atenção Hiper.-Impulsividade 1.08 1.15 1.14 .47 .64 .67 1.35 .95 .87 .63 .80 .80 1.26 1.35 1.08 .60 .74 .88 1.50 .85 .77 .66 .69 .89 1.52 1.54 1.32 .41 .79 .81 .75 .59 .48 .57 .67 .58 CSRI Masculino Feminino Neutro 3.20 2.63 2.72 .44 .69 .43 3.02 2.84 2.86 .56 .57 .33 2.91 2.66 2.69 .49 .66 .41 2.82 3.16 2.83 .58 .46 .22 3.01 2.31 2.54 .61 .78 .35 2.48 3.10 2.86 .74 .48 .46 QLP-A Pai-Carinho Pai-Autonomia Pai-Protecção Mãe-Carinho Mãe-Autonomia Mãe-Protecção .99 .99 1.44 .85 1.46 1.23 .77 .87 .97 .61 .70 .81 .98 1.70 1.77 .76 1.56 1.40 .92 .71 .86 .87 .93 .92 1.28 1.68 1.80 .89 1.77 1.34 .87 .86 .70 .57 .71 .47 1.27 1.56 1.69 .68 1.07 1.47 1.08 .84 .81 .76 .64 .79 1.60 1.60 1.63 .99 1.78 1.31 .87 1.23 .93 .75 .92 .67 .85 1.50 1.67 .57 .87 1.86 .78 .85 .39 .89 .27 .61 Perturbação de Ansiedade P. Pânico A. Separação A. Generalizada Fobia Social F. Específica Obsessivo-Compulsivo Pós-Stress Traumático Perturbação de Humor Humor Negativo Problemas Interpessoais Ineficácia Anedonia Auto-estima Negativa Teste Post-Hoc (TUKEY) Nota: Os valores médios calculados variam de 1 a 5, no sentido de pontuação mais elevados correspondem às variáveis Região Escolar e Sexo. 268 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência TABELA 8 Análise da Variância Multivariada (MANOVA) nas variáveis Psicológicas estudadas por Região Escolar, Sexo e Faixa Etária RE vs RE Sexo Sexo RE vs vs vs Região Faixa vs F. F. F. Escolar Sexo Etária Sexo Etária Etária Etária Perturbação Ansiedade P. Pânico .64 .77 .85 .45 .61 .01 4.15* A. Separação .35 .33 11.84*** 2.62 .11 3.34 2.39 A. Generalizada 2.51 2.95 2.83 .89 .55 .08 5.20** Fobia Social 2.47 8.15** 11.64*** .59 .26 2.91 1.15 F. Específica .31 38.80*** 4.44* .81 .50 2.41 1.42 Obsessivo-Compulsivo 2.33 10.** 2.21 .89 .26 .16 1.50 Pós-Stress Traumático 1.75 5.05* 1.16 .02 .61 .79 2.74 Perturbação de Humor Humor Negativo 1.01 2.01 .92 .50 4.64* .00 1.54 Problemas Interpessoais 1.05 17.10*** .10 2.07 .31 .60 .37 Ineficácia 2.17 2.04 .17 .11 .08 .00 .15 Anedonia 1.38 1.36 .06 3.33* 1.87 3.51 .51 Auto-estima Negativa .54 8.70** .00 .33 .67 1.14 1.70 CADS Índice Hiperactividade 1.52 .73 4.55* 3.35* .25 .00 2.52 Falta de Atenção .01 16.*** 6.28* 2.41 .67 2.41 .29 Hiperactivid.-Impulsivid. .01 13.23*** .37 1.51 .50 .41 .78 CSRI Masculino .33 4.63* 16.48*** .24 5.12** 1.80 1.82 Feminino 3.17* 54.29*** 3.45 2.44 .23 .00 .52 Neutro .45 16.28*** 1.90 .69 1.66 .00 .12 QLP-A Pai-Carinho .45 3.30 7.38** 1.16 1.35 .15 1.34 Pai-Autonomia 3.77* .10 .17 7.48*** .26 1.37 .56 Pai-Protecção .46 1.86 .85 1.13 .17 .27 .49 Mãe-Carinho .20 8.35** 4.26* .34 .17 .08 .21 Mãe-Autonomia .19 9.78** 1.15 6.70*** 1.76 3.78* .41 Mãe-Protecção 1.35 2.29 1.48 .94 .22 1.93 .10 Nota: * p<.05 , ** p<.01 e *** p<. 001 A análise dos resultados indicou apenas diferenças estatisticamente significativas na variável sexo, [Wilks-Lambda=.637 ; F(1,304)=6.394; p<.001]. 269 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas na Região Escolar, [Wilks-Lambda=.812; F(1,304)=1.232; p>.05]; na Faixa Etária, [Wilks-Lambda=.799; F(1,304)=2.814; p<.001]; na interacção Região Escolar e Sexo, [Wilks-Lambda=.807; F(1,304)=1.268; p>.05]; na interacção Região Escolar e Faixa Etária, [Wilks-Lambda=.823; F(1,304)=1.146; p>.05]; na interacção Sexo e Faixa Etária, [Wilks-Lambda=.824; F(1,304)=2.392; p<.001]; na interacção Sexo, Região Escolar e Faixa Etária, [Wilks-Lambda=.813; F(1,304)=1.224; p>.05]. Avaliadas as dimensões da Perturbação de Ansiedade por Sexo, esta revelou diferenças significativas na Fobia Social, [F(1,304)=8.15; p<.01]; Fobia Específica, [F(1,304)=38.80; p<.001]; Obsessivo-Compulsivo, [F(1,304)=10; p<.01]. Avaliada as dimensões da Perturbação de Depressão por Sexo, esta revelou diferenças significativas nos Problemas Interpessoais, [F(1,304)=17.10; p<.001]; Auto-estima Negativa, [F(1,304)=8.7; p<.01]. Avaliada a dimensão da Perturbação de Hiperactividade por Sexo, esta revelou diferenças significativas na Falta de Atenção, [F(1,304)=16; p<.001]; Hiperactividade-Impulssividade, [F(1,304)=13.23; p<.001]. Avaliada as dimensões dos Papéis Sexuais por Sexo, esta revelou diferenças significativas no Feminino, [F(1,304)=54.29; p<.001] e Neutro, [F(1,304)=16.28; p<.001]. Avaliadas as dimensões das Práticas Parentais e Sexo, esta revelou diferenças significativas na Mãe-Carinho, [F(1,304)=8.35; p<.01] e MãeAutonomia, [F(1,304)=9.78; p<.01]. Na Dimensão e avaliação da Perturbação de Ansiedade por Faixa Etária esta revelou diferenças significativas na Ansiedade de Separação, [F(2,304)=11.84; p<.001] e Fobia Social, [F(2,304)=11.64; p<.001]. Na dimensão e avaliação dos Papéis Sexuais por Faixa Etária, a Masculinidade revelou diferenças significativas, [F(2,304)=16.48; p<.001]. Na dimensão Práticas Parentais por Faixa Etária foi o Pai-Carinho, [F(2,304)=7.38; p<.01] que revelou diferença estatisticamente significativa. Na interacção entre a Região Escolar e Sexo apenas se verificou diferenças estatisticamente significativas na dimensão de Práticas Parentais, 270 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência em Pai-Autonomia, [F(3,304)=7.48; p<.001] e Mãe-Autonomia, [F(3,304)=6.70; p<.001]. Na interacção entre a Região Escolar e Faixa Etária, a dimensão Papéis Sexuais, a masculinidade revelou diferença estatisticamente significativa, [F(4,304)=5.12; p<.01], sendo que em média, (M=2.83; DP=.54). Sendo a Região Escolar da DREL aquela que revela valores mais elevados de masculinidade. Na interacção entre Região Escolar, Sexo e Faixa Etária apenas se verificou diferença estatisticamente significativa na dimensão Perturbação de Ansiedade, em Ansiedade Generalizada, [F(5,304)=5.20; p<.01]. 271 Nota: * p<.05 e ** p<.01 272 Matriz de Correlação de PEARSON entre as Práticas Parentais Educativas e as restantes Variáveis Psicológicas Estudadas, por Sexo na Região Educação de DREN DREN RAPAZES RAPARIGAS PAI MÂE PAI MÂE Carinho Autonomia Protecção Carinho Automom. Protecção Carinho Autonomia Protecção Carinho Autonomia Protecção Perturbação Ansiedade P. Pânico 0,12 -0,22 -0,3 -0,16 -0,24 -0,12 0,25 0,07 -0,14 0,21 0,13 -0,21 A. Separação -0,02 -0,17 0,03 -0,25 -0,17 -0,06 -0,12 0,05 -0,14 -0,27* 0,28* -0,33* A. Generalizada -0,08 -0,40* -0,53** -0,56** -0,58** -0,43** 0,04 0,01 -0,11 0,07 0,17 -0,1 Fobia Social -,50 ** -0,11 -0,37* -0,39* -0,18 -0,45** -0,16 0,21 -0,2 -0,29* 0,19 -0,36** F. Específica -0,19 -0,38* -0,25 -0,02 -0,38* -0,14 0,15 0,13 -0,16 0,06 -0,1 -0,28** Obsessivo-Compulsivo -0,27 -0,46** -0,68** -0,44** -0,57** -0,34* 0,09 0,11 -0,23 -0,11 -0,21 -0,23 Pós-Stress Traumático -0,28 -0,08 -0,32* -0,14 -0,01 -0,31 0,05 0,05 -0,36** 0,01 0,01 -0,31* Perturbação de Humor Humor Negativo -0,16 -0,02 -0,3 0,05 0,04 -0,1 -0,14 -0,26 -0,01 0,01 -0,16 0,23 Problemas Interpessoais ,55 ** 0,40* 0,49** 0,46** 0,3 0,50** ,44** 0,09 0,15 0,42** 0,16 0,05 Ineficácia -0,01 0,31 0,09 0,11 0,22 -0,02 -0,25 -0,24 -0,29* 0,1 -0,03 -0,12 Anedonia 0,19 0,07 -0,08 -0,22 -0,28 0,11 ,35** 0,15 -0,11 0,35** 0,18 -0,07 Auto-estima Negativa -0,05 -0,01 0 0,15 0,05 -0,27 0,01 -0,24 0,07 -0,21 -0,48** -0,18 CADS Índice Hiperactividade 0,21 -0,06 -0,09 -0,08 -0,1 0,19 ,57** ,40** 0,04 0,3 -0,02 -0,15 Falta de Atenção 0,31 0,04 0,08 0,21 0,2 0,31 ,46** ,30** 0,1 0,36** 0,2 0,07 Hiperactivid.-Impulsivid. 0,22 0,13 0,25 0,33* 0,16 0,34* ,55** 0,26 0,23 0,22 -0,05 -0,01 CSRI Masculino -0,03 -0,14 -0,16 -0,2 -0,15 -0,13 0,05 -0,11 0,16 -0,04 -0,42** 0,25 Feminino -0,61** -0,45** -0,57** -0,64** -0,60** -0,53** -0,50** -0,2 -0,35** -0,48** -0,06 -0,26 Neutro -0,35* -0,18 -0,54** -0,55** -0,36* -0,47** 0,03 0,21 -0,24 -0,02 -0,09 -0,09 6.Matriz de Correlação Tabela 9 Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência MENÚ SALIR MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Com o objectivo de avaliar o grau de associação entre as Práticas Parentais e o Ajustamento Emocional, Comportamental e os Papéis Sexuais foi efectuada uma matriz de correlação de Pearson, por Sexo e Região de Educação Escolar, ver tabela 9. Na Região Escolar do Norte, nos rapazes a variável Pai-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, na Fobia Social, [r(39)=-.50; p<.01] e nos Papéis Sexuais na Feminilidade, [r(39)=-.61; p<.01]. Na Perturbação de Depressão associou-se de forma estatisticamente significativa com Problemas Interpessoais, [r(39)=.55; p<.01]. Na variável Pai-Autonomia verificou-se uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, no Obsessivo-Compulsivo, [r(39)=-.46; p<.01] e na dimensão Papéis Sexuais, a Feminilidade, [r(39)=-.45; p<.01]. Na dimensão Pai-Protecção apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, na Ansiedade Generalizada, [r(39)=-.53; p<.01] e Obsessivo-Compulsivo, [r(39)=.68; p<.01] e os Papéis Sexuais na Feminilidade, [r(39)=-.57; p<.01] e Neutros, [r(39)=-.54; p<.01]. Associaram-se estatisticamente significativa com a Perturbação de Depressão, os Problemas Interpessoais, [r(39)=.49; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. Na Região Escolar do Norte, nos rapazes a variável Mãe-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, na Ansiedade Generalizada, (r(39)=-.56; p<.01) e Obsessivo-Compulsivo, [r(39)=-.44; p<.01] e nos Papéis Sexuais, na Feminilidade, [r(39)=-.64; p<.01] e Neutro, [r(39)=-.01; p<.01]. Associaram-se estatisticamente significativas na Perturbação de Depressão, os Problemas Interpessoais, [r(39)=.46; p<.01]. Na variável Mãe-Autonomia verificou-se uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, na Ansiedade Generalizada, [r(39)=-.58; p<.01] e Obsessivo-Compulsivo, [r(39)=.57; p<.01] e nos Papéis Sexuais, na Feminilidade, [r(39)=-.60; p<.01]. 273 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Na variável Mãe-Protecção apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, na Ansiedade Generalizada [r(39)=-.43; p<.01] e Fobia Social [r(39)=-.45; p<.01] e nos Papéis Sexuais, na Feminilidade, [r(39)=-.53; p<.01] e Neutro [r(39)=-.47; p<.01]. Associaram-se estatisticamente significativas na Perturbação de Depressão, os Problemas Interpessoais, [r(39)=.50; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. Na Região Escolar do Norte, nas raparigas a variável Pai-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, na Perturbação de Depressão, Problemas Interpessoais, [r(55)=.44; p<.01] e Anedonia, [r(55)=.35; p<.01]. Na Perturbação de Hiperactividade, o Índice de Hiperactividade, [r(55)=.57; p<.01]; Falta de Atenção [r(55)=.46; p<.01] e HiperactividadeImpulsividade, [r(55)=.55; p<.01] e estatisticamente de forma inversa nos Papéis Sexuais na Feminilidade, [r(55)=-.50; p<.01]. Na variável Pai-Autonomia, apresentou uma associação estatisticamente significativa, na Perturbação de Hiperactividade, no Índice de Hiperactividade, [r(55)=.40; p<.01] e Falta de Atenção, [r(55)=.30; p<.01]. Na variável Pai-Protecção apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, Pós-Stress Traumático, [r(55)=-.36; p<.01] e nos Papéis Sexuais, em Feminidade, [r(55)=-.35; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. Na variável Mãe-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, na Perturbação de Depressão, Problemas Interpessoais, [r(54)=.42; p<.01] e Anedonia, [r(54)=.35; p<.01]. Na Perturbação de Hiperactividade, a Falta de Atenção, [r(54)=.36; p<.01] e estatisticamente de forma inversa nos Papéis Sexuais na Feminilidade, [r(54)=-.48; p<.01]. Na variável Mãe-Autonomia apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Depressão, na AutoEstima Negativa, [r(55)=-.48; p<.01] e nos Papéis Sexuais na Masculinidade, [r(55)=-.42; p<.01]. Na variável Mãe-Protecção apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade na Fobia Social, [r(55)=-.36; 274 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência p<.01] e Fobia Específica, [r(55)=-.28; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. 275 PAI 0,03 0,32** 0,14 -0,02 0,12 0,34** -0,07 0,22 -0,30** -0,18 0,04 -0,02 A. Generalizada Fobia Social F. Específica Obsessivo-Compulsivo 0,36** 0,35** 0,28* 0,52** 0,62** 0,35** Falta de Atenção Hiperactivid.-Impulsivid. -0,38** -0,30** -0,47** Neutro Nota: *p<.05 e ** p<.01 -0,50** -0,27* -0,33** -0,15 -0,60** Feminino 0,23* 0,34** 0,14 0,13 -0,14 Masculino CSRI CADS Índice Hiperactividade -0,22 -0,03 -0,23* 0,03 -0,30** Anedonia -0,09 -0,11 Ineficácia Auto-estima Negativa 0,16 0,23* 0,34** 0,34** 0,2 0,39** Humor Negativo 0,35** -0,16 -0,07 -0,14 -0,36** -0,13 -0,34** -0,27* Protecção Problemas Interpessoais Perturbação de Humor Pós-Stress Traumático 0,04 -0,03 P. Pânico Autonomia A. Separação Perturbação Ansiedade Carinho -0,52** -0,60** -0,23* 0,33** 0,52** 0,33** -0,05 -0,01 0,16 0,55** 0,08 0,04 -0,15 -0,13 -0,30** -0,11 0,02 -0,01 Carinho RAPAZES PAI RAPARIGAS MÂE 276 -0,40** -0,49** -0,15 0,37** 0,45** 0,40** -0,11 -0,29* -0,14 0,45** 0,35** 0,37** 0,09 -0,01 0,04 0,18 0,06 0,1 -0,22 -0,32** 0,07 0,16 -0,06 -0,03 -0,12 0,08 0,2 -0,05 0,23* -0,13 -0,03 -0,06 -0,31** -0,27* -0,19 -0,28* -0,07 -0,32** 0,09 0,25* 0,34** 0,57** 0,36** 0,38** -0,31** 0,26* -0,14 0,05 0,22 0,22* 0,02 0,27* -0,03 0,36** 0,14 0,01 -0,18 -0,03 -0,03 0,22 0,17 0,15 -0,18 -0,06 -0,02 -0,19 0,14 0,02 0,2 -0,02 -0,09 -0,03 -0,27* -0,31** 0,01 0,07 0,02 -0,04 -0,16 -0,12 -0,15 -0,01 0,17 -0,31** -0,29** -0,31** -0,25* -0,19 -0,21 -0,30** -0,15 -0,43** 0,01 0,17 0,38** 0,33** -0,09 0,38** 0,08 0,2 0,14 -0,15 -0,07 -0,01 -0,21 0,01 -0,35** 0,03 -0,15 0,01 -0,44** -0,15 -0,06 -0,22* -0,46** -0,02 0,1 -0,13 0,19 -0,33** -0,26* -0,32** 0,09 -0,27* 0,05 -0,29** -0,01 -0,18 0,26* -0,11 -0,07 -0,18 -0,2 -0,12 0,05 -0,1 0,37** -0,27* -0,2 -0,26* -0,46** -0,13 -0,49** -0,36** Autonomia Protecção Carinho Autonomia Protecção Carinho Autonomia Protecção MÂE DREL Matriz de Correlação de PEARSON entre as Práticas Parentais Educativas e as restantes Variáveis Psicológicas estudadas, por Sexo na Região de Educação de DREL Tabela 10 Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência MENÚ SALIR MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Com o objectivo de avaliar o grau de associação entre as Práticas Parentais e o Ajustamento Emocional, Comportamental e os Papéis Sexuais foi efectuada uma matriz de correlação de Pearson, por Sexo e Região de Educação Escolar, ver tabela 10. Na Região Escolar de Lisboa, nos rapazes a variável Pai-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, na Fobia Social, [r(80)=-.30; p<.01]; na Perturbação de Depressão, na Auto-Estima Negativa, [r(80)=-.30; p<.01]; nos Papéis Sexuais, na Feminilidade, [r(80)=-.60; p<.01] e Neutro, [r(80)=-.47; p<.01]. Na Perturbação de Depressão associou-se de forma estatisticamente significativa com Problemas Interpessoais, [r(80)=.39; p<.01] e na Perturbação de Hiperactividade, no Índice de Hiperactividade, [r(80)=.52;p<.01]; Falta de Atenção, [r(80)=.62; p<.01] e Hiperactividade-Impulsividade, [r(80)=.35; p<.01]. Na variável Pai-Autonomia verificou-se uma associação estatisticamente significativa, inversa nos Papéis Sexuais, a Feminilidade, [r(80)=-.33; p<.01] e Neutro, [r(80)=-.30; p<.01]. Na Perturbação de Ansiedade verificou-se uma associação estatisticamente significativa na Ansiedade Generalizada, [r(80)=.32; p<.01]; na Perturbação de Depressão, no Humor Negativo, [r(80)=.34; p<.01]; na Perturbação de Hiperactividade, no Índice Hiperactividade, [r(80)=.36; p<.01] e Falta de Atenção, [r(80)=.35; p<.01]. Na variável Pai-Protecção apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, na Ansiedade de Separação, [r(80)=-.34; p<.01] e Fobia Social, [r(80)=-.36; p<.01] e os Papéis Sexuais na Feminilidade, [r(80)=-.50; p<.01] e Neutros, [r(80)=-.38; p<.01]. Associou-se estatisticamente significativa com a Perturbação de Depressão, o Humor Negativo, [r(80)=.35; p<.01] e Problemas Interpessoais, [r(80)=.34; p<.01]; na Perturbação de Hiperactividade, a Hiperactividade-Impulsividade, [r(80)=.34; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. Na Região Escolar de Lisboa, nos rapazes a variável Mãe-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, em Fobia Social, [r(79)=-.30; p<.01] e nos Papéis Sexuais, a Feminilidade, [r(79)=-.60; p<.01] e Neutro, [r(79)=-.52; p<.01]. 277 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Associaram-se estatisticamente significativas na Perturbação de Depressão, os Problemas Interpessoais, [r(79)=.55; p<.019]. Na Perturbação de Hiperactividade, o Índice de Hiperactividade, [r(79)=.33; p<.01]; Falta de Atenção, [r(79)=.52; p<.01] e Hiperactividade-Impulsividade, [r(79)=.33; p<.01]. Na variável Mãe-Autonomia verificou-se uma associação estatisticamente significativa, inversa nos Papéis Sexuais, na Feminilidade, [r(79)=-.49; p<.01] e Neutro, [r(79)=-.40;p<.0]. Associaram-se estatisticamente significativas na Perturbação de Ansiedade, Pós-Stress Traumático, [r(79)=.37; p<.01] e na Perturbação de Depressão, o Humor Negativo, [r(79)=.35; p<.01] e Problemas Interpessoais, [r(79)=.45; p<.01] e na Perturbação de Hiperactividade, o Índice de Hiperactividade, [r(79)=.40; p<.01]; a Falta de Atenção, [r(79)=.45; p<.01]; Hiperactividade-Impulsividade, [r(79)=.37; p<.01]. Na variável Mãe-Protecção apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, na Fobia Social, [r(79)=.31; p<.01] e nos Papéis Sexuais, na Feminilidade, [r(79)=-.32; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. Na Região Escolar de Lisboa, nas raparigas a variável Pai-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Depressão, a Ineficácia, [r(82)=-.31; p<.01] e nos Papéis Sexuais na Feminilidade, [r(82)=-.32; p<.01], as variáveis que apresentaram uma associação estatisticamente significativas foram a Perturbação de Ansiedade, em Perturbação de Pânico, [r(82)=.36; p<.019; na Perturbação de Depressão, a Anedonia, [r(82)=.38; p<.01] e Auto-Estima Negativa, [r(82)=.36; p<.01]; na Perturbação de Hiperactividade, o Índice de Hiperactividade, [r(82)=.57; p<.01]; Falta de Atenção, [r(82)=.34; p<.01]. Na variável Pai-Protecção apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, a Perturbação de Pânico, [r(82)=-.30; p<.01]; Fobia Específica, [r(82)=-.31; p<.01]; Obsessivo- Compulsivo, [r(82)=-.29; p<.01]; e Pós-Stress Traumático, [r(82)=-.31; p<.01] e nos Papéis Sexuais, a Feminidade, [r(82)=-.31; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. Na variável Mãe-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, a Ansiedade de Separação, 278 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência [r(83)=-.35; p<.01] e nos Papéis Sexuais, a Feminilidade, [r(83)=-.43; p<.01]. Apresentaram associações estatisticamente significativas na Perturbação de Depressão, a Anedonia, [r(83)=.38; p<.01]; na Perturbação de Hiperactividade, o Índice de Hiperactividade, [r(83)=.33; p.01]; a Falta de Atenção, [r(83)=.38; p<.01]. Na variável Mãe-Autonomia apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, a Perturbação de Pânico, [r(83)=-.29; p<.01]; p<.01]; Fobia Específica, [r(83)=-.32; Pós-Stress Traumático, [r(83)=-.33; p<.01]. Na Perturbação de Depressão, na Auto-Estima Negativa, [r(83)=-.46; p<.01] e nos Papéis Sexuais a Masculinidade, [r(83)=-.44; p<.01]. Na variável Mãe-Protecção apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, a Perturbação de Pânico, [r(83)=-.36; p<.01]; a Ansiedade de Separação, [r(83)=-.49; p<.01]; a Fobia Social, [r(83)=-.46; p<.01]. Associaram-se de forma estatisticamente significativa na Perturbação de Depressão, o Humor Negativo, [r(83)=.37; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. 279 Nota:*p<.05**p<. Perturbação Ansiedade P. Pânico A. Separação A. Generalizada Fobia Social F. Específica Obsessivo-Compulsivo Pós-Stress Traumático Perturbação de Humor Humor Negativo Problemas Interpessoais Ineficácia Anedonia Auto-estima Negativa CADS Índice Hiperactividade Falta de Atenção Hiperactivid.-Impulsivid. CSRI Masculino Feminino Neutro 0,2 0,21 0,06 0,16 0,35 -0,11 0,21 0,14 0,28 -0,35 -0,01 0,07 0,12 0,03 0,35 -0,24 -0,25 -0,32 -0,06 -0,22 -0,25 -0,69** -0,36 -0,44* -0,35 0,02 0,45* -0,01 0,04 0,04 0,46* 0,54** 0,22 0,15 -0,56** -0,36 Carinho PAI Autonom. 0,43* -0,71** -0,32 -0,27 -0,09 0,28 0,72** 0,16 0,1 -0,01 0,14 -0,46* -0,49* -0,37* -0,43* -0,2 -0,47* -0,40* -0,04 -0,62** -0,38* 0,55** 0,63** 0,50** -0,04 0,66** 0,13 0,12 -0,01 0,16 0,05 -0,13 -0,34 -0,13 -0,32 -0,04 280 -0,26 -0,41* -0,36 0,28 0,23 0,58** 0,16 0,50** -0,28 -0,07 0,15 0,23 0,33 0,15 0,28 0,35 0,01 0,33 MÃE Protecção Carinho Autonom. RAPAZES 0,48** -0,24 0,01 -0,31 -0,23 0,13 0,59** -0,05 0,09 -0,04 0,13 -0,41* -0,38 -0,25 -0,24 -0,07 -0,13 -0,31 Protec. -0,2 -0,56** -0,14 0,62** 0,64** 0,60** -0,4 0,42 -0,09 0,4 -0,55* ,59** ,48* ,51* 0,01 0,18 -0,02 0,09 Carinh. DREALG -0,08 -0,05 0,01 0,02 0,05 -0,13 -0,15 0,12 0,27 0,01 -0,37 -0,07 ,54* -0,14 -0,22 -0,29 -0,17 -0,29 0,1 -0,15 -0,31 -0,11 -0,15 -0,2 -0,25 -0,02 -0,19 -0,22 -0,17 -0,03 -0,08 -0,13 -0,01 -0,19 -0,52* -0,47* 0,08 -0,56** 0,43 0,49* 0,69** 0,54* -0,35 0,36 0,05 0,57** -0,48* 0,39 0,2 0,52* 0,04 0,47* 0,39 0,42 RAPARIGAS PAI Autonom. Protec. Carinho -0,09 -0,2 -0,19 0,12 0,11 -0,02 -0,34 0,09 0,08 0,12 -0,26 0,04 0,35 -0,29 0,06 -0,15 -0,31 -0,17 MÃE Autonom. 0,12 0,2 0,05 -0,38 -0,31 -0,36 0,04 -0,12 0,08 -0,34 0,02 -0,23 -0,21 -0,12 -0,16 -0,24 -0,24 -0,33 Protecção Tabela 11 Matriz de Correlação de PEARSON entre as Práticas Parentais Educativas e as restantes variáveis Psicológicas estudadas, por Sexo na Região de Educação de DREALG Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência MENÚ SALIR MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Com o objectivo de avaliar o grau de associação entre as Práticas Parentais e o Ajustamento Emocional, Comportamental e os Papéis Sexuais foi efectuada uma matriz de correlação de Pearson, por Sexo e Região de Educação Escolar, ver tabela 11. Na Região Escolar do Algarve, nos rapazes a variável Pai-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, na Fobia Social, [r(29)=-.69; p<.01] e nos Papéis Sexuais, na Feminilidade, [r(29)=-.56; p<.01]. Associou-se de forma estatisticamente significativa na Perturbação de Hiperactividade, a Falta de Atenção, [r(29)=.54; p<.01]. Na variável Pai-Protecção apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa nos Papéis Sexuais a Feminilidade, [r(29)=-.71; p<.01]. Associaram-se estatisticamente significativa com a Perturbação de Depressão, o Humor Negativo, [r(29)=.72; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. Na Região Escolar do Algarve, nos rapazes a variável Mãe-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa nos Papéis Sexuais, a Feminilidade, [r(29)=-.62; p<.01]. Associaram-se estatisticamente significativas na Perturbação de Depressão, os Problemas Interpessoais [r(29)=.66; p<.01]. Na Perturbação de Hiperactividade, o Índice de Hiperactividade, [r(29)=.55; p<.01]; Falta de Atenção, [r(29)=.63; p<.01] e Hiperactividade-Impulsividade, [r(29)=.50;p<.01]. Na variável Mãe-Autonomia verificou-se uma associação estatisticamente significativa, na Perturbação de Depressão, os Problemas Interpessoais, [r(29)=.50; p<.01] e na Perturbação de Hiperactividade, a Hiperactividade-Impulsividade, [r(29)=.58; p<.01]. Na variável Mãe-Protecção verificou-se uma associação estatisticamente significativa, na Perturbação de Depressão, em Humor Negativo, [r(29)=.59; p<.01] e nos Papéis Sexuais, a Masculinidade, [r(29)=.48; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. Na Região Escolar do Algarve, nas raparigas a variável Pai-Carinho apresentou uma associação estatisticamente 281 significativa, inversa na MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Perturbação de Depressão, a Auto-Estima Negativa, [r(21)=-.55; p<.05] e nos Papéis Sexuais na Feminilidade, [r(21)=-.56; p<.01]. As variáveis que apresentaram uma associação estatisticamente significativas foram a Perturbação de Ansiedade, em Perturbação de Pânico, [r(21)=.59; p<.01]; na Perturbação de Hiperactividade, o Índice de Hiperactividade, [r(21)=.62; p<.01]; Falta de Atenção, [r(21)=.64; p<.01] e Hiperactividade-Impulsividade, [r(21)=.60; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. Na variável Mãe-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa nos Papéis Sexuais, a Feminilidade, [r(21)=-.56; p<.01]. Apresentaram associações estatisticamente significativas na Perturbação de Depressão, a Anedonia, [r(21)=.57; p<.01] e na Perturbação de Hiperactividade, a Falta de Atenção, [r(21)=.69; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. 282 0,12 -0,01 0,17 0,1 -0,13 ,30* 0,07 0,04 A. Generalizada Fobia Social F. Específica Obsessivo-Compulsivo 0,28* 0,16 -0,19 0,33** -0,03 0,47** 0,38** 0,47** Ineficácia Anedonia Auto-estima Negativa Índice Hiperactividade Falta de Atenção Hiperactivid.-Impulsivid. 0,13 0,03 Nota:*p<.05e**p<.01 Neutro -0,11 -0,08 -0,44** Feminino -0,1 0,17 -0,03 Masculino CSRI CADS 0,21 0,46** Problemas Interpessoais 0,2 0,07 -0,29* -0,29* -0,05 Humor Negativo Perturbação de Humor Pós-Stress Traumático 0,22 0,1 0,11 ,39** 0,21 Autonomia P. Pânico Carinho A. Separação Perturbação Ansiedade PAI -0,17 -0,12 -0,07 0,19 -0,09 -0,05 0,14 -0,11 -0,1 0,19 -0,22 -0,24 -0,27* 0,05 -0,01 -0,18 0,1 -0,05 Protecção -0,13 -0,43** -0,26* 0,23 0,30* 0,14 -0,15 0,14 0,16 0,39** -0,1 0,06 -0,16 0,24 -0,22 -0,11 -0,08 0,21 Carinho Infância 283 -0,2 -0,07 -0,43** -0,08 0,13 0,01 -0,13 0,09 0,25* 0,17 -0,17 0,05 -0,35** 0,01 0,18 -0,09 0,16 0,12 Autonomia MÃE DREN -0,1 -0,13 0,05 -0,03 -0,12 -0,22 -0,25* -0,01 0,11 0,08 0,12 -0,31* -0,18 -0,04 -0,28* -0,16 -0,18 -0,15 Protecção -0,43* -0,58** 0,12 0,34 0,47** 0,47** 0,05 0,22 -0,13 0,50** 0,05 -0,21 -0,29 -0,29 -0,46** -0,27 -0,32 -0,23 0,05 -0,2 -0,3 0,13 0,14 0,22 0,04 -0,06 -0,01 0,15 -0,12 0,04 -0,21 0,13 0,07 -0,3 -0,22 -0,35 Carinho Autonomia PAI -0,54** -0,67** 0,3 0,31 0,35 0,18 -0,03 -0,06 -0,17 0,40* .01 -0,43* -0,57** -0,34 -0,62** -0,46** -0,35* -0,45** Protecção -0,53** -0,65** 0,01 0,28 0,33 0,25 -0,03 0,21 -0,04 0,53** 0,19 -0,24 -0,45* -0,39* -0,47** -0,48** -0,48** -0,2 Carinho Adolescência -0,15 -0,33 -0,40* 0,13 0,25 -0,11 -0,38* -0,06 -0,19 0,23 -0,09 0,02 -0,29 -0,24 0,04 -0,26 0,13 -0,08 Autonomia MÃE -0,52** -0,62** 0,18 0,34 0,51** 0,24 -0,15 -0,01 -0,39* 0,47** 0,06 -0,31 -0,46** -0,47** -0,55** -0,44* -0,28 -0,27 Protecção Tabela 12 Matriz de Correlação de PEARSON entre as Práticas Parentais Educativas e as restantes Variáveis Psicológicas por Faixa Etária na Região de Educação do Norte Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência MENÚ SALIR MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Com o objectivo de avaliar o grau de associação entre as Práticas Parentais e o Ajustamento Emocional, Comportamental e os Papéis Sexuais foi efectuada uma matriz de correlação de Pearson, por Faixa Etária e a Região de Educação Escolar, ver tabela 12. Na Região Escolar do Norte, na Infância a variável Pai-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa nos Papéis Sexuais na Feminilidade, [r(62)=-.44; p<.01]. Associou-se de forma estatisticamente significativa na Perturbação de Ansiedade, a Perturbação de Pânico, [r(62)=39; p<.01] e na Perturbação de Depressão Problemas Interpessoais, [r(62)=.46; p<.01], Anedonia, [r(62)=33; p<.01]. Na Perturbação de Hiperactividade, o Índice de Hiperactividade, [r(62)=47; p<.01], Falta de Atenção, [r(62)=38; p<.01] e Hiperactividade-Impulsividade, [r(62)=47; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. Na Região Escolar do Norte, na Infância a variável Mãe-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa nos Papéis Sexuais na Feminilidade, [r(62)=-.43; p<.01]. Associou-se de forma estatisticamente significativa na Perturbação de Depressão, os Problemas Interpessoais, [r(62)=.39; p<.01]. Na variável Mãe-Autonomia verificou-se uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, em Obsessivo-Compulsivo, Masculinidade, [r(62)=-.35; [r(62)=-.43; p<.01] p<.01]. Não e nos se Papéis obtiveram Sexuais, a associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. Na Região Escolar do Norte, na Adolescência a variável Pai-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, a Fobia Social, [r(32)=-.46; p<.01] e nos Papéis Sexuais, a Feminilidade, [r(32)=-.58; p<.01]. Associou-se de forma estatisticamente significativa na Perturbação de Depressão, os Problemas Interpessoais, [r(32)=.50; p<.01]; na Perturbação de Hiperactividade, o Índice de Hiperactividade, [r(32)=47; p<.01], Falta de Atenção, [r(32)=47; p<.01]. Na variável Pai-Protecção apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, a 284 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Perturbação de Pânico, [r(32)=-.45; p<.01], a Ansiedade Generalizada, [r(32)=.46; p<.01], a Fobia Social, [r(32)=-.62; p<.01], o Obsessivo-Compulsivo, [r(32)=-.57; p<.01], e nos Papéis Sexuais, a Feminilidade, [r(32)=-.67; p<.019 e o Neutro, [r(32)=-.54; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. Na variável Mãe-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, a Ansiedade de Separação, [r(31)=-.48; p<.01], a Ansiedade Generalizada, [r(31)=-.48; p<.01], a Fobia Social, [r(31)=-.47; p<.01], nos Papéis Sexuais, a Feminilidade, [r(31)=-.65; p<.01] e Neutro, [r(31)=-.53; p<.01]. Associou-se de forma estatisticamente significativa na Perturbação de Depressão, os Problemas Interpessoais, [r(31)=.53; p<.01]. Na variável Mãe-Protecção apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, a Fobia Social, [r(32)=-.55; p<.01], a Fobia Específica, [r(32)=-.47; p<.01], o Obsessivo-Compulsivo, [r(32)=-.46; p<.01], na Perturbação de Depressão, e nos Papéis Sexuais, a Feminilidade, [r(32)=-.62; p<.01] e o Neutro, [r(32)=-.52; p<.01]. Associou-se de forma estatisticamente significativa na Perturbação de Depressão, os Problemas Interpessoais, [r(32)=.47; p<.01], na Perturbação de Hiperactividade, a Falta de Atenção, [r(32)=.51; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. 285 PAI -0,03 0,11 0,14 0,12 -0,09 -0,01 0,05 0,01 A. Generalizada Fobia Social F. Específica Obsessivo-Compulsivo -0,05 0,21* 0,2 -0,32** 0,26* -0,07 0,54** Ineficácia Anedonia Auto-estima Negativa Índice Hiperactividade -0,05 -0,28** Neutro Nota: *p<.05 e ** p<.01 -0,17 -0,03 -0,51** Feminino -0,24* 0,14 -0,22* Masculino CSRI 0,55** 0,50** Falta de Atenção Hiperactivid.-Impulsivid. CADS -0,11 ,38** 0,08 -0,16 Humor Negativo 0,03 0,06 Problemas Interpessoais Perturbação de Humor Pós-Stress Traumático ,23* 0,02 0,14 0,16 P. Pânico 0,03 Autonomia A. Separação Perturbação Ansiedade Carinho -0,22* -0,23* 0,02 0,16 0,01 -0,01 0,02 -0,15 -0,16 0,1 0,1 -0,26* -0,11 -0,06 -0,15 -0,06 -0,27** -0,21* Protecção -0,32** -0,46** -0,15 0,34** 0,50** 0,31** -0,07 0,24* 0,09 0,42** -0,05 0,07 -0,06 -0,01 -0,17 0,07 0,06 0,15 Carinho Infância MÃE 286 -0,21* -0,2 -0,32** 0,05 0,19 0,05 -0,20* -0,14 -0,02 0,15 0,1 0,03 -0,07 -0,11 0,19 0,05 0,18 0,02 Autonomia 0,01 -0,08 0,11 -0,06 -0,15 -0,23* -0,18 -0,12 0,18 -0,11 0,28** -0,24 -0,08* -0,01 -0,32** -0,11 -0,30** -0,27** Protecção DREL -0,37** -0,41** -0,07 0,14 0,35** 0,52** 0,01 0,15 -0,09 0,28* 0,21 -0,02 0,07 0,05 -0,13 0,25* -0,03 0,18 Carinho PAI -0,26* -0,25* -0,18 0,18 0,21 0,41** 0,08 0,19 -0,16 0,2 0,30* 0,08 0,08 -0,02 0,06 0,24 -0,27* -0,03 Autonomia -0,46** -0,53** 0,25* 0,26* 0,2 0,09 -0,32* -0,16 -0,15 0,26* 0,40** -0,19 -0,26* -0,43** -0,48** -0,29* -0,30* -0,39** Protecção -0,50** -0,65** -0,04 0,25* 0,41** 0,29* -0,21 0,1 0,15 0,41** 0,37** -0,27* -0,35** -0,30* -0,39** -0,34** -0,41** -0,23 Carinho Adolescência -0,48** -0,55** -0,11 0,36** 0,44** 0,14 -0,43** -0,12 -0,09 0,42** 0,48** 0,01 -0,22 -0,49** -0,27* -0,25* -0,30* -0,29* Autonomia MÃE -0,27* -0,34** 0,30* 0,1 0,04 0,04 -0,12 0,05 0,01 -0,06 0,37** -0,12 -0,15 -0,36** -0,47** -0,27* -0,35** -0,40** Protecção Tabela 13 Matriz de Correlação de PEARSON entre as Práticas Parentais Educativas e as restantes Variáveis Psicológicas por Faixa Etária na Região de Educação de DREL Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência MENÚ SALIR MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Com o objectivo de avaliar o grau de associação entre as Práticas Parentais e o Ajustamento Emocional, Comportamental e os Papéis Sexuais foi efectuada uma matriz de correlação de Pearson, por Faixa Etária e a Região de Educação Escolar, ver tabela 13. Na Região Escolar de Lisboa, na Infância a variável Pai-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Depressão, a Ineficácia, [r(97)=-.32; p<.01] e nos Papéis Sexuais, a Feminilidade, [r(97)=-.51; p<.01] e Neutro, [r(97)=-.28; p<.01]. Associou-se de forma estatisticamente significativa na Perturbação de Depressão, Problemas Interpessoais, [r(97)=.38; p<.01]. Na Perturbação de Hiperactividade, o Índice de Hiperactividade, [r(97)=.54; p<.01], Falta de Atenção, [r(97)=55; p<.01] e Hiperactividade-Impulsividade, [r(97)=50; p<.01]. Na Variável Pai-Protecção apresentou uma associação estatisticamente significativa inversa, na Perturbação de Ansiedade, a Ansiedade de Separação, [r(97)=-27; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. Na variável Mãe-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa nos Papéis Sexuais, a Feminilidade, [r(97)=-.46; p<.01] e Neutro, [r(97)=-.32; p<.01]. Associou-se de forma estatisticamente significativa na Perturbação de Depressão, Problemas Interpessoais, [r(97)=.42; p<.01]. Na Perturbação de Hiperactividade, o Índice de Hiperactividade, [r(97)=31; p<.01], Falta de Atenção, [r(97)=50; p<.01] e Hiperactividade-Impulsividade, [r(97)=34; p<.01]. Na variável Mãe-Autonomia apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa nos Papéis Sexuais, a Masculinidade (r(97)=-.32; p<.01). Na variável Mãe-Protecção apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, a Perturbação de Pânico, [r(97)=-.27; p<.01], a Ansiedade de Separação, [r(97)=-.30; p<.01] e a Fobia Social, [r(97)=-.32; p<.01]. Associou-se de forma estatisticamente significativa na Perturbação de Depressão, o Humor Negativo, [r(97)=.28; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. 287 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Na Região Escolar de Lisboa, na Adolescência a variável Pai-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa, nos Papéis Sexuais, a Feminilidade, [r(65)=-.41; p<.01] e Neutro, [r(65)=-.37; p<.01]. Associou-se de forma estatisticamente significativa na Perturbação de Hiperactividade, o Índice de Hiperactividade, [r(65)=.52; p<.01], Falta de Atenção, [r(65)=35; p<.01]. Na variável Pai-Autonomia apresentou uma associação estatisticamente significativa na Perturbação de Hiperactividade, o Índice de Hiperactividade, [r(65)=.41; p<.01]. Na variável Pai-Protecção apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, a Perturbação de Pânico, [r(65)=-.39; p<.01], a Fobia Social, [r(65)=-.48; p<.01], a Fobia Específica, [r(65)=-.43; p<.01]; nos Papéis Sexuais, a Feminilidade, [r(65)=-.53; p<.01] e Neutro, [r(65)=-.46; p<.01]. Associou-se de forma estatisticamente significativa na Perturbação de Depressão, o Humor Negativo, [r(65)=.40; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. Na variável Mãe-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, a Ansiedade de Separação, [r(65)=-.41; p<.01], a Ansiedade Generalizada, [r(65)=-.34; p<.01], a Fobia Social, [r(65)=-.39; p<.01], o Obsessivo-Compulsivo, [r(65)=-.35; p<.01]; nos Papéis Sexuais, a Feminilidade, [r(65)=-.65; p<.01] e Neutro, [r(65)=-.50; p<.01]. Associou-se de forma estatisticamente significativa na Perturbação de Depressão, o Humor Negativo, [r(65)=.37; p<.01], Problemas Interpessoais, [r(65)=.41; p<.01]; na Perturbação de Hiperactividade, a Falta de Atenção, [r(65)=.41; p<.01]. Na variável Mãe-Autonomia apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, a Fobia Específica, [r(65)=-.49; p<.01]; na Perturbação de Depressão, a Auto-Estima Negativa, [r(65)=-.43; p<.01] e nos Papéis Sexuais a Feminilidade, [r(65)=-.55; p<.01] e Neutro, [r(65)=-.48; p<.01]. Associou-se de forma estatisticamente significativa na Perturbação de Depressão, o Humor Negativo, [r(65)=.48; p<.01], os Problemas Interpessoais, [r(65)=.42; p<.01]; na Perturbação de 288 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Hiperactividade, a Falta de Atenção, [r(65)=.44; p<.01] e a HiperactividadeImpulsividade, [r(65)=.36; p<.01]. Na variável Mãe-Protecção apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, a Perturbação de Pânico, [r(65)=-.40; p<.01], a Ansiedade de Separação, [r(65)=-.35; p<.01], a Fobia Social, [r(65)=-.47; p<.01], a Fobia Específica, [r(65)=-.36; p<.01]; nos Papéis Sexuais, a Feminilidade, [r(65)=-.34; p<.01]. Associou-se de forma estatisticamente significativa na Perturbação de Depressão, o Humor Negativo, [r(65)=.37; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. 289 290 Tabela 14 Matriz de Correlação de PEARSON entre as Práticas Parentais Educativas e as restantes Variáveis Psicológicas por Faixa Etária na Região de Educação de DREALG DREALG Infância Adolescência PAI MÃE PAI MÃE Carinho Auton Protec Carinho Auton Protec Carinh Autono Protec Carinh Auton Protec Perturbação Ansiedade P. Pânico 0,39* 0,26 -0,25 0,39* 0,32 -0,28 -0,08 -0,37 -0,58* -0,07 -0,44 -0,51 A. Separação 0,11 0,51** -0,37* 0,28 0,59** -0,31 -0,22 -0,32 -0,65* -0,37 -0,52 -0,37 A. Generalizada 0,13 0,09 -0,19 0,2 0,19 -0,13 -0,06 -0,24 -0,55* -0,04 -0,52 -0,4 Fobia Social -0,2 0,16 -0,21 -0,06 0,32 -0,02 -0,69** -0,14 -0,54* -0,39 -0,05 -0,44 F. Específica 0,03 0,06 0,01 0,16 0,18 0,08 -0,38 -0,2 -0,48 -0,01 -0,39 -0,36 Obsessivo-Compulsivo -0,25 -0,14 -0,39* -0,05 -0,1 -0,06 -0,36 -0,25 -0,64* 0,04 -0,32 -0,44 Pós-Stress Traumático -0,01 0,24 -0,35* 0,25 0,33 -0,22 -0,52 -0,36 -0,55* -0,15 -0,29 -0,44 Perturbação de Humor Humor Negativo -0,37* -0,19 0,12 -0,35* -0,19 0,15 0,4 0,49 0,82** 0,31 0,44 0,80** Problemas Interpessoais 0,40* 0,39* -0,22 0,53** 0,37* -0,27 0,63* 0,16 0,55* 0,63* 0,60* 0,11 Ineficácia -0,06 -0,12 -0,07 0,03 -0,23 0,08 -0,06 -0,23 0,15 0,14 -0,16 0,16 Anedonia 0,26 0,12 -0,25 0,34* 0,13 -0,25 0,42 0,06 -0,06 0,49 0,08 -0,15 Auto-estima Negativa -0,26 -0,1 0,05 -0,32 -0,09 0,17 -0,12 -0,24 0,22 0,13 0,04 0,01 CADS Índice Hiperactividade 0,58** 0,26 -0,36* 0,52** 0,25 -0,43** 0,48 -0,05 0,14 0,62* 0,5 -0,32 Falta de Atenção 0,61** 0,34* -0,40* 0,63** 0,29 -0,44** 0,55* -0,16 0,36 0,76** 0,41 -0,12 Hiperactivid.-Impulsivid. 0,45** 0,41* -0,13 0,47** 0,36* -0,18 0,37 0,07 0,34 0,72** 0,74** -0,1 CSRI Masculino -0,27 -0,29 0,2 -0,27 -0,39* 0,27 0,43 0,09 0,4 0,51 0,3 0,29 Feminino -0,49** -0,48** -0,14 -0,50** -0,40* 0,19 -0,66* -0,17 -0,59* -0,75** -0,70** -0,07 Neutro -0,31 -0,28 -0,2 -0,13 -0,38* 0,15 -0,27 -0,27 -0,22 0,1 -0,4 0,03 Nota:*p<.05e**p<.01 Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência MENÚ SALIR MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Com o objectivo de avaliar o grau de associação entre as Práticas Parentais e o Ajustamento Emocional, Comportamental e os Papéis Sexuais foi efectuada uma matriz de correlação de Pearson, por Faixa Etária e a Região de Educação Escolar, ver tabela 14. Na Região Escolar do Algarve, na Infância a variável Pai-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa, nos Papéis Sexuais, a Feminilidade, [r(36)=-.49; p<.01]. Associou-se de forma estatisticamente significativa na Perturbação Hiperactividade, o Índice de Hiperactividade, [r(36)=58; p<.01], Falta de Atenção, [r(36)=61; p<.01] e Hiperactividade-Impulsividade, [r(36)=45; p<.01]. Na variável Pai-Autonomia apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa, nos Papéis Sexuais, a Feminilidade, [r(36)=-.48; p<.01]. Associou-se de forma estatisticamente significativa na Perturbação de Ansiedade, a Ansiedade de Separação, [r(36)=51; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. Na Região Escolar do Algarve, na Infância a variável Mãe-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa nos Papéis Sexuais na Feminilidade, [r(36)=-50; p<.01]. Associou-se de forma estatisticamente significativa na Perturbação de Depressão, os Problemas Interpessoais, [r(36)=.53; p<.01]. Na Perturbação de Hiperactividade, o Índice de Hiperactividade, [r(36)=52; p<.01], Falta de Atenção, [r(36)=63; p<.01] e Hiperactividade-Impulsividade, [r(36)=47; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. Na variável Mãe-Autonomia Associou-se de forma estatisticamente significativa, na Perturbação de Ansiedade, a Ansiedade de Separação, [r(36)=59; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. Na variável Mãe-Protecção, Associou-se de forma estatisticamente significativa, inversa, Na Perturbação de Hiperactividade, o Índice de Hiperactividade, [r(36)=-.43; p<.01], Falta de Atenção, [r(36)=-.44; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. 291 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Na Região Escolar do Algarve, na Adolescência a variável Pai-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa na Perturbação de Ansiedade, a Fobia Social, [r(14)=-.69; p<.01]. Na variável Pai-Protecção apresentou uma associação estatisticamente significativa, na Perturbação de Depressão, o Humor Negativo, [r(14)=.82; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. Na variável Mãe-Carinho apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa nos Papéis Sexuais, a Feminilidade, [r(14)=-.75; p<.01]. Associou-se de forma estatisticamente significativa na Perturbação de Hiperactividade, a Falta de Atenção, [r(14)=.76; p<.01] e HiperactividadeImpulsividade, [r(14)=.72; p<.01]. Na variável Mãe-Autonomia apresentou uma associação estatisticamente significativa, inversa nos Papéis Sexuais, a Feminilidade, [r(14)=-.70;p<.01]. Associou-se de forma estatisticamente significativa na Perturbação de Hiperactividade, a Hiperactividade-Impulsividade, [r(14)=.75; p<.01]. Na variável Mãe-Protecção apresentou uma associação estatisticamente significativa, na Perturbação de Depressão, o Humor Negativo, [r(14)=.80; p<.01]. Não se obtiveram associações estatisticamente significativas nas restantes escalas. 292 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 7. Factores Preditores Tabela 15 Factores Preditores da Variável Dependente PAI- Carinho, Autonomia e Protecção na Região de Educação -DREN na Infância Factores Preditores do Carinho Modelo Hiperactividade/Impulsividade 1 Feminilidade 2 Hábitos de estudo 3 Variância explicada Factores Preditores de Autonomia Modelo Humor Negativo 1 Variância explicada Factores Preditores de Protecção Modelo Obsessivo-Compulsivo 1 Hiperactividade/Impulsividade 2 Falta de Atenção 3 Variância Explicada R² R² Ajust Beta t .221 .208 .325 3.044** .349 .327 -0,323 -3,123** .415 .384 -2,74 -2,55* 38.4% R² R² Ajust Beta T .082 .066 -0,286 -2,310* 6.6% R² R² Ajust Beta T .070 .055 -0,269 -2,251* .130 .101 .581 3,328** .220 .179 -0,455 -2,577* 17.9% Nota: * p<.05 e ** p<.01 Efectuou-se Análises de Factores Preditores na variável independente Práticas Parentais Educativas e variáveis dependentes, as variáveis psicológicas estudadas por Região Escolar do Norte e Faixa Etária na Infância, pelo método stepwise. Da análise de dados verificou-se que na dimensão Carinho, foram preditores a Hiperactividade, (R²=.221; R²Ajustado=.208, Beta=.325; t=3.044; p<.01); Feminilidade, (R²=.349; R²Ajustado=.327, Beta=-.323; t=-3.123; p<.01); Hábitos de Estudo, (R²=.415; R²Ajustado=.384, Beta=-2.74; t=-2.55; p<.05); com uma variância explicada de 38,4%. Para a Autonomia, foram preditores o Humor Negativo, (R²=.082; R²Ajustado=.66, Beta=-.286; t=-2.310; p<.05); com uma variância explicada de 6.6%. E na Protecção, foram preditores o Obsessivo-Compulsivo, (R²=.070; R²Ajustado=.055, Beta=-.269; t=-2.251; p<.05); a Hiperactividade- Impulsividade, (R²=.130; R²Ajustado=.101, Beta=-.581; t=3.328; p<01); a Falta de Atenção, (R²=.220; R²Ajustado=.179, Beta=-.455; t=-2.577; p<.05); com uma variância explicada de 17.9%. 293 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Tabela 16 Factores Preditores da Variável Dependente PAI- Carinho, Autonomia e Protecção na Região Educação -DREL na Infância Modelo Factores Preditores do Carinho Falta de Atenção 1 Habito de Estudo 2 Feminidade 3 Índice de Hiperactividade 4 Variância Explicada Modelo Factores Preditores de Autonomia Hábitos de Estudo 1 Masculinidade 2 Variância explicada Modelo Factores Preditores de Protecção Ansiedade de Separação 1 Feminidade 2 Variância Explicada R² R² Ajust 0,297 0,29 0,386 0,373 0,467 0,449 0,535 0,514 Beta t -0,038 -0,293 -0,277 -3,742*** -0,403 -4,802*** 0,424 3,653*** 51,40% R² R² Ajust Beta t 0,088 0,079 -0,285 -2,948** 0,136 0,118 -0,219 -2,266* 11,80% R² R² Ajust Beta t 0,071 0,061 -0,27 -2,766** 0,115 0,096 -0,21 -2,151* 9,60% NOTA: *p<.05; ** p<.01 e ***p<.001 Efectuou-se Análises de Factores Preditores na variável independente Práticas Parentais Educativas e variáveis dependentes, as variáveis psicológicas estudadas por Região Escolar de Lisboa e Faixa Etária na Infância, pelo método stepwise. Da análise de dados verificou-se que na dimensão Carinho, foram preditores a Falta de Atenção, (R²=.297; R²Ajustado=.290; Beta=-.038; t=.293;p>.05); Hábitos de Estudo, (R²=.386; R²Ajustado=.373; Beta=-.277; t=3.742; p<.001); Feminilidade, (R²=.467; R²Ajustado=.449; Beta=-.403; t=4.802;p<.001); Índice de Hiperactividade, (R²=.535; R²Ajustado=.514; Beta=.424; t=3.653;p<.001); com uma variância explicada de 51.4%. Para Autonomia, foram preditores os Hábitos de Estudo, (R²=.088; R²Ajustado=.079, Beta=-.285; t=-2.948;p<.01); Masculinidade, (R²=.136; R²Ajustado=.118; Beta=-.219; t=-2.266;p<.05); com uma variância explicada de 11%. E na Protecção, foram preditores a Ansiedade de Separação, (R²=.071; R²Ajustado=.061; Beta=-.27; t=-2.766;p<.01); a Feminilidade, (R²=.115; R² Ajustado=.096; Beta=-.21; t=-2.151; p<.05), com uma variância explicada de 9,6%. 294 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Tabela 17 Factores Preditores da Variável Dependente PAI - Carinho, Autonomia e Protecção na Região Educação - DREALG na Infância Factores Preditores do Carinho Modelo R² Falta de Atenção 1 0,366 Fobia Social 2 0,477 Feminilidade 3 0,566 Índice de Hiperactividade 4 0,676 Variância explicada Factores Preditores de Autonomia Modelo R² Ansiedade de Separação 1 0,257 Feminilidade 2 0,452 Variância explicada Factores Preditores de Protecção Modelo R² Número de Irmãos 1 0,18 Ansiedade de Separação 2 0,304 Variância Explicada NOTA: *p<.05; **p<.01 e ***p<.001 R² Ajust 0,348 0,445 0,525 0,634 Beta t -0,342 -1,134 -0,429 -3,946*** -0,502 -4,095*** 0,953 3,248** 63,40% R² Ajust Beta t 0,235 0,473 3,66*** 0,419 -0,443 -3,432** 41,90% R² Ajust Beta t 0,156 -0,41 -2,819** 0,262 -0,352 -2,424* 26,20% Efectuou-se Análises de Factores Preditores na variável independente Práticas Parentais Educativas e variáveis dependentes, as variáveis psicológicas estudadas por Região Escolar do Algarve e Faixa Etária na Infância, pelo método stepwise. Da análise de dados verificou-se que na dimensão Carinho, foram preditores a Falta de Atenção, (R²=.366; R²Ajustado=.348; Beta=-.342; t=1.134; p>.05); Fobia Social, (R²=.477; R²Ajustado=.445; Beta=-.429; t=-3.946; p<.001); Feminilidade, (R²=.566; R²Ajustado=.525; Beta=-.502; t=-4095; p<.001); Índice de Hiperactividade, (R²=.676; R²Ajustado=.634; Beta=.953; t=3.248; p<.01); com uma variância explicada de 63.4%. Para a Autonomia, foram preditores a Ansiedade de Separação, (R²=.257; R²Ajustado=.235, Beta=-.473; t=3.66; p<.001); Feminilidade, (R²=.452; R²Ajustado=.419; Beta=-.443; t=-3.432; p<.01); com uma variância explicada de 41.9%. E na Protecção, foram preditores o Número de Irmãos, (R²=.18; R²Ajustado=.156, Beta=-.41; t=-2.819; p<.01); a Ansiedade de Separação, 295 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência R²=.304; R²Ajustado=.262, Beta=-.352; t=-2.424; p<.05; com uma variância explicada de 296 26.2%. MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Tabela 18 Factores Preditores da Variável Dependente MÃE - Carinho, Autonomia e Protecção na Região Educação - DREN na Infância Factores Preditores do Carinho Modelo Feminidade 1 Fobia Específica 2 Variância explicada Factores Preditores de Autonomia Modelo Masculinidade 1 Obsessivo-Compulsivo 2 Variância explicada Factores Preditores de Protecção Modelo Pós-Stress Traumático 1 Idade da Mãe 2 Auto Estima Negativa 3 Desempenho Escolar 4 Variância Explicada NOTA: *p<.05; **p<.01 e ***p<.001 R² R² Ajust Beta t 0,183 0,17 -0,453 -4,038*** 0,263 0,238 0,283 2,526* 23,80% R² R² Ajust Beta t 0,184 0,17 -0,369 -3,196** 0,252 0,227 -0,267 -2,316* 22,70% R² R² Ajust Beta t 0,093 0,078 -0,348 -3,058** 0,211 0,184 0,386 3,413*** 0,27 0,233 -0,311 -2,748** 0,326 0,278 0,249 2,162* 27,80% Efectuou-se Análises de Factores Preditores na variável independente Práticas Parentais Educativas-Mãe e variáveis dependentes, as variáveis psicológicas estudadas por Região Escolar do Norte e Faixa Etária na Infância, pelo método stepwise. Da análise de dados verificou-se que na dimensão Carinho, foram preditores a Feminidade, (R²=.183; R²Ajustado=.17; Beta=-.453; t=-4.038; p<.001); Fobia Específica, (R²=.263; R²Ajustado=.238; Beta=.283; t=2.526; p<.05); com uma variância explicada de 23.8%. Para a Autonomia, foram preditores a Masculinidade, (R²=.184; R²Ajustado=.17, Beta=-.369; t=-3.196; p<.01); Obsessivo-Compulsivo, (R²=.252; R²Ajustado=.227; Beta=-.267; t=-2.316; p<.05); com uma variância explicada de 22.7%. Na Protecção, foram preditores Pós-Stress Traumático, (R²=.093; R²Ajustado=.078, Beta=-.348; t=-3.058; p<.01); a Idade da Mãe, (R²=.211; R²Ajustado=.184, Beta=.386; t=3.413; p<.001); a Auto-Estima Negativa, (R²=.27; R²Ajustado=.233; Beta=-.311; t=-2.748; p<.01); Desempenho Escolar, (R²=.326; R²Ajustado=.278; Beta=.249; t=2.162; p<.05); com uma variância explicada de 27.8%. 297 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Tabela 19 Factores Preditores da Variável Dependente MÃE - Carinho, Autonomia e Protecção na Região Educação - DREL na Infância Factores Preditores do Carinho Modelo Falta de Atenção 1 Idade do Pai 2 Ineficácia 3 Desempenho Escolar 4 Problemas Interpessoais 5 Fobia Social 6 Masculinidade 7 Variância explicada Factores Preditores de Autonomia Modelo Masculinidade 1 Anedonia 2 Falta de Atenção 3 Variância explicada Factores Preditores de Protecção Modelo Ansiedade de Separação 1 Idade da Mãe 2 Variância Explicada Nota: *p<.05; **p<.01 e ***p<.001 R² R² Ajust 0,246 0,238 0,32 0,305 0,377 0,357 0,433 0,408 0,46 0,43 0,486 0,452 0,523 0,486 Beta 0,289 0,249 0,232 -0,214 0,216 -0,269 -0,217 t 3,085** 3,224** 2,85** -2,386* 2,488* -3,123** -2,622* 48,60% R² R² Ajust 0,1 0,091 0,144 0,126 0,196 0,17 Beta t -0,347 -3,673 -0,272 -2,784** 0,235 2,432* 17% R² R² Ajust Beta t 0,094 0,084 -0,299 -3,114** 0,141 0,123 0,218 2,268* 12,30% Efectuou-se Análises de Factores Preditores na variável independente Práticas Parentais Educativas-Mãe e variáveis dependentes, as variáveis psicológicas estudadas por Região Escolar de Lisboa e Faixa Etária na Infância, pelo método stepwise. Da análise de dados verificou-se que na dimensão Carinho, foram preditores a Falta de Atenção, (R²=.246; R²Ajustado=.238; Beta=.289; t=3.085; p<.01); Idade do Pai, (R²=.32; R²Ajustado=.305; Beta=.249; t=3.224; p<.01); Ineficácia, (R²=.377; R²Ajustado=.357; Beta=.232; t=2.85; p<.01); Desempenho Escolar, (R²=.433; R²Ajustado=.408; Beta=-.214; t=-2.386; p<.05); Problemas Interpessoais, (R²=.46; R²Ajustado=.43; Beta=.216; t=2.488; p<.05); Fobia Social, (R²=.486; R²Ajustado=.452; Beta=-.269; t=-3.123; p<.01); Masculinidade, (R²=.523; R²Ajustado=.486; Beta=-.217; t=-2.622; p<.05); com uma variância explicada de 48.6.%. 298 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Para a Autonomia, foram preditores a Masculinidade, com (R²=.1; R²Ajustado=.091; Beta=-.347; t=-3.673; p>.05); Anedonia, (R²=.144; R²Ajustado=.126; Beta=-.272; t=-2.784; p<.01); Falta de Atenção, (R²=.196; R²Ajustado=.17; Beta=.235; t=-2.432; p>.05); com uma variância explicada de 17%. E na Protecção, foram preditores a Ansiedade de Separação, (R²=.094; R²Ajustado=.84; Beta=-.299; t=-3.114; p<.01); Idade da Mãe, (R²=.141; R²Ajustado=.123; Beta=.218; t=2.268; p<.05); com uma variância explicada de 12,3%. 299 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Tabela 20 Factores Preditores da Variável Dependente MÃE - Carinho, Autonomia e Protecção na Região Educação - DREALG na Infância Factores Preditores do Carinho Modelo Falta de Atenção 1 Feminidade 2 Variância explicada Factores Preditores de Autonomia Modelo Ansiedade de Separação 1 Feminidade 2 Idade do Pai 3 Variância explicada Factores Preditores de Protecção Modelo Desempenho Escolar 1 Variância Explicada NOTA: * p<.05; ** p<.01 e *** p<.001 R² R² Ajust Beta T 0,394 0,376 0,518 3,925*** 0,489 0,458 -0,328 -2,481* 45,80% R² R² Ajust 0,353 0,334 0,482 0,451 0,574 0,535 Beta T 0,593 5,108*** -0,31 -2,650* -0,309 -2,638* 53,50% R² R² Ajust Beta T 0,196 0,172 0,443 2,878** 17,20% Efectuou-se Análises de Factores Preditores na variável independente Práticas Parentais Educativas-Mãe e variáveis dependentes, as variáveis psicológicas estudadas por Região Escolar do Algarve e Faixa Etária na Infância, pelo método de stepwise. Da análise de dados verificou-se que na dimensão Carinho, foram preditores a Falta de Atenção, (R²=.394; R²Ajustado=.376; Beta=.518; t=3.925; p<.001); Feminidade, (R²=.489; R²Ajustado=.458; Beta=-.328; t=-2.481; p<.05); com uma variância explicada de 45.8.%. Para a Autonomia, foram preditores a Ansiedade de Separação, (R²=.353; R²Ajustado=.334, Beta=.593; t=5.108; p<.001); Feminidade, (R²=.482; R²Ajustado=.451; Beta=-.31; t=-2.65; p<.05); Idade do Pai, (R²=.574; R²Ajustado=.535; Beta=-.309; t=-2.638; p<.05); com uma variância explicada de 53.5%. E na Protecção, foram preditores Desempenho Escolar, (R²=.196; R²Ajustado=.172, Beta=.443; t=2.878; p<.01); com uma variância explicada de 17.2%. 300 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Tabela 21 Factores Preditores da Variável Dependente PAI - Carinho, Autonomia e Protecção na Região Educação - DREN na Adolescência Factores Preditores do Carinho Desempenho Escolar Feminidade Factores Preditores de Autonomia Hábito de Estudo Modelo R² 1 0,379 2 0,474 Variância explicada R² Ajust Beta T 0,358 0,438 -0,43 -0,36 -2,738* -2,294* 43,80% Beta 0,38 T 2,252* 11,60% Beta -0,671 T -4,96*** 45,10% Modelo R² R² Ajust 1 0,145 0,116 Variância explicada Factores Preditores de Protecção Feminidade Modelo R² R² Ajust 1 0,451 0,432 Variância Explicada NOTA: * p<.05; ** p<.01 e *** p<.001 Efectuou-se Análises de Factores Preditores na variável independente Práticas Parentais Educativas-Pai e variáveis dependentes, as variáveis psicológicas estudadas por Região Escolar do Norte e Faixa Etária na Adolescência, pelo método de stepwise. Da análise de dados verificou-se que na dimensão Carinho, foram preditores o Desempenho Escolar, (R²=.379; R²Ajustado=.358; Beta=-.43; t=2.738; p<.05); Feminidade, (R²=.474; R²Ajustado=.438; Beta=-.36; t=-2.294; p<.05); com uma variância explicada de 43.8%. Para a Autonomia, foram preditores os Hábitos de Estudo, (R²=.145; R²Ajustado=.116, Beta=.38; t=2.252; p<.05); com uma variância explicada de 11.6%. Na Protecção, foram preditores Feminidade, (R²=.451; R²Ajustado=.432, Beta=-.671; t=-4.96; p<.001); com uma variância explicada de 45.1%. 301 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Tabela 22 Factores Preditores da Variável Dependente Pai - Carinho, Autonomia e Protecção na Região de Educação - DREL na Adolescência Factores Preditores do Carinho Modelo R² R² Ajust Beta t Desempenho Escolar 1 0,301 0,29 -0,184 -1,743 Número de Irmãos 2 0,406 0,387 0,331 4,072*** Ansiedade Generalizada 3 0,461 0,435 0,479 5,251*** Feminidade 4 0,563 0,534 -0,655 -5,553*** Auto Estima Negativa 5 0,612 0,58 0,242 2,818** Ineficácia 6 0,65 0,613 0,239 2,904** Hábitos de Estudo 7 0,688 0,649 -0,215 -2,629* 64,90% Variância explicada Factores Preditores de Autonomia Modelo R² R² Ajust Beta t Hábitos de Estudo 1 0,178 0,165 -0,38 -3,904*** Índice de Hiperactividade 2 0,308 0,286 0,408 4,159*** Humor Negativo 3 0,431 0,404 0,354 3,636** Variância explicada 40,40% Factores Preditores de Protecção Modelo R² R² Ajust Beta t Feminidade 1 0,276 0,264 -0,602 -4,191*** Número de Irmãos 2 0,323 0,302 0,353 3,595** Falta de Atenção 3 0,384 0,354 -0,743 -3,889*** Hiperactividade Impulsividade 4 0,442 0,405 0,491 2,935** Fobia Especifica 5 0,488 0,444 -0,267 -2,29* Variância Explicada 44,40% NOTA: * p<.05; ** p<.01 e *** p<.001 Efectuou-se Análises de Factores Preditores na variável independente Práticas Parentais Educativas-Pai e variáveis dependentes, as variáveis psicológicas estudadas por Região Escolar de Lisboa e Faixa Etária na Adolescência, pelo método de stepwise. Da análise de dados verificou-se que na dimensão Carinho, foram preditores o Desempenho Escolar, (R²=.301; R²Ajustado=.29; Beta=-.184; t=1.743; p>.05); Número de Irmãos, (R²=.406; R²Ajustado=.387; Beta=.331; t=4.072; p<.001); Ansiedade Generalizada, (R²=.461; R²Ajustado=.435; Beta=.479; t=5.251; p<.001); Feminidade, (R²=.563; R²Ajustado=.534; Beta=.655; t=-5.553; p<.001); Auto-Estima Negativa, (R²=.612; R²Ajustado=.58; Beta=.242; t=2.818; p<.01); Ineficácia, (R²=.65; R²Ajustado=.613; Beta=-.239; 302 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência t=2.904; p<.01); Hábitos de Estudo, (R²=.688; R²Ajustado=.649; Beta=-.215; t=2.629; p<.05); com uma variância explicada de 64.9.%. Para a Autonomia, foram preditores os Hábitos de Estudo, (R²=.178; R²Ajustado=.165, Beta=-.38; t=-3.904; p<.001); Índice de Hiperactividade, (R²=.308; R²Ajustado=.286; Beta=.408; t=4.159; p<.001); Humor Negativo, (R²=.431; R²Ajustado=.404; Beta=.354; t=3.636; p<.01); com uma variância explicada de 40.4%. E na Protecção, foram preditores a Feminidade, (R²=.276; R²Ajustado=.264, Beta=-.602; t=-4.191; p<.001); Número de Irmãos, (R²=.323; R²Ajustado=.302, Beta=.353; t=3.595; p<.01); Falta de Atenção, (R²=.384; R²Ajustado=.354; Beta=-.743; t=-3.889; p<.001); Hiperactividade-Impulsividade, (R²=.442; R²Ajustado=.405; Beta=.491; t=2.935; p<.01); Fobia Específica, (R²=.488; R²Ajustado=.444; Beta=-.267; t=-2.29; p<05); com uma variância explicada de 44.4%. 303 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Tabela 23 Factores Preditores da Variável Dependente Pai - Carinho, Autonomia e Protecção na Região de Educação - DREALG na Adolescência Factores Preditores do Carinho Modelo Fobia Social 1 Auto Estima Negativa 2 Anedonia 3 Variância explicada Factores Preditores de Protecção Modelo Humor Negativo 1 Variância Explicada NOTA: * p<.05; ** p<.01 e *** p<.001 R² R² Ajust 0,477 0,434 0,692 0,636 0,839 0,791 Beta T -0,895 -6,351*** -0,496 -3,523** 0,384 3,022* 79,10% R² R² Ajust Beta 0,671 0,644 0,819 T 4,95*** 64,40% Efectuou-se Análises de Factores Preditores na variável independente Práticas Parentais Educativas-Pai e variáveis dependentes, as variáveis psicológicas estudadas por Região Escolar do Algarve e Faixa Etária na Adolescência, pelo método de stepwise. Da análise de dados verificou-se que na dimensão Carinho, foram preditores a Fobia Social, (R²=.477; R²Ajustado=.434; Beta=-.895; t=-6.351; p<.001); Auto-Estima Negativa, (R²=.692; R²Ajustado=.636; Beta=-.496; t=3.523; p<.01); Anedonia, (R²=.839; R²Ajustado=.791, Beta=.384; t=3.022; p<05); com uma variância explicada de 79.1%. Para a Protecção, foram preditores o Humor Negativo, (R²=.671; R²Ajustado=.644, Beta=.819; t=.495; p<001); com uma variância explicada de 64.4%. 304 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Tabela 24 Factores Preditores da Variável Mãe - Carinho, Autonomia e Protecção na Região de Educação - DREN na Adolescência Factores Preditores do Carinho Modelo Feminidade 1 Idade do Pai 2 Variância explicada Factores Preditores de Autonomia Modelo Masculinidade 1 Feminilidade 2 Idade do Pai 3 Variância explicada Factores Preditores de Protecção Modelo Feminilidade 1 Ineficácia 2 Variância Explicada NOTA: * p<.05; ** p<.01 e *** p<.001 R² R² Ajust Beta T 0,242 0,404 -0,563 -4,083*** 0,511 0,476 0,307 2,229* 47,60% R² R² Ajust 0,158 0,13 0,363 0,319 0,518 0,467 Beta T -0,537 -3,947*** -0,569 -4,07*** -0,406 -3,007** 46,70% R² R² Ajust Beta T 0,383 0,362 -0,579 -4,29*** 0,479 0,444 -0,313 -2,321* 44,40% Efectuou-se Análises de Factores Preditores na variável independente Práticas Parentais Educativas-Mãe e variáveis dependentes, as variáveis psicológicas estudadas por Região Escolar do Norte e Faixa Etária na Adolescência, pelo método stepwise. Da análise de dados verificou-se que na dimensão Carinho, foram preditores a Feminidade, (R²=.242; R²Ajustado=.404; Beta=-.563; t=-4.083; p<.001); Idade do Pai, (R²=.511; R²Ajustado=.476; Beta=.307; t=2.229; p<.05); com uma variância explicada de 47.6%. Para a Autonomia, foram preditores a Masculinidade, (R²=.158; R²Ajustado=.13, Beta=-.537; t=-3.947; p<.001); Feminidade, (R²=.363; R²Ajustado=.319; Beta=-.569; t=-4.07; p<.001); Idade do Pai, (R²=.518; R²Ajustado=.467; Beta=-.406; t=-3.007; p<.01); com uma variância explicada de 46.7%. E na R²Ajustado=.362, Protecção, foram Beta=-.579; preditores t=-4.29; p<.001); Feminidade, (R²=.383; Ineficácia, (R²=.479; R²Ajustado=.444, Beta=-.313; t=-2.321; p<.05); com uma variância explicada de 44.4%. 305 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Tabela 25 Factores Preditores da Variável Dependente Mãe - Carinho, Autonomia e Protecção na Região de Educação - DREL na Adolescência Factores Preditores do Carinho Modelo R² R² Ajust Beta T Feminidade 1 0,423 0,414 -0,606 -6,258*** Número de Irmãos 2 0,484 0,467 0,339 3,884*** Ineficácia 3 0,526 0,503 0,229 2,638* Ansiedade de Separação 4 0,556 0,526 -0,326 -2,926** Perturbação de Pânico 5 0,591 0,556 0,248 2,26* Variância explicada 55,60% Factores Preditores de Autonomia Modelo R² R² Ajust Beta T Feminidade 1 0,303 0,292 -0,148 -1,048 Humor Negativo 2 0,388 0,369 0,368 3,697*** Pós-Stress Traumático 3 0,46 0,434 0,389 3,978*** Fobia Especifica 4 0,522 0,49 -0,382 -3,392** Desempenho Escolar 5 0,586 0,551 -0,346 -3,015** Variância explicada 55,10% Factores Preditores de Protecção Modelo R² R² Ajust Beta T Fobia Social 1 0,219 0,207 -0,857 -6,036*** Obsessivo - Compulsivo 2 0,298 0,276 0,705 4,721*** Perturbação de Pânico 3 0,436 0,409 -0,491 -4,286*** Falta de Atenção 4 0,486 0,451 -0,243 -2,395* Variância Explicada 45,10% NOTA: * p<.05; ** p<.01 e *** p<.001 Efectuou-se Análises de Factores Preditores na variável independente Práticas Parentais Educativas-Mãe e variáveis dependentes, as variáveis psicológicas estudadas por Região Escolar de Lisboa e Faixa Etária na Adolescência, pelo método de stepwise. Da análise de dados verificou-se que na dimensão Carinho, foram preditores a Feminidade, (R²=.423; R²Ajustado=.414; Beta=-.606; t=-6.258; p<.001); Número de Irmãos, (R²=.484; R²Ajustado=.467; Beta=.339; t=3.884; p<.05); Ineficácia, (R²=.526; R²Ajustado=.503; Beta=.229; t=2.638; p<.001); Ansiedade de Separação, (R²=.556; R²Ajustado=.526; Beta=-.326; t=-2.926; p<.01); Perturbação de Pânico, (R²=.591; R²Ajustado=.556; Beta=.248; t=2.26; p<.05); com uma variância explicada de 55.6%. Para a Autonomia, foram preditores a Feminidade, (R²=.303; R²Ajustado=.292, Beta=-.148; t=-1.048; p>.05); Humor Negativo, (R²=.388; 306 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência R²Ajustado=.369; Beta=.368; t=3.697; p<.001); Pós Stress Traumático, (R²=.46; R²Ajustado=.434; Beta=.389; t=3.978; p<.001); Fobia Específica, (R²=.522; R²Ajustado=.49; Beta=-.382; t=-3.392; p<.01); Desempenho Escolar, (R²=.586; R²Ajustado=.551; Beta=-.346; t=-3.015; p<.01), com uma variância explicada de 55.1%. E na Protecção, R²Ajustado=.207, foram Beta=-.857; preditores t=-6.036; a Fobia p<.001); Social, (R²=.219; Obsessivo-Compulsivo, (R²=.298; R²Ajustado=.276, Beta=.705; t=4.721; p<.001); Perturbação de Pânico, (R²=.436; R²Ajustado=.409; Beta=-.491; t=-4.286; p<.001); Falta de Atenção, (R²=.486; R²Ajustado=.451; Beta=-.243; t=-2.395; p<.05); com uma variância explicada de 45.1%. 307 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Tabela 26 Factores Preditores da Variável Dependente MÂE - Carinho, Autonomia e Protecção na Região de Educação - DREALG na Adolescência Factores Preditores do Carinho Falta de Atenção Modelo R² 1 0,581 Variância explicada Factores Preditores de Autonomia Modelo Hiperactividade Impulsividade 1 Perturbação de Pânico 2 Variância explicada Factores Preditores de Protecção Modelo Humor Negativo 1 Ansiedade de Separação 2 Variância Explicada NOTA: * p<.05; ** p<.01 e *** p<.001 R² Ajust 0,546 R² 0,558 0,722 R² Ajust 0,521 0,671 R² 0,641 0,761 R² Ajust 0,611 0,718 Beta 0,762 t 4,076** 54,60% Beta t 0,725 4,552** -0,405 -2,544* 67,10% Beta t 1,189 5,369*** 0,52 2,348* 71,80% Efectuou-se Análises de Factores Preditores na variável independente Práticas Parentais Educativas-Mãe e variáveis dependentes, as variáveis psicológicas estudadas por Região Escolar do Algarve e Faixa Etária na Adolescência, pelo método de stepwise. Da análise de dados verificou-se que na dimensão Carinho, foram preditores a Falta de Atenção, (R²=.581; R²Ajustado=.546; Beta=-.762; t=4.076; p<.01); com uma variância explicada de 54.6%. Para a Autonomia, foram preditores a Hiperactividade-Impulsividade, (R²=.558; R²Ajustado=.521, Beta=.725; t=4.552; p<.01); Perturbação de Pânico, (R²=.722; R²Ajustado=.671; Beta=-.405; t=-2.544; p<.05); com uma variância explicada de 67.1%. E na Protecção, foram preditores Humor Negativo, (R²=.641; R²Ajustado=.611, Beta=1.189; t=5.369; p<.001); Ansiedade de Separação, (R²=.761; R²Ajustado=.718, Beta=.52; t=2.348; p<.05); com uma variância explicada de 71.8%. 308 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência CAPÍTULO VII – CONCLUSÃO, LIMITAÇÕES E PROPOSTAS CONCLUSÃO É difícil tirar conclusões. Verificamos o quanto o ser humano tem necessidade de “sonhar” sobre as suas origens, a sua concepção, o seu nascimento, o desejo que o gerou e de traçar para si um ou vários percursos. Este processo, parece tão natural, passa habitualmente despercebido e, muitas vezes, a sua importância só se revela quando surgem obstáculos. Quando estes surgem a estrutura familiar fica fragilizada, qualquer incerteza na função parental perturba todos os elementos que a compõem. É necessário uma compreensão das dificuldades de cada para a construção de uma suficientemente resistente para enfrentar a vida, munidos de capacidades de estabelecer relações adequadas com os outros, (Berger, 1998; Fleming, 2005). Embora no capítulo anterior tenhamos referido a leitura dos resultados obtidos, reservamos para este capítulo a sua conclusão de acordo com o objectivo e hipóteses formuladas. Atendendo à importância das Práticas Parentais Educativas e a sua influência no desenvolvimento das crianças e jovens, face aos resultados obtidos, consideramos pertinente referir o valor de uma intervenção adequada nas diferentes fases de desenvolvimento das crianças e jovens quando estes manifestam algum comportamento menos adequado, por um período de tempo considerável, motivado por diversos factores, sociais, cognitivos e emocionais, (Cruz e Fonseca, 2002). Por último, expomos algumas reflexões sobre as limitações encontradas neste trabalho e deixar referidas algumas propostas para futuras investigações. Como se poderá constatar na descrição do capítulo, este estudo confirmou dados obtidos em trabalhos realizados noutros países por diferentes investigadores. Os resultados do presente trabalho evidenciaram diferenças significativas para questões inerentes à avaliação dos filhos em relação aos seus pais quanto ás práticas parentais educativas nas diferentes Regiões de Educação de Portugal Continental. 309 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência A presente investigação foi desenvolvida com o objectivo de estudar as práticas parentais educativas, verificamos que existe um conjunto de variáveis que lhe estão associadas, sendo as diferenças significativas para o carinho, a autonomia e protecção. Também para compreendermos o fenómeno comportamental e emocional das crianças e adolescentes, verificamos que existem um conjunto de variáveis que se encontram associadas, sendo as diferenças significativas para os índices da hiperactividade, da ansiedade e da depressão. Os nossos estudos confirmam que o relacionamento familiar, a influência dos estilos parentais e da comunicação familiar, apesar de ao longo da infância e adolescência sofrerem alterações, continuam a desempenhar funções importantes, assumindo um papel decisivo no ajustamento e desenvolvimento de competências psicossociais, na saúde mental e em comportamentos dos jovens (Ardelt e Day, 2002). As variáveis em estudo foram analisadas em função das fontes de informação das crianças e adolescentes num total de 307, respectivamente 148 rapazes e 159 raparigas com média de idades de (10.91) em questionários de auto-avaliação. Estas variáveis foram estudadas por Região Escolar de Educação de Portugal Continental, respectivamente na Direcção Regional Educação Norte DREN, Direcção Regional Educação de Lisboa – DREL e na Direcção Regional Educação Algarve – DREALG em relação ao género, idade, ano de escolaridade, hábitos de estudo e desempenho escolar. Em relação à caracterização dos progenitores foram referidos a idade dos mesmos, sendo a média da idade do pai dos alunos que participaram no estudo de (42,36) e a média de idade da mãe de (39,09) e o sector profissional dos mesmos, sendo na maioria os pais qualificados (37%) e as mães não qualificadas (31.4%). No que respeita ao Desempenho Escolar os resultados dos estudos demonstraram que os rapazes revelaram um desempenho médio de (32.2%), estudando entre três a quatro horas por semana. As raparigas revelaram um desempenho escolar acima da média (23.5%) e estudam mais de quatro horas 310 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência por semana (41.7%). Podendo concluir que são as raparigas que revelaram um melhor desempenho e mais hábitos de estudo do que os rapazes. Foram aplicados diferentes questionários, todos estão devidamente validados na população portuguesa. Os Questionários de Auto-avaliação em relação às Práticas Parentais Educativas o Questionário de Ligação Parental Bonding Instrument (PBI; Parker, Tupling e Brown, 1979). As variáveis Carinho, Autonomia e Protecção são quantitativas. No que respeita às qualidades psicométricas, os coeficientes alfa, para as escalas de Rejeição e Carinho foram de 0.86 para o pai e 0.88 para a mãe; para a Protecção foram de 0.62 para o pai e 0.60 para a mãe e para a Autonomia foi de 0.57 para o pai e 0.58 para a mãe (Baptista, Negrão, Lory e Carvalho, 1997). Em relação à escala de avaliação da Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção, o Children’s Atypical Development Scale (CADS-A, Conner’s, 1997), o que respeita à fidelidade, os coeficientes de consistência interna, alpha de Cronbach, encontrados para o índice de PHDA foram de 0.75 para rapazes e de 0.75 para raparigas, apresentou um coeficiente de correlação de 0.87 (Lory, 1999). Em relação à escala de avaliação da Perturbação de Ansiedade a Screen for Child Anxiety Related Emotional Disorders Review (SCARED-R, Muris, Merckelbach, Schmidt e Mayer, 1999), Foram descritos alfas de Cronbach de 0.94 para o total da escala, variando de 0.64, fobias específicas, a 0.80 perturbação de pânico, para as sub-escalas. Em relação à escala de avaliação da Perturbação de Depressão o Children’s Depression Inventory (CDI, Kovacs, 1981), Foram encontrados coeficientes de consistência interna de .86, adequada fidelidade e satisfatória validade convergente e descriminante (Kovacs, 1992). A escala para avaliação da masculinidade e feminilidade, a Children’s Sex Role Inventory (BSRI; Boldizar, 1991), a validade foi assegurada através das escalas femininas e masculinas altamente consistentes, alpha de Cronbach, 0.81 e de uma média de estabilidade de teste de 0.60 (Boldizar, 1991). 311 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Conclusão sobre o Objectivo: “Avaliar as Práticas Parentais Educativas, relaciona-las com o desenvolvimento de Perturbações Comportamentais e Emocionais em Crianças e Adolescentes nas Regiões de Educação de Portugal Continental”. De acordo com a literatura consultada ao longo do desenvolvimento deste trabalho de investigação, os estudos revelaram uma associação entre as práticas parentais educativas, de ambos os pais, em relação ao comportamento emocional e comportamental dos seus filhos. Os primeiros estudos desenvolvidos sobre as práticas parentais educativas utilizavam entrevistas, questionários ou escalas de atitudes como forma a obter informações dos pais acerca das suas técnicas disciplinares, das suas reacções típicas, face a comportamentos específicos da criança e a valores respeitantes ao processo educativo (Maccoby e Martin, 1983). Com base nos dados obtidos dessa forma, muitos trabalhos surgiram nesse campo de especialidade, sendo uma das bases deste trabalho. Concordando com os estudos de (Belsky e Isabella, 1988; Gullone e King, 1993) que práticas parentais educativas carinhosas e estimulantes de autonomia, proporcionam aos filhos o desenvolvimento de competências, e ajustamento emocional, como bons níveis de suporte social contribuindo para ultrapassar alguns medos e receios, próprios do desenvolvimento. A forma como os pais exercem a sua função é bastante diversificada, e essas variações irão influenciar o desenvolvimento de determinadas características da criança. Os modelos de afectividade e de interacção que os pais utilizam para lidarem com a criança influenciam, de modo significativo, a forma como ela aprende e se relaciona com os outros e até com os próprios pais. Os modelos parentais (Baldwin, 1955; Schaefer, 1959; Baumrind, 1971; Parker, Tupling e Brown, 1979; Perris, Jacobson, Lindstom e Van Knorring, 1980), as expectativas e os métodos educativos determinam largamente o repertório de comportamento da criança, bem como as suas atitudes e 312 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência objectivos. Como refere Duro (2001:61), devemos motivar a vontade de nós mesmos e dos nossos filhos, dependendo da sua idade, de tal forma que actuando livremente adquirem hábitos, valores e atitudes, que serão as qualidades que constroem a sua pessoa. A maior parte dos trabalhos referentes à educação da criança e aos seus efeitos tem procurado identificar as características pelas quais os pais diferem, significativamente, uns dos outros, características essas que têm sido relatadas como influentes nas diferenças que se verificam, a vários níveis, entre as crianças, (Camacho e Matos, 2007). Porém, a forma como os pais exercem a sua função é bastante diversificada, e essas variações irão influenciar o desenvolvimento de determinadas características da criança e jovem. Concluímos que os modelos de afectividade e de interacção que os pais utilizam para lidarem com os filhos influenciam, de modo significativo, a forma como estes aprendem e se relacionam com os outros e até mesmo com os seus pais. “As carícias, os beijos, o reforço em cada etapa que a criança realiza ao longo do seu desenvolvimento, o reconhecimento das suas habilidades reflectem em definitivo o estilo básico da sua aprendizagem”, (Villafáñez, 1997:132). Conclusão sobre a Hipótese 1: “Existe diferenciação entre sexo em relação à percepção das Práticas Parentais Educativas.” Avaliadas as diferenças entre sexos procurou-se saber qual a associação entre as dimensões Carinho, Protecção e Autonomia por sexo relativamente ao desenvolvimento emocional, comportamental e papéis sexuais. Os resultados revelaram que os rapazes e raparigas avaliaram o Carinho, a Protecção e a Autonomia dos seus progenitores de modo idêntico. Apesar da diferença não ter sido significativa, verificou-se uma tendência para as crianças e adolescentes terem identificado a mãe como mais carinhosa e 313 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência protectora que o pai, enquanto a autonomia é favorecido pelo progenitor do mesmo sexo. A análise da influência das práticas parentais educativas no desenvolvimento dos filhos, revelou uma associação entre as variáveis psicológicas entre os pais, se caracterizadas por menor suporte emocional, provocam ansiedade nos filhos. Estes resultados estão de acordo com os encontrados por alguns estudos revistos (Blatt, Wein, Chevron e Quinlan, 1979; Burbach e Bourduin, 1986; Richer, Richer, Eisemann, Seering e Bartsch, 1994 e Winefield, Tiggemann e Winefield, 1994). Concordando com estudos feitos sobre a importância da família de Salvador e Bitata (2001:84), estes autores fazem uma leitura positiva das relações pais-filhos e consideram a sua adaptação familiar razoavelmente boa, mesmo quando poderá existir algum problema entre os jovens, os pais constituem um ponto essencial de referência e a família é um pilar básico em torno dos quais se move uma parte da vida dos jovens. Estes resultados vêm de encontro a outros estudos já realizados nesta área por Canavarro (1999), permitindo referir que o suporte emocional proporcionado por ambos os pais durante a infância e adolescência parece ser factor de protecção para as perturbações emocionais na idade adulta. Como pais carinhosos, disponíveis, atentos e capazes de responder às necessidades dos filhos, ou seja, que os suportam emocionalmente, parece ter contribuído para a formação de padrões de vinculação segura destes ao longo da vida. Estudos desenvolvidos nesta área por (Gerlsma, Emmelkamp e Arrindell, 1990), verificaram também uma tendência para as raparigas considerarem os progenitores como mais carinhosos, enquanto os rapazes os consideraram mais protectores. Também estes resultados estão de acordo com os verificados no estudo de Lory (1999), que tanto os rapazes como as raparigas avaliaram os seus progenitores de modo semelhante, o que nos poderá levar a supor que apesar das diferenças idade dos estudantes, ambos pertencem a uma população cultural e meio social idêntico. 314 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Conclusão sobre a Hipótese 2: “ A diferença entre sexos é significativa em relação ao ajustamento emocional e comportamental das crianças e adolescentes.” Em algumas associações, verificou-se uma identificação com o progenitor do mesmo sexo, os rapazes sentiram maior autonomia por parte do pai e as raparigas maior autonomia por parte da mãe. Os estilos parentais normalmente diferenciados pelo sexo, podem significar que os pais sejam mais tolerantes para com os comportamentos da criança do seu próprio sexo, ou talvez se devam a diferentes processos de socialização (Baumrind, 1977; Bell, 1968; Boldizar, 1991; Ginsburg e Silverman, 2000 e Golombok, 2000). Verificou-se ainda, que a influência parental se associou com os papéis sexuais, sendo as raparigas as mais influenciadas, quer pelo pai, quer pela mãe, que também poderá estar associado a influências genética e ambientais (Elkins, McGue e Iacono, 1997). Da observação de diferenças entre sexos, na sub-escala de Ansiedade, as raparigas referiram valores mais elevados de sintomas ObsessivoCompulsivo e Fobias Específicas do que os rapazes. Por seu lado, na subescala da Depressão, os rapazes apresentaram valores mais elevados de perturbação de humor, nomeadamente Problemas Interpessoais, Ineficácia, Auto-estima Negativa do que as raparigas. Estas observações foram comprovadas por estudos de Gullone e King (1993), em que os medos que discriminam as faixas etárias dos 7 aos 10 anos demonstram que as crianças mais novas são mais propícias a recear objectos e situações sobre as quais elas acreditam terem menos controlo ou estarem mais vulneráveis, como, serem raptados, perderem-se em locais desconhecidos ou no meio de muita gente e medo de animais. Durante a adolescência estes receios tendem a diminuir, verificando-se um aumento de medos relacionados com a avaliação social e a crítica, (Rodríguez, Alcázar, Rodríguez, Carrillo, e Linares, 2006; Rijo, 2006). Estudos de prevalência indicam que são as raparigas que revelam mais medo (Ginsburg e Silverman, 2000; Gullone e King, 1993; Ollendick, Matson e 315 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Helsel, 1985). Como ter recebido menor suporte emocional por parte de ambos os pais durante a infância parece um factor de risco para perturbações de ansiedade e depressão (Canavarro, 1999), como também medo de ser avaliado negativamente em situações sociais, quer seja com pessoas conhecidas ou desconhecidas, (Rodríguez, Alcázar, Rodríguez, Carrillo, e Linares, 2006:87). De acordo com outros estudos desenvolvidos nesta área, constatou-se que as práticas parentais, o envolvimento e expectativas dos pais têm um papael crucial no desempenho académico dos seus filhos (Camacho e Matos, 2007). No que se refere à Hiperactividade/Impulsividade foram os rapazes que referiram maior Falta de Atenção e Hiperactividade/Impulsividade. Estes resultados apesar de serem de uma população escolar mais nova, estão de acordo com os verificados por Lory (1999), em que os adolescentes do sexo masculino apresentaram valores mais elevados na dimensão Falta de Atenção, tal como os trabalhos desenvolvidos por Achenbach, Hensley, Phares e Grayson (1990) e Weine, Phillips e Achenbach (1995) e de acordo com Barkley, Fischer, Edelbrock e Smallish (1990), que consideraram esta perturbação desenvolvimental com tendência a surgir na infância e persistir durante a fase da adolescência e até na idade adulta (Green e Chee, 1997), na maioria indivíduos do sexo masculino (Barkley, 1990). “O transtorno por deficit de atenção com hiperactividade representa um importante problema social por sua alta incidência na população infantil e juvenil pelas consequências psicológicas que cria”, (Álvarez, Hermida, Rodríguez e Vázquez, 2006:137). Conclusão sobre a Hipótese 3: “Verifica-se diferença quanto à avaliação das práticas parentais educativas nas diferentes regiões de educação do país.” Avaliadas as diferenças entre sexos procurou-se saber qual a associação entre as dimensões Carinho, Protecção e Autonomia por sexo relativamente ao desenvolvimento emocional, comportamental e papéis 316 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência sexuais. Os resultados revelaram que os rapazes e raparigas avaliaram o Carinho, a Protecção e a Autonomia dos seus progenitores de modo idêntico. Apesar da diferença não ter sido significativa, verificou-se uma tendência para as crianças e adolescentes terem identificado a mãe como mais carinhosa e protectora que o pai, enquanto a autonomia é favorecido pelo progenitor do mesmo sexo. Na Região de Educação do Norte (DREN), os rapazes avaliaram o pai e a mãe como pouco carinhosos, manifestando sintomas de Ansiedade, sendo evidente a ansiedade generalizada e fobia social. Estes resultados estão de acordo com os verificados no estudo de Lory (1999), que tanto os rapazes como as raparigas avaliaram os seus progenitores de modo semelhante, o que nos poderá levar a supor que apesar das diferenças idade dos estudantes, ambos pertencem a uma população cultural e meio social idêntico. A falta de protecção, de carinho e o não favorecimento de autonomia foram referidos por ambos os sexos nos problemas interpessoais e baixa autoestima negativa em relação a ambos os progenitores. As raparigas manifestaram ainda anedonia face á falta de carinho da mãe. Em relação á hiperactividade as raparigas foram as que revelaram esta característica quando recebem carinho e autonomia em excesso da parte do pai. Na Região de Educação de Lisboa (DREL), face á avaliação dos rapazes em relação ao pai e à mãe, os rapazes revelaram que a falta de carinho, autonomia e protecção os leva a manifestar ansiedade de separação, ansiedade generalizada, fobia social e pós stress-traumático. Referiram que demasiado carinho, autonomia e protecção os leva a manifestar humor negativo, problemas interpessoais e auto-estima negativa. A hiperactividade está associada de modo significativo a todas as dimensões estudadas nas práticas parentais, ou seja, o carinho, a autonomia e a protecção em demasia, influencia aos rapazes a manifestarem índice hiperactivo, falta de atenção e hiperactividade-impulsividade. As raparigas revelaram que quando recebem menos protecção e autonomia e por parte do pai e da mãe manifestam sintomas de pânico, ansiedade de separação, fobia social, fobia específica, obsessivo-compulsivo e 317 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência stress pós-traumático. A falta de autonomia por parte da mãe reflecte-se na rapariga como sintomas de auto-estima negativa. Quanto á hiperactividade, estes sintomas foram evidentes nas raparigas em relação ao índice de hiperactividade e falta de atenção, quando as mães são excessivamente carinhosas. Na Região de Educação do Sul (DREALG), ao avaliarem as práticas parentais educativas, respectivamente nas dimensões de carinho, autonomia e protecção e as variáveis psicológicas por sexo, foi feito uma matriz de correlação de PEARSON. Ambos avaliaram os pais como carinhosos, no entanto os rapazes revelaram que quando a falta de carinho por parte do pai, manifestavam fobia social, como excesso de protecção os leva a manifestar humor negativo. Em relação á mãe, os rapazes quando sentem que demasiado carinho contribui para manifestarem problemas interpessoais e excesso de protecção lhes provoca humor negativo. A nível de comportamental, os rapazes evidenciaram índices de falta de atenção face a excesso de carinho da parte do pai. Em relação á mãe, manifestam índices de hiperactividade, falta de atenção e hiperactividadeimpulsividade quando sentem receber carinho e autonomia mais que o normal. As raparigas revelaram que a nível emocional a falta de carinho por parte do pai lhes provoca perturbações de pânico e a ausência de carinho, autonomia e protecção por parte de ambos os progenitores contribui para manifestarem sintomas de índice de hiperactividade, falta de atenção e hiperactividade-impulsividade. Estudos desenvolvidos nesta área por (Gerlsma, Emmelkamp e Arrindell, 1990), verificaram também uma tendência para as raparigas considerarem os progenitores como mais carinhosos, enquanto os rapazes os consideraram mais protectores. Como verificamos, a família constitui uma significativa influência sobre a criança e o adolescente, e as práticas parentais educativas têm, sem dúvida, um enorme impacto sobre o seu desenvolvimento e comportamento. 318 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Conclusão sobre a Hipótese 4: “ A avaliação das práticas parentais educativas feita pelas crianças e adolescentes portugueses revela uma relação idêntica com as dimensões de Carinho, Autonomia e Protecção”. As práticas parentais educativas e a sua relação com outras variáveis, tem suscitado um crescente interesse por parte de investigadores na área da psicologia, pelo facto destas variáveis serem de extrema importância, podendo condicionar a vida escolar e social das crianças e adolescentes, (Camacho e Matos, 2007). De acordo com estudos de Parker, Tupling e Brown, (1979) e Mackinnon, Hendreson e Andrews (1991), o nosso estudo refere uma correlação positiva e estatisticamente significativa, o carinho para ambas as figuras parentais, ou seja, o carinho não só é uma dimensão aceite como também socialmente desejável. Estudos desenvolvidos em Portugal com adolescentes portugueses para além das dimensões carinho e protecção do modelo original foi encontrada uma terceira dimensão designada por autonomia (Baptista, Negrão, Lory e Carvalho, 1997). A autonomia é definida em termos cognitivos como o encorajamento para exprimir os diversos pontos de vista e em termos comportamentais, numa participação activa nas decisões feitas na família (Allen, Kupermic, e Moore, 1997; Collins, 1990; Steinberg, 1990). Podemos concluir que as relações positivas na família, o suporte emocional e social dos pais e um estilo de disciplina parental construtivo e consistente tendem a estar relacionados com maiores índices de bem-estar e de ajustamento na infância e adolescência (Negrão, 1995; Field, Diego e Sanders, 2002; Branje, Van Aken e Van Lieshout, 2002; Camacho e Matos, 2007). 319 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Conclusão Final A maior parte dos trabalhos referentes à educação da criança e aos seus efeitos tem procurado identificar as características pelas quais os pais diferem, significativamente, uns dos outros, características essas que têm sido relatadas como influentes nas diferenças que se verificam, a vários níveis, entre as crianças. Verificamos que os comportamentos e estilos parentais variam e influenciam, de forma diversificada, o desenvolvimento de determinadas características da criança e adolescente, o seu desenvolvimento social, cognitivo, emocional, filiação no grupo de pares e desempenho académico, podendo actuar como factor de protecção, mas também como factor de protecção, mas também como factor de risco (Baptista, 2000). Estudos sobre os estilos de relacionamento parental demonstram que qualquer dos extremos educativos (pais autocráticos ou muito permissivos) pode significar dificuldades acrescidas ao jovem e causar desequilíbrios (baixa autoconfiança e filhos dependentes ou revoltados), sendo o estilo democrata de controlo parental (ambientes em que os pais se interessam pela vida dos filhos discutem com eles as decisões a tomar, e existe uma definição clara de limites) o que gera nos jovens sentimentos de maior competência social, autonomia e independência (Linares, Pelegrina e Lendínez, 2002). Deste modo, o objectivo que procuramos alcançar não é um fim em si mesmo, assume-se antes como um incentivo a futuras investigações, a comparações e confrontações de outras perspectivas, de modo a que se consiga alcançar uma melhor e mais abrangente compreensão das Práticas Parentais Educativas no nosso país. Limitações A interacção entre as Práticas Parentais Educativas e os factores emocionais e comportamentais têm sido estudados em vários trabalhos, como a sua influência nas diferenças individuais em crianças e adolescentes, não 320 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência sendo nova no campo da educação e da psicologia, (Baptista, 1993; Canavarro, 1999; Lory, 1999). Uma importante questão prende-se com a relevância futura dos resultados encontrados. Quando referimos os resultados obtidos, algumas considerações foram feitas sobre as suas implicações teóricas, nomeadamente sobre o suporte empírico que forneciam alguns modelos e perspectivas teóricos, bem como ás questões que se foram levantando em virtude de estudos na área. No entanto um dos principais objectivos da investigação em educação é contribuir para a prevenção das perturbações comportamentais e emocionais e para o aumento da eficácia das intervenções educativas. É de referir algumas limitações que devem ser tidas em consideração quando da interpretação dos dados, o facto da amostra ter sido recolhida num só momento e a subsequente natureza correlacional do estudo. A recolha da amostra num só momento impossibilitou a avaliação da estabilidade comportamental e emocional dos alunos ao longo do tempo. Intervenção A observação de uma associação significativa entre alguns domínios família, de educação, de desenvolvimento e de emoções elucida-nos sobre algumas variáveis que podem assumir-se como alvo de intervenção. Torna-se evidente que a finalidade de qualquer intervenção neste domínio deve procurar alcançar um duplo objectivo: a valorização da família em todo o percurso desenvolvimental dos filhos seja na infância e na adolescência. Assim como tentar diminuir a incidência de alguns comportamentos das crianças e adolescentes e desenvolver padrões de comportamento alternativo que potenciem uma maior e melhor interacção familiar, comportamental e emocional entre todos os intervenientes (Álvarez, Hermida, Rodríguez e Vázquez, 2006). Relativamente às áreas de intervenção, existem algumas recomendações que se podem sugerir, nomeadamente o envolvimento activo da comunidade escolar, respectivamente, educadores, professores, psicólogos e outros técnicos. Seria, portanto, mais adequado se um programa de 321 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência intervenção familiar fosse articulado com a escola, cujas estratégias fossem diferenciadas consoante a dificuldade evidente. A escola tem um papel importante neste trabalho de parceria e a ela cabe a criação de condições que permitam capacitar os indivíduos para o desenvolvimento de valores, atitudes e comportamentos saudáveis, (Navarro, 1995). Numa perspectiva preventiva, no sentido de evitar uma possível evolução para a manifestação futura de sentimentos como falta de carinho, autonomia e protecção dos pais, índices de hiperactividade, sintomas ansiosos e depressivos, sendo estas atitudes e sentimentos considerados de risco e que merecem muita atenção. Situam-se ao nível da auto-estima (que quando elevada, diminui o risco de uma associação a manifestação de ansiedade e depressão, ainda que não diminua o risco de manifestação de hiperactividade), do incentivo, de estratégias educativas e apoio escolar por parte do professor face a falta de atenção do aluno em contexto escolar e dos níveis de aceitação social, familiar e psicológico a fim de evitar a probabilidade de ocorrência de comportamentos depressivos, a opção comportamental mais saudável, deve ser a mais fácil de tomar, (Tones, 1995; Álvarez, Hermida, Rodríguez e Vázquez, 2006). O treino de competências sociais e familiares para promover o desenvolvimento harmonioso, a amizade e bem-estar, tem sido defendido como uma área de intervenção crucial na adequação familiar e social. As experiências positivas com familiares e pares, a amizade e as redes de suporte social podem facilitar o desenvolvimento da auto-estima (Schwartz, Dodge, Pettit e Bates, 2000). Fase aos resultados obtidos, estes sugerem ser de máxima importância a intervenção do psicólogo, com o objectivo de uma maior divulgação dos sintomas comportamentais e emocionais, a implementação de programas de sensibilização e acções de formação e técnicos de saúde, pais, educadores e professores, ajudando-os a identificar e lidar com os problemas emocionais e comportamentais da criança e adolescente (Sampaio, 2006). 322 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Propostas de Investigações Futuras Um estudo longitudinal que acompanhasse as mesmas crianças e adolescentes ao longo de um certo período de tempo, poderia, em futuras investigações, ser desenvolvido de forma a estabelecer um efeito directo causal dos comportamentos e emoções face ás práticas parentais educativas ao nível das manifestações psicológicas estudadas. Não obstante, as referidas limitações, o presente trabalho contribuiu para um conhecimento do fenómeno das práticas parentais educativas em Portugal Continental, nomeadamente através da caracterização de algumas dimensões importantes ao desenvolvimento humana. Um outro domínio de particular interesse, que poderá vir a ser abordado futuramente, refere-se a obter uma amostra representativa dos pais, que permita confirmar a imagem que nos foi transmitida pelos filhos relativamente aos mesmos. As Práticas Parentais Educativas carinhosas e estimulantes de autonomia, proporcionam aos filhos o desenvolvimento de competências e ajustamento emocional, contribuindo assim para um desenvolvimento harmonioso, (Belsky e Isabella, 1998; Gulone e King, 1993). Como se pode constatar, o papel desempelhado pelo contexto familiar no desenvolvimento da criança e adolescente é crucial e tem, sem dúvida, um enorme impacto sobre o seu desenvolvimento e comportamento, podendo afectar a interacção social e desenvolvimento cognitivo (Camacho e Matos, 2007). Esperamos com esta investigação ter contribuido, ainda que singelamente, para o aumento do conhecimento da alguns aspectos das Práticas Parentais Educativas e a sua importância no desenvolvimento das crianças e adolescentes. “Dedicar esforços e atenção ao desenvolvimento da primeira infância é uma das melhores formas de construir o futuro”, (Rodríguez e Corbal, 2001:1039). 323 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 324 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência BIBLIOGRAFIA Abraham, K. (1991). 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A., PERRIS, C., EISEMANN, M., PERRIS, H., VAN DER ENDE, J., ROSS, M., BENJAMINSEN, S. GASZNER, P., & DEL VECCHIO, M. -226 ASSUMPÇÃO, F. B. & CURÁTOLO, E. -176, 187, 188, 193 AUGUST, G. J. & GARFINKEL, B. D.- 162 AZEVEDO, J., FONSECA, A. & SILVA, A.- 79, 80 BALDWIN, A. L.- 72, 312 BALDWIN, A. L., COLE, R. E. & BALDWIN, C. P. - 140 BANDURA, C. A. – 26, 136 BAPTISTA, A. – 72, 130, 135, 140, 157, 158, 165, 166, 167, 182, 191, 320, 321 BAPTISTA, A., NEGRÃO, A., LORY, F. & CARVALHO, D. – 226, 311, 3119 BARDAGI, M. P. - 69 367 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência BARKLEY, R. A. – 130, 140, 141, 142, 143, 148, 149, 150, 152, 154, 158, 159, 162, 163, 164, 165, 166, 167, 316 BARKLEY, R. A. & BENTON, C. M. - 217 BARKLEY, R. A., DU PAUL, G. J. & MCMURREY, M. B. – 161, 163 BARKLEY, R. A., FICHER, M., EDELBROCK, C. S. & SMALLISH, L. -141, 156, 316 BARROS, L. – 136, 138, 213 BAUER, J. J. & MCDAMS, D. P. - 124 BAUMRIND, D. – 67, 72, 73, 312, 315 BECK, A. – 133, 135, 136, 177, 204, 227 BECK, A., EMERY, G. & GRENBERG, R. - 178 BECKWITH, J. & MILLER, L. - 40 BEIDEL, D. C. & TURNER, S. M. – 190 BELL, R. Q. - 315 BELSKY, J. – 26, 69, 70 BELSKY, J. & ISABELLA, R. – 312, 323 BELSKY, J. & PENSKY, E. – 61 BERGER, M.- 309 BERGERET, J. – 127, 130 BERMUDEZ, J. - 182 BIBRING, E. - 196 BIEDERMAN, J., FARAONE, S. V. & CHEN, W. - 158 BIEDERMAN, J., FARAONE, S. V., KEENAN, K. & TSUANG, M. T. - 158 BIEDERMAN, J. MILBERGER, S., FARAONE, S. V., KIELY, K., GUIDE, J., ABLON, S., WARTURTON, R., & REED, E. – 140, 166 BIEDERMAN, J., NEWCOMB, J. & SPRICH, S. E. - 159 BIEDERMAN, J., ROSENBAUM, JF, CHALOFF, J. & KAGAN, J. – 166, 192 BLATT, S. J., & CHEVRON, E. – 225, 226 BLATT, S. J., WEIN, S. J., CHEVRON, E. & QUINLAN, D. N. - 314 BOLDIZAR, J. P. – 228. 229, 311, 315 BOLSONI-SILVA, A. T., PRETTE, A. D. & OISHI, J. – 131, 133 BOUTONIER, J. - 128 BOWERS, K. S. - 181 368 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência BOWLBY, J. – 26, 50, 51, 63, 64, 65, 71, 132, 186, 211, 212 BRANCO A. S. & FERNANDES, A. - 149 BRANJE, S., VAN AKEN, M., & VAN LIESHOUT, C. – 35, 319 BRAZELTON, T. B. – 139, 186 BRAZELTON, T. B. & GREENSPAN, S. L. - 100 BRIOSO, A. & SARRIÀ, E. – 130, 132 BROCHIN, H. A. & HORVAH, J. A. – 143, 158, 159 BRONFENBRENNER, U. - 67 BROWN, G. W., HARRIS, T. O., & BIFULCO, A. – 224 BRUNER, J. – 114, 117 BURBACH, D. J. & BORDUIN, C. M.- 314 BURLINGHAM, D. & FREUD, A. - 63 BURTON, R. – 132 CAMACHO, I. & MATOS, M. G.- 313, 316, 319, 323 CANAVARRO, J. M. - 35 CANAVARRO, M. C. S. – 25, 27, 61, 65, 66, 71, 140, 191, 192, 193, 210, 216, 217, 218, 314, 316, 321 CANTWELL, D. P. & BAKER, L. – 143, 161 CARVALHO, A. – 96 CARVOEIRO, M. & VIDAL, M.- 95 CECCONELLO, A. M., DE ANTONI, C. & KOLLER, S. H. – 25, 67, 68 CHILAND, C. - 129 CICCHETTI, D. – 130, 217 CICCHETTI, D. & TOTH, S. – 200, 203 CID-10 – 130, 139 COLLINS, W. – 34, 319 CONNERS, C. K. – 167, 227, 313 CONTE, F. C. – 130, 132 COUTINHO, M. T. B. - 47 COWAN, P. A., COWAN, C. P., & SCHULTZ, M. S. - 139 CRACEL, P. - 27 CRITTENDEN, P.M. – 203, 212 CRUZ, V. & FONSECA, V. - 309 369 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência CUMMINGS E. M., & CICCHETTI, D. – 211 CYTRYN, L. & MCKNEW, D. H. – 203, 204 DADDS, M. R. - 134 DARLING, N., & STEINBERG, L. – 65, 66, 67, 68, 69 DAY, S. H., FRASER, M. W., GALINSKY, M. J., GUO, S., ROSE, R., SMOKOWSKY, P. R. & TERSIAN , M.A. - 28 DE SALVO, C. G., SILVARES, E. F. M. & TONI, P. M. - 72 DE SINGLY, F. – 54, 55 DENIS, P. – 196 DIAS, C. A. - 71 DIATKINE, R. – 128, 129 DIEZ, J. J. – 92, 93 DOLLARD, J. & MILLER, N. - 177 DOUGLAS, V. I. – 144, 151 DURO, V. F. - 313 ECHEBURÚA, E. – 182 ELKINS, I. J., MCGUE, M. & IACONO, W. G.- 315 ENDLER, N. S. - 181 ENDLER, N. S. & MAGNUSSON, D. – 182 ERHARDT, D. & HAIRSHAW, S. P. - 164 ERIKSON, E. H. – 111, 120, 123, 124 EYSENCK, M. W. – 135, 138, 180 FALARDEAU, G. - 154 FARAONE, S. & BIEDERMAN, J. - 165 FARAONE, S., BIEDERMAN, J., LEHMAN, K. B., KEENAN, K., NORMAN, D. SEIDMAN, L. KOLDNY, R. KRAUS, I., PERRIN, J. & CHEN, W. - 158 FELDMAN, R. S. - 120 FERNANDES, A. – 36, 157 FERNANDES, D. – 42, 44 FERNANDES, J. V. - 41 FIELD, T., DIEGO. M., & SANDERS, C. – 35, 319 FISCHER, M., BARKLEY, R. A.& EDELBROCK, C. S. - 162 FISCHER, M., BARKLEY, R. A., FLETCHER, K. E. & SMALLISH, L. - 158 370 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência FLEMING, M. – 28, 119, 121, 311 FONSECA, F. A. – 94, 119, 121, 124, 125, 143, 192 FORTIN, M. F. – 39, 42, 43, 220, 221, 223, 228 FREEDMAN, M., KAPLAN, H & SADLLOCH, B. J. – 132, 193 FREUD, A. – 63, 129 FREUD, S. - 179 GAMEIRO, J. - 28 GARCIA, A. R. – 36 GARCIA, I.M. – 154, 170, 171 GAUTHIER, B. - 43 GERSLMA, C., EMMELKAMP, P. M. G. & ARRINDELL, W. A. – 72, 132, 225, 314, 318 GERVILLA, A. - 35, 76 GESELL, A. – 108, 111 GIDDENS, A. - 39 GINSBURG, P. D. & SILVERMAN, P.D. – 190, 315 GITTELMAN, R., MANNUZA, S., SHENKER, R. & BONAGURA, N. - 156 GOLOMBOK, S. – 27, 52, 71, 315 GOMIDE, P. I. C. – 27, 66, 68, 70, 71 GONÇALVES, C. M. – 96, 97 GONÇALVES, M. M. – 133, 137, 141 GONZÁLEZ, J. - 36 GOUVEIA, J. A. - 140 GRÁCIO, J. - 173 GREENBERG, S. - 158 GRENN, C., & CHEE, K. – 141, 143, 149, 318 GUEVREMONT, D. C. & BARKLEY, R. A. - 164 GUIDANO, V. F. - 217 GULLONE, E. & KING, N. J. – 315, 318, 323 HALLSTROM, C. & MACLURE, N. – 187, 188, 202 HARRIS, P. - 218 HART, C. H., NELSON, D. A., ROBINSON, C. C., OLSEN, S. F., & MCNEILLYCHOQUE, M. K. – 67, 68 371 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência HARTUP, W. W. - 29 HAYNAL, A. - 129 HEINICKE, C. & WESTHEIMER, I. - 63 HINDE, R. A. - 217 HINDE, R. A., & STEVENSON-HINDE, J. – 61 HOFFMAN, l. - 68 HOLDEN, G. W., & EDWARDS, L. E. – 51, 52, 225 HOLLON, T. H. - 208 HONING, A. S. – 60, 92 INGLEHART, R. - 56 JARQUE, S., MIRANDA, A. & SORIANA, M. – 149 JORDAN, D. R. – 142, 143 JOYCE-MONIZ, L. – 128, 130, 139, 177, 178 KAISER, A. P. & HESTER, P. P. - 130 KANNER - 196 KAPLAN, H. I., SADOCK, B. J. - 192 KASHANI, J. H. & ORVASCHEL, H. - 190 KELLY, G. - 192 KENDLER, K. S. – 133 KOHLBERG, L. - 121 KOLB, L. C. - 132 KOVACS, M. – 209, 228, 311, 331 KRAEPLIN, E. – 178 LACAN - 62 LACERDA, N. – 168 LANDAV, S. & MOORE, L. A. - 164 LANG, P. J., MELAMED, B. G. & HART, J. - 178 LEANDRO, M. E. – 54, 55, 56, 57, 59 LEANDRO, M. E. & LEANDRO A. S. – 53, 54, 55 LEITÃO, F. A. R. – 82, 83, 93, 95 LERICH, R. - 128 LERNER, J. V. & CASTELLINO, D. R. - 51 LEVINE, M. D. - 157 372 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência LEWIS, M. & MILLER, S. - 141 LINARES, M., PELEGRINA, S. & LENDINEZ. J. – 34, 320 LLAMAS, M. B., RUIZ, F. V. & DÍAZ, J. A. M. - 26 LOBIONDO-WOOD, G. & HABER, J. - 40 LOPES, J. A. – 130, 140, 143, 144, 148, 151, 152, 153, 154, 158, 159, 162, 164, 165, 166 LORY, F. – 35, 66, 69, 70, 130, 139, 141, 143, 148, 151, 156, 157, 158, 159, 162, 164, 227, 311, 314, 316, 317, 321 LOURENÇO, P. - 125 LOVEJOY, M. C., WEIS, R., O’HARE, E. & RUBIN, E. C. - 25 LUK, A. - 151 LUQUET, P. - 197 MACCOBY, E. E. & MARTIN, J. A. – 65, 67, 72, 74, 312 MACDERMOTT, P. A. - 157 MACKINNON, A., HENDERSON, A & ANDREWS, G. - 319 MANNUZZA, S., KLEIN, R. G., BONAGURA, N., MALLOY, P., GIAMPINO, T. L. & ADDALLI, K. A. - 156 MARCEILI, D. & BRACONNIER, A. - 194 MARQUES, R. – 82, 83, 84, 92, 94, 115 MARUJO, H. A. – 61, 84 MARUJO, H. A. & NETO, L. M. - 60 MARUJO, H. A., NETO, L. M. & PERLOIRO, M. F. – 77 MARYOGA, M. - 39 MATOS, A. C. – 140, 193, 202 MATOS, M. G. – 130, 140, 150 MATTA, I. – 83, 92, 100, 151 MAY, R. - 177 MCGEE, R., WILLIAMS, S., MOFFITT, T. & ANDERSON, J. - 161 MEAD, M. - 57 MEDIAVILLA-GARCÍA, C. - 165 MENEZES, I. – 70, 95, 96, 97 MERCUGLIANO, M. - 158 MESTERS, C., & MURIS, P. - 69 373 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência MEYER, A. - 142 MIGUEL-TOBAL, J. J. – 178, 181, 184 MILLER, N. B., COWAN, P. A., HETHERINGTON, E. M. & CLINGEMPEEL, W. G. - 70 MINKOWSKI, E. - 128 MINUCHIN, S. - 48 MISCHEL, W. - 181 MONROE, S. M. & STEINER, S. C. - 140 MONTEIRO, M. & SANTOS, M. R. – 35, 104, 105, 112, 120, 121, 122 MONTGOMERY, S. A. – 140, 202 MORAWSKA, A. & SANDERS, M. R. - 27 MORENA, M. L. - 29 MURIS, P., MERCKELBACH, H., SCHMIDT, H. & MAYER, B. – 185, 227, 313 MUSSEN, P.H., CONGER, J. J. & KAGAN, J. - 27 NAVARRO, M. F. – 322 NEEDLEMAN, H. L. & BELLINGER, D. C. - 165 NEGRÃO, A. R. – 28, 63, 65, 66, 67, 69, 75, 319 NEWMAN, M. - 40 NUNES, M. - 95 OFFORD, D. R., ALDER, R. J. & BOYLE, M. H. - 165 OLLENDICK, T. & KING, N. – 185, 191 OLLENDICK, T., MATSON, J., & HELSEL, W. – 186, 316 PACHECO, J. T., TEIXEIRA, M. A. P. & GOMES, W. B. - 69 PALÁCIOS, J. - 100 PALHA, M. – 150, 151, 153, 154, 157, 158, 159 PARKER, G. – 75, 132, 226 PARKER, G., SILOVE, D., HADZI-PAVLOVIC, D., MANICAVASAGAR, V. & BLASZCZYNSKI, A. – 74, 190 PARKER, G., TUPLING, H. & BROWN, L. B. – 66, 72, 74, 221, 226, 311, 312, 319 PATTERSON, G. R., DEBARYSHE, B. D. & RAMSEY, E. – 130 PATTERSON, G. R. & STOUTHAMER-LOEBER, M. - 166 PENNINGTON, B. F. - 142 374 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência PERALTA, C. M. F. & RODRIGUES, A. M. R. – 120, 125 PEREIRA, A.C. – 62, 168, 212, 224 PERRIS, C. - 226 PERRIS, C., ARRINDELL, W. A., PERRIS, H., EISEMANN, M., VAN DER ENDE, J. & VON KNORRING, L. - 70 PERRIS, C. JACOBSON, L., LINDSTROM, H., VON KNORRING, L. & PERRIS, H. – 72, 75, 312 PHELAN, T. W. - 165 PIAGET, J. – 104, 125 PINHEIRO, D. P. N. – 27, 71 PITTS, F. - 178 POSNER, M. I. - 142 POURTOIS, J. P., DESMET, H. & BARRAS. C. - 97 PRESTES, N. H. – 41 PRIEST, R. - 192 RACHMAN, S. – 184, 185 RADKE-YARROW, M. & ZAHN-WAXLER, C. - 140 RELVAS, A. P. & ALARCÃO, M. - 60 REPPOLD, C. T. - 69 REPPOLD, C. T., PACHECO, J., BARDAGI, M., & HUTZ, C. S. – 66, 68 RIBEIRO, A. C. – 91, 93 RIBEIRO, M. J. S. – 70, 96, 97 RICHTER, J., RICHTER, G., EISEMANN, M., SEERING, B. & BARTSCH, M. 314 RIJO, D. – 218, 315 RÍOS, M. A. B. , JIMÉNEZ, M. P. H. , DÍAZ, J. A. M. & GÁLAN, R. P. - 81 RODRIGUEZ, A. – 36, 37, 40, 41 RODRIGUEZ, C. A. & CORBAL, A. R. - 323 RODRÍGUEZ, J. O., ALCÁZAR, A. I. R., RODRÍGUEZ, J. A. P.,CARRILLO, F. X. M. & LINARES, V. R. – 317, 318 ROGER, C. - 177 RUTTER, M. – 52, 61, 64, 192, 201, 210, 217 RUTTER, M., & RUTTER, M. - 139 375 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência RUTTER, M., TIZARD, J. Y. & WHITMORE, K. - 201 SABBAG, G. M. - 71 SALVADOR, A. P. V. & WEBER, L. N. D. – 26 SALVADOR, J. M. & BITATA, P. E. - 314 SALVO, C. G. – 27, 66, 68, 71 SAMEROFF, A. J. & FEIL, L. – 52, 61 SAMEROFF, A. J. & SEIFER, R. - 61 SAMPAIO, D. – 28, 49, 120, 121, 122, 133, 134, 139, 198, 199, 201, 202, 206, 207, 210, 324 SANDÍN, B. - 186 SCHACHAR, R. J. - 142 SCHAEFER, E. S. – 63, 72, 73, 92, 226, 312 SCHAEFER, E. S. & BELL, R. - 72 SCHULTZ, D. P. & SCHULTZ, S. E. – 120 SCHWARTZ, D. , DODGE, K., PETIT, G. & BATES, J. - 322 SEGAL, H. - 196 SHAVER, P. R. & CLARK, C. L. - 217 SHAYWITZ, S. E. & SHAYWITZ, B. A. - 141 SIEGLER, R. - 101 SILVER, L. B. - 140 SIMMONS, R. L., BEAMAN, J., CONGER, R. D. & CHAO, W. – 61 SIMÕES, M. R. - 167 SKINNER, R. & CLEESE, J. - 131 SOARES, I. – 34, 35, 49 SPIELBERGER. C. – 177, 321 SPITZ, R. A. – 197, 198 SPITZ, R. A. & WOLF, K. M. - 63 SPRINTHALL, N. A. & SPRINTHALL, R. C. – 114, 122 STEINBERG, L. – 34, 319 STERN, D. N. - 62 STEWART, M. A. – 143, 163 STIEFEL, I. - 166 STRECHT, P. – 62, 63, 66, 71, 121, 139, 213 376 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência STRONGMAN, K. T. - 210 SUÁREZ, R. C. P. – 219 SULLIVAN, H. S. - 177 TABORDA, S. M. C. - 125 TABORDA, S. M. C. & LIMA, L. N. - 121 TAYLOR, E. - 164 THOMAS, L. V. - 53 TONES, K. - 322 VAN WELL, F., BOGT, T. & RAAIJMAKERS, Q. - 34 VAYER, P. & DESTROOPER, J. - 104 VAYER, P. & ROCIN, C. - 99 VIGOTSKY, L. S. - 100 VILLAFÁÑES, A. R. - 313 VILLAR, I. O. – 144, 148, 149, 150, 151, 152, 153, 154, 162, 166, 161 WALLON, H. – 101, 103 WEBSTER-STRATTON, C. – 70, 132, 133, 166 WEINE, A. M., PHILLIPS, J. S. & ACHENBACH, T. M. - 316 WENDER, E. H. - 156 WINEFIELD, H. R., TIGGEMANN, M. & WINEFIELD, A. H. – 314 WINNICOTT, D. W. - 203 ZABALZA, M. - 76 ZENTALL, S.S. – 144, 152, 163 ZENTALL, S. S., FALKENBERG, S. D. & SMITH, L. B. - 151 377 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 378 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência ANEXOS 379 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 380 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Instruções: Peço a tua colaboração para responderes aos questionários que vais ter de seguida. Estes são compostos por várias perguntas a propósito do modo como habitualmente pensas ou te costumas comportar. Não existem perguntas certas ou erradas e não precisas colocar o teu nome. Apenas pretendo, a tua opinião sincera. RESPONDE A TODAS AS PERGUNTAS DE SEGUIDA SEM DEIXARES NENHUMA EM BRANCO. Em que Ciclo andas:______________________________________________ Ano em que andas:____ Idade:___ Sexo: Masculino Tens irmãos? Sim Não És o irmão: Mais velho Feminino Se tens irmãos diz quantos:____ Do meio Mais novo Gémeos Sector Profissional do Pai:__________________________ Idade______ Sector Profissional da Mãe: ________________________ Idade______ RESPONDE AGORA ACERCA DO MODO COMO TE CONSIDERAS COMO ALUNO DESEMPENHO ESCOLAR Pensa agora no modo como tens sido como aluno. Comparando com os teus amigos, avalia o teu aproveitamento escolar actual e faz uma cruz no que achas mais adequado a ti. 1. Muito 2. Abaixo da insatisfatório 3. Médio média 4. Acima da média 5. Muito acima da média HÁBITOS DE ESTUDO De um modo geral quantas horas estudas por semana, não contando com os feriados e as férias? Faz uma cruz no número que melhor corresponde ao número médio de horas que estudas por semana. 2. Menos de 2. Entre 1 e 3. Entre 2 e 4. Entre 3 e 1 hora 2 horas 3 horas 4 horas 381 5. Mais de 4horas MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência QLP-A – A. Baptista, A.M. Negrão, F. Lory & D. Carvalho, 1997 Com este questionário pretendemos conhecer o modo como o teu Pai e a tua Mãe se relacionam ou comportam contigo. Vais responder a cada pergunta do seguinte modo: Por exemplo, avalia se o teu Pai ou a tua Mãe costumam brincar contigo? 1. Costuma brincar comigo Muito Parecido Moderadamente Parecido Moderadamente Diferente Muito Diferente Pai Mãe Pensa primeiro no teu Pai. Se o teu Pai costuma brincar contigo coloca uma cruz no quadrado Moderadamente Parecido, se costuma brincar muitas vezes contigo colocas uma cruz no quadrado Muito Parecido. Ao contrário, se o teu Pai não costuma brincar contigo, acontecendo isso apenas algumas vezes, fazes a cruz no Moderadamente Diferente, se raramente ou nunca brinca contigo faz a cruz no Muito Diferente. Pensa depois na tua Mãe e faz o mesmo tipo de raciocínio. Responde em seguida a todas as perguntas sem deixares nenhuma em branco. Se tiveres alguma dificuldade em responder dá a tua primeira impressão, porque não há respostas certas ou erradas. Responde agora a todas as perguntas: Muito Parecid o 1. Fala comigo com voz calma Pai e amiga Mãe 2. Ajuda-me tanto quanto eu Pai preciso Mãe 3. Deixa-me fazer as coisas Pai como eu gosto Mãe 4. É meigo e carinhoso para Pai mim Mãe 5. Compreende os meus Pai problemas e preocupações Mãe 382 Moderadamen te Parecido Moderadamen te Diferente Muito Diferen te MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 6. É muito afectuoso para mim Pai Mãe 7. Gosta que eu tome as Pai minhas próprias decisões Mãe 8. Gosta que eu me comporte Pai como se fosse mais velho Mãe Muito Parecid o 9. Tenta controlar tudo o que Pai eu faço Mãe 10. Invade privacidade a minha Pai Mãe 11. Gosta comigo de conversar Pai Mãe 12. Sorri-se para mim com Pai frequência Mãe 13. Costuma tratar-me como Pai um bebé Mãe 14. Compreende o que eu Pai preciso ou quero Mãe 15. Deixa-me decidir as coisas Pai por mim Mãe 16.Faz-me sentir desejado Pai Mãe 17. Consegue fazer-me sentir Pai melhor quando estou aborrecido Mãe 18. Conversa muito comigo Pai Mãe 19. Tenta dependente dele fazer-me Pai Mãe 20. Pensa que não sou capaz Pai de tomar conta de mim se ele 383 Moderadamen te Parecido Moderadamen te Diferente Muito Diferen te MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência não estiver ao pé Mãe 21. Dá-me toda a liberdade Pai que eu quero Mãe 22. Deixa-me sair quando eu Pai quero Mãe 23. excessivamente Protege-me Pai Mãe Muito Parecid o 24. Elogia-me Pai Mãe 25.Deixa-me vestir como eu Pai gosto Mãe 384 Moderadamen te Parecido Moderadamen te Diferente Muito Diferen te MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência CADS-A: Versão para auto-avaliação; C. K. Conners, 1997. Tradução: F. Lory & A. Baptista; 1998 INSTRUÇÕES: Para cada uma das perguntas que se seguem assinala uma cruz (x) o número que indica até que ponto a afirmação Nunca é Verdade ou é Sempre Verdade. Se responderes “Nunca é Verdade” quer dizer que a afirmação nunca ou muito raramente é um problema. “É sempre verdade” quer dizer que a afirmação é muitas vezes um problema ou ocorre com muita frequência. “Às vezes” e “Quase sempre” são respostas intermédias. Responde a todas as questões dos grupos A e B. GRUPO A: 1. Tenho vontade de chorar…………………... 2.Os meus pais só notam o meu comportamento…………………………………. 3. Os meus pais não recompensam ou notam o meu bom comportamento…………………… 4. Os meus pais esperam demasiado de mim 5. Os barulhos impedem-me de estudar…….. 6. É difícil para mim fazer a mesma coisa durante mais alguns minutos…………………. 7. Não tenho boa opinião acerca de muitas coisas……………………………………………. 8. A minha escrita é fraca……………………... 9. Estou atrasado(a) nos meus estudos…….. 10. Tenho dificuldade em me concentrar numa coisa de cada vez………………………. 11. Sou muito sensível e fico perturbado(a) com muita facilidade…………………………… 12. Perco-me quando estou a ler…………….. 385 É quase sempre Verdade (Frequente mente, Bastante) É sempre Verdade (Muitas vezes, Muito frequente) Nunca é Verda de (Nunca , rarame nte) Às vezes é Verdad e (Ocasio nalment e) 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência GRUPO B: 1. Dou erros por falta de cuidado ou tenho dificuldade em prestar atenção aos pormenores……………………………………... 2. Tenho dificuldade em manter-me atento(a) quando jogo, brinco ou estudo……………….. 3. Tenho dificuldade em ouvir o que as pessoas me dizem……………………………... 4. Tenho dificuldade em acabar os meus trabalhos escolares ou outras tarefas……….. 5. Tenho dificuldade em organizar as minhas tarefas e actividades………………………… 6. Não gosto dos trabalhos da escola quando tenho que pensar muito……………………….. 7. Perco objectos que preciso para fazer determinadas tarefas ou actividades (por exemplo, brinquedos, trabalhos marcados pelos professores, lápis, livros ou ferramentas)……………………………………. 8. Distraio-me com o que se passa à minha volta……………………………………………… 9. Esqueço-me das minhas actividades diárias……………………………………………. 10. Mexo muito as mãos e os pés, mexo-me quando estou sentado…………………………. 11. Levanto-me do meu lugar quando não devo (por exemplo, nas aulas)……………….. 12. Sou agitado(a) ou muito activo(a)……….. 13. Tenho dificuldade em jogar ou fazer qualquer outro passatempo de modo tranquilo…………………………………………. 14. Estou sempre apressado(a)………… 386 É quase Sempre Verdade (Frequente mente, Bastante) É sempre Verdade (Muitas vezes, Muit frequente) Nunca é Verda de (Nunca , rarame nte) Às vezes é Verdad e (Ocasio nalmente) 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 Nunca é Verda de (Nunca , rarame nte) Às vezes é Verdad e (Ocasio nalmente) 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 É quase sempre Verdade (Frequente mente, Bastante) É sempre Verdade (Muitas vezes, Muit frequente) MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 15. Falo demais……………………………… 16. Respondo antes das perguntas terem sido terminadas………………………………… 17. Tenho dificuldade em ficar à espera numa fila ou de esperar pela minha vez…….. 18. Interrompo os outros quando estão a trabalhar, a brinca ou a jogar…………………. 387 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência CADS-P – Versão para os Professores; C.K. Conner, 1997. Tradução: F. Lory & A. Baptista, 1998. Instruções: Vai encontrar seguidamente alguns problemas que são comuns em crianças. Por favor responda a cada questão, tendo em conta o comportamento do(a) aluno(a) durante o ultimo mês. Para cada questão avalie “Até que ponto este comportamento tem constituído um problema durante o ultimo mês” e coloque uma cruz (X) na opção que melhor corresponda à sua resposta. Se nunca, de nenhum modo ou raramente, coloque a cruz por cima do numero zero (0). Se a afirmação for muito verdadeira, ou o comportamento ocorra com muita frequência, a cruz deverá ser colocada no numero três (3). Coloque a cruz nos números um (1) ou dois (2) se a resposta for intermédia. Responda por favor a todos os itens que se seguem, dos grupos A, B e C. Grupo “A”: Nunca é verdade (nunca, raramente) Às vezes é verdade (ocasionalmente) É quase sempre Verdade (frequentemente, bastante) É sempre verdade (Muitas vezes, muito frequente) 1. Interrompe ou interfere nas actividades dos outros (por exemplo, intromete-se nas conversas ou jogos dos outros)…………………………………… 0 1 2 3 2. Não segue as instruções e não termina os trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho (sem ser por comportamento de oposição ou por incompreensão das instruções)……………… 0 1 2 3 3. Movimenta excessivamente as mãos e os pés, move-se quando está sentado……………………….. 0 1 2 3 388 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência Grupo “B”: 1 É quase sempre Verdade (frequentemente, bastante) 2 É sempre verdade (Muitas vezes, muito frequente) 3 0 1 2 3 3. Perturba as outras crianças………………………... 0 1 2 3 4. Não consegue estar quieto(a)……………………... 0 1 2 3 5. Mantém a atenção por períodos de tempo muito curtos……………………………………………………… 0 1 2 3 6. Só presta atenção a alguma coisa que lhe desperte grande interesse……………………………… 0 1 2 3 7.A distracção ou a dificuldade em concentrar a atenção constituem um problema……………………... 0 1 2 3 8. Agitado(a), sempre em pé e apressado(a)………… 0 1 2 3 9. Não acaba as coisas que começa………………….. 0 1 2 3 Nunca é verdade (nunca, raramente) Às vezes é verdade (ocasionalmente) 0 1 É quase sempre Verdade (frequentemente, bastante) 2 É sempre verdade (Muitas vezes, muito frequente) 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 Nunca é verdade (nunca, raramente) Às vezes é verdade (ocasionalmente) 1. Excitável, impulsivo(a)……………………………… 0 2. Desatento(a), distrai-se com facilidade…………… Grupo “C”: 1. Esquece as aprendeu…………………. coisas que 2. Não presta a atenção necessária aos pormenores ou comete erros por descuido nos trabalhos escolares, trabalho ou noutras actividades lúdicas…………………………………………………… 3. Está sempre agitado(a) ou age como se tivesse “ligado a um motor”……………………………………. 4.Evita, sente repugnância ou é relutante em envolver-se em tarefas que requerem um esforço mental prolongado (tais como os trabalhos escolares ou de casa) ………………………………… 5.Tem dificuldade em jogar ou fazer outro passatempo de modo tranquilo………………………. 389 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 6. Parece não ouvir o que se lhe diz………………… 0 1 2 3 7. Levanta-se do seu lugar na sala de aula ou em outras situações em que se espera que esteja sentado………………………………………………….. 0 1 2 3 8.Tem dificuldade em organizar tarefas e actividades……………………………………………… 0 1 2 3 9. Tem dificuldade em esperar a sua vez…………… 0 1 2 3 10. Fala excessivamente……………………………… 0 1 2 3 11. Corre ou salta excessivamente em situações em que tais situações são inadequadas…………….. 0 1 2 3 12. Precipita as respostas antes que as perguntas tenham acabado…………………………………….. 0 1 2 3 0 1 2 3 14. Distrai-se com facilidade com estímulos irrelevantes……………………………………………… 0 1 2 3 15. Tem dificuldade em manter a atenção em tarefas ou actividades…………………………………. 0 1 2 3 13. Perde objectos necessários para fazer determinadas tarefas ou actividades (por exemplo, brinquedos, trabalhos marcados pelos professores, lápis, livros ou ferramentas)…………………………... 390 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência SCARED-R: P. Muris, H. Merckelbach, H. Schimdt & B. Mayer, 1999. Tradução: M. Carvalho & A. Baptista, 1999 Vais encontrar seguidamente um conjunto de frases relacionadas com medos ou ansiedade nos jovens. Lê cada uma das frases e indica a frequência com que sentes cada uma delas. Em frente a cada frase faz uma cruz em cima do número de que melhor representa a tua resposta. O 0 que dizer quase nunca, o 1 às vezes e o 2 muitas vezes. 1. Quando estou com medo, tenho dificuldade em respirar……………... 2. Tenho medo de sítios altos……………………………………………….. 3. Fico com dores de cabeça ou de estômago quando estou na escola.. 4. Não gosto de estar com pessoas que não conheço…………………… 5. Quando vejo sangue fico tonto…………………………………………… 6. Quero que os objectos tenham uma determinada ordem…………….. 7. Fico assustado quando durmo fora de casa……………………………. 8. Preocupo-me com a possibilidade dos outros não gostarem de mim.. 9. Quando estou com medo, pareço que vou desmaiar………………….. 10. Penso que serei contaminado por uma doença grave……………….. 11. Sou nervoso………………………………………………………………. 12. Tenho pensamentos que me assustam……………………………….. 13. Ando sempre atrás dos meus pais, para onde quer que eles vão….. 14. As pessoas dizem-me que pareço nervoso…………………………… 15. Fico nervoso quando estou com pessoas que não conheço bem….. 16. Tenho receio de ir ao médico…………………………………………… 17. Não gosto de ir para a escola…………………………………………… 18. Quando estou com medo, parece que vou enlouquecer…………….. 19. Preocupo-me com a possibilidade de dormir sozinho……………….. 20. Tenho receio de ir ao dentista…………………………………………... 21. Preocupo-me com a possibilidade de não ser tão bom como os outros jovens………………………………………………………………….. 22. Tenho receio de animais que na realidade não são perigosos……... 23. Fico assustado quando oiço trovões…………………………………… 24. Repito as coisas várias vezes de modo a verificar se as fiz bem…... 25. Tenho sonhos assustadores acerca de uma situação muito desagradável que me aconteceu uma vez………………………………… 26. Quero que as coisas estejam limpas e asseadas……………………. 27. Quando estou com medo parece que as coisas à minha volta não são reais……………………………………………………………………….. 28. Fico assustado quando tenho que andar de avião…………………… 29. Tenho pesadelos acerca dos meus pais………………………………. 30. Preocupo-me com a possibilidade de ter que ir para a escola……… 31. Faço determinadas coisas para ficar menos assustado com os 391 Quase Nunca 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Ás Vezes 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Muitas Vezes 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 0 1 2 0 0 0 1 1 1 2 2 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 0 0 0 1 1 1 1 2 2 2 2 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência meus pensamentos…………………………………………………………… 32. Quando estou com medo, o meu coração bate depressa…………… 33. Fico assustado quando levo uma injecção……………………………. 34. Tenho receio de vir a ter uma doença grave………………………….. 35. Sinto-me fraco e a tremer……………………………………………….. 36. Tenho pesadelos sobre algo de mau que me possa acontecer…….. 37. Fico tão assustado com animais inofensivos que não me atrevo a tocar-lhes………………………………………………………………………. 38. Preocupo-me com a possibilidade de as coisas me correrem bem… 39. Por vezes tenho duvidas se na realidade fiz ou não algo…………… 40. Quando estou com medo, transpiro muito…………………………….. 41. Estou sempre preocupado………………………………………………. 42. Fico assustado quando vejo uma operação…………………………... 43.Tento não passar numa situação muito desagradável que me aconteceu uma vez…………………………………………………………… 44. Fico com muito medo sem motivo para isso………………………….. 45. Tenho receio de estar sozinho em casa……………………………….. 46. Fico assustado quando lembro uma situação desagradável que me aconteceu uma vez…………………………………………………………… 47. Tenho dificuldade em falar com pessoas que não conheço………… 48. Quando estou com medo, parece que vou sufocar…………………... 49. As pessoas dizem que me preocupo demasiado…………………….. 50. Não gosto de estar longe da minha família……………………………. 51. Tenho receio de ter crises de ansiedade……………………………… 52. Preocupo-me com a possibilidade de acontecer algo mau aos meus pais……………………………………………………………………… 53. Sou tímido com pessoas que não conheço bem……………………... 54.Tenho pensamentos acerca de magoar outras pessoas……………... 55. Preocupo-me com o futuro……………………………………………… 56. Quando estou com medo, sinto que vou vomitar…………………….. 57. Preocupo-me com o modo como faço as coisas……………………... 58. Tenho medo de ir à escola……………………………………………… 59. Preocupo-me com as coisas que aconteceram no passado……….. 60. Quando estou com medo sinto tonturas………………………………. 61. Fico assustado em espaços pequenos e fechados…………………... 62. Tenho pensamentos que preferia não ter……………….…………….. 63. Tenho receio do escuro………………………………………………….. 64. Tenho pensamentos inesperados sobre uma situação muito desagradável que me aconteceu uma vez………………………………… 65. Tenho receio de animais que a maior parte dos outros jovens não têm……………………………………………………………………………… 66. Tenho receio de estar no hospital……………………………………… 392 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 0 1 2 0 Quase Nunca 0 0 0 0 1 Ás Vezes 1 1 1 1 2 Muitas Vezes 2 2 2 2 0 1 2 0 0 1 1 2 2 0 1 2 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 0 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência CDI: M. Kovacs, 1982. Instruções: As crianças e os adolescentes têm diversas ideias e sentimentos. Este questionário assinala as ideias e os sentimentos em grupos. De cada grupo, escolhe uma frase que melhor te descreve durante as últimas duas semanas. Só depois de teres escolhido uma frase do primeiro grupo é que avanças para o grupo seguinte. Não há respostas certas ou erradas, escolhe apenas a frase que melhor te descreve. Faz uma cruz (x) no quadrado que corresponde à frase que escolheste. Tens em baixo um exemplo para aprender a preencher o questionário, coloca a cruz na frase que melhor te descreve. Exemplo: Estou sempre a ler livros Leio livros de vez em quando Nunca leio livros Lembra-te, escolhe a frase que melhor descreve os teus sentimentos e ideias nas últimas duas semanas. 1. Estou triste de vez em quando Estou triste muitas vezes Estou sempre triste 2. Nada me vai correr bem Não tenho a certeza se as coisas me vão correr bem As coisas vão-me correr bem 3. Faço a maior parte das coisas bem Faço muitas coisas mal Faço tudo mal 4. Tenho alegria em muitas coisas Tenho alegria em algumas coisas Nada me dá alegria 5. Sou sempre mau (má) Sou mau (má) muitas vezes Sou mau (má) de vez em quando 6. Penso nas coisas más que me acontecem de vez em quando Preocupo-me com as coisas más que me vão acontecer Tenho a certeza que me vão suceder coisas más 7. Odeio-me Não gosto de mim Gosto de mim 8. Todas as coisas más acontecem por minha culpa Muitas coisas más acontecem por minha culpa As coisas más que acontecem não são habitualmente por minha culpa 393 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 9. Não penso em me matar Penso em me matar, mas não o faço Quero-me matar 10. Todos os dias tenho vontade de chorar Muitos dias tenho vontade de chorar De vez em quando tenho vontade de chorar 11. Estou sempre preocupado(a) Preocupo-me muitas vezes De vez em quando preocupo-me 12 . Gosto de estar com pessoas Algumas vezes não gosto de estar com pessoas Nunca quero estar com pessoas 13. Não consigo tomar decisões É difícil tomar decisões Tomo decisões facilmente 14. Gosto do meu aspecto Há coisas no meu aspecto de que não gosto Eu sou feio (feia) 15. escola Tenho sempre que fazer um grande esforço para fazer os trabalhos da Muitas vezes tenho que fazer um esforço para fazer os trabalhos da escola Fazer os trabalhos da escola não é um grande problema 16. Custa-me a adormecer todas as noites Muitas noites tenho dificuldade em adormecer Durmo muito bem 17. Sinto-me cansado(a) de vez em quando Sinto-me cansado(a) muitas vezes Sinto-me sempre cansado(a) 18. Quase todos os dias tenho dificuldade em comer Muitos dias tenho dificuldade em comer Como muito bem 19. Não me preocupo com dores Preocupo-me muitas vezes com dores Ando sempre preocupado(a) com dores 20. Não me sinto só Sinto-me só muitas vezes Sinto-me sempre só 21. Nunca me divirto na escola Na escola divirto-me de vez em quando Na escola divirto-me muitas vezes 22. Tenho muitos amigos (as) Tenho alguns (algumas) amigos (as) mas gostava de ter mais Não tenho amigos (as) 394 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 23. O meu aproveitamento escolar é bom O meu aproveitamento escolar já foi melhor Tenho mau aproveitamento escolar em disciplinas em que já fui bom (boa) 24. Nunca consegui ser tão bom (boa) como os (as) outros (as) meninos (as) Se eu quiser, posso ser tão bom (boa) como os(as) outros (as) meninos (as) Sou tão bom (boa) como os (as) outros (as) meninos(as) 25. Ninguém gosta de mim Não tenho a certeza de alguém gostar de mim Tenho a certeza que há pessoas que gostam de mim 26. Habitualmente faço o que me dizem Na maioria das vezes não faço o que me dizem Nunca faço o que me dizem 27. Dou-me bem com os outros Ando muitas vezes em brigas Ando quase sempre em brigas 395 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência CSRI: J. P. Boldizar, 1991 Tradução: Z. Torres, A. Baptista, R. Santos & V. Cardoso, 2001 Instruções: Avalia até que ponto as afirmações que se seguem descrevem o teu comportamento ou modo de pensar. Para responder utiliza a escala de 1 a 4, em que “1” quer dizer que a frase “não é verdade para ti”, e “4” quer dizer que “é sempre verdade”. Podes utilizar os números intermédios se quiseres dizer, “2” se “às vezes é verdade” ou “3” se “muitas vezes é verdade” para ti. Escreve os números no quadrado em branco à direita. 1 Não é verdade 1. 2. 2 Ás vezes é verdade 3 Muitas vezes é verdade Defendo aquilo em que acredito ……….. Quando gosto de alguém faço coisas por agradar e mostrar o que sinto ………..… 3. Sou consciencioso ……………………….. 4. Prefiro fazer as coisas à minha maneira do que pedir ajuda aos outros ………….. 5. Sinto-me mal quando alguém junto de mim se sente mal ……………………..…. Sou de humores, tão depressa 6. estou bem como mal disposto……………………….. 7. É fácil dizer aos outros o que penso, mesmo quando sei que podem não estar de acordo comigo ………... 8. Consigo ver quando alguém necessita de ajuda …………………………………….. 9. Faço sempre aquilo que digo que vou fazer ……………………………………….. 10 Causo uma forte impressão na . maioria das pessoas que conheço ………………… 11 Compreendo bem os problemas . dos outros ……..………………………………. 396 4 É sempre verdade 24 Penso que sou melhor que a . maioria das pessoas que conheço. 25 Quando tenho que tomar uma . decisão é fácil impor-me …..…….. 26 Gosto muito de bebés e de . crianças pequenas ……………………………. 27 Tenho cuidado em não dizer . coisas que possam magoar os sentimentos dos outros .. 28 Fico zangado quando alguém . se mete comigo ……..………………… 29 Sou amável…………………….. . 30 Gosto de fazer o que os . outros fazem ……………………………….. 31 . 32 . Estou certo daquilo que faço …..... Quando há desacordo habitualmente desisto e deixo que os outros levem a sua avante …... 33 Eu gosto de ajudar os outros . …..… 34 Sou bom . ……..………. no desporto MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 12 Sinto-me mal quando os outros . têm coisas que eu não tenho …………………. 13 A maioria das vezes consigo que . os outros façam o que eu quero ……..…….. 36 Estou sempre . coisas … 14 Preocupo-me com o que acontece . aos outros ……..………………………………. 37 Gosto de pensar nos . problemas e resolvê-los …………………………. 15 Digo a . verdade……………………........... 38 . 39 . 16 . 17 . Tenho capacidade para dirigir.............. Quando alguém não se sente bem, tento fazê-lo sentir-se melhor …..………....... 18 Gosto de . ……..………. guardar 19 Gosto de . ……...…………………. segredos arriscar 35 Sou alegre . ………………………….. a perder Sou tímido com desconhecidos ….. Habitualmente faço as coisas a tempo …..…………………………… 40 É fácil tomar . …..……….. 41 . 42 . as decisões Sinto-me bem quando sou elogiado Gosto de fazer teatro à frente dos outros…………………………… …… 20 Sou carinhoso . ………..…………………… 43 Sou capaz de tomar conta de . mim.. 21 . 22 . 44 Sou leal com . amigos…….. É fácil adaptar-me a coisas novas …….. Sou capaz de controlar muitos colegas da turma ……..…………………………. 23 Sou carinhoso . ……..………… e bondoso 397 45 . 46 . os meus Sou feliz…………………………….. Prefiro fazer as coisas à minha maneira ……..……………………… MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência PROTOCOLO Exmo. Encarregado de Educação Eu, Zélia Belo Torres, frequentando o Doutoramento em Educação Infantil e Familiar, Desenvolvimento e Intervenção Pedagógica. A desenvolver a tese de Doutoramento no âmbito das Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência. Neste sentido venho solicitar a sua autorização para que o seu educando participe no estudo. A aplicação do protocolo será efectuado individualmente em contexto de sala de aula. A confidencialidade dos resultados será garantida, visto estes serem trabalhados a um nível individual. Caso não autorize a participação do seu educando agradeço a devolução do destacável. Grata pela atenção dispensada no assunto, ________________________________ (Zélia Belo Torres) ------------------------------------------------------------------------------------------------------Não autorizo o meu educando __________________________________________ nº _____ do ano ___ turma ____, a participar no estudo acima referido. O Encarregado de Educação ________________________ 398 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência PROTOCOLO Exmo. (a) Presidente do Conselho Executivo, Eu, Zélia Belo Torres, frequentando o Doutoramento em Educação Infantil e Familiar, Desenvolvimento e Intervenção Pedagógica. A desenvolver a tese de Doutoramento no âmbito das Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência. Neste sentido venho solicitar a autorização de sua Excelência para a recolha de dados na vossa instituição junto dos alunos do 1ºCiclo, 2ºCiclo e 3ºCiclo de Escolaridade do Ensino Básico. Será igualmente solicitado o consentimento informado dos Encarregados de Educação. A confidencialidade dos resultados será garantida, visto estes serem trabalhados a um nível global e não individual. A aplicação dos questionários será efectuada individualmente em contexto de sala de aula. Aguardando diferimento ao pedido, Lisboa,_____ de____________________2007 399 MENÚ SALIR Práticas Parentais Educativas no Desenvolvimento de Perturbações na Infância e Adolescência 371