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.·.. -- •..• r·..".,.,..wuern.ar Arq.3iol.Tecncl.39(2):409-417,jun.,1996 G.ARAC'fER:n:UçÃO :NORm:WGICA E DISTRIB1IUç.iO DA FAMÍLIA DORADIDAE SILURIFORNES) ~o ALTO E }~DIO PARANÁ: REGISTROS E CO~ÁRIOS (PISCES: OOORPHOLOGICAL CHARACTERIUTION lFNllLY' DAS ESPÉCIES (PISCES-SILIDUFOimlES) ARD DISTRIBUTION Mm lfROlr4ImCH OF SPECIES OF THE IDORADIDAE iPlIJ[DDlL.EpARAlM. lIUVER: RECOIIDS AIID ICO~S cláudio Henrique Zawadzki, Carla Simone Pavanelli & Horácio Ferreira Jr. Universidade Estadual de Maringá -NUPELIA. 87020-900 Av. Colombo, 5790, Maringá-PR. Recebido para publicação em 26 de fevereiro de 1996 ABSTRACT A morphological characterization of doradid catfishes in the upper Paraná system was conducted based on 105 specimens collected in the rio Paraná, between its confluences with respectively, rio Paranapanema and rio Iguaçu. From January 1986 to April 1993, material pertaining to six species was identified: Doras eigenmanni (Bou.), Oxydoras kneri (Blee.), Platydoras armatulus (Vale.), Pterodoras granulosus (Vale.), Rhinodoras dorbignyi (Krõy.) and Trachydoras paraguayensis (Eige. & Ward). Ali six genera are monospecific in the region. D. eigenmanni, hitherto cited only for the rio Paraguay basin, was recorded now also in the upper stretches at the rio Paraná. Ali other species, with the exception of R dorbignyi, had their respective distribution widened. Data on morphology, colar in alcohol and regional distribution for all six species are included, as well as a key for their identification. . INTRODUÇÃO As espécies da família Doradidae podem ser facilmente diferenciadas dos demais Siluriformes, devido à presença de ossificações expandidas dos poros do sistema laterosensório de toda linha lateral, geralmente formando uma série de escudos providos de um acúleo dirigido para trás. Esta família apresenta algumas espécies de grande porte, adquirindo, assim, importância na pesca comercial. Sua distribuição comuns na Amazônia, "cujuba", restringe-se onde são conhecidos à América do Sul (1). Estes peixes são muito como "cuiu-cuiu'', etc. (2), a despeito de também estarem presentes "bacu", "armado", "rebeca", em outras bacias, como a do rio Paraná, onde são chamados de "armado", "armadinho", "abotoado", etc. (3). Eigenrnann (4) cita que a família Doradidae possui 37 gêneros e 91 espécies distribuídas pelos rios da América do Sul, a leste do Andes e ao norte da Patagônia, não ocorrendo, porém, nos rios litorâneos da costa oriental do Brasil, exceto no rio São Francisco e Jequitinhonha. Higuchi (5), revisando esta família assinala cerca de 70 espécies distribuídas em 33 gêneros, ocorrendo em todas as principais bacias do continente sulamericano. Este trabalho permitiu registrar seis espécies para a região em estudo .: São elas Doras eigenmanni(BouL) (6), Oxydoras kneri (Blee.) (7), Platydoras armatulus (Vale.) (8), Pterodoras granulosus (Vale.) (9), Rhinodoras dorbignyi (Krõy.) (10) e Trachydoras paraguayensis (Eige. & Ward) (11). I Arq.3iol.Tecnol.39(2):409-417,jun.,199ó Os registros incompletos de espécies desta família na região estudada têm sido esporádicos e até o momento. Este trabalho pretende corrigir esta situação e trazer informações que permitem ampliar a área de distribução do grupo. MATERL-\L E MÉTODOS O material Limnologia, coletados faz parte da coleção Ictiologia e Aquacultura) no rio Paraná, reservatório Paranapanema sinóptica do NUP1ElLJ(A. (Núcleo da UEM (Universidade Estadual de Pesquisas de Maringá) em e foram de Itaipu e seus afluentes, no trecho entre a foz do rio e a foz do rio Iguaçu (fig. 01), no periodo de janeiro de 1986 a abril de 1993. Os dados morfométricos família (12). Foram anotados com aproximação e meristicos foram tomados conforme metodologia usual para esta os valores máximos e mínimos de cada medida, em milímetros e de décimos de rrúlímetros. As referências ao comprimento, no decorrer do trabalho, dizem respeito às medidas de comprimento padrão. Abreviaturas utilizadas: Amplit. de CP- amplitude de comprimento padrão, comprimento da cabeça, A- altura do corpo, 0- diâmetro do olho, 10- espaço interorbital, comprimento do focinho e AP- altura do pedúnculo caudal. Para este estudo, a divisão geográfica do rio Paranáé CCCF- baseada em Paiva (13). RESULTADOS Os exemplares estudados distribuíram-se em seis espécies: Doras eigenmanni: Oxydoras eigenmanni (Boul.) (6) - localidade típica, Descalvados, Mato Grosso. Oxydoras kneri: o. kneri (Blee.) (7) - localidade típica, Cuiabá, Mato Grosso. P/atydoras armatulus:Doras armatulus (Vale., in Cuvi. & Vale.) (8) -localidade típica, rio Paraná. . Pterodoras granulosus: Doras granulosus (Vale., in Humb. & Vale.) (9) -localidade típica, "partie orientale de l'Arnérique du Sud". Rhinodoras dorbignyi: Doras (Oxydoras) dorbignyi (Kroy., in Kner) (10) - localidade típica, rio da Prata. Trachydoras paraguayensis: Hemidoras paraguayensis (Eige. & Ward, in Eige., Me Atee & Ward) (11) -localidade típica, Corumbá. Caracterização Coloração morfométrica e meristica em álcool Quanto à coloração em álcool, os doradídeos do alto Paraná, com exceção de P. armatulus, não diferem muito entre si. Entretanto, algumas caracteristicas peculiares podem ser úteis na identificação das espécies. D. eigenmanni: marrom Marrom-amarelado mais escuro espalhadas nadadeiras. Ventre bege-claro. no dorso, irregularmente com pequenas manchas sobre o dorso e flancos, de tonalidade inclusive sobre as Arq.Biol.recnol.39(2);409-~17,jun.,1996 MATO GROSSO DO SUL I Fig. 01. Representação gráfica dos pontos de coleta amostrados para este estudo. Arq.8iol.recnol.39(2);409-417,jun.,1996 Os atributos das espécies estudadas são apresentados na Tabela I. Tab. I. Representação por espécie dos atributos agrupados em proporções corporais (relações), contagens e observações. As abreviaturas utilizadas significam: CP - comprimento padrão, CC - comprimento da cabeça, A altura do corpo, O - diâmetro do olho, 10 - espaço interorbital, CF - comprimento do focinho e AP - altura do pedúnculo caudal; R - raios; Esc. linha lat. - número de escudos da linha leteral; Barb. firnbr. - barbilhões fimbriados, Barb. unidos - barbilhões mentonianos unidos na base; Proc. corac, - processo coracóide (se coberto ou não por pele) e Ped, caud, - pedúnculo caudal (se coberto ou não por placas). Atributos N CP -: R E L A Espécies D.eigenmanni NCdeex.. 25 Amplit. de CP 58-87 3,42-4 CP/CC CP/A 2,79-3,84 3,61-4,88 CC/O CC/IO 2,58-3,12 ç CC/CF 1,86-2,12 Õ 1010 1,30-1,71 E NCF 1,81-2,71 NAP 2,51-3,82 S R peitorais 1+6-1+7 CONTo R anais 10-13 Esc. linhalat. 27-30 sim Barb. fimbr. O sim Barb. unidos B s. Proc, corac. nu Ped, caudal parcialmente o. O.kneri Piarmatulus Pigranulosus 11 4 12 110-411 355-508 104-158 3,4-4,46 3,2-3,65 3,8-3,99 4,4-5,15 2,91-4,39 3,2-3,93 8,35-11,77 7,89-10 4,8-5,47 2,7-3,36 2,54-2,65 2,48-3,08 1,59-1,7 2,19-2,3 2,25-2,72 3,08-4,32 2,35-3,6 1,82-2,14 1,1-1,31 2,26-2,65 2,28-3,04 3,44-4,2 3,01-3,81 3,57-5,23 1+8-1+10 1+7 1+8-1+10 9-12 12-13 lO-lI 32-34 27-28 23-30 não não não não não não coberto coberto coberto coberto nu nu R.dorbignyi 24 87,4-165,9 3,1-3,56 3,44-4,46 6,52-9,8 4,66-6,16 1,87-2,22 1,24-1,79 1,41-1,92 2,80-3,86 1+7-1+8 10-13 27-30 não não coberto coberto T.paraguayensis 29 60.8-102,8 3,34-3,75 2,66-3,10 2,48-3,14 2,20-2,77 1,88-2,18 1,00-1,30 2,29-2,72 3,19-3,96 1+7 12-14 28-30 só maxilares sim nu nu kneri: Marrom-acinzentado, com tonalidade mais escura no dorso e nas nadadeiras, clareando gradualmente para os fiancos inferiores. Região ventral marrom-amarelado com tonalidade visivelmente mais clara que a região dorsal. P. armatulus: Marrom-escuro no dorso, com uma faixa amarelada iniciando-se na fontanela e prolongando-se ao longo da cabeça e dos escudos da linha lateral até a ponta dos raIOS medianos da caudal; uma faixa nua amarelada da dorsal até a adiposa. Ventre bege-escuro. P. granulosus: Marrom-acinzentado, com tonalidade mais escura no dorso, clareando gradualmente para os fiancos inferiores, onde apresenta diminutas manchas escuras. Região ventral marrom-claro com significante redução no número de cromatóforos, os quais conferem a coloração mais escura à região dorsal. R dorbignyi: Dorso marrom-amarelado com manchas escuras irregulares sobre todo o corpo inclusive sobre as nadadeiras. Ventre variando de bege-claro a escuro. T. paraguayensis: Dorso marrom, com uma tonalidade mais escura ao longo da dorsal até a adiposa, clareando para os fiancos com minúsculas pintas escuras. Ventre bege-claro. Linhas claras sobre a junção dos ossos do escudo pré-dorsal, evidenciando a disposição destes. CRAVE PARA AS ESPÉCIES DA FAMÍLIA DORADIDAE NA REGIÃO EM ESTUDO 1. Barbilhões fimbriados; os mentonianos unidos por uma membrana nas suas bases; processo coracóide saliente, não coberto por pele .: .2 412 Arq.3iol.Tecnol.39(2):409-417,jun.,1996 1'. Barbilhões simples, não fimbriados; os mentonianos bases; processo coracóide coberto por pele não unidos por uma membrana nas suas .3 2. Opérculo e pré-opérculo nus; olho grande, 2,20 a 2,72 vezes na cabeça; barbilhão maxilar não alcançando a base da peitoral Trachydoras paraguayensis 2'. Opérculo e pré-opérculo cobertos por pele; olho 3,61 a 4,88 vezes na cabeça; barbilhão maxilar alcançando ou ultrapassando a base da peitoral Doras eigenmanni. 3. Pedúnculo caudal totalmente coberto por placas na porção mediana dorsal e ventral .4 3'. Pedúnculo caudal totalmente ventral-posterior. e 5 nu, ou coberto por placas, apenas na porção mediana-dorsal : 4. Escudos laterais muito altos, deixando somente uma estreita área nua entre a dorsal e a adiposa; opérculo e pré-opérculo nus; barbilhão maxilar ultrapassando a base da peitoral .Platydorasarmatu/us 4'. Escudos laterais baixos; opérculo alcançando a base da peitoral e pré-opérculo cobertos por pele; barbilhão maxilar não Rhinodoras dorbignyi 5. Barbilhão maxilar não alcançando a abertura branquial; opérculo nu; 32 a 34 escudos na linha lateral Oxydoras kneri 5'. Barbilhão maxilar ultrapassando a base da peitoral; opérculo coberto por pele; 23 a 30 escudos na linha lateral __ __. __.__ __ Pterodoras granulosus Material Examinado D. eigenmanni: Rio Paraná, jusante do reservatório de ltaipu, município de Foz do IguaçuPR(29025'S/54038'W): 01.ii1987 (l ex.: 65,10), 16.ii.1987 (3 ex.: 58,10 a 61,30), 05.xi.1987 (1 ex.: 58,40); Canal do Cortado, rio Paraná, município de Porto Rico-Pk, (22049'S/53054'W): l2.vi.1992 (3 ex.: 59,25 a 66,10), 15.iv.1993 (1 ex.:58,00); rio São Francisco Verdadeiro, município de Marechal Cândido Rondon-Pk, (24041'S/54018'W): 09.i.1989 (I ex.: 77,90); reservatório de Itaipu, município de Santa Helena-Pk, (24051'S/S4021'W): 06.iii.1987 (1 ex.: 79,60), l1.ii.1988 (2 ex.: 73,40 a 85,80); reservatório de Itaipu, município de Guaíra-Pk, (24003'S/54015'W): 14.ii.1988 (2 ex.: 82,20 a 87,10); rio São Francisco Falso, município de Santa Helena, divisa de Diamante do Oeste-Pk, (22044'S/53014'W): l1.i.1989 (1 ex.: 86,10); rio Iguatemi, município de Mundo Novo, divisa de Eldorado-MS, (23055'S/54013'W): 15.xii.1987 (1 ex.: 80,90); rio Samambaia (Baía), Baia II, município de Taquaruçu, divisa de Baitaporã-Mâ, (22041'S/53016'W): 26.iii.1991 (2 ex.: 80,10 a 80,50); rio Ocoí (foz), município de Missal, divisa de' Medianeira-Pk, (2S012'S/54010'W): 01.xii.1986 (1 ex.: 59,60), 08.ii.1988 (1 ex.: 70,60), 30.x.1988 (2 ex.: 75,50 a 79,40), 14.xii.1988 (2 ex.: 76,80 a 86,90). O. kneri: Rio Paraná, jusante do reservatório de Itaipu, município de Foz do Iguaçu-Pk: 10.i.1986 (1 ex.: 467,00), 01.xii.1986 (1 ex.: 462,00), OS.i.1988 (1 ex.: 378,00), 18.xi.1988 (1 ex.: 353,00), 20.i.1990 (1 ex.: S08~00), 30.iv.1991 (3 ex.: 374,00 a 433,00), 29.v.1991 (3 ex.: 355,00 a 403,00). P. armatulus: Rio Arroio Guaçu, município de Terra Roxa, divisa de Marechal Cândido Rondon-Pk, (24005'S/54012'W): 15.iv.1989 (1 ex.: 104,10); rio São Francisco Verdadeiro, município de Marechal Cândido Rondon-PR: 09.x.1989 (2 ex.: 122,70 a 158,00); reservatório de Itaipu, município de Guaíra-PR: 17,i.1990 (1 ex.: 158,00). P. granulosus: Rio Paraná, jusante do reservatório de Itaipu, município de Foz do Iguaçu-Pk: 01.xii.1986 (1 ex.: 411,00); Canal do Cortado, rio Paraná, município de Porto Rico-PR: IS.iv.1993 (1 ex.: 246,70); rio São Francisco Verdadeiro, município de Marechal Cândido Rondon-PR: 19.x.1987 (1 ex.: 233,90), 21.x.1989 (5 ex.: 110,90 a 188,50), 10.i.1990 (1 ex.: 210,90); rio Ivai, Pontal do Tigre, município de Querência do Norte-PR, (23018'S/53042'W): 23.viii.1989 (3 ex.: 301)0 a 366,00). R. dorbignyi. Rio Paraná, jusante do reservatório de Itaipu, município de Foz do I~~çu-PR;Z7,XÍ,19õ7(l ex.: I Arq.3iol.Tecnol.39(2):409~417,jun.,1996 (2205.0'S/53034'\\1): 16.x:ii.1987 (l ex.: 126,40), 27.ü.1988 (3:ex.: 106,10 a 129,20)~ rio São FranCISCo Verdadeiro, município de Marechal Cândido Rondon-PR: 19.x.1989 (1 ex.: 129,00)~ rio Iguatemi, município de Mundo Novo, divisa' de Eldorado-MS: 15.i.1989 (3 ex.: 103,15 a 147,90), 23.x.1988 (3 ex.: 87,40 a 140,50), 16.i.1989 (1 ~X.: 111,60), 16.xü.1987 (4 ex.: 144,40 a 157,90), 23.x.1988 (2 ex.: 104,20 a 140,80); Canal do Corutuba, entre os rios Sarnarnbaia (Baia) e Ivinheima, município de Nova Andradina-MS, (22046'S/53017'W): 14.xü.1987 (1 ex.: 126,00), 18.x:ii.1987 (1 ex.: 107,60); rio Samambaia (Baia), Baia II, município de Taquaruçu, divisa de Baitaporã-MS: 13.xü.1987 (1 ex.: 165,90); rio lvinheima (pedreira), município de Taquaruçu, divisa de Jateí-MS, (22048'S/53034'W): 17.xii.1987 (1 ex.: 102,90). T. paraguayensis: Rio Paraná, jusante do reservatório de Itaipu, município de Foz do Iguaçu-Pk: 24.x.1987 (4 ex.: 74,20 a 86,70), 04.xi.1987 (1 ex.: 62,40), 12.xii.1987 (3 ex.: 80,00 a 88,20)~ Canal do Ipoitã, entre os rios Paraná e Ivinheima, município de Taquaruçu-MS: 26.i.1988 (2 ex.: 83,40 a 84,00); rio Paraná, município de Porto Rico-PR, (22045'S/53017'W): 12.xii.1987 (6 ex.: 71,80 a 96,80); rio São Francisco Verdadeiro, município de Marechal Cândido Rondon-PR: 21.x.1989 (1 ex.: 102,00); reservatório de Itaipu (prainha), município de Santa Terezinha do Itaipu-PR, (25024'S/54026'W): 05.iv.1988 (2 ex.: 60,80 a 63,30); reservatório de Itaipu, Porto Mendes, município de Marechal Cândido Rondon-PR: 11.iii.1988 (1 ex. 86,30); rio São Francisco Falso, reservatório de Itaipu, município de Santa Helena, divisa de Diamante do Oeste-PR: 08.xii.1987 (1 ex.: 83,80); rio Iguatemi, município de Mundo Novo, divisa de Eldorado-MS: 07.x.1987 (l ex.: 77,40), 22.x:i.1987 (1 ex.: 85,20); rio Ivaí (porto Dango), município de TapiraPR, (220 13'S/53 021 'W): 12.xii.1987 (5 ex.: 86,20 a 102,80); rio Ivaí (porto Jundiá), município de Santa Cruz do Monte Castelo-PR, (23013'S/53021'W): 14.v.1988 (1 ex.: 77,10). DiSCUSSÃO As espécies relacionadas Paraná-Paraguai. Boulenger neste estudo já a muito tempo têm sido citadas para o baixo rio (14) registrou as espécies Platydoras armatulus (Doras costatus), Pterodoras granulosus (D. maculatus), Anadoras weddelli (D. weddelli) e Oxydoras kneri (Rhinodoras kneri), para a localidade ''Paraguai''. Fowler (15) citou Doras eigenmanni, O. kneri, P. armatulus, P. granulosus e Trachydoras paraguayensis, para todas as extensões abaixo das Sete Quedas de Guaira. Ringuelet et al. (1) listaram nove espécies de doradídeos para a bacia do Prata: Anadoras insculptus, A. weddelli, D. eigenmanni, Megalodoras laevigatulus, O. kneri, Platydoras costatus, P. granulosus, R dorbignyi e T. paraguayensis. Embora frequentemente consideradas como sinônimos, P. armatulus e P. costatus apresentam diferenças no padrão de colorido e diferentes distribuições Paraná-Paraguai consideradas (Higuchi, com. pess.). A espécie correspondente ao sistema é P. armatulus, de maneira que as citações de P. costatus para esta região são referentes à primeira. Mais recentemente, com a construção da hidrelétrica de Itaipu, a barreira geográfica natural das Sete Quedas de Guaírà, antes eficiente separador ictiofaunístico, foi eliminada, de maneira que I seu impacto construção separador foi transferido para a referida usina. Naturalmente, por ocasião da da mesma, com o alagamento no início da formação do lago, houve uma mistura da ictiofauna do médio e alto Paraná. Algumas espécies foram bem sucedidas no novo ambiente. Entretanto, os estudos enfocando estas espécies ainda são escassos e incompletos. Levantamentos realizados pela CETESBlItaipu Binacional (16) antes, e por NUPELIAlItaipu a construção registraram do reservatório, Doras sp, o. Binacional (3) após kneri, P. costatus, P. granulosus, R dorbignyi e T. paraguayensis somente para as regiões abaixo de Sete Quedas. Arq.Biol.Tecnol.39(2):409-417,jun.,1996 A única espécie da família Doradidae há muito citada para a região acima das Set~ Quedas é R. dorbignyi (2, 15). Trabalhos mais recentes também citam P. granulosus e T. paraguayensis (17, 18). Além destas espécies, neste estudo foram capturadas D. eigenmanni e P. armatulus na porção acima de Sete Quedas, as quais, possivelmente colonizaram esta região após a construção da hidrelétrica de Itaipu que suprimiu aquela barreira natural. o. kneri foi capturada somente a jusante do reservatório de ltaipu. Tal fato evidencia que as modificações antrópicas no leito do rio Paraná, que extinguiram as Sete Quedas, formaram uma nova barreira geográfica, artificial, a hidrelétrica de Itaipu. Esta impede a migração de peixes da jusante para a montante do reservatório. o. kneri, dentre outras, tem sua migração à região do alto Paraná impedida pelo reservatório, ou então não se adaptou, por ocasião da formação do lago, às condições ambientais existentes nos trechos superiores da bacia do rio Paraná. Em uma revisão taxonômica da familia Doradidae, Higuchi (5) registra espécies desta fanúlia no sistema Paraná-Paraguai, sendo: D. eigenmanni: para Bolívia, Mato Grosso do Sul e Pará; O. kneri: aparentemente restrita para a bacia do rio Paraguai; R dorbignyi: para a bacia do rio Paraguai, do Grande Chaco até a bacia do Prata, estendendo para o rio Uruguai e seus tributários e com uma citação para o rio Grande no estado de São Paulo; P. armatulus: desde a Bolívia, Mato Grosso do Sul, Paraguai e Argentina e com uma citação para o Brasil , "provavelmente rio Paraná", não especificando se àjusante ou à montante da então existente Sete Quedas de Guaíra-PR; P. granulosus: do Mato Grosso, Brasil, para o rio da Prata, Argentina; T. paraguayensisVisto que Higuchi (5), com exceção de R dorbignyi, não cita outras espécies de Doradidae para a região do alto rio Paraná, torna-se importante o registro de sua ocorrência, a fim de um melhor entendimento dos processos de migração e distribuição das espécies da fanúlia em questão. Com o propósito de comparação, os dados obtidos neste trabalho foram confrontados com os obtidos por Ringuelet et al. (1). Estes autores estudaram as mesmas espécies referidas neste estudo, mas cujos exemplares foram coletadas na bacia do Prata. Os resultados obtidos por aqueles autores e por este estudo não apresentaram diferenças expressivas, o que confirma a hipótese de que as espécies são as mesmas, e que, após a formação do reservatório de ltaipu algumas delas colonizaram regiões do alto rio Paraná. Em suma, com exceção de o. reservatório de Itaipu e R. dorbignyi kneri, com distribuição restrita ao trecho a jusante do com citação de ocorrência para o alto Paraná, todas as outras espécies tiveram sua área de distribuição ampliada, ocupando os trechos superiores. Distribuição regional D. eigenmanni, P. granulosus, R dorbignyi e T paraguayensis: Paranáe tributários, acima e abaixo da hidrelétrica de Itaipu .. reservatório de Itaipu, rio I ATq.Biol. Tecno1.39(2): o. kneri: rio Paraná, somente a jusante 409-417 ,'jun., 1995 da hidrelétrica de Itaipu. P. armatulus: reservatório de Itaipu, tributários, rio Paraná, lvinheima e Baía. AGRADECIM.ENTOS Gostariamos de agradecer ao NUPELIA (Universidade Estadual de Maringá), pelo empréstimo do material e apoio logístico, ao Dr. Heraldo Antônio Britski (Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo) por colaborar na identificação das espécies e aos Drs. Horácio Higuchi (Museu Paraense Emilio Goeldi) e Júlio Cesar Garavello (Universidade Federal de São Carlos) pela leitura crítica do manuscrito e sugestões. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. RINGUELET, R. A, ARAMBURU, R. A, ARAMBURU, A A (1967). Los peces argentinos de agua dulce. Buenos Aires: Comission de Investigacion Científica, 602 p. 2. BRITSKI, H. A (1972). Peixes de água doce do estado de São Paulo. Sistemática. In: COMISSÃO INTERESTADUAL DA BACIA DO PARANÁ-PARAGUAI. Poluição e piscicultura. São Paulo, Brasil. 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