abstract introdução

Transcrição

abstract introdução
.·.. -- •..• r·..".,.,..wuern.ar
Arq.3iol.Tecncl.39(2):409-417,jun.,1996
G.ARAC'fER:n:UçÃO :NORm:WGICA E DISTRIB1IUç.iO
DA FAMÍLIA DORADIDAE
SILURIFORNES) ~o ALTO E }~DIO PARANÁ: REGISTROS E CO~ÁRIOS
(PISCES:
OOORPHOLOGICAL
CHARACTERIUTION
lFNllLY'
DAS ESPÉCIES
(PISCES-SILIDUFOimlES)
ARD DISTRIBUTION
Mm
lfROlr4ImCH
OF SPECIES
OF THE IDORADIDAE
iPlIJ[DDlL.EpARAlM. lIUVER:
RECOIIDS AIID
ICO~S
cláudio Henrique Zawadzki, Carla Simone Pavanelli & Horácio Ferreira Jr.
Universidade Estadual de Maringá -NUPELIA.
87020-900
Av. Colombo, 5790, Maringá-PR.
Recebido para publicação em 26 de fevereiro de 1996
ABSTRACT
A morphological characterization of doradid catfishes in the upper Paraná system was
conducted based on 105 specimens collected in the rio Paraná, between its confluences with
respectively, rio Paranapanema and rio Iguaçu. From January 1986 to April 1993, material
pertaining to six species was identified: Doras eigenmanni (Bou.), Oxydoras kneri (Blee.),
Platydoras armatulus (Vale.), Pterodoras granulosus (Vale.), Rhinodoras dorbignyi (Krõy.) and
Trachydoras paraguayensis (Eige. & Ward). Ali six genera are monospecific in the region. D.
eigenmanni, hitherto cited only for the rio Paraguay basin, was recorded now also in the upper
stretches at the rio Paraná. Ali other species, with the exception of R dorbignyi, had their
respective distribution widened. Data on morphology, colar in alcohol and regional distribution
for all six species are included, as well as a key for their identification.
.
INTRODUÇÃO
As espécies
da família
Doradidae
podem
ser facilmente
diferenciadas
dos
demais
Siluriformes, devido à presença de ossificações expandidas dos poros do sistema laterosensório
de
toda linha lateral, geralmente formando uma série de escudos providos de um acúleo dirigido para
trás. Esta família apresenta algumas espécies de grande porte, adquirindo, assim, importância na
pesca comercial.
Sua distribuição
comuns na Amazônia,
"cujuba",
restringe-se
onde são conhecidos
à América do Sul (1). Estes peixes são muito
como "cuiu-cuiu'',
etc. (2), a despeito de também estarem presentes
"bacu",
"armado",
"rebeca",
em outras bacias, como a do rio
Paraná, onde são chamados de "armado", "armadinho", "abotoado", etc. (3).
Eigenrnann (4) cita que a família Doradidae
possui 37 gêneros e 91 espécies distribuídas
pelos rios da América do Sul, a leste do Andes e ao norte da Patagônia,
não ocorrendo,
porém,
nos rios litorâneos da costa oriental do Brasil, exceto no rio São Francisco e Jequitinhonha.
Higuchi (5), revisando esta família assinala cerca de 70 espécies distribuídas em 33 gêneros,
ocorrendo em todas as principais bacias do continente sulamericano.
Este trabalho
permitiu registrar
seis espécies para a região em estudo .: São elas Doras
eigenmanni(BouL) (6), Oxydoras kneri (Blee.) (7), Platydoras armatulus (Vale.) (8), Pterodoras
granulosus (Vale.) (9), Rhinodoras dorbignyi (Krõy.) (10) e Trachydoras paraguayensis (Eige.
& Ward) (11).
I
Arq.3iol.Tecnol.39(2):409-417,jun.,199ó
Os registros
incompletos
de espécies
desta
família na região
estudada
têm
sido esporádicos
e
até o momento. Este trabalho pretende corrigir esta situação e trazer informações
que permitem ampliar a área de distribução do grupo.
MATERL-\L E MÉTODOS
O material
Limnologia,
coletados
faz parte da coleção
Ictiologia
e Aquacultura)
no rio Paraná, reservatório
Paranapanema
sinóptica
do NUP1ElLJ(A. (Núcleo
da UEM (Universidade
Estadual
de Pesquisas
de Maringá)
em
e foram
de Itaipu e seus afluentes, no trecho entre a foz do rio
e a foz do rio Iguaçu (fig. 01), no periodo de janeiro de 1986 a abril de 1993.
Os dados morfométricos
família (12). Foram anotados
com aproximação
e meristicos foram tomados conforme metodologia
usual para esta
os valores máximos e mínimos de cada medida, em milímetros e
de décimos de rrúlímetros. As referências
ao comprimento,
no decorrer
do
trabalho, dizem respeito às medidas de comprimento padrão.
Abreviaturas
utilizadas:
Amplit.
de
CP-
amplitude
de
comprimento
padrão,
comprimento
da cabeça, A- altura do corpo, 0- diâmetro do olho, 10- espaço interorbital,
comprimento
do focinho e AP- altura do pedúnculo caudal.
Para este estudo, a divisão geográfica do rio Paranáé
CCCF-
baseada em Paiva (13).
RESULTADOS
Os exemplares estudados distribuíram-se
em seis espécies:
Doras eigenmanni: Oxydoras eigenmanni (Boul.) (6) - localidade típica, Descalvados,
Mato Grosso.
Oxydoras kneri: o. kneri (Blee.) (7) - localidade típica, Cuiabá, Mato Grosso.
P/atydoras armatulus:Doras
armatulus (Vale., in Cuvi. & Vale.) (8) -localidade típica, rio
Paraná.
.
Pterodoras granulosus: Doras granulosus (Vale., in Humb. & Vale.) (9) -localidade típica,
"partie orientale de l'Arnérique du Sud".
Rhinodoras dorbignyi: Doras (Oxydoras) dorbignyi (Kroy., in Kner) (10) - localidade
típica, rio da Prata.
Trachydoras paraguayensis: Hemidoras paraguayensis (Eige. & Ward, in Eige., Me Atee
& Ward) (11) -localidade típica, Corumbá.
Caracterização
Coloração
morfométrica
e meristica
em álcool
Quanto à coloração em álcool, os doradídeos do alto Paraná, com exceção de P. armatulus,
não diferem muito entre si. Entretanto,
algumas caracteristicas
peculiares
podem ser úteis na
identificação das espécies.
D. eigenmanni:
marrom
Marrom-amarelado
mais escuro espalhadas
nadadeiras. Ventre bege-claro.
no dorso,
irregularmente
com pequenas
manchas
sobre o dorso e flancos,
de tonalidade
inclusive
sobre as
Arq.Biol.recnol.39(2);409-~17,jun.,1996
MATO GROSSO
DO
SUL
I
Fig. 01. Representação gráfica dos pontos de coleta amostrados para este estudo.
Arq.8iol.recnol.39(2);409-417,jun.,1996
Os atributos das espécies estudadas são apresentados na Tabela I.
Tab. I. Representação por espécie dos atributos agrupados em proporções corporais (relações), contagens e
observações. As abreviaturas utilizadas significam: CP - comprimento padrão, CC - comprimento da cabeça, A altura do corpo, O - diâmetro do olho, 10 - espaço interorbital, CF - comprimento do focinho e AP - altura do
pedúnculo caudal; R - raios; Esc. linha lat. - número de escudos da linha leteral; Barb. firnbr. - barbilhões
fimbriados, Barb. unidos - barbilhões mentonianos unidos na base; Proc. corac, - processo coracóide (se coberto ou
não por pele) e Ped, caud, - pedúnculo caudal (se coberto ou não por placas).
Atributos
N
CP -:
R
E
L
A
Espécies
D.eigenmanni
NCdeex..
25
Amplit. de CP
58-87
3,42-4
CP/CC
CP/A
2,79-3,84
3,61-4,88
CC/O
CC/IO
2,58-3,12
ç
CC/CF
1,86-2,12
Õ
1010
1,30-1,71
E
NCF
1,81-2,71
NAP
2,51-3,82
S
R peitorais
1+6-1+7
CONTo R anais
10-13
Esc. linhalat.
27-30
sim
Barb. fimbr.
O
sim
Barb. unidos
B
s. Proc, corac.
nu
Ped, caudal
parcialmente
o.
O.kneri Piarmatulus Pigranulosus
11
4
12
110-411
355-508
104-158
3,4-4,46
3,2-3,65
3,8-3,99
4,4-5,15
2,91-4,39
3,2-3,93
8,35-11,77
7,89-10
4,8-5,47
2,7-3,36 2,54-2,65
2,48-3,08
1,59-1,7
2,19-2,3
2,25-2,72
3,08-4,32
2,35-3,6
1,82-2,14
1,1-1,31 2,26-2,65
2,28-3,04
3,44-4,2 3,01-3,81
3,57-5,23
1+8-1+10
1+7
1+8-1+10
9-12
12-13
lO-lI
32-34
27-28
23-30
não
não
não
não
não
não
coberto
coberto
coberto
coberto
nu
nu
R.dorbignyi
24
87,4-165,9
3,1-3,56
3,44-4,46
6,52-9,8
4,66-6,16
1,87-2,22
1,24-1,79
1,41-1,92
2,80-3,86
1+7-1+8
10-13
27-30
não
não
coberto
coberto
T.paraguayensis
29
60.8-102,8
3,34-3,75
2,66-3,10
2,48-3,14
2,20-2,77
1,88-2,18
1,00-1,30
2,29-2,72
3,19-3,96
1+7
12-14
28-30
só maxilares
sim
nu
nu
kneri: Marrom-acinzentado, com tonalidade mais escura no dorso e nas nadadeiras,
clareando gradualmente para os fiancos inferiores. Região ventral marrom-amarelado com
tonalidade visivelmente mais clara que a região dorsal.
P. armatulus: Marrom-escuro no dorso, com uma faixa amarelada iniciando-se na fontanela
e prolongando-se ao longo da cabeça e dos escudos da linha lateral até a ponta dos raIOS
medianos da caudal; uma faixa nua amarelada da dorsal até a adiposa. Ventre bege-escuro.
P. granulosus: Marrom-acinzentado, com tonalidade mais escura no dorso, clareando
gradualmente para os fiancos inferiores, onde apresenta diminutas manchas escuras. Região
ventral marrom-claro com significante redução no número de cromatóforos, os quais conferem a
coloração mais escura à região dorsal.
R dorbignyi: Dorso marrom-amarelado com manchas escuras irregulares sobre todo o
corpo inclusive sobre as nadadeiras. Ventre variando de bege-claro a escuro.
T. paraguayensis: Dorso marrom, com uma tonalidade mais escura ao longo da dorsal até a
adiposa, clareando para os fiancos com minúsculas pintas escuras. Ventre bege-claro. Linhas
claras sobre a junção dos ossos do escudo pré-dorsal, evidenciando a disposição destes.
CRAVE PARA AS ESPÉCIES DA FAMÍLIA DORADIDAE NA REGIÃO EM ESTUDO
1.
Barbilhões fimbriados; os mentonianos unidos por uma membrana nas suas bases; processo
coracóide saliente, não coberto por pele
.:
.2
412
Arq.3iol.Tecnol.39(2):409-417,jun.,1996
1'. Barbilhões simples, não fimbriados; os mentonianos
bases; processo coracóide coberto por pele
não unidos por uma membrana
nas suas
.3
2. Opérculo e pré-opérculo nus; olho grande, 2,20 a 2,72 vezes na cabeça; barbilhão maxilar não
alcançando a base da peitoral
Trachydoras paraguayensis
2'. Opérculo e pré-opérculo cobertos por pele; olho 3,61 a 4,88 vezes na cabeça; barbilhão maxilar
alcançando ou ultrapassando a base da peitoral
Doras eigenmanni.
3. Pedúnculo caudal totalmente coberto por placas na porção mediana dorsal e ventral
.4
3'. Pedúnculo caudal totalmente
ventral-posterior.
e
5
nu, ou coberto
por placas, apenas na porção mediana-dorsal
:
4. Escudos laterais muito altos, deixando somente uma estreita área nua entre a dorsal e a adiposa;
opérculo
e
pré-opérculo
nus;
barbilhão
maxilar
ultrapassando
a
base
da
peitoral
.Platydorasarmatu/us
4'. Escudos laterais baixos; opérculo
alcançando a base da peitoral
e pré-opérculo
cobertos
por pele; barbilhão maxilar não
Rhinodoras dorbignyi
5. Barbilhão maxilar não alcançando a abertura branquial; opérculo nu; 32 a 34 escudos na linha
lateral
Oxydoras kneri
5'. Barbilhão maxilar ultrapassando a base da peitoral; opérculo coberto por pele; 23 a 30 escudos na
linha lateral
__
__.
__.__
__
Pterodoras granulosus
Material Examinado
D. eigenmanni: Rio Paraná, jusante do reservatório de ltaipu, município de Foz do IguaçuPR(29025'S/54038'W):
01.ii1987 (l ex.: 65,10), 16.ii.1987 (3 ex.: 58,10 a 61,30), 05.xi.1987 (1
ex.: 58,40); Canal do Cortado, rio Paraná, município de Porto Rico-Pk, (22049'S/53054'W):
l2.vi.1992 (3 ex.: 59,25 a 66,10), 15.iv.1993 (1 ex.:58,00); rio São Francisco Verdadeiro,
município de Marechal Cândido Rondon-Pk,
(24041'S/54018'W):
09.i.1989 (I ex.: 77,90);
reservatório de Itaipu, município de Santa Helena-Pk, (24051'S/S4021'W):
06.iii.1987 (1 ex.:
79,60), l1.ii.1988 (2 ex.: 73,40 a 85,80); reservatório de Itaipu, município de Guaíra-Pk,
(24003'S/54015'W):
14.ii.1988 (2 ex.: 82,20 a 87,10); rio São Francisco Falso, município de
Santa Helena, divisa de Diamante do Oeste-Pk, (22044'S/53014'W):
l1.i.1989 (1 ex.: 86,10); rio
Iguatemi, município de Mundo Novo, divisa de Eldorado-MS, (23055'S/54013'W): 15.xii.1987 (1
ex.: 80,90); rio Samambaia (Baía), Baia II, município de Taquaruçu, divisa de Baitaporã-Mâ,
(22041'S/53016'W): 26.iii.1991 (2 ex.: 80,10 a 80,50); rio Ocoí (foz), município de Missal, divisa
de' Medianeira-Pk,
(2S012'S/54010'W): 01.xii.1986 (1 ex.: 59,60), 08.ii.1988 (1 ex.: 70,60),
30.x.1988 (2 ex.: 75,50 a 79,40), 14.xii.1988 (2 ex.: 76,80 a 86,90). O. kneri: Rio Paraná, jusante
do reservatório de Itaipu, município de Foz do Iguaçu-Pk: 10.i.1986 (1 ex.: 467,00), 01.xii.1986
(1 ex.: 462,00), OS.i.1988 (1 ex.: 378,00), 18.xi.1988 (1 ex.: 353,00), 20.i.1990 (1 ex.: S08~00),
30.iv.1991 (3 ex.: 374,00 a 433,00), 29.v.1991 (3 ex.: 355,00 a 403,00). P. armatulus: Rio
Arroio Guaçu,
município de Terra Roxa, divisa de Marechal Cândido Rondon-Pk,
(24005'S/54012'W):
15.iv.1989 (1 ex.: 104,10); rio São Francisco Verdadeiro, município de
Marechal Cândido Rondon-PR: 09.x.1989 (2 ex.: 122,70 a 158,00); reservatório de Itaipu,
município de Guaíra-PR: 17,i.1990 (1 ex.: 158,00). P. granulosus: Rio Paraná, jusante do
reservatório de Itaipu, município de Foz do Iguaçu-Pk: 01.xii.1986 (1 ex.: 411,00); Canal do
Cortado, rio Paraná, município de Porto Rico-PR: IS.iv.1993 (1 ex.: 246,70); rio São Francisco
Verdadeiro, município de Marechal Cândido Rondon-PR: 19.x.1987 (1 ex.: 233,90), 21.x.1989 (5
ex.: 110,90 a 188,50), 10.i.1990 (1 ex.: 210,90); rio Ivai, Pontal do Tigre, município de
Querência do Norte-PR, (23018'S/53042'W): 23.viii.1989 (3 ex.: 301)0 a 366,00). R. dorbignyi.
Rio Paraná, jusante do reservatório de Itaipu, município de Foz do I~~çu-PR;Z7,XÍ,19õ7(l ex.:
I
Arq.3iol.Tecnol.39(2):409~417,jun.,1996
(2205.0'S/53034'\\1): 16.x:ii.1987 (l ex.: 126,40), 27.ü.1988 (3:ex.: 106,10 a 129,20)~ rio São
FranCISCo Verdadeiro, município de Marechal Cândido Rondon-PR: 19.x.1989 (1 ex.: 129,00)~
rio Iguatemi, município de Mundo Novo, divisa' de Eldorado-MS: 15.i.1989 (3 ex.: 103,15 a
147,90), 23.x.1988 (3 ex.: 87,40 a 140,50), 16.i.1989 (1 ~X.: 111,60), 16.xü.1987 (4 ex.: 144,40
a 157,90), 23.x.1988 (2 ex.: 104,20 a 140,80); Canal do Corutuba, entre os rios Sarnarnbaia
(Baia) e Ivinheima, município de Nova Andradina-MS, (22046'S/53017'W):
14.xü.1987 (1 ex.:
126,00), 18.x:ii.1987 (1 ex.: 107,60); rio Samambaia (Baia), Baia II, município de Taquaruçu,
divisa de Baitaporã-MS:
13.xü.1987 (1 ex.: 165,90); rio lvinheima (pedreira), município de
Taquaruçu,
divisa de Jateí-MS,
(22048'S/53034'W):
17.xii.1987 (1 ex.: 102,90).
T.
paraguayensis: Rio Paraná, jusante do reservatório de Itaipu, município de Foz do Iguaçu-Pk:
24.x.1987 (4 ex.: 74,20 a 86,70), 04.xi.1987 (1 ex.: 62,40), 12.xii.1987 (3 ex.: 80,00 a 88,20)~
Canal do Ipoitã, entre os rios Paraná e Ivinheima, município de Taquaruçu-MS: 26.i.1988 (2 ex.:
83,40 a 84,00); rio Paraná, município de Porto Rico-PR, (22045'S/53017'W): 12.xii.1987 (6 ex.:
71,80 a 96,80); rio São Francisco Verdadeiro, município de Marechal Cândido Rondon-PR:
21.x.1989 (1 ex.: 102,00); reservatório de Itaipu (prainha), município de Santa Terezinha do
Itaipu-PR, (25024'S/54026'W): 05.iv.1988 (2 ex.: 60,80 a 63,30); reservatório de Itaipu, Porto
Mendes, município de Marechal Cândido Rondon-PR: 11.iii.1988 (1 ex. 86,30); rio São Francisco
Falso, reservatório de Itaipu, município de Santa Helena, divisa de Diamante do Oeste-PR:
08.xii.1987 (1 ex.: 83,80); rio Iguatemi, município de Mundo Novo, divisa de Eldorado-MS:
07.x.1987 (l ex.: 77,40), 22.x:i.1987 (1 ex.: 85,20); rio Ivaí (porto Dango), município de TapiraPR, (220 13'S/53 021 'W): 12.xii.1987 (5 ex.: 86,20 a 102,80); rio Ivaí (porto Jundiá), município de
Santa Cruz do Monte Castelo-PR, (23013'S/53021'W):
14.v.1988 (1 ex.: 77,10).
DiSCUSSÃO
As espécies relacionadas
Paraná-Paraguai.
Boulenger
neste estudo já a muito tempo têm sido citadas para o baixo rio
(14) registrou
as espécies Platydoras armatulus (Doras costatus),
Pterodoras granulosus (D. maculatus), Anadoras weddelli (D. weddelli) e Oxydoras kneri
(Rhinodoras kneri), para a localidade ''Paraguai''. Fowler (15) citou Doras eigenmanni, O. kneri,
P. armatulus, P. granulosus e Trachydoras paraguayensis, para todas as extensões abaixo das
Sete Quedas de Guaira. Ringuelet et al. (1) listaram nove espécies de doradídeos para a bacia do
Prata: Anadoras insculptus, A. weddelli, D. eigenmanni, Megalodoras laevigatulus, O. kneri,
Platydoras costatus, P. granulosus, R dorbignyi e T. paraguayensis. Embora frequentemente
consideradas
como sinônimos, P. armatulus e P. costatus apresentam diferenças no padrão de
colorido e diferentes distribuições
Paraná-Paraguai
consideradas
(Higuchi, com. pess.). A espécie correspondente
ao sistema
é P. armatulus, de maneira que as citações de P. costatus para esta região são
referentes à primeira.
Mais recentemente,
com a construção
da hidrelétrica de Itaipu, a barreira geográfica natural
das Sete Quedas de Guaírà, antes eficiente separador ictiofaunístico,
foi eliminada, de maneira que
I
seu impacto
construção
separador
foi transferido
para a referida
usina. Naturalmente,
por ocasião
da
da mesma, com o alagamento no início da formação do lago, houve uma mistura da
ictiofauna do médio e alto Paraná. Algumas espécies foram bem sucedidas no novo ambiente.
Entretanto,
os estudos enfocando estas espécies ainda são escassos e incompletos. Levantamentos
realizados pela CETESBlItaipu
Binacional (16) antes, e por NUPELIAlItaipu
a construção
registraram
do reservatório,
Doras sp,
o.
Binacional (3) após
kneri, P. costatus, P. granulosus, R
dorbignyi e T. paraguayensis somente para as regiões abaixo de Sete Quedas.
Arq.Biol.Tecnol.39(2):409-417,jun.,1996
A única espécie da família Doradidae há muito citada para a região acima das Set~ Quedas é
R. dorbignyi (2, 15). Trabalhos mais recentes também citam P. granulosus e T. paraguayensis
(17, 18).
Além destas espécies, neste estudo foram capturadas D. eigenmanni
e P. armatulus
na
porção acima de Sete Quedas, as quais, possivelmente colonizaram esta região após a construção
da hidrelétrica de Itaipu que suprimiu aquela barreira natural.
o. kneri
foi capturada somente a jusante do reservatório de ltaipu. Tal fato evidencia que as
modificações antrópicas no leito do rio Paraná, que extinguiram as Sete Quedas, formaram uma
nova barreira geográfica, artificial, a hidrelétrica de Itaipu. Esta impede a migração de peixes da
jusante para a montante do reservatório.
o.
kneri, dentre outras, tem sua migração à região do
alto Paraná impedida pelo reservatório, ou então não se adaptou, por ocasião da formação do
lago, às condições ambientais existentes nos trechos superiores da bacia do rio Paraná.
Em uma revisão taxonômica da familia Doradidae, Higuchi (5) registra espécies desta
fanúlia no sistema Paraná-Paraguai, sendo: D. eigenmanni:
para Bolívia, Mato Grosso do Sul e
Pará; O. kneri: aparentemente restrita para a bacia do rio Paraguai; R dorbignyi: para a bacia do
rio Paraguai, do Grande Chaco até a bacia do Prata, estendendo para o rio Uruguai e seus
tributários e com uma citação para o rio Grande no estado de São Paulo; P. armatulus: desde a
Bolívia, Mato Grosso do Sul, Paraguai e Argentina e com uma citação para o Brasil ,
"provavelmente rio Paraná", não especificando se àjusante ou à montante da então existente Sete
Quedas de Guaíra-PR; P. granulosus: do Mato Grosso, Brasil, para o rio da Prata, Argentina; T.
paraguayensisVisto
que Higuchi (5), com exceção de R dorbignyi,
não cita outras espécies de
Doradidae para a região do alto rio Paraná, torna-se importante o registro de sua ocorrência, a
fim de um melhor entendimento dos processos de migração e distribuição das espécies da fanúlia
em questão.
Com o propósito de comparação, os dados obtidos neste trabalho foram confrontados com
os obtidos por Ringuelet et al. (1). Estes autores estudaram as mesmas espécies referidas neste
estudo, mas cujos exemplares foram coletadas na bacia do Prata. Os resultados obtidos por
aqueles autores e por este estudo não apresentaram diferenças expressivas, o que confirma a
hipótese de que as espécies são as mesmas, e que, após a formação do reservatório de ltaipu
algumas delas colonizaram regiões do alto rio Paraná.
Em suma, com exceção de
o.
reservatório de Itaipu e R. dorbignyi
kneri, com distribuição restrita ao trecho a jusante do
com citação de ocorrência para o alto Paraná, todas as
outras espécies tiveram sua área de distribuição ampliada, ocupando os trechos superiores.
Distribuição
regional
D. eigenmanni,
P. granulosus,
R dorbignyi e T paraguayensis:
Paranáe tributários, acima e abaixo da hidrelétrica de Itaipu ..
reservatório de Itaipu, rio
I
ATq.Biol.
Tecno1.39(2):
o. kneri: rio Paraná, somente a jusante
409-417 ,'jun.,
1995
da hidrelétrica de Itaipu.
P. armatulus: reservatório de Itaipu, tributários, rio Paraná, lvinheima e Baía.
AGRADECIM.ENTOS
Gostariamos de agradecer ao NUPELIA (Universidade Estadual de Maringá), pelo
empréstimo do material e apoio logístico, ao Dr. Heraldo Antônio Britski (Museu de Zoologia da
Universidade de São Paulo) por colaborar na identificação das espécies e aos Drs. Horácio
Higuchi (Museu Paraense Emilio Goeldi) e Júlio Cesar Garavello (Universidade Federal de São
Carlos) pela leitura crítica do manuscrito e sugestões.
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