Intervenção no 12º congresso da FENPROF

Transcrição

Intervenção no 12º congresso da FENPROF
Intervenção no 12º congresso da FENPROF
Valorizar a profissão. Reafirmar a escola pública.
30/04/2016,
Caros colegas,
Ontem, na abertura deste congresso, tivemos oportunidade de ouvir um
grupo de músicos - mais propriamente um quarteto de cordas – que, pela
sua presença, foi capaz de enriquecer esta reunião com a inefável
transcendência que só a arte é capaz de alcançar. Os artistas que aqui
actuaram são apenas uma pequena amostra dos inúmeros profissionais
do espectáculo que dinamizam o meio artístico nacional e internacional,
todos eles fruto do trabalho que tem vindo a ser feito nas escolas do
Ensino Artístico Especializado que existem por todo o país, ainda que as
condições existentes estejam muito longe de ser ideais. Por outro lado, a
prevalência do EAE tem dado provas dos benefícios que a instrução pela
arte traz aos nossos alunos, sendo estes os estudantes que obtém, com
frequência, as melhores qualificações nas outras áreas do saber,
fenómeno aliás corroborado por incontáveis estudos sobre esta matéria.
Este panorama é produto da democratização deste tipo de ensino que, no
espaço de 40 anos, proliferou com o aparecimento de centenas de
academias e conservatórios de música e dança por todo o país. Uma vez
que apenas 6 destas escolas são públicas, a existência do EAE depende,
em larga medida, de instituições privadas que estabelecem com o estado
Contratos de Associação.
Ora, nos últimos anos, em particular durante o anterior governo, este
paradigma de ensino tem sofrido retrocessos muito preocupantes, tendo
sido vítima do desdém que o Ministério da Educação demonstrou ter com
as decisões que foi tomando a seu respeito. A forma leviana como Crato
engendrou o financiamento das escolas de dança e de música teve como
resultado o reiterado atraso nas transferências das tranches devidas pelo
ministério, criando-se, desta maneira, situações de absoluto desespero
para muitos docentes, tendo inúmeros colegas ficado meses à espera do
seu salário. Porém, os professores não baixaram os braços e, com o
constante apoio da FENPROF, conseguiram ver restabelecida a
normalidade salarial. Todavia, este problema ficou longe de ser resolvido.
Apesar de se ter criado e regulamentado novos concursos para o
financiamento das escolas, estes mostraram ser pouco transparentes e,
essencialmente, decepcionantes. O processo foi de tal forma caótico que
o ministério se viu obrigado a corrigir, em cima do joelho, falhas gritantes,
que levariam ao colapso imediato do EAE. Ainda assim, este foi um
presente envenenado que trouxe com ele uma insustentável redução de
verbas, sendo o montante cedido manifestamente insuficiente para o
normal funcionamento das actividades lectivas. Este cenário tem
legitimado, por parte de muitas escolas, medidas para redução de custos
que têm vindo a degradar as condições de trabalho dos professores.
Por isso contamos com a FENPROF para que, junto dos decisores,
promova a edificação de um quadro regulamentar e estrutural que
permita a criação de um modelo de financiamento justo e equilibrado,
para que os professores possam ver assegurado o pagamento atempado
dos seus vencimentos durante todos os meses do ano.
Como se não bastasse a precariedade laboral, a forma como o EAE se
articula com o Ensino Regular é insatisfatória, originando problemas na
interacção entre as escolas intervenientes. Os professores vêem-se
frequentemente envolvidos na linha de fogo institucional que resulta da
incompreensível indefinição na gerência deste modelo de ensino, que tem
sido constantemente desconsiderado e ignorado.
Os seus professores estão ainda privados de um Contrato Colectivo de
Trabalho, dependendo neste momento do Contrato Geral de Trabalho,
absolutamente inadequado à realidade do EAE. Para que este possa
funcionar é fundamental obter-se um Contrato Colectivo de Trabalho que
garanta e mantenha as especificidades deste modelo de ensino face aos
outros sectores do Ensino Particular e Cooperativo.
Contamos e contaremos sempre com a FENPROF para que estes e outros
problemas sejam levados à consideração daqueles que têm o poder de os
resolver. E, fundamentalmente, sabemos que a FENPROF continuará a
defender todos os professores, e que não desistirá de lutar por um ensino
de qualidade que esteja ao alcance de todos.
Viva o 12° Nacional dos professores.
Viva a FENPROF

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