Cobrindo controvérsias

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Cobrindo controvérsias
Cobrindo controvérsias
Lição 6
Cobrindo controvérsias
KS Jayaraman
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Curso On-line de Jornalismo Científico
6.1 Introdução
Em 1988, médicos insatisfeitos de um instituto médico em Délhi, na Índia, fizeram uma greve,
suspendendo os serviços do hospital. Enquanto a cobertura da mídia enfatizava a greve e como ela
afetava os pacientes, percebi que este era o melhor momento para descobrir informações internas
de médicos geralmente reticentes e que, diante da situação, estavam dispostos a falar contra a
administração do instituto. Eles revelaram que os pesquisadores do hospital, testando de forma
antiética uma nova droga abortiva produzida por uma empresa sueca, sufocaram até a morte um feto
abortado que “nasceu vivo e chorando”.
Obtive, com a ajuda de uma pessoa do instituto, uma cópia do relatório médico da mãe. O fato de
conseguir esse relatório antes da publicação da matéria salvou a mim – o repórter – e ao veículo de
comunicação quando o diretor do instituto foi até a redação no dia seguinte, ameaçando processar o
jornalista responsável. O diretor foi deposto logo depois.
Esse evento é um bom lembrete de quão controversas algumas matérias podem ser e do quão
importante é ser cauteloso na preparação dessas matérias.
Há muitos tipos diferentes de controvérsias e algumas se apresentam aos repórteres de ciência
de forma mais óbvia do que outras. Na maioria das vezes, a controvérsia pode ser muito óbvia,
por exemplo, se um cientista afirma que a Terra não é redonda. Em outros casos, as sementes
da controvérsia podem permanecer escondidas, como, por exemplo, na retirada súbita de um
medicamento do mercado.
Em contraste, a maioria das matérias de ciência relata uma variedade tradicional de temas – novas
tecnologias ou descobertas; matérias baseadas em entrevistas com cientistas; artigos apresentados
em eventos ou publicados em revistas científicas; press releases de empresas anunciando uma nova
droga; e assim por diante. As lições anteriores deste curso ensinam a você as técnicas para criar e
apresentar matérias de ciência em geral.
Nesta lição, você vai aprender como administrar as controvérsias da ciência com segurança.
6.2 Por que cobrir controvérsias?
Como Christine Gorman, ex-editora associada de ciência da revista Time, disse uma vez: assim como
na boa literatura, conflito ou controvérsia frequentemente rendem boas matérias.
Leitores e audiências gostam das controvérsias e essas matérias também podem ser mais atraentes
para os repórteres. Editores de jornais gostam mais de dar espaço na capa para matérias de ciência
que possuem um ângulo de abordagem controverso e que, por isso, podem vender mais cópias do
jornal ou aumentar a audiência de um programa de TV.
Questões controversas são uma boa oportunidade para educar os leitores e aumentar a consciência
do público sobre questões como mudanças climáticas ou Aids.
A boa cobertura de questões científicas controversas pode beneficiar o público. Por exemplo, relatos
sobre os perigos dos fornos a lenha tradicionais para a saúde levaram, na Índia, a um programa sobre
“fogões sem fumaça”, realizado pela Agência para a Energia Não-convencional e Tecnologia Rural
(Anert, na sigla em inglês): [http://www.unesco.or.id/apgest/pdf/india/india-bp-re.pdf ].
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As recompensas de uma matéria de grande visibilidade ou controversa podem ser grandes para o(a)
repórter: seu nome será notado nas redações e pela comunidade científica. Isso aumenta suas chances
de receber outras denúncias e entrar em contato com pessoas que podem se tornar suas fontes para
outras matérias controversas no futuro.
Todo jornalista deseja fazer uma matéria controversa ou investigativa ao longo de sua carreira. As
chances de fazer isso podem ser maiores para repórteres que cobrem crimes ou política.
Esta lição vai tentar convencer você de que também há boas chances de cobrir matérias assim na área
de ciências, mas só se você souber identificar e perseguir esse tipo de notícia.
6.3 O que constitui uma controvérsia científica?
Qualquer novo ponto de vista que questione conceitos atuais ou derrube dogmas, teorias e
práticas aceitos é uma matéria controversa potencial. O criacionismo e a origem do universo são
frequentemente alvo de controvérsias.
Assim como fomentam o conhecimento, os cientistas podem gerar dúvidas sobre dispositivos
e aplicações baseados em conhecimentos prévios, e isso pode gerar controvérsias. Por exemplo,
as modificações genéticas, aclamadas como formas de criar alimentos melhorados, tornaram-se
controversas depois do relato publicado na Nature sobre a morte de larvas de borboleta-monarca que
se alimentaram de milho geneticamente modificado.
[http://www.nature.com/nature/journal/v399/n6733/pdf/399214a0.pdf ]
Projetos financiados por dinheiro público baseados em ciências que apresentam falhas ou
tecnologias inseguras são temas para matérias controversas. Exemplos incluem jogar ferro no
oceano para criar um tanque de dióxido de carbono [http://web.scidev.net/en/climate-changeand-energy/news/iron-fertilisation-has-small-impact-on-climate-ch.html] e o projeto indiano
“Sethusamudram”, que envolve a escavação do mar entre a Índia e o Sri Lanka para criar uma rota de
navegação. [http://www.scidev.net/en/opinions/shipping-shortcut-poses-environmental-risks.html]
Declarações e observações de cientistas de renome podem gerar uma controvérsia. Por exemplo,
a declaração do ganhador do prêmio Nobel James Watson de que as pessoas negras são menos
inteligentes do que as brancas geraram uma controvérsia que levou à sua demissão do Laboratório de
Cold Spring Harbor. (Veja ainda nesta lição como essa controvérsia foi abordada pela mídia).
Controvérsias científicas – elas geralmente têm múltiplas dimensões, com ramificações na política
ou religião. O cerne da questão das mudanças climáticas é a ciência atmosférica, mas os atores dessa
controvérsia são políticos, indústrias e pessoas comuns. A controvérsia sobre a proposta de acordo
nuclear entre a Índia e os Estados Unidos é outro exemplo de controvérsia que transcende uma área
de atuação. [http://www.hindu.com/nic/123agreement.pdf ]
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6.4 Como encontrar controvérsias científicas?
Controvérsias não são entregues de bandeja nem via press release.
A leitura atenta dos artigos científicos e apresentações de conferências pode dar dicas de uma
controvérsia. Depois disso, você vai precisar fazer trabalho de campo como pesquisa na literatura,
entrevistas e, se necessário, um certo trabalho de detetive. Veja como exemplo esta matéria de
Ganapati Mudur, em inglês, sobre um ensaio clínico antiético realizado na Índia.
[http://www.bmj.com/cgi/content/full/314/7087/1065]
Não aceite um press release como verdade absoluta. Cheque a ciência por trás dele ou a metodologia
usada e fale com especialistas na área para descobrir qualquer controvérsia escondida no estudo.
Apresentações de cientistas contendo qualquer elemento controverso vão evocar comentários
de especialistas rivais, que podem ser ouvidos não durante as palestras, mas nos intervalos. Então,
permaneça com os ouvidos atentos. Mas você deve ter informações científicas suficientes para
identificar o ângulo controverso, saber com quem mais conversar e o que perguntar.
Você pode conseguir dicas com referências tendenciosas ou descuidadas ao longo das
entrevistas. Um funcionário da Organização Mundial da Saúde (OMS) lembra que a informação
perseguida por um repórter foi “sensível para a imprensa indiana” e impulsionou uma investigação
jornalística que resultou no fechamento, pelo governo, da unidade da OMS na Índia.
[http://www.nature.com/nature/journal/v256/n5516/pdf/256355a0.pdf ]
[http://www.nature.com/nature/journal/v257/n5523/pdf/257175b0.pdf ]
Em outro caso, uma fala negligente de um funcionário do governo que afirmou que “só hoje destruímos
algumas plantas que hospedavam nematódeos (vermes) perigosos” resultou na descoberta de uma
fraude de algumas fábricas de cerveja que usavam plantas que não obedeciam à regulação. Depois de
um debate no parlamento, o governo corrigiu as leis de quarentena dessas plantas.
Mantenha seus olhos sempre abertos e um espírito questionador, porque dicas para matérias
controversas podem vir da observação atenta de objetos e acontecimentos ao seu redor na vida
cotidiana. Por exemplo, um repórter astuto notou, enquanto dirigia durante a noite por uma longa
ponte em Délhi, que luzes brilhantes e que piscavam rápido atingiam diretamente seus olhos,
causando efeitos alucinógenos. Autoridades – aparentemente para reduzir o custo da iluminação
das ruas com postes de luz – posicionaram as lâmpadas no nível dos olhos a cada três metros nos
corrimões dos dois lados da ponte. Depois de falar com neurologistas, o repórter escreveu uma
matéria falando sobre como as luzes brilhantes piscando poderiam causar ataques em crianças com
predisposição à epilepsia. Seguiu-se uma controvérsia, mas as autoridades tiraram as luzes depois que
mais médicos apoiaram o artigo.
Repórteres de política sabem instintivamente que, se há uma eleição no próximo mês, deve haver
alguma controvérsia antes dela! Repórteres de ciência deveriam farejar controvérsias sempre que
uma nova tecnologia ou tratamento médico surgisse. Historicamente, esse tem sido o caso –
seja em relação a biotecnologia, telefones celulares ou transplantes de coração. A nanotecnologia
– palavra do momento – tem sua parcela de controvérsias. [http://www.goodwinprocter.com/Files/
Publications/CA_NanoRiskFramework_4_18_07.pdf ]. Então, quando alguém anuncia algo novo,
pergunte-se qual deve ser seu impacto e comece a sondar.
É provável que você encontre controvérsias ocultas em qualquer projeto científico, experimento
médico ou ensaio que esteja sendo feito em segredo, a portas fechadas. Continue tentando abri-las.
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Lembre-se de que as controvérsias não têm estereótipos – o que pode causar uma disputa científica
em um país pode não ser um problema em outro. Lixo eletrônico não é um problema em países em
desenvolvimento que ainda não foram invadidos por computadores e pela indústria das tecnologias
da informação. O impacto negativo da revolução verde é uma questão controversa na Índia, mas não
no Reino Unido.
Como repórter, monitore as questões controversas em qualquer lugar, visitando sites (veja os
exercícios desta lição) para saber como essas questões estão sendo cobertas pela mídia de outros
países. Embora seja relevante avisar a sua audiência sobre esses problemas (que podem, algum dia,
ser relevantes para ela), procure por potenciais controvérsias atuais na sua própria região.
Algumas controvérsias locais podem ter relevância universal. Um exemplo é a nuvem marrom de
biodiesel sobre o norte da Índia, que pode afetar o clima global. [http://www.ens-newswire.com/
ens/aug2007/2007-08-01-02.asp] Outro é o alerta, por um jornalista indiano, sobre o perigo gerado
pelo acúmulo de gás venenoso em uma fábrica de pesticidas em Bhopal. Isso começou como uma
controvérsia local. Mas, quando o gás escapou e matou milhares de pessoas em dezembro de 1984,
tornou-se uma questão mundial sobre a responsabilidade das empresas. [http://www.scidev.net/en/
features/scientists-return-to-bhopal-20-years-after-disaste.html] Também as falas sobre medicinas
tradicionais ou ensaios clínicos em países em desenvolvimento podem ser tópicos controversos. Os
altos gastos com a exploração do espaço raramente são problema nos países ricos, mas equipar um
voo espacial ou uma missão lunar em um país em desenvolvimento que ainda precisa reduzir muito a
pobreza local é um ótimo tópico controverso.
[http://www.scidev.net/News/index.cfm?fuseaction=readnews&itemid=966&language=1]
Em países onde os cientistas do governo devem obedecer a regras de conduta rígidas e não podem
falar livremente, é sempre útil manter contato com líderes de organizações científicas, associações
e cientistas insatisfeitos com a ordem vigente. Talvez eles não possam ser citados nas matérias por
serem tendenciosos, mas você não deve subestimar o valor que têm para fornecer dicas úteis de como
cobrir uma controvérsia. Por exemplo, a informação dada por um líder de organização de que quatro
funcionários de uma usina atômica na Índia foram hospitalizados por danos causados pela radiação foi
suficiente para que um repórter cobrisse a falta de segurança nas operações realizadas no reator.
[http://www.tribuneindia.com/2003/20030723/edit.htm#2]
Questões científicas geralmente se resolvem com o tempo, mas algumas controvérsias persistem.
Navegue sempre na internet para descobrir o que há de novo. Por exemplo, embora a fusão a frio
tenha sido desmascarada pelos cientistas mais importantes, a pesquisa continua viva em alguns
laboratórios. Até agora, eles não convenceram a comunidade científica sobre seus experimentos.
[http://newenergytimes.com/]
6.5 Tipos de controvérsia e como lidar com eles
Um bom ponto de partida para aprender a cobrir controvérsias científicas são os relatórios
da Fundação Niemann [http://www.nieman.harvard.edu/reports/contents.html] (em inglês),
especialmente as edições de Outono/Inverno 2002 (relatórios ambientais) e Primavera/Verão 2003
(relatórios de saúde e medicina).
Outro artigo excelente, disponível em espanhol, é “La cobertura de controversias en la ciencia” (A
cobertura de controvérsias na ciência), de Tim Radford, ex-editor de ciência do jornal The Guardian.
[http://www.scidev.net/es/practical-guides/la-cobertura-de-controversias-en-la-ciencia.html]
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Controvérsias podem ser agrupadas em (pelo menos) oito categorias:
1. Reportagem de controvérsia “passiva”, em que o(a) repórter apresenta pontos de vista opostos
de uma questão já reconhecidamente controversa (por exemplo, a seleção sexual está causando um
declínio na proporção de mulheres na Índia e na China? O biodiesel é a resposta para a escassez de
energia em países em desenvolvimento?), deixando aos leitores a possibilidade de tirar suas próprias
conclusões. Outro exemplo é o relato de Rex Dalton, publicado na Nature, em inglês, sobre a teoria
de que as extinções em massa na Terra pré-histórica teriam sido causadas por erupções vulcânicas na
Índia – e não pelo impacto de meteoros.
[http://www.nature.com/news/2007/071031/full/news.2007.205.html]
2. O tipo “ativo” é aquele em que o(a) repórter apresenta pela primeira vez uma controvérsia,
com base nas informações cuidadosamente colhidas em sua investigação. O livro Silent Spring
(Primavera silenciosa), de Rachel Carson, que apresentou os perigos do pesticida DDT e disparou o
movimento ambientalista, pertence a esta categoria. E é tema para uma outra história o fato de o
DDT ter sido novamente permitido. [http://media.www.osusentinel.com/media/storage/paper1151/
news/2007/01/12/News/The-Ddt.Controversy-2629832.shtml]
3. Falsificação de dados, plágio e outras condutas condenáveis pertencem a uma classe de
controvérsias geralmente trazidas à tona por revistas científicas, cientistas rivais ou denúncias. Em
vez de relatá-las, seu papel geralmente será fazer matérias de repercussão e analisar as implicações
da fraude. A controvérsia coreana sobre células-tronco, no entanto, envolveu as duas coisas – quem
primeiro suspeitou da fraude foi um jornalista a serviço da Nature [http://www.nature.com/nature/
journal/v429/n6987/full/429003a.html] e, depois, a fraude foi anunciada por uma rede de televisão
sul-coreana. A cobertura subsequente ficou a cargo da equipe jornalística da Nature e de muitos
outros veículos de comunicação. [http://www.nature.com/news/2005/051219/full/news051219-3.html
http://www.nature.com/news/specials/hwang/index.html]
4. Outro tipo de controvérsia é aquele relativo a questões científicas com relação à segurança
e à defesa nacional. Elas podem ser temas para o jornalismo investigativo, mas as informações
necessárias podem não estar disponíveis por fontes oficiais e as matérias devem ser tratadas com a
sensibilidade que merecem. Por exemplo, houve sérias dúvidas sobre a afirmação de que a Índia teria
testado com sucesso uma bomba de hidrogênio em 1998. Mas, na falta de informações internas, ainda
era possível duvidar da afirmação e investigá-la, como este repórter fez para o jornal The Hindu (em
inglês). [http://cndyorks.gn.apc.org/news/articles/asia/need.htm]
5. O quinto tipo de controvérsia é aquele que tem como alvo um cientista específico, e não a pesquisa
que ele ou ela está fazendo. É preferível manter distância dessas controvérsias, a menos que elas
envolvam projetos ou instituições financiados com dinheiro público. A maneira como a Nature tratou
“Watson’s folly” (A tolice de Watson) é um guia prático de como lidar com controvérsias similares com
as quais você pode se deparar em sua carreira. [http://www.nature.com/nature/journal/v449/n7165/
full/449948a.html]
6. Outro tipo de reportagem controversa é a crise pública, como a que segue um tsunami, terremoto,
queda de avião ou enchente, em que o papel do jornalista não é atiçar a controvérsia, mas promover
a discussão calma no meio do público e ajudar a gerenciar a crise. Aqui, o papel do jornalista pode ser
compreender as necessidades das pessoas, ganhar sua confiança, oferecer informações científicas e
conselhos práticos e, ainda, dizer ao público o que ainda não se sabe.
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7. Além disso, há controvérsias em que a ciência é desafiada por outras abordagens, sistemas de
conhecimento ou ideologias (por exemplo, religião, curas alternativas) ou quando a ciência desafia
esses outros.
8. E há grandes controvérsias políticas ou econômicas, em que os atores da comunidade científica
ou seus achados podem ter papel importante. Por exemplo, no estado indiano de Karnataka, o custo
ambiental de exportar minério de ferro por razões econômicas tornou-se uma grande controvérsia.
Cobrir controvérsias, relatar riscos e fazer reportagens investigativas são diferentes faces do jornalismo
de denúncia e as diferenças entre elas são muitas vezes difíceis de enxergar. Mas uma coisa em
comum entre todas elas é que devem ser fundamentadas em fatos.
6.6 Requisitos básicos para fazer matérias controversas
Manter uma boa rede de relacionamentos e construir uma relação de confiança com os cientistas
é um ótimo investimento. Eles podem dar dicas sobre qualquer pesquisa controversa em
desenvolvimento e você precisará deles para corroborar os resultados de sua investigação quando
você começar a escrever a matéria.
Dito isso, é preferível manter a relação com suas fontes a um nível profissional e não muito pessoal, pois
isso compromete a objetividade de sua atividade de repórter. Em uma eventualidade, você deve estar
preparado ou preparada para colocar seu trabalho profissional à frente de seus relacionamentos pessoais.
Boas matérias investigativas exigem tempo – dias, semanas ou mesmo meses – e paciência é vital.
Esteja preparado(a) para o fracasso.
Mais importante, você deve ter um editor ou editora compreensivo(a). Enquanto estiver fazendo a
matéria, mantenha seus editores informados para que fiquem preparados para lidar com qualquer
pressão externa contra a publicação da pauta.
Lembre-se, a marca de um bom texto investigativo é que ele atiça reclamações. Então, antes de liberar
a matéria, tenha prontos respostas e documentos para responder a possíveis queixas, contestações e
ataques ou mesmo processos por difamação – como eu tive que fazer em 1988 (veja exemplo no início
deste capítulo).
Um(a) repórter nunca deve publicar nada controverso que ele ou ela não possa provar numa situação
judicial. Geralmente, os editores consultam a equipe de advogados de sua publicação antes de
imprimir ou veicular qualquer matéria potencialmente difamatória.
6.7 Check-list das controvérsias
Quando estiver preparando uma matéria que pode ser controversa, considere o seguinte:
• A sua matéria tem um ângulo de abordagem controverso? Se você pode reconhecer isso, já fez
50% do trabalho.
• Que controvérsias vale a pena perseguir? A decisão deve ser tomada julgando o impacto que sua
matéria pode ter na sociedade de uma forma geral. Este artigo (em inglês) discute essa questão com
mais detalhes: [http://currenteventscience.net/controversies%A0.html].
• Quais são as diferentes perspectivas sobre a controvérsia e quem tem opiniões contrárias? Você
pode descobrir isso fazendo uma pesquisa na literatura por meio da internet e de visitas a bibliotecas.
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Consulte suas fontes e outros cientistas – de preferência de um grupo rival – para ver quem tem opiniões
diversas ou contrárias sobre o tema. Verifique em quem você pode ou não acreditar.
• Você está distorcendo o debate? Seu trabalho é fazer uma boa matéria baseada em fatos. Não seja
tendencioso(a). Relatos jornalísticos distorcidos, sobretudo quando cobrem controvérsias relacionadas
à saúde, podem gerar falsas esperanças ou medos infundados.
• Você está sendo sensacionalista? Tente expor a controvérsia sem sensacionalismo. Um achado
médico relatado de forma sensacionalista pode causar um frenesi sem razão na mídia. Por exemplo, a
cobertura sobre o mal da vaca louca alcançou níveis absurdos de histeria, com repórteres enfatizando
os aspectos assustadores da notícia, levando o governo a gastar milhões em um “problema
infinitesimal”, de acordo com David Ropeik, do Centro de Análise de Risco de Harvard [http://www.
mad-cow-facts.com/2003/12/31/mad-cow-and-the-media/].
• Você está exagerando? Manchetes e escolha de palavras (como usar “desavença” em vez de “briga”)
para descrever diferentes pontos de vista são cruciais, pois podem minimizar ou exagerar a questão
e, conforme for, condicionar a reação do público sobre a disputa. Por exemplo, o projeto indiano
“Sethusamudram”, citado na seção 3, agora está sendo tratado pelo público em geral como uma
questão política, embora tenha começado como questão científica e ambiental, porque os repórteres
sempre citam falas de políticos.
• Como cinco homens cegos descrevendo um elefante, a mesma questão controversa pode ser
vista de maneira diferente por acadêmicos, ativistas e, de forma notável, por pessoas diretamente
envolvidas na controvérsia. Então, enquanto cobrir uma controvérsia, use a norma jornalística do
relato equilibrado (veja mais sobre equilíbrio na próxima seção).
6.8 Um ato de equilíbrio
Contar “os dois” lados da história é uma premissa básica do jornalismo. Porém, o equilíbrio na cobertura de
controvérsias científicas não significa mostrar todos os pontos de vista dando-lhes o mesmo peso, “e sim
exercitar o julgamento e dar a cada evidência científica o peso que ela merece”. Esse conselho sem preço
vem da sabedoria combinada de repórteres experientes que escrevem na revista Science Editor, volume 1,
2006 (em inglês). [http://www.councilscienceeditors.org/members/securedDocuments/v29n3p099-100.
pdf]
Embora diferentes pontos de vista devam ser relatados, achados científicos amplamente aceitos não
devem ser apresentados ao lado das visões de um punhado de céticos para conseguir o “equilíbrio”.
Isso não ajuda muito os leitores, conforme argumenta Chris Mooney, em Columbia Journalism
Review. [http://cjrarchives.org/issues/2004/6/mooney-science.asp] Mesmo as revistas científicas mais
importantes evitam aceitar artigos que questionam teorias sobre as quais já há consenso, como
aquecimento global ou existência de buracos negros. [http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/
northamerica/usa/1489105/Leading-scientificjournals-%27are-censoring-debate-on-globalwarming%27.html]
Apresente as visões de todos os lados, mas dê aos leitores pistas que permitam julgar quem está certo,
porque nem sempre é fácil ou possível para eles descobrir em quem acreditar ou não.
6.9 A ética na cobertura de controvérsias científicas
Seria muito irresponsável criar uma controvérsia que na verdade não existe, fabricando artificialmente
uma diferença de opinião. Fazendo isso você perderá a sua credibilidade – o principal valor do
jornalista científico – e será visto como joguete nas mãos de partes interessadas.
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Matérias controversas devem ser moldadas para provocar um debate na comunidade científica (ou no
público em geral, se a pauta tiver implicações para a sociedade) e não devem ser apresentadas como
se o(a) repórter tivesse a última palavra.
Aqueles que lhe deram informações confidenciais ao longo da apuração devem ser protegidos a
qualquer custo e seus nomes não devem ser revelados sem seu consentimento. (Lembra da fonte
secreta de Bob Woodward, “Garganta Profunda”, no caso Watergate?)
[http://www.washingtonpost.com/wpdyn/content/article/2005/05/31/AR2005053100655.html]
Controvérsias rendem bons materiais. Mas, uma vez resolvidas, matérias subsequentes não devem
apresentar a controvérsia. Se a “vítima” da sua controvérsia foi absolvida da fraude ou má conduta,
seria antiético não relatar isso.
A decisão de escrever sobre uma controvérsia deve ser baseada em seus méritos científicos e não no
fato de que outros repórteres e concorrentes o estão fazendo. [Veja “controvérsias em série” ainda
nesta seção].
Na ansiedade para fazer com que a história pareça realmente controversa, você não deve ignorar as
visões dos críticos que são mais informados sobre os temas em questão.
Cientistas citados na controvérsia devem ter a oportunidade de responder a críticas feitas por
especialistas da área. É antiético levantar concorrências desleais colocando cientistas de um lado
e esportistas, políticos ou estrelas do cinema no outro. A proficiência em um campo não pode ser
transferida como autoridade em outro.
Lembre-se que jornalistas científicos foram acusados no passado de usar ativistas antiaborto em vez
de cientistas na apresentação do debate sobre as relações entre aborto e câncer de mama, apesar do
grande consenso científico quanto à falsidade dessas relações. [http://www.cancer.org/docroot/CRI/
content/CRI_2_6x_Can_Having_an_Abortion_Cause_or_Contribute_to_Breast_Cancer.asp]
Os jornalistas também foram criticados por escrever matérias sobre a relação entre a vacina tríplice
viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) e o autismo, apesar da falta de evidências de qualquer
ligação entre as duas coisas. [http://news.bbc.co.uk/1/hi/health/4311613.stm]
Às vezes você pode ter que fazer escolhas difíceis entre escrever uma matéria (por exemplo, sobre um
acidente ou uma tragédia que provavelmente vai acontecer) e suprimi-la (para proteger autoridades
que seriam sugadas pela controvérsia). Lembre-se, sua responsabilidade é com a sua audiência. Seria
antiético suprimir qualquer informação importante para o público apenas porque as autoridades
dizem que sua revelação prejudicaria sua imagem ou geraria pânico desnecessário no público. Seu
trabalho é relatar fatos. Existem outros mecanismos na sociedade para lidar com o pânico.
Algumas vezes a cobertura da mídia sobre controvérsias científicas pode ter a aparência de
uma epidemia. Como uma infecção passando de uma pessoa para a outra, a exploração de uma
controvérsia por um jornal leva seu concorrente a seguir o exemplo e abordar o tema de uma outra
forma, com aberturas feitas para chamar atenção, como “em mais uma controvérsia...”
Com leitores condicionados e fisgados por essas iscas, os repórteres podem inconscientemente criar
um festival de “controvérsias em série”. Mas essa hiperatividade carrega em si o risco de os jornalistas
ignorarem a ética e algumas regras básicas. Um exemplo é o relato tendencioso sobre os perigos
dos implantes de seio na esteira da famosa controvérsia sobre o DIU (Dispositivo Intrauterino Dalkon
Shield) [http://www.popline.org/docs/0822/049291.html].
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Mais recentemente, R.J. Azmi, do Instituto Wadia de Geologia do Himalaia, na Índia, tornou-se vítima
de “reportagem em série” quando se denunciou que os fósseis que ele descobriu na Índia central em
1998 eram falsos e a imprensa apresentou o caso como tal. Foi uma coincidência infeliz que Azmi
tenha anunciado sua descoberta pouco depois de a Nature ter denunciado uma fraude de fósseis
envolvendo outro geólogo indiano, V.J. Gupta. [http://www.nature.com/nature/journal/v343/n6257/
pdf/343396a0.pdf ] Geólogos suecos inocentaram os achados de Azmi no encontro da Sociedade
Geológica Americana que aconteceu no Colorado em outubro de 2007, mas Azmi diz que o prejuízo já
estava feito, por causa dos relatos da imprensa feitos à sombra do episódio Gupta.
“Negaram-me uma promoção no trabalho e a oportunidade de apresentar meus dados. O debate
científico saudável em torno da geologia indiana (...) foi retardado por cerca de uma década”.
A lição aqui é que, antes de manchar a reputação de um cientista transmitindo as visões de supostos
“especialistas”, certifique-se de que a credibilidade do “especialista” seja melhor do que a do cientista
cujo trabalho está sendo questionado. A cobertura da nanotecnologia também tem todas as
características de “reportagem em série”, com mais relatos dos perigos dessa tecnologia do que de
seus benefícios. A cobertura de temas assim deve, sempre que possível, incluir análises de riscos e
benefícios para ser mais equilibrada.
6.10 Obstáculos na cobertura de controvérsias
O primeiro obstáculo é seu editor, veículo ou produtor. Eles devem estar convencidos de que a matéria
controversa não terá impacto negativo em sua receita com publicidade ou outros interesses. Você
pode ter que batalhar com editores e colegas cujo conhecimento científico pode não ser maior do que
o da população educada em geral.
Jornalistas de países em desenvolvimento enfrentam problemas especiais, como ter acesso às
informações, como bem analisam Tamar Kahn, editora de ciência e saúde do jornal sul-africano
Business Day [http://www.scidev.net/en/health/hiv-aids/features/controversy-and-science-reportingin-south-africa.html] e Mike Shanahan, ex-editor de SciDev.Net.
[http://www.scidev.net/en/features/trials-and-tribulations-of-science-writers-in-the.html]
Aqueles que podem ser ameaçados pela publicação de uma matéria podem ameaçar os repórteres
ou tentá-los com subornos para derrubar a notícia. No ambiente comercial de hoje, o jornalismo –
sobretudo a cobertura de medicina e saúde – é mais vulnerável a pressões econômicas e de mercado
do que antes, como exemplifica a controvérsia na saúde pública sobre a gasolina com chumbo.
[http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=1646253]
Dependendo da natureza da controvérsia, o gerenciamento das notícias pode sofrer a pressão de
políticos ou indústrias que não desejam ver a matéria publicada. Governos, especialmente em países
em desenvolvimento, podem também impedir a publicação ou transmissão de matérias que eles
julgam prejudiciais à segurança nacional ou aos seus interesses econômicos.
6.11 Riscos ocupacionais na cobertura de controvérsias científicas
Escrever uma matéria investigativa ou controversa é como investir na bolsa. Se for provado que sua
matéria estava correta, você é um herói. Do contrário, você perderá reputação entre os jornalistas e na
comunidade científica. Moral da história: não escreva sobre uma controvérsia a menos que você tenha
checado várias vezes os fatos.
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Cobrindo controvérsias
Quer sua matéria emplaque ou não, a tendência é que você abdique dos cientistas a quem a
pauta dizia respeito direta ou indiretamente. Este é o preço que você tem que pagar. Mas não há
necessidade de desespero, porque você vai ganhar admiradores, novas fontes e, provavelmente, novas
dicas para matérias semelhantes.
No dia em que sua matéria for publicada, você pode receber telefonemas de congratulações por suas
denúncias corajosas e ameaças de resposta ou advertências de difamação das partes afetadas. Você não
precisa se preocupar, desde que o editor ou editora esteja do seu lado e que seus fatos estejam corretos.
Se a sua matéria não produziu o impacto desejado, console-se com o que o psicólogo George W.
Albee, da Universidade de Vermont, disse: “Achados científicos podem suscitar oposição passional,
censura e condenação oficial (religiosa ou secular), mas achados científicos que são válidos e honestos
persistem, enquanto seus críticos, não. Foram necessários 500 anos para que a Igreja Católica
admitisse publicamente que estava errada em sua oposição aos achados de Galileu. A genética de
Lysenko, apoiada por autoridades políticas poderosas, foi condenada desde o princípio”.
Você pode estar interessado ou interessada em saber que os jornalistas não são os únicos que devem
considerar os riscos potenciais das controvérsias científicas:
[http://www.livescience.com/strangenews/ap_forbid_050210.html]
6.12 Exemplos de matérias sobre controvérsias
Uma leitura de como algumas questões controversas foram cobertas pela imprensa leiga e pelas
revistas profissionais pode ser um guia para cobrir controvérsias:
• Um projeto de US$ 600 milhões para aprofundar o mar entre a Índia e o Sri Lanka tem sido adiado
por uma controvérsia – metade científica, metade política, e com aspectos religiosos envolvidos. A
cobertura de Ramachandran para a revista Frontline (em inglês) é uma obra-prima:
[http://www.frontlineonnet.com/fl2419/stories/20071005500500400.htm]
• A pesquisa sobre células-tronco do cientista coreano Woo Suk Hwang despertou o que muitos
chamam de mãe de todas as controvérsias. Leia esta análise, em inglês, na Harvard University Gazette,
sobre como essa questão foi abordada pela imprensa leiga:
[http://www.news.harvard.edu/gazette/2007/10.25/05-stemcells.html]
• Alguns afirmam que esta é uma nova dimensão do boom de terceirização, mas outros acham que
é um sinal de que a Índia está se tornando um país de cobaias. Este artigo, em inglês, de Jennifer
Kahn na revista Wired, sobre como a Índia se tornou o melhor lugar do mundo para ensaios clínicos,
é um ótimo exemplo de relato de controvérsia médica que pode ser aplicado a outros países em
desenvolvimento: [http://www.wired.com/wired/archive/14.03/indiadrug.html]
• Qual a lição aprendida com a cobertura da controvérsia que envolveu a Síndrome Respiratória
Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês)? Nas palavras de Sun Yu, que participou do programa Nieman
em 1999, “a cobertura da SARS deve ser usada como um exemplo de por que ameaças de doenças
devem ser manejadas de forma científica e de como a cobertura jornalística não deve levar o público a
uma reação exagerada diante da ameaça”:
[http://www.nieman.harvard.edu/reports/03-4NRwinter/91-93V57N4.pdf ]
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Curso On-line de Jornalismo Científico
• Lisa Stiffler, repórter ambiental do Seattle Post que “se diverte com as questões quentes em ciência”,
tem uma ou duas palavras para quem quer fazer denúncias:
[http://www.washington.edu/alumni/partnerships/biology/200610/reporting.html]
• Mike Shanahan, que analisou criticamente a cobertura da mídia sobre as controvérsias em mudanças
climáticas em diferentes países, concluiu que os problemas na cobertura sobre o tema persistem.
Embora a mídia não seja a única culpada, ela tem muito que fazer para melhorar suas matérias sobre o
tema: [http://www.iied.org/pubs/pdfs/17029IIED.pdf ].
• Montar um banco de sementes como um seguro contra a fome global poderia ser uma matéria de
ciência qualquer. Mas, quando Bill Gates decidiu, por meio da Fundação Gates, investir US$ 30 milhões
de seu dinheiro suado num “Cofre das Sementes dos Últimos Dias” no Ártico, a 1.100 quilômetros do
Pólo Norte, o repórter investigativo William Engdahl, da Global Research, ficou curioso. O resultado foi
uma matéria, em inglês, de grande controvérsia (categoria 2 da seção 5):
[http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=7529]
6.13 Questões (1-4)
Questão 1:
Um press release de um hospital diz que seu cirurgião conseguiu fazer crescer novos músculos em um
coração danificado por meio da injeção de uma enzima obtida por engenharia genética. Qual seria sua
primeira pergunta para o porta-voz do hospital se você estivesse procurando uma controvérsia?
Questão 2:
Você nota que mendigos estão coletando seringas usadas, bandagens de algodão e outros itens das
latas de lixo de um hospital para pacientes com tuberculose, para revender. Qual seria sua próxima
atitude se você quer ser um(a) repórter investigativo(a)?
Questão 3:
Leia este relato, em inglês, [http://www.newspostindia.com/report-20440] que diz que as célulastronco agora estão disponíveis para a população indiana em geral. Outro artigo sobre o mesmo tema
foi publicado, também em inglês, no The Guardian: [http://www.guardian.co.uk/science/2007/oct/16/
stemcells]. Qual a principal diferença entre os dois relatos?
Questão 4:
Você fica sabendo que autoridades de uma usina nuclear alertaram o governo local para se preparar
para uma possível evacuação das pessoas nos arredores da usina, mas eles não querem que essa
informação se torne pública para evitar o pânico. Como você reage?
6.14 Respostas das questões (1-4)
Várias respostas são possíveis, mas algumas sugestões boas estão listadas a seguir. Suas respostas
podem ser redigidas de maneira um pouco diferente.
Questão 1:
Você tem a aprovação dos órgãos reguladores?
Questão 2:
Seguir os mendigos para descobrir o próximo destino do lixo e visitar os hospitais para ver se eles têm
ou não incineradores para o lixo.
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Cobrindo controvérsias
Questão 3:
O primeiro relato é 100% baseado no press release da empresa, enquanto o segundo, não.
Questão 4:
Confirmar a informação e disparar a matéria.
6.15 Exercícios
Exercício 1
Selecione uma controvérsia (1) científica, (2) ambiental e (3) de saúde em seu país. Contextualize
cada uma, esboce os argumentos de cada lado e faça uma crítica da cobertura da mídia sobre essas
questões. Liste recursos que você teria usado se fosse escrever sobre essas pautas e selecione leituras
para cada uma.
Exercício 2
Você ouve no rádio que duas de 2 mil crianças da escola local morreram depois de serem vacinadas
com um imunizante importado contra cólera que foi usado pela primeira vez em seu país. Você fareja
uma controvérsia aqui? Liste os principais passos que você tomaria para investigar e relatar isso.
Exercício 3
A telemedicina é frequentemente anunciada como um meio de trazer cuidados de saúde de alto nível
para as áreas rurais. Quem pode promover essa tecnologia são operadoras de satélites, fabricantes
de equipamentos médicos, fabricantes de softwares e hospitais particulares. Você vê algum potencial
para uma matéria investigativa aqui? (Há um público-alvo que realmente será beneficiado?) Se sim,
como você procederia? Liste suas leituras selecionadas, as pessoas que você entrevistaria, documentos
que você consultaria e lugares que você visitaria.
Exercício 4
Monitore os seguintes sites e blogs (em inglês) para dicas de controvérsias potenciais:
[http://blogs.guardian.co.uk/news/archives/science/]
[http://www.nanopolitan.blogspot.com]
[http://www.sciencecommunication.org/]
[http://world-science-blog.blogspot.com/]
[http://news.aol.com/newsbloggers/bloggers/dinesh-dsouza/]
[http://ksjtracker.mit.edu]
[http://www.nytimes.com/pages/science/]
[http://www.fair.org/index.php?page=1978]
[http://www.noplacetohide.net/]
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