EFiCÁCiA DA rEPoSiÇÃo DE VitAMinA D3 EM iDoSoS nA DoSE DE

Transcrição

EFiCÁCiA DA rEPoSiÇÃo DE VitAMinA D3 EM iDoSoS nA DoSE DE
Artigo original
EFICÁCIA DA REPOSIÇÃO DE VITAMINA D3 EM
IDOSOS NA DOSE DE 50.000 UI POR SEMANA
DURANTE 8 SEMANAS: É O SUFICIENTE?
The effectiveness of vitamin D3 replacement in the elderly at a dose of
50,000 UI per week for 8 weeks: is it enough?
RESUMO
Letícia Oba Galvãoa, Carmelia Matos Santiago Reisa, Malthus Fonseca Galvãob,
Luiz Augusto Casulari Roxo da Mottaa
INTRODUÇÃO: A deficiência de vitamina D é frequentemente observada em idosos. No entanto, ainda pairam dúvidas acerca
da reposição necessária para a normalização dos níveis séricos em idosos da comunidade. OBJETIVO: Avaliar a eficácia da
reposição de vitamina D com doses orais semanais de 50.000 UI em idosos da comunidade do Distrito Federal. MÉTODOS:
Estudo clínico, de intervenção, quasi-experimental, com 89 voluntários da comunidade, com 60 anos ou mais, residentes no
Distrito Federal, 15ºS. Foram analisadas variáveis sobre hábitos, uso de medicações, dosagem (quimioluminescência) das
concentrações séricas de 25(OH)D, paratormônio (PTH), cálcio e fósforo. A suplementação com vitamina D3 foi realizada
em 24 voluntários com suficiência de 25-OH vitD (≥ 30 ng/mL) na dose de 800 UI ao dia. Em 20 voluntários com deficiência
de 25-OH vitD (< 20 ng/ml) e em 45 voluntários com insuficiência de 25-OH vitD (20 a 29 ng/mL) foi utilizada uma dose
de vitamina D3 de 50.000 UI por semana, por 8 semanas. RESULTADOS: A hipovitaminose D foi identificada em 70,9%,
sendo deficiência em 24,3% e insuficiência em 46,6%. A suplementação durante 8 semanas resultou em ganho médio de 8,27 ng/mL
nas concentrações séricas de 25(OH)D. No grupo com hipovitaminose D, houve persistência de insuficiência em 49,2% dos
voluntários, normalização em 46,1% e deficiência em 4,6%. No grupo com deficiência os ganhos médios foram de
12,90 ng/mL (ganho de 92,5%), sendo de 7,80 ng/mL (ganho de 33,0%) para o grupo dos deficientes e 5,25 ng/mL (ganho
de 16,0%) para o grupo com suficiência. Não houve evidência de ligação dos ganhos com as variáveis sexo e faixa etária.
Os pacientes tratados com antipsicóticos e bifosfonados apresentaram ganhos inferiores à média. CONCLUSÕES: Apesar
do ganho estatisticamente significativo — média de 8,2 ng/mL — nos voluntários que receberam a dose de 50.000 UI de
vitamina D3 semanal, a análise dos resultados indicou que, após o tratamento da hipovitaminose D, 58,3% dos hipossuficientes
não alcançaram concentrações de normalidade no período de 8 semanas. Voluntários em uso de antipsicóticos e bifosfonados
tiveram significativamente menores ganhos nas concentrações de vitamina D com a reposição.
PALAVRAS-CHAVE: vitamina D; deficiência de vitamina D; idoso; terapêutica.
Programa de Pós-graduação em Ciências para a Saúde, Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (FEPECS) – Brasília (DF), Brasil.
Faculdade de Medicina, Departamento de Patologia, Universidade de Brasília (UnB) –­ Brasília (DF), Brasil.
a
b
Dados para correspondência
Letícia Oba Galvão – SHLN, lote 09, Edifício Biosphere Health Center, bloco A, salas 214/216 – Asa Norte – CEP: 70770-560 – Brasília (DF), Brasil –
E-mail: [email protected]
Recebido em: 04/01/2016. Aceito em: 19/05/2016
DOI: 10.5327/Z2447-211520161026
Geriatr Gerontol Aging, Vol. 10, Num 2, p.93-100
93
A B ST RAC T
Reposição de vitamina D3 em idosos
INTRODUCTION: Vitamin D deficiency is frequently noticed in the elderly. However, there are still doubts about the
supplementation levels required to achieve the normalization of such deficiency. OBJECTIVE: To evaluate the efficacy of
vitamin D replacement with weekly oral doses of 50,000 IU in community elders of the Federal District, Brazil. METHODS:
Clinical, interventional, quasi-experimental study with 89 community volunteers, aged 60 and older, living in the Federal
District, 15ºS. Variables on habits, medication use, dosage (chemiluminescence) of serum 25 (OH) D, parathyroid hormone
(PTH), calcium, and phosphorus were analyzed. Supplementation with vitamin D3 was performed in 24 volunteers with
sufficient 25-OH VITD (≥ 30 ng/mL) at a dose of 800 IU per day; in 20 subjects with deficiency of 25-OH VITD (< 20 ng/mL),
and in 45 subjects with insufficiency of 25-OH VITD (20 to 29 ng/mL) a dose of 50,000 IU per week for 8 weeks was used.
RESULTS: Hypovitaminosis D was identified in 70.9% being deficient in 24.3% and insufficient in 46.6% of the subjects.
Supplementation for 8 weeks resulted in an average gain of 8.27 ng/mL. In the group with D hypovitaminosis, there was a
persistent insufficiency in 49.2% of volunteers, adequacy in 46.1% and deficiency only in 4.6%. In the group with deficiency
the average gain were 12.90 ng/mL (92.5% gain), being 7.80 ng/mL (33.0% gain) in the deficiency group and 5.25 ng/mL
(16.0% gain) for the group with no vitamin D deficiency. There was no evidence connecting the gains to gender and age
group. Patients treated with antipsychotics and bisphosphonates had lower gains compared to the average. CONCLUSIONS:
Despite the statistically significant gain — mean 8.2 ng/mL — in volunteers who received a dose of 50,000 IU of vitamin D3
weekly, results show that after the treatment of vitamin D deficiency, 58.3% of pacients with hyposufficiency did not reach
normal concentrations in the period of 8 weeks. Volunteers taking antipsychotics and bisphosphonates had significant smaller
gains in vitamin D concentrations with the supplementation.
KEYWORDS: vitamin D; vitamin D deficiency; aged; therapeutics.
INTRODUÇÃO
O Brasil está vivenciando rápido processo de envelhecimento populacional, e fatores fisiológicos e mudanças no
estilo de vida fazem com que a população geriátrica seja mais
susceptível à hipovitaminose D e a todas as suas consequências negativas.1,2
Em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, latitude 30ºS, um
estudo transversal com 81 adultos internados no Hospital de
Clínicas de Porto Alegre evidenciou hipovitaminose D grave
(25(OH)D < 10 ng/mL) em 33,7%, e moderada (25(OH)D
entre 10 e 20 ng/mL) em 44,5% dos pacientes. Os níveis séricos de 25(OH)D foram inferiores a 20 ng/mL em 77,8% dos
pacientes, sendo as dosagens realizadas por radioimunoensaio.3
Outros estudos no Brasil têm demonstrado valores semelhantes.2
Como grande parte da vitamina D é obtida pela exposição solar, é importante fornecer orientações consistentes
aos pacientes. O horário com maior concentração de radiação UVB (290 a 315 nm), responsável pela conversão do
7-DHC em vitamina D, é entre 10 e 14 horas.4 A produção
de vitamina D só acontece quando se atinge 1/4 da dose eritematosa mínima, que é a quantidade de radiação necessária
para desencadear um discreto eritema na pele após 24 horas
e que equivale à queimadura de grau leve da pele.5 Portanto,
o tempo de exposição necessário para a produção de vitamina
D varia de acordo com o fototipo, o horário de exposição, a
altitute, a latitude, a estação do ano e as condições climáticas. É importante orientar que a exposição da face é desnecessária, pois produz mínimas quantidades de vitamina D5,6
94
e é desaconselhável pela dificuldade terapêutica de alguns
cânceres relacionados à exposição solar.
Segundo a Endocrine Society7 e a Sociedade Brasileira
de Endocrinologia e Metabologia (SBEM),8 para alcançar a melhor saúde óssea é recomendável a suplementação
de crianças até 1 ano com pelo menos 400 UI/dia; entre 1 e
70 anos com pelo menos 600 UI/dia; enquanto que acima dos
70 anos com 800 UI/dia. Segundo recomendação da SBEM,
para indivíduos com osteoporose e risco de fratura aumentado,
recomenda-se concentrações de 25(OH)D mantidas acima de
30 ng/mL para benefícios plenos sobre a prevenção do hiperparatiroidismo secundário, diminuição do risco de quedas e
melhora da densidade mineral óssea (DMO). Para isso, são
necessárias doses diárias entre 1.000 e 2.000 UI.3,9
A vitamina D pode ser administrada diariamente, semanalmente, mensalmente, trimestralmente ou semestralmente.3,5,9
Não parece haver diferença na absorção da vitamina D considerando-se o tipo de refeição ou jejum. Segundo recomendações da SBEM, embora a suplementação e o tratamento
possam ser feitos com ambos os metabólitos da vitamina
D, deve-se preferir a vitamina D3, pelas vantagens sobre a
manutenção de concentrações mais estáveis.8
As doses para tratamento variam de acordo com o grau
de deficiência e com a meta a ser atingida. De maneira geral,
quando a 25(OH)D está muito abaixo de níveis desejados (abaixo de 20 ng/mL), faz-se necessário um esquema
de ataque para repor os estoques corporais. Recomenda-se
50.000 UI/semana (ou 7.000 UI/dia) de vitamina D3 por
Geriatr Gerontol Aging, Vol. 10, Num 2, p.93-100
Galvão LO, Reis CMS, Galvão MF, Motta LACR
6 a 8 semanas.5,7,10 Caso a meta de 25(OH)D não seja atingida, um novo ciclo pode ser proposto. Como pode existir
variação individual na resposta ao tratamento, a reavaliação
dos valores plasmáticos após cada ciclo mostra-se ideal até
que a meta seja alcançada, especialmente nos casos de deficiências mais graves.8
A manutenção em adultos mostrou eficácia e segurança
com a administração de 50.000 UI de vitamina D2 a cada
duas semanas, mantendo concentrações de 25(OH)D em
torno de 40 a 60 ng/mL.3,5,8
Recentemente, uma revisão sistemática da Cochrane
demonstrou que a suplementação de vitamina D associada
ao cálcio pode reduzir o número de fraturas nas áreas dos
quadris11 das pessoas idosas, frágeis e confinadas em instituições. Especificamente, a suplementação de vitamina D3
parece diminuir a taxa de mortalidade em mulheres idosas
institucionalizadas e dependentes de cuidados.12
A European Society for Clinical and Economic Aspects of
Osteoporosis and Osteoarthritis (ESCEO) recomenda que, em
idosos e mulheres menopausadas, as concentrações séricas
de 25(OH)D devem ser mantidas acima de 20 ng/mL, pois
abaixo dessas concentrações observa-se aumento da remodelação e perdas ósseas, acompanhadas de possíveis defeitos
de mineralização; ainda são mencionados aumento da fragilidade, de fraturas não vertebrais e de ossos dos quadris5 e
aumento da mortalidade por causas cardiovasculares associadas aos baixos níveis de 25(OH)D.13
A vitamina D3 é bastante segura; quando administrada
nas posologias recomendadas pela SBEM.— Doses de até
10.000 UI por dia por 5 meses — não induziram sinais de
toxicidade, que se traduzem por hipercalcemia e hipercalciúria. Concentrações tóxicas de 25(OH)D (> 90 ng/mL) são
dificilmente alcançadas com essas doses habituais.8
O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia da reposição
de vitamina D em idosos da comunidade com deficiência
dessa vitamina, na dose de 50.000 UI semanais.
MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de estudo clínico, intervencional e quasi-experimental. A população foi constituída de idosos não institucionalizados, com 60 anos de idade ou mais, de ambos os sexos,
vida social ativa, residentes no Distrito Federal (DF), localizado entre os paralelos sul 15 e 16, assistidos pelos Centros de
Saúde (CS) nº 9 do Cruzeiro Novo e nº 13 da 114/115 norte
(CS nº 13/SES/DF), vinculados ao Complexo Regional de
Saúde Norte da Secretaria de Estado da Saúde do Distrito
Federal (SES/DF), recrutados no período de 10 de junho de
2014 a 30 de julho de 2014.
Esses centros foram escolhidos porque desenvolvem atividades direcionadas a indivíduos com mais de 60 anos, como reuniões regulares e atividades diversas como automassagem, tai chi
chuan, exercícios e danças — os denominados “grupo de idosos”.
Foram excluídos os indivíduos incapazes de entender os
procedimentos e benefícios do estudo, portadores de cânceres, insuficiência renal, insuficiência cardíaca grave, hiperparatiroidismo primário, aqueles que não assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido e os que não seguiram
as determinações do protocolo.
O estudo foi desenvolvido no período de junho a
dezembro de 2014, em duas fases:
1. recrutamento dos participantes, aplicação do questionário, realização da primeira coleta de sangue e
análise bioquímica;
2. avaliação dos resultados dos exames, separação dos
participantes em dois grupos de tratamento de acordo
com os resultados, orientação de uso e fornecimento
de suplementação de vitamina D por oito semanas,
e segunda coleta de sangue na nona semana.
Na primeira fase do estudo foram selecionados os primeiros
105 indivíduos. Foram avaliadas as seguintes variáveis: idade
(em anos); sexo (masculino, feminino); raça (branco, negro,
amarelo ou pardo); fototipo de acordo com a Classificação
de Fitzpatrick (I, II, III, IV, V e VI);14 índice de massa corporal (IMC) [peso (kg)/altura (m2)], seguindo a classificação
da Organização Mundial de Saúde (OMS) (< 18,5 – baixo
peso; entre 18,5 e 24,9 – peso normal; 25 a 29,9 – sobrepeso;
30 ou mais – obeso);15 medicamentos em uso, registrados
conforme o relato do paciente e, em seguida, agrupados em
classes (hipoglicemiantes orais, anti-hipertensivos diuréticos,
anti-hipertensivos não diuréticos, antiagregantes plaquetários, estatinas e outros redutores do colesterol, bifosfonados,
cálcio, entre outros); horário e quantidade de tempo de exposição solar e prática de atividades esportivas.
As coletas de sangue foram realizadas após oito horas de
jejum, no turno matutino. As concentrações séricas de 25(OH)
D foram determinadas pelo método de quimioluminescência, utilizando-se o aparelho Diasorin LIAISONTM (EUA).
Foram consideradas as seguintes categorias, conforme concentrações, segundo a classificação da Sociedade Americana
de Endocrinologia7 e da SBEM:8 deficiência de vitamina D
se 25(OH)D < 20 ng/mL; insuficiência de vitamina D se
25(OH)D entre 20 e 29 ng/mL; e suficiência de vitamina
D se 25(OH)D ≥ 30 ng/mL.
Na segunda etapa do estudo, após realização dos exames
e avaliação dos resultados, os indivíduos que concordaram
em continuar foram separados em dois grupos.
Geriatr Gerontol Aging, Vol. 10, Num 2, p.93-100
95
Reposição de vitamina D3 em idosos
Dos 105 idosos que iniciaram o estudo, 6 mulheres e
1 homem foram excluídos do estudo: 2 apresentaram hiperparatiroidismo primário, caracterizado por paratormônio (PTH)
> 65 pg/mL e cálcio > 10,6 mg/dL; não se conseguiu contato
com 2 deles; 1 recusou o tratamento; 1 apresentou intercorrências clínicas e 1 iniciou tratamento por conta própria. Para
esses não foi oferecida a suplementação de vitamina D.
Assim, 98 idosos (19 homens e 79 mulheres) seguiram
para a segunda fase, separados em dois grupos:
• Grupo A: voluntários que não tinham hipovitaminose
D e receberam a dose de 800 UI de vitamina D3 em
pastilhas sublinguais, 1 vez ao dia, por 8 semanas; e
• Grupo B: voluntários com hipovitaminose D que
receberam a dose de 50.000 UI de vitamina D3 em
pastilhas sublinguais, 1 vez por semana, por 8 semanas.
As pastilhas sublinguais foram produzidas e fornecidas
sem ônus pela Farmacotécnica® Farmácia de Manipulação.
Não houve interferência sobre o tempo de exposição solar,
pois a rotina pré-estabelecida dos idosos não foi alterada.
Uma semana após o período de utilização da vitamina
D, todos os indivíduos foram submetidos à nova coleta de
sangue para avaliação das concentrações séricas de 25(OH)
vitamina D e de PTH. Os participantes deste estudo foram
seus próprios controles.
No estudo de associação, o teste do χ2 foi aplicado para as
variáveis categóricas, enquanto os testes t de Student, Welch
e ANOVA, para as variáveis contínuas. O valor para rejeição
de hipótese nula foi considerado para p ≤ 0,05. O software
estatístico usado foi o R 3.1.0. (www.r-project.org).
Na segunda fase, as médias foram calculadas utilizandose apenas os registros para os quais os dados de vitamina D
antes e depois estavam presentes. O teste t de Student pareado
utiliza essa premissa para sua execução.
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas
da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde SES/
DF. CAAE: 30848514.6.0000.5553, data da relatoria: 12/05/2014,
número de parecer: 670.239 (FEPECS/SES/DF).
RESULTADOS
Dos 98 idosos que iniciaram a suplementação com a
vitamina D3, 9 não realizaram a coleta final e foram excluídos. Assim, concluíram a segunda fase do estudo 89 voluntários, 18 homens e 71 mulheres, com média de idade de
70 anos, separados em Grupo A: 24 voluntários (8 homens
e 16 mulheres) com concentrações de vitamina D normal e
que fizeram reposição com 800 UI de vitamina D3 ao dia,
por 8 semanas; e Grupo B: 65 voluntários (10 homens e
96
55 mulheres) com hipovitaminose D e que também fizeram
reposição com 50.000 UI por semana por 8 semanas. Desses,
20 voluntários apresentaram deficiência e 45 insuficiência.
A maioria dos voluntários declarou-se etnicamente branca
(66,0%), e predominou o fototipo III (34,0%), seguido do
fototipo IV (32,0%) e do fototipo II (24,3%). Nenhum dos
entrevistados foi classificado como fototipo I de Fitzpatrick.
No grupo de estudo, o IMC variou de 16,4 a 37,2 kg/m2,
com média de 26,5 kg/m2, e 62,2% dos voluntários estavam
com o IMC acima do esperado (Tabela 1).
Conforme apresentado na Tabela 2, ocorreu elevação
significativa nas concentrações séricas de vitamina D após
a sua reposição (p < 0,001) (Figura 1). Observou-se ganho
médio de 8,27 ng/mL nas concentrações séricas da 25(OH)
D após as suplementações (p < 0,001), o que ocorreu em
todos os grupos, mas proporcionalmente foi maior naqueles
com deficiência (92,5%), seguido dos insuficientes (33%) e,
portanto, com menor ganho nos normais (16%). Em relação ao sexo, o ganho nas concentrações de vitamina D foi
semelhante entre homens e mulheres (p = 0,56). Também
não houve diferença significativa nos ganhos em relação à
faixa etária (p = 0,55). No período avaliado, entre os voluntários do grupo com hipovitaminose D, houve persistência
de insuficiência em 49,2%, normalização das concentrações séricas de 25(OH)D em 46,1% e deficiência em 4,6%.
Mesmo assim, observou-se redução da prevalência de hipovitaminose D para 39,2%. Ao final do estudo, houve predomínio de voluntários com concentrações normais (60,6%),
conforme demonstrado na Figura 2.
As Tabelas 3 e 4 demonstram a influência do uso de medicamentos com os ganhos absoluto e relativo das concentrações séricas de vitamina D. Observa-se que os voluntários
que faziam uso de antipsicóticos (p = 0,001) ou bifosfonados
(p = 0,04) tiveram ganhos absolutos e relativos significativamente menores nas concentrações de vitamina D com a
reposição. Na avaliação do ganho relativo, os voluntários que
faziam uso de cálcio (p = 0,01) também apresentaram ganhos
relativos significativamente menores. O uso dos demais medicamentos não influenciou de modo significativo as concentrações de vitamina D após a sua suplementação.
Avaliando-se a interferência do uso de medicamentos no
aumento das concentrações séricas de vitamina D, observouse que os ganhos absolutos foram significativamente menores
(p = 0,04; teste de Tukey) em voluntários usuários de quatro
ou mais medicamentos, em comparação com voluntários que
não utilizavam nenhum medicamento. Esse achado não se
repetiu entre os usuários de quatro ou mais medicamentos e
usuários de 1, 2 ou 3 medicamentos e nem na avaliação dos
ganhos relativos.
Geriatr Gerontol Aging, Vol. 10, Num 2, p.93-100
Galvão LO, Reis CMS, Galvão MF, Motta LACR
Tabela 1 Perfil demográfico dos voluntários. Distrito Federal
(n = 89), 2015.
Variáveis
Idade (média, DP)
Grupo A
n (24)
Grupo B
n (65)
Valor p
71,0 ± 7,3
69,3 ± 6,9
0,296a
Sexo
0,115b
Masculino
8
10
Feminino
16
55
Raça
0,021b
Branco
20
38
Pardo
3
23
Negro
–
2
Amarelo
1
2
Fototipo
0,720c
I
–
–
II
7
16
III
9
20
IV
6
24
V
2
4
VI
–
1
Índice de massa
corporal (kg/m2)
0,571c
< 18,5
1
1
18,5 a 24,9
10
23
25 a 29,9
10
27
> 30
3
14
Uso de medicamentos
0,579b
Nenhum
1
7
1a3
12
33
4 ou mais
11
25
Se expõe ao sol ao
menos 30 min/dia
Sim
0,560b
12
37
14
50
0,142b
19
54
0,908b
10
19
0,392b
Prática de
atividades esportivas
Sim
Prática de atividades
esportivas ao ar livre
Sim
Já faz suplementação
de vitamina D
Sim
Teste t de Student; bteste do χ2; cteste de Fisher.
a
DISCUSSÃO
Nosso estudo demonstrou que, após 8 semanas de reposição com 50.000 UI de vitamina D3, os voluntários do grupo
com hipovitaminose D (Grupo B) mantiveram a persistência de insuficiência em 49,2%, a normalização em 46,1% e a
deficiência em somente 4,6%. Achados esses inferiores aos
de Daroux et al.16 e Vashi et al.,17 sempre considerando as
divergências desses estudos com o presente.
Após a suplementação, o ganho médio estimado pelos
autores nas concentrações séricas da 25(OH)D foi de
8,27 ng/mL, ganho semelhante aos descritos por Sakali
et al.,18 mas inferiores aos descritos por Al-Zahrani et al.19
e menores do que cálculo sugerido por Maeda et al.8 de
aumento de 0,7 a 1,0 ng/mL nas concentrações de 25(OH)
D para cada 100 UI suplementada. Em termos absolutos,
esses aumentos foram maiores nos voluntários com deficiência (81%), seguidos daqueles com insuficiência (32%) e
aqueles com concentrações normais (15%). Como já reconhecido por Canto-Costa et al.,20 o aumento nas concentrações séricas foram maiores naqueles indivíduos com valores
iniciais mais baixos. Não houve evidências de ligação entre
ganhos absoluto e relativo com as variáveis sexo e faixa etária. Esses relatos foram observados por Moreira-Pfrimer
et al.21 Há poucos estudos de avaliação da resposta à suplementação da vitamina D em idosos saudáveis e há dificuldade na comparação, pelas peculiaridades de cada estudo.
Na avaliação dos ganhos nas concentrações séricas de
vitamina D, de acordo com o uso de medicamentos, foram
encontradas diferenças significativas nas variáveis neuroléptico (p = 0,001) e bifosfonados (p = 0,04). Observou-se
ganhos absolutos de vitamina D significativamente inferiores
à média dos demais tratamentos, nos pacientes tratados com
esses medicamentos. Formosa et al.,22 Baek et al.,23 Pedrera
et al.24 e Lima et al.25 destacaram tal característica nos indivíduos em uso de anticonvulsivantes.
Apesar de haver estudos para avaliar qual a dose e o tempo
ideais de reposição de vitamina D, o tema ainda permanece
controverso. Gallagher et al.,26 em um estudo randomizado e
controlado por placebo, acompanharam, por 1 ano, 163 mulheres brancas, na pós-menopausa, saudáveis e com insuficiência
de vitamina D, após sua suplementação nas doses de 400, 800,
1.600, 2.400, 3.200, 4.000 ou 4.800 UI, 1 vez ao dia. Os desfechos primários foram os níveis de 25(OH)D e PTH aos 6 e
12 meses. A dosagem sérica final média foi de 42 ng/mL após
2.400 UI/dia, e 47 ng/mL depois de 4.800 UI/dia em brancos, e 39 ng/mL depois de 2.400 UI/dia, e 50 ng/mL depois
de 4.800 UI/dia em afro-americanos.
O estudo apresentou algumas limitações: o grupo foi composto por idosos ativos que habitavam região de nível social
Geriatr Gerontol Aging, Vol. 10, Num 2, p.93-100
97
Reposição de vitamina D3 em idosos
Tabela 2 Concentrações da vitamina D antes e após a sua reposição em voluntários. Distrito Federal, 2015.
n
Concentração de
vitamina D antes
(ng/mL)
Concentração de
vitamina D após
(ng/mL)
Ganho absoluto
médio (ng/ml)
Ganho
relativo médio
(%)
Valor pa
Todos os voluntários
89
25,18
33,45
8,27
41,8
< 0,001
Deficiente
20
16,0
29,0
12,9
92,5
< 0,001
Insuficiente
45
24,1
31,9
7,8
33,0
< 0,001
Normal
24
34,6
39,9
5,2
16,0
< 0,001
Masculino
18
27,5
36,4
8,8
32,5
0,005
Feminino
71
24,5
32,6
8,0
32,9
< 0,001
60 a 69 anos
51
23,9
31,7
7,7
32,3
< 0,001
70 a 79 anos
26
27,3
36,9
9,5
35,0
< 0,001
80 anos ou mais
12
25,4
33,1
7,6
30,1
0,017
Teste t de Student pareado.
a
100%
60
25(OH)D
60,6%
40
50,5%
50%
35,9%
26,9%
22,4%
20
0%
Antes
3,3%
20,0 a 29,9 ng/mL
< 20,0 ng/mL
Antes
Depois
Figura 1 Demonstração das concentrações séricas de vitamina
D de todos os voluntários antes e após a suplementação
de vitamina D3. Distrito Federal, 2015.
> 30,0 ng/mL
Depois
Figura 2 Concentrações séricas de 25(OH)D antes e após
a suplementação de vitamina D3. Distrito Federal, 2015.
Tabela 3 Influência do uso de medicamentos no ganho absoluto das concentrações séricas da vitamina D em voluntários
do grupo de estudo. Distrito Federal, 2015.
Medicamentos
Hipoglicemiantes
Média com o medicamento
Média sem o medicamento
Valor pa
7,4
8,6
0,480
Diuréticos
7,3
8,5
0,500
Anti-hipertensivos não diuréticos
7,3
9,6
0,140
Antiagregante plaquetário
5,7
8,7
0,120
Antipsicótico
3,3
9,2
0,001
Estatinas e outros redutores de colesterol
6,6
9,0
0,140
Bisfosfonados
5,4
8,6
0,040
Cálcio
5,6
8,9
0,070
Outros
7,0
9,0
0,210
Teste t com correção de Welch.
a
98
Geriatr Gerontol Aging, Vol. 10, Num 2, p.93-100
Galvão LO, Reis CMS, Galvão MF, Motta LACR
Tabela 4 Influência do uso de medicamentos no ganho relativo das concentrações séricas da vitamina D em voluntários
do grupo de estudo. Distrito Federal, 2015.
Medicamentos
Média com o medicamento
Média sem o medicamento
Valor pa
Hipoglicemiantes
1,3
1,4
0,351
Diuréticos
1,3
1,4
0,418
Anti-hipertensivos não diuréticos
1,3
1,4
0,273
Antiagregante plaquetário
1,2
1,4
0,120
Neuroléptico
1,1
1,4
0,001
Estatinas e outros redutores de colesterol
1,3
1,4
0,103
Bisfosfonados
1,2
1,4
0,011
Cálcio
1,2
1,4
0,018
Outros
1,3
1,4
0,170
Teste t com correção de Welch.
a
não representativo da população idosa do Distrito Federal.
Membros desses grupos são provavelmente mais ativos, mais
preocupados com a saúde e, talvez, mais saudáveis em relação
aos outros idosos da região, pois são membros de uma organização comunitária promotora de ações para envelhecimento
saudável. Além disso, os membros voluntários do estudo provavelmente representam a parcela que valoriza o envelhecimento
saudável, preocupada com os benefícios da vitamina D e que já
faziam essa suplementação.9 Aspectos relacionados à aderência
ao tratamento também não puderam ser controlados. O uso de
determinadas medicações, a presença de comorbidades ou o uso
prévio de suplementação de vitamina D, que podem interferir
no metabolismo da vitamina D, não foram critérios de exclusão,
pois a intenção dos pesquisadores foi retratar da forma mais
próxima possível a realidade da população para a qual a SES/
DF deve programar a política de saúde. Não foram realizados
exames laboratoriais para avaliação das funções renal ou hepática e nem uma segunda dosagem do cálcio e fósforo séricos.
Não houve grupo controle utilizando vitamina D3 comercial.9,27
CONCLUSÕES
Apesar do ganho estatisticamente significativo após o tratamento da hipovitaminose D — média de 8,2 ng/mL — nos
voluntários que receberam a dose de 50.000 UI de vitamina D3
semanal, 58,3% dos hipossuficientes não alcançaram concentrações de normalidade no período de 8 semanas. Voluntários em
uso de antipsicóticos e bifosfonados tiveram, com a reposição,
significativamente menores ganhos nas concentrações de vitamina D. Esses achados demonstram variação individual nas concentrações sanguíneas de 25(OH)D atingidas em resposta a uma
mesma dose de vitamina D, sugerindo que indivíduos podem
apresentar diferentes competências na absorção intestinal, ou na
metabolização dessa vitamina, e corroboram a idéia da necessidade de individualização na sua reposição, em especial na população geriátrica, usuária de multidrogas e com a fisiologia peculiar.
CONFLITO DE INTERESSES
Os autores declaram não haver conflito de interesses.
REFERÊNCIAS
1. Saraiva GL, Cendoroglo MS, Ramos LR, Araújo LMQ, Vieira JGH,
2.
3.
4.
5.
6.
Maeda SS, et al. Prevalência da deficiência, insuficiência de vitamina
D e hiperparatiroidismo secundário em idosos institucionalizados e
moradores na comunidade da cidade de São Paulo, Brasil. Arq Bras
Endocrinol Metab. 2007;51(3):437-42.
Osielski JM, Montresor Jr DF, Sanches DCN, Soares LHM, Ventura
MM. Hiperparatireoidismo secundário à hipovitaminose D e
declínio de funcionalidade em idosos internados. Geriatr Gerontol.
2013;7(3):196-202.
Premaor MO, Alves GV, Crossetti LB, Furlanetto TW. Hyperparathyroidism
secondary to hypovitaminosis D in hypoalbuminemic is less intense
than in normoalbuminemic patients: a prevalence study in medical
inpatients in southern Brazil. Endocrine. Jun 2004;24(1):47-53.
Chesney RW. The five paradoxes of vitamin D and the importance of
sunscreen protection. Clin Pediatr. 2012;51(9):819-27.
Hossein-nezhad A, Holick MF. Vitamin D for health: a global perspective.
Mayo Clin proc. Jul 2013;88(7):720-55.
Holick MF. Vitamin D deficiency. New Engl J Med. 2007;357(3):266-81.
7. Holick MF, Binkley NC, Bischoff-Ferrari HA, Gordon CM, Hanley DA,
Heaney RP, et al. Evaluation, treatment, and prevention of vitamin
D deficiency: an Endocrine Society clinical practice guideline. J Clin
Endocrinol Metab. 2011;96(7):1911-30.
8. Maeda SS, Borba VZC, Camargo MBR, Silva DMW, Borges JLC, Bandeira
F, et al. Recomendações da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia (SBEM) para o diagnóstico e tratamento da hipovitaminose
D. Arq Bras Endocrinol Metab. 2014;58(5):411-33.
9. Ginter JK, Krithika S, Gozdzik A, Hanwell H, Whiting S, Parra EJ. Vitamin
D status of older adults of diverse ancestry living in the Greater
Toronto Area. BMC Geriatr. 2013;13:66.
10. Galvão LO, Galvão MF, Reis CMS, Batista CMA, Casulari LA. Considerações
atuais sobre a vitamina D. Brasília Méd. 2014;50(4):324-32.
11. Avenell A, Gillespie WJ, Gillespie LD, O’Connell D. Vitamin D and vitamin
D analogues for preventing fractures associated with involutional
and post-menopausal osteoporosis. Cochrane Database Syst Rev.
2009;(2):CD000227.
Geriatr Gerontol Aging, Vol. 10, Num 2, p.93-100
99
Reposição de vitamina D3 em idosos
12. Bischoff-Ferrari HA, Willett WC, Wong JB, Giovannucci E, Dietrich
T, Dawson-Hughes B. Fracture prevention with vitamin D
supplementation: a meta-analysis of randomized controlled trials.
JAMA. 2005;293(18):2257-64.
13. Sahota O, Gaynor K, Harwood RH, Hosking DJ. Hypovitaminosis D
and ‘functional hypoparathyroidism’-the NoNoF (Nottingham Neck
of Femur) study. Age Ageing. 2001;30(6):467-72.
14. Fitzpatrick TB. The validity and practicality of sun-reactive skin types
I through VI. Arch Dermatol. 1988;124(6):869-71.
15. World Health Organization (WHO). Expert Committee on Physical
Status: the use and interpretation of anthropometry. Physical status:
the use and interpretation of anthropometry: report of a WHO Expert
Committee. Geneva: WHO; 1995.
16. Daroux M, Shenouda M, Bacri JL, Lemaitre V, Vanhille P, Bataille P.
Vitamin D2 versus vitamin D3 supplementation in hemodialysis
patients: a comparative pilot study. J Nephrol. 2013;26(1):152-7.
17. Vashi PG, Trukova K, Lammersfeld CA, Braun DP, Gupta D. Impact of
oral vitamin D supplementation on serum 25-hydroxyvitamin D levels
in oncology. Nutr J. 2010;9:60.
18. Sakalli H, Arslan D, Yucel AE. The effect of oral and parenteral vitamin D
supplementation in the elderly: a prospective, double-blinded, randomized,
placebo-controlled study. Rheumatol Int. 2012;32(8):2279-83.
19. Al-Zahrani MK, Elnasieh AM, Alenezi FM, Almoushawah AA, Almansour
M, Alshahrani F, et al. A 3-month oral vitamin D supplementation
marginally improves diastolic blood pressure in Saudi patients with
type 2 diabetes mellitus. Int J Clin Exp Med. 2014;7(12):5421-8.
100
20.Canto-Costa MH, Kunii I, Hauache OM. Body fat and cholecalciferol
supplementation in elderly homebound individuals. Braz J Med Biol
Res. 2006;39(1):91-8.
21. Moreira-Pfrimer LD, Pedrosa MA, Teixeira L, Lazaretti-Castro M. Treatment of
vitamin D deficiency increases lower limb muscle strength in institutionalized
older people independently of regular physical activity: a randomized
double-blind controlled trial. Ann Nutr Metab. 2009;54(4):291-300.
22. Formosa N, Torpiano J, Allgrove J, Dattani MT. Anticonvulsant treatment
associated with intractable hypocalcaemia in a female child with
hypoparathyroidism. Horm Res Paediatr. 2015;83(1):62-6.
23. Baek JH, Seo YH, Kim GH, Kim MK, Eun BL. Vitamin D levels in children
and adolescents with antiepileptic drug treatment. Yonsei Med J.
2014;55(2):417-21.
24. Pedrera JD, Canal ML, Carvajal J, Postigo S, Villa LF, Hernández ER, et al.
Influence of vitamin D administration on bone ultrasound measurements
in patients on anticonvulsant therapy. Eur J Clin Invest. 2000;30(10):895-9.
25. Lima PLV, Almeida GBC, Bella LM, Bastos AN, Bonfante HLM, Bonfante
HL. Hipovitaminose D em idosos institucionalizados tratados com
anticonvulsivantes, uma associação frequente. Rev Psiquiatr Clín.
2012;39(5):172-5.
26. Gallagher JC, Sai A, Templin T 2nd, Smith L. Dose response to vitamin
D supplementation in postmenopausal women: a randomized trial.
Ann Int Med. 2012;156(6):425-37.
27. Maeda SS, Kunii IS, Hayashi LF, Lazaretti-Castro M. Increases in
summer serum 25-hydroxyvitamin D (25OHD) concentrations in elderly
subjects in Sao Paulo, Brazil vary with age, gender and ethnicity. BMC
Endocr Disord. 2010;10:12.
Geriatr Gerontol Aging, Vol. 10, Num 2, p.93-100

Documentos relacionados