a importncia do islamismo poltico no mdio oriente
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a importncia do islamismo poltico no mdio oriente
A ESTRATÉGIA DAS MULTINACIONAIS DA CHINA E DA ÍNDIA Fátima Azevedo 1 Resumo O intenso ritmo de crescimento da China e Índia determinou uma expansão do investimento directo no exterior em sectores estratégicos. Utilities e produtos e serviços com elevado conteúdo tecnológico são alvos preferenciais nas estratégias das empresas das economias emergentes, assumindo cada vez mais o estatuto de actores à escala global. CHINESE AND INDIAN STRATEGY FOR MULTINATIONALS Abstract The strong growth speed in China and India led to a development in the foreign direct investment in strategic sectors. Utilities, products and services with high technological contents are the main goals in the firm strategies in emergent economies, assuming increasingly the status of actors at a global level. 1 [email protected] − Técnica Superior da Direcção de Serviços de Prospectiva Estratégica. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 INTRODUÇÃO Muito se tem falado do poder de atracção da China e da Índia em termos da atracção de investimento estrangeiro, mas vem ganhando um protagonismo latente o investimento directo destas economias emergentes no exterior. As estratégias são diferenciadas e os resultados também. A verdade é que instituições internacionais, como o Boston Consulting Group, verificam, ao elencar as 100 maiores multinacionais deste mundo emergente, a presença nesse ranking de 66 empresas oriundas da China (44) e da Índia (22). Em Agosto de 2006, a consultora McKinsey considerava que o crescimento anual do investimento chinês no exterior entre 2000 e 2005 (6,9 milhões de dólares em 2005 contra 2,8 milhões em 2003) poderia estar subavaliado. Gráfico 1 Distribuição geográfica das 100 multinacionais emergentes Tailândia 2% Rússia 7% México 6% Turquia 4% Brasil 12% A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Malásia 1% Índia 21% China 46% Egipto 1% O foco deste trabalho visa analisar a estratégia das empresas que se posicionam nos mercados de elevado potencial de crescimento, com elevado conteúdo tecnológico, como a electrónica, tecnologias de informação e comunicação e farmacêuticas, independentemente da dimensão e da dinâmica empresarial das multinacionais que actuam no sector dos recursos naturais, em que a pressão da procura nos mercados de origem acentuam a “sede” de internacionalização para responder aos desafios internos, e nos sectores da indústria tradicionais noutras fases de evolução daquelas sociedades, como a siderurgia, agroalimentar ou sectores internacionalizados essencialmente pela via comercial, como são o caso dos têxteis. 2 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais I. UMA NOVA GEOGRAFIA INDUSTRIAL A ascensão da China no mercado das exportações mundiais e o importante posicionamento da Índia no mercado global dos serviços associados às tecnologias de informação e comunicação (TIC) têm ditado, nos últimos anos, uma mudança do padrão e volume do comércio global. O sector industrial representava 41% do PIB chinês e, em 2005, os bens manufacturados já correspondiam a 93% das exportações e cerca de 25% do valor acrescentado bruto do sector industrial. Estas estatísticas reflectem os elevados ganhos obtidos na capacidade industrial, fruto dos elevados investimentos em unidades de produção, nas melhores tecnologias disponíveis e na codificação do conhecimento nos processos de produção. Um perfil que se traduz numa quota de 8,3% nas exportações de produtos industriais. Relativamente à China, o sector industrial indiano tem um peso reduzido no PIB (menos de 16%). O investimento na capacidade e crescimento do sector secundário tem sido mais lentos e as exportações industriais têm uma fraca expressão nas exportações totais. O “core” da expansão internacional indiana assenta nas exportações de serviços, uma transaccionalidade que vem sendo reforçada por avanços nas telecomunicações e da internet. Em “China and India Reshape Global Industrial Geography”, Shahid Yusuf considera que a China continuará a ser sobretudo um exportador de bens manufacturados nos próximos 1015 anos. A enorme reserva do factor trabalho, se atendermos a 350 milhões de trabalhadores agrícolas com rendimentos muito baixos, deverá possibilitar a manutenção do A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia caudal de exportações em sectores tradicionais intensivos em trabalho como nos têxteis, vestuário, calçado e brinquedos. Gráfico 2 Peso das exportações de bens industriais nas exportações totais 30 25 20 15 10 5 0 China Índia 1995 China Índia China 2000 Índia 2004 Farmacêutica Siderurgia Equipamento eléctrico Electrodomésticos Veículos automóveis Têxteis Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 3 Mas o crescente stock de cientistas e engenheiros está a capacitar a China para entrar em áreas de elevado conteúdo tecnológico. A maioria dos analistas prevê que as duas economias emergentes continuem a crescer nas próximas 2 a 3 décadas. O pressuposto do cenário de referência da OCDE (2006) é que a quantidade e qualidade do trabalho sejam determinantes para a manutenção de um intenso ritmo de crescimento. A acumulação de capital e a produtividade total de factores têm sido as principais fontes de crescimento na China desde 1978. Atendendo ao vasto leque da população desempregada ou subempregada, ainda vivendo em zonas rurais, o potencial de crescimento é enorme. Na China, estas elevadas reservas de trabalho permitem que não haja constrangimento por parte deste factor de produção e a produtividade do capital manter-se-á elevada no sector industrial apesar do intenso ritmo de acumulação. Na Índia, ao contrário, o movimento tem sido mais uma transferência da agricultura para os serviços na partilha do Produto, mas sem um aumento substancial da produção com uma forte resistência à mudança por parte do agregado Emprego. Quadro 1 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Aumento da produtividade do trabalho 2002 2007 2010 2020 2030 China 7,8 6,2 4,9 4,4 3,9 Índia 4,0 4,8 3,4 3,1 2,9 EUA 1,2 2,6 1,8 1,8 1,8 Japão -0,4 2,2 2,3 1,8 1,7 Fonte: OCDE (2006) Mas as reformas institucionais propiciam um enorme potencial, de reafectação do trabalho na indústria indiana. Ambos os países têm imenso a ganhar com a sua capacidade de inovação, aproveitando a enorme massa de engenheiros e cientistas. O survey de 2005 sobre a China admite a probabilidade de uma quadruplicação do PIB per capita da China entre 2000 e 2020, atingindo os 3 mil dólares, o que poderia implicar uma taxa média de crescimento superior a 7,5%. 4 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Mas o sucesso depende da resposta aos desequilíbrios provocados pelo rápido processo de privatização. Apesar da procura por commodities ser elevada nos próximos 30 anos, há alguns riscos mitigados. Primeiro, apesar da relativa escassez de recursos naturais, a China ainda é um produtor significativo de petróleo e metais, pelo que se os preços galoparem, a resposta da oferta chinesa não deve ser negligenciada; segundo, o leque para a aplicação de tecnologias eficientes na utilização de energias alternativas é elevada. Por exempto, parques eólicos permitiram uma redução do IVA sobre a geração eólica de 17 para 8,5% em 2002. Terceiro, ainda que o investimento em curso seja intensivo em energia é expectável que abrande nos próximos 20 anos. Finalmente, o elevado preço de importação das commodities e a subsidiação dos preços da energia na China deverá ser alterado por uma liberalização parcial, o que poderá conduzir a um aumento dos preços internos da energia e aliviar a procura chinesa de energia. Por sua vez, a Índia está em 7.º lugar em termos de procura por crude (AIE, 2005). A economia deverá crescer 7 a 8% nas próximas duas década. O World Energy Outlook projecta que o consumo final de energia cresça 2,1% ao ano enquanto a oferta de energia primária 2,3% entre 2002 e 2030. Como afirmava Amartya Sen em 2006, “India’s future cannot be one that is half California and half sub-Saharan Africa”. A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia I.1. Depois das Exportações, o Investimento no Exterior Mapa 1 Filiais de multinacionais de economias em desenvolvimento 1989 Número Mais de Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 5 Mapa 2 Filiais de multinacionais de economias em desenvolvimento 2005 Número Segundo o World Investment Report, o investimento directo estrangeiro (IDE) das economias em desenvolvimento atingiu 133 mil milhões de dólares em 2005, cerca de 17% 2 dos fluxos mundiais . E se analisarmos o stock acumulado, o IDE atinge os 1400 mil milhões de dólares, cerca de 13% do total mundial. Há outros sinais que evidenciam a crescente importância do investimento directo das A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia multinacionais provenientes de economias em desenvolvimento. Entre 1987 e 2005, a quota nas Fusões e Aquisições (F&A) internacionais aumentou de 4 para 13%, em valor, e de 5 para 17% em termos de número de negócios realizados. Da análise sectorial sobressai uma focalização nos serviços, que representam 63% das transacções realizadas em 2005, ainda que se verifique igualmente um aumento na indústria electrónica, e, mais recentemente, nos recursos naturais. Nos processos de F&A, os serviços representam 63% das transacções realizadas por economias em desenvolvimento em 2005. A composição geográfica permite verificar uma tendência para a consolidação da Ásia como principal fonte de IDE das economias em desenvolvimento, passando de um peso de 23% em 1980, para 46% em 1990 e 62% em 2005, enquanto a quota da América Latina baixou de 67% em 1980 para 25% em 2005. 2 Se excluirmos os provenientes de centros offshores, o valor atinge os 120 mil milhões de dólares, um máximo histórico. 6 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Gráfico 3 Investimento Líquido no Exterior per capita Investimento no exterior e o PIB per capita (2004) Fase 1 Fonte UNCTAD Fase 2 Fase 3 PIB per capita Fase 4 Fase 5 De acordo com o Outward FDI Performance Index, da Unctad, que compara a quota de uma economia nos fluxos internacionais de IDE à quota em termos de PIB mundial, o investimento de Hong Kong era 10 vezes superior ao expectável. Este processo tem possibilitado o surgimento de um crescente número de multinacionais A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia entre as maiores do mundo. Por exemplo, em 1990, havia apenas 19 empresas de economias em desenvolvimento na Fortune 500; em 2005, eram 47. I.2. Origem das Multinacionais das Economias Emergentes Em 2004, as 100 maiores multinacionais do mundo representavam, 11, 16 e 12% dos activos, vendas e emprego, respectivamente. Com um ritmo de crescimento médio de 10% nos activos e vendas, estas top-100 têm reforçado a actividade no exterior das suas economias de base. A indústria automóvel tem 8 multinacionais entre as primeiras 25 e seis áreas de actividade – veículos motorizados, farmacêuticos, telecomunicações, utilities, petróleo e equipamento eléctrico/electrónico – representa mais de 60% das actividades das 100 maiores (ver anexo). Acima de tudo, as 25 maiores têm-se mantido estáveis nos últimos anos, num ranking liderado pela General Electric, Vodafone e Ford. Um trio que tem 877 mil milhões de activos no exterior, cerca de 19% do total de activos das 100 maiores. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 7 Figura 1 Foco na energia e tecnologia Gazprom Lukoil Petroleos de Venezuela Kia CNOOC CNPC PTTEP Petrobras CVRD Recursos Naturais Hyundai Infosys Wipro Huawei Samsung ACER Posco ENAP Sasol Petronas Electrónica, TIC e Automóvel Mas entre as 200 maiores, surgem 15 multinacionais do mundo em desenvolvimento. Em todas as regiões em desenvolvimento, as maiores multinacionais emergiram do sector primário (petróleo, gás, minas) e indústrias baseadas em recursos (metais, siderurgia). Algumas delas concorrem com os rivais desenvolvidos (Sasol – África do Sul; CVRD -Brasil, ENAP – Chile, Petrobras – Brasil; e Petroleos de Venezuela; Baosteel, CNPC e CNOOC (China), Petronas (Malásia), Posco (Coreia) e PTTEP (Tailândia); Gazprom e Lukoil (Rússia). China e Índia têm intensificado os esforços por adquirir activos petrolíferos. Depois do A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia fracasso da oferta da CNOOC (China) pela norte-americana Unocal, os chineses têm somado êxitos. A China National Petroleum Corp. (CNPC) ganhou a oferta pela PetroKazakhstan, com sede no Canadá, em Agosto de 2005; a CNPC e a Sinopec comparam em conjunto os activos da canadiana EnCana no Equador, em Setembro de 2005; a CNOOC investiu nos campos offshore de Akpo, detidos pela South Atlantic Petroleum Ltd. (Nigéria), em Janeiro de 2006. O mesmo se passa com projectos mineiros. Em 2006, a Chalco (China) ganhou um concurso na Austrália e a Minmetals (China) estabeleceu uma joint venture com a Codelco (Chile). Outro cluster de actividades em que surgem várias multinacionais deste países são os sectores infra-estruturais (electricidade, telecomunicações e transporte) e agro-alimentar e materiais de construção. Dada o carácter não transaccionável, a maioria são actores regionais, com actividade limitada no resto do mundo. Um terceiro cluster de actividades consiste nos mais expostos à concorrência global, como o automóvel, electrónica (incluindo semicondutores e equipamento para telecomunicações, vestuário e serviços associados às TIC. A maioria destas multinacionais estão baseadas na Ásia. Empresas de electrónica como a Acer (Taiwan), Huawei (China) e Samsung Electronics 8 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais (Coreia), de automóvel, como a Hyundai e a Kia (Coreia),ou de TIC como a Infosys ou Wipro (Índia) estão entre os líderes nos respectivos sectores. Das 100 maiores multinacionais das economias em desenvolvimento, 77 eram do Sudeste asiático e Ásia Oriental, e cinco delas estão classificadas entre aos 100 maiores do mundo: Hutchison Whampoa (Hong Kong, China), Petronas (Malásia), Singtel (Singapura), Samsung Electronics (Coreia) e CITIC Group (China). No entanto, a realidade evidencia que as 100 maiores multinacionais do mundo em desenvolvimento detêm, no seu conjunto, activos inferiores aos da General Electric. A Hutchison Whampoa (Hong Kong, China) mantém a liderança com activos no exterior, avaliados em 68 mil milhões de dólares, cerca de 17% do total, seguida da Petronas (Malásia), Singtel (Singapura) Samsung Electronics (Coreia) e CITIC Group (China). Quadro 2 15 Maiores compradores provenientes de economias em desenvolvimento Ranking Valor Empresa compradora País de Origem Número de transacções (milhões USD) 1 36475 SingTei Singapura 49 2 15205 Hutchison Whampoa Hong Kong, China 58 3 12799 Weather Investments Egipto 1 4 12484 Cemex México 40 5 9090 DBS Sinapura 44 6 8152 Ambev Brasil 5 7 6925 Saudi Oger Arábia Saudita 2 8 6325 Metro Curtainwall & Cladding Malásia 2 9 6209 Investcorp Bahrein 29 10 5634 America Movil México 19 11 5567 CITIC Group China 22 12 5540 Singapore Power Singapura 8 13 5469 Flextronics Singapura 50 14 4567 CNPC China 5 15 3824 Mobile Telecom Kuwait 3 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia 1987-2005 I.3. Estratégias diferenciam Gerações de Multinacionais As multinacionais chinesas emergiram mais tarde dos que as congéneres dos “novos países industrializados”. A primeira geração de multinacionais chinesas eram sobretudo de propriedade estatal, operando nos monopólios financeiro, de transportes e recursos naturais. O CITIC Group, fundado em 1970, a COSCO, China State Construction Engineering Corporation, CNPC, Sinochem, CNOOC, China Minmetals and COFCO são exemplos da lógica Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 9 de conglomerados financeiro-industrial propriedade do Estado. Esta primeira geração de transnacionais aproveitaram Hong Kong para calcorrear os caminhos da internacionalização, tendo algumas, nomeadamente as que actuam nos recursos naturais dado o contexto de forte incerteza e insegurança internacionais, se transformado em actores importantes na geoeconomia. O embrião de uma estratégia de abertura de fronteiras, nos dois sentidos, na lógica do “go west” permitiu que, no início da década de 90, surgisse uma segunda geração de multinacionais, centradas em indústrias transformadoras competitivas, sobretudo no segmento da electrónica de consumo e das tecnologias de informação. Empresas como a Haier e TCL são agora actores globais e a Lenovo tornou-se no terceiro maior fabricante de computadores do mundo, depois de ter adquirido o negócio de PC’s da IBM. A Huawei Technologies e a ZTE concorrem no mercado global dos equipamentos para telecomunicações. Esta segunda geração diversificou actividades e a composição do capital, com uma crescente participação estrangeira. Por sua vez, as multinacionais da Ásia do sul não têm a massa crítica da Ásia oriental, à excepção da indiana Oil and Natural Gas Corporation (ONGC), que surge entre as 100 maiores. Mas a progressiva abertura da economia, intensificada a partir de meados da década de 90, favoreceu a globalização de algumas empresas, nomeadamente nos serviços associados às A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia TIC, indústria farmacêutica e biotecnologia, que sendo intensivos em conhecimento, incorporam um forte potencial de crescimento. Empresas como a Dr. Reddy’s, Infosys, Ranbaxy, TCS e Wipro estão orientadas para o mercado global e algumas empresas das chamadas indústrias pesadas já adquiriram empresas na Austrália ou Canadá. No sector da energia, além da ONGC Videsh Limited, a Indian Oil Corporation e a Oil India concentram-se na aquisição de activos na exploração, refinação e retalho. Assim, enquanto Rússia e Sudão são os principais destinos dos investimentos na área dos recursos, os EUA são preferidos pelas empresas actuando na economia do conhecimento. Em 2002 existiam cerca de uma centena de joint-ventures indo-americanas, que empregavam 19 mil pessoas. Na Europa, e segundo um relatório publicado pela India Brand 3 Equity Foundation , a Índia surge como o terceiro maior investidor no Reino Unido em 2006, quando era o 8.º no ano anterior. Na verdade, o maior investidor indiano, com 16 empresas empregando 3 mil pessoas no Reino Unido é o grupo Tata. 3 Going Global: India Inc in UK. 10 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais II. ACTORES GLOBAIS NO MERCADO I&D Este retrato evidencia as diferentes razões que estão na base da expansão internacional das empresas chinesas e indianos. Enquanto a Índia se tornou global para penetrar na economia do conhecimento, a China busca o efeito “marca” e compensar a escassez de recursos energéticos relativamente à procura interna em forte aceleração no decurso das últimas décadas de crescimento rápido. Assim, há cerca de 170 empresas indianas do sector das tecnologias de informação com pontos de venda e centros de I&D nos Estados Unidos; em Singapura, há mais de 450 empresas tecnológicas oriundas da Índia e as farmacêuticas estão na vanguarda na venda de medicamentos – em cinco anos (1998-2003), as candidaturas à comercialização de fármacos nos EUA passou de 1,8 para 6,2% do total. Já a China “regressou” a África seis séculos depois. Entre 2000 e 2005, o comércio sinoafricano quadruplicou, de menos de 10 mil milhões de dólares para 40 mil milhões, valor que deverá ser duplicado até 2010, de acordo com as ambições chinesas, simbolizadas na criação de um fundo de desenvolvimento China-África no valor de cinco mil milhões de dólares. Para os chineses, o objectivo é a participação de 45% na empresa que controla as maiores reservas de gás e petróleo do rio Níger. Enquanto a CNOOC acrescenta esta bacia de 500 km2 à sua lista de novos campos na Indonésia e Austrália, a indiana ONGC investe seis mil milhões para construir centrais eléctricas e linhas férreas em troca por campos de petróleo. A presença da Índia em África é menos visionária, posicionando-se em países desenvolvidos específicos, nomeadamente África do Sul, Quénia, Egipto e Nigéria. Construção e automóvel são os sectores preferenciais, aproveitando ainda a oportunidade de investimento emanada Uma análise das 50 maiores empresas industriais chinesas, realizada em 2003 pela filial de Shanghai da consultora alemã Roland Berger, destacava como principais motivações para o investimento directo no exterior as vendas locais e redes de distribuição nos países de acolhimento, especialmente nos sectores com excesso de capacidade de produção e saturação da procura doméstica; consolidar as exportações e conquistar novos mercados; garantir acesso a matérias primas e recursos naturais. De facto, a sobrecapacidade de muitos sectores da economia chinesa, conjugada com a tendência decrescente das margens de lucro no mercado doméstico, pressionam as empresas chinesas a procurar novos mercados. Simplesmente, muitas vezes, carecem do acesso necessário às redes de distribuição existentes, tão importantes para operações bem sucedidas no exterior. II.1. Motivações As empresas que buscam novos mercados são aquelas mais sujeitas à concorrência das multinacionais no mercado doméstico, com excesso de capacidade e esmagamento de margens de lucro. Por exemplo, para a McKinsey, a sobrecapacidade do mercado de electrodomésticos na China é de 30% nas máquinas de lavar, 40% nos frigoríficos, 45% nos Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 11 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia do Mundial de Futebol 2010 na África do Sul. micro-ondas e 87% nas televisões. Por isso, não é de admirar que empresas como a Haier, TCL e a Huawei Technologies tenham procurado insistentemente os EUA e a União Europeia com o intuito de conquistar quota de mercado. Garantir recursos é a segunda motivação para investir no exterior, nomeadamente em países como a Austrália, Canadá, Indonésia, Peru e Rússia, que representam 25–30% do stock de IDE chinês. Revezes pontuais como a aquisição fracassada da CNOOC sobre a Unocal em 2005 ou da China Minmetals sobre o gigante mineiro canadiano Noranda em 2004 não impedem a estratégia de assegurar activos no exterior. Finalmente, a terceira motivação para as aquisições internacionais tem sido a obtenção de tecnologia e marcas. Lenovo-IBM, TCL-Thomson e a abortada Haier-Maytag tornaram-se os atalhos para encarar os défices gémeos. E porque adquirir tecnologia avançada exige ainda o estabelecimento de instalações de I&D de forma a reduzir o défice de engenheiros, designers e cientistas exteriores. A Haier, por exemplo, encontrou centros de I&D e design na Alemanha e EUA, enquanto a Huawei Technologies e a ZTE Corporation criaram centros autónomos de I&D na Suécia. Figura 2 Determinantes da internacionalização das multinacionais emergentes Inovação de Produto A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Desenvolvimento, design e lançamento de bens e serviços que satisfaçam necessidades dos consumidores num contexto de parceria Marca Industrial I I DE E Reconhecimento e liderança nos mercados industriais através de uma elevada reputação e estratégias de marketing industrial Inovação de processos Marca Consumo Os laços de fidelidade com os consumidores resultam de décadas de investimento numa marca global, cujo prestígio passa por produtos inovadores e serviços que seduzam consumidores de diferentes segmentos e mercados geográficos Modelo de negócio altamente competitivo e diferenciado que permita produtos de baixo custo e elevada qualidade num contexto de segmentos de mercado diferenciados à escala global A dimensão da economia indiana, se atendermos ao PIB, é substancialmente inferior à chinesa. Mesmo duplicando o PIB na próxima década, o PIB indiano corresponderia a 2/3 do actual PIB chinês, em termos nominais. As forças motrizes do impacto da Índia no mundo global prende-se com os seu capital humano, o potencial de crescimento do mercado doméstico e a capacidade de concorrer com a China em termos industriais, caso opte pelo chamado “modelo asiático” que alicerçado no “poder” industrial obrigaria a uma duplicação do respectivo peso no produto interno. 12 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Outra via é acelerar a actual expansão do sector dos serviços, alimentada pela procura doméstica e internacional. Os serviços representam 50%, com especial ênfase para os associados às TIC. Mas malgrado os excelentes desempenhos, a verdade é que dominam os call-centers, tratamento de texto e actividades de manutenção, mas o futuro permitirá projectar o desenvolvimento das aplicações e serviços de maior valor acrescentado. Na Índia, o primeiro Indian Institute of Technology (IIT) foi criado em 1950, à semelhança do Massachusetts Institute of Technology, em Kharagpur na Bengala ocidental. E, depois de aprovado, em 1956, Indian Institute of Technology Act, outros seis centros de investigação foram criados que fornecem uma elite tecnológica de classe mundial. A capacidade de formar engenheiros aumentou de 60 mil, em 1987/88, para 340 mil em 2003, e os profissionais de TIC passaram de 25 mil para 250 mil. Depois, tem vindo a verificar-se um regresso de indianos que se qualificaram no exterior para criarem as suas próprias empresas ou trabalharem em empresas locais ou multinacionais – 71 das 75 multinacionais presentes no Parque de Software de Bangalore são lideradas por indianos que viveram no exterior. Por outro lado, esta diaspora indiana demostra grande iniciativa em criar oportunidades para as empresas indianas – os expatriados são cada vez mais intermediários, financiadores em clusters estratégicos como Silicon Valley (Califórnia) e Boston (Massachusetts) 4 . Gráfico 4 Despesas em I&D das empresas indianas (1991-2004) valores em milhões de rupias A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Despesas Correntes Despesas Capital Fonte: Bowender (2006) 4 Saxenian, A. (2006) “The New Argonauts” ver Cenários n.º6. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 13 II.2. Diferenciando sectores Electrodomésticos e electrónica O mercado de electrodomésticos representava 100 mil milhões de dólares em 2003, dos quais um terço proveniente Ásia do Pacífico, sobretudo da China. Aproveitando essa janela de oportunidade, as empresas estrangeiras entraram no mercado chinês, nos segmentos das máquinas de lavar roupa a quota de mercado passou de 15% em 2000 para 25% em 2003. A taxa de penetração de frigoríficos e máquinas de lavar na China tem sido impressionante – no início da década de 80 era de 0,2 e 6%, respectivamente e, passadas duas décadas, é de 87 e 92%. Um crescimento que determinou o aparecimento, na década de 90, de empresas como a Haier, Kelon, Meiling e Little Swan. Na Índia, os produtores domésticos, como a Godrej e Videocom, criaram clusters em Noida, perto de Nova Deli, e Pune, perto de Bombaim e é curioso o posicionamento da chinesa Haier, que tenta entrar no mercado indiano onde os produtores coreanos como a LG e Samsung têm actualmente uma forte presença. Em 2004, a LG anunciava planos de fazer da Índia a sua segunda maior base de produção, depois da China 5 . A empresa já tem mais de 25% do mercado de ar condicionado e televisores e um terço do mercado de máquinas de lavar, frigoríficos e micro-ondas. Mas, relativamente à China, a indústria indiana de electrodomésticos ainda é embrionária e A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia não existe uma congénere à escala da Haier que é o quarto produtor mundial. Quanto à electrónica de consumo, os 7.º (1986-90), 8.º (1991-95) e 9.º (1996-2000) planos quinquenais da China corresponderam à explosão da produção de bens electrónicos de consumo, com um crescimento anual de 66%. No final da década de 90, o sector produzia 72 mil milhões de dólares e as exportações cerca de 35 mil milhões e dólares. O reforço da capacidade tecnológica, através da I&D, permitiu desenvolver produtos como os CD regraváveis ou o sistema Panda ICCAD, num período em que surgiram empresas como a Changhong Electric, Tsinghua Tongfang, Caihong Electronics, Panda e Lianxiang, proporcionando um protagonismo na produção de televisores, computadores portáteis, dekstops, telemóveis, monitores, etc. Aproveitando o baixo custo do factor trabalho e o élan da adesão à OMC, a China duplicou a dimensão da sua indústria electrónica, que representa mais de 8% do produto industrial, enquanto na Índia o sector representa menos de 3% de um também sector industrial de menor dimensão. 5 Nichols and Cam 2005. 14 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Em pouco mais de uma década, a China subiu na cadeia de valor num vasto leque de componentes e produtos acabados. Há mais de 10 mil empresas estrangeiras, entre as quais a Intel, que instalou uma unidade de teste e montagem em Chengdu, e a Motorola, que investiu mais de 500 milhões de dólares numa unidade de I&D em Pequim. As vendas chinesas no sector das TIC atingiram os 73 mil milhões de dólares em 2006, um crescimento de 15,6% relativamente a 2005, de acordo com o China Center for Information Industry Development Consulting (CCID), que admite um crescimento de 15% para os próximos 5 anos, o que significaria um valor de 150 mil milhões de dólares em 2011. Figura 3 Multinacionais chinesas e indianas no segmento de electrónica de consumo 1.º produtor mundial de micro-ondas Acordos com cadeias de distribuição como a WalMart, K-Mart e Home Depot EUA Konka Televisores; telemóveis GALANZ 45% do mercado Europeu e 25% do mercado dos EUA Europa 2.º produtor mundial de ar condicionado Austrália Lider nacional de electrodomésticos Haier 1.º produtor mundial de baterias de niquel-cádmio Europa Central e de Leste BYD Company Médio Oriente Gree Electric TCL América do Sul 2.º produtor mundial de televisores África Hisense 3.º produtor mundial de cinescópios Videocom Skyworth Multimedia Aquisição das actividade indiana da Electrolux e fábricas de cinescópios da Thomson na China, Polónia e México Fornecedor OEM da Nokia, Motorola e Sony Ericsson SVA Fábricas África do Sul Hungria Paquistão Argélia e Irão 3.º produtor chinês de televisores e equipt. digital China Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 15 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Midea Figura 4 Multinacionais chinesas e indianas no segmento de TIC Ásia impressão Europa Founder Group Wipro Painéis de bordo Fábricas Coreia do Sul Taiwan 3.º produtor mundial de computadores TCS Tata Consultancy Services Lenovo Infosys BOE Figura 5 Multinacionais chinesas e indianas nas telecomunicações EUA A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia UTStarcom Equipamento telecom Huawei Austrália Equipamento telecom Europa Ásia ZTE Equipamento telecom CNC China Netcom Group Corporation Banda larga África China Mobile 1.º operador mundial (390 milhões de clientes) VSNL Videsh Sanchar Nigam 16 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Farmacêutica Já o sector farmacêutico é uma das maiores alavancas da internacionalização indiana, aproveitando o capital humano em química, biologia e engenharia. A Índia é o quarto maior produtor mundial em volume (13.º em valor). Além de graduar 15 mil químicos por ano, a Índia tem a capacidade empresarial para investir em I&D e testar e comercializar medicamentes. Empresas como a Ranbaxy, Cipla, Dr. Reddy, Wockhardt e Nicholas Piramal já têm a dimensão e conhecimento suficientes para encetar actividades de I&D em detrimento da anterior estratégia focalizada apenas no mercado de genéricos, que representa, em termos mundiais, cerca de 48 mil milhões de 6 dólares, e onde a Índia detém uma quota de 16%. . A localização de centros de investigação de empresas multinacionais como a Novartis e a GlaxoSmithKline contribuem para o dinamismo do sector e a criação de vantagens adicionais sobre pequenos países, como Singapura e Coreia, que estão igualmente envolvidos no desenvolvimento de novos medicamentos e procedimentos. Por sua vez, a China é o segundo maior produtor de componentes e genéricos em valor, depois dos EUA (com 5% da produção mundial em 2004, avaliada em 54,4 mil milhões de dólares 7 ). Figura 6 Europa Maior do sector indiano Dr. Reddy's Cipla Líder no fabrico de genéricos com forte posicionamento no segmento de tratamento da Sida 6 “Selling Generics” 2006. 7 “China: Pharmaceuticals Sector” 2005. Elevado nr de patentes registadas nos EUA Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 17 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Ranbaxy EUA Automóvel O peso dos componentes de automóvel nas exportações chinesas era de 0,7%, em 2004, e de 0,2% na Índia. Mas o potencial de crescimento é considerável. Segundo Noble (2006), a produção de automóveis na Índia pode aumentar dos 9 mil milhões de dólares em 2004/5 para os 40 mil milhões de dólares em 2015, dos quais 20 a 25 mil milhões canalizados para os mercados de exportação. Nesse mesmo horizonte, a exportação de automóveis na China poderá rondar os 120 mil milhões de dólares. A China já exporta motores no valor de 300 milhões de dólares, componentes correspondentes a 3,25 mil milhões de dólares e 1,35 mil milhões de dólares em pneus 8 . A Índia parece ter uma vantagem comparativa no segmento dos veículos de menor dimensão, mas a recente entrada de produtores chineses como a Chery e Geely, bem como as estratégias das multinacionais em fazer da China base de produção e exportação de pequenos automóveis, incluindo os híbridos, pode mudar a configuração. Figura 7 OEM global da Ford e General Motors Wangxiang Group Corporation EUA 1.º produtor chinês de componentes automóvel A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Europa Europa Central e de Leste 1.º produtor chinês de veículos de passageiros, comerciais e componentes automóvel China FAW Group Corporation Médio Oriente 1.º produtor chinês de veículos pesados África CNHTC China National Heavy Duty Truck Group Corporation Nanjing Automobile Group Corporation SAIC Shanghai Automotive Industry Corporation Aquisição da MG Rover (2005) Parceria Fiat na China Aquisição 48,9% da coreana Ssangyong (2004) 8 Balakrishnan et al. 2006. 18 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Figura 8 Ásia veículas de duas rodas China EUA TVS Mahindra & Mahindra Utilitários e tractores Europa 1.º exportador indiano de motocicletas, vespas e veículas de três rodas Bajaj Auto África América Latina 2.º maior produtor de moldes (chassis) Tata Motors Bharat Forge 5.º maior produtor mundial de comerciais Metalurgia e Siderurgia A produção siderúrgica na China superou as 349 milhões de toneladas em 2005, sendo, de longe, o maior produtor mundial, com uma quota de 31% e o quarto maior exportador. A Índia produziu em 2004/5 cerca de 38 milhões de toneladas, exportando 10% face a Figura 9 Multinacionais chinesas e indianas noutros sectores Aeronáutica EUA Siderurgia China Aviation Corporation Siderurgia Shougang Group Shanghai Baosteel 1.ª produtora chinesa Europa América do Sul Material Eléctrico Ásia Médio Oriente Techtronic Industries Company Oceania Material Eléctrico África Construção Larsen & Toubro Material Eléctrico Johnson Electric Crompton Greaves Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 19 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia importações de 3,2 milhões de toneladas. III. DIFERENCIANDO OS PAÍSES As principais vantagens da Índia relativamente à China são os recursos humanos altamente qualificados, o papel da diáspora, o baixo custo de ambiente para produção e acesso a grandes mercados. A China tem a vantagem em termos de rendimento per capita, dimensão do mercado doméstico, o crescimento do IDE e o comércio de bens com elevado conteúdo tecnológico. Índia - O impulso do potencial humano 9 Para Raja M. Mitra (2007) , a economia indiana continua predominantemente concentrada na absorção da tecnologia existente em vez de desenvolver nova I&D ou inovação na fronteira do conhecimento. Entre 2007 e 2012 a economia indiana poderá crescer entre 6 e 10%, mas, em 2032, a China será a maior economia do mundo, seguida pelos EUA e a Índia, segundo o bem conhecido cenário apresentado pela Goldman Sachs em 2003. Em termos de paridade do poder de compra, actualmente o PIB já é o terceiro do mundo, a seguir aos EUA e China. Enquanto parte do país permanece pobre e industrialmente atrasado, outras parte têm o potencial de crescer rápido e algumas zonas urbanas estão crescentemente integradas com as novas economias do conhecimento como são os casos de Bangalore, Chennai, Delhi, Hyderabad, Calcutá, Bombaim e Pune. A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia A Índia tem a ambição e potencial de ser um dos principais players da inovação e I&D. Os potenciais de economia de custos e acesso a competências técnicas e mercados estão entre os factores subjacentes à estratégia das multinacionais na Índia. Uma das razões da aceleração indiana é a produção de licenciados. Segundo a McKinsey, há cerca de 14 milhões de jovens indianos licenciados com menos de 7 anos de vida profissional, o que corresponde a 1,5 vezes a reserva da China e quase o dobro dos EUA. Este reservatório de talento é alimentado anualmente por 2,5 milhões de graduados em TIC, engenharia e ciências da vida, dos quais 650 mil são pós-graduados e 4 a 6 mil doutorados. Mas estes são números absolutos. Em termos relativos, o número de cientistas na China atendendo à população total multiplicou-se por 10 na última década. Na Índia estagnou e está aquém dos índices apresentados pelos países mais desenvolvidos. Assim, para muitos, a escassez de trabalhadores qualificados continua a ser o principal constrangimento para a inovação indiana. 20 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais A DIÁSPORA INDIANA As 15 maiores comunidades de emigrantes indianos Uma diáspora de 20 milhões de indianos está espalhada pelo mundo. As pessoas oriundas da Índia representam comunidades consideráveis no Golfo, Singapura, EUA, Reino Unido e Canadá e cerca de um quarto vive nos países pertencentes à OCDE. A inovação Indiana está a ser potenciada especialmente por um grupo transnacional, os Indianos Não Residentes (INR). Este é a designação que descreve não só os expatriados permanentes, mas também aqueles que passam um tempo considerável a viver ou trabalhar no exterior. Nos anos mais recentes, tornou-se um estatuto social, implicando um certo nível de sucesso de cosmopolitanismo. Têm nomeadamente favorecido o aparecimento de centros de I&D multinacionais. As redes globais e as migrações de indianos são elementos cruciais na história da ciência e inovação indianas, aproveitando as vantagens da globalização. Clusterização Regional A crescente especialização das empresas indianas a operar em mercados globais sido acompanhada por um processo de clusterização em termos de 4 grandes pólos regionais. Nova Deli tem a maior concentração de instituições de ensino, Hyderabad, a capital de Andhra Pradesh, é encarada como dos estados mais inovadores, sendo a sede de seis universidades e de inúmeros institutos de formação profissional e organismos públicos como o Centre for Cellular and Molecular Biology, o Centre for DNA Fingerprinting and Diagnostics e o Indian Institute of Chemical Technology. Conhecida como “Cyberabad” devido à sua extensa população high-tech, Hyderabad acolhe o “Genome Valley”, o cluster de biotecnologia e farmacêutica e há quem considere um êxito superior a Bangalore, por evidenciar um crescimento mais rápido e diversificado. 9 India’s Emergence as a Global R&D Center – an overview of the Indian R&D system and potential. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 21 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Cientistas lideres e micromultinacionais, start ups como a July Systems, Infinera ou InSilica com vendas, marketing e marca sediadas nos EUA mas com a apoio técnico e back office na Índia. Um terço dos investimentos é realizado por um fundo governamental, o Technology Development Board, favorecendo a consolidação da cultura empresarial indiana. Por sua vez, Bombaim, capital do enorme estado de Maharashtra, é a cidade indiana mais populosa, com 13 milhões de pessoas, e o seu centro financeiro. A Universidade de Bombaim tem 354 faculdades e dois centros de pós-graduação. TIC, farmacêutica e engenharia são as especializações mais evidentes e a disponibilidade de capital é uma mais-valia para os empreendedores. Indústrias criativas – influenciadas por Bollywood – têm contribuído para o carácter global da cidade Chennai, capital de Tamil Nadu, acolhe um significativo número de centros de I&D de multinacionais, com vários parques tecnológicos e dois de biotecnologia, bem como parte da indústria automóvel, um instituto tecnológico e dois laboratórios governamentais. Depois, há um conjunto de cidades de suporte como Ahmedabad, classificada como o quinto destino mais atractivo para os serviços de TIC, tendo beneficiado das políticas públicas próindustriais, que é um incentivo ao investimento dos indianos não residentes. Ahmedabad é a sede para empresas farmacêuticas como a Sun e a Cadilla e o Indian Institute of Management. Chandigargh, conhecida como o ‘Silicon Valley do Norte’, está bem conectada como Nova Deli e tem a melhor qualidade de vida da Índia e um nível de literacia de 82% (a média nacional é de 64%). Acolhendo parques tecnológicos, a cidade poderá ser, em breve, o local para um prestigiado centro de bionanotecnologia. A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Pune, a 3 horas de Bombaim, é a sétima cidade indiana, com 3,4 milhões de habitantes e foi considerada pela Forbes como a terceira localização mais promissora para os negócios globais. A universidade tem mais de 6 mil estudantes estrangeiros, oriundos sobretudo dos países produtores de petróleo e de países em desenvolvimento, mas um crescente número de estudantes americanos e europeus. Pune acolhe instituições científicas como o National Chemical Laboratory; o Indian Institute of Tropical Meteorology; o Inter-University Centre for Astronomy and Astrophysics; o National Centre for Radio Astrophysics ,o Centre for Development of Advanced Computing; e o Institute of Bioinformatics and Biotechnology. Pune tem procurado também esbater a fronteira entre a investigação e a educação, já que a maioria dos centros de investigação estão localizados no campus universitário. Por isso há quem diga que é “Oxford do Oriente” e herdeira de Bangalore, dada a combinação única de indústria e tecnologia. Se Pune é uma aposta segura para a inovação futura, Calcutá é um wildcard. A terceira maior cidade, depois de Nova Deli e Bombaim, foi a capital nos tempos do Império britânico, entre 1772 e 1912, mantendo níveis de prosperidade até 1947. Em Setembro de 2006, a IBM; que emprega 43 mil pessoas na Índia, fez na cidade o maior centro depois de Bangalore. 22 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Dinâmica competitiva: Farmacêutica e TIC A indústria farmacêutica Indiana está avaliada em 8,2 mil milhões de dólares, um sexto do mercado mundial. É a quarta em termos de volume e a 13.ª em termos de valor. Um crescimento de 7,2% ao ano, alavancado pelas exportações, com vendas de 4,6 mil milhões em 2004 com a meta de 8,3 mil milhões de dólares em 2009, o seja, um aumento de 80% em cinco anos. No segmento de genéricos, a Índia tem uma quota de 20%. E em 2010 o objectivo é atingir 25 mil milhões de vendas e uma capitalização bolsista de 150 mil milhões. A aposta no I&D é notória: Dr Reddy’s investiu 15% das vendas em 2004/5, em busca da produção de fármacos avançados, nomeadamente no tratamento de problemas cardiovasculares ou disfunções do sistema nervoso central. Um número crescente de empresas indianas está a transferir o seu foco de actividade dos genéricos ou contratos de serviços de investigação para empresas ocidentais para criar os seus próprios medicamentos através da pesquisa. Entre 2000 e 2004, o I&D aumentou 300%, de 2 para 8 milhões de rupias. Por seu turno, as exportações de software e serviços associados às TIC cresceram de 12,9 mil milhões de dólares em 2003/2004 para 17,7 mil milhões no ano seguinte. Ao longo dos últimos cinco anos, a taxa de crescimento médio tem rondado os 28%/ano; o contributo para o PIB aumentou de 1,2 em 1999/2000 para 4,8% em 2006 e as exportações devem dos 4 a 5 mil milhões de dólares; e os profissionais do sector passaram de 284 mil em 1999/2000 para 1,287 milhões em 2005/6. As cerca de 3000 empresas de TIC, entre as quais a Wipro e a Infosys, que têm um foco global, são responsáveis por 35% das exportações e 7,5% do crescimento do PIB. Mas a indústria ainda está muito dependente dos contratos com multinacionais estrangeiras, criando poucos produtos próprios, marcas e propriedade intelectual. Alguns críticas apontam, esta dependência como uma armadilha de desenvolvimento. Cenários de médio e longo prazo na I&D indiana Cenário 1: Equidade antes da excelência A Índia não é uma potência científica global. As disfunções do sistema de inovação indiano – burocracia e infra-estruturas precárias – são sinónimo do subdesempenho da ciência pública. O crescimento desacelera e os fluxos de talentos revertem, ou seja, os que tinham regressado ao País retornam aos EUA. Ao mesmo tempo, o fracasso da ciência e inovação Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 23 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia pesar cerca de 35% do total em 2008, altura em que o sector deverá atrair IDE na ordem em beneficiar o mundo rural fomenta os atritos políticos, conduzindo à eleição de um governo populista focalizado nas tecnologias intermédias e na base da pirâmide das inovações para a Índia rural. Avanços no controlo da malária, gestão de água e previsões clima são os benefícios deste novo foco. O contraste deste cenário – Índia inovadora versus Índia rural – é, não só, plausível, como visível. A inovação é encarada como favorecedora de uma elite e não da nação como um todo. Por isso, muito depende dos fundamentais do crescimento indiano. Enquanto a Índia prosperar, atrairá pessoas dos EUA e as suas perspectivas demográficas e educacionais são essencialmente elevadas, com os frutos do crescimento são distribuídos de uma forma mais equitativa. Cenário 2: Retrocesso para o nacionalismo tecnológico A instabilidade geopolítica na Ásia oriental alimenta a emergência de políticos ultranacionalistas e uma reorientação da ciência para a concorrência militar com o Paquistão e China. A ciência torna-se num instrumento de projecção do poder indiano na Ásia, sinalizando a primazia das tradições pós-independentistas, como os programas espacial e nuclear, focalizados mais no prestígio internacional do que no desenvolvimento. Atendendo aos investimentos realizados na interdependência económica e política, a probabilidade global deste cenário é baixa. A confiança indiana nos fluxos de pessoas e capital do exterior assenta melhor num contexto multilateral, mas não exclui A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia categoricamente a possibilidade de um nacionalismo tecnológico em áreas específicas, nomeadamente a militar. Cenário 3: Ciência offshore Mais inovação por empresas de grande dimensão é “exportada” para a Índia no seio de redes globais de inovação. Este é um cenário de interdependência mas desigual, um processo conduzido por multinacionais que crescentemente adoptam uma gestão global da inovação. Os parceiros americanos e europeus pode, fazer a teoria e modelização, enquanto a Índia desenvolve a investigação “colarinho azul”. Cenário 4: Índia como líder global da ciência e inovação A Índia é capaz de liderar as redes globais de inovação ou, pelo menos, actuar de igual para igual com os parceiros. Para conseguir isto é crucial aumentar a qualidade da investigação fundamental e a capacidade inovadora dos clusters e empresas indianas. 24 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Pontos fortes Ensino superior e instituições I&D A taxa de literacia do País aumentou de 50% nos homens e 31% nas mulheres em 1985 para 68% e 45%, respectivamente em 2000. Os estudantes de engenharia passaram de 44 mil em 1992 para 184 mil em 1984 (a China tinha 352 mil e os EUA 76 mil). Outras estimativas apontam para que a Índia produza 350 mil engenheiros por ano, número que chegará a 1,5 milhões em 2015. Desenvolvimento da I&D empresarial O imperativo de especializar e internacionalizar as operações é conduzida pela intensificação da concorrência, custos crescentes de I&D em economias nas economias avançadas e escassez de recursos humanos. A crescente complexidade da I&D e a necessidade de respostas rápidas às mudanças tecnológicas, legais e modelos de regulação e mercados são igualmente importantes. O impacto do desenvolvimento da Índia é significativo nos segmentos das TIC, indústria transformadora e engenharia, energia, agricultura, tecnologias ambientais e ciência das vida TIC, encabelados por desenvolvimentos na indústria de software, hardware e telecomunicações. O ultimo triénio (2005-2007) tem sido caracterizado por uma mudança de escala e espectro das operações empresariais. As empresas indianas e estrangeiras anunciaram planos de investimentos a uma escala sem precedentes à luz dos padrões indianos. No caso das telecomunicações – 8,6 mil milhões de dólares em 2005/6, incluindo investimentos de empresas como a Cisco Systems, IBM, Intel e Microsoft. Relativamente ao sector farmacêutico, estima-se que as empresas deverão investir 1,5 mil milhões de dólares entre 2006 e 2010, parte considerável afecta à I&D. Outro aspecto são as aquisições de empresas indianas na América do Norte, Médio Oriente e Ásia Oriental. O governo indiano promoveu o desenvolvimento através da clusterização em sectores como TIC, biotecnologia e engenharia. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 25 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia A continuação de um crescimento rápido é também expectável nos serviços associados às Essas iniciativas incluíram o lançamento de zonas económicas especiais, tidas como motores orientados para o crescimento das exportações num leque alargado de bens e serviços. Bangalore, Delhi, Bombaim, Pune, Hyderabad e Chennai têm sido os destinos preferenciais da I&D na Índia. A combinação de factores como a presença de empresas estrangeiras, laboratórios de pesquisa e universidades tornaram estas localizações atraentes para operações de I&D. O desenvolvimento de software e outsourcing de processos de negócios ilustra a importância do desenvolvimento de competências e redes. Um dos aspectos chave do “talento indiano” será mais a sua mobilidade global – a diaspora está a desempenhar um papel crescente num amplo conjunto de áreas baseadas no conhecimento da América do Norte, Europa e economias asiáticas. A despesa de I&D cresceu a uma taxa anual de 45% entre 2002 e 2004 e o sector público tem sido a principal fonte de financiamento – 62% em 2002/3 – o governo central por 8,5%, as instituições de ensino 4,2% as empresas públicas por 5% sector privado 20,3% (2005). Mas a estrutura tem mudado. As multinacionais baseadas na Índia e as empresas indianas têm aumentado a I&D desde ao anos 90. As forças da globalização e inovação estão a moldar um mundo cada vez mais interligado e competitivo. Autores como Thomas Friedman ou Richard Florida argumentam que nesse “flat A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia world”, as empresas criam cadeias globais que permitem aos países em desenvolvimento participar na economia global. China e Índia estão a ganhar económico e tecnológico, competindo com uma força de trabalho crescentemente qualificada, construindo competências próprias de I&D e bem sucedidas na atracção de IDE. O resultado é a intensificação da concorrência global pelos talentos e ideias. De acordo com Florida, os EUA enfrentam o “maior desafio desde a Revolução Industrial”, até porque o peso na graduação de cientistas e engenheiros está a regredir. Das 25 empresas de TIC mais competitivas, apenas seis estão baseadas nos EUA enquanto 14 são da Ásia 10 . 10 Hicks 2004, Freeman 2005 26 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Figura 10 Clusters regionais na Índia Nova Deli TIC Ensino 4 universidades 131 faculdades 5 laboratórios Rede Cidades-satélite: Gurgaon e Noida Actividades Outsourcing de serviços de TIC; Call-centres; Centros empresariais de I&D. “Silicon Valley” do Norte Hyderabad Ensino 6 universidades “Oxford” do Oriente Actividades “Genome Valley” Biotecnologia Farmacêutica Bombaim Ensino 354 faculdades TIC, farmácia, engenharia Rede 13 milhões de pessoas Actividades Centro Financeiro “Bollywood”/Ind. criativas Chennai Ensino 1 Instituto tecnológico 2 Laboratórios Rede Centros I&D multinacionais Actividades Biotecnologia Automóvel A internacionalização da I&D empresarial assenta numa dinâmica caracterizada por: ▪ conhecimento e tecnologia gerada num país pode ser utilizada internacionalmente; ▪ a colaboração internacional para a C&T entre governos, indústria e academia tende a intensificar-se; ▪ emergência de uma divisão internacional do trabalho em I&D, com uma crescente especialização, quer pública, quer privada, com algumas áreas específicas a concentraremse nalguns pontos do globo; ▪ emergência de novos centros de actividade tecnológica, com os países asiáticos a reforçarem o papel como actores globais. Neste dinâmica emergem quatro pilares fulcrais para o seu êxito: 1. Reforço da Base Nacional de C&T, que envolve um forte investimento público em a) Ciência & Tecnologia, com o surgimento de centros de excelência em áreas competitivas como as TIC, biotecnologia e nanotecnologia; b) Talentos: Educação e formação, incentivando a formação em ciência e engenharia, num contexto de aprendizagem ao longo da vida, com elevada mobilidade internacional de estudantes e investigadores, regulando, nomeadamente a imigração qualificada; c) Infra-estruturas e regulação, com ênfase nas políticas comercial e da concorrência, protegendo a propriedade intelectual e assegurando uma fiscalidade atractiva em sectores específicos. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 27 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia VECTORES DA INTERNACIONALIZAÇÃO DA I&D EMPRESARIAL 2. Garantir condições atraentes no âmbito da economia do conhecimento a) Excelentes condições de I&D, com recursos qualificados – os parques científicos são muito utilizados para atrair a I&D estrangeira. Em 2004, havia 600 parques, dois terços dos quais localizados nos EUA e Europa. Além de Silicon Valley, são muito conhecidos o Research Triangle Park (EUA), Sophia Antipolis (França), Hsinchu Science Park (Taiwan), Zhongguancum Science Park (China), Bangalore (India) ou Kista Wireless Valley (Suécia); b) estruturas de produção muito desenvolvidas; c) mercados em crescimento. O conceito de clusters locais e regionais enfatiza a presença e a colaboração estratégica entre universidades, institutos de investigação e empresas inovadoras, combinando recursos públicos e privados e competências numa determinada localização geográfica. As diferenças nos padrões de internacionalização e as forces motrizes dos diferentes sectores têm de ser consideradas quando desenhadas as políticas. Por exemplo, os sectores assentes nas ciências como a indústria farmacêutica são atraídos pela excelência de centros de investigação, enquanto que sectores como as comunicações são atraídos por mercados lideres. 3. Estimular a internacionalização e a mobilidade a) Atracção de I&D estrangeira; b) internacionalização das empresas domésticas; c) atracção de talentos estrangeiros e reforço da mobilidade 4. Maximizar os benefícios económicos envolvendo o contexto social e minimizar os efeitos negativos, A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia a) Estímulo às actividades a jusante dos esforços de I&D, com uma coordenação entre a política industrial e a política de C&T, focalizada na formação de clusters baseados no conhecimento e com ênfase nas redes de I&D e produção; b) apoio à transição de indivíduos e regiões como resultado das actividades inovadoras e reestruturação industrial. Maximizar benefícios e minimizar efeitos negativos Estímulo a Actividades a jusante Apoio à transição de indivíduos e regiões Reestruturação industrial Estimular a internacionalização e mobilidade Atracção de I&D estrangeira Internacionalização das Empresas domésticas Atracção de talentos estrangeiros e reforço da mobilidade Economia do conhecimento atractiva I&D atractiva Estruturas de Produção muito desenvolvidas Mercados em expansão Reforço da Base Nacional de C&T Centros de Excelência 28 | da Sphera | Novembro 2007 Talentos Infraestruturas e regulação Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Na verdade, se atendermos aos catalisadores da internacionalização da I&D empresarial (ver caixa) surge, à cabeça, o rápido desenvolvimento das infra-estruturas de informação e comunicação. A internet aliada às redes internacionais de telecomunicações e a penetração de computadores pessoais reduziu drasticamente o custo de comunicação e facilitou a partilha de trabalho entre centros de competências à escala global. Depois, a disseminação da inovação é facilitada pela utilização de instrumentos digitais padronizados, a nível de sistemas operativos, software de processamento de informação, multimedia, Terceiro, o processo de produção global tende a fragmentar-se, possibilitando modularização em sectores como a microelectrónica, biotecnologia e software. Quarto, países em desenvolvimento estão a desenvolver os seus próprios sistemas de inovação e aumentar os ambientes de acolhimento domésticos Associando esta dinâmica à localização dos investimentos, poderíamos distinguir quatro tipos de opções, de acordo com as respectivas motivações – proximidade dos mercados quando as tecnologias devem ser adaptadas a um mercado local ou se a empresa deseja aprender com os clientes principais (I&D adaptativa); acesso a recursos qualificados para criar novas tecnologias, produtos ou processos para os mercados local, regional ou global (I&D inovadora). A segunda parece dominar a primeira, fruto da especialização e globalização. Se analisarmos indicadores como o peso da I&D no PIB ou as publicações científicas ou patentes, verificamos que a China estará longe de ser considerada uma economia baseada no conhecimento, para além de uma elevada heterogeneidade dos recursos do conhecimento em termos regionais, sociais e sectoriais. Mas a verdade é que a China investe mais em I&D, posicionando-se a seguir aos EUA e Japão em termos de despesa absoluta, apresenta o segundo maior número de investigadores e entre 1999 e 2003, a despesa em I&D mais do que duplicou, com uma taxa de crescimento médio anual de 24%, face a médias anuais de ¾% na Alemanha, EUA ou Japão. E, em termos relativos, o peso da I&D aumentou de 0,6% do PIB em 1996 para 1,3% em 2003. Mas o investimento em investigação fundamental ainda é pouco expressivo, representando menos de 6% do total da I&D, face a parâmetros de 20% nos EUA, e a I&D ainda é pouco significativa no valor acrescentado de indústrias com forte conteúdo tecnológico como a aeroespacial, farmacêutica, equipamento informático, electrónico ou de telecomunicações. Acresce q o sector privado desempenha também um papel menor na I&D chinesa. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 29 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia China – A “fábrica” do conhecimento chinesa Mas, vários autores, como Richard Freeman, esperam que num curto espaço de tempo, a China alcance os países mais desenvolvidos em termos de recursos de C&T. Freeman estima que a China terá tantos doutorados em C&T como os EUA em 2010, atendendo a uma média de crescimento de 50% nos estudantes de engenheira. EM Janeiro de 2006, a apresentação do programa de desenvolvimento científico e tecnológico, com um horizonte de 15 anos, enfatizava a importância de reforçar a “inovação independente”, identificando os meios de aumentar a capacidade de inovação interna, nomeadamente estimulando o regresso de investigadores chineses no estrangeiro (entre 1978 e 2003 cerca de 700 mil chineses foram estudar para o exterior, especialmente EUA, Japão e Reino Unido). Estimando-se em cerca de 170 mil regressados, contribuíram fortemente para os afluxos de IDE e desempenharam um papel fundamental em todos os projectos científicos prestigiantes para a China, como o programa espacial ou o mapeamento do genoma humano. Os principais investimentos chineses no exterior prendem-se com recursos naturais e comunicações. África, América Latina, Ásia central e Médio Oriente são as regiões dominantes na estratégia chinesa. Exemplos são o investimento de mil milhões de dólares da Sinopec no Brasil, para a construção de um gasoduto; a Shanghai Baosteel investiu 1,4 mil milhões de dólares numa joint-venture com a brasileira CVRD e a CNPC – China National Petrol Corporation comprou a Petro-Kazakhstan por 4,2 mil milhões de dólares. Garantir o acesso a energias tornou-se mo principal determinante da política externa chinesa e o investimento estrangeiro é um dos instrumentos essenciais. A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Conquistar o acesso aos mercados externos e a tecnologias são motores do investimento chinês. Para von Zedtwitz, a tecnologia é a primeira razão para os investimentos directos das empresas chinesas nos países desenvolvidos. A compra do negócio de PC’s da IBM pela Lenovo, a joint-venture da TCL com a Thomson ou a aquisição da Rover pela Nanjing Automotive ilustram essa motivação. Outra estratégia prende-se com as multinacionais de telecomunicações que em vez de fusões e aquisições preferem estabelecer centros de I&D na Suécia ou nos EUA, como são os casos da Huawei e da ZTE, respectivamente. Von Zedtwitz sugere dois padrões nas empresas multinacionais chinesas no que toca a redes de I&D: 1) reforço da capacidade inovadora, de modo a compreender e liderar o desenvolvimento tecnológico por via de aquisição de conhecimento nos países desenvolvidos; 2) exploração da capacidade inovadora: transferir tecnologia e conhecimento técnico absorvido anteriormente e adaptá-lo nos países em desenvolvimento. 30 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Ambições diferentes Porter argumentava que as estratégicas genéricas de internacionalização (liderança de custos, diferenciação) poderiam ser aplicadas a uma escala global, resultando em vantagens de custos ou diferenciação global. Por sua vez, Prahalad e Doz (1987) incidiam na dependência do êxito da internacionalização da capacidade de coordenar e integrar as actividades ao mesmo tempo que se assegurava a reposta à procura e aos diferentes mercados locais nacionais. Já Levitt (1983) propunha que o foco estratégico obrigava à padronização de produtos e marketing numa esfera global. Mas autores como Stonehouse, preferem autonomizar diferentes estádios: desenvolvimento da estratégia nuclear, a pedra da vantagem competitiva, a internacionalização desse nivelo que implica adaptação, a globalização da estratégia de internacionalização, com a integração pelos diferentes países e, num patamar superior, as estratégicas transnacionais, qual simbiose das necessidades globais e locais, que obriga a uma forte gestão geográfica que permita pronta resposta aos mercados locais; à forte gestão que veicule e eficiência e padronização de produtos, racionalização e baixo custo, uma forte gestão operacional que potencie a transferência de competência fundamentais no seio da organização. Em “China: The next science superpower?”, James Wilsdon e James Keeley (2006) 11 reflectem sobre a meta anunciada pelo Presidente Hu Jintao em Janeiro de 2006 de “no final de 2020 a China atingirá uma influência mundial no campo da C&T, qualificando-se para o ranking dos países mais inovadores”. mundial e um conjunto de excelentes universidades. Mas a cooperação entre o mundo académico e empresarial tem sido escassa, também porque as empresas ainda não privilegiam a I&D. Cientes de que à excepção das ligadas ao petróleo e gás, como a PetroChina e a CNOOC, poucas empresas chinesas têm um impacto determinante nos mercados globais, há que inovar também no plano institucional. Huawei, Lenovo e Haier tornaram-se familiares no exterior e partilham da prioridade à I&D Huawei e ZTE são dois exemplos de empresas chinesas orientadas para a expansão internacional em países desenvolvidos e em desenvolvimento, Ambas com origem em Shenzhen, a primeira cidade alvo das políticas reformistas iniciadas por Deng Xiaoping. Um estudo recente da IntraLinks, baseado num inquérito a 200 operadores da Ásia, estima que as empresas chinesas serão as mais dinâmicas na aquisição de empresas nos EUA e Europa. 11 “The Atlas of Ideas: Mapping the new geography of science”. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 31 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia O sistema de inovação chinês tem sido sustentado por institutos de investigação de classe No passado recente, os principais alvo foram os recursos naturais de África e América Latina, mas também as empresas de serviços financeiros aparecem com maior visibilidade nos mercados internacionais. Huawei Fundada em 1988, a Huawei Technologies é a maior empresa de equipamento para telecomunicações e fornece produtos e serviços para mais de 300 operadores em mais de 90 países, incluindo 22 dos principais 50 operadores do mundo. Em 2005, empregava cerca de 24 mil pessoas, dos quais 3400 no exterior, tendo em conta de 48% dos trabalhadores estão associadas a actividade de I&D, que corresponde a 10% das receitas anuais, conforme divulga a empresa no seu relatório de actividades. Os cerca de 10 mil engenheiros que trabalham na empresa, 40% dos quais pós-graduados, desenvolvem patentes e outros direitos de propriedade intelectual, permitindo que a Huawei atinja uma quota significativa de vendas em vários segmentos numa escala global. A visão é “enriquecer a vida pela comunicação”, focalizando nas necessidades dos clientes e “fornecendo excelentes soluções no sentido de criar o máximo de valor para o cliente”. As forças motrizes da estratégia, identificadas pela própria empresa são o “ser internacional”, ter o “foco no cliente”, uma “gestão transformadora”, a promoção de parcerias e uma “I&D robusta”. As vendas no exterior aumentaram de 50 milhões de dólares em 1999 para 2,24 mil milhões em 2004, correspondendo a 41% das vendas totais da empresa e, em 2005, superaram, A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia pela primeira vez, as vendas no mercado doméstico. Para a Huawei, “mercados estratégicos como a Rússia, Tailândia, Hong Kong, Singapura, Índia, Paquistão, Indonésia, Malásia, Brasil, Egipto, Arábia Saudita, Nigéria, Quénia, Zimbabwe e Bulgária tornaram-se as maiores bases de vendas da empresa, contribuindo decisivamente para a expansão do Mercado”. Assumindo uma estratégia diferente da Lenovo e da TCL, que realizaram aquisições importantes de empresas estrangeiras, a Huawei preferiu aproveitar “a maior vantagem da China que é o desenvolvimento de baixo custo”. Instalou quatro centros de I&D no país e também quatro centros além fronteiras, visando o reforço da inovação tecnológica e de produtos. A selecção geográfica internacional depende dos talentos disponíveis. Na Suécia, o centro de I&D está instalado em Kista, a noroeste de Estocolmo, beneficiando dos recursos humanos qualificados do país de origem da Ericsson, onde recrutou muitos engenheiros. Da mesma forma, na Índia, com uma boa pool de engenheiros, dada a quantidade de empresas de TIC e a elevada qualidade dos graduados. Nos EUA; Dallas foi eleita pela proximidade de dois concorrentes chave da Huawei, a Lucent e a Cisco, que produziram talentos na concepção de chips e tecnologias móveis. Finalmente, a Rússia tem uma tradição na produção de talentos na programação informática e em matemática. 32 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais ZTE Criada em 1985, a Zhongxing Telecom Equipment Company (ZTE) é a maior fabricante de equipamento de telecomunicações da China, estando cotada nas bolsas de Shenzhen e Hong Kong. Produz sistemas de comunicações móveis a aplicações e serviços de software para mais de 150 clientes de 60 países. Emprega cerca de 25 mil pessoas, das quais 60% altamente qualificada, estando 32.5% afectos à I&D, que representa anualmente 10% das vendas da empresa. A visão da empresa, bem patenteada no seu site, é alcançar, em 2008, o estatuto de uma “verdadeira empresa global e local, com 50% das vendas geradas no exterior”, “liderar a indústria de telecomunicações através de um crescimento sustentado e inovação permanente”, com uma renovação constante do processo de negócio e uma “produção e I&D de baixo custo de forma a manter os preços competitivos”. O lucro consolidado aumentou 27% entre 2002 e 2004, e a taxa media de crescimento das receitas foi de 21% – as geradas no exterior ascendem a 566 milhões de dólares, representando 21,5% das vendas de 2004,.mais dez pontos percentuais do que em 2003. Além dos mercados em desenvolvimento, os alvos da ZTE são a Noruega, Grécia e Hong Kong. De forma a minimizar o risco de investimento e contornar eventuais obstáculos culturais, a estratégia tem-se pautado pela instalação de centros de I&D, seguida de escritório de vendas. A empresa tem 12 centros de I&D, 7 dos quais na China e 5 no exterior (3 nos EUA, 1 na Suécia e 1 na Coreia do Sul), cada um com objectivos específicos: o sueco vocacionado para as tecnologias 3G, ao passo que os norte-americanos visam facilitar a A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia recolha e troca de informação. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 33 CONCLUSÃO Os clichés normalmente atribuídos à China e Índia estão a ser mitigados pela actuação das multinacionais dessas economias emergentes. Do lado da China, malgrado a pressão por assegurar fontes energéticas alternativas ao Médio Oriente, em África e Rússia, há um esforço, sinalizado pelos líderes políticos, no sentido de ganhar projecção internacional como fornecedores de conhecimento e não apenas capacidade de adaptação tecnológica. Por sua vez, a Índia, no que refere ao dinamismo internacional, estando muito dependente da sua base de recursos humanos especializada em ciência e tecnologia e das empresas associadas às TIC, procura progredir nos segmentos de maior valor acrescentado e potencial de crescimento no seio da indústria farmacêutica, atenuando o rótulo de mero produtor de medicamentos genéricos. Figura 11 China e Índia globais China Transportes (Aeronáutica, Automóvel e Construção naval) Índia 12 10 8 Outros 6 Telecomunicações e TIC 4 2 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia 0 Electrodomésticos e electrónica de consumo 34 | da Sphera | Novembro 2007 Tradicionais (alimentação e têxtil) Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Gráfico 5 Distribuição sectorial das multinacionais de China e Índia em % do total de empresas 30,0 25,0 20,0 21,7 15,0 23,9 23,8 19,6 19,6 19,0 19,0 14,3 10,0 8,7 5,0 6,5 0,0 9,5 9,5 4,8 0,0 China Índia Transportes (Aeronáutica, Automóvel e Construção naval) Telecomunicações e TIC Tradicionais (alimentação e bebidas, têxtil) Pesadas (petrolíferas, químicas, siderurgia, construção) Electrodomésticos e electrónica de consumo Outros Farmacêutica Assim, podemos verificar que: a Índia tem um claro ascendente na internacionalização da sua indústria farmacêutica, comparativamente com a China que não tem qualquer representante neste ranking, com as suas três grandes multinacionais a apostar nos mercados desenvolvidos, sobretudo a Europa, para acelerar o crescimento, implantando mesmo centros de I&D e de produção locais; gigante nas telecomunicações à luz da China Mobile, mas, em contraponto, apresenta vantagem nos serviços, com dois players claramente globais como a Tata e a Infosys; cerca de um quarto das multinacionais de ambos os países centra-se no sector dos transportes, particularmente o automóvel, onde as estratégias passam sobretudo por joint-ventures com os maiores fabricantes internacionais e crescimento no segmento de componentes nos países desenvolvidos; nas indústrias tradicionais, a China mantém um forte pendor de internacionalização das suas têxteis, ao passo que a Índia preserva um certo protagonismo na alimentação e bebidas, até pelas recentes aquisições da Tata Tea; finalmente, no que respeita às indústrias vocacionadas para bens de consumo – electrodomésticos e electrónica – as 11 multinacionais chinesas (5 produtoras de electrodomésticos e 6 de electrónica) concorrem com apenas uma indiana, cuja estratégia está focalizada no plano regional. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 35 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia noutra área de forte conteúdo tecnológico, associada às TIC, à Índia falta um ANEXO As Multinacionais Emergentes A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Em 2006, o Boston Consulting Group divulgou um ranking das multinacionais emergentes: 36 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais AUTOMÓVEL Bajaj Auto Finance Limited (BAFL) País de Origem: Índia Rede: 50 países (250 mil unidades exportadas em 2005-6) Presença dominante: Sri Lanka, Colômbia, Bangladesh, México, América Central, Peru e Egipto Internacionalização: A Bajaj Auto é o maior exportador indiano de veículos com 2 e 3 rodas. Em 2005/6, as exportações de 250 mil unidades representou um crescimento de 27%, com as exportações a representarem 11% do volume e 12% das vendas líquidas. Exportações da BAFL (Índia) 300000 250204 milhares de unidades 250000 196710 200000 156007 150000 94241 100000 50000 32610 31142 1999/00 2000/01 44310 0 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 China FAW Group Corporation País de Origem: China Rede: Originalmente designada por First Automotive Works, quando criada em 1953, a FAW está no top-10 das maiores empresas chinesas. Em 1991, numa parceria com a Volkswagen, foi criada uma unidade com a capacidade de produzir 150 mil unidades. Em 2002, foi fundida com a Tianjin Automobile Industry Corporation, iniciando uma parceria com a Toyota. Actualmente, a estratégia focaliza-se na produção de automóveis, mantendo uma posição dominante na produção de veículos de mercadorias, a sua actividade inicial. A FAW tem 27 subsidiárias e 20 participadas, com unidades de produção no norte e sudoeste do país. Os activos ascendem a 102,4 mil milhões de yuan (12,4 mil milhões de dólares), as vendas somam 7 milhões de unidades, exportando para 70 países, e tem mais de 132 mil trabalhadores. A parceria com a Toyota envolve uma fábrica em Tianjin, que produz, desde 2003, um SUV compacto (Terios), com capacidade de produção de 10 mil unidades anuais num Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 37 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia 2001/02 investimento de 96,5 milhões de yuan, e o Corolla, desde 2004, com capacidade de 50 mil unidades/ano, envolvendo um investimento de 217,6 milhões de yuan. Uma segunda fábrica na mesma cidade, a norte de Pequim, iniciou actividade em Março de 2005, tendo capacidade de produzir anualmente 150 mil berlinas de luxo. Representa um investimento de 2,2 mil milhões de yuan. Ainda em 2005 é celebrada uma parceria com a japonesa Mazda e com a americana Ford para fabrico de radiadores de alumínio, exportados para a Europa e EUA. A Changchun Fawer-Johnson Controls Automotive Systems Company Ltd. (FJC), criada em 2001, resulta de uma joint-venture com a americana Johnson Controls Inc. para produção de interiores de automóvel, detendo seus fábricas e dois empregados. O grupo FAW foi classificado em 44.º lugar na Fortune Global 500 em 2005, com vendas de 13,825 mil milhões de dólares. Presença Dominante: China, Rússia, Ucrânia Vendas e Exportações da FAW 117,3 120 1000000 unidades 140 100 800000 80 600000 60 400000 30,22 40 200000 mil milhões de yuan 1200000 20 0 0 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 vendas de veículos Facturação China National Heavy Duty Truck Group Corporation (CNHTC) País de Origem: China Rede: As vendas em 2006 superaram as 300 mil unidades, traduzindo um crescimento de 25% relativamente ao ano anterior. Desde 2000, o mercado tem sido partilhado por quatro produtores, China National Heavy-duty Truck Group Co., Ltd. (CNHTC), Shaanxi Automobile Group Co., Ltd. (Shaanxi Auto), Beiqi Foton Motor Co., Ltd (Foton), e Chongqing Hongyan Motor Co., Ltd (Hongyan). A quota de mercado da CNHTC aumentou de 4.43 para 19,8% Dongfeng (DFL) País de origem: China Rede: A maior joint-venture automóvel chinesa, Dongfeng Motor Company Limited (DFL), tem na fábrica de Guangzhou Huadu a capacidade de produzir 150 mil unidades Nissan, num 38 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais investimento de 220 milhões de dólares. A Dongfeng, que significa “vento de leste” foi criada em 1968, no âmbito da estratégia de Mao Zedong – localizada no interior, na província do Hubei, para ficar protegida da “invasão” estrangeira. As vendas estimadas para 2007 são de 620 mil unidades, duplicando o volume de 2003, bem como o valor, que deverá superar 9,6 mil milhões de dólares. Os lucros operacionais devem atingir mil milhões de dólares, 10% das vendas previstas. A Dongfeng Motor Corporation é a segunda dos "Big Five" fabricantes chineses de automóveis (com a First Automobile Works, Shanghai Automotive Industry Corporation, Chang'an Motors e Chery Automobile). No seu universo destacam-se a Dongfeng Peugeot-Citroën Automobile – com o grupo PSA, a Dongfeng Motor Company, com a Nissan, a Dongfeng Honda Automobile Company – com a Honda, a Dongfeng Nissan-Diesel Company – com a Nissan (veículos pesados), a Dongfeng Yueda Kia Automobile Company – com a Kia, e a Dongfeng Liuzhou Motor Company – subsidiária para produzir uma futura mini-van. A empresa tem ainda uma participação de 10% do importador da Honda para a província de Guangdong, a Honda Automobile (China) Company. Tem fábricas em Shiyan, Xiangfan, Wuhan e Guangzhou. Em Setembro de 2003, DFM deslocou o seu centro operacional de Shiyan para Wuhan. No final de 2004, os activos totais atingiam os 76,89 mil milhões de yuan, cm um activo liquido de 33,9 mil milhões de yuan e mais de 106 mil trabalhadores. TVS Rede: Criada em 1911, o universo actual da TVS engloba 30 empresas, com mais de 40 mil trabalhadores e receitas de 2,2 mil milhões de dólares. As actividade nucleares são a produção de veículos de duas rodas (terceiro nacional e no top-10 mundial), componentes automóvel e periféricos informáticos. Presença dominante: Ásia Mahidra & Mahidra País de Origem: Índia Rede: A Mahindra & Mahindra Limited (M&M), criada em 1945 para o fabrico de tractores agrícolas e comerciais ligeiros, é a bandeira da do grupo Mahindra, facturando cerca de 3 mil milhões de dólares e empregando cerca de 12 mil pessoas nas 8 fábricas e 49 escritórios de vendas. A expansão para actividades associadas às tecnologias de informação, serviços comerciais e financeiros e desenvolvimento de infra-estruturas conduziu à separação das áreas de negócios – Mahindra Systems and Automotive Technologies (MSAT), de forma a focalizar nas componentes e serviços de engenharia. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 39 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia País de origem: China Concretizou uma joint-venture com a Renault para produzir o utilitário Logan e com a americana International Truck & Engine Corporation para a produção de autocarros e carrinhas na Índia Emprega 11,600 mil pessoas e tem 8 fábricas e 49 escritórios de vendas que apoiam uma rede de 780 agentes no país. Nanjing Automobilie ou YUEJIN MOTOR País de Origem: China Rede: Com uma capacidade de produção anual de 180 mil veículos nas suas três bases de produção - Nanjing Yuejin, Nanjing Iveco e Nanjing Fiat – cobre mais de 400 modelos, entre pesados e ligeiros, de passageiros e comerciais. Exporta para a Argentina, África do Sul, Costa do Marfim, Namíbia, Djibuti, Tanzânia, Chipre, Togo, Itália, Espanha. Presença dominante: África, América Latina e Europa Wangxiang Group Corporation País de origem: China Rede: Criado em 1969, com sede em Xiaoshan, Zhejiang, emprega 20 mil pessoas e é a segunda maior empresa privada, com parcerias com a Volkswagen, Citroen, Toyota, Iveco e Isuzu. É líder do sector de componentes doméstico e ambiciona adquirir o negócio de componentes da Delphi Corporation. Nos finais de 2004, a empresa tinha 30 fábricas na China, 31 mil empregados e dois mil milhões de dólares de facturação. Agora tem 40 mil trabalhadores e um negocio de 4,2 mil milhões de dólares, estando envolvida no A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia desenvolvimento de infra-estruturas de larga escala na agricultura aquacultura, imobiliário e uma programa, “China Bridge”, para apoiar as empresas americanas na China. 40 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais SIDERURGIA Bharat Forge (BFL) País de Origem: Índia Rede: Criada em 1961, faz parte do universo do Kalyani Group, que actua também nos sectores siderúrgico e químico e nos serviços de TIC, com resultados globais de 1,5 mil milhões de dólares e uma força de trabalho de 10 mil pessoas. A BFL tem 9 unidades de produção em 6 países (2 na Índia, 3 na Alemanha, 1 na Suécia, 1 na Escócia, 1 nos EUA e 1 na China). Visão: Líder mundial em 2008. Internacionalização: Em 2004 adquiriu a Carl Dan Peddinghaus (CDP), a segunda maior empresa do sector na Alemanha, a seguir à CDP Aluminiumtechnik; em 2005, adquiriu a Federal Forge – agora Bharat Forge America Inc –, que permite a presença nos EUA, um dos seus maiores mercados. Seguidamente, aquisições da Imatra Kilsta, AB, da Suécia, bem como da subsidiária escocesa Scottish Stampings, (as duas empresas constituem actualmente a Imatra Forging Group). Em Dezembro de 2005, a Bharat Forge celebrou uma joint-venture com a FAW Corporation – um dos maior grupos do sector da China. RELIANCE GROUP País de origem: Índia de dólares, metade das quais resultantes de exportações, aproveitando o estatuto de maior produtor mundial de poliester. Dedicada à exploração e produção de petróleo e gás, refinação e marketing, petroquímicos, têxteis e retalho, o grupo tem 25 mil trabalhadores, com unidades de produção na região ocidental, em Naroda (têxtil), Patalganga (fibras), Hazira (plástico e poliester) e Jamnagar (petróleo). Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 41 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Rede: O Reliance Group é a maior empresa privada indiana com receitas de 22 mil milhões Baosteel País de origem: China Rede: A Shanghai Baosteel Group Corporation foi criada em 1998, fruto da integração da Baoshan Iron and Steel (Group) Corporation, a Shanghai Metallurgical Holding Group Corporation e a Shanghai Meishan Group Co., Ltd. Tem 22 subsidiárias, 9 das quais no estrangeiro, 14 empresas (duas das quais internacionais) e 24 participadas. Do universo de empresas, 11 actuam no sector da metalurgia e siderurgia, 2 são financeiras e 8 comerciais. Estabeleceu acordos de cooperação com a First Automobile Group Corp of China, Shanghai Automobile Industry (Group) Corporation e Dongfeng Automobile Corporation, os três A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia maiores fabricantes de automóveis da China. 42 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais TELECOMUNICAÇÕES E TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO LENOVO País de Origem: China Rede: Líder no Mercado de PC’s com mais de 19 mil trabalhadores. A sede administrativa está em Nova Iorque, com as operações principais em Pequim e Raleigh, na Carolina do Norte. Em 1984, um grupo de 11 engenheiros criou a Legend que, quinze anos depois vendia um milhão de computadores. Em 2003, depois da alteração da designação para Lenovo - adoptando o “le” de legend e o “novo”, a expressão latina para inovação – avançou para a aquisição da divisão de computadores pessoais da IBM, tornando-se líder no mercado global de PC’s com receitas anuais de 13 mil milhões de dólares. Além de Pequim e Raleigh, tem centros de I&D em Shenzhen, Xiamen e Chengdu, na China, e no Japão e fábricas em Xiamen e Shanghai Huawei País de origem: China Rede: A Huawei Technologies fornece 31 dos 50 maiores operadores mundiais, com cerca de mil milhões de utilizadores no mundo. No segmento wireless, redes, aplicações e software e terminais, emprega 61 mil trabalhadores, 48% dos quais dedicados à I&D. Na China, a empresa tem sede em Shenzhen e centros de I&D em Shanghai, Shenzhen, Beijing e Nanjing. Dallas (nos EUA), Estocolmo (Suécia) e Moscovo (Rússia), além dos domésticos, em Pequim, Shanghai, Nanjing, Shenzhen, Hangzhou e Chengdu. No final do terceiro trimestre de 2006, 68% das vendas tinham origem no mercado internacional, onde detém uma rede de mais de uma centena de escritórios. A Huawei estabeleceu oito sedes regionais por todo o mundo, para atender a todas as necessidades dos clientes e suportar sua expansão global: a penetração na Europa data de 2000 e actualmente tem 26 escritórios, um centro de I&D na Suécia e um espaço de testes e exposição na Holanda, centro de assistência técnica em Basingstoke no Reino Unido. Em 1996, começou a trabalhar a Rússia e, um ano depois, estabeleceu um escritório de representação em Moscovo e uma joint venture BETO-Huawei na UFA. Actualmente, tem escritórios em 14 cidades russas e em 8 no espaço CIS. Por sua vez, a FutureWei é a subsidiária da Huawei na América do Norte, fundada em 2001 em Plano, Texas, no coração do “corredor” das telecomunicações. Na região do Médio Oriente, a Huawei MENA tem sede no Egipto e 20 escritórios de representação que asseguram a distribuição dos produtos em 22 países da região; em África, Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 43 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Os centros de investigação globais estão localizados em Bangalore (Índia), Silicon Valley e a sede na África do Sul cobre 39 países, fornecendo soluções 3G para o segundo maior operador móvel na Mauritânia e o maior operador móvel o Quénia, a SAFARICOM. Na América Latina começou a operar em 1997, abrindo o primeiro escritório de representação no Brasil, seguindo-se um centro de formação em tecnologia, localizado em Campinas, São Paulo. Nesta região, as vendas aumentaram de 73 para 183 milhões de dólares entre 2003 e 2004, empregando 500 engenheiros. Em 2005, as vendas atingiram os 8,2 mil milhões de dólares, 58% com origem nos mercados internacionais. A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Visão: no top-5 mundial do sector até 2008 Presença dominante: 44 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais BOE Technology Group Company País de origem: China Rede: Fundada em Abril de 1993, a BOE Technology Group Co., Ltd é uma empresa tecnológica listada na Shenzhen Stock Exchange. Treze anos depois do lançamento, a BOE tem obtido um crescimento rápido, com receitas de 54,8 mil milhões de yuan, em 2005, dos quais 13,46 mil milhões originados na principal actividade, correspondendo a um aumento de 100 vezes os 120 milhões de yuan facturados no primeiro ano de actividade, o que permite classificar-se com a terceira das maiores empresas electrónicas da China. O cerne da actividade da BOE é o fabrico de monitores. Por exemplo, é o 9.º maior produtor dos écrans planos com tecnologia LCD (TFT-LCD Display) e o 5.º de monitores de equipamentos móveis. Tem 5 centros de I&D e 6 unidades de produção na China e Coreia do Sul, empregando mais de 15 mil pessoas no mundo Internacionalização: Alianças globais estratégicas: Empresas do Japão, Coreia do Sul, EUA, Europa e Sudeste asiático em termos de tecnologia e comércio. Certificação internacional: a generalidade dos produtos da BOE são certificados, com a casamãe e as subsidiárias certificadas com o certificado de qualidade internacional ISO9000. A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Recursos humanos internacionais BYD Company País de Origem: China Rede: Fundada em 1995 em Shenzen (Guangdong), é a segunda maior empresa de electrónica e de tecnologias de informação e emprega mais de 90 mil pessoas; produz Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 45 baterias para telemóveis (Li-ion, NiCd, NiMH), LCD/LCM, teclados, produtos de plástico e, no sector automóvel, veículos a gasolina para os segmentos de baixa e alta gama; Principais clientes: Motorola, Haier, Bird, TCL, General Electric, NIKKO. Visão: Marca de prestígio mundial a produzir berlinas de topo de gama. China Mobile Communications Corporation País de Origem: China Rede: Lançada em 2000, a China Mobile Communications Corporation tem activos superiores a 400 mil milhões de yuan (cerca de 50 mil milhões de dólares). Com sede em Hong-Kong tem subsidiárias em 31 províncias e é a empresa chinesa internacionalizada com maior valor, classificada no lugar 224 da Fortune 500 Ao fim de uma década a China Mobile estabeleceu uma rede com ampla cobertura, a maior do mundo, e carteira de clientes atingia, no final de 2006, 301,23 milhões de subscritores. Em 2004, os operadores de telecomunicações eram exclusivamente chinesas: dias de rede fixa – China Telecom e China Netcom – dois de rede móvel – China Mobile (GSM) e China Unicom (GSM e CDMA) – bem como dois actores de menor dimensão – China Satcom e China Tietong. A China Telecom opera sobretudo nas províncias do sul, incluindo Shanghai, enquanto a China Netcom opera no norte, incluindo Pequim. No final de 2005, tinha 240 milhões de subscritores do serviço móvel e fornecia serviços GSM a 271 operadores de 206 países e serviços GPRS com 93 operadores de 101 países. A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Com uma estratégia agressiva de expansão para o exterior, o grupo estabeleceu um escritório: PTCL Inc. do Paquistão, e uma OPA sobe a China Resources Peoples Telephone Company Ltd. de Hong Kong. Além disso estabeleceu um acordo com a UNITEL Inc. do Iemen para proporcionar gestão de serviços de consultoria em projectos de comunicação. Já em 2007 manifestou a intenção de adquirir 88,86% da Paktel, o quinto maior operador móvel do Paquistão, oferecendo 284 milhões ao Millicom International Cellular SA . O Paquistão segue a China e a Índia em termos de dinamismo do mercado de telecomunicações móveis, acrescentando 28,9 milhões de subscritores do serviço em 2006, mais 147% relativamente ao final de 2005. Os seis operadores que actuam no país têm um total de 48,5 milhões de subscritores, representando 31% da população de 169 milhões de pessoas. Founder Group País de origem: China Rede: É o segundo maior vendedor de PC’s da China. Foi fundado em 1986 e emprega 20 mil trabalhadores, tendo 5 empresas cotadas nas bolsas de Shanghai, Shenzhen, Malásia e Hong Kong, bem como 20 subsidiárias e parcerias domesticas e internacionais. 46 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Em 2006, ficou em 10º entre as 100 maiores State Electronic and Information Enterprises, gerando receitas superiores a 25 mil milhões de yuan. Exporta para 30 países e regiões da Ásia do Pacífico, Europa e América. Em 2005 lançou uma subsidiária europeia, em Bruxelas. Satyam Computer Services País de origem: Índia Rede: A Satyam opera em 55 países, contando com cerca de 38 mil profissionais das TIC e centros de desenvolvimento na Índia, EUA, Reino Unido, UAE, Canadá, Hungria, Singapura, Malásia, China, Japão e Austrália. Fornece 541 empresas globais, 158 das quais listadas no Fortune 500. Infosys País de Origem: Índia Rede: A Infosys Technologies foi criada em 1981 em Bangalore. Hoje, tem mais de 69 mil trabalhadores no mundo inteiro, centrando-se na consultoria e serviços TIC a clientes globais – tem 30 filiais exteriores, rede iniciada nos EUA em 1987. Na Europa, a primeira filial foi criada no Reino Unido em 1996, seguindo-se a Bélgica, Alemanha e Suécia (1997), França (2000), Holanda (2001) e Suíça (2002). Em 2005, criou centros na República Checa e comprou a francesa RASInfo. Em 2006, os activos eram avaliados em 2 mil milhões de dólares para um lucro líquido de Wipro País de origem: Índia Rede: A Wipro é um dos principais fornecedores de serviços de I&D que permitem gerar receitas de 899 milhões de dólares e um lucro líquido de 169 milhões de dólares, manter parcerias estratégicas com 5 das 10 empresas mais inovadoras do mundo, 40 centros de excelência, 46 centros de I&D e 66 mil trabalhadores. O sector das TIC é o mais dinâmico, com um crescimento de vendas na ordem dos 35% em 2006, ou seja, 640,5 milhões de dólares, que justificam 70% das receitas totais. Presença dominante: Ásia TATA GROUP País de origem: Índia Rede: O gigante indiano engloba 96 empresas, empregando 246 mil pessoas em 7 sectores: Sistemas de informação, Engenharia, Materiais, Serviços, Energia, Produtos de consumo e Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 47 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia 555 milhões de dólares. Químicos. As receitas foram de cerca de 22 mil milhões de dólares em 2005/6, o que representa 2,8% do PIB indiano. AQUISIÇÕES DO GRUPO TATA 2000/2006 Empresa Tata Indian Hotels Alvo Starwood Group A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Tata Metaliks Tata Motors Trent VSNL 2005 Reino Unido Hind Lever Chemicals India Eight 'O Clock Coffee Company EUA 2005 automóvel 63.5% 7 milhões de euros 2005 química 36.5 2006 38 milhões de USD 2005 2004 100% 220 milhões de USD 2006 2006 2005 Reino Unido 2005 Australia 2005 India 2004 India 2004 India 2004 EUA 30% Alemanha 90% Suíça 90.38% India 100%) Usha Ispat, Redi Unit Tata Finance 2005 2006 2005 21% 12 milhões de euros 2005 Coreia do Sul 100% 102 milhões de USD 2004 Tailândia 67.11% 167 milhões de USD Singapura 100% Energy Brands Inc EUA 30% VSNL India 2002 Computer Maintenance Corporation (CMC) India 2001 Millenium Steel Joekels Tea Packers África do Sul 33.3% R.Checa serviços farmacêutica 2006 metalurgia automóvel siderurgia 2005 677 milhões USD 2006 910 mil libras 2006 11.60 milhões de libras 2006 2005 EUA 100% 31 milhões de USD Tetley Group Reino Unido 100% 271 milhões de libras INCAT International Reno Unido alimentação e bebidas 2000 2005 Hughes Telecom (India) India 50.83% Landmark India 76% Tata Power Broadband India Teleglobe International EUA 2005 Tyco Global Network EUA 2004 Dishnet DSL's ISP division India 2004 Gemplex EUA 2003 48 | da Sphera | Novembro 2007 alimentação e bebidas 2006 India Espanha hotelaria 2002 Chile Financial Network Services Phoenix Global Solutions Aviation Software Development Consultancy India (ASDC) Airline Financial Support Services India (AFS) Indigene Pharmaceuticals Inc Tertia Edusoft GmbhTertia Edusoft AG 100% India Good Earth Corporation & FMali Herb Inc Tata Teleservices 2005 9 milhões USD Alemanha JEMCA Tata Tech 29 milhões USD Marrocos NatSteel Asia Tata Tea 100% Indo Maroc Phosphore S.A. (IMACID) Daewoo Commercial Vehicle Company Tata Sons Austrália India Hispano Carrocera Tata Steel Ano operação Regent Hotel (actual Taj Lands End) Pearl Group Tata Interactive Valor EUA Tata Consultancy Tata Infotech Services Comicrom Tata Industries Participação The Pierre Tata Autocomp Wündsch Weidinger Systems Tata Chemicals Brunner Mond Tata Coffee País TIC e telecomunicações 2002 24,09 milhões de USD 2005 2005 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais A compra, pela VSNL, em Fevereiro de 2006, da Teleglobe, um dos principais fornecedores de serviços de telecomunicações, incluindo serviços móveis, IP e de voz, permitiu alargar a rede a 240 países e aceder a 5 satélites geo-estacionários e 30 estações terrestres dedicadas. Na área da consultoria, o braço do grupo é a TCS, que iniciou funções em 1968 e está presente em 34 países. Na região da Ásia do Pacífico, tem 14 escritórios nas 10 maiores economias, cobrindo 90% do PIB da região, contando entre os clientes regionais empresas como a Microsoft, General Electric, Hewlett-Packard, Hutchison 3G Telecommunications, Visa International, IBM, National Australia Bank, AIG General, Shinsei Bank, Singapore Exchange(SGX), Motorola, Takaful Malaysia e Bank Negara Indonesia. A filial chinesa está implantada em Shanghai, desde 2002, mas também mantém um escritório em Pequim. No Japão, a TCS opera desde 1987 com cerca de 500 consultores para clientes como a Toshiba, Michelin, Shinsei Bank ou Citigroup Services Japan. A TCS foi a primeira empresa de software asiática a entrar na Europa, onde detém 17 escritórios em 10 países, com uma rede de mais de 3 mil consultores. Deutsche Bank, ING, ABN Amro, Philips, Rabo Bank, Belgacom, Ericsson, Nokia, BNP Paribas, Man B&W, TUI, Post Denmark, UBS, Societe Generale, Airbus Industrie, Royal Bank of Greece são clientes que beneficiam de dois centros de distribuição, na Hungria e Luxemburgo, e das sinergias subjacentes às parcerias com a SAP, Microsoft, IBM e Oracle. O histórico do grupo nos EUA remonta a 1971, sendo o primeiro grupo indiano a estabelecer de 50 escritórios com 9 mil profissionais especializados, na área automóvel (Detroit), hightech (Sunnyvale), I&D (Chicago), um laboratório em Minneapolis e um centro de formação em Buffalo, que geram 60% das receitas da TCS. A Tata Motors é a maior empresa automóvel da Índia, liderando os segmentos de veículos comerciais e garantindo a vice-liderança nos passageiros. Criada em 1945, emprega 22 mil pessoas e possui fábricas em Jamshedpur (este), Pune (oeste) e Lucknow (norte), com cerca de 2 mil pontos de venda no país e, no exterior, tem unidades de montagem na Malásia, Quénia, Bangladesh, Ucrânia, Rússia e Senegal. Em 2004 adquiriu a Daewoo Commercial Vehicles Company, a segunda maior produtora de carrinhas da Coreia, em 2005, adquiriu 21% da Hispano Carrocera, uma fabricante espanhola de autocarros e em 2006 estabeleceu uma joint-venture com a brasileira Marcopolo, para fabricar e montar autocarros. Estas operações traduziram-se num crescimento de 30% das vendas (555 mil unidades vendidas) que se traduziu num reforço da quota, de 55 para 64% nos comerciais, e de 16,4 para 16,7% nos passageiros. As exportações aumentaram 17%. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 49 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia operações na América. O primeiro escritório surge em Nova Iorque em 1979, hoje são mais Posicionamento internacional do grupo TATA Empresa Tata Indian Hotels Perfil Taj Hotels Resorts and Palaces: 18 hoteis Internacionalização Maldivas, Maurícias, Malásia, Austrália, Reino Unido, Butão, Sri Lanka, Africa e Médio Oriente Tata Autocomp Systems 14 joint-ventures (a primeira com a Johnson (TACO) Controls) França, EUA, Alemanha e Japão Tata Consultancy Services Receitas de 1,1 mil milhões de dólares em 2006 Ásia do Pacífico, China, EUA, América Latina, Espanha e Portugal, Japão, Coreia, Médio Oriente, África do Sul, Reino Unido e Irlanda, EUA e Canadá Tata Motors Receitas de 5,5 mil milhões de dólares em 2006 Fábricas: Malásia, Bangladesh, Quénia, África do Sul, Ucrânia e Rússia; Centros I&D: Coreia do Sul, Espanha e Reino Unido Tata Steel EUA, Reino Unido, Dubai, África do Sul, Sri Lanka, Nepal, Bangladesh, Shanghai, Hong Kong e Singapura ZTE Corporation País de origem: China Rede: A Zhongxing Telecom Equipment Company (ZTE) foi criada em 1985, com sede em A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Shenzhen. Opera em mais de 100 países, sendo fornecedor global de telecomunicações fixas e moveis e soluções de rede. Tem 27 mil trabalhadores e gerou, em 2005, receitas de 2,6 mil milhões de dólares, dos quais 10% é aplicado em I&D – tem 12 centros de I&D, 5 dos quais for a da China (3 nos EUA, 1 na Suécia, dedicado à tecnologia 3G, e 1 na Coreia do Sul). As receitas internacionais mais do que duplicaram, para 566 milhões de dólares, aumentando o seu peso nas receitas totais de 11,5 para 21,5%. A ZTE vem optando por uma estratégia de internacionalização assente em parcerias com actores locais, seja no âmbito da distribuição de serviços, com a Ericsson ou Alcatel, seja na esfera das aplicações, com a Switchcore. 50 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Presença da ZTE nos mercados internacionais Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 51 AERONÁUTICA China Aviation Industry Corporation (AVIC) País de Origem: China Rede: A AVIC foi dividida em duas grandes empresas estatais: a AVIC I desenvolve e produz aviões militares – mais de 15 mil aviões, 50 mil motores e mais de 10 mil mísseis; tem 31 centros de I&D numa rede de 100 instituições em 16 províncias, reforçando a capacidade de cooperação no desenho e produção de fluxos de informação; a AVIC II detém 54 empresas industriais e três centros de investigação na actividade aeronáutica comercial, incluindo a produção de helicópteros, aviões, motores e equipamento de bordo, e, fora do sector da aeronáutica, automóveis, motorizadas, máquinas têxteis, equipamento farmacêutico. As A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia duas frentes empregam 210 mil pessoas e controlam activos de 31,5 mil milhões de yuan. 52 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais ELECTRODOMÉSTICOS E ELECTRÓNICA DE CONSUMO HAIER País de origem: China Rede: A Haier foi fundada em 1984, com sede em Qingdao, na província de Shandong. Nessa altura, produzia apenas um modelo de frigoríficos, hoje líder na linha branca. O catálogo engloba 15 mil especificações distintas de 96 categorias de produtos – frigoríficos, ar condicionado, máquinas de lavar, televisores, telemóveis, computadores, aquecedores, DVD – que são vendidos em mais de 100 países. Tem 240 subsidiárias, 110 centros de design, fábricas e empresas comerciais e emprega mais de 50 mil trabalhadores. Tem fábricas nos EUA, Itália, Paquistão, Jordânia e Nigéria As receitas globais em 2005 foram de 103,4 mil milhões de yuan. Visão: Marca global – no exterior detém 15 complexos industriais, 30 bases de produção e 8 centros de decisão e 50 mil agentes. Presença dominante: Na China, a quota nos produtos líder – frigoríficos, ar condicionado e máquinas de lavar – é de 30% e a expansão internacional passou pelo estabelecimento de parcerias com as cadeias Suning e Gome. Nos EUA tem acordos de cooperações com as 10 maiores cadeias de distribuição – SEARS, Lowe's, HOME DEPOT, Best Buy, PC-Richard, WalMart, Sam's, Costco, BrandsMart e Target; tal como no Japão, com a YAMADA, KOJIMA e TCL País de origem: China Rede: Fundada em 1981, a TCL, sediada em Huizhou, é uma das maiores empresas de electrónica de consumo da China com receitas de 50 mil milhões de yuan em 2004 e 55 mil trabalhadores em 145 países. Há três anos comprou o negócio de televisores da Thomson, criando a TTE, que vende 23 milhões de televisores. Por sua vez, a divisão de telemóveis fornece os mercados europeu e sul-americano, depois de adquirir o negócio da Alcatel. Tem 18 centros de I&D e 20 unidades de produção. Chunlan Group Corporation País de Origem: China Rede: Chunlan Group Corp, criado em 1997, é um dos 50 maiores grupos chineses e focaliza-se nas áreas tecnológicas, numa lógica de diversificação e internacionalização. Tem 42 subsidiárias, incluindo 18 com base produtiva, e centros de investigação (Chunlan Research Institute, Chunlan College, Post-doctoral Working Station e State-level R & D Center. Vende em mais de 120 países e regiões, detendo 10 filiais exteriores. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 53 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia JUSCO; e na Europa, com a KESA, Media Market e Carrefour Actualmente tem três actividades pilares – electrodomésticos, automóvel e novas energias. Os principais produtos incluem aparelhos de ar condicionado, máquinas de lavar, desumidificadores, veículos de mercadorias, motorizadas, bicicletas eléctricas, baterias NiMH, motores, compressores de ar condicionado, etc. Presença dominante: EUA, Japão, França, Itália, Austrália, Nova Zelândia, Holanda, Singapura e Médio Oriente. Crompton Greaves País de Origem: Índia Rede: Nos últimos 69 anos, a Crompton Greaves, de Bombaim, é sinónimo de electricidade na Índia. É a maior empresa privada e opera no sector do equipamento e material eléctrico, e serviços relacionados com a energia, emergindo como uma primeira escolha global para equipamentos eléctricos de elevado conteúdo tecnológico. Exporta para mais de 60 países, especialmente a Ásia emergente e a América Latina. A Crompton Greaves comprou a belga Pauwels em Maio de 2005, tendo unidades de produção na Bélgica, Irlanda, Canadá, EUA e Indonésia. Esta aquisição catapultou a empresa para o top-10 dos produtos de transformadores do mundo e transformou-a numa multinacional indiana. As operações domésticas contam com 22 divisões de produção por Gujarat, Maharashtra, Goa, Madhya Pradesh e Karnataka, e quatro escritórios regionais de vendas em Delhi, Calcutá, Bombaim e Chennai. A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia GALANZ País de origem: China Rede: Fundado em 1978, em Guangdong, emprega mais de 20 mil pessoas, afectas a três áreas de produção: micro-ondas, ar condicionado e pequenos electrodomésticos. Vende em 200 países e vendas de 13 mil milhões de yuan com lucro de 700 milhões de dólares. Em 1993, produzia 10 mil micro-ondas e, dois anos depois, detinha uma quota de 25% do mercado doméstico. No final dos anos 90, as vendas ultrapassavam os 6 milhões de unidades, volume duplicado em 2001, ano em que apostou no equipamento de ar condicionado – vendeu um milhão de aparelhos em 2002, as vendas domésticas cresceram 50% e as exportações 1600%. Até ao final de 2007, a meta é colocar 12 milhões de unidades. GREE ELECTRICS País de Origem: China Rede: Foi fundada em 1991 no Zhuhai e tem 4 fábricas – Zhuhai, Danyang, na província de Jiangsu, Chongqing, nas China, e ainda uma no exterior, no Brasil. Emprega 15 mil pessoas 54 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais e tem capacidade de produzir 10 milhões de aparelhos de ar condicionado, avaliada em 400 milhões de dólares. Em 2003, as vendas da empresa superaram os 1200 milhões de dólares. Exporta para 180 países. Em Maio de 2001, a empresa investiu mais de 6 milhões de dólares para construir a unidade de Chongqing, que começou a funcionar em 2002, cobrindo a China ocidental. Em Agosto de 2003, outro investimento de 6,8 milhões de dólares foi realizado na ampliação da capacidade produtiva para os 2 milhões de unidades. Johnson Electric País de Origem: China Rede: Criada em 1959, a Johnson Electric foi pioneira na produção local de micro-motores em Hong Kong e a rápida expansão do segmento dos brinquedos motorizados consolidou o crescimento da empresa. Em 1982, a empresa deslocalizou para Shajing, junto da fronteira com Hong Kong, conhecida por “Johnson City". Tem mais de 80 fornecedores e as vendas passaram de 1,7 milhões de dólares em 1970 para 677 milhões em 2000 e 1526 milhões em 2006. As vendas na Europa já representam 40% do total. Além das três fábricas domésticas em Suzhou, Nanjing, Dalian, tem centros de produção no Reino Unido, França, Itália (Asti), Japão (Nagano), Hong Kong , EUA, Brasil e Argentina. Em termos de I&D, acumula centros em Itália, EUA, Japão e Hong-Kong, além de Shanghai e Shenzhen. Vendas da Johnson Electric 2006 2005 382 447 511 619 396 314 milhões de dólares A sia Europa 1526 1600 1400 1143 1200 1000 800 600 400 200 0 A merica 677 16 1980 126 1990 2000 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais 2005 2006 da Sphera | Novembro 2007 | 55 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Presença dominante: Ásia, América, Europa Hisense País de origem: China Rede: No sector dos electrodomésticos, telecomunicações e tecnologias de informação, imobiliário e comércio, a Hisense conta com 20 empresas e um activo líquido de 5,8 mil milhões de yuan. Tem capacidade para produzir 1 milhão de televisores, 3 milhões de ar condicionado, 4 milhões de telefones 1,6 milhões de frigoríficos, 1 milhão de computadores. Em 2005, as vendas de televisores atingiram 7,21 milhões, ar condicionado 1,67 milhões, 980 mil frigorificas e um milhão de telefones. Um aumento de 43% nas vendas de 2005, 33,4 mil milhões de yuan, atingindo a fasquia dos 50 mil milhões em 2006. Tem unidades de produção na África do Sul, Hungria, França, Paquistão, Argélia, Irão e escritórios de vendas nos EUA, Europa, Austrália e Japão numa rede de exportações que abrange 100 países. Visão: Uma das 500 maiores empresas do mundo e uma facturação de 100 mil milhões de yuan em 2010. KONKA País de Origem: China Rede: Criada em 1980 é a primeira empresa de electrónica de consumo não estrangeira. Os principais produtos são os televisores e telemóveis, mas também produz máquinas de lavar, ar condicionado, material de embalagem, etc. Tem 5 fábricas na China e na Índia, Indonésia, México e, recentemente, Turquia. A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Em 2003, as vendas domésticas de televisores cresceram 32.32% e as de telemóveis excederam as 1,6 milhões de unidades, mais 327% relativamente a 2002. Quota interna de 14.69% e o objectivo em 2007 é vender dois milhões de televisores com écran LCD, 800 mil dos quais para exportar. MIDEA País de origem: China Rede: Criada em 1968, a Midea, com sede em Shunde (Guangdong), está sobretudo ligada à indústria de electrodomésticos, imobiliário e logística. Em 2004, estabeleceu uma jointventure com a Royalstar-Maytag, da província de Hefei, e a Hualing, de Guangzhou. Emprega 70 mil trabalhadores sob 12 marcas, incluindo Midea e Welling. Possui 10 unidades de produção em Guangzhou e Zhongshan (Guangdong), Wuhu (Anhui), Wuhan (Hubei), Huai'an e Suzhou (Jiangsu), Kunming (Yunnan), Changsha (Hunan), Hefei (Anhui), Chongqing (Chongqing), além de filiais nos EUA, Alemanha, Japão, Hong Kong, Coreia do Sul, Canadá e Rússia. Em 2005, as vendas totais foram de 5,7 mil milhões de dólares, um aumento de 40% face ao ano anterior e as exportações superaram os 1,7 mil milhões de dólares, representando um aumento de 65%. 56 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Visão: Até 2010 atingir vendas no valor de 12,5 mil milhões de dólares Presença Dominante: Ásia, América, Alemanha e Rússia Skyworth País de origem: China Rede: A Skyworth, criada em 1988, é uma empresa pública proveniente de Guangdong, com sede em Shenzhen e com operações centradas em Hong-Kong. Fabrica produtos de electrónica para consumo, especialmente televisores e emprega 20 mil pessoas nas três fábricas – Gongming e Shiyan, em Shenzhen, e na Mongólia. Techtronic Industries Company País de origem: China Rede: A TTI, criada em 1985, é fornecedor mundial de equipamento vocacionado para o conforto energético. Gerou receitas de 22,4 mil milhões de dólares de HK em 2005, traduzindo um crescimento de 37%, e o lucro líquido atingiu os mil milhões de dólares. SVA Group Company País de origem: China Rede: Fundado em 1995, a reestruturação de 1997 tem permitido ao SVA Group crescer no mercado dos LCD, equipamento digital e electrodomésticos. Emprega 25 mil trabalhadores e apresentava uma facturação de 42,3 mil milhões de yuan em 2004. Visão: Em 2010, superar os 10 mil milhões de dólares de receitas Vendas da SVA 500 432,3 450 383,34 milhões de yuan 400 350 311,86 300 150 401,96 331,44 230,59 250 200 381,8 138,96 166,98 100 50 0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais 2003 2004 2005 da Sphera | Novembro 2007 | 57 A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Presença dominante: EUA, Bulgária, China, Paquistão, África do Sul e Argentina FARMACÊUTICOS CIPLA País de Origem: Índia Rede: Exportações de medicamentos, genéricos e produtos veterinários. Presença dominante: EUA, Reino Unido, Austrália, África do Sul, Hungria, Alemanha, Canadá, República Checa e Brasil Dr. Reddy’s País de origem: Índia Rede: Fundada em 1984 por Anji Reddy, cuja visão é estabelecer a primeira farmacêutica indiana global a partir de Ameerpet, Hyderabad. A empresa factura 546 milhões de dólares sendo a segunda do sector. Comercializa em 100 países e emprega 950 cientistas centrados na investigação da diabetes, doenças cardiovasculares, inflamação e infecções bacterianas; o negócio dos genéricos começou em 2001, sobretudo para os mercados americano e europeu. As receitas em 2006 foram de 546 milhões de dólares Tem escritórios de representação no Sri Lanka, Rússia, Ucrânia, Bielorússia, Casaquistão, Uzbequistão, China (em Jiangsu e Shanghai). Emiratos Árabes Unidos, Malásia, Quénia, Uganda, Tanzânia, Gana, Maurícias, Roménia, Albânia, Vietname, República Dominicana, Haiti, Camboja, Myanmar, Singapura, Venezuela, Trinidad, Jamaica, EUA, Suíça, Espanha; e tem filiais no Brasil, África do Sul, EUA, Reino Unido, Alemanha e México A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia Presença dominante: EUA, Europa,. Índia e Rússia. Ranbaxy País de origem: Índia Rede: Nacionalizada em 1973, uma das top-10 na produção de genéricos tem unidades de produção em 9 países (Índia, China, Irlanda, Índia, Malásia, Nigéria, Roménia, EUA e Vietname) e presença em 49 países, com produtos disponíveis em mais de 125 países. As vendas ascendiam 1,1 mil milhões de dólares em 2005, dos quais 75% provenientes dos mercados internacionais, sobretudo EUA (328 milhões de dólares, ou seja 28% das vendas totais), Europa (17%) e BRIC (31%). Além do peso, é significativo o ritmo, na medida em que apesar de continuar a crescer internamente – em 2004 as vendas foram de 202 milhões de dólares, mais 7,9% do que no ano anterior – apresenta um forte dinamismo comercial no Médio Oriente e Sri Lanka, com um crescimento de 34%. A Europa continua a ser o segundo motor do crescimento da empresa. Implantada no Reino Unido desde 1996, as vendas em 2004 superaram os 50 milhões de dólares (crescimento de 6%) e, na Alemanha, com genéricos para doenças cardiovasculares, diabetes, anti-inflamatórios, analgésicos e gastrointestinais, as vendas aumentaram 88% para os 26 milhões de dólares. Em França 58 | da Sphera | Novembro 2007 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais desde 2004, por via da aquisição da RPG, o negócio genérico da Aventis, as vendas superaram a fasquia dos 73 milhões de dólares, tornando-se no terceiro maior mercado da Ranbaxy, depois dos EUA e Índia. A leste, na Polónia, as vendas de 11 milhões de dólares em 2004 traduziram um crescimento de 41%, sobretudo no segmento dos antibióticos e fruto das parcerias locais (GlaxoSmithKline e Schwartz Pharma). Posicionada na Rússia desde 1993, criou uma filial em 2004, favorecendo a rede de distribuição nacional dos produtos da empresa. Em resultado, as vendas aumentaram 37% para os 25,1 milhões de dólares. No sul da Europa, a Espanha surge no nono lugar no ranking mundial para a prescrição de medicamentos e o quinto da UE, pelo que o mercado de genéricos relativamente reduzido (4% do mercado total) tem um elevado potencial, dado um ritmo de crescimento anual de 25%. Da mesma forma, Portugal tem um mercado de genéricos em rápido crescimento, tendo a Ranbaxy Portugal sido criada em Dezembro de 2004, com sede no Porto. A empresa, que conta com mil cientistas dedicados à I&D está a reforçar o negócio no Japão, Itália, Espanha e outros mercados da Ásia do Pacifico, sendo privilegiado o crescimento por via da aquisição – desde 2004 comprou 15 empresas, 8 das quais em 2006 (4 na Europa, 1 nos EUA, 2 na Índia e 1 na África do Sul). Visão: Integrar o top-5 mundial da produção de genéricos, com vendas de 5 mil milhões de A Estratégia das Multinacionais da China e da Índia dólares até 2012. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Novembro 2007 | 59