Jornal Universitário

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Jornal Universitário
Universitário
PORTE PAGO
DR/SC
PTR/SC 0860/99
Jornal
Universidade Federal de Santa Catarina - Outubro de 2004 - Nº 368
A 4ª edição da SEPEX - Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão aconteceu de 22 a 25 de setembro. O principal evento anual,
aberto à comunidade, que a UFSC realiza é a maior mostra
científica do Estado atraiu 40 mil visitantes, dentre eles, 80
escolas, é a matéria-prima desta edição do Jornal Universitário.
XIV Seminário de
Iniciação Científica
Curso de Cinema
estréia na UFSC
Labcal habilitado
pela Anvisa
Livros: acompanhe
os lançamentos
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PALAVRA LIVRE
UFSC - Jornal Universitário - Outubro de 2004 - Nº 368
Ao leitor
Estamos de volta! Com as
mudanças na administração
da UFSC e a greve dos
servidores técnicoadministrativos só tivemos
um Jornal Universitário em
março e os dois (março e
agosto) recepcionando os
calouros. Uma nova
editoração, mais leve, foi
proposta pelo Wagner da
nossa equipe, e estamos
abertos a sugestões. Nossa
matéria-prima é a Semana de
Ensino, Pesquisa e Extensão,
já na sua 4ª edição e o XIV
Seminário de Iniciação
Científica que aconteceu
integrado a ela. Notícias
sobre o novo Curso de
Cinema, como anda a saúde
no Campus, publicações do
NETI, CTC e EdUFSC
também integram nosso
jornal. Eventos que
aconteceram e os que estão
por vir... O JU é isso: uma
ponte facilitando a
comunicação da comunidade
universitária e, levando a
UFSC à sociedade.
Alita Diana
Expediente
Elaborado pela Agência de
Comunicação da UFSC.
Endereço:
UFSC - Agecom - Campus
Universitário - CEP 88040900 Trindade - Florianópolis - SC Fones: (48) 331-9233 e 3319323 Fax: 331-9684
[email protected]
www.agecom.ufsc.br
Redação: (Jornalistas)
Alita Diana (Editora)
Artemio Reinaldo de Souza
José Antônio de Souza
Anderson Porto (Bolsista)
Gutieres Baron (Bolsista)
Willian Vieira (Bolsista)
Fotografia e Arq. Fotográfico
Jones J. Bastos,
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Paulo de V. Cardozo (Bolsista)
Editoração:
Jorge Luiz Wagner Behr
Secretaria:
Beatriz S. Prado
Sônia Xavier da Silva
Romilda de Assis
Impressão:
Imprensa Universitária
2
Ministra do Meio Ambiente
Palestra na UFSC
P
ara uma platéia lotada, a
Ministra do Meio Ambiente Marina Silva proferiu a
palestra na aula inaugural
do Curso de Capacitação
em Biossegurança de OGMS - Organismos Geneticamente Modificados,
dia 23 de agosto, no Auditório do Centro de Cultura e Eventos da UFSC. Em
seu discurso, a ministra defendeu o
desenvolvimento sustentável aliado
ao desenvolvimento social como prioridade do Ministério do Meio Ambiente e afirmou que é inadmissível
existirem 53 milhões de pessoas vivendo com menos de um dólar por dia
nuns pais que possui uma das maiores reservas de recursos naturais do
mundo. Com o tema “Biossegurança
e a Política Ambiental Integrada” a ministra falou sobre como o governo Lula
está construindo sua política de
biossegurança. Segundo ela, ainda
existem incertezas quando à existência de danos ou riscos à saúde humana provocados pelos transgênicos
e, por esse motivo, deve-se ter cau-
tela. Mas isso não significa que o governo queira parar as discussões. “É
muito importante que sejam feitas
análises exaustivas de novos produtos para a liberação ambiental. Por
isso, o IBAMA baixou instruções
normativas que regulamentam de forma simplificada o licenciamento de
pesquisa a campo”, explica a ministra. Segundo ela, o Ministério do Meio
Ambiente não está alheio às necessidades econômicas do país e trabalha
no sentido de promover um desenvolvimento sustentável. Como exemplo,
a ministra citou a construção da BR
103 na Amazônia que pode ser uma
alternativa para o desenvolvimento
sustentável da região. “O Estado têm
a obrigação de trabalhar como mediador das questões que tratam do desenvolvimento econômico e da preservação dos recursos naturais”, disse a ministra.
Gutieres Baron
Bolsista de Jornalismo / Agecom
Luiz Barbosa
Formaturas no Centro de Cultura e Eventos
O Centro de Cultura e Eventos
(CCEV), inaugurado em 9 de maio,
possui, atualmente, o maior auditório
do estado. Em 21 de agosto a equipe do Centro de Cultura e Eventos
realizou as duas primeiras formaturas
do Campus. Os alunos dos cursos de
Ciências Sociais e Educação Física
colaram grau. O CCEV disponibilizou
toda a estrutura necessária para o
cerimonial, desde becas, capelos,
canudos, até uma equipe para ajudar
na organização, incluindo mestre de
Jornal Universitário
cerimônias e seguranças. Já foram
realizadas 10 formaturas e já há mais
de 50 agendadas para o próximo ano.
Além disso o CCEV tem sido palco
de Seminários, Congressos e outros
eventos como Fóruns de Debates,
lançamentos de livros e apresentações culturais. Para maiores informações sobre a locação do espaço físico da UFSC para a realização de formaturas, o telefone do Departamento
de Cultura e Eventos da UFSC é 331
9559
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Paulo Noronha
UFSC sediará reunião
anual da SBPC
A UFSC foi eleita sede da reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência em
2006 durante a 56ª edição do
evento, que foi realizado este ano
na UFMT em Cuiabá. A candidatura da UFSC foi apresentada pela
professora Claudia Simões e defendida pela pró-reitora de Pesquisa professora Thereza Nogueira,
que apresentou folder e vídeo
institucional explicitando que a
UFSC dispõe, atualmente, além
de outros equipamentos, de um
Centro de Eventos compatível
com as necessidades do maior
congresso da América Latina. Assim a 57ª reunião da SBPC acontece no próximo ano em Fortaleza e a 58ª reunião acontecerá em
2006 na UFSC
Alcides Buss recebe
prêmio Harry Laus
O escritor e poeta Alcides Buss,
diretor da Editora da UFSC,
recebeu da União Brasileira dos
Escritores (UBE) o prêmio Harry
Laus 2004, por seus “30 anos
de admirável literatura”. A
decisão, por unanimidade, do júri
foi baseada no livro
Contemplação do amor – 30
anos de poesia escolhida ,
antologia publicada pela
EdUFSC. No dia 29 de outubro
acontece a entrega do prêmio. A
cerimônia será no Centro
Cultural da Academia Brasileira
de Letras (ABL) no Rio de
Janeiro.
AAHU humanizando
o atendimento
A Associação dos Amigos do
HU (AAHU) doou um lote de 25
poltronas-leito à direção do
Hospital Universitário. As
poltronas foram colocadas nas
clínicas de internação para dar
mais conforto aos pacientes e
seus acompanhantes, dando
continuidade às atividades em
prol da humanização do
atendimento . O material foi
adquirido com recursos de
campanhas e do brechó
permanente que funciona desde
2002 no Centro de Convivência.
Com o brechó, a Associação
consegue arrecadar cerca de
dois mil reais por mês, vendendo
produtos doados pela
comunidade e pela Receita
Federal. A comunidade também
pode contribuir através da conta
de luz. Basta preencher um
formulário fornecido pela AAHU,
informando o valor a ser
contribuído, que a Celesc
debitará mensalmente na conta
de luz, e reverterá o valor para a
Associação. O site da
Associação já está funcionando.
O endereço de acesso é:
www.amigosdohu.org.br
PONTO
PONTO DE
DE VISTA
VISTA
UFSC - Jornal Universitário - Outubro de 2004 - Nº 368
Socializando o
Conhecimento
Arquivo Agecom
missão da UFSC, aprovada pela Assembléia
Estatuinte de junho de
1993, diz que “a Universidade Federal de Santa
Catarina tem por finalidade produzir, sistematizar e
socializar o saber filosófico, científico,
artístico e tecnológico, ampliando e
aprofundando a formação do ser humano para o exercício profissional, a
reflexão crítica, solidariedade nacional e internacional, na perspectiva da
construção de uma sociedade justa e
democrática e na defesa da qualidade de vida”.
Uma frase, resultado da discussão
acadêmica, formulada para o fim de
definir o que pretende uma instituição
como a nossa. Palavras, ordenadas
de modo que identifiquem um sentimento, uma convicção, traduzindo o
sentido que devemos dar a cada ação
de nosso dia-a-dia. Mas sobretudo
uma sentença: se esta é de fato nossa missão, exercê-la é nosso desafio.
Focados nesta síntese – a de que
nosso fim é produzir, sistematizar e
socializar o saber filosófico, científico,
artístico e tecnológico, começamos
em 2000 a construir um projeto real
de integração entre as áreas de pesquisa, ensino e extensão, com uma
importante repercussão junto à sociedade.
A SEPEX, Semana de Ensino,
Pesquisa e Extensão, começava naquele ano ainda como um conjunto de
expectativas. Tudo era um tanto incerto: qual a dimensão do evento,
quantas pessoas participariam, que
espaço precisaríamos, quem visitaria
nossos estandes? Enfim, começamos
aprendendo, sem perder o senso de
ousadia, investindo na qualidade e no
envolvimento de cada um de nós. O
resultado nos surpreendeu positivamente: mais de 15 mil pessoas circularam pela 1ª SEPEX com a apresentação de 735 trabalhos, exposição de
80 estandes, oferecimento de 58
minicursos em um espaço de 1.200
metros quadrados.
Na edição seguinte, a segunda, os
números tiveram um incremento importante: o público visitante passou
para quase 30 mil pessoas, que puderam ver de perto 1.174 projetos,
espalhados em 120 estandes. A terceira edição foi ainda maior, com um
público estimado em 35 mil visitantes,
A
boa parte deles foi formada por estudantes das 346 escolas de diferentes
municípios de Santa Catarina.
Após três edições, o evento se
consolidou e agora em 2004 a 4ª
SEPEX mostrou que veio mesmo para
ficar. Incorporada ao calendário da
universidade a mostra ampliou-se e
já serve de exemplo para outras instituições de várias partes do Brasil.
Com um componente absolutamente
inédito: a semana é, na prática, a cristalização da indissociabilidade entre o
Ensino, a Pesquisa e a Extensão.
Localizado no centro do Campus
da UFSC, em Florianópolis, o pavilhão
principal este ano foi ampliado, somando 3.292 m² de área coberta para
mostra de estandes e painéis, que
somaram 1.222 banners expositivos.
A 4ª SEPEX aconteceu no campus
da UFSC de 22 a 25 de setembro, recebendo cerca de 40.000 visitantes e
com participação de 80 escolas do
interior do estado e da Grande
Florianópolis.
Ainda na perspectiva da integração
de Ensino, Pesquisa e Extensão
aconteceu o XIV Seminário de Iniciação Científica (SIC), pela primeira vez
integrado com a SEPEX. Os alunos
contemplados com os 343 Projetos de
Bolsa de Iniciação Científica (PBIC),
patrocinados pelo CNPq, e os 77 projetos de Bolsa de Iniciação à Pesquisa (BIP), patrocinados pela própria
UFSC, expuseram os resumos de
seus trabalhos em 506 painéis
expositivos e 19 apresentações orais,
com avaliação do CNPq – Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Nesta quarta edição, sempre na
busca da socialização do conhecimento, uma iniciativa que mostrou
resultados foi a realização da Feira do
Livro das Editoras Universitárias Brasileiras, com estandes de 11 instituições.
Foram oferecidos 118 minicursos
gratuitos, além de diversas apresentações culturais das mais diversas
formas de apresentações artísticas.
Outro diferencial da SEPEX é a
integração na organização do evento, a sintonia que se estabelece entre
os diferentes atores em torno da sua
organização. Servidores técnico-administrativos, docentes, estudantes de
graduação e pós-graduação, além de
gestores em diferentes níveis da administração, articulam-se na busca de
um mesmo objetivo, numa ação
sinérgica que resulta nos números
superlativos do evento.
O aprendizado que a promoção da
SEPEX nos tem permitido levou também a UFSC a se candidatar, na reunião da SBPC este ano, para sediar
a 58ª reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
(SBPC) em 2006. Candidatura eleita,
desafio aceito. Com a qualidade dos
projetos científicos e tecnológicos que
temos, o esforço de cada membro
desta imensa comunidade acadêmica, o respeito e a credibilidade que
conquistamos perante a sociedade,
não temos dúvida de que os pesquisadores e cientistas que estarão na
UFSC daqui a dois anos terão a oportunidade de compartilhar conosco
esta missão levada a sério de democratizar e socializar o conhecimento.
Lúcio José Botelho
Reitor da UFSC
Jornal Universitário
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SALA DE AULA
UFSC - Jornal Universitário - Outubro de 2004 - Nº 368
Novo Curso aprovado
N
Aprovada a criação do Curso de Bacharelado em Estudos Interdisciplinares
a sua sessão do dia 27
de abril de 2004, o Conselho Universitário
(CUN) da UFSC deliberou e aprovou a criação
de um novo curso de
graduação de caráter
interdisciplinar, encaminhando o processo para a Câmara de Ensino de
Graduação para as providencias cabíveis. A proposta aprovada foi encaminhada pela comissão integrada pelos professores Sônia Probst (PróReitora de Graduação), Álvaro Prata
(Pró-Reitor de Pós-Graduação),
Héctor Leis (Representante do CFH
no CUN) e pela Diretora do DAE, Nair
Cardoso da Cunha. Dada a importância da medida tomada pelo CUN, a
Comissão julgou necessário informar
à comunidade da UFSC deste evento
através do Jornal Universitário, relatando sua justificação acadêmica e
demais detalhes técnicos.as últimas
três décadas, o sistema universitário
brasileiro (público e privado) conquistou enormes avanços (em termos absolutos e também relativos, quando
comparados com os restantes países
da região). Embora ainda falte muito
para ser realizado, se pode concluir
em termos gerais que a universidade
brasileira alcançou um patamar de
modernização e consolidação sem
precedentes na sua história. Porém,
a estratégia escolhida para produzir
este salto da universidade brasileira
foi a departamentalização e a especialização profissionalizante. Todo o sistema universitário (incluindo desde as
agencias de fomento e supervisão até
os cursos de graduação e pós-graduação, assim como a própria pesquisa) vive hoje sob o domínio de estruturas disciplinares e sub-disciplinares.
Não se trata de negar as conquistas do caminho percorrido até aqui,
trata-se apenas de reconhecer que,
em boa medida, esse avanço tem trazido uma crescente rigidez das estruturas universitárias para acompanhar
adequadamente os mais recentes
desenvolvimentos mundiais no campo do conhecimento. Não é nenhuma
novidade que, particularmente nas últimas duas décadas, o trabalho científico tem se defrontado com complexidades diversas que exigem ir além
as fronteiras disciplinares. Também
não é novidade que nas melhores
universidades do mundo encontramos
hoje um crescimento exponencial de
instancias interdisciplinares, tanto ao
nível de ensino como de pesquisa.
Embora pareça razoável acreditar que
as estruturas disciplinares continuarão sendo o principal suporte da universidade, deve-se admitir do mesmo
modo que o atual sistema universitário tem que ser redefinido em função
das necessidades derivadas do trabalho interdisciplinar. Ao lado das estruturas disciplinares vigentes deverão
ser criadas instancias interdisciplinares fortemente vinculadas às primeiras. Este é o desafio!
4
Talvez em nenhum outro plano
este desafio seja tão urgente como no
ensino de graduação. Tomando como
exemplo a UFSC, é possível observar que, apesar das dificuldades apontadas, nos últimos anos tem surgido
diversos cursos de pós-graduação,
tanto no interior do campo das humanidades, como das ciências físicas e
naturais ou das engenharias. Mas na
graduação reina o deserto. Aqui, a
pressão profissionalizante tem-se manifestado com muita mais força do que
na pós-graduação e, por enquanto,
nenhum curso interdisciplinar tem sido
criado até agora. Partindo de tais premissas, precisamente, na sua sessão
do dia 29 de outubro de 2002, o CUN
constituiu uma Comissão para discutir e apresentar propostas de criação
de cursos de graduação em caráter
interdisciplinar. Esta Comissão, após
varias reuniões e consultas com diversos professores e diretores de centros, chegou à conclusão que a atual
estrutura departamental-disciplinar da
UFSC torna praticamente impossível
a organização de novos cursos
interdisciplinares (a proposta inicial do
CUN tinha sido a
de estudar a viabilidade dos seguintes cursos: Humanidades; Relações
Internacionais; e
Estudos do Mar).
O principal obstáculo para isto foi,
precisamente, a
alocação atual dos
professores em
departamentos, o
qual é funcional a
sua inserção nos
cursos disciplinares, mas disfuncional a sua inserção
em cursos interdisciplinares. No contexto da presente crise de novas vagas para ingressar universidade pública e não havendo possibilidade de
gerar no imediato uma nova estrutura
de alocação dos professores, o
surgimento de novos cursos aumentaria as cargas existentes dos professores a um nível insustentável (além
de precisar de uma difícil articulação
de departamentos de diferentes centros e de supor mudanças estruturais
e regimentais de grande porte, igualmente difíceis de ser endossadas pelos órgãos competentes da universidade). Mas esta comprovação não
desanimou à Comissão, que decidiu
então revisar sua estratégia para a
criação de cursos interdisciplinares.
Em conseqüência, foi elaborada a presente proposta, que a Comissão entende como sendo perfeitamente viável e com uma excelente relação custo-benefício para a instituição, além de
permitir que a universidade acumule
experiência que, posteriormente, poderá ser utilizada na criação de novos cursos interdisciplinares focalizados em temas concretos, tal como tinha sido planejado inicialmente.
Jornal Universitário
A rigor, a Comissão entende que
uma correta abertura institucional para
a inovação no campo da interdisciplinaridade exige audácia, ao mesmo
tempo que prudência e moderação.
Caso contrário corre-se o risco de
confundir a interdisciplinaridade com
uma mudança cosmética, abortando
assim sua capacidade produtiva e
transformadora que deriva de um trabalho eminentemente orientado para
a busca progressiva e constante de
novos objetos e práticas científicas. O
curso de Estudos Interdisciplinares
que está sendo proposto foi pensado
como inovador (seria o primeiro no
Brasil, embora na USP existam experiências próximas) e também como
experimental, devendo portanto estar
sujeito a supervisão e correções constantes. Este curso pretende manter
um alto grau de flexibilidade que permita preservar a força da
interdisciplinaridade, evitando construir estruturas engessadas incapazes
de se autocorrigir permanentemente.
Pretende-se assim um curso que
priorize o conhecimento por cima da
profissionalização laboral, e a formação por cima da
informação. Um
curso, em síntese, que ofereça
ao aluno uma formação sólida,
porém flexível,
intimamente
adaptada e sintonizada com as
grandes transformações do mundo e do conhecimento contemporâneos.
De forma resumida, o projeto pedagógico e o plano de implantação da proposta aprovada são os seguintes:
1) Diploma/Habilitação: Bacharelado em Estudos Interdisciplinares.
2) Periodicidade das Disciplinas:
Semestralidade.
3) Projeto Pedagógico:
3.1) A carga horária total do curso
é de 3.000 horas/aula (a serem realizadas numa média de 8 semestres,
com mínimo de 6 e máximo de 16 semestres);
3.2)O aluno constitui a interdisciplinaridade por meio de disciplinas
cursadas em uma área de concentração maior ou principal (correspondente a 50% ou mais de sua carga horária total) e em outra(s) área(s)
menor(es) ou secundaria(s);
3.3) Para todos os efeitos, as áreas de concentração são assemelhadas com os centros existentes na
UFSC, isto é, haverão 11 áreas de
concentração: Ciências da Saúde;
Desportos; Ciências da Educação;
Sócio-Econômico; Tecnológico; Comunicação e Expressão; Ciências
Jurídicas; Ciências Agrárias; Ciências Biológicas; Ciências Físicas e Matemáticas e Filosofia e Ciências Hu-
“Pretende-se
um curso que
priorize o
conhecimento e
a formação”
manas;
3.4) Uma vez dentro do curso,
cada aluno terá um professor
orientador com quem deverá consultar e obter aprovação para cursar disciplinas em qualquer dos cursos existentes (a orientação visará basicamente estabelecer a melhor adequação das ofertas da universidade à proposta de estudo apresentada; fora disto o aluno não terá qualquer restrição
para cursar disciplinas que não seja a
normal exigência de pré-requisitos);
3.5) O curso de graduação em
Estudos Interdisciplinares oferecerá
três disciplinas obrigatórias de caráter integrador: a) Introdução ao conhecimento científico; b) Introdução ao conhecimento da sociedade e da cultura; c) Seminário Interdisciplinar (as
duas primeiras disciplinas obrigatórias terão que ser cursadas pelos alunos no momento de seu ingresso no
curso a partir da 3ª fase); eventualmente o curso poderá também oferecer algumas disciplinas optativas.
4) Plano de implantação:
4.1) Não haverá chamada especial no vestibular para este curso. A
chamada será interna. Os candidatos
serão os alunos normalmente matriculados nos cursos existentes na
UFSC, deste modo, poderá pleitear
vaga no curso, qualquer aluno de graduação da UFSC, em qualquer curso, desde de que já tenha concluído,
sem nenhuma reprovação, as duas
primeiras fases de seu curso de origem;
4.2) São previstas 20 (vinte) vagas
por semestre;
4.3) Para ser admitido no curso o
aluno deverá: a) Ter cumprido as duas
primeiras fases de seu curso de origem, sem nenhuma reprovação; b)
Apresentar uma descrição do que espera alcançar de um curso com este
perfil; c) Apresentar uma proposta de
grade curricular que enfatize o caráter de estudo interdisciplinar; d) Submeter-se a uma prova de conhecimentos gerais; e) Submeter-se a uma prova de conhecimento de português e
de conhecimentos básicos de inglês;
f) Submeter-se a uma entrevista;
4.4) A seleção dos candidatos será
realizada por uma banca constituída
por três professores doutores pertencentes ao quadro da UFSC, a serem
definidos quando da implantação do
curso.
A UFSC está de parabéns! Certamente, o Curso de Graduação em
Estudos Interdisciplinar dará um merecido destaque a nossa universidade no contexto do ensino superior no
Brasil, em América Latina, e também
no mundo.
Sônia Probst
Pró-Reitora de Graduação
Álvaro Prata
Pró-Reitor de Pós-Graduação
Héctor Leis
Representante do CFH no CUN
Fone 331-9465 ou
[email protected]
VIDA NO CAMPUS
UFSC - Jornal Universitário - Outubro de 2004 - Nº 368
UFSC - divulgando e
popularizando a ciência
Universidade leva seus projetos à população
Vicenzo Berti e Fernando Wolff
D
ecreto do Presidente Lula
de 9 de junho de 2004, estabeleceu a Semana Nacional da Ciência e
Tecnologia, a ser comemorada no mês de outubro de cada
ano, sob a coordenação do Ministério
da Ciência e Tecnologia e com a colaboração das entidades nacionais
vinculadas ao setor com a finalidade
de promover a divulgação científica e
tecnológica. Neste ano, a Semana
ocorre de 18 a 24 de outubro. O objetivo é criar e consolidar no Brasil um
mecanismo - que já vem sendo utilizado com êxito em vários países do
mundo, como Reino Unido, Espanha,
França, África do Sul e Chile – que
mobilize a população em torno dos temas e da importância da ciência e
tecnologia e contribua para a
popularização da ciência de forma
mais integrada nacionalmente.
Tendo já realizado, em setembro,
um evento de tão grande porte, como
a 4ª SEPEX, agendado desde o ano
passado, mas não deixando passar
em branco a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, a Universidade
promoveu dia 19 de outubro o UFSC
– divulgando e popularizando a ciência, no Largo da Alfândega, no centro
de Florianópolis. Duas lonas foram ar-
madas ocupando um espaço de 200
m², atividades de pesquisa e extensão, que já participaram da SEPEX,
foram expostas das 10h às 18h para
a população, com entrada franca. Projetos pioneiros como softwares livres
para Infodesign (vd página 6 deste
jornal) e valorização da identidade visual de projetos agrícolas, desenvolvidos pelo Departamento de Design,
prevenção de câncer bucal, agricul-
tura hidropônica, projetos inéditos desenvolvidos pela psicologia como a
Neurobica (neologismo criado para
definir algo que associa a parte neural
do sistema nervoso com a aeróbica –
isto é um exercício mental), projetos
do observatório astronômico e planetário da UFSC, projetos do Labidex
(laboratório de instrumentação, demonstração e exploração) que traz a
física para o dia a dia, projetos que
trabalham com conceitos matemáticos, centro de informações
toxicológicas, foram algumas das atrações da mostra científica. Durante
todo o dia professores e alunos estavam presentes para explicar os projetos e esclarecer dúvidas sobre eles.
Foram também distribuídos 500
exemplares da revista Papo sobre ciência – um projeto de alfabetização
científica desenvolvido pela Agência
de Comunicação da UFSC, que através de encontros com pesquisadores
proporcionou a jornalistas, estudantes
de jornalismo e pessoas interessadas,
uma visão geral sobre temas
instigantes e atuais da ciência. A publicação, possível graças ao patrocínio da Pró-Reitoria de Pesquisa, expande para o público o resultado de
seis desses encontros, estimulando o
interesse de jovens e adultos sobre
os temas: Biodiversidade - peixes de
água doce, Fitoterapia, Biotecnologia/
Genoma- Códigos da Vida, Inteligência Artificial - humanizando a máquina?, Astrofísica – decifrando o universo e Povos indígenas – culturas oprimidas.
Alita Diana
Jornalista
Brasil, olhe para o céu!
Como extensão da Semana Nacional de Tecnologia e aproveitando a
data em que está previsto um eclipse
lunar, o Governo Federal, através do
Ministério da Ciência e Tecnologia
está promovendo o Brasil, olhe para
o céu!, nos dias 27 e 28 de outubro. A
Universidade Federal de Santa
Catarina promoveu o UFSC – divulgando e popularizando a ciência, no
dia 19, com exposição de projetos na
Praça da Alfândega, no centro de
Florianópolis. No dia 27 as atividades
do Brasil, olhe para o céu!, acontecem
no Planetário da UFSC e, também, a
inauguração do Observatório Astronômico. Toda a programação é gratuita.
O novo Observatório contará com
equipamentos e telescópios para pesquisas e atendimento ao público. O
destaque é um telescópio robótico,
que funciona automaticamente durante as 24 horas por dia. O Observatório também passará a abrigar o projeto De Olho no Céu de Floripa que há
quatro anos é realizado pelo Grupo de
Astrofísica da UFSC nos jardins internos do CFH, todas as quartas-feiras,
após o pôr-do-sol.
As equipes do Planetário (do departamento de Geociências da UFSC)
Jones J. Bastos
e do Observatório (do Grupo de
Astrofísica da UFSC) e o Grupo de
Estudos de Astronomia de
Florianópolis estão organizando este
evento, dirigido à comunidade, na noite do dia 27, em que acontece o eclipse total da Lua.
A comunidade poderá acompanhar o eclipse através dos telescópios do Observatório da UFSC. Em seguida, haverá uma sessão de Plane-
tário onde os visitantes poderão
aprender um pouco mais sobre o fenômeno numa sala construída especialmente para simular o céu noturno
por meio de um projetor. O objetivo é
difundir as atividades do GEA, além
de convidar as pessoas para participarem de cursos e palestras. O grupo, formado por astrônomos amadores que se dedicam à pesquisa, ensino e divulgação da Astronomia, ministra cursos e palestras semanais, que
ocorrem toda sexta-feira às 20h.
Nos meses de março e setembro,
o grupo também promove um curso
de introdução à Astronomia com duração de duas semanas onde os participantes aprendem conceitos fundamentais da área e discutem os métodos utilizados na pesquisa científica.
“Nós queremos despertar na comunidade o interesse pela ciência, em especial a astronomia”, explica a coordenadora do Planetário da UFSC,
Edna Maria Esteves da Silva.
Mais informações pelo telefone
331-9241 (Planetário).
Gutieres Baron
Bolsista de jornalismo / Agecom
Reforma Universitária:
Cronograma de Debates
na UFSC
20/10: Contextualização da
Reforma Universitária,
9/11: Reforma Universitária - Acesso e Permanência,
Financiamento e Autonomia.
16/11: Parceria Público Privada, Sinaes, DCN’s, Fundações, Avaliações
Os debates serão realizados das 8h às 11h30min e das
18h30min às 22h. Os
palestrantes e os locais estão
sendo definidos. As mesas de
debates serão compostas por
um representante do Ministério da Educação, um
palestrante de contraponto,
cada um com trinta minutos
para exposição, e três
debatedores, cada um representando uma entidade da
UFSC (Apufsc, Sintufsc,
DCE), com dez minutos para
exposição.
Jornal Universitário
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4ª SEPEX
UFSC - Jornal Universitário - Outubro de 2004 - Nº 368
O principal evento institucional da
UFSC recebeu 40 mil visitantes
4ª edição da SEPEX Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão aconteceu de 22 a 25 de setembro no Campus da UFSC.
É o principal evento anual, aberto à comunidade, que a Universidade Federal de Santa Catarina
realiza e a maior mostra científica desenvolvida no estado. Visa
estimular,entre outros objetivos, estudantes de todas as escolas a se interessarem pela pesquisa científica, e
dar a conhecer como a universidade
desenvolve um trabalho que responde às demandas e anseios da sociedade. No entorno da grande lona funcionaram o engenho de fabricar farinha de mandioca do “Seu Zico”, uma
minifazenda, feira de artesanato e
atrações como a casa de caixas de
leite feita pelas alunas da professora
Mariza da 1ª série A do Colégio de
Aplicação.”Foram 1800 caixas de leite para a montagem da casinha”, conta a aluna Julia. Ela também apren-
A
deu que são necessários 5 anos para
a decomposição da caixa de leite. A
professora utilizou a construção da
casa para que os alunos apreendessem conceitos matemáticos, noções
de reciclagem, além da mobilização
da comunidade que colaborou doando as caixinhas.
Para saber mais:
www.sepex.ufsc.br
Projetos pioneiros do Design
Paulo Noronha
S
Fotos: Paulo Noronha, Vicenzo Berti e
Fernando Wolff.
6
oftwares livres para
Infodesign é um dos projetos que o Núcleo Integrado
de Pesquisa e Extensão
(Nipe), do Departamento
de Expressão Gráfica, desenvolve. Também do mesmo departamento é o Núcleo de Gestão de
Design (NGD), que através de um de
seus projetos trabalha com a valorização da identidade visual para produtos agrícolas. O Nipe expôs no
estande 13 e o NGD no 19 da 4ª
SEPEX.
No caso do Nipe são ao todo oito
projetos de pesquisa e extensão realizados em conjunto pelos laboratórios de Infodesign, Cidade e Sociedade e Engenharia Gráfica. Alguns estão sendo expostos pela primeira vez,
recém concluídos.
É o exemplo do Software Livre no
Design Gráfico. Quem trabalha com
design e editoração eletrônica sabe
como é difícil ter acesso aos softwares
específicos, que além de caros são
geralmente limitados. Por isso o Nipe
iniciou uma pesquisa para averiguar
a viabilidade dos softwares livres para
design gráfico.
Ao invés do Photoshop, o Gimp;
ao invés do Pagemaker, o Scribus, todos softwares livres – disponibilizados
na internet e que permitem a alteração do código fonte pelo usuário, tornando possível efetuar melhorias e
corrigir erros (bugs) e ainda compartilha-los com outras pessoas.
“Softwares como o Gimp travam menos e, para os que tem mais conhecimento e interesse, podem ser utilizados em sua versão de desenvolvimento”, explica o bolsista do projeto,
Rafael Berard. Essa é a versão adaptável, mais complexa e para os mais
experimentados. Para os leigos e
Jornal Universitário
menos aventureiros, existem versões
estáveis, prontas para serem usadas
– e toas freeware, de graça.
Outros programas pesquisados
foram o Inkscape e o Sodi Podi, de
engenharia vetorial; o XMRM e o
Cinepoint, de vídeo e o NVU, para
Web. Todos foram analisados na primeira fase da pesquisa, que após concluída veio para a Sepex. O próximo
passo será oferecer aos alunos do
curso de Design a possibilidade de
manuseá-los – talvez até substituindo os programas de código fechado
– como o Photoshop – na maioria das
atividades.
Outros projetos existem há mais
tempo, como o Valorização dos produtos da Agricultura Familiar Através
do Design, do NGD, coordenado pelo
professor Eugênio Merino em parceria como o Instituto CEPA/SC. O objetivo é incentivar o desenvolvimento
da agricultura familiar, com a elaboração de rótulos, embalagens e
logotipos que evidenciem a qualida-
de dos produtos. “Dessa forma os
agricultores obtiveram até 100% de
melhoria nas vendas”, afirmou um dos
coordenadores do projeto, Danilo Pereira. Até agora mais de 500 famílias
foram beneficiadas pelas embalagens
e rótulos, usados para todo o tipo de
produto: mel, pepino, frango, bolacha,
cachaça e derivados de cana.
Antes, porém, da criação da Identidade Visual, os alunos estabeleceram padrões de qualidade, identificaram o mercado consumidor, a
logística de distribuição, os requisitos
para a embalagem e os custos. Com
tudo acertado, partiram para a
concretização do projeto, que deu tão
certo – experiência para os alunos,
renda para os agricultores – que mereceu uma matéria na revista especializada Globo Rural e no canal Futura, da Net.
Willlian Vieira
Bolsista de jornalismo / Agecom
4ª SEPEX
UFSC - Jornal Universitário - Outubro de 2004 - Nº 368
Guiné-Bissau
Estudantes mostram a cultura do seu país
Paulo Noronha
s guineenses do estande
eram super simpáticos e
falavam português com
um delicioso sotaque, e
também o crioulo (uma
mistura de português,
espanhol e línguas nativas). São estudantes de convênio na UFSC, que
no momento recebe 12 deles.
Quase todos os guineenses falam
francês por causa da fronteira. O país
é vizinho de países francófonos como
o Senegal . O português, que é a língua oficial, só é falado por quem freqüentou a escola até o ensino médio.
Essa é a grande diferença de outros
países de fala portuguesa.
O continente africano tem 53 países e duas sub-regiões claramente
delimitadas: África branca (setentrional) e a negra (ou sub-saariana). A
Guiné-Bissau cuja capital é Bissau,
tem 1,5 milhões de habitantes e é localizada na costa ocidental da África.
É formada por terrenos baixos e pantanosos, com o litoral de mangues e
pelo arquipélago de Bijagós (nome
de uma das etnias). Ë um dos países
em desenvolvimento que depende de
ajuda internacional. É essencialmente agrícola e a agricultura emprega
cerca de 80% da população. Exportam castanha de caju, madeira e camarão. Há ainda reservas de bauxita,
fosfato e petróleo.
A nação guineense abriga cerca de
40 grupos étnicos. Helena Arminda
Lopes, estudante de Serviço Social na
UFSC é filha de mãe bijagó e pai da
etnia papel. Escolheu ser bijagó, etnia
que marca sua pertinência de forma
matriarcal. Há outras etnias como
balantas, fulas, mandingas, dentre
outros. Nuno Santos cursa Administração na UFSC e pertence à etnia dos
manjacas. A moeda é o franco cfa porque o país está integrado à zona econômica do oeste africano.
História
Os portugueses chegaram à região
em 1446. No fim do século XVI instalaram feitorias que serviam de base
num ritual em que saem de casa para
se casarem.
Religião
A religião oficial é o cristianismo
que, na verdade, fica em terceiro lugar em porcentagem de praticantes
entre a população. O islamismo é a
segunda mais praticada e a primeira
é o animismo. No estande estão expostos objetos pertencentes aos rituais dessa religião.
Helena, quando veio estudar no
Brasil, ficou três anos sem ir para casa
e as saudades foram imensas, suportadas pelos muitos amigos brasileiros
que a faziam sentir como em casa.
Ela pretende voltar e trabalhar em seu
país onde o número de profissionais
na sua área é bem pequeno, em torno de cinco apenas.
Os guineenses formaram uma Associação de Estudantes da GuinéBissau e estudantes que não são da
UFSC também estavam se
congraçando no estande, como
Almama Maquilo Ensaló que estuda
Comércio Exterior na Única.
Para saber mais sobre a GuinéBissau e a AEGB contate Helena em
[email protected]
O
Convênios e intercâmbio
ao tráfico de escravos. Grande contingente de riquezas naturais foi extraída e milhares de habitantes levados como escravos para outros continentes. Em 1974 a Guiné tornou-se a
primeira colônia independente, mas
eles já haviam expulsado os portugueses do governo e declarado sua independência um ano antes. No entanto
sua independência só foi reconhecida pelos portugueses depois da revolução de abril de 1974, em Portugal, a
chamada revolução dos cravos. A in-
dependência da Guiné foi conquistada graças à guerrilha do Partido Africano fundado por Amílcar Lopes
Cabral.
Cultura
As músicas tradicionais mais antigas são a tina (mandjuandadi) e a
gumbe (mais típica). Helena faz uma
analogia como o forró e o samba. No
estande estão expostos diversos trajes. Cada etnia tem seu traje típico.
Destaca-se uma bela saia de palha.
Ela é usada pelas mulheres bijagó
Em 2004.2, segundo dados do
Escritório de Assuntos Internacionais
da UFSC, há 83 alunos estrangeiros
que chegaram para intercâmbio em
cursos de graduação e vão cursar aqui
um ou dois semestres.
Já os estudantes de convênio regularmente matriculados em cursos
de graduação somam 74 neste semestre. Eles são provenientes da
Jamaica, Panamá, Namíbia, México,
Peru, Equador, Angola, São Tomé e
Príncipe, Moçambique, Paraguai,
Guiné-Bissau e Cabo Verde.
Alita Diana
Jornalista
Agronomia expõe projetos variados
Cerca de três toneladas de lixo orgânico produzido na UFSC são recolhidas todos os dias por alunos do
Curso de Agronomia. O projeto, que
transforma o lixo em adubo através
da técnica da compostagem, foi um
dos destaques do estande da Agronomia na SEPEX.
O lixo, constituído principalmente
por restos de comida recolhidos do
Restaurante Universitário e das lanchonetes do Campus, passa por um
processo de transformação bioquímica promovida por milhões de bactérias. A fermentação faz com que o processo atinja uma temperatura de até
70º C. O adubo resultante é usado
principalmente nos jardins da universidade e também nas hortas escolares de outro projeto dos estudantes
de Agronomia, também exposto no
estande.
Alunos e bolsistas do curso visitam
escolas de Florianópolis e região incentivando o uso racional do lixo e ensinando às crianças as maneiras corretas de lidar com uma horta. As crianças
aprendem
a
fazer
compostagem e plantar legumes
usando o adubo produzido.
Os legumes produzidos são usados na merenda escolar. “Nós procuramos usar hortaliças típicas das culturas indígena e açoriana como o
urucum, do qual é feito um extrato que
substitui o extrato de tomate industrializado”, explica o aluno de Agronomia Charles Lamb.
Outro projeto apresentado no
estande da Agronomia procurou incentivar os agricultores a utilizar o sistema de manejo de pastagens chamado de Pastoreio Voisin, que permite o melhor aproveitamento da pastagem pelos animais, sem prejuízo às
plantas que servem de alimento para
eles.
Através da divisão do pasto em
piquetes, o gado (de corte ou leite) se
alimenta no melhor momento da pastagem. “O sistema proporciona ali-
mentos em maior quantidade e de
melhor qualidade”, garante o aluno
Alan Rizzoli, revelando que, conseqüentemente, há aumento de produtividade dos animais.
O sistema também proporciona a
eliminação do uso de herbicidas nas
pastagens e a redução da utilização
de agrotóxicos de controle de parasitas. Também há um aumento da margem de lucro do agricultor, já que o
custo de produção cai e agrega valor
ao produto.
Gutieres Baron
Bolsista de Jornalismo / Agecom
Jornal Universitário
7
SABER NOVO
UFSC - Jornal Universitário - Outubro de 2004 - Nº 368
XIV Seminário de
Iniciação Científica
506 painéis mostram um celeiro de pesquisadores
Paulo Noronha
4ª edição da SEPEX
teve entre as novidades
a incorporação do XIV
Seminário de Iniciação
Científica. A partir deste
ano, os dois eventos, antes separados, passaram a acontecer
na mesma época. O objetivo foi aproximar a comunidade da produção acadêmica, e divulgar os resultados de
trabalhos realizados por alunos dos
cursos de graduação da UFSC.
Os alunos contemplados com os
343 Projetos de Bolsa de Iniciação Científica (Pbic), patrocinados pelo
CNPq, e os 77 projetos de Bolsa de
Iniciação à Pesquisa (BIP), patrocinados pela própria UFSC, têm, por obrigação de contrato, apresentar ao fim
da bolsa (que dura de agosto a julho)
os resultados obtidos, de forma oral
ou em pôster. No XIV SIC foram expostos 506 painéis e feitas 19 apresentações orais. A Pró-reitoria de Pesquisa produziu, também CDs com os
anais do Seminário.
A exposição aconteceu nos dias 23
e 24 de setembro no Centro de Cultura e Eventos da UFSC.
Para a Pró-Reitora de Pesquisa
Professora Thereza Christina
Monteiro de Lima Nogueira o resultado foi positivo, a integração com a 4ª
SEPEX e os eventos que estavam
acontecendo paralelamente foi muito boa. Para os avaliadores do CNPq
a integração foi excelente pois além
do Seminário puderam conhecer outros trabalhos que a Universidade realiza.
Os temas das pesquisas são os
mais diversificados como: A Paródia
no Cinema Brasileiro; A Galvanização
do “Desejo de Aparecer” - Política e
Violência na Sociedade do Espelho;
Defensoria pública para detentos do
estado de Santa Catarina – uma questão de cidadania; Geração de energia
e tratamento de dejetos suínos para
granjas com pequenas vazões em
Braço do Norte/SC, dentre outros.
Em A Paródia no Cinema Brasileiro a acadêmica Adriana Carvalho estudou como a paródia tem sido usada
para contestar algo ou alguém. Ela
analisou três filmes: Nem Sansão
nem Dalila (1955) onde a crítica era
ao populismo do governo Vargas, O
Homem do Sputnik (1959) onde a
Guerra Fria (americanos e russos) era
o tema da paródia e O Homem do Ano
(2003) onde se critica os atores da
sociedade burguesa.
Em A Galvanização do “Desejo de
Aparecer” - Política e Violência na
Sociedade do Espelho, Alexandre
André Nodari propõe uma instigante
A
8
leitura da sociedade contemporânea,
em que a falta de espaços públicos
autênticos faz com que o “desejo de
aparecer” se galvanize e perca sua
relação originária com a política e a
condição humana da pluralidade, resumindo-se numa vontade histérica
por câmaras e holofotes. Daí sua
constatação que a ação cede o lugar
ao comportamento: o homem busca
aparecer não para se diferenciar, mas
para se igualar a algum padrão. Para
Alexandre a transformação na relação
entre política e espetáculo agora se
traduz sob a forma da união entre espetáculo e violência, uma perigosa a
alienação da condição plural humana.
Em Defensoria Pública para
Detentos - uma questão de cidadania,
Juliana Camila Morena Rodrigues
demonstra a importância da
defensoria pública para a efetiva
concretização da cidadania. Segundo
seu trabalho há três obstáculos para
o exercício da cidadania: o sistema
jurídico brasileiro não possui uma
ampla definição de possibilidades
para uma efetiva participação popular consciente; a postura excessivamente conservadora de parcelas do
Judiciário e uma profunda ignorância
do Direito. O custo de um bom advo-
Jornal Universitário
gado também é fator agravante. A
assistência judiciária passou a ser
uma exigência da democratização da
administração da justiça indo além
das questões processuais, passou a
ser concebida como assistência jurídica dando a possibilidade real, através da informação e orientação, do
exercício da cidadania. Isto se tornando mais imperiosos já que há muitas
prisões em que os detentos se encontram em condições sub-humanas
constituindo uma verdadeira violação
dos Direitos Humanos.
Em Geração de energia e tratamento de dejetos suínos para granjas com pequenas vazões em Braço
do Norte/SC Tatiane Furlaneto de
Souza trata dum grave problema
catarinense. O estado é o maior produtor regional de suínos da América
Latina com cerca de 4,5 milhões de
cabeças e apesar do alto nível
tecnológico empregado, a atividade é
responsável por sérios danos
ambientais. O objetivo do projeto é
avaliar o sistema de manejo de
dejetos numa pequena propriedade,
agregando valor à mesma, através do
condicionamento
de
solos
agricultáveis, utilizando sistemas de
armazenamento e geração de biogás
proveniente do biodigestor, resolvendo o problema ambiental causado
pelos dejetos e viabilizando economicamente a criação de suínos
A melhor apresentação oral de
cada área é indicada ao CNPq para
concorrer ao prêmio destaque da iniciação científica. Na área Ciências da
Vida foi indicada a aluna Elaine
Cristina Stolf com Caracterização genética e agronômica de população
segregante de porta-enxertos de macieira, na de Ciências Humanas e
Sociais: Maria Leonor Paes C.
Ferreira com A aplicabilidade do princípio da precaução no caso dos
transgênicos e na de Ciências Exatas
e da Terra: Fernanda Cristina Silva
Ferreira com Estudo fitoquímico de
averrhoa carambola monitorado por
bioensaios simples. Para acessar todos os resumos inscritos e saber mais
sobre o XIV SIC: www.dap.ufsc.br/
sic04/
Alita Diana
Jornalista
VESTIBULAR
UFSC - Jornal Universitário - Outubro de 2004 - Nº 368
Curso de Cinema
estréia na UFSC
A primeira turma inicia em março de 2005 com 30 alunos
Montagem: Alita Diana
maior novidade no Vestibular da UFSC, o Curso de Graduação em Cinema com habilitação
em Teoria, Crítica e
Roterização é o segundo curso mais concorrido no vestibular da UFSC, atrás apenas de Medicina. Foram 746 inscritos na primeira
opção, e 1004 na segunda opção, resultando num índice de 24,87 candidatos por vaga. O curso inicia sua primeira turma, única e com 30 alunos,
no primeiro semestre do ano que vem
e será o primeiro curso de Cinema
numa universidade pública de Santa
Catarina – e surge para atender uma
demanda que há muito existia na
UFSC.
A inesperada procura pelo novo
curso é, segundo o professor de Cinema e Presidente do Colegiado professor Mauro Pommer, resultado de
dois fatores principais: a demanda reprimida pela ausência do curso e o
sucesso do cinema nacional. “Durante muito tempo um curso de Cinema
foi necessário, para dar conta da produção regional. É natural que exista
uma grande demanda, que tende a
diminuir e se estabilizar depois, afirma Pommer. E com a produção brasileira ascendendo novamente – com
20% da audiência dos cinemas voltada para a produção nacional e filmes
brasileiros indicados para festivais
como Cannes e o Oscar – a crença
no cinema nacional se afirma a cada
dia. “Nosso curso de Cinema demorou a surgir, mas vem no momento
certo”, afirma Pommer.
O clima favorável no âmbito nacional também encontra, em menor
escala, ressonância no cenário regional e local, como por meio do apoio
dos editais da Fundação Catarinense
de Cultura. Florianópolis já é um pólo
considerável de produção de cinema.
Daí a necessidade de um espaço na
Universidade Federal onde isso possa ser elaborado, e enriquecido pela
ênfase em teoria e crítica que o curso
terá”, diz a professora Gilka Girardello,
também envolvida com o novo curso.
As aulas serão ministradas em turno integral, com as disciplinas obrigatórias e optativas distribuídas pelas
manhãs e tardes. Na primeira fase, os
alunos terão as disciplinas Expressão
Escrita I, Teoria da Literatura, História do Cinema I, Linguagem Cinematográfica e Fotografia. No total, serão
oito semestres, totalizando 2.400 horas-aula. Todas as aulas serão dadas
no Centro de Comunicação e Expressão (CCE), com as salas de aula, a
princípio, compartilhadas com os cur-
A
Currículo
1ª Fase
EXPRESSÃO ESCRITA I
TEORIA DA LITERATURA
HISTÓRIA DO CINEMA
LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA
FOTOGRAFIA
2ª Fase
EXPRESSÃO ESCRITA II
CINEMA E LITERATURA I
MONTAGEM CINEMATOGRÁFICA
FOTOGRAFIA CINEMATOGRÁFICA
HISTÓRIA DO CINEMA II
3ª Fase
NARRATIVA CINEMATOGRÁFICA
CINEMA E LITERATURA
BRASILEIRA I
ESTUDOS CULTURAIS
DRAMATURGIA
HISTÓRIA DA ARTE
4ª Fase
GÊNEROS CINEMATOGRÁFICOS
TEORIA DO ROTEIRO I
CINEMA DOCUMENTÁRIO
TEORIA DO CINEMA I
OPTATIVA
5ª Fase
TEORIA DO ROTEIRO II
CINEMA E TEORIAS DO SUJEITO
CINEMA BRASILEIRO
TEORIA DO CINEMA II
OPTATIVA
6ª Fase
sos de Letras e Design. Uma adaptação, com conquista de novos laboratórios e equipamentos é algo que levará alguns anos e dependerá de mais
verbas do governo. “Até lá, a estrutura dará conta das primeiras aulas.
Pommer diz que há bons exemplos
de sucesso nesse sentido. “Nosso
curso de Jornalismo, hoje considerado ‘instituição paradigmática’ começou com quatro professores e umas
máquinas usadas”, diz, ao lembrar
que o projeto inicial seria o de criar
um curso eminentemente prático, de
produção – objetivo impossibilitado
pela falta de verbas, necessárias em
grande quantidade num curso caro
como o de Cinema. Mas aos poucos,
com a consolidação do curso teórico,
o “horizonte” apontará para um curso
onde se possa produzir filmes de gran-
de qualidade.
“Com a era do novo Cinema Digital cada vez mais presente, produzir
filmes ficará mais barato”, afirma
Pommer. Claro que será preciso gastar com a criação de ilhas de edição
não-linear, formadas por computadores potentes, mas será possível transpor o mítico obstáculo da película –
filme 35 mm, necessário para a alta
qualidade do cinema e que tem de ser
importada, em dólar. “Nosso horizonte é, dentro de alguns anos, poder
estar produzindo filmes de caráter não
só regional, como nacional”, diz
Pommer.
ANÁLISE FÍLMICA I
ANÁLISE DOS MEIOS ÁUDIO
VISUAIS
ARGUMENTO CINEMATOGRÁFICO
OPTATIVA
OPTATIVA
7ª Fase
ROTEIRO
PRODUÇÃO AUDIOVISUAL
TÉCNICAS DE PROJETOS
OPTATIVA
OPTATIVA
8ª Fase
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE
CURSO
Willian Vieira
Bolsista de Jornalismo / Agecom
Jornal Universitário
9
VIDA NO CAMPUS
Próximos
eventos
Outubro
VII Encontro Interamericano de
Educação Ambiental em Áreas de
Manguezal, de 24 a 31 em São
Francisco do Sul. Informações:
www.vii-eneaam.ufsc.br
ou (48) 331-6916
VI Seminário de Engenharia
Sanitária e Ambiental (Semesam)
de 27 a 30 no Centro de Cultura e
Eventos da UFSC. Informações
www.semesam.usfc.br
Seminário “Doenças Infecciosas e
a Transição Epidemiológica”, com o
professor da USP, Eliseu Alves
Waldman, dia 28, às 14h no
auditório do CCS.
NOVEMBRO
XXIV Encontro Nacional de
Engenharia de Produção de 3 a 5
na UFSC. Informações:
www.enegep.abepro.org.br
ou (48) 3317008
Seminário: Intervenções em saúde
do trabalhador, dias 4 e 5 no Fórum
do Norte da Ilha (UFSC)
Informações: www.psitrab.ufsc.br
VII Campeonato Universitário de
Tênis da UFSC e IV Campeonato
de Tênis em Cadeiras de Rodas da
UFSC, de 5 a 7.
Informações: NETEC Tel: 331 9695
e [email protected]
Filme Apaixonado Thomas de
Pierre-Paul Renders dia 10, às
18h20min no auditório do CFH.
Logo após a exibição do filme
haverá debate.
I Encontro e Matemática
Universitária, de 12 a 15.
Realização PET-Matemática.
Informações:
[email protected]
Simpósio de Ciência e
Espiritualidade, de 22 a 24 no
Auditório da Reitoria da UFSC.
Informações: 9981 1305 com André
I Encontro Internacional de Saúde
Natural, Beleza Arte e Lazer, de 24
a 27 no Centro de Cultura e
Eventos da UFSC. Informações:
www.isluna.com.br/encontro/
encontro.htm ou 233-1405
II Seminário Catarinense de Saúde
Coletiva, nos dias 26 e 27 na
UFSC. Informações:
www.ccs.ufsc.br/spb/seminario
V Semana de Estudos Açorianos,
de 29 de novembro a 3 de
dezembro. Informações:
www.nea.ufsc.br ou 331-8821.
DEZEMBRO
IV Colóquio Internacional sobre
Gestão Universitária na América do
Sul, de 8 a 10. Informações:
www.inpeau.ufsc.br
ou (48) 331 6646
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
UFSC - Jornal Universitário - Outubro de 2004 - Nº 368
Neti lança seu jornal
Núcleo de Estudos da Terceira Idade vive nova fase
esde de 1982 quando foi
criado, o Núcleo de Estudos da Terceira Idade,
Neti, mantém firme os
seus propósitos de
conscientizar o homem das possibilidades de trabalhar a valorização do
conhecimento do idoso, num processo constante e crescente de busca da
compreensão desse ser e promoção
de ações renovadoras na área
gerontológica, assim como na busca
de solução de problemas relacionados ao social.
Nesses mais de 20 anos de intensa atividade, o Neti permanece firme
em sua missão melhor de redescobrir,
recriar de forma integrada, o conhecimento advindo do ensino, da pesquisa e da extensão, que tem sido capazes de integrar as pessoas da terceira idade no meio acadêmico, comunitário e na recondução ao mercado de
trabalho, como autênticos sujeitos de
transformação e transformadores da
sociedade em que estão inseridos.
Mais uma vez o Núcleo de Estudos da Terceira Idade inova, com a
transformação do seu tímido boletim
informativo em jornal tablóide de 16
páginas, com capa e contracapa colorida, assim como as páginas centrais. Os textos foram elaborados pelos próprios alunos, como resultado de
um curso de redação que fizeram no
curso de Jornalismo da UFSC. Cada
repórter “netiano” tem trabalhado com
afinco e dedicação e, alguns demonstram apresentar um bom faro
jornalístico.
Os temas a serem tratados no jornal são resultado de agitadas reuni-
D
ões de pauta onde cada um tem várias idéias a apresentar como ponto de
pauta. Alguns estudantes estão se
preparando para o exercício da atividade de fotógrafo, enquanto que outros que não participaram da primeira
edição estão correndo para aprontar
material para as seguintes.
A idéia do pessoal do Neti é de produzir mais um exemplar até o final do
ano. Porém, em 2005, a periodicidade será mensal. Para isso, a comissão encarregada do jornal está buscando apoio financeiro e parcerias
com instituições públicas e privadas,
uma vez que o custo de impressão
representa 70% do seu custo total.
José Antonio de Souza
Jornalista
Tecnologia & Sociedade começa a circular
Divulgação CTC
Uma publicação primorosa no
acabamento e com uma editoração
muito agradável começa a circular: é
a revista Tecnologia & Sociedade que
divulga, em suas 54 páginas, pesquisas e projetos com enfoque social
desenvolvidos
no
Centro
Tecnológico(CTC) da UFSC. A revista foi desenvolvida pelo Núcleo de
Comunicação do CTC (NuCom).
As sete seções foram definidas
com muita cautela: “Vida”, “Energia”,
“Informação”, “Natureza”, “Trabalho e
Renda”, “Cidadania e Educação” e
“Arte” englobam projetos e pesquisas
das mais diversas áreas que, de alguma forma, relacionam-se com os
temas propostos. Os principais textos
têm versão para a língua inglesa.
“Muitas pessoas acham que os
projetos sociais são aqueles em que
alguém pega um peixe e dá de comer
a quem precisa. Nós quisemos mostrar que a tecnologia pode ter um alcance social de efeito multiplicador”,
explica o diretor do CTC, professor
Júlio Szeremeta
10 Jornal Universitário
O tratamento da informação foi
uma preocupação constante assim
como
a
linguagem dos textos, desenvolvida
levando em conta seu público alvo:
leitores que tenham concluído o Ensino Médio. “O conhecimento de quem
vai ler importa muito para que a revista atinja sua finalidade, por isso procuramos, entre outras coisas,
contextualizar cada pesquisa. Sem a
contextualização, a compreensão do
leitor se torna difícil e o jornalismo científico não cumpre seu papel”, explica Carla Cabral, editora da revista e
coordenadora do NuCom.
A revista Tecnologia & Sociedade
teve uma tiragem de três mil exemplares e será distribuída para universidades, organizações não governamentais, escolas, bibliotecas e instituições púbicas, entre outros. Uma
das idéias, após avaliação da recepção deste primeiro número, é fazer
uma publicação híbrida, utilizando os
meios eletrônico - provavelmente a
internet - e impresso.
Para receber um exemplar basta
enviar o endereço postal ao
[email protected]
Amanda Miranda
Núcleo de Comunicação do CTC
SABER NOVO
UFSC - Jornal Universitário - Outubro de 2004 - Nº 368
Labcal integra Rede
Brasileira de Laboratórios
Cinco laboratórios do CAL são habilitados pela Reblas e pela Anvisa
Paulo Noronha
inco laboratórios do Departamento de Ciência e
Tecnologia de Alimentos
que integram o Labcal do
Centro de Ciências Agrárias (CCA) da UFSC realizam testes
que indicam a qualidade dos alimentos. Os laboratórios, que fazem cerca
de 500 análises mensais, são habilitados pela Reblas (Rede brasileira de
laboratórios) e pela Anvisa (Associação Nacional de Vigilância Sanitária).
As amostras enviadas pelas empresas passam por diferentes procedimentos analíticos que reconhecem
a qualidade do alimento. “Se a amostra é perecível vai para a refrigeração
ou congelamento, se não há um local
específico para ser armazenado. O
passo seguinte é pegar a amostra e
realizar um procedimento analítico
seguido de uma incubação final. É
feita a leitura das amostras para constatar se há ou não organismos que
classifiquem o produto como inadequado para o consumo”, explicou a
gerente técnica dos laboratórios do
Labcal e coordenadora do Laboratório de Microbiologia, professora Cleide
Vieira Batista.
O resultado dos ensaios é enviado à empresa que solicitou o teste no
máximo 20 dias.
Todos os produtos utilizados na
alimentação escolar do Estado tam-
1999. Neste ano, os laboratórios passam por testes finais para conseguir
o visto para a análise de produtos de
origem animal. Nenhum laboratório do
estado, até hoje, possui esse vínculo
com o ministério.
Informações: Secretaria do Labcal
Fone (48) 331-9057 ramal 244 e, Laboratório de Microbiologia (professora Cleide) pelos fones 331-5379 e 3315380.
C
bém são testados nestes laboratórios. Os alimentos destinados às instituições de ensino recebem um certificado de qualidade, que é obrigatório.
“Nós fomos o 20º laboratório do
Brasil a ser habilitado pela Rede Brasileira de Laboratórios da Anvisa. Isso
mostra a competência da nossa equipe técnica no controle da qualidade
dos alimentos que analisamos. Isso é
feito nos produtos que são consumidos não só no Brasil, mas fora dele e
também nos que chegam de fora para
nós consumirmos”, disse Cleide.
Alunos e ex-alunos da graduação
e pós-graduação de cursos como Engenharia de Alimentos, Agronomia,
Nutrição e Farmácia trabalham como
bolsistas, estagiários ou até como
contratados. “O trabalho nos laboratórios também é uma forma de integrar o ensino à extensão. E, com certeza, os alunos que passam por estes estágios já saem da universidade
com mais experiência”, afirmou a professora.
Um grupo de auditores do Ministério da Agricultura avalia o Sistema
de Qualidade dos Laboratórios, sua
parte técnica e burocrática desde
Bruna Tiussu
Bolsista de Jornalismo / UFSC TV
Saúde no Campus
Um retrato dos hábitos dos estudantes da UFSC revela que 74% deles consome bebidas alcoólicas, 19%
fuma, quase metade não pratica qualquer atividade física e 63% se alimenta mal – confirmando a tendência boêmia dos universitários brasileiros.
Quem afirma é a professora de Saúde Pública, do Centro de Ciências da
Saúde da UFSC, Jane Maria de Souza Philippi.
Em sua tese de doutorado, O uso
de suplementos alimentares e hábitos
de vida universitários: o caso da
UFSC, defendida em maio deste ano,
Jane trabalhou com uma lista
fornecida pelo NPD ( Núcleo de
Processamento de Dados), por meio
da qual aplicou um questionário a 273
alunos. Dessa forma, obteve uma
“amostra aleatória estratificada”, que
representasse o total dos alunos da
UFSC. “Os alunos não foram escolhidos ao acaso”, diz a professora, que
afirma poder-se confiar nos resultados.
Estes revelam dados interessantes sobre os hábitos alimentares e físicos dos alunos do Campus da
UFSC, como, por exemplo, que os
estudantes homens bebem e fumam
mais do que mulheres. Ou, ainda, que
a maioria dos sedentários estuda no
Centro de Ciências Humanas – e,
quanto a isso, a professora arrisca um
diagnóstico.
“Talvez seja o ambiente propício ao
sedentarismo, lugar para leituras,
onde estudantes passam todo o tempo sentados”, explica a professora,
que aponta também o fato de os alunos de ciências humanas não se informarem sobre saúde, alimentação
e atividade física – área de estudos
dos alunos do CDS e do CCS. Em tais
centros, Jane constatou que os alunos praticam atividade física de 4 a 5
vezes por semana, fazendo 4 refeições diárias, o correto. Já no CTC,
onde os estudantes se exercitam ainda mais – de 6 a 7 vezes por semana,
a alimentação não é correta, com
menos de três refeições por dia. Isso
porque “esses alunos dependem mais
do RU, que oferece apenas uma ou
duas refeições diárias, sendo que a
maioria mora sozinho”, complementa
Jane.
Outro dado que chama a atenção
é o consumo de produtos para me-
lhorar a aparência física, que faz parte da vida de 13,5% dos universitários do Campus. Desses, 6% consomem alimentos especiais e 4,5% ingerem suplementos alimentares, na
maioria das vezes compostos de proteína e carboidratos que aceleram o
ganho de massa muscular, em especial daqueles que vão a academias
com freqüência – a maioria homens.
“Geralmente indicados por amigos ou
quando vêem propagandas na TV”,
afirma Jane.
As mulheres, ao contrário, fazem
uso
mais
freqüente
de
emagrecedores. 1,5 % das universitárias ingerem fitoterápicos, composto de ervas naturais, geralmente laxantes e diuréticas. Mais 0,5% delas
apela para os laxantes – “tudo por
causa da aparência”, atalha Jane. No
caso de homens e mulheres, independente de ganhar ou perder peso, eles
“consomem essas substâncias muito
mais para melhorar a aparência do
que por causa da saúde”.
Segundo a professora, o álcool
tem forte relação com doenças
cardiovasculares e com doenças do
fígado, e o fumo com doenças pulmo-
nares e também com doenças do coração. Dados que afirmam que 74%
de alunos bebem com freqüência ou
que 19% fumam, por exemplo, são
“preocupantes” e justificariam a criação de um grupo para pesquisar e agir
na Comunidade Universitária - o que
Jane antecipadamente batizaria de
Núcleo de Pesquisa e Extensão em
Qualidade de Vida.
Seria um grupo de professores e
alunos que orientariam os estudantes
de todo o Campus. Assim, alunos de
Educação Física falariam sobre atividades físicas e esportes, enquanto
alunos de Nutrição ajudariam a promover uma alimentação saudável, e
alunos de Medicina alertariam para os
riscos que o sedentarismo pode oferecer. “Falta aos alunos os conhecimentos básicos sobre alimentação e
atividade física, conhecimentos esses
que, aprendidos na universidade, ficam para a vida”.
Willian Vieira
Bolsista de Jornalismo / Agecom
Jornal Universitário 11
LIVROS
UFSC - Jornal Universitário - Outubro de 2004 - Nº 368
Sociologia e gastronomia
Cidadão Lobato
Ética e participação
Sociologias da Alimentação, de Jean-Pierre
Poulain, com tradução de Rossana Pacheco da
Costa Proença, Carmen Sílvia Rial e Jaimir Conte,
publicado pela EdUFSC é a grande novidade de
2004 da Série Nutrição. Faz um inventário das contribuições da Sociologia para a compreensão da alimentação, enfocando, os vínculos entre as Ciências Sociais e a Gastronomia. Poulain cresceu no
meio da fabricação de comidas, na charcuterie de
seus pais, em Tulle, no Centro da França. Tornouse um chef socioantropólogo de mão cheia, que em
Sociologias... discute a alimentação a partir dos
grandes questionamentos atuais e busca, com uma
abordagem mais simplificada, atingir a um público
mais geral. Poulain apresenta as discussões teóricas para o entendimento da proposta, com abordagem e linguagem mais adequada para iniciados.
Trata-se portanto, ressalta Proença, de um trabalho que atende tanto os que buscam ler sobre alimentação, com uma abordagem diferente das receitas grastronômicas e das receitas nutricionais,
quanto aos especialistas na área, que buscam
aprofundar teoricamente os seus estudos.
Monteiro Lobato e o leitor, esse conhecido, de
Eliane Debus, destrincha a vida e a literatura do
jornalista, escritor, editor, empreendedor e cidadão
Lobato, comprovando o seu papel fundamental para
a valorização da literatura, do livro, do autor, da biblioteca, da escola e, sobretudo, para a formação
do leitor desde a criança, com envolvimento, inclusive, da família. Debus faz uma exaustiva pesquisa, à altura do valor político, intelectual e literário
do escritor, traçando um perfil histórico e ouvindo
leitores de Lobato, ou seja, crianças da época que
adquiriram o hábito da leitura com as histórias da
Emília, do Saci-Pererê, do Jeca Tatu... do Sítio do
Pica-pau Amarelo.
“Reencontramos sete desses leitores, que testemunham a importância dessa leitura na infância”,
sublinha a autora, professora na UFSC junto aos
Departamento de Metodologia de Ensino (MEN/
CED) e Departamento de Língua e Literatura
Vernáculas (LLV/CCE). Reencontrar estes leitores
muitos anos mais tarde, por exemplo, permitiu à
pesquisadora uma reflexão ímpar sobre a formação do leitor.
A Editora da UFSC lançou Ética e participação problemas éticos associados à gestão participativa
nas empresas, de Leo Kissler, prólogo de Robert
H.Srour, livro que problematiza os princípios básicos da Economia Ética e Empresarial: eqüidade,
liberdade e dignidade humana.
A tradução é do professor Ulf G.Baranow, doutor em Lingüística e Filosofia pela Universidade de
Munique. A revisão técnica e a apresentação ficaram a cargo do professor Francisco G.Heidemann,
doutor em Administração Pública pela Universtiy of
South California e docente de diversas universidades brasileiras. A obra inaugura a Série Ethica da
EdUFSC.
Segundo Kissler, que veio da Alemanha para o
lançamento, a participação direta dos empregados
no planejamento das condições de seu trabalho
constitui uma questão central na ética contemporânea. Ele identifica um entendimento normativo sobre este tipo de participação, como também a convicção de que ela oferece respostas às questões
de ordem ética levantadas pelas próprias condições
do trabalho assalariado.
Resíduos na construção
Um marco da entrevista
Álbum de peixes
O avanço na área de valorização de resíduos é
tema do livro ´Utilização de Resíduos na Construção Habitacional‘. Editado pelo Programa de
Tecnologia de Habitação (Habitare), da Finep, o livro traz sete artigos. A professora Janaide Cavalcante Rocha, do Departamento de Engenharia Civil da UFSC, autora de um dos trabalhos, divide a
edição do livro com o professor Vanderley M. John,
da USP. A obra está disponível para download no
site www.habitare.org.br/
O artigo ´Aproveitamento de resíduos na construção´, de Janaíde e do professor Malick Cheriack,
também da UFSC, traz informações sobre vários
resíduos e sua geração. Os autores ressaltam a
importância do desenvolvimento de processos associados à reciclagem. O reaproveitamento de cinzas de casca de arroz é tema de outro artigo que
leva assinatura da UFSC.
O professor Luiz R. Prudêncio Jr, do Departamento de Engenharia Civil, é um dos autores. O
trabalho aborda a pesquisa com cinzas de casca
de arroz na produção de novos materiais, como
concretos de alto desempenho. (Arley Reis)
Em Diálogos com a literatura brasileira, da
EdUFSC, Marco Vasques brinda os leitores com o
que há de melhor no jornalismo cultural. No livro,
quem aparece são os escritores e suas obras. Suas
entrevistas que pretendem estimular a divulgação
e a valorização da literatura regional e tentam recuperar o sentido nobre do próprio jornalismo de cultura. Essa obra não se limitará aos autores do Sul.
Deve ganhar o País. Serão três volumes, cada um
oferecendo 12 escritores da literatura universal produzida no Brasil. Desfilam nesse volume autores
que dispensam apresentações, como Alcides Buss
( O homem sem o homem); a contista Adriana
Lunardi (Vésperas); o poeta C. Ronald (Razão do
nada); o poeta Carlos Nejar (Memórias do porão);
o cronista e romancista Domingos Pellegrini Jr.; o
romancista Cristóvão Tezza (Trapo); a romancista
Lia Luft (Reunião em família); Mário Guidarini (A
desova da serpente); o contista e romancista Moacyr
Scliar (Olho mágico); o contista e romancista Olsen
Jr. (Esquecidos do Brasil); o romancista e contista
Salim Miguel (As confissões prematuras) e o romancista Tabajara Ruas (Os varões assinalados).
Já em circulação o Catálogo ilustrado de peixes
do alto rio Uruguai, desenvolvido pelo Laboratório
de Biologia e Cultivo de Peixes de Água Doce, do
Departamento de Aqüicultura da UFSC, em conjunto com a Tractebel Energia, O objetivo da obra,
assinada por Evoy Zamboni Filho, Samira Meurer,
Oscar Akyo Shibata e Alex Pires de Oliveira Nuñer,
é apresentar informações das espécies encontradas nessa região, como forma de disseminar parte
do conhecimento adquirido durante os estudos de
monitoramento da fauna de peixes e de desenvolvimento de tecnologias de cultivo, consolidando a
geração de conhecimento nessa área. O livro mostra como os peixes são importantes componentes
dos ambientes aquáticos, e sua distribuição e ocorrência, no Brasil, são tão amplas quanto é rico o
país em recursos hídricos. É preciso considerar a
fauna de peixes como atores importantes cujo ciclo
de vida está totalmente vinculado aos rios e às bacias hidrográficas e, portanto, expostos a diversas
pressões, produzidas pela ação humana.
12 Jornal Universitário
Artemio Reinaldo de Souza - Jornalista