Cadernos da Internacionalização
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Cadernos da Internacionalização
CADERNOS DA INTERNACIONALIZAÇÃO A Construção Portuguesa nos Mercados Internacionais NOVEMBRO 2013 5 mil milhões foi o volume de negócios obtido pelas empresas de construção nos mercados internacionais. As empresas de construção consolidam a sua presença no mundo e, em 2012, reforçam a atividade na América Central e do Sul Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt Cadernos da Internacionalização Editorial “Prudência e caldos de galinha...” A entrada nos mercados externos tem sido para as empresas portuguesas de construção, simultaneamente, uma necessidade e uma oportunidade. Uma necessidade, porque, como é sobejamente conhecido, a contração do mercado nacional, que tarda em revelar-se promissor, assim o instiga. É também uma enorme oportunidade, seja pelo nível de crescimento de alguns mercados, nomeadamente os africanos, seja pelo ciclo de investimento em infraestruturas nas economias emergentes, designadamente na América Central e do Sul, ou ainda porque a definição da estratégia de internacionalização dá os seus frutos. ÍNDICE Em Foco Factos e perspetivas Factos 03 4-13 14-17 Balanço 18-20 Estratégias 21-27 Legislação 28-30 No contexto global, as empresas portuguesas de construção já provaram que é possível aceder e vencer em novos mercados. E fizeram-no muitas vezes de modo próprio, assumindo todos os riscos que o processo acarreta e alcançando com persistência o sucesso desejado. Por conseguinte, para muitas empresas de construção a internacionalização foi o “agarrar” da oportunidade que veio, ao longo do tempo, contribuir para o reforço do seu crescimento e aumento da competitividade, possibilitando a sustentabilidade da própria empresa. Porém, como a internacionalização é um processo contínuo e em expansão, existem em permanência empresas que manifestam a intenção e vontade de desenvolver a sua atividade no estrangeiro, denunciando, contudo, um profundo desconhecimento quanto à necessária capacitação para encetar o seu processo de internacionalização. Ora, que a qualidade da Engenharia e da Construção portuguesas são reconhecidas lá fora e que o capital humano deslocalizado tem uma enorme capacidade de adaptação, ninguém duvida. Agora, que todas as empresas estejam capacitadas para iniciar o desafio da internacionalização, não é um dado adquirido. O selo da engenharia portuguesa não é um passaporte para o sucesso! Cada empresa tem que encontrar o seu caminho, o seu espaço, sendo certo que, por definição, todos os mercados internacionais são de alto risco. Não havendo soluções únicas, tão pouco pré-definidas, assim como também não é possível eliminar todos os riscos associados à internacionalização, é, porém, indispensável adquirir conhecimento para definir e preparar a estratégia de internacionalização e implementar todo o processo com prudência, minimizando os riscos e objectivando o sucesso. Naturalmente que as medidas preconizadas na proposta do Orçamento de Estado para 2014 com vista ao incremento da internacionalização, designadamente, a reforma do IRC e o alargamento/ renegociação das convenções, beneficiarão a competitividade das empresas portuguesas nos mercados internacionais. Mas aqueles que por força da conjuntura decidirem externalizar a sua atividade têm ainda o “trabalho de casa” para fazer, que está à frente de toda e qualquer medida de política. Por outro lado e ainda no âmbito do que as empresas esperam do Executivo, é fundamental, no atual contexto do apregoado reforço da competitividade da economia e apoio à internacionalização das empresas, gerar credibilidade e confiança, de modo a que a imagem de Portugal nos mercados financeiros internacionais deixe de provocar constrangimentos, em especial nas operações de índole financeira, com grande impacto no desenvolvimento da atividade das empresas de construção. Esta edição de “Cadernos da Internacionalização”, para além de dar continuidade à divulgação de informação estatística e qualitativa que a AECOPS recolhe no âmbito do acompanhamento que faz da atividade internacional do Setor, apresenta temas que servirão de ponto de partida para reflexões sobre a temática da internacionalização, um assunto que está na ordem do dia em vários quadrantes, quer da política económica, quer do mundo empresarial. Um artigo mais “orientado”, relativo aos fatores de acesso aos mercados internacionais, é particularmente dedicado às empresas menos experientes nas lides internacionais, alertando-as para os principais passos que antecedem e acompanham o processo de internacionalização. Ficamos, como sempre, atentos à atualidade relevante em matéria de internacionalização com potencial interesse para as empresas associadas e disponíveis para acrescentar conhecimento e facilitar processos colaborativos no âmbito da internacionalização do Setor. Leonor Torres [email protected] Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 2 Cadernos da Internacionalização FATORES E PERSPETIVAS OS NÚMEROS DA INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA CONSTRUÇÃO 1. Volume da atividade no exterior e principais mercados em 2012 Em 2012, as empresas de construção consolidaram as suas estratégias de internacionalização, sobretudo em mercados extracomunitários, marcando presença em mais de 30 países, num contexto de quebra significativa do mercado interno. VALORES Milhões € Variação 2012/2011 Volume de negócios no exterior 4.973,14 20% Novos contratos celebrados no exterior 4.346,78 -31% N.º de empresas com atividade no exterior(1) 5.560 Fonte: Estatísticas EIC /FEPICOP / AECOPS (1) Estimativa com base na Informação Empresarial do IRN (2011) Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 3 Cadernos da Internacionalização Factos Os 5 principais mercados externos O volume de negócios obtido no exterior rondou os 5 mil milhões de euros e o valor atingido em novas contratações ultrapassou os 4 mil milhões de euros, num universo estimado de cerca de 5.560 empresas. em Volume de Negócios Volume de Negócios Países (milhões de €) Peso no total Globalmente, a atividade de construção desenvolvida no exterior intensificou-se em 2012, a avaliar pelo aumento do volume de negócios, que apresentou um acréscimo de 20% face ao ano passado. Já os novos contratos celebrados revelaram uma quebra de 31% relativamente a 2011, ano marcado por um pico de novas contratações. Angola 2658 53% Polónia 505 10% Moçambique 378 8% O decréscimo de novos contratos registado em 2012 foi mais acentuado na Europa, local onde, em contrapartida, ocorreu um ligeiro aumento do volume de negócios comparativamente a 2011. Malawi 273 5% Peru 265 5% Fonte: Estatísticas EIC / FEPICOP / AECOPS 1.2. A importância da internacionalização do setor da Construção De acordo com as estatísticas dos EIC - European International Contractors, o volume de negócios das empresas de construção portuguesas no exterior quase triplicou entre 2006 e 2012, passando de 1.7 mil milhões para quase 5 mil milhões de euros, o que traduz o sucesso da sua aposta estratégica na internacionalização. EVOLUÇÃO DO VOLUME DE NEGÓCIOS DA CONSTRUÇÃO NO EXTERIOR Fonte:Estatísticas EIC / FEPICOP / AECOPS (Milhões €) Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 4 Cadernos da Internacionalização Ao longo dos últimos sete anos, a atividade das empresas de construção nos mercados internacionais cresceu a uma taxa média anual de 20%, refletindo de forma inequívoca a sua competitividade externa. Quanto à importância da internacionalização do Setor na economia do País, refira-se que, em 2012, o volume de negócios obtido no exterior pelas empresas de construção já representou 3% do PIB nacional e cerca de 8% do total das exportações. Volume de negócios no exterior / PIB Volume de negócios no exterior / Exportações 3% 8% De facto e consoante decorre do quadro seguinte, a análise da evolução do volume de negócios da Construção no exterior nos últimos sete anos permite verificar que o peso do Setor face ao total das exportações nacionais seguiu uma trajetória crescente até 2009, ano em que atingiu um peso de cerca de 7%, o que significou mais do que a duplicação da sua importância face a 2006. Em 2010, apresentou uma descida relativa, crescendo continuamente de então para cá e atingindo os 8% em 2012, um novo máximo histórico, evidenciando dinamismo na expansão internacional da atividade. 2. Distribuição geográfica da atividade em 2012 Em termos de distribuição geográfica, África, com 3.694 milhões de euros em volume de negócios e 2.491 milhões de euros em novos contratos, continua a ser o principal mercado externo, representando, respetivamente, 74% e 57% do total da atividade no exterior em 2012. EVOLUÇÃO DO PESO DA CONSTRUÇÃO NO TOTAL DAS EXPORTAÇÕES Fonte: Estatísticas EIC / FEPICOP / AECOPS, Exportações-Contas Nacionais Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 5 Cadernos da Internacionalização DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DO VOLUME DE NEGÓCIOS Fonte: Estatísticas EIC /FEPICOP / AECOPS A segunda maior percentagem do volume de negócios foi obtida na Europa (13%), a que corresponde um valor de 668 milhões de euros e, em termos de novos contratos, os países europeus representaram apenas 8% do total da atividade no exterior. Os países da América Central e do Sul ocupam, assim, a terceira posição em termos de importância relativa no contexto da internacionalização do Setor, sendo responsáveis por cerca de 10% do volume de negócios obtido fora de Portugal, a que corresponde um montante de 477 milhões de euros. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DOS NOVOS CONTRATOS Fonte: Estatísticas EIC / FEPICOP / AECOPS Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 6 Cadernos da Internacionalização Entretanto, a descida global no que respeita aos montantes A América do Norte, por sua vez, representa 3% do total do alcançados em novos contratos não se verificou na América volume de negócios e 2% dos novos contratos conseguidos nos Central e do Sul, tendo inclusivamente ocorrido um aumento mercados externos, percentagens correspondentes a valores de novas contratações: cerca de 8% face ao ano anterior. na ordem dos 127 e 67 milhões de euros, respetivamente. Em 2012, esta zona geográfica foi responsável pela celebração de 1/3 dos novos contratos, que ascenderam a 1.429 milhões de euros, em que o maior aumento relativamente ao ano anterior ocorreu no Brasil. No conjunto dos mercados internacionais, o Médio Oriente surge como a zona geográfica de menor importância relativa na atuação das empresas portuguesas de construção, com valores ainda muito aquém dos restantes mercados. Peso dos principais mercados com presença de empresas portuguesas de construção Novos Contratos Volume de Negócios Regiões / Países Valor (Milhões €) Peso Valor (Milhões €) Peso 333 8% 668 13% Alemanha 8 0% 7 0% Bélgica 15 0% 16 0% Espanha 29 1% 90 2% França 1 0% 2 0% Hungria 0 0% 1 0% Irlanda 25 1% 18 0% Polónia 209 5% 505 10% Rep. Checa 29 1% 24 0% Roménia 16 0% 3 0% Outros 3 0% 2 0% América do Norte (EUA e Canadá) 67 2% 127 3% EUA 67 2% 127 3% 1429 33% 477 10% Brasil 241 6% 0 0% México 308 7% 42 1% Panamá 16 0% 67 1% Europa (UE) América Central e do Sul Peru 269 6% 265 5% Venezuela 595 14% 102 2% (Continua...) Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 7 Cadernos da Internacionalização Peso dos principais mercados com presença de empresas portuguesas de construção (Continuação...) Novos Contratos Volume de Negócios Regiões / Países Valor (Milhões €) Peso Valor (Milhões €) Peso 2491 57% 3694 74% Argélia 303 7% 137 3% Gibraltar 15 0% 16 0% Marrocos 26 1% 70 1% África do Sul 0 0% 9 0% 1664 38% 2658 53% Cabo Verde 42 1% 125 3% Gabão 0 0% 4 0% Gana 0 0% 97 2% Guiné Conakry 0 0% 9 0% Guiné Equatorial 47 1% 92 2% Malawi 53 1% 273 5% Moçambique 245 6% 378 8% S. Tomé e Principe 8 0% 8 0% Senegal 12 0% 41 1% Suazilândia 10 0% 0 0% Togo 64 1% 1 0% Médio Oriente 26 1% 8 0% Omã 22 1% 1 0% Qatar 4 0% 6 0% Israel 0 0% 1 0% África (exclui Médio Oriente) Angola Fonte: Estatísticas EIC /FEPICOP / AECOPS Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 8 Cadernos da Internacionalização Apesar de ser considerado um mercado “natural”, atendendo aos antecedentes históricos e a algumas afinidades culturais, em África continua a existir uma dicotomia quanto à distribuição geográfica da atividade, permanecendo uma concentração de trabalhos em Angola, a par de uma grande dispersão pelos vários países africanos, na sua maioria com montantes auferidos pouco expressivos. De facto, é notório o peso da atividade em Angola, que atingiu 2.658 milhões de euros em volume de negócios e 1.664 milhões de euros em novos contratos, traduzindo, respetivamente, 53% e 38% do total das verbas contabilizadas fora de Portugal (44% e 36% em 2011). A seguir a Angola, Moçambique (8%) e o Malawi (5%) são os países africanos com maior expressão em termos de volume de negócios gerados externamente. Por outro lado, a Argélia foi o país onde as novas contratações, num montante de 303 milhões de euros, atingiram o terceiro valor mais elevado no continente africano (7% do total). Salienta-se que Moçambique e Argélia foram mercados com desempenho positivo face ao ano anterior, nos quais as empresas de construção conseguiram obter aumentos, tanto no volume de negócios, como em novas contratações. De referir, ainda, o acréscimo de atividade no Malawi, traduzido pelo aumento de volume de negócios obtido, que, embora com pouca expressão relativa, atingiu os 273 milhões de euros, passando a ocupar a terceira posição no seio do mercado africano. Poder-se-á considerar que, em 2012, a América Central e do Sul foi a área geográfica com melhor desempenho, atendendo ao facto de ter sido a única região onde aumentou a percentagem relativa aos montantes envolvidos em novos contratos e onde duplicaram as verbas referentes ao volume de negócios. No interior deste mercado, destaca-se a Venezuela, com maior valor absoluto em novos contratos firmados, cifrado em 595 milhões de euros, a que se seguiram o México, Peru e Brasil. Por sua vez, o Peru apresentou o valor mais elevado do volume de negócios, 265 milhões de euros. Na Europa, o montante alcançado em novos contratos foi de 333 milhões de euros, que se traduziu numa quebra de 50% face ao ano passado, em linha com a diminuição total dos valores contratados em 2012. Deste modo, o mercado europeu foi responsável pela maior quebra de novas contratações verificada em 2012 face a 2011. Em contrapartida, verificouse um ligeiro aumento do volume de negócios, com destaque para a Polónia, que representa 10% do total do volume de negócios auferido no estrangeiro. De salientar que, no conjunto dos países da União Europeia, a Polónia assume grande importância por concentrar a maior parte dos trabalhos realizados, com o volume de negócios a atingir os 505 milhões de euros e os novos contratos, 209 milhões de euros. No mercado europeu, Espanha ocupa a segunda posição, com trabalhos na ordem dos 90 milhões de euros e 29 milhões de euros em novos contratos, valor idêntico ao registado na República Checa. Em 2012, a América do Norte registou um ténue aumento do volume de negócios, fixado em 127 milhões de euros, e uma quebra dos valores referentes a novos contratos firmados nos EUA, comparativamente ao ano passado. Médio oriente No Médio Oriente, observou-se, face a 2011, uma subida considerável do volume de negócios, com maior expressão no Qatar. Estes resultados eram expectáveis, na medida em que no ano anterior se verificou o acréscimo na carteira de encomendas nos mercados do médio oriente. Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 9 Cadernos da Internacionalização 3. Destaques Europa VN NC Polónia representa 76% do mercado europeu e 10% do total da atividade internacional das empresas de construção portuguesas América do Norte VN NC América Central e do Sul África Mercado com melhor desempenho em 2012 Representa 33% dos novos contratos É o principal mercado externo VN:duplicou face ao ano passado NC: registou um aumento de 8% Médio oriente VN: 3694 milhões de euros VN NC: 2491 milhões de euros. NC Angola representa 72% do mercado africano e 53% do total da atividade internacional das empresas de construção portuguesas; Moçambique representa 10% do mercado africano e 8% do total Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 10 Cadernos da Internacionalização 4. Evolução Geográfica da atividade entre 2006 e 2012 EVOLUÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DO VOLUME DE NEGÓCIOS Fonte: Estatísticas EIC / FEPICOP / AECOPS Desde 2006 que se assiste a um aumento do peso relativo dos mercados africanos. A partir de 2009, evidenciam-se duas tendências: acentua-se a presença de empresas portuguesas na América Central e do Sul e assiste-se à redução progressiva da atividade no mercado europeu. do, onde se destacam, Angola, Moçambique, Malawi, Argélia, Cabo Verde e Gana. Em 2012, o volume de negócios atingiu os 3.694 milhões de euros, quando, em 2006, era de 931 milhões de euros. 4.2. Outros mercados 4.1. África A análise da distribuição do volume de negócios obtido no exterior ao longo dos últimos 7 anos permite evidenciar a importância dos mercados africanos, que representaram, em 2012, 74% do total do mercado exterior. A importância relativa dos mercados da América Central e do Sul aumentou consideravelmente em 2012, atingindo 10% do volume de negócios internacional, ou seja, 476,5 milhões de euros, salientando-se que este peso relativo mais do que triplicou face a 2006. África apresenta, no período em análise, uma evolução crescente do seu peso relativo, que sobe de 55%, em 2006, para 74%, pese embora em 2012 se tenha registado uma ligeira contração desta situação face ao ano transacto. De qualquer modo, a atividade neste mercado tem aumentado significativamente ao longo do período, o que é traduzido pelo acréscimo do volume de negócios obtido no conjunto deste merca- A Europa tem vindo a reduzir a sua representatividade no conjunto dos mercados internacionais, verificando-se que, em 2012, o seu peso em termos de volume de negócios foi de 13%, quando, em 2006, esta percentagem se situava nos 30%. Porém, refira-se que, em termos absolutos, o valor obtido em volume de negócios apresentou um aumento de 4% face ao ano anterior, passando de 642,5 para 668,2 milhões Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 11 Cadernos da Internacionalização DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DOS NOVOS CONTRATOS Fonte: Estatísticas EIC / FEPICOP / AECOPS de euros. A Polónia e a Espanha foram os países onde se ob- na América Central e do Sul, que tem vindo a ganhar impor- tiveram valores mais significativos em termos de volume de tância desde 2010, com um aumento considerável em 2012, negócios. passando a representar 33% dos contratos celebrados internacionalmente, com maior relevo na Venezuela. Por sua vez, a evolução dos montantes auferidos em novos contratos nos mercados europeus ao longo do período em No sentido inverso e também por essa razão não menos im- análise revela uma variação de -42% face a 2006. portante, salienta-se a perda de peso dos contratos celebrados em África face ao total, tendência que se acentua em A alteração mais significativa no que respeita à atividade das 2012, representando 58% do total de contratos angariados empresas portuguesas de construção fora de Portugal, tra- no exterior, quando chegaram a atingir os 79% há quatro duzida em termos de celebração de novos contratos, ocorre anos. Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 12 Cadernos da Internacionalização 5. Perspetivas Os 5 principais mercados O comportamento da adjudicação de novos contratos em 2012 evidencia, como se pode observar no quadro seguinte, a importância no futuro de mercados como: Angola, Venezuela, México, Argélia e Peru. em Novos Contratos Novos Contratos Países (milhões de €) Peso no total A quebra dos novos contratos na Europa e a subida na América Central e do Sul confirmam a tendência de redirecionamento e diversificação dos mercados, esboçada já no ano anterior. Angola 1664 38% Venezuela 595 14% É possível que a perda de importância relativa dos mercados europeus venha a acentuar-se, a avaliar tanto pela diminuição da percentagem referente aos montantes de novos contratos celebrados nesta zona do globo, como pela variação negativa dos valores contratados face a 2006, no contexto do clima recessivo instalado na Europa de uma maneira geral. México 308 7% Argélia 303 7% Peru 269 6% Perspetiva-se que a atividade de construção seja dirigida para outros continentes, nomeadamente para a zona da América Central e do Sul, com maior preponderância na Venezuela, México, Peru e Brasil. O contexto de afirmação económica dos países do Sul em termos de consumo e de produção, com a emergência de novos consumidores dotados de maior poder de compra (expansão da classe média), a crescente necessidade de infraestruturas e a resposta ao desafio da sustentabilidade desencadearão futuras oportunidades ao Setor. Decerto que o sucesso das empresas no exterior dependerá, em primeira instância, da capacidade para fazerem face aos fatores críticos de sucesso, designadamente: a interpretação dos mercados; a gestão em ambientes de elevada incerteza, a existência de recursos humanos com qualificação e abertura internacional, a mobilização de recursos financeiros, a seleção de parceiros e a criação de relações locais. Mas dependerá, também, da apetência para vencerem em mercados globalizados, tendo em linha de conta as macro tendências, tais como a demografia, padrões de consumo, regulação, recursos naturais, ambiente e tecnologia. Fonte: Estatísticas EIC / FEPICOP / AECOPS continuarem a consolidar o seu caminho da internacionalização. Assim e tendo por base os números analisados, o interesse das empresas nos mercados externos deverá passar pelos seguintes vetores de atuação: Consolidação da presença no mercado africano, no sentido de preservar e alargar a quota de mercado; Aumento da presença em mercados recentes, nomeadamente os da América Central e do Sul, aproveitando o seu ciclo de crescimento, sem, no entanto, reduzir o peso da atividade em África; Abordagem a novas geografias com potencial; Diversificação das áreas de negócios; Aposta na diferenciação e qualidade do produto final. Em suma, o reforço das vantagens competitivas assentes na valorização do capital humano, nas competências, no nível elevado de especialização, no “saber fazer bem e diferente”, assim como a capacidade de adaptação e gestão de processos críticos, serão, porventura, a chave para as empresas portuguesas de construção Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 13 Cadernos da Internacionalização FATORES Fatores relevantes para o acesso aos mercados internacionais Os últimos dados sobre a internacionalização do setor da Começando por explicitar que a internacionalização é um Construção evidenciam que este ganhou competitividade processo longo, que exige visão e operacionalização, per- no exterior. A presença continuada e crescente não deriva, sistência e paciência, neste artigo procura-se identificar com certeza, do mero acaso. um conjunto de fatores críticos que podem ajudar à entrada de novas empresas no processo da internacionali- O êxito da internacionalização da generalidade das empre- zação. sas portuguesas foi o resultado de uma estratégia de longo prazo, desenvolvida sistematicamente e persistentemente, fruto de pequenos passos e do aproveitamento de oportunidades conjunturais e tendências de fundo. Combinou a consolidação em mercados tradicionais, em particular em Angola e restantes PALOP, com a entrada em novos merca- Oportunidade de negócio Em primeiro lugar, regra geral, é a oportunidade de negócio que, na maioria dos casos, desencadeia o processo de internacionalização das empresas de construção. dos, designadamente na América Central e do Sul. Mesmo assim, a decisão pela internacionalização é um proPor outro lado, o sucesso de um processo de internaciona- cesso complexo, moroso e exigente do ponto de vista fi- lização não pode ser avaliado no curto prazo. Na generali- nanceiro, que requer a definição de uma estratégia e a sua dade dos casos, antes de obter resultados é preciso investir necessária operacionalização, para o que é indispensável sem desistir perante as primeiras adversidades e contrarie- ter por base vários elementos chave, que se esquematizam dades, aprender com os reveses para adquirir resiliência. de seguida. Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 14 Cadernos da Internacionalização Estratégia Estratégia internacional Estudo do mercado Estratégia de entrada • Área(s) de especialização • Vantagens competitivas • Adaptação à realidade do mercado • Modo de entrada • Cooperação • Alianças locais com recurso ou não a parceiro local • Atratividade do mercado • Potencial • Facilidades de entrada / barreiras (incentivos, recursos, concorrência) • Risco do país (político, económico, operacional) A definição de uma estratégia de internacionalização tem decidido consoante o tipo e o volume do investimento, bem como fatores basilares de suporte as vantagens competitivas como em função dos objetivos delineados pela empresa. A li- da empresa que decorrem dos seus recursos, dos seus ativos gação a um parceiro local tem sido uma prática adotada por e das competências, da qualidade do produto e dos serviços muitas empresas com o intuito de facilitar o acesso e o contro- prestados. As áreas de especialização e as capacidades distinti- lo do mercado, a partilha de risco e de recursos, a complemen- vas da empresa são, igualmente, determinantes no acesso aos taridade de competências e a entrada de capital, no caso de se mercados externos. tratar de um investidor. Numa fase inicial, de preparação do processo, é imprescindível Porém, uma parceria apenas será bem sucedida se existir com- a realização de um estudo prévio e aprofundado que incida patibilidade das empresas ao nível estratégico, organizativo e sobre a atratividade do mercado (o potencial, o crescimento, a cultural. Torna-se, então, essencial acautelar se os objetivos do procura), o conhecimento do ambiente legal, fiscal e logístico, negócio, os recursos, os ativos, as competências, os mecanis- bem como os incentivos existentes de natureza fiscal e finan- mos de decisão, bem como a filosofia da empresa e os estilos ceira (eventuais contratos com o governo). O conhecimento de de gestão, são conciliáveis e podem ser partilhados pelas em- todos estes elementos é fundamental para o apoio à tomada presas implicadas. de decisão quanto à internacionalização da atividade. A avaliação do risco do país a nível político, económico, a facilidade e a forma de entrada são igualmente aspetos cruciais de avaliação na fase embrionária do processo de internacionalização. Quanto ao modo de entrada no mercado, em muitos casos, é Efetivamente, a concretização da internacionalização requer a criação de condições operacionais que passam por definir um vasto leque de componentes essenciais, tais como a organização, os recursos (o destacamento e a gestão da mão de obra), bem como a logística global, que inclui a deslocalização das Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 15 Cadernos da Internacionalização Operacionalização Organização Operações Financiamento • Modelo Organizativo • Destacamento e gestão da mão-de-obra • Logística • Cadeia de fornecedores • • • • • • • • • Empréstimos (Portugal / localmente) Risco Cambial Linhas de financiamento Seguros de crédito Instrumentos de trade finance (garantias de admissão a concurso e de boa execução) Capital de risco Garantia mútua Financiamento de projetos internacionais (project finance) Instrumentos da União Europeia para mercados emergentes estruturas de apoio (equipamentos e materiais), transporte, cadeias de fornecimento, tendo sempre presente uma rigorosa avaliação dos custos operativos. O financiamento é um aspeto crucial na operacionalização da internacionalização. A sua gestão tem subjacente a maximização do retorno e a minimização do risco. Em particular o risco cambial, que advém da alteração das taxas de câmbio com eventual implicação no aumento dos custos operacionais, e a flutuação de moeda, que produz variações no valor dos contratos, são aspetos que requerem a definição de estratégias com vista a uma gestão eficaz. As modalidades de financiamento para acesso aos mercados internacionais são diversificados, desde o financiamento bancário obtido em Portugal e/ou no mercado de destino, através da banca comercial, apoio governamental, através de linhas de financiamento, seguros de crédito, capital de risco, garantia mútua, até uma vasta panóplia de instrumentos de engenharia financeira, muitas vezes agregados ao modelo de financiamento do próprio projeto. Por sua vez, o financiamento dos projetos, em numerosos casos associado a investimentos públicos, varia consoante o tipo de projeto e processa-se através de inúmeras formas. Na esfera do project finance podem existir recursos alocados por entidades multilaterais financeiras a projetos públicos e privados nos países em desenvolvimento, cujo conhecimento e acesso por parte das empresas exigem uma exploração aprofundada, assim como a intervenção de organizações governamentais e, inclusivamente, o suporte de consultoria especializada. Também existem, no âmbito da cooperação da União Europeia com países em transição, instrumentos comunitários de financiamento e apoio a projetos de desenvolvimento sustentável em determinados mercados, atribuíveis sob critérios muito específicos de elegibilidade. Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 16 Cadernos da Internacionalização Mesmo perante os diversos apoios financeiros à internacionalização, é um fato incontestável que o elevado grau de dificuldade no acesso ao crédito é um dos principais constrangimentos com que as empresas do Setor se têm deparado e determinante da atividade internacional. Sucesso Mas então, o que justifica a persistência e como se explica o sucesso das empresas de construção no exterior?! Em temos genéricos, o sucesso da internacionalização está fortemente associado à fase de preparação do processo, a que se juntam as capacidades críticas da empresa que dificilmente se adquirem no curto prazo, donde a adoção de uma perspetiva de médio prazo é uma condição essencial. Por outro lado, em alguns mercados e sob determinadas circunstâncias, a dimensão da empresa é um dos fatores determinantes do sucesso. Contudo, são conhecidos casos de êxito de empresas com menor dimensão. O conhecimento, as competências, a especialização técnica, nas palavras de Ricardo Pedrosa Gomes, presidente da Direção da AECOPS, “a qualidade da engenharia portuguesa, é uma mais valia em grande parte dos mercados de destino”, que, obviamente, se traduz na qualidade do produto final. Estes são fatores cruciais de afirmação e diferenciação, através dos quais as empresas nacionais singram no exterior. A especialização ou a diversificação das áreas de negócios têm sido, em muitos casos, fatores fundamentais para o sucesso dos processos de internacionalização. Em qualquer dos casos, o estabelecimento de rede de contactos, as parcerias locais e a fortificação de relações são aspetos igualmente essenciais para alcançar o sucesso. Em suma, a adaptação da atuação das empresas à realidade de cada mercado, através da adequação das competências humanas e tecnológicas, constitui a base de uma maior capacidade para vencerem em mercados globalizados. Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 17 Cadernos da Internacionalização BALANÇO Balanço das medidas de apoio à internacionalização 2012 O Governo e a AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal têm procurado desenvolver um conjunto de incentivos e medidas com vista à promoção da internacionalização da economia portuguesa. Do ponto de vista institucional, o incremento das exportações e a internacionalização da economia têm sido assumidos como desígnios nacionais, o que levou, com maior afinco desde o início de 2012, ao desenvolvimento de ações de diplomacia económica, objetivando a abertura de novos mercados e a facilitação das relações comerciais entre empresas e instituições estatais. A cordos Bilaterais. Em matéria de cooperação económica, os acordos bilaterais (especialmente os Acordos / Convenções para Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal em Matéria de Impostos sobre o Rendimento, sobre o Capital e Proteção Recíproca de Investimentos, entre tantos outros), enquanto instrumentos de regulação das relações económicas e comerciais entre Portugal e um grande número de países, revelam-se fundamentais, na medida em que as matérias acordadas podem influenciar a decisão de implementação ou a consolidação de processos de internacionalização por parte das empresas. Assim, em 2012, foram alte- rados ou assinados novos Acordos Bilaterais entre Portugal e alguns países (Luxemburgo, Noruega, Ucrânia, Panamá, Qatar e Timor-Leste). P rospeção. No capítulo das práticas tradicionais de promoção da internacionalização levadas a cabo tanto por entidades públicas como privadas, destaca-se a realização de ações de prospeção de mercados, as ações de capacitação empresarial sobre mercados externos, na sua maioria cofinanciadas por fundos estruturais. A ções eficiência coletiva. As ações geradoras de eficiência coletiva e o apoio à atividade externa das empresas portuguesas, em articulação com a rede diplomática e consular, têm-se intensificado, sobretudo nas regiões do globo onde as taxas de crescimento são mais acentuadas e onde existe alguma adesão da oferta portuguesa às necessidades identificadas nessas regiões. Q REN. No que concerne ao apoio financeiro prestado às empresas e outras organizações, foi orientação do Executivo proceder à disponibilização de recursos financeiros para a promoção da internacionalização, através da mobilização de verbas provenientes do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), por intermédio do Sistema de Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 18 Cadernos da Internacionalização Incentivos Qualificação e Internacionalização e Sistema de Incentivos a Ações Coletivas. Para além dos sistemas de incentivos, foram lançadas linhas de crédito, no sentido de facilitar a concessão de crédito bancário, garantia mútua, seguros de crédito e fundos de capital de risco, que têm sido os principais instrumentos de financiamento disponibilizados às empresas. Após a reprogramação financeira e estratégica do QREN, em 2012 foi aumentada a taxa de comparticipação para os projetos inscritos no Sistema de Incentivos Qualificação e Internacionalização, bem como a criação do Vale Internacionalização, destinado a apoiar a assistência técnica e consultoria em projetos de internacionalização sob condições muito específicas. P rojetos apoiados. No período 2007-2012, desenvolveram-se 49 projetos conjuntos na vertente internacionalização, no âmbito do Programa Operacional Fatores de Competitividade, que envolveram 1.193 empresas, nos quais a participação de empresas de construção foi muito reduzida (3%). Também nas modalidades de Projetos Individuais e de Cooperação na componente internacionalização, no referido período, a participação de empresas de construção foi igualmente escassa. Num universo de 771 projetos e 346 milhões de euros, foram aprovados 33 projetos do setor da Construção e um investimento elegível de 9,2 milhões de euros, o que se traduziu, respetivamente, em 4% e 3% do total de projetos e do valor global de investimento. de mercados e com campanhas de promoção genéricas, concebidas para o acréscimo das vendas no curto prazo. Ao invés, o processo de internacionalização do setor da Construção pressupõe uma estratégia de longo prazo, com instrumentos específicos que criem oportunidades de entrada e permanência num horizonte alargado, condição indispensável para a rentabilização dos elevados investimentos iniciais e respetiva minimização do risco. Prioridades propostas pelas empresas de construção D iplomacia económica. Dado que a internacionalização é uma realidade em expansão e perante o atual contexto económico, considera-se necessário dar continuidade às ações de diplomacia económica e de cooperação institucional, a fim de facilitar e garantir a atuação das empresas nos mercados externos, com especial incidência nas seguintes iniciativas: C L inhas de crédito. Quanto ao financiamento à internacionalização obtido através das linhas de crédito, foram disponibilizados, no período 2007-2012 e no âmbito do QREN, 1.271 milhões de euros, tendo o setor da Construção beneficiado de 153 mil euros, representando 12% do total do financiamento aprovado, a que correspondeu a aprovação de 372 operações de financiamento cofinanciadas por fundos estruturais. Estes números evidenciam que as “linhas de crédito QREN” destinadas a apoiar ao financiamento das empresas de construção representam menos de 5% do seu volume de negócios no exterior. As estatísticas atestam que a Construção foi um dos setores que menos usufruiu dos incentivos destinados a apoiar projetos de investimentos no quadro dos fundos comunitários. Refletem também que não existe uma estratégia ou políticas públicas adequadas à internacionalização do Setor. Efetivamente, as políticas de internacionalização foram desenhadas para a exportação de produtos com base na prospeção ondições mais competitivas, nomeadamente, através da: Eliminação ou redução do imposto de selo na emissão de garantias bancárias, um requisito com um peso significativo na estrutura de custos na apresentação de propostas das empresas e que constitui uma desvantagem para as empresas portuguesas, sobretudo em concursos de grande dimensão, Diminuição da carga fiscal sobre rendimentos obtidos no estrangeiro, tanto das empresas, como dos trabalhadores deslocalizados, Melhoria do regime legal das amortizações dos equipamentos envolvidos nas obras externas; E liminação de barreiras ainda existentes no acesso das empresas e das pessoas em diversos mercados, através do estabelecimento de mecanismos de reconhecimento de habilitações académicas e qualificação profissional, bem como a simplificação de procedimentos para obtenção de vistos de entrada e de trabalho, assim como a agilização de procedimentos relativos à certificação de residência fiscal e à tributação de trabalhadores nacionais; D upla tributação. Implementação de acordos para evitar a dupla tributação com alguns dos mercados de destino das empresas onde ainda não existam, bem como a Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 19 Cadernos da Internacionalização renegociação de alguns já existentes, tentando obter soluções mais favoráveis, à semelhança de Espanha e França, que têm para o mesmo mercado acordos mais vantajosos do que os estabelecidos com Portugal; C riação de mecanismos de financiamento ao nível da esfera europeia, que possibilitem, em particular nos mercados africanos, combater as propostas de concorrentes não europeus; M ultilaterais. Maior exploração, divulgação mais dirigida e apoio à participação em projetos internacionais, nomeadamente os promovidos pelos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento, como o Banco Africano de Desenvolvimento, Banco Interamericano de Desenvolvimento, Corporação Andina de Desenvolvimento, Banco Europeu de Investimento e Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento. Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 20 Cadernos da Internacionalização ESTRATÉGIAS Estratégia das Grandes Empresas Europeias de Construção no Contexto da Crise do Mercado Europeu Como se pode observar no gráfico seguinte, a crise no setor da Construção na Europa coincide com o início da crise financeira internacional de 2008. Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 21 Cadernos da Internacionalização Uma crise que atingiu com grande profundidade e intensidade o setor da Construção na Europa, mas com um perfil que difere significativamente de país para país, com quebras profundas, designadamente na Irlanda, Espanha e Portugal, e menos acentuadas na Alemanha ou em França, conforme se pode constatar no quadro anterior. Neste texto, com base na informação das 20 maiores empresas europeias e na análise desenvolvida pela consultora Deloitte, publicada em 2013 no European Powers of Construction (EPoC 2012), vamos explicitar as estratégias desenvolvidas pelos maiores grupos europeus para enfrentar a crise. Verifica-se que, para responder à contração do mercado europeu, as estratégias empresariais centraram-se na internacionalização, na diversificação ou numa internacionalização diversificada. Assim, em função do peso internacionalização e diversificação no volume de negócios, é possível identificar quatro tipos de grupos de Construção: - Grupos de Construção Nacionais; - Grupos de Construção Internacionais; - Conglomerados Nacionais; - Conglomerados Internacionais. Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 22 Cadernos da Internacionalização “Grupos Internacionais de Construção” Esta categoria é formada por grupos de construção que obtêm mais de 40% da sua receita total fora dos mercados domésticos. A Hochtief, que, em Junho de 2011, se tornou parte do Grupo ACS, é a maior exportadora no Top20 da Construção europeia, obtendo 93% da sua receita no exterior. A presença na Ásia e na Austrália, através da sua subsidiária do Grupo Leighton, permanece especialmente significativa. A ACS, segundo maior grupo europeu de construção, que em 2011 apresentava um perfil de “conglomerado internacional”, evoluiu no sentido de se afirmar como um grupo internacional de construção, em resultado da consolidação integral da Hochtief. Esta aquisição aumentou, por um lado, a importância das atividades de construção do grupo e, por outro lado, a sua presença internacional. Efetivamente, em 2012, 84% das suas vendas totais foram feitas no exterior, representando as vendas “não – construção” cerca de 20 % do total de receitas. “Grupos de Construção Nacionais” Esta categoria é constituída por empresas alicerçadas em atividades de construção nos mercados nacionais. Neste grupo constam os gigantes franceses, Vinci e Bouygues, que, como se pode observar no anexo 1, ocupam dois dos três primeiros lugares no ranking do volume de negócios total, que tem uma forte presença em França. Assim, em 2012, estes dois grupos obtiveram, respetivamente, 63% e 66%, do seu volume de vendas no mercado interno. Além disso, ao longo dos últimos anos, a Vinci e a Bouygues têm focado as suas carteiras em atividades de construção que representam, respetivamente, 83% e 76% da sua faturação total em 2012. Nesse sentido, podemos considerá-las “Grupos de Construção Nacionais”, não obstante a expressão da sua atividade internacional e a relevância da sua diversificação, bem evidenciada, por exemplo, na aquisição pela Vinci, em 2012, da ANA – Aeroportos de Portugal, um investimento que rondou os 3.5 mil milhões de euros. Em menor escala, a Peab, apesar de ter aumentado a sua atividade internacional quase sete pontos percentuais pontos desde 2010, ainda está maioritariamente focada no mercado interno de construção e obtém cerca de 80% das suas receitas na Suécia. A Skanska mantém uma forte presença internacional, obtendo mais de 75% do total das suas receitas no exterior. No entanto, desde 2010, assiste-se a uma redução do peso relativo das suas atividades internacionais. Os EUA continuam a ser um dos mercados mais importantes para o grupo sueco, origem de cerca de 31% das suas receitas totais. Por outro lado, os restantes grupos internacionais de construção, localizados em países com mercados internos reduzidos e em contração, adotaram estratégias de internacionalização, a fim de explorarem novas oportunidades de negócio. A empresa austríaca Strabag, o grupo sueco NCC, o YIT, empresa finlandesa, e a holandesa BAM Groep são exemplos da importância de internacionalização, quando o mercado interno não é suficientemente alargado para sustentar elevadas taxas de crescimento. Conglomerados Nacionais Os “Conglomerados Nacionais” integram empresas com atividades diversificadas focadas no mercado interno. A Carillion, que manteve o mesmo nível de internacionalização, aumentou ligeiramente a diversificação do seu portfólio através de várias aquisições, como a participação de 49 % no Bouchier Group, sediado no Canadá, que fornece uma gama de serviços de apoio, incluindo manutenção de estradas, serviços de infra- Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 23 Cadernos da Internacionalização estrutura e gestão de instalações. Em 2012, o nível de internacionalização da ENKA, empresa turca, ainda se situava abaixo dos 30%, mas a diversificação da sua carteira continuou a situar-se em torno dos 80%, devido ao bom desempenho dos seus negócios de energia. Nos últimos anos, a ENKA reforçou a sua posição como conglomerado doméstico, reduzindo o seu nível de internacionalização e aumentando a diversificação do seu portfólio. A Eiffage, empresa francesa com uma estratégia de crescimento focada no mercado doméstico, continuou a desenvolver as suas empresas de energia e as concessões. As receitas “não – construção” representam cerca de 45 % das vendas totais em 2012, enquanto as operações nacionais correspondiam a 85% das receitas do grupo. Conglomerados Internacionais A categoria “Conglomerados Internacionais” abrange grupos com carteiras altamente diversificadas e, simultaneamente, com uma forte presença internacional. O Grupo Acciona evoluiu de uma lógica de conglomerado nacional para um posicionamento de conglomerado internacional, como resultado da contínua expansão internacional dos seus negócios de energia, que, nos dois últimos anos, cresceram cerca de 610 milhões de euros em termos globais. está a aumentar os seus níveis de diversificação, em quase seis pontos percentuais, e o peso da internacionalização, em cerca de três pontos percentuais. A Balfour Beatty permanece no grupo dos “Conglomerados Internacionais”, com 51% de vendas no exterior, principalmente nos EUA, e atividades “não – construção” significativas. O aumento do peso das atividades de internacionalização da FCC no total da faturação foi impulsionado, por um lado, pelo crescimento das atividades fora da construção, e, por outro, por uma forte contração no mercado interno da Construção. Assim, desde 2010, a FCC aumentou a importância dos seus negócios internacionais no seu volume de negócios em cerca de dez pontos percentuais. Por último, a OHL continua a ser uma empresa global, obtendo cerca de 67% do total das vendas no exterior, com uma forte presença em mercados como os EUA e o México. No entanto, em 2012, os desinvestimentos concretizados no Brasil e no Chile, nas concessões e nos negócios do Ambiente, reduziram os seus níveis de internacionalização e diversificação. Posicionamento Estratégico dos 20 Maiores Grupos de Construção Europeus A Ferrovial, grupo espanhol que ocupa a 2 ª posição no ranking de capitalização bolsista, consolidou a sua posição como conglomerado internacional, beneficiando do desempenho das suas subsidiárias no exterior, como a Amey, Budimex e Webber. Entretanto, em 2012, as vendas “não construção” representaram 44% da receita total e os negócios internacionais totalizaram 62% das vendas. A Bilfinger, com uma presença nos cinco continentes, acentuou ainda mais o seu perfil de diversificação, com 61% das vendas resultantes de atividades “não construção”. Desde 2010 que a Bilfinger Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 24 Cadernos da Internacionalização Evolução da internacionalização e diversificação no período 2010-12 Uma análise das mudanças no grau de internacionalização e diversificação ao longo dos últimos três anos mostra que a a ACS, que evoluiu de um conglomerado doméstico para um grupo internacional de construção. • A Ferrovial viu a percentagem das vendas internacionais no seu volume de negócios diminuir e tornou-se menos diversificada, principalmente como resultado da sua política de desinvestimento nos aeroportos britânicos, designadamente com a desconsolidação (desunião, separação?) da HAH (exBAA) e da 407 ETR. • A Bilfinger aumentou sua diversificação em seis pontos percentuais, principalmente devido ao bom desempenho das operações de serviços industriais. Os níveis de internacionalização permaneceram estáveis durante o período, com mais de 60% das vendas obtidas no exterior. • A Peab conseguiu aumentar o peso da internacionalização em seis pontos percentuais, como resultado de um aumento notável das vendas efetuadas na Noruega. Ainda assim, as vendas no exterior representam apenas 20% da receita total e, portanto, o grupo permanece como um “grupo de construção nacional “. maior parte das empresas do Top 20 Europeu se manteve na mesma categoria, com variações em termos de internacionalização e diversificação que não excedem os cinco pontos percentuais, conforme se pode observar no quadro seguinte. Apenas seis grupos apresentam mudanças significativas nos seus processos de internacionalização e diversificação: • Os grupos espanhóis Acciona e FCC mantiveram os seus níveis de diversificação, mas aumentaram fortemente o peso da internacionalização no seu volume de vendas, em parte devido à grave contração do seu mercado interno. • A aquisição da Hochtief transformou Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 25 Cadernos da Internacionalização ANEXOS Anexo 1: Ranking das 50 maiores empresas europeias em 2012 Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 26 Cadernos da Internacionalização Anexo 2: Distribuição geográfica das 50 maiores empresas europeias em 2012 Anexo 3: Capitalização bolsista das 20 maiores empresas europeias em 2012 Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 27 Cadernos da Internacionalização LEGISLAÇÃO ACORDOS BILATERAIS CELEBRADOS POR PORTUGAL E LEGISLAÇÃO RELEVANTE PUBLICADA ENTRE JANEIRO E OUTUBRO DE 2013 NOS SEGUINTES PAÍSES: ANGOLA, ARGÉLIA, BRASIL, ESPANHA, GABÃO, MARROCOS, MOÇAMBIQUE, PERÚ, POLÓNIA ANGOLA - Legislação sobre contratação pública e resíduos da construção e demolição - Lei n.º 3/13, de 17 de abril - altera a Lei n.º 20/10, de 7 de setembro, da Contratação Pública - Projetos de revisão da legislação sobre Contratação Pública: Lei da Contratação Pública; Diploma do Gabinete da Contratação Pública, Regulamento Aplicável à Celebração e Execução de Acordos-Quadro; Regulamento sobre o Sistema de Cadastro e de Certificação de Empreiteiros, Fornecedores de Bens e Prestadores de Serviços do Estado; e Regulamento sobre os preços a cobrar pelas entidades públicas contratantes pela disponibilização das peças dos procedimentos de contratação (textos integrais disponíveis em www.minfin.gv.ao) - Lei n.º 2/13, de 7 de março - aprova o Orçamento do Estado para 2013 - Decreto Executivo n.º 17/13, de 22 de janeiro - aprova novas regras sobre a gestão de resíduos de construção e demolição de edifícios ou de derrocadas ARGÉLIA - Contratação Pública - Decreto Presidencial n.º 13-03, de 13 de janeiro de 2013 - altera o Decreto Presidencial n.º 10-236, de 7 de outubro Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 28 Cadernos da Internacionalização de 2010, que estabelece a regulamentação dos contratos públicos (texto integral disponível em www.joradp.dz) - Decreto Executivo n.º 13-320, de 26 de setembro de 2013 - especifica os meios financeiros necessários para a realização de investimento direto estrangeiro ou em parceria (texto integral disponível em www.joradp.dz) - Ordem de 22 de junho de 2013 - aprova os índices de mão de obra e de materiais relativos ao 1.º trimestre de 2013, para efeitos de atualização das fórmulas de revisão de preços das empreitadas de obras públicas (texto integral disponível em www.joradp.dz) nº 89/2013, de 1 de julho e ratificada pelo Decreto do Presidente da República n.º 72/2013, de 1 de julho, em vigor a partir de 16 de agosto de 2013 (texto integral disponível em http://dre.pt) ESPANHA - Apoio ao empreendedorismo e à internacionalização - Lei 14/2013, de 27 de setembro, de apoio aos empreendedores e sua internacionalização (texto integral disponível em www.boe.es) GABÃO - Contratação Pública BRASIL - Contratação pública e acordo de segurança social - Decreto nº 7.892, de 23 de janeiro de 2013 - regulamenta o Sistema de Registo de Preços para as contratações de serviços e a aquisição de bens (texto integral disponível em www.comprasnet.gov.br) - Decreto nº 7.983, de 8 de abril de 2013 - estabelece regras e critérios para elaboração do orçamento de referência de obras e serviços de engenharia, contratados e executados com recursos dos orçamentos da União, e dá outras providências (Texto integral disponível em www.comprasnet.gov.br) - Aviso n.º 80/2013, de 28 de junho - torna público que se encontram cumpridas as formalidades exigidas na República Portuguesa e na República Federativa do Brasil para a entrada em vigor, a 1 de maio de 2013, do Acordo que Altera o Acordo sobre Segurança Social ou Seguridade Social entre o Governo da República Portuguesa e o Governo da República Federativa do Brasil, assinado em Brasília em 9 de agosto de 2006 (texto integral disponível em http://dre.pt e Circular da Segurança Social n.º 5/2013, disponível em www.seg-social.pt) CHIPRE – Convenção para evitar a dupla tributação - Aviso n.º 87/2013, de 1 de agosto - torna público que foram cumpridas as formalidades constitucionais internas de aprovação da Convenção entre a República Portuguesa e a República de Chipre para Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal em Matéria de Impostos sobre o Rendimento, assinada em Bruxelas em 19 de novembro de 2012, aprovada pela Resolução da Assembleia da República - Portaria n.º 015/PR/2013, de 21 de fevereiro de 2013 - cria a Agência Reguladora dos Contratos Públicos MARROCOS - Novo regime jurídico das empreitadas de obras públicas - Decreto n.º 2-12-349 de 20 março de 2013 - aprova o novo regime jurídico das empreitadas de obras públicas (texto integral disponível em www.marchespublics.gov.ma) MOÇAMBIQUE - Legislação sobre revisão de preços, insolvência e recuperação de empresas e combate ao branqueamento de capitais (texto integral disponível em www.atneia.com) - Diploma Ministerial n.º 18/2013, de 25 de janeiro - estabelece as taxas do Imposto de Reconstrução Nacional para o ano de 2013 - Lei n.º 10/2013, de 11 de abril - aprova o regime jurídico da concorrência no exercício das atividades económicas, cujo glossário foi posteriormente publicado na I Série do Boletim da República n.º 50, de 24 de junho de 2013 - Diploma Ministerial n.º 49/2013, de 24 de maio - aprova as fórmulas de revisão de preços das empreitadas de obras públicas - Diploma Ministerial n.º 61/2013, de 7 de junho - procede ao reajustamento do salário para o setor 6 – Construção, fixando-o em 3,495.00MT - Decreto-Lei n.º 1/2013, de 4 de julho - aprova o regime jurídico da insolvência e da recuperação de empresários co- Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 29 Cadernos da Internacionalização merciais, em vigor a partir de 1 de outubro de 2013 - Decreto n.º 35/2013, de 2 de agosto - aprova o regulamento de estágios pré-profissionais - Lei n.º 14/2013 de 12 de agosto - aprova o regime jurídico de prevenção e combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo, revogando a Lei n.º 7/2002, de 5 de fevereiro POLÓNIA - Contratação Pública - Regulamento do Primeiro-Ministro de 19 de fevereiro de 2013, sobre os tipos de documentos que podem ser solicitados pela entidade adjudicante no âmbito dos procedimentos de contratação pública, bem como o modo como os documentos devem ser apresentados (texto integral disponível em www.uzp.gov.pl) PERU - Contratação Pública - Regulamento do Primeiro-Ministro de 19 de fevereiro de 2013, que altera o regulamento sobre as regras de procedimento para examinar os recursos (texto integral disponível em www.uzp.gov.pl) - Decreto Supremo N.º 116-2013-EF, de 7 de junho de 2013 altera o Regulamento da Lei da Contratação Pública, aprovado pelo Decreto Supremo n.º 184-2008-EF (texto integral disponível em http://portal.osce.gob.pe) - Regulamento do Primeiro-Ministro de 28 de fevereiro de 2013, que altera o regulamento relativo aos formulários de anúncios a publicar no Boletim de Contratos Públicos (texto integral disponível em www.uzp.gov.pl) Setor de Mercados Telef: 213 110 288 • email: [email protected] • www.aecops.pt 30
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