Turismo distribui 17 milhões

Transcrição

Turismo distribui 17 milhões
pub
Samodip Sarkar:
«As PMEs são a fonte do
crescimento económico»
SÍTIO DAS LETRAS LIVRARIA
Luís Fernandes:
«O não acesso à terra inviabiliza
muitas intenções de
empreendedorismo agrícola»
LER
PARA
SER
Ciência & Tecnologia ~ páginas 16 e 17
REGUENGOS DE MONSARAZ
€1
www.noticiasalentejo.pt
Ano II Nº 12 Abril 2007
Turismo distribui 17 milhões
Marina em Alqueva
e ampliação do Badoca Park
entre os projectos
contemplados
O sistema de incentivos a produtos turísticos de vocação estratégica, SIVETUR, concedeu 17 milhões
de euros de apoios a projectos que
representam um total de investi-
mento de 75 milhões de euros.
Entre os projectos aprovados contam a construção de uma marina
na Barragem do Alqueva (Amieira)
e remodelação e ampliação do parque temático Badoca Safari Park.
Eduardo Lucas, da NautiAlqueva,
empresa responsável pelo projecto
da marina da Amieira (concelho de
Portel), disse ao Notícias Alentejo
que o investimento da primeira
fase ascende aos três milhões de
euros (1,8 milhões de incentivo
SIVETUR) e realçou que se trata
de um projecto sem componente
imobiliária.
A marina da Amieira inclui
as estruturas flutuantes, serviços
de apoio e um restaurante panorâmico (120 lugares). Na segunda
fase, o projecto prevê uma unidade
hoteleira.
~ página 2
As marcas da paisagem
Reguengos
inaugura
Arquivo
A Câmara de Reguengos de
Monsaraz inaugura no dia 25 de
Abril a obra de adaptação do
Arquivo Histórico Municipal,
que será transferido para o edifício onde funcionou, durante
várias décadas, a Repartição de
Finanças do concelho. A obra,
que custou cerca de 280 mil
euros, foi comparticipada pelo
Programa de Apoio à Rede de
Arquivos Municipais (PARAM)
do Instituto dos Arquivos
Nacionais/Torre do Tombo em
cerca de 45 por cento.
José Gabriel Calixto, vice-presidente da CM Reguengos de
Monsaraz, diz que a inauguração desta nova infraestrutura
permite que o Concelho passe a
dispor de modernas e adequadas
instalações para todo o seu
riquíssimo Arquivo Histórico.
«Trata-se duma notável recuperação dum edifício histórico da
cidade, contribuindo igualmente
para a desejável requalificação
urbana do centro histórico de
Reguengos de Monsaraz.
Corresponde a uma preocupação
e a um investimento, com forte
componente Municipal, com
o objectivo de criar condições
adequadas para a preservação
dos documentos históricos
mais importantes», adiantou.
~ página 7
Elvas recebe
museu de arte
contemporânea
Software livre ‘made in’ Évora » Os produtos Microsoft concentram as atenções
do mercado de software. Há, contudo, alternativas válidas no chamado software livre,
como é o caso do Alinex, um sistema operativo de base Linux criado em Portugal,
pela Universidade de Évora, a partir do Linex, de origem espanhola. ~ páginas 3 e 4
www.noticiasalentejo.pt
O Museu de Arte Contemporânea
de Elvas deverá abrir portas em
Maio com a colecção de 250
peças de António Cachola e um
orçamento para a programação
de 150 mil euros anuais na sua
fase de arranque, suportado pela
autarquia de Elvas.
~ páginas centrais
2
entrada~
Notícias Alentejo
on-line desde 9 de Junho de 2003
www.noticias alentejo.pt
~@
Turismo apoia 17 projectos
Marina em Alqueva e ampliação do Badoca Park entre os contemplados
O sistema de incentivos a
produtos turísticos de vocação estratégica, SIVETUR,
concedeu 17 milhões de
euros de apoios a projectos
que representam um total de
investimento de 75 milhões
de euros. Entre os projectos
aprovados contam a construção de uma marina na
Barragem do Alqueva (Amieira) e remodelação e ampliação do parque temático
Badoca Safari Park.
A Sul do Tejo, serão contemplados outros projectos, como a aquisição de
uma embarcação para percursos no Estuário do Sado
e a criação de uma unidade
de turismo de habitação no
distrito de Portalegre. O
Algarve viu aprovadas
duas candidaturas - remodelação e ampliação de um
hotel em Vila Real de Santo
António e renovação do
Observatório Astronómico
de Tavira.
De acordo com o Jornal
de Negócios, o maior projecto aprovado diz respeito
às Termas do Estoril, para
a construção de um complexo termal no Estoril no
valor de 20,8 milhões de
incentivo. O mesmo jornal
adianta que em Junho de
2006, o Governo assinou os
contratos para o desenvol-
vimento de 28 projectos
turísticos, com um incentivo de 20 milhões de euros.
Desde o início do
SIVETUR, há seis anos,
foram aprovados 251 projectos representando 2256
postos de trabalho.
Marina da Amieira
Eduardo Lucas, da
NautiAlqueva, empresa responsável pelo projecto da
marina da Amieira (concelho de Portel), disse ao
Notícias Alentejo que o
investimento da primeira
fase ascende aos três
milhões de euros (1,8
milhões de incentivo
SIVETUR) e realçou que se
trata de um projecto sem
componente imobiliária.
A marina da Amieira
inclui as estruturas flutuantes, serviços de apoio e
um restaurante panorâmico (120 lugares). Na segunda fase, o projecto prevê
uma unidade hoteleira.
De acordo com Eduardo
Lucas, em Maio do ano em
curso fica concluída a
Marina e o restaurante
deverá entrar em funcionamento a partir de Junho.
A partir da Amieira, os
turistas terão ao seu dispor, ainda em 2007, dez
barcos-cama, cinco dos
quais entraram já em funcionamento no ano passado (asseguraram 50 semanas de aluguer, segundo
a NautiAlqueva.
PREÇOS: O aluguer de uma
embarcação varia conso-
04.2007 Sumário
A Opinião que marca diferença
Páginas 14 e 15
Ciência & Tecnologia, por Afonso de Almeida
Páginas 16 e 17
Na capa: José Calixto
A crónica de Luís Carmelo
Página 20
Vice-Presidente da Câmara Municipal
de Reguengos de Monsaraz
Música e Letra, por J. Alberto Ferreira
Página 21
ante a época do ano, o
número de dias de utilização e o barco pretendido.
De 618 euros, para um
fim-de-semana de dois dias
e na época baixa, até 3.521
euros para uma semana
em época alta e numa
embarcação topo de gama.
www.amieiramarina.com
Ficha Técnica
A edição do "Notícias Alentejo"
é da responsabilidade da sociedade "Notícias Alentejo Produção
de Conteúdos Lda.", contribuinte
506596818, com sede na Rua
António Janeiro, 13, 7200-337
Reguengos de Monsaraz,
capital social de 5000€.
Depósito Legal: 247346/06
Impressão: CORAZE,
A Folha Cultural, CRL
- Oliveira de Azeméis.
Direcção-Geral: Carlos Trigo
([email protected])
Direcção Editorial: Luís Rego
([email protected])
Direcção Gráfica:
David Prazeres
([email protected])
Fotografia: Susana Rodrigues
Colaboradores: Benjamim
Formigo, José Frota, Jorge Reis
(www.lusomotores.com),
Mara Alves e Rute Marques
Opinião: Afonso de Almeida,
Alberto Magalhães, Antonio Sáez
Delgado, Manuel Ferreira Patrício,
João Espinho, Joaquina Margalha,
José Gabriel Calixto, Luís
Carmelo e Rui Namorado Rosa
Contacto & Publicidade
Telefone: 266 508 012
Fax: 266 508 019
Telemóvel: 967 032 441
E-mail: [email protected]
Morada: Rua S. João de Deus, 18
7200-376 Reguengos de Monsaraz
www.noticiasalentejo.pt
notíciasalentejo~ Abril 2007
3
~destaque
Código aberto
made in Alentejo
Os produtos Microsoft concentram as atenções do mercado de software. Há, contudo, alternativas válidas, embora menos divulgadas, no chamado software livre, como é o
caso do Alinex, um sistema
operativo de base Linux criado em Portugal, pela Universidade de Évora, a partir do
Linex, de origem espanhola.
O desenvolvimento deste
sistema operativo motivou,
inclusivamente, um protocolo
entre a Universidade e a City
Desk, marca registada empresa de computadores Solbi. Na
sequência deste acordo, o City
Desk 8000X custa apenas 569
euros e é o primeiro equipamento resultante desta parceria. O sistema está equipado
para utilizar mais de cem aplicações nas áreas de edição de
imagem e desenho, multimédia, jogos e educação, entre
outros. A alternativa ao Office
da Microsoft é o pacote de produtividade OpenOffice 2, mas
também está integrado o Gimp
(para edição de imagem à semelhança do PhotoShop), o Nvu
(para criação e manutenção de
sites), um sucedâneo do CAD,
o Qcad, ou o Amule (cliente
Emule). Até o Mozilla FireFox,
browser web que tem vindo
a ganhar peso no mercado,
está incluído nestas aplicações abertas.
Seguindo o que se tem escrito na imprensa da especialidade, as principais vantagens
deste sistema passam pela facilidade de adaptação às necessidades do utilizador e a redução de custos.
No caso do City Desk, o equipamento corresponde às
seguintes características:
Processador Intel Pentium D
de 2,8 a 3,4 GHz, 80 gigas
extensíveis até 400 GB,
DDRAM 533 MHz (até 2GB).
Luis Arriaga da Cunha, professor do Departamento de
Informática da Universidade
de Évora, recorda que a
Citydesk, com quem o CITI
(Centro de Investigação em
Tecnologias de Informação)
estabeleceu um protocolo em
2006, comercializa desktops
oferecendo de origem o Alinex
como sistema operativo estas máquinas trazem também um grande conjunto de
aplicações, tais como o Open
Office, browsers, ferramentas
de manipulação de imagem
mas adianta que outras
empresas, algumas da região
de Évora, oferecem também
computadores de várias marcas dotados de origem do
Alinex. O sistema operativo
pode ser instalado em qualquer computador com processador Intel ou AMD, não colocando exigências especiais de
capacidade da máquina
Com as PME's na mira
As PME's, admite Luís Arriaga
da Cunha, «são um dos “alvos”
iniciais do projecto Alinex e dos
distribuidores que optem por
oferecer Alinex como software
de origem».«Está em preparação um “kit”, especialmente
dirigido a PME's, constituído
pelo Alinex e por um conjunto
de aplicações verticais dirigidas às necessidades deste tipo
de empresa, como sejam, contabilidade, facturação, recursos humanos, lojas virtuais,
CRM», explica. Uma vantagem
imediatamente tangível,
garante, é o custo de aquisição,
que no caso do Alinex, dado tratar-se de software livre, é nulo.
Por outro lado, argumenta o
professor da Universidade de
Évora, «é aumentada enormemente a imunidade a vírus».
Também a menor exigência do
Alinex em relação à capacidade
das máquinas permite que elas
se mantenham utilizáveis
durante mais tempo. E, apesar
de menos óbvias, aponta ainda
razões suplementares, como a
inexistência de informação que
circula dos PCs para “algures”,
muitas vezes sem conhecimento do utilizador, ou a não
dependência de fabricantes
que “impõem”, por razões nem
sempre compreensíveis, actualizações de software com exigências crescentes de capacidade das máquinas.
Luís Arriaga assegura que
o Alinex, como os Linux em
geral, estão aptos, mais do que
qualquer outro sistema operativo, a correr em todos os tipos
de máquinas; desktop / portáteis, PDA's, telemóveis, servidores, incluindo de grande porte, quiosques, máquinas específicas para restaurantes, farmácias e atendimentos (…) e,
acrescenta, no caso do utilizador de desktop/portátil, quer
em ambiente “de casa” quer
em ambiente de escritório, o
Alinex é de facto uma alternativa excelente para os sistemas proprietários de maior
difusão. No que se refere a
apoio aos utilizadores e no
caso de instituições com protocolo com o CITI este dará
apoio, em geral, aos problemas de instalação. Mas, é
igualmente possível contar
com as comunidades contactáveis na Internet, por exemplo, via fóruns. «Começam
ainda a surgir, em parte
fomentadas pelo CITI, pequenas empresas que se dedicam
ao apoio ao Alinex», diz.
Perguntas & Respostas
Quando pretendem
disponibilizar uma versão
funcional do Alinex?
A distribuição Alinex dirige-se
a vários tipos de plataformas.
Podemos nomear: servidores,
desktop e portáteis, PDA's,
sistemas industriais, unidades
“fechadas” como quiosques,
POS's, marcação de ponto e
controlo de acessos, televisões
inteligentes, jogos, etc. As primeiras versões para servidores e desktop/portáteis, começam a estar disponíveis em
fase de testes. As outras versões irão sendo disponibilizadas gradualmente
Sim, mas só justificadas por
novas funcionalidades ou por
actualizações obrigatórias,
como as envolvendo questões
de segurança. Como software
livre que é, estarão ausentes
as versões “impostas” por
razões comerciais ou a obsolescência programada das versões antigas. O leque de soluções de software livre (ou
mesmo proprietário) certificado para Alinex, será também
crescente resultando de parcerias com outros organismos
e empresas. Importa referir
que o Alinex terá sempre por
base um “repositório” de pacotes publicamente acessível,
que é continuamente actualizado segundo o modelo da distribuição Debian.
diato, sem ter de instalar
nada no seu computador.
Dado que já existe, há
alguns anos, uma distribuição portuguesa de Linux
(o Caixa Mágica), o desenvolvimento do Alinex não
constitui um esforço
redundante no campo do
software livre nacional?
A distribuição Caixa Mágica
constitui uma das histórias de
sucesso de disponibilização de
uma solução Linux para utilização em servidores, desktops, etc. Veio demonstrar,
por vezes contra resistências
vigorosas, o valor do software
Vão garantir suporlivre como alternativa séria
te/assistência e formação
e credível. No estado actual,
para os utilizadores deste
em que ainda prevalece algusoftware?
ma cultura habituada a soluQual vai ser o modelo de dis- ções proprietárias, naturalSim. O suporte e formação
tribuição do Alinex (downsão aspectos essenciais para
mente desconfiada de “novas
o sucesso do Alinex. Sendo
load, em pacotes, venda, gra- maneiras” de desenvolver softuma distribuição baseada em
tuitamente...)?
ware, devemos ver o Alinex
Debian, falamos de uma disO modo de distribuição regue a Caixa Mágica como aliatribuição com peso mundial,
lar será o download gratuito
dos. O objectivo do Alinex é
bem documentada em várias
de imagens de CD e a actualiter uma distribuição nacional
línguas, pelo que à partida
zação automatizada, usando
bem apoiada e tecnologicaexiste uma grande base de pes- os mecanismos Debian (apt).
mente sustentável; o recurso
soas com capacidade para tra- Estarão disponíveis também
explícito aos repositórios do
balhar com o Alinex.
LinEx e do Debian garantemversões em CD “material”.
nos esse apoio melhor do que
Estão ainda a ser disponibiliPretendem assegurar
qualquer outra solução, nomezados CD's “live” (na linha do
a disponibilização regular
adamente por não depender
Knoppix ou do Ubuntu) para
de interesses comerciais.
de novas versões/versões
quem queira experimentar
o Alinex o possa fazer de imeFonte: www.alinex.org
actualizadas do Alinex?
notíciasalentejo~ Abril 2007
4
destaque~
O Alinex e “o estranho modelo de negócio do software livre”
Defensor convicto das
plataformas de software
livre, Luis Arriaga da
Cunha é um dos responsáveis por um sistema operativo open source desenvolvido em Portugal, o Alinex.
Em entrevista ao iGOV
(www.i-gov.org)
e conduzida por André
Julião, além do caminho
percorrido e das perspectivas futuras do Alinex,
o professor da Universidade de Évora faz uma
análise crítica à adopção
do software livre na AP.
Um dos potenciais alvos da aplicação do Alinex é a
Administração Pública. Pensa
que será fácil convencer os
seus responsáveis a optarem
pelo software livre?
O software livre é já amplamente
usado na Administração Pública
Portuguesa (AP). Veja-se, por
exemplo, o sítio
http://softwarelivre.citiap.gov.pt/,
repositório de conhecimento em
software livre das entidades do
Estado Português. Pense-se no 1º
Encontro de Software Livre na
Administração Pública que decorreu na Torre do Tombo em Lisboa,
em finais de Novembro de 2006,
com organização do Plano
Tecnológico nacional, dos
Ministérios da Cultura, da
Justiça, da Educação, da UMIC e
da Torre Tombo, onde aliás o
Alinex foi referido. Ou atente-se,
por exemplo, à criação, na UMIC,
de um Grupo de Trabalho em
Software Livre. Na maioria dos
casos, a adopção de software livre
verifica-se, no entanto, não por
existir uma estratégia coerente a
nível nacional, mas por reconhecimento, por parte dos responsáveis “das informáticas” das organizações, das vantagens desta via
de solução. A nível de servidores
e software de base, por exemplo,
a penetração do Linux é muito
importante e claramente crescente, embora pouco “visível”. As
áreas dos “postos de trabalho”/ferramentas de “office”, onde
“se move o Alinex”, e das bases de
dados de informação contabilística e de vencimentos (que são curiosamente vistas, na AP, como
“core business”), temos noção de
serem as de mais difícil implantação para o sofware livre. Mas
mesmo aí, a qualidade de algumas
soluções de software livre, malgrado a enorme resistência à
mudança, é real e irá inevitavelmente ser reconhecida.
Temos consciência de que muitos
dos decisores de topo se debatem
ainda com a angústia de “com
quem assino o contrato de manutenção?” ou têm de facto um desconhecimento profundo deste
“novo e estranho modelo de negócio” em que o software não tem
custos de aquisição e é mantido
por uma comunidade mundial “de
boas vontades”. Mas esta situação
está em evolução rápida.
Encontramos já no nosso mercado
empresas de elevadísssima reputação capazes de fornecer e dar
apoio contratado a soluções de
software livre. Por outro lado,
começam a surgir profissionais
com competências certificadas
nestas áreas, que poderão incutir
confiança aos decisores para optarem por open source software.
Com estes factores envolventes e
num contexto de contenção de
despesas e de preocupações crescentes com segurança, será inevitável que o software livre se
torne uma via a ser tratada nas
aquisições do Estado, pelo menos
em pé de igualdade com soluções
proprietárias.
Há já conversações com órgãos
da Administração Pública,
tanto Central como Local,
tendo em vista a aplicação do
Alinex?
O Alinex está, desde 2006, disponível em todas as salas TIC das
escolas secundárias do nosso país.
Este projecto resultou de uma
colaboração entre a Universidade
de Évora e o Ministério da
Educação, através do CRIE (Equipa de Missão Computadores,
Redes e Internet na Escola). A iniciativa 'Escolas, Professores e
Computadores Portáteis', que
abrange um universo de algumas
dezenas de milhares de portáteis,
consigna a disponibilização do
Alinex como sistema operativo,
funcionando sobre máquinas de
vários fornecedores. Temos mantido, por outro lado, contacto com
a Administração Local, nomeadamente com a AMDE (Associação
de Municípios do Distrito de Évora) e com a Câmara Municipal de
Évora para análise da oportunidade de utilização do Alinex e soluções de software livre. A própria
Universidade de Évora tem em
curso um estudo aprofundado
sobre a adopção generalizada, dirigida aos seus públicos científicos
a administrativos, do Alinex e de
soluções open source software.
Temos além disso em curso um
conjunto de visitas e interacção
com escolas para promoção da
Universidade, onde o Alinex constitui o foco das apresentações.
E em relação aos estabelecimentos de saúde, há já alguma
coisa em andamento?
Relativamente à área de saúde
posso referir que foi estabelecido
um protocolo com uma empresa
que disponibiliza soluções neste
domínio, quer para o mercado português, quer para os PALOP's,
com o objectivo de certificar os
seus produtos sobre Alinex. Vem a
propósito mencionar que uma das
vertentes do Alinex corresponde à
disponibilização do que chamamos “kits”. Isto é, CD/DVD's com o
sistema operativo e um conjunto
de programas, certificados sobre
Alinex e “prontos a usar”, que respondem a uma área concreta de
negócio. O primeiro kit foi o kitEducação das salas TIC, mas vários outros estão em preparação
como sejam o kit-PME's, kitAdminLocal, kit-Saúde, kit-Jogos,
kit-Lite (para máquinas antigas
com pouca capacidade), kitServidores, kit-ThinCients, etc.
Falou-me em parcerias com
empresas locais. Como seria o
modelo de negócio? O facto de
serem locais, pressupõe aqui
uma aposta clara nas Câmaras
Municipais e Juntas de
Freguesia e ainda com outros
órgãos do poder local?
O projecto Alinex ultrapassa,
como será fácil de entender, a
mera disponibilização de um sistema operativo livre. Em termos
de interacção com o tecido
empresarial, o projecto Alinex
tem como objectivos fomentar o
desenvolvimento de empresas de
base tecnológica, que possam par-
tir de uma base sólida, sem de custos de arrranque asfixiantes, a
que acrescentam valor com oferta
de produtos inovadores ou serviços de manutenção e apoio. Estas
empresas, algumas delas “spinoffs” do CITI (Centro de
Investigação em Tecnologias de
Informação) da Universidade de
Évora, terão, como mercado natural, o poder local, contribuindo
para a confiança em soluções baseadas em software livre. É importante notar que para o projecto
Alinex o “retorno do investimento” será primordialmente o sucesso dessas empresas e a criação de
know-how nacional em TIC's. O
país tem de ultrapassar o simples
papel de “montador de soluções”
importadas, em que os investimentos anunciados regressam de
facto, na quase totalidade, aos países produtores. Tenha-se presente
que as empresas que tomam por
base o Alinex e outro software
livre podem comercializar produtos proprietários, se assim o
entenderem. Em termos de estratégia futura, será importante que
essas empresas compreendam que
vivemos tempos de mudança do
modelo de negócio que “vende produtos” para o negócio “que vende
serviços” e em que o produto é
um mero veículo para lhes aceder.
Que vantagens sublinharia
para as entidades da
Administração Pública optarem
pelo Alinex?
A adopção do Alinex, ou em termos mais amplos, de software
livre, por entidades da
Administração Pública, apresenta
vantagens de vários tipos. Como
já referi, e apenas numa óptica
mais ou menos imediatista, a
redução de custos aparece como
uma vantagem facilmente apreensível. A capacidade de adaptação do software a requisitos locais constitui também uma vantagem de valor óbvio.
Mas outras vantagens podem ser
apontadas. Para uma análise mais
aprofundada, será interessante
observar o estudo 'Open Source
Software - Que oportunidades em
Portugal?' desenvolvido pela
APDSI. A libertação de uma “pouco saudável”, e custosa, dependência de certos fornecedores,
por exemplo concretizada na
imposição de novas versões de
produtos em que não se percebe
qual a melhoria de funcionalidade
para os utilizadores, a capacidade
de negociação real na aquisição
de soluções informáticas, têm um
valor, quiçá não sentido no dia a
dia, que representa uma vantagem de fundo trazida pelo software livre. Também o aumento significativo de segurança, quer nos
aspectos de imunidade a vírus,
quer no conhecimento exacto do
que os programas fazem (podemos ir aos sources!), a informação
que transmitem ou não para
outros locais, por vezes sem
conhecimento do utilizador, é não
só importante em termos gerais
como absolutamente crucial em
ambientes que manipulem informação confidencial.
O facto de se tratar de um produto nacional, aliado a algumas
parcerias estratégicas com
empresas portuguesas, pode
constituir um trunfo para o
sucesso do projecto junto do
sector público?
Esperemos que sim. Não acreditamos que surjam directivas estratégicas relativas à implantação de
open source software na AP em
Portugal, como muitos outros países têm feito (caso do Brasil,
Índia, Espanha, China, vários países da UE, etc, etc). Mas contamos com as boas razões que assistem o software livre, com o valor
da ligação Universidade/empresas
que não se fique pelos protocolos
assinados que não vão além das
boas intenções, com o avançar de
uma geração de gente nova com
capacidade de empreender, com
visão internacional, e com o elevado nível tecnológico que somos
capazes de ter se ultrapassarmos
a “cultura dos quintais” que
tem marcado o sector público
nacional.
Nota: Entrevista gentilmente
cedida pelo portal iGOV www.i-gov.org. O iGOV é um
projecto de informação centrado na utilização das TIC (Tecnologias de Informação e
Comunicação), que a Espiral de
Conhecimento dedica exclusivamente à Administração
Pública, dando especial destaque à modernização e inovação
tecnológica
notíciasalentejo~ Abril 2007
5
~economia
Carros sem seguro
vendidos em leilão
Empresas europeias
optimistas para 2007
As PME (Pequenas e
Médias Empresas)
Europeias estão confiantes
na conjuntura económica
para 2007 e pretendem
aumentar o investimento
total. A conclusão é revelada pelo 5.º Barómetro
Eurofactor de Confiança
Empresarial, realizado
junto de Directores de
3.000 empresas, com 6 a
500 colaboradores, de 7
países Europeus: Portugal,
Alemanha, Bélgica,
Espanha, França, Itália e
Reino Unido. O estudo foi
apresentado, em Lisboa,
por Rui Esteves, DirectorGeral da Eurofactor
Portugal, e Emmanuel
Lechypre, Chefe de
Redação da revista económica francesa
L'Expansion.
O Barómetro, realizado
pela empresa de factoring
Eurofactor em parceria
com a Associação Francesa
dos Gestores de Crédito e
Aconselhamento (AFDCC),
analisa as principais previsões e expectativas económicas de empresas de quatro macrosectores de actividade: comércio, indústria, construção, transportes e serviços.
Optimismo moderado entre
as empresas Portuguesas: De
modo geral, as Empresas
Europeias estão optimistas para
2007. As mais confiantes são as
PME Belgas (92%), Reino Unido
(90%) e Espanha (89%). Segue-se
a Alemanha (85%), França (82%)
e Itália (65%). 58% das empresas
Portuguesas acreditam numa
melhoria do ambiente económico, 39% estão pouco optimistas
e 3% afirmam estar pessimistas.
Portugal e Alemanha cautelosos na previsão das vendas:
As empresas Belgas são as mais
optimistas (61% esperam um
aumento das vendas), seguidas
do Reino Unido (58% aposta
num acréscimo). Alemanha e
Portugal são os países mais cautelosos: apenas 37% e 39% das
empresas, respectivamente,
acham que as vendas vão crescer.
Maioria das empresas
Espanholas espera aumentar
lucros: A maioria das empresas
Portuguesas (56%) acha que, em
2007, a rentabilidade vai permanecer igual ao período homólogo e 38% espera um aumento
dos lucros. Em Espanha, 62%
das empresas prevê melhorar a
rentabilidade do negócio. As
PME Italianas são as mais pessimistas, com 52% à espera de
manter os mesmos valores e
11% a contar ter menos lucros.
Investimento Português abaixo da média dos países
Europeus: A maioria das PME
analisadas tenciona aumentar
os investimentos. A tabela é liderada pelas empresas Belgas
(89%), seguidas de Alemanha
(84%), Reino Unido (82%), Itália
(70%), França (68%), Espanha
(60%) e Portugal (58%). 75% das
PME Portuguesas espera estabilizar as necessidades de financiamento e 13% prevê aumentar.
Portugal é o país que demonstra
menor necessidade de financiamento. A lista é encabeçada por
Espanha (28% das PME prevê
um aumento da necessidade de
financiamento), seguida da
Bélgica (25%), França (23%),
Itália (20%), Alemanha (18%) e
Reino Unido (16%).
Prazos de pagamento em
Portugal são dos mais alargados da Europa: Portugal é, dos
7 países que compõem o estudo,
aquele onde as empresas pagam
mais tarde: demoram até 94
dias. Os países mais cumpridores são a Alemanha (45 dias),
Reino Unido (49 dias) e Bélgica
(62 dias). Em França, as PME
pagam a 66 dias, em Espanha a
81 dias e, em Itália, a 93 dias.
Risco de incobráveis aumenta
em Portugal: 85% das PME
Alemãs têm montantes incobráveis, isto é, valores que nunca
vão chegar a receber. As empresas Portuguesas ocupam o
segundo lugar, com 84%, seguidas de Bélgica (72%), Espanha
(70%), Itália e Reino Unido (ambos com 68%) e França (67%).
Alemanha, Bélgica e Reino
Unido são os países cujas
empresas estão mais activas nos
processos de cobrança: 91% das
PME estão a iniciar processos
de cobrança. Segue-se a Itália
(83%), França (82%), Portugal e
Espanha (76%). Portugal é o país
que demora mais tempo a iniciar cobrança, 49 dias, e França é
o mais célere, 31 dias.
utilizar os subsídios Europeus,
Nacionais, Regionais e
Sectoriais (54%). Por seu lado, as
PME Alemãs são as que
demonstram maior desconhecimento (61%). Em Portugal, 37%
afirmam conhecer e utilizar subsídios, 24% dizem conhecer mas
não utilizar e 39% desconhecem.
Empresas Portuguesas recorrem a 'outsourcing' na gestão
da conta de clientes: As
empresas Espanholas são as que
menos recorrem ao outsourcing
para gerir a conta cliente (55%)
e as Alemãs as que mais utilizam serviços externos (84%).
74% das PME Portuguesas
recorrem ao outsourcing na gestão da conta de clientes.
O caso Português: As conclusões revelam que 58% das
empresas Portuguesas estão
optimistas para 2007, com 39%
à espera que o volume de vendas aumente e 38% a prever um
crescimento dos lucros. 58% das
PME questionadas pretendem
aumentar o investimento em
2007, com as prioridades a
serem marketing e publicidade
(36%) e equipamentos de produção (34%). O mercado interno é
o mais atractivo para as PME:
85% do volume de negócio é realizado com clientes nacionais e
o peso do sector público é de
8%. O prazo de pagamento é o
mais alargado dos 7 países analisados (94 dias) e cerca de 84%
das empresas têm incobráveis.
74% das PME recorrem a outsourcing na gestão da conta de
clientes. Os serviços mais requisitados são: advogados (52%),
revisores oficiais de contas
(38%) e seguro de crédito (22%).
O factoring é utilizado por 14%
das PME Portuguesas (uma em
cada dez) na gestão da conta de
clientes. O serviço suscita bastante interesse junto das empresas e as principais mais-valias
apontadas são: garantia contra
o risco de dívidas (62%), informação sobre a solvabilidade dos
clientes (58%) e gestão de
cobranças (54%).
Concorrência dos países emergentes é a principal preocupação das empresas Europeias: A
concorrência dos países emergentes é a principal preocupação das PME Portuguesas, apontada por 25% dos questionados,
seguida da subida do custo das
matérias-primas (24%). Estas
duas são também as maiores
preocupações dos empresários
Alemães, Belgas e Italianos.
80% das empresas
Portuguesas prevê manter
número de colaboradores em
2007: A política de recrutamento das PME Portuguesas para
2007 está estável: 80% das
empresas pretende manter o
número de colaboradores, 14%
planeia aumentar e apenas 6%
prevê reduzir recursos humanos
durante o próximo ano.
Portugal é líder Europeu em
preocupações ambientais: As
preocupações ambientais estão
na agenda das empresas
Portuguesas: 68% têm um plano
de protecção ambiental, o valor
mais alto entre os 7 países.
Alemanha e França estão pouco
focalizadas neste tema (apenas
38% das PME contam com
plano de protecção ambiental),
seguidas de Bélgica (48%),
Espanha (57%), Itália (61%) e
Reino Unido (62%).
39% das PME Portuguesas desconhece e não utiliza subsídios disponíveis:
As empresas Espanholas são as
que afirmam conhecer melhor e
Nota: A Eurofactor Portugal é
uma sociedade de factoring pertencente ao Grupo Eurofactor
Crédit Agricole, a maior rede
Europeia de empresas de factoring, com presença assegurada
em Portugal, Alemanha,
Benelux, Espanha, França e
Reino Unido. A empresa está em
Portugal desde 1992, ocupa a 8.ª
posição do sector com quota de
mercado de 4%, e é líder destacado no factoring internacional
(27% de quota de mercado).
pub
Os carros sem seguro envolvidos em acidentes vão poder
ser apreendidos e vendidos em
hasta pública. Esta é uma das
medidas previstas numa
directiva comunitária cuja
transposição para a legislação
nacional está a ser preparada
pelo Instituto de Seguros de
Portugal (ISP). As novas regras
começam a ser aplicadas já em
Julho deste ano, segundo o
"Jornal de Notícias". O mesmo
jornal adianta que, de acordo
uma proposta provisória que o
ISP já elaborou, haverá uma
apreensão "imediata " de veículos envolvidos em acidentes, caso não seja apresentado
o documento comprovativo do
seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel,
"quando solicitado pela autoridade competente".
Portugal campeão
dos impostos
Portugal foi o país da Zona
Euro que mais aumentou os
impostos entre 1995 e 2005 e
está entre os que mais subiram a carga fiscal nos últimos
cinco anos. Segundo o Diário
de Notícias, está ainda assim
abaixo da média europeia.
Pelo contrário, os países do
Leste, apontados como adversários de Portugal na luta pelo
investimento estrangeiro, praticam taxas tributárias mais
baixas e estão a reduzir o
esforço fiscal pedido às
empresas. As contas do DN:
Em dez anos - entre 1995 e
2005 - a carga fiscal, incluindo
as contribuições sociais, sobre
a economia portuguesa, cidadãos e empresas, aumentou
11%. Curiosidade, o grossa da
subida dos impostos decidiuse entre 1995 e 2000, de acordo com os dados ontem divulgados pelo Eurostat, o gabinete de estatísticas da Comissão
Europeia.
Aluna da U.E. ganha
prémio Secil
Ana Silva, aluna da licenciatura em arquitectura da
Universidade de Évora ganhou
o prémio nacional, na categoria de equipamento, promovido pela cimenteira Secil. O projecto apresentado a concurso
sugere "uma requalificação paisagística e urbana do actual
jardim de Diana" em Évora.
Um comunicado daquela instituição de ensino superior
explica que a proposta de Ana
Silva "de forma simples e recolhida, desenvolve-se num volume que propõe uma maior
existência entre a paisagem a
noroeste e a vista com o templo de Diana".
6
publicidade~
notíciasalentejo~ Abril 2007
notíciasalentejo~ Abril 2007
7
~reguengos de monsaraz
Arquivo Histórico Municipal
é inaugurado no dia 25 de Abril
A Câmara de Reguengos
de Monsaraz inaugura no
dia 25 de Abril a obra de
adaptação do Arquivo
Histórico Municipal, que
será transferido para o edifício onde funcionou,
durante várias décadas, a
Repartição de Finanças do
concelho. A obra, que custou cerca de 280 mil euros,
foi comparticipada pelo
Programa de Apoio à Rede
de Arquivos Municipais
(PARAM) do Instituto dos
Arquivos Nacionais/Torre
do Tombo em cerca de 45
por cento.
Através do PARAM, a
aquisição do equipamento
necessário ao funcionamento do Arquivo Histórico
Municipal, com custos de
cerca de 100 mil euros, foi
apoiada em 30 por cento do
seu valor, segundo a informação disponibilizada pela
autarquia.
O edifício que vai receber
o Arquivo Histórico
Municipal de Reguengos de
Monsaraz tem interesse
patrimonial. Data do início
do século XX e é constituído por rés-do-chão e piso
superior. No rés-do-chão
serão instalados os serviços
que impliquem maior
sobrecarga sobre os pavimentos, designadamente as
várias salas para depósitos
de documentos, recepção,
selecção, tratamento e restauro de documentos. No
piso superior vão funcionar
os serviços técnicos, incluindo a direcção, os serviços
técnico-administrativos e a
sala para consulta pública
de documentos.
Com a transferência do
Arquivo Histórico
Municipal para um novo
edifício, a autarquia pretende garantir mais rapidez
e qualidade aos munícipes
para consultarem documentos, obterá melhores
condições de arquivo dos
documentos, mais salas disponíveis, e a adaptação de
um edifício que necessita
de obras.
Festa ibérica
está de regresso
A Festa Ibérica da Olaria e do
Barro é uma iniciativa de promoção cultural e turística de uma
importante manifestação artística
e artesanal: a Olaria. De 24 a 27
de Maio, um significativo número
de centros oleiros do Alentejo e da
Extremadura Espanhola marcará
presença, em S. Pedro do Corval,
para a 13.ª edição do certame organizado pelas autarquias de
Reguengos de Monsaraz e de
Salvatierra de los Barros. A iniciativa pretende valorizar a olaria,
chamar a atenção para a sua
importância e existência, para
o seu valor artesanal e artístico,
para a sua importância e significado na economia da região, promover o turismo e o património
cultural.
Monsaraz quer
manter GNR
O presidente da Junta de
Freguesia de Monsaraz, Jorge
Nunes, insurgiu-se contra a possibilidade de encerramento do posto
da GNR do Telheiro. «Levantar a
possibilidade de retirar da
Freguesia de Monsaraz o efectivo
da GNR vai completamente contra
todo o trabalho quer de desenvolvimento na área do turismo de
qualidade quer de promoção da
zona, que nesta altura que está a
ser feito por diversas entidades»,
disse, em declarações ao Notícias
Alentejo. Jorge Nunes recorda que
a GNR, por intermédio do efectivo
do posto em causa, tem assegurado o patrulhamento da vila medieval e de toda a sua zona envolvente com eficácia, por isso os registos de ocorrências serem até ao
momento baixos.
pub
notíciasalentejo~ Abril 2007
8
portel~
Festa com Livros
A 2ª edição da Festa com
Livros prolonga-se até
23 de Abril e integra
iniciativas destinadas
a públicos diferenciados.
Teatro, sessões de leitura
animadas, poesia,
colóquios, lançamento
de livros e sessões de
cinema infantil e juvenil
iniciativa cultural da Câmara
Municipal de Portel em torno
da temática da leitura e dos
livros, cujo principal objectivo é «sensibilizar para
a importância da leitura
no processo de desenvolvimento dos indivíduos e das
comunidades».
Alguns dos conteúdos que
dão base à programação da
Festa com Livros, abordam
sobretudo efemérides das
Artes de Palco e principalmente da Literatura.
A performance poética reali- Na programação já realizada,
zada no Auditório Municipal
destaque para o Dia do
de Portel, “Camões é um
Teatro Amador (22 de
Poeta Rap”, marcou, no dia
Março), com a peça “Tenho
21 de Março, o arranque
um Morto na Minha Cama” da 2ª edição da Festa com
pelo grupo de “Teatro
Livros. Serviu igualmente
Experimental de Pias” - e
para comemorar o “Dia
para a exposição “Cem Anos
Mundial da Poesia”.
de Literatura Portuguesa”, do
Instituto Português do Livro
A iniciativa integra diversas actividades de índole mar- e Das Bibliotecas, que assinalou o Dia do Livro Português
cadamente cultural e educa(26 de Março).
tiva, destinadas a públicos
diferenciados, crianças,
A fechar o mês de Março,
jovens e idosos e população
as Conferências de Portel,
em geral, que passam pelo
Ciclo “Vera Cruz de
teatro, sessões de leitura ani- Marmelar. História,
madas, poesia, colóquios, lan- Arquitectura e Arte”, contou
çamento de livros, sessões de com a presença do Achim
cinema infantil e juvenil,
Arbeiter (professor catedrátientre muitos outros.
co da Universidade de
A Festa com Livros é uma
Gottingen, Alemanha).
No mês de Abril, destacam-se a sessão de teatro,
no dia 1, “Falar Verdade a
Mentir, de Almeida Garrett,
com o grupo de Teatro de
Amadores de Vila Viçosa;
a exposição de Fotografias
e Marionetas “Olhares pelas
Andanças dos Bonecos”
(Trulé), a inaugurar no dia 1;
e ainda, no dia 22, a peça de
teatro “Salazar - Ascenção
e Queda”, pela Companhia de
Teatro do Ribatejo.
No mês de Abril, destacam-se a sessão de teatro,
no dia 1, “Falar Verdade
a Mentir, de Almeida Garrett,
com o grupo de Teatro de
Amadores de Vila Viçosa;
a exposição de Fotografias
e Marionetas “Olhares pelas
Andanças dos Bonecos”
(Trulé), a inaugurar no dia 1;
e ainda, no dia 22, a peça de
teatro “Salazar - Ascenção
e Queda”, pela Companhia de
Teatro do Ribatejo.
A exposição “Évora ao
Espelho” está aberta ao
público no Palácio D. Manuel
de segunda a sexta-feira, das
10:00 às 12:00 e das 13:00
às 17:00, e Sábados só no
período da tarde, encerrando
ao domingo.
pub
notíciasalentejo~ Abril 2007
9
~debate
O PDM de Évora
A Câmara de Évora marcou recentemente o debate
público sobre o Plano Director Municipal (PDM).
O PDM entra em fase de discussão pública quase
oito anos depois de iniciado o processo de revisão.
Chegou o momento de agilizar processos?
‘Não vai agilizar’
Diamantino Dias
PCP
O Poder Local ao longo da sua história recente, produziu
instrumentos de planeamento muito importantes, os
quais contribuíram, e muito, para uma transparência de
todos os procedimentos. De entre esses instrumentos, destacam-se os Planos Directores Municipais (PDM), pela
sua natureza estratégica e enquanto instrumentos de planeamento imprescindíveis ao ordenamento territorial.
O PDM de Évora foi um dos primeiros no país a ser
aprovado, tendo contribuído de forma decisória para um
desenvolvimento harmonioso da cidade e do concelho. A
partir dessa experiência com sucesso, a CDU iniciou o trabalho de revisão do PDM de Évora, tendo esse trabalhado
praticamente concluído em 2001. Com a chegada do PS á
Câmara foi dissolvida a equipa técnica e “deitado para o
lixo” todo o trabalho feito.
Nos seis anos que se seguiram, num percurso marcado
por várias equipas, várias propostas (quatro!), sucessivamente recusadas pela Comissão Técnica de
Acompanhamento, são conhecidas as trapalhadas, acusações e calúnias por parte do PS contra o PCP, e contra
alguns técnicos qualificados só por exigirem rigor e transparência no trabalho que estaria a ser feito.
Toda esta história não pode ser reproduzida em poucas
linhas, mas será muito importante que este período não
se perca na memória de todos aqueles que gostam de Évora, pois os prejuízos já causados são muito graves para o
concelho e para a sua população.
O documento que vai agora para discussão pública, da
exclusiva responsabilidade do PS, contém diversas incorrecções, insuficiências e visões distorcidas da realidade:
- não assenta em estimativas demográficas credíveis;
não dá resposta a problemas tão sensíveis como a ocupação dos espaços vazios entre bairros (grande paixão aliás
do actual presidente da Câmara quando se candidatou
pela primeira vez á Câmara, pelos vistos também esta paixão se esfumou!); não são fundamentadas as razões que
levam a contrariar as definições do Plano de Urbanização
de Évora; não apresenta medidas para o Centro Histórico,
que se degrada e desertifica a um ritmo bastante inquietante; reduz a qualidade de vida urbana por conta da
redução dos espaços verdes da cidade; assim como não
aponta resolução para problemas como a habitação, a
mobilidade e o tráfego, e tantos outros.
Por tudo isto, uma pergunta pertinente se coloca - Com
esta revisão de PDM, que futuro para Évora?
Sendo um PDM um instrumento de planeamento
essencial, que deve definir uma estratégia de desenvolvimento sustentável para o território, deve ele também contribuir para agilizar processos, agilizando os mecanismos
de operacionalização do próprio Plano. Mas, para que
assim aconteça, na sua génese, este instrumento tem que
ser elaborado de forma a poder responder a esse objectivo.
No caso presente, não me parece que isso aconteça, a
não ser que a Comissão e a maioria que governa a Câmara
de Évora, encarem de forma muito responsável e séria os
contributos que resultem da discussão pública, e os transformem em propostas que possam resolver as ambiguidades e as questões por responder, que o projecto agora em
discussão contém.
Porque se trata de um instrumento de planeamento
fundamental para o Concelho, não pode omitir as prioridades, mas omite; as propostas devem estar articuladas
com os meios financeiros disponíveis, mas não estão,
não existindo sequer uma previsão da capacidade de
investimento do município.
Assim, dada a seriedade do assunto, uma pergunta
deixo no ar: Estamos mesmo num processo de revisão
ou é apenas uma miragem? Esta revisão não vai agilizar
qualquer processo como seria desejável.
Norberto Patinho
PS
'Partidarização do processo
procurou criar dificuldades’
É na verdade um facto.
Apenas oito anos após o início do processo de revisão, o PDM de Évora entra na fase de discussão
pública.
Esta situação é insustentável para qualquer
Município que necessita de adaptar o seu plano
director a novas realidades e à necessidade de conseguir um desenvolvimento ordenado e sustentado
do seu território.
No caso concreto de Évora a discussão em torno
desta matéria já deixou claro que, para além de um
quadro legal extremamente moroso que carece de
ser revisto, a partidarização do processo, procurando criar dificuldades e inviabilizar uma proposta
legitimamente elaborada pelo executivo e ainda
uma frequente confusão de competências entre
quem compete acompanhar e executar, conduziram
a um atraso inaceitável.
De qualquer forma, com a determinação do executivo liderado pelo Dr. José Ernesto de Oliveira, aí
está a proposta colocada à discussão dos munícipes
do concelho de Évora.
É o momento dos eborenses contribuírem pela
positiva, através da participação na discussão pública, para que Évora venha a dispor de um instrumento potenciador do desenvolvimento do concelho
e da região.
Do documento em discussão há a salientar quatro
pontos fundamentais:
A resolução definitiva do problema das quintinhas e do parcelamento da propriedade rural.
A expansão urbana das freguesias rurais permitindo a fixação da população, contrariando assim a
desertificação que se faz sentir na nossa região.
A possibilidade da instalação de investimentos no
espaço rural, agilizando procedimentos para a instalação de projectos turísticos de qualidade.
Preparar a cidade para acolher a expansão de
áreas industriais e de investimento decorrentes das
novas centralidades e acessibilidades, como são o
caso da auto-estrada, do IP2 e do TGV.
O documento final após todos os contributos que
certamente surgirão e o valorizarão vai permitir a
afirmação de Évora como grande capital regional.
Respondendo concretamente à questão formulada
é fundamental encontrarmos resposta para contrariar a morosidade destes processos.
Temos uma legislação de grande qualidade.
Alguns ajustamentos pontuais na lei, a aprovação do
Plano Nacional e dos Planos Regionais de
Ordenamento do Território e um reforço da autonomia (e responsabilização) das autarquias contribuirão para uma maior celeridade nos processos de revisão dos PDM's.
Palma Rita
PSD
‘Obrigatório discutir
o PDM até ao limite’
O PDM que está em vigor em Évora é bastante
antigo e, por isso, está claramente necessitado
de revisão, o que já deveria ter acontecido
há vários anos. Tendo tal PDM servido para, em
boa medida, regularizar ilegalidades permitidas,
o debate público em torno da proposta de revisão do PDM deve constituir um momento de
discussão sobre o futuro do concelho de Évora,
alicerçando projectos estruturantes e criando
novos rumos.
Por esse motivo, coligados com os interesses
de Évora e da sua população, com grande maturidade e responsabilidade política, os autarcas
do PSD decidiram viabilizar a discussão pública
da proposta de PDM elaborada pelos eleitos do
Partido Socialista, apesar da sua formulação
ter acontecido totalmente à margem da Câmara
e demais órgãos autárquicos.
A concordância com a necessidade de partir,
desde já, para uma ampla discussão pública do
PDM, não deve ser entendida como um apoio
incondicional à generalidade do documento apresentado, pobre de opções e escasso de inovação,
reservando-se os eleitos nos órgãos autárquicos
o direito de não acatar versões finais que iludam
ou ignorem os resultados da discussão pública
na sua (re)formulação.
Em nome da legitimidade democrática de
participação activa e empenhada na construção
do futuro de Évora, cabe aos autarcas estimularem o aprofundamento a discussão com vista
à formulação de sugestões por parte da população e de todas as forças vivas do concelho,
contributivas da escolha de opções ajustadas
para o concelho.
notíciasalentejo~ Abril 2007
10
universidade~
A Reforma do Ensino Superior, segundo Jorge Araújo
‘Financiamento deve reflectir performances
O reitor da Universidade
de Évora defende que
o financiamento do
Estado deve reflectir
a performance da
Instituição, tendo como
referência as metas
estabelecidas e promover, contratualmente,
a discriminação positiva
de cada Instituição,
tendo em conta a sua
circunstância. «Não é
indiferente estar-se
localizado para lá dos
montes ou no litoral,
no que concerne à
capacidade de auto-sustentação e ao grau
de responsabilidade
para com o desenvolvimento da comunidade»,
sustentou.
Que razões para a reforma?
Porque embora se reconheça o
grande mérito que teve o E.S.
na construção do Portugal
democrático que hoje somos, o
futuro exige mais. Exige sobretudo mais e melhor. Exige que
Portugal ombreie com os países
parceiros na União Europeia,
sem complexos. Sem os complexos de superioridade de alguns,
que os há, que invocam a especificidade do sistema de ensino
superior português para recusar a harmonização com os
modelos que vigoram nos
outros países. Sem os complexos de inferioridade de muitos
outros, para quem o que é bom,
é o que se faz no estrangeiro.
Portugal tem que acertar
definitivamente o passo com os
seus parceiros europeus.
Portugal tem que aderir a uma
“nova ordem” europeia que se
vem instalando progressivamente desde o final do século
passado, e que atinge profundamente os Sistemas de Ensino
Superior e de Investigação
Científica, forçando-os a adoptar novos paradigmas, novos
comportamentos, rumo a
melhor qualidade, melhor efi-
Pedro da Silva
Jorge Araújo
apresentou na iniciativa
«Novas Fronteiras»,
organizada pelo PS,
a sua opinião sobre
a reforma do Ensino
Superior, baseando-se
na experiência de
36 anos de actividade
docente e de nove como
reitor da Universidade
de Évora.
ciência, mais eficácia e a maior
competitividade.
Uma nova ordem universitária...
A “nova ordem” a que nos referimos foi sendo edificada pelos
governos dos países europeus e
pelas respectivas universidades. É conhecido o papel precursor do Programa Erasmus
(1987) e o estímulo desempenhado pela Magna Carta das
Universidades Europeias, subscrita por alguns Reitores, em
1988, bem como os contributos
determinantes que emanaram
da Convenção de Lisboa (1997),
das Declarações da Sorbonne
(1997) e de Bolonha (1999), da
Cimeira de Lisboa (2000) e, subsequentemente, das cimeiras
bianuais de Praga (2001),
Berlim (2003) e Bergen (2005).
A aceitação da referida “nova
ordem” pressupõe a adopção de
princípios e comportamentos,
alguns dos quais, não se inscrevendo na praxis tradicional das
academias portuguesas, suscitam naturalmente resistências.
O “acertar do passo” em cadência e em ritmo é, contudo, imperativo. E tal significa que deveremos passar, quanto antes, a
pautar-nos por sete princípios
fundamentais que emergem na
hora presente: Princípio da responsabilidade; Princípio da
validação; Princípio da comparabilidade; Princípio da
internacionalização; Princípio
da sustentabilidade; Princípio
do rigor e transparência;
Princípio da flexibilidade.
científica e pedagógica, de que
gozam as universidades, não é
uma mordomia própria de
quem é dono e senhor do saber;
é a condição sine qua non para
que a Universidade, enquanto
instituição pública, possa cumprir a sua missão de centro de
desenvolvimento cultural, científico e tecnológico com total
independência dos poderes políticos ou ideológicos. Em contrapartida, pesa-lhe a responsabilidade de o fazer com qualidade
e, sobretudo, em compromisso
permanente com o desenvolvimento e o bem-estar social.
2. PRINCÍPIO DA
COMPARABILIDADE
No exercício da sua autonomia, cada universidade procura
o modelo de organização, de
investigação e de ensino que
melhor se coaduna com a sua
condição e com os objectivos
específicos da missão que lhe
cabe. Daí resulta uma enorme
diversidade, de modelos e de
formações. Essa diversidade é
considerada uma mais-valia da
Europa, desde que não se traduza em cacofonia, isto é, desde
que os diversos modelos sejam
legíveis, compreensíveis e comparáveis. Cabe às instituições
empenhadas em integrar o
“Espaço Europeu de Ensino
Superior” a responsabilidade de
garantir essa comparabilidade,
a comparabilidade na diversidade.
3. PRINCÍPIO DA VALIDAÇÃO
1. PRINCÍPIO DA
RESPONSABILIDADE
A responsabilidade e a autonomia são as duas faces de uma
mesma moeda. A autonomia
A comparabilidade pressupõe
também a sujeição ao princípio
de validação da qualidade. De
acordo com este princípio tanto
as instituições como as suas
actividades devem ser submetidos a mecanismos de aferição e
de certificação de qualidade.
4. PRINCÍPIO DA
INTERNACIONALIZAÇÃO
Este princípio decorre da própria lógica subjacente à criação
dos Espaços Europeus de
Ensino e de Investigação
Cientifica. Tender-se-á para o
esbatimento de fronteiras, para
a abertura das academias não
só à cooperação científica e à
constituição de equipas de
investigação transnacionais,
mas também à oferta de cursos
internacionais, ao recrutamento de docentes e investigadores
no espaço europeu e ao incremento da mobilidade de estudantes e docentes.
5. PRINCÍPIO DA
SUSTENTABILIDADE
As Instituições de Ensino
Superior públicas não poderão
contar exclusivamente com o
financiamento do Estado. Este
deve garantir o “metabolismo
basal” da Instituição, as suas
funções vitais. Tudo o mais
deverá ser suportado por receitas geradas pela universidade
na sua relação com a comunidade, em particular com outras
instituições públicas, com as
empresas e com os cidadãos.
Esta parcela orçamental, dita
de receita própria, constitui,
para além de tudo o mais, um
indicador do nível de enraizamento da Instituição na sociedade. A sustentabilidade espelha, por conseguinte, o grau de
comprometimento com o desenvolvimento do país, da região,
da comunidade.
6. PRINCÍPIO DO RIGOR
E TRANSPARÊNCIA
Este princípio aplica-se a todo
o funcionamento quer se trate
de gestão de recursos financeiros, de gestão de recursos humanos, de tramitação processual
ou de avaliação de conhecimentos, competências ou desempenhos. Qualquer acto administrativo ou pedagógico deve ser
justificável e os seus fundamentos, conhecidos.
7. PRINCÍPIO DA
FLEXIBILIDADE
A realidade, sendo evolutiva,
não se coaduna com soluções
imutáveis. Quer no ensino, quer
na investigação, as instituições
de ensino superior têm que
estar abertas à mudança e disponíveis para flexibilizar as
suas ofertas, as suas respostas
aos desafios. O princípio da flexibilidade colide com a cultura
da normalização, e não é de
fácil aceitação. Mas como em
muitos outros aspectos, também aqui teremos que introduzir alterações nas “mentalidades”.
Os vectores
da reforma
1. AUTONOMIA
A autonomia, pela qual se
lutou desde os longínquos anos
sessenta, é um atributo a consolidar. Autonomia entendida,
naturalmente, nos planos científico, pedagógico, administrativo, estatutário, disciplinar,
patrimonial e financeiro.
notíciasalentejo~ Abril 2007
11
~agenda
ÉVORA
de cada instituição’
dessas autonomias. É certo
que sim, mas uma delas, a autonomia financeira não se concretiza em toda a sua dimensão. A reforma do Sistema de
Ensino Superior deverá conduzir a um incremento da autonomia financeira, permitindo
ao governo das Instituições
actuar estrategicamente. Isto é,
com horizonte e agilidade, planeando e tirando partido das
oportunidade.
Por exemplo, os saldos
podem constituir, nesta perspectiva, a expressão do planeamento estratégico e não devem
ser encarados como uma acumulação de riqueza mobilizável para outros fins. Por sua
vez, os mecanismos de gestão
financeira disponíveis no mercado, aos quais qualquer
empresa tem acesso, constituem recursos que potenciam a
agilidade e a racionalidade de
um bom governo.
Reconhecendo-se que as
Instituições de ensino superior
devem assumir cada vez mais
um comportamento de inspiração empresarial, competindo
no mercado e auto-sustentando-se através da arrecadação
de receitas próprias, é lícito
esperar que a reforma do ensino superior lhes faculte maior
grau de autonomia, designadamente no que respeita à gestão
dos saldos numa perspectiva
plurianual.
3. CARREIRAS
A reforma do ensino superior
não pode deixar de incidir
sobre as carreiras docente e de
investigação. Uma excessiva,
embora compreensível, preocupação com a estabilidade das
carreiras, inspirou a elaboração
dos actuais estatutos das carreiras.
A reforma deverá incidir em
alguns pontos nevrálgicos, que
eliminem as promoções automáticas e anulem a endogamia,
tão característica das nossas
instituições. No essencial estes
objectivos são alcançáveis, nas
universidades, por alterações
cirúrgicas, das quais se destacam duas: o doutoramento
deverá constituir condição
necessária para início de carreira; o recrutamento e a progressão na carreira deverá operar-se sempre através de concursos internacionais.
Paralelamente ao corpo
docente de carreira, deverá ser
possível recorrer a especialistas convidados, através de contratos individuais de trabalho a
estabelecer por períodos indeterminados.
4. ADOPÇÃO DE MODELOS
COMPARÁVEIS
Esta reforma já está em curso,
em consequência da alteração
da Lei de Bases do Sistema
Educativo e da publicação do
DL do Regime Jurídico dos
2. O GOVERNO DAS
Graus e Diplomas do Ensino
Superior (DL n.º 74/2006).
INSTITUIÇÕES
Em consequência, está estabilizado o modelo LMD com
O actual modelo orgânico das
durações comparáveis às dos
instituições responde a uma
países europeus, e com a adopconcepção basista da democracia. Uma proliferação de conse- ção do sistema ECTS de creditação do esforço dispendido
lhos com poderes partilhados e
dimensões excessivas, mais sen- pelos estudantes.
Muito haverá ainda que
síveis por vezes a interesses
caminhar para tornar os sistepessoais ou corporativos do
que ao interesse estratégico das ma plenamente consentâneo
com o paradigma da reforma
instituições, fragiliza a capacide Bolonha, mas o que há a
dade de governo. A reforma
fazer não implicará nova interdeverá incidir sobre este ponto
nevrálgico, dotando as institui- venção legislativa.
ções de modelos governativos
operacionais e entrosando-as
5. AVALIAÇÃO
com a comunidade através da
E ACREDITAÇÃO
participação de personalidades
representativas dos sectores
Também nesta matéria o
sociais nos órgãos de delineaGoverno avançou, e bem, com
mento estratégico.
a criação da Agência de
Acreditação, cuja intervenção
será essencial para tornar cre3. REGULAÇÃO
dível o nosso ensino e, em particular as formações avançadas
As universidades e institutos
de Mestrado e de
politécnicos fazem parte de um Doutoramento, face aos
sistema de ensino e de investipadrões de qualidade que se
gação que serve o país. A reguimpõem em toda a União
lação da oferta de formação
Europeia.
não pode competir às instituiA indexação da acreditação
ções. Deve ser exercida por
para outorgar os graus de mesuma instância independente,
tre e de doutor à bondade da
evitando-se, de futuro, a proliqualidade científica avaliada
feração de cursos semelhantes,
constitui um passo essencial.
a confusão entre os modelos
Mas haverá que ter cuidado em
politécnico e a universitário,
não confundir qualidade cientía oferta excedentária embora
fica avaliada com avaliação de
atractiva, sem perspectiva de
Centros de Investigação pela
absorção pelo mercado do traFCT. Por duas razões simples: a
primeira, porque a FCT, pese
balho.
embora o mérito que todos lhe
reconhecemos, não tem por missão avaliar o universo científico nacional; a segunda, porque
há vida, e vida científica e de
qualidade, para além dos
Centros avaliados pela FCT.
6. ABERTURA
A NOVOS PÚBLICOS
De entre as missões que
cabem às instituições de ensino
superior, destaca-se hoje, mais
do que no passado, a formação
ao longo da vida e a qualificação da população activa.
A reforma levada a cabo
pelo Governo deu um importante passo nesse sentido, criando uma porta de acesso ao
ensino superior para os maiores de 23 anos e instituindo o
regime de creditação de competências adquiridas em contexto
laboral.
Sendo um passo importante
no sentido da abertura a novos
públicos, é contudo insuficiente. A reforma deverá acentuar
o carácter internacionalista das
nossas universidades, permitindo-lhes que sejam frequentadas, desde o 1º ciclo, por estudantes oriundos do mundo inteiro, como se verifica na maioria
das universidades que integram a Rede Europeia de
Ensino Superior e de
Investigação Científica. Só
assim, as instituições europeias
poderão contribuir para o
reforço da capacidade de atracção da Europa sobre as jovens
populações estrangeiras e competir com os Estados Unidos.
7. FINANCIAMENTO
E CONTRATUALIZAÇÃO
Desde há alguns temos vindo a
experimentar diversos modelos
de financiamento das universidades e institutos politécnicos,
com claro incumprimento por
ambas as partes, o governo e as
Instituições. Todos conhecemos
o direito e o avesso deste problema, pelo que não valerá a
pena escalpelizá-lo.
Importa, sim, pensar no futuro e estabelecer um modelo de
financiamento que satisfaça os
seguintes requisitos: Seja consentâneo com as disponibilidades orçamentais do Estado;
Assegure o funcionamento básico de cada instituição, de acordo com parâmetros estabelecidos, nomeadamente os rácios
aluno/docente, por exemplo;
Reflicta a performance da
Instituição, tendo como referência as metas estabelecidas;
Promova, contratualmente,
a discriminação positiva de
cada Instituição, tendo em
conta a sua circunstância.
Não é indiferente estar-se localizado para lá dos montes ou no
litoral, no que concerne à capacidade de auto-sustentação
e ao grau de responsabilidade
para com o desenvolvimento
da comunidade.
24 DE ABRIL
Francisco Ceia evoca Zeca
Afonso | Praça do Giraldo |
22.00H
25 DE ABRIL | A PRAÇA
CANTA GRÂNDOLA VILA
MORENA
FOGO DE ARTIFÍCIO | Praça
do Giraldo | 00.00H
FESTA CUBANA COM A
ORQUESTRA SALSA MANIA
| Praça do Giraldo | 00.30H
27 DE ABRIL | CONCERTO
DO 25 DE ABRIL PELO CORO
EBORAE MVSICA
CONCERTO
COMEMORATIVO DO 25 DE
ABRIL. DIRECÇÃO DE
PEDRO TEIXEIRA,
ACOMPANHAMENTO AO
PIANO DE RODRIGO GOMES.
Salão Nobre dos Paços do
Concelho | 18.30
PORTEL
Cinema | Auditório
Municipal
2 Abril - Em busca da
felicidade
8 Abril - o Nascimento de
Cristo
16 Abril - Chaplin
23 Abril - a designar
Teatro | Auditório Municipal)
1 Abril 21.30h- “Falar a
Verdade a Mentir”, de
Almeida Garrett - Grupo de
Teatro de Amadores de Vila
Viçosa.
22 Abril, 21.30h - “Salazar Ascensão e Queda”,
Companhia de Teatro do
Ribatejo
Música
3 Abril - Cantes de Abril
Exposições e Conferências
e outras iniciativas
(Local: Auditório Municipal)
7 Abril, 9.00h - Passeio
Pedestre “Plantas Aromáticas
e Medicinais” com Mestre
Salgueiro
11 Abril, 16.00h - Exposição
de Fotografia e Marionetas
“Olhares pelas Andanças dos
Bonecos” (Trulé)
13 Abril, 16.00h Apresentação do Kit
Pedagógico Sem fronteiras, de
Fernando Moital
14 Abril - CONFERÊNCIAS
DE PORTEL
Ciclo “Vera Cruz de
Marmelar. História,
Arquitectura e Arte”
18.00h - “ A resistência cristã
no Alentejo e Algarve, sob
domínio árabe” | Dr. Manuel
luís Real (arquivo Histórico
do Porto)
21 Abril - CONFERÊNCIAS
DE PORTEL
Ciclo “Vera Cruz de
Marmelar. História,
Arquitectura e Arte”
18.00h - “ O Tesouro de Vera
Cruz de Marmelar no
Contexto de Portel” | Dr.
Nuno Vassallo e Silva (Museu
de Fundação Calouste
Gulbenkian)
REGUENGOS
07 DE ABRIL
II PASSEIO TT ROTA DO
CAMPO | S. MARCOS DO
CAMPO
18 DE ABRIL
DIA INTERNACIONAL DOS
MONUMENTOS E SÍTIOS |
Entrada Gratuita no Museu
de Arte Sacra e Fresco dos
Paços da Audiência em
Monsaraz
21 E 22 de ABRIL
Iº RAIDE AÉREO
FOTOGRAFICO EM
PARAMOTOR
CONCELHO DE REGUENGOS
DE MONSARAZ
24 e 25 de ABRIL
COMEMORAÇÕES OFICIAIS
DO 33º ANIVERSÁRIO DO 25
DE ABRIL
DIA 24 - 22.30 | Tributo a
Zeca Afonso: QUINTETO
NÁNÁ SOUSA DIAS|
Auditório Municipal
24.00 | FOGO DE ARTIFICIO
| Rotunda 25 de Abril
DIA 25
10.00 - CERIMÓNIA DO
IÇAR DAS BANDEIRAS DO
MUNICÍPIO E NACIONAL |
A Banda da Sociedade
Filarmónica Harmonia
Reguenguense, interpretará
durante a cerimónia os Hinos
do Município e de Portugal
10.00 - 32ª ESTAFETA DOS
CRAVOS
10.30 - ROMAGEM AO
LARGO DOS COMBATENTES
PARA HOMENAGEM AOS
SOLDADOS MORTOS NA
GRANDE GUERRA E NA
GUERRA COLONIAL.
COLOCAÇÃO DE COROAS DE
FLORES NOS RESPECTIVOS
MONUMENTOS
11.00 - SESSÃO SOLENE DA
ASSEMBLEIA MUNICIPAL
COMEMORATIVA DO 32º
ANIVERSÁRIO DO 25 ABRIL
12.30 - Inauguração do novo
edifício do Arquivo
Municipal, sito no Largo
Almeida Garrett, em
Reguengos de Monsaraz, onde
actuará a Banda da Sociedade
Filarmónica Harmonia
Reguenguense
27 A 29 de ABRIL
FEIRA OUTLET | Parque de
Feiras e Exposições
notíciasalentejo~ Abril 2007
12
Arte contemporânea
vai passar por Elvas
Rute Marques
[email protected]
O Museu de Arte
Contemporânea de
Elvas deverá abrir
portas em Maio com
a colecção de 250 peças
de António Cachola
e um orçamento
para a programação
de 150 mil euros anuais
na sua fase de arranque,
suportado pela autarquia de Elvas. Segundo o
director do museu, João
Pinharanda,
vão estar disponíveis
“sete espaços principais
de exposição”
As áreas de actuação do
Museu vão além das exposições e “haverá todo um trabalho em torno dos seu conteúdos e para além deles”, sustenta o director do museu,
João Pinharanda. Não obstante, considera serem “os artistas contemporâneos os grandes interessados no êxito
deste museu”: “Têm-no sido
para a constituição da colecção empenhando-se na disponibilização de peças de grande
qualidade e no acompanhamento da montagem nos espaços e sê-lo-ão no futuro”.
João Pinharanda acompanhou como curador a constituição da colecção de António
Cachola, revê-se nela e lembra que entre “a primeira apresentação, em 1999, e os dias
de hoje a colecção cresceu
imenso, sempre por iniciativa
e escolha do próprio coleccionador”. Observa que essa será
a “parte, sempre visível da
colecção e constituirá aquilo a
que podemos chamar a exposição permanente”, e sustenta
que “justificará todas as iniciativas temporárias dedicadas
a artistas da colecção ou
outros, nacionais e estrangeiros”. E quer por outro lado vai
sustentar” qualquer iniciativa
de itinerância quer por “exportação” de peças da colecção (nestes anos o curriculum
de empréstimos para exposições de grande importância
nacional e internacional é já
notável) quer recebendo peças
de outras colecções em acções
programadas de intercâmbio”.
No momento de abertura “a
colecção vai espalhar-se por
alguns outros locais de grande
qualidade arquitectónica e
actualmente devolutos em virtude da desmobilização do
Exército anteriormente estacionado na cidade”. Este será
um modo de “dinamizar mais
claramente a cidade”, como
considera o director
De Maio a Setembro de
2007, no espaço de exposi-
diata e mediata”, descreve o
director do Museu de arte contemporânea de Elvas. Parte “é
intervenção directa na realidade” e, outra, “começa a ter
já o peso de um balanço histórico que tanta falta faz na cultura nacional”.
Cerca de 250 peças estão
reunidas neste catálogo de
António Cachola, mas, como
diz João Pinharanda, é “uma
colecção em progresso. Desta
forma, como nela se encontram “as orientações acordadas para o seu arranque”. Por
isso, veio a aceitar “com agraA colecção de
do e entusiasmo o convite
António Cachola
para voltar a trabalhar com o
seu “corpus”. Não sendo “nem
Esta é “uma colecção de
temática nem de tendência “ é
artistas revelados desde os
uma colecção que segue os
anos 80, e de “actualidade ime- artistas integrando obras de
ção vai ser apresentada fundamentalmente, a colecção
sem alteração alguma. Depois,
em Setembro o MACE recebe “
um pequeno reforço de obras
e iniciativas paralelas”. João
Pinharanda afirma também
que no próximo ano poderão
registar-se algumas alterações, e sustenta que pretende
”iniciar um programa de produção própria de ambição
internacional mas ainda estamos em negociações”.
diferentes períodos do seus
trabalhos, o que lhe confere
carácter abrangente e didáctico. Haverá sempre uma parte
significativa do Museu onde
ela pode ser vista nas suas
diversas facetas.
Na fase de arranque, as despesas de programação fixamse em 150 mil euros por ano.
Enquanto o orçamento de funcionamento corrente é garantido pela Câmara de Elvas, “o
orçamento de exposições, edições, iniciativas paralelas é
garantido por um conjunto de
mecenas institucionais de
grande prestígio que, entre a
CME e o coleccionador, temos
vindo a atrair e a garantir”,
referiu.
pub
Abertos das 12h00 às 15h30
e das 18h00 às 22h00
Encerram à Segunda-Feira
www.aloendroeadegadocachete.com
Restaurante Aloendro
Estrada de Évora, 3 B
Reguengos de Monsaraz
E-mail: [email protected]
Telef. 266 502 109
Fax. 266 519 896
Tlm. 969 067 073
Restaurante Adega do Cachete
Rua do Grave, 9
S. Pedro do Corval
E-mail: [email protected]
Telef. 266 549 568
Fax. 266 519 896
Tlm. 969 067 073
notíciasalentejo~ Abril 2007
13
~cultura
Romper com ciclos de isolamento
e desajuste temporal
Na sua opinião, quais os
objectivos do MACE junto do
público /comunidade, levando em conta que surge no
Alentejo, região a precisar
de investimento (nomeadamente em equipamentos culturais)?
João Pinharanda - Os objectivos são muito ambiciosos. Só
assim vale a pena trabalhar sem ilusões e com determinação. Sem nenhuma ilusão de
facilidade e com determinação
de romper com os ciclos de subdesenvolvimento também cultural em que nos encontramos.
Ciclos de isolamento e desajuste temporal que não são relativos às periferias mas que são
gerais e se verificam em certas
bolsas de resistência à mudança e à informação - e essas “bolsas” tanto podem estar em
Elvas como em Lisboa, no
público em geral como nos decisores políticos e mesmo culturais.
Temos que ganhar esta batalha local mas também nacional, temos que a ganhar com a
população de Elvas mas também com a de Cáceres,
Badajoz, Évora, Portalegre ou
Montemor-o-Novo - para referir apenas alguns pólos de afirmação cultural da região.
Cursos de formação cultural
generalistas e especializados,
informação e formação em
torno de cada uma das iniciativas realizadas, edições de qualidade, uma acção de longo
prazo junto dos jovens são
indispensáveis para levar esta
ambição a bom termo.
Quais as linhas orientadoras
que vai seguir nas escolhas
que o MACE irá trazer a
público. Podemos contar
com os contributos de que
artistas e criadores contemporâneos?
JP- Em 2007 vamos apresentar, fundamentalmente, a
Colecção. De Maio a Setembro
sem alteração alguma e em
Setembro, aproveitando a realização das Festas de S. Mateus
e a vinda de muitos elvenses à
sua cidade, vamos realizar um
pequeno reforço de obras e iniciativas paralelas, a anunciar.
Os artistas que contribuirão
para isso são os da Colecção
sem referirmos aqui nem
excepções nem destaques.
Evidentemente que os artistas
contemporâneos são os grandes interessados no êxito deste
museu - têm-no sido para a
constituição da Colecção empe-
nhando-se na disponibilização
de peças de grande qualidade e
no acompanhamento da montagem nos espaços e sê-lo-ão
no futuro, estou certo. Em
2008 pretendemos iniciar um
programa de produção própria
de ambição internacional mas
ainda estamos em negociações.
Como vai organizar agora o
seu tempo?
JP - Neste momento estou a
terminar trabalhos que significam compromissos anteriores,
alguns dos quais com alguns
anos mas que algumas vicissitudes têm sucessivamente adiado e vieram cair sobre a preparação da abertura do MACE:
um livro sobre os sete “Prémios Tabaqueira” de arte pública
já atribuídos e a apresentação
em Lisboa de uma colecção particular de arte portuguesa, de
grande amplitude histórica (do
naturalismo à actualidade).
Continuo ligado à organização
de dois prémios de arte suportados pela Fundação EDP (o de
Novos Artistas e o Grande
Prémio) através dos quais se
revelam valores emergentes ou
se consagra um valor histórico.
Como presidente em exercício
da secção portuguesa da AICA
(Associação Internacional dos
Críticos de Arte), tenho a missão de coordenar (com a arquitecta Ana Tostões) uma grande
exposição retrospectiva da arte
portuguesa a propósito de se
cumprirem 25 anos de Prémios
AICA/MC. Todas estas actividades e interesses me levaram a
deixar de escrever nos jornais
sobre a actualidade crítica.
Quanto ao acompanhamento do MACE ele tem tempos
diferentes: épocas de grande
empenhamento, que correspondem às montagens das
exposições e sua inauguração,
e épocas de maior distensão. O
ritmo de inaugurações será
quadrimestral e mensal no que
respeita às actividades paralelas (seminários e vídeos) - é
com essa lógica de sístoles e
diástoles que irei jogar, vindo o
mais vezes possíveis a Elvas e
estando o mais tempo possível
em Lisboa, mas também em
Madrid, Badajoz, Porto,
Cáceres, Londres, Évora,
Veneza, S. Paulo, Kassel. É que
a difusão do MACE e o reconhecimento da realidade que o
cerca exigem que a minha vida
não possa ser pensada numa
lógica de simples deslocação
pendular entre Lisboa e Elvas.
Os nomes da colecção
O MACE nasceu de uma vontade expressa da autarquia de
Elvas do coleccionador
António Cachola, detentor de
uma relevante colecção de arte
contemporânea. O projecto contou desde o início com o acompanhamento de entidades
como o Ministério da Cultura,
RPM (Rede Portuguesa de
Museus) e o IPM (Instituto
Português de Museus).
Para a CM Elvas, o objectivo
passa por fazer da cidade um
pólo dinamizador de toda a
região a nível cultural, convertendo o museu num importante centro de investigação, conservação, exposição e difusão
da arte contemporânea.
O museu está implantado no
antigo edifício do Hospital
Distrital de Elvas. A elaboração do projecto do museu ficou
a cargo do atelier do Arq.
Pedro Reis.
A colecção de António
Cachola fez a sua apresentação
pública no Museu Extremeño e
Ibérico de Arte Contemporánea
(MEIAC), em Badajoz, em
2000. Com cerca de 250 obras,
pertencentes a mais de 50
artistas e tendo por ponto de
partida a década de 80, a
colecção conta com obras de
artistas nacionais, com produção nas últimas décadas, entre
os quais Pedro Cabrita Reis,
Pedro Calapez, Jorge Molder,
José
Pedro Croft, Rui Sanches,
Rui Chafes, Xana, Joana
Vasconcelos, José Loureiro,
João Pedro Vale, Fernanda
Fragateiro, Vasco Araújo, João
Onofre, Noé Sendas, Pedro
Casqueiro, Pedro Proença,
Pedro Portugal,
Miguel Palma, Rui Toscano,
Ângela Ferreira, Ana Vidigal,
Ilda
David, Nuno Cera, Rosa
Almeida e Rui Calçada Bastos.
notíciasalentejo~ Abril 2007
14
A sociedade do
conhecimento
e a formação
notasdaaldeia
Alberto Magalhães
Estudar é nada?
[email protected]
Joaquina Margalha
[email protected]
A escola de hoje é uma instituição democrática e desperta para
a necessidade de esbater as diferenças. No entanto, a abertura
da escola à sociedade não significa, por si só, que ela consiga
promover, efectivamente, a
igualdade de oportunidades de
sucesso a todos os alunos que a
ele acedem. De facto, nas últimas décadas, a escola viu evoluir a sua finalidade de promover
a educação escolar por acréscimo de novas funções que lhe
têm vindo a ser atribuídas pela
sociedade. Assim, e para além
da preocupação de desenvolver
o currículo, foram-lhe sendo
atribuídas funções nos domínios
do ambiente, da saúde, da sexualidade, da prevenção de comportamentos desviantes, da prevenção rodoviária, do património, da solidariedade, etc., etc.,
etc. Parte-se do pressuposto de
que, o que não é possível de
fazer-se noutros contextos, pode
ser resolvido pela escola, fazendo fé da sua capacidade de
resolver os problemas que a sociedade não consegue solucionar.
Esta atribuição de competências
passou também, recentemente,
a incluir o entendimento de que
se trata de uma instituição que
deve exercer o seu trabalho a
tempo inteiro, minimizando o
papel de agente socializador
que, por tradição, era detido
pelas famílias. Evoluiu-se, desta
forma, de um conceito de escola
dedicada em exclusivo à educação escolar, para um novo paradigma de escola formativa que
amplia as suas formas de intervenção, subordinando-as a um
conceito de educação integral
que ela não pode, ainda que o
queira, assegurar.
Vivemos na sociedade dita do
conhecimento, na qual somos
confrontados em permanência
com a necessidade de estabelecer interacções com os outros.
Então, como poderemos assumir
que uma tarefa essencial à evolução do ser humano, como é a
formativa, pode ser desenvolvida em exclusivo pela escola? Ela
pode, e deve, realizar o seu trabalho educativo, pois essa é a
sua função natural. No entanto,
a sua eficácia será tanto maior,
quanto maior for a coresponsabilização de outros actores sociais que intervenham no
âmbito de uma comunidade realmente formativa. Para o efeito,
será imprescindível que as populações tenham acesso a equipamentos que promovam a formação cívica, científica, cultural;
que as famílias exerçam a sua
função educativa; que a sociedade seja, efectivamente, uma
sociedade que promova e valorize o conhecimento.
Volta e meia lá aparecem
eles a envergonharem o
pagode (sou optimista e
parto do princípio de que o
pagode ainda tem uma réstia de vergonha). Passam no
Telejornal como autênticas
chicotadas expiatórias. São
as crianças e jovens que chegam da Ucrânia ou de países
afins e que, ao fim de poucos meses na escola portuguesa, já somam sucessos
comparativos, obtendo
notas excelentes, mesmo a
disciplinas improváveis
como a de Língua
Portuguesa.
Pergunta a repórter em
língua coxa o que faria,
então, aquela jovem, então,
a frequentar, nomeadamente, o 12º ano se, por acaso,
verdadeiramente, lhe acontecesse, hããã, chumbar o
ano. Responde a jovem imediatamente: - Nunca me passou pela cabeça que isso
pudesse acontecer. Seria
uma grande vergonha para
mim e um grande desgosto
para os meus pais. Chumbar
está fora de questão. Eu
estudo para passar com
boas notas.
Na resposta, todo um pro-
grama de vida, toda uma cultura subjacente.
A Escola portuguesa é péssima? Em certos aspectos
será. Os professores são péssimos? Alguns serão. Mas o
que é certo e seguro é que
muitas crianças portuguesas
e todas ou quase todas as
ucranianas têm, nesta
Escola, com estes professores, bom aproveitamento.
Qual o segredo?
- Bom, mete-se-me um
vizinho na conversa, é como
os emigrantes em França. Os
portugueses, trabalhadores
e ordeiros, lá fizeram pela
vida e os filhos e netos estão
integrados. Outros, de
outras proveniências, na
segunda geração começam a
incendiar carros e queixamse de serem excluídos.
- Dá que pensar, não dá?
Veja, por exemplo, no
Luxemburgo, os portugueses estão integradíssimos,
ganham bem, os filhos
andam em escolas europeias, têm professores europeus e, no entanto, como se
viu agora na visita do nosso
Presidente, têm maus resultados escolares, tal e qual
como têm os de cá.
- Mas então, mete-se
outro vizinho na conversa
de balcão, vocês estão a
dizer que os miúdos portugueses são mais preguiçosos
que os outros? Olhem que
não! Alguns até abandonam
a escola para irem trabalhar
no duro.
Pois claro. O problema
não é de preguiça, o problema não é de falta de inteligência ou de memória. O problema é de exemplos e de
valor. Muitas crianças vão
para a escola sem nunca
terem visto o pai ler mais
que o Record ou a Bola e
ouvem-nos dizer que sabem
mais com a 4ª classe, que
tiraram há 30 anos, que os
jovens de hoje que andam
na universidade. Qual o
valor que muitos pais e, portanto, muitas crianças e muitos jovens, dão ao estudo?
Pouco ou nenhum.
- Estudar é bom para ti
mas, se não queres estudar,
compro-te uma mota e vais
trabalhar, ganhar a vidinha.
- O meu filho já é a segunda vez que repete o 7º ano.
Comprei-lhe um computador e um telemóvel de terceira geração para ver se ele
se entusiasmava, mas ele
queixa-se dos professores.
Diz que são uma seca. Eu,
com a idade dele, também
adormecia em certas aulas.
Coitado, se calhar vai chumbar outra vez.
Não há ainda em
Portugal, generalizada, a
noção de que o estudo é trabalho valioso. A Escola é
vista por muitos pais e
filhos como um entretém
para a juventude, às vezes
chato e chegando mesmo a
ser prejudicial: - estudar
para quê, se eles licenciados
ainda custam mais a empregar-se?!
A coisa é de tal modo
grave que os pais mais eruditos, para desculparem os
seus petizes, que se enfadam na Universidade, anos
a fio, com vinhos e petiscos,
são capazes de exclamar, gaiteiros:
- A rapaziada tem de aproveitar, não é? Eu sei como é,
já tive a idade deles. Aliás,
como dizia o Pessoa, “ler é
maçada, estudar é nada” e é
bem verdade, o poeta lá
sabia, não é assim?
José Calixto
O papel
da Sociedade Civil
[email protected]
Entendemos que a felicidade
duma Comunidade tende a ser
directamente proporcional à
mais-valia com que cada um
dos seus membros, individualmente ou através do movimento associativo, consegue
criar nas complexas e dinâmicas relações sociais nas quais
se insere.
Uma sociedade civil fortemente participativa é mais
genuína porque traça, ela própria, o seu futuro; não se distancia das matérias que interferem directamente com os
mais variados planos da sua
vida e dos seus legítimos interesses.
É fácil encontrarmos motivos para fortes críticas a algumas evoluções das sociedades
modernas: desmobilização e
desmotivação do movimento
associativo; a forma pouco eficaz como alguns agentes económicos tradicionais interage
com os desafios da moderna
economia; baixos índices de
dinamismo na defesa das genuínas manifestações da tradição
e da cultura dos nossos antepassados; falta de ligação
entre Instituições fundamentais para o nosso desenvolvimento intelectual: a Escola e a
Família; ...
São alguns exemplos que
nos preocupam e sobre os
quais deixamos algumas 'ideias soltas':
» O movimento associativo: o
bom senso diz-nos que a forma
de organização associativa nos
tempos actuais deve modernizar-se sem se descaracterizar.
A união de duas ou mais
Associações não deve, na grande maioria dos casos, ser considerada um drama. É, isso sim,
uma forma de optimizar recursos culturais, desportivos ou
recreativos, como forma de
recuperar dinâmicas de outros
tempos. Por outro lado, a
modernização da estratégia e
dos objectivos é, noutras situações, fundamental. Por muito
que nos possa custar, é difícil
manter Associações com uma
oferta cultural, recreativa ou
desportiva completamente
desadequada relativamente aos
actuais interesses dos seus associados: as leituras do jornal na
sala da Sociedade, a sala da
televisão, ... são boas recordações da nossa juventude; não
as renegamos mas, de facto,
vivemos outros tempos.
» Os agentes económicos tradicionais: estamos convencidos
que, nomeadamente o comércio tradicional, tem um importante papel a desempenhar na
economia moderna das nossas
comunidades. Terá, no entanto,
que fazer algumas mudanças
estratégicas: a sua forma de
organização deverá criar estruturas próprias de defesa dos
seus legítimos interesses; as
suas formas de gestão deverão
modernizar-se; os seus horários de funcionamento deverão
ter significativas alterações...
» O dinamismo cultural e
recreativo: torna-se óbvio que,
muitas das manifestações culturais tradicionais deverão ser
promovidas pela sociedade
civil. O carnaval, as marchas
populares, as festas populares,
... Ao colaborarmos activa e
voluntariamente nestas e noutras manifestações culturais,
não fazemos mais que a nossa
obrigação.
» A Escola e a Família: de facto,
quando criticamos algumas evoluções menos conseguidas do
nosso Sistema Escolar, devemos igualmente ter capacidade
de autocrítica e tentar perceber
se até que ponto a sociedade
civil e a Família colaboram ou
não cada vez menos com a
Escola...
São algumas matérias que
deixamos para reflexão.
notíciasalentejo~ Abril 2007
15
~opinião
Rui Namorado Rosa
Desenvolvimento
Sustentável?
[email protected]
O termo “desenvolvimento sustentável” foi oficialmente fixado
no relatório Our Common
Future pela Comissão Mundial
para o Ambiente e o
Desenvolvimento, mais conhecida por Comissão Brundtland,
sob os auspícios das Nações
Unidas, em 1987. Este é um
documento que ainda hoje é lido
com muito proveito.
A Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, Rio de
Janeiro, em 1992 e a Cimeira
Mundial sobre o
Desenvolvimento Sustentável,
Joanesburgo, em 2002, foram
grandes iniciativas intergovernamentais que formalmente estariam a dar sequência
ao enunciado de problemas colocado em Our Common Future.
Mas os resultados alcançados
são modestos, face à dimensão
dos problemas materiais e
humanos que se colocam e às
contradições que constrangem a
sua resolução; em particular, a
busca de soluções e acção consensual têm sido constrangidos
pelo protagonismo cedido às
grandes corporações, que têm
encontrado nesses eventos fora
para promoverem a sua imagem
(“corporate social responsabi-
lity”) e para obstarem a adopção
de decisões radicais.
No quadro da União
Europeia, a integração da protecção ambiental nas políticas
comunitárias, conhecido sob a
designação de Processo de
Cardiff, foi iniciada pelo
Conselho Europeu em Junho
1998, e traduz-se numa miríade
de normas. Todavia quanto a
recursos naturais a posição da
União está francamente mais
atrasada. A Comunicação da
Comissão ao Conselho e ao
Parlamento Europeu sobre
Estratégia Temática sobre a
Utilização Sustentável dos
Recursos Naturais, COM(2005)
670, torna esse facto patente. Aí
se reconhece que ainda nenhum
estado da União adoptou uma
estratégia para os recursos.
E todavia a dependência da
Europa em numerosas matérias-primas e energia é gritante.
Como é significativamente frágil a reflexão que aí se contém.
A preocupação política central
anunciada é persistir num
“crescimento económico” porém
dissociado do consumo de
recursos e de impactos ambientais; em particular o PIB deveria crescer, mas a intensidade
material e energética do produ-
to supõe-se crescer a ritmo mais
baixo ou até mesmo decrescer, e
os impactos ambientais
supõem-se diminuir. Este “desacoplamento” do crescimento do
produto relativamente ao consumo de materiais e de energia
e aos impactos ambientais
designa-se de “desmaterialização”. Nas considerações da
Comissão se recolhe a preocupação com os recursos renováveis, dados como sendo escassos; assim é de facto, quando na
Europa a floresta primitiva foi
erradicada, os ecossistemas
estão extremamente fragmentados e espécies foram extintas,
muitos solos foram exauridos, e
escasseia a água em muitos aquíferos sobre-explorados. Mas em
contrapartida a Comissão toma
os recursos minerais como inesgotáveis, haja território que eles
estariam debaixo dos pés.
A realidade é que a Europa
viveu e cresceu com amplo
recurso a matérias-primas coloniais e mais tarde importadas
na vaga da globalização liberalizante por esta via iludindo os
consumos materiais e os impactos ambientais invisíveis gerados em outros continentes. Por
isso a paradigma da “desmaterialização” que permeia o discur-
so económico dominante serve
para iludir a realidade da nossa
penúria e da exploração de
povos terceiros, e para fazer
crer num “desenvolvimento sustentável” que, tal como é argumentado, não existe. A serem
verdadeiros os pressupostos que
inspiram a Estratégia Temática
sobre a Utilização Sustentável
dos Recursos Naturais a União
Europeia deveria poder ser autónoma em matérias-primas e
energia (à parte produtos exóticos e especiarias…).
No mundo presente não
temos “desenvolvimento sustentável”. A acumulação de
população em mega-cidades e o
despovoamento do meio rural, o
rápido crescimento da área edificada relativamente à população residente, a desertificação
biofísica e humana frequentemente associadas entre si, o
declínio de fontes de matériasprimas minerais (hidrocarbonetos e metais básicos), a exaustão
de solos férteis e a sobreexploração de aquíferos, a exaustão de pesqueiros, etc. são
vários sintomas de um futuro
preocupante que já é presente
na Europa.
Não se estranhe pois a crise
económica subterrânea que
prosamínima
António Saias
Tópicos toponímicos
[email protected]
PS – Á semelhança de
ALLgarve para o falante /
pagante de origem inglesa,
sugere-se ao Marketing a
adopção de ELgarve para
sensibilização das centenas
de milhões de falantes da
língua de Cervantes,
e ALI (com a variante ALA)
Garve para os milhões de
favorecidos muçulmanos
(os do petróleo, claro!).
Para o emergente negócio
turístico chinês – quem sabe
– um GINgarbe!
Todos se lembram duma conversa recente do senhor ministro da economia, explicando o
enxerto do topónimo Algarve
em ALLgarve: porque em Inglês
( Língua candidata a estatuto de
“esperanto”, de meio de comunicação universal ) ALL transmite a ideia de universalidade,
de globalidade, tudo. Al, de
Algarve, do antigamente, é,
pelo menos era, um artigo definido - um simples “o” de almanaque ou alfarrábio ou de grande parte das palavras portuguesas começadas por Al. A Terra
deste Vosso modesto entretenidor - Almadafe - é bom exemplo
disso. Nem mesmo o meu velho
e bom amigo Adel Sidarus - egípcio que nem Ramsés ou
Tutankamon - conseguiu explicar-me o significado de Madafe,
para eu saber a raiz etimológica
do meu lugarejo de nascença.
Admitamos, por absurdo, que
significa espinafre. Almadafe
seria então, por vontade dos
antigos sarracenos lá do sítio, O
Espinafre. Pela lógica inovadora
do nosso ministro da economia
- com vista a soar melhor aos
tímpanos britânicos, nossos
almorávidas actuais- o meu
lugarejo, ALmadafe, o espinafre, passaria de imediato a
ALLmadafe, para significar
Todos os Espinafres. Sim, do
Mundo! Todos os espinafres do
Mundo. E os ingleses, quem
sabe, por contágio os camaroneses e os mongóis, passariam a
comprar melhor o meu anónimo, recôndito e empedernido
lugar de nascimento.
O que o ministro propõe com
este enxerto toponímico pode
estender-se ao simples substantivo comum. Para que os habitantes da velha ALBION ( com
pouca coisa a própria Albion é
de origem árabe!!!! - com essa é
que eu me fartava de rir! - consigam deglutir com menor
esforço. Urinol (lugar onde se
urina) passaria a UrinALL, para
induzir os endinheirados britãnicos a depositar ali, até à última pinga, a sua real urina.
Almofada, pela mesma lógica
ministerial volveria
ALLmofada, almofariz
ALLmofariz ( para pisar tudo: o
alho e o coentro da açorda mas
também o pimentão vermelho
da conserva... ) não sei se estão
a atingir o alcance da proposta
genial de mutação linguística!
Com pequenos berbicachos pelo
caminho, como seja o caso, por
exemplo, de colesterol, com que
o acomodado lusitano está tão
familiarizado. Proporíamos, de
nosso inocente e ignorante allvedrio, a fórmula cALLestrALL
- para abarcar logo de uma
assentada os dois colesteróis, o
bom e o mau - e todos ganharíamos com isso. Não só os
ingleses!
Portugal - retomando a reforma
topológica - passaria a
PortugALL, e não me venham
cá com estórias, que a proposta
do ministro tem mesmo um
alcance bem visível. Só cego é
que não vê ! Se ALLgarve passa
a abranger todo o território
algarvio, o próprio nome de
Portugal só ganharia se lhe
seguisse a peugada: PortugALL
- para englobar as mais ínfimas
parcelas como as Berlengas, as
Ilhas Selvagens ou o próprio
Castelo de Almourol. Cá está
outra! Estão ver? Almourol passaria a quê? Escreva lá então
meu leitor! ALLmourALL!
Exactamente! Vê-se que seguiu
o raciocínio! E Almourol não
terá a ver com Mouro? Claro
que também isso não agradaria
à estratégia do ministro!
ALLmourALL? A mouraria
toda? Nem pensar!
Nós aqui, de onde nos fogem
diariamente ( ainda ) 3 indígenas, também lucraríamos em
mudar o nome a esta coisa:
ALLentejo - para atrair os ingleses, para além dos espanhóis,
que nos compram as herdades
para instalarem vinha e olival,
e holandeses para a exploração
de vacarias.
Bom, por hoje fico-me por aqui,
com a promessa de retomar o
assunto - que ficou longe de
atingir o alcance que o nosso
ministro da economia tão generosamente lhe quis dar
Seu como sempre
António Saias, natural do
ALLmadafe.
notíciasalentejo~ Abril 2007
16
emdia
Afonso de Almeida
[email protected]
Alentejo - Califórnia?!
O excelente artigo que se segue
foi produzido para o NA por
Samodip Sarkar, Doutorado
pela Universidade de Harvard
nos EUA e Professor de Gestão,
com Agregação, na
Universidade de Évora
Há muito tempo atrás havia uma terra
onde as pessoas eram honestas, trabalhadoras, mas muito pobres. Até ao dia
em que chegaram estrangeiros que trouxeram muito dinheiro e fizeram grandes
investimentos. Isto transformou esta
terra pobre numa terra rica.
Esta é uma boa História, mas não é
verdade!
Mas diz-nos alguma coisa sobre o
Alentejo. Um sítio onde, parece que se
está sempre a olhar para fora à procura
de ajuda (é um microcosmo de
Portugal?). Um sítio onde se pensava que
os grandes projectos iriam resolver os
problemas do Alentejo. Mas, na realidade isto quase nunca acontece. Não são
os grandes investimentos que vão transformar o Alentejo mas sim o dinamismo
das PMEs.
Vários estudos demonstram que as
PMEs são a fonte do crescimento económico. Por exemplo, um estudo realizado
pelo prof. Michael Porter, revela que
mais de 80% da variação do PIB per capita se deve a fundamentos micro económicos, ou seja às PMEs.
Em países como os EUA, as PMEs são
responsáveis por mais de 50% de exportações e pela criação da maioria dos
novos postos de trabalho.
Agora vou contar uma outra História.
A história de uma região muito pobre,
com falta de água e com muito pouca
gente. Alias, a maior parte desta região
era um deserto. Um século depois, esta
terra tornou-se numa das zonas mais
ricas do mundo.
Mas desta vez, a História é verdade.
É a história da Califórnia, cujo PIB é,
hoje, o 3º maior do mundo. Uma região
onde a colaboração entre universidades
e empresas tornaram o deserto na região
mais inovadora do mundo.
Esta poderia ser a história do
Alentejo. Mas, o que é que falta? Falta
mão-de-obra, faltam investimentos,
falta interesse do governo central, falta
um aeroporto, falta um Bill Gates, etc.,
etc...
Projectos como o Porto Sines, um provável aeroporto de Beja ou o Alqueva
são projectos com infra-estruturas para
suportar actividades económicas. Vão
ajudar, sem dúvida, mas não poderão
por si só garantir a fixação de jovens e o
dinamismo empresarial. É preciso pessoas, empresas para aproveitar esses
investimentos.
O crescimento, o dinamismo e a inovação necessários vêem das pequenas
empresas. Empresas como a Microsoft,
Apple, Nike, HP, começaram por ser
pequenos negócios, feitos a partir de
casa.
Uma coisa é certa, faltam empreendedores tanto à região como ao país.
Ninguém quer arriscar. Porquê correr
riscos numa sociedade que não valoriza
isso?
Um dos problemas apontados, frequentemente é a falta de mercado. Mas
as empresas têm que perceber que o mercado não é o Alentejo, nem Portugal. O
mercado é a Europa, começando por
Espanha, que com os seus 40 milhões de
consumidores é uma das seis economias
mais importantes da Europa.
Não faltam incentivos de fundos
comunitários. Falta saber geri-los e aplicá-los de forma mais eficiente para
aumentar a competitividade. Falta coragem para arriscar. Falta uma ligação
entre as universidades e as empresas, faltam, os `spin-offs´. E mais importante
de tudo, falta convicção. Falta a convic-
ção de que o Alentejo pode ser uma das
regiões mais dinâmicas da UE. É preciso
acreditar e trabalhar para isso. As PMEs
fazem a sua parte, criam crescimento
económico, dinamismo e inovação. Mas
é necessário que o resto da sociedade
contribua e dê o seu apoio.
O Alentejo podia ser uma região
empresarial dinâmica. Há muitas esperanças: a criação de um centro de actividade económica baseado na industria
aeronáutica. Os fins múltiplos que o
Alqueva oferece para dar um empurrão
à agro-indústria e ao turismo. O Porto
de Sines poderá fornecer uma artéria de
valor incalculável para os bens mercantis que vêm para Espanha e para a
Europa a partir do resto do mundo.
O Alentejo é considerado o “interior” do
país, mas qualquer ponto desta região
não fica a mais de uma hora, uma hora
e meia de carro da capital do país. Uma
região que ainda é barata e implora por
investimento. Sim, eu acredito que
o Alentejo se pode tornar na Califórnia
da Europa, não apenas de Portugal.
Se todos acreditarmos.
Samodip Sarkar
[email protected]
Factos e especificidades da agricultura portuguesa
A breve história recente da
Agricultura Portuguesa que se
segue foi produzida
especialmente para o NA por
Luís Fernandes, Professor de
Projectos Agro-pecuários no
Departamento de Zootecnia da
Universidade de Évora
21 anos passados após a integração de
Portugal na CEE/UE e da sua agricultura
na PAC, a nossa “especificidade” não
desapareceu (não pelos melhores motivos) do panorama agrícola português.
Algumas mudanças positivas são evidentes: (1) de aproximadamente 800 mil
explorações passámos para pouco mais
de 320 mil (um decréscimo de quase 20
mil explorações por ano); (2) os activos
na agricultura decresceram, em relação
ao emprego total do país, de mais de
20% para 9,5% da UTA (Unidade de
Trabalho Ano); (3) houve valorização de
produtos nacionais através das certificações protegidas e (4) houve ajustamentos
estruturais e alterações tecnológicas em
explorações (com melhoria nas produtividades e na qualidade dos produtos de
diversas actividades vegetais e pecuárias).
Nas duas últimas décadas a agricultura portuguesa participou (e sobreviveu)
num filme cujo argumentista/produtor/realizador se chama PAC. A
aplicação quase directa das suas orientações e medidas em Portugal, com a
imagem dos subsídios (sobretudo os da
Reforma de 1992) a marcar o sector, e
por quase ausência de uma Política
Agrícola Nacional que as ajustasse à realidade do país, criou nas opiniões pública e publicada a ideia de que a agricul-
tura portuguesa era desnecessária para
o crescimento económico e desenvolvimento do país. Entre linhas transparecia
que os países mais evoluídos não atribuíam importância nem se preocupavam
com a sua agricultura, daí a interrogação para que queremos actividades agrícolas e agricultores em Portugal, se podemos importar todos os produtos alimentares que consumimos. Esta imagem
negativa a que a agricultura tem vindo a
estar associada, a par de talvez muitas
outras razões, contribuiu certamente
para a sustentação da tal “especificidade” negativa que continua a marcar o
sector agrícola português. Indicadores
comprovativos de absoluto insucesso
são o envelhecimento do tecido empresarial agrícola e o não aumento notório
de competências dos empresários, nem
por grau académico obtido em instituições de ensino agrícola, nem por formação profissional. Quanto à idade dos produtores agrícolas, a classe etária igual
ou superior a 65 anos atingiu em 2005 a
quota de 45% e, apesar do decréscimo do
número de explorações, o seu valor absoluto não apresenta descida significativa
desde 1989. Paralelamente, a drástica
redução em valores absolutos e relativos
dos produtores com idades inferiores a
45 anos (representam somente 10,8%),
ainda mais notória na classe inferior a
35 anos (2,2%), demonstra que o rejuvenescimento dos agricultores não foi conseguido. Nas competências dos agricultores (instrução e/ou formação profissional) também não se atingiram melhorias
evidentes. Um indicador comprovativo é
o número de produtores singulares e de
dirigentes de sociedades com formação
em ensino politécnico ou superior agrícola se situar abaixo de 3 mil (0,7% das
explorações recenseadas no RGA/99).
Comparativamente com a média dos
25 membros e com os países do Sul é
notória a fraca produtividade do factor
Quadro 1: Indicadores estruturais da agricultura na UE (2003)
SAU (superfície agrícola utilizada); UTA (unidade de trabalho ano); DE (dimensão económica determinada
com base nas margens brutas padrão das actividades agrícolas); UDE (unidade de dimensão económica
com valor de 1200 Euros) Fonte: Eurostat e INE (*IEEA/05)
trabalho e mesmo da área agrícola,
assim como a elevada proporção de produtores mais idosos [ver Quadro].
Num país em que diversos bens agrícolas e alimentares são frequentemente
referenciados como exemplos para
incrementar a riqueza nacional, e com
um grau de auto-aprovisionamento deficitário em vários produtos (carnes de
bovino, de suíno, até em azeite e carne
de ovino), existem recursos disponíveis
para que a agricultura e as agroindústrias se insiram no campo das oportunidades de futuro. A revitalização económica do sector agrícola dependerá certamente da entrada de novos agricultores com espírito empreendedor, com formação e competências nas áreas científica, tecnológica e de gestão. Este recurso
existe, a ensino universitário agrícola já
formou e continuará a formar pessoas
com estas competências. Mas existem
entraves, logo na base a questão fundiária. A mudança de titularidade da exploração, quer por compra e venda, quer
por arrendamento, é quase sempre um
problema: o preço da terra está muito
elevado (agravado pela procura por pessoas cujo rendimento não depende da
actividade agrícola) e o arrendamento
formal também apresenta dificuldades.
O não acesso à terra inviabiliza muitas
intenções de empreendedorismo agrícola.
Os eixos da transformação e da
comercialização deverão estar articulados com as empresas agrícolas, para que
a mais-valia final dos produtos também
se repercuta nos preços praticados ao
nível do produtor primário.
Um aspecto favorável ao sector agrícola é o facto da sua revitalização económica se conjugar com as preocupações
de ordenamento do território e de preservação dos recursos naturais, contribuindo fortemente para a inversão da
tendência de despovoamento das zonas
rurais.
A agricultura tem um longo passado
mas não envelhece. A evolução científica e tecnológica e os comportamentos e
atitudes dos seus actores podem renovála permanentemente, tornando-a atractiva para concretização de ideias inovadoras e projectos de vida.
Fontes de dados estatísticos: INE
(RGA's e IEEA), Eurostat
Luís Fernandes
[email protected]
notíciasalentejo~ Abril 2007
17
~ciência&tecnologia
Leis
Neste tempo de mercantilismo, vale o
exemplo de Pierre e Marie Curie:
em1902 descobriram o radium; poderiam ter requerido a patente para produzir o novo metal e serem milionários.
Recusaram, argumentando que seria contra o espírito científico. Nem mesmo
quando receberam o Nobel de Física, em
1903, se permitiram ter uma vida mais
confortável. Dividiram o prémio com
amigos.
A biblioteca pública de Cleveland, o
Colégio de Direito de Harvard e a
Universidade de Brown (todos nos EUA)
têm livros forrados com pele de criminosos e de pobres.
É o maior órgão do seu corpo. Num
adulto médio tem uma área de 2 metros
quadrados e pesa 4 a 5 kg.
A nossa pele pode libertar até 11
litros de água (suor) num dia muito quente.
Globalmente, a pele morta de todas as
pessoas lançaria na atmosfera milhares
de milhões de toneladas de pó. A sua
pele liberta 50 000 células por minuto.
Será que os mosquitos podem
transmitir o vírus da sida?
Os mosquitos transmitem muitas doenças, como a malária e o dengue, mas não
a sida, como muitos estudos já demonstraram. Quando somos “picados” por um
mosquito ele não nos “injecta” o seu sangue nem o sangue da pessoa que ele “sugou” anteriormente. Ele injecta apenas a
sua saliva que evita a coagulação do sangue da vítima que utiliza como alimento. É a saliva do mosquito que veicula o
dengue e a malária. O vírus da sida não
se reproduz nos mosquitos e desaparece
rapidamente não se encontrando na saliva dos insectos.
Em conclusão: mesmo que o vírus da
sida entre num mosquito, o insecto não
será infectado, o vírus não aparece na
sua saliva e o mosquito não poderá
transmiti-lo à próxima pessoa que for
por ele picada. E se “esmagar” o mosquito o risco de contágio é igualmente nulo.
a posteriori, lat.
“Estatística é a maneira mais lógica e precisa de
» A partir do que vem depois.
Sistema de argumentação que
parte do efeito para a causa.
Opõe-se à argumentação
a priori.
dizer uma meia-verdade sem exactidão”
~
Lei de Bohr...
a priori, lat.
» A partir do que vem antes.
Prova fundada unicamente
na razão, sem fundamento
na experiência. Opõe-se a
a posteriori.
“Um especialista é alguém que cometeu todos os
erros possíveis num limitado campo de estudos”
~
dp
pub
de lana caprina, lat.
» Sobre a lã de cabra.
Assim chamou Horácio
às discussões ociosas.
in vitro, lat.
» No vidro. Expressão que
indica as reacções fisiológicas
feitas fora do organismo,
em tubos de ensaio.
in vivo, lat.
jornal on-line da universidade de évora
Pele
Sabe mesmo
o que quer dizer?
Lei de Griffin na estatística...
Inovações
Ao pensar numa maneira de facilitar o
transporte e o armazenamento de leite,
o americano Gail Borden teve a ideia de
o desidratar, criando então o leite condensado. Dependendo da fase dessa operação, ele obtinha leite condensado ou
leite em pó. Quando a sua descoberta foi
patenteada, em 1856, a invenção não
despertou interesse, até que começou a
Guerra Civil dos Estados Unidos e
Borden ficou rico.
Os primeiros elásticos, feitos de borracha vulcanizada, foram patenteados
em 17 de Março de 1845 por Stephen
Perry, um fabricante de Londres. A produção de “rodelas” de elástico "para
papéis, cartas, dinheiro" foi iniciada pela
sua empresa na mesma época.
O verdadeiro inventor da máquina de
escrever foi um padre brasileiro, José
Francisco de Azevedo. Além de matemático era excelente mecânico. Ganhou
uma medalha de ouro por um protótipo
em 1861, em exposições de Pernambuco
e Rio de Janeiro. Nos Estados Unidos, só
em 1868 é que Christopher Sholes registrou a patente.
curiosidades
» Expressão que designa
as acções e as experiências
nos seres vivos.
pub
Exemplo
notíciasalentejo~ Abril 2007
18
figuras&factos~
Um País novo
em 1 de Abril
O dia um de Abril trouxe
novidades. O IVA vai baixar para 17 por cento,
a EDP e a PT serão obrigadas a respeitar os direitos
dos consumidores e vão
ser construídos mais
20 hospitais e 150 centros
de saúde por todo o País.
Nunca o Diário da
República publicou, na
mesma edição, tanta novidade boa ... Que pena
ser domingo e ... «dia das
mentiras».
Política caseira
e sobrevivência
O presidente do CDS-PP
diz que o Governo está
a prejudicar o país e considera «atentatório» do
interesse nacional a decisão de se avançar com
o aeroporto da Ota tal
como está. O ministro das
Obras Públicas, Transportes e Comunicações,
Mário Lino, acusara
o líder do CDS-PP de
«atentar» contra os interesses do país, por ter
enviado à Comissão
Europeia um requerimento com informações alegadamente falsas sobre a
posição da Ordem dos
Engenheiros portugueses
em relação ao novo Aeroporto da Ota. E o País lá
vai sobrevivendo...
Os buracos
de tanto golfe
No Alentejo estão em
estudo 21 campos de golfe, noticiou recentemente
a revista Visão, para quem
a Barragem de Alqueva
poderia funcionar como
“dínamo” para a criação
de novos campos de golfe.
Caso avancem estes 21
projectos, o Alentejo torna-se a segunda região do
país com mais campos de
golfe, sendo apenas superada pelo Algarve. É natural, a opção, uma vez que
por aqui «buracos» é coisa
que não falta.
«As pequenas memórias»
de Saramago
Num País que vai exportando, na literatura, nas
ciências e no futebol, o
que de melhor vai
colhendo, resta o prazer
de ler os sucessos de cada
notável emigrante.
Recentemente, a agência
noticiosa espanhola (EFE)
fez referência aos êxitos
de José Saramago, um
Prémio Nobel português
residente em ilha espanhola.
Diz a EFE, que foi citada pelo Diário Digital,
que o livro «As pequenas
memórias», de José
Saramago, liderava, a
meio do mês passado, o
top de vendas na
Argentina, na categoria
«Não Ficção». O livro de
Saramago era ainda um
dos mais vendidos na
Colômbia e figurava no
quarto lugar em
Espanha.
Valha-nos Saramago
que brilha no estrangeiro.
Por cá - onde santos da
casa nunca fizeram milagres - ainda manda o preconceito imposto pelos
vigilantes da prisão de
consciências. Não há espaço para seres humanos
livres, sobretudo para os
que hostilizam o politicamente (social e religiosamente) correcto.
E Saramago, diga-se,
entre outros «defeitos»,
tem há muito o condão de
aborrecer muita gente. E
gente que tem a pretensão de querer mandar nos
destinos (e nas consciências) do País. Não admira,
por isso, que se sinta
mais confortável com o
sol das Canárias.
Não é caso único. Se no
futebol a emigração é
uma questão económica,
noutras áreas pesa,
sobretudo, a ambição de
ver reconhecido o trabalho de cada um. Por isso,
o País tem no estrangeiro
~ notícias alentejo
pub
É por ali »
«Os grandes responsáveis pelo
estado a que o País chegou, nos
últimos trinta anos, são o PSD
e o PS. O círculo de cumplicidades estabelecido entre os dois
partidos "de poder" configura
algo de tenebroso. Um processo
extremamente confuso fez tombar o peso do silêncio...»
Baptista Bastos
www.negocios.pt
o que de melhor tem produzido em áreas como as
ciências, o ensaio e a literatura. Foi assim com
Salazar e é assim com o
regime democrático.
Por isso, a infância de
Saramago (é disso que
trata o livro «As pequenas memórias») tem mais
interesse para leitores de
Espanha, da Alemanha
ou da Colômbia do que
para leitores portugueses.
Mas, ainda assim, a
ausência dele(s) faz-se
sentir.
A região em debate
é lá atrás, na página 9
Assine o jornal
na página 22
entre”aspas”
Susana Rodrigues
faça chuva
ou faça sol
«Quando Luís Marques Mendes
esbraceja contra este
Executivo, parece esquecer que
não está inocente de culpa.
Sócrates, por seu turno, não é
nenhum anjo de coro. Recusome, porém, a acreditar que não
possuam a consciência clara do
que fizeram ou têm feito.
Cometeram-se tropelias inomináveis. Depredou-se o capital
de esperança que o 25 de Abril
trouxera à população mais desfavorecida. A ambivalência
tomou o lugar da dignidade da
clareza de conceitos. O trânsito
pelo governo não passou de isso
mesmo: de um trânsito para
vantajosíssimos lugares no
"privado" ou na administração
pública. O impudor saiu à rua,
agora sem máscara»
Idem
«Em Portugal, de resto, instituiu-se o hábito de pagar senhas
de presença a iluminados e figuras quase divinizadas, vulgarmente conhecidos por «especialistas», a quem se encomendam
decisões sobre matérias que os
governos foram eleitos para...
decidir. Nas empresas, o caso
não muda de figura. Neste preciso momento em que escrevo,
83567 gestores estão certamente em reunião e outros 78657
mandam dizer que estão porque
não querem atender a mulher.
No fundo, estamos todos
em reunião. Uns mais,
outros menos. Conforme
as necessidades»
Miguel Carvalho
www.visaoonline.pt
«Nos governos, nas empresas,
anda, pois, a perder-se muito
tempo com reuniões e a decidir
pouco. Dou um exemplo: há
anos, muitos anos, que ouço os
empresários dizer que Portugal
precisa de reformas e os governos a dizer que estão a preparálas. Tantas reuniões depois e
ninguém percebeu ainda de que
reformas falam uns e outros e,
já agora, a razão pela qual não
foram feitas»
Idem
«No fundo, Portugal gosta de se
reunir. Sentar à mesa, mexer
o café, perguntar pela prima,
saber como correu o fim-desemana e onde vão ser as próximas férias. Pelo meio, os
homens discutem o penalty
e as mulheres falam do ginásio
ou da última plástica. Nisto, já
foi meia-hora. Como a reunião
não começou a horas nem tem
agenda, define-se nesta reunião
a agenda da próxima, a tal
onde, finalmente já com a agenda diante dos olhos, iremos
decidir o que, da agenda, pode
e deve ser discutido na próxima
reunião»
Ibidem
notíciasalentejo~ Abril 2007
19
~região
Sanchez Amor quer
relação mais intensa
com Alentejo
O vice-presidente da Junta
da Extremadura, Ignácio
Sanzhez Amor, lamentou a
existência de uma “relação
mais intensa” daquela região
espanhola com Lisboa do que
com o Alentejo. Sanchez Amor,
que falava no decorrer de uma
conferência promovida pela
jornal Diário do Sul, confessou
a sua “mágoa” pelo relacionamento entre o Alentejo e a
Extremadura ser agora “menos cálido” do que no passado.“Temos de retomar o trabalho de fronteira com maior
intensidade”, apelou. Para o
vice-presidente da Junta da
Extremadura chegou o
momento de retomar os
micro-projectos de cooperação, envolvendo empresas e
agentes socioculturais das
duas regiões.
A avifauna do Alentejo
em voo pela conservação
dos ecossistemas
O projecto «AviSkola - A avifauna do Alentejo num voo
pela conservação dos ecossistemas» tem por base as actividades de investigação desenvolvidas no Laboratório de
Ornitologia da Universidade
de Évora, no âmbito da ecologia e conservação das Aves.
Pretende utilizar alguns estudos sobre Aves realizados no
LabOr como instrumento de
sensibilização ambiental e
constituir uma ponte entre
investigadores e comunidade
não científica, em particular
as Escolas do 3º Ciclo do
Ensino Básico e Secundário.
Os conteúdos a produzir dividem-se em dois tipos: conteúdos específicos de apoio às
acções (guias das visitas, sinalização dos percursos de interpretação, guião do Professor),
e publicações de divulgação e
difusão científica. No segundo
grupo incluem-se três elementos essenciais: um portal, já
disponível em www.aviskola.uevora.pt, uma colecção de
brochuras com os resultados
de pequenos projectos de
investigação em ornitologia, e
um CD-ROM que apresenta
um "Atlas das Aves
Nidificantes na Herdade da
Mitra".
Mais informação em
http://www.aviskola.uevora.pt
Reguengos de Monsaraz promove
Semana Gastronómica do Borrego
De 1 a 8 de Abril, Reguengos
de Monsaraz promove, por
iniciativa da Câmara local,
a Semana Gastronómica do
Borrego, iniciativa que conta
com a participação de grande
parte dos estabelecimentos
de restauração do concelho.
Restaurantes participantes:
“100 ESQUADRIA”
Rua da Orada, 12
Tel: 266 557032 - Fax: 266 557032
OUTEIRO (Monsaraz)
Migas de Espargos c/ Costeletas
Borrego Panadas
“A GALERIA DO ESPORÃO”
Herdade do Esporão
Tel: 266 509280 - Fax: 266 519753
REGUENGOS DE MONSARAZ
Ensopado de Borrego das Bodas e
Costeletinhas de Borrego c/ Puré de
Frutas
“A GRELHA”
Rua do Covalinho, 1- 3
Tel: 266 502840 - Fax: 266 502840
REGUENGOS DE MONSARAZ
Ensopado de Borrego e Costeletas de
Borrego Grelhada na Brasa
“ADEGA DO CACHETE”
Rua do Grave, 9
Tel. 266 549568 - Fax: 266 519896
S. PEDRO DO CORVAL
Borrego à Casa
“A LOTA”
Rua General Humberto Delgado, 5-A
Tel. 266 106903 - 969 315245
REGUENGOS DE MONSARAZ
Borrego no Forno e Ensopado de
Borrego c/ Ervilhas
“A TAREFA”
R. Leonel Fialho Janeiro, 4
Tel. 266 549204 - 964 884067
S. PEDRO DO CORVAL
Caldeirada de Borrego e Costeletas
de Borrego c/ Molho à Tarefa
“AL-ANDALUZ”
Rua 1º Maio, 39
Tel. 266 519362 - Fax: 266 519308
REGUENGOS DE MONSARAZ
Caldeirada de Borrego
“AQUI JARDIM”
Avª Dr. Joaquim Rojão, 15
Tel: 266 502993 - Fax: 266 509763
REGUENGOS DE MONSARAZ
Borrego Assado no Forno com
Batatinha Nova
“CASA DO FORNO”
Tvª da Sanabrosa
Tel. 266 557190/126 - Fax: 266 557190
MONSARAZ
Borrego Bêbado e Costeletas de
Borrego c/ Ervas
Aromáticas
“CENTRAL”
Praça da Liberdade, 10
Tel. 266 502219 - Fax. 266 502219
REGUENGOS DE MONSARAZ
Costeletas Borrego Panadas c/
Espargos Bravos, Ensopado de
Borrego e Assado à Alentejana
“HORTA DA MOURA”
Horta da Moura
Tel: 266 550100 - Fax: 266 550108
MONSARAZ
Borrego às Três Maneiras
“LADEIRA”
Beco da Rua José Manuel Ribeiro
Queimado, 3
Tel: 266 557122
(TELHEIRO) Monsaraz
Borrego no Forno e Costeletas de
Borrego Grelhadas
“LUMUMBA”
Rua Direita, 12
Tel: 266 557121 - Fax: 266 557284
MONSARAZ
Ensopado de Borrego e Costeletas
Borrego Grelhadas
“MESTRE TAPAS”
R. Mouzinho de Albuquerque, 64
Tel: 266 503892 - Fax: 266 509414
REGUENGOS DE MONSARAZ
Especialidade: Borrego Assado à
Mestre Tapas
“MOIRA”
EN 255 - Quinta de Santiago
Tel. 266 502263
REGUENGOS DE MONSARAZ
Costeletas de Borrego Fritas em
Molho d'Alho com Espargos com
Ovos
“O ALCAIDE”
Rua de Santiago, 15
Tel. 266 557168 - 966 225377
MONSARAZ
Ensopado de Borrego, Borrego
Assado no Forno e Costeletas de
Borrego p/ Grelhar
“O ALOENDRO”
Estrada de Évora, 3-B
Tel: 266 502109 - Fax: 266 519896
REGUENGOS DE MONSARAZ
Especialidade: Borreguinhos em
Azeite d'el Rei
“O BARRIL”
Rua do Comércio, 17
Tel. 266 502860 - Fax. 266 502860
MONSARAZ
Borrego Assado no Forno
ESCOLA COM LIVROS » A Escola Secundária Conde de
Monsaraz, com o apoio da Livraria Sítio das Letras, promoveu
no final de Março uma Feira do Livro. A iniciativa inseriu-se
em mais edição do projecto «Esta Semana Acontece». Durante
uma semana, as instalações da Escola Secundária de
Reguengos de Monsaraz serviram de palco a actividades que
pretendem reforçar o trabalho a nível pedagógico.
“O BIZACA”
Rua Nova, 15
Tel. 266 557373 - Fax: 266 557030
BARRADA (Monsaraz)
Caldeirada de Borrego e Costeletas
de Borrego Grelhadas com Ananás
“O GATO”
Praça da Liberdade, 13
Tel. 266 502353 - Fax. 266 509086
REGUENGOS DE MONSARAZ
Costeletas de Borrego na Brasa com
Ervas Aromáticas
“O PINGO”
Rua de Lisboa, 25
Tel. 266 519682
REGUENGOS DE MONSARAZ
Borrego Assado
“SABORES DE MONSARAZ”
Lg. S. Bartolomeu, 15
Tel. 969217800 - Fax. 266 557101
MONSARAZ
Borrego Assado à Sabores
“SANTIAGO”
R. Santiago, 3
Tel. 963783522
MONSARAZ
Especialidade: Borrego Assado à
Ganhão
“SEM-FIM”
Rua das Flores, 6
Tel. 962 653711
TELHEIRO (Monsaraz)
Costeletinhas de Borrego com ervilhas de hortelã
“SOLAR DE MONSARAZ”
Rua Conde Monsaraz, 38
Tel. 266 502846
REGUENGOS DE MONSARAZ
Ensopado de Borrego
notíciasalentejo~ Abril 2007
20
crónica~
tópicos
Luís Carmelo
Os macaquinhos
do sótão português
Tenho recebido mails
(até de amigos) horrorizados com a vitória de
Salazar num programa de
televisão da RTP. Há nesses mails vozes aterradas,
desconsoladas e com um
tal grau de revolta que
a coisa me faz realmente
pensar.
Para dizer a verdade,
eu até achava piada que
ganhasse o Salazar - ou
o Cunhal - para ver como
é que essa parvoíce da
“auto-estima” dos portugueses entrava subitamente em estado de parafuso.
Nunca pensei que
Portugal continuasse
ainda hoje com medo do
pub
RUA DE S. PEDRO, 25 - S. PEDRO DO CORVAL - 7200-132 CORVAL
Telefone: 266 509 340 | Fax: 266 509 349 | E-mail: [email protected]
RC ALENTEJO 96.2 FM
A sua sintonia 24 horas por dia
EMISSÃO ON LINE
www.rcalentejo.com.pt
Há 20 anos uma referência
porque o Alentejo merece
escuro, dividido entre canções primaveris de embalar e a terna penumbra do
“Pai” ausente e apavorante. Nem sei, em boa verdade, passe o mel da provocação, o que merecerá
uma maior gargalhada:
se o actual “Reality Show”
da TV-i, se o Salazar - ou
o Cunhal, tanto faz - nesse
entretenimento fugaz da
RTP.
Poderá dizer-se com
alguma severidade que vai
ser uma “vergonha” falar-se “lá fora” da vitória de
Salazar. Mas o medo de
tais vergonhas parece-me
um tanto ingénuo, já que
o realce de uma eventual
bilhete postal
bilhete postal
RÁDIO CORVAL, C.R.L.
Mãe contemplativa com filho no colo, por David Prazeres
lusotopia.no.sapo.pt
[email protected]
Foto: David Prazeres
referência da CNN ao concurso televisivo português
estaria ao nível daquilo
que a Al-Jazíra terá dito
sobre os sentimentos difusos de uma jovem e bela
indiana no Big Brother de
um conhecido canal inglês
de televisão.
Toda a encenação deste
concurso - e de tantos
outros onde vamos vivendo cada vez mais - é de tal
modo tosca e pacóvia
(veja-se a solenidade de
Maria Elisa e a produção
almofadada no Palácio de
Queluz) que qualquer incauto revê, com a maior
das facilidades, a nudez
e a idiotice do rei sem
La Torada, por Pablo Picasso
coroa. Por outras palavras
ainda: toda esta agitação
sem norte se resume a um
permanente jogo de imagens que gera sempre
novas imagens, numa voragem de ilusões que tem um
único destino: a vertigem
diária do esquecimento.
À excepção dos galináceos, o hipnotismo é para
quem o quer. Já era assim
no tempo da lanterna
mágica.
Eu preferiria uma boa
"Boémia" - perdoe-se-me a
publicidade - a preocuparme com essa coisa da RTP.
Já basta quando o realmente imponderável nos
bate à porta.
notíciasalentejo~ Abril 2007
21
~música&letra
J. Alberto Ferreira
Phalar de novo
[email protected]
A Phala
Número 1, 2007
Nova série
Assírio e Alvim
A Phala era um daqueles projectos com tonalidades míticas.
Difícil de encontrar (apenas em
algumas livrarias e dentro de
um circuito de reconhecíveis
cumplicidades), com um formato extravagante, contra o domínio de lógicas de produçãoconsumo ao mesmo tempo que
anti-fotocópia. A phala, na sua
grafia arcaizante e distinta, era
objecto de colecção e objecto
para (os seus) leitores devotos.
Extinguiu-se numa das muitas
crises desta muito portuguesa
cultura-economia do ora progride ora não, entre contenção e
esbanjamentos. Mas a boa notícia está aí: A phala regressou!
E estima-se que para ficar, porque phalar faz falta!
No formato novo, A phala é
uma revista de capas cartonadas com badana longa (publica,
a abrir, uma foto de 1995 de
Mário Cesariny de Vasconcelos
e Álvaro Lapa; a fechar, uma
foto da primeira exposição dos
Surrealistas, em 1949, ladeada
por uma famosa imagem de
António Maria Lisboa e Mário
Henrique Leiria sobre os telhados de Lisboa, também de
1949). Um dossiê de imagens
e um conjunto de textos, dedicado precisamente a Mário
Cesariny (falecido no final de
2006, com 83 anos) dá corpo
à primeira parte da revista.
A segunda ocupa-se de tradução
literária e recupera textos de
um encontro sobre o tema realizado em Março de 2004. O volume termina com a publicação
de dois textos traduzidos, respectivamente de S. Jerónimo
e de Walter Benjamin.
Homenagem ao nome maior do
surrealismo português, num
país onde as homenagens costumam ser escassas em vida.
Diz Cesariny: «Depois deixamte ir para casa sozinho. Isto
é a glória literária à portuguesa» (p. 11). Um segundo caderno, com pintura do autor de
Pena capital, a confirmar o
lugar crescente que a criação
plástica tinha em Cesariny
(lembra ele na autografia que
há já muito que não escreve),
antecede a publicação de textos
de e sobre o poeta, de Herberto
Helder e Manuel de Freitas.
Porque a morte, propriamente,
não existe...
A morte propriamente
não existe (Mário Cesariny)
Tradittore
Miguel Gonçalves Mendes filmou, pouco antes da morte de
Mário Cesariny, uma sua autografia, filme-memória da lucidez do poeta e pintor surrealista. É esta autografia, transformada em sequência de imagens
fixas (stills de vídeo) em três
actos que, acompanhada por
excertos do filme, se publica
neste número 1 da nova série.
A phala recupera neste número
os resultados de um encontro
sobre tradução realizado em
2004. O tema vem revestido de
uma cada vez maior centralidade, que as colaborações reunidas não deixam de confirmar.
João Barrento, Manuel
Resende, Mega Ferreira, entre
outros, debatem a traducibilidade (em especial a traducibilidade poética e literária), ponde-
rando a evidência dos problemas da tradução até aos casoslimite do intraduzível (da poesia experimental, por exemplo).
Ainda sobre tradução, um
segundo caderno apresenta
depoimentos sobre tradução.
Dez autores, por exemplo
Frederico Lourenço, José Bento,
Pedro Tamen ou Vasco Graça
Moura, respondem a 4 perguntas sobre os cruzamentos da
criação com a tradução, sobre
a legibilidade ou ainda sobre
o que se ganha e/ou perde no
jogo do traduzir. E se, na resposta a esta última questão,
a maioria dos inquiridos assinala as perdas, também há quem
lembre que também se ganha.
Ganha o leitor da tradução,
o autor traduzido, a essencial
fragilidade da outra coisa que
a tradução não pode deixar de
ser (Pedro Tamen).
justamente sobre as boas práticas de tradução. O segundo texto, um fragmento de Walter
Benjamin (a incluir na tradução
das obras completas, em curso
de publicação pela Assírio
e Alvim, das Obras daquele
autor alemão, no que é a sua
primeira tradução completa
para português, contando já
com 3 volumes publicados),
interroga o métier do tradutor,
ponderando prós e contras da
tradução. O que pareça aqui
sinal de uma longa tradição,
variação e torno de uma vexata
Um mundo que
quaestio, só reafirma as necessidades de inquirição em torno
não está lá (W. Benjamin)
do tema. E este percurso
De S. Jerónimo a Cesariny
É no remate da questão que se
publicam dois textos sobre, diga- (título deste número de A phala) não esgota a questão, antes
mos, perdas e ganhos na tradua actualiza com propriedade.
ção: a carta 57 de S. Jerónimo,
pub
LER PARA SER
RUA S. JOÃO DE DEUS, 18
REGUENGOS DE MONSARAZ
CP 7200-376
T. 266 508 010
F. 266 508 017
[email protected]
TINTEIROSWEB | www.tinteiros.web.pt
TINTEIROS RECICLADOS,
COMPATÍVEIS E ORIGINAIS
EM REGUENGOS DE MONSARAZ
SÍTIO DAS LETRAS
LIVRARIA
NA SUA LIVRARIA SÍTIO DAS LETRAS
notíciasalentejo~ Abril 2007
22
‘A desgraça
é fotogénica’
João Espinho*
...dafotografia
[email protected]
acontecimento, não através de texem causídico que denuncia a calamiAnualmente, mais ou menos
tos, mas de fotografias.
dade.
por esta altura, são divulgadas
Invariavelmente, são as imagens
Por momentos - o momento da
as fotografias premiadas pela
captadas em teatros de guerra, ou de visita - a notícia é-nos servida de
World Press Photo
uma forma diferente.
(http://www.worldpressphoto.com/), desgraça, as mais premiadas. Serão
também, não duvido, as mais apreciNão vamos ver imagens de uma
organização independente sedeada
adas. Corpos mutilados, exércitos
guerra. Não vamos visitar registos
em Amesterdão, vocacionada para
de um território dizimado. A exposipromover o fotojornalismo e respon- lado a lado com esqueletos, cidades
destruídas e crianças famintas, são
ção WPP serve-nos a guerra, a dessável pelo maior e talvez mais presingredientes que o leitor das imagraça, o horror, como se de um
tigiado concurso de fotografia do
revista de culinária se tratasse
mundo. Com mais de 50 anos de exis- gens da exposição da WPP tem ao
seu dispor para construir a notícia.
(e onde sabemos que vamos encontência, a WPP tem tido um trabalho
Construir a notícia?
trar as iguarias muito bem composdigno de destaque na descoberta de
Deveria ser assim.
tas e ornamentadas).
novos valores no fotojornalismo,
Mas o fotojornalismo dos dias de
A fotografia vencedora do
ao mesmo tempo que confirma
hoje não deixa margem para interConcurso WPP 2007 é disso um bom
a Fotografia como Arte. Refira-se
pretações. O leitor pode, quanto mui- exemplo. Um grupo de jovens libaque a exposição itinerante da WPP
to, avançar emotivamente com algu- neses, de aspecto cosmopolita,
é vista anualmente por mais de
mas questões, interrogar-se sobre
fazendo-se transportar num desca2 milhões de visitantes em 45 paía crueldade das imagens. A fotograses. Portimão recebe a exposição de
potável vermelho metalizado, passe21 de Julho a 12 de Agosto e na cida- fia é, assim, uma antecâmara da
ia-se perante um cenário de destruide da Maia estará patente ao público exclamação de horror, da manifesta- ção num bairro de Beirute. A imação de repúdio. O espectador, magidurante o mês de Novembro.
gem é servida a frio, retrata uma
camente, afasta o fotógrafo - o que
Quem já teve o privilégio de
contradição, e ao espectador não resem evidência
a notícia
- esquece
observar
as obrasda
patentes
expo- pôs
tará mais
do que lamentar
Dia Mundial
Água nas
antecipou
projecto
«Ciência
na Cidade»
é um projecto
de colaboração
entreo facto de
os
timbres,
as
escalas,
os
contrastes
sições
da
WPP,
sabe
que
ali
se
fala,
a
desgraça
ser
tão
fotogénica.
a Universidade de Évora e a Câmara Municipal de Évora, financiado pelo Ciência Viva, cujo objectivo é levar
- alançado
técnicano
- edia
transforma-se
em uma
juiz primeira abordagem ao tema foi
essencialmente,
jornalismo,
da Será
a Ciência para de
junto
da população.
28 de Abril, mas
do escândalo, em
advogado
dedaacuforma
como
é dada uma
testada
quinta-feira,
nonotícia,
decorrer das comemorações
do Dia
Mundial
Água. Foto:
Susana
Rodrigues
* editor
do blogue
como se transmite determinado
sação dos senhores da guerra,
http://pracadarepublica.weblog.com.pt
cupão de assinatura
1 ano, 12 números, 12 €
venha
uma
dúzia
Nome
Morada
Cód. Postal
Localidade
Tel.
E-mail
Envie para: Rua S. João de Deus, 18 7200-376 Reguengos de Monsaraz ou para o Fax: 266 508 019
informações: Telefone: 266 508 012 Telemóvel: 967 032 441 E-mail: [email protected]
Assine aqui
e o jornal
vai até aí.
Cooperação
Transfronteiriça
com 350 milhões
O POCT - Programa Operacional
de Cooperação Transfronteiriça
entre Portugal e Espanha prevê
para o período 2007/2013 um
investimento de 350 milhões de
euros, dos quais 267 milhões são
comparticipados pelo Feder. O
programa foi apresentado em
finais de Março na cidade de
Bragança pelos ministros do
Ambiente dos dois países. O
POCT terá como áreas prioritárias o ambiente, ordenamento do
território e acessibilidades, competitividade e promoção do
emprego em regiões como o
Norte de Portugal, Alentejo,
Algarve, Galiza, Castela e Leão,
Estremadura espanhola e
Andaluzia.
PCP contesta
encerramento
de postos da GNR
O Grupo Parlamentar do PCP
apresentou no final de Março
um requerimento questionando
o Governo acerca da intenção de
encerrar oito postos da GNR no
distrito de Évora - Azaruja,
Bencatel, São Miguel de
Machede, Escoural, Alcáçovas,
Telheiro, Vimieiro e Pavia. Em
comunicado, os comunistas
dizem que registam a «justificada preocupação das populações
face à intenção do Governo» e
acrescentam que o encerramentos dos significa para as oito localidades a «degradação da sua
qualidade de vida e a criação de
um novo obstáculo ao seu desenvolvimento». «Apesar de o
Governo tentar justificar estes
encerramentos com a necessidade de reestruturação das forças
de segurança e a melhoria dos
serviços prestados às populações, entende o PCP que estas
medidas denunciam a obsessão
economicista deste Governo, que
não hesita em encerrar serviços
públicos com o fim de poupar
alguns euros, sem reconhecer o
papel importante que a existência de serviços de segurança tem
para o futuro dessas localidades,
sobretudo no interior e nas
zonas mais rurais», pode ler-se
no comunicado.
pub
notíciasalentejo~ Abril 2007
23
~no fecho
CARMIM
lança
espumante
A CARMIM acaba de lançar o
seu primeiro espumante, sob
a marca Monsaraz DOC colheita seleccionada, o primeiro
com o rótulo escrito em
Braille. "Ideal para qualquer
ocasião, a CARMIM apresenta
o seu primeiro e requintado
espumante, que pode ser servido como aperitivo, além de
combinar na perfeição com
pratos de carne branca e de
peixe, mariscos, queijo fresco
e variadas sobremesas", refere
um comunicado da empresa.
O espumante resulta da mistura de duas castas, Arinto e
Perrun. "O espumante tem um
aspecto límpido com bolha
fina e persistente, cor amarela
palha e um aroma intenso a
frutos citrinos e tropicais.
Pode ser consumido de imediato ou deixá-lo em estágio até
3 anos", explica o comunicado
da CARMIM. Será comercializado 9.45 euros e "colocado
nas lojas gourmet, melhores
restaurantes, hotéis e garrafeiras do país". A Cooperativa de
Reguengos de Monsaraz é responsável, desde 1971, pela
produção e comercialização
de uma vasta gama de vinhos
regionais alentejanos.
Perguntar
não ofende…
sua imagem aérea, utilizando
como meio para obter o melhor
plano o PARAMOTOR. A iniciativa tem também como objectivo a promoção do concelho
através dos seus diversos
monumentos históricos e
arqueológicos.
Ministra defende
concentração
de parque escolar
Raide Aéreo
Fotográfico
da RTP
O 1º Raide Aéreo Fotográfico
em Paramotor da Secção de
Parapente e Paramotor da
Casa do Pessoal da RTP realiza-se nos dias 21 e 22 de Abril
de 2007, em torno do Concelho
de Reguengos de Monsaraz,
tendo como objectivo retratar
todos os locais que tenham
interesse do ponto de vista da
A Ministra da Educação,
Maria de Lurdes Rodrigues,
homologou 40 Cartas
Educativas, relativas a concelhos da área da Direcção
Regional de Educação do
Alentejo, em cerimónia que
decorreu no Auditório
Municipal de Portel. Ao encerrar a sessão a ministra defendeu o paradigma da concentração do parque escolar em centros educativos, dos quais
disse serem a base da criação
de massa crítica e viabilização
de investimentos que a dispersão não permite. A Carta
Educativa é o instrumento de
planeamento e ordenamento
prospectivo de edifícios e equipamentos educativos a localizar no concelho, de acordo com
as ofertas de educação e formação que seja necessário
satisfazer, tendo em vista a
melhor utilização dos recursos
educativos.
Documentário
português
premiado em Tui
«Ainda há pastores?», do português Jorge Pelicano, recebeu o
primeiro prémio, na categoria
Atlântico, no Festival internacional de documentário de Tui,
Galiza, informou a organização.
No festival (21-25 de Março)
foram exibidos três dezenas de
filmes. O documentário de
Jorge Pelicano já recebeu outros
prémios e foi já exibido pela
cadeia de televisão SIC.
Reguengos:
ADIM organiza
passeio pedestre
A ADIM - Associação de Defesa
dos Interesses de Monsaraz
organiza no próximo dia 7 de
Abril 2007 um passeio pedestre: “O Folar do São
Martinho”. Mais informação
em www.adim-monsaraz.pt
O Notícias Alentejo
vai abrir, a partir deste
mês, um novo espaço
aos seus leitores.
Assim, se pretende dirigir uma pergunta ao
autarca da sua terra,
ao deputado eleito
pelo seu círculo eleitoral ou a um dirigente de uma qualquer
direcção regional
pode contar com este
jornal.
Envie-nos a sua pergunta por mail (para
o endereço [email protected]),
colocando no assunto
«perguntar não ofende…) e indique a quem
se dirige (autarca, deputado, governador
civil…). O Notícias
Alentejo comprometese a reencaminhar a
sua pergunta e colocar
online (em www.noticiasalentejo.pt) a pergunta e a resposta.
No mail deverá constar a sua identificação nome, morada, telefone
de contacto e endereço
electrónico mais utilizado.
A Organização da Expofranchise oferece a todos os leitores do
Notícias Alentejo condições especiais de acesso à grande feira de
franchising em Portugal, que se realiza de 18 a 20 de Maio, na FIL
em Lisboa, pavilhão 4, das 14h30 às 20h30.
Condições especiais de acesso
> Oferta de 5 convites aos primeiros 5 leitores do Notícias Alentejo
que apresentarem este cupão na Bilheteira Campanhas
Aos restantes leitores será oferecido
> Vale de desconto de 20% na aquisição do bilhete
( p.v.p. 20€ / preço com desconto 16€ )
> 1 ano de assinatura da revista Negócios & Franchising
( 6+1 edições ). Se já for assinante, acresce à actual
> 1 catálogo de expositor
Como Ganhar
> Recorte esta oferta e apresente na bilheteira CAMPANHAS, na entrada do pavilhão 4,
na FIL - Parque das Nações - Lisboa. Campanha não acumulável com qualquer outra.
notíciasalentejo~ Abril2007
publicidade~

Documentos relacionados

Caixa mágica invade escolas

Caixa mágica invade escolas é da responsabilidade da sociedade "Notícias Alentejo Produção de Conteúdos Lda.", contribuinte 506596818, com sede na Rua António Janeiro, 13, 7200-337 Reguengos de Monsaraz, capital social de 500...

Leia mais