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58 David Foster Wallace por Daniel Galera Sobre o autor Nasceu em Ithaca, Nova Iorque, em 1962, e cometeu suicídio em 2008, após sofrer de depressão crônica por mais de vinte anos. Publicou em vida dois romances, incluindo Infinite jest, e três volumes de contos (entre eles, Breves entrevistas com homens hediondos), além de duas antologias de textos de não ficção e outros livros. Um romance inacabado, The pale king, foi organizado por seus editores e publicado postumamente em 2011. Recebeu a prestigiosa MacArthur Fellowship em 1997 e colaborou para publicações como Atlantic, Harper’s Magazine e Paris Review. De 2002 até o ano de sua morte, deu aulas de escrita criativa na Pomona College. Obras indicadas • Oblivion (2004) • The broom of the system (1987) • The pale king (2011) • Infinite jest (1996) • Breves entrevistas com homens hediondos (1999) E m 1993, david foster wallace declarou numa entrevista que “a ficção pode oferecer uma visão de mundo tão sombria quanto desejar, mas para ser realmente muito boa ela precisa encontrar uma maneira de, ao mesmo tempo, retratar o mundo e iluminar as possibilidades de permanecer vivo e humano dentro dele”. Seus contos, romances, ensaios e reportagens uniram o virtuosismo técnico e o experimentalismo formal a uma visão compassiva, implacável e bem-humorada da vida contemporânea, resultando numa escrita ao mesmo tempo exigente e calorosa. O suicídio de Wallace, em 2008, aos quarenta e seis anos, causou grande comoção entre seus leitores, motivou dúzias de elegias lamentando a interrupção precoce de seu talento e consolidou a sua figura de gênio atormentado, cujo ícone é a bandana que usava amarrada na cabeça. Formado em Letras e Filosofia, interessado por tênis e matemática, Wallace inaugurou sua carreira de escritor publicando, em 1987, The broom of the system [A vassoura do sistema], uma tese universitária em forma de romance, fortemen- te marcada pelas ideias do filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein e pelo estilo de autores pós-modernistas americanos como Thomas Pynchon. Seu segundo livro, a antologia de contos Girl with curious hair [Garota de cabelo esquisito], de 1989, mostra um autor inventivo e versátil, e é marcado pelo experimentalismo formal e pela tematização do mundo do entretenimento e das celebridades, como ocorre no emocionante conto Little expressionless animals [Animaizinhos sem expressão]. Em 1996, Wallace publicou Infinite jest, romance que é considerado sua obra-prima. Colossal em tamanho e ousadia, fragmentado e saturado de informação como a existência moderna, o livro estabeleceu um novo parâmetro de ambição para os seus contemporâneos e cristalizou, de maneira gloriosa, o projeto literário de seu autor: conciliar o experimentalismo formal de seus heróis pós-modernistas, como John Barth, Donald Barthelme e William Gaddis, com a força emotiva da literatura mais convencional e a preocupação moral propositiva do romance social. Ao tematizar o vício e o entretenimento vazio e radicalizar a descrição da autoconsciência de seus personagens com recursos metaficcionais, digressões sucessivas e notas de rodapé em profusão, Wallace apontou para o que julgava mais urgente transcendermos se quiséssemos ter uma vida menos isolada e ansiosa. Seu estilo estabeleceu uma conexão direta com o consciente coletivo de sua geração. Nos anos seguintes, David Foster Wallace publicou mais duas antologias de contos, Breves entrevistas com homens hediondos e Oblivion, e seu romance póstumo e inacabado, The pale king [O rei pálido], foi publicado em 2011 e aclamado por público e crítica. Wallace também se dedicou, durante toda a carreira, a escrever ensaios e reportagens, permitindo que expedientes literários se infiltrassem na objetividade jornalística ou analítica para melhor transmitir a experiência subjetiva do autor. A não ficção de David Foster Wallace elabora com humor, sofisticação intelectual e uma atenção descomunal ao detalhe os mesmos temas centrais de sua ficção, entre os quais podemos citar o narcisismo como motor da alienação moderna, o poder destrutivo da ironia alçada à condição de visão de mundo totalizante, o niilismo travestido de liberdade e inconformidade, o preço espiritual dos vícios (em especial o vício em entretenimento) e a questão do que podemos fazer para tentar fugir da prisão de nossas próprias cabeças, caso esta não seja uma batalha perdida. Daniel Galera é escritor e tradutor; é autor, entre outros livros, dos romances Mãos de cavalo (2006), Cordilheira (2008) e Barba ensopada de sangue (2012).
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