Qualidade de Vida do Idoso e Envolvimento Comunitário

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Qualidade de Vida do Idoso e Envolvimento Comunitário
Qualidade de Vida do Idoso e Envolvimento Comunitário Envelhecimento Ativo - 12-26-2013
por Pedro Serra Pinto - Nursing - http://www.nursing.pt
Qualidade de Vida do Idoso e Envolvimento Comunitário
Envelhecimento Ativo
por Pedro Serra Pinto - Quinta-feira, Dezembro 26, 2013
http://www.nursing.pt/qualidade-de-vida-do-idoso-e-envolvimento-comunitario-envelhecimento-ativo/
Edição nº 288 – Ano 25
Liliana Rodrigues
Enfermeira Graduada
Instituto Superior de Psicologia Aplicada
Mestrado em Psicologia Comunitária
Recebido a: 24/09/2010
Publicado a: 29/08/2013
RESUMO
Introdução: O conceito de envelhecimento ativo envolve os indivíduos, a família e a própria comunidade,
constituindo indicadores de qualidade do envelhecimento, das pessoas e populações, no resultado da sua
interação. Objetivos: Identificar diferenças entre grupos participantes e não participantes na comunidade;
analisar as interações no contexto da qualidade de vida do idoso; analisar a contribuição do envolvimento
comunitário nos idosos e a relação com a sua perceção de qualidade de vida Métodos: Foi aplicado o
questionário WHOQOL a 52 indivíduos de idade ? 65 anos, do concelho de Cascais, que frequentavam o
Centro de Saúde de Cascais. Resultados E Conclusões: Obtiveram-se diferenças significativas (r = 0,41)
entre o envolvimento Comunitário e Qualidade de Vida do grupo participante em relação ao não
participante na comunidade, não restando dúvidas que a saúde, bem como, a origem social, cultural e
socioeconómica surgem como importantes recursos condicionantes ao Envolvimento na Comunidade
implicando uma melhoria na Qualidade de Vida percecionada.
ABSTRACT
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The concept of ative aging involves, not just the individuals but also family and their own community,
constituting different indicators of quality of the people’s aging and populations in the result of its
interplay.
In way to identify differences between the participant groups and non participants groups in the
community, and to analyze the possible interplay in the context of the quality of the senior’s life, as well
as to analyze the contribution of the community involvement in seniors and the relationship with their
perception of life quality, it was chosen the questionnaire WHOQOL – Bref, applied in 52 individuals in
reform age, with 65 or superior years old, belonging to Concelho of Cascais, that frequent the Health
Center of Cascais and respective extensions, Alvide, Alcabideche and Estoril.
The participant group in the community is relatively significant in relation to the non participant in the
community, and in this following, the reciprocity of the Community Involvement and Quality of Life are
evident (r = 0,41), not remaining doubts that the health, as well as, the social, cultural origin and
economic and social characteristics appear as important resources that condition the Involvement in the
Community implying an improvement in the Quality of Life insight.
INTRODUÇÃO
Envelhecer com saúde, autonomia e independência, constitui na atualidade, um desafio à responsabilidade
individual e coletiva com tradução significativa no desenvolvimento económico dos países. A sociedade e
o modo como está organizada, influencia forçosamente o envelhecimento individual e da comunidade,
pelas condições que oferece à população em geral e às pessoas idosas em particular.
É impreterível refletir, sobre os impactos do envelhecimento demográfico das populações e sobre as
profundas mudanças que simultaneamente, têm vindo a ocorrer nas sociedades industriais modernas,
como é a nossa. A definição de políticas de velhice, a partir de uma formulação mais rigorosa e objetiva
dos problemas de envelhecimento e da análise exaustiva da diversidade de realidades sociais, poderá
proporcionar as correções necessárias para que as futuras gerações de idosos possam viver melhor do que
as que as antecederam.
A investigação na área do idoso tem vindo a dissipar os estereótipos enquanto ser frágil, dependente,
pobre, assexuado, esquecido e infantil, e, recentemente tem contribuído para a descrição do que é o adulto
na maturidade tardia (Lima, 2006).
No final da década de 90, surgiu uma expressão inovadora: “envelhecimento ativo”, adotada pela OMS
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(2005), representando o processo de otimização das oportunidades de vida, em termos de saúde, de
participação e de desenvolvimento multidimensional da pessoa, à medida que esta envelhece. Esta
descrição conjeturou uma redefinição positiva e construtiva do envelhecimento e da velhice, evocando
imagens específicas de vitalidade, atividade e empreendedorismo, fomentando a reintegração na
experiência participativa na realidade social contemporânea, no entanto, limitada por fatores como classe
social, estatuto socioeconómico e educacional, constituindo ainda um eixo de desigualdade social (Viegas
& Gomes, 2007).
A adoção de estilos de vida saudáveis e uma atitude mais participativa na promoção do autocuidado serão
fundamentais para se viver com saúde na longevidade, contrariando um dos mitos negativos ligados ao
envelhecimento, que considera ser tarde de mais para alterar o modo de vida.
A prevenção da deficiência, incapacidade, desvantagem e dependência na população idosa constituem,
tendo em conta as diferenças de idade e género, uma abordagem prioritária e indispensável do setor da
saúde, no quadro da manutenção da máxima autonomia e independência dos indivíduos, obrigando a
mudanças de mentalidades e de atitudes da população face ao envelhecimento e a uma intervenção
intersetorial e transversal, na promoção da adaptação e melhoria dos enquadramentos ambientais e de
suporte às necessidades.
Viver cada vez mais, desejo da maioria das pessoas, pode resultar numa sobrevida marcada por
incapacidade e dependência. O desafio é consegui-lo com qualidade de vida. Para os profissionais de
saúde, que cuidam da população idosa, há outro desafio: como avaliar a qualidade de vida, não apenas
para caracterizar a velhice, mas, principalmente, para avaliar impacto de tratamentos, condutas e políticas,
corrigir orientações, disponibilizar recursos e planear serviços. A Promoção da Saúde engloba a educação
em saúde que objetiva a melhoria da autoestima, pela diminuição da alienação e incremento dos
conhecimentos abrindo o campo das possibilidades de escolha do indivíduo. Isto permite que ele decida
sobre os seus comportamentos, maximizando as opções disponíveis para que a população exercendo
maior controlo sobre a sua própria saúde e sobre o meio ambiente, para que as suas escolhas seja voltada
para tudo aquilo que lhe proporcione saúde e qualidade de vida (Organização Mundial de Saúde, 1986).
MATERIAL E MÉTODOS
Tratou-se de um estudo descritivo e comparativo, de abordagem quantitativa e qualitativa, cuja finalidade
se baseou no conhecimento da qualidade de vida percecionada pelos idosos, utentes do Centro de Saúde
de Cascais. Como objetivo geral pretendeu-se analisar a qualidade de vida dos idosos. Como objetivos
específicos, definiram-se identificar diferenças entre os grupos participantes e não participantes na
comunidade; analisar a contribuição do envolvimento comunitário nos idosos e a relação com a sua
perceção de qualidade de vida; e identificar a existência de potenciais fatores geradores de qualidade de
vida nos idosos, nos grupos que participam ativamente na comunidade, e nos grupos que não participam
em atividades. Os dados foram recolhidos, em diferentes momentos, nos utentes idosos com mais de 65
anos que se encontram nas salas de espera do Centro de Saúde de Cascais, e suas respetivas extensões:
Alvide, Alcabideche e Estoril. A técnica de amostragem foi de natureza aleatória, por conveniência, com
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uma abordagem direta dos sujeitos, e com o seu consentimento declarado, perfazendo um total 52 idosos.
As principais variáveis de estudo são os fatores sócio-demográficos e económicos (idade, sexo, estado
civil, habilitações literárias, profissão exercida, situação de saúde); fatores psicossociais e ambientais
(apoio social formal, contacto com a família, convívio social, atividade diária); envolvimento comunitário
e qualidade de vida.
Para realização do estudo, e de acordo com os objetivos propostos, foram utilizados os seguintes
instrumentos: entrevista de triagem, para distinguir os inquiridos envolvidos e não envolvidos na sua
comunidade, constituindo dois grupos, de forma a relacionar as respostas com os dados fornecidos na
avaliação da perceção da qualidade de vida; questionário WHOQOL-Bref, instrumento genérico de
qualidade de vida, baseado no WHOQHOL-100 desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde,
através do Grupo WHOQOL. É um instrumento de avaliação de qualidade de vida, da versão original
WHOQOL-100, com a particularidade de ser constituído por 26 questões e de revelar características
psicométricas igualmente satisfatórias. Duas questões são mais gerais, relativas à perceção geral de
qualidade de vida e à perceção geral de saúde, e as restantes 24 representam cada uma das facetas
específicas que constituem o instrumento original (Serra & Canavarro et al, 2006).
Os dados foram obtidos através de inquérito, com questionários administrados diretamente aos idosos.
Após a recolha de informação, os dados foram trabalhados e analisados, com auxílio do sistema SPSS,
versão 15.0 para Windows.
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos parecem coincidir com a ideia de que a saúde e a qualidade de vida percebida se
encontram relacionados com os níveis de bem-estar, o que seria de esperar uma vez que, o bem-estar é
considerado uma dimensão da qualidade de vida (Bowling & Grundy,1997). Verificámos uma relação
positiva entre a mobilidade e os níveis de bem-estar percebido, ou seja, quanto maior a capacidade para se
deslocar autonomamente, melhor bem-estar a pessoa experiencia (rs = 0,64; p<.05). No entanto, se por
um lado as incapacidades com que se deparam os idosos com problemas funcionais impõem limites ao
funcionamento autónomo, por sua vez, o ambiente em que residem também pode não o facilitar (Lawton,
1985), o que nos remete para a necessidade de pensar não apenas na condição de saúde do idoso, mas
também nas condições do contexto em que se encontra inserido (r = 0,57; p<.05), quando se pretende
melhorar a sua qualidade de vida.
Seria útil repensar soluções imaginativas de apoio que fossem mais satisfatórias para o bem-estar
psicológico dos idosos (r =0,46; p<.05). Estas inovadoras soluções de apoio (como por exemplo: Consulta
e Acompanhamento Pré-reforma, inserida na Medicina do Trabalho) que se impõem, deverão ter em
atenção os fatores psicossociais de influência (r = 0,72; p<.05), pois são eles que moldam e mantém o
estilo de vida adotado pelos indivíduos, tão importante na construção de um envelhecimento bem
sucedido (Paúl, 1997). Assim, estas novas formas de apoio social deverão ser encorajadoras e promotoras
de autossuficiência, incrementando a autonomia funcional e o bem-estar psicológico das pessoas idosas.
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Os conceitos de autonomia, independência, competência e qualidade de vida estão relacionados com o
envelhecimento ativo, referindo-se a uma participação a nível social, económico, cultural e espiritual e
não apenas fisicamente ativo (r =0,44; p<.05).
Os determinantes individuais, biológicos, genéticos e psicológicos contribuem, para a forma como o
envelhecimento decorre, como também para a ocorrência de determinadas doenças ao longo da vida
(r=0,53; p<.05). Em muitas situações, o declínio das funções associadas ao envelhecimento encontram-se
relacionadas com fatores externos (r=0,48; p<.05), comportamentais, ambientais e sociais, como as
situações de depressão e os fenómenos de solidão e isolamento. Esta sintomatologia pode influenciar
como as pessoas encaram a sua vida, fazendo dela uma avaliação menos positiva, uma vez que parece
existir, uma relação entre depressão e o bem-estar psicológico.
Para desenvolver autonomia na velhice, é necessário considerar uma rede de relações sociais, que
favoreça o desenvolvimento de laços afetivos (r= 0,41; p<.05).
CONCLUSÕES
As características das pessoas que integram este ciclo vital, divergem em atributos como saúde, esperança
de vida, doenças incapacitantes, nível cultural, taxa de atividade informal, integração familiar,
participação social, classe social, entre outras. Desta forma, diferenciam-se os idosos que se encontram
excluídos do mercado de trabalho, mas no entanto são socialmente ativos ou muito ativos; e aqueles que
incrementam as taxas de institucionalizações, pluripatologias, cronicidade e solidão. Para os primeiros, os
problemas cruciais a solucionar, serão a manutenção da segurança económica e integração social. Para
estes indivíduos terão que se aportar subsídios ou salários básicos de inserção, agudizar a imaginação
coletiva para não se transformarem em inativos sociais e dependentes, fomentando a prática de
voluntariado, reorganizando o ciclo vital, redistribuindo o trabalho formal de outra forma. Os problemas
inerentes ao segundo grupo são a deterioração do estado de saúde e a perda dos vínculos familiares; para
estes a sociedade e o estado deverão criar redes de serviço de atenção comunitária como marcos
institucionais, que garantam a digna qualidade de vida (González, 1998).
As pessoas idosas reformadas, e aquelas que apresentam algumas incapacidades, podem contribuir
ativamente para as suas próprias famílias e comunidades. Pensar o envelhecimento ao longo da vida,
numa atitude positiva de promoção da saúde e da autonomia, de que a prática de atividade física
moderada e regular, uma alimentação saudável, o não fumar, o consumo moderado de álcool, a promoção
dos fatores de segurança e a manutenção da participação social são aspetos indissociáveis.
Do mesmo modo, importa reduzir as incapacidades, numa atitude de recuperação global precoce e
adequada às necessidades individuais e familiares, envolvendo a comunidade, numa responsabilidade
partilhada, potenciadora dos recursos existentes e dinamizadora de ações cada vez mais próximas dos
cidadãos. O idoso deve ter consciência dos seus direitos, reconquistar o seu espaço e exercer a sua
cidadania, sentindo-se mais mobilizado a envelhecer de forma saudável.
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O isolamento físico e psicológico, juntamente com alguns acontecimentos de vida, afeta o modo de vida
dos idosos (INE, 2002), podendo mesmo influenciar de forma relevante os níveis de bem-estar
percecionados, pois, a satisfação de vida diz respeito ao conjunto de condições de vida de cada um,
enquanto resultado da comparação entre os objetivos de vida, delineados e alcançados, visando o balanço
obtido entre o indivíduo e a sociedade ( Caspi & Elder, 1986).
Neste contexto importa salientar a importância de políticas que permitam desenvolver ações mais
próximas dos cidadãos idosos, habilitando a sua autonomia e independência, acessíveis e sensíveis às
necessidades mais frequentes da população idosa e das suas famílias, permitem minimizar custos, evitar
dependências, humanizar os cuidados e ajustar-se à diversidade que caracteriza o envelhecimento
individual e o envelhecimento da população.
Estimular o envolvimento dos idosos em grupos, por exemplo, grupos de animação cognitiva, de dança,
grupos promotores do desenvolvimento pessoal e social, como forma de promoção da coesão social e do
consequente suporte social, revela-se como uma estratégia importante para a Promoção da Saúde dos
idosos. Os grupos de pares podem servir como espaços de Empowerment através da ampliação da rede
social e aumento do senso de controlo de vida, gerado pela consciência crítica dos aspetos negativos
associados ao envelhecimento.
Cabe, no entanto, aos Serviços Regionais e Locais de Saúde, adequar, através dos seus Planos de Ação, as
estratégias consignadas, desenvolvendo-as numa perspetiva multidisciplinar e integrada considerando as
especificidades da realidade local vivida pelos idosos. A implementação requer a participação ativa, nos
respetivos domínios de ação, não só dos serviços do Ministério da Saúde, Administrações Regionais de
Saúde, Agrupamentos de Centros de Centros de Saúde, como de serviços e instituições dependentes de
outros Ministérios, organizações não governamentais, associações de cidadãos e sociedades científicas.
As ações de promoção da saúde e preventivas, dirigidos às pessoas idosas, aumentam a longevidade,
melhoram a saúde e a qualidade de vida e promovem a rentabilização dos recursos.
Uma maior intervenção social, mais serviços de proximidade, como, por exemplo, centros de convívio,
espaços com programas e atividades pré-programadas, onde se possa interagir e estimular as relações
intergeracionais. Investir em grupos, com estratégias para Promoção da Saúde, através do favorecimento
do Empowerment, onde este se configure como espaço de reflexão proporcionando consciência crítica
acerca dos valores relacionados ao processo de envelhecer, no sentido da manutenção das escolhas,
trabalhando com competências e não com perdas.
Necessidades sociais (Thoits, 1995). como afiliação, o afeto, a pertença, a identidade, a segurança e a
aprovação podem satisfazer-se mediante a provisão de ajuda a dois níveis: socioemocional – que engloba
afeto, simpatia, compreensão, aceitação e estima de pessoas significativas, e instrumental – que
compreende conselho, informação, ajuda com a família ou com o trabalho e ainda a ajuda económica.
O envolvimento comunitário pode ser um fator psicossocial significante na melhoria da confiança
pessoal, da satisfação com a vida e da capacidade de enfrentar problemas. O envolvimento comunitário e
a qualidade de vida dos idosos, mais que em outros grupos etários, sofrem a influência de múltiplos
fatores físicos, psicológicos, ambientais, sociais e culturais. Avaliar e promover a saúde do idoso significa
considerar variáveis de distintos campos do saber, numa atuação interdisciplinar e multidimensional. Não
basta afirmar que é preciso ser-se mais ativo e participativo, é necessário sugerir como, e em que
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contexto. Neste sentido, os dados obtidos neste estudo sugerem a necessidade de conhecer melhor de que
forma o contexto do envolvimento comunitário pode melhorar a qualidade de vida dos idosos.
A Promoção da Saúde nomeadamente na vertente do Empowerment (Labonte, 1994), pretendem
proporcionar meios para que os indivíduos adquiram informação e competências na orientação e controlo
da sua saúde, não retirando a responsabilidade do estado, no que diz respeito aos cuidados da população
idosa. As estratégias dos programas devem ter em conta o processo global de envelhecimento, e ainda a
valorização da identidade pessoal como fator positivo a otimizar o potencial de experiência de vida e
conhecimento que essas pessoas contêm. Pressupõem uma construção ao nível individual, quando se
refere a variáveis intrafísicas e comportamentais, ao nível organizacional quando se refere à mobilização
de recursos e oportunidades participativas, ao nível comunitário, quando estrutura mudanças sociais e
sociopolíticas (Wallerstein & Bernstein, 1994).
O Empowerment dos idosos é uma prioridade, justificando que com a longevidade há geralmente um
processo de não investimento nesta intervenção. Mudanças sociais nos modos de agir podem levar a uma
perda de poder da autonomia e independência individual. Tipicamente, a interação destes fatores, na
velhice trazem um ciclo negativo, resultando na necessidade de reverter esse ciclo através do
“reempowerment” (Myers, 1993). O desempowerment, na velhice torna as pessoas particularmente
vulneráveis à análise e perceção social, existindo perda real do poder pessoal. A tendência para uma
vulnerabilidade psicológica e emocional, que advém da falência e queda social, é previsível mas pode ser
evitável. Acontecem fenómenos que estão fora do controle dos indivíduos, como o confronto com a morte
pela perda de familiares e amigos, a saída do mercado de trabalho pela reforma, a perda involuntária do
emprego, o maior índice de doenças devido ao declínio da vitalidade. Numa ótica social, é importante
mudar as colocações negativas. Na toma de decisões, ao invés de agir pelas pessoas idosas, a meta deve
ser agir com os idosos, desenvolvendo atividades que permitam aos mesmos fazerem parte do processo de
decisão, respeitante aos eventos das suas próprias vidas.
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Correspondência:
Liliana Rodrigues
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