Maio / Junho de 2010 - Associação Brasileira de Angus

Transcrição

Maio / Junho de 2010 - Associação Brasileira de Angus
Impresso
Maio / Junho de 2010
Especial
2219/03 – DR/RS
Associação
Brasileira de Angus
1
CORREIOS
MAIO / JUNHO DE 2010 - ANO 11 - Nº 47
INFORMATIVO OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS
2
Maio / Junho de 2010
Associação Brasileira de Angus
VOCÊ SABIA?
Diretoria Biênio 2009/2010
Diretoria Executiva
Diretor Presidente
Joaquim Francisco B. de Assumpção Mello
Diretor 1º Vice-Presidente
Fábio Luiz Gomes
Diretor vice-presidente
Mariana Franco Tellechea
Diretor vice-presidente
José Roberto Pires Weber
Diretor vice-presidente
Paulo de Castro Marques
Diretor Financeiro
Marco Antônio Gomes da Costa
Diretor de Marketing
João Francisco Bade Wolf
Diretor de Núcleos
Ignacio Silva Tellechea
Diretor sem Designação Específica
Ronaldo Zechlinski de Oliveira
Conselho de Administração
Membros Eleitos
Afonso Motta
Antônio dos Santos Maciel Neto
Cristopher Filippon
Renato Zancanaro
Washington Humberto Cinel
Membros Natos – (Ex-Presidentes da ABA)
Angelo Bastos Tellechea
Antonio Martins Bastos Filho
Fernando Bonotto
Hermes Pinto
João Vieira de Macedo Neto
José Roberto Pires Weber
José Paulo Dornelles Cairoli
Reynaldo Titoff Salvador
Conselho Fiscal
Membros Efetivos
Eduardo Macedo Linhares
Roberto Soares Beck
Ruy Alves Filho
Membros Suplentes
Elizabeth Linhares Torelly
Carla Sandra Staiger Schneider
Roberta Riemke Leon
Conselho Técnico
Susana Macedo Salvador – Presidente
[email protected]
Antônio Martins Bastos Filho
[email protected]
Luis Felipe Ferreira da Costa
[email protected]
Luiz Alberto Muller
[email protected]
Sérgio Tellechea
[email protected]
Amilton Cardoso Elias - Representante ANC
[email protected]
Patrono mundial fala
sobre a raça Angus
Agência Ciranda - Fone 51 3231.6210
Av. Getúlio Vargas, 908 - conj. 502
CEP 90.150-002 - Porto Alegre - RS
www.agenciaciranda.com.br
[email protected]
Associação Brasileira de Angus
Av. Carlos Gomes, 141 / conj. 501
CEP 90.480-003 - Porto Alegre - RS
www.angus.org.br
[email protected]
Fone: 51 3328.9122
* Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.
O ano promete!
Prezados amigos da raça Aberdeen Angus, sócios e parceiros.
Como já sinalizamos neste
espaço, o ano de 2010 mostra-se
promissor. Realizamos, neste mês,
a Exposição de Outono de Uruguaiana com a participação de
mais de 200 animais, entre argola
e a campo, e com um nível zootécnico tão apurado que impressionou
o jurado argentino Norman Catto;
no fim de Abril, em evento realizado para a Imprensa especializada
no agronegócio, em Porto Alegre
(RS), firmamos convênio com a Associação Argentina de Angus para
aplicar avaliação de carcaças por
ultrassom. A partir desta parceria,
vamos padronizar a avaliação de
carcaças realizada no Brasil utilizando metodologia internacional
adotada pelas demais associações
de Angus, no mundo. Com isso,
vamos ter, também, mais animais
avaliados e condições de oferecer
ao mercado um maior número de
reprodutores com dados de carcaça
e qualidade de carne atendendo
necessidades da cadeia produtiva
como um todo. O Anuário Angus
2009/2010 está sendo entregue aos
HUMOR
Coordenação
Juliana Brunelli de Moraes
[email protected]
Jornalistas Responsáveis
Eduardo Fehn Teixeira - MTb/RS 4655
e Horst Knak - MTB/RS 4834
Colaboradores: jorn. Alexandre Gruszynski e
jorn. Luciana Radicione
Apoio: Assessoria de Imprensa da ABA - jorn.
Luciana Bueno
Diagramação: Jorge Macedo
Departamento Comercial: Gianna Corrêa Soccol
51 3231.6210 // 51 8116.9784
Edição, Diagramação, Arte e Finalização
EDITORIAL
associados e parceiros da Associação
Brasileira de Angus (ABA) com
informações sobre a raça, além de
tendências de seleção e mercado da
carne através de reportagens e artigos
técnicos redigidos por pesquisadores
da pecuária de corte, no país.
Ainda neste Outono, estamos observando a suprema valorização dos
terneiros Angus certificados nas pistas
de leilões da temporada. Para citar
apenas um exemplo, tivemos lote de
terneiro Angus certificado valorizado
a R$ 3,56 o quilo vivo em praça
como Pelotas, RS. No Outono Angus
Show, a ocorrer nesta edição da Fenasul 2010, em Esteio, RS, estaremos
apresentando 500 animais Angus
certificados na VIII Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas. A aposta pelos terneiros Angus certificados,
machos ou fêmeas, tem ocorrido nessa
fase de reposição com os compradores investindo em qualidade. Com
a indústria pagando premiações,
através de bonificações que podem
chegar, nos machos Angus, até 10%
sobre o valor pago pelo preço base,
via parceria da Associação Brasileira
de Angus com um dos seus parceiros,
como o Marfrig/RS, adquirir ternei-
ros ou terneiras Angus passou a ser
garantia de lucro e liquidez, mais
tarde. A parceria da ABA busca
incentivar a raça com premiações
a animais Angus Definido e cruza
Angus, qualidade de carcaça e
rastreabilidade (animais rastreados
visando exportação para a União
Europeia, e, rastreabilidade desde
a desmama). Em Londrina, PR,
em abril, o 3º Leilão Conexão Angus – Produtores e Cruzamentos,
chancelado pela ABA, negociou
um grande volume de animais
cruza Angus. Foram 860 animais
vendidos e preços médios para os
machos cruza Angus próximos dos
R$ 3,60 kg/vivo. E, na sequência,
tão logo a Feicorte, em junho, em
São Paulo, teremos a Expointer,
onde, em 2009, já comercializamos
cifra superior a R$ 1 milhão. O ano
realmente promete!
Finalizando, desejamos aos
amigos uma ótima leitura e, novos
meses promissores.
Joaquim Francisco Bordagorry
de Assumpção Mello
Presidente da ABA
Parte do plantel Aberdeen Angus do Príncipe Charles pode ser
conhecido através de um vídeo
disponível na Internet. No endereço
www.youtube/watch?v=ZbbK6-6Qtfo&feature=player_embeddedpode-se também conhecer aquilo
que o príncipe Charles pensa sobre
a raça. Ele apresenta os animais e
fala sobre o gado Angus. Charles é o
Patrono mundial da raça, seu plantel
é selecionado nas terras do Castle of
Mey, na Escócia, sob a orientação do
criador John Coultrip, que esteve no
Brasil em 2006 como juiz do Outono
Angus Show.
Seis juízes secretos
Os organizadores do Fórum
Mundial de Angus 2009, realizado
no Canadá, inovaram em vários
aspectos. Os julgamentos foram
conduzidos por seis juízes, sendo um
trio para o julgamento dos animais de
pelagem preta e um outro trio para o
julgamento dos animais de pelagem
vermelha. No Canadá, embora exista
uma única associação, os julgamentos são separados. Os juízes foram
escolhidos através de votação, porém
seus nomes mantidos em sigilo até o
início dos respectivos julgamentos. A
estratégia surpreendeu muito e teve
o propósito de manter o mais alto
grau de imparcialidade. Aliás, nem
mesmo os juízes convidados sabíam
quem integraria os trios. A escolha dos
campeões e grandes campeões, por
sua vez, seguiu um sistema de notas e
igualmente agradou.
EXPOSIÇÕES
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CARNE
Alternativas de Comercialização e Cruzamentos em Londrina
Fotos: Divulgação/ABA
O cruzamento industrial como ferramenta para melhoria das carcaças das raças continentais e zebuínas e o
complemento de qualidade proporcionado pela genética
Angus foi uma das tônicas da palestra do sub gerente do
Programa Carne Angus Certificada, Fábio Medeiros, no
8º Seminário de Pecuária de Corte, realizado durante a
Expo Londrina. O evento teve promoção conjunta da
Sociedade Rural do Paraná (SRP) e Emater, com apoio do
Ministério da Agricultura, entre outros. Segundo Medeiros, enquanto o Nelore é rústico e adaptado ao carrapato,
o Angus apresenta fertilidade, qualidade de carcaça e de
carne, além de precocidade sexual e terminação.
O técnico da ABA abordou a temática nas palestras
Alternativas de Cruzamentos para Produção de Carne de
Qualidade e Alternativas de Comercialização e Perspectivas de Mercado para a Carne de Qualidade. As aborda-
Abate Técnico Angus na Expolondrina
Numa iniciativa inédita durante a Expo Londrina 2010, com
a coordenação da Sociedade Rural
do Paraná, foi realizado um julgamento e abate técnico de novilhos
e novilhas voltados à produção de
carne de qualidade. O objetivo foi
despertar o interesse do público
participante da feira para visualização do potencial de produção
de carne de qualidade no Paraná.
Paralelamente, como parte do
mesmo objetivo, um estande de
desossa ao vivo foi montado nas dependências da feira, a exemplo do
que já havia sido feito com enorme
sucesso durante a Expointer 2009,
em Esteio, RS.
Tanto no julgamento de animais
como no abate na indústria frigorífica,
a Raça Angus foi grande destaque,
impressionando os jurados e o público
que acompanhou a atividade. Em um
julgamento realizado por cinco jurados, escolhidos entre técnicos e produtores (onde a ABA foi representada
pelo subgerente do Programa Carne
Angus – veterinário Fábio Medeiros),
exemplares da raça Angus obtiveram
importantes premiações.
Os animais de propriedade de
Marcos Molina – Fazenda Jequitibá,
em Porto Feliz, SP -, obtiveram as
premiações de Grande Campeão
Macho Dente de Leite, Reservado
Grande Campeão macho 2 dentes e
Grande Campeã Fêmea 2 dentes,
entre outros prêmios.
Segundo Medeiros, os lotes Angus impressionaram no julgamento
de mangueira pela uniformidade e
pelos dados de carcaça avaliados
por ultrassonografia. Entretanto, foi
no abate que os animais campeões
encantaram ainda mais a todos.
A atividade, que foi organizada
com o apoio fundamental do técnico da ABA no Paraná, veterinário
Antônio Chaves Neto, reuniu cerca
de 40 animais de diferentes raças e
cruzamentos. Segundo seus organizadores, no ano que o evento será
repetido, devido ao enorme sucesso
alcançado.
Frigorífico Silva – Ausqual Certified!
Durante o período de 19 a 24 de abril,
o auditor da Ausmeat, Guilherme Beil
Amado, percorreu as unidades do RS onde
a certificação do Programa Carne Angus
é realizada, verificando a conformidade
do Processo de Certificação da ABA, de
acordo com os padrões internacionais da
Ausmeat.
Todas as unidades do RS foram mais uma vez aprovadas, impressionando o auditor pela qualidade do trabalho
realizado pela equipe do Programa Carne Angus.
Nesta auditoria, a planta do Frigorífico Silva - novo
parceiro do Programa Carne Angus Certificada – em Santa Maria, RS, recebeu pela
primeira vez a auditoria de certificação da
Ausmeat. Após acompanhamento de abates,
desossa e minuciosa revisão de procedimentos e documentação, a unidade foi aprovada,
passando também a contar com a Certificação Ausmeat para a Carne Angus produzida.
A certificação da Ausmeat é um diferencial de grande
importância para o Programa Carne Angus Certificada, que
agrega padronização, qualidade e credibilidade em nível
internacional ao seu processo de certificação.
Carne Angus em Santo Antônio das Missões
Em atividade conjunta da Emater, Secretaria da Agricultura do
RS e do Programa Carne Angus
Cerificada, foi promovida no dia
31 de março no município de Santo Antônio das Missões, RS, um
encontro que reuniu cerca de 200
produtores e técnicos da região. Eles
assistiram a palestras sobre manejo
e conservação do campo nativo,
implantação de pastagens através
da integração Lavoura-Pecuária e
sanidade animal.
Foi tema ainda de um painel Tendências do Mercado para Produção
de Carne de Qualidade, quando o
Programa Carne Angus foi representado e apresentado como estratégia de
diferenciação pelo técnico da ABA,
veterinário Fábio Schuler Medeiros.
A palestra despertou o interesse
dos produtores da região, onde muitos já são usuários da raça e viram
nos programas de fomento da ABA
– Carne Angus e Terneiro Angus
Certificado – a opção de diferenciação
por qualidade de sua produção.
gens de Fábio Medeiros foram acompanhadas com vivo
interesse por pecuaristas que já realizam o cruzamento
industrial com a raça Angus no Paraná, além dos estudantes de cursos da área de Ciências Agrárias.
Medeiros ressaltou também a importância de ser
realizado um direcionamento quanto aos resultados do
cruzamento industrial. “O produtor tem de atentar para
a qualidade das carcaças que serão geradas tendo em
vista programas de carne como o Programa Carne Angus
Certificada”, enfatizou Fábio Medeiros.
Por sua vez a zootecnista Ana Lúcia Garcia Spironelli
Quintiliano, destacou em sua palestra a importância do
bem-estar animal e do manejo racional para a qualidade
da carne e a produtividade da cadeia produtiva como
um todo. O evento ocorreu no Recinto Horácio Sabino
Coimbra, no parque de exposições de Londrina, PR.
Núcleo de São Borja
O Núcleo de Criadores de
Angus de São Borja reuniu no
dia 16 de abril, durante o almoço
que antecedeu o leilão da Cabanha
Santa Clara e Convidados, cerca
de 150 produtores para uma palestra do Gerente de Extensão Rural
do Frigorífico Marfrig, parceiro do
Programa Carne Angus Certificada, Diego Brasil. Em sua apresentação, Brasil apresentou a evolução do
Grupo Marfrig no RS e destacou os
programas de fomento, onde o Programa Carne Angus é a mola mestra,
agregando os maiores diferenciais do
mercado a seus participantes.
Diego Brasil também chamou a
atenção dos produtores para a impor-
tância da rastreabilidade e mostrou que
para os animais Angus Certificados,
unindo além da certificação, a idade,
peso, acabamento e habilitação para
UE, que as bonificações ao produtor
podem chegar a 10% acima do preço
base para os machos e mais de 15%
acima do preço base para as fêmeas.
Cooperativas de carnes do Paraná
Durante a Expo Londrina 2010, dirigentes da ABA e de importantes Cooperativas de Carnes do Estado do Paraná estiveram reunidos. As cooperativas
manifestaram ao Presidente da ABA, Joaquim Mello, o interesse em passar
a fazer parte do Programa Carne Angus Certificada, agregando valor à sua
produção e conferindo garantias de qualidade aos consumidores.
Restaurante Barranco na VEJA!
A Churrascaria
Barranco, de Elson
Furini e Ilmar Tasca, parceira do Programa Carne Angus
Certificada da ABA,
obteve destaque na
revista Veja Porto
Alegre, sendo eleita
por um renomado
grupo de jurados,
especialistas em culinária, como a Melhor Churrascaria à la
carte da capital gaúcha. O principal destaque foi para seu mais nobre item do
cardápio: a Carne Angus Certificada.
Desde 2007, a ABA e o Barranco
trabalham em parceria no Estado,
unindo a experiência e tradição
do renomado restaurante de Porto
Alegre à indiscutível qualidade da
carne Angus.
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CARNE
Terminação de novilhos Angus a pasto
Fotos: Divulgação/ABA
Nos últimos anos o agronegócio passou por mudanças
significativas e a globalização é responsável direta por este novo
quadro em que a produção de gado de corte é desafiada em sua
eficiência, qualidade, baixo custo, além, é claro, nos cuidados com
o meio ambiente.
Por Nicolau Balaszov
D
iante desta nova realidade
mundial, o Programa Carne
Angus Certificada passou a
existir, com a meta de dinamizar o setor
com organização e pré-requisitos para a
produção de carne de qualidade superior,
seja ela em sistema de confinamento ou a
campo/pasto. Quanto ao “boi de capim”
ou “boi a pasto” para a terminação de
novilhos, esta pode ser em muitos casos,
a melhor alternativa que se apresenta ao
produtor, diante da infraestrutura que o
confinamento exige e dos altos custos que
representa.
Historicamente, sabe-se que nas décadas que sucederam a II Grande Guerra
Mundial os produtores no Hemisfério
Norte aproveitaram os baixos preços
da energia elétrica, insumos, combustíveis, máquinas e equipamentos e, com
mecanização e utilização de animais de
elevada produção individual, conseguiram
aumentar os lucros das fazendas. Mais
recentemente, com as seguidas quedas
nos preços dos animais e com a elevação
dos custos financeiros de toda ordem, a
prática subsidiada da criação intensiva está
sendo aplicada apenas em casos específicos
e inúmeras pesquisas já mostraram as vantagens que a terminação de animais a pasto
pode oferecer. “Em uma primeira análise,
constata-se o aumento da rentabilidade,
redução dos riscos e produção de carne de
forma altamente competitiva”, confirma
o zootecnista e professor da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Paulo
Carvalho. Ele destaca ainda, ser esta uma
prática que leva a integração lavourapecuária e que precisa ser considerada no
processo de sustentabilidade das propriedades rurais em um sentido amplo, através
de benefícios biológicos e financeiros. A
Felipe Moura
combinação de espé cies forrageiras perenes
e anuais, o uso de fertilização das pastagens e técnicas de manejo, assim como a
utilização de animais de elevada genética,
faz crescer a renda do produtor. Deste
modo, observa-se que tanto as atividades
agrícolas como pecuárias são beneficiadas
num sistema integrado.
“Os objetivos de uma terminação a
pasto estão sempre associadas em primeiro
lugar, com o baixo custo deste tipo de
manejo, sendo que qualquer outro sistema
vai envolver de 3 a 5 vezes mais de custo
por unidade de produto. Em segundo
lugar e em menor escala, outros tipos de
terminação buscam associar a valorização
da natureza dos animais, como é o caso da
imagem do boi verde que envolve procedimento ecologicamente correto”, explica
o zootecnista. Ele reforça o conceito de
que num pasto de qualidade e de manejo
correto, o abate também acontece antes
dos dois anos de idade. “No Brasil, mais de
90% da produção de carne é predominantemente pastoril e mundialmente somos
conhecidos por este tipo de produção”,
diz Carvalho.
Perguntado sobre por que muitas vezes
o pecuarista opta pelo sistema de confina-
mento, o professor justifica a escolha, via
de regra, pela dificuldade em se tratar e
daí obter um pasto de qualidade. “De um
modo geral, se erra muito mais no manejo
dos pastos do que na alimentação a cocho e
isso faz com que o sucesso na terminação a
pasto infelizmente não seja muito frequente, por esse motivo, as pessoas pensam que
é mais fácil controlar a alimentação dos
animais pelo sistema de confinamento”,
informa. Por essa razão é recomendável
que o pecuarista busque o apoio de um
técnico que possa oferecer orientação para
a melhor forma de manejo do seu pasto.
É preciso considerar, por outro lado, o
fato de que o animal produzido a pasto
tem uma aceitação maior pelo mercado
consumidor graças ao resultado da função
alimentar. “Via de regra, explica o zootecnista, o animal de terminação a pasto
é reconhecido como de maior qualidade,
pois o balanço de ácidos graxos encontrados neste tipo de carne oferece um valor
nutricional melhor.”
O professor considera importante destacar um equívoco que vem acontecendo,
quando algumas entidades têm anunciado
que os animais criados no campo sejam responsáveis pela poluição ao meio ambiente
e que favoreçam ao aquecimento global
devido ao gás metano. “Aí se estabeleceu
uma grande confusão quanto ao fato, pois
quando consideramos o sistema completo
dentro da pastagem é justamente o contrário, quer dizer, embora os animais emitam
o metano, a própria pastagem trata de
“sequestrar” o equivalente ao metano emitido e em muito maior ordem. O que faz
concluir que este sistema é absolutamente
correto, diferentemente do animal criado
em confinamento, quando não se torna
possível essa interação”, esclarece.
Confinamento ou pasto
O agrônomo e criador Felipe Moura
entende que, inicialmente, o pecuarista
precisa definir qual o tipo de sistema de
produção a ser aplicado em sua fazenda.
Ao mesmo tempo, ele traça um paralelo
importante quando diz ser necessário
diferenciar que tipo de boi Angus está
sendo preparado. “Uma coisa é o boi
Angus com maior grau de sangue europeu
e mais a condição com que se trabalha a
campo, somada a resposta que o animal
consegue dar”, orienta. Ele explica que os
desempenhos podem ser até semelhantes,
mas, de um modo geral, as propriedades
do Sudeste e Centro-Oeste brasileiros
realizam, em sua maioria, a terminação
em confinamento. Por outro lado, devido
ao clima, dificilmente um criador dessas
regiões vai realizar a terminação a campo
com animais de alta genética Angus. Ainda assim, Moura reconhece que tudo vai
depender da orientação econômica que o
pecuarista quer dar com o seu sistema de
produção. “Já é o bastante a cria ter 50% utilizam em larga escala tipos de compledo touro Angus para que a precocidade fale mentação nutricional que incluem este mimais alto e daí qualquer tipo de terminação neral. “A utilização desses compostos pode
ser válido”, entende ele.
oferecer prejuízos, pois o ferro em demasia
No Rio Grande do Sul, a interação do tende a bloquear a absorção de fósforo e
boi de alta genética Angus com o campo zinco, tão importantes no metabolismo
nativo representa uma dobradinha muito animal”, esclarece Ospina. Nutrição de
competitiva, porque o desempenho desses precisão é o termo utilizado atualmente
animais é bastante significativo graças à com o entendimento de que cada pasto
perfeita adaptação ao clima e às pastagens merece um tipo de tratamento e para isso
de inverno existentes na região. Este é importante conhecê-lo. “Isso não pode
enfoque se baseia
ser feito de olhos
na constatação de
fechados. Afinal de
que a marcante
contas precisamos
precocidade da
suplementar o que o
raça será favorecipasto não consegue
da pelas condições
oferecer e essa é uma
que a terminação
das razões porque se
a campo oferece
perde muito dinheino sul do país. “A
ro”, complementa.
escolha do tipo de
Além do asprodução é varipecto nutricional, a
ável, alguns prosuplementação tem
dutores preferem
outro enfoque que
abrir mão das altas
vem merecendo a
taxas de lotação,
atenção dos pesquiprivilegiando a gesadores e produtores
Harold Ospina Patiño
nética dos animais
rurais. O nutricional
e o ganho individual”, discorre Moura ao está diretamente relacionado com o fato de
oferecer um comparativo dos sistemas de as plantas forrageiras apresentarem perda
produção. Ele explica que, geralmente, de qualidade num determinado período
no caso onde exista a predominância das do ano, exigindo-se a suplementação.
plantas tropicais o pecuarista pode explorar “Mas também a suplementação está direa genética das pastagens favorecendo um tamente relacionada com uma estratégia
maior número de animais por hectare. de diminuição da emissão do gás metano
Em contrapartida, quando as pastagens na atmosfera”, informa o zootecnista que
são temperadas o criador vai explorar a considera esta uma ferramenta que vem
genética dos animais, limitando o número para contribuir na diminuição do efeito
destes por hectare.
estufa. No Brasil e em outros países da
“Como o Programa de Carne Angus América do Sul já se efetuam pesquisas
contempla até 50% de sangue da raça, com plantas que apresentam compostos
no caso da região Sul caracterizado pelo que tem por finalidade eliminar a emissão
cruzamento até a raça pura e no Sudeste do gás metano. “A Leucena é uma dessas
e Centro-Oeste com meio sangue Angus plantas e a folha da mandioca é outra”. Elas
e a vaca Zebu, eu posso englobar todos apresentam princípios bioativos que impeos tipos de sistemas de produção. Mas é dem ainda na fase ruminante do animal
decisivo que o produtor tenha claro qual que haja a emissão do gás. “Nesse processo,
o sistema de criação que vai escolher em há um controle sobre os microorganismos
sua fazenda, ou seja, se eu estou num local de se reproduzem no estômago do animal
onde tenha alta taxa de lotação, eu vou e consequentemente é barrada a produção
trabalhar com um tipo de animal e assim do metano”, conclui Ospina.
por diante, aí vai depender de cada um”,
explica. Ele conclui afirmando que “botando sangue Angus na fazenda, eu coloquei
“gasolina no carro” para poder andar, eu
tenho a tão decisiva precocidade”.
Suplementar ou não
“Atualmente se peca muito pelo excesso”, fulmina o professor e zootecnista
Harold Ospina Patiño, quando explica que
um dos erros mais comuns na suplementação animal de terminação a pasto é a utilização de alguns minerais que, em muitos
casos, se mostra totalmente desnecessária.
Ele cita como exemplo os pastos do RS,
ricos em ferro, e ainda assim, os pecuaristas
Paulo Carvalho
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CARNE
A cereja do bolo
Fotos: Divulgação/ABA
2007, no início do programa da ABA,
a valorização do terneiro Angus era
de 5% a no máximo 11%. “O mercado ainda não conhecida o produto
como conhece hoje”, justifica. Mas
em 2008 os terneiros certificados já
foram cotados num sobrepreço de
até 18%.
Estrutura que remunera
“Hoje, se observarmos os anúncios dos principais remates de terneiros podemos verificar a forte e destacada presença dos Terneiros Angus
Certificados nestes eventos, pois o
vendedor de terneiros sabe que possui
um produto diferenciado, e que este
produto terá um sobrepreço frente
aos demais, porque quem comprar
terneiro Angus estará levando junto
toda uma estrutura de programa com
identificação individual, certificando
sua procedência e sua qualidade, que
é confirmada por técnicos da ABA e
que culminará no ingresso no Programa de Carne Angus Certificada”,
resume a Gerente da ABA, veterinária
Juliana Brunelli.
Conforme a técnica, o crescimento da demanda por carne de
qualidade faz com que o terminador
opte por ferramentas que tragam a
certeza de resultados superiores ao
É mesmo incontestável, senão flagrante, o sucesso que faz no mercado o Terneiro Angus Certificado. Nas principais feiras final do ciclo, no frigorífico. Para
especializadas deste outono, que pipocam por todas as regiões produtoras, o terneiro Angus, com sua genética oficialmente reconhecida ela, seja através do uso de pastagens,
suplementação, confinamento e prinpela Associação Brasileira de Angus (ABA), já é produto conhecido e disputado pelos investidores como a verdadeira cereja do bolo.
cipalmente animais geneticamente
superiores, este é o caso dos terneiros
no final da cadeia, ao se transformar poeira o restante da bezerrada. Ele é aponta o técnico. E troca em miúdos: Angus e suas cruzas, que ao final da
Por Eduardo Fehn Teixeira
na melhor carne do mundo: a carne o primeiro elo da cadeia da carne, que “Enquanto os terneiros comuns valem cadeia produtiva irão participar de
le tem seu preço, aliás, como Angus certificada.
começa com a utilização pelos pro- entre R$ 2,60 a R$ 2,70 de média, os um programa de carne de qualidade,
tudo que é bom, que tem alta
Um marcante incremento de pro- dutores da eficiente genética Angus, Angus são arrematados à média de R$ consolidado e com reais bonificações
qualidade. Mas devolve com dutores em busca da certificação de incluindo no pacote os bons touros 3,42 a R$ 3,68”, revela Luiz Walter. aos seus integrantes.
sobras o investimento ao comprador terneiros para comercialização nesta nacionais, o sêmen e as fêmeas.
Ele recorda o leilão de cruzamentos
“O Programa Terneiro Angus
ao tornar-se o galã quando novilho, temporada, deixa claro o que já vem
realizado durante a Expo Londrina, Certificado já conquistou produtores
brilhando no abate, gerando receita acontecendo, num crescendo, desde
Mercado reconhece
em Londrina, PR, quando as ternei- cativos”, informa Juliana. Hoje, consuperior ao produtor, agradando ao 2007, quando foi lançado pela ABA o
É o que desforme a dirigente,
frigorífico por seu padrão imbatível Programa Terneiro Angus Certifica- taca o veterinásão mais de 90
de carcaça e, finalmente, enchendo do: a franca valorização do Terneiro rio Luiz Walter
Quem compra terneiro Angus leva junto toda uma
produtores, que
os olhos e o paladar do consumidor Angus Certificado, que coloca na Leal Ribeiro,
anualmente proestrutura de programa com identificação individual,
integrante do
curam a ABA para
certificação de procedência e uma qualidade
quadro técnico
certificar seus anida ABA. Segunmais, pois sabem
atestada por técnicos da ABA
do ele, desde a
da seriedade do
arrancada do
trabalho realizado
programa o terneiro Angus alcança ras de genética Angus se venderam à dentro deste programa, através da
no mercado, em todas as regiões, média de R$ 3,30 e os machos foram manutenção de um banco de dados
valores sempre acima da média dos arrematados por R$ 3,60.
contendo informações de cada animal
demais lotes.
Para Luiz Walter, a certificação e sua procedência, do apoio oferecido
“Este ano, o mercado já conhece do terneiro representa 33% de todo pela ABA na divulgação do remate e
e reconhece esse terneiro, que vem o ciclo da carne Angus. “Os outros do por certo do retorno financeiro
recebendo lances de pista que se 66% ficam nas mãos dos produtores, que proporciona. E espelhando-se
situam na média de 12% a até 15% porque vão depender da idade e do nestes resultados é que a cada ano o
acima dos melhores valores de refe- acabamento dos animais na hora do programa cresce, através da adesão de
rência dos demais terneiros nas feiras”, abate”, aponta. Diz também que em novos criadores.
Juliana
Brunelli
Luiz Walter Leal Ribeiro
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CARNE
Conheça melhor o programa da ABA
Fotos: Divulgação/ABA
Com o objetivo de promover, diferenciar e valorizar o terneiro Angus e os animais resultantes
de cruzamentos com Angus, com vistas ao abastecimento do Programa Carne Angus Certificada,
a Associação Brasileira de Angus (ABA) lançou em 2007 o Programa Terneiro Angus Certificado,
incorporado ao Programa Carne Angus desde 2008
O
s objetivos do programa,
hoje já praticamente cumpridos, incluem agregar
valor ao terneiro Angus e às cruzas
Angus, fomentar a utilização de
touros Angus registrados CA e PO,
direcionar a produção de terneiros ao
Programa Carne Angus Certificada da
ABA, além de fomentar a pré-seleção
de ventres de origem desconhecida.
Em resumo, a meta ampla do Programa Terneiro Angus Certificado
é valorizar o produto de genética e
caracterização Angus e o usuário dessa
genética.
Momento
favorável
Esta ação de mercado da ABA
se deu num momento favorável, de
valorização de toda a cadeia produtiva da carne, a começar pelo terneiro
Angus, seguindo pelo boi gordo e
culminando na Carne Angus Certificada. Como conseqüência, num
primeiro momento cresceu a utilização de sêmen de touros provados
e de touros registrados Angus. E na
seqüência, ganhou destaque a maior
oferta de terneiros Angus certificados
nas feiras especializadas, um tipo de
animal (produto de formato definido)
que se transformou numa garantia de
mercado para terminadores/confinadores, que ainda tinham alguma dificuldade para a obtenção de animais
de genética Angus e, óbvio, de padrão
e padronização superiores.
Banco de dados
A ABA mantém um banco de
dados dos rebanhos e dos brincos distribuídos na certificação de terneiros
Angus, permitindo rastrear a disponibilidade de terneiros certificados
a todo o momento no mercado. Na
atualidade, por exemplo, os registros
mostram que desde o início do programa já foram cerca de 10 mil terneiros Angus, certificados por quase
uma centena de produtores.
O brinco, de pequeno formato,
tem numeração seqüencial, a um
baixo custo unitário, que permite
o acompanhando dos animais até o
abate. O modelo é uma adaptação de
programas da Argentina e dos Estados
Unidos, bem como de outros países,
que acompanham a produção dos
bezerros desde o nascimento.
Agregando valor
Segundo a Gerente da ABA,
veterinária Juliana Brunelli, o produtor de terneiros já sabe que ganha
em eficiência ao utilizar o sêmen
ou a cobertura com touros Angus
registrados. Atualmente, terneiros
com este perfil são valorizados acima
das demais raças e cruzamentos, nas
principais feiras de terneiros. Com a
certificação do terneiro, o produtor
de terneiros poderá encaminhar estes
animais aos produtores de Carne
Angus Certificada, agregando ainda
mais valor ao seu produto.
Os lotes de terneiros vão receber
o Certificado Coletivo de Lote de
Terneiros Angus e Cruza Angus na
inspeção técnica da desmama, por
técnicos credenciados da ABA. Entre
os pré-requisitos da certificação dos
terneiros, os participantes precisam
comprovar o uso de touros registrados ou sêmen Angus, comprovados
por cópia do registro definitivo dos
animais ou nota fiscal da aquisição
do sêmen.
Com a certificação, cujos dados
vão para o banco de dados da ABA,
a entidade passa a ter um controle da
produção Angus, desde a venda do
sêmen, até a venda da carne no varejo,
fechando o ciclo da cadeia produtiva.
“O produtor de terneiro passa a ser
mais um elemento do ciclo a ganhar
mais com a valorização da carne”,
destaca Juliana.
O professor Júlio Barcellos, do
Núcleo de Estudos em Sistemas de
Produção de Bovinos de Corte e Cadeiras Produtivas, do Departamento
de Zootecnia da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, aprova a medida e afirma: “A certificação da qualidade genética dos animais gerados
pelos produtores de terneiros só vêm
a agregar no sistema produtivo, pois
é uma acreditação através de empresas
idôneas, que atestam a real e conhecida qualidade da raça Angus como
produtora de carne de qualidade”.
A importância do
produtor de terneiros
O produtor de terneiros,
observa Júlio Barcellos, será
cada vez mais estimulado no
sentido de que ele é a estrutura
mais importante em toda cadeia
produtiva, pois é o principal
responsável pela disseminação
da boa qualidade genética nos
terneiros que na seqüência vão
produzir a carne de qualidade
Angus. Além disso, a criação
de um banco de dados com
potenciais vendedores, além
de reduzir os custos das transações
comerciais, ainda possibilitam aos
produtores de terneiros Angus Certificados atingir mercados maiores, de
âmbito nacional, ao invés da comercialização regionalizada que acontece
naturalmente, possibilitando preços
ainda melhores.
Outro ganho importante, segundo observa Juliana Brunelli, promete
ocorrer diretamente no Brasil Central,
onde há enorme potencial de crescimento para o Programa Carne Angus
Certificada. Porém, condiciona a Gerente da ABA, naquela região há uma
premente necessidade de difundir a
raça e a genética Angus, que já possui
demanda direcionada por programas
de carne e restaurantes que buscam
carne diferenciada, de qualidade superior. O Terneiro Certificado Angus,
portanto, já se tornou um produto
com garantia de procedência e de qualidade, ambicionada por terminadores
/ confinadores.
A certificação da terneirada ocorre
na desmama, no âmbito da propriedade, por um técnico da ABA. Os
lotes mais expressivos já desfilam nas
pistas de remates neste outono, com
a certificação dos animais nascidos na
primavera.
Terneiros enquadrados no programa
Angus e Red Angus definidos (pretos e vermelhos), com o
padrão da raça Aberdeen Angus, com tolerância no item referente
às manchas brancas. Serão permitidas manchas brancas em toda a
extensão da linha inferior.
Cruza Angus; cruzamentos com zebuínos: mínimo de 5/8 de
sangue Angus (RS); cruzamentos com zebuínos: mínimo de ½
sangue Angus (outros Estados); cruzamentos com raças européias:
mínimo de 50% de sangue Angus. Neste padrão de cruzamento,
as principais pelagens que ocorrem são: preta, osca, tapada, fumaça, amarela, pampa preta, mascarada preta, mascarada vermelha,
brazina e vermelha. E ainda os animais selecionados devem ser
mochos, preferencialmente rastreados e os machos obrigatoriamente
castrados.
Maio / Junho de 2010
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Maio / Junho de 2010
CARNE
Fotos de Ana Carolina e Reneu Ries
Garantia de maior rentabilidade
A criadora Ana Carolina Ferreira Kessler (leia-se Fazenda
Calafate, em Rio Grande, RS) está à frente de uma propriedade
que lida com Angus desde 1956, e que é reconhecida hoje como
um dos estabelecimentos especializados na produção de terneiros
de genética Angus – os Terneiros Angus Certificados.
“A
raça Angus é internacionalmente reconhecida pela qualidade e
maciez da carne que gera, e que aqui
chega à mesa do consumidor através
do Programa Carne Angus Certificada.
E nós, da Calafate, estamos bastante
satisfeitos com a linha de trabalho
que escolhemos e em poder ofertar
ao nosso cliente produtos certificados
Angus, convictos de ser garantia de
melhor remuneração e rentabilidade
ao produtor rural”, argumenta a administradora da propriedade.
Atual presidente do Núcleo Sudeste de Angus, Ana Carolina avalia o
posicionamento de seu trabalho como
uma iniciativa que integra os elos da
produção de carne de qualidade. “Aumenta a demanda para touros Angus,
valoriza o terneiro produto destes
touros e, na ponta da cadeia, bonifica
na terminação”, avalia. Ana Carolina
diz ainda que produzir terneiros com
a certificação de genética Angus é uma
ação que produz sinergia e excelência,
com um reconhecimento cada vez
maior do mercado como um todo.
“O terneiro que produzimos, se não
for o melhor do mercado, está certa-
mente entre os primeiros, que por sua
qualidade e competente resposta no
apronte para abate, obtém também
uma dos mais elevados preços nas feiras
especializadas e no mercado de modo
geral”, orgulha-se a produtora.
Questão de tempo
O agroempresário Reneu Ries, que
tem produção própria de terneiros de
genética Angus e que também é importante comprador desta mercadoria,
acredita que o mercado já diferencia a
carne Angus por sua alta qualidade, e
que em função disto os frigoríficos já
Ana Carolina Ferreira Kessler
Reneu Ries
pagam bonificações pelos animais desta
genética, que apresentem o padrão de
carcaça desejado.
À frente da Fazenda Vitória, em
Carazinho, RS (onde está a base do
processo de terminação) e da Fazenda
das Pedras, em Cachoeira do Sul, RS
(criação de terneiros), Ries revela que
o rendimento da carcaça do terneiros
Angus certificado pela ABA tem ficado
realmente acima da média.
“Especialmente os nichos de mercado já perceberam as vantagens de
operar com esses terneiros e já olham
com outros olhos para este produto”,
diz. Para ele, os frigoríficos já deveriam
estar valorizando bem mais os novilhos
de comprovada genética Angus, uma
vez que o consumidor já paga mais pela
carne Angus. “Mas isso é só uma questão de tempo e também da elevação da
escala nos abates”, avalia.
Reneu Ries faz ainda uma revelação que diz muito: “Compro e vendo
terneiros e negocio o abate de meus
novilhos terminados com os frigoríficos. E hoje faço todas essas transações
por telefone, direto de meu escritório,
porque o padrão de qualidade desses
produtos já são conhecidos do mercado, eliminando a presença física nos
locais, para avaliação visual, o que se
reverte em agilidade, redução de despesas e tempo com deslocamentos”,
aponta o pecuarista, lembrando que
genética Angus é receita certa.
CONSELHO TÉCNICO
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Exames de DNA Animal – bovinos
A Tipagem Sanguínea é um procedimento obsoleto. O material de coleta
para se realizar o exame fica restrito ao sangue. Foi substituído pelos Testes
de DNA, com amplas e inquestionáveis vantagens, sendo a principal sua alta
capacidade de exclusão (99,99%).
Na Tipagem Sanguínea é realizada a identificação do tipo sanguíneo do
animal, por meio do qual, na verificação de parentesco, compara-se o tipo
sanguíneo do produto com o de seus supostos pais, sendo sua principal desvantagem uma variada capacidade de exclusão (65 a 95 %).
Foto: www.merial.com.br
PATERNIDADE
GENOTIPAGEM
Principal aplicação na identificação animal
Principal aplicação na determinação de parentesco
Determina quais alelos (apresentações diferentes de
um mesmo gene) contém o DNA do animal.
Compara os alelos do animal em questão com os
alelos dos pais.
É necessário para sua realização somente a amostra
do animal em questão.
É necessário para sua realização, além da amostra
ou DNA do animal em questão, o DNA do Touro e
da Vaca que se busca comparar.
É possível reconstituir o DNA de animais através do
DNA de suas progênies. Ex.: animais já mortos ou de
difícil coleta de amostra.
É possível verificar a relação de parentesco a partir
de parentes próximos (irmãos completos, meioirmãos, avós). É preciso 4 ou mais parentes.
Informar os dados completos do animal que se necessita estar presente no laudo (raça, idade, sexo, HBB,
tatuagem, etc.)
Informar, além do animal em questão, os dados
completos dos pais.
Foto: Instituto Hermes Pardini
Alta capacidade de exclusão (99,99%)
Técnica moderna e de alta precisão.
Coleta de material mais comum enviado para extração do DNA: amostras de pêlo, sêmen e sangue.
Coleta de pêlo da cauda do animal - quantidade mínima de 20 pêlos.
Importante preservar o bulbo (raiz do pêlo), do qual é extraído o DNA.
Não pode misturar o pêlo de um animal com o de outro.
Somente Laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura podem realizar o Teste para confirmação
de parentesco, com o objetivo de registro genealógico dos produtos.
Exame de DNA e de Tipagem Sanguínea são técnicas completamente distintas. Portanto, não é possível
realizar exame de DNA a partir dos laudos de Tipagem Sanguínea.
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MELHORAMENTO GENÉTICO
Fotos: Horst Knak/Agência Ciranda
Joaquim Mello comemorou
convênio ABA - AAA em evento
durante evento no restaurante
Barranco em Porto Alegre/RS
ULTRASSONOGRAFIA
A carcaça Angus
por dentro
O convênio entre a Associação Brasileira de Angus (ABA) e a Associação
Argentina de Angus (AAA), para a realização da avaliação de carcaças
através da ultrassonografia, foi assinado no dia 28 de abril, durante almoço
realizado na Churrascaria Barranco, em Porto Alegre, RS. Na ocasião,
também foi comemorado o sucesso da comercialização de sêmen Angus em
2009 e lançado o Anuário Angus 2009
A
través desta parceria, a ABA
se utilizará da experiência adquirida pela coirmã
AAA, que vem desenvolvendo
consistente trabalho na promoção
da avaliação de carcaças por ultrassonografia na Argentina, com
resultados altamente positivos. O
convênio tem como objetivos a
promoção e crescimento da ultras-
Susana Salvador
sonografia de carcaças no Brasil, a pelo mesmo protocolo utilizado
formação de mão-de-obra técnica nos principais países criadores de
e a padronização do procedimento Angus no mundo, visando oferecer
de coleta e avaliação de imagens, ao mercado um maior número de
de acordo com os critérios inter- reprodutores com dados de carnacionais utilizados por criadores caça e qualidade de carne. E com
de Angus dos EUA, Austrália e isso, também vamos atender às
mais recentemente da Argenti- necessidades da cadeia produtiva
na. A técnica irá
como um todo”,
também incorpoavalia a presidente
rar avaliações para ABA e Associação do Conselho Téccaracterísticas de Argentina de Angus nico (CT) da ABA,
marmoreio relaciofirmam parceria Susana Macedo
nadas à qualidade
Salvador.
para avaliação
da carne.
Para a dirigente
A partir desta
do
CT,
a nova mede carcaças por
parceria, as imaque paultrassonografia todologia,
gens de ultrassom
droniza a obtenção
coletadas nos anie as avaliações das
mais Angus passarão a ser avaliadas ultrassonografias de carcaças, vai
no Centro de Interpretação de ampliar e qualificar ainda mais este
Imagens Ecográficas (CIIE), na trabalho. “Isto vai proporcionar
Argentina. “Com este novo tra- ao criador o atingimento de seus
balho, estamos buscando ampliar objetivos de seleção com maior
o número de animais avaliados segurança e o melhor atendimento
ás exigências cada vez maiores do
mercado”, assegura Susana.
Bastante pontual e baseado na
experiência argentina, que há anos
já desenvolve as metodologias de
exames de carcaças que agora serão
aplicadas no Brasil, o presidente da
Associação Argentina de Angus,
Sebastián Rodríguez Larreta, lembrou que “para superar qualquer
crise, a melhor defesa é a qualidade
da carne”.
Participaram da solenidade de
assinatura do convênio, além do
presidente da ABA, Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção
Mello, e da presidente do Conselho Técnico da entidade, Susana
Salvador, o vice-presidente da
ABA, Fábio Luiz Gomes, o diretor
de Marketing da ABA, João Bade
Wolf, os representantes da Associação Argentina de Angus (AAA) - o
presidente, Sebastián Rodríguez
Larreta, o vice-presidente e coor-
denador da Comissão Técnica da
AAA, Alfonso Bustillo e o coordenador do Programa ERA da AAA,
Mariano Fernández Alt.
Carne Angus foi servida no evento
MELHORAMENTO GENÉTICO
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O que dizem os especialistas nacionais
Fotos: Divulgação
Jaime Tarouco: economia de vinte meses na identificação do ganho genético
“A ultrassonografia tem a enorme vantagem de ser uma técnica não invasiva (o animal não
precisa ser abatido – é analisado vivo), o que proporciona a identificação de animais superiores
para a produção de carne de qualidade”, sintetiza o médico veterinário José Luiz Quadros, que é
especializado em ultrassonografia de carcaças de bovinos e professor de zootecnia de bovinos de
corte da Faculdade de Veterinária da PUC, em Uruguaiana, RS.
O
técnico observa tratar-se técnica da ultrassonografia são de o estado esperado na terminação.
Considerado pioneiro na utilide uma ferramenta capaz grande utilidade para o trabalho de
zação da técnica da ultrassonografia
de orientar o criador na seleção genética.
busca das características desejáveis,
“Pode-se avaliar o potencial para a avaliação de carcaças bovinas
na seleção genética de seu rebanho. genético do animal para a produção no Brasil, o zootecnista e professor
“Quando maior for a área de olho de carne, que é demostrado pelo da UFRGS Dr. Jaime Urdapilleta
de lombo, haverá também um au- tamanho da área de olho de lombo”, Tarouco, observa que a necessidade
mento na proporção dos cortes de explica a expert, acrescentando que de quantificar as relações existentes
maior valor agregado na carcaça”, diz também se pode observar o que há de entre as características obtidas por
Quadros, enfatizando algumas carac- gordura de acabamento, que indica a ultrassom e características de carcaças
terísticas positivas da genética Angus, precocidade do animal. E ainda fica dos tipos biológicos criados em nosso País deve-se às
que entre outras
peculiaridades de
são a precocinutrição, maneA ultrassonografia na pecuária permite a
dade sexual das
jo e composição
fêmeas e o marobtenção de informações sobre rendimento e
de carcaça que o
moreio (gordura
qualidade
de
carne/carcaça,
em
idade
jovem
mercado nacional
entremeada) na
exige.
carne.
e sem a necessidade do abate dos animais
“É necessário
Na mesma
identificar
a aculinha, a Dra. Lirácia
e
repetibilidade
dos
técnicos
liane Suguisawa, diretora técnica da possível avaliar o grau de marmoreio
DGT Brasil, em Presidente Pruden- do exemplar. “Marmoreio resulta que utilizam à ferramenta ultrassonote, SP, considera a ultrassonografia em suculência e sabor da carne”, grafia para desenvolver as estimativas
genéticas para o mérito de carcaça.
como “uma ferramenta de seleção enfatiza.
incrível, porque com a sua utilização
No caso de confinamento de E, ainda, gerar padrões de referência
se consegue avaliar cada indivíduo bovinos – observa a Dra. Liliane – se através de uma linha de pesquisa
do rebanho para as características de determina peso, gordura e rendimen- para identificar um ótimo critério de
carcaça e qualidade de carne, sem que to de carcaça esperados e quanto a avaliação para a realidade brasileira”,
o animal precise ser abatido”.
dieta vai possibilitar de ganho de peso observa o experiente técnico. Ele
Zootecnista por formação, com aos animais encerrados. Assim, com deu início a seu trabalho nesta área
mestrado em ultrassonografia pela o uso da ultrassonografia, fica pos- em 1993, na Universidade Federal
Esalq/Usp e doutorado em mar- sível estimar uma padronização das Rural do Rio de Janeiro. É doutor
cadores moleculares pela Unesp/ carcaças, com a enorme vantagem da em zootecnia pela Ufrgs, com pósBotucatu, SP, ela diz também que eliminação do chamado boi ladrão, doutorado pela Universidade de São
as informações obtidas através da que só vai comer e não vai apresentar Paulo ( USP).
Tarouco confirma que a grande
importância da ultrassonografia para
a pecuária é a possibilidade da obtenção de informações sobre rendimento e qualidade de carne/carcaça, em
idade jovem e sem a necessidade do
abate dos animais. Outra vantagem
que cita é a redução do tempo para
provar um reprodutor para características de carcaça.
“Para isso, com o uso da ultrassonografia, na pior das hipóteses se
economiza 20 meses na comparação
com o teste de progênie tradicional,
onde há a necessidade do abate da
produção do touro para que se possa
constatar se ele transferiu ou não
para seus filhos as suas características
e qualidades genéticas.
Outro ponto colocado por Jaime Tarouco é que com a ultrassonografia se pode obter uma maior
volume de informações das fêmeas,
porque em média apenas 20% são
descartadas,abatidas e os dados de
carcaça podem ser obtidos. Enquanto
que na reprodução se retém 80%
delas e assim por ultrassom antes do
inicio do período reprodutivo podemos obter os dados de composição
corporal, isto é importante porque
50% dos genes dos filhos são originários da linha maternal.
Mas Tarouco critica os chamados
modelos prontos. Ele defende que o
Brasil precisa desenvolver seus próprios protocolos nesta área, porque
a magnitude das informações das
características são diferentes, consideradas as criações de outros países.
“Em outros lugares do mundo, o
meio é diferenciado do nosso, assim
como a alimentação e os sistemas de
produção e as idades das avaliações”,
diz, exemplificando que nos Estados
Unidos essas avaliações por ultrassonografia são feitas dos 12 aos 14
meses, ao passo que no Brasil a idade
de avaliação é aos 18 meses.
O tecnico da ABA, Fabio Schuler Medeiros, Doutor em produção
animal pela Ufrgs, comenta que no
protocolo de avaliações de animais
Angus no Brasil, as diferenças nos
sistemas de produção foram incorporadas com a alteração da idade
de coleta das imagens para até 19,5
meses de idade e a incorporação
da medida de espessura de gordura
na picanha ou P8, para todos os
animais. Medeiros explica que esta
medida (egp8) permite uma melhor
avaliação do acabamento em animais
a pastejo, sendo mais adequado aos
nossos sistemas de produção, porem
sem nenhuma exclusão das medidas
tradicionais. Com a alteração da faixa
de idade para animais em pastejo teremos também uma maior “precisão”
nas avaliações de marmoreio.
“A pesquisa de sítios anatômicos
alternativos de medidas ultrassônicas
e os modelos de predição para o peso
e os rendimentos dos cortes comerciais desossados continua sendo um
desafio para a pesquisa no Brasil”,
adverte. A Ufrgs já iniciou uma linha
de pesquisa nesta direção com várias
raças e esperamos dentro de um futuro próximo obtermos as informações
necessárias para a aplicabilidade
prática destes modelos por parte da
indústria da carne vermelha.
Para ele, a ultrassonografia pode
ser uma ferramenta importante para
que nossa indústria potencialize a
qualidade da carne produzida dentro
de especificações que determinados
nichos de comercialização exigem e
com um maior valor agregado. “A
técnica de ultrassonografia em tempo
real estima com precisão suficiente
para ser utilizada em programas de
seleção genética, mas com a ressalva
de que o técnico precisa ser capacitado”, condiciona.
Liliane Suguisawa: ultrassom também elimina o chamado "boi ladrão"
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Maio / Junho de 2010
CONSELHO TÉCNICO
Fotos: Divulgação/ABA
Conselho Técnico: unidade e sintonia fina
Corpo Técnico reúne-se anualmente para a realização de atualizações e treinamentos
Atualização, capacitação e padronização de critérios no trabalho
de seleção genética da raça Aberdeen Angus foram os principais
objetivos da já tradicional Reunião do Corpo Técnico da Associação
Brasileira de Angus (ABA), que este ano foi realizada nos dias 26 e
27 de abril, em Bagé, RS.
C
om marcante presença dos
técnicos credenciados e dos
dirigentes do Conselho Técnico da ABA, foram desenvolvidas
várias atividades na sede da Embrapa
Pecuária Sul e em propriedades de
criação de Angus daquela importante
região do Estado gaúcho.
A reciclagem, envolvendo palestras
técnicas, simulações de julgamentos e
produtivos debates com os técnicos,
este ano, na opinião dos organizadores
do evento, teve como principal destaque a interação e a efetiva participação
dos técnicos, debatendo e opinando
com desenvoltura sobre os trabalhos
realizados por eles no dia a dia da
seleção da raça.
Maior participação
Para a presidente do Conselho
Técnico (CT) da ABA, criadora de
Angus e médica veterinária Susana
Macedo Salvador, o encontro deste
ano foi marcado por uma enorme
aproximação, integração e efetiva participação dos técnicos. “Inclusive os
temas abordados foram indicados pelos
próprios técnicos, o que abriu caminho
para uma conversa franca, resultando
também em várias contribuições que
vieram dos próprios profissionais”,
ressaltou a dirigente.
Susana enfatizou que na atualidade
a ABA conta com uma equipe de técni-
cos bastante experientes e muito bem
entrosados no trabalho com a raça, o
que resulta num amadurecimento das
atividades, gerando uma sintonia bastante desejável desses técnicos com as
metas da ABA na seleção da raça.
Amadurecimento e elevado nível
Já o agrônomo Amilton Cardoso
Elias, superintendente da Associação
Nacional dos Criadores – Herd Book
Collares, destacou basicamente dois
pontos da reunião: a unidade de
posições dos técnicos sobre os vários
assuntos tratados (o que segundo ele
mostra a um só tempo um amadurecimento e um nível elevado), e a palestra
do zootecnista William Koury Filho,
que considerou uma importante novidade, onde destacou o detalhamento
para o olhar de um jurado e a didática
mostrada pelo especialista.
Controle do Carrapato
Segundo a programação, na manhã
do dia 26 foram tratados alguns assuntos internos e de interesse do Corpo
Técnico, como alterações no Regulamento 2010 da ABA e também passadas
informações aos técnicos sobre as atuais
parcerias e convênios da ABA. Na seqüência ocupou a cena a palestra da Médica Veterinária Cláudia Cristina Gomes,
pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul,
que abordou o tema Carrapato Bovino
e Tristeza Parasitária Bovina.
“O manejo do controle do carrapato deve ser realizado de forma a
retardar o processo de instalação de
resistências aos carrapaticidas”, enfatizou a especialista, detalhando a questão
aos técnicos da ABA. Ela também
apontou que os animais precisam ter o
nível de infestação capaz de promover
a imunização natural contra a Tristeza
Parasitária Bovina.
No turno da tarde foi desenvolvida
a área prática, sob a coordenação de
Susana Salvador. O grupo se deslocou
para a Estância do Salso, do Condomínio Sylvio Claudio Scalzilli, em
Bagé, onde foram recepcionados pelo
administrador do Grupo Scalzilli e
criador de Angus em sua Agropecuária Ponderosa (em São Paulo, SP), o
técnico Felipe Moura.
Também estiveram presentes o
zootecnista do estabelecimento, José
Severo, e o técnico da ABA José Carlos
Guasso. Ali foram realizadas as simulações de classificação de animais, a partir
da apresentação de lotes de exemplares
de criação dos Scalzilli. À noite o
grupo foi recepcionado com jantar
pelo Núcleo Regional de Criadores de
Aberdeen Angus de Bagé, liderado por
seu presidente, Alfredo Pinheiro.
Didática nos julgamentos
Já no dia 27 (segundo e último dia
do encontro), a parte da manhã foi
ocupada pela interessante palestra do
especialista em julgamentos de classificação, William Koury Filho, doutor
em zootecnia e sócio da empresa de
consultoria Brasilcomz. O tema da
palestra foi Avaliação Estrutural Linear
e Sistema de Julgamento. Segundo ele,
para a realização de um julgamento
correto e que possa servir de orientação
aos criadores na seleção dos animais,
o jurado precisa atentar para todos os
detalhes técnicos funcionais e exigidos
pelo Standard da raça.
“É preciso agregar ao conhecimento da raça, uma didática capaz de avaliar os mínimos pontos que são exigidos
para os animais, atribuindo-lhes notas,
para que no somatório final se tenha
o direcionamento de um campeão, de
modo técnico, eliminando dúvidas ou
discussões sobre as decisões de pista”,
observou o especialista. Agindo assim,
conforme o técnico, ficará descartada
uma avaliação empírica, mais ligada ao
gosto pessoal.
À tarde foram simuladas situações
práticas, com a presença de Koury
Filho, na Cabanha da Maya, em Bagé,
onde o grupo foi recepcionado pelo administrador, Paulo Flores. Em seguida
o deslocamento para a Cabanha São
Dionísio, onde a recepção ficou a cargo
do criador Ricardo Kalil Gonçalves.
Em ambas as visitas o grupo contou
com o apoio do técnico da ABA Luiz
Walter Ribeiro.
Estiveram presentes no encontro,
além dos técnicos credenciados da
ABA nos estados do RS, PR e SP, a presidente do Conselho Técnico da ABA,
Susana Macedo Salvador, Luis Felipe
Ferreira da Costa (Membro do Conselho Técnico da ABA), Amilton Cardoso Elias (Representante da ANC),
Fábio Schüller Medeiros (subgerente
do Programa Carne Angus Certificada
e técnico do Melhoramento Genético)
e ainda a médica veterinária Débora
Brochmann Chait, Assistente Técnica
da ABA.
NOTÍCIAS DA ABA
ABA publica
Anuário Angus 2009
É literalmente o ano de 2009
revisitado. Basicamente é o que o
leitor vai encontrar ao folhear a bem
acabada edição do Anuário 2009,
distribuído pela Associação Brasileira
de Angus (ABA) no dia 28 de abril,
durante almoço realizado na Churrascaria Barranco, em Porto Alegre, RS.
Na ocasião também foi comemorado
o sucesso da comercialização de sêmen
Angus em 2009 e assinado o con-
vênio entre a Associação
Brasileira de Angus (ABA)
e a Associação Argentina
de Angus (AAA) para a
realização da avaliação de
carcaças através da ultrassonografia.
A edição destaca o trabalho realizado em 2009
envolvendo a raça Aberdeen Angus no Brasil, especialmente nos estados
do Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, Paraná
e São Paulo. O Anuário
Angus também apresenta
informações sobre a raça
como tendências de seleção
e mercado da carne, temas
que são registrados em reportagens e artigos técnicos redigidos
por pesquisadores da pecuária de corte
no Brasil, além de depoimentos de
criadores e associados sobre a raça,
a genética, produção e qualidade da
carne Angus. São mais de 200 páginas coloridas num trabalho realizado
pela ABA e os seus departamentos de
exposições, leilões, Programa Carne
Angus Certificada, Terneiro Angus
Certificado e Conselho Técnico.
Maio / Junho de 2010
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Angus bate recorde na venda de sêmen:
mais de 1,45 milhão de doses
Com a comercialização de
1,452 milhão doses de sêmen, o
relatório da Associação Brasileira
de Inseminação Artificial (Asbia)
aponta a liderança isolada da raça
Angus entre as raças européias (taurinas) em 2009. Tal desempenho e
predomínio da raça no Brasil é recorde e pode ser verificado também
ao se observar que a Angus detém
mais de 80% do mercado de sêmen
das raças taurinas de corte, no
somatório de outras 24 européias
analisadas no relatório.
Para o presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA),
Joaquim Francisco Bordagorry de
Assumpção Mello, esses números
demonstram a qualidade da raça,
que a torna preferência nacional
quando o assunto é gado de corte
europeu e, sobretudo, quando
utilizada no cruzamento industrial.
“Paralelo a isso, tem o trabalho
desempenhado pela ABA que atua
na divulgação dos benefícios da
raça quando o assunto é genética
e carne de qualidade”, enfatizou o
dirigente da ABA.
O resultado representa um
incremento de 405 mil doses sobre
o ano anterior (2008), num a alta
de 38,68%. No período, o mercado
nacional de corte obteve incremento
de 18,35%. Somente no RS foram
comercializadas 190,72 mil doses
de sêmen Angus, o que representa
46% de todo o mercado gaúcho.
Nas demais regiões brasileiras foram
1,26 milhão doses de sêmen Angus
vendidas, especialmente no Brasil
Central, nas regiões Centro-Oeste,
Norte e em estados como São Paulo,
o que mostra a grande utilização da
genética Angus em cruzamentos com
o gado zebuíno.
PROMOÇÕES
A ABA está atuando forte no
Fomento da Carne Angus, especialmente no Rio Grande do Sul. Desde
janeiro deste ano, a ABA e o Marfrig/
RS premiam o fornecedor de carne
Angus, integrante do Programa Carne Angus Certificada no Estado. A
parceria selada em dezembro de 2009
busca incentivar a raça Angus com
premiações baseadas em três pontos:
animais da raça (Angus Definido e
Cruza Angus), qualidade de carcaça
e rastreabilidade (animais rastreados
visando exportação para a União
Europeia e rastreabilidade desde a
desmama).
As premiações foram retomadas
com o arrendamento, pelo Marfrig/
RS, das unidades do Frigorífico
Mercosul, no RS. Com isso, hoje,
todos os parceiros do Programa
Carne Angus Certificada premiam
os fornecedores de carne Angus:
Marfrig/RS - As bonificações nos
machos Angus podem chegar até
10% sobre o valor pago pelo preço
base (valor refere-se aos animais
que integram tabela Trace, isto é,
estabelecimentos aprovados para
exportar aos países da União Europeia). Já as fêmeas Angus rastreadas,
também conforme a tabela Trace,
podem ter bonificações superiores
a 15% (valor do kg/carcaça do
macho + 9%). E os Frigoríficos
Silva e Angus da Gruta – os demais
parceiros da ABA, no RS, também
conferem bonificações diferenciadas
aos fornecedores de carne Angus.
As premiações aos animais Angus
e Cruza Angus ocorrem dentro dos
quesitos do Programa Carne Angus
Certificada.
18
Maio / Junho de 2010
PARCEIROS
Da perspectiva de um comprador de gado
Selecionei este artigo para traduzir para a
ABA por achar particularmente interessante
sob o ponto de vista estratégico e comercial.
Os americanos sempre tem algo a ensinar sobre
como vender. E isto me chamou a atenção. O
produtor muitas vezes preocupa-se com custos e
parte técnica - que são fatores importantíssimos
- mas esquece outro igualmente importante: a
comercialização.
Tim Schiefelbein é natural de Kimbal, Minnesota. Lá trabalha como gerente de compras
do Swift pela manhã; mas, pela tarde, trabalha
em seu negócio familiar de criação de gado de
cabanha, de cria e confinamento. Antes de retornar a Minnesota e assumir sua posição atual,
Schiefelbein estava alocado no escritório da Swift
Greeley, no Colorado, onde operou como chefe
de compras, adquirindo cerca de 5 milhões de
cabeças por ano. O outro crédito de Schiefelbein
foi de desenvolver o primeiro programa de premiação de carcaças, que revolucionou a forma
em que o gado é comprado e vendido hoje nos
Estado Unidos.
É importante ressaltar, para melhor compreensão do artigo, que “Choice” e “Select” são
avaliações de carcaça pelas quais os frigoríficos
pagam respectivamente mais e menos.
Marcos Silveira
Médico Veterinário e Criador de Angus
Representante CRI Genética Brasil
Criando Demanda
A vasta experiência deu a ele uma perspectiva
única sobre o tipo de gado que os frigoríficos e
seus consumidores querem e que rende dinheiro a
produtores tradicionais.
Se você quiser produzir algo com valor, a primeira coisa a fazer é conhecer quem seu cliente é, e
produzir o que aquele cliente quer. Produtores de
terneiros não podem satisfazer-se em simplesmente
encontrar as necessidades do seu cliente inicial: o terminador. Eles devem também estar preocupados em
satisfazer as necessidades do cliente do terminador:
o frigorífico. E do cliente do frigorífico; o varejo, os
restaurantes, e, por fim, o consumidor.
Há muitos clientes com que se preocupar.
Ademais, você deve fazer as vacas parirem com
facilidade, manter condição corporal e repetir cria
todos os anos. A boa notícia é que gado de campo
pode ser exatamente o que os clientes querem, e se
você produzir o que seu cliente quer, você conseguirá
mais dinheiro pelos seus animais.
Ainda que haja diferentes tipos de terminadores,
todos querem gado saudável. Ninguém quer brincar
com terneiros doentes, eles não engordam bem nem
ganham boa avaliação de carcaça. Terminadores
querem que os terneiros cresçam bastante e rápido.
Depois de estes critérios serem alcançados, alguns
terminadores, ou terminadores de “commodity” são
satisfeitos com um gado de carcaça adequada. Eles
não acham que deva ser excepcional; só bons o suficiente para o frigorífico comprá-lo. Um terminador
de valor agregado, por outro lado, quer uma carcaça
“Premium” e pagará mais para obtê-la, já que ele está
vendendo com diferencial de preço.
Isto nem sempre foi o caso. Andes de meados
de 1990, quando a “revolução de valor de base”
começou, as empresas pagavam o mesmo por
gado bom e ruim. Eles estavam comprando lotes
“Select” e pagando US$ 120, e, por lotes “Choice”,
os mesmo US$ 120. Não havia incentivo para você
melhorar o gado.
Eu decidi que se pagássemos mais por gado
melhor, então seria possível que conseguíssemos
melhores animais e começou a desenvolver-se o primeiro programa de agregação de valor da indústria
de carne; que remunerava animais de características
desejáveis tais como marmoreio e carcaças de alto
rendimento e descontava aquelas características
indesejáveis.
A melhor forma de descobrir o que o frigorífico
quer é estudar a histórica diferença entre “Choice” e
“Select”, que mostra a diferença de valor entre estas
duas notas comuns. Para mim, este é um ótimo guia,
porque quando eu vendo ao meu cliente; o varejista,
é assim que ele está me pagando. Normalmente, em
janeiro, frigoríficos tem todos os animais “Choice”
que precisam, então a diferença “Choice x Select” é
pequena, e o sujeito que tem “Choice” recebe mais
do que “Select”, mas não tanto a mais. A variação
“Choice x Select” tende a aumentar em abril, maio e
junho, quando há normalmente mais “Select” sendo
abatido. Carne “Choice” está em alta demanda
nesta época do ano, porque é época de churrasco
e consumidores querem impressionar amigos com
uma boa carne.
Conheça seu Gado e Seu Mercado
Conhecendo as diferenças sazonais comuns na
diferença “Choice X Select” pode ajudar produtores
a decidir quanta ênfase eles devem colocar nas características de carcaça quando estiverem tomando
decisões de manejo. Se você abater num momento
em que o “Choice” for escasso, tenha certeza de seus
animais estarem com boa graduação, para ganhar
mais dinheiro.
Para criar gado para um mercado buscando valor
agregado, produtores devem empregar a genética
correta. A genética tem um grande papel na qualidade da carcaça porque tem 40% de herdabilidade.
Nem todos, no entanto, consideram a herdabilidade das características quando tomam decisões
de aquisição. Isto também é motivo pelo qual
compradores de gado são desconfiados de comprar
linhagens que nunca compraram antes. Provavelmente a maioria graduará bem ou mal devido à alta
herdabilidade das características de carcaça.
Composição Racial
Todos sabemos que a heterose ocorre. Se você
tem uma combinação de raças, você sabe que tipo de
mistura é necessária; se perguntando como você quer
comercializá-la. Quando selecionamos os melhores
indivíduos dentro da raça, aí é quando realmente
podemos fazer algumas melhoras.
Também é importante ficar longe dos extremos, porque você não quer que o terminador de
“commodity” não queira seu gado. Você tem um
problema de verdade quando seus animais não se
encaixam no mercado de “commodity”. Parceria
para engorda é a melhor forma de agregar valor, mas
também agrega risco.
Conceitos básicos, como selecionar o touro
certo, assegurar-se do gado estar adequando à sua
operação primeiramente e sobretudo, e manter os
animais saudável são ainda pontos críticos para o
produtor.
E até tudo isto perde importância se o produtor
não dá garantia do seu gado e não desenvolve uma
relação com seus clientes. Relações são fundamentais; você pode se diferenciar dos outros dizendo
“obrigado” quando vende seus terneiros, fazendo
uma ligação no período de recria e perguntando se
os terneiros estão saudáveis, e claro que estão. Faça
uma terceira ligação “qual foi a avaliação no abate”.
Sabendo que eles irão bem devido ao que você já
tem feito para produzi-los assim. E também diga “a
propósito, eles vão a venda este ano também, em tal
e tal lugar, em tal e tal datas.”
Para aonde vão os carrapatos no inverno?
As larvas na fase livre (nesta foto, cada pontinho no pasto) não se alimentam
Por Octaviano Alves Pereira Neto
A crença de que no inverno os carrapatos desaparecem é ilusiória, pois logo na primavera lá estão eles
novamente, avançando sua infestação na pastagem.
O que ocorre de fato, é uma drástica redução na
população de larvas presentes no pasto, acompanhada
pela queda ou suspensão total da ovoposição das
fêmeas de carrapato (teleóginas) que permanecem no
solo, a espera de melhores condições climáticas.
Para entender melhor este processo devemos
conhecer o ciclo biológico do parasito. O carrapato,
como acontece com outros parasitos internos e
externos, possui duas fases de vida bem distintas,
tanto em termos de duração como de mudanças
morfológicas.
A fase parasitária, desenvolvida no corpo do
hospedeiro, inicia a partir que a larva (o chamado
micuim) sobe no bovino, vinda do pasto. A partir
de então, fixa-se em uma determinada parte do
corpo e começa a se alimentar, sofrendo uma metamorfose após 6 a 8 dias, tornando-se uma ninfa.
Esta por sua vez, fixa-se e após cerca de sete dias,
muda novamente, atingindo a fase adulta, quando
tambéml há a diferenciação sexual de macho e fêmea
e o acasalamento do parasito. As fêmeas fertilizadas
(teleóginas) ingerem grandes volumes de sangue (±
3mL/parasito) por mais 7 a 8 dias, aumentando de
tamanho e caindo ao solo. O macho tem papel pouco
importante no parastismo. Assim, a fase parasitária
dura em média 22 dias, com pequenas variações para
mais ou menos tempo, pois a temperatura corporal
e alimentação adequadas.
Com a queda da teleógina ao solo, inicia-se a fase
não parasitária ou fase de vida livre, que se estende
pelos períodos de ovoposição, eclosão dos ovos e larva
infestante, terminando quando esta sobe no bovino.
Este período é muito influenciado pela temperatura
e umidade do ambiente, podendo ser variar 30 dias
a vários meses.
Cada teleógina dos bovino (B. microplus)
põe 1.500 a 3.000 ovos, que se formam a partir
dos nutrientes extraídos do sangue do hospedeiro,
morrendo em seguida. Após sua queda não se alimentam e buscam locais seguros, à sombra e com
umidade, para iniciar sua ovoposição, que dura de
2 a 6 semanas, porém se as condições forem desfavoráveis (temperatura < 15oC ou estiagem) poderá
suspender a liberação dos ovos, aguardando melhoria
no quadro climático.
Paralelamente e pelos mesmos motivos, os ovos
já eliminados podem permanecer no ambiente sem
eclodir, por exemplo se a temperatura ambiental
for < 15oC, mantendo sua viabilidade por período
superiores a 60 dias. É comum então, que milhares
de teleóginas permaneçam no pasto esperando para
por seus ovos e estes aguardando para eclodir, o que
acontece de forma massiva e concentrada geralmente
a partir do início da Primavera ou da Estação das
Águas.,
Após a eclosão, as larvas migram para o topo da
pastagem em 2 a 3 dias, aguardando pela passagem
do seu hospedeiro para fixação. Nesta fase elas não
se alimentam, sovrevivendo apenas de suas reservas
energéticas, podendo sobreviver por 60 a 90 dias nestas condições, sofrendo a ação do frio e da dessecação,
nas regiões do país aonde há estiagem marcada.
Temos observado que invernos, embora rigorosos e com temperaturas negativas, têm apresentado
dias nos quais a temperatura excede os 20oC, ou
mesmo, nas regiões de invernos secos há ocorrência
de chuvas, o que acaba favorendo o avanço das infestações nos períodos não comuns. Os produtores
têm sido obrigados a controlar o carrapato todo o
ano, inclusive com banhos.
Usando estes conceitos na prática
Como pode ser observado, a fase de vida livre
do carrapato é afetada diretamente pelas condições
climáticas. O parasito criou mecanismos de sobrevivência, permitindo que reduza seu metabolismo
e atravesse estas fases ruins até aquelas mais favoráveis.
Assim sendo, se o período de inverno é prejudicial à sobrevivência das larvas de carrapatos, o uso de
carrapaticidas com efeito de longa ação tem severo
impacto sobre a infestação do animal e, por reflexo,
na do pasto, pois caso o parasito suba no bovino sofre
o efeito do produto, caso fique na pastagem, sofre
o efeito do clima.
Esta prática, produto mais manejo, favorece a
redução das larvas de carrapatos no campo, devendo
o produtor lembrar que carrapaticidas chamados
adulticidas, ou seja, que matam todas as formas do
parasito podem causar, negativamente, a inibição da
imunidade contra a Tristeza Parasitária, como é o
caso de banhos seguidos com amitraz ou o uso excessivo de vermífugos endectocidas (avermectinas).
Os inibidores de crescimento de ácaros, como o
fluazuron, são excelentes alternativas, pois ao picar o
bovinos, as larvas estimulam a imunidade, morrendo
apenas após virarem ninfas mal-formadas. Este processo reduz a quebra da imunidade, embora outros
fatores estão também relacionados ao equilíbrio
imunológico.
Como de praxe, recomendo sempre o assessoramento profissional para definir estratégias que
impactem positivamente sobre a infestação dos
parasitos e seu controle.
Méd. Vet., Mestre em Zootecnia
Gerente Técnico – Bovinos
Novartis Saúde Animal Ltda.
MOVIMENTO
Outono Angus Show
movimenta Esteio
Já está tudo pronto para a realização de mais uma edição da Feira
Nacional de Agronegócios do Sul
– Fenasul, de 27 a 30 de maio, no
parque de exposições Assis Brasil,
em Esteio, RS. É um evento com iniciativa da Associação dos Criadores
de Gado Holandês do Rio Grande
do Sul e do Governo do Estado
gaúcho, onde a Associação Brasileira
de Angus (ABA) aparece com uma
programação especial, representada
pelo já tradicional Outono Angus
Show.
Fenasul é uma feira voltada
para o agronegócio, que tem
como objetivo promover a
integração, troca de conhecimentos e
o intercâmbio dos criadores, produtores, indústria, comércio e serviço, no
que tange o agronegócio e suas ramificações. Além do desenvolvimento
sócio-cultural do público acadêmico
e do Ensino Fundamental.
Além do Outono Angus Show,
tem como outros eventos paralelos, a
33ª Expoleite, a 8º Feira de Terneiros, Feira de Gado de Corte, Feira de
Eqüinos, Feira de Ovinos, 10ª Ex-
A
poutono - Aves, Coelhos, Chinchilas
e Cães, cursos e palestras.
Destaque para a mostra Angus
O Outono Angus Show é organizado pelo Núcleo Centro-Litorâneo
de Criadores de Aberdeen Angus,
juntamente com a Associação Brasileira de Angus (ABA).
Segundo o atual presidente do
Núcleo Centro-Litorâneo de Angus,
João Francisco Bade Wolf (leia-se
Cabanha dos Tapes, RS), esta sexta
edição do já consagrado evento
Outono Angus Show, que se realiza
paralelamente à Fenasul, além da qualidade dos animais, também aparece
como excelente oportunidade para os
tradicionais e especialmente para os
novos investidores na raça Angus.
A programação indica o dia 27
para admissão dos animais, dia 29
julgamentos de argola, dia 30 julgamento de rústicos e leilão do Núcleo,
que contará com ofertas de importantes cabanhas de Angus. A 8ª Feira de
Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas
terá oferta de 500 animais Angus
certificados, está agendada para o dia
27 de maio, às 14 horas.
João Wolf avisa que pretende
colocar na pista de julgamento mais
de uma centena de animais. O jurado
este ano será o técnico da ABA, Renato Pinto Paiva.
Wolf também anuncia que neste
ano o núcleo deverá organizar algumas feiras de terneiros certificados
Angus, além de feiras de rústicos e
também de animais de argola. “Crie,
cruze e multiplique com Angus, a raça
completa”, propagandeia João Wolf.
Agregar e criar parcerias
com toda a cadeia da carne
“Desde que assumimos o comando
do núcleo, temos circulado bastante
e conversado com as pessoas, porque
nossa proposta principal é de agregar,
de criar parcerias duradouras com todos
os produtores que participam da importante e crescente cadeia da carne Angus”, condiciona o atual presidente do
Núcleo Centro-Litorâneo de Criadores
de Aberdeen Angus – que também é
diretor de Marketing da ABA.
Maio / Junho de 2010
19
Exposições Ranqueadas 2010
27 a 30 Maio - Esteio, RS
6º Outono Angus Show
Local: Parque Assis Brasil
15 a 19 Junho - São Paulo, SP
16ª Feicorte
Local: São Paulo - SP
08 a 18 Julho - Araçatuba, SP
51ª Expoagro - Araçatuba
Local: Parque de Exposições
Agosto - Guarapuava, PR
28 Agosto a 05 Setembro - Esteio, RS
Expointer 2010
Local: Parque Exposições Assis Brasil
Outubro - Rio Preto, SP
01 a 10 Outubro - Cachoeira do Sul, RS
60ª Feapec
Local: Sind. Rural de Cachoeira do Sul
05 a 10 Outubro - Uruguaiana, RS
74ª Expofeira de Primavera
Local: Parque de Exposições de Uruguaiana
06 a 07 Outubro - Pelotas, RS
84ª Expofeira de Pelotas
Local: Sindicato Rural de Pelotas
18 a 24 Outubro - Santana do Livramento, RS
Expofeira Livramento
Local: Parque de Exposições
11 a 17 Outubro - Alegrete, RS
68ª Exposição Alegrete
Local: Parque de Exposições
21 a 25 Outubro - S Francisco de Assis, RS
44ª Exposição São Francisco de Assis
Local: Parque de Exposições
27 de Outubro - Dom Pedrito, RS
Expofeira de Dom Pedrito
Local: Sindicato Rural de Dom Pedrito
02 a 12 Novembro - Sta Vitória Palmar, RS
79ª Expofeira de Santa Vitória
Local: Parque Exposições
09 a 16 Novembro - Rio Grande, RS
36ª Expofeira de Rio Grande
Local: Parque de Exposições
Eventos Chancelados 2010
28 maio - 21h - III Catanduva Red Concert
Centro de Eventos do Sport Club
Internacional - Porto Alegre, RS transmissão Canal Rural
29 maio - 17h - Leilão Outono Angus Show
Pista J - Parque de Exposições Assis Brasil
– Esteio, RS
08 junho - 18h - 6º Remate de Ventres &
Cruzas Angus - Parque de Exposições de
São Borja, RS
16 junho – 20h – Leilão Prime Angus
Durante a 16º FEICORTE – São Paulo, SP
31 julho – 14h – 10º Leilão VPJ Angus
Red Eventos – Jaguariúna, SP
Transmissão Canal Rural
30 agosto – à noite – 3º Remate Rincón Del
Sarandy - Esteio, RS
18 setembro – 14h – 2º Leilão FSL Angus Itu
Fazenda São Luiz – Itu, SP – transmissão
Canal Rural
25 setembro – 12h – 2º Leilão Produção
Rio da Paz e Ponche Verde - Parque de
Exposições de Cascavel – Cascavel, PR
05 outubro – 14h – 11º Remate 3 Marcas
- Parque de Exposições General Serafim
Dornelles Vargas – São Borja/RS
07 outubro – 21h – 2º Leilão Virtual VPJ
Angus Tropical - Transmissão Canal
Terra Viva
Outros Eventos
Exposição de Palermo - 22 de Julho a 4 de Agosto - Buenos Aires
Expo Prado - 8 a 19 de Setembro - Montevidéu
7º Leilão Selo Racial - 8 de Outubro - Quaraí - RS
Leilão Virtual Angus Produção
Fêmeas vende R$ 341 mil
O Leilão Virtual Angus Produção Fêmeas, chancelado pela ABA,
comercializou 90 fêmeas, apresentadas em 60 lotes, no valor total de
R$ 341,04 mil. Entre os destaques
desta edição do leilão realizado pela
Agropecuária Fumaça (Paranapanema, SP), Agropecuária HR (Pontalinda, SP), Casa Branca Agropecuária
(Fama, MG), e 3E Agropecuária
(Catanduva, SP), está a venda do lote
52, Catanduva Novelista TE 224,
geração 2003, da Casa Branca, adquirida pela FSL Angus Itu (Itu, SP),
de Antonio Maciel Neto. O animal
foi arrematado por R$ 16,08 mil.
Outro lote muito bem valorizado foi
o lote 02, 3E Maclony A029, geração
2003, da 3E Agropecuária adquirido
por João Emílio, Estância Vale da
Alegria, PR. O lote saiu pelo valor
de R$ 10,08 mil. A média geral desta
edição foi de R$ 4,942 mil. “Houve
um bom incremento em relação a
2009 onde a média geral foi de R$
3,6 mil e, este ano, a liquidez foi
maior e com praticamente todos os
lotes vendidos”, observou o assessor
técnico do evento, Fernando Velloso.
Novos investidores também fizeram
suas apostas na raça. Entre eles,
criadores de Mato Grosso do Sul, de
municípios como Paraíso do Leste;
Minas Gerais, de Bordas da Mata; e,
do Paraná, da capital Londrina.
Os proprietários das cabanhas
promotoras Elio Sacco, Luís Henrique Campana Rodrigues, Paulo de
Castro Marques, e, Renato Ramires
Jr. consideraram muito positivo o
remate, pois houve incremento nos
valores e na liquidez da oferta. “De
outra parte, houve comercialização
da maioria dos lotes e, para novos
criadores, o que comprova o crescimento da raça”, informaram através
da assessoria técnica.
O Leilão Virtual Angus Produção
Fêmeas teve como leiloeiro Lourenço
Campo e escritório Remate Leilões
e os trabalhos de Fernando Velloso
e Dimas Rocha, da FF Velloso &
Dimas Rocha Assessoria Agropecuária.
Liquidez e liderança em Guarapuava
A preferência pela raça Angus ficou evidente na tradicional Feira Estadual de
Bezerros de Guarapuava, PR, realizada no dia 02 de maio, no Parque de Exposições
Lacerda Werneck, e considerada a melhor feira de bezerros do Estado. Com um
total de 1.052 machos - 256 Angus e Cruza Angus e 232 fêmeas - 101 Angus e
Cruza Angus, a 36ª edição da feira mostrou a força e o crescimento da raça na
região. “A cada ano, observamos o aumento do cruzamento Angus, a partir da
entrada de touros no remate Angus, promovido há oito anos pelo Núcleo de Criadores de Angus do Oeste do Paraná durante a Expogua, além do investimento dos
pecuaristas no melhoramento genético com a raça Angus”, observa o presidente
do Sindicato Rural de Guarapuava, Rodolpho Botelho.
Associados da Cooperativa Agroindustrial Aliança de Carnes Nobres Vale
do Jordão (Cooperaliança), responsável pela produção de carne de qualidade,
adquiriram 80% dos animais Angus à venda no leilão. “A Cooperaliança sentiu,
nos clientes varejistas e consumidores, a preferência pela carne Angus, identificando no animal Cruza Angus uma qualidade superior”, destaca o presidente da
Cooperaliança, Edio Sander.
Na feira, os preços médios por quilo foram de R$ 3,20 machos e R$ 2,75
fêmeas, sendo que um lote de machos Angus atingiu R$ 3,85 o quilo vivo, com
peso médio de 155 quilos e outro de fêmeas Angus, R$ 3,60 o quilo vivo, com
peso médio de 150 quilos. “Esses foram preços bem acima da média e comprovam
a demanda também pelas fêmeas. Os pecuaristas estão investindo na compra de
matrizes para o rebanho e, por isso a raça está dando um bom retorno para produtores e terminadores. Sentimos, a cada edição do evento, a oferta diferenciada, lotes
padronizados e produtores atentos a essas características, buscando animais de boa
qualidade, como os Angus e Cruza Angus”, avalia o vice-presidente do Núcleo de
Produtores de Bezerros de Guarapuava, Cláudio Marques de Azevedo.
22
Maio / Junho de 2010
EXPOSIÇÕES
Raça faz bonito na Expolondrina
Com uma representação de 130
animais de argola, a raça Angus fez bonito no segundo turno da 50ª Exposição
Agropecuária e Industrial de Londrina
(Expolondrina), realizada no Parque de
Exposições Ney Braga, entre 6 e 11 de
abril. Contando com a participação de 25
expositores do Paraná, São Paulo, Minas
Gerais e Rio Grande do Sul, a mostra teve
como jurado o técnico da ABA, Renato
Pinto Paiva.
O presidente da Associação Brasileira de
Angus (ABA), Joaquim
Francisco Bordagorry de
Assumpção Mello, que
acompanhou a Expolondrina ao lado de parte de
sua diretoria, destacou a
qualidade dos animais
em pista e dos vencedores. “No todo, destacamos uma participação
muito boa. Os animais
campeões certamente são
exemplares que estarão
na ponta de qualquer
exposição da raça e que mostraram
grande qualidade genética e muito apelo
de carne”, avaliou. Com essa exposição,
assinalou, “a ABA fechou com muito êxito
a segunda exposição integrante do ranking
nacional do ano”.
Fotos: Devanir Parra/ABA
Presidente da ABA Joaquim Mello destacou alta qualidade da genética apresentada em pista
Reconquista-Red Black ganha nas fêmeas
A parceria Reconquista Agropecuária/Red Black, respectivamente de José
Paulo Dornelles Cairoli (Alegrete, RS) e Fábio Gomes e Marco Antonio Gomes
Costa (Cachoeira do Sul e Santo Antônio da Patrulha, RS), venceu o grande
campeonato de fêmeas da raça Aberdeen Angus na 50ª Expolondrina, em Londrina (PR). A roseta de grande campeã da raça foi colocada em 10 de abril em
Reconquista Naja, uma vaca adulta de pelagem vermelha. O exemplar também
havia vencido o grande campeonato de fêmeas da Angus em Avaré, SP, em
março de 2010.
Grande Campeã: Reconquista Naja
A Fazenda MC (Espírito Santo do Pinhal, SP), de Eloy Tuffi, foi agraciada
com o título de reservada grande campeã da raça com a fêmea Rincon Embusteira 1270 del Sarandy, uma vaca jovem, pelagem preta, que também faturou o
título de reservada grande campeã da raça em Avaré 2010.
Já como terceira melhor fêmea o jurado Renato Paiva escolheu Rita da
Corticeira, uma novilha de dois anos da parceria GB Agropecuária/Cabanha
da Corticeira, respectivamente de Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno
(Porecatu, PR) e Luiz Anselmo Cassol (São Borja, RS).
Reservada Grande Campeã: Rincon Embusteira 1270 del Sarandy
Terceira Melhor Fêmea: Rita da Corticeira
EXPOSIÇÕES
Maio / Junho de 2010
Reconquista vence nos machos
A Reconquista Agropecuária (Alegrete, RS), de José Paulo Dornelles Cairoli, obteve o grande campeonato dos machos da raça Aberdeen Angus na 50ª Expolondrina e ainda o terceiro melhor macho. Durante
o desfile realizado na pista central do parque, o jurado apontou Reconquista 1301 Naco Cachafaz como
grande campeão. Ainda este ano, este touro da geração 2007, pelagem vermelha, havia faturado a roseta de
grande campeão na Exposição de Avaré.
Já a Rincon del Sarandy (Uruguaiana, RS), de Cláudia Indarte Silva, obteve o título de reservado grande
23
campeão. O escolhido foi Rincon Intruso 1248 del Sarandy, um reprodutor da geração 2007 e pelagem
preta. Como terceiro melhor macho, novo êxito da Reconquista Agropecuária ao vencer com Reconquista
1391 Nazario Payador, geração 2007 e pelagem vermelha.
Conforme Renato Paiva, os vencedores são animais diferenciados e com condições de “serem pais de cabanha em
qualquer rebanho nacional e internacional”. Paiva, que acompanha há dez anos a mostra de Londrina, vibrou com o
que viu em pista, percebendo uma clara evolução da raça nesta mostra, que integra o ranking nacional da raça.
Fotos: Devanir Parra/ABA
Grande Campeão: Reconquista 1301 Naco Cachafaz
Reservado de Grande Campeão: Rincon Intruso 1248 del Sarandy
Terceiro Melhor Macho: Reconquista 1391 Nazario Payador
DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES
GRANDE CAMPEÃ
RECONQUISTA 1338 NAJA
NOSTRADAMUS G HBB: 121378
Pel: V Tatuagem: TE1338
Nascimento: 22/07/2007
Idade: 990d Pai: CATANDUVA TE213
NOSTRADAMUS K. ROBTE12
HBB: 99045
Mãe: RECONQUISTA 592 GLEBA
CANYON BARTOLOME HBB: 93050
Peso: 734 Alt: 1.31 Frame: 5.15
Expositor: PARC. JOSE PAULO CAIROLI E
RED BLACK, RECONQUISTA AGRICULTURA
E PECUARIA, ALEGRETE/RS
Criador: JOSE PAULO DORNELLES
CAIROLI
RESERVADA DE GRANDE
CAMPEÃ
RINCON EMBUSTEIRA 1270 DEL
SARANDY HBB: 121578 Pel: P
Tatuagem: 1270
Nascimento: 01/10/2007 Idade: 919d
Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE
HBB: IA796
Mãe: RINCON BALONE HBB: 110102
Peso:762 Alt: 1.38 Frame: 6.62
Expositor: ELOY TUFFI, FAZENDA MC,
ESPIRITO SANTO DO PINHAL
Criador: CABANHA RINCON DEL SARANDY
3ª MELHOR FÊMEA
RITA 230 DA CORTICEIRA HBB:
121890 Pel: P Tatuagem: R848
Nascimento: 19/02/2008 Idade: 778d
Pai: TRES MARIAS 5887 HORNERO TE
HBB: IA849
Mãe: FOFOQUEIRA DA CORTICEIRA F230
HBB: 73725 Peso: 739 Alt: 1.33
Frame: 5.92 ER: P+
Expositor: PARC.CABANHA DA
CORTICEIRA E GB AGROPECUARIA, CAB.
DA CORTICEIRA/GB AGROPECUARIA,
SAO BORJA/RS E PORECATU/PR
Criador: LUIS ANSELMO CASSOL
GRANDE CAMPEÃO
RECONQUISTA 1301 NACO CACHAFAZ
FONO HBB: 122718 Pel: V
Tatuagem: TE1301
Nascimento: 24/06/2007
Idade: 1018d
Pai: TRES MARIAS 7031 CACHAFAZ
6556 TE HBB: 745150
Mãe: TRES MARIAS 6972 FENOMENA
5494 TE
HBB: 741868
Peso: 1.033 C.E.: 46.00 Alt: 1.41
Frame: 4.41
Expositor.: JOSE PAULO D. CAIROLI,
RECONQUISTA AGROPECUARIA LTDA,
ALEGRETE/RS
Criador: JOSE PAULO DORNELLES
CAIROLI
RESERVADO DE GRANDE
CAMPEÃO
RINCON INTRUSO 1248 DEL SARANDY
HBB: 121584 Pel: P
Tatuagem: 1248 Nascimento:
07/09/2007 Idade: 943d
Pai: TRES MARIAS 6301 ZORZAL TE
HBB: IA850
Mãe: RINCON DESTEMIDA TE013 FULL
DEL SARANDY HBB: 99953
Peso: 1.019 C.E.: 43.50 Alt: 1.43
Frame: 4.55
Expositor: CAB. RINCON DEL SARANDY,
CABANHA RINCON DEL SARANDY,
URUGUAIANA/RS
Criador: CABANHA RINCON DEL SARANDY
3º MELHOR MACHO
RECONQUISTA 1391 NAZARIO
PAYADOR C. HBB: 123187 Pel: V
Tatuagem: 1391
Nascimento: 01/11/2007
Idade: 888d
Pai: TRES MARIAS 6241 PAYADOR TE
HBB: IA848
Mãe: PAINEIRAS COOPER ROB 4483
HBB: 89794
Peso: 984 C.E.: 40.00 Alt: 1.40
Frame: 4.34
Expositor: JOSE PAULO D. CAIROLI,
RECONQUISTA AGROPECUARIA LTDA,
ALEGRETE/RS
Criador: JOSE PAULO DORNELLES CAIROLI
3º Leilão Conexão Angus Produtores e Cruzamentos negocia R$ 764,58
O 3º Leilão Conexão Angus
– Produtores e Cruzamentos
vendeu R$ 764,58 mil na noite
de 08 de abril, na 50ª Expolondrina. Foram negociados 860
animais cruza Angus ao preço
médio de R$ 767,00, além de
18 touros a campo (16 PO e 02
PC), no valor médio de R$ 5,81
mil. Conforme o coordenador
do evento, Antonio Francisco
Chaves Neto (Toninho), os
machos cruza Angus obtiveram
preços médios próximos dos R$
3,60 o quilo vivo (kg/vv). Já as
fêmeas cruza Angus saíram de
pista pelo valor médio aproximado de R$ 3,30 o kg/vv. “Esse
resultado superou todas nossas
expectativas, pois, pensávamos
que venderíamos, inicialmente,
500 animais cruza Angus e o
número que foi à venda foi
muito maior”, apontou. Já
entre os touros Angus a campo
a média geral foi de R$ 5,81
mil, porém, ao se considerar
a venda de 10 touros PO da
Reconquista Agropecuária a
média dos machos sobe para R$
6,426 mil. “Seguramente foi o
melhor leilão de animais cruzados da Expolondrina. Além da
agilidade, em pista, verificamos
o aumento das médias da primeira para esta terceira edição”,
revelou Toninho. Em 2009, o
valor médio dos touros a campo
foi de R$ 5,8 mil. Em 2008, os
reprodutores a campo saíram
do recinto com valor médio de
R$ 5,3 mil. Conforme Fábio
Medeiros, da coordenação do
Programa Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira
de Angus, o diferencial do leilão
foi o grande volume de animais
“cruza Angus com padronização
e qualidade, em pista”.
Entre os compradores, destaque para a HR Agropecuária,
Marcos Molina, pelo Marfrig,
e, pecuaristas da Cooperativa
de Produtores de Carnes Nobres do Sudoeste do Paraná
(Coopercanes). O 3º Leilão
Conexão Angus – Produtores e
Cruzamentos, chancelado pela
Associação Brasileira de Angus
(ABA), ocorreu no Recinto
Abdelkarim Janene, no Parque
de Exposições Governador
Ney Braga, em Londrina (PR).
Os trabalhos foram da leiloeira
Rural Business Leilões.
O presidente da Associação
Brasileira de Angus (ABA), Joaquim Francisco Bordagorry de
Assumpção Mello, destacou o
“gado excelente que participou
do julgamento e do leilão o que
ratifica a posição da Angus no relatório Asbia deste ano”. Segundo
o presidente da ABA, a posição de
liderança da raça entre as taurinas
(europeias) no relatório da Associação Brasileira de Inseminação
Artificial (Asbia) 2009 foi comprovada em pista, no Conexão
Angus, ao se observar “bons
preços e boa procura por cruza
Angus pelo comprador”.
Julgamento dos melhores lotes
Este ano, como inovação e reconhecimento aos criadores que investem no cruzamento industrial com a raça,
ocorreu julgamento dos melhores lotes de terneiros, terneiras, novilhas e garrotes cruza Angus que participaram do
leilão. O zootecnista Tito Mondadori e o veterinário Luiz
Walter Ribeiro, representando a ABA, e um integrante da
Coopercarnes, que também atuou como promotora do
evento, realizaram o julgamento.
Lote grande campeão terneira: Adolfo Fonseca
Lote reservado campeão terneira: Radamés Spironelli
Lote grande campeão terneiro: Jaime Mariano
Gonçalves
Lote reservado campeão terneiro: Guiomar Acorsi
Rodrigues
Lote grande campeão novilha: Francisco Marcos
Penacchi
Lote reservado campeão novilha: Carlos Eduardo dos
Santos Galvão Bueno
Lote grande campeão garrote: Carlos Eduardo dos
Santos Galvão Bueno
Lote reservado grande campeão garrote: Marcia de
Carvalho
24
EXPOSIÇÕES
Maio / Junho de 2010
Alto nível em Uruguaiana
Nos machos, Corticeira/GB Agropecuária
Diante dos reprodutores apresentados – tanto nas filas de machos, como nas
de fêmeas, o jurado Norman Catto destacou o nível técnico uniforme dos animais
Angus que disputaram a Exposição de Outono de Uruguaiana, paralelamente à 1ª
Exposição Internacional do Mercosul. Segundo Catto, que já havia julgado a raça nas
pistas da Expointer, “encontrar um ou dois animais diferenciados em uma exposição,
qualquer um acha. Mas, encontrar vários, e superiores, demonstra um nível técnico
muito elevado”.
O presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello, acompanhou as atividades da mostra realizada em
Uruguaiana. A exposição foi promovida pelo Núcleo Angus Três Fronteiras, presidida
por Sérgio Tellechea, com apoio da ABA.
A parceria Cabanha da Corticeira/GB Agropecuária, respectivamente de Luiz
Anselmo Cassol (São Borja, RS) e Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno (Porecatu, PR), venceu no campeonato de machos de argola. O jurado indicou o reprodutor de pelagem vermelha Quito
Quebracho da Corticeira, de tatuagem Q796, como o grande campeão da raça.
A Cabanha Rincon del Sarandy, de Claudia Indarte Silva, Uruguaiana,RS, obteve o reservado grande campeonato
com o touro Rincon Intruso 1248 del Sarandy, de pelagem preta. O terceiro melhor macho foi da Cabanha da Maya
PAP, de Zuleika Borges Torrealba, Bagé, RS - Maya 40TE Ditador, tatuagem TE040, de pelagem vermelha.
Rincon del Sarandy e Umbu nas fêmeas
O jurado escocês, que fixou residência
na Argentina, Norman Catto, revelou ter
ficado “muito bem impressionado com as
fêmeas Angus que disputaram a pista” da
8ª Exposição de Outono de Uruguaiana,
de 12 a 16 de maio, em Uruguaiana, RS. O
evento foi promovido pelo Núcleo Angus
Três Fronteiras, com apoio da ABA. Cato já
havia sido jurado durante a Expointer 2009,
em Esteio, RS.
A Cabanha Rincon del Sarandy (Uruguaiana/RS), de Claudia Indarte Silva,
obteve o grande campeonato de fêmeas, ao
expor Rincon Abusada TE 1222 del Sarandy. O título de Reservada Grande
Campeã foi para Umbu 1349 Miss Holly, apresentada pela Cabanha Umbu
(Uruguaiana/RS), de Angelo Bastos Tellechea. Como terceira melhor fêmea
foi escolhida. Rincon Maligna 1192 del Sarandy, também da Cabanha Rincon
del Sarandy.
Fotos: Gabriel Becco e Elder Filho/ABA
Grande Campeão - Quito Quebracho da Corticeira
Grande Campeã - Rincon Abusada TE 1222 del Sarandy
Terceiro Melhor Macho - Maya 40TE Ditador
Reservado de Grande Campeão - Rincon Intruso 1248 del Sarandy
Reservada de Grande Campeã - Umbu 1349 Miss Holly
Terceira Melhor Fêmea - Rincon Maligna 1192 del Sarandy
DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES
GRANDE CAMPEÃ
RINCON ABUSADA TE1222 DEL SARANDY
HBB: 122688 Pel: P
Tatuagem: TE1222 Nascimento:
03/09/2007 Idade: 982d
Pai: TRES MARIAS 6301 ZORZAL TE HBB:
IA850
Mae: RINCON MALICIA 909 HBB: 110089
Peso: 740 Alt: 1.33 Dent: 4
Frame: 5.75 ER: P+
AOL: 73.00 EGS: 10.00 P8: 22.00
Expositor: CAB. RINCON DEL SARANDY,
CABANHA RINCON DEL SARANDY,
URUGUAIANA/RS
Criador: CABANHA RINCON DEL SARANDY
RESERVADA DE GRANDE CAMPEÃ
UMBU 1349 MISS HOLLY HBB: 126332
Pel: P
Tatuagem: 1349 Nascimento: 16/03/2008
Idade: 787d
Pai: SAV 5175 BANDO 1024 HBB: IA860
Mãe: UMBU 197 MISS HOLLY HBB: 73764
Peso: 772 Alt: 1.36
Dent: 2 Frame: 6.75 ER: P+
AOL: 80.00 EGS: 18.00 P8: 26.00
Expositor: ANGELO BASTOS TELLECHEA, CABANHA
UMBU, URUGUAIANA/RS
Criador: ANGELO BASTOS TELLECHEA
TERCEIRA MELHOR FÊMEA
RINCON MALIGNA 1192 DEL SARANDY
HBB: 121574 Pel: P
Tatuagem: 1192 Nascimento: 13/08/2007
Idade: 1002d
Pai: TRES MARIAS 6301 ZORZAL TE HBB: IA850
Mae: SARABANA 155 TE APARECIDA
HBB: 95435
Peso: 714 Alt: 1.33 Dent: 6 Frame: 5.75
AOL: 70.00 EGS: 7.00 P8: 13.00
Expositor: CAB. RINCON DEL SARANDY, CABANHA
RINCON DEL SARANDY, URUGUAIANA/RS
Criador: CABANHA RINCON DEL SARANDY
GRANDE CAMPEÃO
QUITO QUEBRACHO DA CORTICEIRA
HBB: 120007 Pel: V
Tatuagem: Q796 Nascimento: 05/10/2007
Idade: 950d
Pai: TRES MARIAS 5839 QUEBRACHO TE
HBB: IA755
Mae: FORTUNA DA CORTICEIRA F231
HBB: 73726
Peso: 1044 C.E.: 44.00 Alt: 1.44 Dent: 4
Frame: 6.00
AOL: 99.00 EGS: 15.00 P8: 20.00
Expositor: PARC.CABANHA DA CORTICEIRA E
GB AGROPECUÁRIA, CAB.DA CORTICEIRA/GB
AGROPECUÁRIA, SÃO BORJA/RS E PORECATU/PR
Criador: LUIS ANSELMO CASSOL
RESERVADO DE GRANDE CAMPEÃO
RINCON INTRUSO 1248 DEL SARANDY
HBB: 121584 Pel: P
Premio Tatuagem: 1248
Nascimento: 07/09/2007 Idade: 978d
Pai: TRES MARIAS 6301 ZORZAL TE HBB: IA850
Mae: RINCON DESTEMIDA TE013 FULL DEL
SARANDY HBB: 99953
Peso: 1020 C.E.: 42.00 Alt: 1.43 Dent: 8
Frame: 5.75
AOL: 89.00 EGS: 14.00 P8: 24.00
Expositor: CAB. RINCON DEL SARANDY,
CABANHA RINCON DEL SARANDY,
URUGUAIANA/RS
Criador: CABANHA RINCON DEL SARANDY
TERCEIRO MELHOR MACHO
MAYA 40 TE DITADOR HBB: 121762 Pel: V
Tatuagem: TE040
Nascimento: 17/02/2007
Idade: 1180d
Pai: CATANDUVA TE213 NOSTRADAMUS K.
ROB TE12 HBB: 99045
Mae: SALA ANCIA HBB: 84246
Peso: 1129 CE: 42.00 Alt: 1.42
Dent: 6 Frame: 5.25
Expositor: ZULEIKA BORGES TORREALBA,
CABANHA DA MAYA PAP, BAGE/RS
Criador: ZULEIKA BORGES TORREALBA
EXPOSIÇÕES
25
Remate valoriza Terneiros Angus PO
Fotos: Gabriel Becco e Elder Filho/ABA
Forte disputa marca campeonato de rústicos
Maio / Junho de 2010
Trio Grande
Campeão Fêmeas
Rústicas PO
A Cia Azul, de Susana Macedo
Salvador, Uruguaiana, RS, venceu nas
fêmeas PO a campo (rústicos) na 8ª Exposição de Outono de Uruguaiana/1ª
Exposição Internacional do Mercosul,
com o trio de tatuagens 1175, 1173,
TE 1157. O jurado Norman Catto
indicou como melhor fêmea PO a
campo o exemplar de tatuagem 1288
da Cabanha Rincon del Sarandy
(Uruguaiana/RS), de Claudia Indarte
Silva, que venceu com o trio reservado
grande campeão de fêmeas PO (1288,
1237, 1216). Como terceiro melhor
trio de fêmeas PO (3634, 3612,
3614) destaque para a GAP Genética
(Uruguaiana/RS), de Eduardo Macedo
Linhares.
Nas fêmeas a campo PC novo êxito
da Cabanha Rincon del Sarandy. A
propriedade faturou o trio grande campeão de fêmeas PC (729, 724, 705) e
o trio reservado grande campeão de
fêmeas PC (680, 672, 661). A melhor
fêmea a campo PC da exposição pertence ao lote do trio grande campeão,
o exemplar de tatuagem 705. Como
terceiro melhor trio a campo de fêmeas
PC destaque para a GAP Genética
(B314, B250, B108).
Nos machos a campo PO a premiação do trio grande campeão foi
para a Cabanha Rincon del Sarandy
(TE 1461, TE 1456, TE 1454). O
melhor macho a campo PO é o de
tatuagem 3563 que integra o lote
reservado grande campeão da GAP
Genética (3673, 3577, 3563). Já o
terceiro melhor trio de machos PO
(6745, 6731, 6723) é da Cabanha São
Bibiano (Uruguaiana/RS), de Antonio
Martins Bastos Filho.
Integrante da programação da 8ª Exposição de Outono de Uruguaiana,
o II Remate Raça e Tradição comercializou sete terneiros Angus PO (destes,
seis fêmeas) pelo valor médio de R$ 11 mil, informa a leiloeira Tellechea &
Bastos. As vendas totais alcançaram os R$ 95 mil. O preço top de R$ 30 mil
foi pago pela Agropecuária HR, de Pontalinda, SP, para a terneira PO Cia
Azul Morocha 1261, da Cia Azul, de Uruguaiana, RS. Outro destaque foi a
venda da terneira ASD 868 TE Brigadier Cuica, da Estância Olhos D´Água
(Alegrete/RS), por R$ 20 mil, também adquirida pela Agropecuária HR.
O único terneiro PO em pista, Rincon Gelato 1333 del Sarandy, apresentado à venda pela Cabanha Rincon del Sarandy, de Uruguaiana, RS, foi
arrematado por R$ 14 mil por Celso Guazzo (RS). Conforme o técnico da
ABA, Renato Paiva, também foram comercializados lotes de sêmen no total
de R$ 18 mil com doses de sêmen. As doses foram doadas ao Núcleo Angus
Três Fronteiras por diversas centrais de inseminação artificial. O presidente
do núcleo, Sérgio Tellechea, considerou o “remate espetacular, valorizando a
genética produzida pelos associados e muito bem apresentada em pista”. 26
EXPOSIÇÕES
Maio / Junho de 2010
Expoagro valoriza raça em Itapetininga
Realizada de 22 a 25 de abril, a 41º Expoagro, de Itapetininga, SP, representou a valorização da raça Angus no interior paulista. Exposição ranqueada, a mostra foi promovida pelo
Núcleo Paulista de Criadores de Angus. O técnico da Angus, Tito Mondadori realizou palestra
sobre o manejo reprodutivo de touros Angus a campo. O julgamento ficou a cargo do técnico
da ABA, Fernando F. Velloso, assessorado pelos também técnicos Rednilson Moreli e Tito
Mondadori. Estavam inscritos 74 animais, 51 fêmeas e 23 machos.
A Grande Campeã foi VPJ Black Thuka, criador Valdomiro Poliselli Jr, expositor Angus
Lago Dourado, Piraju, SP, ficando como Reservada Grande Campeã a vaca FSL H Lua TE
525, de Antônio dos Santos Maciel Neto, FSL Angus, Itu, SP. A terceira melhor fêmea foi
FSL G Aika TEI 140, exposta por Paulo de Castro Marques, Casa Branca Agropastoril,
Fama, MG.
O Grande Campeão foi Cassol R 900 Rabino, criador Luiz Anselmo Cassol, São Borja,
RS, expositor Angus Lago Dourado, Piraju, SP. O Reservado de Grande Campeão foi FSL
I Berriel 721 TE, criador e expositor Antônio Maciel Neto, FSL Angus, Itu, SP. O Terceiro
Melhor Macho foi Feliz 242 Licor Aguia 24J TE, criador e expositor Augusto Vieira Pinto
Guedes, Cabanha Feliz, Campina do Monte Alegre, SP.
Fotos: Divulgação Núcleo Angus São Paulo/ABA
Grande Campeão: Cassol R 900 Rabino
Reservado de Grande Campeão: FSL I Berriel 721 TE
Terceiro Melhor Macho: Feliz 242 Licor Aguia 24J TE
Grande Campeã: VPJ Black Thuka
Reservada Grande Campeã: FSL H Lua TE 525
Terceira Melhor Fêmea: FSL G Aika TEI 140
Dados dos Animais Campeões
Grande Campeã
VPJ BLACK THUKA HBB: 120461
Nascimento: 04/09/2007
Idade: 962 d PESO: 712
PAI: BC MATRIX 4132 HBB: IA-867
MÃE: VPJ RED MATISSE HBB:91553
CRIADOR: VALDOMIRO POLISELLI JUNIOR
EXPOSITOR: ANGUS LAGO DOURADO
FAZENDA LAGO DOURADO - PIRAJU - SP
Reservada Grande Campeã
FSL H LUA TE 525 HBB: 128805
Nascimento: 01/09/2008 Idade: 599d
PESO: 568 ER: P+
AOL: 96,20 EG: 6,60 P8: 13,10
PAI: SAV 8180 TRAVELER 004
HBB: IA-804
MÃE: FSL E TURQUESA TE 120
HBB: 111241
CRIADOR: ANTONIO DOS SANTOS MACIEL
NETO
EXPOSITOR: ANTONIO DOS SANTOS MACIEL
NETO - FSL ANGUS - ITU - SP
Terceira Melhor Fêmea
FSL G AIKA TEI 140 HBB: 125278
Nascimento: 13/12/2007
Idade: 862d PESO: 713
PAI: TRES MARIAS 6301 ZORZAL T
HBB: IA-850
MÃE: TRES MARIAS 6618 MARABUNTA
4850 TE HBB: 735903
CRIADOR: ANTONIO DOS SANTOS MACIEL
NETO
EXPOSITOR: PAULO DE CASTRO MARQUES
FAZENDA ÁGUA LIMPA - FAMA - MG
Grande Campeão
CASSOL R 900 RABINO HBB-128156
Nascimento: 15/11/2008 Idade: 524d
PESO: 727 CE: 37 AOL: 105,70
EG: 7,10 P8: 9,40
PAI: TRES MARIAS 6241 PAYADOR TE
HBB: IA-848
MÃE: LAS MISSIONES DA CORTICEIRA L 512
HBB: 99548
CRIADOR: LUIS ANSELMO CASSOL
EXPOSITOR: ANGUS LAGO DOURADO
FAZENDA LAGO DOURADO - PIRAJU - SP
Reservado de Grande Campeão
FSL I BERRIEL 721 TE HBB: 134706
Nascimento: 26/08/2009 Idade: 240d
Peso: 386 CE: 28 AOL: 67,10 EG: 6,10
P8: 7,20 PAI: SAV DUKE 6313 HBB:
IA-1057
MÃE: CARISMA DA JEQUITIBA TE HBB: 88198
CRIADOR: ANTONIO DOS SANTOS MACIEL
NETO
EXPOSITOR: ANTONIO DOS SANTOS MACIEL
NETO - FSL ANGUS - ITU - SP
Terceiro Melhor Macho
FELIZ 242 LICOR AGUIA 24J TE
HBB: 130605
Nascimento: 30/03/2008 Idade: 754d
PESO: 787 CE: 39 Alt: 1.42 Dent: 6
Frame: 5.25
AOL: 99,30 EG: 3,00 P8: 2,90
PAI: BT RIGHT TIME 24 J HBB: IA-886
MÃE: BELA VISTA 246 AGUIA HBB: 70147
CRIADOR: AUGUSTO VIEIRA RUA PINTO
GUEDES
EXPOSITOR: AUGUSTO VIEIRA RUA PINTO
GUEDES - CABANHA FELIZ - CAMPINA DO
MONTE ALEGRE – SP
EXPOSIÇÕES
Maio / Junho de 2010
27
Feicorte terá Nacional de Angus
De 15 a 19 de junho, o Centro
de Exposições Imigrantes, em São
Paulo, SP, será sede da 16ª Feira
Internacional da Cadeia Produtiva da
Carne - Feicorte, onde paralelamente
a Associação Brasileira de Angus
(ABA), juntamente com o Núcleo
de Criadores de Angus de São Paulo
(Angus São Paulo), realizam a X Exposição Nacional Angus.
Na escolha dos campeões Angus
vai atuar como jurado o norte-americano Mr. Brian Barragree, de Montana, que acaba de escolher os campeões
da raça na mostra de Denver, nos
Estados Unidos. O julgamento dos
machos está marcado para dia 16 de
junho e o das fêmeas para o dia 17,
Fotos: LAP Amaral/ABA
Marcando a 10ª edição
da Exposição Nacional
Angus, a Feicorte 2010 terá
como ponto alto a presença
de cerca de 200 animais e a
realização do Leilão Prime
Angus.
ambos às 9 horas, na pista 3 do centro
de exposições.
A programação do evento também conta com ações especiais que
estão sendo preparadas pelo Programa
Carne Angus Certificada da ABA
e ainda com a promoção do Leilão
Prime Angus, evento chancelado
pela ABA, que vai acontecer no dia
16 de junho, às 20 horas, no recinto
da exposição.
Para o presidente do Núcleo Paulista de Criadores de Angus, Renato
Segura Ramires Júnior, o momento é
mesmo excelente para a genética Angus. “Os criadores estão animados e
São Paulo registra o ingresso de vários
novos investidores em Angus, o que
novamente deverá fazer da nacional
da raça um grande acontecimento
em São Paulo”, aponta o dirigente,
proprietário da 3E Agropecuária, em
José Bonifácio, SP.
Especialmente para a carne Angus, o momento em São Paulo é para
se comemorar. “A partir do trabalho
de divulgação desenvolvido até este
momento, o Brasil está literalmente
em busca da bem falada carne Angus.
E como a demanda é bem maior que a
oferta, a curiosidade das pessoas cresce a cada momento”, revela Renato
Ramires, alegando que as pessoas não
só perguntam pela Carne Angus, mas
também estão dispostas a pagar mais
pelo produto.
Ramires Júnior afirma que o mercado interno já está maduro e disposto
a remunerar a qualidade da carne Angus, que precisa urgentemente ganhar
maior escala para tornar possível o
abastecimento de pontos estratégicos
do mercado interno, em especial em
São Paulo, que é o centro nervoso da
economia nacional.
Ele estima a presença na feira
deste ano de mais de 200 animais, que
estarão sendo apresentados por cerca
de 30 criadores. Preparada para a crescente demanda da pecuária brasileira
por genética selecionada, produtos
e serviços, a Feira Internacional da
Cadeia Produtiva da Carne mudou
seu formato no ano passado, quando
passou a colocar em prática uma nova
planta para o evento, 40% maior. O
objetivo, segundo os organizadores, é
proporcionar mais espaço e conforto
para a exposição de animais e para a
montagem de estandes.
28
Maio / Junho de 2010
EXPOSIÇÕES
REPORTAGEM
Maio / Junho de 2010
Aftosa: com ou sem vacina?
29
O debate ganha corpo. E como dizem na roça, “a carreta vai andando e as abóboras vão se ajeitando ...”
Fotos: Divulgação/ABA
maior expressão na bovinocultura de corte”,
pondera o vice-presidente da ABA.
Como está o
Brasil nesta área
Santa Catarina é zona livre de Aftosa sem vacinação. Uma verdadeira
ilha no Brasil, onde o bovino que sai não volta, e o que está fora não entra. O
Paraná já encaminhou uma solicitação ao Ministério da Agricultura para ter o
reconhecimento de área livre de Aftosa sem vacinação. E, via de regra, no restante
do Brasil os debates vem e vão, mas ainda sem sinais visíveis de uma luz clara no
final do túnel.
Por Eduardo Fehn Teixeira
O
s gaúchos – e de resto o Brasil – já
sentiram literalmente “na carne” os
prejuízos amargados com o bloqueio
das exportações, no início dos anos 2000, pela
ocorrência de focos de Febre Aftosa. O caso
deu pano para muitas mangas e serviu como
farto argumento aos competidores do Brasil na
exportação de carne para os principais (e melhores) compradores internacionais do produto.
Os que defendem o status de zona livre
sem vacinação (caso do Paraná, que pleiteia o
status), alegam que estão estruturados na área
sanitária e estão de olho em dois grandes benefícios: a redução dos custos representados pelas
vacinas e sua operacionalização e a valorização
da carne no mercado internacional, por ser
produzida numa região livre da doença e sem
vacinação.
Mas aí ressurge um verdadeiro monstro
que assusta especialmente os produtores e os
técnicos mais realistas: e se a vacina for retirada e
surgirem focos de Aftosa? A resposta é objetiva:
seria um verdadeiro desastre, especialmente
porque este fato seria fartamente utilizado
como argumento contra a carne brasileira na
competição pelo mercado internacional do
produto. Isso sem falar em outras restrições de
ordem interna.
Não vacinar é assumir
um grande risco!
É o que pensa, por exemplo, o produtor
gaúcho Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello. À frente de sua Cabanha Santa
Eulália, onde cria Angus e opera forte pecuária
em Pelotas, na região Sul do Estado gaúcho, ele
teme pela retirada da vacina. “Ainda não existe
uma infraestrutura capaz de suportar a ausência
da vacinação do gado. Não vacinar seria um
risco muito grande”, avalia o agroempresário,
que também é o atual presidente da Associação
Brasileira de Angus (ABA). Mello inclusive sinaliza que este debate tem sido permanente na
diretoria da ABA e que vai apertar ainda mais,
na busca de uma posição clara dos diretores e
criadores.
Segundo ele, é preciso a realização de um
trabalho com a efetiva participação de todo
o bloco do Mercosul, pois nossas fronteiras
com aqueles países são muito suscetíveis ao
contágio do vírus da Aftosa vindo de outros
países. “Não vacinar significa assumir um grave
risco de, a partir do contágio de nossos animais
com a doença, entre outros problemas, termos
enormes prejuízos, especialmente com as nossas
exportações e com a imagem da carne brasileira
no mercado internacional.
Na mesma linha, o criador de Angus Fábio Gomes, titular da Cabanha Catanduva,
em Cachoeira do Sul, RS, enfatiza que “é um
erro político e comercial grave pleitear o novo
status de zona livre de Aftosa sem vacinação”.
Gomes, atual vice-presidente da ABA, lembra
que o Uruguai teve 1,6 mil focos de aftosa em
2001, aplicou a vacina, e seis meses depois já
voltava a exportar. Ou seja, as restrições à vacina
são uma questão meramente comercial, e não
sanitária, já que a Aftosa não é transmitida aos
consumidores a partir da carne bovina.
Fábio Gomes avalia que a suspensão da
vacina pode ser comercialmente vantajosa
apenas temporariamente para os invernadores,
mas isola o Estado quanto à entrada de material
genético, que é indispensável ao trabalho de seleção genética das cabanhas, e também impede
que os criadores participem com seus animais
de exposições fora do Estado gaúcho, como
Londrina, Feicorte e Avaré e, enfim, a médio e
longo prazo enseja um prejuízo inestimável.
Além de tudo - argumenta o dirigente - a
manutenção do “status” de livre de Aftosa
sem vacinação é, na prática, inviável, com as
fronteiras entre Brasil, Argentina e Uruguai,
especialmente. “O vírus, ademais, também é
transmitido por animais silvestres, sabidamente
incontroláveis, além de ter como veículos seres
humanos e diversos outros produtos importados pelo Brasil do Uruguai e Argentina”,
aponta.
Os uruguaios - exemplifica Gomes, que
também possui propriedade naquele país - com
muito mais tempo de participação no mercado
internacional da carne, não aceitam sequer ouvir falar em não vacinar o seu gado. “A única
vantagem de Santa Catarina, que atualmente é
zona livre sem vacinação, diz respeito ao mercado de suínos, já que aquele estado não tem
O veterinário Bernardo Todeschini, chefe
do Serviço de Sanidade Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, explica que na atualidade o Brasil tem
três níveis de avanço, de classificação acerca
da Febre Aftosa: estados que não são livres de
Aftosa, os que são livres com vacinação e um
estado (Santa Catarina) que é livre da doença
sem vacinação.
Segundo ele, zonas livres com vacinação
são hoje 15 estados brasileiros, inclusive o Rio
Grande do Sul. Neste status, de zona livre
com vacinação, estão toda a região Sudeste,
a Centro-Oeste, a região Sul (afora Santa
Catarina) e parte da região Norte – Tocantins
e parte do Pará também são zonas livres com
vacinação. Conforme o técnico, cerca de 90%
de todo o gado brasileiro está nessas regiões,
formando um rebanho estimado em 165 milhões de cabeças.
“A idéia da vacinação é garantir a sanidade
dos animais quando não é possível assegurar
que o vírus não vai aparecer”, diz o dirigente
do Ministério da Agricultura. Ele recorda que
em 2000/2001, quando tivemos a presença da
Aftosa gerando grandes prejuízos, ainda não
tínhamos a estrutura que temos hoje na área
de controle.
Para Todeschini, a evolução para a retirada
da vacinação pressupõe um aumento da vigilância, dos controles de fronteiras, entre outras
medidas. “Há dez anos vacinamos nosso gado e
temos que começar a debater com profundidade
essas questões”, aponta. E ressalva que não é
uma decisão política, mas sim técnica. Mas está
mais do que na hora de colocarmos esse assunto
em pauta e gerarmos um amplo debate, para
só então seguirmos adiante, preservando nossas
conquistas e almejando um futuro promissor
para o setor.
Retirada da vacina
é questão de tempo
“O Rio Grande do Sul está há 47 anos vacinando seu gado contra a Febre Aftosa e a evolução desse status para zona livre sem vacinação,
apesar de ser algo natural e desejável, precisa
ser uma decisão política, mas amparada na área
técnica”, condiciona o veterinário Fernando
Groff, chefe do Serviço de Doenças Vesiculares
da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária
e Pesca do RS.
Para o técnico, a evolução do status sanitário depende basicamente de uma mudança de
mentalidade do produtor, aliada a alterações na
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REPORTAGEM
Maio / Junho de 2010
Fotos: Divulgação/ABA
forma como trabalha do serviço oficial, envolvendo basicamente a Secretaria e o Ministério
da Agricultura.
“A estrutura que temos já é bastante eficiente, mas para passar à zona livre sem vacinação
é preciso priorizar a vigilância sanitária e o
controle de trânsito de animais”, sintetiza o
dirigente, observando entretanto que a retirada da vacinação é uma questão de tempo e
representa a evolução natural desse quadro.
“Só não podemos agir de forma irresponsável.
Precisamos primeiro criar as condições necessá-
rias à garantia da sanidade de nossos rebanhos”,
assevera.
Farsul quer
condições técnicas
Já o diretor da Federação da Agricultura do
RS, Fernando Adauto de Souza, sai dizendo
que a presença da vacina não impede nem
as exportações de carne, nem a conquista de
novos mercados para o produto. E diz que a
retirada da vacina depende de novas posturas
do produtor e de melhor estrutura técnica.
Ele argumenta que desde 2006 foi criado o
Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária
no RS (Fundesa), que une várias entidades,
entre elas a Farsul, a Fetag e as quatro cadeias
representativas do setor - bovinocultura de
corte, bovinocultura de leite, suínos e aves,
cada uma delas com seu conselho técnico
operacional.
O dirigente da Farsul relata que quando
começou a surgir a discussão sobre retirar
ou não a vacinação, o assunto foi parar na
Fundesa, onde também estão representantes
da Secretaria e do Ministério da Agricultura.
“Os debates se seguiram e ainda não foram
conclusivos, mas já temos posições solidificadas acerca da questão, que envolve nos debates
muita paixão e muitas opiniões infundadas”,
antecipa.
Conforme Adauto de Souza, o Conselho
de Pecuária de Corte decidiu que a retirada da
vacina é uma meta a ser alcançada. Mas antes
deve ser adotada uma série de medidas, que
podem contar com o apoio da Fundesa, que
criou um fundo que conta hoje com mais de
R$ 16 milhões.
As medidas são:
• Conclusão do processo de informatização das
Inspetorias Veterinárias;
• Pessoal capacitado e treinado;
• Controles eficientes de fronteiras;
• Grupo de emergência formatado e treinado;
• Alinhamento de políticas com o Uruguai
(fronteira seca);
• Laboratórios que tragam segurança e repidez
em diagnósticos;
• Aprovação e reconhecimento da estrutura pelo
Ministério da Agricultura;
Apreensão
no Paraná
“Para se ter zona livre sem vacinação é preciso contar com toda uma estrutura, um sistema
de vigilância e pessoal técnico preparado para
qualquer emergência, e o que se sabe é que a
Secretaria da Agricultura de nosso estado está
deficitária em pessoal”, condiciona o atual
presidente do Sindicato Rural de Guarapuava,
um importante polo de produção pecuária da
região central do Paraná, agrônomo Rodolpho
Luiz Wernek Botelho.
Também presidente do Conselho de
Sanidade Agropecuária daquele município
paranaense, Botelho relata que o órgão recentemente esteve reunido com representantes da
Secretaria da Agricultura, da Emater e com
secretários de agricultura de 21 municípios
da região centro-sul do Paraná, quando a
questão da retirada da vacinação foi alvo de
intenso debate.
“Houve questionamento se a secretaria paranaense de Agricultura teria mesmo estrutura
para fazer o acompanhamento das barreiras
sanitárias de fronteiras para garantir a sanidade
dos animais e se teria também como montar e
vigiar os corredores sanitários para o trânsito
de animais de outros estados, entre outras
medidas”, observa o dirigente do Sindicato de
Guarapuava.
Teremos que
vacinar sempre
“Sou a favor da vacinação de nosso rebanho,
porque isso garante não só a imunidade dos animais, com uma vacina que não deixa resíduos
na carne e também garante a manutenção dos
mercados para os quais o Brasil já exporta carne
bovina, assim como novos mercados a serem
conquistados”, opina o agrônomo e consultor
da Scot Consultoria, em Bebedouro, SP, Alcides Torres Júnior.
Para ele, dentro de uns 15 anos aproximadamente, quando nosso rebanho estará
praticamente limpo, livre do vírus encontrado
através do exame de sorologia, o Brasil terá que
reivindicar áreas livres de Febre Aftosa ,mas
com vacinação, com esta nova vacina que não
deixa resíduos nos animais e por conseguinte
na carne bovina.
“Entre outros problemas – casos das fronteiras, por exemplo - estamos num País repleto de
animais silvestres, que migram com a abertura
de novas áreas para lavouras ou para a criação
de gado, animais estes de carregam o vírus da
Aftosa e contagiam os bovinos”, argumenta o
analista, alegando que por esta e outras razões, o
mais seguro sempre será manter o gado vacinado contra a doença. “Creio que sempre teremos
que vacinar nosso gado contra a Febre Aftosa”,
conclui o técnico da Scot.
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REPORTAGEM
Saiba mais sobre a doença
A Febre Aftosa é uma enfermidade altamente
contagiosa, que ataca principalmente bovinos,
suínos, ovinos e caprinos. Atinge os animais em
todas as idades, independente de sexo, raça e clima, mas algumas espécies são mais suscetíveis, ou
seja, se contaminam com maior facilidade.
A doença é produzida por mais de seis tipos
de vírus classificados como A, O, C, SAT-1,
SAT-2, e SAT-3. E a imunidade contra um deles
não protege contra os outros.
A gravidade da Aftosa não está relacionada
às mortes que pode causar, já que os riscos de
vida em animais adultos são baixos, mas sim às
enormes perdas econômicas, atingindo todos os
pecuaristas, desde os pequenos até os grandes
produtores, em conseqüência dos sintomas dos
animais infestados (falta de apetite, febre, quebra
da produção leiteira, perda de peso, crescimento
retardado e menor eficiência reprodutiva).
Os animais doentes também ficam fragilizados e suscetíveis em adquirir outras doenças
e ocorrem perdas por morte de animais jovens
e, para o combate, o sacrifício dos animais contaminados. As propriedades que têm animais
doentes são interditadas e a exportação de carne
e produtos derivados é dificultada ou mesmo
impedida, já que os países importadores querem
preservar seus rebanhos.
O vírus é veiculado pelo ar, pela água e alimentos, portanto de muito fácil disseminação. O
vírus se isola em grandes concentrações no líquido
das vesículas que se formam na mucosa da língua
e nos tecidos moles em torno das unhas. O sangue
contém grandes quantidades de vírus durante o
início da doença, quando o animal transmite
amplamente a enfermidade. Quando as vesículas
se rompem, o vírus passa para a saliva, e pela baba
contamina os alojamentos, pastos e todo local por
onde o animal doente transitar.
O vírus resiste por seis meses em carcaças
congeladas, principalmente na medula óssea.
Persiste por muito tempo nos pastos, na farinha
de ossos e nos couros. As pessoas que entram em
contato com animais doentes podem levar o vírus
em suas mãos, roupas, calçados e equipamentos,
sendo capazes de contaminar animais sadios.
Os cuidados
1 - vacinação regular do rebanho conforme a recomendação da inspetoria veterinária
da região.
2 - Os animais que receberam a primeira
dose da vacina deverão ser revacinados 90 dias
após a primeira vacinação.
3 - Suspeitando da existência da doença
na propriedade ou na vizinhança, o fato deve
ser comunicado imediatamente à inspetoria
veterinária do município.
4 - Se a doença for confirmada, os animais
doentes devem ser isolados, proibida a entrada
e saída de veículos, pessoas e animais. E devem
ser seguidas rigorosamente as recomendações
dos Médicos Veterinários da inspetoria.
5 - Nos países livres de aftosa com vacinação ou sem, o método geralmente empregado
consiste no sacrifício dos animais doentes e
suspeitos, destruição dos cadáveres e indenização dos proprietários.
6 - Só compre ou transporte animais
vacinados.
7 - A vacinação não causa aborto nos
animais. Deve-se ter cuidados especiais com o
manejo das vacas prenhes, pois o mau manejo
pode levar ao aborto, nunca a vacina.
8 - Antes da aplicação das vacinas devem
ser obedecidas as recomendações do fabricante e as vacinas devem ser conservadas na
temperatura entre 2 e 6 graus centígrados.
9 - Os efeitos da vacina só aparecem
depois de 14 a 21 dias de sua aplicação. Se
os animais apresentarem a doença antes desse
prazo, é sinal que já estavam com a doença
quando foram vacinados.
O controle da aftosa é de grande importância econômica, facilitando a exportação de
carnes e produtos derivados e diminuindo as
perdas em conseqüência dos sintomas.
Importante enfatizar que a desossa da
carne, seguida da maturação, é um método
recomendado pela OIE (Organização Internacional de Saúde Animal) como suficiente
para a inativação do vírus da Febre Aftosa.
Veja mais informações
http://www.oie.int
O site da Organização Mundial de
Saúde Animal (OIE), com versão em Espanhol, tem como objetivo informar sobre
a situação sanitária mundial por meio de
notícias, artigos, editoriais e de um banco
de dados. O espaço contém ainda indicações de publicações técnicas e o estatuto e
as normas sanitárias oficiais vigentes. As
informações são fornecidas pelos países
membros da OIE.
http://www.panaftosa.org.br
Trata-se do site do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa), específico
sobre a febre aftosa. Nesse espaço, podem
ser encontrados os avanços, as espécies, a
situação, as vacinas para a doença, além
de indicações bibliográficas e de eventos.
O portal é em espanhol, porém possui um
link para as notícias sobre febre aftosa no
Brasil.
http://www.agricultura.gov.br
Site oficial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do governo
brasileiro. Contém um link especial com as
notícias mais recentes sobre a febre aftosa
no Brasil. Além disso, pode ser encontrada
a legislação vigente, informe semanal com
a ocorrência das principais doenças animais
no Brasil e no Mundo e informações sobre
os programas do Governo Federal.
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PERFIL
Qualidade transmitida geneticamente
Fotos: Divulgação/ABA
Antonino (à direita) na última Expointer
Como ocorre com outras tradicionais e renomadas propriedades
no Estado, a opção pela raça Angus e suas qualidades parecem
ser transmitidas geneticamente de pai para filho. No caso do
perfil em destaque não foi diferente. Exercendo a medicina há
mais de 40 anos, sem abandonar as origens da família pecuarista
da região de Alegrete, Antonino Souza Dorneles (Dr. Antonino)
foi o escolhido pela direção da Associação Brasileira de Angus
para ilustrar o Perfil desta edição. O Dr. Antonino é o titular da
Parceria Agro Pecuária que leva seu nome e tem como parceiros seu
genro Luiz Joaquim Rodrigues e seu filho Atila Leães Dorneles,
atualmente participantes ativos na administração das Estâncias
Olhos D‘Água e Ibirapuitã.
Por Alexandre Gruszynski
A
história da Estância Olhos
D’Água tem origem em uma
família de pecuaristas que
desde o início do século passado cria
e seleciona Aberdeen Angus, tendo
muitas vezes, naquela época, introduzido em seus planteis, reprodutores
oriundos da Inglaterra, através de
importadores uruguaios. O tempo
foi passando, as gerações foram se
sucedendo, mas tradição e o apreço
pela criação do Angus se manteve.
No ano de 1960 a propriedade mãe
foi dividida por herança e uma parte
passou a pertencer ao Dr. Antonino
e a sua esposa dona Ana Leães Dorneles. A partir daí, foi estabelecido
seu próprio criatório dando-lhe o
nome de Estância Olhos D’Água, e
optando pela criação e cruzamento
exclusivamente com a raça Aberdeen
Angus, de onde desenvolveu também
a raça Brangus.
Seis anos depois de iniciar o seu
criatório o então jovem pecuarista
que estava estudando medicina na
Universidade Federal de Santa Maria
se forma para exercer as especialida-
des de Clinica Médica e Radiologia.
“A partir daí foi uma corrida para
conciliar as duas atividades”, lembra
ele, mesmo com a ajuda da esposa,
Ana Leães, bióloga e geneticista, que
o ajudava na propriedade quando
os filhos, Marta, Cláudia e Atila,
eram pequenos. O Dr. Antonino,
que atualmente está aposentado da
profissão de médico, lembra que os
compromissos eram tantos, nas duas
atividades, medicina e pecuária, que
num determinado momento da sua
vida profissional teve que deixar a
clínica, dedicando-se apenas à Radiologia. “A atividade da pecuária
exige dedicação e esforço para se ter
bons resultados”, confessa o criador.
A partir de 1996 com a formatura do
filho Átila como Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Atila volta para casa e
assume a administração técnica e operacional da propriedade, facilitando
sua gestão e imprimindo ainda mais
entusiasmo pela raça Angus.
Logo em seguida ocorreu a incorporação da Estância Ibirapuitã
vindo com seu genro Luiz Joaquim
Rodrigues a formar a Parceria Agropecuária Antonino Souza Dorneles.
A criação de cavalos Crioulos, outra
paixão, a orizicultura e a produção de
forrageiras são outras das atividades
da parceria.
“Sempre fui muito exigente com
o que produzimos. O exemplo está
no gado, onde sempre me baseei nas
orientações técnicas, buscando gente
capacitada para o trabalho”, destaca.
Ele lembra de um velho amigo, o médico veterinário Vicente Jacques Machado, que durante muitos anos deu
assistência técnica para o seu criatório
e foi de grande valia para os resultados
alcançados pela Olhos D’Água.
“Os custos para se criar e cuidar
um gado bom ou um ruim são praticamente os mesmos, então vale mais
a pena criar um gado bom e isto só se
consegue com a ajuda de técnicos capacitados, que garantem um retorno
em termos de eficiência e qualidade
para o criatório”, complementa ele.
Esta filosofia e modo de agir deste
pecuarista são, sem dúvida, o motivo
principal do renome que a Olhos
D’Água vem obtendo e que a tornou
o primeiro criatório Angus em todo o
território nacional a exportar um touro para a Argentina, um fato inédito.
O reprodutor Payador Carrasco,
Reservado de Grande Campeão da
Expointer 2009 foi adquirido no final
do ano passado pela Ciale, a maior
central de sêmen da Argentina. O
sêmen será comercializado para todos
os países da América Latina. Outro
fato significativo ocorrido em 2009,
foi a venda da novilha ASD Traveler
004 Filó, para o criatório Play Fair
Farms, de James Play Fair e Rob
Wills, Escócia.
Qualidade da carne
Apaixonado pela raça, devido às
inúmeras qualidades que a destacam
das demais, ele diz que a Angus é das
raças britânicas a mais rústica, “era o
gado ideal para os campos que me
couberam, que eram os chamados
campos de segunda, hoje preferidos
por sua versatilidade”.
A qualidade da carne, a fertilidade, a precocidade reprodutiva e de
acabamento, a habilidade materna,
todas estas características exigida
pela moderna pecuária de corte estão
presentes na raça, confirma o Dr.
Antonino, que como todo criador
de elite faz a avaliação do Promebo
nos seus rebanhos. “O melhoramento
genético sempre foi uma das nossas
metas”, e não poderia ser diferente,
pois com a esposa Ana, filha Cláudia
e nora Ximena biólogas e geneticistas
a pressão é muito grande.
Uma das coisas que não era objetivo dele no início, a produção de
animais de argola, veio posteriormente com a assessoria técnica. “A nossa
parte técnica viu que isto era uma
necessidade de mercado. Eu sempre
enfoquei a produção de reprodutores
rústicos,mas quando o Átila começou
a trabalhar na propriedade, com muito entusiasmo, acabamos produzindo
animais de argola”, lembra ele. A
partir daí logo começaram a chegar
os resultados e estrearam nas pistas de
exposições no ano de 2000, tanto no
Angus como no Brangus, machos e
fêmeas, ganhando prêmios. Antes, os
bons resultados eram obtidos só com
os lotes de rústicos.
Prêmios à dedicação
A quantidade de prêmios que ele
já obteve em pistas, não sabe dizer,
mas uma sala na propriedade está
repleta de troféus, testemunhas do
trabalho eficiente, dedicado e profissional que o Dr. Antonino e família
souberam imprimir no seu criatório.
Na Expointer ele já foi Bi-Grande
Campeão com uma fêmea Brangus, a
Jóia Rara, também teve dois Grandes
Campeões machos Brangus, o Fortunato e o Nitro, a Grande Campeã
Aberdeen Angus, a Kila, dois Reservados de Grande Campeão, Pandero
e Carrasco, já mencionado antes e
muitos outros.
“Na Olhos D’Água nós primamos por rusticidade, nossa seleção
é muito rigorosa, não gostamos de
muito artificialismo, mas o mercado
gosta” , confirma ele.
A Parceria trabalha hoje com 2,7
mil hectares e abriga 1.200 ventres
registrados entre Angus e Brangus,
produzindo 400 machos anualmente.
Destes são selecionados 150 para pro-
váveis futuros reprodutores rústicos
e de argola. Os Grandes Campeões
as Centrais de Inseminação quase
sempre levam. Os novilhos (descarte
dos touros) são conduzidos para a
Estância Ibirapuitã, onde o genro,
Luiz Joaquim Rodrigues, faz a recria e
invernada antes do abate. Compradores do Paraná, Santa Catarina, Mato
Grosso e São Paulo buscam animais
na propriedade ou compram em remates que participa na Expointer, na
Exposição Feira de Alegrete e no Remate Selo Racial, evento que a Olhos
D’água realiza juntamente com as cabanhas Azul, Corticeira, Rincon Del
Sarandy e Ciazul, nomes históricos e
que dispensam comentários no seleto
e destacado criatório Angus.
Finalizando o criador faz um desabafo: “O mundo é carente de alimentos e particularmente de muita proteína, mas, infelizmente, o Brasil com
todo o seu potencial, não desenvolve
uma política séria no setor agropastoril, para realmente transformar-se em
celeiro do mundo. Ao contrário de países que sabem quão importante é produzir alimentos, inclusive subsidiando
sua produção, o produtor primário
brasileiro fica a mercê de sua própria
sorte. Falta uma política agrícola séria,
com preços mínimos verdadeiros,
extensão e fomento a produção. É
necessário um plano de expansão da
fronteira agrícola, neste nosso país de
dimensões continentais, e não ficar
apoiando a invasão de propriedades
já produtivas, que tem muito mais
cunho ideológico, do que social, pois
as criaturas ali assentadas, também
ficam abandonadas a própria sorte”.
Segundo ele, “somente a obstinação
pelo que faz, ungido por um telurismo
heróico é que leva o homem do campo
a continuar lutando por aquilo que
acredita ser sua predestinação”.
Antonino (ao centro) e família com a Grande Campeã da Expointer 2008
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OPINIÃO
Considerações sobre a Diferença
Esperada na Progênie - DEP
Por Leonardo Talavera Campos
A diferença esperada na progênie (DEP) é o
principal critério utilizado pelos programas de
avaliação genética para ordenar os animais pelo
seu mérito genético estimado. Consiste de um
instrumento poderoso para se fazer mudanças
direcionais, em características de performance
importantes economicamente, satisfazendo os
variados critérios e objetivos de seleção dos
criadores de gado de corte.
dentificar o componente genético dos
animais permite aos criadores, adequar geneticamente, e de maneira rápida, o tipo de
vaca e de progênie que se ajuste aos recursos alimentares do estabelecimento, do mercado, e aos
seus objetivos de produção. Isto se torna possível
graças à implementação de novos procedimentos
teóricos ou de metodologia dos programas de
melhoramento, associados a um grande aumento da capacidade computacional.
A computação dos valores de DEP permite
uma avaliação mais acurada do componente
genético para diversas características de importância econômica. Embora a teoria seja
algo complexa, e os cálculos computacionais
difíceis, os resultados são relativamente fáceis de
interpretar e usar (Brinks, 1990). Este aumento
de exatidão na identificação do componente ou
mérito genético dos animais, junto com seu uso
subsequente nos programas de seleção, permite
ao criador obter valores ótimos para o rebanho
de ventres em termos de crescimento, tamanho
maduro e nível de produção de leite, ou então,
alterar as características na direção desejada.
A DEP é uma estimativa da diferença esperada no desempenho dos futuros filhos de um
reprodutor em relação ao desempenho esperado
dos futuros filhos de todos os outros progenitores avaliados presentes na análise, desde que
os acasalamentos sejam entre animais de valores
comparáveis.
O valor da DEP representa a metade do valor
genético, uma vez que um progenitor transmite
somente uma amostra da metade de seus genes à
sua progênie. Estes valores de DEP são relatados
como desvios positivos (+) ou negativos (-) de
um ponto base que é zerado. São expressos na
mesma unidade de medida da característica
avaliada, e um animal terá tantas DEPs quantas
forem as características avaliadas.
I
Cabe destacar ainda que as DEPs já levam
No conceito expresso no parágrafo acima, jovens, a partir dos valores de DEPs de seus pais
está implícito que a DEP é uma medida com- (metade da DEP do pai mais metade do DEP em consideração o número e a distribuição
parativa, que não deve ser encarada em termos da mãe), e somando-se a este resultado, outro das informações que entram nas estimativas.
de valores absolutos. É muito importante estar componente, chamado de segregação mendelia- Portanto, as DEPs de touros com números de
ciente do ponto base (zero) a que uma DEP na. A segregação mendeliana é estimada a partir filhos diferentes são diretamente comparáveis,
qualquer se refere. Este ponto base pode ser das diferenças observadas entre irmãos inteiros mesmo que apresentem exatidão (ou “acurácia”)
(filhos de um mesmo touro e vaca).
diferente.
fixo ou móvel.
A DEP interim também é uma estimativa
A exatidão pode ser expressa de duas formas.
(1). BASE MÓVEL: neste caso, a média
das DEPs dos touros pais, como também dos do desempenho da futura da progênie, porém Como exatidão mesmo, sendo os valores relaventres é igualada a zero. A cada avaliação ocorre apresenta uma menor exatidão do que a DEP tados como um número decimal variando de 0
alteração do ponto base, em função de mudanças estimada a partir de dados da progênie. Para a 1.0 (ou o equivalente em percentagem). Ou
ocorridas na média das DEPs quando novos seu cálculo exigem-se, além das DEPs dos como um valor de possibilidade de alteração,
animais e seus progenitores são adicionados ao pais, informações da própria performance do que é a mudança, positiva ou negativa, que pode
animal e do grupo contemporâneo para as ocorrer para cada valor de DEP. É expressa na
conjunto de dados.
mesma unidade de medida da característica.
(2). BASE FIXA: as DEPs são relatadas características.
Além da DEP interim, existe ainda outro Esta medida no erro de predição dos valores de
em relação a um determinado touro (ou grupo
de touros pais) que terá DEP igualada a zero. tipo de DEP que é a chamada DEP pelo pedi- DEP (erro padrão da predição) decresce quando
Para os ventres, pode-se adotar como base fixa gree. Esta é estimada como a média das DEPs o valor de exatidão aumenta.
- OITO PASSOS PARA
a média de vacas nascidas em um determinado do pai e da mãe, ou metade da DEP do pai mais
O USO DA DEP:
ano, por exemplo. Uma base fixa e única para metade da DEP da mãe. Se somente as inforWilson (1989) resume em oito passos a
cada raça pode ser adotada nas avaliações entre mações sobre touros estão disponíveis, pode ser
rebanhos. As análises subsequentes são ajustadas, estimada como metade da DEP do pai, mais um utilização da DEP:
quarto da DEP do avô materno. Esta estimativa
(1). Obter informações mais atualizadas
então, para esta base fixa pré-determinada.
Um exemplo pode esclarecer melhor o tem uma exatidão mais baixa que um valor de possíveis das avaliações genéticas (sumário de
conceito da DEP. Supondo o touro ‘’A’’, de um DEP interim, desde que a informação da própria touros). É necessário se familiarizar com o formato dos relatórios e as características nas quais
determinado rebanho, com uma DEP de +10 performance não é incluída nos cálculos.
- POSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO: os touros foram avaliados.
kg para peso à desmama. Numa base fixa, podeA possibilidade de alteração que pode
(2). Determinar os objetivos de seleção antes
se esperar que este touro “A” produza filhos
de se dirigir aos remates
que terão, em média,
ou a um estabelecimenmais +10 kg de peso à
to para observar novos
desmama do que a proA computação dos valores de DEP permite uma avaliação
touros.
gênie do touro base do
mais acurada do componente genético para diversas
(3). Determinar a
rebanho (que tem DEP
características de importância econômica
escala de variação dos
igual a zero), desde que
valores de DEP aceitáambos os touros sejam
veis para seu rebanho.
acasalados com um
ocorrer em uma estimativa de DEP, de uma
(4). Ter alguma idéia dos aspectos envolgrande número de vacas comparáveis.
Na base móvel, os filhos do touro “A” avaliação para outra, é um aspecto importante vidos nos negócios que o criador precisará
apresentarão mais +10 kg, em média, do que a a ser considerado, e é representada pela exatidão efetuar.
ou “acurácia” da DEP obtida. Naturalmente,
(5). Determinar o valor médio das DEPs
progênie de um touro médio do rebanho.
Já em relação a um touro “B” qualquer, do quanto maior o número de filhos de um dado para a categoria de idade dos touros sob considemesmo rebanho com DEP para peso à desmama touro, maior a exatidão de sua DEP, e portanto, ração de compra. É muito importante conhecer
de –10 kg, se espera uma diferença na média esta terá somente reduzida variação com as infor- os pontos de referência (ou a base) das DEPs
dos filhos de “A” e “B” de 20 kg a mais para a mações adicionadas de uma análise para outra, apresentadas.
desde que os métodos de cálculo não mudem.
(6). É importante que o próprio criador
progênie do touro “A”.
Os valores de exatidão dependem da quan- mude para que conheça mais sobre o assunto
- TIPOS DE DEPs:
Calcular as DEPs é uma tarefa monumental tidade e distribuição das informações. Entre- DEP do que o próprio vendedor de touros.
(7). O criador deve se tornar apto a compue difícil (é claro que facilitada pelo desenvolvi- tanto, produzir uma progênie numerosa requer
mento da computação eletrônica), e represen- tempo, o que pode incrementar o intervalo tar uma DEP estimada pelo pedigree para um
tam a melhor teoria conhecida até hoje para enter gerações, ao se usar unicamente touros touro jovem. Muitos compradores de touros
predizer o mérito genético dos reprodutores. com grande exatidão de DEP. O procedimento para rebanhos comercias estarão interessados
As DEPs dos touros e vacas com progênie no mais adequado é usar intensamente (através da em touros jovens, que podem não ter valores
rebanho são estimadas a partir das diferenças inseminação artificial, por exemplo) somente de DEPs publicados ou disponíveis.
(8). Coletar dados de performance do touro
observadas entre meio-irmãos paternos e ma- touros superiores de alta exatidão de DEP. É
ternos, respectivamente. No caso dos terneiros, um grande risco usar um único touro jovem em seu próprio rebanho. Procurar saber o que
de ambos os sexos, que ainda não produziram maciçamente, sendo mais recomendável, nesse um touro com uma DEP de +10 kg para peso
filhos no rebanho, suas DEPs são estimadas de caso, usar um grupo destes tourinhos jovens. à desmama realmente produziu na média da
uma forma diferente, característica do modelo Deste modo, se algum destes animais não apre- performance de seus filhos. Isto facilitará a
sentar o desempenho esperado, deixará poucos aquisição dos próximos touros.
animal. É a chamada DEP interim.
A DEP interim é calculada para animais filhos no rebanho.
OPINIÃO
Maio / Junho de 2010
Tabela
1
TOURO
A
B
Diferença
UTILIZAÇÃO DA “DEP” NA SELEÇÃO
DE REPRODUTORES:
As DEPs não significam a imposição de uma
mesma e única direção da seleção nos diferentes
programas de melhoramento, seja em rebanhos
registrados, seja nos rebanhos comerciais. As
DEPs fornecem a melhor descrição genética
de um animal, como também comparações
genéticas entre os animais. É através das DEPs
que os criadores poderão selecionar ou descartar
acuradamente os reprodutores, de modo a que
seus rebanhos atinjam os objetivos de produção
no menor tempo possível.
Exemplo do Uso da DEP:
A DEP prediz diferenças, não valores absolutos. Como um exemplo, vamos comparar
um touro A, com uma DEP para Ganho Final
(410 dias) de +15 kg, com um touro B, de DEP
–5 kg, para a mesma característica. O que estes
valores estão indicando?
Estes valores estão indicando que, se estes
dois touros forem acasalados com um grupo
de vacas comparáveis em um mesmo rebanho
e, se os produtos resultantes forem manejados
DEP
GND
+ 15
+5
10
uniformemente após o nascimento, pode-se
esperar que os animais filhos do touro A pesem,
em média, 20 kg a mais aos 410 dias de idade,
do que os filhos do touro B. Esta diferença de
20 kg existiria quer estes animais pesassem aos
410 dias de idade 280 ou 400 kg.
A Tabela 1 fornece outro exemplo ao mostrar o ganho de peso do nascimento à desmama
(GND) médio dos filhos de dois touros, utilizados em dois rebanhos com diferentes médias
para a característica:
DEP: GUIA RÁPIDO
E RESUMIDO
Conceito da DEP:
A DEP é uma estimativa do desempenho
médio esperado dos futuros filhos de um
determinado reprodutor (touro pai, vaca ou
produto) para uma certa característica, em
relação ao desempenho médio esperado de
qualquer outro reprodutor presente na análise,
desde que os acasalamentos sejam entre animais
comparáveis.
Rebanho 1
Média 150 kg
165
155
10
Rebanho
Média 200 kg
215
205
10
Apresentação:
Os valores de DEP são relatados como desvios positivos ou negativos de um ponto base
que é zerado. Normalmente é apresentada na
mesma unidade de medida da característica que
está sendo considerada. Alternativamente pode
ser apresentada de forma padronizada, ou seja,
em unidades de desvio padrão das DEP’s para
a característica.
Base Genética:
A DEP é uma medida comparativa, que não
deve ser observada isolada ou absolutamente.
É necessário estar ciente da base à qual um
determinado valor de DEP se refere. A base é o
ponto zero, isto é, o ponto em que as DEP’s são
zeradas. A base adotada pode ser fixa ou móvel.
É muito importante salientar, entretanto, que
as diferenças entre reprodutores – o que está
sendo estimado de fato - não se alteram ou
independem da base adotada.
(a) Base Fixa: a DEP de um determinado
touro, ou grupo de touros e/ou vacas, é fixada
como zero, não se alterando mais em avaliações
futuras;
37
(b) Base Móvel: quando as DEP’s da
totalidade dos touros ou vacas somam a zero,
alterando-se a base a cada avaliação efetuada.
Acurácia ou Exatidão:
A possibilidade de alteração que pode ocorrer na DEP estimada de uma avaliação para
outra, é um aspecto importante a ser considerado e é representado pela exatidão ou acurácia
desta DEP. Um valor de acurácia está associado
a cada valor de DEP e fornece uma medida da
confiabilidade da predição. Os valores de acurácia podem variar de 0.0 a 1.0, com valores mais
próximos a 1.0 indicando maior confiança, ou
menor risco.
Quanto maior o número de filhos de um
touro e melhor a sua distribuição nos diferentes
rebanhos ou grupos, maior será a acurácia de sua
DEP. Esta terá, portanto, reduzida variação com
as informações adicionadas de uma avaliação
para outra, desde que os métodos de cálculo
não mudem.
Para finalizar, é importante ressaltar que as
DEP’s já levam em consideração o número e a
distribuição das informações que entram nas
estimativas. Na verdade, as DEP’s computadas
para todos os animais são diretamente comparáveis, mesmo que tenham acurácias diferentes.
Superintendentes da ANC
Coordenador Técnico do Promebo®
e-mail: [email protected]
Dicas para a Formação de Grupos de
Manejo e Aumento da Conectabilidade
SUMÁRIO DE TOUROS ANC 2010
Estamos preparando a nova edição do Sumário de Touros da ANC.
Como sempre, o lançamento ocorrerá durante a próxima Expointer, e
sendo seu pré-lançamento previsto para acontecer duas semanas antes da
Exposição.
Solicitamos aos usuários do PROMEBO® encaminharem, com a maior
brevidade possível, os dados de desmama e pós-desmama (ano e sobreano)
dos animais controlados.
- DATA LIMITE PARA O SUMÁRIO DE TOUROS 2010:
Alertamos que a data limite para seu recebimento será 04 de junho de
2010. Entretanto, quanto antes recebermos os dados, tanto melhor.
Criadores que remeterem os dados após esta data receberão seus relatórios normalmente, porém, não poderemos garantir a inclusão destas
informações no Sumário de Touros 2010.
- DIVULGAÇÃO DE LOGOMARCAS:
Como sempre ocorre a cada ano, a ANC estará oferecendo aos clientes a
oportunidade de divulgação de suas logomarcas nesta publicação. Nos próximos dias estaremos informando procedimentos e valores de investimento
para efetivação deste serviço. Aguardem novas instruções para breve.
- SITE DO PROMEBO:
Todos os criadores estão convidados a consultar a nossa página na
Internet.
O endereço é: www.promebo.com.br
Diversos serviços e novidades estão disponibilizados neste site.
- ATUALIZAÇÃO DE E-MAIL:
É muito importante que tenhamos sempre atualizado, o endereço eletrônico de nossos usuários. Para quem alterou e/ou ainda não nos repassou
esta informação, solicitamos que enviem, sem falta, o seu e-mail. Estamos
disponibilizando todos os relatórios por via magnética, em formatos acessíveis – word (.doc) e excel (.xls).
A avaliação de performance
através da DEP (Diferença
Esperada na Progênie) está
baseada na comparação entre
animais que recebem o mesmo
tratamento ou mesmo manejo,
do nascimento até a data da
avaliação, seja ao desmame ou
ao sobreano. É somente depois,
através dos laços genéticos,
que são feitas as comparações
entre grupos do mesmo rebanho ou
de rebanhos diferentes. Para que as
comparações sejam justas e para que
as avaliações tenham grande exatidão,
é necessária uma formação criteriosa
dos grupos de manejo.
O módulo básico para a obtenção
do valor genético de cada indivíduo
são os grupos contemporâneos, os
quais são formados levando em conta
as seguintes informações: criador +
rebanho + ano + estação + sexo +
grupo de manejo a desmame + data
da desmame + grupo de manejo ao
sobreano + data do sobreano.
É importante que os animais
sejam agrupados da melhor maneira
possível, logo após o nascimento, pro-
curando grupos de manejo uniformes
e em grande número para melhorar a
comparação de performance.
Após o desmame, é recomendável juntar lotes desmamados para a
avaliação final. Lotes manejados e
avaliados juntos no desmame não
devem ser separados no manejo
pós-desmame, para não prejudicar a
avaliação seguinte, pela diminuição
do número de animais diretamente
comparáveis.
É recomendável, dentro do possível, separar os machos das fêmeas,
logo após o nascimento, formando
grupos contemporâneos maiores
(uma vez que o sexo é dos seus fatores componentes) e facilitando as
comparações genéticas dentro do
mesmo sexo.
Ainda, os animais de um mesmo grupo devem ter diferenças de
idades mínimas (máximo de 90 a
100 dias) e devem ser pesados e
avaliados no mesmo dia.
Quanto maior o grupo comparado e menor a variação de
idade, dentro do mesmo sexo,
maior será a confiabilidade das
DEPs obtidas.
Para favorecer o conectabilidade
dos grupos de um mesmo rebanho é
importante:
- Não formar grupos somente com
filhos de reprodutores múltiplos.
- Não usar somente reprodutores
múltiplos sobre novilhas.
- Não alterar completamente os
touros pais utilizados de uma produção para a outra.
Utilizar touros provados no Sumário de Touros, com progênie bem
distribuída em diversos rebanhos, de
acurácia moderada a alta, visando,
assim, aumentar a conectabilidade
de seu rebanho em relação à raça.
(Leonardo T. Campos)
38
O que esperar das vendas de sêmen em 2010?
OPINIÃO
Maio / Junho de 2010
bovino.
por causa do encolhimento do rebanho de matrizes.
Veja na figura 2 variação da participação do abate de fêmeas no total
abatido e a variação das vendas totais
de sêmen bovino.
160%
130%
150%
120%
140%
110%
130%
100%
120%
90%
110%
V endas de sêmen de raças de corte
2009
2008
2007
2006
2005
2004
2003
70%
2002
90%
2001
100%
80%
Bez erro (12 meses - M S)
Figura 2
160%
140%
120%
100%
2009
2008
2007
2006
2005
2004
2003
2002
80%
2001
A
Desde 2006 as vendas de sêmen têm
aumentado e, simultaneamente, tem
ocorrido redução da participação de
fêmeas no abate. Tais comportamentos indicam investimento na atividade
de cria.
Mas a retenção de matrizes não
Figura 1
2000
As vendas de sêmen têm aumentado nos últimos anos. A inseminação artificial é uma técnica
consolidada e há espaço para crescer.
Em 2009, segundo a Associação
Brasileira de Inseminação Artificial
(ASBIA), foram vendidas aproximadamente 9,16 milhões de doses
de sêmen, um aumento de 11,65%
em relação às vendas de 2008. Foi o
maior incremento anual desde 2001.
A participação de sêmen importado
no total comercializado também surpreendeu, respondendo por 42,2%
do total vendido. Maior participação
desde 2001.
s vendas de sêmen de raças de
corte oscilam com o preço do
boi gordo. Em anos de preços
melhores, há maior investimento na
atividade.
Tal investimento é observado no
uso de insumos, tecnologia, assessoria
técnica e retenção de matrizes. Essas
ações têm por objetivo aumentar a
produção de bezerros.
Observe na figura 1 a variação
do preço do bezerro de 12 meses no
Mato Grosso do Sul e a variação da
quantidade de doses de sêmen de raças
de corte comercializada.
Existe correlação. Com o bezerro
valorizado, temos maior movimentação no mercado de sêmen.
Figura 2
Variação da participação de fêmeas nos abates totais de bovinos e
variação nas vendas totais de sêmen
2000
Por Hyberville Neto
Base 100 = ano 2000
Fonte: ASBIA / Scot Consultoria
www.scotconsultoria.com.br
geraria um excedente de bezerros,
o que implicaria em queda nas cotações?
A tendência é esta, mas ainda não
há sobreoferta.
É possível observar isto através da
valorização que o bezerro acumula
desde o início do ano.
O preço do bezerro de 12 meses
no Mato Grosso do Sul está 20,3%
mais alto que no início do ano e
o desmama acumula aumento de
V ariação da participação de fêmeas nos abates
V ariação das vendas totais de sêmen bovino
Figura 3
140%
120%
100%
Figura 3
Variação das vendas de sêmen importado, nacional e variação cambial
(R$/US$).
Base 100 = ano 2000
Fonte: ASBIA / Scot Consultoria
www.scotconsultoria.com.br
A venda de sêmen importado
ignorou a valorização do dólar em
2009.
Esse fenômeno pode ser creditado
aos benefícios da inseminação artificial e à sua consolidação e, em função
desses benefícios, a questão de preços
relativizou-se, pois no conjunto de
custos o valor do sêmen não é maior
parte.
Para 2010, as previsões quanto
ao valor do dólar apontam para
algo ao redor de R$1,80. No entanto, temos vários fatores (como
eleições e instabilidade na União
Européia) que potencialmente
afugentam investimentos estrangeiros, o que causaria a desvalorização do real.
O dólar em patamares mais
baixos é positivo para as importações, tanto de sêmen quanto
de hormônios para inseminação,
utilizados em protocolos de sincronização e IATF (inseminação
artificial em tempo fixo).
A expectativa para este ano é
de preço firme para o mercado de
animais para reposição. A retenção
de fêmeas está acontecendo, mas
ainda é insuficiente para atender
a demanda. Esse cenário é de investimento em cria, o que favorece
o comércio de sêmen. Importado
ou nacional.
80%
Venda de sêmen nacional
Venda de sêmen importado
2009
2008
2007
2006
2005
2004
2003
60%
2002
Mesmo com a queda de 4%
no preço do bezerro em 2009, em
consequência da crise global, houve
um aumento na comercialização de
sêmen. O pecuarista percebeu que a
inflexão dos preços não foi por causa
do aumento da oferta e que o mercado
continuaria atraente, com a demanda
aquecida e a produção correndo atrás,
160%
2001
Base 100 = ano 2000
Fonte: ASBIA / Scot Consultoria
www.scotconsultoria.com.br
180%
2000
Figura 1
Variação do preço do bezerro
(corrigido pelo IGP-DI) de 12 meses
no Mato Grosso do Sul e variação das
vendas de sêmen de raças de corte.
28,4% no mesmo período de 2010
(1/1 a 10/5).
Outro fator que influencia a venda de sêmen é a cotação do dólar. Mas
o câmbio altera mais a participação de
sêmen importado na comercialização
que o volume total negociado. Na
verdade, alterava, pois nos últimos
três anos as vendas de sêmen, tanto
nacional como importado, aumentaram (figura 3).
Câmbio
Médico veterinário
Scot Consultoria
[email protected]
Colaboraram: Alcides Torres,
engenheiro agrônomo; Cristiane
Turco, médica veterinária
39
Fatores de competitividade dentro da porteira
em fazendas de bovinos de corte
OPINIÃO
Maio / Junho de 2010
pode ser mais dependente de um
determinado fator numa fazenda do
que em outra.
Por Júlio Barcellos
e Pedro Rocha Marques
A pecuária de corte no Brasil vem
enfrentando duas realidades bem
distintas, ou seja, um produtor ainda
tradicional com pouco grau de tecnificação em seu sistema de produção
e um segundo produtor desafiando
e demandando novas tecnologias,
pois pretende elevar constantemente
a eficiência bio-econômica do seu
sistema de produção. Desse modo, a
palavra que diferencia esses dois perfis
de produtores chama-se competitividade, pois significa a permanência do
sistema de produção de bovinos de
corte. Nesse contexto, a continuidade
da atividade depende diretamente da
eficiência econômica. Desse modo,
o pecuarista deve buscar a elevação
dos índices produtivos de seu sistema
(desfrute máximo do seu rebanho)
com o menor custo possível. Além disso, o produtor de bovinos de corte que
pretende ser competitivo não poderá
deixar a sustentabilidade dos recursos
naturais em segundo plano.
ara avaliar a competitividade
final é necessário identificar
como estão sendo geridos os
recursos existentes em uma fazenda.
Dentre os recursos ou fatores de competitividade são destacados aqueles
relativos aos Animais, Nutricionais,
Equipamentos, Recursos humanos
(RH) e Financeiros. Contudo, vale
salientar que cada sistema de produção
utiliza os recursos existentes de maneira
distinta, sendo que a competitividade
P
1. Animais
Os animais constituem o principal
recurso do sistema de produção de
bovinos de corte, uma vez que eles
são os geradores do produto final, ou
seja, a carne bovina. Nesse sentido, é
fundamental avaliar o escore de condição corporal dos animais (ECC) em
momentos estratégicos como indicador
de como eles estão sendo manejados.
Além disso, outro ponto relevante é o
calendário sanitário de uma fazenda,
pois ao conhecê-lo chega-se a inúmeras
justificativas para o ECC dos animais
durante o ano. O terceiro ponto a ser
avaliado é o biótipo racial e se este
está adaptado a região do sistema de
produção. Animais zebuínos adaptamse melhor às regiões tropicais em
relação a animais de origem européia.
Como alternativa para melhorar a
competitividade do sistema sugere-se a
realização de cruzamentos entre ambos
os biótipos.
2. Nutricionais
(Fertilidade do Solo)
Os recursos nutricionais, como
resultantes da fertilidade do solo, são
fundamentais para a competitividade de
um sistema de produção. Na avaliação
da nutrição do rebanho bovino deve-se
identificar quais são os recursos alimentares existentes na fazenda e como estão
sendo geridos. Recursos como pastagens
de Inverno (Azevém, Aveia, Trevo e
Cornichão), Pastagens tropicais (Braquiárias, Milheto e Sorgo) e suplementos (silagens, subprodutos agrícolas) são
elementos importantes e geradores de
diferenciais de competitividade entre fazendas. Desse modo, o gestor da fazenda
deve dedicar muitas horas planejando,
avaliando e corrigindo quando necessário as falhas nos processos referentes à
nutrição do rebanho.
3. Máquinas Agrícolas
e Equipamentos
A avaliação dos equipamentos e
máquinas agrícolas de uma fazenda está
diretamente relacionada com a gestão e
complementação de recursos nutricionais naturais, pois para implementação
de pastagens ou produção de silagens a
presença de maquinário é indispensável
ao sistema de produção. Nesse contexto, o maquinário pode ser próprio ou
alugado de terceiros. Ao decidir por
uma das opções o gestor, em função
da rentabilidade do sistema, deve
considerar o tempo de uso desse maquinário ao longo do ano e o volume
de capital imobilizado em máquinas.
Além disso, também deve-se considerar
a pronta disponibilidade desse recurso
no momento oportuno para uso, pois
invariavelmente o serviço de terceiros
ainda é limitado no Brasil. Em sistemas
de produção que realizam a integração
lavoura-pecuária (ILP) o maquinário
é o grande diferencial, uma vez que
a capacidade de formação de áreas de
Tabela 1. Comparação entre o pecuarista tradicional e o pecuarista competitivo
Pecuarista
Tradicional
Pecuarista
Competitivo
Tomada de
Decisões
Sentimental (euforia)
Riscos elevados
Planejamento
Decisões econômicas
Comercialização
Baixo Investimento
Não participa Alianças entre
produtores
Instrumentos sofisticados (BM&F e
Alianças)
Gestão
Vende com Preços Baixos
(descapitalizado)
Gosta de Produzir
Não gosta de administrar
Capitalização e oportunidades de
mercado
Controle de Custos rigorosos
Administração
pastagens e de distribuição de alimentos na forma mecanizada é enorme e
com custos minimizados. Além disso,
o desfrute do maquinário na ILP é
total, ou seja, quando não estiver sendo
utilizado pela pecuária estará sendo
ocupado pela lavoura.
4. Recursos Humanos (RH)
Os Recursos Humanos são os responsáveis por planejar, determinar os
objetivos, tomar as decisões e realizar
as tarefas em uma fazenda de bovinos
de corte. Nesse contexto, eles devem
ser constantemente aperfeiçoados e
capacitados para que as metas possam
ser atingidas. Na realidade a estrutura
hierárquica de uma fazenda deve ser
vista como um quebra-cabeça (figura
1) e não como uma pirâmide, pois
cada função profissional (empresário
rural, gerente, capataz e peões) deve ter
uma integração total para que a troca
de informações e resolução de problemas ocorra de forma conjunta. Desse
modo, para que os RH respondam de
forma competitiva aos desafios impostos devemos salientar alguns aspectos:
• Comunicação deve ser clara entre
a equipe.
• Realização de reuniões para a apresentação de resultados
• Discussão e correção dos problemas
identificados entre os envolvidos
• Capacitação periódica dos RH
5. Financeiros
O controle e a apropriação dos
recursos financeiros são o Raio-X do
sistema de produção. Se algum dos
recursos mencionados anteriormente
não estiver contribuindo para a competitividade da fazenda irá refletir na
gestão dos recursos financeiros. Nesse
contexto, devemos avaliar se no sistema
de produção são realizadas os seguintes
controles:
• Realização de Orçamentos
• Fluxo de Caixa (Receita x Despesas)
• Plano Anual de Compras
• Cálculo do Custo Unitário (Ex:
Custo/kg produzido, custo terneiro/
desmamado)
• Ferramentas de comercialização
(Mercado Futuro, Aliança entre
produtores)
Na tabela 1 é possível observar a
diferença no processo de tomada de
decisões, comercialização e gestão do
pecuarista não competitivo em relação
ao competitivo. Nesse contexto, vale
ressaltar que o pecuarista conservador
realiza essas três tarefas mencionadas
acima de maneira instintiva enquanto
o pecuarista competitivo planeja, analisa e decide baseado em informações
técnicas. Além disso, o pecuarista
competitivo utiliza as informações
de mercado a seu favor enquanto o
produtor mais tradicional não analisa
os períodos de melhores preços, pois
quando vende é para pagar as suas
despesas, geralmente perdendo oportunidades de bons negócios.
Considerações finais
O empresário rural e/ou o gestor
de uma fazenda é um gestor de recursos, os quais invariavelmente são
integrados. Nesse contexto, a avaliação
dos recursos disponíveis no sistema
de produção deve ser constante para
que se conheçam os pontos fortes e
corrijam-se os pontos fracos. Desse
modo, a competitividade está assegurada. No entanto, é importante ressaltar
que cada sistema de produção tem
a sua especificidade de recursos e de
uso dos mesmos, por isso devem ser
gerenciados de forma individual. Para
finalizar é fundamental e estratégico
que a pecuária de corte faça uma reflexão seja no setor ou dentro da porteira
sobre os pontos que limitam ou que
potencializam o resultado final – este
sim é o melhor indicador da competitividade desejada.
NESPRO-CEPAN/UFRGS
[email protected]
[email protected]
www.nespro.ufrgs.br
40
Julho/Agosto de 2009

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