Af-Revista PMKT:Layout 1
Transcrição
Af-Revista PMKT:Layout 1
Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 1 ISSN 1983-9456 NÚMERO 6 / MARÇO 2011 / PUBLICAÇÃO SEMESTRAL ÁRVORES,FLORESTAS E SUA FUNÇÃO COMO PREDITORES: UMA APLICAÇÃO NA AVALIAÇÃO DO GRAU DE MATURIDADE DE EMPRESAS TREES, FORESTS AND THEIR ROLE AS PREDICTORS: AN APPLICATION IN THE EVALUATION OF COMPANIES’ DEGREE OF MATURITY LUIZ CAMPOS DE SÁ LUCAS ................................................................................................... DETERMINANTES DA SATISFAÇÃO DOS CONSUMIDORES NOS SERVIÇOS DE CALL CENTER: UM ESTUDO EMPÍRICO COM CONSUMIDORES BRASILEIROS DETERMINANTS OF CONSUMER SATISFACTION WITH CALL CENTER SERVICES: AN EMPIRICAL STUDY WITH BRAZILIAN CONSUMERS SHEILA MOREIRA / CRISTINA GALAMBA MARREIROS / ANTÓNIO SOUZA ................................................................................................... PERFIL DO CONSUMIDOR DA CESMA — COOPERATIVA DOS ESTUDANTES DE SANTA MARIA CESMA CONSUMER PROFILE – SANTA MARIA STUDENT COOPERATIVE CAROLINA FREDDO FLECK / ROMÁCIO MENEZES DA SILVA / ALCIVIO VARGAS NETO ................................................................................................... PROCESSO DECISÓRIO PARA AÇÕES DE PATROCÍNIO ESPORTIVO: ANÁLISE DESCRITIVA EM EMPRESAS PATROCINADORAS NO BRASIL DECISION-MAKING PROCESS IN SPORTS SPONSORSHIP: DESCRIPTIVE ANALYSIS IN SPONSOR COMPANIES IN BRAZIL MICHEL FAUZE MATTAR / MARCOS CORTEZ CAMPOMAR ................................................................................................... Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 2 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 3 NÚMERO 6 / MARÇO 2011 / PUBLICAÇÃO SEMESTRAL ISSN 1983- 9456 CATALOGAÇÃO NA FONTE ELABORADA POR: ABEP e ABA Revista Brasileira de Pesquisas de Marketing, Opinião e Mídia ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa e ABA – Associação Brasileira de Anunciantes. Nº 6 (Março 2011) — São Paulo: PMKT, 2011 — Semestral ISSN 1983-9456 PMKT São Paulo nº 6 Mar. 2011 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 4 PMKT SUMÁRIO SUMÁRIO 08 /17 — ÁRVORES, FLORESTAS E SUA FUNÇÃO COMO PREDITORES: UMA APLICAÇÃO NA AVALIAÇÃO DO GRAU DE MATURIDADE DE EMPRESAS / LUIZ CAMPOS DE SÁ LUCAS O autor procura ilustrar a utilização das árvores de decisão e como as florestas aleatórias são capazes de melhorar a precisão das estimativas dos classificadores resultantes. — The author seeks to illustrate the use of decision trees and how random forests are able to improve the accuracy of the resulting classifier estimates. ................................................................................................................. n 08 / 17 — DETERMINANTES DA SATISFAÇÃO DOS CONSUMIDORES NOS SERVIÇOS DE CALL CENTER: UM ESTUDO EMPÍRICO COM CONSUMIDORES BRASILEIROS / SHEILA MOREIRA / CRISTINA GALAMBA MARREIROS / ANTÓNIO SOUZA Os autores identificam os determinantes da satisfação dos consumidores de serviços de Call Center do Brasil e, para tal, validam os fatores de satisfação destes serviços através de um questionário, construído com base nos modelos SERVQUAL e ECSI-Portugal. — The authors identify the determinants of consumer satisfaction with Call Center Services in Brazil and, for such, validate the satisfaction factors of these services through a questionnaire, constructed on the basis of SERVQUAL and ECSI-Portugal models. ................................................................................................................. n 08 / 17 — PERFIL DO CONSUMIDOR DA CESMA — COOPERATIVA DOS ESTUDANTES DE SANTA MARIA / CAROLINA FREDDO FLECK / ROMÁCIO MENEZES DA SILVA / ALCIVIO VARGAS NETO Os autores investigam, através de pesquisa, o perfil do associado da CESMA - Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria e identificam como os mesmos a veem em comparação com o que esperam dos produtos e serviços de uma livraria e papelaria. — Through a research, the authors investigate the profile of CESMA consumers - Santa Maria Student Cooperative, and identify how those consumers rate that organization compared to what they expect from products and services at a bookstore and stationery ................................................................................................................. n 08 / 17 — PROCESSO DECISÓRIO PARA AÇÕES DE PATROCÍNIO ESPORTIVO: ANÁLISE DESCRITIVA EM EMPRESAS PATROCINADORAS NO BRASIL / MICHEL FAUZE MATTAR / MARCOS CORTEZ CAMPOMAR Os autores apresentam o processo decisório que caracteriza a tomada de decisão para ações de patrocínio esportivo nas empresas, através de um estudo de campo. — Through a field study, the authors present companies’characteristic decision-making process for resolutions related to sports sponsorship. n Empresas patrocinadoras da PMKT 6: 04 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 5 EDITORIAL / EXPEDIENTE PMKT EDITORIAL Dentre os inúmeros artigos submetidos à PMKT os quatro selecio- tivo nas empresas brasileiras, através de um estudo de campo. nados para publicação neste número foram: “ÁRVORES, FLO RESTAS E SUA FUNÇÃO COMO PREDITORES: UMA Esperamos contar com outros temas igualmente interessantes paAPLICAÇÃO NA AVALIAÇÃO DO GRAU DE MATURIDA- ra publicar nas próximas edições. DE DE EMPRESAS”, em que o autor LUIZ CAMPOS DE SÁ LUCAS, procura ilustrar a utilização das árvores de decisão e co- Esta edição é a última que circula sob a responsabilidade do Editor mo as florestas aleatórias são capazes de melhorar a precisão das Fauze Najib Mattar.A ABA em conjunto com a ABEP determinará estimativas dos classificadores resultantes; “DETERMINANTES o Editor a ser responsável pelas próximas edições. DA SATISFAÇÃO DOS CONSUMIDORES NOS SERVIÇOS DE CALL CENTER: UM ESTUDO EMPÍRICO COM CON- O Editor que ora encerra sua participação agradece a todos que SUMIDORES BRASILEIROS”, em que os autores, SHEILA contribuíram para tornar a PMKT realidade e enseja que essas colaMOREIRA / CRISTINA GALAMBA MARREIROS /ANTÓ- borações continuem a ocorrer de forma a perenizar sua existência. NIO SOUZA, identificam os determinantes da satisfação dos consumidores de serviços de Call Center do Brasil e, para tal,validam Boa leitura. os fatores de satisfação destes serviços através de um questionário, construído com base nos modelos SERVQUAL e ECSI-Portugal; “PERFIL DO CONSUMIDOR DA CESMA – COOPERATIVA DOS ESTUDANTES DE SANTA MARIA”, cujos autores, CAROLINA FREDDO FLECK / ROMÁCIO MENEZES DA SILVA / ALCIVIO VARGAS NETO, investigam, através de pesquisa, o perfil do associado da CESMA – Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria e identificam como os mesmos a veem FAUZE NAJIB MATTAR GUILHERME CALDAS DE CASTRO em comparação com o que esperam dos produtos e serviços de Editor Presidente do Conselho Editorial uma livraria e papelaria; e “PROCESSO DECISÓRIO PARA AÇÕES DE PATROCÍNIO ESPORTIVO: ANÁLISE DESCRITIVA EM EMPRESAS PATROCINADORAS NO BRASIL”, onde os autores, MICHEL FAUZE MATTAR / MARCOS CORTEZ CAMPOMAR, apresentam o processo decisório que caracteriza a tomada de decisão para ações de patrocínio esporwww.abep.org www.aba.com.br ................................................................................................................. CONSELHO EDITORIAL: Fauze Najib Mattar — Editor e Membro do Conselho Editorial, pela ABEP / Guilherme Caldas de Castro — Presidente do Conselho Editorial, pela ABA / Fernando José Leite Ribeiro — Membro do Conselho Editorial, pela ABEP. — CONSELHO TÉCNICO: O Conselho Técnico da PMKT – Revista Brasileira de Pesquisas de Marketing, Opinião e Mídia é formado por professores e pesquisadores das mais importantes Escolas de Administração e Comunicação, e por profissionais de pesquisas no Brasil. Cada artigo submetido será avaliado por, ao menos, dois conselheiros selecionados conforme o tema, no sistema blind review. — ASSISTENTE EDITORIAL: Madalena de Macedo Vicente — TRADUTOR / REVISOR: Cello Sawczuk. — ANÚNCIOS: Para anunciar ligue — ABA (11) 3283.4588 ou ABEP (11) 3078.7744 — CORRESPONDÊNCIAS PARA: PMKT – Revista Brasileira de Pesquisas de Marketing, Opinião e Mídia,Secretaria Editorial / E-mail: [email protected] Site: www.revistapmkt.com.br / A PMKT – Revista Brasileira de Pesquisas de Marketing, Opinião e Mídia é editada semestralmente. — DIREITOS E PERMISSÃO DE UTILIZAÇÃO: As matérias assinadas são de total e exclusiva responsabilidade dos autores / Todos os direitos reservados a ABEP/ABA / É permitida a publicação de trechos e de artigos, com autorização prévia e identificação da fonte. — PROJETO GRÁFICO/DESIGN: BCD Design / DESIGN/CAPA: Eduardo Bacigalupo / DTP/PRODUÇÃO GRÁFICA: Marcello Job / IMPRESSÃO: Ibep Gráfica e Editora. 05 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 6 PMKT LUIZ CAMPOS DE SÁ LUCAS ÁRVORES,FLORESTAS E SUA FUNÇÃO COMO PREDITORES: UMA APLICAÇÃO NA AVALIAÇÃO DO GRAU DE MATURIDADE DE EMPRESAS — TREES, FORESTS AND THEIR ROLE AS PREDICTORS: AN APPLICATION IN THE EVALUATION OF COMPANIES’ DEGREE OF MATURITY n RESUMO Na área de modelagem matemática em marketing, tanto em pesquisa de mercado como em data mining, o chamado aprendizado mecânico supervisionado, isto é, os classificadores, são de extrema importância na estimativa de indicadores como satisfação global com um produto ou serviço, frequência de compra, resposta à mala direta etc. Existem modelos nas mais diversas áreas, seja na estatística mais tradicional, como modelos de regressão múltipla linear ou logística, ou em técnicas mais recentes como fuzzy modeling, redes neurais, programação evolucionária etc. Nesse conjunto menos convencional, sobressaem-se as árvores de decisão e, mais recentemente, os conjuntos de árvores de decisão denominadas como florestas aleatórias (random forests). Este artigo procurou ilustrar a utilização das árvores de decisão e como as florestas aleatórias são capazes de melhorar a precisão das estimativas dos classificadores resultantes. PALAVRAS-CHAVE: Classificadores, árvores de decisão, random forests. ABSTRACT In the area of marketing mathematical modeling, not only in marketing research but also in data mining, the so-called supervised machine learning techniques, i.e., classifiers, have extreme importance when estimating indicators such as overall satisfaction with a product or service, purchase frequency, response to direct mail, etc. There are models in the most diverse areas, whether in more traditional statistics, such as multiple linear or logistic regressions, or in more recent techniques, such as fuzzy modeling, neural networks, evolutionary programming, etc. In this less conventional set, decision trees stand out and, more recently, the sets of decision trees known as random forests. This work illustrates the use of decision trees and demonstrates how random forests are able to improve the accuracy of the resulting classifier estimates. KEY WORDS: Classifiers, decision trees, random forests. 06 LUIZ CAMPOS DE SÁ LUCAS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA PELA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO (PUC-RJ); MESTRE EM PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ COPPE); PROFESSOR NA ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING DO RIO DE JANEIRO (ESPME-RJ); DIRETOR DE ATENDIMENTO E PLANEJAMENTO DO IBOPE INTELIGÊNCIA — RJ; ATUAL REPRESENTANTE NO BRASIL DA ESOMAR. E-MAIL: [email protected] Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 7 ÁRVORES, FLORESTAS E SUA FUNÇÃO COMO PREDITORES: UMA APLICAÇÃO NA AVALIAÇÃO DO GRAU DE MATURIDADE DE EMPRESAS observação consiste não só na classificação nos três tipos, mas também em quatro medidas: 1. INTRODUÇÃO Na área de modelagem matemática em marketing, tanto em pesquisa de mercado como em data mining,o chamado aprendizado mecânico supervisionado, isto é, os classificadores, são de extrema importância na estimativa de indicadores como satisfação global com um produto ou serviço,frequência de compra, resposta à mala direta etc.Existem modelos nas mais diversas áreas, tanto na estatística mais tradicional, como regressão múltipla linear ou logística (VENABLES; RIPLEY, 2002), quanto em técnicas mais recentes como fuzzy modeling e redes neurais (COX, 2005), programação evolucionária (EIBEN; SMITH, 2007) etc. Nesse conjunto menos convencional, sobressaem-se as árvores de decisão e, mais recentemente, as florestas aleatórias (random forests). 2. ÁRVORES DE DECISÃO A importância das árvores de decisão na área de classifiers decorre, essencialmente, de duas características: Árvores de decisão são excelentes preditores, como será mostrado, adiante, através de um exemplo. Permitem não só uma visualização gráfica, mas também geram regras de classificação do tipo IF condição THEN resultado. n n PMKT n n n n Comprimento da pétala. Largura da pétala. Comprimento da sétala. Largura da sétala. É sabido que as duas variáveis que melhor se discriminam entre os tipos de íris são comprimento e largura da pétala. Assim, a Figura 1 apresenta o diagrama de dispersão dos dados, indicando os tipos de íris. Nota-se que as setosas formam um grupo claramente distinto à esquerda e abaixo na Figura 1. Já as versicolors e as virginicas apresentam uma “zona cinzenta” entre elas, o que dificulta o trabalho do classificador. Aplicam-se aos dados dois tipos de árvores de decisão: n n CART – Classification and Regression Tree (BREIMAN et al., 1984). CIT – Conditional Inference Tree (HOTHORN; HORNIK; ZEILEIS, 2006). A Figura 2 apresenta a árvore construída através da CART. Para ilustrar essas características, será utilizado aquele que talvez seja o conjunto de dados mais famoso da Estatística: os dados de íris de Fisher. Esse conjunto de dados consiste em 150 observações de três tipos de íris: setosa, versicolor e virginica. Na base têm-se 50 observações de cada tipo. Cada PETAL. LENGTH < 2.45 Setosa Versicolor Virginica PETAL. WIDTH < 1.75 VERSICOLOR VIRGINICA 1.5 FIGURA 2 CART — íris data. 1.0 Já a Figura 3, na sequência, indica a árvore gerada pela CIT para os mesmos dados. Cada procedimento tem seu método específico de escolher a variável que, em cada nó, irá formar a árvore. Os detalhes podem ser encontrados nas referências já citadas (BREIMAN et al.,1984; HOTHORN; HORNIK; ZEILEIS, 2006). 0.5 LARGURA PETAL 2.0 2.5 SETOSA 1 2 FIGURA 1 Dados de Íris. 3 4 5 COMPRIMENTO PETAL 6 7 A ideia geral é escolher, em cada nó, a variável que mais se discrimina entre as respostas. Nesses dois casos, as árvores são sempre binárias: cada nó bifurca a árvore em dois ramos. 07 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 8 PMKT LUIZ CAMPOS DE SÁ LUCAS As Tabelas 1 e 2 indicam a precisão da classificação nos dois casos. 1 PETAL. LENGTH P < 0.001 ≤ 1.9 TABELA 1 CART – íris data. > 1.9 3 PETAL. LENGTH P < 0.001 ≤ 1.7 > 1.7 SETOSA VERSICOLOR VIRGINICA SETOSA VERSICOLOR VIRGINICA 50 0 0 0 49 5 0 1 45 4 PETAL. LENGTH P < 0.001 ≤ 4.8 NODE 2 (N = 50) 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 NODE 5 (N = 46) 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 SETOSA > 4.8 NODE 6 (N = 8 ) 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 SETOSA NODE 7 (N = 46) 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 SETOSA SETOSA FIGURA 3 CIT — íris data. Há uma hierarquia: primeiro se utiliza a variável mais discriminante; em seguida, em cada ramo, escolhe-se, para cada novo nó, outra variável mais discriminante e assim por diante. Comparando a Figura 1 com as Figuras 2 e 3, é fácil verificar que o comprimento petal separa claramente as setosas do grupo (versicolor + virginica). Pela Figura 2 (CART), se o comprimento petal é menor que 2.45, a observação é classificada como setosa. Em seguida, se o comprimento petal é maior ou igual a 2.45 e a largura petal é inferior a 1.75, a observação é classificada como versicolor, e assim por diante. Um esquema bastante semelhante é definido pela CIT na Figura 3, porém nesse caso, os pontos de corte são diferentes e o método define quatro grupos em vez de três (comparado com a Figura 1, o quarto grupo corresponde às observações que se misturam naquilo que se denomina de “zona cinzenta”). Essa classificação não é isenta de erro. Em cada ponto terminal (folha), a classificação é dada pela classe dominante. É claro que nem sempre todas as observações da folha pertencerão à mesma classe. 08 As colunas indicam a previsão e cada linha soma 50 casos, que é o número real (base).Assim, as 50 setosas foram classificadas corretamente pela CART. Já das 50 versicolors, 49 foram classificadas corretamente, porém 1 foi, incorretamente, classificada como virginica. Finalmente, das 50 virginicas, 45 foram classificadas corretamente e 5, incorretamente, como versicolors.A taxa de acerto (hit-rate) foi então de (50 + 49 + 45) / 150 = 96%, o que não é ruim. As árvores de decisão são excelentes preditores, embora nem sempre sejam bons “explicadores” das respostas, ou seja, simulam bem a resposta, mas nem sempre explicam bem essa resposta. A Tabela 2 indica erros na mesma faixa para a CIT. TABELA 2 CIT – íris data. SETOSA VERSICOLOR VIRGINICA SETOSA VERSICOLOR VIRGINICA 50 0 0 0 49 5 0 1 45 A taxa de acerto é a mesma. No entanto, Hothorn, Hornik e Zeileis (2006), afirmam que as CIT têm, em geral, um poder explanatório maior que o das árvores de decisão mais convencionais como as CART. Outra medida interessante na avaliação da precisão de classificadores é o coeficiente Kappa (SÁ LUCAS,2007;WITTEN; FRANK, 2005; BEN-DAVID, 2006). Uma descrição detalhada desse coeficiente está além do escopo deste artigo, mas pode ser encontrada nas referências citadas. Imaginem-se os dados da Tabela 3, onde um classificador extremamente “ingênuo” classificou três grupos de tamanhos 100/800/100 no segundo grupo — o de maior incidência: Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 9 ÁRVORES, FLORESTAS E SUA FUNÇÃO COMO PREDITORES: UMA APLICAÇÃO NA AVALIAÇÃO DO GRAU DE MATURIDADE DE EMPRESAS Essencialmente, a técnica de Random Forests consiste em: TABELA 3 Um classificador “ingênuo”. SETOSA VERSICOLOR VIRGINICA PMKT SETOSA VERSICOLOR VIRGINICA 0 0 0 100 800 100 0 0 0 O hit-rate é de 80%,o que indicaria um excelente poder de predição; no entanto, o coeficiente Kappa, nesse caso, é 0%, o que indica que o classificador não está prevendo nada. Nos casos dos dois classificadores indicados anteriormente (CART e CIT) nos dados de íris, o hit-rate foi de 96% e o Kappa de 94%. A pequena diferença entre os dois se deve ao fato de que o número de casos nos três grupos é de 50, logo, não existe efeito “número de grupos” a ser descontado. O Kappa não é de grande valor aqui. n n n Bagging: Gerar, através de reamostragem (bootstraping),um conjunto de, por exemplo, 500 amostras retiradas da amostra original através de seleção aleatória com reposição. Boosting: Desenvolver em cada amostra, uma CART onde, para cada observação incorretamente classificada numa determinada amostra do bootstrapping, sua ponderação seja aumentada quando houver a criação de uma nova árvore em outra amostra do mesmo bootstrapping. Randomizing: Desenvolver a CART utilizando, em cada nó, um subconjunto de, por exemplo, apenas cinco variáveis, selecionadas aleatoriamente, para executar a divisão (split). Os subconjuntos em cada nó são diferentes numa mesma CART. Os modelos preditivos derivados de Random Forests, em geral são tão bons ou melhores do que os obtidos com uma CART individual. 3. FLORESTAS ALEATÓRIAS As árvores de decisão são excelentes preditores. No entanto, podem apresentar alguma dificuldade, pois nem sempre generalizam bem. É essa a razão pela qual em CART, por exemplo, se executa a poda (pruning) da árvore, que fica menor e mais generalizável,“aderindo” menos a possíveis idiossincrasias da amostra (um fenômeno muitas vezes descrito como overfitting).Uma descrição detalhada de pruning pode ser obtida em Venables e Ripley (2002) ou em Maindonald e Braun (2003). Um passo além, nesse processo, é o uso de métodos que utilizem técnicas como: n n n Boosting: Utilização de um conjunto de técnicas menos precisas (weak learners) para se obter um resultado de consenso que tenha boa qualidade, já que uma solução complementa a outra. Bagging: Uso de uma pluralidade de votos (ou mesmo de amostras) como base para uma boa solução que seja mais generalizável. Randomizing: Em cada método/técnica empregada, utiliza-se um conjunto diferente de variáveis. Um bom exemplo é a técnica de Random Forests (BREIMAN, 2001), que apresenta excelentes características de precisão, generalização para outras amostras que não aquelas em que o classificador foi treinado e capacidade de bom desempenho em pequenas amostras. Para maiores detalhes da aplicação da técnica na determinação da Importância Derivada,veja, por exemplo, estudos de satisfação em pesquisa de mercado em Soares e Esteves (2008). ATabela 4 indica a aplicação da técnica aos dados de íris, onde a taxa de acerto agora é de 100%. TABELA 4 Random Forests – íris data. SETOSA VERSICOLOR VIRGINICA SETOSA VERSICOLOR VIRGINICA 50 0 0 0 50 0 0 0 50 O hit-rate e o Kappa, nesse caso, são iguais, no valor de 100%. Outra característica extremamente interessante é a capacidade do método em indicar a importância de cada variável de entrada na saída estimada. Esse aspecto é descrito de forma mais detalhada em Soares e Esteves (2008). Essa importância muitas vezes é denominada de Importância Derivada e, no caso dos dados de íris, tomam os valores indicados na Tabela 5, onde se notam claramente como os dados relativos à pétala dominam a classificação. TABELA 5 Importância Derivada Random Forests — íris data. VARIÁVEL COMPRIMENTO DA SÉPALA LARGURA DA SÉPALA COMPRIMENTO DA PÉTALA LARGURA DA PÉTALA IMPORTÂNCIA DERIVADA 11% 2% 43% 44% 09 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 10 LUIZ CAMPOS DE SÁ LUCAS PMKT 8,0% 6,0% 4,0% 2,0% PA 13 PA 15 PA 17 PA 19 9 PA 11 PA 5 3 PA 7 PA PA PA 1 E9 M E1 1 M E1 3 M E1 5 M E1 7 M E1 9 M E5 E3 E7 M M M TE 11 TE 13 TE 15 TE 17 TE 19 M E1 TE 9 TE 7 TE 5 TE 3 TE 1 PE 13 PE 15 PE 17 PE 19 PE 11 PE 9 PE 7 3 PE 5 PE PE 1 9 7 5 3 PR 11 PR 13 PR 15 PR 17 PR 19 PR PR PR PR PR 1 0,0% GRÁFICO 1 Importância Derivada — Random Forests — Excelência Competitiva. 4. EXCELÊNCIA COMPETITIVA Magalhães (2010), em sua tese de doutorado, apresenta uma técnica de avaliação do desempenho de empresas, denominado Excelência Competitiva, que se baseia em cinco dimensões: Processos, Pessoas,Tecnologia, Mercado e Parcerias. Em cada uma dessas dimensões, Magalhães definiu dez processos típicos de cada dimensão.A avaliação de cada processo ia de um valor mínimo de1, característico de cada processo, a um máximo de 5,variável também conforme o processo. Havia também uma avaliação global de1 a 5 em cada dimensão e uma avaliação global final de 1 a 5: avaliação global da empresa. Os detalhes do método podem ser obtidos em Magalhães (2010). A Excelência Competitiva foi aplicada a uma amostra de cerca de 50 empresas participantes do Programa Parceiros para Excelência (Paex), da Fundação Dom Cabral e das empresas parceiras do programa e dos professores e coordenadores do B.I.International. O B.I.International é a mais global das escolas de negócios do Brasil e parceira de business schools nos EUA, Ásia e Oceania, referências mundiais em suas áreas de conhecimento, e que, há 20 anos, gerencia e contribui para a formação de mais de 30 mil empresários, executivos e profissionais liberais no Brasil. Avantagem aqui da aplicação do Random Forests deriva inclusive do fato de que a técnica é bastante robusta para pequenas amostras. As importâncias derivada obtidas estão ilustradas no Gráfico 1. A cada ponto da escala horizontal corresponde uma das 50 10 práticas. Evidentemente o espaço disponível não permite representar todas as legendas. No entanto, como se nota, a maioria das importâncias ficou entre 1% e 2%, com algumas poucas práticas indo até 4%, o que indica que todos os processos contribuem, efetivamente, para a avaliação global. Os resultados detalhados são apresentados em Magalhães (2010), mas cabe ressaltar que, ao final do processo, foi definido um grau de maturidade para cada empresa igual a: Onde: GM = grau de maturidade. n = número de práticas (igual a 100). αi = peso dado pelos Random Forests a i-ésima prática. Xi = desempenho na i-ésima prática da empresa. Com base nesse Índice de Maturidade, as empresas foram classificadas, conforme mostra a Tabela 6. Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 11 ÁRVORES, FLORESTAS E SUA FUNÇÃO COMO PREDITORES: UMA APLICAÇÃO NA AVALIAÇÃO DO GRAU DE MATURIDADE DE EMPRESAS TABELA 6 Índice de Maturidade das empresas. PMKT 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GRAU DE MATURIDADE % PERENE VENCEDORA COMPETITIVA SOBREVIVENTE FRÁGIL TOTAL 6,3% 34,4% 50,0% 6,3% 3,1% 100,0% Onde: Frágeis: GM igual a 1. Sobreviventes: GM de 1,1 a 2. Competitivas: GM de 2,1 a 3. Vencedoras: GM de 3,1 a 4. Perenes: GM acima de 4. n n BEM-DAVID, A.What’s wrong with Hit ratio? IEEE Intelligent Systems, v. 21, n. 6, 2006. BREIMAN, L. Random Forest. Machine Learning, 45 (1):5-32, 2001. BREIMAN, L.; FRIEDMAN, J. H.; OLSHEN, R.A.; STONE, C. J. Classification and regression trees. New York: CRC Press, 1984. COX, E. Fuzzy modeling and genetic algorithms for data mining and exploration. San Francisco: Morgan Kaufmann, 2005. n n n A grande maioria das empresas foi classificada na categoria de Vencedoras ou Competitivas, o que concorda com a natureza da amostra. Obviamente aqui não cabe calcular hit-rates ou Kappas. Não se dispõe do coeficiente de correlação nesse caso, mas em vários outros estudos em que o autor participou o coeficiente de correlação entre valor estimado para avaliação global e valor real, foi bastante elevado, o que concorda com a literatura a respeito, com relação à precisão do estimador. EIBEN, A. E.; SMITH, J. E. Introduction to evolutionary computing. Berlin: Springer Verlag, 2007. HOTHORN, T.; HORNIK, K. E.; ZEILEIS, A. Unbiased recursive partitioning: a conditional inference framework.American Statistical Association. Journal of Computational and Graphical Statistics,v. 15, n. 3, p. 651- 674, 2006. MAINDONALD, J.; BRAUN, J. Data analysis and graphics using R. New York: Cambridge University Press, 2003. MAGALHÃES, M. F. Excelência competitiva — a execução da estratégia nas empresas que visam durar. Tese de doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro — COPPE,2010. 5. CONCLUSÃO Pelo exposto, fica claro o poder e precisão das florestas aleatórias nos modelos preditivos. Finalmente, cabe uma observação quanto à utilização das árvores versus a utilização das florestas. Muitas vezes, esses modelos preditivos deverão ser implementados em enormes bases de dados com, por exemplo, milhões de registros. Em geral, esses registros são acessados por sistemas computacionais com capacidade limitada de procedimentos matemáticos. Nesse caso, é natural a opção de se utilizar as árvores de decisão, que podem ser programadas facilmente, mesmo em linguagens como SQL e similares, através de regras simples como: SOARES, L.; ESTEVES, W. Consumer drivers: estimando a importância derivada em pesquisa de mercado a partir de Random Forests.3º Congresso Brasileiro de Pesquisa — Mercado, Opinião e Mídia, ABEP, 2008. VENABLES, W. N.; RIPLEY, B. D. Modern applied statistics with S. New York: Springer Verlag, 2002. WITTEN, I.; FRANK, E. Data mining: practical machine learning tools and techniques. Elsevier, 2005. IF condição THEN resultado. Uma comparação detalhada da qualidade dos resultados derivados através de CART, CIT, Random Forests com outros métodos complexos, como Adaboost e Multiboost, pode ser obtida em Sá Lucas (2007). PMKT n SÁ LUCAS, L. Joint Segmenting Consumers using Both Behavioral and Attitudinal Data. Sawtooth Software Proceedings, p. 199 -220, 2007. 11 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 12 PMKT SHEILA MOREIRA / CRISTINA GALAMBA MARREIROS / ANTÓNIO SOUZA DETERMINANTES DA SATISFAÇÃO DOS CONSUMIDORES NOS SERVIÇOS DE CALL CENTER: UM ESTUDO EMPÍRICO COM CONSUMIDORES BRASILEIROS — DETERMINANTS OF CONSUMER SATISFACTION WITH CALL CENTER SERVICES: AN EMPIRICAL STUDY WITH BRAZILIAN CONSUMERS n RESUMO Este artigo tem como objetivo identificar os determinantes da satisfação dos consumidores de serviços de Call Center do Brasil. Para tal, identificaram-se e validaram-se os fatores de satisfação destes serviços através de um questionário, construído com base nos modelos SERVQUAL e ECSI-Portugal, a uma amostra de 303 consumidores. Os dados foram analisados através de estatísticas univariada e multivariada.Os resultados indicam que a qualidade e preço percebidos são variáveis determinantes da satisfação nestes serviços.A qualidade percebida é definida pelas mesmas dimensões utilizadas no modelo SERVQUAL e ECSI-Portugal. No entanto, conclui-se também que a interpretação e importância dada às diferentes dimensões da qualidade apresentam ligeiras diferenças relativamente àqueles modelos gerais. Estas especificidades devem ser consideradas pelos gestores de marketing do setor, interessados em medir os níveis de satisfação dos seus clientes. PALAVRAS-CHAVE: Call Center, ECSI, qualidade, satisfação, SERVQUAL. ABSTRACT This article aims to identify the determinants of consumer satisfaction with Call Center Services in Brazil. To this end, we identified and validated the satisfaction factors of these services through a questionnaire, constructed on the basis of SERVQUAL and ECSI-Portugal model, applied to a sample of 303 consumers. The data were analyzed with univariate and multivariate statistics. The results indicate that the perceived quality and price are the dimensions underlying service satisfaction. Perceived quality is defined by the same dimensions as in SERVQUAL and ECSI-Portugal.However, it might also be concluded that the meaning and importance attached to the different quality dimensions differ slightly from those of the general models. Consequently, these specific features should be considered by the industry marketing managers when measuring customer satisfaction KEY WORDS: Call Center, ECSI, quality, satisfaction, SERVQUAL. 12 SHEILA MOREIRA GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL PELO CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE (UNIBH); MESTRE EM GESTÃO COM ESPECIALIDADE EM MARKETING PELA UNIVERSIDADE DE ÉVORA, PORTUGAL; PROFESSORA CONVIDADA INETESE. E-MAIL: [email protected] n CRISTINA GALAMBA MARREIROS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ZOOTÉCNICA E MESTRE EM ECONOMIA AGRÍCOLA PELA UNIVERSIDADE DE ÉVORA, PORTUGAL; DOUTORA EM MARKETING AGRO-ALIMENTAR PELA UNIVERSIDADE DE NEWCASTLE, REINO UNIDO; MEMBRO INTEGRADO DO CENTRO DE ESTUDOS E FORMAÇÃO AVANÇADA EM GESTÃO E ECONOMIA (CEFAGE, UE); PROFESSORA AUXILIAR NA UNIVERSIDADE DE ÉVORA, PORTUGAL. E-MAIL: [email protected] n ANTÓNIO SOUZA DOUTOR EM GESTÃO DE EMPRESAS PELA UNIVERSIDADE DE ÉVORA, PORTUGAL; MESTRE EM GESTÃO AGRO-ALIMENTAR PELO IAM DE MONTPELLIER, FRANÇA; DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DA UNIVERSIDADE DE ÉVORA, PORTUGAL; VICE-DIRETOR DO CENTRO DE ESTUDOS E FORMAÇÃO AVANÇADA EM GESTÃO E ECONOMIA (CEFAGE-UÉ); PROFESSOR AUXILIAR NA UNIVERSIDADE DE ÉVORA, PORTUGAL. E-MAIL: [email protected] Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 13 DETERMINANTES DA SATISFAÇÃO DOS CONSUMIDORES NOS SERVIÇOS DE CALL CENTER: UM ESTUDO EMPÍRICO COM CONSUMIDORES BRASILEIROS 1. INTRODUÇÃO Segundo Ferreira e Sganzerlla (2000), a crescente variedade de produtos e serviços e a entrada de empresas internacionais no mercado típicas das economias modernas, tornaram a concorrência ainda mais acirrada, fazendo com que as empresas procurem caminhos que as levem a uma relação mais próxima com os seus clientes.Também Bretzke (2000) salienta que a sobrevivência das empresas depende da qualidade do relacionamento com o cliente. Para garantir eficazmente o relacionamento com os clientes é importante estar sempre atento à percepção que os mesmos têm da empresa, dos produtos e serviços oferecidos, se estes satisfazem as suas necessidades e desejos e, se a criação, desenvolvimento e entrega dos serviços são feitos do modo desejado pelo cliente. Berry e Parasuraman (1992:53) afirmam que: PMKT O presente artigo está organizado em cinco seções: após esta introdução, apresenta-se uma breve revisão da literatura; a terceira seção descreve a metodologia de pesquisa; a quarta apresenta e discute os resultados de investigação com a identificação dos fatores de satisfação com os Call Center dos clientes brasileiros e, na última seção, consubstanciam-se as principais conclusões e limitações do estudo e fazem-se recomendações para pesquisas futuras. 2. QUADRO TEÓRICO A fim de delimitar os objetivos de investigação, enquadrar o tema em análise e avaliar a importância da satisfação dos clientes como vantagem competitiva para as empresas prestadoras de serviços de Call Center, nesta seção serão revistos alguns conceitos e estudos sobre satisfação, qualidade e Call Center. 2.1 SATISFAÇÃO DOS CLIENTES DE SERVIÇOS “Os clientes prestam mais atenção ao desempenho da empresa quando algo falha do que quando tudo funciona bem. Serviços com falhas produzem uma emoção mais intensa e, assim,uma avaliação mais forte, por parte do cliente, do que o serviço impecável”. Concordando, Mancini (2006) afirma que preservar o cliente é mais econômico do que conquistar novos clientes. O autor salienta ainda que, de acordo com os resultados de uma pesquisa americana, mais de 50% dos clientes insatisfeitos não reclamam, optam simplesmente por trocar de marca. Dada a importância da satisfação dos clientes e da qualidade dos serviços prestados para as empresas se destacarem no mercado, a sua análise e medição é fundamental para o desempenho das estratégias das empresas no que concerne à relação com os seus clientes. Esta medição tornou-se crucial no mercado atual, para que as empresas prestadoras de serviços, principalmente as de serviços de Call Center, possam monitorar os seus processos, a fim de evitar falha e insatisfação do cliente.Ademais, se a empresa efetuar um controle da satisfação e trabalhar em parceria com o cliente insatisfeito poderá inverter essa insatisfação. A presente pesquisa centra-se na identificação dos fatores de satisfação e qualidade dos serviços de Call Center e na ótica dos consumidores destes serviços. Pretende-se com este trabalho perceber quais são os determinantes da satisfação dos consumidores deste tipo de serviços e se existem especificidades na percepção da sua qualidade. Desta forma, será possível aos gestores de serviços de Call Center controlar e investir estrategicamente naqueles fatores que são percebidos como cruciais pelos seus clientes. Segundo Johnson et al. (2001) os estudos sobre a satisfação têm sido desenvolvidos através de duas abordagens: a) como uma transação específica; b) como um processo cumulativo. Vilares e Coelho (2005) acrescentam que, no primeiro caso, a satisfação é considerada como um prognóstico avaliativo pós-compra. No segundo caso, a satisfação é entendida como a avaliação global com base no conjunto da experiência, ao longo do tempo, de compra e consumo do produto ou serviço da empresa.Jonhson et al. (2001) afirmam que esta última abordagem é mais enriquecedora, sendo um indicador mais abrangente do desempenho do serviço com base no passado, presente e futuro. Dadas as diferentes abordagens ao estudo da satisfação, é importante definir com clareza o conceito. A presente pesquisa baseia-se na definição de Zeithaml e Bitner (2003:87): “Satisfação é a resposta do consumidor ao atendimento. Trata-se da avaliação de uma característica de um produto ou serviço, ou do próprio produto ou serviço, indicando que com eles se atinge um determinado nível de prazer proporcionado pelo seu consumo”. Estes autores definem a satisfação como uma avaliação feita pelo cliente em relação a um produto ou serviço e o sentimento de contentamento decorrente do seu consumo. Nesta perspectiva, os autores afirmam que o contentamento ou a satisfação do cliente será influenciado por características específicas do produto ou serviço e pelas percepções de qualidade.Assim, de acordo com Zeithaml e Bitner (2003), os fatores determinantes da satisfação são: 1310 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 14 PMKT n n n n SHEILA MOREIRA / CRISTINA GALAMBA MARREIROS / ANTÓNIO SOUZA Características de produtos e serviços — As características dos serviços servem para identificá-los e, neste contexto, são utilizadas para medir a percepção e satisfação com o serviço em geral e suas várias dimensões em particular. Emoções do consumidor — As emoções do consumidor também podem afetar suas percepções e a satisfação com o produto ou serviço. Tais emoções podem ser estáveis e preexistentes, como por exemplo, o estado de humor e satisfação com seu modo de vida. Causas percebidas para o sucesso ou para o fracasso do serviço — As causas que os clientes percebem como responsáveis pelo sucesso ou fracasso dos serviços também influenciam os níveis de satisfação.Ao serem surpreendidos com serviços muito melhores ou piores do que o esperado, os consumidores tendem a procurar as razões para essa realidade, podendo estas razões influenciar a sua satisfação. Percepções de valor — A satisfação dos clientes também é influenciada pelas percepções de valor ou preço justo. Noções sobre o que é justo ou injusto são centrais para a percepção dos clientes quanto à satisfação com produtos e serviços. 2.2 QUALIDADE NOS SERVIÇOS Segundo Zeithaml e Bitner (2003), as empresas que simplesmente almejam a satisfação dos clientes, podem não estar fazendo o suficiente para desenvolver a fidelidade. Consequentemente, elas devem ambicionar mais que satisfazer, devem querer encantar seus clientes. Para isso, as empresas têm que fornecer serviços com níveis de qualidade percebida elevados.Também Gronroos (2003) alerta para a importância da qualidade nos serviços, que afirma ser uma das chaves do sucesso de uma empresa, podendo constituir seu diferencial competitivo. A relevância da qualidade na gestão das empresas aumentou exponencialmente a partir dos anos 80 do século passado. Gronroos introduziu em 1982 na literatura de Marketing de Serviços uma abordagem à qualidade orientada para os serviços, através da introdução do conceito Qualidade Percebida do Serviço. Segundo este autor esta abordagem baseiase na pesquisa sobre comportamento do consumidor e dos efeitos das expectativas em relação ao desempenho dos produtos nas avaliações pós-consumo.Este autor afirma que a qualidade de um serviço, percebida por um cliente, tem duas dimensões: uma dimensão técnica ou resultado e uma dimensão funcional ou relacionada com o processo.A primeira dimensão corresponde ao que o cliente recebe e a segunda a como o cliente recebe, ou seja, o resultado técnico do processo (qualidade técnica) e a dimensão funcional do processo 14 (qualidade funcional), sendo que a avaliação da dimensão técnica é mais objetiva, enquanto a avaliação da dimensão funcional é quase sempre subjetiva. Gronroos (2003) conclui que, em serviços, a qualidade pode ser o fundamento do diferencial competitivo; a aplicação correta da dimensão técnica e funcional da qualidade são imprescindíveis para o sucesso da empresa. Zeithaml e Bitner (2003) acrescentam que os clientes não percebem a qualidade como um conceito unidimensional, ou seja, a avaliação da qualidade inclui percepções de múltiplos fatores. Após vários estudos Zeithaml, Parasuraman e Berry (1990) concluíram que os consumidores consideram cinco dimensões para a avaliação da qualidade: Confiabilidade, Responsividade, Segurança, Empatia e Tangibilidade. O conjunto destas cinco dimensões representa o modo como o cliente percebe, na sua mente, a qualidade do serviço. Através de pesquisas empíricas, estas dimensões foram definidas como relevantes para diversos setores da economia. É importante afirmar que a avaliação da satisfação e da qualidade dos serviços, por parte dos clientes, ocorre no momento da verdade, quando o cliente interage com a empresa e o serviço é produzido e consumido, ou seja, esta é a hora e o lugar onde a empresa prestadora de serviços tem a oportunidade de demonstrar ao cliente a qualidade dos seus serviços (GRONROOS, 2003; ZEITHAML; BITNER, 2003). Nesta perspectiva, as empresas que trabalham com foco nos clientes, especificamente no relacionamento com cada um, a fim de perceber e atender as suas expectativas, aumentam os níveis de satisfação destes clientes tornando-se assim mais competitivas. 2.3 ÍNDICES DE SATISFAÇÃO Marchetti e Prado (2001) afirmam que o grande número de pesquisas desenvolvidas nas últimas décadas sobre satisfação do consumidor e qualidade percebida e as várias abordagens metodológicas para a sua avaliação, torna a escolha entre as diversas alternativas de medição destes conceitos, bastante complexa. Desta forma, é fundamental conhecer os modelos de medição da satisfação e suas vantagens e desvantagens a fim de se poder optar pelo mais adequado às necessidades das empresas. Com base na análise comparativa das vantagens e desvantagens dos diversos modelos de medição da satisfação e qualidade, Marchetti e Prado (2001) sugerem a combinação dos modelos baseados na desconformidade, como o modelo SERVQUAL, com os modelos baseados em equações estruturais, tais como os usados pelos índices de satisfação nacionais. Esta combinação permite a geração de resultados que Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 15 DETERMINANTES DA SATISFAÇÃO DOS CONSUMIDORES NOS SERVIÇOS DE CALL CENTER: UM ESTUDO EMPÍRICO COM CONSUMIDORES BRASILEIROS tratam de aspectos operacionais na relação com os clientes de uma empresa e este é o principal ponto forte dos modelos baseados na desconformidade. Por outro lado, possibilita também a criação de indicadores globais compatíveis com outros setores e indicadores de desempenho global, principais pontos fortes dos modelos baseados nas equações estruturais. Tomando em consideração as vantagens da combinação dos dois tipos de modelos esta pesquisa será então baseada no modelo SERVQUAL e no índice de satisfação nacional europeu, ECSI-Portugal. Desta forma, as empresas de serviços, principalmente as empresas prestadoras dos serviços de Call Center, poderão avaliar os seus desempenhos e implementar as melhorias necessárias para manter e aumentar a satisfação de seus clientes. 2.3.1 ÍNDICE DE SATISFAÇÃO EUROPEU — ECSI PORTUGAL O modelo estrutural do ECSI-Portugal (Figura 1) apresenta como antecedentes da satisfação a imagem da empresa, as expectativas do cliente, a qualidade percebida e o valor percebido, tendo como consequentes as reclamações e a fidelidade. O desenvolvimento do índice europeu de satisfação caracteriza-se como um processo evolutivo e de permanente estudo. Iniciou-se em 1996 com os primeiros estudos de viabilidade para desenvolver um índice nacional e um europeu de satisfação. O índice teve inicialmente 12 países participantes: PMKT Portugal, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Islândia, Itália, Reino Unido, Suécia e Suíça. O projeto ECSI tem se desenvolvido continuamente em vários países no âmbito nacional, como é o caso do ECSI-Portugal. Em síntese, este modelo apresenta a qualidade como a variável mais importante para a satisfação do consumidor, o valor percebido a segunda variável mais importante para a satisfação e uma forte ligação entre qualidade e preço. É relevante salientar que este modelo utiliza as dimensões identificadas pelo SERVQUAL para medir a qualidade: confiabilidade, garantias, tangibilidade, empatia e responsividade. 2.3.2 MODELO SERVQUAL Como já foi referido anteriormente Zeithaml, Parasuraman e Berry (1990) desenvolveram um modelo de avaliação da qualidade percebida dos serviços e da sua relação com a satisfação, designado por Modelo SERVQUAL. Este modelo, ilustrado na Figura 2, é amplamente explicado por Zeithaml e Bitner (2003) no seu livro “Marketing de Serviços”. Neste modelo, a satisfação dos clientes decorre da relação entre as expectativas do cliente antes do serviço e sua percepção após o serviço prestado, ou seja, baseia-se no paradigma da desconformidade. O SERVQUAL é implementado através de um questionário estruturado em seções, onde se faz a avaliação das expecta- IMAGEM FIDELIDADE SATISFAÇÃO (ECSI) EXPECTATIVAS VALOR PERCEBIDO RECLAMAÇÃO QUALIDADE DO PRODUTO E SERVIÇOS Fonte: VILARES, M. J.; COELHO, P. S. A satisfação e lealdade do cliente: metodologias de avaliação, gestão e análise. Lisboa: Escolar, 2005:329. FIGURA 1 Modelo do índice europeu de satisfação — ECSI-Portugal. 15 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 16 PMKT SHEILA MOREIRA / CRISTINA GALAMBA MARREIROS / ANTÓNIO SOUZA CONFIABILIDADE QUALIDADE DOS SERVIÇOS RESPONSIVIDADE GARANTIAS FATORES SITUACIONAIS QUALIDADE DO PRODUTO SATISFAÇÃO EMPATIA FATORES SITUACIONAIS TANGIBILIDADE PREÇO Fonte: ZEITHAML, V. A.; BITNER, M. J. Marketing de serviços: a empresa com foco no cliente. 2. ed., Porto Alegre: Bookman, 2003:88. FIGURA 2 Modelo SERVQUAL. tivas gerais do cliente em relação ao serviço analisado, bem como a avaliação dos serviços prestados pela empresa avaliada. Inicialmente o modelo SERVQUAL incluía dez dimensões da qualidade dos serviços, explicadas na Tabela 1. No entanto, o modelo tem sofrido um processo evolutivo que acabou por resultar na consolidação destas dez dimensões em apenas cinco. Tangibilidade, Confiabilidade e Responsividade permaneceram inalteradas.Ao contrário, as dimensões Competência, Cortesia, Credibilidade e Segurança consolidaram-se numa única dimensão, associada à capacidade da empresa em garantir a execução dos serviços através do conjunto das quatro dimensões anteriores. Esta nova dimensão foi denominada de Garantias.As dimensões Acessibilidade, Comunicação e Conhecimento do Cliente agruparam-se numa nova dimensão denominada de Empatia. As cinco dimensões consolidadas apresentam então as seguintes características: n n Tangibilidade — Compreende a aparência das instalações físicas, do equipamento, dos funcionários e dos materiais de comunicação que proporcionam ao cliente e, em especial aos novos clientes, representações físicas da imagem dos serviços que os ajudam na sua avaliação de qualidade. Confiabilidade — Compreende a capacidade de entregar TABELA 1 Dimensões da qualidade dos serviços no modelo SERVQUAL. DIMENSÕES DA QUALIDADE DEFINIÇÕES Tangíveis Confiabilidade Responsividade Competência Cortesia Credibilidade Segurança Acesso Comunicação Compreensão Aparência das facilidades físicas, equipamentos, pessoal e material de comunicação. Habilidade de prestar o serviço de acordo com o prometido. Desejo de ajudar o cliente e oferecer serviço eficiente. Habilidades e conhecimentos necessários para desempenhar o serviço. Educação, respeito, consideração e amabilidade do pessoal de contato. Honestidade, sinceridade e confiança do prestador de serviços. Ausência de perigo, risco ou dúvida. Facilidade de contato e chegada. Manter os clientes informados, numa linguagem que eles possam entender; escutá-los. Esforçar-se para conhecer o cliente e suas necessidades. Fonte: ZEITHAML, V. A.; PARASURAMAN, A.; BERRY, L. L. Delivering quality service. New York: The Free Press, 1990. 16 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 17 DETERMINANTES DA SATISFAÇÃO DOS CONSUMIDORES NOS SERVIÇOS DE CALL CENTER: UM ESTUDO EMPÍRICO COM CONSUMIDORES BRASILEIROS n n n o serviço que foi prometido ao cliente com segurança e precisão, significando que a empresa fornece o serviço da forma que fora prometido no que diz respeito à entrega, prestação do serviço, solução do problema e ao preço. Responsividade — Caracteriza-se pela vontade de ajudar os clientes e fornecer um serviço com motivação. Esta dimensão enfatiza a atenção e a prontidão no tratamento das solicitações, questões, reclamações e problemas dos clientes. O tempo que os clientes esperam por ajuda, resposta às perguntas ou atenção aos seus problemas refletem a responsividade da empresa. Esta dimensão compreende ainda a flexibilidade e capacidade da empresa para a individualização da prestação do serviço, em conformidade com as necessidades de clientes específicos. Garantias — Esta dimensão compreende o conhecimento dos funcionários e a simpatia, incluindo a capacidade das empresas e dos seus funcionários para inspirar credibilidade e confiança. Confiabilidade e confiança podem ser transmitidas pela pessoa que liga o cliente à empresa e pela própria organização. Nos primeiros estágios de um relacionamento, o cliente pode usar evidências tangíveis para analisar as dimensões de segurança. Empatia — É definida como a atenção individualizada e o cuidado que a empresa oferece aos seus clientes — tendo como essência assumir que os clientes são diferentes e especiais — por meio de um serviço personalizado ou formatado individualmente às necessidades de cada um. Em conclusão, o SERVQUAL é uma escala concisa de múltiplos itens com boa confiabilidade e validade, revelando-se um instrumento adequado para avaliar a satisfação dos clientes, uma vez que abrange todos os aspectos da qualidade e sua relação com a satisfação (GONÇALVES, 2005). PMKT Relationship Management (Gestão de Relacionamento com Clientes), sendo o Call Center considerado como parte integrante das estratégias de CRM. É importante lembrar que o CRM é uma infraestrutura que permite implementar a filosofia one-to-one no relacionamento com os clientes (ROGERS GROUP, 2001). Uma vez que a competitividade obriga as empresas a antecipar as necessidades dos clientes e não apenas atendê-las, então será de esperar que essa obrigatoriedade exija um relacionamento personalizado e/ou individualizado com os clientes. Azevedo e Caldas (2003) argumentam que a interação com o cliente ganha, assim, um significado relevante sendo, neste contexto, necessária a sua centralização e organização. O Call Center passa assim a ser o departamento responsável por esta interação. Com efeito, para manter a competitividade, as empresas estão apostando em grandes Call Centers, fortemente apoiados em tecnologias de informação e telecomunicações (AZEVEDO; CALDAS, 2003). Várias definições, mais simples ou mais complexas, retratam a importância do Call Center: “Canal de comunicação poderoso que facilita a interação do cliente com a empresa, seja para pedir informações sobre o uso do produto, para fazer reclamações ou para adquirir produtos ou serviços” (MAIA, 2007:7). “Central de relacionamento interativa (ativa e receptiva) dotada de tecnologia, pessoas, processos, indicadores, infraestruturas operacionais, tele-comunicações e serviços que atendem a procura da sociedade, tais como pedidos de informação, reparos, assistência técnica, compras de produtos e serviços, indicações ou mesmo reclamações” (MADRUGA, 2006:31). 2.4 CALL CENTER: CARACTERIZAÇÃO E ESPECIFICIDADES Conforme afirmam Zeithaml e Bitner (2003), qualquer contato entre a empresa e o cliente pode ser fundamental para a determinação da sua satisfação e fidelidade. Nesta perspectiva, o Call Center é uma ferramenta estratégica para promover maior interação entre as partes (MANCINI, 2006). Mancini (2006) afirma que a resposta das empresas às milhares de chamadas telefônicas exigiram o avanço de tecnologia ao nível de hardware e software dando início à designada era do consumidor. Este autor salienta ainda que, nesta era, atender às expectativas do mercado antecipando-se às suas exigências e incorporando valor é o que todo empresário deve almejar. É neste contexto que as empresas passam a centrar atenções na adoção do designado CRM – Customer “Estrutura capaz de desenvolver, potenciar e rentabilizar determinado produto e/ou serviço” (SÁ; PAINHO,2001:35). Estas três concepções permitem perceber a grande importância do Call Center, seja na perspectiva da interação entre clientes e empresa, da complexidade da sua estrutura e dos vários tipos de serviços a oferecer ou da rentabilidade das empresas. Deste modo, a medição da satisfação e qualidade dos serviços de Call Center torna-se imprescindível para as empresas efetuarem as melhorias necessárias na prestação dos seus serviços. 3. METODOLOGIA A metodologia adotada neste estudo baseia-se nos procedi17 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 18 PMKT SHEILA MOREIRA / CRISTINA GALAMBA MARREIROS / ANTÓNIO SOUZA TABELA 2 Itens, variáveis e dimensões da satisfação. ITENS VARIÁVEL As informações recebidas sejam precisas. As informações sejam livres de erros. Os tempos de espera durante o atendimento sejam curtos. O atendimento seja 24 horas por dia. O atendimento seja rápido. Cada cliente seja atendido com atenção especial. A linguagem utilizada seja simples e clara. Os funcionários sejam competentes para fornecer as informações. A postura dos funcionários seja profissional e confiável. Os funcionários tratem o cliente de forma cortês e educada. As informações fornecidas sejam claras. As informações confidenciais sejam tratadas com o devido sigilo. Os funcionários estejam de bom humor. Os funcionários estejam dispostos a ajudá-lo. Os funcionários se interessem sinceramente pelo seu problema e se envolvam na sua resolução. O atendimento seja feito por um funcionário e não eletronicamente. No atendimento eletrônico as opções de seleção sejam poucas. O atendimento seja feito eletronicamente. Os funcionários tenham um timbre de voz adequado. As tarifas do serviço de Call Center sejam simples e claras. A chamada seja gratuita. Seja fornecida informação sobre o custo das chamadas. Qualidade Qualidade Qualidade Qualidade Qualidade Qualidade Qualidade Qualidade Qualidade Qualidade Qualidade Qualidade Qualidade Qualidade Qualidade Qualidade Qualidade Qualidade Qualidade Preço Preço Preço Fonte: Dados da pesquisa. mentos fundamentais para pesquisas científicas. Iniciou-se com um levantamento bibliográfico de forma a construir um referencial teórico adequado.Através desta pesquisa bibliográfica concluiu-se que as abordagens dos indicadores de satisfação ECSI-Portugal e o modelo SERVQUAL poderão ser aplicáveis aos serviços de Call Center. Da análise destes modelos verifica-se que a qualidade e o preço são causas determinantes da satisfação, ou seja, são variáveis explicativas da satisfação. Consequentemente, esta pesquisa adota estes dois conceitos para explicar a satisfação dos consumidores de serviços de Call Center. De acordo com vários autores (MAIA, 2007; MADRUGA, 2006; MANCINI, 2006; MONTEFUSCO et al., 2008; AZEVEDO; CALDAS, 2003; SÁ; PAINHO, 2001) vários são os itens que contribuem para a prestação de um serviço de Call Center com qualidade. É importante mencionar que neste tipo de serviço, onde não existe o contato físico entre cliente e prestador, considera-se que garantias, empatia e tangibilidade são dimensões predominantes para a avaliação da satisfação por parte dos clientes. Através do contato telefônico o cliente procura a competência, credibilidade e segurança dos serviços, bem como as características dos funcionários que possam contribuir para a sua satisfação. 18 Com base no referencial teórico foi elaborado um questionário estruturado dirigido aos clientes de Call Centers, a fim de identificar e validar os fatores de satisfação e qualidade destes serviços.ATabela 2 lista os 22 itens desenhados, com base na literatura, para medir a importância dos diferentes atributos para a qualidade dos serviços de Call Center. O questionário é composto por uma pergunta aberta e vinte e duas questões fechadas relativas à importância dos atributos dos serviços de Call Center para a satisfação, com medidas de importância (crescente) em escala de natureza intervalar de 1a 5 pontos. O questionário foi aplicado via internet a uma amostra não probabilística por conveniência, nos meses de Agosto e Setembro de 2008. Esta investigação considerou como população de estudo os utilizadores dos serviços de Call Center residentes no Brasil, que possuíam um endereço eletrônico e acesso à internet. Outra característica importante da população é o fator experiência.Assim, a população foi delimitada aos indivíduos que utilizaram este tipo de serviço nos três meses antecedentes à aplicação do questionário. Considerouse que, desta forma, os respondentes teriam condições de analisar, conforme as suas experiências mais recentes, os fatores que consideram importantes para sua satisfação com os serviços de Call Center. Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 19 DETERMINANTES DA SATISFAÇÃO DOS CONSUMIDORES NOS SERVIÇOS DE CALL CENTER: UM ESTUDO EMPÍRICO COM CONSUMIDORES BRASILEIROS PMKT v) Atendimento eletrônico x) Funcionários simpáticos e com timbre de voz adequado j) Bom humor dos funcionários p) Atendimento 24 horas a) Atendimento por funcionário t) Informações sobre o custo das chamadas l) Chamada gratuita m)Atendimento eletrônico com poucas opções b) Atenção especial s) Atendimento rápido i) Postura do funcionário profissional e confiável n) Atendimento dos funcionários cortês e educado q) Disposição dos funcionários em ajudar u) Informações livres de erros c) Tarifas simples e claras e) Linguagem simples e clara d) Interesse dos funcionários na resolução dos problemas r) Tratamento sigiloso às informações confidenciais h) Tempo de espera curto o) Informações claras g) Informações precisas f) Funcionários competentes 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 Fonte: Dados da pesquisa. FIGURA 3 Importância média de vários itens para a qualidade nos serviços Call Centers. Foi obtido um total de 303 respostas válidas.Após a coleta dos dados estudou-se a viabilidade e validade das escalas utilizadas através de testes estatísticos adequados, analisaramse os resultados das estatísticas multivariadas e aplicou-se a análise fatorial.A análise fatorial foi utilizada como forma de examinar as relações subjacentes entre as variáveis que medem o grau de importância dos itens na avaliação do atendimento dos Call Centers.Assim, as escalas de importância incluídas no questionário foram analisadas, a fim de identificar as dimensões subjacentes à avaliação da qualidade e preço. Esta análise possibilitou concluir sobre o objetivo central desta investigação; isto é, se o número e conteúdo das dimesões de avaliação dos serviços de Call Center são similares ao proposto nos modelos SERVQUAL e ECSIPortugal. 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS A análise dos resultados centra-se em primeiro lugar na avaliação feita pelos consumidores brasileiros dos itens e dimensões importantes para a avaliação da qualidade e preço percebido e, consequentemente, para a satisfação com os serviços de Call Center.A Figura 3 mostra os pontos médios das respostas para cada item da escala. 19 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 20 PMKT SHEILA MOREIRA / CRISTINA GALAMBA MARREIROS / ANTÓNIO SOUZA Pela análise da Figura 3 pode-se concluir que a maioria dos respondentes considera os itens da escala importantes e associam-nos fortemente à qualidade do atendimento nos serviços de Call Center, uma vez que a maioria das afirmações tem uma média entre 4 e 5, definidas como “Importante” e “Muito Importante”. Contudo, verificou-se que na questão referente ao “atendimento eletrônico” apenas 25% dos respondentes brasileiros consideraram esta questão como “Importante” ou “Muito Importante”. No que se refere à “simpatia e timbre de voz adequado por parte dos funcionários”, 35% consideraram que a questão era “Importante”, sendo que apenas cerca de 30% a consideraram “Muito Importante”, para a qualidade dos serviços de Call Center.A questão referente ao “bom humor por parte dos funcionários” foi também considerada pela maioria dos respondentes da amostra como “Importante”. Em todos os outros itens a porcentagem de respondentes que os consideraram “Muito Importante” foi acima de 50%.A exceção é o “atendimento rápido”, que foi considerado como “Muito Importante” por apenas 40% dos respondentes. Assim, sintetizando-se as informações da Figura 3, pode afirmar-se que a maioria da amostra, consumidores dos serviços de Call Center no Brasil, prefere o atendimento humano ao atendimento eletrônico. Os participantes no estudo consideram importante para a qualidade dos serviços o atendimento rápido, a simpatia e timbre de voz adequada dos funcionários, bem como o bom humor dos mesmos. No entanto, consideram que existem outras qualidades dos funcionários que são muito importantes para a sua satisfação com o atendimento dos serviços de Call Center, como questões relacionadas com a postura, competência, linguagem, tratamento, interesse e envolvimento na resolução do problema. No que diz respeito às empresas, os respondentes consideram“Muito Importante” as questões relacionadas com o preço e horários de atendimento, bem como as questões relacionadas com a eficácia e eficiência do atendimento. As respostas às escalas de avaliação dos serviços de Call Center foram subsequentemente analisadas através da análise fatorial.ATabela 3 ilustra o modelo fatorial final, com 5 fatores bem como a sua capacidade para explicar a variância dos dados da amostra. Pela análise da Tabela 3 pode-se observar que o Fator 1 está fortemente correlacionado com as afirmativas “f ”, “g”, “e”, “i” e “o”.A maioria desses itens está relacionada com a eficácia do atendimento. Sendo assim, este fator pode ser identificado como a dimensão Confiabilidade, dimensão esta também presente nos modelos gerais de avaliação dos serviços 20 que constituem o modelo teórico proposto neste estudo. Assim, pode concluir-se que os respondentes do questionário avaliam a “competência e postura dos funcionários”, “linguagem simples e clara”e“informações claras”como garantias de que o serviço é feito da forma prometida, com segurança e precisão e, consequentemente, esta dimensão representa a confiabilidade nos serviços prestados. O Fator 2 está fortemente associado às afirmações “t”, “l”, “s” e “p”, que estão ligados diretamente ao preço.Assim, o Fator 2 foi denominado como“Preço”. É importante mencionar que os itens referentes ao “atendimento rápido” e ao “atendimento 24 horas por dia”são, neste modelo, associados ao preço. Desta forma, pode concluir-se que os respondentes, consumidores dos serviços de Call Center, avaliam o preço percebido através das informações e transparência do preço destes serviços e acrescentam os itens “s” e “p”, embora não de uma forma tão clara como os itens anteriores.Assim, neste modelo pode afirmar-se que a avaliação do preço percebido é consequente de dois tipos de preços: financeiro e temporal. Os itens com saturação mais elevada no Fator 3 são “x”, “n”, “r” e “j” e estes itens estão relacionados com a eficiência dos funcionários, uma vez que estão diretamente ligados às suas características. Consequentemente este fator é denominado de “Garantias”. É importante informar que o item “x”, neste modelo é associado à eficiência dos funcionários e, consequentemente, à dimensão garantias. Já o Fator 4 foi denominado como “Empatia”, por incluir questões relacionadas com a individualização do atendimento representada pelos itens “a”, “b” e “h”. Uma vez que o item “h” é incluído no Fator 4, pode afirmar-se que os respondentes avaliam “tempos de espera curtos” como atenção e cuidado dirigido aos clientes, o que caracteriza a dimensão empatia. No Fator 5 apenas o item “v”, relacionado com a forma de atendimento, tem uma saturação elevada. Consequentemente, este fator é denominado como “Tangibilidade”, no entanto, o item satura com valor negativo, o que significa uma avaliação negativa do “atendimento eletrônico”, uma vez que a maioria dos consumidores dos serviços de Call Center prefere atendimento pessoal. O modelo fatorial permite assim concluir que, as mesmas dimensões utilizadas no modelo SERVQUAL e ECSI-Portugal são utilizadas pelos respondentes na avaliação dos serviços de Call Center. Em resumo, os fatores identificados como subjacentes à avaliação da qualidade e preço percebido e, consequentemente, à satisfação com os serviços de Call Center são, por ordem de importância: Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 21 DETERMINANTES DA SATISFAÇÃO DOS CONSUMIDORES NOS SERVIÇOS DE CALL CENTER: UM ESTUDO EMPÍRICO COM CONSUMIDORES BRASILEIROS PMKT TABELA 3 Modelo de análise fatorial da satisfação no Brasil. ITENS 1 f) Funcionários competentes. 0,853 g) Informações precisas. 0,829 e) Linguagem simples e clara. 0,694 i) Funcionário profissional e confiável. 0,657 o) Informações claras. 0,611 t) Informações sobre o custo das chamadas. 0,143 l) A chamada seja gratuita. 0,080 s) Atendimento rápido. 0,218 p) Atendimento 24 horas por dia. 0,110 x) Func. simpáticos e com timbre de voz adequado. 0,003 n) Tratamento cortês e educado. 0,320 r) Tratamento sigiloso para informações confidenciais. 0,417 j) Funcionários de bom humor. 0,100 a) Atendimento por funcionário. 0,313 b) Atenção especial. 0,044 h) Tempos de espera curtos. 0,464 v) O atendimento seja feito eletronicamente. 0,047 CONFIABIL. FATORES 5,826 Valor Próprio 19,949 Variância 19,949 Variância acumulada 2 0,170 0,152 0,020 0,171 0,336 0,730 0,705 0,621 0,528 0,139 0,174 0,371 0,068 0,002 0,131 0,315 -0,055 PREÇO 1,829 12,940 32,889 FATORES 3 4 5 -0,043 0,189 -0,101 0,114 0,207 0,052 0,246 0,066 0,042 0,312 0,394 0,074 0,426 -0,077 -0,096 0,240 0,040 0,004 -0,025 0,318 0,143 0,264 0,054 -0,008 0,032 -0,060 0,490 0,727 0,152 0,417 0,710 0,116 -0,116 0,588 -0,080 -0,192 0,544 0,506 0,303 0,145 0,723 0,015 0,049 0,784 -0,273 -0,031 0,511 0,086 -0,052 0,093 -0,836 GARANTIAS EMPATIA TANGIBILID. 1,395 1,162 1,009 12,854 12,108 8,157 45,743 57,851 66,009 COMUNALIDADES 0,804 0,769 0,549 0,719 0,682 0,613 0,626 0,506 0,535 0,745 0,665 0,701 0,659 0,642 0,710 0,584 0,715 Fonte: Dados da Pesquisa. n n n n n Confiabilidade — Baseia-se na capacidade de entrega dos serviços com segurança e precisão. Relaciona-se com os itens: informações precisas e claras, funcionários competentes, com postura profissional e confiável, linguagem simples e clara, bem como a disposição dos funcionários para ajudar. Preço — As questões referentes ao preço e informações sobre o tarifário das chamadas são fundamentais para a satisfação do consumidor.A avaliação feita pelos respondentes a estes serviços inclui ainda, a rapidez e disponibilidade no atendimento, que são parte integrante do preço percebido, refletindo os custos temporais do serviço. Empatia — Definida como a atenção individualizada e o cuidado que a empresa oferece aos seus clientes, demonstrando que cada cliente é diferente e especial, é avaliada através do atendimento pessoal e atenção especial. Garantias — Os respondentes consideram algumas características dos funcionários como base para avaliar a capacidade das empresas e dos seus funcionários para inspirar credibilidade e confiança. Estas características são especificamente: simpatia e timbre de voz adequado, bom humor, tratamento educado e cortês, bem como sigilo para as informações confidenciais. Tangibilidade — Os respondentes utilizam a forma de aten- dimento para tangibilizar estes serviços.Apenas o atendimento por funcionários é considerado como tangível. Assim, pode concluir-se que, embora as dimensões de avaliação dos serviços de Call Center possam, globalmente, ser identificadas com as dimensões tradicionais de avaliação de serviços, o seu significado e, consequentemente, a sua medição são particulares a este tipo de serviços. Este fato pode, talvez, ser justificado pelo elevado grau de intangibilidade dos serviços de Call Center e pelo baixo grau de envolvimento da maioria dos consumidores com o produto, reforçado pelo baixo (ou nulo) custo envolvido na aquisição do serviço. Adicionalmente, constatou-se que as dimensões da qualidade e preço percebido definidas no modelo SERVQUAL são indicadores importantes para explicar a satisfação dos consumidores dos serviços de Call Center do Brasil.As dimensões confiabilidade, garantias, empatia e tangibilidade, tal como nos serviços em geral, são importantes para a avaliação da qualidade destes serviços. No entanto, à responsividade, que no modelo SERVQUAL é a segunda dimensão mais importante, no modelo desenvolvido não lhe foi atribuída grande importância, sendo incluída, no cenário de estudo, na dimensão empatia. 21 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 22 PMKT SHEILA MOREIRA / CRISTINA GALAMBA MARREIROS / ANTÓNIO SOUZA 5. RECOMENDAÇÕES E LIMITAÇÕES Este estudo é relevante para todas as empresas prestadoras de serviços de Call Center no Brasil, de diferentes áreas de atividade, uma vez que identifica, a partir de uma amostra da população, a forma como os consumidores avaliam este tipo de serviços.Adicionalmente, a partir dos itens testados nos questionários e das dimensões de avaliação mais importantes para a satisfação com a qualidade dos serviços, estas organizações poderão desenhar estudos de qualidade e satisfação dos seus clientes mais adaptados às suas especificidades. O estudo contribui ainda para o aumento do conhecimento científico sobre a medição da qualidade e satisfação com os serviços de Call Center, concluindo que a avaliação destes serviços e os determinantes da satisfação são similares aos modelos gerais. No entanto, a importância relativa das dimensões da qualidade, assim como a sua interpretação são particulares a estes serviços de baixo custo e altamente intangíveis. Deve-se ter em consideração as limitações desta pesquisa. Em primeiro lugar, deve ser notado que a pesquisa não utiliza uma amostra aleatória, devido à impossibilidade de obter uma listagem de clientes de empresas que tivessem utilizado os seus serviços de Call Center. Segundo, a forma de aplicação do questionário (através da internet) não possibilita ao pesquisador um total controle da amostra e do ambiente de coleta de dados, podendo criar algum enviesamento dos dados. Estas limitações podem ser minimizadas por estudos futuros que poderão, com efeito, dar continuidade a esta investigação, complementando-a, por exemplo, com a adoção de outra técnica de coleta de dados, que possa abranger a uma população mais diversificada, bem como com a medição da satisfação numa base de clientes real de diversas empresas. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COSTA, T. Crescimento supera expectativas. São Paulo: Gazeta Mercantil,1999. DELOITTE. Development of indicators on consumer satisfaction and pilot survey. Project for the European Commission Directorate General on Health and Consumer Protection, contract no. B5-1000/03/000382, 2005. FELIPE, G. M.; CONDE, J. G.; RIBEIRO, P. B.; Imuta, R. S. O Call Center e a fidelização de clientes: um estudo quantitativo no setor bancário de São Paulo. Revista Jovens Pesquisadores do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas da Universidade Presbiteriana Mackenzie,Ano 3, nº4, 2006. FERREIRA, S.; SGANZERLLA, S. Conquistando o consumidor. O marketing de relacionamento como uma vantagem competitiva das empresas. São Paulo: Gente, 2000. FREIRE, A. Estratégia: sucesso em Portugal. Lisboa,Verbo, 1997. GONÇALVES, R. Sistema de Gestão da Qualidade: Criação de um método de avaliação da satisfação dos clientes de uma universidade pública e sua importância”. Minas Gerais, Universidade Federal de Itajubá – Instituto de Engenharia de Produção e Gestão. Disponível em: http://www.epr.unifei.edu.br/ TD/producao2005/PDF/Rafael%20_Goncalves, 2005. GRONROOS, C. Marketing: gerenciamento e serviços. 2. ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. JOHNSON, M. D.; GUSTAFSSON, A.; ANDREASSEN, T.; LERVIK, L. CHA, J. The evolution and future of nation customer satisfaction index models. Journal of Economic Psychology,v. 22, p. 217-245, 2001. MAIA, C. S. B. Supervisão em Call Center: o caminho para o sucesso. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2007. AZEVEDO, M. C.; CALDAS, M. P. O Discurso evolucionista e a prática involutiva: um estudo empírico sobre o impacto de mudanças tecnológicos sobre o desenho do trabalho em Call Centers. In: Encontro Anual da ANPAD, Atibaia, São Paulo, 2003. Disponível em: <http: //www.anpad.org.br>_trabalho =2206>. MADRUGA, R. Gestão moderna de Call Center e Telemarketing: os 9Gs indispensáveis para você entender, criar e revolucionar centrais de atendimento. São Paulo:Atlas, 2006. BERRY, L. L.; PARASURAMAN, A. Serviços de marketing: competindo através da qualidade. São Paulo: Maltese-Norma,1992. MARCHETTI, R.; PRADO, P. H. Um tour pelas medidas de satisfação do consumidor. São Paulo, Revista de Administração de Empresas,out./nov.,v.41, p.56 - 67, 2001. BRETZKE, M. Marketing de relacionamento e competição em tempo real. São Paulo: Atlas, 2000. MOLLER, C.; BARLOW, J. Reclamação de cliente: não tem melhor presente. usando o feedback do cliente como uma fer- 22 MANCINI, L. Call Center: estratégia para vencer. São Paulo: Summus, 2006. Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 23 DETERMINANTES DA SATISFAÇÃO DOS CONSUMIDORES NOS SERVIÇOS DE CALL CENTER: UM ESTUDO EMPÍRICO COM CONSUMIDORES BRASILEIROS PMKT ramenta estratégica, 2. ed., São Paulo: Futura,1996. MONTEFUSCO, A. C. M.; MATTOS, H.A.; MENDONÇA; R. P.; MORAES, S. M. Business Intelligence:As empresas do segmento de Call Center no Brasil podem ser mais eficientes na contratação e retenção de funcionários. 2008. Disponível em: http://robsonmendonca.wordpress.com. PARASURAMAN,A.; ZEITHAML,V.; BERRY, L. SERVQUAL: A multiple-item scale for measuring consumer perceptions of service quality. Journal of Retailing, p.12- 40,1988. ROGERS GROUP PEPPERS. Marketing 1 to1, 3. ed., São Paulo: Peppers and Rogers Group do Brasil, 2004. ROGERS GROUP PEPPERS. CRM series marketing 1 to1: um guia executivo para transformar Call Centers em centros de interação com clientes. São Paulo: Peppers and Rogers Group do Brasil, 2001. SÁ, D. M. ; PAINHO, M. CRM e Call Centers – Customer Relationship Management e Sistema de Informação em Call Centers.Working Paper (Junho), n.75, 2001. SHIOZAWA, R. S. C. Qualidade no atendimento tecnologia da informação. São Paulo: Atlas,1993. VILARES, M. J.; COELHO, P. S. A satisfação e lealdade do cliente: metodologias de avaliação, gestão e análise. Lisboa: Escolar, 2005. ZEITHAML,V.A.; BITNER, M. J. Marketing de serviços: a empresa com foco no cliente. 2. ed., Porto Alegre: Bookman, 2003. PMKT ZEITHAML,V.A.,PARASURAMAN, A.; BERRY, L. L. Delivering quality service.New York: The Free Press,1990. 23 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 24 PMKT CAROLINA FREDDO FLECK / ROMÁCIO MENEZES DA SILVA / ALCIVIO VARGAS NETO PERFIL DO CONSUMIDOR DA CESMA — COOPERATIVA DOS ESTUDANTES DE SANTA MARIA — CESMA CONSUMER PROFILE – SANTA MARIA STUDENT COOPERATIVE n RESUMO As questões relacionadas à satisfação dos consumidores, com relação a produtos e serviços são preocupações constantes das empresas para garantir seu sucesso no mercado no qual estão inseridas. Já para as cooperativas, a lógica não se coloca nessa necessidade de se manter no mercado e sim na de manter o bom atendimento e a qualidade para seus associados. Neste contexto, este artigo é o resultado de uma pesquisa que buscou investigar aspectos relacionados ao perfil dos consumidores e a satisfação nos serviços prestados pela CESMA – Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria. Procurou-se entender o perfil deste associado e identificar como os mesmos veem a CESMA em comparação com o que esperam dos produtos e serviços de uma livraria e papelaria. A pesquisa foi realizada entre os associados através de um questionário aplicado via e-mail. O retorno dos mesmos foi suficiente para que os resultados pudessem ser inferidos como opinião dos associados. Os dados foram analisados a partir de estatística descritiva, univariada e multivariada e, de forma geral, constatou-se que os associados estão satisfeitos com os produtos e serviços oferecidos pela CESMA. PALAVRAS- CHAVE: Cooperativa, perfil de consumidor, satisfação. ABSTRACT Issues related to consumer satisfaction towards products and services are growing concerns of companies to ensure their success in the market where they operate.As for cooperatives, in their turn, the logic does not arise from the same need to remain on the market, but from keeping up good service and quality for their members. In this context, this work is the result of a study that investigated issues related to consumer profile and satisfaction with the services provided by CESMA – Santa Maria Student Cooperative. We sought to understand the profile of the members and identify how they viewed CESMA, compared to what they expect from products and services at a bookstore and stationery. The survey was conducted among members through a questionnaire via e-mail. The return rate was enough for the results to be extrapolated as the opinion of members. Data were analyzed using descriptive statistics, univariate and multivariate analysis and, in general, it was found that members are satisfied with the products and services offered by CESMA. KEY WORDS: Cooperative, consumer profile, satisfaction. 24 CAROLINA FREDDO FLECK GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA; MESTRE EM ADMINISTRAÇÃO PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA; DOUTORANDA EM ADMINISTRAÇÃO PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL; PROFESSORA ASSISTENTE NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA (UNIPAMPA). E-MAIL: [email protected] n ROMÁCIO MENEZES DA SILVA GRADUANDO EM ADMINISTRAÇÃO PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA (UNIPAMPA). E-MAIL: [email protected] n ALCIVIO VARGAS NETO MESTRE EM ADMINISTRAÇÃO PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL; ESPECIALISTA EM MARKETING E RELAÇÕES INTERNACIONAIS PELA ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING (ESPM); PROFESSOR ASSISTENTE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA (UNIPAMPA). E-MAIL: [email protected] Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 25 PERFIL DO CONSUMIDOR DA CESMA — COOPERATIVA DOS ESTUDANTES DE SANTA MARIA 1. INTRODUÇÃO O presente artigo visa identificar junto aos associados da CESMA – Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria, a percepção desses a respeito dos serviços de livraria e papelaria oferecidos pela cooperativa. Considerando o propósito acima exposto, os autores estruturaram a pesquisa em torno de questionamentos a respeito do nível de satisfação dos cooperados em relação aos serviços prestados e a percepção destes com relação aos atributos dos serviços prestados, de maneira geral. Procurou-se evidenciar, especialmente, os resultados em torno da hipótese de diferença entre as expectativas e percepções dos consumidores. As informações coletadas através de uma survey permitiram identificar padrões de satisfação e a percepção de algumas particularidades no que diz respeito aos cooperados e sua relação com a CESMA. Para melhor compreensão da pesquisa, o estudo divide-se em uma breve introdução sobre o tema; a apresentação do referencial teórico a respeito do tema e da apresentação do histórico da CESMA. Logo depois é apresentado o método que foi utilizado e a análise dos dados. O artigo é concluído com as considerações finais do estudo. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 COMPORTAMENTO DE COMPRA Considerando que, de acordo com Kotler e Keller (2006), o propósito do marketing centra-se em atender e satisfazer às necessidades e aos desejos dos consumidores, é de grande relevância conhecer o seu comportamento de compra. Para o entendimento do comportamento de compra do consumidor é preciso analisar a motivação humana, fatores sociais e socioculturais para tornar mais acessível à compreensão dos motivos pelos quais os consumidores tomam suas decisões ao adquirirem um determinado produto ou serviço. Conhecer os desejos dos clientes é imprescindível, para que os empresários busquem a qualificação de seus produtos, criando novas ideias, canais, preços, mensagens e outros elementos de marketing. Para Baker (2005:88): “Entender o comportamento do consumidor é, portanto, de importância primordial se o gerenciamento de marketing quiser prevê-lo, adiantar-se a ele e estimulá-lo”. Além disso, é importante reconhecer que, cada vez mais, a PMKT afluência do consumidor e a acirrada concorrência entre os fornecedores propiciam aos compradores um grande poder de livre escolha sobre o que compram, de quem compram e de que forma pagam. Entretanto, reconhecer os desejos da clientela não é tão simples, pois os consumidores podem declarar suas necessidades e desejos, mas agir de modo diferente (KOTLER,1994). Torna-se pertinente que se criem laços entre a organização e seus clientes para melhorar o nível de feedback e, em última análise, aumentar a possibilidade de se obter a fidelidade do consumidor (HOOLEY et al., 2008). Os clientes, em sua grande maioria, procuram avaliar seus desejos para julgar qual o melhor produto que possa gerar maior desempenho ou resultado em relação às expectativas iniciais, aumentando assim o seu nível de satisfação. Para Solomon (2002), o processo de decisão envolve a análise de como as pessoas escolhem entre duas ou mais opções de compra, levando em consideração que uma compra é uma resposta para um problema do consumidor.Ainda segundo o mesmo autor, o processo de comportamento de compra do consumidor vem abraçar todo um campo teórico, o qual inclui atitudes, estilo de vida, percepção e todo um leque de fatores motivacionais que influenciam, direta ou indiretamente, na correta tomada de decisão por parte do consumidor. São inúmeros os fatores que influenciam na decisão de compra dos consumidores: qualidade do produto, promoções, locais de venda, fatores demográficos, políticos e econômicos, entre outros. Cada um deles age de forma a estimular o comportamento dos indivíduos. Conforme Mowen (1995) podese elencar outros fatores como: cultura, grupos de influência e estilo de vida.Além disso, podem-se citar as necessidades fisiológicas e psicológicas que influenciam nas escolhas de compras dos consumidores.As fisiológicas podem ser fome, frio e desconforto; já as psicológicas, segundo Maslow apud Chiavenato (2004:119) “são as necessidades adquiridas e exclusivas do ser humano e referem-se à segurança íntima,autoconfiança e afeição”.As necessidades psicológicas são divididas em quatro: motivação, percepção, aprendizagem, e crenças e atitudes. A motivação é desenvolvida por diversas teorias que levam as diferentes implicações. Segundo Assael (1992), motivos são impulsos gerais que definem uma necessidade e direcionam o comportamento para atender essa necessidade. Para Chiavenato (2004:119) “a motivação refere-se às forças dentro de cada pessoa que a conduzem a um determinado comportamento”, em suma, um motivo ou impulso é uma necessidade qualquer que leva a pessoa a agir, organizado em hierarquia, partindo das necessidades mais urgentes às menos urgentes. 2510 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 26 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 27 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 28 PMKT CAROLINA FREDDO FLECK / ROMÁCIO MENEZES DA SILVA / ALCIVIO VARGAS NETO A percepção é individual, cada cliente tem determinado quadro bem definido, selecionado, organizado, interpretado e, portanto, bem subjetivo, pois se captam os fatos através das sensações, que fluem através dos cinco sentidos (KOTLER, 1994). A aprendizagem fornece o embasamento para que o consumidor tenha definida a melhor opção de compra; descreve as mudanças no comportamento do indivíduo decorrentes do conhecimento e da experiência (KOTLER,1994). Richers (1984:50) salienta que“o homem é capaz de aprender e alterar os seus comportamentos através de suas experiências passadas”. Através da ação e da aprendizagem, surgem as crenças e atitudes, as quais também influenciam o comportamento de compra. A crença é todo pensamento descritivo que pode estar baseado no conhecimento, opinião ou fé Kotler (1994). As atitudes podem ser descritas pelas resistências favoráveis ou não de uma pessoa a determinado produto, para Solomon (2002:165),“uma atitude é duradoura porque tende a persistir ao longo do tempo”. Dessa maneira, são difíceis de serem mudadas, pois o indivíduo, ao tomar uma atitude ou decisão diante de um produto ou serviço, já formalizou suas percepções, conhecimentos e crenças acerca deste produto. cipalmente, estabelecendo diretrizes para suas decisões cotidianas. Apesar das pesquisas sobre comportamento do consumidor terem consolidado a área, percebe-se em algumas organizações, como as do terceiro setor, menor atribuição de importância ao que os integrantes destas têm como percepção de satisfação. A afirmativa anterior aparentemente é um comentário de senso comum, sem qualquer cunho científico que a respalde. No entanto, é suficientemente instigante para que se pretenda pesquisar a questão do comportamento do consumidor em uma empresa de terceiro setor. Especialmente se for uma cooperativa que presta serviços relacionados ao comércio de livraria e papelaria, bem como locação de vídeos para seus cooperados. Como será visto no tópico sobre a mesma; presta os mesmos serviços de livraria e papelaria para o público em geral, no entanto, com menos benefícios do que os que recebem os cooperados. Segundo Oliver (1997 apud ZEITHAML, BITNER, 2003:87): O comportamento do consumidor constitui uma área de pesquisa já fortemente difundida tanto no mercado quanto no ambiente acadêmico. Diferentes autores (UNDERHILL,1999; SOLOMON, 2002) argumentam que analisar o comportamento do consumidor, quando bem explorado, auxilia de forma consistente o cotidiano de uma empresa através da análise de dados, das necessidades e das satisfações dos clientes. Esta premissa é válida para grandes e pequenas empresas. “Satisfação é a resposta ao atendimento do consumidor. Trata-se da avaliação de uma característica de um produto ou de um serviço, ou do próprio produto ou serviço, indicando que com eles se atinge um determinado nível de prazer proporcionado pelo seu consumo”. O reconhecimento do comportamento do consumidor perante o mercado decorre da consolidação do tema como provedor de informações significativas que podem demonstrar outras capacitações a serem difundidas, as quais são necessárias para a vantagem competitiva. 2.2 SATISFAÇÃO DO CONSUMIDOR Nesta pesquisa, foi utilizado para coleta de dados, um instrumento já validado que busca identificar a satisfação dos consumidores com os serviços prestados por uma determinada empresa. Na metodologia, esse instrumento será detalhado. Dessa forma, é importante gerar um melhor conhecimento dos interesses e motivações de compra do consumidor que, se atendidos, gerarão satisfação ao segmento e também, uma contribuição científica para a empresa, através da análise dos dados coletados. Segundo Kotler (1994), existe uma relação direta entre a satisfação do consumidor, a qualidade do produto ou serviço e a rentabilidade da empresa. Este estreitamento com o cliente externo deve fazer parte do planejamento estratégico de uma empresa que busca aprimorar a qualidade de seus produtos, devendo a mesma definir seu posicionamento em relação ao mercado e à sociedade onde atua, prin28 Para Lovelock e Wright (2001:14) “Noções tradicionais de qualidade (baseadas na conformidade com padrões definidos por gerentes operacionais) foram substituídas pelo novo imperativo de deixar a qualidade ser dirigida pelo cliente”. Entender o comportamento do consumidor, segundo Hooley et al. (2008:337) consiste em,“construir benefícios superiores de fidelidade”,onde também é necessário que os funcionários estejam engajados no conhecimento deste comportamento. De acordo com Hooley et al. (2005:336) “Embora as empresas estabeleçam as estratégias para o marketing de relacionamento na cúpula da empresa, o sucesso dessas estratégias depende,basicamente, dos funcio- Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 29 PERFIL DO CONSUMIDOR DA CESMA — COOPERATIVA DOS ESTUDANTES DE SANTA MARIA nários que são encarregados de colocá-las em prática”. 2.3 VALOR PARA O CONSUMIDOR Pode-se criar valor para os clientes para uma consequente diferenciação perante a concorrência, bem como auxiliar no direcionamento estratégico das atividades de marketing no que tange ao entendimento e gerenciamento do atendimento e a publicidade do empreendimento. O conhecimento sobre os fatores que agregam valor ao consumidor tem se tornado fundamental para a sobrevivência das empresas atualmente, pois o comportamento do consumidor é de interesse especial para aqueles que desejam influenciá-lo, compreendê-lo ou até mesmo alterá-lo. Compreendendo o comportamento do consumidor, torna-se mais fácil atender as expectativas dos clientes e até tentar surpreendê-los de forma positiva, tornando-os fiéis, para que se tenha a possibilidade de, ao longo do tempo, criar uma diferenciação consistente no mercado. Não há dúvida de que os benefícios e vantagens da manutenção de clientes fiéis são apontados e reconhecidos por diversos autores, entre eles, Sheth, Mittal e Newman (2001:39 -46). Esses autores apontam algumas vantagens competitivas provenientes do trabalho de fidelização dos clientes: a) aumento da lucratividade em função de melhorias na eficiência de custos por encomendas repetitivas, disposição em pagar preços superiores e proteção contra bruscas oscilações; e b) crescimento da receita, em virtude do aumento da propaganda boca a boca, centralização das compras e inovações em produtos. Em uma estrutura de cooperativa, as pessoas estão vinculadas em torno de um mesmo propósito, que beneficie o grupo como um todo. No caso de uma cooperativa de estudantes, como a analisada nesta pesquisa, os benefícios estão em torno das necessidades dos estudantes e, neste caso específico, acesso a material literário, cultural e de papelaria de forma mais acessível e com qualidade para o desenvolvimento do processo de estudo/aprendizado. PMKT como a Educação foi deixado em segundo plano, retardando sua expansão. Devido à repressão militar que se estendeu até meados da década de 80, os estudantes não tinham pleno acesso a outras atividades culturais além daquelas autorizadas pelo regime militar.Tal repressão cultural onerou de forma substancial a capacidade intelectual dos estudantes brasileiros. Foi nessa conjuntura que surgiu a necessidade de procurar novas saídas para o aprimoramento cultural dos jovens da época. A CESMA surgiu dos anseios de um grupo pioneiro de estudantes corajosos, criativos e ambiciosos, cientes de suas dificuldades, mas com ideais bem constituídos e leais aos seus objetivos. Com a presença de alunos e também de alguns professores simpatizantes foram sendo realizadas assembléias, até que, no dia 16 de junho de 1978, com o Estatuto Geral já formado, foi realizada oficialmente a primeira Assembléia Geral no Campus da UFSM – Universidade Federal de Santa Maria, a qual culminou com a formação oficial da Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria. No início, a primeira sede da CESMA foi no DACCR – Diretório Acadêmico do Centro de Ciências Rurais, com apenas dois títulos: o Manual de Entomologia e o Manual de Fitopatologia. Após um ano, gradativamente, com o esmero de seus associados, a CESMA obteve condições de expandir sua área de atuação no mercado de Santa Maria, logo mudando de localidade, autorizada pela Reitoria da UFSM, prosseguiu seus serviços na Rua Astrogildo de Azevedo 68. Ratificando seu desenvolvimento profissional, hoje, a CESMA possui sede própria, o CENTRO CULTURAL CESMA, localizado na Rua Professor Braga, 55, no centro de Santa Maria, com 2.600m2 aproximadamente, distribuídos em espaço para livros, filmes, papelaria, material escolar, exposições de arte, café e auditório com 200 lugares. Conta com, aproximadamente, 30 mil títulos, mais de 36 mil cooperados e possibilita o acesso aos livros mais baratos do país (prática única de repasse de, pelo menos, 20% de desconto sobre o preço de catálogo). 3. HISTÓRICO DA PESQUISA 4. MÉTODO DA PESQUISA A CESMA – Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria tem como meta principal, o bem estar de seus associados; para tanto constituiu uma formação diferenciada na busca de aprimoramento das condições sociais, de maneira geral, diminuindo os custos na aquisição de livros; material escolar, cirúrgico e odontológico; filmes; entre outros. A CESMA teve suas atividades iniciadas no fim dos anos 70. Devido à proposta apresentada no almejado milagre econômico, obras faraônicas, grandes estradas, pontes, portos e aeroportos, foram forjados com dinheiro estrangeiro, os quais mascaravam a estagnação cultural do Brasil, outros setores A presente pesquisa utilizou como estratégia de investigação o estudo de caso em uma cooperativa de estudantes, mais precisamente, a CESMA – Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria.A CESMA tem, em sua sede, uma livraria e papelaria que atende aos associados e o objetivo da pesquisa foi identificar a satisfação destes com os serviços oferecidos na papelaria. De acordo com Yin (2005), um estudo de caso é uma pesquisa que investiga um fenômeno dentro de seu contexto real, quando o limite entre o fenômeno e o contexto não são cla2910 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 30 PMKT CAROLINA FREDDO FLECK / ROMÁCIO MENEZES DA SILVA / ALCIVIO VARGAS NETO ramente definidos. A pesquisa teve como característica ser um estudo descritivo transversal com coleta de dados quantitativos. O instrumento de pesquisa foi estruturado a partir de uma adaptação do modelo SERVQUAL (com variação apenas na composição das frases) de análise da qualidade de serviços. O modelo de Parasuraman, Zeithalm e Berry (1988) está inserido em um contexto de análise de dados, agindo como uma ferramenta para medir a qualidade dos serviços prestados. O modelo SERVQUAL é amplamente utilizado no Brasil em diversos setores como: bancário (COSTA FILHO; PIRES, 2010), distribuição (TAMASHIRO et al., 2006), restaurantes (PETERS FILHO, 2004), varejo (LEITE, 1995) e ensino (SIQUEIRA; CARVALHO, 2006), (TURETA et al. 2006) dentre outros. O modelo foi utilizado pelos autores na busca da ideia de comparar a performance ou o desempenho de uma empresa frente a um ideal.Tendo como base os resultados da pesquisa, as áreas consideradas fracas poderão ser localizadas e modificadas. Essa pesquisa aponta também as áreas fortes da empresa, que poderão ser usadas como vantagens competitivas. São engajados ao modelo uma série de atributos, que podem ser encontrados em uma pesquisa extensa. Estes atributos são denominados de as “cinco dimensões de qualidade”, que estão expostas em: tangibilidade, confiabilidade, compreensão, segurança e empatia, explicados a seguir: n n n n n 30 Tangibilidade — São os elementos físicos, como móveis, escritório, formulários, aparência física dos empregados, roupas e uniformes, equipamentos e disposição física. Confiabilidade — É a habilidade de se ter o que foi prometido, na data aprazada. Por exemplo: confiabilidade é obter o terno limpo na lavanderia, na data combinada. Compreensão — É a habilidade de entender os problemas e dificuldades dos clientes e responder de uma forma positiva. Um exemplo é um jardineiro fazer o jardim de um cliente rapidamente, fora do esquema habitual, porque o cliente terá um evento especial. Segurança — É a percepção que o cliente tem da habilidade do empregado da empresa em responder às suas necessidades. Por exemplo: um técnico em manutenção de televisão que, rapidamente, encontra e repara o defeito na hora e na frente do cliente. Empatia — É a disposição que o empregado tem e manifesta nos cuidados e atenção individualizados prestados ao cliente. Um exemplo pode ser o de um garçom que, percebendo as dúvidas de um novo cliente em escolher um prato, leva-o à cozinha e deixa que ele próprio veja como os diversos pratos são preparados para que ele possa escolher o que mais lhe servir. No caso do questionário aplicado nesta pesquisa (constante no ANEXO A), algumas adaptações foram realizadas, deixando-o mais adequado às necessidades do que se pretendia pesquisar, procurando indicar ao consumidor qual o segmento que seria analisado e em que níveis se dariam as comparações. Não se considerou necessária a aplicação de uma análise fatorial confirmatória do instrumento, pois o mesmo manteve a estrutura inicial, apenas as frases foram adaptadas ao contexto pesquisado. Os dados da pesquisa foram coletados através do envio de, aproximadamente, 2000 e-mails para associados da CESMA com o questionário de análise da satisfação, dos quais se pôde obter um retorno de129 questionários, caracterizando uma amostra não probabilística de caráter intencional. Esta amostra representa a opinião dos consumidores da amostra sobre os serviços.A análise dos dados deu-se por estatística descritiva e testes T e Regressão. O propósito destes testes foi identificar claramente o perfil dos associados pesquisados, as relações entre as variáveis e os resultados claros sobre os níveis de satisfação dos associados pesquisados da CESMA com a cooperativa. A partir do uso das médias, moda e amplitude (estatística descritiva) das variáveis de identificação, bem como a distribuição de frequência das observações pôde-se traçar um perfil dos associados das CESMA, identificando melhor quem foram as pessoas que apresentaram sua opinião sobre a satisfação com os produtos e serviços que a cooperativa oferece.Após, foi feita a análise descritiva destes dados, considerando que o instrumento de coleta de dados dividia-se em uma seção de percepção e outra de expectativas.A primeira seção analisou como o consumidor percebe, de forma geral, questões relacionadas a produtos e serviços de livrarias e papelarias; a segunda quais eram as expectativas dos associados com relação à CESMA. Foram utilizados testes de hipóteses para verificar a existência de diferenças significativas entre as respostas nas seções de expectativas e percepções por parte dos associados. No questionário, estas duas seções foram divididas em três blocos: tangíveis, confiabilidade e preço de mercado. As questões eram compostas de respostas com escalas de 7 pontos do tipo Likert, indo do“Discordo totalmente”ao“Concordo totalmente”. Para a realização do teste, as questões de cada bloco foram agrupadas e transformadas em uma nova variável por suas médias. Foi realizado o Teste T pareado, onde se consideram variáveis diferentes para um mesmo grupo Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:58 AM Page 31 PERFIL DO CONSUMIDOR DA CESMA — COOPERATIVA DOS ESTUDANTES DE SANTA MARIA de observações e considerou-se então, para todos os grupos: n n H0: As médias são iguais entre as seções de expectativas e de percepções. H1: Existe diferença entre as médias das seções de expectativas e as de percepções. Após identificar a existência ou não de diferença entre as expectativas e as percepções dos associados, foi realizada uma regressão linear múltipla para identificar quais variáveis poderiam explicar a satisfação dos associados que apresentaram médias de boa satisfação. Foram utilizadas, além da variável satisfação geral como variável dependente, as variáveis de satisfação com serviços e satisfação com produtos, juntamente com as variáveis de identificação, como tempo de sócio, sexo e grau de instrução.As hipóteses da regressão foram definidas como: n n H0: Não existe relação entre as variáveis independentes e a dependente. H1: As variáveis independentes têm grau de explicação para a variável dependente. No tópico a seguir encontram-se as análises dos dados e as considerações finais. PMKT dio para a graduação, da graduação para a pós etc.; como é a proposta da CESMA. A média de tempo de associação indica que as pessoas já têm, há bastante tempo, vínculo com a CESMA. No entanto, sabendo-se que ninguém deixa de ser associado da cooperativa, pois esta é uma cláusula do contrato, esses dados não podem comprovar nada além de uma tendência de aumento do número de associados nos últimos 15 anos, com maior adesão no período de 10 anos atrás.A CESMA há mais ou menos sete anos, iniciou um projeto de construção de um novo prédio para sua sede e este projeto influenciou as campanhas para novos associados, pois foi a partir dessas associações que a cooperativa foi buscando recursos (uma das alternativas) para a construção do mesmo. Essas campanhas podem explicar o aumento considerável de sócios nesse período. De acordo com os dados apresentados, fica evidente uma caracterização de amostra com a maioria dos indivíduos sendo do sexo masculino; com pós-graduação; associados em média há 12 anos na CESMA e com uma média de idade próxima dos 35 anos. Esses resultados dão indícios de que essas pessoas teriam se associado no início da graduação e permaneceram até hoje vinculadas à cooperativa. 5. ANÁLISE DOS DADOS A seguir são apresentados os resultados da pesquisa. Primeiramente segue uma descrição da amostra pesquisada e em seguida são apresentados os resultados especificamente relacionados à satisfação dos associados. Para caracterização da amostra foram consideradas apenas as variáveis de identificação. Com esses resultados pôde-se traçar o perfil principal da amostra dos associados da CESMA. Demonstrando primeiramente, que a maior parte dos respondentes foi de associados homens, obteve-se um total de 70,80% de pessoas do sexo masculino. Outro dado relevante é que nenhum dos associados respondentes possui grau de instrução inferior ao superior incompleto; a maioria possui pós-graduação (67,88%) e superior completo (26,28%). É importante destacar que, para ser associado da CESMA é preciso estar, no mínimo, no ensino médio, no entanto, o que se percebe é que não aparecem associados com este grau de instrução. Este pode ser um indício de que as pessoas tendem a associar-se a partir do ensino médio e seguir com o vínculo, atualizando-o conforme for passando do ensino mé- Considerando-se que o principal serviço da cooperativa é a livraria e papelaria, a qual atende desde os materiais didáticos do ensino fundamental (neste caso, somente os pais podem comprar para os filhos, limitam-se as compras ao número de filhos e a série escolar estudada) até os materiais universitários e a locadora de vídeos, justifica-se o tempo que as pessoas permanecem vinculadas. Mesmo não mantendo vínculo ativo com os serviços da CESMA, as pessoas não deixam de ser associadas e não há mensalidades. O perfil do associado da CESMA indica pessoas que se associaram por interesse em desfrutar dos serviços que a cooperativa oferece. Sendo assim, foi necessário também conhecer a percepção dos mesmos com relação aos serviços e produtos oferecidos. De forma geral pode-se dizer que os associados estão satisfeitos com a CESMA. O nível de satisfação geral teve uma média de 8,3 em uma escala de um a dez. Especificando em serviços e produtos, as médias foram de 8,66 e 6,87 respectivamente, demonstrando que os associados estão mais satisfeitos com os serviços prestados que propriamente com os produtos consumidos, conforme mostra a Tabela 1. Porém, quando questionados sobre a frequência com que vai 3110 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 32 PMKT CAROLINA FREDDO FLECK / ROMÁCIO MENEZES DA SILVA / ALCIVIO VARGAS NETO TABELA 1 Estatística descritiva das variáveis de satisfação. N Média Mediana Moda Desvio padrão Variância Assimetria Curtose Amplitude Mínimo Máximo Percentis Válido Não respondido 25 50 75 Q17 Q18 Q19 Q20 Q21 115 22 8,30 9,00 9 1,590 2,529 -1,526 3,843 9 1 10 8,00 9,00 9,00 115 22 6,87 7,00 8 2,539 6,448 -,895 ,087 9 1 10 5,00 7,00 9,00 114 23 8,66 9,00 10 1,628 2,652 -1,646 3,184 8 2 10 8,00 9,00 10,00 116 21 1,23 1,00 1 ,549 ,302 2,310 4,266 2 1 3 1,00 1,00 1,00 116 21 1,06 1,00 1 ,239 ,057 3,741 12,207 1 1 2 1,00 1,00 1,00 a CESMA e que faz compras, as duas respostas ficaram em torno do “ocasionalmente”, para a grande maioria, demonstrando uma contradição — que níveis de satisfação coerentes um consumidor pode apresentar se não tem consumido, com frequência, determinado produto ou serviço? As hipóteses a serem confirmadas foram as apresentadas na metodologia da pesquisa. Retomando: n n Os dados de mínimo e máximo da amostra demonstram que houve também respondentes totalmente insatisfeitos com os produtos e serviços oferecidos pela CESMA. Mesmo assim, estes provavelmente apareceriam em um gráfico de dispersão como outliers,especialmente se considerar-se os dados apresentados pela mediana e moda, que apontam para os graus mais altos da escala demonstrando que as médias realmente ficaram altas pela concentração de respondentes satisfeitos, corroborando com as análises anteriores. Foram utilizados testes de hipóteses para verificar se existe diferença ou não entre as respostas na seção de expectativas e na de percepções por parte dos associados. Essas duas seções no questionário foram divididas em três blocos: tangíveis, confiabilidade e preço de mercado. O teste de verificação de hipóteses utilizado foi o T Pareado. H0: As médias são iguais entre as seções de expectativas e as de percepções. H1: Existe diferença entre as médias das seções de expectativas e de percepções. O primeiro teste realizado foi com relação às questões de tangíveis sobre a CESMA. Conforme mostra o Quadro 1, rejeita-se totalmente a hipótese nula. As questões Q1, Q2, Q3 e Q4 faziam parte da seção de expectativas, sendo então mais gerais sobre instalações físicas e visuais de livrarias e papelarias, foram agrupadas na variável Expectativa Tangíveis.As questões Q9,Q10,Q11 e Q12 faziam parte da seção de percepções e também diziam respeito a aspectos das instalações físicas e visuais, com a diferença de serem direcionadas para o caso da CESMA e foram agrupadas na variável Percepção Tangíveis. Nota-se pelas médias do Quadro 2 que a importância atri- QUADRO 1 Teste T — Variáveis tangíveis. Expectativas Tangíveis Percepção Tangíveis 32 MÉDIA TESTE PAREADO DIFERENÇAS PAREADAS DESVIO MÉDIA 95% INTERVALO DE PADRÃO DESVIO CONFIANÇA PADRÃO LOWER UPPER ,33138 1,13027 ,09990 ,13369 ,52907 T DF SIG. (2-TAILED) 3,317 127 ,001 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 33 PERFIL DO CONSUMIDOR DA CESMA — COOPERATIVA DOS ESTUDANTES DE SANTA MARIA PMKT QUADRO 2 Médias Tangibilidade. MÉDIAS Expectativas Tangíveis Percepção Tangíveis MÉDIA N DESVIO PADRÃO MÉDIA DO DESVIO PADRÃO 5,5234 5,1921 128 128 1,04591 1,08902 ,09245 ,09626 QUADRO 3 Teste T — Confiabilidade. Expectativa Confiabilidade Percepção Confiabilidade MÉDIA TESTE PAREADO DIFERENÇAS PAREADAS DESVIO MÉDIA 95% INTERVALO DE PADRÃO DESVIO CONFIANÇA PADRÃO LOWER UPPER ,27519 ,92905 ,08180 ,11334 ,43705 T DF SIG. (2-TAILED) 3,364 128 ,001 QUADRO 4 Médias das variáveis referentes à Confiabilidade. MÉDIAS Expectativa Confiabilidade Percepção Confiabilidade MÉDIA N DESVIO PADRÃO MÉDIA DO DESVIO PADRÃO 6,5814 6,3062 129 129 ,75465 ,98685 .06644 .08689 QUADRO 5 Teste T — Preço de mercado. MÉDIA Expectativa Preço Percepção Preço 1,07813 TESTE PAREADO DIFERENÇAS PAREADAS DESVIO MÉDIA 95% INTERVALO DE PADRÃO DESVIO CONFIANÇA PADRÃO LOWER UPPER 1,36526 buída para a percepção da CESMA é menor do que as médias da importância atribuída para os mesmos aspectos quando se pensa em livrarias e papelarias de forma geral. Para o segundo teste, foram utilizadas as variáveis referentes à confiabilidade. Na Q5 e Q6 as respostas sobre as expectativas foram agrupadas na variável Expectativa Confiabilidade e na Q13 e Q14 as respostas sobre as percepções na CESMA foram agrupadas na variável Percepção Confiabilidade. Os resultados encontram-se no Quadro 3. Novamente rejeita-se a hipótese nula demonstrando diferença entre as expectativas e percepções dos respondentes.Avaliando-se o Quadro 4, percebe-se que as médias demonstram que os respondentes identificam menor interesse na CESMA em resolver problemas com relação a algum produto ou serviço (Q14) do que consideram o ideal (Q6). Já quanto à quali- ,12067 ,83934 1,31691 T DF SIG. (2-TAILED) 8,934 127 ,000 dade dos produtos, a média demonstra que os respondentes consideram os produtos vendidos na CESMA (Q13) como de melhor qualidade que os produtos vendidos em livrarias e papelarias de uma forma geral (Q5). No que diz respeito às questões sobre preço de mercado, como pode ser visualizado no Quadro 5, novamente a hipótese nula foi totalmente rejeitada. Os respondentes, neste caso, identificam diferenças entre os preços praticados nas livrarias e papelarias e os praticados na CESMA.A partir das médias apresentadas no Quadro 6 percebe-se que os associados veem mais promoções, de uma forma geral, nas livrarias e papelarias (Q8) do que na CESMA (Q16).No entanto, estes mesmos associados identificam que os preços praticados pela CESMA (Q15) são menores que os preços praticados de uma forma geral (Q7). 3310 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 34 PMKT CAROLINA FREDDO FLECK / ROMÁCIO MENEZES DA SILVA / ALCIVIO VARGAS NETO Os resultados aqui apresentados demonstram que os associados conseguiram realizar comparações entre seu conhecimento sobre livrarias e papelarias, de forma geral e sobre a CESMA. Foi demonstrado também que os associados encontraram diferenças significativas entre a Cooperativa e as empresas que prestam os mesmos serviços; seja no preço, no atendimento, no visual ou na confiança que a mesma passa. Verificou-se que a crítica com relação à CESMA mantémse mesmo com associados antigos, como foi identificada a maioria dos respondentes. sócio e grau de instrução. A proposta foi verificar se as variáveis de satisfação com os serviços e produtos, e as variáveis de identificação (sexo, tempo de sócio, instrução) explicam os resultados da satisfação geral e em que níveis. Os resultados podem ser visualizados a seguir. Foi utilizada como variável dependente para a regressão a variável satisfação geral (Q17); e como variáveis independentes as demais. As hipóteses da regressão eram: H0: Não existe relação entre as variáveis independentes e a dependente. H1: As variáveis independentes têm grau de explicação para a dependente. n QUADRO 6 Médias variáveis — Preço. N Válidas Perdidas Média n MÉDIAS Q7 Q8 Q15 Q16 132 5 6,55 131 6 5,50 129 8 6,26 127 10 3,57 O critério de entrada das variáveis na regressão partiu do método enter, tendo F probabilidade de 5%. Em função destes resultados, optou-se por uma análise de regressão com o objetivo de verificar que variáveis poderiam explicar a alta média de satisfação encontrada. Os resultados demonstram que algumas variáveis de identificação, juntamente com as variáveis de satisfação de produtos e serviços explicam em torno de 40% da satisfação total dos associados. Foram selecionadas, para análise de regressão, as variáveis de satisfação geral; satisfação com os produtos; satisfação com os serviços; que são as questões Q17 a Q19; sexo; tempo de O primeiro passo foi testar a hipótese de normalidade dos resíduos através do teste Kolmogorov-Sminorv. Como pode ser verificado no Quadro 7; os resíduos apresentam distribuição normal. Logo após foi realizado o teste de regressão. Os quadros 8, 9 e 10 apresentam os testes estatísticos realizados para verificar a multicolinearidade e significância da regressão. Como pode ser observado, o valor do teste de Durbin-Watson apresentou-se dentro do esperado (1,711 — próximo a 2), indicando que não há autocorrelação positiva nem negativa. Rejeita-se, portanto, a hipótese nula. QUADRO 7 Teste Kolmogorov-Sminorv. TESTE DE NORMALIDADE DA AMOSTRA — KOLMOGOROV-SMIRNOV INSTRUÇÃO TEMPO SÓCIO SEXO N Parâmetros normais Diferenças extremas 137 4,62 ,596 ,417 ,262 -,417 4,879 ,000 Média Desvio padrão Absoluto Positivo Negativo Kolmogorov-Smirnov Z Asymp. Sig. (2-tailed) 131 12,22 6,040 ,170 ,170 -,087 1,948 ,001 137 1,29 ,456 ,447 ,447 -,261 5,231 ,000 Q17 Q18 Q19 115 8,30 1,590 ,189 ,143 -,189 2,030 ,001 115 6,87 2,539 ,173 ,109 -,173 1,852 ,002 114 8,66 1,628 ,207 ,205 -,207 2,214 ,000 a. Distribuição normal / b. Calculado pelos dados. QUADRO 8 Resumo do modelo. RESUMO DO MODELOb MODELO 1 R ,633a R. QUADRADO R. QUADRADO AJUSTADO ,401 ,373 DESVIO ESTATÍSTICAS ALTERADAS PADRÃO R. QUADRADO F. MODIFICADO DF1 DF2 ESTIMATIVAS AJUSTADO 1,261 ,401 a. Constante, Sexo, Instrução, Q.19, Tempo de Sócio, Q.18 / b.Variável dependente: Q.17. 34 14,068 5 105 SIG. F CHANGE DURBINWATSON ,000 1,711 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 35 PERFIL DO CONSUMIDOR DA CESMA — COOPERATIVA DOS ESTUDANTES DE SANTA MARIA PMKT QUADRO 9 Teste ANOVA. ANOVAb MODELO 1 Regressão Resíduos TOTAL SOMA DOS QUADRADOS DF MÉDIA DOS QUADRADOS F SIG. 111,900 167,037 278,937 5 105 110 22,380 1,591 14,068 ,000a a. Constante, Sexo, Instrução, Q.19, Tempo de Sócio, Q.18 / b.Variável dependente: Q.17. QUADRO 10 Coeficientes da Regressão. MODELO 1 Constante Q.18 Q.19 Tempo Sócio Instrução Sexo COEFICIENTES NÃO PADRONIZADOS B ERRO PADRÃO 2,448 ,174 ,450 -,038 ,161 ,353 1,214 ,053 ,083 ,020 ,210 ,261 COEFICIENTESa COEFICIENTES T PADRONIZADOS SIG. BETA ,279 ,464 -,150 ,059 ,103 2,017 3,275 5,415 -1,932 ,766 1,356 ,046 ,001 ,000 ,056 ,445 ,178 ESTATÍSTICA DE COLINEARIDADE TOLERÂNCIA VIF ,785 ,777 ,945 ,956 ,993 1,274 1,287 1,059 1,046 1,008 a.Variável dependente: Q.17. Outra análise foi realizada a partir da matriz de correlação, onde não foi identificada também a existência de autocorrelação. No Quadro 9 pode ser observado o valor de F que, com uma significância de 1% valida a hipótese dos coeficientes serem diferentes de zero na regressão.As independentes explicam em 40% a satisfação geral dos associados com a CESMA. Este valor indica uma explicação não tão alta, deixando em aberto um percentual de mais de 50% que outras variáveis devem explicar. Seria necessário um estudo mais direto para determinar que tipo de variável pudesse completá-lo. A regressão não apresenta multicolinearidade, como pode ser verificado através do Quadro 10, onde os índices de tolerância estão bem próximos a um.Assim, o modelo pode ser explicado pela equação: geral em 0,450 pontos, enquanto a satisfação com os produtos elevará a satisfação geral em 0,174 se elevada em um ponto na escala; as variáveis tempo de sócio, grau de instrução e sexo não apresentaram significância com relação a influência na variável “satisfação geral”, sendo excluídas da equação final. Os resultados demonstraram que, mesmo não sendo um percentual elevado, a explicação da satisfação geral se dá pelo nível de satisfação do associado com os serviços e produtos, que são os fatores utilizados como atrativos para novos associados da CESMA. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Onde: Y = Satisfação Geral. X1 = Satisfação com os produtos. X2 = Satisfação com os serviços. Retomando o objetivo da pesquisa, que foi o de identificar junto aos associados da CESMA – Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria, a percepção destes a respeito dos serviços de livraria e papelaria oferecidos pela Cooperativa, os resultados desta pesquisa demonstram que mesmo uma cooperativa que, em teoria, não tem os mesmos objetivos de uma organização que visa lucro, pode ser analisada por seus clientes em níveis de satisfação como qualquer outra empresa. Percebe-se pela equação que a variável “Satisfação com os serviços” influencia mais na satisfação geral dos associados do que as demais variáveis utilizadas no modelo.Ao aumentar a média da satisfação dos serviços em um ponto na escala (mais próximo da total satisfação), esta elevará a satisfação De forma geral, os índices de satisfação encontrados indicam que não somente os associados antigos estão satisfeitos, mas também aqueles que são sócios recentes. Um dado interessante apontado é que, em função da Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria ter sempre anunciado preços mais Y = 3,364 + 0,174X1 + 0,450X2 3510 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 36 PMKT CAROLINA FREDDO FLECK / ROMÁCIO MENEZES DA SILVA / ALCIVIO VARGAS NETO acessíveis na cidade, na expectativa dos associados, esses preços seriam mais baixos do que os realmente praticados. Ou seja, identificaram-se diferenças de percepção e expectativas, quando a CESMA foi comparada com o setor em que atua — livraria e papelaria. LOVELOCK, C.; WRIGHT, L. Serviços, marketing e gestão. São Paulo: Saraiva, 2001. Os testes de hipótese demonstraram uma satisfação nos principais aspectos, mas ao mesmo tempo certa expectativa com todo o setor e não somente com a CESMA, em alguns atributos como atendimento e qualidade dos produtos.Apesar de identificarem que os produtos vendidos na cooperativa são de qualidade. PARASURAMAN, A.; ZEITHAML,V.A.; BERRY, L. L. SERVQUAL: a multiple-item scale for measuring customer perceptions of service quality. Journal of Retailing, 64 (spring), 1988, p. 12- 40. Verificou-se que os associados da CESMA estão altamente satisfeitos com a mesma, evidenciado que esta se dá pela satisfação com os produtos e serviços ofertados aos mesmos, sendo itens importantes em um posterior processo de revisão e estruturação de um plano para atrair novos associados, por parte da cooperativa. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSAEL, H. Consumer behavior and marketing action. Boston: PWS Kent,1992. BAKER, M. J. Administração de marketing. 5. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005. CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. Rio de Janeiro: Campus, 2004. COSTA FILHO, B.A. da, PIRES, P. J. A percepção da qualidade na intenção de uso do internet Banking. In: Anais do 34º ENANPAD, Rio de Janeiro, 2010. HAIR, J. F. J.; BABIN, B.; MONEY, A. H.; SAMOUEL, P. Fundamentos de métodos de pesquisa em administração. 1. ed. Porto Alegre, 2005. HOOLEY, G. J.; SAUNDERS, J.A.; PIERCY, N. F. Estratégia de marketing e posicionamento competitivo. 3. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2008. KOTLER, P. Administração de marketing. 4. ed. São Paulo: Atlas,1994. MOWEN, J. C. Consumer behavior. Englewood Cliffs: Prentice-Hall. 1995. PETERS FILHO, T.A. Qualidade, valor e satisfação do consumidor em restaurantes finos da cidade de São Paulo. In: Anais do 28º ENANPAD, 2004. RICHERS, R. O enigmático mais indispensável consumidor: teoria e prática. Revista da Administração, jul./set.,1984. SHETH, J. N.; MITTAL, B.; NEWMAN, B. I. Comportamento do cliente: indo além do comportamento do consumidor. São Paulo: Atlas, 2001. SIQUEIRA, R. P.; CARVALHO, J. L. F. Qualidade do Serviço Educacional Prestado por Escolas de Administração: Confronto Entre uma Universidade Pública e uma Faculdade Privada In: Anais do 30º ENANPAD, Salvador, 2006. SOLOMON, M. R. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo e sendo. 5. ed. Porto Alegre: Bookman,2002. TAMASHIRO, H.; SILVA, R. da; GHISI, F.A.; ATTADIA, L. C. L.; PASCHOAL, L. F. S. Avaliação do nível de expectativa e de satisfação dos clientes: um estudo aplicado aos serviços de distribuição do setor farmacêutico. In: Anais do 30º ENANPAD, Salvador, 2006. TURETA, C.; ROSA, A. R.; OLIVEIRA,V. C. da S.; ANTONIALLI, L. M. Avaliação crítica de serviços educacionais: o emprego do modelo SERVQUAL. In: II EMA, Rio de Janeiro, 2006. UNDERHILL, P.Vamos às compras: a ciência do consumo. São Paulo: Campus,1999. YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2005. LEITE,V.F.Qualidade de serviços no setor de varejo: proposta de um modelo de mensuração. In: Anais do19º ENAMPAD, 1995. 36 PMKT KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de marketing.12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 37 PERFIL DO CONSUMIDOR DA CESMA — COOPERATIVA DOS ESTUDANTES DE SANTA MARIA PMKT 8. ANEXO A — QUESTIONÁRIO SEÇÃO DE EXPECTATIVAS Prezado (a) Associado (a): Instruções: Baseado nas suas experiências como cliente de livrarias e papelarias, pense sobre a natureza da empresa que forneceria tais serviços com excelente qualidade. Este questionário faz parte de uma pesquisa que está sendo realizada por acadêmicos do curso de Mestrado em Administração da Universidade Federal de Santa Maria — RS, com autorização da CESMA – Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria. O objetivo deste trabalho é identificar a satisfação dos associados com os serviços oferecidos pela CESMA. Sua participação é vital para a conclusão deste trabalho, no qual resultará em dados concretos para identificação da satisfação e futura melhoria de serviços. Ressalta-se que os dados fornecidos serão considerados confidenciais.Assim, não serão, sob qualquer hipótese, repassados a outras pessoas ou instituições. A – Dados Gerais Pense em uma empresa prestadora destes serviços com a qual você teria prazer em realizar negócios. Por favor, para cada item demonstre a real necessidade desta empresa de serviços de livraria e papelaria possuírem as características descritas. Se você sente que a característica não é de forma alguma essencial para uma empresa prestadora de serviços de livraria e papelaria, como a que você tem em mente, assinale “Discordo totalmente” (1). Caso você sinta que a característica é absolutamente essencial para uma empresa deste ramo, assinale “Concordo totalmente” (7). 1. Sexo: (1) Masculino (2) Feminino 2. Grau de instrução: 1. ( 2. ( 3. ( 4. ( 5. ( ) Ensino médio incompleto. ) Ensino médio completo. ) Superior incompleto. ) Superior completo. ) Pós-Graduação. Caso seu sentimento seja que a característica está entre essas duas percepções, assinale uma opção intermediária. Não há respostas certas ou erradas — tudo que buscamos é um número que reflita verdadeiramente suas expectativas, observando empresas que poderiam fornecer excelente qualidade de serviço. 3. Há quanto tempo você é sócio da CESMA: _______ 4. Idade: _______ anos TANGÍVEIS DISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTE 1. Uma excelente livraria/papelaria deve possuir um visual moderno. 1 2 3 4 5 6 7 2. As instalações físicas de uma livraria/papelaria influenciam na hora da compra. 1 2 3 4 5 6 7 3. Os funcionários de livraria/papelaria têm influência no momento da compra. 1 2 3 4 5 6 7 4. O material de sinalização utilizado na comunicação deve possuir apelo visual. 1 2 3 4 5 6 7 CONFIABILIDADE DISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTE 5. Os produtos da livraria/papelaria passam confiabilidade para os clientes (boas marcas, qualidade). 1 2 3 4 5 6 7 6. Quando os clientes têm problema com relação a algum produto/serviço a livraria/papelaria deve demonstrar um sincero interesse em resolvê-lo. 1 2 3 4 5 6 7 PREÇO DE MERCADO DISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTE 7. Os produtos da livraria/papelaria devem possuir preços menores que as dos concorrentes. 1 2 3 4 5 6 7 8. As livrarias e papelarias costumam fazer promoções. 1 2 3 4 5 6 7 3710 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 38 PMKT CAROLINA FREDDO FLECK / ROMÁCIO MENEZES DA SILVA / ALCIVIO VARGAS NETO SEÇÃO DAS PERCEPÇÕES Instruções: O grupo de afirmações a seguir relata o seu sentimento a respeito da CESMA – Cooperativa de Estudantes de Santa Maria. Ainda, marque 1 se você está totalmente em desacordo com a característica apresentada, e marque 7 se você estiver totalmente de acordo. Para cada afirmação, por favor, escolha em que intensidade você acredita que a característica descrita corresponde à CESMA. Você pode ainda, marcar outro número do meio da escala de acordo com a intensidade do seu sentimento em relação à característica em questão. TANGÍVEIS DISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTE 9. A CESMA possui um visual moderno. 10. As instalações físicas da CESMA influenciam na hora da compra. 1 1 2 2 3 3 4 4 5 5 6 6 7 7 11. Os funcionários da CESMA influenciam no momento da compra (auxílio, atendimento). 1 2 3 4 5 6 7 12. O material de sinalização da CESMA possui apelo visual. 1 2 3 4 5 6 7 CONFIABILIDADE DISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTE 13. Os produtos da CESMA passam confiabilidade para os clientes (boas marcas, qualidade). 1 2 3 4 5 6 7 14. Quando os clientes têm problema com relação a algum produto/serviço, a CESMA deve demonstrar um sincero interesse em resolvê-lo. 1 2 3 4 5 6 7 PREÇO DE MERCADO DISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTE 15. Os produtos da CESMA possuem preços menores que os dos concorrentes. 1 2 3 4 5 6 7 16. A CESMA costuma fazer promoções. 1 2 3 4 5 6 7 MENSURAÇÃO DE RELACIONAMENTOS 17. Qual o seu nível de satisfação geral com a CESMA? Totalmente insatisfeito 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Totalmente satisfeito 6 7 8 9 10 Concordo totalmente 6 7 8 9 10 Concordo totalmente 18. Os produtos vendidos na CESMA superam a qualidade de outras livrarias/papelarias? Discordo totalmente 1 2 3 4 5 19. Os serviços oferecidos pela CESMA transmitem total confiança aos seus clientes? Discordo totalmente 1 2 3 4 5 20. Com que frequência você vai a CESMA? 21. Com que frequência você compra na CESMA? 1). ( 2). ( 3). ( 4). ( 1). ( 2). ( 3). ( 4). ( 5). ( 38 ) Ocasionalmente. ) Uma vez por semana. ) De uma a três vezes por semana. ) Quatro ou mais vezes por semana. ) Ocasionalmente. ) Uma vez por semana. ) De uma a três vezes por semana. ) Quatro ou mais vezes por semana. ) Nunca comprei. Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 39 PROCESSO DECISÓRIO PARA AÇÕES DE PATROCÍNIO ESPORTIVO: ANÁLISE DESCRITIVA EM EMPRESAS PATROCINADORAS NO BRASIL PMKT PROCESSO DECISÓRIO PARA AÇÕES DE PATROCÍNIO ESPORTIVO: ANÁLISE DESCRITIVA EM EMPRESAS PATROCINADORAS NO BRASIL DECISION-MAKING PROCESS IN SPORTS SPONSORSHIP: DESCRIPTIVE ANALYSIS IN SPONSOR COMPANIES IN BRAZIL n RESUMO É notório o crescimento da utilização do patrocínio esportivo como ferramenta de comunicação de marketing. Este crescimento tem despertado o interesse por uma maior e melhor compreensão acerca dos atributos desta ferramenta, especialmente no que se refere à sua eficácia e aos processos pelos quais ela é adotada e desenvolvida pelas organizações. Este artigo se propôs a estudar o processo decisório que caracteriza a tomada de decisão para ações desta natureza nas empresas. O desenvolvimento do estudo teve por base teórica os fundamentos de patrocínio e sua contextualização nas atividades de marketing. O método utilizado para a realização da pesquisa de campo foi o de estudo de campo, por meio de uma pesquisa conclusiva descritiva realizada junto a 59 empresas nacionais e multinacionais atuantes no Brasil que utilizam a ferramenta patrocínio esportivo. Os dados foram obtidos por meio de um questionário eletrônico com perguntas fechadas, aplicado via internet e sua análise baseou-se, prioritariamente, na interpretação descritivo-quantitativa das frequências obtidas nas variáveis estudadas. Como conclusão do estudo, obteve-se que o processo decisório para ações de patrocínio esportivo nas empresas revela-se ainda incipiente ou inexistente, resultando, consequentemente, em uma ineficácia de sua utilização. PALAVRAS- CHAVE: Comunicação de marketing, patrocínio esportivo, processo decisório. MICHEL FAUZE MATTAR GRADUAÇÃO EM ESPORTE PELA ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; MBA EM MARKETING PELA FUNDAÇÃO INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO (FIA); MESTRE EM ADMINISTRAÇÃO COM ÊNFASE EM MARKETING PELA FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (FEA/USP); PROFESSOR E COORDENADOR ADJUNTO DA FUNDAÇÃO INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO (FIA). E-MAIL: [email protected] n MARCOS CORTEZ CAMPOMAR GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS PELA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; MESTRADO E DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO PELA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; MEMBRO DA FUNDAÇÃO INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO (FIA); PROFESSOR TITULAR DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. E-MAIL: [email protected] ABSTRACT The growing use by companies of sports sponsorship as a marketing communication tool is notorious. This growth has raised the interest for a better and higher understanding of this tool’s attributes, especially concerning its effectiveness and the processes by which it is adopted and promoted by organizations. The main purpose of this research was to study the decision-making process adopted by companies at the occasion of a sports sponsorship activity. The development of the study took sponsorship concepts and their contextualization in marketing activities as theoretical foundation. The method used for the field research was the field study, through a conclusive descriptive research applied among a non-randomized sample of 59 national and international companies operating in Brazil that adopt sports sponsorship among their marketing communication activities. Data were obtained through the application of an electronic questionnaire comprising closed-ended questions, and their analysis relied mainly on the descriptive and quantitative interpretation of the frequency obtained from the study variables.As a conclusion of the study, it was found that the decision-making process for companies’sports sponsorship activities is still incipient or inexistent, consequently resulting in a decrease of effectiveness during its use. KEY WORDS: Marketing communications, sports sponsorship, decision-making process. 39 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 40 PMKT MICHEL FAUZE MATTAR / MARCOS CORTEZ CAMPOMAR 1. INTRODUÇÃO Dentre as ferramentas de comunicação de marketing apresentadas por Kotler e Keller (2006) — “Propaganda”, “Promoção de Vendas”, “Relações Públicas/Publicidade”, “Venda Pessoal”, “Marketing Direto”, e “Eventos e Experiências” — esta última, que segundo os autores compreende um conjunto de ações de comunicação que visa tornar a empresa parte de momentos especiais e relevantes na vida pessoal de seus públicos, passou a ocupar espaço importante nas estratégias de promoção de marketing das empresas. Levantamento feito pela PricewaterhouseCoopers em 2008, citado no The World Sponsorship Monitor Annual Review (2009), constata que o investimento mundial nesta ferramenta em 2007 foi de US$ 42.7 bilhões, e que o volume estimado para 2012 é de US$ 60 bilhões. Tais informações evidenciam a efetiva adoção de Eventos e Experiências como ferramenta de comunicação de marketing. Dentro do universo do patrocínio, o esporte se consolidou como a atividade que recebe o maior volume de investimentos. Dados apresentados no mesmo relatório (THE WORLD SPONSORSHIP MONITOR ANNUAL REVIEW, 2009), referentes à distribuição dos investimentos pelas modalidades de patrocínio no mundo, em 2008, representados na Figura 1, reforçam esta condição. 2% 2% 1% 7% 88% ESPORTES NAMING RIGHTS TRANSMISSÕES TELEVISIVAS CULTURA E ARTES OUTRAS Fonte: THE WORLD SPONSORSHIP MONITOR. Annual Sponsorship Review 2009. [S.l.], Disponível em: <http://www.theworldsponsorshipmonitor. com/>. Acessado em: 02 dez. 2010. FIGURA 1 Distribuição dos investimentos em ações de patrocínio por modalidade, no mundo, em 2008. 40 A maior disponibilidade de recursos dedicados a modalidade esportiva pode ser encarada como resultado da estreita relação, ou do envolvimento, que expressiva parte das populações, de modo geral, mantém com alguma prática esportiva. Neste contexto, a participação massiva, ou o engajamento, das pessoas junto às mais variadas atividades esportivas sinaliza, naturalmente, uma oportunidade mercadológica. No entanto, a consolidação do patrocínio esportivo como ferramenta de comunicação de marketing nas empresas não se reflete igualmente na produção de conhecimento científico sobre a atividade.Apesar do crescente interesse pelo seu estudo no meio acadêmico,verifica-se que, por se tratar de um tema recente, o nível de produção a ele relacionado é reduzido. Não há uma clara definição de como o patrocínio esportivo se desenvolve dentro das empresas, em termos de se conhecer quais são os canais corretos de entrada de fornecedores de oportunidades e projetos (agências de marketing esportivo, produtores esportivos independentes, clubes e associações esportivas, federações e confederações esportivas, etc.), quem efetivamente decide por este tipo de ação pela empresa, quais são os atores envolvidos neste processo, e qual o papel desempenhado por cada um destes atores. O desconhecimento destes processos torna a relação da empresa com seus potenciais fornecedores ineficiente, uma vez que os fornecedores, por não visualizarem um canal de comunicação com a empresa, podem ter a relação comercial inviabilizada; e as empresas que, na ausência de um departamento ou centro de compras específico e especializado para estabelecer um canal com fornecedores e analisar qualitativamente as propostas recebidas, tendem a promover ações de patrocínio esportivo menos efetivas, em detrimento de outras opções que, talvez, pudessem apresentar maior potencial na obtenção de resultados, mas que foram desconsideradas em função da ineficiência do processo. Em um ambiente de negócios extremamente competitivo, no qual as empresas intensificam a busca pela eficiência em todas as suas atividades, exigindo-se cada vez mais que o marketing produza resultados tangíveis e mensuráveis, justificando seus investimentos (ROSENWALD, 2005:25), a condição de desconhecimento de métodos e processos sistematizados, relacionado à utilização da ferramenta patrocínio esportivo, pode significar sua marginalização como ferramenta de comunicação de marketing. Desta forma, este trabalho tem por objetivo identificar, partindo-se de modelos sugeridos na literatura existente, o processo decisório para a seleção de ações de patrocínio esportivo em empresas patrocinadoras no Brasil. Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 41 PROCESSO DECISÓRIO PARA AÇÕES DE PATROCÍNIO ESPORTIVO: ANÁLISE DESCRITIVA EM EMPRESAS PATROCINADORAS NO BRASIL 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PATROCÍNIO NO MARKETING A promoção (ou comunicação) de marketing, doravante adotada neste estudo como comunicação de marketing, é, segundo Kotler e Keller (2006:532),a forma pela qual as empresas informam, persuadem e lembram os consumidores sobre os produtos e marcas que comercializam. Diversas são as abordagens relacionadas às ferramentas que compõem o mix de comunicação de marketing. Contudo, para efeito do presente estudo, foi adotada a composição apresentada por Kotler e Keller (2006:533), que assume: propaganda, promoção de vendas, relações públicas e assessoria de imprensa, marketing direto, vendas pessoais, e eventos e experiências. A principal diferença entre esta composição proposta por Kotler e Keller (2006:533) e as demais é a inclusão de uma nova ferramenta de comunicação de marketing, denominada “Eventos e Experiências”. De acordo com os autores os eventos e experiências são “atividades e programas patrocinados pela empresa, projetados para criar interações relacionadas à marca, diariamente ou em ocasiões especiais”. Com base na definição proposta pelos autores constata-se que a ferramenta Eventos e Experiências está essencialmente baseada na atividade de patrocínio. A definição proposta por Pope (1998), adotada no presente trabalho, parece ser a que melhor contempla os principais aspectos que compõem o conceito e a atividade de patrocínio. Segundo o autor: Patrocínio é a atividade de provisão de recursos (dinheiro, PMKT pessoas, equipamentos) por uma organização (patrocinador) diretamente para um indivíduo, autoridade ou corporação (patrocinado),permitindo ao patrocinado realizar determinada atividade em retorno aos benefícios contemplados em termos das estratégias promocionais do patrocinador, que podem ser expressos em termos de objetivos corporativos, de marketing, e de mídia. 2.2 OBJETIVOS DO PATROCÍNIO Para Kotler e Keller (2006) e Mullin (2004),os principais objetivos relacionados às atividades de Eventos e Experiências e que influenciam, com maior frequência, a decisão das empresas em firmarem contratos de patrocínio são: (i) criar identificação com um mercado-alvo ou com um estilo de vida específico; (ii) Aumentar a conscientização do nome da empresa ou do produto; (iii) criar ou reforçar percepções do consumidor quanto a associações-chave com a imagem da marca; (iv) aperfeiçoar as dimensões da imagem corporativa; (v) criar experiências e provocar sensações; (vi) expressar compromisso com a comunidade ou com questões sociais; (vii) entreter os principais clientes ou recompensar funcionárioschave; e (viii) permitir oportunidades de divulgação ou promoções de venda. No entanto, a classificação sugerida por Sandler e Shani (1993) e adaptada por Pope (1998) consolidou de maneira ainda mais abrangente os macro objetivos relacionados ao patrocínio. Esta classificação está no Quadro 1. 2.3 EFICÁCIA DA FERRAMENTA A questão da medição do retorno do investimento em patrocínio tem se tornado cada vez mais um tema central dos pesquisadores; nesse sentido, a International Advertising Association, QUADRO 1 Objetivos agregados às empresas envolvidas em patrocínio. OBJETIVOS CORPORATIVOS OBJETIVOS DE MARKETING OBJETIVOS DE MÍDIA OBJETIVOS PESSOAIS Lembrança da marca da empresa Melhora na imagem corporativa Relações de negócios Alcance do mercado-alvo Gerar visibilidade Gerar publicidade Interesses dos gestores Percepção positiva junto ao público Posicionamento da marca em geral Envolvimento com a comunidade Complementar campanha de propaganda Aumento em vendas Relações com seus públicos diversos Distribuição/Experimentação de produto/serviço Entretenimento de clientes Competição com outras empresas Fonte: Adaptado de SANDLER, Dennis; SHANI, David. Sponsorship and the Olympic Games: the Consumer Perspective. Sport Marketing Quaterly, v. 2, n. 3, p. 38-43, 1993; POPE, Nigel K. L. Overview of current sponsorship thought. The cyber-journal of sport marketing. [S.l.], v. 2, n.1, 01/1998. Disponível em: <http://pandora.nla.gov.au/nph-arch/O1998-Mar-12//http://www.cad.gu.edu.au/cjsm/pope21.htm>. Acessado em: 13 out. 2006. 41 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 42 PMKT MICHEL FAUZE MATTAR / MARCOS CORTEZ CAMPOMAR em Reis (1996), apresenta uma estrutura para mensuração da eficácia do patrocínio composta por três campos principais: a exposição, caracterizada pelo sistema de mensuração de espaço em mídia obtido para a marca do patrocinador por meio da ação, em termos de centimetragem (mídia impressa) e minutagem (mídia eletrônica); os efeitos de comunicação, caracterizada pela mensuração do conhecimento e da imagem da marca patrocinadora; e a variação do volume de vendas, caracterizada por uma análise comparativa de vendas como métrica de eficácia. Pope (1998) critica o uso da exposição de mídia como método para mensurar eficácia do patrocínio. Segundo o autor, o fato de este método utilizar o critério de comparar o valor monetário da exposição obtida pelo patrocínio com o valor real estimado da mesma exposição caso ela tivesse sido comprada em formato de anúncio, faz com que ele perca consistência, por três razões: primeiro, porque a qualidade da mensagem é diferente entre o patrocínio e um anúncio; segundo, porque a recepção da mensagem pela audiência não é mensurada no caso do patrocínio; e terceiro, porque, neste processo de comparação, o custo da aquisição de anúncios considerado é o mais alto apresentado pelos veículos de mídia, o que na prática, não condiz com a realidade, uma vez que poucos anunciantes efetivamente pagam estes valores por ocasião da veiculação de anúncios. Com relação ao método de monitoração de mudanças em vendas, o autor afirma haver evidências de que esta contribuição efetivamente ocorra. Entretanto, conforme aponta Meenaghan (1983), a limitação deste método está na dificuldade em se estabelecer medidas acuradas que apontem o relacionamento entre o investimento em patrocínio e o resultado em vendas para o patrocinador. Em razão destas limitações, Meenaghan (1983) conclui que a avaliação do impacto imediato do patrocínio sobre vendas não é conveniente; para o autor, é certo que o patrocínio promove um clima favorável para o aumento de vendas, possivelmente impactando-as em longo prazo, mas não se pode afirmar com segurança que ele as influencia diretamente. Com relação ao método de monitoração em mudanças de lembrança, imagem e intenção de compra da marca do patrocinador, Pope (1998) e Escobar (2002) afirmam, por meio da apresentação de diversos exemplos, que este método é o que consegue mensurar de maneira mais confiável os efeitos do patrocínio. Segundo os autores, estes efeitos podem ser mensurados por meio de pesquisas junto aos consumidores, relatando de maneira relativamente segura as opiniões e sentimentos destes e o impacto das ações de patrocínio sobre elas. 2.4 MODALIDADES DE PATROCÍNIO Melo Neto (2003:25) sintetiza as modalidades de patrocínio em quatro categorias — esportivo, cultural, social e ecológico, cujos principais atributos são apresentados no Quadro 2. Apesar de constituírem atividades de naturezas distintas, as modalidades de patrocínio equivalem-se quando observadas sob o ponto de vista da comunicação de marketing, pois todas se constituem em canais alternativos de interação e comunicação por parte da empresa, com os elementos do ambiente do qual ela faz parte. Como o foco deste trabalho é o estudo direcionado ao patrocínio esportivo, esta modalidade de patrocínio será aprofundada a seguir. 2.5 FORMAS DE PATROCÍNIO ESPORTIVO Diversas são as formas de manifestação da atividade de patrocínio esportivo por parte das empresas. QUADRO 2 Modalidades de patrocínio. PATROCÍNIO ESPORTIVO PATROCÍNIO CULTURAL PATROCÍNIO SOCIAL Objetivo Potencializar a marca Valorizar a marca Reconhecimento e credibi- Ganhos econômicos lidade Motivo principal Apelo junto à mídia Mercado vasto Segmentação Segmentação Apelo junto à mídia Público classe A Exercício da cidadania empresarial e responsabilidade social Reconhecimento pelo uso de “tecnologia limpa” Benefícios principais Divulgação da marca Promoção da marca Relacionamento com a comunidade Apoio da comunidade e do governo Retorno De mídia Institucional De vendas Institucional Promocional Fiscal Institucional Institucional Econômico Fonte: Adaptada de MELO NETO, Francisco Paulo de. Marketing de patrocínio. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2003:25. 42 PATROCÍNIO ECOLÓGICO Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 43 PROCESSO DECISÓRIO PARA AÇÕES DE PATROCÍNIO ESPORTIVO: ANÁLISE DESCRITIVA EM EMPRESAS PATROCINADORAS NO BRASIL Melo Neto (2003:25) propõe a seguinte classificação para as formas de manifestação de patrocínio esportivo, composta de cinco categorias: patrocínio de clubes, de equipes, de atletas, de eventos, e de projetos esportivos. Esta classificação parece contemplar de maneira abrangente os diversos formatos de manifestação de patrocínio esportivo. 2.6 PROCESSO DECISÓRIO DO PATROCÍNIO ESPORTIVO O processo de seleção de uma ação de patrocínio por parte da empresa representa uma compra organizacional e, portanto, deveria enquadrar-se nos mesmos princípios que norteiam o processo de compra da empresa para suas demais aquisições. Webster e Wind (1972) citados por Kotler e Keller (2006) definem o termo “compra organizacional” como: “O processo de tomada de decisão por meio do qual as organizações estabelecem a necessidade da compra de produtos e serviços, além de identificar, avaliar e escolher, entre as marcas e os fornecedores disponíveis, qual a melhor opção”. Kotler e Keller (2006) afirmam que, dentre as principais características do mercado empresarial está o fato de ele ser caracterizado por compras profissionais. Esta característica se justifica quando se considera que o objetivo dos compradores empresariais, por ocasião de uma compra, é ganhar dinheiro para a empresa, reduzir custos operacionais, e satisfazer obrigações sociais e legais. Kotler e Keller (2006) e Opta e Speh (2002) descrevem então o centro de compras, que se trata da imunidade ou departamento específico de compras da organização compradora. De acordo com Webster e Wind (1972) citados por Kotler e Keller (2006) o centro de compras é composto de todas as pessoas e grupos que participam do processo decisório de compra na empresa e que compartilham algumas metas e riscos provenientes das decisões tomadas. Os autores afirmam que a composição do centro de compras apresenta variações de uma situação de compra para outra e que não está estabelecida no organograma da empresa, sendo criada a cada processo de compra, em resposta às necessidades de informação em cada situação específica de compra. empresa e por meio de agências de propaganda. No primeiro caso, o autor sugere que algumas empresas mantêm este processo de decisão completamente interno à empresa, ocorrendo por meio de pequenos centros de compras, cujos componentes variam em cada caso. No segundo caso, Schaaf (1995) afirma que outras empresas preferem deixar a decisão de investimentos em patrocínios total ou parcialmente a cargo de suas agências de propaganda. Dessa forma, as possibilidades de patrocínio são inicialmente recebidas e analisadas pelas agências. Em alguns casos, a própria decisão do patrocinar ou não, e o que patrocinar, fica totalmente sob responsabilidade da agência, o que a configura como o centro de compras deste processo. Em outros casos, a agência apresenta o resultado de sua triagem inicial para a empresa, e a decisão final é de responsabilidade desta última, configurando-se, desta forma, um centro de compras agência-empresa. Com relação aos membros que compõem este centro de compras, Schaaf (1995) afirma variarem entre Gerentes de Vendas, Diretores Promocionais, Gerentes de Marketing, Diretores de Novos Negócios, e até mesmo o Presidente da empresa. A pesquisa realizada por Parisi (1994) contribuiu de maneira significativa para o surgimento de hipóteses sobre o processo decisório para ações de patrocínio esportivo. Segundo os resultados do estudo, que abrangeu 33 empresas de grande porte de diversos setores no Brasil, na maioria dos casos, o cargo de quem aprova o orçamento para estas ações é o de Presidente ou Diretor; e o departamento responsável por administrar o patrocínio é o de Marketing, sob a responsabilidade de um Gerente. Em termos das etapas do processo de compra desempenhado pelo centro de compras da organização, Melo Neto (2003:135) apresenta um modelo direcionado exclusivamente à realização de patrocínio esportivo por parte das empresas — o processo de gestão do patrocínio. Segundo o autor, dentre as possíveis etapas estão: n n n A identificação da relação destes conceitos com o processo decisório do patrocínio esportivo nas empresas foi objeto de alguns estudos específicos. Inicialmente, estes estudos produziram reflexões relacionadas à composição e localização do centro decisório para estas ações. Segundo Schaaf (1995), há duas formas distintas sob as quais o processo decisório em patrocínio ocorre: internamente a PMKT n n n Definição do público-alvo a ser atingido pela ação. Definição dos objetivos do patrocínio. Seleção do patrocínio. Elaboração do projeto de patrocínio. Implementação. Avaliação. Em se tratando a ação de patrocínio esportivo de uma compra organizacional, as etapas para a seleção e execução de oportunidades deveriam obedecer, ao menos em parte, as etapas propostas pelos autores. 4310 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 44 PMKT MICHEL FAUZE MATTAR / MARCOS CORTEZ CAMPOMAR Tendo conhecimento do contexto exposto ao longo desta revisão da bibliografia, relacionado à utilização da ferramenta patrocínio esportivo nas empresas, verifica-se então a necessidade de uma pesquisa de campo que identifique, de forma descritiva, o processo decisório para o desenvolvimento de programas e ações desta natureza, identificando as etapas que o compõem. 3. METODOLOGIA DA PESQUISA 3.1 MÉTODO ADOTADO O estudo aqui proposto utilizou o método de pesquisa conclusiva descritiva, uma vez que este método visa descrever características de grupos, partindo-se do pressuposto que haja previamente um conhecimento do problema a ser estudado (MATTAR, 2006). Foi utilizado o estudo de campo, caracterizado por maior amplitude e menor profundidade. O presente estudo constitui-se também em um estudo transversal, uma vez que os elementos do universo da pesquisa foram pesquisados uma única vez no tempo (HAIR JR. et al., 2005). 3.2 POPULAÇÃO DA PESQUISA A população no presente estudo referiu-se às empresas nacionais e multinacionais atuantes no mercado brasileiro, que compõem o grupo das 500 maiores organizações em termos de faturamento, de acordo com a lista apresentada pela edição especial — Melhores e Maiores, Revista Exame (2005), e que realizam ações de patrocínio esportivo. A determinação desta população de pesquisa baseou-se no entendimento de que grandes empresas apresentam uma maior probabilidade de realizar, de maneira frequente e estruturada, investimentos em patrocínio esportivo. A proposta inicial do presente trabalho foi realizar um censo desta população e, para este efeito, todas as empresas a ela pertencentes foram abordadas. Entretanto, como não foi possível a participação de todas as empresas na pesquisa, a resultante do estudo foi uma amostra não probabilística desta população. Contudo, nenhum processo antecipado de amostragem foi adotado. 3.3 OPERACIONALIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS Partindo-se do objetivo proposto para o presente estudo, foram desenvolvidas as seguintes perguntas de pesquisa: Com relação à estrutura do processo decisório: n n Há um centro de compras definido pelas empresas para a seleção de oportunidades de patrocínio esportivo? Se sim, como ele está estruturado? Quem são seus componentes? Quais são as etapas que compõem o processo decisório para seleção de oportunidades de patrocínio esportivo? 3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS Para a obtenção dos dados primários, o presente estudo valeu-se da aplicação de um instrumento de coleta de dados estruturado e não-disfarçado junto aos responsáveis nas em- TABELA 1 Sumário dos contatos realizados com empresas da população de pesquisa. LISTAGEM INICIAL 500 Excluídas por pertencerem ao mesmo grupo de empresas Saldo Empresas não localizadas Saldo Empresas contatadas que não responderam ao contato Saldo Recusas Saldo Não responderam o questionário Saldo Excluída por inconsistência nas respostas Saldo de questionários respondidos Não realizam ações de patrocínio esportivo 79 421 20 401 90 311 21 290 189 101 01 100 41 TOTAL DE QUESTIONÁRIOS RESPONDIDOS — EMPRESAS QUE REALIZAM AÇÕES DE PATROCÍNIO ESPORTIVO 59 Fonte: Elaborado pelo autor. 44 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 45 PROCESSO DECISÓRIO PARA AÇÕES DE PATROCÍNIO ESPORTIVO: ANÁLISE DESCRITIVA EM EMPRESAS PATROCINADORAS NO BRASIL presas pela tomada de decisões de patrocínio esportivo. O instrumento, caracterizado pelo autopreenchimento, foi disponibilizado em um sítio eletrônico, acessado pelos participantes por ocasião de sua participação na coleta de dados. 3.5 PROCESSO DE COLETA DE DADOS O processo de coleta de dados primários foi dividido em quatro etapas. Na primeira, a partir da listagem das empresas pertencentes à população de pesquisa, foram realizados contatos, via telefone, com o objetivo de identificar os setores e os responsáveis nas empresas pela tomada de decisão relacionada ao patrocínio esportivo. Na segunda etapa, foi realizado um contato telefônico com os responsáveis das empresas identificados na primeira etapa, convidando-os a participarem da pesquisa. Na terceira etapa enviou-se uma mensagem eletrônica aos entrevistados, disponibilizando o atalho de acesso ao questionário. Na quarta e última etapa foram realizados novos contatos com as empresas que haviam recebido o questionário eletrônico, mas que não o tinham enviado ao pesquisador.As empresas que, após terem sido contatadas três vezes, não haviam preenchido o instrumento de coleta de dados, foram excluídas da pesquisa. Na Tabela1 foi visto um sumário dos contatos realizados e a amostra final resultante. PMKT TABELA 2 Unidade Federal de origem das empresas estudadas. UF Nº CIT. FREQ. (%) SP RS MG PR RJ PA MT DF CE SC TOTAL OBS. 32 7 4 4 4 3 2 1 1 1 59 54,24 11,86 6,78 6,78 6,78 5,08 3,39 1,69 1,69 1,69 100,00 Fonte: Dados da pesquisa — Resposta única. TABELA 3 Setor de atividade das empresas estudadas. SETOR Nº CIT. FREQ. (%) Indústria Comércio Serviços Agronegócios TOTAL OBS. 39 7 7 6 59 66,10 11,86 11,86 10,17 100,00 3.6 PLANO DE ANÁLISE DE DADOS Fonte: Dados da pesquisa — Resposta única. O processo de análise dos dados foi estruturado de maneira a possibilitar uma comparação lógica aos conceitos apresentados na etapa de revisão bibliográfica. Desta forma, dividiuse a análise nas seguintes etapas: Com relação aos cargos ocupados pelos entrevistados (Tabela 4), pode-se observar uma concentração maior nas funções de Gerência de Marketing (27,12%) e Gerência de Comunicação/Propaganda (25,42%), seguidos de Analista/Assistente de Marketing (15,25%). Esta relação não surpreende, uma vez que o tema em questão representa uma ferramenta de comunicação de marketing. n n Apresentação do perfil e características das empresas e executivos pesquisados. Caracterização do processo decisório para ação de patrocínio esportivo. 4.2 PROCESSO DECISÓRIO PARA AÇÕES DE PATROCÍNIO ESPORTIVO DA AMOSTRA ESTUDADA 4. RESULTADOS Nesta seção são apresentados e discutidos os resultados obtidos por meio da coleta de dados proposta. 4.1 APRESENTAÇÃO DO PERFIL E CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA ESTUDADA Com relação aos locais de origem das empresas estudadas, representado na Tabela 2, observou-se uma elevada concentração no Estado de São Paulo (54,24%). Em termos dos setores de atividade das empresas estudadas, representado na Tabela 3, observou-se também elevada concentração dos casos no setor de Indústria (66,10%). A apresentação e análise do processo decisório para ações de patrocínio esportivo das empresas estudadas foram divididas em dois agrupamentos: definição do centro de compras e identificação das etapas do processo. 4.2.1 CENTRO DE COMPRAS Conforme apresentado no referencial teórico, dois aspectos relevantes estão relacionados ao centro de compras para a tomada de decisão na realização de ações de patrocínio esportivo: sua composição — para se identificar quem são seus componentes, e sua configuração — para se identificar se este centro de compras é constituído interna ou externamente à empresa (por meio de agência especializada), ou ainda, 4510 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 46 PMKT MICHEL FAUZE MATTAR / MARCOS CORTEZ CAMPOMAR TABELA 4 Cargo ocupado pelos entrevistados. CARGO Gerente de Marketing Gerente de Comunicação / Propaganda Analista / Assistente de Marketing Analista / Assessor / Assistente de Comunicação Gerente de Grupo de Produtos / Produtos / Marcas / Mercado Consultor de Comunicação Diretor de Comunicação / Propaganda Analista de Relações Humanas Assessora Coordenador de Merchandising Diretor de Marca Gerente de Responsabilidade Social Relações Públicas TOTAL OBS. Nº CIT. FREQ. (%) 16 15 9 5 5 2 1 1 1 1 1 1 1 59 27,12 25,42 15,25 8,47 8,47 3,39 1,69 1,69 1,69 1,69 1,69 1,69 1,69 100,00 Nº CIT. FREQ. (%) 32 31 23 21 20 14 13 12 10 3 1 1 57 56,14 54,39 40,35 36,84 35,09 24,56 22,81 21,05 17,54 5,26 1,75 1,75 Fonte: Dados da pesquisa — Resposta única. TABELA 5 Participantes do processo decisório em ações de patrocínio esportivo. PARTICIPANTES NO PROCESSO DECISÓRIO Presidente Gerente de Marketing Diretor de Marketing Outros Gerente de Comunicação / Propaganda Gerente de Grupo de Produtos / Produtos / Marcas / Mercado Diretor Financeiro Vice-Presidente Diretor de Comunicação / Propaganda Advogado Contador Gerente Financeiro TOTAL OBS. Fonte: Dados da pesquisa — Respostas múltiplas / Não respostas: 2. se é conjugado (empresa-agência). Este artigo não se preocupou em descrever aspectos relacionados à configuração, uma vez que a amostra da pesquisa foi composta exclusivamente por empresas patrocinadoras — e não suas agências — e, portanto, mesmo que esta configuração pudesse ser identificada, os dados obtidos não possibilitariam caracterizar os processos conduzidos externamente à empresa. Desta forma, buscou-se prioritariamente caracterizar a composição do centro de compras. De acordo com o referencial teórico consultado, os autores têm, prioritariamente, mencionados o Presidente, os Diretores e os Gerentes de Marketing como as principais figuras presentes no processo decisório de patrocínio esportivo 46 (SCHAAF,1995; PARISI,1994). Esta tendência parece ser confirmada pelos dados coletados, uma vez que as figuras mencionadas com maior frequência dentre os participantes deste processo, de acordo com o estudo, foram: Presidente (56,4%), Gerente de Marketing (54,39%) e Diretor de Marketing (40,35%), conforme demonstra a Tabela 5. Para identificar o nível de integração entre os membros do centro de compras durante este processo decisório, foi questionada aos respondentes a configuração da tomada de decisão.ATabela 6 mostra, de forma genérica, a existência de integração entre os níveis corporativo e gerencial no processo decisório para ações de patrocínio esportivo, significando que as decisões tomadas pelo centro de compras raramente ocorrem de forma isolada e independente entre seus membros. Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 47 PROCESSO DECISÓRIO PARA AÇÕES DE PATROCÍNIO ESPORTIVO: ANÁLISE DESCRITIVA EM EMPRESAS PATROCINADORAS NO BRASIL TABELA 6 Integração entre os membros para tomada de decisão. NÍVEL Nº CIT. Corporativo e Gerencial, de forma cooperativa Exlusivamente Corporativo Exclusivamente Gerencial TOTAL OBS. 46 6 5 57 Fonte: Dados da pesquisa — Respostas múltiplas / Não respostas: 2. 4.2.2 ETAPAS DO PROCESSO O referencial teórico apresentado na primeira parte deste estudo forneceu um modelo, proposto por Melo Neto (2003: 135), das etapas que devem compor o processo decisório para ações de patrocínio esportivo. Para efeito deste estudo, essas etapas foram reorganizadas de maneira a configurar uma adaptação deste modelo a partir da contribuição dos demais autores consultados e da experiência do autor, buscando agrupá-las de forma mais concisa, sem, contudo, perder seu sentido original: PMKT lecidos. Nota-se que os outros 35,59% não cumprem a etapa mais fundamental do processo decisório para ações desta natureza. Junto aos respondentes que afirmaram estabelecer objetivos claros a serem atingidos perguntaram-se quais eram esses objetivos. Os dados foram analisados com base nos principais objetivos sugeridos no modelo de Sandler e Shani (1993) adaptado por Pope (1998). Também foi incluída uma questão relacionada ao aspecto de benefícios tributários/fiscais. Na avaliação utilizaram-se os seguintes indicadores: n Objetivos corporativos: Mudar / aperfeiçoar a imagem institucional. Manter relações com clientes / potenciais clientes. n n n Objetivos de marketing: Criar / alterar / reforçar a imagem da marca. Elevar o índice de lembrança da marca. Elevar a conscientização da marca. Elevar a lealdade à marca. Criar oportunidades para divulgações / promoções. Criar identificação com o mercado-alvo / estilos de vida. Elevar a participação de mercado. Estimular / elevar vendas. Gerar experimentação de produtos. Elevar tráfego nos pontos de vendas. n n n n n n n n n n n Definição dos objetivos do patrocínio. Recepção de propostas. Avaliação / seleção de propostas. Execução / supervisão das ações de patrocínio. Controle das ações de patrocínio. Medição / avaliação dos resultados do patrocínio. n n n n n n 4.2.2.1 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS n A etapa de definição dos objetivos é fundamental dentro do processo decisório de ações de patrocínio, uma vez que, em sua essência, qualquer critério de seleção ou avaliação determinado para as ações perde o sentido.Assim, identificar a configuração desta etapa nas empresas pesquisadas representou uma tarefa importante. Os respondentes foram questionados, inicialmente, sobre a existência ou não de objetivos claramente estabelecidos para as demais ações de patrocínio esportivo. Os resultados (Tabela 7) apontaram que 64,41% da amostra têm objetivos estabeTABELA 7 Estabelecimento de objetivos para ações de patrocínio esportivo. FORMALMENTE Nº CIT. FREQ. (%) Sim Não TOTAL OBS. 38 21 59 64,41 35,59 100,00 Fonte: Dados da pesquisa. Objetivos de mídia: Criar / elevar a visibilidade da marca. n Objetivos pessoais: Atender ao interesse dos gestores. n A Tabela 8 mostra esses resultados. Os resultados da pesquisa junto aos indicadores fornecidos demonstraram que três tipos de objetivos — de mídia, de marketing e corporativos — estão presentes por ocasião da determinação dos objetivos do patrocínio. Assim, os resultados alimentam a hipótese de que os investidores ainda enxergam o patrocínio esportivo como uma ferramenta capaz de produzir, principalmente, mídia espontânea e alterações em aspectos relacionados à imagem e lembrança da marca, seja ela institucional ou de produtos. 4.2.2.2 DEMAIS ETAPAS DO PROCESSO Os respondentes foram questionados sobre a existência formal e sistemática de alguma das demais etapas do processo apresentadas anteriormente.As respostas, mostradas na Ta4710 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 48 PMKT MICHEL FAUZE MATTAR / MARCOS CORTEZ CAMPOMAR TABELA 8 Objetivos a serem alcançados por meio de ações de patrocínio esportivo. OBJETIVOS Nº CIT. FREQ. (%) 30 30 27 26 26 21 18 14 14 13 13 11 10 5 2 38 78,95 78,95 71,05 68,42 68,42 55,26 47,37 36,84 36,84 34,21 34,21 28,95 26,32 13,16 5,26 Criar / elevar a visibilidade da marca Criar / alterar / reforçar a imagem da marca Elevar o índice de lembrança da marca Manter relacionamento com clientes / potenciais clientes Mudar / aperfeiçoar a imagem institucional Elevar a conscientização da marca Criar oportunidades para divulgações / promoções Criar identificação com o mercado-alvo / estilo de vida Utilizar benefícios fiscais / tributários Elevar a participação do mercado Elevar a lealdade à marca Estimular / elevar vendas Gerar experimentação de produtos Elevar tráfego nos pontos de vendas Outros TOTAL OBS. Fonte: Dados da pesquisa — Respostas Múltiplas. bela 9, demonstram claramente que a maior parte das empresas (59,32%) não possui, formalmente sistematizada, nenhuma das etapas apresentadas. Apenas 38,98% dos respondentes afirmaram possuir, ao menos, uma dessas etapas. TABELA 9 Existência de outras etapas formalmente sistematizadas no processo decisório. ETAPAS SISTEMATIZADAS Sim Não Não resposta TOTAL OBS. Nº CIT. FREQ. (%) 35 23 1 59 59,32 38,98 1,69 100,00 Fonte: Dados da pesquisa. Aos entrevistados que responderam afirmativamente à questão acima foram questionados quais são estes processos. Observou-se que todas as etapas apresentadas, à exceção da etapa medição/avaliação dos resultados do patrocínio, tiveram frequência de citação relevante. Os resultados estão demonstrados no Tabela 10. Estes resultados demonstram que, apesar da reduzida frequência com que se observa a existência de processos decisórios para ações de patrocínio esportivo, este processo encontra-se bem estruturado junto àquelas empresas que o tem estabelecido. No entanto, o dado alarmante é que apenas 52,17% dos respondentes que afirmaram possuir outras etapas formalmente sistematizadas (20,33% do total de entrevistados do estudo), 48 TABELA 10 Outras etapas que compõem o processo decisório para ações de patrocínio esportivo. OUTRAS ETAPAS Avaliação / seleção de propostas Recepção de propostas Execução / supervisão das ações Controle das ações Medição dos resultados das ações TOTAL OBS. Nº CIT. FREQ. (%) 21 20 18 17 12 23 91,30 86,96 78,26 73,91 52,17 Fonte: Dados da pesquisa — Respostas múltiplas. admitiram ter, dentre estas etapas, a avaliação e mensuração dos resultados alcançados pelo patrocínio, seja em termos de uma análise quantitativa da exposição da mensagem, ou uma análise qualitativa da recepção e interpretação da mensagem, ou ainda uma análise da variação do volume de vendas. Este dado fornece indícios de que as empresas, apesar de estabelecerem objetivos, não implementam métodos de avaliação para verificarem se o objetivo proposto foi efetivamente atingido. 5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES O presente estudo teve por objetivo central analisar o processo decisório por ocasião da tomada de decisão relacionada ao desenvolvimento de programas e ações de patrocínio esportivo, verificando sua equivalência aos modelos identificados por meio da revisão da literatura. Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 49 PROCESSO DECISÓRIO PARA AÇÕES DE PATROCÍNIO ESPORTIVO: ANÁLISE DESCRITIVA EM EMPRESAS PATROCINADORAS NO BRASIL Em termos do processo decisório buscou-se analisar dois aspectos que o caracterizam: a composição do centro responsável pela tomada de decisão e as etapas que o compõe. Com relação à composição do centro de compras, a pesquisa mostrou que os principais participantes do processo decisório para ações de patrocínio esportivo são a Presidência e o departamento de marketing — este por meio de seu Diretor e Gerentes — e que este processo ocorre de forma interativa entre estes participantes. Este resultado, apesar de alinhado com o que foi sugerido pela literatura consultada, merece algumas considerações, pois a presença marcante do Presidente da empresa no processo decisório não condiz com a natureza tático-operacional das ações de patrocínio esportivo. Conforme exposto anteriormente, o patrocínio é umas das ferramentas disponíveis para a execução de ações de comunicação de marketing, dentro do contexto da tomada de decisões do composto de marketing, que são decisões essencialmente operacionais. Por outro lado, é de se esperar que o nível presidencial e corporativo das empresas esteja envolvido prioritariamente no nível das decisões estratégicas. Dessa forma, o que explicaria a presença e o envolvimento marcantes do Presidente no processo de tomada de decisão relacionada à realização de ações de patrocínio esportivo, observado nas empresas estudadas? O autor sugere duas possíveis explicações: n n Pode ocorrer à medida que os objetivos estabelecidos para o patrocínio estejam voltados para questões corporativas. É possível que, por se tratar de uma atividade relativamente recente, os processos para a realização de ações desta natureza, dentre os quais a definição de quem são os membros participantes do centro responsável pela tomada de decisão, estejam ainda indefinidos e, consequentemente, não apresentem uma lógica que possa ser relacionada aos principais conceitos referentes à tomada de decisão estratégica, tática e operacional das organizações. Com relação às etapas que compõem o processo decisório de ações de patrocínio esportivo, obteve-se, junto à amostra pesquisada, uma frequência reduzida de empresas que apresentaram o processo decisório completo, com todas as etapas sugeridas pela bibliografia. Além disso, a existência destas etapas nas empresas, mesmo que isoladamente, também foi notada com restrições. Estas restrições permitem ao autor concluir que, em boa parte das empresas, o processo decisório para ações de patrocínio esportivo revela-se ainda inconsistente ou inexistente. Contudo, dentre estas restrições, a que se demonstra mais alarmante refere-se à etapa de definição de objetivos — a mais importante de todo o processo — pelo fato de sua pre- PMKT sença ter sido observada em apenas parte da amostra. Este resultado é significativo, pois, a partir dele, pode-se concluir que ocorra uma utilização sistematicamente ineficaz da ferramenta patrocínio em uma parte importante das empresas estudadas, pois sem o estabelecimento de objetivos torna-se impossível executar as demais etapas do processo adequadamente e com a devida coerência — uma vez que as etapas são interdependentes e estão associadas. Ainda assim, junto às empresas que afirmaram possuir etapas no processo decisório para ações de patrocínio esportivo, foi possível identificar os aspectos que as caracterizam. Com relação à etapa de estabelecimento dos objetivos das ações de patrocínio esportivo, o estudo permitiu ao autor concluir que os principais objetivos adotados estão relacionados à exposição na mídia e ao impacto na imagem e/ou lembrança da marca (seja ela institucional ou de produtos / serviços).Assim, percebe-se que as ações de patrocínio esportivo ainda são observadas com restrições quando a empresa objetiva promover ganhos em vendas e participação de mercado. No que se refere aos objetivos relacionados à exposição de mídia, contraria os principais autores pesquisados, que afirmam que este não deveria ser um objetivo prioritário para esta ferramenta. Já com relação à etapa de mensuração dos resultados esperava-se, ao menos das empresas que afirmaram possuir objetivos claros a serem atingidos por meio das ações de patrocínio esportivo, que adotassem métodos de avaliação e mensuração alinhados aos objetivos por ela estabelecidos. Ao contrário do esperado e de maneira surpreendente, apenas uma pequena parte da amostra afirmou possuir qualquer método de avaliação e mensuração de resultados das ações de patrocínio esportivo realizadas. Conclui-se que a maior parte das empresas não promove qualquer tipo de avaliação para mensuração dos resultados atingidos com as ações de patrocínio esportivo e, portanto, desconhece se os objetivos de fato foram atingidos, o que aponta, novamente, para a falta de planejamento e consequente ineficácia do processo. Em resumo, crê-se que as empresas deveriam dar uma maior atenção e profundidade às discussões relacionadas aos processos que compõem à tomada de decisão relacionada às ações de patrocínio esportivo. O fato de a ferramenta estar em plena expansão no que diz respeito à sua utilização por parte das empresas contrasta com o reduzido nível de sistematização observado por meio dos resultados da pesquisa. Uma definição mais adequada destes processos pode promover uma ainda maior eficácia das ações realizadas, melhorando o desempenho das empresas promotoras destas ações e aumentando a credibilidade da ferramenta. A interpretação dos resultados e as conclusões apresentadas 4910 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 50 PMKT MICHEL FAUZE MATTAR / MARCOS CORTEZ CAMPOMAR ao longo deste artigo devem considerar certas limitações que permearam o processo de pesquisa nele adotado. MELO NETO, Francisco Paulo de. Marketing de patrocínio. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2003. O fato de ter sido adotado o faturamento como o único e principal critério para a definição da população de pesquisa fez com que certas empresas de porte menor ao da escala utilizada, porém notadamente praticantes do patrocínio esportivo em seus compostos de comunicação, fossem excluídas da pesquisa. Esta exclusão impossibilitou a captação de informações valiosas junto a estas empresas, que poderiam ter enriquecido os resultados do estudo. MULLIN, Bernard J. Marketing esportivo.2. ed. Porto Alegre: Artmed/Bookman, 2004. Outra limitação diz respeito ao processo de definição da amostra. Por ter se tratado de uma amostra não probabilística, não há a possibilidade de promover qualquer tipo de inferência estatística dos resultados para a população de pesquisa. Novos estudos, especialmente voltados para uma análise concreta da real eficácia da ferramenta tornam-se essenciais para produzir uma percepção realista do potencial da ferramenta em questão, assim como estudos que procurem elucidar com maior precisão os processos que permeiam a adoção e utilização desta ferramenta por parte das empresas. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ESCOBAR, Maurício Nogueira. Patrocínio esportivo e seus efeitos sobre o valor da marca: um estudo exploratório no Brasil. São Paulo, 2002. Dissertação (Mestrado em Administração de Empresas) — Escola de Administração de Empresas de São Paulo, Fundação Getúlio Vargas. EXAME. MELHORES E MAIORES: as 500 maiores empresas do Brasil. São Paulo: Abril, 07/2005. Edição especial. HAIR JR., Joseph F.; BABIN, Barry; MONEY, Arthur H.; SAMOUEL, Phillip. Fundamentos de métodos de pesquisa em Administração. Porto Alegre: Bookman, 2005. HUTT, Michael D.; SPEH,Thomas W.B2B: gestão de marketing em mercados industriais e organizacionais. Porto Alegre: Bookman, 2002. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing.12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. PARISI, Salvador. Patrocínio esportivo: avaliação do estágio atual e perspectivas de desenvolvimento no Brasil. São Paulo, 1994. Dissertação (Mestrado em Administração) — Programa de Pós-graduação em Administração, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. POPE, Nigel K. L. Overview of current sponsorship thought. The cyber-journal of sport marketing. [S.l.],v. 2, n.1, 01/1998. Disponível em: <http://pandora.nla.gov.au/nph-arch/O1998Mar-12//http://www.cad.gu.edu.au/cjsm/pope21.htm>. Acessado em:13 out.2006. REIS, Ana Carla Fonseca. Marketing cultural: revisão do arcabouço teórico-conceitual e contribuição à análise da postura empresarial. São Paulo, 1996. Dissertação (Mestrado em Administração) — Programa de Pós-graduação em Administração, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. ROSENWALD, Peter J. Accountable marketing: otimizando resultados dos investimentos em marketing. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. SANDLER, Dennis; SHANI, David. Sponsorship and the Olympic Games: the Consumer Perspective. Sport Marketing Quaterly.v.2, n.3, p. 38- 43,1993. SCHAAF, Phil. Sports marketing: it’s not just a game anymore. Amherst: Prometheus,1995. THE WORLD SPONSORSHIP MONITOR. Annual Sponsorship Review 2009. [S.l.], Disponível em: <http:// www.the worldsponsorshipmonitor.com/>.Acessado em: 02 dez. 2010. WEBSTER, Jr., Frederick E.; WIND, Yoram. Organization buying behavior. New Jersey: Prentice Hall, 1972 apud KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing.12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. MEENAGHAN, John A. Commercial Sponsorship. European journal of marketing. Bradford: v.17, n.7,1983. 50 PMKT MATTAR, Fauze Najib. Pesquisa de marketing: metodologia e planejamento. v.1, 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006a. Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 51 Af-Revista PMKT:Layout 1 3/17/11 11:59 AM Page 52