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A Paz e a Violência entre os Membros da Igreja no Século 19
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é alicerçada nos ensinamentos de Jesus Cristo. As
virtudes da paz, do amor e do perdão são o ponto central da doutrina e da prática da Igreja. Os membros da
Igreja acreditam na declaração do Salvador, encontrada no Novo Testamento e no Livro de Mórmon, que
diz: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus”.1 Nas obras-padrão da
Igreja, o Senhor ordenou a Seus seguidores: “Renunciai à guerra e proclamai a paz”.2 Os membros da Igreja
se esforçam para seguir o conselho do profeta e rei Benjamim, do Livro de Mórmon, que ensinou que
aqueles que são convertidos ao Evangelho de Jesus Cristo “não [terão] desejo de [ferir-se] uns aos outros,
mas, sim, de viver em paz”.3
Apesar desses ideais, os primeiros membros da Igreja não obtiveram paz facilmente. Foram perseguidos, na
maioria das vezes violentamente, por suas crenças. E, tragicamente, em alguns pontos no século 19,
sobretudo no Massacre de Mountain Meadows, alguns membros da Igreja participaram de uma violência
deplorável contra pessoas que consideravam inimigas. Este texto explora tanto a violência contra os
membros da Igreja quanto a violência cometida por eles. Embora o contexto histórico possa ajudar a
esclarecer esses atos de violência, isso não os justifica.
A Perseguição Religiosa nas Décadas de 1830 e 1840
Nas primeiras duas décadas depois da organização da Igreja, os membros da Igreja eram frequentemente
vítimas de violência. Em 1830, logo depois que Joseph Smith organizou a Igreja em Nova York, ele e outros
membros começaram a se estabelecer em áreas para o oeste, nos Estados de Ohio, Missouri e Illinois.
Repetidas vezes, os membros da Igreja tentaram edificar Sião em sua comunidade, um lugar onde poderiam
adorar a Deus e viver em paz, mas, muitas vezes, viram suas esperanças despedaçadas ao serem expulsos
violentamente. As turbas os expulsaram do Condado de Jackson, Missouri, em 1833; do Estado do Missouri,
em 1839, depois que o governador do estado emitiu uma ordem no final de outubro de 1838, que dizia que
os Mórmons deveriam ser expulsos do Estado ou “exterminados”4; e da cidade de Nauvoo, Illinois, em
1846. Após serem expulsos de Nauvoo, os membros da Igreja empreenderam a difícil jornada através das
Grandes Planícies de Utah.5
À medida que os membros da Igreja se defrontavam com essas dificuldades, procuravam viver de acordo
com as revelações dadas a Joseph Smith que os aconselhava a viver sua religião em paz com os vizinhos.
Porém, as crenças religiosas e as atividades sociais e econômicas dos membros da Igreja não agradavam
seus adversários no Estado de Ohio, Missouri e Illinois. Eles também se sentiam ameaçados por um número
crescente de membros da Igreja, o que significava que os mórmons cada vez mais poderiam controlar as
eleições locais. Esses adversários atacaram os santos, primeiro verbalmente e depois fisicamente. Os líderes
da Igreja, incluindo Joseph Smith, foram cobertos de piche e penas, espancados e presos injustamente.
Outros membros da Igreja também foram vítimas de crimes violentos. No incidente mais conhecido, pelo
menos 17 homens e rapazes, com idades entre 9 e 78 anos, foram mortos no Massacre de Hawn’s
Mill.6 Algumas mulheres da Igreja foram estupradas ou de algum modo abusadas sexualmente durante as
perseguições no Missouri.7 Justiceiros e turbas destruíram casas e roubaram propriedades. Muitos oponentes
enriqueceram à custa de terras e bens dos membros da Igreja.89
A expulsão do Missouri — envolvendo pelo menos 8.000 membros da Igreja10 — ocorreu durante o inverno,
o que aumentou o sofrimento de milhares de refugiados que necessitavam de uma alimentação adequada e
de abrigo e, muitas vezes, ficavam sujeitos a doenças epidêmicas.11 Em março de 1839, durante o tempo em
que estava preso em Liberty, Missouri, Joseph Smith recebeu relatórios que narravam o sofrimento dos
membros da Igreja que estavam exilados, ele exclamou: “Ó Deus, onde estás?” e orou, “Lembra-te de teus
santos que estão sofrendo, ó nosso Deus”.12
Depois de serem expulsos do Missouri, os membros da Igreja foram inicialmente bem recebidos pelo povo
do Estado de Illinois e encontraram paz por algum tempo em Nauvoo. Por fim, no entanto, surgiu
novamente um conflito com não membros e com dissidentes da Igreja. Apesar da promessa do governador
do Estado de Illinois de que os irmãos seriam protegidos enquanto estivessem sob custódia, Joseph Smith e
seu irmão Hyrum foram brutalmente martirizados por uma turba.13 Dezoito meses depois, no congelante mês
de fevereiro de 1846, o grupo principal de membros da Igreja partiu de Nauvoo sob enorme pressão. Eles se
estabeleceram em acampamentos temporários — o que chamamos atualmente de campo de refugiados —
nas planícies de Iowa e Nebraska. Estima-se que 1 a cada 12 membros da Igreja morreu nesses campos
durante o primeiro ano.14Alguns idosos e os mais pobres permaneceram em Nauvoo e esperavam unir-se,
mais tarde, ao grupo principal de membros da Igreja. Mas, em setembro de 1846, uma turba os expulsou
violentamente de Nauvoo e profanou o templo.15 Um não membro que passou pelo acampamento, escreveu:
“Amedrontados e limitados pelo frio e calor que se alternavam à medida que os cansativos dias e noites se
arrastavam, quase todos eles eram vítimas mutiladas pelas doenças. (…) Não podiam satisfazer os simples
desejos dos enfermos: Não tinham pão para acalmar os gritos de fome de seus filhos”.16 A extensão da
violência contra um grupo religioso era algo sem precedentes na história dos Estados Unidos.
Repetidas vezes, os líderes da Igreja e os membros tentaram obter reparação dos governos locais e estaduais;
quando essas reivindicações foram negadas, apelaram, sem sucesso, para que o governo federal corrigisse os
erros anteriores e para obter proteção futura.17 Durante muito tempo, os membros da Igreja lembraram-se
das perseguições que sofreram e da recusa das autoridades do governo para protegê-los ou processar quem
os atacava. Frequentemente lamentavam que sofriam perseguição religiosa numa terra que pregava a
liberdade religiosa.18 Diante dessa perseguição, alguns membros da Igreja, a partir de 1838, começaram a se
defender em algumas situações — e às vezes, de forma vingativa — por conta própria.
A Violência e as Milícias durante o Século 19 nos Estados Unidos
Na sociedade americana do século 19, a violência nas comunidades era comum e, na maioria das vezes,
perdoada. Grande parte da violência cometida contra e pelos membros da Igreja fazia parte da tradição
americana da época de vigília extrajudicial, na qual os cidadãos se organizavam para fazer justiça com as
próprias mãos quando sentiam que o governo estava agindo de forma opressiva ou ausente. Esses justiceiros
geralmente se voltavam contra grupos pequenos ou contra aqueles que consideravam ser criminosos ou
marginais. Tais atos, às vezes, eram incitados pela retórica religiosa.19
A existência de milícias baseadas na comunidade também contribuiu para essa cultura de justiceiros. O
congresso promulgou uma lei em 1792 que exigia que todo homem fisicamente capaz entre 18 e 45 anos de
idade deveria pertencer a uma milícia da comunidade.20 Ao longo do tempo, as milícias transformaram-se na
guarda nacional, mas na América antiga, muitas vezes eram descontroladas, perpetravam atos de violência
contra pessoas ou grupos que consideravam opositores da comunidade.
Nas décadas de 1830 e de 1840, as comunidades dos membros da Igreja de Ohio, Missouri, Illinois e Utah se
localizavam nas regiões da fronteira oeste dos Estados Unidos, onde a violência nas comunidades era
aprovada.
A Guerra Mórmon no Missouri e os Danitas
Os atos isolados de violência cometidos por alguns membros da Igreja, em geral podem ser vistos como uma
subdivisão de um fenômeno mais amplo da violência na fronteira da América no Norte no século 19.21 Em
1838, Joseph Smith e outros membros da Igreja fugiram das turbas em Ohio e mudaram-se para o Missouri,
onde os membros da Igreja já tinham estabelecido colônias. Joseph Smith sabia que a oposição dos
dissidentes da Igreja e de outros antagonistas tinha enfraquecido e acabou por destruir sua comunidade em
Kirtland, Ohio, onde apenas dois anos antes tinham terminado de construir o templo com grande sacrifício.
No verão de 1838, os líderes da Igreja notaram o aumento de ameaças à meta de criar uma comunidade
harmoniosa no Missouri.
No acampamento de membros da Igreja de Far West, alguns líderes e membros organizaram um grupo
paramilitar conhecido como os Danitas, cujo objetivo era defender a comunidade contra membros da Igreja
excomungados, dissidentes e outros residentes de Missouri. Os historiadores geralmente concordam que
Joseph Smith aprovava os Danitas, mas que provavelmente não foi informado sobre todos os seus planos e
que também não concordaria com todas as suas atividades. Os Danitas intimidavam os dissidentes da Igreja
e outros moradores; por exemplo, aconselharam alguns dissidentes a deixar o Condado de Caldwell. Durante
o outono de 1838, devido às tensões causadas pela Guerra Mórmon no Missouri, os Danitas aparentemente
foram absorvidos pelas milícias que eram compostas, em grande parte, por membros da Igreja. Essas
milícias defrontaram-se com seus adversários do Missouri, o que gerou algumas mortes de ambos os lados.
Além disso, os justiceiros Mórmons, dentre eles muitos Danitas, invadiram duas cidades que achavam ser
centros de atividade antimórmon, e queimaram casas e roubaram mercadorias.22 Embora a existência dos
Danitas tenha durado pouco tempo, resultou em um mito muito exagerado sobre uma sociedade secreta de
justiceiros mórmons.
Como resultado de sua experiência no Missouri, os membros da Igreja criaram uma grande milícia,
sancionada pelo Estado, chamada a Legião de Nauvoo, para que pudessem se proteger depois que se
mudassem para Illinois. Essa milícia era temida por aqueles que tinham os membros da Igreja como
inimigos. Mas essa legião evitava ofensivas e retaliações; não respondia nem mesmo diante da crise que
antecedeu ao assassinato de Joseph Smith e seu irmão Hyrum em junho de 1844 e nem após o acontecido.
Quando o governador de Illinois ordenou que a legião se dissolvesse, os membros da Igreja seguiram a
instrução.23
Violência no Território de Utah
Em Utah, a agressão ou retaliação de membros da Igreja contra seus inimigos aconteceu mais
frequentemente durante a primeira década de acampamentos (1847–1857). Para muitos, as cicatrizes das
antigas perseguições e da jornada até as Montanhas Rochosas estavam ainda latentes. Enquanto tentavam se
estabilizar no deserto de Utah, os membros da Igreja enfrentaram conflitos contínuos. Muitos fatores
prejudicaram o sucesso do empreendimento dos membros da Igreja em Utah: a tensão com os índios
americanos, que tinham sido deslocados pela expansão do acampamento mórmon; a pressão do governo
federal dos EUA, particularmente após o anúncio público do casamento plural em 1852; as reivindicações de
terras e uma população em rápida expansão. Os líderes da Comunidade sentiram uma grande
responsabilidade, não apenas com respeito ao bem-estar espiritual da Igreja, mas também com a
sobrevivência física de seu povo. Muitos desses líderes, inclusive o Presidente da Igreja e governador do
território, Brigham Young, assumiam simultaneamente papéis eclesiásticos e civis.
Relacionamento dos Membros da Igreja com os Índios Americanos
Assim como outros colonizadores de áreas de fronteira, os membros da Igreja ocuparam áreas que já eram
ocupadas pelos índios americanos. A trágica história de devastação e aniquilação de muitas tribos indígenas
pelas mãos de colonizadores europeus, militares dos Estados Unidos e mecanismos políticos foi bem
documentada pelos historiadores. Os colonos ao longo do século 19, incluindo alguns membros da Igreja,
maltrataram e mataram os índios em vários conflitos, forçando-os a sair das terras e ir para reservas.
Ao contrário da maioria dos outros americanos, os membros da Igreja viam os índios como um povo
escolhido, companheiros israelitas que eram descendentes dos povos do Livro de Mórmon e herdeiros das
promessas de Deus. Como presidente da Igreja, governador e superintendente territorial de assuntos
indígenas, Brigham Young seguiu uma política de paz para facilitar o acampamento mórmon em áreas onde
viviam os índios. Os membros da Igreja aprenderam os dialetos indígenas, estabeleceram o comércio,
pregaram o Evangelho e geralmente procuraram abrigo com índios.24 Essa iniciativa, no entanto, surgiu de
modo não uniforme e esporádico.25
A convivência entre os membros da Igreja e os índios tinha o objetivo de ser pacífica e ideal. Às vezes, no
entanto, os membros da Igreja enfrentavam os índios violentamente. Como essas duas culturas — europeia e
indígena norte-americana — não se entendiam muito bem, havia opiniões diferentes sobre o uso e
propriedade da terra. Os mórmons, muitas vezes, acusavam os índios de furto. Os índios, entretanto,
acreditavam que os mórmons tinham a responsabilidade de compartilhar o cultivo e o gado criado em terras
das tribos indígenas. Nas áreas onde os mórmons se estabeleceram, o contato prévio dos indígenas com os
europeus consistia principalmente de relações mutuamente benéficas com caçadores e comerciantes, que
eram pessoas que passavam pelas propriedades ou que ficavam um curto período de tempo acampadas, mas
não se fixavam permanentemente como os mórmons faziam. Esses desentendimentos causaram atritos e
violência entre esses povos.26
No final de 1849, a tensão entre os índios Ute e os mórmons no Vale de Utah aumentou depois que um
mórmon matou um índio dessa etnia conhecido como Old Bishop, a quem ele acusou de roubar uma camisa.
O mórmon e outros dois amigos, esconderam o corpo da vítima no Rio Provo. Os detalhes do assassinato
foram provavelmente retidos, pelo menos inicialmente, por Brigham Young e outros líderes da Igreja. Os
colonos de Fort Utah, no entanto, informaram que tiveram outras dificuldades com os índios, inclusive sobre
o uso de armas de fogo contra os colonos e o roubo de gado e plantação. Brigham Young aconselhou a ter
paciência, dizendo-lhes que deveriam “proteger suas propriedades, cuidar de seus próprios negócios e deixar
que os índios cuidassem dos deles”.27 Não obstante, a tensão aumentou em Fort Utah, em parte porque os
mórmons locais recusaram-se a entregar, para os Utes, os envolvidos no assassinato de Old Bishop ou pagar
indenização por sua morte. No inverno de 1849 e 1850, uma epidemia de sarampo espalhou-se dos
colonizadores mórmons até a tribo dos Utes, o que fez com que muitos índios morressem e aumentasse
ainda mais a tensão. Em um conselho de líderes da Igreja em Salt Lake City, em 31 de janeiro de 1850, o
líder do Fort Utah relatou que as ações e as intenções dos Utes estavam ficando cada vez mais agressivas:
“Eles dizem que querem caçar nosso gado e conseguir apoio de outros índios para matar-nos”.28 Em
resposta, o governador Young autorizou uma campanha contra os Utes. Uma série de batalhas em fevereiro
de 1850 resultou na morte de dezenas de Utes e um mórmon.29 Nesses casos e em outros, alguns membros
da Igreja cometeram grande violência contra os povos nativos.30
Porém, na maior parte do tempo, os membros da Igreja tiveram relações mais amigáveis com os índios do
que os colonizadores em outras áreas do oeste americano. Brigham Young desfrutava de amizades com
vários líderes indígenas americanos e ensinava o seu povo a viver em paz com os índios vizinhos, sempre
que possível.31Alguns índios até diferenciavam os “Mormonees”, que eles consideravam amigáveis, dos
outros colonizadores americanos, que eram conhecidos como “Mericats.”32
A Guerra de Utah e a “Reforma”
Em meados da década de 1850, uma “reforma” na Igreja e a tensão entre os membros da Igreja e o governo
federal dos EUA, contribuíram para um assédio mental e renovou a sensação de perseguição que levou a
vários episódios de violência por membros da Igreja. Preocupado com o estado de complacência espiritual,
Brigham Young e outros líderes da Igreja fizeram uma série de discursos em que chamavam os membros da
Igreja ao arrependimento e para que renovassem seus compromissos espirituais.33 Muitos testificaram que
eles se tornaram pessoas melhores por causa dessa reforma.34
Os americanos do século 19 estavam acostumados com a linguagem violenta tanto religiosa quanto outra.
Ao longo do século, os reavivadores usavam imagens violentas para incentivar os que não eram convertidos
a arrependerem-se e exortar os que estavam desviados.35 Às vezes, durante a reforma, o Presidente Young,
seu conselheiro Jedediah M. Grant e outros líderes usavam uma retórica inflamada ao pregar, advertindo o
povo contra os males de se afastar ou se opor à Igreja. Com base em passagens bíblicas, principalmente do
Velho Testamento, os líderes ensinavam que alguns pecados eram tão graves que o sangue do agressor teria
que ser derramado para receber o perdão.36 Tais pregações levaram à crescente tensão entre os membros da
Igreja e os poucos não mórmons de Utah, incluindo os funcionários designados pelo governo federal.
No início de 1857, o Presidente dos Estados Unidos James Buchanan recebeu relatórios de alguns dos
funcionários federais alegando que governador Young e os membros da Igreja em Utah estavam se
rebelando contra a autoridade do governo federal. Uma declaração agressiva escrita pelo poder legislativo de
Utah ao governo federal convenceu os oficiais federais de que os relatórios eram verdadeiros. O Presidente
Buchanan decidiu substituir Brigham Young como governador e enviou um exército para Utah para
acompanhar sua substituição. Isso ficou conhecido como a Guerra de Utah. Os membros da Igreja temiam
que o exército que se aproximava — cerca de 1.500 soldados, com mais por vir — repetiria as depredações
do Missouri e de Illinois e tiraria novamente os membros da Igreja de seus lares. Além disso, Parley P. Pratt,
membro do Quórum dos Doze Apóstolos, foi assassinado no Arkansas, em maio de 1857. Notícias do
assassinato — bem como os relatórios de jornais do leste dos Estados Unidos que festejavam o crime —
chegaram a Utah no final de junho de 1857.37 Conforme esses acontecimentos se desenrolavam, Brigham
Young declarou lei marcial no território, ordenou que os missionários e colonizadores que estavam em áreas
distantes dos Estados Unidos voltassem para Utah e liderou os preparativos para resistir ao exército. Os
discursos desafiadores dados pelo Presidente Young e por outros líderes da Igreja, combinados com a
chegada iminente do exército, ajudaram a criar um ambiente de medo e desconfiança em Utah.38
O Massacre de Mountain Meadows
No auge dessa tensão, no início de setembro de 1857, um ramo da milícia territorial do sul de Utah
(composto exclusivamente por mórmons), juntamente com alguns índios que foram recrutados, sitiou uma
caravana de carroções dos emigrantes do Arkansas em viagem para a Califórnia. Quando a caravana viajou
de Salt Lake City para o sul, os emigrantes se enfrentaram verbalmente com os mórmons locais sobre onde
eles poderiam deixar pastar seus animais. Alguns dos membros da caravana ficaram frustrados porque
tinham dificuldade de comprar cereais e outros suprimentos necessários de colonos locais, os quais tinham
sido instruídos a guardar seus grãos durante a guerra. Sentindo-se lesados, alguns dos emigrantes ameaçaram
unir-se às tropas na luta contra os membros da Igreja.39
Embora alguns membros da Igreja tenham ignorado tais ameaças, outros membros e líderes locais da Igreja
em Cedar City, Utah, encorajaram a violência. Isaac C. Haight, um presidente de estaca e líder da milícia,
enviou John D. Lee, um líder da milícia, para liderar um ataque contra a companhia de emigrantes. Quando
o presidente relatou o plano para o seu conselho, outros líderes se opuseram e pediram que ele cancelasse o
ataque e em vez disso, enviasse um mensageiro a Brigham Young, em Salt Lake City para pedir orientação.
Mas os homens que Isaac C. Haight havia enviado para atacar os emigrantes executaram os planos, antes de
receberem a ordem de não atacar. Os emigrantes revidaram e iniciaram um cerco.
Ao longo dos dias seguintes, a situação ficou muito tensa e a milícia mórmon planejou e executou um
grande massacre. Eles atraíam os emigrantes para longe de seus carroções com uma bandeira de trégua falsa
e, auxiliados por índios Paiute, que tinham recrutado, os abateram. Entre o primeiro ataque e a matança
final, o massacre destruiu a vida de 120 homens, mulheres e crianças em um vale conhecido como Mountain
Meadows. Somente as crianças pequenas — que acreditavam ser muito jovens para conseguirem dizer o que
havia acontecido — foram poupadas. O mensageiro voltou dois dias depois do massacre. Ele carregava uma
carta de Brigham Young que dizia que os líderes locais não deveriam “se intrometer” com os emigrantes e
que deveriam permitir-lhes passar pelo sul de Utah.40 A milícia tentou acobertar o crime, colocando toda a
culpa nos índios Paiute locais, alguns dos quais também eram membros da Igreja.
Dois membros da Igreja, por fim, foram excomungados pela participação no massacre, e um tribunal do júri
que incluía os membros da Igreja acusou oficialmente nove homens. Somente um participante, John D. Lee,
foi condenado e executado pelo crime, o que aumentou as alegações falsas de que o massacre havia sido
ordenado por Brigham Young.
Nos últimos anos, a Igreja tem feito todos os esforços para conhecer o máximo possível sobre o massacre.
No início de 2000, historiadores do Departamento de História de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias começaram a vasculhar os arquivos nos Estados Unidos para obterem registros históricos;
todos os registros da Igreja sobre o massacre também foram disponibilizados para exames minuciosos. Em
um livro, publicado pela Oxford University Press em 2008, os autores Ronald W. Walker, Richard E. Turley
Jr. e Glen M. Leonard concluíram que embora as pregações excessivas sobre os forasteiros feitas por
Brigham Young, George A. Smith e outros líderes tenham contribuído para um clima de hostilidade, o
Presidente Young não ordenou o massacre. Em vez disso, confrontos verbais entre pessoas do comboio de
carroções e colonizadores do Sul de Utah criaram grande alarme, particularmente no contexto da guerra de
Utah e de outros eventos adversários. Uma série de decisões trágicas tomadas pelos líderes locais da Igreja
— que também possuíam cargos de liderança nas organizações cívicas e milicianas no sul de Utah —
levaram ao massacre.41
Além do Massacre de Mountain Meadows, alguns membros da Igreja cometeram outros atos de violência
contra um pequeno número de dissidentes e forasteiros. Alguns membros da Igreja cometeram atos de
violência ilegais, especialmente na década de 1850, quando o medo e a tensão eram comuns no Território de
Utah. A retórica inflamada dos líderes da Igreja em relação aos dissidentes poderia ter levado esses
mórmons a acreditar que tais ações eram justificadas.42 Os culpados desses crimes não eram geralmente
punidos. Mesmo assim, muitas alegações de violência são infundadas e escritores antimórmons culpam os
líderes da Igreja por muitas mortes suspeitas e crimes não solucionados em Utah naquela época.43
Conclusão
Muitas pessoas no século 19 injustamente qualificaram os membros da Igreja como um povo violento. A
grande maioria dos membros da Igreja, tanto no século 19, como hoje em dia, vive pacificamente em sua
vizinhança com seus familiares e procura manter a paz nas comunidades onde vive. Os viajantes no século
19, frequentemente, observavam a paz e a ordem que prevaleciam nas comunidades mórmons de Utah e em
outros lugares.44 Não obstante, as ações de alguns membros da Igreja causaram morte e lesões, causaram o
desgaste nos relacionamentos com as comunidades e abalaram a percepção de que os mórmons são pessoas
de paz.45
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias condena as ações e as palavras violentas e confirma
seu compromisso de promover a paz no mundo inteiro. Falando sobre o Massacre de Mountain Meadows, o
Élder Henry B. Eyring, que na ocasião servia como membro do Quórum dos Doze Apóstolos, disse: “O
evangelho de Jesus Cristo que professamos abomina o assassinato a sangue-frio de homens, mulheres e
crianças. De fato, ele advoga a paz e o perdão. O que foi feito muito tempo atrás por membros de nossa
Igreja representa um afastamento terrível e indesculpável do ensinamento e da conduta cristã”.46
Ao longo da história da Igreja, os líderes da Igreja ensinam que o caminho do discipulado cristão é um
caminho de paz. O Élder Russell M. Nelson, do Quórum dos Doze Apóstolos, associou a fé dos membros da
Igreja em Jesus Cristo à busca pelo amor ao próximo e pela paz com todas as pessoas: “A esperança do
mundo é o Príncipe da Paz. (…) Agora, como membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias, o que o Senhor espera de nós? Como Igreja, precisamos ‘[renunciar] à guerra e [proclamar] a paz’.
Como indivíduos, devemos ‘[seguir] as coisas que servem para a paz’. Devemos, individualmente, ser
pacificadores”.47
As Etnias e o Sacerdócio
Na teologia e na prática, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias abraça a família humana
universal. Os ensinamentos e as escrituras dos santos dos últimos dias afirmam que Deus ama todos os seus
filhos e torna a salvação disponível a todos. Deus criou muitas etnias e raças diversas e ama-os igualmente.
Como o Livro de Mórmonsempre o coloca, “todos são iguais perante Deus.“1
A estrutura e a organização da Igreja incentivam a integração racial. Os santos dos últimos dias frequentam
as reuniões da Igreja de acordo com os limites geográficos da sua ala local ou congregação. Por definição,
isso significa que a composição racial, econômica e demográfica de congregações Mórmons geralmente
refletem a comunidade local mais ampla.2 O ministério leigo da Igreja a também tende a facilitar a
integração: um bispo negro pode presidir uma congregação em sua maioria branca; uma mulher latinoamericana pode ser acompanhada de uma mulher asiática para visitar os lares de membros racialmente
diversos. Os membros da Igreja de outras raças e etnias regularmente servirem de uns aos outros lar e servir
ao lado de uns aos outros como professores, como líderes dos jovens e em uma infinidade de outras
designações em suas congregações locais. Tais práticas torna A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias uma fé totalmente integrada.
“Por muito tempo — desde meados dos anos 1800 até 1978 — a Igreja não ordenava ao sacerdócio os
homens que tivessem antepassados afrodescendentes e nem permitia que homens ou mulheres negras
participassem da investidura do templo ou das ordenanças de selamento.
A Igreja foi estabelecida em 1830, durante um período de grande divisão racial nos Estados Unidos. Naquela
época, muitas pessoas que tinham antepassados de descendência africana viviam como escravos, e a
diferença racial e o preconceito não era somente comum, mas habitual entre os americanos de pele branca.
Aquela realidade, embora não seja familiar e nos incomode hoje em dia, influenciou as pessoas em todos os
aspectos, inclusive religiosos. Muitos cristãos daquela época, por exemplo, eram segregados por fronteiras
étnicas. Desde o início da Igreja, pessoas eram batizadas e admitidas como membros, independente da raça
ou etnia.” No final de sua vida, o fundador da Igreja, Joseph Smith, abertamente se opôs à escravidão.
Nunca houve uma norma da Igreja de congregações segregadas.3
Durante as primeiras duas décadas de existência da Igreja, alguns homens negros foram ordenados ao
sacerdócio. Um desses homens, Elijah Abel, também participou de cerimônias do templo em Kirtland, Ohio
e foi batizado posteriormente como procurador por parentes falecidos em Nauvoo, Illinois. Não há nenhuma
evidência de que a quaisquer negros foi negado o sacerdócio durante toda a vida de Joseph Smith.
Em 1852, o Presidente Brigham Young publicamente anunciou que os homens afrodescendentes negros não
mais poderiam ser ordenados ao sacerdócio, embora depois eles continuassem a filiar-se à igreja por meio
do batismo e de receber o dom do Espírito Santo. Após a morte de Brigham Young, outros presidentes da
Igreja restringiram os negros de receberem a investidura do templo ou casarem-se no templo. Ao longo do
tempo, os membros e líderes da Igreja indicaram muitas teorias para explicar a restrição ao sacerdócio e ao
templo. Nenhuma dessas explicações é aceita atualmente como a doutrina oficial da Igreja.
A Igreja em uma Cultura Racial Americana
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias foi restaurada em meio a uma cultura racial altamente
contenciosa em que os brancos recebiam grande privilégio. Em 1790, o Congresso dos Estados Unidos
limitou cidadania à “pessoa(s) branca(s) livre(s).”4 Ao longo do meio século seguinte, questões de raça
dividiram o país — enquanto o trabalho escravo era legal no sul mais agrário, foi eventualmente banido no
norte mais populoso. Mesmo assim, a discriminação racial foi difundida no norte, bem como no sul, e
muitos estados implementaram leis proibindo o casamento inter-racial.5 Em 1857, a Suprema Corte
declarou que os negros não possuíam “nenhum direito que o homem branco deveria respeitar”.6 Uma
geração após a Guerra Civil (1861–1865) levou ao fim a escravidão nos Estados Unidos, a Suprema Corte
decidiu que instalações “separadas, mas iguais” para brancos e negros eram constitucionais, uma decisão
que legalizou uma infinidade de barreiras para as pessoas de cor, até que o Tribunal em si reverteu-as em
1954.7
Em 1850, o Congresso americano criou o território de Utah, e o Presidente dos Estados Unidos nomeou
Brigham Young para a posição de governador territorial. Os sulistas, que haviam se convertido à Igreja e
migraram para Utah com seus escravos, abordaram a questão da condição legal da escravidão no território.
Em dois discursos feitos diante da legislatura territorial de Utah, em janeiro e fevereiro de 1852, Brigham
Young anunciou uma norma restringindo homens afrodescendentes de serem ordenados ao sacerdócio. Ao
mesmo tempo, o Presidente Young disse que em algum dia futuro, os membros negros da Igreja “teriam
[todos] os privilégios e muito mais“ do que os desfrutados por outros membros.8
As justificativas para essa restrição repetiu as ideias generalizadas sobre inferioridade racial que tinha sido
usada para discutir como a legalização de “escravidão” de negros no território de Utah.9 De acordo com
uma visão, que havia sido promulgada nos Estados Unidos pelo menos na década de 1730, os negros
descendiam da mesma linhagem do bíblico Caim, que matou seu irmão Abel.10 Aqueles que aceitaram essa
visão acreditavam que a “maldição de Deus” em Caim foi a marca registrada de sua pele escura. A
escravidão negra às vezes era vista como uma segunda maldição colocada sobre o neto de Noé, Canaã, como
resultado de indiscrição de Cão no que se referia a seu pai.11Apesar da escravidão não ser um fator
significativo na economia de Utah, sendo abolida pouco tempo depois, manteve-se a restrição de ordenação
ao sacerdócio.
Removendo a restrição
Mesmo depois de 1852, pelo menos dois mórmons negros continuaram a portar o sacerdócio. Quando um
desses homens, Elijah Abel, fez uma petição para receber sua investidura do templo em 1879, seu pedido foi
negado. Jane Manning James, membro negro fiel que cruzou as planícies e morou em Salt Lake City até sua
morte em 1908, da mesma forma, pediu para entrar no templo; ela foi autorizada a realizar batismos pelos
mortos por seus antepassados, mas não recebeu permissão para participar de outras ordenanças.12 A
maldição de Caim, frequentemente, era apresentada como justificativa para as restrições do sacerdócio e do
templo. Na virada do século, outra explicação tomou forma: foi dito que os membros foram menos valorosos
na batalha pré-mortal contra Lúcifer e, como consequência, foram impedidos de bênçãos do sacerdócio e do
templo.13
Ao final da década de 1940 e 1950, a integração racial estava se tornando mais comum na vida americana. O
Presidente da Igreja, David O. McKay, enfatizou que a restrição existia somente a homens afrodescendentes.
A Igreja sempre permitira que os moradores da Oceania possuíssem o sacerdócio e o Presidente McKay
esclareceu que os fijianos negros e os aborígenes australianos também podiam ser ordenados ao sacerdócio e
instituiu a obra missionária entre eles. Na África do Sul, o Presidente McKay reverteu uma norma anterior
que exigia que portadores do sacerdócio em perspectiva traçassem sua linhagem fora da África.14
Não obstante, dada a longa história de reter o sacerdócio de homens afrodescendentes, os líderes da Igreja
acreditavam que uma revelação de Deus era necessária para alterar a norma, e eles fizeram um trabalho
contínuo para entender o que devia ser feito. Depois de orar pedindo orientação, o Presidente McKay não se
sentiu inspirado a suspender a proibição.15
À medida que a Igreja crescia em todo o mundo, sua missão geral de “[ir], e [ensinar] todas as
Nações”16 parecia cada vez mais incompatível com as restrições do sacerdócio e do templo. O Livro de
Mórmondeclarou que a mensagem do evangelho da salvação se adiantassem para “toda nação, tribo, língua
e povo.“17 enquanto não havia limites a quem o Senhor convidou a “partilhar de sua bondade”, por meio do
batismo,18 As restrições do sacerdócio e do templo criaram barreiras significativas, um ponto tornou-se
cada vez mais evidente enquanto a Igreja se espalhava em locais internacionais com heranças raciais
diversas e diversificadas.
O Brasil, em particular, apresentou muitos desafios. Ao contrário dos Estados Unidos e África do Sul, onde
o racismo legal e de fato levou a sociedades profundamente segregadas, o Brasil se orgulhava em sua
herança racial aberta, integrada e mista. Em 1975, a Igreja anunciou que um templo seria construído em São
Paulo, Brasil. Como a construção de templos prosseguia, as autoridades da Igreja encontraram negros fieis e
antepassados mórmons de origem diversa que haviam contribuído financeiramente e de outras maneiras para
a construção do Templo de São Paulo, um santuário que perceberam que não lhes fosse permitido entrar
uma vez concluído. Seus sacrifícios, bem como a conversão de milhares de nigerianos e ganeses na década
de 1960 e início dos anos 70, tocou os líderes da Igreja.19
Os líderes da Igreja ponderaram as promessas feitas pelos profetas, tais como Brigham Young de que os
negros um dia receberiam as bênçãos do sacerdócio e do templo. Em junho de 1978, depois de “gastar
muitas horas na sala superior do Templo [Lago Salgado] suplicando ao Senhor pedindo orientação divina”, o
Presidente da Igreja Spencer W. Kimball, seus conselheiros na Primeira Presidência e os membros
do Quórum dos Doze Apóstolos receberam uma revelação. “Ele ouviu nossas orações e por revelação,
confirmou que chegou o dia há muito prometido”, a Primeira Presidência anunciou no dia 8 de junho. A
Primeira Presidência declarou que estavam “cientes das promessas feitas pelos profetas e presidentes da
Igreja, que nos precederam” que “todos os nossos irmãos que são dignos podem receber o sacerdócio.”20 a
revelação rescindiu a restrição de ordenação ao sacerdócio. Também proporcionou as bênçãos do templo a
todos os santos dos últimos dias, homens e mulheres dignos. A declaração da Primeira Presidência sobre a
revelação foi canonizada em Doutrina e Convênios como a Declaração Oficial 2.
Essa “revelação sobre o sacerdócio”, como ela é mais conhecida na Igreja, foi uma revelação marcante e um
acontecimento histórico. Aqueles que estavam presentes na época descreveram-no em termos reverentes.
Gordon B. Hinckley, na época membro do Quórum dos Doze Apóstolos, compartilhou a seguinte
experiência: “Havia no recinto uma atmosfera sagrada e santificada. Para mim, era como se tivesse surgido
uma conexão direta entre o trono celestial e o profeta de Deus que estava ajoelhado e suplicando ao lado de
seus Irmãos. (…) Todos os homens daquele círculo, pelo poder do Espírito Santo, receberam a mesma
certeza. (…) Nenhum dos presentes naquela ocasião foi o mesmo depois. Nem a Igreja foi a mesma
coisa.“21
Em todo o mundo a reação foi positiva entre os membros da Igreja de todas as raças. Muitos santos dos
últimos dias choraram de alegria com a notícia. Alguns relataram sentir um peso coletivo retirado de seus
ombros. A Igreja começou a ordenação ao sacerdócio para os homens afrodescendentes imediatamente, e as
mulheres e homens negros tiveram os dados digitados nos templos em todo o mundo. Logo depois da
revelação, o Élder Bruce R. McConkie, um apóstolo, falou da nova “luz e conhecimento” que tivera,
anteriormente um “limitado entendimento”. 22
A Igreja Hoje
Hoje, a Igreja nega as teorias do passado para que a pele escura é um sinal de desagrado divino ou maldição,
ou que ela reflete as ações de uma vida pré-mortal; que casamentos interraciais são um pecado; ou que os
negros ou as pessoas de qualquer outra raça ou origem étnica são inferiores de qualquer forma a qualquer
outra pessoa. Os líderes da Igreja hoje inequivocamente condenam todo racismo, passado e presente, sob
qualquer forma.23
Desde aquele dia, em 1978, a Igreja olhou para o futuro, enquanto os membros entre africanos, afroamericanos e outras pessoas de ascendência africana continua a crescer rapidamente. Enquanto os registros
da Igreja para os membros não indicam raça de uma pessoa ou origem étnica, o número de membros da
Igreja de descendência africana chega agora a centenas de milhares de pessoas.
A Igreja que proclama essa redenção por meio de Jesus Cristo está disponível para toda a família humana
sobre as condições que Deus determinou. Ela afirma que Deus “não faz acepção de pessoas”24 e declara
enfaticamente que qualquer pessoa que é justa — independente de raça — é favorecida por Ele. Os
ensinamentos da Igreja em relação aos filhos de Deus são abrangidos por um versículo no segundo livro de
Néfi: “[O Senhor] não repudia quem quer que o procure, negro e branco, escravo e livre, homem e mulher;
(…) todos são iguais perante Deus, seja judeu ou gentio. “25