Clicando Aqui
Transcrição
Clicando Aqui
EXENTERAÇÃO COM AUTOENXERTO DE TECIDO ADIPOSO Trabalho apresentado durante o I Congresso Brasileiro de Especialidades em Medicina Veterinaria (CONBREMEV) 2002. KLEINER, J.A., MOREIRA, R.M.S., VIMO, C. A exenteração é definida como a retirada cirúrgica do globo ocular e o conteúdo orbital adjacente a este (músculos oculares, terceira pálpebra, tecido adiposo periocular e pálpebras). Tal procedimento está indicado nos casos aonde temos neoplasias oculares infiltrativas importantes e ainda em expressivas infecções oculares e orbitais supurativas e crônicas com perda de tecido periocular e “phthisis bulbi” (degeneração com atrofia do globo ocular). Devemos distinguir a exenteração da evisceração e enucleação ocular. Na conteúdo intraocular (úvea, lente, retina, vítreo) é removido, como nos casos próteses intraoculares é desejado, já na enucleação apenas o globo ocular, pálpebras são retirados e está indicada nos casos de neoplasia intraoculares ocular perfurante severo e endoftalmite ou panoftalmite incontrolável. evisceração apenas o em que o implante de membrana nictitante e não infiltrativas, trauma Um dos principais inconvenientes na exenteração é o grande espaço morto originado após o procedimento, principalmente em gatos os quais possuem uma órbita ocular bem profunda. Os objetivos principais do autoenxerto (enxerto autólogo ou autóctone) de tecido adiposo são: obter um resultado plástico pós-operatório mais aceitável e diminuir a formação de cavidades importantes que favorecem o aparecimento de infecções, edemas pronunciados e fistulações. Procedimento cirúrgico: Após o paciente ser anestesiado e preparado para cirurgia asséptica (depilação e desinfecção local) inicia-se o procedimento primeiramente através de uma celiotomia média para obtenção de tecido adiposo originário principalmente do ligamento falciforme. O fragmento obtido é mergulhado em solução salina balanceada com a adição de 1ml de cefalotina sódica (Keflin®). Depois de realizada a abdominorrafia de rotina inicia-se o procedimento de exenteração do globo ocular afetado com posterior lavagem orbital copiosa utilizando-se solução morna de cloreto de sódio a 0,9%. Após sutura tipo “bolsa de tabaco” no assoalho da órbita, utilizando-se fio Vicryl 3-0, inicia-se uma sutura de aproximação da região do subcutâneo com o mesmo fio ou um de calibre mais fino em animais menores (4-0 ou 5-0). Quando 2/3 da área é suturada, coloca-se o fragmento de gordura para preenchimento da cavidade orbital e termina-se a sutura. Pode-se optar pela sutura de pele utilizando-se fio inabsorvível sintético 4-0 (Foto 1), e em alguns casos utilizar somente uma sutura de aproximação no subcutâneo com fio absorvível e cola cirúrgica na pele, evitando assim a necessidade de dermorrafia e consequente retirada dos pontos. O paciente é então mantido com antibiótico de amplo espectro via oral durante 10 dias e antiinflamatório não esteroidal por 6 dias. A retirada de pontos é feita após 10 dias e os animais mais inquietos devem ser mantidos com colar elisabetano. Foto 1: Aspecto transoperatório durante a aplicação do tecido adiposo em um gato. Foto 2: Aspecto pós-operatório imediato. Foto 3: Foto 4 meses após cirurgia. Foto 4: Pós-operatório imediato de uma exenteração em um cão Rottweiler acometido por uma neoplasia intraocular (Melanoma Iridiano). Conclusão: A exenteração do globo ocular com autoenxerto de tecido adiposo tem grande aplicabilidade na clínica médica de pequenos animais. O tecido adiposo autólogo não induz a reações inflamatórias importantes e é um excelente material para preenchimento de cavidades, levando-se em consideração sua rápida organização, baixa taxa de reabsorção e capacidade de absorção de impacto quando o paciente sobre trauma direto sobre a área operada. Vídeo disponível no canal do Youtube: Vetweb Veterinary Ophthalmology https://www.youtube.com/watch?v=EYV6LKEvIyU Referências Bibliográficas: 1) GELATT, KIRK N.: Veterinary Ophthalmology. 3o ed. Lippincott Willians&Wilkins, 1998. 2) Magrane Basic Science Course in Veterinary and Comparative Ophthalmology. University of Wisconsin – Madison. Course Notes , 1998. 3) RAMSEY, DAVID T. et al. : Veterinary Ophthalmology (lecture notes). 5o ed. Michigan State University, 2000.