hydrocyanate

Transcrição

hydrocyanate
Concentração de ácido cianídrico em componentes morfológicos da maniçoba in natura em
diferentes idades de crescimento1
Concentration of hydrocyanic acid in morphological components of fresh “maniçoba” in
different growth ages
Tomás Guilherme Pereira da Silva2, Cíntia Rafaela de Lima Costa3, Bruno Leal Viana4, Adriana
Guim5, Carlos Henrique da Silva Mendes6
1
Parte da monografia do primeiro autor, financiada pelo CNPq
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife,
PE, Brasil. Bolsista da CAPES. e-mail: [email protected]
3
Doutoranda do PDIZ-UFRPE, Recife, PE, Brasil. Bolsista da CAPES
4
Doutor em Zootecnia do PDIZ-UFRPE, Recife, PE, Brasil.
5
Professora Associada do DZ – UFRPE, Recife, PE, Brasil. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq
6
Técnico de Laboratório do DZ – UFRPE, Recife, PE, Brasil.
2
Resumo: Objetivou-se quantificar a concentração de ácido cianídrico (HCN) nos componentes
morfológicos folha e caule da maniçoba in natura em diferentes idades de crescimento. A
maniçoba utilizada foi proveniente da Fazenda Balanço, município de Serra Branca,
microrregião do cariri paraibano. As plantas cultivadas foram submetidas ao corte de
uniformização e após 30, 50 e 70 dias foram coletadas amostras para avaliação da concentração
de HCN. Houve redução nos teores de ácido cianídrico em função da idade de crescimento da
planta, de modo que aos 30 dias foram verificados os maiores valores de HCN em todos os
componentes morfológicos. As concentrações de ácido cianídrico foram superiores na folha da
maniçoba, em todas as idades avaliadas. Conclui-se que o teor de HCN varia entre os
componentes morfológicos da planta, com as maiores concentrações nas folhas. Aos 30 dias de
crescimento têm-se as maiores concentrações de HCN, independente do componente
morfológico.
Palavras–chave: caatinga, forrageira nativa, plantas cianogênicas, ruminantes
Abstract: The objective was to quantify the concentration of hydrocyanic acid (HCN) in leaf
and stem morphological components of fresh “maniçoba” (Manihot sp) in different growth ages.
The “maniçoba” used was obtained from Balanço farm, located in Serra Branca, micro region of
cariri in the state of Paraíba. The cultivated plants were standardly harvested and after 30, 50 and
70 days samples were collected to assess the concentration of HCN. There was a reduction in
hydrocyanic acid concentration as a consequence of plant age, so that after 30 days of growth the
highest HCN values were observed in all morphological components. The hydrocyanic acid
concentrations were higher in the “maniçoba” leaf, in all ages tested. It is concluded that the
amount of HCN varies among the plant morphological components, being the largest one located
in the leaves. At the 30th day of growth the concentrations of HCN are higher, regardless of the
morphological component.
Keywords: caatinga, cyanogenic plants, native forage, ruminants
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Introdução
De acordo com França (2010), a maniçoba (Manihot sp) é uma planta nativa da caatinga,
tóxica quando consumida in natura, mas passível de uso como alimento para animais quando
fenada ou ensilada. Assim como as demais plantas do gênero Manihot, a maniçoba apresenta
quantidades variáveis de glicosídeos cianogênicos que originam o ácido cianídrico (HCN). Este
ácido, dependendo da quantidade consumida por um animal, pode causar intoxicação (Souza et
al., 2006).
É percebida a existência de inúmeros métodos para quantificação de ácido cianídrico em
materiais vegetais, o que pode provocar variações nas concentrações de HCN citadas na
literatura. Em especial para a maniçoba, o fato da maioria dos relatos sobre a concentração de
HCN ser proveniente de plantas de ocorrência natural da caatinga e não de cultivos sistemáticos,
o que impossibilita precisar a idade das plantas, leva a considerável amplitude dos resultados.
Além disso, outras variáveis contribuem de forma significativa sobre a concentração do HCN,
como o processo de conservação e a idade da planta. Diante do exposto, objetivou-se quantificar
a concentração de ácido cianídrico nos componentes morfológicos folha e caule da maniçoba
(Manihot sp) in natura em diferentes idades de crescimento.
Material e Métodos
A maniçoba utilizada foi proveniente da Fazenda Balanço, situada no município de Serra
Branca, cariri da Paraíba. As coletas foram realizadas durante o período de abril a junho de 2014,
sendo selecionadas e identificadas, aleatoriamente, 20 de um total de 80 plantas cultivadas. Os
dados da precipitação pluviométrica incidente na área experimental durante o período das coletas
são apresentados na Figura 1.
Figura 1. Precipitação pluviométrica durante o período de abril a junho de 2014,
em Serra Branca - PB.
A maniçoba cultivada foi submetida ao corte de uniformização a uma altura de 1 metro do
solo e após 30, 50 e 70 dias as plantas foram cortadas e tiveram suas folhas (limbo e pecíolo)
separadas dos caules, sendo amostradas para avaliação da concentração de HCN. As amostras
coletadas foram acondicionadas em caixa de isopor contendo gelo e conduzidas ao Laboratório
de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia (DZ) da Universidade Federal Rural de
Pernambuco (UFRPE), localizado no Recife, onde foram congeladas a -20ºC para posteriores
análises de HCN. Os teores de ácido cianídrico foram determinados segundo metodologia
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adaptada de Ades Totah & Hernandez Luis (1986). Os dados foram submetidos à análise
estatística descritiva, com determinação da média e do erro-padrão, utilizando-se o programa
Microsoft Office Excel® Versão 2011.
Resultados e Discussão
As plantas com 50 e 70 dias de crescimento apresentaram menores concentrações de ácido
cianídrico que aquelas aos 30 dias de crescimento em todos os componentes morfológicos das
plantas (Tabela 1), o que pode ser explicado pelo fato de as plantas mais jovens apresentarem
crescimento mais acelerado e maior teor de glicosídeos cianogênicos.
Tabela 1. Médias e respectivos erros-padrão dos teores de ácido cianídrico (mg/kg de MS) dos
componentes morfológicos folha (limbo e pecíolo) e caule da maniçoba (Manihot sp)
in natura em diferentes idades de crescimento.
Idade de crescimento (dias)
30
50
70
Limbo
679,10 ± 18,50
511,76 ± 7,62
517,59 ± 13,58
Pecíolo
1.100,30 ± 0,00
508,54 ± 14,27
569,26 ± 17,25
Caule
568,66 ± 22,90
315,77 ± 12,18
454,59 ± 9,28
mg/kg de MS: miligrama por quilograma de matéria seca.
Componente morfológico
Para todas as idades avaliadas, os valores de ácido cianídrico foram superiores na folha da
maniçoba, apresentando até 679,10 e 1.100,30 mg/kg de MS no limbo e pecíolo foliar,
respectivamente, aos 30 dias de crescimento, o que pode ser atribuído a maior atividade celular
observada nas folhas. Observa-se ainda redução na concentração de HCN entre as duas primeiras
idades de crescimento (30 e 50 dias), sobretudo no pecíolo (53,81%). Este fato pode ter relação
com a mudança do estádio vegetativo para reprodutivo da maniçoba, tendo em vista que aos 50
dias de crescimento observou-se plantas em início de frutificação. Por outro lado, a elevação do
teor de HCN entre a segunda e a terceira idade de crescimento pode ter ocorrido em razão de um
período de seca seguido por um curto período chuvoso, como apontado na Figura 1, podendo ter
contribuído para crescimento da planta e acréscimo no teor dos glicosídeos cianogênicos.
Conclusões
O teor de ácido cianídrico varia entre os componentes morfológicos da maniçoba, com as
maiores concentrações nas folhas. Aos 30 dias de crescimento têm-se as maiores concentrações
de ácido cianídrico, independente do componente morfológico.
Literatura citada
ADES TOTAH, J. J.; HERNÁNDEZ LUIS, F. Presencia de acido cianhidrico en forrajes
cultivados en Mexico. Agricultura Tecnica en Mexico, México, v. 12, n. 1, p.77 - 90, 1986.
FRANÇA, A. A.; et al. Anatomia e cinética de degradação do feno de Manihot glaziovii. Acta
Scientiarum. Animal Sciences, Maringá, v.32, n.2, p.131-138, 2010.
SOUZA, E. J. O.; et al. Qualidade de silagens de maniçoba (Manihot epruinosa) emurchecida.
Archivos de Zootecnia, Córdoba, v. 55, n. 212, p. 351 - 360, 2006.
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