Os jogos são um fenômeno da comunicação”, diz Marsal

Transcrição

Os jogos são um fenômeno da comunicação”, diz Marsal
Seacom
"Os jogos são um fenômeno da comunicação”, diz Marsal Branco
Contribuição de Carolina Lopes
30/09/2011
Última Atualização 30/09/2011
Formado em Publicidade e Propaganda, mestre e doutor na área da comunicação de estudos midiáticos, Marsal
Branco também é coordenador e professor do curso superior de jogos digitais da Feevale, onde também faz parte de um
grupode de pesquisa sobre o assunto. É proprietário da Ilinx Entretenimento – desenvolvedora de jogos e conteúdos
digitais. Para explicar um pouco mais da relação entre os jogos e a comunicação, Marsal concedeu uma entrevista
para a Agência A4 que você confere abaixo.Â
1 -Além do interesse dos alunos em fazer seus trabalhos de conclusão sobre games, já havia alguma mobilização
para o surgimento do grupo de pesquisa?
Realmente houve uma demanda das pessoas da comunicação interessadas, mas anteriormente já tinha uma vontade,
uma motivação muito grande entre alguns professores para estudar qual era o fenômeno porque a gente gostava
disso. A gente se iludia que ia jogar mais, a gente se iludia que ia conseguir entender e que seria quase como pagar um
tributo aos grandes mestres que foram os jogos com os quais a gente cresceu.
2 - Hoje a indústria de jogos no mundo fatura muito mais que o cinema e a música juntos. O que acha que causou esse
fenômeno?Os jogos entregam alguma coisa pras pessoas. E nem todas as mÃ-dias fazem isso. O jogo só acontece se
tu interage, mas eu não to com uma arma na tua cabeça te obrigando a interagir. Então eu tenho que te entregar
alguma coisa, porque tu só vai interagir se eu te entregar alguma coisa. Então essa promessa de entrega faz com que
tu faça alguma coisa. É uma mÃ-dia que precisa fazer isso. Mas aÃ- se pensa que todas as mÃ-dias precisam fazer isso,
e elas não precisam. Tu pode sem se preocupar com o prazer do teu leitor, escrever um jornal, escrever um livro. Mas,
o game não. Se ele não fizer isso, as pessoas não vão jogar.
3 - Qual é o teu jogo favorito?
Pergunta difÃ-cil. Acho que tem jogos que te marcam em cada época. Katamari foi um jogo que me marcou. E também
Donkey Kong Country, que foi o responsável por eu voltar a jogar videogame depois de dez anos.
4- Na publicidade já é um pouco mais claro o uso dos games, mas como eles podem ser usados no jornalismo?
De várias formas. Muitas empresas conceituadas no jornalismo usam jogos sistematicamente. E nem é preciso ir longe.
Não sei se a pesquisa ainda é válida, mas até cerca de 15 anos atrás a página mais lida de todos os jornais nos
Estados Unidos era a de palavras cruzadas, isso é game. Palavras-cruzadas não têm base tecnológica, mas é game.
E sempre foi usado como uma das ferramentas para se vender jornal .Esse é um game tradicional,vamos ver o digital. O
Washington Post contrata pessoas para fazer mini games que funcionam mais ou menos como uma charge. Lembram
do piloto que pousou o avião no Rio Hudson? No outro dia tinha um mini game onde tu tentava pousar o avião . E essa
é a mesma função da charge que tu coloca dentro do jornal online. Esse é um jeito.
Outro exemplo, é A anistia internacional ligada a ONU ter encomendado um game para ensinar jornalistas como se
comportar para sobreviver e fazer seu trabalho em lugares hostis a ele, lugares que têm ditadura ou estão em guerra.
O cara entra na pele de um jornalista e o personagem dele entra num ambiente hostil onde ele tem que fazer todos os
processos, e ele vai assimilando isso de uma maneira bem natural. Quer dizer, eu não te ensino, eu te coloco dentro de
uma experiência. A capacidade do game de te dar esse poder imersivo faz com que a mensagem seja muito poderosa.
Eu consigo te explicar sem ser chato e tu nunca mais vai esquecer. Porque é legal.
 Como último exemplo, posso citar um cara chamado Gonzalo Frasca, que é uruguaio. Ele fez um game chamado 12
de setembro . O game acontece em um paÃ-s árabe qualquer, naqueles mercadinhos árabes e o jogador tem uma
visão de cima e tem uma mira telescópica, como na visão de um sniper como se estivesse em cima de um lugar alto
olhando aquela cidade. Todos estão de burca, mas os que estão de burca preta são terroristas e ficam passeando
entre os outros. No caso, o jogador seria um americano e ele tem que matar os terroristas. Só que quando ele atira, a
arma é tão poderosa que ele mata também quem está naquele raio de ação. É muito difÃ-cil matar algum terrorista
sem matar algum civil que está em volta. Quando o civil morre, os outros vão para perto se ajoelham e começam a
rezar. Só que depois de um tempo eles levantam e estão de burca preta. Esse jogo não se pode ganhar porque
quanto mais terroristas você matar, mais outros vão surgir. Ou seja, é uma crÃ-tica tão contundente quanto os mais
contundentes editais de jornal. Se pode concordar ou não, mas quer dizer que acha essa polÃ-tica (da guerra ao
terrorismo) errada. Esse é o pensamento crÃ-tico jornalÃ-stico. E se pode usar isso, deve usar porque nunca mais vou
esquecer isso. Agora a matéria, o edital que li, eu posso esquecer.
5 - Quais são os caminhos da comunicação nos jogos?
Primeiro, a comunicação, PP, RP precisam descobrir como usá-los. E não ignorá-los, pois é uma realidade muito
forte para ser ignorada. Os número são avassaladores, então estudar novela é interessante, estudar jogos é mais
porque tem mais gente jogando. Esse é um fenônemo de comunicação que não pode ser ignorado. O último universo
jovem mtv diz que60% dos brasileiros são jovens, ou seja 120 milhões de brasileiros, e desses, 60% são jovens que
jogam regulamente. Estamos falando em um universo de 70 milhões de pessoas e a comunicação resolve falar de
outros assuntos que não atingem tantas pessoas. Agora como PP, RP e Jornal vão fazer cabe a cada profissão se
achar, mas tem que se achar. Não dá pra ignorar.
http://hipermidia.unisc.br/seacom/
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Produzido em: 2 October, 2016, 06:32
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