Roteiro de Estudo para Iniciantes em Oclusão _ Cap 17

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Roteiro de Estudo para Iniciantes em Oclusão _ Cap 17
CONDUTA TERAPÊUTICA RESTAURADORA
Alfredo Julio Fernandes Neto, et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2006
A Odontologia Restauradora é a
conduta terapêutica por meio da qual é
realizado o ajuste oclusal por acréscimo de
materiais restauradores diretos e indiretos.
Tal conduta busca reabilitar a fisiologia do
aparelho estomatognático, assegurando a
saúde do sistema neuromuscular, das
articulações temporomandibulares, dos
dentes e do periodonto, por meio do
restabelecimento da dimensão vertical de
oclusão, da relação cêntrica, da
estabilidade oclusal e da guia anterior.
Para tanto se torna necessário
diagnóstico
criterioso
quanto
as
características gerais e os aspectos
intrabucais do paciente.
Diagnóstico
É a determinação da natureza da
doença. Consiste na descoberta e
reconhecimento de sinais e sintomas
(anormalidades) e na investigação de
determinadas condições e suas causas,
buscando restabelecer a normalidade.
Fig. 01 – Vista vestibular de uma boca saudável.
Fig. 02 – Vista vestibular de uma boca em
disfunção.
Método de Diagnóstico e Plano de
Tratamento
O método de diagnóstico e plano
de tratamento compõe-se de:
1- Exame cuidadoso para descobrir,
isolar e analisar cada fator capaz de causar
doença, desarmonia ou instabilidade.
2- Análise da resistência do
hospedeiro e avaliação de qualquer outro
fator contribuinte.
3- Avaliação dos efeitos dos fatores
causais, relacionando-os ao tempo, a
intensidade e a resistência do hospedeiro.
Quando observar um efeito, procure até
encontrar a causa, e verifique se ainda está
ativa, ou já passou seu tempo de produzir
efeitos.
4- Análise de todos os métodos que
poderão ser utilizados para eliminar os
fatores causais prejudiciais ou neutralizar
seus efeitos perniciosos.
5- Seleção da melhor opção de tratamento.
Quando o objetivo é a melhora da
saúde bucal, o diagnóstico e o plano de
tratamento podem ser considerados dentro
de dois princípios fundamentais:
Conduta terapêutica restauradora
I - Encontrar todos os fatores que
causam e contribuem, de algum modo,
para a deterioração da saúde bucal
II – Determinar qual o melhor
método para eliminar cada um desses
fatores de deterioração.
Fatores Causadores
Excluídas as doenças neoplásicas e
os acidentes, quase todos os efeitos
prejudiciais aos dentes e/ou estruturas de
suporte são resultados direto de
microrganismos e do desequilíbrio oclusal.
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Fatores Contribuintes
Atuam diminuindo a resistência do
hospedeiro, são eles:
1- Predisposição hereditária
2- Saúde geral debilitada
3- Insuficiência nutricional
4- Tensão emocional
Elementos de diagnóstico
Um diagnóstico completo requer
informações de uma ou mais fontes:
¾ Anamnese ou interrogatório (história
médica e odontológica)
¾ Exame clínico
¾ Exame radiográfico
¾ Exame dos modelos de estudo
¾ Exames complementares.
Anamnese ou interrogatório
Fig. 03 – Vista vestibular de uma boca com
microrganismo e desequilíbrio oclusal.
No quadro abaixo esta relacionado o
alcance dos fatores causadores da doença
oclusal e dental.
1- Microrganismos
( Higiene inadequada)
a- Cárie dental ( principalmente na infância)
b- Gengivite
2 - Desequilíbrio oclusal
(Maloclusão)
a- Dor no ombro e pescoço
b- Doença periodontal avançada
c- Dor de cabeça
d- Dor facial
e- Desgaste prematuro
f- Pulpites
g- Periodontite apical
h- Disfunção da ATM
i- Prótese desconfortável
j- Audição prejudicada
l- Reabsorção radicular
m- Mordidas nos lábios e bochecha
n- Dor de garganta
o- Dor referida
Na primeira consulta o paciente deve
ser encorajado a descrever experiências
médicas e odontológicas anteriores.
- Dados pessoais (nome, endereço,
sexo, idade, filiação, profissão, estado
civil, etc.).
- Queixa principal
- Antecedentes pessoais: de ordem
geral (problemas cardiovasculares, reações
alérgicas, diabete, neuroses, hepatite,
tuberculose, avitaminose, desequilíbrio
hormonal, etc.), e de ordem protética:
(antecedente protético, intolerância aos
aparelhos, resposta tecidual desfavorável).
- Antecedentes hereditários (história
familiar).
Exame clínico
É a coleta de dados que constitui a
base do diagnóstico e exige do clínico
conhecimentos básicos, apuro dos sentidos, capacidade de observação, análise,
síntese, bom senso e discernimento.
- Exame dos tecidos moles:
Examinar minuciosamente freios
com inserção alta, gengiva (cor, forma,
sulco), mucosa oral, fístulas e neoplasias,
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Conduta terapêutica restauradora
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zonas de bifurcação e trifurcação radicular
e nódulos linfáticos.
Fig. 04 – Vista vestibular de uma boca fistulas nos
dois incisivos centrais.
Fig. 05 – Vista vestibular do diagnóstico
diferencial da origem da fistulas, aparentemente no
incisivo central.
Segundo, Carnevale, Pontoriero e
Lindhe, 2005, o tratamento de defeitos na
região de furca de um dente
multirradicular tem dois objetivos:
1. a eliminação da placa microbiana
das superfícies expostas do complexo
radicular
2. o estabelecimento de uma
anatomia das superfícies afetadas que
facilite o adequado autocontrole de placa.
Classificação das lesões de furca:
GRAU I – Perda horizontal dos
tecidos de suporte não excedendo um terço
da largura do dente.
Terapia recomendada:
Raspagem e alisamento radiculares,
plastia de furca e controle dos hábitos
oclusais excêntricos (ajuste oclusal)
Fig. 06 – Imagem radiográfica de uma lesão de
furca – grau I, no dente 46.
GRAU II - Perda horizontal dos
tecidos de suporte excedendo um terço da
largura do dente, mas não envolvendo toda
a largura da área de furca..
Terapia recomendada:
Plastia de furca, tunelização,
ressecção radicular, extração dentária,
regeneração tecidual guiada nos molares
inferiores e controle dos hábitos oclusais
excêntricos (ajuste oclusal)
Fig. 07 – Imagem radiográfica de uma lesão de
furca – grau I.I, no dente 46
GRAU III – Perda horizontal “lado a
lado” dos tecidos de suporte na área de
furca.
Terapia recomendada:
Tunelização, ressecção radicular,
extração dentária.
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Conduta terapêutica restauradora
Fig. 08 – Imagem radiográfica de uma lesão de
furca – grau III, no dente 36.
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Fig. 11 – Vista de uma boca com ausência de
higiene, dentes e desequilíbrio oclusal.
Fig. 12 – Vista de uma boca com disfunção
dentária, perimólise, causado provavelmente por
refluxo ácido endógeno.
Fig. 09 – Desenho esquemático de uma odontosecção e opções de tratamento restaurador.
- Exame dos tecidos duros
Examinar minuciosamente dentes
ausentes e zonas desdentadas, susceptibilidade à cárie dental, contato proximal,
facetas, contatos deflectivos, mobilidade
dentária,
espaçamento
dos
dentes
anteriores e trabalhos protéticos existentes.
Fig. 10 – Vista de uma boca com ausência de
dentes e desequilíbrio oclusal.
A mobilidade dentária é resultado da
perda contínua dos tecidos de suporte na
doença periodontal progressiva ou trauma
oclusal e pode ser classificada como:
Grau I: mobilidade coronária de 0,2
a 1 mm no sentido horizontal.
Grau II: mobilidade coronária
excedendo 1 mm no sentido horizontal.
Grau III: mobilidade coronária nos
sentidos vertical e horizontal.
- Oclusão e articulações temporomandibulares:
Examinar minuciosamente a oclusão
(RC, MIH, ORC, DVR, DVO, EFL,
sobrepasse vertical (overbite), sobrepasse
horizontal (overjet)) e articulações
(movimentos de abertura, fechamento,
lateralidade, protrusão, dor e ruídos).
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Conduta terapêutica restauradora
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- Avaliação dos movimentos parafuncionais (apertamento dental, bruxismo
e outros hábitos).
Fig. 13 – Vista de uma boca com prematuridade
em relação cêntrica, ausência de dentes e
desequilíbrio oclusal.
Fig. 14 – Vista de uma boca em MIH, com
ausência de dentes e desequilíbrio oclusal.
Fig. 15 – Vista de uma boca com uma guia lateral
harmônica.
Fig. 17 – Vista de uma boca com disfunção
dentária, bruxismo, com desarmonia da guia
anterior e ausência de estabilidade oclusal.
Quando da presença de distúrbios
oclusais, os pacientes se apresentam em
distintos grupos na dependência de suas
susceptibilidades (limiar de tolerância):
• GRUPO I - Paciente susceptível à
disfunção neuromuscular (disfunção
mandibular).
• GRUPO II - Paciente susceptível à
disfunção
tempomandibular
(disfunções temporomandibulares).
• GRUPO III - Paciente susceptível à
disfunção dentária (lesões não
cariosas).
• GRUPO IV - Paciente susceptível à
disfunção periodontal (mobilidade
dental ou migração patológica dos
dentes).
• GRUPO V - Paciente não susceptível a
disfunção (acomodação).
- Documentação fotográfica:
É
realizada
com
objetivos
científicos, legais e marketing, antes,
durante e após o tratamento.
Exame Radiográfico
Fig. 16 – Vista de uma boca com uma guia anterior
harmônica.
Como elemento complementar de
diagnóstico são realizadas radiografias
periapicais, interproximais e oclusais para
verificar cáries, parte radicular do dente
(comprimento, forma e número das
raízes), relação coroa/raíz, estruturas de
suporte, (espaço do ligamento periodontal,
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Conduta terapêutica restauradora
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cortical alveolar, perda óssea), processos
apicais e periapicais, dentes inclusos e
raízes residuais, polpa dos dentes,
tratamentos
endodônticos
existentes,
bifurcações e trifurcações comprometidas,
tipo e quantidade de osso alveolar.
•
•
Exame dos Modelos de Estudo
Sempre montados em articulador
semi-ajustável em relação cêntrica (RC), o
exame dos modelos de estudo é realizado
para:
¾ Avaliar a oclusão (RC, MIH, ROC,
interferências
excursivas
ânteroposteriores e laterais), cúspides
impactantes, espaço protético, posição
dos dentes na arcada, selecionar a
direção de inserção, plano oclusal,
grau das curvas de Spee e Wilson,
relações intermaxilares, tipos de
restaurações necessárias, auxiliar no
posicionamento do pôntico.
¾ Realizar análise funcional da oclusão
(procedimentos experimentais de
equilíbrio oclusal) e enceramento
diagnóstico (obtendo informações
sobre o resultado estético pretendido,
auxiliando
na
obtenção
de
restaurações provisórias e como
auxílio visual durante a discussão do
plano de tratamento com o paciente).
Exames Complementares
Avaliar a possibilidade do paciente
portar doenças infecciosas e/ou patologias
potencialmente
geradoras
de
complicações,
solicitando
exames
complementares, tais como:
• Prova de função Hepática
• Hemoglama completo
• HBSAG ( hepatite B )
• Anti HCV ( hepatite C ) ELISA 2º
geração
• Glicemia de jejum
• Uréia mais Creatinina
• Hormônios: T3, T4, TSH
• VDRL
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Anti-HIV (ELISA)
ELISA para doença de Chagas
Plano de Tratamento
É a proposição de procedimentos e
condutas necessárias à correção das
anormalidades mostradas pelo paciente.
O plano de tratamento Odontológico
completo inclui:
¾ Reabilitação de uma dentição
acessível à limpeza
¾ Redução dos esforços a um ponto que
não sejam destrutivos
¾ Educação do paciente sobre sua
responsabilidade na manutenção da
saúde
O objetivo final da conduta
terapêutica restauradora é restabelecer a
oclusão, onde as superfícies oclusais
devem, apreender e triturar alimentos,
estar em harmonia com os tecidos
adjacentes, receber e direcionar força ao
longo eixo do dente, promover conforto e
evitar interferência oclusal.
O plano de tratamento que vise o
atendimento integral e integrado aos
pacientes que necessitam de prótese
dentária, deve incluir:
I- Tratamento Sistêmico
Aos cuidados da clínica médica para
equilíbrio e controle de pacientes
especiais, portadores de distúrbios
cardiovasculares, diabete, hepatite, etc.
II- Tratamento Odontológico
•
•
•
•
•
•
1. Urgências:
Em relação à dor
Em relação à estética
2. Periodontal Básico:
Eliminação de placa bacteriana
Raspagem dental
Controle da higiene
3. Cirúrgico:
Exodontias
4. Prótese Removível Total:
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Conduta terapêutica restauradora
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Convencional
5. Equilíbrio Oclusal:
Diagnóstico diferencial
Moldagem para obtenção dos modelos
de estudo
Montagem dos modelos de estudo em
articulador semi-ajustável, com uso do
arco facial e registro interoclusal em
relação cêntrica (RC)
Análise funcional da oclusão
Ajuste oclusal (em relação cêntrica,
lateralidades e protrusão)
Restabelecimento da dimensão vertical
de oclusão (DVO), com o auxílio de
um “jig” de Lúcia, a partir da
dimensão
vertical
de
repouso
fisiológico
dos
músculos
da
mastigação (DVR), preservando um
espaço funcional livre (EFL) de
aproximadamente 3.0 mm
Estabilidade
oclusal
(placas
interoclusais para reposicionamento
mandibular ou uma prótese removível
parcial provisória (overlay) - uso por
aproximadamente 30 dias)
Restabelecimento da guia anterior
(GA).
6. Endodontia:
Não caracterizada como urgência (a
maior incidência de falhas em dentes
pilares tratados endodonticamente, não
se deve somente a fragilidade
mecânica do remanescente dental, mas
também a redução da sensação tátil
dos proprioceptores, o que diminui a
habilidade do paciente em detectar
sobre-cargas). Morgano, S. M., JPD,
1996.
7. Dentística:
Restaurações (com resina composta,
com ionômero de vidro, com
amálgama)
Selante de fóssula e fissura
Colagem de dentes fraturados
Prótese adesiva direta
8. Ortodôntico:
Movimentos dentais (verticalização,
extrusão, outros)
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•
•
•
•
•
•
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9. Protético Provisório:
Seleção da cor dentes naturais (antes
do preparo dentário)
Preparo dos dentes e estabilização com
próteses provisórias
10. Periodontal Cirúrgico:
Gengivectomia
Cirurgia a retalho
Cirurgia mucogengival
Implante
III- Tratamento Protético
Definitivo
¾ Prótese Fixa
¾ Prótese Removível Parcial
¾ Prótese Removível Total
Prótese Fixa:
• Convencional (unitária ou múltipla)
• Adesiva indireta
• Implantada
Seqüência
convencional
para
confecção de prótese fixa:
- Observar e anotar a cor dos dentes
naturais remanescentes,
- Preparo e/ou repreparo dos dentes
pilares,
- Confecção e/ou reembasamento
dos provisórios (retentores e pônticos),
- Preparo e moldagem do conduto
radicular,
- Fixação do núcleo metálico de
reconstituição e/ou retenção,
- Moldagem para obtenção dos
modelos de trabalho,
- Confecção dos modelos de
trabalho,
- Montagem dos modelos de
trabalho em articulador semi-ajustável,
com uso do arco facial e registro
interoclusal (casquetes de transferência)
na dimensão vertical de oclusão (DVO),
- Ajuste do metal na boca do
paciente (proximal, relação pôntico/
rebordo alveolar, cervical, propriedades
retentivas, oclusal e contorno),
- Remoção, da relação dos retentores
na boca, para soldagem,
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Conduta terapêutica restauradora
- Registro interoclusal da dimensão
vertical de oclusão,
- Moldagem para a remontagem em
articulador semi ajustável,
- Ajuste e caracterização da
porcelana na boca (proximal, relação
pôntico/rebordo alveolar, cervical, oclusal,
contorno e estético),
- Fixação provisória (7 dias),
- Fixação definitiva.
Prótese Removível Parcial:
• Convencional,
• Encaixe.
Prótese Removível Total:
• Overdenture:
Sobre raízes naturais,
Sobre Implantes.
Quando o paciente não necessitar de
um dos procedimentos abordados, na
seqüência acima, segue-se ao próximo do
qual necessita.
Exames periódicos
Os exames periódicos após a
colocação das próteses fazem parte do
tratamento reabilitador, pois a detecção
precoce de um problema pode evitar
futuro insucesso das restaurações.
O prognóstico periodontal e
protético é influenciado pela dieta, fatores
sistêmicos e a habilidade em manter o
meio bucal livre de placa, pois mesmo
com o cuidado pessoal e profissional
adequado, a doença periodontal pode
ocorrer.
Prognóstico
O prognóstico é uma opinião ou
julgamento dado no decorrer do
tratamento em relação à expectativa para o
sucesso da terapia utilizada que depende
positivamente da higiene bucal, correta
seleção dos materiais utilizados, plano de
tratamento meticulosamente executado e
relação paciente/profissional.
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Planejamento em Prótese Fixa
O número de dentes suportes
necessários para uma prótese fixa depende
de sua extensão e localização no arco
dental, da natureza do antagonista, do
estado periodontal, forma e implantação
das raízes dos dentes que servirão de pilar.
Fatores que determinam a extensão de
uma prótese fixa
¾ Eficiência mastigatória do antagonista
¾ Proporção coroa/raiz dos dentes
suportes
¾ Relação resistência e força
¾ Polígono de Roy
Eficiência mastigatória
Dentes Naturais
Prótese Fixa
Prótese Removível Parcial
Prótese Removível Total
100%
80%
50%
20%
No planejamento de uma prótese
fixa que oclui com outra prótese fixa, o
valor da força “F” de mastigação deve ser
reduzido em 20%, ocluindo com uma
prótese removível parcial em 50% e com
uma prótese total, a redução é em 80%.
Essa
redução
na
eficiência
mastigatória se deve a natureza das
próteses e a perda de propriocepção do
periodonto.
Proporção Coroa/Raiz dos Dentes
Suportes
Ideal
Ótima
Mínima aceitável
Coroa
1
1
1
Raiz
2
1,5
1
Relação Resistência e Força
Geralmente, um dente normal tem
capacidade para resistir duas vezes o
esforço de mastigação que recai sobre o
mesmo, sem causar qualquer dano ao
sistema de sustentação. Para isto é
fundamental que a força oclusal recaia
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Conduta terapêutica restauradora
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sobre o longo eixo do dente pilar, figura
01 e 02.
Canino
1º Pré molar
2º Pré molar
1º Molar
2º Molar
3º Molar
B
A
R
R
Fig. 01 - A: força indesejável, B: força vertical.
B1
B2
A1
A2
CR
5
4
4
6
6
4
31
5
4
4
6
6
4
Dessa forma pode-se calcular o
número de dentes pilares necessários em
relação ao espaço protético, indicando
uma prótese fixa, somente quando a soma
dos valores da resistência dos dentes
pilares for maior que a soma dos valores
da força dos dentes ausentes (pônticos).
Nas ilustrações a seguir os
elementos dentários representados pela cor
preta são os elementos ausentes, pela cor
amarela os dentes pilares. A proporção
força resistência necessária deverá ser tal
que a resultante R - F seja sempre positiva.
Fig. 02 -Distribuição de forças sobre uma prótese
fixa.
Portanto, para uma prótese fixa ser
indicada o número da soma da resistência
dos dentes pilares deverá ser superior ao
da soma da força que recairá sobre os
dentes ausentes.
Vest, G. em 1960, apud Tamaki
1982, apresentou uma tabela, ordenando
os dentes segundo a resistência de cada
um, tomando-se como elemento de
comparação o incisivo central inferior que
foi considerado o dente de menor
resistência dando-lhe o valor um. Dessa
maneira, considerou os incisivos laterais
inferiores duas vezes mais resistentes, os
incisivos laterais superiores três vezes, os
incisivos centrais superiores, pré-molares
e III molares quatro vezes, os caninos
cinco vezes e os I e II molares seis vezes
mais resistentes, tabela 01.
18 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 28
48 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 38
R = 12 = 3
21 = 4
7
F = 11 = 4
R-F = 7-4= +3
18 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 28
48 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 38
R = 11 = 4
23 = 5
9
F = 21 = 4
22 = 3
7
R-F = 9-7= +2
Tabela 01 - Valor da resistência dos dentes
superiores e inferiores.
Dente
Superior inferior
Incisivo central
4
1
Incisivo lateral
3
2
31
Conduta terapêutica restauradora
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32
18 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 28
18 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 28
48 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 38
48 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 38
R = 17 = 6
F = 16 = 6 R = 14 = 4 F = 12 = 3
13 = 5
11 = 4
15 = 4
23 = 5
21 = 4
10
24 = 4
22 = 3
18
14
R - F = 10 - 6 = + 4
R - F = 18 - 14 = + 4
R = 21 = 4
24 = 4
8
R = 11(25)= 4
21 = 4
24 = 4
12
F = 22 = 3
23 = 5
8
R-F=8-8=0
F = 22 = 3
23 = 5
8
R - F = 12 - 8 = + 4
18 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 28
18 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 28
48 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 38
48 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 38
R = 11 = 4
13 = 5
15 = 4
13
F = 12 = 3
14 = 4
7
R - F = 13 - 7 = + 6
4
5
4
6
19
F = 12 = 3
14 = 4
15 = 4
11
R - F = 19 - 11 = + 8
18 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 28
48 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 38
R = 11 = 4
13 = 5
15 = 4
13
R = 11 =
13 =
15 =
17 =
F = 12 = 3
14 = 4
7
fulcro F
R2
R - F = 13 - 7 = + 6
R1
18 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 28
48 47 46 45 44 43 42
R1 = 13 = 5
F = 12 =
23 = 5
11 =
10
21 =
22 =
R1 - F = 10 -14 = - 4
41 31 32 33 34 35 36 37 38
3 R2 = 13 = 5 F = 12 = 3
14 = 4
4
11 = 4
23 = 5
4
21 = 4
24 = 4
3
22 = 3
14
18
14
R2 - F = 18 - 14 = + 4
R = 13 = 5
15 = 4
17 = 6
15
F = 12 = 3
14 = 4
15 = 4
11
R - F = 15 - 11 = + 4
18 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 28
48 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 38
R = 13 = 5 F = 11 = 4
F = 11 = 4
21 = 4
12 = 3
21 = 4
8
22 = 3
23 = 5
8
16
R-F=6-8=-2
R - F = 16 - 8 = + 8
R = 12 = 3
22 = 3
6
Polígono de Roy
Os dentes também são passíveis de
movimentação no sentido vestíbulolingual, sobre um eixo imaginário que liga
suas faces mesial à distal. Devido à
disposição dos dentes em ambas arcadas,
estes se dividem em grupos: posteriores
(molares e prés) e caninos do lado direito e
esquerdo e anteriores (incisivos centrais e
laterais). Cada um destes grupos compõe
um eixo de rotação, e unindo-os, obtém-se
um polígono, denominado “Polígono de
Roy”, figura 03.
32
Conduta terapêutica restauradora
Fig. 03 - Ilustração esquemática do Polígono de
Roy.
Baseado no exposto, uma prótese
fixa será considerada recomendável
quando, unidas suas extremidades e
considerando os eixos de rotação dos
dentes envolvidos (pilares e pônticos),
formar um polígono.
Além da análise de força e
resistência e da configuração em forma de
polígono, em uma prótese fixa suportada
por vários elementos pilares, é de
fundamental importância o paralelismo
entre os preparos coronários dos mesmos,
o que determina um único eixo de
inserção.
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