As comemorações do 31 de Janeiro em 1969

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As comemorações do 31 de Janeiro em 1969
20 | Quinta-feira, 11 de Fevereiro de 2010
ÚLTIMA
Abílio Travessas
Mão amiga fez-me chegar 3
documentos da PIDE dos quais
constava o meu nome. O primeiro é um pedido de autorização
para uma sessão pública comemorativa da histórica data do 31 de
Janeiro de 1891 em que os signatários são principalmente estudantes. Das assinaturas constavam
mais três amigos da minha casa
em Coimbra, a Real República
Trunfé Kopos, (Rui Martins, advogado na nossa Póvoa; António
Guerreiro, filho do Dr. Guerreiro, notário e Presidente do Varzim
nos anos sessenta; e Luís Ferreira,
livreiro e actualmente em Macau)
que também tiveram a coragem
de dar a cara naqueles tempos de
ignomínia em que era preciso pedir autorização para comemorar
uma efeméride tão importante para a nossa história.
Tinha a vaga lembrança dum
documento assinado por mim
mas não o conseguia localizar e
nunca me dei ao trabalho de con-
sultar o arquivo da PIDE e foi aí,
certamente, que o meu amigo o
encontrou assim como os outros
dois documentos sobre que me
debruçarei a seguir.
O primeiro, em papel azul
timbrado da Polícia Internacional
e Defesa do Estado, o agente
Amândio Vieira de Figueiredo faz
um relatório dirigido ao Director
em Lisboa, da Sessão comemorativa do “31 de Janeiro”, enumerando quem fez parte da mesa
da presidência e de que destaco
o professor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra,
Orlando de Carvalho. Foi dos poucos professores da Universidade
que esteve ao lado dos estudantes (não esqueçamos a Crise Estudantil de Abril do mesmo ano)
e na luta pela democracia disse
sempre presente, tendo sido ministro num dos primeiros governos provisórios, depois de Abril.
O relatório vai à minúcia de
descrever a sala (quase cheia) ornamentada com Bandeiras Nacionais e no palco encontrava-se
um busto da República encimada
por uma grande Bandeira Nacional. Dos oradores referenciados
constam personalidades de grande prestígio cultural e político:
Maria João Barros
As comemorações do 31 de Janeiro em 1969
A Póvoa recorda 31 de Janeiro no nome de uma das suas principais ruas
Augusto da Costa Dias, autor de
A Crise da Consciência PequenoBurguesa I – O nacionalismo literário da geração de 90; Alexandre Cabral, com cinco volumes
sobre As Polémicas de Camilo,
“obra sem precedentes na bibliografia camiliana”, como se pode
ler na contra-capa do seu livro
Memórias de um Resistente; António Arnault, advogado e pai do
Serviço Nacional de Saúde; e
Orlando de Carvalho, recebido
pela assistência com fartos e vibrantes aplausos segundo o relatório do Pide.
Que prossegue indicando os
Indivíduos presentes na sessão
comemorativa do 31 de Janeiro
(…) que nos foi possível identificar. O mesmo escreve outro
agente, no segundo documento,
destacado para relatar o jantar de
confraternização servido no Café
Restaurante Romano.
Quer na sessão no Avenida
quer no jantar, o meu nome aparece. E não sendo eu um activo e
perigoso oposicionista, apenas um
cidadão com alguma consciência
política, constata-se a desorientação do regime fascista a caminho
da derrota, cinco anos depois.
Se da sessão no Avenida guardo alguma memória – no final da
sessão e nas escadas da entrada,
Victor Costa, protegido por um
cordão de antifascistas contra a
arremetida de pides, fez um discurso mais contundente contra o
regime – já do jantar ela não existe e duvido mesmo que lá tenha
estado. Na altura encontrava-me
em Coimbra num interregno da
vida militar e seria perigosa essa
intervenção cívica.
Mais de 1500 pessoas foram à Internet
ver como a Póvoa está “na maré da República”
Ângelo Teixeira Marques
Mais de 1500 pessoas acederam ao sítio das comemorações locais do centenário da
implementação da República
e só nos primeiros dois dias
de disponibilização da consulta “on-line” pelo endereço
http://web.cm-pvarzim.pt/na
maredarepublica. O sítio, designado, “Na maré da Repú-
blica” teve, nas primeiras 48 horas, 1588 aberturas de página,
sendo os itens mais procurados
“Agenda local”; “Cronologia local”; “Parceiros”; “Imagens da época” e “Logótipo”. A maior parte
(52 por cento) das pessoas acedeu aos conteúdos a partir de
uma ligação directa ao endereço,
enquanto a outra fatia entrou na
página através de “Sítios de referência”. Existe ainda um local denominado “Informação Nacional”
que aborda os seguintes sub-temas: “Bandeira”, “Primeira Constituição da República;, “Lista de
Presidentes”, “Hino”, “Cronologia” e “Imagens da República”.
São também disponibilizadas ligações a outros sítios que abordam
a mesma temática.
O sítio “Na maré da República” é propriedade da Câmara Municipal da Póvoa, sendo a concepção e coordenação da responsabilidade de Manuel Costa, direc-
tor da Biblioteca Municipal. A
“maquetização e desenvolvimento” pertence a Hélder Jesus, o
“Layout” a Daniel Curval e os
“conteúdos” são tratados por
Lurdes Adriano, Fernanda Trovão,
Ana Costa e Hélder Jesus. O
logótipo (ao lado, na imagem) foi
construído no âmbito do Curso
Profissional Técnico de Multimédia da Escola Secundária Eça de
Queirós, registando-se o envolvimento de António Pinto (profes-
sor) e André Cunha e Andreia
Ferreira (alunos). O apoio informático ao sítio é prestado por
Joana Santos.
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