estrutura de caráter - Sergio Schweder

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estrutura de caráter - Sergio Schweder
ESTRUTURA DE
CARÁTER
ESTRUTURA DE CARÁTER
ALGUMAS OBSERVAÇÕES - para começar.
1.Qual é o choque de vontades para o qual a pessoa está
preparada?
2.O estudante sempre vem brigando. Qual o conflito
eminente?
3.Qual a cena do confronto?
4.Cada um tem um egosistema.
5.O “não saber” é o nosso maior saber.
6.Passado:
fardo
ou
patrimônio.
Só
há
duas
possibilidades.
7.A nossa função é tornar o fardo em patrimônio.
2
A NOÇÃO DE ESTRUTURA E AS GRANDES ESTRUTURAS
A utilização dos termos "psicose1" e "neurose2" são empregados de maneira habitual na clínica, para
designar uma "doença", ou seja, um estado de descompensação visível, a que chegou uma estrutura, como
conseqüência de uma inadaptação profunda e fixa do sujeito às circunstâncias novas, internas ou externas,
que se tornam mais potentes do que os meios de defesa disponíveis.
Quando os termos "psicótico" e "neurótico" são colocados após avaliação econômica profunda, e não
somente em função de sintomas ou sinais de superfície, podemos dizer que esta denominação seria estrutural,
uma vez que se refere à estrutura autêntica do paciente. (1932) - FREUD — "Novas Conferências" — utiliza
a imagem de cristal para mostrar que a ruptura, em caso de queda, se dará em função das linhas de clivagem,
constituídas como marcas no próprio processo de formação do cristal. Este arranjo é imutável.
A estrutura psíquica e/ ou de caráter também se constituirá pouco a pouco, a partir do nascimento,
em função dos vários fatores, sendo um dos mais importantes, dentre eles, a relação afetiva (frustrações,
conflitos, traumas e defesas organizadas pelo Ego) em uma estrutura cristalizada, que já trará em si a
definição das linhas de clivagem originais, que também não poderão ser modificadas e que irão direcionar o
tipo e a forma da crise ou surto no caso de "queda".
Todo sujeito possui uma organização estrutural que marca suas tendências e formas de
funcionamento e relação, não implicando em doença necessariamente. O cristal permanecerá intacto se as
exigências interiores e exteriores puderem ser substituídas por suas defesas.
Se o cristal se quebrar, isto acontecerá nas linhas de clivagem marcadas anteriormente e assim, o
indivíduo que possui uma estrutura neurótica só desenvolverá uma neurose, o mesmo acontecendo em
relação às psicoses.
Assim como o critério de doença, o de saúde também está baseado na questão estrutural. Podemos
então dizer, que um indivíduo está bem compensado enquanto estrutura neurótica ou psicótica, não havendo
possibilidades de se passar de uma forma para outra.
NEUROSE E PSICOSE — ESTRUTURA x DEFESA.
1— NEUROSE E PSICOSE — Estruturas verdadeiras — isto implica verdadeiramente em uma
impossibilidade de passar de uma estrutura para outra, a partir de formas de organização diferentes, mais
evoluídas ou mais regredidas.
2— ESTRUTURA NEURÓTICA — A marca central é edípica e genital, em torno da qual se organiza o Ego
— processo secundário conserva um papel eficaz e respeita a noção de realidade.
3— ESTRUTURA PSICÓTICA — A libido narcísica domina e o processo primário conduz o
funcionamento com sua característica imperiosa, imediata e automática; o objeto é desinvestido e surgem
várias defesas arcaicas extremamente dispendiosas para o Ego.
4— ESTRUTURAS LIMITES/ INTERMEDIÁRIAS/ FRONTEIRIÇAS OU BODERLINES — Estados
caracterizados por situação nosológica3 próxima de uma ou de outra das duas grandes estruturas estáveis,
mas que permanecem como entidades específicas que não podem passar para uma ou outra forma das
estruturas verdadeiras. Na psicopatologia são considerados como casos crônicos4, que só possuem um
prognóstico mais favorável, na medida em que se aproximam da neurose.
1
Psicose. [De psic(o)- + -ose.]. S. f. 1. Med. Designação comum às doenças mentais; psicopatia. 2. Fig. Idéia fixa;
obsessão. Psicose maníaco-depressiva. Psiq. Psicopatia que se manifesta por acessos , que se alternam, de excitação
psíquica e de depressão psíquica; mania.
2
Neurose: [De neur(o)- + -ose.]. S. f. Psiq. Perturbação mental que não compromete as funções essenciais da
personalidade e em que o indivíduo mantém penosa consciência de seu estado; nevrose.
3
Nosologia [De noso- + -log(o)- + -ia.] S. f. Med. Estudo das moléstias.
4
Crônico. [Do gr. cronikós, pelo lat. chronicu.] Adj. 1. Relativo a tempo. 2. Que dura há muito. 3. Fig. Persistente;
entranhado, inveterado. 4. Patol. Diz-se das doenças de longa duração, por oposição às de manifestação aguda.
3
A ESTRUTURA DE CARÁTER
1— Fases discriminatórias: Oral - eu e o mundo. Anal - eu e o outro. Fálica - homem e mulher. Édipo criança e adulto.
2— Formação das Estruturas de Caráter:
Traumatismos psíquicos ocorridos até os 5 anos de idade (1ª infância) — a couraça se produz devido
as adaptações às gratificações possíveis, a partir das possibilidades de relação.
O que determina o caráter principal é a primeira forma de resistência que o sujeito apresenta e não a
mais freqüente.
RELAÇÃO ENTRE CARÁTER5 E POSTURA CORPORAL
Caráter e postura corporal- expressão unificada de um mesmo metabolismo energético básico.
Tensão se cria para impedir a expressão.
Tornam-se crônicas.
Gera couraça.
Determinam a forma como vivemos (padrão tensional).
jeitão.
Caráter:
posição de defesa.
não é rótulo.
Caráter- fenômeno do ego. Aparece para dar sentido à vida e criar a identidade. Não é a soma das
características da pessoa mas, um padrão de comportamento coerente, o qual promoveu sobrevivência na
situação familiar.
Ego- 1 ano a 1 ano e meio- linguagem "não".
Estruturação estabilizada- 3 a 6 anos (Complexo de Édipo).
Bom = fazer o que é esperado. Evitar o mal.
Mais alguns detalhes:
Ego: [Do lat. ego.]. S. m. O eu de qualquer indivíduo. [Opõe-se a álter.]. Psican. A parte mais superficial do
id, a qual, modificada, por influência direta do mundo exterior, por meio dos sentidos, e, em conseqüência,
tornada consciente, tem por funções a comprovação da realidade e a aceitação, mediante seleção e controle,
de parte dos desejos e exigências procedentes dos impulsos que emanam do id.
Superego: [De super + ego.] S. m. 1. Psic. Instância da personalidade formadora de ideais, e que age
inconscientemente sobre o ego contra as pulsões suscetíveis de provocar sentimento de culpa. 2. Fam.
Exemplo, modelo de alguém.
Id: [Do lat. id, 'isso'.]. S. m. Psican. A parte mais profunda da psique, receptáculo dos impulsos instintivos,
dominados pelo princípio do prazer e pelo desejo impulsivo.
Inconsciente: [De in-+ consciente.]. O conjunto dos processos e fatos psíquicos que atuam sobre a conduta
do indivíduo, mas escapam ao âmbito da consciência e não podem a esta ser trazidos por nenhum esforço da
vontade ou da memória, aflorando, entretanto, nos sonhos, nos atos falhos, nos estados neuróticos ou
psicóticos, i. e., quando a consciência não está vigilante. Inconsciente coletivo. Parte do inconsciente
individual que procede da experiência ancestral e transparece em certos símbolos encontrados nas lendas e
mitologias antigas, constituindo os arquétipos6.
5
Caráter é o conjunto das defesas narcisicas do ego.
Arquétipo. [Do gr. archétypon.]. S. m. 1. Modelo de seres criados. 2. Padrão, exemplar, modelo, protótipo. 3. Psicol.
Segundo C. G. Jung, psicólogo e psicanalista suíço (1875-1961), imagens psíquicas do inconsciente coletivo que são
patrimônio comum a toda a humanidade.
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4
A blindagem muscular está ordenada em segmentos. Para Reich, são sete segmentos:
OCULAR
ORAL
CERVICAL
TORÁCICO
DIAFRAGMÁTICO
ABDOMINAL
PÉLVICO
OBS.: Estes segmentos são como anéis, circularmente, à frente, dos dois lados e atrás.
1º SEGMENTO: OCULAR
Está relacionado com o contato: inclui a visão, a olfação e a audição. Região da testa e do molar.
COURAÇA: contração e/ou imobilização da maior parte ou de todos os músculos ao redor dos olhos,
pálpebra, testa e glândulas lacrimais, músculos profundos na base do occipital, envolvendo, portanto, o
próprio cérebro, dificuldade de arregalar os olhos, testa imóvel (achatada) pálpebras imobilizadas, parte dos
lados do nariz lisa e cerosa.
O ESQUIZOFRÊNICO: olhar vazio — consegue enxergar com lucidez, mas por trás de sua concha.
O esquizo: enxerga, mas não vê;
O neurótico: vê, mas não enxerga;
O voyerista: vê sem ser visto.
SINAIS E SINTOMAS:
dores de cabeça freqüentes (occipitais), como uma faixa prendendo a cabeça na altura dos olhos. Estas dores
são produzidas pela atitude crônica de contração.
Tonturas: sintoma produzido por couraça insuficiente, que permite o movimento de mais energia do
que pode ser tolerado.
O bloqueio do primeiro segmento — OCULAR — está ligado inicialmente à reação do recémnascido contra a atmosfera de rejeição e destrutividade que encontra ao nascer:
problema no desenvolvimento psico-afetivo;
bloqueio total — psicose dissociativa
bloqueio parcial — núcleo psicótico.
2º SEGMENTO: ORAL
Composto dos músculos que controlam o queixo, o músculo anular da boca e os músculos do
occipital. Este conjunto forma uma unidade funcional tal que, a dissolução de um setor da couraça afeta todo
o resto. Ex.: dissolução da couraça dos masseteres; clonismo dos lábios e queixo; liberação das emoções
naturais desta área — choro e desejo de sucção.
SINAIS E SINTOMAS:
Risinho sem sentido, sorriso sarcástico, depreciativo contorcer dos lábios, sorriso timidamente
amistoso, boca com expressões: triste, severa ou cruel; queixo frouxo, achatado, pálido e sem vida ou
proeminente, retendo o choro; queixo tenso, uma voz monótona e contida, garganta contraída: voz fina e
respiração rascante, boca seca (ansiedade), ou salivação intensa (necessidades orais insatisfeitas); problemas
na fala: verborréia, fala contida ou fala intermitente; rosto deprimido ou artificialmente brilhante onde as
maçãs do rosto são tensas, ou rosto com expressão de máscara, que com a rigidez contém o choro.
3º SEGMENTO: CERVICAL
Compreende
principalmente
esternocleidomastóideos).
a
musculatura
profunda
do
pescoço
(plastima
e
FUNÇÃO EMOCIONAL: contração espasmódica deste segmento está ligado à língua, pois a musculatura da
língua liga-se ao sistema do osso cervical.
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SINAIS E SINTOMAS:
Engolir freqüentemente, mudar a voz, respirar com dificuldade, bolo na garganta, sufocação.
4º SEGMENTO: TORÁCICO
Este segmento está dividido em duas partes:
ALTO TÓRAX — relacionado com o segmento do pescoço, devido sua ligação muscular com o mesmo;
BAIXO TÓRAX — ligado diretamente ao segmento diafragmático.
É composto dos ombros e braços, órgãos supra diafragmáticos, pulmões, coração, costelas, veias e
artérias, esôfago e todo o aparelho respiratório.
Este segmento está relacionado com a potencialidade afetiva, a circulação das emoções, a
criatividade e o amor.
Todo o aparelho respiratório está relacionado com a autonomia do organismo. O ser humano, ao
nascer, se torna autônomo, a partir da primeira respiração — está diretamente ligado ao vir a ser, tornar-se.
São órgãos de trocas do meio interno e externo em contínua atividade. A respiração é uma forma de
comunicação.
Todas as doenças do aparelho respiratório e circulatório estão ligadas, de alguma forma, a este
segmento, bem como os sentimentos de ansiedade, raiva ou medo, desamparo, abandono, angústia de morte
e ressentimento.
SINAIS E SINTOMAS:
Falta de movimento do tórax durante a respiração, peito afundado ou inflado (peito de pombo),
respiração ofegante do retroesternal, fadiga, palpitação, respiração irregular, sensação de frio ou calor nas
extremidades, dor inspiratória, tosse seca, dispnéia, nefropatia.
5º SEGMENTO: DIAFRAGMA
O diafragma é um músculo de forma abobadada, de concavidade inferior. Ele se compõe de uma
parte muscular que se insere sobre o contorno do tórax e sobre a coluna e de uma parte tendiosa e central
(centro fênico) aonde chegam os nervos frênicos que lhe dão mobilidade.
das vértebras
PARTE MUSCULAR das costas
do esterno
Apresenta orifícios para a passagem da aorta, do esôfago e da veia cava inferior.
Passam por ele as fibras simpáticas, os nervos esplênicos, a raiz das veias ázigos (onde circula a
linfa) e a artéria mamária interna.
Esse músculo inicia sua função na passagem da vida fetal para a vida extra-uterina. Ele age como um
bombeamento para a respiração, a circulação e a digestão e intervém na fonação. Relaciona-se com os
músculos espinhais, escapulares e da nuca.
A função emocional ligada ao funcionamento do diafragma é a ansiedade (temor frente a um perigo
ou à possibilidade de punição); relaciona-se a vários outros segmentos.
Coloca-se entre as partes superiores (tidas como nobres socialmente) e as partes inferiores (ditas
"instintivas" e consideradas vil). Assim, o diafragma se transforma numa barreira entre as duas partes do
corpo, em vez de um traço de união entre elas.
No diafragma se encontra toda hostilidade face a educadores repressivos, e aí aparece a compulsão
por repetir, na esperança de enfim o prazer.
Os bloqueios deste segmento relacionam-se ao medo frente à ameaça da retirada do amor; ansiedade
e culpa; conflito entre ego ideal e ideal de ego.
SINAIS E SINTOMAS:
Doenças do aparelho digestivo, distúrbios gastrointestinais, cefaléias, doenças hepatobiliares,
sobrecarga no alto do corpo (agitação) e falta de circulação nos genitais (homossexualidade latente)
ejaculação precoce ou retardada, neurose de angústia.
Traços de caráter masoquista (medo de ser punido, tendência a lamúrias e de colocar-se como vítima,
estar pronto a sacrificar-se).
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Traços de caráter oral (recusa à dependência afetiva). Peso no estômago, tensão nas costas e na
bexiga, vômitos, crises de transpiração exagerada, alteração brusca de pressão arterial, taquicardia, etc.
6º SEGMENTO: ABDOMINAL
Compreende-se dos músculos abdominais (oblíquos, grandes retos transversos), os músculos das
costas lombares e laterais do tronco.
Também temos parte do aparelho digestivo (intestinos) e urinário (rins — órgãos de filtragem).
Encontra-se aí a importante ligação funcional entre a oralidade e o diafragma.
Relaciona-se com a função excretora e está ligada à sensação de possuir e à tendência de dar ou reter.
A "educação" dos esfíncteres e seus aspectos psicológicos estão diretamente correlacionados com os
bloqueios energéticos deste segmento (fase anal — traços obsessivos).
SINAIS E SINTOMAS:
Traços de oralidade (necessidade de afeto, desejo de ser apreciado, de ter alguém para lhe cuidar e
nutrir); impossibilidade de tolerar o estado de dependência e inatividade; desejo de nada mudar; relação
simbiótica com a mãe (que é fria, rígida e moralista); preocupação com os odores do corpo e da casa;
hipossexualidade, considerando a sexualidade como algo sujo, vulgar, busca relação paterna com o parceiro;
constipação, diarréia crônica, colite, doenças dos rins, enureses noturnas, apendicites, barriga muito
"chupada", flácida, sem tônus, sem energia.
7º SEGMENTO: PÉLVICO
Sétimo e último segmento; retraimento da pelve, músculos acima da sínfise, adutores da coxa, esfíncter anal
e todo assoalho pélvico; pelve rígida, imóvel e assexual, sem sensações e excitações.
SINAIS E SINTOMAS:
constipação; cistos ovarianos; tumores; irritabilidade nos rins; irritação da uretra; anestesia vaginal ou
peniana.
POUCA ENERGIA
impotência HOMEM
ejaculação precoce
anestesia MULHER
vaginismo
Este segmento contém raiva e ansiedade.
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TIPOS BÁSICOS DE CARÁTER
CARÁTER ESQUIZOIDE7
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Por volta de 0 a 6 meses - (fixação muito primitiva).
"Criativo"
Sofreu rejeição.
Negado o "direito de existir".
Padrão muscular: manter-se unido para ficar inteiro (não cair aos pedaços).
Sistema energético: variável, cindido, fragmentado.
Medo: de quebrar-se aos pedaços (fragmentação).
Ameaça: de aniquilação (fúria assassina).
Ilusão:
"Sou especial".
"Minha mente é tudo que importa".
Atitude básica: falta de contato e retraimento.
Áreas de bloqueio: olhos, base do crânio, diafragma, articulações.
É igual a CARÊNCIAS.
Não recebeu suprimento necessário para a vida.
Cortes expressivos relacionados com a gravidade (cortes oblíquos).
Dificuldade de contato.
Distribuição das tensões nas articulações.
Fica aberto e desliga.
Físico: esquisitice (algo bizarro).
Foge da excitação, a não ser que o contato se dê a nível intelectual.
Não separa o estranho do familiar.
Precisa de terapia e não quer fazer terapia.
Provoca no terapeuta a ambição de alcançar resultados rápidos.
Refugia-se no intelectual.
Resultados rápidos se tenta alcançar forçando de tal maneira que se reproduzem as condições que
contribuíram a esquizoidia.
Ruptura com o familiar. Vive numa perpétua estranheza.
Tipo: comprido.
Vai indo, não se protege.
Vida afetiva pobre e vida intelectual rica. São os grandes desligados - pois não podem nem abrir e nem
fechar.
ESQUIZOIDIA: ESTADO CONFUSIONAL COMPLETO.
CARACTERÍSTICAS E SINTOMAS:
O caráter esquizóide estará enfrentando a vida com um centro vital sensível e energético, e com centro motor
contraído e aleijado. Assim, posto que não pode confiar no seu sistema motor, depende de uma sensibilidade
exacerbada para evitar o perigo e alcançar êxito no mundo material. Fragmentação esquizóide — separação
do corpo com a cabeça, cisão do corpo em dois, a partir do diafragma; desunião entre tronco e pelve e
dissociação das extremidades — a cisão da cabeça é a base bioenergética da cisão entre percepção e
excitação. Funciona por uma necessidade de sobrevivência, sem a convicção interna de que seus valores são
reais. Falta controle sobre suas reações; responde imediata e diretamente à afeição e paralisa-se numa
situação negativa. É típico o sentimento e sensações dissociados; e o movimento é inexpressivo. Sensação de
si mesmo enquanto realidade material fraca X grande capacidade e sensações espirituais — se percebe
enquanto pessoa espiritualizada. Ego fraco.
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Esquizóide [De esquiz(o)-2 + -óide.] Adj. Que ou aquele que sofre de esquizoidia: [De esquizóide + -ia.] S. f. Psiq.
Constituição mental em que se observa tendência à solidão, autismo, devaneio, má adaptação às realidades exteriores.
8
Corpo frágil. Seus movimentos são mecânicos e impotentes. Tensões musculares profundas e
isoladas, nenhuma rigidez generalizada. Respiração: barriga chupada na inspiração; barriga estufada na
expiração. Diafragma contraído e suspenso, nível respiratório baixo — redução de sensação e estímulo.
Possui sensação de onipotência (que não foi posta em cheque com a realidade) quando assume uma atitude
de determinação, porém, esta atitude é de pouca duração. Há uma tensão original pela tentativa de contato —
gera ruptura. É repleto de ansiedade e vive num mundo repleto de distorções.
GÊNESE:
O caráter esquizóide tem sua origem antes do nascimento. É conseqüência da falta de relação (troca
afetiva) entre a mãe (que possui o útero congelado) e o feto. Há um ódio (inconsciente) pelo feto,
congelando-o e impossibilitando qualquer contato de afeto ou amor (sentimentos calorosos) com o mesmo. O
útero congelado produz um frio imobilizador.
Após o nascimento, o ambiente (caloroso ou não) pode favorecer um derretimento de certas áreas,
amenizando ou não as características esquizóides. Núcleo esquizóide — Principais características: terror
profundo; medo da perseguição e da violência física; terror da morte.
RESISTÊNCIA:
Faltar/ sumir, parcial ou integralmente, silêncio ou falta concreta, possibilitando um corte no contato.
Contatos a nível pré-verbal, tornando a simbolização impossível. Os trabalhos são muito lentos e existem
períodos de desligamento.
FUNCIONAMENTO:
Vínculo com o exterior pobre em termos de relação. Vínculo com o interior intenso / criativo e
ininteligível — é cindido e repete a cisão nos cortes e ausências nas relações; capaz de períodos longos de
isolamento e cóleras violentas.
RELAÇÃO:
Vítima de violentação mais intensa e precoce que o obsessivo. Pais limitadores, inclusive em relação
ao contato afetivo — ansiedade paranóide / desconfia do objeto externo — é impermeável aos estímulos
externos, desafetividade, indiferença.
CARÁTER ORAL8
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Por volta dos 6 a 12 meses.
"Comunicador".
Sofreu privação.
Negado o direito de "estar seguro".
Padrão muscular: agarrar-se a alguém ou alguma coisa.
Medo: de ficar para trás, do abandono, de não ter suporte, de ficar em pé sozinho.
Sistema energético: geralmente fraco (fadiga, exaustão).
Ameaça: de abandono (raiva destrutiva).
Ilusão- "Eu posso fazer tudo sozinho".
Atitude básica: agarrar-se a alguém, dependente.
Áreas de bloqueio: queixo, boca, fraqueza muscular generalizada, alongado e constrito.
A fome é uma construção. Reflexo de sucção < fome > Dor de estômago
A fome é a síntese entre o reflexo de sucção e a dor do estômago.
Ficou parado no reflexo de sucção. O paraíso é estar mamando.
O que gosta é de ganhar. Não fez a fome. O mais importante e ganhar.
Frio, triste, pequeno, vazio (ele como vazio e o outro como pleno).
Ele não pode ter nada.
CARACTERÍSTICAS E SINTOMAS:
É o tipo de pessoa inadequada. Falta-lhe ímpeto, agressividade vital e energia para lutar por suas
necessidades. "O mundo deve supri-lo". Apoia-se emocionalmente e economicamente nos outros, grudam
8
Oral. [Do lat. os, oris, 'boca', + -al.].
9
nas pessoas, sugam, estão sempre em débito ou devendo. Dependentes dos pais até tarde. São sensíveis e
magoam-se facilmente. Precisam de elogios e apoio — adoram falar de si mesmos de maneira favorável.
Esperam ser compreendidos e amados, sem esforço de sua parte. Afirmam ter qualidades que jamais
demonstram. Possuem uma imagem egóica exagerada — ego inflado, porém em períodos de depressão,
predominam os sentimentos de desamparo e desesperança (altos e baixos). Falta-lhe a força de vontade,
experenciam constante descontentamento. Hostilidade geralmente impotente. Cansam-se rapidamente
quando numa atividade contínua. Falta-lhe força (energia) — pressão arterial baixa, metabolismo basal9
baixo. Peito murcho, abdomem sem vitalidade, revela-se macio e vazio ao tato. O controle de seus
movimentos é pobre e a coordenação inadequada. Fraqueza nas pernas, compensada por "encontro dos
joelhos". Ansiedade de cair. Anel de tensão ao redor da cintura escapular e na base do pescoço; músculos
longitudinais das costas tensos ao nível das escápulas, diafragma e sacro. Sistema muscular fraco — devido à
necessidade de afeto, o caráter oral não pode ter armaduras (flacidez hipotônica). Genitalidade fraca — usa o
sexo para manter contato, receber afeto.
ORALIDADE: CARGA GENITALIDADE - DESCARGA: Não apresenta orgasmo, porém não há frigidez.
Falta força do impulso motor para a descarga.
GÊNESE:
Falta severa de apoio materno inicial — ausência de contato físico e de afeto com a mãe. Desenvolve
o caráter oral quando a necessidade de ter a mãe é reprimida antes que as satisfações básicas (orais) sejam
satisfeitas.
CONFLITO — necessidade versus medo do desapontamento.
A criança busca heroicamente uma independência, mas com sucesso parcial, torna-se inadequada,
ineficiente, pois não possui os requisitos para isso.
Atinge o estágio fálico com forte fixação oral. Assim, o falo se identifica com o seio (identificação
com a mãe). Necessidade tensa de sugar.
RESISTÊNCIA:
Age no sentido de continuar a receber — coloca o terapeuta continuamente na posição de doador —
voracidade — falha de uma associação — existe um cruzamento nos dois princípios do funcionamento
psíquico:
Sucção — representante do princípio do prazer Fusão
Fome/ satisfação — representante do princípio da realidade
Ausência da fusão anterior = voracidade — o sujeito necessita de suprimento contínuo e
interminável — sente-se explorado e projeta — torna-se uma boca vazia, sozinha, dissociada do estômago —
o bom é estar mamando.
FUNCIONAMENTO:
Muda o humor com muita facilidade — dificuldade de organizar a experiência — depende afetiva e
financeiramente.
COMO AJUDAR:
1. Interpretação sistemática da voracidade do oral (o que você fez com o que lhe dei).
2. Amamentação: valorizar o mais possível o que ele tem e o que consegue.
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Basal. 1. Relativo a base. V. metabolismo.
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CARÁTER PSICOPATA
(Negação dos sentimentos)
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Por volta dos 18 meses aos 2 anos.
"Inspirador".
Sofreu sedução e/ou tirania.
Negado o direito de ser livre.
Padrão muscular: manter-se para cima.
Sistema energético: alto na parte superior do corpo. Bloqueado, retido na parte inferior.
Medo: de perder o controle, de cair.
Ameaça: de dependência e necessidade (impulso de espancar quem o usa).
Ilusão:
"Eu sei tudo".
"É tudo uma questão de querer".
"Eu sou o melhor".
Atitude básica: "controlar", "manipular" - para viver (para comer).
Áreas de bloqueio: bloqueio na cabeça (sobrecarga), peito inflado, ombros e diafragma.
Ele não estranha, faz os outros estranharem.
A família não podia ter essa criança.
Ele (a criança) sustenta a família.
Psicopatiza para sustentar.
Ele se sente sempre prejudicado e logrado. Foi logrado nas necessidades de criança. Chamaram uma
criança e trataram um adulto.
Modo de ação: ele promete o céu. Ele promete muito (ex.: queijo) e recebe pouco (ex.: cerveja) e é disso
que ele vive.
Patologia saltadora: cultiva vários meios. Quando um aperta salta para outro. Tem vários grupos como se
fossem o grupo dele, mas tem cinco.
Pura exterioridade → puro engodo.
Ele lhe deixa inquieto o tempo todo.
Cria um clima de fascínio e terror.
É só parede. Não tem o interno. Só empurra, não tem fluxo.
Vive no mais puro utilitarismo.
É parasita.
Não vive no tempo. Só vive o agora.
Não tem objetivo.
Não tem escrúpulos.
Ele não sente.
Ele planeja (calcula).
É cérebro e boca.
CARACTERÍSTICAS E SINTOMAS:
Necessidade de controlar — medo de ser controlado — para ele significa ser usado. Tem que ser sempre o
vencedor — perder significa ser vítima. Sedutor — desempenho próprio e conquista. Negação dos
sentimentos — negação das necessidades. A couraça serve ao aprisionamento dos sentimentos,
principalmente os sexuais. Acúmulo da energia na própria imagem. Motivação pelo poder e necessidade de
dominar e controlar, oprimindo e atormentando o outro — tirano versus vítima. Aproximação sedutora.
Capturar Bioenergeticamente — tipo tirano — energia em direção à cabeça (ascendente) com redução da
carga na parte inferior — desproporção: parte superior versus parte inferior — constrição ao nível do
diafragma (impede que a energia desça). Impressão de que está cheio de ar — ego cheio. Estrutura presa no
topo. Tipo sedutor — debilitador — aparência mais triangular. Costas hiperflexíveis. Carga desconectada da
emoção. Tensões na base do crânio e segmento oral (inibição do impulso de sucção).
GÊNESE:
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PAI (MÃE) extremamente sedutor (necessidade narcisista do mesmo) — objetivo de vincular a
criança ao mesmo, porém, rejeita a criança a nível de suas necessidades básicas: apoio e contato físico; traço
oral.
É formado um triângulo, onde a criança está em posição de desafio frente ao pai do mesmo sexo.
Cria-se uma barreira à identificação necessária, aprofundando ainda mais a identificação com o pai sedutor.
Impossibilidade de busca de contato e posição de extrema vulnerabilidade.
RESISTÊNCIA:
Manipulação — encara a relação como uma "jogada", mas não estabelece o vínculo afetivo e, por
isso, manipula a situação terapêutica.
FUNCIONAMENTO:
A incapacidade funcional de depressão, pois o desnível do desenvolvimento é sério demais para ser
vivido — assume quando desenvolvido e nega o resto — superego extremamente severo que é "desligado" e
passa a não funcionar — corporalmente, este desnível se apresenta enquanto assimetria corporal — difícil de
ser atendido, pois não se deprime, uma vez que a depressão seria forte demais. Ele prefere a fuga.
RELAÇÃO:
Criança lograda, que adquiriu uma desconfiança feroz; não enlouquecem, mas fazem os outros
enlouquecerem; não deixam prever onde vão atuar; provocam pena, ódio ou fascínio; suportam bem o álcool
e as drogas; misturam os vínculos; não diferenciam a qualidade do objeto (bons, maus, etc.).
O QUE FAZER:
1. Contrato: fechar com parafuso. Rígido é pouco.
2. Eliminar promessas. O centro da resistência é a promessa.
C A R Á T E R M A S O Q U I S T A 10
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Por volta dos 2 aos 3 anos.
"Solidificador".
Sofreu humilhação.
Negado o direito de ser independente.
Padrão muscular: reter, segurar dentro.
Sistema energético: alto no tronco.
Medo: de cair no fundo, sufocação, ser esmagado, culpa e vergonha dos próprios desejos.
Ameaça: de ser esmagado (esmagar os outros).
Atitude básica: "Eu não faço" (teimosia).
Ilusão: "Eu estou tentando agradar você".
Áreas de bloqueio: ombros, garganta, soalho pélvico, tensão muscular nos flexores.
Exibicionismo fálico abandonado a favor do comportamento masoquista.
Chega ao consultório e se queixa com todos os detalhes. Infelicidade em pessoa.
Se apresenta decomposto.
Tem sempre o nº da roupa errado.
Caráter anal. Vive na merda e escorregando.
Sim, mas...
Angustia de castração.
A queixa é para ter a permissão de tomar a iniciativa.
Não se deve dar nenhuma sugestão para o masoquista.
O pedido de sugestão é uma tentativa de agradar a mãe dominadora.
CARACTERÍSTICAS E SINTOMAS:
Sensação crônica de sofrimento interior acompanhado de queixumes para fora — vivência de um estado de
tensão sem poder se libertar- exibicionismo de forma disfarçada. Tendência para torturar os outros — alivia
10
Masoquista. Adj. 2 g. 1. Relativo ao, ou próprio do masoquismo: 2. Que é dado à prática do masoquismo. 3. P. ext.
Que se deleita com o próprio sofrimento. S. 2 g. 4. Indivíduo masoquista.
12
tensão por meio da raiva impelida aos outros (produz a agressão) atacando-se de fora para dentro.
Comportamento desajeitado — física e socialmente desengonçado. Sente-se estúpido e feio (tensão na psique
e genitais), espasticidade11 peculiar. Ordem e contra-ordem deixa-o atolado num lamaçal. É o mais
desamparado e imobilizado dos tipos de caráter.
empurra:
Natureza da couraça (pára)
Tendência para magoar-se e depreciar-se — necessidade crônica (defesa contra o exibicionismo crônico).
Medo de ser deixado só ou abandonado — necessidade excessiva de amor - precisa do outro para expandirse. Pele fria, necessita de calor externo. Inclinação para machucar-se (calor periférico). Conduta sexual —
descarga com baixa excitação (empurra-pára), genitais funcionam a nível anal.
GÊNESE:
Conflito entre desejo sexual e o medo da punição.
Atitude espástica, tanto psíquica, quanto genital, inibindo toda a sensação de prazer.
Sensação de sofrimento é criada principalmente pelos comportamentos conflitantes entre pai e mãe.
MÃE — super atenção e controle quanto à função excretora porém, com ausência de repressão. Educação e
encorajamento com grande ênfase — fixação na função excretora e proximidade com a mãe.
PAI — atitude oposta — violência e surras (medo em sujar as calças).
MÃE — elogia e solicita — fixação anal
PAI — castigo — medo anal.
Depende de obter permissão — não consegue obter satisfação por si só, sem o medo de ser punido.
Atinge o estágio fálico somente a nível exibicionista.
MÃE — torna-se punitiva.
Exibição — anal — encorajada
fálica — reprimida (ameaça de castração). Tensão crônica — “Você é que tem que me proporcionar
alívio; eu não consigo”.
Sofrimento real, objetivo e não desejado subjetivamente. Auto-degradação — mecanismo de
proteção contra a castração.
Toda sensação de prazer, após atingir certo nível de intensidade, é percebido como ameaça (medo da
punição).
A sensação é então inibida e transformada em desprazer e dor (sofrimento).
Intolerância à expansão e ao movimento - impossibilidade e descarga — ação do outro.
RESISTÊNCIAS:
Lamúria — entra se queixando — iniciativa vedada — não consegue transformar o desconforto em
ação — exibicionista, pois exibe a castração evitada pela dor — portanto, os rituais de sacrifício são exemplo
do processo masoquista — evita a dor maior da castração pela dor menor destes rituais — figura irritante e
hilariante.
FUNCIONAMENTO:
Lamentação constante e ação desastrosa pois falta defesa discriminatória — agitado, porém o
movimento não significa ação, pois é circular, está preso à lamúria.
RELAÇÃO:
Pai brutal ou mãe dominadora e pai frágil diante do bloqueio materno — esta é a marca da estrutura
perversa.
11
Espasmo: [Do gr. spasmós, pelo lat. spasmu. ] S. m. Med. Contração súbita, de duração variável, de musculatura lisa
ou estriada, acompanhada de dor e prejuízo funcional, podendo haver distorção e movimentação involuntária. [Cf.
convulsão.
13
CARÁTER PASSIVO FEMININO
Desvia seus impulsos genitais com a entrega passiva.
Acordos e contratos (será que você poderia; somos todos...).
Tenta o acordo pelos pequenos favores.
vai envolvendo, tipo aranha.
Divide a humanidade entre civilizados e selvagens.
Tipos: intermediários: passivo de explosão periódica. De tempos em templos tem descarga, tudo junto,
indiscriminadamente: “ não deixe sua mãe nervosa!”. Encrenqueiro: encrenca para ser reprimido.
• Mãe dizia: deixa que faço, você vai se machucar...
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CARACTERÍSTICAS E SINTOMAS:
Sempre muito amigável e humilde, servil, pessoa passiva, educada, franca e modesta.
Suave e delicada, obsequiosa e incapaz. Voz suave, com tonalidade feminina. Formas arredondadas, também
femininas. É teimoso, despeitado e manhoso (internamente procura não demonstrar). Cheio de desprezo,
vicioso embaixo da superfície — abriga uma víbora dentro de si. Necessidade de receber bons tratos; não se
entrega e odeia as mulheres (idéia de mulher submissa).
Identificação anal erótica com a mãe, é atraído pela sexualidade feminina.
Homossexualidade passiva (felação12 e relação anal).
GÊNESE:
Atinge o nível fálico, mas é abruptamente detido pela mãe. A mãe não suporta a genitalidade.
Retoma a analidade defendendo-se das qualidades fálicas. Identifica-se com a mãe a um nível anal erótico.
Se a figura do pai for severa, identifica-se com ele a nível do superego — severo em relação a si
próprio, torna-se extremamente crítico, que se superpõe às características passivo-femininas, resultando em
sensação de inferioridade.
RESISTÊNCIA:
Tentativa de agradar ao terapeuta; concorda com todas as posições — não pode agredir — pode
sentir ódio, mas não pode agredir.
FUNCIONAMENTO:
Sabe o ódio que sente, mas não pode ser agressivo. É contra a agressividade; este é o compromisso
assumido com a mãe, o de não ser agressivo. Explosivos — coléricos — soltam a raiva de maneira
desastrosa e de modo a obter a desaprovação, e com isso perpetuar a sua forma de funcionar — difícil de ser
atendido, pois tem a aprovação dos que o rodeiam, pois seu lema é agradar.
COMO AJUDAR:
Terapia de caráter político: apoiar o enfrentamento da mãe.
ETIOLOGIA DA MULHER MASCULINO-AGRESSIVA
Como todas as estruturas rígidas, o trauma básico da mulher masculino-agressiva foi o retraimento, a
rejeição ou o abandono abrupto por parte do sexo oposto, neste caso o pai. A menininha teve muita troca de
sentimentos com seu pai, sexualizou algumas delas e foi descartada de repente. Até este ponto, ela tem os
mesmos precedentes que a mulher histérica descrita anteriormente. No entanto, no caso da mulher histérica,
a agressão e o ódio resultantes dessa situação foram reprimidos por uma mãe disciplinadora e pelo ambiente
social, enquanto no caso da mulher masculino-agressiva, a mãe era fraca, de modo que a repressão da
hostilidade (agressão, ódio, raiva, inflamação) foi muito menor e a expressão direta desta hostilidade muito
mais autorizada. A sexualidade foi reprimida, mas a agressão autorizada, em certa medida. A repressão total
dos sentimentos foi menor para a mulher masculino-agressiva do que para a histérica; a criança pode até ter
pensado que talvez conseguisse realizar a fantasia edípica - de qualquer maneira, ela realmente se tornou “a
mulherzinha” do lar. Ela era mais forte do que a mãe, mais agressiva, e se tornou a “preferida” (à medida em
que, provavelmente, a fraqueza da mãe levava a um relacionamento com seu marido). Ao fim ocorreram a
12
Felação: [Do lat. fellare, 'chupar, mamar'.] S. f. 1. Coito1 bucal.
14
repressão e a agressão, claro, mas nesse meio tempo a sexualidade se ancorou muito fortemente e precisou
ser reprimida de modo igualmente forte. Isto se mostra no corpo, nos quadris pesados, que apresentam uma
aparência quase “masoquista”. Esta formação “masoquista” é uma tentativa do organismo de diminuir os
impulsos sexuais e sentimentos que se originaram na vagina sobrecarregada, isolando a área
“sobrecarregada”, de fato, com gordura, outro modo também eficaz usado pelo corpo é criar graves
espasmos musculares ao redor da área ofendida, confinando a energia em músculos permanentemente
espásticos, isto conduz a uma sensibilidade e uma percepção diminuídas, protegendo efetivamente a
consciência de ter de lidar com impulsos indesejados. O desenvolvimento excessivo na pelve da mulher
masculino-agressiva é um exemplo típico deste fenômeno. Espasmos musculares muito profundos na pelve e
na área glútea são típicos da mulher masculino-agressiva. O espasmo é encoberto sob uma camada de
gordura e músculos flácidos, dando a impressão visual de uma maciez que, na verdade, encobre um
endurecimento profundamente oculto. Este quadro tem uma expressão direta no comportamento da pessoa a mulher masculino-agressiva é suave, sedutora e promissora na superfície. É dura, competitiva, exigente e
poderosa num nível mais profundo. Como foi dito, o peso ao redor da pelve é uma defesa contra os
sentimentos sexuais desenvolvidos durante sua interação com o pai. A mãe se manifesta no peito ou nas
pernas da paciente, em que a oralidade está sempre presente, em algum grau. A criança percebeu a mãe como
ineficaz, fraca, talvez ausente. E, aqui, devemos nos lembrar que se isto foi verdade ou não é algo realmente
irrelevante: era verdade na percepção subjetiva da realidade de nossa paciente durante seus estágios de
desenvolvimento e é, portanto, verdade para o indivíduo que vem se tratar conosco.
A estrutura é portanto cindida - pelve masoquista e/ou peito oral. As pernas serão masoquistas
(pesadas) ou orais (muito frágeis), dependendo do grau de dominância de cada um dos pais. Quanto maior o
componente oral, maior o grau de psicopatia, sempre presente neste tipo.
Mais tarde, a contenção da pelve se manifestará numa incapacidade de liberação orgástica enquanto,
ao mesmo tempo, a carga energética na vagina será tão excessiva que freqüentemente agirá sobre o pênis do
homem, conduzindo à ejaculação prematura e/ou perda da ereção. Isto não quer dizer que os “problemas” da
mulher são responsáveis pelos problemas do homem, mas antes que a energia excessiva da mulher pode
assustar um homem que já seja inseguro quanto à sua própria sexualidade. Um homem forte, bem definido,
que se sente seguro com relação à sua sexualidade não teria esse problema; pois, na minha opinião, é verdade
que cada indivíduo é totalmente responsável pela sua sexualidade.
A cabeça da mulher masculino-agressiva está sempre altamente carregada; essas são mulheres que
são intelectualmente ativas e criadoras. Ás vezes, elas apresentam distorções e enganos consideráveis de
percepção baseados no trauma primitivo, além de generalizações (“papai me rejeitou, portanto todos os
homens me rejeitarão”) que conduzem, freqüentemente, a atitudes paranóicas. Elas são chamadas
“teimosas”, na minha opinião com razão. São muito obstinadas (o que está associado ao seu componente
psicopático, claro) e muito bem sucedidas; competem bem no mundo masculino, tendo rosto muito bonitos,
fortes, olhos brilhantes, feições bem proporcionadas e atraentes. Há uma espécie de halo ao redor delas. São
mulheres “agradáveis”. Sublimaram parte de sua energia sexual e a usaram para ter sucesso social.
Num relacionamento sexual, a psicopatia destas mulheres torna-se exacerbada - ela se considera
vítima de seu parceiro, quando na realidade é ela que o vitima. Ela vê a si mesma como tendo sido “passada
para trás” pelo homem e o culpa por seus problemas. “Ele” não é sexualmente adequado, “ele” não é
atencioso, não é amoroso, cuidadoso, etc. É muito difícil para a mulher masculino-agressiva reconhecer o
princípio da auto responsabilidade. Pois isto significaria, num nível mais profundo, a plena aceitação de seus
desejos sexuais com relação à sua mãe. Esses dois sentimentos são reprimidos profundamente no nível
emocional e presos na estrutura física, como foi descrito previamente.
O trabalho físico com a mulher masculino-agressiva é muito recompensador pois, com a sua energia
extremamente alta, ela pode chegar a sentimentos profundos com bastante rapidez. Muitos sentimentos são
profundamente travados nos padrões de contenção ao redor da pelve, na tensão do peito e nas áreas de
contenção da vontade atrás do pescoço (externocleidomastóide e occipital - todo o “segmento ocular”, do
modo como foi definido por Reich). De fato, há muito trabalho físico por fazer; a função de “grounding”,
como foi descrita por Lowen, é habitualmente uma área problemática. O bloco pélvico maciço e as
deficiências confluentes nas pernas, quer sejam fraqueza oral ou contenção masoquista, são os agentes
causais que estão por trás desse quadro e é difícil para elas perceberem o chão sob seus pés. A teoria
bioenergética clássica afirma que quando uma pessoa não está “grounded”, existe uma dificuldade
simultânea de perceber a realidade. A mulher masculino-agressiva tenta compensar esta deficiência através
15
de uma atitude agressiva com relação ao mundo, que se expressa diretamente através de seu ego. Ela reforça
seu ego até o ponto em que ele se torna seu instrumento principal de contato com a realidade, de modo a
acionar a estrutura defensiva em qualquer situação na qual este contato seja desafiado. Dai o
desenvolvimento de tendências paranóicas, a atitude extremamente obstinada, a necessidade de criar sua
própria realidade, a grande dificuldade em ser receptiva e desenvolver um princípio de receptividade,
enquanto o princípio agressivo é superdesenvolvido. A necessidade de impor sua vontade, a receptividade
deficiente, a necessidade de produzir resultados - comum a todas as estruturas rígidas - e as fortes tendências
paranóicas são alguns dos problemas contratransferenciais que um terapeuta com este tipo de estrutura pode
encontrar. Como veremos nas interações, esses temas surgem repetidamente. Há, além disso, um outro tipo
de problema contratransferencial que merece atenção especial, cuja origem é o componente oral. Nossa
terapeuta precisa ser “alimentada”, “nutrida”. Esta oralidade se expressa fisicamente no peito e
psicologicamente como uma necessidade de gratificação narcísica do ego - a necessidade de ser “nutrida”. A
combinação da necessidade narcísica com um ego obstinado, forte, extrovertido, torna-se perigosa quando
uma terapeuta com esta estrutura se depara com um paciente que confronta a terapeuta autoritariamente,
entrando num relacionamento transferencial e, portanto, enfraquecendo a si mesmo. Pois a terapeuta pode
tender a fazer com que o paciente a nutra seduzindo-o ou manipulando-o.
A mulher masculino-agressiva é particularmente adepta da manipulação verbal (sofismo). Pois a
combinação da sua psicopatia com a atitude agressiva, extrovertida, cheia de iniciativa, além da necessidade
de estar certa e “fazer uma performance”, acrescentada à sua necessidade de “nutrição” (através da satisfação
do ego), faz com que suas necessidades sejam muito importantes e enormes os recursos disponíveis para
satisfazer essas necessidades. Ela é inteligente, brilhante, agressiva, extrovertida. Sua receptividade pode ser
deficiente, ela pode ter dificuldade em perceber claramente a realidade da outra pessoa, devido ao seu
próprio princípio receptivo deficiente. Ao tentar ganhar clareza, ela pode distorcer os dados de seus
pacientes, enquanto nem mesmo se da conta de que está fazendo isso. Sua atitude convincente pode
conduzir, às vezes, à aceitação de sua autoridade, mesmo que o paciente não acredite realmente naquilo que
ela diz, pois é mais fácil aceitar do que enfrentar ou se confrontar com essa figura de autoridade muito forte.
A mulher masculino-agressiva precisa controlar a se sentir que seu paciente desafia esta necessidade
através de quaisquer meios, ela usará os recursos è sua disposição para reagir e recuperar novamente
controle, que ela credita ser indispensável. Ela pode tender, em especial, a transformar uma abordagem
terapêutica saudavelmente diretiva em controle completo, que pode conduzir à submissão.
O leitor pode inferir, a partir do que foi acima descrito, que a mulher masculino-agressiva é uma
criatura monstruosa, a ser evitada a todo custo. Trata-se bem do contrário, claro, pois quando uma mulher
masculino-agressiva resolve na sua própria terapia alguns dos problemas típicos de sua estrutura ela pode ser
brilhante, enérgica, clara e amorosa. Ela tem sentimentos e energia em abundância. Tem um coração
caloroso, uma compreensão profunda e facilidade para se expressar. A correção de suas distorções e
incompreensões iniciais conduz à clareza e á acuidade perspectiva. O equilíbrio de seus princípios ativos e
receptivos conduz à honestidade, diretividade e confiança. A liberação de sua sexualidade bloqueada conduz
a uma avaliação completa da importância do prazer e dos recursos para se chegar a ele. Soltar a necessidade
de controle e a paranóia conduz a uma fé profunda no processo do seu paciente. Como sempre, a resolução
de estrutura de caráter e das defesas conduz ao florescimento do coração e da mente. Necessário se faz
lembrar ao leitor que a ênfase deste trabalho é a descrição das defesas do modo como se expressam
caracterologicamente. Não é uma descrição do ser maravilhoso que reside dentro dessas defesas, no coração
do homem ou da mulher, no centro da humanidade.
16
CARÁTER RÍGIDO
• Rígido
Fálico- narcisista.
Histérica.
• "Realizador".
• Por volta dos 3 aos 5 anos.
• Sofreu frustração.
• Negado o direito de ter satisfação.
• Padrão muscular: manter-se para trás.
• Sistema energético: alto.
• Medo: de cair para frente, da rejeição, da entrega, da traição.
• Ameaça: de castração.
• Ilusão: "Performance é tudo que importa".
• Atitude básica: reservada, orgulho.
• Áreas de bloqueio: costas ao longo da coluna, tensão nos músculos extensores.
• ou "normal" (tipo: anta) - Chegou ao Édipo e volta ao anal.
• Faz tudo certo (o certinho).
• Quer se aperfeiçoar.
• Arrumado, bem vestido e feio.
• Engoliu um cabo de vassoura.
• Detalhe charmoso de péssimo gosto.
• Tenta esconder o "co-co" e é o seu interesse principal → fala do "co-co" dos outros.
• Minucioso, pausado, medido, pois vive a sensação de que pode explodir a qualquer hora.
• Chave: respeito pelo qual ele trata o terapeuta. Sabe a diferença entre adultos e crianças: crianças são
inferiores.
• Quando vem ao consultório vem para consultar o "mestre". Ele espera que o terapeuta diga o que fazer.
• Aumento do ódio inconsciente.
• Hiper-reverente (endeusar).
O que importa é a ordem e a lei, pouco se importando se as pessoas estão se sentindo bem.
É um desligado do prazer. Autoridade como diferença hierárquica como privilégio (toda criança quer ser
pai). Não pensa na autoridade como função.
Faz e desfaz.
Queixa: a vida está chata.
Tem alguma coisa esquisita no pensamento.
Característica:
Dúvida
Ausência da autoridade entre Autoridade castradora.
 vai para psicose
 vai para angustia de castração.
Causa: preocupação dos pais em educar demais.
Doença: compulsivo: na hora de deitar. Daí: ele entra em contato com suas coisas instintivas. Na hora de
deitar a angústia sobe. Ele parte de afirmações do certo contra a anarquia.
Surge o sintoma obsessivo: a compulsão: esforço desesperado de controle das forças instintivas. Daí ele tem
que compensar.
17
CARÁTER HISTÉRICO
(Genitalidade com ansiedade)
Precipitação: resume a histeria.
Traços:
• Erotismo.
• Cobertura de todos os sinais de feminilidade adulta (tipo: perua).
• Inteiramente cabeça.
• Esta um passo adiante do desejo dela.
• Parece alta excitação, mas é fria.
• Inquietação.
• Tudo o que vive, vive como um sonho.
• Irreverência.
• "Janta terapeutas principiantes".
• Brigam pelo poder com o terapeuta.
• Tem sempre um 3º no lugar (triângulo).
• Provoca desprezo.
• Sente-se desvalorizada.
• Sedutora: parece mais é questão de poder.
• Precisa de alguém que a contenha.
• Depois de algum tempo fica fóbica, pois é montada sobre a fobia infantil. Só é tratável a partir do
momento que se torna fóbica: daí começa a sentir.
• Perfeita ausência de ternura (é forma como continua a sexualidade infantil). Ternura: sexualidade adulta.
• Pessoa dura.
• Sintomas corporais de natureza verbal. (Ex.: não posso afirmar o prazer).
Patologia: nega a diferença entre adultos e crianças.
Pronto socorro: isolar.
CARACTERÍSTICAS E SINTOMAS:
O caráter histérico atingiu uma sexualidade que não pode ser aceita. Há um ímpeto para o contato sexual,
mas acompanhado de uma fuga - aproximação e evitação. Não há possibilidade de descarga plena de energia,
que causa uma insatisfação, provocando a estase e aumentando o tumulto interno, resultando num
comportamento inquieto e volúvel. Angústia profunda superada pela atividade. A necessidade temerosa de
proteger a si mesmo contra o desejo de cometer incesto genital cria a couraça. Há sempre uma coloração
sexualizada em suas maneiras --» uma provocação sexual --» maneira que encontra para verificar de onde
vem o perigo a fim de evitá-lo. Assim, suas atitudes sexuais são inoportunas, coquetismo13 fingido ou franco
no modo de falar, andar ou olhar. Relaciona sexualidade com feminilidade. Aumento da ansiedade quando o
objeto procurado pelo comportamento sexual está eminente — atitude de recuo ou apreensão e passividade.
Na experiência sexual --» manifestação nítida da excitação sem a correspondente satisfação. Expressão facial
e modo de andar nunca são rígidos ou pesados, possuem uma qualidade saltitante. São facilmente excitáveis.
Como traços de caráter possuem: inconsciência de reações, tendência para modificar atitudes, forte sugestão
unida a forte tendência ao desapontamento, instáveis, altamente sugestionáveis --» vôo de imaginação,
hipnose e mentira patológica.
A couraça é suave, tônus geral bom, corpo bem proporcionado.
O sintoma surge quando há um excesso de energia que não pode ser nem contido pela couraça, nem
expresso.
13
Coquete. [Do fr. coquet, coquette.] 1. Que procura despertar a admiração de outrem: Aos 90 anos, mostrava-se
coquete ao alardear a boa condição física e mental. 2. Diz-se de quem é faceiro e cuida exageradamente da aparência
por prazer ou a fim de agradar aos outros. Adj. 3. P. ext. Diz-se de mulher leviana, volúvel, inconstante.
18
A energia sexual não é nem descarregada sexualmente para aliviar a estase14, nem ancorada na
couraça de caráter. É amplamente dispensada em apreensões e enervações somáticas.
Nos homens — delicadeza e cortesia excessivas, expressão facial e comportamentos femininos.
Pode aparecer conduta homossexual nítida porém, sem identificação com o sexo oposto (medo do
oposto) e sugestionabilidade — submete-se a investidas homossexuais.
GÊNESE:
Ocorre uma atração natural da criança pelo pai do sexo oposto, que é bloqueada pela atitude
moralista do pai do mesmo sexo da criança.
Reprime seu impulso sexual por meio da identificação com o pai do mesmo sexo.
Qualquer excitação genital provoca uma reação orgânica negativa, porque reativa a proibição do
incesto.
RESISTÊNCIA:
Ataque à diferença entre terapeuta e paciente. Não aceita ser paciente; quer se colocar no mesmo
plano que o terapeuta — não consegue se submeter à análise, pois é edípica e não existe a diferenciação entre
adulto e criança — a marca da histeria é a não condição infantil, pois o papel de criança não está construído
— o terapeuta deve marcar seu lugar e, neste momento, a histérica melancoliza — a terapia acontece na
medida em que a partir do ataque do terapeuta, surge a melancolia e então se apoia.
Histeria — está vinculada ao não reconhecimento da infância.
FUNCIONAMENTO:
Nega a sexualidade como defesa contra a sexualidade — a excitação verdadeira remeteria ao incesto
portanto, existe a antecipação da excitação, antes que ela se dê — couraça isola os genitais; dissociação entre
amor (ternura) e sexo.
RELAÇÃO:
Com a mãe, de competição.
O pai, ou tem medo da sedução da filha ou a incentiva demais.
SINTOMA PRINCIPAL:
Conversão — no momento que é elucidada, a nível do simbólico, ela ultrapassa.
CARÁTER COMPULSIVO
A característica predominante é a cautela e a função geral é defender- se dos estímulos e manter o
equilíbrio — causa a impressão de um controle imenso.
CARACTERÍSTICAS E SINTOMAS:
Organização extrema, ruminação de pensamentos; devota tanto tempo para os assuntos relevantes, quanto
para os detalhes sem importância. Cuidados em matéria de bens e de dinheiro; às vezes mesquinho. Análises
e críticas mais elaboradas do que as ações. Não tem condição de dar, devendo reter tudo. Controle muito
acentuado — medo de perdê-lo e ser incapaz de segurar. Está sempre indeciso intimamente — em dúvida e
desconfiado. Pedantismo, sentido de ordem — vive de acordo com os padrões pré- concebidos e
irrevogáveis. Uma mudança na ordem prescrita causa uma sensação desagradável. Evoluem valores estéticos
e éticos. Rebaixamento afetivo — sente- se vazio interiormente e vontade de começar vida nova. O modelo
típico da repressão é a dissociação entre afeto e idéias (pode sonhar com estupro sem ficar excitado).
Contatos mecânicos. Todos os músculos do corpo, da pelve, soalho pélvico, ombro e rosto estão espásticos.
No compulsivo, a analidade funciona como uma contenção contra a urgência libidinal.
Há um medo constante de que o autocontrole seja perdido, por causa da necessidade de se soltar.
É raro encontrar doenças físicas no compulsivo, devido seu alto nível de energia e a vida metódica e
parada. Bloqueio oral (depressão).
GÊNESE:
14
Estase: [Do gr. stásis, 'parada'.]. S. f. 1. Patol. Estagnação, no organismo, de matérias de consistência diversa, como
urina, sangue, fezes, etc.: 2. Fig. Entorpecimento, paralisia. Estase da libido: Processo econômico que Freud supõe
estar na origem da entrada na neurose ou na psicose: a libido que deixa de encontrar caminho para a descarga acumulase sobre formações intrapsíquicas; a energia assim acumulada encontrará a sua utilização na constituição dos sintomas.
19
Educação severa e precoce do controle esfincteriano (antes de 1½ a 2 anos), o que provoca contração
em todo o corpo, resulta uma profunda ansiedade.
Se segura para poder viver. Essa contenção sem descarga provoca uma tensão profunda, que gera
raiva e deve ser abafada.
Consegue atingir o nível sádico-fálico através de agressão e brutalidade porém, devido à intolerância
dos pais, regride à contenção anal.
A maioria dos compulsivos é do sexo masculino e, em geral, a repressão vem da mãe. Há
identificação com ela, mas a nível de contenção e não a nível do erótico.
RESISTÊNCIA:
Tentativa de normatizar a relação terapêutica - a questão central é saber quais são as regras — sonha
ser livre, construindo normas — sonho maior seria a normatização do mundo — tenta criar uma norma
universal, que prenda a ele próprio e ao analista — tenta enredar o terapeuta na rede de verdades que ele
constrói — burocratiza a relação — negação da agressividade/ obediência.
C A R Á T E R F Á L I C O 15— N A R C I S I S T A 16
(Vingança genital)
Decidido, fala claro e certo.
Boa aparência, boa saúde, boa afirmação.
Precisa alcançar o desempenho (o nº 1 é alguém, o nº 2 é ninguém).
"Rochedo" onde se despedaçam os corações adolescentes.
É chique!
Leva o terapeuta a babar.
Se o terapeuta não babar ele o transforma em mulher, ou seja, em nada.
Reduz a auto-estima do terapeuta.
Especialidade: paquera a vácuo: "chega, deslumbra e some" para esconder a dependência. Não tem
projeto - repetir o encantamento da mãe (camiseta: "sou da mamãe").
• Não pode dar a impressão de esforço: é o melhor por natureza.
• Figura de transição entre os perversos e neuróticos.
• Vai depender do pai:
mais pai = neurótico.
menos pai = perverso.
• TRATAMENTO:
• Se organiza percebendo que ele é uma criança (chega prá lá moleque)
• Não competir com ele.
• Doses maciças de pai (a mais estrita realidade) não. Marcar a incapacidade que não é impotência.
• Limitar o poder.
• Ressaltar o valor do humano.
• Quando ele rompe com a mãe (momento delicado) pode ter um surto.
Não apressar o processo.
Juntar "pai" suficiente. Assim terá uma base suficiente para enfrentar a mãe.
É na ruptura com a mãe que se vai dando a cura.
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A nível fálico, ambos os sexos usam os genitais como arma contra o outro sexo. O sexo é usado
como vingança.
15
Fálico. [Do gr. phallikós.]. Referente ao falo (Verbete: falo [Do gr. phallós, pelo lat. phallus.] 1. Representação do
pênis, adorado pelos antigos como símbolo da fecundidade da natureza. 2. O pênis. 1 fal(o[Do gr. phallós, oû.] El.
comp. 1. = pênis': )ou a seu culto.
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Narciso. [Do mit. Narciso, personagem famosa pela admiração à sua própria beleza.]. Homem muito vaidoso,
enamorado de si mesmo. Narcisismo: O estado em que a libido é dirigida ao próprio ego; amor excessivo a si mesmo.
[Cf. autofilia. Sin. ger.: auto-admiração e autocontemplação.]
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CARACTERÍSTICAS E SINTOMAS:
Possui constituição atlética, feições fortes e agudas. Sua agressão manifesta-se mais pela forma que fala do
que pelo conteúdo. É arisco e antecipa o perigo. O falo é seu baluarte de confiança, ele ostenta o poder
assim, qualquer impotência "eretiva" faz com que seja reduzido a pedaços. Seu comportamento frente ao
amor apresenta traços sádicos disfarçados. Componente narcisista — ele é sempre o mais importante do que
o companheiro. Auto-confiante, vigoroso, arrogante, fria reserva e agressividade corrosiva. Exibe uma
coragem agressiva a fim de desviar os impulsos positivos. Grande realizador — nível de energia acima da
média. Potentes quanto à função eretiva, mas impotentes quanto à função orgástica. Possuem forte defesa do
ego enquanto puderem garantir uma gratificação libidinal. Quanto mais precárias as defesas, mais violentas
as crises de raiva e birra. Escondem uma pessoa fraca, dependente e tímida. As mulheres são auto-confiantes,
possuem vigor físico e beleza. Neurose — sexualidade clitorianahomossexualidade ativa.
A vingança contra os homens é torná-los impotentes ou castrá-los. Competem com eles, são adeptas
em descobrir erros em tudo e são extremamente críticas.
A couraça cobre todo o corpo e é acentuada no peito, diafragma, pernas e ombros.
GÊNESE:
O indivíduo de caráter fálico sofreu um desapontamento profundo com relação ao pai do sexo oposto
(mais ou menos aos 4 anos).
No caso do homem é a mãe que não consegue suportar a exibição do falo ereto do menino e
extermina todas as suas possibilidades de expressão. A rejeição eqüivale à ameaça de castração.
O bloqueio realizado pela mãe produz raiva e uma impiedosa necessidade de vingança.
O fálico estará em luta permanente para se defender de uma capitulação anal ou às tendências orais.
No homem fálico, a mãe é o genitor dominante e será esta objetivo de vingança e o falo, sua arma.
Esta atitude é uma defesa contra um amor original profundamente reprimido pela mãe frustradora.
Na menina, o padrão típico gerador seria um pai severo, que rejeita a sexualidade de sua filha. Ela
reprime suas atitudes femininas e se identifica com a severidade do pai.
Assim, a identificação se dá com as características dominadoras do pai do sexo oposto.
RESISTÊNCIA:
Para o fálico, o importante é o poder enquanto adereço — ele quer o símbolo do poder, para exibir,
ostentar - ataque aos adereços de poder do terapeuta, como formação, posição, etc. - é garboso e prepotente,
irritante e espera ser odiado. Frágil pois não viveu o Édipo, ou viveu fracamente; se regredir, não tem aonde
se segurar - sempre existe um componente psicótico acompanhando a perversão, devido a pobreza do Édipo sua couraça está no comportamento autoritário e na posse.
FUNCIONAMENTO:
Ostenta um poder que não tem — atacam, pois não conseguem se defender quando atacados —
funciona como falo da mãe, que seria ótima se não fosse o pai.
RELAÇÃO:
Mãe muito dominadora e pai que não consegue furar o bloqueio da mãe, ou pai extremamente brutal
não permitindo uma identificação.
PERVERSO
(Fálico, passivo, masoquista)
Per-verso (per-vertere): derramar fora (ex.: ejacular fora).
Essência: Perversão é sinônimo de simbiose (grude, aproximação, incapacidade se separação).
Dificuldade de diferenciação: eu - outro.
O outro é sempre não. Não consegue dizer nem ouvir não. Não consegue se diferenciar do outro em nenhum
nível (inclusive físico).
Queixa: de si mesmo (ex.: faz algo certo e a reação é vista como patológica).
Perverso passivo:
• aparece no consultório como a pessoa que você adora tratar. Aos poucos forma pequenos contratos (não
fume, será que você poderia...).
• Caráter contratante (toma lá, dá aqui).
• Todo mundo está a favor dele;
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•
•
•
•
•
Tem o briguento: ele entra em choque.
Preconceito contra a agressividade.
Coloca a agressividade no centro, no lugar do prazer. Que não haja brigas!
Difícil de tratar: 1) tem "ibope" gigantesco. 2) quando você coloca, dá a volta e pega de novo.
Não faz distinção entre agressividade e destrutividade.
Agressividade: promove o prazer.
Destrutividade: vai contra o prazer.
Coloca o terapeuta como bugre. Só ele é civilizado.
Se forma aos 4 anos de idade por não diferenciar homem mulher.
São aquáticos: se derramam, não tem limites, nem organização.
O perverso não perdoa a mãe que roubou a liberdade dele.
O QUE FAZER:
Remédio: ser pessoa - deixar isso claro.
Anotações feitas por Sergio Schweder.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
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PRINCIPAIS ASPECTOS DE CADA ESTRUTURA DE CARÁTER
CONSTITUIÇÃO DA PERSONALIDADE
ESQUIZÓIDE:
ORAL:
PSICOPATA:
MASOQUISTA:
RÍGIDO:
Antes ou durante o
nascimento
Mãe hostil
Sentimento da
infância
Abandono
Primeira infância
Fase autônoma
Puberdade genital
Sedução Traição
Negação sexual.
Traição do coração
SEXUALIDADE
Manter-se coeso
Sexo para sentir a
força da vida
FALHA
EXIGE O DIREITO DE
Medo
ser/ existir
QUEIXANDO-SE DE
Medo/ ansiedade
INTENÇÃO NEGATIVA
"Serei dividido"
DISPOSITIVOS POR
TRÁS DA INTENÇÃO
NEGATIVA
Unidade
X
Cisão
Fortalecer limites
Manter-se firme
Sexo para a
intimidade e
contato
Cobiça
Ser alimentado e
satisfeito
Passividade
(cansaço)
"Eu o obrigarei a
dá-lo". "Não
precisarei"
Necessidade
x
abandono
Necessidades
próprias e
necessidades de
manter-se de pé
Controle.
Sentimento forçado
e Evacuação
Refrear
Impotência. Forte
interesse pela
pornografia
Ódio
Ser independente
PARADA DO
DESENVOLVIMENTO
TRAUMA
MODELO
NECESSIDADE DE
Suspender
Fantasia
homossexual hostil
ou frágil
Falsidade
Ser sustentado e
animado
Sentimentos de
derrota
"Minha vontade será
feita"
Vontade
x
entrega
Confiança
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Tensão
Deter
Sexo com desprezo
Orgulho
Ter sentimentos
(amor/ sexo)
Não ter sentimentos
"Amo a
negatividade"
"Não me renderei"
Liberdade
x
submissão
Ser positivo. Ser
livre. Abrir conexões
espirituais
Sexo
x
amor
Ligar o coração aos
órgãos genitais
PRINCIPAIS ASPECTOS DE CADA ESTRUTURA DE CARÁTER
SISTEMA FÍSICO E ENERGÉTICO
CONSTITUIÇÃO
FÍSICA
TENSÃO
DO
CORPO
CIRCULAÇÃO DO
ESQUIZÓIDE:
ORAL:
PSICOPATA:
MASOQUISTA:
RÍGIDO:
Alongamento
Desequilíbrios à
direita e à esquerda
Tensão de "anel"
descoordenada
Juntas fracas
Mãos e pés frios
Magro
Peito caído
Cabeça para frente
Pesado
Flácida
Músculos macios
Domínio
Peito frio
Peito inchado. Mais
pesado em cima do
que embaixo
Metade superior
compactada. Metade
inferior espástica
Pernas e pelve frias
Costas rígidas
Pelve inclinada para
trás
Espástica
Armadura de chapa
Armadura de rede
Pelve fria
Hiperativo
sem base
Congelamento
No
Núcleo
Recuo ("porcoespinho"). Fora de si
Hiperativo
(energia baixa)
Na cabeça
(geralmente
esvaziada)
Sucção oral
Negação verbal
Hiperatividade
seguida de colapso
Na metade superior
do corpo
Hipoativo (energia
interiorizada)
Fervendo por dentro
Hiperativo
(energia alta)
Na periferia, afastada
do núcleo
"Gancho" "Domínio
mental. Histeria
Pensativo silencioso
"tentáculos"
Poder/ vontade
Exibição
Refreamento dos
limites
Comprida
Nádegas frias
CORPO
CAMPOS DE
ENERGIA
LOCALIZAÇÃO
DA
ENERGIA
SISTEMA
ENERGÉTICO
DE
DEFESA
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PRINCIPAIS ASPECTOS DE CADA ESTRUTURA DE CARÁTER
RELAÇÕES INTERPESSOAIS
ESQUIZÓIDE:
ORAL:
PSICOPATA:
MASOQUISTA:
RÍGIDO:
Intelectualização
Recuo para longe
Submissão
Exercício de controle
Arreliação
Culpa, vergonha,
controle, aversão
Competição
Recuo para
esconder-se
COMUNICA-SE POR
Absolutos
Maternidade
Passividade
Indigência
Dependência
Perguntas
LINGUAGEM
Despersonalizada
Indireta
DILEMA
"Existir significa
morrer"
"Se eu pedir, não é
amor. Se eu não
pedir, não entrarei"
DECLARAÇÃO
"Eu o rejeitarei antes
que você me rejeite"
"Não preciso de
você". "Não pedirei"
"Você também não
existe"
"Sou real"
"Cuide de mim"
EVOCA
REAÇÃO
CONTRA A
TRANSFERÊNCIA
MASCARADA
DECLARAÇÃO DO EU
INFERIOR
DECLARAÇÃO DO EU
SUPERIOR
"Estou satisfeito,
realizado"
Injunções
Aversão
Choramingas
Direta
Indireta
Manipulação
Manipulação
("Você devia")
(Expressões polidas)
"Ou estou certo ou
"Se eu me zangar,
morro"
serei humilhado; se
não me zangar, serei
humilhado"
"Eu estou certo, você
"Eu me mato
está errado"
(magôo) antes que
você o faça"
"Eu o controlarei"
"Eu o irritarei e
provocarei"
"Dou-me por
"Estou livre"
vencido"
Qualificadores
Sedutora
"Qualquer
alternativa é
errada"
"Sim, mas..."
"Não o amarei"
"Eu me
comprometo". "Eu
amo"
In: BREANNAN, Barbara Ann. Mãos de luz. 15ª ed. São Paulo, Editora Pensamento, 1995.
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