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OS DEBATES ELEITORAIS E A CAMPANHA DE TARCÍSIO
DELGADO (PSB) PARA GOVERNADOR DE MINAS GERAIS EM 2014
Ana Marina de Castro1
Universidade Federal de Minas Gerais
RESUMO
O presente trabalho objetiva fazer uma análise do desempenho do candidato Tarcísio Delgado nos debates eleitorais
de 2014, na campanha para governador de Minas Gerais. O trabalho começa com uma discussão sobre como os
debates eleitorais se encaixam como eventos relevantes de campanha, dentro de um contexto onde as variáveis
comunicacionais (e o marketing político) são consideradas importantes. Em seguida, é feita uma análise SWOT da
campanha do candidato Tarcísio Delgado, objetivando, num momento seguinte, a análise do desempenho de Delgado
nos debates eleitorais para a campanha de governador de Minas Gerais, em 2014. A análise SWOT é feita de forma
direcionada, buscando incluir os pontos que influenciarão o desempenho e estratégia de Delgado nos debates. No
último capítulo, é analisado esse desempenho do candidato, a partir da análise SWOT e do marco teórico apresentado
nos capítulos anteriores.
Palavras-chave: Debates eleitorais. Eleições 2014. Tarcísio Delgado. Campanhas eleitorais. Marketing Político.
Análise SWOT.
ABSTRACT
This work aims to make a performance analysis of the candidate Tarcísio Delgado in electoral debates of 2014, in the
campaign for governor of Minas Gerais. The work begins discussing how the electoral debates fit as relevant
campaign events within a context where the communication variables (and political marketing) are considered
important. Following this is made a SWOT analysis of Tarcísio Delgado campaign, aiming at the next moment, to
make a Delgado’s performance analysis in electoral debates for the Governor campaign of Minas Gerais in 2014. The
SWOT analysis is done in a targeted manner, seeking to include items that influence the performance and Delgado’s
strategy in the debates. In the last chapter, the candidate's performance is analyzed from the SWOT analysis and the
theoretical framework presented in the previous chapters.
Key-words: Electoral debates. Elections 2014. Tarcísio Delgado. Electoral campaigns. Political marketing. SWOT
analysis.
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é abordar um tema ainda pouco discutido na academia, em termos de relevância: os debates
eleitorais. Considerando que a seara do Marketing Político é altamente prática e dinâmica, este approach teórico é
somado a uma descrição de caso concreto, e desenrolar dos debates eleitorais na campanha de governador de Tarcísio
Delgado em Minas Gerais, em 2014. Esse trabalho foi desenvolvido através de pesquisa de base bibliográfica, e
incluindo também artigos de jornais, revistas e vídeos gravados. Ainda, as experiências de vivência empírica da autora
1
Especialista em Marketing Político (UFMG) e graduada em Ciências do Estado (UFMG). Atualmente, é Coordenadora da área
de Mobilização do Centro de Liderança Pública. [email protected]
2
também serão utilizadas como fonte. A autora participou dos bastidores de todos os debates eleitorais citados nesse
trabalho, inclusive do trabalho prévio de planejamento estratégico dessa campanha e treinamento do candidato para
esses eventos comunicacionais.
2. SOBRE OS DEBATES ELEITORAIS
Desde a década de 90, vêm sido elaborados estudos considerando as campanhas como variáveis influenciadoras do
processo de decisão do voto (LIMA, 2004; FIGUEIREDO et al, 2002; PORTO, 1996; ALDÉ, 2004; MUNDIM, 2010;
apud VASCONCELLOS, 2013). Nesse cenário, considerando o impacto da comunicação política na decisão do voto,
é importante destacar que as campanhas podem reforçar ou induzir variações na opinião pública, mas outras variáveis
devem ser consideradas: predisposições políticas dos eleitores: o tipo e conteúdo da mensagem apresentada, a fonte de
informação, variáveis de contexto de campanha (estrutura de campanha nas ruas, domínio dos principais temas da
agenda do eleitorado, percepção da candidatura mais promissora), nível de atenção política do eleitor, dentre outros.
Diferentes estudos consideram as variáveis acima em seus modelos, tais como Lupia e McCubbins (1998), Popkin
(1994) e Zaller (1992). Esses estudos consideram que não apenas a exposição à informação nas campanhas políticas
deve ser considerada – o elemento de persuasão nas campanhas afeta a forma como o eleitor relaciona os seus
interesses e as informações recebidas.
Nesse sentido, considerando a importância do elemento de persuasão, o estudo de Marcus Figueiredo et al (2000)
apresenta, em seu texto, um método para estudo de campanhas eleitorais majoritárias. Esse método é centrado no
desempenho dos candidatos nas campanhas, e a forma de argumentação usada por eles para o convencimento do
eleitorado, com objetivo de angariar maior número de votos. Segundo o autor, compreender o tipo de retórica usada
numa campanha é o primeiro passo para destrinchá-la, e talvez o mais importante (FIGUEIREDO et al, p.5, 2000).
Uma campanha eleitoral é um jogo não cooperativo, em que são usadas estratégias dominantes para se angariar o
maior benefício2.
O método de estudo de campanhas eleitorais majoritárias analisa a estratégia retórica das campanhas, e se baseia na
teoria dos mundos possíveis. Essa teoria é uma adaptação moderna de parte da teoria do filósofo Leibniz, com
objetivo de resolução de problemas da semântica formal – ou seja, a relação entre os significados e a estrutura,
compreendendo em uma investigação empírica e teórica.
Resumidamente, a teoria dos mundos possíveis trabalha com a ideia de que a realidade é composta por diferentes
elementos. Há um elemento-chave, o ponto central, a partir do qual os outros elementos se constroem. O nosso
“mundo atual” é o elemento-chave, e a partir dele se constroem os mundos possíveis. Esses mundos possíveis devem
possuir uma conexão com o mundo atual, através de uma relação de acessibilidade. A fronteira entre um mundo
possível e um mundo impossível é dada através da interpretação do que é essa acessiblidade, do respaldo, conexão que
ela tem com o “mundo atual”. (RYAN, 2013).
A partir da teoria dos mundos possíveis, combinada com o estudo da retórica e da teoria dos jogos, Figueiredo et al
(2000) apresenta seis possíveis proposições e corolários para a análise de campanhas eleitorais. Essas proposições e
corolários são os seguintes:
PROPOSIÇÃO 1
Se em uma eleição houver apenas um tema dominante, o candidato que dominá-lo terá maiores
chances eleitorais.
COROLÁRIO 1
É uma boa estratégia o candidato reduzir ao máximo a quantidade de temas em debate, de forma
que os que permanecerem sejam os que ele tenha maiores condições de dominar.
PROPOSIÇÃO 2
Se em uma eleição o embate retórico configurar-se com base no Princípio da Dispersão, o eleitor
deslocará sua atenção para o garantidor do mundo futuro possível.
COROLÁRIO 2
Como a configuração do Princípio da Dispersão é a mais comum na competição eleitoral, é sempre
uma boa estratégia de campanha sustentar a credibilidade do garantidor do mundo futuro.
[...]
PROPOSIÇÃO 3
Se a interpretação que a Situação faz do mundo atual for a dominante, ela terá maiores
chances eleitorais.
COROLÁRIO 3
2
pay off, em inglês – expressão usada pela teoria dos jogos.
3
Em eleições nas quais a Situação é dominante, a Oposição só tem um caminho:desqualificar a
interpretação da Situação sobre o mundo atual; nesse caso, é péssima estratégia admitir a
interpretação dominante e deslocar o embate para o garantidor do mundo futuro.
PROPOSIÇÃO 4
Se em uma eleição não há uma interpretação dominante sobre o mundo atual, o eleitor desloca sua
atenção para o garantidor do mundo futuro.
COROLÁRIO 4
Como o normal em momentos eleitorais é não haver uma interpretação dominante sobre o mundo
atual, é sempre uma boa estratégia de campanha sustentar acredibilidade do garantidor do
mundo futuro.
Por analogia, decorrem ainda mais duas proposições sobre a disputa retórica relativa ao bom mundo
futuro que todos os candidatos apresentam:
PROPOSIÇÃO 5
Se a interpretação da Situação sobre o mundo atual for a dominante, sua nterpretação sobre o
mundo futuro será dominante e, por conseguinte, a Situação terá as maiores chances eleitorais;
por analogia, esta proposição também é válida para a Oposição.
COROLÁRIO 5
Nesse caso, apelos à credibilidade do garantidor do mundo futuro, seja ele o próprio mandatário ou
seu sucessor, têm função secundária, o importante é identificá-lo com a interpretação
dominante: como construtor do bom mundo atual e futuro.
PROPOSIÇÃO 6
Se não houver uma interpretação dominante sobre o mundo atual, também não haverá uma
interpretação dominante sobre o mundo futuro; nessa situação o eleitor desloca sua atenção
para os garantidores dos mundos futuros propostos e decide com base na credibilidade que cada
garantidor transmite.
COROLÁRIO 6
Nesse caso, por razões óbvias, o sucesso eleitoral de uma candidatura ficana dependência da
credibilidade do garantidor do mundo futuro, pois, entredois mundos futuros (quase)
igualmente bons diz a razão que o melhor é decidir por aquele que oferece as melhores garantias
de ser realizado.
O estudo de Figueiredo et al (2000) busca entender, mapear e indicar as possíveis estratégias retóricas de campanha,
considerando a percepção do eleitorado com relação àquele candidato, e com relação ao contexto comunicacional do
mundo presente.
Os estudos supracitados corroboram a importância da persuasão no contexto eleitoral. Nesse sentido, a análise de um
evento de campanha como um debate televisivo demonstra a sua importância. Debates televisivos são momentos onde
a atenção do eleitor e da mídia se concentram, disponibilizando informações aos eleitores num contexto altamente
persuasivo, permitindo comparações entre os posicionamentos dos candidatos, e com o potencial de mudar a
percepção daqueles eleitores.
Entretanto, segundo um grupo de pesquisadores (BIZTER; REUTER; apud VASCONCELLOS, 2013), os debates
eleitorais não seriam debates verdadeiros, pois o conjunto de regras ali existentes impediriam um embate real e
honesto entre os candidatos. Entre essas regras, estariam o tempo máximo para perguntas e respostas (o que impediria
o candidato de dar uma resposta honesta), e temas abordados de forma fragmentada, sem que os candidatos possam se
aprofundar sobre eles. Ainda, a participação de jornalistas e mediadores tornaria o formato do debate muito mais uma
entrevista coletiva de imprensa. Jamieson e Birdsell citados por Vasconcellos (2013) também consideram que a
participação de jornalistas e mediadores implica numa mudança no formato de um debate. Dessa forma, impede que
os candidatos entrem em confronto mais direto, e diminui a presença de ataques entre estes, permitindo que o
eleitorado possa diferenciar ambos, para além de uma argumentação diretamente persuasiva entre os dois.
De um outro ponto de vista, Carlin et al (2009) coloca que, para além do formato e abordagem ampla de temas, este
tipo de evento pode ser sim considerado um debate. Há de se considerar o fato de que um debate televisivo apresentará
regras próprias, por conta do contexto único no qual será veiculado. Ainda, o autor considera a importância dos
debates eleitorais como eventos que auxiliam o eleitor em sua tomada de decisão, através do fluxo de informação que
é induzido ali. Ainda, o contexto persuasivo sempre perpassará aquele debate, pois a pergunta de fundo que busca ser
respondida, todo o tempo, pelos candidatos, é qual deles se destaca e é o melhor de todos. O ambiente de um debate
televisivo, apesar de não ser considerado ideal, em termos de um debate clássico, fomenta o exercício da discussão e
comentários sobre os candidatos entre os eleitores, o que é positivo democraticamente.
Vasconcellos (2013) defende que os debates eleitorais possuem caráter pedagógico, e se diferem de uma coletiva de
imprensa ou de uma propaganda eleitoral, pois estes primeiros eventos permitem que os candidatos
mobilizem/informem o eleitorado acerca de certos temas estratégicos para aquele político e/ou para a sociedade. Mais
uma vez, o elemento da persuasão aparece como sendo importante nos debates eleitorais. A cobertura jornalística
4
estaria mais preocupada em informar possíveis escândalos, numa cultura de espetáculo, enquanto as propagandas
eleitorais se difeririam em modelo, com relação aos debates.
Ainda, Fábio Vasconcellos (2013) aponta que há várias pesquisas (SENIOR, 2006; WICKS, 2007; apud
VASCONCELLOS, 2013) indicando que os debates políticos têm potencial de afetar a percepção dos eleitores sobre
as características pessoais do candidato, e o seu posicionamento no espectro ideológico. As pesquisas supracitadas
teriam a função de reforçar as preferências dos eleitores – reforço esse que varia de acordo com o grau de atenção dos
eleitores à política e eventos. Nos eleitores com atenção política maior, esses eventos teriam a função de reforçar
aquela preferência, e fornecer subsídio para o eleitor. Para aqueles com atenção política menor, os debates teriam a
função de fornecer conhecimento e informação para corroborar a escolha política, no processo cognitivo de formação
daquele voto. Ainda, os debates também possuiriam a função de firmar a imagem do candidato, trabalhando o
elemento persuasivo. Candidatos com uma maior percepção de vitória em um debate, estariam também em vantagem
em termos de percepção do eleitorado como uma candidatura vitoriosa (VASCONCELLOS, 2013).
Sobre os elementos persuasivos, o eleitorado percebe não apenas a comunicação verbal do candidato, como também a
comunicação não-verbal (DRUCKMAN apud VASCONCELLOS, 2013). Nesse sentido, aspectos como linguagem
corporal, imagem do candidato, vestimenta, habilidade com a câmera e tom de voz, são relevantes para a percepção do
eleitor de qual candidato possui o melhor desempenho num debate.
Sobre a preparação e relevância dos debates eleitorais, Duda Mendonça (2011), considera os debates televisivos muito
importantes no contexto da democracia brasileira. Segundo o autor, debates são momentos desafiantes, de combate,
para o candidato. Por ser um evento televisivo, possui enorme importância estratégica – são momentos de conquistar o
eleitor. E um processo de conquista envolve a persuasão. A televisão, por sua capacidade de conseguir atingir e
envolver um grande número de pessoas ao mesmo tempo, executa essa função assaz bem.
Ainda, é importante que um candidato se prepare bem para esse evento, considerada a sua importância. A televisão é
um meio muito mecânico, e de “natureza teatral” (MENDONÇA, 2011, p. 39). Nesse sentido, um conjunto de ações
deve ser tomada pelo candidato, visando o seu bom desempenho no debate.
A preparação para um debate é um desses fatores. Segundo Mendonça (2011), o candidato deve separar alguns dias
para o estudo de materiais, perguntas, e preparação psicológica para o evento, incluindo descanso absoluto no dia do
evento. Um segundo fator é conhecer bem as regras do debate, que são definidas previamente entre reunião entre os
assessores e a emissora, de acordo com a lei eleitoral. Um terceiro fator é a atenção e treinamento sobre linguagem
corporal, para que cada gesto do candidato passe a mensagem correta ao público. É também importante conhecer o
cenário onde ocorrerá aquele debate, para que o candidato possa pensar o melhor posicionamento na tribuna, e o
contraste de cores do cenário com a sua vestimenta. Sobre a vestimenta – essa também passa uma mensagem
persuasiva ao eleitor - deve ser escolhida de forma a passar a mensagem correta para o eleitor, de acordo com o
posicionamento de campanha.
Ainda, devem ser consideradas as informações sobre o horário de início do debate e a emissora, pois dependendo do
perfil da maior faixa de audiência, o discurso também deve ser reajustado para aquele eleitor.
Por último, Mendonça (2011), também considera estratégico considerar o tempo de pergunta e resposta definidos, para
que o candidato pratique essa elaboração de forma a conseguir a transmitir a sua mensagem ao eleitorado sem
prejuízos, e de forma precisa.
Já o cientista político Antônio Lavareda considera os debates eleitorais importantes para legitimar um candidato
eleitoralmente (2009). O autor argumenta que, em um contexto eleitoral acirrado, o desempenho de um candidato
pode ser decisivo na determinação do resultado do pleito. Por ser um evento que é coberto em tempo real, um debate
apresenta perigos em termos de que aquele resultado ali gravado poderá sempre ser redescoberto e reapresentado
posteriormente, em outras mídias.
Sobre as estratégias e recomendações em um debate, o cientista político recomenda que os candidatos pratiquem
exaustivamente, pois “políticos inteligentes compreendem que debater é uma habilidade única que deve ser praticada”
(LAVAREDA, 2009, p. 261) e “os candidatos que não conseguem aceitar isso, inevitavelmente, caem logo”
(LAVAREDA, 2009, p. 261). Ainda, Lavareda também recomenda o estudo das regras dos debates e dos temas que
serão abordados, e que o candidato se certifique que domina com propriedade as perguntas e respostas mais
importantes a serem contempladas. O candidato deve saber equilibrar a linha entre argumentar de forma persuasiva e
um pouco agressiva – mostrando-se como merecedor daquela vaga, sem se desequilibrar emocionalmente.
As estratégicas acima discutidas serão de suma importância para o capítulo 4 desse trabalho – onde o desempenho do
candidato Tarcísio Delgado será analisado nos debates eleitorais, a partir dos temas levantados neste capítulo.
3. ANÁLISE SWOT DO CANDIDATO
3. 1. Origem da Análise SWOT
5
A elaboração de uma boa estratégia de persuasão, no contexto de uma campanha política, requer um diagnóstico da
situação competitiva do candidato. Visando diagnosticar o cenário da campanha de Tarcísio Delgado, com a finalidade
posterior de analisar como foi o desempenho do candidato nos debates eleitorais, será feita uma análise SWOT.
O conceito de análise SWOT surgiu na década de 1960, e é atribuído principalmente ao pesquisador Albert S.
Humphrey, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos (INSTITUTO MONTARI, 2015). A ferramenta foi
desenvolvida através de um conjunto de pesquisas elaboradas pela Universidade. O conceito partiu da necessidade de
empresas americanas traçarem um planejamento estratégico para nortear a atuação no mercado. Entre os anos de 1960
e 1969, Stanford pesquisou mais de 100 mil empresas norte-americanas, e a partir desse conjunto de pesquisas, o
conceito de análise SWOT começou a ser trabalhado – primeiramente na área de administração – contudo, sua
aplicação pode ser feita em qualquer tipo de organização, assunto, produto ou projeto.
A análise SWOT é um método para organizar o planejamento estratégico. SWOT é um acrônimo, e suas letras
significam: S – Strenghts3, W – Weaknesses4, O – Opportunities5, T – Threats6. Strenghts e Weaknesses são
categorias relacionadas ao ambiente interno, enquanto Opportunities e Threats são categorias relacionadas ao
ambiente externo (NAKAGAWA, 2015). Com relação à campanha de um candidato, as duas primeiras categorias
estão relacionadas à biografia política daquele, avaliação de gestão, popularidade, histórico pessoal, dentre outros.
Serão sempre categorias relacionadas ao candidato em questão. Segundo Borges (2015, p. 1) “a grande virtude da
análise SWOT é saber detectar as características e histórico do candidato, que devem ser minimizadas ou exploradas”.
Já as duas últimas categorias desta análise SWOT dirão respeito ao ambiente externo de campanha, como a economia,
outras candidaturas, eventos imprevistos, dentre outros. As ameaças e oportunidades não são controláveis, mas devem
ser detectadas, com a intenção de medir aquele impacto na imagem do candidato.
A finalidade de se elaborar uma análise SWOT é possibilitar a escolha da melhor estratégia possível para aquele
candidato – no presente caso, Delgado – para que o objetivo traçado seja alcançado: no contexto da eleição de
Tarcísio, esta seria a obtenção da vitória eleitoral. No presente capítulo, a análise SWOT será direcionada de acordo
com objetivo do presente trabalho, que é analisar o desempenho do candidato nos debates eleitorais, a partir do
cenário traçado. A análise será dividida em tópicos, de acordo com os quatro pontos relacionados acima. Ainda, antes
do início da análise, será feita uma explanação sobre o contexto eleitoral de Minas Gerais, para as eleições de 2014.
3.2. Contexto eleitoral em Minas Gerais
Desde o momento de redemocratização do país, partidos à direita no seu posicionamento ideológico vinham se
revezando no governo mineiro. Nesse contexto, as alianças partidárias se mostraram demasiadamente importantes para
que esses projetos políticos se perpetuassem. Conforme ensina José Luiz Borges Horta (2010, p. 3): “A partir do
governo de Itamar, falou-se como nunca do protagonismo mineiro, e lideranças tais como Itamar, Jose de Alencar,
Aécio Neves e Hélio Costa mantiveram permanente interlocução todo o tempo”.
O Partido dos Trabalhadores (PT), nunca na história do governo de Minas Gerais, havia conseguido, até então,
viabilizar um projeto político que vingasse nas urnas do estado (HORTA, 2010). Desde 2003, início do primeiro
mandato do ex-governador Aécio Neves, o Partido da Social Democracia (PSDB) mineiro e o seu grupo político
comandava o governo de Minas Gerais. O PT já havia disputado pleito anteriores, com chapas competitivas para o
governo de Minas, como com o jornalista Nilmário Miranda, que disputou as eleições em 2002 e 2006 – mas sem
sucesso eleitoral. Ainda, em 2010, o PT compôs chapa entre o Partido do Movimento Democrático Brasileiro
(PMDB), com o jornalista peemedebista Hélio Costa para governador, e o petista Patrus Ananias como vice, a qual
não conseguiu ir ao segundo turno - como nenhuma outra chapa petista até então (HORTA, 2010). Em 2014,
entretanto, o PT estabelece novamente acordo com o PMDB, com novo desfecho, quebrando a hegemonia de 12 anos
do grupo político do PSDB no governo. Com 52, 97% dos votos, Fernando Pimentel, candidato petista, vence as
eleições do estado. Em segundo lugar, com 41,90% dos votos, fica Pimenta da Veiga, e em terceiro lugar, com 3,90%
dos votos, Tarcísio Delgado, do Partido Socialista Brasileiro (PSB) (BRAGON, 2014).
Com relação ao Partido Socialista Brasileiro, de Tarcísio Delgado, o último desempenho mais expressivo para
governador foi nas eleições de 2002, quando a candidata Margarida Vieira (que disputou o Senado, nas eleições de
2014) obteve 418.803 votos ou 4,573% dos votos válidos, ficando em 4º lugar na disputa majoritária (TRIBUNAL
SUPERIOR ELEITORAL, 2014b).
3
Forças (tradução da autora)
Fraquezas (tradução da autora)
5
Oportunidades (tradução da autora)
6
Ameaças (tradução da autora)
4
6
3.2.1. Forças
Nesta seção, serão relacionados aspectos, relacionados diretamente ao candidato, considerados positivos no contexto
eleitoral mineiro.
3.2.1.1 Biografia do candidato
Tarcísio Delgado possui uma biografia com extensa experiência na vida pública, que foi considerado como um fator
de força nessa análise. Abaixo, será feita uma descrição da biografia e experiências do candidato, com o objetivo de
corroborar tal enquadramento.
Raimundo Tarcísio Delgado nasceu em Torreões, distrito de Juiz de Fora, em 4 de outubro de 1935. É advogado pela
Universidade Federal de Juiz de Fora, Técnico em Contabilidade pela Academia de Comércio de Juiz de Fora e
Professor Universitário Aposentado (DELGADO, 2014).
Em 1966, Delgado filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), e candidatou-se a vereador em Juiz de
Fora, tendo sido o mais votado naquelas eleições e foi Presidente da Câmara. Em 1970 elegeu-se deputado estadual.
Foi líder de bancada do MDB e membro da Comissão de Constituição e Justiça. (DELGADO, 2014). Entre 1975 e
1982 Tarcísio exerceu o cargo de deputado federal. Em 1982, Delgado disputou a sua primeira eleição para a
Prefeitura de Juiz de Fora, tendo sido eleito com 68. 226 votos (DELGADO, 2014).
Em 1990 Delgado é novamente eleito deputado federal. Logo no início do mandato, licencia-se para assumir a
Secretaria do Trabalho e Ação Social do governo de Minas Gerais, no mandato do então governador Hélio Garcia.
De volta à Câmara Federal, em novembro de 1992, Tarcísio é eleito novo líder de bancada do PMDB. Entre 1995 e
1996, Tarcísio exerceu o Cargo de Diretor Geral do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) 7.
Entre 1997 e 2004, Tarcísio Delgado voltou à administração da Prefeitura de Juiz de Fora. Após deixar a Prefeitura de
Juiz de Fora, a partir de 2005, Tarcísio passou a se dedicar exclusivamente à advocacia, em especial ao Direito
Urbanístico.
Em 2012, após 46 anos de militância no MDB e PMDB, Tarcísio deixou o partido, alegando discordar da postura da
organização nas eleições municipais de Juiz de Fora, naquele mesmo ano. Segundo Delgado,
o desrespeito às linhas pragmáticas mestras e ao estatuto do PMDB chegaram ao ponto de impedirem,
em Juiz de Fora, que fossem colocadas em apreciação, na convenção municipal, posições que não
fossem coincidentes com os interesses das cúpulas partidárias do momento (MANGIA, 2012).
Em 2013, Tarcísio filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), partido ao qual seu filho, o deputado federal Júlio
Delgado, também é filiado. Júlio preside o PSB mineiro desde o ano de 2013 (DELGADO, Júlio, 2014). Júlio é filiado
ao PSB desde 2005 – antes disso, Júlio foi filiado ao Partido Popular Socialista (PPS).
O histórico do candidato, demonstrado através desta digressão, é considerado como um fator argumentativo de força
para os debates eleitorais.
3.3.1 Fraquezas
Nesta seção, serão relacionados aspectos do candidato considerados desfavoráveis à sua candidatura.
3.3.1.1 Idade do candidato
7
O DNER era uma entidade federal brasileira vinculada ao Ministério dos Transportes. Foi extinto em 2001. Em seu lugar, foi
criado o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que reestruturou o sistema de transportes terrestre e
aquaviário (MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2014).
7
Tarcísio Delgado, nascido em 4 de outubro de 1935 (DELGADO, 2014), tem 79 anos de idade. Tal fator é
considerado uma fraqueza do candidato, pelos seguintes motivos: para um debate eleitoral, é importante que o
candidato apresente vitalidade na defesa de suas ideias; boa memória para armazenar um conjunto de dados para
refutar/corroborar argumentos; e boa condição física, para conseguir executar a sua exaustiva agenda de campanha, e
estar em boas condições de preparo para o debate.
A idade do candidato, nesse sentido, é um fator biológico natural, que atrapalha o seu desempenho. Pessoas com idade
mais avançada são menos dispostas fisicamente e possuem memória menos eficiente. Em um debate, são fatores que
afetarão o seu desempenho comunicacional.
3.3.1.2 Pouco preparo comunicacional para os debates
O candidato Tarcísio Delgado possui histórico político de vivência em outras épocas políticas, onde a comunicação
possuía um peso muito menor. Ainda, o candidato tem o posicionamento de que o estudo de muitas informações para
um debate é um fator que o deixaria confuso. Por último, a ideia de um planejamento minucioso, no momento prédebate, é outro fator com o qual o candidato não concorda. Entretanto, a preparação e estudo para um debate eleitoral
é considerado hoje um fator de grande importância (MENDONÇA, 2011).
Como a opinião e atitude do candidato para essa questão eram irredutíveis, esse fator foi considerado uma fraqueza do
candidato. Conforme discorrido nos capítulos anteriores, a comunicação e o marketing político são reconhecidos hoje,
como fatores de relevância eleitoral, e que influenciam o comportamento político dos eleitores. No capítulo seguinte,
será discutido como esse posicionamento do candidato afetou o seu desempenho nos debates eleitorais.
3.4.1 Ameaças
Nessa seção, serão discutidos fatores contextuais que afetarão, direta ou indiretamente, o desempenho do candidato
nos debates eleitorais.
4.4.1.1 Contexto político da candidatura
O contexto político da candidatura de Tarcísio Delgado pode ser considerado uma ameaça à candidatura. Em seguida,
será explicitada a situação através da qual a sua candidatura foi originada, a fim de se justificar esse enquadramento
como ameaça. O partido ao qual o candidato é filiado – conforme mencionado em seção anterior - é o PSB.
O PSB mineiro, nas eleições de 2014, ficou profundamente dividido. Primeiramente, há uma ala no partido que é
fortemente ligada ao PSDB de Aécio Neves, liderada pelo prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda. O prefeito é
filiado ao PSB; teve apoio importante de Aécio na disputa das eleições municipais desde 2008, e possui maior
aproximação ideológica com o PSDB. Alexandre Kalil, presidente do Clube Atlético Mineiro e filiado ao PSB,
também faz parte dessa ala, juntamente com Daniel Nepomuceno, vereador de Belo Horizonte, vice-presidente
municipal do PSB e vice-presidente do Clube Atlético Mineiro (NEPOMUCENO, 2014). É uma ala que se posicionou
abertamente contra a estratégia estabelecida pelo PSB nacional, de lançar candidatura própria em Minas Gerais
(BORGES, Laryssa, 2014). É também sabido que Júlio Delgado, presidente do partido em Minas Gerais, também
possui aproximação com essa ala. Delgado chegou a afirmar que apoiaria o candidato Aécio Neves para as eleições de
2014 (BORGES, Laryssa, 2014).
Em segundo lugar, o PSB abrigou, em 2014, a Rede Sustentabilidade de Marina Silva. A legenda tentou articular a
candidatura de Apolo Heringer, membro da Rede, para o governo de Minas, o que foi rechaçado pelo PSB mineiro, e
em especial pela ala aecista. Em convenção partidária do PSB mineiro houve momentos de tensão, por conta da não
aceitação da candidatura de Apolo nem para a disputa na convenção partidária.
Por fim, foi decidido por comissão interna do PSB, em votação apertada, que Tarcísio Delgado disputaria o governo
de Minas, garantindo assim a estratégia eleitoral acertada por Eduardo Campos e Marina. A decisão para
estabelecimento da Comissão foi feita no dia 21 de junho, em convenção partidária, visto o impasse enfrentado
naquela ocasião para a decisão do partido sobre o tema. A Comissão teve o objetivo de deliberar exclusivamente sobre
o seguinte item: a candidatura própria do PSB mineiro, ou apoio à chapa do PSDB, de Pimenta da Veiga. (O TEMPO,
8
2014a). A comissão consistiu de 17 representantes: dez membros da executiva estadual do partido, quatro conselheiros
setoriais pesebistas, o presidente do Clube Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, um representante da chapa de deputados
estaduais, e um representante da chapa de deputados federais. Ao final, prevaleu a decisão de lançamento da
candidatura de Tarcísio Delgado, por dez votos a sete, no dia 26 de junho de 2014 (REIS, 2014).
Ao mesmo tempo, Tarcísio foi chamado em Brasília por Campos para uma conversa, e atendeu ao pedido do exgovernador de ser o candidato majoritário do PSB mineiro, pois nas palavras do próprio Delgado, “eu nasci para a
luta, sempre fui uma pessoa de afirmação. Não sei muito dizer não às boas causas” (BORGES, Laryssa, 2014).
Foi nesse contexto em que a candidatura de Tarcísio Delgado foi decidida, no dia 26 de junho de 2014; às vésperas do
início da campanha eleitoral, que começou oficialmente no dia seis de julho de 2014.
Após essa decisão, o vereador Daniel Nepomuceno, até então candidato a deputado estadual, desistiu de disputar o
pleito eleitoral, assim como Alexandre Kalil desistiu de disputar a chapa para deputado federal. Ambos foram perdas
consideráveis para as chapas proporcionais do partido.
O contexto eleitoral acima descrito – um partido internamente dividido, e a decisão da candidatura de Delgado num
último momento – foram fatores de ameaça à candidatura. Com relação aos debates eleitorais, essas fraquezas se
desenham no seguinte sentido: um partido dividido em Minas Gerais abre espaço para esse questionamento por parte
dos adversários, com a finalidade de desconstruir a força da candidatura de Delgado; e a decisão de uma candidatura
de última hora afeta negativamente o tempo necessário para uma boa elaboração de estratégia de comunicação com o
eleitor – visto que, para traçar essa estratégia, é preciso tempo hábil para a elaboração de pesquisas qualitativas e
quantitativas, treinamento comunicacional do candidato, levantamento de dados para os debates e estudo desse
material pelo candidato.
3.4.1.2. O falecimento de Eduardo Campos e a mudança de contexto eleitoral e estratégia de Tarcísio
No dia 13 de agosto de 2014, em viagem entre o Rio de Janeiro e o município de Santos (estado de São Paulo), falece
o então candidato à presidência da República, Eduardo Campos. O candidato viajava para cumprir agenda em Santos,
quando a aeronave em que se encontrava caiu (CARTA CAPITAL, 2014a). O avião em que o presidenciável se
encontrava arremeteu pouco antes de pousar, devido às condições climáticas ruins. Há testemunhas que afirmaram ver
o avião pegar fogo em pleno ar (CARTA CAPITAL, 2014a). Além de Eduardo, outras seis pessoas estavam no avião,
e também faleceram: Alexandre Severo, fotógrafo; Carlos Augusto Percol, assessor de imprensa; Marcelo Lira, diretor
de fotografia; Pedro Valadares Netto, assessor; e os pilotos, Marcos Martins e Geraldo Cunha.
Campos seguiu os passos de seu avô, Miguel Arraes, e ingressou na carreira política. Economista de formação,
acumulava extensa biografia na vida pública: havia sido deputado federal por três mandatos por Pernambuco (entre
1994 e 2004), Ministro da Ciência e Tecnologia durante o governo Lula (2004-2006), e governador de Pernambuco
por dois mandatos (2007-2013). Ainda, exerceu o cargo de Secretário Estadual da Fazenda, no terceiro mandato de
Arraes, entre 1995 e 1998 (tendo licenciado-se, pois, de seu cargo de deputado federal à época). Desde 2005, era
também Presidente Nacional do PSB, ano em que faleceu seu avô, Arraes, em 13 de agosto de 2005. Campos faleceu
na mesma data que o avô, nove anos depois (MEMORIAL EDUARDO CAMPOS, 2014).
Depois desse repentino e trágico acidente, a campanha do PSB ficou em aberto. A morte de Eduardo foi às vésperas
do início do horário gratuito de propaganda eleitoral (HGPE - que iniciou-se no dia 19 de agosto de 2014), e uma
decisão tinha que ser tomada rapidamente pelos dirigentes partidários do PSB, PPS, PPL, PRP, PHS e Rede
Sustentabilidade8, todos estes partidos integrantes da coligação majoritária presidencial. De acordo com o prazo
estabelecido pela Justiça Eleitoral, em caso de falecimento de candidato, o novo nome a encabeçar a chapa poderia ser
indicado até o dia 23 de agosto – ou seja, dez dias de prazo para efetuar a substituição (AGÊNCIA BRASIL, 2014).
No dia 14 de agosto, em conversa com o agora presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, Marina Silva aceita ser a
substituta de Campos na chapa presidencial, e seu nome vai à consulta para deliberação partidária. Os outros partidos
da chapa majoritária também expressam apoio consensual à candidatura de Marina (AGÊNCIA BRASIL, 2014). No
dia 20 de agosto, em reunião do Diretório Nacional do PSB em Brasília, o nome de Marina Silva é formalmente
aprovado para a substituição de Campos, Ainda, na mesma reunião, é confirmado o nome de Beto Albuquerque,
deputado federal pelo Rio Grande do Sul, como vice-presidente da chapa. Beto Albuquerque é vice-presidente
nacional do PSB, advogado, e deputado federal há quatro mandatos. Foi escolhido por corroborar plenamente as
posições políticas de Eduardo Campos, e por ser membro antigo do PSB, tendo se filiado na década de 1980 (CARTA
CAPITAL, 2014b).
8
A Rede Sustentabilidade ainda é um partido em formação, mas foi abrigado pelo PSB, em acordo entre Marina Silva e Eduardo
Campos.
9
No pleito para governador de Minas Gerais, o falecimento de Eduardo Campos teve forte repercussão. Tarcísio
Delgado, assim que informado da notícia, cancelou todos os seus compromissos de campanha, e declarou luto
(FOLHA VITÓRIA, 2014). Delgado declarou que “estamos todos perplexos e traumatizados com a notícia. É a única
coisa que dá pra dizer agora, estamos todos traumatizados” (O TEMPO, 2014b).
Em termos de ameaça à candidatura, esse evento afetou a eleição em Minas Gerais de diferentes formas: paralisou as
atividades da equipe do candidato, por motivo de luto; obrigou um realinhamento de toda a estratégia de comunicação
para o debate com pouquíssimo tempo hábil; e desestimulou o ânimo da equipe e do candidato com relação ao pleito,
devido ao caráter trágico do acontecimento.
3.4.1.3. Pouca arrecadação eleitoral
Os debates eleitorais requerem, em seus bastidores, uma preparação que envolve uma boa quantia de financiamento. A
preparação para os debates eleitorais inclui a realização de pesquisas (principalmente qualitativas, para medir o
desempenho do candidato durante o debate); levantamento de dados (o que requer a contratação de uma equipe
especializada); treinamento comunicacional do candidato (o que também requer a contratação de profissionais); e
estrutura logística para o deslocamento do candidato (veículo, motorista, equipe de apoio). Ainda, é de praxe que os
partidos mobilizem militância de campanha para o acompanhamento do debate eleitoral, ao redor da emissora que o
realizará. Tal mobilização também requer financiamento, para remunerar a militância, deslocamento e material de
campanha (tais como bandeiras).
Para que as atividades acima sejam bem executadas, é necessário financiamento eleitoral. A campanha de Tarcísio
Delgado arrecadou, proporcionalmente ao montante ideal, uma pequena quantia. Esse fator é considerado uma ameaça
à candidatura, conforme será discorrido abaixo.
Segundo a prestação final de contas da campanha de Tarcísio, seu montante total de arrecadação foi de R$
2.527.097,18 (TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, 2014c). Seus principais doadores de campanhas diretos foram
o Banco Bradesco; a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração9, o Banco Itaú Unibanco; e a Construtora
Norberto Odebrecht – com doações de respectivamente R$200.000,00; R$250.000,00; R$100.000,00 e R$100.000,00.
Ainda, a maioria substantiva das doações de Tarcísio foi repassada pelo Diretório Estadual do Partido, e tais repasses
tinha origem, principalmente, da empresa BMX Realizações Imobiliárias e Participações; Banco Santander e Cosan
Lubrificantes e Especialidades S.A – com doações de, respectivamente, R$500.000,00; R$312.200,00; e
R$247.980,00.
Segue tabela com prestação de contas final de Tarcísio Delgado, disponibilizada pela Justiça Eleitoral, com todos os
doadores de campanha:
9
Tarcísio Delgado declara abertamente que nunca recebeu nenhuma doação de mineradoras, para seu financiamento de
campanha. O candidato sempre militou a favor dos mineiros (trabalhadores de minas) e é contra a exploração excessiva dos
recursos naturais de Minas Gerais. Entretanto, por desatenção da tesouraria de campanha a este fato, esses recursos foram
depositados na conta de Tarcísio Delgado. Essa causa para a qual o candidato milita foi tema de falas do candidato durante os
debates eleitorais.
10
Doador
AFN CONSULTORIA LTDA
BEX EDIÇÕES LTDA
BRADESCO LEASING S.A.
COMPANHIA BRASILEIRA DE METALURGIA E MINERAÇÃO
CONSTRUTORA NORBERTO ODEBRECHT S.A.
Direção Estadual/Distrital
Direção Estadual/Distrital
Direção Estadual/Distrital
Direção Estadual/Distrital
Direção Estadual/Distrital
Direção Estadual/Distrital
Direção Estadual/Distrital
Direção Estadual/Distrital
Direção Estadual/Distrital
Direção Estadual/Distrital
Direção Estadual/Distrital
Direção Estadual/Distrital
Direção Estadual/Distrital
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Direção Estadual/Distrital
Direção Estadual/Distrital
Direção Estadual/Distrital
Direção Estadual/Distrital
Direção Estadual/Distrital
Direção Estadual/Distrital
Direção Estadual/Distrital
ESDEVA INDUSTRIA GRAFICA LTDA
ITAÚ UNIBANCO S.A.
SEMPRE EDITORA LTDA
SEMPRE EDITORA LTDA
Doador Originário
Valor R$
Espécie do Recurso
R$ 5.300,00 Cheque
R$ 250,00 Estimado
R$ 200.000,00 Transferência eletrônica
R$ 250.000,00 Transferência eletrônica
R$ 100.000,00 Transferência eletrônica
SUPERMERCADO BAHAMAS LTDA
R$ 50.000,00 Cheque
BMX REALIZACOES IMOBILIARIAS E PARTICIPACOES SA
R$ 500.000,00 Transferência eletrônica
VAHRCAV PARTICIPACOES LTDA
R$ 50.000,00 Cheque
GERDAU ACOS ESPECIAIS SA
R$ 30.000,00 Cheque
GERDAU ACOS ESPECIAIS SA
R$ 10.000,00 Cheque
GERDAU ACOS ESPECIAIS SA
R$ 2.718,08 Cheque
BIOLAB SANUS FARMACEUTICA LTDA
R$ 50.000,00 Cheque
PERCORRER - PR. ARTIGOS ESPORTIVOS LTDA
R$ 25.000,00 Cheque
DIEDERICHSEN - PR ARTIGOS ESPORTIVOS LTDA
R$ 25.000,00 Cheque
PERCORRER ARTIGOS ESPORTIVOS LTDA
R$ 25.000,00 Cheque
CALCCIO ARTIGOS ESPORTIVOS LTDA
R$ 25.000,00 Cheque
RICARDO BURMAIAN
R$ 50.000,00 Cheque
PAROMAR ADMINISTRAÇÃO DE BENS E PARTICIPAÇÕES LTDA R$ 50.000,00 Cheque
BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA SA
R$ 20.000,00 Cheque
R$ 150.000,00 Cheque
BRADESCO LEASING S.A.
R$ 53.000,00 Cheque
BANCO SANTANDER (BRASIL)S.A.
R$ 62.200,00 Cheque
BANCO SANTANDER (BRASIL)S.A.
R$ 250.000,00 Cheque
COSAN LUBRIFICANTES E ESPECIALIDADES S.A.
R$ 150.000,00 Cheque
COSAN LUBRIFICANTES E ESPECIALIDADES S.A.
R$ 224.000,00 Cheque
COSAN LUBRIFICANTES E ESPECIALIDADES S.A.
R$ 23.980,00 Cheque
R$ 29.360,00 Estimado
R$ 100.000,00 Transferência eletrônica
R$ 8.432,10 Estimado
R$ 7.857,00 Estimado
Total de Receitas
R$ 2.527.097,18
Tabela 1: Prestação de Contas Final – Tarcísio Delgado
Fonte: Dados do Tribunal Superior Eleitoral – Elaboração da autora
É importante observar que não houve nenhum repasse, direto ou indireto, da Direção Nacional do Partido para o
candidato. Eduardo Campos, em conversa com Delgado, havia prometido repasse contínuo de recursos nacionais para
a campanha. Entretanto, com o falecimento de Campos, esse cenário não se cumpriu, e a campanha de Delgado ficou
defasada, em termos financeiros.
A título de comparação, a campanha de Fernando Pimentel, candidato vencedor do pleito para governador, arrecadou
R$ 53.413.190,03 (TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, 2014c). Pimenta da Veiga, candidato que ficou em
segundo lugar na disputa, arrecadou R$ 40.416.502,30 (TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, 2014c). Tarcísio
Delgado ficou em terceiro lugar, no pleito eleitoral.
3.4.1.4 Oponentes de peso eleitoral expressivo
11
Para o pleito de 2014, Tarcísio Delgado enfrentou dois candidatos de peso político expressivo, e que possuíam boa
estrutura de campanha eleitoral (e partidária) que estabeleceriam pontos de partida mais vantajosos para esses
candidatos, tendo em vista o desempenho nos debates eleitorais.
Primeiramente, o candidato Fernando Pimentel, que foi Ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
do Governo da Presidente Dilma Rousseff (PT). É economista e filiado ao Partido dos Trabalhadores. Possui mestrado
em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Geral. É ex-professor da Faculdade de Ciências Econômicas
da UFMG, e entre 1990 e 1992, foi presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais. Entre 2003 e
2008, foi prefeito da capital mineira, Belo Horizonte, tendo feito uma gestão muito bem avaliada, com 73% de
ótimo/bom, no último ano de governo (FOLHA PRESS, 2012). Em 2005, foi indicado pelo site inglês WorldMayor
como o oitavo melhor prefeito do mundo, tendo sido o único prefeito sul-americano a constar na lista. (PIMENTEL,
2014). Ainda, no ano de 2006, a prefeitura de Belo Horizonte obteve a melhor avaliação de toda a região Sudeste, de
acordo com survey realizada pela Brasmarket/DCI (PORTAL IG, 2006). Na pesquisa, a avaliação da infraestrutura
construída para o turismo obteve 50% de aprovação. A Guarda Municipal também obteve avaliação positiva de 53%.
Os quesitos agricultura, prevenção de enchentes e habitação também receberam boas avaliações. No total, Belo
Horizonte ganhou a melhor avaliação positiva, entre todas as cidades pesquisadas no Sudeste, em oito quesitos
(PORTAL IG, 2006).
Fernando Pimentel possui biografia de peso e grande força política no estado de Minas Gerais. Além de fazer parte do
Partido dos Trabalhadores, legenda que possui preferência partidária considerável, entre todos os partidos brasileiros,
e que em 2002 apresentava 18% de preferência partidária no Brasil (KINZO, 2005, p. 4). A candidatura de Pimentel
vem sido construída desde fevereiro de 2014, mês em que o candidato se descompatibilizou da sua função de Ministro
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (ÂNGELO, 2014). A partir de então, o candidato concentrou
esforços em sua candidatura, já articulando-se com o depois confirmado vice de sua chapa, Antônio Andrade, do
PMDB. Andrade é o atual presidente do PMDB mineiro, e ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Em evento realizado no dia 14 de fevereiro de 2014, a pré-candidatura de Fernando Pimentel se confirmou. Nesse dia,
houve encontro do Partido dos Trabalhadores no Colégio Pio XII, em Belo Horizonte, que contou com a presença do
ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva; o presidente nacional do PT, Rui Falcão; Antônio Andrade, até então ministro
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e diversas lideranças partidárias e militância. Milhares de pessoas
assistiram ao evento (ÂNGELO, 2014).
Ainda, no dia 30 de maio, em Encontro Estadual do PT em Minas, se confirmou a pré-candidatura de Fernando, agora
em momento mais próximo ao pleito (INSTITUTO LULA, 2014). Este encontro teve a presença, mais uma vez, de
Lula e Rui Falcão; além de contar com a presença da presidente Dilma Rousseff.
Por último, no dia 14 de junho de 2014, os nomes de Fernando Pimentel, para governador, e Antônio Andrade, para
vice-governador, foram homologados em suas respectivas convenções partidárias (ÂNGELO, 2014). Assim, os
candidatos mantiveram, a nível estadual, a coligação estabelecida entre PT e PMDB a nível federal para as eleições
presidenciais.
Pimentel é um nome com grande aceitação dentro do PT, e obteve apoio de todas as correntes ideológicas do partido
para concorrer ao pleito (ÚLTIMO SEGUNDO, 2014). Lula esteve especialmente engajado em sua candidatura. Nas
palavras do ex-presidente: “quero entrar para a história tendo contribuído para eleger o primeiro petista governador de
Minas Gerais” (ÂNGELO, 2014).
Fernando Pimentel possui, ao seu favor, uma biografia de peso político, apoiadores de renome, e uma boa estrutura
partidária – além de financiamento de campanha em montante adequado à estrutura de uma campanha de governador,
conforme foi abordado em seção anterior. Em termos de desempenho num debate político, todos esses fatores pesam
ao seu favor (e contra o candidato Tarcísio): a biografia e os apoiadores de Pimentel são argumentos de peso positivo
num debate; uma boa estrutura partidária blinda o candidato sobre questionamentos nesse sentido, e garante presença
de militância (como demonstração de força), na entrada das emissoras; um bom financiamento eleitoral permite ao
candidato preparação adequada para o debate.
O segundo candidato de grande peso eleitoral é João Pimenta da Veiga Filho, advogado e político brasileiro. Foi um
dos fundadores do PSDB em 1988, e prefeito de Belo Horizonte entre 1989 e 1990. Entre 1978 e 1988; e 1994 e 1998,
foi deputado federal, pelo MDB e PSDB, respectivamente. Ainda, entre 1999 e 2002, foi Ministro das Comunicações
do governo de Fernando Henrique Cardoso. Desde essa época, não exerce nenhum cargo público,. Ainda, licenciou-se
do cargo de prefeito de Belo Horizonte, para candidatar-se ao governo do estado de Minas Gerais, com pouco mais de
doze meses de mandato (PIMENTA DA VEIGA, 2014).
A seu favor, Pimenta da Veiga possuiu a condição de indicado pelo o partido que atualmente está no comando do
Executivo do estado de Minas Gerais, e conduz uma máquina poderosa. Ainda, Pimenta possui o apoio de Aécio
Neves, senador por Minas Gerais, candidato a presidente da República e ex-governador do estado, que possui força
política expressiva em MG.
12
A indicação de Pimenta da Veiga ocorreu por decisão pessoal de Aécio Neves, já assinalada no ano de 2013, quando
Pimenta mudou-se novamente para Belo Horizonte, por esse motivo (RESENDE, 2013). Marcus Pestana, presidente
estadual do PSDB, apresentou resistência à indicação do nome de Pimenta, visto o primeiro querer ele próprio pleitear
a sua candidatura ao governo. Em fevereiro de 2014, Marcus desiste de sua pré-candidatura, deixando o caminho livre
para o candidato de Aécio Neves, que a partir de então se confirma como pré-candidato do PSDB ao governo mineiro
(SOUTO, 2014). No dia 10 de junho de 2014, em convenção partidária do PSDB, realizada em Belo Horizonte, a
candidatura de Pimenta é oficializada, tendo como vice de sua chapa o ex-deputado federal Dinis Pinheiro (PORTAL
G1, 2014).
Pimenta da Veiga, assim como Fernando Pimentel, possuía, a seu favor, biografia política (ainda que com menor
peso); apoiadores políticos importantes; boa estrutura partidária de apoio; e financiamento eleitoral compatível com a
magnitude de uma campanha para governador de Minas Gerais. Tal como discorrido acerca de Pimentel, tais fatores
são considerados ameaças ao desempenho de Tarcísio Delgado nos debates eleitorais.
3.5.1. Oportunidades
Na seção seguinte, serão abordados elementos contextuais considerados positivos para o desempenho eleitoral de
Tarcísio Delgado nos debates televisivos.
3.4.2. A entrada de Marina Silva e crescimento nas pesquisas eleitorais
Apesar da impossibilidade de Marina Silva cumprir os compromissos firmados por Eduardo Campos anteriomente, a
relação com Delgado foi afável. Marina Silva fez quatro visitas a Minas Gerais, durante o pleito: duas enquanto vicecandidata, e duas enquanto candidata. Em suas visitas com Eduardo Campos, em 21 de julho e 28 de julho, ambos
estiveram em Juiz de Fora – primeiro, para a inauguração de uma Casa de Eduardo e Marina – espécie de comitê
voluntário de campanha (PAVANELLI, 2014). Depois, para a inauguração do comitê de campanha de Delgado em
Juiz de Fora. No dia 8 de setembro, Marina fez sua primeira visita enquanto candidata à presidência, visitando Belo
Horizonte, Contagem e Betim. Em sua última visita, no dia 26 de setembro, Marina participou de ato de campanha em
apoio a Tarcísio, em Juiz de Fora. Depois, seguiu para a cidade de Lagoa Santa. Em todas as visitas de Marina a
Minas Gerais, ela cumpriu agenda junto a Delgado. Ainda, fez questão de gravar vídeos de apoio ao candidato, que
foram veiculados no Youtube, no canal de Marina no Facebook, e nos programas e spots eleitorais de Tarcísio. Nesses
vídeos, Marina dá depoimentos de apoio ao candidato, como “Eu preciso do Tarcísio em Minas Gerais para que ele
me ajude a melhorar o Brasil” (LOUISE, 2014).
Mesmo antes da confirmação de sua candidatura, no dia 20 de agosto, Marina Silva já apresentava bom desempenho
nas pesquisas de intenção de voto para presidente. Em pesquisa do Instituto Datafolha, realizada no dia 18 de agosto, a
candidata apresentava 21% das intenções de voto, contra 20% de intenções de voto de Aécio Neves, candidato do
PSDB, e 36% de Dilma Rousseff, candidata à reeleição. Ainda, na simulação de um segundo turno, Marina obtinha
47% das intenções de voto, contra 43% de intenções de voto de Dilma Rousseff. A margem de erro desta pesquisa foi
de dois pontos percentuais, para mais ou para menos (CARTA CAPITAL, 2014b).
Ainda, em pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, nos dias 28 e 29 de agosto, mostravam Marina Silva e Dilma
Rousseff empatadas em primeiro lugar nas intenções de voto (COSTAS, 2014). Segue gráfico abaixo, ilustrando a
variação das intenções de voto em Marina Silva, Dilma Rousseff e Aécio Neves, durante o pleito eleitoral, nas
pesquisas divulgadas publicamente:
13
Gráfico 1: Pesquisas de Opinião – Tendência (Candidatos à Presidência) – Fonte: Instituto Ver, 27 de
setembro de 2014 .
O gráfico acima mostra a média da intenção de voto dos principais candidatos presidenciáveis, ao longo do tempo,
com relação às pesquisas divulgadas pelos institutos. Mostra claramente o crescimento expressivo de Marina Silva nas
intenções de voto, especialmente ao final de agosto (linha verde).
Nesse novo contexto eleitoral, a equipe de campanha de Tarcísio Delgado decidiu por uma mudança de estratégia, no
sentido de usar aquele momento como oportunidade, nos debates eleitorais. Naquele presente momento, era
importante apresentar o candidato como o governador de Marina Silva. A imagem de Tarcísio deveria ser trabalhada
de forma a dar conhecimento aos eleitores desse fato, mas continuando a dar luz própria ao candidato. Era importante
informar a conexão de Delgado com Silva, de maneira equilibrada, mantendo a independência e personalidade de
Delgado, para que este não fosse ofuscado. A equipe de campanha apostou que o crescimento das intenções de voto de
Marina Silva poderiam também alavancar a candidatura de Delgado, se essa estratégia fosse explorada nos debates
eleitorais. Os eleitores deveriam obter a informação, a partir da fala de Tarcísio, que aquele era o candidato de Marina
Silva. Nesse sentido, esse contexto será considerado uma oportunidade contextual.
4. ANÁLISE DO DESEMPENHO DE TARCÍSIO NOS DEBATES ELEITORAIS
Nesse capítulo, primeiramente será feita uma introdução sobre os debates eleitorais e seus formatos, em 2014, para a
campanha de governador. Em seguida, serão comentados como os pontos apresentados na análise SWOT e nos
capítulos anteriores se desdobraram em estratégias argumentativas nos debates eleitorais de Delgado. Ainda, será
analisado o desempenho do candidato, considerando suas forças e fraquezas, e o contexto eleitoral de oportunidades e
ameaças. Para que se ilustre melhor essa análise, serão apresentadas transcrições dos trechos dos debates capturados
para reprodução.
4.1. Os debates televisivos das eleições para Governador de Minas Gerais em 2014
14
Os maiores debates televisivos para a campanha de governo do estado de Minas, em 2014, em termos de impacto e
audiência, foram de cinco emissoras diferentes: Rede Bandeirantes (Band), RedeTV!, Sistema Brasileiro de Televisão
(SBT – ao qual a TV Alterosa é a afiliada em Belo Horizonte), Rede Record e Rede Globo. O debate inaugural dessa
série foi da Rede Bandeirantes, ocorrido em 7 de agosto de 2014 (PORTAL G1, 2014). Esse debate ocorreu antes do
início do Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral, iniciado dia 19 de agosto (TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL,
2014a). Por essa razão, a atenção do eleitor ainda não estava voltada para o pleito estadual, o que tornou menor a
relevância desse evento em termos de interesse eleitoral. As regras para esse primeiro debate, construídas em conjunto
com a emissora, propunham uma forma pouco fluida de argumentação entre os candidatos. Todas as perguntas feitas
aos candidatos haviam sido previamente selecionadas, e não havia discricionariedade alguma para a elaboração
autônoma de perguntas – nem mesmo para os jornalistas do Grupo Bandeirantes de Comunicação exercerem o seu
senso crítico e colocarem questões autonomamente. Os temas debatidos também foram previamente sorteados e
selecionados.
O debate da RedeTV!, ocorrido em 21 de setembro de 2014, aconteceu em um formato mais fluido, com espaço para
perguntas discricionárias dos candidatos e jornalistas convidados (REDETV!, 2014). Na TV Alterosa, afiliada ao
SBT, o debate aconteceu no dia 23 de setembro de 2014 (RIBEIRO, Lucas, 2014), e também apresentou formato mais
aberto, com participação de organizações da sociedade civil e jornalistas na elaboração das perguntas para os
candidatos (além de dois blocos dedicados a perguntas discricionárias entre os candidatos). O jornalista Ricardo
Carlini mediou o debate, tentando fazê-lo de forma descontraída (e um tanto quando excêntrica), e acrescentando um
tom de humor a algumas considerações, com o objetivo de tornar o clima entre os candidatos mais ameno (RIBEIRO,
Lucas, 2014).
No dia 27 de setembro de 2014, a Rede Record promoveu o seu debate entre os candidatos a governador. O formato
deste foi parecido com os debates anteriores (com exceção à Rede Bandeirantes): haviam blocos dedicados a
perguntas de embate direto entre os candidatos, e bloco dedicado a perguntas de jornalistas do grupo de comunicação
(RIBEIRO, Lucas, 2014).
O último debate eleitoral antes do pleito foi promovido pela Rede Globo, no dia 1º de outubro de 2014 (PORTAL G1
MG, 2014). Com relação ao formato, este foi pensado de forma uma pouco diferente: foram apenas três blocos,
divididos da seguinte forma: o primeiro bloco com embate direto e perguntas livres entre os candidatos; o segundo
bloco com perguntas de temas definidos por sorteio; e um terceiro bloco de considerações finais (PORTAL G1 MG,
2014).
Por último, com relação aos formatos adotados pelas emissoras, os debates da RedeTV! e Rede Record possibilitaram
a presença de audiência direta de espectadores nos estúdios de gravação, os quais foram montados em formato de
auditório. O debate promovido pela TV Alterosa adotou um formato híbrido, e permitiu um pequeno auditório de
equipe de campanha dentro do estúdio de gravação. Em todos os debates onde esse formato (híbrido ou não) de
auditório foi adotado, houve participação (espontânea e não-consentida pela emissora) dos espectadores, com
interferência direta no debate, através de ovações, críticas e/ou interpelações das equipes de campanha em voz alta.
4.2. O desempenho geral do candidato
Essa seção fará uma comparação entre o que foi proposto, em termos de estratégias para os debates, considerando a
análise SWOT; e como a atuação de Delgado foi, de fato, desempenhada. A análise SWOT, além de balizar o
planejamento estratégico, terá também a função de explicar o porquê da maioria das estratégias pensadas não ter
funcionado de forma ideal.
Com relação às forças do candidato (sua biografia política), essa característica foi proposta como estratégia de
persuasão, sendo sempre explorada nos debates, através da apresentação de sua biografia aos eleitores,
preferencialmente no início de sua fala:
15
Figura 1 – Tarcísio Delgado apresenta sua biografia política – Fonte: Debate Rede Bandeirantes. “Quero dizer
mais, que eu sou Tarcísio Delgado, ex-prefeito de Juiz de Fora por três mandatos, ex-deputado federal, com uma
história política de honra, dignidade e seriedade”.
O candidato fazia um esforço para olhar diretamente para as câmeras, e dessa forma fazer um contato visual direto
com o eleitor, enquanto argumentava. Entretanto, por falta de treinamento perante as câmeras, e com relação ao
formato dos debates, o candidato Tarcísio Delgado esquecia-se, inúmeras vezes, de mencionar pontos importantes de
sua biografia, como o fato de ter sido Secretário do estado de Minas Gerais, e Presidente do DNER. Ainda, o
candidato, nos debates da Rede TV, Alterosa e Rede Globo, decidiu por não fazer tal apresentação – dessa forma, não
destacando esse (o único) aspecto de força da candidatura. Por citar precipuamente que havia sido prefeito de Juiz de
Fora, Delgado ficou conhecido, ao final de sua campanha, como o candidato a governador que vinha de Juiz de Fora.
Nos debates eleitorais, Tarcísio apresentava a sua biografia resumida principalmente ao seu cargo na Prefeitura,
trabalhando apenas um ponto (com delimitação geográfica) de sua biografia aos eleitores, e enfraquecendo o poder
persuasivo do principal aspecto de força da candidatura – a sua experiência em diferentes cargos políticos na
jurisdição do estado de Minas Gerais.
Em termos de fraquezas do candidato, estas se mostraram com impacto em seu desempenho, nos debates eleitorais. A
postura pessoal do candidato, de desconsiderar a importância de um estudo detalhado para a sua preparação (tanto
teórico como das regras de cada emissora) para um debate se reverteram em posturas inadequadas. No debate da
RedeTV!, por exemplo, o candidato se atrapalhou, no terceiro bloco. Como não se atentou adequadamente às regras da
emissora, Tarcísio requisitou que pudesse fazer uma pergunta à Pimenta da Veiga (o que não era possível,
absolutamente), passando uma imagem de despreparo e desatenção para o eleitorado.
16
Figura 2 – Tarcísio Delgado pede para fazer pergunta a Pimenta da Veiga (fora de contexto) Fonte: Debate
RedeTV! “Posso perguntar para o Pimenta? Então eu tenho que perguntar ao Pimenta.”
Ainda com relação à falta de treino comunicacional para os debates, o chamado media training10, o candidato
dificilmente conseguia adequar o tempo da pergunta e/ou resposta e sintetizar a mensagem que gostaria de sinalizar
aos outros debatedores e ao eleitorado. Delgado ia com frequência para além do tempo definido, e trazia
constrangimentos ao evento, com de tal postura.
No debate na Rede Globo, o candidato mostrou desatenção que repercutiu nas redes sociais, através da
replicação de vídeos com críticas à sua postura. Quando interpelado para fazer pergunta sobre o tema educação,
Delgado iniciou a pergunta discorrendo corretamente sobre o tema, mas finalizou a sua fala colocando uma pergunta
sobre saúde, diferentemente do que era pedido:
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O media training é um conjunto de técnicas de trabalho da imagem com a imprensa. É um conjunto de processos que busca
entender, conhecer e saber como lidar com a imprensa, e como passar a imagem correta (TREINAMENTO DE MÍDIA, 2015).
Entre as técnicas de media training, considerando especialmente o contexto eleitoral, está o treinamento em linguagem corporal,
retórica, oratória, treinamento do poder de síntese, treinamento em como utilizar estatísticas e conduzir entrevistas, simulações de
debates, entre outros.
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Figura 3 – Tarcísio no Debate da Rede Globo – Fonte: Debate Rede Globo - “Educação é um tema muito
importante, eu inclusive coloco educação como a pré-condição para o desenvolvimento, é um pré-prioridade, é e
primeira, depois vêm as outras, saúde, segurança, etc. Então eu queria saber do Pimentel, na verdade, que ele pudesse
colocar alguma coisa que pudesse melhorar a saúde do mineiro, porque ele está muito mal-atendido na área de saúde”
Esse fato demonstra a importância da execução de treinamentos prévios aos debates eleitorais, para que esse tipo de
situação seja evitada.
Com relação às ameaças à candidatura de Tarcísio, alguns fatos refletiram direta e indiretamente no desempenho do
candidato. Por falta de estrutura adequada de financiamento de campanha, Delgado ficou sem o subsídio necessário
para que estruturasse, balizado em pesquisas de opinião, uma estratégia argumentativa alinhada às expectativas do
eleitorado. Tal fator se refletiu também na falta de disponibilização de media training adequado e consistente, pela
limitação orçamentária para contratação dessa mão-de-obra especializada. Ainda, a falta de financiamento repercutiu
em cansaço físico do candidato, por exemplo: antes do debate da Record, naquele dia, o candidato Tarcísio Delgado
havia feito viagens para Juiz de Fora e Lagoa Santa, dois municípios mineiros. Ambas foram feitas de carro, pois não
havia financiamento suficiente para que essas viagens fossem feitas de avião. Por esse motivo, Delgado apresentou
abatimento visível para o debate que ocorreu naquela noite. Esse fator logístico-financeiro, agregado à idade do
candidato, contribuiu para um desempenho fraco de Delgado no debate, afetando a sua memória, cognição e passando
uma imagem de cansaço e abatimento para o eleitorado.
Ainda com relação às ameaças à candidatura, a falta de financiamento adequado impossibilitou a demonstração de
força da campanha para mobilização de militância ao redor das emissoras de televisão. A imagem abaixo mostra a
mobilização da campanha do Partido dos Trabalhadores à porta da TV Alterosa:
Figura 4 – Demonstração de força da campanha petista – Fonte: TV Alterosa. “A Avenida Assis Chateaubriand,
em frente à sede da TV Alterosa, foi tomada por cabos eleitorais”.
Por último, com relação às oportunidades de campanha: a ascensão de Marina Silva nas pesquisas eleitorais, conforme
discorrido anteriormente, foi escolhida como estratégia argumentativa nos debates. O planejamento proposto era de
que o candidato se apresentasse como o candidato a governador de Marina Silva em Minas Gerais, em todos os
debates (a partir do debate da RedeTV!, onde esse contexto já havia se apresentado). Entretanto, o candidato Tarcísio
Delgado pontuou essa estratégia argumentativa em apenas dois momentos: em fala no debate da RedeTV!, e em suas
considerações finais no debate da Rede Globo. A título de ilustração, segue fala do candidato sobre Marina Silva feita
na Rede Globo:
Com austeridade, eficiência e melhor tributação do minério, teremos recurso para fazer o que o estado
precisa. Mineiros, a sorte está lançada. O futuro está nas suas mãos. Peço seu voto. Vote 40 para nós
fazermos as grandes transformações que este estado precisa. Nós queremos trabalhar com os
mineiros, queremos fazer para os mineiros. E com austeridade, com apoio de Marina Silva no
Governo Federal, nós poderemos fazer por Minas muito mais do que tem sido feito. E para terminar,
neste minuto final, eu quero (PORTAL G1 MG, 2014).
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Delgado menciona rapidamente o apoio de Marina Silva, e na sequência, a sua fala é interrompida sem conclusão, pois
seu tempo para as considerações havia terminado. Essa passagem demonstra dois pontos em que a execução da
estratégia persuasiva foi falha: em termos de falta de síntese argumentativa; e exploração muito rasa de um argumento
considerado oportuno nos debates: a articulação com a candidatura de Marina Silva.
A partir do desempenho acima descrito, podemos trazer alguns argumentos de Fábio Vasconcellos (2013), com o
objetivo de discutir sobre a repercussão desse desempenho persuasivo de Delgado. Segundo o autor, em contextos de
campanha onde a situação é mal avaliada, a oposição tende a se beneficiar desse cenário, em debates eleitorais, sendo
avaliada, proporcionalmente, como com o melhor desempenho. Vasconcellos (2013) apresenta essa conclusão a partir
da análise dos debates presidenciais em dois cenários: um onde a situação era bem avaliada (eleições presidenciais de
2010); e outro onde a situação não era bem avaliada (eleições presidenciais de 2002).
O cenário eleitoral mineiro em 2014, onde a situação estava mal avaliada, seria um contexto benéfico a ser
aproveitado pelo o candidato Delgado, nesse sentido. Ainda, o estudo conclui, a partir da análise dos debates com o
cruzamento de cobertura por parte da imprensa, que os debates eleitorais influenciam os fluxos comunicacionais de
campanha (VASCONCELLOS, 2013), mitigando as percepções negativas dos candidatos da situação (quando esta é
percebida retoricamente como dominante), ou ampliando a percepção positiva da oposição (quando a situação é mal
avaliada). Em termos de intenção de voto, os debates eleitorais não são suficientes para uma mudança de posição entre
a colocação dos candidatos, mas representam ganhos de votos para aquele o considerado representante do clima de
opinião para aquela eleição, de acordo com a interpretação retórica do ambiente de campanha, colocada também por
Marcus Figueiredo et al (2000) no capítulo 2, como marco teórico.
Nesse sentido, os debates eleitorais são considerados elementos importantes na influência do contexto comunicacional
de uma campanha eleitoral. O desempenho de Delgado, pois, poderia ter sido uma variável de influência persuasiva no
pleito eleitoral de 2014.
5. CONCLUSÃO
Conforme discorrido nesse trabalho, os aspectos percebidos como positivos na candidatura de Delgado de
serem trabalhados persuasivamente, nos debates eleitorais, não o foram. Tais argumentos não conseguiram ser
trabalhados principalmente por limitações pessoais e posturas do candidato, de não-reconhecimento do trabalho de
treinamento, estudo e media training como algo estratégico em sua preparação – o que influenciou diretamente num
desempenho fraco nesses eventos de campanha. O fato de o candidato ter 79 anos de idade foi outro fator altamente
limitante do seu desempenho, acarretado por variáveis externas. Sobre os fatores externos limitantes – entre eles,
principalmente a falta de recursos financeiros – impossibilitaram a aplicação prática de uma preparação para os
debates em termos ideais. Especialmente considerando que Tarcísio disputou o pleito com dois candidatos altamente
competitivos (Fernando Pimentel e Pimenta da Veiga), com estruturas de preparo e planejamento para os debates
altamente estruturadas.
Sobre a importância estratégica dos debates eleitorais, ainda que eles não afetem diretamente a intenção de
voto dos candidatos – esses eventos de campanha possuem importância estratégica e devem ser bem planejados, por
trabalharem a fixação e argumentação persuasiva daquela campanha em níveis comunicacionais e nãocomunicacionais (tais como linguagem corporal). Ainda, os debates afetam de formas diferentes eleitores com maior e
menor nível de atenção política – dois públicos que devem ser trabalhados de forma concomitante numa campanha
eleitoral. Os debates afetam o fluxo comunicacional de campanha – e considerando que variáveis comunicacionais são
importantes nas campanhas eleitorais modernas – o investimento em planejamento e treinamento para os debates
eleitorais se mostra assaz importante.
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