Os estudos de prestígio ocupacional e sua utilização em
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Os estudos de prestígio ocupacional e sua utilização em
Os estudos de prestígio ocupacional e sua utilização em métodos de estratificação socioeconômicos para Marketing e Pesquisas de Marketing Fauze Najib Mattar Os estudos de prestígio ocupacional compreendem a hierarquização das ocupações, segundo o status social a elas conferido pela sociedade ou por grupos sociais restritos. Diferentemente dos demais estudos de estratificação social, gozam de grande aceitação entre os estudiosos de Sociologia. A popularidade dos estudos de prestígio ocupacional entre os estudiosos de Sociologia advém de que (Hodge, 1964: 89): • • • as medições ocupacionais parecem captar e concretizar a impressão que a maioria das pessoas tem da estrutura de classe; o prestígio ocupacional é, simultaneamente, tangível e objetivo; em sociedades capitalistas, a hierarquia social está baseada, principalmente, em diferenças de riqueza e renda e a fonte básica para a sua obtenção são as ocupações dos indivíduos. A importância social da ocupação fica evidenciada pelas palavras de Treiman (1977:1): "Os homens são conhecidos pelo seu trabalho. Não é por acaso que, quando estranhos se encontram, um passo inicial padrão de abertura é a pergunta, "No que você trabalha?" (ou Que tipo de trabalho você faz?), pois esta informação proporciona o melhor indicador simples do tipo de pessoa de que se trata."..."Em resumo, o papel ocupacional localiza os indivíduos no espaço social, estabelecendo dessa forma o cenário para a interação de um com o outro." Sob este aspecto Treiman tem total razão. A comunicação entre dois indivíduos, e conseqüentemente, a sua interação social, depende da quantidade de pontos coincidentes sobre valores, estilo de vida, atitudes, experiências, nível de escolaridade, ocupação etc. Alguns assuntos são socialmente aceitos de serem abordados diretamente entre indivíduos que estão se conhecendo, outros não. Dentre os que são aceitos, a ocupação exercida é um deles, mas não o único; exemplos de outros que são aceitos: formação educacional, local de moradia, instituição onde trabalha, associação a clubes e instituições etc.. Por outro lado, não são, costumeiramente, aceitas perguntas sobre nível de renda, montante de riqueza, número de propriedades, tamanho da residência e outras semelhantes. Existe toda uma teoria em que se baseiam os estudos de prestígio ocupacional e que poderá ser consultada em outras obras (Blau & Duncan, 1978; Davis, 1942; Davis & Moore, 1945; Hatt, 1950; Lenski, 1971; Parsons, 1940; Parsons, 1940 e 1955; Treiman, 1977; Tumin, 1970; Tumin, 1953; dentre outras). Duas diferentes abordagens podem ser utilizadas para o estabelecimento de hierarquias de prestígio ocupacional. Uma é a constituída através do desenvolvimento pelo próprio pesquisador de um esquema de classificação socioeconômica para as ocupações. O trabalho mais importante realizado utilizando essa abordagem, nos EUA, foi o de Edwards (1943). A segunda abordagem e mais aceita entre os estudiosos é a de se chegar à hierarquia ocupacional através de pesquisas junto à população em estudo, solicitando-se que os respondentes avaliem o "posicionamento geral", ou o "prestígio", ou o "respeito" tido para com determinadas ocupações. Inúmeros foram os estudos de prestígio ocupacional realizados, porém, o estudo considerado um marco nessa área de conhecimento, pela utilização pioneira de metodologia adequada e por ter sido aplicado a uma amostra nacional, foi o realizado por North & Hatt (in Reiss, 1961), em 1946, para a NORC - National Opinion Research Center (na ocasião na Universidade de Denver-Colorado). Neste artigo serão apresentados, de forma resumida, os seguintes estudos ocupacionais: George S. Counts (1925), Alba M. Edwards (1943), North & Hatt-NORC (in Reiss, 1961), NORC (1963), Treiman (1977) e dois estudos realizados no Brasil: o de Hutchinson (1957) e o de Haller, Holsinger & Saraiva (1972). Estudo de Counts O trabalho de George S. Counts, da Yale University, caracteriza-se por ter sido a primeira tentativa de realizar um estudo de prestígio ocupacional nos EUA. O estudo foi realizado em 1925 e teve dois objetivos imediatos: primeiro, avaliar o prestígio ocupacional de professor de escolas de primeiro e segundo graus em comparação com outras ocupações e, segundo, levantar informações sobre prestígio ocupacional para servir de orientação na decisão dos estudantes de cursos secundário na sua escolha vocacional/profissional de curso superior. Foram selecionadas, na ocasião, 45 ocupações para serem avaliadas por uma amostra não-aleatória, regional, de 450 pessoas, em seis diferentes grupos, sendo 82 professores de escola secundária, 62 calouros de universidade e 306 alunos do último ano de cursos de 2o. grau (curso colegial). A metodologia empregada consistiu em apresentar a relação das ocupações a serem avaliadas em ordem alfabética e em solicitar aos respondentes que as ordenassem, colocando o número 1 para a melhor avaliada, o número 2 para a 2a. e, assim, sucessivamente, até chegar à de número 45 que deveria corresponder à de mais baixa avaliação. Na avaliação do próprio Counts, o método empregado mostrou uma certa fraqueza à medida que o estudo foi sendo realizado. A autocrítica maior diz respeito à grande dificuldade encontrada em fazer com que um grande número de itens fossem, simultaneamente, ordenados pelos pesquisados; segundo suas próprias palavras: "desde que o exercício requeria uma grande quantidade de trabalho e uma prolongada concentração de atenção, parece provável que, em muitos momentos, a motivação dedicada tenha sido inadequada para assegurar resultados ótimos". Uma segunda autocrítica feita pelo pesquisador em relação ao método empregado foi a de que as ocupações foram classificadas, não de acordo com a sua posição naquele momento na sociedade, mas de acordo com uma posição ideal, ou, nas palavras do pesquisador, "a classificação acabou sendo feita para indicar o que deveriam ser ao invés do que eram". Além dessas autocríticas, devem ser acrescidas as com respeito à amostra constituída que fizeram com que os seus resultados não tivessem validade nem para os objetivos imediatos a que se propôs. Por essas críticas, o estudo de Counts tem valor apenas pela sua originalidade. Mesmo assim, os índices de correlação entre os resultados obtidos em cada grupo pesquisado foram da ordem de 0,97. Resultados de estudos posteriores, realizados com grandes amostras nacionais, mostraram uma grande correlação com os resultados do estudo de Counts. No Quadro 1, estão os resultados a que Counts chegou, por ordem de classificação. O Esquema Edwards O Bureau do Censo dos Estados Unidos coleta dados sobre ocupação desde 1820, mas dados organizados sobre ocupação que fossem úteis para estratificação social só passaram a ser apresentados, de forma estratificada, após a depressão de 1930, quando a necessidade de se dispor de informações para o estabelecimento de decisões políticas relacionadas à situação social existente passou a ser fundamental. Naquela ocasião, um funcionário do Bureau do Censo, Dr. Alba M. Edwards (1943), foi encarregado de realizar uma proposta sobre como classificar as ocupações de forma a torná-las úteis para a necessidade existente. O levantamento que Edwards realizou, nos arquivos do Bureau do Censo, permitiu que propusesse o esquema de "status socioeconômico", apresentado no Quadro 2, que possibilitou a organização e comparação dos dados decenais coletados pelo Bureau, desde 1910 a 1940. Em 1950, o Bureau do Censo introduziu modificações no esquema de Edwards que prevalecem até hoje. Este esquema modificado é apresentado no Quadro 3. Observa-se que, excluindo-se os fazendeiros e gerentes de fazendas, os empregados em serviços domésticos e os operários agrícolas e capatazes, o esquema apresentado forma uma escala, tanto em termos de escolaridade média quanto de renda média. Pode-se deduzir, pela forma como estes esquemas foram construídos, que não há uma metodologia que os justifique, mas que, apenas, procurou-se ordenar as ocupações de uma forma escalar, em termos da escolaridade e renda médias. Apesar deste porém, o esquema tem sido muito utilizado, principalmente para o propósito de comparar históricos ocupacionais de diferentes períodos. Estudo de North-Hatt/NORC O estudo desenvolvido pelos Profs. North e Hatt foi concluído e publicado na íntegra, com a metodologia utilizada, após a aposentadoria de North e o falecimento de Hatt, por Albert J. Reiss Jr. (1961). Esse estudo teve como objetivos: "1.Obter uma avaliação nacional do prestígio relativo de um grande número de ocupações. 2.Determinar o padrão de julgamento geral utilizado pelas pessoas na avaliação de status ocupacional. 3.Investigar o padrão geral de julgamento das pessoas ao decidir pela relativa desejabilidade das ocupações. 4.Medir a opinião sobre o que é considerado ser uma educação adequada para ‘se dar bem no mundo'. 5.Estudar a mobilidade ocupacional - através da análise da intenção das pessoas em mudar para uma outra ocupação e sua ostensiva razão para escolher uma intencionada ocupação e complementar investigando a mobilidade nas ocupações de uma geração para outra." (Reiss, 1961: 4). Quadro 1 - Resultados do Estudo de Counts Ocupação Banqueiro Professor universitário Médico Pastor/ministro religioso Advogado Trabalhador na indústria de autos Diretor de escola Engenheiro civil Capitão da marinha Professor de colégio Missionário estrangeiro Gerente de fábrica Professor de escola primária Comerciante de produtos secos Funcionário em atividades de lazer Fazendeiro Maquinista (operador de máquinas) Vendedor viajante Professor de escola rural Merceeiro Média dos 6 grupos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Contabilista Eletricista Engenheiro de locomotiva Agente de seguro Policial Carteiro Condutor de trens Carpinteiro Vendedor Soldado Linotipista Encanador Alfaiate Motorneiro Motorista Barbeiro Operário de fábrica Ferreiro Mineiro de carvão Porteiro/bedel Garçom Carroceiro Entregador de carvão Limpador de ruas Escavador de fossa 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 Fonte:COUNTS, George S.. Social Status of Occupations. School Review, 33, Jan. 1925, 16-27. Quadro 2 - O Esquema Clássico de Classificação Ocupacional de Edwards Profissionais Proprietários, gerentes e funcionários: Fazendeiros (proprietários e meeiros) Atacadistas e distribuidores varejistas Outros proprietários, gerentes e funcionários Escriturários e trabalhadores assemelhados Trabalhadores especializados e chefes-de-seção Trabalhadores semi-especializados Trabalhadores não-especializados: Operários agrícolas Operários, exceto os agrícolas Empregados domésticos Fonte: EDWARDS, Alba M. Comparative Occupation Statistics for the United States, 1870 to 1940. Washington, Government Printing Office, 1943. Quadro 3 - Maiores Grupos Ocupacionais do Bureau do Censo dos E.U.A. 1950 Maior Grupo Ocupacional Média de escolaridade (em anos) Profissionais, técnicos e trabalhadores especializados Fazendeiros e gerentes de fazendas Gerentes, func. públicos e proprietários, exceto fazendeiros Clero e trabalhadores assemelhados Trabalhadores em vendas Marceneiros, chefes de seção e trab. assemelhados Artífices e trabalhadores assemelhados Empregados em serviços domésticos Trabalhadores em serviços (exceto domésticos) Operários agrícolas e capatazes Operários, exceto em fazendas e minas Média de todos os trabalhadores 16,0 8,3 12,1 12,2 12,3 9,3 8,7 8,1 8,7 7,1 8,0 9,5 Renda média(em US$) 3958 1455 3944 3010 3028 3125 2607 1176 2195 863 1961 2668 Fonte: U. S. Bureau of the Census (Washington, D.C. : Government Printing Office, January 1951). Para a condução desse estudo, foi desenhada uma amostra nacional por quotas de 2920 respondentes. As variáveis controladas foram: geográfica - 9 regiões; tamanho de cidade - 9 grupos, incluindo a área rural; idade: 3 grupos; sexo: 2 grupos e raça: 2 grupos. Nota-se que a amostra construída, pelo processo de quotas, não é probabilística, e os pesquisadores alertam para que as interpretações dos resultados sejam efetuadas com a devida precaução. Nesse estudo, foram avaliadas 90 ocupações. A metodologia de avaliação consistituiu-se em oferecer aos respondentes as 90 ocupações relacionadas no formulário de avaliação em 45 pares, agrupados em três blocos de 11 pares e um de 12. Nenhuma indicação é dada a respeito de como os pares de ocupação foram formados. Para cada uma das 90 ocupações, os respondentes eram solicitados a avaliá-la segundo a seguinte escala (Reiss, 1961: 19): 1. Excelente colocação . 2. Boa colocação. 3. Média colocação. 4. Alguma coisa abaixo da colocação média. 5. Colocação pobre X. Não sei onde classificá-la. Os resultados desse estudo estão apresentados no Quadro 4. Em 1963, o NORC-National Opinion Research Center procedeu a uma nova coleta de dados, utilizando a mesma metodologia utilizada por North & Hatt em 1947, utilizando-se de amostragem por quotas. A amostra utilizada foi de 651 respondentes, menor que a de 1947, tendo em vista a estabilidade das posições das ocupações entre os diversos subgrupos obtida naquele estudo (Hodge, Siegel & Rossi, 1964). A comparação dos resultados das inúmeras regiões estudadas por North & Hatt com os escores finais das 90 ocupações mostrou existir um elevado índice de correlação para todas as regiões dos EUA. Além disso, a correlação dos escores de prestígio de North-Hatt com o nível de renda média foram de 0,85 e com o nível médio de educação foram de 0,83 e, aproximadamente, 72% da variância nos escores de prestígio foram devidos a renda e 69% a educação (Reiss, 1961: 84). Hodge, Siegel & Rossi (1964) compararam os estudos de Count (1925), North & Hatt-NORC de 1947 e de 1963 e um de Smith de 1940 e chegaram a elevados índices de correlações entre os vários estudos, conforme mostra o Quadro 5. Esses resultados levaram esses pesquisadores à conclusão de que "não tem havido nenhuma mudança substancial no prestígio ocupacional nos Estados Unidos desde 1925". Quadro 4 - Escores das 90 Ocupações Avaliadas pelo Estudo de North & Hatt - NORC Ocupação Escore Juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos Médico Governador de estado Ministros de estado Diplomatas estrangeiros nos EUA Prefeito de cidade grande Professor universitário Cientista Senador e deputado federal Banqueiro Cientista do governo Juiz de monarca Secretário de estado de governo estadual Ministro religioso Arquiteto Químico Dentista Advogado Diretor de grande companhia Físico nuclear Padre Psicólogo Engenheiro civil Piloto de empresa de aviação Artista pintor de quadros exibidos em galerias Proprietário de indústria de aprox. 100 funcionários Sociólogo Contador de grandes empresas Biólogo Músico de orquestra sinfônica Autor de novelas Capitão nas forças armadas Empreiteiro construtor de edifícios Economista Instrutor de escola pública Professor de escola pública Agente de agricultura da comarca Engenheiro de ferrovias Proprietário de fazenda e dirigente Funcionário de sindicato de trabalho internacional Radialista Colunista de jornal Proprietário/dirigente de papelaria Eletricista Maquinista treinado Trabalhador em saúde pública Agente funerário Repórter de jornal 96 93 93 92 92 90 89 89 89 88 88 87 87 87 86 86 86 86 86 86 86 85 84 83 83 82 82 81 81 81 80 80 79 79 79 78 77 76 76 75 75 74 74 73 73 73 72 71 Gerente de pequena loja de cidade Contabilista Agente de seguros Fazendeiro meeiro de médio porte Vendedor viajante de atacadistas Diretor de parque infantil Policial Condutor de trem Carteiro Carpinteiro Reparador de automóveis Encanador Mecânico Funcionário de um sindicato de trabalho local Proprietário-dirigente de lanchonete Membro das forças armadas Operador de máquina em indústria Barbeiro Atendente balconista em loja Pescador que possui seu próprio barco Motorneiro de bondes Entregador de leite Cozinheiro de restaurante Motorista de caminhão Aprendiz de marceneiro Frentista de posto de combustível Cantor em clube noturno Trabalhador em fazenda Minerador em mina de carvão Motorista de táxi Ferroviário Garção de restaurante Trabalhador nas docas Vigia noturno Tintureiro Atendente de balcão de lanchonete Barman Porteiro/bedel Fazendeiro-meeiro de pequeno porte Coletor de lixo Limpador/varredor de rua Engraxate 69 68 68 68 68 67 67 67 66 65 63 63 62 62 62 60 60 59 58 58 58 54 54 54 53 52 52 50 49 49 48 48 47 47 46 45 44 44 40 35 34 33 Fonte: Reiss Jr, 1961, p.53. Convém observar que os estudos de prestígio ocupacional apenas procuram ordenar as ocupações segundo o prestígio social a elas atribuído, esses estudos não levam nem ao estabelecimento de estratos sociais e, muito menos, à identificação e ao estabelecimento de limites ou linhas demarcatórias de classes de prestígio ocupacional. O Estudo de Treiman O sucesso, a popularidade e a aceitação obtidos pelo estudo de North & Hatt ensejaram a realização de inúmeros estudos semelhantes nos EUA e em diversos outros países, com a utilização de metodologia idêntica ou semelhante. Os resultados do estudo comparativo realizado por Hodge, Siegel & Rossi (1966) e a disponibilidade de resultados de estudos feitos em outros países possibilitaram que Inkeles & Rossi (1956) realizassem um estudo comparativo do prestígio ocupacional entre Grã-Bretanha, Nova Zelândia, Alemanha Ocidental, Japão, URSS e EUA. Concluíram pela existência de grande similaridade entre o resultado do prestígio ocupacional de nações tão diferentes; obtiveram uma correlação média de 0,91 entre os resultados de todas as nações e de 0,94 entre os desses países e os dos EUA. Hodge, Treiman & Rossi, citados por Treiman (1977, 79), realizaram em 1966 um estudo semelhante, comparando as escalas ocupacionais de 24 diferentes países e encontraram uma correlação média de 0,91 entre os países e de 0,91 entre os países e os EUA. Quadro 5 - Correlações Entre Avaliações de Prestígios Ocupacionais de Diversos Estudos, 19251963 Estudo e ano Count Smith NORC47 NORC63 ,968 ,955 ,934 Smith 1940 23 ,982 ,971 NORC 1947 29 38 ,990 NORC 1963 29 38 90 Count 1925 Correlações acima da diagonal; número de ocupações comparadas abaixo da diagonal. Fonte: HODGE, Robert W., SIEGEL, Paul M. & ROSSI, Peter H. Occupacional Prestige in the United States. American Journal of Sociology, vol. 70, July 1964, p.297. Treiman apresenta inicialmente, em seu trabalho, o que chamou de teoria estrutural na determinação do prestígio, a qual propõe que a ordenação das ocupações, segundo o seu prestígio, poderá ser, fundamentalmente, invariada em todas as sociedades complexas, passadas e presentes. Essa teoria consiste nas quatro seguintes proposições básicas: 1. A similaridade dos "imperativos funcionais" que cobrem todas as sociedades resultam numa similaridade básica nas funções específicas que precisam ser cumpridas. Este fato, em conjunto com as limitações inerentes, advindas das possíveis formas organizacionais, resultam em uma configuração basicamente similar dos papéis ocupacionais em todas sociedades, das mais rudimentares às mais complexas. Isto é, a divisão do trabalho, necessariamente ocorrerá e, além disso, ocorrerá de forma similar em todas as sociedades. 2. Diferenciação, inerentemente, implica estratificação. A especialização de funções leva, com suas diferenças inerentes, ao controle sobre recursos escassos, que é o princípio básico da estratificação. Esses recursos incluem habilidade, autoridade e propriedade, cada um dos quais atuando de uma forma diferente. Em conjunto, eles criam um diferencial de poder, no sentido mais geral desse termo. Em função disso, a divisão do trabalho cria uma hierarquia característica das ocupações com respeito ao poder exercido. 3. O poder resultante do controle sobre recursos escassos invariavelmente possibilita a aquisição de privilégios especiais. Assim, as similaridades básicas entre todas as complexas sociedades no relativo poder exercido pelas várias ocupações cria uma similaridade correspondente nos privilégios das diferentes ocupações. 4. Poder e privilégio são, em qualquer lugar, altamente valorizados e, por isso, ocupações poderosas e privilegiadas são altamente reputadas em todas as sociedades. Em resumo: os imperativos funcionais levam à divisão do trabalho; diferenças e características no exercício do poder levam ao estabelecimento de privilégios; poder mais privilégios levam ao prestígio inerente à ocupação, e como poder e privilégio são altamente valorizados em qualquer sociedade, podem implicar em haver, potencialmente, uma única hierarquia de prestígio ocupacional mundial. Para testar a teoria proposta, Treiman realizou um estudo trabalhando com dados de 60 diferentes sociedades. Por problemas de espaço, não serão apresentados procedimentos utilizados por Treiman para trabalhar e amalgamar os dados dos estudos disponíveis dessas 60 sociedades.O sumário dos resultados das correlações do estudo de Treiman estão no Quadro 6. Quadro 6 - Sumário dos Resultados das Correlações do Estudo de Treiman Correlação entre Correlação média Desvio padrão das correlações Pares de paises com ao menos 10 ocupações em comum Número % do total 60 sociedades ,79 ,14 1386 78% 55 sociedades (1) ,81 ,13 1202 81% 27 sociedades (2) ,82 ,12 308 88% 60 sociedades (3) ,80 ,14 1174 66% 60 sociedades (4) ,80 ,13 742 42% 60 sociedades (5) ,63 ,22 493 28% (1) Excluídas as que utilizaram outro critério de avaliação diferente de prestígio. (2) Excluídas as consideradas com dados pobres. (3) Baseado em 50 ocupações em comum. (4) Considerando apenas ocupações não manuais. (5) Considerando apenas ocupações manuais e do campo. Fonte:TREIMAN, Donald J. Occupacional Prestige in Comparative Perspective. New York, Academic Press, 1977, p.97. Observa-se que Treiman considerou várias situações para comparar as diversas escalas e o único caso em que o índice de correlação foi relativamente baixo (0,63) e o desvio padrão da correlação elevado (0,22), ocorreu quando apenas as avaliações de ocupações manuais e do campo foram comparadas, indicando que a correspondência de prestígio ocupacional entre sociedades menos evoluídas parece ser menor. A seguir, Treiman apresenta os resultados da comparação entre estudos de regiões e áreas culturais diferentes, cujos resultados estão no Quadro 7. Os resultados obtidos permitiram-lhe chegar à seguinte conclusão: "...todas as evidências disponíveis apontam para a mesma conclusão: Há uma grande concordância através do mundo no que diz respeito ao prestígio relativo das ocupações." (Treiman,1977:96 - grifo no original) A análise do estudo de Treiman permite efetuar quatro comentários . O primeiro é de que, efetivamente, os índices de correlação verificados são bastante elevados, tanto os entre pares de nações quanto o geral, com raras exceções, levando-se em conta as grandes diferenças entre as diversas sociedades estudadas. O segundo é considerar como número mínimo de 10 ocupações comuns comparadas para o cálculo do índice de correlação é muito pouco, tendo em vista a quantidade de ocupações existentes. O próprio Treiman considerou esse número pequeno, mas diz ter assim procedido para não perder um grande número de comparações (Treiman, 1977: 80). Em terceiro, dúvidas surgem quanto à confiabilidade a ser atribuída aos resultados de um estudo que teve por base a comparação de resultados de pesquisas que utilizaram diferentes objetivos, metodologias, procedimentos, escalas de avaliação, tamanhos das amostras e processos de amostragens que resultaram em amostras ora representativas, ora não-representativas das realidades de cada sociedade. Em quarto, Treiman deveria limitar a generalização da sua conclusão a apenas sociedades grandes, cosmopolitas e industrializadas, geralmente situadas em regiões em torno de grandes centros metropolitanos, mas não a pequenas sociedades, distantes desses centros, cujas economias estão baseadas em atividades primárias. A esse respeito, Haller, Holsinger & Saraiva (1972) conduziram, no Brasil, uma pesquisa sobre prestígio ocupacional em duas cidades rurais (Açucena-MG e Bezerros-PE) e compararam, calculando os índices de correlação, os resultados obtidos por pesquisa semelhante feita por Hutchinson (1957) na cidade de São Paulo e os de North & Hatt-NORC (in Reiss, 1961) nos EUA, e chegaram aos resultados mostrados no Quadro 8. Este quadro aponta que os resultados de Açucena (município agrário e muito distante do centro metropolitano mais próximo) apresentaram baixos índices de correlação, em comparação com os de São Paulo e com os de North & Hatt, enquanto que os resultados do estudo feito em São Paulo (região metropolitana, desenvolvida e altamente industrializada) apresentou elevada correlação com os de North & Hatt nos EUA. Quadro 7 - Correlação Média entre Prestígio Ocupacional para Várias Regiões e Áreas Culturais (a) Região ou área cultural Correlação média na área Número de correlações Número de sociedades Oeste Europeu Continental (exceto Espanha) .802 28 8 Leste Europeu .738 1 2 Países Anglo-Americanos (b) .950 10 5 América Hispânica (c) e Espanha .849 42 10 América do Sul não-Hispânica .839 3 3 África .861 23 10 Sul da Ásia e Oriente Médio .759 14 10 Este da Ásia e Oceania .810 39 7 Média das Correlações nas Áreas .831 160 Média de Correlações entre as Áreas .807 1042 Média das Correlações Mundiais .810 1202 (a) Excluídos cinco conjuntos de dados não-confiáveis (b) E.U.A., Austrália, Canadá, Grã-Bretanha e Nova Zelândia (c) Inclui o Brasil (d) Inclui Israel e Turquia. Fonte:TREIMAN, Donald J. Occupacional Prestige in Comparative Perspective. New York, Academic Press, 1977, p.98. Quadro 8 - Correlações entre Prestígios Ocupacionais entre Estudos Brasileiros e o Estudo de North & Hatt-NORC nos EUA North & Hat Hutchinson North & Hatt ,87 Hutchinson 23 Bezerros 42 21 Açucena 39 17 Bezerros Açucena ,82 ,67 ,89 ,69 ,92 71 Nota: Índices de correlação acima da diagonal; número de ocupações comparáveis entre estudos para o cálculo do índice de correlação, abaixo da diagonal. Fonte: HALLER, Archibald O. HOLSINGER, Donald B. & SARAIVA, Hélcio Ulhôa. Variation in Occupacional Prestige Hierarchies: Brazilian Data. American Journal of Sociology, Vol. 37, March 1972, p. 948. Baseando-se nas suas conclusões, que validam a teoria proposta e utilizando os mesmos dados, Treiman constrói uma escala que chamou de Escala Internacional Padrão de Prestígio Ocupacional. Essa escala tem uma amplitude variando de 0 a 100 e compreende o ordenamento de 509 diferentes ocupações, segundo os seus prestígios, não apresentado neste artigo, devido ao seu tamanho e à possibilidade de ser encontrada na obra original de Treiman. Para verificar a validade da escala que produziu, Treiman a compara com os estudos dos países utilizados para a sua construção e chega a índices de correlação bastante elevados, excluídos os estudos em que a variável utilizada não tenha sido prestígio. Os resultados dessa comparação que validavam a escala proposta estão no Quadro 9. Quadro 9 - Correlações dos Escores de Prestígio de cada País com a Escala Internacional Padrão de Prestígio Ocupacional País Africa do Sul Correlação com Escala Padrão Escala Padrão (excluídos escores do país em correlação) ,920 ,902 Africa do Sudoeste ,900 ,861 Alemanha Ocidental ,916 ,891 Argentina ,963 ,933 Austrália ,960 ,943 Bélgica ,931 ,922 Brasil (Açucena) ,881 ,855 Brasil (Bezerros) ,936 ,921 Brasil (São Paulo) ,909 ,894 Canadá ,962 ,945 Ceilão ,884 ,854 Chile ,957 ,947 Congo (Kinshasa) ,770 ,684 Costa do Marfim ,938 ,926 Costa Rica ,940 ,928 Checoslováquia ,610* ,610* Dinamarca ,970 ,960 Espanha ,899 ,871 Estados Unidos ,963 ,933 Filipinas ,948 ,941 França ,740 ,722 Guiana Francesa ,881 ,865 Gana ,939 ,928 Granada ,672* ,672* Grã-Bretanha ,956 ,941 Guam (1) ,913 ,892 Güiana ,933 ,910 Holanda ,936 ,901 Índia (Peasant) ,727 ,579 Índia (Est. universitários) ,971 ,968 Indonésia (Java) ,927 ,920 Indonésia (West Irian) ,894 ,865 Iraque ,930 ,919 Israel ,955 ,945 Itália ,949 ,943 Iugoslávia ,809* ,809* Japão ,960 ,939 Mauritãnia ,920 ,905 Nova Britanha ,678 ,624 Nova Zelândia ,962 ,954 Nigéria (Bornu) ,830* ,830* Nigéria (Kano) ,833 ,769 Noruega ,902 ,892 Paquistão ,947 ,938 Polônia ,820 ,793 Porto Rico ,965 ,955 Rodésia do Sul ,888 ,843 Suriname ,910 ,881 Suécia ,842* ,842 Suiça ,917 ,880 Taiwan ,929 ,922 Tailândia (Peasant) ,875 ,851 Tailândia (Estudantes universit. e professores) ,924 ,906 Tailândia (Estudantes universitários) ,934 ,919 Turquia ,965 ,948 Uganda ,950 ,929 URSS ,837 ,795 Uruguai ,926 ,920 Zâmbia ,947 ,939 Correlação média* ,910 ,887 * Estudos que utilizaram critérios que não prestígio foram excluídos para a construção da Escala Padrão, e por isso o índice de correlação da segunda coluna é o mesmo da primeira. (1) Ilha do Pacífico SUL, território organizado mas não incorporado pelos EUA Fonte:TREIMAN, Donald J. Occupacional Prestige in Comparative Perspective. New York, Academic Press, 1977, pp. 176-177. Foi a partir dessas conclusões que Treiman pôde propor a sua Escala Internacional de Prestígio Ocupacional. Estudos de Estratificação Ocupacionais Realizados no Brasil Dos estudos realizados devem ser destacados o de Hutchinson (1957) e o de Haller, Holsinger & Saraiva (1972). Estudo de Hutchinson - O estudo de Hutchinson (1957) teve por objetivo hierarquizar 30 ocupações brasileiras, segundo seu status ocupacional. O estudo foi conduzido junto a uma amostra probabilística sistemática de 500 dos 1.800 alunos dos primeiros anos dos cursos de graduação de todas as Faculdades da Universidade de São Paulo, em agosto de 1955. O perfil dessa amostra, segundo a classificação da ocupação do pai, está no Quadro 10. Para proceder à avaliação das 30 ocupações, foram entregues aos participantes jogos de 30 cartões contendo cada um o nome de uma das ocupações. A seguir, os respondentes eram solicitados a separar os cartões em seis grupos de cinco cartões, em ordem de status social descendente, sendo que o critério de status utilizado era o que o respondente julgasse ser o que a comunidade, em geral, usava para cada ocupação. Solicitava-se, em seguida, que, em cada grupo, os cartões fossem ordenados por ordem descendente de status. Ao final do processo, obtinha-se de cada entrevistado o ordenamento das trinta ocupações por ordem de status social descendente. Os resultados da tabulação final de todas as respostas estão no Quadro 11. Quadro 10 - Perfil da Amostra do Estudo de Hutchinson Categoria da ocupação do pai % Classe de profissionais, administrativos executivos e gerencial 40% Alta supervisão e inspeção 34% Baixa supervisão e inspeção 16% Manual especializada e não-manual rotineira 8% Manual semi-especializada e não-especializada 2% Fonte: HUTCHINSON, Bertram. The Social Gradings of Occupations in Brazil. British Journal of Sociology, Vol. 8, June 1957, pp. 176-189. Quadro 11 - Ordenamento de Trinta Ocupações Brasileiras segundo Hutchinson (1957) Ocupação (n=5000) Médico Advogado Padre Diretor superintendente de companhia Jornalista Grande fazendeiro Gerente comercial de empresas Gerente de fábrica Professor primário Contador Dono de pequeno comércio Funcionário público médio Escriturário Vendedor viajante Despachante Pequeno fazendeiro (sitiante) Empreiteiro Guarda-civil (policial) Mecânico Balconista Motorista Cozinheiro de restaurante Carpinteiro Tratorista Condutor de trens Garção Trabalhador agrícola Pedreiro Estivador Lixeiro Média Desvio médio 1,0 2,2 3,1 4,1 5,0 5,2 6,9 7,0 7,8 9,6 10,6 10,7 13,0 13,5 13,8 15,0 15,4 18,0 18,2 18,9 19,0 20,5 20,5 21,0 21,6 22,0 22,5 23,4 26,1 28,0 1,02 1,25 2,39 2,20 2,08 2,99 2,17 2,24 2,79 2,56 2,88 2,97 3,00 2,94 3,60 4,15 3,97 4,00 3,22 3,71 3,60 4,16 3,72 3,73 3,81 3,75 4,66 3,85 4,18 0,92 Fonte: HUTCHINSON, Bertram. The Social Gradings of Occupations in Brazil. British Journal of Sociology, Vol. 8, June 1957, pp. 176-189. A comparação que Hutchinson fez entre os resultados de seu estudo e estudo semelhante realizado na Grã-Bretanha e as comparações posteriores que outros estudiosos fizeram desses resultados com os do estudo de North & Hatt e com os de um grande número de outros países, apresentaram altos índices de correlação, mostrando que a tese de Treiman de que existe um padrão internacional de status ocupacional parece ser verdadeira, notadamente quando se trata de uma sociedade como a predominante na Cidade de São Paulo, onde o estudo foi realizado. Estudo de Haller, Holsinger & Saraiva - O estudo de Haller, Holsinger & Saraiva (1972) teve por objetivo verificar, através da avaliação do prestígio ocupacional em dois municípios brasileiros de características essencialmente rurais e sua comparação com os resultados da hierarquia de prestígio ocupacional de sociedades de influência cultural Euro-Americanas, se existe um padrão único, conforme advogam Inkeles & Rossi (1956), Hodge, Treiman & Rossi (1966) e Treiman (1977), aplicável a qualquer sociedade ou diferentes padrões, conforme a sociedade. Para a realização de seus estudos, esses pesquisadores escolheram os municípios de Açucena, no estado de Minas Gerais, e o de Bezerros, no estado de Pernambuco. Açucena foi escolhido por estar entre 1% dos municípios mais isolados de Minas Gerais, e Bezerros por ser considerado medianamente isolado. As características desses municípios, na época da pesquisa, estão no Quadro 12. Este quadro mostra que o grau de isolamento da sociedade de Açucena era muito grande, enquanto que o de Bezerros era médio. De novembro de 1967 a janeiro de 1968, foi entrevistada uma amostra probabilística de 100 habitantes de Bezerros para que avaliassem 71 títulos ocupacionais. Em julho de 1968, com o mesmo objetivo, foi entrevistada uma amostra de 121 habitantes de Açucena. Foi utilizada uma escala de cinco pontos. Quadro 14 - Características do Municípios de Açucena e Bezerros Características Açucena Bezerros Minas Gerais Pernambuco Porcentagem do trabalho em fazendas 83% 7,4% Densidade populacional por Km2 27,9 79,3 8 2 Nunca ouviu rádio 37% 5% Nunca leu revistas 98% 67% Nunca leu jornais 98% 62% Estado Tempo de percurso até a capital (horas) Exposição aos veículos de comunicação: Fonte:HALLER, Archibald O. and LEWISS, David M. The Hypothesis of Intersocial Similarity in Occupational Prestige Hierarchies. American Journal of Sociology, Vol. 72, September 1966, pp. 210-16. Os índices de correlação das classificações entre Açucena e NORC (,67) e entre Açucena e São Paulo (.69) foram baixos, os entre São Paulo e NORC (,87), entre Bezerros e NORC (,82) e entre Bezerros e São Paulo (,89) foram elevados, indicando que a hipótese dos pesquisadores de que as classificações das ocupações, em sociedades rurais, é significativamente diferente das obtidas no meio urbano de grandes centros, mais sujeitos à influência da cultura euro-americana. Conclusões O presente artigo teve por objetivo apresentar uma revisão dos principais estudos de prestígio ocupacionais disponíveis. Todos os estudos apresentados apontam a existência de uma elevada correlação dos resultados das classificações para as ocupações pesquisadas em diferentes sociedades e em diferentes períodos de tempo, indicando ser esta uma importante variável a ser incluída em métodos de classificações socioeconômicos em função dessa sua estabilidade e de seu alto poder discriminador de "status social" dos indivíduos na sociedade. Estes estudos e seus resultados serão úteis na construção e teste de um novo modelo de estratificação social dos consumidores brasileiros para ser utilizado em marketing, pesquisas de marketing e comunicação social. O modelo já desenvolvido e em teste utiliza como uma das variáveis a ocupação do chefe da família, sendo as demais variáveis componentes do modelo: renda do chefe da família, nível educacional do chefe da famíla e habitação (medida através do indicador número de dormitórios) . Os testes já realizados com esse modelo mostraram-se bastante favoráveis e os resultados serão publicados em outro artigo. Referências bibliográficas: BLAU, Peter M. and DUNCAN, Otis Dudley. The American Occupational Structure. New York, Free Press, 1978. COUNTS, George S.. Social Status of Occupations. School Review, 33, jan., 1925, 16-27. DAVIS, Kingsley and MOORE, Wilbert E.. Some Principles of Stratification. American Sociological Review, X, April 1945, 242-249. DAVIS, Kingsley. A Conceptual Analysis of Stratification. American Sociological Review, 7, Number 3, June 1942, 309-321. EDWARDS, Alba M. Comparative Occupation Statistics for the United States, 1870 to 1940. Washington, Government Printing Office, 1943. HALLER, Archibald O., HOLSINGER, Donald B., SARAIVA, Hélcio Ulhôa. Variation in Occupational Prestige Hierarquies: Brazilian Data. American Journal of Marketing, Vol. 77, No. 5, March 1972, pp.941-956. HATT, Paul K.. Occupation and Social Stratification. 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