Neusa Cardim da Silva, Nysia Oliveira de Sá
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Neusa Cardim da Silva, Nysia Oliveira de Sá
USABILIDADE, COMUNICAÇÃO E ACESSIBILIDADE EM SITES DE BIBLIOTECAS DIGITAIS DE TESES E DISSERTAÇÕES: UMA ANÁLISE PRELIMINAR Neusa Cardim da Silva∗ Nysia Oliveira de Sá RESUMO Analisa as informações disponibilizadas nos 18 (dezoito) sites das Bibliotecas Digitais de Teses e Dissertações (BDTD) existentes nas Instituições de Ensino Superior (IES) que aderiram ao Projeto da BDTD do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e encontram-se relacionadas no seu site. A análise baseou-se nos conceitos de usabilidade, comunicação e acessibilidade, extraindo deles itens que permitissem avaliar como ocorre a relação usuário-computador ao realizar o conjunto de tarefas que resultará na obtenção da pesquisa. Esse estudo constitui-se numa das etapas preliminares, para a elaboração do projeto de implantação da BDTD, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que, em 2003, promoveu a participação de oito bibliotecários no Curso de Dirigentes de Projetos de Bibliotecas Digitais de Teses e Dissertações, patrocinado pela UNESCO e pelo Conselho Regional de Biblioteconomia – 7ª Região (CRB-7). PALAVRAS-CHAVE: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações. Interfaces de usuário. 1 INTRODUÇÃO A exigência de que docentes de universidade tenham título de mestre e/ou doutor, expressa na Lei de Diretrizes e Bases (LDB), nº 9394 de 20 de dezembro de 19961, impulsionou a expansão dos cursos de pós-graduação no Brasil. Assim, a qualificação dos seus docentes e pesquisadores tem contribuído para a formação do nosso patrimônio intelectual, a capacitação científica e o sistema educacional do país. 1 BRASIL.Lei nº 9394, de 20 de dez. 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: http://www.mec.gov.br/legis/pdf/LDB. Acesso em: 15 jul. 2004. Outra conseqüência foi o aumento da produção de teses e dissertações2 . No entanto, a divulgação e o acesso a essa produção científica, restringiam-se ao âmbito das bibliotecas depositárias e dos programas de pós, dificultando sua localização e acesso. Paralelamente, a explosão informacional impulsionou o surgimento das novas tecnologias da informação, que criaram um espaço virtual com peculiaridades até então impensáveis para a humanidade, como a possibilidade de se utilizarem recursos eletrônicos que favorecem o aprimoramento e a agilidade do processo de transferência de informação, principalmente no âmbito acadêmico. Nesse contexto, surgem as bibliotecas digitais como “um conjunto de mecanismos eletrônicos que facilitam a localização da demanda informacional, interligando recursos e usuários”3. No entanto, ainda hoje existem inúmeras denominações dadas às bibliotecas que utilizam recursos eletrônicos4. Assim ocorre com a biblioteca digital, termo empregado para conceitos distintos. Entende-se, aqui, biblioteca digital como aquela construída em ambiente eletrônico, que armazena e organiza acervos de diversas tipologias, transpostos ou produzidos em meio digital, permitindo aos usuários uma relação direta e interativa com o objeto de informação da sua pesquisa, mediante o acesso via computador. Portanto, a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) é a que possui um acervo de teses e dissertações, em texto completo, disponível para o acesso público, onde quer que possa ser recuperado via computador. As bibliotecas digitais, assim como as tradicionais, ao planejarem seus serviços e produtos, devem ter como foco o usuário, considerando suas necessidades e especificidades na busca da informação. Gonçalves afirma que esse aspecto é pouco explorado, porque muitas vezes os sistemas são planejados 2 Ampliação do número de ingressantes nos cursos de mestrado e doutorado: doutorado 1996 (4.735discentes),1999 (7.903 discentes) e 2002 (9.833 discentes); mestrado 1996 (15.130 discentes),1999 (23.340 discentes) e 2002 (27.933 discentes). Fonte: CAPES. Relatório discente. Disponível em: http:www.capes.gov.br. Acesso em: 15 jul 2004. 3 CUNHA, Murilo Bastos da. Construindo o futuro: a biblioteca universitária em 2010.Ciência da Informação, Brasília, v.29, n.1, p. 78, jan./abr. 2000. 4 SILVA, Neusa C.; SÁ Nysia O.; FURTADO, Sandra S. Bibliotecas digitais: do conceito às práticas. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE BIBLIOTECAS DIGITAIS,2., 2004, Campinas. Anais ... Campinas: UNICAMP, 2004. Disponível em: http://libdigi.unicamp.br. Acesso em: 25 maio 2004. em “função de suas próprias tecnologias, ou do tipo de informação que irão gerenciar, ignorando como e para que as pessoas farão uso do sistema ou das informações nele contidas”5. Isto provoca um distanciamento entre as necessidades dos usuários e a unidade de informação, dificultando o aprimoramento dos serviços e das rotinas, a partir do feedback dos usuários. Acredita-se que verificar, com base nos fatores de usabilidade, comunicação e acessibilidade, em que medida o usuário consegue interagir com o sistema e completar, com sucesso, o conjunto de tarefas que resultará na obtenção da sua pesquisa, contribuirá para identificar o grau de proficiência do sistema. O objetivo deste estudo concentrou-se, portanto, em uma análise preliminar dos sites das instituições cooperantes com o projeto BDTD do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). Em 2001, o IBICT reuniu especialistas das três Instituições de Ensino Superior (IES), além da Biblioteca Regional de Medicina (Bireme), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Iniciaram-se as ações que culminariam na criação do Consórcio Brasileiro de Teses e Dissertações e da BDTD, em nível nacional, coordenada pelo Instituto, com o objetivo de “armazenar, organizar e prover acesso livre eletrônico, via internet, ao texto integral de teses e dissertações defendidas nos programas de pós-graduação do sistema nacional de pós-graduação”6 2 ESTUDOS DE AVALIAÇÃO DE SITES A expansão dos recursos eletrônicos e a criação da WWW determinaram o aparecimento de uma nova área, a de desenvolvimento de sistemas WEB. A princípio, esses sistemas possuíam interfaces que se restringiam aos seus 5 GONÇALVES, Andréa Ferreira. Relacionamento com o usuário em uma biblioteca eletrônica: o caso da SCIELO – Scientific Electronic Library Online. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO,20., Fortaleza, 2002. Anais... Fortaleza, 2002. 6 INSTITUTO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Biblioteca Digital de Teses e Dissertações: antecedentes. Disponível em :< http://www.ibict.br/projeto.htm>. Acesso em: 16 de fev. 2004. aplicativos desenvolvidos para atender a objetivos e clientela específicos. A partir da democratização da informação, através da grande rede, foi possível localizar documentos nas máquinas de busca, cujo objetivo era facilitar o acesso às informações disponíveis na Internet. Com a chegada do comércio eletrônico e, conseqüentemente, da competitividade na web, as empresas foram compelidas a iniciar projetos de interfaces, cujo quesito usabilidade é parte fundamental. Além disso, cada dia mais pessoas se conectam em rede, muitas delas inexperientes, com relação à informática, o que implica o desenvolvimento de interfaces intuitivas e eficientes. Conseqüentemente, surgiram métodos para sua avaliação, tendo por base conceitos como usabilidade, comunicação e acessibilidade. Essas avaliações constituem-se em objetos de estudo de áreas do conhecimento, como Ciência da Informação, Lingüística, Comunicação e Informática, entre outras, focando a interação homem-máquina. Um sistema interativo é considerado eficaz quando possibilita que os usuários atinjam seus objetivos, “o desempenho do usuário é avaliado à medida que os objetivos de uso do sistema são atingidos (eficácia) e os recursos (tempo, dinheiro e esforço mental) são gastos para atingir tais objetivos (eficiência)”7. Na área de Ciência da Informação, estudos para a análise de sites de bibliotecas foram desenvolvidos, com enfoques diferenciados, entre eles os realizados por Amaral e Guimarães8. A partir da análise da literatura, constatou-se a importância dos fatores usabilidade, comunicação e acessibilidade também na avaliação de sites específicos, como os das bibliotecas digitais de teses e dissertações, cujo objetivo primordial é divulgar a produção científica de mestres e doutores, favorecendo o acesso às publicações e à comunicação entre os pares. 7 DIAS, Cláudia. Usabilidade na WEB: criando portais mais acessíveis. Rio de Janeiro: Alta Books, 2003. 8 AMARAL, S. A.; GUIMARÃES, T. P. Sites das Bibliotecas Universitárias Brasileiras. In: SEMINARIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 12. Recife: UFPe, 2002. Anais... Recife: UFPe, 2002. 1CD-ROM. 2.1 FATOR USABILIDADE Usabilidade é definida por Nielsen9 como a facilidade de uso, de interação e de navegação de um site de modo que os usuários encontrem o que desejam de forma intuitiva e rápida e queiram retornar quando houver novamente necessidade. Usabilidade é uma disciplina que vem sendo usada há décadas pela indústria de software cujas equipes dedicaram anos de estudo e teste de interfaces para que saíssemos do mundo procedural de letrinhas brilhantes em fundo preto de um sistema DOS, para chegar a metáfora colorida do desktop10. Assim, estudos de usabilidade foram realizados por Nielsen11 e Dias12 e outros autores que fornecem subsídios para o desenvolvimento de projetos de interface, pois “interfaces inteligentes partem da premissa que os sistemas devem adaptar-se às pessoas, e não ao contrário, sendo uma forma de melhorar o aproveitamento de bibliotecas digitaise efetivando satisfatoriamente seu uso[...]”13. De acordo com Dias14, o termo usabilidade apresenta várias definições com abordagens diferentes: orientadas ao produto, orientadas ao usuário, baseadas no desempenho do usuário, e orientadas ao contexto de uso. No entanto, a Norma ISO 9241-11 define usabilidade como “a capacidade de um produto ser usado por usuários específicos para atingir objetivos específicos com eficácia, eficiência e satisfação em um contexto de uso”15. Dentre os aspectos utilizados por Nielsen e Dias para avaliação de usabilidade, foram selecionados os que se referem à facilidade de aprendizado, à eficiência do uso e flexibilidade e à consistência, por sua relação com o objeto da pesquisa - sites de (BDTD) – que possuem objetivos e conteúdos específicos, assim como uma clientela prioritariamente diferenciada. 9 NIELSEN, Jakob. Projetando websites. Rio de Janeiro: Campus, 2000. 416 p. PÓVOA, Marcelo. Usabilidade de verdade: as verdades e os mitos em torno da usabilidade nos projetos.Disponível em: http:// webinsider.uol.com.Br/vernoticia.php/id/2071. Acesso em: 7 mar. 2004. 11 Jacob Nielsen é diretor do Nielsen Norman Group, especialista em usabilidade de Web sites, tem diversos livros publicados sobre a temática usabilidade. 12 DIAS, C. Usabilidade na WEB: criando portais mais acessíveis. Rio de Janeiro: Alta Books, 2003. 13 GUZZO, C.H. Interfaces inteli(a)gentes em bibliotecas. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE BIBLIOTECAS DIGITAIS, 2., 2004, Campinas. Anais ... Campinas: UNICAMP, 2004. Disponível em: http://libdigi.unicamp.br. Acesso em: 25 maio 2004. 14 DIAS, C. Usabilidade na WEB: criando portais mais acessíveis. Rio de Janeiro: Alta Books, 2003. 15 ISO 9241- 11. Ergonomic requirements for Office work with visual display terminal, patr 11: Guidance on usability. 1998. Apud: DIAS, Cláudia. Usabilidade na WEB: criando portais mais acessíveis. Rio de Janeiro: Alta Books, 2003. 10 Facilidade de aprendizado – o sistema deve ser simples, facilitando o aprendizado e conduzindo o usuário a realizar suas tarefas de forma ágil.16 Quando o usuário principiante consegue atingir o seu objetivo em um curto espaço de tempo, o sistema é considerado de fácil aprendizagem. Para tanto, devem ser observados os seguintes requisitos: a) a interface permite ao usuário identificar em que contexto está operando: fornece serviço de busca nas páginas da BDTD, possibilita retorno à página anterior, apresenta, em todas as páginas, os níveis anteriores da estrutura de navegação (em forma de links); b) a linguagem deve ser clara, objetiva e adequada aos usuários específicos da BDTD; c) o processo de busca e recuperação da informação segue uma ordem lógica, relacionada à tarefa a ser realizada, permitindo que os usuários principiantes encontrem facilmente o que buscam. Eficiência de uso e flexibilidade – a eficiência do sistema é medida pela duração do tempo de resposta, facilidade de o usuário interagir com ele, e alcançar altos níveis de produtividade em sua pesquisa. A flexibilidade diz respeito à interação usuário-sistema, considerando as características de cada tipo de usuário e suas necessidades. A interface deve ser flexível a tal ponto, que permita realizar a mesma tarefa de diferentes modos. Requisitos a serem observados: a) o sistema apresenta alternativas diversas para alcançar o mesmo objetivo da maneira mais conveniente para os usuários, como: índices, campo de pesquisa por autor, título, assunto e termos livres; b) o sistema destaca as palavras encontradas nos documentos, após a busca, e oferece a opção de palavras mais próximas ao termo de busca digitado, caso não encontre documentos com o primeiro termo; c) oferece a opção de impressão e/ou download de arquivo, e se o download de arquivos for demorar mais que 10 segundos, é informado o tamanho do arquivo ao usuário; d) minimiza a quantidade de clicks necessários, não ultrapassando quatro. Consistência –permite que o usuário, ao executar tarefas similares, siga uma seqüência idêntica de ações, que resultam em efeitos iguais. Dessa forma, ao 16 Nielsen,J. Usability engineering. Boston, MA: Academic Press, 1993. Apud: DIAS, Cláudia. Usabilidade na WEB: criando portais mais acessíveis. Rio de Janeiro: Alta Books, 2003. aprender a executar uma tarefa em um determinado contexto, o usuário estará apto a realizar tarefas idênticas em contextos similares. Os requisitos são: a) manter a mesma terminologia e localização de elementos comuns nas diversas páginas: conteúdo, ajuda aos usuários, e mensagens de erro; b) usar um estilo padrão para o projeto das páginas ( leiaute, cores e fontes, formatos de campos e mensagens); c) evitar sair do padrão Web de cores para links: azul para link não visitado e púrpura para link já visitado. 2.2 FATOR COMUNICAÇÃO A comunicação refere-se aos mecanismos usados para estabelecer relacionamentos com os usuários. Para esse fator, foram selecionados dois aspectos: o instrucional e o informacional, a partir do estudo de Amaral: a) instrucional – verificar as instruções sobre o uso dos recursos oferecidos pela BDTD, tais como FAQs, procedimentos para disponibilizar a tese/dissertação, procedimentos para normalizar a tese/dissertação; possuir arquivo de ajuda (prover o usuário de informações sobre seu funcionamento),e mapa do site; b) informacional – fornecer informações sobre a BDTD e a instituição que a mantém, a equipe e novidades sobre a BDTD, e-mail, telefone, campo para sugestões, estatísticas de uso, links para outros sites (LAttes,NDLTD, BDTD/IBICT). 2.3 FATOR ACESSIBILIDADE Neste trabalho, a acessibilidade é entendida como facilidade em acessar todos os recursos que a Biblioteca Digital oferece, avaliando-se os aspectos que promovam o acesso fácil ao documento final, como a visibilidade da página da BDTD, o acesso à pesquisa, o livre acesso ao texto completo e aos recursos de multimídia. Para Nielsen e Dias, a acessibilidade refere-se às facilidades de acesso a serem implementadas nos sites, para que os portadores de deficiências possam utilizá-lo. 3 METODOLOGIA Foi realizado um estudo exploratório, em dezoito sites de BDTD, incluídos no projeto do IBICT: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO); Pontifícia Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP); Universidade Católica de Brasília (UCB); Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Universidade de São Paulo (USP); Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Foram selecionados os sites que disponibilizam suas teses e dissertações em texto integral, o que se coaduna com a definição de Biblioteca Digital adotada neste trabalho. A análise não pretendeu fazer juízo de valor sobre os sites disponibilizados, o objetivo foi, a partir dessas experiências, obterem-se subsídios para compor o projeto de implantação da BDTD na Rede Sirius/UERJ. Os sites foram acessados através da home page da BDTD do IBICT, no item Bibliotecas Cooperantes, com o objetivo de verificar a facilidade de encontrar as BDTDs das Instituições. Constatou-se que, entre estes, três possuíam dupla entrada: pela Biblioteca Digital da Instituição, e pelo site institucional (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade de São Paulo e Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro). Nesta última, ao se entrar pelo site da Biblioteca Digital, este remete ao Projeto Maxwell, e pelo site institucional, o acesso é ao catálogo das teses digitais existentes na Divisão de Biblioteca e Documentação (DBD). A metodologia constou das seguintes etapas: a) levantamento na literatura – para embasamento teórico, foram pesquisados os temas pertinentes ao estudo, como usabilidade, arquitetura da informação, biblioteca digital e análise de sites; b) definição de critérios – tendo por base os fatores usabilidade, comunicação e acessibilidade; c) elaboração do instrumento para a coleta de dados – o formulário foi estruturado em blocos, de acordo com os fatores citados, e com itens que contemplassem os aspectos definidos; d) levantamento das bibliotecas digitais de dissertações e teses – foram consultadas as BDTDs cooperantes da base nacional, mediante acesso ao site do IBICT. Optou-se pela análise daquelas que disponibilizam o texto completo; e) análise dos com base nos dados coletados e nas funções definidas para avaliação. 4 RESULTADOS DAS ANÁLISES Deve-se ressaltar que as potencialidades de uso dos sites não foram ainda totalmente exploradas pelos especialistas, e que a qualidade de interação entre usuário e sistema depende muito das características de ambos. Usabilidade (facilidade de aprendizado) Os resultados indicaram que mesmo usuários experientes devem encontrar dificuldades para “navegar” pela BDTD, pois recursos como possibilidade de retorno à página anterior, em todas as telas, e a apresentação dos níveis anteriores de navegação foram identificados em apenas dois sites. A linguagem utilizada para apresentação do objetivo e a orientação na busca – textos curtos e objetivos – foram consideradas adequadas ao público a que se destinam, em cinco sites. A importância da apresentação de serviço de busca na página principal sua importância justifica-se pelo interesse do usuário em localizar, o mais rápido possível, a informação de que precisa. Isto só foi encontrado em três bibliotecas. No que se refere à ordem lógica empregada no processo de busca da informação, isto é, aquela que utiliza o mesmo processo mental do usuário – intenções e comportamento –, favorecendo o sucesso da pesquisa, cinco bibliotecas contemplam este aspecto. Usabilidade (eficiência de uso) A variedade de pontos de acesso de um documento facilita a sua localização. No entanto, apenas dois pontos - autor e título - foram comuns a todas as bibliotecas. Cabe destacar que duas bibliotecas apresentam múltiplos pontos de acesso, o que lhes confere um alto grau de eficiência. Em se tratando de uma comunidade específica (pós-graduação), o recurso da pesquisa avançada possibilita uma recuperação mais precisa e eficiente, mas este foi apresentado por somente cinco BDTDs. O destaque das palavras pesquisadas nos documentos, após a busca, só ocorre em três bibliotecas, enquanto a opção de mostrar as palavras próximas ao termo digitado, quando este não for encontrado, não é utilizada por nenhumadelas. Todos os sites possibilitam o download ou impressão dos documentos selecionados, porém são restritos a usuários institucionais em duas bibliotecas. O tamanho dos arquivos, indicador que permite ao usuário saber o tempo de resposta da sua pesquisa, foi encontrado em quatro sites. Outro aspecto analisado, o tempo médio para obter o produto da pesquisa, que não deve ultrapassar quatro níveis, ou seja, quatro cliks foi alcançado em quatro bibliotecas. Para as demais, foram necessários entre oito e cinco cliks. Usabilidade (consistência) Em três bibliotecas, observou-se o uso da mesma terminologia e localização (conteúdo, ajuda aos usuários e mensagem de erro), que facilitam o registro das informações e o aprendizado. Duas não apresentavam a mesma terminologia. Quanto à manutenção do leiaute, das cores, das fontes, dos formatos de campo e das mensagens idênticos, todas as bibliotecas os apresentaram, mas o padrão web para distinguir links não acessados (azul), dos que já foram consultados (púrpura), é seguido por apenas duas bibliotecas. Comunicação (instrucional) Tratando-se de site específico no qual o usuário é um potencial produtor das informações nele contidas, a inclusão de instruções para o depósito da tese ou dissertação na BDTD é fundamental. Das oito bibliotecas, quatro oferecem este recurso. Aspecto relevante, o formulário para autorização de inclusão da tese ou dissertação, na BDTD, apareceu em cinco sites, nos quais é feita referência à Lei de Direitos Autorais. Ressalte-se que apenas uma remete ao texto completo da Lei. Duas bibliotecas disponibilizam manuais, que orientam quanto à apresentação de teses e dissertações. Ainda como suporte ao usuário, foi pesquisada a existência do campo “Ajuda” (prover o usuário de informações sobre o funcionamento da BDTD), só identificado em três bibliotecas. O recurso de disponibilizar o mapa do site foi encontrado em uma biblioteca. Note-se que uma das bibliotecas exige o uso de senha, para acesso aos aspectos instrucionais. Comunicação (Informacional) Os canais de comunicação, nas BDTDs, são extremamente importantes e, muitas vezes constituem-se nas únicas formas de relacionamento com os usuários. Apesar disso, as BDTDs não privilegiaram esses mecanismos de comunicação, pois apenas quatro possuem o recurso do e-mail/fale conosco, e duas, o campo para sugestões. As informações sobre o objetivo da BDTD aparecem em seis bibliotecas, e sobre a instituição mantenedora, em sete. Quanto a telefone para contato, novidades sobre a BDTD e data indicando atualização da página, há somente em uma biblioteca. Duas bibliotecas informam a composição da equipe responsável pela BDTD. Quanto às estatísticas de uso, cinco bibliotecas as apresentam, constituindose em valor agregado às informações que disponibilizam. Por se tratar de uma biblioteca específica, com público definido, links relevantes, como Lattes, BDTD, IBICT, NDLTD deveriam constar das páginas. No entanto, o mais expressivo que se encontrou, nesse sentido, em quatro bibliotecas, foram links para a BDTD/IBICT, da qual todas são cooperantes. Assim, observou-se uma baixa incidência das ferramentas que possibilitariam um relacionamento efetivo com o usuário. Acessibilidade Como fator precípuo para a pesquisa e interação do usuário com o sistema, a visibilidade do site e o vínculo desta com a instituição que a mantém, devem ser uma preocupação da equipe que gerencia a biblioteca digital. A localização de cinco delas pode se considerada fácil, por estarem direcionadas, prioritariamente, a um público específico. O acesso às informações é livre em todas as BDTDs, porém, ao texto completo, só em seis delas. Em três, há necessidade de cadastramento prévio, sendo que, em duas, é restrito a usuário institucional. A inclusão do resumo das teses/dissertações, elemento relevante no processo de seleção da informação pelo usuário, só não ocorreu em uma biblioteca; em três, há resumo bilíngüe – português/inglês – que agrega valor à esta informação. A utilização de recursos multimídias nas BDTDs não pôde ser observado, tendo sido excluído da análise. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS As BDTDs têm particularidades que as distinguem de outros sites de bibliotecas, pois seus usuários são também produtores ou potenciais produtoresde toda a informação ali armazenada ou disponibilizada. Assim, ao analisar as BDTDs, coloca-se uma questão estratégica decorrente do duplo aspecto das necessidades dos usuários, tanto como pesquisadores, quanto como produtores - facilitar a consulta e a inclusão de dados nessas bibliotecas. Com base nesse pressuposto e em conceitos de usabilidade, comunicação e acessibilidade avalizados por especialistas em desenvolvimento de interface e em ciência da informação, cabe destacarem-se algumas observações: a) baixa incidência de sites com procedimentos para incluir a produção dos mestres e doutores na base; b) o acesso à página da BDTD nem sempre é direto, através de link com a Biblioteca. Em duas instituições, as BDTDs estão vinculadas a programas de pósgraduação; c) recursos como pesquisa avançada e uma ordem lógica na busca da informação não são comuns a todas as bibliotecas; d) a eficiência do uso “representada”, entre outros aspectos, pelos múltiplos pontos de acesso oferecidos para recuperar a pesquisa, teve pouca expressão nos sites analisados; e) como medida de consistência, foi comum a todas a manutenção de um estilo padrão para as suas páginas; f) o fator comunicação não se efetiva na sua completude (instrucional e informacional), em todas as BDTDs afetando o relacionamento com o usuário, o que pode vir a se constituir em obstáculo ao seu crescimento e aprimoramento dos serviços . O fato de estas análises terem sido realizadas por profissionais da informação habituados a pesquisas dessa natureza, exige que sejam consideradas como tentativas de aproximação da realidade, não dispensando, portanto, a avaliação pelos usuários reais, no intuito de entender o seu comportamento na busca da informação, como interagem com a máquina, e suas necessidades reais, pré-requisito para o aprimoramento de qualquer serviço. Este procedimento contribuirá para o alcance do objetivo do IBICT - prover livre acesso eletrônico, via internet, ao texto integral de teses e dissertações. Da mesma forma, se forem estabelecidos e observados, pelas cooperantes, critérios/ padrões mínimos facilitadores do uso das BDTDs, bem como desenvolvimento de estudos interdisciplinares, integrando as estimulado o equipes de desenvolvimento das BDTDs e usuários, haverá a consolidação efetiva deste projeto em nível nacional. Outra inferência propiciada por este estudo diz respeito à necessidade de a educação continuada ser encampada pelas IES, como uma vantagem competitiva um recurso estratégico e, portanto, parte integrante do planejamento institucional ,consubstanciada no estimulo à capacitação, para uso e apropriação das tecnologias de informação, aos profissionais (bibliotecários, técnicos em informática e outros) que atuam no desenvolvimento e manutenção das BDTDs. Esse estímulo deve se estender, também, aos docentes e discentes dos cursos de pós-graduação, produtores e usuários do conhecimento, público prioritário nas BDTDs. Uma rede se tece a partir de fios que se entrelaçam, assim sendo, a efetiva implementação dessa rede, denominada BDTDs, não prescinde da construção coletiva propiciada pela freqüente e sistemática troca de experiências e saberes, intra e inter IES. O estudo realizado reveste-se de importância por fazer parte de ações para implantação de mais uma BDTD em IES, na UERJ. ABSTRACT It analyzes information in eighteen sites of the digital libraries thesis and dissertations in higher education institutions that had adhered to the project of the BDTD of the Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) and are related in its sites. The analysis was based on the concepts of usability, communication and accessibility, selecting of them itens that they allowed to evaluate as occurs the relation user-computer when carrying through the task set library that will be result in the attainment of the research. This study consists in one of the preliminary stages of the Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), that, in 2003, in the Curso de Dirigentes de Projetos de Bibliotecas Digitais de Teses e Dissertações, sponsered for the UNESCO and Conselho Regional de Biblioteconomia – 7ª Região (CRB-7). REFERÊNCIAS AMARAL, Sueli Angélica & GUIMARÃES, Tatiana Paranhos. Sites das Bibliotecas Universitárias Brasileiras. In: SEMINARIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 12., Recife: UFPe, 2002. Anais... Recife: UFPe, 2002. CDROM. CUNHA, Murilo Bastos da. Construindo o futuro: a biblioteca universitária brasileira em 2010. Ci. Inf., Brasília, v.29, n.1, p.71-89, ,jan./abr.2000. DIAS, Cláudia. Usabilidade na WEB: criando portais mais acessíveis. Rio de Janeiro: Alta Books, 2003. GONÇALVES, Andréa Ferreira. Relacionamento com o usuário em uma biblioteca eletrônica: o caso da SCIELO – Scientific Electronic Library Online. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO,20., Fortaleza, 2002. Anais... Fortaleza,2002. GUZZO, C.H. Interfaces inteli(a)gentes em bibliotecas. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE BIBLIOTECAS DIGITAIS,2., 2004, Campinas. Anais ... Campinas: UNICAMP, 2004. Disponível em: http://libdigi.unicamp.br. Acesso em: 25 maio 2004. INSTITUTO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Biblioteca Digital de Teses e Dissertações: antecedentes. 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Acesso em: 25 maio 2004. ∗ Bibliotecária – Núcleo PROTEC – UERJ Especialista em Organização do Conhecimento para Recuperação da Informação [email protected] UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO REDE SIRIUS – REDE DE BIBLIOTECAS UERJ Endereço: Rua São Francisco Xavier, 524, bl.B, sl 1028 Maracanã –RJ País: Brasil Bibliotecária – Vice-presidente do CRB/7 Mestre em Memória Social e Documento [email protected] CONSELHO REGIONAL DE BIBLIOTECONOMIA, 7ª Região Av. Rio Branco, 277, 7° andar, sala 710 Centro – RJ País: Brasil