Relatório Econômico
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Relatório Econômico
RELATÓRIO ECONÔMICO AGOSTO 2016 Cenário Econômico Em um mês marcado por mercados estáveis, destaques foram as sinalizações desconcertantes do banco central americano e a aprovação do impeachment da presidente Dilma. Sobre o primeiro tema, os discursos recentes de membros do Fed apontaram inicialmente na direção dove para logo em seguida ressaltarem a possibilidade de continuidade das altas de juros ainda em 2016. Internamente, a efetivação do afastamento da presidente Dilma levará aos primeiros testes de sustentabilidade do governo Temer, refletidas no comprometimento com as reformas econômicas necessárias em detrimento de uma base de apoio menor do que a que aprovou o impeachment. Nos EUA, a discussão temática mais recente refere-se ao nível de equilíbrio da taxa real de juros. Esse assunto ganhou destaque com um paper do presidente do Fed de São Francisco1, referendando a redução dessa taxa ao longo do tempo e a possibilidade de estar perto de zero no momento. Esse mesmo argumento foi apresentado pela presidente do Fed, Janet Yellen, em encontro anual2. A consequência natural dessa redução na taxa de equilíbrio é de que o nível atual de estímulo na economia é menos do que o inicialmente estimado. Com isso, para que as projeções de crescimento e inflação nos próximos anos sejam mantidas, o nível da taxa corrente de juros terá que ser mantida baixa por mais tempo, uma mensagem que o Fed vem tentando passar ao mercado há alguns meses. Outro ponto relevante diz respeito à taxa terminal do ciclo de alta de juros corrente, que deveria ser mais baixa do que o histórico, dada a menor taxa de juros reais de equilíbrio no futuro. Segundo medidas publicadas no final do mês por outro paper do Fed3, essa taxa deverá subir para perto de 1% ao longo da próxima década. Com isso, a taxa nominal do Fed seria de 3%, com o alcance da meta de inflação de 2%. O supracitado discurso de Yellen debateu então as consequências para a política monetária dessas perspectivas, em especial o pouco espaço para políticas contra FRBSF Economic Letter, August 15, 2016, “Monetary Policy in a Low R-star World”, John C. Williams. At "Designing Resilient Monetary Policy Frameworks for the Future," a symposium sponsored by the Federal Reserve Bank of Kansas City, Jackson Hole, Wyoming August 26, 2016, “The Federal Reserve's Monetary Policy Toolkit: Past, Present, and Future”, Chair Janet L. Yellen. 3 FRBSF Economic Letter, August 29, 2016, “Projecting the Long-Run Natural Rate of Interest”, Kevin J. Lansing. 1 2 As informações contidas neste material são de caráter exclusivamente informativo. Fundos de Investimento não contam com a garantia do Administrador do Fundo, do Gestor da Carteira, de qualquer mecanismo de seguro ou, ainda, do Fundo Garantidor de Créditos – FGC. A rentabilidade obtida no passado não representa garantia de rentabilidade futura. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos. Ao investidor é recomendada a leitura cuidadosa do prospecto e do regulamento do Fundo de Investimento ao aplicar seus recursos. Este fundo utiliza estratégias com derivativos como parte integrante de sua política de investimentos. Tais estratégias, da forma como são adotadas, podem resultar em significativas perdas patrimoniais para seus cotistas. AGOSTO 2016 cíclicas em caso de recessão nos EUA. Uma admissão de que a política monetária é e será menos efetiva seria esperar demais do principal banco central do mundo. Yellen reiterou que os bancos centrais ainda são capazes de estimular as economias, mas que além da taxa de juros novas ferramentas podem ser utilizadas, como o balanço dos BCs, através das políticas de expansão de liquidez, conhecidas como QE (quantitative easing). Esse debate trouxe uma mensagem intrínseca mais dove para a política monetária, dado que o risco de não ter espaço para cortes pode levar a uma política monetária mais acomodatícia nos próximos anos. No entanto, esse mesmo discurso de Yellen, e subsequentes comentários do vicepresidente do Board, Stanley Fischer, foram na direção de sinalizar continuidade do ciclo de alta de juros ainda em 2016, inclusive indicando a possibilidade de duas altas esse ano. Em resumo, o próprio Fed gerou mais ruídos em uma comunicação que já não é clara, dado que o Fed indica que está data dependent, o que naturalmente aponta para qualquer direção, dada a incapacidade de previsão precisa das variáveis de alta frequência. Nosso cenário é de que uma alta de juros esse ano é possível, mas que o “cabo de guerra” descrito em nossa carta anterior deve continuar. Na Europa, como comentado em nossa carta anterior, o Brexit ainda não teve impacto significativo nos dados de atividade. Uma desaceleração é esperada, mas um movimento de colapso na atividade parece cada vez mais improvável, até por que no curto prazo nada foi alterado ainda. De qualquer maneira permanece o viés negativo no médio prazo tanto para a Europa continental quanto para o Reino Unido. Esse ambiente menos pior deverá levar o ECB a ser mais tímido nos seus próximos passos, sem implementar uma política agressiva de expansão de liquidez. Além disso, crescem os riscos políticos na Europa com eleições regionais na Alemanha, referendo constitucional na Itália até o final do ano e a contínua dificuldade da Espanha em formar um governo funcional.4 Um tema que saiu do radar dos mercados nos últimos meses foi a China. O país continua com uma dificuldade grande de crescimento e os dados na margem corroboram essa trajetória. Os PMIs oscilam ao redor de 50, nível limiar entre recessão e expansão, enquanto os dados reais de varejo e produção industrial Para uma reflexão mais profunda sobre o tema, e menos específica sobre a Europa, artigo recente em www.ft.com, “Capitalism and democracy: the strain is showing”, Martin Wolf. 4 As informações contidas neste material são de caráter exclusivamente informativo. Fundos de Investimento não contam com a garantia do Administrador do Fundo, do Gestor da Carteira, de qualquer mecanismo de seguro ou, ainda, do Fundo Garantidor de Créditos – FGC. A rentabilidade obtida no passado não representa garantia de rentabilidade futura. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos. Ao investidor é recomendada a leitura cuidadosa do prospecto e do regulamento do Fundo de Investimento ao aplicar seus recursos. Este fundo utiliza estratégias com derivativos como parte integrante de sua política de investimentos. Tais estratégias, da forma como são adotadas, podem resultar em significativas perdas patrimoniais para seus cotistas. AGOSTO 2016 continuam em desaceleração. Os estímulos governamentais dados no primeiro semestre já começam a mostrar sinais de exaustão e baixa efetividade. Com isso, a volta da China ao highlight não deverá ser por bons motivos. Esse cenário aumenta a pressão baixista no crescimento global, na continuidade da baixa inflação através da manutenção dos preços de commodities em níveis deprimidos. A necessidade de desalavancagem junto com a mudança de modelo de crescimento são desafios que demandarão alguns anos de contínuos ajustes. O comprometimento do governo com o fim da corrupção e centralização do poder decisório não será suficiente para o sucesso dessa transição. No Brasil, a finalização do processo de impeachment forçará o governo Temer a se posicionar mais claramente sobre os principais temas em debate na arena econômica, o ajuste fiscal de longo prazo e a reforma da Previdência. Esses assuntos não gerarão consenso e algum desgaste será necessário incorrer, tanto na política quanto em popularidade, para que haja avanços. A PEC do teto dos gastos já tem tramitação avançada e poderá ser votada em outubro na Câmara dos Deputados, enquanto a votação final pelo Senado poderá ocorrer somente no primeiro trimestre de 2017. A reforma da Previdência ainda não foi definida e uma infinidade de propostas são apresentadas como definitivas na mídia. Quando do seu envio ao Congresso saberemos a real dificuldade de aprovação e a mensuração dos impactos na Previdência ao longo dos anos. De qualquer maneira, o “grace period” do governo Temer parece ser menor do que dos governos eleitos, mas a opção pela inação levará a uma nova rodada de deterioração da atividade e dos indicadores econômicos, em especial os fiscais. No que tange a política monetária, o BC fez uma transição, ou aperfeiçoamento, na comunicação sobre as perspectivas para os próximos passos. Nossa visão era de que havia pouco espaço para cortes de juros em 2016 dado o compromisso com a meta de 4,5% de inflação em 2017, nas projeções de mercado e do próprio BC, que nos parecia de difícil materialização. Porém, os últimos comunicados, inclusive pós-decisão do Copom em agosto, apontam para uma melhora no balanço de riscos. A inflação de alimentos deve desacelerar até o final do ano, enquanto a atividade fraca deve continuar pressionando a inflação de serviços para baixo, levando uma perspectiva melhor para inflação em 2017. Ainda mantemos nossa visão de que não haverá uma convergência para 4,5%, mas já projetamos 5% para o próximo ano. Nesse ambiente, e com uma aprovação da PEC do teto dos gastos na Câmara, a possibilidade do início do ciclo de cortes de As informações contidas neste material são de caráter exclusivamente informativo. Fundos de Investimento não contam com a garantia do Administrador do Fundo, do Gestor da Carteira, de qualquer mecanismo de seguro ou, ainda, do Fundo Garantidor de Créditos – FGC. A rentabilidade obtida no passado não representa garantia de rentabilidade futura. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos. Ao investidor é recomendada a leitura cuidadosa do prospecto e do regulamento do Fundo de Investimento ao aplicar seus recursos. Este fundo utiliza estratégias com derivativos como parte integrante de sua política de investimentos. Tais estratégias, da forma como são adotadas, podem resultar em significativas perdas patrimoniais para seus cotistas. AGOSTO 2016 juros começar em novembro ganhou força. Acreditamos que um corte em outubro ainda não será viável, mas poderá levar a uma sinalização mais clara sobre as possibilidades para novembro. Nossa perspectiva é de que o ciclo de flexibilização monetária possa alcançar entre 300bps e 400bps. Em resumo, o ambiente global continua sendo de crescimento fraco, com debates entre os policy makers sobre formas de alavancar as taxas de expansão das economias, seja via política monetária e/ou fiscal. Enquanto isso, nos EUA o banco central sinaliza um viés mais hawk, comparado com os outros bancos centrais, mas não entrega uma política monetária mais apertada e deverá continuar com altas muito graduais. Além disso, a dinâmica da economia chinesa permanece como risco para os preços de ativos. Internamente, o governo Temer terá que mostrar que é materialmente melhor do que a prévia administração, em um ambiente político conflagrado e uma economia em processo de crescimento em nível deprimido, mesmo que estável em relação à recessão dos últimos trimestres. As propostas a serem apresentadas e as votações no Congresso serão testes chave para confirmar a melhora das expectativas, já presentes nos diversos indicadores de confiança. As informações contidas neste material são de caráter exclusivamente informativo. Fundos de Investimento não contam com a garantia do Administrador do Fundo, do Gestor da Carteira, de qualquer mecanismo de seguro ou, ainda, do Fundo Garantidor de Créditos – FGC. A rentabilidade obtida no passado não representa garantia de rentabilidade futura. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos. Ao investidor é recomendada a leitura cuidadosa do prospecto e do regulamento do Fundo de Investimento ao aplicar seus recursos. Este fundo utiliza estratégias com derivativos como parte integrante de sua política de investimentos. Tais estratégias, da forma como são adotadas, podem resultar em significativas perdas patrimoniais para seus cotistas.