A Vigilância Epidemiológica em Santo Amaro da Imperatriz (SC
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A Vigilância Epidemiológica em Santo Amaro da Imperatriz (SC
A Vigilância Epidemiológica em Santo Amaro da Imperatriz (SC): uma análise de cenário sob a ótica da Administração Pública Aluna: Aline Petersen1 Orientador: Eduardo Lobo2 Tutora: Mileide Marlete Ferreira Leal Sabino3 Resumo Abstract Este é um estudo qualitativo do tipo pesquisa participante que tem o objetivo de relatar e de refletir sobre as atividades da Vigilância Epidemiológica desenvolvidas no Munícipio de Santo Amaro da Imperatriz para sugerir melhorias e ampliar a qualidade dos serviços prestados por esse setor. Durante a pesquisa foram identificados problemas de ordem estrutural em relação às matérias, aos equipamentos e à capacitação técnica dos recursos humanos. This is a qualitative study of type participant research in order to report the activities of Epidemiological Surveillance developed in the municipality of Santo Amaro da Imperatriz and suggest improvements to increase the quality of services provided by this industry, were identified as problems of a regarding structural materials, equipment and technical training of human resources. Key words: Epidemiological Surveillance. Information System Diseases and NotificaPalavras-chave: Vigilância Epidemiológica. tion (SINAN). Ceiling Financial Health SurSistema de Informação de Agravos e Notifi- veillance (TFVS). cação (SINAN). Teto Financeiro de Vigilância em Saúde (TFVS). 1 Especialista em Desenvolvimento Gerencial de Unidades Básicas do SUS (GERUS/SC) pela Escola da Saúde Pública Prof. Osvaldo Dr. Oliveira Maciel (2008). Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (2005). E-mail: alinepetersen@yahoo. com.br. 2 Pós-Doutor pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em Educação e Novas Tecnologias (2010). Doutor em Engenharia de Produção pela UFSC (2002). E-mail: [email protected]. 3 Mestranda do curso de Administração Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). E-mail: [email protected]. A Vigilância Epidemiológica em Santo Amaro da Imperatriz (SC): uma análise de cenário sob a ótica da Administração Pública 1 Introdução Por recomendação da 5ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1975, o Ministério da Saúde instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE), por meio de legislação, de Procedimentos Técnicos e de Avaliação de Sistemas de Vigilância Epidemiológica e o Guia de Vigilância Epidemiológica específica (Lei n. 6.259/75 e Decreto n. 78.231/76). Esses instrumentos tornaram obrigatória a notificação de doenças transmissíveis selecionadas, constantes de relação estabelecida por Portaria. Em 1977, foi elaborado, pelo Ministério da Saúde, o primeiro Manual de Vigilância Epidemiológica, reunindo e compatibilizando as normas técnicas que eram, então, utilizadas para a vigilância de cada doença, no âmbito de programas de controle específicos. (BRASIL, 2009) O Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou o SNVE, definindo, em seu texto legal (Lei n. 8.080/90), a vigilância epidemiológica como [...] um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. (BRASIL, 1990, art. 6º) Além de ampliar o conceito, as ações de vigilância epidemiológica passaram a ser operacionalizadas num contexto de profunda reorganização do sistema de saúde brasileiro, caracterizada pela descentralização de responsabilidades, pela universalidade, integralidade e equidade na prestação de serviços, e é nessa Lei que instituiu-se a descentralização dos serviços de saúde para os municípios, bem como as ações de Vigilância Epidemiológica que a partir daí sofreram processo de municipalização. (BRASIL, 1990) As ações desenvolvidas pela Vigilância Epidemiológica são apontadas como promotoras do controle e da prevenção de doenças, especialmente as infectocontagiosas. Como exemplos de ações da Vigilância Epidemiológica no Brasil, pode-se citar que desde o ano de 2000 não são registrados casos novos de sarampo oriundos do Brasil, os casos notificados e confirmados são de pessoas que se contaminaram no exterior. A poliomielite (popularmente conhecida como paralisia infantil) também é uma doença erradicada no país 14 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 3 Aline Petersen # Eduardo Lobo # Mileide Marlete Ferreira Leal Sabino desde o ano de 1989, sendo mantida dessa forma devido às campanhas de vacinação em massa desenvolvidas no Brasil. Devido à importância dessas ações, objetiva-se neste artigo identificar como são conduzidas as ações de controle e de prevenção de doenças de notificação compulsória no serviço de Vigilância Epidemiológica no Município de Santo Amaro da Imperatriz. 2 Fundamentação Teórica A Vigilância epidemiológica no Brasil está diretamente ligada ao Ministério da Saúde, constituindo-se num Departamento voltado para identificação de doenças de notificação compulsória com o objetivo de promover o controle e a prevenção dessas doenças. Dessa forma, para entender o papel da Vigilância Epidemiológica é preciso, que pelos menos suscintamente, se entenda a gestão de Saúde no Brasil. 2.1 Gestão da Saúde O PMBOK (2004 apud MONTANHA, 2009) diz que como visão global gestão é “[...] a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades a fim de atender aos seus requisitos de maneira eficiente e eficaz”. Neto (2012, p. 14) ao tratar da gestão pública diz [...] de modo amplo podemos entender Administração Pública como: sistema de governo e conjunto de ideias, atitudes, normas, processos e demais formas de conduta humana que determinem o exercício da autoridade política, com o objetivo de atender aos interesses públicos no exercício de suas atividades. A Administração Pública compreende, ainda, as normas e os processos que regem o exercício, os direitos e os deveres dos servidores em quaisquer setores e instituições criados para intermediar o processo de prestação de amplos serviços ao cidadão. Salienta, ainda, Neto (2012, p. 16), que [...] na Administração Pública, os clientes são os cidadãos pagadores de impostos, que esperam que o estado preste serviços Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 3 15 A Vigilância Epidemiológica em Santo Amaro da Imperatriz (SC): uma análise de cenário sob a ótica da Administração Pública assegurados e garanta o bem-estar deles – e isso tudo é o produto final. Os prestadores de serviços são os gestores e os servidores públicos, que por intermédio de suas ações buscam satisfazer aos seus clientes – os cidadãos. A gestão em saúde no Brasil tem como órgão máximo o Ministério da Saúde (MS) que representa a União na coordenação das ações de saúde e articula suas ações com as Secretarias Estaduais de Saúde (SES) e nos municípios as Secretarias Municipais de Saúde (SMS). Com a descentralização estabelecida pela Lei n. 8.080 de 1990, os municípios por meio das SMS devem assumir a gestão total da saúde e os estados com as SES desempenhando papel de prestador de apoio técnico e financeiro dos municípios. Os estados devem repassar dados que comprovem essa ligação para o MS. (BRASIL, 1990) O financiamento é realizado fundo a fundo, ou seja, o MS repassa para as SES e para essas SMS, e é depositado em conta especial, fundo estadual de saúde e fundo municipal de saúde (BRASIL, 1990). Esse financiamento conta ainda com a participação popular, tendo as Conferências de Saúde, cujas ações de saúde são discutidas e apontam soluções e estratégias para seu funcionamento, e os Conselhos de Saúde desempenhando importante papel na fiscalização da aplicação da verba efetivamente na saúde em caráter permanente e deliberativo. (BRASIL, 1990) O modelo apresentado na organização de gestão de saúde no Brasil assume o modelo de gestão participativa, essa gestão é coordenada pelo Ministério da Saúde e envolve profissionais de diversas áreas e usuários do sistema. A gestão participativa é vista como o conjunto de ações, métodos e processos de direção, organização, assimilação de recursos, controle, planejamento, ativação e animação de uma empresa ou de uma unidade de trabalho. Dentro de um contexto geral da saúde no Brasil, a gestão participativa descentralizou as ações de saúde criando os Conselhos Municipais e Estaduais com representação das diversas áreas da saúde e da população. As ações de Saúde, dessa forma, passaram a ser discutidas e orientadas pela sociedade por meio de seus representantes. As discussões resultantes nas diversas instâncias representativas é que definiram os princípios e as diretrizes da Saúde no Brasil e foram lançadas na forma que se encontram hoje, traçando três objetivos básicos: a) a produção de saúde; b) a realização profissional e pessoal de seus trabalhadores; c) a sua própria reprodução como política democrática e solidária, isto é, que inclui a participação dos trabalhadores da saúde, dos gestores e dos usuários em um pacto de corresponsabilidade. (WEISS, 2012) 16 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 3 Aline Petersen # Eduardo Lobo # Mileide Marlete Ferreira Leal Sabino O conjunto das ações e de serviços de saúde sob a gestão pública em saúde constitui o Sistema Único de Saúde (SUS), que está organizado em redes regionalizadas e hierarquizadas e atua em todo o território nacional, com direção única em cada esfera de governo. O SUS não é, porém, uma estrutura que atua de maneira isolada na promoção dos direitos básicos de cidadania. Insere-se no contexto das políticas públicas de seguridade social, que abrangem, além da Saúde, a Previdência e a Assistência Social. A gestão no SUS é realizada de forma descentralizada, regionalizada e hierarquizada de acordo com a Lei n. 8.080/90 (capítulo II, inciso IX, alíneas “a” e “b”) que é a Lei Orgânica do SUS e “[...] dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.” (BRASIL, 1990, preâmbulo) O organograma do Ministério da Saúde apresenta várias secretarias subordinadas ao ministério, bem como outros órgãos vinculados. A Vigilância em Saúde é uma dessas secretarias e está vinculada diretamente ao Ministério da Saúde. 2.2 Vigilância Epidemiológica A Epidemiologia é um dos pilares da Saúde Pública, e como tal deve estar estreitamente incorporada às políticas, aos programas e aos serviços públicos de saúde. No Brasil, a criação e o processo de fortalecimento e consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) vêm permitindo a garantia da saúde como direito constitucional, e a Saúde Pública vem ampliando consideravelmente o seu espaço dentro desse sistema. (REVISTA BRASILEIRA DE EPIDEMIOLOGIA, 2005) Será considerado como conceito de Vigilância Epidemiológica (VE) o que diz o parágrafo 2º do artigo 6º da Lei n. 8.080/90 Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção da qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças e agravos. (BRASIL, 1990, art. 6º) No início do século XX foram iniciadas as primeiras ações do Estado para a prevenção e controle de doenças. Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 3 17 A Vigilância Epidemiológica em Santo Amaro da Imperatriz (SC): uma análise de cenário sob a ótica da Administração Pública A vigilância epidemiológica foi o tema central da 21ª Assembléia Mundial de Saúde realizada em 1968, na qual estabeleceu a abrangência do conceito, que permitia a aplicação a variados problemas de saúde pública, [...]. (BRASIL, 2006, p. 19) Em 1975 na 5ª Conferência Nacional de Saúde, o MS criou o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE). O SUS além de incluir o SNVE ainda conceituou vigilância epidemiológica na Lei n. 8.080/90, e, seguindo o modelo de gestão do SUS, a Vigilância Epidemiológica é “[...] caracterizada pela descentralização de responsabilidades e integralidade da prestação de serviços.” (BRASIL, 2006, p. 20) Entende-se que “A vigilância epidemiológica constitui-se importante instrumento para o planejamento, organização e operacionalização dos serviços de saúde, bem como a normatização das atividades técnicas correlatas” (BRASIL, 2006, p. 20). Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012, art. 37), compete à Secretaria de Vigilância em Saúde: I – coordenar a gestão do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, integrado por: a) Subsistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, de doenças transmissíveis e de agravos e doenças não transmissíveis; b) Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental, incluindo ambiente de trabalho; c) Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública, nos aspectos pertinentes à vigilância em saúde; d) sistemas de informação de vigilância em saúde; e) programas de prevenção e controle de doenças de relevância em saúde pública, incluindo o Programa Nacional de Imunizações; e f) política nacional de saúde do trabalhador [...] A execução das ações de vigilância deve acontecer em nível municipal, já que nesse nível é possível conhecer todos os problemas da sua área de abrangência, bem como o perfil epidemiológico do local, para tanto o SNVE enfatiza a importância do fortalecimento dos sistemas municipais de Vigilância Epidemiológica deixando para os níveis federal e estadual as ações estratégicas e de longo alcance. (BRASIL, 2006) 18 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 3 Aline Petersen # Eduardo Lobo # Mileide Marlete Ferreira Leal Sabino A coleta de dados é de suma importância, pois será por meio desses dados que se terá uma informação de qualidade e assim pode-se partir da informação para a ação, ou seja, para a tomada de decisão. O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica é alimentado por: dados demográficos, ambientais, socioeconômicos, de morbidade, de mortalidade, notificação de surtos e epidemias. A principal fonte de dados é a notificação que é conceituada pelo Ministério da Saúde como: [...] a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de intervenção pertinentes. Historicamente, a notificação compulsória tem sido a principal fonte da vigilância epidemiológica, a partir da qual, na maioria das vezes, se desencadeia o processo informação-decisão-ação. (BRASIL, 2009, p. 21) O Ministério da Saúde tem estabelecida uma lista de doenças de notificação compulsória (definida através da Portaria GM/MS n. 104, de 25 de janeiro de 2011), ou seja, doenças que na ocorrência devem ser comunicadas à Vigilância Epidemiológica municipal. Além dessa lista nacional, também se faz necessário registrar que estados e municípios também podem incluir doenças do seu interesse considerando as características da localidade. A atual política de descentralização do sistema de saúde está proporcionando um salto qualitativo para a reorganização dos sistemas locais de vigilância epidemiológica. As secretarias estaduais estão, cada vez mais, deixando de desempenhar o papel de executoras para assumir as responsabilidades de coordenação, supervisão e monitoramento das ações. (BRASIL, 2006, p. 31) O sistema de notificação deve estar permanentemente voltado para a sensibilização dos profissionais e das comunidades, visando melhorar a quantidade e a qualidade dos dados coletados, mediante o fortalecimento e a ampliação da rede. Todas as unidades de saúde (públicas, privadas e filantrópicas) devem fazer parte do sistema, como todos os profissionais de saúde e a população em geral. Deve ser utilizada de forma consciente e pode basear-se em dados muito restritos para a tomada de decisões oportunas e eficazes. Aspectos que devem ser considerados na notificação: Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 3 19 A Vigilância Epidemiológica em Santo Amaro da Imperatriz (SC): uma análise de cenário sob a ótica da Administração Pública • Notificar a simples suspeita da doença ou evento. Não se deve aguardar a confirmação do caso para se efetuar a notificação, pois isso pode significar perda da oportunidade de intervir eficazmente. • A notificação tem de ser sigilosa, só podendo ser divulgada fora do âmbito médico-sanitário em caso de risco para a comunidade, respeitando-se o direito de anonimato dos cidadãos. • O envio dos instrumentos de coleta de notificação deve ser feito mesmo na ausência de casos, configurando-se o que se denomina notificação negativa, que funciona como um indicador de eficiência do sistema de informações (grifos do autor). (BRASIL, 2009, p. 22) Os sistemas de informação são essenciais para a Vigilância Epidemiológica, pois é por meio deles que é desencadeado o “processo informação-decisão-ação” (BRASIL, 2006, p. 67). Para tanto, deve-se entender “[...] sistema como o conjunto integrado de partes que se articulam para uma finalidade comum [...]”. (BRASIL, 2006, p. 67) Diante disso, pode-se observar que Em síntese, um sistema de informação deve disponibilizar o suporte necessário para o planejamento, decisões e ações dos gestores em determinado nível decisório (municipal, estadual e federal), não se baseie em dados subjetivos, conhecimentos ultrapassados ou conjecturas. (BRASIL, 2006, p. 67) Dentre os sistemas de informação em saúde nacionais são relevantes para Vigilância Epidemiológica: o Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN), o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI), dentre outros. 2.2.1 Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) O SINAN é o sistema de informação mais utilizado e de maior relevância para a Vigilância Epidemiológica e foi desenvolvido no início da década de 1990 com o objetivo de 20 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 3 Aline Petersen # Eduardo Lobo # Mileide Marlete Ferreira Leal Sabino [...] sanar as dificuldades do Sistema de Notificação Compulsória de Doenças (SNDC) e substitui-lo, tendo em vista o razoável grau de informatização disponível no país. O SINAN foi concebido [...] para ser gerado a partir das unidades de saúde, considerando o objetivo de coletar e processar dados sobre agravos de notificação em todo o território nacional, desde o nível local. (BRASIL, 2006, p. 68) Para a coleta e entrada de dados no SINAN é necessário o preenchimento de fichas padronizadas, são elas: a) Ficha Individual de Notificação (FIN) Essa ficha deve ser preenchida para cada paciente quando existir a suspeita de doença que consta na lista de agravos de notificação compulsória. Quando não existe preenchimento da FIN para nenhum doença de notificação compulsória é necessário realizar a notificação negativa e também se utiliza a Ficha Individual de Notificação para essa finalidade. Nos casos de surto utiliza-se também o FIN, porém, é preciso seguir alguns critérios como: - casos epidemiologicamente vinculados de agravos inusitados. Sua notificação deve estar consoante com a abordagem sindrômica, de acordo com as seguintes categorias: síndrome diarreica aguda, síndrome ictérica aguda, síndrome hemorrágica febril aguda, síndrome respiratória aguda, síndrome neurológica aguda e síndrome da insuficiência renal aguda, dentre outras; - casos agregados, constituindo uma situação epidêmica de doenças não constantes da lista de notificação compulsória; - casos agregados das doenças constantes da lista de notificação compulsória, mas cujo volume de notificações operacionalmente inviabilizar o seu registro individualizado. (BRASIL, 2006, p. 69) b) Ficha Individual de Investigação (FII) Essa ficha serve como roteiro para investigação, ela deve ser preenchida por um profissional e/ou por uma equipe capacitada e é individual para cada agravo constante da lista de notificação compulsória. Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 3 21 A Vigilância Epidemiológica em Santo Amaro da Imperatriz (SC): uma análise de cenário sob a ótica da Administração Pública Os dados gerados nas áreas de abrangência dos respectivos estados e municípios devem ser consolidados e analisados considerando aspectos relativos à organização, sensibilidade e cobertura do próprio sistema de notificação, bem como os das atividades de vigilância epidemiológica. (BRASIL, 2006, p. 69) O sistema ainda conta com planilhas e boletins de acompanhamento de surtos e a reprodução é de responsabilidade das Vigilâncias Epidemiológicas municipais, já os boletins de acompanhamento da hanseníase e da tuberculose são impressos a partir do SINAN. “A impressão, distribuição e numeração desses formulários é de responsabilidade do estado ou município” (BRASIL, 2006, p. 69). Os formulários citados são as Fichas Individuais de Notificação. O fluxo dos dados é determinado pelo Ministério da Saúde, após o preenchimento da FIN, as unidades que realizaram as notificações devem encaminhas tais fichas para a Vigilância Epidemiológica Municipal que procederá a digitação dos dados no SINAN e enviará por meio da internet, utilizando o SISNET, os dados para o nível hierárquico superior. O fluxograma de informação do SINAN é estabelecido pelo Ministério da Saúde. O SISNET faz a transferência dos dados existentes nos sistemas locais para o nível superior (banco de dados consolidado) de forma ágil e simples. Portanto, esse sistema tem como característica principal o uso de transmissão das informações pela internet. (SANTA CATARINA, 2006) Figura 1: Fluxograma de informação do SINAN Fontes: Brasil (2006) e Brasil (2009) 22 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 3 Aline Petersen # Eduardo Lobo # Mileide Marlete Ferreira Leal Sabino Existem doenças que são de notificação imediata, portanto, assim que uma unidade notificadora identificar uma suspeita dessas doenças deve comunicar à Vigilância Epidemiológica municipal, que notifica, através de telefone e de e-mail, o nível hierárquico superior e em seguida inicia as medidas de ação e controle. Cada doença tem seu protocolo de investigação, tempo para encerramento do caso, exames que devem ser solicitados; nesses casos é verificado se existe a necessidade de acompanhamento, uso de medicamentos entre outros. Todos esses materiais e rotinas são criados e fornecidos pelo Ministério da Saúde, cabendo ao nível municipal a execução das ações. A partir da alimentação do banco de dados do SINAN, pode-se calcular a incidência, prevalência, letalidade e mortalidade, bem como realizar análises de acordo com as características de pessoa, tempo e lugar, particularmente no que tange às doenças transmissíveis de notificação obrigatória. Além disso, é possível avaliar-se a qualidade dos dados. (BRASIL, 2009, p. 66) Pode-se entender que a Incidência é o número de casos novos de uma doença em espaço de tempo definido; Prevalência é a proporção de pessoas com determinada doença em determinado momento; Letalidade define o grau de gravidade de uma doença; e Mortalidade é o número de pessoas que morreram em determinado intervalo de tempo. O banco de dados do SINAN possibilita o cálculo de diversos indicadores indispensáveis para a área da saúde, lembrando que [...] indicadores são variáveis suscetíveis à mensuração direta, produzido com periodicidade definida e critérios constantes [...]. Os indicadores de saúde refletem o estado de saúde da população de uma comunidade. (BRASIL, 2009, p. 67) É preciso uma conscientização dos profissionais de saúde para compreender a importância do preenchimento de todos os campos das fichas para que se tenham dados de qualidade. Os dados são processados, analisados e divulgados em âmbito federal por meio dos boletins epidemiológicos e de sites do governo. Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 3 23 A Vigilância Epidemiológica em Santo Amaro da Imperatriz (SC): uma análise de cenário sob a ótica da Administração Pública 3 Metodologia Os procedimentos metodológicos para a realização desta pesquisa estão amparados no que diz Minayo (1993, p. 23), “[...] a pesquisa é uma atividade básica das ciências na indagação e descoberta da realidade. É uma atitude prática e teórica de constante busca que define um processo inacabado e permanente”. É uma atividade de aproximação sucessiva com a realidade que nunca se esgota, aproximando a teoria do mundo real. O presente trabalho tem abordagem qualitativa, já que se utiliza a observação participante. Para Jacobsen (2012, p. 56), na observação participante “[...] os dados são obtidos por meio do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado”. Por ser uma pesquisa participativa toda a vivência diária foi utilizada como base nos dados, bem como nas conversas e nas discussões com colegas de trabalho. A abordagem qualitativa para Minayo (2001, p. 21) [...] se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado e trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. Já Chizzotti (2003) descreve a evolução da pesquisa qualitativa em que os primeiros dados datam do final do século XIX. Conta que inicialmente eram realizadas observações e descrições de grupos distintos de pessoas denunciando as condições em que os mesmos viviam. Com o passar dos anos a pesquisa qualitativa foi sendo aprimorada e atualmente [...] as pesquisas propendem para reconhecer uma pluralidade cultural, abandonando a autoridade única do pesquisador para reconhecer a polivocalidade dos participantes [...] (CHIZZOTTI, 2003, p. 230) Chizzotti (2003, p. 232) nos faz ver ainda que 24 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 3 Aline Petersen # Eduardo Lobo # Mileide Marlete Ferreira Leal Sabino [...] cresce, porém a consciência e o compromisso de que a pesquisa é uma prática válida e necessária na construção solidária da vida social, e os pesquisadores que optaram pela pesquisa qualitativa, ao se decidirem pela descoberta de novas vias investigativas, não pretenderam, nem pretendem furtar-se ao rigor e à objetividade, mas reconhecem que a experiência humana não pode ser confinada aos métodos nomotéticos de analisá-la e descrevê-la. Os dados encontrados serão descritos procurando-se relatar as ações de prevenção e controle de doenças e a forma como são registradas. Oliveira (2001, p. 95) diz que “[...] o estudo descritivo possibilita o desenvolvimento de um nível de análise em que se permite identificar as diferentes formas do fenômeno, sua ordenação e classificação”. O local do estudo é o serviço de Vigilância Epidemiológica do município de Santo Amaro da Imperatriz, também conhecido como Verde Vale das Termas. Segundo dados do IBGE (2010), esse local tem extensão territorial de aproximadamente 345 Km², e a população é de 19.823 habitantes, de acordo com o último censo realizado. 4 O Caso da Vigilância Epidemiológica de Santo Amaro da Imperatriz Atualmente, a Vigilância Epidemiológica do município divide estrutura física com a Vigilância Sanitária, formando assim a Vigilância em Saúde, estando em consonância com o Decreto n. 4.726 de 2003, que diz que a [...] Vigilância em Saúde inclui: a vigilância e controle das doenças transmissíveis; a vigilância das doenças e agravos não transmissíveis; a vigilância da situação de saúde, vigilância ambiental em saúde, vigilância da saúde do trabalhador e vigilância sanitária. (BRASIL, 2008, p. 6) A Vigilância Epidemiológica está diretamente subordinada à Gerência de Vigilância em Saúde, que está vinculada à Secretaria Municipal de Saúde. A Vigilância Epidemiológica mantém íntima ligação com os postos de saúde onde estão inseridas as Equipes de Saúde da Família e são elas as principais fontes notificadoras e identificadoras de problemas que necessitam de ações Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 3 25 A Vigilância Epidemiológica em Santo Amaro da Imperatriz (SC): uma análise de cenário sob a ótica da Administração Pública da Vigilância Epidemiológica, que conta com apenas dois profissionais, uma enfermeira e uma técnica de enfermagem, esses profissionais fazem parte do quadro funcional da prefeitura municipal e foram selecionados por meio de concurso público com vínculo estatutário. Embora sejam profissionais da área da saúde, eles não possuem formação específica para atuar em Vigilância Epidemiológica, já que os conhecimentos são adquiridos de forma autodidata, pesquisando nos guias de vigilância epidemiológica, nos cadernos de atenção básica, nos textos on-line, na legislação, entre outros periódicos e publicações do Ministério da Saúde. O município não se preocupa em manter educação permanente para atualização e capacitação dos funcionários, e quando o estado disponibiliza vagas para cursos e capacitações de suma importância para a equipe de Vigilância Epidemiológica, a gerência não fornece a liberação dos funcionários, deixando, assim, de melhorar a qualidade do atendimento e das ações de vigilância. Nesse sentido, o Ministério da Saúde orienta que haja treinamento específico para o exercício da função, embora em âmbito nacional, em 2009, somente 67 profissionais foram formados e 21 estavam em treinamento. Nos últimos anos, há certo apoio à descentralização desse treinamento para as Secretarias Estaduais de Saúde, acompanhando a formação de unidades de respostas rápidas nos estados, com o objetivo de que todas as esferas de governo que compõem o SUS venham a ser contempladas com profissionais adequadamente capacitados para detectar, investigar e responder às emergências de saúde pública, no seu âmbito de atuação. (BRASIL, 2009) No entanto, percebe-se que há um esforço por parte desses profissionais para que o serviço de Vigilância Epidemiológica seja realizado de maneira satisfatória, pois existe uma rotina de tarefas que são seguidas. a) A digitação e o envio dos dados do SINAN são realizados semanalmente, assim como a digitação e o envio da planilha negativa de doenças de notificação imediata. b) O recolhimento de material biológico nos laboratórios conveniados do município e o envio do material para o Lacen – SC (Laboratório Central de Saúde Pública de Santa Catarina) são realizados duas vezes por semana, quando o motorista do município de desloca até Florianópolis, seguindo orientações de data de entrega do próprio Lacen. 26 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 3 Aline Petersen # Eduardo Lobo # Mileide Marlete Ferreira Leal Sabino c) O fechamento dos mapas de insumos e o pedido de medicamentos são realizados mensalmente e encaminhados para o nível hierárquico superior, responsável pela dispensação dos insumos e dos medicamentos para os municípios. d) As fichas de notificação são recolhidas semanalmente nas unidades notificadoras. e) No início do mês as Declarações de Óbito (DO) são recolhidas nos cartórios do município, a Vigilância Epidemiológica é responsável pela codificação das doenças de acordo com o CID-10 (Cadastro Internacional de Doenças) e encaminhadas para a Regional de Saúde da qual o município faz parte e onde é realizada a digitação das DOs, pois o município não trabalha com o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), já as Declarações de Nascidos Vivos (DN) são encaminhadas pelas maternidades para a Regional de Saúde realizar a digitação dos dados, que posteriormente encaminha ao município as DNs para serem arquivadas, pois o município também não trabalha com o Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC). Em relação aos acompanhamentos de casos de doenças que caracterizam notificação compulsória, são realizadas por meio do recebimento das fichas de notificação, preenchidas pelas unidades notificadoras (postos de saúde e/ ou hospitais), e são tratados de acordo com os protocolos do Ministério da Saúde, já que esse protocolo preconiza que para cada doença com notificação compulsória é preciso a aplicação de ações preestabelecidas. Essas ações vão desde as investigações epidemiológicas até a coleta de exames para diagnóstico laboratorial, chegando até mesmo à vacinação de contatos. Os Serviços de Vigilância Epidemiológica do munícipio são desenvolvidos em parceria com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), que realizam visitas na sua área de abrangência, tornando-se, portanto, os melhores identificadores de problemas de saúde e são o elo principal entre a população e as equipes de saúde. Nesse sentido, o Ministério da Saúde prevê que Na organização da atenção o Agente Comunitário de Saúde (ACS) e o Agente de Controle de Endemias (ACE) desempenham papéis fundamentais, pois se constituem como elos entre a comunidade e os serviços de saúde. [...], tais agentes devem ter co-responsabilização com a saúde da população de sua área de abrangência. Por isso, devem desenvolver ações de promo- Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 3 27 A Vigilância Epidemiológica em Santo Amaro da Imperatriz (SC): uma análise de cenário sob a ótica da Administração Pública ção, prevenção e controle dos agravos, sejam nos domicílios ou nos demais espaços da comunidade, e embora realizem ações comuns, há um núcleo de atividades que é específico a cada um deles. (BRASIL, 2008, p. 17) O município também conta com uma unidade hospitalar que é uma importante fonte notificadora de casos, principalmente daqueles que necessitam de internação. A Vigilância Epidemiológica mantém ligação com os profissionais do hospital para troca de informações sobre casos de doenças que podem causar surto ou controle ou prevenção. Nesse caso, o próprio hospital preenche o impresso de notificação e encaminha ao serviço de Vigilância Epidemiológica. Nesse sentido, o Ministério da Saúde diz que A coleta de dados ocorre em todos os níveis de atuação do sistema de saúde. O valor da informação (dado analisado) depende da precisão com que o dado é gerado. Portanto, os responsáveis pela coleta devem ser preparados para aferir a qualidade do dado obtido. Tratando-se, por exemplo, da notificação de doenças transmissíveis, é fundamental a capacitação para o diagnóstico de casos e a realização de investigações epidemiológicas correspondentes. (BRASIL, 2009, p. 19) Em relação ao financiamento e à infraestrutura da Vigilância Epidemiológica do município, constatou-se que a gestão dos recursos (humanos, financeiros e materiais) é realizada pela Prefeitura Municipal por meio da Secretaria Municipal de Saúde, que repassa os recursos para a Gerência de Vigilância em Saúde, como relata o enfermeiro do setor [...] quando necessitamos de materiais para uso na coleta de materiais para exames de laboratório ou para realização de campanhas, os pedidos são solicitados à Gerência de Vigilância em Saúde, algumas vezes, nos deparamos com a demora na compra dos materiais ou na compra de materiais não adequados ou ainda recebemos como resposta a falta de verba para a compra de materiais. São situações como essa que, às vezes, causam frustração e desgastam a equipe, prejudicando o bom funcionamento do trabalho. De acordo com a Portaria n. 1.172/GM de 2004, que regulamentou a NOB SUS 01/96, que instituiu as competências em relação aos recursos 28 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 3 Aline Petersen # Eduardo Lobo # Mileide Marlete Ferreira Leal Sabino para a Vigilância em Saúde nos três níveis de governo (nacional, estadual e municipal), o valor é calculado para cada município considerando o valor per capita da população, extensão territorial e contrapartida do estado e do município (SCOTTI, 2012). O repasse é feito mensalmente do Fundo Nacional de Saúde para o Fundo Municipal de Saúde em conta própria da Vigilância Epidemiológica. Essa portaria também define claramente como e onde a verba recebida para a Vigilância Epidemiológica pode e deve ser aplicada. Diz ainda o Ministério da Saúde que Para qualificar a atenção à saúde, a partir do princípio da integralidade, é fundamental que os processos de trabalho sejam organizados com vistas ao enfrentamento dos principais problemas de saúde-doença da comunidade, em que as ações de vigilância em saúde devem estar incorporadas no cotidiano das equipes de Atenção Básica/Saúde da Família. (BRASIL, 2008, p. 10) Um ponto importante a ser considerado é que, devido à grande extensão territorial do município, o serviço de Vigilância Epidemiológica não conta com um automóvel próprio, dependendo do setor de transportes da Secretaria Municipal de Saúde disponibilizar um veículo para que se possam desempenhar todas as funções, o que consiste muitas vezes não estar no local no momento necessário. 5 Propostas de Melhorias Diante do que foi apresentado nesta pesquisa, algumas propostas de melhoria podem ser apontadas: a) Oferecer capacitação técnica e educação permanente aos profissionais que atuam na Vigilância Epidemiológica, pois a atualização e os novos conhecimentos trazem sempre ampliação da visão, melhorias no atendimento à população e na tomada de decisões frente às ações de controle, promoção e proteção referentes à vigilância. A troca de experiências com profissionais de outros municípios também é de fundamental importância, pois muitas vezes pode-se colocar em prática projetos que tiveram êxito em outros municípios. A falta de capacitação e, consequente, a de conhecimentos não permite utilizar todas as funções do principal sistema de informação utilizado pela Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 3 29 A Vigilância Epidemiológica em Santo Amaro da Imperatriz (SC): uma análise de cenário sob a ótica da Administração Pública Vigilância Epidemiológica que é o SINAN, permitindo extrair dele somente os dados básicos que servem pouco para iniciar ações de vigilância. Uma maior flexibilidade por parte da Gerência para a liberação dos funcionários quando houver a existência de cursos fornecidos pelo Estado já seria de grande colaboração. b) Em relação ao financiamento da Vigilância Epidemiológica, acredita-se que os profissionais que atuam diretamente na vigilância deveriam ter maior autonomia para o uso da verba, bem como deveria ser prestado contas de como está sendo utilizado o dinheiro, pois a Portaria n. 1.172/GM define claramente onde e como deve ser aplicada essa verba. Quem vivencia o trabalho diário é que pode avaliar quais materiais e equipamentos são necessários para um bom desenvolvimento das ações e do trabalho prestado à população. c) A aquisição de veículo para uso exclusivo da Vigilância Epidemiológica seria de grande importância, assim ela não dependeria da disponibilidade dos carros da Secretaria Municipal de Saúde, facilitando as atividades desenvolvidas pela vigilância. d) Apesar das parcerias com Equipes de Saúde da Família e com o Hospital local uma possiblidade interessante de reforçar essa parceria seria a participação da Vigilância Epidemiológica nas reuniões mensais realizadas com a coordenação municipal do Programa Saúde da Família para a troca de experiências e possíveis melhorias. e) Ter à disposição tecnologias, como um sistema de informação municipal em que as notificações preenchidas seriam imediatamente disponibilizadas para a Vigilância Epidemiológica, não sendo necessário descolamento de profissionais e de carros para a busca das fichas de notificações preenchidas. A junção de todas as propostas anteriores traria grandes ganhos para a população, profissionais capacitados e atualizados, com investimento de verba principalmente em ações de prevenção e controle de acordo com a realidade e necessidade local e ainda com capacidade de resposta imediata caso fosse necessário. 30 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 3 Aline Petersen # Eduardo Lobo # Mileide Marlete Ferreira Leal Sabino 6 Considerações Finais A reflexão acerca do trabalho da vigilância epidemiológica e a observação participante no setor de Vigilância Epidemiológica do Munícipio de Santo Amaro da Imperatriz deram a oportunidade de constatar a importância desse serviço de saúde para a população. Embora no decorrer da observação notou-se as dificuldades apresentadas pela falta de uma estrutura ideal para a realização das atividades, bem como a falta de qualificação específica para atuar nesta área, cabe destacar o empenho desses profissionais e a consciência que eles têm da importância desse trabalho. Como ponto positivo cabe destacar que a parceria com os serviços de saúde local (Postos de Saúde, Equipe de Saúde da Família e Hospital Local) tem permitido efetuar o acompanhamento das doenças infectocontagiosas que ocorrem no município, que são devidamente notificados à regional de saúde. Referências BRASIL. Decreto n. 4.726, de 9 de junho de 2003. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/decreto_4726_estrutura_ ms.pdf>. Acesso em: 27 set. 2012. ______. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/lei8080.pdf>. Acesso em: 6 set. 2012. ______. Ministério da Saúde. 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