Análise Ergonômica: operadores de call center

Transcrição

Análise Ergonômica: operadores de call center
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENGENHARIA
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ENGENHARIA
MACROERGONOMIA EM CALL CENTER
DE AMBIENTE UNIVERSITÁRIO
Jacques Starosta Tessler
Porto Alegre, 2002
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENGENHARIA
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ENGENHARIA
MACROERGONOMIA EM CALL CENTER
DE AMBIENTE UNIVERSITÁRIO
Jacques Starosta Tessler
Orientador: Professora Dra. Lia Buarque de Macedo Guimarães
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Álvaro Roberto Crespo Merlo
Prof. Dr. Fausto Leopoldo Mascia
Prof. Dr. Paulo Antônio Barros Oliveira
Profa. Márcia Elisa Echeveste
Trabalho de Conclusão do Curso de Mestrado Profissionalizante em Engenharia
como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia – modalidade
Profissionalizante – Ênfase Ergonomia
Porto Alegre, 2002
2
Este Trabalho de Conclusão foi analisado e julgado adequado para a obtenção do
título de mestre em ENGENHARIA e aprovada em sua forma final pelo orientador e
pelo coordenador do Mestrado Profissionalizante em Engenharia, Escola de
Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
_______________________________________
Prof a. Lia Buarque de Macedo Guimarães
Orientador
Escola de Engenharia
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
____________________________________
Profa. Helena Beatriz Bettella Cybis
Coordenadora
Mestrado Profissionalizante em Engenharia
Escola de Engenharia
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Álvaro Roberto Crespo Merlo
PPGEPI e PPGPSI/UFRGS
Prof. Dr. Fausto Leopoldo Mascia
PPG Engenharia de Produção/Escola Politécnica/USP
Prof. Dr. Paulo Antônio Barros Oliveira
PPGEP/UFRGS
Prof a. Márcia Elisa Echeveste
Departamento de Estatística/UFRGS
3
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora Professora Dra. Lia Buarque de Macedo Guimarães pelos seus
ensinamentos e dedicação.
Aos demais professores do PPGEP, colegas de curso, colegas de trabalho e amigos.
À Administração da UFRGS pelo apoio e confiança nas minhas potencialidades.
Aos atendentes da CA da UFRGS pela colaboração e acolhimento da idéia.
Aos meus familiares pelo carinho e apoio.
À minha querida esposa Maria Luiza e minha querida filha Daniela.
4
ÍNDICE
LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... 7
LISTA DE TABELAS ..................................................................................................... 8
RESUMO ............................................................................................................................. 9
ABSTRACT ...................................................................................................................... 10
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ........................................................................................... 1
1.1.
Considerações Iniciais e Justificativa ..................................................................... 1
1.2.
Objetivos................................................................................................................. 4
1.3. Estrutura do Estudo ................................................................................................ 5
CAPÍTULO 2 – O QUE É, PARA QUE SERVE, COMO FUNCIONA E QUEM
TRABALHA EM UMA CENTRAL DE ATENDIMENTO ................................................. 7
2.1. A Evolução Tecnológica ........................................................................................ 7
2.2.
O Surgimento dos Call Centers.............................................................................. 9
2.3. A Evolução dos Call Centers e as Mudanças dos Processos Produtivos ............. 10
2.4.
O Funcionamento do Call Center......................................................................... 13
CAPÍTULO 3 – FATORES DE ESTUDO ERGONÔMICO EM UMA CENTRAL DE
ATENDIMENTO ................................................................................................................. 17
3.1.
Os Fatores Físicos Ambientais, Biomecânicos, Cognitivos e Psicossociais
relacionados com a Saúde do Operador de Centrais de Atendimento.............................. 17
3.2.
A evolução da norma legal brasileira ................................................................... 24
CAPÍTULO 4 – ESTUDO DE CASO: A CENTRAL DE ATENDIMENTO DA UFRGS 27
4.1.
Contextualização do Objeto de Estudo................................................................. 27
4.2.
A Universidade ..................................................................................................... 28
4.3.
O Centro de Processamento de Dados.................................................................. 29
4.4.
A Central de Atendimento.................................................................................... 31
4.5.
Procedimentos Metodológicos ............................................................................. 31
4.6.
Apreciação e Diagnóstico..................................................................................... 35
4.6.1.
Instruções Gerais do Trabalho Prescrito na CA da UFRGS......................... 35
4.6.2.
Instruções de Preenchimento do Boletim de Atendimento .......................... 39
4.6.3.
Atribuições da Central de Atendimento ....................................................... 40
4.6.4.
Hierarquia dos Atendimentos e Serviços...................................................... 41
4.6.5.
Relação dos Serviços Prestados e Demanda destes Serviços ....................... 42
4.6.6.
Levantamento com a participação indireta dos atendentes .......................... 44
4.6.6.1.
Área física............................................................................................. 44
4.6.6.2.
Iluminação ............................................................................................ 45
4.6.6.3.
Ventilação............................................................................................. 47
4.6.6.4.
Ruído .................................................................................................... 48
4.6.6.5.
Radiações.............................................................................................. 50
4.6.6.6.
Mobiliário e Equipamentos .................................................................. 51
5
4.6.7.
Levantamento com a participação direta dos atendentes - Coleta organizada de
informações acerca da demanda ergonômica dos atendentes e priorização ..................... 59
4.6.7.1.
Entrevista Aberta .................................................................................. 60
4.6.7.2.
Questionário ......................................................................................... 63
4.7.
Resultados e Discussão......................................................................................... 63
4.7.1.
Fatores físicos ambientais............................................................................. 65
4.7.2.
Fatores Biomecânicos................................................................................... 68
4.7.3.
Conteúdo da tarefa........................................................................................ 71
4.7.4.
Fatores relacionados ao atendimento ao usuário .......................................... 73
4.7.5.
Organização do Trabalho.............................................................................. 78
4.7.6.
Dores............................................................................................................. 83
4.7.7.
Valorização do Trabalho .............................................................................. 86
4.7.8.
Listagem das IDEs por constructo por ordem de prioridade e diretrizes de
soluções a examinar na fase de projetação ................................................................... 88
CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 97
5.1.
Conclusões e Recomendações .............................................................................. 97
5.2.
Limitações do Estudo ........................................................................................... 99
5.3.
Contribuições para a administração da saúde e segurança na universidade
pública brasileira ............................................................................................................ 100
Referências Bibliográficas.................................................................................................. 104
ANEXO: QUESTIONÁRIO DE VALIDAÇÃO ............................................................... 110
6
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – caracterização hierárquica do sistema onde se insere a CA do CPD/UFRGS .... 28
Figura 2– etapas do DM conforme Fogliatto e Guimarães (1999)....................................... 35
Figura 3 – fluxograma do trabalho prescrito na CA............................................................. 38
Figura 4 – leiaute da Central de Atendimento...................................................................... 45
Figura 5 – as cortinas das janelas são mantidas fechadas..................................................... 47
Figura 6 – saídas do duto do ar condicionado central bloqueadas denotam o desconforto.. 48
Figura 7 – atendente com fone de ouvido adquirido com recursos próprios........................ 52
Figura 8- tarefa real com telefone, mouse, digitação e anotação no Boletim de Atendimento.
...................................................................................................................................... 53
Figura 9 – mesa auxiliar muito afastada da escrivaninha..................................................... 54
Figura 10 – mouse, teclado e formulário na escrivaninha, monitor em mesa auxiliar
obrigam torção do pescoço ........................................................................................... 54
Figura 11 – a mesma funcionária em dois postos diferentes................................................ 54
Figura 12 – serviços de digitação dos Boletins de Atendimento.......................................... 55
Figura 13 – cadeira sem rodízios em posição intermediária entre a escrivaninha e mesa
auxiliar .......................................................................................................................... 55
Figura 14 – detalhe das condições dos fios, cabos e tubulações .......................................... 56
Figura 15 – pontuação para postura do pulso na digitação (Lueder,1996)........................... 57
Figura 16 - médias em ordem decrescente do constructo Ambiente.................................... 65
Figura 17 – resultados para ruído ......................................................................................... 66
Figura 18 - médias em ordem decrescente para o constructo Biomecânica......................... 69
Figura 19 - resultados para aparelho de telefone e número de ramais ................................. 70
Figura 20 - médias em ordem decrescente para o constructo Conteúdo .............................. 71
Figura 21 - resultados para monotonia, criatividade, atenção e concentração ..................... 72
Figura 22 - médias em ordem decrescente para o constructo Atendimento......................... 74
Figura 23 - gravidade do estresse pelo desentendimento com usuários ............................... 75
Figura 24 - quantidade de desentendimento com usuários................................................... 76
Figura 25 - médias em ordem decrescente para o constructo Organização do Trabalho ..... 79
Figura 26 - interrupção para o almoço e horário de trabalho ............................................... 83
Figura 27 - médias em ordem decrescente para o bloco Dores ............................................ 84
Figura 28 - dores................................................................................................................... 85
Figura 29 - médias por ordem decrescente para o bloco Valorização no Trabalho ............. 86
Figura 30 – desenho de call center em peça publicitária polonesa ...................................... 90
Figura 31 – projetos de postos de call center em peça publicitária brasileira...................... 91
Figura 32 – projeto de call center em peça publicitária brasileira ....................................... 91
Figura 33 – projeto de call center em peça publicitária americana...................................... 91
Figura 34 – IDEs por constructo para a CA da UFRGS....................................................... 96
Figura 35 – modelo para implementação da AMT como programa permanente na UFRGS
.................................................................................................................................... 103
7
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - dados quantitativos (2001) .................................................................................. 29
Tabela 2 - hierarquia dos serviços e atendimentos na CA da UFRGS ................................. 41
Tabela 3 – relação de serviços prestados pela CA da UFRGS............................................. 44
Tabela 4 – verificação do escore A no método RULA adaptado por Lueder ...................... 58
Tabela 5 – verificação do escore B no método RULA adaptado por Lueder....................... 58
Tabela 6 - verificação do Nível de Ação pelo método RULA adaptado por Lueder .......... 59
Tabela 7 - níveis de ação propostos por Lueder ................................................................... 59
Tabela 8 - características da população estudada ................................................................. 61
Tabela 9 - elenco de elementos de insatisfação – os números indicam a ordem de menção
(verbalização) dos anseios dos entrevistados – a última coluna indica o número de
menções de cada IDE ................................................................................................... 61
Tabela 10 – cálculo dos pesos de importância das IDEs identificadas em entrevista aberta
...................................................................................................................................... 62
Tabela 11 – listagem dos IDEs segundo pesos de importância............................................ 62
Tabela 12 – consistência interna das médias de cada constructo ......................................... 64
Tabela 13 – resultado do questionário para o constructo Ambiente..................................... 65
Tabela 14 – resultado do questionário para o constructo Biomecânica ............................... 68
Tabela 15 – resultado do questionário para o constructo Conteúdo..................................... 71
Tabela 16 – resultados do questionário para o constructo atendimento ............................... 74
Tabela 17 – resultado do questionário para o constructo Organização do trabalho ............. 78
Tabela 18 – resultados do questionário para o bloco Dores ................................................. 83
Tabela 19 – resultados do questionário para o bloco Valorização no Trabalho................... 86
8
RESUMO
Este estudo trata da abordagem macroergonômica participativa para a identificação das
demandas ergonômicas dos atendentes que operam em central de atendimento universitária,
com utilização da metodologia participativa da Análise Macroergonômica do Trabalho
(AMT) (Guimarães, 2001) e ferramental proposto no Design Macroergonômico (DM)
(Fogliatto e Guimarães, 1999).
O estudo de caso foi realizado em uma Instituição Federal de Ensino – IFE. A aplicação da
metodologia permitiu identificar demandas prioritárias através das fases de apreciação e
diagnóstico que possibilitaram a formulação de recomendações e diretrizes para introdução
de melhorias a serem estudadas e detalhadas nas demais fases do método.
Os estudos realizados também permitem identificar uma especial afinidade da metodologia
participativa com uma instituição pública democrática, em que as mudanças podem ocorrer
de forma gradativa, em função dos escassos recursos disponíveis, vislumbrando-se o
atendimento, por ordem de importância, dos itens de demanda ergonômica.
Por fim, estabeleceu-se uma proposta inicial de um modelo de implementação da
metodologia no âmbito da instituição, através da integração multidisciplinar e
multidepartamental dos profissionais das áreas técnicas e de saúde e dos representantes dos
docentes, técnicos-administrativos e discentes, utilizando-se a estrutura já existente e, por
conseqüência, sem custos adicionais.
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ABSTRACT
This study is about the participatory macroergonomics approach in order to identify the
ergonomics demands in workers at a university call center. The Macroergonomics Work
Analysis participatory methodology (MWA) (Guimarães, 2001), and the tools proposed in
Macroergonomics Design (MD) (Fogliatto e Guimarães, 1999) were used.
This case study was conducted in a Federal Teaching Institution. The application of the
methodology allowed the identification of the most important demands by the appreciation
and diagnostic phases, which enabled the formulation of the recommendation for the
introduction of the improvement to be studied and specified in all other phases of the
method.
The performed studies also entitle to identify a special affinity of the participatory
methodology with a public democratic institution where changes can gradually be fulfilled
with the scarce financial resource available, in goal to attend, by order of importance, the
items of the ergonomics demands.
Finally, an initial model of implementation of the methodology in the ambit of the
institution was proposed by the multi-disciplinary and multi-departmental integration. This
would be among the technical and healthcare professionals as well as the professors’,
technical-administrative professionals’ and students’ representative organizations, using the
existing structure, and, as a consequence, without any additional costs.
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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
1.1.
Considerações Iniciais e Justificativa
As novas tecnologias da informática e de comunicações não são mais apenas ferramentas
ou meios de produção utilizados no cenário industrial. Elas se tornaram o próprio cenário
que circunda o ambiente de trabalho e a nova economia (Menzies, 1998). Práticas
organizacionais tiveram mudanças dramáticas na nova economia ultrapassando o
entendimento das implicações sobre a qualidade de vida, segurança e saúde do trabalhador.
Os sistemas de produção de “alta performance”, para muitos trabalhadores, resultaram em
potenciais situações de instabilidade, estresse, riscos e sobrecarga de trabalho (Sauter,
2002). As últimas décadas do século XX foram marcadas pela informatização acelerada,
tendo havido uma expansão gigantesca do uso de sistemas computacionais e de
comunicação. Com o desenvolvimento da tecnologia dos computadores e internet, as
demandas de trabalho mudaram dramaticamente (Eisman et al., 2002).
Os sistemas de produção, hoje, são dependentes da informática e, evidentemente, os
usuários destes sistemas precisam de um suporte técnico eficiente para solução de
problemas e atualizações necessárias. As pessoas estão cada vez mais atarefadas e
dispondo de menos tempo para aprender novas tarefas e facilidades proporcionadas pela
evolução da tecnologia. Simplesmente discar o telefone e fazer uma pergunta ou pedido,
pode poupar muito tempo. Esta é parte da razão do crescimento das demandas das centrais
de atendimento ou call centers (Voss, Fik e Hohne, 2000). Existem várias denominações
para centrais de atendimento como teleatendimento (Corrêa et al., 2001), call center
(Clark, fev/2000), help desk e SAC – serviço de atendimento ao consumidor. Pode-se
relacionar Centrais de Atendimento com venda de produtos e serviços (tele-pizza, tele-
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chaveiro), atendimento de emergências (bombeiros, polícia, ambulância), utilidade pública
(eletricidade, água, telecomunicações), informações sobre utilitários (eletrodomésticos,
máquinas, equipamentos, internet), captação de donativos (campanhas de doações), entre
outros.
“Com o aumento da demanda de trabalho aumentaram as pressões de demanda por uma boa
ergonomia em call centers. Muitas companhias já reconhecem que adaptar o trabalho ao
trabalhador reduz os distúrbios relacionados ao trabalho, aumentando a moral dos
empregados e a produtividade no call center” (Eisman et al., 2002).
Para Vidal (2001), a atividade numa central de atendimento é regulada por seus conteúdos
organizacionais, ou seja, deve-se operar segundo um script, com margens de tempo
preestabelecidas de acordo com o tipo de atendimento, com finalidades distintas em função
da natureza do processo. No entanto, a introdução de novas tecnologias sem a devida
consideração das atividades desenvolvidas pelas pessoas pode provocar problemas
ergonômicos diversos (Santos et al., 1997). A combinação de fatores que produzem um
efeito contrário ao bom desempenho pode ser cruel, dada a grande incidência de
LER/DORT na população de trabalhadores de centrais de atendimento, em que pese
notáveis esforços de correção de mobiliários feitos por várias empresas em todo o mundo
(Vidal, 2001).
O presente trabalho aborda os serviços de teleatendimento corporativo, cujo objetivo é
prestar atendimento aos funcionários e usuários de uma organização, mais especificamente,
a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) - Instituição Federal de Ensino,
com suas características próprias, numa situação de contexto histórico de aproveitamento
máximo dos escassos recursos humanos e financeiros alocados ao setor público. Neste
cenário, também se encontra o ambiente universitário em que toda a população da
comunidade universitária é também usuária e dependente dos sistemas de informática.
Os alunos, funcionários, professores e público externo são usuários dos sistemas
informacionais. A UFRGS possui diferentes formas de intercâmbio entre docentes,
pesquisadores, alunos, técnicos administrativos e a sociedade. Uma das formas de
promoção rápida e segura destes intercâmbios é a informática. Os quatro campi da
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universidade estão interligados por enlaces de fibra ótica, sendo que o sistema de gerência
da rede está centralizado no CPD, Centro de Processamento de Dados (Jornal da
Universidade, Ed. Especial, 2000). Como exemplos, temos a UniRede - Universidade
Virtual Pública do Brasil, reunindo 63 instituições públicas de ensino superior, além de
sistemas e bancos de dados que contemplam, entre outros, o acompanhamento de
matrículas on-line, sistema de bibliotecas, biblioteca virtual, certificação de materiais e
serviços, inscrição para vestibular, sistema de recursos humanos, informações e controles
de dados cadastrais, funcionais, patrimoniais, rotinas on-line para afastamentos, bolsas,
protocolo, orçamentos, licitações, disponibilização de informações e resultados de projetos
de pesquisa. Enfim, a informática contribui de forma indissociável nas relações funcionais,
acadêmicas, administrativas, sociais, nacionais e internacionais da Universidade.
As grandes universidades possuem centrais de atendimento destinadas a dar suporte aos
usuários. Estas centrais de atendimento são operadas por pessoas que precisam ter um
conhecimento diversificado e atualizado em software e hardware, bem como saber
relacionar-se e transmitir conhecimentos ao usuário.
A UFRGS possui uma Central de Atendimento (CA) localizada no Centro de
Processamento de Dados, operada por funcionários e alunos bolsistas, com a incumbência
de proporcionar suporte eficiente às atividades fins de ensino, pesquisa e administração e de
relacionamento com usuários externos. As atividades desenvolvidas na CA da UFRGS, por
si só, envolvem situações potenciais de constrangimento ergonômico tais como ambiente
de trabalho, mobiliário e equipamentos inadequados e falta de treinamento, ou seja, fatores
fartamente abordados na literatura, porém agravados pela falta de investimentos públicos
no setor da Educação, refletindo-se em insatisfação no trabalho, falta de perspectiva de
crescimento e realização pessoal. Neste contexto de insatisfação, a Divisão de Segurança do
Trabalho (DST) da UFRGS foi procurada pela direção da CA para verificar as condições do
mobiliário utilizado. Em contrapartida, foi proposta uma análise ergonômica que não se
restringiria à “análise da cadeira e mesa”.
Sendo a Ergonomia a disciplina científica que se preocupa com a compreensão das
interações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema e a profissão que
aplica teorias, princípios, informações e métodos para projetos com objetivo de otimizar o
3
bem-estar humano e a performance geral dos sistemas (International Ergonomics
Association, 2000), tratou-se, no presente trabalho, de buscar uma metodologia ergonômica
para realizar uma análise da situação de trabalho da Central de Atendimento da UFRGS.
A metodologia utilizada foi a da Análise Macroergonômica do Trabalho (AMT)
(Guimarães, 2001) que inclui a aplicação do ferramental proposto no Design
Macroergonômico (DM) desenvolvido por Fogliatto e Guimarães (1999), no qual há um
enfoque na abordagem participativa dos trabalhadores na identificação e priorização das
demandas relacionadas ao ambiente de trabalho e a forma como o trabalho é organizado,
potencializando uma maior aceitação das modificações e melhorias a serem propostas.
1.2.
Objetivos
Este trabalho busca identificar, em função das características das atividades, os principais
fatores físicos ambientais, antropométricos, biomecânicos, fisiológicos, organizacionais,
psicológicos e toxicológicos que possam estar causando constrangimentos aos funcionários
e bolsistas que trabalham numa Central de Atendimento no ambiente universitário da
UFRGS e que prejudiquem, por conseqüência, a performance do setor de trabalho. A partir
desta identificação, busca-se a proposição de melhorias considerando os requisitos de
segurança, conforto, saúde e bem-estar.
Em segundo plano, este trabalho também tem a pretensão de introduzir as teorias da cultura
ergonômica desenvolvida no meio acadêmico, no seio da prática cotidiana dos métodos e
processos de trabalho dos servidores de uma Instituição Federal de Ensino – IFE, a
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, contribuindo para os esforços já iniciados pelo
Departamento de Assuntos da Comunidade Universitária - DACOM, pela Divisão de
Segurança do Trabalho – DST, pelo Conselho de Saúde e Segurança do Trabalho –
CONSSAT e pelos órgãos sindicais: Associação dos Servidores da UFRGS – ASSUFRGS
e Associação dos Docentes da UFRGS – ADUFRGS. Estes setores representativos da
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Administração Central da Universidade, dos professores e servidores, vêm realizando
esforços pioneiros no Brasil (entre as IFEs) para disseminar a cultura da segurança e saúde
no ambiente acadêmico, incluindo-se recentes normativas quanto à observação de critérios
éticos e de segurança na administração, no ensino e na pesquisa científica.
1.3.
Estrutura do Estudo
Este trabalho foi estruturado em cinco capítulos. Este capítulo apresenta a introdução com
justificativa e objetivos. O capítulo 2 apresenta um paralelo entre as mudanças do processo
produtivo e o surgimento dos call centers. O capítulo 3 trata de uma revisão da literatura
relacionada com o call center e a saúde de seus operadores. No capítulo 4 é apresentado o
estudo de caso sob uma abordagem macroergonômica no call center da Universidade
Federal do Rio Grande do sul, culminando com a apresentação dos resultados e propostas
de soluções a examinar. No capítulo 5 são apresentadas conclusões e recomendações a
respeito do método utilizado, limitações do estudo, sua afinidade com as características de
uma universidade e contribuição para a universidade pública.
5
6
CAPÍTULO 2 – O QUE É, PARA QUE SERVE, COMO FUNCIONA E QUEM
TRABALHA EM UMA CENTRAL DE ATENDIMENTO
2.1. A Evolução Tecnológica
Hoje, parece muito fácil sentar na sala de estar, ligar a televisão e assistir um programa
qualquer. Mas há cerca de quarenta ou cinqüenta anos atrás, quando começaram a ser
vendidos os primeiros aparelhos, isto parecia muito complicado e até mágico. As pessoas
estavam habituadas ao uso do rádio que possuía basicamente três dispositivos de controle:
liga-desliga acoplado ao potenciômetro de volume e o seletor de canais.
O aparelho de televisão (preto e branco), por sua vez, surgiu com outros dispositivos de
controle como controle vertical, horizontal, brilho, contraste e sintonia fina. Uma década
mais tarde, surgiram os televisores de imagens a cores, juntamente com novos dispositivos
de controle. Posteriormente, surgiram os controles remotos. Cada vez mais e,
simultaneamente, surgiram novidades, novos controles e ajustes, além de outros aparelhos
como videocassetes, aparelhos de som, TV a cabo, TV por assinatura, Compact Disk, DVD,
microcomputadores, telefone celular...
As pessoas sentiam, e ainda sentem, que precisam se adaptar rapidamente a novas
tecnologias para usufruir de seu benefício. Na verdade e, definitivamente, os indivíduos
estavam e estão cada vez mais se sentindo ameaçados pelas novas tecnologias. São
demasiados os controles e ajustes a serem entendidos e memorizados e, além disso, há o
medo de causar dano a um equipamento novo adquirido. Originou-se, daí, uma espécie de
rejeição. Sabbatini (1996) descreve a ciberfobia como a fobia incluída no catálogo oficial
da American Psychological Association. Veiga Neto (1999) realizou um estudo sobre as
implicações pessoais, profissionais e sociais das atitudes frente às novas tecnologias no que
7
diz respeito a dificuldades denominadas de tecnofobia, em que os consumidores
demonstram resistência à adoção e utilização de aparelhos e equipamentos em geral.
Esta situação foi logo percebida pela indústria que elaborou manuais. No entanto, conforme
Veiga Neto (1999), os indivíduos os deixam de lado, por serem excessivamente técnicos,
ou por estarem em língua estrangeira ou por não estarem dispostos a perder tempo ou,
ainda, preferirem a tentativa e erro.
Iida (1998) considera que o progresso tecnológico não é um mal em si e que não deve ser
visto como uma ameaça, mas como um permanente desafio para criação de novas
oportunidades. Este avanço é visto, muitas vezes, pelos aspectos negativos como o uso
intenso em guerras, geração de desemprego em setores que se tornam obsoletos, poluição e
outros. No entanto, não são as pessoas que precisam adaptar-se às novas tecnologias. A
ergonomia está preocupada em fazer com que estas sejam adequadamente utilizadas para o
bem-estar da humanidade. As novas tecnologias devem ser concebidas de acordo com os
princípios ergonômicos de usabilidade voltados para o usuário. As deficiências
ergonômicas de usabilidade é que dão origem à rejeição do novo.
Para Iida (1998), a tecnologia que mais tem contribuído para mudanças de processos
produtivos e serviços, no final do século XX, é a dos computadores. Nas últimas duas
décadas, o uso da informática no ambiente de trabalho teve uma enorme expansão. O uso
do computador, que no início estava restrito a complexos centros de pesquisa, passou
gradativamente a fazer parte de todos os setores de produção industrial, rural, comercial e
de serviços. O advento do microcomputador possibilitou seu uso indiscriminado em todas
as atividades produtivas e finalmente o uso pessoal, no lar.
Segundo Gonçalves e Fidelis (1998), ainda que um cliente esteja adquirindo um produto,
ele sempre estará adquirindo um produto e um serviço. Afirma que um e outro estão de tal
forma interligados, que já não é possível adquirir um produto sem o serviço. Ao adquirir
um produto, o cliente está adquirindo também o serviço publicitário que o levou a comprar,
o atendimento na aquisição, a instalação, o transporte, o serviço de manutenção e o serviço
de atendimento ao cliente.
8
2.2. O Surgimento dos Call Centers
As primeiras centrais de atendimento foram instaladas pelas companhias telefônicas
destinadas à conexão de chamadas locais. Em 1968, um juiz federal americano ordenou à
Ford Motor Company, fábrica de automóveis americana, que estabelecesse uma linha de
telefone gratuita para atendimento de comunicações de defeitos em veículos. Em 1972, a
Rockwell, empresa de automação eletrônica, desenvolveu uma central automática de
distribuição de chamadas telefônicas (ACD – Automatic Call Distribution). Mas somente
no início da década de 1980, as centrais de atendimento se difundiram mundialmente. Em
1981, a GE – General Eletric, empresa americana de produtos e instalações elétricas,
estabeleceu uma rede de centrais de atendimento. Em 1984, a AT&T, empresa de telefonia
americana, realizou uma campanha de telemarketing contactando 16 milhões de pessoas
com operadores em centrais de atendimento.
Surgiram, então, as centrais de atendimento (teleatendimento, help desk, call center, SAC),
destinadas a facilitar a vida do consumidor-cliente-usuário. Para Bagnara (2000) eram
escritórios ocultos e escondidos atrás de uma base de serviços telefônicos projetados para
facilitar, aos consumidores, o acesso às companhias. Aos operadores das centrais eram
requeridos conhecimentos limitados e específicos sobre um produto ou serviço e alguma
habilidade em comunicação e lingüística e com a capacidade de absorver sobrecarga
quantitativa e cognitiva. As estações de trabalho eram projetadas para manter o operador
protegido da interferência do ruído, o que acabou gerando exclusão social. É comum a
segregação física de operadores em serviços de call centers e telemarketing. De acordo com
a Corporate Watch (1999), eles trabalham horas em situação de insociabilidade com seus
colegas, sentindo-se isolados e muitas vezes oprimidos.
Durante os anos 70, estes escritórios escondidos, com seus trabalhadores invisíveis e
isolados eram uma pequena realidade para os consumidores. Bagnara (2000) considera que,
atualmente, o serviço de call center é um vasto fenômeno social e econômico, sendo o setor
que mais cresce em termos de geração de empregos.
9
As centrais de atendimento têm o intuito de resolver as deficiências ergonômicas de
usabilidade dos produtos e serviços de forma a minimizar ou aliviar os problemas de
interação entre o consumidor-cliente-usuário e o produto ou sistema. Mas se elas ajudam a
minimizar os problemas com usuários (clientes/consumidores) podem suscitar problemas
para seus próprios operadores. Para alguns analistas, as centrais de atendimento
introduziram o taylorismo no mundo da fala, assim como as máquinas de escrever no
mundo da escrita (Kinder, 2001).
2.3. A Evolução dos Call Centers e as Mudanças dos Processos Produtivos
Kinder (2001) apresenta um estudo sobre a evolução dos modelos de centrais de
atendimento. Segundo ele, a conexão analógica dos sistemas de telefonia era um fator de
limitação, pois somente possibilitava a interatividade por meio de voz, com baixa
conectividade e agilidade. A partir dos anos 90, a integração do computador às linhas
telefônicas (tecnologia digital), deu conectividade e interatividade tecnológica às centrais
de atendimento. A integração incluiu gradativamente suporte analógico e digital,
transmissão de voz, texto e vídeo, base de dados, distribuição automática de chamadas,
redução de custos de supervisão, controles estatísticos automatizados, evoluindo para
internet, intranet, extranet, conferindo enorme e impressionante conectividade,
interatividade e agilidade.
Mas não foi apenas a evolução tecnológica que propiciou o fenomenal crescimento das
centrais de atendimento. Bagnara (2000) afirma que uma mudança na atitude das pessoas
aumentou a demanda por call centers. Ao final dos anos 70 as pessoas estavam preferindo
atendimento personalizado para produtos e serviços a despeito do mercado massificado. Tal
afirmação encontra amparo nas mudanças do mercado globalizado e do novo modelo de
produção. No modelo Fordista valorizava-se a quantidade e não havia exigências de
qualidade. O novo modelo denominado sistema de produção Enxuta, criado no Japão e
10
consagrado como benchmark para o mundo inteiro, valorizou a diversidade de produtos de
qualidade (Guimarães, 2000), o que, certamente, demanda atendimento personalizado. A
mudança de atitude dos consumidores levou a mudanças de demandas em call centers, em
que o cliente mantém necessidade de suporte ao longo da vida útil do produto adquirido
(Bagnara,2000).
Bagnara (2000) divide a evolução dos call centers em quatro fases:
1a fase - office claims (anos 1960): Linha de telefone gratuita destinada a atender
demandas padronizadas, operada por agentes de limitado conhecimento e habilidades
básicas de comunicação;
2a fase - claim factories (anos 1970 e anos 1980): Sistemas de distribuição automáticas
de chamadas operada por agentes com conhecimento especializado e com poucas e
restritas habilidades de comunicação, suportando alto estresse e sobrecarga cognitiva;
3a fase - communication node (anos 1990): Tecnologias integradas de telefonia e
informática operada por agentes com boa e dinâmica habilidade de comunicação,
voltada para a atenção e retenção do consumidor ou usuário.
4a fase - virtual call center and selling node (a partir do final dos anos 1990): Sistemas
que combinam os anteriores com a Web (Web-Enable Call Center -WECC),
incorporando acesso ao agente através de voz e chat (texto), tornando-se um nódulo de
aprendizagem, marketing, negociação e vendas.
O autor ainda afirma que há previsão de que as WECC terão central importância para as
organizações (Intranet), para cadeias de suporte (Extranet) e para a população em geral
(Internet). Verifica-se que a partir da 3a fase, o atendimento é personalizado. O histórico de
uma transação pode ser acessado instantaneamente durante a chamada ao call center de
modo que o atendente tenha maiores informações sobre os desejos e necessidades do
cliente ou usuário. O serviço passa a ser verdadeiramente personalizado.
A mesma situação descrita anteriormente, relativa à rejeição de novas tecnologias, também
ocorreu e ocorre no ambiente de trabalho em que os trabalhadores sentiram-se ameaçados e
com receio de perder os seus empregos. O uso da informática no trabalho exigia dos
11
trabalhadores um novo perfil e novas competências. Além disso, em função da
informatização, vislumbrava-se uma redução progressiva do número de trabalhadores
(Merlo,1999).
No início da informatização, foi necessário introduzir um novo tipo de funcionário cujo
cargo era, via de regra, “Operador de computador” ou “Digitador”. Mas, tão rápido como
surgiram, desapareceram. Para o empregador, não era interessante ter empregados somente
para esta função. Ademais, eles nada mais faziam do que repassar o trabalho já executado
por outro, para a linguagem de máquina. O trabalho de digitação nada mais é do que
retrabalho, que em nada agrega valor ao produto ou serviço. Para Iida (1990), uma das
implicações mais importantes do progresso tecnológico é a necessidade de adaptar os
recursos humanos a novas exigências criadas.Avalia que alguns trabalhadores não têm
facilidade de se adaptar a novos sistemas e surge, então, a necessidade de recrutar pessoas
mais qualificadas, ressaltando, porém, que as empresas devem identificar trabalhadores
com potencialidades para reaproveitamento ou transferência para outros setores.
O novo processo produtivo demandava por empregados multifuncionais (Guimarães,
2000). Os empregados tiveram que absorver a linguagem da máquina (microcomputador),
comunicar-se com ela, produzir através dela, utilizá-la ao mesmo tempo como ferramenta e
banco de dados, de modo a realmente agregar ganho de tempo e eficiência e,
conseqüentemente, agregar valor ao que estava sendo produzido. Além disso, os bancos de
dados que se formavam estavam sendo compartilhados instantaneamente pelos demais
empregados através de redes.
As empresas passaram por um período em que tiveram que qualificar seus empregados para
o uso de microcomputadores como atividade de rotina, ou substituir parte de sua força de
trabalho. Os setores de Recursos Humanos das organizações passaram a exigir dos
candidatos a emprego como pré-requisito os “conhecimentos em informática”. O setor
público incluiu a “prova de informática” como uma das provas de concurso público.
No entanto, dentro das organizações, os sistemas operacionais, software e hardware,
continuaram evoluindo. Não seria possível reciclar, requalificar ou substituir pessoal a
cada mudança de software ou evolução de hardware. As organizações então criaram as
12
centrais de atendimento de modo a oferecer suporte não somente para o público em geral,
mas também para os seus próprios funcionários e comunidade usuária, como é o caso das
Universidades.
2.4.
O Funcionamento do Call Center
Sendo hoje os microcomputadores largamente utilizados como ferramenta básica de
trabalho em todas as frentes, pode-se supor que qualquer dificuldade na sua operação seja
um potencial gargalo de produção. Deve-se entender produção como uma rede de
processos e operações (Shingo, 1989), sendo o processo uma sucessão de etapas ou
caminhos para se obter um produto ou realizar um serviço e a operação, uma ação realizada
pelo operador ou pela máquina. Entendido isto, pode-se estabelecer que no trabalho com
microcomputador, o programa (ou sistema) é o processo e que a utilização do programa
pelo homem e pela máquina é a operação.
Para melhor entendimento, pode-se utilizar um exemplo: numa empresa existe um
programa denominado Sistema RH (processo), com o qual realizam-se diversas aplicações
como cadastramento de empregado, geração de folha de pagamento, dados para pagamento
de leis sociais, programação de férias, entre outros. O abastecimento de informações para o
processamento e consultas é a operação. Se, num determinado momento, houver uma
atualização de software do Sistema RH, pode ocorrer que um operador não consiga mais
acesso ao programa, ou se conseguir acesso, não possa realizar uma consulta ou o
abastecimento de novos dados. Se o trabalho do Setor de Pessoal da empresa é realizado
por vários operadores para funções diversas, mas interligados por rede, o trabalho de todos
pode ser interrompido em seqüência.
Duas alternativas existem para a solução do problema: na primeira, poder-se-ia ter
planejado uma reciclagem (treinamento) prévia do operador; na segunda, haver uma
13
Central de Atendimento dentro da organização, que desse as orientações certas, necessárias,
no momento exato (just in time).
Evidentemente, dentro de uma organização existe um grande número de processos
informatizados com inúmeras operações que devem ser realizadas a todo momento e
interligadas em rede de microcomputadores. Numa Universidade, por exemplo, existem
sistemas para recursos humanos, docentes, discentes, vestibular, bibliotecas, protocolo,
fornecedores, contabilidade, patrimônio, compras, controle de estoque, entre outros.
Os softwares são atualizados periodicamente e, se a cada atualização de software fosse
necessária a reciclagem de operadores, haveria, na mesma proporção, a parada de produção.
Reportando-se às Sete Perdas do sistema de produção japonês, pode-se fazer um
comparativo com uma delas: “Perda por Espera”, cuja minimização ocorre pela
sincronização da produção e pela troca rápida de ferramentas (set up). Uma atualização de
software equipara-se a uma troca de ferramenta.
Havendo, na organização, uma Central de Atendimento, qualquer trabalhador, no exato
momento (just in time), poderá consultar um centro de competência que lhe forneça as
informações necessárias de modo a evitar ou minimizar paradas de produção. Portanto, uma
Central de Atendimento serve para reduzir o tempo de set up.
O funcionamento de uma Central de Atendimento ocorre pelo uso de um ou mais meios de
comunicação entre o cliente/usuário e o atendente, que pode ser pessoalmente ou por
correspondência, telefone, fax, e-mail e internet. Mas muito mais que isto, o funcionamento
de uma Central de Atendimento ocorre através de uma “Conexão Humana” (Voss, Fik e
Hohne, 2000), envolvendo questões de relacionamento tais como interpretação,
receptividade, percepção, empatia e confiança.
Nesta conexão, está em jogo o entendimento da demanda do interlocutor e de seus anseios.
Segundo Santos et al. (1997) o raciocínio e capacidade de entendimento na comunicação
humana são afetados diretamente pelo estado instantâneo do indivíduo como a fadiga, o
estresse e o estado emocional. No entendimento de Vidal (2001), para atender uma pessoa
do outro lado da linha ocorre uma situação dialogal de forte conteúdo cognitivo em função
14
do andamento nem sempre controlável da conversa, pois o interlocutor usa termos
diferentes dos usuais utilizados pelos operadores, tentando explicar-se de formas muitas
vezes incompreensíveis.
Alguns serviços de atendimento, buscando mais agilidade e economia, passaram a utilizar
sistemas de atendimento por gravação, minimizando a conexão humana. Trata-se daqueles
serviços em que uma voz gravada orienta o cliente/usuário a discar um número para cada
tipo de informação, produto ou serviço buscado.
Em muitas empresas, a gravação e escuta de atendimentos é prática utilizada para
monitoramento e avaliação dos atendentes e, também, para fins de treinamento. Existem
softwares desenvolvidos para centrais de atendimento que permitem até 4 horas de
gravação digital. A tecnologia de monitoramento é muito avançada, como é o caso do
VoiceSensor, desenvolvido por uma companhia israelense (Dawson,2002), para
monitoramento em tempo real, que detecta a insatisfação do usuário pela alteração do tom
emocional de voz, disparando um alerta on-line para o supervisor.
Madruga (2001), consultor de empresas, defende que na gestão de centrais de atendimento
seja realizada a avaliação quantitativa e qualitativa dos operadores de Call Center e propõe
a gravação de chamadas para retreinamento. Por outro lado, operadores de call centers
monitorados por escuta, gravação, duração da chamada e tempo entre um atendimento e o
seguinte, sentem-se oprimidos numa atmosfera de intimidação (Corporate Watch,1999).
Simplificadamente, uma Central de Atendimento, para funcionar, precisa de uma área física
com postos de trabalho constituídos de mesas, cadeiras, meios de comunicação e
microcomputadores (CPU, monitor, mouse, teclado). No entanto, cada um destes itens
precisa ser cuidadosamente estudado de modo que a conexão humana possa ser plenamente
estabelecida e satisfeita.
Uma série de quesitos estão envolvidos diretamente com as condições em que o trabalho
dos atendentes é realizado e, principalmente, como o trabalho é organizado. As condições
de trabalho (espaço físico, iluminação, conforto térmico, ruído, limpeza, mobiliário e
equipamentos) e como ele se organiza (tarefas, normas, tempo, ritmo e carga de trabalho)
15
podem afetar diretamente as capacidades do atendente naquilo que é de maior importância
para o estabelecimento da comunicação (usuário-atendente) em condições de qualidade e
quantidade necessárias. Para Vidal e Soares (apud Vidal, 2001) o ser humano realiza
interações de forma sistêmica através de interfaces sensoriais, energéticas, posturais,
ambientais, cognitivas, emocionais e organizacionais, cabendo à Ergonomia modelar e
otimizar essas interações e otimizá-las, buscando adequações para um desempenho
confortável, eficiente e seguro frente a limitações e características da pessoa em atividade.
Diferentes relações entre atividade, saúde e desempenho podem levar a diferentes situações
de cumprimento dos objetivos de produção com custos para a saúde dos indivíduos (Guérin
et al., 2001; Santos et al., 1997). Na pior situação, o trabalhador não consegue mais atingir
os objetivos de produção.
Sendo assim, o funcionamento da Central de Atendimento não depende apenas dos meios
de comunicação e tecnologias e sim, também, fortemente, das condições ambientais e
organizacionais de modo que a conexão humana de interpretação, receptividade, percepção,
empatia e confiança possa ser efetiva na solução do problema. O capítulo 3, a seguir,
apresenta os fatores que vêm sendo estudados nas Centrais de Atendimento.
16
CAPÍTULO 3 – FATORES DE ESTUDO ERGONÔMICO EM UMA CENTRAL DE
ATENDIMENTO
“E que arte exerce ? Tal pergunta considero oportuno e mesmo
necessário lembrar ao médico que trata um homem do povo,
que dela se vale para chegar às causas ocasionais do mal, a
qual nunca é posta em prática, ainda que o médico a conheça”
(Bernardino Ramazzini, 1700).
3.1.
Os Fatores Físicos Ambientais, Biomecânicos, Cognitivos e Psicossociais
relacionados com a Saúde do Operador de Centrais de Atendimento
Em 1700, Bernardino Ramazzini (in As Doenças dos Trabalhadores, 1987) descreveu as
“Doenças dos Operários Sedentários”, referindo-se aos “artesãos da cadeira”: “por causa de
sua atividade sedentária e da flexão do corpo (...) todos os dias debruçados sobre o trabalho,
que se tornam encurvados e corcundas. Inclinam a cabeça sobre o peito (...) mais que
gibosos, de perfil parecem macacos, suas vértebras dorsais igualmente se tornam salientes
(...) forçam os ligamentos das vértebras, pelo que estas se separam formando-se certa
calosidade que as impedem de tomarem sua posição normal (...) sentem amortecimento das
pernas, claudicação e ciática”.
No Brasil, já em 1981, Macher (in Curso de Engenharia do Trabalho,1981), chamava a
atenção de que a engenharia do trabalho não se restringia aos aspectos físicos como
iluminação, conforto térmico, acústico, poluição, etc. mas, também, à proteção, fomento e
conservação da saúde no sentido mais amplo, referindo-se à definição de saúde da
Organização Mundial da Saúde – OMS : “A saúde é o estado de completo bem-estar físico,
mental e social e não somente a ausência de afeições e enfermidades”.
17
Conforme o CDC (Agosto, 2000) – Center for Disease Control and Prevention do
Departamento de Saúde e Serviços Humanos, do governo dos Estados Unidos, uma estação
de trabalho com microcomputador é constituída por uma área de trabalho, uma mesa, uma
cadeira, um monitor, um teclado, um mouse, iluminação, hábitos de trabalho e um telefone.
Afirma que o projeto e arranjo dos equipamentos pode influir no conforto, saúde e
produtividade e, a seguir, faz uma série de recomendações sobre as características ideais de
cada um dos itens para prevenção de constrangimentos ergonômicos.
Os fatores físicos e biomecânicos de uma estação de trabalho com computador e telefone
foi o primeiro foco de diversos autores na prevenção de ocorrência de LER/DORT e,
somente mais recentemente, a atenção foi progressivamente voltando-se para os aspectos
psicossociais e de organização do trabalho (Ferreira et al., 2001). Neste sentido, Guimarães
(2000) faz uma análise do enfoque dos estudos ergonômicos ao longo da história dos
modelos produtivos, traçando um paralelo entre a evolução entre a microergonomia
(interface usuário-máquina) e macroergonomia (interface organização-máquina), tratando o
homem, a máquina, o ambiente e organização como um todo de um sistema mais amplo.
Eisman e Dwyer (2002), afirmam que bons hábitos de trabalho e uma estação de trabalho
apropriada são apenas parte do problema para prevenção de distúrbios e lesões em um call
center, devendo-se, também, estar atento às necessidades dos empregados e saber escutar as
suas queixas. Considera, ainda, que para compatibilizar “boa economia com boa
ergonomia” é necessária uma visão de longo prazo. Neste sentido, Hendrick (1996)
recomenda que os profissionais de ergonomia deveriam documentar melhor os custos e
benefícios das intervenções de modo a melhor difundir que “boa ergonomia é boa
economia”.
A utilização de uma ferramenta de busca na Internet levará a vários de sites com
recomendações microergonômicas para uma estação de trabalho com microcomputador e
telefone em call centers e telemarketing com enfoque no monitor, teclado, mouse, fones de
ouvido, mesa, cadeira, apóia pés, posições para o pescoço, coluna, braços e mãos (www.
crm-callcenter.com; www. movelaco.com.br; www.interiorconcepts.com / callcenters /
ergonomics.htm). Alguns referem-se à iluminação, conforto térmico e acústico. Porém,
18
aqueles que abordam aspectos cognitivos e de organização do trabalho trazem as
informações mais relevantes sobre o tema.
Kleiner (2000) afirma que muitos estudos falharam, com conseqüentes prejuízos à
reputação dos ergonomistas, ao desconsiderarem o sistema organizacional e gerencial,
ressaltando a importância de métodos e ferramentas macroergonômicas desenvolvidas e
aplicadas a partir dos anos 1990.
Iida (1990), ao referir-se às interações homem-computador e a novas tecnologias destaca
aspectos associados à atenção, concentração, processamento de informação, tomada de
decisão e incertezas, como fontes de estresse, cujos sintomas mais freqüentes são distúrbios
cardíacos, estomacais e nervosos.
Ferreira et al. (2001) consideram que tarefas interativas de computador e telefone, como as
realizadas em telemarketing e call centers são muito especiais para serem estudadas, pois
movimentos repetitivos e posturas estáticas prolongadas ocorrem em complexas situações
onde a habilidade de comunicação, cordialidade, responsabilidade e eficiência são
esperadas do operador. Realizaram um estudo com 62 trabalhadores de telemarketing e call
center de um banco em São Paulo, com objetivo de identificar os principais fatores de risco
e propor alternativas para reduzir a incidência de LER/DORT e absenteísmo. Os achados
sugerem uma associação entre um ambiente psicossocial pobre e incidência de LER/DORT,
e que o baixo nível de satisfação com o arranjo da estação de trabalho está secundariamente
relacionada com LER/DORT. Recomendações foram feitas no sentido de providenciar
assentos e superfícies de trabalho com dispositivos de regulagens, estratégias gerenciais de
monitoramento de performance, metas racionais e a participação dos trabalhadores na
organização do trabalho.
Nos Estados Unidos, uma grande quantidade de estudos realizados desde 1981 pelo
National Institute for Occupational Safety and Health – NIOSH, indicam a relação entre os
fatores psicossociais no trabalho e problemas muscoloesqueléticos para trabalhadores com
unidades de vídeo, culminando em achados confirmatórios (1994) de que fatores como
pressão no trabalho, alto controle gerencial e baixa oportunidade de decisão estão
19
associados com a intensificação dos sintomas e aumento da evidência física da doença
(Lim, 1998).
Wisner (1987) afirma que o sofrimento no trabalho é evidente quando se trata de uma
sobrecarga física ou mental, mas que se for de outra natureza, algumas vezes ele é
negligenciado. Ressalta que quando o sofrimento é de ordem psicológica, se multiplicam,
em particular nos serviços em contato com usuários descontentes, sendo que a transferência
do descontentamento sobre o trabalhador, que não é responsável pelo erro (problema) é
cada vez mais freqüente. Moraes et al.(2000) consideram que não existe atividade em que
se coloque em jogo apenas o físico, a cognição e/ou a psiqué, sendo que os três aspectos
estão sempre presentes.
Neste particular, interessante estudo foi realizado por Freire et al.(2001) em que os
resultados indicam que os atendentes (operadores de call center) desenvolvem estratégias e
modos operatórios para diminuir a carga psíquica e cognitiva exigida no atendimento ao
“chatuário” – neologismo utilizado pelos atendentes para designar o usuário chato, prolixo,
desinformado e descortês. Afirmam que um único atendimento de usuário deste tipo é
suficiente para perturbar um dia inteiro de trabalho e a qualidade do atendimento.
Allie (1996) considera que o estresse em call centers é físico e psicológico. As tarefas, o
mobiliário e o ambiente físico não são os únicos estressores, devendo-se endereçar atenção
à organização do trabalho e estressores psicológicos que podem resultar em ansiedade,
perda de concentração e irritabilidade.
Para Bagnara (2000) os operadores de call center vivem em uma aparente contradição: são
instruídos e pressionados a proporcionar o máximo de conforto e qualidade de atendimento
ao usuário, porém, trabalham em condição de grande estresse, ou seja, não há consistência
entre as atividades de trabalho e a organização do trabalho. Precisam utilizar complexas
tecnologias, executar tarefas difíceis e repetitivas, num ambiente de queixas e tensões,
numa estação de trabalho pequena, isolada e, em geral, onde as normas de ergonomia não
são atendidas.
20
Mas quais seriam estas normas de ergonomia? Segundo Guérin et al.(2001) existem pontos
de vista diferentes sobre as situações de trabalho e uma mesma situação revela aspectos de
forma diferenciada ao ser abordada de diferentes pontos de vista. Segundo eles, o conteúdo
do trabalho, ou seja, a utilização do homem no ato de trabalho e a maneira como o realiza
nunca esteve efetivamente em jogo nas relações sociais. O taylorismo impediu a
emergência dessa questão.
Uma ação é ergonômica quando comporta uma análise da atividade de trabalho que
contribui para desvendar as estratégias usadas pelos operadores para efetuar uma tarefa
(Guérin et al., 2001). Trata-se, portanto, do ponto de vista da análise multidisciplinar da
atividade efetiva, o trabalho real. A partir disso, pode-se obter os primeiros resultados
tangíveis da ação ergonômica, verificando-se as situações de constrangimento e custos
humanos em função dos modos operatórios, restrições de regulações, dos meios
disponíveis, dos objetivos formulados e dos resultados efetivamente alcançados. Estes
autores consideram que a carga de trabalho deve ser compreendida como a margem de
manobra que dispõe um operador, num dado momento, para elaborar seus modos
operatórios para atingir os objetivos do trabalho, sem efeitos desfavoráveis para o seu
estado interno. Wisner (1987) considera que as situações de trabalho psiquicamente mais
perigosas são as que combinam grande carga de trabalho e atendimento ao público.
Neste sentido, Dejours (1988), ao referir-se ao “macaco-operário” da Organização
Científica do Trabalho, afirma que Taylor estava errado, pois o operário é quem sabe o que
é mais eficaz para sua saúde e consegue encontrar o melhor rendimento para o trabalho,
respeitando seu equilíbrio fisiológico. Para Bleger (1979), um grupo operativo tem
propósitos, problemas, recursos e conflitos que devem ser estudados pelo próprio grupo.
Ainda que o grupo esteja concretamente aplicado a uma tarefa, o fator humano tem uma
importância primordial, já que constitui o "instrumento de todos os instrumentos". Para ele,
é uma ilusão supor que uma tarefa se realiza melhor quando se excluem os chamados
fatores subjetivos e somente se a considera "objetivamente". Pelo contrário, sustenta que o
mais alto grau de eficiência em uma tarefa se obtém quando se incorpora sistematicamente
a mesma, o “ser humano total".
21
Nesta mesma linha, Merlo (1999) considera que a psicodinâmica do trabalho tem por
referência fundamental os conceitos ergonômicos de trabalho prescrito e trabalho real e que
num espaço comum, com a participação de todos, eles podem decidir a melhor maneira de
realizar uma tarefa através de um consenso que a legitime. Neste caso, não há critério
técnico e a definição do consenso depende da história pessoal de cada um e do
conhecimento de experiências anteriores. Para Merlo (1999), a valorização da atividade do
trabalhador reveste-se de muita importância e traz um sentido de julgamento, porém, para
ser um bom juiz, é necessário pertencer ao metiér e respeitar suas regras. Conforme Bleger
(1979), toda informação será incorporada ou assimilada como instrumento de aprendizado e
de solução de problemas no campo do tema de que se trata.
Mascia et al. (2000) em artigo em que analisam a organização e características do trabalho
em tarefas de atendimento de telefone em call centers de bancos e companhias de cartões
de crédito, afirmam que a estrutura organizacional, o processo de trabalho e a concepção
das tarefas baseadas nos paradigmas tayloristas tornaram-se comuns no Brasil. Além disso,
segundo eles, a análise de casos estudados mostra que algumas empresas misturam
iniciativas modernas (ou aparentemente modernas) com outras extremamente
convencionais claramente originadas na escola taylorista-fordista. Afirmam, ainda, que no
atendimento em call centers, há um forte componente de imprevisibilidade no
relacionamento com o usuário, que demanda autonomia de parte do atendente para lidar
com situações diversas, inclusive o tipo de linguagem utilizada pelo cliente. O script
(atendimento prescrito) torna-se uma camisa de força.
Sznelwar et al. (2000) realizaram uma análise ergonômica em call center da área
financeira, valorizando o processo participativo de grupos de operadores voluntários, sendo
que, pouco a pouco, as discussões, as histórias e reflexões foram se aprofundando de forma
compor o cenário da atividade real. Sznelwar (2001) chama a atenção para as atividades de
serviço baseadas no atendimento telefônico, em que a relação entre cliente e empresa é
mediada pelo trabalhador de central de atendimento, os sinais de sofrimento vividos se
tornaram uma constante. Sznelwar et al. (1999) realizaram um estudo sobre operadores de
teleatendimento no setor financeiro e verificaram que a atividade concebida para ser
22
simples, rápida e facilmente controlável é, na realidade, complexa e variável, exigindo dos
operadores em esforço continuado para dar conta das demandas.
Santos et al. (1999) fizeram uma avaliação em onze centrais de atendimento em dez
empresas e verificaram que, em relação à organização do trabalho, o aumento da pressão
por produtividade tem influência direta na perda de qualidade do atendimento, sendo que a
organização do trabalho está fundamentada na intensificação das atividades informatizadas
e gerência do volume de serviços através de horas extras. O aumento da produção tem
como referência o tempo médio de atendimentos e o controle do tempo só aumenta as
tensões no trabalho. Além disso, constataram que o monitoramento por escuta é ineficiente
para o controle da qualidade do atendimento. Afirmam que a organização do trabalho
baseada em controles de tempo impõe ritmos incompatíveis com as capacidades humanas,
num sistema de auto-aceleração em que os atendentes desenvolvem estratégias para ganhar
tempo. A qualidade do atendimento estaria ligada ao número de eventos vividos pelo
atendente na resolução de problemas, resultando num saber coletivo cuja difusão seria
garantida pelas interações dos atendentes.
Streit et al. (2000), em um estudo de caso de DORT em um call center que atende
satisfatoriamente à NR-17 no que diz respeito aos postos de trabalho, verificaram um
aumento da média de dias perdidos por afastamento de 30 para 80 dias, um ano após a
implantação de um sistema de remuneração variável (prêmios) baseado no cumprimento ou
superação de metas mensais, sugerindo que o aumento de número de casos de DORT está
relacionado com a troca do sistema de gestão (organização do trabalho).
Peres e Guimarães (2002), em estudo que contemplou doze call centers sobre a ação da
auditoria fiscal do Ministério do Trabalho, identificaram que a maior resistência das
empresas na regularização de inconformidades com a NR-17 é a implantação das pausas
regulamentares de 10 minutos a cada hora. Evidentemente, as pausas vêm a se contrapor
diretamente às estratégias empresariais de superação de metas mensais de produtividade
impostas declaradamente ou subliminarmente pelo sistema de remuneração variável
(prêmios). Peres e Guimarães (2002) identificaram que 9,5% dos operadores de um call
center com 169 questionários respondidos, não desejam pausas no trabalho, 57,8% desejam
pausas não programadas e 32,6% desejam pausas programadas. É interessante ressaltar que
23
do total, questionados sobre o número de pausas, somente 2% desejam uma pausa a cada
hora e que 22,4% optariam por duas pausas não programadas. Para três, quatro e cinco
pausas, os percentuais diminuem progressivamente. Este levantamento é importante já que,
tendo-se presente a dinâmica do trabalho em call center, fica claro que pausas programadas
de 10 minutos a cada hora tendem a gerar mais uma regra e, como tal, é rejeitada pelos
atendentes.
Torres e Abraão (2002) estudaram a Central de Atendimento do DETRAN-DF, sendo que
os resultados apontaram a carga cognitiva como predominante, influenciada pela carga
psíquica em função das exigências do atendimento ao público.
No Brasil, verifica-se, portanto, que o estudo da ergonomia também acompanhou a
evolução progressiva do enfoque ergonômico do posto de trabalho para os aspectos
organizacionais e psicossociais. Este fato é denotado não somente pela produção científica
brasileira mas, também, pela própria legislação brasileira, como se verá no item a seguir.
3.2.
A evolução da norma legal brasileira
Em 1977, a Lei n° 6.514 de 22 de dezembro de 1977 alterou o Capítulo V do Título II, da
Consolidação das Leis do Trabalho do Brasil, e tornou obrigatório no Brasil a observância
de normas de segurança e medicina do trabalho, sendo que, bem ou mal, introduziu dois
artigos relativos a ergonomia (sem utilizar este vocábulo). O Art. 198 restringiu a 60 kg o
peso máximo que um trabalhador pode remover individualmente e o Art. 199 tornou
obrigatória a colocação de assentos que assegurem a postura correta ao trabalhador. Já em
1978, a Portaria 3.214 de 08 de junho de 1978 aprovou as Normas Regulamentadoras –
NRs – relativas a segurança e medicina do trabalho.
A NR-17, na sua primeira edição, tratou simplesmente sobre o levantamento e transporte de
cargas, bancadas, mesas e assentos nos locais de trabalho. Porém, em 1990, lhe foi dada
24
nova redação, através da Portaria n° 3.751 de 23 de novembro de 1990, estabelecendo
parâmetros e introduzindo a obrigatoriedade do estudo da organização do trabalho.
Com relação aos parâmetros, determinou que os níveis de iluminamento e ruído nos locais
de trabalho em que se exija solicitação intelectual e atenção constantes, devem ser os
estabelecidos na NBR 5.413 e NBR 10.152, respectivamente. Estabeleceu limites para
conforto térmico. Mas, principalmente, inovou, relativamente a obrigatoriedade de se levar
em consideração as normas de produção, o modo operatório, a exigência de tempo, a
determinação do conteúdo de tempo, o ritmo de trabalho e o conteúdo das tarefas. Estes
fatores são essenciais na análise ergonômica e, segundo Guérin et al. (2001), o taylorismo
impediu que se fizessem presentes nas relações sociais e de negociação entre trabalhadores
e empregados.
25
26
CAPÍTULO 4 – ESTUDO DE CASO: A CENTRAL DE ATENDIMENTO DA
UFRGS
4.1. Contextualização do Objeto de Estudo
O estudo macroergonômico impõe uma visão ampla do contexto do objeto de estudo, não
se restringindo ao posto de trabalho. É necessário que se conheça o universo
organizacional, de modo que se tenha uma visão completa das atividades do homem
interagindo com os equipamentos e máquinas, no ambiente de trabalho e na organização em
que trabalha. No entanto, esta visão ampla possui um número infinito de elementos ou
variáveis. É, portanto, necessário que se sistematize este contexto.
O objeto de estudo pode ser visto como um sistema de interações que, por sua vez, pode ser
modelado. “Os modelos são bons quando facilitam o estudo” (Moraes,1998). A realidade
apresenta uma infinidade de elementos, enquanto os modelos agrupam um conjunto de
elementos que reproduzem parcialmente a realidade.
Para visualizar a ordenação hierárquica do contexto onde está inserida a Central de
Atendimento (CA) adotou-se a sistematização conforme proposto por Moraes e
Mont`Alvão, 1998 (Figura 1).
O sistema em estudo é a CA que pertence à Área Operacional do Centro de Processamento
de Dados (CPD) conforme denominação oficial. Está subordinado diretamente à direção do
CPD que, por sua vez, está subordinado diretamente à reitoria. A Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS) é uma instituição federal de ensino do Ministério da
Educação, sediada em Porto Alegre/RS.
27
Ministério da Educação
IFEs – Instituições Federais de Ensino
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Reitoria
Centro de Processamento de Dados
Área Diretiva e de Apoio
Área Operacional
Direção
Central de Atendimento
Secret. Administrativa
Div. de Sistemas de Informações
Secret. de Treinam. e Divulgação
Divisão de Rede e Suporte
Biblioteca
Centro de Operações
Figura 1 – caracterização hierárquica do sistema onde se insere a CA do CPD/UFRGS
4.2. A Universidade
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, é uma instituição federal de
ensino superior, organizada sob forma de autarquia, com autonomia administrativa,
financeira, didática e disciplinar nos termos da Constituição Federal, tendo como principais
objetivos o ensino, a pesquisa e o incentivo ao desenvolvimento científico, tecnológico,
cultural e artístico da comunidade (Relatório de Gestão,2000).
A história da UFRGS começa em 1895, com a fundação da escola de Farmácia e Química,
sendo que hoje pode ser comparada a uma cidade de 30.000 habitantes, ocupando quase 23
28
milhões de m² em mais de 360 mil m² de área construída. A Tabela 1 apresenta dados
quantitativos relativos a cursos, professores, funcionários e alunos.
UFRGS em números
Quantidade
Cursos de Graduação
58
Cursos de Especialização
64
Cursos de Mestrado
62
Cursos de Doutorado
47
Projetos de Pesquisa
2.863
Vagas oferecidas no vestibular
4.170
Alunos de 1° e 2° grau
1.584
Alunos de graduação
20.000
Alunos de pós-graduação
6.500
Professores doutores
1.129
Professores mestres
635
Professores grad./esp.
380
Professores substitutos
376
Técnico-administrativos
2.819
Tabela 1 - dados quantitativos (2001)
Coordenadoria de Comunicação Social da UFRGS
Atualmente, a Universidade possui seis Pró-Reitorias (Graduação e Pós-Graduação,
Pesquisa, Extensão, Planejamento e Administração, Recursos Humanos e Infra-Estrutura),
quatro Secretarias (Secretaria de Assuntos Institucionais e Internacionais, Avaliação
Institucional, Desenvolvimento Tecnológico e Patrimônio Histórico) e duas
Coordenadorias (Educação Básica e Profissional e de Ensino Básico e Fundamental).
Toda esta estrutura e suas relações administrativas e institucionais, de uma forma ou de
outra, interagem entre si e com o mundo através de uma rede interligada por fibra ótica
entre os quatro campi da Universidade e que tem seu gerenciamento centralizado no CPD.
4.3. O Centro de Processamento de Dados
Em 1961, a UFRGS designou um grupo de professores para um curso de computação na
IBM. Em 1966, foi nomeada uma Comissão para organizar um centro de computação. Em
29
1967, foi instalado, na Escola de Engenharia, o primeiro computador da UFRGS, um IBM1130, com 8 Kb de memória e disco magnético removível de 1 Mb. Em 1968, foi criado o
CPD, com sede na Escola de Engenharia. Em 1970, foram preparadas novas instalações
para o CPD, num abrigo para veículos nas imediações do Hospital de Clínicas de Porto
Alegre.
Em 1972, o CPD estava instalado em duas sedes. Uma na Escola de Engenharia e outra na
garagem do HCPA, com um computador Burroughs B6700. Em 1975, a UFRGS foi a
primeira Universidade Federal a realizar matrículas on-line. Em 1976, as instalações junto
ao HCPA foram aumentadas para 200m². Em 1978, passou a atender seus usuários 24 horas
por dia, 7 dias por semana. Em 1983, o computador B6700 teve sua capacidade dobrada
com a instalação de dois módulos de 800Kb, permitindo a expansão da rede de
teleprocessamento para 11 locais com 50 terminais. Em 1986, o computador B6700 foi
substituído por um Unisys A10. Em 1989, foi instalado um computador Elebra, sendo este
o primeiro servidor de correio eletrônico da Universidade, ligado à Internet. Em 1991, foi
instalado o computador Digital VAX, conhecido pelo nome de Vortex e iniciado o projeto
de rede para integrar todas as unidades da UFRGS. Em 1993, foi instalado o computador
Unisys U6000, denominado Asterix, para sediar o Sistema de Automação de Bibliotecas.
Hoje, os quatro campi da UFRGS estão interligados através de uma rede de fibra ótica na
velocidade de 155 magabits por segundo, com gerenciamento centralizado no CPD.
O CPD é um órgão suplementar da Universidade que tem como objetivo principal colocar a
informação à disposição da comunidade universitária. Para atender este objetivo, o CPD
fornece sistemas de informação, treinamento e apoio ao uso da informática para o
desenvolvimento das áreas acadêmica e administrativa e serviços para a rede de dados que
permitem total acessibilidade aos recursos computacionais instalados na Universidade e
condições de acesso a outras redes de computadores.
A estrutura atual do CPD é composta por duas áreas. A primeira é a Área Diretiva e de
Apoio formada pela Direção, Secretaria Administrativa, Secretaria de Treinamento e
Divulgação e Biblioteca, e a segunda é a Área Operacional, formada pela divisão de
30
Sistemas de Informação, Divisão de Rede e Suporte, Centro de Operações e pela Central de
Atendimento.
4.4. A Central de Atendimento
A Central de Atendimento (CA) da UFRGS é composta por funcionários e bolsistas que
são referidos neste estudo como atendentes. A CA tem por objetivo prestar informações a
usuários professores, funcionários, alunos e público externo, sobre os meios, métodos e
procedimentos de se obter resultados de uma determinada ferramenta, equipamento,
máquina ou programa de forma fácil e rápida. É procurada para se obter da pessoa certa, na
hora certa, a informação precisa para a solução de um problema específico. É esperado que
seja um centro de competência. A esta competência estão intrinsecamente associados os
conceitos de comodidade e rapidez.
A CA é o objeto do presente estudo ergonômico.
4.5. Procedimentos Metodológicos
Para iniciar um estudo ergonômico algumas questões se impõem. Quais são os possíveis
fatores envolvidos nas atividades laborais das pessoas que possam causar constrangimentos
ergonômicos? Quais são os possíveis fatores de nexo entre trabalho e sofrimento que
podem favorecer agravos à saúde e integridade física e mental, resultando em doenças e
acidentes ? Até que ponto o especialista tem condições de percepção das formas mais sutis
ou subjetivas e, quem sabe, invisíveis, das situações de trabalho que podem exercer algum
dano ou agravo?
31
A anamnese é uma técnica médica de entrevista para fins de diagnóstico, que se bem
conduzida, leva ao diagnóstico e tratamento seguro. Por analogia, uma boa técnica de
diagnose ergonômica levará à elaboração de propostas de soluções para obtenção da
qualidade ergonômica voltada para as prioridades do usuário. Parte do ferramental proposto
no Design Macroergonômico (DM) proposto por Fogliatto e Guimarães (1999), utilizado
no estudo de caso apresentado neste trabalho, pode ser considerado uma anamnese com
caráter participativo.
O médico deve conduzir a entrevista com o paciente buscando conhecer seu cotidiano: - o
que faz?; - com quem faz?; - como faz?; - quanto faz ?, - onde faz?; - em que condições?;
- há quanto tempo?; - como se sente?; - o que pensa do seu trabalho? (Mendes, 1995). Na
apreciação e diagnóstico ergonômicos atenta-se para quem faz, o que faz, como faz, quando
faz (Guimarães, 2000), ou seja, a análise das atividades da tarefa, com base no trabalho real
ou descrito. Entenda-se por atividades, o conjunto de operações realizadas pelo trabalhador
para cumprir a tarefa.
Mas afinal, até que ponto o especialista tem plena percepção dos problemas que podem se
lhe apresentar ? A opinião do trabalhador também deve ser valorizada.
O método tradicionalmente utilizado em ergonomia (Moraes, 2000; Guimarães, 1999),
aplica-se em cinco etapas: levantamento inicial ou apreciação ergonômica; levantamento
detalhado e análise ou diagnose ergonômica; propostas de soluções ou projetação
ergonômica; avaliação ou validação ergonômica; detalhamento ergonômico e otimização
do sistema - recomendações finais. A metodologia da Análise Ergonômica do Trabalho
(AMT), utilizada neste estudo, valoriza a opinião dos trabalhadores, pelo seu caráter
participativo em todas as fases da pesquisa ergonômica. A AMT é desenvolvida em cinco
fases: Apreciação, Diagnóstico, Projetação, Validação e Detalhamento.
Segundo Moraes (2000) a apreciação ergonômica é uma fase exploratória que compreende
o mapeamento dos problemas ergonômicos, fazendo-se observações no local de trabalho e
entrevistas com os supervisores e trabalhadores.
32
Para Moraes (2000) a observação é um dos meios que o ser humano utiliza para conhecer e
compreender pessoas, coisas, acontecimentos e situações. Observações assistemáticas são
as que se realizam sem planejamento, enquanto as sistemáticas são as que se realizam em
condições controladas e que requerem planejamento. As observações podem ser diretas e
indiretas. No modo direto aplicam-se os sentidos sobre o fenômeno a ser estudado. No
modo indireto utilizam-se instrumentos.
Na metodologia da AMT com a aplicação do ferramental proposto no DM, que se
caracteriza pela participação do trabalhador, os levantamentos efetuados na fase de
apreciação ergonômica são classificados de acordo com o grau de participação dos
usuários. O levantamento com a participação direta do usuário se dá pelas conversas,
entrevistas e questionários efetuados. O levantamento com participação indireta do
trabalhador concentra maior participação do especialista, sendo que os trabalhadores estão
presentes no local de trabalho, executando suas atividades em situação real, habitual e
rotineira. As observações do especialista se dão de forma direta (pelo que ele vê, ouve e
sente) ou indireta (pela utilização de aparelhos tais como câmeras e instrumentos de
medição).
No presente estudo de caso, o levantamento com a participação indireta dos atendentes
incluiu a realização de medições e registros quantitativos e qualitativos da área física,
mobiliário e equipamentos utilizados, ventilação, níveis de iluminamento e ruído, com a
utilização de máquina fotográfica e instrumentos de medição como trena, decibelímetro,
luxímetro, termohigrômetro e anemômetro. O levantamento com a participação direta dos
atendentes foi realizado segundo as etapas descritas no DM para identificação e priorização
das demandas ergonômicas que envolve, basicamente, entrevistas e questionários. Todas as
etapas realizadas foram subsidiadas pela valorização da opinião e participação dos
atendentes.
De acordo com a metodologia da AMT, na fase da apreciação, utiliza-se o DM como forma
de identificação dos itens de demanda ergonômica (IDEs) dos operadores. O resultado das
entrevistas e questionários indica a ordem de prioridades dos IDEs dos atendentes, por
constructo. Os IDEs levantados a partir do questionário são enfocados com maior detalhe
na fase de diagnóstico. A apreciação valoriza o retorno dos dados aos respondentes para
33
discussão, corroborando-se ou reavaliando-se informações. O diagnóstico agrega
detalhamento e análise da situação, com menor participação dos empregados e maior
intervenção do especialista, obtenção de dados da literatura sobre as demandas identificadas
e análise dos dados coletados.
Neste estudo de caso, foi executada uma variante em que se incorporou parte da fase de
diagnóstico na fase de apreciação. Tal variação foi introduzida em função da formação do
autor, que é engenheiro de segurança, e, como tal, possui experiência em levantamentos de
riscos ambientais.
A AMT e o DM baseiam-se nos preceitos de macroergonomia e sua principal característica
é a promoção da participação dos trabalhadores, com objetivo de incorporar as demandas
destes, com a opinião de especialistas de modo a fornecerem os elementos de projeto. O
DM é desenvolvido nas 7 etapas, conforme Figura 2. No estudo de caso apresentado no
presente trabalho, foram realizadas as etapas de 1 a 4, que importam à apreciação
ergonômica.
A partir destas referências, o autor encontrou no DM, o ponto de partida fundamental para
sua pesquisa ergonômica, obtendo de quem realmente sabe (o operário) as informações
necessárias para o trabalho com rendimento eficiente, respeitando seu equilíbrio fisiológico,
conforto e segurança. O levantamento junto aos usuários teve início com a seguinte
provocação: “O que você acha do seu trabalho ?”. O estudo de caso é finalizado com a
apresentação de um quadro geral dos IDEs mais importantes e com as diretrizes de soluções
a serem enfocadas na fase de Projetação.
34
1.
Coleta organizada de informações
acerca da demanda ergonômica do
trabalhador;
Identificação dos trabalhadores, suas atividades,
tarefas, meio ambiente de trabalho e sua opinião
sobre o trabalho.
2.
Priorização dos itens de demanda
ergonômica (IDEs) identificados pelo
trabalhador;
Estabelecimento de um ranking de importância
para as demandas identificadas pelos
trabalhadores.
3.
Incorporação da opinião de experts;
Incorporação de demandas não identificadas
pelos trabalhadores.
4.
Listagem dos itens de design (IDs) a
serem considerados no projeto
ergonômico;
Diretrizes para projeto.
5.
Determinação da força de relação entre Identificação de prioridades com utilização de
os IDEs e IDs;
técnicas estatísticas e análise de decisão.
6.
Tratamento ergonômico dos IDs.
Estabelecimento de metas ergonômicas
(conforto, segurança, antropometria,
biomecânica, dimensionamento, especificação
de materiais, acessórios)
7.
Implementação do novo design e
acompanhamento.
Implementação de um posto-piloto para testes e
feedback à equipe de projeto, para validação
e/ou correção.
Figura 2– etapas do DM conforme Fogliatto e Guimarães (1999)
4.6. Apreciação e Diagnóstico
A fase de apreciação, com a incorporação de parte da fase de diagnóstico da AMT, foi
realizada nos meses de março, abril e maio de 2001.
4.6.1. Instruções Gerais do Trabalho Prescrito na CA da UFRGS
Os procedimentos da CA são regrados por um documento denominado “Procedimentos da
Central de Atendimento”, cujas regras se apresentam a seguir. Com base neste documento,
foi elaborado um fluxograma (Figura 3) para melhor visualização e entendimento. Os itens
apresentados a seguir correspondem às instruções que os atendentes devem observar.
35
a) Caso o usuário falte com o respeito, agrida, desvalorize ou intimide o funcionário da
CA, ou até mesmo reclame do serviço prestado, por telefone ou pessoalmente, o
atendimento deve ser repassado para a direção da CA, explicando o caso e não mais se
envolvendo com a situação, pois se o funcionário responder ao mesmo nível, com
agressões ou tentar resolver o problema pessoalmente, perde todo direito de defesa da
direção da CA. Neste caso deve preencher o boletim como:
•
SOLUÇÃO = Passado para a direção por motivo de (desrespeito,
agressão, desvalorização, crítica, etc... .) ;
b) Assim que terminar de preencher o boletim de atendimento, o funcionário deve entregálo para a direção da CA e substituí-lo por outro que está em local combinado, acessível.
c) Se vários telefones tocarem ao mesmo tempo, o funcionário deve atender a uma só
ligação de cada vez até o fim do atendimento e depois passar para outra ligação. Se o
funcionário ou bolsista está atendendo um usuário pessoalmente e o telefone toca, deve
continuar atendendo o usuário pessoalmente e quando não tiver mais usuários para
atender pessoalmente, atender aos telefones, um após o outro. Se está atendendo um
telefone e um usuário entra no setor, deve terminar de atender o telefone e depois
atender o usuário no setor.
d) Os atendimentos devem ser feitos de várias maneiras:
•
PESSOALMENTE – Quando o usuário vier a C A;
•
VIA FONE – Quando o usuário ligar para a C A e o atendimento puder ser
resolvido via fone;
•
VIA FAX – Quando o usuário ligar para a C A e o atendimento precisar que
o usuário envie um Fax para a CA ou a CA precisar enviar um FAX para o
usuário dando retorno de algum procedimento desejado.
36
e) As informações dos grupos de trabalho e serviços que a CA presta para seus usuários
estão dispostas e são orientadas de várias maneiras para melhor assimilação dos
funcionários:
•
VIA e-mail – Toda informação deve ser divulgada pela direção da CA via email e deverá ser lida pelos funcionários e repassada para os usuários
exatamente como está divulgada no E-mail;
•
VIA MURAL – Os avisos temporários ou permanentes devem ser
simplificados em avisos no mural da sala da CA e atualizados pela direção
da CA, para uma visualização e orientação rápida dos funcionários;
•
VIA PASTA DA CENTRAL DE ATENDIMENTO – Estas informações e
serviços prestados pela CA devem ser organizadas em pastas que devem
ficar em um lugar acessível para auxílio dos funcionários no atendimento
dos usuários. Podendo também cada funcionário, se necessitar, imprimir
estes procedimentos para montar a sua própria pasta;
•
VIA PROCEDIMENTOS INTERNOS – Serviços e procedimentos
internos da CA devem ser passados via e-mail e estarão sujeitas a críticas,
dúvidas, soluções, consultas e sugestões, que serão dadas pessoalmente a
direção da CA ou em grande grupo nas reuniões mensais;
•
VIA TREINAMENTO INTERNO – a Central de Atendimento deverá
realizar mensalmente, um treinamento interno. Este deverá ser elaborado e
organizado por um grupo de pessoas. O material didático auto-explicativo
será divulgado via e-mail no começo de cada mês, deve ser lido e testado
por todos os funcionários. Dúvidas devem ser marcadas e esclarecidas
durante o período de expediente pelas pessoas responsáveis pelo
treinamento. Estas informações farão parte dos serviços e informações
passadas para o usuário e serão cobradas pela direção da C A;
•
VIA TREINAMENTO EXTERNO – Todo funcionário poderá se
inscrever em qualquer treinamento externo oferecido pela UFRGS, desde
que previamente autorizado pela direção da CA e estas informações
adquiridas farão parte de TREINAMENTOS INTERNOS quando
necessários.
37
Atender ao telefone; puxar a
ligação discando 22; Dizer:
“Central de Atendimento –
Bom Dia (Tarde)”.
Pedir informações: “seu nome,
Unidade, vínculo, ramal,
telefone, por favor” - usar
bom senso sem rotular o
usuário
sim
Usuário dificulta
informações ?
não
Explique que estas informações
são para identificar o
atendimento, retorno posterior de
informações ou para o caso da
ligação cair.
Usuário dificulta
informações ?
sim
Anotar informações no
Boletim de
Atendimento
Pedir para o usuário
informar o problema ou
repeti-lo, se ainda não
conseguir
identificar
o
ASSUNTO;
não
Informar usuário: “Sem
estas informações não
poderemos lhe ajudar”
não
Retornar passo anterior ou
encerrar o atendimento
não
A SOLUÇÃO
depende de pessoa
que não está no
momento.
A SOLUÇÃO foi
dada na hora ?
sim
Retorne a SOLUÇÃO
sim
2
A SOLUÇÂO depende de
outra pessoa da CA ou de
outro setor do CPD
Informe que: “Assim que
possível o(a) ......... lhe retornará
a ligação”
Transfira a ligação
1
2
No Boletim de Atendimento preencher
somente informações dadas, as demais
deixar em branco
Figura 3 – fluxograma do trabalho prescrito na CA
38
1
4.6.2. Instruções de Preenchimento do Boletim de Atendimento
Os atendentes devem preencher um formulário denominado Boletim de Atendimento para
cada um dos atendimentos realizados. Para tanto, recebem uma instrução que tem por
objetivo a padronização. Estes boletins são posteriormente encaminhados para digitação
com a finalidade de formar um banco de dados sobre o histórico dos atendimentos.
As instruções são as seguintes:
•
Preencher os dados com caneta azul, legível e mais o completo possível;
•
IDENTIFICAÇÃO – Nome completo ou parte do nome da pessoa que está
sendo atendida pessoalmente, por telefone ou fax;
•
FONE – Ramal dentro da UFRGS ou telefone externo da pessoa que está
sendo atendida;
•
LOCAL – Local que se encontra a pessoa que está sendo atendida. Se a
pessoa não fornecer o local, deixar em branco ou preencher “NÃO
IDENTIFICADO” . Se a pessoa é externa a UFRGS, o local será preenchido
como “EXTERNO UFRGS”. Este campo deve ser preenchido conforme
tabela de UNIDADES DA UFRGS. Para os boletins que serão repassados
para os bolsistas do NSI, identificar melhor com número do prédio, sala,
laboratório, etc...
•
VÍNCULO – Vínculo que a pessoa que está sendo atendida tem com a
UFRGS.
1 – PROFESSOR – ADUFRGS
2 – FUNCIONÁRIO
3 – ALUNO
4 – OUTROS: bolsista, estagiário, aluno pós-graduação, professor
visitante, Associação dos Antigos Alunos, Adufrgs,
etc...
5 – EXTERNOS
•
ASSUNTO – Uma breve descrição sobre o problema do usuário. Para os
boletins que forem repassados para os bolsistas do NSI, detalhar o serviço e
contar número de máquinas que será feito cada serviço. Este campo deve ser
preenchido baseado na tabela de ASSUNTO.
•
SOLUÇÃO - Uma breve descrição sobre a solução que foi dada para o
usuário. Para os boletins que forem repassados para os bolsistas do NSI,
39
detalhar os serviços prestados e quem prestou o serviço. Este campo deve
ser preenchido baseado na tabela de SOLUÇÃO.
•
Estes boletins serão entregues para a diretora da CA e recolhidos
semanalmente. Passarão por uma conferência e acréscimo dos códigos de
ASSUNTO e SOLUÇÃO, pela diretora da CA . Por fim será digitado
semanalmente pelos funcionários responsáveis pela DIGITAÇÃO no
sistema Central 2000 e relatórios pré-definidos serão impressos conforme os
serviços prestados pela C A.
4.6.3. Atribuições da Central de Atendimento
As atribuições da CA são nomeadas como: Atendimento 1, Atendimento 2, Serviços
Internos, Digitação e Direção e são descritas conforme segue.
•
•
•
Atendimento 1 :
-
Atender os usuários conforme “Procedimentos da CA”;
-
Cadastramento e troca de senha no VORTEX;
-
Serviço de Scanner, Cópias Impressora Laser e Jato de Tinta;
Atendimento 2
-
Troca de Senha no Sistema Descentralizado da UFRGS, nos sistemas
indicados nos “Serviços Prestados pela CA”;
-
Cadastramento e troca de senha no ORION; Substituição da Direção
quando devidamente solicitada e avisada aos demais funcionários da
CA;
Serviços Internos
-
Atribuições internas da CA, quando delegadas pela direção para
conserto, troca ou verificação de equipamentos;
-
Atualização de hardware e software nas máquinas internas da C A;
-
Análise, atualização, correção e digitação de procedimentos internos;
-
Cópia de CD quando devidamente solicitado;
40
•
Digitação
-
•
Digitação dos Boletins de Atendimento para proporcionar uma
melhor análise e avaliação dos serviços prestados na C A;
Direção
-
Análise, autorização, divulgação e atualização de todo e qualquer
serviço prestado pela CA;
-
Acompanhamento, análise e cobrança dos serviços efetuados na C A,
com o devido retorno em Reuniões Mensais;
-
Liberação de funcionários para dispensas casuais quando
previamente avisadas, devidamente justificadas e compensadas
quando possível;
-
Resolução de problemas ocorridos durante o atendimento, desde que
passado imediatamente a conhecimento da direção e sem que o
funcionário tenha respondido grosseiramente ao usuário;
4.6.4. Hierarquia dos Atendimentos e Serviços
Os atendimentos e serviços são realizados conforme hierarquia determinada pela
chefia da CA e estão nominados (os nomes foram preservados), sendo que são realizados
conforme as atribuições descritas no item anterior. Na Tabela 2, os nomes foram
substituídos por Fi, referindo-se a funcionários e Bi referindo-se a bolsistas. Estas
informações foram importantes nas análises individualizadas que se fizeram necessárias no
presente estudo de caso.
Bolsistas e
Funcionários
B3
B2
F3
B4
F1
F2
B1
F4
1°
Atendimento 1
Atendimento 1
Serviços Internos
Atendimento 1
Serviços Internos
Direção
Atendimento 1
Digitação
Hierarquia
2°
3°
Serviços Internos
Serviços Internos
Atendimento 2
Atendimento 1
Serviços Internos
Atendimento 2
Atendimento 1
Serviços Internos
Atendimento 2
Serviços Internos
Serviços Internos
Atendimento 1
Tabela 2 - hierarquia dos serviços e atendimentos na CA da UFRGS
41
4°
Atendimento 1
4.6.5. Relação dos Serviços Prestados e Demanda destes Serviços
Os serviços prestados estão elencados numa planilha (Tabela 3) que indica aos atendentes,
os meios, as pessoas, os ramais, os setores e responsáveis e onde localizar instruções a
serem disponibilizadas aos usuários da CA. Entenda-se por serviços prestados, o suporte
técnico em informática para solução de problemas com os softwares e sistemas utilizados
pelos funcionários, professores, alunos e usuários externos.
Os atendentes funcionários são ocupantes de emprego público federal e, como tal, têm
contratos de 40 horas semanais. Os atendentes bolsistas são alunos da Universidade e
podem ser contratados por bolsas de 4 ou 6 horas diárias sendo que há contratos para o
período letivo (março a dezembro) e contrato denominado de bolsa verão (janeiro e
fevereiro). O bolsista da bolsa verão pode vir a ser aproveitado no período letivo, desde que
haja um interstício de 30 dias.
Segundo informações da Coordenadora, a CA realiza, em média, 180 atendimentos diários,
sendo que há períodos de maior demanda em função das atividades acadêmicas. Há
demandas muito simples como, por exemplo, aquelas em que basta solicitar ao usuário que
verifique se o interruptor do monitor está ligado e demandas bastante complexas como
desinstalação, reinstalação ou reconfiguração. As maiores demandas estão relacionadas
com o sistema anti-vírus, configurações de microcomputadores na rede para acesso aos
sistemas do CPD (login) e questões de problemas de hardware face à evolução rápida dos
softwares, ou seja, a velocidade de upgrade dos sistemas é maior do que a velocidade de
upgrade das máquinas, o que as tornam lentas ou inadequadas. Ainda, segundo ela, este
último problema referido contribui para o estresse no atendimento, pois considera que o
usuário, de alguma forma, passa suas frustrações com o hardware para o atendente, que,
muitas vezes, não pode resolver este tipo de demanda.
42
ASSUNTO
SOLUÇÃO
RESPONSÁVEL
SETOR
Instalação, Informações e
Dúvidas
Acompanhamento do trabalho da
CA, mensalmente
Nome e Ramal
preservados
Nome e Ramal
preservados
Adesivo para
Estacionamento
Informações e Dúvidas
Nome e Ramal
preservados
DSI
Certificação de
Materiais e
Serviços
Informações e Dúvidas
Nome e Ramal
preservados
DSI
Antivírus
Atas CA
Fornecimento cópias autorizadas
Cópias IdrisI,
Maple V, Matlab
Cópias
Impressora
DISCENTE
GUI – ALEPH
Hardware
Inscrição do
Vestibular
DRS
CA
Nome e Ramal
preservados
Nome e Ramal
preservados
CA
Nome e Ramal
preservados
DSI
Nome e Ramal
preservados
DSI
Dúvidas via Fone, via Fax, NSI
Nome e Ramal
preservados
DRS
Dúvidas no Procedimento via
Home Page
Auxílio via Fone
Nome e Ramal
preservados
DSI
Impressão de cópias pagas
Instalação, Informações e
Dúvidas
Instalação, Informações e
Dúvidas
Inscrições
Dúvidas no Procedimento via
Coordenador de
Home Page
Prédio ou Fiscal
Auxílio via Fone
de Sala
Dúvidas do Manual
Matrícula
Auxílio via Fone, NSI
Material reuniões NRH e
material da CA divulgado no
NRH
Espalhafatos
Marcação, cobrança e retorno de
NSI
serviços prestados pelo NSI
Cadastramento, Consultoria,
Dúvidas
Auxílio pessoalmente, via Fone,
ORION
via Fax, NSI,
Troca de Senha
VESTIBULAR
Nome e Ramal
preservados
DSI
SISTEMAS CPD /
Insc. Coord. e Fiscal
Vestibular
Nome e Ramal
preservados
DSI
Matrícula /Matrícula
descentralizada
Nome e Ramal
preservados
CA
NRH Núcleo de
Recursos Humanos
Nome e Ramal
preservados
CA
SISTEMA CA / NSI
Nome e Ramal
preservados
DRS
SISTEMA CA /
ORION
AVISOS / AVISOS
Serviços CPD /
Cadastro ORION
Projeto CA
Projeto CA
Assimilação e Execução
Nome e Ramal
preservados
CA
PROT
Instalação, Informações e
Dúvidas
Nome e Ramal
preservados
DSI
RH
Instalação, Informações e
Dúvidas
Nome e Ramal
preservados
RH
43
INSTRUÇÕES /
Pastas
Serviços CPD
Antivírus
Central de
Atendimento
Serviços CPD
Adesivo para
Estacionamento
Serviços CPD
Certificação de
Materiais e
Serviços
Serviços CPD Cópia
Idrisi, Matlab e
Maple V
Cópias:
< 10 = 1,00
> 10 = 0,10 cada
< 30% cores = 5,00
SISTEMAS CPD /
DISCENTE
SISTEMAS CPD /
Bibliotecas – GUI –
ALEPH
Treinamento /
Primeiros Socorros
SISTEMAS CPD /
PROTOCOLO
(PROT)
SISTEMAS CPD /
RECURSOS
HUMANOS (RH)
SAM
Instalação, Informações e
Dúvidas
Nome e Ramal
preservados
DSI
SAP
Instalação, Informações e
Dúvidas
Nome e Ramal
preservados
DSI
Nome e Ramal
preservados
Nome e Ramal
preservados
CA
Nome e Ramal
preservados
DSI
Nome e Ramal
preservados
DRS
Nome e Ramal
preservados
DRS
Scanner
SEFO
Sistema
Unificado
UFRGS
Software
VORTEX
Scanner pago
Instalação, Informações e
Dúvidas
Informações e Troca de senha
Dúvidas via Fone, via Fax, NSI
Cadastramento, Consultoria,
Dúvidas
Auxílio pessoalmente, via Fone,
via Fax, NSI,
Troca de Senha
DSI
SISTEMAS CPD /
MATERIAIS (SAM)
SISTEMAS CPD /
PATRIMÔNIO
(SAP)
1,00 cada
SCANNER
SERVIÇOS CPD /
SEFO
SERVIÇOS CPD /
Sistema Unificado
UFRGS
Treinamento /
Primeiros Socorros
SISTEMA CA /
VORTEX
AVISOS
Serviços CPD /
Cadastro VORTEX
Tabela 3 – relação de serviços prestados pela CA da UFRGS
4.6.6. Levantamento com a participação indireta dos atendentes
4.6.6.1. Área física
A CA está instalada em uma sala com 60,82 m² com forro de laje de concreto aparente
pintado de branco, piso vinílico cinza rajado, janelas com cortinas tipo veneziana. Na
Figura 4, visualiza-se o espaço físico e o leiaute do ambiente de trabalho.
44
10.75
Armário
6.02
320 lux
390 lux
215 lux
235 lux
Café
330lux
Armário
320 lux
Figura 4 – leiaute da Central de Atendimento
4.6.6.2. Iluminação
A iluminação adequada é um dos fatores ambientais de caráter microclimático que tem
como principal finalidade, facilitar a visualização de coisas e objetos, dentro de seu
contexto espacial, de modo que o trabalho possa ser executado em condições aceitáveis de
eficiência, comodidade e segurança (Fundación Mapfre, 1983). A deficiência de iluminação
pode produzir um ambiente desagradável de trabalho, conduzindo à fadiga visual e geral,
aumento do número de acidentes, redução da produtividade, redução da qualidade do
trabalho. Pode provocar, também, o aparecimento de estados depressivos, letargia e
irritabilidade.
45
Na CA existem janelas que provém iluminação natural e existem cortinas. A iluminação
artificial é provida por nove lâmpadas fluorescentes tipo HO. Foram realizadas medições
dos níveis de iluminamento dos postos, no plano de trabalho conforme NBR 5413, com
luxímetro digital marca Icel LD-500. Os níveis de iluminamento medidos estão registrados
na Figura 4. O nível mínimo recomendado pela norma para a atividade realizada é de 500
lux, verificando-se, portanto, que há deficiência de iluminamento, segundo critérios da
norma. Já, para Grandjean (1998), este nível de iluminamento é muito alto para trabalhos
com monitores, sendo que recomenda valores no entorno de 300 lux. Recomenda, ainda,
que os monitores sejam colocados perpendicularmente às janelas.
A iluminação da CA apresenta problemas relativos não somente à quantidade (nível de
iluminamento), mas especialmente quanto à qualidade. Em razão do ofuscamento e reflexos
da luz natural na tela dos monitores, as cortinas das janelas são mantidas fechadas (como se
observa na Figura 5) mantendo-se predominância de iluminação artificial, constituídas de
lâmpadas fluorescentes que apresentam os inconvenientes da cintilação invisível.
Em lâmpadas fluorescentes, e em todas as outras lâmpadas de descarga, observa-se a
ocorrência do efeito de cintilação, cuja freqüência é de 120 Hz. É um contínuo piscar das
lâmpadas, ocasionado pela existência de corrente elétrica alternada de 60 Hz. Em lâmpadas
incandescentes, e na luz natural, este fenômeno oscilatório não se manifesta. Este contínuo
“piscar”, dificulta a adaptação do olho humano. A cintilação invisível pode provocar fadiga
ocular, dores de cabeça e diminuição no rendimento no trabalho. Quando as lâmpadas
ficam velhas, ou apresentam defeitos, aparece uma cintilação de mais baixa freqüência, que
se torna visível, principalmente nas extremidades das lâmpadas. Esta cintilação visível é
muito incômoda e pode provocar forte fadiga nos olhos com importantes perturbações
(Grandjean, 1998).
46
Figura 5 – as cortinas das janelas são mantidas fechadas
4.6.6.3. Ventilação
O organismo humano dispõe de um centro termo regulador, localizado no hipotálamo, que
é responsável pela manutenção da temperatura constante no organismo. Quando o
organismo fica exposto ao calor, ocorrem reações de adaptação, como por exemplo, a
vasodilatação periférica e aumento da atividade das glândulas sudoríparas. Como no caso
do calor, o organismo humano reage ao frio, mediante uma série de respostas fisiológicas
de adaptação também chamadas de aclimatização. Porém, além de certos limites, a
adaptação torna-se difícil e o trabalhador passa a apresentar uma série de sintomas como a
vasoconstricção periférica, cuja finalidade é diminuir a perda de calor do organismo. Caso a
vasoconstricção não for suficiente a pessoa passa a tremer independentemente de sua
vontade (Astete et al., 1989).
Existem janelas que podem ser abertas para regulação da ventilação natural. A ventilação
artificial é provida por um sistema de ar condicionado central para todo o prédio.
A Figura 6 evidencia o constrangimento dos atendentes relativo ao sistema de ar
condicionado central. Não há controle ou possibilidade de regulagem do sistema. Os
atendentes colocaram cartolinas para cobrir as saídas de ar dos dutos.
47
Figura 6 – saídas do duto do ar condicionado central bloqueadas denotam o desconforto
Realizou-se uma avaliação pontual de conforto térmico em dia de inverno. As aberturas dos
dutos de ar condicionado estavam fechadas com cartolina. A umidade relativa do ar
registrada foi de 71,7 %, temperatura do ar de 19,2° C, temperatura de bulbo úmido de 16
°C e velocidade do ar inferior a 0,3m/s (limiar do anemômetro). Utilizando-se o
nomograma para pessoas vestindo roupas normais de trabalho verificou-se uma temperatura
efetiva corrigida de 18,5°C. A NR-17 considera que a condição de conforto para locais que
exijam solicitação intelectual e atenção constantes seja uma temperatura efetiva entre 20 e
23°C. Portanto, no dia da medição, caracterizou-se uma situação de desconforto térmico,
segundo a norma.
4.6.6.4. Ruído
Os atendentes da CA estão expostos a dois tipos de ruído distintos. O primeiro é o ruído
ambiental composto pela comunicação telefônica, pela conversação dos atendentes entre si,
das campainhas dos telefones e da conversação entre atendentes e usuários no atendimento
realizado pessoalmente. O segundo é o fone, que é uma fonte importante de ruído
48
diretamente instalada junto ao ouvido do atendente. Não é apenas a voz humana que o
telefone transmite. Há uma série de ruídos que fazem parte da comunicação normal
telefônica como o sinal de linha ocupada, o sinal de linha aberta, o sinal de chamada ou de
ocupado, sinal de fax, além de eventuais ruídos de descargas elétricas.
O ruído ambiental pode perturbar a atenção e concentração necessária ao trabalho com
microcomputador e atendimento ao usuário. De acordo com o observado, o dia da semana
mais crítico (maior número de atendimentos) é sexta-feira. Realizou-se uma avaliação de
ruído na CA, com decibelímetro Simpson, numa sexta-feira, tendo-se registrado níveis
entre 58 e 77 dB(A). A NBR 10152 preconiza que para salas de escritório com
computadores o nível sonoro para conforto é 45 dB(A), sendo aceitáveis níveis até 65
dB(A), a partir do qual são considerados níveis de desconforto, sem risco de danos
auditivos. Entretanto, estes níveis podem causar danos extra-auditivos como efeitos
psicológicos (nervosismo e agressividade), podendo ainda ocasionar transtornos de
memória, atenção, reflexo, cefaléias, ansiedade, sonolência e instabilidade emocional. A
alteração nervosa pode refletir-se no aparelho digestivo, provocando distúrbios da digestão.
Podem surgir, também, alterações no sistema circulatório, na pressão arterial, na
composição sangüínea, no metabolismo e no sistema respiratório (Fundación Mapfre,
1983).
Já, os níveis de ruído em fones, são capazes de causar danos auditivos. Pesquisa realizada
pela Occupational Safety and Health Administration (OSHA) com uma metodologia
desenvolvida com a utilização de um equipamento da Bruel & Kjaer revelam que a
utilização de fones sem limitadores eletrônicos de ruído podem causar exposição acima dos
limites de tolerância e que, para aqueles desenvolvidos com circuitos limitadores, há
suficiente proteção.
Kunov et al. (1997) realizaram avaliações de ruído para controladores de vôo, telefonistas,
operadores de reservas, operadores de manutenção de cabos telefônicos em oito diferentes
locais sendo que para ambientes silenciosos foram registrados níveis médios equivalentes
(Leq,8) entre 64 a 81 dB(A) e para ambientes ruidosos, Leq,8 entre 77 a 88 dB(A), tendo-se
registrados níveis de 95 dB(A).
49
Peretti et al. (1993) efetuaram um estudo numa central telefônica da província autônoma de
Trento em que realizaram avaliações de ruído em três tipos de aparelhos telefônicos e no
ambiente de trabalho. Foi utilizado equipamento de medição da Bruel & Kjaer. Os
resultados indicaram níveis médios de ruído da ordem de 79 dB(A) e nível máximo de 81
dB(A).
Os danos auditivos (perda auditiva) podem ocorrer com exposições a partir de 80 dB(A).
Na CA não são utilizados fones com limitadores de ruído. São utilizados aparelhos comuns
do tipo telefone gancho.
4.6.6.5. Radiações
Segundo o U.S. Department of Labor (1995) dos Estados Unidos, há um grande interesse
em saber se exposições a campos de radiação emitidos por monitores de vídeo apresentam
problemas para a saúde, particularmente para mulheres grávidas. Não há normas aplicáveis
para exposições a extrema baixa freqüência de campos elétricos e magnéticos emitidos por
monitores de vídeo. O National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH)
realizou medições em monitores de vídeo sendo que algumas medições registraram valores
tão baixos que não podem ser diferenciados das radiações do meio ambiente.
Não há informações científicas que associem o trabalho com monitores à ocorrência de
catarata ou outros danos visuais, dermatites ou anomalias do nascimento relacionadas com
exposições à radiações e campos de extrema baixa freqüência.
As empresas que fabricam e vendem filtros protetores apresentam como vantagens a
redução das radiações em 99,9%, a redução dos reflexos e ofuscamentos, a redução da
quantidade de poeira assentada sobre o vidro do monitor pelo efeito da eletricidade estática
e a eliminação das impressões digitais sobre o vidro do monitor. No entanto, até o presente,
não há comprovação de que as radiações dos monitores sejam nocivas. A redução dos
50
reflexos e ofuscamentos deve ser realizada investindo-se em um adequado projeto de
luminotécnica. A poeira e impressões digitais devem ser removidas com uma limpeza
periódica, que deve contemplar não só o vidro do monitor, mas todo local de trabalho.
A utilização de filtros protetores (Figura 7 e Figura 9) induzem os atendentes a aumentar os
ajustes de contraste e brilho do monitor, o que significa que o filtro aumenta a dificuldade
de visualização. De acordo com a American Optometric Association (2002), diversos
estudos científicos revelam que não há clareza entre diferenças de sintomas entre
trabalhadores que utilizam computador e outros trabalhadores cujas tarefas exijam alta
demanda visual.
A par da preocupação de trabalhadores e usuários concernente a exposição a radiações e
campos eletromagnéticos fracos, o NIOSH e outros pesquisadores continuam investigando
potenciais efeitos e problemas para a saúde, no entanto não há informações técnicas que
justifiquem a utilização de filtros sobre a tela de monitores.
4.6.6.6. Mobiliário e Equipamentos
O mobiliário é constituído de escrivaninhas de escritório, mesas de microcomputador,
cadeiras e armários. Há um local para preparo de café com cafeteira elétrica. São utilizados
microcomputadores, impressoras, scanner e aparelhos de telefones tipo gancho, comuns.
Somente um atendente utiliza fone de ouvido (Figura 7) adquirido com meios próprios.
51
Figura 7 – atendente com fone de ouvido adquirido com recursos próprios
As escrivaninhas existentes na CA foram produzidas na marcenaria da Universidade, na
década de 1980, época em que não se utilizava microcomputador. Os atendentes utilizam
escrivaninhas de tamanhos e modelos diferentes. Existem também algumas mesas
fabricadas para computador do início da década de 1990, colocadas ao lado das
escrivaninhas. Existem diversos modelos de cadeira em uso, algumas com rodízios com
recursos de regulagem de altura do assento e encosto e outras de quatro pés sem nenhuma
possibilidade de regulagem.
As observações realizadas relativas ao trabalho real executado com o mobiliário e
equipamentos permitem identificar algumas imposições de constrangimento aos atendentes.
Na execução do trabalho real do atendente, ele precisa segurar o telefone, operar o micro
(mouse e teclado) e anotar dados do usuário no Boletim de Atendimento. Em todas estas
operações é necessária a utilização das mãos. Para liberar as mãos, observou-se que
invariavelmente, os atendentes colocam o fone-gancho entre a orelha e o ombro.
Observou-se que, nos postos em que o computador fica na mesa de trabalho, o atendente,
com o fone apoiado entre o ombro e a orelha, utiliza somente a mão esquerda para realizar
a digitação, enquanto as tarefas de anotação de dados no Boletim de Atendimento e
operação do mouse são realizadas com a mão direita. Na superfície da mesa não há espaço
adequado para o teclado e o formulário que está sendo preenchido, forçando o afastamento
da cadeira para trás e, por conseqüência, uma postura inadequada (Figura 8).
52
Figura 8- tarefa real com telefone, mouse, digitação e anotação no Boletim de Atendimento.
Já, para os postos em que o computador fica em uma mesa auxiliar, ocorre dois tipos de
situações: a mesa auxiliar fica muito distante da escrivaninha (Figura 9), ou é necessário
utilizar o mouse, o teclado e o formulário sobre a escrivaninha enquanto o computador e o
telefone ficam na mesa auxiliar, obrigando a torções do tronco e pescoço (Figura 10).
53
Figura 9 – mesa auxiliar muito afastada da escrivaninha
Figura 10 – mouse, teclado e formulário na escrivaninha, monitor em mesa auxiliar obrigam torção do
pescoço
Verifica-se, também, que os atendentes compartilham ramais através de extensões
telefônicas. Se o ramal estiver ocupado por outro atendente, pode ser necessário seu
deslocamento para um outro posto de trabalho onde o ramal estiver livre (Figura 11).
Figura 11 – a mesma funcionária em dois postos diferentes
As mesas não possuem bordas arredondadas. Na Figura 12, observa-se no serviço de
digitação de dados dos Boletins de Atendimento que os punhos estão apoiados sobre a
aresta da mesa. Na Figura 13 verifica-se que a cadeira sem rodízios foi posicionada em
posição intermediária entre a escrivaninha e a mesa auxiliar. A Figura 14 ilustra situação
em que tubulações fios e cabos elétricos e de fibra ótica aparentes tornam o ambiente
esteticamente desagradável, dificultando a limpeza e com risco potencial para as pessoas.
54
Figura 12 – serviços de digitação dos Boletins de Atendimento
Figura 13 – cadeira sem rodízios em posição intermediária entre a escrivaninha e mesa auxiliar
55
Figura 14 – detalhe das condições dos fios, cabos e tubulações
Em função das observações das tarefas e de como o mobiliário e equipamentos são
utilizados, evidencia-se o risco potencial de desconforto e dores por lesões osteo-músculoesqueléticas no trabalho. Para Iida (1998) a observação visual não é suficiente para analisar
as posturas detalhadamente. O ergonomista pode lançar mão de metodologias de análise
postural.
O método RULA - Rapid Upper Limb Assessment (McAtamney e Corlett, 1993) é um
método de análise postural que estima o risco relacionado ao trabalho de membros
superiores. Lueder (1996) afirma que um baixo escore RULA não garante que o posto de
trabalho esteja livre de riscos ergonômicos, ou que, ao inverso, um alto escore RULA
assegure que os problemas existam. O método detecta os fatores de risco que merecem
maior atenção. Lueder (1996), em conjunto com Corlett e Barson refinaram a aplicação do
método RULA para avaliação específica do trabalho com computador e com utilização de
telefone. Neste trabalho aplicou-se o método RULA segundo a proposta de Lueder. Não é
utilizada a tabela RULA (RULA Worksheet).
56
A pontuação, seguindo a proposta de Lueder (1996), na central de atendimento é a seguinte:
Braço = 2 (braço para frente entre 21° e 45°) + 1 (braço abduzido) + 1(fala ao telefone
mais de 10 min.) + 1(levanta o ombro e aperta o pescoço ao falar no telefone) = 5
(pontuação máxima = 6);
Antebraço = 1 (pequeno ângulo de movimento do antebraço) + 1 (antebraço movimenta-se
para os lados) = 2 (pontuação máxima = 3);
Punho = 2 (posição do punho no teclado conforme Figura 15) + 1 (punho inclinado
radialmente) = 3 (pontuação máxima = 6);
Pescoço = 2 (cabeça para frente entre 11 e 20°) + 1 (rotação do pescoço) + 1 (pescoço
inclinado para o lado) = 4 (pontuação máxima = 6);
Tronco = 2 (tronco para frente entre 11 e 20°) + 1(rotação do tronco) = 3 (pontuação
máxima = 6);
Pernas = 1 (posição sentado) = 1 (pontuação máxima = 2)
Esforço estático muscular = 0 (pontuação máxima = 1 – se ficar mais de duas horas sem
levantar);
Carga de trabalho (bolsistas) = 1 (jornada entre 4 e 6 horas);
Carga de trabalho (funcionários) = 2 (jornada superior a 6 horas)
Figura 15 – pontuação para postura do pulso na digitação (Lueder,1996)
57
TABELA A (Upper Limb Posture Score)
Escore A – Pulso
1
Braço
pulso
1
1
2
2
2
3
3
3
3
4
4
4
4
5
5
6
7
8
9
antebraço
1
2
3
1
2
3
1
2
3
1
2
3
1
2
3
1
2
3
1
2
3
4
5
6
2
rotação
2
2
2
3
3
3
4
3
4
4
4
4
4
5
6
6
7
8
9
Pulso
1
2
2
3
3
3
4
4
4
4
4
4
4
5
6
6
7
8
9
3
rotação
2
2
2
3
3
3
4
4
4
4
4
4
5
5
6
7
7
8
9
Pulso
1
2
3
3
3
3
4
4
4
4
4
4
5
5
6
7
7
8
9
4
rotação
2
3
3
3
4
4
4
4
4
5
5
5
5
6
6
7
8
9
9
pulso
1
3
3
4
4
4
5
5
5
5
5
5
6
6
7
7
8
9
9
Rotação
2
3
3
4
4
4
5
5
5
5
5
5
6
7
7
8
9
9
9
Tabela 4 – verificação do escore A no método RULA adaptado por Lueder
O escore C é calculado pela soma do escore A com a pontuação do esforço estático
muscular e da carga de trabalho. Para os bolsistas, portanto, para o escore é : C = 6 +zero +
1 = 7 e para os funcionários é C = 6 + zero + 2 = 8.
TABELA B (Neck, Trunk, Legs Posture Score)
1
Pernas
Pescoço
1
2
3
4
5
6
1
1
2
3
5
7
8
2
Pernas
2
3
3
3
5
7
8
1
2
2
3
5
7
8
2
3
3
4
6
7
8
Pontuação da postura do tronco
3
4
Pernas
Pernas
1
2
1
2
3
4
5
5
4
5
5
5
4
5
5
6
6
7
7
7
7
8
8
8
8
8
8
9
5
Pernas
1
6
6
6
7
8
9
6
Pernas
2
6
7
7
7
8
9
1
7
7
7
8
8
9
2
7
7
7
8
8
9
Tabela 5 – verificação do escore B no método RULA adaptado por Lueder
O escore D é calculado pela soma da pontuação da tabela B mais a pontuação do esforço
muscular estático mais a carga de trabalho. Portanto o escore é : D = 5 + zero + 1 = 6, para
os bolsistas e D = 5 + zero + 2 = 7, para os funcionários.
58
TABELA C (Gran Total Score Table)
Escore C
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1
1
2
3
3
4
4
5
5
5
2
2
2
3
3
4
4
5
5
5
3
3
3
3
3
4
5
6
6
6
Escore D
5
4
4
4
5
6
6
7
7
7
4
3
4
4
4
5
6
6
7
7
6
5
5
5
6
7
7
7
7
7
7
5
5
6
6
7
7
7
7
7
8
5
5
6
6
7
7
7
7
7
9
5
5
6
6
7
7
7
7
7
Tabela 6 - verificação do Nível de Ação pelo método RULA adaptado por Lueder
Nível de
Ação
Escores
Nível 1
1 ou 2
As posturas são aceitáveis se não forem mantidas ou
repetidas por longos períodos
Nível 2
3 ou 4
Mais investigações são necessárias e mudanças
poderão ser requeridas.
Nível 3
5 ou 6
Investigações e mudanças serão necessárias em breve.
Nível 4
7
Indicativo
Investigações e mudanças são requeridas
imediatamente.
Tabela 7 - níveis de ação propostos por Lueder
Portanto, a avaliação realizada conforme o método de análise postural utilizado,
indica que investigações e mudanças são requeridas imediatamente (nível de ação 4).
4.6.7. Levantamento com a participação direta dos atendentes - Coleta
organizada de informações acerca da demanda ergonômica dos
atendentes e priorização
Seguindo as etapas do DM para identificação da demanda ergonômica,
operacionalizou-se a promoção do processo participativo. Os atendentes foram estimulados
a manifestar livremente suas opiniões e preferências relativas ao trabalho que realizam. O
59
processo participativo visa integrar os atendentes na ação ergonômica. Foi exposto aos
atendentes e inclusive para a chefia, que as opiniões e propostas dos atendentes teriam
papel importante na formulação das propostas de soluções ergonômicas.
Após o tratamento destas informações, incorporam-se as opiniões do especialista. O DM
prevê a participação de uma equipe de especialistas visto que a Ergonomia é
multidisciplinar. No presente trabalho, buscou-se, alternativamente, informações na
literatura.
4.6.7.1. Entrevista Aberta
Foram realizadas entrevistas individuais em uma sala fechada. A entrevista aberta
constituiu-se numa única pergunta feita qual seja: “O que você acha do seu trabalho ?”.
As respostas foram gravadas em fita cassete com plena ciência dos entrevistados. Todos os
atendentes foram entrevistados. Após as entrevistas, mais um bolsista foi incorporado na
equipe de atendentes. Nenhuma interferência foi feita durante o discurso dos entrevistados.
O objetivo foi o de identificar itens de demanda ergonômica dos atendentes (IDEs) e gerar
um ranking de importância (prioridades) para estes itens.
As características da população estudada encontram-se na Tabela 8. Estes dados foram
muito importantes nas análises individualizadas na fase de apreciação e diagnóstico
ergonômico.
A partir das entrevistas, foram identificados os elementos de insatisfação dos operadores.
Na Tabela 9, apresenta-se o elenco de elementos de insatisfação por funcionário ou bolsista
na ordem em que foi verbalizada. A estratégia utilizada pressupõe que a ordem de
verbalização carrega um peso de importância de prioridade dos entrevistados.
60
A priorização dos itens de demanda ergonômico (IDEs) dos atendentes na estratégia
utilizada foi realizada através da consideração da freqüência corrigida de ocorrência da
demanda, utilizando-se a ordem de menção nas entrevistas. O peso de importância de um
elemento de insatisfação na penésima posição é dado pelo recíproco da respectiva posição, ou
seja, 1/p. Uma vez pontuados, os itens de demanda têm seus pesos somados, e seus valores
geram um ranking de importância.
Na Tabela 10, estão calculados os pesos por funcionário (F) ou bolsista (B), sendo que na
última coluna os valores mais altos indicam as prioridades nas IDEs dos entrevistados.
Características
Sexo
Idade
Jornada de
trabalho (horas)
Escolaridade
F
Não
inform.
F
25
Bolsistas
F
18
6
6
4
Esp.
M
23
M
Não
inform.
F
57
6
4
8
Funcionários
F
F
Não
35
inform.
8
8
Sup.
2° grau
Sup.
2° grau 2° grau 2° grau Sup.
incomp
Incomp
incomp
F
37
8
Sup.
Tabela 8 - características da população estudada
IDEs - Elementos de insatisfação
Estética no ambiente de trabalho
Segurar o telefone de gancho com pescoço
Usuário agressivo – estresse com usuário
Mesa nova com gaveta e chave
Ruído
Fumo no local de trabalho
Ar condicionado
Computadores precários (antigos)
Poucos ramais telefônicos
Deslocamento para atender outro ramal
Cansaço por trabalhar dois turnos
Falta mobiliário próprio p/ microcomputador
Falta de colaboração de outros setores
Salário baixo
Iluminação
Limpeza
Entrevistados e ordem de menção
funcionários
Bolsistas
F1 F2 F3 F4 B1 B2 B3 B4
1
5
4
2
2
1
1
5
1
1
3
7
2
2
5
3
3
4
5
4
2
2
6
3
3
4
4
1
1
7
1
6
2
3
n° de
menções
1
5
4
2
1
1
2
2
2
3
2
3
1
2
2
1
Tabela 9 - elenco de elementos de insatisfação – os números indicam a ordem de menção (verbalização)
dos anseios dos entrevistados – a última coluna indica o número de menções de cada IDE
61
Elementos de insatisfação
Estética do ambiente de trabalho
Segurar o telefone de gancho com pescoço
Usuário agressivo – estresse com usuário
Mesa nova com gaveta e chave
Ruído
Fumo no local de trabalho
Ar condicionado
Computadores precários (antigos)
Poucos ramais telefônicos
Deslocamento para atender outro ramal
Cansaço por trabalhar dois turnos
Falta mobiliário próprio p/ microcomputador
Falta de colaboração de outros setores
Salário baixo
Falta qualidade e quantidade de iluminação
Falta de limpeza
Pesos de importância conforme
ordem de menção
Funcionários
Bolsistas
F1 F2 F3 F4 B1 B2 B3
1,00
0,25
0,25
0,50 0,50 1,00
1,00
0,20
1,00
0,33 0,14
0,50
0,50
0,20
0,33
0,33
0,25
0,20
0,50 0,50
0,17
0,50
0,33
0,33 0,25 1,00
1,00
0,14 1,00
0,17
B4
1,00
0,25
0,50
0,33
Soma
dos
Pesos
1,00
2,50
3,20
0,48
0,50
0,50
0,53
0,58
0,45
1,17
0,83
1,58
1,00
1,14
0,67
0,33
Tabela 10 – cálculo dos pesos de importância das IDEs identificadas em entrevista aberta
A partir da Tabela 10, tem-se a lista de Itens de Demanda Ergonômica dos atendentes por
ordem de prioridades resultante da entrevista aberta, apresentada na Tabela 11.
IDEs
Usuário agressivo – estresse com usuário
Segurar o telefone de gancho com pescoço
Falta mobiliário próprio p/ microcomputador
Deslocamento para atender outro ramal
Salário baixo
Estética do ambiente de trabalho
Falta de colaboração de outros setores
Cansaço por trabalhar dois turnos
Falta qualidade e quantidade de iluminação
Computadores precários (antigos)
Ar condicionado
Ruído
Fumo no local de trabalho
Mesa nova com gaveta e chave
Poucos ramais telefônicos
Falta de limpeza
Peso de
importância
3,20
2,50
1,58
1,17
1,14
1,00
1,00
0,83
0,67
0,58
0,53
0,50
0,50
0,48
0,45
0,33
Tabela 11 – listagem dos IDEs segundo pesos de importância
62
4.6.7.2. Questionário
Após a realização da entrevista aberta, foi aplicado um questionário, cuja elaboração teve
como base as demandas levantadas pelos atendentes, agregadas por itens de demanda
identificados pelo especialista (autor) e que devem ser também considerados para a
projetação ergonômica. O questionário encontra-se em anexo.
Conforme recomenda a metodologia do DM as questões do questionário são avaliadas pelo
respondente que deve marcar a sua opinião sobre uma linha de 15 cm com duas âncoras nas
extremidades (insatisfeito/pouco e satisfeito/muito) e uma âncora no centro (neutro). A
linha não é graduada, o que gera dados contínuos. A intensidade marcada na escala é
diretamente transformada em valores entre 0 e 15.
Por ocasião da aplicação do questionário, um novo bolsista havia sido incorporado à equipe
de trabalho da Central de Atendimento. O novo bolsista já havia passado pelo período de
treinamento e trabalhado na CA por cerca de trinta dias quando da aplicação do
questionário, o que lhe habilitava a ter uma opinião sobre suas condições de trabalho.
Portanto, ele foi incluído entre os respondentes do questionário, resultando numa população
de 9 respondentes.
4.7. Resultados e Discussão
Os resultados obtidos com o questionário foram tabulados, bem como calculadas a média e
desvio padrão para cada questão. As questões (IDEs) foram agrupadas por afinidades
gerando cinco constructos (ambiente, biomecânica, conteúdo, atendimento e organização
do trabalho) e dois blocos (dores e valorização do trabalho).
63
Para verificação da consistência interna das médias obtidas em cada constructo/bloco
calculou-se o alfa de Cronbach, obtendo-se os resultados constantes da Tabela 12.
Realizou-se a análise de variância de fator único (One-way Anova) com objetivo de se
identificar se os valores da variável de resposta diferem significativamente entre si. O
resultado da análise não identificou diferenças significativas entre as respostas. Tal situação
poderia ser esperada visto que o tamanho da amostra (n = 9) é muito pequeno e, ainda, há
diferenças importantes na amostra visto que os estratos (bolsistas e funcionários) têm
características diferentes e, ainda, há variáveis de performance que se comportam diferentes
como por exemplo, os diferentes tipos de cadeiras utilizadas pelos atendentes trarão
respostas diferentes.
Nesta linha de raciocínio, deve-se buscar uma medida de variabilidade que leve em conta
toda a informação contida na amostra, que é o desvio-padrão (ten Caten et al., 2000).
Formulou-se a hipótese de que, para as respostas cuja variabilidade medida (desvio-padrão)
fossem elevadas (divergência nas respostas), a análise qualitativa detalhada e
individualizada poderia trazer à tona as informações relevantes para a análise ergonômica,
como de fato ocorreu. No presente estudo, assumiu-se como critério para realizar este
procedimento, um desvio-padrão superior à metade da média calculada, pois nestes casos
de grande variabilidade, a média não é parâmetro representativo.
Além disso, buscou-se no discurso dos atendentes, por ocasião da entrevista aberta, e no
peso de importância constante da listagem dos IDEs, as informações complementares para
a discussão.
Tal procedimento foi executado para cada um dos constructos e blocos do questionário.
Constructo / Bloco
Alfa de Cronbach
Ambiente
0,8475
Biomecânica
0,9130
Conteúdo
0,5809
Atendimento
0,7443
Organização do Trabalho
0,6328
Valorização no Trabalho
Inferior a 0,55
Dores
0,7411
Tabela 12 – consistência interna das médias de cada constructo
64
4.7.1. Fatores físicos ambientais
No constructo ambiente foram propostas questões sobre o grau de satisfação para ruído,
temperatura e iluminação, cujos resultados encontram-se elencados na Tabela 13. Observase nesta tabela, que o desvio padrão é elevado na questão relativa ao ruído no ambiente. Por
esta razão, procedeu-se uma análise individualizada dos resultados tabulados para ruído
(Figura 16).
AMBIENTE
média desvio
Ruído no ambiente
9,922
5,026
Temperatura no ambiente em dias quentes
8,500
2,865
Intensidade da iluminação
8,444
3,680
Temperatura no ambiente em dias frios
8,244
3,148
Qualidade da iluminação
7,878
3,767
Tabela 13 – resultado do questionário para o constructo Ambiente
A m b ie n t e
R u íd o n o a m b ie n te
T e m p e r a tu r a n o a m b ie n te e m d ia s q u e n te s
In te n s id a d e d a ilu m in a ç ã o
T e m p e r a tu r a n o a m b ie n te e m d ia s f r io s
Q u a lid a d e d a ilu m in a ç ã o
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10 11 12 13 14 15
Figura 16 - médias em ordem decrescente do constructo Ambiente
65
Ruído no ambiente
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
atendentes
Figura 17 – resultados para ruído
Pela observação dos resultados individualizados, verifica-se que os atendentes 1 e 9
pontuaram valores representativos de muita insatisfação com o ruído. Conforme as
informações relativas às características da população estudada, colhidas conforme Tabela
8 do item 4.6.7.1., trata-se de duas funcionárias, uma com idade superior a 40 anos e
outra superior a 50 anos. Os demais são mais jovens. Uma delas possui um tom de voz
bastante baixo, conforme se observou no local. Agrega-se a isto, o fato de que os
funcionários têm uma jornada de trabalho superior ao dos bolsistas. O tempo de
exposição ao ruído é um fator determinante em qualquer avaliação de exposição ao ruído.
Quanto maior o tempo de exposição maiores são os custos humanos.
O atendimento pessoal na CA não se revelou um IDE por ocasião das entrevistas, porém
o autor incluiu um quesito de múltipla escolha específico para este item, no questionário,
prevendo que esta informação poderia ser necessária, especialmente pelo discurso
registrado na entrevista aberta: “Se você está atendendo e chega uma pessoa... são
coisas que tem que ajustar. (...) Queria separar o atendimento do usuário
pessoalmente. O ruído que a gente tem na sala é bastante. Tem dia que é muito
difícil atender o telefone porque a gente não ouve.”
O resultado indicou que cinco respondentes consideraram que o atendimento ao usuário
pessoalmente deve continuar, dois responderam que deve continuar, porém em sala
66
separada, um é indiferente à questão e um não tem como avaliar a questão. Nenhum dos
respondentes assinalou a opção: “deve ser eliminado”.
Por ocasião do retorno dos resultados ao grupo, as discussões sobre a questão, revelaram
que eles não desejam isolamento de qualquer tipo, que o atendimento pessoalmente na
CA é necessário e que não é viável o deslocamento para uma sala em separado para
realizar o atendimento pessoalmente (para reduzir o ruído).
Quanto à iluminação no ambiente, verificou-se que o questionário não trouxe valores de
insatisfação, tanto no que se refere à quantidade como à qualidade (níveis de
iluminamento, ofuscamento, reflexos), em oposição ao registrado na entrevista aberta:
“Eu detesto aquelas luzes. (...) Aquela lâmpada fica bem em cima. Machuca o olho.”
As observações indiretas, com medições instrumentalizadas com luxímetro, indicam que
há deficiência segundo a norma legal.
O mesmo ocorre com a temperatura. Na entrevista aberta, registrou-se insatisfação: “O
ar condicionado é complicado. No inverno é muito quente, no verão é muito frio”.
As observações indiretas instrumentalizadas por termômetros e anemômetro e avaliação
com nomograma para pessoas vestindo roupas normais de trabalho, indicam, igualmente,
que há deficiência de conforto térmico.
Os resultados, a princípio, poderiam parecer incoerentes, mas, ao contrário, são bastante
coerentes. Para o potencial desconforto causado pelas deficiências da iluminação e da
temperatura, os atendentes encontraram soluções de contorno de auto-regulação. Para a
iluminação, eles podem auto-regular as cortinas das janelas (iluminação natural). Para a
temperatura, eles colocam e retiram cartolinas nas aberturas dos dutos do ar
condicionado. No entanto, para ruído, não há nenhum dispositivo que lhes possibilitem
auto-regulagem. Não há controle de ajuste para volume e, tampouco, limitadores
eletrônicos de ruído em fones.
67
4.7.2. Fatores Biomecânicos
Para o constructo relativo à biomecânica, que está diretamente relacionada ao posto de
trabalho, foram propostas questões sobre o grau de satisfação com mobiliário e
equipamentos, posição dos equipamentos, espaço de trabalho e objetos pessoais, divisão
física entre postos de trabalho, aparelho de telefone e ramais disponíveis. Observa-se, na
Tabela 14, que o desvio padrão é elevado na questão relativa ao compartilhamento de
ramais, posição da CPU, aparelho de telefone e mesas e cadeiras. Por esta razão,
procedeu-se uma análise individualizada para estes itens.
Na Figura 19, observa-se que os atendentes 2 e 6 pontuaram como muito insatisfatório o
aparelho de telefone sendo que um deles é o único atendente que utiliza fone tipo
headset, adquirido com recursos próprios, por não suportar mais a utilização de telefone
de gancho. No outro extremo visualiza-se os atendentes 5 e 8, pontuando os aparelhos de
telefone como muito satisfatórios. Ambos são bolsistas e muito jovens. Um deles realiza
assessoramento direto e exclusivo no Gabinete da Reitoria duas vezes por semana, para
suporte em informática, afastando-se do atendimento por telefone.
BIOMECÂNICA
média desvio
Posição do Mouse
11,544
3,606
Espaço para anotações
10,589
3,909
Número de ramais disponível
10,400
3,885
Não haver divisão física entre os postos de trabalho
10,311
3,493
Posição do Monitor
10,278
4,688
Posição do teclado
10,033
4,551
Compartilhamento de ramais
9,511
4,632
Espaço físico disponível
9,422
3,710
Espaço para objetos pessoais
9,378
3,583
Posição da CPU
9,033
4,759
Aparelho de Telefone
8,911
4,422
Cadeira
8,556
4,929
Mesa
7,422
5,030
Tabela 14 – resultado do questionário para o constructo Biomecânica
68
Biomecânica
Posição do Mouse
Espaço para anotações
Número de ramais disponível
Não haver divisão física entre os postos de trabalho
Posição do Monitor
Posição do teclado
Compartilhamento de ramais
Espaço físico disponível
Espaço para objetos pessoais
Posição da CPU
Aparelho de Telefone
Cadeira
Mesa
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9 10 11 12 13 14 15
Figura 18 - médias em ordem decrescente para o constructo Biomecânica
Tendo-se presente a tarefa desenvolvida, conforme visto no item relativo ao levantamento
com a participação indireta do usuário, em que é necessária a utilização das mãos para
movimentar o mouse, digitar e realizar anotações, há a imposição de constrangimento
postural de ter de segurar o telefone entre a cabeça e o ombro.
Registrou-se, ainda, um discurso relevante na entrevista aberta: “Eu acho um problema
o telefone. A gente fica com o telefone aqui (refere-se ao pescoço). Tá catando milho
com uma mão só. Eu acho que o telefone gancho atrapalha bastante.” “A coisa que
mais precisa é fones de ouvido. Mais ramais. Às vezes tem mais gente que ramal
disponível.”
69
Aparelho de Telefone
Compartilhamento de ramais
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1
2
atendentes
3
4
5
6
7
8
9
atendentes
Figura 19 - resultados para aparelho de telefone e número de ramais
Com relação ao compartilhamento de ramais há, ainda, a imposição de deslocamentos
entre postos de trabalho conforme visto no levantamento indireto e registrado no
discurso, na entrevista aberta: “Se alguém ligar e o meu ramal estiver sendo usado por
outro, eu tenho que me deslocar. Eu tenho que me levantar e ocupar uma outra
mesa onde tocou o ramal que a pessoa me chamou. Dependendo do que for, eu tenho
que anotar e voltar pro meu computador. É contratempo.”
Além do aparelho de telefone, as mesas e as cadeiras tiveram as menores pontuações
quanto ao grau de satisfação neste constructo, e as maiores medidas de variabilidade
(desvio padrão). Tal resultado é bastante coerente, visto que no levantamento indireto
registrou-se que os atendentes utilizam tipos e modelos de cadeiras diferentes e mesas
projetadas e fabricadas na década de 80, quando ainda não era comum a utilização de
microcomputadores. O discurso registrado na entrevista aberta corrobora neste sentido:
“As mesas são horríveis. Mesas novas seria interessante. A gente precisava mesas
diferentes. Acho que o que está faltando é mobiliário próprio para
microcomputador.”
O grau de satisfação com o posicionamento de CPUs, monitores, mouse e teclado sofre
influência direta do modelo de mesa utilizado e secundariamente ao tipo de cadeira que
cada atendente utiliza.
70
4.7.3.
Conteúdo da tarefa
No constructo relativo ao Conteúdo, foram propostas questões sobre a intensidade (pouco
/ muito) dos fatores monotonia, criatividade, atenção e concentração, responsabilidade e
estímulo. Observa-se, na Tabela 15, que o desvio padrão é elevado nas questões que
envolvem atenção e concentração, monotonia e criatividade. Por esta razão, procedeu-se
uma análise individualizada para estes itens.
CONTEÚDO
Média Desvio
O seu trabalho é monótono ?
4,444 4,300
O trabalho é criativo?
7,778 3,637
O trabalho exige atenção e concentração ?
9,056 4,793
Trabalho é estimulante ?
9,867 2,890
O trabalho exige responsabilidade ?
12,844 2,206
Tabela 15 – resultado do questionário para o constructo Conteúdo
Conteúdo
O trabalho exige responsabilidade ?
Trabalho é estimulante ?
O trabalho exige atenção e concentração ?
O trabalho é criativo?
O seu trabalho é monótono ?
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9 10 11 12 13 14 15
Figura 20 - médias em ordem decrescente para o constructo Conteúdo
71
O seu trabalho é monótono ?
O trabalho exige atenção e
concentração ?
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1
atendentes
2
3
4
5
6
7
8
9
atendentes
Figura 21 - resultados para monotonia, criatividade, atenção e concentração
Para a questão monotonia, destaca-se o respondente 9 que considera que há elevada
monotonia enquanto o respondente 7 considera que não há monotonia. Tal resultado é
bastante coerente, eis que o primeiro realiza principalmente a atividade de digitação de
todos os Boletins de Atendimento preenchidos manualmente por ele e pelos seus colegas
(conforme consta da Hierarquia de Serviços e Atendimentos) e o segundo realiza diversas
tarefas diferentes (atendimentos, serviços internos, divulgação, administração e
supervisão). Verificou-se que na fase de entrevistas, o atendente 9 não verbalizou a
situação de monotonia a que está submetido. Aliás, o discurso deste atendente na
entrevista foi extremamente lacônico. No entanto, pela resposta do questionário, tal
situação é clara para ele. Para Bartenwerfer1 apud Grandjean (1998) a monotonia é um
estado de atividade psíquica reduzida. Grandjean afirma que atividades repetitivas de
longa duração, com mínima dificuldade e sem possibilidade de desligar-se mentalmente
do trabalho desencadeia estados de monotonia.
A eliminação do preenchimento manual do Boletim de Atendimento e posterior digitação
é uma demanda não revelada nas entrevistas realizadas, mas identificada pelo autor nas
1
Bartenwerfer, H.G.: Über die Auswirkungen Einfömiger Arbeitsvorgange. Marburger Sizungsberchte 80,
1-70 (1957).
72
suas observações. Por esta razão, foi incluída, no questionário, uma questão de múltipla
escolha tendo-se obtido o seguinte resultado: quatro atendentes consideram que o
Boletim de Atendimento deve continuar sendo feito pela anotação manual, três
consideram que deve ser informatizado, um considera que é indiferente, um considera
que deve ser manual e informatizado (justificou que pela precariedade do computador, os
dados poderiam ser perdidos).
Tecnicamente, o trabalho dos atendentes requer alto nível de atenção e concentração para
realizar um trabalho de responsabilidade. A solução de problemas (objetivo da CA) não
se limita à consulta a manuais. Lidar com usuários não é somente aplicar uma sucessão
de gestões pré-definidas devido ao forte componente de imprevisibilidade no
relacionamento, conforme já visto (Mascia, 2000).
4.7.4.
Fatores relacionados ao atendimento ao usuário
Neste constructo, foram propostas questões destinadas a identificar quantitativa e
qualitativamente o estresse (pouco / muito) causado no atendimento de usuários
professores, servidores, alunos e usuários externos, com objetivo de se vislumbrar
propostas de soluções específicas para cada caso. Observa-se, na Tabela 16, que o desvio
padrão é elevado na situação de desentendimento com alunos e usuários externos. As
questões sobre hardware e software foram incluídas no constructo atendimento, pois são
fatores que prejudicam o atendimento caso estiverem desatualizados e que, por
conseqüência, têm o potencial de aumentar os níveis de estresse no atendimento.
73
ATENDIMENTO
média desvio
Hardware
12,867
1,956
Software
12,233
1,699
Gravidade do estresse por desentendimento c/ servidor
8,556
3,017
Gravidade do estresse por desentendimento c/ professor
8,544
3,200
Quantidade de desentendimento com servidores
7,800
3,076
Gravidade do estresse por desentendimento c/ aluno
7,800
3,945
Gravidade do estresse por desentendimento c/ usuário externo
7,622
3,537
Quantidade de desentendimento com professores
6,767
2,659
Quantidade de desentendimento com Aluno
6,267
3,052
Quantidade desentendimento com usuário externo
5,889
4,121
Tabela 16 – resultados do questionário para o constructo atendimento
Atendimento
Hardware
Software
Gravidade do estresse por desent.c/ servidor
Gravidade do estresse por desent.c/ professor
Quantidade de desentendimento com servidores
Gravidade do estresse por desent. c/ aluno
Gravidade do estresse por desent.c/usuário externo
Quantidade de desentendimento com professores
Quantidade de desentendimento com Aluno
Quantidade desentendimento com usuário externo
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
Figura 22 - médias em ordem decrescente para o constructo Atendimento
Analisando-se individualmente as respostas dos atendentes (Figura 23), verifica-se que o
atendente 7 é quem considera pequena a gravidade do estresse por desentendimento com
os usuários. Acontece que o atendente 7 faz a supervisão da equipe e é para ele que são
direcionadas as chamadas quando ocorre uma situação de desentendimento (conforme
“Procedimentos da CA”). Além disso, o atendente 7 diferencia-se dos demais também
pela sua formação superior na área (analista de sistemas). O atendente 6, por outro lado, é
74
15
o que pontuou mais a gravidade do estresse com os usuários. O atendente 8 destaca-se
por pontuar menos a gravidade do estresse no atendimento a alunos e usuários externos
em comparação com professores e servidores. Com exceção do atendente 8, os atendentes
não variam de opinião relativamente à gravidade de estresse no atendimento a
professores, servidores, alunos e usuários externos.
professor
servidor
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1
2
3
atendentes
4
5
6
7
8
9
7
8
9
atendentes
aluno
externo
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1
2
atendentes
3
4
5
6
atendentes
Figura 23 - gravidade do estresse pelo desentendimento com usuários
Quanto à quantidade de desentendimentos, verifica-se, pela análise individualizada
(Figura 24), que não é possível identificar um padrão de opinião por extratos (bolsista ou
75
funcionário) ou por grau de instrução. A única diferença a destacar é que enquanto para
os atendentes 1, 4 e 8 a quantidade de desentendimentos com usuários externos é muito
menor do que com os outros tipos de usuários, para o atendente 7 é muito maior.
Observe-se, novamente, que é para o atendente 7 que são direcionadas as chamadas
quando há desentendimentos.
professor
servidor
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1
2
3
atendentes
4
5
6
7
8
9
7
8
9
atendentes
aluno
externo
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1
atendentes
2
3
4
5
6
atendentes
Figura 24 - quantidade de desentendimento com usuários
Os resultados não permitem identificar diferenças qualitativas ou quantitativas nas
opiniões sobre os desentendimentos no atendimento de usuários de tipos diferentes
76
(professor, servidor, aluno, externo), porém, a análise individualizada indica que o
atendente 7 considera maior os desentendimentos com o usuário externo, tanto
quantitativamente quanto qualitativamente. Esta informação deve ser valorizada, pois é
para ele que são direcionadas as chamadas em que há desentendimento. Retornou-se este
resultado ao atendente 7, sendo que o mesmo reiterou-a. Considera que o usuário externo
tem menor conhecimento das regras do trabalho e das restrições institucionais em
comparação com os usuários professores, funcionários e alunos. Observe-se que o
estresse causado no atendimento é o IDE de maior peso identificado conforme listagem
de IDEs por pesos de importância. O discurso registrado por ocasião da entrevista aberta
retrata com clareza esta situação: “As pessoas maltratam a gente demais no telefone.
Elas já chegam nervosas, gritando, não dizem bom dia, não querem. Muitas vezes a
gente não tem a resposta na ponta da língua. Pega o nome, ramal, tenta da melhor
forma lidar com as pessoas mas é horrível. É impressionante.” “O usuário mal
educado é uma coisa muito freqüente. As pessoas, por não terem uma informação
correta, ficam com medo de parecer que não sabem e vão direto te agredindo. Pra
eles o problema sempre é aqui (no CPD).”
As questões sobre hardware e software foram inseridas no questionário em função
dos discursos identificados na entrevista aberta: “Os computadores são precários.
Antigos. Pra ter um atendimento bom tem que ter um equipamento bom também,
eu acho”.
No caso do hardware, sua desatualização incorre em demoras indesejadas no
atendimento. No caso do software desatualizado, ocorre impossibilidade de atendimento.
Por exemplo, pode ocorrer que um usuário solicite atendimento para solução de
problemas no uso de aplicativos do Office 2000, na plataforma Windows Millenium,
enquanto que o CPD pode estar legalmente restrito ao uso do Windows 98 ou Office 97
(o que efetivamente ocorria no período da pesquisa).
Apesar da potencial influência na atualização de software e hardware nos níveis de
estresse dos atendentes, os resultados mostram que os atendentes estão satisfeitos com os
que são utilizados na CA. Neste particular, há que se ter um cuidado especial. Os usuários
internos da UFRGS também têm, em geral, hardware e software desatualizados em
77
função da carência de recursos orçamentários. Somente as Unidades que possuem
recursos próprios provenientes de projetos de pesquisa ou de serviços prestados podem
adquirir equipamentos e programas atualizados.
O potencial aumento de nível de estresse pela deficiência do hardware e software é,
portanto, parcialmente neutralizado. No entanto, sendo a CA um centro de competência
de suporte das atividades da Universidade, deve manter uma reserva de recursos para as
atualizações necessárias.
4.7.5.
Organização do Trabalho
Para o constructo Organização foram propostas questões sobre o relacionamento pessoal,
horário, número de atendentes, suporte e treinamento. Os resultados encontram-se na
Tabela 17. Verifica-se que há um desvio padrão elevado no item relativo ao intervalo
para o almoço e que as médias não apresentam valores de insatisfação.
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
média desvio
Relacionamento com colegas
13,367 0,980
Relacionamento com a chefia
13,856 0,772
Relacionamento com colegas de outros setores 11,144 3,549
Horário de Trabalho
11,000 4,737
Número de servidores
10,744 3,775
Número de bolsistas
11,611 3,555
Suporte dos colegas
11,311 3,667
Suporte de colegas de outros setores
9,167 4,311
Treinamento prévio
11,000 4,272
Treinamento periódico
11,144 3,626
Procedimento padrão
11,689 2,792
Prejuízo da instituição na parada para almoço
8,378 4,920
Tabela 17 – resultado do questionário para o constructo Organização do trabalho
78
Organização
Relacionamento com a chefia
Relacionam. com colegas
Procedimento padrão
Número de bolsistas
Suporte dos colegas
Treinamento periódico
Relacionamento com colegas de outros setores
Treinamento prévio
Horário de Trabalho
Número de servidores
Suporte de colegas de outros setores
Prejuízo da instituição na parada para almoço
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9 10 11 12 13 14 15
Figura 25 - médias em ordem decrescente para o constructo Organização do Trabalho
Nas entrevistas foram identificadas demandas relativas ao horário de trabalho dos
atendentes e funcionários e demandas relativas à falta de colaboração de colegas de
outros setores.
O relacionamento com a chefia é o melhor pontuado (satisfação). Tal resultado é coerente
visto que a chefia trabalhou muitos anos na condição de atendente e tem grande
experiência relativa às suas dificuldades. O relacionamento entre colegas também é muito
bem pontuado e pode ter correlação com o fato de não haver divisão física entre os postos
de trabalho. O discurso registrado em entrevista aberta corrobora com os resultados: “O
relacionamento com os colegas é como qualquer relacionamento, com qualquer
colega ou com filho ou com família. Relacionamento é relacionamento. O estresse é
com o atendimento, não tem nada a ver com as pessoas que trabalham ali. Claro. Às
vezes as coisas acumulam. É óbvio né? Às vezes dá algum estresse mas nada grave
que fique alguma seqüela.”
79
O Procedimento Padrão foi elaborado pela chefia com base em sua experiência de 10
anos como atendente, com base em seu profundo conhecimento sobre as relações dos
usuários da comunidade universitária com os atendentes. Há que se destacar
positivamente o procedimento em relação ao usuário que é atendido pessoalmente na CA.
A regra determina que se o atendente está fazendo um atendimento telefônico e um
usuário entra na CA, o atendimento telefônico deve continuar sem interrupção e, da
mesma forma, se o atendente está conversando com um usuário na CA, ele não deve
atender o telefone se ele tocar, respeitando o usuário que veio pessoalmente. Outra regra,
de extrema importância para prevenção da ocorrência de estresse, é a possibilidade de
transferência da ligação à supervisão quando ocorrer um desentendimento com o usuário,
porém, esta transferência somente ocorrerá, se o atendente não faltar com o respeito
devido ao usuário. Caso isto ocorrer, o atendente deverá assumir a responsabilidade.
A demanda verbalizada durante as entrevistas e não confirmada no questionário, relativo
à importância do suporte de colegas de outros setores (“É um setor que precisa a
colaboração dos outros setores.”), surge da necessidade do trânsito rápido de
informações sobre problemas na rede da Universidade. Para qualquer problema que
ocorra, há uma enorme demanda de usuários buscando soluções na CA. Se o atendente
não estiver bem informado sobre uma determinada ocorrência, a credibilidade da CA é
imediatamente posta em dúvida pelo usuário que busca uma informação just in time de
um centro de competência, o que certamente pode contribuir para aumentar os níveis de
estresse nos atendimentos.
A demanda não foi confirmada no questionário por não ter sido entendida no sentido que
o autor esperava. Os atendentes estão satisfeitos com o suporte dos colegas de outros
setores quando lhes é solicitado, no entanto, falta-lhes a antecipação da informação
relativa a problemas nos sistemas ou na rede.
O item relativo ao intervalo para o almoço tem origem no discurso registrado na
entrevista aberta: “Trabalhando dois turnos, a gente fica preso aqui de manhã e de
tarde. E todo esse estresse do atendimento ao público”. A CA realiza atendimentos
das 8h às 12h e das 14h às 18h, havendo, portanto, interrupção das 12h às 14h. O desvio
padrão elevado leva á análise individualizada. Das respostas individualizadas (Figura 26)
80
verifica-se que, para a questão sobre a parada para o almoço destacam-se as respostas do
atendente 3 e 8, ambos bolsistas (jornada de um turno) em que, para eles, não há prejuízo
para a instituição na parada para o almoço. Para a questão do horário de trabalho
destacam-se as respostas dos atendentes 1 e 6, ambos funcionários (trabalho em dois
turnos), em que, estão muito insatisfeitos com o horário de trabalho. Os demais
consideram que é grande o prejuízo da instituição com a parada para o almoço, porém
estão satisfeitos com o horário de trabalho.
Nas entrevistas, nenhum dos atendentes referiu-se a pausas durante a jornada de trabalho,
e portanto, não foi incluído um quesito sobre isso no questionário. Os atendentes têm
autonomia para regular suas pausas. Há um espaço físico na própria sala para tomar café
e fazer lanche e podem livremente interromper o trabalho para ir ao banheiro, ou sair para
fumar. A auto-regulação de pausas, já ressaltado por Peres e Guimarães (2002), é um
fator extremamente positivo e deve ser destacado. Kroemer & Grandjean (2000)
recomendam que, para trabalhos com alta demanda mental deve haver várias pausas
curtas, além de pausas de 10 a 15 minutos na metade da jornada, asseverando que devem
ser realizadas pausas espontâneas, tantas quanto forem necessárias, para manutenção da
atenção, concentração, tolerância e bem estar. A aplicação desta recomendação
certamente encontra maior viabilidade no serviço público do que em empresas privadas,
em especial, aquelas que impõem metas de superação de médias, conforme será visto a
seguir.
Na CA da UFRGS não há um sistema eletrônico de gerenciamento de chamadas como é
típico em centrais de atendimento. Tais sistemas gerenciadores eletrônicos, via de regra,
controlam a distribuição de chamadas entre os atendentes, computando automaticamente
o número de ligações atendidas por operador e o tempo de atendimento e, por
conseqüência, medem a produtividade em tempo real que pode ser acessada a qualquer
momento pelo gerente, através de um monitor. Isto permite aos gerentes de centrais de
atendimento estabelecer médias de produtividade. A partir do estabelecimento de médias,
podem ser estabelecidas metas de superação destas médias. Nestes sistemas, várias
situações de constrangimento podem ser impostas, que inclui ainda ritmos incompatíveis
com as capacidades humanas conforme alertado por Santos et al. (1999). Os operadores,
81
nestas centrais, são induzidos a não parar, nem mesmo para ir ao banheiro. Para avaliar a
qualidade do atendimento, estes sistemas permitem a realização de escutas sem que o
atendente tenha conhecimento, impondo mais um constrangimento ao operador.
Evidentemente, o estabelecimento de metas de superação de médias tende ao infinito,
sendo que o limite pode ser o colapso físico e, principalmente, psíquico do operador.
As questões relativas ao horário, envolvem situações de análise técnica e legal, quais
sejam:
a) os funcionários possuem contratos de 40 horas semanais, no entanto suas
atividades equiparam-se a atividades das telefonistas da Universidade (relativo ao
uso do telefone e não ao conteúdo da tarefa), que cumprem jornada de 6 horas; a
redução da jornada de trabalho dependeria de um parecer da Procuradoria Geral
da Universidade;
b) os bolsistas têm contratos de 20 horas semanais;
c) um grande número de atividades na Universidade não são interrompidas no
horário de almoço, como o serviço de Protocolo, serviço do Núcleo de Saúde,
serviço de alimentação (restaurante universitário), vigilância, alguns serviços de
Recursos Humanos, bem como inúmeras atividades em Laboratórios de Pesquisa
em que os estudos e ensaios realizados não podem ser interrompidos.
d) A não interrupção no horário de almoço seria um fator facilitador para usuários
externos.
e) O incremento de 2 horas no funcionamento da CA necessariamente incorreria no
aumento do número de funcionários ou bolsistas ou ambos.
82
Prejuízo da instituição na parada
para almoço
Horário de Trabalho
.
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1
2
3
atendentes
4
5
6
7
8
9
atendentes
Figura 26 - interrupção para o almoço e horário de trabalho
4.7.6.
Dores
Nas entrevistas não foram mencionadas dores. Porém, houve demandas quanto ao
mobiliário e quanto a segurar o telefone gancho entre a orelha e o ombro, denotando a
possibilidade de desconforto e dores, justificando a inclusão de questões relacionadas no
questionário para verificação. Os resultados indicaram elevada medida de variabilidade
para as respostas, sendo necessária uma análise individualizada.
DORES
Média desvio
Pés
7,189
4,399
Mãos / punhos
6,544
4,091
Braços
5,744
4,609
Pernas
5,633
5,039
Cabeça
5,356
5,390
Tabela 18 – resultados do questionário para o bloco Dores
83
Dores
Pés
Mãos / punhos
Braços
Pernas
Cabeça
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
Figura 27 - médias em ordem decrescente para o bloco Dores
O desvio padrão elevado parece ter origem em diferenças importantes entre os
atendentes. A análise individualizada dos resultados mostra que o atendente 1 pontuou
todos os itens como situação de muita dor, o atendente 7 pontuou a cabeça como muita
dor e o atendente 9 pontuou as pernas e pés como situação de muita dor. Observe-se que
estes três atendentes têm uma característica comum: são funcionários e, portanto, têm
uma jornada de trabalho maior do que os bolsistas e, além disso, suas idades situam-se
entre 37 e 57 anos, enquanto os bolsistas estão na faixa de 18 a 25 anos. A duração da
jornada de trabalho e a idade são fatores importantes e que influenciam diretamente na
relação entre dor e trabalho.
Braços
Mãos / punhos
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1
atendentes
2
3
4
5
6
atendentes
84
7
8
9
Cabeça
Pernas
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1
2
3
atendentes
4
5
6
7
8
9
atendentes
Pés
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
atendentes
Figura 28 - dores
Nas entrevistas, o discurso relativo a queixas quanto ao telefone tipo gancho era
invariavelmente referido com relação à liberação das mãos para manusear o mouse,
digitar e escrever. Não foi registrado nenhum discurso em relação a dores ou mesmo,
desconforto.
Os resultados confirmam as análises realizadas pela aplicação da metodologia RULA
adaptada por Lueder (1996) para o caso específico do trabalho com microcomputador
associado a telefone, o qual indica que o risco existe. Dores podem ou não se manifestar
no futuro, mas investigações e mudanças são requeridas imediatamente para fins de
prevenção (nível de ação 4).
85
4.7.7.
Valorização do Trabalho
Para o constructo Valorização foram propostas questões com objetivo de pesquisar a
percepção dos atendentes com relação ao próprio trabalho e de como percebem suas
relações com o usuário e a instituição como um todo. Tal proposta está inserida no
enfoque macroergonômico, em que as observações não se restringem ao posto de
trabalho, mas a um sistema interativo de um contexto organizacional e psicossocial. Os
resultados são apresentados na Tabela 19.
VALORIZAÇÃO NO TRABALHO
média desvio
Chefia reconhece o valor do trabalho ?
11,611 2,595
O seu trabalho faz você se sentir valorizado?
9,567
2,803
O CPD reconhece o valor do seu trabalho ?
8,689
3,223
A Ufrgs reconhece o valor do seu trabalho ?
6,911
4,021
O usuário reconhece o valor do seu trabalho ?
5,622
3,136
Tabela 19 – resultados do questionário para o bloco Valorização no Trabalho
Valorização
Chefia reconhece o valor do trabalho ?
O seu trabalho faz você se sentir valorizado?
O CPD reconhece o valor do seu trabalho ?
A Ufrgs reconhece o valor do seu trabalho ?
O usuário reconhece o valor do seu trabalho ?
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Figura 29 - médias por ordem decrescente para o bloco Valorização no Trabalho
86
Conforme visto na revisão de literatura, a valorização da atividade traz um sentido de
julgamento (Merlo, 1999) e que para bem julgar é necessário pertencer ao metiér e
respeitar as suas regras. Verifica-se, na Tabela 19, que há indícios de que os atendentes
consideram que a chefia reconhece o valor do trabalho realizado por eles (média 11,61).
Também, no discurso dos atendentes por ocasião das entrevistas, não se registraram
demandas em relação à chefia. A chefia foi atendente por 10 anos e, evidentemente,
conhece muito bem o metiér. Por outro lado, o usuário não é conhecedor das regras do
trabalho dos atendentes e há indícios de que é tido pelos atendentes como um mal
julgador (média 5,66).
Em termos de sistema, verifica-se que, na percepção dos atendentes, há uma redução
progressiva da percepção da valorização do trabalho, na medida em que há um
afastamento do núcleo do CPD. Os resultados trazem, portanto, indícios de que os
atendentes consideram que sua chefia e os demais funcionários do CPD valorizam o
trabalho por eles realizados, porém não sentem da mesma forma o reconhecimento do
sistema como um todo.
Neste bloco, a análise estatística não identificou consistência interna (alfa de Cronbach <
0,55). Por esta razão, deve-se ter o cuidado de não tomar os resultados como parâmetros,
mas como indícios. Várias hipóteses podem ser formuladas para justificar o ocorrido.
Isto pode estar relacionado com os diferentes objetivos pessoais dos integrantes da equipe
de trabalho e a situação de crise que vive a universidade pública brasileira. Tais situações
não poderiam ser deixadas de lado, numa pesquisa macroergonômica.
Os atendentes bolsistas da CA, pela natureza de seu contrato de trabalho, não têm
compromissos primordiais com a Instituição. Seus interesses no trabalho na CA estão
voltados principalmente para dois aspectos básicos: buscar do trabalho realizado uma
experiência prática que contribua para sua formação educacional e, ao mesmo tempo,
obter recursos da bolsa para ajudar na manutenção de seus estudos. Não estão
preocupados com a valorização do seu trabalho, por eles mesmos, ou por outros.
87
Já, para os atendentes funcionários, a situação é diferente. O compromisso com a
Instituição é inerente ao contrato de trabalho. É deste contrato que provém os recursos de
seu sustento e que integrarão a sua renda familiar. A sua ascensão funcional estaria
estreitamente ligada às suas relações no sistema, no entanto, cada vez mais as regras do
contrato vem se lhe apresentando negativas, com redução de benefícios presentes
(salário) e futuros (assistência à saúde, aposentadoria). A presença cada vez maior de
bolsistas tomando o lugar de funcionários pela falta de autorização governamental para
concursos públicos pode ser tomada pelo funcionário como desvalorização do seu
trabalho que, de uma forma ou de outra, é sua carreira e da qual almeja obter uma
realização profissional.
Como paradigma, tem-se a situação dos professores universitários, em que se verifica um
grande e crescente número de professores substitutos, com salários reduzidos, tomando o
lugar das vagas de professores do magistério superior, igualmente pela restrição aos
concursos.
Neste contexto histórico, a análise deste bloco pode trazer à tona um IDE de caráter
simbólico e não revelado, que se presta à apreciação e diagnóstico ergonômico, mas que
teria difícil tratamento na fase de projetação ergonômica visto que possui caráter
intangível ao ergonomista.
4.7.8.
Listagem das IDEs por constructo por ordem de prioridade e
diretrizes de soluções a examinar na fase de projetação
De acordo com a metodologia da AMT, a apreciação deve finalizar com um quadro geral
mostrando os IDEs mais importantes (prioritários) que deverão ser analisados e
detalhados na fase de diagnóstico.
88
A partir dos levantamentos, verificaram-se deficiências nos níveis de iluminamento, na
qualidade da iluminação, ruído ambiental em níveis de desconforto acústico, níveis de
ruído em fones potencialmente capazes de causar danos, temperatura em situação de
desconforto térmico. Verificou-se que para o IDE ruído, não há meios de regulação, ao
passo que para iluminamento e temperatura, os próprios atendentes encontraram soluções
de contorno. Ainda, neste constructo, verificou-se que os atendentes não desejam
segregação por divisórias acústicas como é típico em projetos de centrais de atendimento.
O levantamento com a participação indireta dos atendentes permite afirmar que o
mobiliário e equipamentos impõem constrangimentos posturais. O levantamento com a
participação direta dos atendentes indicam que os mesmos estão satisfeitos em não haver
separação física entre os postos de trabalho (média 10,3). Tal achado tem coerência com
as observações de Bagnara (2000) de que o projeto de estações de trabalho para call
centers e telefonistas que privilegia a proteção do operador de interferências, com
separação física, é uma forma de exclusão social. Há coerência, também, com o desejo
dos atendentes da CA de não segregar os atendimentos ao usuário pessoalmente. A
inexistência de divisórias entre os postos de atendimento na CA da UFRGS apresenta-se,
em verdade, como uma vantagem. O espaço livre entre os atendentes lhes possibilita uma
atmosfera amigável pois lhes permite o relacionamento humano visual e de comunicação
entre si (conversar), garantindo a sociabilização e, também, troca de experiências e
informações, sejam de cunho pessoal ou de assuntos de trabalho.
A Figura 30 é um desenho de um call center apresentado em uma peça publicitária da
Absolut Meble Biurewe, uma indústria moveleira polonesa, onde não há divisórias entre
os operadores e há operadores na posição em pé. Neste tipo de projeto, há valorização da
possibilidade de interação entre os atendentes e a alternância de postura em pé e sentado.
A questão do trabalho em pé e sentado na CA da UFRGS não se apresentou como um
IDE dos atendentes, mas deverá ser abordada na fase de projetação como um ID.
89
Figura 30 – desenho de call center em peça publicitária polonesa
Por outro lado, é muito comum a segregação física em projetos de call center. Este tipo
de projeto valoriza a proteção contra a interferência do ruído, no entanto prejudica a
socialização e comunicação entre os atendentes. As figuras são exemplos deste tipo de
projeto. A Figura 31 apresenta dois modelos da empresa Eikonbrasil ( www.eikonbrasil.
com.br). A Figura 32 apresenta o leiaute de call center da empresa Movelaço
(www.movelaco.com.br). A Figura 33 três modelos da Interior Concepts,
(www.interiorconcepts.com).
90
Figura 31 – projetos de postos de call center em peça publicitária brasileira
Figura 32 – projeto de call center em peça publicitária brasileira
Figura 33 – projeto de call center em peça publicitária americana
91
Também foi possível identificar demandas relativas ao tipo de aparelho telefônico (2°
IDE de maior peso de importância), número de ramais, mesas e cadeiras. O
posicionamento dos equipamentos e o espaço para anotações são função direta do tipo de
mobiliário e deverão ser levados em conta na projetação ergonômica, assim como a
demanda por espaço para guarda de objetos pessoais, com chave.
Os levantamentos realizados, para o constructo Conteúdo, revelam que a digitação de
Boletins de Atendimento preenchidos manualmente é um fator de monotonia. A digitação
é realizada sempre pelo atendente 9. Tal atividade caracteriza-se como repetitiva e de
longa duração sem possibilidade de desligar-se mentalmente do trabalho conforme visto.
A análise individualizada deste item forneceu um importante subsídio para formular-se a
hipótese de que eliminando-se seu preenchimento manual e posterior digitação, eliminarse-ia a manifesta monotonia a que está submetido este atendente, pela predominância de
serviços de digitação. Trata-se, portanto, de uma questão de alargamento da tarefa,
dando-lhe a oportunidade de realizar outras tarefas. Tecnicamente, não há maneira de
enriquecer a tarefa de digitação de dados escritos contidos no Boletim de Atendimento.
Para o constructo Atendimento o levantamento com a participação direta dos atendentes
permite afirmar que o estresse no atendimento é prioritário em relação a qualquer outro
IDE, porém não permitiu identificar o tipo de usuário que tem maior contribuição para
este estresse. A literatura revisada indica que há meios eletrônicos de se realizar o
monitoramento dos atendimentos incluindo escuta, gravação e até detecção de alteração
emocional de voz. Por outro lado, o monitoramento de qualquer tipo é um fator de
estresse para os atendentes. Neste sentido, deve prevalecer os ensinamentos de Bleger
(1979) de que os problemas e conflitos de um grupo operativo devem ser estudados pelo
próprio grupo e de Merlo (1999) de que num espaço comum, com a participação de
todos, eles podem decidir a melhor maneira de realizar uma tarefa através de um
consenso que a legitime, conforme a literatura revisada.
Na CA não há escuta ou gravação de chamadas. Os problemas, dúvidas, críticas e
sugestões são verbalizados em reuniões mensais de todo o grupo conforme
“Procedimentos Internos”, visando solucionar problemas. Em consonância com a
metodologia participativa da presente análise ergonômica, e com a revisão de literatura
92
realizada, na fase de projetação ergonômica deve-se excluir qualquer proposta que venha
a introduzir sistemas de gravação e escutas de chamadas para fins de monitoramento,
mesmo que a finalidade seja simplesmente identificar o tipo de usuário que mais
contribui para o estresse nos atendimentos.
Tais procedimentos de monitoramento pressupõem avaliações onipotentes externas, que
além de serem procedimentos antipáticos, podem representar a introdução de estressores
externos ao grupo operativo. Além disso, conforme Santos et al. (1999) a escuta não é
eficiente na melhoria da qualidade do atendimento. Poder-se-ia, ao contrário, propor um
aumento da freqüência das reuniões do grupo previstas nos “Procedimentos Internos”. O
aprendizado das formas de prevenir e lidar com os conflitos com os usuários deverá vir à
tona a partir destas reuniões, pelo compartilhamento das experiências individuais com o
grupo. Face ao verbalizado na fase de entrevistas (“É fundamental ter uma apoio
psicológico”), poder-se-ia, inclusive, propor ao grupo, a presença de um especialista da
área de psicologia da Divisão de Saúde da universidade, em algumas destas reuniões,
caso for de interesse do grupo, como um todo.
Ainda para este construto, propõe-se que a identificação dos problemas no atendimento
ao usuário pode ser realizada via indireta (sem monitorar os atendentes), pela realização
de uma pesquisa de satisfação junto aos usuários, que pode ser encomendada dentro da
própria Instituição, já que a UFRGS conta com centros de pesquisa e Institutos nesta área.
Tal pesquisa poderia ser realizada, inclusive, como atividade didática de alunos.
Para o constructo Organização, identificou-se que a falta de aviso de uma ocorrência na
rede ou no sistema, por parte de funcionários de outros setores do CPD pode aumentar os
níveis de estresse nos atendimentos, visto que o atendente não teria a informação precisa
e necessária para dar ao usuário reclamante. Para evitar este tipo de estresse no
atendimento ao usuário, o atendente deve ser sempre imediatamente informado sobre
qualquer ocorrência.
Outro fator organizacional identificado como demanda é a duração da jornada de trabalho
dos atendentes funcionários, que é de 8 horas. Os atendentes bolsistas têm jornadas entre
4 e 6 horas. A solução relativa à redução da jornada dos atendentes funcionários envolve
93
questões jurídicas visto que podem ser legalmente equiparados à função de telefonista
(não quanto ao conteúdo, mas a forma e ao meio de trabalho). Deverá ser também
avaliado o prejuízo da instituição com a interrupção de atendimento entre as 12h e 14h
para as atividades administrativas, vigilância, saúde, alimentação, ensino e pesquisa, e
nas relações com o usuário externo.
A presença de dois grupos distintos (funcionários e bolsistas), com objetivos pessoais
diferentes, no ambiente da CA, por um lado pode ser um fator negativo quanto à
percepção da valorização no trabalho. A política governamental de administração do
serviço público vem restringindo a renovação do quadro de pessoal efetivo (restrições de
concursos) e permitindo a contratação de bolsistas (ou professores substitutos) para
preencher vagas nas universidades públicas. Por outro lado, esta convivência possibilita a
troca de experiências e este é um fator positivo.
Entre os fatores organizacionais positivos e, por conseguinte, não trouxeram demandas
incluem-se a auto-regulação de pausas, a inexistência de sistemas eletrônicos de
monitoramento, a inexistência de estabelecimento de metas de atendimento e o bom
relacionamento dos atendentes entre si e com a chefia.
A questão de remuneração variável (prêmio por produção) não é abordada neste estudo
de caso, pois não é permitida no serviço público, mas mesmo que fosse permitida, não
seria uma diretriz a ser aplicada, visto que seria um fator de aumento de pressão no
trabalho como a auto- aceleração referida por Santos et al. (1999) e aumento do risco de
ocorrência de LER/DORT (Streit et al., 2000).
A Figura 34 apresenta os IDEs levantados e priorizados pelos atendentes já com
tratamento do especialista. Apresentam, também, o tipo de constrangimento ergonômico
potencial e soluções a serem examinadas na fase de projetação.
As próximas etapas a serem realizadas, pelo método da AMT são a Projetação, Validação
e o Detalhamento, cujo desenvolvimento e apresentação não são objetivos no presente
trabalho, mas que poderão ter continuidade no âmbito da Divisão de Segurança do
Trabalho da Universidade, da qual o autor é integrante, caso haja interesse da Instituição.
94
95
Ambiente
CONSTRUCTO
Constrangimento
Soluções a examinar
Ruído
IDE
Redução da atenção e
concentração necessárias ao
atendimento do usuário.
Irritação, nervosismo,
agressividade, dor de cabeça.
Risco de danos auditivos no uso
do telefone.
Qualidade da
iluminação e nível
de iluminamento.
Redução da eficiência e
produtividade, ambiente
desagradável, fadiga visual,
dificuldade de adaptação do
olho, cintilação, reflexo,
ofuscamento.
Desconforto térmico.
Instalar um posto para o atendimento
pessoal ao usuário sem divisória, mas
afastado dos postos de atendimento por
telefone de modo a minimizar
interferências na comunicação telefônica.
Contemplar mudança de leiaute de modo a
aproximar os atendentes, possibilitando
baixar o tom de voz.
Eliminar campainhas de telefone
substituindo por sinal luminoso.
Projeto de luminotécnica observando
níveis de iluminamento da norma,
aumentando o aproveitamento da
iluminação natural – rever tipo de cortinas
– privilegiar iluminação indireta para
evitar reflexos.
Rever ar condicionado central - instalar
dispositivo de regulagem das aberturas dos
dutos.
Projeto do posto de atendimento, devendose excluir a hipótese de segregação física
entre postos de trabalho e incluir estudos
sobre a questão em pé e sentado.
Aquisição de monofone com controle de
volume tipo headset.
Organização
Atendimento
Conteúdo
Biomecânica
Temperatura
Mesa, cadeira,
posição da CPU,
monitor, teclado e
mouse.
Aparelho de
telefone
Espaço para
objetos pessoais
Compartilhamento
de ramais – número
de ramais
Informatização do
Boletim de
Atendimento.
Desentendimentos
no atendimento ao
usuário
Desatualização do
hardware e
software
Falta de suporte de
colegas de outros
setores quanto ao
trânsito de
informações sobre
ocorrências na rede
e sistemas.
Horário de trabalho
dos funcionários.
Atual: desconforto.
A curto prazo: LER/DORT
A médio prazo: afastamentos
Imposição de postura
inadequada segurando o gancho
entre o pescoço e ombro.
Insegurança.
Local para guarda de objetos com chave.
Deslocamentos constantes e
contratempo.
Aumento do número de ramais: um ramal
para cada posto.
Monotonia na tarefa de digitação
de dados do Boletim de
Atendimento manuscrito pelos
atendentes. Repetitividade. Falta
de estímulo. Atividade psíquica
reduzida.
Estresse, irritação, fadiga geral,
ansiedade, instabilidade
emocional.
Informatizar o Boletim de Atendimento.
Alargar atividades do atendente 9.
Revisão do horário de trabalho,
procedimentos de contorno, aumento da
freqüência das reuniões mensais, oferta de
suporte psicológico, pesquisa de satisfação
do usuário.
Reserva de recursos.
Impossibilidade ou demora no
atendimento ao usuário
aumentando os níveis de estresse
Aumento do nível de estresse no Estudar sistemática de aviso imediato aos
atendimento ao usuário.
atendentes em caso de ocorrência de
problemas na rede e sistemas do CPD.
Aumento do nível de estresse
pelo trabalho em 2 turnos de 4
horas.
Figura 34 – IDEs por constructo para a CA da UFRGS
96
Equiparação ao horário das telefonistas.
Manter pausas auto-reguláveis.
CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1. Conclusões e Recomendações
A metodologia da Análise Macroergonômica do Trabalho (Guimarães, 2001), aplicada ao
estudo de caso da Central de Atendimento da UFRGS com a utilização do ferramental do
Design Macroergonômico desenvolvido por Fogliatto e Guimarães (1999), mostrou-se
eficiente na identificação e priorização de demandas ergonômicas também em ambiente
universitário.
A aplicação da metodologia evidencia que o estudo ergonômico não se completa se
estiver restrito a fatores físicos, ambientais, antropométricos e biomecânicos. A
exploração das questões organizacionais e psicossociais das relações do homem no seu
posto de trabalho, de forma participativa, no contexto amplo em que estão inseridos
(macroergonomia) se apresentam fundamentais na identificação e priorização dos itens de
demanda ergonômicos bem como traz à tona os potenciais fatores estressores
contributivos da incidência de LER/DORT.
O estudo de caso traz indícios confirmatórios com os achados de Ferreira et al. (2001) de
que o nível de satisfação com o arranjo da estação de trabalho de microcomputador e
telefone é secundário em relação ao ambiente psicossocial e organizacional pobre. Os
movimentos repetitivos e posturas estáticas prolongadas apresentam-se como
constrangimentos adicionais num contexto de alta exigência de comunicabilidade,
linguagem, cordialidade, responsabilidade, interpretação, receptividade, percepção,
empatia e eficiência no momento exato (just in time) das atividades de atendimento em
um call center.
97
Sendo o estresse causado no atendimento ao usuário agressivo, o principal IDE
identificado, conclui-se que o que está em jogo não está restrito aos aspectos físicos
ambientais, biomecânicos e as conexões analógicas digitais representadas pelos meios
eletrônicos de comunicação, mas principalmente e fortemente pela “conexão humana”.
Para avaliação dos resultados, a análise individualizada das respostas considerou as
medidas de variabilidade (desvio padrão). A análise das questões com desvio padrão
elevado fornece os subsídios importantes e necessários à priorização dos IDEs, pois
representam divergência nas respostas. A análise individualizada é viável quando o
estudo é realizado numa população pequena. Para outros estudos que vierem a ser
realizados com a utilização do DM, em que a população estudada for pequena,
recomenda-se que sejam realizadas análises individualizadas nos casos de desvio padrão
elevado, pois podem, inclusive, revelar IDEs ocultos ou simbólicos relacionados com as
características do indivíduo.
No questionário, também, recomenda-se a inclusão de quesitos quanto ao grau de
importância de modo que se relacione ao grau de satisfação, sendo mais um auxilio na
priorização dos IDEs. Uma alternativa de análise para amostras pequenas é o uso de
Estatítica Não-Paramétrica. Ver Siegel (1988).
O estudo procurou identificar a quantidade e a gravidade do estresse nos
desentendimentos com os quatro tipos de usuários da CA, porém os dados coletados não
permitiram um parecer conclusivo. A CA não utiliza nenhum método de monitoramento
como escuta ou gravação de atendimentos. Optou-se por não propor qualquer tipo de
monitoramento visto que a revisão bibliográfica indica que o monitoramento pode ser um
fator de estresse. A análise individualizada apresentou indício de que os
desentendimentos mais importantes ocorrem com o usuário externo. Recomenda-se que
o CPD encomende uma pesquisa do nível de satisfação dos usuários, com objetivo de se
identificar fatores que possam ser melhorados.
O caráter participativo do método encontra especial afinidade com as características
próprias de uma instituição de ensino superior democrática e que deve ser paradigma para
98
a comunidade em geral e especialmente a seus alunos egressos, os quais estarão à frente
de posições de responsabilidade no mercado de trabalho.
As fases de projetação, validação e detalhamento ergonômico que complementam as
fases de apreciação e diagnóstico apresentadas no estudo de caso deste trabalho,
encontram fatores facilitadores na estrutura universitária já existente, ou seja, não haveria
custos adicionais.
A realização deste estudo é muito importante para o aprofundamento das questões
relativas à saúde e ambiente de trabalho na UFRGS. A pesquisa realizada no estudo de
caso mostra que a inserção da cultura macroergonômica participativa tem real potencial
de identificação de problemas, prioridades e proposição de soluções no ambiente
universitário apresentando um diferencial significativo com o que historicamente foi
realizado de fato, a despeito das mudanças nos processos de trabalho.
Por fim, o presente trabalho vem também contribuir para a consolidação da importância
do Mestrado Profissional que é dirigido a profissionais atuantes em busca de maior
qualificação, diferentemente daquele que busca formação de docente ou pesquisador. O
autor é Engenheiro de Segurança da DST da UFRGS e buscou métodos e ferramentas
desenvolvidos na academia para aplicação prática profissional na própria instituição em
que trabalha. O presente trabalho cumpre com o objetivo do Mestrado Profissional, em
que do aluno se espera que o trabalho de conclusão contemple soluções de problemas de
interesse da empresa ou setor de atuação profissional.
5.2. Limitações do Estudo
O estudo de caso limitou-se à apreciação e diagnóstico ergonômico, culminando com a
formulação de diretrizes para a fase de projetação em que uma equipe de projeto poderá
levantar os Itens de Design (IDs) necessários ao atendimento dos IDEs.
99
O estudo de caso buscou identificar o tipo de usuário que tem maior influência nos
desentendimentos, que é o fator de estresse identificado como de maior peso de
importância entre os IDEs. No entanto, os resultados trouxeram apenas indícios. Outros
métodos podem ser realizados para a confirmação destes indícios. Propõe-se uma
pesquisa de satisfação junto ao usuário, já que há restrições ergonômicas para
implantação de sistemas de monitoramento direto em Centrais de Atendimento.
O estudo aborda uma Central de Atendimento de uma Universidade Pública cujos
atendentes (bolsistas e funcionários públicos) têm características e objetivos diferentes
entre si, e também diferentes de outros empregados de centrais de atendimento do setor
privado.
O estudo não abordou a questão do trabalho em pé e sentado, uma vez que não apareceu
como Item de Demanda Ergonômica (IDE) dos atendentes da CA. Este estudo poderá ser
realizado na fase de projetação ergonômica em que os especialistas agregam os Itens de
Design (IDs).
5.3.
Contribuições para a administração da saúde e segurança na
universidade pública brasileira
A implementação da proposta da metodologia participativa da AMT no âmbito da
UFRGS, em caráter permanente, poderá trazer importantes contribuições para as questões
de segurança, saúde e qualidade de vida da comunidade universitária.
Ciente da necessidade de uma nova visão das coisas relacionadas com a saúde nos
processos de trabalho, o Departamento de Assuntos da Comunidade Universitária
(DACOM) da UFRGS tem, nos últimos anos, procurado difundir uma visão
prevencionista, em oposição à visão anacrônica relacionada com simples pagamentos de
adicionais (insalubridade / periculosidade) e assistência médica e psicológica a quem já
foi acometido por um agravo.
100
Desde 1994, estão sendo realizados esforços neste sentido, que envolvem negociações
entre a Reitoria e seus órgãos de assessoramento e a Associação de Servidores
(ASSUFRGS) e Associação de Docentes (ADUFRGS).
Em 1997, foram estabelecidas, oficialmente, através da Portaria n° 1992/97, as bases para
a formação das Comissões de Saúde e Ambiente de Trabalho (COSATs) e o Conselho de
Saúde e Ambiente de Trabalho (CONSSAT), com a inclusão de representantes do
Diretório Central de Estudantes (DCE), de forma pioneira entre as IFEs. Esta Portaria, em
resumo, adaptou ao regime jurídico dos servidores públicos a legislação referente à
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) prevista na NR-05 da Portaria
3.214/78 do Ministério do Trabalho, para os empregados do setor privado regidos pela
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
No entanto, de 1997 até o presente, a implementação das ações necessárias para as
melhorias buscadas vêm ocorrendo de forma muito lenta e pouco efetiva. A universidade
poderá encontrar na metodologia participativa da AMT os meios necessários para a
efetivação de melhorias na forma de um programa continuado e permanente de
ergonomia viabilizado por um Comitê de Ergonomia (COERGO), com papel integrador
entre a comunidade universitária e os setores legalmente responsáveis pela identificação e
avaliação de riscos e pelas ações preventivas ou corretivas de todas as situações que
podem trazer agravos potenciais para a saúde e integridade física e conseqüentes perdas
de eficiência e produtividade, no contexto atual de aproveitamento máximo dos escassos
recursos materiais e humanos na Universidade Pública. A universidade já possui a
estrutura necessária e suficiente para a prática da AMT.
As fases de apreciação e diagnóstico ergonômico podem ser coordenadas pelos
engenheiros e técnicos da Divisão de Segurança do Trabalho na identificação e
priorização dos IDEs. Na fase de projetação, em que devem ser agregados os Itens de
Design (IDs), ou seja, os itens de projeto levantados por especialistas, integrar-se-iam os
médicos do trabalho, enfermeiros e psicólogos da Divisão de Saúde e Junta Médica (DS e
JM).
101
As alternativas de projetos, incluindo levantamento de custos, podem ser desenvolvidas
com a colaboração dos engenheiros e arquitetos da Prefeitura Universitária. Os projetos
podem ser materializados, na marcenaria e serralheria da Universidade, em mock ups e
protótipos para testes.
Na fase de validação, os protótipos poderão ser, então, utilizados pelos usuários diretos
do setor de trabalho, para verificação da efetividade das melhorias esperadas. Esta
verificação poderia ter tripla validação: análise do usuário direto, análise do ergonomista
e análise da Comissão de Saúde e Ambiente de Trabalho (COSAT) local.
Na fase de detalhamento ergonômico, os protótipos seriam otimizados pela equipe de
projeto com base nas observações realizadas na fase anterior e, após aprovação final do
ergonomista e da COSAT, ter-se-ia um projeto ergonômico em condições de
implementação com sucesso. A par disto, pode-se realizar a implementação das
modificações por etapas conforme as prioridades levantadas e de acordo com as
disponibilidades orçamentárias da Instituição.
Todas as fases pressupõem a participação direta e indireta dos professores, funcionários e
alunos que operam no setor de trabalho que estiver sendo analisado, conforme
preconizado na metodologia da AMT. As representações sindicais (ADUFRGS e
ASSUFRGS) e representação dos alunos (DCE) já têm assento e voz no CONSSAT. A
administração de possíveis conflitos de ordem político-institucionais devem ocorrer no
âmbito do CONSSAT e, se necessário, com a interferência da administração central da
UFRGS. Ao COERGO, cabem as questões de ordem técnico-administrativas, devendo-se
prever dotação orçamentária para recorrer a consultorias externas a especialistas, quando
necessário.
Na Figura 35 apresenta-se um modelo inicial que pode ser objeto de pesquisa para futura
implementação na UFRGS, na forma de um projeto piloto, vislumbrando estender a visão
macroergonômica ao conjunto das Instituições Federais de Ensino (IFEs) do país,
transportando os conhecimentos produzidos na academia para a própria administração
desta academia.
102
COSATs
CONSSAT
COERGO
DST
DCE
DS / JM
ADUFRGS
PU
ASSUFRGS
Médicos,
enfermeiros,
psicólogos.
Engenheiros e
técnicos de
segurança
Representantes
docentes
Engenheiros,
arquitetos,
administradores
Representantes
dos técnicosadministrativos
Figura 35 – modelo para implementação da AMT como programa permanente na UFRGS
103
Representantes
discentes
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ANEXO: QUESTIONÁRIO DE VALIDAÇÃO
Dando continuidade à pesquisa que estamos procedendo solicitamos a sua atenção
para o preenchimento deste questionário destinado a validar o questionamento aberto
anteriormente realizado. Você não deve se identificar. O preenchimento deste
questionário é MUITO IMPORTANTE para o desenvolvimento da pesquisa e terá
repercussão direta no novo projeto do seu ambiente de trabalho. Muito obrigado.
( ) Servidor
Sexo: ( ) Masculino
( ) Bolsista
( ) Feminino
Idade :
Horário de Trabalho; ( ) 8 horas; ( ) 6 horas; ( ) 4 horas; ( ) menos de 4 horas
Escolaridade:
( ) 1o Grau
( ) 2o Grau
( ) 3o Grau incompleto
( ) 3o Grau completo
( ) Especialização
( ) Mestrado
( ) Doutorado
Descreva resumidamente suas atividades:
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
____
Para as questões a seguir você deverá marcar um X sobre a linha de acordo com a sua
opinião.
Exemplo:
Medo do escuro
________________________________________________________________________
_
pouco
neutro
muito
110
1. Relacionamento com os colegas
insatisfeito
neutro
satisfeito
neutro
satisfeito
2. Relacionamento com a chefia
insatisfeito
3. Relacionamento com colegas de outros setores
insatisfeito
neutro
satisfeito
neutro
satisfeito
4. Horário de Trabalho
insatisfeito
5. Temperatura no ambiente em dias quentes
insatisfeito
neutro
satisfeito
neutro
satisfeito
6. Temperatura no ambiente em dias frios
insatisfeito
7. Ruído no ambiente (abstraindo a obra em execução)
insatisfeito
neutro
satisfeito
neutro
satisfeito
8. Intensidade da iluminação
insatisfeito
9. Qualidade da iluminação
111
insatisfeito
neutro
112
satisfeito
10. Número de funcionários para o desenvolvimento do trabalho
insatisfeito
neutro
satisfeito
11. Número de bolsistas para desenvolvimento do trabalho
insatisfeito
neutro
satisfeito
12. Suporte dos colegas para solução dos problemas
insatisfeito
neutro
satisfeito
13. Suporte dos colegas de outros setores para solução dos problemas
insatisfeito
neutro
satisfeito
neutro
satisfeito
neutro
satisfeito
neutro
satisfeito
neutro
satisfeito
14. Hardware
insatisfeito
15. Software
insatisfeito
16. Aparelho de Telefone
insatisfeito
17. Número de ramais disponível
insatisfeito
18. Compartilhamento de ramais
_____________________________________________________________________
insatisfeito
neutro
satisfeito
113
19. Espaço físico disponível
insatisfeito
neutro
satisfeito
neutro
satisfeito
neutro
satisfeito
neutro
satisfeito
neutro
satisfeito
neutro
satisfeito
neutro
satisfeito
neutro
satisfeito
neutro
satisfeito
20. Mesa
insatisfeito
21. Cadeira
insatisfeito
22. Posição da CPU
insatisfeito
23. Posição do teclado
insatisfeito
24. Posição do monitor
insatisfeito
25. Posição do mouse
insatisfeito
26. Espaço para anotações
insatisfeito
27. Espaço para colocar objetos pessoais
insatisfeito
114
28. Fato de não haver divisão física entre os postos de trabalho
insatisfeito
neutro
satisfeito
29. Treinamento prévio (aquele dado antes de iniciar o atendimento ao usuário)
insatisfeito
neutro
satisfeito
30. Treinamento periódico (quando muda ou atualiza software)
insatisfeito
neutro
satisfeito
ASSINALE NA ESCALA A SUA OPINIÃO RELATIVA A
DESENTENDIMENTOS COM USUÁRIOS
31. Procedimento padrão em caso de desentendimento com o usuário
insatisfeito
neutro
satisfeito
32. Quantidade de desentendimentos com usuário professor
nenhum
neutro
muito
33. Quantidade de desentendimento com usuário servidor
nenhum
neutro
muito
34. Quantidade de desentendimento com usuário aluno
nenhum
neutro
muito
35. Quantidade de desentendimento com usuário externo
nenhum
neutro
115
muito
36. Gravidade do estresse causado por desentendimentos com usuários professores
nenhum
neutro
muito
37. Gravidade do estresse causado por desentendimentos com usuários servidores
nenhum
neutro
muito
38. Gravidade do estresse causado por desentendimentos com usuários alunos
nenhum
neutro
muito
39. Gravidade do estresse causado por desentendimentos com usuários externos
nenhum
neutro
muito
MARQUE NA ESCALA O QUE VOC|Ê SENTE DURANTE A JORNADA DE
TRABALHO
40. Você sente dor nos braços ?
pouco
neutro
muito
neutro
muito
neutro
muito
pouco
neutro
muito
44. Você sente dor de cabeça ?
Raramente
neutro
41. Você sente dor nas mãos e/ou punhos ?
pouco
42. Você sente dor nas pernas ?
pouco
43. Você sente dor nos pés ?
116
freqüentemente
MARQUE NA ESCALA O QUE VOCÊ ACHA DO SEU TRABALHO
45. O seu trabalho é monótono ?
pouco
neutro
muito
neutro
muito
46. O seu trabalho é criativo?
pouco
47. O seu trabalho exige atenção e concentração constante?
pouco
neutro
muito
neutro
muito
neutro
muito
48. O seu trabalho é estimulante ?
pouco
49. O seu trabalho exige responsabilidade ?
pouco
50. O seu trabalho faz você se sentir valorizado ?
pouco
neutro
muito
51. Você acha que o usuário reconhece o valor do seu trabalho ?
pouco
neutro
muito
52. Você acha que a chefia reconhece o valor de seu trabalho ?
pouco
neutro
muito
53. Você acha que o CPD, como um todo, reconhece o valor do seu trabalho ?
pouco
neutro
117
muito
54. Você acha que a Universidade, como um todo, reconhece o valor do seu trabalho ?
pouco
neutro
muito
55. Você considera seu trabalho estressante ?
pouco
neutro
muito
56. Você tem autonomia na tomada de decisões ?
pouco
neutro
muito
57. A falta de atendimento da Central de Atendimento no horário do almoço prejudica a
Instituição ?
pouco
neutro
muito
NAS QUESTÕES A SEGUIR MARQUE A RESPOSTA QUE CONSIDERAR MAIS
ADEQUADA
1. Na sua opinião o Boletim de Atendimento deve:
( ) continuar sendo feito através de anotação manual.
( ) ser informatizado.
( ) indiferente.
( ) não tenho como avaliar
2. Na sua opinião o atendimento ao usuário pessoalmente na Central de Atendimento
( ) deve ser eliminado.
( ) deve continuar ocorrendo.
( ) deve continuar, mas numa sala em separado.
( ) indiferente
( ) não tenho como avaliar
118
119