visando 30_art.indd - Instituto Benjamin Constant

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visando 30_art.indd - Instituto Benjamin Constant
visando
VISANDO
Ó R G Ã O I N F O R M AT I VO D O I N S T I T U TO B E N J A M I N C O N S TA N T
IBC / GAB / CCMI
ANO XI
NÚMERO 30
JUNHO DE 2005
NASCE UMA ESTRELA SUPERESPECIAL
Dedicação, carinho e amor ajudaram no surgimento da 1ª atriz cega
do Brasil, aluna do Instituto Benjamin Constant
O Departamento de Elenco da Rede Globo de Televisão tem uma contratada
muito especial: Eduarda
Emerick, de 9 anos, aluna
da 2ª série do Instituto
Benjamin Constant-IBC.
A nova estrela do folhetim
América, muito emocionada, recebeu o convite da
autora da novela, Glória
Perez, e do ex-diretor Jaime Monjardim. Duda, como
é chamada carinhosamente
por todos no IBC, participa
do núcleo dos deficientes
visuais mostrando que é
possível ter uma vida normal apesar das limitações
e provará no desenrolar
da trama, que uma pessoa
portadora de necessidades
especiais bem preparada é
tão boa ou melhor do que
qualquer outra.
Eduarda Emerick esteve nos programas Vídeo
Show, Altas Horas, Jornal
Nacional, A Casa é Sua,
etc. Gravou para o canal
GNT- Portugal uma matéria para a revista eletrônica Braços Abertos, exibida
exclusivamente na terra
de Camões. Outro programa campeão de audiência
a registrar imagens com a
pequena foi o Fantástico,
veiculado no dia 10 de abril
de 2005.
A nova atriz mirim,
além de freqüentar assiduamente as aulas da escola
de cegos mais antiga da
América Latina, estuda in-
glês, balé, teatro e piano.
Superativa, a criança teve
tempo para orientar Bruna
Marquezine na interpretação de Maria Flor e quem
assistiu Eduarda Emerick,
atuando nos capítulos da
novela das oito, viu que a
menina tem um grande futuro. Vale a pena conferir e
ficar bem atento aos próximos episódios, para ver
Duda emocionando a todos
no papel da amiguinha de
Maria Flor.
Eduarda Emerick está superfeliz com a estréia na
TV Globo
União Latino-Americana de Cegos reverencia Instituto Benjamin Constant
As principais instituições de cegos do mundo reuniram-se no Rio de Janeiro em reconhecimento ao trabalho do IBC
M
ais uma vez o Instituto
Benjamin Constant-IBC
fez jus a uma grande homenagem referente ao sesquicentenário. A pioneira escola de
cegos do país recebeu a Comenda Enrique Elissalde, conferida
pela União Latino-Americana de
Cegos-Ulac, que é uma das mais
importantes entidades de cegos
do mundo e atualmente congrega
mais de 19 países de toda a América Latina.
A solenidade aconteceu no dia
14 de abril, no Teatro Benjamin
Constant, à Av. Pasteur nº 350,
no bairro da Urca, Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. O evento
reuniu mais de 200 pessoas do
meio educacional, parlamentares
e personalidades da sociedade
carioca, ocasião em que o cubano
José Monteagudo, atual presidente da Ulac, entregou a honraria à
diretora-geral do IBC, Érica Des-
landes Magno Oliveira. A cerimô- os presentes em homenagem à
nia contou com a chefe-de-gabi- memória do advogado e grande
nete do IBC, Maria da Glória de educador Edison Ribeiro Lemos,
Souza Almeida, com os principais falecido recentemente.
diretores da Ulac, Júlio Barba, CéO presidente da Ulac, José
sar Canizales e Marco Bertoglio; a Monteagudo, falou da suma importância
do
União Mundial
trabalho produde Cegos fezzido pelo Instise representar
pela vice-pretuto Benjamin
Constant: “O
sidente Gloria
IBC está para
Peniza e por
América
LatiAdilson Ventuna assim como
ra; a Fundação
o Instituto de
Once para a
Cegos de PaAmérica Latiris está para a
na (Foal) marEuropa. O IBC
cou presença
foi a 1ª escola
através de Ana
a educar cegos
Pelaez e Ferutilizando o sisnando Iglesias.
tema Braille e
Vale ressaltar
afirmo que é
o minuto de
silêncio reali- Erica Deslandes e José Monteagudo no ato da en- quase impossízado por todos trega da Comenda outorgada ao IBC pela ULAC vel enumerar as
benfeitorias realizadas ao longo
desses 150 anos, sempre proporcionando ensinamentos que elevam a capacidade intelectual e
social do portador da deficiência
visual”. A necessidade de integrar
os deficientes visuais e o desenvolvimento das atividades coordenadas pela ULAC fizeram parte da
fala de Monteagudo. Ao receber
a Comenda Enrique Elissalde a
diretora-geral do IBC, Érica Deslandes, visivelmente emocionada,
retribuiu: “Nosso objetivo é o mesmo: o trabalho em prol da pessoa
cega. Sinto-me bastante feliz com
mais esta homenagem à instituição e agradeço em nome de todos que me auxiliam nesta luta”,
e concluiu “É muito importante ter
o nosso serviço reverenciado por
estas duas relevantes instituições,
ULAC e FOAL. São 150 anos de
trabalho e de reconhecimento, o
que nos dá muito orgulho”.
visando
Editorial
Desde 1891, o Instituto Benjamin
Constant-IBC agrega-se à comunidade
d a U r c a . P i o n e i r i s m o, t ra d i ç ã o,
competência, importância, fincam suas
bases nos pilares do idealismo e do
trabalho. Sua trajetória gloriosa de 150
anos de existência, torna-o responsável
pela manutenção de um compromisso
firmado em 17 de setembro de 1854,
data de sua fundação. Sua obrigação é
promover a ascensão intelectual, social
e humana das pessoas cegas e de baixa
visão.
A excelência do seu atendimento
educacional, bem como da produção
e disseminação do conhecimento
em diferentes áreas concernentes à
deficiência visual, transformou-o em um
Centro de Referência, fato reconhecido
em todo o Brasil, como também além
de nossas fronteiras. Sua longevidade
e volume de realizações, conferemlhe crédito e respeitabilidade. Uma
obra que nasce sob a égide do vigor
do sonho de um jovem cego, que é
encampada pelo Imperador Dom Pedro
II e proeminentes figuras do Império,
não pode amesquinhar-se, pondose no meio de disputas menores, de
questiúnculas políticas que nada somam
VISANDO
Órgão Informativo do
Instituto Benjamin Constant
Redator - Editor responsável
Jornalista Valente Neto
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Muitas solicitações foram feitas para que os
quebra-molas fossem adotados, fato que
jamais se concretizou. Tais mecanismos
servem como sinais de alerta. Entretanto,
muitos acidentes ocorreram, inclusive,
no último dia 14 de abril, um de nossos
alunos, acompanhado de sua mãe, foram
atropelados com o sinal fechado, conforme
atesta o boletim de ocorrência registrado na
10ª DP, no bairro de Botafogo.
Nunca dissemos que houve “mortes
em profusão” ou grandes tragédias. Nossa
obrigação é zelar pela integridade física e
psicológica daqueles que freqüentam este
Instituto. Trabalhamos com o conceito da
prevenção e não da recuperação; com a
idéia da segurança e não do cerceamento da
liberdade de locomoção. O direito de “ir e vir”
é inquestionável e constitucional. Lutamos
por ele e dele não transigimos. O Instituto
Benjamin Constant tem diariamente um
fluxo elevado de pessoas: crianças, jovens,
idosos, que ali estudam, se reabilitam e
trabalham. Ainda atendemos a um grande
número de pacientes que vêm consultar-se
no nosso Serviço de Oftalmologia. Esses
indivíduos merecem um tratamento digno
e respeitoso. Lamentavelmente, vimos uma
atitude contrária espelhar-se na edição de
abril do Jornal da Aciurca.
para o bem estar e crescimento de nossa
comunidade.
O Instituto Benjamin Constant
coloca-se acima de entidades de bairro,
categorias profissionais ou algo semelhante.
Somos uma Instituição Educacional, portanto,
um espaço onde viceja a transformação do
indivíduo e se fomenta sua cidadania. Não
trabalhamos observando preceitos piegas
ou assistencialistas. Trabalhamos sim,
seguindo a linha da construção de um
homem produtivo, capaz de superar seus
limites e de enfrentar as barreiras que lhe
são impostas pela sociedade.
Espanta-nos, que uma Associação
que se intitula representante de uma fatia
considerável dos moradores da Urca, trate
assuntos tão sérios com tamanho desrespeito
e ironia. Durante décadas, a travessia da Av.
Pasteur, defronte o Instituto Benjamin
Constant, trouxe enormes preocupações
e dificuldades às pessoas cegas. Desta
forma, buscaram-se soluções, tentaram-se
mecanismos, que inibissem o excesso de
velocidade que intranqüilizava as várias
administrações desta Instituição. Pintou-se
uma faixa na pista, colocou-se um sinal
sonoro, instalou-se uma cabine da Polícia
Militar; por algum tempo, houve a utilização
de guardas da PM para fiscalizar o tráfego.
Túnel do Tempo
“Solto em meus devaneios,
recordava-me o tempo de aluno
vivido nesta instituição. Outrora,
tínhamos o hábito sadio de eleger
d e fo r m a s i n g e l a e fra t e r n a l
o pai e a mãe do ano entre
os funcionários desta casa.
Fizemos disso um costume, já
que passávamos mais tempo
com os servidores do que com
os nossos próprios familiares, em
função do regime de internato
vigente naquela época.
Com lembrancinhas simbólicas
nos emocionávamos ao presentear
com um cartão, um buquê, uma
canetinha, etc., o funcionário que
foi para nós, pirralhos e fedelhos,
o mais carismático, afetuoso
e amigo, fazendo com que a
saudade de nossos pais fosse
minimizada através de abraços,
afagos, conselhos e preocupações
com nossos futuros.
Hoje não é diferente, a dedicação é
a mesma: inspetores, professores
e voluntários dividem com os
alunos o carinho e conselhos
destinados a seus filhos
legítimos.
As lombadas eletrônicas não foram
solicitadas por nós. A CET-Rio colocou-as
em todos os pontos da cidade. Todavia,
aplaudimos essa iniciativa. A revolta
causada pela implantação do redutor de
velocidade (pardal), pauta-se no péssimo
hábito do homem em crer-se absoluto,
em imaginar-se incólume diante da lei,
das normas sociais e dos direitos alheios.
Infelizmente, certos procedimentos só
podem ser coibidos através de uma
penalização pecuniária.
A defesa dos interesses da pessoa
deficiente visual é o foco de nossa atuação.
Não abriremos mão, sob nenhuma
hipótese ou alegação, dos princípios
que norteiam esta instituição de ensino
federal. A seriedade conquistada nesse
século e meio de serviços prestados à
causa da pessoa deficiente visual no
Brasil, impõe-nos o veemente repúdio
a toda e qualquer manifestação que
macule a imagem desta instituição, que
é modelo da educação especial em toda
a América Latina.
Maria da Glória de Souza Almeida
Diretora-Geral Substituta, Chefe-degabinete, professora, ex-aluna
e pessoa cega.
Manifesto e registro a minha
sugestão para que a partir de
2005, voltemos a eleger as
pessoas merecedoras do título
de pai e mãe do ano. Esta
homenagem é muito importante
porque além do cunho
pedagógico, eleva a estima e
o respeito na relação entre os
c o l a b o ra d o r e s d o I n s t i t u t o
Benjamin Constant.
Na certeza da positiva apreciação
da diretoria atual do IBC,
a g ra d e ç o à t r i b u n a l i v r e d o
Jornal Visando e despeço-me
na esperança de que tudo volte
a ser como antes.”
também cada minuto da
vida. Tenho certeza absoluta
de que se cada um fizer um
p o u q u i n h o, a s d i fe r e n ç a s
da sociedade - sejam elas
Davi C. Costa
sociais, físicas, ideológicas ou
Ex-aluno e ex-administrador da religiosas - sumirão”.
Clínica Fisioterapêutica do IBC
Luciano Huck
(Em mãos, 04/04/2005)
Apresentador de TV
Barra/RJ (via e-mail, 15/04)
Feliz Caldeirão
“Grande experiência. Grande
reflexão. Mais incrível que o
jogo de Futebol de cinco em que
enfrentamos o time de craques do
Instituto Benjamin ConstantIBC, foram os dias que se
seguiram à gravação produzida
pela equipe do programa
Caldeirão do Huck. Refletir que
as pessoas precisam apenas
de oportunidade e respeito.
Fiquei encantado com aqueles
jovens atletas de ouro sorrindo,
empolgados, curtindo cada
minuto daquele jogo e curtindo
Vida Nova
“Em 1999, perdi a visão
que me restava. Procurei o
Instituto Benjamin ConstantIBC e conheci o oftalmologista
Helder Costa, que me
direcionou para o curso de
Orientação e Mobilidade (OM)
aplicado pela professora Elcy
Andrade. No começo resisti
à idéia de usar bengala e
me sentia muito triste, sem
visão me sentia perdido, não
ia mais às festas e recusava-
me a sair de casa. Com as
aulas a confiança retornou
e o c o n t a t o c o m o u t ra s
pessoas que encontravamse na mesma condição fez
com que eu aprendesse a
ser feliz com a limitação
imposta pelo destino. Os
ensinamentos de OM fizeram
com que a auto-estima se
e l e va s s e e p e r m i t i u a o s
poucos a volta da minha
independência.
Hoje, aos 71 anos, levo
uma vida normal. Sou atleta
federado pelo IBC, sou um
dos componentes do coral e
do grupo de reabilitandos da
3ª idade. Voltei a ser alegre
graças ao apoio que obtive
no Instituto Benjamin
Constant”.
Nilton Soares da Costa
Administrador aposentado
Botafogo/RJ (em mãos,
27/04)
O VISANDO está aberto à sugestões, entretanto recusará temas indesejados. Devido às limitações de espaço, selecionaremos as cartas e as mensagens assinadas,
com endereço completo deverão chegar a este veículo por via postal, e-mail ou fax: Av. Pasteur nº 350, 3º andar - sala 300B, Urca - Rio de Janeiro RJ, Cep: 22290-240
[email protected] Fax: 21 2543-2305.
2
visando
Surdocegos brasileiros atraem professores ingleses
Ainda sob as comemorações do
sesquicentenário da escola pioneira na América Latina no ensino do
aluno deficiente visual, o Instituto
Benjamin Constant-IBC recebeu
no dia 8 de abril, do Reino Unido, 15
visitantes interessados em conhecer
o Programa de Atendimento e Apoio
ao Surdocego-PAS realizado há 12
anos pelo IBC.
A visita da comissão e da intérprete Laura Anccilotto ao Instituto
foi promovida pelo Grupo Brasil, organização composta por uma rede
estrutural de apoio ao surdocego e
ao múltiplo deficiente sensorial, sediado em São Paulo. Ciceroneados
pela professora Margarida Aguiar
Monteiro, responsável pelo trabalho,
os ingleses viram de perto o benefício prestado aos estudantes. Os profissionais estiveram na horta cultivada pelos alunos e depois apreciaram
os trabalhos de cerâmica feitos pelos
artesãos; registraram imagens e receberam cadernos produzidos com
papel reciclado.
A principal curiosidade demonstrada pelos estrangeiros foi a origem
do dinheiro destinado à manutenção
Comissão Inglesa presenciou o trabalho do IBC realizado com surdocegos
dos projetos, a faixa etária dos estudantes, quantos são atendidos e se
conseguem uma vida independente. “Recebemos apenas verbas do
Governo Federal; temos 10 alunos
e colocamos em prática programas
variados nas área da comunicação,
estimulação auditiva e visual, ensino do sistema Braille, orientação e
mobilidade, atividades da vida diá-
ria, ocupação profissional, artesanato, reuniões de orientação e apoio,
recreação e lazer, educação física e
entrevistas de orientação a pais e
familiares”, respondeu a professora
Margarida Aguiar.
Após tomar contato direto com
o PAS, a comissão inglesa reuniuse com a direção geral do IBC para
obter mais detalhes sobre os proble-
mas que afligem os portadores de
deficiências no país. Durante o encontro souberam das dificuldades do
ingresso no mercado de trabalho e
da necessidade de formar professores capacitados para atuar junto aos
surdocegos.
O ponto culminante do encontro
aconteceu durante o depoimento, na
linguagem de sinais dos surdos, do
aluno Carlos Jorge Rodrigues, de 45
anos: “Sou surdo de nascença e comecei a perder a visão com 10 anos.
Estudei Braille, informática e massoterapia; aprendi a nadar no Instituto Benjamin Constant e com
muita auto-estima fui o primeiro
surdocego a participar de um campeonato nacional de mergulho. Por
tudo isso, sugiro à comissão que tragam surdocegos da Inglaterra para
conhecer o inestimável trabalho feito
pela professora Margarida Aguiar”,
enfatizou emocionado.
De acordo com Aleson Walker,
porta-voz do grupo, todos gostaram
do que presenciaram: a eficácia do
projeto, a limpeza, o bucólico jardim e a bela produção dos livros
ecológicos.
Aluno cego é mais uma vítima de abusos dos motoristas infratores
Jovem atropela mãe e filho na Avenida Pasteur, em frente ao Instituto Benjamin Constant
tas em frente a sede
da mais antiga escola de cegos da América Latina, no bairro
da Urca, Zona Sul da
cidade do Rio de Janeiro.
No dia 14 de abril,
por volta das 12h30,
o aluno da 4ª série
do IBC, Allan Robson
Fonseca de Oliveira,
14 anos, e sua mãe
O pardal da CET-Rio, em frente ao IBC, não consegue frear a
Maria Inês Fonseca
imprudência dos motoristas e as reclamações dos incautos
(foto), foram atropeO Instituto Benjamin Cons- lados pela motorista Ara Pecego Pitant – IBC, órgão vinculado ao Mi- nheiro, 19. A jovem avançou o sinal
nistério de Educação-MEC, há 150 fechado causando sérios ferimentos
anos cuida do bem estar dos alunos, nas vítimas: arranhões, hematomas
reabilitandos e servidores. A Compa- e escoriações generalizadas. O estunhia de Engenharia de Trânsito do dante levou cinco pontos na cabeça
Rio de Janeiro-CET-Rio, aliando-se a e a acompanhante sofreu fratura que
esse objetivo e fortalecendo ainda causou a imobilização de uma das
mais a dedicação em prol do defi- pernas. Ara Pecego, proprietária do
ciente visual, instalou um limitador veículo placa LCC-1580, socorreu
de velocidade (pardal) de 40 km por mãe e filho levando-os para o Hospihora devido as freqüentes infrações tal Rocha Maia, em Botafogo. Depois
e abusos provocados pelos motoris- as duas pessoas acidentadas foram
3
transferidas para o Hospital Miguel
Couto, no Leblon, para realização de
exames neurológicos de Allan Fonseca. A grande proporção do desastre
provocou a quebra do vidro parabrisa
e amassou bastante a parte frontal
do automóvel.
Surpreendentemente, em pleno
desespero do triste fato, ainda no
hospital, Maria Inês foi pressionada
pelos pais da infratora e por mais
três advogados para que não registrasse queixa na delegacia. Inclusive
um dos causídicos afirmou que de
nada adiantaria levar o caso adiante
porque eles conseguiriam provar o
contrário. Em determinado momento
surgiu uma proposta de suborno disfarçada de auxílio: “Eu dou dinheiro
para os curativos e remédios, mas
em compensação não registrem o
acontecido”, falou Ara Pecego tentando convencer as vítimas.
O registro de ocorrência relatado
por Maria Inês Fonseca ao inspetor
Antônio Carlos Silva Ribeiro está na
10º Delegacia Policial em Botafogo,
sob o nº 010-01746/2005. De acordo
com os autos do processo, a infratora Ara Pecego Pinheiro responderá
por lesão corporal culposa provocada
por atropelamento (art. 303 da Lei
9503/97).
A instituição proporcionou toda
atenção e assistência social aos acidentados. A professora Helena Ferreira, diretora do Departamento de
Educação-DED, encarregou a chefe
da Divisão de Orientação e Acompanhamento-DOA, Diva Rodrigues
Quintiliano, a prestar todo o auxílio
necessário, visando a melhora de
Allan Robson e Maria Inês Fonseca.
A diretora-geral do Instituto
Benjamin Constant-IBC, Érica
Deslandes Magno Oliveira, encaminhou um ofício a CET-RIO evidenciando que o pardal propiciou um enorme
benefício à comunidade e disse ainda
que o nefasto acontecimento reforça
a necessidade urgente da instalação
de uma câmera próxima ao semáforo, localizado em frente ao nº 350
da Av. Pasteur, objetivando inibir os
excessos de velocidades e as transgressões das normas de trânsito.
visando
Cão-guia, o melhor amigo do deficiente visual
Ele é mais do que um animal
de estimação, é um fiel escudeiro.
Possui temperamento dócil, extrema paciência e determinação; ama
profundamente o seu dono, sente
prazer no serviço que realiza e faz
a vez dos “olhos do cego”. É o cãoguia, treinado para acompanhar o
deficiente visual 24 horas por dia.
A primeira tentativa sistemática de
treinar cães para guiar pessoas invisuais aconteceu em 1780, no hospital Les Quinze-Vingts, em Paris.
No começo do século passado, a
milionária americana Dorothy Eustis, que preparava cães para instituições militares, decidiu abrir escolas de cães-guia em Vevey, na Suíça
e nos Estados Unidos. Chamou-os
de “L’Oeil qui Voit” (O ouvido que
ouve) e “The Seeing Eye” (Os olhos
que vêem). O sucesso da instituição foi tão grande que, em 1934,
fundou a The Guide Dog Foundation for the Blind, famosa no mundo
inteiro por seu pioneirismo.
A escola Helen Keller, que funcionou em Santa Catarina, na cidade de Florianópolis, foi a primeira
no Brasil e chegou a treinar 14
cães. Há três anos, o Instituto de
Integração Social e de Promoção
da Cidadania-Integra, localizado
no Distrito Federal e reconhecido
internacionalmente, realiza o Projeto Cão-Guia de Cego, que além
de treinar cachorros para facilitar a
mobilidade e segurança das pessoas que não enxergam, visa também
permitir o acesso ao estudo e qualificação profissional.
As instituições oferecem o cão
gratuitamente aos deficientes, entretanto, é necessário que o solicitante tenha boas condições físicas,
mentais e econômicas para manter
e cuidar adequadamente do novo
amigo. O Retriever do Labrador e
o Golden Retriever são as raças caninas mais utilizadas para o serviço
de guia por demonstrarem bom caráter e capacidade de adaptação às
variadas situações. São fiéis, inteligentes, de natureza amigável e sem
qualquer traço de agressividade.
Ainda que seja um grande amigo do homem, nem todas as pessoas cegas se acostumam com o auxílio do cão-guia. As necessidades
dos candidatos são cuidadosamen-
te analisadas para que a escolha do
fiel companheiro seja adequada,
pois a adaptação entre o cego e o
cachorro é fundamental. Para quem
não se habitua ao uso de bengalas, o cão-guia proporciona muitas vantagens: ajuda o deficiente
a ultrapassar obstáculos acima da
cintura, atravessar ruas movimentadas, desviar de barreiras indesejáveis, etc. No Brasil, de acordo
com o Conselho Brasileiro
de Oftalmologia,
existe quase um
milhão e meio
de pessoas
deficientes
visuais,
número
insuficiente
para 30 cães-guia, concentrados
nas regiões Sul e Sudeste. A
Lei Estadual n°3295, de dezesseis de novembro de 1999,
regulamenta o acesso de cães-guia
no Rio de Janeiro e garante trânsito
livre a quaisquer estabelecimentos
e transportes públicos tanto para o
deficiente visual e seu animal quanto para os treinadores. Infelizmen-
te, as leis não são cumpridas e os
cegos continuam impedidos de freqüentarem os locais com seus amigos cães.
Como obter
gratuitamente
um cão-guia
no Brasil ou
nos Estados Unidos
Instituto de Integração
Social e de Promoção
da Cidadania-Integra
tel. 61 345-5585/442-7908
www.caoguia.integra.org.df
[email protected]
Guide Dog Foundation For The Blind, Inc.
371 East Jericho Turnpike
Smithtown, Long Island, New York
11787-2976
Phone: 00211 631-930-9000
Toll-free: 00211 800-548-4337
Fax: 00211 631-930-9009
www.guidedog.org
[email protected]
IBC participa de programa do MEC que leva
ensinamentos técnicos aos deficientes
Tecnep capacita professores para a educação especial em todo o território brasileiro
Com o objetivo de melhorar o
ensino técnico para estudantes portadores de necessidades especiais,
o Ministério de Educação-MEC deO Professor
Francisco de Souza,
representante do
IBC, participa
mensalmente
das reuniões
do Tecnep
senvolve o Programa de Tecnologia e Educação para Pessoas com
Necessidades Especiais (Tecnep),
que visa capacitar professores da
Rede Federal Tecnológica para melhor atender
aos estudantes portadores de deficiências. O
Tecnep é composto pelo
Instituto Benjamin
Constant-IBC, Instituto Nacional de Educação
de Surdos - INES e pela
Secretaria de Educação
Especial do MEC (SEESP). O conselho é formado por quatro profissionais: José Francisco
de Souza, chefe da Divisão de Reabilitação, Preparação para o Trabalho
e Encaminhamento Profissional-DRT do IBC; San-
4
dra Alonso, do INES; a professora
Conceição Viegas, ex-funcionária
da SEESP e a consultora Luzimar
Camões. Em 2004, o grupo viajou
pelo Brasil realizando cursos de
especialização para educadores e
quatro capitais foram escolhidas
para sediar as palestras: Belém,
Natal, Belo Horizonte e Florianópolis.
Na oportunidade, os especialistas discutiram temas sobre as formas de instrução para deficientes
visuais, auditivos e mentais, além
dos ensinamentos em altas habilidades. Esses profissionais também
são responsáveis pela produção
e envio das apostilas adaptadas,
bem como a orientação correta do
uso do material. José Francisco,
do Instituto Benjamin Constant-IBC, diz que o projeto está
caminhando bem: “Várias escolas
da Rede Federal já possuem cursos especializados para deficientes, inclusive os Centros Federais
de Educação Tecnológica de Cuiabá, no estado de Mato-Grosso, e
o de Teresina, no Piauí, oferecem
cursos de idiomas para cegos e
aulas de informática, respectivamente”, disse o professor. Em
abril, os conselheiros reuniram-se
em Brasília para discutir as próximas diretrizes do Tecnep. Durante
o encontro, o foco principal foi a
compatibilização do material instrucional com os softwares adaptados para as áreas da educação
especial. Para o segundo semestre de 2005 está prevista a inclusão do programa de educação à
distância, que será disponibilizado
em dois módulos através da Secretaria de Educação à Distância
do Ministério da Educação.
visando
Vi t r i n e
Alegria de viver, o sonho de uma mulher guerreira
tar e ensinar, a saudosa
e inesquecível professora
Marina de Jesus Santos
teve fundamental importância no crescimento
profissional da jovem nordestina.
Aos 41 anos, Juracy
ingressou no IBC através
de concurso para o cargo
de copeira. Quando chegou no Instituto Benjamin Constant, sentiu
que mais um horizonte
abria-se em sua vida. “Eu
só encontrava deficientes
visuais pedindo esmolas
ou vendendo vassouras.
Aqui, tive outra visão:
pessoas cegas lecionando
e trabalhando plenamente, inclusive algumas ensinaram-me muito melhor
que os mestres videntes.
A fortaleza da pilastra neoclássica reflete o caráter de um ser humano exemplar
A professora Maria Salete
Semitela Alvarenga, por
Determinação. Garra. Sonho.
Este é o perfil do retirante nor- exemplo, dava aulas de matemátidestino que busca nas grandes ca e eu aprendia tudo, com a maior
metrópoles uma condição melhor facilidade. Para mim um cego bem
de viver. Juracy Maria de Carva- preparado é uma pessoa normal e
lho, aos 19 anos, deixou para trás super capaz”.
No início, a nova servidora
suas raízes e realizou um sonho de
criança: conhecer o Rio de Janeiro. pública oferecia cafezinho na sala
A oportunidade surgiu quando uma dos professores do IBC, mais tarfamília descendente de nobres fran- de tornou-se chefe das Divisões de
ceses visitou o município de Buriti Pessoal (DP) e de Serviços Gerais
dos Lopes, no estado do Piauí. Eles (DSG) e, atualmente, faz parte da
queriam uma pessoa para trabalhar
como empregada doméstica e Ju“Manter a alegria
racy prontamente se ofereceu. Ao
chegar na Cidade Maravilhosa pen- apesar das dificuldades
sou estar no céu. “É o lugar mais
é o segredo de uma
lindo do mundo. Quando o avião
aterrizou no aeroporto Santos Duexistência cheia de
mont, vislumbrei o espelho d’água
da Baía de Guanabara e fiquei enrecompensas
cantada. Guardo essa imagem até
e superações”
hoje”.
No Rio de Janeiro, Juracy Maria
construiu sua vida. Casou, teve um Comissão Permanente de Licitafilho e trabalhou por muitos anos ção-CPL. Profissional dedicada e
como empregada doméstica, lava- competente conseguiu galgar vádeira e faxineira, mas nunca aban- rios níveis favorecida pelas provas
donou os estudos. Completou o de ascensão funcional que existiam
ensino médio visando pertencer ao na época. “As pessoas sempre me
serviço público, meta que sempre respeitaram. Hoje, elas são granobjetivou. Sempre disposta a orien- des admiradoras da minha garra e
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perseverança”, diz Lindinha, como trabalhadores mirins, para ela é
é chamada carinhosamente pelos preferível fazer alguma coisa de
companheiros de trabalho.
útil a ficar nas ruas usando droAs agruras que Juracy passou gas ou roubando.
não param por aí. Ela é vitoriosa,
Para a juventude, Juracy dá
conseguiu superar dois cânceres: um recado: “Nunca desistam de
um de mama e outro de colo de um sonho, da vontade de crescer
útero. As suas economias são apli- na vida. Todo mundo é capaz, encadas em turismo. Em suas viagens, tretanto é preciso ter disposição
Lindinha já conheceu a Europa e as e persistência na execução de
Terras Santas: Jerusalém, Israel,
Santiago de Compostela, Vaticano,
“As pessoas sempre
Fátima, Lourdes e brevemente vime respeitaram.
sitará o Pantanal matogrossense.
“Meu maior entretenimento é viaHoje, elas são
jar para qualquer lugar”, declarou.
admiradoras da
Costumava ir a Buriti dos Lopes,
cidade onde nasceu, quando seus
minha garra e
pais e irmãos ainda estavam vivos.
“Hoje, tenho apenas noras e sobriperseverança”,
nhos, nosso contato é feito através
de cartas. Meu orgulho é Osvaldo, qualquer ato. Aqui, no IBC teo filho que formei em advogado e mos vários exemplos dignos a seartista plástico”.
guir. Os deficientes visuais presBacharel em Direito pela Uni- tam concursos e são aprovados,
versidade Santa Úrsula-USU, Juracy apesar das limitações impostas
Maria de Carvalho dedica-se exclu- pela cegueira. A pessoa tem de
sivamente ao IBC, por isso prefe- conservar-se firme, constante e
riu não prestar serviços advocatí- se não estudar nada conseguirá”,
cios externos. Juracy nunca parou concluiu.
de sonhar e pretende ainda cursar
O que mais impressiona nesmestrado e doutorado para tornar- ta brilhante história de vida é que
se professora de Direito.
Juracy Maria de Carvalho não reAos 64 anos, com uma história clama de nada, pelo contrário, é
surpreendente de força de vontade muito feliz. Seus sonhos foram
e alegria de viver, Juracy transpôs alcançados e seu gênio privilegiavários obstáculos e não acha que do surpreende a todos. Manter a
sua vida foi difícil, isto representa alegria apesar das dificuldades é
a força dos nordestinos que geo segredo de uma
ralmente começam a trabalhar na
existência cheia
roça ajudando a família.
de recompenAos 7 anos, cuidava de outras
sas e superacrianças: “Eu gostava daquela tações.
refa, sentia-me importante porque auxiliava em casas de
famílias ricas e como eu
não tinha brinquedos me
divertia com a meninada. Quando necessitava eu dava banho
e trocava as roupas
sujas dos pequenos. Era melhor do
que ir para a lida”.
Em virtude da própria experiência Ju- Profissionalismo e concentração fazem parte do cotidiano
de Juracy na Comissão Permanente de Licitação do IBC
racy não condena os
visando
Palestra vira aula magna e
prende atenção de platéia lotada
Preconceito no Parque
Eduarda Emerick, aluna da 2ª
série do Instituto Benjamin
Constant-IBC, foi vítima de discriminação no parque de diversões do Nova América Outlet
Shopping, em Del Castilho. O
lamentável episódio mereceu
registro no jornal O Globo do
dia 8 de maio, na coluna Gente Boa. A mãe da estudante
solicitou em vão a presença de
uma autoridade para o cumprimento da lei. O gerente Marilson Bezerra e suas auxiliares
alegaram grosseiramente, que
por causa da cegueira, Eduarda
Emerick não entraria no parquinho, porque não saberia brincar. A jovem ficou muito triste
e retirou-se do local bastante
constrangida, dizendo: “infelizmente ainda existe muito preconceito nesse mundo”.
ção Especial; Removendo
Barreiras para a Aprendizagem; Uma Promessa
de Futuro: Aprendizagem
para Todos e Por Toda a
Vida; Educação Inclusiva:
Com os Pingos nos “is”.
Atualmente a professora
desenvolve um projeto de
pesquisa sobre os principais distúrbios dos alunos
em sala de aula no CIEP
Margareth Mee, localizaRosita Edler, durante três horas despertou interesse do no bairro Recreio dos
coletivo em mais de 200 pessoas
Bandeirantes, bairro da
O Departamento TécnicoZona Oeste, na cidade do
Especializado-DTE do Instituto Rio de Janeiro.
Benjamin Constant-IBC, atraDurante três horas, a platéia
vés da Divisão de Capacitação de assistiu com grande atenção à exiRecursos Humanos-DCRH, promo- bição dos slides que mostravam
veu a palestra O Papel dos Edu- as obras do pintor espanhol surcadores na Proposta de Educação realista Salvador Dali. Através das
Inclusiva, realizada pela professora imagens, Rosita fazia comparações
Rosita Edler, atual representante visando o melhor entendimento do
brasileira da Rede Internacional de tema central da palestra; como por
Investigadores e Participantes so- exemplo uma mulher dormindo na
bre Integração Educativa.
praia segurando um livro (foto), coO evento acontecido no dia berta pelas ondas do mar: alusão
7 de abril, no Teatro Benjamin aos sonhos dos educadores de uniConstant, objetivou esclarecer as versalizar e democratizar o acesso
polêmicas sobre a política de edu- às escolas. “A função do professor
cação inclusiva e reuniu mais de não é ensinar, mas fazer o aluno
200 educadores do Rio de Janeiro, aprender. Educar é um ato político,
Araruama e Saquarema. Na oca- é dar autonomia, emancipar, fazer
sião estiveram presentes a Direto- com que as pessoas realizem suas
ra-Geral do IBC, Érica Deslandes escolhas”, disse a educadora.
Magno Oliveira, a chefe-de-gabiPor fim, a doutora em Educanete Maria da Glória de Souza Al- ção falou sobre alguns equívocos
meida e membros da comunidade que sempre acontecem, como por
do Instituto.
exemplo, o fato das pessoas penRosita Edler, entre outras for- sarem que a Educação Inclusiva é
mações, é Mestre em Psicologia e feita apenas para os deficientes.
Doutora em Educação. Em 1993, “Para uma escola especial ser intornou-se a 1ª Secretária de Educa- clusiva, é preciso que os professoção Especial do Ministério da Edu- res estimulem os alunos na cultura
cação-MEC. Reconhecida no meio do pensar e entendam como eles
Educacional, a escritora produziu aprendem para removerem as barcinco livros: A Nova LDB e a Edu- reiras da aprendizagem e particicação Especial; Temas em Educa- pação”, esclareceu Rosita Edler.
Nova Córnea
Quarenta pessoas cegas enxergaram novamente após tratamentos
com células-tronco - de pessoas falecidas -, cultivadas em laboratório
até formar uma camada; o processo
oftalmológico consiste em passá-la
para a frente do olho e fixá-la com
uma membrana finíssima retirada da
placenta, que possui hormônios de
crescimento. Os cientistas estimam
que em três semanas a camada desapareça deixando as células-tronco
interagir e curar o tecido da córnea.
Para se ter um resultado positivo é
necessário que o paciente submeta-se a um tratamento que varia de
12 a 18 meses. Esses cuidados aplicam-se às pessoas que tenham problemas de córnea e de acordo com
estatísticas, funcionam em 70% dos
casos.
Olho Quadrado
Acredite se quiser!!! A Escola de
Engenharia e Desenho Industrial da Universidade Brunel,
em Londres, expõe atualmente
um protótipo de um tênis com
uma palmilha registradora da
quantidade de exercícios de
uma criança e a partir daí calcula quanto tempo de televisão ela terá de assistir. A nova
invenção é chamada de Olho
Quadrado e visa ajudar a meni-
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nada a incluir exercícios em sua
rotina diária desde cedo. Criado
pela universitária Gillian Swan,
o calçado recomenda que a garotada fique apenas duas horas
diante da telinha e espera que
as meninas dêem pelo menos
12 mil passos por dia, e os meninos, 15 mil. “O Olho Quadrado
objetiva detectar estilos de vida
sedentários e estimular mudanças de comportamento em toda
a família. O invento é um excelente exemplo de como criar um
conceito e um projeto perfeitamente cabível no futuro”, disse
Paul Turnock, diretor geral da
escola em que Gillian Swan é
acadêmica.
Milagre?!?!
Como por encanto uma surpreendente e inexplicável recuperação
aconteceu recentemente com Donald Herbert. O bombeiro nova-iorquino, de 44 anos, recuperou a fala,
a visão e a alegria de viver após dez
anos em coma, totalmente alheio
ao mundo. O profissional aparentemente sofrera um dano cerebral em
1995 quando apagava um incêndio
e o teto desabou sobre sua cabeça.
Seu cérebro teria ficado seis minutos
sem oxigenação, deixando-o cego,
mudo e desmemoriado. A melhora
aconteceu subitamente e, atônitos,
os médicos disseram que uma reabilitação desse tipo é raríssima.
Dosvox na TV
A atuação da nova atriz e estudante do IBC, Eduarda Emerick, na novela América da Rede
Globo de Televisão, já está surtindo efeito. Os técnicos de informática da emissora disponibilizam, desde o dia 20 de maio,
o Dosvox, programa gratuito
desenvolvido pelo Núcleo de
Computação Eletrônica-NCE da
Universidade Federal do Rio de
Janeiro-UFRJ e Instituto Benjamin Constant-IBC. Agora, os
deficientes visuais podem navegar na trama global (www.
globo.com/america). Basta o
internauta cego acessar e baixar o programa para falar com
o diretor e saber informações
sobre o folhetim: história, resumos de capítulos e bastidores.
visando
CCMI do Instituto Benjamin Constant Professora Mayá, baluarte da educação
promove noite beneficente
especial, há 50 anos dedica-se ao IBC
A Coordenadoria de Comunicação e Marketing Institucional-CCMI
do Instituto Benjamin ConstantIBC, dirigida pelo jornalista Valente
Neto e auxiliado pelas universitárias
Renata Ferretti e Raquel Fernandes,
em parceria com a InterWeb viabilizou uma ação beneficente em prol
dos estudantes do IBC. A empresa
de tecnologia de informática lançará o Help! (www.liguehelp.com.
br), um serviço pioneiro de suporte
técnico que promete revolucionar o
mercado.
A noite beneficente acontecerá
no dia 21 de junho do ano 2005, a
partir das 19h, no Espaço Gastronômico Vida Light, na sede do Senac
de Copacabana, à rua Pompeu Loureiro nº 45. O evento, articulado pe-
los especialistas em comunicação,
Solange Ramos da Rio Press - Assessoria de Imprensa e por Valente
Neto do IBC, pretende arrecadar
várias doações e mais de mil brinquedos educativos para a criação da
primeira brinquedoteca da escola de
cegos pioneira no Brasil.
Luiz Rajão, diretor-presidente
da InterWeb, parceiro da Microsoft,
Water Proof e Ponto Frio, receberá a
presença de empresários e artistas
do teatro, cinema e televisão. Eduarda Emerick, 9 anos, aluna da 2ª
série do IBC e primeira atriz cega
do Brasil, receberá uma placa de
bronze que homenageará os 150
anos do educandário especializado
no ensino de deficiente visuais, fundado por D. Pedro II.
Obras beneficiam alunos,
atletas e oftalmologia do IBC
Promovidas pelo Ministério da
Educação-MEC e financiadas pelo
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social-BNDES, pela
Petrobrás e com verbas da União, as
obras que se realizam no Instituto
Benjamin Constant-IBC, beneficiarão o Departamento de Educação-DED; a Divisão de Pesquisa e
Atendimento Médico, Odontológico e
Nutricional-DPMO; a Divisão de Reabilitação, Preparação para o Trabalho
e Encaminhamento Profissional-DRT
e a Coordenação de Educação Física.
O Programa Petrobrás Social
aliou-se ao IBC através do Projeto
Integração do Deficiente Visual que
objetiva promover eventos, palestras
e cursos de qualificação profissional,
cultura, lazer, etc. A verba de 163 mil
reais da maior empresa petrolífera da
América Latina servirá para restaurar
completamente o miniauditório (sala
251). O espaço receberá nova pintura, piso especial, tratamento acústico, sistema de refrigeração, instalação elétrica e equipamentos de áudio
e vídeo de última geração.
Os 980 mil reais repassados
pelo BNDES servirão para a compra
de instrumentos para diagnósticos
das doenças que afetam a retina e
provocam a catarata, enquanto que
verbas do Governo Federal reconstruirão totalmente o centro cirúrgico
e aumentarão em 40% o número
de operações de cegueiras causadas
pela diabete.
Os participantes do atendimento
do Programa de Reabilitação de Arte
Cerâmica também estão sendo beneficiados pelas obras de reformas no
IBC. As aulas iniciadas em setembro
de 2003, pela artista plástica Clara
Fonseca, foram um grande sucesso;
em função do aumento de artesãos e
interesse geral na produção de esculturas, a professora recebeu um verdadeiro ateliê para estimular ainda
mais a criatividade da pessoa cega. A
diretora do Departamento de Estudos
e Pesquisas Médicas e de Reabilitação-DMR, Márcia Nabais, firmou convênios para comprar materiais e um
forno profissional para queimar e esmaltar o barro e melhorar ainda mais
a qualidade das obras de arte.
Os atletas do Instituto Benjamin Constant foram beneficiados
com a construção de uma arquibancada, reposição de um alambrado em
torno da piscina e um abrigo para
proteger alunos e professores, que
brevemente será erguido. A grande
novidade é a edificação de um ginásio dotado de quadra poliesportiva
(goalball, futebol de 5, vôlei, basquete, handebol, futsal, etc.). O novo
local de prática esportiva, edificado
pela MAPA Construção Ltda., com 48
metros de comprimento por 22 de
largura, será totalmente adaptado às
necessidades de pessoas especiais
e terá marcações oficiais, vestiário
completo, acomodações para cem
pessoas, banheiros, um muro para
escalada, cantina e jardins. Visando
aproveitar todos os espaços, o complexo desportivo abrigará também
uma oficina de marcenaria.
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A homenagem à professora
Mayá Devi de Oliveira referente aos
50 anos de dedicação ao Instituto
Benjamin Constant-IBC proporcionou momentos de muita emoção ao som do piano de Severino
Campelo. O evento realizado no Teatro Benjamin Constant, no dia 7 de
junho, contou com a presença da
diretora-geral substituta, Maria da
Glória de Souza Almeida, do presidente da Associação de Docentes
(ADIBC), Hercen Rodrigues Torres
Hildebrandt, professores, estudantes, servidores técnico-administrativos e muitos ex-alunos da estimada
mestra.
“Há 50 anos, Mayá começou
no IBC como professora. Aposentou-se, mas aqui permaneceu”,
disse o professor Hercen na abertura da cerimônia. A diretora-geral
em exercício, Glória Almeida, muito
emocionada, falou da qualidade do
caráter que personifica Mayá Devi.
“Ela é competência, cultura, pessoa
ímpar. Se existisse um hino para
expressar sua grandeza seria Se
todos fossem iguais a você, de autoria do inesquecível poeta Vinícius
de Moraes. Muitos alunos decidiram
cursar faculdade de História por
sua influência. Ela enfeitou a minha
adolescência com seus versos, sensibilidade e emoção”. A ex-aluna de
Mayá frisou ainda que a antiga magistrada não se despediu e jamais o
fará, porque é parte integrante do
IBC. Maria da Glória ressaltou que
hoje, humildemente, o Instituto
Benjamin Constant está aos seus
pés.
Durante a cerimônia, além
das professoras Lúcia Zenun e Ana
Cristina Hildebrandt, a aluna da 6ª
série Gláucia Nogueira de França e
o professor Vitor Alberto Marques,
leram quatro poemas da poetiza
Mayá Devi de Oliveira: Vamos, Esfera Desconhecida, Medos e Cena
de 107.
A homenageada em seu discurso disse que vivia um dos momentos
mais importantes da sua existência e que não esperava uma reve-
rência pelo seu trabalho. “A nossa
vida tem dias históricos e hoje, é
um que jamais esquecerei. Faço
tudo com amor, não espero nada
em troca. Fico feliz com as pessoas
que convivem comigo e reconhecem
meu trabalho. Esse momento não é
uma homenagem informal, é uma
homenagem de carinho, por ser feita com sinceridade e de coração”.
As lágrimas não vieram, entretanto a emoção era explícita em
sua face e nas palavras. “Esse carinho me dará mais força para eu
prosseguir nessa casa, aumentar o
meu amor por essa escola, que é
uma família de ouro. Vocês estão
contribuindo para eu perceber onde
estou falhando e me renovar. Esse é
um dia revigorador!”, finalizou sensibilizada, a professora.
A história de Mayá Devi de
Oliveira, no Instituto Benjamin
Constant, começou nas salas de
aula do educandário, no tempo
de aluna, e depois se transformou
na querida professora de História
do ensino fundamental. Em 1997,
ao completar 42 anos de serviços
ininterruptos aposentou-se, mas
continuou um trabalho voluntário
no IBC. Atualmente, a eterna professora Mayá, é responsável pela
recepção de visitantes à instituição,
tarefa que desempenha incansavelmente com dedicação e carinho.
Mayá Oliveira, entre Hercen Hildebrandt e
Glória Almeida, é homenageada por meio
século de serviços prestados ao IBC.
visando
Estande do IBC e um enorme galpão escuro causaram
muita curiosidade em exposição no Rio Centro
cia e Tecnologia-MCT, o
Departamento TécnicoEspecializado-DTE
do
Instituto
Benjamin
Constant-IBC, através
da Divisão de Pesquisa
e Produção de Material Especializado–DPME
montou um estande
para expôr a produção
de materiais didáticos
adaptados à aprendizagem de pessoas cegas. Crianças e adultos
conheceram livros em
Braille, mapas, calendários e outros acessórios
utilizados pelos alunos
do IBC. “A maioria das
pessoas desconhecia o
sistema Braille e tinha
O Diálogo no Escuro causou sensações incríveis provocando no
curiosidade em saber
visitante reações inesperadas
como o cego estuda”,
A Expo Interativa – Ciência disse Denise Pereira, do DPME.
Com certeza o estande do
para Todos realizada recentemente no Centro de Convenções IBC e a exposição Diálogo no EsRio Centro, na Barra da Tijuca, curo foram os mais procurados. A
propiciou a centenas de pesso- instalação superinteressante, criaas a oportunidade de conhecer o da há 15 anos na Alemanha por
dia-a-dia dos deficientes visuais. Andreas Heinecke, visa proporcioA convite do Ministério da Ciên- nar às pessoas que enxergam uma
jornada fascinante por ambientes
diversos, mas totalmente escuros.
Cegos passam a ser os guias dos
que estão no ambiente para o qual
não se prepararam. Com a imersão no escuro total percepções,
preconceitos e hábitos tradicionais
são questionados.
Fora a visão, outros sentidos são explorados e o visitante
é levado a redescobrir em novos
moldes, a audição, o tato e o olfato, enquanto realiza atividades
do cotidiano, como por exemplo,
freqüentar um bar, sentar no banco da praça e andar entre vegetações.
Um dos guias do passeio foi
o atleta paraolímpico Rodrigo
Machado, 25 anos, estudante do
Instituto Benjamin ConstantIBC. “Foi uma experiência inusitada, pois dentro daquela enorme
caixa preta eu enxergava e os visitantes não. Eles andavam desengonçados, receosos, com passos
curtos e não conheciam o local.
Rapidamente eu consegui reconhecer todo o espaço. Certamente, quem entrou no Diálogo no Escuro aprendeu uma lição de vida e
alguns não conseguiram controlar
a emoção e até chegaram às lágrimas”, disse o atleta campeão.
Diálogo no Escuro já percorreu 60 cidades, em 13 países diferentes, totalizando mais de 700
mil visitantes. Em Hamburgo, na
Alemanha, a atividade vinculou-se
a um programa de integração de
portadores de deficiência visual
ao mercado de trabalho. Recentemente a exposição foi inaugurada
no Heureka, Museu de Ciência da
Finlândia, na cidade de Helsinki.
Quem não teve a oportunidade de
vivenciar essa incrível experiência,
é só aguardar alguns dias, pois a
Casa da Ciência da UFRJ está se
programando para montar a exposição no Rio de Janeiro.
Regina Lázaro, Anna Brandão, Ana Oliveira e
Denise Pereira fizeram do estande do IBC uma
atração à parte
Virgínia Vendramini mostrou seus tapetes no CCBB
Ex-aluna do IBC, destacou-se na exposição Arte, Diversidade e Inclusão Sociocultural
Virgínia Vendramini, ex-professora do Instituto Benjamin
Constant-IBC, artista multimídia,
incursiona pela tapeçaria, pintura, cerâmica e poesia. Ela foi um
dos destaques da mostra Arte, Diversidade e Inclusão Sociocultural
realizada no Centro Cultural Banco
do Brasil-CCBB, no mês de maio.
A exposição reuniu deficientes de
todo o país: artistas plásticos, dançarinos, músicos, atores e escultores. Virgínia expôs quatro tapetes
com temas abstratos e geométricos. “Gosto mais dos abstratos,
porque cada vez que se olha, percebe-se algo diferente. Não gosto
de tapetes de flores, não gosto do
figurativo. O abstrato permite viajar tanto na confecção quanto na
visualização”, afirmou. Muito elo-
giada durante a exposição, a tapeceira causou admiração pelo fato
de superar as limitações físicas e
por apresentar um belíssimo trabalho. “Não há nada mais bonito
que isso. Ela harmoniza tudo muito
bem”, disse encantada a professora
mato-grossense Flora Tomé, em visita à exposição.
Cega desde
os 16 anos, Virgínia Vendramini
nasceu em 1945,
na cidade paulista de Presidente
Prudente, e encontrou na arte
de tecer novas
formas de expressão. Rejeitando a
idéia de apenas
fazer tricô e buscando a originalidade, a ex-aluna do IBC começou a produção de tapetes quando ainda lecionava no Instituto. A
conclusão de um trabalho demora
aproximadamente dois meses e requer de 10 a 12 horas ininterruptas
por dia. “As artes possibilitam uma
forma de criação e
de expressão infinitas”, afirmou.
Com todas as
cores dos novelos
de lã identificados
em Braille, Virgínia
faz o mesmo com
as tintas que utiliza para a composição de quadros.
Fatos inusitados
também acontecem
A artista plástica confeccionou o Arco-íris,
um de seus trabalhos mais vendidos
nesse ofício; por ter nascido com
um resquício de visão, Vendramini
tem boas noções de cores: “Certa
vez, fui obrigada a livrar-me de um
tapete porque o vendedor da loja
em que eu comprava lã forneceu a
cor errada”, disse.
Um dos seus trabalhos mais
solicitados é o Arco-íris e devido
a imensa procura de seus compradores, já confeccionou três
peças. O tapete é espesso, utiliza
12 quilos de lã e tornou-se uma
referência do tempo em que enxergava. “Aos nove anos via o reflexo do sol no vidro da janela do
meu quarto, a imagem formava
um arco-íris e eu passava horas
olhando pra ele”, lembrou sentindo saudades da infância.

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