Rose de Souza - Colégio Pena Branca

Transcrição

Rose de Souza - Colégio Pena Branca
Jornal de Umbanda Sagrada - Agosto/2012
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E
ste texto é uma sequência natural do texto
sobre “Os nomes de
Exu na Umbanda e sua interpretação”. São conceitos
totalmente fundamentados
na “Teologia de Umbanda
Sagrada”, expressos na
obra de Rubens Saraceni.
Falar sobre os nomes
das entidades de Umbanda
evoca o estudo de alguns
conceitos e a quebra de tabus, dogmas e paradigmas
relacionados aos nomes
das entidades. Há quem
acredite que com sua data
de nascimento seja possível
identificar quais são seus
Guias espirituais. Há quem
acredite que existe um
número limitado de nomes
para pomba giras. Há quem
acredite que existe apenas
um único Orixá feminino.
Há quem acredite nas coisas mais absurdas e infantis
quando o assunto é Umbanda.
Existem muitos nomes de Pombagira, boa parte são nomes conhecidos,
mas outra parte é de nomes desconhecidos. Há Pombagiras que usam nomes
fictícios, porque não querem revelar seus
nomes por conta do ambiente, ou de
seus médiuns (quando falam demais o
que se deve calar). Por isso, nem todas
as Pombagiras têm ou devem ter nomes
conhecidos.
Não há como falar de interpretação dos nomes de Pombagira, sem
falar do Mistério Pombagira, e que, se
na Umbanda elas formam uma linha
de trabalhos à esquerda que faz par
natural com a linha de Exus, no entanto existe um Orixá Exu que ampara
aquela linha, assim como há um Orixá
desconhecido que ampara a linha de
Pombagira, identificado na literatura
de Rubens Saraceni como Orixá Pombagira. Então podemos dizer que há um
Orixá Pombagira que é uma Divindade/
Trono de Deus e que se desdobra em
divindades menores relacionadas aos
sete sentidos da vida (Sete Linhas de
Umbanda) e aos 14 Tronos de Deus
(Orixás). Assim temos uma hierarquia
divina para Pombagira:
Estas são as Guardiãs Maiores, Regentes Planetárias, Tronos Intermediários do mistério Pombagira para os Sete
Sentidos e para os 14 Orixás, são seres
mentais e consciências planetárias.
Abaixo das Guardiãs Maiores, estão
as Pombagiras que incorporam nos terreiros, como por exemplo, a Pombagira
Maria Mulambo. Para a interpretação
de seu nome, conforme encontramos
no título “As Sete Linhas de Umbanda”
(Rubens Saraceni, Ed. Madras), temos:
Maria = Oxum; Mulambo = pessoa mal
vestida, de aparência deprimente e miserável. Ela é uma Pombagira de Oxum,
atuando na irradiação de Omulu. Atua
sobre os espíritos degradados ou que
perderam seus bens divinos (amor, fé,
conhecimento, etc.), os abandonados
da vida que estão no campo da morte.
Ela agrega ao seu mistério os espíritos
que “conceberam” de forma errada, ou
que afrontaram os princípios da vida e
assim perderam a noção de seus valores
maiores. Logo, existe uma forma de
interpretar os nomes, uma técnica. Ou
seja, de acordo com a leitura acima,
todas as Pombagiras que trazem Maria
no nome tem uma relação com Oxum,
mais os Orixás do segundo nome. E o
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É uma obra filantrópica, cuja missão é
contribuir para o engrandecimento da
religião, divulgando material teo­ló­gico
e unificando a comunidade Umbandista.
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res­ponsabilidade dos auto­res, não
refletindo necessaria­mente a opinião deste jornal.
As matérias e artigos deste jor­nal podem
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veículo de comunicação. Favor citar o
autor e a fonte (J.U.S.).
que acontece muito é o
fato de ter um terceiro ou
quarto nome desconhecido ao médium. Por exemplo, Maria Mulambo do
Mar, que será também de
Iemanjá; ou Maria Mulambo do Mar Vermelho, que
será de Iemanjá e Ogum.
Esta Pombagira pode dar
apenas o nome de Maria
Mulambo e dizer que está
ligada a Iemanjá, por isso
os médiuns devem atentar
a esta questão e fazer uma
leitura com bom senso.
Igualmente o número
Sete representa uma entidade que trabalha nas
Sete Linhas e que con­
quistou um grau no mistério de Oxalá. Como, por
exemplo, Pombagira Sete
Rosas: rosas são de Oxóssi
e Oxum, mas ela pode ser
Sete Rosas Vermelhas ou
Sete Rosas Pretas, o que gera mais
qualidades de Ogum ou de Omulu, e
nem sempre o médium sabe o nome
completo de sua Pombagira, o que fica
faltando para uma interpretação mais
completa. Desta forma, surge uma
grande quantidade de nomes como:
Maria Padilha das Almas, Maria Padilha
do Cruzeiro, Maria Padilha das Matas,
Maria Padilha da Encruzilhada, Maria
Padilha das Porteiras, Maria Padilha
das Pedreiras e etc. Por isso, também,
se justificam tantas “Marias Padilhas”,
tantas “Marias Mulambo”, tantas “Marias
Sete Saias”. Nem todas trabalham no
mesmo campo, embora tenham um
mesmo mistério raiz: Maria, Padilha,
Mulambo, Saia e etc.
Mas vamos então a alguns nomes.
Abaixo será colocado apenas a chave,
como Maria = Oxum, Mulambo =
Omulu, Rosa = Oxossi e Omulu, e cada
médium ou leitor deve juntar os nomes
para interpretar. Por exemplo: Maria
Mulambo da Rosa Vermelha: Oxum,
Omulu, Oxóssi, Oxum e Ogum. Devese ler e interpretar este texto junto do
texto sobre os nomes dos Exus, pois
alguns nomes chave que não forem encontrados aqui podem ser encontrados
no outro texto (edição de julho/2012 do
JUS). As cores seguem o que é usado
nos terreiros: Branco (Oxalá) Rosa
A
Ar = Iansã
Arco-Íris = Oxumaré
B
Brasa = Xangô e Ogum
Buraco = Omulu
ou dourado (Oxum) Verde (Oxóssi),
Vermelho (Ogum), Marrom (Xangô),
Amarelo (Iansã), Roxo (Omulu), Violeta
(Obaluayê), Azul (Iemanjá).
Lua = Logunã, Omulu e Iemajá
M
Mar = Iemajá
Mangue = Nanã
Menina = Oxum
Montanhas = Xangô
Mundo = Oxalá
N
C
Calunga = Obaluayê
Caminhos = Ogum
Caveira = Omulu
Cemitério = Obaluayê
Capa = Oxalá e Logunã
Cigana = Logunã e Egunitá
Cheirosa = Oxum
Cobra = Oxumaré
Cores = Oxumaré
Coroa = Oxalá
Cruzeiro = Obaluayê
D
Dama = Oxum
E
Encruzilhada = Ogum e Exu
Estrada = Ogum
F
Figueira = Oxossi
Fogo = Egunitá
G
Gargalhada = Oxumaré
Gira = Iansã
Graciosa = Oxum e Oxumaré
L
Lagos = Nanã
Lama = Nanã
Lodo = Nanã
Navalha = Ogum
Noite = Omulu
O
Ondas = Iemanjá, Iansã, Oxumaré
P
Padilha = Logunã
Pantano = Nanã
Pedra = Oxum e Oxalá
Punhal = Ogum
Pedreira = Iansã
Pó = Omulu
Porteira = Obaluayê
Praia = Omulu
R
Rainha = Iemanjá
Rios = Oxum
Rosas = Oxóssi e Oxum
Rua = Ogum
S
Saia = Logunã
T
Tempo = Logunã
Vento = Iansã
Véu = Oxum
V
Bibliografia: “Orixá Pomba Gira”, “Rituais Umbandistas”, “Tratado Geral de
Umbanda” e “As Sete Linhas de Umbanda” todos de Rubens Saraceni, Ed. Madras.
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M
uitos médiuns e dirigentes de Um­b anda
acreditam que basta
incorporar seus Guias para que
eles comecem a trabalhar no
atendimento às pessoas que
vão aos centros em busca de
auxilio. Mas isto não é verdade
e antes de um medium começar
a dar atendimento ele deve
firmar seus Guias nos seus
campos de atuação, sob a irradiação dos orixás que os regem
e sustentam seus trabalhos.
Mesmo que um médium
já esteja incorporando muito
bem seus Guias, ainda assim é
preciso que ele firme todos os
seus Guias antes de começar a dar passes e
consultas, e em hipótese alguma deve deixar
para depois estes procedimentos básicos e
indispensáveis a um bom trabalho de atendimento às pessoas necessitadas.
Sim! Sem estar com todas as suas forças espirituais muito bem identificadas e
fimadas em seus campos vibratórios, e já
terem seus colares ou guias de trabalho
cruzadas e consagradas, e já terem riscado
seus pontos de firmeza, não se deve permitir
a um médium novo que dê atendimento às
pessoas dentro de um centro.
Durante o desenvolvimento, sem pressa e só
após o guia se identificar, é dever, é obrigação
do medium firmá-lo em seu campo vibratório
na natureza, e fazer bem feita essa firmeza,
dando ao Guia os recursos necessários para
que ele tenha meios de ajudar as pessoas
necessitadas.
Mas não adianta só ir à natureza e dar
uma oferenda ao Guia que tudo estará resolvido. Não mesmo! É preciso que a firmeza
seja feita dentro de certos procedimentos
para que tenha validade.
E isto, por duas razoes:
Procedimentos para firmar a força de
um Preto Velho (a) no Campo Santo:
1ª- Só com as forças devidamente firmadas elas poderão fazer um bom trabalho
para os necessitados, por que contarão com
a cobertura dos orixás que regem o campo
em que atuam.
2ª- Só com suas forças espirituais bem
firmadas um medium pode mexer com certas forças que entram com as pessoas que
precisam ser ajudadas.
Se dou esse alerta é porque já estou
cansado de ver médium ficar 1, 2, 3 anos
frequentando os centros, girando e ajudando os trabalhos sem que tenham ido à
natureza firmar corretamente as suas forças
espirituais, que querem trabalhar, mas não
podem mexer com coisas pesadas porque
seus mediuns não têm o preparo necessário.
a benção e a proteção destes Orixás.
2º - Após firmar os orixás em triângulo
o medium os saúda, pede-lhes a benção e
a proteção. Depois pede licença para firmar
seu Preto Velho no Campo Santo.
3º - Depois recua 7 passos largos para
traz dando o primeiro com o pé direito e,
no sétimo. Ajoelha, cruza o solo com a
mão direita, saúda seu Preto Velho ou
sua Preta Velha, e lhe pede licença para
firmar ali, diante do Cruzeiro das Almas,
a sua força.
1º - Adquirir todos os elementos necessários: -(comidas e bebidas de preto velho),
velas e flores de crisântemos brancos.
Comidas: bolo de fubá, arroz doce,
canjica, pipocas estouradas e sem sal.
4º - A seguir pega os elementos e
começa a fazer a firmeza: - acende as
velas brancas em círculo, coloca um
pedaço de pano branco sobre o solo e
deposita em cima dele um alguidar ou
um prato de papelão com as pipocas,
cruza-as com o mel; a seguir coloca
os ramos de crisântemos brancos entre as
velas, e com as flores viradas para o lado de
fora do círculo de velas; a seguir coloca as
comidas e as bebidas ao redor do alguidar,
com cada um dos elementos acondicionado
dentro de um recipiente adequado e biodegradável. (Os vasilhames usados para
leva-los devem ser recolhidos pelo medium).
5º – Após fazer a firmeza o médium
deve cantar pontos ao seu Preto Velho (a)
ou fazer uma oração, pedindo lhe que firme
suas forças no Campo Santo, para que possa,
já firmado, incorporar no Centro e fazer a
caridade espiritual ajudando os necessitados.
6º - Caso o Preto Velho incorpore, o
cambone ou a pessoa que está acompanhando deve atendê-lo, conversar com ele
e servi-lo com o que ele pedir.
Bebidas: Café, agua, vinho licoroso
branco, agua de côco, Sempre em acordo
com o que ele pedir ou intuir ao seu medium.
7º - Depois, o médium dever pedir a
benção e o axé dele, dar 7 passos para trás
e se retirar.
Velas: 7 velas brancas para o círculo da
oferenda. Mais uma vela branca para o Pai
Obaluaiê, 1 vermelha para o Pai Ogum Megê,
1 amarela para a Mãe Iansã que deverão
ser acesas em triângulo, (antes de se fazer
a oferenda ao Preto Velho), na frente do
Cruzeiro das Almas, e dentro dele o médium
deve colocar uma vela branca para si e pedir
Observação: O medium deve pedir
licença na porteira para entrar e para sair do
Campo Santo e sua firmeza deve ser feita
com respeito, reverência e muito amor no
coração, pais é um ritual sagrado de Umbanda essa firmeza de forças e, assim como
ele é necessário, ele também trará inúmeros
benefícios para o médium que o fizer.
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Novamente, Zélio de Moraes e Benjamin...
Por SÉRGIO NAVARRO
Sempre no intuito de somar esforços àqueles que lutam em documentar as RAÍZES da nossa querida UMBANDA, trazemos aos pesquisadores mais um precioso documento, “garimpado” dos arquivos da
BIBLIOTECA NACIONAL.
É um trecho de uma grande entrevista com líderes do movimento
umbandista dos anos 70, onde BENJAMIN GONÇALVES FIGUEIREDO
declara textualmente que “Meu trabalho na Umbanda começou no
Centro do “Seu Sete Encruzilhada”...
Formidável! Confirma o que Zélio de Moraes já afirmara em áudio,
que pode ser ouvido pelo link disponível em outra postagem aqui do
blog.
Q
http://www.fraternidadeumbandistaluzdearuanda.blogspot.com.br/
MATÉRIA HISTÓRICA
Iemanjá
Texto e reportagem de Hélio Moreira da Silva,
João Antonio e Ana Lúcia A. de Souza
Diário de Notícias, Domingo 30/12/1973
Quatro líderes: Cavalcanti, Rossini, Benjamim e Arlindo falam uma
língua comum, mas em dialetos diferentes. Todos querem a unificação e
não pretendem conceder nos pontos de vista. Do médico ao deputado,
do comerciante ao pai de santo, a Umbanda continua dando para todos.
B
enjamin Figueiredo, branco, casado,
71 anos, comandante-geral da Tenda
Espirita Mirim, na Avenida Marechal
Rondon, 597, no bairro da Rocha, onde reside
no 2º andar para evitar mais despesas para a
Tenda. Considera-se umbandista puro e sua
Tenda está filiada ao Primado de Umbanda,
que tem sede na Rua Honório. Foi fundador
da primeira* Federação de Umbanda, que
tentou regularizar o culto para fugir da polícia
que os perseguia nos meados deste século.
Como diretor máximo desta Tenda que tem
aproximadamente 10.000 filhos espalhados
por 31 filiais no Brasil, sente-se contente em
manter essa religião através de sua Tenda,
que completará, em outubro próximo, 50 anos
de existência.
“Nossa Tenda, no dia 31, vai receber todos
os seus filhos e o público que aqui freqüenta
para agradecer o que recebeu o ano inteiro.
Nós não vamos à praia. Cultuamos Iemanjá, assim como todos os outros Orixás,
durante todo o ano. Cada mês cantamos para
cada um deles.
Na Tenda Mirim, que tem aproximadamente 10.000 filhos, dividos em 31 Tendas, atende
ao público nas quartas e sextas a partir das
20 horas. Nas segundas tem desenvolvimento,
nas quintas, o atendimento é para doentes, casas de saúde, hospitais e, no terceiro domingo
de cada mês, realizamos uma sessão geral.
Nesta casa cultuamos somente a Umbanda, não somos sincretizados a qualquer outra
religião, mesmo que seja espírita de origem
africana. Meu trabalho na Umbanda começou no Centro do “Seu Sete Encruzilhada”
na Praça XV, nos meados de 1917. Logo
depois foi fundada a Tenda Mirim, e de lá para
cá, estou aqui.
A Tenda veio passando de chefia em chefia
por estes anos todos e quando eu morrer tam-
bém deixarei um outro continuar este trabalho
que é puramente de caridade. Nós temos um
patrimônio estipulado mais ou menos em 4 a
5 milhões de cruzeiros. Ele pertence a Tenda.
Aqui ninguém é dono de nada, cada um tem
sua obrigação e, por isto, a Tenda vai subsistindo, e cada vez mais, crescendo.
A nossa responsabilidade como umbandistas é muito grande, como é também para
aqueles que freqüentam principalmente o
Candomblé e a Quimbanda, pois nestas duas
religiões a preparação do cavalo (médium) é
coisa muito séria e é preciso preparar bem e
certo as pessoas que se destinam para tal.
Nós não fazemos cabeça e nem camarinha.
Aqui pessoas vão chegando e encontram
esta Tenda com raízes fincadas, há quase 50
anos, e se incorporam ao ambiente espiritual.
A formação de cada um está no ambiente. O ambiente é o dono do mundo. Se
qualquer pessoa não consegue formar um
ambiente sadio e podemos citar num lar qualquer quando não há ambiente, desarmonia
incompreensão, mal-estar, intrigas e coisas
mais vão girar em torno deste lar. Portanto
aqui procuramos sempre conservar o ambiente, inclusive recebendo todos que aqui vem
com muito amor, procurando emancipá-los
espiritualmente, pois aqui eles chegam e encontram o ambiente. Portanto, as vicissitudes
materiais vão aos poucos sumindo e, cada um
por sua vez, se incorporando à Umbanda, procurando fazer sempre e bem. É o ambiente,
e nele acondiciona-se a disciplina, a religiosidade, o comportamento, a necessidade de
fazer o bem sem olhar para quem.
Flores, sabonetes, perfumes e outras
coisas devem ser oferecidos ao mar, mas sem
aquele estardalhaço que se faz no dia 31.
Iemanjá é do mar e ela fica feliz em receber
estas oferendas. Cabe ao umbandista agradecer pelo ano que se finda e muito principalmente pelo que recebeu. O que não é válido
é se ver bebidas em profusão e desregradas
pelas areias, assim como manifestos mais
intrincados de muita gente que confundem o
agradecer ao Orixá como manifestações das
mais variadas espécies.
Umbanda, Quimbanda, Candomblé,
Omolokô e Abaluaê são os principais cultos
distintos do espiritismo. Muita gente confunde
e o resultado nós podemos ver nestas festas
que se fazem pelas praias no dia 31. Quando
eu comecei, fui inclusive preso três vezes.
Éramos perseguidos por muitas classes. Hoje,
com o crescimento a coisa está mais franca
e também desordenada. Alguns chegam ao
ponto de cobrar consultas. Aqui na Tenda não
se cobra nada e não temos consulta material.
Só espiritual. Portanto quanto a estas festas
que se realizam, e agora falamos do dia 31,
não podemos discutir o valor da coisa e sim
como ela é feita. Na minha Tenda, nós, no dia
31, vamos realizar uma sessão aqui mesmo em
nossa terreiro onde deverão comparecer todos
os filhos da casa. Outras tendas e casas vão
à praia no dia 31 e lá podemos ver de tudo:
desde muita bebida, coisa que não se dá para
Iemanjá, até gente inocente que, por falta de
conhecimento, vai até as águas procurando
fazer o melhor para agradar à Rainha das
Águas. O resultado é aqui que se vê todos os
anos. Uma grande confusão.
* A primeira Federação de Umbanda foi
a Federação Espírita de Umbanda do
Brasil, fundada por ordem do Caboclo das
Sete Encruzilhadas, por Zélio de Moraes
e Benjamim Figueiredo. Com o tempo
passou a chamar-se União Espiritista de
Umbanda do Brasil - UEUB, e atualmente
é dirigida por Pedro Miranda.
uando julgamos alguém ou alguma situação de forma
abrupta, incoerente e unilateral estamos incorrendo em
um grave risco para nossa evolução espiritual. Quantas
vezes condenamos alguém injustamente? Quantas encarnações
perdidas no ódio e no desamor por ainda não termos extirpado
esta chaga que se aninha em nossos espíritos? Qual de nós,
seres humanos encarnados neste planeta de expiação e provas
possui autoridade moral e ética para fazer julgamentos?
Se tratando do assunto, certa vez uma frase foi imortalizada por Carlos Baccelli: “Uma das mais belas lições que tenho
aprendido com o sofrimento é não julgar, definitivamente, não
julgar quem quer que seja”.
Julgar, em 99% dos casos, é tirar
conclusões precipitadas sem conhecer
a totalidade dos fatos, é julgar as
aparências. Segundo a definição
do dicionário: supor, imaginar,
conjeturar, formar opinião
sobre uma pessoa ou fato,
sobre algo que não temos
total conhecimento e que,
na maioria das vezes, não
é da nossa conta.
Quando tomamos conhecimento de algum acontecimento, venha a informação de onde
vier, seja ela boa ou má, devemos usar sempre o crivo da
misericórdia em nossas tomadas de posição.
Quando nos contam uma história, vemos apenas uma
“parte” daquela história, contada, narrada ou escrita sob o
ponto de vista de quem já a interpretou e lhe deu significado.
Quando julgamos pela aparência, vemos apenas o momento
presente, não conhecemos o que realmente se passou, então
não temos o direito de emitir julgamentos de qualquer ordem.
Geralmente, diante de uma primeira impressão, colocamos
um “carimbo” nas costas do nosso semelhante. Existe até um
ditado popular para nos lembrar que: “A primeira impressão é
a que fica”. Nos lembremos que, quando colocamos o dedo
em riste para apontar os erros do próximo, os outros três dedos sempre apontam para nós mesmos. Não nos enganemos,
lembrando sempre a Lei Divina: “Cada um julga a si mesmo
por seus pensamentos e atos”.
Um dos passos para a evolução espiritual de cada um é
olhar as atitudes dos outros e acontecimentos da vida com os
olhos da misericórdia e do afeto. Está na hora de tirarmos a
“trave dos olhos”. É tempo de olharmos os outros com amor.
Temos que procurar ver no patrão difícil, no vizinho insensato, no governante inoperante, no familiar complicado,
no motorista imprevidente, pessoas que podem nos ensinar
algo. Talvez eles estejam nos apontando nossos próprios erros;
talvez seja esta a oportunidade que temos de mudar para
sempre as nossas vidas.
Ao invés de julgar, use de
empatia e procure se colocar
no lugar desta pessoa. Será que
não faríamos o mesmo, ou pior,
diante das mesmas circunstâncias? Devemos sempre lembrar
que a justiça humana, e que a lei
natural de “causa e efeito” no final
irá reajustar todas as coisas, sem
precisar de nossas precipitadas e
falhas opiniões à respeito.
Respeitar as opções do outro
e não julgar em qualquer conjuntura é fundamental e uma das
maiores virtudes que podemos
adquirir. As pessoas são diferentes,
possuem histórias e aprendizados
próprios. Nunca julgue, apenas
compreenda.
“Senhor,
não me
deixe julgar
um homem
sem que
eu tenha
andado
duas luas
com as
suas
sandálias”.
Jornal de Umbanda Sagrada - Agosto/2012
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D
e tempos em tempos, aparece
algum caso de crime relacionado
com Magia Negativa, associado
ao mal, chamado vulgarmente de
Magia Negra. De tempos em tempos,
vemos associarem alguns destes crimes
à Umbanda, ao Candomblé ou aos
Cultos Afros em geral.
São crimes bárbaros, macabros
mesmo, com mortes de crianças e estupros, motivados pelo que há de pior
e mais baixo no ser humano.
Enquanto nós ficamos aqui dizendo
que isto não tem nada a ver com Umbanda, Candomblé e Cultos Afros; os
criminosos, presos, se identificam com
estas nossas amadas religiões e ainda
dizem fazer pactos com satã, demônio,
quando não colocam os nomes sagrados de nossos Guias e Orixás no meio
de seus crimes hediondos e passionais.
SABEMOS que nossa religião é
linda, que não faz pactos, que não
existe demônios em nossos cultos. Há
anos, venho batendo na mesma tecla:
Umbanda é Religião e só pode fazer
única e exclusivamente o bem!
Enquanto isso, pessoas que nem
tem idéia do que seja religião continuam abusando de nossos fundamentos e
valores de forma negativa e invertida. O
conceito sobre religião está totalmente
banalizado e distorcido, qualquer um
cria uma nova religião e faz o que quer
com ela, esta é a verdade.
Sempre lembro a primeira definição
de Umbanda dada por seu fundador, o
primeiro umbandista, Zélio de Moraes
e sua entidade Caboclo das Sete Encruzilhadas: Umbanda é a manifestação
do espírito para a prática da caridade!
Enquanto isso, no próprio seio
da Umbanda, convivemos com praticantes que não tem a menor idéia de
quem foi, ou o fez, o primeiro umbandista. Pessoas que “dirigem” terreiros,
que se denominam sacerdotes (pai
de santo, mãe de santo, padrinho,
madrinha…) e proíbem seus médiuns
de estudar.
O medo e a ignorância são portas
abertas para as trevas interiores e exteriores. É aqui que o EGO, a vaidade
e os vícios mais baixos do ser humano
se instalam. E todos os dias vemos
anúncios de pessoas oferecendo “serviços” de magias negativas em nome
de nossos sagrados valores, de nossa
religião, de nossos guias e orixás. Deitam e rolam com os nomes de Exu e
Pombagira, usam e abusam.
As pessoas continuam procurando
um atalho, um caminho mais fácil, para
externar seu negativismo acumulado,
não querem dor, não querem crescer,
não querem assumir seus atos, não
querem ser conscientes, querem apenas satisfazer os sentidos viciados no
mundo das ilusões, das paixões que
arrastam para atitudes emocionais
animalizadas e instintivas. Ainda se
vê na figura do médium um poder de
manipular vidas! Um poder de manipular o destino, um poder que pode ser
comprado, negociado.
NÃO EXISTE OUTRA SAIDA PARA
A RELIGIÃO, É PRECISO MUDAR
O SENSO COMUM, É PRECISO
ALCANÇAR O INCONSCIENTE
COLETIVO! A UNICA FORMA É
COM EXEMPLO E NÃO APENAS
COM PALAVRAS.
Um consulente pode apenas frequentar um terreiro, sem ter a mínima
idéia do que seja a Umbanda. Um
consulente, um simples frequentador,
pode se denominar católico, ateu, à toa
e o que quiser… Este consulente pode,
sim, ele pode ser totalmente ignorante…
UM MÉDIUM NÃO PODE
SER IGNORANTE.
UM MÉDIUM E PRATICANTE
DE UMBANDA É FORMADOR DE
OPINIÃO, SEMPRE!
O MÉDIUM É O TEMPLO DA
RELIGIÃO. NÃO PODE SER O
TEMPLO DA IGNORÂNCIA!
Umbanda não é, e não pode ser
para pessoas ignorantes. E aqui fica
bem claro o sentido e significado da
palavra ignorante: aquele que ignora
algo. Não se pode praticar Umbanda de
forma ignorante, sem saber o que está
sendo praticado.
Quando não estamos bem, e todos
passamos por momentos e períodos
de negatividade, é o conhecimento,
a razão, que nos mantém dentro de
limites e parâmetros seguros. O médium
ignorante torna-se uma porta aberta
para as trevas. E vamos continuar vendo
casos e mais casos em que a ignorância
rouba, assalta, o nome da umbanda e
de nossas entidades.
COMO VAMOS MUDAR ISSO?
Ignorância se vence com conhecimento e estudo.
Contatos: [email protected]
Q
uando CRISTO andou pela
Terra como homem, procurou
fazer-se entender explicando à
humanidade aquilo que o Grande Pai o
confiou, porém era muito difícil para as
pessoas compreenderem-no.
O médium supremo, o grande
pajé, o xamã, o grande irmão urso, traz
em si o grande simbolismo místico da
presença divina, ensinando a aqueles
que tenham coração de sentir e olhos
de ver. Dentro deste simbolismo
mágico e místico, vamos considerar
os estigmas de Cristo segundo o livro
da luz.
Os estigmas do Cristo representam
além dos chakras, os cinco sentidos do
Caminho da Sabedoria.
Os estigmas dos pés simbolizam
o Caminho da Sabedoria que somente
aquele que está apto a ser peregrino
pode trilhar.
Os estigmas das mãos significam
o tato e a abnegação de saber tocar
sem possuir.
Os estigmas das costas representam a humilhação da matéria, a ignorância do mundo e seus obstáculos,
que tentam derrubar aquele que trilha
o Caminho da Sabedoria.
Os estigmas da cabeça significam a sabedoria divina vencendo a
ignorância da matéria, pois somente
tamanha sabedoria suportaria uma
coroa de espinhos sem reclamar uma
só palavra, que poderia destruir aquele
sofrimento. É preciso ter muita sabedoria para não usar o poder. Também
significa o pensar antes da reação.
O estigma do peito significa o
sentimento verdadeiro, o amor incondicional.
Para os homens esses estigmas
têm apenas um simbolismo de dor,
mas para os sábios eles são um livro
de grande aprendizado, principalmente
para quem deseja se iniciar na grande
mística divina.
Em suma isso quer dizer que todo
aquele que deseja avançar para os
mistérios divinos deve ver sua vida
como a vida de um livre peregrino.
Quando digo peregrino não necessariamente estou afirmando que as
pessoas devam sair pelo mundo sem
rumo ou direção. Estou dizendo que
a vida terrena é um eterno peregrinar,
encarnação após encarnação, vida após
vida, mas se surge no homem a necessidade da busca interior ele deve fazê-lo.
Para isso o homem deve se manter
abnegado, estando sempre pronto para
alçar vôo como uma águia livre que
invade os céus com toda sua beleza.
Para isso o homem deve agir como
os pássaros, que só podem voar porque
a nada são apegados, pois suas asas
só suportam o peso dos seus corpos e
daquilo que lhes servirá de alimento.
Os pássaros podem andar e voar, mas
não podem possuir objetos como os
homens.
No entanto, o homem daria tudo
para ter as asas dos pássaros, mas os
pássaros com certeza nada dariam para
ter a prisão sem muros do homem.
Fonte: O Livro Da Luz (O quinto
evangelho) de Aylla Harard. Inspirado
por Lo’ Ramp e Luyz Levy.
Jornal de Umbanda Sagrada - Agosto/2012
Página -6
É
dever de todo sacerdote umbandista saber
como realizar os sacramentos da Umbanda, que são estes: batismo, iniciação,
matrimônio, extrema-unção e funeral, amacis
dos Orixás, assentamentos, oferendas propiciatórias para quebrar demandas, para recolher
obsessores, etc. Também é dever saber qual é
o ponto de força de cada Orixá e como fazer
trabalhos coletivos e individuais dentro deles.
Depois de vários anos estudando e trabalhando no atendimento contínuo de pessoas
com seus Guias Espirituais, o médium desenvolve todo um formulário de práticas transmitido
pelos seus Guias, formulário esse que deve
estar dentro da cabeça dele, pois cada receita
ensinada pelos Guias, ainda que sejam simples,
no entanto estão fundamentadas nos poderes
dos Orixás que os regem, receitas essas que
podem ser dadas pelos médiuns às pessoas
necessitadas sem que o Guia precise incorporar
para transmiti-las.
Portanto, é dever do médium e futuro sacerdote ter todas essas informações gravadas
em sua memória para que não precise carregar consigo folhas de papel com elas escritas.
Exemplo: todos sabem que o Orixá Omolu tem
um poder de cura muito grande. Logo, quando
alguém doente lhe pede ajuda, o médium deve,
de pronto, recomendar à pessoa que faça alguma coisa na força d’Ele.
Mas como é que um médium que nunca foi a cemitério fazer uma firmeza do seu
Omolu pessoal e das forças espirituais ligadas
ao campo-santo (Preto-Velho, Exu, etc.) pode
recomendar que a pessoa necessitada vá até
esse Orixá? Então é dever do médium fazer as
firmezas de suas forças no campo-santo para
depois, aí sim, dar as receitas prontas para os
doentes fazerem determinados procedimentos
na irradiação desse Orixá.
Também devemos observar isto:
Se o médium não sabe quais são os principais elementos de uma oferenda a Omolu, então
ele não tem como ensinar à pessoa doente a se
socorrer com esse Orixá. A partir desse ponto, é
recomendado que o médium se instrua para que
possa recomendar trabalhos bem feitos e bem
fundamentados às pessoas que o procuram e lhe
pedem auxilio e orientação, pois nem sempre é
necessária a incorporação do Guia para que ele
ensine à pessoa sobre como proceder para ela
receber o auxílio do Orixá.
Se, no passado, tínhamos alguns livros
que ensinavam aos médiuns sobre como fazer
trabalhos nas forças de vários Orixás, hoje eles
praticamente desapareceram e esse campo de
aprendizado prático está deficiente, deixando
muitos médiuns sem saber de procedimentos
já dados pelos Guias no decorrer dos anos.
Ressalte-se que, muitas vezes, até médiuns e
dirigentes espirituais umbandistas acabam buscando ajuda para a solução de seus problemas
pessoais com nossos irmãos do Candomblé,
que possuem um receituário vastíssimo e bem
fundamentado sobre o que fazer diante sobre o
que fazer diante das necessidades das pessoas.
Esse vasto formulário de trabalhos práticos,
já desenvolvido pelo Candomblé e transmitido
de pai para filho no decorrer dos anos, tem sido
muito útil para seus seguidores e, como isso
é útil e bom, temos de desenvolver dentro da
Umbanda o nosso formulário, adaptado à nossa
forma de cultuar os Orixás.
Se, sempre se pode mandar que uma pessoa necessitada de auxilio acenda uma vela e
peça ajuda a um Orixá, isto não quer dizer que
a pessoa será ajudada integralmente, porque o
problema dela pode ser muito profundo e ela terá
de ir até a natureza e fazer todo um trabalho
completo no ponto de força do Orixá para, só
então, ser ajudada.
Sem que o médium ou o sacerdote umbandista saiba como proceder nesses casos, então
como ele poderá ser útil, de fato, à pessoa que
está sofrendo?
É dever de todo médium e de todo sacerdote umbandista saber como entrar, como
se comportar, como trabalhar e como sair do
ponto de forças de um Orixá. Também é dever
dos médiuns saberem que, assim como podem
ir ao ponto de forças de uma linha de Exus ou
Pombagiras, e ali fazer uma oferenda e pedir
por auxílio, que também podem dirigir-se ao
ponto de forças de uma linha de Caboclos ou de
Pretos Velhos, ou de Baianos, etc., fazerem uma
oferenda e pedir ajuda para essas entidades da
direita, tão realizadoras quanto as da esquerda.
Esses pedidos de ajuda para as linhas da
direita por meio de oferendas rituais bem fundamentadas devem ser de conhecimento tanto
dos médiuns que trabalham no atendimento ao
público quanto dos dirigentes, que devem ensinar seus médiuns para que eles entendam que
uma linha espiritual de Umbanda não é formada
só por um ou por alguns Guias com o mesmo
nome, e sim que elas são egrégoras espirituais
socorristas formadas por muitos milhares de
espíritos agregados às hierarquias espirituais
dos Orixás que os regem.
Assim cmo as entidades da esquerda podem
ser oferendadas para auxiliarem as pessoas, as
da direita também podem, seja para cortar um
trabalho de magia negativa, para a cura de uma
doença, para a abertura de caminhos, etc., pois o
que temos notados é que a maioria dos médiuns
tem valorizado demais as oferendas às linhas
da esquerda e só recorrem a alguma linha da
direita quando seus Guias, incorporados neles,
determinam que eles as façam.
Independentemente de o médium trabalhar
com determinada entidade (como, por exemplo,
Caboclo Mata Virgem), todos os médiuns podem
ir até as matas e oferendar o Senhor Caboclo
Mata Virgem, que ele responderá de imediato
e auxiliará, de fato, e segundo o seu merecimento, quem foi até o seu ponto de forças e
pediu-lhe ajuda.
Agora, o que se oferenda a essa Caboclo
de Oxóssi? O mesmo que se oferenda ao Orixá
Oxóssi. E o mesmo se aplica a todas as outras
linhas de Caboclos e Cacoclas que atuam na
irradiação do Orixá Oxóssi, mas que sequer são
lembrados ou tidos como socorristas de pessoas
necessitadas de auxílio. E o mesmo se aplica a
todas as linhagens de Guias Espirituais regidos
pelos outros Orixás.
Texto extraído do novo livro de Rubens
Saraceni: “Fundamentos Doutrinários da
Umbanda”, um dos lançamentos da Editora
Madras na Bienal 2012.
Jornal de Umbanda Sagrada - Agosto/2012
Página -7
M
uitos médiuns questionam sobre o que
devemos comer nos dias de trabalho
mediúnico. Muitos vão além e perguntam como um médium deve se alimentar
no seu dia-a-dia. Não quero ser radical, por
isso, começo dizendo que você deve comer o
que lhe agrada e, principalmente, o que lhe
faz bem. Mas essa escolha precisa ser feita
com consciência e informação, principalmente
sobre a qualidade e a energia de cada alimento. E talvez o ponto mais polêmico seja
a ingestão de carne.
Consumir carne, seja ela do tipo que
for, é ingerir matéria morta, sem vida, e que
normalmente foi submetida a muita dor antes
do abate. É errado? Não. Mas saber que esse
alimento é denso, pesado e vai baixar o seu
nível energético é essencial. Muitos dizem
que não conseguem viver sem carne. Mas
qualquer contato com o plano espiritual certamente fluirá melhor se estivermos vibrando
de forma mais sutil, já que o plano espiritual
também é sutil.
Muitos podem afirmar: “Ah, mas Exu e
Pombagira não são sutis. Pra trabalhar com a
esquerda, eu preciso de carne”. Me perdoem,
mas eu discordo. Exu pode até usar miúdos
de carne como elemento de trabalho, como
C
onheci a Umbanda em 1995. Ao visitar
um terreiro, uma das primeiras coisas
que ouvi de um Preto Velho foi: “você é
cavalo meu filho”. De formação espírita, não
entendi muito bem o que queria dizer esta
afirmação e logo um cambone me explicou
que a entidade estava dizendo que eu era um
médium de incorporação.
Meu coração bateu mais forte, não sabia
no que implicava aquela afir­mação, pensei que
quisessem que eu ficasse para trabalhar ali
naquele terreiro, na época bem longe de casa.
Logo respondi que era espírita (kardecista),
então ouvi a resposta de que poderia trabalhar
em qualquer lugar com esta mediunidade.
Foi uma mistura de emoções, pois aquele
ambiente me fascinou e encantou: música,
defumação, altar, ritual, símbolos, magia,
incorporação e tudo realizado por uma gente
muito simples.
Eu queria aquilo para mim também, uma
comunicação direta com a espiritualidade,
contato com meus Guias e Mentores. Embora
tivesse uma formação espirita, nunca víamos
espíritos incorporados no espiritismo e sempre havia uma orientação para não chamar
espíritos porque era muito perigoso.
O máximo que praticávamos em casa
como kardecistas era o “Evangelho no Lar”.
Mas agora eu desejava este contato direto,
esta religiosidade mediúnica que combinava
Pretos Velhos, Caboclos, Baianos, Orixás,
santos católicos, velas e etc.
Alguns dias depois, já estava junto de um
pequeno grupo dando início a um trabalho de
Umbanda. Ninguém sabia nada de Umbanda,
mas havia uma amiga que incorporava entidades de Umbanda e estas entidades sabiam
o que estavam fazendo e assim comecei meu
desenvolvimento mediúnico.
energia para cortar trabalhos feitos, por
exemplo, com a morte de animais. Neste
caso, a energia da carne morta será do
mesmo padrão energético do trabalho
negativo e facilitará o corte do mesmo.
Mas essa energia densa no campo
vibratório não é necessária para o
trabalho no terreiro e muito menos
para a incorporação.
O médium precisa estar forte,
saudável, bem alimentado, vibrando sentimentos e pensamentos
positivos. Isso, sim, é essencial
para o trabalho no terreiro. Quer
comer carne, tudo bem, coma.
Mas dizer que não é possível
trabalhar sem ela, já é desculpa de quem
não tem interesse numa outra forma de viver.
Pesquisas científicas mostram que a digestão de alguns tipos de carne pode demorar até
mais de doze horas. Para realizar a digestão,
o corpo utiliza uma grande quantidade de
energia. Ou quem come uma feijoada não fica
pesado, precisando dormir depois? Pessoas
que consomem carne em excesso, podem,
inclusive, mostrar uma tendência à raiva,
irritação e explosões emocionais.
No livro O Guardião do Fogo Divino,
do mestre Rubens Saraceni, Ed. Madras,
é diferenciada a vida nos vegetais e nos
animais: “A Imanência Divina sustenta a
vida nos vegetais que só precisam absorver
‘energias’ para nascer, viver, crescer, se
multiplicar e morrer, após ter cumprido
seu ciclo de ‘vida’. Muitas formas não
são animadas por espíritos, mas são
formas vivas e sustentadas pela
imanência do Divino Criador, que
denominamos de Vida”.
Os bichos são animados por
espíritos. Claro que não são
espíritos humanos, mas são
vidas, seres dotados de instinto.
Já as plantas, não. Elas vivem
apenas por meio da energia viva do criador e
mantém suas propriedades mesmo depois de
secas, ou “mortas”.
Não quero transformar ninguém em vegetariano, mesmo que eu e meu marido sejamos.
Mas precisamos saber o que estamos ingerindo
e tomar responsabilidade por nossas escolhas.
Muitas pessoas iluminadas vieram a este plano
e realizaram tarefas divinas com uma alimentação normal, carnívora. Mesmo assim, não há
como duvidar que uma alimentação mais leve
e sutil só nos faz bem.
Como boa parte dos médiuns, comecei a
incorporar sem saber nada sobre Umbanda.
Passei a cambonar/auxiliar os Guias Espirituais e aprender com eles algo sobre a prática
mediúnica umbandista. Mas continuava sem
saber nada sobre a religião, nada sobre a
combinação de tantos elementos num mesmo contexto. Não sabíamos nada sobre a
Umbanda de fato, mas já começávamos um
trabalho de atendimento mediúnico.
No final daquele ano, conhecemos Rubens Saraceni, que viria a se tornar meu Pai
Espiritual. Pedimos a ele que nos adotasse,
pois não tínhamos ideia do que estávamos
fazendo. Sabíamos apenas que era muito bom
receber Caboclos, Pretos Velhos, Crianças e
outras entidades para dar passe e consulta.
Com o Rubens, e por meio da literatura
psicografada por ele, começamos a entender
um pouco melhor a Religião de Umbanda e
logo tudo começou a se harmonizar em nossas mentes, fazendo com que a mediunidade
passasse a fluir muito mais naturalmente.
Com informação, passamos a ter muito
mais segurança do que estávamos praticando.
Já havia lido muitos livros de Umbanda, além
da formação espírita, mas ainda ficava por
entender tantas contradições na literatura
Umbandista.
Aos poucos passamos a ter contato com
as informações da espiritualidade sobre a
Umbanda num contexto mais amplo. Além
dos trabalhos de terreiro, surgiu o primeiro
Curso Livre de Teologia de Umbanda Sagrada,
ministrado pelo amigo, irmão e agora meu Pai
Espiritual, Rubens Saraceni.
Comecei a compreender melhor tudo o que
praticávamos no terreiro, o conhecimento passou a ser organizado e sistematizado para que,
além de aprender, pudesse ensinar também.
Surgiu o Curso de Sacerdócio de Umbanda
Sagrada, no ano de 2000, no qual passei a
fazer estudos práticos/mediúnicos, tive a oportunidade de trabalhar mediunicamente junto
do Rubens e ser apresentado às manifestações
dos 14 Orixás e muitas Linhas de Trabalho. O
desenvolvimento mediúnico passou a ganhar
uma outra forma e dedicação diferenciados,
pois o que antes era realizado durante as
sessões de atendimento, agora ganhava forma
e método.
Começou então a ser idealizado o curso
de desenvolvimento mediúnico, o Rubens
passou a dar um modelo de Escola Mediúnica
Umbandista, por meio do Colégio de Umbanda Sagrada Pai Benedito de Aruanda. Hoje
temos muito mais informação, aplicamos uma
metodologia teórica e prática, tanto no desenvolvimento mediúnico, quanto no sacerdócio
de Umbanda. Fazemos o mesmo trabalho de
terreiro, no entanto com muito mais propriedade e direcionamento.
Montamos grupos de desenvolvimento
mediúnico e sacerdócio de Umbanda com o
objetivo de auxiliar aqueles que receberam a
mesma mis­são que cada um de nós, trabalhar
mediunicamente na Umbanda.
Com metodologia, conhecimento e disciplina, o desenvolvimento mediúnico e a
preparação sacerdotal se tornam muito mais
tranquilos e seguros.
Agora em Setembro estamos começando
novas turmas de desenvolvimento mediúnico e
sacerdócio de Umbanda no Colégio de Umbanda
Sagrada Pena Branca, em São Paulo. Desenvolvimento para médiuns que já incorporam
ou não (às quartas feiras à noite) e Sacerdócio
para médiuns que já trabalham na Umbanda,
que já incorporam e dão passe e consulta com
seus Guias (às quintas feiras à noite).
Jornal de Umbanda Sagrada - Agosto/2012
Página -8
I
rmãos umbandistas. No mês de agosto, muitos templos fazem suas consagrações para o nosso Divino
Pai Obaluaiê. Este Pai Orixá atua na evolução dos
seres, transmutando e estimulando a sabedoria e o
crescimento íntimo.
Pai Obaluaiê é o Orixá das Passagens dos Portais, onde
transporta de um nível para outro a verdadeira consciência.
É considerado o Orixá da cura física e espiritual, sendo
também responsável pelo encaminhamento de espíritos
sofredores, eguns, quiumbas, obsessores, vampirizadores, etc.
Através de seu Portal de Luz, faculta a chance e a
oportunidade desses espíritos serem guiados e amparados
pela Lei Maior. No Portal de Luz do Pai Obaluaiê, aprendese a encaminhar e a curar estes espíritos, usando uma
única vela branca.
Este aprendizado simples e coerente nos dá a chance
de encaminharmos tudo aos “pés” do Trono da Evolução,
representado simbolicamente pelo cruzeiro, que no campo
santo mantém seu ponto de força.
O Divino Pai Obaluaiê é representado pelo sincretismo
religioso como São Lázaro, e suas cores no campo religioso
são branco/preto, e no magistico violeta.
Sua pedra: turmalina negra
Amaci: folhas de louro e manjericão maceradas com
água da fonte, rio ou lago. Oferenda: Água mineral, vinho licoroso rose, pipoca, côco seco fatiado com
mel, velas brancas e violetas. Flores: crisântemo branco, margarida e rosa branca
Venha ser um iniciado do Portal de Luz do Pai Obaluaiê e conhecerá o fundamento da palavra
caridade para si e para os seus semelhantes.
Um grande abraço!
Contatos: [email protected]
E
sta junção de axé dos Orixás dentro das
Cartas Ciganas,somente acontece aqui no
Brasil,pela vivência dos Ciganos com os
Africanos,esta convivência só nos beneficiou.
No século XVI esta convivência começa na
Bahia com a vinda dos Ciganos deportados, e dos
Africanos escravos, o sofrimento, as magias e os
4 elementos os uniram, e desta convivência, as
conversas e as tardes de domingo propiciaram para
que as Ciganas com as suas Cartas e as Africanas
com os Búzios, trocassem os seus conhecimentos.
Em nenhum momento as Ciganas usam as suas
cartas para mostrar o Orixá regente do consulen-
te, mas para mostrar a atuação do verbo junto
a mensagem das Cartas, desta convivência de
momentos de tanto sofrimento, estas ciganas e
africanas mostram a união e juntas conseguiram
guardar e manter os seus costumes.
Desta união nasce o Axé dos Orixás nas Cartas
Ciganas, a junção dos verbos dos Orixás junto com
a mensagem das Cartas Ciganas, e este fato só
enriquece as nossas leituras. Herança deixadas
por nossas ancestrais, eu não tenho duvidas que
nas nossas veias correm rosas vermelhas, e nosso
coração bate como um atabaque. Axé, Optchá,
Arribá Povo Cigano!
AXÉ DOS ORIXÁS NAS CARTAS CIGANAS
Carta 1............ Carta 3............ Carta 5............
Carta 6............
Carta 7............
Carta 8............ Carta 9............
Carta 10..........
Carta 13..........
Carta 20..........
Carta 21..........
Carta 22..........
Carta 30..........
Carta 31..........
Q
Cavaleiro---------Orixá
Navio------------- Orixá
Árvore------------Orixá
Nuvens-----------Orixá
Cobra-------------Orixá
Caixão------------Orixá
Ramalhete-------Orixá
Foice--------------Orixá
Criança-----------Orixá
Jardim------------Orixá
Montanha--------Orixá
Caminhos-------- Orixá
Lírios------------- Orixá
Sol---------------- Orixá
uando o Sol do PAI OXALÁ criou as formas
e dourou as Águas doces e ondulantes dos
cabelos da MAMÃE OXUM,
A DIVINA IANSÃ pegou o seu Cálice, colheu
daquela água e daquele Ouro, e espalhou suas
Bênçãos pelos ares;
PAI OXUMARÊ trouxe o Arco-Íris Sagrado
e cobriu de cores aqueles ares, empurrando-os
sobre as terras de MAMÃE OBÁ, para que todos
os filhos da Terra pudessem caminhar na segurança da Luz;
MÃE LOGUNAN abriu o Tempo, para que toda
aquela infinita Beleza ficasse para sempre guardada na memória de todos os viventes;
PAI OXÓSSI veio Expandir a Criação, e povoou a terra com suas Ervas e Plantas, para que
fossem companheiras e auxiliares dos homens,
curando-os de angústias e doenças;
PAI XANGÔ dividiu e cercou tudo com suas
montanhas; e depois dividiu sua Força com os
mortais, partindo as montanhas em pedras, e
fazendo machados com as pedras, e criando o
Fogo com as pedras, e aquecendo a vida dos seus
filhos, por Ele muito amados;
PAI OGUM, com seu escudo e armas de
guerra, pôs Ordem em tudo o que havia sido
feito. E abriu caminho para que se avistassem
os Mares Sagrados de MÃE IEMANJÁ, onde já
existia uma Vida abundante, da qual os homens
não mais se lembravam, perdidos que estavam
nas suas ilusões...
E os filhos da Terra foram mais uma vez
Exu..................Verbo
Yemanjá...........Verbo
Oxossi..............Verbo
Yansã...............Verbo
Oxumaré..........Verbo
Omulu.............Verbo
Nana...............Verbo
Obaluayê.........Verbo
ibejis...............Verbo
Ossaim............Verbo
Xangô..............Verbo
Ogum..............Verbo
Oxum..............Verbo
Oxalá..............Verbo
Agir
Gerar
Prosperar
Direcionar
Diluir
Transformar
Renovar
Curar
Alegrar
Colher
Equilibrar
Abrir
Amar
Crescer
alimentados por seus PAIS e MÃES ANCESTRAIS.
Renasceram das águas... E todos sonhavam em
banhar-se naquelas águas salgadas, onde havia
peixinhos prateados, estrelas do mar, cavalos
marinhos e golfinhos vigiados por belas sereias...
Os homens da Terra suspiravam e sonhavam,
diante da beleza da Vida que despontava aos
seus olhos...
MÃE EGUNITÁ incendiou os corações de todos
com a sua Chama Purificadora. E, então, o amor
dos homens, agora limpo, se aproximou um pouco
do Amor do Criador...
Desceu, diante de todos, o Velho PAI OBALUAIÊ, com a sua Sabedoria infinita, e pediu
aos filhos da Terra que nunca se esquecessem
de caminhar com serenidade, sempre à frente,
sempre buscando a evolução das suas almas e
corpos. E lhes ensinou a deixarem no Colo Sagrado de MAMÃE NANÃ todas as suas mazelas e
imperfeições, para seguirem caminhando.
Rijo, no Silêncio Amoroso dos que muito
amam, PAI OMOLU veio Ceifar tudo o que não
mais servia aos filhos da Terra.
E o REINO de OLORUM se fez entre os homens, que ainda hoje se deslumbram diante da
Grandeza da Criação e do Amor Infinito dos seus
DIVINOS PAIS e MÃES ANCESTRAIS. E estão
agora aprendendo a amar...
Saravá, UMBANDA, Filha Querida de OLORUM, que nos mostras toda a Grandeza e todo o
Amor da Criação!
Jornal de Umbanda Sagrada - Agosto/2012
Página -9
Contatos: [email protected]
Curso de Atabaque
(Curimba) Toque e Canto
TAMBOR DE ORIXÁ
Com Severino Sena, há 14 anos formando Ogãs e Instrutores.
M
uita gente acha que vai ao terreiro
para tomar o seu passe semanal
e simplesmente é atendido, vai
embora, e não tem a sua parte na força
transformadora que é nossa amada religião
de Umbanda.
Poucos questionam o que estão fazendo
para mudar o mundo à sua volta. São poucos
os que indagam o que poderiam fazer para
melhorar a vida das pessoas, ou só sabem
indicar, (quando indicam) o terreiro que
frequentam, liberando-se assim, da responsabilidade de transmitir a palavra amiga.
Saibam que os Guias Espirituais, amparados pela Lei Divina, se servem das nossas
características humanas, dogmas e critérios,
para continuar seu trabalho além da gira.
Quantas vezes o consulente não passa
numa consulta com um Preto Velho, e, mesmo não precisando de nada, apenas passou
para tomar seu “passe”, enfim, ouviu uma
frase, como esta, por exemplo:
- Ei “mizifio”, voismicê não está sozinho. Deus nosso Pai Criador não colocou
ninguém aqui para o sofrimento eterno. As
dificuldades passam, e dão lugar a momentos de alegria e felicidade. Aproveite esses
momentos e guarde-os na lembrança, e
quando precisar alimentar a memória, traga
essas lembranças, mesmo pequenas, dos
momentos bons, que eles naturalmente
se multiplicam em sua vida. Assim quer o
Criador, que vós seja feliz, e caminhe no
bem, na saúde e na alegria...
E depois de alguns dias, esse mesmo
consulente encontra um amigo que não via
a algum tempo, e esse último fala que sua
vida não anda bem, que perdeu o emprego
e demonstra que sua confiança está a beira
de um colapso. Naturalmente, e sem mesmo
lembrar onde tinha ouvido as palavras, é
capaz de dizer ao amigo que “ele não está
sozinho, que Deus não coloca ninguém aqui
para sofrer, que tudo passa e que nesse
momento difícil, procure puxar na memória
os momentos felizes que já passou e dar
importância e gratidão a eles, que assim, se
multiplicam e se repetem em nossa vida...”.
Palavras ligeiramente diferentes, mas
com todo o sentido passado pelo Sagrado
Preto Velho.
Erveiro
da
Isso funciona sem percebermos, da
mesma forma que quando um médium permite, seus guias espirituais fazem com que
flua através dele, o conhecimento baseado
naquilo que está no conjunto mediúnico –
conhecimentos, habilidades e atitudes.
Quando o médium aprende sobre ervas,
entende que a forma que aprendeu fazer
seus banhos, defumações e benzimentos é
adequada, naturalmente começam a passar
isso adiante, seja através das consultas, seja
no seu dia a dia. Os nossos Guias na Umbanda pas­sam a mensagem pela sua simples
presença. A força do arquétipo já carrega
esta capacidade. A alegria das crianças, a
sabedoria dos Pretos Velhos, a austeridade
e coragem dos Caboclos, o jogo de cintura
dos Baianos, enfim, cada um, da sua forma,
com seu regionalismo, traz em si mesmo,
pela sua presença, uma força simbólica que
transmite algo de bom.
E essas características vão sendo adaptadas por nós e refletem no nosso cotidiano.
Invariavelmente eu me pego numa
situação e penso: - Como será que meu Pai
Caboclo resolveria isso?
Eucalipto
de
Erva quente muito poderosa na limpeza e desinfecção
astral. Na resolução de problemas causados por campos
energo-magnéticos densos, gerados na linha do tempo,
ou seja, magias antigas, decretos e praguejos que criam ou ativam portais negativos que
se mantém ativos por tempo indeterminado e se reativam naturalmente, ou pelo comando
do seu ativador. Alem do uso comum em banhos, defumações, bate-folhas e cobertura de
chão, pode ser usado para forrar camas de cura, aplicação de passes energéticos. É um
excelente fechador e cancelador desses portais negativos.
Sinônimo botânico: Eucalyptus citriodora Hook.; Eucalyptus tereticornis Smith.
Indicações ritualísticas: Limpeza e desinfecção, paralisador do magnetismo de magias
executadas no tempo, como amarrações e praguejos.
Ação (verbos): consumir, desmagnetizar, retornar, cancelar, congelar
Cor energética: prata azulado ao verde cristalino
Orixás principais: Oyá – Logunan, Ogum, Iansã
Texto extraído do livro “Rituais com Ervas –
Banhos, defumações e benzimentos” de Adriano Camargo
Aruanda”
Cursos Ministrados por Adriano Camargo
• Curso de Ervas: Manipulação Ritualística 1, 2, 3, 4 e 5;
• Ervas na Umbanda;
• Magia Divina das Sete Chamas;
• Magia Divina das Sete Pedras;
• Magia Divina das Sete Ervas;
• Magia Divina das Sete Raios;
• Teologia de Umbanda; • Sacerdócio de Umbanda.
Informações e Inscrições:
Av. Senador Vergueiro, 4362 - Sl. 2
Rudge Ramos - São Bernardo do Campo
(11) 4177-1178
www. ventosdearuanda.com.br
Templo de Doutrina Umbandista
Pai Oxalá
e
Pai Ogum
Magia DIVINA dAS SETE PEDRAS SAGRADAS
SEGUNDA-Feira: Das 20h00 às 22h00
Sacerdócio de umbanda
Terça-Feira: Das 20h00 às 22h00
desenvolvimento mediúnico
QUINTA-Feira: Das 20h00 às 22h00
sábado: Das 14h00 às 16h00
Magia DIVINA dAS SETE ERVAS SAGRADAS
sábado: Das 10h00 às 12h00
Novas Turmas! homens e mulheres!!!
Esta é a sua oportunidade de aprender canto e toque na Umbanda, para Guias e Orixás!!!
sem taxa de matrícula: Toques: Nagô,
Ijexá, Angola, Congo e Barra Vento
SEGUNDAS-Feiras, das 19h20 às 22h30
CEIE - Centro de Est. Inic. Evolução
Pça Joaquim Alves, 1 - Penha - SP
Sextas, AS 19h00 e SÁBADOS, AS 9H00
Instituto sete porteiras do brasil
Av. Tiradentes, 1290 - Metrô Armênia
Adquira o CD “Umbanda canta para
as Yabás Obá, Oyá e Egunitá”
Informações: 3984-0181/9622-7909
www.tambordeorixá.net.br
[email protected]
[email protected]
Escola de Baralho Cigano
Carmem Romani Sunacai
Eucalyptus globulus Labill.
Jurema
Templo Escola “Ventos
E tenho uma resposta de Fé e Coragem
que me ajudam e amparam na decisão e
solução que eu, e somente eu, preciso tomar.
Quando aprendemos sobre as ervas,
esse conhecimento se magnetiza em nós,
fica pulsando no nosso mental, é expresso
nas nossas emoções e na forma que reagimos diante do elemento da natureza. É claro
que depende da forma com que cada um se
integra a esse conhecimento e desenvolve
em si as habilidades de manipulá-lo.
Os Guias Espirituais nos motivam e
direcionam para um campo de ação, e isso
facilita o trabalho deles através da nossa
mediunidade. Portanto, se você, médium,
sentir que deve aprender sobre as ervas, o
básico dos banhos, defumações e benzimentos, não perca tempo. Aprenda!
Não se incomode se através de você, os
mecanismos da Lei Divina encontrarem uma
forma de ajudar o semelhante. Domine seu
ego a ponto de ter consciência que o conhecimento não é seu, apenas está em você
para seu próprio progresso e do semelhante.
Sinta-se instrumento e será abençoado com
o Divino saber dos simples.
INSCRIÇÕES
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Jornal de Umbanda Sagrada - Agosto/2012
Jornal de Umbanda Sagrada - Agosto/2012
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M
uito triste e chateado pela
brusca interrupção no
convívio com Sr. Nelson
Fogo, nosso querido amigo de longa data, irmão de fé, funcionário
do SANU e marido da Babá Dirce,
ponho-me novamente a escrever.
E nada poderia ser mais propicio
nesse momento de despedida do
que falar e refletir um pouco sobre
quem somos.
Buscando na memória vejo
minha vida passar rapidamente. Parece
que nasci, cresci e... num piscar de
olhos, pronto! Já estou aqui hoje. Como
passou rápido. Me lembro de estar
sonhando com o futuro quando tinha,
sei lá... uns dezesseis anos. Depois me
lembro de estar apaixonado e preocupado em como poder sustentar uma
família. Logo em seguida me lembro
de trabalhar feito um doido para poder
dar conta da casa, mulher e filhos. Me
arrependi de algumas coisas na vida,
mas, jamais de ter me casado e de ter
sido pai. Esses sempre foram os motivos
que fizeram seguir sempre em frente.
Hoje já não tenho que trabalhar
de sol a sol para sustentar a família.
Quase todos meus filhos estão casados
e caminham pelas próprias pernas. Trabalhar no SANU é desgastante, porém,
apaixonante. Estou hoje onde gostaria
de estar, fazendo o que gosto de fazer.
Mas... voltando ao motivo que propus
a escrever, gostaria de dizer que se já não
tenho mais um corpo esbelto, uma pele
lisinha e uma disposição atlética. Gosto
de pensar que um dia já fui assim e vivi
de acordo. Durante anos fui funcionário,
engoli sapos e pensava dez vezes antes
de falar; já fiquei sem dormir pensando
nas contas; já briguei sem motivo; já magoei; já fui magoado; já andei a pé para
economizar o dinheiro do ônibus; já cedi
quando tinha razão e já teimei quando
não tinha. Já fiz sacrifícios pela família e
sei também que minha família também
se sacrificou por mim. Porém, quando
vejo meus filhos adultos, íntegros, pessoas responsáveis e de bom caráter, sei que
cumpri bem a minha missão de preparálos para o mundo. Serão bons pais para
meus netos e, com certeza, deixarão suas
contribuições para a construção de um
mundo melhor.
Por outro lado, quando me olho nos
espelho percebo que a balança da vida
já está pesando mais para o passado,
ou seja, tenho menos tempo a viver
dos que os já vividos, penso: por que
me preocupar com mediocridades? Não
tenho mais paciência para discutir assuntos que não me agradam. Não consigo
discordar de algo e ficar calado, afinal
meu cabelos brancos me deram esse
aval. Aliás, meus poucos cabelos me
desobrigam e frequentar locais que não
aprecio, comer o que não gosto, etc...
Procuro escutar os conselhos do médico
para uma alimentação sadia, mas, em se
tratando de doces, já percebi que é inútil
resistir. É claro que não exageros, mas,
não estou mais tão preocupado se vou
ter que mudar a fivela para outro furo
no meu cinto. Quando fizer os exames
de rotina, se estiver acima do peso o
médico me dirá o que fazer. Deixo que
ele se preocupe!
Não tenho mais paciência para assistir o que não gosto na TV. Prefiro ler um
livro. Mas, se a novela está interessante,
não assistir por quê? Fico esperando
chegar a revista que assino impaciente
e, quando chega, que satisfação! Dedico
boas horas da minha vida saboreando as
matérias que me interessam e quando
posso, escrevo mandando sugestões e
opinião. Viajo com minha mulher e, ao
contrário de antigamente quando ficávamos procurando o que fazer, dormimos
bons sonos à tarde e acordamos bem
dispostos para um jantar a dois pra botar
a conversa em dia.
Um pouco mais lento pelo peso
dos anos nos ombros, a palavra pressa passou a ser subjetiva: Pressa pra
quê? Pressa por quê? Dependendo do
motivo, nem me preocupo. Já passou o
tempo em que eu tinha pressa pra tudo.
Tempo que me lembro com saudades.
Época em que os valores morais eram
bem diferentes: pra namorar tinha que
conquistar; pra beijar levava um mês de
lábia; e para o que vem depois, era só
casando mesmo! Mas era bom! Parecia
bem mais romântico do que hoje em dia,
apesar de que não sei se é a nostalgia
que me faz sentir assim.
Fico surpreso quando ouço meu
neto conversando com meus filhos:
- “Vamos tomar uma sprite?”
- “Você já viu meu iPhone?”
- “Tô com uma fome. Vamos no
Outback?”
Me pergunto onde foi parar a Grapette? Ninguém mais toma Q-Suco? O
que aconteceu com a pomada Minâncora? Ninguém mais usa brilhantina
Glostora? O sabão em pó Rinso e a cera
Parquetina eram campeões de venda!
Outro dia perguntei da bomba de flit,
deram uma gargalhada! E quando falei,
na hora da sair, cadê meu Vulcabrás
752? Acharam que eu tava viajando
e me mandaram tomar ginkgo biloba.
Ué, e o Biotônico Fontoura? Acho que
preciso de uma Cibalena!
Bom é claro que estou brincando,
mas, se alguém aí tiver com problema
de DNA (Data Nascimento Antiga) saiba
que teve o privilégio de viver tempos
maravilhosos e a oportunidade divina de
chegar até aqui, portanto, não estrague
tudo agora!
NOTA DE PESAR:
“A FEDERAÇÃO UMBANDISTA DO GRANDE “ABC” informa com pesar a passagem
do sr. Nelson Fogo à Aruanda Maior. Sr. Nelson era casado com a Babá Dirce Paludetti
Fogo e trabalhava no SANTUÁRIO NACIONAL DA UMBANDA.
Desejamos à Babá e a toda família nossos sinceros sentimentos e lembramos que
mesmo que o destino unindo e separando as pessoas, nenhuma força é tão grande que
nos faça esquecer aqueles que, por algum motivo, um dia nos fizeram felizes.”
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A
s coisas estavam um pouco
diferentes naquela noite. Não
esquisitas, nem estranhas, só
diferente. O terreiro estava limpo e
cheio de energias boas e confortantes,
com as seguranças feitas e os médiuns
dispostos.
Os consulentes aos poucos iam
chegando e trazendo suas dores e
lamentos para os pais, cada qual com
a esperança de melhoras.
A sessão começou com todos cantando e elevando seus espíritos a Deus,
unidos e amparados pela Luz Divina que
vem de Aruanda, do Reino de Oxalá. O
Guia do dirigente espiritual do terreiro
incorporava em seu médium para mais
uma sessão de amor e caridade aos
irmãos necessitados, ao som de seu
ponto cantado:
“É o vento que balança
as folhas guiné,
É o vento que balança as folhas,
É, é, é Pai Guiné, é o vento
quem balança as folhas”.
Um a um os consulentes foram
sendo guiados para os caminhos do
amor através da conversa sincera e
dos passes magné­ticos dos Guias do
terreiro. Tudo estava correndo normalmente, ou parecia estar, que até que
uma consulente incorpora um kiumba
que esperneava e xingava a todos os
presentes.
Pai Guiné levantou de seu toco
deixando seu consulente esperando e
foi até o kiumba. Apenas olhou com resignação e compaixão daquele espírito
perdido nas trevas da ignorância, do
preconceito e sobretudo do ódio.
O kiumba, ao pressentir a chegada
do Preto pára de espernear e com ódio
olha para Pai Guiné e fala:
- É bem capaz que esse negro vai
me fazer parar!
Pai Guiné responde:
- Parar, esse nego velho não vai,
porque nenhum espírito merece ficar
parado nas escalas evolutivas que
regem o Universo e se o irmão acha
que ficaremos aqui contracenando num
teatro está muito enganado.
O kiumba assustado e sem saber
o que fazer segue esperneando e
xingando a todos. O Preto-Velho bate
sua bengala no chão, o kiumba pára e,
vagarosamente, a cada nova batida da
bengala do Preto-Velho ele se desliga
dos chacras da consulente, que é energizada e convidada para uma franca
conversa com Pai Guiné.
- Obrigada Pai, não sei quem
mandou aquele encosto, aposto que
foi alguém do meu serviço!
A consulente foi interrompida em
seus delírios de obsessão e o Preto
Velho lhe responde com sabedoria:
- Minha filha, hoje você veio nesse
terreiro querendo destruir a todos que
lhe rodeiam, irmãos que você supunha
serem seus inimigos. Ninguém mandou o encosto para você, minha filha,
apenas era um espírito com afinidade
de seus sentimentos de ódio e rancor.
As palavras do Preto Velho fizeram a consulente refletir. E, após um
silêncio de reflexão, Pai Guiné continua
sua conversa:
- A filha acha que, por ter um bom
emprego e um bom cargo, seus colegas
lhe invejam e seu chefe lhe persegue,
mas não vê que seu emprego apenas
reflete aquilo que a filha fez ou deixou
de fazer por aqueles colegas que mais
precisavam da sua ajuda, virando-lhes
o rosto e sendo ríspida com quem hoje
poderia ser seu amigo ou sua amiga.
A filha veio nesse terreiro procurando
o mal e, influenciada pelo kiumba,
é o que levaria para casa, mas esse
Negro Velho, inspirado por seu Anjo
de Guarda veio ao seu auxílio. Espero
que a filha volte ao seu lar, agora com
a aura limpa e com um pouquinho mais
de sabedoria, que plante sementes de
compaixão, humildade e caridade, que,
tenho certeza, irá colher paz, amor e
muitas felicidades.
Ao cessarem as palavras de Pai
Guiné a consulente, com lágrimas nos
olhos agradeceu com sinceridade ao
humilde e sábio Pai Guiné de Aruanda
e saiu do terreiro levando amor, um
corpo espiritual limpo e a certeza de
ter encontrado a Luz.
A cada vento que bate em seu
rosto lhe trazendo paz, ela se lembra
de que, nos momentos mais difíceis.
Pai Guiné lhe carrega nos braços, elhe
lembra que ele é o vento quem balança
as folhas.
Anaruê! Pai Guiné de Aruanda.
Anaruê!
Nossa
capa:
Reprodução
da ilustração
digital
“Submission”
do artista
açoriano
António
Pedro.
Página -12
Jornal de Umbanda Sagrada - Agosto/2012

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