Editorial - Alma Alentejana
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Editorial - Alma Alentejana
N.º 29 JAN/MAR 2010 Editorial E is-nos chegados ao mês de Março. Mês de, estatutariamente, prestar contas aos Associados da Alma Alentejana – Associação para o Desenvolvimento, Cooperação e Solidariedade Social. Prestação de contas pelo que fizemos, de meados de Julho a Dezembro, bem como pelo que os que nos antecederam realizaram, durante a primeira metade do ano que passou. Não foi tarefa fácil, tanto mais que apanhar o barco a meio da viagem e arcar logo com a implementação, realização e desmontagem da XI Feira da Alma Alentejana, sem falar no tudo que houve pelo meio, é obra. Ao mesmo tempo fomos confrontados com a necessidade de publicação da Revista Cultural editada anualmente, tarefa plenamente conseguida e com a qualidade que tem sido apanágio das anteriores edições. Seja como for esforçámo-nos por cumprir o Plano de Actividades e Orçamento que herdámos e conseguimos realizá-lo integralmente. Tem sido um trabalho de equipa, mais experientes uns, outros nem tanto, sem líderes, antes cada um assumindo as suas responsabilidades, para formar um todo que prontamente desse resposta aos desafios que fossem surgindo. E assim temos evoluído e aprendendo a levar por diante esta grande nau que é a Alma Alentejana. É verdade que temos contado com o trabalho e a dedicação dos que no dia a dia aqui trabalham, sempre imbuídos no lema de fazer mais e melhor no sentido de aperfeiçoar o serviço prestado à comunidade e aos nossos utentes. Aproveitando algumas ideias e sugestões da última Assembleia Geral - minimizar custos - temos desenvolvido esforços para encontrar forma de conseguir este desígnio. Neste sentido consultámos já 4 empresas especializadas no fornecimento de refeições para análise dos preços praticados por cada uma delas. Já temos as respectivas propostas, falta agora apurar os custos correntes da instituição com a prestação deste serviço, para aquilatarmos se vale ou não a pena alterar o que tem vindo a ser feito. No plano social, concretizámos no final do 2º 2 alma alentejana quadrimestre de 2009, a alteração do acordo de cooperação com a Segurança Social para o Serviço de Apoio Domiciliário, vindo a assinar um novo protocolo, que passou de 10 para 20 utentes a serem comparticipados. Paralelamente, aumentámos em 2 o número de funcionários afectos a esta valência. Quanto a actividades de carácter cultural, realizámos uma vez mais os Jogos Florais da Alma Alentejana, desta vez a nona edição. Evento de excelente nível, tendo como patrono José Manuel Maia, Presidente da Assembleia Municipal de Almada. Na décima edição, a realizar este ano, na qual já estamos a trabalhar, pretendemos que venha a ser patrono um “homem da casa”, Simas Abrantes, sócio fundador da nossa associação e seu primeiro Presidente. No que diz respeito aos grupos que se constituíram no seio da associação, Cantadeiras, Cavaquinhos e Sevilhanas, temos feito um acompanhamento sério e interessado das suas actividades, bem como da recentemente criada “Escola de Música”, para os quais pretendemos um enquadramento institucional maior, tendo já elaborado propostas que estão a ser apreciadas pelos interessados. Olhando para o futuro próximo, datas de grande significado se aproximam, 25 de Abril, 1º de Maio, e tudo o que por acréscimo a Revolução dos Cravos nos proporcionou, em particular a Reforma Agrária e tudo o que ela significou para o Alentejo e suas gentes. Próxima está também a data de comemoração de mais um Aniversário da Alma Alentejana que iremos assinalar condignamente, bastante participado, esperamos, à imagem da história da nossa Associação. António Oliveira Presidente da Alma Alentejana FichaTécnica ÍNDICE EDITORIAL..................................................... 1 ACTUALIDADE O outro D do 25 de Abril ............................ 3 Quem somos nós? ...................................... 4 X JOGOS FLORAIS ...................................... 10 NOTÍCIAS DA ALMA Escola de Viola Campaniça ........................11 Casa do Alentejo ...................................... 12 Relatório Actividades e Contas 2009 ........ 13 14º Aniversário da Alma Alentejana ........ 13 Fim de Semana Alentejano na Charneca de Caparica ................................................ 13 Prof. Carrageta lança livro “ Como ter um coração saudável” ...................................... 13 CULTURA As Cantadeiras da Alma Alentejana ......... 14 O Tratado do Cante .................................. 18 CONTACTOS SEDE: Av. Prof. Ruy Luis Gomes, 13 r/c - Laranjeiro Telef/Fax: 212 551 296 - [email protected] C. D. LARANJEIRO: Praceta Luis de Sá, 8 B - Laranjeiro Telef/Fax: 212 540 053 - [email protected] C. D. PRAGAL: Travessa Moinhos Ed. Polivalente - Pragal Telef/Fax: 212 740 688 - [email protected] C. C. COVA PIEDADE: Largo 5 Outubro, 18 - C. Piedade Telef/Fax: 212 730 264 C. C. Trafaria: Av. Liberdade, 9 - Trafaria Telef/Fax: 212 950 449 w w w. a l m a a l e n t e j a n a . p t Edição: Alma Alentejana, Associação para o Desenvolvimento, Cooperação e Solidariedade Social Coordenação: José Rabaça e José Moutela | Director Editorial: António Oliveira Colaborador Técnico: Hélio Heitor | Produção Gráfica: Tipografia Lobão, Lda. A Alma Alentejana não se responsabiliza pelas opiniões expressas pelos seus colaboradores boletim informativo José Moutela O outro D do 25 de Abril... E stamos a um mês de comemorar o 25 de Abril – já lá vão 36 anos! – e sempre ouvimos falar dos 3 D’s (descolonizar, democratizar e desenvolver). Hoje e, no âmbito da actividade social da Alma Alentejana, queremos falar do outro D – Dignidade. Não vamos discorrer sobre tudo o que o 25 de Abril trouxe, mas sim fixar-nos num aspecto que muito nos toca e que é duma importância extraordinária para a nossa população mais idosa – Envelhecer com Dignidade. Esta reflexão surgiu-nos aquando duma visita a Veiros, Estremoz, em pleno Agosto, com uma temperatura de 43º, entrámos no Lar da Santa Casa da Misericórdia e deparámos com cerca de 50 pessoas de idade bastante avançada, usufruindo das condições, impensáveis antes de Abril, onde não faltava o espaço, o ar condicionado - em contraste com a “calmaria” do exterior - , o apoio das empregadas, a refeição adequada, a tempo e horas, a higiene das instalações e pessoal e tudo o que hoje os Lares e Centros de Dia podem oferecer nesta componente da sociedade. Os Centros de Dia e de Convívio, os Lares, Centro de Noite e os Serviços de Apoio Domiciliá- 3 Actualidade rio, não nasceram por acaso, foram fruto das necessidades da população e obra, na grande maioria dos casos do Movimento Associativo Popular. A criação de Associações de Reformados e Idosos, mobilizaram pessoas e consciências, muito voluntariado e uma classe de dirigentes associativos que criaram estruturas, buscaram apoios e formaram, uma cadeia solidária para realizar o que caberia ao Estado assegurar – o apoio efectivo aos seus idosos. A Alma Alentejana integra-se neste grupo de cidadãos. Estamos, assim, gratos ao espírito que Abril nos deu. É esta a nossa maneira de comemorar Abril. Sempre! 4 alma alentejana Actualidade Quem somos nós? H á dias, em conversa com uma velha amiga, esta perguntava-me onde trabalhava e o que fazia. Depois de lhe explicar aquilo que faço, disse-lhe o nome da Instituição que me paga o salário e para meu espanto, fui confrontado com a sua surpresa, pois a Maria João, pensava que a Alma Alentejana, era apenas uma instituição que se dedicava à organização de eventos culturais e de vendas de produtos gastronómicos do Alentejo! De facto, é verdade, a Alma Alentejana, também se dedica a estas iniciativas. Porém tem uma componente social, que é a matriz de todo o seu desenvolvimento. Interessa pois, explicar de uma forma resumida que intervenção social fazemos, mas acima de tudo dizer quem são os nossos utentes. Por outras palavras, quem somos nós. Assim sendo, dever-se-à informar o leitor daquilo que são Centros de Convívio, Centros de Dia e Serviços de Apoio Domiciliário. Deste modo, por Centro de Convívio entendem-se os espaços de convívio onde se compartilham saberes e experiências vividas, e que são pólos catalizadores de diversas actividades lúdicas e culturais. O Centro de Dia é uma Resposta Social, que se desenvolve a partir de um equipamento e que consiste na prestação de vários serviços (Refeições, Animação Cultural, Higiene Pessoal, Apoio Social, Apoio Psicológico e Transporte) que visam a manutenção dos seus utentes, na sua esmagadora maioria idosos, no seu meio sócio-familiar. Por último, mas não menos importante o Serviço de Apoio Domiciliário, que se trata da Resposta Social, que visa a prestação de serviços (Fornecimento de Refeições, Higiene Pessoal, Higiene Habitacional e Diligências) aos indivíduos, que por diferentes motivos Paulo Mota e Patricia Alves se encontram em situação de dependência. Depois de realizada esta breve explicação vamos de seguida explicar-vos quem são os nossos utentes, nas diversas Respostas Sociais. Dos nossos dois Centros de Convívio (Trafaria e Cova da Piedade), iremos de seguida mostrarvos quadros onde poderemos observar como se dividem etáriamente os nossos utentes, onde em ambos os casos a média de idades ronda os 75 anos. Poderemos, também informar os nossos leitores, que se tratam de indivíduos bastante autónomos e onde se destacam particularmente, os grupos das Cantadeiras e Cavaquinhos, na Cova da Piedade e o não menos dinâmico, grupo de artes visuais na Trafaria. Centro de Convívio da Trafaria por género e por faixas etárias Faixas etárias Homens Mulheres Total 50 a 59 anos 0 3 3 60 a 64 anos 2 2 4 65 a 74 anos 0 4 4 70 a 74 anos 0 1 1 75 a 79 anos 2 5 7 80 a 84 anos 1 4 5 Mais de 85 anos 2 5 7 Total 7 24 31 boletim informativo 5 Centro de Convívio da Cova da Piedade por género e por faixas etárias Faixas etárias Homens Mulheres Total 50 a 59 anos 0 1 1 60 a 64 anos 1 3 4 65 a 74 anos 0 2 2 70 a 74 anos 5 3 8 75 a 79 anos 2 4 6 80 a 84 anos 5 2 7 Mais de 85 anos 1 2 3 Total 14 17 31 Quanto ao Serviço de Apoio Domiciliário, neste momento prestamos apoio a 29 utentes, maioritariamente do sexo feminino (16), e a sua média de idades ronda os 78 anos. Em termos de estrutura etária, esta compõe-se da seguinte maneira: Serviço de Apoio Domiciliário por género e por faixas etárias Faixas etárias Homens Mulheres Total 20 -29 anos 1 0 1 50 - 59 anos 0 1 1 60 - 64 anos 2 0 2 65 - 69 anos 1 0 1 70 - 74 anos 2 2 4 75 - 79 anos 0 1 1 80 - 84 anos 2 3 5 Mais de 85 anos 5 9 14 Total 13 16 29 No que diz respeito à situação familiar dos utentes, a grande maioria (96,6%) têm família prestadora ou cuidadora, o que denota um grande peso das estruturas informais de en- treajuda, mais tipicas dos meios não urbanos. Em relação à origem de referência deste tipo de utentes, a esmagadora maioria 79,3%, é encaminhada por familiares/amigos/vizinhos, o que vem confirmar aquilo que foi dito no parágrafo anterior. Todavia, devemos fazer aqui uma chamada de atenção, para o trabalho de articulação com as restantes Instituições da comunidade, que nos sinalizam casos de extrema necessidade, mas que, infelizmente, nem sempre somos capazes de dar resposta. Seria pois necessário, que as estruturas competentes que regem as Instituições Particulares de Solidariedade Social alargassem os seus apoios a estas organizações, para que se possa chegar a um cada vez maior número de solicitações. Observemos então o quadro seguinte: Origem de referência Números Relativos % Próprio 4 13,8% Familiares/ Amigos/Vizinhos 23 79,3% Instituições 2 6,9% Total 29 100% 6 alma alentejana Relativamente ao ano de inicio de frequência dos utentes desta Resposta Social, consultemos o quadro a seguir apresentado: Ano Nº Relativos Percentagem 2005 4 13,8% 2006 5 17,2% 2007 2 6,9% 2008 4 13,8% 2009* 11 37,9% 2010 3 10,3% Total 29 100% *ano de alargamento desta Resposta Social etária dos nossos utentes, como poderemos constatar nos quadros a seguir apresentados, transformações essas que têm um denominador comum e de que muito se tem falado, ou seja, a crise económica que a todos nós tem afectado. Centro de Dia do Laranjeiro por género e por faixas etárias Faixas etárias No que aos serviços prestados diz respeito, decidimos apenas apresentar dados referentes a cada um dos serviços prestados. Deste modo, dos nossos actuais 29 utentes, 16 recebem o fornecimento de refeições, 18 beneficiam de higiene pessoal e apenas 2 usufruem de higiene habitacional. No que aos Centros de Dia, diz respeito devemos ter em consideração que ultimamente temos registado algumas transformações, relativamente ao tradicional quadro que habitualmente existe nesta Resposta Social. Aqui temos observado uma mudança na estrutura Homens Mulheres Total 20 -29 anos 1 2 3 30 -39 anos 1 0 1 40 -49 anos 1 0 1 50 - 59 anos 3 1 4 60 - 64 anos 3 2 5 65 - 69 anos 0 1 1 70 - 74 anos 3 0 3 75 - 79 anos 1 6 7 80 - 84 anos 5 6 11 Mais de 85 anos 6 1 7 Total 24 19 43 boletim informativo 7 Centro de Dia do Pragal por género e por faixas etárias Faixas etárias Homens Mulheres Total 40 -49 anos 1 0 1 50 - 59 anos 1 1 2 60 - 64 anos 0 2 2 65 - 69 anos 1 1 2 70 - 74 anos 1 2 3 75 - 79 anos 0 6 6 80 - 84 anos 2 4 6 Mais de 85 anos 2 2 4 Total 8 18 26 Podemos então, concluir que cada vez mais somos procurados por população com idade inferiore a 65 anos, que devido às transformações sócio-económicas da última década, necessitam dos serviços prestados pela Alma Alentejana. Assim sendo, no Centro de Dia do Laranjeiro, temos uma média de idades dos nossos utentes, que ronda os 70 anos. Enquanto no Centro de Dia do Pragal, esta média aproxima-se dos 75 anos. Verificamos, também que no total destes dois Centros de Dia, existem mais utentes do sexo feminino, o que se deve sobretudo ao aumen- to da esperança média de vida. Porém, é curioso observar que no grupo dos chamdos “grandes idosos”, ou seja, os maiores de 80 anos, há uma diferença ligeira de mais homens do que senhoras. Um dado também importante para esta nossa análise diz respeito à situação familiar dos nossos utentes e que no Laranjeiro, divide-se do seguinte modo: 44,2% são utentes isolados e os restantes 55,8% têm família prestadora. Contudo, esta realidade no Centro de Dia do Pragal não é tão equilibrada, pois a esmagadora maioria (96,2%) têm familiares prestadores de cuidados. Quanto à origem de referência dos utentes do Centros de Dia do Laranjeiro e Pragal, constatamos repectivamente o seguinte: Origem de referência Números Relativos % Próprio 15 34,9% Familiares/ Amigos/Vizinhos 15 34,9% Instituições 13 30,2% Total 43 100% Números Relativos % Próprio 5 19,2% Familiares/ Amigos/Vizinhos 19 73,1% Instituições 2 7,7% Total 26 100% Origem de referência Da análise destes dois quadros, verificamos que no Laranjeiro, existe um trabalho de articulação mais enraizado com as Instituições da comunidade envolvente. Contrariamente esta situação não se verifica no Pragal. Contudo, em ambos os 8 alma alentejana Centros de Dia, há um elevado número de utentes são encaminhados para a Insituição através das redes de solidariedade mais próximas, isto é, pela família, pelos amigos e pelos vizinhos. Em relação aos serviços prestados, convém salientar o seguinte. Todos os utentes que beneficiam desta Resposta Social tomam as refeições na Instituição. Cerca de 20,9%, que correspondem a 9 utentes do Centro de Dia do Laranjeiro, realizam a sua Higiene Pessoal nas nossas instalações. No Centro de Dia do Pragal, 19,20% dos utentes efectuam a sua Higiene Pessoal naquele equipamento. 17 dos utentes do Centro de Dia do Laranjeiro (39,5%) são transportados de casa para a instituição e vice-versa, nos nossos transportes próprios. No Centro de Dia do Pragal 73,10%, que correspondem a 19 utentes beneficiam deste serviço. Devemos fazer aqui uma chamada de atenção para os nossos motoristas, que são uma peça fundamental na nossa engrenagem. Quanto ao serviço de Diligências este divide-se do seguinte modo: Anos de inicio de frequência do Centro de Dia do Laranjeiro Ano Nº Relativos Percentagem 2001 3 7% 2002 3 7% 2003 1 2,3% 2004 3 7% 2005 2 4,7% 2006 1 2,3% 2007 2 4,7% 2008 4 9,3% 2009 16 37,2% 2010 8 18,6% Total 43 100% Anos de inicio de frequência do Centro de Dia do Pragal Ano Nº Relativos Percentagem 2005 3 11,5% Equipamento N.º Relativos % 2006 6 23,1% Centro de Dia do Laranjeiro 4 9,3% 2007 6 23,1% 2008 4 15,4% 2009 5 19,2% 2010 2 7,7% Total 26 100% Centro de Dia do Pragal 7 26,9% Este tipo de serviço prestado aos utentes basea-se sobretudo, no agendamento de consultas médicas ou no acompanhamento aos serviços de saúde. Devemos ainda salientar o ano de inicio de frequência dos utentes nos dois Centros de Dia. Devemos informar que o Centro de Dia do Pragal iniciou a sua actividade em 2005, isto é, 4 anos depois do Centro de Dia do Laranjeiro. Observemos então o quadro seguinte: Em termos gerais, após a análise realizada existem algumas ilações a referenciar nomeadamente no que respeita aos seguintes itens: esperança média de vida, rede social de apoio e serviços prestados. No seu conjunto e no que se refere aos indicadores demográficos actuais, existe uma complementaridade em relação às respostas obti- boletim informativo das, isto é, na actualidade a esperança média de vida para os elementos do sexo feminino é de 81, 7 e do sexo Masculino de 75,5 , sendo as nossas Respostas Sociais maioritariamente constituídas por elementos do sexo feminino. Contudo é curioso referir a discrepância que existe no Centro de Dia do Laranjeiro em relação às restantes Respostas Sociais, já que neste os indivíduos com 80 + anos são maioritariamente do sexo masculino. Apontando ainda uma visão de conjunto, em termos de idades médias, excepto na Resposta Social Serviço de Apoio Domiciliário, as idades situam-se entre os 70 (Centro de Dia do Laranjeiro) e os 75 (Centro de Convívio e Centro de Dia do Pragal). A idade média dos utentes que beneficiam do Serviço de Apoio Domiciliário situa-se nos 78 anos, idade relativamente superior, cuja explicação advém do facto de estarmos perante uma população cujas necessidades apresentam um cariz diferenciado da dos utentes de Centro de Dia e Centro de Convívio, nomeadamente necessidades locomotoras e de higiene (por exemplo indivíduos acamados e em cadeira de rodas). A rede social de apoio informal apresenta-se como sendo primordial para a manutenção de valores tradicionais da instituição familiar em todas as Respostas Sociais, o que acaba por se complementar com o contexto em que estas se inserem, de manifestada ruralidade. Contudo há que referir a importância da rede formal de apoio, frequentemente constituída por outras instituições de cariz social. Em termos de valores encontrados podemos associar este tipo de apoio a centros mais urbanizados, onde normalmente o nível de articulação e de enraizamento é mais significativo, o que se deduz através dos nossos dados, já que em termos de comparação o Centro de Dia do Laranjeiro apresenta maiores números de casos encaminhados por outras Instituições, nomeadamen- 9 te de indivíduos isolados e com a idade compreendida no que se designa de idade activa, isto é, entre os 24 e os 64 anos de idade, não deixando de ser compatível com uma rede informal de apoio significativa (por exemplo 96,6 % dos utentes do Serviço de Apoio Domiciliário têm família prestadora). Os serviços prestados pela Instituição e onde a capacidade de resposta desta se demonstra elevado são na alimentação, higiene pessoal e transporte, apresentando para ambos os Centro de Dia valores semelhantes, sendo a alimentação a necessidade básica de maior influência na dinâmica Institucional, já que todos os utentes beneficiam deste serviço. Ao nível do Serviço de Apoio Domiciliário esta situação difere, dado tratar-se de um serviço personalizado que vai de acordo com as necessidades específicas dos nossos utentes (16 beneficiam de alimentação e 18 de Higiene pessoal), sendo no seu conjunto necessidades básicas essenciais dos utentes a alimentação e a higiene pessoal. Para finalizar, gostariamos de deixar um alerta para o futuro e que passa pela readaptação da nossa Instituição, às reais necessidades daqueles que nos procuram. Por outras palavras, teremos que futuramente criar as condições para podermos alargar a nossa oferta quer em Centro de Dia, quer em Serviço de Apoio Domiciliário. Isto é, podermos em ambos os casos trabalhar 365 dias por ano e durante mais horas por dia. Porém, será necessário um maior apoio das entidades que nos tutelam, de forma a podermos atingir os nossos objectivos, que são sem sombra de dúvida, chegar a mais pessoas e com maior qualidade. Mas quanto a este assunto, iremos desenvolve-lo numa próxima ocasião. 10 alma alentejana X Jogos Florais da Alma Alentejana O s X Jogos Florais da Alma Alentejana, irão ter, como é hábito, a sua Cerimónia de Entrega de Prémios em Outubro, e estão abertos à participação de sócios e não sócios da nossa associação. Estes Jogos compreendem três categorias de obras originais: a) Quadra – A República b) Poesia – Tema livre c) Conto – 100 anos da implantação da República Este ano é nossa intenção criar um Prémio destinado à juventude e também, em parceria com a Escola Básica nº1 do Laranjeiro e com a colaboração da Junta de Freguesia do Laranjeiro (a discutir ainda com os parceiros), os I Jogos Juvenis da Alma Alentejana nas modalidades de Desenho e Poesia, subordinados aos temas 100 Anos da República e os Avós, respectivamente. Com a edição dos Jogos Florais a “Alma” criou, em simultâneo, a figura do Patrono dos Jogos. Esta iniciativa pretende homenagear personalidades alentejanas importantes na vida cultural portuguesa. Em 2010 pretendemos, que o Patrono seja o Dr. Simas Abrantes, um dos fundadores da nossa Associação, homem que muito contribuiu para o desenvolvimento e grandeza deste projecto que é a Alma Alentejana. Com a sua inteligência, dedicação e amor ao Alentejo, muitos de nós fomos contagiados e motivados para um sonho que a realidade mostra ter sido concretizado. A sua postura como Homem e Cidadão dum País ávido de gente assim, levou-nos à conclusão que este é o ano de homenagear gente da casa. Gente nossa. Com toda a justiça e num momento certo, já que a actual situação do Dr. Simas Abrantes em termos de saúde não é a melhor. Este nosso gesto consubstancia um desejo muito forte de na sua debilidade física sinta o apoio solidário e moral dos amigos e dos alentejanos, em especial. Os X Jogos Florais têm, por todos os motivos e acrescidos da justa homenagem e reconhecimento ao nosso Patrono, a obrigação de serem um grande êxito. O Regulamento está à disposição nas instalações da Alma Alentejana, no nosso site em www.almaalentejana.pt e poderá ser pedido por telefone 212 540 053 ou pelo e-mail [email protected]. Os trabalhos deverão dar entrada na sede da Alma Alentejana (Avenida Prof. Ruy Luís Gomes, 13 – R/C Laranjeiro 2810-274 ALMADA até ao final do dia 8 de Outubro de 2010. Os prémios, que constarão de diplomas e livros de autores portugueses, serão entregues em 24 de Outubro de 2010, em cerimónia que terá lugar em local a designar. Haverá este ano, pela sexta vez, um “PRÉMIO ABSOLUTO” constituído por uma peça de cristal/ou vidro de alta qualidade, com gravação indicativa do prémio. boletim informativo 11 Notícias da Alma Escola de Viola Campaniça E m 2009, a Alma Alentejana. abriu um espaço para aprendizagem da Viola Campaniça, sob a direcção de Ricardo Fonseca, nas instalações do Centro de Dia do Pragal. Breve conversa com o professor: AA - “Como começou esta ideia?” RF - “Tudo começou com uma conversa informal com os senhores Vítor Silva e João Rodrigues após um concerto em que eu toquei viola campaniça. Nessa conversa foi-me lançado o desafio de dar a conhecer melhor este cordofone português a todos os interessados. Mais tarde o Sr. Vítor Silva, considerou que a Alma Alentejana era uma associação privilegiada para o ensino da Viola Campaniça. Foi ele que realizou os contactos com todos os alunos interessados e com a direcção da Alma Alentejana que se prontificou a apoiar e acarinhar esta iniciativa”. AA - “Que balanço faz destes meses de aulas?” RF - “Tem sido uma experiência muito satisfató- ria com uma boa participação e uma evolução permanente por parte dos alunos. Como é normal toda a gente tem ritmos de aprendizagem diferentes e os tocadores não estão todos ao mesmo nível, mas essa situação é ultrapassada com objectivos distintos. Toda a aprendizagem pressupõe uma progressão pedagógica ou seja, têm que existir etapas acessíveis a todos e que vão evoluindo em grau de dificuldade. A criação deste método de estudo para a Viola Campaniça a partir do zero tem sido a parte mais difícil deste processo.” AA - “Quando poderemos ver/ouvir resultados?” RF- “Esperamos estar preparados para fazer a apresentação oficial num pequeno concerto em Julho na XII Feira do Alentejo. Mas na realidade até lá ainda temos muito trabalho pela frente.” Estão abertas as inscrições, na sede da Alma Alentejana para quem quiser aprender a tocar Viola Campaniça. Informações também serão fornecidas através do telefone 212 540 053 ou pelo e-mail [email protected] 12 Biografia do Professor Ricardo Fonseca Ricardo Jorge Soares da Fonseca nasceu em 22/10/74, Em Lisboa Foi professor de Educação Física durante 11 anos. Em 2007 pediu uma licença sem vencimento de longa duração para estudar e divulgar os cordofones portugueses. Teve aulas e assistiu a workshops musicais de professores de géneros tão díspares como a Música Clássica, o Fado, o Jazz ou o Rock. Gravou Viola Campaniça no álbum “de sol a sul” do Francisco Naia. Adquiriu os conhecimentos relativos à Viola Campaniça através da observação directa dos tocadores alentejanos em concertos e encontros, e ouvindo gravações de recolhas efectuadas por musicólogos como Michael Giacometti, José Sardinha ou Ernesto Veiga de Oliveira. Está neste momento a finalizar um trabalho instrumental em parceria com o também músico e professor Helder Charneira dedicado a todos os cordofones portugueses onde a Viola Campaniça é tocada em várias musicas e que deve resultar num álbum até ao final de 2010. alma alentejana Casa do Alentejo Fundada em 1923 com a designação de “Grémio Alentejano” passou em 1939 a chamar-se “Casa do A l e n t e j o ”. Instalada no magnífico Palácio Alverca, que em tempos foi o 1º Casino de Lisboa – Magestic Club, funcionando na deslumbrante Sala dos Espelhos. Em 1932 passou a funcionar como sede da Casa do Alentejo. Situada em pleno coração de Lisboa, na Rua das Portas de Santo Antão, com uma série de actividades onde entre outras, todos os sábados à tarde actuam grupos do nosso Alentejo e também da zona da grande Lisboa. Mantém aberta uma loja de produtos alentejanos (enchidos, queijos e muito artesanato). Um espectacular restaurante com pratos típicos do Alentejo é um dos seus ex-libris. A Casa do Alentejo mantém uma estreita colaboração com associações e autarquias da área metropolitana de Lisboa e Alentejo, entre as quais a Alma Alentejana se inclui, no que diz respeito às actividades culturais de raiz alentejana. É uma parceria a cultivar. Um dia destes apareça por lá. Vai gostar. boletim informativo Relatório de Actividades e Contas de 2009 Vai realizar-se no próximo dia 26 de Março a Assembleia Geral para aprovação do Relatório e Contas do ano de 2009, para a qual a Direcção apela à presença dos sócios. O “Relatório está à disposição dos sócios na sede e Centros de Dia e de Convívio. Não faltem, participando com a vossa opinião e crítica, para um Alma Alentejana maior. 14º Aniversário da Alma Alentejana Sábado, 18 de Abril , 13:00H No próximo dia 13 DE Abril comemora-se o 14º Aniversário da Alma Alentejana. 14 anos de entrega a um lema de que muito nos orgulhamos – deselvolvimento, cooperação e solidariedade social. Tendo sempre presente a ideia base que presidiu à criação da nossa associação, unir os alentejanos da Margem Sul, manter a ligação ao alentejo nos aspectos afectivos e culturais, promover a divulgação do Alentejo na nossa área de residência, desenvolvemos também a cooperação e a solidariedade social no campo do apoio à terceira idade. A Direcção vai comemorar o aniversário com um grande almoço de convívio a realizar no dia 18 de Abril (domingo) em local a designar. Para que se possa planear com tempo e para que o almoço seja de facto um grande encontro da comunidade alentejana e amigos devem inscrever-se pelo telefone/fax 212 540 053, ou e-mail [email protected], até ao dia 11 de Abril. 13 Fim de Semana Alentejano na Charneca de Caparica Nos primeiros dias de Abril, irá ter lugar o já tradicional FIM DE SEMANA ALENTEJANO, nas instalações da Junta de Freguesia da Charneca da Caparica. Vamos ter artesanato, enchidos e queijos, mel e outras especialidades alentejanas. Não vai faltar animação musical e cultural.Aos sócios dizemos: Apareçam e tragam os amigos também! Prof. Manuel Carrageta lança livro “Como ter um coração saudável” A Alma Alentejana, em parceria com a Junta de Freguesia do Laranjeiro, vai realizar no mês de Maio – mês do coração no Auditório da Junta um Colóquio sobre saúde com a presença do Prof. Manuel Carrageta, Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, que fará também a aprentação do seu livro “Como ter um coração saudável”. No final haverá um momento musical com a participação do prof. Carita. Breve Nota biográfica: Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia e do Instituto de Cardiologia Preventiva de Almada, é também director do Serviço de Cardiologia do Hospital Garcia de Orta e preside ao Departamento de Formação e Investigação daquela unidade. Especializado em Cardiologia, Medicina Interna e Farmacologia Clínica, já apresentou mais de 300 comunicações escritas e publicou mais de 150 trabalhos científicos. 14 Cultura As Cantadeiras da Alma Alentejana O nosso em popa a Grupo continua de vento espalhar a cultura alentejana através de actuações, sempre aplaudidas, por toda a Margem Sul e não só. Damos aqui notícia das últimas apresentações: Em Dezembro 2009: (Cantes natalícios) Casa do Alentejo - Lisboa, Infantário «O Palhacinho» - Vale Milhaços , Mercado Amigo da Terra – Almada, Igreja de Vale Figueira - Sobreda , Centro Comercial M. Bica – Almada , Lar Imaculada Conceição – Vale Figueira, Lar S. Tiago – Almada, Festa Natal da Alma Alentejana – Pragal , Escola de Tecnologias Navais no Alfeite – Laranjeiro, Universidade de Lisboa – Festa de Natal dos sem Abrigo , Mercado do Laranjeiro – Laranjeiro, Paróquia da Ameixoeira – Odivelas, 5º Aniversário das Cantadeiras – Laranjeiro. Janeiro 2010: (Janeiras): ARPILF (Almada), Junta de Freguesia do Feijó – Feijó, Junta de Freguesia da Cova da Piedade, Junta de Freguesia do Laranjeiro, Casa do Alentejo (com os Amigos do Alentejo) e Solar dos Zagalos – Sobreda . Fevereiro 2010: CASCUZ (Sesimbra). Março 2010: Junta de Freguesia do Laranjeiro alma alentejana Luis Moisão Actuações Previstas para 2010: 13 Março (15h) – Vale de Vargo (Festa do Azeite) – com Cavaquinhos e Sevilhanas da Alma Alentejana 14 Março (21h) – SFUAP (Cova da Piedade) – Celebrações dos Amigos da Cidade de Almada 20 Março (15h) – Campo Maior (Aniversário do Grupo Cantares Alentejanos) 6 Abril (15h) – Borba 25 Abril – Celebrações do 25 Abril (Manhã: Almada e Tarde: Casa do Alentejo em Lisboa) 16 Maio: Alcáçovas (15h) – Aniversário do Coral feminino «Paz e Unidade» 5 a 10 Junho: Casa do Alentejo - Lisboa (Semana de apoio ao Aniversário da Casa do Alentejo) Planos das Cantadeiras para o Ano 2010: As Cantadeiras da Alma Alentejana têm dois Convites para participarem nos Festivais Internacionais de Cantes em Praga e Itália, que estamos a estudar mas que por envolverem grande dispêndio financeiro vai ser difícil concretizar. Vamos envidar esforços, pois seria muito gratificante, quer para o Grupo, quer para a Associação e até para o Concelho de Almada ver e sentir o reconhecimento do trabalho desenvolvido com muita paixão, alegria e de grande qualidade. Gravação do 2º CD « O Alentejo não tem fim» (O Alentejo a 3 Tons): Há cerca de 2 anos as Cantadeiras gravaram o seu 1º CD: «O Cante da Alma» (O Alentejo a 2 Tons). Após um trabalho de prospecção de solicitação de apoio à gravação de um segundo CD por parte das Autarquias locais e do Alentejo, efectuado pela Direcção da Alma Alentejana, está prevista a gravação deste 2º CD para boletim informativo 15 tadeira), Cristo Profeta, O Bom Pastor – Poema (de Luís) «O Grande Amigo» - Ermelinda (Cantadeira) e Ai que Noite tão Serena. Cante nas Escolas: o próximo dia 17 Abril, constando o mesmo de Cante, Poesia e Cântico (daí os referidos 3 Tons), contando mais uma vez com a valiosíssima colaboração da Poetisa Rosa Dias, que já elaborou os novos Poemas para o mesmo, de acordo com os temas abordados no Cante e Cântico. O conteúdo previsto para este novo CD é constituído por alguns inéditos num novo reportório como segue: Modas novas (12): O Alentejo não tem fim (Poema do Jornalista e Poeta Euclides Cavaco; Música de Luis), Terra Mãe do Bom Coração (Poema e Música de Manuel Martins dos «Diversos do Alentejo» de Pinhal de Frades, Ceifeiros de Alba (Poema de Garcia de Lorca; Música de Borralho dos «Amigos do Alentejo»), Rumo ao Sul (Poema e Música de Borralho dos «Amigos do Alentejo), Venham ver o Alentejo, Alentejo como eu te adoro (Poema de Rosa Dias), A Primavera de Outono, Ó Alqueva, Sou um pequeno Agricultor, Chegaste ao Alentejo, Alentejo dos Trigais (Poema e Música de Luís), Quando o Melro assobia Nota: Os Poemas para as Modas (quatro) serão intercalados entre as mesmas Cânticos ( 5 ): Somos da Terra do Pão (versão religiosa), Ó Virgem Maria – Poema (de Luís) «De Todo Esqueci, Senhora» - Ermelinda (Can- Continuam em curso o estudo e planeamento da introdução do Cante Alentejano nas Escolas de Almada, em colaboração com a Câmara de Almada, após um Plano previa e oportunamente apresentado a esta pelas Cantadeiras da Alma Alentejana, através da Direcção desta Associação. De Outubro 2009 até agora, a Câmara de Almada tem efectuado contactos com as várias Escolas do 1º Ciclo de Almada na apresentação do referido Plano, estando prevista mais uma Reunião com estes órgãos para o dia 9 de Março. Sobre este assunto falaremos em detalhe mais à frente, na próxima informação sobre as Cantadeiras da Alma Alentejana. Poderão entretanto acompanhar mais de perto a acção das Cantadeiras através do Blog: http://oalentejoa4tons.blogspot.com/ Teatro “ O Grito” - A Casa de Bernarda Alba O grupo de Teatro «O Grito» apresentou recentemente no Seixal e em Almada a peça «A Casa de Bernarda Alba» do escritor Federico Garcia de Lorca. Nesta peça, que sugerimos não deixem de ver nos próximos dias 1, 2 e 3 de Abril no Teatro da Cerca em Almada, a Associação Alma Alentejana foi solicitada para dar a sua colaboração. É o facto que no decurso da acção da peça, a certa altura os Ceifeiros regressam do seu trabalho no campo, entoando as suas modas, enquanto as moças (no caso as cinco irmãs e filhas de Bernarda Alba) os aguardam sempre com inevitável «ansiedade». Garcia de Lorca escreveu 16 alma alentejana então duas quadras muito bonitas e expressivas para a peça que são: Já vieram os ceifeiros para cortar as espigas; batei, batei, corações, nos olhos das raparigas. Abram portas e janelas as que não vêem o céu. O ceifeiro pede rosas para enfeitar o chapéu Entendeu a encenadora desta peça –Anabela Neves - que em vez das mesmas serem declamadas, seria mais interessante que fossem cantadas. Foi assim que apareceu um grupo de «Ceifeiros» que a pedido do Grito, a Alma Alentejana entra nesta peça a cantar estas duas quadras, com música de José Borralho, após a respectiva gravação em estúdio. Grupo de Ceifeiros: Joaquim Avó, Adelino Pinto e Luís Moisão (Alma Alentejana); Francisco Sargento, José Borralho e Daniel Marina ( Amigos do Alentejo). Entretanto, aproveitando estas mesmas quadras, as Cantadeiras da Alma Alentejana elaboraram uma Moda (Ceifeiros de Alba) que irá constar no seu próximo CD, reforçada com um expressivo e encantador Poema de Rosa Dias: Ceifeiros de Alba Os ceifeiros de Alba, mãos feridas de dor Emanavam da alma Numa doce calma, cantigas de amor Chapéus que cobriam, seus rostos suados E as moças sorriam, aos seus bens - amados. E assim perdidas, em seus amores primeiros Diziam-se rendidas, a estes trigueiros. Um belo ceifeiro, de amor se perdeu nesse tempo passado E viveu prisioneiro, dum amor primeiro que lhe foi negado. Tão bela moçoila, qual rubra papoila Já na mocidade Fruta apetecida, para sempre perdida, será sempre saudade. boletim informativo 17 Actuação do Grupo de Cavaquinhos da Alma Alentejana na Casa do Alentejo Actuação da Grupo de Sevilhanas no Clube do Sargento da Armada N u u B OG u I u C u A S A A 18 Cultura Tratado do Cante A motivação para o cante é a que me vem de raiz: porque sou alentejana; porque gosto; porque já na terra cantava; quando vínhamos do trabalho, fazíamos paradinhas, em círculo, para cantar as modas e porque também ajuda a passar os problemas. Mavilde Nobre A Paixão do Cante Com a força gregária que a sua poderosa terra lhes incute, os alentejanos levam do berço a arte de cantar. Não fosse a necessidade, nunca o alentejano sairia do seu torrão natal. A ausência dele, a lonjura do afastamento, arrasta estados depressivos, fruto de enormes interrogações sobre o sentido da vida dele distante. Este estado saudoso, no entanto, é mitigado pelo cante. Em grupo, as vozes unem-se num cante melancólico que eleva o seu querido Alentejo ao mundo, afastando assim a solidão. A existência de Grupos na zona da Grande Lisboa que conhecemos através do trabalho de investigação e recolha, feito em 1996/97 e que se encontra reproduzido no livro Corais Alentejanos, de José Francisco Pereira, editado em 1997, é o nosso cartão de apresentação para um trabalho mais aprofundado que estamos a desenvolver tendo em vista um Tratado sobre o Cante Alentejano. A nossa curiosidade leva-nos à procura de respostas cujas dúvidas se levantaram: Como se comportam os grupos nas terras de acolhimento? Qual a sua aceitação pela comunidade? Que gente é esta que ainda canta o seu Alentejo? Do nosso querer bem e de acordo com a nos- alma alentejana Mer e Al-Zéi sa sensibilidade prometemos um Tratado que fale das pessoas que cantam e das suas motivações. Queremos dar um trabalho que evidencie os Cantadores e as Modas com nomes e tudo o que seja marca de tão Grande Alentejo. Estamos organizando material que temos recolhido mas também nos vamos actualizando com o que de novo se vai fazendo. Para dar mais força ao resultado do nosso querer estamos a entrevistar os elementos dos grupos, um trabalho árduo mas compensador pela força das respostas sentidas de alguns dos elementos. Os nossos interlocutores vão dando respostas, a princípio na expectativa, mas depois vai ganhando forma a paixão do Cante e a empatia vai assumindo a sua posição de dádiva e entrega à causa. Esta coisa do cante traz sempre uma grande entrega para quem o sente e vive e deixa sempre grandes responsabilidades àqueles que o querem tornar seu, do seu Alentejo, das suas vivências, do seu mal-andar, dos seus amores e desamores. É muito coração. Que maravilhoso é ouvir homens e mulheres que na planície alentejana cantaram antes, durante e depois do árduo trabalho, junto com gente mais nova, já nascida longe do Alentejo! Que pó mágico habita os seus genes para, com tanto entusiasmo, perpetuarem a memória do seu povo?! É verdade que um Povo que canta não morre. Neste sentido, é de louvar o excelente trabalho que se vem fazendo nos concelhos de Almodôvar, Castro Verde e Vidigueira, onde o ensino do Cante Alentejano foi incluído nos currículos escolares. Que esta experiência perdure e se alastre aos outros concelhos alentejanos. boletim informativo 19 Gabinete de Apoio Psicológico Aconselhamento e Apoio Psicológico à Comunidade: Seniores, Adultos, Pais e Famílias, Adolescentes e Crianças. Avaliação Psicológica: Despiste de Perturbações na área da Saúde Mental e/ou por indicação de professores e educadores ou de interesse pessoal, a qualquer faixa etária. Psicóloga: Dr.ª Bárbara Sebastião Marcações/Informações Centro de Dia do Laranjeiro - Praceta Luís de Sá, nº8 B, Laranjeiro (da parte da manhã) Ou pelo Telefone: 966 882 489 (a qualquer hora do dia) Gabinete de Psicologia: Rua Professor Ruy Luís Gomes, Nº 13 r/c – Laranjeiro Preçário Sócios da Alma Alentejana – 1ª Consulta: 20 euros /2ª e seguintes: 15 euros Não Sócios: 1ª Consulta: 30 euros /2ª e seguintes: 25 euros Avaliação Psicológica: 4 Sessões Sem Relatório 70€ / 4 Sessões Com Relatório 80€ 20 alma alentejana