visão regional

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visão regional
ANO VII I Nº 32 I OUTUBRO DE 2015 I WWW.FUNDECITRUS.COM.BR
VISÃO
REGIONAL
Citricultores incorporam manejo
externo como estratégia essencial
para o controle do HLB
REVISTA CITRICULTOR
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EDITORIAL
INVENÇÃO X INOVAÇÃO:
NOSSA FORÇA MAIOR
O
agronegócio brasileiro tem se mostrado cada vez mais competitivo
e eficaz, com expansão de áreas e surgimento de novas a cada ano.
O país tem revelado uma capacidade extraordinária de produzir e
aproveitar conhecimentos gerados aqui e no exterior. Fato relevante é que
as grandes conquistas têm nuances específicas e proporcionais à importância
da cultura e aos investimentos mundiais. A necessidade de conhecimento
tem exigido novas estratégias para sua gestão, focalizada na inteligência
que permite que as instituições mantenham a capacidade competitiva em
resposta às demandas do mercado.
Para os envolvidos no dia a dia do processo produtivo é fundamental
a diferenciação entre invenção e inovação. Embora a separação não seja
rigorosa, a invenção se refere à geração de ideias e sua evolução pode
gerar uma patente ou não. A inovação, por outro lado, envolve o trabalho
com as ideias no sentido de dar a ele importância econômica. Inovar é um
processo de produzir bens ou materiais que combinados com tecnologia e
conhecimento otimizam o processo produtivo e as formas de produção.
No agronegócio, inovações são extremamente necessárias para o aumento
da produtividade e qualidade, com eficiência e redução de custos. Os ganhos
obtidos com o incremento desses fatores vão desde descobertas acidentais e
ajustadas à realidade até a agregação de técnicas que permitam manter o estado
de São Paulo na fronteira do combate às pragas e doenças.
A incorporação da informática tem oferecido instrumentos para melhorar
a gestão e o controle de doenças, como a podridão floral e greening (HLB).
Nos laboratórios, o uso da engenharia molecular mudou a capacidade de
buscar inovação no melhoramento genético. Nossos pesquisadores têm plena
consciência de nossa missão focada em inovação, de forma que resultem em
melhor custo-benefício.
O Fundecitrus buscou e continua buscando soluções eficientes e
sustentáveis para os problemas fitossanitários da citricultura, tem incorporado
em seus conceitos a viabilidade econômica das inovações, e zelado para
que a modernidade chegue aos pomares com possibilidade de aplicação. É
por isso que a instituição orienta os produtores a adotarem boas práticas de
manejo dos pomares, seguindo as normas e leis brasileiras.
Temos tido a satisfação de contar com a compreensão dos citricultores que
se mantém envolvidos em todo o processo de fortalecimento da inteligência
competitiva de nossa citricultura.
Lourival Carmo Monaco
Presidente do Fundecitrus
ÍNDICE
Pág.4
SAFRA INALTERADA
Reestimativa aponta
produção dentro
do previsto
Pág.6
PODRIDÃO FLORAL
Sistema online mostra
momento certo
de prevenir
Pág.8
FORA DO POMAR
Ação nos vizinhos faz
parte do pacote de
medidas contra o HLB
Pág.12
CAPITAL DA LARANJA
Mogi Guaçu é o
município com maior
área plantada
Pág.14
PREMIADO
Presidente do
Fundecitrus é “Herói da
Revolução Verde”
Pág.15
MOSCA DAS FRUTAS
Praga se desenvolve
dentro do fruto e
inviabiliza consumo
Expediente
A REVISTA CITRICULTOR é uma publicação de distribuição gratuita entre citricultores, editada pelo Fundo de Defesa da Citricultura - Fundecitrus I Avenida Dr. Adhemar Pereira
de Barros, 201, Vila Melhado, Araraquara - SP, CEP: 14807-040 - Nº ISSN: 23172525. Contatos: Telefones: 0800 112 155 e (16) 3301-7045 I e-mail: comunicacao@
fundecitrus.com.br - Website: www.fundecitrus.com.br. Jornalista responsável: Fabiana Assis (MTb 55.169) I Reportagem e edição: Jaqueline Ribas, Fabiana Assis I
Projeto gráfico e diagramação: Marcelo Quén I Assistente: Tainá Caetano I Tiragem: 9 mil exemplares.
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REVISTA CITRICULTOR
Confiança que
se comprova
a cada safra.
Esse você conhece.
Envidor é o acaricida que oferece proteção
prolongada com apenas uma aplicação por ano.
Especialmente desenvolvido para a citricultura,
esse produto Bayer CropScience age de
uma forma diferente dos demais acaricidas,
proporcionando maior economia e melhor
custo-benefício.
Com Envidor, os ácaros são uma preocupação
a menos. Aplique uma única vez e fique tranquilo
a safra toda.
Envidor. Proteção prolongada
contra os ácaros.
ATENÇÃO
Leia atentamente e siga rigorosamente
as instruções contidas no rótulo, na bula e receita.
Utilize sempre os equipamentos de proteção
individual. Nunca permita a utilização do produto
por menores de idade.
REVISTA CITRICULTOR
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REESTIMATIVA
ACOMPANHAMENTO MOSTRA
SAFRA DENTRO DO ESTIMADO
Novecentos talhões são monitorados mensalmente
A
safra de laranja 2015/16 do parque citrícola – composto por 323
municípios paulistas e 26 mineiros – após os três primeiros meses de
colheita, se mantém dentro do estimado
pelo Fundecitrus, em maio, e permanece em 278,99 milhões de caixas de 40,8
kg, de acordo com a primeira reestimativa, divulgada em 10 de setembro.
Segundo o gerente geral do Fundecitrus Antonio Juliano Ayres, esse resultado confirma a metodologia adotada para a estimativa e dá segurança ao
planejamento do setor citrícola. “Saber
como está o andamento da produção
possibilita que todos os elos da cadeia
se programem e saibam qual rumo dar
ao seu negócio”, afirma.
A reestimativa é feita por meio do
acompanhamento mensal dos pomares (veja infográfico abaixo) que
mostrou que cerca de 56 milhões de
SAFRA DA FLÓRIDA EM QUEDA
Estimativa aponta redução de
17% da produção
caixas de variedades precoces
foram colhidas entre junho e
agosto, o que representa 75%
do previsto para estas variedades e mais de 20% do total
da safra.
O monitoramento mostrou
que os frutos das variedades
precoces estão maiores do
que a média histórica. Entre
os fatores que contribuíram
para o aumento estão o inverno mais chuvoso e o menor
número de frutos por árvores.
Mais duas reestimativas
serão divulgadas – em dezembro e fevereiro – até o
fechamento da safra. Os documentos completos estão
disponíveis no site do Fundecitrus (http://www.fundecitrus.com.br/pes/estimativa).
A
primeira estimativa da safra 2015/16 da
Flórida divulgada pelo Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na
sigla em inglês), em outubro, aponta que a
produção de laranja deve ser de 80 milhões
de caixas, o que representa uma queda de
17% em relação à safra passada. Essa é a
menor produção desde 1963/64.
De acordo com o pesquisador do
Fundecitrus Renato Beozzo Bassanezi, a
disseminação do greening (huanglongbing/
HLB) em larga escala pelos pomares do
estado norte-americano é a principal
responsável pela queda na produção. “A
safra da Flórida vem caindo desde 2012,
resultado da alta incidência de greening, que
já atinge mais de 70% das árvores do estado
e reduz severamente a produtividade das
plantas doentes”, diz.
DE OLHO NO FRUTO
Acompanhamento no campo mostra evolução da safra
1
AVALIAÇÃO
São avaliadas 11
árvores de 900 talhões
estratificados por idade,
variedade e região, a
cada 30 dias.
PESAGEM
3
No mesmo talhão, os técnicos vistoriam
oito árvores para avaliar o tamanho dos
frutos. Para isso colhem um fruto por
florada, em cada quadrante e no centro
da planta, que depois são pesados.
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REVISTA CITRICULTOR
CONTAGEM
2
Para apurar a queda, os técnicos
checam três árvores de cada
talhão para retirar os frutos caídos
em uma coroa, feita previamente,
contá-los e separá-los por florada.
1º
3º
Floradas
2º
4º
Árvore derriçada na
estimativa de safra
Árvore de
monitoramento
Fruto
Com os benefícios AgCelence®,
vai ser difícil sua qualidade cair.
Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens e
restos de produtos. Incluir outros métodos de controle dentro do programa do Manejo
Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados. Uso exclusivamente
agrícola. Restrições no Estado do Paraná para Elsinoe australis na cultura do citros.
Registro MAPA nº 08801.
Comet®, o fungicida da BASF para o seu pomar.
• Alta eficiência no controle da Pinta-preta e Verrugose.
• Maior pegamento de frutos.
• Maior período de frutos retidos no pé.
0800 0192 500
facebook.com/BASF.AgroBrasil
www.agro.basf.com.br
REVISTA CITRICULTOR
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POR TELEFONE
SISTEMA DE PREVISÃO DE PODRIDÃO
FLORAL ALERTA CITRICULTOR
Ainda em fase de testes, plataforma online
pode reduzir aplicações em até 75%
A
partir de 2016, o citricultor poderá ser avisado por mensagem
de e-mail ou celular sobre o
momento correto de pulverizar para a
prevenção da podridão floral, doença
causada por fungos também conhecida como “estrelinha”. O Fundecitrus,
em parceria com a Escola Superior de
Agricultura ‘Luiz de Queiroz’ (Esalq/
USP), a Universidade da Flórida
e o Centro de Previsão de Tempo e
Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC-INPE) está desenvolvendo um
sistema de previsão online de epidemias de podridão floral (PFC) de fácil
acesso e utilização pelo citricultor do
estado de São Paulo.
Quando as condições climáticas
são favoráveis à doença, a ausência de
controle da podridão floral pode acarretar perdas de até 80% na produção.
“O programa informa dados de temperatura, molhamento, germinação de
esporos do fungo e o risco imediato ou
futuro (até três dias) da ocorrência da
doença. Com isso permite que o citricultor possa planejar as aplicações de
fungicida para a proteção do pomar no
momento correto e elimina a possibilidade de pulverizações desnecessárias,
evitando prejuízos econômicos, pelos
gastos com os produtos e sua aplicação,
e ambientais, pela dispersão de defensivos no ambiente”, explica a professora
da Esalq/USP Lilian Amorim.
Nas décadas de 1990 e 2000 um
sistema de previsão nomeado de
PFD-FAD, foi desenvolvido pela
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REVISTA CITRICULTOR
equipe do pesquisador Pete Timmer,
da Flórida, e adaptado para as condições do Brasil pela pesquisadora
Natália Peres. Entretanto, devido ao
grande número de informações necessárias para sua utilização e por
emitir apenas avisos de risco para
o momento, demandando o controle químico imediato, ele nunca
foi utilizado em larga escala por
produtores no Brasil. O sistema
americano dependia de fatores
como o estágio predominante
da florada, a quantidade de árvores com outras doenças, a
quantidade de flores com sintomas de PFC e o histórico da
incidência da doença na área.
Já o modelo atual se baseia
apenas na temperatura e molhamento. Para que isso fosse
possível, foram testadas em
laboratório 56 combinações de
temperatura e molhamento para
avaliar a germinação de esporos
do fungo causador da doença em
cada uma. Dez delas foram validadas por meio de inoculação de
flores em casa de vegetação. Foram
cinco anos de pesquisas até o sistema começar a ser testado no campo,
em 2014, em fazendas localizadas
nos municípios de Santa Cruz do Rio
Pardo, Iaras e Taquarituba, todos da
região Sudoeste do estado, onde a
doença historicamente é importante
e causa severos prejuízos.
Os pesquisadores avaliaram a
condição da doença no campo após
ESTAÇÕES
METEOROLÓGICAS
po
tem
e
sd
do
a
D
AJUDE A MELHORAR O SISTEMA
O citricultor que quiser participar da fase final de testes do programa pode
entrar em contato com o Fundecitrus. O sistema permitirá ao citricultor o
cadastramento de novas estações meteorológicas instaladas em fazendas
de citros. Em geral, os dados podem ser expandidos para um raio de pomares
aproximado de cinco km em torno da estação. Os produtores interessados
devem entrar em contato pelo e-mail [email protected].
SERVIDOR DO SISTEMA
DE PREVISÃO PFC
Pr
SERVIDOR WEB
DO SISTEMA PFC
ev
isã
od
ot
em
po
CPTEC-INPE
MODELO DE PREVISÃO
DO TEMPO ETA
USUÁRIOS
SMS
E-mail
DE PREVISÃO PF
as pulverizações indicadas pelo sistema. Os ensaios
foram realizados em pomares adultos de laranja
doce com histórico de ocorrência de podridão floral.
As pulverizações foram realizadas quando o sistema
previa germinação do fungo de 15, 20 e 25%. Os resultados mostraram que quando há condição acima
de 20% deve ser emitido o alerta.
Avisos também são emitidos com 15%, indicando ao citricultor que existe um risco moderado e, dessa forma, ele tomará a decisão de
pulverizar ou não os pomares mais críticos da
fazenda. Ao receber a mensagem, o produtor
deve entrar no sistema e informar o estágio
de florescimento para ser orientado sobre a
necessidade ou não de pulverizar.
“As pulverizações devem ser sempre
realizadas de forma preventiva, antes do
início das chuvas, em função da previsão
que é gerada para os três dias. Entretanto,
se o produtor pulverizar e, as condições
climáticas após a aplicação permanecerem
favoráveis à doença, acima de 50% de germinação de fungo, o sistema irá indicar a
reaplicação do produto antes do intervalo
recomendado, que é de sete dias”, explica o
pesquisador do Fundecitrus Geraldo José da
Silva Junior.
Os testes de campo mostraram que é possível reduzir o número de pulverizações em mais
de 75%. Nas condições climáticas de 2014, foram
feitas duas pulverizações indicadas pelo programa
contra cinco feitas pelo manejo usual das fazendas.
Ao final, o controle da doença foi semelhante. Nas
condições de 2015, a redução foi ainda maior: uma
pulverização feita via alerta do sistema contra quatro preventivas realizadas pelas fazendas, em média o que pode representar uma economia em torno
de R$ 240 por hectare ao ano, evitando-se pulverizações desnecessárias.
REVISTA CITRICULTOR
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MANEJO REGIONAL
AÇÃO DO LADO DE FORA
Fotos: Fabiana Assis
Fundecitrus incentiva e citricultores investem em parceria
com vizinhos para controlar o greening
O vizinho Fernando da
Fonseca (dir.), recebe do
administrador da fazenda da
Citrosuco, Vanilso de Lima,
(esq.) muda frutífera para
substituir plantas com HLB
O
lhar além dos horizontes do
pomar tornou-se fundamental
para os produtores de citros que
querem manter o greening (huanglongbing/HLB) sobre controle. Citricultores de todas as regiões do estado de São Paulo perceberam que a
influência das propriedades vizinhas
é tão ou mais importante do que o
manejo realizado no pomar para controlar o psilídeo, inseto que transmite
a doença, e passaram a olhar e agir
com atenção ao entorno. As iniciativas particulares dos entrevistados
desta matéria somam a eliminação de
mais de 200 mil plantas
ou brotos de citros
em pomares doSistema
mésticos, matas,
de Alerta
Fitossanitário
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REVISTA CITRICULTOR
meio de canaviais ou pomares abandonados. Estes locais foram encontrados
com ajuda de fotos de satélite e visitas
de porta em porta. Também pulverizaram mais de 500 hectares de citros
que não tinham o controle adequado,
promovendo a eliminação de milhares
de criadouros de psilídeo. Estas ações,
associadas ao manejo dos pomares,
vem ajudando, aos poucos, para que a
luta contra o HLB fique menos árdua.
Idealizador do manejo externo nos
vizinhos, o Fundecitrus está sempre buscando formas de torná-lo mais eficiente e,
em outubro, colocou no ar, o novo sistema de Alerta Fitossanitário-Psilídeo, que
auxilia na descoberta de áreas críticas
com alta incidência do inseto. Em uma
de suas funcionalidades é possível verificar a população do
inseto em raios de
2, 4, 6, 8 e 10 quilômetros a partir das
propriedades cadastradas (saiba mais
em
www.fundecitrus.com.br/alertafitossanitário).
O Alerta disponibiliza informações que são o ponto de partida
para os citricultores atuarem no
manejo externo.
Foi o que fez a fazenda Guacho,
do grupo Agroterenas, em Santa
Cruz do Rio Pardo/SP. “Observamos que a maior quantidade de
psilídeo encontrada era nas bordaduras. Paralelamente, pesquisas do
Fundecitrus mostraram que não era
suficiente fazer só o controle interno, então estabelecemos um esforço adicional de eliminar as fontes
externas da praga”, conta o supervisor da área agrícola Márcio Soares.
A fazenda passou a dar atenção especial aos vizinhos com pomares domésticos de citros, que tinham poucas
plantas, geralmente sem tratamento,
em sítios e chácaras. Procurou conhecê-los e um levantamento mostrou
que praticamente 100% destas árvores
tinham sintomas de HLB.
Em 2013, foi feito o primeiro contato para explicar o problema e a importância de eliminação das plantas
doentes, mas a ação não teve aceita-
ção imediata. Em 2014, a segunda tentativa de negociação propôs a soltura
de Tamarixia radiata, que foi mais
bem aceita pelos vizinhos.
O terceiro passo foi pedir para colocar armadilhas para o monitoramento
do psilídeo. “Essa foi a melhor ação,
porque o contato constante provocado
pela inspeção criou uma proximidade
entre os funcionários da fazenda e os
vizinhos, que foram entendendo o problema”, conta Soares.
Em 2015, a empresa propôs o arranquio das plantas doentes e a substituição por mudas de outras frutíferas.
Dessa forma, o trabalho começou
a dar frutos e, de vizinhos totalmente contras, alguns agora procuram
a empresa para fazer a troca de suas
plantas de citros. “Na medida do possível deixamos que eles escolham as
variedades e vamos atrás para tentar
conseguir. Já distribuímos macadâmia, jabuticaba, goiaba, acerola e até
algumas que não conhecíamos, como
a grumixama”, conta Soares.
De março a agosto, 415 plantas de
citros e 18 de murta foram arrancadas
em 24 propriedades. Até o colégio agrícola de Espirito Santo do Turvo entrou
na iniciativa e arrancou 40 pés de citros
que havia no local, mas o engenheiro
agrônomo não se dá por satisfeito. “É
preciso manter a conscientização desse
pessoal. É um trabalho contínuo, esses
locais devem ser sempre visitados. E
precisa ser completo, se ficar três ou
quatro propriedades sem fazer, o resultado pode ser comprometido”.
Soares diz ainda que a participação
do Fundecitrus na linha de frente foi importante, principalmente, no início dos
contatos. “Não é a propriedade falando,
são técnicos que trabalham com isso
mostrando a importância de arrancar. É
um trabalho de persistência, paciência
e tolerância, de conquista aos poucos”.
NA BASE DA TROCA
“Que tal trocar aquela laranjeira
ou pé de limão doente por um pé de
acerola, ameixa, manga, jabuticaba
ou pitanga?”. É assim que a Citro-
suco de Itapetininga/SP está conseguindo convencer boa parte dos vizinhos a tirar suas plantas de citros
contaminadas com HLB.
As ações começaram quando os
esforços aplicados contra a doença
dentro da propriedade já não davam
o resultado esperado. A fazenda que
tinha um acumulado de quatro mil
plantas arrancadas com HLB em cinco anos, ou seja, média de 800 por
ano, arrancou esse mesmo número
em apenas um mês de 2014.
A engenheira agrônoma Aline Beraldo Monteiro conta que foram usadas
imagens de satélite para identificar todas as propriedades da região. De outra
forma ficaria difícil pela extensão da
propriedade que tem 160 quilômetros
de perímetro e é rodeada por condomínio de chácaras e distritos urbanos.
O trabalho começou porta a porta
em um raio de três quilômetros, dando
prioridade aos locais que são possíveis
fontes de psilídeo, escolhidos com base
nos pontos de ocorrência de HLB na
propriedade. A fazenda contratou um
funcionário responsável por fazer os
contatos e conseguir a retirada das árvores doentes, por meio de barganha por
mudas de outras frutíferas. A troca é documentada e o vizinho assina um termo
de solicitação de erradicação e outro de
recebimento das mudas.
Além disso, a empresa investiu na
criação de Tamarixia radiata. Desde
outubro de 2014, 680 mil insetos foram liberados nas regiões de Itapetininga e Botucatu.
O primeiro local escolhido para as
visitas a vizinhos foi o bairro urbano
Reinchã, que fica bem ao lado da propriedade, no setor onde, na época, eram
encontrados 70% dos psilídeos. Entre
outubro de 2014 e março de 2015, foram trocadas 453 mudas e ainda soltas
200 mil vespinhas no local. Hoje a região representa apenas 10% dos psilídeos capturados nas armadilhas.
Em seguida, partiram para o contato
com os chacareiros do condomínio Ita
Recreio que tem mais de 500 propriedades, quase todas com citros.
O policial aposentado Fernando Gabriel da Fonseca foi o primeiro a ter as
plantas trocadas – 48 no total. “Comprei a propriedade há dois anos e tinha
laranja, ponkan, limão siciliano, mas
não produziam. Quando tinha alguma
fruta não chegava a amadurecer, nunca
tinha o prazer de um fruto”, conta.
Hoje, no lugar de laranjeiras e limoeiros doentes há mudas de graviola,
jaca, cacau, cereja, manga e ameixa.
“Eu tenho as árvores por causa dos pássaros, mas eles já nem vinham mais.
Agora haverá bastante opção de frutas
para os passarinhos”.
A aposentada Alba Daniel ficou assustada ao saber que seus 44 pés de ci-
Felipe Michigami (dir.)
e o vizinho Antonio
do Patrocínio (esq.),
aliados no combate ao
greening, avaliam
planta doente
REVISTA CITRICULTOR
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MANEJO REGIONAL
nejo regional, e também tem se associado a outras fazendas e empresas para
cuidar das regiões onde está presente.
Seja para arrancar um pomar abandonado ou para dividir os custos de pulverização”, diz o engenheiro agrônomo
da Terral, Leandro Viscardi Cuzim. Um
grande exemplo foi um consórcio de
várias empresas, a pedido do Fundecitrus, para a retirada de mais de 50 mil
brotos de limão na área da Embraer, em
Gavião Peixoto/SP. Trabalho que durou dois meses e trouxe benefícios para
toda a região.
Ivan Brandimarte,
gerente agrícola
da Cambuhy,faz
apresentação em
evento de manejo
regional na propriedade
AÇÃO MULTIPLICADA
tros que estavam há mais de duas décadas com ela, poderia comprometer toda
a citricultura da região. “Eu achava que
a Citrosuco causava a mosca das frutas
que atacava meu pomar, quando eram
meus pés de citros que podiam estar
causando mal”, afirma.
Até o fechamento desta edição, a
equipe da Citrosuco já tinha eliminado
1.517 plantas de pomares vizinhos.
“Nem sempre conseguimos convencer a todos, mas o importante é diminuir
as fontes de psilídeo. Cada planta eliminada é um ganho. Nossa meta é reduzir
a quantidade de plantas a serem replantadas no pomar, que é o dobro do custo
de uma muda”, afirma Aline.
Há cerca de um ano, a estimativa
era que houvesse quatro mil plantas
para serem arrancadas. Até agora foram
eliminadas 50 mil. A causa de tamanha
diferença foi totalmente inesperada:
foram encontradas muitas árvores de
citros com HLB dentro da própria fazenda, em áreas de matas nativas.
“Tínhamos tanta certeza de que o
problema eram os vizinhos que nos esquecemos de olhar para dentro”, afirma
o gerente agrícola, Eduardo Lopes.
“Encontramos desde mudas novas
até plantas altas. Devem ter se originado de sementes e frutos levados por
animais. Encontramos murta no meio
da mata, brotos de limão no meio do
canavial”, conta Aline.
A descoberta serviu de lição para
a empresa. Com um grande trabalho
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REVISTA CITRICULTOR
de engajamento, a Citrosuco envolveu todos os funcionários, que ficaram
atentos e responsáveis por comunicar
qualquer planta doente encontrada.
“Sempre se vê o resultado logo em
seguida. É notável que onde é feito o
trabalho interno e externo de erradicação, o problema também é eliminado”, afirma Aline.
EQUIPE EXCLUSIVA
Assim como a Citrosuco, a Terral
mantém uma equipe focada no trabalho
externo à propriedade e segue o que está
se tornando a cartilha do trabalho com
os vizinhos: negociação para retirada
de plantas doentes em troca de mudas
frutíferas – só este ano foram trocadas
700 mudas – e solturas da vespinha Tamarixia radiata .
Com pomares novos, os mais suscetíveis ao HLB, a empresa é bem
mais rígida, e mantém há quatro anos
um trabalho de monitoramento de vizinhos, na região de Matão, com uma
equipe exclusiva para o mapeamento e
monitoramento de pomares comerciais
e domésticos em um raio de oito quilômetros das propriedades.
O mesmo trabalho é feito na região
de Barretos, mas com soltura de Tamarixia radiata também na área urbana
onde há muita presença de murtas. O
esforço tem obtido sucesso e a doença
não ultrapassa 1% nas propriedades.
“A Terral é fiel aos conceitos do ma-
O grupo Faro Capital foi um dos
primeiros a aderir ao manejo externo
e em 2013, iniciou o trabalho com os
vizinhos da fazenda São Sebastião, em
Pedregulho/SP. A experiência foi relatada em matéria da revista Citricultor, nº
25, de ago/14. Desde então, o trabalho
foi ampliado para a fazenda Descalvado, em Anhembi/SP, em 2014, e para
a fazenda Cambuy, em Altinópolis/SP,
neste ano.
Como em Pedregulho, nestas unidades a busca começou com a ajuda de
mapas do Google Earth associado às
capturas das armadilhas das fazendas
para apurar os locais de entrada da praga. De acordo com o supervisor de processos agrícolas do grupo Faro Capital,
Felipe Michigami, essa é a melhor forma de verificar a existência de vizinhos.
“O histórico da doença mostra que onde
tinha mais vizinhos é onde tem mais
plantas erradicadas”, afirma.
Em Pedregulho, já há áreas que foram totalmente saneadas. Atualmente
são monitoradas 34 propriedades com,
no mínimo 10 e no máximo 150 plantas, somando 715 plantas que recebem
pulverização. Além disso, 897 plantas
foram eliminadas.
Na fazenda Descalvado, em Anhembi, a situação é diferente. Há muitos
pomares comerciais, na região que tem
um dos maiores índices de áreas abandonadas do estado, demandando mais
pulverização e força maior de inspeção.
Atualmente, a Faro realiza pulveriza-
ções mensais em 533 plantas domésticas em três pomares comerciais e
monitora 40 armadilhas instaladas fora
do pomar. Em pouco mais de um ano,
erradicou 25.661 plantas, das quais 20
mil são de pomares abandonados cujo
trabalho foi feito em parceria com outros citricultores.
O custo estimado do trabalho com
vizinhos na propriedade é de R$ 8,50
por hectare, mais barato que o manejo
interno da fazenda. A maior dificuldade na região está sendo identificar
todos os vizinhos. Embora a empresa
costume atuar em um raio de cinco
quilômetros, há casos que é preciso
andar 30 quilômetros para chegar às
propriedades. Depois de localizá-las
há o trabalho de conscientização.
Já a Cambuy, em Altinópolis, que
tem 92 mil plantas de seis anos, recebeu o manejo externo por uma decisão estratégica. “É uma fase decisiva,
na qual as árvores estão atingindo o
auge da fase produtiva, não podemos
perder planta”, diz.
Como a região não tem pomares
comerciais próximos, o engenheiro
agrônomo acreditava na influência da
cidade, distante dez quilômetros em linha reta e chegou a fazer liberação de
Tamarixia radiata. Mas ao pesquisar a
região descobriu muitas propriedades
próximas do pomar com quase todas as
plantas de citros com HLB.
Até o fechamento dessa reportagem, foram mapeados 35 vizinhos em
um raio de cinco quilômetros, com 816
plantas cítricas, todas com HLB e psilídeo. Em todas elas, a abordagem foi
diferente de Pedregulho, onde foi proposta a eliminação das plantas. Em Altinópolis, houve oferecimento para fazer
pulverizações mensais em quintais e até
em pastos onde há a presença de pés de
limão. Há ainda dez propriedades nas
quais as pulverizações são feitas também em murta. “Essa ação tem uma
aceitação melhor do que arrancar as
plantas”, explica Michigami.
É essa a impressão do administrador
Antonio Carlos do Patrocínio. “A gente
estava perdendo muitas plantas, replantava e ficava doente de novo. Com o
pessoal vindo pulverizar temos certeza
de que está sendo feito o certo”, afirma.
Na propriedade que ele toma conta há
cerca de 150 plantas de citros, quase todas com HLB.
O trabalho de conscientização é fundamental. “Na abordagem a gente deixa
claro que o melhor é arrancar, explica
a doença e a gravidade. Entregamos o
material do Fundecitrus para mostrar
que o trabalho é importante”, afirma.
A Faro criou uma metodologia de
trabalho e um boletim para criar o histórico de controle. Embora não haja uma
equipe exclusiva, há um líder em cada
fazenda responsável pelas informações.
De acordo com Michigami, para cada
R$ 1 gasto com o manejo externo, as fazendas deixam de perder R$ 8. O trabalho todo representa apenas 5% do que a
empresa gasta com o manejo do HLB.
HLB SOB CONTROLE
Funcionário da Faro
Capital pulveriza
árvores de citros em
áreas ao redor da
propriedade
A fazenda Cambuhy, em Matão/SP,
soma mais de 25 mil árvores arrancadas
de vizinhos, apenas nesta safra, em raio
de cinco km ao seu redor. Além disso,
pulveriza 200 hectares de citros todos
os meses, faz reuniões anuais para mostrar o que tem feito e chama os donos de
propriedade vizinhas para participar do
manejo regional de HLB.
Esse esforço se fez necessário para a
propriedade que tem mais de 80 quilômetros de borda e já teve 160 vizinhos.
“O trabalho foi iniciado em 2010 e hoje
temos menos vizinhos, mas não podemos parar”, afirma a engenheira agrônoma Renata Lanza, responsável pela
área de fitossanidade e por supervisionar o trabalho.
Muitos vizinhos substituíram a citricultura pela cana, mas o que parecia
ter solucionado um problema, criou
outro: brotos de limão, resultados da
extração mal feita dos porta-enxertos
surgiram no meio do canavial plantado
sobre ex-pomares, tornando-se milhares de criadouros de psilídeos. Esses
locais passaram a fazer parte da lista
que demanda atenção, assim como a
beira de matas nativas, de onde funcionários da Cambuhy já arrancaram
dois mil pés de citros.
Todo trabalho é feito em cima do
Alerta Fitossanitário do Fundecitrus,
pois o sistema mostra áreas onde a população do psilídeo é mais alta, economizando tempo e direcionando ações.
Os efeitos dos cuidados externos,
associados ao manejo interno são visíveis. A fazenda, que chegou a registrar 3,51% de greening na safra
2010/11, deve terminar a safra atual
próximo de 1%, o mesmo índice registrado em 2008/09. Além disso, diminuiu a quantidade de perda de árvores erradicadas e tem a segurança
de que pode renovar qualquer parte
do pomar sem perder o novo plantio
para o HLB. Tudo isso com um custo-benefício vantajoso para propriedade. Para cada R$ 1 utilizado no trabalho externo com vizinho, estima-se
que foi evitado o gasto de R$ 69,78
em pulverizações, monitoramento e
perda de árvores dentro da fazenda.
“Estamos convencidos de que se
todo mundo fizer, a gente consegue
segurar o greening. A atuação nos vizinhos é benéfica não apenas para a fazenda, mas para toda a região que fica
saneada, com menos criadouros de
psilídeos”, afirma o gerente agrícola
da Cambuhy, Ivan Brandimarte.
REVISTA CITRICULTOR
11
CAMPEÃ
É A CAPITAL DA LARANJA
Município é o maior produtor de citros do parque citrícola
tanto em área quanto em número de árvores
O
título de capital da laranja que já foi de Limeira, Bebedouro, Araraquara e Itápolis
atualmente é de Mogi Guaçu/SP. Segundo o
censo da citricultura realizado pelo Fundecitrus, o
município é o maior produtor de citros do parque
citrícola, tanto em área quanto em número de árvores plantadas.
São 15.763 mil hectares de citros, somando 7,06
milhões de árvores, divididas em 207 propriedades.
Se tomar por base somente as principais laranjas
produzidas no parque citrícola, a área é de 13.672
hectares, com 6,2 milhões de árvores, distribuídas
em 178 propriedades. O segundo município em
área plantada de laranja é Casa Branca, seguido de
Botucatu (veja quadro ao lado).
Os dois municípios com as maiores áreas de
citros - Mogi Guaçu e Casa Branca – estão localizados no Sul do estado de São Paulo, a terceira região com maior produção, de acordo com
o censo do Fundecitrus, com 100.717 hectares
plantados, o que representa 21% da área total do
parque citrícola.
O prefeito de Mogi Guaçu, Walter Caveanha,
se mostrou surpreso com a importância do município no mapa da laranja. “Já chegamos a produzir 35 milhões de caixas de laranja por ano, hoje
produzimos em torno de 13 milhões, mesmo com
essa redução somos o nº 1, é de se surpreender”,
afirma Caveanha.
Segundo o prefeito, a laranja é o principal produto agrícola de Mogi Guaçu, mas representa apenas 2,13% do valor agregado do município, que
tem perfil industrial na área de papel e celulose,
amido e autopeças.
A zona rural de Mogi Guaçu tem 840 km2 e 1,2
12
REVISTA CITRICULTOR
Prefeito, Walter Caveanha
diz que laranja é principal
produto agrícola, mas
representa apenas 2,13%
do valor agregado de
Mogi Guaçu
A família de Wivaldo
(esq.) e Vladimir (dir.)
produz citros em
Mogi Guaçu há
quase 50 anos
mil propriedades, das quais 800 são de
pequeno porte. A citricultura está instalada em grandes propriedades. Com a
diminuição da área da laranja, o setor
de hortifrutigranjeiros ganhou força em
áreas menores.
A citricultura começou sua expansão
no município na década de 1960, com a
instalação da fazenda Sete Lagoas, que
chegou a ter a maior produtividade por
pé da América Latina, de acordo com
Caveanha, e atraiu outros produtores
para a região interessados na fertilidade
do solo.
Nesta mesma década, a família de
Wivaldo Ricardo Ivers, de 79 anos, terceira geração de citricultores, resolveu
ampliar seus horizontes para além de
Limeira, onde a família produzia laranja desde 1908, e encontrou terra boa e
barata em Mogi Guaçu. “Estávamos
procurando um terreno em Engenheiro Coelho, um corretor ficou sabendo
e falou que dava para comprar o triplo
de terra em Mogi Guaçu. Então fomos
ver e compramos, mas era tudo campo,
começamos do nada”, conta.
Em 1968, Wivaldo criou a fazenda Margarito, da qual não saiu mais.
Atualmente, ele e seu filho Vladimir
Ricardo Ivers, de 51 anos, tocam os
200 hectares de citros – o dobro de
quando a fazenda foi iniciada. A área
é toda formada por laranja e tangerina que são vendidas para a indústria e
para o mercado de fruta in natura.
Os dois lutam contra o greennig
(HLB), o preço e os problemas de mão
de obra para permanecerem na citricultura. Sustentam um rígido controle
de HLB, com a erradicação de plantas
doentes e pulverizações para psilídeo,
que tem mantido a doença em níveis de
0,5% na propriedade. Tiveram que se
adaptar às novas exigências trabalhistas
e às mudanças na comercialização, mas
mesmo com as dificuldades eles não desanimam da citricultura e mantêm a fazenda produtiva. “Corre suco de laranja
na veia”, justifica Vladimir.
OS CAMPEÕES
Os cinco municípios com maiores áreas plantadas de laranja
Município
Mogi Guaçu
Casa Branca
Botucatu
Brotas
Barretos
Hectares
13.672
11.275
10.952
9.980
9.924
Macrorregião
Sul
Sul
Sudoeste
Centro
Norte
REVISTA CITRICULTOR
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HOMENAGEM
Reconhecimento por história de apoio à
sustentabilidade na agricultura
14
REVISTA CITRICULTOR
Empresa Brasileira de Agropecuária
(Embrapa). “Os homenageados são
escolhidos em consenso entre as quatro instituições. São pessoas que contribuíram com o salto tecnológico do
setor agropecuário nos últimos anos”,
afirma Eduardo Daher, diretor executivo da Andef.
Desde 2008 na presidência do Fundecitrus, Lourival Carmo Monaco, tem
sido grande incentivador do desenvolvimento de pesquisas que promovem a
sustentabilidade na citricultura, como o
controle biológico de pragas, a redução
do uso de produtos químicos, a economia de água, a busca por bioinseticidas
e a incorporação de inovações tecnológicas de
forma que protejam o
meio ambiente e tragam
avanços em sanidade,
produtividade e qualidade para o setor citrícola.
Citricultor, engenheiro
agrônomo pela Escola
Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’
(Esalq/USP), mestre e
doutor pela Universidade da Califórnia.
Ao longo de sua história profissional,
Monaco atuou em diferentes setores
da agropecuária sempre levantando a
bandeira da necessidade de inovação, a
importância da formação de equipes e
do trabalho conjunto.
Para Monaco, a agricultura mais sustentável, tema central dos debates da sétima edição do fórum, faz parte da evolução do setor e deve ser tratada como
prioridade. “É necessário antecipar o
aprimoramento dos processos para que
respeitem os recursos naturais, é preciso estar à frente do tempo e ter o espírito
inovador da sustentabilidade”, conclui.
Foto: Jaqueline Ribas
O
presidente do Fundecitrus, Lourival Carmo Monaco, recebeu
o prêmio “Heróis da Revolução
Verde” como reconhecimento da trajetória profissional marcada por ações
de incentivo a uma agricultura mais
sustentável e pelo apoio ao desenvolvimento tecnológico do setor.
A entrega do prêmio foi realizada
no VII Fórum Inovação, Agricultura e
Alimentos para o Futuro Sustentável,
em 13 de outubro, em sessão especial
no Senado Federal, em Brasília/DF.
Essa foi a quarta edição da homenagem
anual a dez personalidades que colaboraram com a transformação da agricultura brasileira, por meio da ciência,
novas tecnologias e ideias inovadoras.
“Esse prêmio é o reconhecimento de
um trabalho construído com o apoio de
muitas pessoas e reflete um pouco da
minha personalidade”, afirma Monaco.
A premiação é uma iniciativa da
Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO), em
parceria com a Associação Nacional de
Defesa Vegetal (Andef), a Associação
Brasileira do Agronegócio (Abag) e a
Senadora
Ana Amélia e
Alan Bojanic,
representante da
FAO, entregam
prêmio para
Monaco
O décimo e último capítulo da seção aborda a mosca das frutas, praga que reduz a produção
da planta, provoca a queda de frutos e os deixam impróprios para consumo.
NÃO DEIXE
A MOSCA
DAS FRUTAS
POUSAR NO
POMAR
Foto: Arquivo Fundecitrus
r
o
t
l
u
c
Citri
Pragas e Doenças
Inseto se
desenvolve dentro
do fruto e provoca
apodrecimento
da polpa
A
s moscas das frutas Anastrephafraterculus e Ceratitis capitata
afetam diretamente as laranjas
e tangerinas devido à perfuração feita
pela fêmea na casca ao colocar seus
ovos, e ao desenvolvimento das larvas
dentro do fruto, consumindo a polpa e
provocando o apodrecimento interno
do fruto, o que inviabiliza o consumo.
A incidência de mosca das frutas
também provoca queda de frutos e a
consequente redução da produção da
planta. Segundo o pesquisador do Instituto Biológico de Campinas Adalton
Raga, ataques severos chegam a provocar perda de até duas caixas de frutos
por planta infestada.
Estes insetos podem viver no pomar
por 25 a 35 dias no caso de A. fraterculus e, de 18 a 30 dias, se for C.ca-
Foto: Adalton Raga
Praga provoca queda de frutos, apodrecimento da polpa e inviabiliza o consumo
pitata (em locais com baixas temperaturas, o ciclo de vida é prolongado) e
atacam principalmente as variedades
Pera, Hamlin, Valência, Bahia, Natal,
Ponkan e Murcott.
No Brasil, a praga causa prejuízo de
cerca de US$ 120 milhões ao ano, entre
perdas de produção, custos de controle, processamento e comercialização
de diversos tipos de frutas, segundo o
Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA).
SINTOMAS
De acordo com Raga, os produtores conseguem identificar um fruto
atacado por mosca das frutas pela
mudança de cor ao redor da perfuração, que fica marrom. Além disso,
É possível identificar
o orifício pelo qual a
larva do inseto sai de
dentro do fruto
REVISTA CITRICULTOR
15
A diferença entre sintomas
de ataque de bicho
furão (esq.) e de mosca
das frutas (dir.) são os
excrementos endurecidos
na casca do primeiro, e o
aspecto mole da região
lesionada pelo segundo
é possível ver o orifício por onde a
larva sai de dentro do fruto.
É comum que os citricultores confundam as lesões provocadas pela
mosca das frutas com as de bicho furão. A principal diferença entre elas é
que, após penetrar no fruto, o bicho
furão libera excrementos e restos de
alimentos para a parte externa, que
endurecem na casca. Já o local atacado pela mosca fica mole e apodrecido
(veja fotos acima).
MONITORE
O monitoramento da mosca das
frutas é realizado por meio de armadilhas (veja fotos ao lado) que possibilitam avaliação do nível da infestação
no pomar, observação de populações
invasoras e identificação dos locais
de entrada da praga na propriedade.
O tipo de armadilha mais utilizado
é o frasco McPhail, feito de plástico
ou vidro, para captura de machos e fêmeas. Dentro é colocado um atraente a
base de proteína hidrolisada a 5%. Devem ser presas em ramos de 1,60 a 1,80
metro de altura e instaladas a cada 50
metros uma da outra, contornando toda
16
REVISTA CITRICULTOR
a área e também no interior do pomar.
Outro modelo de armadilha é a
Jackson, de formato delta, dotado de
base com cartão adesivo, mas diferente em relação ao atrativo. Neste caso, é
utilizado o feromônio sexual trimedlure, específico para captura de machos
de C. capitata.
CONTROLE
Foto: Pedro Yamamoto
Phail. Devem ser colocadas em ruas
alternadas, em apenas uma parte da
copa das plantas, em torno de 1m²,
de preferência em folhagens, e serem
renovadas em intervalos de sete a
dez dias. O controle deve ser iniciado quando for encontrada uma mosca
por armadilha, por dia.
O procedimento deve ser aplicado
em outras plantas frutíferas hospedeiras da mosca no entorno do pomar.
“Fazendo este tipo de controle, os
produtores conseguem conter a infestação da praga, reduzir os prejuízos e
economizar com a aplicação de defensivos”, diz o pesquisador.
O controle químico da mosca das
frutas é realizado com a aplicação de
inseticidas em cobertura total ou em
iscas tóxicas. De acordo com Raga,
o segundo método é o mais indicado,
devido à alta efi1
ciência
e ao menor impacto no
meio ambiente.
As iscas tóxicas são preparadas com adição
de
defensivos
químicos a um
atraente alimentar, muito parecido com o atrativo utilizado na
Armadilha McPhail
armadilha Mc-
Fotos: Adalton Raga
Foto: Henrique Santos
Armadilha Jackson

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