visão regional
Transcrição
visão regional
ANO VII I Nº 32 I OUTUBRO DE 2015 I WWW.FUNDECITRUS.COM.BR VISÃO REGIONAL Citricultores incorporam manejo externo como estratégia essencial para o controle do HLB REVISTA CITRICULTOR 1 EDITORIAL INVENÇÃO X INOVAÇÃO: NOSSA FORÇA MAIOR O agronegócio brasileiro tem se mostrado cada vez mais competitivo e eficaz, com expansão de áreas e surgimento de novas a cada ano. O país tem revelado uma capacidade extraordinária de produzir e aproveitar conhecimentos gerados aqui e no exterior. Fato relevante é que as grandes conquistas têm nuances específicas e proporcionais à importância da cultura e aos investimentos mundiais. A necessidade de conhecimento tem exigido novas estratégias para sua gestão, focalizada na inteligência que permite que as instituições mantenham a capacidade competitiva em resposta às demandas do mercado. Para os envolvidos no dia a dia do processo produtivo é fundamental a diferenciação entre invenção e inovação. Embora a separação não seja rigorosa, a invenção se refere à geração de ideias e sua evolução pode gerar uma patente ou não. A inovação, por outro lado, envolve o trabalho com as ideias no sentido de dar a ele importância econômica. Inovar é um processo de produzir bens ou materiais que combinados com tecnologia e conhecimento otimizam o processo produtivo e as formas de produção. No agronegócio, inovações são extremamente necessárias para o aumento da produtividade e qualidade, com eficiência e redução de custos. Os ganhos obtidos com o incremento desses fatores vão desde descobertas acidentais e ajustadas à realidade até a agregação de técnicas que permitam manter o estado de São Paulo na fronteira do combate às pragas e doenças. A incorporação da informática tem oferecido instrumentos para melhorar a gestão e o controle de doenças, como a podridão floral e greening (HLB). Nos laboratórios, o uso da engenharia molecular mudou a capacidade de buscar inovação no melhoramento genético. Nossos pesquisadores têm plena consciência de nossa missão focada em inovação, de forma que resultem em melhor custo-benefício. O Fundecitrus buscou e continua buscando soluções eficientes e sustentáveis para os problemas fitossanitários da citricultura, tem incorporado em seus conceitos a viabilidade econômica das inovações, e zelado para que a modernidade chegue aos pomares com possibilidade de aplicação. É por isso que a instituição orienta os produtores a adotarem boas práticas de manejo dos pomares, seguindo as normas e leis brasileiras. Temos tido a satisfação de contar com a compreensão dos citricultores que se mantém envolvidos em todo o processo de fortalecimento da inteligência competitiva de nossa citricultura. Lourival Carmo Monaco Presidente do Fundecitrus ÍNDICE Pág.4 SAFRA INALTERADA Reestimativa aponta produção dentro do previsto Pág.6 PODRIDÃO FLORAL Sistema online mostra momento certo de prevenir Pág.8 FORA DO POMAR Ação nos vizinhos faz parte do pacote de medidas contra o HLB Pág.12 CAPITAL DA LARANJA Mogi Guaçu é o município com maior área plantada Pág.14 PREMIADO Presidente do Fundecitrus é “Herói da Revolução Verde” Pág.15 MOSCA DAS FRUTAS Praga se desenvolve dentro do fruto e inviabiliza consumo Expediente A REVISTA CITRICULTOR é uma publicação de distribuição gratuita entre citricultores, editada pelo Fundo de Defesa da Citricultura - Fundecitrus I Avenida Dr. Adhemar Pereira de Barros, 201, Vila Melhado, Araraquara - SP, CEP: 14807-040 - Nº ISSN: 23172525. Contatos: Telefones: 0800 112 155 e (16) 3301-7045 I e-mail: comunicacao@ fundecitrus.com.br - Website: www.fundecitrus.com.br. Jornalista responsável: Fabiana Assis (MTb 55.169) I Reportagem e edição: Jaqueline Ribas, Fabiana Assis I Projeto gráfico e diagramação: Marcelo Quén I Assistente: Tainá Caetano I Tiragem: 9 mil exemplares. 2 REVISTA CITRICULTOR Confiança que se comprova a cada safra. Esse você conhece. Envidor é o acaricida que oferece proteção prolongada com apenas uma aplicação por ano. Especialmente desenvolvido para a citricultura, esse produto Bayer CropScience age de uma forma diferente dos demais acaricidas, proporcionando maior economia e melhor custo-benefício. Com Envidor, os ácaros são uma preocupação a menos. Aplique uma única vez e fique tranquilo a safra toda. Envidor. Proteção prolongada contra os ácaros. ATENÇÃO Leia atentamente e siga rigorosamente as instruções contidas no rótulo, na bula e receita. Utilize sempre os equipamentos de proteção individual. Nunca permita a utilização do produto por menores de idade. REVISTA CITRICULTOR 3 REESTIMATIVA ACOMPANHAMENTO MOSTRA SAFRA DENTRO DO ESTIMADO Novecentos talhões são monitorados mensalmente A safra de laranja 2015/16 do parque citrícola – composto por 323 municípios paulistas e 26 mineiros – após os três primeiros meses de colheita, se mantém dentro do estimado pelo Fundecitrus, em maio, e permanece em 278,99 milhões de caixas de 40,8 kg, de acordo com a primeira reestimativa, divulgada em 10 de setembro. Segundo o gerente geral do Fundecitrus Antonio Juliano Ayres, esse resultado confirma a metodologia adotada para a estimativa e dá segurança ao planejamento do setor citrícola. “Saber como está o andamento da produção possibilita que todos os elos da cadeia se programem e saibam qual rumo dar ao seu negócio”, afirma. A reestimativa é feita por meio do acompanhamento mensal dos pomares (veja infográfico abaixo) que mostrou que cerca de 56 milhões de SAFRA DA FLÓRIDA EM QUEDA Estimativa aponta redução de 17% da produção caixas de variedades precoces foram colhidas entre junho e agosto, o que representa 75% do previsto para estas variedades e mais de 20% do total da safra. O monitoramento mostrou que os frutos das variedades precoces estão maiores do que a média histórica. Entre os fatores que contribuíram para o aumento estão o inverno mais chuvoso e o menor número de frutos por árvores. Mais duas reestimativas serão divulgadas – em dezembro e fevereiro – até o fechamento da safra. Os documentos completos estão disponíveis no site do Fundecitrus (http://www.fundecitrus.com.br/pes/estimativa). A primeira estimativa da safra 2015/16 da Flórida divulgada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), em outubro, aponta que a produção de laranja deve ser de 80 milhões de caixas, o que representa uma queda de 17% em relação à safra passada. Essa é a menor produção desde 1963/64. De acordo com o pesquisador do Fundecitrus Renato Beozzo Bassanezi, a disseminação do greening (huanglongbing/ HLB) em larga escala pelos pomares do estado norte-americano é a principal responsável pela queda na produção. “A safra da Flórida vem caindo desde 2012, resultado da alta incidência de greening, que já atinge mais de 70% das árvores do estado e reduz severamente a produtividade das plantas doentes”, diz. DE OLHO NO FRUTO Acompanhamento no campo mostra evolução da safra 1 AVALIAÇÃO São avaliadas 11 árvores de 900 talhões estratificados por idade, variedade e região, a cada 30 dias. PESAGEM 3 No mesmo talhão, os técnicos vistoriam oito árvores para avaliar o tamanho dos frutos. Para isso colhem um fruto por florada, em cada quadrante e no centro da planta, que depois são pesados. 4 REVISTA CITRICULTOR CONTAGEM 2 Para apurar a queda, os técnicos checam três árvores de cada talhão para retirar os frutos caídos em uma coroa, feita previamente, contá-los e separá-los por florada. 1º 3º Floradas 2º 4º Árvore derriçada na estimativa de safra Árvore de monitoramento Fruto Com os benefícios AgCelence®, vai ser difícil sua qualidade cair. Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens e restos de produtos. Incluir outros métodos de controle dentro do programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados. Uso exclusivamente agrícola. Restrições no Estado do Paraná para Elsinoe australis na cultura do citros. Registro MAPA nº 08801. Comet®, o fungicida da BASF para o seu pomar. • Alta eficiência no controle da Pinta-preta e Verrugose. • Maior pegamento de frutos. • Maior período de frutos retidos no pé. 0800 0192 500 facebook.com/BASF.AgroBrasil www.agro.basf.com.br REVISTA CITRICULTOR 5 POR TELEFONE SISTEMA DE PREVISÃO DE PODRIDÃO FLORAL ALERTA CITRICULTOR Ainda em fase de testes, plataforma online pode reduzir aplicações em até 75% A partir de 2016, o citricultor poderá ser avisado por mensagem de e-mail ou celular sobre o momento correto de pulverizar para a prevenção da podridão floral, doença causada por fungos também conhecida como “estrelinha”. O Fundecitrus, em parceria com a Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’ (Esalq/ USP), a Universidade da Flórida e o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC-INPE) está desenvolvendo um sistema de previsão online de epidemias de podridão floral (PFC) de fácil acesso e utilização pelo citricultor do estado de São Paulo. Quando as condições climáticas são favoráveis à doença, a ausência de controle da podridão floral pode acarretar perdas de até 80% na produção. “O programa informa dados de temperatura, molhamento, germinação de esporos do fungo e o risco imediato ou futuro (até três dias) da ocorrência da doença. Com isso permite que o citricultor possa planejar as aplicações de fungicida para a proteção do pomar no momento correto e elimina a possibilidade de pulverizações desnecessárias, evitando prejuízos econômicos, pelos gastos com os produtos e sua aplicação, e ambientais, pela dispersão de defensivos no ambiente”, explica a professora da Esalq/USP Lilian Amorim. Nas décadas de 1990 e 2000 um sistema de previsão nomeado de PFD-FAD, foi desenvolvido pela 6 REVISTA CITRICULTOR equipe do pesquisador Pete Timmer, da Flórida, e adaptado para as condições do Brasil pela pesquisadora Natália Peres. Entretanto, devido ao grande número de informações necessárias para sua utilização e por emitir apenas avisos de risco para o momento, demandando o controle químico imediato, ele nunca foi utilizado em larga escala por produtores no Brasil. O sistema americano dependia de fatores como o estágio predominante da florada, a quantidade de árvores com outras doenças, a quantidade de flores com sintomas de PFC e o histórico da incidência da doença na área. Já o modelo atual se baseia apenas na temperatura e molhamento. Para que isso fosse possível, foram testadas em laboratório 56 combinações de temperatura e molhamento para avaliar a germinação de esporos do fungo causador da doença em cada uma. Dez delas foram validadas por meio de inoculação de flores em casa de vegetação. Foram cinco anos de pesquisas até o sistema começar a ser testado no campo, em 2014, em fazendas localizadas nos municípios de Santa Cruz do Rio Pardo, Iaras e Taquarituba, todos da região Sudoeste do estado, onde a doença historicamente é importante e causa severos prejuízos. Os pesquisadores avaliaram a condição da doença no campo após ESTAÇÕES METEOROLÓGICAS po tem e sd do a D AJUDE A MELHORAR O SISTEMA O citricultor que quiser participar da fase final de testes do programa pode entrar em contato com o Fundecitrus. O sistema permitirá ao citricultor o cadastramento de novas estações meteorológicas instaladas em fazendas de citros. Em geral, os dados podem ser expandidos para um raio de pomares aproximado de cinco km em torno da estação. Os produtores interessados devem entrar em contato pelo e-mail [email protected]. SERVIDOR DO SISTEMA DE PREVISÃO PFC Pr SERVIDOR WEB DO SISTEMA PFC ev isã od ot em po CPTEC-INPE MODELO DE PREVISÃO DO TEMPO ETA USUÁRIOS SMS E-mail DE PREVISÃO PF as pulverizações indicadas pelo sistema. Os ensaios foram realizados em pomares adultos de laranja doce com histórico de ocorrência de podridão floral. As pulverizações foram realizadas quando o sistema previa germinação do fungo de 15, 20 e 25%. Os resultados mostraram que quando há condição acima de 20% deve ser emitido o alerta. Avisos também são emitidos com 15%, indicando ao citricultor que existe um risco moderado e, dessa forma, ele tomará a decisão de pulverizar ou não os pomares mais críticos da fazenda. Ao receber a mensagem, o produtor deve entrar no sistema e informar o estágio de florescimento para ser orientado sobre a necessidade ou não de pulverizar. “As pulverizações devem ser sempre realizadas de forma preventiva, antes do início das chuvas, em função da previsão que é gerada para os três dias. Entretanto, se o produtor pulverizar e, as condições climáticas após a aplicação permanecerem favoráveis à doença, acima de 50% de germinação de fungo, o sistema irá indicar a reaplicação do produto antes do intervalo recomendado, que é de sete dias”, explica o pesquisador do Fundecitrus Geraldo José da Silva Junior. Os testes de campo mostraram que é possível reduzir o número de pulverizações em mais de 75%. Nas condições climáticas de 2014, foram feitas duas pulverizações indicadas pelo programa contra cinco feitas pelo manejo usual das fazendas. Ao final, o controle da doença foi semelhante. Nas condições de 2015, a redução foi ainda maior: uma pulverização feita via alerta do sistema contra quatro preventivas realizadas pelas fazendas, em média o que pode representar uma economia em torno de R$ 240 por hectare ao ano, evitando-se pulverizações desnecessárias. REVISTA CITRICULTOR 7 MANEJO REGIONAL AÇÃO DO LADO DE FORA Fotos: Fabiana Assis Fundecitrus incentiva e citricultores investem em parceria com vizinhos para controlar o greening O vizinho Fernando da Fonseca (dir.), recebe do administrador da fazenda da Citrosuco, Vanilso de Lima, (esq.) muda frutífera para substituir plantas com HLB O lhar além dos horizontes do pomar tornou-se fundamental para os produtores de citros que querem manter o greening (huanglongbing/HLB) sobre controle. Citricultores de todas as regiões do estado de São Paulo perceberam que a influência das propriedades vizinhas é tão ou mais importante do que o manejo realizado no pomar para controlar o psilídeo, inseto que transmite a doença, e passaram a olhar e agir com atenção ao entorno. As iniciativas particulares dos entrevistados desta matéria somam a eliminação de mais de 200 mil plantas ou brotos de citros em pomares doSistema mésticos, matas, de Alerta Fitossanitário 8 REVISTA CITRICULTOR meio de canaviais ou pomares abandonados. Estes locais foram encontrados com ajuda de fotos de satélite e visitas de porta em porta. Também pulverizaram mais de 500 hectares de citros que não tinham o controle adequado, promovendo a eliminação de milhares de criadouros de psilídeo. Estas ações, associadas ao manejo dos pomares, vem ajudando, aos poucos, para que a luta contra o HLB fique menos árdua. Idealizador do manejo externo nos vizinhos, o Fundecitrus está sempre buscando formas de torná-lo mais eficiente e, em outubro, colocou no ar, o novo sistema de Alerta Fitossanitário-Psilídeo, que auxilia na descoberta de áreas críticas com alta incidência do inseto. Em uma de suas funcionalidades é possível verificar a população do inseto em raios de 2, 4, 6, 8 e 10 quilômetros a partir das propriedades cadastradas (saiba mais em www.fundecitrus.com.br/alertafitossanitário). O Alerta disponibiliza informações que são o ponto de partida para os citricultores atuarem no manejo externo. Foi o que fez a fazenda Guacho, do grupo Agroterenas, em Santa Cruz do Rio Pardo/SP. “Observamos que a maior quantidade de psilídeo encontrada era nas bordaduras. Paralelamente, pesquisas do Fundecitrus mostraram que não era suficiente fazer só o controle interno, então estabelecemos um esforço adicional de eliminar as fontes externas da praga”, conta o supervisor da área agrícola Márcio Soares. A fazenda passou a dar atenção especial aos vizinhos com pomares domésticos de citros, que tinham poucas plantas, geralmente sem tratamento, em sítios e chácaras. Procurou conhecê-los e um levantamento mostrou que praticamente 100% destas árvores tinham sintomas de HLB. Em 2013, foi feito o primeiro contato para explicar o problema e a importância de eliminação das plantas doentes, mas a ação não teve aceita- ção imediata. Em 2014, a segunda tentativa de negociação propôs a soltura de Tamarixia radiata, que foi mais bem aceita pelos vizinhos. O terceiro passo foi pedir para colocar armadilhas para o monitoramento do psilídeo. “Essa foi a melhor ação, porque o contato constante provocado pela inspeção criou uma proximidade entre os funcionários da fazenda e os vizinhos, que foram entendendo o problema”, conta Soares. Em 2015, a empresa propôs o arranquio das plantas doentes e a substituição por mudas de outras frutíferas. Dessa forma, o trabalho começou a dar frutos e, de vizinhos totalmente contras, alguns agora procuram a empresa para fazer a troca de suas plantas de citros. “Na medida do possível deixamos que eles escolham as variedades e vamos atrás para tentar conseguir. Já distribuímos macadâmia, jabuticaba, goiaba, acerola e até algumas que não conhecíamos, como a grumixama”, conta Soares. De março a agosto, 415 plantas de citros e 18 de murta foram arrancadas em 24 propriedades. Até o colégio agrícola de Espirito Santo do Turvo entrou na iniciativa e arrancou 40 pés de citros que havia no local, mas o engenheiro agrônomo não se dá por satisfeito. “É preciso manter a conscientização desse pessoal. É um trabalho contínuo, esses locais devem ser sempre visitados. E precisa ser completo, se ficar três ou quatro propriedades sem fazer, o resultado pode ser comprometido”. Soares diz ainda que a participação do Fundecitrus na linha de frente foi importante, principalmente, no início dos contatos. “Não é a propriedade falando, são técnicos que trabalham com isso mostrando a importância de arrancar. É um trabalho de persistência, paciência e tolerância, de conquista aos poucos”. NA BASE DA TROCA “Que tal trocar aquela laranjeira ou pé de limão doente por um pé de acerola, ameixa, manga, jabuticaba ou pitanga?”. É assim que a Citro- suco de Itapetininga/SP está conseguindo convencer boa parte dos vizinhos a tirar suas plantas de citros contaminadas com HLB. As ações começaram quando os esforços aplicados contra a doença dentro da propriedade já não davam o resultado esperado. A fazenda que tinha um acumulado de quatro mil plantas arrancadas com HLB em cinco anos, ou seja, média de 800 por ano, arrancou esse mesmo número em apenas um mês de 2014. A engenheira agrônoma Aline Beraldo Monteiro conta que foram usadas imagens de satélite para identificar todas as propriedades da região. De outra forma ficaria difícil pela extensão da propriedade que tem 160 quilômetros de perímetro e é rodeada por condomínio de chácaras e distritos urbanos. O trabalho começou porta a porta em um raio de três quilômetros, dando prioridade aos locais que são possíveis fontes de psilídeo, escolhidos com base nos pontos de ocorrência de HLB na propriedade. A fazenda contratou um funcionário responsável por fazer os contatos e conseguir a retirada das árvores doentes, por meio de barganha por mudas de outras frutíferas. A troca é documentada e o vizinho assina um termo de solicitação de erradicação e outro de recebimento das mudas. Além disso, a empresa investiu na criação de Tamarixia radiata. Desde outubro de 2014, 680 mil insetos foram liberados nas regiões de Itapetininga e Botucatu. O primeiro local escolhido para as visitas a vizinhos foi o bairro urbano Reinchã, que fica bem ao lado da propriedade, no setor onde, na época, eram encontrados 70% dos psilídeos. Entre outubro de 2014 e março de 2015, foram trocadas 453 mudas e ainda soltas 200 mil vespinhas no local. Hoje a região representa apenas 10% dos psilídeos capturados nas armadilhas. Em seguida, partiram para o contato com os chacareiros do condomínio Ita Recreio que tem mais de 500 propriedades, quase todas com citros. O policial aposentado Fernando Gabriel da Fonseca foi o primeiro a ter as plantas trocadas – 48 no total. “Comprei a propriedade há dois anos e tinha laranja, ponkan, limão siciliano, mas não produziam. Quando tinha alguma fruta não chegava a amadurecer, nunca tinha o prazer de um fruto”, conta. Hoje, no lugar de laranjeiras e limoeiros doentes há mudas de graviola, jaca, cacau, cereja, manga e ameixa. “Eu tenho as árvores por causa dos pássaros, mas eles já nem vinham mais. Agora haverá bastante opção de frutas para os passarinhos”. A aposentada Alba Daniel ficou assustada ao saber que seus 44 pés de ci- Felipe Michigami (dir.) e o vizinho Antonio do Patrocínio (esq.), aliados no combate ao greening, avaliam planta doente REVISTA CITRICULTOR 9 MANEJO REGIONAL nejo regional, e também tem se associado a outras fazendas e empresas para cuidar das regiões onde está presente. Seja para arrancar um pomar abandonado ou para dividir os custos de pulverização”, diz o engenheiro agrônomo da Terral, Leandro Viscardi Cuzim. Um grande exemplo foi um consórcio de várias empresas, a pedido do Fundecitrus, para a retirada de mais de 50 mil brotos de limão na área da Embraer, em Gavião Peixoto/SP. Trabalho que durou dois meses e trouxe benefícios para toda a região. Ivan Brandimarte, gerente agrícola da Cambuhy,faz apresentação em evento de manejo regional na propriedade AÇÃO MULTIPLICADA tros que estavam há mais de duas décadas com ela, poderia comprometer toda a citricultura da região. “Eu achava que a Citrosuco causava a mosca das frutas que atacava meu pomar, quando eram meus pés de citros que podiam estar causando mal”, afirma. Até o fechamento desta edição, a equipe da Citrosuco já tinha eliminado 1.517 plantas de pomares vizinhos. “Nem sempre conseguimos convencer a todos, mas o importante é diminuir as fontes de psilídeo. Cada planta eliminada é um ganho. Nossa meta é reduzir a quantidade de plantas a serem replantadas no pomar, que é o dobro do custo de uma muda”, afirma Aline. Há cerca de um ano, a estimativa era que houvesse quatro mil plantas para serem arrancadas. Até agora foram eliminadas 50 mil. A causa de tamanha diferença foi totalmente inesperada: foram encontradas muitas árvores de citros com HLB dentro da própria fazenda, em áreas de matas nativas. “Tínhamos tanta certeza de que o problema eram os vizinhos que nos esquecemos de olhar para dentro”, afirma o gerente agrícola, Eduardo Lopes. “Encontramos desde mudas novas até plantas altas. Devem ter se originado de sementes e frutos levados por animais. Encontramos murta no meio da mata, brotos de limão no meio do canavial”, conta Aline. A descoberta serviu de lição para a empresa. Com um grande trabalho 10 REVISTA CITRICULTOR de engajamento, a Citrosuco envolveu todos os funcionários, que ficaram atentos e responsáveis por comunicar qualquer planta doente encontrada. “Sempre se vê o resultado logo em seguida. É notável que onde é feito o trabalho interno e externo de erradicação, o problema também é eliminado”, afirma Aline. EQUIPE EXCLUSIVA Assim como a Citrosuco, a Terral mantém uma equipe focada no trabalho externo à propriedade e segue o que está se tornando a cartilha do trabalho com os vizinhos: negociação para retirada de plantas doentes em troca de mudas frutíferas – só este ano foram trocadas 700 mudas – e solturas da vespinha Tamarixia radiata . Com pomares novos, os mais suscetíveis ao HLB, a empresa é bem mais rígida, e mantém há quatro anos um trabalho de monitoramento de vizinhos, na região de Matão, com uma equipe exclusiva para o mapeamento e monitoramento de pomares comerciais e domésticos em um raio de oito quilômetros das propriedades. O mesmo trabalho é feito na região de Barretos, mas com soltura de Tamarixia radiata também na área urbana onde há muita presença de murtas. O esforço tem obtido sucesso e a doença não ultrapassa 1% nas propriedades. “A Terral é fiel aos conceitos do ma- O grupo Faro Capital foi um dos primeiros a aderir ao manejo externo e em 2013, iniciou o trabalho com os vizinhos da fazenda São Sebastião, em Pedregulho/SP. A experiência foi relatada em matéria da revista Citricultor, nº 25, de ago/14. Desde então, o trabalho foi ampliado para a fazenda Descalvado, em Anhembi/SP, em 2014, e para a fazenda Cambuy, em Altinópolis/SP, neste ano. Como em Pedregulho, nestas unidades a busca começou com a ajuda de mapas do Google Earth associado às capturas das armadilhas das fazendas para apurar os locais de entrada da praga. De acordo com o supervisor de processos agrícolas do grupo Faro Capital, Felipe Michigami, essa é a melhor forma de verificar a existência de vizinhos. “O histórico da doença mostra que onde tinha mais vizinhos é onde tem mais plantas erradicadas”, afirma. Em Pedregulho, já há áreas que foram totalmente saneadas. Atualmente são monitoradas 34 propriedades com, no mínimo 10 e no máximo 150 plantas, somando 715 plantas que recebem pulverização. Além disso, 897 plantas foram eliminadas. Na fazenda Descalvado, em Anhembi, a situação é diferente. Há muitos pomares comerciais, na região que tem um dos maiores índices de áreas abandonadas do estado, demandando mais pulverização e força maior de inspeção. Atualmente, a Faro realiza pulveriza- ções mensais em 533 plantas domésticas em três pomares comerciais e monitora 40 armadilhas instaladas fora do pomar. Em pouco mais de um ano, erradicou 25.661 plantas, das quais 20 mil são de pomares abandonados cujo trabalho foi feito em parceria com outros citricultores. O custo estimado do trabalho com vizinhos na propriedade é de R$ 8,50 por hectare, mais barato que o manejo interno da fazenda. A maior dificuldade na região está sendo identificar todos os vizinhos. Embora a empresa costume atuar em um raio de cinco quilômetros, há casos que é preciso andar 30 quilômetros para chegar às propriedades. Depois de localizá-las há o trabalho de conscientização. Já a Cambuy, em Altinópolis, que tem 92 mil plantas de seis anos, recebeu o manejo externo por uma decisão estratégica. “É uma fase decisiva, na qual as árvores estão atingindo o auge da fase produtiva, não podemos perder planta”, diz. Como a região não tem pomares comerciais próximos, o engenheiro agrônomo acreditava na influência da cidade, distante dez quilômetros em linha reta e chegou a fazer liberação de Tamarixia radiata. Mas ao pesquisar a região descobriu muitas propriedades próximas do pomar com quase todas as plantas de citros com HLB. Até o fechamento dessa reportagem, foram mapeados 35 vizinhos em um raio de cinco quilômetros, com 816 plantas cítricas, todas com HLB e psilídeo. Em todas elas, a abordagem foi diferente de Pedregulho, onde foi proposta a eliminação das plantas. Em Altinópolis, houve oferecimento para fazer pulverizações mensais em quintais e até em pastos onde há a presença de pés de limão. Há ainda dez propriedades nas quais as pulverizações são feitas também em murta. “Essa ação tem uma aceitação melhor do que arrancar as plantas”, explica Michigami. É essa a impressão do administrador Antonio Carlos do Patrocínio. “A gente estava perdendo muitas plantas, replantava e ficava doente de novo. Com o pessoal vindo pulverizar temos certeza de que está sendo feito o certo”, afirma. Na propriedade que ele toma conta há cerca de 150 plantas de citros, quase todas com HLB. O trabalho de conscientização é fundamental. “Na abordagem a gente deixa claro que o melhor é arrancar, explica a doença e a gravidade. Entregamos o material do Fundecitrus para mostrar que o trabalho é importante”, afirma. A Faro criou uma metodologia de trabalho e um boletim para criar o histórico de controle. Embora não haja uma equipe exclusiva, há um líder em cada fazenda responsável pelas informações. De acordo com Michigami, para cada R$ 1 gasto com o manejo externo, as fazendas deixam de perder R$ 8. O trabalho todo representa apenas 5% do que a empresa gasta com o manejo do HLB. HLB SOB CONTROLE Funcionário da Faro Capital pulveriza árvores de citros em áreas ao redor da propriedade A fazenda Cambuhy, em Matão/SP, soma mais de 25 mil árvores arrancadas de vizinhos, apenas nesta safra, em raio de cinco km ao seu redor. Além disso, pulveriza 200 hectares de citros todos os meses, faz reuniões anuais para mostrar o que tem feito e chama os donos de propriedade vizinhas para participar do manejo regional de HLB. Esse esforço se fez necessário para a propriedade que tem mais de 80 quilômetros de borda e já teve 160 vizinhos. “O trabalho foi iniciado em 2010 e hoje temos menos vizinhos, mas não podemos parar”, afirma a engenheira agrônoma Renata Lanza, responsável pela área de fitossanidade e por supervisionar o trabalho. Muitos vizinhos substituíram a citricultura pela cana, mas o que parecia ter solucionado um problema, criou outro: brotos de limão, resultados da extração mal feita dos porta-enxertos surgiram no meio do canavial plantado sobre ex-pomares, tornando-se milhares de criadouros de psilídeos. Esses locais passaram a fazer parte da lista que demanda atenção, assim como a beira de matas nativas, de onde funcionários da Cambuhy já arrancaram dois mil pés de citros. Todo trabalho é feito em cima do Alerta Fitossanitário do Fundecitrus, pois o sistema mostra áreas onde a população do psilídeo é mais alta, economizando tempo e direcionando ações. Os efeitos dos cuidados externos, associados ao manejo interno são visíveis. A fazenda, que chegou a registrar 3,51% de greening na safra 2010/11, deve terminar a safra atual próximo de 1%, o mesmo índice registrado em 2008/09. Além disso, diminuiu a quantidade de perda de árvores erradicadas e tem a segurança de que pode renovar qualquer parte do pomar sem perder o novo plantio para o HLB. Tudo isso com um custo-benefício vantajoso para propriedade. Para cada R$ 1 utilizado no trabalho externo com vizinho, estima-se que foi evitado o gasto de R$ 69,78 em pulverizações, monitoramento e perda de árvores dentro da fazenda. “Estamos convencidos de que se todo mundo fizer, a gente consegue segurar o greening. A atuação nos vizinhos é benéfica não apenas para a fazenda, mas para toda a região que fica saneada, com menos criadouros de psilídeos”, afirma o gerente agrícola da Cambuhy, Ivan Brandimarte. REVISTA CITRICULTOR 11 CAMPEÃ É A CAPITAL DA LARANJA Município é o maior produtor de citros do parque citrícola tanto em área quanto em número de árvores O título de capital da laranja que já foi de Limeira, Bebedouro, Araraquara e Itápolis atualmente é de Mogi Guaçu/SP. Segundo o censo da citricultura realizado pelo Fundecitrus, o município é o maior produtor de citros do parque citrícola, tanto em área quanto em número de árvores plantadas. São 15.763 mil hectares de citros, somando 7,06 milhões de árvores, divididas em 207 propriedades. Se tomar por base somente as principais laranjas produzidas no parque citrícola, a área é de 13.672 hectares, com 6,2 milhões de árvores, distribuídas em 178 propriedades. O segundo município em área plantada de laranja é Casa Branca, seguido de Botucatu (veja quadro ao lado). Os dois municípios com as maiores áreas de citros - Mogi Guaçu e Casa Branca – estão localizados no Sul do estado de São Paulo, a terceira região com maior produção, de acordo com o censo do Fundecitrus, com 100.717 hectares plantados, o que representa 21% da área total do parque citrícola. O prefeito de Mogi Guaçu, Walter Caveanha, se mostrou surpreso com a importância do município no mapa da laranja. “Já chegamos a produzir 35 milhões de caixas de laranja por ano, hoje produzimos em torno de 13 milhões, mesmo com essa redução somos o nº 1, é de se surpreender”, afirma Caveanha. Segundo o prefeito, a laranja é o principal produto agrícola de Mogi Guaçu, mas representa apenas 2,13% do valor agregado do município, que tem perfil industrial na área de papel e celulose, amido e autopeças. A zona rural de Mogi Guaçu tem 840 km2 e 1,2 12 REVISTA CITRICULTOR Prefeito, Walter Caveanha diz que laranja é principal produto agrícola, mas representa apenas 2,13% do valor agregado de Mogi Guaçu A família de Wivaldo (esq.) e Vladimir (dir.) produz citros em Mogi Guaçu há quase 50 anos mil propriedades, das quais 800 são de pequeno porte. A citricultura está instalada em grandes propriedades. Com a diminuição da área da laranja, o setor de hortifrutigranjeiros ganhou força em áreas menores. A citricultura começou sua expansão no município na década de 1960, com a instalação da fazenda Sete Lagoas, que chegou a ter a maior produtividade por pé da América Latina, de acordo com Caveanha, e atraiu outros produtores para a região interessados na fertilidade do solo. Nesta mesma década, a família de Wivaldo Ricardo Ivers, de 79 anos, terceira geração de citricultores, resolveu ampliar seus horizontes para além de Limeira, onde a família produzia laranja desde 1908, e encontrou terra boa e barata em Mogi Guaçu. “Estávamos procurando um terreno em Engenheiro Coelho, um corretor ficou sabendo e falou que dava para comprar o triplo de terra em Mogi Guaçu. Então fomos ver e compramos, mas era tudo campo, começamos do nada”, conta. Em 1968, Wivaldo criou a fazenda Margarito, da qual não saiu mais. Atualmente, ele e seu filho Vladimir Ricardo Ivers, de 51 anos, tocam os 200 hectares de citros – o dobro de quando a fazenda foi iniciada. A área é toda formada por laranja e tangerina que são vendidas para a indústria e para o mercado de fruta in natura. Os dois lutam contra o greennig (HLB), o preço e os problemas de mão de obra para permanecerem na citricultura. Sustentam um rígido controle de HLB, com a erradicação de plantas doentes e pulverizações para psilídeo, que tem mantido a doença em níveis de 0,5% na propriedade. Tiveram que se adaptar às novas exigências trabalhistas e às mudanças na comercialização, mas mesmo com as dificuldades eles não desanimam da citricultura e mantêm a fazenda produtiva. “Corre suco de laranja na veia”, justifica Vladimir. OS CAMPEÕES Os cinco municípios com maiores áreas plantadas de laranja Município Mogi Guaçu Casa Branca Botucatu Brotas Barretos Hectares 13.672 11.275 10.952 9.980 9.924 Macrorregião Sul Sul Sudoeste Centro Norte REVISTA CITRICULTOR 13 HOMENAGEM Reconhecimento por história de apoio à sustentabilidade na agricultura 14 REVISTA CITRICULTOR Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa). “Os homenageados são escolhidos em consenso entre as quatro instituições. São pessoas que contribuíram com o salto tecnológico do setor agropecuário nos últimos anos”, afirma Eduardo Daher, diretor executivo da Andef. Desde 2008 na presidência do Fundecitrus, Lourival Carmo Monaco, tem sido grande incentivador do desenvolvimento de pesquisas que promovem a sustentabilidade na citricultura, como o controle biológico de pragas, a redução do uso de produtos químicos, a economia de água, a busca por bioinseticidas e a incorporação de inovações tecnológicas de forma que protejam o meio ambiente e tragam avanços em sanidade, produtividade e qualidade para o setor citrícola. Citricultor, engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’ (Esalq/USP), mestre e doutor pela Universidade da Califórnia. Ao longo de sua história profissional, Monaco atuou em diferentes setores da agropecuária sempre levantando a bandeira da necessidade de inovação, a importância da formação de equipes e do trabalho conjunto. Para Monaco, a agricultura mais sustentável, tema central dos debates da sétima edição do fórum, faz parte da evolução do setor e deve ser tratada como prioridade. “É necessário antecipar o aprimoramento dos processos para que respeitem os recursos naturais, é preciso estar à frente do tempo e ter o espírito inovador da sustentabilidade”, conclui. Foto: Jaqueline Ribas O presidente do Fundecitrus, Lourival Carmo Monaco, recebeu o prêmio “Heróis da Revolução Verde” como reconhecimento da trajetória profissional marcada por ações de incentivo a uma agricultura mais sustentável e pelo apoio ao desenvolvimento tecnológico do setor. A entrega do prêmio foi realizada no VII Fórum Inovação, Agricultura e Alimentos para o Futuro Sustentável, em 13 de outubro, em sessão especial no Senado Federal, em Brasília/DF. Essa foi a quarta edição da homenagem anual a dez personalidades que colaboraram com a transformação da agricultura brasileira, por meio da ciência, novas tecnologias e ideias inovadoras. “Esse prêmio é o reconhecimento de um trabalho construído com o apoio de muitas pessoas e reflete um pouco da minha personalidade”, afirma Monaco. A premiação é uma iniciativa da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em parceria com a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e a Senadora Ana Amélia e Alan Bojanic, representante da FAO, entregam prêmio para Monaco O décimo e último capítulo da seção aborda a mosca das frutas, praga que reduz a produção da planta, provoca a queda de frutos e os deixam impróprios para consumo. NÃO DEIXE A MOSCA DAS FRUTAS POUSAR NO POMAR Foto: Arquivo Fundecitrus r o t l u c Citri Pragas e Doenças Inseto se desenvolve dentro do fruto e provoca apodrecimento da polpa A s moscas das frutas Anastrephafraterculus e Ceratitis capitata afetam diretamente as laranjas e tangerinas devido à perfuração feita pela fêmea na casca ao colocar seus ovos, e ao desenvolvimento das larvas dentro do fruto, consumindo a polpa e provocando o apodrecimento interno do fruto, o que inviabiliza o consumo. A incidência de mosca das frutas também provoca queda de frutos e a consequente redução da produção da planta. Segundo o pesquisador do Instituto Biológico de Campinas Adalton Raga, ataques severos chegam a provocar perda de até duas caixas de frutos por planta infestada. Estes insetos podem viver no pomar por 25 a 35 dias no caso de A. fraterculus e, de 18 a 30 dias, se for C.ca- Foto: Adalton Raga Praga provoca queda de frutos, apodrecimento da polpa e inviabiliza o consumo pitata (em locais com baixas temperaturas, o ciclo de vida é prolongado) e atacam principalmente as variedades Pera, Hamlin, Valência, Bahia, Natal, Ponkan e Murcott. No Brasil, a praga causa prejuízo de cerca de US$ 120 milhões ao ano, entre perdas de produção, custos de controle, processamento e comercialização de diversos tipos de frutas, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). SINTOMAS De acordo com Raga, os produtores conseguem identificar um fruto atacado por mosca das frutas pela mudança de cor ao redor da perfuração, que fica marrom. Além disso, É possível identificar o orifício pelo qual a larva do inseto sai de dentro do fruto REVISTA CITRICULTOR 15 A diferença entre sintomas de ataque de bicho furão (esq.) e de mosca das frutas (dir.) são os excrementos endurecidos na casca do primeiro, e o aspecto mole da região lesionada pelo segundo é possível ver o orifício por onde a larva sai de dentro do fruto. É comum que os citricultores confundam as lesões provocadas pela mosca das frutas com as de bicho furão. A principal diferença entre elas é que, após penetrar no fruto, o bicho furão libera excrementos e restos de alimentos para a parte externa, que endurecem na casca. Já o local atacado pela mosca fica mole e apodrecido (veja fotos acima). MONITORE O monitoramento da mosca das frutas é realizado por meio de armadilhas (veja fotos ao lado) que possibilitam avaliação do nível da infestação no pomar, observação de populações invasoras e identificação dos locais de entrada da praga na propriedade. O tipo de armadilha mais utilizado é o frasco McPhail, feito de plástico ou vidro, para captura de machos e fêmeas. Dentro é colocado um atraente a base de proteína hidrolisada a 5%. Devem ser presas em ramos de 1,60 a 1,80 metro de altura e instaladas a cada 50 metros uma da outra, contornando toda 16 REVISTA CITRICULTOR a área e também no interior do pomar. Outro modelo de armadilha é a Jackson, de formato delta, dotado de base com cartão adesivo, mas diferente em relação ao atrativo. Neste caso, é utilizado o feromônio sexual trimedlure, específico para captura de machos de C. capitata. CONTROLE Foto: Pedro Yamamoto Phail. Devem ser colocadas em ruas alternadas, em apenas uma parte da copa das plantas, em torno de 1m², de preferência em folhagens, e serem renovadas em intervalos de sete a dez dias. O controle deve ser iniciado quando for encontrada uma mosca por armadilha, por dia. O procedimento deve ser aplicado em outras plantas frutíferas hospedeiras da mosca no entorno do pomar. “Fazendo este tipo de controle, os produtores conseguem conter a infestação da praga, reduzir os prejuízos e economizar com a aplicação de defensivos”, diz o pesquisador. O controle químico da mosca das frutas é realizado com a aplicação de inseticidas em cobertura total ou em iscas tóxicas. De acordo com Raga, o segundo método é o mais indicado, devido à alta efi1 ciência e ao menor impacto no meio ambiente. As iscas tóxicas são preparadas com adição de defensivos químicos a um atraente alimentar, muito parecido com o atrativo utilizado na Armadilha McPhail armadilha Mc- Fotos: Adalton Raga Foto: Henrique Santos Armadilha Jackson
Documentos relacionados
Junho - Centro de Citricultura Sylvio Moreira
As palestras e práticas de campo fomentaram o levantamento de interessantes demandas e discussões entre os participantes, com vistas à manutenção dos pomares e produtividade da cultura.
Leia mais