Poética das Apropriações - do coisário ao relicário
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Poética das Apropriações - do coisário ao relicário
e x p e r i ê n c i a s e d u c at i va S Museu de Arte Contemporânea de Niterói – Divisão de Arte Educação caderno 1 ano 2005 p oé t i c a da s a pro pr i ações d o c o i s á r i o a o r e l i c á r i o MIssão educativa 3Apresentação Os museus de arte contemporânea precisam ser 4Curto-circuito da história reinventados antropofagicamente a partir das da arte do século XX utopias das vanguardas artísticas e da confluên- 5Discutindo práticas artísticas cia de abordagens transdisciplinares do século passado. A questão principal é como realinhar Colagens constantemente a atuação dessas instituições Assemblagens com os pensamentos de uma revolução contínua do conhecimento como centros avançados de Premissas Introdutórias: experiências civilizatórias – territórios de meta- Definições sobre os diferentes níveis morfose da imaginação e reflexão coletiva, tem- de sentidos de uma obra de arte: Poiésis Cada obra de arte é finita como objeto Poéticas das Apropriações ências da Divisão de Arte Educação e visa dar e infinita como campo de experiências; O Gabinete de Curiosidades vida e acesso à produção artística contemporâ- Cada obra de arte é parte de uma do Século XXI nea exposta no MAC-Niterói para um público di- convergência de diferentes histórias: versificado. Mas o que é dar vida a uma obra de O Coisário • do artista e de sua época; plos e fóruns a um só tempo. Este material é resultante de oito anos de experi- arte em um museu? • É antes de mais nada reconhecê-la não isolada- • da história da arte; 7Tópicos para Debate 10Propostas de Atividades • dos materiais e dos procedimentos artísticos; e Tópicos para Reflexão mas como dimensão simbólica, síntese do mun- • dos temas e conteúdos simbólicos; Transfiguração e Ressignificação do no qual vivemos; • de cada espectador. de Coisas Comuns mente como um objeto na parede ou no pedestal, • É dar sentido vital ao próprio museu, como um lugar/ambiente de encontro de múltiplos olhares O Coisário Coletivo dentro de um processo de interpretação que de- Do Coisário ao Relicário manda a participação diferenciada de cada um, Coleções, Coletas e Coletivos como estímulo para o desenvolvimento intelec- Cada Olhar uma História: tual, espiritual e físico-emocional dos indivíduos Versões e Subversões em uma sociedade; • É mostrar que ela pertence a um percurso histórico de transformações de valores artísticos que unem o passado, o presente e o futuro nas mudanças culturais e sociais em processo na nossa época; • É levá-la, como conceito e estratégia criativa de leitura de mundo, para fora do museu, como instrumento de transfiguração do cotidiano e reencantamento interativo entre arte e vida. 18Breve Histórico – 12 artistas da Coleção João Sattamini/ MAC-Niterói 20Referências Bibliográficas 20Legendas Cartões Postais apresentação “(...) estender o sentido de apropriação às coisas do mundo com que deparo nas ruas, terrenos baldios, campos, o mundo ambiente, enfim – coisas que não seriam transportáveis, mas para as quais eu chamaria o público à participação – seria isto um golpe fatal ao conceito de museu, galeria de arte etc., e ao próprio conceito de ‘exposição’ – ou nós o modificamos ou continuamos na mesma. Museu é o mundo; é a experiência cotidiana…” Hélio Oiticica1, 1986 Nelson Leirner (1932) Terra à vista, 1989 Instalação Dimensões variadas Col. MAC-Niterói Por que uma prática de ressignificar objetos do Assim sendo, cada obra de arte age como um cotidiano urbano e transformá-los em obras de pensamento gerador de projetos para criação arte, a princípio uma ação anárquica e antiarte, coletiva, que culmina na relação do indivíduo percorre toda a história da arte do século XX e com sua realidade. Esta é a chamada desaliena- tem lugar entre as principais coleções e museus ção, que se dá em relação às obras isoladas de do mundo? seus contextos – originais ou históricos – e ao Nossa abordagem educativa, utilizando a cole- posicionamento do público diante do mundo ção MAC-Niterói/João Sattamini, se dá através fragmentado em divisões sociais e culturais. das experiências com as exposições, toma a Não existem distâncias aparentes entre as coi- arte segundo seu potencial de leitura, em que a sas no museu e a vida lá fora. A aproximação e o tônica dos materiais e procedimentos dá base estranhamento entre estes dois mundos, o sim- para propostas de engajamentos sucessivos em bólico da arte e o do cotidiano, se dão pelas ações ambientais do sujeito em sua relação distintas formas em trânsito do olhar poético e ampliada com o mundo. crítico do sujeito-espectador pelas cidades, em Uma experiência frente a uma obra de arte só é estados artísticos que transfiguram as coisas completa quando se abre à interseção simultâ- pela vivência e pela ressignificação. nea de passado, presente e futuro. O principal A emergência de novos paradigmas tanto para a desafio de um museu de arte contemporânea arte quanto para a formação de uma pedagogia traduz-se na busca pela desalienação do público existencial está ligada à arte da descoberta – ex- através de sua comunicação participativa. Esta plorações imaginativas de coisas dispersas no ação reflexiva, anunciadora e utópica, busca a mundo –, estado lúdico de jogo inventivo. Esta constituição de novos valores. sabedoria da imaginação é apresentada como O significado de uma obra de arte não está so- princípio pedagógico para uma ação transfor- mente na intenção do artista, nem apenas na madora entre arte e vida. As explorações do obra em si; ele é resultado de um jogo de senti- acaso e a indeterminação são apresentadas a dos. Engloba o contexto em que a obra se apre- partir das apropriações como uma proposta de senta, sua relação com outras obras expostas, a redescobrimento do saber local com interesse característica arquitetônica do lugar, e os novos transdisciplinar – arte para a ação ambiental, a sentidos e interpretações propostas por cada reconstrução da história e geografia local. indivíduo espectador. Cada obra, como objeto, é O museu do futuro/presente – o museu da arte como um instrumento musical – precisa de um contemporânea – é desafiado por essas linhas de intérprete para que se pronuncie. criação artística como um espaço de coisas coletadas, em constante fluxo de novas interpretações. As propostas de leituras aqui reunidas exploram procedimentos artísticos a serem renovados atra vés de instigações que vão para além das paredes dos museus. O museu age aqui como abrigo ou ponto de partida para ações poéticas. (1) Em Aspiro ao grande labirinto, Editora Rocco. Imagem fundo: Arthur Barrio (1945). Nocturnos (transportável) N 4, 2001; pães, tecido e madeira; 55 x 38 x 16,5 cm; coleção João Sattamini / MAC - Niterói Curto Circuito da História da Arte do Século XX D i s c u t i n d o a s P r á t i c a s A rt í s t i c a s colagens nexas, que passam a pertencer ao mesmo mundo de uma obra de arte. Muitos artistas transfor- Inauguradas no século XX, as apropriações, as- Podemos definir colagem como uma composição maram em prática ou jogo o exercício de contras- sim como as colagens e assemblagens, rompem elaborada a partir da utilização de matérias e tes: ordem x caos; ordem x interação; desordem radicalmente com os valores tradicionais da arte texturas, variadas ou não, superpostas ou colo- x organização; lei do acaso x controle programa- vigente e instauram novos estados poéticos de cadas lado a lado, na criação de um motivo ou do (determinismo). produção da arte no mundo. imagem a ele associada. Propomos a comparação entre a aplicação artís- Sob influência do dadaísmo*, e mais tarde do A escolha de imagens e materiais para uma cola- tica da lei do acaso e as construções organiza- surrealismo*, as colagens e assemblagens são gem pode ser ao acaso ou intencional. Os mate- das através da observação das obras dos artis- articuladas como composições de objetos origi- riais podem ser escolhidos pelas suas qualidades tas Schwitters, construindo sua obra através de nalmente estranhos entre si, desenvolvendo plásticas e formais (textura, cor, dimensão) ou um acúmulo ilimitado; Aloísio Magalhães, com nos artistas o exercício de um estado de poiésis por seus significados. a ordenação de seus cartões-postais, e Ivan (estado imaginativo de ver o mundo como obra Em 1912, Picasso realiza a primeira colagem Cardoso, utilizando rótulos de embalagens de de arte) a partir de uma visão não-racional, que cubista. A colagem se torna aos poucos um novo produtos descartáveis. segue o primado do sensível, da imaginação procedimento artístico, que funciona como elo Adaptou-se a abordagem dos princípios de for- inventiva, subvertendo a ordem lógica das coi- da pintura com a realidade. Desenvolve-se então mação do pensamento complexo de Edgard sas. O poder dessa atitude é o de um ato inau- um campo de experimentações que vai se desdo- Morin 2 às colagens de materiais coletados ao gural de criação de uma situação não existente brar nas manifestações de antiarte dadaísta* e acaso. Propõe-se, como relação de diálogo com na natureza, afirmando-se no mundo sem mode- das vanguardas construtivistas russas*. A cola- a realidade, as funções imaginativas e inventi- los prévios. gem é utilizada no processo de criação dadaísta vas, em paralelo com organizar e interagir com e no programa construtivista russo* com diferen- um ambiente segundo um princípio de inclusão tes sentidos: como ironia crítica ou como amplia- no qual se percebe como parte do mundo na ção de recursos de expressão visual. mesma medida em que se reconhece, construin- Na colagem, cada elemento representa diferen- do assim um saber poético. O uso das coisas do dia-a-dia coladas diretamente sobre a tela ou compondo construções exemplifica a reformulação radical dos valores ligados aos processos artísticos tradicionais, contrariando cânones históricos do gênio artístico expresso no fazer de uma obra-prima, assim como o da mimese, imitação do real, como função ou valor artístico. A revolução da vida urbana e a era das reproduções mecânicas de imagens (fotografia e cinema) transformam o cotidiano das sociedades e provo- De cima para baixo, da esquerda para a direita: Pablo Picasso (1881-1973) Guitarra, 1913. Col. MoMA Salvador Dalí (1904 - 1989) Telefone - lagosta, 1936. Col. Tate Gallery Aloisio Magalhães (1927 - 1982) Cartema, 1972. Colagem; 95 x 114,5 x 3 cm; Col. João Sattamini / MAC-Niterói tes tempos e sentidos, simultaneamente superpostos, de informações aparentemente desco- 2 Edgard Morin. Ciência com consciência. Para o pensamento complexo. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2003. Ivan Cardoso (1952) El escosês, sem data. Montagem de caixotes de frutas; 85 x 116 x 3 cm; Col. João Sattamini / MAC-Niterói cam redefinições de valores entre cultura material, cultura popular, tradição e arte. No que se refere à arte brasileira no século XX, devemos destacar que a riqueza de sua renovação está no encontro entre o construtivismo e as explorações de objetos ao acaso. O que introduzimos aqui como poéticas do infinito reconhece, na confluência das apropriações e da construção de ordens, singularidade e potência de transporte sensível para as ilimitadas teorias de rede – que remetem a um mundo em constante transformação. (*) Ver Linha do Tempo Tópicos para Debate Discutindo as Práticas Artísticas assemblagens Num momento em que as máquinas tomavam lu- .As assemblagens podem ser vistas como jogos em 1913, inverte uma roda de bicicleta sobre um de construção com coisas achadas ao acaso. A banco. Esta assemblagem histórica inaugurou o ressignificação do banal em extraordinário, ou do polêmico conceito de ready-made*, expressão extraordinário em banal, se dá pela imaginação e que significa algo pronto, já fabricado. interpretação do artista, em cumplicidade com a As intervenções e assemblagens com os mais participação do espectador. variados objetos se tornaram uma prática artísti- A origem histórica das assemblagens é de sub- ca com alta carga de ambigüidade, ironia e crítica versão e ambigüidade perante a sociedade in- aos próprios sistemas de valores que definiam o ma forma que descartamos alguns objetos, nos dustrial e o sistema de valores da arte. São práti- que era arte, seu lugar e consumo nos museus e apegamos às coisas e lugares que permanecem cas críticas aos valores capitalistas de incentivo galerias de uma sociedade em transformação. por mais tempo em nossas vidas, um coisário afe ao consumo e ao desperdício, que culminam na A partir dos anos 60, as apropriações/assem tivo através do qual contamos nossas histórias. destruição sem sentido do meio ambiente e, em blagens do início do século são retomadas em Existem nesse contexto inúmeras coisas anôni- última instância, nas guerras mundiais. diferentes movimentos de vanguarda, porém já mas, que os artistas buscam reanimar para uma No cenário cultural europeu e americano, as com uma nova orientação. A Pop Art* nos Estados nova existência de significação simbólica, em vanguardas artísticas das primeiras décadas do Unidos e na Inglaterra; o Novo Realismo* na forma de arte. século passado deram início ao jogo das apro- França; a Arte Povera* na Itália e a Nova Objetivi- priações, desafiando os valores tradicionais da dade* no Brasil são desdobramentos do Dadaís- arte que separavam a ordem artística burguesa mo e da Antiarte* que demarcam a passagem da do caos da vida moderna. Os museus foram um arte moderna para a contemporânea. dos principais alvos das contravenções artísticas (*) Ver Linha do Tempo A capacidade de fazer novas sínteses entre coisas gar dos homens na produção industrial, Duchamp, poiésis e acontecimentos aparentemente desconexos é Um estado imaginativo de ver o mundo como obra de arte – o reencantamento ou transfiguração das coisas do mundo. parte de um processo contínuo de explorações envolvendo um aprendizado existencial através da poiésis, que apresentamos aqui como formas de instigar as relações entre a arte e a vida. Vivemos a era das coisas descartáveis. Rapidamente entramos em desencantamento com elas e logo procuramos novos estímulos. Porém, da mes mais radicais. Isso começou com os dadaístas*, que tomaram a realidade do caos urbano, político e social, da velocidade e turbulência dos acontecimentos, desafiando os limites da razão, como motivação crítica para a criação de obras efêmeras com coisas achadas ao acaso. Da esquerda para direita: Marcel Duchamp (1887-1968) Roda de Bicicleta, 1913 Readymade, roda de bicicleta montada sobre um banquinho de cozinha pintado de branco; 126,5 cm de altura (réplica original de 1913 perdido); Col. Arturo Schwarz, Milão Farnese de Andrade (1926-1996) Armário do Dragão, 1985 Técnica mista, madeira, tinta acrílica e resina; 154 x 103 x 54 cm; Col. João Sattamini / MAC-Niterói Da esquerda para direita: Jorge Barrão (1959) Sem título, 1986 Óleo sobre máquina de lavar; Dimensões variadas; Col. João Sattamini / MAC-Niterói Fotografia (Luiz Guilherme Vergara) 2003 - Porto Alegre / RG DO SUL t ó picos para debate t ópicos para debate poética das apropriações o gabinete de curiosidades do século XXI A poética das apropriações como prática artística renovadora está relacionada às explorações do caos da vida urbana, da indeterminação e do Esses gabinetes eram assim chamados pelo reconhecimento das qualidades exóticas ou estranhas aos europeus encontrados nas coisas que começavam a chegar do então chamado “Novo acaso. São experimentações artísticas a partir do Nossa intenção é evocar o conceito do “Gabinete Mundo”, nossas Américas. Coisas nunca vistas deslocamento de coisas prontas encontradas ao de Curiosidades” ou de “Maravilhas” como refe- antes passavam a ser organizadas em lugares acaso ou aleatoriamente, na busca de um olhar rência à origem européia dos museus. Os gabine- especiais e causavam forte impacto sobre visi- tes de curiosidades eram formados pela coleta tantes seletos. A expansão do conhecimento hu de coisas estranhas da natureza ou objetos de mano acompanhava as navegações, a matemáti- culturas exóticas. Nos séculos XVI e XVII, as cole- ca e a astronomia, com mapas e enciclopédias. mais amplo sobre o fluxo contínuo de acontecimentos da realidade contemporânea. A ênfase no acaso como indeterminação no encontro de coisas, deslocadas como arte, se presta como proposta que resgata o poder da poiésis como estado de percepção imaginativa e ação sobre as manifestações do “infinito” no cotidia- Da esquerda para a direita: Instalação realizada com todos os objetos do Coisário por um casal de argentinos no módulo assemblagens exposição Apropriações (2003- 2004) Imagem de um Gabinete de Curiosidades ções transformaram-se em objeto de pesquisas. Pedras, fósseis, conchas, animais empalhados, originários de diferentes partes do mundo, ofereciam importante documentação para investi- no. Sem dúvida é um procedimento artístico que gações científicas. Por trás desses gabinetes pode ser ricamente levado a um debate atual existem duas palavras-noções muito fortes: sobre o nosso “estar no mundo” de uma forma curiosidade e encantamento. ampliada, ativamente engajada – psico-bio-socioculturalmente –, mas, sobretudo sem abrir mão da imaginação – do lugar do poético no reencantamento do mundo –, do infinito ao nosso redor, a todo instante. Ao confrontar o público com essas ‘coisas anônimas’, expondo-as num museu como o MAC-Niterói, desnuda-se o papel “utópico” do artista que, numa sociedade de coisas e pessoas tão passageiras, desvenda maneiras de se revisitar o presente, reinventar o passado e antecipar o futuro. o coisário Um coisário é um conjunto de objetos e coisas reunidas em qualquer lugar. A expressão é utilizada pelo filósofo Gaston Bachelard no seu livro Poéticas do devaneio. Reunir coisas implica potencializá-las para novas possibilidades de uso, valor, significado, atenção e interpretação. “não se sonha bem, em devaneios benfazejos, diante de coisas dispersas” Gaston Bachelard Propostas de Atividades e Tópicos para Reflexão transfiguração e ressignificação de coisas comuns Tópicos para Reflexão e Debate: Como as embalagens de balas, rótulos, tíquetes Proposta de Atividade – Colagem de cinema e teatro, jornais etc., tão banais aos nos Sob inspiração das colagens do artista alemão sos olhos, podem ser vistos de forma diferente? Kurt Schwitters, que coletava materiais ao “aca- Que tipo de material achado pode ser incorpora- aqueles que encontramos e usamos no nosso so” como procedimento artístico para constitui- do a uma colagem? Como podemos interpretar as pessoas e sobre o mundo em que vivem. dia-a-dia, e que têm sido utilizados por artistas ção de suas obras (intermináveis), proponha que essas escolhas? Lembramos que, além da sele- Podemos ter relações diferentes com os objetos, na composição de seus trabalhos. Quando es- o grupo crie um arquivo de materiais coletados ção de diferentes materiais, também faz parte que podem ter um valor afetivo ou se tornar sim- ses objetos integram uma obra de arte, perdem para serem usados em atividades de colagem. desse jogo a forma como serão dispostos. plesmente descartáveis. As latas e embalagens suas funções de objetos utilitários e são desta Procure estimular o olhar dos alunos para mate- Pela fluência criativa os artistas arrumam seus são um bom exemplo: para muitos podem ser forma ressignificados. riais que se acumulam em nosso consumo diário, objetos achados de inúmeras maneiras. Segundo elementos de uma grande coleção e para outros combinados com outros que seriam descartados, a ordem e o tratamento dado pelos artistas, as algo que não tem mais nenhuma serventia. mas que neste contexto podem servir para uma coisas se tornam parte de uma estrutura, uma criação plástica, como panfletos, bilhetes, pa- construção artística. péis de bala, embalagens, retalhos de tecidos, Por outro lado, guardar um bilhete, cartão ou fotos velhas, jornais, rótulos, cartões etc. embalagem pelo momento que ele representa, A partir deste arquivo proponha ao grupo que como memória material, já corresponde a dizer: organize os materiais por diferentes categorias essas coisas já não são vistas como banais. (cor, textura, tamanho, procedência, geração), Quantos de nós guardamos pequenas lembran- como um cientista (arqueólogo ou antropólogo), ças de experiências especiais? estimulando a observação dos materiais pelas Cada geração tem suas marcas (rótulos de produ- suas qualidades plásticas e formais, e também tos) que sem percebermos nos marcam, acompa- por suas histórias. nhando os momentos que registram nossa traje- Você poderá também, a partir da coleção e do tória de vida. arquivo de achados, propor que o grupo explore Esta é uma interessante motivação para se pro- o conceito de infinito em outra direção – a das mover uma coleta de “marcas que marcam” as fluências das ordens. Isto significa dar liberdade diferentes gerações, convocando pais e avós e ao mesmo tempo perceber as possibilidades para contribuir com relatos e exemplos. Quais infinitas de criação com a redução limitada dos seriam as nossas marcas preferidas? Porque nós precisamos de objetos? Qual é a diferença entre um simples objeto Em algum momento você já parou para refletir so- e uma relíquia? bre o significado dos objetos na sua vida ou na vida Observe os objetos utilizados na vida cotidiana, das pessoas? Os objetos contam histórias sobre Proposta educativa na exposição - Apropriações no MAC - Niterói (2003-2004) Atividade no módulo de colagem Kurt Schwitters (1887-1948) Tinta Invisível, 1947 Colagem Propriedade do artista elementos. O jogo de fluência criativa se estabelece pelas “infinitas” relações e reorganizações dos materiais acumulados. Crie diferentes critérios para as escolhas e composições dos materiais: • acaso x ordem; acaso x escolha afetiva (uso/ consumo) • cor e textura – composição • justaposição de imagens – a fotomontagem • juntando palavras e imagens 10 11 P ropostas de Atividades e Tópicos para Ref lexão P ropostas de Atividades e T ópicos para Ref lex ã o o coisário Proposta de atividade 2: Construindo uma Assemblagem Proponha ao grupo que crie uma situação/arru Proposta de atividade 1: Montando um Coisário Como escolher os objetos que vão construir uma com um conjunto de objetos escolhidos intencio- assemblagem? Este é o primeiro desafio desta nalmente, observando suas relações simbólicas. Como olhar o nosso cotidiano como se fosse pela proposta. Uma assemblagem pode partir de vá- Depois proponha que cada aluno ou grupo escreva primeira vez? rios desdobramentos. Um deles pode se dar uma história sobre o encontro daqueles objetos. Propomos que seja criado com o grupo um Coi- através do sorteio de objetos do coisário. O sor- Uma última instigação pode ser recriar novas as- sário a partir da coleta de objetos achados ou teio propicia o acaso, como na bricolage, em que semblagens a partir de peças construídas anterior- pertencentes ao cotidiano privado ou público; é o desafio está em construir um único objeto – mente; esse processo permite perceber as infini interessante estimular a coleta de objetos e como uma colagem – com aquilo que se encontra tas possibilidades de leituras e construções que coisas das mais variadas. disponível, não partindo da escolha consciente um mesmo conjunto de objetos pode adquirir. O processo de montar um coisário pede uma ou afetiva dos objetos. atitude de curiosidade, admiração e atenção Uma outra forma de escolher os objetos que vão Tópicos para Reflexão e Debate perante o mundo a nossa volta. O coisário é tam- construir uma assemblagem é partir de uma esco- Na arte contemporânea, uma assemblagem é bém parte de uma estratégia educativa que pro- lha consciente, baseada num critério – os objetos uma obra tridimensional, figurativa ou não, que move o aprendizado e o entendimento da expan- com que você mais se identificou (escolha afetiva) reúne objetos e/ou materiais diversos, não con- são dos conceitos da produção artística contem- versus os objetos que você considera mais co- vencionais, para se obter um efeito insólito e porânea – apropriação e deslocamento – na in- muns (Duchamp “escolhe” os objetos que acha romper com as técnicas tradicionais da pintura e serção recíproca entre cotidiano e arte. mais insignificantes e comuns para fazer seus fa- da escultura. Cada objeto coletado pode ser classificado mosos ready-mades, como a Roda de bicicleta de Ao apresentarmos estratégias artísticas de res- numa ficha ou etiqueta segundo seus atributos 1913, a Fonte de 1917 e o Porta-Garrafas de 1964). significação ou reencantamento diante das coi- formais (material, cor, forma, tamanho, peso), “Há uma coisa que pretendo deixar bem claro, é sas banais, falamos também de uma relação com que a escolha destes ready-mades não foi nunca a vida, o acaso, e da atenção diante das peque- ditada por qualquer razão de caráter estético. nas coisas. Vivemos em geral preocupados, em Esta escolha assentava numa reação de indife- estado de desatenção com tudo que nos cerca; rença visual e, simultaneamente, uma ausência perdemos o contato com o presente ou oportuni- total de bom ou mau gosto... na realidade, uma dades do acaso. O mistério do acaso é tema de completa anestesia.” uma antiga discussão entre poetas, cientistas e É interessante destacar, em contraponto, artistas filósofos. “Nada é por acaso”, acreditam muitos. como Farnese, que escolhe seus objetos de forma Picasso declarou: “eu não procuro, acho”. Achar afetiva e intencional, pensando no significado sim sem procurar significa “acaso”? sua origem (natural ou cultural) e sua história, além de outros critérios: coisas de estimação, coisas de convivência, coisas de consumo, coisas de violência, coisas descartáveis, coisas da infância, coisas raras, coisas anônimas... De cima para baixo, da esquerda para a direita: Proposta educativa na exposição Apropriacões no MAC-Niterói (2003-2004). Atividade no módulo de assemblagem – O Coisário. Proposta educativa na exposição Apropriações no MAC - Niterói (2003-2004) Atividade no módulo de assemblagem. O pente, por exemplo Dar ao pente função de não pentear Assemblagens criadas pelos visitantes na exposição Apropriacões no MAC-Niterói (2003-2004). mação dentro de uma caixa, ou outro recipiente, bólico de cada um deles. Farnese nem sempre reú ne os objetos formando uma única peça, na maio ria das vezes os coloca juntos em uma mesma “si tuação”/suporte – um armário, uma gaveta, um ora tório, uma gamela, uma caixa – o corpo da obra. Até que ele fique à disposição de ser uma begônia Ou uma gravânia Usar algumas palavras que ainda não tenham idioma Repetir – repetir – até ficar diferente Repetir é um dom do estilo Desinventar objetos (Manuel de Barros, Livro das Ignorânças) 12 13 P ropostas de Atividades e Tópicos para Ref lexão do coisário ao relicário Transfigurar uma coisa qualquer em relíquia é nominá-la, encantá-la de memória futura. É reconhecê-la como extensão de nossa identidade – capaz de contar um pouco de quem nós somos e de onde viemos. Quais são as histórias individuais e coletivas, contadas por suas diversas vozes, que devem ser preservadas para o futuro de um lugar/comu nidade? Cada morador traz um futuro para a co munidade, a construção de um relicário consiste em experiências coletivas buscando construir uma trama relacional de confiança e afeto entre indivíduos, com um lugar e seus objetos, a partir de memórias compartilhadas de vidas que vão se cruzando e formando a identidade de uma comunidade. P ropostas de Atividades e T ópicos para Ref lex ã o coleções, coletas e coletivos Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. Em cofre não se guarda coisa alguma. Em cofre perde-se a coisa à vista. Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado. Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela, isto é, estar por ela ou ser por ela. Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro Do que um pássaro sem vôos. Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica, por isso se declara e declama um poema: para guardá-lo: para que ele, por sua vez, guarde o que guarda: guarde o que quer que guarde um poema: por isso o lance do poema: diferentes formas de selecionar, ordenar e classificar os objetos, explorando o conceito de infinito partir de diferentes intenções ou circunstâncias em outra direção – a das fluências das ordens. O assumem uma atitude de coletores de coisas jogo de fluência criativa se estabelece pelas “in- achadas, criando suas coleções/instalações/ finitas” relações e reorganizações dos materiais obras de arte. Tornam-se em arqueólogos da acumulados, montando diferentes coleções. vida contemporânea. A atitude de curiosidade Proponha aos alunos que criem categorias para se transforma na constante busca por novida- os objetos coletados. Discuta com eles, através des e no maravilhamento com o novo. Os artis- da experimentação, como a leitura de um conjun- tas e poetas das apropriações vão ser parte de to de objetos ou de uma coleção varia de acordo um movimento de curiosidade e poiésis, de ex- com sua ordenação; como exemplo você pode ploração e redescoberta do mundo urbano, do mostrar-lhes as diversas montagens da instala- consumo em massa, dos descartáveis e do lixo ção de Nelson Leirner. industrial acumulado, como um grande Gabinete de Curiosidades. A experiência do Projeto Relicário foi realizada pela Divisão de Arte Edu cação do MAC-Niterói em parceria com o Programa Médicos de Família da Prefeitura de Niterói. Esta pro posta foi realizada em caráter ex perimental articulando arte e saúde em um projeto intersetorial, como estratégia para a melhoria da qualidade de vida das populações excluídas. A expansão dos conceitos de museu e do artista para o mundo contemporâneo é o ponto de partida 14 para uma ação de integração em comunidades. O Relicário consiste em experiências sucessivas compartilhadas envolvendo a construção “em rede” de confiança e afeto, de um lugar e seus objetos de memória de vidas interligadas, como uma colcha de retalhos de coisas e histórias. A implementação de relicários coletivos tem como objetivo a formação de agentes catalisadores da cultura, dos registros materiais das trajetórias de vida das pessoas que vivem Tópicos para Reflexão e Debate: Por que colecionamos coisas? Alguém da turma tem alguma coleção? Como a organiza? Que outras coleções vocês conhecem? Da esquerda para direita: Quando alguma coisa faz parte de uma coleção Nelson Leirner (1932) Objetos do Desejo, 2003 (detalhe) Instalação; dimensões variadas ela se torna importante e muitas vezes indispen- Arthur Bispo do Rosário (1909-1989) Sem data Talheres (detalhe); 137 x 47 x 9,5 cm; Col. Museu Nise da Silveira Atividade educativa realizada em conjunto com o Programa Médicos de Família da Prefeitura de Niterói (2003) Atividade realizada na varanda do Museu A partir do Coisário coletivo trabalhe com o grupo São muitas as referências de artistas que a por guardar-se o que se quer guardar. Guardar (Antônio Cícero) Proposta de Atividade: Montando uma Coleção sável, pois passa a integrar um grupo. Um mesmo objeto pode estar em mais de uma coleção? Qual é a diferença entre um objeto e uma relíquia? Quando um objeto se torna uma relíquia? em determinadas comunidades. Envolvendo o conceito de museu-co munidade e as poéticas de produção artística contemporânea, este pro jeto tem em sua base metodológica a ampliação dos espaços potenciais de cidadania por um programa de arte e ação ambiental. Artistas e mé dicos trabalham na reintegração so cial, auto-representação, resgate de memória e auto-estima, fechando um círculo de comunicação e imaginação dentro da comunidade. 15 P ropostas de Atividades e Tópicos para Ref lexão cada olhar uma história – visões e subversões Proposta de Atividade: Cada Olhar uma História Você poderá também propor ao grupo a constru- Criar histórias tendo como instigação obras de mente três cartões para cada aluno ou grupo com arte é também uma ação de apropriação. To- a sugestão de que eles criem histórias, poemas, mando como parâmetro nossa experiência com a partir das imagens. o público do MAC-Niterói, propomos que, junto Através das atividades aqui propostas, quere- com seu grupo de alunos, você também exercite mos ressaltar mais uma vez que as imagens são a imaginação e o olhar criativo concebendo apropriadas poeticamente como instigações histórias a partir de um conjunto de reprodu- para um exercício de liberdade em que cada olhar ções de imagens de obras de arte. imaginativo cria uma história. ção de histórias ao acaso, distribuindo aleatoria- Para facilitar a dinâmica selecionamos doze obras da Coleção João Sattamini/MAC-Niterói, Tópicos para Reflexão e Debate segundo seu potencial de instigação para leitu- Cada espectador, sujeito diante de uma obra ras múltiplas ou jogos interpretativos que cha- de arte, pode interpretá-la de diferentes for- mamos Cada Olhar uma História. É importante mas? Cada interpretação/imaginação pode ressaltar que o uso dessas imagens pode provo- formular uma história diferente? Cada olhar car diversos níveis de exploração envolvendo conta uma história? exercícios de observação, memória visual e imaginação, em forma de oficinas de textos. Cada Olhar uma História – um Breve Histórico Logo em 1996, o primeiro ano do MAC-Niterói, se percebeu um outro acervo se formando – o das experiências múltiplas e anônimas, da vontade coletiva de participação. Através da estratégia educativa Cada Olhar uma História, reunimos inúmeras respostas poéticas dos visitantes à Coleção João Sattamini e às demais exposições realizadas no museu. Nesta atividade o público é convidado a participar e escolher algumas das obras expostas para desenhá-las e, a partir desta escolha, contar/ escrever uma história. As obras esco- 16 lhidas em cada história são reunidas a partir de uma motivação intrínseca (afinidades, ressonâncias, estranhamentos etc.) e articuladas pela imaginação e reflexão do espectador. O nosso interesse é de incentivar uma atitude criativa por parte do espectador e, ao mesmo tempo, enfatizar a dimensão aberta da obra de arte, que deve ser tomada como ponto de partida para atitudes multiplicadoras de sentidos. Assim a arte contemporânea alcança sua culminância ao redefinir o papel do espectador na revelação de seus valores/significados. A coleta e seleção de respostas dos visitantes se transformou na exposição que celebrou em 1997 o aniversário de um ano do MAC-Niterói – Visões & (sub)Versões, Cada Olhar uma His tória. A atração afetiva e a interpretação imaginativa tornaram-se um princípio de curadoria participativa inusitada na história das exposições do MAC-Niterói. As obras escolhidas pelo olhar ativo de adolescentes passaram a ser temas de histórias e leituras paralelas que formaram essa re-visão da exposição Arte Contemporânea na Coleção João Sattamini/MAC-Niterói. Lado direito: Lado esquerdo, de cima para baixo: Ivan Serpa (1923-1973) Sem título, 1964 Óleo sobre tela; 140 x 200 cm Cláudio Paiva (1945) Rolling Stones, 1971 Guache sobre papel; 67 x 97 cm Ivens Machado (1942) Sem título, 1973 Azulejo colado em madeira e lâmpada; 156 x 101.5 x 11 cm Mira Schendel (1919-1988) Sem título, 1979 Têmper e folha de ouro sobre eucatex; 55 x 55 cm Esta é uma das muitas histórias desenvolvidas pelos visitantes do Museu: CONTE, PORANE IDÉIA. 17 Breve Histórico – 12 artistas da Coleção João Sattamini/ MAC-Niterói Artur Barrio (Cidade do Porto, Portugal, 1945.) Artur Alípio Barrio de Sousa Lopes (Porto, Portugal 1945). Começa a pintar em 1965. Em 1967, freqüenta a Escola Nacional de Belas Artes. Deixa de lado as técnicas tradicionais da pintura para trabalhar com matérias perecíveis, como lixo, papel higiênico, detritos humanos e carne putrefata. Em 1969, realiza trabalho com Ivald Granato e Luís Pires para a pré-Bienal de Paris, exposição que deveria acontecer no MAM-RJ. Exibe no Salão da Bússola as Trouxas Ensangüentadas (T. E.) – em que o público era convidado a interferir -, e depois as coloca sobre a base reservada a uma escultura consagrada nos jardins do MAM/ Rj. A maioria de seus trabalhos consiste de “situações”, como ele as chama. Tratam-se de intervenções diretas no espaço urbano. Participou em várias edições da Bienal Internacional de São Paulo. Participa da exposição coletiva – Diálogo, Antagonismo e Replicação no MAC-Niterói em 2002. Cildo Meireles (Rio de Janeiro, 1948) Cildo Meireles inicia estudos de arte em Brasília, com Felix Alejandro Barrenechea, em 1963. Freqüenta por dois meses a Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, em 1967. Seu trabalho se caracteriza pela diversidade de técnicas e suportes empregados – pintura, desenho, escultura, ambiente, happening, instalação, performance, fotografia, conjugando-os em múltiplas linguagens que discorrem sobre questões sociais e políticas Realiza a exposição Geografia do Brasil que é apresentada no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, em Recife em 2001, no Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador em 2002 e no Espaço Cultural Venâncio em Brasília em 2002. Comentários Críticos “Os trabalhos de Cildo se inscrevem no quadro do experimentalismo da arte contemporânea brasileira. Este quadro tinha como referências as tendências construtivas vigentes nos anos 50 e as tentativas pop dos anos 60. Nos trabalhos de Cildo, encontramos um sistema que se poderia chamar de visionário, coerente e rigoroso, aglutinador de experiência, que articula desde gestos insignificantes do cotidiano às grandes estruturas sociais.” Paulo Venâncio Filho Farnese De Andrade (Araguari, Minas Gerais, 1926 – 1996) Nasceu em Araguari em 1926. Em Belo Horizonte entre 1945 e 1948, estudou desenho com Guignard. Nas décadas de 50 e 60, ilustrou livros, revistas e jornais. Entre 1959 e 1961, freqüentou o ateliê de gravura do MAM/RJ. Em 1970 recebeu o prêmio viagem ao exterior para Espanha. Falece no Rio de Janeiro em 1996. Em 2000, no Espaço Porto Seguro em São Paulo, foi realizada a retrospectiva Imagens aprisionadas; a foto/objeto em Farnese de Andrade, com obras pertencentes a várias coleções do Rio e de São Paulo. “A tônica de seu raciocínio talvez esteja na tentativa constante de aproximar elementos opostos: a cabeça da boneca (...) e a cabeça do ex-voto, o oratório (...); um jogo de esconder e revelar, um convite à participação cúmplice do espectador”. Arlindo Daibert “Com seus Objetos, exorciza fantasmas e exercita a memória, realizando assim, uma espécie de arqueologia existencial.” Frederico Morais Ivens Machado (Santa Catarina, 1942) Iniciou sua carreira como gravador, ingressando posteriormente na Escola de Arte do Brasil, no Rio de Janeiro no curso para professor de arte. Foi aluno de Anna Bella Geiger. Entre prêmios e exposições destaca-se em 1988 na Mostra Modernidade – Arte Brasileira do século XX, no museu de arte moderna de Paris e Brasil Projects PS1, em Nova York. Em suas exposições mais recentes, destacamos a Mostra do Redescobrimento/ Arte Contemporânea (Fundação Bienal de São Paulo – SP, 2000), Palavra/ Imagem no MAM- RJ em 2001, Violência e Paixão, no MAM- RJ e no Santander Cultural em Porto Alegre – RS, ambas em 2002; em 2003, participou da IV Bienal do Mercosul, em Porto Alegre e do Projéteis de Arte Contemporânea, FUNARTE, RJ. Comentários Críticos “Ivens não molda ou desbasta seu trabalho. Ele monta a partir de elementos independentes, que por vezes têm um sentido próprio, em uma unida- 18 de autônoma e diferente do significado original de cada um deles. (...) As esculturas de Ivens Machado são construções, tal como casas, edifícios, pontes, mas são arquiteturas sem projeto. (...) Tal repertório construtivo poderia anunciar os termos de uma certa modernidade, e efetivamente o faz, mas as formas que resultam desse antidesenho parecem contrariar de propósito qualquer idéia de norma, controle ou disciplina.” Reynaldo Roels Jr e Milton Machado Jorge Barrão (Rio de Janeiro, 1959) Desenhista e artista multimídia, representante da Geração 80, Jorge Barrão participou do grupo 6 Mãos com Ricardo Basbaum e Alexandre Dacosta, entre 1983 e 1991, desenvolvendo várias atividades: vídeo, pinturas ao vivo, musicais, performances e execução de objetos. Em 1995, surge o grupo hipermidiático – Chelpa Ferro, do qual faz parte. Onde seus participantes atuam misturando música eletrônica, vídeos, esculturas e instalações multimídia, com gravações em CD. Em 2002 Barrão participa da exposição – Diálogo, Antagonismo e Replicação no MACNiterói. O grupo Chelpa Ferro criou em 2003 um trabalho, (uma mesa) para o balé 4 por 4 da coreógrafa Deborah Colker. Comentários Críticos “Barrão faz com que objetos comuns (muitos deles conhecidos como eletrodomésticos) passem a ter uma nova ordem de funcionamento, deixando de lado sua utilidade “familiar” (doméstica) e desempenhado tarefas “exóticas” para as quais não tinham sido (exatamente) construídos. Barrão é antes de tudo um artista Pop. A grande lição do Pop é gostar do mundo, das coisas do mundo. Barrão nos ensina a gostar ainda mais das coisas como telefone, televisão ou aspirador de pó. “ Hermano Vianna Nazareth Pacheco ( São Paulo, 1961) Nazareth Pacheco e Silva (São Paulo SP 1961) cursa artes plásticas na Universidade Mackenzie, São Paulo, de 1981 a 1983. Viaja para Paris e freqüenta, em 1987, o ateliê de escultura da École National Superieure des BeauxArts. Titula-se mestre em artes pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, ECA/USP, em 1999. No início dos anos 90, participa de workshops com Iole de Freitas, Carmela Gross, José Resende, Amilcar de Castro, Nuno Ramos e Waltercio Caldas, e apresenta as primeiras peças tridimensionais: objetos filiformes manipuláveis de metal ou borracha. Em 1993, começa a trabalhar com pequenas caixas repletas de objetos. Apresenta posteriormente uma série de espéculos de acrílico. Em 1997, exibe colares e vestimentas feitos de cristal e instrumentos de perfuração. Comentários Críticos “O nome de Nazareth Pacheco está ligado a uma geração de artistas surgida no final dos anos 80 e início dos 90. /Em 1988, começa a trabalhar esculturas filiformes, associando às longas fitas de borracha ou latão formas pontiagudas, que remetiam incontestavelmente a instrumentos de dor. /Convidada por Tadeu Chiarelli a integrar o Panorama da Arte Brasileira de 1997, no qual foi premiada, a artista apresentou a produção de colares e vestidos. Concebidos para adornar, a fim de compensar os limites de nossa frágil existência, tornavam-se cada vez mais ameaçadores.” Lisette Lagnado Nelson Leirner (São Paulo, 1932) Em 1958, freqüenta por curto período o ateliê de Samson Flexor. Em 1966, funda com outros artistas o Grupo Rex. Em 1967 realiza a Exposição-NãoExposição, happening de encerramento das atividades do grupo. Envia para o Salão de Arte Moderna de Brasília um porco empalhado e questiona publicamente, pelo Jornal da Tarde, os critérios que levaram o júri a aceitar a sua obra. Em 1974, expõe a série A Rebelião dos Animais, cujos trabalhos criticam duramente o regime militar, pela qual recebe da Associação Paulista dos Críticos de Arte o prêmio melhor proposta do ano. Em 1997, muda-se para o Rio de Janeiro e passa a dar aulas na EAV/Parque Lage. Em 1999 participa da 48ª Bienal de Veneza e em 2002 -da 25ª Bienal Internacional de São Paulo, com uma sala especial. No ano de 2002 participa da 25ª Bienal Internacional de São Paulo, com uma sala especial; também expõe sob o título de Arte e não arte na Galeria Brito Cinimo. Comentários Críticos “O Grande Desfile, montado em 1984 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, consistia no enfileiramento portentoso de algumas centenas de objetos –feitos para a veneração ou o entretenimento – retirados do extenso repertório simbólico que habita o imaginário popular do país. / No MACNiterói em 2003 – Nelson Leirner pela primeira vez agrupou as imagens em dois conjuntos espacialmente separados, ainda que, postos um defronte do outro, pareçam se equivaler no poderio simbólico. Síntese das vontades difusas dos agrupamentos, as imagens feridas são Objetos de Desejo imaginários, (...)” Moacir dos Anjos Rubens Gerchman (Rio de Janeiro, 1942) Estudou desenho no Liceu de Artes e Ofícios, no Rio de Janeiro, em 1957. Entre 1960 e 1961, freqüentou a Escola Nacional de Belas Artes e cursa xilogravura com Adir Botelho. Em 1967, com o prêmio viagem ao estrangeiro do Salão Nacional de Arte Moderna, viaja para os Estados Unidos. Entre 1968 e 1972 reside em Nova York e torna-se membro-fundador do Museu Latino-Americano do Imaginário. Entre 1975 e 1979, dirige a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em meados da década de 70, é co-fundador e diretor da revista Malasartes. Em 1982, passa um ano em Berlim como artista residente a convite do Deutsche Akademischer Austauschdienst Künstler Program. Em 2000 lança, em São Paulo, álbum com 32 litografias, primeiro volume da coleção Cahier d’Artiste, da Lithos Edições de Arte. Expõe no MAC-Niterói em 2001. Comentários Críticos “O volume torrencial de imagens que criou em vinte anos de carreira é sensacional. Algumas dessas imagens são definitivas e marcam época, como A Bela Lindonéia, obra-síntese do tropicalismo, (...) estas imagens vão além do campo estético, têm uma dimensão sociológica, antropológica, política, tocam fundo a alma do país. (...) Discute o transporte coletivo, a habitação popular, o trabalho, o lazer, o consumismo e a publicidade, a cultura de massa, (...) a violência policial. Frederico Morais Waltercio Caldas (Rio de Janeiro, 1946) No início dos anos 70, através de sucessivas exposições, sendo duas no MAM-RJ (1973 e 1976) e uma no MASP (1975), Waltercio abriu um novo rumo para a arte conceitual no Brasil. Seus dispositivos críticos, cuja inteligência só encontrava concorrência no humor fino e perverso que subvertia toda a lógica do consumo visual, foram sutilmente infiltrados no sistema de arte. A partir dos anos 80, o que antes poderíamos classificar como “objetos” passam de modo evidente para o campo escultórico. As exposições de Waltercio, desde os anos 80, têm estado presentes em diversas cidades do mundo, em importantes instituições, destacando-se sua participação na Documenta IX de Kassel, em 1992. Em 2001 realizou a retrospectiva Waltercio Caldas 1985-2000 no Centro Cultural Banco do Brasil – RJ; no ano seguinte, participou do projeto Artecidade no SESC Belenzinho em São PauloEm 2003 seus trabalhos integram a exposição “Desenho anos 70” no MAM – RJ. “As peças, as coisas de Waltercio Caldas se impõem ao olhar por uma sutileza provocativa. Aparentemente ascéticas, elas deixam a luz, o ar, o vazio atravessá-las e respondem, com uma espécie de materialidade imaterial, às tagarelices vãs do mundo. Eu sei que elas se querem ”objetos no mundo”, mas essas coisas decepcionam e iludem o mundo se este se quer fixidez e imobilidade.” José Thomaz Brum Antonio Dias (Paraíba, 1944) Nasce em Campina Grande, Paraíba em 1944. Em 1957 mudou-se para o Rio de Janeiro e estudou sobre a orientação de Oswaldo Goeldi na Escola Nacional de Belas Artes. Realizou trabalhos de artes gráficas e projetos de programação visual. Em 1965, participou da “Opinião 65” e em 1967, da “Nova Objetividade Brasileira”, ambas no MAM/RJ. Nesse mesmo ano recebeu uma bolsa e mudou-se para Paris. Em 1968 foi para Milão, cidade onde até hoje mantém uma de suas residências e ateliê (as outras são em Colônia e no Rio de Janeiro). Ainda neste ano, iniciou suas investigações conceituais concentradas na reflexão poética entre palavra/imagem, sendo portanto um dos pioneiros nessa linha de experiências junto com Joseph Kosuth e o grupo britânico da Art & Language. Comentários Críticos Sobre um trabalho da década de 60, Paulo Sergio Duarte comenta “A pintura é de uma rudeza e simplicidade agressivas. É um constructo de imagens complexo onde o encontro é arbitrário, como nos sonhos ou em associações de idéias. Mas não há sono nem divã, há um movimento contrário, querendo despertar o olhar e afirmar a necessidade de reinventar o significado. Talvez por isso, a pintura não se acha suficiente, se desdobra em volume, em escultura estranha, sem a rigidez tradicional da estatuária, as formas coloridas acolchoadas se prolongam do quadro em nossa direção, como se, por causa do nosso temor ou indiferença, nos procurasse para revelar um segredo...Aquele que tenta se aproximar de um trabalho de Antônio Dias, desse período, pelos filtros da Pop Art americana ou da Nova Figuração européia, se desorienta. Seu trabalho demonstra, com força, que o território simbólico explorado pelos artistas no Brasil tem fronteiras próprias.” Ivan Cardoso (Rio de Janeiro, 1952) É artista plástico, fotógrafo, cineasta, produtor e jornalista. Seus trabalhos têm como tema a apropriação de objetos banais retirados do cotidiano. Ivan Cardoso é mais conhecido por sua obra como cineasta, especialmente por seus longa-metragens O Segredo da Múmia, As Sete Vampiras e O Escorpião Escarlate. Nas últimas três décadas, fez curtas-metragens focalizando figuras como o sambista Moreira da Silva, o escritor Dyonélio Machado, o cineasta José Mojica Marins, o artista plástico Hélio Oiticica e os poetas Torquarto Neto e Augusto de Campos. Muito ligado a Oiticica (1937-1980), em 1979 fez HO e, em 2002, Cardoso criou Heliorama, um outro filme sobre o criador dos Parangolés. Palavra do Artista “Nas participações de Hélio Oiticica nos meus filmes, ele ficava meio perdido, desapercebido... Muitas imagens ficaram guardadas, inéditas”, explica Ivan. Sobre Heliorama, diz Ivan: “Cada vez mais eu acho esse meu trabalho de documentarista muito importante. O cinema de fato é a melhor maneira das pessoas que não conheceram Glauber, Hélio e outros nomes importantes. Daqui a 20, 30 anos esses vão ser filmes fundamentais para as pessoas entenderem a época e o que foi o trabalho desses artistas”, conta. Cláudio Fonseca (Rio de Janeiro, 1949-1993) Formou-se em arquitetura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foi aluno de Anna Bella Geiger . Pintor, arquiteto e professor, tendo dado aulas no Parque Lage ( Escola de Artes Visuais – EAV) DE 1986 – 1988. Participou da exposição emblemática em 1984 no Rio de Janeiro RJ - Como Vai Você, Geração 80?, na EAV/Parque Lage. Depois de transitar pelo conceitualismo na década de 70, volta-se para a pintura. O interesse por animais selvagens se desenvolve no seu retorno da Europa, em 1996. Na construção de suas telas o artista apropria-se da pele de feras como suporte e como elemento de sua pintura, formando uma intrigante simbiose. Participou da exposição Apropriações no MAC-Niterói em 2003. Comentários Críticos “Saído da prática conceitual, nos anos 70, um primeiro momento da nova pintura de Cláudio Fonseca, entre a suspensão e o sedimento, propunha a reencenação da Natureza sendo criada. Era, então, a pura energia se deslocando de sua orgulhosa força virgem para a maravilhada hora primeira das formas elementares. A energia que cede uma parcela de sua perpétua volúpia indomada e aceita fixar-se nesse instante de pausa, passagem e transfiguração que é o quadro. Valia o impulso barroco que se dispõe a imitar a natureza apenas para melhor reivindicar o artifício. Ascensão, metamorfose, vertigem: o rapto do barroco nos levava, ali, ao momento inaugural em que o magma se vai transformando em Nome. Depois das montanhas, das pedras e dos corpos, em tinta-lava, vieram, no entanto, mais recentemente, as pinturas e as quase-montagens habitadas de um mesmo felino animal. Uma idéia querendo se afirmar através do fetiche da sábia violência.” Roberto Pontual 19 Prefeito de Niterói Godofredo Pinto MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE NITERÓI Referências Bibliográficas Conselho Deliberativo BARROS, M. Livro das Ignorãças. São Paulo. Editora Record,1999. João Sattamini (presidente), Anna Maria Niemeyer, Carlos Roberto Siqueira Castro, Cláudio Valério Teixeira, Ítalo Campofiorito, Janete Costa, João Sampaio, Jorge Roberto Silveira, Marcos Gomes, Marilda Ormy, Naum Rifer, Oscar Niemeyer, Otávio Rainho, Ronaldo Pontes, Victor Arruda BARTHES, R. Elementos de Semiologia. São Paulo : Editora Cultrix, 1982. Diretor ALEXANDER, E. Museums in Motion: in introduction to the History and Functions of Museums. New York: Altamira Press,1996. ARGAN, G. C. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. BACHELARD, G. A Poética do Espaço. São Paulo : Livraria Martins Fontes Editora LTDA, 1989. Luiz Guilherme Vergara ECO, U. Obra Aberta. São Paulo: Perspectiva, 1962. Diretora da Divisão de Acervo DEWEY, J. A Arte como Experiência. Coleção Os Pensadores. Rio de Janeiro: Editora Abril, 1978. Márcia Muller FREIRE P. Ação Cultural para a Liberdade e Outros Escritos. Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1982. Diretora da Divisão de Museologia JANSON, H. W. História da Arte. Lisboa: Fundação Caloustre Gulbenkian, 1997. Angélica Pimenta MORIN, E. Ciência com consciência. Para o Pensamento Complexo. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2003. Conservação de Obras de Arte Nice Mendonça A Cabeça Bem-Feita: Repensar a Reforma, Reformar o Pensamento. Rio de Janeiro: 2004. Secretária Executiva OITICICA, H. Em Aspiro ao Grande Labirinto, Rio de Janeiro: Editora Rocco,1986 Kátia Mendonça Parâmetros Curriculares Nacionais. Ministério da Educação. Brasília, 2001 Diretora da Divisão de Administração Telma Lasmar Cartões Postais Assistentes Alexandre Vasconcellos, Luís Rogério Baltazar 1. Antonio Dias (1944) Vencedor?, 1965 Cabide de pé com construção em madeira pintada, tecido acolchoado e capacete militar 181 x 70 cm Coleção Particular João Sattamini 2. Farnese de Andrade (1926-1996) Armário do Dragão, 1985 Técnica mista, madeira, tinta acrílica e resina 154 x 103 x 54 cm 3. Cildo Meireles (1948) O Pensador ou Parla, 1982 c. Madeira, couro, pedra 126.5 x 56.5 x 132.5 cm 4. Waltercio Caldas (1946) A Ilusão, sem data Caixa de couro e veludo e coroa de metal e strass 26.5 x 12 x 28.5cm 5. Nelson Leirner (1932) 9. Cláudio Fonseca (1949 - 1993 ) Terra à Vista, 1998 Técnica mista Dimensões variadas Coleção MAC - NITERÓI Onça, a Fera Adormecida, 1985 Óleo e pele de animal sobre tela 89 x 116 x 3 cm 6. Nazareth Pacheco (1961) Sem título, 1997 Miçangas de cristal e agulhas 50 x 40 x 6 cm 7. Jorge Barrão (1959) Sem título, sem data Acrílica e Televisão 145 x 36 x 28 cm 8. Ivens Machado (1942) Sem título, 1973 Azulejo colado em madeira e lâmpada 156 x 101.5 x 11 cm 10.Ivan Cardoso (1952) Seductor, sem data Montagem de caixotes de frutas 85 x 116 x 3 cm 11.Rubens Gerchman (1942) Caixa do homem só, 1967 c. Acrílica, sobre madeira, metal e plástico 52.8 x 53.1 x 6.2 12. Artur Barrio (1945) Trouxa Ensangüentada (protótipo), 1969 Óleo sobre tecido e barbante 24.5 x 20 x 11.5 cm Diretor da Divisão de Arquitetura Sandro Silveira Coordenador de Projetos de Arquitetura Manoel Vieira Assessoria de Imprensa José Carlos Assumpção Diretora da Divisão de Arte Educação Beatriz Jabor Hugueney Equipe de Arte Educadores Eduardo Souza, Ivan Henriques, Márcia Campos, Maria Thomaz Estagiárias de Arte-Educação Rebeca Rasel e Roberta Condeixa Núcleo de Produção Cultural Tereza Monteiro, Carlos Martins, Leandro Almeida, Taissa Bencke Bibliotecária Leda Abbês Assistente Beatriz Lemos Estagiário Phablo de Carvalho Créditos da Publicação Textos Produção Executiva Luiz Guilherme Vergara Carlos Martins Tatiana Assumpção Assessoria Editorial, Textos das Atividades e Pesquisa Beatriz Jabor Hugueney Eduardo Souza Ignês Guimarães Ivan Henriques Márcia Campos Maria Thomaz Tatiana Assupção Revisor de texto Itamar Rigueira Jr. Fotografias MAC Alessandro Gomes Projeto Gráfico Dupla Design Mirante de Boa Viagem, s/nº Boa Viagem Niterói - RJ - Brasil - cep 24210 390 Tel. / fax: 21 2620-2400 / 2620-2481 visitas guiadas para grupos marcar com antecedência na Divisão de Arte e Educação, pelos tels.: 21 2620-2400 e 2620-2481 20 21 Mirante de Boa V iagem, s/nº Boa Viagem Niterói - RJ - Brasil - cep 24210 390 Tel. / f a x: 21 2620 240 0 / 2620 2481 22