Poética das Apropriações - do coisário ao relicário

Transcrição

Poética das Apropriações - do coisário ao relicário
e x p e r i ê n c i a s e d u c at i va S
Museu de Arte Contemporânea de Niterói – Divisão de Arte Educação
caderno 1
ano 2005
p oé t i c a da s a pro pr i ações
d o
c o i s á r i o
a o
r e l i c á r i o
MIssão educativa
3Apresentação
Os museus de arte contemporânea precisam ser
4Curto-circuito da história
reinventados antropofagicamente a partir das
da arte do século XX
utopias das vanguardas artísticas e da confluên-
5Discutindo práticas artísticas
cia de abordagens transdisciplinares do século
passado. A questão principal é como realinhar
Colagens
constantemente a atuação dessas instituições
Assemblagens
com os pensamentos de uma revolução contínua
do conhecimento como centros avançados de
Premissas Introdutórias:
experiências civilizatórias – territórios de meta-
Definições sobre os diferentes níveis
morfose da imaginação e reflexão coletiva, tem-
de sentidos de uma obra de arte:
Poiésis
Cada obra de arte é finita como objeto
Poéticas das Apropriações
ências da Divisão de Arte Educação e visa dar
e infinita como campo de experiências;
O Gabinete de Curiosidades
vida e acesso à produção artística contemporâ-
Cada obra de arte é parte de uma
do Século XXI
nea exposta no MAC-Niterói para um público di-
convergência de diferentes histórias:
versificado. Mas o que é dar vida a uma obra de
O Coisário
• do artista e de sua época;
plos e fóruns a um só tempo.
Este material é resultante de oito anos de experi-
arte em um museu?
• É antes de mais nada reconhecê-la não isolada-
• da história da arte;
7Tópicos para Debate
10Propostas de Atividades
• dos materiais e dos procedimentos artísticos;
e Tópicos para Reflexão
mas como dimensão simbólica, síntese do mun-
• dos temas e conteúdos simbólicos;
Transfiguração e Ressignificação
do no qual vivemos;
• de cada espectador.
de Coisas Comuns
mente como um objeto na parede ou no pedestal,
• É dar sentido vital ao próprio museu, como um
lugar/ambiente de encontro de múltiplos olhares
O Coisário Coletivo
dentro de um processo de interpretação que de-
Do Coisário ao Relicário
manda a participação diferenciada de cada um,
Coleções, Coletas e Coletivos
como estímulo para o desenvolvimento intelec-
Cada Olhar uma História:
tual, espiritual e físico-emocional dos indivíduos
Versões e Subversões
em uma sociedade;
• É mostrar que ela pertence a um percurso histórico de transformações de valores artísticos
que unem o passado, o presente e o futuro nas
mudanças culturais e sociais em processo na
nossa época;
• É levá-la, como conceito e estratégia criativa de
leitura de mundo, para fora do museu, como
instrumento de transfiguração do cotidiano e
reencantamento interativo entre arte e vida.
18Breve Histórico – 12 artistas
da Coleção João Sattamini/
MAC-Niterói
20Referências Bibliográficas
20Legendas Cartões Postais
apresentação
“(...) estender o sentido de apropriação
às coisas do mundo com que deparo nas
ruas, terrenos baldios, campos, o mundo
ambiente, enfim – coisas que não seriam
transportáveis, mas para as quais eu
chamaria o público à participação – seria
isto um golpe fatal ao conceito de museu,
galeria de arte etc., e ao próprio conceito
de ‘exposição’ – ou nós o modificamos
ou continuamos na mesma. Museu é o
mundo; é a experiência cotidiana…”
Hélio Oiticica1, 1986
Nelson Leirner (1932)
Terra à vista, 1989
Instalação
Dimensões variadas
Col. MAC-Niterói
Por que uma prática de ressignificar objetos do
Assim sendo, cada obra de arte age como um
cotidiano urbano e transformá-los em obras de
pensamento gerador de projetos para criação
arte, a princípio uma ação anárquica e antiarte,
coletiva, que culmina na relação do indivíduo
percorre toda a história da arte do século XX e
com sua realidade. Esta é a chamada desaliena-
tem lugar entre as principais coleções e museus
ção, que se dá em relação às obras isoladas de
do mundo?
seus contextos – originais ou históricos – e ao
Nossa abordagem educativa, utilizando a cole-
posicionamento do público diante do mundo
ção MAC-Niterói/João Sattamini, se dá através
fragmentado em divisões sociais e culturais.
das experiências com as exposições, toma a
Não existem distâncias aparentes entre as coi-
arte segundo seu potencial de leitura, em que a
sas no museu e a vida lá fora. A aproximação e o
tônica dos materiais e procedimentos dá base
estranhamento entre estes dois mundos, o sim-
para propostas de engajamentos sucessivos em
bólico da arte e o do cotidiano, se dão pelas
ações ambientais do sujeito em sua relação
distintas formas em trânsito do olhar poético e
ampliada com o mundo.
crítico do sujeito-espectador pelas cidades, em
Uma experiência frente a uma obra de arte só é
estados artísticos que transfiguram as coisas
completa quando se abre à interseção simultâ-
pela vivência e pela ressignificação.
nea de passado, presente e futuro. O principal
A emergência de novos paradigmas tanto para a
desafio de um museu de arte contemporânea
arte quanto para a formação de uma pedagogia
traduz-se na busca pela desalienação do público
existencial está ligada à arte da descoberta – ex-
através de sua comunicação participativa. Esta
plorações imaginativas de coisas dispersas no
ação reflexiva, anunciadora e utópica, busca a
mundo –, estado lúdico de jogo inventivo. Esta
constituição de novos valores.
sabedoria da imaginação é apresentada como
O significado de uma obra de arte não está so-
princípio pedagógico para uma ação transfor-
mente na intenção do artista, nem apenas na
madora entre arte e vida. As explorações do
obra em si; ele é resultado de um jogo de senti-
acaso e a indeterminação são apresentadas a
dos. Engloba o contexto em que a obra se apre-
partir das apropriações como uma proposta de
senta, sua relação com outras obras expostas, a
redescobrimento do saber local com interesse
característica arquitetônica do lugar, e os novos
transdisciplinar – arte para a ação ambiental, a
sentidos e interpretações propostas por cada
reconstrução da história e geografia local.
indivíduo espectador. Cada obra, como objeto, é
O museu do futuro/presente – o museu da arte
como um instrumento musical – precisa de um
contemporânea – é desafiado por essas linhas de
intérprete para que se pronuncie.
criação artística como um espaço de coisas coletadas, em constante fluxo de novas interpretações.
As propostas de leituras aqui reunidas exploram
procedimentos artísticos a serem renovados atra­
vés de instigações que vão para além das pa­redes
dos museus. O museu age aqui como abrigo ou
ponto de partida para ações poéticas.
(1) Em Aspiro ao grande labirinto, Editora Rocco.
Imagem fundo: Arthur Barrio (1945). Nocturnos (transportável) N 4, 2001;
pães, tecido e madeira; 55 x 38 x 16,5 cm;
coleção João Sattamini / MAC - Niterói
Curto Circuito
da História da Arte
do Século XX
D i s c u t i n d o a s P r á t i c a s A rt í s t i c a s
colagens
nexas, que passam a pertencer ao mesmo mundo de uma obra de arte. Muitos artistas transfor-
Inauguradas no século XX, as apropriações, as-
Podemos definir colagem como uma composição
maram em prática ou jogo o exercício de contras-
sim como as colagens e assemblagens, rompem
elaborada a partir da utilização de matérias e
tes: ordem x caos; ordem x interação; desordem
radicalmente com os valores tradicionais da arte
texturas, variadas ou não, superpostas ou colo-
x organização; lei do acaso x controle programa-
vigente e instauram novos estados poéticos de
cadas lado a lado, na criação de um motivo ou
do (determinismo).
produção da arte no mundo.
imagem a ele associada.
Propomos a comparação entre a aplicação artís-
Sob influência do dadaísmo*, e mais tarde do
A escolha de imagens e materiais para uma cola-
tica da lei do acaso e as construções organiza-
surrealismo*, as colagens e assemblagens são
gem pode ser ao acaso ou intencional. Os mate-
das através da observação das obras dos artis-
articuladas como composições de objetos origi-
riais podem ser escolhidos pelas suas qualidades
tas Schwitters, construindo sua obra através de
nalmente estranhos entre si, desenvolvendo
plásticas e formais (textura, cor, dimensão) ou
um acúmulo ilimitado; Aloísio Magalhães, com
nos artistas o exercício de um estado de poiésis
por seus significados.
a ordenação de seus cartões-postais, e Ivan
(estado imaginativo de ver o mundo como obra
Em 1912, Picasso realiza a primeira colagem
Cardoso, utilizando rótulos de embalagens de
de arte) a partir de uma visão não-racional, que
cubista. A colagem se torna aos poucos um novo
produtos descartáveis.
segue o primado do sensível, da imaginação
procedimento artístico, que funciona como elo
Adaptou-se a abordagem dos princípios de for-
inventiva, subvertendo a ordem lógica das coi-
da pintura com a realidade. Desenvolve-se então
mação do pensamento complexo de Edgard
sas. O poder dessa atitude é o de um ato inau-
um campo de experimentações que vai se desdo-
Morin 2 às colagens de materiais coletados ao
gural de criação de uma situação não existente
brar nas manifestações de antiarte dadaísta* e
acaso. Propõe-se, como relação de diálogo com
na natureza, afirmando-se no mundo sem mode-
das vanguardas construtivistas russas*. A cola-
a realidade, as funções imaginativas e inventi-
los prévios.
gem é utilizada no processo de criação dadaísta
vas, em paralelo com organizar e interagir com
e no programa construtivista russo* com diferen-
um ambiente segundo um princípio de inclusão
tes sentidos: como ironia crítica ou como amplia-
no qual se percebe como parte do mundo na
ção de recursos de expressão visual.
mesma medida em que se reconhece, construin-
Na colagem, cada elemento representa diferen-
do assim um saber poético.
O uso das coisas do dia-a-dia coladas diretamente sobre a tela ou compondo construções exemplifica a reformulação radical dos valores ligados
aos processos artísticos tradicionais, contrariando cânones históricos do gênio artístico expresso no fazer de uma obra-prima, assim como
o da mimese, imitação do real, como função ou
valor artístico.
A revolução da vida urbana e a era das reproduções mecânicas de imagens (fotografia e cinema)
transformam o cotidiano das sociedades e provo-
De cima para baixo,
da esquerda para a direita:
Pablo Picasso (1881-1973)
Guitarra, 1913. Col. MoMA
Salvador Dalí (1904 - 1989)
Telefone - lagosta, 1936.
Col. Tate Gallery
Aloisio Magalhães (1927 - 1982)
Cartema, 1972. Colagem; 95 x 114,5 x 3 cm;
Col. João Sattamini / MAC-Niterói
tes tempos e sentidos, simultaneamente superpostos, de informações aparentemente desco-
2 Edgard Morin. Ciência com consciência. Para o pensamento
complexo. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2003.
Ivan Cardoso (1952)
El escosês, sem data. Montagem
de caixotes de frutas; 85 x 116 x 3 cm;
Col. João Sattamini / MAC-Niterói cam redefinições de valores entre cultura material, cultura popular, tradição e arte.
No que se refere à arte brasileira no século XX,
devemos destacar que a riqueza de sua renovação está no encontro entre o construtivismo e
as explorações de objetos ao acaso. O que introduzimos aqui como poéticas do infinito reconhece, na confluência das apropriações e da
construção de ordens, singularidade e potência
de transporte sensível para as ilimitadas teorias de rede – que remetem a um mundo em
constante transformação.
(*) Ver Linha do Tempo
Tópicos para Debate
Discutindo as Práticas Artísticas
assemblagens
Num momento em que as máquinas tomavam lu-
.As assemblagens podem ser vistas como jogos
em 1913, inverte uma roda de bicicleta sobre um
de construção com coisas achadas ao acaso. A
banco. Esta assemblagem histórica inaugurou o
ressignificação do banal em extraordinário, ou do
polêmico conceito de ready-made*, expressão
extraordinário em banal, se dá pela imaginação e
que significa algo pronto, já fabricado.
interpretação do artista, em cumplicidade com a
As intervenções e assemblagens com os mais
participação do espectador.
variados objetos se tornaram uma prática artísti-
A origem histórica das assemblagens é de sub-
ca com alta carga de ambigüidade, ironia e crítica
versão e ambigüidade perante a sociedade in-
aos próprios sistemas de valores que definiam o
ma forma que descartamos alguns objetos, nos
dustrial e o sistema de valores da arte. São práti-
que era arte, seu lugar e consumo nos museus e
apegamos às coisas e lugares que permanecem
cas críticas aos valores capitalistas de incentivo
galerias de uma sociedade em transformação.
por mais tempo em nossas vidas, um coisário afe­
ao consumo e ao desperdício, que culminam na
A partir dos anos 60, as apropriações/assem­
tivo através do qual contamos nossas histórias.
destruição sem sentido do meio ambiente e, em
blagens do início do século são retomadas em
Existem nesse contexto inúmeras coisas anôni-
última instância, nas guerras mundiais.
diferentes movimentos de vanguarda, porém já
mas, que os artistas buscam reanimar para uma
No cenário cultural europeu e americano, as
com uma nova orientação. A Pop Art* nos Estados
nova existência de significação simbólica, em
vanguardas artísticas das primeiras décadas do
Unidos e na Inglaterra; o Novo Realismo* na
forma de arte.
século passado deram início ao jogo das apro-
França; a Arte Povera* na Itália e a Nova Objetivi-
priações, desafiando os valores tradicionais da
dade* no Brasil são desdobramentos do Dadaís-
arte que separavam a ordem artística burguesa
mo e da Antiarte* que demarcam a passagem da
do caos da vida moderna. Os museus foram um
arte moderna para a contemporânea.
dos principais alvos das contravenções artísticas
(*) Ver Linha do Tempo
A capacidade de fazer novas sínteses entre coisas
gar dos homens na produção industrial, Duchamp,
poiésis
e acontecimentos aparentemente desconexos é
Um estado imaginativo de
ver o mundo como obra de
arte – o reencantamento
ou transfiguração
das coisas do mundo.
parte de um processo contínuo de explorações
envolvendo um aprendizado existencial através
da poiésis, que apresentamos aqui como formas
de instigar as relações entre a arte e a vida.
Vivemos a era das coisas descartáveis. Rapidamente entramos em desencantamento com elas e
logo procuramos novos estímulos. Porém, da mes­
mais radicais. Isso começou com os dadaístas*,
que tomaram a realidade do caos urbano, político e social, da velocidade e turbulência dos
acontecimentos, desafiando os limites da razão,
como motivação crítica para a criação de obras
efêmeras com coisas achadas ao acaso.
Da esquerda para direita:
Marcel Duchamp (1887-1968)
Roda de Bicicleta, 1913
Readymade, roda de bicicleta
montada sobre um banquinho
de cozinha pintado de branco;
126,5 cm de altura (réplica original de 1913 perdido);
Col. Arturo Schwarz, Milão
Farnese de Andrade (1926-1996)
Armário do Dragão, 1985
Técnica mista, madeira,
tinta acrílica e resina;
154 x 103 x 54 cm;
Col. João Sattamini / MAC-Niterói
Da esquerda para direita:
Jorge Barrão (1959)
Sem título, 1986
Óleo sobre máquina de lavar;
Dimensões variadas;
Col. João Sattamini / MAC-Niterói
Fotografia (Luiz Guilherme Vergara)
2003 - Porto Alegre / RG DO SUL
t ó picos para debate
t ópicos para debate
poética das apropriações
o gabinete
de curiosidades
do século XXI
A poética das apropriações como prática artística
renovadora está relacionada às explorações do
caos da vida urbana, da indeterminação e do
Esses gabinetes eram assim chamados pelo reconhecimento das qualidades exóticas ou estranhas aos europeus encontrados nas coisas que
começavam a chegar do então chamado “Novo
acaso. São experimentações artísticas a partir do
Nossa intenção é evocar o conceito do “Gabinete
Mundo”, nossas Américas. Coisas nunca vistas
deslocamento de coisas prontas encontradas ao
de Curiosidades” ou de “Maravilhas” como refe-
antes passavam a ser organizadas em lugares
acaso ou aleatoriamente, na busca de um olhar
rência à origem européia dos museus. Os gabine-
especiais e causavam forte impacto sobre visi-
tes de curiosidades eram formados pela coleta
tantes seletos. A expansão do conhecimento hu­
de coisas estranhas da natureza ou objetos de
mano acompanhava as navegações, a matemáti-
culturas exóticas. Nos séculos XVI e XVII, as cole-
ca e a astronomia, com mapas e enciclopédias.
mais amplo sobre o fluxo contínuo de acontecimentos da realidade contemporânea.
A ênfase no acaso como indeterminação no encontro de coisas, deslocadas como arte, se presta como proposta que resgata o poder da poiésis
como estado de percepção imaginativa e ação
sobre as manifestações do “infinito” no cotidia-
Da esquerda para a direita:
Instalação realizada com todos os objetos do Coisário
por um casal de argentinos
no módulo assemblagens exposição Apropriações
(2003- 2004)
Imagem de um Gabinete de
Curiosidades
ções transformaram-se em objeto de pesquisas.
Pedras, fósseis, conchas, animais empalhados,
originários de diferentes partes do mundo, ofereciam importante documentação para investi-
no. Sem dúvida é um procedimento artístico que
gações científicas. Por trás desses gabinetes
pode ser ricamente levado a um debate atual
existem duas palavras-noções muito fortes:
sobre o nosso “estar no mundo” de uma forma
curiosidade e encantamento.
ampliada, ativamente engajada – psico-bio-socioculturalmente –, mas, sobretudo sem abrir
mão da imaginação – do lugar do poético no reencantamento do mundo –, do infinito ao nosso
redor, a todo instante.
Ao confrontar o público com essas ‘coisas anônimas’, expondo-as num museu como o MAC-Niterói, desnuda-se o papel “utópico” do artista que,
numa sociedade de coisas e pessoas tão passageiras, desvenda maneiras de se revisitar o presente, reinventar o passado e antecipar o futuro.
o coisário
Um coisário é um conjunto de objetos e coisas
reunidas em qualquer lugar. A expressão é utilizada pelo filósofo Gaston Bachelard no seu livro
Poéticas do devaneio. Reunir coisas implica potencializá-las para novas possibilidades de uso,
valor, significado, atenção e interpretação.
“não se sonha bem,
em devaneios benfazejos,
diante de coisas dispersas”
Gaston Bachelard
Propostas
de Atividades
e Tópicos
para Reflexão
transfiguração
e ressignificação
de coisas comuns
Tópicos para Reflexão e Debate:
Como as embalagens de balas, rótulos, tíquetes
Proposta de Atividade – Colagem
de cinema e teatro, jornais etc., tão banais aos nos­
Sob inspiração das colagens do artista alemão
sos olhos, podem ser vistos de forma diferente?
Kurt Schwitters, que coletava materiais ao “aca-
Que tipo de material achado pode ser incorpora-
aqueles que encontramos e usamos no nosso
so” como procedimento artístico para constitui-
do a uma colagem? Como podemos interpretar
as pessoas e sobre o mundo em que vivem.
dia-a-dia, e que têm sido utilizados por artistas
ção de suas obras (intermináveis), proponha que
essas escolhas? Lembramos que, além da sele-
Podemos ter relações diferentes com os objetos,
na composição de seus trabalhos. Quando es-
o grupo crie um arquivo de materiais coletados
ção de diferentes materiais, também faz parte
que podem ter um valor afetivo ou se tornar sim-
ses objetos integram uma obra de arte, perdem
para serem usados em atividades de colagem.
desse jogo a forma como serão dispostos.
plesmente descartáveis. As latas e embalagens
suas funções de objetos utilitários e são desta
Procure estimular o olhar dos alunos para mate-
Pela fluência criativa os artistas arrumam seus
são um bom exemplo: para muitos podem ser
forma ressignificados.
riais que se acumulam em nosso consumo diário,
objetos achados de inúmeras maneiras. Segundo
elementos de uma grande coleção e para outros
combinados com outros que seriam descartados,
a ordem e o tratamento dado pelos artistas, as
algo que não tem mais nenhuma serventia.
mas que neste contexto podem servir para uma
coisas se tornam parte de uma estrutura, uma
criação plástica, como panfletos, bilhetes, pa-
construção artística.
péis de bala, embalagens, retalhos de tecidos,
Por outro lado, guardar um bilhete, cartão ou
fotos velhas, jornais, rótulos, cartões etc.
embalagem pelo momento que ele representa,
A partir deste arquivo proponha ao grupo que
como memória material, já corresponde a dizer:
organize os materiais por diferentes categorias
essas coisas já não são vistas como banais.
(cor, textura, tamanho, procedência, geração),
Quantos de nós guardamos pequenas lembran-
como um cientista (arqueólogo ou antropólogo),
ças de experiências especiais?
estimulando a observação dos materiais pelas
Cada geração tem suas marcas (rótulos de produ-
suas qualidades plásticas e formais, e também
tos) que sem percebermos nos marcam, acompa-
por suas histórias.
nhando os momentos que registram nossa traje-
Você poderá também, a partir da coleção e do
tória de vida.
arquivo de achados, propor que o grupo explore
Esta é uma interessante motivação para se pro-
o conceito de infinito em outra direção – a das
mover uma coleta de “marcas que marcam” as
fluências das ordens. Isto significa dar liberdade
diferentes gerações, convocando pais e avós
e ao mesmo tempo perceber as possibilidades
para contribuir com relatos e exemplos. Quais
infinitas de criação com a redução limitada dos
seriam as nossas marcas preferidas?
Porque nós precisamos de objetos?
Qual é a diferença entre um simples objeto
Em algum momento você já parou para refletir so-
e uma relíquia?
bre o significado dos objetos na sua vida ou na vida
Observe os objetos utilizados na vida cotidiana,
das pessoas? Os objetos contam histórias so­bre
Proposta educativa na
exposição - Apropriações
no MAC - Niterói (2003-2004)
Atividade no módulo
de colagem
Kurt Schwitters (1887-1948)
Tinta Invisível, 1947
Colagem
Propriedade do artista
elementos. O jogo de fluência criativa se estabelece pelas “infinitas” relações e reorganizações
dos materiais acumulados.
Crie diferentes critérios para as escolhas e composições dos materiais:
• acaso x ordem; acaso x escolha afetiva (uso/
consumo)
• cor e textura – composição
• justaposição de imagens – a fotomontagem
• juntando palavras e imagens
10
11
P ropostas de Atividades e Tópicos para Ref lexão
P ropostas de Atividades e T ópicos para Ref lex ã o
o coisário
Proposta de atividade 2:
Construindo uma Assemblagem
Proponha ao grupo que crie uma situação/ar­ru­
Proposta de atividade 1:
Montando um Coisário
Como escolher os objetos que vão construir uma
com um conjunto de objetos escolhidos intencio-
assemblagem? Este é o primeiro desafio desta
nalmente, observando suas relações simbólicas.
Como olhar o nosso cotidiano como se fosse pela
proposta. Uma assemblagem pode partir de vá-
Depois proponha que cada aluno ou grupo escreva
primeira vez?
rios desdobramentos. Um deles pode se dar
uma história sobre o encontro daqueles objetos.
Propomos que seja criado com o grupo um Coi-
através do sorteio de objetos do coisário. O sor-
Uma última instigação pode ser recriar novas as-
sário a partir da coleta de objetos achados ou
teio propicia o acaso, como na bricolage, em que
semblagens a partir de peças construídas anterior-
pertencentes ao cotidiano privado ou público; é
o desafio está em construir um único objeto –
mente; esse processo permite perceber as in­fini­
interessante estimular a coleta de objetos e
como uma colagem – com aquilo que se encontra
tas possibilidades de leituras e construções que
coisas das mais variadas.
disponível, não partindo da escolha consciente
um mesmo conjunto de objetos pode adquirir.
O processo de montar um coisário pede uma
ou afetiva dos objetos.
atitude de curiosidade, admiração e atenção
Uma outra forma de escolher os objetos que vão
Tópicos para Reflexão e Debate
perante o mundo a nossa volta. O coisário é tam-
construir uma assemblagem é partir de uma esco-
Na arte contemporânea, uma assemblagem é
bém parte de uma estratégia educativa que pro-
lha consciente, baseada num critério – os objetos
uma obra tridimensional, figurativa ou não, que
move o aprendizado e o entendimento da expan-
com que você mais se identificou (escolha afetiva)
reúne objetos e/ou materiais diversos, não con-
são dos conceitos da produção artística contem-
versus os objetos que você considera mais co-
vencionais, para se obter um efeito insólito e
porânea – apropriação e deslocamento – na in-
muns (Duchamp “escolhe” os objetos que acha
romper com as técnicas tradicionais da pintura e
serção recíproca entre cotidiano e arte.
mais insignificantes e comuns para fazer seus fa-
da escultura.
Cada objeto coletado pode ser classificado
mosos ready-mades, como a Roda de bicicleta de
Ao apresentarmos estratégias artísticas de res-
numa ficha ou etiqueta segundo seus atributos
1913, a Fonte de 1917 e o Porta-Garrafas de 1964).
significação ou reencantamento diante das coi-
formais (material, cor, forma, tamanho, peso),
“Há uma coisa que pretendo deixar bem claro, é
sas banais, falamos também de uma relação com
que a escolha destes ready-mades não foi nunca
a vi­da, o acaso, e da atenção diante das peque-
di­tada por qualquer razão de caráter estético.
nas coisas. Vivemos em geral preocupados, em
Esta escolha assentava numa reação de indife-
estado de desatenção com tudo que nos cerca;
rença vi­sual e, simultaneamente, uma ausência
perdemos o contato com o presente ou oportuni-
total de bom ou mau gosto... na realidade, uma
dades do acaso. O mistério do acaso é tema de
completa anestesia.”
uma antiga discussão entre poetas, cientistas e
É interessante destacar, em contraponto, artistas
filósofos. “Nada é por acaso”, acreditam muitos.
como Farnese, que escolhe seus objetos de forma
Picasso declarou: “eu não procuro, acho”. Achar
afetiva e intencional, pensando no significado sim­
sem procurar significa “acaso”?
sua origem (natural ou cultural) e sua história,
além de outros critérios: coisas de estimação,
coisas de convivência, coisas de consumo, coisas de violência, coisas descartáveis, coisas da
infância, coisas raras, coisas anônimas...
De cima para baixo,
da esquerda para a direita:
Proposta educativa na
exposição Apropriacões no
MAC-Niterói (2003-2004).
Atividade no módulo de
assemblagem – O Coisário.
Proposta educativa na
exposição Apropriações no
MAC - Niterói (2003-2004)
Atividade no módulo
de assemblagem.
O pente, por exemplo
Dar ao pente função de não pentear
Assemblagens criadas
pelos visitantes na
exposição Apropriacões no
MAC-Niterói (2003-2004).
mação dentro de uma caixa, ou outro recipiente,
bólico de cada um deles. Farnese nem sempre reú­
ne os objetos formando uma única peça, na maio­
ria das vezes os coloca juntos em uma mesma “si­
tuação”/suporte – um armário, uma gaveta, um ora­
tório, uma gamela, uma caixa – o corpo da obra.
Até que ele fique à disposição de ser uma begônia
Ou uma gravânia
Usar algumas palavras que ainda não tenham idioma
Repetir – repetir – até ficar diferente
Repetir é um dom do estilo
Desinventar objetos (Manuel de Barros, Livro das Ignorânças)
12
13
P ropostas de Atividades e Tópicos para Ref lexão
do coisário
ao relicário
Transfigurar uma coisa qualquer em relíquia é
nominá-la, encantá-la de memória futura. É reconhecê-la como extensão de nossa identidade –
capaz de contar um pouco de quem nós somos e
de onde viemos.
Quais são as histórias individuais e coletivas,
contadas por suas diversas vozes, que devem
ser preservadas para o futuro de um lugar/co­mu­
ni­dade? Cada morador traz um futuro para a co­
mu­nidade, a construção de um relicário consiste
em experiências coletivas buscando construir
uma trama relacional de confiança e afeto entre
indiví­duos, com um lugar e seus objetos, a partir
de me­mórias compartilhadas de vidas que vão
se cru­zando e formando a identidade de uma
comunidade.
P ropostas de Atividades e T ópicos para Ref lex ã o
coleções, coletas
e coletivos
Guardar uma coisa não é escondê-la ou
trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la
por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela
iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é,
fazer vigília por ela,
isto é, velar por ela, isto é, estar acordado
por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se
publica,
por isso se declara e declama um poema:
para guardá-lo:
para que ele, por sua vez, guarde o que
guarda:
guarde o que quer que guarde um poema:
por isso o lance do poema:
diferentes formas de selecionar, ordenar e classificar os objetos, explorando o conceito de infinito
partir de diferentes intenções ou circunstâncias
em outra direção – a das fluências das ordens. O
assumem uma atitude de coletores de coisas
jogo de fluência criativa se estabelece pelas “in-
achadas, criando suas coleções/instalações/
finitas” relações e reorganizações dos materiais
obras de arte. Tornam-se em arqueólogos da
acumulados, montando diferentes coleções.
vida contemporânea. A atitude de curiosidade
Proponha aos alunos que criem categorias para
se transforma na constante busca por novida-
os objetos coletados. Discuta com eles, através
des e no maravilhamento com o novo. Os artis-
da experimentação, como a leitura de um conjun-
tas e poetas das apropriações vão ser parte de
to de objetos ou de uma coleção varia de acordo
um movimento de curiosidade e poiésis, de ex-
com sua ordenação; como exemplo você pode
ploração e redescoberta do mundo urbano, do
mostrar-lhes as diversas montagens da instala-
consumo em massa, dos descartáveis e do lixo
ção de Nelson Leirner.
industrial acumulado, como um grande Gabinete de Curiosidades.
A experiência do Projeto Relicário foi
realizada pela Divisão de Arte Edu­
cação do MAC-Niterói em parceria
com o Programa Médicos de Família
da Prefeitura de Niterói. Esta pro­
posta foi realizada em caráter ex­
perimental articulando arte e saúde
em um projeto intersetorial, como
estratégia para a melhoria da qualidade de vida das populações excluídas. A expansão dos conceitos de
museu e do artista para o mundo
contemporâneo é o ponto de partida
14
para uma ação de integração em comunidades. O Relicário consiste em
experiências sucessivas compartilhadas envolvendo a construção “em
rede” de confiança e afeto, de um
lugar e seus objetos de memória de
vidas interligadas, como uma colcha
de retalhos de coisas e histórias.
A implementação de relicários coletivos tem como objetivo a formação
de agentes catalisadores da cultura,
dos re­gis­tros ma­teriais das trajetórias de vida das pessoas que vivem
Tópicos para Reflexão e Debate:
Por que colecionamos coisas? Alguém da turma
tem alguma coleção? Como a organiza?
Que outras coleções vocês conhecem?
Da esquerda para direita:
Quando alguma coisa faz parte de uma coleção
Nelson Leirner (1932)
Objetos do Desejo, 2003 (detalhe)
Instalação; dimensões variadas
ela se torna importante e muitas vezes indispen-
Arthur Bispo do Rosário (1909-1989)
Sem data
Talheres (detalhe);
137 x 47 x 9,5 cm;
Col. Museu Nise da Silveira
Atividade educativa realizada
em conjunto com o Programa
Médicos de Família da
Prefeitura de Niterói (2003)
Atividade realizada na
varanda do Museu
A partir do Coisário coletivo trabalhe com o grupo
São muitas as referências de artistas que a
por guardar-se o que se quer guardar.
Guardar (Antônio Cícero)
Proposta de Atividade:
Montando uma Coleção
sável, pois passa a integrar um grupo. Um mesmo
objeto pode estar em mais de uma coleção?
Qual é a diferença entre um objeto e uma relíquia? Quando um objeto se torna uma relíquia?
em determinadas co­munidades. Envolvendo o con­ceito de mu­­seu-co­
munida­de e as poéticas de pro­dução
artística con­tem­porânea, este pro­
jeto tem em sua base metodológica
a ampliação dos espaços po­tenciais
de ci­dadania por um programa de
arte e ação ambiental. Artistas e mé­
dicos trabalham na reintegração so­
cial, auto-representação, res­ga­te de
me­­mória e au­to-estima, fechando
um cír­culo de comu­ni­cação e imaginação dentro da comunidade.
15
P ropostas de Atividades e Tópicos para Ref lexão
cada olhar uma história
– visões e subversões
Proposta de Atividade:
Cada Olhar uma História
Você poderá também propor ao grupo a constru-
Criar histórias tendo como instigação obras de
mente três cartões para cada aluno ou grupo com
arte é também uma ação de apropriação. To-
a sugestão de que eles criem histórias, poemas,
mando como parâmetro nossa experiência com
a partir das imagens.
o público do MAC-Niterói, propomos que, junto
Através das atividades aqui propostas, quere-
com seu grupo de alunos, você também exercite
mos ressaltar mais uma vez que as imagens são
a imaginação e o olhar criativo concebendo
apropriadas poeticamente como instigações
histórias a partir de um conjunto de reprodu-
para um exercício de liberdade em que cada olhar
ções de imagens de obras de arte.
imaginativo cria uma história.
ção de histórias ao acaso, distribuindo aleatoria-
Para facilitar a dinâmica selecionamos doze
obras da Coleção João Sattamini/MAC-Niterói,
Tópicos para Reflexão e Debate
segundo seu potencial de instigação para leitu-
Cada espectador, sujeito diante de uma obra
ras múltiplas ou jogos interpretativos que cha-
de arte, pode interpretá-la de diferentes for-
mamos Cada Olhar uma História. É importante
mas? Cada interpretação/imaginação pode
ressaltar que o uso dessas imagens pode provo-
formular uma história diferente? Cada olhar
car diversos níveis de exploração envolvendo
conta uma história?
exercícios de observação, memória visual e imaginação, em forma de oficinas de textos.
Cada Olhar uma História – um Breve Histórico
Logo em 1996, o primeiro ano do
MAC-Niterói, se percebeu um outro
acer­vo se formando – o das experiências múltiplas e anônimas, da vontade coletiva de par­ticipação. Através
da estratégia educativa Cada Olhar
uma História, reunimos inúmeras
respostas poéticas dos visitan­tes à
Coleção João Sattamini e às demais
exposições realizadas no museu.
Nesta atividade o público é convidado a participar e escolher algumas
das obras expostas para desenhá-las
e, a partir desta escolha, contar/
escrever uma his­tória. As obras esco-
16
lhidas em cada história são reunidas
a partir de uma motivação intrínseca
(afinidades, ressonâncias, estranhamentos etc.) e articuladas pela imaginação e reflexão do espectador. O
nosso interesse é de incentivar uma
atitude criativa por parte do espectador e, ao mesmo tempo, enfatizar a
dimensão aberta da obra de arte, que
deve ser tomada como ponto de partida para atitudes multiplicadoras de
sentidos. Assim a arte contemporânea alcança sua culminância ao redefinir o papel do espectador na revelação de seus valores/significados.
A coleta e seleção de respostas dos
visitantes se transformou na exposição que celebrou em 1997 o aniversário de um ano do MAC-Niterói – Visões
& (sub)Ver­sões, Cada Olhar uma His­
tória. A atração afetiva e a interpretação imaginativa tornaram-se um princípio de curadoria participativa inusitada na história das exposições do
MAC-Niterói. As obras escolhidas pelo
olhar ativo de adolescentes passaram
a ser temas de histó­rias e leituras paralelas que formaram essa re-visão da
exposição Arte Contemporânea na
Coleção João Sattamini/MAC-Niterói.
Lado direito:
Lado esquerdo, de cima para baixo:
Ivan Serpa (1923-1973)
Sem título, 1964
Óleo sobre tela;
140 x 200 cm
Cláudio Paiva (1945)
Rolling Stones, 1971
Guache sobre papel;
67 x 97 cm
Ivens Machado (1942)
Sem título, 1973
Azulejo colado
em madeira e lâmpada;
156 x 101.5 x 11 cm
Mira Schendel (1919-1988)
Sem título, 1979
Têmper e folha de ouro
sobre eucatex;
55 x 55 cm
Esta é uma das muitas
histórias desenvolvidas
pelos visitantes do Museu:
CONTE, PORANE IDÉIA.
17
Breve Histórico – 12 artistas da Coleção
João Sattamini/ MAC-Niterói
Artur Barrio (Cidade do Porto, Portugal, 1945.)
Artur Alípio Barrio de Sousa Lopes (Porto, Portugal 1945). Começa a pintar
em 1965. Em 1967, freqüenta a Escola Nacional de Belas Artes. Deixa de
lado as técnicas tradicionais da pintura para trabalhar com matérias perecíveis, como lixo, papel higiênico, detritos humanos e carne putrefata. Em
1969, realiza trabalho com Ivald Granato e Luís Pires para a pré-Bienal de
Paris, exposição que deveria acontecer no MAM-RJ. Exibe no Salão da
Bússola as Trouxas Ensangüentadas (T. E.) – em que o público era convidado a interferir -, e depois as coloca sobre a base reservada a uma escultura consagrada nos jardins do MAM/ Rj. A maioria de seus trabalhos
consiste de “situações”, como ele as chama. Tratam-se de intervenções
diretas no espaço urbano. Participou em várias edições da Bienal Internacional de São Paulo. Participa da exposição coletiva – Diálogo, Antagonismo e Replicação no MAC-Niterói em 2002.
Cildo Meireles (Rio de Janeiro, 1948)
Cildo Meireles inicia estudos de arte em Brasília, com Felix Alejandro Barrenechea, em 1963. Freqüenta por dois meses a Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, em 1967. Seu trabalho se caracteriza pela diversidade
de técnicas e suportes empregados – pintura, desenho, escultura, ambiente,
happening, instalação, performance, fotografia, conjugando-os em múltiplas linguagens que discorrem sobre questões sociais e políticas Realiza a
exposição Geografia do Brasil que é apresentada no Museu de Arte Moderna
Aloísio Magalhães, em Recife em 2001, no Museu de Arte Moderna da Bahia,
Salvador em 2002 e no Espaço Cultural Venâncio em Brasília em 2002.
Comentários Críticos
“Os trabalhos de Cildo se inscrevem no quadro do experimentalismo da
arte contemporânea brasileira. Este quadro tinha como referências as
tendências construtivas vigentes nos anos 50 e as tentativas pop dos anos
60. Nos trabalhos de Cildo, encontramos um sistema que se poderia chamar
de visionário, coerente e rigoroso, aglutinador de experiência, que articula
desde gestos insignificantes do cotidiano às grandes estruturas sociais.”
Paulo Venâncio Filho
Farnese De Andrade (Araguari, Minas Gerais, 1926 – 1996)
Nasceu em Araguari em 1926. Em Belo Horizonte entre 1945 e 1948, estudou
desenho com Guignard. Nas décadas de 50 e 60, ilustrou livros, revistas e
jornais. Entre 1959 e 1961, freqüentou o ateliê de gravura do MAM/RJ. Em
1970 recebeu o prêmio viagem ao exterior para Espanha. Falece no Rio de
Janeiro em 1996. Em 2000, no Espaço Porto Seguro em São Paulo, foi realizada a retrospectiva Imagens aprisionadas; a foto/objeto em Farnese de
Andrade, com obras pertencentes a várias coleções do Rio e de São Paulo.
“A tônica de seu raciocínio talvez esteja na tentativa constante de aproximar elementos opostos: a cabeça da boneca (...) e a cabeça do ex-voto, o
oratório (...); um jogo de esconder e revelar, um convite à participação
cúmplice do espectador”. Arlindo Daibert
“Com seus Objetos, exorciza fantasmas e exercita a memória, realizando
assim, uma espécie de arqueologia existencial.” Frederico Morais
Ivens Machado (Santa Catarina, 1942)
Iniciou sua carreira como gravador, ingressando posteriormente na Escola
de Arte do Brasil, no Rio de Janeiro no curso para professor de arte. Foi
aluno de Anna Bella Geiger. Entre prêmios e exposições destaca-se em
1988 na Mostra Modernidade – Arte Brasileira do século XX, no museu de
arte moderna de Paris e Brasil Projects PS1, em Nova York. Em suas exposições mais recentes, destacamos a Mostra do Redescobrimento/ Arte
Contemporânea (Fundação Bienal de São Paulo – SP, 2000), Palavra/
Imagem no MAM- RJ em 2001, Violência e Paixão, no MAM- RJ e no Santander Cultural em Porto Alegre – RS, ambas em 2002; em 2003, participou da
IV Bienal do Mercosul, em Porto Alegre e do Projéteis de Arte Contemporânea, FUNARTE, RJ.
Comentários Críticos
“Ivens não molda ou desbasta seu trabalho. Ele monta a partir de elementos independentes, que por vezes têm um sentido próprio, em uma unida-
18
de autônoma e diferente do significado original de cada um deles. (...) As
esculturas de Ivens Machado são construções, tal como casas, edifícios,
pontes, mas são arquiteturas sem projeto. (...) Tal repertório construtivo
poderia anunciar os termos de uma certa modernidade, e efetivamente o
faz, mas as formas que resultam desse antidesenho parecem contrariar de
propósito qualquer idéia de norma, controle ou disciplina.” Reynaldo
Roels Jr e Milton Machado
Jorge Barrão (Rio de Janeiro, 1959)
Desenhista e artista multimídia, representante da Geração 80, Jorge Barrão participou do grupo 6 Mãos com Ricardo Basbaum e Alexandre Dacosta, entre 1983 e 1991, desenvolvendo várias atividades: vídeo, pinturas ao
vivo, musicais, performances e execução de objetos.
Em 1995, surge o grupo hipermidiático – Chelpa Ferro, do qual faz parte.
Onde seus participantes atuam misturando música eletrônica, vídeos,
esculturas e instalações multimídia, com gravações em CD. Em 2002 Barrão participa da exposição – Diálogo, Antagonismo e Replicação no MACNiterói. O grupo Chelpa Ferro criou em 2003 um trabalho, (uma mesa) para
o balé 4 por 4 da coreógrafa Deborah Colker.
Comentários Críticos
“Barrão faz com que objetos comuns (muitos deles conhecidos como
eletrodomésticos) passem a ter uma nova ordem de funcionamento, deixando de lado sua utilidade “familiar” (doméstica) e desempenhado tarefas “exóticas” para as quais não tinham sido (exatamente) construídos.
Barrão é antes de tudo um artista Pop. A grande lição do Pop é gostar do
mundo, das coisas do mundo. Barrão nos ensina a gostar ainda mais das
coisas como telefone, televisão ou aspirador de pó. “ Hermano Vianna
Nazareth Pacheco ( São Paulo, 1961)
Nazareth Pacheco e Silva (São Paulo SP 1961) cursa artes plásticas na Universidade Mackenzie, São Paulo, de 1981 a 1983. Viaja para Paris e freqüenta, em 1987, o ateliê de escultura da École National Superieure des BeauxArts. Titula-se mestre em artes pela Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo, ECA/USP, em 1999. No início dos anos 90, participa de workshops com Iole de Freitas, Carmela Gross, José Resende,
Amilcar de Castro, Nuno Ramos e Waltercio Caldas, e apresenta as primeiras
peças tridimensionais: objetos filiformes manipuláveis de metal ou borracha. Em 1993, começa a trabalhar com pequenas caixas repletas de objetos.
Apresenta posteriormente uma série de espéculos de acrílico. Em 1997,
exibe colares e vestimentas feitos de cristal e instrumentos de perfuração.
Comentários Críticos
“O nome de Nazareth Pacheco está ligado a uma geração de artistas surgida no final dos anos 80 e início dos 90. /Em 1988, começa a trabalhar
esculturas filiformes, associando às longas fitas de borracha ou latão formas pontiagudas, que remetiam incontestavelmente a instrumentos de
dor. /Convidada por Tadeu Chiarelli a integrar o Panorama da Arte Brasileira de 1997, no qual foi premiada, a artista apresentou a produção de colares e vestidos. Concebidos para adornar, a fim de compensar os limites de
nossa frágil existência, tornavam-se cada vez mais ameaçadores.” Lisette
Lagnado
Nelson Leirner (São Paulo, 1932)
Em 1958, freqüenta por curto período o ateliê de Samson Flexor. Em 1966,
funda com outros artistas o Grupo Rex. Em 1967 realiza a Exposição-NãoExposição, happening de encerramento das atividades do grupo. Envia
para o Salão de Arte Moderna de Brasília um porco empalhado e questiona
publicamente, pelo Jornal da Tarde, os critérios que levaram o júri a aceitar
a sua obra. Em 1974, expõe a série A Rebelião dos Animais, cujos trabalhos
criticam duramente o regime militar, pela qual recebe da Associação Paulista dos Críticos de Arte o prêmio melhor proposta do ano. Em 1997,
muda-se para o Rio de Janeiro e passa a dar aulas na EAV/Parque Lage. Em
1999 participa da 48ª Bienal de Veneza e em 2002 -da 25ª Bienal Internacional de São Paulo, com uma sala especial. No ano de 2002 participa da
25ª Bienal Internacional de São Paulo, com uma sala especial; também
expõe sob o título de Arte e não arte na Galeria Brito Cinimo.
Comentários Críticos
“O Grande Desfile, montado em 1984 no Museu de Arte Moderna do Rio de
Janeiro, consistia no enfileiramento portentoso de algumas centenas de
objetos –feitos para a veneração ou o entretenimento – retirados do extenso
repertório simbólico que habita o imaginário popular do país. / No MACNiterói em 2003 – Nelson Leirner pela primeira vez agrupou as imagens em
dois conjuntos espacialmente separados, ainda que, postos um defronte do
outro, pareçam se equivaler no poderio simbólico. Síntese das vontades
difusas dos agrupamentos, as imagens feridas são Objetos de Desejo imaginários, (...)” Moacir dos Anjos Rubens Gerchman (Rio de Janeiro, 1942)
Estudou desenho no Liceu de Artes e Ofícios, no Rio de Janeiro, em 1957.
Entre 1960 e 1961, freqüentou a Escola Nacional de Belas Artes e cursa xilogravura com Adir Botelho. Em 1967, com o prêmio viagem ao estrangeiro
do Salão Nacional de Arte Moderna, viaja para os Estados Unidos. Entre
1968 e 1972 reside em Nova York e torna-se membro-fundador do Museu
Latino-Americano do Imaginário. Entre 1975 e 1979, dirige a Escola de Artes
Visuais do Parque Lage. Em meados da década de 70, é co-fundador e diretor da revista Malasartes. Em 1982, passa um ano em Berlim como artista residente a convite do Deutsche Akademischer Austauschdienst Künstler Program. Em 2000 lança, em São Paulo, álbum com 32 litografias,
primeiro volume da coleção Cahier d’Artiste, da Lithos Edições de Arte.
Expõe no MAC-Niterói em 2001.
Comentários Críticos
“O volume torrencial de imagens que criou em vinte anos de carreira é
sensacional. Algumas dessas imagens são definitivas e marcam época,
como A Bela Lindonéia, obra-síntese do tropicalismo, (...) estas imagens
vão além do campo estético, têm uma dimensão sociológica, antropológica, política, tocam fundo a alma do país. (...) Discute o transporte coletivo,
a habitação popular, o trabalho, o lazer, o consumismo e a publicidade, a
cultura de massa, (...) a violência policial. Frederico Morais
Waltercio Caldas (Rio de Janeiro, 1946)
No início dos anos 70, através de sucessivas exposições, sendo duas no
MAM-RJ (1973 e 1976) e uma no MASP (1975), Waltercio abriu um novo
rumo para a arte conceitual no Brasil. Seus dispositivos críticos, cuja inteligência só encontrava concorrência no humor fino e perverso que subvertia toda a lógica do consumo visual, foram sutilmente infiltrados no sistema de arte. A partir dos anos 80, o que antes poderíamos classificar como
“objetos” passam de modo evidente para o campo escultórico. As exposições de Waltercio, desde os anos 80, têm estado presentes em diversas
cidades do mundo, em importantes instituições, destacando-se sua participação na Documenta IX de Kassel, em 1992. Em 2001 realizou a retrospectiva Waltercio Caldas 1985-2000 no Centro Cultural Banco do Brasil – RJ;
no ano seguinte, participou do projeto Artecidade no SESC Belenzinho em
São PauloEm 2003 seus trabalhos integram a exposição “Desenho anos
70” no MAM – RJ.
“As peças, as coisas de Waltercio Caldas se impõem ao olhar por uma sutileza provocativa. Aparentemente ascéticas, elas deixam a luz, o ar, o vazio
atravessá-las e respondem, com uma espécie de materialidade imaterial,
às tagarelices vãs do mundo. Eu sei que elas se querem ”objetos no mundo”, mas essas coisas decepcionam e iludem o mundo se este se quer fixidez e imobilidade.” José Thomaz Brum
Antonio Dias (Paraíba, 1944)
Nasce em Campina Grande, Paraíba em 1944. Em 1957 mudou-se para o Rio
de Janeiro e estudou sobre a orientação de Oswaldo Goeldi na Escola Nacional de Belas Artes. Realizou trabalhos de artes gráficas e projetos de
programação visual. Em 1965, participou da “Opinião 65” e em 1967, da
“Nova Objetividade Brasileira”, ambas no MAM/RJ. Nesse mesmo ano recebeu uma bolsa e mudou-se para Paris. Em 1968 foi para Milão, cidade
onde até hoje mantém uma de suas residências e ateliê (as outras são em
Colônia e no Rio de Janeiro). Ainda neste ano, iniciou suas investigações
conceituais concentradas na reflexão poética entre palavra/imagem, sendo
portanto um dos pioneiros nessa linha de experiências junto com Joseph
Kosuth e o grupo britânico da Art & Language.
Comentários Críticos
Sobre um trabalho da década de 60, Paulo Sergio Duarte comenta “A pintura é de uma rudeza e simplicidade agressivas. É um constructo de imagens complexo onde o encontro é arbitrário, como nos sonhos ou em associações de idéias. Mas não há sono nem divã, há um movimento contrário, querendo despertar o olhar e afirmar a necessidade de reinventar o
significado. Talvez por isso, a pintura não se acha suficiente, se desdobra
em volume, em escultura estranha, sem a rigidez tradicional da estatuária,
as formas coloridas acolchoadas se prolongam do quadro em nossa direção, como se, por causa do nosso temor ou indiferença, nos procurasse
para revelar um segredo...Aquele que tenta se aproximar de um trabalho
de Antônio Dias, desse período, pelos filtros da Pop Art americana ou da
Nova Figuração européia, se desorienta. Seu trabalho demonstra, com
força, que o território simbólico explorado pelos artistas no Brasil tem
fronteiras próprias.”
Ivan Cardoso (Rio de Janeiro, 1952)
É artista plástico, fotógrafo, cineasta, produtor e jornalista. Seus trabalhos têm como tema a apropriação de objetos banais retirados do cotidiano. Ivan Cardoso é mais conhecido por sua obra como cineasta, especialmente por seus longa-metragens O Segredo da Múmia, As Sete Vampiras
e O Escorpião Escarlate. Nas últimas três décadas, fez curtas-metragens
focalizando figuras como o sambista Moreira da Silva, o escritor Dyonélio
Machado, o cineasta José Mojica Marins, o artista plástico Hélio Oiticica e
os poetas Torquarto Neto e Augusto de Campos. Muito ligado a Oiticica
(1937-1980), em 1979 fez HO e, em 2002, Cardoso criou Heliorama, um
outro filme sobre o criador dos Parangolés.
Palavra do Artista
“Nas participações de Hélio Oiticica nos meus filmes, ele ficava meio perdido, desapercebido... Muitas imagens ficaram guardadas, inéditas”, explica
Ivan. Sobre Heliorama, diz Ivan: “Cada vez mais eu acho esse meu trabalho
de documentarista muito importante. O cinema de fato é a melhor maneira
das pessoas que não conheceram Glauber, Hélio e outros nomes importantes. Daqui a 20, 30 anos esses vão ser filmes fundamentais para as pessoas
entenderem a época e o que foi o trabalho desses artistas”, conta.
Cláudio Fonseca (Rio de Janeiro, 1949-1993)
Formou-se em arquitetura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). Foi aluno de Anna Bella Geiger . Pintor, arquiteto e professor, tendo
dado aulas no Parque Lage ( Escola de Artes Visuais – EAV) DE 1986 – 1988.
Participou da exposição emblemática em 1984 no Rio de Janeiro RJ - Como
Vai Você, Geração 80?, na EAV/Parque Lage. Depois de transitar pelo
conceitualismo na década de 70, volta-se para a pintura. O interesse por
animais selvagens se desenvolve no seu retorno da Europa, em 1996. Na
construção de suas telas o artista apropria-se da pele de feras como suporte e como elemento de sua pintura, formando uma intrigante simbiose.
Participou da exposição Apropriações no MAC-Niterói em 2003.
Comentários Críticos
“Saído da prática conceitual, nos anos 70, um primeiro momento da nova
pintura de Cláudio Fonseca, entre a suspensão e o sedimento, propunha a
reencenação da Natureza sendo criada. Era, então, a pura energia se deslocando de sua orgulhosa força virgem para a maravilhada hora primeira
das formas elementares. A energia que cede uma parcela de sua perpétua
volúpia indomada e aceita fixar-se nesse instante de pausa, passagem e
transfiguração que é o quadro. Valia o impulso barroco que se dispõe a
imitar a natureza apenas para melhor reivindicar o artifício. Ascensão,
metamorfose, vertigem: o rapto do barroco nos levava, ali, ao momento
inaugural em que o magma se vai transformando em Nome. Depois das
montanhas, das pedras e dos corpos, em tinta-lava, vieram, no entanto,
mais recentemente, as pinturas e as quase-montagens habitadas de um
mesmo felino animal. Uma idéia querendo se afirmar através do fetiche da
sábia violência.” Roberto Pontual
19
Prefeito de Niterói
Godofredo Pinto
MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE NITERÓI
Referências Bibliográficas
Conselho Deliberativo
BARROS, M. Livro das Ignorãças. São Paulo. Editora Record,1999.
João Sattamini (presidente), Anna Maria Niemeyer,
Carlos Roberto Siqueira Castro, Cláudio Valério Teixeira,
Ítalo Campofiorito, Janete Costa, João Sampaio,
Jorge Roberto Silveira, Marcos Gomes, Marilda Ormy,
Naum Rifer, Oscar Niemeyer, Otávio Rainho,
Ronaldo Pontes, Victor Arruda
BARTHES, R. Elementos de Semiologia. São Paulo : Editora Cultrix, 1982.
Diretor
ALEXANDER, E. Museums in Motion: in introduction to the History and Functions of Museums.
New York: Altamira Press,1996.
ARGAN, G. C. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
BACHELARD, G. A Poética do Espaço. São Paulo : Livraria Martins Fontes Editora LTDA, 1989.
Luiz Guilherme Vergara
ECO, U. Obra Aberta. São Paulo: Perspectiva, 1962.
Diretora da Divisão de Acervo
DEWEY, J. A Arte como Experiência. Coleção Os Pensadores. Rio de Janeiro: Editora Abril, 1978.
Márcia Muller
FREIRE P. Ação Cultural para a Liberdade e Outros Escritos. Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1982.
Diretora da Divisão de Museologia
JANSON, H. W. História da Arte. Lisboa: Fundação Caloustre Gulbenkian, 1997.
Angélica Pimenta
MORIN, E. Ciência com consciência. Para o Pensamento Complexo. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2003.
Conservação de Obras de Arte
Nice Mendonça
A Cabeça Bem-Feita: Repensar a Reforma, Reformar o Pensamento. Rio de Janeiro: 2004.
Secretária Executiva
OITICICA, H. Em Aspiro ao Grande Labirinto, Rio de Janeiro: Editora Rocco,1986
Kátia Mendonça
Parâmetros Curriculares Nacionais. Ministério da Educação. Brasília, 2001
Diretora da Divisão de Administração
Telma Lasmar
Cartões Postais
Assistentes
Alexandre Vasconcellos, Luís Rogério Baltazar
1. Antonio Dias (1944)
Vencedor?, 1965
Cabide de pé com construção
em madeira pintada, tecido
acolchoado e capacete militar
181 x 70 cm
Coleção Particular João Sattamini
2. Farnese de Andrade (1926-1996)
Armário do Dragão, 1985
Técnica mista, madeira,
tinta acrílica e resina
154 x 103 x 54 cm
3. Cildo Meireles (1948)
O Pensador ou Parla, 1982 c.
Madeira, couro, pedra
126.5 x 56.5 x 132.5 cm
4. Waltercio Caldas (1946)
A Ilusão, sem data
Caixa de couro e veludo
e coroa de metal e strass
26.5 x 12 x 28.5cm
5. Nelson Leirner (1932)
9. Cláudio Fonseca (1949 - 1993 )
Terra à Vista, 1998
Técnica mista
Dimensões variadas
Coleção MAC - NITERÓI
Onça, a Fera Adormecida, 1985
Óleo e pele de animal sobre tela
89 x 116 x 3 cm
6. Nazareth Pacheco (1961)
Sem título, 1997
Miçangas de cristal e agulhas
50 x 40 x 6 cm
7. Jorge Barrão (1959)
Sem título, sem data
Acrílica e Televisão
145 x 36 x 28 cm
8. Ivens Machado (1942)
Sem título, 1973
Azulejo colado
em madeira e lâmpada
156 x 101.5 x 11 cm
10.Ivan Cardoso (1952)
Seductor, sem data
Montagem de caixotes de frutas
85 x 116 x 3 cm
11.Rubens Gerchman (1942)
Caixa do homem só, 1967 c.
Acrílica, sobre madeira,
metal e plástico
52.8 x 53.1 x 6.2
12. Artur Barrio (1945)
Trouxa Ensangüentada
(protótipo), 1969
Óleo sobre tecido e barbante
24.5 x 20 x 11.5 cm
Diretor da Divisão de Arquitetura
Sandro Silveira
Coordenador de Projetos de Arquitetura
Manoel Vieira
Assessoria de Imprensa
José Carlos Assumpção
Diretora da Divisão de Arte Educação
Beatriz Jabor Hugueney
Equipe de Arte Educadores
Eduardo Souza, Ivan Henriques,
Márcia Campos, Maria Thomaz
Estagiárias de Arte-Educação
Rebeca Rasel e Roberta Condeixa
Núcleo de Produção Cultural
Tereza Monteiro, Carlos Martins,
Leandro Almeida, Taissa Bencke
Bibliotecária
Leda Abbês
Assistente
Beatriz Lemos
Estagiário
Phablo de Carvalho
Créditos da Publicação
Textos
Produção Executiva
Luiz Guilherme Vergara
Carlos Martins
Tatiana Assumpção
Assessoria Editorial,
Textos das Atividades e Pesquisa
Beatriz Jabor Hugueney
Eduardo Souza
Ignês Guimarães
Ivan Henriques
Márcia Campos
Maria Thomaz
Tatiana Assupção
Revisor de texto
Itamar Rigueira Jr.
Fotografias MAC
Alessandro Gomes
Projeto Gráfico
Dupla Design
Mirante de Boa Viagem, s/nº Boa Viagem
Niterói - RJ - Brasil - cep 24210 390
Tel. / fax: 21 2620-2400 / 2620-2481
visitas guiadas para grupos
marcar com antecedência
na Divisão de Arte e Educação,
pelos tels.: 21 2620-2400 e 2620-2481
20
21
Mirante de Boa V iagem, s/nº Boa Viagem
Niterói - RJ - Brasil - cep 24210 390
Tel. / f a x: 21 2620 240 0 / 2620 2481
22

Documentos relacionados