Abrir Resumo

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Primeiros passos para a identificação molecular de ácaros pertencentes a
família Phytoseiidae (Acari: Mesostigmata).
Izadora R. de Oliveira¹, Emiliano B. de Azevedo², Marie-Stéphane Tixier³
¹Universidade Estadual de Londrina, Centro de Cencias Agrarias, CEP 86051-990, Londrina, PR,
[email protected]
²Universidade Federal do Tocantins, CEP 77402-970, Guarupi, TO, [email protected]
³Montpellier SupAgro, Unité Mixte de Recherche Centre de Biologie pour la Gestion des Populations INRA/ IRD/ CIRAD/
Montpellier SupAgro, Campus International de Baillarguet, CS 30016, 34988 Montferrier-sur-Lez cedex, France. Tel.: 00 33
4 30 63 04 24 / Fax: 00 33 4 99 62 33 45.
O diagnóstico taxonômico é uma etapa essencial para qualquer trabalho científico biológico. Ele
envolve a utilização de diferentes técnicas de análise morfológica (qualitativa e quantitativa),
citogenetica e molecular. Nosso trabalho se baseia na identificação molecular de ácaros pertencentes
a família Phytoseiidae, amplamente utilizado em programas de controle biológico contra ácaros-praga
presente em várias culturas no mundo todo. Este estudo tem como objetivo proporcionar uma maior
confiabilidade a este diagnóstico e torná-lo acessível a um maior número de interessados. A
identificação de fitoseídeos hoje é baseada, principalmente, na observação de caracteres
morfológicos, no entanto, em certos casos, esta identificação pode ser considerada pouco precisa,
devido (i) a dificuldade de observação de caracteres e diferenças entre estes organismos
microscópicos (< 500µ) e (ii) a falta de conhecimento sobre a precisão de certos caracteres utilizados
na diferenciação de espécies, i.e limite entre as diferenças intra e interespecíficas. Recentemente,
foram desenvolvidos métodos e conceitos de identificação molecular, enquadrados, principalmente,
em trabalhos do “barcoding of life”. Após vários estudos em casos específicos de sinonímias dentro da
família Phytoseiidae, certos genes foram considerados aptos para a diferenciação de espécies desta
família, sendo eles, dois genes mitocondriais (12S rRNA e Cytb mtDNA) e um nuclear (ITS). O intuito
deste projeto é a formação de um banco de dados associando o nome dos fitoseídeos identificados
morfologicamente à sua respectiva sequência de DNA para os três genes mencionados anteriormente.
Para realizar este trabalho, os ácaros fitoseídeos são coletados em diferentes locais do mundo, dentro
e fora de áreas cultivadas, a fim de obter uma considerável diversidade de espécies. Os fitoseídes
coletados são preservados em álcool a 100%. Uma vez no laboratório, os ácaros são montados entre
lâmina e lamela com ácido lático, que ajuda a digerir os tecidos internos e não degrada o DNA, desde
que o ácaro permaneça no líquido por até duas horas. Assim, observações no microscópio à contraste
de fase permitem identificar, ao menos, o gênero ao qual o indivíduo coletado pertence. Após a
identificação, o ácaro é novamente acondicionado no álcool a 100% e a extração de seu DNA é
realizada segundo o protocolo Quiagen adaptado para ácaros. O phytoseiidae, após a extração, é
recuperado e montado entre lâmina e lamela contendo líquido de Hoyer e identificado segundo suas
características morfológicas, formando um verdadeiro “voucher specimen”. Até o momento, 45
espécies foram sequenciadas e o banco de dados contem mais de 1500 sequências. Praticamente
todas as espécies utilizadas em controle biológico foram sequenciadas (i.e Phytoseuilus persimilis, P.
macropilis, Neoseiulus californicus, Neoseiulus womersleyi, Galendromus occidentalis, Ambyseius
swirskii, A. andersoni, Typhlodromus pyri, Kampimodromus aberrans...). Este trabalho ainda está em
andamento, por um lado para aumentar o número de espécies do banco de dados, uma vez que a
família Phytoseiidae contempla mais de 2000 espécies descritas, e por outro para determinar as
amplitudes das diferenças moleculares que permitem a diferenciação de espécies. Assim, a
expectativa é de melhor caracterizar as diferenças e atribuir corretamente o nome de uma espécie em
função de sua sequência. Os primeiros resultados obtidos mostram que as distâncias genéticas
intraespecíficas são muito menores que as distâncias interespecíficas, o que facilita a diferenciação de
indivíduos morfologicamente parecidos. Este estudo científico abre novas portas para a identificação
de espécies de fitoseídeos. Alem dos objetivos esperados, esta base de dados permitira identificar
casos de espécies crípticas, determinar a confiabilidade das características morfológicas e
experimentos idênticos, mesmo na ausência de fêmeas ou na presença de imaturo (atualmente
inviável).
Palavras-chave: Phytoseiidae, identificação molecular, banco de dados.
Apoio/financiamento: CAPES, Montpellier SupAgro, Projet Bibliothèque du vivant, ANR NeoCal.

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