Plano de aula - Padrão de beleza e midia
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Plano de aula - Padrão de beleza e midia
PET - CIÊNCIAS SOCIAIS PROJETO DE EXTENSÃO – ENSINO MÉDIO ROTEIRO DE AULA – GRUPO I TEMA DA AULA: Mídia e padronização da beleza feminina Objetivos do professor: Visa para o aluno: FORMULAR UMA SITUAÇÃO-PROBLEMA QUE ENCAMINHE À QUESTÃO SOCIOLÓGICA A estratégia da aula, no início, visa partir de um veículo da indústria cultural (novela “Gabriela”) atentando para as diferentes representações da personagem principal nas duas filmagens da história (1975 e 2012). Despertar o interesse da turma. Iniciar o desenvolvimento de uma reflexão a partir de uma situaçãoproblema apresentada. Fazer uma ‘provocação’ sociológica interessante a partir da situação. Compreender que a dúvida metodicamente orientada é o caminho para a elaboração do conhecimento. O “mote” da aula surgirá a partir de imagens da personagem Gabriela interpretada por Sonia Braga, em 1975, e por Juliana Paes, em 2012 (ANEXO 1). Perguntar aos alunos qual dessas mulheres é mais bonita e por que. Possivelmente responderão em favor da segunda, por sua imagem ser mais adequada aos padrões de beleza hoje vigentes. Em seguida, mostrar algumas cenas da novela antiga e da atual, a fim de fazer com que os alunos se familiarizem com as semelhanças e/ou diferenças entre as duas filmagens. FORMULAR UMA PERGUNTA A PARTIR DA SITUAÇÃO APRESENTADA. ESTA PERGUNTA DEVE ASSUMIR A FORMA DE UMA QUESTÃO SOCIOLÓGICA “Como podemos explicar as diferenças da personagem nas duas versões da novela?” Para ajudar na resposta dos alunos, será feita a leitura coletiva do artigo “’Gabriela’ do HD fez depilação a laser”, publicado no site da revista Veja em 21/06/2012. É possível que os alunos elenquem como resposta a essa questão o simples fato de serem atrizes diferentes, ou de diretores diferentes ou ainda que a própria demanda do público mudou. Formular como hipótese e buscar defender que, para além do interesse do público, as diferentes épocas criam diferentes padrões de beleza - sempre veiculadas pela mídia, por ser ela instituição moderna de produção cultural em massa e porque ela produz o que é legítimo ou aceitável. FUNDAMENTAR ESTA PERGUNTA EM NOVAS SITUAÇÕES .Buscar mostrar outros personagens, outros atores e atrizes que mudaram o físico ao longo do tempo. Ver anexo 2. Fundamentar a pergunta sociológica em novas situações corriqueiras. Refletir sobre situações próximas de modo novo. Desenvolver faculdades de observação, descrição e análise metódica de situações diversas. DEMONSTRAR QUE AS SITUAÇÕES ELENCADAS REFEREMSE A FENÔMENOS SOCIALMENTE CONDICIONADOS Isso será feito por meio das imagens Observa-se que o padrões mudam ao longo da história, por exemplo, vendo que antes predominavam os cabelos volumosos e cacheados, e agora o liso; antes não era comum cirurgia plástica no nariz, nos seios nem botox. Demonstrar que o fenômeno que se descreve nas situações elencadas é, de fato, um fenômeno sociológico, ou seja, é socialmente condicionado. Possibilitar a ‘desnaturalização’ do fenômeno por meio do ‘deslocamento’ espacial ou temporal didaticamente conduzido. SINTETIZAR O(S) CONCEITO(S) SOCIOLÓGICOS QUE AJUDAM A PENSAR O FENÔMENO . Atualmente existe - em especial para as mulheres - uma pressão em relação a serem bonitas para obterem sucesso. Segundo Naomi Wolf, esse sentimento é gerado por meio do mito da beleza, segundo o qual as mulheres só poderão obter sucesso (seja nos relacionamentos ou na vida profissional), se seguirem um determinado padrão do que é belo. Em outras palavras, por meio desse mito, passa-se a acreditar que a beleza é um conjunto de características invariáveis e universais (ou seja, uma mulher só pode ser bonita se tiver cabelo liso ou cachos “disciplinados”; se for magra ou tiver “corpo-violão”, mas jamais o será se for velha ou gorda). Os padrões de beleza se formam e são divulgados por meio da circulação e produção de imagens, seja por meio do cinema, da televisão, das revistas ou da internet. O conjunto de meios de produção cultural em massa chamase indústria cultural (ADORNO & HORKHEIMER, 1944).Ela constitui-se num sistema integrado e coeso, permitindo com que, por exemplo, o padrão de beleza da televisão seja o mesmo do da música, ou da revista de moda. Ao longo do tempo, mudam-se os padrões propostos por essa indústria, conforme podemos constatar pelas diferentes “Gabrielas” de cada versão da novela de Jorge Amado. É importante ressaltar as versões da personagem de cada época representam um ideal aceitável do que seria uma mulher ao mesmo tempo selvagem e sedutora (características da Gabriela do livro). Assim, na década de 1970 era possível a personagem principal ter, por exemplo, pelos nas axilas, por fazer referência à cultura hippie e, Apresentar o(s) conceito(s) sociológicos que ajuda(m) a pensar o fenômeno. Ajudar o aluno na elaboração teóricoconceitual dos exemplos propostos. Desenvolver o raciocício sociológico. Compreender que fenômenos referidos sofrem condicionamentos sociais. Desnaturalizar as instituições e formas de conduta que são familiares através da perspectiva sociológica. Aprender a elaborar aquelas situações elencadas no nível teóricoconceitual. Aprender a aproximar, distanciar ou discriminar situações diferentes a partir de um conceito científico na área das ciências sociais. portanto, a um elemento da própria indústria cultural. Hoje em dia, possivelmente uma personagem com pelos só poderia aparecer na forma de vilã ou excêntrica sem importância na história. Mais do que a impossibilidade da atriz Juliana Paes de deixar crescer os pelos por ter feito depilação a laser, a questão passa pela inadequação dessa característica aos às possibilidades de “beleza” existentes atualmente. É importante ressaltar que a indústria cultural é a mais importante instituição de produção do padrão de beleza (ou, nos termos de Adorno e Horkheimer, reprodução mecânica do belo), bem como da rejeição ao fora do padrão. Conforme ela cresce, sua influência sob a vida das pessoas aumenta, produzindo necessidades de consumo. Pode-se ver, no anexo 3, o crescimento da indústria cultural no Brasil, sugerindo-nos que a “beleza” considerada imutável e invariável atinge cada vez mais pessoas em nosso país. A divulgação cada vez mais ampla dos padrões de beleza “universais” acaba, segundo Naomi Wolf ,também auxiliando a movimentar as compras da indústria dos cosméticos e das dietas. . Pensar trecho(s) de texto(s) sociológico(s) que traga o(s) conceito(s) para ser lido pelos alunos durante a aula. RESPONDER A PERGUNTA PROPOSTA NO INÍCIO A PARTIR DA PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA A partir da perspectiva da sociologia, pudemos compreender que os padrões de beleza surgem a partir dos meios de produção de imagens em massa, ou seja, as revistas, o cinema, a internet e a televisão. Além disso, vimos que o termo “beleza”, do ponto de vista da indústria cultural, é entendido como um conjunto único e imutável de características físicas aceitáveis socialmente, ainda que na verdade ele mude. DESENVOLVER UMA FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO Descrever e justificar as razões do uso da ferramenta de avaliação que propôs. Anexá-la a este roteiro. Sintetizar a contribuição da sociologia. Fazer uma conclusão coerente da aula. Criar um instrumento para avaliação do nível de aprendizagem. Compreender a contribuição da sociologia para a reflexão do tema proposto Desenvolver autonomamente um reflexão que permita, a um só tempo, a aprendizagem e a avaliação do processso didático proposto. http://veja.abril.com.br/blog/quanto-drama/folhetinescas/gabriela-do-hd-fez-depilacao-a-laser/ ANEXO 1 ANEXO 2 Maitê Proença Carla Perez Christiane Torloni ANEXO 3 – CRESCIMENTO DA INDÚSTRIA CULTURAL NO BRASIL DECADA TELEVISAO (em domicílio) 46,6% Fonte: Anuário INTERNET (em domicílio) -- 1980 Estatístico do Brasil, 1980. 55% Anuário Estatístico do Brasil, 1997. -- 1990 80% (referente a 1991) 1970 Anuário Estatístico do Brasil, 1997. Após anos 2000. 95%. Fonte: IBGE, 2010. 2,9 % (Fonte: Anuário Estatístico do Brasil de 2002, referente a 1999) 38% (Fonte: CETIC.br – TIC Domicílios e Usuários, referente a 2011) Assinantes/conexões Milhões Usuários de Internet 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 - 32,5 39,0 62,3 67,5 73,9 79,9 Domicílios % com 1970 1980 1991 2005 2006 2007 2008 2009* 2010 2011 Televisão 46,6% 55% 80% 91,4% 93,0% 94,5% 95,1% 95,6% 95,0% 96,9% Nota: Até 2003, não inclui a população da área rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá. Obs: de 1970-1991 os dados foram retirados do Anuário Estatístico do Brasil do IBGE.