artigo renata helena alberto ruffo
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ – UENP 1 INSTITUTO BRASILEIRO DE THERAPIAS E ENSINO - IBRATE AÇÃO DA FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DA DOENÇA DE PARKINSON RENATA HELENA ALBERTO RUFFO CURITIBA 2011 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ – UENP INSTITUTO BRASILEIRO DE THERAPIAS E ENSINO - IBRATE AÇÃO DA FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DA DOENÇA DE PARKINSON Trabalho Final apresentado como requisito parcial à Conclusão do Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Neurologia com ênfase em Neuropediatria, sob a orientação da Professora Claudia D. F. Bellani. CURITIBA 2011 1 AÇÃO DA FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DA DOENÇA DE PARKINSON Renata Helena Alberto Ruffo1 Cláudia D. F. Bellani 2 Resumo Contextualização: O presente trabalho propõe-se a investigar a ação da Fisioterapia no tratamento da Doença de Parkinson (DP) como tratamento coadjuvante voltado para maior independência na realização de atividades da vida diária e melhoria da qualidade de vida por meio de exercícios posturais, de flexibilidade dentre outros. Objetivos: Buscar atualizações da prática fisioterapêutica para pacientes com doença de Parkinson. Métodos: Revisão de literatura verificando nas bases de dados da internet as publicações dos últimos dez anos, selecionando as técnicas mais utilizadas e quais delas obtiveram resultados satisfatórios. Resultados: A fisioterapia vem sendo empregada como coadjuvante aos tratamentos com medicamentos ou com cirurgias para um diferencial na qualidade de vida dos pacientes. Sua maior contribuição está em diminuir o impacto dos principais sintomas dos transtornos funcionais motores como rigidez muscular e tremor de repouso bradicinesia, instabilidade postural progressiva, alterações cognitivas e neuropsiquiátricas e alterações vegetativas. Conclusões: Exercícios motores, treino de marcha com ou sem estímulos externos, treinamento das atividades diárias, exercícios de relaxamento e respiração, somados aos estímulos visuais, auditivos e somatosensitivos é possível facilitar os movimentos, o início e continuação da marcha, com redução da frequência e intensidade do congelamento. O paciente passa a ter mais independência na realização de atividades da vida diária, melhor postura e equilíbrio. Palavras- chave: Doença de Parkinson, Fisioterapia, Qualidade de vida, Atividades da vida diária. 1 Fisioterapeuta (ACE-SC), Aluna do Curso de Pós-graduação em Neurologia com ênfase em Neuropediatria do Instituto Brasileiro de Therapias e Ensino - IBRATE. 2 Fisioterapeuta (PUC-PR), Mestre em Ciências (UTFPR), Docente do Curso de Pós-graduação em Neurologia com ênfase em Neuropediatria do Instituto Brasileiro de Therapias e Ensino - IBRATE., Orientadora do Trabalho. 2 INTRODUÇÃO A doença de Parkinson (DP) é uma patologia crônica e progressiva do Sistema Nervoso Central, (SNC) que acomete os gânglios da base. A DP é caracterizada pela redução de dopamina na via negro-estriatal, resultante da morte de neurônios da substância negra cerebral. A etiologia específica não é conhecida, porém, durante os últimos anos, tem-se considerado fatores hereditários, infecciosos, tóxicos, genéticos e ambientais (1). O Mal de Parkinson foi descrito em 1817 como um distúrbio neurológico causado pela degeneração das células nervosas da chamada substância negra localizada no cérebro. Na doença de Parkinson a Dopamina influencia o funcionamento da via direta ativada através da projeção córtico-estriatal, que é inibitória. O déficit deste neurotransmissor atinge a via direta que facilita o movimento inibindo-a e as ordens para o movimento são passadas de forma distorcida (2). A doença de Parkinson (DP) é uma condição neurodegenerativa progressiva resultante da morte das células que contém dopamina da substância negra profunda do encéfalo2-7. Não existe um confiável teste que distingue a DP de outras condições clínicas que apresentam os mesmos sinais clínicos4-7. As pessoas com DP classicamente apresentam sinais e sintomas associados com o parkinsonismo, principalmente bradicinesia, rigidez e tremor em repouso (3). Embora a DP idiopática ainda não tenha cura, a fisioterapia tem um papel relevante, sobretudo, para minimizar estes e outros impactos da instabilidade postural, resultando em melhora do equilíbrio, facilitação dos movimentos, diminuição da parada e do congelamento observados na DP (4). O estágio ideal para começar um programa fisioterapêutico para pacientes de doença de Parkinson é o estágio inicial da doença, onde o treinamento de atividades melhora o desempenho e o aprendizado da função motora (5). Logo, o tratamento fisioterápico deve ser precoce, e é de fundamental importância para evitar complicações futuras. No entanto, um plano terapêutico particular de exercícios que promovam flexibilidade, mobilidade, equilíbrio e treino de marcha para pacientes na velhice ajuda a diminuir as limitações motoras e melhora a qualidade de vida de pacientes com DP (6). A finalidade da fisioterapia no tratamento da DP é auxiliar coadjuvante ao tratamento farmacológico, como uma forma de melhorar a qualidade de vida do paciente 3 na realização de suas atividades da vida diária. Em países como a Inglaterra a fisioterapia é praticada por 7% dos pacientes com (DP) e, na Holanda, por cerca de 60% (7). Somando-se às dificuldades motoras que limitam os movimentos comprometendo o equilíbrio, os pacientes de DP costumam sofrer quedas frequentes por conta do fenômeno de parada e congelamento. Algumas pesquisas no campo da fisioterapia apontam como principais benefícios a redução de quedas, a facilitação e segurança nas atividades da vida diária e prevenção de complicações secundárias. Estes dados são importantes diante da estimativa de que 68,5% destes pacientes sofrerem quedas, das quais 33% resultam em fraturas com admissões em hospitais (8). De acordo com o descrito acima, onde evidencia-se que a fisioterapia é um recurso importante para miminizar as complicações motoras da DP, este trabalho objetivou fazer uma revisão sobre a DP e buscar conhecimento a respeito das principais técnicas utilizadas em fisioterapia na DP. MÉTODOS Para a extração do conhecimento selecionou-se como referencial teórico os principais autores e estudos sobre o assunto nos últimos dez anos, cuja publicação foi feita em revistas especializadas na área de fisioterapia. A busca foi feita, também por meios eletrônico na SCIELO utilizando os seguintes descritores: Parkinson, parkinsonismo, fisioterapia, tratamento, buscando-se informações sobre os conceitos da DP, incidência, fisiopatologia básica, causas, as bases do tratamento clínico e farmacológico e atualizações da prática fisioterápica e suas tendências Os autores foram selecionados por temas: -Fisioterapia Respiratória (1,2) -Treinamento resistido (2) -Biofeedback (3) -Exercícios para equilíbrio estático e dinâmico (4,5,6) -Abordagem fisioterapêutica (7,8,9,13) -Avaliação motora (7,8,9) - Qualidade de vida (10,11) 4 REVISÃO DE LITERATURA De acordo com De Sant (8) com a diminuição das reservas de dopamina na substância negra ocorre despigmentação dessa estrutura. Também, estudos clínicos e científicos especulam que a DP é uma consequência anormal do processo de envelhecimento humano para algumas pessoas. A DP foi descrita pela primeira vez como “paralisia agitante”, em 1817, pelo médico inglês James Parkinson, ao relatar seis casos de pacientes com sintomas de uma espécie de paralisia dos membros superiores. À época, Parkinson afirmou que estes pacientes não apresentavam nenhum prejuízo dos sentidos e do intelecto. Provavelmente porque seus estudos indicaram os sintomas na fase inicial, em que o comprometimento sensorial e intelectual mais profundo ainda não tinham se manifestado (7). A DP é uma patologia neurodegenerativa que impõe ao paciente uma condição debilitante e progressiva que causa a perda motora, a deterioração da qualidade de vida e, nos estágios mais avançados, a exclusão social. Devido à incapacidade de realizar movimentos compensatórios para readquirir a estabilidade estática e dinâmica do corpo, é comum o agravamento do estado de saúde dos pacientes por frequentes quedas (7). As dificuldades na fala e na escrita, a tendência ao isolamento e a depressão como outras características relevantes na DP favorecem o sedentarismo, a dependência a terceiros, devido ao comprometimento na realização das atividades da vida diária, principalmente pela bradicinesia (parada e congelamento do movimento), que é progressiva, e, piora na qualidade de vida do paciente (8). O que diferencia a doença de Parkinson de outras formas de parkinsonismo é o diagnóstico em que se constatam os sintomas clássicos: tremor, rigidez, hipocinesia, marcha e postura anormais, e a face sem expressão. No entanto, o recurso diagnóstico auxiliar mais importante tem sido a resposta positiva ao fármaco Levodopa, pois os pacientes de DP respondem bem aos seus efeitos. Mas, este aspecto ainda não é absoluto para a definição do diagnostico porque a Levodopa também é bem aceita nos casos de parkinsonismo sintomático pós-encefálico, e nas formas de síndrome de Parkinson plus. Assim, o diagnóstico será completamente por testes específicos, estudos dos distúrbios da fala e testes neurológicos (8). O Parkinson idiopático é um tipo de parkinsonismo, que designa uma ampla categoria de doenças cuja síndrome clínica é semelhante aos sintomas da DP. Esta, por sua 5 vez, ainda não tem causas conhecidas e representa 80% dos casos de parkinsonismo com a característica de que os primeiros sinais acometem apenas um lado do corpo. Em alguns indivíduos, o tremor pode ser a característica predominante, ao passo que em outros, prevalece à instabilidade postural (8). A DP é definida por Haase e colaboradores (5) como uma patologia lenta e crônica do SNC, em que há degeneração nas células dos gânglios basais e perda ou interferência na ação da dopamina. Este é o principal neurotransmissor, que atua para a precisão e uniformidade dos movimentos e coordena as mudanças de posição. Incidência Há estimativas de que a DP acometa mais homens do que as mulheres com uma margem de 4,5% a 20,5% com prevalência de 31 a 347 a cada 100 mil habitantes (1). Com uma estimativa de incidência de 1% a 2% na população acima de 65 anos (2), a DP é uma das doenças neurodegenerativas mais prevalentes no mundo (4) É uma das patologias mais comuns do idoso e afeta um em cada mil pessoas acima de 65 anos e um em cada cem acima de 75 anos. Embora possa acometer indivíduos com menos de 40 anos, a probabilidade de desenvolver a doença de Parkinson aumenta conforme a idade. A maior incidência dos casos se manifestará entre 50 e 70 anos (12). A DP é um distúrbio de movimentos que mais acomete os idosos e sua incidência é estimada de 85 a 187 casos a cada 100 mil habitantes na faixa etária entre 50 e 70 anos. A idade mais crítica, de pico, é aos 60 anos, acometendo mais homens do que mulheres (13). Fisiopatologia A DP é uma patologia que acomete os neurônios da zona compacta da substância negra com presença dos corpúsculos de Lewy, diminuição da produção de dopamina, o que causa as desordens motoras. O déficit de equilíbrio e os danos motores são causados pela degeneração da via nigro-estriatopalidal, e um padrão inibitório exacerbado de movimentos é exagerado pela atrofia e degeneração dos núcleos da base, fazendo com que o paciente tenha dificuldades de modular as estratégias de equilíbrio. Por este motivo, os pacientes tendem a projetar o corpo para frente (13). 6 Disfunções respiratórias também ocorrem na maioria dos casos DP idiopática em pacientes em estágios avançados chegando, inclusive, a mortalidade e morbidade significativa (1). A DP idiopática ocorre pela degeneração progressiva de neurônios da pars compacta da substância negra mesencenfálica, local específico da produção de dopamina no cérebro. Contudo, a DP não se limita apenas a uma deficiência do neurotransmissor dopaminérgico, há também alteração nos neurônios catecolaminérgicos, glutamatérgicos, e dos núcleos pedunculopontinos. Desta forma, os movimentos ficam prejudicados e comprometidos porque a pars dissipatus desses núcleos por não conseguir receber completamente as aferências da medula espinhal. No cerebelo, as informações corticais da área de associação são transmitidas, formando-se, assim, a via cortico-ponto-cerebelar, relacionada com o planejamento do movimento, que também fica prejudicada na DP (4). Alterações fonatórias e respiratórias são descrita na DP, tais como, rouquidão, soprosidade, redução de intensidade da voz, imprecisão articulatória e gama tonal reduzida. Quando se analisa a fisiopatologia básica constata-se que a postura em flexão e a rigidez da musculatura intercostal comprometem a mobilidade da caixa torácica; com isto, reduz a expansividade pulmonar na inspiração e aumenta a depressão torácica na expiração, resultando numa limitação progressiva da ventilação (5). Na maior parte dos casos de DP, ocorre o tremor das pálpebras fechadas ou mesmo o seu fechamento involuntário. A degeneração do sistema nervoso central leva a falência dos dispositivos neurais, que, além de serem incapazes de se renovar, são particularmente sensíveis ao envelhecimento. Com a senescência, reduz-se, fisiologicamente, o número de neurônios. Admite-se que a exposição a agentes tóxicos e os fatores genéticos possam atuar juntos no desencadeamento da patologia, caracterizando as causas multifatoriais (2). Há ainda outros tipos de parkinsonismo identificados que são relacionados a causas definidas ou provocadas por algum tipo de patologia. É o caso do parkinsonismo pósinfeccioso, descrito na literatura como causado por encefalite viral, mas de pouca frequência, parkinsonismo tóxico, em que os sintomas semelhantes ao da DP ocorrem em algumas pessoas expostas a venenos industriais, a certos agentes químicos e alguns tipos de drogas, parkinsonismo arteriosclerótico e o parkinsonismo atípico (Plus), causado como consequência de um grupo de diferentes patologias associado a outras anormalidades neurológicas (13). 7 Diferentes fatores vêm sendo relacionados ao processo etiopatogênico, dentre eles, a ação das neurotoxinas ambientais, com base no surgimento de casos de parkinsonismo em usuário de heroína, a exposição de toxinas agroindustriais e o consumo de água de poço, um dos fatores de risco. A predisposição genética seria um dos fatores incidentes para a DP, causando a degeneração celular pela suscebilidade genética a toxinas ambientais e defeito genético capaz de gerar toxinas endógenas e/ou dificultar sua remoção (9). Também, a etiologia incerta da DP pode estar ligada a distúrbios genéticos e a fatores ambientais. Existe, ainda, a hipótese da contribuição do envelhecimento cerebral, diante da prevalência aumentada da doença com o passar da idade (9). Sintomas motores Os sintomas motores da DP identificam quatro sinais clínicos essenciais: tremor de repouso, rigidez, bradicinesia e instabilidade postural. Cortés (3) afirma que a bradicinesia é o sintoma mais incapacitante da DP, pois com a lentidão e a necessidade de maior tempo de realização de tarefas, os indivíduos acabam se tornando dependentes de cuidadores, situação que se agrava conforme o avanço dos estágios da doença. Quanto à rigidez, De Sant e colaboradores (8), mencionam que ela pode ser de dois tipos: em “cano de chumbo”, quando a resistência ainda é suave ou plástica, ou rigidez em “roda denteada”, quando a resistência é intermitente. No entanto, a rigidez não é só muscular: ela se estende para os órgãos vitais como fígado, estômago e intestino, tornando sua funcionalidade mais lenta. A marcha do paciente de DP é caracterizada por passos curtos, arrastados, sem balançar os braços. Quando num estágio avançado, ocorre aceleração involuntária durante a marcha, conhecida como marcha festinada. Na posição sentada, o paciente tende a “afundar” na cadeira, deslizando para os lados e com a cabeça pendendo para frente (8). Também apresenta manifestações secundárias, tais como: a incoordenação motora, micrografia, embaçamento da visão, disartria, edema, sialorréia, face em máscara, deformidade de mão e pé, distonia, escoliose, cifose, demência e depressão. Um dos principais sintomas motores na DP é a rigidez, que nem sempre se manifesta na fase inicial da doença (13). A principal queixa dos pacientes é de sensação de peso e dureza nos membros, sentida nos músculos de maneira uniforme, independente da tarefa que está sendo realizada, 8 da força aplicada ou mesmo da amplitude ou velocidade do movimento. A bradicinesia caracteriza-se pelos movimentos lentos, prejudicando as atividades diárias (13). A instabilidade postural é sentida pelo paciente diante das dificuldades que tendem a aumentar, quando tentam alcançar algum objeto, andar ou virar o corpo. Os sistemas mais afetados são a propriocepção muscular e articular, o sistema vestibular e a visão, pois estão diretamente relacionadas ao sistema extrapiramidal que controla o tono postural. Por este motivo é que o paciente tem uma postura característica: a cabeça tem uma ligeira flexão; e o tronco é ligeiramente inclinado para frente com flexão moderada da perna sobre a coxa e do antebraço sobre o braço. Existe exagero da pinça digital nas mãos (posição de preensão) com o tronco fletido ventralmente (9). Tratamento clínico Alves e colaboradores (1) afirmam que, em geral, os programas de fisioterapia para pacientes de DP idiopática têm por focos principais, a manutenção das habilidades motoras prejudicadas pela doença para dar mais independência ao paciente e melhora na qualidade da realização das atividades diária; com pouca prática de fisioterapia para as disfunções respiratórias. Outra categoria de exercícios em que há poucos estudos na área são aqueles para reabilitação da marcha e do equilíbrio. Seja na DP idiopática ou em outras formas de parkinsonismo, o tratamento principal farmacológico é similar, porque os sintomas são praticamente os mesmos. O objetivo de todo tratamento farmacológico é a reposição da dopamina estriatal e a neuroproeção. São na maioria, drogas anticolinérgicas, antidepressivas, tais como a amantadina pirebedil, agonistas dopaminérgicas e a levodopa. A terapia com Levodopa também tem efeitos colaterais e um dos principais é a obstrução das vias aéreas superiores, diminuição da complacência da caixa toráxica e discinesias musculares. Por sua vez, essas comorbidades podem causar dispneia, hipoventilação, atelectasias e retenção de secreções pulmonares (3). Já a DP idiopática geralmente é tratada com o composto dopa (L-di-hidroxifenilalanina), que é um precusor da dopamina (8). No entanto a administração de Levedopa tem certos critérios, principalmente no início do desenvolvimento da DP. Porque, a longo prazo, se correlaciona com o desenvolvimento de complicações motoras significativas como as flutuações tônicas e as discinesias. Também se prescreve o tratamento cirúrgico para o tratamento dos tremores, 9 rigidez e bradicinesia. Os procedimentos de talamotomia e palidotomia tem sido úteis em casos extremos, quando o paciente não responde bem ao tratamento farmacológico ou quando desenvolvem reações adversas intoleráveis (10). Finalidade do tratamento fisioterapêutico Para Santos (12) o exercício terapêutico é um elemento central na maioria dos planos de assistência da fisioterapia, complementado por outras intervenções com a finalidade de aprimorar a função e reduzir uma incapacidade. A reabilitação compreende exercícios motores, treinamento de marcha com e sem estímulos externos, treinamento das atividades diárias, terapias de relaxamento e exercícios respiratórios. Também inclui a orientação e a educação à família para os benefícios da fisioterapia convencional e ocupacional. Embora o foco dos exercícios esteja na melhora das funções do movimento a prevenção e a redução de quedas também é fundamental, haja vista que 65% dos pacientes apresentam quedas e 33% apresentam fraturas. A fisioterapia ajuda a obter ganhos na amplitude de movimentos, melhora no equilíbrio, autoestima e mais segurança durante a caminhada; melhora significativa no alinhamento biomecânico da postura, alongando a musculatura dos flexores, abdutores e rotadores externos dos ombros, extensores de coluna vertebral e quadris (13). As intervenções são planejadas no sentido de realizar exercícios que mantenham os músculos ativos e preservem a mobilidade. “Um programa de exercícios para o paciente de DP deve basear-se nos padrões de movimentos funcionais que envolvam prontamente diversos segmentos corporais”. Devem ser enfatizados movimentos extensores, abdutores e rotatórios (9). Quanto à idade ou estágio ideal para começar um programa de fisioterapia para pacientes de DP, Cortés e colaboradores (3) recomendam que nos estágios iniciais da doença o treinamento de atividades melhora o desempenho e o aprendizado. Este também é o entendimento de Leal e colaboradores (9) quando afirmam que o tratamento terapêutico deve ser precoce, de fundamental importância para evitar complicações futuras. Quando isto não é possível e a DP já se instala num estágio mais avançado, o plano de exercícios será fundamental para diminuir as limitações, melhorar as atividades da vida diária e a qualidade de vida do paciente. 10 A elaboração do plano de intervenção terapêutica, que vai indicar os tipos de exercícios adequados às necessidades dos pacientes, passa por informações sobre o monitoramento da evolução da doença e a eficácia dos tratamentos. Com o progresso terapêutico, desenvolveram-se escalas para avaliação da DP. As principais escalas encontradas na literatura são: a escala de estágios de incapacidade de Hoehn e Yahr; a Escala Unificada de Avaliação da DP; a Escala de Sydney; a Escala de Webster; a escala de incapacidade da Northwestern University (NUDS); as Escalas da DP (PDQ-39); e de Qualidade de Vida na DP (PDQL) e a Escala de Atividade de Parkinson (7). A Escala de Hoehn e Yahr é uma das mais utilizadas por permitir, de forma prática e rápida, a identificação dos indicativos do estado geral do paciente quanto ao nível de incapacidade. Os pacientes em estágio I, II e III apresentam incapacidade de leve a moderada; aqueles no estágio IV e V apresentam incapacidade mais grave. Há, ainda, a versão modificada da tabela de Hoehn e Yahr também é bastante utilizada devido à identificação de estágios intermediários. Segundo Goulart e Pereira (11), o estágio 1 caracteriza a doença unilateral; o estágio 1,5 o envolvimento unilateral e axial; o estagio 2 a doença bilateral sem déficit de equilíbrio; e o estágio 2,5 a doença bilateral leve, com recuperação no “teste do empurrão”. O estágio 3 caracteriza a doença bilateral leve a moderada; alguma instabilidade postural e capacidade para viver independente; no estágio 4 a incapacidade é grave, mas o paciente ainda é capaz de caminhar ou permanecer de pé sem ajuda; no estágio 5 o paciente é confinado à cama ou cadeira de rodas e depende de cuidados permanentes. Recomenda-se que, associado ao tratamento médico, os pacientes de DP precisam ser orientados para os cuidados fonoaudiólogos e a fisioterapia como recurso para proporcionar maior independência na realização de atividades da vida diária, diminuir as limitações motoras e fonoaudiológicas e melhorar a qualidade de vida (2,8). Também se verificou a estimulação da capacidade de aprendizagem e melhora motora com aplicação de um programa de exercícios em fisioterapia nos pacientes com DP; melhoras nas respostas antecipatórias, assim como na melhora da marcha, das reações de equilíbrio dos pacientes (7). Embora os exercícios não impeçam a progressão da: DP possibilitam um estado de funcionamento muscular e osteoarticular conveniente, diminuindo as consequências motoras, ampliam os movimentos, proporcionam mais equilíbrio postural e melhora da marcha e da qualidade de vida desses pacientes. 11 RESULTADOS De acordo com o levantamento realizado nas bases de dados da internet para identificar as publicações de atualizações em tratamento pela fisioterapia da DP nos últimos 10 anos, selecionou-se as técnicas mais utilizadas que obtiveram resultados satisfatórios para os objetivos deste estudo. As principais técnicas empregadas constam de programas de exercícios que visam melhorar e diminuir o desconforto respiratório (1), a reabilitação da marcha (2), promover o alongamento da musculatura encurtada (3), melhorar o equilíbrio estático e dinâmico (4), diminuir os efeitos da parada, congelamento e marcha festinada (5), e também facilitar o diagnóstico da situação do paciente e o comprometimento dos movimentos pelo perfil motor (6). No quadro conceitual (Quadro 1) tem-se a apresentação dos principais trabalhos, suas técnicas, instrumentos de avaliação e os resultados que baseiam a discussão deste trabalho, possibilitando uma melhor análise. 12 AUTOR ANO TÍTULO DO TRABALHO POPULAÇÃO AMOSTRAL MÉTODOS/AVALIAÇÃO RESULTADOS OBTIDOS Alves, LA; Coelho, A 2005 C; Brunetto, AF (1) Fisioterapia respiratória na Homem, 47 anos, Tratamento de 5 meses, doença de Parkinson idiopática: talamotomia aos 41 anos. 40 sessões de 50 relato de caso Dispnéia aos médios minutos; exercícios de esforços, dificuldade de respiração costal, mobilização do tronco, pouca diafragmática; mobilidade do gradil costal; mobilizações e alongamento em tronco marcha festinada, postura cifótica, protusão de ombro e e cervical, intercostais cabeça, abdômen globoso externos, de inspiração profunda e espirometria de incentivo. Avaliação da Pressão Inspiratória Máxima e Pressão Expiratória Máxima; Espirometria; manuvacuometria. Ausência de dispnéia, fortalecimento de músculos respiratórios, gradil costal mais expansivo e melhora na postura Braga, A; Xavier, 2002 ALIL; Machado, POR (2) Benefícios do treinamento resistido na reabilitação da marcha e equilíbrio nos portadores da doença de Parkinson Aumento do tônus, fortalecimento de músculos da marcha, passadas mais alargadas e cadenciadas, melhora na postura, alongamento da musculatura encurtada; paciente passou a se levantar sem auxílio; tarefas feitas em menor Homem, 74 anos, Técnica: 26 sessões de parkinsoniano há 8 anos; terapia com duração de disartia, entonação baixa, 1 hora e 30 minutos 2 bradicinesia; sem tremores; vezes por semana; falta de mobilidade na coluna caminhada de 500 cervical, cabeça inclinada, metros; 40 minutos de grande instabilidade postural, fortalecimento rotação do ombro esquerdo muscular; alongamento para frente, dificuldade para de 30 minutos para vestir-se; báscula de bacia, musculatura cervical, encurtamento de ísquiodorsal, lombar, flexor tibiais, bradicinesia, de braços e posteriores 13 sialorréia, marcha festinada de perna e coxa. tempo. Avaliação: por meio de testes de equilíbrio; Escala de Schwab e England; medição do tempo para a realização de tarefas Cortés, AA; Chodur, 2009 A.; Gallon, D.; Ribas, DIR, Machado, J. Melo, TR; Israel, VL(3) Efeitos do biofeedback na Idosa, 65 anos, abdução de ombro em idosa com parkinsoniana há 3 anos; parkinsonismo: relato de caso tremor bilateral e de cabeça; rigidez; bradicinesia Técnica: Terapia Aumento da amplitude ocupacional, 4 sessões, do movimento de 120º 1 vez por semana. Ao para 140º direito e de final de cada sessão 130º para 140º no exercícios de amplitude ombro esquerdo com do movimento por aplicação do biofeedback; utilização biofeedback. do aparelho Biofeed. Manutenção e Avaliação: mensuração repetição do da amplitude articular movimento articular, do ombro em abdução demonstrando melhor (goniômetro Cescor); controle motor. avaliação da força muscular de acordo com Kendall Christofoletti, G.; 2010 Freitas; RT; Cândido, ER; Cardoso; CS (4) Eficácia de tratamento fisioterapêutico no equilíbrio estático e dinâmico de pacientes com doença de Parkinson Técnica: exercícios de Os estímulos motores equilíbrio, força, e cognitivos coordenação motora, promoveram a melhora cognição e do equilíbrio flexibilidade; bola suíça e esportivas; tábua de equilíbrio, bastões, fitas Ensaio clínico controlado; 26 pacientes com DP idiopática (13 grupo experimenta; 13 grupo controle), idade média 40 anos, estavam na escala de 2 a 4 de Hoehn e Yahr; estágio moderado no 14 subestágio motor da escala adesivas e colchonetes. unificada de classificação da Três sessões semanais de 60 minutos durante DP 6 meses Avaliação: Escala Funcional de Berg (EEFB); teste de levantar e caminhar cronometrado Haase, DCBV; Machado, DC; Oliveira; JGD (5) 2008 Atuação da fisioterapia no paciente com doença de Parkinson 10 homens, idade entre 5055 anos, pelo menos 2 sinais clássicos da DP até estágio 2,5 da escala Hoehn e Yahr modificada. Sessões de 35 minutos; 3 vezes por semana durante 4 semanas Técnica: bola suíça; Ganho na amplitude de exercícios de bicicleta movimento, melhora no equilíbrio, melhora para aquecimento; exercícios para treino da auto-estima, mais de postura, fortalecer segurança para quadríceps; treino de caminhar, melhora no marcha; alongamento alinhamento biomecânico da de coluna; fortalecer postura; alongamento membros inferiores; extensão da coluna; da musculatura extensão de membros encurtada dos flexores, superiores; abdutores e rotadores flexibilidade de quadril; externos dos ombros, estabilidade do tronco . extensores de coluna Avaliação: vertebral e quadris. Goniometria Diminuição da dor e encurtamento muscular rigidez ombro, coluna vertebral e quadris Iop, RR; Silva, FC; 2011 Perfil motor de pacientes com 11 indivíduos com DP Técnica: descritiva O diagnóstico do 15 Brandão, TC (6) doença de Parkinson idiopática; 4 homens de 34 a diagnóstica; teste 68 anos; 7 mulheres de 65 a motores clássicos em 82 anos. uma única bateria, individuais, de 35 a 45 minutos. Provas motoras, motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e temporal Avaliação: Escala de Hoehn e Yahr para reflexos posturais, bilateralidade e AVD; Escala Motora para a Terceira Idade (EMTI) para avaliar desenvolvimento motor Quadro 1 – Quadro conceitual das pesquisas em Doença de Parkinson Fonte: Elaborado pela autora (2011). perfil motor demonstrou que as áreas mais afetadas na DP são a motricidade global, o equilíbrio e o esquema corporal; a idade avançada e o tempo de acometimento da doença interferem; a avaliação motora torna possível diagnosticar, orientar e identificar alterações em relação ao desempenho motor para que haja maior fluência do movimento. 16 Fazendo a discussão das evidências que dão suporte à esta pesquisa, a intervenção feita por Alves e colaboradores (1) por meio de técnicas fisioterápicas para o tratamento das disfunções respiratórias em pacientes com doença de Parkinson em estados avançados os resultados apontam melhora na função respiratória, aumento de força dos músculos inspiratórios/expiratórios, dos valores da capacidade vital forçada e aumento da qualidade de vida após 5 meses. O comprometimento das funções respiratórias ocorre em função do comprometimento dos músculos responsáveis por esta função em razão da limitação inibitória dos movimentos, típico da DP. Como consequência, pode ocorrer a dispneia, dificuldade na mobilização do tronco durante mudanças de postura e de pouca mobilidade do gradil costal, principalmente durante a expiração, bem como a eupneia com padrão ventilatório de predomínio diafragmático e pouca expansibilidade torácica. A técnica utilizada em 40 sessões de fisioterapia durante 5 meses, cada uma com 50 minutos, iniciada 1,5 horas após a administração vespertina dos medicamentos, promoveu a melhora expressiva da capacidade vital forçada, aumento da força dos músculos inspiratórios e expiratórios e ausência de dispneia aos esforços e ausência de dispneias noturnas além da melhora da expansibilidade do gradil e da postura. Trata-se de uma técnica adequada que funcionou bem para a estimulação da respiração diafragmática para diminuir a dispneia e aumento da eficiência dos músculos respiratórios. Já a respiração costal promoveu a ação proprioceptiva para melhora do padrão respiratório e maior expansão torácica, assim como as mobilizações e alongamentos em tronco e região cervical. Relaxando a musculatura hipertônica, proporcionou-se maior expansão torácica, demonstrando que, ao lado das terapias motoras convencionais, a fisioterapia respiratória ameniza os desconfortos, diminui as limitações e proporcionar melhor qualidade de sono e de vida aos pacientes. Outra técnica bem sucedida foi a de Braga e colaboradores (2) ao aplicar um programa de exercícios resistidos a um paciente de DP com 74 anos, do sexo masculino, cujo diagnóstico havia sido confirmado há 8 anos. Os sinais e sintomas foram identificados como leves, tais como: disartria (dificuldade ou má articulação da palavra), entonação baixa, e bradicinesia (lentidão do movimento), mas sem tremores característicos. Neste caso, a ação da fisioterapia foi para agir em outros comprometimentos da DP como o equilíbrio estático e dinâmico, da postura e de melhora da marcha. 17 Especificamente, o diagnóstico inicial do paciente após a avaliação física e postural apontava para: falta de mobilidade da coluna cervical com inclinação da cabeça para o lado direito; rotação do ombro direito para frente com incapacidade de executar movimento compensatório rápido; perda das condições do movimento automático, e tempo excessivamente longo para a realização de atividades de vida diária principalmente vestir-se. Também foi diagnosticada uma báscula de bacia, sialorréia e marcha festinada, que causava desequilíbrios e quedas semanais e constantes. A técnica de agachamento correspondeu bem aos propósitos de fortalecimento dos membros inferiores e superiores, assim como o agachamento com apoio na barra, sentar-se e levantar-se da cadeira e elevação alternada da perna apoiando o pé no step para melhorar a marcha festinante. Trata-se de uma técnica que resultou,ainda, no aumento do tônus e força dos músculos envolvidos na marcha; e equilíbrio com melhoria nas passadas, que ficaram mais alargadas e cadenciadas e com utilização dos membros superiores. Houve melhora no alinhamento biomecânico da postura alongando a musculatura encurtada e os alongamentos auxiliaram a diminuir os padrões anormais do movimento (2). Oportunamente, acrescer a técnica de comandos verbais que fizeram parte do treinamento para auxiliar na execução dos exercícios, amenizaram a sialorréia, facilitado pela contagem de repetições pelo paciente, assoviar e engolir. Os exercícios respiratórios foram combinados, contribuindo para o aumento da capacidade respiratória e a força dos músculos pulmonares, obtendo resultados e melhoras semelhantes àquelas de Alves (1). Ao final, constatou-se aumento do tônus e força muscular, melhora da marcha, postura e equilíbrio; passadas mais alargadas e cadenciadas com utilização dos membros superiores. A técnica de biofeedback (3) é outra opção no tratamento fisioterápico da DP, sobretudo para atuar sobre os membros superiores. Intervenção feita por Cortés e colaboradores (3) analisou os efeitos do biofeedback na abdução de ombro de uma paciente idosa com 65 anos de idade. Exercícios tradicionais de terapia ocupacional foram combinados com o método de biofeedback por meio do aparelho biofeed. A técnica de biofeedback vem sendo empregada desde a década de 1960 e tem como objetivo realimentar informações durante o tratamento, sem ruídos de transmissão e de forma independente da mudança de direção do corpo do paciente. Uma de suas vantagens é que possibilita que as pequenas mudanças na direção correta sejam avisadas e recomendadas pelo acerto e, gradualmente, vão se transformando em mudanças maiores. Outras vantagens são em casos em que os pacientes não conseguem perceber suas pequenas respostas corretas 18 iniciais, quando podem ter a percepção errada do que estão fazendo, e a motivação que proporciona ao ensinar o paciente a ter melhor controle sobre o seu corpo. Os resultados demonstraram que, apesar do número reduzido de sessões, a paciente obteve melhora na amplitude de movimento articular dos membros superiores, na frequência e velocidade na realização destes movimentos, sendo o biofeedback de grande auxílio na preservação das capacidades funcionais do paciente dentro das limitações impostas pela doença. Ocorreu melhora na amplitude de movimento articular e do controle motor da paciente. Aumento de amplitude de movimento articular de 120º para 140º no ombro direito e de 130º para 140º no ombro esquerdo. Sobre as técnicas para atuação da fisioterapia para promover o equilíbrio estático e dinâmico dos pacientes com DP, Cristofolett e colaboradores (4) realizaram uma intervenção junto a 26 pacientes com DP idiopática, idade mínima de 40 anos e entre a escala 2 e 4 da escala de Hoehn Yahr. A técnica empregada partiu de um protocolo de atividades para estimular as funções motoras e cognitivas. Os fisioterapeutas acompanharam e monitoraram o grupo controle durante 6 meses, em 3 dias por semana em sessões de 1 hora em trabalho com bola suíça. O foco da técnica foi nos exercícios para a estimulação do equilíbrio, força, coordenação motora, cognição e flexibilidade. Tábuas de equilíbrio, bastões, fitas adesivas e colchonetes também foram usados. Utilizaram-se abordagens de forma passiva, ativa e ativo-assistida para o alongamento de membros superiores, membros inferiores e tronco; estimular o paciente a contar até 30 de forma crescente ou só números pares e ímpares foi uma técnica para estimular as funções cognitivas, a exemplo da técnica utilizada por Cortés e colaboradores (3). As atividades recreativas ao final de cada sessão demonstraram ser uma opção bem sucedida para, na sua forma lúdica e descontraída, estimular o equilíbrio, a dissociação de cinturas pélvica e escapular, a propriocepção e a cognição, em especial a memória. A técnica de bola suíça foi empregada para a rotação de tronco e transferências; a música foi uma técnica para promover a ativação sensorial auditiva. Os resultados da pesquisa indicaram que houve melhoras significativas no grupo experimental em relação ao equilíbrio; considera-se, então, que a natureza dos exercícios e o tempo de assistência terapêutica podem ter estimulado a capacidade de aprendizagem e auxiliado na melhora motora. Também houve melhoras nas respostas antecipatórias, assim como na melhora da marcha, das reações de equilíbrio e de postura dos pacientes. Portanto, 19 música e atividades lúdicas descontraem o paciente, deixam-no mais solto, facilita a socialização e se somam às técnicas que compõem o protocolo fisioterápico. A técnica de bola suíça também foi empregada por Haase e colaboradores (5) para alongamentos ativo-assistidos com a finalidade de manter ou melhorar a amplitude de movimento em todas as articulações, bem como retardar o surgimento de contraturas e deformidades. Trata-se de um exercício que se enquadra bem no estágio 2,5 da escala de Hoehn e Yahr modificada, o que significa que não mantem o déficit de equilíbrio. Utilizou-se, também, técnicas de marcha, balanceio assimétrico dos braços, flexão de quadril e ombros, complementado pelo uso da bola suíça. Ao final do programa obteve-se melhoras com diminuição de tremores e rigidez, movimentos ampliados, melhor equilíbrio e postura. As técnicas de alongamento utilizando bola suíça podem diminuir o encurtamento da musculatura de ombros, coluna vertebral e quadris, proporcionando conforto e equilíbrio para o paciente. Por fim, a técnica empregada por Iop e colaboradores (6) para diagnosticar e analisar o perfil motor de pacientes de DP constou de testes motores clássicos em uma única bateria, individuais, de 35 a 45 minutos com provas motoras, motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e temporal. Antes de iniciar um plano de intervenção em Fisioterapia, obter o perfil motor do paciente é importante para uma leitura da realidade do paciente por parte do profissional. Tal pesquisa reafirmou que as principais dificuldades encontradas foram na motricidade global, equilíbrio e esquema corporal. A prática de um protocolo baseado em evidências científicas deve ser estimulada para que o fisioterapeuta planeje adequadamente suas intervenções com pacientes de Parkinson. CONSIDERAÇÕES FINAIS A fisioterapia vem sendo utilizada como um tratamento coadjuvante ao farmacológico ou cirúrgico e com finalidade de minimizar tantos os sintomas primários, quanto os secundários da doença de Parkinson. As pesquisas vêm demonstrando que os exercícios dos programas de fisioterapia melhoram a qualidade de vida dos pacientes em todos os estágios do Parkinsonismo, sendo os principais benefícios: a redução do tônus postural, a melhoria do equilíbrio estático, a marcha, a redução de quedas, a respiração e a 20 melhoria da qualidade de vida em todos os aspectos, sobretudo para a realização das suas atividades diárias. Os exercícios de fisioterapia respiratória demonstraram proporcionar melhora na função respiratória geral, aumento de força dos músculos inspiratórios/expiratórios, dos valores da capacidade vital forçada, melhor relaxamento muscular e aumento da qualidade de vida. O treinamento com exercícios resistidos demonstrou resultados diretos sobre a marcha, o equilíbrio e a postura, com aumento de tônus e força muscular, melhora da marcha que passou a ser com passos mais alargados e cadenciados, com utilização dos membros superiores. Houve melhora na postura e equilíbrio, o que reduz a possibilidade de quedas e fraturas. O emprego da bola suíça para a realização de exercícios de alongamento é uma prática rotineira na clínica fisioterápica e possibilita benefícios, tais como a diminuição do encurtamento da musculatura de ombros, coluna vertebral e quadris, proporcionando conforto e equilíbrio para o paciente. É fato que a Doença de Parkinson idiopática ainda não teve as suas causas esclarecidas e que os tratamentos vem seguindo o protocolo com administração de fármacos e, nos casos mais graves, a intervenção cirúrgica. Nestes casos, os resultados tem sido no sentido de retardar o avanço da doença. A aplicação de um programa de exercícios adequado, o paciente apresenta melhoria na qualidade e na sincronia dos movimentos, aumentando a sua independência para a realização das atividades da vida diária, passando a depender menos de um terceiro que o auxilie nas tarefas básicas cotidianas. Lembrando que o tratamento da doença de Parkinson idiopática tem por foco principal a manutenção das habilidades motoras. Ainda são necessárias mais pesquisas e estudos para aprofundamento do assunto e fornecimento de novos parâmetros, pois se obterá mais referências científicas práticas que estarão à disposição para orientar as decisões dos profissionais de equipes multidisciplinares, sobretudo os fisioterapeutas, ampliando suas possibilidades de atuação. AGRADECIMENTOS À professora orientadora pela disposição em ajudar e por ter iluminado os caminhos da pesquisa. À mãe mais linda do mundo, Dona Jacira, 85 anos, parkinsoniana. 21 À minha família por entender minha ausência durante o curso 22 REFERÊNCIAS 1. Alves, LA; Coelho, AC; Brunetto, AF. Fisioterapia respiratória na doença de Parkinson. Fisioterapia e Pesquisa. 2005; 12(3): 46-49. Disponível em: URL: www.crefito 3.com.br/revista/usp/05-09-12/pdf/47-parkinson.pdf 2. Braga, A.; Xavier, ALI; Machado, RPO. Benefícios do treinamento resistido na reabilitação da marcha e equilíbrio nos portadores da doença de Parkinson. (Artigo cientifico de pós-graduação). Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho; 2002. 3. Cortés, AA.; Chodur, A.; Gallon, D.; Ribas, DIR.; Machado, J.; Melo, TR.; Israel, VL. Efeitos do biofeedback na abdução de ombro em idosa com parkinsonismo: relato de caso. Rev Neuroc. 2010,18(2); 189-193. Disponível em: http://www.revistaneurociencias.com.br/2010/RN1802/327%20relato%20de%20caso. pdf. 4. Cristofoletti, G.; Freitas, RT.; Cândido, ER.; Cardoso, C. S. Eficácia de tratamento fisioterapêutico no equilíbrio estático e dinâmico de pacientes com doença de Parkinson. Fisioter. Pesq..2010,17(3),259-263. Disponível: http://www.revistasusp.sibi.usp.br/sielo. php?script=sci_arttext&pid=S18095. Haase, DCBV; Machado, DC; Oliveira, JGD. Atuação da fisioterapia no paciente com doença de Parkinson. Fisioterapia e movimento. 2008 jan./mar.21(1): 79-85. 6. Iop, RR; Silva, FC; Brandão, TC. Perfil motor de pacientes com doença de Parkinson. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires. 2011, 156(16): 1-11. 7. Mello, MPB.; Botelho, ACG. Correlação das escalas de avaliação utilizadas na doença de Parkinson com aplicabilidade na fisioterapia. Fisioter. Mov., 2010, 23(1): 121-127. 8. Santos, VV; Leite, MAA; Silveira, R.; Antoniolli, R.; Nascimento, OJM; Freitas, MRG. Fisioterapia na doença de Parkinson uma breve revisão. Ver Bras Neurol, 2010,46(2):179. Coelho, RF.; Dias, GL.; Alves; GF. Doença de Parkinson: uma revisão da literatura. (artigo) Minas Gerais: Universidade do Vale do Rio Doce, 2009:1-11. Disponível em: http://srvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Doencadeparkinsonumarevisaodaliteratura.pdf. 10. De Sant, CR.; Oliveira, SG.; Rosa, E.L.; Sandri, J.; Durante, M.; Posser, S. R. Abordagem fisioterapêutica na doença de Parkinson. RBCEH. 2008, 591:80-89. 11. Leal, SS.; Santos, LS.; Fonte, LAX.; Ventura, PL; Albertini, R. A importância da intervenção fisioterapêutica na melhora do equilíbrio em idosos portadores de doença de Parkinson. XI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica. São José dos Campos, FACIME/UESP 2008, 5p. 23 12. Pereira, JS, Cardoso, S.R.. Distúrbio respiratório na doença de Parkinson. Revista Fisioterapia Brasil, v.1, p.23-26, ser/out 2000. 13. Goulart, F.; Pereira, LX. Uso de escalas para avaliação da doença de Parkinson em fisioterapia. Revista Fisioterapia e Pesquisa, 2005, 2(1): 49-56.