Resgate de memórias e emoções

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Resgate de memórias e emoções
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Resgate de memórias e emoções.
Um passeio à pinacoteca1
Obra “o violeiro” ano 1899. Pintor: José Ferraz de Almeida Júnior.
Carlos Lima Rodrigues
Cristiane Marcacine Kobiraki
Erica Maria dos Santos Gonçalves
Lívia Monteiro Lúcio
Luciana Rebello
Maria Iannarelli
Ruth Gelehrter da Costa Lopes
“Da janela, o mundo até parece o meu quintal...”.
Milton Nascimento e Fernando Brant: Janela para o mundo.
O
projeto “Meu Museu”, é um trabalho pioneiro, que tem como objetivo
promover visitas educativas gratuitas para idosos às exposições da
Pinacoteca do Estado de São Paulo, com passeios desenvolvidos para
atender às necessidades de cada grupo, levando em consideração questões
como percurso, tempo de visitação e diferentes abordagens ao museu e a suas
obras. Com a possibilidade de parcerias com instituições que realizam
atendimento a este público é possível, durante o percurso do passeio, propiciar
abordagens diversas ao museu e suas obras com atividades plásticas, poéticas
e estimular a cognição, percepção, interpretação e história de vida.
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DE SÃO PAULO NO “PROJETO MEU MUSEU” – Relato de experiência.
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O PAI - “Programa Acompanhante de Idosos” é uma política pública efetiva do
Município do Estado de São Paulo que disponibiliza profissionais como:
Assistente Social, Médico, Enfermeiro, Auxiliar de Enfermagem e
Acompanhante de Idosos; para realizar atendimentos regionalizados para
pessoas acima de 60 anos, em situação de fragilidade e vulnerabilidade social.
Tem como principal objetivo melhorar a qualidade de vida dos atendidos,
desenvolvendo a autonomia e independência. Encontra-se em atividade há
mais de sete anos e já constitui importante opção de atendimento a esse grupo
específico, pois rompe a exclusão em que se encontram, decorrente do
agravamento da sua situação de sua saúde.
A equipe de trabalho do PAI da unidade Butantã realizou em 2014, em parceria
com a Pinacoteca do Estado de São Paulo, um passeio para o projeto “Meu
Museu”, priorizando a presença de idosos de baixa visão, cadeirantes e
portadores de transtorno mental, com a discussão dos casos em equipe para
elegê-los e elaborar estratégias para o suporte necessário. Tal iniciativa foi
uma ferramenta importante para reinserção desses idosos em atividades
socioculturais.
Os idosos portadores de doenças crônicas incapacitantes podem tornar-se
frágeis e vulneráveis, com grande impacto nas suas relações afetivas e na vida
social como um todo, pois “ficam de fora”, à margem, sem possibilidade de
participação com a tendência de serem excluídos dos ambientes, situações ou
instâncias. Com uma força tarefa de toda a equipe (profissionais da Pinacoteca
e da equipe do PAI), programamos o passeio.
A Pinacoteca disponibilizou quatro funcionários para fazerem a monitoria da
atividade, o transporte para os idosos e um lanche ao término da atividade, e a
equipe se organizou e reuniu os idosos na UBS Butantã que foi o ponto de
encontro, para auxiliá-los na entrada e saída do transporte e conduzi-los
durante o passeio como, por exemplo, a facilitação do acesso ao banheiro e no
término assegurar a chegada em seus domicílios com segurança.
Participaram treze idosos e após a realização da atividade, colhemos alguns
depoimentos de idosos e cuidadores familiares, referente ao passeio e fizemos
uma revisão bibliográfica acerca de alguns conceitos como: fragilidade,
vulnerabilidade e isolamento para complementar os resultados e a discussão
dos autores envolvidos. A participação ativa de todos os idosos na atividade
teve saldo positivo, como descrito nos relatos, pela oportunidade ofertada, e
alguns se queixaram pelo desejo de permanecer mais tempo na Pinacoteca,
demonstrando o interesse na participação de novos eventos.
A exclusão já é parte integrante do sistema social, e os idosos fazem parte
deste processo. Há paradigmas pessoais e da sociedade a respeito do
envelhecimento, e os idosos que envelhecem, numa condição de
vulnerabilidade e fragilidade social, são suas maiores vítimas. Iniciativas da
comunidade e dos trabalhadores tornam-se fundamentais para diminuir o
isolamento através de parcerias e execução de atividades como essa, que
proporcionou interação social, resgate da memória e compartilhamento das
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vivências, além de aguçar a curiosidade e as emoções, melhora na qualidade
de vida dos participantes, inclusive da equipe, por se tratar de uma experiência
marcante e positiva.
O envelhecimento populacional é um desafio para a área da saúde, face ao
grande aumento da demanda e escassez de equipamentos direcionados
especificamente para o atendimento do público idoso. Daí a necessidade da
informação, formação e a educação continuada como principais recursos para
a conscientização crescente da sociedade, no enfrentamento dos desafios
trazidos por uma das mais notáveis conquistas do ser humano – a longevidade
– e primeiro passo para ações transformadoras. O envelhecimento é natural e
inerente à condição biológica de todo ser vivo regido pelo ciclo vital, em seu
processo normal, que vai do nascimento à morte. Graças aos progressos das
diferentes ciências verifica-se a crescente extensão deste ciclo vital humano na
perspectiva de maior longevidade (MERCADANTE e BRANDÃO, 2009, p.6).
A inclusão da Geriatria e da Gerontologia através dos profissionais no
planejamento do atendimento e do cuidado está progredindo no cotidiano,
graças às evoluções nas ciências do envelhecimento. É fundamental que a
equipe de trabalho esteja capacitada, pois, discutir a velhice implica em
analisá-la a partir da perspectiva da complexidade, inerente ao conjunto de
ciências que se propõe uma atitude e análise interdisciplinar, inter-relacionando
as áreas das humanas, sociais e saúde que devem trabalhar em parceria para
compreender as diferentes formas de velhices.
A participação do Idoso voltada para o lazer, cultura e socialização é
fundamental, pois melhor do que “fazer para eles” é estimulá-los e “fazer com
eles”. Estar junto é também um estímulo para a participação dessas atividades,
ressaltando que o vínculo criado entre os profissionais do PAI e os idosos, no
decorrer dos atendimentos no domicílio, também favorece a aderência.
Um dos desafios que encontramos no cotidiano são os idosos portadores de
depressão, e as estimativas apontam essa doença como a mais prevalente do
mundo, em todas as faixas etárias, mas entre os maiores países, o Brasil será,
segundo o IBGE, o 3º no ranking com o maior número de casos em 2030.
Sendo um quadro multifatorial destacamos, entre seus fatores, o risco de estar
sozinho e sem uma base de apoio social. Além dessa temos as doenças
incapacitantes como: doenças cardíacas, diabetes, hipertensão, quedas,
neoplasias, doenças pulmonares, doenças articulares e as doenças mentais.
Muitas vezes as patologias associadas a outros fatores como: diminuição da
renda, mudança no papel social, falta de suporte familiar, isolamento social,
limitações físicas e situações de luto podem favorecer a depressão, que tem
como agravamento da incapacidade, o isolamento, maus tratos, uso de drogas
e suicídio.
Mynaio e Cavalcante (2010) realizaram um estudo de revisão de literatura
sobre o suicídio entre pessoas idosas e sua relação com os fatores sociais.
Nesse estudo são considerados como fatores de risco: morte de uma pessoa
querida, normalmente do cônjuge; doença terminal com dores incontroláveis;
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medo do prolongamento da vida sem dignidade, trazendo prejuízos
econômicos e emocionais aos familiares; isolamento social; mudanças nos
papéis sociais que lhes conferiam reconhecimento; ou situações de
dependência física ou mental diante das quais o idoso se sente humilhado.
As novas tecnologias também podem contribuir para o isolamento, pois,
mesmo as pessoas estando ao lado de outras não existe comunicação
adequada. A incrível revolução digital faz com que nos raros momentos nos
quais as pessoas estão juntas, na verdade ficam isoladas enquanto utilizam
dispositivos como celulares com internet. O retrato atual das relações sociais,
no qual prevalece o individualismo e o materialismo, é trágico com forte
tendência a se agravar se não houver intervenções educativas e sociais no
cotidiano.
Nós seres humanos necessitamos muito uns dos outros, temos um instinto de
comunidade, mas esse instinto de agregação está se transformando devido a
crescente fragmentação e isolamento. Wheatley e Rogers (1998) destacam
que estamos utilizando o instinto de comunidade para nos isolar e proteger um
dos outros, em vez de criarmos uma cultura global de comunidades diversas e
entrelaçadas. Procuramos as pessoas que mais se parecem conosco de modo
a nos proteger do resto da sociedade. Obviamente, não podemos chegar a um
futuro digno de ser vivido através dessas trajetórias isolacionistas.
O poeta inglês John Donne (1572-1631) em uma de suas
publicações já dizia: “Nenhum homem é uma ilha isolada. Cada
homem é uma partícula de continente, uma parte da terra”.
Nessa perspectiva, compreendemos que o lazer na velhice traz benefícios
como melhor qualidade de vida, reduzindo a tendência ao isolamento e a
depressão com melhora nos relacionamentos interpessoais, e a possibilidade
de formação de uma ampla rede social e de amigos, sejam eles individuais ou
coletivos, e podem proporcionar ao indivíduo tornar-se prestativo em seu meio
social enquanto cidadão.
Como exemplo, segue dois depoimentos de idosos que participaram de
atividade descrita: o primeiro enfatiza que gostaria de permanecer mais tempo
na atividade; o segundo remete a suas lembranças da infância e da juventude:
[...]. Achei ótimo, porém gostaria de ter visitado outras
salas, achei as moças da Pinacoteca muito educadas e
prestativas. Acho que o lugar é rico em obras de artes e
gostaria de fazer uma visita com mais tempo. (W.)
[...] Eu achei muito bom como tudo que vocês do
programa acompanhante de idosos faz por nós idosos, eu
voltei no tempo me lembrei demais da minha infância e da
minha juventude com os quadros que as meninas
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mostraram e fiquei com muita saudade. Senti até o cheiro
do mato quando morei no interior e quando colocaram as
musicas sertaneja senti vontade de dançar. É muito bom
poder participar de passeios diferentes, não imaginei que
o museu era assim, confesso que até pensei que ia ser
chato, mas no fim adorei. Desde o caminho que ficamos
todos juntos na perua conversando lembro que o assunto
foi a comida o que cada um sabia fazer e também comer.
Aprendi até algumas coisas com a outra idosa. Muito
obrigada pelo carinho de vocês. (N.)
Na velhice alguns idosos tendem a não compreender essa fase da vida como o
de desenvolvimento contínuo e positivo, valorizando apenas a juventude. Tal
aspecto se acentua na cultura pós-moderna, que elege a “juventude” como
modelo de felicidade de desejo de “querer-ser” e exemplo de autonomia para
os adultos maduros – que buscam, cada vez mais, comportar-se como os mais
jovens. Neste quadro, o envelhecimento representa não só a decadência física,
mas também a marginalização e a falta de poder, muitas vezes de gerenciar a
própria vida, na sociedade ou no espaço familiar.
O aumento da expectativa de vida para além dos 70 anos nas últimas décadas
(IBGE, 2009), provocado pela melhoria da alimentação, saneamento e,
principalmente, pelas conquistas da área de Saúde, levou a um “relaxamento”
no processo familiar de preparação para a velhice e substituição geracional,
cada vez mais urgente. Ao mesmo tempo, registra-se no Brasil o poder
econômico-financeiro crescente da população de terceira idade no seio familiar,
demarcando um momento de transformação histórica, em que o idoso passa a
ser encarado socialmente como público consumidor significativo (ROSA et al.,
2008), provocando a elevação de seu status e, portanto, reordenações de sua
posição e poderes também no âmbito familiar (FIGUEIREDO, 2010).
Os casos de idosos portadores de doença mental nos afligem de forma maior,
pois há uma grande tendência à auto exclusão e isolamento, por se tratar de
uma temática que atinge uma pequena parcela da população. Portanto, as
famílias e os cuidadores necessitam de apoio e, atividades inclusivas como
este passeio ao projeto “Meu Museu” de extrema importância, conforme
relatado:
[...] Meu tio I., que é portador de esquizofrenia, voltou do
passeio muito animado, contando que viu casinhas
pequenas, patinhos, perguntei por que não me trouxe
uma casinha de lembrança. Respondeu que a mulher não
deixava pegar e por a mão. Ele disse que gostou. Acho
muito importante o trabalho do pessoal do programa
acompanhante de idosos, pois está ajudando muito no
desenvolvimento dele, está mais solto, sociável e
conversando com as pessoas. (T. cuidadora familiar.)
O lugar social do velho seria quase um não-lugar, embora os investimentos,
especialmente a partir das últimas décadas, os levem a ser gradualmente
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reconhecidos como sujeitos, e incluídos no panorama cultural contemporâneo até porque seria impossível não incluir o grupo etário que mais cresce. Mas,
mesmo assim, ainda os velhos são empurrados para as bordas da estrutura
social, reconhecidamente obrigados à subjetividade ancorada na passividade,
à pobreza de trocas simbólicas e à renúncia ao papel de agentes sociais. São
empurrados em direção à perda de todo o poder, até sobre si mesmos.
Lutar pela inclusão significa assumir uma série de conflitos, os quais o idoso
tem que enfrentar para se colocar no mundo como cidadão que goza de
direitos e não de benefícios. O idoso, em favor até de sua saúde mental, deve
ser capaz de lutar e não abdicar do lugar de sujeito pleno, sendo necessário
entender que esse lugar é de confronto, porque há de se desenvolver a partir
de um lugar social no qual ainda é desabilitado e hostilizado, sendo
fundamental sua participação em todas as decisões que a ele se referem.
A escuta do desejo, a habilitação da palavra e a legitimação da vontade não
são benefícios outorgados, mas direitos a serem exercidos. A grupalidade dos
espaços preventivos incentiva o vínculo social, ajudando a superar as
fragilidades na construção de uma velhice mais satisfatória, o que, sem dúvida,
promove aumento da autoestima e mudança no imaginário social sobre a
velhice. O protagonismo cria verdadeiros existentes no campo do desejo
(GOLDFARB, 2006).
[...]Eu gostei muito apesar de não enxergar, gostaria
muito de poder ver as coisas bonitas da vida mais uma
vez. Nunca tive vontade de ir a um museu e agora que
estou cega o programa acompanhante de idosos me
levou então só posso agradecer e dizer que me ajudam
muito no dia a dia a superar tantas dificuldades que estou
tendo. Obrigada pela paciência e pelo carinho de vocês.
Ótimo trabalho proporcionar que pessoas como eu
participem de passeios como este. Consegui imaginar o
quadro da serenata com a ajuda das meninas da
Pinacoteca apesar de não saber ainda trabalhar o meu
tato participei de tudo e fui muito bem cuidada, me sinto
segura com a minha acompanhante. Só tenho a
agradecer e espero poder participar de outros passeios.
Obrigada a todos do programa acompanhante de idosos.
(O.)
Na sociedade, em tempos em que são priorizadas a competência e a
produção, adoecer é ser exilado do ambiente em que a vida acontece,
especialmente porque a doença implica dependência e sujeição a outras
pessoas, deixando implícito o grau de secundaridade em que a pessoa está
colocada. A todo custo, a doença é evitada e, quando não se alcança esse
sucesso, ao menos é disfarçada (FARBER, 2012).
Farber (2012), citando Combinato e Queiroz (2006, p.210), afirma ainda que o
desenvolvimento do capitalismo transformou o corpo humano em um
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instrumento de produção e adoecer, nesse contexto, significa deixar de
produzir, o que significa vergonha da inatividade, que deve ser oculta do
mundo social (FARBER, 2012, p.9).
Apoiada em Kovácks (1996), complementa dizendo que a doença também é
um tipo de morte. Em outras épocas, a doença teve uma fase glamorosa (por
exemplo: a tuberculose) e cita que: "a doença era vista como um refinamento, o
sofrimento dignificando o homem" (KOVÁCK, 1996, p.21).
Atualmente, ela é vista como fraqueza e punição, tendo em vista a interrupção
à produção. De qualquer forma, a doença coloca o indivíduo em contato com a
fragilidade e finitude; ou seja, ele é afastado das suas atividades rotineiras,
pode sofrer paralisias, mutilações, enfrenta muitas vezes a dor ao longo do
tratamento e percebe-se enquanto ser mortal (COMBINATO; QUEIROZ, 2006,
P.212).
O cultivo de recordações que deixaram um sabor duradouro do que passou,
mas valeu a pena, foi um marco neste depoimento:
[...] Eu achei maravilhoso, gostei muito, achei tudo muito
bom, tinha coisa do meu tempo, coisa quando eu era
criança, recordei o tempo, o quadro que o homem estava
com o machado foi o que mais me chamou a atenção,
porque eu fiz muito isso, cortei lenha, trabalhei na lavoura,
tive sitio, fiz isso muitas vezes, fui cortar lenha. (M.L.)
Ficou evidenciado que, ricos ou pobres, ativos ou com algum tipo de
dependência, muitos sustentam famílias, dirigem instituições e movimentam
grande parte do mercado de serviços que vão desde turismo, lazer e estética,
até assistência médica e social. O maior desafio na atenção à pessoa idosa é
conseguir contribuir para que, apesar das progressivas limitações que possam
ocorrer, elas possam redescobrir possibilidades de viver sua própria vida com a
máxima qualidade possível. Essa possibilidade aumenta na medida em que a
sociedade considera o contexto familiar e social e consegue reconhecer as
potencialidades e o valor das pessoas idosas.
A Política de cuidados aqui abordada assume, em sua introdução, que o
principal problema que pode afetar o idoso, como consequência da evolução
de suas enfermidades e de seu estilo de vida, é a perda de sua capacidade
funcional, isto é, a perda das habilidades físicas e mentais necessárias para a
realização de suas atividades básicas e instrumentais da vida diária. Por sua
expressiva participação e atividade na sociedade, quer direta ou indiretamente,
o idoso não pode ficar à margem da vida nacional. Os desafios trazidos pelo
envelhecimento da população têm diversas dimensões e dificuldades, mas
nada é mais justo do que garantir ao idoso a sua integração na comunidade.
[...] Já conhecia este trabalho da Pinacoteca, visto numa
mensagem tímida para os deficientes, ocorrido numa
instituição educacional aos alunos de várias faixas etárias
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há alguns anos atrás. Atualmente volto a apreciar um
novo trabalho, num grupo para terceira idade. Parabéns!
Parabéns! por inserir vários profissionais de realidades
diferentes para o mesmo contexto como um todo. É um
crescimento! A inclusão exige também um conhecimento
e treinamento para tal atendimento, de diferenciar as
diversidades. Cada qual com a sua complexidade para
mobilidade e percepções sensoriais. Mais uma vez
parabéns! continuem aproximando a possibilidade de uma
integração para a dignidade humana...”. (S.S. L)
“O maior pecado contra nossos semelhantes não é odiá-los, mas de
ser indiferentes para com eles”. Bernard Shaw.
Não podemos ser indiferentes à velhice. Esse é o narcisismo da alta
periculosidade, pois podemos passar pela violência baseados apenas na
experiência de admitir, negar ou ignorar a existência do outro. Algo de diferente
se passa quando nossa cultura da indiferença é forçada a reconhecer aqueles
que, até então, não existiam ou passavam despercebidos. Sabemos que
estamos diante de um grande desafio, pois a demanda tende a aumentar com
o envelhecimento populacional e os recursos humanos e tecnológicos
disponíveis pela rede pública são, na sua maioria, escassos e/ou deficitários, o
que muitas vezes nos impossibilita de realizar um trabalho mais completo
conforme previsto pelas diretrizes do SUS. Cabe a nós, profissionais
envolvidos na gerontologia social, fazermos a diferença no cotidiano com a
execução de práticas exitosas.
Referências
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Consulta a internet no endereço eletrônico: www.pinacoteca.org.br/pinacotecapx?mn=1191&s=0&friendly=meu-museu ás 10:14 do dia 30/11/2014.
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Data de recebimento: 12/03/2015; Data de aceite: 20/05/2015.
____________________________
Carlos Lima Rodrigues - Psicólogo, Doutor em Ciências pela Faculdade de
Saúde Pública/USP, Mestre em Gerontologia pela PUC/SP. Atual Gerente do
Programa Acompanhante de Idosos da Secretaria Municipal de Saúde de São
Paulo, em parceria com a Associação Saúde da Família. Membro-fundador e
Vice-Presidente do OLHE: Observatório da Longevidade Humana e
Envelhecimento. Email: [email protected]
Cristiane Marcacine Kobiraki - Médica com graduação pela Universidade
Federal do Triangulo Mineiro com pós-graduação em Geriatria pelo Instituto de
Pesquisa e Ensino Médico (Ipemed). Atua como médica do Programa
Acompanhante de Idosos pela Associação Saúde da Família e também no
Qualivida unidade Osasco. Email: email: [email protected]
REVISTA PORTAL de Divulgação, n.45, Ano V. Jun/Jul/Ago. 2015, ISSN 2178-3454. www.portaldoenvelhecimento.com/revista-nova
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Erica Maria dos Santos Gonçalves - Pós-graduanda em Gerontologia
Uninove, graduada em serviço social PUCSP. Atua como Supervisora de
Equipe e Assistente Social do Programa Acompanhante de Idosos pela
Associação Saúde da Família. Email: [email protected]
Lívia Monteiro Lúcio - Mestranda em Gerontologia Social pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC), Pós Graduada em Gerontologia
pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, Graduada em Enfermagem
pela Universidade Bandeirantes de São Paulo (UNIBAN). Atualmente atua
como Enfermeira do Programa Acompanhante de Idosos pela Associação
Saúde da Família. Email: [email protected]
Luciana Rebello - Psicóloga (PUC-SP), especialista em Psicologia Hospitalar
e Saúde Coletiva. Atua como psicóloga clínica, acompanhante terapêutica e
como Supervisora Técnica do Programa Acompanhante de Idosos da
Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo em parceria com a Associação
Saúde da Família. Membro- fundador da Ger-Ações: Ações e Pesquisa em
Gerontologia. Email: [email protected]
Maria de Jesus B. M. Iannarelli - Assistente social formada pela FMU,
terapeuta de família pela Unifesp, pós-graduação em Gestão de Recursos
Humanos. Atua como Supervisora Técnica do Programa Acompanhante de
Idosos pela Associação Saúde da Família, palestrante em temáticas da área
social pela empresa Diálogo Social e docente no curso de Cuidadores de
Idosos pelo Olhe – Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento.
Email: [email protected]
Ruth Gelehrter da Costa Lopes - Doutora em Saúde Pública, Psicóloga, Profª
na PUCSP: PPGG, Curso de Psicologia e Supervisora no Atendimento a
Idosos em Grupo. Docente do Mestrado em Gerontologia PUCSP. Email:
[email protected]
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