Estudo da Atenção Visual em Idosos

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Estudo da Atenção Visual em Idosos
Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana
Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
Índice Geral
Resumo ………………………………………………………………………………………………………………………………… II
Abstract ……………………………………………………………………………………………………………………………….. III
Agradecimentos ……………………………………………………………………………………………………………………. IV
Índice Geral ................................................................................................................................... 1
Índice de Figuras ........................................................................................................................... 3
Índice de Tabelas ........................................................................................................................... 3
1.
Introdução ............................................................................................................................. 6
2. Formulação do Problema .......................................................................................................... 7
3. Revisão da Literatura............................................................................................................... 10
3.1. O Sistema Visual ............................................................................................................... 10
3.1.1. Descrição Anatómica e Mecanismos de Funcionamento ......................................... 10
3.1.2. Os movimentos dos olhos ......................................................................................... 13
3.1.3. Avaliação do grau e funcionamento da visão ........................................................... 15
3.2. O Envelhecimento ............................................................................................................ 18
3.2.1. Alterações visuais no processo de envelhecimento ................................................. 19
3.3. Atenção Visual .................................................................................................................. 23
3.3.1. Modelos da Atenção Visual ....................................................................................... 30
3.3.2. Atenção Visual e Campo Visual ................................................................................. 35
4. Metodologia ............................................................................................................................ 38
4.1. Tipo de Estudo .................................................................................................................. 38
4.2. Definição da população e selecção da amostra ............................................................... 38
4.3. Objectivos e Hipóteses ..................................................................................................... 39
4.4. Instrumento...................................................................................................................... 40
4.5. Procedimento ................................................................................................................... 41
Cláudia do Rosário Pires
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4.6. Definição das Variáveis .................................................................................................... 45
5. Caracterização da amostra ...................................................................................................... 51
6. Análise e Discussão dos Resultados ........................................................................................ 53
6.1. Síntese da Discussão dos Resultados ............................................................................... 79
6.2. Limitações do estudo ....................................................................................................... 82
7. Conclusão ................................................................................................................................ 83
8. Bibliografia .............................................................................................................................. 84
9. Anexos ..................................................................................................................................... 90
Cláudia do Rosário Pires
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Índice de Figuras
Figura 1: anatomia ocular. .......................................................................................................... 12
Figura 2: Imagem ilustrativa, dos movimentos oculares no MonCV3 ........................................ 41
Figura 3: Teste da acuidade Visual, realizado a 4m. ................................................................... 42
Figura 4: teste do campo visual binocular. ................................................................................. 43
Figura 5: Teste do Campo visual atencional................................................................................ 44
Figura 6: Imagem do campo atencional ...................................................................................... 47
Figura 7: Imagem do campo visual binocular ............................................................................. 48
Índice de Tabelas
Tabela 1: Tabela correspondente às idades da amostra. ........................................................... 51
Tabela 2: Tabela correspondente ao sexo da amostra. .............................................................. 52
Tabela 3: Tabela referente à estatística descritiva dos dados relativos às respostas certas na
atenção visual.............................................................................................................................. 53
Tabela 4: Tabela descritiva relativa ao número de respostas certas da atenção simples. ......... 55
Tabela 5: Tabela relativa à estatística de teste do número de respostas certas da atenção
simples. ....................................................................................................................................... 55
Tabela 6: Tabela descritiva relativa ao número de respostas certas da atenção dividida central.
..................................................................................................................................................... 56
Tabela 7: Tabela relativa à estatística de teste do número de respostas certas da atenção
dividida central. ........................................................................................................................... 56
Tabela 8: Tabela descritiva relativa ao número de respostas certas da atenção dividida
periférica. .................................................................................................................................... 57
Tabela 9: Tabela relativa à estatística de teste do número de respostas certas da atenção
dividida periférica........................................................................................................................ 57
Tabela 10: Tabela descritiva relativa ao número de respostas certas da atenção selectiva
central. ........................................................................................................................................ 58
Cláudia do Rosário Pires
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Tabela 11: Tabela relativa à estatística de teste do número de respostas certas da atenção
selectiva central. ......................................................................................................................... 58
Tabela 12: Tabela descritiva relativa ao número de respostas certas da atenção selectiva
periférica. .................................................................................................................................... 59
Tabela 13: Tabela relativa à estatística de teste do número de respostas certas da atenção
selectiva Periférica. ..................................................................................................................... 60
Tabela 14: Tabela relativa ao tempo de resposta na atenção visual. ......................................... 62
Tabela 15: Tabela relativa aos testes normalidade do tempo de respostas da atenção simples.
..................................................................................................................................................... 63
Tabela 16: Tabela descritiva relativa ao tempo de resposta da atenção simples. ..................... 64
Tabela 17: Tabela do teste T relativa ao tempo de respostas da atenção simples. ................... 64
Tabela 18: Tabela relativa aos testes de normalidade do tempo de respostas da atenção
dividida central. ........................................................................................................................... 64
Tabela 19: Tabela descritiva relativa ao tempo de resposta da atenção dividida central. ......... 65
Tabela 20: Tabela do teste T relativa ao tempo de respostas da atenção dividida central........ 65
Tabela 21: Tabela relativa aos testes de normalidade do tempo de respostas da atenção
dividida periférica........................................................................................................................ 66
Tabela 22: Tabela descritiva relativa ao tempo de resposta da atenção dividida periférica...... 66
Tabela 23: Tabela do teste T relativa ao tempo de respostas da atenção dividida periférica. .. 66
Tabela 24: Tabela relativa aos testes de normalidade do tempo de respostas da atenção
selectiva central. ......................................................................................................................... 67
Tabela 25: Tabela descritiva relativa ao tempo de resposta da atenção Selectiva central. ....... 67
Tabela 26: Tabela do teste T relativa ao tempo de respostas da atenção selectiva central. ..... 68
Tabela 27: Tabela relativa aos testes de normalidade do tempo de respostas da atenção
selectiva periférica. ..................................................................................................................... 68
Tabela 28: Tabela descritiva relativa ao tempo de resposta da atenção Selectiva periférica. ... 69
Tabela 29: Tabela do teste T relativa ao tempo de respostas da atenção selectiva periférica. . 69
Cláudia do Rosário Pires
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Tabela 30: Tabela referente à estatística descritiva dos dados relativos ao número de áreas
afectadas do campo visual binocular. ......................................................................................... 70
Tabela 31: Tabela descritiva relativa ao número de áreas afectadas do campo visual binocular.
..................................................................................................................................................... 71
Tabela 32: Tabela relativa ao número de áreas afectadas do campo visual binocular. ............. 71
Tabela 33: Tabela relativa às frequências da acuidade visual .................................................... 73
Tabela 34: Tabela descritiva relativa à acuidade visual. ............................................................. 74
Tabela 35: Tabela relativa à acuidade visual. .............................................................................. 74
Tabela 36: Tabela de Relação entre o local da área afectada no campo visual binocular com o
Local das respostas erradas na atenção dividida periférica........................................................ 75
Tabela 37: Tabela de Relação entre o local da área afectada no campo visual binocular com o
Local das respostas erradas na atenção selectiva periférica. ..................................................... 77
Tabela 38: Tabela relativa à base de dados da amostra do estudo. ........................................... 90
Tabela 39: Tabela relativa à base de dados da amostra do estudo. ........................................... 91
Cláudia do Rosário Pires
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1. Introdução
Para a realização da minha tese de Mestrado, o meu interesse recai sobre a
população idosa. Decidi realizar um estudo onde vou aprofundar melhor os meus
conhecimentos sobre os idosos e quais as alterações que advêm do processo de
envelhecimento. De entre as várias possibilidades apresentadas escolheu-se
caracterizar as diferenças de atenção visual na população idosa quando se compara
com uma população adulta do mesmo sexo, procurando ainda perceber como a
atenção visual é um elemento essencial para todas as actividades do nosso dia-a-dia.
O Envelhecimento é um conceito multidimensional que, embora geralmente
identificado com a questão cronológica, envolve aspectos biológicos, psicológicos e
sociológicos, variando as características do envelhecimento de indivíduo para
indivíduo, mesmo que pertencem ao mesmo grupo social e que estejam expostos às
mesmas variáveis ambientais (SANT’ANNA, 2003)
Por seu lado, a atenção visual é a capacidade do indivíduo responder
predominantemente aos estímulos que lhe são significativos em detrimento de outros.
Verifica-se que a atenção está directamente relacionada com o processamento
preferencial de determinadas informações sensoriais (Lima, 2005 in Oliveira, 2007).
São estes os principais temas que permitiram desenvolver esta tese de
Mestrado, assim, numa primeira parte realiza-se a revisão da literatura sobre os temas
principais, tais como o Sistema visual, o Envelhecimento e a Atenção Visual. De
seguida, apresenta-se a metodologia de trabalho, onde se define toda a população, as
hipóteses, a definição das variáveis e todo o procedimento para a elaboração desta
tese de mestrado. Numa fase posterior, caracterizar-se-á toda a amostra pertencente
ao estudo e apresentar-se-ão todos os resultados e a sua discussão. Por último
apresentar-se-á as limitações ao estudo, e a conclusão de todo o trabalho.
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2. Formulação do Problema
Os seres humanos conduzem as suas actividades diárias apoiando-se
fortemente em informação processada visualmente.
No nosso dia-a-dia, as pessoas têm de ter atenção a alguns objectos e ignorar
outros. Assim, é a atenção visual que permite a focalização no objecto, bem como uma
interacção eficaz do indivíduo com o meio, tal como a nível da organização dos
processos mentais realizados para cada tarefa (Oliveira, 2007). Pode também ser
definida como a capacidade do indivíduo responder predominantemente aos
estímulos que lhe são significativos em detrimento de outros. Verifica-se que a
atenção está directamente relacionada com o processamento preferencial de
determinadas informações sensoriais (Lima, 2005 in Oliveira, 2007).
A Atenção visual divide-se nas suas componentes, sendo importante ter em
atenção os conceitos de cada uma delas. A Atenção Simples consiste na capacidade
para responder a estímulos específicos de modo diferenciado, permite processar
determinada informação “alvo” e ignorar a restante. A Atenção Dividida é a
capacidade para responder, simultaneamente, a vários estímulos de natureza diversa e
de forma coordenada. Por sua vez, a Atenção Selectiva é a capacidade para manter um
padrão de resposta a um estímulo, na presença de outros estímulos “parasitas”, ou
seja é a capacidade mental de seleccionar apenas uma pequena parcela da informação
contida no ambiente em detrimento da grande quantidade de estímulos disponíveis ao
nosso redor (Rossini e Galera, 2006).
É do conhecimento de todos, que com o avanço da idade, as capacidades
visuais, vão sendo alteradas. Segundo Madden (2007) as capacidades da Atenção
visual vão-se perdendo, com o aumento da idade. Normalmente os adultos mais
velhos são mais lentos em comparação com os jovens adultos em tarefas de pesquisa
visual. As modificações na atenção, com a idade, reflectem influências a nível
comportamental, que define a atenção nas actividades realizadas.
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Segundo Madden e Langley (2003), no seu estudo foram realizadas três
experiências de tarefas de pesquisa visual, para verificar se existem diferenças na
atenção quando se varia a carga perceptiva, ou seja, a quantidade de estímulos
apresentados, comparando-se um grupo de jovens com um grupo de idosos. Os
resultados indicam que os declínios na atenção relacionados com a idade dependem
da tarefa de desempenho que lhe é atribuído e pelos estímulos presentes. Existe assim
uma limitação da capacidade de atenção para as idades mais velhas, o que dificulta as
tarefas de pesquisa visual e da atenção selectiva.
A medida de interesse para a avaliação da atenção visual é a mudança do
tempo de reacção (TR) ou a exactidão para detectar o alvo, em relação a um crescente
número de itens em exibição (Madden, 2007). O tempo de reacção varia em função do
número de estímulos a serem atendidos, sem ser afectado pelo número de estímulos a
serem ignorados, mas não informa muito sobre o processo de selecção do estímulo
(Rossini e Galera, 2007).
Um estudo feito por Madden, Spaniol e Bucur (2005), com o objectivo
investigarem as diferenças dos tempos de reacção num grupo de idosos e noutro
grupo de jovens, impunha-se aos grupos uma tarefa atencional, em que se tinha de
identificar um alvo no meio de outros distractores. Verificaram-se que os valores do
tempo de reacção foram de facto maiores em valor absoluto para os idosos do que
para adultos jovens. Esta diferença de idade, com a repetição da tarefa, desapareceu.
Assim o efeito da repetição deve ser considerado para caracterizar o desempenho dos
adultos mais velhos, do que dos mais jovens. Os resultados indicam que na tarefa de
pesquisa visual, a atenção visual não sofre alterações significativas com a idade. Mas
concluiu-se que o controlo atencional é mais difícil para os idosos. Sendo que a
repetição e o aumento do tempo de exposição do estímulo são uma das características
relacionadas com o aumento da idade nas tarefas de pesquisa visual.
Por outro lado, em muitos dos estudos pesquisados, os resultados indicam que
o aumento do tempo de reacção é maior para os idosos do que para os jovens adultos
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(Zeef & Kok, 1993; Zeef, Sönke, Kok, Buiten, & Kenemans, 1996 in Madden e Langley,
2003), mas o inverso também tem sido relatado (Cerella, 1985; Madden & Gottlob,
1997, Wright & Elias, 1979 in Madden e Langley, 2003).
A atenção visual torna-se um tema de grande importância à medida que a
idade avança, existem perdas na capacidade de pesquisar o ambiente em redor, na
habilidade de dar atenção aos objectos realmente importantes para a tarefa que se
está a realizar e abstrair-se dos outros, se a atenção visual não for estimulada de modo
a não haver mais percas nesta capacidade, os idosos terão dificuldade em relacionar-se
com as actividades diárias.
Devido ao facto de existirem divergências no que diz respeito ao estudo da
atenção visual, surgiu um grande interesse em estudá-la. Procurou-se assim
compreender melhor e verificar como a atenção visual se comporta, quando a idade
vai aumentando. Deste modo comparou-se um grupo de jovens adultos, com um
grupo de idosos, em que ambos realizaram a mesma tarefa de atenção visual,
conseguindo-se assim verificar como a atenção visual se altera.
Considerando-se todos os pressupostos descritos anteriormente, surgiu a questão
principal e que por sua vez deu origem à formulação deste estudo:
 Será que todos os pressupostos definidos como fazendo parte da Atenção
Visual se encontram alterados com a idade?
Assim sendo, o grande objectivo deste estudo será caracterizar as diferenças de
atenção visual entre um grupo de idosos em relação a um grupo de jovens adultos.
Com base neste trabalho de investigação, de seguida apresentar-se-á uma
fundamentação teórica de modo a facilitar e a promover a compreensão do estudo em
causa.
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3. Revisão da Literatura
Neste capítulo serão abordados os aspectos relacionados com o sistema visual,
bem como as alterações visuais no processo de envelhecimento.
A visão permite um conjunto de actividades de percepção através da qual as
pessoas aprendem sobre o mundo em redor. Percebemos também através da audição,
tacto, paladar e olfacto, mas a visão é sem dúvida a componente mais importante.
Posteriormente irá fazer-se uma abordagem sobre o processo de
envelhecimento e a sua relação com a Atenção Visual, pois são temas fundamentais à
compreensão deste estudo, visto que os movimentos oculares envolvidos em cada
uma destas funções visuais reflectem um grande número de processos fisiológicos
subjacentes a várias tarefas cognitivas.
3.1. O Sistema Visual
3.1.1. Descrição Anatómica e Mecanismos de Funcionamento
Os olhos são as nossas janelas para o mundo. Através do trabalho conjunto dos
olhos e do cérebro, apercebemo-nos do mundo à nossa volta: avaliamos distâncias,
fazemos comparações, lemos, interpretamos, apreciamos (Fraga, 1987). O olho
constitui o órgão sensorial onde principia o sistema visual que foca a informação na
retina (Neves, 2006). É o olho que ajusta constantemente a quantidade de luz que
deixa entrar, foca os objectos próximos e distantes e gera imagens contínuas que
instantaneamente são transmitidas ao cérebro. Possui partes protectoras que rodeiam
o olho. Estas estruturas existem porque o olho está exposto a substâncias nocivas
(Mendes, 2008).
O globo ocular está situado em uma cavidade óssea, a órbita, que dá suporte e
protecção ao olho. Esta configuração permite o posicionamento preciso do eixo visual
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sob um controlo neuromuscular, essencial para a visão binocular e os movimentos
oculares conjugados (Standring, 2005).
A parte do olho que se encontra em contacto com o exterior denomina-se
córnea, consistindo numa membrana transparente que juntamente com o filme
lacrimal tem como principal função refractar a luz incidente que entra no olho
(Standring, 2005). Atrás da córnea, encontra-se o humor aquoso, que a nutre (Correia,
Espanha & Silva, 2003). A íris é um diafragma ajustável em torno de uma abertura
central, a pupila, que controla a quantidade de luz que entra no olho (Srandring, 2005).
Por detrás da íris situa-se o cristalino que é uma lente biconvexa, constituído
por fibras transparentes localizadas no interior de uma membrana elástica. A mudança
de forma do cristalino funciona como uma lente capaz de focar a luz incidente na
retina, de modo particular no pólo posterior, a mácula, onde converge o cone
refractivo. Este processo denomina-se acomodação, e é controlado pelo S.N.A.,
através de um conjunto de músculos e ligamentos situados atrás da íris – os músculos
ciliares e a zónula. Ocupando todo o espaço posterior do cristalino até à retina,
encontrando-se uma substância de consistência gelatinosa e transparente, o humor
vítreo, que ajuda a manter a forma esférica do olho (Neves, 2006).
Os raios luminosos que atravessam o cristalino projectam-se, sob maior ou
menor definição, na retina, sendo esta informação, após conversão do tipo de energia
transmitida ao cérebro por intermédio do nervo óptico (Neves, 2006).
A retina é a camada sensorial neural do globo ocular, sendo a parte mais
interna do olho, onde se localizam as células receptoras que transformam as ondas
luminosas em influxo nervoso (Correia, Espanha & Silva, 2003). A retina é composta
por duas manchas, a negra e a amarela. Sendo que a primeira é onde se insere o nervo
óptico, e a última é onde se localiza a mácula, com uma pressão central, a fóvea, que é
o ponto de visão mais agudo.
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Figura 1: anatomia ocular (retirado de:
//www.reinaldoribela.pro.br/imgs/biologia_vol_II/reino_animalia_II/olho5.gif).
A retina é composta por uma componente nervosa que é constituído por
células sensíveis à luz, os fotorreceptores, e por um conjunto de células nervosas que
formam uma rede neuronal que a luz atravessa até chegar aos fotorreceptores.
Existem dois tipos de fotorreceptores, os cones e os bastonetes cuja disposição e
respectiva distribuição espacial pela retina não é uniforme (Neves, 2006). Os cones são
principalmente responsáveis pela alta resolução espacial e pela visão cromática, em
boas condições de iluminação, são assim caracterizados por uma grande rapidez,
possibilitando a leitura e a escrita, o reconhecimento de rostos, a perseguição visual,
em suma, uma visão mais ligada à atenção. Os bastonetes são responsáveis pela visão
monocromática de alta sensibilidade para condições de iluminação baixas, estes
permitem a localização de objectos, a apreciação global do espaço e a percepção do
movimento (Srandring, 2005).
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Após a fototransdução realizada ao nível dos fotorreceptores, o sinal nervoso
sofre um pré - tratamento no plano interno da retina, sendo posteriormente enviado
pelas células bipolares e ganglionares e axónios que formam o nervo óptico, a mancha
cega, Esta via eferente tem sinapses no Corpo Geniculado lateral, um dos vários
núcleos de neurónios do tálamo, recebendo cada um, informação da mesma
localização do campo visual (Standring, 2005). Para tal, ocorre previamente uma
difusão das fibras do nervo óptico ao nível do Quiasma Óptico. Aqui as metades
externas de cada nervo cruzam-se. Devido ao Quiasma óptico, cada hemisfério
cerebral recebe informação de ambos os olhos (Correia, Espanha & Silva, 2003), o
hemisfério direito recebe estímulos do olho esquerdo e o hemisfério esquerdo do olho
direito. Sendo que é no córtex visual que se dá o processamento da imagem
(Standring, 2005).
3.1.2. Os movimentos dos olhos
A principal função dos movimentos dos olhos é trazer informações para visão
fóveal e para mantê-la lá (Hampson e Morris, 1996).
Uma característica fundamental dos olhos, é a sua mobilidade que nos permite
alterar o campo visual sem mover a cabeça. Como foi descrito anteriormente, os cones
estão mais concentrados na mácula, e as imagens focalizadas são observadas com
maior acuidade. A fim de concentrar o ponto mais importante da imagem visual sobre
a fóvea e mantê-la lá, o globo ocular deve ser capaz de se mover. Assim, seis músculos
esqueléticos inscritos para o exterior de cada olho, permitem controlar seu
movimento. Os movimentos dos olhos são provocados pela contracção desses
músculos oculares externos, permitindo o seu deslocamento rápido ou lento com três
tipos de graus de liberdade: vertical; horizontal e em torção, possibilitando, deste
modo, alinhar o objecto em observação com o centro do campo visual, ou seja, na
fóvea (Widmaier, Raff e Strong, 2004).
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É através do movimento conjugado dos dois olhos, de forma simultânea para
garantir a convergência dos eixos visuais sobre o objecto fixado, que podemos captar e
perseguir um objecto com os olhos (Correia, 1999 in Neves, 2006).
Os movimentos dos olhos podem ser de tipo voluntário, envolvendo a
intencionalidade do sujeito e a procura do objecto a visionar, ou de tipo involuntário,
quando automaticamente mantemos o olhar sobre o objecto.
Os movimentos voluntários são as vergências e as sacádas.
 Vergência: é o movimento coordenado dos dois glóbulos oculares que
permite focar um objecto.
 Movimento sacádico: é o principal movimento realizado pelo olho para
examinar um alvo, consistindo na sua deslocação rápida de uma região
para outra desse mesmo alvo, podendo ter amplitudes variáveis e
velocidades variáveis. Uma sacada pode ser composta por três fases, a
programação da sacada (decisão do cérebro para programar a próxima
posição do olho), excitação dos músculos (após a programação, o
cérebro transfere a ordem para os músculos, para que seja executado o
movimento) e rotação do globo ocular (velocidade angular do olho, que
varia com a amplitude das sacadas) (Neves, 2006).
Assim os movimentos rápidos, ou seja, as sacadas, são pequenos, movimentos
involuntários que rapidamente trazem o olho de um ponto de fixação para o outro
para permitir a pesquisa do campo visual. Além disso, as sacadas movem a imagem
visual sobre os receptores, impedindo a sua adaptação. As sacadas ocorrem também
durante certos períodos do sono quando os sonhos ocorrem, embora estes
movimentos não são pensados para serem envolvidos para assistir às imagens visuais
dos sonhos (Widmaier, Raff e Strong, 2004).
Segundo Guyton e Hall (2006), os movimentos involuntários são movimentos
de feedback que impedem que o objecto de atenção deixe a parte fóveal da retina.
Normalmente existem três movimentos involuntários dos olhos:
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
Um continuo tremor com uma taxa de 30 a 80 ciclos por segundo causados por
sucessivas contracções dos músculos oculares.

Um desvio lento do globo ocular, quando os olhos se movem de uma direcção
para outra.

Movimentos súbitos que são controlados pelos mecanismos de fixação.
3.1.3. Avaliação do grau e funcionamento da visão
Existe um grupo de factores determinantes da visibilidade, os quais devem ser
motivo de estudo, de conhecimento e de domínio dos especialistas que se encontram
ou que desejam realizar um estudo que implique a visão, para que o mesmo seja
realizado de forma correcta. Tendo em conta que a visão é o resultado da interacção
entre a luz e o aparelho visual, tomam-se como factores dessa interacção (Batiz, 2003
e Mingrone, 2008):
- Tamanho do objecto: quanto maior o tamanho do objecto a uma mesma
distância de visão, maior será o ângulo visual e mais rapidamente será observado o
objecto.
- Ângulo de visão: quanto maior o ângulo de visual, maior será o tamanho da
imagem na retina.
- Acuidade visual: a acuidade visual é o poder de descriminação do globo
ocular, que se exprime pela distância angular dos dois pontos mais próximos que ele
pode distinguir, ou ainda a capacidade que o olho humano possui de distinguir
pequenos intervalos entre zonas do campo visual. Quanto mais perto dois pontos
possam ser distinguidos como dois, mais elevada é a acuidade visual (Moniz Pereira,
1980, Bicas, 2002 & Santos, 2003). O registo de um valor de acuidade visual depende
não apenas da percepção, mas também da cognição e de sua resposta. Isto é, o do
reconhecimento da impossibilidade de registá-la facilmente, comum em crianças
pequenas mas presente, também, em crianças maiores e em adultos, dependendo de
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estados emocionais (timidez), mentais (atraso no desenvolvimento neuropsicomotor),
educacionais (analfabetismo, quando são testadas letras, números ou outros símbolos
não aprendidos) (Bicas, 2002). Assim sendo, a acuidade visual varia com a
luminosidade, quanto mais luz, melhor será a nossa acuidade visual, se estivermos
numa situação de baixa luminosidade, menor será a nossa acuidade visual.
- Brilho: o brilho de uma superfície é a intensidade luminosa que este emite (se
é luminoso) ou reflecte (se é iluminado) em direcção normal à linha de visão por
unidade de área. O brilho depende da intensidade de luz que incide sobre a superfície
e do coeficiente de reflexão desta.
- Sensibilidade ao Contraste: o contraste é o brilho relativo entre o objecto e o
seu fundo. Um alto contraste facilita a rápida visão e identificação do objecto,
consequentemente um baixo contraste pode torná-lo invisível.
- Campo Visual: O Campo Visual útil pode ser definido como a parte do espaço
exterior, visto pelos dois olhos. O campo visual binocular é o espaço visto por ambos
os olhos, olhando fixamente em frente. Este estende-se por 120 graus, cercado dos
dois lados de uma percepção monocular de 30 °. Deve-se a estudar a 85 pontos
distribuídos no campo visual binocular. Os conhecimentos no campo visual binocular
realizam-se com os dois olhos abertos na cúpula Goldmann (Moniz Pereira, 1980,
Zanlonghi, Avital & Prigent, 2000, Coeckelberg et al, 2004, Rogé et al, 2005 & Neves,
2006,). Segundo Zanlonghi, Avital & Prigent (2000) existem algumas áreas
"estratégicas" do campo visual que para a vida quotidiana são importantes: campo
central, campo inferior para caminhadas e a área periférica para a percepção do que se
passa em redor. A dimensão do campo visual, varia assim com a quantidade de luz,
pois dependendo desta, veremos mais ou menos em nosso redor.
- Deslumbramento: o deslumbramento é um fenómeno da visão que produz
incómodos ou diminuição da capacidade de distinguir objectos, ou ambas as coisas ao
mesmo tempo, devido a uma inadequada distribuição da luminosidade, ou como
consequência de contrastes excessivos no espaço e no tempo. As grandes diferenças
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de brilhos no campo visual provocam o deslumbramento. Isto deve-se a uma pequena
superfície da retina em que incide uma quantidade de luz relativamente grande, e a
sua sensibilidade reduz-se em conjunto e em consequência diminuiu a acuidade visual.
- Cor: a cor é a sensação visual produzida pela luz no sentido da visão que
permite ao homem diferenciar os diferentes comprimentos de onda que a compõem.
- Iluminação: Quanto maior a dificuldade de percepção visual, maior deve ser o
nível médio de Iluminação. Esta dificuldade acentua-se muito mais em pessoas de
idade avançada, pois estas necessitam de mais luz para realizar um trabalho de igual
dificuldade.
É importante referir todos os factores que influenciam a visão, mas para o
estudo em causa, irá ter-se mais em conta a acuidade visual e o campo visual, dada a
situação experimental e o objectivo do estudo “caracterizar a atenção visual”, são
estes aspectos, os que melhor a ajudam a perceber.
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3.2. O Envelhecimento
À medida que o tempo passa, existem alterações no funcionamento do
indivíduo, alterando-se as funções perceptivo-motoras.
Envelhecimento é um conceito multidimensional que, embora geralmente
identificado com a questão cronológica, envolve aspectos biológicos, psicológicos e
sociológicos, variando as características do envelhecimento de indivíduo para
indivíduo, mesmo que pertencem ao mesmo grupo social e que estejam expostos às
mesmas variáveis ambientais (SANT'ANNA, 2003).
Segundo Holzschuch et al (2002 in Oliveira & Moniz Pereira, s.d.), o
envelhecimento é um fenómeno natural que não deve ser confundido com uma
afecção patológica. Pode ser definido como um conjunto de modificações
morfológicas, fisiológicas e psicológicas, que resultam da acção do tempo sobre os
seres vivos. O envelhecimento não pode por si só ser responsável por uma doença,
mas fragiliza o organismo, baixando as reservas de uma função fisiológica.
À medida que a pessoa se vai tornando idosa, os sensores perdem competência
discriminatória, porque a quantidade de informação ambiental disponível pode ser
excessiva, a transmissão de impulsos dentro do próprio sistema nervoso periférico está
mais lenta, as funções cognitivas superiores são menos ágeis, o corpo é menos rápido
e a informação sobre a própria acção é menos detalhada. Os sistemas sensoriais e
perceptivos são muito sensíveis ao envelhecimento. A informação, quer interna quer
externa ao corpo, é recolhida de forma menos precisa e as bases para a tomada de
decisão são por vezes insuficientes, levando à produção de respostas menos ajustadas,
senão totalmente incorrectas (Barreiros, 2006).
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3.2.1. Alterações visuais no processo de envelhecimento
De acordo com o conceito atrás descrito, o envelhecimento origina alterações
nas estruturas oculares e na função visual, acabando esta por ser uma das mais
afectadas. Os problemas da visão passam habitualmente despercebidos pelos
diferentes profissionais que actuam junto dos idosos, pois não os percebem ou não os
referenciam, julgando que se tratam de fenómenos absolutamente normais para a
idade (Oliveira & Moniz Pereira, s.d.).
Segundo Oliveira & Moniz Pereira (s.d.), com o passar dos anos, o olho
propriamente dito, e as estruturas anexas vão sofrendo modificações na sua
morfologia e estrutura, às quais se juntam as alterações funcionais de diferentes
naturezas que no seu conjunto podem-se considerar o “envelhecimento ocular”.
Perracini (2002 in Mendes, 2008) cita as alterações da visão com o
envelhecimento, e as consequências em relação ao ambiente. As alterações da visão
com o envelhecimento são a diminuição da acuidade visual, diminuição do campo
visual periférico, diminuição da atenção visual, lentidão na adaptação ao claro-escuro
(deslumbramento), diminuição na acomodação, diminuição na visão de profundidade,
diminuição na discriminação das cores, diminuição da captação das formas em
movimento e diminuição da capacidade de se adaptar ao escurecimento. As
consequências da visão alterada em relação ao ambiente são que os detalhes podem
passar despercebidos, como degraus, objectos no chão, existem dificuldades com
letras pequenas, dificuldade com excesso de luminosidade, instabilidade nas
passagens para ambientes mais claros /escuros, dificuldade em seguir pistas sensoriais
mal sinalizadas, como letras e números nas portas e avisos com muitas informações,
dificuldade com pisos desenhados, degraus e escadas, assim como em ambientes com
excesso de padrões e desorientação em ambientes com monotonia de cores.
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De acordo com Bowker et al (2006) e Cordero et al (2007 in Moniz Pereira e
Oliveira, 2009), passar-se-ão a referir as alterações nas principais estruturas
anatómicas que compõem o olho:
 Órbitas e tecidos adjacentes: diminuição da matéria gorda retrobulbar e
da sua plasticidade, o que favorece o afundamento do globo ocular;
 Pálpebras: os processos degenerativos propiciam a transformação
fibrosa com perda das propriedades elásticas das fibras musculares.
Fruto deste fenómeno acontece a flacidez das pálpebras.
 Glândulas Lacrimais: existe uma proliferação do tecido conjuntivo e uma
atrofia dos elementos glandulares que conduzem a secreção lacrimal e
lubrificação alteradas.
 Córnea: o deposito progressivo de material lipídico origina o arco senil.
A córnea torna-se mais rígida e adematosa com tendência para a
opacidade e para a perda de sensibilidade, o que poderá implicar a
diminuição da acuidade visual e da sensibilidade ao contraste.
 Íris: atrofia dos músculos que regulam a pupila com implicações na visão
nocturna pela refracção pupilar. O idoso adapta-se mal à obscuridade e
aos deslumbramentos nocturnos.
 Cristalino: ocorre um aumento do tamanho do cristalino à medida que
se acumulam fibras velhas no seu núcleo. O núcleo torna-se mais opaco
e rígido.
 Retina: redução dos fotoreceptores pelas alterações vasculares. Esta
estrutura torna-se mais fina e na periferia aparecem processos
degenerativos.
 Nervo óptico: os problemas vasculares e diminuição do número de
axónios originam transtornos na condução nervosa do estímulo visual,
com implicações de diferentes naturezas das quais se destacam a
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diminuição da acuidade visual. Do campo visual e sensibilidade ao
contraste.
 Musculatura ocular extrínseca: o envelhecimento do organismo
compromete a força muscular do corpo, e em especial da estrutura do
olho, dificultando a perseguição ocular.
Ainda segundo Moniz Pereira e Oliveira (2009), os problemas da visão vão
afectar a maneira de como o idoso se envolve no seu dia-a-dia. A nível social, o défice
de visão afecta a área afectivo-relacional. A nível psicoafectivo, os problemas da visão
condicionam a recepção de informação e comunicação do meio envolvente,
produzindo distúrbios afectivos que podem provocar quadros depressivos e ansiedade.
A nível funcional, o défice visual impõe limites na capacidade do indivíduo interagir
com o meio envolvente, estreitando a sua capacidade de adaptação a esse meio,
conduzindo a uma perda de equilíbrio dinâmico.
As alterações da capacidade visual com o envelhecimento implicam
modificações em comportamentos do dia-a-dia, como o reajustamento postural para
ver televisão ou ler, na alteração do padrão de deslocação, mais lento ou cambaleante,
ou na imprecisão no alcançar de objectos. A marcha pode levar a colisões com
obstáculos, à incapacidade de perceber desníveis, ou o recurso permanente a
informação de natureza táctil para a regulação da deslocação (Barreiros, 2006).
Estudos realizados por Elliott, Yang & Whitaker (1995) verificaram que tende a
haver uma melhoria na acuidade visual até aos 25 anos de idade, e verifica-se um
declínio gradual desta, daí em diante, sendo que a partir dos 60 anos de idade se
verifica um declínio notório.
A atenção visual torna-se um tema de grande importância à medida que a
idade avança, pois se esta estiver alterada, também vai contribuir para todos os
problemas anteriormente descritos. Uma vez que ao existir percas na capacidade de
pesquisar o ambiente em redor, na habilidade de dar atenção aos objectos realmente
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importantes para a tarefa que se está a realizar e abstrair-se dos outros. Assim, se a
atenção visual não for estimulada de modo a não haver mais percas nesta capacidade,
os idosos terão cada vez mais dificuldades em relacionar-se no seu dia-a-dia.
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3.3. Atenção Visual
Este capítulo diz respeito à atenção visual e aos processos relacionados com a
mesma, a fim de a compreender melhor o que é a atenção visual e como ela influência
toda a nossa percepção visual e o modo de compreender e visualizar as coisas. Ao
longo deste capítulo também se irá perceber como a atenção visual é afectada pelo
processo de envelhecimento.
No nosso dia-a-dia, as pessoas têm de ter atenção a alguns objectos e ignorar
outros. Guiar a atenção para os objectos importantes é fácil em determinados
instantes, como por exemplo ver vinho vermelho numa carpete branca, mas por vezes
é mais difícil, como por exemplo ver os objectos numa fotografia desfocada (Madden,
2007).
É a atenção visual que permite a focalização no objecto, bem como uma
interacção eficaz do indivíduo com o meio, assim como intervém a nível da
organização dos processos mentais realizados para cada tarefa (Oliveira, 2007).
Pode
ser
definida
como
a
capacidade
do
indivíduo
responder
predominantemente aos estímulos que lhe são significativos em detrimento de outros.
Verifica-se que a atenção está directamente relacionada com o processamento
preferencial de determinadas informações sensoriais (Lima, 2005 in Oliveira, 2007).
A imagem que vemos resulta da interacção em cada momento entre o córtex
visual, a memória de trabalho e uma zona cognitiva de interpretação (no córtex préfrontal). O córtex visual reconhece vários detalhes que mantêm uma relação coerente
entre si e isso faz emergir o reconhecimento de um objecto. O objecto é evocado e
isso acaba por influenciar o modo como o que vemos está a ser agrupado e
interpretado, podendo sugerir a detecção de outras coisas para confirmarem ou não a
presença do objecto. Um objecto é provavelmente considerado como real quando a
sua percepção coincide com as previsões que fazemos da sua aparência,
nomeadamente quando, por exemplo, efectuamos movimentos, nomeadamente os
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movimentos oculares, realizados através dos objectos sacádicos. Todo este processo é
inconsciente. E, se focarmos a nossa atenção num objecto conhecido, o seu nome
surge na mente e as memórias que lhe estão associadas são activadas, surgindo
também na mente palavras associadas a essas memórias (Campos, 2010).
A atenção, como uma importante função cognitiva básica, tem influência directa
no modo como os organismos interagem com o ambiente, correlacionando-se
directamente com a efectividade do desempenho desses organismos. Ela tem uma
importante função no controlo executivo, que determina capacidade de controlar,
direccionar e integrar funções cognitivas, emocionais e comportamentais para
execução voluntária e consciente das acções necessárias para administrar contingência
em função de um objectivo (Assef e Capovilla, 2007; Gazzaniga; Ivry; Mangun, 2006;
Lezak; Howieson; Lorning, 2004, in Carreiro, Ferreira e Pinheiro, 2009).
Embora o que percepcionamos tenha origem nos estímulos físicos, é a sensação
que resulta do estado em que ficam algumas redes neuronais do nosso cérebro
quando certos estímulos actuam nos mecanismos visuais. Mas os objectos físicos não
têm cor, é o nosso sistema visual que usa esse «código» para classificar as suas
propriedades físicas. O nosso conhecimento começa na «invenção» de um modelo que
emerge espontânea e estatisticamente a partir dos estímulos, e que é depois
comparado pela interacção com o mundo real. A imagem de cada objecto é
«codificada» de modo a que a sua representação possa ser armazenada numa
«memória associativa neuronal» e comparada com outras representações nela
memorizadas. Quando a atenção se desvia para um lado do que se está a observar, os
processos de neuronais são capazes de gerar por si próprios e manter activa a imagem
das outras partes da observação. Mas, na realidade, só vemos de um modo mais nítido
aquilo que está sob o foco da nossa atenção. Só vemos nitidamente uma pequena área
do campo visual, a parte sobre a qual se fixa a nossa atenção e o nosso olhar, cuja
representação interna está a ser feita tendo em conta os dados perceptivos extraídos
pelo córtex visual. O resto vê-se de uma forma mais vaga porque se trata apenas da
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
manutenção em memória de curta duração de algo que vimos antes. A área do mundo
exterior que está sob o foco da nossa atenção está sempre a mudar porque mexemos
voluntariamente os olhos e porque eles, para além disso, fazem automaticamente
movimentos sacádicos. E, em cada momento, a informação gerada a partir da retina
vai sendo inserida no lugar correcto dos mapas corticais associados à representação da
observação, sob a direcção dos mecanismos de atenção (Campos, 2010).
Para Treisman e Galade (1980) e Treisman e Sato (1990 in Rossini e Galera,
2007), a atenção é o processo responsável pela integração das características de um
objecto composto por vários atributos numa posição específica no espaço
retinotópico.
Em geral, a atenção é utilizada para a concentração ou nas capacidades mentais
de selecção dos estímulos sensoriais (Duchowski, 2003).
Estudos feitos por Von Helmholtz (1925 in Duchowski, 2003) observaram
tendência natural da atenção visual para procurar coisas novas. Observou-se que a
atenção pode ser controlada por um esforço consciente e voluntário, permitindo que a
atenção se direccione para os objectos periféricos sem fazer movimentos dos olhos.
Em suma, a atenção visual pode ser direccionada para os objectos periféricos, sendo
que os movimentos dos olhos reflectem a vontade para inspeccionar esses objectos
em detalhe.
Para Gibson (1941 in Duchowski, 2003) a atenção visual centra-se na intenção.
Esta componente de atenção explica a capacidade de variar a intenção de reagir,
mantendo a expectativa do estímulo fixo e, inversamente, a capacidade de variar a
expectativa do objecto que se move. Isto é, a atenção específica o "o que fazer" ou
"como" reagir a determinados comportamentos baseados em preconceitos do
espectador ou da sua atitude. Esta variante da atenção visual é particularmente
relevante pois é influenciada pela instrução do indivíduo. Para Gibson a atenção tem
em conta uma percepção através de uma função cerebral que atribui significado a
estímulos sensoriais, a partir de histórico de vivências passadas. Através da percepção
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
um indivíduo organiza e interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir
significado ao seu meio. Consiste na aquisição, interpretação, selecção e organização
das informações obtidas pelos sentidos. Do ponto de vista psicológico ou cognitivo, a
percepção envolve também os processos mentais, a memória e outros aspectos que
podem influenciar na interpretação dos dados percebidos.
Três importantes características da atenção são a possibilidade de se exercer
um controle voluntário da atenção, a inabilidade em atender diversos estímulos ao
mesmo tempo e a capacidade limitada do processamento atencional (Lima, 2005).
Segundo Hillistrom e Chai (2006), os factores básicos que influenciam a
direcção da atenção visual são: a diferença entre o estímulo e a cena observada, o
destaque deste em relação ao meio envolvente, a intenção do observador, a memória
do que foi observado anteriormente e a organização perceptiva do que é observado,
sendo que o destaque do estímulo observado apresenta um papel fundamental (in
Oliveira, 2007).
Aquilo que nós percebemos depende directamente de onde estamos a dirigir a
nossa atenção. O acto de prestar atenção, aumenta a sensibilidade perceptual para a
discriminação do alvo, além de reduzir a interferência causada por estímulos
distractores (Pessoa et al, in Lima, 2005).
A atenção permite a focalização selectiva num determinado estímulo
(estímulos) filtrando, destacando ou inibindo as informações desnecessárias. A
focalização dos recursos de atenção pode ser compreendida como uma reacção
automática, ou reflexa, atribuída ao aparecimento de um novo objecto. A Atenção
Simples consiste na capacidade para responder a estímulos específicos de modo
diferenciado, permite processar determinada informação “alvo” e ignorar a restante. A
Atenção Dividida é a capacidade para responder, simultaneamente, a vários estímulos
de natureza diversa e de forma coordenada. Por sua vez, a Atenção Selectiva é a
capacidade para manter um padrão de resposta a um estímulo, na presença de outros
estímulos “parasitas”, ou seja é a capacidade mental de seleccionar apenas uma
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pequena parcela da informação contida no ambiente em detrimento da grande
quantidade de estímulos disponíveis ao nosso redor (Rossini e Galera, 2006).
O processo de atenção que não é mais do que um processo de observação
selectiva, ou seja, das observações por nós efectuadas. Este processo faz com que nós
percebamos alguns elementos em relação a outros. Deste modo, são vários os factores
que influenciam a atenção e que se encontram agrupados em duas categorias: a dos
factores externos (próprios do meio ambiente) e a dos factores internos (próprios do
nosso organismo). Os factores externos mais importantes da atenção são a intensidade
(pois a nossa atenção é particularmente despertada por estímulos que se apresentam
com grande intensidade) o contraste (a atenção será muito mais exacta quanto mais
contraste existir entre os estímulos); o movimento que constitui um elemento
principal no despertar da atenção; e a incongruência, ou seja, prestamos muito mais
atenção às coisas absurdas e bizarras do que ao que é normal. Os factores internos que
mais influenciam a atenção são a motivação (prestamos muito mais atenção a tudo
que nos motiva e nos dá prazer do que às coisas que não nos interessam); a
experiência anterior ou, por outras palavras, a força do hábito faz com que prestemos
mais atenção ao que já conhecemos e entendemos; e o fenómeno social que explica
que a nossa natureza social faz com que pessoas de contextos sociais diferentes não
prestem igual atenção aos mesmos objectos (Wikipédia, pesquisa feita em Junho de
2010).
A atenção visual refere-se assim, às habilidades tais como filtrar informações
não desejadas, o deslocamento dos recursos de processamento de informações de
uma região do campo visual para outra, e a capacidade de dividir a atenção para mais
de um local do campo visual. Uma pesquisa visual refere-se à habilidade para localizar
ou encontrar um objecto de interesse, entre outros objectos distractores dependendo
do uso da atenção visual (Owsley & McGwin, 2004).
Os testes do Campo Visual Atencional têm como objectivo realizar uma
pesquisa visual. Os participantes são instruídos para identificar um alvo apresentado
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
em várias excentricidades e incorporado num meio de um grande número de
distracções (Coeckelbergh et al, 2004). O teste da Atenção Visual é usado para avaliar
três aptidões para o processamento (atenção dividida, atenção selectiva, e velocidade
de processamento), que são estudadas usando tarefas de localização espacial (Rogé et
al, 2005).
De acordo com Cortese e colaboradores (1999 in Lima, 2005), existem factores
que estão presentes em todas as modalidades de testes de atenção visual:
 Vigilância: capacidade de seleccionar e focar os estímulos;
 Amplitude: quantidade de estímulos que deverão ser processados na
realização de um teste;
 Seguimento (Tracking): rastreamento do material envolvido, envolvendo
processos de memória a curto prazo;
 Tempo de Reacção: tempo necessário para a realização da tarefa;
 Alternância: flexibilidade e velocidade no deslocamento da atenção de
um foco para outro.
Segundo um estudo feito por Madden e Langley (2003) em que se realizaram
três experiências de tarefas de pesquisa visual para testar a hipótese de que existem
diferenças que a atenção selectiva varia em função da carga perceptiva, comparandose um grupo de jovens com um grupo de idosos. Os resultados sugerem que os
declínios na atenção selectiva relacionados com a idade dependem da tarefa de
desempenho que lhe é atribuído e pelos estímulos presentes. Existe assim uma
limitação da capacidade de atenção para as idades mais velhas, o que dificulta as
tarefas de pesquisa visual e da atenção selectiva.
Outra explicação para a idade está relacionada com a redução da capacidade, o
que leva a uma menor capacidade na selectividade de atenção para adultos mais
velhos do que para os adultos mais jovens (Madden e Langley, 2003).
De acordo com Owsley e MacGwin (2004) vários mecanismos subjacentes à
pesquisa visual nos problemas de adultos mais velhos têm sido sugeridos, incluindo as
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dificuldades com inibição de metas irrelevantes, na atenção selectiva, atenção
dividida, localizar espacialmente informações relevantes para a tarefa, e atraso do
processamento. Problemas de atenção dividida são ligados à condução de problemas
de desempenho (por exemplo, reduzir ou evitar obstáculos), habilidade na condução.
Os idosos geralmente relatam dificuldades no quotidiano em tarefas que dependem
de habilidades de pesquisa visual, expressando problemas com objectos de distracção
e eventos, desorientação visual, e não há tempo suficiente para localizar objectos nas
tarefas relevantes. Os resultados do seu estudo, indicam que modificações no sistema
atencional, impedem os mais velhos de ter uma estabilidade postural, locomoção, e
outros tipos de movimento através do ambiente, quando comparados com adultos
jovens. Tem sido sugerido que o número de mecanismos subjacentes à pesquisa visual
e problemas de atenção nos idosos, incluindo défices na atenção selectiva e atenção
dividida, abrandou a velocidade de processamento, e as dificuldades na localização
espacial.
Estudos feitos por Madden (2007) permitiram verificar que os adultos mais
velhos são mais lentos em comparação com os jovens adultos em tarefas de pesquisa
visual, o que sugere uma relação da idade com a função atencional.
A medida de interesse para a avaliação da atenção visual é a mudança do
tempo de reacção (TR) ou a exactidão para detectar o alvo, em relação a um crescente
número de itens em exibição (tamanho do visor). Sendo assim, nas tarefas de pesquisa
difíceis, o Tempo de Reacção é tipicamente maior para os idosos do que para os jovens
adultos, sugerindo uma diminuição da eficiência dos processos de pesquisa (Madden,
2007).
O tempo de reacção varia em função do número de estímulos a serem
atendidos, sem ser afectado pelo número de estímulos as serem ignorados, mas não
informa muito sobre o processo de selecção do estímulo (Rossini e Galera, 2007).
Em muitos dos estudos pesquisados, os resultados indicam que o aumento do
tempo de reacção é maior para os idosos do que para os jovens adultos (Zeef & Kok,
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1993; Zeef, Sönke, Kok, Buiten, & Kenemans, 1996 in Madden e Langley, 2003), mas o
inverso também tem sido relatado (Cerella, 1985; Madden & Gottlob, 1997, Wright &
Elias, 1979 in Madden e Langley, 2003).
Os estudos feitos por Madden e Langley em 2003, indicam que o Tempo de
Reacção, para ambos os grupos etários, aumentou de uma forma relativamente linear
em função do aumento dos itens a pesquisar, o que sugere que a magnitude do tempo
de reacção não diferiu em função da faixa etária.
Num estudo feito por Madden, Spaniol e Bucur (2005) em que se impunha ao
grupo de jovens e idosos uma tarefa de atenção visual, para investigarem as diferenças
dos tempos de reacção nos dois grupos, tinha de identificar um alvo no meio de outros
distractores. Verificaram-se que os valores do tempo de reacção foram de facto
maiores em valor absoluto para os idosos do que para adultos jovens. Esta diferença
de idade, com a repetição da tarefa, desapareceu. Assim o efeito da repetição deve ser
mais considerado para caracterizar o desempenho dos adultos mais velhos, do que dos
mais jovens.
3.3.1. Modelos da Atenção Visual
De acordo com a pesquisa feita existe uma teoria que define a atenção visual. A
teoria da Atenção visual, primeiramente definida por Bundesen (1990) é uma teoria
que combinada o reconhecimento e a selecção. Noutras palavras, quando um objecto
no campo visual é reconhecido, é ao mesmo tempo seleccionado e vice-versa.
Segundo a Teoria da Atenção visual os elementos no campo visual são processados em
paralelo. A transformação Visual é um processo constituído por duas fases: (a) uma
correspondência inicial da percepção visual com a memória visual a longo prazo,
seguido por representações, (b) uma selecção e reconhecimento de uma
representação na memória visual de curto prazo (Kyllingsbaek e Habekost, s.d.).
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De acordo com esta teoria, foram propostos vários modelos para descrever a
atenção visual. Estes modelos tentam descrever os aspectos essenciais da atenção
visual. Começa-se por definir o modelo do “Holofote atencional”, este modelo
proposto por Posner e Petersen (1990) engloba duas das principais características da
atenção visual, uma caracteriza a atenção como sendo delimitada e outra caracteriza a
existência de um custo temporal para o seu deslocamento. De acordo com este
modelo o foco atencional dificilmente poderia ser dividido, da mesma maneira que um
holofote de luz ilumina apenas uma região do espaço num dado momento. Um outro
modelo é chamado de “Lente Zoom”, neste modelo proposto por Eriksen e St. James
(1986), o tamanho do foco atencional seria variável, podendo adaptar-se à tarefa a ser
executada, apresentando uma distribuição uniforme de recursos atencionais na área
atendida, de forma que quanto maior a área atendida menor a densidade de tais
recursos. Outro modelo é o “Gradiente atencional”, definido por Downing e Pinker em
1985 e Shulman et al em 1986, este modelo diz que, tanto o tamanho, como a forma e
densidade do foco atencional seriam variáveis, estando mais concentrados no seu
centro e diminuídos na periferia. Um modelo mais recente é o “modelo modificado da
atenção visuo-espacial” de Kraft et al (2005) que apresenta como principal
característica permitir a divisão da atenção sendo cada hemisfério capaz de controlar
simultaneamente o foco atencional. Um último modelo da atenção visual, é o
chamado de “Chapéu Mexicano”, descrito por Müller et al (2005), em que ao redor do
foco atencional haveria primeiro um anel de menor densidade, seguido mais
perifericamente de um segundo anel com densidade um pouco maior ( in Chun e
Wolfe, 2000 e Pereira, 2006).
Considerando o carácter multifactorial da atenção, do ponto de vista da sua
relação com a sua natureza e origem, esta pode ser dividida em voluntária e
involuntária. A atenção voluntária envolve a selecção activa e deliberada do indivíduo
numa determinada actividade, ou seja, está directamente ligada às motivações,
interesses e expectativas (Delgalarrondo, 2000 in Lima, 2005). A atenção involuntária é
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suscitada pelas características dos estímulos, ou seja, ocorre em ambientes
inesperados e o indivíduo não tendo interferência na escolha da sua atenção (Brasil,
1984 in Lima, 2005).
A atenção visual pode ser entendia através de dois controlos que influenciam a
pesquisa visual: um baseado na localização dos estímulos no espaço e outro baseado
nas características intrínsecas do objecto, independente da sua posição espacial. Estes
dois controlos têm uma relação estreita com duas categorias de operações distintas. A
primeira apresenta um processamento limitado por parâmetros fisiológicos da
detecção do estímulo (aspectos espaciais e temporais), estes processos são
frequentemente definidos como processos bottom-up. A segunda categoria de
operações apresenta processos centrados nas directrizes internas dos sujeitos, sendo
balizada por parâmetros e metas estabelecidas pelo sistema cognitivo sob influência
directa dos processos das representações mentais, estas operações são definidas
como processos top-down (Pashler, Johnston, & Ruthruff, 2001 in Rossini e Galera,
2006). Define-se assim, processos de buttom-up quando há uma direcção dos reflexos
de recursos de processamento, também chamado de direccionamento involuntário,
exógeno, extrínseco ou ascendente (bottom-up), e quando houve uma orientação
automática da atenção. Por sua vez, define-se processos de Top-down quando um
indivíduo voluntariamente focaliza sua atenção numa determinada área do campo
visual, há um desvio atencional que é chamado de endógeno, intrínseco ou top-down
(Carreiro, Ferreira e Pinheiro, 2009).
Assim, os processos de botton-up e top-down são aqueles que permitem a
obtenção da atenção visual. A atenção visual botton-up é orientada por características
da imagem, como o brilho, a textura, a cor, o fluxo do movimento, que irão permitir
dividir a imagem e realizar um mapa de características. Esta também actua de modo
inconsciente, de tal modo que faz o observador fixar a sua atenção em determinadas
zonas da imagem, devido aos estímulos de contraste, é um processo rápido com
duração de 25 a 50 ms, aproximadamente. A atenção visual top-down usa
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
conhecimentos obtidos, para detectar regiões de maior interesse numa imagem. É um
processo voluntário de aproximadamente 200 ms. Em ambos os processos, a atenção é
automaticamente atraída por características do mundo visual (botton-up) e pelo
esforço voluntário de direccionar a atenção para outros objectos ou locais (top-down),
funcionando assim em paralelo (Oliveira, 2007).
O estudo em causa tem em conta o Modelo de Top-down, uma vez que este
tem em conta um processo voluntário de pesquisa de estímulos, sendo que a tarefa
em causa implica uma pesquisa visual voluntária, para seleccionar estímulos relevantes
e ignorar outros.
A aparência de um objecto específico pode ser prevista. Em tais situações, os
processos de pré-atenção devem ser capazes de avançar para definir o tratamento
(top-down) para o objecto correspondente e iniciar a atribuição de atenção focal. Isto
pode ser conseguido, ligando a atribuição da atenção para uma característica que
define o objecto de destino, ou a uma dimensão característica, tais como cor ou
orientação (Folk & Remington, 1998; Müller, Reimann & Krummenacher, 2003 in
Müller e Krummenacher, 2006).
Segundo Müller e Krummenacher (2006) os processos de top-down podem
orientar processos selectivos de estímulos consoante as propriedades do objecto. A
pesquisa visual poderia ser mais eficiente se tivesse controlo na orientação da atenção
ou, em alternativa, fazendo-se executar uma tarefa de memória em simultâneo com a
pesquisa.
O Top-Down atencional é uma forma específica de orientação e controlo
executivo: "processos cognitivos responsáveis pelo planeamento, coordenação e
acompanhamento de outras operações cognitivas "(Salthouse & Miles, 2002, p. 572 in
Madden, Spaniol, Bucur; 2005).
Alguns estudos neste campo seugerem que existe um declínio na idade
relativamente à orientação do Top-down atencional. Diferentes autores descobriram
que quando os participantes estavam cientes da existência de itens irrelevantes, os
Cláudia do Rosário Pires
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
adultos mais velhos foram menos bem sucedidos do que adultos jovens em inibir seus
movimentos dos olhos na direcção do item distractor (Kramer, Hahn, Irwin, e
Theeuwes, 2000 in Madden, Spaniol, Bucur; 2005).
Os idosos parecem ser menos bem sucedidos do que adultos mais jovens no
uso de uma top-down atencional (ou seja, a manutenção da preparação mental). Estes
resultados sugerem que o desempenho dos adultos idosos diminuiu em tarefas de
pesquisa visuais (Madden, 2007).
Porém, alguns estudos provaram que existe uma melhoria na orientação do
Top-down atencional, quando existem ensaios sucessivos, o que também prova que
esta orientação está relacionada com o treino. Assim a repetição leva a melhorias
comparáveis no desempenho da pesquisa, tanto nos adultos mais jovens como nos
mais velhos (Howard, Howard, Dennis, Yankovich, e Vaidya, 2004; SchmitterEdgecombe & Nissley, 2002 in Madden, Spaniol, Bucur; 2005).
Outros autores porém indicam o contrário, segundo os estudos de Madden,
Spaniol e Bucur (2005), em que a investigação consistia em verificar as alterações
relacionadas com a idade numa tarefa de top-down atencional, em que se tinha de
realizar uma tarefa de pesquisa visual, identificando-se o distractor de dor diferente,
onde se recorria à repetição da mesma tarefa, mantendo sempre o distractor da
mesma cor inicial. Os resultados sugerem que na tarefa de pesquisa visual, a
magnitude do top-down atencional não sofre alterações significativas com a idade.
Mas concluiu-se que o controle do top-down atencional e dos recursos visuais, como o
movimento dos olhos, é mais difícil para os adultos mais velhos. Sendo que a repetição
e o aumento do tempo de exposição do estímulo são uma das características
relacionadas com o aumento da idade nas tarefas de top-down.
Cláudia do Rosário Pires
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
3.3.2. Atenção Visual e Campo Visual
Como já se começou a perceber ao longo desta revisão bibliográfica não se
pode estudar a atenção visual sem ter em conta o campo visual. Assim neste capítulo
vai-se abordar como o campo visual está relacionado com a atenção visual,
percebendo-se também como se vai alterando ao longo da idade.
Segundo DiCarlo & Maunsell (2003) citado por Maunsell & Treue (2006 in
Oliveira, 2007), a atenção baseada numa característica consiste na capacidade para
incrementar os componentes de representação do objecto observado, através do
campo visual, que se encontram relacionados com essa característica particular. Este
tipo de atenção é particularmente útil quando na procura de itens e encontra-se
demonstrado que aumenta a capacidade de detecção de objectos, assim como o
desempenho motor na realização de tarefas relacionadas com o foco de atenção.
As experiências em pesquisa visual revelaram um conjunto de características
visuais que são registadas pré-atentamente, incluindo a iluminação, a cor, a
orientação, a direcção de movimento e a velocidade, bem como a forma. Estas
características básicas geralmente correspondem a propriedades de estímulos pelo
qual as áreas visuais podem ser activadas. Segundo algumas teorias (por exemplo,
Treisman & Gelade, 1980; Wolfe, Cave, & Franzel, 1989), a saída de processamento de
atenção consiste num conjunto de espacial organizado mapas recurso que
representam a localização de cada orientação (luminosidade, cor, base, etc) dentro do
campo visual (Müller e Krummenacher, 2006).
O campo visual binocular está sempre relacionado com o estudo da atenção
visual, daí ser importante no estudo em causa, realizar um pré-teste, avaliando o
campo visual binocular, para ver se todos os participantes têm um campo visual
normal, que não interfira no objectivo do estudo em causa que é estudar o
comportamento da atenção visual ao longo da idade.
Segundo Ball e Owsley (1992), muitos idosos experienciam um declínio na sua
capacidade para ver e nos processos de informação visual, que podem causar um
Cláudia do Rosário Pires
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impacto negativo na sua performance para as actividades visuais diárias. Com a
redução do campo visual útil verifica-se um decréscimo na atenção, caracterizando
estes dois aspectos com o avanço da idade, verificando-se assim:
- Redução da velocidade de processamento visual.
- Redução da habilidade da atenção dividida (observável por uma
inabilidade para localizar pontos na periferia).
- Redução da atenção selectiva (observável por uma incapacidade de
localizar pontos isolados).
Em muitos dos casos, à medida que a idade aumenta e existem alterações no
campo visual útil, os indivíduos são mais lentos, têm uma maior sensibilidade para a
distracção e uma inabilidade para a atenção dividida que se nota onde estes têm de
dar resposta a pontos centrais e periféricos (Ball & Owsley, 1992).
Vários estudos sobre o Campo visual útil têm mostrado um aumento
desproporcional das taxas de erro nas excentricidades do campo, maior nas pessoas
mais velhas, o que levou ao entendimento que o campo visual útil é mais restrito em
adultos mais velhos (Ball et al., 1988, 1990; Sekuler & Ball, 1986 in Coeckelbergh et al,
2004). Ball e seus colegas (1988 in Coeckelbergh et al, 2004), observaram que os
participantes mais velhos têm um desempenho pior do que os participantes mais
jovens, e as taxas de erro aumentam em ambos os grupos em função da
excentricidade. No entanto, em contraste com os relatórios de Ball e seus colegas
(1988), a diferença entre as faixas etárias manteve-se constante em todo o campo de
visão (Seiple et al, 1996 in Coeckelbergh et al, 2004). Sekuler, Bennett e Mamelak
(2000 in Coeckelbergh et al, 2004) são da mesma opinião. Eles compararam o
desempenho sob condição de atenção dividida, bem como uma condição de atenção
focalizada, num grupo de jovens e um grupo de idade mais avançada. Na condição da
atenção simples, os efeitos da excentricidade, e da idade foram significativos. Na
atenção dividida, só o efeito da idade foi significativo. Não havia nem um aumento de
erros em função da excentricidade nem na interacção com a idade. Os autores
Cláudia do Rosário Pires
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concluíram, portanto, que os observadores mais jovens e mais velhos apresentaram
campos visuais úteis, de tamanhos equivalentes, mas os adultos mais velhos
transformam as informações de forma menos eficiente nessa área.
No estudo de Coeckelbergh et al (2004), investigou-se os efeitos da idade sobre
o campo visual funcional, quando o paradigma do campo visual atencional é usado. A
hipótese estudada era que as pessoas com defeitos de campo visual podem
compensar sua deficiência visual, com os movimentos dos olhos e movimentos da
cabeça. O estudos teve como resultados que os participantes mais velhos
necessitavam da apresentação do estímulo, mais vezes para o detectar, do que os
participantes mais jovens. Todos os participantes foram mais rápidos para detectar um
alvo central do que um alvo periférico. Verificou-se que a excentricidade teve um
efeito menor sobre a performance dos participantes mais velhos em relação ao
desempenho dos participantes mais jovens. Este efeito pode ser atribuído a grandes
diferenças relacionadas à idade e à sensibilidade para as metas centralmente
localizadas. Os resultados indicaram também que, dada a quantidade de tempo breve,
os indivíduos mais velhos processam um campo de visão menor do que indivíduos
mais jovens. Consequentemente, os indivíduos mais velhos foram obrigados a recorrer
a série de varrimentos para a maior parte da tela, enquanto os indivíduos jovens
poderiam processar uma área maior em paralelo.
Cláudia do Rosário Pires
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4. Metodologia
O capítulo que se segue tem como finalidade descrever todo o processo
realizado para responder ao principal objectivo do estudo (caracterizar as diferenças
de atenção visual na população idosa quando se compara com uma população jovem
adulta), para de tal forma se conseguir responder à pergunta: a atenção visual é
alterada com a idade?
4.1. Tipo de Estudo
Foi realizado um estudo comparativo, de acordo com uma análise estatística.
Deste modo irá descrever-se e comparar-se as diferenças de atenção visual na
população idosa quando comparadas a uma população jovem adulta.
4.2. Definição da população e selecção da amostra
A realização deste estudo foi feita através da participação voluntária de todos
os indivíduos.
Para a realização do estudo considerou-se que a amostra fosse composta por dois
grupos:
 Um grupo de 15 jovens adultos, com idades compreendidas entre os 18 e os 25
anos.
 Um grupo de 15 pessoas idosas com idades compreendidas entre os 70 e os 77
anos.
Cláudia do Rosário Pires
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Os indivíduos participantes neste estudo são escolhidos por não terem
qualquer tipo de patologia, por terem uma visão binocular normal ou corrigida e por
não terem problemas no seu campo visual binocular.
4.3. Objectivos e Hipóteses
O grande objectivo deste estudo será caracterizar as diferenças de atenção
visual entre um grupo de idosos em relação a um grupo de jovens adultos.
De um modo mais específico os objectivos a serem caracterizados neste estudo
são:
- Caracterizar o modo como a atenção simples evolui ao longo da idade,
- Caracterizar o modo como a atenção dividida evolui ao longo da idade,
- Caracterizar o modo como a atenção selectiva ao longo da idade,
- Verificar como evolui o tempo de resposta de cada componente que constitui
a atenção visual, com o aumento da idade,
- Verificar se existe relação entre a atenção visual e as alterações do campo
visual.
Tendo em conta os objectivos e a questão de investigação deste estudo, foram
formuladas as seguintes hipóteses de estudo:
 H1: A atenção simples diminui com a idade.
 H2: O tempo de resposta da atenção simples aumenta com a idade.
 H3: A atenção dividida central diminui com a idade.
 H4: O tempo de resposta da atenção dividida central aumenta com a
idade.
 H5: A atenção dividida periférica diminui com a idade.
Cláudia do Rosário Pires
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
 H6: O tempo de resposta da atenção dividida periférica aumenta com a
idade.
 H7: A atenção selectiva central diminui com a idade.
 H8: O tempo de resposta da atenção selectiva central aumenta com a
idade.
 H9: A atenção selectiva periférica diminui com a idade.
 H10: O tempo de resposta da atenção selectiva periférica aumenta com
a idade.
 H11: Existe relação entre a atenção visual e as alterações do campo
visual.
4.4. Instrumento
Para medir os testes do campo visual atencional, acuidade visual e campo
visual, foi utilizado o instrumento Vision Monitor MonCV3 que combina num
instrumento único e compacto uma bateria completa de testes para as funções visuais.
Graças ao seu design, que se adapta facilmente às necessidades do indivíduo e aos
cuidados prestados pelos especialistas, com testes específicos para a retina, o
glaucoma, a neuro-oftalmologia e as aptidões visuais.
O MonCV3 gera estímulos visuais com iluminação controlada, com precisão e
contraste. Os testes de visão periférica são realizados a uma distância de 30 cm e 60
graus de cobertura do campo visual (± 30 graus), com estímulos de até 70 graus de
excentricidade para os limites horizontais. Os testes de visão central podem ser
realizados em várias distâncias, graças ao encosto de cabeça removível.
O instrumento está equipado com um infra-vermelho próximo, um sensor de
alta imagem de resolução. Um software que permite uma análise avançada de
Cláudia do Rosário Pires
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
imagens que fornece medições em tempo real do tamanho da pupila e a orientação do
olhar.
O MonCV3 é controlado a partir de um computador padrão com Sistema
operacional Windows XP. Os resultados são facilmente exportados e facilmente
acessíveis. A operação é simplificada através da utilização da mesma interface e do
mesmo banco de dados para todos os exames.
Figura 2: Imagem ilustrativa, de como podemos controlar os movimentos oculares no MonCV3
4.5. Procedimento
O período de realização dos registos feitos aos idosos foi feito ao longo de
vários meses, de acordo com a possibilidade de deslocação do grupo de idosos à
Faculdade de Motricidade Humana. Os registos feitos aos jovens adultos decorreram
num período de 5 dias. Todos os registos foram feitos na mesma sala, de modo a haver
um controlo rigoroso das condições ambientais, tais como a iluminação e o ruído.
Para a realização de cada um dos testes pede-se ao sujeito para entrar na sala,
onde lhe é explicado o motivo da sua participação no estudo. A sequência de
realização dos testes é feita primeiro pelo teste da acuidade visual, depois pelo teste
do campo visual binocular atencional e por último o teste do campo visual atencional.
Cada indivíduo realizou os testes num só dia, e era atribuído no final da sua
Cláudia do Rosário Pires
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
participação, um folheto que continha toda a informação do seu desempenho nos
teste e com as devidas recomendações, verificando-se deste modo, se era essencial os
indivíduos recorrerem a um oftalmologista.
 Teste da Acuidade visual: solicita-se aos indivíduos que leiam as letras
que lhes são apresentadas no ecrã, até que estas lhe sejam perceptíveis,
pois elas vão diminuindo de tamanho. Assim este teste permite avaliar o
nível de acuidade visual de cada indivíduo.
Figura 3: Teste da acuidade Visual, realizado a 4m.
 Teste do campo visual binocular: Neste teste o indivíduo tem de se
sentar no banco, junto ao aparelho, com o queixo e a testa apoiada.
Primeira fase - o indivíduo tem de fixar-se no ponto amarelo, que se
encontra ao centro do ecrã, sem nunca movimentar os olhos para
outros locais, o indivíduo terá um botão sonoro na sua mão direita, para
carregar sempre que este detectar um estímulo luminoso, em qualquer
parte do ecrã.
Segunda fase - o quadrado amarelo move-se para o quadrante superior
direito e o indivíduo terá de fixar este quadrado, apenas movendo os
Cláudia do Rosário Pires
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
olhos para o sítio onde este se encontra, e deve carregar no botão
sonoro sempre que o estímulo luminoso aparecer.
Terceira fase - o quadrado amarelo move-se para o quadrante superior
esquerdo e repete-se o mesmo processo anteriormente descrito.
Quarta fase - o quadrado amarelo move-se para o quadrante inferior
direito e o indivíduo continua a realizar o mesmo processo.
Quinta fase - o quadrado amarelo move-se para o quadrante inferior
esquerdo e repete-se o mesmo processo anterior. Este teste permite a
avaliação do campo visual central (60 graus) e campo visual periférico
ao longo do meridiano horizontal (130 graus).
Figura 4: teste do campo visual binocular.
 Teste do campo visual atencional: Como representado na figura 5 o
indivíduo senta-se num banco junto ao aparelho, apoiando o queixo e a
testa.
Tarefa: o objectivo é fixar-se numa seta central sem movimentar os
olhos.
Primeira fase - sempre que a seta se move para a direita, o indivíduo
tem de movimentar o manípulo para cima, se a seta se move para a
esquerda, este tem de movimentar o manípulo para baixo, se a seta se
move para cima, o indivíduo não mexe no manípulo.
Cláudia do Rosário Pires
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Segunda fase - o indivíduo tem de continuar a fixar-se na seta central,
realizando os mesmos movimentos, explicados anteriormente, com o
manípulo, mas agora irá aparecer uma mota e sempre que esta
aparece-se, este te, de carregar no botão sonoro, que se encontra na
sua mão direita.
Terceira fase - aparecem umas casas ao longo de todo o ecrã, mas o
indivíduo tem de realizar o teste, como na fase anterior, as casas
apareceram apenas para complexificar o exame.
Este teste permite a detecção dos processos cognitivos associados à atenção
visual. Neste teste, deixou-se os indivíduos ter uma fase inicial de experiencia, para
que estes compreendessem melhor o modo de funcionamento do teste.
Figura 5: Teste do Campo visual atencional.
Foram realizados ao todo 30 registos aos indivíduos pertencentes à amostra,
em que 15 eram pessoas idosas e 15 eram jovens adultos. O tempo de realização de
cada registo foi em média de 20 minutos.
Cláudia do Rosário Pires
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4.6. Definição das Variáveis
Variáveis dependentes:
 Atenção Visual: para o estudo da atenção visual, foi necessário criar 5 variáveis
de modo a compreende-la melhor, estando assim dividida em cada uma das
componentes que a constituem:
- Atenção simples
- Atenção dividida central
- Atenção dividida periférica
- Atenção selectiva central
- Atenção selectiva periférica
As cinco variáveis estão definidas entre 0 e 1, sendo medida através do teste
da atenção visual que foi descrito anteriormente, sendo que o 0 é o pior
resultado e 1 o melhor. Também está definido o tempo de resposta em cada
uma das componentes que definem a atenção visual.
 Tempo de resposta da Atenção Visual: para se estudar o tempo de resposta da
atenção visual, também foi necessário criar 5 variáveis, dividindo-se assim a
atenção visual em cada uma das suas componentes, de modo a verificar o
tempo de reacção em cada uma delas.
- Tempo de resposta da atenção simples
- Tempo de resposta da atenção dividida central
- Tempo de resposta da atenção dividida periférica
- Tempo de resposta da atenção selectiva central
- Tempo de resposta da atenção selectiva periférica
Para as cinco variáveis definidas, o tempo de resposta é uma variável medida
em milissegundos, sendo que quanto mais baixo for o valor, melhor é o tempo
de resposta do indivíduo.
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 Uma segunda variável para a atenção visual, é uma variável que se definiu
qualitativamente, servindo para assinalar o local onde os pacientes erraram as
respostas periféricas da atenção visual, denominada de “Local das respostas
erradas”, para assim se poder comparar se este local corresponde ao sítio onde
estes possuem áreas afectadas. Para isso dividiu-se o campo atencional na
parte central, intermédia e periférica, dividindo-se ainda o campo em 4
quadrantes, para assim identificar melhor o local onde os pacientes têm a área
do campo visual mais afectada.
Assim atribui-se os seguintes valores:
- 0: nenhuma resposta errada
- 1: quadrante superior esquerdo central
- 2: quadrante superior direito central
- 3: quadrante inferior esquerdo central
- 4: quadrante inferior direito central
- 5: quadrante superior esquerdo intermédio
- 6: quadrante superior direito intermédio
- 7: quadrante inferior esquerdo intermédio
- 8: quadrante inferior direito intermédio
- 9: quadrante superior esquerdo periférico
- 10: quadrante superior direito periférico
- 11: quadrante inferior esquerdo periférico
- 12: quadrante inferior direito periférico
- 13: quadrantes 5 e 12 afectados
- 14: quadrantes 10 e 12 afectados
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Figura 6: Imagem do campo atencional, para uma melhor percepção de como se elaborou a variável.
 A variável em que se vai estudar o local onde a pessoa teve a sua área afectada
no Campo Visual Binocular, é denominada de “Local de área afectada”, para
isso dividiu-se o campo visual na parte central, intermédia e periférica,
dividindo-se ainda o campo em 4 quadrantes, para assim identificar melhor o
local onde os pacientes têm a área do campo visual mais afectada.
Como tal, atribui-se os valores:
- 0: nenhuma área afectada
- 1: quadrante superior esquerdo central
- 2: quadrante superior direito central
- 3: quadrante inferior esquerdo central
- 4: quadrante inferior direito central
- 5: quadrante superior esquerdo intermédio
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- 6: quadrante superior direito intermédio
- 7: quadrante inferior esquerdo intermédio
- 8: quadrante inferior direito intermédio
- 9: quadrante superior esquerdo periférico
- 10: quadrante superior direito periférico
- 11: quadrante inferior esquerdo periférico
- 12: quadrante inferior direito periférico
- 13: quadrantes 9 e 10 afectados
- 14: quadrantes 9, 6 e 12 afectados
(Como se trata de um grupo com poucos indivíduos, a variável é composta por
estas componentes, não foi necessário criar mais condições, pois puderam
verificar-se cada caso individualmente).
Figura 7: Imagem do campo visual binocular, para uma melhor percepção de como se elaborou a
variável.
Cláudia do Rosário Pires
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Variáveis Independentes ou de Caracterização:
Numa situação experimental, eliminamos certos padrões que já estavam determinados
ou que eram aspectos intrínsecos ao indivíduo:
 Idade: é referente ao grupo etário de cada membro dos grupos.
 Campo Visual Binocular - Número de áreas afectadas: foi avaliado o campo
visual binocular, utilizando-se o teste do campo visual binocular, descrito
anteriormente, em que a área abrangida foi de 162 graus na horizontal (81
graus na direita e 81 graus na esquerda) e de 78 graus na vertical (33 graus para
cima e 45 graus para baixo), sendo que este se encontra dividido em 85 zonas
de teste. Para o estudo foi analisado o campo visual binocular, quanto ao
número de zonas afectadas, onde 85/85 é o melhor resultado, são assinaladas
todas as áreas do campo visual, obtendo assim um campo visual sem
problemas. Assim, os indivíduos podem ter uma área afectada, se apenas
falham um local do teste do campo visual binocular, mas também podem falhar
todas as áreas, ou seja, as 85 áreas do campo visual binocular. Logo a variável
esta definida de 0 a 85, onde 0 é não ter nenhuma área afectada e 85 é ter
todas as áreas afectadas.
 Acuidade Visual: é uma variável contínua entre 0 e 1, pois o 1 corresponde a
100% da visão. Esta é medida tanto para o olho direito como para o olho
esquerdo, sendo que 0 é o pior resultado e 1 o melhor, quantifica-se esta
variável com o teste da acuidade visual descrito anteriormente.
Deste modo, atribui-se os valores:
- 1: os dois olhos têm uma acuidade visual inferior a 0,5.
- 2: um olho tem uma acuidade visual entre 0,5 e 0,8 e o outro inferior a 0,5.
- 3: os dois olhos têm uma acuidade visual entre 0,8 e 0,5.
- 4: um olho tem uma acuidade visual superior a 0,8 e o outro inferior a 0,5.
Cláudia do Rosário Pires
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- 5: um olho tem uma acuidade visual superior a 0,8 e o outro entre 0,8 e 0,5.
- 6: os dois olhos têm uma acuidade visual superior a 0,8.
Para definir esta variável teve-se em conta as características da amostra. Por
isso 0,5 corresponde a 84% de visão o 0,8 corresponde a 95% de visão, não
interferindo assim na realização do teste da atenção visual.
Cláudia do Rosário Pires
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5. Caracterização da amostra
Foram realizados ao todo 30 registos aos indivíduos pertencentes à amostra. O
tempo de realização de cada registo foi em média de 20 minutos.
De seguida serão apresentados as características que descrevem a amostra em
questão.
 Idade:
Idade
Grupo 1: 18-25 anos
N
Validos
15
Perdidos
Grupo 2: 70-77 anos
0
Média
20,40
Desvio Padrão
1,805
Minimo
18
Máximo
24
N
Validos
15
Perdidos
0
Média
73,67
Desvio Padrão
2,093
Minimo
71
Máximo
77
Tabela 1: Tabela correspondente às idades da amostra.
Como se pode observar na tabela 1, a amostra foi dividida em dois grupos, o Grupo
1 correspondente aos indivíduos jovens, com idades compreendidas entre 18 e 25
anos e o Grupo 2, dos indivíduos idosos, com idades compreendidas entre os 70 e os
77 anos de idade.
No Grupo 1, observa-se que o grupo é constituído por 15 elementos, onde a média
da idade dos sujeitos é de 20,4 anos, com um desvio padrão de 1,805 e onde o
elemento mais novo tem 18 anos e o mais velho 24.
Cláudia do Rosário Pires
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No grupo 2, observa-se que o grupo também é constituído por 15 elementos, onde
a média das idades destes é de 73,67 anos, com um desvio padrão de 2,093 e onde o
elemento mais novo tem 71 anos e o mais velho 77 anos.
 Sexo:
Escalão de Idades
18-25 anos
Válido
Frequência
Válido
Percentagem
m
Válida
Masculino
9
60,0
60,0
Feminino
6
40,0
40,0
15
100,0
100,0
Masculino
6
40,0
40,0
Feminino
9
60,0
60,0
15
100,0
100,0
Total
70-77 anos
Percentage
Total
Tabela 2: Tabela correspondente ao sexo da amostra.
A tabela 2 é referente ao sexo da amostra do presente estudo. A amostra é
constituída por elementos de ambos os sexos, sendo que foi dividida em dois grupos, o
Grupo 1 (indivíduos dos 18 aos 25 anos) composta por 15 elementos, sendo que 6 são
do sexo feminino o que equivale a uma percentagem de 40% e 9 são do sexo
masculino o que equivale a uma percentagem de 60%. Já na amostra do grupo dos
idosos, o Grupo 2 (indivíduos dos 70 aos 77 anos), também é constituída por 15
elementos, sendo que 9 são do sexo feminino e 6 do sexo masculino, o equivalente a
60% e 40%, respectivamente.
Cláudia do Rosário Pires
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6. Análise e Discussão dos Resultados
De seguida serão apresentados os resultados referentes ao estudo em causa,
realizando-se uma análise dos mesmos, de modo a dar resposta ao objectivo do
estudo e às hipóteses colocadas anteriormente.
 Atenção Visual
Escalão de Idades
18-25 anos
N
Validos
Respostas
Respostas
Respostas
Respostas
certas da
certas da
certas da
certas da
certas da
Atenção
Atenção
Atenção
Atenção
Atenção
Simples
Dividida
Dividida
Selectiva
Selectiva
Central
Periférica
Central
Periférica
15
15
15
15
15
0
0
0
0
0
,9630
,9222
,9750
,9111
,9667
,06858
,10666
,07008
,12387
,08797
Minimo
,78
,67
,75
,67
,75
Máximo
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
15
15
15
15
15
0
0
0
0
0
,8889
,8778
,8750
,8667
,9000
,09391
,16019
,10564
,22887
,17165
Minimo
,78
,50
,63
,33
,38
Máximo
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
Perdidos
Média
Desvio Padrão
70-77 anos
Respostas
N
Validos
Perdidos
Média
Desvio Padrão
Tabela 3: Tabela referente à estatística descritiva dos dados relativos às respostas certas na atenção
visual.
Na Tabela 3 pode-se verificar que na Atenção Simples no grupo dos jovens (1825 anos) obtiveram uma média de 0,96 respostas certas onde o máximo era 1. No
grupo dos idosos (70-77 anos) verifica-se que a média de respostas certas para este
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53
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
grupo foi de 0,89 num máximo de 1. Sendo assim observa-se que o número de
respostas certas diminuiu no grupo dos idosos.
Quanto ao número de respostas certas da atenção dividida central, verifica-se
que no grupo dos jovens estes obtiveram uma média de respostas de 0,92 onde o
máximo era 1, em contrapartida no grupo dos idosos estes obtiveram uma média de
respostas certas de 0,88, o que significa que no grupo dos idosos obtiveram valores
mais baixos.
Posteriormente, ao analisar-se o número de respostas certas da atenção
dividida periférica, nota-se que o grupo dos jovens obteve uma pontuação média de
0,98, enquanto que o grupo dos idosos obteve uma média de 0,88 num máximo de 1.
Também se verificou que nesta componente da atenção, o grupo dos idosos obteve
piores resultados.
Relativo ao número de respostas certas da atenção selectiva central, observa-se
que o grupo dos jovens obtém valores médios de 0,91 onde o máximo que se poderia
atingir era de 1, no grupo dos idosos verificam-se piores resultados, pois obtiveram
uma média de 0,88 valores.
Finalmente ao analisar o número de respostas certas da atenção selectiva
periférica, verifica-se que relativamente ao grupo de jovens estes obtém uma média
de respostas certas de 0,98 e o grupo dos idosos obtém uma média de 0,90. É nesta
componente da atenção visual que se verificam resultados mais próximos entre os dois
grupos, mas ainda assim o grupo dos idosos obtém piores resultados.
Para realizar uma análise mais profunda, de modo a esclarecer melhor as
hipóteses colocadas, depois de feita uma análise descritiva, tem de se recorrer a uma
análise estatística.
Primeiramente verificou-se a normalidade de cada uma das componentes das
respostas certas da atenção visual, onde se verificou que em nenhuma destas se
Cláudia do Rosário Pires
54
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
verifica a normalidade. Assim recorre-se à análise pelos testes não paramétricos,
nomeadamente o teste Mann-Whitney.
 Respostas certas da atenção simples:
Escalão de
N
Média Rank
Soma dos Ranks
Idades
Respostas certas da Atenção
18-25 anos
15
18,83
282,50
Simples
70-77 anos
15
12,17
182,50
Total
30
Tabela 4: Tabela descritiva relativa ao número de respostas certas da atenção simples.
Respostas certas da
Atenção Simples
Mann-Whitney U
Wilcoxon W
Z
62,500
182,500
-2,287
Asymp. Sig. (2-tailed)
,022
Exact Sig. [2*(1-tailed Sig.)]
,037
Exact Sig. (2-tailed)
,032
Exact Sig. (1-tailed)
,016
Point Probability
,009
Tabela 5: Tabela relativa à estatística de teste do número de respostas certas da atenção simples.
Na tabela 5 verifica-se que o p-value é de 0,037, ou seja, menor que 0,05, o que
quer dizer que existem diferenças significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos.
Assim pode concluir-se que existem diferenças em ambos os grupos, o que confirma
que os idosos tinham uma pior prestação que os jovens. Assim isto responde à
hipótese 1, ou seja, a atenção simples diminui no grupo dos idosos. Segundo Rossini e
Galera (2006), a Atenção Simples consiste na capacidade para responder a estímulos
específicos de modo diferenciado, permitindo processar determinada informação
“alvo” e ignorar a restante. Os idosos são mais lentos a processar a informação, daí
neste estudo, se denotarem diferenças entre os idosos e os jovens. Nos estudos feitos
Cláudia do Rosário Pires
55
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
por Madden (2007) permitiu verificar-se que os adultos mais velhos são mais lentos
em comparação com os jovens adultos em tarefas de pesquisa visual, o que sugere
uma relação da idade com a função atencional.
 Respostas certas da atenção dividida central:
Escalão de
N
Média Rank
Soma dos
Idades
Ranks
Respostas certas da
18-25 anos
15
16,40
246,00
Atenção Dividida Central
70-77 anos
15
14,60
219,00
Total
30
Tabela 6: Tabela descritiva relativa ao número de respostas certas da atenção dividida central.
Respostas certas da
Atenção Dividida Central
Mann-Whitney U
Wilcoxon W
Z
Asymp. Sig. (2-tailed)
Exact Sig. [2*(1-tailed Sig.)]
99,000
219,000
-,630
,529
,595
a
Exact Sig. (2-tailed)
,578
Exact Sig. (1-tailed)
,289
Point Probability
,059
Tabela 7: Tabela relativa à estatística de teste do número de respostas certas da atenção dividida
central.
Na tabela 7 verifica-se que o p-value é de 0,595, ou seja, maior que 0,05. Deste
modo ao nível de significância de 5%, admite-se que não existem diferenças
significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos. Assim já se pode concluir que não
existem diferenças significativas em ambos os grupos, apesar de se ter verificado nos
resultados em bruto (tabela 3), que os idosos tiveram uma pior prestação, mas esta
não é significativa para se verificar a hipótese 3, ou seja, a atenção dividida central não
diminui no grupo dos idosos. Sendo a Atenção Dividida a capacidade para responder
Cláudia do Rosário Pires
56
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
simultaneamente a vários estímulos de natureza diversa e de forma coordenada, não
se verificaram diferenças capazes de provar que a atenção dividida central é pior para
os idosos. Também na literatura pesquisada não se encontraram estudos que reflictam
sobre a atenção dividida central.
 Respostas certas da atenção dividida periférica:
Escalão de
N
Média Rank
Idades
Soma dos
Ranks
Respostas certas da
18-25 anos
15
19,87
298,00
Atenção Dividida Periférica
70-77 anos
15
11,13
167,00
Total
30
Tabela 8: Tabela descritiva relativa ao número de respostas certas da atenção dividida periférica.
Respostas certas da
Atenção Dividida
Periférica
Mann-Whitney U
Wilcoxon W
Z
47,000
167,000
-3,055
Asymp. Sig. (2-tailed)
,002
Exact Sig. [2*(1-tailed Sig.)]
,006
Exact Sig. (2-tailed)
,002
Exact Sig. (1-tailed)
,001
Point Probability
,000
Tabela 9: Tabela relativa à estatística de teste do número de respostas certas da atenção dividida
periférica.
Na tabela 9 verifica-se que o p-value é de 0,006, ou seja, menor que 0,05. Deste
modo ao nível de significância de 5%, admite-se que existem diferenças significativas
entre o grupo dos jovens e dos idosos. Assim pode-se concluir que existem diferenças
significativas entre os grupos dos jovens e dos idosos, como já se verificou na análise
discretiva os idosos tiveram uma pior prestação na atenção dividida periférica, logo
Cláudia do Rosário Pires
57
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
pode-se verificar a hipótese 5, a atenção dividida periférica diminui no grupo dos
idosos. Como nesta tarefa da atenção dividida periférica, tende a aumentar a sua
complexidade, notam-se piores resultados no grupo dos idosos, uma vez que a
capacidade para responder de forma coordenada já se encontra mais debilitada na
maioria dos casos.
Verifica-se que estes resultados vão de encontro à revisão da literatura,
segundo os estudos de Owsley e MacGwin (2004) os idosos geralmente relatam
dificuldades no quotidiano em tarefas que dependem de habilidades de pesquisa
visual, expressando problemas com objectos de distracção e eventos, desordenado
visual, e não há tempo suficiente para localizar objectos nas tarefas relevantes.
 Respostas certas da Atenção Selectiva Central:
Escalão de
N
Média Rank
Soma dos
Idades
Ranks
Respostas certas da
18-25 anos
15
15,63
234,50
Atenção Selectiva Central
70-77 anos
15
15,37
230,50
Total
30
Tabela 10: Tabela descritiva relativa ao número de respostas certas da atenção selectiva central.
Respostas certas da
Atenção Selectiva Central
Mann-Whitney U
110,500
Wilcoxon W
230,500
Z
Asymp. Sig. (2-tailed)
Exact Sig. [2*(1-tailed Sig.)]
-,095
,924
,935
a
Exact Sig. (2-tailed)
,908
Exact Sig. (1-tailed)
,454
Point Probability
,022
Tabela 11: Tabela relativa à estatística de teste do número de respostas certas da atenção selectiva
central.
Cláudia do Rosário Pires
58
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
Na tabela 11 verifica-se que o p-value é de 0,935, ou seja, maior que 0,05.
Deste modo ao nível de significância de 5%, admite-se que não existem diferenças
significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos. Nesta amostra, os idosos tiveram
um pior desempenho ao nível da atenção selectiva central mas este resultado não é
suficiente para que existem diferenças significativas. Portanto não existem diferenças
significativas, não se verifica a hipótese 7, assim, a atenção selectiva central não
diminui no grupo dos idosos. A Atenção Selectiva é a capacidade para manter um
padrão de resposta a um estímulo, na presença de outros estímulos “parasitas”, ou
seja é a capacidade mental de seleccionar apenas uma pequena parcela da informação
contida no ambiente em detrimento da grande quantidade de estímulos disponíveis ao
nosso redor (Rossini e Galera, 2006). Os resultados obtidos por Madden e Langley
(2003) não são verificáveis neste estudo, pois os seus resultados sugerem que os
declínios na atenção relacionados com a idade dependem da tarefa de desempenho
que lhe é atribuído e pelos estímulos presentes. Existe assim uma limitação da
capacidade de atenção para as idades mais velhas, o que dificulta as tarefas de
pesquisa visual e da atenção selectiva. No presente estudo não se denotaram
diferenças significativas para admitir que os idosos têm piores resultados.
 Respostas certas da Atenção Selectiva Periférica:
Escalão de
N
Média Rank
Idades
Soma dos
Ranks
Respostas certas da
18-25 anos
15
17,37
260,50
Atenção Selectiva
70-77 anos
15
13,63
204,50
Periferica
Total
30
Tabela 12: Tabela descritiva relativa ao número de respostas certas da atenção selectiva periférica.
Cláudia do Rosário Pires
59
Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana
Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
Respostas certas da
Atenção Selectiva
Periferica
Mann-Whitney U
Wilcoxon W
Z
Asymp. Sig. (2-tailed)
Exact Sig. [2*(1-tailed Sig.)]
84,500
204,500
-1,496
,135
,250
a
Exact Sig. (2-tailed)
,189
Exact Sig. (1-tailed)
,095
Point Probability
,019
Tabela 13: Tabela relativa à estatística de teste do número de respostas certas da atenção selectiva
Periférica.
Na tabela 13 verifica-se que o p-value é de 0,250, ou seja, maior que 0,05.
Deste modo ao nível de significância de 5%, admite-se que não existem diferenças
significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos. Relativamente ao que se viu na
estatística descritiva, os idosos tiveram um pior desempenho ao nível da atenção
selectiva periférica mas este resultado não é suficiente para que existem diferenças
significativas. Portanto não se pode verificar a hipótese 9, logo, a atenção selectiva
periférica não diminui no grupo dos idosos. Segundo um estudo feito por Madden e
Langley (2003) os resultados sugerem que os declínios na atenção selectiva
relacionados com a idade dependem da tarefa de desempenho que lhe é atribuído e
pelos estímulos presentes. Existe assim uma limitação da capacidade de atenção para
as idades mais velhas, o que dificulta as tarefas de pesquisa visual e da atenção
selectiva. O presente estudo não está de acordo com a maioria dos estudos
pesquisados, tal facto pode ser devido à amostra ser demasiado pequena, pois ao
analisar-se esta variável de uma forma bruta denotam-se diferenças. Ao analisá-la de
forma pormenorizada as diferenças existentes não foram significativas.
Cláudia do Rosário Pires
60
Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana
Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
Numa breve conclusão, só se verificam diferenças ao nível da Atenção Simples
e na Atenção Dividida Periférica. Segundo os estudos de Owsley e MacGwin (2004) os
idosos geralmente relatam dificuldades no quotidiano em tarefas que dependem de
habilidades de pesquisa visual, expressando problemas com objectos de distracção e
eventos, desordenação visual, não tendo tempo suficiente para localizar objectos nas
tarefas relevantes. Os resultados do seu estudo, indicam que modificações no sistema
atencional, impedem os mais velhos de ter uma estabilidade postural, locomoção, e
outros tipos de movimento através do ambiente, em comparação com os adultos
jovens. Tem sido sugerido que o número de mecanismos subjacentes à pesquisa visual
e problemas de atenção nos idosos, incluindo défices na atenção selectiva e atenção
dividida, abrandou a velocidade de processamento e as dificuldades na localização
espacial.
Como toda a tarefa do presente estudo se baseia numa tarefa de top-down
atencional, ou seja, quando um indivíduo voluntariamente focaliza sua atenção numa
determinada área do campo visual, há um desvio atencional que é chamado de
endógeno, intrínseco ou top-down. Importa referir que existem estudos contraditórios
quanto ao nível de desempeno dos idosos nas tarefas de atenção visual. Os resultados
do presente estudo estão de acordo com a revisão pesquisada. Kramer, Hahn, Irwin, e
Theeuwes (2000) descobriram que quando os participantes estavam cientes da
existência de itens irrelevantes, os adultos mais velhos foram menos bem sucedidos do
que adultos jovens em inibir seus movimentos dos olhos na direcção do item
distractor. Mas concluiu-se que o controle do top-down atencional e dos recursos
visuais, como o movimento dos olhos, é mais difícil para os adultos mais velhos
(Madden, Spaniol, Bucur; 2005).
Cláudia do Rosário Pires
61
Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana
Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
De seguida, apresenta-se uma análise descritiva para se perceber de uma forma
geral como se comporta o tempo de resposta da atenção visual em cada um dos
grupos, ou seja, irá verificar-se os tempos de reacção nas várias componentes da
atenção visual.
Escalão de Idades
18-25 anos
N
Validos
Tempo de
Tempo de
Tempo de
Tempo de
resposta da
resposta da
respostas da
respostas da
respostas da
atenção
atenção
atenção
atenção
atenção
simples (ms)
dividida central
dividida
selectiva
selectiva
(ms)
periférica (ms)
central (ms)
periférica (ms)
15
15
15
15
15
0
0
0
0
0
Média
440,20
498,93
716,27
535,47
689,60
Desvio Padrão
59,084
102,022
48,667
122,457
48,660
Minimo
331
367
622
363
604
Máximo
522
683
838
843
789
15
15
15
15
15
0
0
0
0
0
503,73
732,93
839,53
734,13
844,27
142,179
216,863
88,023
200,868
124,991
Minimo
306
470
685
433
694
Máximo
872
1207
1080
1070
1100
Perdidos
70-77 anos
Tempo de
N
Validos
Perdidos
Média
Desvio Padrão
Tabela 14: Tabela relativa ao tempo de resposta na atenção visual.
Ao analisar-se o tempo de resposta (Tabela 14) em cada item da atenção visual,
o tempo de resposta da atenção simples no grupo dos jovens (18-25 anos) demonstra
uma média de 440 ms, enquanto que o grupo dos idosos obtém uma média de 503 ms.
Denota-se aqui que o grupo dos jovens foi mais rápido do que o dos idosos.
Relativamente ao tempo de resposta da atenção dividida central verifica-se que
o grupo dos jovens tem uma média de 499 ms, mas o grupo dos idosos obtém uma
média de 733 ms, ou seja, mais uma vez os idosos foram mais lentos.
No que diz respeito ao tempo de resposta da atenção dividida periférica, o
grupo dos jovens obtém um tempo médio de 716 ms, enquanto que o grupo dos
Cláudia do Rosário Pires
62
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
idosos obtém um tempo médio de 839 ms. Verifica-se novamente uma maior lentidão
nos idosos.
Por sua vez, ao analisar-se o tempo de resposta da atenção selectiva central,
verifica-se um tempo médio de 535 ms para o grupo dos jovens e 734 ms para o grupo
dos idosos.
Finalmente no tempo de resposta da atenção selectiva periférica, verifica-se
um tempo médio de resposta de 689 ms para os jovens e 844 ms para os idosos. Mais
uma vez se verifica que os idosos obtém um tempo mais elevado.
Resumindo, ao analisar-se o tempo de resposta da atenção visual, verifica-se
que os idosos são mais lentos que os jovens, e à medida que a tarefa se complica o
tempo de resposta também vai aumentando. Embora este último aspecto se verifique
em ambos os grupos, o tempo de resposta continua a ser maior nos idosos do que nos
jovens.
Relativamente ao estudo estatístico sobre os tempos de resposta em cada
grupo recorreu-se à verificação da normalidade.
 Tempo de resposta da atenção simples:
Escalão de
Idades
Kolmogorov-Smirnov
Statistic
Df
Shapiro-Wilk
Sig.
Statistic
Df
Sig.
Tempo de resposta da
18-25 anos
,150
15
,200
,945
15
,443
atenção simples (ms)
70-77 anos
,194
15
,134
,898
15
,089
Tabela 15: Tabela relativa aos testes normalidade do tempo de respostas da atenção simples.
Na tabela 15 verifica-se a distribuição normal em cada um dos grupos, tanto no
grupo dos jovens como no grupo dos idosos o p-value é maior que 0,05, ou seja, no
grupo dos jovens um p-value de 0,443 e no grupo dos idosos um p-value de 0,089. Ao
verificar-se a distribuição normal, utiliza-se o teste T Student, para analisar as
hipóteses anteriormente dadas.
Cláudia do Rosário Pires
63
Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana
Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
Escalão de
N
Média
Desvio Padrão
Idades
Desvio de Erro
da Média
Tempo de resposta da
18-25 anos
15
440,20
59,084
15,255
atenção simples (ms)
70-77 anos
15
503,73
142,179
36,711
Tabela 16: Tabela descritiva relativa ao tempo de resposta da atenção simples.
Levene's Test for Equality of
Variances
F
Tempo de resposta da
Equal variances assumed
atenção simples (ms)
Equal variances not
Sig.
3,657
,066
assumed
Tabela 17: Tabela do teste T relativa ao tempo de respostas da atenção simples.
Como se pode verificar através da tabela 19, o p-value é de 0,066, ou seja,
maior que 0,05. Deste modo ao nível de significância de 5%, admite-se que não
existem diferenças significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos. Relativamente
ao que se viu na estatística descritiva, os idosos foram mais lentos ao nível da atenção
simples mas este resultado não é suficiente para afirmar que existem diferenças
significativas. Logo não se pode verificar a hipótese 2, assim, o tempo de resposta da
atenção simples não aumenta no grupo dos idosos.
 Tempo de resposta da atenção Dividida Central:
Escalão de
Idades
Tempo de resposta da
atenção dividida central
18-25 anos
70-77 anos
a
Kolmogorov-Smirnov
Statistic
,180
,131
Df
Shapiro-Wilk
Sig.
15
15
Statistic
Df
Sig.
,200
*
,929
15
,266
,200
*
,934
15
,317
(ms)
Tabela 18: Tabela relativa aos testes de normalidade do tempo de respostas da atenção dividida
central.
Cláudia do Rosário Pires
64
Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana
Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
Na tabela 18 verifica-se a distribuição normal em cada um dos grupos, tanto no
grupo dos jovens como no grupo dos idosos o p-value é maior que 0,05, ou seja, no
grupo dos jovens um p-value de 0,266 e no grupo dos idosos um p-value de 0,317. Ao
verificar-se a distribuição normal, utilizando-se o teste T Student, para analisar as
hipóteses anteriormente dadas.
Escalão de
N
Média
Desvio Padrão
Desvio de Erro
Idades
da Média
Tempo de resposta da
18-25 anos
15
498,93
102,022
26,342
atenção dividida central
70-77 anos
15
732,93
216,863
55,994
(ms)
Tabela 19: Tabela descritiva relativa ao tempo de resposta da atenção dividida central.
Levene's Test for Equality of
Variances
F
Tempo de resposta da
Equal variances assumed
atenção dividida central
Equal variances not
(ms)
assumed
Sig.
5,521
,026
Tabela 20: Tabela do teste T relativa ao tempo de respostas da atenção dividida central.
Pela análise da tabela 20, o p-value é de 0,026, ou seja, menor que 0,05. Deste
modo ao nível de significância de 5%, admite-se que existem diferenças significativas
entre o grupo dos jovens e dos idosos. Como se viu na estatística descritiva, os idosos
foram mais lentos ao nível do tempo de resposta da atenção dividida central. Assim,
com este resultado verifica-se a hipótese 4, o tempo de resposta da atenção dividida
central aumenta no grupo dos idosos.
Cláudia do Rosário Pires
65
Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana
Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
 Tempo de resposta da Atenção Dividida periférica:
a
Escalão de
Kolmogorov-Smirnov
Idades
Tempo de respostas da
atenção dividida periférica
Statistic
18-25 anos
df
,180
70-77 anos
Shapiro-Wilk
Sig.
15
,152
15
Statistic
Df
Sig.
,200
*
,935
15
,323
,200
*
,901
15
,097
(ms)
Tabela 21: Tabela relativa aos testes de normalidade do tempo de respostas da atenção dividida
periférica.
Na tabela 21 verifica-se a distribuição normal em cada um dos grupos, tanto no
grupo dos jovens como no grupo dos idosos o p-value é maior que 0,05, ou seja, no
grupo dos jovens um p-value de 0,323 e no grupo dos idosos um p-value de 0,097. Ao
verificar-se a distribuição normal, utiliza-se o teste T Studen, para analisar as hipóteses
anteriormente dadas.
Escalão de
N
Média
Desvio Padrão
Desvio do Erro
Idades
da Média
Tempo de respostas da
18-25 anos
15
716,27
48,667
12,566
atenção dividida periférica
70-77 anos
15
839,53
88,023
22,728
(ms)
Tabela 22: Tabela descritiva relativa ao tempo de resposta da atenção dividida periférica.
Levene's Test for Equality of
Variances
F
Tempo de respostas da
Equal variances assumed
atenção dividida periférica
Equal variances not
(ms)
assumed
Sig.
2,204
,149
Tabela 23: Tabela do teste T relativa ao tempo de respostas da atenção dividida periférica.
Como se pode verificar através da tabela 23, o p-value é de 0,149, ou seja,
maior que 0,05. Deste modo ao nível de significância de 5%, admite-se que não
existem diferenças significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos. Os idosos
Cláudia do Rosário Pires
66
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
foram mais lentos ao nível do tempo de resposta da atenção dividida periférica, mas
esta diferença entre os grupos, não foi significativa. Assim não se verifica a hipótese 6,
logo o tempo de resposta da atenção dividida periférica não aumenta no grupo dos
idosos.
 Tempo de resposta da atenção selectiva central:
a
Escalão de
Idades
Kolmogorov-Smirnov
Statistic
Df
Shapiro-Wilk
Sig.
Statistic
Df
Sig.
Tempo de respostas da
18-25 anos
,157
15
,200
,929
15
,265
atenção selectiva central
70-77 anos
,171
15
,200
,946
15
,464
(ms)
Tabela 24: Tabela relativa aos testes de normalidade do tempo de respostas da atenção selectiva
central.
Na tabela 24 verifica-se a distribuição normal em cada um dos grupos, tanto no
grupo dos jovens como no grupo dos idosos o p-value é maior que 0,05, ou seja, no
grupo dos jovens um p-value de 0,265 e no grupo dos idosos um p-value de 0,464. Ao
verificar-se a distribuição normal, utiliza-se o teste T Student, para analisar as
hipóteses anteriormente dadas.
Escalão de
N
Média
Desvio Padrão
Desvio do Erro
Idades
na Média
Tempo de respostas da
18-25 anos
15
535,47
122,457
31,618
atenção selectiva central
70-77 anos
15
734,13
200,868
51,864
(ms)
Tabela 25: Tabela descritiva relativa ao tempo de resposta da atenção Selectiva central.
Cláudia do Rosário Pires
67
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Levene's Test for Equality of
Variances
F
Tempo de respostas da
Equal variances assumed
atenção selectiva central
Equal variances not
(ms)
assumed
Sig.
,014
6,859
Tabela 26: Tabela do teste T relativa ao tempo de respostas da atenção selectiva central.
Na estatística descritiva, verifica-se uma diferença entre o grupo dos idosos e
dos jovens, sendo que os idosos foram mais lentos no do tempo de resposta da
atenção selectiva central. Como se pode verificar através da tabela 26, o p-value é de
0,014, ou seja, menor que 0,05. Deste modo para o nível de significância de 5%,
admite-se que existem diferenças significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos.
Verifica-se então a hipótese 8, o tempo de resposta da atenção selectiva central
aumenta no grupo dos idosos.
 Tempo de resposta da atenção selectiva periférica:
Escalão de
Idades
Tempo de respostas da
atenção selectiva periférica
18-25 anos
70-77 anos
a
Kolmogorov-Smirnov
Statistic
,155
,163
Df
Shapiro-Wilk
Sig.
15
15
Statistic
Df
Sig.
,200
*
,939
15
,375
,200
*
,900
15
,094
(ms)
Tabela 27: Tabela relativa aos testes de normalidade do tempo de respostas da atenção selectiva
periférica.
Na tabela 27 verifica-se uma distribuição normal em cada um dos grupos, tanto
no grupo dos jovens como no grupo dos idosos o p-value é maior que 0,05, ou seja, no
grupo dos jovens um p-value de 0,375 e no grupo dos idosos um p-value de 0,094. Ao
verificar-se a distribuição normal, utiliza-se o teste T Student, para analisar as
hipóteses anteriormente dadas.
Cláudia do Rosário Pires
68
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
Escalão de
N
Mean
Std. Deviation
Std. Error
Idades
Mean
Tempo de respostas da
18-25 anos
15
689,60
48,660
12,564
atenção selectiva periférica
70-77 anos
15
844,27
124,991
32,272
(ms)
Tabela 28: Tabela descritiva relativa ao tempo de resposta da atenção Selectiva periférica.
Levene's Test for Equality of
Variances
F
Tempo de respostas da
Equal variances assumed
atenção selectiva periférica
Equal variances not
(ms)
assumed
Sig.
9,633
,004
Tabela 29: Tabela do teste T relativa ao tempo de respostas da atenção selectiva periférica.
Como se pode verificar através da tabela 29, o p-value é de 0,004, ou seja, menor
que 0,05. Deste modo ao nível de significância de 5%, admite-se que existem
diferenças significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos. Os idosos foram mais
lentos ao nível do tempo de resposta da atenção selectiva periférica. Verifica-se então
a hipótese 10, o tempo de resposta da atenção selectiva periférica aumenta no grupo
dos idosos.
Numa breve conclusão verificaram-se diferenças nos tempos de resposta da
Atenção Dividida Central, na Atenção Selectiva Central e na Atenção Selectiva
Periférica, ou seja, há medida que a tarefa se vai complexificando, os idosos são mais
lentos do que o grupo dos indivíduos mais jovens.
Os resultados presentes neste estudo estão de acordo com a pesquisa feita,
pode comprovar-se tal facto nos estudos de Madden (2007), em que nas tarefas de
pesquisa difíceis o Tempo de Reacção é tipicamente maior para os idosos do que para
os jovens adultos, sugerindo uma diminuição da eficiência dos processos de pesquisa.
Os estudos feitos por Madden e Langley em 2003, indicam que o Tempo de
Reacção, para ambos os grupos etários, aumentou de uma forma relativamente linear
Cláudia do Rosário Pires
69
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
em função do aumento dos itens a pesquisar, ou seja, à medida que a tarefa foi
adoptando aspectos mais complexos, tal como se verificou neste estudo.
Segundo um estudo feito por Madden, Spaniol e Bucur (2005) os valores do
tempo de reacção foram de facto maiores em valor absoluto para os idosos do que
para adultos jovens.
Em muitos dos estudos pesquisados, os resultados indicam que o aumento do
tempo de reacção é maior para os idosos do que para os jovens adultos (Zeef & Kok,
1993; Zeef, Sönke, Kok, Buiten, & Kenemans, 1996 in Madden e Langley, 2003).
 Campo Visual Binocular, número de áreas afectadas
18-25 anos
N
Validos
Perdidos
Média
0
,00
Desvio Padrão
70-77 anos
15
,000
Minimo
0
Máximo
0
N
Validos
Perdidos
Média
Desvio Padrão
15
0
,93
1,751
Minimo
0
Máximo
6
Tabela 30: Tabela referente à estatística descritiva dos dados relativos ao número de áreas afectadas
do campo visual binocular.
Na Tabela 30 pode-se verificar que quanto ao número de áreas afectadas do
campo visual binocular no grupo dos jovens (18-25 anos), estes obtiveram uma média
de 0 áreas afectadas, pois em nenhum dos casos, nenhuma área do campo visual se
encontrava alterada. No grupo dos idosos (70-77 anos) verifica-se que a média de 0,93
Cláudia do Rosário Pires
70
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
áreas afectadas. Sendo assim observa-se que no grupo dos idosos, o número de áreas
afectadas tende a aumentar.
Como não se verifica a normalidade, passa-se a analisar esta hipótese através
dos testes não paramétricos de Mann-Whitney:
Escalão de
N
Média Rank
Somo dos
Idades
Ranks
Campo Visual Binocular -
18-25 anos
15
13,00
195,00
Indice de Incapacidade, Nº
70-77 anos
15
18,00
270,00
de áreas afectadas
Total
30
Tabela 31: Tabela descritiva relativa ao número de áreas afectadas do campo visual binocular.
Campo Visual
Binocular Indice de
Incapacidade,
Nº de áreas
afectadas
Mann-Whitney U
Wilcoxon W
Z
Asymp. Sig. (2-tailed)
Exact Sig. [2*(1-tailed Sig.)]
75,000
195,000
-2,397
,017
,126
a
Exact Sig. (2-tailed)
,042
Exact Sig. (1-tailed)
,021
Point Probability
,021
Tabela 32: Tabela relativa ao número de áreas afectadas do campo visual binocular.
Na tabela 32 verifica-se que o p-value é de 0,126, ou seja, maior que 0,05, o
que quer dizer que não existem diferenças significativas entre o grupo dos jovens e dos
idosos. Assim conclui-se que não existem diferenças entre ambos os grupos, apesar de
alguns idosos terem áreas afectadas, estas não são significativas para haver uma
ralação entre estas e a idade.
Cláudia do Rosário Pires
71
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
Os resultados do estudo em causa, não demonstram existir diferenças
significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos, relativamente ao campo visual
binocular, mas ao analisarmos a tabela 30, nela podemos verificar que enquanto os
jovens não tinham nenhuma área do campo visual binocular afectada, os idosos já
demonstram algumas falhas no seu campo visual. Isto deve-se ao facto de se terem
escolhido para a amostra idosos sem patologias. Tal facto entra em concordância com
algumas pesquisas feitas. Pode verificar-se nos estudos de Ball e Owsley (1992) que à
medida que a idade aumenta e existem alterações no campo visual útil, os indivíduos
são mais lentos, têm uma maior sensibilidade para a distracção e uma inabilidade para
a atenção dividida que se nota onde estes têm de dar resposta a pontos centrais e
periféricos.
Contudo, os resultados apresentados no estudo em causa, estão de acordo com
a pesquisa feita por Ball e seus colegas (1988), em que a diferença entre as faixas
etárias manteve-se constante em todo o campo de visão (Seiple et al, 1996 in
Coeckelbergh et al, 2004). Sekuler, Bennett e Mamelak (2000 in Coeckelbergh et al,
2004) são da mesma opinião. Eles compararam o desempenho dos jovens e dos
idosos, sem qualquer tipo de patologia, sob condição de atenção dividida, bem como
uma condição de atenção focalizada, num grupo de jovens e um grupo de idade mais
avançada. Não havia nenhum aumento de erros em função da excentricidade nem na
interacção com a idade. Os autores concluíram, portanto, que os observadores mais
jovens e mais velhos apresentaram campos visuais úteis de tamanhos equivalentes,
mas os adultos mais velhos transformam as informações de forma menos eficiente
nessa área.
Cláudia do Rosário Pires
72
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
 Acuidade Visual
Escalão de Idades
18-25 anos
Valid
Frequência
um olho superior a 0,8 e o
Percentage
Percentagem
m
Válida
1
6,7
6,7
14
93,3
93,3
15
100,0
100,0
1
6,7
6,7
2
13,3
13,3
2
13,3
13,3
10
66,7
66,7
15
100,0
100,0
outro entre 0,8 e 0,5
os dois olhos superiores a
0,8
Total
70-77 anos
Valid
um olho entre 0,5 e 0,8 e o
outro inferior a 0,5
os dois olhos entre 0,8 e
0,5
um olho superior a 0,8 e o
outro entre 0,8 e 0,5
os dois olhos superiores a
0,8
Total
Tabela 33: Tabela relativa às frequências da acuidade visual
Na Tabela 33 pode-se verificar que relativamente à acuidade visual no grupo
dos jovens (18-25 anos) existe apenas uma pessoa em que num olho tem uma
acuidade visual superior a 0,8 e no outro tem uma acuidade entre 0,5 e 0,8. Existem
depois 14 pessoas com uma acuidade superior a 0,8.
No grupo dos idosos (70-77 anos) existe uma pessoa que tem uma acuidade
visual num olho entre 0,8 e 0,5 e no outro inferior a 0,5. Duas pessoas com uma
acuidade visual nos dois olhos entre 0,8 e 0,5. Duas pessoas com uma acuidade visual
num olho superior a 0,8 e no outro entre 0,8 e 0,5. A maioria, ou seja, 10 pessoas têm
uma acuidade visual superior a 0,8.
Cláudia do Rosário Pires
73
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
Fazendo-se uma breve descrição da acuidade visual, usa-se o teste Mann-whitney
para analisar se a acuidade visual aumenta no grupo dos idosos.
Escalão de
N
Média Rank
Idades
Acuidade_Visual
Soma dos
Ranks
18-25 anos
15
17,60
264,00
70-77 anos
15
13,40
201,00
Total
30
Tabela 34: Tabela descritiva relativa à acuidade visual.
Acuidade_Visu
al
Mann-Whitney U
Wilcoxon W
Z
81,000
201,000
-1,872
Asymp. Sig. (2-tailed)
,061
Exact Sig. [2*(1-tailed Sig.)]
,202
Exact Sig. (2-tailed)
,093
Exact Sig. (1-tailed)
,046
Point Probability
,038
Tabela 35: Tabela relativa à acuidade visual.
Na tabela 35 verifica-se que o p-value é de 0,202, ou seja, maior que 0,05, o que
quer dizer que não existem diferenças significativas entre o grupo dos jovens e dos
idosos. No que diz respeito à acuidade visual, era de esperar que não existissem
grandes diferenças devido tratar-se de uma população sem qualquer tipo de
patologias, tanto a nível dos idosos como dos jovens, facto que se veio a confirmar.
Cláudia do Rosário Pires
74
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
Para finalizar é interessante perceber se existe relação entre as falhas das
respostas da atenção visual e as alterações do campo visual binocular. Esta análise
foi em grande parte feita qualitativamente e a comparação de ambas as variáveis, fezse apenas, tendo em conta os indivíduos que tinham áreas afectadas e que erraram
respostas no teste da atenção dividia periférica, ou seja, apenas 4 indivíduos
pertencentes ao grupo dos idosos, uma vez que naqueles que não tinham áreas
afectadas não se ia encontrar qualquer relação.
Para isso, irá realizar-se uma tabela de relação entre as duas variáveis, para se
perceber como se relacionam. Para haver uma melhor compreensão, sobre a relação
entre estas duas variáveis, a tabela apenas é constituída pelas áreas onde houve
relação.
Local das respostas erradas da atenção dividida periférica
quadrante superior
quadrante
quadrante
quadrante superior
esquerdo
superior
inferior direito
esquerdo intermédio
intermédio
esquerdo
periférico
e quadrante inferior
periférico
direito periférico
Local da
quadrante superior esquerdo central
0
0
0
1
área
quadrante inferior esquerdo intermédio
0
1
0
0
afectada
quadrante superior esquerdo periférico
0
0
1
0
no Campo
quadrante superior direito intermédio,
1
0
0
0
visual
quadrante superior esquerdo intermédio
Binocular
e quadrante inferior direito periférico
Tabela 36: Tabela de Relação entre o local da área afectada no campo visual binocular com o Local das
respostas erradas na atenção dividida periférica.
Ao analisar-se a tabela 36, verifica-se a relação exacta entre o local da área
afectada do campo visual binocular e o local das respostas erradas na atenção dividida
periférica em quatro indivíduos idosos.
Cláudia do Rosário Pires
75
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
Um dos indivíduos teve as áreas 6, 9 e 12 afectadas do campo visual binocular, ou
seja, quadrante superior direito intermédio, quadrante superior esquerdo periférico e
quadrante inferior direito periférico, respectivamente, e pode observar-se que o local
da atenção dividida onde ele errou foi no quadrante superior esquerdo intermédio. Ou
seja o local afectado no teste da atenção dividida periférica não corresponde a
nenhuma área afectada do campo visual binocular.
Para outro idoso, a sua área afectada do campo visual binocular encontrava-se no
quadrante inferior esquerdo intermédio, e o local da sua falha na atenção dividida
periférica encontra-se no quadrante superior esquerdo periférico, ou seja, perto do
local onde o seu campo visual binocular estava afectado, mas ainda assim, este não
correspondia ao mesmo local.
Ao analisar outro dos idosos, verifica-se que a sua área afectada no campo visual
binocular encontrava-se no quadrante superior esquerdo periférico e a sua falha na
atenção visual encontrava-se no quadrante inferior direito periférico, exactamente no
local oposto do campo visual binocular.
Por último, no outro idoso, verificava-se que a sua área afectada do campo visual
binocular era no quadrante superior esquerdo central e as suas falhas na atenção
dividida verificam-se no quadrante 5 e 12, ou seja, no quadrante superior esquerdo
intermédio e no quadrante inferior direito periférico, respectivamente, ou seja, perto
do local onde o seu campo visual binocular estava afectado, apesar de não estar
exactamente no mesmo local.
Não é possível realizar uma correlação diferente, uma vez que se tratam de muito
poucos indivíduos em estudo, em qualquer dos casos não se verifica uma relação entre
área afectada no campo visual binocular com o local das falhas na atenção divida
periférica.
Cláudia do Rosário Pires
76
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
Local das respostas erradas da atenção selectiva
periférica
quadrante inferior
quadrante superior
direito periférico
direito periférico e
quadrante inferior direito
periférico
quadrante inferior
1
0
0
1
esquerdo intermédio
Local da área afectada no
Campo visual Binocular
quadrante superior
esquerdo periférico e
quadrante superior direito
periférico
Tabela 37: Tabela de Relação entre o local da área afectada no campo visual binocular com o Local das
respostas erradas na atenção selectiva periférica.
Ao analisar-se a tabela 37, pode verificar-se a relação entre o local da área afectada
no campo visual binocular com o local das respostas erradas na atenção selectiva
periférica, em apenas dois idosos. Para um indivíduo, verifica-se que este tem uma
área afectada do campo visual binocular, no quadrante inferior esquerdo intermédio,
mas a sua resposta errada da atenção selectiva periférica correspondeu ao quadrante
inferior direito periférico, ou seja não existe nenhuma relação entre o local da área
afectada do campo visual binocular e o local das respostas erradas da atenção
selectiva periférica.
Por último, verifica-se que um indivíduo apresenta as suas áreas afectadas no
campo visual binocular no quadrante 9 e 10, ou seja, quadrante superior esquerdo
periférico e quadrante superior direito periférico, respectivamente e a sua área
afectada corresponde ao quadrante 10 e 12, ou seja, o quadrante superior direito
periférico e o quadrante inferior direito periférico, verificando-se assim que uma área
afectada do campo visual binocular correspondeu exactamente ao local onde o
indivíduo errou na tarefa da atenção selectiva.
Cláudia do Rosário Pires
77
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
Como se pode constatar, o número de indivíduos para se admitir que existe relação
entre o local das áreas afectadas do campo visual binocular e o local das respostas
erradas da atenção selectiva periférica, é muito diminuto, logo apenas se pode realizar
uma relação qualitativa, e apesar de não existirem correlações, apenas uma relação foi
encontrada num indivíduo.
De acordo com a bibliografia pesquisada e com relação qualitativa realizada
anteriormente, não se pode considerar como verdadeira a hipótese 11 no estudo em
causa, ou seja, não existe relação entre a atenção visual e as alterações do campo
visual.
Estes resultados não se encontram de acordo com revisão da literatura. Os
indivíduos pertencentes à amostra, eram poucos e não eram possuidores de muitas
áreas afectadas do campo visual binocular, pois como era de esperar, estes eram
indivíduos sem patologias.
Segundo Ball e Owsley (1992), mesmo em idosos sem patologias, com uma
redução do campo visual útil verifica-se um decréscimo na atenção, caracterizando
estes dois aspectos com o avanço da idade, verificando-se assim:
- Redução da velocidade de processamento visual.
- Redução da habilidade da atenção dividida (observável por uma
inabilidade para localizar pontos na periferia).
- Redução da atenção selectiva (observável por uma incapacidade de
localizar pontos isolados).
Em muitos dos casos, à medida que a idade aumenta e existem alterações no
campo visual útil, os indivíduos são mais lentos, têm uma maior sensibilidade para a
distracção e uma inabilidade para a atenção dividida que se nota onde estes têm de
dar resposta a pontos centrais e periféricos (Ball & Owsley, 1992).
Cláudia do Rosário Pires
78
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
6.1. Síntese da Discussão dos Resultados
De modo geral, pode dizer-se que a prestação dos idosos foi menor
relativamente aos jovens.
No que se refere à Atenção visual, observaram-se maiores diferenças
atencionais ao nível da atenção simples e da atenção dividida periférica. Ou seja, as
hipóteses consideradas como significativas foram a hipótese 1, a atenção simples
diminui no grupo dos idosos e a hipótese 5, a atenção dividida periférica diminui no
grupo dos idosos. Tais resultados podem ser confirmados com o que nos diz a pesquisa
bibliográfica. Segundo os estudos de Owsley e MacGwin (2004) os idosos geralmente
relatam dificuldades no quotidiano em tarefas que dependem de habilidades de
pesquisa visual, expressando problemas com objectos de distracção e eventos,
desorientação visual e não há tempo suficiente para localizar objectos nas tarefas
relevantes. Os resultados do seu estudo indicam que modificações no sistema
atencional impedem os mais velhos de ter uma estabilidade postural, locomoção e
outros tipos de movimento através do ambiente, quando comparados com adultos
jovens. Tem sido sugerido que o número de mecanismos subjacentes à pesquisa visual
e problemas de atenção nos idosos, incluindo défices na atenção selectiva e atenção
dividida, abrandou a velocidade de processamento, e as dificuldades na localização
espacial.
Como toda a tarefa do presente estudo se baseia numa tarefa de top-down
atencional, ou seja, quando um indivíduo voluntariamente focaliza sua atenção numa
determinada área do campo visual, há um desvio atencional que é chamado de
endógeno, intrínseco ou top-down. Importa referir que embora existam estudos
contraditórios quanto ao nível de desempeno dos idosos nas tarefas de atenção visual,
os resultados do presente estudo estão de acordo com a revisão pesquisada. Kramer,
Hahn, Irwin, e Theeuwes (2000) descobriram que quando os participantes estavam
cientes da existência de itens irrelevantes, os adultos mais velhos foram menos bem
Cláudia do Rosário Pires
79
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
sucedidos do que adultos jovens em inibir seus movimentos dos olhos na direcção do
item distractor (atenção dividida). Mas concluiu-se que o controle do top-down
atencional e dos recursos visuais, como o movimento dos olhos, é mais difícil para os
adultos mais velhos (Madden, Spaniol, Bucur; 2005).
Relativamente ao Tempo de Resposta da atenção, ou seja o tempo de reacção,
também se verificaram piores prestações relativamente ao grupo dos idosos quando
comparado com os jovens. As maiores diferenças neste parâmetro dizem respeito ao
tempo de resposta da atenção dividida central, atenção selectiva central e na atenção
selectiva periférica, ou seja, à medida que a tarefa se ia complexificando, os idosos
mostravam piores resultados e maior lentidão. Verificou-se assim, que as hipóteses
significativas foram a hipótese 4, o tempo de resposta da atenção dividida central
aumenta no grupo dos idosos, a hipótese 8, o tempo de resposta da atenção selectiva
central aumenta no grupo dos idosos e a hipótese 10, o tempo de resposta da atenção
selectiva periférica aumenta no grupo dos idosos. Os resultados presentes neste
estudo estão de acordo com a pesquisa feita, podendo-se comprovar tal facto nos
estudos de Madden (2007), em que nas tarefas de pesquisa difíceis, o Tempo de
Reacção é tipicamente maior para os idosos do que para os jovens adultos, sugerindo
uma diminuição da eficiência dos processos de pesquisa.
Nos estudos feitos por Madden e Langley em 2003, indicam que o Tempo de
Reacção, para ambos os grupos etários, aumentou de uma forma relativamente linear
em função do aumento dos itens a pesquisar, ou seja, à medida que a tarefa foi
adoptando aspectos mais complexos, tal como se verificou neste estudo.
Segundo um estudo feito por Madden, Spaniol e Bucur (2005) os valores do
tempo de reacção foram de facto maiores em valor absoluto para os idosos do que
para adultos jovens.
Em muitos dos estudos pesquisados, os resultados indicam que o aumento do
tempo de reacção é maior para os idosos do que para os jovens adultos (Zeef & Kok,
1993; Zeef, Sönke, Kok, Buiten, & Kenemans, 1996 in Madden e Langley, 2003).
Cláudia do Rosário Pires
80
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
Ao verificar-se se a atenção visual é influenciada pelo campo visual binocular,
notou-se que não existiram muitas diferenças neste aspecto entre os dois grupos. Já
não se pode considerar como significativa a hipótese 11, ou seja, não existe relação
entre a atenção visual e as alterações do campo visual. Estes resultados não se
encontram de acordo com revisão da literatura. Os indivíduos pertencentes à amostra,
eram poucos e não eram possuidores de muitas áreas afectadas do campo visual
binocular, pois como era de esperar, estes eram indivíduos sem patologias. Segundo
Ball e Owsley (1992) os aspectos em que o campo visual pode afectar na atenção
visual, quando este está afectado são:
1. Redução da velocidade de processamento visual.
2. Redução da habilidade da atenção dividida (reflectida por uma inabilidade
para localizar pontos na periferia).
3. Redução da atenção selectiva (reflectida por uma incapacidade de localizar
pontos isolados).
É necessários que os adultos mais velhos melhorem a atenção visual e
velocidade de processamento, pois esta condição vai reflectir-se numa melhor
performance e no desempenho mais rápido do quotidiano. Tais melhorias podem
interferir numa melhor mobilidade e estabilidade postural e prevenção de quedas nos
idosos (Owsley & McGwin, 2004).
Cláudia do Rosário Pires
81
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6.2. Limitações do estudo
Num trabalho de mestrado é sempre possível que ocorram falhas na sua
elaboração, pois o tempo é limitado e temos de adoptar um caminho para procurar
solucionar nossas inquietações iniciais que levaram à execução do mesmo.
Uma das principais limitações deste estudo foi o facto de a amostra ser
pequena, o que limitou os resultados em causa.
Uma outra limitação foi o caso de não se ter tido muito tempo para a
elaboração do trabalho, visto que apenas foi realizado num ano lectivo, o que se torna
apertado para se querer aprofundar melhor todos os temas, realizar mais pesquisas e
realizar mais testes de modo a obter um maior número de indivíduos para a amostra.
As sugestões que deixo após ter realizado este trabalho, é que este estudo
deveria ter um maior número de indivíduos para a amostra. Um outro aspecto
interessante seria de perceber nos indivíduos com um tempo de resposta mais lento e
mais falhas na atenção visual, a forma como reagiriam a uma tarefa motora que
implicasse a atenção visual, como por exemplo a execução de um percurso.
Esta é em minha opinião num tema bastante interessante, pois ainda há muito
para estudar.
Cláudia do Rosário Pires
82
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Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
7. Conclusão
O propósito deste trabalho foi investigar as diferenças de atenção visual na
população idosa quando se compara com uma população adulta do mesmo sexo.
Com o estudo em causa e com todo o trabalho desenvolvido conclui-se que foi
de extrema importância toda a elaboração deste trabalho, pois a atenção visual não é
uma área muito estudada, e tendo em conta a minha área de formação, é muito
importante compreendê-la. Estando a atenção visual afectada, muitos problemas
podem daí surgir, como foi comprovado ao longo deste trabalho, os indivíduos ficam
mais lentos, menos correctos na sua resposta, donde poderão advir vários problemas
não só cognitivos, mas também motores, pois com uma atenção visual deficitária, os
indivíduos adoptam comportamentos inseguros e consequentemente posturas
incorrectas.
Tem que se encarar a velhice como uma etapa da experiência humana que
pode e deve ser positiva para o desenvolvimento individual e social apesar de algumas
limitações físicas que são próprias do processo de envelhecimento normal do ser
humano. Mas infelizmente ainda são poucos os idosos que tem direito a uma vida
digna na terceira idade. E para que esse panorama se modifique são necessários
maiores investimentos para essa população. Investimentos esses principalmente em
saúde e qualidade de vida; que inclui profissionais e educadores preparados para
trabalhar com esse público, preparados no sentido técnico e humano vendo a
população idosa a partir de um novo prisma, rompendo preconceitos e estabelecendo
novos paradigmas.
Espero assim que esta tese seja de interesse para muitos, para assim contribuir
com uma melhoria para o estudo de uma etapa de vida, tão importante como as
outras!
Cláudia do Rosário Pires
83
Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana
Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
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Cláudia do Rosário Pires
84
Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana
Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
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Cláudia do Rosário Pires
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Cláudia do Rosário Pires
87
Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana
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Cláudia do Rosário Pires
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Cláudia do Rosário Pires
89
Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana
Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
9. Anexos
Indivíduos
Sexo
Idade
Acuidade
Visual
Escalão de
Idades
Atenção
Simples
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
1
1
1
1
2
2
2
1
2
1
2
1
1
1
2
2
2
2
1
2
2
2
2
1
1
1
2
2
1
1
24
21
22
21
18
18
19
20
18
20
23
20
22
20
20
73
72
72
73
71
71
74
72
72
75
76
77
76
77
74
6
6
5
6
6
6
6
6
6
6
6
6
6
6
6
2
5
3
6
6
6
6
3
6
5
6
6
6
6
6
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
0,89
1
1
1
1
1
0,89
1
1
0,89
1
1
1
0,78
1
0,78
1
1
0,89
0,78
1
0,89
0,78
0,89
0,89
0,78
0,89
1
1
0,78
Atenção
Dividida
Central
0,67
0,83
0,83
1
1
1
1
1
1
0,83
0,83
1
1
0,83
1
0,83
0,67
1
0,83
0,67
1
0,83
1
1
1
0,83
1
0,5
1
1
Atenção
Dividida
Periférica
1
1
1
1
1
0,75
0,88
1
1
1
1
1
1
1
1
0,75
0,88
1
0,88
0,88
0,88
1
0,75
1
0,88
0,88
0,88
0,63
1
0,88
Atenção
Selectiva
Cental
1
0,83
0,83
1
1
0,67
0,83
1
1
1
1
1
0,67
1
0,83
1
0,33
1
1
1
1
0,83
0,83
1
0,83
0,83
1
0,33
1
1
Tabela 38: Tabela relativa à base de dados da amostra do estudo.
Cláudia do Rosário Pires
90
Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana
Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos
Indivíduos
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
Atenção
Selectiva
Periférica
1
1
0,75
1
1
1
0,75
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
0,75
1
1
0,75
1
1
0,88
0,88
1
1
0,38
1
0,88
CVB_nº áreas
afectadas
Local das áreas
afectadas do CVB
Local das áreas
afectadas da ADP
Local das áreas
afectadas da ASP
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0,01
0
0,07
0
0
0
0
0
0
0
0,04
0,04
0
0
0,01
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
13
0
0
0
0
0
0
0
14
9
0
0
7
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
13
0
0
0
0
0
0
0
0
0
5
12
0
0
9
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
14
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
12
Tabela 39: Tabela relativa à base de dados da amostra do estudo.
Cláudia do Rosário Pires
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