Estudo da Atenção Visual em Idosos
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Estudo da Atenção Visual em Idosos
Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Índice Geral Resumo ………………………………………………………………………………………………………………………………… II Abstract ……………………………………………………………………………………………………………………………….. III Agradecimentos ……………………………………………………………………………………………………………………. IV Índice Geral ................................................................................................................................... 1 Índice de Figuras ........................................................................................................................... 3 Índice de Tabelas ........................................................................................................................... 3 1. Introdução ............................................................................................................................. 6 2. Formulação do Problema .......................................................................................................... 7 3. Revisão da Literatura............................................................................................................... 10 3.1. O Sistema Visual ............................................................................................................... 10 3.1.1. Descrição Anatómica e Mecanismos de Funcionamento ......................................... 10 3.1.2. Os movimentos dos olhos ......................................................................................... 13 3.1.3. Avaliação do grau e funcionamento da visão ........................................................... 15 3.2. O Envelhecimento ............................................................................................................ 18 3.2.1. Alterações visuais no processo de envelhecimento ................................................. 19 3.3. Atenção Visual .................................................................................................................. 23 3.3.1. Modelos da Atenção Visual ....................................................................................... 30 3.3.2. Atenção Visual e Campo Visual ................................................................................. 35 4. Metodologia ............................................................................................................................ 38 4.1. Tipo de Estudo .................................................................................................................. 38 4.2. Definição da população e selecção da amostra ............................................................... 38 4.3. Objectivos e Hipóteses ..................................................................................................... 39 4.4. Instrumento...................................................................................................................... 40 4.5. Procedimento ................................................................................................................... 41 Cláudia do Rosário Pires 1 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos 4.6. Definição das Variáveis .................................................................................................... 45 5. Caracterização da amostra ...................................................................................................... 51 6. Análise e Discussão dos Resultados ........................................................................................ 53 6.1. Síntese da Discussão dos Resultados ............................................................................... 79 6.2. Limitações do estudo ....................................................................................................... 82 7. Conclusão ................................................................................................................................ 83 8. Bibliografia .............................................................................................................................. 84 9. Anexos ..................................................................................................................................... 90 Cláudia do Rosário Pires 2 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Índice de Figuras Figura 1: anatomia ocular. .......................................................................................................... 12 Figura 2: Imagem ilustrativa, dos movimentos oculares no MonCV3 ........................................ 41 Figura 3: Teste da acuidade Visual, realizado a 4m. ................................................................... 42 Figura 4: teste do campo visual binocular. ................................................................................. 43 Figura 5: Teste do Campo visual atencional................................................................................ 44 Figura 6: Imagem do campo atencional ...................................................................................... 47 Figura 7: Imagem do campo visual binocular ............................................................................. 48 Índice de Tabelas Tabela 1: Tabela correspondente às idades da amostra. ........................................................... 51 Tabela 2: Tabela correspondente ao sexo da amostra. .............................................................. 52 Tabela 3: Tabela referente à estatística descritiva dos dados relativos às respostas certas na atenção visual.............................................................................................................................. 53 Tabela 4: Tabela descritiva relativa ao número de respostas certas da atenção simples. ......... 55 Tabela 5: Tabela relativa à estatística de teste do número de respostas certas da atenção simples. ....................................................................................................................................... 55 Tabela 6: Tabela descritiva relativa ao número de respostas certas da atenção dividida central. ..................................................................................................................................................... 56 Tabela 7: Tabela relativa à estatística de teste do número de respostas certas da atenção dividida central. ........................................................................................................................... 56 Tabela 8: Tabela descritiva relativa ao número de respostas certas da atenção dividida periférica. .................................................................................................................................... 57 Tabela 9: Tabela relativa à estatística de teste do número de respostas certas da atenção dividida periférica........................................................................................................................ 57 Tabela 10: Tabela descritiva relativa ao número de respostas certas da atenção selectiva central. ........................................................................................................................................ 58 Cláudia do Rosário Pires 3 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Tabela 11: Tabela relativa à estatística de teste do número de respostas certas da atenção selectiva central. ......................................................................................................................... 58 Tabela 12: Tabela descritiva relativa ao número de respostas certas da atenção selectiva periférica. .................................................................................................................................... 59 Tabela 13: Tabela relativa à estatística de teste do número de respostas certas da atenção selectiva Periférica. ..................................................................................................................... 60 Tabela 14: Tabela relativa ao tempo de resposta na atenção visual. ......................................... 62 Tabela 15: Tabela relativa aos testes normalidade do tempo de respostas da atenção simples. ..................................................................................................................................................... 63 Tabela 16: Tabela descritiva relativa ao tempo de resposta da atenção simples. ..................... 64 Tabela 17: Tabela do teste T relativa ao tempo de respostas da atenção simples. ................... 64 Tabela 18: Tabela relativa aos testes de normalidade do tempo de respostas da atenção dividida central. ........................................................................................................................... 64 Tabela 19: Tabela descritiva relativa ao tempo de resposta da atenção dividida central. ......... 65 Tabela 20: Tabela do teste T relativa ao tempo de respostas da atenção dividida central........ 65 Tabela 21: Tabela relativa aos testes de normalidade do tempo de respostas da atenção dividida periférica........................................................................................................................ 66 Tabela 22: Tabela descritiva relativa ao tempo de resposta da atenção dividida periférica...... 66 Tabela 23: Tabela do teste T relativa ao tempo de respostas da atenção dividida periférica. .. 66 Tabela 24: Tabela relativa aos testes de normalidade do tempo de respostas da atenção selectiva central. ......................................................................................................................... 67 Tabela 25: Tabela descritiva relativa ao tempo de resposta da atenção Selectiva central. ....... 67 Tabela 26: Tabela do teste T relativa ao tempo de respostas da atenção selectiva central. ..... 68 Tabela 27: Tabela relativa aos testes de normalidade do tempo de respostas da atenção selectiva periférica. ..................................................................................................................... 68 Tabela 28: Tabela descritiva relativa ao tempo de resposta da atenção Selectiva periférica. ... 69 Tabela 29: Tabela do teste T relativa ao tempo de respostas da atenção selectiva periférica. . 69 Cláudia do Rosário Pires 4 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Tabela 30: Tabela referente à estatística descritiva dos dados relativos ao número de áreas afectadas do campo visual binocular. ......................................................................................... 70 Tabela 31: Tabela descritiva relativa ao número de áreas afectadas do campo visual binocular. ..................................................................................................................................................... 71 Tabela 32: Tabela relativa ao número de áreas afectadas do campo visual binocular. ............. 71 Tabela 33: Tabela relativa às frequências da acuidade visual .................................................... 73 Tabela 34: Tabela descritiva relativa à acuidade visual. ............................................................. 74 Tabela 35: Tabela relativa à acuidade visual. .............................................................................. 74 Tabela 36: Tabela de Relação entre o local da área afectada no campo visual binocular com o Local das respostas erradas na atenção dividida periférica........................................................ 75 Tabela 37: Tabela de Relação entre o local da área afectada no campo visual binocular com o Local das respostas erradas na atenção selectiva periférica. ..................................................... 77 Tabela 38: Tabela relativa à base de dados da amostra do estudo. ........................................... 90 Tabela 39: Tabela relativa à base de dados da amostra do estudo. ........................................... 91 Cláudia do Rosário Pires 5 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos 1. Introdução Para a realização da minha tese de Mestrado, o meu interesse recai sobre a população idosa. Decidi realizar um estudo onde vou aprofundar melhor os meus conhecimentos sobre os idosos e quais as alterações que advêm do processo de envelhecimento. De entre as várias possibilidades apresentadas escolheu-se caracterizar as diferenças de atenção visual na população idosa quando se compara com uma população adulta do mesmo sexo, procurando ainda perceber como a atenção visual é um elemento essencial para todas as actividades do nosso dia-a-dia. O Envelhecimento é um conceito multidimensional que, embora geralmente identificado com a questão cronológica, envolve aspectos biológicos, psicológicos e sociológicos, variando as características do envelhecimento de indivíduo para indivíduo, mesmo que pertencem ao mesmo grupo social e que estejam expostos às mesmas variáveis ambientais (SANT’ANNA, 2003) Por seu lado, a atenção visual é a capacidade do indivíduo responder predominantemente aos estímulos que lhe são significativos em detrimento de outros. Verifica-se que a atenção está directamente relacionada com o processamento preferencial de determinadas informações sensoriais (Lima, 2005 in Oliveira, 2007). São estes os principais temas que permitiram desenvolver esta tese de Mestrado, assim, numa primeira parte realiza-se a revisão da literatura sobre os temas principais, tais como o Sistema visual, o Envelhecimento e a Atenção Visual. De seguida, apresenta-se a metodologia de trabalho, onde se define toda a população, as hipóteses, a definição das variáveis e todo o procedimento para a elaboração desta tese de mestrado. Numa fase posterior, caracterizar-se-á toda a amostra pertencente ao estudo e apresentar-se-ão todos os resultados e a sua discussão. Por último apresentar-se-á as limitações ao estudo, e a conclusão de todo o trabalho. Cláudia do Rosário Pires 6 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos 2. Formulação do Problema Os seres humanos conduzem as suas actividades diárias apoiando-se fortemente em informação processada visualmente. No nosso dia-a-dia, as pessoas têm de ter atenção a alguns objectos e ignorar outros. Assim, é a atenção visual que permite a focalização no objecto, bem como uma interacção eficaz do indivíduo com o meio, tal como a nível da organização dos processos mentais realizados para cada tarefa (Oliveira, 2007). Pode também ser definida como a capacidade do indivíduo responder predominantemente aos estímulos que lhe são significativos em detrimento de outros. Verifica-se que a atenção está directamente relacionada com o processamento preferencial de determinadas informações sensoriais (Lima, 2005 in Oliveira, 2007). A Atenção visual divide-se nas suas componentes, sendo importante ter em atenção os conceitos de cada uma delas. A Atenção Simples consiste na capacidade para responder a estímulos específicos de modo diferenciado, permite processar determinada informação “alvo” e ignorar a restante. A Atenção Dividida é a capacidade para responder, simultaneamente, a vários estímulos de natureza diversa e de forma coordenada. Por sua vez, a Atenção Selectiva é a capacidade para manter um padrão de resposta a um estímulo, na presença de outros estímulos “parasitas”, ou seja é a capacidade mental de seleccionar apenas uma pequena parcela da informação contida no ambiente em detrimento da grande quantidade de estímulos disponíveis ao nosso redor (Rossini e Galera, 2006). É do conhecimento de todos, que com o avanço da idade, as capacidades visuais, vão sendo alteradas. Segundo Madden (2007) as capacidades da Atenção visual vão-se perdendo, com o aumento da idade. Normalmente os adultos mais velhos são mais lentos em comparação com os jovens adultos em tarefas de pesquisa visual. As modificações na atenção, com a idade, reflectem influências a nível comportamental, que define a atenção nas actividades realizadas. Cláudia do Rosário Pires 7 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Segundo Madden e Langley (2003), no seu estudo foram realizadas três experiências de tarefas de pesquisa visual, para verificar se existem diferenças na atenção quando se varia a carga perceptiva, ou seja, a quantidade de estímulos apresentados, comparando-se um grupo de jovens com um grupo de idosos. Os resultados indicam que os declínios na atenção relacionados com a idade dependem da tarefa de desempenho que lhe é atribuído e pelos estímulos presentes. Existe assim uma limitação da capacidade de atenção para as idades mais velhas, o que dificulta as tarefas de pesquisa visual e da atenção selectiva. A medida de interesse para a avaliação da atenção visual é a mudança do tempo de reacção (TR) ou a exactidão para detectar o alvo, em relação a um crescente número de itens em exibição (Madden, 2007). O tempo de reacção varia em função do número de estímulos a serem atendidos, sem ser afectado pelo número de estímulos a serem ignorados, mas não informa muito sobre o processo de selecção do estímulo (Rossini e Galera, 2007). Um estudo feito por Madden, Spaniol e Bucur (2005), com o objectivo investigarem as diferenças dos tempos de reacção num grupo de idosos e noutro grupo de jovens, impunha-se aos grupos uma tarefa atencional, em que se tinha de identificar um alvo no meio de outros distractores. Verificaram-se que os valores do tempo de reacção foram de facto maiores em valor absoluto para os idosos do que para adultos jovens. Esta diferença de idade, com a repetição da tarefa, desapareceu. Assim o efeito da repetição deve ser considerado para caracterizar o desempenho dos adultos mais velhos, do que dos mais jovens. Os resultados indicam que na tarefa de pesquisa visual, a atenção visual não sofre alterações significativas com a idade. Mas concluiu-se que o controlo atencional é mais difícil para os idosos. Sendo que a repetição e o aumento do tempo de exposição do estímulo são uma das características relacionadas com o aumento da idade nas tarefas de pesquisa visual. Por outro lado, em muitos dos estudos pesquisados, os resultados indicam que o aumento do tempo de reacção é maior para os idosos do que para os jovens adultos Cláudia do Rosário Pires 8 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos (Zeef & Kok, 1993; Zeef, Sönke, Kok, Buiten, & Kenemans, 1996 in Madden e Langley, 2003), mas o inverso também tem sido relatado (Cerella, 1985; Madden & Gottlob, 1997, Wright & Elias, 1979 in Madden e Langley, 2003). A atenção visual torna-se um tema de grande importância à medida que a idade avança, existem perdas na capacidade de pesquisar o ambiente em redor, na habilidade de dar atenção aos objectos realmente importantes para a tarefa que se está a realizar e abstrair-se dos outros, se a atenção visual não for estimulada de modo a não haver mais percas nesta capacidade, os idosos terão dificuldade em relacionar-se com as actividades diárias. Devido ao facto de existirem divergências no que diz respeito ao estudo da atenção visual, surgiu um grande interesse em estudá-la. Procurou-se assim compreender melhor e verificar como a atenção visual se comporta, quando a idade vai aumentando. Deste modo comparou-se um grupo de jovens adultos, com um grupo de idosos, em que ambos realizaram a mesma tarefa de atenção visual, conseguindo-se assim verificar como a atenção visual se altera. Considerando-se todos os pressupostos descritos anteriormente, surgiu a questão principal e que por sua vez deu origem à formulação deste estudo: Será que todos os pressupostos definidos como fazendo parte da Atenção Visual se encontram alterados com a idade? Assim sendo, o grande objectivo deste estudo será caracterizar as diferenças de atenção visual entre um grupo de idosos em relação a um grupo de jovens adultos. Com base neste trabalho de investigação, de seguida apresentar-se-á uma fundamentação teórica de modo a facilitar e a promover a compreensão do estudo em causa. Cláudia do Rosário Pires 9 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos 3. Revisão da Literatura Neste capítulo serão abordados os aspectos relacionados com o sistema visual, bem como as alterações visuais no processo de envelhecimento. A visão permite um conjunto de actividades de percepção através da qual as pessoas aprendem sobre o mundo em redor. Percebemos também através da audição, tacto, paladar e olfacto, mas a visão é sem dúvida a componente mais importante. Posteriormente irá fazer-se uma abordagem sobre o processo de envelhecimento e a sua relação com a Atenção Visual, pois são temas fundamentais à compreensão deste estudo, visto que os movimentos oculares envolvidos em cada uma destas funções visuais reflectem um grande número de processos fisiológicos subjacentes a várias tarefas cognitivas. 3.1. O Sistema Visual 3.1.1. Descrição Anatómica e Mecanismos de Funcionamento Os olhos são as nossas janelas para o mundo. Através do trabalho conjunto dos olhos e do cérebro, apercebemo-nos do mundo à nossa volta: avaliamos distâncias, fazemos comparações, lemos, interpretamos, apreciamos (Fraga, 1987). O olho constitui o órgão sensorial onde principia o sistema visual que foca a informação na retina (Neves, 2006). É o olho que ajusta constantemente a quantidade de luz que deixa entrar, foca os objectos próximos e distantes e gera imagens contínuas que instantaneamente são transmitidas ao cérebro. Possui partes protectoras que rodeiam o olho. Estas estruturas existem porque o olho está exposto a substâncias nocivas (Mendes, 2008). O globo ocular está situado em uma cavidade óssea, a órbita, que dá suporte e protecção ao olho. Esta configuração permite o posicionamento preciso do eixo visual Cláudia do Rosário Pires 10 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos sob um controlo neuromuscular, essencial para a visão binocular e os movimentos oculares conjugados (Standring, 2005). A parte do olho que se encontra em contacto com o exterior denomina-se córnea, consistindo numa membrana transparente que juntamente com o filme lacrimal tem como principal função refractar a luz incidente que entra no olho (Standring, 2005). Atrás da córnea, encontra-se o humor aquoso, que a nutre (Correia, Espanha & Silva, 2003). A íris é um diafragma ajustável em torno de uma abertura central, a pupila, que controla a quantidade de luz que entra no olho (Srandring, 2005). Por detrás da íris situa-se o cristalino que é uma lente biconvexa, constituído por fibras transparentes localizadas no interior de uma membrana elástica. A mudança de forma do cristalino funciona como uma lente capaz de focar a luz incidente na retina, de modo particular no pólo posterior, a mácula, onde converge o cone refractivo. Este processo denomina-se acomodação, e é controlado pelo S.N.A., através de um conjunto de músculos e ligamentos situados atrás da íris – os músculos ciliares e a zónula. Ocupando todo o espaço posterior do cristalino até à retina, encontrando-se uma substância de consistência gelatinosa e transparente, o humor vítreo, que ajuda a manter a forma esférica do olho (Neves, 2006). Os raios luminosos que atravessam o cristalino projectam-se, sob maior ou menor definição, na retina, sendo esta informação, após conversão do tipo de energia transmitida ao cérebro por intermédio do nervo óptico (Neves, 2006). A retina é a camada sensorial neural do globo ocular, sendo a parte mais interna do olho, onde se localizam as células receptoras que transformam as ondas luminosas em influxo nervoso (Correia, Espanha & Silva, 2003). A retina é composta por duas manchas, a negra e a amarela. Sendo que a primeira é onde se insere o nervo óptico, e a última é onde se localiza a mácula, com uma pressão central, a fóvea, que é o ponto de visão mais agudo. Cláudia do Rosário Pires 11 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Figura 1: anatomia ocular (retirado de: //www.reinaldoribela.pro.br/imgs/biologia_vol_II/reino_animalia_II/olho5.gif). A retina é composta por uma componente nervosa que é constituído por células sensíveis à luz, os fotorreceptores, e por um conjunto de células nervosas que formam uma rede neuronal que a luz atravessa até chegar aos fotorreceptores. Existem dois tipos de fotorreceptores, os cones e os bastonetes cuja disposição e respectiva distribuição espacial pela retina não é uniforme (Neves, 2006). Os cones são principalmente responsáveis pela alta resolução espacial e pela visão cromática, em boas condições de iluminação, são assim caracterizados por uma grande rapidez, possibilitando a leitura e a escrita, o reconhecimento de rostos, a perseguição visual, em suma, uma visão mais ligada à atenção. Os bastonetes são responsáveis pela visão monocromática de alta sensibilidade para condições de iluminação baixas, estes permitem a localização de objectos, a apreciação global do espaço e a percepção do movimento (Srandring, 2005). Cláudia do Rosário Pires 12 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Após a fototransdução realizada ao nível dos fotorreceptores, o sinal nervoso sofre um pré - tratamento no plano interno da retina, sendo posteriormente enviado pelas células bipolares e ganglionares e axónios que formam o nervo óptico, a mancha cega, Esta via eferente tem sinapses no Corpo Geniculado lateral, um dos vários núcleos de neurónios do tálamo, recebendo cada um, informação da mesma localização do campo visual (Standring, 2005). Para tal, ocorre previamente uma difusão das fibras do nervo óptico ao nível do Quiasma Óptico. Aqui as metades externas de cada nervo cruzam-se. Devido ao Quiasma óptico, cada hemisfério cerebral recebe informação de ambos os olhos (Correia, Espanha & Silva, 2003), o hemisfério direito recebe estímulos do olho esquerdo e o hemisfério esquerdo do olho direito. Sendo que é no córtex visual que se dá o processamento da imagem (Standring, 2005). 3.1.2. Os movimentos dos olhos A principal função dos movimentos dos olhos é trazer informações para visão fóveal e para mantê-la lá (Hampson e Morris, 1996). Uma característica fundamental dos olhos, é a sua mobilidade que nos permite alterar o campo visual sem mover a cabeça. Como foi descrito anteriormente, os cones estão mais concentrados na mácula, e as imagens focalizadas são observadas com maior acuidade. A fim de concentrar o ponto mais importante da imagem visual sobre a fóvea e mantê-la lá, o globo ocular deve ser capaz de se mover. Assim, seis músculos esqueléticos inscritos para o exterior de cada olho, permitem controlar seu movimento. Os movimentos dos olhos são provocados pela contracção desses músculos oculares externos, permitindo o seu deslocamento rápido ou lento com três tipos de graus de liberdade: vertical; horizontal e em torção, possibilitando, deste modo, alinhar o objecto em observação com o centro do campo visual, ou seja, na fóvea (Widmaier, Raff e Strong, 2004). Cláudia do Rosário Pires 13 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos É através do movimento conjugado dos dois olhos, de forma simultânea para garantir a convergência dos eixos visuais sobre o objecto fixado, que podemos captar e perseguir um objecto com os olhos (Correia, 1999 in Neves, 2006). Os movimentos dos olhos podem ser de tipo voluntário, envolvendo a intencionalidade do sujeito e a procura do objecto a visionar, ou de tipo involuntário, quando automaticamente mantemos o olhar sobre o objecto. Os movimentos voluntários são as vergências e as sacádas. Vergência: é o movimento coordenado dos dois glóbulos oculares que permite focar um objecto. Movimento sacádico: é o principal movimento realizado pelo olho para examinar um alvo, consistindo na sua deslocação rápida de uma região para outra desse mesmo alvo, podendo ter amplitudes variáveis e velocidades variáveis. Uma sacada pode ser composta por três fases, a programação da sacada (decisão do cérebro para programar a próxima posição do olho), excitação dos músculos (após a programação, o cérebro transfere a ordem para os músculos, para que seja executado o movimento) e rotação do globo ocular (velocidade angular do olho, que varia com a amplitude das sacadas) (Neves, 2006). Assim os movimentos rápidos, ou seja, as sacadas, são pequenos, movimentos involuntários que rapidamente trazem o olho de um ponto de fixação para o outro para permitir a pesquisa do campo visual. Além disso, as sacadas movem a imagem visual sobre os receptores, impedindo a sua adaptação. As sacadas ocorrem também durante certos períodos do sono quando os sonhos ocorrem, embora estes movimentos não são pensados para serem envolvidos para assistir às imagens visuais dos sonhos (Widmaier, Raff e Strong, 2004). Segundo Guyton e Hall (2006), os movimentos involuntários são movimentos de feedback que impedem que o objecto de atenção deixe a parte fóveal da retina. Normalmente existem três movimentos involuntários dos olhos: Cláudia do Rosário Pires 14 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Um continuo tremor com uma taxa de 30 a 80 ciclos por segundo causados por sucessivas contracções dos músculos oculares. Um desvio lento do globo ocular, quando os olhos se movem de uma direcção para outra. Movimentos súbitos que são controlados pelos mecanismos de fixação. 3.1.3. Avaliação do grau e funcionamento da visão Existe um grupo de factores determinantes da visibilidade, os quais devem ser motivo de estudo, de conhecimento e de domínio dos especialistas que se encontram ou que desejam realizar um estudo que implique a visão, para que o mesmo seja realizado de forma correcta. Tendo em conta que a visão é o resultado da interacção entre a luz e o aparelho visual, tomam-se como factores dessa interacção (Batiz, 2003 e Mingrone, 2008): - Tamanho do objecto: quanto maior o tamanho do objecto a uma mesma distância de visão, maior será o ângulo visual e mais rapidamente será observado o objecto. - Ângulo de visão: quanto maior o ângulo de visual, maior será o tamanho da imagem na retina. - Acuidade visual: a acuidade visual é o poder de descriminação do globo ocular, que se exprime pela distância angular dos dois pontos mais próximos que ele pode distinguir, ou ainda a capacidade que o olho humano possui de distinguir pequenos intervalos entre zonas do campo visual. Quanto mais perto dois pontos possam ser distinguidos como dois, mais elevada é a acuidade visual (Moniz Pereira, 1980, Bicas, 2002 & Santos, 2003). O registo de um valor de acuidade visual depende não apenas da percepção, mas também da cognição e de sua resposta. Isto é, o do reconhecimento da impossibilidade de registá-la facilmente, comum em crianças pequenas mas presente, também, em crianças maiores e em adultos, dependendo de Cláudia do Rosário Pires 15 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos estados emocionais (timidez), mentais (atraso no desenvolvimento neuropsicomotor), educacionais (analfabetismo, quando são testadas letras, números ou outros símbolos não aprendidos) (Bicas, 2002). Assim sendo, a acuidade visual varia com a luminosidade, quanto mais luz, melhor será a nossa acuidade visual, se estivermos numa situação de baixa luminosidade, menor será a nossa acuidade visual. - Brilho: o brilho de uma superfície é a intensidade luminosa que este emite (se é luminoso) ou reflecte (se é iluminado) em direcção normal à linha de visão por unidade de área. O brilho depende da intensidade de luz que incide sobre a superfície e do coeficiente de reflexão desta. - Sensibilidade ao Contraste: o contraste é o brilho relativo entre o objecto e o seu fundo. Um alto contraste facilita a rápida visão e identificação do objecto, consequentemente um baixo contraste pode torná-lo invisível. - Campo Visual: O Campo Visual útil pode ser definido como a parte do espaço exterior, visto pelos dois olhos. O campo visual binocular é o espaço visto por ambos os olhos, olhando fixamente em frente. Este estende-se por 120 graus, cercado dos dois lados de uma percepção monocular de 30 °. Deve-se a estudar a 85 pontos distribuídos no campo visual binocular. Os conhecimentos no campo visual binocular realizam-se com os dois olhos abertos na cúpula Goldmann (Moniz Pereira, 1980, Zanlonghi, Avital & Prigent, 2000, Coeckelberg et al, 2004, Rogé et al, 2005 & Neves, 2006,). Segundo Zanlonghi, Avital & Prigent (2000) existem algumas áreas "estratégicas" do campo visual que para a vida quotidiana são importantes: campo central, campo inferior para caminhadas e a área periférica para a percepção do que se passa em redor. A dimensão do campo visual, varia assim com a quantidade de luz, pois dependendo desta, veremos mais ou menos em nosso redor. - Deslumbramento: o deslumbramento é um fenómeno da visão que produz incómodos ou diminuição da capacidade de distinguir objectos, ou ambas as coisas ao mesmo tempo, devido a uma inadequada distribuição da luminosidade, ou como consequência de contrastes excessivos no espaço e no tempo. As grandes diferenças Cláudia do Rosário Pires 16 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos de brilhos no campo visual provocam o deslumbramento. Isto deve-se a uma pequena superfície da retina em que incide uma quantidade de luz relativamente grande, e a sua sensibilidade reduz-se em conjunto e em consequência diminuiu a acuidade visual. - Cor: a cor é a sensação visual produzida pela luz no sentido da visão que permite ao homem diferenciar os diferentes comprimentos de onda que a compõem. - Iluminação: Quanto maior a dificuldade de percepção visual, maior deve ser o nível médio de Iluminação. Esta dificuldade acentua-se muito mais em pessoas de idade avançada, pois estas necessitam de mais luz para realizar um trabalho de igual dificuldade. É importante referir todos os factores que influenciam a visão, mas para o estudo em causa, irá ter-se mais em conta a acuidade visual e o campo visual, dada a situação experimental e o objectivo do estudo “caracterizar a atenção visual”, são estes aspectos, os que melhor a ajudam a perceber. Cláudia do Rosário Pires 17 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos 3.2. O Envelhecimento À medida que o tempo passa, existem alterações no funcionamento do indivíduo, alterando-se as funções perceptivo-motoras. Envelhecimento é um conceito multidimensional que, embora geralmente identificado com a questão cronológica, envolve aspectos biológicos, psicológicos e sociológicos, variando as características do envelhecimento de indivíduo para indivíduo, mesmo que pertencem ao mesmo grupo social e que estejam expostos às mesmas variáveis ambientais (SANT'ANNA, 2003). Segundo Holzschuch et al (2002 in Oliveira & Moniz Pereira, s.d.), o envelhecimento é um fenómeno natural que não deve ser confundido com uma afecção patológica. Pode ser definido como um conjunto de modificações morfológicas, fisiológicas e psicológicas, que resultam da acção do tempo sobre os seres vivos. O envelhecimento não pode por si só ser responsável por uma doença, mas fragiliza o organismo, baixando as reservas de uma função fisiológica. À medida que a pessoa se vai tornando idosa, os sensores perdem competência discriminatória, porque a quantidade de informação ambiental disponível pode ser excessiva, a transmissão de impulsos dentro do próprio sistema nervoso periférico está mais lenta, as funções cognitivas superiores são menos ágeis, o corpo é menos rápido e a informação sobre a própria acção é menos detalhada. Os sistemas sensoriais e perceptivos são muito sensíveis ao envelhecimento. A informação, quer interna quer externa ao corpo, é recolhida de forma menos precisa e as bases para a tomada de decisão são por vezes insuficientes, levando à produção de respostas menos ajustadas, senão totalmente incorrectas (Barreiros, 2006). Cláudia do Rosário Pires 18 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos 3.2.1. Alterações visuais no processo de envelhecimento De acordo com o conceito atrás descrito, o envelhecimento origina alterações nas estruturas oculares e na função visual, acabando esta por ser uma das mais afectadas. Os problemas da visão passam habitualmente despercebidos pelos diferentes profissionais que actuam junto dos idosos, pois não os percebem ou não os referenciam, julgando que se tratam de fenómenos absolutamente normais para a idade (Oliveira & Moniz Pereira, s.d.). Segundo Oliveira & Moniz Pereira (s.d.), com o passar dos anos, o olho propriamente dito, e as estruturas anexas vão sofrendo modificações na sua morfologia e estrutura, às quais se juntam as alterações funcionais de diferentes naturezas que no seu conjunto podem-se considerar o “envelhecimento ocular”. Perracini (2002 in Mendes, 2008) cita as alterações da visão com o envelhecimento, e as consequências em relação ao ambiente. As alterações da visão com o envelhecimento são a diminuição da acuidade visual, diminuição do campo visual periférico, diminuição da atenção visual, lentidão na adaptação ao claro-escuro (deslumbramento), diminuição na acomodação, diminuição na visão de profundidade, diminuição na discriminação das cores, diminuição da captação das formas em movimento e diminuição da capacidade de se adaptar ao escurecimento. As consequências da visão alterada em relação ao ambiente são que os detalhes podem passar despercebidos, como degraus, objectos no chão, existem dificuldades com letras pequenas, dificuldade com excesso de luminosidade, instabilidade nas passagens para ambientes mais claros /escuros, dificuldade em seguir pistas sensoriais mal sinalizadas, como letras e números nas portas e avisos com muitas informações, dificuldade com pisos desenhados, degraus e escadas, assim como em ambientes com excesso de padrões e desorientação em ambientes com monotonia de cores. Cláudia do Rosário Pires 19 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos De acordo com Bowker et al (2006) e Cordero et al (2007 in Moniz Pereira e Oliveira, 2009), passar-se-ão a referir as alterações nas principais estruturas anatómicas que compõem o olho: Órbitas e tecidos adjacentes: diminuição da matéria gorda retrobulbar e da sua plasticidade, o que favorece o afundamento do globo ocular; Pálpebras: os processos degenerativos propiciam a transformação fibrosa com perda das propriedades elásticas das fibras musculares. Fruto deste fenómeno acontece a flacidez das pálpebras. Glândulas Lacrimais: existe uma proliferação do tecido conjuntivo e uma atrofia dos elementos glandulares que conduzem a secreção lacrimal e lubrificação alteradas. Córnea: o deposito progressivo de material lipídico origina o arco senil. A córnea torna-se mais rígida e adematosa com tendência para a opacidade e para a perda de sensibilidade, o que poderá implicar a diminuição da acuidade visual e da sensibilidade ao contraste. Íris: atrofia dos músculos que regulam a pupila com implicações na visão nocturna pela refracção pupilar. O idoso adapta-se mal à obscuridade e aos deslumbramentos nocturnos. Cristalino: ocorre um aumento do tamanho do cristalino à medida que se acumulam fibras velhas no seu núcleo. O núcleo torna-se mais opaco e rígido. Retina: redução dos fotoreceptores pelas alterações vasculares. Esta estrutura torna-se mais fina e na periferia aparecem processos degenerativos. Nervo óptico: os problemas vasculares e diminuição do número de axónios originam transtornos na condução nervosa do estímulo visual, com implicações de diferentes naturezas das quais se destacam a Cláudia do Rosário Pires 20 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos diminuição da acuidade visual. Do campo visual e sensibilidade ao contraste. Musculatura ocular extrínseca: o envelhecimento do organismo compromete a força muscular do corpo, e em especial da estrutura do olho, dificultando a perseguição ocular. Ainda segundo Moniz Pereira e Oliveira (2009), os problemas da visão vão afectar a maneira de como o idoso se envolve no seu dia-a-dia. A nível social, o défice de visão afecta a área afectivo-relacional. A nível psicoafectivo, os problemas da visão condicionam a recepção de informação e comunicação do meio envolvente, produzindo distúrbios afectivos que podem provocar quadros depressivos e ansiedade. A nível funcional, o défice visual impõe limites na capacidade do indivíduo interagir com o meio envolvente, estreitando a sua capacidade de adaptação a esse meio, conduzindo a uma perda de equilíbrio dinâmico. As alterações da capacidade visual com o envelhecimento implicam modificações em comportamentos do dia-a-dia, como o reajustamento postural para ver televisão ou ler, na alteração do padrão de deslocação, mais lento ou cambaleante, ou na imprecisão no alcançar de objectos. A marcha pode levar a colisões com obstáculos, à incapacidade de perceber desníveis, ou o recurso permanente a informação de natureza táctil para a regulação da deslocação (Barreiros, 2006). Estudos realizados por Elliott, Yang & Whitaker (1995) verificaram que tende a haver uma melhoria na acuidade visual até aos 25 anos de idade, e verifica-se um declínio gradual desta, daí em diante, sendo que a partir dos 60 anos de idade se verifica um declínio notório. A atenção visual torna-se um tema de grande importância à medida que a idade avança, pois se esta estiver alterada, também vai contribuir para todos os problemas anteriormente descritos. Uma vez que ao existir percas na capacidade de pesquisar o ambiente em redor, na habilidade de dar atenção aos objectos realmente Cláudia do Rosário Pires 21 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos importantes para a tarefa que se está a realizar e abstrair-se dos outros. Assim, se a atenção visual não for estimulada de modo a não haver mais percas nesta capacidade, os idosos terão cada vez mais dificuldades em relacionar-se no seu dia-a-dia. Cláudia do Rosário Pires 22 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos 3.3. Atenção Visual Este capítulo diz respeito à atenção visual e aos processos relacionados com a mesma, a fim de a compreender melhor o que é a atenção visual e como ela influência toda a nossa percepção visual e o modo de compreender e visualizar as coisas. Ao longo deste capítulo também se irá perceber como a atenção visual é afectada pelo processo de envelhecimento. No nosso dia-a-dia, as pessoas têm de ter atenção a alguns objectos e ignorar outros. Guiar a atenção para os objectos importantes é fácil em determinados instantes, como por exemplo ver vinho vermelho numa carpete branca, mas por vezes é mais difícil, como por exemplo ver os objectos numa fotografia desfocada (Madden, 2007). É a atenção visual que permite a focalização no objecto, bem como uma interacção eficaz do indivíduo com o meio, assim como intervém a nível da organização dos processos mentais realizados para cada tarefa (Oliveira, 2007). Pode ser definida como a capacidade do indivíduo responder predominantemente aos estímulos que lhe são significativos em detrimento de outros. Verifica-se que a atenção está directamente relacionada com o processamento preferencial de determinadas informações sensoriais (Lima, 2005 in Oliveira, 2007). A imagem que vemos resulta da interacção em cada momento entre o córtex visual, a memória de trabalho e uma zona cognitiva de interpretação (no córtex préfrontal). O córtex visual reconhece vários detalhes que mantêm uma relação coerente entre si e isso faz emergir o reconhecimento de um objecto. O objecto é evocado e isso acaba por influenciar o modo como o que vemos está a ser agrupado e interpretado, podendo sugerir a detecção de outras coisas para confirmarem ou não a presença do objecto. Um objecto é provavelmente considerado como real quando a sua percepção coincide com as previsões que fazemos da sua aparência, nomeadamente quando, por exemplo, efectuamos movimentos, nomeadamente os Cláudia do Rosário Pires 23 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos movimentos oculares, realizados através dos objectos sacádicos. Todo este processo é inconsciente. E, se focarmos a nossa atenção num objecto conhecido, o seu nome surge na mente e as memórias que lhe estão associadas são activadas, surgindo também na mente palavras associadas a essas memórias (Campos, 2010). A atenção, como uma importante função cognitiva básica, tem influência directa no modo como os organismos interagem com o ambiente, correlacionando-se directamente com a efectividade do desempenho desses organismos. Ela tem uma importante função no controlo executivo, que determina capacidade de controlar, direccionar e integrar funções cognitivas, emocionais e comportamentais para execução voluntária e consciente das acções necessárias para administrar contingência em função de um objectivo (Assef e Capovilla, 2007; Gazzaniga; Ivry; Mangun, 2006; Lezak; Howieson; Lorning, 2004, in Carreiro, Ferreira e Pinheiro, 2009). Embora o que percepcionamos tenha origem nos estímulos físicos, é a sensação que resulta do estado em que ficam algumas redes neuronais do nosso cérebro quando certos estímulos actuam nos mecanismos visuais. Mas os objectos físicos não têm cor, é o nosso sistema visual que usa esse «código» para classificar as suas propriedades físicas. O nosso conhecimento começa na «invenção» de um modelo que emerge espontânea e estatisticamente a partir dos estímulos, e que é depois comparado pela interacção com o mundo real. A imagem de cada objecto é «codificada» de modo a que a sua representação possa ser armazenada numa «memória associativa neuronal» e comparada com outras representações nela memorizadas. Quando a atenção se desvia para um lado do que se está a observar, os processos de neuronais são capazes de gerar por si próprios e manter activa a imagem das outras partes da observação. Mas, na realidade, só vemos de um modo mais nítido aquilo que está sob o foco da nossa atenção. Só vemos nitidamente uma pequena área do campo visual, a parte sobre a qual se fixa a nossa atenção e o nosso olhar, cuja representação interna está a ser feita tendo em conta os dados perceptivos extraídos pelo córtex visual. O resto vê-se de uma forma mais vaga porque se trata apenas da Cláudia do Rosário Pires 24 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos manutenção em memória de curta duração de algo que vimos antes. A área do mundo exterior que está sob o foco da nossa atenção está sempre a mudar porque mexemos voluntariamente os olhos e porque eles, para além disso, fazem automaticamente movimentos sacádicos. E, em cada momento, a informação gerada a partir da retina vai sendo inserida no lugar correcto dos mapas corticais associados à representação da observação, sob a direcção dos mecanismos de atenção (Campos, 2010). Para Treisman e Galade (1980) e Treisman e Sato (1990 in Rossini e Galera, 2007), a atenção é o processo responsável pela integração das características de um objecto composto por vários atributos numa posição específica no espaço retinotópico. Em geral, a atenção é utilizada para a concentração ou nas capacidades mentais de selecção dos estímulos sensoriais (Duchowski, 2003). Estudos feitos por Von Helmholtz (1925 in Duchowski, 2003) observaram tendência natural da atenção visual para procurar coisas novas. Observou-se que a atenção pode ser controlada por um esforço consciente e voluntário, permitindo que a atenção se direccione para os objectos periféricos sem fazer movimentos dos olhos. Em suma, a atenção visual pode ser direccionada para os objectos periféricos, sendo que os movimentos dos olhos reflectem a vontade para inspeccionar esses objectos em detalhe. Para Gibson (1941 in Duchowski, 2003) a atenção visual centra-se na intenção. Esta componente de atenção explica a capacidade de variar a intenção de reagir, mantendo a expectativa do estímulo fixo e, inversamente, a capacidade de variar a expectativa do objecto que se move. Isto é, a atenção específica o "o que fazer" ou "como" reagir a determinados comportamentos baseados em preconceitos do espectador ou da sua atitude. Esta variante da atenção visual é particularmente relevante pois é influenciada pela instrução do indivíduo. Para Gibson a atenção tem em conta uma percepção através de uma função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais, a partir de histórico de vivências passadas. Através da percepção Cláudia do Rosário Pires 25 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos um indivíduo organiza e interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio. Consiste na aquisição, interpretação, selecção e organização das informações obtidas pelos sentidos. Do ponto de vista psicológico ou cognitivo, a percepção envolve também os processos mentais, a memória e outros aspectos que podem influenciar na interpretação dos dados percebidos. Três importantes características da atenção são a possibilidade de se exercer um controle voluntário da atenção, a inabilidade em atender diversos estímulos ao mesmo tempo e a capacidade limitada do processamento atencional (Lima, 2005). Segundo Hillistrom e Chai (2006), os factores básicos que influenciam a direcção da atenção visual são: a diferença entre o estímulo e a cena observada, o destaque deste em relação ao meio envolvente, a intenção do observador, a memória do que foi observado anteriormente e a organização perceptiva do que é observado, sendo que o destaque do estímulo observado apresenta um papel fundamental (in Oliveira, 2007). Aquilo que nós percebemos depende directamente de onde estamos a dirigir a nossa atenção. O acto de prestar atenção, aumenta a sensibilidade perceptual para a discriminação do alvo, além de reduzir a interferência causada por estímulos distractores (Pessoa et al, in Lima, 2005). A atenção permite a focalização selectiva num determinado estímulo (estímulos) filtrando, destacando ou inibindo as informações desnecessárias. A focalização dos recursos de atenção pode ser compreendida como uma reacção automática, ou reflexa, atribuída ao aparecimento de um novo objecto. A Atenção Simples consiste na capacidade para responder a estímulos específicos de modo diferenciado, permite processar determinada informação “alvo” e ignorar a restante. A Atenção Dividida é a capacidade para responder, simultaneamente, a vários estímulos de natureza diversa e de forma coordenada. Por sua vez, a Atenção Selectiva é a capacidade para manter um padrão de resposta a um estímulo, na presença de outros estímulos “parasitas”, ou seja é a capacidade mental de seleccionar apenas uma Cláudia do Rosário Pires 26 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos pequena parcela da informação contida no ambiente em detrimento da grande quantidade de estímulos disponíveis ao nosso redor (Rossini e Galera, 2006). O processo de atenção que não é mais do que um processo de observação selectiva, ou seja, das observações por nós efectuadas. Este processo faz com que nós percebamos alguns elementos em relação a outros. Deste modo, são vários os factores que influenciam a atenção e que se encontram agrupados em duas categorias: a dos factores externos (próprios do meio ambiente) e a dos factores internos (próprios do nosso organismo). Os factores externos mais importantes da atenção são a intensidade (pois a nossa atenção é particularmente despertada por estímulos que se apresentam com grande intensidade) o contraste (a atenção será muito mais exacta quanto mais contraste existir entre os estímulos); o movimento que constitui um elemento principal no despertar da atenção; e a incongruência, ou seja, prestamos muito mais atenção às coisas absurdas e bizarras do que ao que é normal. Os factores internos que mais influenciam a atenção são a motivação (prestamos muito mais atenção a tudo que nos motiva e nos dá prazer do que às coisas que não nos interessam); a experiência anterior ou, por outras palavras, a força do hábito faz com que prestemos mais atenção ao que já conhecemos e entendemos; e o fenómeno social que explica que a nossa natureza social faz com que pessoas de contextos sociais diferentes não prestem igual atenção aos mesmos objectos (Wikipédia, pesquisa feita em Junho de 2010). A atenção visual refere-se assim, às habilidades tais como filtrar informações não desejadas, o deslocamento dos recursos de processamento de informações de uma região do campo visual para outra, e a capacidade de dividir a atenção para mais de um local do campo visual. Uma pesquisa visual refere-se à habilidade para localizar ou encontrar um objecto de interesse, entre outros objectos distractores dependendo do uso da atenção visual (Owsley & McGwin, 2004). Os testes do Campo Visual Atencional têm como objectivo realizar uma pesquisa visual. Os participantes são instruídos para identificar um alvo apresentado Cláudia do Rosário Pires 27 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos em várias excentricidades e incorporado num meio de um grande número de distracções (Coeckelbergh et al, 2004). O teste da Atenção Visual é usado para avaliar três aptidões para o processamento (atenção dividida, atenção selectiva, e velocidade de processamento), que são estudadas usando tarefas de localização espacial (Rogé et al, 2005). De acordo com Cortese e colaboradores (1999 in Lima, 2005), existem factores que estão presentes em todas as modalidades de testes de atenção visual: Vigilância: capacidade de seleccionar e focar os estímulos; Amplitude: quantidade de estímulos que deverão ser processados na realização de um teste; Seguimento (Tracking): rastreamento do material envolvido, envolvendo processos de memória a curto prazo; Tempo de Reacção: tempo necessário para a realização da tarefa; Alternância: flexibilidade e velocidade no deslocamento da atenção de um foco para outro. Segundo um estudo feito por Madden e Langley (2003) em que se realizaram três experiências de tarefas de pesquisa visual para testar a hipótese de que existem diferenças que a atenção selectiva varia em função da carga perceptiva, comparandose um grupo de jovens com um grupo de idosos. Os resultados sugerem que os declínios na atenção selectiva relacionados com a idade dependem da tarefa de desempenho que lhe é atribuído e pelos estímulos presentes. Existe assim uma limitação da capacidade de atenção para as idades mais velhas, o que dificulta as tarefas de pesquisa visual e da atenção selectiva. Outra explicação para a idade está relacionada com a redução da capacidade, o que leva a uma menor capacidade na selectividade de atenção para adultos mais velhos do que para os adultos mais jovens (Madden e Langley, 2003). De acordo com Owsley e MacGwin (2004) vários mecanismos subjacentes à pesquisa visual nos problemas de adultos mais velhos têm sido sugeridos, incluindo as Cláudia do Rosário Pires 28 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos dificuldades com inibição de metas irrelevantes, na atenção selectiva, atenção dividida, localizar espacialmente informações relevantes para a tarefa, e atraso do processamento. Problemas de atenção dividida são ligados à condução de problemas de desempenho (por exemplo, reduzir ou evitar obstáculos), habilidade na condução. Os idosos geralmente relatam dificuldades no quotidiano em tarefas que dependem de habilidades de pesquisa visual, expressando problemas com objectos de distracção e eventos, desorientação visual, e não há tempo suficiente para localizar objectos nas tarefas relevantes. Os resultados do seu estudo, indicam que modificações no sistema atencional, impedem os mais velhos de ter uma estabilidade postural, locomoção, e outros tipos de movimento através do ambiente, quando comparados com adultos jovens. Tem sido sugerido que o número de mecanismos subjacentes à pesquisa visual e problemas de atenção nos idosos, incluindo défices na atenção selectiva e atenção dividida, abrandou a velocidade de processamento, e as dificuldades na localização espacial. Estudos feitos por Madden (2007) permitiram verificar que os adultos mais velhos são mais lentos em comparação com os jovens adultos em tarefas de pesquisa visual, o que sugere uma relação da idade com a função atencional. A medida de interesse para a avaliação da atenção visual é a mudança do tempo de reacção (TR) ou a exactidão para detectar o alvo, em relação a um crescente número de itens em exibição (tamanho do visor). Sendo assim, nas tarefas de pesquisa difíceis, o Tempo de Reacção é tipicamente maior para os idosos do que para os jovens adultos, sugerindo uma diminuição da eficiência dos processos de pesquisa (Madden, 2007). O tempo de reacção varia em função do número de estímulos a serem atendidos, sem ser afectado pelo número de estímulos as serem ignorados, mas não informa muito sobre o processo de selecção do estímulo (Rossini e Galera, 2007). Em muitos dos estudos pesquisados, os resultados indicam que o aumento do tempo de reacção é maior para os idosos do que para os jovens adultos (Zeef & Kok, Cláudia do Rosário Pires 29 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos 1993; Zeef, Sönke, Kok, Buiten, & Kenemans, 1996 in Madden e Langley, 2003), mas o inverso também tem sido relatado (Cerella, 1985; Madden & Gottlob, 1997, Wright & Elias, 1979 in Madden e Langley, 2003). Os estudos feitos por Madden e Langley em 2003, indicam que o Tempo de Reacção, para ambos os grupos etários, aumentou de uma forma relativamente linear em função do aumento dos itens a pesquisar, o que sugere que a magnitude do tempo de reacção não diferiu em função da faixa etária. Num estudo feito por Madden, Spaniol e Bucur (2005) em que se impunha ao grupo de jovens e idosos uma tarefa de atenção visual, para investigarem as diferenças dos tempos de reacção nos dois grupos, tinha de identificar um alvo no meio de outros distractores. Verificaram-se que os valores do tempo de reacção foram de facto maiores em valor absoluto para os idosos do que para adultos jovens. Esta diferença de idade, com a repetição da tarefa, desapareceu. Assim o efeito da repetição deve ser mais considerado para caracterizar o desempenho dos adultos mais velhos, do que dos mais jovens. 3.3.1. Modelos da Atenção Visual De acordo com a pesquisa feita existe uma teoria que define a atenção visual. A teoria da Atenção visual, primeiramente definida por Bundesen (1990) é uma teoria que combinada o reconhecimento e a selecção. Noutras palavras, quando um objecto no campo visual é reconhecido, é ao mesmo tempo seleccionado e vice-versa. Segundo a Teoria da Atenção visual os elementos no campo visual são processados em paralelo. A transformação Visual é um processo constituído por duas fases: (a) uma correspondência inicial da percepção visual com a memória visual a longo prazo, seguido por representações, (b) uma selecção e reconhecimento de uma representação na memória visual de curto prazo (Kyllingsbaek e Habekost, s.d.). Cláudia do Rosário Pires 30 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos De acordo com esta teoria, foram propostos vários modelos para descrever a atenção visual. Estes modelos tentam descrever os aspectos essenciais da atenção visual. Começa-se por definir o modelo do “Holofote atencional”, este modelo proposto por Posner e Petersen (1990) engloba duas das principais características da atenção visual, uma caracteriza a atenção como sendo delimitada e outra caracteriza a existência de um custo temporal para o seu deslocamento. De acordo com este modelo o foco atencional dificilmente poderia ser dividido, da mesma maneira que um holofote de luz ilumina apenas uma região do espaço num dado momento. Um outro modelo é chamado de “Lente Zoom”, neste modelo proposto por Eriksen e St. James (1986), o tamanho do foco atencional seria variável, podendo adaptar-se à tarefa a ser executada, apresentando uma distribuição uniforme de recursos atencionais na área atendida, de forma que quanto maior a área atendida menor a densidade de tais recursos. Outro modelo é o “Gradiente atencional”, definido por Downing e Pinker em 1985 e Shulman et al em 1986, este modelo diz que, tanto o tamanho, como a forma e densidade do foco atencional seriam variáveis, estando mais concentrados no seu centro e diminuídos na periferia. Um modelo mais recente é o “modelo modificado da atenção visuo-espacial” de Kraft et al (2005) que apresenta como principal característica permitir a divisão da atenção sendo cada hemisfério capaz de controlar simultaneamente o foco atencional. Um último modelo da atenção visual, é o chamado de “Chapéu Mexicano”, descrito por Müller et al (2005), em que ao redor do foco atencional haveria primeiro um anel de menor densidade, seguido mais perifericamente de um segundo anel com densidade um pouco maior ( in Chun e Wolfe, 2000 e Pereira, 2006). Considerando o carácter multifactorial da atenção, do ponto de vista da sua relação com a sua natureza e origem, esta pode ser dividida em voluntária e involuntária. A atenção voluntária envolve a selecção activa e deliberada do indivíduo numa determinada actividade, ou seja, está directamente ligada às motivações, interesses e expectativas (Delgalarrondo, 2000 in Lima, 2005). A atenção involuntária é Cláudia do Rosário Pires 31 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos suscitada pelas características dos estímulos, ou seja, ocorre em ambientes inesperados e o indivíduo não tendo interferência na escolha da sua atenção (Brasil, 1984 in Lima, 2005). A atenção visual pode ser entendia através de dois controlos que influenciam a pesquisa visual: um baseado na localização dos estímulos no espaço e outro baseado nas características intrínsecas do objecto, independente da sua posição espacial. Estes dois controlos têm uma relação estreita com duas categorias de operações distintas. A primeira apresenta um processamento limitado por parâmetros fisiológicos da detecção do estímulo (aspectos espaciais e temporais), estes processos são frequentemente definidos como processos bottom-up. A segunda categoria de operações apresenta processos centrados nas directrizes internas dos sujeitos, sendo balizada por parâmetros e metas estabelecidas pelo sistema cognitivo sob influência directa dos processos das representações mentais, estas operações são definidas como processos top-down (Pashler, Johnston, & Ruthruff, 2001 in Rossini e Galera, 2006). Define-se assim, processos de buttom-up quando há uma direcção dos reflexos de recursos de processamento, também chamado de direccionamento involuntário, exógeno, extrínseco ou ascendente (bottom-up), e quando houve uma orientação automática da atenção. Por sua vez, define-se processos de Top-down quando um indivíduo voluntariamente focaliza sua atenção numa determinada área do campo visual, há um desvio atencional que é chamado de endógeno, intrínseco ou top-down (Carreiro, Ferreira e Pinheiro, 2009). Assim, os processos de botton-up e top-down são aqueles que permitem a obtenção da atenção visual. A atenção visual botton-up é orientada por características da imagem, como o brilho, a textura, a cor, o fluxo do movimento, que irão permitir dividir a imagem e realizar um mapa de características. Esta também actua de modo inconsciente, de tal modo que faz o observador fixar a sua atenção em determinadas zonas da imagem, devido aos estímulos de contraste, é um processo rápido com duração de 25 a 50 ms, aproximadamente. A atenção visual top-down usa Cláudia do Rosário Pires 32 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos conhecimentos obtidos, para detectar regiões de maior interesse numa imagem. É um processo voluntário de aproximadamente 200 ms. Em ambos os processos, a atenção é automaticamente atraída por características do mundo visual (botton-up) e pelo esforço voluntário de direccionar a atenção para outros objectos ou locais (top-down), funcionando assim em paralelo (Oliveira, 2007). O estudo em causa tem em conta o Modelo de Top-down, uma vez que este tem em conta um processo voluntário de pesquisa de estímulos, sendo que a tarefa em causa implica uma pesquisa visual voluntária, para seleccionar estímulos relevantes e ignorar outros. A aparência de um objecto específico pode ser prevista. Em tais situações, os processos de pré-atenção devem ser capazes de avançar para definir o tratamento (top-down) para o objecto correspondente e iniciar a atribuição de atenção focal. Isto pode ser conseguido, ligando a atribuição da atenção para uma característica que define o objecto de destino, ou a uma dimensão característica, tais como cor ou orientação (Folk & Remington, 1998; Müller, Reimann & Krummenacher, 2003 in Müller e Krummenacher, 2006). Segundo Müller e Krummenacher (2006) os processos de top-down podem orientar processos selectivos de estímulos consoante as propriedades do objecto. A pesquisa visual poderia ser mais eficiente se tivesse controlo na orientação da atenção ou, em alternativa, fazendo-se executar uma tarefa de memória em simultâneo com a pesquisa. O Top-Down atencional é uma forma específica de orientação e controlo executivo: "processos cognitivos responsáveis pelo planeamento, coordenação e acompanhamento de outras operações cognitivas "(Salthouse & Miles, 2002, p. 572 in Madden, Spaniol, Bucur; 2005). Alguns estudos neste campo seugerem que existe um declínio na idade relativamente à orientação do Top-down atencional. Diferentes autores descobriram que quando os participantes estavam cientes da existência de itens irrelevantes, os Cláudia do Rosário Pires 33 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos adultos mais velhos foram menos bem sucedidos do que adultos jovens em inibir seus movimentos dos olhos na direcção do item distractor (Kramer, Hahn, Irwin, e Theeuwes, 2000 in Madden, Spaniol, Bucur; 2005). Os idosos parecem ser menos bem sucedidos do que adultos mais jovens no uso de uma top-down atencional (ou seja, a manutenção da preparação mental). Estes resultados sugerem que o desempenho dos adultos idosos diminuiu em tarefas de pesquisa visuais (Madden, 2007). Porém, alguns estudos provaram que existe uma melhoria na orientação do Top-down atencional, quando existem ensaios sucessivos, o que também prova que esta orientação está relacionada com o treino. Assim a repetição leva a melhorias comparáveis no desempenho da pesquisa, tanto nos adultos mais jovens como nos mais velhos (Howard, Howard, Dennis, Yankovich, e Vaidya, 2004; SchmitterEdgecombe & Nissley, 2002 in Madden, Spaniol, Bucur; 2005). Outros autores porém indicam o contrário, segundo os estudos de Madden, Spaniol e Bucur (2005), em que a investigação consistia em verificar as alterações relacionadas com a idade numa tarefa de top-down atencional, em que se tinha de realizar uma tarefa de pesquisa visual, identificando-se o distractor de dor diferente, onde se recorria à repetição da mesma tarefa, mantendo sempre o distractor da mesma cor inicial. Os resultados sugerem que na tarefa de pesquisa visual, a magnitude do top-down atencional não sofre alterações significativas com a idade. Mas concluiu-se que o controle do top-down atencional e dos recursos visuais, como o movimento dos olhos, é mais difícil para os adultos mais velhos. Sendo que a repetição e o aumento do tempo de exposição do estímulo são uma das características relacionadas com o aumento da idade nas tarefas de top-down. Cláudia do Rosário Pires 34 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos 3.3.2. Atenção Visual e Campo Visual Como já se começou a perceber ao longo desta revisão bibliográfica não se pode estudar a atenção visual sem ter em conta o campo visual. Assim neste capítulo vai-se abordar como o campo visual está relacionado com a atenção visual, percebendo-se também como se vai alterando ao longo da idade. Segundo DiCarlo & Maunsell (2003) citado por Maunsell & Treue (2006 in Oliveira, 2007), a atenção baseada numa característica consiste na capacidade para incrementar os componentes de representação do objecto observado, através do campo visual, que se encontram relacionados com essa característica particular. Este tipo de atenção é particularmente útil quando na procura de itens e encontra-se demonstrado que aumenta a capacidade de detecção de objectos, assim como o desempenho motor na realização de tarefas relacionadas com o foco de atenção. As experiências em pesquisa visual revelaram um conjunto de características visuais que são registadas pré-atentamente, incluindo a iluminação, a cor, a orientação, a direcção de movimento e a velocidade, bem como a forma. Estas características básicas geralmente correspondem a propriedades de estímulos pelo qual as áreas visuais podem ser activadas. Segundo algumas teorias (por exemplo, Treisman & Gelade, 1980; Wolfe, Cave, & Franzel, 1989), a saída de processamento de atenção consiste num conjunto de espacial organizado mapas recurso que representam a localização de cada orientação (luminosidade, cor, base, etc) dentro do campo visual (Müller e Krummenacher, 2006). O campo visual binocular está sempre relacionado com o estudo da atenção visual, daí ser importante no estudo em causa, realizar um pré-teste, avaliando o campo visual binocular, para ver se todos os participantes têm um campo visual normal, que não interfira no objectivo do estudo em causa que é estudar o comportamento da atenção visual ao longo da idade. Segundo Ball e Owsley (1992), muitos idosos experienciam um declínio na sua capacidade para ver e nos processos de informação visual, que podem causar um Cláudia do Rosário Pires 35 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos impacto negativo na sua performance para as actividades visuais diárias. Com a redução do campo visual útil verifica-se um decréscimo na atenção, caracterizando estes dois aspectos com o avanço da idade, verificando-se assim: - Redução da velocidade de processamento visual. - Redução da habilidade da atenção dividida (observável por uma inabilidade para localizar pontos na periferia). - Redução da atenção selectiva (observável por uma incapacidade de localizar pontos isolados). Em muitos dos casos, à medida que a idade aumenta e existem alterações no campo visual útil, os indivíduos são mais lentos, têm uma maior sensibilidade para a distracção e uma inabilidade para a atenção dividida que se nota onde estes têm de dar resposta a pontos centrais e periféricos (Ball & Owsley, 1992). Vários estudos sobre o Campo visual útil têm mostrado um aumento desproporcional das taxas de erro nas excentricidades do campo, maior nas pessoas mais velhas, o que levou ao entendimento que o campo visual útil é mais restrito em adultos mais velhos (Ball et al., 1988, 1990; Sekuler & Ball, 1986 in Coeckelbergh et al, 2004). Ball e seus colegas (1988 in Coeckelbergh et al, 2004), observaram que os participantes mais velhos têm um desempenho pior do que os participantes mais jovens, e as taxas de erro aumentam em ambos os grupos em função da excentricidade. No entanto, em contraste com os relatórios de Ball e seus colegas (1988), a diferença entre as faixas etárias manteve-se constante em todo o campo de visão (Seiple et al, 1996 in Coeckelbergh et al, 2004). Sekuler, Bennett e Mamelak (2000 in Coeckelbergh et al, 2004) são da mesma opinião. Eles compararam o desempenho sob condição de atenção dividida, bem como uma condição de atenção focalizada, num grupo de jovens e um grupo de idade mais avançada. Na condição da atenção simples, os efeitos da excentricidade, e da idade foram significativos. Na atenção dividida, só o efeito da idade foi significativo. Não havia nem um aumento de erros em função da excentricidade nem na interacção com a idade. Os autores Cláudia do Rosário Pires 36 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos concluíram, portanto, que os observadores mais jovens e mais velhos apresentaram campos visuais úteis, de tamanhos equivalentes, mas os adultos mais velhos transformam as informações de forma menos eficiente nessa área. No estudo de Coeckelbergh et al (2004), investigou-se os efeitos da idade sobre o campo visual funcional, quando o paradigma do campo visual atencional é usado. A hipótese estudada era que as pessoas com defeitos de campo visual podem compensar sua deficiência visual, com os movimentos dos olhos e movimentos da cabeça. O estudos teve como resultados que os participantes mais velhos necessitavam da apresentação do estímulo, mais vezes para o detectar, do que os participantes mais jovens. Todos os participantes foram mais rápidos para detectar um alvo central do que um alvo periférico. Verificou-se que a excentricidade teve um efeito menor sobre a performance dos participantes mais velhos em relação ao desempenho dos participantes mais jovens. Este efeito pode ser atribuído a grandes diferenças relacionadas à idade e à sensibilidade para as metas centralmente localizadas. Os resultados indicaram também que, dada a quantidade de tempo breve, os indivíduos mais velhos processam um campo de visão menor do que indivíduos mais jovens. Consequentemente, os indivíduos mais velhos foram obrigados a recorrer a série de varrimentos para a maior parte da tela, enquanto os indivíduos jovens poderiam processar uma área maior em paralelo. Cláudia do Rosário Pires 37 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos 4. Metodologia O capítulo que se segue tem como finalidade descrever todo o processo realizado para responder ao principal objectivo do estudo (caracterizar as diferenças de atenção visual na população idosa quando se compara com uma população jovem adulta), para de tal forma se conseguir responder à pergunta: a atenção visual é alterada com a idade? 4.1. Tipo de Estudo Foi realizado um estudo comparativo, de acordo com uma análise estatística. Deste modo irá descrever-se e comparar-se as diferenças de atenção visual na população idosa quando comparadas a uma população jovem adulta. 4.2. Definição da população e selecção da amostra A realização deste estudo foi feita através da participação voluntária de todos os indivíduos. Para a realização do estudo considerou-se que a amostra fosse composta por dois grupos: Um grupo de 15 jovens adultos, com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos. Um grupo de 15 pessoas idosas com idades compreendidas entre os 70 e os 77 anos. Cláudia do Rosário Pires 38 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Os indivíduos participantes neste estudo são escolhidos por não terem qualquer tipo de patologia, por terem uma visão binocular normal ou corrigida e por não terem problemas no seu campo visual binocular. 4.3. Objectivos e Hipóteses O grande objectivo deste estudo será caracterizar as diferenças de atenção visual entre um grupo de idosos em relação a um grupo de jovens adultos. De um modo mais específico os objectivos a serem caracterizados neste estudo são: - Caracterizar o modo como a atenção simples evolui ao longo da idade, - Caracterizar o modo como a atenção dividida evolui ao longo da idade, - Caracterizar o modo como a atenção selectiva ao longo da idade, - Verificar como evolui o tempo de resposta de cada componente que constitui a atenção visual, com o aumento da idade, - Verificar se existe relação entre a atenção visual e as alterações do campo visual. Tendo em conta os objectivos e a questão de investigação deste estudo, foram formuladas as seguintes hipóteses de estudo: H1: A atenção simples diminui com a idade. H2: O tempo de resposta da atenção simples aumenta com a idade. H3: A atenção dividida central diminui com a idade. H4: O tempo de resposta da atenção dividida central aumenta com a idade. H5: A atenção dividida periférica diminui com a idade. Cláudia do Rosário Pires 39 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos H6: O tempo de resposta da atenção dividida periférica aumenta com a idade. H7: A atenção selectiva central diminui com a idade. H8: O tempo de resposta da atenção selectiva central aumenta com a idade. H9: A atenção selectiva periférica diminui com a idade. H10: O tempo de resposta da atenção selectiva periférica aumenta com a idade. H11: Existe relação entre a atenção visual e as alterações do campo visual. 4.4. Instrumento Para medir os testes do campo visual atencional, acuidade visual e campo visual, foi utilizado o instrumento Vision Monitor MonCV3 que combina num instrumento único e compacto uma bateria completa de testes para as funções visuais. Graças ao seu design, que se adapta facilmente às necessidades do indivíduo e aos cuidados prestados pelos especialistas, com testes específicos para a retina, o glaucoma, a neuro-oftalmologia e as aptidões visuais. O MonCV3 gera estímulos visuais com iluminação controlada, com precisão e contraste. Os testes de visão periférica são realizados a uma distância de 30 cm e 60 graus de cobertura do campo visual (± 30 graus), com estímulos de até 70 graus de excentricidade para os limites horizontais. Os testes de visão central podem ser realizados em várias distâncias, graças ao encosto de cabeça removível. O instrumento está equipado com um infra-vermelho próximo, um sensor de alta imagem de resolução. Um software que permite uma análise avançada de Cláudia do Rosário Pires 40 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos imagens que fornece medições em tempo real do tamanho da pupila e a orientação do olhar. O MonCV3 é controlado a partir de um computador padrão com Sistema operacional Windows XP. Os resultados são facilmente exportados e facilmente acessíveis. A operação é simplificada através da utilização da mesma interface e do mesmo banco de dados para todos os exames. Figura 2: Imagem ilustrativa, de como podemos controlar os movimentos oculares no MonCV3 4.5. Procedimento O período de realização dos registos feitos aos idosos foi feito ao longo de vários meses, de acordo com a possibilidade de deslocação do grupo de idosos à Faculdade de Motricidade Humana. Os registos feitos aos jovens adultos decorreram num período de 5 dias. Todos os registos foram feitos na mesma sala, de modo a haver um controlo rigoroso das condições ambientais, tais como a iluminação e o ruído. Para a realização de cada um dos testes pede-se ao sujeito para entrar na sala, onde lhe é explicado o motivo da sua participação no estudo. A sequência de realização dos testes é feita primeiro pelo teste da acuidade visual, depois pelo teste do campo visual binocular atencional e por último o teste do campo visual atencional. Cada indivíduo realizou os testes num só dia, e era atribuído no final da sua Cláudia do Rosário Pires 41 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos participação, um folheto que continha toda a informação do seu desempenho nos teste e com as devidas recomendações, verificando-se deste modo, se era essencial os indivíduos recorrerem a um oftalmologista. Teste da Acuidade visual: solicita-se aos indivíduos que leiam as letras que lhes são apresentadas no ecrã, até que estas lhe sejam perceptíveis, pois elas vão diminuindo de tamanho. Assim este teste permite avaliar o nível de acuidade visual de cada indivíduo. Figura 3: Teste da acuidade Visual, realizado a 4m. Teste do campo visual binocular: Neste teste o indivíduo tem de se sentar no banco, junto ao aparelho, com o queixo e a testa apoiada. Primeira fase - o indivíduo tem de fixar-se no ponto amarelo, que se encontra ao centro do ecrã, sem nunca movimentar os olhos para outros locais, o indivíduo terá um botão sonoro na sua mão direita, para carregar sempre que este detectar um estímulo luminoso, em qualquer parte do ecrã. Segunda fase - o quadrado amarelo move-se para o quadrante superior direito e o indivíduo terá de fixar este quadrado, apenas movendo os Cláudia do Rosário Pires 42 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos olhos para o sítio onde este se encontra, e deve carregar no botão sonoro sempre que o estímulo luminoso aparecer. Terceira fase - o quadrado amarelo move-se para o quadrante superior esquerdo e repete-se o mesmo processo anteriormente descrito. Quarta fase - o quadrado amarelo move-se para o quadrante inferior direito e o indivíduo continua a realizar o mesmo processo. Quinta fase - o quadrado amarelo move-se para o quadrante inferior esquerdo e repete-se o mesmo processo anterior. Este teste permite a avaliação do campo visual central (60 graus) e campo visual periférico ao longo do meridiano horizontal (130 graus). Figura 4: teste do campo visual binocular. Teste do campo visual atencional: Como representado na figura 5 o indivíduo senta-se num banco junto ao aparelho, apoiando o queixo e a testa. Tarefa: o objectivo é fixar-se numa seta central sem movimentar os olhos. Primeira fase - sempre que a seta se move para a direita, o indivíduo tem de movimentar o manípulo para cima, se a seta se move para a esquerda, este tem de movimentar o manípulo para baixo, se a seta se move para cima, o indivíduo não mexe no manípulo. Cláudia do Rosário Pires 43 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Segunda fase - o indivíduo tem de continuar a fixar-se na seta central, realizando os mesmos movimentos, explicados anteriormente, com o manípulo, mas agora irá aparecer uma mota e sempre que esta aparece-se, este te, de carregar no botão sonoro, que se encontra na sua mão direita. Terceira fase - aparecem umas casas ao longo de todo o ecrã, mas o indivíduo tem de realizar o teste, como na fase anterior, as casas apareceram apenas para complexificar o exame. Este teste permite a detecção dos processos cognitivos associados à atenção visual. Neste teste, deixou-se os indivíduos ter uma fase inicial de experiencia, para que estes compreendessem melhor o modo de funcionamento do teste. Figura 5: Teste do Campo visual atencional. Foram realizados ao todo 30 registos aos indivíduos pertencentes à amostra, em que 15 eram pessoas idosas e 15 eram jovens adultos. O tempo de realização de cada registo foi em média de 20 minutos. Cláudia do Rosário Pires 44 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos 4.6. Definição das Variáveis Variáveis dependentes: Atenção Visual: para o estudo da atenção visual, foi necessário criar 5 variáveis de modo a compreende-la melhor, estando assim dividida em cada uma das componentes que a constituem: - Atenção simples - Atenção dividida central - Atenção dividida periférica - Atenção selectiva central - Atenção selectiva periférica As cinco variáveis estão definidas entre 0 e 1, sendo medida através do teste da atenção visual que foi descrito anteriormente, sendo que o 0 é o pior resultado e 1 o melhor. Também está definido o tempo de resposta em cada uma das componentes que definem a atenção visual. Tempo de resposta da Atenção Visual: para se estudar o tempo de resposta da atenção visual, também foi necessário criar 5 variáveis, dividindo-se assim a atenção visual em cada uma das suas componentes, de modo a verificar o tempo de reacção em cada uma delas. - Tempo de resposta da atenção simples - Tempo de resposta da atenção dividida central - Tempo de resposta da atenção dividida periférica - Tempo de resposta da atenção selectiva central - Tempo de resposta da atenção selectiva periférica Para as cinco variáveis definidas, o tempo de resposta é uma variável medida em milissegundos, sendo que quanto mais baixo for o valor, melhor é o tempo de resposta do indivíduo. Cláudia do Rosário Pires 45 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Uma segunda variável para a atenção visual, é uma variável que se definiu qualitativamente, servindo para assinalar o local onde os pacientes erraram as respostas periféricas da atenção visual, denominada de “Local das respostas erradas”, para assim se poder comparar se este local corresponde ao sítio onde estes possuem áreas afectadas. Para isso dividiu-se o campo atencional na parte central, intermédia e periférica, dividindo-se ainda o campo em 4 quadrantes, para assim identificar melhor o local onde os pacientes têm a área do campo visual mais afectada. Assim atribui-se os seguintes valores: - 0: nenhuma resposta errada - 1: quadrante superior esquerdo central - 2: quadrante superior direito central - 3: quadrante inferior esquerdo central - 4: quadrante inferior direito central - 5: quadrante superior esquerdo intermédio - 6: quadrante superior direito intermédio - 7: quadrante inferior esquerdo intermédio - 8: quadrante inferior direito intermédio - 9: quadrante superior esquerdo periférico - 10: quadrante superior direito periférico - 11: quadrante inferior esquerdo periférico - 12: quadrante inferior direito periférico - 13: quadrantes 5 e 12 afectados - 14: quadrantes 10 e 12 afectados Cláudia do Rosário Pires 46 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Figura 6: Imagem do campo atencional, para uma melhor percepção de como se elaborou a variável. A variável em que se vai estudar o local onde a pessoa teve a sua área afectada no Campo Visual Binocular, é denominada de “Local de área afectada”, para isso dividiu-se o campo visual na parte central, intermédia e periférica, dividindo-se ainda o campo em 4 quadrantes, para assim identificar melhor o local onde os pacientes têm a área do campo visual mais afectada. Como tal, atribui-se os valores: - 0: nenhuma área afectada - 1: quadrante superior esquerdo central - 2: quadrante superior direito central - 3: quadrante inferior esquerdo central - 4: quadrante inferior direito central - 5: quadrante superior esquerdo intermédio Cláudia do Rosário Pires 47 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos - 6: quadrante superior direito intermédio - 7: quadrante inferior esquerdo intermédio - 8: quadrante inferior direito intermédio - 9: quadrante superior esquerdo periférico - 10: quadrante superior direito periférico - 11: quadrante inferior esquerdo periférico - 12: quadrante inferior direito periférico - 13: quadrantes 9 e 10 afectados - 14: quadrantes 9, 6 e 12 afectados (Como se trata de um grupo com poucos indivíduos, a variável é composta por estas componentes, não foi necessário criar mais condições, pois puderam verificar-se cada caso individualmente). Figura 7: Imagem do campo visual binocular, para uma melhor percepção de como se elaborou a variável. Cláudia do Rosário Pires 48 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Variáveis Independentes ou de Caracterização: Numa situação experimental, eliminamos certos padrões que já estavam determinados ou que eram aspectos intrínsecos ao indivíduo: Idade: é referente ao grupo etário de cada membro dos grupos. Campo Visual Binocular - Número de áreas afectadas: foi avaliado o campo visual binocular, utilizando-se o teste do campo visual binocular, descrito anteriormente, em que a área abrangida foi de 162 graus na horizontal (81 graus na direita e 81 graus na esquerda) e de 78 graus na vertical (33 graus para cima e 45 graus para baixo), sendo que este se encontra dividido em 85 zonas de teste. Para o estudo foi analisado o campo visual binocular, quanto ao número de zonas afectadas, onde 85/85 é o melhor resultado, são assinaladas todas as áreas do campo visual, obtendo assim um campo visual sem problemas. Assim, os indivíduos podem ter uma área afectada, se apenas falham um local do teste do campo visual binocular, mas também podem falhar todas as áreas, ou seja, as 85 áreas do campo visual binocular. Logo a variável esta definida de 0 a 85, onde 0 é não ter nenhuma área afectada e 85 é ter todas as áreas afectadas. Acuidade Visual: é uma variável contínua entre 0 e 1, pois o 1 corresponde a 100% da visão. Esta é medida tanto para o olho direito como para o olho esquerdo, sendo que 0 é o pior resultado e 1 o melhor, quantifica-se esta variável com o teste da acuidade visual descrito anteriormente. Deste modo, atribui-se os valores: - 1: os dois olhos têm uma acuidade visual inferior a 0,5. - 2: um olho tem uma acuidade visual entre 0,5 e 0,8 e o outro inferior a 0,5. - 3: os dois olhos têm uma acuidade visual entre 0,8 e 0,5. - 4: um olho tem uma acuidade visual superior a 0,8 e o outro inferior a 0,5. Cláudia do Rosário Pires 49 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos - 5: um olho tem uma acuidade visual superior a 0,8 e o outro entre 0,8 e 0,5. - 6: os dois olhos têm uma acuidade visual superior a 0,8. Para definir esta variável teve-se em conta as características da amostra. Por isso 0,5 corresponde a 84% de visão o 0,8 corresponde a 95% de visão, não interferindo assim na realização do teste da atenção visual. Cláudia do Rosário Pires 50 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos 5. Caracterização da amostra Foram realizados ao todo 30 registos aos indivíduos pertencentes à amostra. O tempo de realização de cada registo foi em média de 20 minutos. De seguida serão apresentados as características que descrevem a amostra em questão. Idade: Idade Grupo 1: 18-25 anos N Validos 15 Perdidos Grupo 2: 70-77 anos 0 Média 20,40 Desvio Padrão 1,805 Minimo 18 Máximo 24 N Validos 15 Perdidos 0 Média 73,67 Desvio Padrão 2,093 Minimo 71 Máximo 77 Tabela 1: Tabela correspondente às idades da amostra. Como se pode observar na tabela 1, a amostra foi dividida em dois grupos, o Grupo 1 correspondente aos indivíduos jovens, com idades compreendidas entre 18 e 25 anos e o Grupo 2, dos indivíduos idosos, com idades compreendidas entre os 70 e os 77 anos de idade. No Grupo 1, observa-se que o grupo é constituído por 15 elementos, onde a média da idade dos sujeitos é de 20,4 anos, com um desvio padrão de 1,805 e onde o elemento mais novo tem 18 anos e o mais velho 24. Cláudia do Rosário Pires 51 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos No grupo 2, observa-se que o grupo também é constituído por 15 elementos, onde a média das idades destes é de 73,67 anos, com um desvio padrão de 2,093 e onde o elemento mais novo tem 71 anos e o mais velho 77 anos. Sexo: Escalão de Idades 18-25 anos Válido Frequência Válido Percentagem m Válida Masculino 9 60,0 60,0 Feminino 6 40,0 40,0 15 100,0 100,0 Masculino 6 40,0 40,0 Feminino 9 60,0 60,0 15 100,0 100,0 Total 70-77 anos Percentage Total Tabela 2: Tabela correspondente ao sexo da amostra. A tabela 2 é referente ao sexo da amostra do presente estudo. A amostra é constituída por elementos de ambos os sexos, sendo que foi dividida em dois grupos, o Grupo 1 (indivíduos dos 18 aos 25 anos) composta por 15 elementos, sendo que 6 são do sexo feminino o que equivale a uma percentagem de 40% e 9 são do sexo masculino o que equivale a uma percentagem de 60%. Já na amostra do grupo dos idosos, o Grupo 2 (indivíduos dos 70 aos 77 anos), também é constituída por 15 elementos, sendo que 9 são do sexo feminino e 6 do sexo masculino, o equivalente a 60% e 40%, respectivamente. Cláudia do Rosário Pires 52 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos 6. Análise e Discussão dos Resultados De seguida serão apresentados os resultados referentes ao estudo em causa, realizando-se uma análise dos mesmos, de modo a dar resposta ao objectivo do estudo e às hipóteses colocadas anteriormente. Atenção Visual Escalão de Idades 18-25 anos N Validos Respostas Respostas Respostas Respostas certas da certas da certas da certas da certas da Atenção Atenção Atenção Atenção Atenção Simples Dividida Dividida Selectiva Selectiva Central Periférica Central Periférica 15 15 15 15 15 0 0 0 0 0 ,9630 ,9222 ,9750 ,9111 ,9667 ,06858 ,10666 ,07008 ,12387 ,08797 Minimo ,78 ,67 ,75 ,67 ,75 Máximo 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 15 15 15 15 15 0 0 0 0 0 ,8889 ,8778 ,8750 ,8667 ,9000 ,09391 ,16019 ,10564 ,22887 ,17165 Minimo ,78 ,50 ,63 ,33 ,38 Máximo 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 Perdidos Média Desvio Padrão 70-77 anos Respostas N Validos Perdidos Média Desvio Padrão Tabela 3: Tabela referente à estatística descritiva dos dados relativos às respostas certas na atenção visual. Na Tabela 3 pode-se verificar que na Atenção Simples no grupo dos jovens (1825 anos) obtiveram uma média de 0,96 respostas certas onde o máximo era 1. No grupo dos idosos (70-77 anos) verifica-se que a média de respostas certas para este Cláudia do Rosário Pires 53 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos grupo foi de 0,89 num máximo de 1. Sendo assim observa-se que o número de respostas certas diminuiu no grupo dos idosos. Quanto ao número de respostas certas da atenção dividida central, verifica-se que no grupo dos jovens estes obtiveram uma média de respostas de 0,92 onde o máximo era 1, em contrapartida no grupo dos idosos estes obtiveram uma média de respostas certas de 0,88, o que significa que no grupo dos idosos obtiveram valores mais baixos. Posteriormente, ao analisar-se o número de respostas certas da atenção dividida periférica, nota-se que o grupo dos jovens obteve uma pontuação média de 0,98, enquanto que o grupo dos idosos obteve uma média de 0,88 num máximo de 1. Também se verificou que nesta componente da atenção, o grupo dos idosos obteve piores resultados. Relativo ao número de respostas certas da atenção selectiva central, observa-se que o grupo dos jovens obtém valores médios de 0,91 onde o máximo que se poderia atingir era de 1, no grupo dos idosos verificam-se piores resultados, pois obtiveram uma média de 0,88 valores. Finalmente ao analisar o número de respostas certas da atenção selectiva periférica, verifica-se que relativamente ao grupo de jovens estes obtém uma média de respostas certas de 0,98 e o grupo dos idosos obtém uma média de 0,90. É nesta componente da atenção visual que se verificam resultados mais próximos entre os dois grupos, mas ainda assim o grupo dos idosos obtém piores resultados. Para realizar uma análise mais profunda, de modo a esclarecer melhor as hipóteses colocadas, depois de feita uma análise descritiva, tem de se recorrer a uma análise estatística. Primeiramente verificou-se a normalidade de cada uma das componentes das respostas certas da atenção visual, onde se verificou que em nenhuma destas se Cláudia do Rosário Pires 54 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos verifica a normalidade. Assim recorre-se à análise pelos testes não paramétricos, nomeadamente o teste Mann-Whitney. Respostas certas da atenção simples: Escalão de N Média Rank Soma dos Ranks Idades Respostas certas da Atenção 18-25 anos 15 18,83 282,50 Simples 70-77 anos 15 12,17 182,50 Total 30 Tabela 4: Tabela descritiva relativa ao número de respostas certas da atenção simples. Respostas certas da Atenção Simples Mann-Whitney U Wilcoxon W Z 62,500 182,500 -2,287 Asymp. Sig. (2-tailed) ,022 Exact Sig. [2*(1-tailed Sig.)] ,037 Exact Sig. (2-tailed) ,032 Exact Sig. (1-tailed) ,016 Point Probability ,009 Tabela 5: Tabela relativa à estatística de teste do número de respostas certas da atenção simples. Na tabela 5 verifica-se que o p-value é de 0,037, ou seja, menor que 0,05, o que quer dizer que existem diferenças significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos. Assim pode concluir-se que existem diferenças em ambos os grupos, o que confirma que os idosos tinham uma pior prestação que os jovens. Assim isto responde à hipótese 1, ou seja, a atenção simples diminui no grupo dos idosos. Segundo Rossini e Galera (2006), a Atenção Simples consiste na capacidade para responder a estímulos específicos de modo diferenciado, permitindo processar determinada informação “alvo” e ignorar a restante. Os idosos são mais lentos a processar a informação, daí neste estudo, se denotarem diferenças entre os idosos e os jovens. Nos estudos feitos Cláudia do Rosário Pires 55 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos por Madden (2007) permitiu verificar-se que os adultos mais velhos são mais lentos em comparação com os jovens adultos em tarefas de pesquisa visual, o que sugere uma relação da idade com a função atencional. Respostas certas da atenção dividida central: Escalão de N Média Rank Soma dos Idades Ranks Respostas certas da 18-25 anos 15 16,40 246,00 Atenção Dividida Central 70-77 anos 15 14,60 219,00 Total 30 Tabela 6: Tabela descritiva relativa ao número de respostas certas da atenção dividida central. Respostas certas da Atenção Dividida Central Mann-Whitney U Wilcoxon W Z Asymp. Sig. (2-tailed) Exact Sig. [2*(1-tailed Sig.)] 99,000 219,000 -,630 ,529 ,595 a Exact Sig. (2-tailed) ,578 Exact Sig. (1-tailed) ,289 Point Probability ,059 Tabela 7: Tabela relativa à estatística de teste do número de respostas certas da atenção dividida central. Na tabela 7 verifica-se que o p-value é de 0,595, ou seja, maior que 0,05. Deste modo ao nível de significância de 5%, admite-se que não existem diferenças significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos. Assim já se pode concluir que não existem diferenças significativas em ambos os grupos, apesar de se ter verificado nos resultados em bruto (tabela 3), que os idosos tiveram uma pior prestação, mas esta não é significativa para se verificar a hipótese 3, ou seja, a atenção dividida central não diminui no grupo dos idosos. Sendo a Atenção Dividida a capacidade para responder Cláudia do Rosário Pires 56 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos simultaneamente a vários estímulos de natureza diversa e de forma coordenada, não se verificaram diferenças capazes de provar que a atenção dividida central é pior para os idosos. Também na literatura pesquisada não se encontraram estudos que reflictam sobre a atenção dividida central. Respostas certas da atenção dividida periférica: Escalão de N Média Rank Idades Soma dos Ranks Respostas certas da 18-25 anos 15 19,87 298,00 Atenção Dividida Periférica 70-77 anos 15 11,13 167,00 Total 30 Tabela 8: Tabela descritiva relativa ao número de respostas certas da atenção dividida periférica. Respostas certas da Atenção Dividida Periférica Mann-Whitney U Wilcoxon W Z 47,000 167,000 -3,055 Asymp. Sig. (2-tailed) ,002 Exact Sig. [2*(1-tailed Sig.)] ,006 Exact Sig. (2-tailed) ,002 Exact Sig. (1-tailed) ,001 Point Probability ,000 Tabela 9: Tabela relativa à estatística de teste do número de respostas certas da atenção dividida periférica. Na tabela 9 verifica-se que o p-value é de 0,006, ou seja, menor que 0,05. Deste modo ao nível de significância de 5%, admite-se que existem diferenças significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos. Assim pode-se concluir que existem diferenças significativas entre os grupos dos jovens e dos idosos, como já se verificou na análise discretiva os idosos tiveram uma pior prestação na atenção dividida periférica, logo Cláudia do Rosário Pires 57 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos pode-se verificar a hipótese 5, a atenção dividida periférica diminui no grupo dos idosos. Como nesta tarefa da atenção dividida periférica, tende a aumentar a sua complexidade, notam-se piores resultados no grupo dos idosos, uma vez que a capacidade para responder de forma coordenada já se encontra mais debilitada na maioria dos casos. Verifica-se que estes resultados vão de encontro à revisão da literatura, segundo os estudos de Owsley e MacGwin (2004) os idosos geralmente relatam dificuldades no quotidiano em tarefas que dependem de habilidades de pesquisa visual, expressando problemas com objectos de distracção e eventos, desordenado visual, e não há tempo suficiente para localizar objectos nas tarefas relevantes. Respostas certas da Atenção Selectiva Central: Escalão de N Média Rank Soma dos Idades Ranks Respostas certas da 18-25 anos 15 15,63 234,50 Atenção Selectiva Central 70-77 anos 15 15,37 230,50 Total 30 Tabela 10: Tabela descritiva relativa ao número de respostas certas da atenção selectiva central. Respostas certas da Atenção Selectiva Central Mann-Whitney U 110,500 Wilcoxon W 230,500 Z Asymp. Sig. (2-tailed) Exact Sig. [2*(1-tailed Sig.)] -,095 ,924 ,935 a Exact Sig. (2-tailed) ,908 Exact Sig. (1-tailed) ,454 Point Probability ,022 Tabela 11: Tabela relativa à estatística de teste do número de respostas certas da atenção selectiva central. Cláudia do Rosário Pires 58 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Na tabela 11 verifica-se que o p-value é de 0,935, ou seja, maior que 0,05. Deste modo ao nível de significância de 5%, admite-se que não existem diferenças significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos. Nesta amostra, os idosos tiveram um pior desempenho ao nível da atenção selectiva central mas este resultado não é suficiente para que existem diferenças significativas. Portanto não existem diferenças significativas, não se verifica a hipótese 7, assim, a atenção selectiva central não diminui no grupo dos idosos. A Atenção Selectiva é a capacidade para manter um padrão de resposta a um estímulo, na presença de outros estímulos “parasitas”, ou seja é a capacidade mental de seleccionar apenas uma pequena parcela da informação contida no ambiente em detrimento da grande quantidade de estímulos disponíveis ao nosso redor (Rossini e Galera, 2006). Os resultados obtidos por Madden e Langley (2003) não são verificáveis neste estudo, pois os seus resultados sugerem que os declínios na atenção relacionados com a idade dependem da tarefa de desempenho que lhe é atribuído e pelos estímulos presentes. Existe assim uma limitação da capacidade de atenção para as idades mais velhas, o que dificulta as tarefas de pesquisa visual e da atenção selectiva. No presente estudo não se denotaram diferenças significativas para admitir que os idosos têm piores resultados. Respostas certas da Atenção Selectiva Periférica: Escalão de N Média Rank Idades Soma dos Ranks Respostas certas da 18-25 anos 15 17,37 260,50 Atenção Selectiva 70-77 anos 15 13,63 204,50 Periferica Total 30 Tabela 12: Tabela descritiva relativa ao número de respostas certas da atenção selectiva periférica. Cláudia do Rosário Pires 59 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Respostas certas da Atenção Selectiva Periferica Mann-Whitney U Wilcoxon W Z Asymp. Sig. (2-tailed) Exact Sig. [2*(1-tailed Sig.)] 84,500 204,500 -1,496 ,135 ,250 a Exact Sig. (2-tailed) ,189 Exact Sig. (1-tailed) ,095 Point Probability ,019 Tabela 13: Tabela relativa à estatística de teste do número de respostas certas da atenção selectiva Periférica. Na tabela 13 verifica-se que o p-value é de 0,250, ou seja, maior que 0,05. Deste modo ao nível de significância de 5%, admite-se que não existem diferenças significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos. Relativamente ao que se viu na estatística descritiva, os idosos tiveram um pior desempenho ao nível da atenção selectiva periférica mas este resultado não é suficiente para que existem diferenças significativas. Portanto não se pode verificar a hipótese 9, logo, a atenção selectiva periférica não diminui no grupo dos idosos. Segundo um estudo feito por Madden e Langley (2003) os resultados sugerem que os declínios na atenção selectiva relacionados com a idade dependem da tarefa de desempenho que lhe é atribuído e pelos estímulos presentes. Existe assim uma limitação da capacidade de atenção para as idades mais velhas, o que dificulta as tarefas de pesquisa visual e da atenção selectiva. O presente estudo não está de acordo com a maioria dos estudos pesquisados, tal facto pode ser devido à amostra ser demasiado pequena, pois ao analisar-se esta variável de uma forma bruta denotam-se diferenças. Ao analisá-la de forma pormenorizada as diferenças existentes não foram significativas. Cláudia do Rosário Pires 60 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Numa breve conclusão, só se verificam diferenças ao nível da Atenção Simples e na Atenção Dividida Periférica. Segundo os estudos de Owsley e MacGwin (2004) os idosos geralmente relatam dificuldades no quotidiano em tarefas que dependem de habilidades de pesquisa visual, expressando problemas com objectos de distracção e eventos, desordenação visual, não tendo tempo suficiente para localizar objectos nas tarefas relevantes. Os resultados do seu estudo, indicam que modificações no sistema atencional, impedem os mais velhos de ter uma estabilidade postural, locomoção, e outros tipos de movimento através do ambiente, em comparação com os adultos jovens. Tem sido sugerido que o número de mecanismos subjacentes à pesquisa visual e problemas de atenção nos idosos, incluindo défices na atenção selectiva e atenção dividida, abrandou a velocidade de processamento e as dificuldades na localização espacial. Como toda a tarefa do presente estudo se baseia numa tarefa de top-down atencional, ou seja, quando um indivíduo voluntariamente focaliza sua atenção numa determinada área do campo visual, há um desvio atencional que é chamado de endógeno, intrínseco ou top-down. Importa referir que existem estudos contraditórios quanto ao nível de desempeno dos idosos nas tarefas de atenção visual. Os resultados do presente estudo estão de acordo com a revisão pesquisada. Kramer, Hahn, Irwin, e Theeuwes (2000) descobriram que quando os participantes estavam cientes da existência de itens irrelevantes, os adultos mais velhos foram menos bem sucedidos do que adultos jovens em inibir seus movimentos dos olhos na direcção do item distractor. Mas concluiu-se que o controle do top-down atencional e dos recursos visuais, como o movimento dos olhos, é mais difícil para os adultos mais velhos (Madden, Spaniol, Bucur; 2005). Cláudia do Rosário Pires 61 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos De seguida, apresenta-se uma análise descritiva para se perceber de uma forma geral como se comporta o tempo de resposta da atenção visual em cada um dos grupos, ou seja, irá verificar-se os tempos de reacção nas várias componentes da atenção visual. Escalão de Idades 18-25 anos N Validos Tempo de Tempo de Tempo de Tempo de resposta da resposta da respostas da respostas da respostas da atenção atenção atenção atenção atenção simples (ms) dividida central dividida selectiva selectiva (ms) periférica (ms) central (ms) periférica (ms) 15 15 15 15 15 0 0 0 0 0 Média 440,20 498,93 716,27 535,47 689,60 Desvio Padrão 59,084 102,022 48,667 122,457 48,660 Minimo 331 367 622 363 604 Máximo 522 683 838 843 789 15 15 15 15 15 0 0 0 0 0 503,73 732,93 839,53 734,13 844,27 142,179 216,863 88,023 200,868 124,991 Minimo 306 470 685 433 694 Máximo 872 1207 1080 1070 1100 Perdidos 70-77 anos Tempo de N Validos Perdidos Média Desvio Padrão Tabela 14: Tabela relativa ao tempo de resposta na atenção visual. Ao analisar-se o tempo de resposta (Tabela 14) em cada item da atenção visual, o tempo de resposta da atenção simples no grupo dos jovens (18-25 anos) demonstra uma média de 440 ms, enquanto que o grupo dos idosos obtém uma média de 503 ms. Denota-se aqui que o grupo dos jovens foi mais rápido do que o dos idosos. Relativamente ao tempo de resposta da atenção dividida central verifica-se que o grupo dos jovens tem uma média de 499 ms, mas o grupo dos idosos obtém uma média de 733 ms, ou seja, mais uma vez os idosos foram mais lentos. No que diz respeito ao tempo de resposta da atenção dividida periférica, o grupo dos jovens obtém um tempo médio de 716 ms, enquanto que o grupo dos Cláudia do Rosário Pires 62 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos idosos obtém um tempo médio de 839 ms. Verifica-se novamente uma maior lentidão nos idosos. Por sua vez, ao analisar-se o tempo de resposta da atenção selectiva central, verifica-se um tempo médio de 535 ms para o grupo dos jovens e 734 ms para o grupo dos idosos. Finalmente no tempo de resposta da atenção selectiva periférica, verifica-se um tempo médio de resposta de 689 ms para os jovens e 844 ms para os idosos. Mais uma vez se verifica que os idosos obtém um tempo mais elevado. Resumindo, ao analisar-se o tempo de resposta da atenção visual, verifica-se que os idosos são mais lentos que os jovens, e à medida que a tarefa se complica o tempo de resposta também vai aumentando. Embora este último aspecto se verifique em ambos os grupos, o tempo de resposta continua a ser maior nos idosos do que nos jovens. Relativamente ao estudo estatístico sobre os tempos de resposta em cada grupo recorreu-se à verificação da normalidade. Tempo de resposta da atenção simples: Escalão de Idades Kolmogorov-Smirnov Statistic Df Shapiro-Wilk Sig. Statistic Df Sig. Tempo de resposta da 18-25 anos ,150 15 ,200 ,945 15 ,443 atenção simples (ms) 70-77 anos ,194 15 ,134 ,898 15 ,089 Tabela 15: Tabela relativa aos testes normalidade do tempo de respostas da atenção simples. Na tabela 15 verifica-se a distribuição normal em cada um dos grupos, tanto no grupo dos jovens como no grupo dos idosos o p-value é maior que 0,05, ou seja, no grupo dos jovens um p-value de 0,443 e no grupo dos idosos um p-value de 0,089. Ao verificar-se a distribuição normal, utiliza-se o teste T Student, para analisar as hipóteses anteriormente dadas. Cláudia do Rosário Pires 63 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Escalão de N Média Desvio Padrão Idades Desvio de Erro da Média Tempo de resposta da 18-25 anos 15 440,20 59,084 15,255 atenção simples (ms) 70-77 anos 15 503,73 142,179 36,711 Tabela 16: Tabela descritiva relativa ao tempo de resposta da atenção simples. Levene's Test for Equality of Variances F Tempo de resposta da Equal variances assumed atenção simples (ms) Equal variances not Sig. 3,657 ,066 assumed Tabela 17: Tabela do teste T relativa ao tempo de respostas da atenção simples. Como se pode verificar através da tabela 19, o p-value é de 0,066, ou seja, maior que 0,05. Deste modo ao nível de significância de 5%, admite-se que não existem diferenças significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos. Relativamente ao que se viu na estatística descritiva, os idosos foram mais lentos ao nível da atenção simples mas este resultado não é suficiente para afirmar que existem diferenças significativas. Logo não se pode verificar a hipótese 2, assim, o tempo de resposta da atenção simples não aumenta no grupo dos idosos. Tempo de resposta da atenção Dividida Central: Escalão de Idades Tempo de resposta da atenção dividida central 18-25 anos 70-77 anos a Kolmogorov-Smirnov Statistic ,180 ,131 Df Shapiro-Wilk Sig. 15 15 Statistic Df Sig. ,200 * ,929 15 ,266 ,200 * ,934 15 ,317 (ms) Tabela 18: Tabela relativa aos testes de normalidade do tempo de respostas da atenção dividida central. Cláudia do Rosário Pires 64 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Na tabela 18 verifica-se a distribuição normal em cada um dos grupos, tanto no grupo dos jovens como no grupo dos idosos o p-value é maior que 0,05, ou seja, no grupo dos jovens um p-value de 0,266 e no grupo dos idosos um p-value de 0,317. Ao verificar-se a distribuição normal, utilizando-se o teste T Student, para analisar as hipóteses anteriormente dadas. Escalão de N Média Desvio Padrão Desvio de Erro Idades da Média Tempo de resposta da 18-25 anos 15 498,93 102,022 26,342 atenção dividida central 70-77 anos 15 732,93 216,863 55,994 (ms) Tabela 19: Tabela descritiva relativa ao tempo de resposta da atenção dividida central. Levene's Test for Equality of Variances F Tempo de resposta da Equal variances assumed atenção dividida central Equal variances not (ms) assumed Sig. 5,521 ,026 Tabela 20: Tabela do teste T relativa ao tempo de respostas da atenção dividida central. Pela análise da tabela 20, o p-value é de 0,026, ou seja, menor que 0,05. Deste modo ao nível de significância de 5%, admite-se que existem diferenças significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos. Como se viu na estatística descritiva, os idosos foram mais lentos ao nível do tempo de resposta da atenção dividida central. Assim, com este resultado verifica-se a hipótese 4, o tempo de resposta da atenção dividida central aumenta no grupo dos idosos. Cláudia do Rosário Pires 65 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Tempo de resposta da Atenção Dividida periférica: a Escalão de Kolmogorov-Smirnov Idades Tempo de respostas da atenção dividida periférica Statistic 18-25 anos df ,180 70-77 anos Shapiro-Wilk Sig. 15 ,152 15 Statistic Df Sig. ,200 * ,935 15 ,323 ,200 * ,901 15 ,097 (ms) Tabela 21: Tabela relativa aos testes de normalidade do tempo de respostas da atenção dividida periférica. Na tabela 21 verifica-se a distribuição normal em cada um dos grupos, tanto no grupo dos jovens como no grupo dos idosos o p-value é maior que 0,05, ou seja, no grupo dos jovens um p-value de 0,323 e no grupo dos idosos um p-value de 0,097. Ao verificar-se a distribuição normal, utiliza-se o teste T Studen, para analisar as hipóteses anteriormente dadas. Escalão de N Média Desvio Padrão Desvio do Erro Idades da Média Tempo de respostas da 18-25 anos 15 716,27 48,667 12,566 atenção dividida periférica 70-77 anos 15 839,53 88,023 22,728 (ms) Tabela 22: Tabela descritiva relativa ao tempo de resposta da atenção dividida periférica. Levene's Test for Equality of Variances F Tempo de respostas da Equal variances assumed atenção dividida periférica Equal variances not (ms) assumed Sig. 2,204 ,149 Tabela 23: Tabela do teste T relativa ao tempo de respostas da atenção dividida periférica. Como se pode verificar através da tabela 23, o p-value é de 0,149, ou seja, maior que 0,05. Deste modo ao nível de significância de 5%, admite-se que não existem diferenças significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos. Os idosos Cláudia do Rosário Pires 66 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos foram mais lentos ao nível do tempo de resposta da atenção dividida periférica, mas esta diferença entre os grupos, não foi significativa. Assim não se verifica a hipótese 6, logo o tempo de resposta da atenção dividida periférica não aumenta no grupo dos idosos. Tempo de resposta da atenção selectiva central: a Escalão de Idades Kolmogorov-Smirnov Statistic Df Shapiro-Wilk Sig. Statistic Df Sig. Tempo de respostas da 18-25 anos ,157 15 ,200 ,929 15 ,265 atenção selectiva central 70-77 anos ,171 15 ,200 ,946 15 ,464 (ms) Tabela 24: Tabela relativa aos testes de normalidade do tempo de respostas da atenção selectiva central. Na tabela 24 verifica-se a distribuição normal em cada um dos grupos, tanto no grupo dos jovens como no grupo dos idosos o p-value é maior que 0,05, ou seja, no grupo dos jovens um p-value de 0,265 e no grupo dos idosos um p-value de 0,464. Ao verificar-se a distribuição normal, utiliza-se o teste T Student, para analisar as hipóteses anteriormente dadas. Escalão de N Média Desvio Padrão Desvio do Erro Idades na Média Tempo de respostas da 18-25 anos 15 535,47 122,457 31,618 atenção selectiva central 70-77 anos 15 734,13 200,868 51,864 (ms) Tabela 25: Tabela descritiva relativa ao tempo de resposta da atenção Selectiva central. Cláudia do Rosário Pires 67 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Levene's Test for Equality of Variances F Tempo de respostas da Equal variances assumed atenção selectiva central Equal variances not (ms) assumed Sig. ,014 6,859 Tabela 26: Tabela do teste T relativa ao tempo de respostas da atenção selectiva central. Na estatística descritiva, verifica-se uma diferença entre o grupo dos idosos e dos jovens, sendo que os idosos foram mais lentos no do tempo de resposta da atenção selectiva central. Como se pode verificar através da tabela 26, o p-value é de 0,014, ou seja, menor que 0,05. Deste modo para o nível de significância de 5%, admite-se que existem diferenças significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos. Verifica-se então a hipótese 8, o tempo de resposta da atenção selectiva central aumenta no grupo dos idosos. Tempo de resposta da atenção selectiva periférica: Escalão de Idades Tempo de respostas da atenção selectiva periférica 18-25 anos 70-77 anos a Kolmogorov-Smirnov Statistic ,155 ,163 Df Shapiro-Wilk Sig. 15 15 Statistic Df Sig. ,200 * ,939 15 ,375 ,200 * ,900 15 ,094 (ms) Tabela 27: Tabela relativa aos testes de normalidade do tempo de respostas da atenção selectiva periférica. Na tabela 27 verifica-se uma distribuição normal em cada um dos grupos, tanto no grupo dos jovens como no grupo dos idosos o p-value é maior que 0,05, ou seja, no grupo dos jovens um p-value de 0,375 e no grupo dos idosos um p-value de 0,094. Ao verificar-se a distribuição normal, utiliza-se o teste T Student, para analisar as hipóteses anteriormente dadas. Cláudia do Rosário Pires 68 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Escalão de N Mean Std. Deviation Std. Error Idades Mean Tempo de respostas da 18-25 anos 15 689,60 48,660 12,564 atenção selectiva periférica 70-77 anos 15 844,27 124,991 32,272 (ms) Tabela 28: Tabela descritiva relativa ao tempo de resposta da atenção Selectiva periférica. Levene's Test for Equality of Variances F Tempo de respostas da Equal variances assumed atenção selectiva periférica Equal variances not (ms) assumed Sig. 9,633 ,004 Tabela 29: Tabela do teste T relativa ao tempo de respostas da atenção selectiva periférica. Como se pode verificar através da tabela 29, o p-value é de 0,004, ou seja, menor que 0,05. Deste modo ao nível de significância de 5%, admite-se que existem diferenças significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos. Os idosos foram mais lentos ao nível do tempo de resposta da atenção selectiva periférica. Verifica-se então a hipótese 10, o tempo de resposta da atenção selectiva periférica aumenta no grupo dos idosos. Numa breve conclusão verificaram-se diferenças nos tempos de resposta da Atenção Dividida Central, na Atenção Selectiva Central e na Atenção Selectiva Periférica, ou seja, há medida que a tarefa se vai complexificando, os idosos são mais lentos do que o grupo dos indivíduos mais jovens. Os resultados presentes neste estudo estão de acordo com a pesquisa feita, pode comprovar-se tal facto nos estudos de Madden (2007), em que nas tarefas de pesquisa difíceis o Tempo de Reacção é tipicamente maior para os idosos do que para os jovens adultos, sugerindo uma diminuição da eficiência dos processos de pesquisa. Os estudos feitos por Madden e Langley em 2003, indicam que o Tempo de Reacção, para ambos os grupos etários, aumentou de uma forma relativamente linear Cláudia do Rosário Pires 69 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos em função do aumento dos itens a pesquisar, ou seja, à medida que a tarefa foi adoptando aspectos mais complexos, tal como se verificou neste estudo. Segundo um estudo feito por Madden, Spaniol e Bucur (2005) os valores do tempo de reacção foram de facto maiores em valor absoluto para os idosos do que para adultos jovens. Em muitos dos estudos pesquisados, os resultados indicam que o aumento do tempo de reacção é maior para os idosos do que para os jovens adultos (Zeef & Kok, 1993; Zeef, Sönke, Kok, Buiten, & Kenemans, 1996 in Madden e Langley, 2003). Campo Visual Binocular, número de áreas afectadas 18-25 anos N Validos Perdidos Média 0 ,00 Desvio Padrão 70-77 anos 15 ,000 Minimo 0 Máximo 0 N Validos Perdidos Média Desvio Padrão 15 0 ,93 1,751 Minimo 0 Máximo 6 Tabela 30: Tabela referente à estatística descritiva dos dados relativos ao número de áreas afectadas do campo visual binocular. Na Tabela 30 pode-se verificar que quanto ao número de áreas afectadas do campo visual binocular no grupo dos jovens (18-25 anos), estes obtiveram uma média de 0 áreas afectadas, pois em nenhum dos casos, nenhuma área do campo visual se encontrava alterada. No grupo dos idosos (70-77 anos) verifica-se que a média de 0,93 Cláudia do Rosário Pires 70 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos áreas afectadas. Sendo assim observa-se que no grupo dos idosos, o número de áreas afectadas tende a aumentar. Como não se verifica a normalidade, passa-se a analisar esta hipótese através dos testes não paramétricos de Mann-Whitney: Escalão de N Média Rank Somo dos Idades Ranks Campo Visual Binocular - 18-25 anos 15 13,00 195,00 Indice de Incapacidade, Nº 70-77 anos 15 18,00 270,00 de áreas afectadas Total 30 Tabela 31: Tabela descritiva relativa ao número de áreas afectadas do campo visual binocular. Campo Visual Binocular Indice de Incapacidade, Nº de áreas afectadas Mann-Whitney U Wilcoxon W Z Asymp. Sig. (2-tailed) Exact Sig. [2*(1-tailed Sig.)] 75,000 195,000 -2,397 ,017 ,126 a Exact Sig. (2-tailed) ,042 Exact Sig. (1-tailed) ,021 Point Probability ,021 Tabela 32: Tabela relativa ao número de áreas afectadas do campo visual binocular. Na tabela 32 verifica-se que o p-value é de 0,126, ou seja, maior que 0,05, o que quer dizer que não existem diferenças significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos. Assim conclui-se que não existem diferenças entre ambos os grupos, apesar de alguns idosos terem áreas afectadas, estas não são significativas para haver uma ralação entre estas e a idade. Cláudia do Rosário Pires 71 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Os resultados do estudo em causa, não demonstram existir diferenças significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos, relativamente ao campo visual binocular, mas ao analisarmos a tabela 30, nela podemos verificar que enquanto os jovens não tinham nenhuma área do campo visual binocular afectada, os idosos já demonstram algumas falhas no seu campo visual. Isto deve-se ao facto de se terem escolhido para a amostra idosos sem patologias. Tal facto entra em concordância com algumas pesquisas feitas. Pode verificar-se nos estudos de Ball e Owsley (1992) que à medida que a idade aumenta e existem alterações no campo visual útil, os indivíduos são mais lentos, têm uma maior sensibilidade para a distracção e uma inabilidade para a atenção dividida que se nota onde estes têm de dar resposta a pontos centrais e periféricos. Contudo, os resultados apresentados no estudo em causa, estão de acordo com a pesquisa feita por Ball e seus colegas (1988), em que a diferença entre as faixas etárias manteve-se constante em todo o campo de visão (Seiple et al, 1996 in Coeckelbergh et al, 2004). Sekuler, Bennett e Mamelak (2000 in Coeckelbergh et al, 2004) são da mesma opinião. Eles compararam o desempenho dos jovens e dos idosos, sem qualquer tipo de patologia, sob condição de atenção dividida, bem como uma condição de atenção focalizada, num grupo de jovens e um grupo de idade mais avançada. Não havia nenhum aumento de erros em função da excentricidade nem na interacção com a idade. Os autores concluíram, portanto, que os observadores mais jovens e mais velhos apresentaram campos visuais úteis de tamanhos equivalentes, mas os adultos mais velhos transformam as informações de forma menos eficiente nessa área. Cláudia do Rosário Pires 72 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Acuidade Visual Escalão de Idades 18-25 anos Valid Frequência um olho superior a 0,8 e o Percentage Percentagem m Válida 1 6,7 6,7 14 93,3 93,3 15 100,0 100,0 1 6,7 6,7 2 13,3 13,3 2 13,3 13,3 10 66,7 66,7 15 100,0 100,0 outro entre 0,8 e 0,5 os dois olhos superiores a 0,8 Total 70-77 anos Valid um olho entre 0,5 e 0,8 e o outro inferior a 0,5 os dois olhos entre 0,8 e 0,5 um olho superior a 0,8 e o outro entre 0,8 e 0,5 os dois olhos superiores a 0,8 Total Tabela 33: Tabela relativa às frequências da acuidade visual Na Tabela 33 pode-se verificar que relativamente à acuidade visual no grupo dos jovens (18-25 anos) existe apenas uma pessoa em que num olho tem uma acuidade visual superior a 0,8 e no outro tem uma acuidade entre 0,5 e 0,8. Existem depois 14 pessoas com uma acuidade superior a 0,8. No grupo dos idosos (70-77 anos) existe uma pessoa que tem uma acuidade visual num olho entre 0,8 e 0,5 e no outro inferior a 0,5. Duas pessoas com uma acuidade visual nos dois olhos entre 0,8 e 0,5. Duas pessoas com uma acuidade visual num olho superior a 0,8 e no outro entre 0,8 e 0,5. A maioria, ou seja, 10 pessoas têm uma acuidade visual superior a 0,8. Cláudia do Rosário Pires 73 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Fazendo-se uma breve descrição da acuidade visual, usa-se o teste Mann-whitney para analisar se a acuidade visual aumenta no grupo dos idosos. Escalão de N Média Rank Idades Acuidade_Visual Soma dos Ranks 18-25 anos 15 17,60 264,00 70-77 anos 15 13,40 201,00 Total 30 Tabela 34: Tabela descritiva relativa à acuidade visual. Acuidade_Visu al Mann-Whitney U Wilcoxon W Z 81,000 201,000 -1,872 Asymp. Sig. (2-tailed) ,061 Exact Sig. [2*(1-tailed Sig.)] ,202 Exact Sig. (2-tailed) ,093 Exact Sig. (1-tailed) ,046 Point Probability ,038 Tabela 35: Tabela relativa à acuidade visual. Na tabela 35 verifica-se que o p-value é de 0,202, ou seja, maior que 0,05, o que quer dizer que não existem diferenças significativas entre o grupo dos jovens e dos idosos. No que diz respeito à acuidade visual, era de esperar que não existissem grandes diferenças devido tratar-se de uma população sem qualquer tipo de patologias, tanto a nível dos idosos como dos jovens, facto que se veio a confirmar. Cláudia do Rosário Pires 74 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Para finalizar é interessante perceber se existe relação entre as falhas das respostas da atenção visual e as alterações do campo visual binocular. Esta análise foi em grande parte feita qualitativamente e a comparação de ambas as variáveis, fezse apenas, tendo em conta os indivíduos que tinham áreas afectadas e que erraram respostas no teste da atenção dividia periférica, ou seja, apenas 4 indivíduos pertencentes ao grupo dos idosos, uma vez que naqueles que não tinham áreas afectadas não se ia encontrar qualquer relação. Para isso, irá realizar-se uma tabela de relação entre as duas variáveis, para se perceber como se relacionam. Para haver uma melhor compreensão, sobre a relação entre estas duas variáveis, a tabela apenas é constituída pelas áreas onde houve relação. Local das respostas erradas da atenção dividida periférica quadrante superior quadrante quadrante quadrante superior esquerdo superior inferior direito esquerdo intermédio intermédio esquerdo periférico e quadrante inferior periférico direito periférico Local da quadrante superior esquerdo central 0 0 0 1 área quadrante inferior esquerdo intermédio 0 1 0 0 afectada quadrante superior esquerdo periférico 0 0 1 0 no Campo quadrante superior direito intermédio, 1 0 0 0 visual quadrante superior esquerdo intermédio Binocular e quadrante inferior direito periférico Tabela 36: Tabela de Relação entre o local da área afectada no campo visual binocular com o Local das respostas erradas na atenção dividida periférica. Ao analisar-se a tabela 36, verifica-se a relação exacta entre o local da área afectada do campo visual binocular e o local das respostas erradas na atenção dividida periférica em quatro indivíduos idosos. Cláudia do Rosário Pires 75 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Um dos indivíduos teve as áreas 6, 9 e 12 afectadas do campo visual binocular, ou seja, quadrante superior direito intermédio, quadrante superior esquerdo periférico e quadrante inferior direito periférico, respectivamente, e pode observar-se que o local da atenção dividida onde ele errou foi no quadrante superior esquerdo intermédio. Ou seja o local afectado no teste da atenção dividida periférica não corresponde a nenhuma área afectada do campo visual binocular. Para outro idoso, a sua área afectada do campo visual binocular encontrava-se no quadrante inferior esquerdo intermédio, e o local da sua falha na atenção dividida periférica encontra-se no quadrante superior esquerdo periférico, ou seja, perto do local onde o seu campo visual binocular estava afectado, mas ainda assim, este não correspondia ao mesmo local. Ao analisar outro dos idosos, verifica-se que a sua área afectada no campo visual binocular encontrava-se no quadrante superior esquerdo periférico e a sua falha na atenção visual encontrava-se no quadrante inferior direito periférico, exactamente no local oposto do campo visual binocular. Por último, no outro idoso, verificava-se que a sua área afectada do campo visual binocular era no quadrante superior esquerdo central e as suas falhas na atenção dividida verificam-se no quadrante 5 e 12, ou seja, no quadrante superior esquerdo intermédio e no quadrante inferior direito periférico, respectivamente, ou seja, perto do local onde o seu campo visual binocular estava afectado, apesar de não estar exactamente no mesmo local. Não é possível realizar uma correlação diferente, uma vez que se tratam de muito poucos indivíduos em estudo, em qualquer dos casos não se verifica uma relação entre área afectada no campo visual binocular com o local das falhas na atenção divida periférica. Cláudia do Rosário Pires 76 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Local das respostas erradas da atenção selectiva periférica quadrante inferior quadrante superior direito periférico direito periférico e quadrante inferior direito periférico quadrante inferior 1 0 0 1 esquerdo intermédio Local da área afectada no Campo visual Binocular quadrante superior esquerdo periférico e quadrante superior direito periférico Tabela 37: Tabela de Relação entre o local da área afectada no campo visual binocular com o Local das respostas erradas na atenção selectiva periférica. Ao analisar-se a tabela 37, pode verificar-se a relação entre o local da área afectada no campo visual binocular com o local das respostas erradas na atenção selectiva periférica, em apenas dois idosos. Para um indivíduo, verifica-se que este tem uma área afectada do campo visual binocular, no quadrante inferior esquerdo intermédio, mas a sua resposta errada da atenção selectiva periférica correspondeu ao quadrante inferior direito periférico, ou seja não existe nenhuma relação entre o local da área afectada do campo visual binocular e o local das respostas erradas da atenção selectiva periférica. Por último, verifica-se que um indivíduo apresenta as suas áreas afectadas no campo visual binocular no quadrante 9 e 10, ou seja, quadrante superior esquerdo periférico e quadrante superior direito periférico, respectivamente e a sua área afectada corresponde ao quadrante 10 e 12, ou seja, o quadrante superior direito periférico e o quadrante inferior direito periférico, verificando-se assim que uma área afectada do campo visual binocular correspondeu exactamente ao local onde o indivíduo errou na tarefa da atenção selectiva. Cláudia do Rosário Pires 77 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Como se pode constatar, o número de indivíduos para se admitir que existe relação entre o local das áreas afectadas do campo visual binocular e o local das respostas erradas da atenção selectiva periférica, é muito diminuto, logo apenas se pode realizar uma relação qualitativa, e apesar de não existirem correlações, apenas uma relação foi encontrada num indivíduo. De acordo com a bibliografia pesquisada e com relação qualitativa realizada anteriormente, não se pode considerar como verdadeira a hipótese 11 no estudo em causa, ou seja, não existe relação entre a atenção visual e as alterações do campo visual. Estes resultados não se encontram de acordo com revisão da literatura. Os indivíduos pertencentes à amostra, eram poucos e não eram possuidores de muitas áreas afectadas do campo visual binocular, pois como era de esperar, estes eram indivíduos sem patologias. Segundo Ball e Owsley (1992), mesmo em idosos sem patologias, com uma redução do campo visual útil verifica-se um decréscimo na atenção, caracterizando estes dois aspectos com o avanço da idade, verificando-se assim: - Redução da velocidade de processamento visual. - Redução da habilidade da atenção dividida (observável por uma inabilidade para localizar pontos na periferia). - Redução da atenção selectiva (observável por uma incapacidade de localizar pontos isolados). Em muitos dos casos, à medida que a idade aumenta e existem alterações no campo visual útil, os indivíduos são mais lentos, têm uma maior sensibilidade para a distracção e uma inabilidade para a atenção dividida que se nota onde estes têm de dar resposta a pontos centrais e periféricos (Ball & Owsley, 1992). Cláudia do Rosário Pires 78 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos 6.1. Síntese da Discussão dos Resultados De modo geral, pode dizer-se que a prestação dos idosos foi menor relativamente aos jovens. No que se refere à Atenção visual, observaram-se maiores diferenças atencionais ao nível da atenção simples e da atenção dividida periférica. Ou seja, as hipóteses consideradas como significativas foram a hipótese 1, a atenção simples diminui no grupo dos idosos e a hipótese 5, a atenção dividida periférica diminui no grupo dos idosos. Tais resultados podem ser confirmados com o que nos diz a pesquisa bibliográfica. Segundo os estudos de Owsley e MacGwin (2004) os idosos geralmente relatam dificuldades no quotidiano em tarefas que dependem de habilidades de pesquisa visual, expressando problemas com objectos de distracção e eventos, desorientação visual e não há tempo suficiente para localizar objectos nas tarefas relevantes. Os resultados do seu estudo indicam que modificações no sistema atencional impedem os mais velhos de ter uma estabilidade postural, locomoção e outros tipos de movimento através do ambiente, quando comparados com adultos jovens. Tem sido sugerido que o número de mecanismos subjacentes à pesquisa visual e problemas de atenção nos idosos, incluindo défices na atenção selectiva e atenção dividida, abrandou a velocidade de processamento, e as dificuldades na localização espacial. Como toda a tarefa do presente estudo se baseia numa tarefa de top-down atencional, ou seja, quando um indivíduo voluntariamente focaliza sua atenção numa determinada área do campo visual, há um desvio atencional que é chamado de endógeno, intrínseco ou top-down. Importa referir que embora existam estudos contraditórios quanto ao nível de desempeno dos idosos nas tarefas de atenção visual, os resultados do presente estudo estão de acordo com a revisão pesquisada. Kramer, Hahn, Irwin, e Theeuwes (2000) descobriram que quando os participantes estavam cientes da existência de itens irrelevantes, os adultos mais velhos foram menos bem Cláudia do Rosário Pires 79 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos sucedidos do que adultos jovens em inibir seus movimentos dos olhos na direcção do item distractor (atenção dividida). Mas concluiu-se que o controle do top-down atencional e dos recursos visuais, como o movimento dos olhos, é mais difícil para os adultos mais velhos (Madden, Spaniol, Bucur; 2005). Relativamente ao Tempo de Resposta da atenção, ou seja o tempo de reacção, também se verificaram piores prestações relativamente ao grupo dos idosos quando comparado com os jovens. As maiores diferenças neste parâmetro dizem respeito ao tempo de resposta da atenção dividida central, atenção selectiva central e na atenção selectiva periférica, ou seja, à medida que a tarefa se ia complexificando, os idosos mostravam piores resultados e maior lentidão. Verificou-se assim, que as hipóteses significativas foram a hipótese 4, o tempo de resposta da atenção dividida central aumenta no grupo dos idosos, a hipótese 8, o tempo de resposta da atenção selectiva central aumenta no grupo dos idosos e a hipótese 10, o tempo de resposta da atenção selectiva periférica aumenta no grupo dos idosos. Os resultados presentes neste estudo estão de acordo com a pesquisa feita, podendo-se comprovar tal facto nos estudos de Madden (2007), em que nas tarefas de pesquisa difíceis, o Tempo de Reacção é tipicamente maior para os idosos do que para os jovens adultos, sugerindo uma diminuição da eficiência dos processos de pesquisa. Nos estudos feitos por Madden e Langley em 2003, indicam que o Tempo de Reacção, para ambos os grupos etários, aumentou de uma forma relativamente linear em função do aumento dos itens a pesquisar, ou seja, à medida que a tarefa foi adoptando aspectos mais complexos, tal como se verificou neste estudo. Segundo um estudo feito por Madden, Spaniol e Bucur (2005) os valores do tempo de reacção foram de facto maiores em valor absoluto para os idosos do que para adultos jovens. Em muitos dos estudos pesquisados, os resultados indicam que o aumento do tempo de reacção é maior para os idosos do que para os jovens adultos (Zeef & Kok, 1993; Zeef, Sönke, Kok, Buiten, & Kenemans, 1996 in Madden e Langley, 2003). Cláudia do Rosário Pires 80 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Ao verificar-se se a atenção visual é influenciada pelo campo visual binocular, notou-se que não existiram muitas diferenças neste aspecto entre os dois grupos. Já não se pode considerar como significativa a hipótese 11, ou seja, não existe relação entre a atenção visual e as alterações do campo visual. Estes resultados não se encontram de acordo com revisão da literatura. Os indivíduos pertencentes à amostra, eram poucos e não eram possuidores de muitas áreas afectadas do campo visual binocular, pois como era de esperar, estes eram indivíduos sem patologias. Segundo Ball e Owsley (1992) os aspectos em que o campo visual pode afectar na atenção visual, quando este está afectado são: 1. Redução da velocidade de processamento visual. 2. Redução da habilidade da atenção dividida (reflectida por uma inabilidade para localizar pontos na periferia). 3. Redução da atenção selectiva (reflectida por uma incapacidade de localizar pontos isolados). É necessários que os adultos mais velhos melhorem a atenção visual e velocidade de processamento, pois esta condição vai reflectir-se numa melhor performance e no desempenho mais rápido do quotidiano. Tais melhorias podem interferir numa melhor mobilidade e estabilidade postural e prevenção de quedas nos idosos (Owsley & McGwin, 2004). Cláudia do Rosário Pires 81 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos 6.2. Limitações do estudo Num trabalho de mestrado é sempre possível que ocorram falhas na sua elaboração, pois o tempo é limitado e temos de adoptar um caminho para procurar solucionar nossas inquietações iniciais que levaram à execução do mesmo. Uma das principais limitações deste estudo foi o facto de a amostra ser pequena, o que limitou os resultados em causa. Uma outra limitação foi o caso de não se ter tido muito tempo para a elaboração do trabalho, visto que apenas foi realizado num ano lectivo, o que se torna apertado para se querer aprofundar melhor todos os temas, realizar mais pesquisas e realizar mais testes de modo a obter um maior número de indivíduos para a amostra. As sugestões que deixo após ter realizado este trabalho, é que este estudo deveria ter um maior número de indivíduos para a amostra. Um outro aspecto interessante seria de perceber nos indivíduos com um tempo de resposta mais lento e mais falhas na atenção visual, a forma como reagiriam a uma tarefa motora que implicasse a atenção visual, como por exemplo a execução de um percurso. Esta é em minha opinião num tema bastante interessante, pois ainda há muito para estudar. Cláudia do Rosário Pires 82 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos 7. Conclusão O propósito deste trabalho foi investigar as diferenças de atenção visual na população idosa quando se compara com uma população adulta do mesmo sexo. Com o estudo em causa e com todo o trabalho desenvolvido conclui-se que foi de extrema importância toda a elaboração deste trabalho, pois a atenção visual não é uma área muito estudada, e tendo em conta a minha área de formação, é muito importante compreendê-la. Estando a atenção visual afectada, muitos problemas podem daí surgir, como foi comprovado ao longo deste trabalho, os indivíduos ficam mais lentos, menos correctos na sua resposta, donde poderão advir vários problemas não só cognitivos, mas também motores, pois com uma atenção visual deficitária, os indivíduos adoptam comportamentos inseguros e consequentemente posturas incorrectas. Tem que se encarar a velhice como uma etapa da experiência humana que pode e deve ser positiva para o desenvolvimento individual e social apesar de algumas limitações físicas que são próprias do processo de envelhecimento normal do ser humano. Mas infelizmente ainda são poucos os idosos que tem direito a uma vida digna na terceira idade. E para que esse panorama se modifique são necessários maiores investimentos para essa população. Investimentos esses principalmente em saúde e qualidade de vida; que inclui profissionais e educadores preparados para trabalhar com esse público, preparados no sentido técnico e humano vendo a população idosa a partir de um novo prisma, rompendo preconceitos e estabelecendo novos paradigmas. Espero assim que esta tese seja de interesse para muitos, para assim contribuir com uma melhoria para o estudo de uma etapa de vida, tão importante como as outras! Cláudia do Rosário Pires 83 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos 8. Bibliografia (s.d.). Obtido em 20 de Abril de 2010, de Google: www.reinaldoribela.pro.br/imgs/biologia_vol_II/reino_animalia_II/olho5.gif Ball, K., & Owsley, C. (1992). The useful field of view test: a new technique for evaluating age-related declines in visual function. J Am Optom Assoc , 63: 7179. Barreiros, J. (2006). Envelhecimento, degeneração, desuso e lentidão psicomotora. 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Anexos Indivíduos Sexo Idade Acuidade Visual Escalão de Idades Atenção Simples 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 1 1 1 1 2 2 2 1 2 1 2 1 1 1 2 2 2 2 1 2 2 2 2 1 1 1 2 2 1 1 24 21 22 21 18 18 19 20 18 20 23 20 22 20 20 73 72 72 73 71 71 74 72 72 75 76 77 76 77 74 6 6 5 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 2 5 3 6 6 6 6 3 6 5 6 6 6 6 6 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 0,89 1 1 1 1 1 0,89 1 1 0,89 1 1 1 0,78 1 0,78 1 1 0,89 0,78 1 0,89 0,78 0,89 0,89 0,78 0,89 1 1 0,78 Atenção Dividida Central 0,67 0,83 0,83 1 1 1 1 1 1 0,83 0,83 1 1 0,83 1 0,83 0,67 1 0,83 0,67 1 0,83 1 1 1 0,83 1 0,5 1 1 Atenção Dividida Periférica 1 1 1 1 1 0,75 0,88 1 1 1 1 1 1 1 1 0,75 0,88 1 0,88 0,88 0,88 1 0,75 1 0,88 0,88 0,88 0,63 1 0,88 Atenção Selectiva Cental 1 0,83 0,83 1 1 0,67 0,83 1 1 1 1 1 0,67 1 0,83 1 0,33 1 1 1 1 0,83 0,83 1 0,83 0,83 1 0,33 1 1 Tabela 38: Tabela relativa à base de dados da amostra do estudo. Cláudia do Rosário Pires 90 Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana Tese de Mestrado: Estudo da Atenção Visual num grupo de Idosos Indivíduos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Atenção Selectiva Periférica 1 1 0,75 1 1 1 0,75 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0,75 1 1 0,75 1 1 0,88 0,88 1 1 0,38 1 0,88 CVB_nº áreas afectadas Local das áreas afectadas do CVB Local das áreas afectadas da ADP Local das áreas afectadas da ASP 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,01 0 0,07 0 0 0 0 0 0 0 0,04 0,04 0 0 0,01 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 13 0 0 0 0 0 0 0 14 9 0 0 7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 12 0 0 9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 14 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 12 Tabela 39: Tabela relativa à base de dados da amostra do estudo. Cláudia do Rosário Pires 91