aplicação do método delphi para a construção de indicadores de
Transcrição
aplicação do método delphi para a construção de indicadores de
APLICAÇÃO DO MÉTODO DELPHI PARA A CONSTRUÇÃO DE INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA INDÚSTRIA TÊXTIL – O ENVOLVIMENTO DAS PARTES INTERESSADAS PADILHA, MARIA LUIZA DE MORAES LEONEL1; MALHEIROS, TADEU FABRICIO2; COUTINHO, SONIA MARIA VIGGIANI3; PHILIPPI JR, ARLINDO4 RESUMO Introdução. Verifica-se a partir de diversas fontes, tais como a Agenda 21 Global, Pacto Global da ONU, a série de Normas ISO 14000 e legislação pertinente, a necessidade de se ter indicadores de desempenho para as diferentes atividades econômicas. Objetivo. Pretende-se, no contexto do setor industrial têxtil, construir em bases participativas indicadores de desenvolvimento sustentável, nas dimensões econômica, social e ambiental. Foram consideradas como partes interessadas as definidas pela NBR ISO 14004:1996 como sendo o “indivíduo ou grupo interessado ou afetado pelo desempenho ambiental de uma organização”. A partir desta definição foram identificadas como partes interessadas os consumidores, os funcionários de órgão estadual e municipal, as organizações não governamentais, o ministério público, o trabalhador, o produtor (indústria), o especialista, o pesquisador e os acadêmicos. Metodologia. A fim de se elaborar os indicadores, utilizou-se o método Delphi, por evidenciar o consenso entre as partes interessadas. Os participantes foram definidos após busca pelos órgãos e entidades que representam as partes interessadas. Os indicadores genéricos adotados para catorze (14) diferentes setores industriais foram o Perform (Sustainability Performance Benchmarking), elaborados pelo Science & Technology Policy Research (SPRU), da Universidade de Sussex e Center for Research in Innovation Management (CENTRIN), da Universidade de Brigthon. (HERTIN et al., 2006). Resultados e Considerações Após se vencer as dificuldades para encontrar pessoas interessadas em participar, obteve-se um retorno de 56% do instrumento de pesquisa da 1ª Fase. Porém, as pessoas que responderam têm em média 11 anos de atuação profissional em áreas correlatas à pesquisa nas áreas têxtil, ambiental, socioambiental, temática socioambiental e saúde ambiental. Outro ponto verificado foi o número significativo de sugestões de novos indicadores específicos para o setor têxtil – Foram sugeridos pelos participantes 74 novos indicadores para as três dimensões de desenvolvimento sustentável. Em decorrência, foram registrados 15 novos indicadores econômicos, 16 novos indicadores sociais e 43 novos indicadores ambientais. A efetividade da adesão dos participantes demonstra a vontade de contribuir para a construção de indicadores de sustentabilidade para o setor em questão. Palavras-chave: indicadores, desenvolvimento sustentável, têxtil, saúde ambiental ABSTRACT Introduction. From different sources such as Agenda 21, Global Compact of United Nation, ISO 14000 series and related environmental laws and regulations, they show there is the necessity of having performance indicators for different economic activities. Objective: To build the sustainable development indicators at triple dimensions (economic, social and environmental), we chose the textile sector at a participative model. This paper 1 Doutoranda do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Mestre em Administração – PUC/SP – Pós-graduada em Gestão Ambiental – FSP/USP – e-mail: [email protected] 2 Professor da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, Pós-doutorado e doutorado em Saúde Pública da FSP/USP e Mestre em Resources Engineering pela Universitat Karlsruhe - Alemanha – e-mail: [email protected] 3 Doutoranda e mestre em Saúde Pública pelo Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Especialista em Direito Ambiental pela FSP/USP - e-mail: [email protected] 4 Professor Titular do Departamento de Saúde Ambiental - Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Pós-doutorado MIT/ EUA, Doutor e Mestre em Saúde Pública - Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo - e-mail: [email protected] 44 talks about how difficult it is to engage stakeholders – academics, experts, environmental inspectors, health inspectors, textile labors, union labors, public attorneys, textile producers, consumers, non governmental organizations (term used in NBR ISO 14001:2004 “individuals or groups interested or affected by the environmental performance of an organization”), to build participative indicators for the industrial sector on Delphi method. Methodology: The methodology was based on Delphi method because it can show the agreement between the stakeholders. To define the stakeholders we searched in organization and entities that represent them. To start the research we used the generic sustainable development indicators named Perform – Sustainability Performance Benchmarking from SPRU - Science & Technology Policy Research (University of Sussex) and CENTRIN Center for Research in Innovation Management (University of Brigthon), in England. The indicators were used by 14 industrial sectors, but they weren’t used by textile sector. (HERTIN et al., 2006). Results and Considerations: In the first phase of Delphi we had 56% of response from the ones who accepted to participate. The respondents had in average 11 years of professional work in the researched area. They indicated 74 new specific indicators for the textile sector, but the economic indicators weren’t answered for all the response. The new indicators resulted in 14 new economic indicators, 16 new social indicators and 43 new environmental indicators. We had positive answers that represent the stakeholders. They said this research is fundamental for the industry, but the persons were very busy to answer it. They said they had never thought about the textile sector from this point of view (economic, social and environmental). The effective adherence to build the sustainable development indicators was shown by the number of new indicators. Keywords: indicators, sustainable development, textile, environmental health 45 Introdução Desde 1992, com a Agenda 21 em seu capítulo 40, há uma explicita menção da necessidade da criação de indicadores em âmbitos local, nacional e para as diferentes atividades, como a atividade industrial. (PHILIPPI JR et al., 2005; p. 764; MMA, 2003; cap. 40) Em 1999, durante o encontro anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, o então Secretário Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, propôs um desafio aos líderes empresariais, trabalhadores e sociedade civil organizada para que se compromissassem com o Pacto Global (Global Compact), a partir das abordagens de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e corrupção, englobando zonas de conflito, negócios e desenvolvimento sustentável. Para demonstração dos resultados destas ações foi proposto o uso de indicadores. (UNITED NATION, 2006; ETHOS, 2006; p.15): Direitos humanos Princípio 1: Apoiar e respeitar os direitos humanos internacionalmente proclamados Princípio 2: Não praticar nem ser cúmplice em abusos de direitos humanos Padrões de trabalho Princípio 3: Apoiar a liberdade de associação e reconhecimento do direito à negociação coletiva Princípio 4: Apoiar a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou compulsório Princípio 5: Apoiar a erradicação do trabalho infantil Princípio 6: Apoiar a eliminação de discriminação relativa ao emprego e à ocupação Meio ambiente Princípio 7:Apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais Princípio 8: Desenvolver iniciativas para promover maior responsabilidade ambiental Princípio 9: Incentivar o desenvolvimento e a difusão de tecnologias ambientalmente amigáveis Corrupção, extorsão e suborno Princípio 10: Combater a corrupção em todas as suas formas, incluindo a extorsão e suborno Entretanto, para se atingir as diversas dimensões de indicadores, houve uma evolução de enfoque, que é explicada por BESSERMAN (2003). Primeiramente, deu-se ênfase às estatísticas demográficas; posteriormente, às econômicas, pela necessidade de cobrança de tributos pelos governos, como também para que as empresas pudessem usar os dados para criar as tendências, a fim de delinear o seu futuro; e, atualmente, há indicadores com considerável precisão. Tal posicionamento decorre do fato de que, a partir do século XX, as questões sociais passaram a ser fundamentais para alavancar o crescimento econômico. Por conseguinte, os indicadores sociais passaram a compor o elenco de preocupações dos governos e do cotidiano das pessoas. 46 No âmbito nacional, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realiza inúmeros trabalhos que retratam o crescimento populacional, o crescimento das atividades econômicas, o perfil dos municípios brasileiros, indicadores de desenvolvimento sustentável, entre outros inúmeros levantamentos executados pela equipe de técnicos da instituição. No Estado de São Paulo, há os trabalhos desenvolvidos na área social pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE), como o Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS) e Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS) que auxiliam sobremaneira o planejamento de políticas públicas e revelam uma evolução ao predomínio dos indicadores econômicos. No caso das indústrias, restou o desafio em responder às propostas da Agenda 21 Global e do Global Compact, entre outros documentos internacionais, atendendo à complexidade das dimensões ambiental, social e econômica com vista ao tripé do desenvolvimento sustentável, definido pelo Relatório Brundtland (Nosso Futuro Comum), além de dimensões mais abrangentes como as dimensões de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e corrupção, do Global Compact. Este fato tem levado as empresas a buscarem indicadores que efetivamente demonstrem seu desempenho. Para corroborar com a preocupação das indústrias em relação aos indicadores, foi editada uma série de normas ISO 14000 que elenca requisitos que devem ser atendidos em termos ambientais. A norma de Sistemas de Gestão Ambiental, por exemplo, recomenda, no item de objetivos e metas ambientais, que as empresas possuam indicadores mensuráveis para que possam definir as ações a serem tomadas. Enfatiza-se o propósito dos indicadores na norma Gestão Ambiental: avaliação de desempenho ambiental, que vem auxiliar as áreas tanto gerenciais como as operacionais na elaboração de indicadores com a finalidade de se atingir critérios de desempenho, avaliar a tendência, eficiência e eficácia, bem como oportunidades estratégicas de melhoria do desempenho ambiental. (ABNT, 1996, p. 14; ABNT, 2004, p. 6). Em conseqüência ao atendimento às normas ambientais da série ISO, as entidades representativas da indústria paulista, como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), em 2004, elaboraram cartilha para orientar seus associados na questão de indicadores ambientais. Esta cartilha, elaborada com o apoio de representantes da indústria, de centros de desenvolvimento tecnológico, permite auxiliar efetivamente as indústrias que desejam iniciar a verificação de seu desempenho ambiental. Ao mesmo tempo, a legislação ambiental vem sofrendo revisões, como no caso da legislação sobre Licenciamento Ambiental no Estado de São Paulo em que o Decreto nº 47.400 de 2002 instituiu prazo para a renovação do licenciamento: Considerando os benefícios ambientais esperados com a renovação das licenças, que além de possibilitar a atualização das informações pelo órgão ambiental, induzirá as empresas a reverem seus procedimentos com vistas a alcançarem uma maior eficiência ambiental; Considerando a necessidade de incentivar a adoção de um programa de gestão ambiental baseado nas melhores tecnologias e práticas de produção mais limpa; e Considerando o dever dos órgãos competentes do SEAQUA de exercer o controle, o monitoramento e a fiscalização das atividades efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental (SÃO PAULO, 2008). E também se destaca no referido Decreto (art.2º, parágrafo 5º): 47 Os empreendimentos ou atividades que, por ocasião da renovação de suas Licenças de Operação, comprovarem a eficiência dos seus sistemas de gestão e auditoria ambientais, poderão ter o prazo de validade da nova licença ampliado, em até um terço do prazo anteriormente concedido (SÃO PAULO, 2008) Verifica-se o intuito do Decreto de que, quando da renovação das licenças, as indústrias, por exemplo, possam comprovar seu próprio monitoramento e respectivo controle, que pode ocorrer por intermédio dos indicadores de desempenho. Tartalia e Assunção, ao analisarem a evolução dos resultados da implantação do licenciamento ambiental para as atividades indústrias na Região Metropolitana de São Paulo, concluíram que os dados são exíguos para demonstrarem a efetividade do licenciamento para a redução da poluição ambiental. O motivo dessa conclusão, que é reiterado por eles inúmeras vezes, se deve à falta de indicadores do desempenho ambiental das indústrias, sugerindo, então, que esses indicadores sejam introduzidos nas práticas industriais. (TARTALIA, ASSUNÇÃO, 2008; p 3, 4, 10 e 11). As motivações para discutir o tema de indicadores vão, portanto, desde a necessidade de uma implantação voluntária de gestão ambiental, a uma postura de governança responsável como o caso do Global Compact e a Agenda 21 Global ou, como se pode prever, a necessidade de desenvolver indicadores por pressão da lei, como o citado Decreto Estadual. (PADILHA, 2002, p. 43). Além disso, a motivação para o presente trabalho se originou pelos resultados encontrados em monografia do curso de pós-graduação em gestão ambiental, da Faculdade de Saúde Pública, na qual se constatou, por meio de um estudo de caso, a situação de empresa do setor têxtil com graves problemas socioambientais e a dificuldade do proprietário em obter recursos para solucioná-los. Verificou-se, também naquele estudo, junto a ABIT, ausência de dados integrados das áreas econômica, social e ambiental para a tomada de decisão pelo setor. (FERRARI, PADILHA, AMENDOLA, GALHEGO, 2004). Tendo em vista a necessidade de se aplicar indicadores de desenvolvimento sustentável ao setor têxtil, elaborou-se um projeto de pesquisa com o objetivo de construí-los junto ao Grupo de Pesquisa SIADES – Sistema de Informações Ambientais para o Desenvolvimento Sustentável. Assim, para o referido trabalho, o enfoque centrou-se nas dimensões econômica, social e ambiental uma vez que Sinditêxtil tem o inventário ambiental, mas não a visão de desenvolvimento sustentável. O Grupo de Pesquisa SIADES, de que os autores participam, e que conta com a participação de estudantes, pesquisadores e professores com formação em diferentes áreas do conhecimento, de diferentes instituições de ensino, tem por objetivo a revisão teórica e conceitual sobre indicadores de desenvolvimento sustentável, com a finalidade de melhor conhecer e divulgar em rede a importância dos sistemas de informações em matéria ambiental. A partir dessas razões, portanto, foi proposto o projeto de pesquisa para a construção de indicadores para o setor têxtil, sendo, este artigo, constituído por conclusões parciais e preliminares desse referido projeto, que encontra em andamento junto à Faculdade de Saúde Pública. 48 A justificativa para a escolha do setor industrial têxtil como objeto da pesquisa se relaciona a sua posição como empregador de um número significativo de mão-de-obra e sua representatividade como indústria de transformação. O setor têxtil está sempre em contínuo aperfeiçoamento tecnológico, o que cria a necessidade de constante atualização dos equipamentos e maquinários, da mão-de-obra e da organização da produção. As fibras artificiais e sintéticas derivadas de petróleo trouxeram inovação para a fabricação de variedade de tecidos. É um setor que depende da moda, sazonalidade e design específico para diferentes nichos de mercado, assim como de uma população com poder aquisitivo suficiente para consumir seus produtos, além de uma infra-estrutura adequada. A indústria têxtil brasileira é o 6º (sexto) parque têxtil do mundo e busca, hoje, atingir uma meta de (um) 1% de exportações em relação ao mercado internacional. (PRADO, PRADO, 2004; ABIT, 2003; ABIT, 2004; ABIT, 2005). Entretanto, com a finalidade de se diferenciar de outros países, pela crescente competitividade, o setor têxtil brasileiro necessita mostrar seus resultados em termos sociais e ambientais e não apenas econômicos. Em relação aos problemas sociais na cadeia produtiva do setor têxtil brasileiro, destacam-se a utilização de agrotóxicos na produção agrícola, com a sua aplicação sem a devida proteção dos trabalhadores e as condições de trabalho análogas ao trabalho escravo, especialmente de estrangeiros nas confecções na cidade de São Paulo. Por essa razão, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) estabeleceu parcerias com Organizações não Governamentais (Ongs) para trabalhos de responsabilidade social e atua para coibir situações que transgridam as leis. No caso dos problemas ambientais, destacam-se a questão da contaminação dos efluentes líquidos por corantes, o uso do lodo na agricultura, de produtos azóicos (alguns cancerígenos) na fabricação dos tecidos, dentre outros. Essas são questões pontuais problemáticas que precisam ser equacionadas, pois há normas e regulamentos que as empresas devem cumprir. Além disso, são fatores de preocupação para a saúde pública. A ABIT, por meio de seu representante no Estado de São Paulo, o Sindicato da Indústria Têxtil do Estado de São Paulo (SINDITÊXTIL), faz parte do fórum para discutir e encontrar soluções para as questões ambientais do setor junto ao órgão ambiental do Estado de São Paulo, ou seja, da Câmara Ambiental Têxtil da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB). Entre outros resultados da Câmara Ambiental, está a abordagem dada ao Inventário Ambiental para conhecer as indústrias têxteis. (CETESB, 2003). Por ser um setor com características pouco estudadas (NAPOLI, 2000), pode ser a oportunidade, com a construção desses indicadores, de que a entidade representativa se defina por coletar dados e, após análise dos mesmos, vir a propor políticas públicas especificas. Para tanto, se firmou parceria entre a entidade representativa da indústria do setor, o Sinditêxtil/SP, e a Faculdade de Saúde Pública, com o objetivo de se efetivar a pesquisa de indicadores de desenvolvimento sustentável. A construção de indicadores de desenvolvimento sustentável proposta nesta pesquisa procurou respeitar além dos requisitos legais constantes da NBR ISO 14001 os objetivos da NBR 16001, que orientam as empresas a “apoiar o engajamento efetivo das partes interessadas” (ABNT, 2004, p.1). A partir dos requisitos exigidos pelas normas, a indústria têxtil, neste caso o setor pesquisado, pode vir a se interessar em conhecer as preocupações das partes realmente envolvidas com a questão do desenvolvimento sustentável. Para se atingir os propósitos das normas citadas e, mais especificamente, para se construir os indicadores, propôs-se a participação em grupos de trabalho, pressupondo-se que essa 49 alternativa possa refletir uma maior abrangência de problemas, devido às diferentes áreas do conhecimento e atuação, vivência, e cultura de cada pessoa participante. Como conseqüência, deve-se criar uma co-responsabilidade e/ou acentuar a curiosidade pela elaboração dos indicadores, mediante a pressão que essas pessoas possam realizar sobre as indústrias, buscando um efetivo posicionamento das mesmas sobre sua performance econômica, social e ambiental. A partir dessa proposição, a pergunta foi como fazer para envolver pessoas de tão diferentes áreas de atuação, dispersas em municípios distantes entre si, dentro do Estado de São Paulo. Para atender a essa pergunta, optou-se pela técnica Delphi, como se discutirá na metodologia de pesquisa, e as dificuldades encontradas pela prática serão expostas nos resultados e considerações. Metodologia Iniciou-se a pesquisa com o levantamento bibliográfico das experiências de indicadores utilizados pelas indústrias: Sustainability Performance Benchmarking (Perform), construído pelos centros de pesquisa SPRU, da Universidade de Sussex e CENTRIN, da Universidade de Brigthon; Global Reporting Initiative (GRI), construído com a participação das partes interessadas por meio da Ong GRI; Indicadores de Desempenho Ambiental, elaborado por grupo de trabalho da FIESP/CIESP; entre outros estudados. Na segunda etapa, como resultado da investigação exploratória, escolheram-se os indicadores denominados de Sustainability Performance Benchmarking (Perform), elaborados pelo SPRU e CETRIN para catorze (14) diferentes setores industriais, sem incluir o setor têxtil. Esses indicadores foram apoiados para seu desenvolvimento pelo Departamento de Indústria e Comércio do Reino Unido, pelas universidades citadas anteriormente, pelo Conselho de Pesquisa em Engenharia e Ciência Física, pela Federação da Associação de Engenheiros Empregados de Fábricas e pelas Associações Nacionais de Manufatura entre outros. (HERTIN, BERKHOUT, TETTEH, 2006; SORRELL, HERTIN, CIRILLO, 2005, p.1). Os participantes da pesquisa são as partes interessadas definidas pela NBR ISO 14004:1996 “indivíduo ou grupo interessado ou afetado pelo desempenho ambiental de uma organização” e para isso buscou-se identificar: consumidores, funcionários de órgão estadual e municipal, organizações não governamentais, ministério público, trabalhador, produtor (indústria), especialista, pesquisador e acadêmicos. A representação das partes interessadas foi a seguinte: - Escolas: INEP – Instituto Nacional de Estudos Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira; - Setor produtivo: empresários participantes da Câmara Ambiental Têxtil; - Trabalhadores: Sindicatos dos Trabalhadores Têxteis do Estado de São Paulo; - Sociedade civil organizada: Organizações Não Governamentais do Estado de São Paulo; - Consumidores: entidades representativas do consumidor e os participantes que são consumidores per si; - Especialistas têxteis – pela indicação de acadêmicos e outros consultores; - Órgão fiscalizador ambiental, vigilância sanitária: estadual e administração municipal, e - Ministério Público: área ambiental com enfoque no setor produtivo. A partir da definição dessas áreas procuraram-se os meios de contato, a fim de identificar pessoas interessadas em participar. 50 Para se contatar pessoas distribuídas no Estado de São Paulo, em municípios pré-selecionados pelas atividades têxteis desenvolvidas, optou-se em adotar a técnica Delphi, pela possibilidade de se obter outros indicadores e se constatar se haveria consenso entre as partes interessadas quando da indicação dos indicadores selecionados nas dimensões sociais, ambientais e econômicas. O método Delphi é definido como “um método para estruturar um processo de comunicação entre um grupo de indivíduos, permitindo sua integração como um todo, para discutir questões complexas” (LINSTONE, 1977, apud RIBEIRO, 2006, p. 129). A opção do método Delphi para a pesquisa se deu pela possibilidade de se combinar um processo de escolha e de consenso. Numa primeira etapa, por intermédio da internet e via correio, ocorreu o encaminhamento de uma carta explicativa do objetivo do trabalho e de como se realiza a metodologia, referindo a relação básica de indicadores. Com o retorno dos e-mails e das correspondências, tabularam-se os indicadores pelo uso da freqüência, média e moda e, na segunda rodada, o resultado da primeira etapa foi enviado novamente aos participantes, com as sugestões dando-lhes o feedback e a respectiva tabulação das informações, para que possam rever suas posições. O processo de escolha dos indicadores, pelas partes interessadas contou com os critérios de seleção, utilizando-se a escala adotada por Ribeiro (2006) em seu trabalho: Indicadores Ambientais: “5. Muito importante, 4. Importante, 3. Desejável, 2. Não prioritário, 1. Dispensável” (RIBEIRO, 2006, p. 292). Resultados e considerações O caminho percorrido para se obter os resultados foi difícil em decorrência de diferentes tipos de obstáculos. Através da internet foi possível obter vários telefones e e-mails que estavam disponíveis, porém nem sempre estavam atualizados ou corretos. Era necessário encontrar telefone, e-mails e endereços das pessoas indicadas em cada local, para, posteriormente, contatar cada uma e explicar a pesquisa, mas houve e-mails e telefones não respondidos. Havia um roteiro de conteúdo pré-definido para essa conversação, especialmente útil nos primeiros contatos para não deixar de pontuar as razões da pesquisa e os motivos para a pessoa participar. Nesse caso, as dificuldades foram acentuadas, exigindo um número incalculável de ligações, pois as pessoas, na maioria das vezes, não estavam disponíveis para conversar por diferentes motivos como: reuniões, viagens, serviços externos, férias, preparação para o exame de qualificação, viagem para curso, licença maternidade, licença paternidade, licença por motivos de saúde, preparação para dissídio coletivo, movimento de sensibilização do Congresso Nacional, abertura de nova unidade de representação, dentre outras. Uma barreira facilitadora e, muitas vezes intransponível, foi o contato com secretárias, secretárias eletrônicas, recepcionistas, assistentes, colegas de trabalho e telefonistas. No caso do e-mail, encontrou-se o obstáculo do spam ou mesmo o “apagar sem ler” por não conhecer o remetente; ou mesmo ter aquele e-mail, mas pouco usá-lo, o que ocorreu, por exemplo, com o Ministério Público. A partir do momento em que se consegue dialogar com a pessoa que se procura, a pesquisa tornou-se mais fácil; porém, houve resistência em aceitar, especialmente por parte dos trabalhadores têxteis, com medo de serem identificados para os sindicatos patronais. Um caso exemplar dessa situação é o caso dos trabalhadores de um sindicato que participou e que só o fez com a anuência do advogado do sindicato. 51 A resistência dos trabalhadores têxteis surpreendeu, pois, como a pesquisa se faz na área de saúde, há um Código de Ética para ser executado (o que foi explicado às pessoas). Há, também, um termo de consentimento livre esclarecido que cada participante teve que assinar ciente de que em nenhum momento da pesquisa seria identificado ou pelo próprio nome ou por qualquer outra via possível de identificação. Enfim com o consentimento de cada pessoa disposta a participar dentro da sua disponibilidade de tempo, foi encaminhada a 1ª fase da pesquisa com os indicadores genéricos e com as sugestões/alterações propostas no pré-teste. O primeiro levantamento das entidades escolhidas envolveu identificação de seus representantes e contato com cada um deles, resultando em um número razoável de partes interessadas para a pesquisa. A partir da confirmação dessas pessoas, foi enviada, por e-mail e correio, a carta explicativa da pesquisa, os questionários e um envelope selado para devolução da pesquisa. O retorno dessa 1ª fase da pesquisa foi de 56% dos questionários enviados Com a tabulação dos dados respondidos pelos participantes, têm se, na área têxtil, a média de 19 anos de atuação profissional; na área ambiental, as pessoas possuem em média 13 anos de atuação; na área socioambiental, a média de atuação são 11 anos; 16,5 anos, em média, de trabalho na temática socioambiental e 13 anos, em média, de atuação na área de saúde pública. Na primeira fase, o formulário era composto por 64 indicadores, conforme Tabela 1, e se solicitou a sugestão de novos indicadores para o setor têxtil para as três dimensões de desenvolvimento sustentável, o que resultou em 15 indicadores econômicos, 16 indicadores sociais e 43 indicadores ambientais, perfazendo um total de 74 novos indicadores. Tabela 1 – Indicadores sugeridos com a aplicação do método Delphi no pré-teste e na 1ª Fase de envio do questionário. Dimensões dos indicadores Econômico Social Ambiental Total Indicadores genéricos Perform 4 7 19 30 Indicadores com as alterações sugeridas Indicadores pré-teste sugeridos 1ª fase 9 15 16 16 39 43 64 74 Fonte: Autores, 2007. As ligações telefônicas e os e-mails, na tentativa de se obter maior número de participantes, constituíram, no mínimo, 400 tentativas de contatos; nessas tantas tentativas, foram encontradas pessoas trabalhando, ainda que em período de férias e que se mostravam interessadas em participar, levando o instrumento da pesquisa para responder em casa. Isto demonstra que há interesse das partes em participar, em serem envolvidas e ouvidas, e revelam a preocupação com a questão ambiental. Por outro lado, as dificuldades da pesquisa demonstram a falta de disponibilidade do setor produtivo como um setor industrial ainda 52 reativo (PADILHA; FERREIRA, 2005 p.17) às questões ambientais e, conseqüentemente, aos indicadores de desenvolvimento sustentável, evidenciando que a transparência está longe de ser uma característica do setor e que poderá ser um fator a ser transposto para a sua implantação. A fim de facilitar o consenso pela internet, recomenda-se a outras empresas interessadas em utilizar a técnica Delphi que considerem os seguintes fatores primordiais: 1. se a empresa tem uma atuação com a comunidade de seu entorno; 2. se tem catalogado como foco, nas áreas de abrangência da pesquisa, as áreas de meio ambiente, socioambiental, saúde, saúde do trabalhador (nome, endereço, responsável, e-mail, telefone, área de atuação); 3. se reconhece quais são as Ongs na área de atuação da empresa, quais as instituições de ensino técnico e/ou que fornecem estagiários e/ou mão-de-obra capacitada para o trabalho na empresa, a fim de se identificar docentes que atuam no foco de interesse da pesquisa; 4.se faz parceria com os órgãos ambientais e de vigilância sanitária ou com outros empresários como os fornecedores da empresa e os especialistas que prestam consultoria à empresa, e 5.se busca relacionar-se, caso haja, com instituições de pesquisa que trabalham para a empresa (situação comum em caso das empresas em busca de inovação tecnológica) e com outras partes identificadas como partes interessadas. Posteriormente, pode-se fazer uma validação da pesquisa com a participação de um grupo de pessoas convidadas, as quais foram participantes do processo de construção para definir quais são os indicadores prioritários para se iniciar a coleta de dados. Em uma segunda etapa, definem-se, então, as metas a serem atingidas. Deve ser lembrado que este artigo se refere a um setor industrial que tem uma dispersão de atuação em 250 municípios do Estado de São Paulo (MTE, 2006). Diferentemente seria a condução de uma pesquisa cujo objetivo seria construir os indicadores para uma empresa, uma única indústria que pode verificar se seu impacto é local e/ou regional e convidar as partes interessadas identificadas para uma série de reuniões conjuntas. Nesse sentido, conta-se com a experiência recente ocorrida na Islândia, com grupos presenciais das partes interessadas, resultado do atendimento às questões judiciais de um novo empreendimento da ALCOA, antiga Aluminum Company of América. A empresa promoveu e custeou os encontros das pessoas para definição dos indicadores de desenvolvimento sustentável, buscando a aprovação de seus projetos. A partir dos indicadores propostos, começou-se, então, a monitorar o desempenho desse empreendimento. Em relação ao exemplo da Islândia, o ideal seria que a sociedade estivesse preparada para opinar, a perceber os resultados de sua atuação diante da problemática ambiental.. O que se vê, na prática, principalmente em pequenas comunidades, é o total desconhecimento dos impactos advindos, por exemplo, por um novo empreendimento. Muitas vezes a comunidade tem apenas a visão de que o novo negócio gerará empregos, muito embora, na maioria das vezes, estas vagas sejam ocupadas por pessoal especializado, que a comunidade não possui. Então pode ser o momento de educar, sensibilizar e conscientizar a população local, trazendo os especialistas para isso. Esse tipo de ação participativa pode alterar uma cultura local com vista ao desenvolvimento sustentável. Tal enfoque é evidenciado pela Agenda 21 Global em que a participação dos cidadãos é prérequisito fundamental para alcançar o desenvolvimento sustentável e prevê mecanismos para isso. Destaca que a sociedade, os governos e os organismos internacionais devem criar meios para que as Ongs sejam parceiras no desenvolvimento sustentável. A partir dessas conquistas sociais, referendadas em leis, as instituições da sociedade civil devem mudar de papel e passar 53 a dividir responsabilidades com as entidades públicas e governamentais. A comunidade, organizada em entidades representativas e de defesa de interesses coletivos e difusos, devem passar a exercitar, de verdade, a sua cidadania na área ambiental. Referenciais ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO. IPRS 2006: Índice Paulista de Responsabilidade Social. SEADE: Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados. São Paulo: Assembléia Legislativa, 2007. 1 CD-ROM, 1 DVD – ROM. ABIT - Associação Brasileira da Indústria Têxtil. ABIT e Sinditêxtil. Disponível em: <http://www.abit.org.br/content/area/PublicacaoHTML.asp?nCodAreaConteudo=64&nCodPu blicacao=127>. Acesso em: 15 ago. 2003, 10 out. 2004 e 26 mar. 2005. ALCOA/ LANDSVIRKJUN Sustainability initiative: measuring Alcoa and Landsvirkjun performance on the Fjardaál and Kárahnjúkar project. Identification of sustainability indicators. Phase I/II Report. Islândia ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS ABNT NBR ISO 14004:1996 Sistemas de gestão ambiental: diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio. Rio de Janeiro: ABNT, 1996. ______. ABNT NBR ISO 14001:2004 Sistemas de gestão ambiental: diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. ______.ABNT NBR ISO 14031:2004 Gestão ambiental: avaliação de desempenho ambiental- diretrizes. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. ______.ABNT NBR ISO 16001:2004 Responsabilidade social: sistema de gestão requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. BESSERMAN, S. Meio ambiente indicadores: a lacuna das informações ambientais. In: Trigueiro A., (coord.) Meio ambiente no século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. p. 90-105. CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Câmaras Ambientais. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/tecnologia/CAMARAS/apresentacao.asp>. Acesso em: 20 abr. 2003. ETHOS – Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. Critérios essenciais de responsabilidade social e seus mecanismos de indução no Brasil. São Paulo: ETHOS, 2006. FIESP - FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO E CIESP CENTRO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Indicadores de desempenho ambiental da indústria. São Paulo: FIESP/ CIESP, 2004. FERRARI, G. V; PADILHA, M. L. M. L.; AMENDOLA, M. C. F. M.; GALHEGO, M. C. Estudo em uma indústria de pequeno porte do setor têxtil sob o aspecto ambiental, de saúde ocupacional e segurança do trabalho 2004. 85p. Monografia da Pós-graduação (especialização na área de Gestão Ambiental) Faculdade de Saúde Pública da USP, São Paulo. 54 HERTIN, J.; BERKHOUT, F.; TETTEH, A. Perform - Sustainability Performance Benchmarking Science & Technology Policy Research - SPRU (Universidade de Sussex) e Center for Research in Innovation Management - Centrin (Universidade de Brigthon). Disponível em: <http://www.sustainability-performance.org/index.php> Acesso em: 30 mar. 2006. MMA – Ministério do Meio Ambiente. Agenda 21. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=18&idConteudo=575 >. Acesso em: 20 ago. 2003.Cap.40. MTE - Ministério do Trabalho e Emprego. Acervo RAIS Relação Anual de Informações Sociais - RAIS/RAISESTB 25/09/2006 Competência 2005. Departamento de Emprego e Salário. Coordenação Geral de Estatísticas do Trabalho, 2006. 1CD ROM. NAPOLI JÚNIOR, S. T.. Indústria brasileira de fiação de fibras curtas: aspectos tecnológicos para torná-la competitiva em tempos de globalização. 2000. 168 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção ). Escola Politécnica, da Universidade de São Paulo, São Paulo. PADILHA, M. L. M. L. Proposta de indicadores de desenvolvimento sustentável para indústrias do setor têxtil no Estado de São Paulo, no período de 2007/ 2008. São Paulo, 2006. 36 p. Projeto (Doutorado em Saúde Ambiental). Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo. ______. Gestão empresarial e ambiente: laticínios e resíduos. São Paulo, 2002. 148 p. Dissertação (Mestrado em Administração). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. ______.; FERREIRA, L. G.. Administração ambiental em indústrias têxteis de São Paulo. 2005. 26p. Trabalho de conclusão de disciplina (Disciplina de Administração empresarial e o meio ambiente). Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo. PHILIPPI JR, A.; MALHEIROS, T. F.; AGUIAR, A. O. Importância do uso de indicadores de desenvolvimento sustentável. Saneamento e saúde pública: integrando homem e ambiente, In PHILIPPI JR, A (ed.) Saneamento, saúde e ambiente, Barueri, SP: Manole, 2005. p. 762808. PRADO, R. V. B.; PRADO, M. V. Relatório setorial da cadeia têxtil brasileira. São Paulo: IEMI; 2004. RIBEIRO, J. C. J.. Indicadores ambientais: avaliando a política de meio ambiente no Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte: SEMAD, 2006. SÃO PAULO (Estado). Decreto nº 47.400, de 4 de dezembro de 2002. Regulamenta dispositivos da Lei Estadual nº 9.509, de 20 de março de 1997, referentes ao licenciamento ambiental. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/licenciamentoo/legislacao/estadual/decretos/2002_Dec_Est_47 400.pdf>. Acesso em: 7 mar. 2008. SEADE - Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados. Índice Paulista de Vulnerabilidade Social. Disponível em: <http://www.seade.gov.br/produtos/ipvs/apresentacao.php>. Acesso em: 20 ago. 2004. SORRELL, S.; HERTIN, J.; CIRILLO, M.. Perform - Sustainability Performance Benchmarking Statistical analysis of PERFORM dataset. Science & Technology Policy 55 Research - SPRU (Universidade de Sussex). January 2005. <http://www.sussex.ac.uk/spru/environment> Acesso em: 20 jul. 2006. Disponível em: UN - UNITED NATIONS. The Global Compact: Human Rights, Labour, Environment, Anti-Corruption. New York: Global Compact Office, United Nations. September 2004. Disponível em: < www.unglobalcompact.org/docs/about_the_gc/2.0.1.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2006. 56