A Cesar o que e de Cesar Jesus foi Socialista
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A Cesar o que e de Cesar Jesus foi Socialista
A César o que é de César Jesus foi Socialista? Lawrence W. Reed Uma versão anterior deste ensaio foi publicada como parte da série Clichês Progressistas em fee.org em janeiro de 2015 (no Brasil também traduzido por mim e publicado no Mídia Sem Máscara- http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/15747-2015-04-01-21-1827.html. A missão da FEE é inspirar, educar e conectar os futuros líderes com os princípios econômicos, éticos e legais de uma sociedade livre. Encontre-nos em: FEE.org Facebook.com/FEEonline Twitter.com/FEEonlie (@feeonline) Foundation for Economic Education 1718 Peachtree St. NW, Suite 1048 Atlanta, GA 30309 Print ISBN: 978-1-57246-037-9 Ebook ISBN: 978-1-57246-036-2 Published under the Creative Commons Attribution 4.0 International License. Cover design by Esther Moody Tradução, Revisão e Edição Flávio Ghetti [email protected] Nota do Editor: Como uma organização não afiliada a nenhuma fé em particular, a FEE (Foundation for Economic Education) encoraja outras perspectivas em tais matérias. O Sr Reed deseja que os leitores entendam que sua perspectiva pessoal não tem intenção de fazer proselitismo para nenhuma fé ou igreja em particular, mas simplesmente iluminar sua interpretação da dimensão moral e econômica de Cristo. Em 16 de junho de 1992 o Daily Telegraph, de Londres, publicou este audacioso e espantoso comentário do antigo líder soviético Mikhail Gorbachev: “Jesus foi o primeiro socialista, o primeiro a buscar uma vida melhor para a humanidade”1. Talvez devêssemos pegar leve com Gorbachev aqui. Um homem que ascendeu ao topo de um império estridentemente ateísta, com uma trajetória lamentável nos registros a violações dos direitos humanos, provavelmente não era um estudioso da Bíblia. Mas obviamente ele sabia que se o socialismo é nada mais do que a busca de “uma vida melhor para a humanidade”, então Jesus dificilmente poderia ter sido seu primeiro defensor. Ele seria, na verdade, apenas mais um entre bilhões. Você não precisa ser um Cristão para apreciar os erros no embuste de Gorbachev. Você pode ser uma pessoa de qualquer fé, ou de nenhuma fé afinal. Você deve apenas apreciar fatos, história e lógica. Você pode até mesmo ser um socialista (mas um com olhos abertos) e perceber que Jesus não estava no seu “grupo”. Vamos primeiro definir o termo socialismo, que o comentário de Gorbachev apenas obscurece. Socialismo não se define por pensamentos felizes, fantasias nebulosas, meras boas intenções ou crianças compartilhando seus doces de Halloween. Num moderno contexto político, econômico e social, socialismo não é uma opção voluntária como um grupo de escoteiros. Sua característica central é a concentração de poder para realizar à força um ou mais 1 London Daily Telegraph, 16 de Junho de 1992. destes propósitos (ou usualmente todos): planejamento central da economia, posse governamental da propriedade e redistribuição de riqueza. Nenhuma quantidade de retórica do tipo “fazemos tudo por você” ou “é para o seu próprio bem” ou “estamos ajudando pessoas” pode apagar isto. O que faz do socialismo socialismo é o fato de que você não pode dizer não, uma questão eloquentemente construída por David Boaz do Cato Institute: “Uma diferença entre libertarianismo, um sistema baseado na liberdade e em escolhas pessoais, e socialismo é que uma sociedade socialista não pode tolerar grupos de pessoas praticando a liberdade, mas uma sociedade libertária pode confortavelmente permitir que pessoas escolham voluntariamente o socialismo. Se um grupo de pessoas (mesmo um grupo muito grande) desejasse adquirir terra e possuíla em comum, eles seriam livres pra isto. A ordem legal libertária exigiria apenas que ninguém fosse coagido a associar-se ou a renunciar a sua propriedade2. O governo, seja grande ou pequeno, é o único ente na sociedade que possui o monopólio legal sobre o uso da força. Quanto mais força ele implementa contra o povo, mais ele subordina as escolhas dos governados aos caprichos dos governantes, isto é, mais socialista ele se torna. Um leitor pode objetar a esta 2 David Boaz, “The Coming Libertarian Age”, Cato Policy Report (Jan/Fev 1997). descrição pela insistência de que “socializar” algo é simplesmente “compartilhar” e “ajudar pessoas” no processo, mas isto é conversa para bebês. É como você faz que define o sistema. Fazêlo pelo uso da força é socialismo. Fazê-lo através de persuasão, livre arbítrio e respeito aos direitos de propriedade, é algo inteiramente diferente. Então, Jesus foi realmente um socialista? Em relação ao foco principal deste ensaio, Ele pediu ao estado que redistribuísse renda seja para punir os ricos ou para ajudar os pobres? Ouvi pela primeira vez que “Jesus foi um socialista” e que “Jesus foi redistribucionista” há cerca de quarenta anos. Fiquei perplexo. Sempre tinha entendido a mensagem de Jesus como sendo a decisão mais importante que uma pessoa faria em seu tempo de vida terrestre, era aceitá-lo ou rejeitá-lo como um Salvador. Esta decisão é claramente uma escolha muito pessoal, uma escolha individual e voluntária. Ele constantemente destacou a renovação espiritual interior como mais crítica para o bem estar do que coisas materiais. Perguntei-me: “Como poderia o mesmo Jesus defender o uso da força para tomar coisas de alguns e dá-las a outros”? Eu apenas não conseguia imaginá-lo apoiando uma sentença de multa ou prisão para pessoas que não desejam entregar seu dinheiro para programas de alimentação. “Espere um momento!” você diz. “Jesus não respondeu “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” quando os Fariseus tentaram pegá-lo no truque de denunciar os impostos Romanos”? Sim, de fato ele disse isto. É encontrado no Evangelho de Mateus 22:15-22, e depois no Evangelho de Marcos, 12: 13-17. Mas observe que tudo depende apenas do que realmente pertence a César e o que não, o que é verdadeiramente uma adesão bastante poderosa aos direitos de propriedade. Jesus não disse nada como “isto pertence a César se César simplesmente disser que pertence, não importa quanto ele queira, como ele obtém ou como ele escolhe gastar”. O fato é que alguém pode passar um pente fino nas Escrituras e não encontrará nenhuma palavra de Jesus que apoie a redistribuição forçada de riqueza por autoridades políticas. Nenhuma sentença. “Mas Cristo não disse que veio confirmar a lei?” Você pergunta. Sim, em Mateus 5:17-20, Ele declara, “Não pensem que Eu vim para abolir a lei dos Profetas. Não vim para aboli-los, mas para levá-los à perfeição”. Em Lucas 24:44, Ele esclarece quando diz “... Isto é o que vos dizia quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. Ele não estava dizendo: “Qualquer lei que o governo aprove, Eu apoio”. Ele estava falando especificamente da Lei de Moisés (primeiramente os Dez Mandamentos) e das profecias de Sua vinda. Considere o oitavo dos Dez Mandamentos: “Não roubarás”. Observe o período após a palavra “roubarás”. Esta admonição não é lida como “Não roubarás a menos que a outra pessoa tenha mais que você”, ou “Não roubarás a menos que você esteja absolutamente certo de poder gastar melhor que a pessoa de quem você roubou”. Nem se diz “Não roubarás mas tudo bem se empregar alguém, como um político, para fazer isso por você”. No caso das pessoas ainda estarem tentadas a roubar, o décimo mandamento corta o mal pela raiz num dos principais motivos para o roubo (e para redistribuição): “Não cobiçarás a casa de teu próximo, não cobiçarás a mulher de teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma de teu próximo”. Em outras palavras: se não é seu, mantenha suas mãos longe. Em Lucas 12:13-15, Cristo é confrontado com uma solicitação de redistribuição. Um homem com uma queixa aproxima-se Dele e reclama, “Mestre, fale com meu irmão e façao dividir sua herança comigo”. O Filho de Deus, o mesmo Homem que realizou curas milagrosas e acalmou as ondas, respondeu deste modo: “Homem, quem fez de mim juiz ou árbitro entre vós? Tenha cuidado e abstenha-se de controvérsias, a riqueza de um homem não consiste na abundância material que ele possui”. Uau! Ele poderia ter igualado a riqueza dos dois homens com um movimento de Suas mãos, mas em vez disso, Ele escolheu denunciar a inveja. “E a respeito da história do bom samaritano? Ela não representa um exemplo de programa de bem estar governamental, senão diretamente de redistribuição?” você pergunta. A resposta é um enfático NÃO! Considere os detalhes da estória, como descrita em Lucas 10:29-37: Um viajante encontra um homem caído às margens da estrada. O homem tinha sido surrado, roubado e deixado semimorto. O que o viajante fez? Ajudou o homem, ele próprio, no local, com seus próprios recursos. Ele não disse “escreva uma carta ao imperador” ou “vá procurar sua assistente social” e foi embora. Se ele tivesse feito isso, ele seria conhecido hoje como o “bom pra nada samaritano”, se ele fosse de fato lembrado. A história do Bom Samaritano defende a ajuda voluntária a uma pessoa necessitada por amor ou compaixão. Não há nenhuma sugestão de que o Samaritano “devesse” qualquer coisa ao homem em necessidade ou que fosse obrigação de um político distante ajudar com o dinheiro de outras pessoas. Além do mais, Jesus nunca proclamou pela igualdade de riqueza material, muito menos o uso de força política para realizála, mesmo em situações de terrível necessidade. Em seu livro, Biblical Economics, o teólogo R. C. Sproul Jr. observa que Jesus “deseja que os pobres sejam ajudados” mas não sob a mira de uma arma, o que é essencialmente do que se trata a força do governo: “Estou convencido de que medidas políticas e econômicas envolvendo distribuição forçada de riqueza via intervenção governamental não são corretas nem seguras. Tais medidas são anti éticas e ineficazes... Na superfície pareceria que estes socialistas estão ao lado de Deus. Infelizmente, seus programas e seus meios provocam grande pobreza apesar de seus corações permanecerem fiéis à eliminação da pobreza. A trágica falácia que invade o pensamento socialista é que exista uma conexão causal necessária entre a riqueza dos ricos e a pobreza dos pobres. Os socialistas assumem que a riqueza de um homem seja baseada na pobreza de outro, portanto para impedir a pobreza e ajudar o homem pobre, devemos ter socialismo”. Ao comentário de Sproul eu acrescentaria um adendo: algumas vezes uma pessoa torna-se rica inteira ou parcialmente devido a suas conexões políticas. Assegura favores especiais e subsídios do governo, ou utiliza o governo para desabilitar seus competidores. Nenhum pensador consistentemente lógico que defenda a liberdade e os direitos de propriedade, seja Cristão ou não, apoia tais práticas. Elas são formas de roubo, e sua origem é o poder político, a coisa verdadeiramente debilitante, e que os progressistas e socialistas defendem mais e mais. A riqueza legítima é obtida voluntariamente. Provém da criação de valor, benefício mútuo e trocas voluntárias. Ela não surge de poder político que redistribui ao contrário, tomando do pobre e dando ao rico. Empreendedores econômicos são uma benção para a sociedade, empreendedores políticos são, unicamente, um outro animal. Todos nos beneficiamos quando Steve Jobs inventa um iPhone, mas quando o Festival de Poesia Cowboy em Nevada obtém subsídio federal devido ao Senador Harry Reid, ou quando o Goldman Sachs obtém resgate financeiro às custas dos pagadores de impostos (no Brasil os equivalentes são a Lei Rouanet e as empresas “amigas” dos políticos), milhões de nós sofremos danos e temos que pagar por isso. E a respeito da referência, nos Atos dos Apóstolos, dos primeiros Cristãos vendendo seus bens mundanos e compartilhando este procedimento comunitariamente? Isto soa como uma utopia socialista. Analisando de perto, entretanto, fica claro que aqueles Cristãos não venderam tudo que tinham e não foram obrigados a fazer isso. Eles continuaram encontrando-se em suas próprias casas, por exemplo. Em seu capítulo de contribuição ao livro “For the Least of These: A Biblical Answer to Poverty” de 2014, Art Lindsey do Institute for Faith, Work and Economics escreve: “Novamente, na passagem dos Atos dos Apóstolos, não há menção ao estado sob qualquer condição. Estes primeiros crentes contribuíram com seus bens livremente, sem coerção, voluntariamente. Alhures nas Escrituras nós vemos que os Cristãos são instruídos a doar somente desta maneira, livremente, “Dê cada um conforme o impulso de seu coração, sem tristeza nem constrangimento. Deus ama o que dá com alegria” (2 Coríntios 9:7). Há abundância de indicação de que os direitos de propriedade ainda estavam valendo...” Isto pode frustar os socialistas a aprender que as palavras e feitos de Cristo, repetidamente sustentadas desta maneira criticamente importante, referem-se às virtudes do capitalismo como contrato, lucro e propriedade privada. Por exemplo, considere a “Parábola dos Talentos”. Dos muitos homens na história, o único que pega o dinheiro e o enterra é repreendido, enquanto o que investiu e gerou maior retorno é aplaudido e recompensado. Ainda que não seja central à história, boas lições de oferta e demanda bem como a santidade do contrato, são evidentes em Cristo na “Parábola dos Trabalhadores na Vinícola”. Um proprietário de terras oferece salário para atrair trabalhadores para um dia de trabalho urgente na colheita de uvas. Próximo ao fim do dia, ele percebe que precisa rapidamente empregar mais gente, e oferece por uma hora de trabalho o que havia previamente oferecido pagar aos primeiros trabalhadores por um dia de serviço. Quando um dos que tinham trabalhado o dia todo queixou-se, o proprietário de terras respondeu: “eu não estou sendo injusto com você, amigo. Você não concordou em trabalhar por um denário? Pegue seu pagamento e vá. Eu quero dar ao que foi empregado por último o mesmo que dei a você. Eu não tenho o direito de fazer o que quero com meu dinheiro? Ou você está com inveja porque estou sendo generoso?” A bem conhecida “Regra de Ouro” veio dos lábios do próprio Cristo, em Mateus 7:12. “Então em tudo, faça aos outros o que você gostaria que fizessem a você, porque esta é a lei dos profetas”. Em Mateus 19:18, Cristo diz: “... ame a teu próximo como a ti mesmo”. Em nenhuma outra parte Ele remotamente sugeriu que você repugnasse seu próximo por sua riqueza, ou que procurasse tomar a riqueza dele. Se você não deseja que sua propriedade seja confiscada (e muitas pessoas não desejam, e não precisariam de um ladrão à disposição para dividir com ele de maneira alguma), então claramente você não deveria querer confiscar a propriedade de outros. A doutrina Cristã adverte contra a ganância. Como o faz em nossos dias o economista Thomas Sowell: “eu nunca entendi porque é “ganância” possuir o dinheiro que você mereceu mas não é ganância querer tirar o dinheiro de outros”. Utilizar o poder do governo para roubar a propriedade de outra pessoa não é exatamente altruístico. Cristo nunca sugeriu que acumular riqueza através do comércio pacífico era de alguma forma errado. Ele simplesmente suplicou às pessoas que não permitissem que a riqueza os dominasse ou corrompesse seu caráter. Por isto seu grande Apóstolo Paulo não disse que o dinheiro era mal na famosa referência em 1Timóteo 6:10. Aqui vai o que Paulo verdadeiramente disse: “Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro. Acossados pela cobiça, alguns se desviaram da fé e se enredaram em muitas aflições”. De fato, os próprios socialistas não abandonaram o dinheiro de modo abnegado, eles estão clamando é pelo dinheiro de outras pessoas, especialmente o dos “ricos”. Em Mateus 19:23, Cristo diz: “Em verdade vos digo, é difícil para um rico entrar no Reino dos Céus”. Um socialista poderia dizer: “Eureka! Aqui está! Ele não gosta de pessoas ricas” e então distorce a observação depois de reconhecer a justificativa de qualquer esquema “roube Pedro para pagar Paulo” que põe a montanha abaixo. Mas este conselho é inteiramente consistente com tudo que Cristo falou. Não é um convite para invejar os ricos, para tomar dos ricos e dar celulares “grátis” aos pobres. É um conselho para o caráter. É uma observação de que muitas pessoas deixam-se dominar pela riqueza, tanto quanto por outros meios em torno. É um alerta contra tentações (as quais vêm de muitas formas, não só pela riqueza material). Todos nós já não notamos que entre os ricos, como igualmente entre os pobres, existem boas e más pessoas? Todos nós já não vimos celebridades corrompidas por sua fama e fortuna, enquanto outros, entre os ricos, levam vidas dignas? Todos nós já não temos visto pessoas que permitem que a pobreza as desmoralize e debilite, enquanto outros, entre os pobres, veem a pobreza como um incetivo para melhorar suas vidas e a de suas comunidades? Quando a primeira versão deste ensaio surgiu em janeiro de 2015, diversos amigos “progressistas” levantaram Romanos 13:17 como evidência contrária a minha tese. (Sentimentos similares são expressos em 1 Pedro 2:13-20 e Tito 3: 1-3). Na passagem 13 de Romanos o Apóstolo Paulo encoraja a submissão às autoridades governamentais e aconselha contra a rebelião. Ele também diz que se você deve impostos, pague seus impostos. Então um socialista ou “progressista” de hoje pode dizer que isto abençoa todo tipo de coisas incluindo redistribuição, um estado de bem estar social, ou tudo o mais que o estado deseje fazer, seja por você ou apesar de você. Isto é inteiramente uma extrapolação. Aqui, como em outras partes da Bíblia, o contexto é importante. Paulo estava falando para os primeiros Cristãos num ambiente que fervia de sentimento anti Romano. Ele indubitavelmente não desejava que o crescimento do Cristianismo fosse desviado pela violência ou outras provocações aos Romanos, que seriam brutalmente reprimidas. Ele estava tentando fixar a visão das pessoas naquilo que ele considerou como as coisas mais elevadas, de maior importância imediata. Mas é um grande erro extrapolar o que Paulo disse para justificar uma perspectiva particular da função do governo, a saber, um “progressista” ou “socialista”. Suponha que as “autoridades governamentais” aprovassem um estado mínimo com restrição Constitucional e garantias de liberdades pessoais e propriedade privada. Suponha, além disso, que as regras deste arranjo claramente informasse aos governados: “Nós protegemos vocês de agressões contra seus direitos e propriedades, mas por outro lado nós não damos a vocês coisas grátis. Vocês têm direito a suas liberdades, para dedicarem-se a caridade e comércio privado e voluntário, para negociarem entre si pacificamente, para viver como escolherem desde que não causem danos a outros. Mas nós no governo não roubaremos Pedro para dar a Paulo”. Não há nada em Romanos 13:1-7 que diga que estas “autoridades governamentais” devam ser menos respeitadas do que se fossem redistribucionistas do estado de bem estar social. Logo, os versos de Romanos 13:1-7 afirmam a legitimidade do governo per si, mas não ordenam o que demandam progressistas e socialistas de hoje. A Bíblia, na verdade, é cheia de histórias sobre pessoas que resistiram bravamente e justificadamente a exageros de governos. Alguém realmente acredita que se Jesus estivesse pregando imediatamente antes do êxodo dos Judeus do Egito ele teria declarado: “O faraó exige que vocês fiquem, logo desfaçam a bagagem e voltem ao trabalho”? Norman Horn, um engenheiro químico, cientista pesquisador e fundador do LibertarianChristians.com observa que ambos, Novo e Velho Testamento, proveem numerosos exemplos elogiosos de desobediência ao estado: “Os Hebreus resistindo aos decretos do Faraó para assassinarem seus recém-nascidos (Êxodo 1); Rahab mentindo ao Rei de Jericó a respeito dos espiões Hebreus (Josué 2); Ehud enganando os ministros do rei e assassinando o rei (Juízes 3); Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego recusando-se a cumprir o decreto do rei, e sendo miraculosamente salvos duas vezes por fazerem isto (Daniel 3 e 6); o Mago do Oriente desobedecendo às ordens diretas de Herodes (Mateus 2); e Pedro e João escolhendo obedecer a Deus em vez de obedecer aos homens (Atos 5). Com o risco de abusar do assunto neste ponto, compartilho estes comentários perspicazes de uma conversa com meu colega Jeffrey Tucker da Foundation for Econimic Education: “Maria, Jesus e José fugiram de Belém ao invés de submeterem-se às ordens de Heródoto para que se matassem todos os recém-nascidos. Se Romanos 13 significasse que todos devem se submeter sempre, Jesus teria sido assassinado nas semanas após seu nascimento... Resistência, é claro, pode ser moral. O Cristianismo tem inspirado resistência ao estado através da história e nos tempos modernos, da Revolução Americana aos protestos pelos direitos civis, na resistência Polonesa contra o Comunismo. O próprio Jesus deu o exemplo: Ele evitou o governo quando pôde, resistiu de maneira prudente quando foi possível, e finalmente obedeceu quando teve que obedecer”. A evidência empírica esmagadora hoje é de que, como observou Montesquieu há dois séculos: “Países bem cultivados não são os férteis, mas os livres”. As Nações que possuem mais liberdade econômica (e governos menores) têm taxas de crescimento econômico e prosperidade no longo prazo mais elevadas do que aquelas envolvidas em práticas socialistas e redistributivas. Os países com menores níveis de liberdade econômica também têm os padrões de vida mais baixos. Países livres e seus povos são os maiores doadores para caridade, enquanto que, no saldo líquido, os socialistas são decisivamente a ponta receptora. Por que isto é relevante? Porque você não pode redistribuir nada a ninguém se não houver sido criado por alguém em primeiro lugar, e a evidência indica, fortemente, que a única coisa durável que arranjos socialistas e redistributivos fazem pelas pessoas pobres é dar a elas um monte de companheiros. Nos ensinamentos de Cristo e em muitas outras partes do novo testamento, os Cristãos, de fato todas as pessoas, são aconselhados a serem “espíritos generosos”, a cuidar da família de alguém, a ajudar os pobres, assistir as viúvas e os órfãos, a revelar bondade e manter altivez de caráter. Como tudo isso pode ser traduzido no negócio sujo de coerção, compra de votos e esquemas de redistribuição politicamente dirigidos é um problema para prevaricadores com agenda. Não é um problema para estudiosos do que a Bíblia verdadeiramente diz ou não diz. Examine sua consciência. Considere as evidências. Seja atento aos fatos. E pergunte-se: “Desejando ajudar os pobres, Cristo preferiria doar livremente seu dinheiro ao Exército da Salvação (ou a qualquer outra instituição de caridade) ou, na mira de uma de arma, ao departamento de assistência social? Cristo não era estúpido. Ele não estava interessado em profissionais públicos da caridade, atividades nas quais Fariseus legalistas e hipócritas estavam engajados. Ele repudiou sua conversa fiada interesseira. Ele sabia que ela era sempre fingida, raramente indicativa de como eles conduziam seus afazeres pessoais, e sempre um fim de linha com abundância de enganos e desilusões pelo caminho. Dificilmente faria sentido para Ele defender os pobres apoiando políticas que minam o processo de criação de riqueza, processo necessário para ajudá-los. Numa análise final: Ele nunca endossaria um esquema que não funciona e é orientado pela inveja e pelo roubo. A despeito das tentativas dos socialistas modernos em transformá-lo num redistribucionista do bem estar social, Ele nunca foi desse tipo. Lawrence W. Reed Leituras Recomendadas: Bandow, Doug. Beyond Good Intentions: A Biblical View of Economics.Westchester, IL: Crossway Books, 1988. 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