I.2.1. Geologia As unidades litoestratigráficas aflorantes no
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I.2.1. Geologia As unidades litoestratigráficas aflorantes no
20 I.2.1. Geologia As unidades litoestratigráficas aflorantes no Pontal do Paranapanema são constituídas por rochas sedimentares e ígneas da bacia do Paraná, de idade mesozóica, e depósitos sedimentares recentes, de idade cenozóica: • Grupo São Bento (Mesozóico): Formação Serra Geral (JKsg); • Grupo Bauru (Mesozóico): formações Caiuá (Kc), Santo Anastácio (Ksa) e Adamantina (Ka); • Depósitos Cenozóicos (Qa). Estas formações geológicas estão representadas no Desenho 2, Volume III, em escala 1:250.000, uma compilação dos mapa geológicos apresentados por IPT (1981a) e IPT (1987). A Figura I.2.1.a traz a coluna estratigráfica aqui adotada, de IPT (1981a) e o Quadro I.2.1.a mostra a distribuição destas unidades em porcentagem de área de afloramento no Pontal do Paranapanema. Estes números demonstram que do total de 11.838 km2, 7.680,8 km2, ou 64,9%, correspondem ao Grupo Bauru (28,7%, 2,6% e 62,3%, respectivamente, às formações Caiuá, Santo Anastácio e Adamantina), 504 km2, ou 4,3%, às rochas do Grupo São Bento (Formação Serra Geral) e 254,2 km2 (2,1%) a terrenos cenozóicos. Quadro I.2.1.a. Percentual de área de afloramento das unidades litoestratigráficas presentes no Pontal do Paranapanema. Unidade litoestratigráfica principal % de área de afloramento no PP Formações geológicas % de área de afloramento no PP Terrenos Cenozóicos 2,1% Sedimentos aluvionares 2,1% Grupo 93,6% Formação Adamantina 62,2 % Bauru Formação Santo Anastácio 2,7 % (IPT, 1981a, 1987) Formação Caiuá 28,7 % Formação Serra Geral 4,3 % Grupo São Bento 4,3% I.2.1.1. Bacia do Paraná A bacia do Paraná é uma unidade geotectônica estabelecida sobre a Plataforma Sul-Americana a partir do Devoniano Inferior, senão mesmo do Siluriano (IPT, 1981a), e possui, dentro do território brasileiro, uma área aproximada de 1.100.000km² (Figura I.2.1.b). Está presente ao longo de toda extensão do Pontal do Paranapanema. 21 Figura I.2.1.a. Coluna litoestratigráfica da bacia do Paraná (IPT, 1981a). 22 Figura I.2.1.b. Localização e limites da bacia do Paraná (IPT, 1981a). 23 I.2.1.2. Origem e compartimentação tectônica A bacia do Paraná é considerada uma bacia de comportamento relativamente estável, dissociada de efeitos tectono-térmicos mais agudos, quando comparada a outras bacias de margem continental. Trata-se de uma bacia intracratônica sulamericana, desenvolvida totalmente sobre crosta continental, na qual o registro lítico-sedimentar a magmático abrange do Mesopaleozóico ao Cenozóico (Cabral Jr., 1991). Loczy (1966) realizou um dos primeiros trabalhos enfocando a formação das bacias paleozóicas brasileiras e propôs como evento gerador, movimentações de caráter epirogenético associadas a falhamentos de gravidade. Soares (1978) sugeriu que o desenvolvimento da bacia obedeceu a um processo de flexura da placa litosférica, condicionada a esforços compressivos no embasamento crustal. Outros trabalhos tratam da evolução da bacia de uma maneira mais complexa, supondo ter ocorrido um rifteamento num estágio inicial (tafrogênese) (Fúlfaro et al., 1982; Cordani et al., 1984), porém ainda não há evidências suficientes segundo os dados geológicos disponíveis (Zalán et al., 1987). I.2.1.3. Unidades litoestratigráficas Grupo São Bento Sob a designação “Série de São Bento”, White (1908) reuniu um conjunto de arenitos predominantemente vermelhos encimados pelas “Eruptivas da Serra Geral”. A parte do pacote arenítico, o mesmo autor denominou São Bento, e as camadas vermelhas, de Rio do Rasto. Posteriormente todo pacote foi denominado de Grupo São Bento, constituído pelas formações Pirambóia, Botucatu e Serra Geral (IPT, 1981a). No Pontal do Paranapanema, as formações Pirambóia e Botucatu ocorrem apenas sub-superficialmente, entretanto apresentam grande importância, por constituir, notadamente a Formação Botucatu, aqüífero confinado de excelente potencial de explotação. 1.2.1.3.1. Formação Pirambóia (TrJp) Os sedimentos da Formação Pirambóia constituem a porção basal da seqüência mesozóica de Soares (1975) e, em SP e estendem-se desde a divisa de MG até o Estado do PR, em uma faixa com largura variável, de 5 a 50 km e espessura máxima em torno de 300m (Landim et al.,1980 in Brighetti, 1994). Diversos estudos realizados nas décadas de 20 e 40 apresentam-se conflitantes entre si, ora separando o pacote de arenitos Pirambóia-Botucatu em duas unidades, ora definindo todo o conjunto com o nome de uma delas (Campos, 1889; Oliveira, 1889; Pacheco, 1927; Oliveira, 1930; Florence & Pacheco, 1929 e Oliveira & Leonardos, 1943 in IPT, op. cit.). Almeida & Barbosa (1953) admitiram que as duas formações representavam um ciclo único de sedimentação, refletindo condições climáticas que de quentes e 24 úmidas evoluíram para desérticas. Distinguiram um membro inferior, o Arenito Pirambóia, de caráter predominantemente aquoso, e outro eólico, compreendendo o Arenito Botucatu. Mapeamentos efetuados pela Petrobrás na década de 1970 na região centrosul do Estado de São Paulo mostraram viabilidade de separar as duas unidades. Neste sentido, Soares (1972) propôs, com base em critérios sedimentológicos e estratigráficos, a denominação de formações Botucatu e Pirambóia, individualizandoas. Entretanto, a unidade ainda é alvo de controvérsias, tanto em nível estratigráfico, quanto sedimentológico. Soares (op. cit.) divide a Formação Pirambóia em dois membros, um inferior, correspondente a fácies mais argilosas, com predomínio de estratificações planoparalelas e cruzadas acanaladas de pequeno porte. No membro superior, foram descritos bancos de arenitos pouco argilosos, sucedidos por outros muito argilosos, lamitos e argilitos arenosos, cíclicos. Baseada na análise faciológica em escala regional, a maioria dos estudos das décadas de 1970 e 80 sugerem que a sedimentação do Pirambóia teria ocorrido em ambiente flúvio-lacustre, com discreta influência eólica. Segundo Lavina (1989), houvera crescente desertificação na transição destes para os depósitos da Formação Botucatu, considerados tipicamente eólicos. Segundo Brighetti (1994), atualmente se busca, através da análise faciológica em escala de detalhe, a identificação das fácies com vistas à caracterização genética dos sedimentos. Neste sentido, Caetano-Chang et al. (1991) e CaetanoChang & Wu (1993) identificaram, com base nos processos sedimentares dominantes, fácies de sub-ambientes eólicos desde a base até o topo da unidade. Brighetti (op. cit.) descreve a Formação Pirambóia como constituída por sedimentos tipicamente eólicos e subordinadamente flúvio-eólicos, depositados em ambiente desértico. Segundo a mesma autora, a sucessão sedimentar estudada revelou que, num estágio inicial, predominam os depósitos de dunas associados a interdunas e amplos lençóis de areia, seguidos por uma sedimentação em campo de dunas, onde depósitos de dunas e de inúmeras interdunas interagem com um sistema fluvial temporário. No topo da unidade, os depósitos de interdunas são raros e a sedimentação dá-se em campo de dunas de grande porte. 1.2.1.3.2. Formação Botucatu (JKb) Segundo IPT (1981a), a Formação Botucatu constitui-se quase inteiramente de arenitos de granulação fina a média, uniforme, com boa seleção de grãos foscos com alta esfericidade. São avermelhados e exibem estratificação cruzada tangencial de médio a grande porte, característica de dunas caminhantes. Representa os diversos sub-ambientes de um grande deserto climático de aridez crescente. 1.2.1.3.3. Formação Serra Geral (JKsg) As “Eruptivas da Serra Geral” (White, 1908) compreendem um conjunto de derrames de basaltos toleíticos entre os quais se intercalam arenitos com as mesmas características dos pertencentes à Formação Botucatu. Associam-se-lhes corpos intrusivos de mesma composição, constituindo sobretudo diques e sills. De acordo com IPT (op cit.), os derrames afloram em São Paulo na parte superior das escarpas das cuestas basálticas e de morros testemunhos destas, 25 isolados devido ao processo de erosão. Nos planaltos de rebordo destas cuestas, podem cobrir grandes extensões. Penetram pelos vales que drenam o Planalto Ocidental, expondo-se principalmente nos dos rios Paranapanema, Tietê, MojiGuaçu e Grande. No Pontal do Paranapanema, a Formação Serra Geral ocorre na região sudeste da bacia. A Foto I.2.1.a traz um afloramento desta Formação; as Fotos I.2.1.b e c apresentam, em caráter de exemplificação, aspectos petrográficos de uma amostra coletada neste local. A Formação Serra Geral é recoberta em discordância angular, geralmente muito disfarçada, pelas várias formações que constituem o Grupo Bauru, ou depósitos cenozóicos. Localmente a discordância é observada em afloramento, podendo ser bem acentuada, tendo mesmo levado à total erosão dos basaltos, quando aquele grupo repousa sobre rochas paleozóicas, como é o caso da região próxima a Bauru. A superfície basal do Grupo Bauru, desenvolveu-se à custa da erosão de espessura não conhecida, possivelmente considerável, da Formação Serra Geral, após ter sido esta deformada por falhas. A máxima espessura, descrita através de uma sondagem feita em Presidente Epitácio (Pontal do Paranapanema) próxima à margem do rio Paraná, é de 1.529 m. As espessuras expostas no restante de São Paulo, nas cuestas basálticas e bordas do Planalto Ocidental do Médio Paranapanema, possivelmente não alcançam um terço desse valor, mas não há elementos seguros para estimá-la. Os derrames são formados por rochas de cor cinza escura a negra com textura afanítica até fanerítica fina. Têm espessura individual variável, desde poucos a 50 metros, até mesmo 100m (Leinz, 1949). Sua extensão horizontal, a julgar-se pelo exame de exposição nas escarpas das serras, no vale do rio Grande e por análise de fotografias aéreas, pode ultrapassar 10 km. Nos derrames mais espessos, a zona central é maciça, microcristalina, fraturada por juntas subverticais de contração, dividindo a rocha em colunas. A parte superior do derrame, numa espessura que pode alcançar 20m (Leinz et al., 1966) nos mais espessos, adquire aspecto melafírico, aparecendo vesículas amígdalas, com freqüência alongadas horizontalmente, e sendo aí maior a porcentagem de matéria vítrea na rocha. As amígdalas são parcial ou inteiramente preenchidas por calcedônia, quartzo, calcita e zeólita nontronita, mineral que lhes imprime cor verde. Grandes geodos de quartzo e calcedônia podem existir parte mais profunda dessa zona melafírica. Também na zona basal dos derrames apresentam-se aspectos semelhantes, porém em espessura e abundância sensivelmente mais reduzidas. Tanto nas porções basais, quanto no topo dos grandes derrames, há juntas horizontais, o que seria pelo menos em parte, devido ao escoamento laminar da lava no interior dos derrames (Bagolini, 1971). Estruturas fluidais raramente se observam. 26 Foto I.2.1.a. Afloramento de basalto da Formação Serra Geral (JKsg), localizado no município de Taciba. Foto: Carlos F. C. Alves. Foto I.2.1.b. Textura intergranular, com ripas de plagioclásio e cristais intersticiais de clinopiroxênio. Lâmina delgada com lamínula, de amostra de basalto da Formação Serra Geral (JKsg), coletada no afloramento da foto anterior. NC, aumento de 10x. Fotomicrografia e breve descrição petrográfica: André Luiz Bonacin Silva. 27 Foto I.2.1.c. Textura intergranular, com ripas de plagioclásio e cristais intersticiais de clinopiroxênio. Lâmina delgada com lamínula, de amostra de basalto da Formação Serra Geral (JKsg), coletada no afloramento da foto anterior. ND, aumento de 10x. Fotomicrografia e breve descrição petrográfica: André Luiz Bonacin Silva. Arenitos intertrapianos apresentam-se intercalados entre derrames ou grupos de derrames. Têm as mesmas características que os da Formação Botucatu, geralmente mostrando estruturas tipicamente dunares, outrora manifestando natureza hidroclástica. Podem mostrar-se silicificados em espessuras de alguns metros. A espessura dessas intercalações varia de centímetros ou decímetros, até 50 m. Numerosos diques acompanharam, em sua formação, as efusões das lavas, para as quais certamente muitos serviram de conduto. Apresentam espessuras variadas, de centímetros a mais de 200 m. São mais numerosos em zonas que sofreram arqueamentos, a cujo eixo são subparalelos. Os diques são geralmente simples, mas exemplos de diques múltiplos existem. Preenchem fendas de tração, sendo paralelas suas paredes. Podem associar-se a sills e cortarem derrames. São aproximadamente verticais. Mineralogicamente, os basaltos da Formação Serra Geral apresentam composição muito simples, essencialmente constituída de plagioclásio (labradorita zonada) associada a clinopiroxênios (augita e, às vezes, também pigeonita). Acessoriamente, mostram-se titano-magnetita, apatita, quartzo e raramente olivina ou seus produtos de transformação. Matéria vítrea, ou produtos de desvitrificação, podem ser abundantes, sobretudo às bordas dos derrames. A textura destes é intergranular ou intersertal, fina a muito fina, às vezes microlítica, com estrutura fluidal podendo manifestar-se. Os diques e sills têm granulação mais grossa, são holocristalinos e freqüentemente apresentam textura ofítica. Nas bordas, contudo, texturas e estruturas semelhantes às dos derrames são às vezes observadas em 28 diques e sills, em pequena espessura. A pouca freqüência com que se manifestam estruturas fluidais faz pensar que as lavas cessaram de correr quando ainda muito líquidas, o que implica em rápida intrusão, escoamento e represamento (IPT, 1981a). A uniformidade dos derrames, a vasta extensão que cobrem, a associação a diques contemporâneos, a preservação local de morfologia das dunas e a raridade de produtos piroclásticos indicam que os basaltos da Formação Serra Geral originaram-se do extravasamento rápido de lava muito fluida através de geoclases e menores falhas. Produtos de erosão dos basaltos não são conhecidos no interior da formação, parecendo indicar não ter havido hiatos significativos durante o processo vulcânico. A persistência das condições desérticas durante o vulcanismo é comprovada pela existência das intercalações eólicas (IPT, op. cit.). Grupo Bauru As várias unidades litoestratigráficas cretáceas supra-basálticas da bacia do Paraná tiveram sua distribuição geográfica fortemente controlada pelo arcabouço estrutural regional, isto é, depositaram-se na área delimitada pelo arco da Canastra, a nordeste do Estado de São Paulo, arco da Serra do Mar, a sudeste, e arco de Ponta Grossa, a sudoeste. Além disso, conforme indicam os estudos de paleocorrentes deposicionais do Grupo Bauru, os depocentros da bacia Bauru migraram com o tempo. Não menos importantes foram os fatores paleoambientais e paleoclimáticos, que se superimpuseram aos controles tectônicos na definição das características litológicas dos sedimentos (IPT, op. cit.). Cessados os derrames de lavas da Formação Serra Geral, que marcaram o final dos eventos deposicionais e vulcânicos generalizados na área da bacia do Paraná, observou-se uma tendência geral para o soerguimento epirogênico em toda a Plataforma Sul-Americana em território brasileiro. A porção norte da bacia do Paraná, entretanto, comportou-se como área negativa relativamente aos soerguimentos marginais e à zona central da bacia, marcando o início de uma fase de embaciamentos localizados em relação à área da bacia como um todo. Nessa área deprimida acumulou-se o Grupo Bauru, no Cretáceo Superior, que aparece em grande parte do oeste do Estado de São Paulo (Figura I.2.1.c). Com a reativação wealdeniana e conseqüente estabelecimento das bacias marginais, o interior continental brasileiro foi alvo de tensas manifestações tectônicas, que modelaram o embasamento basáltico pré-Bauru. Horsts e grabens, definindo um padrão de falhamentos normais, formaram-se no interior do "campo de lavas" da Formação Serra Geral. Esta sofreu uma subsidência mais acentuada na área do Pontal do Paranapanema em virtude da maior espessura de derrames basálticos naquela área. Segundo Suguio (1980), o ciclo inicial de sedimentação Bauru parece ter-se processado, portanto, sobre um relevo profundamente irregular favorecendo a formação de ambientes eminentemente lacustres. Esta fase, que naturalmente não apresentava ainda uma drenagem muito organizada e correspondera à etapa de assoreamento das irregularidades da superfície basáltica, propiciou a sedimentação das Formações Caiuá e Santo Anastácio na área do Pontal do Paranapanema e da Formação Araçatuba na região, que tem aproximadamente como centro a cidade homônima, localizada na bacia do Baixo Tietê. Tendo sido depositada em ambiente essencialmente lacustre raso, a principal causa da diferenciação textural entre essas unidades litoestratigráficas deve ser atribuída às fontes, predominantemente 29 arenosa (arenito Botucatu) para as duas primeiras e predominantemente sílticoargilosa (basalto Serra Geral) para a última. Segundo Cabral Jr. et al. (1990), o Grupo Bauru apresenta-se como um dos mais promissores, em termos prospectivos, das áreas da bacia do Paraná no Estado de São Paulo, constituindo o principal conjunto litofáciológico suprabasáltico, envolvendo um pacote sedimentar da ordem de 200 m de espessura. Destacam-se as seguintes possibilidades de mineralizações: argilas para diversos fins - bentonita (esmectita e atapulgita), argilas refratárias (caulinita e gibsita), agregado leve (illita), fertilizantes termo-fosfato potássico (illita) e cerâmica vermelha; rochas carbonatadas - corretivo do solo; sais evaporíticos - trona; diamantes; metais (Cu, U) etc. Desde a introdução do seu nome na literatura geológica nacional, o "Grés de Bauru” de Campos (1905) e os "delta-like sandstones" ou "Cayuá sandstone" de Baker (1923) e Washburne (1930), o Grupo Bauru passou por várias transformações, subindo e descendo na hierarquia estratigráfica e abrangendo diferentes unidades litoestratigráficas com o intuito de interpretar a interrelação das diversas unidades sedimentares suprabasálticas cretáceas. Setzer (1943) apresenta subdivisão da "Formação Bauru" em "Bauru Superior" e "Bauru Inferior", a partir de estudos pedológicos da região noroeste do Estado. Almeida & Barbosa (1953), estudando a "série Bauru" na região das serras de Rio Claro, Itaqueri, Santana, São Carlos e Cuscuzeiro, propõem sua divisão em Formação ltaqueri (inferior) e Formação Marília (superior). Freitas (1955) distingue o membro inferior ou Itaqueri e o membro superior ou Bauru. Posteriormente Freitas (1964) sugere o abandono da designação ltaqueri. Figura I.2.1.c. Distribuição do Grupo Bauru e unidades correlatas no Estado de São Paulo (IPT, 1981a). Mezzalira & Arruda (1965), com base em observações geológicas na região do Pontal do Paranapanema, foram os primeiros a admitir a possibilidade do arenito Caiuá vir a ser considerado como fácies do Grupo Bauru. Os mapeamentos 30 geológicos regionais do oeste do Estado, realizados a partir de 1975, permitiram uma melhor definição da estratigrafia dos depósitos suprabasálticos. Suguio et al. (1977) subdividiram a "Formação Bauru" em três litofácies distintas. Landim & Soares (1976) pela primeira vez utilizaram a denominação Santo Anastácio, referindo-se a sedimentos encontrados no vale do rio homônimo, no extremo oeste do Estado, considerados como pertencentes a uma fácies de transição entre as formações Caiuá e Bauru. Soares et al. (1979) e Stein et al. (1979) redescrevem os arenitos Santo Anastácio, e os mapeiam por grande extensão da porção oeste do Estado de São Paulo. Soares et al. (1980) e Almeida et al. (1980b) propõem que a designação Grupo Bauru abranja as formações Caiuá, Santo Anastácio, Adamantina. O Grupo Bauru, conforme a acepção de Suguio (1980), abrange as seguintes unidades litoestratigráficas: Formação Caiuá (Washburne, 1930), Formação Santo Anastácio (Landim & Soares, 1976 a e b), Formação Araçatuba (Suguio et al., 1977), Formação São José do Rio Preto (Suguio et al., 1977), Formação Uberaba (Hasui, 1968) e Formação Marília (Almeida & Barbosa, 1953). Segundo este autor, todas essas unidades litoestratigráficas satisfazem aos critérios exigidos pelo Código de Nomenclatura Estratigráfica de 1961 (Krumbein & Sloss, 1963), principalmente por apresentarem propriedades litológicas distintas entre si, reconhecíveis no campo, e serem mapeáveis na escala 1:25.000. Dois dos trabalhos mais recentes e importantes são os de Fernandes (1998) e Fernandes & Coimbra (1998), sobre a estratigrafia e evolução geológica do Bauru em sua porção oriental. Estes autores dão a denominação de Bacia Bauru, formada entre o Coniaciano e o Maastrichtiano (Ks), abrangendo dois grupos: Caiuá e Bauru. Nesta configuração, o Grupo Bauru reúne as formações Vale do Rio do Peixe, Presidente Prudente (propostas neste trabalho), São José do Rio Preto, Araçatuba (redefinidas), Marília e Uberaba. Abriga, ainda, os analcimitos Taiúva, rochas vulcânicas localmente intercaladas na seqüência. As passagens entre as unidades dos grupos Caiuá e Bauru são graduais e interdigitadas. O Quadro I.2.1.b apresenta uma síntese das características litológicas e contexto deposicional das unidades litoestratigráficas propostas por Fernandes (1998) e Fernandes & Coimbra (1998). A Figura I.2.1.d traz as relações estratigráficas na parte oriental da Bacia Bauru propostas por estes trabalhos. Grupo Bauru e unidades correlatas na UGRHI - 22 Neste Relatório Técnico, foi utilizada a subdivisão do Grupo Bauru de IPT (1981a, 1987), com quatro formações (Caiuá, Santo Anastácio, Adamantina e Marília), além da subdivisão da Formação Adamantina em unidades de mapeamento proposta por Almeida et al. (1981) e IPT (1987). Compilando estas referências, o Grupo Bauru apresenta ampla extensão aflorante no Pontal do Paranapanema, correspondente a 93,6% do total (vide Desenho 2, Volume III). Certamente outros levantamentos mais específicos, a exemplo dos trabalhos de Fernandes (1998), Fernandes & Coimbra (1998), dentre outros efetuados na região, poderão ser utilizados como obras de referência para projetos na UGRHI-22 que demandem maior detalhamento. A seguir, é apresentado síntese bibliográfica das principais unidades litoestratigráficas do Grupo Bauru. 31 1.2.1.3.4. Formação Caiuá (Kc) A Formação Caiuá, constituída essencialmente de arenitos, representa a base do Grupo Bauru, em um embaciamento ainda restrito, sobrepondo-se às eruptivas da Formação Serra Geral. Sua área de afloramento no Estado de São Paulo compreende principalmente a região do Pontal do Paranapanema, estendendo-se para norte por uma estreita faixa na margem esquerda do rio Paraná, mapeável até a confluência com o rio do Peixe. Tem continuidade nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul. Em termos de área de afloramento no Pontal do Paranapanema, corresponde a cerca de 3.399,1 km2, ou 28,7% do total, constituindo a segunda unidade litoestratigráfica de maior representatividade territorial. As Fotos I.2.1.d e e, apresentam um afloramento da Fm. Caiuá no município de Presidente Epitácio, na barranca do rio Paraná. Foto I.2.1.e. Afloramento de arenito da Formação Caiuá (Kc), localizado em barranca do rio Paraná, na área de influência do reservatório de Porto Primavera, município de Presidente Epitácio ( Escala: 1:100). Notar estratificações cruzadas de médio/grande porte. Foto: André Luiz Bonacin Silva. 32 33 Foto I.2.1.e. Detalhe de intercepto de estratificação cruzada da Foto I.2.1.e afloramento de arenito da Formação Caiuá (Kc), localizado em barranca do rio Paraná, na área de influência do reservatório de Porto Primavera, município de Presidente Epitácio. Foto: André Luiz Bonacin Silva. Caiuá Bauru Grupo Arenitos finos a muito finos, submaturos, de cores marrom avermelhado a cinza arroxeado, em estratos tabulares de espessura decimétrica, intercalados, maciços ou com estratificação cruzada acanalada de médio a pequeno porte. Arenitos finos a muito finos, de cor marrom claro, em estratos tabulares de aspecto maciço de espessura em geral decimétrica. Sto. Anastácio (Ksta) Arenitos finos a muito finos, de cor marrom avermelhado a arroxeado, bem selecionados, com notável estratificação cruzada de médio a grande porte. Rio Paraná (Krpa) Goio Erê (Kgoe) Pantanal interior Siltitos e arenitos muito finos, de cor cinza esverdeado, em estratos tabulares de aspecto maciço, em geral de espessura decimétrica. Araçatuba (Karç) Lençóis de areia Complexos de dunas eólicas e grande porte (draas), parte central de sand sea interior Zona periférica de sand sea, dunas eólicas médias e interdunas Lençóis de areia com campos de dunas baixas, com depósitos de loesse e de wadis Arenitos muito finos a finos, seleção moderada a boa, de cores marrom claro, rosado a alaranjado; em estratos tabulares maciços ou com estratificação grosseira, intercalados com unidades de espessura submétrica, com estratificação cruzada e de lamitos arenosos maciços. Vale do Rio do Peixe (Kvpx) Sistema fluvial meandrante arenoso fino, de canais rasos Rios entrelaçados, de baixa a média sinuosidade Sistema fluvial entrelaçado, partes medianas de leques aluviais Sistema fluvial entrelaçado, partes medianas de leques aluviais Zonas distais de leques aluviais Vulcânica extrusiva Contexto deposicional Sistema fluvial entrelaçado arenoso Arenitos muito finos/lamitos siltosos (com grãos de perovskita), matriz argilo arenosa verde; intercalações secundárias de siltitos e argilitos; em estratos tabulares a lenticulares. Inclui materiais derivados de retrabalhamento de rochas ígneas efusivas e intrusiva (básicas, ultrabásicas, intermediárias e alcalinas). Arenitos muito finos a finos de seleção moderada a má, matriz lamítica, de cores marrom-avermelhado claro a bege, e lamitos argilosos marrom-escuro (chocolate); feições de preenchimento de canais rasos, com estratificação cruzada acanalada; corpos tabulares com estratificação sigmoidal interna, e com estratificação plano-paralela e estruturas de fluxo aquoso de regime inferior dominante e maciços. Arenitos e arenitos conglomeráticos imaturos, de cor amarelo-pálido a avermelhado; em estratos lenticulares, com freqüente estratificação cruzada tabular a acanalada de médio a pequeno porte; de lentes de conglomerados e lamitos. Rocha ígnea de natureza alcalina, marrom-claro a avermelhado, textura afanítica. Algumas vezes apresentam amígdalas e fraturas preenchidas por calcita. Arenitos finos a médios imaturos, com fração grossa e grânulos, de cores bege a rosa (pálidas), em unidades de aspecto maciço com intensa cimentação e nodulação carbonáticas, de espessura média de 1m; podem ocorrer discreta concentração de clastos e intercalações de lentes de lamitos arenosos. Arenitos imaturos, lentes de conglomerados (casco-de-burro) e de lamitos, todos intensamente cimentados por carbonato (calcários impuros); acizentados; de aspecto geral homogêneo (maciço). Podem ser separados três litotipos básicos: 1)calcário arenoso de aspecto maciço, 2)calcário conglomerático de matriz arenosa, e 3) calcário fino fragmentado (pseudobrecha). Principais características Arenitos finos a muito finos, com frações de areia média a grossa, freqüentemente conglomerático, de seleção moderada a má, cor marrom claro a bege, com estratificação cruzada acanalada a tabular tangencial na base (padrão festonado). Podem ocorrer intercalações subordinadas de arenitos a siltitos com estratificação plano-paralela e estruturas de fluxo aquoso de regime inferior. Serra da Galga (Ksga) Ponte Alta (Kpta) Echaporã (Kech) Membro São José do Rio Preto (Kvpx) Presidente Prudente (Kppr) Uberaba (Kube) Marília Analcimitos Taiuva (Ktu) Formação Unidade litoestratigráfica Quadro I.2.1.b. Síntese das características litológicas e contexto deposicional das unidades litoestratigráficas dos Grupos Bauru e Caiuá (Fernandes, 1998). 34 Figura I.2.1.d. Relações estratigráficas na parte oriental da Bacia Bauru. Siglas: Krpa = Fm. Rio Paraná Fm. Santo Anastácio (Gr. Caiuá); Krpx = Fm. Vale do Rio Peixe, Karç = Fm. Araçatuba, Kube = Fm. U galga, Kpta = Mb. Ponte Alta, Kech = Mb. Echaporã, Ksrp = Fm. São José do Rio Preto, Kppr = Fm analcimitos Taiúva (Gr. Bauru); Ksg = Fm. Serra Geral (Gr. São Bento) (Fernandes, 1998). 36 A primeira referência aos arenitos mais tarde denominados Caiuá foi feita por Baker (1923), que mencionou a existência de arenitos com estratificação fortemente inclinada, muito semelhantes a deltaicos em natureza, observáveis ao longo do rio Paraná desde o norte de Porto Tibiriçá até Sete Quedas. Na Carta Geológica do Estado de São Paulo (Florence & Pacheco, 1929), a unidade denominada "Cayuá" aparece ocupando uma grande extensão do oeste do Estado, mas a sua primeira descrição formal só foi apresentada por Washburne (1930), que atesta a existência do "Cayuá sandstone" através de extenso perfil realizado ao longo do rio Paraná, entre Jupiá e Guaíra. Considera-o como uma formação distinta, posterior às lavas mais jovens e mais antiga que o Bauru, sendo constituído inteiramente por arenitos eólicos. Nos afloramentos existentes no Estado de São Paulo, a Formação Caiuá caracteriza-se por apresentar notável uniformidade litológica. É constituída predominantemente por arenitos de coloração arroxeada com marcante estratificação cruzada de grande porte, tangencial na base, de granulação fina a média, bem selecionados ao longo da mesma lâmina ou estrato, com grãos arredondados a subarredondados. A composição dos arenitos apresenta quartzo, feldspatos, calcedônia e opacos, definindo-se tipos quartzosos, ocasionalmente com caráter subarcosiano. É muito comum ocorrer pequena quantidade de matriz fina, enquanto só ocasionalmente se apresenta cimento carbonático ou silicoso. A espessura máxima conhecida do Arenito Caiuá no Estado de São Paulo é de cerca de 200 m. De acordo com Suguio (1980), a Formação Caiuá parece ter resultado do preenchimento de um paleolago, na região de Pontal do Paranapanema, talvez originado por alteração de nível de base do proto-rio Paraná, a jusante deste local, por sedimentos essencialmente arenosos de origem deltaica (Baker, 1923; Freitas, 1973; Landim & Soares, 1976b). As medidas de camadas frontais de estratificações cruzadas forneceram os sentidos das paleocorrentes deposicionais, que fluíram predominantemente de leste para oeste, conforme Freitas (op. cit.) e Landim & Soares (op. cit.). Os valores relativamente altos (70 a 90%) do fator de consistência dessas medidas são muito sugestivos de transporte subaquoso pois, normalmente o transporte e deposição eólicos, hipótese defendida por outros (Washburne, 1930), originariam estratificações cruzadas com maior dispersão nas atitudes das camadas frontais. A natureza predominantemente psamítica e os altos graus de seleção granulométrica e de arredondamento das partículas arenosas oro sugestivas de uma fonte tipo Botucatu localiza da a leste, fato comprovado por Freitas (op. cit.), através do estudo de minerais pesados. Segundo Barcelos (1990) a Formação Caiuá resultou, provavelmente, do preenchimento de uma depressão na região do Pontal do Paranapanema, por sedimentos arenosos de frente progradacional tipo deltáica. O assoreamento do substrato basáltico continuou na fase Santo Anastácio, quando os processos de distribuição destes sedimentos foram responsáveis pela agradação desta superfície. O ambiente fluvio-deltáico submetido a clima quente e seco deu lugar a um sistema de drenagem melhor organizado, com direção preferencial de escoamento para oeste-sudeste, com canais anastomosados e carga sedimentar psamítica. Nestas condições paleoambientais e paleoclimáticas encerrou-se o ciclo sedimentar basal do Grupo Bauru e iniciou-se a sedimentação das seqüências superiores (Adamantina/Marília). 37 Durante a sedimentação da Formação Caiuá, o efeito do paleoclima desértico, que prevaleceu em épocas prévias (Grupo São Bento), ainda se fazia sentir. Desta maneira, com alguma atividade eólica e em ambiente bastante oxidante, de águas rasas e alcalinas, parecem ter sido originados os sedimentos que constituem essas formações. A prova disso é que, embora a sedimentação tenha sido predominantemente lacustre, ambiente em geral favorável à preservação de matéria orgânica, não foi constatada a presença de qualquer tipo de sedimento carbonoso em virtude das características físico-químicas (Eh e pH) das águas desses lagos. Em conseqüência do desconhecimento de fósseis que permitam uma datação mais precisa, a idade da Formação Caiuá tem sido interpretada a partir das relações de contato com as unidades datadas, situada cronologicamente próximas. O hiato erosivo em relação à Formação Serra Geral indica idade pós-neocomiana (120 m.a.), que é a idade conhecida dos últimos derrames basálticos (Amaral et al., 1966). Por outro lado, a Formação Adamantina, situada em posição estratigráfica mais elevada, apresenta fósseis atribuídos ao final do Senoniano (Huene, 1927, 1939 apud Mezzalira, 1974), o que indica para a Formação Caiuá uma idade compreendida entre o final do Neocomiano e o Senoniano. Dada a inexistência de hiatos deposicionais durante a sedimentação das formações Caiuá, Santo Anastácio e Adamantina, parece mais verossímil admitir-se idade senoniana também para a Formação Caiuá. 1.2.1.3.5. Formação Santo Anastácio (Ksa) Os arenitos desta formação afloram na área objeto dos estudos, em áreas que acompanham as cotas mais baixas dos vales dos rios Aguapeí e Peixe, próximos ao rio Paraná. Em subsuperflcie, litologias atribuíveis à Formação Santo Anastácio estendem-se para leste, até a região de Mariápolis na bacia do rio do Peixe e Salmorão no rio Aguapeí. Esta distribuição indica que o embaciamento em que se acumulou esta formação transgrediu sobre o embaciamento Caiuá, embora em continuidade tectônica e sedimentar. Encontra-se o Arenito Santo Anastácio jazendo ora sobre o Caiuá, ora recobrindo diretamente o embasamento basáltico. A denominação Santo Anastácio foi utilizada pela primeira vez por Landim & Soares (1976b), para referir-se a sedimentos encontrados no vale do rio homônimo, no extremo oeste do Estado. Esses sedimentos, então denominados "Fácies Santo Anastácio", foram considerados como um pacote fluvial que representaria a transição entre a Formação Caiuá e a formação sobreposta, então denominada Bauru. Soares et al. (1979) estendem a área de ocorrência dos termos litológicos englobados sob a denominação de Santo Anastácio por uma grande porção do extremo oeste do Estado, tal como representado no mapa do DAEE (1979). Conforme a redefinição proposta, o termo Santo Anastácio englobaria litologias anteriormente já destacadas por alguns autores ("litofácies arenitos vermelhos" de Brandt Neto, 1977 e os arenitos cor vinho da "Litofácies Araçatuba" de Suguio et al., 1977). A partir de mapeamentos regionais em grande área, abrangendo o oeste de São Paulo e Paraná e o sudeste do Mato Grosso do Sul, Stein et al. (1979) propõem a passagem do anteriormente denominado membro ou fácies Santo Anastácio para a categoria de formação. Estes autores justificam a proposição com base na vasta distribuição em área dos termos litológicos característicos desta unidade, e na sua posição estratigráfica bem definida, entre os 38 arenitos Caiuá e "Bauru". Mais recentemente a unidade Santo Anastácio foi definitivamente consagrada como uma formação individualizada, pertencente ao Grupo Bauru, situada estratigraficamerite entre as formações Caiuá e Adamantina (Soares et al., 1980; Almeida et al., 1980b, 1981). A litologia mais característica da Formação Santo Anastácio é representada por arenitos marrom-avermelhados a arroxeados, de granulação fina a média, seleção geralmente regular a ruim, com grãos arredondados a subarredondados, cobertos por película limonítica. Mineralogicamente constituem-se essencialmente de quartzo, ocorrendo subordinadamente feldspatos, calcedônia e opacos. Caráter subarcosiano é freqüente. Localmente ocorrem cimento e nódulos carbonáticos preservados, sendo comum orifícios atribuídos à dissolução destes nódulos. As estruturas sedimentares observadas são muito pouco pronunciadas. Predominam bancos maciços com espessuras métricas e decimétricas, ocorrendo também incipiente estratificação plano-paralela ou cruzada. Localmente, principalmente quando depositado diretamente sobre os basaltos da Formação Serra Geral, o Arenito Santo Anastácio apresenta algumas diferenciações litológicas. A granulação é mais fina, ocorrendo arenitos siltosos e arenitos argilosos. A seleção é pior, e às vezes encontram-se delgadas intercalações de lentes argilosas, de espessura decimétrica. Almeida et al. (1980) fixam o alto vale do rio Tietê como um limite natural entre ás áreas de ocorrência do Santo Anastácio mais típico, a sul, e da variedade mais fina, a norte. Esta diferenciação textural, no entanto, pode refletir também a influência da atividade tectônica ao longo do "alinhamento estrutural do Tietê", definido por Coimbra et al. (1977), na deposição da Formação Santo Anastácio, a exemplo da influência desse alinhamento na deposição da Formação Adamantina, subdividida em duas sub-bacias com diferentes índices de maturidade mineralógica (Coimbra, 1976). A Formação Santo Anastácio apresenta espessura máxima compreendida entre 80 e 100 metros na região dos vales dos rios Santo Anastácio e Pirapozínho, no oeste do Estado, já próximo ao Pontal do Paranapanema. Dessa região para leste esta formação adelgaça-se rapidamente, deixando de existir à altura de Paraguaçu Paulista. Para norte o adelgaçamento é mais lento, estendendo-se a área de afloramento do Santo Anastácio até pouco antes das margens do rio Grande. Em direção ao Estado do Paraná, a sul, e Mato Grosso do Sul, a oeste, observa-se também adelgaçamento da unidade. A posição do depocentro da Formação Santo Anastácio, indicada pela área de ocorrência das maiores espessuras, revela um deslocamento para nordeste em relação ao depocentro da Formação Caiuá, além do aumento da extensão do embaciamento. O contato inferior da Formação Santo Anastácio dá-se ora com o Arenito Caiuá, transicionalmente, ora diretamente com os basaltos da Formação Serra Geral. Nestes casos de ausência do Caiuá, no contato Santo Anastácío / Serra Geral observa-se delgado horizonte de brecha basal, Mezzalira (1974) e Barcha (1980). Este horizonte de brecha basal do Santo Anastácio em muito se assemelha àquele da base do Caiuá. Já o contato superior da Formação Santo Anastácio com a base da Formação Adamantina sobrejacente é transicional e interdigitado, localmente contatos bruscos entre as duas unidades (Almeida et al., 1980b). A exemplo da Formação Caiuá, a Formação Santo Anastácio, da qual não se conhecem fósseis, tem sido datada com base nas relações estratigráficas com as 39 unidades vizinhas. A passagem transicional para a Formação Caiuá sugere idade imediatamente posterior, enquanto a interdigitação com a Formação Adamantina indica anterioridade e mesmo um sincronismo parcial com esta unidade. Estas relações indicam para a Formação Santo Anastácio uma idade mais provável compreendida num intervalo de tempo contido no Senoniano, que se estenderia no máximo até o final do Campaniano. O ambiente de deposição da Formação Santo Anastácio ainda não foi suficientemente esclarecido. Soares et al. (1980) admitem um modelo deposicional fluvial rneandrante a transicional para anastomosado, com fonte de material essencialmente psamítico. Entretanto, a participação dos produtos de alteração do basalto como uma das fontes da Formação Santo Anastácio é indiscutível, principalmente nas áreas em que o embasamento desta última é a própria Formação Serra Geral. Este fato, associado às características da textura e das estruturas sedimentares da Formação Santo Anastácio, sugerem ambiente fluvial predominantemente anastomosado para a deposição desta unidade, resultando no pronunciado conteúdo arenoso e na raridade das fácies de transbordamento e de diques marginais. As áreas-fonte do material constituinte da Formação Santo Anastácio foram basicamente as mesmas do Arenito Caiuá, juntamente com os produtos de alteração e retrabalhamento dos basaltos. Principalmente na região da calha do rio Tietê e para norte, observa-se contribuição de áreas do embasamento pré-cambriano. Segundo estudos do IPT (1981a), observa-se que "houve da base para o topo uma diminuição gradual da energia do ambiente de deposição. Essa diminuição de energia do ambiente deposicional é atestada tanto pelas estruturas observadas como pela diminuição granulométrica que ocorre rumo ao topo". 1.2.1.3.6. Formação Adamantina (Ka) Esta formação aflora em vasta extensão do oeste do Estado de São Paulo, recobrindo as unidades pretéritas do Grupo Bauru (formações Caiuá e Santo Anastácio) e da Formação Serra Geral. É recoberta em parte pela Formação Marília e em parte por depósitos cenozóicos. No Pontal do Paranapanema, é a unidade litoestratigráfica com maior extensão de afloramento (62,2%, ou seja, quase 2/3 do total). A Foto I.2.1.f apresenta um afloramento da Formação Adamantina no Pontal do Paranapanema. As Fotos I.2.1.g e h mostram, em caráter de exemplificação, aspectos petrográficos de uma amostra desta Formação coletada na UGRHI - 22. O contato entre a Formação Adamantina e os basaltos da Formação Serra Geral é marcado por discordância erosiva, apresentando às vezes, delgados níveis de brecha basal. De maneira geral, seus sedimentos são granulometricamente mais finos e melhor selecionados do que os da Formação Santo Anastácio. Freqüentemente contêm micas, e mais raramente, feldspatos, sílica amorfa e minerais opacos, bem como exibem uma grande variedade de estruturas sedimentares (IPT, 1981a). As maiores espessuras da Formação Adamantina ocorrem geralmente nas porções ocidentais dos espigões entre os grandes rios. Atinge 160 m entre os rios São José dos Dourados e Peixe, 190 m entre os rios Santo Anastácio e Paranapanema, e 100 a 150 m entre os rios Peixe e Turvo (UGRHI 15 - Turvo- 40 Grande), adelgaçando-se dessas regiões em sentido a leste e nordeste (Soares et al., 1980). Foto I.2.1.f. Afloramento de arenito da Formação Adamantina (Ka), localizado no município de Marabá Paulista. Foto: Carlos F. C. Alves. Foto I.2.1.g. Arenito com microclínio e plagioclásio. Lâmina delgada com lamínula, de amostra de rocha psamítica, sustentada por grãos, coletada em afloramento da Formação Adamantina (Ka) no Pontal do Paranapanema (UGRHI - 22). Aspectos texturais: granulação (escala de Wentworth, 1922) fina-média; moderadamente selecionada (seg. classes de Pettijohn et al., 1987), com certa bimodalidade; predominância de grãos sub-angulosos e esfericidade intermediária (seg. os esquemas de Powers, 1953 apud Scholle, 1979). Maturidade textural (seg. critérios de Folk, 1951): submatura. Cimentação carbonática e pequenos nódulos carbonáticos presentes. NC, aumento de 2,5x. Fotomicrografia e breve descrição petrográfica: André L. Bonacin Silva. 41 Foto I.2.1.h. Arenito com microclínio e plagioclásio, idem anterior. ND, aumento de 2,5x. Fotomicrografia: André Luiz Bonacin Silva. No Estado de São Paulo, os depósitos atribuíveis à Formação Adamantina transgridem do embasamento basáltico por sobre unidades infrabasálticas (Formação Botucatu) somente em áreas muito localizadas. Várias destas áreas estão situadas nas cercanias dos vales dos rios Jacaré-Guaçu e Jacaré-Pepira (bacia do Tietê-Jacaré). Estas áreas estão sobre o "alinhamento estrutural do Tietê", descrito como "uma feição proeminente na região durante todo o Mesozóico", e que "comportou-se como uma sela de rnenor negatividade em relação às áreas situadas ao norte e ao sul" (Coimbra et al., 1977). Este alinhamento estrutural separou duas sub-bacias na época da deposição da Formação Adamantina, como indicam as áreas distintas com diferentes índices de maturidade mineralógica determinadas por Coimbra (1976). Intensa atividade tectônica anterior, contemporânea e possivelmente também posterior à deposição do Grupo Bauru, manifestada na zona do alinhamento do Tietê, seria a responsável pelas falhas normais, escarpas e basculamentos de blocos, identificáveis sobretudo nas unidades pré-Bauru, na área dos rios Jacaré-Guaçu e Jacaré-Pepira (Fúlfaro et al., 1967; Bjornberg et al., 1970, 1971; Soares, 1974; Coimbra et al., op. cit. e Brandt Neto et al., 1980 in IPT, op. cit.). O tectonismo na área do alinhamento teria sido o responsável pela omissão dos basaltos na base do Adamantina. Suguio et al. (1977) referem-se a um grande horst na região de Bauru-Agudos formado por uma tectônica pré-Adamantina, ali depositando-se esta formação diretamente sobre o Botucatu. Trabalhos de detalhamento realizados posteriormente (Couto et al., 1980) confirmaram a existência no local de um alto estrutural nas proximidades de Piratininga, área em que afloram rochas da "Formação Estrada Nova" (Formação Teresina) e da Formação Pirambóia, havendo dados de subsuperfície que mostram a Formação Adamantina repousando diretamente sobre estas duas unidades mais antigas. 42 De acordo com Mezzalira (1974) os primeiros achados de fósseis cretáceos no oeste do Estado de São Paulo datam do começo do século. São dentes de dinossauro e carapaças de tartaruga encontrados em camadas hoje atribuídas à Formação Adamantina, primeiramente descritos por Ihering (1911). Desde então têm sido relatados achados de grande variedade de fósseis nas camadas Bauru no Estado de São Paulo, hoje atribuídas à Formação Adamantina. Mezzalira (1980) apresenta um estudo de síntese sobre a paleocologia da "Formação Bauru", e lista os fósseis conhecidos até então. Entre a flora, cita algas (charales) e coníferas (gymnospermae). Entre a fauna cita crustáceos, ostracódios, conchostráceos, moluscos (bivalves e gastrópodes), peixes e répteis (quelônios, crocodilianos e dinossáurios). As fácies deposicionais encontradas na Formação Adamantina refletem, segundo Soares et al. (1980), deposição "em um extenso sistema fluvial meandrante dominantemente pelítico a sul, gradando para psamítico a leste e norte e parcialmente nessas regiões com transição para anastomosado". Suguio et al. (op cit.) admitem que inicialmente, para a parte inferior da Formação Adamantina, a drenagem era pouco organizada, e o ambiente deposicional de menor energia, formado por uma predominância de lagos rasos. Já para a parte superior da formação predominaria um sistema fluvial com rios de maior porte e maior energia, responsáveis pelas freqüentes estruturas hidrodinâmicas. Com base na correlação do conteúdo paleontológico da Formação Adamantina com os fósseis similares de sedimentos da Patagônia, Huene (1927 e 1939) apud Mezzalira (1974) atribuiu-lhe idade senoniana. Essa idade é confirmada pelo fato de que no Triângulo Mineiro (MG), depósitos correlacionáveis à Formação Adamantina repousem em discordância sobre a Formação Uberaba (Hasui, 1968 e Suguio, 1973), esta apresentando tufos indicativos de contemporaneidade com o magmatismo alcalino da região, datado entre 85 e 55 m.a. (Soares & Landim, 1976). A denominação Formação Adamantina nomeia os depósitos originalmente designados "Gréz de Bauru” (Campos, 1905), posteriormente denominados arenito Bauru (Pacheco, 1913), Formação Bauru (Washburne, 1930; Moraes Rego, 1930), Série Bauru (Almeida & Barbosa, 1953) ou Grupo Bauru (Freitas, 1964). Os depósitos da Formação Adamantina apresentam algumas variações regionais que têm determinado a adoção de denominações informais como membros, facies, litofácies ou unidades de mapeamento, para designar conjuntos litológicos com características distintas. Estas propostas de subdivisões já vêm sendo apresentadas há muito tempo para os depósitos denominados "Bauru", correspondentes a Adamantina. Na maioria dos casos, entretanto, as subdivisões propostas adaptam-se melhor a variações litológicas mais ou menos localizadas, não havendo ainda um consenso a respeito de uma subdivisão que possa ser aceita regionalmente, para a Formação Adamantina como um todo. Almeida et al. (1980), mapeando o oeste paulista, adotam a mesma divisão do Grupo Bauru em quatro formações em concordância com Soares et al. (1980), mas subdividem a Formação Adamantina em cinco “unidades de mapeamento” (KaI, KaII, KaIII, KaIV, KaV), de caráter informal, com base em variações litológicas. Posteriormente, Almeida et al. (1981), mapeando com maior detalhe áreas do Pontal do Paranapanema, confirmam a caracterização, extensão e interrelação das "unidades de mapeamento" propostas anteriormente, e definiram melhor as 43 unidades KaI e KaIV que aí afloram. A seguir, uma breve descrição, compiliada de IPT (1987), das unidades KaI, KaIV e KaV, aflorantes no Pontal do Paranapanema. Unidade de mapeamento KaI Almeida et al. (1980) descrevem a unidade KaI da Formação Adamantina como basal, ocorrendo entre os rios Paranapanema e do Peixe. No Pontal do Paranapanema, corresponde a cerca de 37% do total em área aflorante, ou seja, a unidade geológica de maior expressão territorial da UGRHI. A unidade KaI é formada por arenitos finos a muito finos, siltitos arenosos, arenitos finos argilosos e subordinadamente de arenitos médios. Os arenitos são constituídos principalmente de quartzo, apresentando porcentagens variadas de feldspatos, ocorrendo até arcóseos. É comum a presença de matriz siltosa e argilosa, bem como a presença de bancos com cimentação carbonática. Na região do Pontal do Paranapanema, Almeida et al. (1981) observam que a cimentação aparece na forma de bancos com estrutura maciça, ou com estratificação planoparalela, e subordinadamente com estratificação cruzada de pequeno e médio porte. Estes bancos têm coloração rósea, marrom e cinza. Mineralogicamente, a unidade KaI apresenta depósitos semelhantes à Formação Santo Anastácio, porém normalmente a unidade KaI possui termos mais finos, grau de seleção melhor e uma sucessão de tipos com diferentes granulometrias. Localmente pode ocorrer interdigitação entre as unidades KaI e KaV. Contatos marcados por discordância erosiva com os basaltos da Formação Serra Geral também são observados. Unidade de mapeamento KaIV A área de ocorrência da unidade KaIV é amplamente distribuída na área de estudo, embora seja relativamente descontínua. Corresponde a 20,4% (cerca de 1/5) da área total aflorante do Pontal do Paranapanema. A unidade KaIV interdigita-se com a Formação Santo Anastácio, recobrindo-a, bem como a unidade KaI, com a qual apresenta também contatos graduais. Almeida et al. (1981) observaram contatos bruscos entre a unidade KaI e KaIV na região do Pontal do Paranapanema. Esta unidade de mapeamento é constituída de arenitos finos a muito finos dispostos em espessos bancos alternados, apresentando intercalações e lentes de argilitos, siltitos e, mais restritamente, arenitos com pelotas de argila. Os arenitos são constituídos de quartzo, pequena quantidade de feldspato e sílica amorfa, minerais opacos e micas. Apresentam boa seleção. A matriz é argilosa, em porcentagens variadas. Ocorre cimentação carbonática e raros nódulos carbonáticos. A coloração é avermelhada. Apresenta algumas variações litológicas: no interflúvio Peixe-Aguapeí (UGRHIs 20 e 21), predominam bancos maciços de arenitos finos, bem selecionados, sem intercalações de outras litologias, com cores rosadas. Na região do Pontal do Paranapanema, Almeida et al. (1981) descrevem a unidade KaIV como siltitos arenosos a argilosos e arenitos muito finos com matriz argilosa. Neste local, 44 os siltitos arenosos a argilosos, de cor vermelho escuro a rosada, apresentam grande quantidade de pelotas de argila de cor de chocolate. Unidade de Mapeamento KaV A unidade KaV apresenta contatos basais interdigitados e transicionais com a unidade KaIV. São arenitos finos e muito finos, de coloração bege ou cinza, dispostos em bancos pouco espessos, ao contrário da unidade KaIV. Apresentam, com freqüência, cimentação carbonática, com ocorrência local de nódulos carbonáticos. No Pontal do Paranapanema, correspondem a cerca de 4,8% da área aflorante da UGRHI. I.2.1.3.7. Terrenos Cenozóicos (Qa) São englobados sob esta designação genérica, os depósitos em terraços suspensos, cascalheiras e aluviões pré-atuais, e os depósitos recentes de encostas e associados às calhas atuais, que são coberturas coluvionares e aluvionares, respectivamente. As cascalheiras ocorrem associadas principalmente às calhas dos rios Paranapanema e afluentes de sua margem direita, suspensas em relação ao nível de base atual. São depósitos de pequena expressão em área, que variam de decímetros a metros de espessura. Podem apresentar predominância de clastos de natureza quartzítica, ou então de sílica amorfa. Em ambas, seixos de quartzo e de arenitos completam a constituição básica das cascalheiras, sempre com a presença, em porcentagens variadas, de matriz arenosa. Em posições de meia encosta aparecem depósitos aluviais pré-atuais. São ocorrências restritas, constituídas por intercalações de leitos arenosos e argilosos. Apresentam-se por toda a área da bacia estudada. Em algumas calhas de rede de drenagem, principalmente na Depressão Periférica, raríssimos depósitos são mais desenvolvidos, constituindo pacotes com algumas dezenas de metros de espessura. Níveis mais possantes de cascalho também são encontrados nos domínios dessa província geomorfológica. As principais ocorrências associam-se a afluentes do Paranapanema. Os colúvios são constituídos por areias, siltes e argilas, freqüentemente com grânulos e seixos associados. A predominância de um dos tipos granulométricos, bem como de minerais constituintes, respondem diretamente à natureza do substrato rochoso. No Planalto Ocidental a predominância é de colúvio arenoso com porcentagens subordinadas de silte e argila. No cristalino do Planalto Atlântico, e nas seqüências sedimentares da Depressão Periférica, a constituição básica é bastante variada. Na área de exposição das rochas basálticas as coberturas com termos mais argilosos, ou argilo-arenosos quando próximo a arenitos, têm distribuição mais facilmente controlável. Aos principais cursos d’água estão associados os depósitos aluviais mais desenvolvidos, tanto maiores quanto mais interiores à área do domínio da Bacia do Paraná. São bastante restritos na região cristalina, geralmente condicionados a soleiras. A constituição mais arenosa é sempre encontrada, bem como níveis de cimentação limonítica. Cascalheiras e intercalações de outros termos são 45 ocasionais, porém sempre presentes. A maior parte da rede de drenagem reentalha seus próprios depósitos.