ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUÍMICOS E COLORISTAS TÊXTEIS
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUÍMICOS E COLORISTAS TÊXTEIS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUÍMICOS E COLORISTAS TÊXTEIS Membro titular FLAQT AATCC Corporate Member site: www.abqct.com.br CORRESPONDÊNCIA Parabéns pela matéria com o Sr. Giberto Bretz Pinho. Foi uma homenagem muito bonita a uma das pessoas que mais contribuiram em meu desenvolvimento pessoal e sem dúvida profissional. Sr. Gilberto é uma pessoa realmente maravilhosa e super dedicada, mas o primordial se fazia em seu tratamento com as pessoas que o cercavam na Empresa em que finalizou seus trabalhos (Werner). Sempre preocupado com o funcionário e também com seus parentes, pregava que a harmonia familiar era de fundamental importância para o bom andamento do serviço. Parabéns aos editores e me sinto honrado em saber da preocupação da diretoria da ABQCT em homenagear as pessoas que contribuiram e ainda contribuem para o crescimento desta Entidade. José Claudio Miranda Supervisor Tinturaria - Werner Fábrica de Tecidos S.A. SUMÁRIO Editorial ........................................................................................................... 3 Escola SENAI Francisco Matarazzo oferece capacitação e assistência técnica e tecnológica em sintonia com as demandas produtivas da cadeia têxtil ................................................................................................................. 5 DIRETORIA NACIONAL Presidente: Evaldo Turqueti Vice-Presidente: Lourival Santos Flor 1° Secretário: Celso de Oliveira 2° Secretário: Alexandre Thim 1° Tesoureiro: Adir Grahl 2° Tesoureiro: André Luis Dechen Diretor Técnico: Rodrigo Chrispim Núcleo Santa Catarina Coordenador Geral: Carlos Eduardo E. Ferreira Amaral Vice-Coordenador: Clovis Riffel Secretário: Wilson França de Oliveira Filho Tesoureiro: Gilmar Jadir Bressanini Suplente: Lourival Schütz Junior Núcleo Rio de Janeiro Coordenador Geral: Francisco José Fontes Vice-Coordenador: Francisco Romano Pereira Secretário: Ricardo Gomes Fernandes Tesoureiro: Emanuel de Andrade Santana Suplente: Antonio Wilson Coelho Núcleo Rio Grande do Sul Coordenador Geral: Clóvis Franco Eli Vice-Coordenador: Eugênio José Witriw Secretária: Maria Julieta E. Biermann Tesoureiro: José Ariberto Jaeger Suplente: João Alfredo Bloedow Núcleo Nordeste Coordenador Geral: Silvio Costa Sousa Gurgel Vice-Coordenadora: Clélia Elioni Ferreira de Carvalho Secretário: Edinaldo Hermínio da Silva Tesoureiro: Rogério Damião de Souza Suplente: Ananias Silvino Suplente: Manuel Augusto da Silva Vieira Vidal Salem, em plena atividade, contribuindo para a formação de novos técnicos ..................................................................................................... 8 CORPO REVISOR Vale a pena expor em uma feira? (Nousconsulting) .............................................................................................. 10 A equipe é formada pelos seguintes profissionais: Celso Oliveira Luiz Wagner de Paula Rodrigo Chrispim Limpeza posterior de tingimentos e estampas sobre PES (Giovanni Manzo) ........................................................................................... 12 Ultra-Fresh Silpure - A nova geração antimicrobiana baseada na nanotecnologia da prata (Barrie Clemo) ...................................................................................... 14 Esta edição da revista Química Têxtil contou com uma equipe técnica para revisar os artigos aqui publicados. Os autores devem enviar seus artigos para publicação com pelo menos 3 meses de antecedência. EXPEDIENTE Estudo de processos de tratamento de efluentes de lavanderias industriais (Jean Carlo S.S. Menezes e Ivo André H. Schneider ) .................................... 20 Química Têxtil é uma publicação da Associação Brasileira de Químicos e Coloristas Têxteis. Os artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade dos autores. Periodicidade: Trimestral (mar./ jun./ set./ dez.) e-mail: [email protected] ISSN 0102-8235 Amarelamento com antioxidantes (Ciba Especialidades Químicas) .................................................................... 28 Distribuição: mala-direta: associados da ABQCT, indústrias têxteis, tinturarias e entidades filiadas à FLAQT e AATCC. Avaliação dos processos de coagulação/floculação, adsorção e Reação de Fenton no tratamento do efluente de uma lavanderia industrial (Jean Carlo S.S. Menezes, Tânia M. Pizzolato e Ivo A.H. Schneider) ............ 36 Circulação: São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Rio G. do Sul, Ceará e Paraná. Jornalista Responsável: Solange Menezes (MTb 14.382) e-mail: [email protected]/telefax 3735.3727 Processo rápido de tingimento de substratos contendo PES / CV/ PUE (Washington Vicente dos Santos) .................................................................. 50 Produção Editorial: Evolução Comunicações Tensoativos na indústria têxtil (Pedro Ângelo V. Menezes) .................................................................... 54 Administração e Depto. Comercial: ABQCT C.G.C. 48.769.327/0001-59 - Inscr. Est. isento Praça Flor de Linho, 44 - Alphaville 06453-000 Barueri SP - Tel. (11) 4195.4931 Fax (11)4191.9774 - e-mail: [email protected] Produtos & Serviços ............................................................. 76 4 Impressão: Ipsis Gráfica Química Têxtil n° 80/set.05 ABQCT apresenta uma empresa parceira Escola SENAI Francisco Matarazzo oferece capacitação e assistência técnica e tecnológica em sintonia com as demandas produtivas da cadeia têxtil Nos últimos anos, as empresas da cadeia produtiva do setor têxtil investiram em tecnologia e equipamentos, alterando significativamente seus processos produtivos, e adotaram novas técnicas de trabalho, melhorando a qualidade de seus produtos. Paralelamente, buscaram parcerias e capacitação de seus colaboradores para otimizar a produtividade e promover o crescimento sustentado. Sintonizado com o novo cenário produtivo, o Departamento Regional do SENAI de São Paulo implementou um plano de investimentos para o setor têxtil. Um dos resultados dessa ação foi a reestruturação da Escola SENAI "Francisco Matarazzo", transferida para o bairro do Brás, sua sede original, numa área de 13.500 m². Com a modernização, os cursos e os ambientes de ensino foram realinhados, adequando-se às novas demandas e necessidades do mercado de trabalho. profissionais habilitados em atividades de supervisão, assessoria e assistência técnica, controle da qualidade, manutenção, vendas técnicas e desenvolvimento de novos produtos e/ou processos. Na vertente de capacitação profissional, a escola oferece o Curso Técnico Têxtil, cujo objetivo é habilitar profissionais em planejamento e coordenação de processos produtivos têxteis, bem como em execução de atividades a eles relacionados, respeitando aspectos de qualidade, segurança e preservação ambiental. O curso é desenvolvido em 1600 horas, sendo 1200 horas de ensino presencial e 400 horas de estágio obrigatório supervisionado. Formando técnicos para atuarem nas áreas de Fiação, Tecelagem, Malharia ou Beneficiamentos Têxteis, a unidade capacita Os profissionais interessados em reciclar seus conhecimentos e aperfeiçoar habilidades podem optar por cursos de formação continuada, voltados para as áreas de Fiação, Tecelagem, Malharia, Beneficiamentos Têxteis, Liderança e Supervisão, Qualidade, Meio Ambiente, Segurança na Operação de Caldeiras, Informática, Hidráulica e Pneumática e Design Têxtil. A unidade também disponibiliza programas sob medida para empresas, a partir de diagnóstico prévio e personalizado, que podem ser desenvolvidos ‘in company’ ou na própria escola. 5 Tecnologia e serviços A Escola SENAI "Francisco Matarazzo" oferece ainda assessoria técnica e tecnológica às empresas da cadeia produtiva, cujo foco central é a melhoria da qualidade e da produtividade. Nesse setor são realizados trabalhos de diagnóstico, recomendações e soluções no campo da gestão, produção de bens e execução de serviços. Para as micro, pequenas e médias empresas, ela oferece informação tecnológica, segmento de atuação que se constitui em elo integrador dos diferentes conhecimentos básicos e especializados sobre tecnologias de processos, produtos e gestão. Nesse setor são realizados diagnóstico industrial/empresarial, dossiê técnico, resposta técnica, pesquisa bibliográfica, elaboração e disseminação seletiva da informação. A realização de ensaios e análises em fibras, fios, tecidos nãotecidos e confeccionados é outro segmento de atuação que segue os padrões das normas nacionais (NBR) e internacionais (ASTM, ISO, AFNOR, AATCC). Visando garantir a confiabilidade, credibilidade e confidencialidade nos resultados apresentados, a escola adotou os critérios da norma ABNT ISO/IEC 17025. Criado para fortalecer o Design na cadeia produtiva têxtil, o Núcleo de Apoio ao Design oferece às empresas capacitação profissional e prestação de serviços, atuando na criação e desenvolvimento de coleções para as áreas de tecelagem, malharia e estamparia. Também realiza projetos de criação e/ou adequação de identidade visual para as empresas. O Núcleo de Meio Ambiente desenvolve ações com o objetivo de conscientizar as empresas sobre a importância da responsabilidade ambiental. Presta consultoria e assessoria na área de Gestão Ambiental, auxiliando na adoção de procedimentos como coleta seletiva e educação ambiental. Também oferece cursos e treinamentos voltados à melhoria do ambiente e da qualidade de vida. Através dos Serviços Técnicos e Tecnológicos realiza atendimentos de natureza técnica, voltados à adoção e melhoria de processos produtivos e produtos, entre eles aplicação de insumos e customização de processos. Para garantir o acompanhamento do avanço tecnológico, o SENAI-SP vem promovendo a aquisição de novos equi6 Acima, planta piloto. Abaixo biblioteca do SENAI-SP pamentos e desenvolvendo parcerias com fabricantes de máquinas e equipamentos, entre eles as empresas Texima S/A Indústria de Máquinas (Ramosa de três campos, modelo R-2000 TT); Schlafhorst do Brasil Ltda. (Autocoro Srz/228/24 SW 11 e Autoconer 338 Tipo D/16 fusos); Avanço S/A Indústria e Comércio de Máquinas (tear circular mini Jacquard dupla frontura marca Orizio Paolo, modelo MJD 30"); Equitextil Indústria e Comércio Ltda. (tear de agulhas automático com duas maquinetas, modelo EQ04/64-02); Mayer do Brasil Máquinas Têxteis Ltda. (tear circular MV 3.2 32/28/102 meia malha mecânica). Escola SENAI Francisco Matarazzo - R. Correia de Andrade, 232 - Brás. Tel.: (11) 3227-5852. E-mail: [email protected]; home page: www.sp.senai.br. Entrevista Química Têxtil n° 80/set.05 Vidal Salem, em plena atividade, contribuindo para a formação de novos técnicos Desde os primeiros acertos para a criação da ABQCT, Vidal Salem foi um companheiro incansável e incentivador do projeto. Nestes 30 anos de atividade da associação, ele foi sempre figura presente e ativa e, mesmo após sua aposentadoria, não deixou de oferecer sua contribuição para o aperfeiçoamento técnico de novos profissionais do setor têxtil. “A ABQCT nasceu da aspiração de congregar os químicos e coloristas têxteis em uma associação, objetivando maior intercâmbio técnico/científico no Brasil e com associações do exterior”, comenta Vidal. “Como já mencionou o Gilberto Pinho, em recente entrevista à Química Têxtil, partimos qual dois pregadores em longa marcha, procurando a adesão inicial de lideranças técnicas das principais empresas têxteis. Formamos um time inicial muito determinado, com a participação de Wilson Camargo (já falecido), Gastão Leônidas Camargo, Horácio Ribeiro, Luciano Migliaccio e J. Thomas de Almeida”. Ele recorda que, após alguns meses, o grupo conseguiu reunir em assembléia mais de 300 profissionais da área, na Escola Têxtil do SENAI, em São Paulo, em 19 de setembro de 1974, quando foi aprovada a criação de uma associação. “Desse evento, mais um pequeno passo e fundamos a ABQCT, em nova reunião, em 11 de dezembro de 1974, no Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem de São Paulo. Nessa ocasião, foi eleita a primeira Diretoria, composta pelo time inicial, na qual tive a função de Diretor Técnico. No final dos anos 80 fui eleito presidente da ABQCT, no con8 Vidal Salem, companheiro incansável da ABQCT gresso de Araxá, ocupando esse cargo por dois mandatos”. Desse ponto em diante, a história é conhecida de todos: fundação dos núcleos regionais; lançamento da revista Química Têxtil, em 1978; filiação da ABQCT à FLAQT, no congresso em Buenos Aires, em 1984; compra da sede própria; e mais recentemente a aceitação da entidade pela AATCC como “corporate member”. Em todos esses processos, a participação e apoio do Vidal foram incansáveis. Entre os anos 2000 e 2002, ele ministrou o curso de ‘Tingimento Têxtil’ para inúmeros grupos de químicos, engenheiros e técnicos, sob o patrocínio da Golden Química do Brasil, atingindo aproximada- Understanding of Dyeing Equilibria and Kinetics’. mente dois mil participantes em todo o Brasil, do Me aposentei em 92 e durante alguns anos contiCeará ao Rio Grande do Sul. “Para esse curso, redinuei prestando serviços de consultoria e treinamengi duas apostilas que foram amplamente distribuíto técnico à Sandoz”, relembra. das e hoje é material de consulta para muitos profisVidal é casado com Dulce de Lima Salem, que sionais do ramo e empresas têxteis. Foi uma tarefa sempre lhe deu muita força. “Toda a minha vida promuito gratificante”, orgulha-se. fissional teve o imenso apoio de Dulce, que me fez Há dois anos, Vidal Salem, junto com Alessandro crescer com seu amor e companheirismo. O mesmo De Marchi e Felipe Gonçalves de Menezes, prepaposso dizer de nossos quatro filhos e netos, como rou um novo curso dirigido a supervisores e operaprovam os depoimentos filmados pelo meu filho dores de máquinas de beneficiamento têxtil e miFernando, num documentário familiar ao qual deu nistrado em inúmeras indústrias têxteis. “Transforo nome de 'O Homem Químico'. Como vocês vêem, mamos o curso em livro, com a mesma co-autoria, e continuo em atividade”, diz satisfeito. cujo nome é: ‘O Beneficiamento Têxtil na Prática’. O livro foi lançado em agosto e editado pela Golden Química do Brasil, com textos em português e espanhol, e tem a apresentação do Prof. Dr. J. Valldeperas, da Universidade Politécnica da Catalunha Espanha, muito conhecido no Brasil. Vidal Salem nasceu no Rio de Janeiro e ainda jovem veio para São Paulo, onde graduou-se no Curso de Química Industrial do Mackenzie. Após trabalhar durante aproximadamente dez anos como técnico em uma tinturaria têxtil em São Paulo, foi contratado pela Sandoz, na Divisão de Produtos Químicos, onde ocupou suFotos históricas da fundação da ABQCT, em 11 de dezembro de 1974. cessivamente as funções de Técnico, GeAcima, da esquerda para a direita: rente de Produtos, Gerente Técnico e GeVidal, Thomas, Gastão, Wilson Camargo e Gilberto Pinho rente de Marketing para corantes e produtos químicos têxteis. “Permaneci nessa empresa por 32 anos. Além de minhas atividades no Brasil, estagiei com especialização em aplicação de corantes nos laboratórios da Sandoz em Basileia, Suíça. Em 1980, fiz o curso de Administração de Marketing para Executivos na Fundação Getúlio Vargas e, em 1985, no IPT, o curso do Prof. J.J. Porter, ‘A Fundamental 9 Química Têxtil n° 79/jun.05 Negócios Vale a pena expor em uma feira? Revisão Técnica: Rodrigo Chrispim As feiras das áreas têxteis, como a Fenatec e a Fenit, por exemplo, existem por todo o Brasil e reúnem dezenas ou até centenas de expositores a cada edição. São visitadas por uma massa de compradores, profissionais do ramo e também um bom número de curiosos. Mas será que vale a pena participar de um evento como este? Essa é uma dúvida que sempre vem quando se aproxima uma feira, não importa o tamanho da empresa. E é muito importante avaliar alguns pontos antes de decidir: Investimento: ir a uma feira significa um investimento importante; começa na contratação do espaço, depois na construção e decoração do estande, no pagamento de diversos impostos e taxas, na viagem e estadia da equipe que estará presente ao longo do evento. Assim, é preciso avaliar com cuidado o custo (certo) e o eventual benefício (incerto). Vendas: não se impressione com números de faturamento divulgados pela maioria dos organizadores, nem mesmo por alguns expositores; usualmente, são valores muito mais altos do que a realidade. Converse com pessoas conhecidas que já participaram daquela feira em edições anteriores e avalie de forma conservadora as suas perspectivas de faturamento antes de decidir. Divulgação da empresa: uma feira pode ser uma oportunidade excelente para divulgar sua empresa, sua marca e seus produtos. Se for um evento em que o 10 público alvo for realmente formado por potenciais clientes da sua empresa e, em especial, se você tem coisas interessantes para expôr, pode valer muito o investimento. Público e produto: muitas vezes, a participação em uma feira é um fracasso pela pouca adequação do produto ou da empresa ao evento. Há quem conte com o fato de ser "diferente" para aparecer; é um risco considerável. Aparecer é bom, mas não porque as pessoas estão perguntando "o que é que essa empresa está fazendo aqui?". É preciso que o seu produto esteja bem de acordo com o tipo de público que, tipicamente, estará presente no evento. Participações coletivas: estandes coletivos, como os do Sebrae, por exemplo, podem ser uma excelente maneira de estar presente num evento importante sem fazer um investimento muito grande e avaliar as possibilidades de venda. Estes são apenas alguns dos aspectos que devem ser considerados, mas são os mais importantes. Uma vez decidida a participação, prepare bem os produtos, capriche na forma de mostrá-los, arme o seu sorriso mais sincero e vá com muita disposição para responder a dezenas de perguntas. Tomando os devidos cuidados, uma feira pode ser uma oportunidade excelente para vender mais. Nousconsulting - www.nousconsulting.com Química Têxtil n° 79/jun.05 Tecnologia Tingimento Limpeza posterior de tingimentos e estampas sobre PES Artigo adaptado do Informe Técnico da SperottoRimar s.r.l. por Giovanni Manzo Revisão Técnica: Celso Oliveira Os corantes dispersos utilizados para o tingimento de poliéster não são solúveis em água e se difundem para dentro da fibra durante o processo de tingimento HT. O corante não fixado que permanece na superfície dificilmente pode ser removido através de um simples ensaboamento e enxágüe. Por este motivo, um tratamento químico pós-tingimento é necessário para se obter uma solidez aceitável à fricção seca e úmida. Esse tratamento é conhecido como "limpeza redutiva". A ação redutiva do hidrossulfito em meio alcalino decompõe as moléculas de corante, eliminando suas características tintoriais e o problema está resolvido. Mas a que custo e perda de qualidade: o tempo de tingimento aumenta em aproximadamente 30 min. e conseqüentemente cai a produtividade; aumenta o consumo de água, produtos químicos e energia com o aumento paralelo do volume de efluentes; os corantes dispersos fixados não estão quimicamente ligados à fibra de poliéster. Eles tendem a migrar para a superfície, causando diminuição da solidez à fricção durante o uso das roupas. Isso ocorre porque o banho de redução aquoso não consegue penetrar na fibra hidrofóbica e ataca apenas o corante que se encontra na superfície; devido a esse fenômeno, o brilho obtido não é satisfatório; algumas outras fibras, por exemplo elastano e viscose, também sofrem em misturas das mesmas deficiências de corantes dispersos mal removidos. O corante superficialmente depositado acarreta os mesmos problemas de solidez e brilho. Uma vez identificado o problema pode-se achar uma solução apropriada para o mesmo. O percloroetileno possui boa afinidade aos corantes dispersos porque ambos têm propriedades hidrófobas. Os corantes dispersos, mesmo não sendo realmente so12 lúveis no percloroetileno, podem ser removidos pelo mesmo quando se encontram em estado não-fixado na superfície de substratos. Quando o substrato é poliéster, que também é um composto hidrofóbico com boa afinidade tanto ao percloroetileno como aos corantes dispersos, forma-se um sistema ternário no qual os componentes são química e fisicamente compatíveis entre si: 1. fibra de poliéster 2. corante disperso 3. percloroetileno o corante disperso se liga fisicamente à fibra de poliéster; o percloroetileno penetra profundamente no poliéster, difundindo para dentro dele; o percloroetileno atinge as moléculas não fixadas de corante, mais ou menos superficialmente localizadas sobre a fibra, e as remove na forma de uma fina dispersão com a ajuda de uma enérgica ação mecânica. SUPROMA - como é de conhecimento geral, para um tratamento químico-têxtil necessitamos de: SUbstrato PROduto MÁquina A fim de viabilizar o processo de limpeza posterior em solvente dos tingimentos de poliéster e suas misturas, era necessário dispor de um maquinário apropriado. Partindo de instalações já existentes para a lavagem contínua em solvente, a SperottoRimar desenvolveu os modelos Nova Color que permitem efetuar em contínuo também a limpeza posterior. O corante removido é separado do solvente durante a destilação quando da recuperação do solvente. A máquina possui um sistema de auto-limpeza para permitir a volta ao processo de lavagem de tecidos crus. Química Têxtil n° 80/set.05 Tecnologia Acabamento Ultra-Fresh Silpure A nova geração antimicrobiana baseada na nanotecnologia da prata Barrie Clemo - Diretor de Negócios da empresa Thomson Research Associates (TRA), Canadá O segmento dos produtos antimicrobianos está em crescente aumento de sua necessidade na área de acabamentos têxteis. O controle de bactérias, fungos e ácaros pode ser conseguido utilizando-se processos de acabamento normais para agregar valores aos produtos e um forte apelo para os consumidores. Os antimicrobianos controlam odores, descoloração, manchas e degradação que são resultados dos ataques de agentes microbianos nos artigos têxteis. Dois anos de pesquisas resultaram no Ultra-Fresh Silpure, o primeiro antimicrobiano baseado na nanotecnologia da prata realmente durável e de fácil aplicação para os têxteis, que contradiz todos os tradicionais produtos associados com prata utilizados neste segmento. Antimicrobianos para vestuário A razão principal para tratarmos vestuários com antimicrobianos é o controle dos odores da transpiração. Uma bactéria natural da pele se prolifera no ambiente úmido e quente das roupas. Quando essas bactérias se reproduzem, liberam gases que são os familiares odores da transpiração. Tratar um tecido com um antimicrobiano significa que as bactérias que são transferidas da pele ou do ambiente não se reproduzem no tecido. A redução de bactérias significa que o volume de gás liberado vai ser muito menor e o odor não será liberado. Alguns tipos de vestuário têm sido tratados com antimicrobianos há muito tempo, como meias e roupas 14 íntimas. No entanto, recentemente tem surgido uma tendência para artigos e roupas esportivas de alta tecnologia feitos de fibras sintéticas. Essas roupas são desgastadas em situações onde existe transpiração considerável. As fibras do tecido sugam a umidade da pele, propiciando um ambiente favorável à reprodução das bactérias. Somado a isso, algumas dessas fibras sintéticas retêm os odores, mesmo depois de lavadas. A história da prata Embora a eficácia da prata seja conhecida, haviam problemas em torná-la aplicável de modo efetivo no segmento têxtil. Mesmo que os tratamentos à base de prata tenham sido usados por mais de 10 anos, eles somente haviam atingidos pequenos mercados por diversas razões: 1) Custo - antimicrobianos à base de prata costumam ser muito caros. Eles somente podem ser usados para produtos de alto valor, para nichos específicos, não para mercados em massa, aplicações de grande volume. Os altos preços também significam que fibras tratadas com prata eram constantemente misturadas com outras não tratadas para reduzir os custos. Portanto, os tecidos eram parcialmente tratados. 2) Inconsistência - sob condições perfeitas, os tratamentos à base de prata mostraram ótimos resultados em laboratório. No entanto, muitos produtos à base de prata não tiveram o mesmo resultado quando aplicados em situações industriais. Química Têxtil - n° 80/set.05 Tecnologia Acabamento 3) Dificuldade na aplicação - muitos produtos à base de prata têm sido usados na produção de fibras. Embora essas fibras contenham, teoricamente, quantidades efetivas de prata, grande parte dela fica presa no centro da fibra onde não é funcional. A prata precisa estar na superfície da fibra para ter efeito antibacteriano. Somado a isso, tratar a fibra durante o processo de manufatura é um processo de grande escala. Isso significa que fabricantes de tecidos precisam comprar grandes quantidades de fibra e não podem diferenciar qual está tratada. 4) Métodos de teste - embora a presença de prata em um tecido possa ser determinada, o efeito antibacteriano parece ser bastante variável, dependendo do método de testes e mesmo de qual laboratório está fazendo o teste. Os resultados podem variar de excelente proteção para nenhuma proteção no mesmo tecido. 5) Descoloração - se a prata é liberada de maneira muito rápida de um antimicrobiano baseado nesta, o efeito de descoloração no tecido também é muito rápido, dando inclusive, um efeito amarelado ou acinzentado a ele. Muitos antimicrobianos das gerações anteriores tinham esse problema. As vantagens da prata Apesar do que foi descrito acima, existem boas razões para o desenvolvimento de antimicrobianos à base de prata: - controle de uma grande gama de bactérias; - percepção dos consumidores como muito seguro; - apto a agüentar temperaturas de 400-500ºC para aplicações em poliéster. Os antimicrobianos à base de prata funcionam de três maneiras nas células das bactérias: - reagindo com grupos protéicos e enzimas; - interferindo na funcionalidade do DNA e RNA; - modificando a membrana plasmática da célula. Por existirem três maneiras separadas de atividade, as células das bactérias têm muita dificuldade para desenvolver resistência aos 16 antimicrobianos à base de prata. É quase impossível para a célula se adaptar aos três métodos de ataque. O desenvolvimento do Ultra-Fresh Silpure Armados com todas essas informações, a Thomson Research Associates (TRA), em parceria com um expert mundial em nanotecnologia da prata, partiu para desenvolver um produto que fosse à base de prata, mas que não apresentasse as desvantagens descritas acima. O objetivo era desenvolver um produto que: - pudesse ser aplicado nos processos têxteis usuais de manufatura e acabamento; - tivesse um controle excelente das bactérias e odores; - tivesse excelente durabilidade às lavagens a úmido, mesmo nos sintéticos; - tivesse um custo acessível. O Ultra-Fresh Silpure Dois anos de desenvolvimento resultaram no UltraFresh Silpure, o primeiro antimicrobiano inteiramente durável e aplicável de modo fácil para os têxteis, que supera todos os tradicionais produtos associados à prata utilizados até então nos tratamentos têxteis. O produto consiste em uma suspensão coloidal muito fina de prata, que é misturada com um segundo líquido antes de ser aplicada por impregnação nos tecidos. A chave para essa tecnologia é a habilidade no uso da nanotecnologia para produzir uma dispersão extremamente fina de prata (nanotecnologia). A ilustração abaixo mostra as finas partículas de prata aderidas às fibras do tecido: Química Têxtil - n° 80/set.05 O resultado é uma dispersão aquosa, com um tamanho de partícula média de 180 nm, compatível com os processos têxteis usuais. O método de produção desse produto permite que, no final, ele tenha um preço muito mais razoável e atrativo comparado a outros tratamentos à base de prata. Tecnologia Acabamento Depois que o tratamento foi desenvolvido com as propriedades necessárias e desejadas, essa aplicação foi testada industrialmente em diversos países. Alguns dos resultados são mostrados na Tabela 1, abaixo. Como o Ultra-Fresh Silpure trabalha O antimicrobiano Silpure base de prata funciona pela reação da prata com os grupos protéicos no interior das células das bactérias. Isso interrompe o processo normal da célula, que não pode mais funcionar e nem se Finas partículas de prata manufaturadas reproduzir. Essa combinação da fina partícula de prata e o efetivo controle da liberação dela proporciona uma atividade antibacteriana extremamente efetiva mesmo após inúmeras lavagens a úmido, sem que haja a descoloração indesejável nos artigos têxteis. Programa de testes Mais de 60 formulações seqüenciais foram desenvolvidas e testadas pelos laboratórios da Thomson Research, com o objetivo de desenvolver um produto que durasse pelo menos 50 lavagens a úmido (caseiras) em 100% poliéster. Este foi escolhido como o tecido com maior dificuldade de ser tratado com proteção antimicrobiana. Ao mesmo tempo, é o tecido escolhido para a maioria das aplicações de maior desempenho para os vestuários. 17 Química Têxtil - n° 80/set.05 Tecnologia Acabamento Quando expostos à umidade, muito poucos íons de prata do Ultra-Fresh Silpure são liberados na superfície do tecido. Eles são transferidos da camada líquida para a bactéria, onde penetram em sua parede celular. Embora a prata seja consumida no processo, as quantidades são tão pequenas que a ação antimicrobiana continua presente mesmo após 50 lavagens a úmido. Este número de lavagens é considerado como critério para se classificar o tratamento como permanente na indústria têxtil. Condições de aplicação Ultra-fresh Silpure foi formulado para ser aplicado por impregnação. Como ele é fornecido em dois componentes, ele deve ser misturado antes da sua adição no banho químico de impregnação. O objetivo é obter de 1.0 a 3.0% do produto sobre o peso do tecido. A concentração requerida na impregnação depende do valor do pick up obtido no tecido. Silpure é compatível com outros auxiliares têxteis, como os amaciantes, resinas etc. (recomenda-se a realização de um teste prévio da adição conjunta antes do uso). O tecido necessita ser curado a uma temperatura na faixa de 150 a 170 °C, durante 45 segundos a 1 minuto, embora possa ser possível curar a temperaturas mais baixas em fibras naturais. Entretanto, em muitos casos, temperaturas de cura mais baixas irão propiciar uma redução na durabilidade às lavagens. Em adição ao poliéster e misturas poliéster/algodão, tecidos que foram tratados com o Silpure e testados, posteriormente, suportaram 18 com sucesso um mínimo de 30 lavagens a úmido nos laboratórios da TRA, como mostrado na tabela 2, abaixo. Conclusões Um novo tipo de produto antimicrobiano foi desenvolvido para se obter todos os benefícios que a prata propicia com fácil aplicação, similar aos auxiliares têxteis normais dos processos de produção. O tratamento Ultra-fresh Silpure propicia um excelente controle das bactérias e do odor proveniente da transpiração, com durabilidade igual à vida útil do artigo. Também utiliza as propriedades antimicrobianas da nanotecnologia da prata, superando todos os problemas passados que vinham limitando severamente o seu uso. Química Têxtil n° 79/jun.05 Tecnologia Lavanderia Estudo de processos de tratamento de efluentes de lavanderias industriais *Jean Carlo Salomé dos Santos Menezes - PPGEM - Universidade Federal do Rio Grande do Sul Ivo André H. Schneider - UFRGS, Centro de Tecnologia, Av. Bento Gonçalves Revisão Técnica: Rodrigo Chrispim O objetivo do presente trabalho é caracterizar o efluente de uma lavanderia industrial e apresentar uma discussão sobre três alternativas para o tratamento: coagulação-floculação, coagulação-floculaçãoadsorção e, Reação de Fenton. Assim, foram conduzidos estudos em laboratório, avaliando as três alternativas em condições previamente otimizadas. Os resultados demonstram que o tratamento por coagulação-floculação remove bem cor e turbidez, porém, não é efetivo para a remoção de surfactantes, exigindo uma etapa adicional de tratamento, como por exemplo, adsorção em carvão ativado. sas de pequeno e médio portes é comum nos dias atuais. As águas residuais contêm uma diversidade de compostos, entre os quais pode-se mencionar tensoativos, amaciantes, alvejantes, tinturas, fibras de tecidos, gomas e resíduos de sujeira. Dessa forma, apresentam uma carga orgânica significativa, alta coloração, uma baixa tensão superficial e um volume razoável de sólidos suspensos. A Reação de Fenton também é eficiente, pois promove, em uma única etapa, a remoção dos sólidos suspensos e a oxidação química dos componentes orgânicos solúveis. Os resultados obtidos são discutidos em termos da operacionalidade da estação de tratamento de efluentes, dosagens de reagentes, geração de lodo e tempo para cada ciclo do processo. As máquinas de lavar roupas empregadas nas lavanderias comerciais são de formato cilíndrico e montadas horizontalmente. As roupas são colocadas dentro do cilindro com água, sabão e outras substâncias de lavagem. A rotação do equipamento produz a agitação necessária para libertar ou dissolver a sujeira dos tecidos. O método é comumente conhecido como “método de várias águas de sabão”. Esse método exige uma determinada carga de roupas no aparelho, uma série de ensaboaduras e enxágües, bem como outras operações, tais como alvejamento e aplicação de sal e anil. Introdução Observa-se cada vez mais a necessidade de se obter água em quantidade e qualidade. Porém, hoje em dia, não existe na natureza água suficiente e em boas condições para atender a todas as nossas necessidades. Logo, esforços devem ser efetuados para a diminuição do consumo, reciclagem e o tratamento das águas contaminadas. A lavagem de roupas de forma comercial em empre20 Poucas empresas tratam seus efluentes de forma a atingir os padrões de qualidade exigidos pela legislação. As que fazem, encontram dificuldades devido a falta de espaço, carência de tecnologia e pouca mão-de-obra qualificada. Segundo Braile e Cavalcanti (1993), o consumo total de água usando-se esse método é de 32 litros por kg de roupa. Von Sperling (1996) cita que o consumo de água na lavagem de roupas domésticas é de aproximadamente 2000 a 4000 litros/dia-máquina. Tecnologia Lavanderia Quando os despejos de lavanderias devem ser tratados, geralmente emprega-se o tratamento físico-químico (coagulação-floculação) seguido por sedimentação e filtração (Bratby, 1980). A complementação do processo ocorre através de um estágio de polimento, através de adsorção em carvão ativado ou processos biológicos. O uso de carvão ativado no tratamento de efluentes da indústria têxtil já foi bastante estudado, porém, o consumo é bastante alto (McKay, 1982a; McKay,1982b; Nassar e El-Geundi, 1991). Uma outra possibilidade é a adoção de lagoas de estabilização ou outros processos biológicos. Porém, essa alternativa somente é válida em empresas que possuem área disponível para a construção de lagoas de estabilização, não sendo o caso das maiorias das lavanderias. Ainda, os resultados obtidos com sistemas biológicos são contraditórios (Braile e Cavalcanti, 1993). Alternativas promissoras para o tratamento de efluentes de lavanderias estão nos processos oxidativos avançados. Em especial os que agregam a reação de Fenton, pois o processo permite, ao mesmo tempo, a degradação/mineralização de compostos orgânicos solúveis pelo radical hidroxila (.OH), bem como a remoção dos sólidos suspensos pela precipitação do ferro residual (Bigda 1995; Bolton 1996; Leão et al. 1999; Liao et al., 1999). Assim, esse trabalho apresentou como objetivos a caracterização do efluente de uma lavanderia industrial e estudar em laboratório três alternativas para o tratamento: coagulação-floculação, coagulação-floculaçãoadsorção e Reação de Fenton. MATERIAIS E MÉTODOS Coleta das amostras: as amostras de efluentes foram coletadas em uma típica lavanderia que realiza as operações de desengomagem, lavagem, enxágüe, destruição e estonagem de tecidos. As amostras foram coletadas no tanque de equalização, que recebe todos os fluxos da empresa (aproximadamente 20 m3/dia de águas residuárias). Para os estudos em laboratório, as 22 Química Têxtil - n° 79/jun.05 amostras foram guardadas em frascos plásticos e armazenadas a 4oC por um período não superior a 48 horas. Tratamento do efluente em laboratório: os estudos de tratamento do efluente abaixo descritos foram realizados em um aparelho de “Jar-Test” Turbofloc-Júnior. As dosagens e o pH do meio foram previamente otimizados, sendo que os resultados apresentados neste trabalho foram obtidos nas seguintes condições: Ensaio de coagulação-floculação: adição 600 mg/L de sulfato de alumínio, ajuste do pH para 6,0, adição de 2 mg/L de uma poliacrilamida catiônica de alto peso molecular, filtração rápida da amostra. Ensaio de coagulação-floculação-adsorção: adição de 600 mg/L de sulfato de alumínio, ajuste do pH para 6,0 com hidróxido de sódio, adição 2 mg/L de polímero floculante (poliacrilamida catiônica de alto peso molecular), repouso por um tempo de 10 minutos para sedimentação dos flocos, filtração rápida da amostra, adição de 2 g/L de carvão ativado pulverizado, agitação por um tempo 30 minutos, filtração rápida da amostra para a remoção do carvão ativado. Ensaio através da Reação de Fenton: ajuste do pH para 3,0 com NaOH, adição de 0,66 g/L Fe2SO4 e de 8 mL/L H2O2, término da agitação e repouso de 3 horas para andamento da Reação de Fenton, ajuste do pH para 7,0, repouso de 30 min para sedimentação dos coágulos, filtração do efluente para a remoção dos coágulos. Análises: as análises realizadas foram pH, sólidos sedimentáveis, sólidos suspensos, turbidez, tensão superficial, surfactantes, demanda química de oxigênio (DQO), demanda bioquímica de oxigênio (DB) e cor Hazen. Essas análises seguiram os procedimentos do “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater” (APHA 1995). Cor, turbidez, pH e tensão superficial foram medidos, respectivamente, em um espectrofotômetro Merck SQ 118, um turbidímetro Policontrol modelo AP 1000 II, um pHmetro digital modelo DM 20 e um tensiômetro Kruss K6. Química Têxtil - n° 79/jun.05 Analisou-se também a massa de lodo gerado por litro de amostra tratada. As massas foram quantificadas pela filtração de 1 litro de amostra em papel filtro com a posterior secagem do lodo em estufa a 60oC. Resultados e discussão Tecnologia Lavanderia desprendidos das roupas no processo de lavagem. A Tabela 2 apresenta uma relação dos reagentes empregados pela Lavanderia. Reparou-se também que o efluente se degrada biologicamente quando parado por um período superior a 24 horas, devido à presença de gomas liberadas na lavagem de roupas novas. Caracterização do efluente Tratamento do efluente A Tabela 1 mostra as faixas de variação do efluente equalizado obtidos de várias amostras coletadas. O efluente, dependendo das operações preferenciais em cada dia de trabalho, pode ter características diversas. A Figura 1 apresenta o aspecto geral do efluente equalizado, bem como uma fotografia tirada ao microscópio ótico mostrando as fibras de tecidos suspensas. Geralmente, o efluente apresenta uma coloração azul. Possui corantes, amido, fibras de tecidos e impurezas A Tabela 3 apresenta os resultados das análises realizadas, comparando o tratamento realizado por coagulação-floculação, por coagulação-floculação-adsorção ou pela Reação de Fenton. Pode-se observar que o processo de cogulação-floculação é eficiente na remoção de sólidos suspensos e cor, porém, não remove os surfactantes, de forma que o efluente permanece ainda com uma baixa tensão superficial. O uso de carvão ativado permite, além da remoção de material suspenso e cor, uma significativa diminuição na DQO e na concentração de surfactantes. A Reação de Fenton também mostrou-se um processo atrativo, pois em uma única operação foi capaz de oxidar quimicamente os componentes orgânicos solúveis e realizar a remoção dos sólidos suspensos pela precipitação do ferro (III) gerado na reação. Em termos de geração de lodo, os estudos mostraram que a quantidade gerada é de 0,3 g/L em base seca para a coagulação-floculação, 2,3 g/L para a coagulação-floculação seguida de adsorção em carvão ativado, e de 0,9 g/L para a Reação de Fenton. 23 Tecnologia Lavanderia Como abordado anteriormente, as empresas geralmente adotam o uso de sais de alumínio e floculantes comerciais para o tratamento de efluentes de lavanderias. Entretanto, esse processo não remove os componentes orgânicos solúveis responsáveis pela baixa tensão superfi- 24 Química Têxtil - n° 79/jun.05 cial da água. A adição de carvão ativado pulverizado permite a remoção eficiente dos componentes solúveis, porém, a dosagem aplicada de carvão ativado é bem alta (cerca de 2 kg por m3 de efluente), o que torna o processo mais caro e gera uma quantidade elevada de lodo. Química Têxtil - n° 79/jun.05 Tecnologia Lavanderia A Reação de Fenton apresenta como vantagem o fato de unir, em um processo só, etapas de oxidação química e coagulação-floculação (Hayec e Dore, 1985). Porém, o ciclo total do processo é lento, sendo necessário no mínimo umas 3 horas para o término da reação. Em termos de custo, a Reação de Fenton apresenta um custo superior ao do processo de coagulação-floculação-adsorção, porém, deve-se considerar que um estudo detalhado não foi feito sobre a resistência dos materiais empregados nos tanques em relação a um potencial de oxidação tão alto. Além da Reação de Fenton, outros processos oxidativos avançados poderiam ser aplicados no tratamento desse tipo de efluente, tais como os processos O3/UV, O 3/H 2O2, H 2O2/UV, O 3/UV/H 2O2, UV/TiO 2 (Bolton, 1996). Entretanto, esses processos apresentam um alto custo, não estando ainda consolidada a sua aplicação no tratamento de efluentes gerados na lavagem comercial de roupas. Conclusões Os principais poluentes presentes no efluente da lavanderia são carga orgânica (expressos em termos de DQO e DBO), surfactantes, cor e sólidos suspensos. Os padrões de qualidade exigidos para lançamento na rede pluvial ou corpos d´água receptores pode ser alcançado através de dois processos distintos: coagulação-floculação-adsorção ou Reação de Fenton. Entretanto, ambos processos apresentam como inconveniente uma geração elevada de lodo. Assim, existe um campo bastante grande de trabalho para adaptar tecnologias compactas, de baixo custo e de fácil operação para o setor de lavagem comercial de roupas de forma que outros estudos devem ser incentivados nesse sentido. Agradecimentos Os autores agradecem à Fapergs (processo 00/12271) e ao CNPq (processo 550135/2002) pelos recursos financeiros e ao CNPq-RHAE pelas bolsas de iniciação científica concedidas. 26 Bibliografia AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA). Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. Washington D.C.: APHA-AWWA-WEF, 1995. BIGDA, R.J. Consider Fenton´s chemistry for wastewater treatment. Chemical Engineering Progress, v.91, n.12, p.6266, 1995. BOLTON, J. Advanced oxidations processes. Journal of Advanced Oxidation Technologies, n.1, p.1, 1996. BRAILE, P.M.; CAVALCANTI, J.E.W.A. Manual de Tratamento de Águas Residuárias. São Paulo: CETESB, 1993. 764p. BRATBY, J. Coagulation and Flocculation: with an Emphasis on Water and Wastewater Treatment. Croydon: Upland Press, 1980. BUHLER, A. Avaliação Técnico-Econômica de Implantação de uma Unidade de Tratamento de Efluentes Líquidos em uma Lavanderia Industrial. Monografia Apresentada ao Curso de Especialização em Engenharia Ambiental. Universidade de Passo Fundo, 2000. 16p. HAYEC, N.A.; DORE, M. Oxidation of organic compounds by Fenton´s Reagent: possibilities and limits. Environmental Technology Letters, v.6, p.37-50, 1985. LEÃO, M.M.D.; CARNEIRO, E.V.; ANDRADE, L.I.F.; SOARES, A.F.S.; OLIVEIRA, A.P.; SANTANA, D.W.E.A. Aplicação da reação de Fenton na remoção de cor e da DQO de efluentes têxteis. In: 20o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. CD ROM... Rio de Janeiro, 10 a 14 de maio de 1999. LIAO, C.H.; KANG, S.F.; HUNG, H.P. Simultaneous removal of COD and color from dye manufacturing process wastewater using Photo-Fenton oxidation process. Journal Environmental Science and Health, v.A34, n.4, p.898-1012, 1999. McKAY, G. Adsorption of dyestuffs from aqueous solutions with activated carbon. I. Equilibrium and batch contact-time studies. Journal of Chemical Technology and Biotechnology, v.32, p.759-773, 1982a. McKAY, G. Adsorption of dyestuffs from aqueous solutions with activated carbon II. Column studies and simplified design models. Journal of Chemical Technology and Biotechnoogy., v.32, p.773-778, 1982b. NASSAR, M.M., EL-GEUNDI, M.S. Comparative cost of colour removal from textile effluents using natural adsorbents. Journal of Chemical Technology and Biotechnoogy, v.50, p.257-265, 1991. von SPERLING M. Introdução à Qualidade das Ááguas e ao Tratamento de Esgotos. Belo Horizonte: Dep. de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG, 1996. 243p. *Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Centro de Tecnologia - Tel.55 51 33167104 - Fax: 5551 33167116 e-mail: [email protected] Química Têxtil n° 80/set.05 Tecnologia Qualidade Amarelamento com antioxidantes Artigo gentilmente cedido pela Ciba Especialidades Químicas Tradução: Agostinho S. Pacheco - ABQCT Revisão: Luiz Wagner de Paula - Ciba 1. Introdução Um dos mais notórios fatores responsáveis pelo amarelamento do branco ou cores pastéis das mercadorias têxteis, o qual ocorre particularmente durante a estocagem, são os antioxidantes fenólicos freqüentemente encontrados em quase todas as operações de processamento e manufatura dos têxteis. Mesmo em quantidades muito pequenas, essas substâncias podem causar intenso amarelamento. 2. Antioxidantes como causas de amarelamento O amarelamento de mercadorias brancas é freqüentemente causado pela presença de antioxidantes à base de "fenol" (os derivados de hidróxido tolueno butilado são antioxidantes freqüentemente usados). Di-tert.-Butil-Hidróxido-Tolueno (BHT) é largamente utilizado porque é facilmente obtido, de baixo custo e alta efetividade. Ele tem a desvantagem de apresentar uma moderada pressão de vapor. Por essa razão, é volátil, podendo deixar o composto no qual ele foi formulado e se transferir para o material têxtil muito facilmente. Produtos desse tipo são comumente utilizados como estabilizadores em: · Produção de fibras; · Processamentos têxteis; · Estocagem de materiais (por exemplo, filmes de polietileno para empacotamento que contenham de 0,03 a 0,15% de antioxidantes e filmes de polipropileno entre 0,05 e 0,25% para protegê-los contra o envelhecimento). 28 Para maiores esclarecimentos, vejam os exemplos seguintes, onde a presença de antioxidantes é possível: Produção de fibras = estabilizadores de fibras (ex. nas fibras sintéticas) pesticidas, herbicidas, fungicidas (ex. fibras naturais). Processamento têxtil = auxiliares de fiação (auxiliares de texturização, óleos lubrificantes de fiação, antiestáticos), auxiliares de tecelagem (substâncias oleosas, gorduras), tingimento e acabamento (auxiliares, químicos), lubrificantes de equipamentos, mantas de borracha (encolhimento compressivo), confecção (material de espuma, fitas elásticas, óleo de máquinas de costura, cosméticos no contato com a pele). Empacotamento = material de empacotamento (papel, papelões, filmes e contêineres de plástico). Vários fatores influenciam o amarelamento de mercadorias têxteis brancas em presença de antioxidantes: Condições de armazenamento: - composição da atmosfera no armazém, loja e residência (presença de óxidos de nitrogênio NOx, entre outros poluentes). - temperatura, umidade do ar. - aquecimento e ventilação. - tempo de armazenamento. - iluminação. Composição do ar quente, particularmente no equipamento de secagem/cura ou aquecimento, com queima de gás direto, quando os óxidos de nitrogênio são produzidos devido às condições impróprias de queima. Química Têxtil - n° 80/set.05 Tecnologia Qualidade 3. Antioxidantes derivados de fenol Os três antioxidantes derivados de fenol mais freqüentemente encontrados e que aumentam o amarelamento são: 2.6-di-tert.butil-4-nitrofenol (derivado 1, DTNP) mostrado significante descoloração amarela devido aos vapores de NOx. Esse derivado de antioxidantes fenólicos (DTNP) é amarelo em condição de pH neutro para alcalino, mas é incolor em ambiente ácido. Portanto, o efeito de amarelamento é reversível. Os outros componentes amarelos (derivados 2 e 3) podem também aparecer particularmente em presença de alta concentração de antioxidantes. 4. Reflexão espectroscópica O fenol livre é incolor e o ânion fenolato é amarelo. Em meio apolar ou ácido o fenol incolor torna-se presente; o ânion fenolato amarelo ocorre em ambiente alcalino. Em pH 7, ambas as formas estão presentes, em quantidades aproximadamente iguais. 3.3'.5.5'-tetra-ter.butil estilbeno quinona (derivado 2) 3.3'.5.5'-tetra-ter.-butil difenoquinona (derivado 3) A formação de compostos amarelos a partir do antioxidante butil-hidroxi-tolueno ocorre de acordo com o diagrama ao lado. Especialmente em conjugação com óxidos de nitrogênio (NOx), o antioxidante butil-hidroxitolueno se transforma em 2,6-di-tert.-butil-4nitrofenol (DTNP), o qual é o principal responsável pelo amarelamento. Concentrações de butil-hidroxi-tolueno ao nível de 2 ppm tem 30 Ao longo dos anos, a reflexão espectroscópica tem provado ser, por si mesma, uma ajuda muito útil para nossos serviços técnicos no tratamento das reclamações e dúvidas de clientes. Freqüentemente, essa técnica é a única forma de responder a uma reivindicação na qual o cliente, conscientemente ou não, atribui ao branqueador ótico. De fato, o amarelamento causado pelos antioxidantes fenólicos pode ser identificado muito precisamente em comparação com a absorção geralmente desestruturada Tecnologia Qualidade dos outros tipos de amarelamento de fundos brancos. A figura abaixo mostra exemplos de reflexão espectroscópica medidos em amostras de tecidos, os quais foram manchados com derivados de antioxidantes durante a estocagem. Química Têxtil - n° 80/set.05 po, em materiais descoloridos. Nesse caso, as reflexões espectrais são medidas no material sem tratamento, depois de exposto a vapores ácidos e depois de exposto à amônia. Sob a ação do ácido, a absorção desaparece devido ao nitrofenolato e os outros produtos são mais facilmente identificáveis; após subseqüente tratamento com amônia, a faixa de onda do nitrofenol deve reaparecer. 5. Solução de problemas Os espectros das três substâncias são diferentemente e caracteristicamente estruturados. Eles diferem entre si e da maioria das absorções desestruturadas das outras descolorações amarelas. O amarelamento causado pelos derivados dos antioxidantes fenólicos é, por isso, indubitavelmente identificado pelas formas de reflexão do espectro entre 400 e 500 nm. Freqüentemente acontece de vários derivados amarelos de antioxidantes estarem presentes, ao mesmo tem32 Sob a luz de todos esses fatos, podemos razoavelmente deduzir que: · a causa do amarelamento por antioxidantes fenólicos foram identificadas; · as substâncias responsáveis pelo amarelamento podem ser quimicamente analisadas e também definidas; · esse tipo de amarelamento pode ser diferenciado, muito precisamente, de outros; · agentes branqueadores fluorescentes não estão envolvidos no amarelamento de mercadorias têxteis causado por antioxidantes. Entretanto, é virtualmente muito difícil prevenir a ocorrência de tal amarelamento na medida que os antioxidantes sejam utilizados. Desta forma, não existe uma resposta definitiva a respeito de como resolver esse problema na aplicação. O que podemos fazer para reduzir esse problema de amarelamento é o seguinte: · Informar aos clientes para que estejam seguros quando comprarem fibras, todos os tipos de produtos de tingimentos e acabamentos têxteis, produtos químicos (ex: lubrificantes) e especialmente materiais de empacotamento e invólucros, para que eles não conte- Química Têxtil - n° 80/set.05 nham nenhum antioxidante fenólico (invólucros de polietileno de baixa densidade e livres de fenol são recomendados para empacotamento). · Certificar-se que o substrato tenha o pH ligeiramente ácido (pH 5-6) após o acabamento. O pH deve ser ajustado com um ácido orgânico não volátil (ex: ácido tartárico ou cítrico) ou com 0,5-1 g/l de Invatex® AC (Ciba). Isso resolverá pelo menos uma parte do problema, porque amarelo do derivado 1 (DTNP) não se forma em meio ácido. · Evitar a presença de óxidos de nitrogênio (NOx) durante a produção e armazenamento (não ter equipamento de secagem que queime gás direto, usar veículos de transporte movidos por motores elétricos no lugar de motores de combustão na área de armazenamento, boa ventilação no armazém para evitar poluição e reduzir o volume de óxidos de nitrogênio). 6. Teste Courtaulds de amarelamento Esse teste foi inicialmente desenvolvido pela Courtaulds e mais tarde adotado pela Marks & Spender: Método C20B, Amarelamento Evasivo/Reversível. O propósito desse teste é acessar o potencial de mercadorias têxteis brancas ou cores pastéis de amarelar devido à contaminação por fenóis estéreis. Esse teste é muito específico e mede somente a suscetibilidade dos substratos têxteis de absorver o nitrofenol derivado do butil-hidroxi-tolueno (derivado 1, DTNP, acima mencionado). Em outras palavras, o teste Courtaulds é relacionado com a possível descoloração dos têxteis devido à reação entre óxidos de nitrogênio e o amarelamento por fenóis presente nas mercadorias armazenadas, material de embalagem ou acabamentos de tecidos. Embora ele se direcione a alguns dos aspectos do amarelamento com antioxidantes, o teste Courtaulds não pretende tratar de outras causas de descoloração (ex: gás fading, oxidação de químicos) e irá, embora não verdadeiramente, determinar se o tecido pode amarelar sob as condições de armazenamento. Tecnologia Qualidade Princípio do teste Courtaulds A amostra do tecido a ser testado é inserida entre duas camadas de folhas dobradas de papel impregnado com cerca de 0,01% DTNP. O sanduíche obtido é colocado sobre uma lamina de vidro e coberto com uma segunda lamina de vidro. A montagem (consistindo de cinco amostras) é empacotada e hermeticamente fechada com filme de polietileno livre de butilhidróxi-tolueno. O pacote é colocado em uma estufa de secagem por 16 horas na temperatura de 50°C +/- 3°C e removido da estufa e resfriado antes de desempacotar. Já que a cor pode enfraquecer em certos substratos, o grau de amarelamento é imediatamente determinado com a escala de cinzas para descoloração usada para a determinação de solidezes (escala de 1 a 5). Uma avaliação de 4/ 5 pode assegurar completa proteção contra amarelamento fenólico. Um resultado de 4 é supostamente aceitável. Placas de vidro, papéis impregnados com DTNP e filmes de polietileno (assim como tecido controle) podem ser encontrados na James H. Heal & Co. Ltd. - Inglaterra. Fatores de influência O teste Courtaulds de amarelamento é de fato muito severo e é difícil superar seu padrão. Os resultados dependem dos seguintes parâmetros: · condições de alvejamento (pré-tratamento apropriado para minimizar óleos e graxas residuais, influência positiva do alvejamento com agentes redutores); · pH do material têxtil (menos amarelamento quando em meio ligeiramente ácido, como já descrito acima); · tipo do acabamento e produtos auxiliares: amaciantes e lubrificantes podem influenciar consideravelmente a adsorção e reflexão do DTNP. Eles precisam ser selecionados de acordo com seus comportamentos no teste. Por exemplo, amaciantes catiônicos podem facilmente adsorver o ânion fenolato do DTNP e induzir maior amarelamento. Derivados de butil-hidróxi-tolueno também são particularmente solúveis em óleos e graxas e se concentrarão nessas áreas oleosas. 33 Tecnologia Qualidade O agente alvejante não está relacionado com este problema de amarelamento. Tal como nas mercadorias brancas, isso ocorre em cores pastéis. Química Têxtil - n° 80/set.05 A classificação no Teste Courtaulds é cerca de 2 a 2-3 sem Cibafast® CT (Ciba) e pode ser melhorada até um nível satisfatório (4 a 4-5) usando 2-3% de Cibafast® CT. O Cibafast® CT é apropriado para aplicação simultânea por esgotamento com alvejantes de Poliamida: 7. Recomendações práticas Poliamida Mercadorias brancas de poliamida freqüentemente se tornam amareladas quando submetidas ao teste Courtaulds, mesmo estando em meio ligeiramente ácido. Isso ocorre devido ao caráter catiônico dos grupos de amino livres das fibras de poliamida, os quais interagem com o DTNP. O Cibafast® CT pode ajudar a prevenir tal amarelamento. Bloqueando os grupos de amino livres das fibras de poliamida, ele reduz acentuadamente a adsorção do derivado nitrofenólico do butil-hidróxi-tolueno. A figura abaixo mostra os resultados obtidos sobre Poliamida 6 em termos de amarelamento no teste Courtaulds pela aplicação de Cibafast® CT (Ciba) em concentração crescente em conjunto com Uvitex® NFW líquido ou sem agente redutor e/ou pós-tratamento com ácido cítrico. 34 Processo de alvejamento/branco ótico por esgotamento para Poliamida 0,5 - 2,0 % Uvitex® NFW líquido (Ciba) ou 0,5 - 2,5 % Uvitex® PLF líquido 0 - 3,0 g/l hidrosulfito de sódio estabilizado 0 - 2,0 g/l Invatex® CS (Ciba) 0,5 - 1,0 g/l Ultravon® EL (Ciba) 2,0 - 3,0 % Cibafast® CT (Ciba) pH = 4/6 Tratar por 60/20 minutos a 80/120°C Enxaguar Por razões de afinidade, o pH ácido é necessário para obter ótimo efeito de alvejamento e para assegurar o correto esgotamento do Cibafast® CT sobre o substrato de poliamida. Entretanto, a utilização do Cibafast® CT não é recomendada em mercadorias de poliamida com alvejantes sensíveis a ácidos, como o Uvitex® BHT (Ciba). O pH final do substrato deve ser ligeiramente ácido (pH 5-6 com ácido orgânico não volátil ou com Invatex® AC) para incrementar a inibição do amarelamento pelos antioxidantes. O Cibafast® CT também pode ser aplicado por subseqüente foulardagem (30-40 g/l) em conjunto com ácido cítrico, depois do Química Têxtil - n° 80/set.05 Tecnologia Qualidade alvejamento da mercadoria de poliamida. Ele não prejudica as propriedades do agente branqueador ótico (ex: solidez a luz e a lavagem). Pode ser observado algum declínio do grau de brancura no caso de efetuar secagem a 190210°C posteriormente a aplicação do Cibafast® CT. Algodão No caso de mercadorias de celulose alvejadas, o pós-tratamento com ácido orgânico não volátil (ex: ácido cítrico) ou Invatex® AC até pH 5-6 é usualmente suficiente para alcançar boa pontuação no teste Courtaulds de amarelamento (nota 4 a 4,5). Para evitar amarelamento com antioxidantes é recomendado efetuar um pré-tratamento apropriado e selecionar cuidadosamente os produtos de acabamento. Quando são usados alvejantes de alta afinidade (ex: Uvitex® BHT líquido 115%), o tratamento final em meio ligeiramente ácido não pode ser efetuado devido a sua sensibilidade aos ácidos e potencial esverdeamento. Nesse caso, é possível adicionar 5-10 g/l de Cibafast® CT no banho de acabamento para melhorar a pontuação no teste Courtaulds até um nível satisfatório. Somente os amaciantes não-iônicos devem ser aplicados simultaneamente. Poliéster Como no caso do algodão, o pós-tratamento recomendado das mercadorias alvejadas de poliéster com ácido orgânico não volátil é geralmente suficiente para evitar amarelamento devido o DTNP. Também é recomendada uma correta purga anterior (para remover os lubrificantes) e efetuar o acabamento com produtos selecionados em relação ao seu comportamento no teste Courtaulds (ex: amaciantes não-iônicos). LIVROS NOVOS À VENDA NA ABQCT Durante as conferências realizadas recentemente em Blumenau, São Paulo e Fortaleza foram lançados os livros técnicos “Problemas de Tintoreria” e “O Beneficiamento Têxtil na Prática”. Esses livros estão sendo vendidos na ABQCT, mediante pedidos e pagamento via depósito bancário, com o envio do comprovante do depósito via fax para posterior envio pelo correio. Estes são os preços dos livros: Problemas de Tintorería O Beneficiamento Têxtil na Prática Autores: Josep Valldeperas Morell e Javier Ramón Sánchez Martín - INTEXTER - Espanha Autores: Vidal Salem, Alessandro de Marchi e Felipe G. de Menezes Preço de lançamento: R$ 35,00 Venda posterior p/ sócios: R$ 40,00 Venda post. p/ não-sócios: R$ 50,00 Venda para empresas: R$ 50,00 Frete: R$ 5,50 Preço de lançamento: R$ 50,00 Venda posterior p/ sócios: R$ 55,00 Venda post. p/ não-sócios: R$ 65,00 Venda para empresas: R$ 65,00 Frete: R$ 7,80 Obs.: na aquisição dos dois livros juntos, o frete será de R$ 9,00. O prazo de entrega é de 5 dias úteis. Química Têxtil n° 79/jun.05 Tecnologia Lavanderia Avaliação dos processos de coagulação/floculação, adsorção e Reação de Fenton no tratamento do efluente de uma lavanderia industrial Jean Carlo Salomé dos Santos Menezes, Tânia M. Pizzolato e Ivo André H. Schneider Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e Materiais - Universidade Federal do Rio Grande do Sul Revisão Técnica: Rodrigo Chrispim A lavagem de roupas de forma comercial em empresas de pequeno e médio portes é comum nos dias atuais. As águas residuais contêm uma diversidade de compostos, entre os quais tensoativos, amaciantes, alvejantes, tinturas, fibras de tecidos, gomas e resíduos de sujeira. Assim, o objetivo do presente trabalho é estudar alternativas para o tratamento do efluente gerado por uma lavanderia industrial. O tratamento pela Reação de Fenton demonstrou bons resultados em relação aos parâmetros físico-químicos, porém, a presença de agentes oxidantes de forma residual conferiu toxidez aos organismos avaliados. Os resultados obtidos são discutidos em termos de operaciona-lidade da estação de tratamento de efluentes, custos envolvidos e benefícios ambientais. Realizou-se um estudo de caracterização do efluente e uma investigação, em laboratório, de diferentes alternativas de tratamento - coagulação/ floculação, adsorção/ coagulação/floculação e a Reação de Fenton - os quais foram avaliados em relação a padrões físico-químicos e ecotoxicológicos. Os resultados obtidos demonstram que o efluente bruto da lavanderia não atinge os padrões físico-químicos exigidos pela legislação e apresenta um alto grau de toxicidade no meio aquático, devendo ser tratado para lançamento no corpo hídrico receptor. Introdução O efluente tratado por coagulação/floculação melhorou significativamente a qualidade da água, porém, não conseguiu reduzir de forma eficiente a carga de surfactantes. Os índices de toxicidade melhoraram em relação ao efluente bruto, porém, não puderam ser considerados satisfatórios. O efluente tratado por adsorção/coagulação/floculação apresentou bons resultados tanto nos parâmetros físico-químicos quanto nos ensaios de toxicidade, mostrando ser a melhor opção de processo. 36 Atualmente não existe na natureza água suficiente e em boas condições para atender a todas as necessidades. Portanto, esforços no sentido de reduzir o consumo, reciclar e tratar as águas contaminadas têm se tornado fundamental (von SPERLING, 1996). A lavagem de roupas de forma comercial em empresas de pequeno e médio portes é comum nos dias atuais. Segundo BRAILE e CAVALCANTI (1993), o consumo de água é de aproximadamente 32 litros por kg de roupa, considerando as operações de lavagem e enxágue. As águas residuais contêm grande diversidade de compostos, entre os quais tensoativos, amaciantes, alvejantes, tinturas, fibras de tecidos, gomas e resíduos de sujeira. Devido a isso, apresentam carga orgânica, coloração, baixa tensão superficial e um razoável volume de sólidos suspensos. Poucas empresas tratam seus efluentes de forma a atingir os padrões de qualidade exigidos pela legislação. As que o fazem, encontram dificuldades relacionadas à disponibilidade de espaço, Química Têxtil - n° 79/jun.05 Tecnologia Lavanderia falta de tecnologia e carência de mão-de-obra qualificada. Quando os despejos de lavanderias são tratados, geralmente emprega-se o tratamento físico-químico de coagulação/floculação, seguido por uma operação de separação sólido-líquido que pode ser por sedimentação, flotação ou filtração (BRATBY, 1980). A complementação do processo ocorre como estágio de polimento pela adsorção em carvão ativado (ou outro material adsorvente) ou através de processos biológicos. O polimento do efluente com carvão ativado é uma alternativa que apresenta bons resultados, porém, o consumo - e como decorrência o custo - é bastante alto (McKAY, 1982a; McKAY,1982b; NASSAR e ElGEUNDI, 1991). Outra possibilidade é a adoção de lagoas de estabilização ou outro processo biológico. Porém, essa alternativa somente é válida em empresas que possuem área disponível para a construção de lagoas de estabilização ou reatores biológicos, não sendo o caso da maioria das lavanderias. Ainda, os resultados obtidos com sistemas biológicos nem sempre são satisfatórios (GONÇALVES, 1996; RODRIGUEZ et al, 2002; ANDERSON et al, 2002; SILVEIRA et al, 2003). Alternativas promissoras para o tratamento de efluentes de lavanderias estão nos processos oxidativos avançados, em especial os que agregam a reação de Fenton. O processo permite, ao mesmo tempo, a degradação/mineralização de compostos orgânicos solúveis pelo radical hidroxila (·OH), bem como a remoção dos sólidos suspensos pela precipitação do ferro residual (HAYEC e DORE, 1985; BIGDA 1995; BOLTON 1996; LEÃO et al. 1999; LIAO et al., 1999). Pouco se sabe sobre o real impacto do lançamento de efluentes de lavanderia sobre o meio ambiente e o benefício das operações de tratamento de efluentes, principalmente em relação a dados ecotoxicológicos. Assim, este trabalho tem como objetivos a caracterização do efluente de uma lavanderia industrial e o estudo em laboratório de três alternativas para o tratamento: coagulação/floculação, adsorção/coagulação/floculação e 38 Reação de Fenton. O trabalho foi realizado em uma lavanderia situada no meio urbano e, por isso, só foram avaliados processos físico-químicos que se adaptassem à estação de tratamento de efluentes da empresa. Materiais e métodos Coleta e conservação das amostras As amostras de efluentes foram coletadas em uma lavanderia que realiza as operações de desengomagem, lavagem, amaciamento, destruição e estonagem de tecidos. As amostras foram coletadas no tanque de equalização, que recebe todos os fluxos da empresa, cuja vazão varia de 6 a 20 m³ dia-1 de águas residuárias. Para os estudos em laboratório, as amostras foram guardadas em frascos plásticos e armazenadas a 4°C por um período não superior a 48 horas. Tratamento do efluente em laboratório Os estudos de tratamento do efluente foram realizados em um aparelho de "Jar-Test" Turbofloc-Júnior. As dosagens de reagentes e o pH do meio foram previamente otimizados por (MENEZES, 2005), sendo que os resultados apresentados nesse trabalho foram obtidos nas seguintes condições: 1. Ensaio de coagulação/floculação: agitação do efluente a 60 rpm, adição de 800 mg L-1 de sulfato de alumínio, seguido de ajuste do pH para 6,5 com hidróxido de sódio, adição de 2 mg L-1de um polímero floculante (poliacrilamida catiônica de alto peso molecular), diminuição da rotação para 20 rpm, agitação por 2 minutos para formação dos flocos, término da agitação e repouso por um tempo de 10 minutos para sedimentação dos flocos e filtração rápida do efluente. 2. Ensaio de adsorção/coagulação/floculação (heteroagregação): agitação do efluente a 60 rpm, adição de 2 g L-1 de carvão ativado, agitação por 30 minutos, seguido de adição de 800 mg L-1 de sulfato de alumínio, ajuste do pH para 6,5 com hidróxido de sódio, adição 2 mg L-1 de polímero floculante (poliacrilamida catiônica de Química Têxtil - n° 79/jun.05 alto peso molecular), diminuição da rotação para 20 rpm, agitação por 2 minutos para formação dos flocos, repouso por um tempo de 10 minutos para sedimentação dos flocos e filtração rápida do efluente. 3. Ensaio pela Reação de Fenton: agitação do efluente a 60 rpm, ajuste do pH para 3,0 com HCl, adição de 0,66 g L-1 FeSO4 e de 8 mL L-1 H2O2, término da agitação e repouso de 3 horas para andamento da Reação de Fenton. Ajuste do pH para 7,0 com hidróxido de sódio, repouso de 30 min para sedimentação dos coágulos e filtração do efluente para a remoção dos coágulos. As três alternativas foram concebidas para serem aplicadas na estação de tratamento de efluentes da Empresa, cujo fluxograma está apresentado na Figura 1. Análises químicas e ecotoxicológicas As análises realizadas foram: pH, sólidos sedimentáveis, sólidos suspensos, turbidez, cor, DQO, DBO, surfactantes, tensão superficial, cloretos, sulfatos, nitrogênio, fósforo, toxicidade aguda com o microcrustáceo Tecnologia Lavanderia Daphnia similis e toxicidade aguda com o peixe Pimephales promelas. Essas análises seguiram os procedimentos do "Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater" (APHA 1995). Cor, turbidez, pH e tensão superficial foram medidos, respectivamente, em um espectrofotômetro Merck SQ 118, um turbidímetro Policontrol modelo AP 1000 II, um pH metro digital modelo DM 20 e um tensiômetro Kruss K6. Analisou-se também a massa e o volume de lodo gerado por litro de amostra tratada. A massa foi quantifi-cada pela filtração de 1 litro de amostra em papel filtro comum com a posterior secagem do lodo em estufa a 60°C. O volume foi determinado pela sedimentação em uma hora no Cone de Imhoff. O regime de sedimentação foi classificado conforme definido por TCHOBANOGLOUS (2003), o qual divide a sedimentação como livre, floculenta, zonal ou compressão. A classificação dos resíduos sólidos foi realizada conforme a NBR 10.004 (ABNT, 2004). Estimativa de custos em insumos químicos A estimativa de custos, em reais (R$) por unidade de volume do efluente tratado ou por mês, no caso específico da lavanderia estudada, foi realizada com base em cotações de fornecedores no mês de janeiro de 2005. A relação completa das dosagens e do preço unitário dos insumos usados nos tratamentos encontra-se na Tabela 1. Resultados e discussão Caracterização do Efluente A Tabela 2 mostra as faixas de variação do efluente equalizado obtido de várias amostras coletadas durante o período de trabalho, cujos valores podem ser com39 Química Têxtil - n° 79/jun.05 Tecnologia Lavanderia vagem de roupas, os quais estão incluídos detergentes, removedores de manchas, alvejantes, cloro, enzimas e amaciantes. Observou-se também que o efluente apresenta uma relação DQO/DBO que varia entre 3,0 e 4,4, indicando a presença de uma parcela considerável de matéria orgânica não biodegradável. Entretanto, o efluente se degrada biologicamente quando deixado em repouso por um período superior a 24 horas, ocasionando aparecimento de odor desagradável. Tratamento do Efluente parados com os exigidos na licença de operação da lavanderia emitida pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Estado do Rio Grande do Sul (FEPAM). O efluente, dependendo das operações preferenciais em cada dia de trabalho, pode ter características diversas. A Figura 2 apresenta o aspecto geral do efluente equalizado bem como uma fotografia tirada com um microscópio óptico mostrando as fibras de tecidos suspensas. O efluente apresenta uma coloração que varia do cinza ao azul. Possui corantes, amido, fibras de tecidos, impurezas e insumos químicos usados na lavagem de roupas. Pode-se observar que o efluente, de um modo geral, não atende aos padrões de pH, sólidos sedimentáveis, DQO, DBO e surfactantes exigidos na licença de operação, necessitando ser tratado. Grande parte da perda da qualidade da água deve-se aos insumos químicos empregados no processo de la- 40 As Tabelas 3 e 4 mostram os resultados do tratamento do efluente por coagulação/ floculação (com sulfato de alumínio e polímero floculante), através da adsorção/ coagulação/floculação (com carvão ativado, sulfato de alumínio e polímero floculante) e pela Reação de Fenton. Os parâmetros analisados foram os exigidos pela licença de operação e outros de interesse ambiental, os quais incluem pH, sólidos sedimentáveis, sólidos suspensos, turbidez, cor, DQO, surfactantes, tensão superficial, cloretos, sulfatos, nitrogênio, fósforo, toxicidade aguda com o microcrustáceo Daphnia similis e toxicidade aguda com o peixe Pimephales promelas. O tratamento realizado por coagulação/floculação usando o sulfato de alumínio e polímero floculante permitiu remover os sólidos suspensos, além de uma fração considerável da carga orgânica e de surfactantes. A DQO reduziu de 718,9 mg L-1 para 117,6 mg L-1 e a concentração de surfactantes de 38,5 mg L-1 para 7,8 mg L-1. Apesar da redução na concentração de surfactantes, a tensão superficial do sistema que era de 33,0 mN m-1 ficou em 40,0 mN m-1, muito distante da tensão superficial da água pura que é de 72,5 mN m-1. Tecnologia Lavanderia Nessas condições, em termos da legislação vigente, o efluente não atende somente o padrão referente ao lançamento de surfactantes, que é de 2 mg L-1. Os ensaios ecotoxicológicos agudos com a Daphnia similis indicam que efluente bruto, com EC-50 de 5,2% (considerado extremamente tóxico), passa para um EC-50 de Química Têxtil - n° 79/jun.05 83% (classificado como pouco tóxico). Para o peixe Pimephales promelas a toxicidade aguda do efluente bruto apresentou um LC-50 de 4,4%, passando para LC50 de 34,60%. O tratamento do efluente também foi realizado por heteroagregação entre carvão ativado, sulfato de alumínio e polímero floculante catiônico. Nessa condição foi possível remover os sólidos suspensos, bem como níveis maiores de carga orgânica e de surfactantes. A DQO baixou de 718,90 mg L-1 para 22,9 mg L-1. A concentração de surfactantes de 38,5 mg L-1 reduziu para 0,1 mg L-1, de forma que a tensão superficial do efluente que era de 33,0 mN m-1 subiu para 70,0 mN m-1. Nessas condições, foi possível atender aos padrões da legislação vigente. Os ensaios ecotoxicológicos agudos com a Daphnia similis indicaram que o efluente bruto, com EC-50 de 5,2% (considerado extremamente tóxico) passa para um EC-50 superior a 100%, não sendo mais tóxico para esta espécie de microcrustáceo. Para o peixe Pimephales promelas, o efluente bruto apresentava um LC-50 de 4,4 %, passando também para um LC-50 superior a EC-50- Concentração de efeito sobre a mobilidade de 50% da população de microscrustáceos. LC-50 - Concentração para causar a morte de 50% da população de peixes. FD - O valor inverso da maior concentração do efluente que não causa efeito nenhum sobre os organismos. Representa a diluição que a amostra precisa sofrer para deixar de causar efeitos tóxicos agudos. Os resultados obtidos através do EC podem ser traduzidos da seguinte maneira: EC-50 < 25% - extremamente tóxica EC-50 entre 25-50% - altamente tóxica EC-50 entre 50-65% - medianamente tóxica EC-50 > 65% - pouco tóxica 42 Tecnologia Lavanderia 100% indicando o seu caráter não tóxico para peixes. O tratamento pela Reação de Fenton na dosagem de 8 mL L-1 H2O2 e 0,66 g L-1 FeSO4 proporciona um aspecto muito bom ao efluente tratado. As remoções de sólidos suspensos, turbidez e cor foram altas, incluindo ainda nitrogênio e fósforo. É possível também observar a degradação dos surfactantes e o aumento na tensão superficial. A análise de DQO não foi realizada, pois o peróxido de hidrogênio residual interfere na análise. Entretanto, com relação aos aspectos toxicológicos, o processo mostrou o maior agravante. O radical hidroxila e/ ou o peróxido de hidrogênio residual apresentam efeito tóxico sobre o microcrustáceo Daphnia similis e o peixe Pimephales promelas, o que demonstra que seria preocupante lançar o efluente tratado por esse processo diretamente no corpo receptor. A Tabela 5 traz os dados sobre a geração de lodo. Os estudos mostraram que o processo de coagulação/ floculação gerou um volume de 200 mL L-1 no Cone de Imhoff e uma massa de 0,3 g L-1 em base seca. Na adsorção/coagulação/floculação com 2,0 g L-1 de carvão ativado, a quantidade de lodo gerada foi de 70 mL L-1 e 2,3 g L-1. A adição de carvão ativado em pó, apesar de aumentar bastante a massa de lodo gerado, proporciona um volume de lodo menor no processo de tratamento. Isso pode ser explicado pelo fato de que as partículas de carvão ativado dão maior peso aos flocos, compactando-os e proporcionando um descarte com menor teor de água (Fig. 3). 44 Química Têxtil - n° 79/jun.05 O processo Fenton gerou um volume de 100 mL L-1 no Cone de Imhoff e uma massa de lodo 0,90 g L-1 em base seca (Figura 2). Os flocos gerados nos processos de coagulação/floculação e adsorção/coagulação/ floculação caracterizam-se por sedimentarem no regime "floculento", enquanto que os coágulos gerados na Reação de Fenton sedimentam no regime "zonal". Todos os lodos gerados foram classificados como Resíduos Não Perigosos (Classe II A - Não Inertes) de acordo com a NBR 10.004 (ABNT, 2004). Custos em insumos químicos nos processos de tratamento de efluentes Para analisar o custo do tratamento do efluente da lavanderia pelos diferentes processos estudados, foi estabelecido um comparativo de custos em insumos químicos tomando-se como base as condições estabelecidas nos ensaios de coagulação/floculação, adsorção/coagulação/floculação e da Reação de Fenton. Apesar de os estudos revelarem que a água tratada por coagulação/floculação não é adequada para o descarte no meio ambiente, o levantamento de custos dessa alternativa também foi feito por ser uma prática bastante empregada pelas Tecnologia Lavanderia empresas do setor, servindo de comparação para os demais processos. A Tabela 6 apresenta os custos com relação aos insumos químicos, considerando uma vazão diária de 20 m3 dia-1 em um período de 30 dias. O tratamento por coagulação/floculação foi o mais econômico, com um custo de R$ 840,00 por mês. O tratamento pelo processo de adsorção/coagulação/floculação apresentou um custo de R$ 1.800,00 por mês, mostrando-se mais caro que o tratamento anterior, porém, mais barato do que se fosse utilizada a Reação de Fenton. Em relação ao processo Fenton, o gasto em insumos estimados em R$14.736,00 praticamente inviabiliza a sua utilização. Considerações operacionais Como abordado anteriormente, efluentes de lavanderias apresentam características físico-químicas e Química Têxtil - n° 79/jun.05 ecotoxicológicas que exigem o tratamento do efluente para o descarte em corpos receptores. As empresas geralmente adotam o tratamento através do uso de sais de alumínio e floculantes comerciais. Entretanto, esse processo não remove os componentes orgânicos solúveis responsáveis pela baixa tensão superficial da água e o efluente apresenta ainda índices bastante tóxicos para microcrustáceos e peixes, entre outros organismos não avaliados no presente trabalho. A adição de carvão ativado é uma solução possível para que os parâmetros físico-químicos e toxicológicos de qualidade da água sejam atendidos. Estudos realizados por JEAN (2005) demonstram que o carvão ativado deve ser utilizado na forma pulverizada, pois o carvão ativado granulado apresenta uma baixa área superficial disponível para as moléculas de surfactantes. O uso do carvão ativado em pó pode ser feito de duas maneiras. A primeira seria antes da adição do coagulante (sulfato de alumínio) e do polímero floculante, processo conhecido no meio científico como heteroagregação. A vantagem é que há somente uma etapa de separação sólido-líquido. A desvantagem é que gera de um lodo inorgânico composto por hidróxidos de alumínio misturado com o carvão ativado. A segunda alternativa é a realização do processo em duas operações, a coagulação/ floculação com a separação dos flocos, seguido de uma etapa adicional de adição do carvão ativado pulverizado. A desvantagem dessa alternativa é a necessidade de duas etapas de separação sólido-líquido. A vantagem é a possibili- 46 Química Têxtil - n° 79/jun.05 dade de obtenção de dois lodos distintos, um a base dos hidróxidos precipitados e o outro de carvão ativado. Neste trabalho optou-se pela primeira maneira, uma vez que se adapta melhor às condições de processo da lavanderia em estudo. Outro aspecto importante está relacionado ao fato de que a dosagem de carvão ativado necessária para a remoção dos surfactantes é alta (cerca de 2 g L-1), o que onera significativamente os custos na estação de tratamento. Sugere-se que um futuro estudo deva ser realizado no sentido de reduzir o uso de detergentes empregados no processo de lavagem de roupas, pois os custos poderão ser minimizados na lavanderia sob dois aspectos: redução no consumo de detergentes e menor consumo de carvão ativado na estação de tratamento de efluentes. O tratamento dos efluentes pela Reação de Fenton apresenta como principal vantagem o fato de unir em um só processo etapas de oxidação química e coagulação/floculação. Porém, os custos em insumos químicos são altos e o efluente apresenta ainda restrições em termos ecotoxicológicos para descarte. Soma-se o fato de que o ciclo total do processo é lento, sendo necessário em torno de três horas para o término da reação (bastante tempo, se comparado com o processo de adsorção/coagulação/floculação que leva no máximo uma hora). Deve-se considerar ainda a necessidade de um estudo com relação à resistência dos materiais empregados nos tanques em relação a um potencial de oxidação tão alto. Porém, além da Reação de Fenton, outros processos oxidativos poderiam ser aplicados no tratamento desse tipo de efluente, tais como os processos que combinam o uso de ozônio e radiação ultra-violeta bem como a fotocatálise heterogênea com uso de catalisadores à base de titânio. Porém, uma análise da eficiência e do custo envolvido deve ser realizada para avaliar a aplicabilidade dessas tecnologias comparadas aos processos tradicionais. Tecnologia Lavanderia Conclusões - Os principais parâmetros a serem considerados no efluente gerado na lavanderia são: cor, carga orgânica (expressos em termos de DQO e DBO), sólidos suspensos e surfactantes. Em termos de toxicidade o efluente pode ser considerado como extremamente tóxico para o microcrustáceo Daphnia similis e para o peixe Pimephales promelas, não podendo ser lançado diretamente em um corpo hídrico receptor sem prévio tratamento. - O tratamento do efluente pelo processo de coagulação/floculação remove eficientemente sólidos sedimentáveis, sólidos suspensos e DQO, porém, não consegue reduzir de forma eficiente a carga de surfactantes, permanecendo um residual acima do limite de descarte determinado pela FEPAM. Os índices de toxicidade encontrados melhoraram em relação ao efluente bruto, porém, não podem ser considerados satisfatórios. - O tratamento dos efluentes pelo processo de adsorção/ coagulação/floculação atende a todos os parâmetros estabelecidos pela legislação, inclusive surfactantes. Além disso, o efluente não apresentou toxicidade aguda e/ou crônica para microcrustáceos e peixes. - A Reação de Fenton apresentou bom desempenho na remoção de cor, carga orgânica, sólidos suspensos e surfactantes. No entanto, concentrações residuais dos agentes oxidantes no efluente são tóxicos para os organismos, de forma que o seu descarte em corpo hídrico não é recomendado. - As análises de custos em relação aos insumos químicos utilizados nos diferentes tratamentos demonstraram que o processo de coagulação/floculação tem o menor custo (R$ 1,40 m-3), seguido pelo processo de adsorção/ coagulação/floculação (R$ 3,00 m-3). O processo Fenton apresentou o custo mais alto (R$ 24,56 m-3), tornandose pouco competitivo em relação aos outros processos. - A massa de lodo gerado nos processos estudados e nas condições empregadas neste trabalho foram de 0,3 kg m-3 na coagulação/floculação, 2,3 kg m-3 na adsorção/ 47 Tecnologia Lavanderia coagulação/ floculação e de 0,9 kg m-3 na Reação de Fenton. O lodo dos processos são classificados como um resíduo Não-Perigoso (Classe II-A - Não Inerte) e estudos devem ser conduzidos para reúso desse material. Agradecimentos Os autores agradecem à Fapergs (processo 00/12271) e ao CNPq (processo 550135/2002) pelos recursos financeiros para o desenvolvimento da presente pesquisa e ao CNPq-RHAE pelas bolsas de iniciação científica concedidas. Também agradecem ao Laboratório de Tecnologia Mineral e Estudos Ambientais (LTM) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul pela ajuda em diferentes partes do trabalho. Bibliografia ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. 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O processo tem colocado a prova a eficiência e a competitividade da industria têxtil aqui instalada e tem trazido implicações que certamente mudarão substancialmente o mapa produtivo brasileio. A concorrência de produtos têxteis acabados ou semiacabados, principalmente provenientes do continente asiático, tem substituido exportações brasileiras em alguns mercados tradicionais, ocasionando perda de receitas, além de provocar um achatamento nas margens de lucro devido a concorrência no mercado interno. O que está em jogo aqui é a sobrevivência de um setor dinâmico e relativamente modernizado da indústria nacional, com um impacto social negativo relevante. A quebra de parte da industria têxtil seria um paradoxo, dado o fato de o Brasil ser hoje o centro da moda internacional na América Latina. Não se enxerga outro caminho que não seja o da pesquisa de novos métodos que diminuam tempo de processos, produtos químicos que substituam vários outros nas receitas a um preço coerente, propiciando um produto final de qualidade ainda melhor que a atual a um custo inferior. Embora os recursos sejam escassos, a hora não é de se encolher ou esconder-se atrás de taxas, sobretaxas, barreiras etc; precisamos ousar. Nossa agricultura é um exemplo a seguir, hoje referência mundial em pesquisa e produtividade. Seguindo essa linha de raciocínio, e com firme intenção de sempre disponibilizar ao mercado têxtil 50 o resultado de nossas melhores pesquisas, apresentamos trabalho efetuado em malha contendo a mistura das seguintes fibras poliéster/viscose/elastano, na proporção de 65% PES / 31% CV / 4,0% PUE, abrangendo cores claras, médias e intensas, maquinário utilizado (HT e Turbo Horizontal - Dragon-Jet). As classes de corantes e tipos de tricomias foram severamente estudadas, com o objetivo único de conseguir o máximo de rendimento e qualidade final, com o mínimo tempo de processo. Com esse propósito, foi desenvolvida uma linha especial de auxiliares que possibilitaram concluir os processos. Cassamix Íon - dispersante/igualizante para todos os corantes. Exerce também a função de dispersar oligômeros. Cassalub BUF - anti-quebradura compatível com as fibras envolvidas. Cassalon MA-27 - produto responsável pela elevação do pH quando o processo for realizado em meio alcalino. Cassastab ANU - dispersante, seqüestrante de CA/ MG, umectante. Cassafix ALW - fixador levemente catiônico, não favorece termomigração. Nas cores claras, o resultado final do trabalho apresentou nota de solidez 5 nos itens lavagem ISO 105-CO3, luz ISO 105-BO2. Graficamente, os processos se resumem da seguinte forma: Os corantes reativos utilizados nesse processo possuem dois grupos reagentes na mesma molécula que os tornam menos sensível à presença de residuais de peróxido, hipoclorito de sódio e íons de Ca/Mg. Os corantes, devido a sua formação química híbrida, ainda confere aos substratos beneficiados uma boa soli- dez à lavagem, ótima igualização e ganho substancial de tempo nos processos de tingimento por igualizar e lavar melhor quando comparado aos corantes cujo grupo reativo tem base na vinilsulfona. Os corantes da linha CF utilizados no processo acima (Cores Intensas) são corantes reativos de ultima geração, cujo grupo reativo foi deslocado no anel aromático da molécula do corante da posição de uma para outra. O deslocamento do grupo reativo na reação da produção do corante fez com que as características de fixação e reação do mesmo fossem radicalmente alteradas, tornando o corante sensivelmente superior para beneficiamento de cores intensas. Estudos específicos e práticos revelaram um esgotamento final do corante no banho de tingimento da ordem de 80 a 90%, dependendo da intensidade desejada. Essa característica faz com que as quantidades de corantes necessárias para se conseguir uma cor intensa sejam muito menores se comparadas aos corantes vinilsulfona tradicionais. A diferença de concentração chega a ser de 1/3 em alguns casos e isso concorre para que tenhamos tempos de processos muito menores, com lavagem final muito rápida e pouquíssimo despejo de resíduos no meio ambiente. Os processo desenvolvidos e apresentados acima mostraram na prática reduções espetaculares de tempo gasto de energia elétrica, água, vapor da caldeira etc. Estudos comparativos com relação a processos convencionais revelaram os resultados apresentados no quadro da próxima página. 51 Como vemos nas comparações acima, as diferenças de tempo de processo são muito significativas, o que seguramente vai contribuir para uma redução de 10 a até 30% no custo final do substratro. Conclusão Fisicamente não verificamos alterações relevantes nas características originais dos substratos quanto a tensão dimensional e ponto de ruptura. Verificamos somente uma quase imperceptivel perda de gra-matura, justificável pelo descascamento leve do poliéster no processo alcalino. Todos os processos apresentados também podem ser efetuados pelo método 52 ácido, alterando somente o agente responsável pelo pH. Os processos apresentados podem ser convertidos para o tingimento de PES/CO com algumas poucas alterações e os mesmos beneficios. Estamos inteiramente preparados e a disposição no sentido de esclarecer eventuais duvidas. CASSEMA CORANTES [email protected] - tel.: (011) 6411-1100 Química Têxtil n° 80/set.05 Tecnologia Auxiliares Tensoativos na indústria têxtil Pedro Ângelo V. Menezes - GAP Química Ltda. Revisão técnica: Rodrigo Chrispim São tecidas considerações sobre a estrutura básica dos tensoativos, bem como se examinam as propriedades obtidas pela escolha e combinação de certos grupos hidrófobos e hidrofílicos. Discute-se o conjunto de fatores que controlam a umectação apropriada de vários substratos têxteis e a complexidade da detergência em relação a vários tipos de sujidades. menor custo aparente, não levando em consideração outros fatores também de grande valia. Introdução Ecologia: o produto deve ser biodegradável e não criar problemas ao meio-ambiente ou interferir na eficiência da Estação de Tratamento de Efluentes existente na indústria. Existem, porém, pelo menos dois outros elementos importantes a serem considerados numa seleção racional: - os resultados desejados quando da utilização do produto; - o tipo do produto e suas propriedades. A produção de tensoativos sintéticos cresceu até se tornar um dos maiores setores de atividade na indústria química. Uma gama imensa de produtos encontra-se disponível e posta à venda por um grande número de fabricantes e distribuidores. Por isso, a maioria dos tensoativos sintéticos alcança a condição de "commodities" e muito poucos deles podem ser classificados como especialidades. Com a ampla variedade de tensoativos no mercado, como deveria ser feita a sua seleção correta para uma finalidade em particular? Por que lançamos mão de certos produtos para determinada finalidade e não outros? A seleção deverá levar em consideração vários fatores, tais como: - é eficiente e econômico? - é eficiente energeticamente? - é seguro para o meio ambiente? Custo: o produto com melhor coeficiente de desempenho/custo é o usualmente selecionado. Porém, pode ser enganador permitir conclusões apenas em função de um 54 Energia: se o produto em questão atingir o desempenho almejado, com menor temperatura, contribuirá certamente, de modo substancial, para a economia de energia, de elevado custo no processo. De modo a se fazer a escolha adequada, torna-se imprescindível que passemos em revista o que são na realidade os tensoativos. Os agentes tensoativos são substâncias absorvidas nas superfícies ou interfaces de um sistema e que, quando presentes, ainda que em pequenas dosagens, causam variações significativas na tensão interfacial ou superficial. Devemos eliminar qualquer dúvida para a definição de interfaces. Isso é melhor compreendido e visualizado quando se observa um copo parcialmente cheio de água. O topo da água é a superfície, mas também a interface entre a água e o vapor d’água acima dela ou entre um líquido e um gás. Química Têxtil - n° 80/set.05 Tecnologia Auxiliares Outra superfície existe entre a água e o vidro na qual a mesma está contida. Se adicionarmos óleo, a água irá separar-se, flutuando no alto, e, portanto, criando uma interface líquido/líquido, enquanto outra interface ocorre entre o óleo e o vidro. Para afetar a tensão superficial de qualquer sistema, a molécula do agente de tensão superficial deve conter uma porção polar ou hidrofílica (solúvel em água) combinada a uma porção lipofílica ou oleosa (solúvel em óleos ou lipídeos). A parte hidrofílica confere afinidade aos hidrocarbonetos ou superfícies não polares. O balanço ou relação entre essas partes da molécula podem ser controlados pelo químico de sínteses e formulações, que está em condições de preparar e fabricar compostos com a característica específica de detergência e/ou umectação. A. Classificação Em geral, os tensoativos são agrupados em quatro famílias importantes, de acordo com seu grupo hidrofílico e caráter iônico. Quatro são os maiores grupos, a saber: Aniônicos - em que a parte ativa da superfície da molécula possui uma carga negativa: C 17 H35 CO2 - Na+. Os aniônicos são os maiores grupos de produtos disponíveis comercialmente e representam cerca de 65 ~ 70% das vendas mundiais. Em geral, estes são afetados pelos eletrólitos, álcalis e temperatura. Catiônicos - em que a parte da molécula ativa superficialmente possui uma carga positiva: (C18 H37) 2N + (CH3) 2CLOs tensoativos catiônicos representam somente 5% das vendas mundiais. Devido à sua carga positiva, esses produtos são substantivos a muitos substratos, aos quais conferem maciez, além de propriedades hidrofóbicas e antiestáticas. Não-iônicos - as moléculas desses produtos não se ionizam em água e, portanto, não possuem nenhuma carga eletrônica. A porção hidrofílica que regula sua solubilidade consiste numa cadeia de grupos etoxilados: C15 H31 (CH2 - CH2 - O) H 56 Os tensoativos não-iônicos representam aproximadamente 25% das vendas mundiais. Eles são compatíveis com compostos de vários tipos iônicos e são excelentes detergentes para fibras sintéticas, além de possuirem grande estabilidade na presença de águas duras. Anfóteros - possuem tanto carga positiva como negativa na molécula: C12 H25 N (CH3)2 CH2 CO2. Uma carga dominará a outra, dependendo do pH da solução. O tensoativo se comportará como um catiônico, com valores baixos de pH, e, como aniônico, com valores altos de pH. Os tensoativos anfóteros representam apenas de 1~ 2% das vendas mundiais. B. Natureza química Sabe-se que a estrutura básica de um tensoativo contém elementos distintos e sua molécula consiste de duas porções: 1) Hidrófoba 2) Hidrófila Geralmente, a porção hidrófoba consiste numa cadeia longa de hidrocarbonetos de cadeia linear ou ramificada. As cadeias lineares de 8 a 20 carbonos oferecem uma grande variedade e a maior parte de hidrocarbonetos adequados. Estes incluem: · compostos alifáticos saturados e insaturados; · compostos aromáticos. Ambos podem, também, conter átomos de oxigênio e halogênios. 1) Grupos hidrofóbicos: entre os mais usados, encontramos: a) Cadeia linear, grupos alguil-longos; b) Cadeia ramificada, grupos alguil-longos; c) Alguil-benzenos de cadeia longa; d) Alguil-naftalenos; e) Derivados de breu e lignina; f) Polímeros de óxido de propileno, de alto peso molecular; g) Grupos alguil-perfluorados de cadeia longa; h) Grupos polisiloxanos. Tecnologia Auxiliares A decisão final da escolha do hidrófobo mais adequado é governada pelo custo e, principalmente, pela finalidade de uso pretendida. 2) Grupos hidrofílicos: a) Aniônicos · Carboxílicos; · Sulfatos; · Sulfonatos; · Ésteres fosfatados. b) Catiônicos, estes são principalmente; · Sais de aminas primárias; · Sais de aminas secundárias; · Sais de aminas terciárias; · Compostos quaternários de amônio. c) Não-iônicos Aductos de óxido de etileno (tensoativos etoxilados EO) ou polioxietilênicos, EO/PO; PO/EO. d) Anfóteros - esta denominação se refere a tensoativos contendo grupos hidrofílicos ácidos e básicos. Essas funções podem ser providas por qualquer um dos grupos aniônicos ou catiônicos anteriormente citados. Propriedades gerais Química Têxtil - n° 80/set.05 perficial. Os tensoativos se concentram nas superfícies e interfaces de líquidos ou sólidos, onde influenciam em propriedades tais como detergência e umectação. Propriedades funcionais - todos exibem uma combinação de limpeza, emulsificação, solubilização e propriedades dispersantes. As propriedades funcionais explicam a razão dos tensoativos serem de tanto interesse para todos nós e tão essenciais nos processos têxteis. Umectantes, detergentes, igualizantes de tingimento, emulsionantes e outras classificações são usadas para identificar os vários tensoativos diariamente utilizados na prática. Nenhuma das propriedades funcionais é mais importante nos processos têxteis do que a detergência e a umectação. A umectação permite abrir as estruturas compactas dos substratos têxteis para permitir a remoção dos contaminantes ou a penetração dos corantes e agentes de acabamento. A detergência remove, suspende e emulsiona os contaminantes, porém, esta funcionalidade pode ser usada para manter os corantes em suspensão, retardar sua exaustão ou assistir na obtenção de tingimentos igualizados. Antes de se falar sobre os detalhes dessas duas grandes funcionalidades, outro conceito necessita ser visto que é o da formação da miscela. Todos os tensoativos possuem certas propriedades em comum. Estrutura anfipática - fornece afinidade para a fase na qual a molécula é dissolvida. Todo produto tensoativo possui uma molécula tipicamente composta de grupos de solubilidades opostas: - um hidrófobo - solúvel em óleo; - um hidrofílico - solúvel em água. As moléculas dos tensoativos adotam uma orientação particular de arranjamento molecular na superfície e inserido no sistema em que está dissolvido. Em água, por exemplo, a parte hidrofóbica estará tentando sair dela. Uma vez que a superfície esteja saturada pela molécula do tensoativo, as restantes tendem a aglomerarse num tipo de "clusters" coloidal, chamado miscela. Solubilidade - cada molécula é solúvel em, no mínimo, uma fase de um sistema líquido. O sistema influencia o desempenho do tensoativo. Por exemplo, o sabão apresenta um elevado grau de atividade superficial na água, porém, nenhuma no álcool. As concentrações especificas de tensoativos no solvente em que a formação de miscelas ocorre chamase Concentração Miscelar Crítica (C.M.C.). É importante entender a formação das miscelas, já que esse fenômeno afeta muitas propriedades, tais como o ponto de turvação dos não-iônicos, a solubilização das sujidades, a umectação e a detergência. Atividade superficial - todos possuem atividade su58 Química Têxtil - n° 80/set.05 Tecnologia Auxiliares Umectação A) Definição: qualquer substância que aumente a habilidade da água em substituir o ar de um substrato é um agente umectante. Muitos tensoativos são particularmente úteis sob esse ponto de vista, pois, quando adicionados à agua, aumentam as propriedades de molhagem por reduzir a tensão superficial desta. A adição de um umectante à agua também modifica a tensão interfacial do sistema e permite que a água se espalhe mais rapidamente sobre as superfícies sólidas. A propriedade de substituir o ar de um substrato é particularmente útil nos processamentos têxteis a úmido. As menores fibras torcidas em forma de fios e tecidos em telas oferecem uma superfície grande e que envolve uma quantidade de ar bastante apreciável. Altas velocidades de processo exigidas pelas necessidades econômicas nos dias atuais são conseguidas com equipamentos modernos e demandam uma umectação e molhagem muito rápida dos substratos. Sempre que possível, tensoativos sem espuma ou com baixos níveis devem ser escolhidos, já que a espuma interfere em muitas operações e inibe a molhagem por encapsular o ar. B) Desempenho: o desempenho de um tensoativo como agente umectante pode ser avaliado quando se determina: - A concentração mínima do tensoativo que irá produzir um determinado valor de umectação a tempos e temperaturas anotados. - O tempo mínimo de umectação que possa ser conseguido, independentemente da concentração do umectante utilizado. - O tempo de umectação em um sistema específico, a concentrações e temperaturas determinadas. O teste mais correntemente utilizado para determinar as propriedades de umectação ou molhagem é o "Draves Test". Detalhes desse teste poderão ser encontrados no Manual da AATCC sob o nº. 17-1980. Basicamente ele requer a imersão numa solução-padrão do tensoativo, de uma meada de algodão cru, pesando 5 60 gramas. Enquanto o ar é deslocado pela solução, a meada afunda. Quanto mais curto o tempo em que a meada afunda, melhor será o agente de umectação. C) A escolha do tensoativo C.1. Os aniônicos são recomendados por serem, em geral, agentes umectantes. Suas propriedades de alta formação de espuma podem, às vezes, tornarem-se problemáticas, porém, sua fácil e completa remoção por enxaguamento é um aspecto muito favorável. Devido a sua boa solubilidade em água, eles se tornam menos efetivos a medida que se eleva a temperatura da água. Para compensar, seleciona-se um produto que contenha um grupo hidrófobo de cadeia longa. Daí: - Os alguil-benzenos orto-sulfonados possuem melhor propriedade de molhagem do que os correspondentes para sulfonados. - Os produtos que possuem um grupo hidrofílico localizado centralmente são bons umectantes, especialmente se possuem um grupo hidrofóbico ramificado. C.2. No caso dos tensoativos não-iônicos etoxilados, a taxa de etoxilação afeta a solubilidade e, conseqüentemente, todas as demais propriedades do produto. As propriedades de umectação aumentam até um número ótimo de unidades de oxietileno para cada hidrófobo selecionado. Acima disso, a umectação não melhora e, em alguns casos, piora. O efeito da molhagem reflete as características do ponto de turvação desse produto. O ponto de turvação de um tensoativo etoxilado ocorre numa faixa bastante estreita de temperatura. Nessa temperatura, as miscelas dos não-iônicos polioxietilenados tornam-se cada vez maiores até turvarem a solução. Eventualmente, ocorre uma camada de separação da solução. O melhor valor de umectação e de detergência ocorre logo abaixo do ponto de turvação. Portanto, a escolha do tensoativo a ser utilizado, em qualquer operação têxtil, deverá ser ditada pela temperatura em que o referido processo vai ocorrer. Na temperatura do pon- Química Têxtil - n° 80/set.05 Tecnologia Auxiliares to de turvação, os etoxilados não-iônicos não são facilmente enxaguados, já que tendem a permanecer nos substratos. Esta pode ser uma propriedade muito utilizada quando se deseja uma reumectação rápida do substrato em operações subseqüentes. Reumectação O termo “reumectação” é utilizado, com muita freqüência, no processamento têxtil e, particularmente, nas áreas de acabamento. O tensoativo residual nas fibras irá promover uma rápida reumectação dos substratos em certos processos. A maioria dos processos úmidos posteriores à purga e à preparação demanda que o substrato esteja tão livre de agentes contaminadores quanto possível. Portanto, um enxaguamento completo dos detergentes utilizados é normalmente desejado. A presença de traços de tensoativos em operações posteriores pode ocasionar a formação indesejável de espuma (por exemplo, em tingimentos feitos em Jets) ou conflitar com outros produtos químicos (por exemplo, tensoativos aniônicos carregados na tela que foi tinta com corantes catiônicos). Em determinadas ocasiões, é necessário criar condições em que os substratos têxteis sejam reumectados rapidamente. Por exemplo, quando o calor é aplicado para secar ou termofixar uma determinada mistura de fibras, a absorvência do substrato é reduzida. Para melhorar a absorvência e acelerar as operações contínuas de beneficiamento é desejável que se aumente a reumectação do substrato. Isso pode ser conseguido depositando, intencionalmente, traços do tensoativo aniônico, antes da secagem ou usando um não-iônico, de baixo ponto de turvação, que não será enxaguado completamente. Obviamente, a presença de agentes umectantes para promover a reumectação requer especial cuidado e atenção. A reumectação, certamente, interferirá na obtenção de bons resultados nos testes de repelência à água, nos acabamentos. 62 Detergência O termo "detergência" é peculiar aos processos de limpeza, envolvendo a remoção de sujidades de um substrato. Embora os processos de limpeza possam ser efetuados com vários solventes, a grande maioria deles é feita com água. Na presença da água, camadas elétricas duplas são formadas no substrato/líquido e sujeira/ interface/líquido. Cargas elétricas de sinais iguais são conferidas tanto ao substrato como às partículas de sujeira, que se repelem entre si. Essa repulsão superimposta às forças "Van der Wall" reduz a adesão e deflagra o processo de detergência. A adição de um tensoativo à água resulta na redução do trabalho necessário para a remoção das partículas de sujeira do substrato. A detergência descreve a propriedade que têm os tensoativos de promover a força de remoção de sujeira por um líquido. A adição do tensoativo à água afeta: - a adsorção nas interfaces (umectação); - a tensão interfacial; - a solubilidade das sujeiras; - a emulsificação de certas sujeiras oleosas; - a dispersão, a suspensão e a prevenção à redeposição de partículas de sujeiras; - a formação e a dissipação de cargas superficiais. As definições de detergência são complexas devido à infinidade de substratos e sujeiras. A operação de limpeza dos substratos têxteis é comumente chamada de "purga". Nessa área, também os substratos e sujeiras variam muito. Considerando-se que os substratos sejam tecidos, eles podem ser: - Fibras naturais; - Fibras sintéticas; - Misturas. As sujeiras podem ser sólidas ou líquidas: A) Sólidas: - Carbono; - Argila; - Óxidos metálicos. Química Têxtil - n° 80/set.05 Tecnologia Auxiliares B) Líquidas - Gorduras animais; - Ácidos graxos; - Óleos vegetais ou minerais; - Álcoois graxos. Adicionalmente, as sujeiras podem ser iônicas ou nãopolares, reativas ou inertes. Obviamente, os sólidos nãopolares (carbono, materiais oleosos) são mais difíceis de remover do que os sólidos polares (argilas e certos produtos graxos). As sujeiras não-polares são também mais difíceis de remover das fibras hidrofílicas. Devido a variedade de parâmetros, uma série de mecanismos são envolvidos nos processos de purga. Pode-se observar que três elementos estão presentes em todos os processos de purga: · Substrato; · Sujeira; · Agente de limpeza. Uma operação de purga consiste de dois processos: 1) Remoção da sujeira dos tecidos; 2) Prevenção de sua redeposição. Remoção de sujeira Na purga, a remoção de sujeira sólida é realizada através dos seguintes mecanismos: a) Umectação do tecido e das partículas de sujeira pelo banho. Camadas elétricas duplas são formadas nas interfaces "tecido/líquido" e "sujeira/líquida". Tais camadas resultam em cargas iguais, no tecido e na sujeira, causando repulsão mútua. b) Adsorção do tensoativo nas interfaces "tecido/líquido" e "sujeira/líquido". O principal mecanismo pelo qual a sujeira sólida é removida do tecido é pelo aumento da carga negativa, tanto na sujeira, como no tecido, pela adsorção de anion do banho. Os tensoativos aniônicos são particularmente eficientes no aumento dos potenciais de carga negativa. Não são tão eficientes como os não-iônicos para a remoção da sujeira oleosa, muito embora mostrem-se muito eficientes para evitar a redeposição da sujeira. 64 Existem três fatores importantes na remoção das sujeiras sólidas: 1) Redução da adesão entre tecido e sujeira, devido à adsorsão dos tensoativos com o grupo hidrofílico orientado em relação ao banho; 2) Redução das forças de Van der Wall devido à hidratação dos grupos de hidrofílicos; 3) Aumento da repulsão eletrostática causada pela adsorsão dos tensoativos aniônicos ao tecido e sujeira. c) Mecanismo de “formação de gotas” - a remoção das sujeiras líquidas nos banhos de purga é realizada, principalmente, pelo mecanismo chamado de "gotas", causado pela umectação preferencial do substrato. A sujeira líquida que está presente sob a forma de uma fina camada espalhada nas fibras é aglutinada sob a forma de gotas pela ação do banho de limpeza. Tais gotas são removidas por ação mecânica. d) Prevenção e redeposição d.1) Repulsão elétrica - a sujeira é suspensa no banho e impedida de redepositar pelo efeito das barreiras elétricas. A repulsão elétrica causada pelos agentes aniônicos previnem a aglomeração e a redeposição. Os agentes não-iônicos atuam da mesma maneira, reduzindo as forças de Van der Wall entre as partículas de sujeira e colocando barreiras no sistema devido às longas cadeias polioxietilênicas. d.2) A solubilização no interior das miscelas do tensoativo é por certo o mais importante mecanismo para a remoção da sujeira líquida (oleosa). A remoção da sujidade oleosa torna-se significativa somente acima da concentração miscelar crítica (C.M.C.) para os aniônicos e alcança o seu valor máximo somente a valores muito superiores àquela concentração. Para os não-iônicos, o grau de solubilização depende principalmente da temperatura do banho em relação ao ponto de turvação do tensoativo, já que a solubilização do material oleoso aumenta sensivelmente a medida que se aproxima do ponto de turvação. Com os tensoativos aniônicos, em geral, o nível de Química Têxtil - n° 80/set.05 Tecnologia Auxiliares uso não é acima do C.M.C. e, conseqüentemente, a solubilização é quase sempre insuficiente para suspender todo o material oleoso. Para o máximo de detergência, a concentração da mesma no banho deve estar bem acima do C.M.C. Numerosos estudos mostraram uma correlação direta entre o C.M.C., solubilização e a remoção da sujidade para os não-iônicos. O mesmo não ocorre para os aniônicos. Em tecidos não polares (nylon, poliéster), os nãoiônicos são mais eficientes do que os aniônicos para a remoção da sujeira. Com substratos polares, tais como o algodão, os aniônicos superam os não-iônicos em desempenho, na área da detergência. Para as partículas de sujeira sólida, os aniônicos funcionam melhor, tanto em poliéster, quanto em algodão. A detergência dos tensoativos não-iônicos é, em geral, otimizada na proximidade do ponto de turvação, já que a solubilidade da sujidade oleosa, pelas miscelas, aumenta nessa temperatura. Os tensoativos cujos pontos de turvação estão abaixo da temperatura do banho separam-se da solução e os tensoativos com pontos de turvação acima da temperatura do banho tendem a ser mais solúveis no banho e isso diminui a absorção, tanto na sujeira, como no tecido. A etoxilação do hidrófobo, seguido de sulfatação, resulta numa melhoria em relação ao não-iônico, sobre o algodão, enquanto, os não-iônicos demonstram ótimo desempenho no poliéster, como já foi mencionado anteriormente. Outros fatores que afetam a detergência Seleção de tensoativos para a purga Em geral, os bons detergentes possuem uma longa cadeia hidrofóbica e um grupo hidrofílico que está localizado no fim ou próximo do fim da molécula. Hidrófobos de C16 - C18 são melhores do que C12 - C14 . Uma limitação importante ao aumento da detergência com o tamanho da cadeia hidrofóbica repousa na solubilidade do tensoativo. Particularmente nos iônicos, a solubilidade diminui rapidamente com o aumento do tamanho da cadeia hidrofóbica. A melhor detergência é, em geral, mostrada pela mais longa cadeia linear do tensoativo, cuja solubilidade seja suficiente para evitar a precipitação do substrato na presença de cátions, como os encontrados nas águas duras. Aumentando-se o grau de etoxilação de um tensoativo não-iônico, resulta uma diminuição das características de adsorsão do tensoativo, na maioria dos tecidos, como, por exemplo, o nonil-fenol com 20 moles de E.O. Em geral, os tensoativos não-iônicos são melhores detergentes para sujeiras oleosas, sobre fibras sintéticas hidrofóbicas. Os aniônicos, tanto para sujidades liíquidas como sólidas, em fibras hidrofílicas. Geralmente, os aniônicos são preferidos para a remoção de sujeiras sólidas em todas as fibras por suas propriedades de suspensão e dispersão. 66 Estrutura do tensoativo Algumas normas são aplicáveis a todas as classes dos tensoativos, mas, para uma série limitada, certas características básicas podem ser observadas. Dentre os tipos carboxilados (sais sódicos de ácidos graxos) e alguil-sulfatos de cadeias lineares, a melhor detergência ocorre em cadeias de 16 a 18 átomos de carbono. Entre os tensoativos não-iônicos etoxilados, a detergência varia com o tamanho da cadeia de grupos de óxido de etileno, bem como com a estrutura do hidrófobo. Dentre as séries que possuem o mesmo tipo de grupos hidrofílicos, a detergência aumenta com o tamanho das cadeias de carbono e alcançam o máximo, após o que começam a decrescer. Concentração de tensoativos Usando como ponto de partida ou ensaio em branco a remoção com água e sem tensoativo, a detergência aumenta, a princípio, lentamente, quando o detergente é adicionado, e mais intensamente quando o C.M.C. é alcançado, após o que atinge um patamar quando a detergência não é mais afetada por aumentos adicionais das concentrações do detergente. Química Têxtil - n° 80/set.05 Tecnologia Auxiliares Dureza da água A presença de íons metálicos, especialmente de cálcio e magnésio, tem efeito pronunciado na detergência. Em águas brandas, muito menos detergente é necessário para se obter o mesmo grau de detergência do que em águas duras. O cálcio não está presente apenas nas águas duras, mas pode ser introduzido no sistema por outro fator. As sujidades podem conte-lo ou, como no caso do algodão, ele está presente na fibra como agente de contaminação. Portanto, a utilização de sais alcalinos ou de seqüestrastes é necessária para se obter o máximo de detergência. Os alguil-benzenos lineares sulfonados são sensíveis ao cálcio, enquanto os álcoois etoxilados ou álcoois etoxilados-sulfatados não são. Temperatura Geralmente, as altas temperaturas aumentam a detergência. Algumas sujidades se liquefazem a altas temperaturas e, conseqüentemente, tornam-se mais fáceis de solubilizar, emulsionar e remover. As propriedades dispersantes dos tensoativos aumentam com a temperatura. Com os não-iônicos é necessário aumentar a temperatura até próximo do ponto de turvação, ponto no qual obtém-se a melhor detergência. a ótica de vários parâmetros, tais como: concentração, temperatura, tempo, comprimento de banho etc. Biodegradabilidade dos principais tensoativos comparados a outros insumos utilizados na indústria têxtil Histórico Cresce mais a cada dia a preocupação mundial com a conservação do meio ambiente. Os países mais desenvolvidos impõem cada vez mais restrições ao uso de produtos não biodegradáveis. É chegada a hora de deixarmos de tratar esse assunto de forma meramente acadêmica e nos engajarmos nessa filosofia mundial. Essa palestra visa enfocar, ainda que sob a forma simplificada, uma visão global sobre os fundamentos da ecologia, os testes mais empregados na avaliação de biodegradabilidade, obviamente, sob a ótica da indústria têxtil. Os dois pontos principais e focos de análise são os tensoativos que se encontram presentes praticamente em todas as etapas de processamento têxtil, bem como os agentes de engomagem. Ambos respondem por 75% ou mais da carga orgânica residual nas indústrias têxteis. Introdução Espuma Cargas das águas residuais Está provado que a espuma não tem relação direta com a detergência. De fato, pode até prejudicar nas operações de purga. No entanto, as propriedades de suspensão da espuma podem ser utilizadas em banhos curtos, tais como limpeza com xampus de tapetes, sem falar, obviamente, em todos os processos espumáveis, como acabamentos, estamparia, preparações etc. Como dados gerais, pode-se dizer que para a fabricação e beneficiamento de uma tonelada de um produto têxtil, consomem-se aproximadamente 200 toneladas de água. De todos os insumos químicos utilizados para o beneficiamento têxtil, mais de 90% são removidos após cumprir o seu papel requerido. Esses dados mostram bem que a indústria têxtil é potencialmente poluidora, seja pela alta demanda de água utilizada, seja porque a grande maioria dos produtos químicos utilizados é eliminada. Devido à complexidade dos vários problemas de detergência que ocorrem na prática, provas e testes de avaliação de desempenho devem proceder qualquer aplicação industrial. Avaliações prévias devem duplicar e reproduzir as condições dos processos industriais, sob 68 Segundo pesquisa de Schoenberger na Alemanha, a carga contaminante das águas residuais das indústrias têxteis tem uma DQO de aproximadamente 1.700 mg Química Têxtil - n° 80/set.05 Tecnologia Auxiliares O2/litro, como média. Isso significa três vezes acima das águas residuais comuns. Cargas das águas residuais das indústrias têxteis Grupo de produto Agentes de engomagem Umectantes e detergentes Auxiliares de tingimento Ácidos orgânicos Preparação da fiação Redutores Corantes branquedores ópticos Outros % sobre DQO total 57% 18% 7% 7% 5% 3% 1% 1% A partir destes dados, verifica-se claramente a importância do estudo dos agentes de engomagem e dos tensoativos que, juntos, perfazem mais de 75% do potencial poluidor da indústria têxtil. A partir de agora, vamos nos concentrar na verificação dos métodos de ensaio de biodegradabilidade e dados relevantes sobre os agentes de engomagem e tensoativos. Por facilidade didática, iniciamos com os métodos de ensaio de biodegradabilidade dos tensoativos. Caráter iônico Apenas para relembrar, são considerados tensoativos substâncias que, quando dissolvidas a 0,5% W/W em solução aquosa, reduzem a tensão superficial da água, a 20°C, a valores inferiores a 45 dyn/cm. Os tensoativos são uma combinação de (grupos) radicais hidrófobos/hidrófilos. Eles são classificados basicamente em três grupos: Aniônicos: sabões/Na/K; aminas; sulfatos, fosfatos; Catiônicos: quaternários de amônio; Não-iônicos: EO/PO; derivados de EO/PO; óxido de etileno, óxido de propileno. OECD - Screening test Para a avaliação de qualquer parâmetro importante é fundamental que se tenha métodos de ensaios padronizados e reprodutíveis. 70 A OECD - Organization for Economic cooperation and Development (Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento) padronizou uma série de métodos para avaliação da biodegradabilidade. Estes são aceitos e reconhecidos em nível internacional. Obviamente existem outros organismos ou testes reconhecidos, como o AFNOR - França, British Porous Pot Test Inglaterra etc. No Screening Test, uma amostra de tensoativo é colocada num recipiente como única fonte de carbono disponível. Microorganismos são inoculados ao sistema e o mesmo é acompanhado através de amostras coletadas no 5°, 12° e 19° dias e a taxa de degradação é analisada pela quantidade residual de tensoativo. Cada classe de tensoativo tem uma substância específica para a sua identificação quantitativa: Não-iônicos - BiAS - Bismuto Active Substance Aniônicos - MBAS - Methyl Blue Active Substance Catiônicos - DAS - Disulfine Blue Active Substance Para um tensoativo ser considerado biodegradável, um mínimo de 80% deve ser atingido num prazo de 19 dias. É bom lembrar que as condições de teste são bastante severas - 20°C/19 dias sem agitação. Caso esse índice não seja atingido ou o resultado seja duvidoso, o teste confirmatório é necessário antes de se afirmar sobre a biodegradabilidade da substância em questão. Em contraste com o Screening Test, o Confirmatory Test é efetuado em condições semelhantes à prática, ou seja, numa planta piloto de tratamento de efluentes. Tecnologia Auxiliares Química Têxtil - n° 80/set.05 OECD - Confirmatory Test Biodegradabilidade primária de tensoativos O propósito desse teste é verificar a biodegradabilidade primária sob condições similares à prática encontrada em estações de tratamento biológico de efluentes com iodo ativado. Nesse teste, uma solução de MBAS/BiAS é adicionada a um efluente sintético e este é continuamente alimentado numa planta piloto de tratamento de efluente, tempo de retenção de aproximadamente 3 horas (ou 6 horas); 10 dias para aclimatação dos microorganismos, após os quais a avaliação inicia. A degradação é acompanhada por um mínimo de 14 dias, sendo que o período normal é de 21 dias, amostrando-se a cada 24 horas. Desses dados, uma velocidade de degradação média é calculada. Os tensoativos que têm degradação difícil apresentam curva lenta e muito irregular, a qual tem como característica não apresentar platô de estabilização. Comportamento oposto é o dos tensoativos de degradação fácil. Por ser uma condição mais severa, é de se esperar que o Screening Test tenha valores menores de biodegradabilidade primária quando comparado ao Confirmatory Test. Convém lembrar que o critério de aprovação nesse teste é pelo menos 80% de remoção de tensoativo. De forma geral, os produtos utilizados normalmente passam nesse teste. Os catiônicos não podem ser ensaiados no Screening Test, pois, devido às suas características, agem como inibidores do processo de degradação. O Confirmatory Test, porém, mostra-se claro que são biodegradáveis primariamente. Não existe, contudo, regulamentação sobre os tensoativos catiônicos. a) Vaso de stock; b) Bomba dosadora; c) Câmara de aeração; d) Vaso de decantação; e) Bomba de ar; f) Coletor; g) Sintered aerator (aerador); h) Medidor fluxo ar Teste de biodegradabilidade de produtos químicos O Closed Bottle tem por objetivo testar a biodegradabilidade final. O monitoramento é por redução de O2 dissolvido ou por evolução de CO2. O resultado pode ser expresso: % ThOD; % DBO / DQO ≥ 60%. - ThOD = demanda teórica de oxigênio. - DBO = demanda bioquímica de oxigêncio. - DQO = demanda química de oxigêncio. Tempo de duração: 4 semanas (28 dias) ou 30 dias. 72 Química Têxtil - n° 80/set.05 O Screening Test é sempre mais rigoroso, porém, muito mais fácil de se realizar. Os testes de simulação são mais complicados, caros e difíceis de operar. Podemos dizer que são comparáveis os seguintes testes: Closed Bottle Test ≅ Screening Test Coupled Unit Test ≅ Confirmatory Test Tecnologia Auxiliares compostos estes que se tornam cada vez mais utilizados em detrimento de outros que, sabidamente, não preenchem os requisitos mínimos de aprovação às normas atuais (quadro abaixo). Biodegradabilidade dos agentes de engomagem Os produtos normalmente empregados para engomagem de materiais têxteis são: - amido/féculas e seus derivados; - CMC; - poliacrilatos (PAC); - PVA-OH (álcool polivinílico). A degradação avaliada no Closed Bottle Test mostrou que nos derivados de amido as modificações químicas influenciam bastante as características de degradação. Os tipos ensaiados podem ser considerados prontamente biodegradáveis. O CMC só se degrada parcialmente em todos os testes. No entanto, num prazo mais longo é de se esperar uma degradação completa. Os poliacrilatos não se degradam biologicamente, ou o fazem apenas parcialmente, como demonstra o baixo valor encontrado no Closed Bottle Test. Mesmo em outros tipos de teste, como o Zahn Wellens Test - com microorganismos adaptados, o resultado é idêntico. Biodegradabilidade final dos tensoativos Com este quadro fica claro a limitação de muitos compostos comumente em uso. Devido a grande versatilidade dos cientistas e da própria química orgânica, foi possível criar uma grande variedade de tensoativos aniônicos e não-iônicos que apresentamse satisfatoriamente aprovados nos testes exigidos pela OECD, dentre os quais podemos citar: - α - Olefinas e alcanosulfonados; - α - Sulfometilester; - Derivados de álcool sintético pouco ramificados; - Álcoois graxos etoxilados/sulfatados/fosforados; - Alquil poliglucosídeos (Dextrose / Álcool); 73 Química Têxtil - n° 80/set.05 Tecnologia Auxiliares Há de se salientar que tipos mais modernos de PAC existem e podem ser removidos em grande parte em estação de tratamento, mediante adsorção no lodo de clarificação, porém, de biodegradabilidade real baixa. dois pontos foram cobertos em detalhes, objetivando auxiliar na seleção do melhor produto para o melhor resultado, com o menor custo. O produto mais barato não é sempre o mais recomendado para a finalidade prevista. Por isso, produtos balanceados e especialmente formulados para atingir as necessidades específicas (tais como estabilidade aos álcalis, necessários para purga e alvejamento ou com pontos de turvação ajustados para a obtenção de melhor detergência) geralmente são a escolha mais racional. Bibliografia Conclusão A natureza, estrutura, propriedades gerais e conceitos de biodegradabilidade dos principais tipos de tensoativos foram revistos. Os tensoativos são fundamentais nos processos têxteis à úmido. De todas as propriedades funcionais comuns aos tensoativos, nenhuma é mais importante na área têxtil do que a umectação e a detergência. Estes - Anionic Surfactantes, part II, Surfactante Science Series, Marcel Dekker, Inc., New York, 1976. - Proceedings of the World Surfactant Congress II, Munich, 1984. - Anionic Surfactants, Physical Chemistry of Surfactant Action, Marcel Dekker, Inc., New York, 1981. - Surfactants and Interfacial Phenomena, John Wiley and Sons, New York, 1978. - Kao Corporation, Surfactants - A Comprehensive Guide, Tokyo, 1983. - Detergency: Theory and Test Methods, Part I, Marcel Dekker, Inc., New York, 1975. - Sri - Stanford Research Institute, New York, 1984. - Produtos Químicos Utilizados na Indústria Têxtil e a Questão Ecológica - Cognis Brasil, Miguel Nunes da Silva Filho, 1992. BOLSA DE SALDOS (CORANTES) Atendendo a solicitação de um associado, a ABQCT decidiu criar uma Bolsa de Saldos (Corantes), que oferecerá às empresas parceiras a possibilidade de negociar produtos que não interessam mais à sua linha de produção, mas estão em perfeitas condições. Essa bolsa obedecerá ao seguinte procedimento: a) A ABQCT disponibilizará um espaço em seu site, no qual publicará uma relação de corantes que estejam sendo oferecidos por uma empresa, que passaremos a denominar "vendedora". b) A empresa vendedora deverá enviar uma relação de produtos disponíveis, a qual receberá um número de "lote". Nessa relação deverá constar o nome comercial dos produtos, sua concentração, fabricante e quantidade. Não deverão constar preços. c) A ABQCT divulgará o conteúdo dos lotes, seus respectivos códigos e omitirá o nome da empre- sa que está oferecendo, permanecendo esse dado em caráter confidencial. d) As empresas interessadas, que serão denominadas "compradoras", farão contato com a ABQCT, mencionando o código do lote que deseja adquirir. Fica reservado o direito da empresa compradora de pedir amostras para testar os produtos oferecidos. e) A ABQCT submeterá esse interesse à apreciação da empresa vendedora, mencionando os dados da empresa compradora. A empresa vendedora poderá aceitar ou não a abertura da negociação. f) À ABQCT cabe somente a função de divulgar os lotes disponíveis e aproximar as empresas para fechamento dos contratos. Assim, a ABQCT se exime de quaisquer responsabilidades, sejam de qualidade técnica dos produtos ou eventuais problemas financeiros. ABQCT cria o Núcleo Nordeste Em reunião da Diretoria Nacional, realizada em 7 de julho, foi apresentada uma solicitação para a implantação de mais um núcleo da ABQCT, tendo como sede a cidade de Fortaleza - CE. O núcleo terá a finalidade de congregar os profissionais da área de química têxtil e arregimentar associados para a ABQCT. Sua composição é a seguinte: Coordenador: Silvio Costa Sousa Gurgel Vice-Coordenador: Clélia Elioni F. Carvalho Secretário: Edinaldo Herminio da Silva Tesoureiro: Rogério Damião de Souza Suplente: Ananias Silvino Suplente: Manuel Augusto da Silva Vieira. Bayer MaterialScience participa da PU Latin America 2005 Durante a PU Latin America 2005, que aconteceu em São Paulo, entre os dias 30 de agosto e 1º de setembro, a Bayer MaterialScience, uma divisão do Grupo Bayer, mostrou porque é uma das líderes mundiais em poliuretano. As fascinantes oportunidades de aplicação do poliuretano comprovam que o produto continua tão atual como quando foi descoberto, em 1937, pelo químico Otto Bayer nos laboratórios da Bayer na Alemanha, permitindo a inovação das aplicações do futuro. Detentora da única planta de produção de MDI da América do Sul, a Bayer MaterialScience manufatura diversas linhas de isocianatos, monoméricos e poliméricos (linha Desmodur®), bem como polióis 76 básicos (linhas Arcol® e Desmophen®) e formulados (Baymer®, Baytherm®, Bayflex®, Bayfit®, entre outros) em sua unidade de Belford Roxo (RJ) para atender aos mercados desta região. O MDI é a matéria-prima principal para a formulação de poliuretano em diversas aplicações. Após realinhamento estratégico do Grupo Bayer, a divisão MaterialScience, motivada pelo novo conceito VisionWorks, reuniu sob um mesmo teto produtos com grande perspectiva de crescimento, inovação e excelentes tecnologias. Esse portfólio, aliado ao know-how de anos de experiência, formam a base para o posicionamento da Bayer MaterialScience entre as líderes em polímeros no mundo. Exportações de produtos químicos somam mais de US$ 3,5 bilhões Mesmo com a apreciação do real frente ao dólar, as exportações brasileiras de produtos químicos no primeiro semestre do ano deram um salto de 34,5% em relação ao mesmo período de 2004. De janeiro a junho, o Brasil exportou mais de US$ 3,5 bilhões em produtos químicos. As importações, ligeiramente superiores a US$ 7 bilhões, apresentaram crescimento mais modesto, de 11,4%. Os produtos químicos de uso industrial representaram 86,5% das exportações do setor. Com o crescimento das exportações, o déficit da balança comercial brasileira no primeiro semestre, que ficou próximo a US$ 3,5 bilhões, declinou 5,1% em relação ao apurado em igual período de 2004. No ano passado, o déficit da balança comercial brasileira de produtos químicos foi superior a US$ 8,5 bilhões, um recorde histórico. Em volume, foram exportadas pelo País cerca de 3,9 milhões de toneladas em produtos químicos, o que representa aumento de 14,1% na comparação com o primeiro semestre de 2004. As importações, superiores a 8,5 milhões de toneladas, tiveram decréscimo de 19,7%. Os produtos químicos de uso industrial responderam por 96,6% do volume exportado. Para o vice-presidente executivo da Abiquim - Associação Brasileira da Indústria Química - Guilherme Duque Estrada de Moraes, o aumento das exportações de produtos químicos pode ser atribuído à queda na demanda interna e ao crescimento da economia mundial. “Como houve redução na atividade econômica do País neste primeiro semestre, muitas empresas foram obrigadas a direcionar parte da produção para exportações, aproveitando o aumento da demanda por produtos químicos no mercado internacional”, destaca. Zambaiti duplica a estampagem digital O Cotonifício Zambaiti instala a segunda máquina Artistri 2020 da DuPont para a linha Anne Geddes apresentada em Milão. As expectativas falavam de um faturamento de 2 milhões de euros em um ano em todo o mundo. Os primeiros resultados dizem que a linha "Anne Geddes Home Collection", da Happidea, marca do grupo Zambaiti, superou qualquer previsão, com pedidos da ordem de um milhão de euros em um mês, apenas na Itália. Os conjuntos para cama de bebê, cama de solteiro e de casal, serão vistos nas vitrinas, exclusivamente nos pontos de venda a varejo e nas lojas de departamento, como quer a filosofia Anne Geddes. DyStar incorpora a Rotta A incorporação do grupo ROTTA realizada pela DyStar em Novembro de 2004 representou um importante passo na expansão do portfólio de produtos da empresa que agora oferece, além da linha completa de corantes têxteis, também produtos auxiliares para a Indústria Têxtil, através de atendimento único e especializado. Em Julho de 2005 a razão social da ROTTA no Brasil foi alterada para DyStar Auxiliares Ltda. A DyStar continuará a investir na indústria têxtil e continuará sendo um parceiro confiável, também no futuro. DYSTAR AUXILIARES LTDA. Av. Mal. Castelo Branco, 781 CEP 06790-070 - Taboão da Serra - SP / Brasil Tel: (11) 4787-0088, Fax: (11) 4787-0291 Para o exterior, o presidente e diretor geral do Cotonifício Zambaiti, Angelo Zambaiti, não faz previsões. Em janeiro, na feira de Frankfurt, Heim Textil, onde a licença com exclusividade mundial com Anne Geddes foi apresentada pela primeira vez, a empresa tinha mantido contatos com 50 países. A distribuição efetiva começará em alguns países europeus como França, Espanha, Bélgica, Alemanha, focalizando mais os conjuntos para cama, e nos Estados Unidos, onde a coleção será apresentada na feira têxtil New York Market Week. A primeira máquina, uma Artistri 2020 da DuPont, chegou ao Cotonifício Zambaiti em maio de 2004. Agora vem a duplicação, para fazer frente aos pedidos: a segunda máquina chegará no fim do mês. Ao lado da "Nursery Collection" e da "Home Collection", foram também apresentados os outros artigos da marca Happidea, que compreendem o Copertificio Zambaiti e a Zambaiti Parati, além das coleções da marca Cassera Casa e Compagnia Lane preziose. Em breve, será dado início ao trabalho sobre o papel de parede que será apresentado, também em Frankfurt, em janeiro de 2006, pela Zambaiti Parati. Nesta ocasião poderia estar pronta, também, a linha de cobertores, já em estudo, que será produzida pelo Copertificio Zambaiti. www.artistri.dupont.com. 77 EMPRESA CONTRATA REPRESENTANTE COMERCIAL Renomada empresa química do ramo têxtil (corantes e auxiliares), situada em SP, está recrutando representantes comerciais com conhecimento técnico e experiência, para atuarem nos estados de São Paulo e Goiás. Enviar CV para Caixa Postal: 328-0 São Bernardo do Campo - SP. Sindilav indica que o mercado de lavanderias deve crescer 40% em oferta de serviços e 20% em faturamento O Sindilav - Sindicato de Lavanderias e Similares do Município de São Paulo e Região - além de sua atuação sindical, dedica-se a analisar constantemente o mercado de lavanderias. Um dos estudos apontou que, nos próximos cinco anos, deve haver um aumento de 40% na oferta de serviços e 20% em faturamento. De acordo com o presidente do sindicato, José Carlos Larocca, um fator importante justifica a previsão otimista. “Apenas 2,8% da população economicamente ativa utiliza lavanderia. E mais de 20% da população economicamente ativa é considerada cliente em potencial”, analisa. “Neste ano, esperamos um crescimento de 5% na oferta de serviços e uma estabilidade no faturamento”. O perfil atual dos clientes mostra que, entre os usuários dos serviços de lavanderia, 70% são das classes A e B. Da C, vem 30% dos clientes. O Sindilav mostra ainda que nos últimos oito anos o mercado cresceu 70% em oferta de serviços e 30% em faturamento. Um dos fatores que impulsionou este desenvolvimento foi a forte presença das mulheres no mercado de trabalho e o número de homens que passaram a morar sozinhos, entre outras questões. Estimativas apontam que o Brasil possui, aproximadamente, 6 mil lavanderias – 4,8 mil domésticas e 1,2 mil industriais. Juntas, faturam R$ 1,5 milhão. Deste total, 3,6 mil estão no Estado de São Paulo (75% domésticas e 25% industriais). “A força está no município de São Paulo, que concentra aproximadamente 70% do total de unidades do Estado”, finaliza Larocca. NANOTECNOLOGIA NACIONAL CRIA SOLUÇÕES PARA A INDÚSTRIA O que a nanotecnologia pode oferecer para o setor de novos materiais e tratamento de superfícies? Foi este o principal foco de interesse dos empresários participantes do Seminário referente ao setor, no Congresso Nanotec 2005, realizado em São Paulo. A conclusão, depois das duas apresentações do dia 6 de julho, é que não é preciso buscar soluções nanotecnológicas fora do País, pois as instituições científicas e as emergentes microempresas de nanotecnologia brasileiras têm muito a oferecer, e, o que é melhor, de acordo com necessidades específicas. Vários exemplos internacionais e nacionais foram citados pelo primeiro conferencista, Elson Longo, professor do Instituto de Química de Araraquara (UNESP) e diretor do Centro Multidisciplinar de Materiais 78 Cerâmicos (FAPESP), como a colocação de nanopartículas repulsivas em determinada superfície, com o objetivo de torná-la não-aderente, à prova de líquidos ou gorduras. Ou, mais concretamente, os projetos que foram feitos pelo Centro Multidisciplinar para a CSN e a empresa alemã Faber Castell. Para a CSN, a impregnação de titânio a fim de evitar a corrosão pelo óxido de cálcio sofrida pelo cadinho, que é o coração de uma usina siderúrgica, permitiu aumentar em 10 anos a sua vida útil. Os projetos desenvolvidos com a CSN renderam 98 milhões de dólares à siderúrgica. Com a Faber Castell, foi elaborado um projeto para melhorar as propriedades mecânicas e a maciez do aço. Um ano depois, a empresa comercializava o produto. Na verdade, a manipulação de nanoestruturas, o atual estágio de desenvolvimento da nanotecnologia, permite incrementar os materiais já existentes ou inovar, criando novos materiais, o que é fundamental para tornar uma empresa mais competitiva, sempre um passo à frente do seu concorrente. Já o professor Fernando Galembeck, diretor titular do Instituto de Química da Unicamp e autor da segunda conferência, citou, entre outros exemplos de soluções nanotecnológicas para o setor de superfícies e novos materiais, a criação de uma camada hidrofóbica para revestir a madeira, que permitiu uma madeira autolimpante, impermeável e resistente a fungos. O tema principal de sua palestra era mostrar como os nanocompósitos para adesão e anti-aderência já estão sendo aplicados à indústria. Esses nanocompósitos podem ser manipulados para criar adesivos mais homogêneos, o que é fundamental para vários setores industriais. Como exemplo principal, ele citou o Imbrik, produto que está sendo desenvolvido pela Orbys Materiais de Alta Performance, ligada ao CIETEC – Centro Incubador de Empresas Tecnológicas, e que pôde ser conferido no estande da empresa na Nanotec Expo. O Imbrik é um nanocompósito de látex de borracha natural com argila, apresentado em dispersão, como insumo para fabricação de adesivos. Numa etapa posterior, serão desenvolvidas variações para outras aplicações, como: revestimento impermeável a gases sob pressão para a confecção de bolas e embalagens; solados e entressolas com propriedades antiestáticas; tintas e revestimentos de maior aderência e melhor acabamento; luvas e preservativos de alta resistência mecânica etc. O processo permite criar materiais com propriedades mecânicas muito superiores às do polímero original. Gera uma família de produtos que pode atender a vários atributos desejados por diversos setores industriais, tais como: - Redução de peso, maior liberdade de design e integração de componentes para a indústria automobilística. - Adesivos com base aquosa de alta tenacidade e nãotóxicos. - Embalagens de materiais não-tóxicos, impermeáveis a gases. - Revestimentos para a indústria de papéis com textura e aspecto diversificado, resistentes a líquidos. - Materiais atóxicos para a indústria de brinquedos. - Materiais com apelo ecológico para os designers de moda, móveis, objetos de decoração, portanto, para o setor de novos materiais e tratamento de superfícies. - Soluções de alta performance em impermeabilizantes, selantes, revestimentos e aditivos para concreto para a indústria de construção civil. - Impermeabilidade a gases (retenção de ar e pressão) para a indústria de material esportivo. - Combinação de resistência a impactos com tenacidade, útil à indústria de calçados, que necessita de novos materiais para solado, o que se pode obter com distintas camadas do material em diferentes composições. - Elastômeros de alta resistência mecânica e impermeabilidade, úteis à indústria de artefatos de borracha para aplicações em saúde. Para o professor Galembeck, o desenvolvimento e a aplicação de soluções nanotecnológicas não é um sonho impossível para o Brasil, pois há capital humano e qualidade tecnológica no País. Como a nanotecnologia é “multiuso”, isto é, pode ser utilizada pelos mais diversos setores para criar soluções para inúmeros problemas industriais, ela também tem uma variação grande de custo, dependendo daquilo que se deseja criar ou incrementar. Por isso, nem sempre exige investimentos altos. “Se o empresário deseja uma solução para determinado problema, ele deve procurar as instituições científicas e as empresas de nanotecnologia brasileiras”, afirma Galembeck. Sem nanotecnologia, empresas podem fechar “Quem não entrar nessa nova tecnologia vai estar comprometendo sua continuidade ou decretando de vez o seu fim”. Com essas palavras a pesquisadora do Centro de Tecnologia e Inovação da Braskem, Dra. Suzana Liberman, deu início a uma das conferências mais esperadas pelo setor plástico na Nanotec 2005: 79 “Nanocompósitos Poliméricos: Novos Mercados para a Indústria do Plástico”. De acordo com Suzana, os materiais nanoestruturados serão os grandes responsáveis pela revolução tecnológica do século XXI, por atenderem a uma gama muito grande de mercados (Automotivo, Têxtil, Plástico, Construção Civil, Eletro-eletrônico etc.), com propriedades altamente diferenciadas. Os nanocompósitos poliméricos permitirão o desenvolvimento de materiais mais leves, com melhores propriedades mecânicas, maior resistência térmica e maior estabilidade dimensional, por exemplo. Na indústria do plástico, poderemos ter embalagens mais simples, mais leves, com melhores propriedades de barreiras à gases, melhor resistência ao impacto e melhor acabamento – o que resultaria em um aumento da qualidade das embalagens atuais e em um aumento da vida útil dos alimentos. Liberman também aponta um crescimento anual do mercado de nanocompósitos, até 2008, da ordem de 20% para resinas termoplásticas e 10% para resinas termorígidas. “O próximo passo para as empresas adentrarem esse novo mundo de oportunidades que foi criado pela nanotecnologia é quebrar paradigmas”, diz a pesquisadora da Braskem. “O que envolve não só capacitação tecnológica (entendendo a nova tecnologia e vislumbrando novas aplicações para ela), mas também o desenvolvimento de novas competências e criatividade para inovar e descobrir novos nichos de atuação”. O Futuro já chegou “A nanotecnologia é algo que permeia todos os aspectos da ciência hoje em dia. Com ela, iniciou-se uma nova era nas indústrias”. Assim, Dr. Angelo Ferraro, da holandesa Basell Poliolefins, iniciou sua conferência na Nanotec 2005, para o setor de Plásticos. Segundo o conferencista, “com a nanotecnologia, os materiais ganharam novas e muito diferentes propriedades, o que abriu um cenário muito interessante de possibilidades para todos os setores e, em especial, para a indústria do plástico”. Ferraro destacou, em sua exposição, algumas empresas que já utilizam materiais nanotecnológicos como 80 GM, Bayer, Toyota – e foi além, ao prever que, até 2015, os automóveis terão cerca de 95% de seus materiais recicláveis, graças ao uso da nanotecnologia na indústria do plástico. “Hoje os nanocompostos ainda estão muito caros, devido à sua baixa produtividade. Quando conseguirmos produzi-los em larga escala, os preços seguirão o mesmo caminho e mais indústrias poderão realmente se beneficiar dessa nova tecnologia”. A Basell Poliolefins está testando um protótipo de produto nanotecnológico junto à GM, que deve ser lançado no mercado até 2006. Pioneirismo Para o conferencista Prof. Dr. Ralph Ulrich, da alemã Lanxess, a realidade é outra. Sua empresa, inicialmente um braço da Bayer para pesquisas nas áreas Química e Física, mas independente desde 2003, já está comercializando, à todo vapor, um nanocomposto chamado Durethan KU 2-2601, cuja principal aplicação se dá no revestimento de papel por extrusão – material muito utilizado na indústria de embalagens, para revestimento dos filmes plásticos usados para conservar bebidas e alimentos, preservando sua consistência e aumentando sua validade. O Durethan KU 2-2601 apresenta um desempenho 50% superior ao dos materiais anteriormente utilizados para a mesma finalidade, oferecendo melhor barreira para gases, odores, vapores, oxigênio e ar, menor absorção de umidade (devido ao seu alto teor de cristalização), menor viscosidade e maior estabilidade. O que se traduz em redução de peso e aumento de qualidade do material, além de maior velocidade de produção e maior lucratividade para a indústria de embalagens. O que ainda assusta um pouco é o seu custo, 40% maior do que o da matéria-prima padrão no mercado. Problema que deve ser resolvido assim que outros players entrarem no mercado, ainda monopolizado pela pioneira Lanxess. Maior incentivo às empresas de pesquisa e tecnologia O presidente da Finep, Sergio Resende, abriu o primeiro painel do Seminário Elétrico e Eletrônico - “P&D em Nanotecnologia na Indústria Eletroeletrônica” – abordando o papel da instituição financeira no fomento das atividades de nanociência e nanotecnologia no Brasil. A Finep oferece programas para estímulo à pesquisa como o Pro-Inovação (apoio à pesquisa em empresas), o PNI (Programa Nacional de Incubadoras e Parques Tecnológicos) e o Inovar (Programa de Incentivo ao Capital Inovador). Resende apresentou as chamadas públicas feitas em 2004 e 2005, voltadas aos projetos de inovação em nanotecnologia. A questão do financiamento também centrou a palestra de Regina Maria Vinhais Gutierrez, gerente setorial do Departamento de Indústria Eletrônica da área Industrial do BNDES. Dentre os instrumentos disponíveis no banco, Regina destacou o Funtec que tem o objetivo de apoiar projetos de natureza tecnológica, estimulando a pesquisa aplicada. “O Funtec, que deverá entrar em operação em breve, busca promover a conexão entre a empresa e os centros de inovação cientifica, aproximando o mundo acadêmico e o empresarial”, afirmou ela. ritmo exponencial, dobrando a capacidade a cada doze meses e descreveu as perspectivas do nanomagnetismo. O cientista do Laboratório Nacional de Luz Sincroton – LNLS, Gilberto Medeiros, expôs a conferência “Nanomateriais Aplicados à Indústria de Componentes Eletrônicos”. Segundo o professor Medeiros, a maior parte dos dispositivos como processadores e memória já estão em escala do nanômetro há alguns anos. Ele desmistificou alguns aspectos em relação à nanotecnologia. “A nanoestrutura não é nova. Ela existe na natureza há milênios. A novidade são os equipamentos que permitem enxergar nessa escala”, disse o professor. Além de explicar os programas da Fapesp para financiar projetos em pequenas empresas voltadas à nanotecnologia, o diretor cientifico da instituição, Carlos Henrique Brito Cruz, enfatizou em sua palestra a capacidade da comunidade cientifica brasileira para o desenvolvimento das atividades de nanotecnologia. “O Estado da Arte e as Oportunidades de Negócios na Indústria Eletroeletrônica” foi o tema do último painel do Seminário Elétrico e Eletrônico abordado pelos professores Celso Pinto de Melo, Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPE; Roberto Mendonça Faria, diretor de Física de São Carlos-USP; Marco Cremona, professor Titular do Instituto de Física da PUC-RJ; Thomas Strasser, gerente do Genius Instituto de Tecnologia e Petrus Santa Cruz, presidente da Ponto Quântico Nanodispositivos e coordenador do Laboratório de Nanodispositos Fotônicos. Os painelistas apontaram a eletrônica molecular como uma excelente oportunidade de negócios, que promete substituir, a longo prazo, a eletrônica tradicional baseada em silício. Segundo Brito, não é comum no Brasil cientistas criarem empresas, como acontece nos Estados Unidos e Inglaterra. Ele citou o exemplo de uma empresa americana – a Zetta Core – fundada por cinco doutores (PhD), que produzem memórias moleculares. Os cientistas publicaram 33 artigos científicos em revistas e obtiveram uma patente. Apesar do pequeno porte, a empresa conseguiu conquistar investidores que destinaram US$ 22,5 milhões de dólares. Para ele, esse é um caminho que poderia ser seguido no Brasil. “Idéias e competência cientifica não faltam. A dificuldade está no acesso aos investidores”. Encerrando o painel, Marcelo Knobel, professor da Unicamp, enfocou a evolução na área de magnetismo cuja capacidade de armazenamento de dados cresceu em Os OLEDs (display de tela plana) produzidos a partir da eletrônica orgânica oferece grandes vantagens sobre as tecnologias concorrentes como uma espessura fina, grande ângulo de visão, capacidade full color, baixo consumo de energia, alta resolução e tempo de resposta rápido. De acordo com os professores, o Brasil possui competência nessa área no âmbito acadêmico e existe demanda no mercado. A pergunta é: dispomos de bússolas para nos indicar a direção? Ainda que não tenham uma resposta pronta, os painelistas foram unânimes quanto à necessidade do Brasil participar da produção dessa tecnologia ou corre o risco de ficar mais um século na fila do desenvolvimento econômico social. 81
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