Caracterização e isotermas de adsorção de umidade da polpa de
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Caracterização e isotermas de adsorção de umidade da polpa de
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.2, p.157-165, 2002 157 CARACTERIZAÇÃO E ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DE UMIDADE DA POLPA DE ACEROLA EM PÓ Patrícia M. de A. Gomes1, Rossana M. F. de Figueirêdo2, Alexandre J. de M. Queiroz2 RESUMO A partir da polpa de acerola congelada comercial produziu-se polpa em pó mediante secagem da polpa, adicionada de maltodextrina, em secador do tipo leito de jorro. As amostras foram caracterizadas quanto ao teor de ácido ascórbico, umidade, pH (polpas líquida e em pó) e quanto a densidade, tempo de escoamento, ângulo de repouso e molhabilidade (polpa em pó). Foram determinadas as isotermas de adsorção de umidade da polpa em pó nas temperaturas de 20ºC, 25ºC e 30ºC, por meio do método gravimétrico estático, utilizando-se soluções saturadas de sais. Os dados experimentais das isotermas foram ajustados com as equações de BET, GAB, Oswin e Smith. Entre a polpa líquida e em pó o teor de ácido ascórbico passou de 18,5 para 81,9 g/100g; a umidade decresceu de 90% para 4,1%; e o pH aumentou de 3,0 para 3,8. Os valores de densidade, tempo de escoamento, ângulo de repouso e molhabilidade, para a polpa em pó, foram, respectivamente, de 1,313 g/cm3, 76 segundos, 47,22o e 0,1806 g/min. Entre os modelos testados, o de GAB resultou nos melhores ajustes aos dados experimentais, podendo representar satisfatoriamente as isotermas de adsorção de umidade da polpa de acerola em pó, as quais se enquadraram no Tipo III de Brunauer. Palavras-chave: Malphighia emarginata D.C., leito de jorro, umidade de equilíbrio CHARACTERIZATION AND MOISTURE ADSORPTION ISOTHERMS OF THE POWDER WEST INDIAN CHERRY ABSTRACT Commercial frozen West Indian cherry pulp, with malt dextrin, was dried in a spouted bed dryer, and it got pulp powder. The samples were characterized by its ascorbic acid content, moisture, pH (liquid and powder pulps) and density flowing off time, rest angle and capacity to be wet (powder). It was used saturated salt solutions to determine the powder moisture adsorption isotherms at temperatures of 20ºC, 25ºC and 30ºC, by static gravimetric method. The experimental isotherms data were fitted with the BET, GAB, Oswin and Smith’s equations. Among the liquid and powder pulp, the ascorbic acid content decreased from 18,5 to 81,9 g/100g; the moisture content decreased from 90% to 4,1%; and the pH increased from 3,0 to 3,8. The density values, flow time, rest angle and capacity to be wet, for the powder, were of 1,313 g/cm3, 76 seconds, 47,22o and 0,1806 g/min, respectively. The Gab’s model had the best fittings to the experimental data, among the tested models. It can represent the powder West Indian cherry moisture adsorption isotherms, which were classified as type III, according to Brunauer. Keywords: Malphighia emarginata D.C., spouted bed, equilibrium moisture ______________________ Protocolo 42 2002 24 de 17/10/2001 1 Aluna de Pós- Graduação em Engenharia Agrícola, UFCG. 2 Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande, Av. Aprígio Veloso, 882, Caixa Postal 10017, CEP 58109-970, Campina Grande, PB. [email protected] 158 Caracterização e isotermas de adsorção de umidade da polpa de acerola em pó, Gomes et al. INTRODUÇÃO A acerola, fruta que se destaca pelo elevado teor de ácido ascórbico, tem sido objeto de inúmeros estudos, visando a preservar ao máximo esse constituinte, face à perecibilidade da fruta in natura ou com baixo índice de processamento. Neste sentido, buscam-se processos que aliem baixo custo à produção de materiais com altos teores de ácido ascórbico e com capacidade de preservar estes teores pelo maior tempo possível. Alguns autores têm lançado mão da secagem da polpa de acerola para atingir esses objetivos (Figueirêdo, 1998; Lima, 1996; Morais, 1996). Dentre os tipos de secadores, o leito de jorro é um equipamento de eficiência térmica elevada, ocupa área reduzida e tem baixo custo operacional (Silva, 1991). A sua aplicação na secagem de alimentos tem viabilizado a obtenção de produtos com características satisfatórias para o consumo direto, ou como matéria-prima para alimentos desidratados (Dias et al., 1998; Lima & Rocha, 1995). No entanto, sua utilização para a secagem de alguns tipos de polpas de frutas pode apresentar problemas (Lima, 1996), a não ser que se lance mão de artifícios, tais como a incorporação aditivos. O pó produzido pela secagem resulta em um material com características peculiares, diferentes daquelas próprias da polpa líquida e, em tal apresentação, precisa ser analisado, visando a estabelecer suas propriedades que têm influência no valor nutricional, na qualidade, nas variadas etapas de processamento e embalagem e no armazenamento. Fazem parte dessas características o conteúdo de ácido ascórbico, o teor de umidade, o pH, a densidade, o tempo de escoamento, o ângulo de repouso e a molhabilidade (Chitarra & Chitarra, 1990; Moreira & Peleg, 1980; Ciabotti, 2000; Medeiros et al., 2001). Além destas, em materiais higroscópicos é de importância a determinação das isotermas de adsorção/dessorção de umidade as quais tem aplicação na predição do tempo de secagem, da vida de prateleira em determinada embalagem e dos requisitos básicos necessários para que se possa embalar um produto e ainda na caracterização de um produto, quando o mesmo é constituído por componentes de atividade de água diferentes (Pena et al., 2000). O objetivo deste trabalho foi caracterizar polpa de acerola em pó, produzido pela secagem de polpa de acerola adicionada de material de parede (maltodextrina) em secador do tipo leito de jorro e analisar o comportamento higroscópico desse material, levantando-se as isotermas de adsorção de umidade, através do método gravimétrico estático, com soluções saturadas de sais, para as temperatura de 20ºC, 25ºC e 30ºC e ajustar os dados experimentais aos modelos matemáticos existentes na literatura. MATERIAL E MÉTODOS A polpa de acerola em pó foi obtida mediante a secagem de uma solução que contém 90% de polpa de acerola e 10% de maltodextrina, em um secador do tipo leito de jorro, construído em aço inoxidável a partir de uma base cônica com ângulo interno de 60º, acoplada a uma coluna cilíndrica, medindo 60cm de diâmetro e 100cm de altura. A temperatura do ar de secagem era de 70ºC e utilizou-se como material inerte partículas de poliestireno do tipo 849. A caracterização do material foi feita quanto ao teor de ácido ascórbico, umidade e pH (polpa líquida e polpa em pó) e quanto a densidade, ângulo de repouso, tempo de escoamento e molhabilidade (polpa em pó). Para as determinações foram utilizadas as seguintes metodologias: Ácido ascórbico: segundo o método nº 43.065 da AOAC (1984) modificado por Benassi (1990). Umidade: determinada, utilizando-se cerca de 1g da amostra levada a estufa à 70ºC até peso constante. pH: por leitura direta em peagômetro nas amostras líquidas e, nas amostras em pó, após reconstituição com água destilada (1g/250mL). Densidade: determinada pelo método do picnômetro. Tempo de escoamento: utilizou-se um funil cuja abertura de saída foi vedada. O sistema de escoamento foi adaptado a um vibrador. Depois de cheio com a amostra, o funil teve sua vedação retirada e, em seguida, foi ligado o vibrador e iniciada a contagem de tempo, até que todo o material escoasse. O tempo necessário para que o processo se completasse foi considerado como tempo de escoamento. Ângulo de repouso: na pilha de pó escoado do funil, formada na placa de recolhimento, da Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.2, p.157-165, 2002 Caracterização e isotermas de adsorção de umidade da polpa de acerola em pó, Gomes et al. determinação anterior, foram medidos o diâmetro (D) da pilha e sua altura (h), obtendose o ângulo de repouso (), de acordo com a Equação 1: arctg 2h D (1) Taxa de molhabilidade = 159 N t (2) Em que: N = peso em gramas da amostra t = tempo em minutos Isotermas de adsorção: para a obtenção das isotermas de adsorção de umidade, empregouMolhabilidade: aplicou-se o método de se o método gravimétrico estático, com Schubert, onde cerca de 1g da amostra é vertido soluções saturadas de sais em três temperaturas, em béquer de 250 ml com 100ml de água a 20ºC, 25ºC e 30ºC (Tabela 1). As soluções de temperatura ambiente. O tempo necessário para sais foram colocadas em recipientes de vidro o completo desaparecimento do pó da superfície herméticos, que contém três cadinhos, com do líquido em repouso é cronometrado. O cerca de 1g da amostra cada um, permanecendo cálculo da taxa de molhabilidade foi feito nesses ambientes até atingirem o equilíbrio através da Equação 2. higroscópico. Tabela. 1. Umidade relativa de equilíbrio (%) das soluções saturadas de sais Temperatura Sal 20ºC 25ºC 30ºC KCHO2 23,11 22,21 21,61 MgCl2 33,07 32,78 32,44 K2CO3 43,16 43,16 43,17 NaBr 59,14 57,57 56,03 KI 69,90 68,86 67,89 NaCl 75,47 75,29 75,09 KCl 85,11 84,34 83,62 K2CrO4 97,80 97,00 Fonte: Greenspan (1977) A umidade de equilíbrio (Equação 3) em base seca, foi determinada pela diferença entre a massa da amostra no equilíbrio e a massa seca, determinada em estufa: U eq meq ms ms (3) em que: Ueq = umidade de equilíbrio em base seca Meq = massa da amostra no equilíbrio ms = massa seca da amostra Para o ajuste matemático das isotermas de adsorção de umidade da polpa de acerola em pó, foram utilizadas as equações de BET, GAB, Oswin e Smith (Tabela 2), fazendo-se uso de regressão não linear, pelo método QuasiNewton e critério de convergência de 0,0001, resolvidas pelo processador matemático Statistica, versão 5.0. Tabela 2. Modelos utilizados para ajuste das isotermas de adsorção de umidade da polpa de acerola em pó Modelo Equação BET GAB x C aw 1 (n 1) (aw ) n n (aw ) n 1 xm 1 aw 1 (1 C ) aw C (aw ) n 1 xm C k aw x (1 k aw )(1 k aw C k aw ) b OSWIN SMITH aw x a 1 aw x M b M a ln 1 aw Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.2, p.157-165, 2002 Caracterização e isotermas de adsorção de umidade da polpa de acerola em pó, Gomes et al. 160 Sendo: aw = atividade de água X = umidade de equilibrio C = constante de BET Ma e Mb = parâmetros de ajuste do modelo de Smith a e b = parâmetros de ajuste do modelo de Oswin C e K = parâmetros que dependem da temperatura e natureza do produto Os critérios usados para determinação do melhor ajuste dos modelos aos dados experimentais foram o coeficiente de determinação (R2), o desvio percentual médio (P,) e o erro relativo (): P 100 n M exp M teor n i 1 M exp M exp M teor M exp .100 (4) (5) donde: Mexp = valores obtidos experimentalmente Mteor = valores preditos pelo modelo n = quantidade de dados experimentais RESULTADOS E DISCUSSÃO Caracterização da polpa de acerola Na Tabela 3 são apresentados os resultados médios da caracterização da polpa de acerola utilizada como matéria-prima para a elaboração da polpa em pó. Tabela 3. Caracterização da polpa de acerola Determinação Ácido ascórbico (mg/100g) Umidade (%) pH Valor obtido 18,540,321 90,970,06 3,010,011 O teor de ácido ascórbico determinado da polpa de acerola, foi de 18,54mg/100g. Tal resultado é muito inferior aos reportados pela maioria dos autores, podendo-se atribuir tal diferença ao fato de a polpa ter sido degelada e permanecido exposta às condições ambientais antes da secagem, acarretando a degradação deste constituinte. O valor médio da umidade da polpa de acerola, de 90,97%, é, ligeiramente, inferior aos valores determinados por Araújo (2000) de 93,1%, e Figueirêdo (1998) de 92,9%. O pH da polpa de acerola foi de 3,01, semelhante ao determinado por Medeiros (2001), de 3,20. Caracterização da polpa de acerola em pó Na Tabela 4, são apresentados os resultados médios da caracterização da polpa de acerola em pó. Comparando-se os valores de ácido ascórbico das tabelas 3 e 4, tem-se que, após a secagem, o teor de ácido ascórbico da polpa aumentou em mais de 340%. O teor de umidade diminuiu em mais de 100%, enquanto o pH elevou-se em mais de 26%. Tabela 4. Caracterização da polpa de acerola em pó Determinação Ácido ascórbico (mg/100g) Umidade (%) pH Densidade (g/cm3) Tempo de escoamento (s) Ângulo de repouso () Molhabilidade (g/min) Valor obtido 81,91 4,07 3,82 1,313 76 47,22º 0,1806 O valor da densidade apresentado na Tabela 4 encontra-se dentro do intervalo observado por Figueirêdo & Martucci (1996) para o suco de acerola microencapsulado, que variou de 1,2941g/cm3 a 1,4822g/cm3, sendo inferior ao encontrado por Reis (1999) de 2,21 g/cm3 e 2,91 g/cm3, para o suco de abacaxi e maracujá em pó, respectivamente, desidratados em spray dryer. O tempo de escoamento e o ângulo de repouso foram afetados pela alta higroscopicidade do pó que, ao absorver rapidamente umidade do ambiente no momento dos ensaios, apresentou aderência entre partículas e entre as partículas e a superfície do funil por onde se fez passar o material, diminuindo as condições de fluidez, acarretando bloqueio na saída do funil e diminuindo o escorregamento entre partículas. Resultado semelhante foi observado por Santos (1983), trabalhando com pós de abacate. A taxa de molhabilidade, de 0,1806g/min, situa-se na faixa reportada por Reis (1999), de 0,1695 a 0,2348g/min, para o suco de abacaxi em pó. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.2, p.157-165, 2002 Caracterização e isotermas de adsorção de umidade da polpa de acerola em pó, Gomes et al. 161 atividades de água nas diferentes temperaturas, da polpa de acerola em pó, encontram-se na Tabela 5. Isotermas de adsorção Os resultados experimentais da umidade de equilíbrio higroscópico com as respectivas Tabela 5. Valores experimentais da umidade de equilíbrio (Ueq) para as diferentes atividades de água (aw) da polpa de acerola em pó, nas três temperaturas estudadas Temperatura (ºC) 20 25 30 aw Ueq aw Ueq aw Ueq 0,230 0,0361 0,227 0,0452 0,225 0,0516 0,330 0,0452 0,328 0,0582 0,329 0,0560 0,431 0,0729 0,432 0,0792 0,447 0,0799 0,591 0,1127 0,576 0,1088 0,574 0,1061 0,699 0,1556 0,688 0,1468 0,618 0,1463 0,754 0,1806 0,753 0,1827 0,769 0,1853 0,851 0,2599 0,843 0,2377 0,836 0,2401 0,978 0,2500 0,970 0,2606 Pelos valores determinados, experimental-mente, vistos na Tabela 5, observa-se que a umidade de equilíbrio (Ueq) aumentou com o aumento da atividade de água (aw) e, na maioria dos casos, com o aumento da temperatura. Esse resultado é semelhante ao encontrado por Yoshida (1996) para isotermas de adsorção de umidade de pó de milho superdoce liofilizado e inverso ao encontrado por Pena et al. (2000) ao estudarem o comportamento higroscópico do guaraná em pó. Na Tabela 6 têm-se os valores dos parâmetros estimados, obtidos por regressão não-linear, dos modelos de GAB, BET, Oswin e Smith, para o ajuste das isotermas de adsorção da polpa de acerola em pó, para cada temperatura estudada, assim como os coeficientes de determinação (R2) e os desvios percentuais médios (P). Tabela 6. Parâmetros dos modelos testados para as isotermas de adsorção da polpa de acerola em pó, coeficientes de determinação (R2) e desvios percentuais médios (P), nas temperatura de 20ºC, 25ºC e 30ºC Modelos GAB BET Oswin Smith Temperatura (ºC) 20 25 30 Temperatura (ºC) 20 25 30 Temperatura (ºC) 20 25 30 Temperatura (ºC) 20 25 30 Xm 0,08004 28,54083 19,81159 Parâmetros C 2,05043 0,02142 0,02888 K 0,86616 0,25277 0,27050 R2 P (%) 0,9987 0,9690 0,9674 2,16 2,61 6,75 Xm C n R2 P (%) 0,09682 0,06281 0,07435 0,80076 3,54883 2,26163 7 8 7 0,9828 0,9713 0,9747 8,87 1,59 11,19 a b R2 P (%) 0,08663 0,11075 0,11129 0,64074 0,24566 0,27627 0,9950 0,7557 0,7978 5,44 4,03 3,35 Ma Mb R2 P (%) -0,00590 0,06029 0,07001 0,13646 0,06074 0,05463 0,9966 0,7827 0,8292 8,99 2,80 2,16 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.2, p.157-165, 2002 Caracterização e isotermas de adsorção de umidade da polpa de acerola em pó, Gomes et al. 162 A partir dos valores do coeficiente de determinação (R2) e do desvio percentual médio (P) apresentados na Tabela 4, verifica-se que, entre os modelos de três parâmetros testados, os valores de R2 obtidos para ambos resultaram tão próximos entre si que, no pior dos casos, não superam 1,6% de diferença. Levando-se em consideração os desvios percentuais médios dos modelos triparamétricos, o de GAB supera o de BET com dois dos três melhores resultados. Dentre os modelos de dois parâmetros, o que resultou nos melhores ajustes foi o de Smith, tanto no que se refere ao coeficiente R2, quanto em relação a maioria dos erros percentuais. Considerando os coeficientes de determinação os modelos de GAB e BET representaram melhor as isotermas de adsorção de umidade das amostras, fato também verificado por Ascheri & Martucci (1996), os quais concluíram ser estes modelos os que melhor representaram o fenômeno de adsorção de umidade das microcápsulas do óleo essencial de laranja, e por Tostes et al. (1996) ao analisarem as isotermas de adsorção de umidade a 15ºC do pó de marapuama. Na Tabela 7, encontram-se os resultados experimentais e teóricos das umidades de equilíbrio das amostras nas diferentes temperaturas, bem como os erros relativos percentuais respectivos para cada modelo. Tabela 7. Valores experimentais, teóricos e erros relativos percentuais para os valores de umidade de equilíbrio Umidade de equilíbrio (Ueq) ºC GAB Exp. Teórico 20 20 20 20 20 20 20 25 25 25 25 25 25 25 25 30 30 30 30 30 30 30 30 0,0361 0,0452 0,0729 0,1127 0,1556 0,1806 0,2599 0,0452 0,0582 0,0792 0,1088 0,1468 0,1827 0,2377 0,2500 0,0516 0,0560 0,0799 0,1061 0,1463 0,1853 0,2401 0,2606 BET (%) 0,033763 6,47 0,055033 21,75 0,072509 0,54 0,109677 2,68 0,148640 4,47 0,177567 1,68 0,264580 -1,76 0,039429 12,77 0,060150 -3,35 0,083910 -5,95 0,121491 -11,66 0,155097 -5,65 0,176617 3,33 0,209165 12,00 0,264833 -5,93 0,039406 23,63 0,061175 -9,24 0,089160 -11,59 0,123828 -16,71 0,137092 6,23 0,188302 -1,62 0,214227 10,78 0,273098 -4,80 Oswin Teórico (%) Teórico 0,029770 0,048753 0,071051 0,116105 0,157944 0,185479 0,253898 0,041466 0,059215 0,080220 0,117343 0,154041 0,178026 0,213036 0,265024 0,038020 0,058141 0,085600 0,122566 0,137239 0,192974 0,218938 0,269191 17,53 -7,86 2,54 -3,02 -1,51 -2,70 2,34 8,26 -1,74 -1,29 -7,85 -4,93 2,56 10,38 -6,01 26,33 -3,82 -7,13 -15,52 6,19 -4,14 8,81 -3,30 0,039944 0,055033 0,072509 0,109677 0,14864 0,177567 0,26458 0,081962 0,092858 0,103548 0,119407 0,134496 0,145635 0,167362 0,281303 0,079081 0,091400 0,104937 0,120847 0,12711 0,155152 0,174534 0,290754 Observa-se na Tabela 7 que os erros relativos dos valores preditos pelas equações de GAB, BET, Oswin e Smith variaram entre mínimos e máximos de 0,5% e 23,6%, -1,3% e 26,3%, 0,5% e -81,3% e entre -3,1% e -68,0%, respectivamente. Observando-se este conjunto de valores de erros relativos, constata-se a desuniformidade das predições de umidade de equilíbrio para cada umidade relativa, variando em cerca de 23% no modelo de melhores (%) -10,65 -21,75 0,54 2,68 4,47 1,68 -1,76 -81,33 -59,55 -30,74 -9,75 8,38 20,29 29,59 -12,52 -53,26 -63,21 -31,33 -13,90 13,12 16,27 27,31 -11,57 Smith Teórico 0,024298 0,040825 0,063478 0,116244 0,164647 0,193192 0,246415 0,075933 0,084444 0,094651 0,112412 0,131043 0,145234 0,172759 0,292131 0,072475 0,082563 0,096105 0,114372 0,122005 0,157222 0,181205 0,300134 (%) 32,69 9,68 12,92 -3,14 -5,81 -6,97 5,22 -67,99 -45,09 -19,51 -3,32 10,73 20,51 27,32 -16,85 -28,80 -32,17 -16,86 -7,23 19,91 17,86 32,50 -13,17 parâmetros de ajuste (GAB) até mais de 80% no modelo de Oswin. Considerando que as equações são estabelecidas para produtos com diferentes características e composições, tais discrepâncias podem ser atribuídas a essas diferenças. Considerando que o modelo de GAB, repetindo os resultados obtidos por Figueirêdo (1998) e Pena et al. (2000), resultou, nos melhores ajustes, conforme os valores da Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.2, p.157-165, 2002 Caracterização e isotermas de adsorção de umidade da polpa de acerola em pó, Gomes et al. Tabela 4, com coeficientes de determinação (R2) acima de 0,96 e todos os desvios médios relativos (P) menores que 10%, utilizou este modelo para a elaboração das curvas de ajuste 163 aos pontos experimentais, apresentados na Figura 1. 0,40 0,35 0,30 20ºC 25ºC 30ºC Umidadedeequilíbrio(b.s.) 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 A tiv id a d ed eá g u a(aw ) Figura 1. Isotermas de adsorção da polpa de acerola em pó, ajustadas pelo modelo de GAB Examinando-se a Figura 1, observa-se que as isotermas de adsorção de umidade da polpa de acerola em pó são do Tipo III, segundo a classificação de Brunauer, consideradas típicas de alimentos ricos em componentes solúveis, tais como café e soluções com alto teor de açúcares. CONCLUSÕES O teor de ácido ascórbico ficou concentrado em mais de 340% entre a polpa líquida e a polpa em pó. A umidade foi reduzida em cerca de 95% e o pH elevou-se em mais de 26%. Os valores de densidade, tempo de escoamento, ângulo de repouso e molhabilidade, para a polpa em pó, foram de 1,313 g/cm3, 76 segundos, 47,22o e 0,1806 g/min, respectivamente. O modelo de GAB apresentou os melhores ajustes aos dados experimentais, podendo representar, satisfatoriamente, as isotermas de adsorção de umidade da polpa de acerola em pó, com coeficiente de determinação (R2) acima de 0,96 e desvio médio relativo (P) menor que 10%, em todas as temperaturas estudadas. As isotermas de adsorção de umidade para a polpa de acerola em pó são do Tipo III, de acordo com a classificação de Brunauer. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Araújo, M.S.O. Avaliação das características físico-químicas e sensoriais de polpa de acerola (Malphighia ermaginata D.C.) submetidas a diferentes técnicas de congelamento. Campina Grande: Centro de Ciências e Tecnologia, Universidade Federal da Paraíba, 2000. 108p. (Dissertação de Mestrado). Ascheri, D.P.R.; Martucci, E.T. Microencapsulamento de Óleo Essencial de Laranja: Determinação de Isotermas de Adsorção. In: Humbinger, M.; Murr, F.X.; Aguilera, J.M. Equipos y procesos para la industria de alimentos. 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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.2, p.157-165, 2002 166 ÁREA DE ARMAZENAMENTO PROCESSAMENTO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS A Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande mantém 5 Laboratórios dentre eles o Laboratório de Análises de Sementes, atendendo diversas linhas de pesquisas dentre as quais as de: Efeitos da secagem na preservação da qualidade fisiológica de sementes Desenvolvimento de unidades secadoras para secagem de produtos termosensíveis (sementes) Estudo da cinética de congelamento de sementes a ultrabaixas temperaturas Armazenagem de sementes utilizando métodos não convencionais Controle de patógenos em sementes armazenadas Estudo da longevidade das sementes em bancos de germoplasma e em bancos criogênicos LABORATÓRIO DE ANÁLISES DE SEMENTES O Laboratório atende principalmente os Cursos de Graduação e Pós-Graduação em Engenharia Agrícola e o Doutorado em Engenharia de Processos da Universidade Federal de Campina Grande - UFCG, além do Programa de Pós-Graduação em Agronomia (Produção Vegetal) da Universidade Federal da Paraíba - UFPB Coordenação da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas Av. Aprígio Veloso, 882 – Caixa Postal 10.087 Fones (083)2101-1551; Fone-Fax 2101-1195 Email- [email protected] Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.2, p.166, 2002
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