isotermas de adsorção de umidade do umbu-cajá em pó
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isotermas de adsorção de umidade do umbu-cajá em pó
Revista Educação Agrícola Superior Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior - ABEAS - v.30, n.1, p.33-36, 2015. ISSN - 0101-756X - DOI: http://dx.doi.org/10.12722/0101-756X.v30n01a07 ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DE UMIDADE DO UMBU-CAJÁ EM PÓ Ranilda N. G. Silva1, Rossana M. F. Figueirêdo1, Alexandre J. M. Queiroz1 & Regilane M. Feitosa2 RESUMO A boa aceitação de produtos alimentícios em pó vêm contribuindo cada vez mais para a introdução de novos produtos elaborados a partir de frutas. Este tipo de produto tem longa vida útil e permite aos consumidores um preparo prático, rápido e seguro. As isotermas de sorção de umidade exercem particular importância desde o processamento até o armazenamento de produtos processados. Este trabalho teve como objetivo determinar as isotermas de adsorção de umidade do umbu-cajá em pó, por meio do método gravimétrico estático com soluções saturadas de sais, em diferentes temperaturas (25, 30 e 35 ºC). Os modelos de GAB, Lang-Steinberg-Smith e Peleg foram ajustados aos dados experimentais das isotermas de adsorção de umidade. Dentre os modelos testados o de Peleg resultou nos melhores ajustes aos dados experimentais, com coeficientes de determinação (R2) superiores a 0,90 em todas as temperaturas podendo representar satisfatoriamente as isotermas de adsorção de umidade do umbucajá em pó. As isotermas do umbu-cajá em pó foram classificadas como Tipo II. PALAVRAS-CHAVE: Spondias, atividade de água, modelagem matemática, higroscopicidade MOISTURE ADSORPTION ISOTHERMS OF UMBU-CAJÁ POWDER ABSTRACT The good acceptance of food powders have contributed increasingly to the introduction of new products made from fruit. This type of product has a long shelf life and allows consumers a practical training, quickly and safely. The moisture sorption isotherms exercise particular importance from processing to storage of processed products. This study aimed to determine the moisture adsorption isotherms of the umbu-cajá powder through the static gravimetric method with saturated salt solutions at different temperatures (25, 30 and 35 °C). The GAB, Lang-Steinberg-Smith and Peleg models were adjusted to the experimental data of the moisture adsorption isotherms. Among the models tested the Peleg resulted in better fits to the experimental data, with coefficients of determination (R2) higher than 0.90 in all temperatures and can satisfactorily represent the moisture adsorption isotherms of the umbu-cajá powder. The isotherms of umbu-cajá powder were classified as type II. KEY WORDS: Spondias, water activity, mathematical modeling, hygroscopicity 1 2 Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola/ Universidade Federal de Campina Grande. Campina Grande - PB. E-mail: [email protected], [email protected], [email protected] Pós-Doutorado em Engenharia de Processos/ Universidade Federal de Campina Grande. Campina Grande - PB. E-mail: [email protected] 34 Ranilda N. G. Silva et al. INTRODUÇÃO A secagem é utilizada como método de conservação impedindo a deterioração e perdas do valor comercial. O método de secagem em camada de espuma, geralmente, resulta em um pó de qualidade oferecendo grandes possibilidades comerciais, beneficiando-se ainda das características positivas associadas ao baixo custo e simplicidade do processo. Nos últimos anos houve uma demanda maior por parte dos consumidores por alimentos de rápido preparo e pós de frutas elaborados a partir da secagem em camada de espuma pode ser uma alternativa, a qual vem ganhando espaço nas investigações científicas. Um dos fatores que mais influencia a qualidade de pós de frutas é a atividade de água, a qual é de fundamental importância para a conservação e armazenamento de um alimento, em razão de influenciar diretamente nas características dos alimentos e na sua estabilidade. Por meio da atividade de água pode-se estudar o comportamento higroscópico de novos produtos, mediante o conhecimento e entendimento das isotermas de adsorção de umidade. A determinação das isotermas de sorção de umidade constitui-se fator essencial nos projetos e estudos de sistemas de secagem, manuseio, processamento, armazenagem, embalagem e predição da vida útil de produtos alimentícios (Lima et al., 2008). A isoterma é uma relação de equilíbrio que vincula o teor de umidade de um produto com a umidade relativa do ar circundante e a temperatura, sendo essencial para o processamento de produtos, dimensionamento dos equipamentos de secagem e transporte e projetos de embalagens (Costa et al., 2015). Os estudos da higroscopicidade alinhada a processos de secagem e armazenamento são de grande importância para garantir a qualidade dos produtos (Oliveira et al., 2014). O comportamento higroscópico de diversos produtos são descritos por modelos matemáticos empíricos, uma vez que nenhum modelo teórico desenvolvido tem sido capaz de predizer com precisão o teor de água de equilíbrio para uma ampla faixa de temperatura e umidade relativa do ar (Resende et al., 2006). Como produtos em pó tem um mercado atraente de consumidores e apresenta fácil preparo e maior vida útil, este trabalho teve como objetivo determinar as isotermas de adsorção de umidade do umbu-cajá em pó, por meio do método gravimétrico estático com soluções saturadas de sais, em diferentes temperaturas (25, 30 e 35 ºC). MATERIAL E MÉTODOS O umbu-cajá em pó foi obtido pelo processo de secagem em camada de espuma (foam mat drying), na temperatura de 70 oC, adicionando-se à polpa antes da secagem os aditivos Emustab e Super Liga Neutra. As isotermas de adsorção de umidade foram determinadas empregando-se o método gravimétrico estático com soluções saturadas de sais (NaOH, MgCl2, K2CO3, NaBr, KI, NaNO3, NaCl, (NH4)2SO4, KCl, K2CrO4) nas temperaturas de 25, 30 e 35 oC. As amostras em triplicata, foram colocadas em recipientes de vidros herméticos contendo soluções saturadas de sais, onde permaneceram nesses ambientes até atingirem o equilíbrio higroscópico. O teor de umidade de equilíbrio em base seca (% b.s.) foi calculado com base na diferença entre a massa da amostra no equilíbrio e a massa seca (Eq. 1). = Xe m água msec a × 100 (1) em que: Xe - teor de umidade de equilíbrio em base seca (% b.s.) mágua - massa de água adsorvida pela amostra (g) mseca - massa seca da amostra (g) Logo após o equilíbrio das amostras, as curvas da atividade de água em função da umidade de equilíbrio foram graficadas e os modelos de GAB (Eq. 2), Lang-Steinberg-Smith (Eq. 3) e Peleg (Eq. 4) foram ajustados aos dados experimentais utilizando-se o programa computacional Statistica através de regressão não-linear estimada pelo método Quasi-Newton. Xe = x m Cka w (1 − ka w )(1 − ka w + Cka w ) Xe = C1 − B1 ln (1 − a w ) = X e K1 ( a w ) 1 + K 2 ( a w ) n (2) (3) n2 (4) em que: aw - atividade de água (adimensional) Xe - umidade de equilibrio (% base seca) Xm - umidade na monocamada molecular C e K - parâmetros que dependem da temperatura e da natureza do produto C1, B1, K1, K2, n1 e n2 - constantes dos modelos Os critérios usados para determinação do melhor ajuste dos modelos aos dados experimentais foram: o coeficiente de determinação (R2) e o desvio percentual médio (P), calculado pela Equação 5. P= ( 100 n X e( exp ) − X e( teor ) ∑ n i =1 X e( exp ) ) em que: P - desvio percentual médio (%) Xe (exp) - umidade de equilíbrio experimental Xe (teor) - umidade de equilíbrio predito pelo modelo n - número de dados experimentais. Revista Educação Agrícola Superior - v.30, n.1, p.33-36, 2015. Mês efetivo de circulação deste número: Dezembro/2015. (5) Isotermas de adsorção de umidade do umbu-cajá em pó RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 tem-se os valores dos parâmetros dos modelos de GAB, Lang-Steinberg-Smith e Peleg ajustados aos dados experimentais das isotermas de adsorção de umidade do umbucajá em pó, nas temperaturas de 25, 30 e 35 oC, os coeficientes de determinação (R2) e os desvios percentuais médios (P). Observa-se que o modelo que melhor se ajustou aos dados experimentais das isotermas de adsorção de umidade do umbucajá em pó foi o de Peleg, apresentando os maiores coeficientes de determinação (R2 > 0,90) e os menores desvios percentuais médios (P < 12%), em razão de que quanto menor o P e maior o R2 maior a precisão do modelo. Este desempenho também foi verificado por Sinija & Mishra (2008) ao ajustarem o modelo de Peleg as isotermas de adsorção de umidade, nas temperaturas de 20, 30, 40 e 50 oC, do chá verde em pó liofilizado com valores de R2 acima de 0,99. O modelo de GAB apresentou valores dos coeficientes de determinação maiores que 0,86 e os desvios percentuais médios menores que 16%. Moreira et al. (2013) ao determinarem as isotermas da manga em pó obtida por liofilização encontraram valores de R2 entre 0,9986 a 0,9993 para as temperaturas de 25, 30 e 35 oC. Observa-se que com o aumento da temperatura das isotermas houve uma tendencia de redução nos valores da umidade na monocamada molecular (Xm). Diosady et al. (1996) relataram que a umidade na monocamada molecular decresce com o aumento da temperatura, em razão de que como as moléculas absorvidas ganham energia cinética, fazem com que o Xm decresça com o aumento da temperatura. Feitosa et al. (2013) também verificaram que com o aumento da temperatura das isotermas, o teor de umidade na monocamada molecular do modelo de GAB diminuiu. Observa-se também que dentre os valores obtidos a temperatura de 30 oC se destaca apresentando o menor valor de Xm (20,32%). Para Goula et al. (2008) o teor de umidade na monocamada é aquele que proporciona maior estabilidade e perdas mínimas de qualidade do alimento. Valores inferiores para a umidade na monocamada (Xm) foram relatados por Bezerra et al. (2011) ao estudarem os pós de manga das variedades Rosa e Tommy Atkins, submetidas à desidratação em estufa a vácuo (61 ± 2 °C por 18 horas), que obtiveram valores de Xm de 10,59 e 10,24%, respectivamente. 35 Observa-se que o parâmetro K do modelo de GAB apresentou valores variando ente 0,71 e 0,77, estando dentro da faixa citada por Rahman (1995). Syamaladevi et al. (2009) afirmaram que os valores de K geralmente variam entre 0,7 e 1 para materiais alimentícios. Timmermann (2003) afirmou que valores maiores que 1 são fisicamente inadequados indicando uma sorção infinita. As isotermas do umbu-cajá em pó foram classificadas como Tipo II, de acordo com a classificação de Blahovec (2004) em razão de terem apresentado valores de 0 < K ≤ 1 e C > 2. Mosquera et al. (2012) classificaram de acordo com Brunauer como tipo II o morango em pó, obtido por liofilização com e sem maltodextrina e goma arábica. Para Aguirre-Cruz et al. (2010) as isotermas de farinhas de bananas, na temperatura de 30 oC, apresentaram forma sigmoidal, tipo II de acordo com a classificação BET. Melo et al. (2011) avaliando o comportamento higroscópico, a 25 oC, da casca, polpa e da parte fibrosa do buriti, obtiveram isotermas de adsorção de umidade do tipo II. O modelo de Lang-Steinberg-Smith foi o que apresentou os menores valores de R2 e os maiores valores de P em relação aos demais modelos testados. Não se recomenda este modelo para estimar as isotermas de adsorção de umidade do umbucajá em pó na temperatura de 25 oC por ter apresentado R2 < 0,80 e P > 20%. Observa-se que os parâmetros k1 e n1 do modelo de Peleg aumentaram com o aumento da temperatura aplicada, e comportamento inverso foi verificado para a constante k2. Na Figura 1 são apresentadas as isotermas de adsorção de umidade do umbu-cajá em pó, nas temperaturas de 25, 30 e 35 o C, com o modelo de Peleg ajustado aos dados experimentais. Em todas as temperaturas, verifica-se que com o aumento do teor de umidade de equilíbrio houve aumento da atividade de água, demonstrando a influência do ambiente sobre a umidade das amostras. Observa-se que as isotermas apresentam intercruzamentos entre as temperaturas. Inicialmente verifica-se que na faixa de atividade de agua entre 0,2 a 0,5 a curva a 30 oC apresentou as maiores umidades de equilibrio e para aw > 0,5 as menores umidades de equilibrio. Comportamento semelhante foi observado por Moreira et al. (2013) e Goula et al. (2008) que afirmaram que tal comportamento ocorre nas isotemas Tabela 1. Parâmetros dos modelos ajustados às isotermas de adsorção de umidade do umbu-cajá em pó Revista Educação Agrícola Superior - v.30, n.1, p.33-36, 2015. Mês efetivo de circulação deste número: Dezembro/2015. 36 Ranilda N. G. Silva et al. Figura 1. Isotermas de adsorção de umidade do umbu-cajá em pó com ajustes pelo modelo de Peleg de sorção de alimentos ricos em açúcares cristalinos, como glicose. CONCLUSÕES 1. O modelo de Peleg resultou nos melhores ajustes aos dados experimentais; 2. As isotermas foram classificadas como Tipo II; 3. O teor de umidade na monocamada que favorece maior estabilidade e perdas mínimas de qualidade do pó foi de 20,32%, na temperatura de 30 oC. LITERATURA CITADA Aguirre-Cruz, A.; Alvarez-Castillo, A.; Castrejón-Rosales, T.; Carmona-Garcıá, R.; Bello-Perez, L. A. Moisture adsorption behavior of banana flours (Musa paradisiaca) unmodified and modified by acid-treatment. Starch-Starke, v. 62, n. 12, p. 658-666, 2010. Bezerra, T. S.; Costa, J. M. C.; Afonso, M. R. A.; Maia, G. A.; Clemente, E. 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