Cristão Absolvido Conta Como Foram os Anos na

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Cristão Absolvido Conta Como Foram os Anos na
Semente da Fé
Cristão Absolvido Conta Como Foram os Anos na Cadeia
PAQUISTÃO - O cristão paquistanês Ranjha Masih, que foi absolvido pela Suprema Corte das acusações de blasfêmia,
no dia 10 de novembro, revelou, após sua soltura, ao Centro para Ajuda Legal e Assentamento (CLAAS, sigla em
inglês), que algumas autoridades da prisão e muitos muçulmanos de várias partes do país tentaram convertê-lo ao
islamismo.
"A administração da cadeia, a polícia e outros prisioneiros constantemente me pressionavam para eu me converter ao
islamismo. Eles me disseram que eu poderia sair da prisão se recitasse a shahadat (principal declaração de fé no
islamismo)", afirmou Ranjha Masih em seu testemunho.
Ranjha, que alega ter permanecido leal à fé cristã, contou: "Um dia, um oficial trouxe o Alcorão, o livro sagrado dos
muçulmanos, e disse para eu pegar e recitar a shahadat."
A autoridade disse a Ranjha que ele poderia evitar futuras detenções se convertendo ao islamismo, afirmou o cristão. "Eu
disse a ele que, se para ser solto da prisão eu teria que negar Jesus Cristo, então eu não queria ser solto", acrescentou.
"Muitas pessoas de diferentes regiões do país entraram em contato comigo e me convidaram para me converter ao
islamismo, prometendo que me tirariam da prisão, mas eu, fielmente, recusei a todos os convites", afirmou Ranjha.
"Durante esse tempo de tentativas, apareceram centenas de cartas e cartões de todas as partes do mundo fortalecendo
a minha fé e me encorajando a lutar e a resistir ao mal. Sou grato a Jesus por todo fortalecimento e amor", disse ele.
Graça para permanecer fiel
Descrevendo a perseguição que sofreu durante os oito anos e sete meses em que esteve preso, ele disse em seu
testemunho: "Durante a minha detenção, eu apanhava todos os dias. Eles me vendavam, amarravam as minhas mãos
nas minhas costas, amarravam meus pés e depois me batiam com tacos, bastões, me chutando e me esbofeteando.
Eles me tratavam pior do que um animal".
"Quando fui levado à prisão, o diretor de lá avisou que ninguém tinha permissão para falar comigo. Várias vezes, eles
me trancaram em uma cela o dia todo", informou. "Eu tinha que subornar os guardas para que me deixassem sair da
minha cela por uma ou duas horas. Eles, freqüentemente, me davam trabalho pesado para fazer. O amor e a graça de
Deus me ajudaram a permanecer fiel durante essa experiência", acrescentou em seu testemunho.
"Os guardas me pediram nomes de outros cristãos para que pudessem prendê-los e importuná-los. Em uma ocasião,
eles me levaram para uma área afastada e me mandaram fugir. Eu me recusei e disse que eles teriam de me matar e
dizer ao mundo que eu tinha sido morto pela polícia."
"Numa outra vez, eles me bateram, até eu quase perder os sentidos, tentando arrancar de mim o nome de outro amigo
cristão. Eles insistiam para que eu dissesse, mas permaneci em silêncio. Enquanto eles estavam me espancando, eu
comecei a cantar um hino cristão. Quando eles me ordenaram que eu explicasse o que eu estava falando, eu respondi:
"Vocês estão me espancando para me fazer falar. Agora que eu estou falando, vocês reclamam."
Ranjha, que chamou sua absolvição de "um grande milagre", acrescentou: "Durante os últimos oito anos, minha esposa
e filhos sofreram muito, mas eles demonstraram uma imensa coragem, paciência e perseverança. Sou grato a Jesus
pela minha família maravilhosa".
"Um dia minha neta foi me visitar na prisão. Ela me consolou com as ternas palavras de que Jesus iria me tirar de lá no
momento certo."
Saúde abalada
Ranjha também agradeceu ao CLAAS e a Wasim Muntizar, que o ajudaram durante a sua prisão.
"Eles trabalharam incansavelmente para me tirar da prisão. Quando fui preso, minha esposa pediu ajuda a todos que
conhecíamos para ajudarem em meu caso, incluindo alguns cristãos influentes. O CLAAS se dispôs a assumir meu caso
e, por essa razão, sou muito grato a Deus por eles", afirmou Ranjha Masih .
Um informativo do CLAAS divulgou que Ranjha está com a saúde muito comprometida devido "às condições atrozes da
prisão e dos repetidos espancamentos que Ranjha sofreu." O boletim também também afirma: "Ele sofre de
hemorróidas, dores severas nas juntas do joelho por causa da artrite reumática, insônia e diabetes. Na cadeia lhe foi
negada a atenção médica devida. Como resultado disso, muitas de suas dores pioraram progressivamente. No dia 23 de
novembro ele deu entrada em um hospital particular para fazer tratamento. Sua esposa está com ele, assim como um
membro da CLAAS."
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Produzido em: 2 October, 2016, 09:44
Semente da Fé
O boletim também pede aos cristãos que orem pela saúde de Ranjha, para que ele se recupere rapidamente. O
informativo descreve a situação na cidade paquistanesa de Faisalabad como tensa, alegando que muçulmanos se
enfureceram com a absolvição de Ranjha e ameaçaram fazer protestos.
O jornal "Daily Khabrain" publicou um artigo dizendo que Ranjha foi solto sob ordens especiais do Inspetor Geral de
Prisões, como um gesto de boa vontade por ocasião da chegada de Tony Blair, o primeiro-ministro britânico.
Ao final de uma audiência de duas horas sobre o caso, o magistrado Asif Saeed Khan Khausa determinou que a falta
de evidências concretas contra Ranjha Masih requeria sua completa absolvição.
O advogado, Justin Gill, que liderou a equipe de defesa de Ranjha, disse esperar que a ordem para a libertação do antigo
funcionário de um hospital fosse decretada no dia seguinte. "Então, em dois ou três dias, ele deverá estar fora da
prisão", disse Gill. "Eu acho que ele ainda não sabe disso, mas nós falamos para sua esposa".
De acordo com um porta-voz do Centro de Ajuda Assistencial e Assentamento (CLAAS), que tratou do processo de
apelação de Ranjha, ele será transferido para um local seguro e desconhecido depois de sua liberação.
Prisão perpétua
Preso em maio de 1998, durante o funeral do bispo John Joseph, Ranjha Masih foi condenado e sentenciado a prisão
perpétua por uma corte distrital em abril de 2003.
Masih, 50 anos, foi acusado de jogar pedras e derrubar uma tabuleta que continha um verso do Alcorão durante o
funeral. Ele era amigo próximo do bispo, que cometeu suicídio para protestar contra o fato de os cristãos serem alvo das
leis de blasfêmia no Paquistão.
"A conclusão do juiz Khausa foi de que não havia evidências suficientes para manter a condenação", disse Justin Gill ao
Compass. "E havia muitas discrepâncias entre as testemunhas".
Em sua apelação diante da corte, o advogado disse que ele enfatizou as contradições entre o que diziam as testemunhas
de acusação e o testemunho de um oficial de polícia que investigou as evidências poucas horas depois que seu cliente
foi preso.
"Todas as testemunhas de acusação declararam que a tabuleta na qual o verso do alcorão estava escrito foi quebrada em
dois pedaços e caiu", disse Justin. "Mas o inspetor que conduziu a investigação disse em sua declaração que as tabuletas
do local estavam todas intactas depois do incidente. Nenhuma havia sofrido danos".
Na verdade, disse o advogado à corte, foi somente 20 dias depois que os acusadores de Ranjha produziram os danos na
tabuleta, declarando que ele jogou pedras e um sapato nela.
Este lapso de tempo documentado foi um fato importante para o veredicto de absolvição dado pelo juiz, declarou um
observador da corte ao Compass.
Irregularidades
A mesma discrepância foi estabelecida claramente diante da corte distrital pelo advogado de defesa de Ranjha Masih,
Khalil Tahir Sindhu, disse um porta-voz do CLAAS. "Ranjha devia ter sido absolvido naquela corte", disse ele.
Porém com a corte de Faisalabad repleta de ativistas muçulmanos e jornalistas, o juiz distrital declarou Ranjha culpado.
Apesar do alegado crime de Ranjha Masih de desrespeito às palavras do Alcorão estar na seção 295-B da lei de
blasfêmia do Paquistão, ele foi inexplicavelmente acusado pela seção 295-C, por insulto ao profeta muçulmano Maomé.
Ainda mais estranho, a corte de apelação notou agora, que sua condenação sob a seção 295-C requeria pena de morte.
Mas ao contrário, a corte distrital o sentenciou a prisão perpétua.
Apelações contra a condenação de Ranjha foram apresentadas desde maio de 2003, porém só em junho de 2004 o juiz
Khausa concordou em atender o caso.
O advogado Justin Gill identificou o muçulmano que apresentou as acusações contra seu cliente, Muhammad Jahanzeb,
como "uma pessoa influente, filho do antigo prefeito de Faisalabad". Apesar de, sob a lei paquistanesa, um juiz poder
abrir uma ação contra alguém que apresente falsas acusações, Justin admitiu que, "normalmente, isso não acontece no
Paquistão".
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Semente da Fé
Casado com seis filhos e vários netos, Ranjha tem agora 58 anos. Enquanto estava na cadeia, seu cabelo e barba
ficaram brancos e ele sofreu com artrite, hemorróidas e inchaço nos joelhos.
Mantido vendado e acorrentado durante as primeiras semanas de detenção, Masih disse a seus advogados que foi
espancado e torturado repetidas vezes por autoridades policiais antes de ser transferido para a Prisão Central de
Faisalabad.
No último mês de maio, a Sociedade Internacional de Direitos Humanos da Alemanha condecorou Masih com o
Prêmio da Fundação Stephen por "perseverança em manter sua fé cristã" sob perseguição.
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