faculdade madre tereza – famat eduardo do carmo silva ozanete

Transcrição

faculdade madre tereza – famat eduardo do carmo silva ozanete
FACULDADE MADRE TEREZA – FAMAT
EDUARDO DO CARMO SILVA
OZANETE PEREIRA NEVES
A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NO APLICATIVO WHATSAPP®: ANÁLISE DA
LINGUAGEM FORMAL E INFORMAL A PARTIR DE UM GRUPO FORMADO POR
EGRESSOS DE DIVERSAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ.
SANTANA – AP
2015
EDUARDO DO CARMO SILVA
OZANETE PEREIRA NEVES
A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NO APLICATIVO WHATSAPP®: ANÁLISE DA
LINGUAGEM FORMAL E INFORMAL A PARTIR DE UM GRUPO FORMADO POR
EGRESSOS DE DIVERSAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na
Faculdade Madre Tereza, no Curso de
Licenciatura Plena em Letras, como requisito
obrigatório para obtenção do grau de Licenciado
Pleno em Letras, orientado pelo Prof. Esp. Izaias
Loureiro Tavares no semestre 2014.2
SANTANA – AP
2015
EDUARDO DO CARMO SILVA
OZANETE PEREIRA NEVES
A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NO APLICATIVO WHATSAPP®: ANÁLISE DA
LINGUAGEM FORMAL E INFORMAL A PARTIR DE UM GRUPO FORMADO POR
EGRESSOS DE DIVERSAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na
Faculdade Madre Tereza, no Curso de
Licenciatura Plena em Letras, como requisito
obrigatório para obtenção do grau de Licenciado
Pleno em Letras, orientado pelo Prof. Esp. Izaias
Loureiro Tavares no semestre 2014.2
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________________
Prof. Esp. Izaias Loureiro Tavares – Orientador
Universidade do Estado do Amapá - UEAP
_______________________________________________
Prof. Esp. Rone Leão Cruz
Faculdade Madre Tereza - FAMAT
_______________________________________________
Prof. Esp. Edson Araújo da Silva
Faculdade Madre Tereza - FAMAT
SANTANA – AP
2015
Eduardo do Carmo Silva
Dedico este trabalho a Deus que
me dá forças todos os dias e me
deu tudo que tenho hoje.
Ozanete Pereira Neves
Dedico este trabalho primeiramente
a Deus pela força de esta
concluindo mais uma etapa em
minha vida, e dedico também a
minha filha e ao meu amigo
Eduardo Carmo.
AGRADECIMENTOS
EDUARDO DO CARMO SILVA
Agradeço a Deus pela vida e por me proporcionar momentos únicos que passei
durante os três anos no curso, agradeço a minha família por me dar força para
seguir em frente, agradeço também a minha amiga Ozanete Neves, a qual esteve
junto a mim na empreitada desse TCC, ao orientador, Izaias Loureiro que apesar
dos percalços firmou compromisso em nos orientar e apoiar durante a construção
deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
OZANETE PEREIRA NEVES
Agradeço a Deus pela vida e por me proporcionar momentos únicos que passei
durantes os três anos no curso, agradeço a minha filha por me da força pra seguir
em frente, ao meu amigo Eduardo do Carmo por estar sempre ao meu lado, ao
orientador, Izaias Loureiro pelo compromisso de nos orientar e apoiar durante a
construção deste trabalho.
RESUMO
Muitos aplicativos de celulares permitem a troca de mensagens de texto. Entre os
mais usados com o avanço da tecnologia podemos citar o whatsapp que além dessa
funcionalidade, permite criar grupos de conversas, enviar imagens, vídeos e áudio.
Por meio de uma pesquisa aplicada em um grupo formado por egressos advindo de
diversas instituições do estado do Amapá, irá se averiguar as duas modalidades da
língua portuguesa (linguagem formal e linguagem informal) aplicada no grupo dos
egressos, sendo assim, as analises das conversas é de suma importância para o
meio social e profissional desses egressos.
Palavras-chave: whatsapp, comunicação, linguagem.
ABSTRACT
Many mobile applications allow the exchange of text messages. Among the most
used with the advancement of technology we can mention the whatsapp that beyond
this, functionality, allow you to create conversations groups, send images, videos and
audio. Through applied research in a group of graduates arising from various
institutions of the state of Amapá, will ascertain the two modalities of the Portuguese
language (formal and informal language language) applied to the group of graduates,
so the analysis of conversations and of paramount importance to the social
environment and professional these graduates.
Keywords: whatsapp, communication, language.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................
10
1 A LINGUAGEM E SUAS CARACTERÍSTICAS.................................................
12
1.1 CONCEITO E EVOLUÇÃO DA LINGUAGEM.................................................
12
1.1.1 A Escrita Cuneiforme da Mesopotâmia..................................................... 13
1.1.2 A Escrita Egípcia.........................................................................................
14
1.1.3 A Escrita Chinesa........................................................................................
15
1.2 AS ORIGENS DO ALFABETO.........................................................................
16
1.3 DO LATIM AO PORTUGUÊS CONTEMPORÂNEO........................................
17
1.4 O GALEGO PORTUGUES............................................................................... 20
1.5. O REDESCOBRIMENTO DO BRASIL E A LÍNGUA PORTUGUESA............
20
1.6. A DIVERSIDADE LINGUÍSTICA.....................................................................
23
1.7 RELAÇÕES ENTRE FALA E ESCRITA .......................................................... 27
1.8 NORMA CULTA E NORMA POPULAR...........................................................
27
1.9 O "INTERNETÊS": A LINGUAGEM SE ADAPTANDO AS NOVAS
NECESSIDADES COMUNICATIVAS....................................................................
29
1.10 MÍDIA, SOCIEDADE E COMUNICAÇÃO SÍNCRONA E ASSÍNCRONA......
33
®
2 A LINGUAGEM FORMAL E INFORMAL OBSERVADA NO WHATSAPP .....
38
2.1 WHATSAPP®.................................................................................................... 38
2.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO LÓCUS DE INVESTIGAÇÃO..............................
39
2.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A METODOLOGIA UTILIZADA.......................... 52
2.4 UTILIZAÇÃO DO WHATSAPP NO GRUPO PESQUISADO...........................
53
2.5 LINGUAGEM USADA PELOS MEMBROS DO GRUPO NO APLICATIVO..... 57
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................
63
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 64
ANEXOS................................................................................................................
10
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa tem como intuito abordar as modalidades da Língua
Portuguesa –
Formal/Culta
e
Informal/coloquial
–
utilizadas no
aplicativo
WhatsApp®, verificando a forma escrita da mesma, para tanto, traz-se no primeiro
capítulo uma visão detalhado e cronológica da escrita, dessa maneira, explicar-se-á
como se originou e as respectivas transformações ocorridas na escrita, vale salientar
que nesse primeiro momento também se explanará sobre a história e evolução da
Língua Portuguesa, a fim de se averiguar fenômenos que contribuíram para o
processo de transformação da mesma, e consequentemente, resultando na língua
que conhecemos hoje.
Sendo assim, no primeiro capítulo trabalhar-se-á tópicos que trazem em seu
conteúdo informações pertinentes ao processo histórico da escrita, tais como, a sua
possível origem com as pinturas rupestres, perpassando pelas civilizações que
muito contribuíram para a criação de um sistema organizado da escrita, que os
povos Mesopotâmicos, os Egípcios e os Chineses, mas grande parte do que
concerne a escrita, só foi possível com a contribuição dos Fenícios, tópico em que
se abordará a construção do alfabeto.
Ainda no primeiro capítulo serão apresentados elementos que constituíram a
construção da Língua Portuguesa, ou seja, farar-se-á uma abordagem que
compreende o latim, mormente o latim vulgar, já que este dá origem ao idioma
português, dando-se ênfase nas constantes transformações que tal idioma sofreu,
sendo assim, será mantida a linearidade histórica da língua. Outro aspecto que
também fundamenta e dá corpo a pesquisa é linguagem virtual, denominada de
“internetês”, dessa forma, a língua continua sofrendo transformações, e essas
transformações estão intimamente ligadas ao ambiente social.
A atual Sociedade do Conhecimento caracteriza-se pela expansão do acesso
às informações e pela combinação das configurações e aplicações da informação
com as tecnologias da comunicação em todas as suas possibilidades. Com as
mídias digitais, de acordo com Thompson (1998, p.31), a informação e a
comunicação passam a ser operadas de forma mais flexível. Assim, “a primeira
característica do novo paradigma é que a informação é sua matéria-prima: são
tecnologias para agir sobre a informação, não apenas informação para agir sobre a
11
tecnologia, como foi o caso das revoluções tecnológicas anteriores” (CASTELLS,
2007, p.108).
Com o surgimento das novas tecnologias comunicacionais, houve grandes
mudanças nas formas de interação entre as pessoas, tal fato serve de suporte para
o desenvolvimentos dos tópicos relacionados ao surgimento da internet e as
profundas transformações que esta ferramenta causou e ainda causa na sociedade,
é importante declarar que a internet possibilitou o surgimento de novas mídias como
também é parte ocasionadora da revolução midiática, revela-se nesse ambiente
tecnológico uma nova forma de comunicação e que é intermediada pelo uso das
redes sociais, no entanto, essa forma está sendo posta de lado, a medida em que se
criam novos ferramentas, um exemplo são os aplicativos, e merece destaque um
que tem se tornado uma febre na atualidade, e que de certa maneira é parte
integradora da pesquisa aqui proposta, ou seja, o WhatsApp®.
O WhatsApp® é hoje o aplicativo mais popular em 140 países e é apontado
pelos brasileiros como um aplicativo de suma importância na comunicação. Além da
troca de mensagens entre duas pessoas, o aplicativo também possibilita a criação
de grupos de conversas, dessa maneira a pesquisa centra-se e busca descrever de
que forma a língua é propagada dentro de um determinado grupo no WhatsApp®, e
consequente, a pesquisa aqui proposta encerra-se com a análise das conversas do
grupo formado por egressos advindos de diversas instituições do Amapá, a fim de se
averiguar a predominância de uma forma linguística em detrimento de outra.
12
1 A LINGUAGEM E SUAS CARACTERÍSTICAS.
1.1 CONCEITO E EVOLUÇÃO DA LINGUAGEM.
Muito antes de surgir um sistema educacional organizado como conhecemos
hoje, a escrita por si só, como um registro de sinais, codificações isoladas e que por
uma associação passa a ter algum significado existe a cerca de três mil anos antes
de Cristo no final do período Neolítico; esta característica de escrita marca o que
chamado período pré-histórico, a mímica e a imitação possivelmente foram às
primeiras formas de ensinar e transmitir uma mensagem. Antes mesmo de constituir
a linguagem falada os homens começaram a se comunicar através de desenhos e
pinturas que são as chamadas pinturas rupestres que por sua vez caracterizam os
primeiros registros desse tipo de comunicação. A antropóloga Claúdia Pires afirma:
Sobre a relação entre a «linguagem simbólica» – expressa através de
símbolos abstratos pintados – e a sua intenção, digamos que foi através
destas imagens que o homem entendeu que podia fazer passar uma
mensagem, um pensamento, o seu estado de espírito, etc. Estas pinturas
demonstram o valor que os homens da pré-história conferiam às suas
1
criações. (PIRES, 2011 )
Transmitir os conhecimentos acumulados sempre foi algo muito importante.
Contudo, nem sempre os homens dispuseram de sistemas bem organizados para
fazer tais coisas. De diferentes formas os homens sempre tentaram deixar suas
marcas pelas terras onde viveram. Além das marcas produzidas pelo decalque de
suas mãos os homens da pré-história também desenhavam, com certa habilidade,
as coisas que os cercavam. Para tanto Higounet faz um paralelo entre escrita e
historia, supondo que uma está atrelada a outra.
A escrita faz de tal modo parte da nossa civilização que poderia servir de
definição dela própria. A história da humanidade se divide em duas imensas
eras: antes e a partir da escrita. Talvez venha o dia de uma terceira era que
será: depois da escrita. Vivemos os séculos da civilização da escrita. Todas
as nossas sociedades baseiam-se sobre o escrito. A lei escrita substitui a lei
oral, o contrato escrito substituiu a convenção verbal, a religião escrita se
seguiu à tradição lendária. E, sobretudo não existe história que não se
funde sobre textos (HIGOUNET, 2003, p. 10).
1
Disponível no perfil da autora em www.revista-temas.com
13
Portanto, pode-se dizer que as denominadas pinturas rupestres talvez
representem o mais remoto exemplo de que um registro impresso adquire certas
vantagens em relação à oralidade, no que diz respeito a uma mensagem escrita
permanecer em seu estado representativo original por muito mais tempo,
sobrevivendo dessa forma à ação do tempo, possibilitando que gerações futuras
venham a ter acesso a tal registro a fim de conhecer uma forma social que não
deixou outro vestígio capaz de traduzir como se comportavam, a não ser o registro
escrito propriamente dito.
1.1.1 A Escrita Cuneiforme da Mesopotâmia
Foi no final do período neolítico que os Sumérios (povo que vivia
na Mesopotâmia) criaram um sistema de escrita organizado, a fim de significar e
fixar o que era articulado por eles, dessa maneira, é atribuído aos Sumérios o mais
antigo sistema de escrita que conhecemos atualmente e que terá nascido por volta
do ano de 3.100 a.C. no sul da Mesopotâmia, a este sistema organizado deu-se o
nome de “Escrita Cuneiforme”. O termo “cuneiforme”, que significa em forma de
“cunha” caracteriza seu aspecto exterior anguloso. (HIGOUNET, 2003, p. 29). Diante
disso faz-se necessário saber qual suporte era utilizado para a produção escrita
naquela época, Claúdia Pires nos define o suporte e o processo utilizado.
O suporte era, à data, a massa mole de argila (placas de barro), na qual se
inscreviam e gravavam, com a ajuda de um estilete, os símbolos gráficos
em forma de cunha (até porque era difícil desenhar em barro mole sinais
curvos), para depois serem cozidas como se de peças de cerâmica se
2
tratasse. (PIRES, 2011 ).
A escrita mesopotâmica era uma escrita complexa, e era composta por 2000
sinais cuneiformes, no entanto, dentre esses sinais somente 200 ou 300 fossem
utilizados constantemente. Inicialmente a escrita cuneiforme era concebida para
atender questões administrativas e seu principal uso foi no âmbito da contabilidade e
administração, como registro de bens, marcas de propriedade, cálculos e transações
comerciais. Entretanto o que era proposto inicialmente acabou por abranger outras
atividades e por fim a escrita passou a ser usada para expressar o pensamento
2
idem
14
humano, dentre outras atividades que conseguiram se estabelecer com o auxilio da
escrita, está a Astronomia, o Direito e a Literatura.
Textos sobre o movimento dos astros e calendários mesopotâmicos escritos
entre 650 e 50 antes da nossa Era, chegaram até os dias atuais
conservados em tábuas de argila. [...] Na área do Direito, um código de leis
da Mesopotâmia representa um dos mais notáveis impressos. [...] O código
trata, dentre 7 outros assuntos, das classes sociais, do comércio, da família
(divórcio, o pátrio poder, a adoção, o adultério, o incesto), do trabalho
(precursor do salário mínimo, das categorias profissionais, das leis
trabalhistas), e da propriedade [...] Tem-se no Poema de Gilgamesh
contribuição das mais importantes da escrita à arte literária. Teria sido
escrito poucos séculos (quatro a seis) após a invenção da escrita. Este é
talvez o primeiro personagem a registrar sua história. (GOMES, p. 6-7).
Uma rápida percepção leva à constatação de que questões de direito da
atualidade já eram levadas a juízo desde a antiguidade, e isso somente é possível
ser verificado em decorrência da leitura dos símbolos registrados em blocos de
argila, anteriormente a disposição dos símbolos da escrita cuneiforme – utilizada
para exprimir as duas principais línguas da Mesopotâmia, a Suméria do Sul e a
Acádica do Norte - deixou de ser disposta em colunas e passou a apresentar-se em
escrita horizontal, legível da esquerda para a direita, mantendo-se até os dias atuais.
1.1.2 A Escrita Egípcia
Até os dias de hoje não se sabe ao certo qual é a verdadeira origem da
escrita egípcia, se foi organizada pelos próprios Egípcios ou se de alguma maneira
sofreu alguma influência dos povos mesopotâmicos, no entanto, os egípcios
possivelmente foram responsáveis por introduzir a primeira redefinição da escrita em
relação ao processo cuneiforme. A escrita egípcia desenvolveu-se de três formas
diferentes, a hieroglífica que se baseia na utilização da impressão, em seguida a
escrita hierática, que é uma forma simplificada da hieroglífica, e a demótica que é
utilizada para escritos de menor importância. A mais importante delas é a
hieroglífica, que era estritamente utilizada para a impressão de mensagens em
túmulos e templos. Os hieróglifos eram sinais sagrados gravados (do grego hieros,
“sagrado”, e glypheinI, “gravar”) que os egípcios consideravam ser a fala dos deuses
(...) essa era uma escrita de palavras (HIGOUNET, 2003, p. 37).
15
O sistema egípcio de escrita já reproduzia quase que totalmente a língua
falada, pois alguns dos seus pictogramas já representavam sílabas. Além
dos pictogramas, era formado por fonogramas (representação de sons) e
outros signos determinantes. Naquela civilização, a escrita está
estreitamente ligada aos registros de rituais sagrados, colheitas, estações e
movimento de cheia e vazante do Nilo. Por seus fonogramas, podemos
dizer que a escrita egípcia já constituía uma ideia mais ou menos
aproximada de um alfabeto, pois já trazia uma característica de
representações silábicas. (GOMES, p. 7-8)
Com isso a escrita no Egito antigo consegue alcançar uma grande
importância para todo o Império Egípcio, pois se tratava de um Estado de grande
massa territorial, e foi justamente a escrita a peça fundamental para que essa
administração fosse feita com sucesso. Apesar de ser praticamente exclusiva para
poucos indivíduos dentro da sociedade egípcia. O responsável por dominar a leitura
e a escrita dos Hieróglifos eram os Escribas, que tinham uma posição privilegiada
perante a sociedade por esse fato.
Durante séculos os hieróglifos não puderam ser compreendidos por
historiadores e outros estudiosos, mas depois das expedições de Napoleão
Bonaparte ao Egito, houve grande incentivo às pesquisas sobre documentos e as
escavações em todo Egito. Essa iniciativa contribuiu para o maior entendimento da
escrita egípcia antiga, assim como da sua sociedade, já que muitas vezes esses
documentos retratavam o cotidiano dos egípcios e seu modo de vida.
1.1.3 A Escrita Chinesa
A escrita chinesa, um sistema analítico de escrita com cerca de quatro mil
anos de existência, é hoje empregada por uma nação que possui aproximadamente
um quarto da população mundial e que se estende por uma área superior à do
continente europeu. Embora tenha tido uma existência mais longa do que qualquer
outra das atuais escritas, o seu desenvolvimento interno foi praticamente nulo: as
alterações na escrita chinesa foram de caráter técnico e externo - caligráficas, mas
não estruturais.
A escrita chinesa [...] é o único dos antigos sistemas de escrita atualmente
em uso. É empregado hoje por um conjunto de povos que representa um
quinto da população do globo, e há quatro mil anos sua evolução interna e
sua
evolução
gráfica
foram
praticamente
imperceptíveis.
O
conservadorismo dessa escrita se explica pelos caracteres da língua que
ela nota e à qual se adaptou perfeitamente.(HIGOUNET, 2003, p. 71).
16
1.2 AS ORIGENS DO ALFABETO
O surgimento de escritas baseadas nos sons que emitimos ao falar foi o
grande avanço que permitiu um sistema mais fácil para a leitura e o registro dos
fatos, sendo assim, tal avanço se dá primeiramente através da criação do alfabeto
que segundo Higounet, “pode ser definido como um sistema de sinais que exprimem
os sons elementares da linguagem” (2003, p. 59). Este sistema, com suas técnicas e
instrumentos, configura outra redefinição na escrita, que não incide somente na
invenção de uma série de signos gráficos, mas na decomposição da palavra em
sons simples, em que cada qual é representado por um só signo e não mais a
pictografia, ou a ideografia, desenhos representando ideias, mas sinais que,
evoluindo daqueles desenhos, representam diretamente os sons da fala. Cagliari
demonstra algumas evoluções de formas pictográficas que mais tarde se tornariam
as letras do alfabeto como as conhecemos hoje:
O a era a representação da cabeça de um boi na escrita egípcia. Em
grego, o alfa se escreve. O b era a representação de uma casa egípcia. O d
era a figura de uma porta. O m era o desenho das ondas da água. O n era o
desenho de uma cobra. O era a figura de um olho. O x representava o
peixe, e assim por diante. (CAGLIARI, 1998, p. 108)
Há indícios de que o alfabeto surgiu somente na metade do segundo milênio
antes de Cristo, e este fato é atribuído ao povo de origem semita, os Fenícios. Esse
povo comercializava seus produtos através de vias marítimas, chegando a formar
colônias por todo o Mediterrâneo e posterior a esse avanço do mercado marítimo, é
que surge na cidade de Fenícia de Biblos as primeiras manifestações escritas que
viriam a formar o alfabeto fenício, tendo como objetivo facilitar a comunicação e,
mormente, o comércio, conforme afirma Aquino.
Ora, o comércio é a atividade econômica que mais exige o registro de suas
transações: assinaturas de contratos, recibos de mercadorias etc. Assim, da
necessidade de simplificar as escritas já existentes (egípcia e
mesopotâmica) surgiu o alfabeto fenício, que tornou possível uma difusão
maior da habilidade de escrever, até então privilégio de uma minoria.
(AQUINO et al, 1980, p. 123).
A língua fenícia continha somente vinte e dois sinais gráficos, formados
apenas por consoantes, uma vez que não havia sinais para representar as vogais,
que deveriam ser inferidas de acordo com o contexto ao qual a palavra estava
17
inserida. Quanto ao caráter evolutivo e as particularidades do alfabeto fenício,
Higounet (2003) afirma que “o alfabeto fenício manteve as vinte e duas letras do
alfabeto arcaico [...] se apresenta, enfim, sempre em linhas horizontais orientadas da
direita para a esquerda”.
Embora, os fenícios sejam considerados os precursores do alfabeto, no
sentido de representar graficamente ideias e silabas, cabe aos gregos o papel de
idealizadores de um alfabeto baseado não mais em ideias ou silabas, mas sim na
menor parte decomposta da palavra, ou seja, o som, o que por conseguinte,
caracterizou um grande avanço no que tange a escrita, possibilitando um sistema
mais fácil para a leitura e o registro de fatos.
O alfabeto grego teve o seu desenvolvimento por volta do século IX a.C.,
sendo usado até os dias atuais no grego moderno e em algumas ciências, tais como
Matemática, Física e Astronomia. Vale ainda ressaltar que com incremento das
vogais o alfabeto grego passou a conter 24 letras, das quais Higounet destaca que
“o modo como se fez a notação das vogais merece um pouco mais de atenção, pois
foi com essa inovação que o alfabeto grego se tornou o ancestral de todos os
alfabetos europeus modernos” (HIGOUNET, 2003, p. 89). E Gomes reforça que:
A inclusão das vogais é apenas um item no currículo deste alfabeto, que
transmitiu para outros povos os conhecimentos da cultura grega, a mais rica
da Antiguidade, bem como de seus mitos e filosofia; permitiu a difusão do
Novo Testamento no mundo até então conhecido, que depois foi traduzido
para outras línguas; a Grécia estendeu a produção e comércio de livros,
generalizando-se a leitura individual, reforçada com a existência de
bibliotecas públicas e privadas. (GOMES, [2014] p. 9).
Dessa forma, é notório que no alfabeto grego destacam-se tanto sua
importância social, quanto cultural. Há autores que defendem a literatura como a
maior e mais singular contribuição dos gregos à civilização ocidental, entretanto, é
sabido que tal legado literário só fora possível em decorrência da escrita, caso
contrário, de nada adiantaria o esforço falado para mostrar e disseminar a cultura de
um povo.
1.3 DO LATIM AO PORTUGUÊS CONTEMPORÂNEO
Ao falar-se do processo histórico, tanto da escrita quanto da linguagem
compreende-se também falar-se do processo evolutivo da Língua Portuguesa
18
destacando sua origem e sua importância para o atual cenário linguístico.
Primeiramente, convém definir o conceito atribuído à língua. Segundo Saussure
(1995) “A língua é um sistema de signos que exprimem ideias, e é comparável, por
isso, a escrita, ao alfabeto dos surdos-mudos, aos ritos simbólicos, as formas de
polidez, aos sinais militares etc., etc. Ela é apenas o principal desses sistemas”.
Diante disso, percebe-se a função da língua em um meio social, ainda vale
ressaltar que a língua portuguesa tal qual se conhece hoje, não foi meramente
inventada, mas originou-se do processo de transformação do latim, língua esta que
constitui a base de varias outras línguas denominadas românicas ou neolatinas,
como o francês, o espanhol, o italiano, o romeno, entre elas, o dalmático, este ultimo
já extinto. Mas afinal, o que é o Latim?
O latim era uma língua fala no Lácio (Latium), região da Itália central, onde
em meados do século VIII a.C. foi fundada a cidade de Roma. Havia um
estreito parentesco entre o latim e dois outros idiomas falados antigamente,
na Península Itálica: o Osco [...] e o Umbro [...]. A grande semelhança entre
esses três idiomas fez supor a existência de uma língua única, a qual
convencionou denominar itálico e que teria dado origens a ele. (CARDOSO,
2003, p. 6)
Por outro lado, o latim não apresentava semelhanças somente com estas
duas línguas, pois devido alguns estudos, descobriu-se certas semelhanças com o
idioma de outros povos, o que posteriormente fez-se supor a existência de uma
língua-mãe ao qual deu-se de indo-europeu, conforme afirma Zelia Cardoso.
O confronto de raízes vocabulares existentes no latim com raízes de
palavras pertencentes a algumas das antigas línguas faladas na Índia, na
Pérsia, na Grécia, na Gália, na Germânia e em outras regiões, bem como
certa semelhança entre as estruturas gramaticais de tais línguas, permitiram
aos estudiosos do assunto formular a hipótese da existência de uma língua
primitiva que teria gerado esses idiomas. Deu-se o nome de indo-europeu a
essa hipotética língua-mãe. (CARDOSO, 2003, p. 6)
Dessa forma, supõe-se que o indo-europeu foi um idioma falado por um povo
que por razões desconhecidas se dispersou por diferentes regiões, vindo a ocupar
regiões principalmente da Europa e da Ásia. As origens geográficas destes povos
são motivos de discussões entre os pesquisadores que até hoje não chegaram a um
consenso onde tal povo vivia.
Devido a essa dispersão, a chamada língua-mãe acabou sofrendo profundas
modificações linguísticas, o que, por conseguinte, se tornou um dos principais
19
fatores para a origem de outros idiomas, inclusive o Itálico, no entanto, muitos
desses idiomas encontram-se hoje já extintos ou mortos, porém tais adjetivos não se
aplicam ao Latim, pois o mesmo ainda permanece sendo usado, seja em trabalhos
científicos ou no meio jurídico.
Durante o período em que se usou a língua latina pode-se perceber que a
mesma sofreu modificações significativas, principalmente na escrita, o que causou
grande dessemelhança entre a língua dos primeiros documentos escritos e a dos
textos produzidos por tabeliães – no século XII de nossa era – que ainda utilizavam
o latim como língua materna. Por tais motivos o latim passou a ser classificado de
acordo com a época e as circunstâncias em que fora usado.
Vale ressaltar que se dará maior ênfase no latim vulgar, haja vista que o
mesmo constitui a base da língua portuguesa, porém faz-se necessário
compreender o que foi o latim vulgar e quais tipos de pessoas a usava.
Chama-se latim vulgar o latim falado pelas classes inferiores da sociedade
romana inicialmente e depois de todo o império romano. Nessas classes a
imensa multidão de pessoas incultas que eram de todos indiferentes às
criações do espírito, que não tinham preocupações artísticas ou literárias,
que encaravam a vida pelo lado prático, objetivamente. (COUTINHO, 2005,
p. 30)
Logo, pode-se depreender que o latim vulgar como variante não prestigiada
pela elite, era falado por escravos, plebeus, estrangeiros, camponeses, podendo vir
a se estender a elite, porém os integrantes desta classe usavam o latim vulgar em
situações informais, entretanto, com a expansão do Império Romano o latim vulgar
não tardou para sofrer modificações, como também dar lugar a outras manifestações
linguísticas.
Diante disso, é importante frisar que tanto por influencia do substrato, quanto
do superstrato, o latim sofreu um processo de dialetação, afastando-se ainda mais
da língua articulada pelos conquistadores romanos. O latim vulgar era considerado
mais simples em todos os níveis – por isso recebendo maior importância – mais
expressivo, mais concreto e permeável, portanto passível de incorporar elementos
linguísticos de outros povos, tais fatores citados contribuíram para a modificação do
latim vulgar de acordo com o substrato e o superstrato, houve então, um período
intermediário entre o latim vulgar e as ditas línguas românicas, a esse período dá-se
o nome de romance ou romanço.
20
1.4 O GALEGO PORTUGUES
No ano de 711, os mulçumanos invadem e conquistam a península ibérica, e
de acordo com Teyssier (2007) “estes mulçumanos eram árabes, berberes do
maghreb”, os povos ibéricos os chamavam de mouros, no entanto, aos poucos os
cristãos começam o processo de reconquista de suas terras, expulsando os árabes
para o sul, o que de certa forma explica o aparecimento do dialeto moçárabe, que é
o contato do árabe com o latim, conforme explica Teyssier (2007) e mencionando o
aparecimento do galego português, e ainda acrescenta que as mudanças que já
estavam acorrendo na forma escrita das palavras.
A partir do século IX, com efeito, surgem textos redigidos num latim
extremamente incorreto (conhecido tradicionalmente como “latim bárbaro”),
que, uma vez por outra, deixam entrever as formas da língua falada.
Percebe-se assim abelha em abelia (< apicula) em vez de apis, ou coelho
em conelium (< coniculum), ou estrada em estrata, ou ovelha em ovelia
(<ovicula), etc. (TEYSSIER, 2007, p. 15)
É notório percebermos quão algumas palavras já apresentam em sua grafia
semelhanças com o português que conhecemos hoje, a partir desse momento, não
tardaria para que o reino de Portugal se tornasse independente, ampliando seus
territórios, levando sua língua aos dominados, que por sua vez, causaria novos
impactos na língua para chegar-se ao português tal qual conhecemos atualmente. A
abrangência da língua portuguesa só foi possível as grandes navegações que
Portugal fazia, na qual em uma dessas viagens encontraram o Brasil.
1.5. O REDESCOBRIMENTO DO BRASIL E A LÍNGUA PORTUGUESA
A chegada dos portugueses ao Brasil, ainda é hoje uma questão sem
respostas concretas, pois há relatos de que Pedro Alvarez Cabral chegou ao Brasil
por acaso, mas atualmente existem pesquisas que apontam para uma viagem, não
casual, mas sim intencional, ademais há relatos de que outros navegantes por aqui
passaram como é o caso do italiano Américo Vespúcio, que supostamente viajava
pela costa brasileira em junho de 1499, outros documentos indicam que os
espanhóis Vicente Pizón e Diego de Lepe também chegaram a navegar em mares
brasileiros, mas é fato que foram os portugueses que deram inicio ao processo de
21
colonização do Brasil. Pero Vaz de Caminha relata em carta ao rei de Portugal a
chegada dos Lusitanos em solo brasileiro.
A partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi segunda-feira, 9 de
março. Sábado, 14 do dito mês, entre as oito e nove horas, nos achamos
entre as Canárias, mais perto da Grã- Canária [..]E assim seguimos nosso
caminho, por este mar, de longo, até que, terça-feira das Oitavas de
Páscoa, que foram 21 dias de abril, [...], topamos alguns sinais de terra, [...].
E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam furabuxos. Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra!
Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras
mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: ao monte
alto o capitão pôs nome – o Monte Pascoal e à terra – a Terra da Vera Cruz.
(MINISTÉRIO DA CULURA, 2014)
Para tanto o dia 22 de abril de 1500 é tido como a data em que se descobriu o
Brasil, no dia 24 de abril, dois dias após a chegada dos portugueses é que de fato
irá ocorrer o primeiro contato entre o índio e o homem branco. De acordo com
relatos contidos na carta de Pero Vaz de Caminha de pacificidade e ao mesmo
tempo de estranhamento, em função da grande diferença cultural existente entre os
dois povos, já que de um lado estávamos índios que andavam completamente nus,
e do outro, os portugueses bem vestidos, ainda no primeiro encontro com o homem
branco os índios apontam para objetos que pertenciam aos colonizadores, este fato
fez com que os portugueses pensassem que houvesse tais objetos no Brasil. Acerca
dos índios e do primeiro encontro onde houve essa troca de informações, Pero Vaz
de Caminha escreve, respectivamente:
Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas
vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos
sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E
eles os pousaram. [...] um deles pôs olho no colar do Capitão, e começou
de acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos
dizendo que ali havia ouro. Também olhou para um castiçal de prata e
assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal como se lá
também houvesse prata. (MINISTÉRIO DA CULTURA, 2014)
Logo, não demorou para que os portugueses começassem a explorar o Brasil,
devido suas grandes riquezas minerais, no entanto um obstáculo ainda precisava
ser superado, como era o caso discrepância linguística, visto que os índios falavam
o tupi, idioma que era totalmente diferente do português, sendo assim os colonos
não tinham como extrair os minérios do Brasil, o que deixava os portugueses em
22
desvantagens, porém os lusitanos passam a adotar uma nova postura frente aos
indígenas, tendo como principal objetivo a catequização do índio, este assumido
pelos jesuítas, destacando-se Padre José de Anchieta.
A princípio o objetivo dos jesuítas era levar o catolicismo para as regiões
recém-descobertas, no século XVI, principalmente a América e embutido a esse
objetivo estava também transmitir e ensinar a língua portuguesa, tendo em vista os
interesses de Portugal, porém o português e a língua geral como também era
chamado o tupi conseguiram se estabelecer como língua de comunicação, havendo,
portanto, o uso dessas duas modalidades linguísticas, entretanto chega-se um
momento em que uma língua irá sobrepor-se a outra, como afirma Teyssier.
Na segunda metade do século XVIII, porém, a língua geral entra em
decadência. Varias razoes contribuem para isso, entre as quais a chegada
de numerosos imigrantes portugueses seduzidos pela descoberta das
minas de ouro e diamantes e o Diretório criado pelo marques Pombal em 3
de maio de 1757, cujas decisões, aplicadas primeiro ao Para e ao
Maranhão, se estenderam, em 17 de agosto de 1758, a todo o Brasil. Por
elas proibia-se o uso da língua geral e obrigava-se oficialmente o da língua
portuguesa. A expulsão dos jesuítas, em 1759, afastava da colônia os
principais protetores da língua geral. (TEYSSIER, 2007, p. 63)
Sendo assim, pode-se inferir que é a partir desse momento que Portugal
consegue instalar o português como língua padrão do Brasil, conquanto, tais fatos
não foram o bastante para a construção de uma língua totalmente homogênea - tal
qual era tida Portugal - vindo a causar certa heterogeneidade no que tange o campo
linguístico brasileiro, visto que, algumas palavras do léxico tupi foram incorporadas
ao vocabulário português, caracterizando traços especifico do idioma brasileiro, a
exemplo, Teyssier (2007) afirma que em “1767 Frei Luiz do Monte Carmela assinala
pela primeira vez um traço fonético dos brasileiros, que e o de não fazerem distinção
entre as pretônicas abertas (ex.: padeiro, pregar, corar) e as fechadas (ex.: cadeira,
pregar, morar)”.
No século XVIII e no inicio do século XIV, o teatro irá levar aos palcos o modo
de falar do brasileiro sendo possível “encontrar uma serie de pormenores
caracterizadores da língua da personagem: mi diga (diga-me), di lá (de lá),
sinhorinho, emprego generalizado de você, etc.” Teyssier (2007), mas há ainda
outros fatores que contribuirão para a construção de uma linguagem propriamente
brasileira, conforme expõe Teyssier.
23
Independente em 1822, o Brasil vai, naturalmente, valorizar tudo o que o
distingue da antiga metrópole, particularmente as suas raízes índias.
Deixar-se-á influenciar pela cultura da Franca e acolhera também imigrantes
europeus de nacionalidade diversa da portuguesa. Alemães e italianos
chegam em grande número, principalmente italianos. Como o tráfico dos
negros africanos cessou por volta de 1850, e como os índios se diluíram na
grande mestiçagem brasileira, essas vindas maciças de imigrantes
europeus (sobretudo durante o período de 1870-1950) têm contribuído para
“branquear” o Brasil contemporâneo. (TEYSSIER, 2007, p. 64)
Portanto, o Brasil começa a crescer demográfica e economicamente e isso se
deu devido o grande tráfego de imigrantes, o que, por conseguinte, contribui
significativamente para a criação de uma sociedade miscigenada, fundindo valores
culturais de diversos povos que se estendem mormente, a língua.
1.6. A DIVERSIDADE LINGUÍSTICA
Uma língua nunca é falada da mesma forma, sendo que ela estará sempre
sujeita a variações, tais como: diferença histórica, dado o dinamismo que a língua
apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do tempo. Um exemplo bastante
representativo é a questão da ortografia, se levarmos em consideração a palavra
farmácia, uma vez que a mesma já fora grafada com “ph”. Diferenças geográficas,
diferentes lugares, diferentes falas, são os chamados dialetos, que são as marcas
determinantes referentes a diferentes regiões. Como exemplo, citamos a palavra
mandioca
que,
em
certos
lugares,
recebe
outras
nomenclaturas,
tais
como: macaxeira e aipim. Variações sociais estas estão diretamente ligadas aos
grupos sociais de uma maneira geral e também ao grau de instrução de uma
determinada pessoa. Como exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar
caipira modo de falar de diferentes profissionais. E ainda as diferentes situações
(fala formal e informal).
Há, desse ponto de vista, uma serie de níveis no “brasileiro”: no ápice, a
língua das pessoas cultas (com gradações entre um registro oficial estrito e
um registro familiar livre); depois, a língua vulgar das camadas urbanas
gradativamente menos instruídas, e, finalmente, os falares regionais e
rurais. [...] Além disso, as mutações rápidas ligadas à urbanização e a
industrialização tornam a realidade atual particularmente instável. Mas e
sem duvida nas grandes cidades que se elabora hoje, nas camadas
socioculturais superiores, uma norma brasileira. (TEYSSIER, 2007, p. 65)
24
É comum ouvirmos a afirmação, segundo a qual é próprio à língua mudar,
evoluir. Os estudiosos dizem que a mudança é um processo natural das línguas
vivas e que, se esse processo não existir, a língua morrerá. Desse modo, para
compreender o constante movimento da língua é preciso saber que o uso leva a
variações e estas produzem as mudanças.
Existem numerosas possibilidades de concretização da língua, entre as quais
há uma realização falada ou escrita, que se aproxima mais do que preconiza a
gramática normativa. As variedades linguísticas ocorrem devido a fatores inerentes
ao próprio falante, quanto aos dados relativos à situação de comunicação em que
ele se encontra. Outros dados, todavia, são típicos dos diversos contextos de
comunicação em que o usuário se integra durante o seu dia. Esses são chamados
de registros ou níveis de fala (PRETI, 1994) e se configuram pelo maior ou menor
grau de formalidade ou informalidade.
Vale ressalta que a variação linguística vem defender a identidade de um
povo, colocando suas condições sociais, sua origem geográfica e, enfatizando as
suas variações, haja vista que a mesma visa se inserir no contexto que é empregada
socialmente. Lembrando que devemos respeita a falar de cada um, e sua
comunicação que e usada no contexto que se integra no dia a dia. Os motivos que
levam à variação linguística originam-se em dois fatores: o usuário e o uso que ele
faz da língua. Segundo Halliday:
Em determinada dimensão, a variedade de uma língua que um indivíduo
usa é determinada pelo que ele é. Todo falante aprendeu, como sua Língua
(uma designação para língua materna), uma particular variedade da língua
de sua comunidade linguística e essa pode ser diferente em algum ou todos
os níveis de outras variedades da mesma língua apreendidas por outros
falantes como sua Língua. Tal variedade, identificada segundo essa
dimensão, chama-se dialeto (HALLIDAY, 1974, p. 105).
Os fatores relacionados ao falante que determinam e influenciam a fala de um
indivíduo são: idade, sexo, raça, profissão, posição social, grau de escolaridade,
local em que reside na comunidade. Quanto à situação de comunicação, os fatores
são: ambiente, tema, estado emocional do falante, grau de intimidade entre os
falantes. Na perspectiva de Halliday et al. (1974), os registros distinguem-se quanto
ao campo do discurso (área de operação da atividade linguística, isto é, o assunto),
o modo do discurso (língua falada ou escrita), o estilo do discurso (coloquial ou
25
polido). Na escrita, o tipo de texto e a finalidade da comunicação são elementos
decisivos para a escolha do registro a ser utilizado.
No Brasil, não há uma “língua padrão” em moldes rígidos, como existe na
Inglaterra, por exemplo; já que não se ensina uma pronúncia padrão e tampouco há
diferença de valor quanto a usos regionais, relativamente à gramática e ao léxico.
Na verdade, o que existe é um padrão ideal de linguagem, a que todos anseiam
alcançar, que tem como parâmetro a norma culta. Desse modo, os dialetos e
registro são avaliados a partir do seguinte critério: se mais distante dessa norma,
menor prestígio; se mais próximo, maior prestígio.
As duas modalidades da língua portuguesa, a oral e a escrita, são vistas
como práticas sociais, já que o estudo das línguas se funda em usos Marcuschi,
(2001). Essas modalidades não devem ser vistas de forma dicotômica, mas
construindo uma linearidade entre o texto mais formal indo ao mais informal, tendo
como perspectiva o gênero discursivo (conversação, carta familiar, entrevista de
televisão, relatório, conferência, artigo de divulgação, artigo científico) que está
sendo observado.
Sabe-se que existe uma grande diferença entre as duas modalidades, oral e a
escrita, porque não se pode fazer uso de ambas, já que a oralidade não exige tanto
quanto a escrita, mas não podemos esquecer que para nos comunicarmos
precisamos estabelecer clareza e objetividade, quanto a situação que nos
encontramos, e saber distinguir uma da outra.
A oralidade e a escrita são, portanto, práticas e usos da língua com
características específicas, pois apresentam condições de produção distintas.
Dessa maneira, a utilização da língua merece um olhar significativo por parte dos
estudiosos e profissionais que trabalham em educação, pois o que determina a
variação linguística (formal, informal, culta, popular etc.), em todas as suas
manifestações, são os usos que fazemos da língua. Assim, são as formas que
procuram adequar-se aos usos, e não o inverso.
Em nossa sociedade, a escrita, como manifestação formal dos diversos tipos
de letramento, é mais do que uma tecnologia. Ela passou a ser um bem social
indispensável para que se possa viver e enfrentar o dia a dia, mormente, nos centros
urbanos não por virtudes próprias, mas pela forma como se impôs nas sociedades
modernas e impregnou culturas. Na visão de Marcuschi (2001, p. 17), “[...] sua
26
prática e avaliação social a elevaram a um status mais alto, chegando a simbolizar
educação, desenvolvimento e poder”.
A escrita não pode ser compreendida como uma representação da fala, já que
não consegue reproduzir muitos dos fenômenos presentes na oralidade, tais como
prosódia, gesto, olhar. Por outro lado, a escrita caracteriza-se por apresentar
características próprias, ausentes na modalidade oral, como o tipo e tamanho de
letras, cores, formatos, que desempenham, graficamente, a função dos gestos, da
mímica e da prosódia.
Assim, oralidade e escrita são práticas e usos da língua com especificidades
e condições distintas de realização, mas não suficientemente opostas para
caracterizar dois sistemas linguísticos. Ambas permitem a criação de textos coesos
e coerentes, permitindo a elaboração de exposições formais e informais, variações
estilísticas, sociais, dialetais, entre outras.
As diferenças existentes entre a oralidade e a escrita são muitas, tendo em
vista que uma e, mais expressiva do que a outra, a escrita precisa de mais atenção,
cuidado na hora de se escrever, pois essas modalidades apresentam elementos
próprios que caracterizam por suas características presentes em cada modalidade.
Como manifestação da prática oral, a fala é adquirida de modo natural em
contextos informais do dia a dia e nas relações sociais que se constituem desde o
momento em que o bebê tem seus primeiros contatos com a mãe.
O aprendizado e o uso da língua natural são uma forma de inserção cultural
e socialização. Já a escrita é a manifestação formal do letramento. Ela é adquirida
em situações formais, sobretudo na escola, e apresenta caráter de maior prestígio
como bem cultural desejável.
Como sabemos a língua é natural e espontânea, pois quando nascemos não
sabemos falar, e com o tempo, passamos a aprender e incorporar elementos que
ajudam a nos comunicarmos uns com os outros, e através do dia a dia a
comunicação vai surgindo, e assim vamos aprendendo a nos comunicar com a
sociedade.
Já a escrita é obtida através de ensinamento repassado através de
professores, pais, e algumas pessoas que de alguma forma nos ensinam e, que de
certa forma já nos ensinam com regras, que para aprendermos de forma correta
precisamos seguir algumas regras já estabelecidas.
27
1.7 RELAÇÕES ENTRE FALA E ESCRITA
Para entender e analisar adequadamente um texto (falado ou escrito),
precisamos identificar os componentes que fazem parte da situação comunicativa:
falante – ouvinte/escritor – leitor. Também é preciso considerar as condições de
produção de cada texto. São essas condições que possibilitam uma atividade
interacional (ação social estabelecida entre os indivíduos) e são distintas em cada
modalidade.
A fala apresenta várias características, entre as quais se destacam: interação
face a face (os interlocutores estão no mesmo espaço físico e no mesmo tempo);
planejamento simultâneo ou quase simultâneo à execução; acesso imediato à
reação do ouvinte; possibilidade de redirecionar o texto. A escrita, por sua vez,
revela os seguintes traços: interação à distância (tanto no espaço geográfico quanto
no tempo); Planejamento anterior à execução; não havendo possibilidade de
resposta imediata; o escritor pode alterar o texto a partir das possíveis reações do
leitor.
Desses traços decorrem os aspectos específicos, conforme o gênero do texto
produzido: Oral: conversação espontânea, conversação telefônica, entrevista
pessoais, entrevistas no rádio ou na TV, debate, noticiário de rádio ao vivo, noticiário
de TV ao vivo, aula, exposição acadêmica, conferência etc. Escrito: bilhete, carta
familiar, cartas ao leitor, entrevistas, volantes de rua, notícias de jornal, telegrama,
ata de reunião, carta comercial, narrativas, editorial de jornal, manuais escolares,
bulas, receitas em geral, artigo científico, leis, relatórios técnicos, textos acadêmicos
etc.
1.8 NORMA CULTA E NORMA POPULAR
A norma linguística é o resultado do uso de um dado segmento social e esse
uso, tradicionalmente, é preservado e varia conforme as possibilidades de realização
que o usuário faz da língua. Assim, um falante que tem conhecimento da prescrição
linguística, enquadrará, com certeza, sua linguagem, o quanto possível, segundo
essas regras prescritivas, dependendo da situação comunicativa.
De modo geral, um falante culto, em situação comunicativa formal, buscará
seguir as regras de sua língua e ainda procurará seguir, no que diz respeito ao
28
léxico, um repertório que, senão for erudito, também não será vulgar. Isso configura
o que se entende por norma culta e que apresenta as seguintes características:
Norma Culta: Indicação precisa das marcas de gênero, número e pessoa;
Uso de todas as pessoas verbais, com exceção, talvez, da 2a. do plural,
utilizada principalmente na linguagem dos sermões; Emprego de todos os
modos verbais; Correlação verbal de tempos e modos; Coordenação e
subordinação; Riqueza de construção sintática; Maior utilização da voz
passiva; Grande emprego de preposições nas regências; Organização
gramatical cuidada da frase. (PRETI apud ANDRADE, 2011, p. 56)
É a variante de maior prestígio social na comunidade, configurando-se como
aquela que é utilizada com certa uniformidade pela maioria, já que a mesma possui
certos padrões linguísticos, conhecidos como regras gramaticais, tais regras
executam o papel de impedira fragmentação da língua, cabendo a mesma ser
ensina em conformidade com suas regras, por outro lado, a linguagem coloquial
apresenta o inverso de certas características da norma culta.
Norma Popular: Economia nas marcas de gênero, número e pessoa;
Redução das pessoas gramaticais do verbo; Mistura da 2ª com a 3º pessoa
no singular; Uso intenso da expressão a gente em lugar de eu e nós;
Redução dos tempos da conjugação verbal e de certas pessoas, como a
perda quase total do futuro do presente e do pretérito-mais-que-perfeito no
indicativo; do presente do subjuntivo; do infinitivo pessoal; Falta de
correlação verbal entre os tempos; Redução do processo subordinativo em
benefício da frase simples e da coordenação; Maior emprego da voz ativa
em lugar da passiva;
Predomínio das regências verbais diretas;
Simplificação gramatical da frase; Emprego dos pronomes pessoais retos
como objetos. (PRETI apud ANDRADE, 2011, p. 56)
Em relação à língua falada, esse quadro é diferente no que diz respeito ao
dialeto culto. Esse fato ocorre, porque a fala apresenta características típicas não só
quanto à estrutura textual, seu modo de organização, por meio de turnos e tópicos
discursivos, mas também quanto à própria organização do enunciado linguístico,
pois nessa modalidade em decorrência do planejamento ser quase simultâneo à
produção, ocorrem elementos como pausas preenchidas, hesitações, marcadores
conversacionais, entre outros. Na visão de Preti (1994, p. 33), os falantes cultos “[...]
até em situação de gravação consciente revelaram uma linguagem que, em geral,
também pertence a falantes comuns”.
Por mais que o falante se expresse e fale da melhor maneira possível, uma
hora ou outra ele acabara cometendo erros, pois não tem como ser culto
completamente, devido as características que a gramática preconiza como a correta,
29
exigindo regras concordância, organização, e várias outros elementos que
completam a gramática normativa, ou seja, a linguagem padrão.
A linguagem coloquial faz parte, de modo bem mais intenso do que no
passado, das situações de comunicação mais variadas. E grande parte de seus
vocábulos foram adicionados às páginas dos dicionários, ganhando status de norma
lexical. Sua aceitação acabou chamando a atenção de jornalistas e escritores
Contemporâneos, como Nelson Rodrigues e Rubem Fonseca, por exemplo, que
utilizaram várias marcas de oralidade, em seus respectivos estilos literários.
Não cabe fazer uma crítica à propagação da linguagem coloquial, pois tal
atitude revelaria ignorar que todo fato linguístico é consequência de uma série de
circunstâncias histórico-sociais, entre as quais pode-se ressaltar as políticas, com a
abertura democrática e a descaracterização progressiva da linguagem falada do
povo como “inferior” e “errada”. Essa linguagem adotada pelas pessoas cultas, em
suas conversações diárias, tem demonstrado aos estudiosos seu caráter expressivo
e, por isso, muitas vezes, uma expressão popular ou um vocábulo gírio nos
surpreende sob o ponto de vista comunicativo e torna-se a melhor forma de
expressar algumas ideias, pelo menos, na linguagem oral.
1.9 O "INTERNETÊS": A LINGUAGEM SE ADAPTANDO AS NOVAS
NECESSIDADES COMUNICATIVAS
Atualmente as pessoas se comunicam através da utilização do computador
com internet bem como telefones com celulares dotados de aplicativos que
permitem qualquer interatividade em tempo real. A partir desse contexto, vê-se a
necessidade de repensar como vem sendo a disseminação da escrita nos contextos
dispostos através da internet.
As novas possibilidades de interação pela rede virtual estão influenciando
de maneira significativa as formas de escrever. As condições de escrita vêm
ganhando um leque de diversificação semântica, além de contemplar
abreviações capazes de expressar amplamente as frases ou palavras;
sendo que a norma culta padrão esta ficando cada vez menos presente na
escrita disseminada, sobretudo nas redes sociais. (VIANA, 2012, p. 5).
Além disso, pode-se perceber que as denominadas redes virtuais vêm
ganhando espaço na vida cotidiana, deixando assim os usuários a mercê e de certa
30
forma dependentes dessa era tecnológica, os usuários acabam se habituando as
novas mudanças, o que por conseguinte internalizando as novas condições
de
escrita, esta que possibilita uma comunicação mais rápida e sem muitas exigências
da norma culta, mostrando eficaz e bastante influente na comunicação virtual.
Diante do aumento do uso dessa ferramenta de tecnologia de informação e
comunicação, foi construído por autores de servidores da Web um manual
de etiqueta para a internet, denominada netiqueta, que é um conjunto de
normas para se conviver em constante harmonia e educação dentro do
espaço virtual. Quanto ao uso da língua portuguesa na internet, a netiqueta
orienta para a verificação da ortografia durante as comunicações na rede
virtual. (VIANA, 2012, p. 5).
As formas de comunicação nas redes sociais não exige as normas que são
impostas pela língua portuguesa, no entanto, é de suma importância saber
diferenciar e distinguir qual forma linguística melhor se aplica ao contexto no qual se
está inserido, ora em um ambiente virtual (informal), ora em uma situação formais,
tendo em vista que a comunicação precisa ser clara e objetiva para que não haja
transtornos entre os usuários da língua ou ainda nas redes sociais, é necessário
compreender as formais comunicacionais, mas lembrando que existem regras que
por inúmeras vezes precisam ser seguidas, regras estas que se aplicadas na
comunicação, mormente na escrita, se terá um melhor entendimento sobre algo que
fora repassado.
Devido ao usar-se uma escrita virtual há uma necessidade em se abreviar as
palavras, já que é uma linguagem rápida, no entanto, temos que nos preocupar com
a maneira em que esse tipo de linguagem poderá influenciar no âmbito social, sendo
assim Amaral afirma: “a linguagem adotada no mundo virtual requer habilidades de
escrita rápida para esta geração net, o que cria uma solução intermediária de
comunicação, provocando muita preocupação aos estudiosos” (AMARAL, 2003).
Essa preocupação dar-se devido à linguagem que utilizada nesse meio
comunicacional.
A maioria das características do pensamento e da expressão fundadas no
oral é relacionada com a interiorização do som. As palavras pronunciadas
são ouvidas e internalizadas. Com a escrita, precisa-se de outro sentido: a
visão. As palavras não são mais ouvidas, mas vistas; entretanto, o que se
vê não são as palavras reais, mas símbolos codificados, que evocam na
consciência do leitor palavras reais; o som se reduz ao registro escrito.
(FREITAS, 2005, p.13).
31
Dessa forma, percebe-se que a interiorização das palavras através do som,
ou seja, através do ouvir, deixou de ser a principal forma de aquisição da linguagem
escrita, haja vista que o homem cria e recria meios de se comunicar, atualmente os
discentes estão se habituando a internalizar as palavras por meio da visão, e isso
tudo com base em símbolos codificados dos quais muitos já estão ligados a
linguagem oral.
Com as interatividades, a linguagem escrita vem sendo delineada pela
informalidade, através do uso de imagens, abreviações e formas compactadas do
léxico. Contudo, os usuários que utilizam essas ferramentas e fazem parte de
comunicações online compreendem normalmente essas condições de escrita.
É bastante perceptível quanto os sistemas de comunicação evoluíram,
podendo ser organizado de forma linear passando primeiramente pela mimica,
posteriormente
pelas
denominadas
pinturas
rupestres,
até
chegar
ao
desenvolvimento do alfabeto, no entanto, esse processo comunicacional não parou
de sofrer transformações e de certa maneira foi sendo aperfeiçoado para se garantir
um maior entendimento no conteúdo a ser repassado.
Entretanto,
as mudanças não
ocorreram
somente
na
estrutura
da
comunicação, havendo mudanças no que diz respeito na forma em que a
mensagem era repassada, ou seja, no suporte comunicacional, que anteriormente
eram as paredes das cavernas, tábuas, couro de animais e consequentemente em
folhas, este ultimo foi um grande avanço na escrita, possibilitando o surgimento dos
livros.
O surgimento dos livros possibilitou um grande avanço no que tange não
somente o processo de comunicação, mas como também, no sentido de armazenar
e guardar informações, entretanto, atualmente, livros, documentos, cartas e etc,
estão deixando de ser materiais folheáveis e transformando-se em materiais digitais,
tal fato deu-se devido ao surgimento de uma ferramenta que tornou a comunicação
humana mais rápida e prática, a este invente deu-se o nome de internet, cabendo
primeiramente descrever como e para que tal ferramenta fora criada.
A Internet nasceu praticamente sem querer. Foi desenvolvida nos tempos
remotos da Guerra Fria com o nome de ArphaNet para manter a
comunicação das bases militares dos Estados Unidos, mesmo que o
Pentágono fosse riscado do mapa por um ataque nuclear.(BOGO, [2014]
p.1)
32
Dessa forma, pode-se perceber que a internet fora criada com o proposito
totalmente diferente do qual conhecemos hoje, sendo desenvolvida para fins
comunicacionais entre as bases militares caso houvesse um possível ataque
nuclear, porém seu uso deixou de ser importante e pode ser estender a outras
camadas sociais.
Quando a ameaça da Guerra Fria passou, ArphaNet tornou-se tão inútil que
os militares já não a consideravam tão importante para mantê-la sob a sua
guarda. Foi assim permitido o acesso aos cientistas que, mais tarde,
cederam a rede para as universidades as quais, sucessivamente,
passaram-na para as universidades de outros países, permitindo que
pesquisadores domésticos a acessarem, até que mais de 5 milhões de
pessoas já estavam conectadas com a rede e, para cada nascimento, mais
4 se conectavam com a imensa teia da comunicação mundial. (BOGO,
[2014] p. 1)
Nos dias de hoje, a internet deixou de ser um luxo ou simplesmente ou
simplesmente disponível a um determinado grupo capaz de utilizar e dominar o
manuseio de serviços disponíveis na internet.
Com o surgimento da World Wide Web, esse meio foi enriquecido. O
conteúdo da rede ficou mais atraente com a possibilidade de incorporar
imagens e sons. Um novo sistema de localização de arquivos criou um
ambiente em que cada informação tem um endereço único e pode ser
encontrada por qualquer usuário da rede. (BOGO, [2014] p. 1)
A partir da inserção das tecnologias informacionais no cotidiano, os indivíduos
interagem entre si independentemente das distancias geográficas, com o surgimento
da internet, que é o mais completo meio de comunicação já concebido pela
tecnologia humana, assistiu-se uma reconfiguração das culturas e o nascimento de
uma nova estrutura da sociabilidade contemporânea.
A internet, ferramenta esta que é indispensável nas sociedades desenvolvidas
à rede mundial de computadores interligados é uma maneira muito eficiente de se
ter acesso a um grande número de informações de forma simultânea, dando
oportunidade de se interagir com outras pessoas e se debater sobre assuntos
relevantes promovendo a resolução de problemas sem que haja necessidade de se
deslocar de casa para reunir-se em um mesmo lugar e hora, mas mesmo com esse
benefício ela não pode e não deve suprir o diálogo pessoal, face a face.
33
Com o advento da internet, assistiu-se a uma mudança de proporções e
velocidade tão grandes que chegam a ser perceptíveis, o que é incomum na
vida social, cujo ritmo tende a não ser diretamente visível. Hoje, a presença
da intermediação da internet ocorre em compras, na comunicação entre
pessoas entre pessoas e instituições, na marcação de consultas médicas,
exames clínicos e entrevistas, na solicitação e no acompanhamento de
serviços públicos [...] (BARBOSA, QUINTANEIRO e RIVERO, 2012, p. 91).
A internet é uma ferramenta maravilhosa, no que diz respeito à troca de
informações e na aquisição do conhecimento, porém nem sempre é usada
corretamente e acaba trazendo consequências desagradáveis quando usada por
pessoas inescrupulosas ou mal intencionadas que provocam grandes estragos em
empresas e na vida de pessoas, por isso é preciso que se tenha responsabilidade
para manipular uma ferramenta tão importante nos dias de hoje, haja vista que a
mesma possibilita um leque de informações, que se usadas de maneira não avisada
podem acarretar sérios danos a quem usa como também a quem dispõe
informações neste ambiente virtual denominado internet.
Em suma, existe um conflito muito grande em nossos dias. Por um lado, a
redução das distâncias e da saudade faz um grande número de indivíduos
apropriarem-se da Internet como um meio seguro de comunicação. De outro, vê-se
as heranças culturais, retomadas nas antigas brincadeiras, serem esquecidas pelos
jovens, ou melhor, esses não têm nem condições de conhecê-las devido à rapidez
como esse meio invade os lares.
1.10 MÍDIA, SOCIEDADE E COMUNICAÇÃO SÍNCRONA E ASSÍNCRONA
Não se pode falar em internet e deixar de citar as mídias e seu peso na
sociedade, portanto, com a atual era digital que se viu nascer e crescer com grande
rapidez, fazendo com que toda e qualquer forma de comunicação humana passasse
a ser estabelecida através de mensagens que circulam na mídia, posto que, o
dialogo face a face vem sendo cada vez mais deixado de lado, visto que fatores
como o tempo e o espaço geográfico tornaram-se “obstáculos” superados, e isso se
deu devido aos avanços tecnológicos que possibilitou a inserção das mídias nos
processos comunicacionais, conquanto, vale ainda ressaltar que as mídias andam
de mãos dadas com o mundo moderno e que a mesma apresenta transformações
relacionadas ao seu desenvolvimento conforme explica (Neto, 2013, p. 82).
34
A modernidade nasceu com uma revolução midiática, viveu uma segunda
em seu apogeu e há indícios de que está vivendo uma terceira, nas
primeiras décadas do século XXI. A primeira tem seu ponto de partida na
máquina de Gutemberg, durante a segunda metade do século XV, que
transforma o livro num bem cultural amplamente circulável.
Pode-se inferir que a partir desta primeira revolução midiática é que o
consumo de livros irá tomar novas proporções em sua comercialização, já que os
mesmos eram escassos devido à matéria usada para sua produção, e também por
conta de seus consumidores, este último, corresponde a uma pequena parcela da
população, vale ressaltar que ainda na primeira fase de revolução midiática, houve
um notório crescimento na parcela de pessoas alfabetizadas e que segundo (Neto,
2013) “consolida o nascimento de uma massa letrada que consome bens culturais
anonimamente nas cidades, o jornal e a noticia como fonte de informação cotidiana”.
Quanto à segunda revolução midiática, Neto afirma que a mesma:
[...] caracteriza o auge da modernidade, remonta o poderoso advento da
industrialização da cultura através dos meios de comunicação de massas a
partir de década de 1920. O cinema, a radiodifusão, a indústria fonográfica,
as revistas, o outdoor e a TV são suas principais mídias. Com elas imagens
e sons se combinam com as letras para inundar o cotidiano de mensagens.
(NETO, 2013, p. 83)
Para tanto, a segunda revolução midiática não apenas fez surgir novos meios
de comunicação e entretenimento, pois com ela nasce a chamada cultura de
consumo, com tais ferramentas midiáticas citadas acima, surge novos padrões de
estética que é amplamente fomentado pelo mercado consumista, criando uma
sociedade preocupada em como ser o que a mídia preconiza, tal revolução é para
(Neto, 2013) “a era do simulacro, da moda, do consumo do hiper real e das
cenografias com que [...] se tornam turvas as fronteiras que separam o real do
fictício [...] a razão convive com toda sorte de sensações, seduções e experiências
sensoriais”.
Com a redução de tempo e distancia na comunicação entre pessoas devida o
uso da internet, foram criados novos aplicativos ferramentas que estreitou ainda
mais a relação entre o real e o virtual, como é o caso das chamadas redes sociais.
No que representa a evolução digital, observa-se que a cada dia acontece
uma grande explosão tecnológica, tanto nas inovações que o mercado apresenta
nos aparelhos eletrônicos quanto nas sofisticações de dispositivos e aplicativos que
os mesmos vão possibilitando. Entre os aparelhos eletrônicos mais consumidos,
35
está o celular ou telefone como também e chamado, é considerado o mais antigo e
ao mesmo tempo, o mais atualizado meio de comunicação atualmente aparelho
celular tornou-se muito mais que um equipamento interpessoal de comunicação
falada na verdade, o celular apresenta um novo desempenho que integra voz,
dados, vídeos e imagens, sendo considerada como uma “sofisticada rede de
computadores” (LARROSE, STRAUBHAAR p. 162).
A comunicação telefônica sofreu grandes transformações e enfrentou
problemas que iam desde a transmissão, interferências e múltiplos sinais e a maioria
destes problemas era causada pela enorme quantidade de fios. “A solução só veio
por volta da metade do século XX, quando foram introduzidos a amplificação
eletrônica e o código de modulação eletrônica, o que trouxe também o código
binário“ (Cônsolo, 2012 p. 251).
O primeiro telefone digital segundo (Cônsolo, 2012) é datado do ano de 1956,
no entanto, pode-se considerar que o mesmo ainda estava em fase de
desenvolvimento para tanto, Vicente explica que:
Por volta de 1980, surgiram os primeiros telefones celulares com peso que
variava de 3 a 10 quilos, além de consumir muita bateria, ter baixa
qualidade de voz e possuir sinal analógico, estes começaram a ser
distribuídos por redes digitais a partir de 1992. Em 1997, nasce a tecnologia
GSM. No ano de 2001, os celulares incorporam em suas funções
mensagens de texto, envio e recebimento de e-mail, etc. Já a terceira
geração ou 3G UMTS permite a apresentação de um número maior de
aplicativos a usuários a nível mundial. (VICENTE, 2014, p. 5)
Os telefones celulares que surgiram em 1980 eram produzidos em pequena
escala, devido ao seu tamanho e peso, e também a taxa de serviços cobrados pelas
telefonias, posterior a isso o telefone vem ganhando novo design, peso e tamanho
reduzido, incorporando novas funções.
A partir desse momento produção de celulares começa a ganhar novas
proporções, vê-se na lei da oferta e da oferta e da procura o “o combustível” que fez
com que os celulares chegassem aos dias atuais com design funções inovadoras,
pois de um lado estava o consumidor buscando um aparelho que atendesse suas
necessidades e do outro estavam as grandes empresas buscando aperfeiçoar e
suprir a demanda do mercado consumidor, fazendo com que a comunicação móvel
crescesse mais a cada dia, dessa forma o celular pode ser considerado o aparelho
que mais sofreu e sofre alterações e isso de acordo como o mercado tecnológico.
36
O celular, ao eliminar barreiras vinculadas ao tempo e ao espaço,
tornou-se um elemento agregador por possibilitar aos sujeitos um
estado de conexão quase permanente. Na atualidade, é possível
estabelecer por telefone interações mediadas que incorporam
diversos elementos das interações presenciais, devido à
possibilidade de manipulação da voz, do som ambiente e da imagem
dos sujeitos em interação. (MANTOVANI, 2005, p.2).
Além disso, nessa nova era digital os aparelhos celulares não são mais ‘’
pessoais’’, cabe agora classifica-los como ‘’hiper-pessoais’’ (Pellanda, 2009 P.11)
considerou-se tal termo ao fazer uma analogia entre o computador e o celular haja
vista que o computador é considerado pessoal, porém pode ser usado por mais de
uma pessoa, em contrapartida, o celular tem um único usuário que o carrega para
onde for, ademais:
Os aparelhos agregam diversas tecnologias, como câmera fotográfica,
filmadora, agenda, gravador de voz, mensagens de texto e músicas. Além
das possibilidades geradas pelo acesso à internet, tais como sistema de
localização, e-mails, downloads, jogos e bate-papo. (REIS, 2013, p. 16).
Para compreender melhor este cenário, o conceito de comunicação deve ser
explorado. Sabe-se que ela é tema recorrente, seja ela no ambiente real ou virtual,
sendo este ultimo um fator preponderante para que se possam classificar as
informações compartilhadas, em comunicação síncrona e assíncrona. Pode-se dizer
que ante da revolução tecnológica o meio de transferência de informações era
considerado “concreto”, ou seja, face a face, apesar de se ter acontecido a
revolução tecnológica essa forma de comunicação ainda continua sendo propagada,
porem de maneira simbólica, em que essa intermediação de informações perpassa
por um novo canal que é o ambientado no meio virtual.
A comunicação síncrona implica que os participantes se encontrem num
mesmo espaço (físico ou online) e num momento específico de modo a
poderem comunicar entre si ou trocar informações. Tem, por isso mesmo,
como principal característica a interactividade gerada pela presença dos
utilizadores e pode potenciar um clima de comunidade e de “pertença”.
(MARTINS; JUSTINO; GABRIEL, 2010, p. 7).
Para tanto, a comunicação síncrona ocorre somente quando duas ou mais
pessoas trocam informações de maneira simultânea, pode-se identificar tal forma de
comunicação nas chamadas redes sociais, mormente no bate papo, ou ainda nos
aplicativos que desempenham a função de mensageiro, como é o caso do
37
WhatsApp®. Ao contrario do que é postulado pela comunicação síncrona, a
assíncrona não exige uma interação em tempo real entre emissor e receptor.
Neste tipo de comunicação a transmissão de informação ocorre de modo
diferido, não exigindo, por isso mesmo, a disponibilidade ou a presença
simultânea dos interlocutores. Além de permitir a comunicação e
colaboração em tempos e espaços diferentes, permite ainda uma maior
reflexão sobre a informação e os conteúdos produzidos e/ou acedidos.
(MARTINS; JUSTINO; GABRIEL, 2010, p. 3).
A comunicação assíncrona não demanda uma reciprocidade de informações
em tempo real, ou seja, ela ocorre de modo que o dialogo entre os interlocutores não
exija uma resposta imediata de ambas às partes, cabendo a cada um responder
quando, onde e como quiser, dessa maneira, pode-se elencar o e-mail como um
exemplo claro desse tipo de comunicação, pois o mesmo não requer que os
interlocutores estejam presentes no mesmo local ou hora, sendo a principio
necessário somente uma pessoa para desencadear tal forma de comunicação.
Além disso, é importante destacar que as duas formas de comunicação
citadas acima podem ocorrer em um mesmo ambiente em que se é propagada a
interação entre pessoas, porém sempre uma irá se sobressair a outra, o SMS é um
claro exemplo disso, primeiramente se envia uma mensagem ao seu destinatário na
espera de uma resposta imediata, porém o receptor só responde horas mais tarde, e
devido a essa discrepância de tempo/resposta, o mesmo pode ser classificado como
comunicação assíncrona, entretanto, há casos que se encontrará somente uma das
duas formas de comunicação, à exemplo, estão as chamadas de vídeo, que só
ocorrem quando ambas as partes estão concomitantemente trocando informações,
dessa forma, o processo comunicacional das chamadas de vídeo são classificados
sumariamente em comunicação síncrona.
38
2 A LINGUAGEM FORMAL E INFORMAL OBSERVADA NO WHATSAPP®.
2.1.WHATSAPP®
Algumas redes sociais foram e ainda são bastante utilizadas no dia a dia,
porém nota-se um crescente aumento no número de aplicativos que de certa
maneira desempenham o mesmo papel que algumas redes sociais, no entanto, há
uma gama de aplicativos que atuam em outras funções. O site “Tec Tríade Brasil”
define os aplicativos mobile como softwares que realizam e desempenham objetivos
específicos em Smartphones e tabletes.
Os smartphones usam uma variedade de sistemas operacionais, entre os
quais podem ser citados: Symbian, BlackBerry OS, Windows Mobile, iOS
(sistema do iPhone®), Unix e Palm OS. Nesse cenário merece destaque
ainda o lançamento do sistema Android, desenvolvido por um grupo de
empresas de tecnologia e telefonia celular. (SACCOL; SCHLEMMER;
BARBOSA, 2011, p. 43).
E devido ao uso de tais sistemas operacionais são criados inúmeros
aplicativos, seja para facilitar ou simplesmente para entreter as pessoas, dentre as
quais pode-se elencar os APPS para download de músicas ou vídeos; os mais
populares são aqueles
que vão destinado a comunicação
permitido uma interação entre pessoas independentemente
e entretenimento
do lugar onde se
encontram, á exemplo tem-se Facebook; Messenger; Twitter, cabe mencionar o que
se tornou uma febre no mundo todo, que é o WhatsApp®. É sabido que grande parte
desses aplicativos estão disponíveis em lojas como a “App Store”, “Google Play”,
entre outras, alguns aplicativos são gratuitos e outros são pagos.
O WA foi criado em 2009 por Brian Actor e Jam Koum, dois ex-funcionários
do Yahoo. É considerado um dos mais brilhantes projetos inserido na vasta
malha opcional nos dispositivos móveis. Encontra-se disponível em mais de
100 países e já atingiu a marca de 250 milhões de usuários ativos
mensalmente. Isso faz com que o WA concorra igualmente a grandes
serviços como o Linkedin, o qual possui 225 milhões de membros e o
Twitter com mais de 200 milhões de usuários ativos (OLIVEIRA, 2014, p.
11).
O WhatsApp® Messenger é um aplicativo que permite trocar mensagens pelo
celular sem pagar por SMS, está disponível para iPhone, Black Berry, Android,
Windows Phone e Nokia. O site do WhatsApp® o define como um aplicativo de
39
mensagens multiplataforma, além das mensagens básicas, os usuários podem criar
grupos e enviar arquivos de mídias como imagens, vídeos e mensagens de voz.
O WhatsApp é uma evolução natural dos aplicativos de chat em computador
aos quais muitos de nós estamos acostumados, como o Google Talk, Live
Messenger (outrora conhecido como MSN), o próprio Skype e o pai de
todos eles, o ICQ. É possível usar esses programas nos celulares também,
mas além de eles gastarem muita bateria, é preciso ter acrescentado
informações de contato dos outros usuários antes. O WhatsApp, por outro
lado, configura tudo automaticamente, pegando os telefones de sua lista de
contatos e fazendo com que todas as pessoas estejam acessíveis a
qualquer momento “de graça”. (BURGOS, 2014, p.6)
Daí surge à facilidade em se usar o WhatsApp®, já que o único requisito para
que o mesmo funcione no celular é ter acesso à internet, seja 3G, 4G ou Wi-Fi, pois
o resto o WhatsApp®.
2.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO LÓCUS DE INVESTIGAÇÃO
O Whatsapp® permite a criação de grupos para facilitar a comunicação entre
várias pessoas ao mesmo tempo. Escolheu-se aleatoriamente um grupo no
aplicativo que contém pessoas das mais diversas formações de nível superior para
análise do discurso e também verificar o uso do aplicativo em questão. As pessoas
pesquisadas possuem o perfil socioeconômico analisado conforme segue:
GRÁFICO 01: ANÁLISE ETÁRIA DOS SUJEITOS PESQUISADOS
Fonte: Pesquisa de Campo
Destaca-se que a pesquisa abordou 10 membros do grupo pesquisado,
dentre os quais 10% dos membros têm de 19 a 21 anos, 40% dos pesquisados têm
40
de 22 a 25 anos e 50% dos pesquisados têm entre 26 a 30 anos. Isso implica dizer
que as respostas obtidas na pesquisa provêm de pessoas nascidas entre 1985 e
1996, enquadrados nos primórdios da geração digital.
Segundo dados do IBGE, a maior parcela da população que esta intimamente
ligada a era digital, corresponde aos adolescentes, em se tratando do uso da
internet a pesquisa mostra que esses dados podem mudar de acordo com o grau de
instrução estudantil das pessoas. Enquanto 2,5% das pessoas sem instrução ou
com menos de 4 anos de estudo acessaram a Internet, no contingente com 15 anos
ou mais de estudo este percentual alcançou 76,2%.
GRÁFICO 02: ESTADO CIVIL DOS SUJEITOS PESQUISADOS
Fonte: Pesquisa de Campo
Ainda de acordo com a pesquisa, observa-se acerca do estado civil dos
integrantes do grupo pesquisado, que 70% se consideram solteiros, 10% casados,
em contra partida 20% dos usuários não definiram seu estado civil.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada a
cada dois anos indica que há 48,1% de brasileiros solteiros na população com 15
anos de idade ou mais. Informaram ser casados 39,9% dos entrevistados. Se
considerados os que se declararam divorciados/separados ou viúvos, o índice de
pessoas fora de um relacionamento formal chega a 60,1%. Ambas as pesquisas
apresentam dados similares, principalmente no que diz respeito ao publico solteiro, e
se acredita que a virtualidade pode ser um fator que contribui para uma sociedade
mais “individualista”, devido as pessoas estarem sim, ligadas umas as outras, porém
de maneira simbólica, e esse simbolismo ultrapassa os limites de algo que poderia
ser considerado um relacionamento.
41
GRÁFICO 03: ENQUADRAMENTO ÉTNICO-RACIAL DOS SUJEITOS DA PESQUISA
Fonte: Pesquisa de Campo
Com relação a cor da pele dos usuários do grupo pesquisado, pode-se dizer
que 70% dos integrantes se consideram Pardo(a)/mulato(a) e 30% branco(a),
portanto, verifica-se que a maioria dos participantes são resultados da chamada
miscigenação da população brasileira, devido a colonização portuguesa.
O Brasil é um país mestiço, biológica e culturalmente. A mestiçagem
biológica é, inegavelmente, o resultado das trocas genéticas entre
diferentes grupos populacionais catalogados como raciais, que na vida
social se revelam também nos hábitos e nos costumes (componentes
culturais). (OLIVEIRA, 2004, p. 57)
O que não se pode negar é que o Brasil é um país formado por diversas
etnias, que se mostram tanto nas variações dos tons de pele, quanto na pluralidade
cultural, sem a massa dominante composta principalmente de negros e brancos.
GRÁFICO 04: NACIONALIDADE DOS SUJEITOS PESQUISADOS
Fonte: Pesquisa de Campo
42
Quanto à nacionalidade dos participantes, verificou-se que 100% são
considerados brasileiros, e obviamente esse universo de entrevistados deveriam ser
classificados como tal, no entanto, houve anteriormente a necessidade de se
verificar tal afirmação, haja vista que, se trata de grupo no WhatsApp®, ferramenta
que transpassa a barreira geográficas da comunicação, sendo portanto, passível de
receber membros de outra localidades do planeta, construindo-se assim um grupo
em que prevaleceria um intercambio de informações.
GRÁFICO 05: ESCOLARIZAÇÃO DOS PAIS DOS SUJEITOS PESQUISADOS
Fonte: Pesquisa de Campo
Com relação ao grau estudantil da figura paterna dos entrevistados, pode-se
dizer que 10% possui Ensino Fundamental, 40% possuem o Ensino Médio, 30%
possuem uma formação de nível superior, 10% possuem uma Pós-graduação e
outros 10% optaram por não responder ou não sabem até que etapa de
escolarização seu pai concluiu.
É possível declarar que valores obtidos são proporcionais à geração que se
refere, ou seja, a uma geração anterior à era digital, onde o grau de escolaridade
não era um fator obrigatório, já que o mercado de trabalho não era tão exigente
quanto é hoje, pois a mão de obra era considerada mais importante, no entanto, as
formas de se pensar em escolarização vem ganhando uma nova vertente.
Os mais desqualificados do ponto de vista da escolarização têm todas as
chances de conhecer a exclusão social. O movimento crescente dos
diplomas aumenta a exclusão escolar relativa dos não diplomados, que, por
sua vez, se deparam com a exclusão provocada pela crise do emprego.
(DUBET, 2003, p.35)
43
Dessa forma, com a revolução tecnológica e o acirramento do mercado de
trabalho o grau de escolarização ganhou uma nova ênfase, posto que, passou a ser
considerado um dos principais fatores para a aquisição de empregos.
GRÁFICO 06: ESCOLARIZAÇÃO DAS MÃES DOS SUJEITOS PESQUISADOS
Fonte: Pesquisa de Campo
Com relação ao grau estudantil da figura materna dos entrevistados, pode-se
dizer que de acordo com a pesquisa 20% possuem Ensino Fundamental, 30%
possuem o Ensino Médio, 20% possuem uma formação de nível superior, 30%
possuem uma Pós-graduação.
Tais dados mostram-se bastante satisfatório no tange o acesso da mulher não
somente a escolarização, mas também a sua inserção no ambiente profissional,
tendo em vista que a figura feminina não dispunha de tais direitos, “desde cedo as
meninas eram preparadas para serem boas esposas e mães, deveriam aprender a
bordar, costurar e cozinhar. Estudar era privilégio dos homens e por isso as
mulheres eram privadas da escolarização” (BRITO e MIRANDA, 2012, p. 3). No
entanto, com a luta e o surgimento do movimento feminista a mulher toma uma nova
e radical postura frente à sociedade.
Os movimentos feministas surgiram no ano de 1848 em Nova York, durante
a Convenção dos Direitos das Mulheres. Trata-se de um movimento
filosófico e político que visa em primeira instância a igualdade de gênero e a
garantia dos direitos civis. [...] Foi na década de 60 e 70, que os
movimentos feministas ganharam força maior e as lutas pela garantia dos
direitos se intensificaram. Conquistas significativas fizeram com que a
realidade feminina se transformasse. A dona de casa, mãe e esposa tinha
agora outras ocupações. (BRITO e MIRANDA, 2012, p. 5).
44
Sendo assim, os dados mencionados acima mostram que a mulher ao longo
dos anos ganhou e vem ganhando tanto o status, quanto se espaço no ambiente
social, de modo a contribuir na construção da sociedade e ser reconhecida por tal.
GRÁFICO 07: SITUAÇÃO DE MORADIA DOS SUJEITOS PESQUISADOS
Fonte: Pesquisa de Campo
Como dito anteriormente, os entrevistados possuem idades que oscilam dos
19 aos 30 anos, logo, torna-se notável que grande parte dos mesmos ainda
possuem algum vínculo familiar, como é o caso dos 80% que moram na mesma
casa que os pais ou outros parentes e 20% corresponde a pessoas que já
constituíram sua própria família.
GRÁFICO 08: RENDA FAMILIAR DOS SUJEITOS PESQUISADOS
Fonte: Pesquisa de Campo
45
De acordo com a renda familiar dos usuários do grupo entrevistado, pode-se
inferir que os mesmos podem ser de certa maneira enquadrados entre as classes B
e D, conforme consta que 20% possuem de 1,5 a 3 salários mínimos, 10% de 3 a
4,5 salários mínimos, 10% tem renda familiar que variam entre 4,5 a 6 salários
mínimos, 30% oscilam entre 6 a 10 salários mínimos e por fim 30% apresentam
renda familiar entre 10 a 30 salários mínimos, e isso pode ser atribuído devido as
alterações que ocorreram no cenário econômico brasileiro.
A queda da desigualdade na distribuição da renda no Brasil, aumentando a
renda dos mais pobres em proporção maior do que a dos mais ricos e
diminuindo a pobreza no país, parece fato estabelecido. Entre os anos de
2003 e 2011, cerca de nove milhões de domicílios, mais de 30 milhões de
pessoas, ultrapassaram a linha de pobreza equivalente a um quarto do
salário mínimo. (BARTELT, 2013, p. 16).
Vale ressaltar, que em se tratando do grupo pesquisado, outro fator contribui
para que os mesmos sejam enquadrados nas classes citadas acima, este fator
somente é possível devido ao grau de escolarização das famílias dos entrevistados,
onde grande parte possui ao menos uma formação superior, o que contribui para
que os mesmos tenham uma renda adequada a sua formação.
GRÁFICO 09: SITUAÇÃO FINANCEIRA DOS SUJEITOS PESQUISADOS
Fonte: Pesquisa de Campo
Cerca de 10% das pessoas pesquisadas responderam que todos os seus
gastos são financiados pelos pais, outros 10% já possuem renda própria, porém
ainda sim recebe ajuda financeira da família, 20% respondeu que já tem renda
46
própria, sendo responsável por todos os seus gastos e por fim 60% afirmaram
possuir sua renda própria e ainda contribuir com os gastos financeiros da família.
GRÁFICO 10: SITUAÇÃO DE TRABALHO DOS SUJEITOS PESQUISADOS
Fonte: Pesquisa de Campo
Quanto a situação financeira dos participantes da pesquisa, os dados
correspondem
e
mostra
que
10%
não
está
trabalhando,
10%
trabalha
eventualmente, 30% trabalha até 20 horas semanais, 20% trabalha em média de 20
a 40 horas semanais e 30% trabalha 40% horas semanais ou mais.
GRÁFICO 11:SITUAÇÃO DO ENSINO MÉDIO DOS SUJEITOS PESQUISADOS
Fonte: Pesquisa de Campo
É notório que a maioria dos entrevistados concluíram o ensino médio em
escola pública, abrangendo o universo de 80%, enquanto que apenas 20% cursaram
o ensino médio em escola privada. O ensino médio, no Brasil, é a etapa final da
47
educação básica e integraliza a formação que todo brasileiro deve ter para enfrentar
com melhores condições a vida adulta.
Mesmo diante dos dados que demonstram que a maioria da nossa
população acessa o sistema escolar por meio da rede pública de ensino, de
acordo com censo escolar, entre os anos de 2007 e 2010, houve um
aumento de 1.174.860 matrículas na Educação Básica no setor privado; e
em contrapartida, houve no mesmo período, um decréscimo de 2.653.899
relação às matrículas na rede pública. (TAFFAREL e ALBURQUEQUE,
2011, p, 1).
Ainda de acordo com dados do INEP a quantidade de alunos matriculados no
ensino médio da rede privada mantém-se praticamente estável, mas, devido ao
aumento
acentuado
do
número
de
estudantes
nas
escolas
públicas,
a
representatividade do sistema particular reduz-se a cada ano. É o que mostra o
balanço dos últimos 30 anos do Censo Escolar. Em 1971, 43,5% dos 1,1 milhão de
alunos do ensino médio frequentavam escolas privadas. Esse índice caiu, em 2003,
para 12,4% dos 9,1 milhões de matrículas.
GRÁFICO 12: MODALIDADE DO ENSINO MÉDIO DOS SUJEITOS PESQUISADOS
Fonte: Pesquisa de Campo
Com relação a modalidade de ensino em que os egressos participantes do
grupo concluíram o ensino médio, os mesmos foram unânimes em responder que
concluíram por meio do Ensino Médio Tradicional, o que de certa maneira
corresponde a 100% dos participantes entrevistados, os objetivos do ensino médio
são delineados pela LDBEN. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN (Lei 9394-96), ao situar o Ensino Médio como etapa final da Educação
48
Básica, define-a como a conclusão de um período de escolarização de caráter geral.
Trata-se de reconhecê-lo como parte de uma etapa da escolarização que tem por
finalidade o desenvolvimento do indivíduo, assegurando-lhe a formação comum
indispensável para o exercício da cidadania, fornecendo-lhe os meios para progredir
no trabalho e em estudos posteriores (art. 22).
Neste ponto da pesquisa, a abordagem voltou para conhecer os cursos
superiores dos sujeitos da pesquisa, obteve-se o seguinte demonstrativo:
Qual curso superior você concluiu ou está cursando?
1. BIOMEDICINA
2. TECNOLOGIA EM TI
3. HISTÓRIA
4. PUBLICIDADE E PROPAGANDA
5. PUBLICIDADE E PROPAGANDA
6. COMUNICAÇÃO SOCIAL
7. NORMAL SUPERIOR
8. BACHARELADO EM BIOMEDICINA
9. CIÊNCIAS CONTABEIS
10. PEDAGOGIA
QUADRO 01: SOBRE O CURSO SUPERIOR DOS SUJEITOS DA PESQUISA
FONTE: Pesquisa de Campo
Em seguida questionou-se a mantenedora da instituição que este curso está
vinculado, e obteve-se as seguintes respostas:
GRÁFICO 13: MANTENEDORA DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DOS SUJEITOS
PESQUISADOS
Fonte: Pesquisa de Campo
Grande parte dos entrevistados possui vínculo com uma instituição de ensino
superior privada, números que correspondem a 80% e 20% estudam em
49
universidades publicas. A maioria dos estudiosos, sobremaneira, os economistas,
defendem a tese de que o sistema educacional reflete as desigualdades
socioeconômicas.
Para estes, a renda e a riqueza são quem possibilita o ingresso ao sistema
educacional de qualidade, pois à medida que a demanda de ensino superior supera
a oferta de ensino superior de boa qualidade e gratuito, passa a existir a
necessidade de um ensino 1º e 2º que satisfaçam as exigências para o ingresso nas
universidades públicas com oferta limitada de vagas; assim, o ensino superior que
atende a demanda de alta renda é totalmente subsidiado.
E isso implica na intelectualidade dos jovens, senão vejamos as respostas da
pergunta “Excetuando‐se os livros indicados na bibliografia do seu curso, ou da
mesma área de conhecimento, quantos livros você leu em 2014?”, a saber:
GRÁFICO 14: LIVROS LIDOS EM 2014 PELOS SUJEITOS PESQUISADOS
Fonte: Pesquisa de Campo
Com a revolução tecnológica a leitura passou a ser amplamente disseminada,
posto que, agora era possível carregar livros diretamente no bolço e com apenas um
clique ter acesso ao mesmo, conquanto, os padrões de leitura da sociedade
brasileira ainda são considerados baixo, a exemplo, a pesquisa mostra que 40% dos
entrevistados afirmam não terem lido nenhum livro no ano de 2014, em
contrapartida, 30% afirmam terem lido um ou dois livros, 10% entre três a cinco
livros e apenas 20% afirmam terem lido entre seis e oito livros. Essa variação se dá
conforme o perfil de cada curso, quando indagados sobre as motivações de escolha
destes cursos, os entrevistados responderam que:
50
GRÁFICO 15: RAZÕES DE ESCOLHA DOS CURSOS PELOS SUJEITOS DA PESQUISA
Fonte: Pesquisa de Campo
Inúmeros fatores são levados em consideração na hora de decidir qual curso
pretende-se seguir para que se possa ser inserido no mercado profissional e de
acordo com a pesquisa 30% dos egressos escolhem o curso devido a inserção no
mercado de trabalho, 20% escolhem por conta da valorização profissional, 30%
decidem seguir o curso devido fatores vocacionais e 20% os escolhem por outros
motivos.
Quando se fala em fatores de decisão no ensino superior, eles estão
vinculados à realização profissional, interesses e aptidões, embora estes
fatores estejam embebidos de preconceitos, fantasias e falsas perspectivas
futuras. Ainda que a compensação financeira e a influência familiar não
apareçam como determinantes na escolha percebe-se que empiricamente
são em muitas vezes decisivos na escolha de um curso de terceiro grau
(MAINARDES, 2007, p. 19).
Além disso, existe outro fator que também tornou-se bastante importante na
hora de se fazer a escolha de um curso de nível superior, é a chamada remuneração
salarial, e finalmente o reconhecimento por sua devida área de atuação, portanto, a
educação constante tem se mostrado como a única maneira de se chegar o sucesso
e, em um momento em que o conhecimento é tão importante, estudar sempre é uma
necessidade. (MAINARDES, 2007).
Essa necessidade se reflete na hora da escolha de uma boa instituição, por
essa razão questionou-se qual a principal razão para você ter escolhido a sua
instituição de educação superior?, e obteve-se as seguintes respostas:
51
GRÁFICO 16: RAZÕES DE ESCOLHA DAS INSTITUIÇÕES PELOS SUJEITOS DA PESQUISA
Fonte: Pesquisa de Campo
De acordo com os dados, os critérios usados pelos membros do grupo
pesquisado para a escolha da instituição de ensino superior são diversificados, onde
20% dos entrevistados escolheram a instituição por conta do preço da mensalidade,
60% usam como critério de escolha a qualidade/reputação, 10% escolhem pela
possibilidade de bolsa de estudo e 10% se utilizam de outros critérios de escolha.
Com o aumento progressivo na abertura de novas Instituições de Ensino
Superior (IES) e novos cursos de Graduação e Pós-graduação, ganha
evidência a acirrada concorrência entre este tipo de organização, exigindo
das mesmas, gestores mais capacitados na condução de sua
sobrevivência, levando em conta aspectos como infra-estrutura,
relacionamento entre envolvidos [...] aspectos financeiros, entre outros.
(ALÉSSIO; DOMINGUES e SCARPIN, 2010, p. 2).
Dessa maneira, quando o aluno busca escolher uma determinada faculdade
ele não somente quer encontrar o curso que deseja estudar, mas busca fazer uma
análise que engloba todos os aspectos que uma instituição de ensino superior pode
ter, um fator preponderante na escolha da IES é qualidade de ensino ofertado e a
reputação da instituição, estes dois últimos podem ser atribuídos ao reconhecimento
do curso pelo MEC, como também sua nota estabelecida pela prova do ENADE.
Os critérios citados anteriormente servem tanto para a escolha de instituições
publicas, quanto privadas, nesta ultima soma-se mais um critério de escolha que
corresponde ao valor das mensalidades dos cursos que podem variar de acordo
com a instituição, logo, o aluno irá procura uma IES que tenham mensalidades
acessíveis a sua renda financeira aliada a reputação e a qualidade de ensino da
instituição.
52
2.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A METODOLOGIA UTILIZADA
A metodologia de pesquisa foi dividida em dois momentos: Aplicação do
formulário de coleta de dados e autorização online e análise do discurso nas
conversas do Whatsapp®.
No primeiro momento foi aplicado um formulário de coleta de dados online,
com perguntas objetivas e subjetivas com vistas a traçar o perfil socioeconômico do
grupo pesquisado e análise preliminar sobre a utilização do aplicativo.
No segundo momento foi feita a análise de conteúdo das conversas cujos
membros do grupo pesquisado autorizaram sua análise das respostas. De um grupo
de 30 membros, 10 (dez) autorizaram que suas mensagens fossem utilizadas neste
trabalho.
A pesquisa será realizada através da análise de conteúdo das mensagens
trocadas num grupo do aplicativo Whatsapp® formado por egressos de diversas
instituições de ensino superior do Amapá.
Luci Prestes afirma que: “A palavra pesquisa designa o conjunto de atividades
que tem como finalidade descobrir novos conhecimentos, seja em que área ou em
que nível for” (PRESTES, 2011, p. 28). Diante disso faz-se necessário elencar os
elementos constituintes da pesquisa e que corroborarão na produção de
conhecimento da mesma. A presente pesquisa será delineada seguindo dois
moldes: Pesquisa Bibliográfica e Pesquisa de Campo. Marques as define como:
Pesquisa bibliográfica é o tipo de pesquisa obrigatório a todo e qualquer
modelo de trabalho científico. E um estudo organizado com bases em
matérias publicadas. Pesquisa de Campo é uma investigação prática
realizada em um local previamente definido que ocorre espontaneamente
[...]. (MARQUES, 2013, p. 98).
Quanto à forma de estudo, configura-se como exploratório-descritiva, a
pesquisa exploratória estabelece critérios, métodos e técnicas para a elaboração de
uma pesquisa e visa oferecer informações sobre o objeto desta e orientar a
formulação de hipóteses, na pesquisa descritiva realiza-se o estudo, a análise, o
registro e a interpretação dos fatos do mundo físico sem a interferência do
pesquisador. E quanto aos objetivos caracteriza-se como um estudo de caso que
para Marques é: “o estudo de uma unidade que deve ser analisada profunda e
intensamente. Pode ser, por exemplo, o estudo de uma organização, de modo a
53
entender um dado fenômeno como um todo e levantar hipóteses sobre o assunto
pesquisado”. (MARQUES, 2013, p. 98).
O método utilizado nessa pesquisa é classificado como indutivo, que segundo
Fachin “é um procedimento do raciocínio que, a partir de uma análise de dados
particulares, encaminha-se para noções gerais” (FACHIN, 2005, p. 32).
Após a firma do TECLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, de
forma online os participantes da pesquisa irão submeter os dados de suas
mensagens escritas no grupo de pesquisa e suas informações pessoais, nas quais
serão resguardadas a identidade dos pesquisados.
2.4 UTILIZAÇÃO DO WHATSAPP NO GRUPO PESQUISADO
Algumas perguntas preliminares foram feitas aos sujeitos da pesquisa antes
da leitura e análise das conversas do grupo na qual eles são integrantes, e com isso,
obtiveram-se as respostas descritas nos quadros que seguem, que irão servir de
base para análise do discurso dos sujeitos.
Quais as VANTAGENS de utilizar os grupos do Whatsapp entre amigos?
1. facilidade e agilidade na comunicação
2. Mantém informado sobre augumas coisas.
3. Praticidade
4. Estar em contato com todos sem precisar enviar mensagens individualmente.
5. Aproxima pessoas, Comunicação Rápida e Efetiva
6. Facilita a comunicação em massa, principalmente quando do se quer marcar ou
criar eventos, além de nos aproximar daqueles amigos que estão em outros
estados ou país.
7. facilidade em acessar os amigos e organizar eventuais programas.
8. Interação com as pessoas que vc possui um contato é um ciclo de amizade que
deseja manter por perto . Facilidade na troca de informações .
9. Economizar com créditos e facilidade de transmissão de mídias como áudio,
imagens e vídeo.
10. Não sei/Não quero Responder
QUADRO 02: VANTAGENS DO APLICATIVO APONTADAS PELOS SUJEITOS DA PESQUISA
FONTE: Pesquisa de Campo
Sabe-se que a tecnologia está em constante evolução e de certa forma
trazendo certa facilidade na comunicação entre os usuários dessa nova era digital.
Diante de tantos recursos tecnológicos pode-se dizer que a vantagem adquirida
através da tecnologia expressa um número significante sobre a facilidade na
comunicação e na vida social desses usuários.
54
Diante das conversas analisadas pode-se percebe que os egressos possuem
um conhecimento amplo e sabem que a utilização adequada a nova era digital é um
recuso pode ser útil e muita eficaz se usada de maneira correta e de forma que não
venha causar danos na vida social e profissional dos mesmos, pois a tecnologia
trouxe muitas facilidades entre elas a comunicação, que é de suma importância,
onde pode-se citar a praticidade, interação entre eles, facilidade na comunicação,
aproxima as pessoas e segundo os integrantes ajudam a se manter próximo.
Quais as DESVANTAGENS de utilizar os grupos do Whatsapp entre amigos?
1. Geralmente quando se cria um grupo com determinada funcionalidade e muita
gente, está funcionalidade acaba sendo perdida, dando origem a uma grande
baderna.
2. Sem o grupo nao saberemos quando será a bola marcada...
3. Comunicação irregular e dependente da internet
4. Tomam muito tempo no dia.
5. Excesso de mensagens nos grupos, levando a falta de concentração.
6. Distração pois sempre tem algo a olhar e as vezes um pouco de falta de
privacidade.
7. Entrar em grupos na qual vc desconhece o assunto e não tem afinidade com
ninguém .
8. Eventuais discussões por falta de entendimento na comunicaçao
9. A perda de tempo
10. Não sei/Não quero responder
QUADRO 03: DESVANTAGENS DO APLICATIVO APONTADAS PELOS SUJEITOS DA PESQUISA
FONTE: Pesquisa de Campo
Assim como a tecnologia tem suas vantagens existem também suas
desvantagens que alguns usuários percebem e concordam que se não administrada
de forma correta comente distrações que pode prejudicar não somente o seu tempo
do dia-a-dia mais sua vida social, sendo assim os usuários tornam-se dependentes
da era tecnológica. A tecnologia precisa ser usada de forma correta para que possa
ser entendida sem que o outro sofra constrangimento, e uns dos fatores que
contribuí para a desvantagens no grupo formado por egressos advindo de diversas
instituições do Amapá e a comunicação, devido a mesma ser utilizada
constantemente pelos usuários, e alguns desses componentes do grupo não tiver
conhecimento dessa nova modalidade de escrita, acabam não entendo a mensagem
a ser transmitida e assim sofrendo constrangimento sobre essa tecnologia presente
na vida cotidiana dos integrantes do grupo.
55
Em quais ocasiões você utiliza linguagem FORMAL (norma culta) no grupo de
amigos do Whatsapp?
1. Tentar explicar algo serio, ou repassar informação.
2. Quando o assunto é sério
3. Em discussões de temas relevantes.
4. Nunca ou quase nunca
5. Em relacionados ao trabalho
6. Assuntos de trabalho e discussões mais elaboradas.
7. Conversas serias
8. Quase sempre...
9. Quase zero.
10. Não sei/Não quero Responder
QUADRO 04: USO DE LINGUAGEM FORMAL NO APLICATIVO PELOS SUJEITOS DA PESQUISA
FONTE: Pesquisa de Campo
Os integrantes do grupo formado por egressos advindo de diversas
instituições do Amapá por terem uma graduação e alguns uma pós-graduação
sabem diferencia-la a norma culta e a popular e sabem aplica-la que e de suma
importância na vida social.
Entretanto algum desses integrantes do grupo não tem a preocupação de
usar essa língua (norma culta) e acabam deixando de lado o uso da mesma, isso e
preocupante, devido a utilização da mesma ser importante para a vida profissional
haja vista que a norma padrão precisa ser usada e aplicada no dia a dia-a-dia,
sendo assim os integrante do grupo precisam não somente ter o conhecimento, mas
que precisam também utilizar de maneira que não sofra consequências posteriores.
A língua é como uma roupa que vestimos, há traje para cada ocasião, há
situações em que se deve usar um traje social, outros em que o mais adequado e
uma roupa casual, do mesmo modo, há uma norma para entrevista de emprego,
audiências,
judiciais,
textos
técnicos,
há
outros
para
fazer
compras
no
supermercado, bater papo com os amigos. Portanto a norma culta e o padrão de
linguagem que se deve usar em situações formais.
Em quais ocasiões você utiliza linguagem INFORMAL (norma coloquial) no
grupo de amigos do Whatsapp?
1. Momentos descontraídos e/ou em grupos que há maior intimidade entre os
membros.
2. Brincadeiras
3. Brincadeiras e momentos de descontração.
4. Quase que a todo momento. Com exceção dos casos citados anteriormente.
5. Quase sempre .
56
6. Sempre ou quase sempre
7. Quase sempre...
8. Quando estamos falando besteira
9. grupos de amigos não ligados ao trabalho, o tempo todo
10. Não sei/Não quero Responder
QUADRO 05: USO DE LINGUAGEM INFORMAL NO APLICATIVO POR SUJEITOS DA PESQUISA
FONTE: Pesquisa de Campo
Como a linguagem informal não exige regras da gramatica normativa, os
integrantes do grupo não tem a preocupação em utilizar a linguagem formal, e
acabam fazendo uso da língua informal em suas conversas brincadeiras e em
momentos de desconcentração e devido a linguagem não exige concordância a
maioria acabam utilizando sempre uma linguagem simples e sem regras, mas que
conseguem transmitir a mensagem aos demais integrantes do grupo.
A linguagem coloquial ou informal ou popular e uma linguagem utilizada no
cotidiano em que não exige a observância total da gramatica de modo que haja mais
fluidez na comunicação feita através de jornais, revistas e principalmente em um
diálogo. Na linguagem informal usam-se muitas gírias e palavras, e muitos diálogos
sem regras gramaticais.
Você acha que a utilização do Whatsapp contribuiu de alguma forma para
melhorar o seu relacionamento seus amigos?
1. Sim, pois nem sempre na correria da pra sair e vê todos pessoalmente, essa e a
chance de sempre se manter por perto!
2. Com certeza .
3. De certa forma, sim. Nos mantém mais próximos.
4. Sim
5. Sim.
6. Melhora se estivermos longe porque acessar o whatsapp perto de amigos às
vezes representa falta de educação, desinteresse...
7. Sim, principalmente com aqueles que moram em outro estado ou país.
8. Sim, pois aproxima as pessoas distantes fisicamente
9. Sim
10. Sim
QUADRO 06: USO DO APLICATIVO E O RELACIONAMENTO COM OS AMIGOS
FONTE: Pesquisa de Campo
É sabido que a internet é uma ferrramenta de suma importância no cotidiano
das pessoas, pois a mesma serve de suportes para vários meios de utilidade, um
desses meios é na comunicação. E os egressos do grupo pesquisado atribui o uso
da mesma como sendo importante na comunicação a distancia, pois através desse
57
meio de comunicação sentem-se mais próximos e assim consegue manter a
aproximação que a distancia os separa.
Faça comentários sobre a utilização do Whatsapp na interação entre os
membros do grupo.
1. WhatsApp, bem como outras ferramentas digitais de conversação, se tornou um
importante aliado ao mundo atual, onde tudo deve tem de ser rápido. Porém,
assim como outros meios de comunicação, necessita de filtros de informações.
2. Acho bem valida a ideia do app, alem de criar uma nova forma de manter perto
grupo de amigos tem a possibilidade de separar em grupos diversas estilos de
pessoas e meio que convivemos com elas
3. O WhatsApp facilita principalmente quando se quer criar algum evento entre os
membros do grupo, ou quando alguém quer chamar os demais para sair, ver
alguma luta do UFC, jogar, etc.
4. Serve para aproximar mais as pessoas
5. Os grupos proporcionam, comunicação rapida e ampla, além de agilidade
6. Muita zieira apenas
7. Sem comentários.
8. Totalmente importante na interatividade de todos do grupo. Criar novas
amizades e conservar e fortalecer as antigas .
9. Muito importante ferramenta para agilizar a comunicação.
10. Não sei/ Não quero Responder
QUADRO 07: IMPRESSÃO GERAL SOBRE A INTERAÇÃO DO APLICATIVO
FONTE: Pesquisa de Campo
2.5 LINGUAGEM USADA PELOS MEMBROS DO GRUPO NO APLICATIVO
O Brasil possui uma vasta grandeza territorial e uma grande heterogeneidade
seja no campo social, econômico e cultural, dessa forma, o Brasil é considerado o
país das diversidades, e grande parte disso esta intrínseca a historia brasileira,
dessa maneira tais diversidades também se estendem ao campo linguístico, no
entanto, de acordo com o ponto de vista gramatical somente uma forma da língua é
considerada correta, que é a norma culta ou padrão, entretanto, do ponto de vista
linguístico as formas da língua que não seguem o padrão gramatical não são vistas
como erradas, mas sim como variações linguísticas, porém há ainda um campo
linguístico que estuda a conexão entre língua e sociedade e o modo em que se usa
a língua em diferentes situações sociais, o qual é chamado de sociolinguística.
Para tanto, aqui será apresente um ambiente que também interessa ao
campo sociolinguístico, que é o ambiente virtual e as formas de comunicação
propagada no mesmo, em especial usar-se-á um grupo criado no aplicativo
58
WhatsApp®, onde é recorrente uma linguagem que se usa abreviações, expressões
comprimidas da língua portuguesa. De acordo com o objetivo para qual o grupo fora
criado, pode-se dizer que o mesmo funciona um suporte para se marcar encontros
futebolísticos, mas como ocorre em muitos do grupo do WhatsApp® há conteúdos
relacionados a política, de cunho sexual entre outros.
Serão utilizados alguns trechos representativos dos diálogos, sendo, portanto
mantida a originalidade das conversas, o que pressupões incluir abreviações, erros
de digitação, além de outros elementos presentes na linguagem e na comunicação
virtual, tais como: risadas gírias, palavrões. Os trechos foram selecionados da
maneira aleatória, já que o conteúdo das conversas é demasiadamente extenso.
30/03/2014 11:57:12: Pessoa 1: Eae .... Vamos uma bola hj as 18 hrs ?
30/03/2014 12:09:05: Pessoa 2: Vamos
30/03/2014 12:13:35: Pessoa 1: Nossa missão é conseguir os 10 ;p
30/03/2014 12:14:16: Pessoa 2: É
30/03/2014 12:19:48: Pessoa 1: Ja somos 2.kkkk
30/03/2014 12:26:49: Pessoa 2: Pqp o Liverpool tá o bicho
30/03/2014 12:30:34: Pessoa 1: Quanto ta ?
30/03/2014 12:30:54: Pessoa 2: 2 a 0
30/03/2014 12:31:03: Pessoa 2: Fora o show do Suárez
30/03/2014 12:31:11: Pessoa 2: Joga muito
30/03/2014 12:37:40: Pessoa 3: E aiii???
30/03/2014 12:38:14: Pessoa 2: Tu vai pra bola rara?
30/03/2014 12:38:28: Pessoa 3: Axo que sim
30/03/2014 12:40:38: Pessoa 1: Axo que sim = cara não vou.
Como nota-se o dialogo apresentado acima faz parte das temáticas
apresentados no grupo do WhatsApp®, que é formado por egressões de diversas
instituições, percebe-se de antemão que o assunto comentado é apenas um
encontro para uma partida de futebol entre os integrantes do grupo, logo,
percebemos o grau de informalidade da escrita utilizados pelos mesmos, no entanto,
vale salientar outro fator que segundo Silva merece atenção.
Se os estudantes hoje não “dominam” a norma idealizada e própria a
segmentos da cultura dominante, sobretudo na comunicação escrita,
dominam eles perfeitamente a norma de seu grupo social, desde que
transmitam mensagens sobre temas ou assuntos que conhecem e pelo
quais se interessam. (SILVA, 2004, p. 16-17).
Para tanto, ao analisar-se o contexto do diálogo mencionado acima percebese que é um equívoco dizer que os membros desse grupo não dominam a língua,
59
portanto pode-se inferir que de fato não há um domínio da língua circunscrita pela
gramática normativa, em contrapartida esses mesmos integrantes desse
grupo
fazem uso e compreendem perfeitamente a linguagem empregada por eles nas
conversas do grupo, caracterizando-se principalmente por expressões que
representam um estado emocional do falante e palavras que em sua maioria são
escritas de forma abreviadas.
[...] não me causou espanto minha filha, aos 6 anos, me perguntar porque
eu “ensinava uma coisa que todo mundo já sabia” e causa horror ouvir
estudantes universitários de língua portuguesa dizerem que não sabem o
português, a sua língua materna, encarnando e assumindo essa crença
muito generalizada em certos segmentos da sociedade brasileira. (SILVA,
2004, p. 28).
Sendo assim, o que a autora coloca é que todos os membros falantes da
língua portuguesa a conhecem, no entanto, devido à gramática normativa ditar
regras, muitos acabam de certa maneira internalizando não conhecer a língua tal
como é, quando na verdade o que não conhecem é as regras que constituem a
gramática normativa.
26/05/2014 13:09:49: Pessoa 5: Galera, tem um amigo meu vendendo a replica da
camisa da seleção brasileira.Ta saindo a 130 cada.Quem quiser, fala cmg ai
26/05/2014 13:10:06: Pessoa 4: Só do Brasil?
26/05/2014 13:14:29: Pessoa 5: So do Brasil
26/05/2014 14:26:24: Pessoa 6: Esse teu amigo dev ter comprado na 25
26/05/2014 14:26:26: Pessoa 6: Rs
26/05/2014 14:27:02: Pessoa 5: Isso eu ja nao sei
26/05/2014 14:32:36: Pessoa 6: Mas eh bem parecida cm o original msm
26/05/2014 14:47:16: Pessoa 7: Kk
Sobre as conversas, percebe-se que no geral há a predominância de uma
linguagem tida como informal, e que se segue nas demais conversações, haja vista
que, os mesmos estão inseridos em um ambiente que não requer e nem exige o uso
de uma linguagem formal, é também perceptível que os usuários mesclam as duas
modalidades da língua, posto que, há a ocorrência de empregos de pontuação
devidamente adequada e em outro momento na mesma frase há a supressão de
elementos que podem se referir tanto a pontuação quanto a retirada de letras das
palavras o que por sua vez constitui a forma abreviada das palavras. E do ponto de
vista de (FIORIN, 2008, p. 5) “A ortografia na internet caracteriza-se pela
60
simplificação: dessa forma, evitam-se letras maiúsculas, deixam-se de lado muitos
sinais de pontuação e não se grafam todas as letras”.
O uso de abreviações e de sistemas de notação abreviada, em vista de uma
maior rapidez de registro da palavra, remonta a antiguidade grega e
romana. As inscrições latinas, a partir do século II a, C., já utilizam siglas,
letras iniciais representando palavras, letras coladas, fazendo sobretudo
economia de traços e de espaço. (HIGOUNET, 2003, p. 145).
Sendo assim, a forma abreviada de se escrever as palavras não é um
fenômeno totalmente novo, e nem pode ser atribuído ao surgimento da internet,
posto que, em sua maioria ela era usada somente para a economia de papel, pois
naquela época o papel era muito escasso, porém essa forma de escrever tomou
novas proporções no meio virtual, agora com o propósito de tornar a comunicação
mais rápida.
12/06/2014 00:50:51: Pessoa 8: E a cara dos dois....huuummmm
12/06/2014 00:50:59: Pessoa 2: Mas é do homem de ferro
12/06/2014 00:51:05: Pessoa 2: Esse braço no ombro.. E ai ai
12/06/2014 00:51:10: Pessoa 8: Sei, e ferro
12/06/2014 00:51:13: Pessoa 8: Kkkkkkk
12/06/2014 00:51:30: Pessoa 2: A gente tava tomando banho
12/06/2014 00:51:38: Pessoa 2: De piscina
12/06/2014 00:51:42: Pessoa 9: Naum piora
12/06/2014 00:51:54: Pessoa 8: Kkkkkkkk
12/06/2014 00:52:42: Pessoa 1: Montagem
O que se percebe aqui é que muito do que se fala funciona como
desdobramento de sons equivalentes a fala, escrevendo dessa maneira aquilo que
se escuta/pronuncia e não aquilo que se deveria, ou seja, tal como é posto como
correto pela gramática.
Usa-se o menor número de letras possível, substituindo grupos gráficos
(dígrafos, grupos consonantais) por sons equivalentes (aqui > aki); (não >
naum) elimina-se sinais de pontuação e outras convenções gráficas,
quando não houver dificuldade de leitura [...] descartam-se letras quando a
palavra puder ser lida sem nenhum problema (beleza > blz; gata > gt; hoje >
hj). (FIORIN, 2008, p. 6).
Um dos recursos sonoros comumente utilizados no grupo do WhatsApp®,
como visto no diálogo acima é o emprego da expressão “kkkkk” que tem função
representativa da risada humana, assim sendo, a expressão acaba sendo
61
classificada como uma onomatopeia, “num sentido mais limitado, onomatopeia
significa a reprodução de um ruído – ou mais modestamente a tentativa de imitação
de um ruído por um grupo de sons da linguagem” (MARTINS, 2000, p. 47). Há
também empregos de expressões como o “hahaha”, “hehehe” que também possui é
equivalente ao som da fala, no entanto, há certas diferenças entre os mesmos, o
“hahaha” constitui-se uma sequencia curta da risada, enquanto o “kkkk” representa
uma sequencia mais demorada, ou seja, uma risada mais profunda.
Ainda se tratando da linguagem informal apesentada na conversação acima,
cabe salientar um recurso considerado estilístico, que na linguagem virtual é
amplamente disseminado, que são as repetições dos grafemas, apresentados na
primeira fala da Pessoa 8 – no caso a expressão “huuummmm” - esse fenômeno
não tem função fonológica no português, mas tão-somente expressiva, na língua
escrita, Martins (2000). Essa expressão traz em seu conteúdo a ideia de malícia, o
que somente é possível em um ambiente de conversação informal.
14 de jan 15:05 - Pessoa 5: Ta chuvendo ae top??
14 de jan 15:14 – Pessoa 8: Ta todo gozadinho
14 de jan 15:14 – Pessoa 8: Kkkk
14 de jan 15:49 - Pessoa 5: Xuva 3 dias dereto...
14 de jan 15:59 - Pessoa 5: Xuxa
14 de jan 16:02 – Pessoa 3: Caiu um pau d'água... o top tá 3 dias de cú na biqueira.
14 de jan 16:03 - Pessoa 5: Kkkkkkk
14 de jan 16:03 – Pessoa 10: Oxítonas não se acentuam
14 de jan 16:03 – Pessoa 10: O correto seria: cu
14 de jan 16:03 – Pessoa 10: Sendo chato
14 de jan 16:03 – Pessoa 10: Kkkkk
Mesmo
usando
palavras
de
baixo
calão
os
usuários
mostram-se
conhecedores das regras gramaticas, conforme é mostrado no diálogo acima, há o
uso recorrente de palavrões na sua forma abreviada, tais como: <Pqp>, <Vtnv>
entre vários outros, porém aqui eles assumem outra designação, portanto, não
sendo caracterizado como xingamento, mas sim, como interjeições sendo a palavra
invariável que exprime emoções, sensações, estados de espírito, ou que procura
agir sobre o interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento sem que, para
isso, seja necessário fazer uso de estruturas linguísticas mais elaboradas.
27 de jan 11:14 – Pessoa 10: Apesar das condolências canalizadas paralelamente à
figura da minha respectiva pessoa que se faz ouvinte de tais incisivas mensagens
62
não construtivas e sucessivamente omissas com a contemporaneidade vivenciada
ao lado de vcs em um perplexo futebolístico radiante...ouso dizer que
consideravelmente estamos inseridos em um ciclo obliquo de amizades
27 de jan 11:14 - Pessoa 10: Rs
27 de jan 11:14 - Pessoa 10: Enfim,bom dia!!
27 de jan 11:15 - Pessoa 3: Ciclo oblíquo? Vixe...
27 de jan 11:16 - Pessoa 1: Obliquo duas vezes? Logo percebemos que você Não
sabe se expressar
Portanto, com o primeiro diálogo fica claro, que muitos do que se fazem
presentes no grupo distinguem muito bem as duas modalidades da língua, ou seja,
tanto a informal quanto a formal, haja vista que, ao analisar-se a primeira fala é
possível perceber de um lado a linguagem culta perceptível na construção do
dialogo e consequentemente no uso de palavras rebuscadas, do outro está o uso da
linguagem coloquial, notável no uso pronome “vc”, porém usado no plural dando
ideia de vos.
63
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho realizou-se um estudo sobre as interações realizada no grupo
WhatsApp® formados por egressos de diversas instituições do estado do Amapá. A
pesquisa tinha como objetivo analisar as duas modalidades da língua portuguesa, a
linguagem formal e informal, aplicada no grupo, e se esses usuários possuem o
conhecimento da linguagem que aqui fora trabalhada, haja vista que os mesmo
possuem um conhecimento abrangente, devido já terem concluído uma um curso de
ensino superior.
Devido à tecnologia está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas,
houve-se a necessidade de se pesquisar se o uso inadequado das duas modalidade
da língua portuguesa não traz dificuldades que venham atrapalhar ou causar danos
na forma de comunicação, pois sabe-se que a língua formal exige regras que
precisam ser seguida,
entretanto a internet possibilita novas formas de
comunicação, e essa nova forma não exige regras tal qual é postulado pela
gramática normativa, sendo assim os integrantes do grupo fazem uso dessa nova
linguagem e assim acabam se adaptando a uma nova forma de escrita.
Sendo assim, percebe-se nas conversas do grupo a predominância da
linguagem informal, no entanto, os integrantes do grupo sabem discernir em qual
ambiente aquela determinada linguagem deva ser usada. Com isso, pensamos que
escrita virtual e a escrita formal não podem ser vistas de forma separada, como se
ambas existissem em contextos totalmente isolados. Assim como a fala está
atrelada à escrita, os diferentes recursos utilizados para escrevermos se articulam e
se inter-relacionam.
64
REFERÊNCIAS
AQUINO, Rubim Santos Leão; FRANCO, Denize de Azevedo; LOPES, Oscar
Guilherme Pahl Campos. Historia da sociedade: das comunidades primitivas às
sociedades Medievais. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1980.
ALÉSSIO, Simone Cristina; DOMINGUES, Maria José de Souza e SCARPIN, Jorge
Eduardo. Fatores determinantes na escolha por uma Instituição de Ensino Superior
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BARBOSA, Maria Ligia de oliveira; QUINTANEIRO, Tania e RIVERO, Patricia.
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BARTELT, Dawid Danilo. A “Nova Classe Média” no Brasil como Conceito e
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BRITO, Daniele Regina Souza e MIRANDA, Jessica de Azevedo. A Escolarização
Da Mulher: O Paradoxo Entre A Luta Pela Emancipação E As Práticas
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