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ANAIS
V S I M P ~ S I OMINEIRO
DE CIÊNCIAS DO
ESPORTE
SETEMBRO DE 2002
Promoção: Universidade Federal de Viçosa
Realização: Departamento de Educação Física
DEMANDA FISIOLÓGICANO TRABALHO INDUSTRIAL -ESTUDO PILOTO
Paulo Roberto S. Amorim
'; Thales Nicolau Prímola
Gomes
A mensuração do desgaste fisiológico no trabalho tem sido investigada em
diversas categorias profissionais por técnicas distintas. Medidas diretas envolvem
procedimentos dispendiosos e por vezes não aplicáveis a determinadas funções. O
objetivo deste estudo foi determinar a carga de trabalho físico (CTF) de trabalhadores
industriais. Foram avaliados inicialmente 9 sujeitos e, como critério de exclusão da
amostra, consideraram-se os sujeitos que apresentaram Questionário de Prontidão para
Atividade Física (PAR-Q) positivo e Questionário de Fatores de Risco (Sociedade de
Cardiologia de Michigan) com mais de 17 pontos (risco médio habitual). A amostra
efetivamente estudada foi composta por 4 homens. Sua caracterização é apresentada a
seguir em valores mCdios (VM) e desvio-padrão (DP): idade - 22,514,l anos; peso 65,311,4 kg; estatura - 1,7510,O; iMC - 21,310,s kg.m2; gordura - 4,210,8 %; VO, máx 51.417,O ml.kg.min.1. A metodologia utilizada na determinação da CTF foi a de
monitoração da freqüência cardíaca (FC) e observação contínua durante uma jornada
de trabalho (JT) de 8 horas. Para determinação da carga cardiovascular (CCV) e da FC
limite utilizou-se a metodologia proposta por APUD (1989). Para classificação da CTF
pela FC. utilizaram-se os padrões descritos por GRANJEAN (198 I). Verificou-se também
o percentual da JT que extrapolou 40% do consumo máximo de oxigênio (VO, máx) Os
resultados demonstraram que a CCV mCdia do grupo estudado foi de 24,35110.25. A FC
limite de 40% foi ultrapassada em 7,814,4% da JT. Quando observados os 40% do VO,
máx verificou-se que este foi ultrapassado em 5,214,0% da JT. A classificação da CTF
pela FC é apresentada a seguir em VMIDP (%) e os padrões utilizados: 11,316.6 (<75muito leve); 65,917,6 (75-100-leve); 20,719,8 (100-125-moderadamente pesada); 2,0&,2
(1 25- 150-pesada) e 1,310,8 (150-175-pesadíssima). Esses resultados nos permitem
concluir que: a) quando comparados os percentuais da FC com o do VO, miix que
extrapolaram a 40%. verificaram-se comportamentos similares em ambas as variiiveis; b)
a CCV do grupo estudado manteve-se numa faixa adequada; c) a FC limite foi extrapolada
em momentos isolados durante a JT, sendo rapidamente restabelecida a limites aceitiiveis,
não permitindo assim o cálculo dos tempos de repouso recomendados quando tal fato
ocorre continuamente; d) a classificação da CTF demonstrou que em 77,2% da JT o
trabalho estudado foi leve ou muito leve, 20,7% moderadamente pesado e em apenas
3,3% pesado ou pesadissimo; e e) ao analisarmos os três indicadores em conjunto,
podemos inferir que a CTF encontra-se compatível com o estado de aptidão dos sujeitos
avaliados. Pretendemos ampliar esta amostra e utilizarmos outros parâmetros de
determinação da demanda fisiológica. Sugerimos a realização de novos estudos, em
que se fragmentem as atividades industriais pelas distintas posições corporais e funções
laborais.
' ~ e ~ a r t a m e nde
t o Educação Física - DES/UFV - LAPEH - Viçosa - MG; Mesírado em
Educação Fisica - UFMG - Belo Horizonte - MG
E-mail: [email protected]
R. Min. Educ. Fis., Viçosa, v. 10,n. 1, p. 237-486,2002
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PRONTIDÃO PARA A PRÁTICA DA ATIVIDADE FISICA DE
ESTUDANTES QUE INGRESSARAM NA UFV NO ANO DE 2002 ANÁLISE DO RISCO
Ricardo C. Faria; Paulo Roberto S. Amorim; José Alberto Pinto; Stephano Freitas
S. Me10
Evidências epidemiológicas recentes deflagaram uma rede mundial de
incentivo à prática de atividades físicas baseada no pressuposto da melhora da
qualidade de vida na perspectiva da saúde. Contudo, o início dessa prática envolve
alguns procedimentos para se garantir a integridade destes usuários, bem como a
obtenção dos postulados benefícios. O objetivo deste estudo foi analisar a prontidão
para a prática da atividade física,de estudantes que ingressaram na UFV no ano de
2002. A amostra foi composta por 100 sujeitos, sendo 61 homens (H) com idades
entre 17 e 28 (19,5+2,1) e 39 mulheres (M) com idades entre 17 e 24 (19,211,7),
selecionados aleatoriamente entre os diversos cursos da UFV. O instrumento
utilizado foi o "Questionário de Prontidão para a Atividade Física" (PAR-Q), que
avalia três principais parâmetros, que são o cardiovascular (CV), osteomioarticular
(OMA) e outros problemas, geralmente metabólicos ou pulmonares (MP). Este
instrumento possibilita verificar numa população aqueles que necessitariam de
uma avaliação mCdica preliminar ou acompanhamento médico durante programas
de atividade física. Os resultados permitiram verificar uma incidência de 36,6%
entre as mulheres e 23% entre os homens de PAR-Q positivo. Quando analisados
por parâmetros, verificou-se que os MP foram os mais citados pelos homens
(445%) e mulheres (52,7%). Para os H o segundo parâmetro mais citado foi o
CV (38,8%), enquanto para as M foi o OMA (3 1,6). Em terceiro lugar para os
homens foram os OMA (16,7) e para as mulheres foram os CV (15,7). Tais
resultados chamam-nos a atenção, pois os percentuais de indivíduos que necessitam
de cuidados mCdicos para o início da prática é elevado principalmente ao
considerarmos os intervalos etários verificados. Na análise dos parâmetros
isoladamente, os elevados percentuais de problemas MP em ambos os sexos, bem
como os percentuais de CV nos H e OMA nas M, são indicativos da necessidade
de maiores esclarecimentos a estes indivíduos sobre a prática de atividades físicas
e exames mCdicos adicionais que propiciem uma prática segura e eficaz. Sugerimos
que esses dados sejam divulgados na comunidade acadêmica e que a UFV oportunize
a estes alunos o acesso aos procedimentos necessários que garantam sua integridade
na prática das atividades físicas, sejam estas orientadas ou espontâneas.
Departamento de Educação Física - DESNFV - LAPEH - Viçosa - MG
E- mail: [email protected]
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NíVELDE A ~ A D FÍSICA
E
HABITUAL DE ESTUDANTES QUE
INGRESSARAM NA UFV NO ANO DE 2002 - UM ESTUDO PILOTO
Ricardo C. Faria; Paulo Roberto S. Amorim; Stephano Freitas S. Melo; José
Alberto Pinto
Os riscos à saúde de um estilo de vida sedentário têm sido largamente
reportados na literaturae se tomado um problema de saúde pública mundial. Devido
a isso toma-se extremamente importante a realização de levantamentos sobre o
nível de atividade física habitual da população, possibilitando assim o
desenvolvimento de programas de incentivo à prática de atividade física como
meio de promoção de melhor qualidade de vida. Este estudo teve por objetivo
analisar o nível habitual de atividade física dos alunos ingressos na UFV no ano de
2002. A amostra foi composta por 101 sujeitos, sendo 61 homens (H) com idades
entre 17 e 28 (19,5+2,1) e 40 mulheres (M) com idades entre 17 e 24 (19,2+1,7),
selecionados aleatoriamente entre os diversos cursos da UFV. O instrumento
utilizado foi o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), versão curta
(Comitê IPAQ, 2002). Os limites de corte considerados foram: Ativos (A) - 60
minutoslsemana de atividades vigorosas no mínimo 3xfsemana ou 150 minutos1
semana de caminhada elou atividades moderadas no mínimo 5x/semana;
Parcialmente Ativos (PA): realizavam parcialmente os critérios do ativo, ou seja,
não apresentavam a regularidade semanal ou o tempo mínimo recomendados; e.
Inativos: não atendiam a nenhuma das recomendações. Analisou-se inicialmente o
IPAQ considerando-se os níveis de atividade física, em que se verificou: 93,596
dos H e 97,5% das M foram classificados como A, enquanto 6,596 e 2,596 dos H
e M, respectivamente, foram classificados como PA. Dentre as atividades abordadas
pelo IPAQ (moderadas (MO), vigorosas (V) e caminhadas (C)), a C foi a que
apresentou maior incidência entre os indivíduos ativos de ambos os sexos, com
valores de 43% para os H e 42,196 para as M. Para os H as atividades V
representaram 35,596, seguidas pelas MO com 21,596. Já para as M as atividades
MO representaram 30,496, seguidas pelas V, com 27,596. Esses resultados nos
permitem concluir que: a) os níveis de atividades físicas habituais dos universitários
sofrem influência direta das caminhadas, sendo elas como meio de transporte,
atividade física ou lazer; b) entre os H as atividades V são mais praticadas que
entre as M; c) pôde-se constatar que na amostra avaliada houve predomínio das
atividades MO, consonantes com a literatura atual no que diz respeito à realização
de atividades físicas, na perspectiva da saúde. Este estudo é inicial e já se encontra
em andamento o projeto para analise de toda a população de ingressos na UFV.
Departamento de Educação Física - DESIUM - LAPEH - Viçosa - MG
E- mail: eg37475 @correio.ufv.br
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 1, p. 237-486,2002
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ORGANIZAÇÃO DE PROVAS DE COMPETIÇÃO EM CICLISMO
Leomar Tiradentes
O ciclismo como modalidade esportiva surgiu com a primeira prova
ciclística ocorrida em 1869 entre Paris e Rouen, na França. A organização de
prova esportiva segue alguns critérios que são fundamentais para a sua
execução, tais como: contagem de volta, tipo de largada, equipe de arbitragem,
regulamento da competição, entre outros. Tem se verificado a cada ano que a
maioria das provas não segue um padrão de execução, seja por falta de orientação
de seus organizadores, seja por desconhecimento do assunto, caracterizando
uma relativa desorganização na maioria dos eventos. A realização de provas
de ciclismo envolve uma série de cuidados tanto na elaboração quanto na
execução. O presente estudo é uma proposta metodológica com o objetivo de
orientar a execução das provas ciclísticas, tendo como base a realização das
Provas de Ciclismo da UFV e os fundamentos da organização de provas de
competição da Confederação Brasileira de Ciclismo. Para isso, foi utilizado
como metodologia o "check lists", com o objetivo de criar subsídios aos
profissionais e estudantes de educação física que se interessam por essa prática
esportiva e que necessitam de informações sobre organização e realização de
provas esportivas do ciclismo. Como resultado espera-se a melhoria da qualidade
da provas e o aumento gradual do número de participantes. Concluiu-se que
em toda prova ciclística a comissão organizadora deve priorizar a qualidade do
evento, garantindo aos atletas e equipes participantes todas as condições
necessárias à sociabilidade e a competitividade esportiva.
W I C O L U N I - Viçosa - MG
E-mail: [email protected]
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NÃO PERCA A CONTAGEM! O USO DA INFORMÁTICA NAS
PROVAS DE MOUNTAIN BIKE
Eduardo Macedo Bhering'; Leomar Tiradentes2
Desde 1998, quando foi criada a Primeira Prova Ciclística da UFV Troféu Arthur Bemardes, sempre nos vimos envolvidos em buscar estratégias
que pudessem melhorar nossa atuação na organização de provas ciclísticas.
Um dos nossos grandes desafios foi encontrar um mecanismo que viesse a
atender o quesito da contagem de voltas em provas ciclísticas, que é feito na
maioria das vezes de maneira manual. A contagem de voltas tem como finalidade
facilitar a arbitragem da prova; ela é calculada anotando sempre quando o
ciclista passa pelo ponto de controle (posto de chegada). Porém, a necessidade
de realização simultânea de várias categorias, visando dar maior dinamicidade
às provas, toma trabalhoso e pouco eficaz o processo de contagem, podendo
ocorrer: erros no processo de contagem, divergência de resultados e perda de
informações de interesse dos atletas e da organização devido a dificuldade do
processo de anotação manual. Como disponibilizar um recurso ou um método
que atendesse as necessidades da prova? Buscou-se, assim, desenvolver uma
proposta metodológica para a criação de um software que auxiliasse na
organização de uma prova ciclística, no caso específico da modalidade Mountain
Bike, servindo de apoio ao processo de contagem de voltas, bem como ao
registro de inscrições e também na emissão de resultados. O sistema possibilita
o cadastro de atletas, de equipes e categorias; controle de voltas e emissão de
relatório final (ou parcial por volta) por categoria; classificação dos atletas,
incluindo tempo gasto, velocidade média e diferença em relação ao primeiro
colocado; e emissão da súmula de partida. A utilização do sistema resultou no
aumento da precisão e rapidez na emissão de resultados, ao mesmo tempo que
reduziu o número de árbitros e fiscais de prova. Conclui-seque o sistema mostrouse eficiente para provas de Mountain Bike, demandando baixo investimento
na infra-estrutura operacional da prova, em termos de hardware e mão-deobra, tomando viável o seu uso em todos os tipos de provas.
'Mestrando Ciência da Computação UFMG-DCCIUFV-DPI; 'Colégio
Universiiário
E-mail: [email protected] [email protected]
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 1,p. 237-486,2002
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O CORPO FEMININO E ATIVIDADE FISICA: SUA MANIFESTAÇÃONA
PRODUÇÃO CIENTIFICA DA RBCE, RPEF E REVISTA MOTRIZ
Betânia Nunes Fontes*; Emmi Myotinz
A Década Internacional da Mulher - 1975a 1985- permitiu que no Brasil fossem
realizados diversos estudos sobre a vida das mulheres. A área da Educação Física,
esportes e lazer, aparentemente não acompanhou o avanço da pesquisa que ocorreu em
outras áreas, como, por exemplo, na educação, na saúde, no trabalho e no direito. Não
?L do nosso conhecimento a existência de um estudo sistematizadobrasileiro que busque
desvendar o corpo feminino e as atividades físicas, esportivas e recreativas: as
publicações são esparsas e escassas. A fim de minimizar as dificuldades para o acesso,
e mesmo conhecimento, da produção científica até então, iniciamos nosso trabalho
realizando levantamentos sobre as manifestações do corpo feminino em diferentes
atividades físicas, esportivas e de lazer nos artigos publicados no período de 1994 a
2001 na Revista Brasileira de Ciênciasdo Esporte (RBCE), na Revista Paulista de Educação
Física (RPEF) e na revista Motriz. Buscou-se organizar e sistematizar a produção de
conhecimento que pudesse refletir a condição da participação feminina em atividades
físicas, esportivas e de lazer. Tal escolha surgiu baseada em uma pesquisa maior, na qual
procuramos analisar o corpo feminino e atividade física, a partir da década de 70, na
produção cientifica brasileira na área de Educação FísicdCiências do Esporte. As revistas
analisadas fazem parte dessa produção de conhecimentoe refletem uma parte da pesquisa
realizada at6 agora. A RBCE é uma publicação oficial do Colégio Brasileiro de Ciências
do Esporte, sendo uma importante e conceituada revista na área da Educação Física/
Ciências do Esporte. A RPEF e a Revista Motriz estão vinculadas a instituições brasileiras
que possuem a pós-graduação stricto sensu. alavancando o desenvolvimento da
produção científica na área. No desenvolvimento do projeto, foram analisados 23
exemplares na RBCE, 19 de RPEF e 12da Revista Motriz. Revisamos todos os artigos e
registramos o assunto tratado por cada um, quais abordavam ou tratavam do corpo
feminino, do masculino e de ambos os sexos; daí analisamos o destaque dado ao corpo
feminino nas publicações científicas analisadas. Verificamos maior presença do corpo
masculino nos artigos do que o feminino, observando a dificuldade de inserção da
mulher no campo da atividade física, o que nos leva a considerar que tais práticas
carregam consigo uma representaçãoda masculinidade e que o corpo feminino presente
na produção de conhecimento da área da Educação FísicdCiências do Esporte na
literatura pesquisada ainda permanece tímido e marginalizado.
'Bolsista de IniciaçãoCientífica da Fapemig - DES - UW, 'Professora do Departamento
de Educação Física - UFV e Membro do Grupo de Pesquisa Ensino, Corpo e Sociedade.
E-mail: [email protected]
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R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 1, p. 237-486,2002
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Jaqueline Silveira de Freiras; Lívia Carvalho Ferraz; Priscilla Kelly Figueiredo;
Graciane Miranda Freiras
A ansiedade é aspecto presente em todos os esportes onde a competição é o
principal meio de comparar, medir e analisar o desempenho e os resultados em relação
aos demais competidores. A competição requer resultado, e a ansiedade pode ser fator
determinante para tal desempenho ser positivo ou negativo. A ansiedade pode ser
vista em várias definições de acordo com as características individuais de cada atleta.
Pode estar ligada ao medo, incertezas, risco de perigo, raiva, sendo derivada de um
processo de imaginação e antecipação do atleta em relação à competição. Ela interage
com outras facetas do comportamento que serão determinantes do rendimento. Assim,
cada atleta terá um nível ótimo de ansiedade; alguns precisam de altos índices e outros
de baixos índices de ansiedade para que o desempenho seja satisfatório. As diferenças
individuais em um gmpo são definitivas para o técnico na constatação do melhor
trabalho a ser feito. A identificação das causas de ansiedade é importante para a
compreensão de determinada manifestação, contribuindo assim nas escolhas das
estratégias de intervenção mais adequadas. O objetivo do trabalho foi verificar os
níveis de ansiedade dos atletas de três modalidades esportivas individuais: levantamento
de peso, judô e ciclismo, equipes essas vinculadas e treinadas nas dependências
Departamento de Educação Física da UFV e que competem regularmente. O instrumento
de análise utilizado foi o Teste de Ansiedade (SCAT, Martens,1977) composto por 15
afirmações relacionadas a como os atletas se sentem quando competem. A amostra foi
composta por 25 atletas. sendo 12 do judô, 5 do ciclismo e 8 do levantamento de peso.
Dessa maneira, foi possível analisar esses níveis de ansiedade comparando-os entre si
e com outros estudos realizados na área. Concluímos, assim, que os atletas do judô
apresentaram níveis de ansiedade de competição mais elevados que os atletas do ciclismo
e do levantamento de pesos. Isso se deve ao fato do perigo iminente relacionado ao
contato e dano físico possíveis ao qual tais atletas são submetidos. Em modalidades
que requerem altos níveis de esforço, como judô e levantamento de peso, os níveis de
ansiedade tendem a ser mais elevados. Esses níveis sofrem interferências de muitos
fatores, podendo variar de uma modalidade para outra, ou mesmo dentro da mesma
modalidade, dependendo da personalidade do atleta, de uma maior ou menor exigência
do técnico, do quão o atleta está treinado, do sexo, da idade, de pressões que o atleta
sofre da torcida e do próprio significado que a competição tem para o atleta. Daí a
amplitude do tema aqui proposto, visto que há grande dificuldade por parte dos técnicos
em reconhecer níveis ótimos de ansiedade. Os resultados levam a considerar que é
necessário suporte psicológico e preparo do técnico em relação aos atletas para suas
possíveis reações dentro da competição, fazendo com que ele possa identificar e
manipular seus próprios níveis de ansiedade a seu favor.
Acadêmicas do curso de Educação Física da UniversidadeFederal de Viçosa - Viçosa - MG
E-mail: [email protected]
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CORPOS ESCULTüRAISE ESCULRIRAS DE CORPOS
FRAGMENTW mÉ'ncos
Priscilla Kelly Figueiredo'; Andrea Morend
Tratar do corpo em toda sua conjuntura social, histórica com elementos
subjetivos-objetivos, num conjunto de anulações e afirmações, são alguns dos objetivos
do estudo do corpo baseado na obra de Camille Claudel, escultora francesa do século
XIX. Através do corpo podemos mostrar uma história contada pela cultura, sexualidade,
despojamento, sociedade, angústias, ambições, prazeres e mistérios. Através de uma
narrativa de imagens e palavras, tentar sensibilizar olhares contando histórias desse
corpo constituído através de um objeto de arte, moldado no silêncio, no imaginário
pictórico da autora, revelando-se em textos verbais e imagéticos. A sensibilidade e a
emoção caminham numa abstração de possíveis corpos construídos a partir de um
contexto de sociedade vigente, história pessoal da artista, dentre outros. O ímpeto da
nova ciência 6 aqui proposto através da apreciação de novas formas de ver a imagem,
a arte e o corpo. O imaginário divaga pelas formas dos corpos da artista, tornando-as
visíveis pela sua invisibilidade de significância e personagens, formando assim uma
trama de emoçbes numa Paris do século XIX. Esses corpos, dotados de representações
sociais, foram captados por Camille Claudel através do olhar, do detalhe, dos espelhos
parisienses que se enchem de formas, não aprisionando uma verdade, mas discutindo
as várias verdades a serem reinventadas através da narrativa histórica. Paris, suas ruas,
seus homens e mulheres foram apropriados pelos olhos de Camille Claudel, que os
detalhou, Ihes deu forma, modernizou e contemporizou relações diversas numa Belle
Époque de olhares e sensações. Disponibilizar ao expectador formas de fragmentar,
esquadrinhar o corpo, reparando-o estático ou dinâmico, em toda sua singularidade pluralidade. O texto visual vai dialogar com o expectador através dos sentidos, fazendo
da leitura da mesma algo dialético entre o imagktico do leitor e as intenções de Camille
Claudel. As imagens dos corpos nus retratados passam pela insinuação, irracionalidade,
devaneio, sonho de forma efêmera, mas decisivas no sentido de querer ser mostrada,
explicitando-se visualmente e textualmente. Portanto, o presente estudo propõe um
olhar histórico sobre o corpo numa obra de arte, uma dialética constante entre
pesquisador e artista. Neste, os valores, os corpos e os séculos se confundem num
exercício de brincar com as modelagens pela imaginação de figuras corporais dantes
intangíveis mas que aos poucos se aproximam de valores e conceitos já por nós
intemalizados, possibilitando assim a leitura do ontem no hoje. Narrar a obra de Camille
Claudel e seus corpos depende da história e do olhar de cada um.
'Acadêmica do curso de Educação Física da UFV, membro do grupo de pesquisa Ensino,
corpo e sociedade; 2Professora doutora adjunta do DES - Departamento de Educação
Física da UFV, membro do grupo de pesquisa Ensino, corpo e sociedade.
E-mail pkfí[email protected]
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, V. 10, n. 1, p. 237-486,2002
Subrina Cordeiro Cos~a';Atidréu Moreno'
Inúmeros são os indícios sobre o crescente interesse pelas questões do corpo. Embora
sempre tenha sido objeto de grande curiosidade em todas as épocas e para diferentes culturas, o corpo
nunca teve tanta visibilidade como em nossos dias, conforme tem demonstrado a mídia, particularmente
a televisiva. A adoraçáo do próprio corpo e a necessidade quase obsessiva de cuidar dele ganham
dimensões de uma nova religiáo: a corpolairia, em cujos novos templos - as academias, as clínicas de
estética - "reza" o individualismo e a futilidade. promovidos pelo capital e impostos pelo consumo
contemporâneo. Esse interesse se estende a pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, ao
perceberem a historicidade dos gestos humanos e dos cuidados corporais. sendo notório um crescimento
também na Educaçáo Física. Este trabalho teve a pretensão de contribuir para esse crescimento
atraves da utilimçâo de fontes "não-oficiais". considerando-se a possibilidade de utilização desse tipo
de fonte para o desenvolvimento de pesquisas (MELLO, 1998). Com base em VELLOSO (2000).
para quem as expressões artísticas estão em constante sintonia com os fatos históricos, é possível
afirmar que as manifestaçiks culturais, tais quais os discursos oficiais do poder, também oferecem a
sua contribuição. Essas manifestações podem fornecer, involuntariamente, dados importantes a
respeito de determinados aspectos das camadas sociais e da sociedade como um todo, dentre os quais
encontram-se seus valores e costumes, a partir das concepções dos membros da pr6pria sociedade.
Transformam-se, dessa maneira, em fontes alternativas capazes de contribuir para a captação de
novos elementos para o estudo de tais aspectos, possibilitando interpretações diferentes para os
mesmos dados. quando fornecidos por documentos oficiais. No caso do Brasil, o samba, presença
marcante na vida dos brasileiros desde o inlcio do seculo passado. possui Intima relação, conforme
comprovam suas letras. com os mais profundos e ambíguos sentimentos dos brasileiros, desde o amor,
a tristeza e a melancolia ate o prazer e o desejo, além dos sonhos de realização pessoal e profissional.
estando vinculado As questões sociais que lhe são contemporâneas. Enquanto expressão musical, o
samba tornou-se um slmbolo do Brasil. capaz de mostrar ao mundo sua terra e sua gente como
nenhuma outra manifestação cultural brasileira, tendo sido escolhido como fonte para o presente
estudo com o intuito de verificar como o corpo se manifesta em suas letras, confrontando-se os dados
obtidos com a literatura específica da Educação Física e de outras áreas de conhecimento que possam
igualmente contribuir. Inicialmente visto como divertimento vil e perseguido pelas classes dominantes
do final do século XIX, o samba é hoje capaz de seduzir e arrastar multidões por onde passa. com o
siatus de mais forte identificação do Brasil diante das culturas. Todos os anos milhares pessoas de
diversas regiões do Brasil e até mesmo do exterior se reúnem nos sambódromos do Rio de Janeiro e de
São Paulo. ou diante do televisor, para acompanhar os desfiles das principais escolas de samba das duas
cidades, durante o carnaval. Os estrangeiros. em especial, se comprazem diante do espetáculo de cores
dos carros aleg6ricos e das fantasias carnavalescas e se encantam com a maneira peculiar dos brasileiros
de dançar o samba. A dança toma-se, assim, uma linguagem universal em tomo da qual brasileiros e
estrangeiros, vindos de todas as partes do mundo. confraternizam-se numa festa alegre e irreverente.
Longe de desmerecer as mensagens expressas nas letras, a forte e empolgante batida das baterias e os
coros. elementos fundamentais enquanto desfila uma escola. é principalmente através do corpo que
é dado o "recado". O corpo, porém. não tem desfilado apenas os sentidos que pretendem transmitir
os compositores dos sambas. "Fala" de probIemas sociais ou fatos hist6ricos. expressa questões da
atualidade ou perspectivas para o futuro - em coreografias consonantes com as letras. Mas desfila,
também, beleza e sensualidade, que enchem o público de prazer e de desejos. E desfila, sobretudo, o
progresso tecnológico das cirurgias plásticas, do bronzeamento artificial e do silicone e o orgulho
resultante de meses de dedicação em academias de ginástica e clínicas de estética. Assim, demonstra
que continua sendo submetido a variadas formas de exploração pela ciência. pela indústria e pela núdia
e compreendido como lugar de distintas formas de manipulações.
'Acadêmica do curso de Educação Física da Universidade Federal de Viçosa. Membro de Grupo de
Pesquisa Ensino, Corpo e Sociedade. - ' Professora Doutora da Universidade Federal de Viçosa
E-mail: [email protected]~
R.Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 1, p. 237-486,2002
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Soliany Karol da Silva'; Andrea Morenoz
O presente trabalho trata de estudar como o esporte pode ser tratado
pedagogicamente para tornar-se conteúdo da educação física escolar. Com esse intuito
tratamos de dissecar o fenômeno esportivo tal qual se apresenta na história e na
contemporaneidade: analisando-o sob a perspectiva sociológica, antropológica, política,
fisiológica, econômica etc. Falar de um fenômeno é falar de coisas maravilhosas, de
pessoas surpreendentes, de algo que se sobressai, podendo significar também falar do
que está relacionado com a natureza. Será através da idéia de CULTURA que o fenômeno
esportivo foi discutido no presente estudo. Para melhor entender essa diferença de
natureza e cultura, C H A U ~(1999), diz: "...anatureza Po reino da repetição, a cultura,
o da transformação racional, é a relação dos humanos com o tempo e no tempo". Por
isso, estaremos nos atendo a uma perspectiva ampla do esporte. Abordamos também a
questão ambígua do esporte: esporte é e não é educação, é e não é droga, 6 e não é
saúde. Nesse sentido, compreender o esporte é como estar sentado em uma cadeira de
teatro, apreciando um espetáculo. É deslumbrar-se com uma encenação que fala: da
cultura, da história, do orgulho que as pessoas sentem em estar envolvidos nesse
espetáculo, é dizer de sentimentos tais como alegria, esperança, liberdade, prazer. É
também tratar de valores, de ética, de moral. Entretanto o fenômeno esportivo não é um
espetáculo que "termina". Na Modernidade, ganhou tal dimensão que, quer queiramos
ou não, estamos submetidos a ele todo o tempo. A mídia como criadora de mitos e de
fenômenos, possui sua ideologia perante o esporte, ocultando muitas vezes o real,mas
também carregando consigo diversas idéias-conceitos-valores. Não precisamos mais ir
a um estádio, ao ginásio de esportes para assistirmos a grandes espetáculos, porque os
meios de comunicação, principalmente a televisão, proporcionam todas as informações
necessárias e transmitem os principais jogos As pessoas. Nesse sentido, o esporte
tomou-se uma mercadoria como qualquer outra, para ser consumida. E como mercadoria
rentável gera muito interesse, assim como também rapidamente podemos "retirá-la" da
prateleira. Na medida em que não gera mais lucro, deixando de ser um produto a ser
consumido, descartamos tudo: a modalidade, os atletas, as pessoas nele envolvidas. A
influência da mídia no esporte traz A tona a questão da alienação. Até que ponto
escolhemos/decidimos autonomamente o esporte que queremos assistir, que gostamos,
que nos dá prazer em olhar? Refletindo sobre essas questões é que desenvolvemos
uma análise densa sobre o tema, pensando a maneira como ele tem sido ou como
poderia ser introduzido na escola.
'Acadêmica do curso de Educaçálo Física da UniversidadeFederal de Viçosa. Membro de Grupo
de Pesquisa Ensino, Corpo e Sociedade. - Professora da Universidade Federal de Viçosa Membro de Grupo de Pesquisa Ensino, Corpo e Sociedade
E-mail: [email protected]
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 1,p. 237-486,2002
A COPA DO MUNDO NO JAPÃO/CORÉIA-2002:
CONTRIBUIÇ~ESDA EDUCAÇÃO FÍSICA PARA ALUNOS DA
4' SÉRIE DA ESCOLA ESTADUAL MADRE SANTA FACE NO
MUNICÍPIO DE VIÇOSA-MG
Gilberto Cabra1 de Mendonça
O presente estudo é um projeto realizado com alunos da 4" série do
ensino fundamental da Escola Estadual Madre Santa Face no município de
Viçosa-MG. O futebol já é um esporte popular que atrai crianças dentro e fora
da escola, e principalmente em se tratando de ano de copa, gera expectativas
ainda maiores, envolvendo quase todo planeta. Assim, a escola principalmente
através da disciplina Educação Física, entende que sua função é transmitir
conhecimentos significativose contextualizados a todos os alunos. Conhecimentos
estes que auxiliem os alunos a compreender diferentes aspectos: o futebol
enquanto jogo com suas normas, regras e exigências físicas, técnicas e táticas;
o futebol enquanto jogo popularmente praticado; a forma de disputa da Copa;
quais os países participantes; quem são os jogadores que representarão o Brasil;
análise do comportamento dos jogadores em campo. Dessa forma, este
procedimento nos revelou a credibilidadeda disciplina Educação Física dentro
da escola, manifestada por pais, professores e alunos. Percebemos, assim, a
ampliação dos conhecimentos dentro da disciplina.
Especialista em Educação Física Escolar (UFV-MG) - Professor da Rede
Pública Estado de Minas Gerais.
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 1, p. 237-486,2002
249
EDUCAÇÁO FÍSICA: O ENSINO DO FUTEBOL NA
PERSPECTIVA CRÍTICO-SUPERADORA UMA CONSTRUÇÃO
COM ALUNOS DA ~ ' S É R I EDA ESCOLA ESTADUAL MARIA
APARECIDA DAVID NO MUNICÍPIO DE CANAÃ-MG
...
Gilberto Cabra1 de Mendonça
O presente estudo é um projeto realizado com alunos da 8" série do
ensino fundamental da Escola Estadual Maria Aparecida David, no município
de Canaã-MG, a partir do Mundial do JapãoICoréia-2002. Quando comecei
meu trabalho nesta escola, antes mesmo de discutir os conteúdos a serem
trabalhados, surgia por parte da maioria dos alunos o interesse pelo futebol
como conteúdo da educação física. Portanto o futebol é hoje para estes alunos
um dos conteúdos que mais despertam a atenção. O jogar futebol é uma prática
comum entre eles, mas, ao serem questionados sobre este esporte não
conseguem responder questões que exigem conhecimento sistematizado. Assim,
apresentei aos alunos uma proposta para fazermos um estudo acerca do futebol,
principalmente por ser ano de Copa do Mundo. Assim nascia o projeto; a cada
aula os alunos chegavam com mais dúvidas e questões, ampliando o trabalho.
Os objetivos traçados foram: ampliar os conhecimentos acerca do futebol; discutir
os aspectos tático e físico do futebol; discutir os aspectos sociais; discutir o
Mundial do JapãoICoréia-2002; e fazer uma análise a partir do contexto da
Copa do Mundo. O estudo foi feito mediante uma análise envolvendo diferentes
aspectos, como: o futebol enquanto jogo com suas normas, regras, exigências
físicas, técnicas e táticas; o futebol enquanto espetáculo esportivo; o futebol
enquanto processo de trabalho que se diversifica e gera mercados específicos
de atuação profissional; o futebol enquanto jogo popularmente praticado; e o
futebol enquanto fenômeno cultural que inebria milhões de pessoas em todo o
mundo e, em especial, no Brasil. Contudo, a partir de diferentes aspectos
trabalhados, foi possível fazer o aluno entender que o ensino do futebol na
escola é mais do que "jogar futebol", embora o "jogar futebol" seja elemento
integrante das aulas de Educação Física.
Especialista em Educação Física Escolar (UFV-MG)
Pública Estado de Minas Gerais.
250
- Professor da Rede
R. Min. Educ. Fís.,Viçosa, v. I O, n. 1, p. 237-486.2002
METODOLOGIA DO ENSINO: UMA ANÁLISE DO DISCURSO DOS
PROFESSORES DE EDUCAÇÃOFÍSICA DA GRANDE VIT~RIA
Elisa Barcellos da Cunha e Silva; Valter Bracht
O estudo buscou identificar quais as metodologias utilizadas pelos
professores, nas aulas de Educação Física, das escolas públicas da região
metropolitana. A partir das recentes discussões pelas quais vem passando a
educação física, ela tem tomado novos rumos no que diz respeito às metodologias.
E por mais propostas pedagógicas estejam sendo discutidas hoje no âmbito
acadêmico, não está claro se elas estão difundidas no cotidiano escolar. O
surgimento dessas novas propostas e os lançamentos de bibliografias em busca
de uma modificação ou de uma atualização da Educação Física escolar não
implicam que ela está sendo realmente modificada na prática. O objetivo deste
estudo foi verificar quais as metodologias que professores da rede pública da
Grande Vitória têm utilizado em suas aulas. A metodologia utilizada para a
presente pesquisa foi feita a partir de dados levantados no estudo "Diagnóstico
da Educação física escolar no estado do Espírito Santo", que é uma
pesquisa empírica de caráter descritivo que se valeu de técnicas quantitativas e
qualitativas,realizado pelo Laboratório de Estudos em Educação Física (LESEF).
No presente estudo, utilizei as entrevistas dos professores das escolas públicas
da região metropolitana da Grande Vitória. Das 19 escolas participantes na
pesquisa, foi possível obter dados de 16. Dessa forma, os dados referir-se-ão
às 16entrevistas dos professores da área de Educação Física. Verificamos,por
meio das entrevistas, que quase nenhuma referência às novas propostas
metodológicas foram feitas. Percebe-se que mesmo aqueles professores que
responderam à pergunta sobre a metodologia que utilizam não conseguiram
deixar claro sua linha de ação, sua metodologia. Através dessas respostas não
consegui visualizar de maneira clara qual a metodologia utilizada por esses
professores. Penso que, mesmo não citadas, encontrarei nas aulas desses
professores indícios de algumas dessas metodologias, quando analisar o exemplo
de aula dado por eles. É importante salientar que este estudo ainda se encontra
em andamento e, por isso, está sujeito a novas conclusões.
Universidade Federal do Espírito SantoILaboratório de Estudos em Educação
FísicaNitória -ES
E-mail: [email protected] 1 www.ufes.br1-lesef
R.Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10,n. 1, p. 237-486,2002
25 1
O PERFIL DOS ALUNOS DE PERSONAL TRAINING NA CIDADE
DE VIÇOSA - MINAS GERAIS
Rodrigo Willian Ferreira
O Personal Training tem sido uma das áreas da Educação Física de maior
destaque nos últimos anos. Apesar da grande divulgação e procura por esta
especialidadeda área, existem poucos estudos referenciando este assunto. Nesse
sentido, formulou-se este estudo, tendo como principal objetivo traçar o perfil
dos alunos de Personal Trainer na cidade de Viçosa-MG. Com uma amostra
de 24 alunos de Personal Training, sendo 14 mulheres e 10 homens, aplicouse um questionário validado por 3 professores-validadoresdo Departamento de
Educação Física da Universidade Federal de Viçosa. Após tratamento estatístico,
utilizando-se a freqüência relativa das respostas, chegou-se às seguintes
considerações: as principais características dos alunos de Personal Training
são: entre as mulheres, a maioria tem mais de 25 anos, são profissionais liberais
e casadas. Entre os homens, são comerciantes e empresários e têm mais de 30
anos; tanto os homens quanto as mulheres se importam com a forma física do
Personal Trainer e com a importância que este dá aos objetivos e necessidades
dos alunos; o Personal Trainer deve primar pela conscientização do aluno
para a qualidade de vida, como hábito da prática diária de exercícios físicos,
diminuição do lazer passivo, incentivo aum estilo de vida ativo, ou seja, mostrar
que eles são mais que simples alunos, mas sim beneficiários de uma vida mais
saudável.
Universidade Federal de Viçosa - Viçosa - MG
E-mail: [email protected]
252
R. Min.Educ. Fís., Viçosa, v. 10,n. 1, p. 237-486,2002
PREVALÊNCIA DE DIABÉTICOS EM INDIV~DUOSINSERIDOS
EM PROGRAMAS DE ATIVIDADES FÍSICAS EM ACADEMIAS
Renato Lima Júnior'; Alexandre Salimena'; Rogério Bergamaschine';
Glauber Silva'; Leisiane Gomes'; Renata Pereira'; Sérgio Carvalho J K ';
Renato Miranda2; Maurício Bara Filho2
O diabetes é uma doença que se caracteriza pela alta concentração de
glicose na corrente sanguínea. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes
(2002),7,8% da população brasileira é portadora desta doença. Nesse contexto,
a atividade física vem sendo considerada como um dos pontos básicos no
tratamento de seus portadores, pois reduz o índice de glicose no sangue, aumenta
a sensibilidade da célula à insulina e controla outros problemas relacionados
com a doença, como obesidade e hipertensão. Diagnosticar a prevalência de
indivíduos portadores de diabetes que se inserem em programas de atividades
física em academias. O presente estudo caracterizou-se como um levantamento
normativo epidemiológico e retroativo. A partir do banco de dados de três
academias de Juiz de Fora - MG foram coletados dados de 7 18 indivíduos que
se inseriram em um programa de atividades físicas no ano de 2001, buscando
identificar os portadores de diabetes. A estatística descritiva demonstrou que a
idade média da amostra pesquisada é de 29,5 r+ 11,5 anos. Dos 718 dados
analisados, constatou-se que 12 são diabéticos (1,67%), sendo 8 homens e 4
mulheres, tendo prevalência maior entre os homens de 20 a 30 anos (5 casos).
De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que as atividades físicas
em academias ainda é pouco procurada por portadores de diabetes, podendose atribuir esta baixa freqüência a fatores como nível socioeconômico, interesse
por outros tipos de atividades e falta de orientação adequada.
I
Acadfmicos de Educação Física da Universidade Federal de Juiz de ForaMG; Professores da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal
de Juiz de Fora
E-mail: [email protected]
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 1, p. 237-486,2002
253
PREVALÊNCIA DO TABAGISMO EM INDIVÍDUOS INSERIDOS
EM PROGRAMAS DE ATIVIDADES FÍSICAS EM ACADEMIA
Luciana Ferreira'; Victor Frizeiro'; Leisiane Gomes'; Renata Pereira';
Sérgio Carvalho Jr. '; Renato Miranda2; Maurício Bara Filho2
O tabagismo é um mal que atinge considerável parcela da população
mundial. Isso pode ser constatado através de inúmeras doenças diretamente
relacionadas ao fumo, como câncer d e pulmão, úlcera, enfisema e
arteriosclerose. Segundo Cooper (In: NIEMAN, 1999), "fumantes que praticam
exercícios aeróbios tomam-se mais conscientes de como o tabagismo diminui a
capacidade de processar oxigênio", ou seja, se cansam mais facilmente que
seus companheiros não-fumantes. A prática de atividades físicas tem sido
relacionada a inúmeros benefícios para fumantes e ex-fumantes, como melhoria
das funções cardíaca e pulmonar, diminuição do risco de doenças ligadas ao
tabagismo, diminuição do stress, combate ao ganho de peso e abandono do
vício. Diagnosticar a prevalência do tabagismo em indivíduos que se inseriram
em programas de atividades físicas em academias. O presente estudo
caracterizou-se como um levantamento normativo, epidemiológico e
retrospectivo. A partir do banco de dados de três academias da cidade de Juiz
de Fora foram coletados dados de 718 indivíduos que se inseriram em um
programa de atividade física no ano de 2001, no que se refere aos seus hábitos
relacionados ao tabagismo. A estatística descritiva demonstrou que a idade
média da amostra pesquisada é de 29,5 I11.5 anos. Foram constatados 70
casos de indivíduos fumantes (9,8% da amostra), dentre os quais 41 indivíduos
(58,696) são do sexo feminino e 29 (41,4%) do sexo masculino. A maior
prevalência de indivíduos tabagistas foi encontrada na faixa etária dos 30 aos
40 anos (n = 24; 34,3%), sendo eles 13 homens (1 8,5%) e 11 mulheres (15,7%),
seguida pela faixa etária dos 20-30 anos (n = 21; 30%), dos quais 7 homens
(10%) e 14 mulheres (20%). Observa-se que, entre indivíduos praticantes de
atividades físicas em academias, a prevalência de tabagistas é maior em mulheres
e em indivíduos na faixa etária dos 30-40 anos. O número considerável de
fumantes indica que profissionais de Educação Física devem estudar e conhecer
as relações entre atividades físicas e o fumo para que possam planejar
adequadamente o tipo, a duração e a intensidade dos exercícios para esse grupo
em questão.
2
l~cadêmicosde Educação Física da Universidade Federal de Juiz de Fora-MG; Professores da
Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Juiz de Fora
e-mail:[email protected]
-
254
-
-
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 1, p. 237-486,2002
Renata Veiga'; Cristiane Guimarães'; Leisiane Gomes'; Renata Pereira';
Sérgio Carvalho Jr. '; Renato Miranda2; Maurício Bara Filho2
As doenças cardiovascularesrepresentam um complexo de mais de 20
diferentes doenças que envolvem o coração e seus vasos sanguíneos; a principal
delas é a doença coronariana, que tem como fator subjacente a aterosclerose.
Estudos evidenciam que a atividade física regular pode proteger contra o
desenvolvimento desta doença que atinge 25% da população americana, além
de poder melhorar a probabilidade de sobrevida após um ataque cardíaco, uma
vez que mantém sob controle os outros fatores de risco, como: obesidade,
diabetes, hipertensão, tabagismo e hipercolesterolemia; além do fato de que ,
em indivíduos treinados, o coração é maior e mais forte e suas coronárias são
mais largas e complacentes, aumentando, portanto, sua função
cardiorrespiratória. Diagnosticar a prevalência de Cardiopatas inseridos em
programas de atividades físicas em academias. O presente estudo caracterizouse como um levantamento normativo, epidemiológico e retrospectivo. A partir
do banco de dados de três academias da cidade de Juiz de Fora foram coletadas
informações sobre a presença de cardiopatia em 7 17 indivíduos que se inseriram
em programas de atividades físicas em academias. A partir da estatística
descritiva dos dados, observou-se que a idade média dos 717 indivíduos é de
29,5 11 1,5 anos. Constatou-se que apenas seis apresentam cardiopatia, dos
quais três são homens e três são mulheres, não havendo, portanto, predominância
de gênero, representando menos de 1% da população estudada. A baixa
incidência de cardiopatas em academias pode estar relacionada a problemas
socioeconômicos, à omissão de dados, à pouca informação sobre a possibilidade
da existência desta patologia em indivíduosjovens e à prescrição de atividades
físicas por médicos cardiologistas, não se descartando a hipótese de que
frequentadores de academias já se encontram inseridos em outros programas
de atividades físicas.
I
Aca!êmicos de Educação Física da Universidade Federal de Juiz de ForaMG; Professores da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal
de Juiz de Fora
E-mail: [email protected]
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10,n. 1, p. 237-486,2002
255
Alexandre Carvalho da Siva'; Ebener dos Santos Pinto2
A contemporaneidade nos revela a importância da prática regular de uma atividade
ffsica para o afastamento de doenças cardíacas, diabetes, obesidade e outros males, além de essa
prática contribuir para a qualidade de vida. A análise critenosa da existência de programas de
atividade física e lazer que busquem atingir as chamadas minorias sociais merece atenção especial.
Mais especificamente, avaliar o tratamento dado ao público idoso que cresce comprovadamente
a cada ano e o acesso destes a programas de atividade física e lazer são os principais objetivos
deste trabalho. A condiçáo de idoso em nosso país preocupa todos aqueles estudiosos que
centralizam suas pesquisas nesse público. Os dados atuais apontam para o descaso quase total do
poder público com as questões sociais, culturais e econômicas pertinentes à população idosa. A
conseqüência dessa situação é o quadro de isolamento social a que os idosos são submetidos. A
sociedade em geral vê no idoso um ser frágil e solitário em que essa imagem "pré" conceituada náo
condiz com o imenso valor que um idoso possui em nossa sociedade. O poder público parece não
estar preocupado em administrar medidas que visem a melhora do padrão de vida da maioria dos
idosos. São poucos os idosos que conseguem manter um padrão de vida compatível com a
realidade, em que os equipamentos básicos de saúde, alimentação, habitação, transporte e lazer
atendem dignamente as necessidades reais cotidianamente. Um outro fator preocupante é a falta
de iniciativas para a criação e desenvolvimento de programas de atividade física e lazer direcionados
exclusivamente aos idosos. A importância da implantação de tais programas não está restrita aos
benefícios fisiológicos e sim a afirmação da condição humana inerente a todo ser humano, onde a
diminuiçãodas desigualdadesé uma máxima constante entre os estudiosos do assunto. A questão
do lazer também é desanimadora. A palavra lazer sugere muitos significados, mas podemos
considerar o Iúdico e o prazer como a essência do termo, porém não únicos. Com isso, não
estamos desconsiderando a dimensão tempo, apenas entendemos que ela sozinha não nos fornece
elementos suficiente para compreender o lazer. Frequentemente associamos um maior
aproveitamento do tempo por parte dos idosos, mas esquecemos que boa parte deles continua
trabalhando informalmente no intuito de complementar a aposentadoria - quando a possui - e
manter um padrão de vida digno, o que não significa que eles consigam isso. O ideário de uma
sociedade produtivista, que valoriza os seus membros somente pela sua capacidade produtiva,
implica uma das muitas formas de discriminação a que os idosos são submetidos. Contudo, o
quadro atual da situação do idoso no Brasil aumenta na mesma proporção que essa população.
Podemos fazer o seguinte questionamento: se atualmente o quadro é esse relatado acima, o que
esperar daqui a cinco, dez, quinze anos, caso não aconteçam melhorias "gerais" - sociais,
econômicos e culturais - para os idosos? Nesse ponto, os profissionais de educação física dão a
sua parcela de contribuição ao administrarem suas aulas direcionadas aos idosos, em que atingem
positivamente o "quesito" estilo de vida referente à busca constante por uma melhor qualidade de
vida. Diante das conseqüênciasinegáveis do processo de envelhecimento- que é influenciadopor
diversos fatores - no ser humano, atribuímos um valor dobrado à prática de atividade física e à
vivência do lazer quando feito pelos idosos. Por fim, afirmamos que a criação de condições para
os idosos praticarem atividade física e viverem o lazer deve ser ponto de destaque para os
profissionais de educação física, além de fazer com que mais profissionais acolham o trabalho
com esse público.
Professor de educasilo fflsica; Pós-Graduando em Fisiologia do Exercicio pela UGFiRJ; 'Professor de
educasao física; Coordenador de Ginhtica Laboral da Kraf Eventos Esportivos e Culturais;
e-mail: aleeefd@zi~mail.com.b~
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10,n. 1, p. 237-486,2002
Alba Pedreira Meira; Adriano Gonçalves da Silva; Janaína Fernandes Alvarenga
Em Viçosa, Minas Gerais, podemos notar uma ausência de políticas públicas
de lazer na linha de gestão compartilhada. Essa busca, em sua essência, discutir, planejar
e executar as vivências juntamente com a população. Como em Viçosa tal iniciativa não
acontece por parte do poder público, sentimos a necessidade de desenvolvermos uma
pesquisa-ação nesse sentido. Entendemos que a pesquisa e açãolintervenção não
devem ser tratadas de forma estanque, uma vez que a intervenção é que nos permite
dialogar com mais profundidade com a realidade e a pesquisa nos permite apropriar
desse diálogo de uma forma mais crítica. Não cabe somente ao poder público instituir a
co-gestão, mas também a sociedade pode se "movimentar" e se organizar para construíIa, podendo gerar, caso essa movimentação social seja analisada e avaliada, diretrizes
para a construção de políticas públicas. Nosso papel como investigadores nesse processo
não é somente saber, estudar e analisar, mas também intervire questionar. Assim, nosso
objetivo foi investigar os avanços, limitações e contradições dos fundamentos da cogestão e os efeitos de intervenções de lazer baseadas nessa concepção. A pesquisa
está sendo desenvolvida no bairro Bela Vista (Morro do Pintinho), o qual foi escolhido
por: a) ser economicamentecarente, b) ter demonstrado grande interesse pela proposta,
e c) apresentar uma associação de moradores estruturada. Consideramos que esses
fatores são fundamentais para uma investigação que pretende trabalhar "com" e não
"para" a comunidade. Utilizamos como procedimentos metodológicos observações
participantes e entrevistas semi-estruturadas, visando obtenção de dados sobre a
comunidade, seus espaços e equipamentos de lazer, bem como realizamos intervenções
segundo os pressupostos da "Ação Comunitária". Os resultados nos permitem inferir
que as pessoas do bairro apresentam concepçõesdiversificadasa respeito do significado
da palavra lazer. Para alguns, lazer significa distração ou fuga da rotina de trabalho, para
outros "lazer é coisa de criança"; ainda outros o relacionam a um lugar ou a um dia
" á w de lazer; manhã de lazer", e poucos vislumbram suas possibilidades educacionais.
Observamos também uma precária utilização dos espaços públicos específicos de lazer
na comunidade-alvo, que são duas quadras localizadas no Colégio ESEDRAT, uma
praça e um campo de aterro. Desenvolvemos várias reuniões na perspectiva de refletir
sobre a apropriação e importância do lazer na realidade local. As discussões buscam
auxiliar na formação de cidadãos mais conscientes do contexto no qual estão inseridos,
capazes de questionar e criar novas possibilidades de práticas sociais mais humanas.
Realizamostambém várias vivências Iúdicas, bem como uma atividade impacto em parceria
com a comunidade. Acreditamos que. se o indivíduo assume uma postura crítica perante
ao lazer, ele poderá transferir esse comportamentotambém para outras áreas de sua vida
Departamento de Educação Física1 UFV,membros do grupo de pesquisa Ensino, Corpo
e Sociedade.
E-mail: [email protected]
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 1,p. 237-486.2002
Alessandra Zanetti; Silvio Ricardo da Silva
O presente trabalho teve como objetivo apresentar ao meio acadêmico
uma opção de conteúdo físico-esportivodo lazer, o pára-quedismo. Trata-se de
uma atividade esportiva que vem crescendo muito, devido às suas particularidades.
É um esporte que reúne emoção, superação de limites e descoberta da natureza
de forma privilegiada. A natureza toma-se protagonista da história. Através
dela os esportes radicais ganham características únicas, existindo, pois, uma
integração harmoniosa entre os adeptos do pára-quedismo e o meio ambiente,
fazendo com que aqueles assumam um lugar na paisagem. Seus corpos tomarnse a extensão desse cenário. Nesse momento, o que se vê é justamente essa
harmonia. Nada se cobra, nem o pára-quedista quer vencê-la, nem a natureza
quer desafiá-lo. Há uma troca mútua, os pára-quedistas adquirem consciência
de que é preciso conservar o meio natural, e a natureza oferece o que tem de
melhor, sua paisagem. Quando se chega ao solo, tudo o que se quer é voltar a
saltar. Talvez essa relação indiscutível e fascinante com a natureza, repleta de
emoções, é que leve tantas pessoas a praticar essa atividade. A importância
desse trabalho traduz-se pela possibilidade de mostrar que o pára-quedismo é
uma opção de lazer. Sua prática proporciona não só o divertimento e o
relaxamento, como também o desenvolvimento pessoal e social, no que diz
respeito à importância e preservação da natureza.
Departamento de Educação Física1W,membros do grupo de pesquisa Ensino,
Corpo e Sociedade.
E-rnail: [email protected]
258
R.Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 1, p. 237-486,2002
Grace Angélica de Oliveira de Gomes; Maria Lúcia de Castro Polisseni
O presente trabalho trata de uma reflexão crítica sobre a prática esportiva na formação
postural do adulto jovem a partir da análise de estudos correlacionados. Observou-se
que, se de um lado, não há dúvidas sobre os grandes benefícios que a prática de
esportes pode proporcionar aos indivíduos, por outro, em especial no que diz respeito
ao verdadeiro processo de construção em que se constitui a postura humana, parece
não se ter a mesma clareza.
Ao focalizar as avaliações posturais realizadas em crianças e jovens praticantes de
atividades esportivas, pôde-se constatar que os resultados apontaram para grande
relevância de alterações posturais na maioria dos indivíduos.
Dentre os trabalhos revisados, destaca-se um grande estudo promovido pelo "Ministério
Extraordinário dos Esportes", de 1996, talvez o maior estudo já realizado do gênero no
Brasil, em que foram avaliados 1.306 atletas, em 8 modalidades. Foi constatado grande
percentual de atletas com os mais diversos tipos de alterações, indicando sobretudo a
hipertrofia e o desenvolvimento heterogêneo dos grupos musculares como possíveis
responsáveis pelas alteraçóes na estrutura óssea e, em especial, pelo aparecimento de
escolioses.
De fato, a repetição de um mesmo gesto unilateralmente pode levar ao desenvolvimento
de uma escoliose postural, pois há uma sobrecarga da musculatura utilizada. Esse fato
já foi constatado, por exemplo, em praticantes de natação do estilo crawl, respirando
unilateralmente, com mais de 4 anos de prática.
Para praticantes de judô, no entanto, parece que a técnica de preferência por si s6 não
pode ser apontada como responsável por desvios específicos, embora a avaliação
desses atletas tenha revelado que sua prática sistemática possa ter efeito negativo
sobre o desenvolvimento postural.
Muitos outros estudos procuram também relacionar a questão funcional dos movimentos
desportistas com desvios específicos. É o caso da constatação de grande incidência de
dor lombar em esportes que exigem grandes flexibilidades,como a GRD.
Pela diversidade de práticas analisadas, parece ser necessária maior atenção no que se
refere aos efeitos das práticas motora sobre o aparelho ósteomuscular, devendo o
profissional de Educação Física, principalmente nos esportes de base, promover um
trabalho mais consciente que englobe exercícios de compensação para oportunizar o
treino de habilidades com os dois membros, além de também realizar um trabalho
cinestésico, a fim de que os indivíduos sejam conscientes do uso de seu corpo. podendo
se auto-educar e, enfim, se beneficiar no que diz respeito à formação postural.
UFJF-Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora. Minas Gerais
graceangel @ uaimail.com.br
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 1,p. 237-486,2002
259
EFEITOS DA AÇAO TERAPÊUTICA DO SHIATSU S O B R E OS PADRÕES
DE DESARMONIA ENERGÉTICA MANIFESTADOS NA MOBILIDADE
DA COLUNA CERVICAL
Carlos Soares Pemambuco; Estélio Henrique Martin Dantas; Marcio Rodrigues Baptista; Rodrigo
de Souza Vale; Cláudio M. Castilho; Sandm G.Aredes; Rosilane da Silva
A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) utiliza um processo de identificação das
desarmonias para nortear todas as manifestações clínicas; para isso é necessário um discernimento
básico dos quadros formados por todos os sinais e sintomas para formar um panorama global. que
C chamado de Padrão (MACIOCIA, 1996). No conceito ocidental, a palavra Padrão " tende a
indicar uma estrutura estática fixa, contrastando com o conceito chinês de uma associação de
relações e funcionais. A palavra padrão t usada no conceito chinês enfatizando o movimento e
não estruturas fixas existentes em um dado momento das transformações. As estruturas que
temporariamente são geradas pelas mudanças são de interesse secundário em relação A mudança
primária (ROSS, 1994). Há vários métodos utilizados na identificação dos padrões que são
aplicados em diferentes situações e foram elaborados em épocas diferentes. Uma dessas formas
são os fatores patogênicos externos, que são relacionados com: vento, frio, calor, umidade, secura
e fogo. Estáo intimamente relacionados as estações climáticas e s6 se tornarão causas patológicas
quando o equilíbrio ou homeostase entre organismo e o meio ambiente t afetado. DANTAS
(1998) define homeostase como o estado de equilíbrio instável mantido entre os sistemas
constitutivos do organismo vivo, e o existente entre este e o meio ambiente, e afirma que a
homeostase pode ser rompida por fatores internos, oriundos do córtex cerebral, ou externos,
como calor, frio, variações de pressão esforço físico ou traumatismos. A MCT em seus conceito
básicos afirma que uma manifestação clínica causda pelo vento e o frio imitam a ação destes na
natureza, tanto interna como externamente. As principais manifestações clinicas do vento e frio
são: afetam a parte superior do corpo; e causam ridigez e dor occipital (MACIOCIA. 1996).
Podemos associar esses sinais a cefaltia e a dores musculares na região occipital e limitação de
movimento. Quando DANTAS (1998) exemplifica que, como queda da temperatura de repente,
o organismo sofrerá uma vaso constriçáo periftrica e uma vasodilatação esplênica aocmpanhado
de aumento do metabolismo, isto nos explica as alterações energtticas causada pela invasão de
vento frio (MACIOCIA, 1996). Nesses casos, é recomendada a aplicação de shiatsu utilizando
técnicas tonificantes para promover o fluxo de sangue no local e sedativas para promover o
relaxamento muscular. O presente estudo objetivou avaliar os efeitos da ação terapêutica do
shiatsu sobre os padrões de desarmonia energttica manifestados na mobilidade da coluna cervical
utilizando ttcnicas de sedação e tonificação e verificar se haverá aumento da mobilidade articular
atravts de um tratamento inferencial. Foram escolhidos sujeitos de ambos os sexos, com idade
de'X=38,15 Il3,95, anos que apresentavam alguma queixa de limitação da mobilidade articular
da coluna cervical por tensão ou outro motivo, respeitando os crittrios de contra-indicação ao
shiatsu. Foi aplicado o teste de Rotaçãoda Coluna Cemical do protocolo de goniometria (DANTAS
et ai., 1997);goniômetro da marca CARCI - Brasil. logo após foram aplicadas técnicas de shiatsu
em toda a área posterior do pescoço, ombros e região dorsal, e s6 então foram retestados. Podese afirmar que houve melhora significativa da mobilidade articular da coluna cervical após a
aplicação das ttcnicas do shiatsu, isto foi observado através da estatística inferencial mostrando
ao utilizar o teste t para um p<O,O5 obtivemos um diferença de 'X = 6,IS" 5568".
"
PROCIMH - Programa de Ciência da Motricidade Humana -Universidade Castelo Branco
Email: carlospemambuco @globo.com
R.Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 1,p. 237-486,2002
A EDUCAÇÃO F~SICANO COLÉGIO DE VIÇOSA (1944-1980): UM OLHAR
PARA A HIST~RIA.
Anderson da Cunha Baía; Andréa Moreno
O Colégio de Viçosa foi, durante muito tempo, a principal instituiçáioeducacional
dessa cidade. Ali estudaram cidadãos ilustres e comuns que hoje ocupam o cenário
viçosense: na política, na Universidade, na cultura, no comércio. A presente pesquisa
teve como objetivo geral resgatar a história da Educação Física no Colégio de Viçosa.
Como objetivos específicos, buscamos respostas para algumas perguntas, como: Por
que a Educação Física foi incluída como disciplina?; Em que moldes era praticada?;
Como eram as aulas?; Desde quando se firmou como prática educativa?; Quais os
conteúdos ministrados?; Qual era o embasamento das aulas?. O estudo se baseou em
entrevistas orais, com ex-professores e ex-funcionarios do Colégio, e em fontes
documentais - arquivos do Colégio de Viçosa da 33' SRE de Ponte Nova. TambCm foi
possível resgatar com os entrevistados fotos da época, uniformes da Educação Física,
jornais, diários de classe, o que nos permitiu reconstruir importantes passagens da
história do Colégio. Foram realizadas 12 entrevistas e analisadas 9 caixas de arquivos.
Este estudo classifica-se como uma pesquisa histórica de abordagem qualitativa, a qual
se desenvolveu na interface com três tireas: História. Educação e Educação Física.
Cabe-nos esclarecer que concentramos esforços na busca de fontes que nos dessem
subsídios para entendermos como se dava o ensino de modo geral no Colégio de
Viçosa e, em especial, como se desenvolvia a prática da Educação Física nesta instituição.
A pesquisa nos mostrou que o Colégio de Viçosa foi fundado em 1" de outubro de 1913,
com a denominação de Gymnásio de Viçosa. Em 7 de março de 1944, foi transformado em
Sociedade Civil, passando a ser denominado de "ColCgio de Viçosa". Esta instituição
atravessou três crises financeiras (1929, 1931 e 1957) ao longo de sua história. Em 1986,
não conseguiu superar a crise pela qual passava e teve como conseqiiência a sua
falência. Sobre a Educação Física observamos que: nunca esteve inserida como parte
representativa do projeto pedagógico do Colégio; era uma disciplina entendida como
um apêndice das demais disciplinas; náo consideravam a importância desta disciplina
como conteúdo necessário h noção de totalidade do conhecimento; não cumpria o seu
papel de transmissora dos conhecimentos que lhe era pertinente; reduzia-se a cumprir
as exigências legais; as aulas eram divididas em 3 partes. como nos treinos militares; o
seu conteúdo era, inicialmente, a ginástica, sendo aos poucos acrescentado o esporte;
havia a exigência de uniforme tanto nas aulas de Educação Física quanto nas práticas
esportivas sistematizadas; o esporte, como pratica sistematizada, era visto como mais
importante do que a Educação Física; o esporte estava inserido no Colégio de Viçosa
desde sua criação através da AECV - Associação Esportiva do Colégio de Viçosa;
havia uma postura sexista nas aulas; além da formação precária para os professores
desta disciplina.
Pesquisa financiada pelo CNPqIpibic.
Departamento de Educação Física - UFV - Grupo de pesquisa: Ensino, Corpo e Sociedade
E-mail: [email protected]
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 1, p. 237-486,2002
CONTRADIÇ~ESTEÓRICO- METODOL~GICASDO CURSO DE
EDUCAÇÃOF~SICADA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
CATARINA - IDENTIFICANDO SUAS DIREÇÕES
Ari Lauarotti pilho
A Educação Física escolar vem sendo discutida há algum tempo sob vários
aspectos. Um dos mais complexos e polêmicos, porém necessário para promover
uma prática consistente e situada, são questões teórico - metodológica
(epistemologia). Estudos como os de GAMBOA (1994) e SILVA (1990 e 1997)
apontam para um amadurecimento da área da Educação Física na década de 1990,
ao direcionar sua atenção para as questões epistemológicas. Nesse sentido, nas
monografias de final de curso podemos encontrar elementos que podem conter,
implícita ou explicitamente, traços epistemológicos, suas orientaçóes, direções e
conseqüentemente influências na prática pedagógica dos futuros profissionais1
professores de Educação Física. Esta pesquisa teve como objetivo buscar um
delineamento epistemológico das monografias do Curso de Licenciatura em
Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina no período de 1992 a
1995, identificando as tendências predominantes, analisando, assim, a direção
teórica destas produções e suas conseqüências para a prática pedagógica. Foram
analisadas 123 monografias, correspondendo ao total das defendidas nesse período.
Para identificar a predominância teórico-metodológica do curso de Licenciatura
em Educação Física da UFSC, foram enfocados, nas monografias em questão, os
seguintes elementos: formulação do problema, formulação dos objetivos, modelo
de exposição, desenvolvimento da pesquisa e seu conjunto. Depois de catalogadas,
foram organizadas segundo a predominância teórico-metodológica e agrupadas
em categorias analíticas. As bases teórico-metodológicas encontradas nas
monografias foram as seguintes: positivismo - 38,2%, fenomenologia - 34,9%,
materialismo dialético - 4 3 % e ecléticas - 21,9%. Quanto às temáticas, se
apresentaram em número de nove: esporte - 24,39%, atividade física e saúde 20,32%, educação física escolar - 17,7%, lazer - 9,75%, currículo do curso de
educação física da LFSC 8,94%,metodologia de ensino - 4,8%, desenvolvimento
motor - 4,06%, avaliação profissional - 5,69% e educação física especial - 4,87%.
Vimos que há um vazio teórico entre as orientações epistemológicas e a prática
pedagógica. Sobre a direção teórica, os estudos referentes ao esporte e à atividade
física e saúde são hegemônicos. A grade curricular, que seria uma síntese de um
projeto de cum'culo não apresenta esta característica fundamental, indicando a
falta de uma teoria pedagógica.
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Universidade Federal de Goiás Faculdade de Educação Física Goiânia - Goiás
e-mail: euecoa@hotmail .com
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R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10,n. 1,p. 237-486,2002
LEXTUUSIMBÓLICA DOESPETÁCULO ESPORTIVO: OS RITUAIS NA COPA
DO MUNDO 2002
E. R. H. Martin; G. D. Almeida; R. A. Almeih; L. C. Correu; D. S. Esteves; Z. A. Ferraz;
O. Gomes; G. t? A. Libório; E t? C. Oliveira; G. A. A. Silva
Propomos neste estudo uma incursão exploratória no mundo dos símbolos e
rituais seculares que permeiam os espetáculos esportivos, colocando em tela o
Campeonato Mundial de Futebo112002. Apoiando-se nos pressupostos teóricos de
Geertz, este estudo norteou-se pela ancoragem da ação a seu sentido, tendo como
essência o fato inelutável de que a cultura é formada essencialmente por rituais e
paradigmas subjacentes. O nosso objetivo central focalizou-se em desvelar alguns
sentidos nas manifestações dos rituais no cenário futebolístico, baseando-se nos
seguintes pressupostos: que o espetáculo esportivo oferece ricos repositórios de rituais;
que os rituais representam um papel crucial e inerradicável no conjunto da existência
dos atores envolvidos; e que as dimensões variadas do processo ritualístico são
intrínsecas aos eventos e transações da vida institucional e na tessitura da cultura
esportiva. Apoiamo-nos, tambtm em Víctor Tuner, um destacado e brilhante expositor
do processo do ritual, o qual diz que "os rituais são sementeiras quentes para a mudança;
que os rituais não apenas definem limites, eles evocam um movimento fásico em uma
cultura". Dessa maneira, o conceito de rituais foi lido a partir de um novo deslocamento
de sentidos, unindo demonstração gestual, significado simbólico i~ construção da
realidade, em vez de simplesmente refletir a realidade. Neta primeira "copa do mundo"
do stculo XXI,em que o mundo imagttico está repleto de revoluções tecnológicas de
comunicação, o mundo todo assistiu a um espetáculo simbólico e nós o tomamos como
uma investigação qualitativa, procedendo a uma leitura além do que possam ser
considerados os rituais prototipicos do espetáculo esportivo (cerimonial de abertura,
os hinos nacionais, troca de flâmulas, a dinâmica do jogo, cumprimentos, premiações, a
conquista da Taça, etc.), a fim de situar a dinâmica do processo do ritual tanto nas
características teatrais do evento como nas várias formas de utilização dos rituais,
compreendendo que estes simbolicamente transmitem as ideologias sociais, culturais e
econômicas, examinando-se os símbolos-chave e os paradigmas subjacentes ao
processo ritualístico. Os rituais, nos revelaram, inscreveram-se tanto na estrutura
superficial" quanto no "jogo profundo" acalentado pelos interesses das esferas
econômicas e da cultura esportiva. Nos permitiu postular uma crítica, atravts dos
questionamentosdos sistemas simbólicos, & retórica corporal, mitos e ritos, auxiliandonos a explorar o campo cultural do futebol, tanto de forma tácita, como também manifesta
na transmissão de mensagens ideológicas, religiosas e míticas.
Faculdade de Educação Física e DesportosIUFJF
E-mail:
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10,n. 1 , p. 237-486,2002
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PERCEPÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR SOBRE A
AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO F~SICA
Eliete do Carmo Garcia Verbena e Faria
Este trabalho buscou identificar a percepção que alunos da 3a e da
séries do ensino fundamental, pais e professores da Escola Municipal Marília
de Dirceu - Juiz de Fora - têm sobre a avaliação sistematizada em Educação
Física. Para a sua realização foi necessário: a) discutir com a comunidade
escolar a avaliação como instrumento de conhecimento sobre a aprendizagem
nas aulas de Educação Física; b) utilizar fichas de observação; c) realizar
entrevistas com pais, alunos e professores; e d) apresentar, semestralmente,
aos pais e alunos uma ficha individual,denominada "boletim de Educação Física".
Este contém informações sobre participação. cooperação e responsabilidade
paracom as aulas, sendo avaliados com base em conceitos: plenamente suficiente
(PS), suficiente (S) e insuficiente (I). De sua realização e das apresentações
em reuniões escolares, pudemos destacar alguns pontos: 1) Com relação aos
alunos: percebemos mudanças nas atitudes durante as aulas, maior motivação
e ansiedade para o conhecimento sobre a sua atuação; 2) Para pais e professores:
a utilização da avaliação deixou clara a importância desta, desde que não seja
para a simples apuração de notas. O boletim significou a'realização concreta
da avaliação, proporcionando um clima de maior responsabilidade. Portanto,
ficou explícita uma mudança na percepção da comunidade escolar sobre a
Educação Física e sobre a avaliação, demonstrando ser esta importante para o
bom desenvolvimentodo processo ensino-aprendizagem, quando utilizada com
seriedade e de forma significativa.Isso possibilitou a criaçãode um novo conceito.
Secretaria Municipal de Educação - Juiz de ForaIMG
E-mail: [email protected]
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R.Min. Educ. Fís.. Viçosa, v. 10,n. 1, p. 237-486,2002
Antonio Sérgio Santos Sant'Ana; Patrícia Natália Ribeiro Soares
É comum no meio acadêmico diversas queixas de como lidar com adolescentes,
visto que nesta fase da vida o corpo passa por alterações consideráveis no aspecto
biopsicossocial. Nesta perspectiva, a nossa inquietação diz respeito à indisciplina na
sala de aula, mais especificamentenas aulas de Educação Fisica, que, por características
próprias, é diferenciada das outras disciplinasoferecidas pela instituição escolar. Assim,
percebemos que vários fatores se associam e influenciam o comportamento adolescente,
como: as experiências oferecidas aos jovens pela sua cultura, o que denotará um época
tormentosa ou branda; a influência da família; as mutações sociais e culturais; o nãoacompanhamento da escola às mutações anteriores citadas, o que recai no surgimento
de novas atitudes e valores (ou falta deles) - influência sobretudo da mídia; as
transformações oriundas dos flagelos sociais; a dificuldade de comunicação entre
professorlalunolfuncionáriosda escola, principalmente pela carência de afeto; a rigidez
institucional (incluindo a falta de espaços livres - pátio - para a movimentação
espontânea do aluno, que acaba sentindo-se "sufocado"), entre outros. Portanto, o
objetivo maior desta produção científica foi suscitar discussao acerca das causas e
consequências da indisciplina na sala de aula e apontar algumas reflexões que venham
conrribuir para a prevenção elou minimização dos efeitos destas manifestações quando
já instaladas, ocorrências estas que se tornaram um verdadeiro desafio para o
desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem nos dias atuais. Para isso realizamos
uma revisão bibliogrifica (livros e revistas) com o propósito de ventilar as indagações
obscuras acerca da temática como processo metodológico. Enfim, por termos em vista
que a redimensão da Educação Ffsica como cultura corporal propicia questionamento
da pritica pedagógica no processo ensino-aprendizagem segundo o favorecimento da
educação do movimento e que a referida área do conhecimento tem buscado
desvencilhar-se da manipulação ideológica dominante, a fim de que possa enfatizar as
dimensões: cultural, social, política, psicológica e afetiva, presentes no corpo vivo, isto
6, no corpo das pessoas, que interagem e se movimentam como sujeitos e como cidadãos.
Acreditamos que o trabalho do professor, seja em sala de aula ou em qualquer outro
ambiente, não requer que o educando permaneça estático, calado, obediente, uma vez
que a indagação é uma forma de aprendizagem,contexto em que a dúvida e a curiosidade
são as principais fontes de motivação à aprendizagem, pois implica inquietação e o
desejo de conhecimento. Logo, a questão fundamental está na transformação deste
tipo de turbulência, desta desordem, em uma nova ordem.
Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, Bahia
E-mail: [email protected]
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 1,p. 237-486,2002
KARATÊ X TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS: UM ESTUDO DAS
PRATICAS DE ENSINO DOS MESTRES DA GRANDE VITÓRIA
Yúri Márcio e Silva Lopes; Otávio Tavares
O caratê 6 uma luta que tem origens milenares e com o passar dos
anos, veio se transformando, ao mesmo tempo que mantém tradições que até
hoje permeiam suas aulas. O processo de ocidentalização fez o caratê assumir
características do esporte moderno e reforçar práticas de ensino que se
aproximavam da pedagogia tradicional (LIBÂNEO 1990).A motivação deste
estudo partiu deste contexto e teve por objetivo investigar o tipo de prática de
ensino de 'mestres' desta luta em academias. Nesse sentido, realizamos um
estudo sobre a prática pedagógica de professores de caratê de academias da
Grande Vitória (ES).A metodologia adotada consistiu de aplicação de entrevistas
semi-estruturadas e observação direta das aulas. Os dados coletados
evidenciaram que os conteúdos são tratados de maneira dogmática; a
metodologia é baseada em explicação oral e demonstrações do professor,
seguidas da repetição exaustiva pelos alunos; a relação professor-aluno
favoreceu unilateralmente as decisões do professor; a avaliação tenta constatar
os conteúdos ensinados; consequentemente, o aluno tende a agir de forma
repetitiva e acrítica. Em síntese, podemos concluir que o valor da tradição e a
esportivização do caratê são fatores impeditivos para a adoção de práticas
pedagógicas mais críticas e significativas.
Universidade Federal do Espírito Santo - Vitória- ES
E-mail: [email protected]
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R. Min.Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 1, p. 237-486.2002
ANÁLISE DA PREDISPOSIÇÃO A QUEDAS, EM IDOSAS QUE
PRATICAM ATIVIDADE FÍSICA (ALONGAMENTO E
GINÁSTICA LOCALIZADA) E IDOSAS QUE NÃO PRATICAM
Sandra Helena Mayworn; André Nascimento Monteiro; FátimaFigueiredo
da Conceição; Estélio Dantas
O presente estudo teve como objetivo verificar a presença de quedas
em idosas acima de 55 anos que praticam exercício físico, comparadas com as
que não praticam. Para o desenvolvimento do estudo participaram 102senhoras,
divididas em dois grupos: um do "Grupo de Terceira Idade" do SESC (Serviço
Social do Comércio) e outro de senhoras sedentárias, ambos de Nova Friburgo,
cidade serrana do Rio de Janeiro. A metodologia compreendeu estudo descritivo,
de processo de saúde, em que a amostra foi submetida a um questionário
fechado. Os resultados apurados apontaram que: 14,83%das idosas que praticam
atividade física relataram quedas, em comparação a 58,4% das que não praticam.
Estes resultados permitem concluir que existe uma predisposição a quedas,
relacionada à hipomobilidade comumente aparente na terceira idade em função
da falta de atividade física.
Fisioterapeuta, Professora da UNESA; - Profissional de Educação Física e
Fisioterapeuta; Fisioterapeuta, Especializada em Geriatria, Professora da
UNESA; Orientador da Pesquisa.
E-mail: sanavworm@i~.com.br
e [email protected]~
R.Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10,n. 1, p. 237-486,2002
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PROGRAMA DE HIDROGINÁSTICAPARA QUALIDADE DE VIDA
Elen Machado Rodrigues; Eliere Verbena; Jorge Roberro Perrour de Lima
Muitas pessoas procuram programas de atividade física, como a
hidroginástica, por exemplo, com o objetivo de melhorar sua qualidade de vida.
Os programas desenvolvidos com tal objetivo deveriam propor atividades não
somente para melhorar o condicionamento físico, mas também deveriam se
preocupar com o impacto dessas atividades no cotidiano dos alunos. Programas
voltados para a qualidade de vida deveriam, então, incluir, em sua avaliação,
instrumentos que
conhecer alguns aspectos do cotidiano de seus
alunos. O objetivo deste trabalho foi observar em quais atividades do cotidiano
os alunos do Programa de Hidrogindstica da Universidade Federal de Juiz de
Fora enfrentam maior dificuldade de realização. Foram observadas três turmas
de hidroginástica com um total de 58 alunos, sendo 7 homens e 5 1 mulheres,
com idade de 44 t 17,5 anos (13 a 77 anos). Aplicou-se um questionário, no
qual, além de responder sobre seus hábitos alimentares, utilização de
medicamentos e patologias, os alunos deveriam relacionar as tarefas de seu
cotidiano em que encontravam maiores dificuldades de realização. As tarefas
com maior incidência de queixas foram: subir escada e morro, lavar e passar
roupas, passar pano e varrer, agachar e levantar, conforme mostra a tabela
abaixo.
O conhecimento dos resultados do levantamentodas dificuldades permitiu que
fosse montado um programa de exercícios de força, flexibilidade e potência
aeróbia que pudesse ter algum impacto nas tarefas em que os alunos relataram
as maiores dificuldades. Ao final do semestre de aulas do programa de
hidroginástica será feito um levantamento para identificar o progresso que os
alunos obtiveram na execução de suas tarefas diárias.
Laboratório de Avaliação Motora da Universidade da Federal de Juiz de Fora
- MG- Brasil
E-mai1:Jperrout@ faefid.ufjf.br
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10,n. 1, p. 237-486,2002
Juliana Tardio Frederico, Liege Coutinho Goulart, Elen Machado Rodrigues, Kátia
Josiany Segheto, Luciana Vigiane, Ellen Cristina Marques, Jorge Roberto Perrout
de Lima
Os benefícios da atividade física para a saúde estão amplamente demonstrados
na literatura. Mesmo assim, a quantidade de pessoas inativas é muito grande. Nos
últimos tempos, tem se investido muito em campanhas e programas de mobilizem as
pessoas para se tornarem ativas. Também, têm sido estudados, extensivamente,
problemas relacionados à adesão aos programas de atividade física. É conhecido que
os programas tradicionalmente desenvolvidos em academias e clubes não conseguem
manter uma adesão satisfatóriade seus alunos. É preciso desenvolver novas abordagens
para os programas de atividade física, de forma a solucionar o problema de baixa adesão.
O objetivo deste trabalho foi estudar alguns aspectos relativos à adesão de um grupo
de 9 pessoas, membros de uma mesma família, que participam de um programa que
poderia ser chamado de Ginástica em Família. O grupo é formado por quatro homens e
cinco mulheres, com idades média de 25,l anos (14 a 47 anos). As aulas têm sido
ministradas há dez meses, sem nenhuma evasão, no prédio onde mora a maioria dos
participantes e, eventualmente,em parques e outros locais públicos. Foi feita a estimativa
do percentual de gordura do grupo no terceiro e no nono mês;, no décimo mês, aplicouse um questionário em que, entre outras questões, os alunos relatavam as vantagens de
participarem de um programade atividades físicas em família. O percentual de gordura
no terceiro mês foi de 18,9 I3,2% reduzindo-se, no nono mês, para 16,2 I3,3% @ < 0.05).
As principais vantagens de participar de um programa em família, destacadas pelos
alunos, foram:
1) Estar com pessoas conhecidas com as quais têm afinidade.
2) Existência de um ambiente agradável e descontraído em que se tem mais liberdade
para realizar as atividades.
3) Comodidade de estar na sua própria casa.
Considerando a melhora da condição física dos alunos, que pode ser inferida a partir da
redução do percentual de gordura, a adesão ao programa e o grau de satisfação dos
alunos, pode se concluir que o programa Ginástica em Família é uma alternativa atraente
e viável de programa de atividade física a ser oferecido para famílias, moradores de
prédios e condomfnios. Os resultados deste estudo também podem servir de orientação
na montagem de outros programas de atividades físicas, ou seja, um programa de
sucesso, além da melhoria da condição física dos alunos, deve buscar a construção de
um ambiente agradável e de bom relacionamento entre as pessoas e o oferecimento de
condições que garantam comodidade aos alunos.
Laboratóriode Avaliação Motora da Universidade da Federal de Juiz de Fora- MG- Brasil
E-rnail: [email protected]
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 1, p. 237-486.2002
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P ~ T I C A SAUDÁVEIS
S
POR ADOLESCENTES RECÉM-INGRESSOS EM
CURSOS DE GRADUAÇÃODA ÁREA DE SAÚDE: EXPECTATIVAOU REALIDADE?
Valéria Crisrina Ribeiro Vieira;Sílvia Eloíza Priore; Sônia Machado Rocha Ribeiro; Sylvia do
Carmo Castro Franceschini.
O ingresso na universidade pode levar a modificações no estilo de vida dos indivíduos.
Essas, por sua vez, podem influenciar a saúde deles, especialmente quando são adolescentes e
estáo vivenciando pela primeira vez a experiência de morar sem a família. Estudo de VIEIRA et
al. (2002),com adolescentes(C20 anos) recém-ingressos em uma universidade pública de Minas
Gerais, revelou que 56.8% não eram adeptos da prática de atividade física e 39,2% haviam
abandonado ou reduzido essa prática após o ingresso na universidade. Por outro lado, 73.5%
relataram consumir bebidas alcoólicas, dentre os quais 24.3% tinham iniciado ou aumentado o
consumo após ingressar na universidade. Diante de tais resultados, considerou-se pertinente
investigar a possível influência do fato de ter ingressadoem um curso da área de saúde sobre os
aspectos do estilo de vida citados. Para isso, selecionaram-se, desse mesmo estudo. estudantes do
curso de Educação Física (n=12) e Nutnção (n=31),a fim de compará-los com os adolescentes
dos demais cursos (n=142)quanto h prática de atividade física e ao consumo de bebidas alcoólicas.
Os dados foram obtidos por meio de entrevista, analisados utilizando-seo sofiware Epi Info 6.04
e submetidos ao teste do qui-quadrado, para verificação de significância estatística, sendo
considerado significante p < 0.05. Em relação h prática de atividade física, observou-se que,
dentre os estudantesda área da saúde, 55,8% tinham esse hábito, contra 39.43% dos adolescentes
dos demais cursos, porém a diferença não foi significante (p=0,08). No entanto, quando se
consideraram apenas os estudantes de Educaçáo Física, foi verificada diferença estatisticamente
significante (p=0,001),tendo 91,7% desses alunos relatado prática de atividade física (excetuandose a curricular)contra 39,9% dos demais. O mesmo não ocorreu quando se levou em conta apenas
os estudantes de Nutnção, tendo-se encontrado percentuais semelhantes quando estes foram
comparados com os dos demais cursos (41,9 e 43,5%, respectivamente). Por outro lado, quando
as mesmas comparações foram feitas considerando-seo consumo de bebidas alcoólicas, nenhuma
diferença estatisticamentesignificantefoi encontrada. Entretanto, os valores percentuais chamam
a atenção, uma vez que, quando comparados com os demais adolescentes, os estudantes de
Nutriçáo apresentaram valores percentuais maiores (83.9% contra 71,4% dos demais) e os de
Educação Física, menores (50% contra 75,1% dos demais). Tais resultados permitem supor que,
para esses adolescentes, o fato de ter optado e estar iniciando um curso da área de saúde, por si
só, parece não influenciar aspectos específicos do estilo de vida, quais sejam prática de atividade
física e consumo de bebidas alcoólicas. Contudo, estar iniciando o curso de Educaçáo Física
parece relacionar-se mais a esses aspectos, principalmente h prática de atividade física. Embora
esse achado possa ser consideradoesperado, devido &s próprias características do curso (poderia
"atrair" mais esportistas), ressalta-se que o mesmo também poderia, de maneira análoga, ser
esperado para o curso de Nutnção, no que se refere ao consumo de bebidas alcoólicas, mas não foi
verificado. Sugerem-se, portanto, estudos mais detalhados com esses adolescentes, abordando
motivações e concepções acerca de saúde e práticas saudáveis, inclusive considerando-as ao
término do curso, para contrastar com esse período inicial.
Apoio:PIBIUCNPq
Departamento de Nutnção e SaúdelüniversidadeFederal de ViçosaNiçosa-MG.
E-mail: [email protected]
270
R. Min. Educ. Fís.,Viçosa, v. 10, n. 1. p. 237-486,2002
PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS, POTÊNCIA MÁXIMA E LACTATO
SANGUÍNEO EM ATLETAS DE ESPORTES COLETIVOS DO SEXOMASCULINO
COM DIFERENTES N ~ L DE
S MATURAÇÃO BIOL&ICA
Suziane Peixoto Santos; Aline Araújo Ávila; Karina Elaine S. Silva; Cícero de Araújo
Santos; Carnila Nassif- Leonel; Luciano Sales Prado
A capacidade anaeróbica parece estar mais estreitamente associada ao
desenvolvimento biológico que à idade cronológica na adolescência. Assim, o objetivo
deste estudo foi comparar variáveis antropométricas, potência máxima e concentração
máxima de lactato sanguíneo entre atletas do sexo masculino com diferentes níveis de
maturação biológica. Foram avaliados 54 jogadores de basquetebol, voleibol, handebol
e futsal, participantes de uma competição colegial de nível nacional, classificados de
acordo com o nível de maturação biológica (desenvolvimento de pêlos pubianos),
segundo a escala de Tanner. Foram determinados estatura, massa corporal total,
percentual de gordura e índice de massa corporal (IMC). A potência máxima e a potência
máxima relativa foram medidas durante exercício em intensidade subjetiva máxima de 15
segundos de duração realizado em cicloergometro. Amostras de sangue (20 ml) foram
coletadas do dedo médio da mão, para determinação da concentração sanguínea de
lactato 3 minutos pós-exercício. Foram obtidos três diferentes níveis de maturação,
sendo T2 (n=13), T3 (n=17) e T4 (n=24). Os atletas em T2 foram significativamente mais
baixos e mais leves que em T3 e T4, sendo os atletas em T4 maiores e mais pesados que
em T3 (p<0.05). O percentual de gordura não foi diferente entre os grupos, apesar de o
IMC em T2 ter sido significativamente menor que em T4. Os indivíduos classificados
em T4 apresentaram maior potência máxima que os voluntários em T3 e T2,assim como
os indivíduos em T3 apresentaram potência maxima significativamente maior que T2.
Contudo, a potência máxima relativa não foi diferente entre os grupos, assim como as
concentraçóes de lactato sanguíneo pós-exercício. Os dados obtidos neste estudo
indicam que, embora os parilmetros antropométricos estudados e o desempenho possam
ser diferentes entre os grupos, a concentração maxima de lactato não aparenta estar
associada à maturação biológica na amostra estudada.
Tabela 1 - Variaveis antropométricas, de desempenho e concentração de lactato sanguíneo
em diferentes níveis de maturação biológica (T2, T3 e T4)
-.
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Financiamento: Capes, SNUMET
Eswla de Educaçào Física, Fisioterapia, Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte. Minas Gerais - Brasil
E-mail: [email protected]
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10,n. 1, p. 237-486,2002
27 1
ÍNDICE DE MASSA CORPORAL EM ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO
F~SICA ANÁLISE TRANSVERSAL DOS ÚLTIMOS 7 ANOS
-
Rodrigo Eduardo Schneider; Paulo Roberto S. Amorim
As relações entre o excesso de gordura corporal e a incidência de
doenças cardiovasculares têm sido foco de inúmeros estudos. O fndice de Massa
Corpórea (IMC) é hoje o indicador sugerido pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) em estudos epiderniológicos. O objetivo deste estudo foi avaliar o estado
nutricional de estudantes de Educação Física da UFV nos anos de 1995 a 2001.
A amostra foi constituida por 157 mulheres (M) (20 a 34 anos; X=22,7 + 2,5) e
145 homens (H) (19 a 37 anos; X=23,5 I
3,3). Para coleta dos dados utilizou-se
a padronização descrita por LOHMAN et al. (1988) para o IMC. Aplicou-se a
ANOVA + TUKEY (p<0,05) entre os valores de IMC para ambos os sexos,
entre os 7 anos estudados. Os resultados permitiram concluir que: a) não houve
diferenças estatisticamente significativas (DES) entre as M; b) entre os H,
verificou-se DES entre os anos de 2001 e 1995,2001 e 1997,2001 e 1998,2001
e 1999,2001 e 2000; c) 23,5% dos H no ano de 2001 foram classificados em
sobrepeso, além de ser o único ano a apresentar ocorrência de obesidade I
(6%); e d) não foram encontradas DES entre as idades. Essas averiguações
refletem níveis adequados do IMC entre as M, bem como para maioria dos H.
Mesmo considerando as limitações do IMC, deve-se alertar aos futuros
profissionais que a importância da atividade física na qualidade de vida passa
fundamentalmente por mudanças comportamentais, não estando o professor
de educação física isento desse processo.
Universidade Federal de Viçosa - Viçosa - MG -Departamento de Educação
Física Laboratório de Performance Humana - LAPEH
E-mail: [email protected]
272
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10,n. 1, p. 237-486,2002
ANALISE
DOS CONCEITOS DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA
DE PROFESSORES, ALUNOS E FUNCIONÁRIOS DO CURSO DE
EDUCAÇÃO FÍSICA DA UFV: UM ESTUDO COMPARATIVO
Israel Teoldo' ; Paulo Roberto dos Santos Amorim2; Dietmar Martin
Ssmulski3; Varley Teoldo Costa4; Franco Noce5
O conceito de saúde (S) pode ser definido como uma multiplicidadede
aspectos do comportamento humano voltados a um estado de completo bemestar físico, mental e social. Qualidade de vida (QV), por sua vez, seria a
percepção em relação à vida dentro de um contexto cultural e de valores que
estão intimamente ligados a seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações diárias. Objetivou-se avaliar os conceitos de S e QV de
professores (P), alunos (A) e funcionários (F) do curso de Educação Física da
UW. O instrumento utilizado foi questionário de Saúde & Qualidade de Vida
(SAMUSLKI e NOCE 1998). Foram avaliados 121 indivíduos, sendo 93 A, 12
P e 16 F. Os resultados demonstraram que o temo S foi relacionado pelos A à
QV (2,88), atividade física (2,87) e alimentação (2,87). Os P associaram S a
bem-estar geral (2,92), alimentação (2,83) e atividade física (2,83). Já os F
associaram S à alimentação (2,81), bem-estar mental (2,81), equilíbrioemocional
(2,75) e higiene (2,75). A análise mova oneway e o post-hoc scheffe test
detectaram diferenças significativas (p<0,000) nos termos: esporte, entre A e
P; e atividade física, entre os grupos A e F. O conceito de QV foi relacionado
pelos A a boa saúde (36,55%), bem-estar físico (34,40%),bem-estar emocional1
ausência de estresse (33,3396). Os P a contatos sociais (58,33%), bem-estar
físico (50%) e bem-estar emocional/ausência de estresse (50%). Os F
relacionaram o conceito de QV aos termos prazer de trabalhar (3 1,25%), lazer
(25%) e boa alimentação (25%). Concluiu-se que para A e P a S está mais
associada aos aspectos físicos e, para F, mais aos aspectos psicológicos. Em
relação a QV, os A e F definem seus conceitos mais voltados para os aspectos
físicos e psicológicos, e os P, mais para aspectos sociais.
Apoio: LAPES/CENESP/UFMG
'Graduado em Educação Física pela UFV; 2LAPEH-UFV/Viçosa-MG;
3LAPES-CENESP -UFMG/Belo Horizonte - MG; 4UNI-BHlBeloHorizonte
- MG; 5FUNORTE/MontesClaros -MG
E-mail: [email protected])
R.Min. Educ.Fís., Viçosa, v. 10, n. 1, p. 237-486,2002
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COMPORTAMENTO DA FLEXIBILIDADE EM MLKHERES DE MEIA-IDADE
SUBMETIDASA UM PROGRAMA DE ATIVIDADES F ~ I C A S
Igor César Ramos de Andrade' Silvia Maria Saraiva Valente Chiapeta2
O processo de envelhecimento populacional está se tornando cada vez mais
evidente em nosso país. Hoje, o Brasil possui cerca de 47 milhões de pessoas com mais
de 40 anos, número este que tende a triplicar em 2020, de acordo com dados do ultimo
censo do IBGE (2000). O envelhecimento é algo preocupante devido aos inúmeros
problemas a ele correlacionados. sendo a flexibilidade um deles, pois esta ligada
diretamente aos níveis de autonomia deste indivíduo. Com o avanço da idade há grande
comprometimento nas articulações, podendo ocasionar prejuízos no aparelho locomotor.
A perda da flexibilidade ocasionada pelo envelhecimento ocorre pelo fato de os tendões,
ligamentos e músculos se tornarem menos elásticos, o que geralmente se deve ao
conteúdo corporal de água diminuído e, ou, à substituição de fibras elásticas por fibras
de colágeno. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi verificar os efeitos de um programa
de atividade física na flexibilidade de mulheres de meia-idade. O estudo foi realizado
com 45 mulheres com média de idade de 55 anos, em boas condições de saúde e aptas
à prática de atividade fisica perante apresentação de atestado mtdico. A proposta de
trabalho foi constituída de um programa de ginástica (aeróbica, localizada e exercícios
de flexibilidade). As aulas foram realizadas nas dependências do Departamento de
Educação Flsica da Universidade Federal de Viçosa, com a regularidade de quatro vezes
por semana (segunda a quinta) e duração de uma hora e trinta minutos por sessão. A
flexibjlidade foi desenvolvida através de exercícios combinados em rotinas, que
estimulassem a amplitude articular e a elasticidade muscular, sendo avaliada de acordo
com o teste "Sentar e Alcançar" (Johnson e Nelson, 1979). computando-se a melhor das
três tentativas. Ao longo de um ano foram realizadas quatro testes: agosto de 2001 (TI),
dezembro de 2001 (T2), fevereiro de 2002 (T3) e julho de 2002 (T4); sendo que entre T2
e T3 o grupo se encontrava de "férias", ou seja, sem treinamento algum. A análise
estatistica dos dados foi feita atravts do teste "t" para amostras dependentes.
Diante do exposto, conclui-se que o programa de atividade física proposto pode minimizar
as perdas de flexibilidade provenientes do processo de envelhecimento, já que
encontramos aumento não significativo dessa qualidade física. Vale ainda ressaltar que
devemos pensar alternativas que minimizem o impacto do envelhecimento sobre a
qualidade de vida das pessoas, planejando e implementando politicas que apóiem
programas desta natureza elou voltados a essa população.
'Acadêmico do curso de Educação Física
de Educação Fisica - UFV.
E-mail: [email protected]
274
- UFV e bolsista do CNPq.; *Departamento
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 1, p. 237-486,2002
COMPOSIÇAO
CORPORAL DE JUDOCAS: ASPECTOS RELACIONADOS AO
DESEMPENHO
Edmar iucerda Mendes; Sabrina Pinheiro Fahrini; Ciro José Brito; João Carlos Boirzns Marins
O conhecimento do percentual de gordura para os judocas é um fator importante tanto
para o atleta com para o treinador. Judocas devem ter percentual de gordura entre 5 e 16%
(WILMORE e COSTILL, 2001). O percentual de gordura indica até quando o judoca pode
reduzir seu peso sem perder massa magra. Este estudo teve como objetivo verificar se existe
diferença significativa entre as composições corporais em judocas do sexo masculino, pertencentes
a três categorias. Foram selecionados de forma aleatória atletas que participaram do Campeonato
Brasileiro de Judô organizado pela LNJ (Liga Nacional de Judô), realizado em novembro de 2001
na cidade de Poços de Caldas - MG. Foram avaliados 87 judocas, sendo, 40 da categoria juvenil,
21 dacategoria júnior e 26da categoria sênior, que foram separadosem 2 categorias de análise, de
acordo com as categorias de peso, até 73 kg e acima de 73 kg, idade e estatura. Realizaram-se as
medidas de três dobras cutâneas: triciptal, subescapular e peitoral. pelo protocolo de Jackson e
Pollock (1985). citados por GUEDES e GUEDES (1998). empregando um compasso Hapenden
(~escorfb).Os resultados obtidos são apresentados no Quadro I :
Quadro I - Composição corporal de atletas de judô.
Juv -Juvenil, lun - Junior, Sên - Sênior.
Para verificar a existência de diferenças significativas entre as variáveis apresentadas no estudo,
realizou-se o "teste t de Student" em nível de significância p < 0,05.Os resultados indicam qu,e o
IMC (fndice de Massa Corporal) aumenta significativamente h medida que aumenta a categoria de
peso corporal e a idade dos atletas. A MCM (Massa Corporal Magra) aumenta significativamente
?I ?edida que os atletas sobem as categorias de peso, entretanto não houve diferença significativa
?I medida proporção que sobe a idade dos atletas nas categorias junior e sênior até 73 kg e juvenil
e sênior acima de 73 kg. A média do percentual de gordura aumenta de maneira significativa
idade,
i
verifica-se aumento significativo
medida que se elevam as categorias de peso. Em relação ?
no percentual de gordura corporal à medida que os atletas ticam mais velhos, exceto entre os
atletas júnior e sênior acima de 73 kg. O menor percentual de gordura encontrado em um atleta
correspondeu a 7,3%, o que permite concluir que ainda é possível estabelecer um programa de
emagrecimento com os judocas, melhorando provavelmente o seu desempenho na luta. Observase ainda que a média do percentual de gordura das categorias de peso juvenil até 73 kg e acima de
73 kg. e júnior até 73 kg se encontram dentro dos limites sugeridos para judocas (WILMORE e
c o s n L L , 2001 1.
LAPEH -Laboratório de Performance Humana - UFV
E-mail: pdlames8bol.com.br
R.Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10,n. 1,p. 237-486,2002
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AVALIAÇÃODO PERCENTUAL DE GORDURA E ÍNDICE DE
MASSA CORPORAL EM PACIENTES HEMODIALISADOS
Henrique Novais Mansur; Denise Mafra; Vinícius Oliveira Darnasceno
O percentual de gordura e o índice de massa coporal (IMC) são
importantes fatores para predição do estado nutricional em pacientes com doença
renal crônica diaiisados. O objetivo deste estudo foi determinar o percentual de
gordura e IMC em pacientes submetidos à hemodiálise. Foram estudados 15
pacientes (8 homens e 7 mulheres), com média de idade de 47,14 I22,l anos,
que faziam hemodiálise 3 vezes por semana. Foram coletados peso, altura e as
seguintes pregas cutâneas: bíceps, tríceps, subescapular e supra-ilíaca. A partir
desses dados foi estimado o percentuai de gordura através do protocolo proposto
por Durnin e Womersley (1974), que utiliza o somatório destas quatro pregas.
O IMC foi obtido a partir do peso e da altura. Os pacientes deste estudo
apresentaram uma média de IMC de 22,36 + 3,35 kg/m2;dois pacientes ( 13,3%)
estavam desnutridos e cinco (33,3%) apresentavam sobrepeso. A média do
5,85% e, nas mulheres,
percentuai de gordufi corporal nos homens foi de 16.63 I
de 34,6 I7,35%, com 2 homens e 6 mulheres apresentando valores acima do
recomendado (até 25% para mulheres e 20% para homens). Concluímos com
este trabalho que a maioria de pacientes do sexo feminino apresenta alto
percentuai de gordura corporal, diferentemente do observado para os homens.
Assim, maior atenção deve ser dada aos pacientes quanto ao percentual de
gordura, visto que tanto valores abaixo ou acima do recomendado podem
acarretar danos relacionados à desnutrição, bem como a doenças
cardiovasculares.
NIEPEN - Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisa em Nefrologia da
Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF.
E-rnail: [email protected]
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R. Min. Educ. Fis., Viçosa, v. 10, n. 1, p. 237-486.2002
COMF'ARAÇÃO DE VARIÁVEISANTROPOMÉTRICASE ~ S I C A SDE ATLETAS ENTRE
12 E 14 ANOS DO GÊNERO MASCULINO PRATICANTES DE ESPORTES COLETIVOS
L u c i a ~de Martin-Silva; Emerson Silami-Garcia; Camila Nassij Laonel
A capacidade de desempenho esportivo está relacionada, entre outros fatores, a
parâmetros antropomdtricos e físicos,os quais, por sua vez, dependem da idade cronológica e do
nível de maturação, principalmente quando se trata de atletas em idade escolar. Um dos
procedimentos utilizados no esporte com a finalidade de garantir igualdade entre os competidores,
que I? a organização de competições por faixas etárias, não impede que atletas com diferença de
idade de at6 dois anos se defrontem em eventos esportivos. O objetivo do presente estudo foi
comparar a estatura (EST), a massa corporal (MC), a distância de lançamento de uma bola
medicinal de 3 kg (BM) e o tempo gasto em uma conida de 20 metros (TE) de atletas com idade
entre 12 e 14 anos, participantes de um evento esportivo de âmbito nacional. Participaram do
estudo 222 atletas do gênero masculino praticantes de uma das seguintes modalidades esportivas
coletivas: voleibol, basquetebol, handebol e futsal. A massa corporal foi medida, em kg, utilizandose uma balança da marca WELMYâ, com precisão de 100 gramas. A estatura foi medida por meio
de um estadidmetro acoplado A balança e graduado em 0.5 cm. Os atletas trajavam apenas short
durante as medições. O arremesso frontal de uma bola medicinal de 3 kg e a comda de 20 metros
avaliar, respectivamente, a força muscular de membros superiores e o tempo
foram usados
gasto pelos atletas para realizar a corrida. Na modalidade futsal, houve diferença significativa em
estatura, força e tempo entre os atletas com idade de 12 anos (EST = 148.6 i 11,6 cm; BM =
321,O I 64,2 cm; TE = 334 i 0,19 s), 13 anos (EST = 157,3 i 8,6 cm; BM = 403, O I68,9 cm;
TE = 3,33 i 0,16 s) e 14 anos (EST = 165,4 I 7,9cm; BM = 446,s 174,s cm; TE = 3,18 i 0.17s).
Para a massa corporal. a diferença significativa foi encontrada entre os atletas com idades de 12
anos (40.8 i 10,O kg) e 14 anos (54,O I 9,3 kg) e entre os atletas com idades de 12 anos (40,8 I
10.0 kg) e 13 anos (48.0 I 9.8 kg). Na modalidade voleibol. houve diferença significativa na
estatura, massa corporal, força e tempo entre os atletas com idade de 12 anos (EST =158,0 I 7.9
cm;MC = 48.8 i 12.6 kg; BM = 434.4 I1105 cm; TE = 3,38 I 0.22 s) e 14 anos (EST = 170,l
i 6,2 cm; MC = 60,5 I 10.4 kg; BM = 5 13, 1 i 7 1,l cm; TE = 3,24 10,17 s). Para o tempo foi
encontrada diferença significativa entre os atletas de 13 anos (3.45 10,21 s) e 14 anos (3,24 10,17
s). Na modalidade handebol, houve diferença significativa na estatura e no tempo entre os atletas
de 12 anos (EST = 152,6I 2.6 cm; TE = 3.62 i 0,39 s) e 13 anos (EST = 162. O i 6,3 cm; TE =
3,36 I 0,21 s). Houve diferença em estatura, força e tempo entre os atletas de 12 anos (EST =
152.6 i 2,6 cm; BM = 371.4 I 53,6 cm; TE = 3,62 i 0.39 s) e 14 anos (EST = 164,9 I 7,8 cm;
BM = 484,2 I 74,2 cm; TE = 3,26 I 0.17 s). Houve diferença em massa corporal, força e tempo
entre os atletas de 13 anos (MC = 51,7 I 7,9 kg; BM = 4265 i 66.5 cm; TE = 3,36 I 0,21 s) e
14 anos (MC = 59.9 I 10.9 kg; BM = 484.2 I 74,2 cm; TE = 3.26 i 0,17 s). Na modalidade
basquetebol, houve diferença em estatura, massa corporal, força e tempo entre os atletas de 13
anos (EST = 170,5 i6,2 cm; MC = 59,6 i 10,O kg; BM = 466.2 I 79.0 cm; TE = 3.38 i 0,15 s)
e 14 anos (EST = 176.7 I 8,s cm; MC = 68,O I 11,2 kg; BM = 561,3 I 79.6 cm; TE = 3.24 I 0,15
s). Nessa modalidade esportiva, não fizeram parte da amostra atletas de 12 anos de idade. Devido
às diferenças significativas encontradas nas variáveis estudadas, sugere-se que pesquisas
comparando outros parâmetros sejam realizadas, com o intuito de verificar se I? apropriado que
atletas de diferentes idades participem de competições em uma mesma categoria.
Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Educação Física, Fisioterapiae Terapia Ocupacional;
Centro de Excelência Esporliva - CENESPISNE-MET Belo Horizonte, Minas Gerais
Email: [email protected]
R.Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 1, p. 237-486,2002
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