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Ano 05 Número 15 Junho/2010 INDUSTRIAL Sistema Federação das Indústrias do Estado do Acre SUMÁRIO INDUSTRIAL 05 - Editorial 06 - Destaques 09 - Artigo – Oscar Motomura 10 - Assuntos Legislativos 12 - Modelo SESI de Sustentabilidade A ameaça da redução da jornada 20 14 - Hora da Indústria 16 - Microempreendedor Individual 24 - China abre as portas para o Acre 28 - Semana da Indústria SESI 30 - Dez anos de SESISAÚDE SENAI 32 - As pratas do Acre na Olimpíada do Conhecimento IEL 38 36 - Núcleo de Capacitação como aliado Futebol e eleições: aquecimento industrial à vista da visão do empresário 48 - O complexo Simples Nacional 50 - Menor Aprendiz: imposição e não opção 52 - Casa Natal lança primeira grife acreana 54 - Artigo – Eloi Zanetti 44 Os desafios do fortalecimento da indústria acreana EXPEDIENTE A revista “Acre Industrial” é uma publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Acre, Ano 05, número 15, junho de 2010. Jornalista Responsável: D a n i e l e C a r l o s (DRT 2268/03 – DF). Colaboração: Marcela Barrozo (DRT 018/03 –AC), Renata Brasileiro (DRT 022/04 – AC), Jorge Luiz Araújo Vila Nova, Rodrigo Torres. Projeto Gráfico e Editoração: A d y r M o n t i Z a n d o n á . E-mail: [email protected] / site: www.fieac.org.br. Tel: (68) 3212-4208 / Fax: (68) 3212-4203. Av. Ceará, 3727 – Rio Branco – AC. CEP: 69.907-000 Acre INDUSTRIAL - junho/2010 03 DIRETORIA Federação das Indústrias do Estado do Acre Diretoria 2007/2011 Presidente João Francisco Salomão Vice-Presidentes: Joafran Antônio Guedes Nobre João Oliveira de Albuquerque Miguel Mandu Neto Aristides Formighieri Júnior Francisco Ivan Araújo Marçal Antônio Leônidas de Araújo Neto Adelaide de Fátima Gonçalves Oliveira Secretários 1º Secretário: Abrahão Assis Felício 2º Secretário: Jorge Wanderlau Tomás Tesoureiros 1º Tesoureiro: Carlos Takashi Sasai 2ª Tesoureira: Raimunda Holanda de Paula Suplentes da Diretoria Francisco José da Silva Loureiro José Luiz Assis Felício Francisco Garcia dos Santos Ismael Alves Bandeira Osvaldo Coutinho Wílpido Hilário de Souza Júnior Conselho Fiscal Efetivos Sérgio Tsuyoshi Murata José de Ribamar Nina Lamar Aristeu Sá de Souza Suplentes José Osmar Zanatta Célio Pereira Adalberto José Moreto IEL/AC LANÇA PORTAL DE NEGÓCIOS COM TUDO O QUE VOCÊ PRECISA! O Instituto Euvaldo Lodi NR/AC atendendo as expectativas de mercado e querendo facilitar para que o cliente possa sempre contar com os nossos serviços, lança o PORTAL IEL. No portal, o internauta pode solicitar os serviços de nossos profissionais, realizar inscrições para vagas de estágio, cadastrar sua empresa e instituições de ensino e muitos outros serviços à sua disposição. Sabemos o que o mercado precisa, e por isso criamos um site que está PRONTO PARA ATENDER VOCÊ! AC - 04 PDF EDITORIAL Eleições e a agenda do desenvolvimento O ano de 2010 é de extrema importância para toda a sociedade brasileira, que elegerá, exercendo o dever e o direito inalienáveis do voto direto, o presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais. Mais uma vez, os eleitores têm a oportunidade de passar o País a limpo, julgar com a imparcialidade de sua consciência aqueles que já passaram pelo poder — no Executivo e no Legislativo — e as propostas voltadas à solução dos problemas nacionais e de cada estado da federação. O voto é o mais poderoso instrumento dos cidadãos para melhorar a sua pátria, intervir na realidade e mudar os rumos da história. Por isto, é efetivamente a essência da democracia e seu meio mais efetivo quanto à participação direta da população nas decisões capazes de tornar um país vitorioso ou perdedor na saga do desenvolvimento. Não há dúvida, portanto, de que o voto direto, para todas as instâncias governamentais, foi a mais importante reconquista dos brasileiros depois dos anos do regime de exceção iniciado em 1964. É preciso deixar clara tal premissa para reforçar, por outro lado, a necessidade indubitável de evitar que o processo eleitoral — o ponto mais alto da democracia — interfira de modo negativo na agenda do desenvolvimento. Este alerta seria desnecessário não fossem os amargos exemplos aos quais assistimos em todo ano eleitoral, a começar pela paralisia do Legislativo, cujos membros, tanto no Congresso Nacional, quanto nas assembléias dos estados, passam a se dedicar muito mais às campanhas do que à função parlamentar. Isso não pode ocorrer, pois é dever de quem recebeu o voto do eleitorado saber conciliar suas responsabilidades no cargo eletivo com suas campanhas e interesses políticos. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) está definindo quais são as prioridades do setor no Congresso este ano. Os itens selecionados comporão a Agenda Legislativa da Indústria – 2010, que será lançada em março. Pois bem, as proposições indicadas como prioridades na ação de defesa de interesses da manufatura não podem, em hipótese alguma, esperar o calendário eleitoral. O conteúdo do documento reúne propostas de emenda constitucional, medidas provisórias e projetos de lei decisivos para o setor, que tem peso exponencial na economia, considerando o volume de empregos que gera, o valor agregado de sua produção, o aporte tecnológico e as divisas que internaliza com suas exportações. Outro problema a ser evitado é a descontinuidade de ações, projetos e medidas no Executivo, em decorrência da alternância no poder, esta peculiaridade tão saudável da democracia. Não é benéfico para o País que os novos governantes, quando de partidos diferentes dos de seus antecessores, extingam programas comprovadamente eficazes, pelo simples fato de terem sido criados e implantados por adversários políticos. Imaginem, por exemplo, se o presidente Lula, ao assumir a Presidência da República em 2003, tivesse mudado radicalmente os princípios da estratégia monetária anti-inflacionária adotada no Governo Fernando Henrique. Teria sido imenso retrocesso. Ainda no âmbito da macroeconomia, também seria inconcebível que o novo governo, a ser empossado em 1º de janeiro de 2011, implodisse a política de manutenção de reservas cambiais elevadas, hoje acima do patamar de 200 bilhões de dólares. Afinal, esta foi uma de nossas principais blindagens contra a recente crise mundial. Tampouco, seriam aceitáveis a interrupção do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que tem gerado empregos e impulsionado a construção civil e numerosos segmentos industriais, e a extinção de programas, como o Bolsa Família, voltados à inclusão social. No tocante à indústria, de modo específico, seria temeroso, por exemplo, qualquer retrocesso em linhas de financiamento do BNDES, políticas de estímulos a alguns setores e ações voltadas à ampliação das exportações e diversificação de mercados. Os novos governantes devem, sim, diagnosticar os gargalos, identificar o que está errado e buscar avançar. Retroceder, jamais! Caso não ajam com racionalidade e foco nos interesses maiores da Nação, acabam causando imenso prejuízo. Contribuir para que o País cresça, com inclusão social e ascensão econômica crescente dos cidadãos, é o anseio dos brasileiros. Que a grandeza democrática das eleições, o civismo com que os brasileiros forem às urnas e a esperança com que digitem cada voto inspirem os políticos eleitos e lhes deem respaldo, confiança, serenidade e a sabedoria de priorizar os interesses maiores da população. São esses os valores e objetivos que norteiam as expectativas da indústria, dos setores produtivos e de toda a sociedade! *João Francisco Salomão é o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC). salomã[email protected] Acre INDUSTRIAL - junho/2010 05 x-ministro José Dirceu se reúne com empresários acreanos O ex-ministro da Casa Civil e líder do PT Nacional, José Dirceu, esteve na FIEAC, no dia 25 de março, para participar de uma reunião com líderes do setor produtivo privado acreano – indústria, comércio e serviços. O objetivo era conhecer de perto os anseios e demandas da classe empresarial do Estado, além fazer uma análise do atual cenário econômico mundial e brasileiro, trazendo também uma mensagem otimismo e segurança, afirmando ter consciência de que há muito a ser feito. Durante a reunião, o empresário João Francisco Salomão - presidente da FIEAC - afirmou a Dirceu que toda e qualquer iniciativa que resulte na geração de emprego e renda tem pleno apoio da Federação. “Não há como a sociedade depender somente do governo. Os empresários devem receber incentivos para crescer e se desenvolver com plenitude”, completou. Para o ex-ministro, o maior desafio para o Brasil é o da integração com os demais países da América do Sul, além da aprovação das reformas Tributária e Política. “Sem integração nenhum país vai para frente”, decretou, afirmando que, a partir da integração, a exportação de bens e serviços para os países vizinhos seriam uma grande alavanca para o desenvolvimento. E quipe acreana ganha medalha de bronze nos Jogos do SESI Por três sets a zero em cima da empresa Coave, do Piauí, a acreana Albuquerque Engenharia conquistou a medalha de bronze, no final do mês de abril, em Bento Gonçalves (Rio Grande do Sul), pela 6ª edição da etapa nacional dos Jogos do SESI. De acordo com o coordenador do Núcleo de Esporte e Lazer do SESIAcre, Emanoel Rogério Fernandes, o nível técnico das equipes e trabalhadores-atletas surpreendeu até mesmo os organizadores do evento. Na avaliação dos mesmos, esta edição dos Jogos Nacionais do SESI foi uma das mais bem disputadas, com partidas emocionantes sendo definidas em seus momentos finais. A equipe campeã do vôlei de quadra feminino, Ana Ferragens (de Pernambuco) irá representar o Brasil nos Jogos Mundiais do Trabalhador, que será realizado em julho, na Estônia. “O paradigma da hegemonia das indústrias do Sul e Sudeste começa aos poucos a ser desmitificado, graças aos investimentos dispensados aos colaboradores do setor industrial dos demais estados, embora um pouco acanhado, mas que vem apresentando excelentes resultados não apenas nas quadras como também no processo produtivo”, avaliou Rogério. Neste ano, o SESI investiu R$ 700 mil em equipamentos para cada uma das dez modalidades disputadas nos Jogos Nacionais, configurando-se em um legado para a região de Bento Gonçalves. Além disso, o evento mobilizou 500 funcionários responsáveis pela logística, alimentação, manutenção dos locais de prova e transporte dos trabalhadores-atletas. Participaram desta edição nada menos que 1020 atletas de 224 empresas, que consumiram 14 mil refeições durante os quatro dias de evento – 21 a 24 de abril. 06 Acre INDUSTRIAL - junho/2010 José Paulo Lacerda/CNI DESTAQUES E A niversário do Cetemm é comemorado com assinatura de parcerias De olho no futuro, o SENAI-AC assinou um termo de parceria com o Departamento Regional do Espírito Santo, a fim de compartilhar informações técnicas e tecnológicas nas áreas de maior expertise entre os dois regionais. O ato se deu durante a solenidade de comemoração dos 18 anos do Centro de Tecnologia da Madeira e do Mobiliário (Cetemm), unidade complementar do SENAI-AC, realizada no dia 14 de maio. Na ocasião, também foi assinado um termo de cooperação entre o Cetemm e a Prefeitura de Plácido de Castro, com validade de três anos, para garantir a formação de Aprendizagem em Marcenaria de 100 alunos por ano naquele município. “A Prefeitura irá ceder o espaço físico, maquinário e equipamento de proteção individual. O SENAI, por sua vez, irá ceder a logística e os instrutores. Nossa expectativa é fortalecer o Polo Moveleiro, qualificando a mão-de-obra. Futuramente, também, pretendemos estimular esses jovens a formarem uma cooperativa e abrirem mercado”, comentou o prefeito Paulinho Almeida Para o presidente do Sistema FIEAC, João Francisco Salomão, o Cetemm chegou à maioridade com seus objetivos alcançados, treinando e capacitando jovens para o mercado de trabalho e desenvolvendo novas tecnologias para agregar valor aos setores de madeira, mobiliário e construção civil. “É uma honra comemorar 18 anos desta maneira. Por meio do SENAI, cumprimos nossos objetivos de colaborar para a formação de mão-de-obra qualificada e para o fortalecimento e desenvolvimento da nossa economia”. I EL oferece cursos online gratuitos Aproximar alunos e estagiários à realidade do mercado é o objetivo dos cursos de Educação à Distância (EAD) oferecidos pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL) de modo gratuito por meio do site www.iel.org.br. São cursos rápidos, porém os benefícios para a futura carreira são duradouros. Os temas são “Marketing Pessoal”, “Prepare-se para o mercado: currículo e entrevista”, “Conheça a empresa”, “Aprenda com o estágio”, “Construa sua carreira”, “Educação Ambiental”, “Empreendedorismo”, “Legislação Trabalhista”, “Segurança no trabalho”, “TI e Comunicação”, e “Propriedade Intelectual”. Os módulos virtuais são autoinstrucionais e o aluno pode fazer o próprio horário. Os cursos variam de quatro a 14 horas de realização. As inscrições poderão ser realizadas, a qualquer tempo, a partir do próximo dia 10 até 11 de agosto, em parceria com o SENAI. Acre INDUSTRIAL - junho/2010 07 ARTIGO Oscar Motomura É uma questão de clima O ambiente de sua empresa estimula a busca da evolução contínua ou, ao contrário, reforça o poder da rotina e de hábitos de pensar e agir do passado? A lgumas empresas exalam conservadorismo, timidez, medo de mudar - até de tentar pequenas mudanças. Transpiram o superado, o obsoleto, no seu jeito de operar, no modo como as pessoas trabalham ou fazem reuniões, no formalismo das comunicações e das relações, na decoração, nas cores; enfim, em tudo. Outras exalam hesitação, insegurança. Querem mudar, mas também não querem. São as empresas que ficam “em cima do muro”, entre o medo de mudar e o de perder oportunidades rumo ao futuro. Muitas conversas, até muitas idéias - mas pouquíssimas decisões, em ambientes físicos repletos de contradições e contrastes não harmônicos. Mas há também as que exalam motivação, entusiasmo, ousadia. Exalam vida. São empresas que têm um jeito de trabalhar leve, solto, pra frente. Buscam evolução em cada detalhe do dia-a-dia. Há zero de acomodação em todos os níveis, da cúpula à base. O que essas empresas, que exalam vida, fazem de diferente em relação às outras? Algumas investem conscientemente no design de contextos, para criar um clima favorável a novas idéias, a jeitos inéditos de fazer acontecer. Criam espaços diferentes, com móveis e objetos fora do comum, que ilustram o não ortodoxo e estimulam a criatividade das pessoas. Outras trazem estímulos “de fora”. Organizam concertos para os funcionários, trazem artistas e pessoas criativas de diferentes áreas para interagir com suas equipes e assim por diante. Existem aquelas que, em vez de investir na forma, mergulham no conteúdo das coisas. Criam contextos não pelo físico, mas pelo significado das coisas, pelo nível dos desafios, por “equações estimulantes”, que fazem emergir na organização o que as pessoas têm de melhor dentro delas. Equações que as estimulam a buscar o bem comum e a querer vir trabalhar todos os dias. Mesmo quando o ambiente físico está longe de ser o ideal, as pessoas, altamente motivadas, estão sempre em seu melhor estado e empenhadas em gerar evolução o tempo todo. Em raras empresas existe a consistência total: o design físico inspira inovação e o time é diferenciado. Existem também aquelas em que o líder é o contexto. Pela sua ação pessoal, pelo seu exemplo, pela sua energia, esse líder gera, em tudo que se envolve, um clima de inovação, de alta criatividade, de ações excepcionais no dia-a-dia. Existem ainda as empresas que exalam vida não por causa dos líderes, mas por causa das pessoas que a compõem - pessoas felizes, alegres, positivas, pra frente. Elas dão o tom do contexto, mesmo quando os líderes não são o melhor exemplo. E, é claro, existem aquelas “raras” empresas nas quais há consistência total: o design físico inspira inovação e reinvenções estratégicas contínuas, equações inspiradoras estão na base de tudo, os líderes são excepcionais e há um time diferenciado de pessoas talentosas, de bem com a vida mesmo em situações estressantes, de grandes mudanças e crescentes desafios. A propósito, quão rara você quer que sua empresa seja? *Oscar Motomura, diretor geral da Amana-Key, empresa especializada em inovações radicais em gestão. www.amana-kkey.com.br • [email protected] Acre INDUSTRIAL - junho/2010 09 Assuntos Legislativos Nesta edição você, leitor, poderá conhecer alguns projetos que estão contemplados na pauta de prioridades do Congresso Nacional, que inclui a reforma tributária e ou- tras propostas que melhorariam o ambiente de negócios do país. Todas as informações estão contidas no que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) intitulou de “Pauta Mínina”. DIREITO DE PROPRIEDADE E CONTRATOS PL 3401/2008 do deputado Bruno Araújo (PSDB/ PE), que “Disciplina o procedimento de declaração judicial de desconsideração da personalidade jurídica O QUE É Institui procedimento judicial específico para desconsideração da personalidade jurídica. A nova regulamentação será aplicável às decisões ou atos judiciais de quaisquer órgãos do Poder Judiciário que imputarem responsabilidade direta, em caráter solidário ou subsidiário, a membros instituidores, sócios ou administradores pelas obrigações da pessoa jurídica. Efeitos – a desconsideração da personalidade jurídica estenderá a obrigação da pessoa jurídica a seu membro, instituidor, sócio ou administrador. Os efeitos da decretação de desconsideração da personalidade jurídica não atingirão os bens particulares de membro, instituidor, sócio ou administrador que não tenha praticado ato abusivo da personalidade em detrimento dos credores da pessoa jurídica e em proveito próprio. e dá outras providências”. Foco: Desconsideração da personalidade jurídica. Obs: Apensado a este o PL 4298/2008 Requisitos - a parte que postular a desconsideração da personalidade jurídica deverá indicar, em requerimento específico, quais os atos que ensejariam a responsabilização pessoal, na forma da lei específica, o mesmo devendo fazer o Ministério Público nos casos em que lhe couber intervir no processo. A mera inexistência ou insuficiência de patrimônio para o pagamento de obrigações contraídas pela pessoa jurídica não autoriza a desconsideração da personalidade jurídica, quando ausente os pressupostos legais. Procedimentos – antes de decidir sobre a decretação da desconsideração da personalidade jurídica, o juiz deverá citar ou intimar os membros, instituidores, sócios ou administradores da pessoa jurídica para se defenderem no prazo de dez dias. O juiz não poderá decretar de oficio a desconsideração da personalidade jurídica e deverá facultar aos requeridos, previamente à decisão, a oportunidade de satisfazer a obrigação, em dinheiro, ou indicar os meios pelos quais a execução possa ser assegurada. Fraude à execução – considera-se em fraude à execução a alienação ou oneração de bens pessoais de membros, instituidores, sócios ou administradores da pessoa jurídica, capaz de reduzi-los à insolvência, quando, ao tempo da alienação ou oneração, tenham sido eles citados ou intimados da pendência de decisão acerca do pedido de desconsideração da personalidade jurídica, ou de responsabilização pessoal por dívidas da pessoa jurídica. POSIÇÃO: CONVERGENTE O projeto representa efetivo avanço na disciplina da matéria, pois corrige aplicações equivocadas da teoria da desconsideração. Propõe regência única para o procedimento de declaração judicial de desconsideração da personalidade jurídica e de imputação de responsabilidade direta aos membros ou administradores. Importante destacar as seguintes inovações: Impossibilidade de decretar a desconsideração do oficio; Estabelecimento do contraditório e da ampla defesa previamente a qualquer decisão; l Exigência de o interessado indicar, em requerimento específico, os atos que ensejam a responsabilização, sob pena de indeferimento do pleito; l l l Impossibilidade de aplicação do instituto ante a mera inexistência ou insuficiência de patrimônio da pessoa jurídica; l limitação dos efeitos da desconsideração ao patrimônio daquele que tenha praticado o ato de abuso da personalidade jurídica. ONDE ESTÁ? COM QUEM CD – Encontra-se na CDEIC, aguardando parecer do relator Guilherme Campos (DEM/SP) MICRO E PEQUENAS EMPRESAS PLP 467/2009 do deputado Otavio Leite (PSDB/ RJ), que “Estabele ajuste anual do valor do enquadramento de microempresa, de empresa de pequeno porte e do micro empreendedor, bem como das ta- belas anexas respectivas, e dá outras providências” O QUE É POSIÇÃO : Convergente Determina que no mês de dezembro de cada anocalendário seja fixado o valor de enquadramento para definição de microempresas e de empresa de pequeno porte referenciadas na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, bem como deverá ocorrer também a correção de valores das tabelas dos Anexos I, II, III e IV, previstos. Os ajustes dar-se-ão com base na variação do IPCA acumulada nos últimos doze meses. A ausência de reajustes dos valores de enquadramento das micros e pequenas empresas no Simples Nacional, bem como dos patamares de receita bruta utilizados para definição de alíquotas aplicáveis, pode ser vista como verdadeira elevação da carga tributária. O projeto merece apoio por realizar a correção de todos os valores expressos em moeda na Lei Geral das micro e pequenas empresas, impedindo oneração indevida e evitando a exclusão de empresas do regime simplificado, não pela sua mudança de porte, mas por mera perda de valor da moeda nacional. Cabe destacar que a correção monetária não é renúncia de receita para fins da Lei de Responsabilidade Fiscal, a exemplo do que ocorre com a correção da tabela do Imposto de Renda, que não exige medida compensatória. O procedimento previsto será aplicado ao Microempreendedor Individual – MEI. Na entrada em vigor da nova lei, será excepcionalmente aplicada a variação acumulada do IPCA desde a data de vigência da Lei Geral (Lei Complementar n. 123/2006 e da lei que trata do Microempreendedor Individual – Mei) - Lei Complementar n. 128/2008. ONDE ESTÁ? COM QUEM? Foco: Ajuste anual dos valores de enquadramento das MPEs. CD – Apensado ao PL379/2008, que se encontra na CFT aguardando parecer do relator, Deputado Vignatti (PT/SC). CDEIC – aprovado o projeto. GESTÃO M al começou a ser aplicado nas empresas do Acre – na verdade, ainda nem foi lançado oficialmente – o Modelo SESI de Sustentabilidade já superou todas as expectativas. De acordo com o coordenador do Núcleo de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) do SESI-AC, Jacimar Antonio da Silva, a equipe foi surpreendida pela grande demanda. O Modelo SESI de Sustentabilidade é uma ferramenta de diagnóstico e autoavaliação que propõe às indústrias uma reflexão sobre seus processos de gestão relacionados à sustentabilidade e à qualidade de vida no trabalho. Objetivase, com isso, levar o empresário a perceber o nível de sustentabilidade que o empreendimento dele tem e as oportunidades de melhoria que se pode implementar. Além de estimular a excelência na gestão da sustentabilidade e da qualidade no trabalho, a ideia é contribuir para uma indústria ou organização saudável e sustentável, criando um ambiente de trabalho socialmente responsável, que permita aos colaboradores um estilo de vida seguro, saudável e produtivo. A ferramenta mensura a relação entre os investimentos em qualidade de vida no trabalho e a produtividade e competitividade do negócio. “Realmente a ferramenta nos surpreende. Os empresários que tiveram acesso a ela têm perce- UM P Modelo SESI de Sustentabilidade tem grande procura por empresas e instituições no Estado ADRÃO A SER 12 S EGUIDO Acre INDUSTRIAL - junho/2010 Guascor, Construterra, Ábaco e Acrediesel. A aplicação do Modelo SESI é feita de modo gratuito. Dessa forma, o SESI possibilita as empresas essa autoavaliação com um diagnóstico rápido a custo zero. Este trabalho é feito com base na avaliação das áreas de Cultura Organizacional; Gestão de Pessoas; Inovação; Educação e Desenvolvimento; Ambiente de trabalho seguro e saudável e Desenvolvimento Socioambiental. Dentro desses campos, são analisadas as práticas e performances, bem como 72 indicadores distribuídos entre as seis áreas. Os resultados são cadastrados no banco de práticas, para possibilitar a comparação do resultado da empresa com as demais que aplicaram a ferramenta no restante do país. “Posso fazer um benchmarking à distância”, acrescenta Jacimar. bido o diferencial que traz. A partir da sua aplicação tem surgido uma série de demandas de consultorias para nós. Seja na elaboração de código de ética, seja na elaboração de diagnóstico social – para que a empresa possa identificar as possibilidades de investimento na área de responsabilidade sócio-ambiental –, na área de pesquisa de clima organizacional ou na área de projetos”, revela Jacimar. DEMANDA – Somente a partir de dezembro de 2009 e nos primeiros meses de 2010, o Modelo SESI já foi adotado por 12 empreendimentos/organizações, a saber: Eleacre, Laticínios Buriti, Guascor, Rio Branco Pneus (as quatro pilotos), Laminados Triunfo, Concrenorte, Saerb, Sulatina, BENEFÍCIOS – Para o empresário Joafran Nobre, o Modelo tem grande utilidade e a principal mudança, vista de imediato, foi na nova percepção e atitudes dos colaboradores. A empresa dele, Laticínios Buriti, foi uma das quatro atendidas dentro do projeto-piloto, iniciado no fim de 2009. “O modelo é um verdadeiro raio-x que nos faz entender até que ponto a empresa está acertando ou errando, se a qualificação oferecida aos colaboradores foi proveitosa, se a empresa está crescendo, enfim, é de grande utilidade, com certeza”, elogiou. Após submeter sua Ábaco Engenharia a uma avaliação, o empresário Sérgio Nakamura acompanhou o diagnóstico, juntamente com seus colaboradores, apresentado pela consultora técnica em Responsabilidade Social do SESI, Rosangela Santos. “Para mim, o resultado foi surpreendente e fantástico. Em apenas dois dias, tivemos uma avaliação de grande porte. A partir disso, faremos uma discussão interna para sistematizar e mudar uma série de coisas feitas, até o momento, sem rotina”, reconheceu ele, durante a apresentação dos resultados. Na prática, o Modelo SESI estimula a implementação de ferramentas gerenciais e tecnológicas na empresa, como benefícios, inovação organizacional, prevenção de doenças ocupacionais e acidentes. Os resultados são confiança na gestão, retenção de talentos, como também a redução de danos sofridos pelo colaborador. Todos saem ganhando e o desenvolvimento sustentável do País agradece. Acre INDUSTRIAL - junho/2010 13 ALCANCE H NO AR: I ORA DA NDÚSTRIA Sistema FIEAC entra nas ondas da Rádio Gazeta FM e faz sucesso com o público A pesar dos avanços tecnológicos dos meios de comunicação, o rádio ainda reina soberano e mantém seu lugar de destaque entre as mídias mais respeitadas. Sabendo disso, o Sistema FIEAC deu início, no dia 3 de março, a um quadro no programa Planeta FM (93,3 MHz), chamado “Hora da Indústria”. Em três meses de veiculação, a ideia vem se mostrando um grande acerto, dada a boa repercussão junto aos ouvintes. “Um professor de uma comunidade bem distante ouviu a entrevista sobre a 3ª Feira de Saúde e trouxe a turma dele pra vir se vacinar e participar das atividades”, relata Aparecida Costa, gerente do SESISAÚDE. A locutora Degeane Santos conta que já foi parada na rua para ser parabenizada pela iniciativa e que vários empresários elogiam a postura da FIEAC. “Recebi várias ligações quando o presidente João Francisco Salomão veio falar sobre a viagem à China (leia mais sobre a comitiva de empresários na China nas páginas 24 a 27), dizendo que foi muito esclarecedora. Outros disseram que o programa cumpre uma grande função para a sociedade, já que muitos passaram a conhecer as ações e projetos do Sistema”, revelou Degeane. Para o presidente João Francisco Salomão, o objetivo do Sistema FIEAC de alcançar o grande público por meio das ondas do rádio é antiga. Primeiro, a Unidade de Comunicação lançou, em 2008, o serviço de Radio Press – que se trata de um release semanal com notícias curtas sobre tudo o que diz respeito ao meio industrial do Estado. Depois, a instituição passou a premiar, em 2009, a modalidade Radiojornalismo, categoria “Apoio à Indústria”, no Prêmio de Jornalismo José Chalub Leite. “Sabemos da importância e o alcance que o rádio tem, sobretudo no nosso 14 Acre INDUSTRIAL - junho/2010 Estado, onde ainda existem muitas comunidades isoladas que também não têm acesso aos avanços tecnológicos dos meios de comunicação”, resumiu Salomão. O “Hora da Indústria” dá voz à missão, serviços, iniciativas e atividades do Sistema FIEAC. Vai ao ar às quartas e sextas-feiras, entre Equipe da Rádio Difusora Acreana recebendo troféu da categoria “Apoio à Indústria” no Prêmio José Chalub Leite Presidente João Francisco Salomão abriu a série de entrevistas do quadro Hora da Indústria As vantagens do Rádio 13h e 13h30, sempre com um convidado de alguma das quatro casas que compõem o Sistema – FIEAC, SESI, SENAI e IEL. Há ainda o “Plantão da Indústria”, com notícias de interesse da população, como a realização de processos seletivos, cursos, seminários, entre outros. O quadro tem duração aproximada de 10 minutos. O rádio é, até hoje, o meio de comunicação de maior alcance popular, sendo o único capaz de chegar a populações mais isoladas. É ainda o meio de comunicação de maior agilidade, sendo possível uma notícia ser transmitida no exato momento em que acontece, basta ter em mãos um aparelho celular. De acordo com um levantamento feito pela Rede Integrada de Comunicação (SP), nas pesquisas de credibilidade, o rádio supera tevê, jornais impressos, sindicatos, partidos políticos e outras instituições. Além disso, sua praticidade é enorme, podendo ser utilizado enquanto se está dirigindo, andando, trabalhando, estudando, navegando na internet, enfim, ser carregado para qualquer lugar. De acordo com matéria publicada no site “Bastidores do Rádio”, o aparelho está presente em 99% das residências – contra 75% das tevês. Outra vantagem é o horário nobre do veículo, que dura 13 horas, contra três horas da televisão. Os locutores criam verdadeiros laços afetivos com os ouvintes, que não raro são flagrados conversando com o aparelho. No Acre, não é diferente. Uma pesquisa realizada pelo IEL, em 2009, apontou que o rádio é o meio de comunicação de maior audiência e credibilidade do Estado entre os acadêmicos das universidades locais, que também disseram preferir as FMs. Não seria exagero afirmar que o veículo chega a ser o único canal de comunicação entre as comunidades isoladas da floresta e o mundo. Acre INDUSTRIAL - junho/2010 15 OPORTUNIDADE 16 I NDÚSTRIAS Lei do Microempreendedor Individual pretende H tirar da informalidade pelo menos 3 mil empresários individuais do Estado “T enho esperança de que tudo vai melhorar, porque agora tenho uma garantia. Hoje, estou nesta situação, mas daqui a dois anos, tenho certeza de que estarei bem melhor, terei crescido e, quem sabe, terei até contratado alguém para trabalhar comigo”. Esta é a confiança de dona Maria José de Souza Machado Oliveira, 47, cadastrada no Programa Microempreendedor Individual, categoria indústria. Há cinco anos, ela começou a trabalhar artesanalmente confeccionando artefatos diversos de madeira para decoração, por conta própria, sem fazer curso algum para isso. Vinda do seringal, Maria decidiu que não queria ser doméstica a vida inteira e começou a fabricar peças artesanais de madeira e crochê. O interessante desta história é que ela nunca havia trabalhado com artesanato na vida. “Pedi a Deus entendimento para poder encontrar uma forma de me sustentar sem ser trabalhando na casa dos outros. Foi então que comecei, sozinha, a juntar umas peças aqui, outras ali, até conseguir fazer minha primeira peça”, relata. A partir daí, a autodidata passou a viver das encomendas e da venda dos produtos que fabrica, até que foi alertada por uma amiga a respeito do programa que já tirou, até abril deste ano, 973 empreendedores individuais da informalidade, no Acre, sendo 40 deles do ramo industrial. A meta no Acre é formalizar 3 mil pessoas em todo o território, em 2010. “Eu esperava há muito tempo por uma oportunidade como essa. Vou poder me qualificar fazendo cursos e até conseguir comprar meu maquinário. É um sonho que estou perto de realizar”, comemora Maria José. A Lei do Microempreendedor Individual (MEI) entrou em vigor em julho de 2009, e contempla o empresário individual que tenha recebido uma receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 36 mil. Ele também deve ter, no máximo, um empregado e não deve possuir mais de um estabelecimento nem participar de outra empresa seja como titular, sócio ou administrador. Acre INDUSTRIAL - junho/2010 INICIANTES – Se o empreendedor estiver iniciando suas atividades, o limite de receita passa a ser de R$ 3 mil multiplicados pelo número de meses entre o início da atividade e o final do respectivo ano-calendário. As frações de meses serão consideradas, neste caso, como um mês inteiro. Maria José sonha poder adquirir maquinário apropriado em dois anos U H UMANAS É o caso de Elias Sales Cunha. Há 12 anos ele trabalha como pizzaiolo e agora vai iniciar seu negócio no ramo alimentício, fabricando massas. Antes de começar, ele primeiro se cadastrou como MEI, a fim de obter, entre outras facilidades, seu CNPJ. Ele afirma que tomou a decisão de ser seu próprio chefe e ter a oportunidade de crescer – o que não acontecia quando era somente funcionário. “Achei uma grande vantagem, por meio do programa, conseguir passar por várias etapas da abertura de uma empresa sem precisar pagar nada por isso, além de meu nome ficar mais conhecido no mercado e mais fácil para conseguir crédito no banco”, explicou. Pelas ondas do rádio Para alcançar o público-alvo de maneira mais rápida, eficiente e abrangente, mais de 600 emissoras de rádio de todo o País estão transmitindo, desde maio, a nova série do Sebrae com o tema “Empreendedor Individual”. Ao todo, serão 20 episódios, de três minutos cada, que mostram as vantagens da legalização e os benefícios dessa figura jurídica. X Acre INDUSTRIAL - junho/2010 17 OPORTUNIDADE 18 Nesta série, concebida em formato de novela, personagens como um motoboy, um jardineiro e um vendedor de cachorro-quente vão levantar as dúvidas mais frequentes, como o valor do imposto e os benefícios a que terão direito. As questões serão esclarecidas pelo gerente -adjunto da Unidade de Políticas Públicas do Sebrae Nacional, André Spínola. “O programa terá um conteúdo educativo e foi desenhado para possibilitar o aprendizado do ouvinte”, explica a coordenadora nacional dos Programas de Rádio do Sebrae, Carolina Moraes. Por meio do programa, os empreendedores também serão orientados a ligar para a Central de Relacionamento Sebrae pelo número 0800 570 0800; na Previdência Social, pelo 135. Também serão aconselhados a buscar o Portal do Empreendedor. Todos os direitos reservados Para conseguir alcançar a meta – e quem sabe até superá-la – o Sebrae, um dos grandes parceiros da Lei no Estado, está percorrendo todo o território acreano em busca de mais cadastros. Neste primeiro semestre, o objetivo era conseguir agendar, tanto no Vale do Acre como no Vale do Juruá, as palestras e informações sobre a Lei do MEI. “Já estivemos nos municípios de Senador Guiomard, Capixaba, Xapuri, Brasileia, Epitaciolândia, Assis Brasil, Xapuri, Plácido de Castro, Acrelândia, Sena Madureira, Bujari e Porto Acre. O objetivo é fundamentar os candidatos para dirimir qualquer tipo de dúvida”, explicou Socorro Figueiredo, coordenadora do Programa MEI pelo Sebrae-AC. Em Rio Branco, são programadas duas palestras por semana, sempre à noite, no Centro Empresarial, de acordo com agendamento nos bairros mobilizados. A coordenadora explica que a instituição oferece toda a estrutura necessária para que os milhares de empreendedores informais passem a ter todas as garantias e direitos, como cobertura previdenciária, isenção de taxas, ausência de burocracia, redução de carga tributária e cidadania. Além da categoria indústria e suas múltiplas subdivisões, os interessados podem se cadastrar ainda nos segmentos de comércio e serviços. Isso quer dizer que centenas de cabeleireiras, pipoqueiros, churrasqueiros, costureiras, doceiras e até consultoras de produtos de beleza, tão em alta no Acre, têm agora uma grande oportunidade de se tornar seus próprios chefes de maneira legalizada. Acre INDUSTRIAL - junho/2010 Empreendedores cadastrados participam de palestras sobre a Lei promovidas pelo Sebrae Conheça as vantagens de ser um MEI Cobertura previdenciária: para o Empreendedor e sua família (auxílio-doença, aposentadoria por idade após carência, salário-maternidade, pensão e auxilio reclusão), com contribuição mensal reduzida – 11% do salário mínimo, hoje R$ 51,15. Com essa cobertura o empreendedor estará protegido em casos de doença, acidentes, além dos afastamentos para dar a luz no caso das mulheres e após 15 anos a aposentadoria por idade. A família do empreendedor terá direito à pensão por morte e auxílio-reclusão. Contratação de um funcionário com menor custo: Poder registrar até 1 empregado, com baixo custo – 3% Previdência e 8% FGTS do salário mínimo por mês, valor total de R$ 51,15. O empregado contribui com 8% do seu salário para a Previdência. Isenção de taxas: Isenção de taxa do registro da empresa e concessão de alvará para funcionamento. Todo o processo de formalização é gratuito, ou seja, o Empreendedor se formaliza sem gastar um centavo. VANTAGENS – A formalização dos MEI é totalmente gratuita. Após o cadastro, o interessado recebe automaticamente seu CNPJ e o número de inscrição na Junta Comercial. O ato gerará um documento que deverá ser impresso, assinado e encaminhado à Junta acompanhado das cópias de RG e CPF. “Os Microempreendedores Individuais poderão, ainda, concorrer a licitações públicas, ter nota fiscal gratuita e até auxílio-reclusão”, acrescentou Socorro. “O cadastro pode ser feito pelo candidato através do portal do empreendedor (www.portaldoempreendedor.com.br), porém preferimos chamá-los ao Sebrae ou informar que os contadores que aderiram ao Simples Nacional também estão aptos para isso, a fim de que todas as dúvidas sejam tiradas devido às obrigações que os MEI passam a ter após o cadastro realizado”, complementa. Depois de cadastrado, o MEI tem ainda acesso a uma ação chamada Atendimento Continuado, que são orientações, cursos e consultorias coletivas para melhor gerir o negócio, possibilitando maior sustentabilidade no mercado. Ausência de burocracia: Obrigação única por ano com declaração do faturamento. Ausência de burocracia para se manter formal, fazendo uma única declaração por ano sobre o seu faturamento que deve ser controlado mês a mês para ao final do ano estar devidamente organizado. Acesso a serviços bancários, inclusive crédito: Com a formalização o Empreendedor terá condições de obter crédito junto aos Bancos, principalmente Bancos Públicos como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal. Esses Bancos estão estudando formas de atender as necessidades dos Empreendedores com redução de tarifas e taxas de juros adequadas. Compras e vendas em conjunto: Permitir a união para compras em conjunto através da formação de consórcio de fins específicos. A Lei faculta a união de Empreendedores Individuais com vistas à formação de consórcios com o fim específico de realizar compras. Essa medida permitirá aos Empreendedores condições mais vantajosas em preços e condições de pagamento das mercadorias compradas uma vez que o volume comprado será maior. Redução da carga tributária: Baixo custo para se formalizar, sendo valor fixo por mês de R$ 1 atividade de comércio – ICMS e R$ 5 atividade de serviços ISS. O valor pago ao INSS tem o objetivo de oferecer cobertura Previdenciária ao Empreendedor e sua família a baixo custo. O custo da formalização é de fato muito baixo. No máximo R$ 57,15 por mês, fixo. Cidadania: Resgatar o sentimento de cidadania. A cidadania não tem preço e ela começa com o direito à dignidade que se traduz na condição humana de autorrealização pessoal, profissional e social. Ser um empreendedor formalizado significa andar de cabeça erguida e poder dizer eu sou cidadão, eu exerço minha profissão de acordo com as leis do meu País. Ser formal é também ser cidadão. (FONTE: Portal do Empreendedor) Acre INDUSTRIAL - junho/2010 19 ALERTA A pretendida redução da jornada legal de 40 horas e elevação da hora extra para 75% vão aumentar o custo do trabalho para as empresas que R EDUZ trabalham 44h por semana. O que poderia ser uma válvula de escape para a geração de emprego, representa, na verdade, uma grande ameaça É consenso de toda a classe empresarial brasileira: reduzir de uma vez a jornada de 44 para 40 horas semanais sem reduzir salários não será bom para o país e, sim, terá forte impacto negativo na geração de emprego. Mas nem a preocupação de quem conhece o assunto a fundo, fez sair de pauta a PEC 231/95, que pode ser votada a qualquer momento pela Câmara Federal, mudando totalmente os planos do setor industrial brasileiro de elencar o país entre os mais produtivos do mundo. A experiência brasileira e de outros países confirmam que a redução da jornada de trabalho em nada contribui para o aumento da oferta de empregos. Os defensores de uma jornada menor alegam que o corte de quatro horas semanais na duração do trabalho abriria 2,25 milhões de empregos. Porém, esse número é resultado de um cálculo matemático que desconsidera a realidade das empresas e da economia. No Brasil, por exemplo, a redução da jornada de 48 para as atuais 44 horas semanais, determinada pela Constituição de 1988, aumentou apenas 0,7% o número de contratações. Isso significa que a criação de empregos é um desafio que vai além da aritmética. Significa também que as contas apresentadas pelos defensores da proposta de redução de jornada de trabalho são simplificações e induzem ao erro. Numa suposição vã, dizem que, ao se reduzir de 44 para 40 horas a jornada de um trabalhador, será necessário contratar outro para cumprir as quatro horas restantes. Este raciocínio só se aplicaria em alguns poucos casos e, mesmo assim, com outros efeitos negativos. Pela lógica, de imediato todas as empresas terão um aumento de custos com pessoal de quase 10%. Muitas empresas, em especial as micros e pequenas, estão dependendo da redução de pelo menos 0,25% de suas despesas para se manterem no mercado. Com os custos subindo, seus produtos serão menos competitivos e sua margem ficará menor, nula ou negativa. Haverá então duas possibilidades: X 20 Acre INDUSTRIAL - junho/2010 Visita dos presidentes de Federações de Indústrias à Câmara dos Deputados para tratar sobre a PEC A UZIR É RRISCAR Acre INDUSTRIAL - junho/2010 21 ALERTA Efeito dominó Se conseguir repassar o aumento de custos para o preço, a empresa se reequilibra, mas menos pessoas poderão ter acesso ao bem ou serviço desta empresa, ou seja, prejudicando a todos, inclusive os trabalhadores. Se não conseguir repassar, a empresa poderá ficar inviabilizada, ou, no mínimo, com menos condição de investir para gerar novos postos de trabalho. PEC é prejuízo para o Brasil Na opinião do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC), João Francisco Salomão, caso a proposta que reduz a jornada semanal de trabalho seja aprovada pela Câmara Federal, todos sairão no prejuízo: as empresas, que terão menos rentabilidade e, portanto, menos condição para investir. Os trabalhadores, que terão menos postos de empregos gerados e salários com menor poder de compra. E, toda a sociedade que consome. O presidente da FIEAC visitou recentemente os líderes no Congresso Nacional para defender a posição do setor industrial, juntamente com os demais presidentes de Federações de Indústrias. Na visão de Salomão, o emprego na indústria ainda não se recuperou da crise econômica e existe uma perda de competitividade da empresa brasileira que seria profundamente agravada com o aumento dos custos pela diminuição da jornada e elevação do valor da hora extra. “Particularmente, preocupa-nos os efeitos sobre as micro empresas que geram mais da metade de empregos formais e que não terá um posto a mais de trabalho devido a redução da jornada, e os setores mais empregadores, tais como, calçados, têxteis e vestuários, móveis, entre outros, já perderam milhares de postos de trabalho para a China”, destacou. Nesses setores, complementa o presidente, o custo do trabalho é relativamente mais alto do que setores mais intensivos em capital. O mercado é muito competitivo e qualquer diferença pode significar mais perda de postos de trabalho. 22 Acre INDUSTRIAL - junho/2010 Liberdade para negociar A Constituição estabelece a jornada máxima semanal e, a exemplo do que ocorre em outros países, empresas e trabalhadores podem negociar livremente expedientes menores. Assim, a média da jornada semanal real no Brasil é de 41,4 horas. “Quando falamos de jornada anual, nossa jornada é inferior a dos países com os quais competimos e um pouco superior a de alguns países desenvolvidos, onde o nível de automação, qualificação e produtividade dos recursos humanos é muito alto. Isto é, outra realidade”, frisa Salomão. Ele defende a redução da jornada pela livre discussão entre empresário e trabalhador e não por força de lei. Para ele, cada um sabe de suas peculiaridades, cada qual conhece suas características, potencialidades e restrições. João Francisco Salomão cumprimenta o presidente da Câmara, Michel Temer Alguns setores já têm negociado uma redução gradativa até chegar a 40 horas semanais, mas dentro de uma capacidade das empresas de absorverem de forma programada este aumento de custos. Outra possibilidade de contribuir para uma solução é reduzir o custo do INSS sobre a folha para ajudar em processos gradativos. É fundamental entender que qualquer saída com efeito benéfico passa por não prejudicar as empresas, senão todos acabarão prejudicados”, reforça. Quando perguntado sobre o que de fato gera emprego, o presidente da FIEAC é enfático: “É a combinação de investimentos, crescimento sustentado e educação de boa qualidade. Uma elevação do custo do trabalho inibirá o investimento da maioria de empresas que trabalham com margens pequenas. Isso vai desestimular a geração de empregos. A experiência internacional e a teoria econômica mostram que as leis não criam empregos. Se bastasse lei para gerar empregos, não haveria desemprego no mundo”, finaliza. Esta declaração foi dada pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC), João Francisco Salomão, durante entrevista sobre a PEC 231/95 - que reduz a jornada semanal de trabalho de 44 para 40 horas, sem redução de salário. Por ser ano eleitoral, há possibilidade de esta matéria entrar na ordem do dia da Câmara dos Deputados. Voltou a defender a redução da jornada pela livre discussão entre empresário e trabalhador e não por força de lei, que não leva em conta, de acordo com ele, as peculiaridades regionais e das diversas atividades econômicas e o tamanho das empresas. A entrevista completa você acompanha abaixo. Acre INDUSTRIAL - junho/2010 23 MERCADO EXTERNO I magine um lugar que respira negócios, reúne mais de 100 nacionalidades e dá aquela mãozinha para a empresa que busca inserção no mercado internacional. Esse lugar é a Canton Fair, maior feira mundial de negócios, que acontece duas vezes por ano em Guangzhou, na China. A grande novidade da edição 2010 é que ela recebeu uma média de 120 brasileiros, entre empresários e políticos que rumaram àquele país na maior comitiva já organizada pela Baumann, empresa organizadora de missões brasileiras à China. E destes, 80 eram do Acre. Todos chegaram à China no dia 17 de abril com um único objetivo: prospectar negócios. E os negócios prometem ir de vento em popa para os produtores de castanha do Acre. Após várias rodadas de negociações com os chineses, eles demonstraram interesse em estabelecer relação comercial para a compra do produto - já industrializado. A castanha que interessa à China é o tipo produzido pelos acreanos em grande escala, 100% beneficiada, sem casca. Segundo o superintendente da Cooperacre, Manoel Monteiro, duas mil toneladas é a capacidade de produção das duas indústrias instaladas no Acre, caso seja demandado. “Nossa produção anual é de uma tonelada de castanha porque a demanda pede esse volume. Mas temos plena condição de aumentar significativamente para duas mil toneladas caso venhamos a entrar no mercado de exportação”, destacou o superintendente. A China produz apenas 19% do que ela consome e por isso, se torna um filão de mercado extremamente promissor para o Brasil, do qual o empresariado local X poderá tirar proveito. China abre as portas para produtos da região com interesse de importar frango, carne bovina e O frutas tropicais 24 PARAISO DOS Acre INDUSTRIAL - junho/2010 N S N EGÓCIOS Presidentes de representações do setor produtivo acreano durante rodada de negócio na Canton Fair Acre INDUSTRIAL - junho/2010 25 MERCADO EXTERNO 26 Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre, João Francisco Salomão, abre-se neste momento um mercado para a exportação de muitos produtos além da castanha, como o peixe, o frango, a carne bovina, frutas tropicais e madeira certificada. “Acredito que de todas as maneiras o Estado saiu ganhando muito com essa visita, porque nossos empresários ficaram muito mais experientes na questão de mercado internacional e, com isso, acredito que irá potencializar e até viabilizar, mesmo, o negócio com os nossos vizinhos, como o Peru. Não tínhamos esse costume de negociação internacional e essa viagem à China abriu muito esse leque”, pondera o presidente. Para Salomão, definitivamente, o Acre foi incluído na agenda nacional e internacional dos grandes negócios e está pronto para crescer como portal da América andina para o Pacífico. para estas demandas”, ressalta o prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim. Em contrapartida, o Acre assumiria a compra direta de eletroeletrônicos, vestuários e calçados. Algo de concreto neste sentido foi firmado com os empresários chineses e os do Vale do Juruá. “Antes, os nossos empresários do Juruá compravam do mercado chinês por meio de um representante comercial em Manaus. Esta condição onerava muito os custos de aquisição, algo que agora acabou. Na visita formalizamos um acordo direto que vai possibilitar a importação sem intermediário”, pontua o senador. ZPE garante relação comercial direta A projeção que o senador Tião Viana (PT-AC) faz é a mesma, de que um “boom” econômico entre o Acre e a China se dará pela compra direta de alimentos e de madeira certificada, sobretudo, depois que a Zona de Processamento e Exportação (ZPE) estiver inaugurada no Estado, o que se dará em julho próximo. “Os chineses estão otimistas com os acreanos. Eles querem estabelecer relações comerciais diretas com os empresários acreanos e a ZPE será uma importante ferramenta para isso”, afirmou Tião Viana. Basicamente, a ZPE, depois de estabelecida por portaria ministerial e sancionada pelo presidente Lula, será a grande alavanca em direção ao futuro, já que o espaço, de 100 quilômetros quadrados, permitirá a instalação de empresas, tanto do Acre quanto de outras regiões do país, em torno da produção de bens que interessam aos mercados asiáticos. “A ideia é a de que dos 100% que forem produzidos dentro da ZPE, 18% sejam direcionados ao mercado interno e os outros 82% para o mercado de exportação”, explica o senador. O presidente da FIEAC ressalta que a ZPE será uma maneira de viabilizar a sustentabilidade do Estado, sem destruir a floresta, porque haverá oportunidade de implantar indústrias que gerarão vários empregos e outras pequenas indústrias em volta, com mais empregos, o que provocará o aquecimento da economia. Embora, no Brasil, exista uma política nacional de restrição à carne, isso poderá ser contornado ao longo prazo. “Eles têm intenção de prospectar volumes de negócios e temos que nos adaptar, a partir de agora, Acre INDUSTRIAL - junho/2010 Manoel Monteiro, superintendente da Cooperacre, uma das maiores produtoras de castanha do Estado Castanha é uma das grandes apostas de exportação para a China João Francisco Salomão se mostra otimista com a receptividade do mercado chinês A terceira maior superpotência mundial A civilização chinesa é uma das mais antigas do mundo. Responsável por invenções que ajudaram o desenvolvimento do mundo oriental e ocidental como a bússola, o papel, e a pólvora, o país asiático teve que fechar suas fronteiras e construir a Grande Muralha para proteger-se de invasores e das guerras que assolaram o mundo nos séculos passados. Diferente do Muro de Berlim, que teve que cair para capitalizar a Alemanha socialista, a China não precisou destruir as rochas que sustentam a muralha para abrir seu mercado e inserir-se no mundo globalizado. O monumento continua no mesmo lugar, porém a economia chinesa sofreu uma invasão do capital estrangeiro, que superou as barreiras e, justamente com o potencial daquele país, fez da China uma superpotência mundial. Com informações da Assessoria do Grupo Baumann e da Prefeitura de Rio Branco Acre INDUSTRIAL - junho/2010 27 TRIBUTO O P ILAR DO Setor industrial forte é decisivo para o Acre ingressar D ES num ciclo perene e seguro de crescimento O Dia da Indústria — 25 de maio — suscita importante reflexão sobre o quanto o setor é decisivo para o Acre ingressar num ciclo perene e seguro de crescimento, multiplicando empresas e postos de trabalho e melhorando a distribuição de renda. Como ocorre em todo o mundo, o Brasil depende muito do fortalecimento da manufatura, por sua importância macroeconômica, o número de empregos e riquezas que gera e o ingresso de divisas da exportação de bens com alto valor agregado. Além de tudo isto, a indústria nacional, hoje a mais avançada da América Latina, é preponderante para definir o peso internacional do País. Sem dominar os processos produtivos e as novas tecnologias, os brasileiros não terão soberania no mundo globalizado, no qual dependência produtiva é sinônimo de subserviência. Em todo o Brasil, como se verifica no Acre, a indústria tem enfrentado com relativo sucesso graves dificuldades inerentes à legislação, à política econômica e ao cenário interno. Porém, poderia ser ainda mais forte e desenvolvida não fossem alguns obstáculos. Veja: o setor, no qual exigem-se pesados investimentos para a garantia de produtividade e competitividade, é um dos mais prejudicados pelos impostos e juros exagerados, dificuldade de crédito, encargos sociais anacrônicos e excesso de burocracia. Mesmo ante tais gargalos históricos, as indústrias brasileiras têm conseguido investir em tecnologia, qualidade e produtividade. Nestes aspectos, são empresas vencedoras. Internamente, sua produção é tão competitiva quanto à da maioria dos países. Externamente, porém, enfrenta os juros reais mais altos do mundo, tributos de 39% do PIB, inflexível regulamentação trabalhista, carência de logística e infraestrutura, complexidade da legislação e morosidade da Justiça. Apesar de tudo, o setor, demonstrando imensa capacidade de superação, consegue investir, crescer, gerar empregos, manter-se com expressiva partici- 28 Acre INDUSTRIAL - junho/2010 pação no PIB e, ainda, engajar-se de modo muito ativo nos esforços da sociedade civil pela democratização de oportunidades, melhoria do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e avanço na qualidade da vida dos brasileiros. É o que ocorre no Acre, com as instituições vinculadas à Federação das Indústrias (FIEAC). Na área do ensino, a entidade tem destacado trabalho, a começar pelo SENAI/AC, que oferece cursos de educação profissional, formando trabalhadores para a indústria e cidadãos para a sociedade. Também é muito importante o trabalho do SESI/AC, cujo significado é intrínseco à sua missão: “Promover a educação, a saúde e a qualidade de vida do trabalhador e de seus dependentes e estimular a gestão socialmente responsável da empresa industrial, contribuindo para a competitivi- ESENVOLVIMENTO empresários e autoridades que mereçam a admiração do segmento industrial. Confira, abaixo, os homenageados com as condecorações de Mérito Industrial, Destaque Empresarial e Destaque Sindical: Mérito industrial: Honraria criada para homenagear instituições e personalidades que se tenham tornado dignas do reconhecimento e da admiração do Sistema Indústria/AC Homenageados: Antônio Carlos Brito Maciel, Superintendente Corporativo da Confederação Nacional da Indústria – CNI, e Superintendente do Departamento Nacional do SESI. E, Carlos Ovídio Duarte Rocha - Secretário de Floresta do Estado do Acre. dade da Indústria e o desenvolvimento sustentável do Estado do Acre”. É muito relevante, do mesmo modo, a atuação do Instituto Euvaldo Lodi (IEL- AC), integrante do Sistema FIEAC. Tratase de organismo de direito privado, sem fins lucrativos, criado, mantido e administrado pela indústria que busca promover o aperfeiçoamento da gestão, a capacitação empresarial e a interação entre as empresas e os centros de conhecimento. Considerando a importância macroeconômica do setor e a sua relevante atuação em prol de uma sociedade melhor e de um Estado mais desenvolvido, a FIEAC vai comemorar, no próximo dia 25 de junho, o Dia da Indústria. Uma série de eventos está sendo programada, como, por exemplo, palestras, inauguração de unidade do SESI, além do tradicional jantar da indústria – onde são homenageados Destaque e mpresarial: Honraria criada para homenagear indústrias estaduais que tenham feito investimentos, ampliando, modernizando seus negócios de modo indiscutível para o bem-estar social do Estado do Acre e contribuindo decisivamente para o desenvolvimento do parque industrial acreano. Homenageados: José Eduardo de Moura Leite (Ipê Construtora Moura Leite Imp. e Exp. LTDA) e Mário Santin (Ouro Verde Madeiras). Destaque sindical: Honraria criada para homenagear industriais estaduais e que tenham contribuído de maneira decisiva para a organização e fundação de Sindicatos de Indústrias, e que tenha atuado na mobilização e no fortalecimento das atividades sindicais das entidades filiadas à FIEAC. Homenageados: Adelaide de Fátima Oliveira – presidente do Sindicato da Indústria Madeireira; e João Paulo de Assis Pereira, presidente do Sindicato da Indústria de Extração Mineral. Acre INDUSTRIAL - junho/2010 29 SESI Vida longa ao SESISAÚDE Unidade mostra sua força em uma década: 22 mil usuários cadastrados e uma rede ampla de profissionais credenciados A implantação do SESISAÚDE no Estado passou por diversas provas de fogo e foi aprovada. “Adotamos uma postura de pioneiros, sempre com intuição para tomar as decisões certas e nem sempre com os dados completos em nossas mãos. Tivemos coragem de fazer o que achávamos certo, não ficamos sentados esperando o futuro ser construído”, relembra Aparecida Ribeiro Costa, gerente do SESISAÚDE. Dez anos, 22 mil usuários, 230 empresas cadastradas, 133 médicos credenciados e um certificado de qualidade ISO 9001:2000 depois, o SESISAÚDE reflete o que se propõe ao trabalhador da indústria e seus dependentes: uma boa saúde. “E garanto que temos capacidade de dobrar esse número”, orgulha-se o ouvidor Marcos Costa, um dos colaboradores mais antigos da unidade. O trabalho, que se iniciou mais pela boa vontade dos colaboradores do que propriamente pela expertise, hoje é um dos maiores – senão o maior – símbolos do papel social do Serviço Social da Indústria (SESI). Antes da implantação do modelo SESISAÚDE no Acre, o SESI já oferecia serviços de saúde à comunidade e ao industriário. O Centro de Saúde Manoel Gonzaga Bezerra funcionava no Distrito Industrial e sempre foi visto como peça fundamental da instituição, não só pelo alcance social obtido, mas pelo atendimento qualificado. A equipe, bastante reduzida, conseguia dar conta de toda a demanda, que nunca foi pouca, afirma o colaborador Marcos Costa. Ele fazia parte do seleto grupo de profissionais, que contava ainda com a colaboradora Elizabeth Nogueira e a gerente do SESISAÚDE, Aparecida Costa. “O SESI percebeu a importância deste serviço para as pessoas e decidiu implantar o modelo SESISAÚDE, inspirado no exemplo do Departamento Regional de Mato Grosso. Na época, surgiu como programa e depois se tornou uma unidade”, lembra Marcos. Símbolo do papel social do Sistema FIEAC Para o atual presidente do Sistema FIEAC, João Francisco Salomão, o SESISAÚDE simboliza a função social do SESI. “O 30 Acre INDUSTRIAL - junho/2010 SESISAÚDE investiu em infraestrutura e profissionalismo nesses 10 anos próprio lema do SESI já diz: ‘A marca da responsabilidade social’. Promover a qualidade de vida, cuidando, principalmente, da saúde do trabalhador da indústria, evitando assim, o absenteísmo e estimulando a produtividade nas empresas. Se o empresário tem essa visão e oferece esse tipo de benefício ao seu colaborador, vai perceber que todos sairão ganhando”, afirma Salomão. Ele assegura que o foco da instituição é buscar soluções para uma indústria saudável. Sendo assim, nada melhor do que um setor específico para tal fim. Um funcionário saudável é mais ativo e produtivo, o que gera para a empresa maior competitividade e lucro, com redução de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. “É uma mão dupla. Pensar no bem-estar, na qualidade de vida do trabalhador reflete diretamente no bom andamento da empresa e Filho vê o SESISAÚDE hoje como referência na prestação de serviços de Saúde e Segurança do Trabalho (SST), lembrando que este benefício orienta o empregador de maneira prática e objetiva na avaliação dos riscos existentes nos processos produtivos, visando implantar medidas de controle para a prevenção dos riscos. “O desafio do SESI é olhar para essa situação crítica como oportunidade e investir na mudança do trabalhador e incentivar os empresários a investirem na educação para transformar essa realidade”, completou. Feliz pelos dez anos que o SESISAÚDE completa em 2010, o superintendente fez questão de parabenizar a equipe da unidade, bem como todos os profissionais credenciados. Aproveitou também para ratificar o compromisso de que o SESI/AC continuará investindo nas melhorias das instalações, equipamentos, processos, e pessoas para facilitar o acesso aos profissionais da área médica e odontológica, e também de técnicos em SST, colaborando para o aumento da qualidade de vida do trabalhador da indústria. “Vejo que somente com a orientação de especialistas é possível cuidar dos problemas de saúde de hoje e prevenir o surgimento de doenças no futuro”, enfatizou. Preparado para o fracasso, mas fadado ao sucesso Baile marcou as comemorações dos 10 anos da unidade na satisfação do colaborador em fazer parte daquela equipe. Tanto é que os números do SESISAÚDE, sempre em ascensão, estão aí para comprovar isso. Milhares de usuários e mais de cem empresas cadastradas, para um Estado pequeno como o nosso, é uma grande representatividade”, comemora Salomão. O superintendente regional do SESI, José Carlos de Oliveira Filho, atribui a muitos fatores o sucesso do SESISAÚDE. Em especial, ele destaca o fato de a instituição contar com o credenciamento de uma ampla rede de profissionais da área médica de diversas especialidades, laboratórios, clínicas médicas, e ainda, dispor de sua Clínica Odontológica que oferece desde o tratamento básico ao especializado, sendo que os serviços prestados abrangem o trabalhador da indústria, seus dependentes e também a comunidade rio-branquense. Apesar de, segundo Aparecida, “sempre estar preparado para o fracasso”, o grupo soube usar da agilidade para acompanhar as mudanças de mercado e fez da melhoria contínua a sua bússola em direção ao sucesso. Ela ressalta que um trabalho dessa magnitude não seria possível se não fosse construído a diversas mãos. A equipe formada no SESISAÚDE – tanto por colaboradores como prestadores de serviço credenciados e os clientes – ajudou, e continua colaborando, para que essa história que hoje completa dez anos seja ainda mais longeva. O comprometimento de todos vem sendo preponderante para que os objetivos, metas e resultados, além de alcançados, sejam satisfatórios. “Um dos maiores valores construídos foram as pessoas”, reconhece Aparecida Costa. De acordo com ela, os clientes firmados se tornaram parceiros constantes e fiéis na luta para a efetivação da missão de promover a qualidade de vida do trabalhador da indústria e seus dependentes, por meio do acesso aos serviços de saúde com vistas ao desenvolvimento de uma empresa saudável. “Os prestadores de serviços foram os garantidores da qualidade e eficiência dos serviços em prol da qualidade de vida dos trabalhadores e seus dependentes atendidos”, exemplifica. Enfim, todas as demais partes interessadas, como o Conselho Regional do SESI, Departamento Nacional do SESI, Diretoria do Sistema Indústria, fornecedores, parceiros e tantos outros ajudaram a construir esta história de sucesso. “Muito fizemos, mas estamos preparando o SESISAÚDE para o futuro, pois o futuro chegará e o futuro não nos pode pegar desprevenidos e sim preparados e confiantes de que fizemos aquilo que deveríamos ter feito”, finaliza Aparecida. Acre INDUSTRIAL - junho/2010 31 SENAI Pratas da casa Desempenho espetacular da delegação na Olimpíada do Conhecimento faz SENAI-AC redobrar esforços para 2012 A equipe do Acre era uma ilustre desconhecida, mas, após conquistar lugar de honra no pódio da Olimpíada do Conhecimento/America’s Skills 2010, em março, com duas medalhas de prata, o Estado passou a integrar o mapa do Brasil e todas as atenções se voltaram para cá. O evento aconteceu no Rio de Janeiro e esta foi a edição com maior participação acreana – 10 competidores/ocupações. Única mulher a concorrer na ocupação de Sistema de Transporte de Informação (STI), Maria Priscianne de Souza Costa conquistou a primeira medalha de prata na noite de encerramento para o Estado, deixando para trás concorrentes de Rondônia e Goiás, e perdendo por muito pouco Priscianne (STI) foi a primeira medalhista da história do SENAI-A AC na Olimpíada Mas a festa só foi completa quando o nome de Rafael (Mecânica de Automóveis) também foi anunciado 32 Acre INDUSTRIAL - junho/2010 para São Paulo, o campeão geral da competição. “Podemos ser o menor Estado, a menor delegação, mas a nossa união é a mais forte”, afirmou a garota – durante a premiação –, emocionando o público. Mas a festa acreana não parou por aí. Rafael da Silva Araújo, de Mecânica de Automóveis, coroou a participação do SENAI-AC também com a prata. Ele dividiu o pódio de vice-campeão com ninguém menos que o competidor dos Estados Unidos, Daniel Lehmkuhl, e cumpriu o que prometeu ainda quando estava no início dos treinamentos: “Vou trazer uma medalha”. Como se não bastasse, Rafael superou o competidor da poderosa delegação de São Paulo, que ganhou o bronze nesta categoria, e ainda levou um troféu por ser um dos maiores pontuadores da Olimpíada, independentemente da ocupação. RETENDO T ALENTOS – “A Olimpíada beneficia a todos em todos os sentidos. É uma oportunidade para os instrutores trocarem experiências e descobrir novas maneiras de desempenhar seu trabalho, além da formação e qualificação dos nossos alunos, que voltam com outra visão de mercado. Isso é uma mostra das ações que o Sistema FIEAC desempenha, por meio do SENAI, para contribuir para o desenvolvimento e fortalecimento das nossas indústrias”, parabenizou João Francisco Salomão, presidente do Sistema FIEAC. Sem perder tempo, a diretora do SENAI-AC, Solange Maria Chalub Teixeira, conseguiu reter esses talentos na instituição. Segundo ela, além de Rafael, Lucas Braga de Souza (Mecânica Diesel) e Fábio Reis Pereira, de Eletricidade Predial, serão instrutores trainee da Escola SENAI Cel. Auton Furtado. Maria Priscianne será estagiária na área de STI. APOIO D OS I NSTRUTORES – Campeão da Região Norte, as duas medalhas de prata também coloram o Acre em 16º lugar no quadro geral de medalhas, deixando para trás estados como Espírito Santo, Pará, Sergipe, Amazonas, Maranhão, Rondônia, Tocantins, Roraima, Amapá, Mato Grosso do Sul e Piauí. “A gente pensa que é simplesmente chegar e fazer. É mais do que isso. É controle emocional e até racional. Apesar de todas as dificuldades que tivemos aqui, porque STI é uma área muito cara, sempre tive incentivos pra continuar – do meu instrutor, Cleonei Dotto, que ia atrás de patrocínio, e da minha família, que nunca me deixou desanimar, mesmo quando eu ficava triste por não ter como comprar peças para treinar”, agradeceu Priscianne. Acre INDUSTRIAL - junho/2010 X 33 SENAI “Isso aqui são três anos de dedicação! Está aqui todo o meu esforço! Agradeço primeiramente a Deus, pois se não fosse Ele, não seria possível estarmos aqui hoje. Em segundo lugar, meu instrutor, que sempre acreditou em mim. E depois, claro, minha família, que me deu todo apoio para que eu pudesse participar dessa competição”, desabafou o mecânico. Rafael reconheceu a luta que seu instrutor, Antônio Raimundo de Araújo, travou para que ele pudesse chegar entre os melhores da competição. “Devo muito a ele, que me incentivou, correu atrás de patrocínio e de locais para que eu pudesse treinar”, conta. O competidor chegou a passar uma semana em São Paulo (SP) e outra em Porto Velho (RO) para treinar em automóveis pouco comuns no Acre por intermédio de Antônio. A dedicação e o comprometimento do instrutor renderam-lhe uma indicação para ser avaliador-chefe da ocupação de Mecânica de Automóveis na Olimpíada de 2012. 34 Acre INDUSTRIAL - junho/2010 NÍVEL B ÁSICO X T ÉCNICO – Esse resultado não representa apenas que o Acre, pela primeira vez, foi o campeão da Região Norte. Significa que a pequena delegação saída do outro lado do País, composta somente por alunos de nível básico, derrotou dezenas de alunos de nível técnico dos grandes estados. “Definitivamente, o Acre deixou de ser mero participante da Olimpíada do Conhecimento do SENAI para ser competidor de alto nível”, destacou Mozani Mariano de Almeida, diretor da Escola SENAI Cel. Áuton Furtado. “Foi muito emocionante ver que as outras delegações estavam torcendo muito pela gente. Alagoas e Rio de Janeiro vibravam e nos parabenizaram muito”, emocionou-se. Para Solange, o fato de colocar alunos de nível de aprendizagem para concorrer com competidores de nível mais avançado é um estímulo a mais. “É uma ousadia, realmente. Mas eu confio muito nos meus alunos e nos meus Rafael e Priscianne comemoram o feito inédito para o Estado: “Muito trabalho” 6ª edição da Olimpíada ocupou os 571 mil m² do Riocentro instrutores. Nunca havíamos conseguido uma medalha, mas sempre ficamos em boas colocações”, relatou. Porém, em 2010, a história foi diferente. “Notamos que os alunos que não subiram ao pódio não se conformaram, porque eles sentiam que tinham condições de estar lá”, observou Mozani. “Desta vez, eles não vieram aqui apenas para ganhar experiência. Eles vieram confiando no seu potencial, porque esta competição se resume em estrutura, instrutor e competidor”. Na volta para casa, toda a delegação foi homenageada pelo presidente do Sistema FIEAC, João Francisco Salomão, por seu excelente desempenho nesta que foi considerada a Olimpíada de mais alto nível já realizada no Brasil. Na ocasião, Solange anunciou: em 2012, o Acre vai participar da competição em 15 categorias, cinco a mais que neste ano. E que venham mais medalhas. Competidores do Acre Lauana Chalub – Panificação & Confeitaria; Fábio Reis Ferreira – Eletricidade Predial; Lucas Braga de Souza – Mecânica Diesel; Rafael da Silva Araújo – Mecânica Álcool e Gasolina; Mateus Cavalcante Santos Filho – Redes; Priscila Dayane de Souza Costa – Tecnologia da Informação (TI); Maria Priscianne de Souza Costa – Sistema de Transporte de Informação (STI); Theime Camilo da Silva (proncuncia-se “Tcheime”) – Marcenaria; Ivanci Monteiro do Nascimento – Construção Civil (Aplicação de revestimento cerâmico); Felipe Mery da Gama – Construção Civil (Alvenaria). Acre INDUSTRIAL - junho/2010 35 IEL Para enxergar melhor Núcleo de Capacitação Empresarial do IEL é o melhor aliado para a visão de mercado do empresário acreano U m conhecido ditado diz que “O que engorda o gado é o olho do dono”. Fácil identificar o “dono”: o empresário, aquele que se importa (ou deveria se importar) com o negócio, o mentor, quem faz os investimentos e assume as responsabilidades sobre o seu sucesso – ou insucesso. O “olho”, por sua vez, significa o comando, o gerenciamento propriamente dito, desse empreendimento. Pois bem, sobretudo no meio industrial, o olho do empresário deve ser constantemente treinado para evitar problemas de visão. O economista Luiz Gonzaga de Sousa, autor do livro “Economia Industrial”, afirma que, por ser o principal agente do sistema, o empresário precisa investir em capacitação, a fim de que tenha condições de optar pelas melhores decisões para que o seu negócio cresça de forma harmônica. Assim, ele torna a indústria mais competitiva, mais consolidada e mais influente frente ao mercado consumidor. Sousa afirma que o risco e a incerteza que a economia industrial atravessa, o investimento na capacitação empresarial se torna imprescindível. “Os empresários são peças fundamentais numa economia industrial e é neste sentido que o investimento na sua capacitação é muito importante para que ele tenha condições de criar uma dinâmica de crescimento da empresa, fazendo as mercadorias fluírem de acordo com o programado no mercado consumidor”, afirma Sousa em seu livro. É com essa consciência que o Instituto Euvaldo Lodi (IEL-AC) exerce o papel de principal agente articulador do Sistema FIEAC na interação entre o empresário e o conhecimento, preparando o industrial para enfrentar o mercado em pé de igualdade com qualquer que seja seu concorrente. Uma de suas principais ferramentas para este propósito é o Núcleo de Capacitação Empresarial. PREPARAÇÃO PARA O MERCADO - Ao mapear as necessidades das empresas industriais acreanas, o IEL-AC vai em busca das melhores instituições de ensino e pesquisa para oferecer ao público-alvo embasamento conceitual e teórico, fundamentais para se enfrentar os desafios do cenário econômico. Para cada área demandada, são formatados MBA’s e cursos de curta, média 36 Acre INDUSTRIAL - junho/2010 Cursos de capacitação do IEL têm grande procura no Estado e longa duração, de acordo com as necessidades levantadas pelos próprios empresários. A partir de parcerias com instituições de reconhecimento local e nacional, como o próprio IEL Nacional, o Sebrae e a Faculdade Meta (Fameta), o IEL-AC realiza capacitação nas áreas de Gestão Financeira; Gestão Empresarial; Gestão de Pessoas; Marketing e vendas; Produção, Qualidade e Produtividade. “Por intermédio do Núcleo de Capacitação Empresarial, o IELAC oferece aos empresários oportunidades de fortalecimento dos seus negócios por meio de cursos que desenvolvem competências de gestão em temas prioritários e que muitas vezes são demandados pelos próprios empresários através dos sindicatos filiados à FIEAC”, comenta Socorro Bessa, superintendente. Atualizar é preciso Algumas das propostas para atender as demandas dos empresários acreanos previstos para este primeiro semestre de 2010 são os cursos de curta duração de Interpretação da Norma PBQP-H e Formação de Auditor Interno; MS Project; Comunicação Profissional e Oratória; Custos e Precificação; Gestão de Recursos Humanos e Legislação Trabalhista e Previdenciária. “Contamos ainda, com metodologias, parceiros e infraestrutu- ra que nos possibilita oferecer cursos customizados e de acordo com as necessidades apontadas pelo mercado e pelo setor empresarial”, acrescenta a superintendente. Em julho deste ano, o IEL-AC desenvolverá ainda cursos de curta duração para o Programa de Desenvolvimento e Qualificação de Fornecedores (PDF). Empresas cadastradas nesse projeto serão qualificadas em cinco áreas de Gestão Estratégica, Comercial e Financeira: qualidade; meio ambiente; responsabilidade social; saúde e segurança no trabalho. As consultorias também serão feitas em cima das áreas que serão qualificadas após a conclusão de cada módulo. As consultorias e aplicação da metodologia de desenvolvimento e qualificação de fornecedores do IEL fortalecem a cadeia produtiva e geram ganhos de eficiência e produtividade para empresas compradoras (âncoras) e fornecedoras. Com base nos requisitos estabelecidos pelas empresas-âncoras, as fornecedoras são sensibilizadas, diagnosticadas, qualificadas e certificadas, modernizando suas técnicas de gestão e tornando-se mais competitivas no mercado. A previsão é de que a qualificação se encerre em julho de 2011. À DISTÂNCIA - Além dos próprios empresários, o IEL também estimula o aperfeiçoamento e qualificação daqueles que sabem onde querem chegar. No portal nacional de negócios (www.iel.org.br), há um menu de cursos gratuitos online em diversas áreas para estagiários e estudantes. Os temas são “Marketing Pessoal”, “Prepare-se para o mercado: currículo e entrevista”, “Conheça a empresa”, “Aprenda com o estágio”, “Construa sua carreira”, “Educação Ambiental”, “Empreendedorismo”, “Legislação Trabalhista”, “Segurança no trabalho”, “TI e Comunicação”, e “Propriedade Intelectual”. Os módulos virtuais são autoinstrucionais e o aluno pode fazer o próprio horário. GESTÃO FAMILIAR - Outro curso inovador é o de “Empresas Familiares: Gestão e Sucessão”, elaborado após um levantamento que apontou que cerca de 80% das empresas acreanas são familiares – fundadas e administradas diretamente por parentes próximos. A iniciativa, previamente apoiada pelo setor empresarial, traz inúmeras vantagens para a empresa e também para Estado. “Uma empresa bem estabilizada garante a competitividade e traz desenvolvimento para o Estado”, diz Socorro Bessa. Portanto, o que não falta ao IEL são opções para que o empresário tenha uma boa visão de seu ramo de negócio, fazendo uso acertado de suas ferramentas de gestão. O resultado é uma empresa forte, desenvolvida e bem posicionada no mercado. Acre INDUSTRIAL - junho/2010 37 ECONOMIA DO F UTEBOL ÀS RNAS Indústrias dos mais diversos setores planejam aumento de ritmo para atender os dois maiores eventos do ano: Copa do Mundo e Eleições 38 Acre INDUSTRIAL - junho/2010 U É junho. Mês em que os trabalhadores vestem a camisa para uma partida especial. Eles precisam bater um bolão para aumentar a produtividade em campo e oferecer um resultado que corresponde às expectativas do público. Cada gol marcado é garantia de um placar estável, com expectativas para correr para o abraço rumo a outubro, outro mês propício para grandes jogadas. Não, não estamos falando de uma partida de futebol e, sim, do momento de sair do buraco após crise que deixou seqüelas na economia mundial. Aliás, dois momentos: Copa do Mundo e Eleições. Na África do Sul, mais de 30 mil operários trabalham nas obras dos dez estádios que acolherão partidas da copa, com início em 11 de junho. A grande movimentação em volta do evento, no entanto, não é uma exclusividade do país que sediará os jogos. Cada nação que levará sua seleção à disputa está em polvorosa, e quem aproveita a ocasião para aumentar o faturamento são as indústrias dos mais variados ramos, em especial, as de confecção, alimento e gráfica. A marca responsável pelas camisas oficiais da seleção brasileira já comemora, muito antes da copa, a grande procura pelos exemplares expostos em lojas e sites de todo o mundo. O preço varia de R$ 149 a R$ 199 - nada tão caro no ponto de vista dos torcedores mais fanáticos, mas um tanto salgado para que conta com a realidade de um salário mínimo. É aí que entram as malharias, responsáveis por manter os torcedores uniformizados com um preço muito mais em conta. Segundo o gerente de vendas da Malharia Ponto Sem Nó, Jerre Prata, a indústria se preparou para a data e produziu um estoque grande para a chegada da copa. Várias pessoas já procuram pelas camisas, que se apresentam em diferentes modelos e estampas, algumas com o toque tradicional e outras mais irreverentes. “Damos a dica também para as pessoas montarem a sua própria torcida, com camisas personalizadas. É uma ideia legal, que deixa o grupo de amigos caracterizados na hora de assistir aos jogos do Brasil”, destaca. Atualmente, a malharia trabalha com 17 funcionários na produção, entre serviços de corte, costura, serigrafia e bordado. Com a proximidade da copa, a expectativa é aumentar o quadro com pelo menos cinco empregados temporários para aguardar o aumento da demanda. ALIMENTOS - Vestimentas à parte, a indústria de alimentos também tem se preparado para faturar alto com a copa. Na hora dos jogos é comum o grupo de torcedor apreciar um aperitivo ou uma bebida. E porque não um café? Isso mesmo. O Café Contri, que carrega o slogan “O seu prazer diário” não quer ficar de fora da copa. Por isso, os trabalhadores que não terão dia de folga para assistir ao jogo e ficará na companhia de um bom café, poderá, paralelamente, estar concorrendo a promoção “A Copa de 2010 é com Café Contri e Café Sarah”. A promoção remete ao sorteio nas vésperas de cada jogo do Brasil de uma churrascada no valor de R$ 1,5 mil. Basta o torcedor juntar embalagens do Café Contri e Café Sarah, e trocar por cupons nos postos autorizados. “A indústria precisa manter-se aquecida, e para isso, aproveitamos datas festivas para engajar campanhas que nos garantem um aumento nas vendas”, disse o empresário Adalberto Moreto, proprietário das marcas de café. X Acre INDUSTRIAL - junho/2010 39 ECONOMIA Malharias fabricam camisetas da Copa com preços mais acessíveis Região Norte é a mais otimista A perspectiva empresarial para Copa do Mundo 2010 mostra que 50% dos empresários do varejo esperam aumento de faturamento do seu negócio, por conta deste evento global. Para 35% o faturamento não terá nenhuma alteração e para 15% deve cair. A pesquisa foi feita pela Serasa Experian, divulgada no dia 4 de maio, para todo o Brasil. 40 Acre INDUSTRIAL - junho/2010 Dentre as empresas, as de grande porte têm 74% de seus empresários apostando em elevação do faturamento. Nas médias são 56% compartilhando desta opinião, com 33% não enxergando mudanças. Nas pequenas empresas, 48% apostam em aumento, 36% em manutenção do faturamento atual e 16% em recuo. A região Norte tem a maior parcela de empresários otimistas, 64% dos entrevistados, que vêem o fatura- Setor gráfico vai elevar faturamento com os dois acontecimentos mento de seu negócio em alta, em decorrência da Copa do Mundo. No Nordeste são 61% dividindo a mesma resposta, Centro-Oeste 54% e Sudeste 50%. Os varejistas do Sul estão divididos sobre os impactos da Copa do Mundo, 42% acham que o faturamento crescerá e 42% acham que tudo ficará como está. Segundo os técnicos da Serasa, a Copa do Mundo visa estimular o varejo já a partir do período pós Dia das Mães. O comércio deve empreender promoções em conjunto com a indústria e em termos de alongamento nos prazos de financiamento, sobretudo dos produtos de maior valor agregado, a exemplo das TVs de alta definição. Eleições: garantia certa de faturamento a cada dois anos De fato, 2010 é o ano da indústria. Habituados a trabalhar com as datas comemorativas fixas de todos os anos, como a Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia das Crianças e Natal, os empresários se deparam com mais duas datas bem propícias aquecimento das vendas. X Acre INDUSTRIAL - junho/2010 41 ECONOMIA Atentos ao detalhe, as gráficas já antecipam investimento para atender aos candidatos que entrarão em campanha. E não são poucos. Além do presidente da república, serão eleitos governadores, senadores, deputados federais e estaduais. Trabalhar com planejamento é sempre uma garantia, afirma o economista Carlos Estevão. Segundo ele, a empresa que planeja insumos, faz previsão de demandas e avalia históricos passados tem menos risco de perder as vendas para concorrentes de outros Estados. “O consumidor que não encontra o que procura aqui no Estado, acaba comprando pela internet”, alerta o economista. Para não correr esse risco, a Gráfica Printac organiza suas demandas para não deixar o cliente na mão. “Sempre há um aumento de demanda, por isso precisamos estar preparados”, disse o empresário Leônidas de Araújo Neto. O aumento do faturamento, no entanto, já foi mais significativo, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda não havia feito algumas restrições quanto ao uso de propaganda, destaca o empresário. “Para as gráficas acredito que o faturamento maior vai ser com a Copa. Como as empresas utilizam a data para promover campanhas e promoções, os serviços de impressão de cartazes, folders e outros materiais aumentam”, destacou. Outro empresário do ramo gráfico, Elson Dantas, acha que a demanda nas eleições continua elevada. “O setor experimenta significativo aquecimento nesta época, alicerçado no aumento da demanda por impressos de cartazes, santinhos, adesivos, enfim, material de divulgação e abordagem - utilizados pelos políticos para difundir suas propostas de campanha”, enfatizou. Oportunidades para construção civil As eleições contribuem bastante aquecer as indústrias da construção civil. Isso porque com a proximidade da troca de governo, as obras que estavam previstas dentro do mandato atual devem ser concluídas antes de expirar o prazo. A partir do meio do ano não se pode contratar empresas e nem empenhar verba de governo até que se encerrem as eleições. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), Carlos Sasai, o volume de obras está bastante alto, mas existe outro fator, além do prazo para cumprimento das demandas. “No Acre, o ano de 2009 foi um ano de muitas chuvas e por isso há muitas obras atrasadas. Esse ano temos que cumprir todas, e pra isso, precisamos correr contra o tempo”, enfatizou. O prazo para cumprimento de prazo gera oportunidade também para as pequenas empresas. Isso acon- 42 Acre INDUSTRIAL - junho/2010 tece porque nem sempre as grandes - que já possuem outras demandas - conseguem executar o serviço solicitado sozinha e em tempo hábil. Sasai confirma que as grandes empresas de construção civil estão partindo para esta opção. Há contratos mais recentes, assinados em dezembro de 2009, como o do Programa “Minha Casa, Minha Vida”, que prevê a construção de duas mil moradias. “Certamente as grandes empresas precisarão contratar as pequenas para auxiliar nas obras. Isso é muito bom porque um contrato como esse, de grande volume, não tem como uma empresa pequena assinar sozinha, mas no fim das contas, ela acaba faturando também porque seu serviço é solicitado. Assim, todos saem ganhando”, completou o presidente. É um efeito positivo, mas que pode gerar prejuízos para o ano seguinte, já que em início de novo mandato, é um ano peculiarmente de instabilidades, é preciso fazer reserva e aumentar a arrecadação para então cumprir as promessas de campanha. Luciano Pontes Volume de obras continua com ritmo alto nesse período, aquecendo a economia Presidente do Sinduscon-A AC, Carlos Sasai, diz que setor precisa entregar neste ano obras atrasadas em 2009 Acre INDUSTRIAL - junho/2010 43 DESAFIOS N ão são poucas as aflições pelas quais passam o setor produtivo acreano. Como se não bastassem suas atribuições costumeiras de arriscar, investir e superar barreiras para que o seu negócio se fortaleça e prospere, hoje o empresário se depara com uma série de exigências e estrangulamentos que acabam por tornar praticamente impossível sua sobrevivência no mercado, como, por exemplo, o excesso de burocracia, cargas tributárias, insegurança jurídica e as legislações trabalhistas. Além de contribuir para o desenvolvimento de sua região e de seu país, o empresário do novo século deve conduzir seu negócio de modo a colaborar para a qualidade de vida da população, por meio de ações que sejam permeadas pela responsabilidade fiscal, responsabilidade social e responsabilidade ambiental. Tais prerrogativas, além de socialmente e ecologicamente responsáveis, tornaram-se diferenciais no mercado além dos limites do Estado. Isto porque o consumidor acreano – a despeito de existir um verdadeiro leque de empresas que atendam a tais requisitos – opta mesmo por adquirir produtos mais baratos. Ou seja, de empreendimentos informais, que sonegam encargos e impostos, criando-se mais um agravante para o já asfixiante cenário do setor produtivo local: a concorrência desleal. Diante de tantos entraves que empatam o desenvolvimento econômico do Estado, a FIEAC deu início à coordenação de um projeto ambicioso e necessário para que o setor esteja cada vez mais alinhado à agenda e aos requisitos da sustentabilidade e da competitividade. Trata-se da Mobilização de Fortalecimento do Setor Produtivo (MFSP), que pretende despertar o empreendedor não só para enfrentar os grandes problemas de seu cotidiano – lutando para remover tantas barreiras –, mas, também, para prepará-lo para a vinda de concorrentes que estão em vias de se instalar em território acreano, além de incentivá-lo a aproveitar as grandes oportunidades que estão surgindo. “Um exemplo de obstáculo são as licenças ambientais, expedidas com a máxima responsabilidade, mas não com a mesma agilidade. Elas não podem levar anos, como invariavelmente ocorre, porque senão acarretará graves danos à economia e à população. Este é um dos entraves onde se faz necessário melhorar a performance do setor público”, resumiu o empresário João Francisco Salomão, presidente do Sistema FIEAC. Os cinco passos Para reagir a tantos fatores sufocantes, a indústria acreana vai lutar para superar o que pode ser resumido em cinco desafios: tornar o setor participante ativo do proces- 44 Acre INDUSTRIAL - junho/2010 so de formulação e implementação de políticas públicas; fortalecer as representações empresariais acreanas; preparar o empresário local para enfrentar o novo cenário de oportunidades e concorrência; tornar o Acre um Estado com ambiente altamente favorável ao processo empreendedorial e estabelecer um canal de comunicação sistemático com a sociedade. “Partimos do princípio de que se a sobrevivência do setor produtivo sofre influência direta e significativa das políticas públicas, bem como de normas e leis, há necessi- Empresas sofrem com diversos obstáculos para sobreviver no mercado UM R I EMÉD PARA ASFIX NDÚS dade de que nós participemos diretamente de suas formulações”, explica o coordenador do Movimento, Assurbanípal Mesquita. Entre os diversos objetivos a ser alcançados, o Movimento pretende despertar a importância do empreendedor perante a sociedade e para os próprios empresários; lutar para que o poder público mantenha uma atuação desenvolvimentista; tornar o empreendedor consciente de seu papel e de suas responsabilidades; eliminar as barreiras que dificultam a criação e sobrevivência ÉDIO A IXIA DA ÚSTRIA dos negócios e tornar as oportunidades acessíveis para todos os empreendedores, sobretudo os acreanos. “Um Estado forte é reflexo de um setor produtivo forte”, defende Mesquita. Segundo ele, estados como São Paulo e Amazonas são desenvolvidos justamente porque possuem um setor industrial robusto, que garantem aos seus respectivos governos uma boa fonte de arrecadação. “O ideal é que o Estado viabilize o setor produtivo, incentivando-o e destravando o seu desenX volvimento”. Projeto de fortalecimento quer destravar o desenvolvimento do setor produtivo do Estado e despertar o empresário para a nova realidade econômica Acre INDUSTRIAL - junho/2010 45 DESAFIOS AGENTES DE TRANSFORMAÇÃO – O coordenador do MFSP toca ainda em outro ponto crucial para a atual situação. A própria sociedade ignora a importância de uma empresa para o desenvolvimento do Estado. Mais que isso. Os próprios empresários ignoram a sua força, perdendo a oportunidade de se unir para resolver problemas individuais que acabam se tornando comuns quando somatizados. “Uma visão arcaica da gestão dificilmente conduzirá a organização ao sucesso e, mais grave ainda, poderá representar o encerramento de suas atividades”, alertou João Francisco Salomão. “Existe uma série ferramentas e organismos que podem ajudar os empresários e fortalecer o associativismo, mas a categoria ainda está muito dispersa, não atentando para as oportunidades que surgirão em um futuro muito próximo”. Para o empresário, é dever do poder público contribuir para a atuação desenvolvimentista, fortalecendo o setor produtivo, beneficiando, assim, toda a sociedade. No entanto, o setor produtivo deve – e tem interesse em – dar sua contrapartida, participando ativamente do desenvolvimento de leis e políticas públicas que impulsionem a classe. “Os empreendedores e o poder público são os agentes de transformação”, afirma Salomão. “Mas também é lamentável constatar que muitos projetos das empresas voltados à adoção dessas políticas contemporâneas ficam emperrados na burocracia estatal. Além da falta de incentivos, bloqueiam-se todos os procedimentos necessários”. Daí a importância de se possuir um canal de comunicação com a sociedade. O setor produtivo precisa de uma proteção e um porta-voz para que sejam divulgadas suas ações, bem como para se posicionar de maneira mais incisiva ante as tentativas de estrangulamento. “Esse canal de comunicação, que pode ser um programa ou até mesmo uma emissora, terá ainda um papel fundamental na melhoria da imagem do empresário perante a sociedade”, enfatizou Mesquita. Agir para competir De acordo com o economista Carlos Estevão Castelo, os líderes empresariais perceberam que o cenário econômico acreano está mudando rapidamente, que empresas de fora estão demonstrando interesse e até começando a se instalar aqui. “Então, a classe começou um movimento de reação a fim de se preparar para essa nova realidade e poder competir em condições de igualdade”, analisou. O economista constata que a categoria vem se conscientizando de que não adianta somente reivindicar do setor público medidas protecionistas e incentivos fiscais sem fazer uma autorreflexão, nem reparos na própria vulnerabilidade. 46 Acre INDUSTRIAL - junho/2010 De seu lado, o Sistema FIEAC, em muitas ocasiões em parceria com a CNI, promove uma série de ações com objetivo de fortalecer e dar subsídios para que a classe empresarial possa atuar de maneira eficaz na condução de seu negócio e na coletividade. Pode-se citar iniciativas como o Modelo SESI de Sustentabilidade, o Projeto de Desenvolvimento Associativo (PDA), além de cursos e MBA’s realizados pelo IEL conforme as demandas e necessidades apresentadas pelo industrial. ATRATIVOS E OPORTUNIDADES – A situação do empresário acreano era de, certo modo, cômoda. A MFSP foi dividido em conselhos temáticos que atuam em diferentes áreas posição do Estado, localizado numa região de difícil acesso, não atraía investidores externos. Agora, o panorama está mudando. O Acre está cada vez mais próspero, como se pode observar nos investimentos previstos ou em curso, como os projetos de estrutura do PAC, de expansão de energia interna, complexo do Rio Madeira, valorização do ativo florestal e biodiversidade. Obras como a abertura para o Oceano Pacífico, por meio da Estrada Interoceânica, e a conclusão da BR364, que tornará o acesso terrestre ao Vale do Juruá um sonho realizado, são dois fatores que tornarão o Estado uma boa opção para que empresas já saturadas dos grandes centros ampliem seu leque de consumidores. Isto porque ambas as obras ampliam o potencial turístico acreano, além da Transoceânica se tornar uma saída mais viável para o mercado asiático. “Além disso, há ainda projetos de incentivo ao comércio exterior, como a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) e o Porto Seco, que tornam o Estado ainda mais atrativo para grandes empresas nacionais e até multinacionais. Não se pode negar que será bom para o Estado que esses empreendimentos se instalem aqui. No entanto, temos que nos preparar para não nos tornarmos meros fornecedores ou até mesmo expectadores desse processo”, salientou Salomão. Os caminhos traçados Com base nesse pensamento, foram criados cinco conselhos táticos que atuarão em cada um dos desafios elaborando um plano de ação para se alcançar os resultados almejados. Estão previstas atividades como a elaboração de uma Agenda Executiva, com propostas do setor produtivo para os planos de Governo, e o empenho para tornar realidade a implantação de um Zona de Processamento de Exportação (ZPE). “Como a ZPE é livre de impostos, cria-se as condições necessárias para a instalação de empreendimentos na área e de pequenas indústrias fornecedoras ao redor, gerando assim mais riqueza e empregos”, defende João Francisco Salomão. Um dos projetos de maior aposta da FIEAC é o da Zona de Processamento de Exportação O MAIOR ENTRAVE – Para fortalecer as representações empresariais acreanas, o setor deve se unir e lutar pelo fortalecimento das representações empresariais. “Como se vê, cabe somente aos empresários mudar a presente situação. Para que consigamos ter êxito, teremos que desenvolver uma grande quantidade de ações integradas, que são os cinco desafios que nos propusemos a superar”, destacou Assurbanípal Mesquita. Talvez o maior de todos os entraves para o desenvolvimento do setor produtivo não venha dos impasses com o setor público nem da falta de iniciativas das instituições que representam o segmento. Pode estar justamente na falta de percepção da grande maioria dos empresários acreanos para o cenário que vem se desenhando em um futuro muito próximo. “Se nós não nos movimentarmos, não nos capacitarmos, vamos literalmente nos sufocar diante de tantos estrangulamentos e da forte concorrência que virá”, sentencia João Francisco Salomão. Acre INDUSTRIAL - junho/2010 47 IMPOSTOS I PAGAR MENOS MPOSTOS NÃO É IMPLES TÃO S Cada empresa deve fazer um estudo de caso para se certificar se é vantajoso ou não aderir ao regime tributário simplificado É preciso ter muita cautela para saber se é negócio para empresa aderir ao Simples Nacional. As tentações são muitas. Logo de cara, a primeira vantagem é a redução de burocracia, já que é possível pagar oito impostos utilizando apenas uma guia. Mas esse não é o principal fator que atraem as empresas ao interesse de se tornarem Simples. Elas sonham com a possibilidade de pagar menos impostos, o que ocorre em muitos casos e em outros, não. Para não haver dúvida alguma, a Receita Federal disponibilizou em sua página na internet um conteúdo com perguntas e respostas sobre quem pode aderir ao regime, como é feita adesão, quais as vantagens e quais os tributos a empresa continua pagando após ter tido o cadastro no Simples Nacional aceito pelo órgão. O regime é diferenciado, simplificado e favorecido previsto na Lei Complementar nº 123, de 14.12.2006, aplicável às Microempresas e às Empresas de Pequeno Porte, a partir de julho de 2007. Considera-se Microempresas, para efeito do Simples Nacional, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, que aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00. Já Empresas de Pequeno Porte, para efeito do Simples Nacional, são consideradas as que têm receita bruta 48 Acre INDUSTRIAL - junho/2010 superior a R$ 240.000,00 e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00. Vale lembrar que para enquadramento na condição de Microempresa ou Empresa de Pequeno Porte, deve-se considerar o somatório das receitas de todos os estabelecimentos. Mas, a dúvida é: todas as empresas que correspondem a esse perfil devem aderir ao Simples Nacional? Segundo o auditor-fiscal da Receita Federal, Nivaldo Medeiros Filho, é preciso que cada empresa realize um estudo de caso para saber se é ou não vantajoso o regime tributário. A queda da alíquota varia de atividade para atividade. No caso das indústrias, o Simples tem se mostrado bem vantajoso em relação a outros sistemas tributários. São os custos operacionais e o faturamento da empresa que irão mostrar para a empresa qual a melhor opção. Em alguns casos a empresa consegue se ver livre do pagamento de IRPJ, PIS/PASEP e Confins. Uma empresa que possui faturamento de R$ 120 mil por ano, por exemplo, poderá pagar 4,5% desse valor em impostos. Se o regime escolhido fosse o Lucro Presumido, essa mesma empresa e com o mesmo faturamento pagaria 15,55% de impostos. “Aderir ao Simples é vantajoso em muitos casos, claro. Mas, é preciso ter cuidado para a empresa não se deparar com outra dimensão. Em um exemplo bem prático, quem tem faturamento baixo, paga menos impostos”, alerta o auditor. Como fazer parte do Simples O período para opção pelo Simples Nacional é sempre em janeiro, até o último dia útil do mês. A opção é solicitada somente pela Internet, por meio do Portal do Simples Nacional. É necessário que se faça um acompanhamento no próprio portal para se ter a certeza de que a empresa foi incluída no regime. No Acre, 972 empresas solicitaram a opção em 2010. A receita registrou um total de 359.425 solicitações em todo o Brasil. Se as empresas solicitantes se enquadrarem no regime e a diminuição de impostos acontecer, um cenário de maior competitividade no mercado, tanto na hora da compra, quanto na venda, será gerado. O Simples Nacional recolhe os seguintes tributos: Auditor-ffiscal da Receita, Nivaldo Filho: “A queda da alíquota varia conforme a atividade” Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS); Contribuição para o PIS/Pasep; Contribuição Patronal Previdenciária (CPP); Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS); Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Obs.: O recolhimento na forma do Simples Nacional não exclui a incidência de outros tributos não listados acima. Mesmo para os tributos listados acima, há situações em que o recolhimento acontece à parte do Simples Nacional. Acre INDUSTRIAL - junho/2010 49 LEGISLAÇÃO M uitas dúvidas ainda imperam entre contratantes e jovens sobre a Lei do Menor Aprendiz. Mas afinal, quais são os direitos do aprendiz? Como é feito o contrato? Quem é obrigado a contratar? E qual remuneração deve ser dada ao menor? Essas são apenas algumas das dúvidas mais frequentes. As empresas, na verdade, possuem certo receio de contratar menores de 16 anos desde que o trabalho para essa faixa etária foi proibido pela Constituição Brasileira de 1988. Entretanto, a constituição ressalvou a possibilidade de ingresso no mercado de trabalho na condição de aprendiz a partir dos 14 anos. E para tudo ficar devidamente esclarecido, foi criada a Lei do Menor Aprendiz, nº 5.598 de 01 de dezembro de 2005. O aprendiz é o jovem com idade entre 14 e 24 anos, matriculado em curso de aprendizagem profissional e admitido por estabelecimentos de qualquer natureza que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). Os estabelecimentos - de qualquer natureza - são obrigados a empregar e matricular nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendizagem (Industrial, Comercial, Rural, do Transporte ou do Cooperativismo) número variável entre 5% e 15% dos trabalhadores de cada um de seus estabelecimentos, cujas funções demandem formação profissional. “É importante ressaltar que não se trata de faculdade das empresas de contratar aprendizes, mas sim de uma imposição legal. Todas as empresas que possuírem LEI DO 50 A Advogada Patrícia Belucio explica que contratação de aprendizes não é opcional, mas sim imposição legal funções que demandem formação técnico-profissional devem contratar aprendizes, sob pena de violação à lei e, consequentemente, estarem sujeitas às multas impostas pelo Ministério do Trabalho”, explica a advogada Patrícia Belucio. Para a definição das funções que demandem formação profissional, deverá ser considerada a M ENOR Algumas empresas não sabem como proceder para contratar um menor aprendiz e preferem pular essa etapa, o que pode gerar multa por descumprimento à lei PRENDIZ Acre INDUSTRIAL - junho/2010 Classificação Brasileira de Ocupações, elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego. (Portaria nº 615/2007 e 1.003/2008) No setor da construção civil, por exemplo, as funções de eletricista predial e instalador de sistemas eletrônicos de segurança fazem parte da lista de funções que demandam formação técnica profissional. Vistas essas funções e feitos os cálculos de quantos devem ser contratados, o próximo passo é entrar em contato com as entidades que capacitam, ou seja, os Serviços Nacionais de Aprendizagem, como SESI, SENAI, SENAC, etc. A aprendizagem se realiza dentro das instituições citadas, na empresa, sob orientação de especialistas em formação técnico-profissional, ou nas Escolas Técnicas de Educação e entidades sem fins lucrativos. A empresa também pode fazer o recrutamento e depois encaminhar os selecionados para essas entidades. A contratação deve acontecer diretamente pelo tomador do serviço do aprendiz e supletivamente por entidades sem fins lucrativos que tenham por objetivo a assistência de adolescentes, caso em que esta deverá celebrar contrato com o estabelecimento que utilizará os serviços do aprendiz. O prazo máximo do contrato de aprendizagem é de dois anos, sem possibilidade de prorrogação. A contratação deve acontecer diretamente pelo tomador do serviço do aprendiz e supletivamente por entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivo a assistência de adolescentes - caso em que esta deverá celebrar contrato com o estabelecimento que utilizará os serviços do aprendiz. O prazo máximo do contrato de aprendizagem é de dois anos, sem possibilidade de prorrogação. A lei diz, ainda, que deve ser dada preferência à admissão de aprendizes entre 14 e 18 anos, e que somente em situações especiais, previstas em lei, o aprendiz deverá ter entre 18 e 24 anos. Quanto ao salário, a lei diz que o aprendiz deverá receber pelo menos o salário mínimo ou então o piso eventualmente garantido pela Convenção Coletiva da categoria do tomador, se houver. A advogada faz uma ressalva para a jornada do menor, que é diferenciada. “Ao aprendiz está prevista jornada especial, de no máximo seis horas diárias, a qual deverá abranger tanto o ensino teórico, quanto prático”, enfatiza. Entretanto, a advogada afirma que a lei aceita outra possibilidade. A jornada de trabalho poderá ser de oito horas se o aprendiz já tiver terminado o ensino fundamental, desde que nessa jornada estejam incluídas as horas destinadas à aprendizagem teórica. “São vedadas a prorrogação e a compensação de horas”, destaca. Outros direitos assegurados ao aprendiz O aprendiz tem direito a férias (que preferencialmente devem coincidir com as férias escolares, sendo certo que o período deve estar pré-fixado no programa de aprendizagem, sendo proibida sua alteração) e também tem direito ao vale transporte. Extinção do contrato de aprendizagem Pode acontecer nas seguintes situações: desempenho insuficiente ou falta de adaptação do aprendiz; falta disciplinar grave; ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo e a pedido do aprendiz. Conclusão do programa Após a conclusão, deve ser concedido pela entidade formadora o certificado de qualificação profissional, que deverá mencionar o título e o perfil profissional para a ocupação na qual o aprendiz foi qualificado. Além disso, a empresa tomadora deverá contratar outro aprendiz em substituição àquele que completou seu treinamento. Acre INDUSTRIAL - junho/2010 51 PIONEIRISMO 52 A O C om a proposta de acompanhar as mudanças de mercado, a Casa Natal, que tem como carro-chefe a venda de tecidos há 60 anos, decidiu inovar. Criou a CN Modas, primeira grife genuinamente acreana com confecção de moda infantil e adulta. O mercado, até então inexplorado no Estado, surgiu de uma seqüência de oportunidades agarradas com unhas e dentes pela empresária Síglia Abrahão. Além de aproveitar a infinidade de tecidos que a loja dispõe, Síglia explorou a ideia do Projeto de Fortalecimento do Setor de Confecção, do SENAI/AC, que incentiva os empresários do ramo a saírem da mesmice de uma confecção limitada para a criação de estilos. Mas, nada é tão simples, ainda mais quando o assunto é tendência de consumo. A empresária conta que foi feito, inicialmente, um investimento de R$ 100 mil em equipamentos, estrutura e contratação de profissionais, entre costureiras, modelista e designer de moda. E isso não é nem o começo do que está por vir. “É apenas um início. Estamos realmente dispostos a levar esse projeto adiante, fazendo grandes investimentos para que o Acre, de fato, tenha suas próprias roupas”, argumentou a empresária. Saias, calças, blusas, vestidos de vários estilos, cores e caimento já podem ser vistos na Casa Natal. As peças foram todas confeccionadas com a preocupação de acompanhar o tempo, com o simples uso das roupas no dia-a-dia a um contexto social. A aceitação por parte dos clientes que conhecem as peças tem sido boa. O problema é que o acreano ainda não assimilou o fato de o Acre estar ditando moda e só percebe que o produto é da terra quando observa a etiqueta, que faz referência à primeira grife acreana. “Estamos há apenas um ano com essa novidade. Aos poucos estamos alcançando clientes e, em breve, a marca se firma no Estado”, avalia Síglia Abrahão. Como uma extensão da CN Modas, a empresa trabalha ainda com uma malharia, que vende uma média de 15 mil camisas por mês. Em determinadas épocas do ano, essa quantidade chega a dobrar. A malharia, de certa forma, serviu de fonte de inspiração para a criação da CN Modas - já que muito antes disso trabalhava com estampa diferenciada de camisas. “Fazemos muitas camisas personalizadas, sob Acre INDUSTRIAL - junho/2010 CRE D A tradicional Casa Natal, que vende tecidos há 60 anos, cria a primeira grife de moda genuinamente acreana encomenda. Mas, além dessas, lançamos as nossas próprias, com bordados e estampas de motivos amazônicos e outras manifestações”, destacou o gerente de vendas da malharia, Jerre Prata. Parte da clientela da malharia é local e outra parte é composta por turistas. É que as camisas da Desfile apresentou peças da grife em comemoração aos 60 anos da Casa Natal M DITANDO A M ODA marca Acre, são confeccionadas lá. A peça é tão procurada que ganhou uma seção só para ela e pode ser encontrada em várias cores, tamanhos e modelos. “Essa camisa é muito procurada por quem quer levar uma lembrança do Estado. As vendas delas estão sempre em alta”, completa. CN Modas na passarela No dia em que completou 60 anos, a Casa Natal levou seu mais novo fruto ao Teatro Plácido de Castro para comemorar em grande estilo. Um desfile de moda foi feito com peças da CN Modas, surpreendendo o público presente. “Fiquei realmente impressionada com o nível do desfile, o cuidado que se teve com a produção e as roupas que os modelos apresentaram. Essa marca certamente se transformará numa tradição no Estado, assim como a Casa Natal se tornou”, disse a diretora regional do SENAI/AC, Solange Chalub. O desfile marcou a comemoração de toda a família Abrahão, presente no Teatro no dia 31 de março. Toda a história do empreendimento foi relembrada na oportunidade. Foi no final do século XVIII e início do século XIX, no auge do primeiro ciclo da borracha na Amazônia, que começaram a chegar ao Acre os primeiros imigrantes sírio-libaneses, que apostavam no comércio local pelos rios da região. Dessa trajetória nasceu a Casa Natal, construída pelo imigrante Alberto Felício Abrahão. O governador do Estado, Arnóbio Marques, fez questão de prestigiar o evento. “Não poderia imaginar Rio Branco, hoje uma cidade cheia de histórias, sem a Casa Natal”, disse o governador que entregou uma placa em homenagem aos 60 anos do empreendimento à matriarca da família, Maria Luísa Monteiro Abrahão. Maria Luísa Monteiro Abrahão, matriarca da família, recebe placa de homenagem das mãos do governador Binho Marques Acre INDUSTRIAL - junho/2010 53 ARTIGO Eloi Zanetti A arte do diálogo E m qualquer ambiente onde existem grupos com objetivos comuns, esbarramos numa dificuldade inerente: o saber se comunicar. Criamos sofisticadas formas de linguagens, avançamos na feitura de equipamentos e ainda não aprendemos a nos comunicar com eficiência com nossos parceiros de trabalho. Para a maioria das pessoas, a arte do diálogo - dio-logos, dois pensamentos - é muito complicada. Perceber e entender as regras da boa comunicação não é difícil, qualquer um consegue. O difícil é praticá-las. Elas exigem atenção, escuta e concentração no outro. Atitudes que necessitam de despojamento, humildade, paciência e principalmente educação. É aí que “a coisa pega”. Estamos tão egocentrados que não enxergamos, nem escutamos os anseios do interlocutor. Por pressa, orgulho, vaidade, presunção ou preguiça, perdemos o contato com o próximo. Não é aula de catecismo, mas perceba como os sete pecados capitais são inimigos da boa comunicação. Nós, comunicadores profissionais, perdemos tempo estudando objetivos, público-alvo, as melhores formas de emitir mensagens e até tentamos mensurar os resultados das nossas ações. Mas nos esquecemos do básico: a comunicação entre humanos se processa entre humanos e está atrelada aos nossos defeitos e virtudes. Existem dezenas de maneiras de melhorar os relacionamentos interpessoais. Por exemplo: não cortar a palavra do outro enquanto ele estiver falando - senão dá a impressão de que você não se preocupa com a causa alheia e a comunicação se desmancha no nascedouro. Aprenda a usar a sua entonação de voz, principalmente ao conversar com as mulheres. Elas são mais suscetíveis ao modo e à altura das falas do que os homens. O grande poder de sedução de Cleópatra não era a sua beleza, mas a sua voz. Além de boa ouvinte e de dominar com maestria a arte da boa conversação, a rainha dos egípcios tinha um tom de voz encantador. 54 Acre INDUSTRIAL - junho/2010 Calma e suavidade constroem o bom conversador. Por isso, fale devagar, atento às palavras que vai proferir. E, se for replicar uma provocação, siga os conselhos de Salomão: “A resposta branda acalma o furor, a palavra ferina estimula a ira”. É dele também o provérbio: “As palavras ditas na hora certa são como maçãs de ouro em bandejas de prata”. Durante a realização de um trabalho coletivo, mantenha seus parceiros informados sobre o que está realizando e as suas intenções sobre os próximos passos. Nos esportes, bons jogadores sinalizam os momentos certos para passes e recebimentos de bola. É bonita a cena do Pelé, menino, batendo a mão na cabeça, pedindo bola no jogo contra a Suécia na Copa de 58. Um dos erros mais comuns na comunicação dos vendedores é não saber a hora certa de parar de falar. Muitas vezes, na cabeça do comprador, o negócio já está fechado e o vendedor continua falando. Isso faz o outro se lembrar da concorrência, refletir sobre suas reais necessidades, ponderar alternativas e tomar outra decisão, que pode ser até cancelar a compra. Um dos comportamentos mais irritantes nos processos da comunicação é a falta do retorno - o feedback. Muitos dizem: “Não tive tempo para responder”. Eu digo: “Foi falta de educação e não de tempo”. Nem que seja apenas para dizer não, devolva a informação sobre o andamento dos trabalhos ao interessado. O termo “palavra”, em hebreu, quer dizer “instruir, guiar atenciosamente”. Ou seja, funções de um líder. Quem não sabe se comunicar instruindo não serve para as ações de liderança. E, atenção: nos processos comunicativos, aquilo que não é dito com clareza, normalmente, é mais importante do que o que foi dito explicitamente. O essencial continua invisível para os olhos e ouvidos. Eloi Zanetti - especialista em marketing, comunicação corporativa e vendas. [email protected]