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Ano 05
Número 15
Junho/2010
INDUSTRIAL
Sistema Federação das Indústrias do Estado do Acre
SUMÁRIO
INDUSTRIAL
05 - Editorial
06 - Destaques
09 - Artigo – Oscar Motomura
10 - Assuntos Legislativos
12 - Modelo SESI de Sustentabilidade
A ameaça da redução
da jornada
20
14 - Hora da Indústria
16 - Microempreendedor Individual
24 - China abre as portas para o Acre
28 - Semana da Indústria
SESI
30 - Dez anos de SESISAÚDE
SENAI
32 - As pratas do Acre na Olimpíada do
Conhecimento
IEL
38
36 - Núcleo de Capacitação como aliado
Futebol e eleições: aquecimento
industrial à vista
da visão do empresário
48 - O complexo Simples Nacional
50 - Menor Aprendiz: imposição e
não opção
52 - Casa Natal lança primeira
grife acreana
54 - Artigo – Eloi Zanetti
44
Os desafios do
fortalecimento
da indústria
acreana
EXPEDIENTE
A revista “Acre Industrial” é uma publicação do Sistema Federação das
Indústrias do Estado do Acre, Ano 05, número 15, junho de 2010.
Jornalista Responsável: D a n i e l e C a r l o s (DRT 2268/03 – DF).
Colaboração: Marcela Barrozo (DRT 018/03 –AC), Renata Brasileiro
(DRT 022/04 – AC), Jorge Luiz Araújo Vila Nova, Rodrigo Torres.
Projeto Gráfico e Editoração: A d y r M o n t i Z a n d o n á . E-mail:
[email protected] / site: www.fieac.org.br. Tel: (68) 3212-4208 / Fax:
(68) 3212-4203. Av. Ceará, 3727 – Rio Branco – AC. CEP: 69.907-000
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
03
DIRETORIA
Federação das Indústrias do Estado do Acre
Diretoria 2007/2011
Presidente
João Francisco Salomão
Vice-Presidentes:
Joafran Antônio Guedes Nobre
João Oliveira de Albuquerque
Miguel Mandu Neto
Aristides Formighieri Júnior
Francisco Ivan Araújo Marçal
Antônio Leônidas de Araújo Neto
Adelaide de Fátima Gonçalves Oliveira
Secretários
1º Secretário: Abrahão Assis Felício
2º Secretário: Jorge Wanderlau Tomás
Tesoureiros
1º Tesoureiro: Carlos Takashi Sasai
2ª Tesoureira: Raimunda Holanda de Paula
Suplentes da Diretoria
Francisco José da Silva Loureiro
José Luiz Assis Felício
Francisco Garcia dos Santos
Ismael Alves Bandeira
Osvaldo Coutinho
Wílpido Hilário de Souza Júnior
Conselho Fiscal
Efetivos
Sérgio Tsuyoshi Murata
José de Ribamar Nina Lamar
Aristeu Sá de Souza
Suplentes
José Osmar Zanatta
Célio Pereira
Adalberto José Moreto
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precisa, e por isso criamos um site que está
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AC - 04
PDF
EDITORIAL
Eleições e a
agenda do
desenvolvimento
O ano de 2010 é de extrema importância para toda a sociedade brasileira, que elegerá, exercendo o dever e
o direito inalienáveis do voto direto, o presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e
estaduais. Mais uma vez, os eleitores têm a oportunidade de passar o País a limpo, julgar com a imparcialidade de sua
consciência aqueles que já passaram pelo poder — no Executivo e no Legislativo — e as propostas voltadas à solução
dos problemas nacionais e de cada estado da federação.
O voto é o mais poderoso instrumento dos cidadãos para melhorar a sua pátria, intervir na realidade e mudar os
rumos da história. Por isto, é efetivamente a essência da democracia e seu meio mais efetivo quanto à participação
direta da população nas decisões capazes de tornar um país vitorioso ou perdedor na saga do desenvolvimento. Não
há dúvida, portanto, de que o voto direto, para todas as instâncias governamentais, foi a mais importante reconquista
dos brasileiros depois dos anos do regime de exceção iniciado em 1964.
É preciso deixar clara tal premissa para reforçar, por outro lado, a necessidade indubitável de evitar que o processo
eleitoral — o ponto mais alto da democracia — interfira de modo negativo na agenda do desenvolvimento. Este alerta seria
desnecessário não fossem os amargos exemplos aos quais assistimos em todo ano eleitoral, a começar pela paralisia do
Legislativo, cujos membros, tanto no Congresso Nacional, quanto nas assembléias dos estados, passam a se dedicar muito
mais às campanhas do que à função parlamentar. Isso não pode ocorrer, pois é dever de quem recebeu o voto do eleitorado
saber conciliar suas responsabilidades no cargo eletivo com suas campanhas e interesses políticos.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) está definindo quais são as prioridades do setor no Congresso este ano. Os
itens selecionados comporão a Agenda Legislativa da Indústria – 2010, que será lançada em março. Pois bem, as proposições
indicadas como prioridades na ação de defesa de interesses da manufatura não podem, em hipótese alguma,
esperar o calendário eleitoral. O conteúdo do documento reúne propostas de emenda constitucional, medidas provisórias e
projetos de lei decisivos para o setor, que tem peso exponencial na economia, considerando o volume de empregos que gera, o
valor agregado de sua produção, o aporte tecnológico e as divisas que internaliza com suas exportações.
Outro problema a ser evitado é a descontinuidade de ações, projetos e medidas no Executivo, em decorrência da
alternância no poder, esta peculiaridade tão saudável da democracia. Não é benéfico para o País que os novos governantes,
quando de partidos diferentes dos de seus antecessores, extingam programas comprovadamente eficazes, pelo simples fato de
terem sido criados e implantados por adversários políticos. Imaginem, por exemplo, se o presidente Lula, ao assumir a
Presidência da República em 2003, tivesse mudado radicalmente os princípios da estratégia monetária anti-inflacionária adotada no Governo Fernando Henrique. Teria sido imenso retrocesso.
Ainda no âmbito da macroeconomia, também seria inconcebível que o novo governo, a ser empossado em 1º de janeiro
de 2011, implodisse a política de manutenção de reservas cambiais elevadas, hoje acima do patamar de 200 bilhões de
dólares. Afinal, esta foi uma de nossas principais blindagens contra a recente crise mundial. Tampouco, seriam aceitáveis a
interrupção do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que tem gerado empregos e impulsionado a construção civil
e numerosos segmentos industriais, e a extinção de programas, como o Bolsa Família, voltados à inclusão social.
No tocante à indústria, de modo específico, seria temeroso, por exemplo, qualquer retrocesso em linhas de financiamento
do BNDES, políticas de estímulos a alguns setores e ações voltadas à ampliação das exportações e diversificação de mercados.
Os novos governantes devem, sim, diagnosticar os gargalos, identificar o que está errado e buscar avançar. Retroceder, jamais!
Caso não ajam com racionalidade e foco nos interesses maiores da Nação, acabam causando imenso prejuízo.
Contribuir para que o País cresça, com inclusão social e ascensão econômica crescente dos cidadãos, é
o anseio dos brasileiros. Que a grandeza democrática das eleições, o civismo com que os brasileiros forem
às urnas e a esperança com que digitem cada voto inspirem os políticos eleitos e lhes deem respaldo, confiança,
serenidade e a sabedoria de priorizar os interesses maiores da população. São esses os valores e objetivos que
norteiam as expectativas da indústria, dos setores produtivos e de toda a sociedade!
*João Francisco Salomão é o presidente da Federação das
Indústrias do Estado do Acre (FIEAC). salomã[email protected]
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
05
x-ministro José Dirceu se reúne
com empresários acreanos
O ex-ministro da Casa Civil e líder do PT Nacional, José Dirceu, esteve na FIEAC, no dia 25 de
março, para participar de uma reunião com líderes do setor produtivo privado acreano – indústria,
comércio e serviços. O objetivo era conhecer de perto os anseios e demandas da classe empresarial
do Estado, além fazer uma análise do atual cenário econômico mundial e brasileiro, trazendo também
uma mensagem otimismo e segurança, afirmando ter consciência de que há muito a ser feito.
Durante a reunião, o empresário João Francisco Salomão - presidente da FIEAC - afirmou a
Dirceu que toda e qualquer iniciativa que resulte na geração de emprego e renda tem pleno apoio
da Federação. “Não há como a sociedade depender somente do governo. Os empresários devem
receber incentivos para crescer e se desenvolver com plenitude”, completou.
Para o ex-ministro, o maior desafio para o Brasil é o da integração com os demais países da
América do Sul, além da aprovação das reformas Tributária e Política. “Sem integração nenhum
país vai para frente”, decretou, afirmando que, a partir da integração, a exportação de bens e
serviços para os países vizinhos seriam uma grande alavanca para o desenvolvimento.
E
quipe acreana ganha medalha de
bronze nos Jogos do SESI
Por três sets a zero em cima da empresa Coave, do Piauí, a acreana Albuquerque Engenharia conquistou
a medalha de bronze, no final do mês de abril, em Bento Gonçalves (Rio Grande do Sul), pela 6ª edição da
etapa nacional dos Jogos do SESI. De acordo com o coordenador do Núcleo de Esporte e Lazer do SESIAcre, Emanoel Rogério Fernandes, o nível técnico das equipes e trabalhadores-atletas surpreendeu até
mesmo os organizadores do evento. Na avaliação dos mesmos, esta edição dos Jogos Nacionais do SESI foi
uma das mais bem disputadas, com partidas emocionantes sendo definidas em seus momentos finais.
A equipe campeã do vôlei de quadra feminino, Ana Ferragens (de Pernambuco) irá representar o Brasil nos
Jogos Mundiais do Trabalhador, que será realizado em julho, na Estônia. “O paradigma da hegemonia das
indústrias do Sul e Sudeste começa aos poucos a ser desmitificado, graças aos investimentos dispensados aos
colaboradores do setor industrial dos demais estados, embora um pouco acanhado, mas que vem apresentando excelentes resultados não apenas nas quadras como também no processo produtivo”, avaliou Rogério.
Neste ano, o SESI investiu R$ 700 mil em equipamentos para cada uma das dez modalidades disputadas nos
Jogos Nacionais, configurando-se em um legado para a
região de Bento Gonçalves. Além disso, o evento mobilizou 500 funcionários responsáveis pela logística, alimentação, manutenção dos locais de prova e transporte dos
trabalhadores-atletas. Participaram desta edição nada
menos que 1020 atletas de 224 empresas, que consumiram 14 mil refeições durante os quatro dias de evento – 21
a 24 de abril.
06
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
José Paulo Lacerda/CNI
DESTAQUES
E
A
niversário do Cetemm é comemorado
com assinatura de parcerias
De olho no futuro, o SENAI-AC assinou um termo de parceria com o
Departamento Regional do Espírito
Santo, a fim de compartilhar informações técnicas e tecnológicas nas
áreas de maior expertise entre os dois
regionais. O ato se deu durante a
solenidade de comemoração dos 18
anos do Centro de Tecnologia da
Madeira e do Mobiliário (Cetemm),
unidade complementar do SENAI-AC,
realizada no dia 14 de maio.
Na ocasião, também foi assinado
um termo de cooperação entre o
Cetemm e a Prefeitura de Plácido de
Castro, com validade de três anos,
para garantir a formação de Aprendizagem em Marcenaria de 100 alunos por ano naquele município. “A
Prefeitura irá ceder o espaço físico, maquinário e equipamento de proteção individual. O SENAI, por sua
vez, irá ceder a logística e os instrutores. Nossa expectativa é fortalecer o Polo Moveleiro, qualificando a
mão-de-obra. Futuramente, também, pretendemos estimular esses jovens a formarem uma cooperativa e
abrirem mercado”, comentou o prefeito Paulinho Almeida
Para o presidente do Sistema FIEAC, João Francisco Salomão, o Cetemm chegou à maioridade com
seus objetivos alcançados, treinando e capacitando jovens para o mercado de trabalho e desenvolvendo
novas tecnologias para agregar valor aos setores de madeira, mobiliário e construção civil. “É uma honra
comemorar 18 anos desta maneira. Por meio do SENAI, cumprimos nossos objetivos de colaborar para a
formação de mão-de-obra qualificada e para o fortalecimento e desenvolvimento da nossa economia”.
I
EL oferece cursos online gratuitos
Aproximar alunos e estagiários à realidade do mercado é o
objetivo dos cursos de Educação à Distância (EAD) oferecidos
pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL) de modo gratuito por meio do
site www.iel.org.br. São cursos rápidos, porém os benefícios para
a futura carreira são duradouros.
Os temas são “Marketing Pessoal”, “Prepare-se para o mercado: currículo e entrevista”, “Conheça a empresa”, “Aprenda com o
estágio”, “Construa sua carreira”, “Educação Ambiental”,
“Empreendedorismo”, “Legislação Trabalhista”, “Segurança no
trabalho”, “TI e Comunicação”, e “Propriedade Intelectual”.
Os módulos virtuais são autoinstrucionais e o aluno pode
fazer o próprio horário. Os cursos variam de quatro a 14 horas
de realização. As inscrições poderão ser realizadas, a qualquer
tempo, a partir do próximo dia 10 até 11 de agosto, em parceria
com o SENAI.
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
07
ARTIGO
Oscar Motomura
É uma questão
de clima
O ambiente de sua empresa estimula a busca da
evolução contínua ou, ao contrário, reforça o poder
da rotina e de hábitos de pensar e agir do passado?
A
lgumas empresas exalam conservadorismo, timidez, medo de mudar - até de
tentar pequenas mudanças. Transpiram
o superado, o obsoleto, no seu jeito de operar,
no modo como as pessoas trabalham ou fazem
reuniões, no formalismo das comunicações e das
relações, na decoração, nas cores; enfim, em
tudo.
Outras exalam hesitação, insegurança.
Querem mudar, mas também não querem. São
as empresas que ficam “em cima do muro”,
entre o medo de mudar e o de perder oportunidades rumo ao futuro. Muitas conversas, até
muitas idéias - mas pouquíssimas decisões, em
ambientes físicos repletos de contradições e
contrastes não harmônicos.
Mas há também as que exalam motivação,
entusiasmo, ousadia. Exalam vida. São empresas
que têm um jeito de trabalhar leve, solto, pra
frente. Buscam evolução em cada detalhe do
dia-a-dia. Há zero de acomodação em todos os
níveis, da cúpula à base.
O que essas empresas, que exalam vida,
fazem de diferente em relação às outras?
Algumas investem conscientemente no
design de contextos, para criar um clima
favorável a novas idéias, a jeitos inéditos de
fazer acontecer. Criam espaços diferentes, com
móveis e objetos fora do comum, que ilustram o
não ortodoxo e estimulam a criatividade das
pessoas.
Outras trazem estímulos “de fora”.
Organizam concertos para os funcionários,
trazem artistas e pessoas criativas de diferentes
áreas para interagir com suas equipes e assim
por diante.
Existem aquelas que, em vez de investir na
forma, mergulham no conteúdo das coisas.
Criam contextos não pelo físico, mas pelo significado das coisas, pelo nível dos desafios, por
“equações estimulantes”, que fazem emergir na
organização o que as pessoas têm de melhor
dentro delas. Equações que as estimulam a buscar o bem comum e a querer vir trabalhar todos
os dias. Mesmo quando o ambiente físico está
longe de ser o ideal, as pessoas, altamente motivadas, estão sempre em seu melhor estado e
empenhadas em gerar evolução o tempo todo.
Em raras empresas existe a consistência
total: o design físico inspira inovação e o time é
diferenciado.
Existem também aquelas em que o líder é o
contexto. Pela sua ação pessoal, pelo seu exemplo, pela sua energia, esse líder gera, em tudo
que se envolve, um clima de inovação, de alta
criatividade, de ações excepcionais no dia-a-dia.
Existem ainda as empresas que exalam vida
não por causa dos líderes, mas por causa das pessoas que a compõem - pessoas felizes, alegres,
positivas, pra frente. Elas dão o tom do contexto, mesmo quando os líderes não são o melhor
exemplo.
E, é claro, existem aquelas “raras” empresas
nas quais há consistência total: o design físico
inspira inovação e reinvenções estratégicas contínuas, equações inspiradoras estão na base de
tudo, os líderes são excepcionais e há um time
diferenciado de pessoas talentosas, de bem com
a vida mesmo em situações estressantes, de
grandes mudanças e crescentes desafios.
A propósito, quão rara você quer que sua
empresa seja?
*Oscar Motomura, diretor geral da Amana-Key, empresa
especializada em inovações radicais em gestão.
www.amana-kkey.com.br • [email protected]
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
09
Assuntos Legislativos
Nesta edição você, leitor, poderá conhecer alguns projetos que estão contemplados
na pauta de prioridades do Congresso Nacional, que inclui a reforma tributária e ou-
tras propostas que melhorariam o ambiente de
negócios do país. Todas as informações estão
contidas no que a Confederação Nacional da
Indústria (CNI) intitulou de “Pauta Mínina”.
DIREITO DE PROPRIEDADE E CONTRATOS
PL 3401/2008 do deputado Bruno Araújo (PSDB/
PE), que “Disciplina o procedimento de declaração
judicial de desconsideração da personalidade jurídica
O QUE É
Institui procedimento judicial específico para
desconsideração da personalidade jurídica. A
nova regulamentação será aplicável às decisões
ou atos judiciais de quaisquer órgãos do Poder
Judiciário que imputarem responsabilidade direta, em caráter solidário ou subsidiário, a membros instituidores, sócios ou administradores pelas
obrigações da pessoa jurídica.
Efeitos – a desconsideração da personalidade jurídica estenderá a obrigação da pessoa jurídica a
seu membro, instituidor, sócio ou administrador. Os
efeitos da decretação de desconsideração da personalidade jurídica não atingirão os bens particulares
de membro, instituidor, sócio ou administrador que
não tenha praticado ato abusivo da personalidade
em detrimento dos credores da pessoa jurídica e em
proveito próprio.
e dá outras providências”.
Foco: Desconsideração da personalidade jurídica.
Obs: Apensado a este o PL 4298/2008
Requisitos - a parte que postular a desconsideração
da personalidade jurídica deverá indicar, em requerimento específico, quais os atos que ensejariam a responsabilização pessoal, na forma da lei específica, o
mesmo devendo fazer o Ministério Público nos casos
em que lhe couber intervir no processo. A mera inexistência ou insuficiência de patrimônio para o pagamento de obrigações contraídas pela pessoa jurídica
não autoriza a desconsideração da personalidade jurídica, quando ausente os pressupostos legais.
Procedimentos – antes de decidir sobre a decretação da desconsideração da personalidade jurídica,
o juiz deverá citar ou intimar os membros, instituidores, sócios ou administradores da pessoa jurídica
para se defenderem no prazo de dez dias. O juiz não
poderá decretar de oficio a desconsideração da personalidade jurídica e deverá facultar aos requeridos,
previamente à decisão, a oportunidade de satisfazer
a obrigação, em dinheiro, ou indicar os meios pelos
quais a execução possa ser assegurada.
Fraude à execução – considera-se em fraude à
execução a alienação ou oneração de bens pessoais
de membros, instituidores, sócios ou administradores
da pessoa jurídica, capaz de reduzi-los à insolvência, quando, ao tempo da alienação ou oneração,
tenham sido eles citados ou intimados da pendência
de decisão acerca do pedido de desconsideração da
personalidade jurídica, ou de responsabilização pessoal por dívidas da pessoa jurídica.
POSIÇÃO: CONVERGENTE
O projeto representa efetivo avanço na disciplina da
matéria, pois corrige aplicações equivocadas da teoria
da desconsideração. Propõe regência única para o procedimento de declaração judicial de desconsideração da
personalidade jurídica e de imputação de responsabilidade direta aos membros ou administradores.
Importante destacar as seguintes inovações:
Impossibilidade de decretar a desconsideração do oficio;
Estabelecimento do contraditório e da ampla defesa previamente a qualquer decisão;
l Exigência de o interessado indicar, em requerimento específico, os atos que ensejam a responsabilização, sob pena de
indeferimento do pleito;
l
l
l
Impossibilidade de aplicação do instituto ante a
mera inexistência ou insuficiência de patrimônio da
pessoa jurídica;
l limitação dos efeitos da desconsideração ao patrimônio daquele que tenha praticado o ato de abuso da
personalidade jurídica.
ONDE ESTÁ? COM QUEM
CD – Encontra-se na CDEIC, aguardando parecer do
relator Guilherme Campos (DEM/SP)
MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
PLP 467/2009 do deputado Otavio Leite (PSDB/
RJ), que “Estabele ajuste anual do valor do enquadramento de microempresa, de empresa de pequeno
porte e do micro empreendedor, bem como das ta-
belas anexas respectivas, e dá outras providências”
O QUE É
POSIÇÃO : Convergente
Determina que no mês de dezembro de cada anocalendário seja fixado o valor de enquadramento para
definição de microempresas e de empresa de pequeno
porte referenciadas na Lei Geral da Micro e Pequena
Empresa, bem como deverá ocorrer também a correção
de valores das tabelas dos Anexos I, II, III e IV, previstos. Os ajustes dar-se-ão com base na variação do IPCA
acumulada nos últimos doze meses.
A ausência de reajustes dos valores de enquadramento das micros e pequenas empresas no
Simples Nacional, bem como dos patamares de
receita bruta utilizados para definição de alíquotas
aplicáveis, pode ser vista como verdadeira elevação da carga tributária.
O projeto merece apoio por realizar a correção de
todos os valores expressos em moeda na Lei Geral das
micro e pequenas empresas, impedindo oneração indevida e evitando a exclusão de empresas do regime
simplificado, não pela sua mudança de porte, mas por
mera perda de valor da moeda nacional. Cabe destacar que a correção monetária não é renúncia de receita
para fins da Lei de Responsabilidade Fiscal, a exemplo
do que ocorre com a correção da tabela do Imposto de
Renda, que não exige medida compensatória.
O procedimento previsto será aplicado ao Microempreendedor Individual – MEI.
Na entrada em vigor da nova lei, será excepcionalmente aplicada a variação acumulada do IPCA desde
a data de vigência da Lei Geral (Lei Complementar n.
123/2006 e da lei que trata do Microempreendedor Individual – Mei) - Lei Complementar n. 128/2008.
ONDE ESTÁ? COM QUEM?
Foco: Ajuste anual dos valores de enquadramento das MPEs.
CD – Apensado ao PL379/2008, que se encontra na
CFT aguardando parecer do relator, Deputado Vignatti
(PT/SC). CDEIC – aprovado o projeto.
GESTÃO
M
al começou a ser aplicado nas empresas do
Acre – na verdade, ainda nem foi lançado
oficialmente – o Modelo SESI de
Sustentabilidade já superou todas as expectativas.
De acordo com o coordenador do Núcleo de
Responsabilidade Social Empresarial (RSE) do
SESI-AC, Jacimar Antonio da Silva, a equipe foi
surpreendida pela grande demanda.
O Modelo SESI de Sustentabilidade é uma ferramenta de diagnóstico e autoavaliação que
propõe às indústrias uma reflexão sobre seus
processos de gestão relacionados à sustentabilidade e à qualidade de vida no trabalho. Objetivase, com isso, levar o empresário a perceber o nível
de sustentabilidade que o empreendimento dele
tem e as oportunidades de melhoria que se pode
implementar.
Além de estimular a excelência na gestão da
sustentabilidade e da qualidade no trabalho, a
ideia é contribuir para uma indústria ou organização saudável e sustentável, criando um ambiente
de trabalho socialmente responsável, que permita
aos colaboradores um estilo de vida seguro,
saudável e produtivo. A ferramenta mensura a
relação entre os investimentos em qualidade de
vida no trabalho e a produtividade e competitividade do negócio.
“Realmente a ferramenta nos surpreende. Os
empresários que tiveram acesso a ela têm perce-
UM
P
Modelo SESI de Sustentabilidade tem grande
procura por empresas e instituições no Estado
ADRÃO A SER
12
S
EGUIDO
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
Guascor, Construterra, Ábaco e Acrediesel.
A aplicação do Modelo SESI é feita de modo
gratuito. Dessa forma, o SESI possibilita as empresas essa autoavaliação com um diagnóstico rápido
a custo zero. Este trabalho é feito com base na
avaliação das áreas de Cultura Organizacional;
Gestão de Pessoas; Inovação; Educação e
Desenvolvimento; Ambiente de trabalho seguro e
saudável e Desenvolvimento Socioambiental.
Dentro desses campos, são analisadas as práticas e
performances, bem como 72 indicadores distribuídos entre as seis áreas.
Os resultados são cadastrados no banco de
práticas, para possibilitar a comparação do resultado da empresa com as demais que aplicaram a ferramenta no restante do país. “Posso fazer um
benchmarking à distância”, acrescenta Jacimar.
bido o diferencial que traz. A partir da sua aplicação tem surgido uma série de demandas de consultorias para nós. Seja na elaboração de código de
ética, seja na elaboração de diagnóstico social –
para que a empresa possa identificar as possibilidades de investimento na área de responsabilidade
sócio-ambiental –, na área de pesquisa de clima
organizacional ou na área de projetos”, revela
Jacimar.
DEMANDA – Somente a partir de dezembro de
2009 e nos primeiros meses de 2010, o Modelo
SESI já foi adotado por 12 empreendimentos/organizações, a saber: Eleacre, Laticínios Buriti,
Guascor, Rio Branco Pneus (as quatro pilotos),
Laminados Triunfo, Concrenorte, Saerb, Sulatina,
BENEFÍCIOS – Para o empresário Joafran Nobre,
o Modelo tem grande utilidade e a principal
mudança, vista de imediato, foi na nova percepção
e atitudes dos colaboradores. A empresa dele,
Laticínios Buriti, foi uma das quatro atendidas
dentro do projeto-piloto, iniciado no fim de 2009.
“O modelo é um verdadeiro raio-x que nos faz
entender até que ponto a empresa está acertando
ou errando, se a qualificação oferecida aos colaboradores foi proveitosa, se a empresa está crescendo, enfim, é de grande utilidade, com certeza”, elogiou.
Após submeter sua Ábaco Engenharia a uma
avaliação, o empresário Sérgio Nakamura acompanhou o diagnóstico, juntamente com seus colaboradores, apresentado pela consultora técnica em
Responsabilidade Social do SESI, Rosangela
Santos. “Para mim, o resultado foi surpreendente e
fantástico. Em apenas dois dias, tivemos uma
avaliação de grande porte. A partir disso, faremos
uma discussão interna para sistematizar e mudar
uma série de coisas feitas, até o momento, sem
rotina”, reconheceu ele, durante a apresentação
dos resultados.
Na prática, o Modelo SESI estimula a implementação de ferramentas gerenciais e tecnológicas na empresa, como benefícios, inovação organizacional, prevenção de doenças ocupacionais e
acidentes. Os resultados são confiança na
gestão, retenção de talentos, como também a
redução de danos sofridos pelo colaborador.
Todos saem ganhando e o desenvolvimento sustentável do País agradece.
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
13
ALCANCE
H
NO AR:
I
ORA DA
NDÚSTRIA
Sistema FIEAC entra nas
ondas da Rádio Gazeta FM
e faz sucesso com o público
A
pesar dos avanços tecnológicos dos meios
de comunicação, o rádio ainda reina soberano e mantém seu lugar de destaque entre as
mídias mais respeitadas. Sabendo disso, o Sistema
FIEAC deu início, no dia 3 de março, a um quadro
no programa Planeta FM (93,3 MHz), chamado
“Hora da Indústria”. Em três meses de veiculação,
a ideia vem se mostrando um grande acerto, dada
a boa repercussão junto aos ouvintes.
“Um professor de uma comunidade bem distante ouviu a entrevista sobre a 3ª Feira de Saúde
e trouxe a turma dele pra vir se vacinar e participar das atividades”, relata Aparecida Costa, gerente
do SESISAÚDE.
A locutora Degeane Santos conta que já foi
parada na rua para ser parabenizada pela iniciativa e que vários empresários elogiam a postura da
FIEAC. “Recebi várias ligações quando o presidente João Francisco Salomão veio falar sobre a
viagem à China (leia mais sobre a comitiva de
empresários na China nas páginas 24 a 27),
dizendo que foi muito esclarecedora. Outros disseram que o programa cumpre uma grande função
para a sociedade, já que muitos passaram a conhecer as ações e projetos do Sistema”, revelou
Degeane.
Para o presidente João Francisco Salomão, o
objetivo do Sistema FIEAC de alcançar o grande
público por meio das ondas do rádio é antiga.
Primeiro, a Unidade de Comunicação lançou, em
2008, o serviço de Radio Press – que se trata de
um release semanal com notícias curtas sobre tudo
o que diz respeito ao meio industrial do Estado.
Depois, a instituição passou a premiar, em
2009, a modalidade Radiojornalismo, categoria
“Apoio à Indústria”, no Prêmio de Jornalismo José
Chalub Leite. “Sabemos da importância e o
alcance que o rádio tem, sobretudo no nosso
14
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
Estado, onde ainda existem muitas comunidades
isoladas que também não têm acesso aos avanços
tecnológicos dos meios de comunicação”, resumiu
Salomão.
O “Hora da Indústria” dá voz à missão,
serviços, iniciativas e atividades do Sistema
FIEAC. Vai ao ar às quartas e sextas-feiras, entre
Equipe da Rádio
Difusora Acreana
recebendo troféu
da categoria
“Apoio à
Indústria” no
Prêmio José
Chalub Leite
Presidente João Francisco Salomão
abriu a série de entrevistas do
quadro Hora da Indústria
As vantagens do Rádio
13h e 13h30, sempre com um convidado de alguma das quatro casas que compõem o Sistema –
FIEAC, SESI, SENAI e IEL. Há ainda o “Plantão
da Indústria”, com notícias de interesse da população, como a realização de processos seletivos,
cursos, seminários, entre outros. O quadro tem
duração aproximada de 10 minutos.
O rádio é, até hoje, o meio de comunicação de maior
alcance popular, sendo o único capaz de chegar a populações mais isoladas. É ainda o meio de comunicação de
maior agilidade, sendo possível uma notícia ser transmitida no exato momento em que acontece, basta ter em
mãos um aparelho celular.
De acordo com um levantamento feito pela Rede
Integrada de Comunicação (SP), nas pesquisas de credibilidade, o rádio supera tevê, jornais impressos, sindicatos, partidos políticos e outras instituições. Além disso,
sua praticidade é enorme, podendo ser utilizado enquanto se está dirigindo, andando, trabalhando, estudando,
navegando na internet, enfim, ser carregado para qualquer lugar.
De acordo com matéria publicada no site “Bastidores
do Rádio”, o aparelho está presente em 99% das residências – contra 75% das tevês. Outra vantagem é o horário
nobre do veículo, que dura 13 horas, contra três horas da
televisão. Os locutores criam verdadeiros laços afetivos
com os ouvintes, que não raro são flagrados conversando
com o aparelho.
No Acre, não é diferente. Uma pesquisa realizada pelo IEL, em 2009, apontou que o rádio é o meio
de comunicação de maior audiência e credibilidade
do Estado entre os acadêmicos das universidades
locais, que também disseram preferir as FMs. Não seria
exagero afirmar que o veículo chega a ser o único
canal de comunicação entre as comunidades isoladas da floresta e o mundo.
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
15
OPORTUNIDADE
16
I
NDÚSTRIAS
Lei do Microempreendedor Individual pretende
H
tirar da informalidade pelo menos 3 mil
empresários individuais do Estado
“T
enho esperança de que tudo vai melhorar,
porque agora tenho uma garantia. Hoje,
estou nesta situação, mas daqui a dois
anos, tenho certeza de que estarei bem melhor, terei
crescido e, quem sabe, terei até contratado alguém para
trabalhar comigo”. Esta é a confiança de dona Maria
José de Souza Machado Oliveira, 47, cadastrada no
Programa Microempreendedor Individual, categoria
indústria.
Há cinco anos, ela começou a trabalhar artesanalmente confeccionando artefatos diversos de madeira
para decoração, por conta própria, sem fazer curso
algum para isso. Vinda do seringal, Maria decidiu que
não queria ser doméstica a vida inteira e começou a
fabricar peças artesanais de madeira e crochê. O interessante desta história é que ela nunca havia trabalhado
com artesanato na vida. “Pedi a Deus entendimento
para poder encontrar uma forma de me sustentar sem
ser trabalhando na casa dos outros. Foi então que
comecei, sozinha, a juntar umas peças aqui, outras ali,
até conseguir fazer minha primeira peça”, relata.
A partir daí, a autodidata passou a viver das
encomendas e da venda dos produtos que fabrica, até
que foi alertada por uma amiga a respeito do programa
que já tirou, até abril deste ano, 973 empreendedores
individuais da informalidade, no Acre, sendo 40 deles
do ramo industrial. A meta no Acre é formalizar 3 mil
pessoas em todo o território, em 2010. “Eu esperava há
muito tempo por uma oportunidade como essa. Vou
poder me qualificar fazendo cursos e até conseguir comprar meu maquinário. É um sonho que estou perto de
realizar”, comemora Maria José.
A Lei do Microempreendedor Individual (MEI)
entrou em vigor em julho de 2009, e contempla o
empresário individual que tenha recebido uma receita
bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 36 mil. Ele
também deve ter, no máximo, um empregado e não
deve possuir mais de um estabelecimento nem participar de outra empresa seja como titular, sócio ou
administrador.
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
INICIANTES – Se o empreendedor estiver iniciando suas atividades, o limite de receita passa a
ser de R$ 3 mil multiplicados pelo número de
meses entre o início da atividade e o final do
respectivo ano-calendário. As frações de meses
serão consideradas, neste caso, como um mês
inteiro.
Maria José
sonha poder
adquirir
maquinário
apropriado em
dois anos
U
H
UMANAS
É o caso de Elias Sales Cunha. Há 12 anos ele
trabalha como pizzaiolo e agora vai iniciar seu
negócio no ramo alimentício, fabricando massas.
Antes de começar, ele primeiro se cadastrou como
MEI, a fim de obter, entre outras facilidades, seu
CNPJ. Ele afirma que tomou a decisão de ser seu
próprio chefe e ter a oportunidade de crescer – o
que não acontecia quando era somente funcionário.
“Achei uma grande vantagem, por meio do programa, conseguir passar por várias etapas da abertura de uma empresa sem precisar pagar nada por
isso, além de meu nome ficar mais conhecido no
mercado e mais fácil para conseguir crédito no
banco”, explicou.
Pelas ondas do rádio
Para alcançar o público-alvo de maneira mais
rápida, eficiente e abrangente, mais de 600 emissoras de rádio de todo o País estão transmitindo,
desde maio, a nova série do Sebrae com o tema
“Empreendedor Individual”. Ao todo, serão 20
episódios, de três minutos cada, que mostram as
vantagens da legalização e os benefícios dessa figura jurídica.
X
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
17
OPORTUNIDADE
18
Nesta série, concebida em formato de novela,
personagens como um motoboy, um jardineiro e
um vendedor de cachorro-quente vão levantar as
dúvidas mais frequentes, como o valor do imposto
e os benefícios a que terão direito. As questões
serão esclarecidas pelo gerente -adjunto da
Unidade de Políticas Públicas do Sebrae Nacional,
André Spínola.
“O programa terá um conteúdo educativo e foi
desenhado para possibilitar o aprendizado do ouvinte”,
explica a coordenadora nacional dos Programas de
Rádio do Sebrae, Carolina Moraes. Por meio do programa, os empreendedores também serão orientados a
ligar para a Central de Relacionamento Sebrae pelo
número 0800 570 0800; na Previdência Social, pelo
135. Também serão aconselhados a buscar o Portal do
Empreendedor.
Todos os direitos reservados
Para conseguir alcançar a meta – e quem sabe até
superá-la – o Sebrae, um dos grandes parceiros da Lei
no Estado, está percorrendo todo o território acreano
em busca de mais cadastros. Neste primeiro semestre, o
objetivo era conseguir agendar, tanto no Vale do Acre
como no Vale do Juruá, as palestras e informações sobre
a Lei do MEI.
“Já estivemos nos municípios de Senador
Guiomard, Capixaba, Xapuri, Brasileia, Epitaciolândia,
Assis Brasil, Xapuri, Plácido de Castro, Acrelândia,
Sena Madureira, Bujari e Porto Acre. O objetivo é fundamentar os candidatos para dirimir qualquer tipo de
dúvida”, explicou Socorro Figueiredo, coordenadora do
Programa MEI pelo Sebrae-AC.
Em Rio Branco, são programadas duas palestras por
semana, sempre à noite, no Centro Empresarial, de
acordo com agendamento nos bairros mobilizados. A
coordenadora explica que a instituição oferece toda a
estrutura necessária para que os milhares de
empreendedores informais passem a ter todas as garantias e direitos, como cobertura previdenciária, isenção
de taxas, ausência de burocracia, redução de carga tributária e cidadania.
Além da categoria indústria e suas múltiplas subdivisões, os interessados podem se cadastrar ainda nos
segmentos de comércio e serviços. Isso quer dizer que
centenas de cabeleireiras, pipoqueiros, churrasqueiros,
costureiras, doceiras e até consultoras de produtos de
beleza, tão em alta no Acre, têm agora uma grande
oportunidade de se tornar seus próprios chefes de
maneira legalizada.
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
Empreendedores
cadastrados
participam de
palestras sobre a
Lei promovidas
pelo Sebrae
Conheça as vantagens de ser um MEI
Cobertura previdenciária: para o Empreendedor e
sua família (auxílio-doença, aposentadoria por idade
após carência, salário-maternidade, pensão e auxilio
reclusão), com contribuição mensal reduzida – 11%
do salário mínimo, hoje R$ 51,15. Com essa cobertura o empreendedor estará protegido em casos de
doença, acidentes, além dos afastamentos para dar a
luz no caso das mulheres e após 15 anos a aposentadoria por idade. A família do empreendedor terá
direito à pensão por morte e auxílio-reclusão.
Contratação de um funcionário com menor custo:
Poder registrar até 1 empregado, com baixo custo –
3% Previdência e 8% FGTS do salário mínimo por
mês, valor total de R$ 51,15. O empregado contribui
com 8% do seu salário para a Previdência.
Isenção de taxas: Isenção de taxa do registro da
empresa e concessão de alvará para funcionamento. Todo o processo de formalização é gratuito, ou seja, o Empreendedor se formaliza sem
gastar um centavo.
VANTAGENS – A formalização dos MEI é totalmente gratuita. Após o cadastro, o interessado
recebe automaticamente seu CNPJ e o número de
inscrição na Junta Comercial. O ato gerará um
documento que deverá ser impresso, assinado e
encaminhado à Junta acompanhado das cópias de
RG e CPF.
“Os
Microempreendedores
Individuais
poderão, ainda, concorrer a licitações públicas, ter
nota fiscal gratuita e até auxílio-reclusão”, acrescentou Socorro. “O cadastro pode ser feito pelo
candidato através do portal do empreendedor
(www.portaldoempreendedor.com.br), porém preferimos chamá-los ao Sebrae ou informar que os contadores que aderiram ao Simples Nacional também estão
aptos para isso, a fim de que todas as dúvidas sejam
tiradas devido às obrigações que os MEI passam a ter
após o cadastro realizado”, complementa.
Depois de cadastrado, o MEI tem ainda acesso a
uma ação chamada Atendimento Continuado, que
são orientações, cursos e consultorias coletivas para
melhor gerir o negócio, possibilitando maior sustentabilidade no mercado.
Ausência de burocracia: Obrigação única por ano
com declaração do faturamento. Ausência de burocracia para se manter formal, fazendo uma única declaração por ano sobre o seu faturamento que deve ser
controlado mês a mês para ao final do ano estar devidamente organizado.
Acesso a serviços bancários, inclusive crédito: Com
a formalização o Empreendedor terá condições de
obter crédito junto aos Bancos, principalmente Bancos
Públicos como Banco do Brasil, Caixa Econômica
Federal. Esses Bancos estão estudando formas de
atender as necessidades dos Empreendedores com
redução de tarifas e taxas de juros adequadas.
Compras e vendas em conjunto: Permitir a união
para compras em conjunto através da formação de
consórcio de fins específicos. A Lei faculta a união de
Empreendedores Individuais com vistas à formação de
consórcios com o fim específico de realizar compras.
Essa medida permitirá aos Empreendedores
condições mais vantajosas em preços e condições de
pagamento das mercadorias compradas uma vez que
o volume comprado será maior.
Redução da carga tributária: Baixo custo para se
formalizar, sendo valor fixo por mês de R$ 1 atividade
de comércio – ICMS e R$ 5 atividade de serviços ISS. O valor pago ao INSS tem o objetivo de oferecer
cobertura Previdenciária ao Empreendedor e sua
família a baixo custo. O custo da formalização é de
fato muito baixo. No máximo R$ 57,15 por mês, fixo.
Cidadania: Resgatar o sentimento de cidadania. A
cidadania não tem preço e ela começa com o direito à
dignidade que se traduz na condição humana de
autorrealização pessoal, profissional e social. Ser um
empreendedor formalizado significa andar de cabeça
erguida e poder dizer eu sou cidadão, eu exerço
minha profissão de acordo com as leis do meu País.
Ser formal é também ser cidadão.
(FONTE: Portal do Empreendedor)
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
19
ALERTA
A pretendida redução da jornada legal
de 40 horas e elevação da hora extra
para 75% vão aumentar o custo do
trabalho para as empresas que
R
EDUZ
trabalham 44h por semana. O que
poderia ser uma válvula de escape para
a geração de emprego, representa, na
verdade, uma grande ameaça
É
consenso de toda a classe empresarial brasileira:
reduzir de uma vez a jornada de 44 para 40 horas
semanais sem reduzir salários não será bom para o
país e, sim, terá forte impacto negativo na geração de
emprego. Mas nem a preocupação de quem conhece o assunto a fundo, fez sair de pauta a PEC 231/95, que pode ser votada a qualquer momento pela Câmara Federal, mudando
totalmente os planos do setor industrial brasileiro de elencar
o país entre os mais produtivos do mundo.
A experiência brasileira e de outros países confirmam que
a redução da jornada de trabalho em nada contribui para o
aumento da oferta de empregos. Os defensores de uma jornada menor alegam que o corte de quatro horas semanais na
duração do trabalho abriria 2,25 milhões de empregos.
Porém, esse número é resultado de um cálculo matemático
que desconsidera a realidade das empresas e da economia.
No Brasil, por exemplo, a redução da jornada de 48 para
as atuais 44 horas semanais, determinada pela Constituição
de 1988, aumentou apenas 0,7% o número de contratações.
Isso significa que a criação de empregos é um desafio que vai
além da aritmética. Significa também que as contas apresentadas pelos defensores da proposta de redução de jornada de
trabalho são simplificações e induzem ao erro.
Numa suposição vã, dizem que, ao se reduzir de 44 para
40 horas a jornada de um trabalhador, será necessário contratar outro para cumprir as quatro horas restantes. Este
raciocínio só se aplicaria em alguns poucos casos e, mesmo
assim, com outros efeitos negativos.
Pela lógica, de imediato todas as empresas terão um
aumento de custos com pessoal de quase 10%. Muitas
empresas, em especial as micros e pequenas, estão dependendo da redução de pelo menos 0,25% de suas despesas para
se manterem no mercado. Com os custos subindo, seus produtos serão menos competitivos e sua margem ficará menor,
nula ou negativa. Haverá então duas possibilidades:
X
20
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
Visita dos presidentes de
Federações de Indústrias à
Câmara dos Deputados para
tratar sobre a PEC
A
UZIR É
RRISCAR
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
21
ALERTA
Efeito dominó
Se conseguir repassar o aumento de custos
para o preço, a empresa se reequilibra, mas
menos pessoas poderão ter acesso ao bem ou
serviço desta empresa, ou seja, prejudicando a
todos, inclusive os trabalhadores.
Se não conseguir repassar, a empresa poderá
ficar inviabilizada, ou, no mínimo, com menos
condição de investir para gerar novos postos de
trabalho.
PEC é prejuízo para o Brasil
Na opinião do presidente da Federação das
Indústrias do Estado do Acre (FIEAC), João
Francisco Salomão, caso a proposta que reduz a jornada semanal de trabalho seja aprovada pela
Câmara Federal, todos sairão no prejuízo: as empresas, que terão menos rentabilidade e, portanto,
menos condição para investir. Os trabalhadores, que
terão menos postos de empregos gerados e salários
com menor poder de compra. E, toda a sociedade
que consome.
O presidente da FIEAC visitou recentemente os
líderes no Congresso Nacional para defender a
posição do setor industrial, juntamente com os
demais presidentes de Federações de Indústrias.
Na visão de Salomão, o emprego na indústria
ainda não se recuperou da crise econômica e existe
uma perda de competitividade da empresa brasileira
que seria profundamente agravada com o aumento
dos custos pela diminuição da jornada e elevação do
valor da hora extra.
“Particularmente, preocupa-nos os efeitos
sobre as micro empresas que geram mais da
metade de empregos formais e que não terá um
posto a mais de trabalho devido a redução da jornada, e os setores mais empregadores, tais como,
calçados, têxteis e vestuários, móveis, entre outros,
já perderam milhares de postos de trabalho para a
China”, destacou.
Nesses setores, complementa o presidente, o
custo do trabalho é relativamente mais alto do que
setores mais intensivos em capital. O mercado é
muito competitivo e qualquer diferença pode significar mais perda de postos de trabalho.
22
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
Liberdade para negociar
A Constituição estabelece a jornada máxima
semanal e, a exemplo do que ocorre em outros países,
empresas e trabalhadores podem negociar livremente expedientes menores. Assim, a média da jornada semanal real no Brasil é de 41,4 horas.
“Quando falamos de jornada anual, nossa jornada é inferior a dos países com os quais competimos
e um pouco superior a de alguns países desenvolvidos, onde o nível de automação, qualificação e produtividade dos recursos humanos é muito alto. Isto
é, outra realidade”, frisa Salomão.
Ele defende a redução da jornada pela livre discussão entre empresário e trabalhador e não por
força de lei. Para ele, cada um sabe de suas peculiaridades, cada qual conhece suas características,
potencialidades e restrições.
João Francisco Salomão
cumprimenta o presidente da
Câmara, Michel Temer
Alguns setores já têm negociado uma redução
gradativa até chegar a 40 horas semanais, mas dentro de uma capacidade das empresas de absorverem
de forma programada este aumento de custos.
Outra possibilidade de contribuir para uma
solução é reduzir o custo do INSS sobre a folha para
ajudar em processos gradativos. É fundamental
entender que qualquer saída com efeito benéfico
passa por não prejudicar as empresas, senão todos
acabarão prejudicados”, reforça.
Quando perguntado sobre o que de fato gera
emprego, o presidente da FIEAC é enfático: “É a
combinação de investimentos, crescimento sustentado e educação de boa qualidade. Uma elevação do
custo do trabalho inibirá o investimento da maioria
de empresas que trabalham com margens pequenas.
Isso vai desestimular a geração de empregos. A
experiência internacional e a teoria econômica
mostram que as leis não criam empregos. Se bastasse
lei para gerar empregos, não haveria desemprego no
mundo”, finaliza.
Esta declaração foi dada pelo presidente da
Federação das Indústrias do Estado do Acre
(FIEAC), João Francisco Salomão, durante entrevista sobre a PEC 231/95 - que reduz a jornada
semanal de trabalho de 44 para 40 horas, sem
redução de salário. Por ser ano eleitoral, há possibilidade de esta matéria entrar na ordem do dia da
Câmara dos Deputados.
Voltou a defender a redução da jornada pela
livre discussão entre empresário e trabalhador e
não por força de lei, que não leva em conta, de
acordo com ele, as peculiaridades regionais e das
diversas atividades econômicas e o tamanho das
empresas. A entrevista completa você acompanha
abaixo.
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
23
MERCADO EXTERNO
I
magine um lugar que respira negócios, reúne mais
de 100 nacionalidades e dá aquela mãozinha para
a empresa que busca inserção no mercado internacional. Esse lugar é a Canton Fair, maior feira mundial
de negócios, que acontece duas vezes por ano em
Guangzhou, na China.
A grande novidade da edição 2010 é que ela recebeu uma média de 120 brasileiros, entre empresários e
políticos que rumaram àquele país na maior comitiva já
organizada pela Baumann, empresa organizadora de
missões brasileiras à China. E destes, 80 eram do Acre.
Todos chegaram à China no dia 17 de abril com um
único objetivo: prospectar negócios. E os negócios
prometem ir de vento em popa para os produtores de
castanha do Acre. Após várias rodadas de negociações
com os chineses, eles demonstraram interesse em estabelecer relação comercial para a compra do produto - já
industrializado. A castanha que interessa à China é o
tipo produzido pelos acreanos em grande escala, 100%
beneficiada, sem casca.
Segundo o superintendente da Cooperacre, Manoel
Monteiro, duas mil toneladas é a capacidade de produção das duas indústrias instaladas no Acre, caso seja
demandado.
“Nossa produção anual é de uma tonelada de castanha porque a demanda pede esse volume. Mas temos
plena condição de aumentar significativamente para
duas mil toneladas caso venhamos a entrar no mercado
de exportação”, destacou o superintendente.
A China produz apenas 19% do que ela consome e
por isso, se torna um filão de mercado extremamente
promissor para o Brasil, do qual o empresariado local
X
poderá tirar proveito.
China abre as portas para
produtos da região com interesse
de importar frango, carne bovina e
O
frutas tropicais
24
PARAISO DOS
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
N
S
N
EGÓCIOS
Presidentes de
representações do
setor produtivo
acreano durante
rodada de negócio
na Canton Fair
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
25
MERCADO EXTERNO
26
Para o presidente da Federação das Indústrias do
Estado do Acre, João Francisco Salomão, abre-se neste
momento um mercado para a exportação de muitos
produtos além da castanha, como o peixe, o frango, a
carne bovina, frutas tropicais e madeira certificada.
“Acredito que de todas as maneiras o Estado saiu
ganhando muito com essa visita, porque nossos
empresários ficaram muito mais experientes na questão
de mercado internacional e, com isso, acredito que irá
potencializar e até viabilizar, mesmo, o negócio com os
nossos vizinhos, como o Peru. Não tínhamos esse costume de negociação internacional e essa viagem à
China abriu muito esse leque”, pondera o presidente.
Para Salomão, definitivamente, o Acre foi incluído
na agenda nacional e internacional dos grandes negócios e está pronto para crescer como portal da América
andina para o Pacífico.
para estas demandas”, ressalta o prefeito de Rio
Branco, Raimundo Angelim.
Em contrapartida, o Acre assumiria a compra direta de eletroeletrônicos, vestuários e calçados. Algo de
concreto neste sentido foi firmado com os empresários
chineses e os do Vale do Juruá.
“Antes, os nossos empresários do Juruá compravam do mercado chinês por meio de um representante comercial em Manaus. Esta condição onerava
muito os custos de aquisição, algo que agora
acabou. Na visita formalizamos um acordo direto
que vai possibilitar a importação sem intermediário”, pontua o senador.
ZPE garante relação comercial direta
A projeção que o senador Tião Viana (PT-AC) faz é
a mesma, de que um “boom” econômico entre o Acre e
a China se dará pela compra direta de alimentos e de
madeira certificada, sobretudo, depois que a Zona de
Processamento e Exportação (ZPE) estiver inaugurada
no Estado, o que se dará em julho próximo.
“Os chineses estão otimistas com os acreanos. Eles
querem estabelecer relações comerciais diretas com os
empresários acreanos e a ZPE será uma importante ferramenta para isso”, afirmou Tião Viana.
Basicamente, a ZPE, depois de estabelecida por portaria ministerial e sancionada pelo presidente Lula, será
a grande alavanca em direção ao futuro, já que o
espaço, de 100 quilômetros quadrados, permitirá a
instalação de empresas, tanto do Acre quanto de
outras regiões do país, em torno da produção de bens
que interessam aos mercados asiáticos.
“A ideia é a de que dos 100% que forem produzidos
dentro da ZPE, 18% sejam direcionados ao mercado
interno e os outros 82% para o mercado de exportação”, explica o senador.
O presidente da FIEAC ressalta que a ZPE será uma
maneira de viabilizar a sustentabilidade do Estado, sem
destruir a floresta, porque haverá oportunidade de
implantar indústrias que gerarão vários empregos e
outras pequenas indústrias em volta, com mais empregos, o que provocará o aquecimento da economia.
Embora, no Brasil, exista uma política nacional de
restrição à carne, isso poderá ser contornado ao longo
prazo. “Eles têm intenção de prospectar volumes de
negócios e temos que nos adaptar, a partir de agora,
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
Manoel Monteiro,
superintendente da
Cooperacre, uma
das maiores
produtoras de
castanha do Estado
Castanha é uma
das grandes
apostas de
exportação para a
China
João Francisco Salomão
se mostra otimista com
a receptividade do
mercado chinês
A terceira maior superpotência mundial
A civilização chinesa é uma das mais antigas do
mundo. Responsável por invenções que ajudaram
o desenvolvimento do mundo oriental e ocidental
como a bússola, o papel, e a pólvora, o país asiático teve que fechar suas fronteiras e construir a
Grande Muralha para proteger-se de invasores e
das guerras que assolaram o mundo nos séculos
passados.
Diferente do Muro de Berlim, que teve que cair
para capitalizar a Alemanha socialista, a China
não precisou destruir as rochas que sustentam a
muralha para abrir seu mercado e inserir-se no
mundo globalizado. O monumento continua no
mesmo lugar, porém a economia chinesa sofreu
uma invasão do capital estrangeiro, que superou as
barreiras e, justamente com o potencial daquele
país, fez da China uma superpotência mundial.
Com informações da Assessoria do
Grupo Baumann e da Prefeitura de Rio Branco
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
27
TRIBUTO
O
P
ILAR DO
Setor industrial forte é decisivo para o Acre ingressar
D
ES
num ciclo perene e seguro de crescimento
O
Dia da Indústria — 25 de maio — suscita
importante reflexão sobre o quanto o setor é
decisivo para o Acre ingressar num ciclo
perene e seguro de crescimento, multiplicando
empresas e postos de trabalho e melhorando a distribuição de renda. Como ocorre em todo o mundo,
o Brasil depende muito do fortalecimento da manufatura, por sua importância macroeconômica, o
número de empregos e riquezas que gera e o ingresso de divisas da exportação de bens com alto valor
agregado. Além de tudo isto, a indústria nacional,
hoje a mais avançada da América Latina, é preponderante para definir o peso internacional do País.
Sem dominar os processos produtivos e as novas tecnologias, os brasileiros não terão soberania no
mundo globalizado, no qual dependência produtiva
é sinônimo de subserviência.
Em todo o Brasil, como se verifica no Acre, a
indústria tem enfrentado com relativo sucesso
graves dificuldades inerentes à legislação, à política
econômica e ao cenário interno. Porém, poderia ser
ainda mais forte e desenvolvida não fossem alguns
obstáculos. Veja: o setor, no qual exigem-se pesados
investimentos para a garantia de produtividade e
competitividade, é um dos mais prejudicados pelos
impostos e juros exagerados, dificuldade de crédito, encargos sociais anacrônicos e excesso de burocracia.
Mesmo ante tais gargalos históricos, as
indústrias brasileiras têm conseguido investir em
tecnologia, qualidade e produtividade. Nestes
aspectos, são empresas vencedoras. Internamente,
sua produção é tão competitiva quanto à da maioria
dos países. Externamente, porém, enfrenta os juros
reais mais altos do mundo, tributos de 39% do PIB,
inflexível regulamentação trabalhista, carência de
logística e infraestrutura, complexidade da legislação e morosidade da Justiça.
Apesar de tudo, o setor, demonstrando imensa
capacidade de superação, consegue investir, crescer,
gerar empregos, manter-se com expressiva partici-
28
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
pação no PIB e, ainda,
engajar-se de modo muito ativo nos
esforços da sociedade civil pela democratização de oportunidades, melhoria do Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) e avanço na
qualidade da vida dos brasileiros. É o que ocorre no
Acre, com as instituições vinculadas à Federação
das Indústrias (FIEAC).
Na área do ensino, a entidade tem destacado
trabalho, a começar pelo SENAI/AC, que oferece
cursos de educação profissional, formando trabalhadores
para a indústria e cidadãos para a sociedade.
Também é muito importante o trabalho do
SESI/AC, cujo significado é intrínseco à sua missão: “Promover a educação, a saúde e a qualidade
de vida do trabalhador e de seus dependentes e
estimular a gestão socialmente responsável da
empresa industrial, contribuindo para a competitivi-
ESENVOLVIMENTO
empresários e autoridades que mereçam a admiração
do segmento industrial.
Confira, abaixo, os homenageados com as condecorações de Mérito Industrial, Destaque
Empresarial e Destaque Sindical:
Mérito industrial: Honraria criada para homenagear instituições e personalidades que se tenham
tornado dignas do reconhecimento e da admiração
do Sistema Indústria/AC
Homenageados: Antônio Carlos Brito Maciel,
Superintendente Corporativo da Confederação
Nacional da Indústria – CNI, e Superintendente do
Departamento Nacional do SESI. E, Carlos Ovídio
Duarte Rocha - Secretário de Floresta do Estado do
Acre.
dade da Indústria e o desenvolvimento sustentável do
Estado do Acre”.
É muito relevante, do
mesmo modo, a atuação do
Instituto Euvaldo Lodi (IEL- AC),
integrante do Sistema FIEAC. Tratase de organismo de direito privado, sem
fins lucrativos, criado, mantido e administrado pela
indústria que busca promover o aperfeiçoamento da
gestão, a capacitação empresarial e a interação
entre as empresas e os centros de conhecimento.
Considerando a importância macroeconômica do
setor e a sua relevante atuação em prol de uma
sociedade melhor e de um Estado mais desenvolvido, a FIEAC vai comemorar, no próximo dia 25 de
junho, o Dia da Indústria. Uma série de eventos está
sendo programada, como, por exemplo, palestras,
inauguração de unidade do SESI, além do tradicional jantar da indústria – onde são homenageados
Destaque e mpresarial: Honraria criada para
homenagear indústrias estaduais que tenham feito
investimentos, ampliando, modernizando seus
negócios de modo indiscutível para o bem-estar
social do Estado do Acre e contribuindo decisivamente para o desenvolvimento do parque industrial acreano.
Homenageados: José Eduardo de Moura Leite
(Ipê Construtora Moura Leite Imp. e Exp. LTDA) e
Mário Santin (Ouro Verde Madeiras).
Destaque sindical: Honraria criada para homenagear industriais estaduais e que tenham contribuído de maneira decisiva para a organização e
fundação de Sindicatos de Indústrias, e que tenha
atuado na mobilização e no fortalecimento das atividades sindicais das entidades filiadas à FIEAC.
Homenageados: Adelaide de Fátima Oliveira –
presidente do Sindicato da Indústria Madeireira; e
João Paulo de Assis Pereira, presidente do Sindicato
da Indústria de Extração Mineral.
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
29
SESI
Vida longa ao
SESISAÚDE
Unidade mostra sua força em
uma década: 22 mil usuários
cadastrados e uma rede ampla
de profissionais credenciados
A
implantação do SESISAÚDE no Estado passou por diversas
provas de fogo e foi aprovada. “Adotamos uma postura de
pioneiros, sempre com intuição para tomar as decisões certas e nem
sempre com os dados completos em nossas mãos. Tivemos coragem
de fazer o que achávamos certo, não ficamos sentados esperando o
futuro ser construído”, relembra Aparecida Ribeiro Costa, gerente do
SESISAÚDE.
Dez anos, 22 mil usuários, 230 empresas cadastradas, 133 médicos credenciados e um certificado de qualidade ISO 9001:2000
depois, o SESISAÚDE reflete o que se propõe ao trabalhador da indústria e seus dependentes: uma boa saúde. “E garanto que temos
capacidade de dobrar esse número”, orgulha-se o ouvidor Marcos
Costa, um dos colaboradores mais antigos da unidade. O trabalho, que
se iniciou mais pela boa vontade dos colaboradores do que propriamente pela expertise, hoje é um dos maiores – senão o maior – símbolos do papel social do Serviço Social da Indústria (SESI).
Antes da implantação do modelo SESISAÚDE no Acre, o SESI já
oferecia serviços de saúde à comunidade e ao industriário. O Centro
de Saúde Manoel Gonzaga Bezerra funcionava no Distrito Industrial e
sempre foi visto como peça fundamental da instituição, não só pelo
alcance social obtido, mas pelo atendimento qualificado.
A equipe, bastante reduzida, conseguia dar conta de toda a
demanda, que nunca foi pouca, afirma o colaborador Marcos Costa.
Ele fazia parte do seleto grupo de profissionais, que contava ainda
com a colaboradora Elizabeth Nogueira e a gerente do SESISAÚDE,
Aparecida Costa. “O SESI percebeu a importância deste serviço para
as pessoas e decidiu implantar o modelo SESISAÚDE, inspirado no
exemplo do Departamento Regional de Mato Grosso. Na época, surgiu
como programa e depois se tornou uma unidade”, lembra Marcos.
Símbolo do papel social do Sistema FIEAC
Para o atual presidente do Sistema FIEAC, João Francisco
Salomão, o SESISAÚDE simboliza a função social do SESI. “O
30
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
SESISAÚDE
investiu em
infraestrutura e
profissionalismo
nesses 10 anos
próprio lema do SESI já diz: ‘A marca da responsabilidade social’.
Promover a qualidade de vida, cuidando, principalmente, da saúde
do trabalhador da indústria, evitando assim, o absenteísmo e estimulando a produtividade nas empresas. Se o empresário tem essa
visão e oferece esse tipo de benefício ao seu colaborador, vai perceber que todos sairão ganhando”, afirma Salomão.
Ele assegura que o foco da instituição é buscar soluções para
uma indústria saudável. Sendo assim, nada melhor do que um setor
específico para tal fim. Um funcionário saudável é mais ativo e produtivo, o que gera para a empresa maior competitividade e lucro,
com redução de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.
“É uma mão dupla. Pensar no bem-estar, na qualidade de vida
do trabalhador reflete diretamente no bom andamento da empresa e
Filho vê o SESISAÚDE hoje como referência na prestação de
serviços de Saúde e Segurança do Trabalho (SST), lembrando que
este benefício orienta o empregador de maneira prática e objetiva na
avaliação dos riscos existentes nos processos produtivos, visando
implantar medidas de controle para a prevenção dos riscos. “O
desafio do SESI é olhar para essa situação crítica como oportunidade e investir na mudança do trabalhador e incentivar os
empresários a investirem na educação para transformar essa realidade”, completou.
Feliz pelos dez anos que o SESISAÚDE completa em 2010, o
superintendente fez questão de parabenizar a equipe da unidade,
bem como todos os profissionais credenciados. Aproveitou também
para ratificar o compromisso de que o SESI/AC continuará investindo
nas melhorias das instalações, equipamentos, processos, e pessoas
para facilitar o acesso aos profissionais da área médica e odontológica, e também de técnicos em SST, colaborando para o aumento da
qualidade de vida do trabalhador da indústria. “Vejo que somente
com a orientação de especialistas é possível cuidar dos problemas
de saúde de hoje e prevenir o surgimento de doenças no futuro”,
enfatizou.
Preparado para o fracasso,
mas fadado ao sucesso
Baile marcou as
comemorações dos
10 anos da unidade
na satisfação do colaborador em fazer parte daquela equipe. Tanto é
que os números do SESISAÚDE, sempre em ascensão, estão aí para
comprovar isso. Milhares de usuários e mais de cem empresas
cadastradas, para um Estado pequeno como o nosso, é uma grande
representatividade”, comemora Salomão.
O superintendente regional do SESI, José Carlos de Oliveira Filho,
atribui a muitos fatores o sucesso do SESISAÚDE. Em especial, ele
destaca o fato de a instituição contar com o credenciamento de uma
ampla rede de profissionais da área médica de diversas especialidades, laboratórios, clínicas médicas, e ainda, dispor de sua Clínica
Odontológica que oferece desde o tratamento básico ao especializado,
sendo que os serviços prestados abrangem o trabalhador da indústria,
seus dependentes e também a comunidade rio-branquense.
Apesar de, segundo Aparecida, “sempre estar preparado para
o fracasso”, o grupo soube usar da agilidade para acompanhar as
mudanças de mercado e fez da melhoria contínua a sua bússola
em direção ao sucesso. Ela ressalta que um trabalho dessa magnitude não seria possível se não fosse construído a diversas
mãos.
A equipe formada no SESISAÚDE – tanto por colaboradores
como prestadores de serviço credenciados e os clientes – ajudou,
e continua colaborando, para que essa história que hoje completa
dez anos seja ainda mais longeva. O comprometimento de todos
vem sendo preponderante para que os objetivos, metas e resultados, além de alcançados, sejam satisfatórios.
“Um dos maiores valores construídos foram as pessoas”,
reconhece Aparecida Costa. De acordo com ela, os clientes firmados se tornaram parceiros constantes e fiéis na luta para a efetivação da missão de promover a qualidade de vida do trabalhador
da indústria e seus dependentes, por meio do acesso aos serviços
de saúde com vistas ao desenvolvimento de uma empresa
saudável. “Os prestadores de serviços foram os garantidores da
qualidade e eficiência dos serviços em prol da qualidade de vida
dos trabalhadores e seus dependentes atendidos”, exemplifica.
Enfim, todas as demais partes interessadas, como o Conselho
Regional do SESI, Departamento Nacional do SESI, Diretoria do
Sistema Indústria, fornecedores, parceiros e tantos outros ajudaram a construir esta história de sucesso. “Muito fizemos, mas
estamos preparando o SESISAÚDE para o futuro, pois o futuro
chegará e o futuro não nos pode pegar desprevenidos e sim
preparados e confiantes de que fizemos aquilo que deveríamos ter
feito”, finaliza Aparecida.
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
31
SENAI
Pratas da casa
Desempenho espetacular da
delegação na Olimpíada do
Conhecimento faz SENAI-AC
redobrar esforços para 2012
A
equipe do Acre era uma ilustre desconhecida, mas,
após conquistar lugar de honra no pódio da
Olimpíada do Conhecimento/America’s Skills 2010, em
março, com duas medalhas de prata, o Estado passou a
integrar o mapa do Brasil e todas as atenções se
voltaram para cá. O evento aconteceu no Rio de Janeiro e
esta foi a edição com maior participação acreana – 10
competidores/ocupações.
Única mulher a concorrer na ocupação de Sistema de
Transporte de Informação (STI), Maria Priscianne de Souza
Costa conquistou a primeira medalha de prata na noite de
encerramento para o Estado, deixando para trás concorrentes de Rondônia e Goiás, e perdendo por muito pouco
Priscianne (STI) foi a
primeira medalhista da
história do SENAI-A
AC na
Olimpíada
Mas a festa só
foi completa
quando o nome
de Rafael
(Mecânica de
Automóveis)
também foi
anunciado
32
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
para São Paulo, o campeão geral da competição. “Podemos
ser o menor Estado, a menor delegação, mas a nossa união
é a mais forte”, afirmou a garota – durante a premiação –,
emocionando o público.
Mas a festa acreana não parou por aí. Rafael da Silva
Araújo, de Mecânica de Automóveis, coroou a participação
do SENAI-AC também com a prata. Ele dividiu o pódio de
vice-campeão com ninguém menos que o competidor dos
Estados Unidos, Daniel Lehmkuhl, e cumpriu o que prometeu ainda quando estava no início dos treinamentos: “Vou
trazer uma medalha”. Como se não bastasse, Rafael superou o
competidor da poderosa delegação de São Paulo, que ganhou o
bronze nesta categoria, e ainda levou um troféu por ser um
dos maiores pontuadores da Olimpíada, independentemente
da ocupação.
RETENDO T ALENTOS – “A Olimpíada beneficia a todos
em todos os sentidos. É uma oportunidade para os instrutores trocarem experiências e descobrir novas maneiras de
desempenhar seu trabalho, além da formação e qualificação
dos nossos alunos, que voltam com outra visão de mercado. Isso é uma mostra das ações que o Sistema FIEAC
desempenha, por meio do SENAI, para contribuir para o
desenvolvimento e fortalecimento das nossas indústrias”,
parabenizou João Francisco Salomão, presidente do Sistema
FIEAC.
Sem perder tempo, a diretora do SENAI-AC, Solange
Maria Chalub Teixeira, conseguiu reter esses talentos na
instituição. Segundo ela, além de Rafael, Lucas Braga de
Souza (Mecânica Diesel) e Fábio Reis Pereira, de
Eletricidade Predial, serão instrutores trainee da Escola
SENAI Cel. Auton Furtado. Maria Priscianne será estagiária
na área de STI.
APOIO D OS I NSTRUTORES – Campeão da Região Norte,
as duas medalhas de prata também coloram o Acre em 16º
lugar no quadro geral de medalhas, deixando para trás estados como Espírito Santo, Pará, Sergipe, Amazonas,
Maranhão, Rondônia, Tocantins, Roraima, Amapá, Mato
Grosso do Sul e Piauí.
“A gente pensa que é simplesmente chegar e fazer. É
mais do que isso. É controle emocional e até racional.
Apesar de todas as dificuldades que tivemos aqui, porque
STI é uma área muito cara, sempre tive incentivos pra continuar – do meu instrutor, Cleonei Dotto, que ia atrás de
patrocínio, e da minha família, que nunca me deixou desanimar, mesmo quando eu ficava triste por não ter como comprar peças para treinar”, agradeceu Priscianne.
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
X
33
SENAI
“Isso aqui são três anos de dedicação! Está aqui todo o
meu esforço! Agradeço primeiramente a Deus, pois se não
fosse Ele, não seria possível estarmos aqui hoje. Em segundo lugar, meu instrutor, que sempre acreditou em mim. E
depois, claro, minha família, que me deu todo apoio para
que eu pudesse participar dessa competição”, desabafou o
mecânico.
Rafael reconheceu a luta que seu instrutor, Antônio
Raimundo de Araújo, travou para que ele pudesse chegar entre
os melhores da competição. “Devo muito a ele, que me incentivou, correu atrás de patrocínio e de locais para que eu
pudesse treinar”, conta. O competidor chegou a passar uma
semana em São Paulo (SP) e outra em Porto Velho (RO) para
treinar em automóveis pouco comuns no Acre por intermédio
de Antônio. A dedicação e o comprometimento do instrutor
renderam-lhe uma indicação para ser avaliador-chefe da ocupação de Mecânica de Automóveis na Olimpíada de 2012.
34
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
NÍVEL B ÁSICO X T ÉCNICO – Esse resultado não representa apenas que o Acre, pela primeira vez, foi o campeão
da Região Norte. Significa que a pequena delegação saída
do outro lado do País, composta somente por alunos de
nível básico, derrotou dezenas de alunos de nível técnico
dos grandes estados.
“Definitivamente, o Acre deixou de ser mero participante
da Olimpíada do Conhecimento do SENAI para ser competidor de alto nível”, destacou Mozani Mariano de Almeida,
diretor da Escola SENAI Cel. Áuton Furtado. “Foi muito emocionante ver que as outras delegações estavam torcendo
muito pela gente. Alagoas e Rio de Janeiro vibravam e nos
parabenizaram muito”, emocionou-se.
Para Solange, o fato de colocar alunos de nível de
aprendizagem para concorrer com competidores de nível
mais avançado é um estímulo a mais. “É uma ousadia, realmente. Mas eu confio muito nos meus alunos e nos meus
Rafael e Priscianne
comemoram o feito
inédito para o
Estado: “Muito
trabalho”
6ª edição da Olimpíada
ocupou os 571 mil m²
do Riocentro
instrutores. Nunca havíamos conseguido uma medalha, mas
sempre ficamos em boas colocações”, relatou. Porém, em
2010, a história foi diferente.
“Notamos que os alunos que não subiram ao pódio não
se conformaram, porque eles sentiam que tinham condições
de estar lá”, observou Mozani. “Desta vez, eles não vieram
aqui apenas para ganhar experiência. Eles vieram confiando
no seu potencial, porque esta competição se resume em
estrutura, instrutor e competidor”.
Na volta para casa, toda a delegação foi homenageada
pelo presidente do Sistema FIEAC, João Francisco Salomão,
por seu excelente desempenho nesta que foi considerada a
Olimpíada de mais alto nível já realizada no Brasil. Na
ocasião, Solange anunciou: em 2012, o Acre vai participar
da competição em 15 categorias, cinco a mais que neste
ano. E que venham mais medalhas.
Competidores do Acre
Lauana Chalub – Panificação & Confeitaria;
Fábio Reis Ferreira – Eletricidade Predial;
Lucas Braga de Souza – Mecânica Diesel;
Rafael da Silva Araújo – Mecânica Álcool e Gasolina;
Mateus Cavalcante Santos Filho – Redes;
Priscila Dayane de Souza Costa – Tecnologia da
Informação (TI);
Maria Priscianne de Souza Costa – Sistema de Transporte
de Informação (STI);
Theime Camilo da Silva (proncuncia-se “Tcheime”) –
Marcenaria;
Ivanci Monteiro do Nascimento – Construção Civil
(Aplicação de revestimento cerâmico);
Felipe Mery da Gama – Construção Civil (Alvenaria).
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
35
IEL
Para enxergar melhor
Núcleo de Capacitação
Empresarial do IEL é o
melhor aliado para a visão
de mercado do empresário
acreano
U
m conhecido ditado diz que “O que engorda o gado é o
olho do dono”. Fácil identificar o “dono”: o empresário,
aquele que se importa (ou deveria se importar) com o negócio, o
mentor, quem faz os investimentos e assume as responsabilidades
sobre o seu sucesso – ou insucesso. O “olho”, por sua vez, significa o comando, o gerenciamento propriamente dito, desse
empreendimento.
Pois bem, sobretudo no meio industrial, o olho do empresário
deve ser constantemente treinado para evitar problemas de visão.
O economista Luiz Gonzaga de Sousa, autor do livro “Economia
Industrial”, afirma que, por ser o principal agente do sistema, o
empresário precisa investir em capacitação, a fim de que tenha
condições de optar pelas melhores decisões para que o seu negócio cresça de forma harmônica. Assim, ele torna a indústria mais
competitiva, mais consolidada e mais influente frente ao mercado
consumidor.
Sousa afirma que o risco e a incerteza que a economia industrial atravessa, o investimento na capacitação empresarial se torna
imprescindível. “Os empresários são peças fundamentais numa
economia industrial e é neste sentido que o investimento na sua
capacitação é muito importante para que ele tenha condições de
criar uma dinâmica de crescimento da empresa, fazendo as mercadorias fluírem de acordo com o programado no mercado consumidor”, afirma Sousa em seu livro.
É com essa consciência que o Instituto Euvaldo Lodi (IEL-AC)
exerce o papel de principal agente articulador do Sistema FIEAC
na interação entre o empresário e o conhecimento, preparando o
industrial para enfrentar o mercado em pé de igualdade com qualquer que seja seu concorrente. Uma de suas principais ferramentas para este propósito é o Núcleo de Capacitação Empresarial.
PREPARAÇÃO PARA O MERCADO - Ao mapear as necessidades das empresas industriais acreanas, o IEL-AC vai em busca
das melhores instituições de ensino e pesquisa para oferecer ao
público-alvo embasamento conceitual e teórico, fundamentais
para se enfrentar os desafios do cenário econômico. Para cada
área demandada, são formatados MBA’s e cursos de curta, média
36
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
Cursos de capacitação
do IEL têm grande
procura no Estado
e longa duração, de acordo com as necessidades levantadas
pelos próprios empresários.
A partir de parcerias com instituições de reconhecimento local
e nacional, como o próprio IEL Nacional, o Sebrae e a Faculdade
Meta (Fameta), o IEL-AC realiza capacitação nas áreas de Gestão
Financeira; Gestão Empresarial; Gestão de Pessoas; Marketing e
vendas; Produção, Qualidade e Produtividade.
“Por intermédio do Núcleo de Capacitação Empresarial, o IELAC oferece aos empresários oportunidades de fortalecimento dos
seus negócios por meio de cursos que desenvolvem competências de gestão em temas prioritários e que muitas vezes são
demandados pelos próprios empresários através dos sindicatos
filiados à FIEAC”, comenta Socorro Bessa, superintendente.
Atualizar é preciso
Algumas das propostas para atender as demandas dos
empresários acreanos previstos para este primeiro semestre de
2010 são os cursos de curta duração de Interpretação da Norma
PBQP-H e Formação de Auditor Interno; MS Project; Comunicação
Profissional e Oratória; Custos e Precificação; Gestão de Recursos
Humanos e Legislação Trabalhista e Previdenciária.
“Contamos ainda, com metodologias, parceiros e infraestrutu-
ra que nos possibilita oferecer cursos customizados e de acordo
com as necessidades apontadas pelo mercado e pelo setor
empresarial”, acrescenta a superintendente.
Em julho deste ano, o IEL-AC desenvolverá ainda cursos de
curta duração para o Programa de Desenvolvimento e Qualificação
de Fornecedores (PDF). Empresas cadastradas nesse projeto
serão qualificadas em cinco áreas de Gestão Estratégica,
Comercial e Financeira: qualidade; meio ambiente; responsabilidade social; saúde e segurança no trabalho. As consultorias também serão feitas em cima das áreas que serão qualificadas após a
conclusão de cada módulo.
As consultorias e aplicação da metodologia de desenvolvimento e qualificação de fornecedores do IEL fortalecem a cadeia
produtiva e geram ganhos de eficiência e produtividade para
empresas compradoras (âncoras) e fornecedoras. Com base nos
requisitos estabelecidos pelas empresas-âncoras, as fornecedoras
são sensibilizadas, diagnosticadas, qualificadas e certificadas,
modernizando suas técnicas de gestão e tornando-se mais competitivas no mercado. A previsão é de que a qualificação se
encerre em julho de 2011.
À DISTÂNCIA - Além dos próprios empresários, o IEL também
estimula o aperfeiçoamento e qualificação daqueles que sabem
onde querem chegar. No portal nacional de negócios
(www.iel.org.br), há um menu de cursos gratuitos online em
diversas áreas para estagiários e estudantes.
Os temas são “Marketing Pessoal”, “Prepare-se para o mercado: currículo e entrevista”, “Conheça a empresa”, “Aprenda com o
estágio”, “Construa sua carreira”, “Educação Ambiental”,
“Empreendedorismo”, “Legislação Trabalhista”, “Segurança no
trabalho”, “TI e Comunicação”, e “Propriedade Intelectual”. Os
módulos virtuais são autoinstrucionais e o aluno pode fazer o
próprio horário.
GESTÃO FAMILIAR - Outro curso inovador é o de “Empresas
Familiares: Gestão e Sucessão”, elaborado após um levantamento
que apontou que cerca de 80% das empresas acreanas são
familiares – fundadas e administradas diretamente por parentes
próximos. A iniciativa, previamente apoiada pelo setor empresarial,
traz inúmeras vantagens para a empresa e também para Estado.
“Uma empresa bem estabilizada garante a competitividade e
traz desenvolvimento para o Estado”, diz Socorro Bessa. Portanto,
o que não falta ao IEL são opções para que o empresário tenha
uma boa visão de seu ramo de negócio, fazendo uso acertado de
suas ferramentas de gestão. O resultado é uma empresa forte,
desenvolvida e bem posicionada no mercado.
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
37
ECONOMIA
DO
F
UTEBOL
ÀS
RNAS
Indústrias dos mais
diversos setores
planejam aumento de
ritmo para atender os
dois maiores eventos do
ano: Copa do Mundo e
Eleições
38
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
U
É
junho. Mês em que os trabalhadores vestem
a camisa para uma partida especial. Eles
precisam bater um bolão para aumentar a
produtividade em campo e oferecer um resultado
que corresponde às expectativas do público. Cada
gol marcado é garantia de um placar estável, com
expectativas para correr para o abraço rumo a outubro,
outro mês propício para grandes jogadas.
Não, não estamos falando de uma partida de
futebol e, sim, do momento de sair do buraco após
crise que deixou seqüelas na economia
mundial. Aliás, dois momentos: Copa
do Mundo e Eleições.
Na África do Sul, mais de 30
mil operários trabalham nas
obras dos dez estádios que
acolherão partidas da
copa, com início em 11 de junho. A grande movimentação em volta do evento, no entanto, não é
uma exclusividade do país que sediará os jogos.
Cada nação que levará sua seleção à disputa está
em polvorosa, e quem aproveita a ocasião para
aumentar o faturamento são as indústrias dos mais
variados ramos, em especial, as de confecção, alimento e gráfica.
A marca responsável pelas camisas oficiais da
seleção brasileira já comemora, muito antes da
copa, a grande procura pelos exemplares expostos
em lojas e sites de todo o mundo. O preço varia de
R$ 149 a R$ 199 - nada tão caro no ponto de vista
dos torcedores mais fanáticos, mas um tanto salgado para que conta com a realidade de um salário
mínimo.
É aí que entram as malharias, responsáveis por
manter os torcedores uniformizados com um preço
muito mais em conta. Segundo o gerente de vendas da Malharia Ponto Sem Nó, Jerre Prata, a
indústria se preparou para a data e produziu um
estoque grande para a chegada da copa. Várias
pessoas já procuram pelas camisas, que se apresentam em diferentes modelos e estampas, algumas
com o toque tradicional e outras mais
irreverentes.
“Damos a dica também
para as pessoas montarem
a sua própria torcida,
com camisas personalizadas. É uma
ideia legal, que
deixa o grupo de amigos caracterizados na hora de
assistir aos jogos do Brasil”, destaca.
Atualmente, a malharia trabalha com 17 funcionários na produção, entre serviços de corte,
costura, serigrafia e bordado. Com a proximidade
da copa, a expectativa é aumentar o quadro com
pelo menos cinco empregados temporários para
aguardar o aumento da demanda.
ALIMENTOS - Vestimentas à parte, a indústria
de alimentos também tem se preparado para faturar alto com a copa. Na hora dos jogos é comum o
grupo de torcedor apreciar um aperitivo ou uma
bebida. E porque não um café?
Isso mesmo. O Café Contri, que carrega o slogan
“O seu prazer diário” não quer ficar de fora da
copa. Por isso, os trabalhadores que não terão dia
de folga para assistir ao jogo e ficará na companhia
de um bom café, poderá, paralelamente, estar concorrendo a promoção “A Copa de 2010 é com Café
Contri e Café Sarah”.
A promoção remete ao sorteio nas vésperas de
cada jogo do Brasil de uma churrascada no
valor de R$ 1,5 mil. Basta o torcedor juntar
embalagens do Café Contri e Café Sarah, e
trocar por cupons nos postos autorizados.
“A indústria precisa manter-se aquecida, e
para isso, aproveitamos datas festivas para
engajar campanhas que nos garantem um
aumento nas vendas”,
disse o empresário
Adalberto Moreto,
proprietário
das
marcas de café. X
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
39
ECONOMIA
Malharias fabricam
camisetas da Copa
com preços mais
acessíveis
Região Norte é a mais otimista
A perspectiva empresarial para Copa do Mundo 2010
mostra que 50% dos empresários do varejo esperam aumento de faturamento do seu negócio, por conta deste evento
global. Para 35% o faturamento não terá nenhuma alteração
e para 15% deve cair. A pesquisa foi feita pela Serasa
Experian, divulgada no dia 4 de maio, para todo o Brasil.
40
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
Dentre as empresas, as de grande porte têm 74% de
seus empresários apostando em elevação do faturamento. Nas médias são 56% compartilhando desta opinião,
com 33% não enxergando mudanças. Nas pequenas
empresas, 48% apostam em aumento, 36% em
manutenção do faturamento atual e 16% em recuo.
A região Norte tem a maior parcela de empresários
otimistas, 64% dos entrevistados, que vêem o fatura-
Setor gráfico vai
elevar faturamento
com os dois
acontecimentos
mento de seu negócio em alta, em decorrência da Copa
do Mundo. No Nordeste são 61% dividindo a mesma
resposta, Centro-Oeste 54% e Sudeste 50%. Os varejistas do Sul estão divididos sobre os impactos da Copa
do Mundo, 42% acham que o faturamento crescerá e
42% acham que tudo
ficará como está.
Segundo os técnicos da Serasa, a Copa do
Mundo visa estimular o varejo já a partir do período pós Dia das Mães. O comércio deve empreender promoções em conjunto com a indústria e em
termos de alongamento nos prazos de financiamento, sobretudo dos produtos de maior valor
agregado, a exemplo das TVs de alta
definição.
Eleições: garantia
certa de faturamento a
cada dois anos
De fato, 2010 é o ano
da indústria. Habituados a
trabalhar com as datas
comemorativas fixas de
todos os anos, como a
Páscoa, Dia das Mães, Dia
dos Pais, Dia das Crianças e
Natal, os empresários se
deparam com mais duas
datas
bem
propícias
aquecimento das vendas. X
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
41
ECONOMIA
Atentos ao detalhe, as gráficas já antecipam investimento para atender aos candidatos que entrarão em campanha. E não são poucos. Além do presidente da república, serão eleitos governadores, senadores, deputados
federais e estaduais.
Trabalhar com planejamento é sempre uma garantia,
afirma o economista Carlos Estevão. Segundo ele, a empresa que planeja insumos, faz previsão de demandas e avalia
históricos passados tem menos risco de perder as vendas
para concorrentes de outros Estados. “O consumidor que
não encontra o que procura aqui no Estado, acaba comprando pela internet”, alerta o economista.
Para não correr esse risco, a Gráfica Printac organiza
suas demandas para não deixar o cliente na mão. “Sempre
há um aumento de demanda, por isso precisamos estar
preparados”, disse o empresário Leônidas de Araújo Neto.
O aumento do faturamento, no entanto, já foi mais significativo, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda
não havia feito algumas restrições quanto ao uso de propaganda, destaca o empresário.
“Para as gráficas acredito que o faturamento maior vai
ser com a Copa. Como as empresas utilizam a data para
promover campanhas e promoções, os serviços de
impressão de cartazes, folders e outros materiais aumentam”, destacou.
Outro empresário do ramo gráfico, Elson Dantas, acha
que a demanda nas eleições continua elevada. “O setor
experimenta significativo aquecimento nesta época,
alicerçado no aumento da demanda por impressos de cartazes, santinhos, adesivos, enfim, material de divulgação e
abordagem - utilizados pelos políticos para difundir suas
propostas de campanha”, enfatizou.
Oportunidades para construção civil
As eleições contribuem bastante aquecer as indústrias
da construção civil. Isso porque com a proximidade da
troca de governo, as obras que estavam previstas dentro do
mandato atual devem ser concluídas antes de expirar o
prazo. A partir do meio do ano não se pode contratar
empresas e nem empenhar verba de governo até que se
encerrem as eleições.
Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da
Construção Civil (Sinduscon), Carlos Sasai, o volume de
obras está bastante alto, mas existe outro fator, além do
prazo para cumprimento das demandas. “No Acre, o ano
de 2009 foi um ano de muitas chuvas e por isso há muitas
obras atrasadas. Esse ano temos que cumprir todas, e pra
isso, precisamos correr contra o tempo”, enfatizou.
O prazo para cumprimento de prazo gera oportunidade também para as pequenas empresas. Isso acon-
42
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
tece porque nem sempre as grandes - que já possuem
outras demandas - conseguem executar o serviço
solicitado sozinha e em tempo hábil.
Sasai confirma que as grandes empresas de
construção civil estão partindo para esta opção. Há
contratos mais recentes, assinados em dezembro de
2009, como o do Programa “Minha Casa, Minha
Vida”, que prevê a construção de duas mil moradias.
“Certamente as grandes empresas precisarão
contratar as pequenas para auxiliar nas obras. Isso é
muito bom porque um contrato como esse, de
grande volume, não tem como uma empresa pequena assinar sozinha, mas no fim das contas, ela acaba
faturando também porque seu serviço é solicitado.
Assim, todos saem ganhando”, completou o presidente.
É um efeito positivo, mas que pode gerar prejuízos para o ano seguinte, já que em início de novo
mandato, é um ano peculiarmente de instabilidades,
é preciso fazer reserva e aumentar a arrecadação
para então cumprir as promessas de campanha.
Luciano Pontes
Volume de obras
continua com ritmo
alto nesse período,
aquecendo a
economia
Presidente do
Sinduscon-A
AC, Carlos
Sasai, diz que setor
precisa entregar neste
ano obras atrasadas
em 2009
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
43
DESAFIOS
N
ão são poucas as aflições pelas quais passam o
setor produtivo acreano. Como se não bastassem
suas atribuições costumeiras de arriscar, investir e
superar barreiras para que o seu negócio se fortaleça e prospere, hoje o empresário se depara com uma série de exigências e estrangulamentos que acabam por tornar praticamente impossível sua sobrevivência no mercado, como,
por exemplo, o excesso de burocracia, cargas tributárias,
insegurança jurídica e as legislações trabalhistas.
Além de contribuir para o desenvolvimento de sua
região e de seu país, o empresário do novo século deve conduzir seu negócio de modo a colaborar para a qualidade de
vida da população, por meio de ações que sejam permeadas
pela responsabilidade fiscal, responsabilidade social e
responsabilidade ambiental.
Tais prerrogativas, além de socialmente e ecologicamente responsáveis, tornaram-se diferenciais no mercado
além dos limites do Estado. Isto porque o consumidor
acreano – a despeito de existir um verdadeiro leque de
empresas que atendam a tais requisitos – opta mesmo por
adquirir produtos mais baratos. Ou seja, de empreendimentos informais, que sonegam encargos e impostos, criando-se mais um agravante para o já asfixiante cenário do
setor produtivo local: a concorrência desleal.
Diante de tantos entraves que empatam o desenvolvimento econômico do Estado, a FIEAC deu início à coordenação de um projeto ambicioso e necessário para que o
setor esteja cada vez mais alinhado à agenda e aos requisitos da sustentabilidade e da competitividade. Trata-se da
Mobilização de Fortalecimento do Setor Produtivo
(MFSP), que pretende despertar o empreendedor não só
para enfrentar os grandes problemas de seu cotidiano –
lutando para remover tantas barreiras –, mas, também,
para prepará-lo para a vinda de concorrentes que estão
em vias de se instalar em território acreano, além de
incentivá-lo a aproveitar as grandes oportunidades que
estão surgindo.
“Um exemplo de obstáculo são as licenças ambientais, expedidas com a máxima responsabilidade, mas
não com a mesma agilidade. Elas não podem levar
anos, como invariavelmente ocorre, porque senão acarretará graves danos à economia e à população. Este é um
dos entraves onde se faz necessário melhorar a performance do setor público”, resumiu o empresário João
Francisco Salomão, presidente do Sistema FIEAC.
Os cinco passos
Para reagir a tantos fatores sufocantes, a indústria
acreana vai lutar para superar o que pode ser resumido em
cinco desafios: tornar o setor participante ativo do proces-
44
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
so de formulação e implementação de políticas públicas;
fortalecer as representações empresariais acreanas;
preparar o empresário local para enfrentar o novo cenário
de oportunidades e concorrência; tornar o Acre um Estado
com ambiente altamente favorável ao processo
empreendedorial e estabelecer um canal de comunicação
sistemático com a sociedade.
“Partimos do princípio de que se a sobrevivência do
setor produtivo sofre influência direta e significativa das
políticas públicas, bem como de normas e leis, há necessi-
Empresas sofrem com
diversos obstáculos para
sobreviver no mercado
UM
R
I
EMÉD
PARA
ASFIX
NDÚS
dade de que nós participemos diretamente de suas formulações”, explica o coordenador do Movimento,
Assurbanípal Mesquita.
Entre os diversos objetivos a ser alcançados, o
Movimento pretende despertar a importância do
empreendedor perante a sociedade e para os próprios
empresários; lutar para que o poder público mantenha uma
atuação desenvolvimentista; tornar o empreendedor
consciente de seu papel e de suas responsabilidades; eliminar as barreiras que dificultam a criação e sobrevivência
ÉDIO
A
IXIA DA
ÚSTRIA
dos negócios e tornar as oportunidades acessíveis para
todos os empreendedores, sobretudo os acreanos.
“Um Estado forte é reflexo de um setor produtivo
forte”, defende Mesquita. Segundo ele, estados como
São Paulo e Amazonas são desenvolvidos justamente
porque possuem um setor industrial robusto, que garantem aos seus respectivos governos uma boa fonte de
arrecadação. “O ideal é que o Estado viabilize o setor
produtivo, incentivando-o e destravando o seu desenX
volvimento”.
Projeto de fortalecimento
quer destravar o
desenvolvimento do setor
produtivo do Estado e
despertar o empresário
para a nova realidade
econômica
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
45
DESAFIOS
AGENTES DE TRANSFORMAÇÃO – O coordenador do
MFSP toca ainda em outro ponto crucial para a atual
situação. A própria sociedade ignora a importância de uma
empresa para o desenvolvimento do Estado. Mais que isso.
Os próprios empresários ignoram a sua força, perdendo a
oportunidade de se unir para resolver problemas individuais
que acabam se tornando comuns quando somatizados.
“Uma visão arcaica da gestão dificilmente conduzirá a
organização ao sucesso e, mais grave ainda, poderá representar o encerramento de suas atividades”, alertou João
Francisco Salomão. “Existe uma série ferramentas e
organismos que podem ajudar os empresários e fortalecer
o associativismo, mas a categoria ainda está muito dispersa, não atentando para as oportunidades que surgirão em
um futuro muito próximo”.
Para o empresário, é dever do poder público contribuir
para a atuação desenvolvimentista, fortalecendo o setor
produtivo, beneficiando, assim, toda a sociedade. No
entanto, o setor produtivo deve – e tem interesse em – dar
sua contrapartida, participando ativamente do desenvolvimento de leis e políticas públicas que impulsionem a classe.
“Os empreendedores e o poder público são os agentes
de transformação”, afirma Salomão. “Mas também é
lamentável constatar que muitos projetos das empresas
voltados à adoção dessas políticas contemporâneas ficam
emperrados na burocracia estatal. Além da falta de incentivos, bloqueiam-se todos os procedimentos necessários”.
Daí a importância de se possuir um canal de comunicação com a sociedade. O setor produtivo precisa de uma
proteção e um porta-voz para que sejam divulgadas suas
ações, bem como para se posicionar de maneira mais incisiva ante as tentativas de estrangulamento. “Esse canal de
comunicação, que pode ser um programa ou até mesmo
uma emissora, terá ainda um papel fundamental na
melhoria da imagem do empresário perante a sociedade”,
enfatizou Mesquita.
Agir para competir
De acordo com o economista Carlos Estevão Castelo,
os líderes empresariais perceberam que o cenário econômico acreano está mudando rapidamente, que empresas de
fora estão demonstrando interesse e até começando a se
instalar aqui. “Então, a classe começou um movimento de
reação a fim de se preparar para essa nova realidade e poder
competir em condições de igualdade”, analisou.
O economista constata que a categoria vem se conscientizando de que não adianta somente reivindicar do
setor público medidas protecionistas e incentivos fiscais
sem fazer uma autorreflexão, nem reparos na própria
vulnerabilidade.
46
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
De seu lado, o Sistema FIEAC, em muitas ocasiões em
parceria com a CNI, promove uma série de ações com
objetivo de fortalecer e dar subsídios para que a classe
empresarial possa atuar de maneira eficaz na condução de
seu negócio e na coletividade. Pode-se citar iniciativas
como o Modelo SESI de Sustentabilidade, o Projeto de
Desenvolvimento Associativo (PDA), além de cursos e
MBA’s realizados pelo IEL conforme as demandas e necessidades apresentadas pelo industrial.
ATRATIVOS E OPORTUNIDADES – A situação do
empresário acreano era de, certo modo, cômoda. A
MFSP foi dividido
em conselhos
temáticos que
atuam em
diferentes áreas
posição do Estado, localizado numa região de difícil
acesso, não atraía investidores externos. Agora, o
panorama está mudando. O Acre está cada vez mais
próspero, como se pode observar nos investimentos
previstos ou em curso, como os projetos de estrutura do
PAC, de expansão de energia interna, complexo do Rio
Madeira, valorização do ativo florestal e biodiversidade.
Obras como a abertura para o Oceano Pacífico, por
meio da Estrada Interoceânica, e a conclusão da BR364, que tornará o acesso terrestre ao Vale do Juruá um
sonho realizado, são dois fatores que tornarão o Estado
uma boa opção para que empresas já saturadas dos
grandes centros ampliem seu leque de consumidores.
Isto porque ambas as obras ampliam o potencial turístico acreano, além da Transoceânica se tornar uma saída
mais viável para o mercado asiático.
“Além disso, há ainda projetos de incentivo ao
comércio exterior, como a Zona de Processamento de
Exportação (ZPE) e o Porto Seco, que tornam o Estado
ainda mais atrativo para grandes empresas nacionais e
até multinacionais. Não se pode negar que será bom
para o Estado que esses empreendimentos se instalem
aqui. No entanto, temos que nos preparar para não nos
tornarmos meros fornecedores ou até mesmo expectadores desse processo”, salientou Salomão.
Os caminhos traçados
Com base nesse pensamento, foram criados cinco
conselhos táticos que atuarão em cada um dos desafios
elaborando um plano de ação para se alcançar os resultados almejados. Estão previstas atividades como a
elaboração de uma Agenda Executiva, com propostas
do setor produtivo para os planos de Governo, e o
empenho para tornar realidade a implantação de um
Zona de Processamento de Exportação (ZPE).
“Como a ZPE é livre de impostos, cria-se as
condições necessárias para a instalação de empreendimentos na área e de pequenas indústrias fornecedoras
ao redor, gerando assim mais riqueza e empregos”,
defende João Francisco Salomão.
Um dos projetos de
maior aposta da
FIEAC é o da Zona de
Processamento de
Exportação
O MAIOR ENTRAVE – Para fortalecer as representações empresariais acreanas, o setor deve se unir e
lutar pelo fortalecimento das representações empresariais.
“Como se vê, cabe somente aos empresários mudar a
presente situação. Para que consigamos ter êxito, teremos
que desenvolver uma grande quantidade de ações
integradas, que são os cinco desafios que nos propusemos a superar”, destacou Assurbanípal Mesquita.
Talvez o maior de todos os entraves para o desenvolvimento do setor produtivo não venha dos impasses
com o setor público nem da falta de iniciativas das
instituições que representam o segmento. Pode estar
justamente na falta de percepção da grande maioria dos
empresários acreanos para o cenário que vem se
desenhando em um futuro muito próximo. “Se nós
não nos movimentarmos, não nos capacitarmos,
vamos literalmente nos sufocar diante de tantos
estrangulamentos e da forte concorrência que virá”,
sentencia João Francisco Salomão.
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
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IMPOSTOS
I
PAGAR MENOS
MPOSTOS NÃO É
IMPLES
TÃO
S
Cada empresa deve fazer um estudo de caso para se certificar se é
vantajoso ou não aderir ao regime
tributário simplificado
É
preciso ter muita cautela para saber se é negócio para empresa aderir ao Simples Nacional.
As tentações são muitas. Logo de cara, a
primeira vantagem é a redução de burocracia, já que
é possível pagar oito impostos utilizando apenas uma
guia. Mas esse não é o principal fator que atraem as
empresas ao interesse de se tornarem Simples. Elas
sonham com a possibilidade de pagar menos impostos, o que ocorre em muitos casos e em outros, não.
Para não haver dúvida alguma, a Receita Federal
disponibilizou em sua página na internet um conteúdo com perguntas e respostas sobre quem pode aderir
ao regime, como é feita adesão, quais as vantagens e
quais os tributos a empresa continua pagando após
ter tido o cadastro no Simples Nacional aceito pelo
órgão.
O regime é diferenciado, simplificado e favorecido
previsto na Lei Complementar nº 123, de 14.12.2006,
aplicável às Microempresas e às Empresas de Pequeno
Porte, a partir de julho de 2007.
Considera-se Microempresas, para efeito do
Simples Nacional, o empresário, a pessoa jurídica, ou
a ela equiparada, que aufira, em cada ano-calendário,
receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00. Já
Empresas de Pequeno Porte, para efeito do Simples
Nacional, são consideradas as que têm receita bruta
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Acre INDUSTRIAL - junho/2010
superior a R$ 240.000,00 e igual ou inferior a
R$ 2.400.000,00. Vale lembrar que para enquadramento na condição de Microempresa ou Empresa de
Pequeno Porte, deve-se considerar o somatório das
receitas de todos os estabelecimentos.
Mas, a dúvida é: todas as empresas que correspondem
a esse perfil devem aderir ao Simples Nacional?
Segundo o auditor-fiscal da Receita Federal, Nivaldo
Medeiros Filho, é preciso que cada empresa realize
um estudo de caso para saber se é ou não vantajoso o
regime tributário. A queda da alíquota varia de atividade para atividade.
No caso das indústrias, o Simples tem se
mostrado bem vantajoso em relação a outros sistemas tributários. São os custos operacionais e o
faturamento da empresa que irão mostrar para a
empresa qual a melhor opção. Em alguns casos a
empresa consegue se ver livre do pagamento de IRPJ,
PIS/PASEP e Confins.
Uma empresa que possui faturamento de R$ 120
mil por ano, por exemplo, poderá pagar 4,5% desse
valor em impostos. Se o regime escolhido fosse o
Lucro Presumido, essa mesma empresa e com o
mesmo faturamento pagaria 15,55% de impostos.
“Aderir ao Simples é vantajoso em muitos casos,
claro. Mas, é preciso ter cuidado para a empresa não
se deparar com outra dimensão. Em um exemplo bem
prático, quem tem faturamento baixo, paga menos
impostos”, alerta o auditor.
Como fazer parte do Simples
O período para opção pelo Simples Nacional é
sempre em janeiro, até o último dia útil do mês. A
opção é solicitada somente pela Internet, por meio
do Portal do Simples Nacional. É necessário que se
faça um acompanhamento no próprio portal para se
ter a certeza de que a empresa foi incluída no
regime. No Acre, 972 empresas solicitaram a opção
em 2010. A receita registrou um total de 359.425
solicitações em todo o Brasil.
Se as empresas solicitantes se enquadrarem no
regime e a diminuição de impostos acontecer, um
cenário de maior competitividade no mercado,
tanto na hora da compra, quanto na venda, será
gerado.
O Simples Nacional recolhe os
seguintes tributos:
Auditor-ffiscal da Receita, Nivaldo Filho: “A queda
da alíquota varia conforme a atividade”
Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ);
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);
Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social (COFINS);
Contribuição para o PIS/Pasep;
Contribuição Patronal Previdenciária (CPP);
Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de
Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação (ICMS);
Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS).
Obs.: O recolhimento na forma do Simples Nacional não
exclui a incidência de outros tributos não listados acima.
Mesmo para os tributos listados acima, há situações em
que o recolhimento acontece à parte do Simples Nacional.
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
49
LEGISLAÇÃO
M
uitas dúvidas ainda imperam entre contratantes e jovens sobre a Lei do Menor
Aprendiz. Mas afinal, quais são os direitos do
aprendiz? Como é feito o contrato? Quem é obrigado a
contratar? E qual remuneração deve ser dada ao
menor?
Essas são apenas algumas das dúvidas mais frequentes. As empresas, na verdade, possuem certo
receio de contratar menores de 16 anos desde que o
trabalho para essa faixa etária foi proibido pela
Constituição Brasileira de 1988.
Entretanto, a constituição ressalvou a possibilidade
de ingresso no mercado de trabalho na condição de
aprendiz a partir dos 14 anos. E para tudo ficar devidamente esclarecido, foi criada a Lei do Menor Aprendiz,
nº 5.598 de 01 de dezembro de 2005.
O aprendiz é o jovem com idade entre 14 e 24 anos,
matriculado em curso de aprendizagem profissional e
admitido por estabelecimentos de qualquer natureza
que possuam empregados regidos pela Consolidação
das Leis de Trabalho (CLT).
Os estabelecimentos - de qualquer natureza - são
obrigados a empregar e matricular nos cursos dos
Serviços Nacionais de Aprendizagem (Industrial,
Comercial, Rural, do Transporte ou do
Cooperativismo) número variável entre 5% e 15% dos
trabalhadores de cada um de seus estabelecimentos,
cujas funções demandem formação profissional.
“É importante ressaltar que não se trata de faculdade das empresas de contratar aprendizes, mas sim de
uma imposição legal. Todas as empresas que possuírem
LEI DO
50
A
Advogada Patrícia Belucio explica que contratação de
aprendizes não é opcional, mas sim imposição legal
funções que demandem formação técnico-profissional
devem contratar aprendizes, sob pena de violação à lei
e, consequentemente, estarem sujeitas às multas
impostas pelo Ministério do Trabalho”, explica a advogada Patrícia Belucio.
Para a definição das funções que demandem formação profissional, deverá ser considerada a
M
ENOR
Algumas empresas não sabem como proceder
para contratar um menor aprendiz e
preferem pular essa etapa, o que pode gerar
multa por descumprimento à lei
PRENDIZ
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
Classificação Brasileira de Ocupações, elaborada
pelo Ministério do Trabalho e Emprego. (Portaria
nº 615/2007 e 1.003/2008)
No setor da construção civil, por exemplo, as
funções de eletricista predial e instalador de sistemas
eletrônicos de segurança fazem parte da lista de funções
que demandam formação técnica profissional. Vistas
essas funções e feitos os cálculos de quantos devem ser
contratados, o próximo passo é entrar em contato com
as entidades que capacitam, ou seja, os Serviços
Nacionais de Aprendizagem, como SESI, SENAI,
SENAC, etc.
A aprendizagem se realiza dentro das instituições
citadas, na empresa, sob orientação de especialistas em
formação técnico-profissional, ou nas Escolas Técnicas
de Educação e entidades sem fins lucrativos. A empresa também pode fazer o recrutamento e depois
encaminhar os selecionados para essas entidades.
A contratação deve acontecer diretamente pelo
tomador do serviço do aprendiz e supletivamente por
entidades sem fins lucrativos que tenham por objetivo
a assistência de adolescentes, caso em que esta deverá
celebrar contrato com o estabelecimento que utilizará
os serviços do aprendiz. O prazo máximo do contrato
de aprendizagem é de dois anos, sem possibilidade de
prorrogação.
A contratação deve acontecer diretamente pelo
tomador do serviço do aprendiz e supletivamente por
entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivo
a assistência de adolescentes - caso em que esta deverá
celebrar contrato com o estabelecimento que utilizará
os serviços do aprendiz. O prazo máximo do contrato
de aprendizagem é de dois anos, sem possibilidade de
prorrogação.
A lei diz, ainda, que deve ser dada preferência à
admissão de aprendizes entre 14 e 18 anos, e que
somente em situações especiais, previstas em lei, o
aprendiz deverá ter entre 18 e 24 anos.
Quanto ao salário, a lei diz que o aprendiz deverá
receber pelo menos o salário mínimo ou então o piso
eventualmente garantido pela Convenção Coletiva da
categoria do tomador, se houver.
A advogada faz uma ressalva para a jornada do
menor, que é diferenciada. “Ao aprendiz está prevista
jornada especial, de no máximo seis horas diárias, a
qual deverá abranger tanto o ensino teórico, quanto
prático”, enfatiza.
Entretanto, a advogada afirma que a lei aceita outra
possibilidade. A jornada de trabalho poderá ser de oito
horas se o aprendiz já tiver terminado o ensino fundamental, desde que nessa jornada estejam incluídas as
horas destinadas à aprendizagem teórica. “São vedadas
a prorrogação e a compensação de horas”, destaca.
Outros direitos assegurados ao aprendiz
O aprendiz tem direito a férias (que preferencialmente devem coincidir com as férias escolares, sendo
certo que o período deve estar pré-fixado no programa
de aprendizagem, sendo proibida sua alteração) e também tem direito ao vale transporte.
Extinção do contrato de aprendizagem
Pode acontecer nas seguintes situações: desempenho
insuficiente ou falta de adaptação do aprendiz; falta disciplinar grave; ausência injustificada à escola que
implique perda do ano letivo e a pedido do aprendiz.
Conclusão do programa
Após a conclusão, deve ser concedido pela entidade
formadora o certificado de qualificação profissional,
que deverá mencionar o título e o perfil profissional
para a ocupação na qual o aprendiz foi qualificado.
Além disso, a empresa tomadora deverá contratar
outro aprendiz em substituição àquele que completou
seu treinamento.
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
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PIONEIRISMO
52
A
O
C
om a proposta de acompanhar as mudanças
de mercado, a Casa Natal, que tem como
carro-chefe a venda de tecidos há 60 anos,
decidiu inovar. Criou a CN Modas, primeira grife
genuinamente acreana com confecção de moda
infantil e adulta.
O mercado, até então inexplorado no Estado,
surgiu de uma seqüência de oportunidades agarradas com unhas e dentes pela empresária Síglia
Abrahão. Além de aproveitar a infinidade de tecidos que a loja dispõe, Síglia explorou a ideia do
Projeto de Fortalecimento do Setor de Confecção,
do SENAI/AC, que incentiva os empresários do
ramo a saírem da mesmice de uma confecção limitada para a criação de estilos.
Mas, nada é tão simples, ainda mais quando o
assunto é tendência de consumo. A empresária
conta que foi feito, inicialmente, um investimento
de R$ 100 mil em equipamentos, estrutura e contratação de profissionais, entre costureiras, modelista
e designer de moda. E isso não é nem o começo do
que está por vir.
“É apenas um início. Estamos realmente dispostos a levar esse projeto adiante, fazendo grandes
investimentos para que o Acre, de fato, tenha suas
próprias roupas”, argumentou a empresária.
Saias, calças, blusas, vestidos de vários estilos,
cores e caimento já podem ser vistos na Casa
Natal. As peças foram todas confeccionadas com a
preocupação de acompanhar o tempo, com o simples uso das roupas no dia-a-dia a um contexto
social.
A aceitação por parte dos clientes que conhecem
as peças tem sido boa. O problema é que o acreano
ainda não assimilou o fato de o Acre estar ditando
moda e só percebe que o produto é da terra quando observa a etiqueta, que faz referência à
primeira grife acreana.
“Estamos há apenas um ano com essa novidade.
Aos poucos estamos alcançando clientes e, em
breve, a marca se firma no Estado”, avalia Síglia
Abrahão.
Como uma extensão da CN Modas, a empresa
trabalha ainda com uma malharia, que vende uma
média de 15 mil camisas por mês. Em determinadas épocas do ano, essa quantidade chega a
dobrar. A malharia, de certa forma, serviu de fonte
de inspiração para a criação da CN Modas - já que
muito antes disso trabalhava com estampa diferenciada de camisas.
“Fazemos muitas camisas personalizadas, sob
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
CRE D
A tradicional Casa Natal,
que vende tecidos há 60
anos, cria a primeira grife
de moda genuinamente
acreana
encomenda. Mas, além dessas, lançamos as nossas
próprias, com bordados e estampas de motivos
amazônicos e outras manifestações”, destacou o
gerente de vendas da malharia, Jerre Prata.
Parte da clientela da malharia é local e outra
parte é composta por turistas. É que as camisas da
Desfile apresentou
peças da grife em
comemoração aos 60
anos da Casa Natal
M
DITANDO A
M
ODA
marca Acre, são confeccionadas lá. A peça é tão
procurada que ganhou uma seção só para ela e
pode ser encontrada em várias cores, tamanhos e
modelos. “Essa camisa é muito procurada por
quem quer levar uma lembrança do Estado. As
vendas delas estão sempre em alta”, completa.
CN Modas na passarela
No dia em que completou 60 anos, a Casa
Natal levou seu mais novo fruto ao Teatro Plácido
de Castro para comemorar em grande estilo. Um
desfile de moda foi feito com peças da CN Modas,
surpreendendo o público presente.
“Fiquei realmente impressionada com o nível
do desfile, o cuidado que se teve com a produção
e as roupas que os modelos apresentaram. Essa
marca certamente se transformará numa tradição
no Estado, assim como a Casa Natal se tornou”,
disse a diretora regional do SENAI/AC, Solange
Chalub.
O desfile marcou a comemoração de toda a
família Abrahão, presente no Teatro no dia 31 de
março. Toda a história do empreendimento foi
relembrada na oportunidade.
Foi no final do século XVIII e início do século
XIX, no auge do primeiro ciclo da borracha na
Amazônia, que começaram a chegar ao Acre os
primeiros imigrantes sírio-libaneses, que apostavam no comércio local pelos rios da região.
Dessa trajetória nasceu a Casa Natal, construída
pelo imigrante Alberto Felício Abrahão.
O governador do Estado, Arnóbio Marques, fez
questão de prestigiar o evento. “Não poderia imaginar Rio Branco, hoje uma cidade cheia de
histórias, sem a Casa Natal”, disse o governador
que entregou uma placa em homenagem aos 60
anos do empreendimento à matriarca da família,
Maria Luísa Monteiro Abrahão.
Maria Luísa Monteiro Abrahão, matriarca da
família, recebe placa de homenagem das
mãos do governador Binho Marques
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
53
ARTIGO
Eloi Zanetti
A arte do
diálogo
E
m qualquer ambiente onde existem grupos
com objetivos comuns, esbarramos numa
dificuldade inerente: o saber se comunicar.
Criamos sofisticadas formas de linguagens,
avançamos na feitura de equipamentos e ainda não
aprendemos a nos comunicar com eficiência com
nossos parceiros de trabalho. Para a maioria das pessoas, a arte do diálogo - dio-logos, dois pensamentos - é
muito complicada.
Perceber e entender as regras da boa comunicação não é difícil, qualquer um consegue. O difícil
é praticá-las. Elas exigem atenção, escuta e concentração no outro. Atitudes que necessitam de despojamento, humildade, paciência e principalmente
educação. É aí que “a coisa pega”.
Estamos tão egocentrados que não enxergamos,
nem escutamos os anseios do interlocutor. Por pressa, orgulho, vaidade, presunção ou preguiça,
perdemos o contato com o próximo. Não é aula de
catecismo, mas perceba como os sete pecados capitais são inimigos da boa comunicação.
Nós, comunicadores profissionais, perdemos
tempo estudando objetivos, público-alvo, as melhores
formas de emitir mensagens e até tentamos mensurar os resultados das nossas ações. Mas nos esquecemos do básico: a comunicação entre humanos se
processa entre humanos e está atrelada aos nossos
defeitos e virtudes.
Existem dezenas de maneiras de melhorar os
relacionamentos interpessoais. Por exemplo: não
cortar a palavra do outro enquanto ele estiver falando - senão dá a impressão de que você não se preocupa com a causa alheia e a comunicação se desmancha no nascedouro. Aprenda a usar a sua
entonação de voz, principalmente ao conversar com
as mulheres. Elas são mais suscetíveis ao modo e à
altura das falas do que os homens. O grande poder
de sedução de Cleópatra não era a sua beleza, mas a
sua voz. Além de boa ouvinte e de dominar com
maestria a arte da boa conversação, a rainha dos
egípcios tinha um tom de voz encantador.
54
Acre INDUSTRIAL - junho/2010
Calma e suavidade constroem o bom conversador. Por isso, fale devagar, atento às palavras que
vai proferir. E, se for replicar uma provocação, siga
os conselhos de Salomão: “A resposta branda acalma
o furor, a palavra ferina estimula a ira”. É dele também o provérbio: “As palavras ditas na hora certa
são como maçãs de ouro em bandejas de prata”.
Durante a realização de um trabalho coletivo, mantenha seus parceiros informados sobre o que está
realizando e as suas intenções sobre os próximos
passos. Nos esportes, bons jogadores sinalizam os
momentos certos para passes e recebimentos de
bola. É bonita a cena do Pelé, menino, batendo a
mão na cabeça, pedindo bola no jogo contra a
Suécia na Copa de 58.
Um dos erros mais comuns na comunicação dos
vendedores é não saber a hora certa de parar de falar.
Muitas vezes, na cabeça do comprador, o negócio já
está fechado e o vendedor continua falando. Isso faz o
outro se lembrar da concorrência, refletir sobre suas
reais necessidades, ponderar alternativas e tomar outra
decisão, que pode ser até cancelar a compra.
Um dos comportamentos mais irritantes nos processos da comunicação é a falta do retorno - o feedback.
Muitos dizem: “Não tive tempo para responder”. Eu
digo: “Foi falta de educação e não de tempo”. Nem que
seja apenas para dizer não, devolva a informação sobre
o andamento dos trabalhos ao interessado.
O termo “palavra”, em hebreu, quer dizer “instruir,
guiar atenciosamente”. Ou seja, funções de um líder.
Quem não sabe se comunicar instruindo não serve
para as ações de liderança. E, atenção: nos processos comunicativos, aquilo que não é dito com
clareza, normalmente, é mais importante do que o
que foi dito explicitamente. O essencial continua
invisível para os olhos e ouvidos.
Eloi Zanetti - especialista em marketing,
comunicação corporativa e vendas.
[email protected]

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